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SOCIEDADE CULTURAL E EDUCACIONAL DE ITAPEVA

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E AGRÁRIAS DE ITAPEVA

ANÁLISE DO SISTEMA CONSTRUTIVO WOOD FRAME E A


COMPARAÇÃO DE CUSTOS COM A ALVENARIA

Luiz Augusto Campos

ITAPEVA – SÃO PAULO – BRASIL


2015
SOCIEDADE CULTURAL E EDUCACIONAL DE ITAPEVA
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E AGRÁRIAS DE ITAPEVA

ANÁLISE DO SISTEMA CONSTRUTIVO WOOD FRAME E A


COMPARAÇÃO DE CUSTOS COM A ALVENARIA

Luiz Augusto Campos


Prof. Esp. Romulo Rezende Dias

“Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências


Sociais e Agrárias de Itapeva como parte das
obrigações para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil”.

ITAPEVA – SP
Novembro – 2015
FOLHA DE APROVAÇÃO
Dedico aos meus pais Luiz Antonio Campos e Célia
Maria Malaquias Campos.
AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo fim de mais esta etapa, pelos sonhos que se concretizam e por
sempre estar ao meu lado iluminando o meu caminho.
Aos meus pais, Luiz Antonio e Célia, pelo amor, carinho, dedicação, por sempre
acreditarem no meu potencial.
Aos meus avós José e Cecília, Luiz Carlos (in memoriam) e Neuza que por
meio de seus exemplos de vida ajudaram na formação do meu caráter.
Aos meus familiares e amigos e em especial aqueles que sempre me
incentivaram e torceram por mim.
Ao meu orientador Prof. Esp. Romulo Rezende Dias e a Prof.ª Esp. Aline
Nogueira, pelo suporte e dedicação durante o desenvolvimento deste trabalho.
A Faculdade de Ciências Sociais e Agrárias de Itapeva, direção e administração
que ofereceram a oportunidade de fazer este curso.
Aos professores do curso de Engenharia Civil por transmitirem os seus
conhecimentos e a meus colegas pelo companheirismo e aprendizagem.
A Prefeitura Municipal de Sengés pelo apoio através do transporte dos alunos
das faculdades e escolas técnicas de Itapeva.
E a todos que de alguma maneira fizeram parte da minha formação pessoal,
acadêmica e profissional.
A imaginação é mais importante que a ciência, porque
a ciência é limitada, ao passo que a imaginação
abrange o mundo inteiro.

Albert Einstein
SUMÁRIO
Página

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14
1.1. Objetivos......................................................................................................... 15
1.1.1. Objetivo geral....................................................................................... 15
1.1.2. Objetivos específicos ........................................................................... 15
1.2. Justificativa ..................................................................................................... 16
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 17
2.1. Madeira........................................................................................................... 17
2.2. Propriedades da madeira ............................................................................... 17
2.3. Dados florestais brasileiros ............................................................................. 19
2.4. Certificação florestal ....................................................................................... 21
2.5. Madeira como material de construção ............................................................ 22
2.6. Principais sistemas construtivos em madeira ................................................. 23
2.6.1. Casas de troncos ................................................................................. 24
2.6.2. Sistema porticado ................................................................................ 26
2.6.3. Sistema enxaimel ................................................................................ 27
2.6.4. Sistema construtivo tipo viga-pilar ....................................................... 28
2.6.5. Casas de tábuas com mata-juntas ...................................................... 29
2.6.6. Sistema wood frame ............................................................................ 30
2.7. Tratamento da madeira contra a deterioração ................................................ 31
2.8. Comportamento da madeira em incêndios ..................................................... 31
2.9. O sistema wood frame .................................................................................... 33
2.9.1. Usos e aplicações da construção em wood frame............................... 34
2.9.2. Sustentabilidade do sistema construtivo .............................................. 36
2.9.3. Vantagens e desvantagens da construção em wood frame ................ 38
2.9.4. Projeto e planejamento da construção em wood frame ....................... 40
2.9.5. Tipos de fundações usadas na construção em wood frame ................ 41
2.9.5.1. Radier .................................................................................................. 42
2.9.5.2. Sapata corrida ..................................................................................... 43
2.9.5.3. Porão ................................................................................................... 44
2.9.6. Pisos e áreas molháveis ...................................................................... 45
2.9.6.1. Barroteamento do piso ........................................................................ 45
2.9.6.2. Pisos em área molháveis ..................................................................... 46
2.9.7. Paredes estruturais.............................................................................. 47
2.9.8. Ancoragem .......................................................................................... 50
2.9.9. Sistema de cobertura ........................................................................... 52
2.9.10. Treliças pré-fabricadas ........................................................................ 54
2.9.11. Cuidados necessário para a execução de paredes em wood frame ... 55
2.9.11.1. Controle de entrada de água............................................................ 55
2.9.11.2. Controle da entrada de ar ................................................................ 57
2.9.11.3. Controle da difusão de vapor ........................................................... 57
2.9.11.4. Controle do fluxo de calor ................................................................ 58
2.9.12. Painéis de OSB ................................................................................... 59
2.9.13. Revestimento interno das paredes ...................................................... 60
2.9.14. Revestimento externo das paredes ..................................................... 60
2.9.15. Instalações hidrossanitárias e elétricas ............................................... 63
2.9.16. Sistema de montagem da estrutura em wood frame ........................... 64
2.9.17. Vida útil de edificações construídas com o sistema wood frame ......... 66
2.9.18. Manutenção de edificações em wood frame........................................ 67
3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 69
4. RESULTADO E DISCUSSÃO ............................................................................... 70
4.1. Custos de construção ..................................................................................... 72
4.2. Comparativo de custos entre os sistemas construtivos .................................. 74
4.2.1. Custos com materiais de construção ................................................... 74
4.2.2. Custos com serviços ............................................................................ 76
4.2.3. Custos totais por etapa construtiva ...................................................... 78
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 82
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 84
ANEXOS ................................................................................................................... 90
Anexo 1 – Projeto arquitetônico de casa popular em wood frame ........................ 90
Anexo 2 – Orçamento simplificado de casa popular em wood frame ................... 94
Anexo 3 – Orçamento simplificado de casa popular em alvenaria........................ 95
ANÁLISE DO SISTEMA CONSTRUTIVO WOOD FRAME E A COMPARAÇÃO DE
CUSTOS COM A ALVENARIA

RESUMO – Este trabalho retrata os principais elementos do sistema construtivo


wood frame, com posterior análise comparativa de custo de construção de uma
residência popular, orçada com estrutura em wood frame e também em alvenaria,
sendo este considerado o método tradicional de construção empregado no Brasil. A
pesquisa se caracteriza com a revisão bibliográfica de livros, artigos técnicos e
científicos e também de manuais nacionais e internacionais. Outro fator abordado por
este trabalho é a sustentabilidade deste sistema, pois gera menos resíduos e faz uso
da madeira em sua estrutura, sendo a madeira considerada o único material de
construção renovável. Com os resultados obtidos através da elaboração de
orçamentos para construção da residência popular tanto em wood frame, quanto em
alvenaria, foi possível verificar a total competitividade deste método construtivo com
os tradicionais empregados na construção civil brasileira, pois o wood frame
apresentou custos totais inferiores aos custos da alvenaria.

