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Distribuição e ecologia
Estado de conservação
Referências
Bibliografia
g
Ligações externas
Taxonomia
Drymoreomys foi registrado pela primeira vez em 1992 por Meika
Mustrangi no estado de São Paulo.[2] No entanto, o animal não foi
formalmente descrito até 2011, quando Alexandre Percequillo e
colegas o nomearam como um novo gênero e espécie da tribo
Oryzomyini: Drymoreomys albimaculatus.[3] O nome genérico,
Drymoreomys, combina o grego δρυμός (drymos), que significa
"floresta", ὄρειος (oreios), que significa "moradia na montanha" e
μῦς (mys), que quer dizer "rato". O nome refere-se à ocorrência do
animal na floresta de montanha.[4] Já o nome específico
albimaculatus deriva do latim albus, no sentido de "branco", e
maculatus, que significa "manchado", uma referência às manchas
brancas no pelagem do animal.[2] Percequillo e colegas
encontraram pouca variação geográfica entre os exemplares de
Drymoreomys, embora algumas características tenham frequências
diferentes entre populações dos estados de São Paulo e Santa
Catarina.[5]
Localidades (em vermelho) onde foram
coletados exemplares da espécie.
De acordo com uma análise filogenética baseada em evidências da
morfologia do gene nuclear IRBP e do gene mitocondrial
citocromo b, Drymoreomys albimaculatus está mais intimamente relacionado ao Eremoryzomys polius, uma
outra espécie da tribo Oryzomyini que habita o norte do Peru e que é a única de seu gênero.[6] Juntos,
Drymoreomys e Eremoryzomys fazem parte do clado D de Marcelo Weksler, um dos quatro principais clados
de Oryzomyini.[7] Alguns estudos subsequentes não apoiaram uma relação entre o clado Drymoreomys-
Eremoryzomys e o restante do clado D, mas isso provavelmente se deve à saturação do sinal filogenético nos
dados mitocondriais.[8][9] Oryzomyini inclui mais de cem espécies distribuídas principalmente na América do
Sul, incluindo ilhas próximas, como as Ilhas Galápagos e algumas das Antilhas. É uma das várias tribos
reconhecidas na subfamília Sigmodontinae, que abrange centenas de espécies encontradas na América do Sul
e no sul da América do Norte. Sigmodontinae é a maior subfamília da família Cricetidae, cujos outros
membros incluem ratinhos, lemingues, hamsters e veado-ratos, todos principalmente da Eurásia e da América
do Norte.[10]
Descrição
Morfologia externa
Drymoreomys albimaculatus é um roedor de tamanho médio, cauda longa, e orelhas e pés curtos.[4] É bastante
distinto das espécies do gênero Oryzomys e tem várias características exclusivas.[11] Em 11 adultos do Parque
Natural Municipal Nascentes do Garcia, em Santa Catarina, o comprimento da cabeça e do corpo foi de 122 a
139 milímetros, o comprimento da cauda media entre 140 e 175 milímetros e o comprimento do retropé foi de
25,8 a 30,5 milímetros, o comprimento da orelha foi de 16 a 22 milímetros e a massa corporal foi de 44 a 64
gramas.[12] O pelo é longo e denso e consiste em subpelo fino, curto e lanoso e em pele longa e espessa. No
geral, o pelo das partes superiores varia de laranja a avermelhado.[13] No seu "primo" próximo Eremoryzomys,
as partes superiores são acinzentadas.[11] Os pelos da camada interna da pelugem, mais próximos da pele e
que fornecem calor e impermeabilização, têm de 12 a 14 milímetros de comprimento, são acinzentados na
maior parte do comprimento e laranja ou marrom na ponta. Na pele, os pelos da cobertura (que formam o
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corpo principal da pelugem), medem de 14 a 17 milímetros de comprimento e são castanhos na ponta, com
uma faixa laranja abaixo da ponta, e os pelos de guarda, mais longo e esparsos, são vermelhos a marrom
escuro na metade mais próxima à ponta e têm de 17 a 21 milímetros de comprimento. As laterias do animal são
marrom avermelhadas. Nas partes inferiores, os pelos são acinzentados na base e brancos na ponta, exceto na
garganta, tórax e (em alguns espécimes) virilha, onde os pelos são inteiramente brancos[14] — uma
característica única entre os orizomíneos.[11] Na aparência geral, as partes inferiores são acinzentadas, com
manchas brancas onde os pelos são completamente brancos.[14]
