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Anjos e Demõnios 1
Anjos e Demõnios 1
Olá , meu irmã o e irmã . Se você acompanha o “Voz” e esta acostumado a ler
“Servindo à Verdade” já deve saber que tenho a honra de desenvolver na Igreja
atividades de natureza formativa (catequese, apologética...). Pois bem, em razã o
dessas atividades, à s vezes me deparo com questõ es que, para minha surpresa, sã o
surpresas de muitas pessoas. Uma dessas questõ es refere-se à existência dos anjos
e dos demô nios.
Antes de entrar diretamente no tema permita-me dizer o itinerá rio que segui.
Sei que raramente isso é feito em uma publicaçã o jornalística. Mas o “Voz” é um
jornal diferenciado e quer, dentre outras coisas oferecer ao povo conteú do
formativo. Isso permite – e me sinto obrigado por um princípio de honestidade –
prestar esse esclarecimento. Minha principal referência, logicamente, é a Doutrina
da Igreja (Escritura, Tradiçã o e Magistério), depois oferecerei algumas reflexõ es e
pareceres a partir de autores respeitados que tratam do assunto. Que fique claro:
só somos obrigados a aderir ao que ensina dogmaticamente a Doutrina. Já os
outros pareceres e estudos servem como uma proposta para expandir a presente
catequese, sempre com ponderaçõ es pautadas na Sã Doutrina.
Para que nossa catequese esteja de acordo com a Verdade iniciemos com um
pressuposto fundamental e indispensá vel: o dogma acerca da criaçã o.
De acordo com o ensinamento da Igreja, Deus criou, do nada, tudo o que
existe (cf. CIC 282). Tudo o que existe nã o é fruto do acaso. Tudo o que existe tem
um sentido, uma razã o de ser.
E por qual razã o Deus criou tudo? A Igreja ensina que Deus tudo fez para sua
gló ria (cf CIC, 293). Nã o para aumenta-la, pois Ele é absoluto, mas para manifestar
sua gló ria. Ou seja, a criaçã o é a manifestaçã o da gló ria de Deus. Tal gló ria
comunica a bondade divina. Logo, tudo que Deus fez é bom: “A gló ria de Deus
consiste em que se realize esta manifestaçã o e esta comunicaçã o de sua bondade
em vista das quais o mundo foi criado. Fazer de nó s ‘filhos adotivos por Jesus
Cristo: conforme o beneplá cito de sua vontade para louvor da sua graça’(Ef 1m 5-
6)”.
Se o Senhor nã o tivesse feito a criaçã o, sua gló ria em nada seria diminuída.
Entã o, que fique claro: Ele nã o criou por uma necessidade. Se Deus nã o tivesse
criado, Ele continuaria a Ser Deus em sua divina majestade. Nó s, o Sol, a Lua, o
universo... Nã o existiríamos, porém, Deus seria Deus. Ele nã o criou seguindo uma
obrigaçã o qualquer. Ele criou tudo com absoluta liberdade. Diz o CIC (295):
“Cremos que Deus criou o mundo segundo sua sabedoria. O mundo nã o é um
produto de uma necessidade qualquer, de um destino cego ou do acaso. Cremos
que o mundo procede da vontade livre de Deus, que quis fazer as criaturas
participarem de seu ser, de sua sabedoria e de sua bondade: ‘Pois Tu criaste todas
as coisas; por tua vontade é que elas existem e foram criadas’ (Ap 4,11)”.
E o que quer dizer criar do nada? Somos acostumados a dizer que o homem
cria, mas essa afirmaçã o, rigorosamente falando, nã o é adequada. Criar quer
significar fazer do nada, ou seja, sem nenhum “material” pré-existente. Nó s, seres
humanos, fazemos as coisas a partir daquilo que a natureza nos oferece. O homem
faz uma ponte de madeira, mas nã o faz a madeira. Com Deus é diferente: Ele fez a
madeira. Assim diz a Doutrina que é a inteligência da fé: “Cremos que Deus nã o
precisa de nada pré-existente nem de nenhuma ajuda para criar. A criaçã o também
nã o é uma emanaçã o necessá ria da substâ ncia divina. Deus cria livremente “do
nada’”(CIC, 296).
Retomando: Deus fez tudo por sua sabedoria, fez tudo do nada, fez sem ser
obrigado por nada, fez para manifestar sua gló ria, fez para comunicar seu amor; fez
de modo ordenado, organizado. Entã o, tudo o que Deus fez é bom certo? Mas o mal
existe, nã o temos como negar. A resposta para isso nã o é simples, o pró prio CIC
(309) reconhece.
Na verdade, Deus criou tudo bom, porém em caminhada, isto é, as coisas sã o
boas, mas podem se tornar perfeitas, pois esse é a Sua divina vontade (cf. CIC,
310). Assim, anjos e homens foram feitos bons, mas devem melhorar e isso
acontece fazendo uso da liberdade. Mas sobre isso tratamos no pró ximo “Servido à
Verdade”.