Palavras-Chave: Construção civil, Construção em madeira, Construção sustentável,


Wood frame
ANALYSIS OF WOOD FRAME CONSTRUCTION SYSTEM AND COST
COMPARISON WITH MASONRY

ABSTRACT – This work demonstrates main elements of construction system


wood frame, with subsequent comparative analysis of construction costs of popular
residence, budgeted with wood frame structure and in masonry, this being considered
the traditional method of construction in Brazil. The research is characterized with a
literature review of books, scientific andtechnical articles as well as national e
international manuals. Another aborted factor for this work is the sustainability of this
system because it generates less waste and makes use of wood in its structure, wood
is considered the only renewable building material. With the results obtained through
the preparation of budgets for the construction of popular house in both wood frame,
as in masonry, we could verify the overall competitiveness of the Construction method
with traditional used in the Brazilian civil construction, because the wood frame showed
total costs below the costs of masonry.

Keywords: Construction, Sustainable construction, Wood construction, Wood frame


LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 1: Distribuição esquemática dos principais maciços florestais plantados por


estado em 2012......................................................................................................... 20
Figura 2: Ciclo da madeira. ....................................................................................... 22
Figura 3: Esquema estrutural e exemplo de uma casa de troncos. ........................... 24
Figura 4: Exemplos de troncos com superfícies planas. ........................................... 25
Figura 5: Casa de troncos construidas com roletes. ................................................. 25
Figura 6: Sistema porticado e detalhe de pórtico. ..................................................... 26
Figura 7: Residência construída com o sistema porticado. ....................................... 27
Figura 8: Edificação em enxaimel construída na Dinamarca por volta de 1500. ....... 27
Figura 9: Esquema de engastes de peças de madeira. ............................................ 28
Figura 10: Casa construida com o sistema viga-pilar. ............................................... 29
Figura 11: Casa de tábuas com mata-juntas. ............................................................ 30
Figura 12: Estrutura de casa em wood frame............................................................ 30
Figura 13: Viga de madeira laminada colada estrutural após teste de resistência ao
fogo. .......................................................................................................................... 32
Figura 14: Viga de madeira sustenta vigas de metal deformadas após contato com
altas temperaturas..................................................................................................... 32
Figura 15: Construção e finalização de casa em wood frame em Capão Bonito - SP.
.................................................................................................................................. 34
Figura 16: Residencial Haragano em Pelotas - RS. .................................................. 35
Figura 17: Condomínio Moradas do Nilo, construido com o sistema wood frame. .... 36
Figura 18: Montagem de painel de parede em fábrica. ............................................. 39
Figura 19: Montagem de casa construida em wood frame. ....................................... 40
Figura 20: Cronograma médio da construção de casas em wood frame no Canadá.
.................................................................................................................................. 41
Figura 21: Tipos usuais de fundação em edificações em wood frame. ..................... 42
Figura 22: Radier....................................................................................................... 43
Figura 23: Sistema de drenagem de fundação tipo porão. ........................................ 44
Figura 24: Deck em OSB com vigas I. ...................................................................... 46
Figura 25: Aplicação de chapa cimentícia sobre OSB. ............................................. 47
Figura 26: Esquema de montagem. .......................................................................... 48
Figura 27: Esquema das camadas dos painéis de parede. ....................................... 49
Figura 28: Nomenclatura dos componentes do wood frame. .................................... 50
Figura 29: Efeitos da carga de vento na estrutura: a) translação e b) tombamento. . 51
Figura 30: Esquema de ancoragem dos painéis das paredes em wood frame. ........ 51
Figura 31: Fixador de pós-cura do tipo fricção. ......................................................... 52
Figura 32: Fixador de pós-cura do tipo químico. ....................................................... 52
Figura 33: Fixador de pós-cura do tipo expansão. .................................................... 52
Figura 34: Sistema de cobertura com telhas shingle asfálticas. ................................ 53
Figura 35: Tipos de ventilação de cobertura. ............................................................ 54
Figura 36: Tipos mais comuns de treliças pré-fabricadas. ........................................ 55
Figura 37: Membrana contra umidade. ..................................................................... 56
Figura 38: Camadas do sistema wood frame. ........................................................... 58
Figura 39: Painéis estruturais de OSB. ..................................................................... 59
Figura 40: Revestimento externo com siding vinílico. ............................................... 61
Figura 41: Revestimento externo tipo placa cimentícia. ............................................ 62
Figura 42: Revestimento externo com estuque. ........................................................ 62
Figura 43: Instalações hidrossanitárias. .................................................................... 63
Figura 44: Instalações elétricas. ................................................................................ 63
Figura 45: Montagem de casa em wood frame através do médodo alemão. ............ 65
Figura 46: Montagem de casa em wood frame através do médodo americano. ....... 65
Figura 47: Planta baixa da casa em estudo. ............................................................. 70
Figura 48: Gráfico comparativo de custos com materiais. ......................................... 74
Figura 49: Gráfico comparativo de custos com serviços. .......................................... 76
Figura 50: Gráfico comparativo de custos totais. ...................................................... 78
Figura 51: Gráfico comparativo da porcentagem de gastos em cada fase de
construção. ................................................................................................................ 80
Figura 52: Gráfico com o custo total de cada sistema. .............................................. 80
LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1: Áreas estimadas de florestas no Brasil em 2012. ..................................... 19


Tabela 2: Consumo energético na fabricação de diversos materiais. ....................... 37
Tabela 3: Potencial de aquecimento global de diferentes técnicas construtivas. ...... 38
Tabela 4: Vida útil e prazo de garantia. ..................................................................... 66
Tabela 5: Vida útil de projeto mínima. ....................................................................... 67
Tabela 6: Quadro descritivo das etapas construtivas da edificação em estudo. ....... 71
Tabela 7: Custos por etapa de construção para casa em wood frame. .................... 72
Tabela 8: Custos por etapa de construção para casa em alvenaria. ......................... 72
14