As orelhas pequenas e arredondadas são cobertas por densos pelos dourados na parte externa e com pelos
marrom avermelhados na superfície interna. As vibrissas mistaciais (bigodes no lábio superior) são longas,
geralmente se estendendo um pouco além das orelhas quando colocadas contra a cabeça, mas as vibrissas
superciliares (situadas acima dos olhos) são curtas e não se estendem além das orelhas. A superfície superior
dos pés dianteiros é coberta com pelo marrom e há pelos brancos ou prateados nos dedos. Tufos ungueais
(pelos ao redor das bases das garras) estão presentes do segundo ao quarto dígitos.[14] Nos pés traseiros, curtos
e bastante largos, a parte superior é coberta densamente por pelos prateados a brancos próximos às pontas dos
pés e dedos dos pés, e com pelos castanhos nas demais.[15] Nenhum outro orizomíneo tem pelo marrom nos
pés traseiros.[11] Do segundo ao quarto dígitos existem tufos ungueais brancos prateados longos, mas os do
primeiro dígito são curtos. Na sola, as almofadas são muito grandes.[14] Entre os orizomíneos, apenas
Oecomys e os extintos Megalomys têm almofadas grandes semelhantes entre os dedos.[11] Há uma densa
cobertura de pelos castanhos curtos na parte superior e inferior da cauda.[15] Ao contrário de Eremoryzomys, a
cauda é da mesma cor acima e abaixo.[11] A cauda termina em um tufo, uma característica incomum entre os
orizomíneos.[16]
Crânio
No crânio, o rostro (parte frontal) é relativamente longo. Os ossos nasais e pré-maxilares se estendem à frente
dos incisivos, formando um tubo rostral, que é compartilhado entre os orizomíneos apenas com Handleyomys.
A incisura zigomática (uma incisura formada por uma projeção na parte frontal da placa zigomática, uma placa
óssea na lateral do crânio) é rasa. A região interorbital (entre os olhos) é estreita e longa, com a parte mais
estreita voltada para a frente. As cristas na caixa craniana e na região interorbital são fracamente
desenvolvidas.[15] Eremoryzomys tem cristas maiores em sua região interorbital.[11]
Os forames incisivos (aberturas na parte anterior do palato) são longos, às vezes estendendo-se até entre os
primeiros molares (M1). O palato ósseo é largo e curto, com a margem posterior entre os terceiros molares
(M3).[15] Nephelomys levipes é o único outro orizomíneo com palato tão curto, embora o de Eremoryzomys
polius seja apenas ligeiramente mais longo.[11] As fossetas palatinas póstero-laterais (aberturas na parte
posterior do palato perto de M3) variam de pequenas a bastante grandes e estão localizadas em pequenas
fossas (depressões).[15] Em Eremoryzomys, essas fossas são mais profundas.[11] O teto da fossa
mesopterigóide, a abertura atrás do palato, está completamente fechado ou contém pequenas vacuidades
esfenopalatinas.[15] As vacuidades são muito maiores em Eremoryzomys.[11] A haste alifenoide, um pedaço de
osso que separa dois forames (aberturas), está presente em todos os espécimes de Drymoreomys examinados,
exceto em um espécime juvenil.[15]
A mandíbula (maxilar inferior) é longa e baixa. O processo coronoide, a mais frontal das três apófises
principais (projeções) na parte posterior do osso maxilar, é grande e quase tão alto quanto o côndilo
mandibular por trás dele. O processo angular, abaixo do condiloide, é bastante curto e não se estende mais para
trás do que o condiloide.[17] Não há processo capsular perceptível (um aumento na parte posterior da
mandíbula que abriga a raiz do incisivo inferior).[18]
Dentição
Os incisivos superiores são opistodontes (com a superfície de corte orientada para trás) e têm esmalte de cor
laranja a amarelo. As fileiras molares superiores são quase paralelas ou ligeiramente convergentes umas com as
outras em sentido anterior.[18] Holochilus e Lundomys são os únicos outros orizomíneos com fileiras molares
não paralelas.[11] Os vales entre as cúspides dos molares superiores, estendendo-se dos lados interno e externo,
se sobrepõem levemente na linha média dos dentes. Os molares são pontudos, quase hipsodontes. Em M1, a
cúspide anterior é dividida em duas cúspulas nos lados lingual (interno, em direção à língua) e labial (externo,
em direção aos lábios) dos dentes. O mesolofo, uma crista próxima ao meio do lado labial do dente, é longo e