1. INTRODUÇÃO

O wood frame pode ser descrito como sendo um método de construção de


edificações industrializado, de vida útil longa, cuja estrutura é formada por perfis de
madeira, provenientes de áreas plantadas e submetida a tratamento contra ataques
de organismos xilófagos, que formam painéis de pisos, paredes e telhados que aliados
e/ou revestidos com outros materiais, como forma de proporcionar o conforto térmico
e acústico, e garantir proteção da edificação contra intempéries e fogo (MOLINA;
CALIL JUNIOR, 2010).
Apesar deste sistema estar em processo de introdução no Brasil, esse método
é amplamente utilizado em países da América do Norte, Europa e Ásia. O Brasil
apresenta um déficit elevado de moradias, e este sistema é uma solução interessante
na minimização desta insuficiência, por se tratar de um sistema de construção
industrializado diminui o tempo de construção das habitações e também é
considerado como um método sustentável de construção.
As vantagens do uso deste sistema não são somente a sustentabilidade e a
rapidez de execução, mas também é possível destacar as questões sobre isolamento
térmico, pois são usados materiais isolantes na construção em wood frame, o que
proporciona uma redução nos custos com aquecimento e refrigeração. Esse tipo de
construção também atende ou até excede os níveis mínimos estabelecidos em
normas de segurança contra incêndio e controle de som, e conforme demonstrado
neste trabalho este sistema é mais econômico em comparação com a alvenaria.
A alvenaria é tradicionalmente usada na construção de edificações brasileiras.
É constituída por pilares, vigas e lajes de concreto aramado, ou seja, a junção do
concreto com estrutura de aço no interior da peça. Os vãos entre os pilares
preenchidos com tijolos cerâmicos com a função de vedar a edificação, sendo as
paredes consideradas “não portantes”. Neste caso a distribuição das cargas se dá
pelas lajes, vigas, pilares e fundação. As instalações hidráulicas e elétricas são feitas
após a construção das paredes, onde é necessário “rasgá-las” para embutir as
15

tubulações e eletrodutos. Após esta etapa é necessário o revestimento das paredes


com a aplicação de chapisco, emboço, reboco e pintura (SOUZA, 2013).

1.1. Objetivos

Como forma de contribuir com dados técnicos à sociedade em geral, seja à


projetistas, construtores, consumidores finais, ou ao setor acadêmico, este trabalho
visa os seguintes objetivos:

1.1.1. Objetivo geral

Estudar o sistema construtivo wood frame e suas etapas construtivas, por meio
de revisão bibliográfica, e gerar um comparativo de custos de materiais e serviços de
uma casa popular orçada com estrutura em wood frame e em alvenaria.

1.1.2. Objetivos específicos

 Dissertar sobre a madeira, suas propriedades, os dados florestais brasileiros e


a certificação florestal.
 Discutir sobre a madeira como material de construção, as vantagens do seu
uso na construção civil e os principais sistemas construtivos em madeira.
 Demonstrar as origens da construção em wood frame, suas etapas construtivas
e materiais utilizados.
 Analisar a viabilidade econômica através da comparação de custos por meio
da elaboração de orçamentos de uma residência de interesse social em wood
frame e em alvenaria.
16

1.2. Justificativa

Olhando para o cenário mundial é possível observar a redução dos recursos


naturais essenciais à humanidade, um dos principais motivos para esta diminuição é
o grande desperdício destes recursos. A partir disto a sociedade vem percebendo a
necessidade de mudanças nos hábitos de consumo e busca saídas inteligentes para
implantação de forma natural dos conceitos de sustentabilidade no cotidiano da
sociedade.
O sistema construtivo wood frame, se executado de forma correta, atinge às
exigências da construção sustentável, e possuí melhor avaliação ambiental, já que se
comparado à construção em alvenaria, apresenta melhor eficiência energética, utiliza
os recursos naturais de forma mais racional e é economicamente viável.
A madeira é considerada como o único material de construção renovável, pois
não depende de jazidas naturais e pode ser plantada diversas vezes numa mesma
área, com isso a construção de edificações com o sistema wood frame se destaca,
pois usa a madeira como matéria-prima para a produção dos painéis de paredes,
decks e estruturas de telhados.
Como forma de demonstrar a importância da elaboração contínua de sistemas
mais viáveis ao planeta e a população, temos a citação a seguir:

“O homem, valendo-se de suas capacidades, procura conhecer o


mundo que o rodeia. Ao longo dos séculos, vem desenvolvendo
sistemas mais ou menos elaborados que lhe permitem conhecer a
natureza das coisas e o comportamento das pessoas (GIL, 2008,
p. 20). ”

Com este trecho é possível resumir o intuito da formação acadêmica, que é


utilizar os conhecimentos acumulados ao longo da graduação como forma de
beneficiar a sociedade, por meio de pesquisas e melhoramento de sistemas utilizados
pela população e assim evoluindo como grupo e como indivíduo. E desta forma
trabalhar no desenvolvimento de um mundo mais justo e com melhor aproveitamento
dos recursos naturais e financeiros.
17

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Madeira

A madeira pode ser definida como um material orgânico, polímero, sólido,


abundante em nosso planeta. Material lenhoso de estrutura complexa, formado
principalmente por celulose, hemicelulose, lignina e extrativos. Material anisotrópico,
higroscópico, de grande eficiência térmica e acústica. Material para construção e
decoração, matéria-prima para fabricação de diversos produtos e importante fonte de
energia (DIAS, 2015).
A madeira tem um papel de destaque muito grande no processo de evolução
da humanidade, devido as suas propriedades energéticas, químicas, alimentícias e
edificadoras (PAESE, 2012). Como material de construção a madeira vem sendo
empregada pelo homem desde épocas pré-históricas. Sendo que até o século XIX as
mais importantes obras de engenharia eram executadas com pedra ou madeira, ou
com a combinação dos dois materiais. Porém mesmo após este longo período de
utilização de suas qualidades, somente a partir da primeira metade do século XX é
que foram desenvolvidas teorias e práticas sobre uso da madeira como material de
construção (PFEIL; PFEIL, 2003).

2.2. Propriedades da madeira

Segundo Durán (2004 apud CASTRO, 2008) a madeira submetida a um


processo de secagem é denominada peça de madeira, e apresenta as propriedades
a seguir:

a. Propriedades básicas: a madeira é classificada como material biológico,


anisotrópico e higroscópico, independentemente de sua espécie.
18

 Por ser um material biológico é composto por moléculas orgânicas de celulose


e lignina, com isso se faz necessário tomar medidas para garantir sua
durabilidade ao longo do tempo.
 Devido às propriedades anisotrópicas da madeira para que seja empregada de
forma correta e adequada faz-se necessário ter conhecimento apropriado, já
que a mesma apresenta comportamentos desiguais conforme a direção
considerada.
 Já a higroscopia da madeira é responsável pela absorção e empréstimo de
umidade ao seu meio, resultando na variação dimensional e deformações do
material. Estas ações dependem de condições climáticas, como por exemplo,
a temperatura e umidade relativa do ar.
b. Propriedades físicas: contensão de umidade, densidade da madeira,
contração e expansão, propriedades elétricas, acústicas e térmicas.
 A madeira absorve ou expele uma quantidade considerável de umidade
conforme as condições climáticas do meio onde se encontra. Quando essa
troca de umidade cessa, consideramos que a madeira atingiu sua umidade de
equilíbrio, ou seja, a porcentagem de água contida na peça de madeira, que foi
exposta durante um período de tempo a condições de temperatura e umidade
em seu meio ambiente.
 Devido a sua higroscopia a densidade da madeira é variável, já que muda
conforme o seu teor de umidade. Podemos destacar esta característica física,
pois está diretamente relacionada com suas propriedades mecânicas e
também com sua durabilidade.
 As variações dimensionais nos eixos tangencial, radial e longitudinal são
consequência da perda ou absorção de água pela madeira.
 Quando completamente seca a madeira é considerada um excelente isolante
térmico, mas tende a decair conforme a umidade é absorvida. Quando
submetida a vibrações sonoras a madeira absorve essas vibrações
transformando a energia sonora em calorífica. Este material apresenta
importantes propriedades térmicas, variando conforme a sua condutividade e
calor específico.
c. Propriedades mecânicas: são responsáveis por determinar a resistência da
madeira a forças externas, e são determinadas através da experimentação.
19

Para avaliação do material (madeira) são feitos os seguintes ensaios:


compressão normal e paralela às fibras, flexão estática, tenacidade,
cisalhamento, tração paralela e normal às fibras, dureza e extração de prego.
Outros fatores que afetam as propriedades mecânicas da madeira são os
defeitos, densidade, umidade, temperatura, alvura e núcleo, temporada de
corte e tratamento da madeira.

2.3. Dados florestais brasileiros

A madeira pode ser extraída de florestas plantadas ou nativas. Sendo as


florestas plantadas responsáveis pela produção de matéria-prima para as indústrias
de madeira serrada, painéis e móveis, porém a implantação, manutenção e
exploração destas indústrias devem seguir projetos de manejo previamente
aprovados pelo Ibama. Já as florestas nativas podem atender a necessidade do
mercado de duas maneiras, a primeira através do manejo florestal, onde existe a
exploração planejada e controlada da mata nativa. O outro método é o extrativismo
onde a exploração comercial é somente das espécies comercias e não há
planejamento ou projetos de manejo florestal (ZENID, 2009).
Segundo o Serviço Florestal Brasileiro (2013) a área florestal brasileira no ano
de 2012 correspondia a cerca de 463 milhões de hectares de florestas naturais e
plantadas, ou seja, 54,4% por cento do território nacional. Com isso o Brasil é a
segunda maior área florestal do planeta, ficando atrás apenas da Rússia.

Tabela 1: Áreas estimadas de florestas no Brasil em 2012.


Tipo de Floresta Área total (ha) % das Florestas % da área do Brasil
Florestas Naturais 456.083.955 98,45 53,56
Florestas Plantadas 7.185.943 1,55 0,84
Total 463.269.898 100 54,4
Fonte: Serviço Florestal Brasileiro, 2013.

No Brasil os principais gêneros de madeira das florestas plantadas são o Pinus


e o Eucalipto, sendo que em 2012 a área de plantio de Pinus equivalia a 1,52 milhões
de hectares e a de Eucalipto igual a 5,10 milhões de hectares. Respectivamente
22,0% e 70,8% das áreas de plantio florestal no Brasil. O restante das áreas de plantio
20

equivalente a 0,53 milhões de hectares ou 7,2% do plantio total são destinadas a


produção de outras espécies como, por exemplo, a Acácia, Seringueira, Paricá,
Araucária, Teca e Pópulus (ABRAF, 2013).

Figura 1: Distribuição esquemática dos principais maciços florestais plantados por estado em
2012.
Fonte: ABRAF, 2013.

A madeira vinda de florestas plantadas é ambientalmente mais interessante


com base em dois pontos, sendo o primeiro a abundância das florestas de Pinus e
Eucaliptos e maior proximidade destas com o mercado consumidor das regiões Sul e
Sudeste. Já o segundo ponto é a diminuição da pressão e dependência das florestas
nativas do Norte do Brasil (GEHRING JUNIOR, 2011).
21

2.4. Certificação florestal

A certificação florestal é uma forma de garantir a procedência da madeira


empregada em determinado produto, com isso demonstra que esta deriva de um
processo produtivo com manejo florestal ecologicamente correto, socialmente justo e
economicamente viável e que atende a todas as leis vigentes. A certificação por ser
uma garantia de origem, ajuda os compradores atacadistas ou varejistas no momento
da compra, pois facilita a escolha de um produto diferenciado e com valor agregado,
adequado a atrair consumidores mais exigentes e possibilitando a abertura de novos
mercados. Também fornece ao consumidor consciente a possibilidade de adquirir um
produto que não degrada o meio ambiente e favorece o desenvolvimento social e
econômico das comunidades florestais (WWF-BRASIL, 2015).
Além da certificação florestal temos também a cadeia de custódia que pode ser
descrita como o demonstrativo do caminho feito pelo produto desde a floresta até o
consumidor, apresentando todas as etapas de processamento, transformação,
fabricação e distribuição (FOREST STEWARDSHIP COUNCIL, 2011).
No Brasil a certificação florestal e a cadeia de custódia são feitas por várias
empresas certificadoras, que utilizam dois sistemas de certificação: o Programa
Brasileiro de Certificação Florestal (Cerflor), ligado ao Program for the Endorsement
of Forest Certification Schemes (PEFC), e o Forest Stewardship Council (FSC). O
Cerflor busca a certificação florestal e da cadeia de custódia com base nos critérios e
indicadores estabelecidos pelas normas elaboradas pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) e integradas ao Sistema Brasileiro de Avaliação da
Conformidade e ao Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro). Já o FSC visa a pratica
do manejo florestal correto baseado em princípios e critérios que buscam conciliar as
práticas ecológicas com os incentivos sociais e viabilidade econômica, sendo que pelo
fato do Forest Stewardship Council ser uma organização internacional independente,
as normas aplicadas no processo de certificação são as mesmas vigentes em todos
os países (SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO, 2013).
22

2.5. Madeira como material de construção

A madeira é considerada como material de construção viável e competitivo


econômica e ecologicamente, devido ao fato das técnicas modernas de
reflorestamento, em conjunto com a produção industrializada de componentes de
madeira, desta forma apresentando o mínimo de perdas (PFEIL; PFEIL, 2003).
Mas diferentemente de alguns países da América do Norte, Europa e Ásia, o
Brasil ainda subutiliza seus recursos florestais plantados na construção civil. A
madeira no Brasil ainda é considerada erroneamente como um material de construção
de baixa durabilidade e qualidade duvidosa. Esse preconceito é gerado muitas vezes
por falta de conhecimento, utilização errada de produtos, escolha de material de baixa
qualidade, sem os tratamentos corretos contra organismos xilófagos e agentes
climáticos. Mas isso pode ser mudado através da escolha correta da espécie a ser
utilizada, da manutenção preventiva periódica e das novas tecnologias de compósitos,
sistema de colagem e ligações, prolongando a vida útil das edificações construídas
em madeira (NUMAZAWA, 2009).
Além da construção civil a madeira pode ser utilizada na produção de
mobiliários, embalagens, paletes e equipamentos. Sendo que este material no fim da
sua vida útil pode ser reutilizado, reciclado ou destinado a produção de energia (CEI-
BOIS, 2011). Na figura a seguir temos a representação do ciclo da madeira.