bem desenvolvido em cada um dos três molares superiores. Nos molares inferiores (m1 a m3), as cúspides do
lado labial estão localizadas um pouco à frente de suas contrapartes linguais. O anteroconídeo, a cúspide
frontal do m1, é dividido em dois. O m1, m2, e geralmente m3 têm um mesolofídeo, uma crista correspondente
ao mesolofídeo, mas localizado no lado lingual.[19] Cada um dos molares inferiores possui duas raízes.[11]
O animal possui 12 costelas, 19 vértebras toracolombares (tórax e abdome), quatro sacrais e 36 a 38 vértebras
caudais (que formam a cauda). Existem três dígitos na ponta do pênis, dos quais o central é o maior. Os dois
dígitos laterais não têm o suporte dos montículos do báculo (osso do pênis). Existe apenas uma espinha na
papila (projeção semelhante a um mamilo) na parte superior do pênis. No processo uretral, localizado na
cratera da extremidade do pênis, um processo carnoso ao lado, o lóbulo lateral, está presente. As glândulas
prepuciais (glândulas na parte frontal dos genitais) são grandes. A falta de montículos basculares laterais, a
presença de um lóbulo lateral e o tamanho das glândulas prepuciais são todas características únicas dentre os
orizomíneos.[11]
Cariótipo
Distribuição e ecologia
Drymoreomys albimaculatus ocorre na Mata Atlântica nas encostas orientais da Serra do Mar, a 650 a 1 200
metros acima do nível do mar, nos estados brasileiros de São Paulo e Santa Catarina.[5] Não foi encontrado no
estado do Paraná, situado entre aqueles dois, mas é provável também que ocorra lá.[3] O padrão biogeográfico
indicado pela relação entre Drymoreomys e o Eremoryzomys andino é incomum. Embora existam alguns casos
semelhantes de relações entre animais da vegetação andina e da Mata Atlântica, eles envolvem habitantes de
florestas úmidas nos Andes; Eremoryzomys, por outro lado, vive em uma área árida.[23]
A espécie parece ser especialista em floresta densa úmida montana e pré montana Foi encontrada em
A espécie parece ser especialista em floresta densa, úmida, montana e pré-montana. Foi encontrada em
florestas secundárias e degradadas, bem como em florestas intocadas, mas provavelmente precisa de floresta
contígua para sobreviver. A atividade reprodutiva foi observada em fêmeas em junho, novembro e dezembro e
em machos em dezembro, sugerindo que a espécie se reproduz o
ano todo.[24] Embora algumas de suas características morfológicas,
como as almofadas muito grandes, sejam sugestivas de hábitos
arbóreos (que vivem em árvores), a maioria dos espécimes foi
coletada em armadilhas de queda no solo.[4]
Estado de conservação
A distribuição de Drymoreomys albimaculatus é relativamente
grande e a espécie ocorre em várias áreas protegidas, mas só foi Alguns traços morfológicos em
encontrada em sete localidades e seu habitat está ameaçado pelo Drymoreomys sugerem que seja
desmatamento e fragmentação. Portanto, Percequillo e colegas arbóreo.
sugerem que a espécie seja avaliada como "quase ameaçada" de
acordo com os critérios da Lista Vermelha da IUCN.[24]
Referências
1. Engelbrektsson 2019.
2. Percequillo, Weksler & Costa 2011, p. 368.
3. Percequillo, Weksler & Costa 2011, p. 357.
4. Percequillo, Weksler & Costa 2011, p. 360.
5. Percequillo, Weksler & Costa 2011, p. 369-371.
6. Percequillo, Weksler & Costa 2011, p. 378.
7. Percequillo, Weksler & Costa 2011, p. 373.
8. Pine, Timm & Weksler 2012, p. 856.
9. Turvey, Brace & Weksler 2012, p. 409.
10. Musser & Carleton 2005.
11. Percequillo, Weksler & Costa 2011, p. 367.
12. Percequillo, Weksler & Costa 2011, table 2.
13. Percequillo, Weksler & Costa 2011, p. 360-361.
14. Percequillo, Weksler & Costa 2011, p. 361.
15. Percequillo, Weksler & Costa 2011, p. 362.
16. Weksler & Percequillo 2011, p. 283.
17. Percequillo, Weksler & Costa 2011, p. 363.
18. Percequillo, Weksler & Costa 2011, p. 364.
19. Percequillo, Weksler & Costa 2011, p. 365.
20. Suárez-Villota et al. 2013, p. 68.
21. Suárez-Villota et al. 2013, p. 70.
22. Suárez-Villota et al. 2013, p. 70-72.
23. Percequillo, Weksler & Costa 2011, p. 379.
24. Percequillo, Weksler & Costa 2011, p. 377.
Bibliografia
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