Figura 2: Ciclo da madeira.


Fonte: Adaptado de HSOB - Association Ossature Bois (2013).
23

Segundo a HSOB - Association Ossature Bois (2013) no ciclo da madeira,


temos:

1. Início do ciclo com árvores jovens absorvendo o dióxido de carbono (CO2)


da atmosfera.
2. Após a colheita a madeira é enviada para serrarias onde é transformada em
vigas e pranchas que serão utilizadas na construção de casas, móveis,
embalagem e outros produtos.
3. Galhos e demais pedaços menores que sobram das serrarias são moídos e
prensados em painéis de madeira (por exemplo, MDF – Medium Density
Fiberborard ou Placa de Fibra de Madeira de Média Densidade e OSB -
Orinteded Strand Board ou Chapas de Partículas Orientadas), que serão
utilizados de forma principal na indústria moveleira e de construção civil.
4. Neste ponto a madeira chega ao fim da sua vida útil, porém os resíduos são
separados em duas categorias, os resíduos não recicláveis e os resíduos
de madeira limpa. Os de madeira limpa podem ser moídos e
recompensados em painéis e dá-se início a uma segunda vida. O ciclo se
fecha novamente, mas em vários casos é possível ocorrer várias
reciclagens.
5. Os resíduos não recicláveis têm seu ciclo encerrado quando encaminhados
para usinas termoelétricas onde servirá de combustível de carbono neutro,
além de ser uma alternativa ecológica já que substitui os combustíveis
fósseis.
6. O dióxido de carbono gerado durante a queima da madeira nas usinas
retorna à atmosfera, de onde será novamente absorvido pelas novas
árvores.

2.6. Principais sistemas construtivos em madeira

A madeira é um dos materiais de construção mais antigos do mundo, sendo


que no Brasil foi amplamente utilizada por nossos arquitetos até metade do século
XX, quando foram construídas várias estruturas em arcos lamelares e pórticos. Após
a década de 1970, no Brasil as construções em madeira perderam espaço, ao
24

contrário do que ocorreu em outros países onde as estruturas de madeira continuaram


evoluindo (NAKAMURA, 2009).
No Brasil nas últimas décadas o setor da construção civil tem alcançado
grandes melhorias tecnológicas, ligadas ao conforto, sistemas de moradia,
desempenho de edificações e materiais. É importante lembrar que uma habitação
ideal deve ser confortável, resistente a desastres, durável, segura, eficiente e
sustentável (MOLINA; CALIL JUNIOR, 2010).
Existem vários métodos de construção em madeira, as mais comuns são as
casas de troncos, as construídas nos sistemas porticado, enxaimel e viga-pilar,
também há as casas de tábua e mata-junta e as casas em wood frame, a seguir
veremos mais detalhadamente cada um destes métodos construtivos.

2.6.1. Casas de troncos

As casas de tronco ou “long homes” são construídas através da sobreposição


de troncos com o intuito de formar paredes com função estrutural e de vedação. A
distribuição das cargas do telhado é feita de maneira continua ao longo das paredes,
que consequentemente são transmitidas de forma distribuída à fundação. A absorção
das cargas horizontais é feita pelos elementos perpendiculares às fachadas, ou seja,
paredes e pisos, que dão maior estabilidade à estrutura (INO, 1992 apud ALTOÉ,
2009).

Figura 3: Esquema estrutural e exemplo de uma casa de troncos.


Fonte: Torres (2010).

As casas de troncos são o modelo estrutural mais antigo de construção em


madeira, com edificações datadas da idade da pedra na Polônia e Turquia. Pelo fato
25

da madeira usada apresentar menor número de tratamentos este sistema tem sido
muito valorizado esteticamente devido ao seu aspecto rústico e artesanal. Este é o
único sistema que dispensa qualquer tipo de revestimento ou acabamento. Contudo
para melhor acabamento interno e maior superfície de apoio e estabilidade estrutural
o tronco pode apresentar uma ou mais faces retangulares (TORRES, 2010). Com o
desenvolvimento das técnicas de serragem no século XV, houve uma substituição
progressiva da utilização de troncos por tábuas ou peças de seção retangular feitas a
partir de troncos cortados (VILELA, 2013).

Figura 4: Exemplos de troncos com superfícies planas.


Fonte: Torres (2010).

As casas de troncos também podem ser construídas com roletes de madeira.


Os roletes usados na construção destas casas são considerados um tipo de resíduo
do processo de torneamento das toras na produção das lâminas de madeiras
utilizadas na fabricação de compensado. Após a laminação, resta um cilindro do
centro da tora, com diâmetro de 15 a 25 cm. Visto que este material representa cerca
de 30% do volume de madeira usada nas indústrias de compensados do Brasil, é
muito interessante a sua utilização na construção de moradias (INPA, 2012).

Figura 5: Casa de troncos construidas com roletes.


Fonte: INPA (2012).
26

2.6.2. Sistema porticado

No sistema de construção de madeira porticado, também conhecido como


“Post & Beam” ou coluna-viga, os elementos estruturais, como pilares, vigas, soleiras,
etc., são montados em cada pavimento independentemente. A ligação entre as peças
é feita por meio de encaixe manual ou por peças metálicas (VILELA, 2013).
Neste sistema há uma separação clara entre a estrutura e o revestimento,
devido ao conjunto de pórticos, formado por vigas e pilares de grandes dimensões
possibilitando a execução de grandes vãos. Como o sistema é constituído por pórticos
autoportantes a rigidez da estrutura se dá por meio de elementos diagonais que
funcionam como escoras na direção em que está disposto (TORRES, 2010).

Figura 6: Sistema porticado e detalhe de pórtico.


Fonte: Adaptado de Torres (2010).

Os acabamentos externos e internos eram feitos com lâminas de madeira e


placas de gesso sem isolamento, mas com o passar dos anos e com a evolução deste
sistema foram incorporadas placas de madeira que atuam como diafragma e
substituem a triangulação, também passou a ser usado isolamento térmico e uma
barreira de vapor junto ao revestimento externo (VILELA, 2013).
27

Figura 7: Residência construída com o sistema porticado.


Fonte: Vilela (2013).

2.6.3. Sistema enxaimel

O sistema enxaimel, também conhecido como entramado ou columbagem é


um sistema construtivo composto por madeira e alvenaria. Na execução de
edificações com esse método, as paredes são formadas por hastes de madeira
conectadas entre si, em posições verticais, horizontais e inclinadas, e os espaços
entre as hastes são preenchidos geralmente com tijolos ou pedras. A estrutura em
enxaimel é formada por pórticos, pilares e vigas de madeira, onde os pilares de
madeira falquejada são fixados diretamente no solo e os espaços entre os pilares são
preenchidos com terra, pedra ou tijolos (BARBOSA et al., 2011).

Figura 8: Edificação em enxaimel construída na Dinamarca por volta de 1500.


Fonte: Santos (2010).
28

O enxaimel é uma derivação do sistema porticado e se difere deste por


introduzir os elementos portantes diagonais. O comportamento estrutural de
edificações neste sistema funciona de maneira onde as paredes apresentam função
estrutural e a madeira trabalha na direção das fibras e as ligações entre as peças são
feitas por meio de encaixes tipo macho-fêmea (VILELA, 2013).

Figura 9: Esquema de engastes de peças de madeira.


Fonte: Santos, 2010.

Devido as peças apresentarem grande largura há um aumento no peso da


estrutura que provoca a redução dos pés-direitos com relação ao sistema porticado,
mas assim como no sistema anterior as edificações em enxaimel podem apresentar
até seis pavimentos. Sendo que o sistema entramado e o porticado foram amplamente
utilizados na América do Norte, Europa e Ásia até o século XIX, quando atingiram o
seu apogeu e foram então substituídos pela utilização do concreto armado (TORRES,
2010).

2.6.4. Sistema construtivo tipo viga-pilar

No sistema construtivo em madeira do tipo viga-pilar a estrutura e a vedação


são independentes, ou seja, os pilares e vigas tem a função de suportar as cargas
estruturais e as paredes tem como função a vedação. A ancoragem dos pilares na
fundação se dá por meio de parafusos metálicos e escoras, os pilares apresentam
rasgos laterais. As tábuas são encaixadas nos rasgos dos montantes, e tem a função
de vedar e travar a edificação. Como nesse sistema é possível usar madeira com altos
teores de umidade, na face inferior das vigas há um rasgo para encaixe das pranchas
das paredes com o intuito de evitar a abertura de frestas causadas pela variação do
volume da madeira seca e úmida (LAROCA, 2001).
29

Figura 10: Casa construida com o sistema viga-pilar.


Fonte: Paese (2012).

Neste método as paredes são formadas por tábuas macheadas com espessura
de três a seis centímetros e os pilares e vigas geralmente apresentam seção quadrada
de doze centímetros de lado. Devido ao fato das paredes serem relativamente finas,
este sistema adapta-se melhor a regiões de clima tropical ou subtropical, portanto não
é recomendado para regiões de clima muito frio (SOUZA, 2013).

2.6.5. Casas de tábuas com mata-juntas

Este sistema geralmente é usado na construção de casas populares, a madeira


utilizada nas paredes, assoalhos, forro, portas, rodapés e caibros deve ser tratada e
a espécie usada geralmente é o Pinus ellioti. A estrutura é usualmente formada por
vigotas de 2” x 3”, as paredes por tábuas de 1” x 12” e mata-junta de ½” x 2” (LAROCA,
2001).
As casas de tábuas com mata-juntas são isoladas do solo, sendo formada por
quadro inferior e superior ligados por montantes verticais e o fechamento se dá por
tábuas e mata-juntas na vertical. Geralmente a fundação neste sistema é feita em
concreto ou alvenaria, piso cimentado ou cerâmico nas áreas molhadas e assoalho
nos dormitórios e sala. A transmissão de cargas da cobertura à fundação é feita por
meio dos montantes e das tábuas. A estrutura da cobertura é em madeira, formada
por tesouras, terças e caibros com a função de suportar um telhado de fibrocimento
ou telhas cerâmicas (SILVA; BASSO, 2000).
30

Figura 11: Casa de tábuas com mata-juntas.


Fonte: Paese (2012).

2.6.6. Sistema wood frame

A construção em wood frame é o objeto de estudo deste trabalho, sendo este


método construtivo em madeira composto por painéis estruturados com vigas e pilares
de madeira com seção transversal pequena, pouco espaçados, mas que formam um
conjunto estrutural capaz de receber os esforços solicitados pelas edificações. Estes
painéis substituem as vigas e pilares de concreto, assim como as paredes em
alvenaria comum. As vedações podem ser com placas de gesso acartonado para as
áreas internas, placas cimentícias para as paredes internas e externas ou chapas de
OSB ou compensado revestidas com estuque (PAESE, 2012).

Figura 12: Estrutura de casa em wood frame.


Fonte: Ferreira (2013).
31

2.7. Tratamento da madeira contra a deterioração

A madeira é suscetível a dois tipos de deterioração, sendo eles, a biológica,


através de ataque por organismos que se alimentam de madeira como: fungos,
cupins, moluscos e crustáceos marinhos. Já o outro tipo de deterioração é a física,
tendo como exemplo, a ação do fogo (PFEIL; PFEIL, 2003).
No Brasil é comum acreditar que a madeira é um material de baixa qualidade e
as edificações que usam madeira como principal material de construção apresentam
uma vida útil pequena. Esse pensamento é justificado pelo fato da madeira ser um
material orgânico e que está sujeito a ataque de organismos que se alimentam deste
material, porém, não se lembra que existem produtos e técnicas que inibem estes
organismos (CALIL JULIOR; DIAS, 1997).
O tratamento químico das peças de madeira faz com que as mesmas resistam
mais aos ataques biológicos e ao fogo, isto é, as madeiras são submetidas a
impregnação de substâncias químicas com a função de repelir os organismos
biodegradadores e retardar a propagação do fogo (PFEIL; PFEIL, 2003).
Existem diversos métodos de tratamento, dentre eles pincelamento, aspersão,
pulverização, imersão, banho quente-frio, substituição de seiva ou autoclave, que
fornecem à madeira uma vida de até 50 anos e reduzem a necessidade de
manutenção e pintura (CALIL JULIOR; DIAS, 1997).

2.8. Comportamento da madeira em incêndios

Existe o risco de incêndio em qualquer edificação, mesmo naquelas onde são


empregados materiais incombustíveis em sua estrutura, como por exemplo, o
concreto, o metal ou a alvenaria. Porém, mesmo a madeira sendo um material
inflamável, em caso de incêndio esta apresenta um comportamento positivo, com
relação ao metal e ao concreto, já que antes de entrar no processo de combustão, a
madeira libera gases que servem como combustível para as chamas, e com o
aquecimento da madeira há a liberação de mais gases inflamáveis do interior das
peças, servindo de alimento para o fogo. As peças de maior seção transversal quando
expostas ao fogo, tendem a formar uma camada de carvão em sua superfície, que
32

atua na retardação da liberação de gases inflamáveis do interior das peças,


desacelera o processo de queima, deterioração e aquecimento do interior do material,
além de poder levar à extinção do fogo. Com isso tornando maior a capacidade de
sustentação das cargas da construção e disponibilizando tempo hábil para evacuação
da edificação em chamas (VILELA, 2013).
Segundo Torres (2010) em casos de incêndio com temperaturas muito
elevadas a madeira apresenta melhor desempenho, pois em caso de incêndios que
atingem a casa dos 1000 °C, o concreto perde 90% da sua resistência aos 540 °C e
o aço 50% entre os 500 e 700 °C, enquanto que a madeira mantém sua resistência,
apesar da diminuição da espessura das peças. Outra vantagem citada por Torres, é
o tipo de gases liberados pela madeira em um incêndio. A madeira apresenta uma
combustão mais “limpa”, pois libera principalmente vapor de água e dióxido de
carbono, enquanto que em estruturas de concreto há uma maior liberação de
monóxido de carbono, metano e hidrocarbonetos, que são gases mais prejudiciais à
saúde.

Figura 13: Viga de madeira laminada colada estrutural após teste de resistência ao fogo.
Fonte: Vilela (2013).

Figura 14: Viga de madeira sustenta vigas de metal deformadas após contato com altas
temperaturas.
Fonte: Vilela, (2013).
33

2.9. O sistema wood frame

O sistema construtivo conhecido como wood frame foi desenvolvido com base
nos métodos construtivos em madeira usados pelos pioneiros da colonização dos
países da América do Norte, ou seja, EUA e Canadá, onde ainda há edificações de
madeira em uso com mais de duzentos anos de idade. O wood frame usado
atualmente é a evolução dos sistemas tradicionais de construção em madeira,
podendo ser considerado um método de fácil adaptação a todas as diversidades
climáticas, socioeconômicas e geográficas, pois permite a incorporação de elementos
e componentes que facilitem a execução no canteiro de obras e que estejam
disponíveis no mercado (GEHRING JUNIOR, 2011).
Apesar do wood frame, ser considerado um método construtivo novo e pouco
utilizado no Brasil, na América do Norte e na Europa, casas com estruturas leves em
madeira são construídas desde o começo do século XX. Sendo que nos EUA,
aproximadamente 95% das casas construídas são executadas em wood frame. Desde
1910 pesquisadores norte-americanos desenvolvem estudos sobre o sistema de
construção de casas de madeira em wood frame (MOLINA; CALIL JUNIOR, 2010).
A utilização em larga escala de sistemas pré-fabricados em madeira começou
assim que a Segunda Guerra Mundial chegou ao seu fim, devido à alta demanda de
habitações para a população e também pela necessidade de racionalização do
processo construtivo. Os pioneiros no processo de industrialização de componentes
de madeira para edificações foram os irmãos Carl e William Jureit, fundadores da
Automatized Building Components Inc. em 1954, com a produção de treliçados para
cobertura (VALLE et al., 2012).
34

Figura 15: Construção e finalização de casa em wood frame em Capão Bonito - SP.
Fonte: Stamade Projeto e Consultoria em Madeira (2015).

2.9.1. Usos e aplicações da construção em wood frame

Segundo dados apresentados no censo demográfico de 2010, última pesquisa


deste porte realizada em território nacional, o Brasil possui um déficit habitacional de
6,5 milhões de moradias. Boa parte deste déficit, aproximadamente 30% é formado
pelo chamado ônus excessivo com aluguel, isto quer dizer que as famílias gastam
mais de 30% de sua renda com moradia. Já outros 43% da insuficiência com moradias
é referente à coabitação familiar, ou seja, mais de uma família habita a mesma
residência. O restante da falta de habitações está relacionado as residências precárias
e adensamento habitacional, condição onde mais de três pessoas dividem o mesmo
dormitório (ABIMCI, 2015).
Como forma de suprir as altas demandas habitacionais tanto do Brasil quanto
de outros países, as nações têm incentivado o desenvolvimento de métodos
construtivos passiveis de industrialização e a busca por novas formas de construção
35

que garantam melhor qualidade e em espaços de tempo menores. No Brasil já


encontramos diversos sistemas de construção industrializados, dentre eles podemos
citar o wood frame, método que utiliza perfis leves de madeira para fechamentos e o
steel framing, conhecido por fazer o uso de perfis leves estruturais formados a frio de
aço revestido (SANTOS, 2010).
Enquanto que nos países da América do Norte e Europa as casas em perfis
leves de madeira são utilizadas desde o começo do século XX, apenas agora no início
do século XXI, este método começa a ser utilizado no Brasil, e isto foi possível pois
se instalou em Curitiba – PR, uma indústria cujo foco é a produção de materiais e
componentes para construção em madeira, com preço competitivo no mercado da
construção civil (SOUZA, 2013).
Em 2014 através de ato do Ministério das Cidades e da Caixa Econômica
Federal (CEF), onde por meio do Documento Técnico de Avaliação (Datec), permitiu-
se a construção de empreendimentos da Caixa em wood frame, sem limite máximo
no número de edificação, visto que antes da Datec o limite de produção de casas era
de 500 unidades. Como é o caso do Residencial Haragano em Pelotas - RS,
autorizado pela Caixa e entregue em 2013 (CEF, 2014).

Figura 16: Residencial Haragano em Pelotas - RS.


Fonte: CEF (2014).

Com essa decisão do Governo Federal alguns empreendimentos do Programa


Minha Casa Minha Vida já podem ser executados através do sistema wood frame,
como é o caso do Condomínio Moradias Nilo, em Curitiba – PR (entregue em março
de 2015) que abriga um total de 66 unidades (AMORIM, 2015).
36

Figura 17: Condomínio Moradas do Nilo, construido com o sistema wood frame.
Fonte: Amorim (2015).

Apesar de ser um sistema industrializado, a construção em wood frame não é


padronizada, podendo atender à necessidade e diversidade de vários tipos de
construção. Os exemplos vão desde escritórios e salas de aula, até edifícios
institucionais e construções multifamiliares com altos padrões de acabamento e pé-
direito elevado e também as casas populares (NAKAMURA, 2009).
Além da construção de moradias a tecnologia do sistema wood frame pode ser
aplicado a edificações públicas, pois segundo estudo de Santos (2010) a Secretária
de Educação do Estado do Paraná já está usando esse sistema para construção de
escolas estaduais.

2.9.2. Sustentabilidade do sistema construtivo

A maior parte dos recursos naturais e energia produzida no Brasil, são


utilizados do setor da construção civil, gerando grandes impactos ambientais. Outro
problema da construção civil é a geração de altos volumes de resíduos sólidos,
líquidos e gasosos. O que acaba interferindo na qualidade do meio ambiente e por
conseguinte na vida das pessoas (ZAPARTE, 2014).
Quando falamos da sustentabilidade de um sistema construtivo não devemos
levar em conta somente o projeto da edificação, mas temos que considerar se os
materiais utilizados são eficientes e se eles não prejudicam a saúde e bem-estar tanto
37

do meio ambiente quanto dos ocupantes do imóvel, da população ao redor e de certa


forma das gerações futuras (VASCONCELOS, 2010).
A CMHC - Canada Mortgage and Housing Corporation (2014) nos traz os cinco
princípios da habitação sustentável sendo eles a qualidade do ambiente interno, a
utilização de recursos eficientes, a eficiência energética, a responsabilidade com o
meio ambiente e a acessibilidade. Podemos atingir a qualidade do meio ambiente
interno através do controle da qualidade do ar e da água, utilização de iluminação
natural, isolamento acústico tanto interno quanto externo e da segurança contra
incêndios.
O uso da madeira na construção de habitações é correto, pois além de atender
as necessidades ambientes, já que gera um canteiro de obras mais limpo, com o
mínimo de resíduos, menor índice de poluição e com menos acidentes de trabalho, a
madeira atende perfeitamente as necessidades estruturais e construtivas (OLIVEIRA,
2009). Também é bom lembrar que a matéria-prima principal para a construção em
wood frame é a madeira, que neste caso é proveniente de áreas plantadas com selos
de certificação, sendo a madeira considerada como o único material de construção
renovável (ZAPARTE, 2014).
Com base no consumo energético, é possível afirmar que a madeira é um
material com baixo consumo de produção, levando em conta os gastos energéticos
para produção de outros materiais empregados na construção civil (LAROCA, 2002).
Na tabela 2, é possível verificar o consumo de energia para a produção de diversos
materiais.

Tabela 2: Consumo energético na fabricação de diversos materiais.


Material KWH/kg KWh/m³ kg/carvão
Madeira Serrada 0,7 350 0,8
Madeira Laminada-Colada 2,4 1.200 N.i.
Cimento 1,4 1.750 260
Concreto 0,3 700 25
Tijolo 0,8 1.360 140
Aço 5,9 46.000 1.000
Plástico/PVC 18,0 24.700 1.800
Alumínio 52,0 141.500 4.200
Fonte: Laroca, 2002.

O impacto ambiental gerado por um material ou sistema construtivo é


usualmente medido através das emissões de dióxido de carbono, por meio do
38

indicador denominado Potencial de Aquecimento Global (PAG), pois o aquecimento


global se comporta de maneira parecida à tendência de demanda energética primária.
A tabela 3, mostra o potencial de aquecimento global de três métodos construtivos,
são eles o wood frame, steel frame e a alvenaria (MONICH, 2012).

Tabela 3: Potencial de aquecimento global de diferentes técnicas construtivas.


Técnica construtiva (kg CO2eq)
Wood Frame Stell Frame Alvenaria
Produção e manutenção 198 199 445
CO2 vinculado à madeira -238 -9 0
Disposição (potencial de reciclagem) 250 7 43
Disposição (emitido) -114 -62 0
Total 96 135 488
Fonte: Monich, 2012.

Com isso é possível afirmar que em relação a alvenaria, o sistema wood frame
reduz as emissões de dióxido de carbono (CO2) em 80% (GIRIBOLA, 2013). Por fim,
Muniz (2015), nos diz que se comparado a uma edificação construída em alvenaria
convencional, o wood frame durante o processo de construção apresenta uma
redução de 90% no consumo de água e 85% na produção de resíduos.

2.9.3. Vantagens e desvantagens da construção em wood frame

O wood frame é vantajoso pois atende requisitos de flexibilidade, por exemplo,


pode ser usado tanto para residências, edificações comerciais, públicas e industriais,
possui alta velocidade de execução, atende as necessidades térmicas e acústicas,
além de apresentar preço competitivo, também atende aos principais requisitos de
uma edificação construída de forma sustentável, pois os materiais empregados
favorecem o conforto térmico e acústico, há a racionalização dos materiais e a geração
de resíduos é menor se comparada a construção em alvenaria, além da eficiência
energética e da utilização de tecnologias e produtos que não degradam o meio
ambiente (MOLINA; CALIL JUNIOR, 2010).
Outras vantagens do sistema wood frame são a sua durabilidade, pode ser
utilizado em regiões sujeitas a ventos extremos e abalos sísmicos uma vez que há
possibilidade de reforço e adaptação para absorver as cargas geradas nestas
situações. Além destas vantagens é construído a partir de um recurso renovável
39

(madeira plantada), atende perfeitamente requisitos de segurança contra incêndio e


controle de som, e devido a sua alta capacidade de adaptação pode ser utilizado em
todos os tipos de clima, ou seja, desde os mais quentes e úmidos até os extremamente
frios (CMHC, 2014).
Santos (2010) ainda destaca a possibilidade de industrialização do wood frame,
onde a montagem das paredes é feita em fábrica de forma automatizada, sendo o
processo acompanhado por operários especializados. Os módulos das paredes são
transportados para a obra e unidos in loco. Por ser um sistema pré-montado em
fábrica com base em um projeto, a agilidade em sua instalação dos componentes na
obra não fica tão dependente do bom tempo para a sua montagem.

Figura 18: Montagem de painel de parede em fábrica.


Fonte: Stamade Projeto e Consultoria em Madeira (2015).

Apesar da construção em wood frame ainda não possuir uma Norma Brasileira
específica, podemos fazer o uso de normas internacionais como por exemplo o
EUROCODE 5 (norma europeia) para a elaboração de testes de dimensionamento.
Testes de avaliação de características e desempenho dos componentes, relacionados
ao comportamento estrutural, resistência contra incêndio, estanqueidade,
comportamento térmico e acústico, durabilidade dos componentes de acabamento
externo à exposição a raios ultravioletas, foram realizados em 2011 pelo Sistema
Nacional de Avaliações Técnicas do Ministério das Cidades, e com base nestes testes
foi desenvolvida a Diretriz Sinat 005, o que permitiu e incentivou a inúmeras empresas
brasileira a buscarem a viabilização da implantação deste sistema construtivo no país
(ZAPARTE, 2014).
40

Comparado a outros sistemas, a construção em wood frame possui poucas


desvantagens, mas que são facilmente isoladas e tratadas, sendo que podemos citar:
a necessidade de mão de obra qualificada, falta de profissionais e ferramentas
especializadas no Brasil, resistência do mercado imobiliário a mudanças e a limitação
de altura das edificações que é no máximo cinco pavimentos. É possível mudar o
cenário nacional de habitação, através da divulgação e conscientização da população
e do poder público, no que diz respeito ao uso de novas técnicas e materiais
(VASQUES, 2014).

Figura 19: Montagem de casa construida em wood frame.


Fonte: Stamade Projeto e Consultoria em Madeira (2015).

2.9.4. Projeto e planejamento da construção em wood frame

Uma edificação em wood frame deve ser planejada tanto quanto uma
edificação em alvenaria, pois se houver falhas no planejamento podem ocorrer
problemas ou afetar resultados futuros. A abertura do processo de planejamento se
dá com a elaboração dos projetos arquitetônico, estrutural, elétrico e hidrossanitário.
Uma vez que os projetos estejam prontos é possível levantar informações como o
número de pavimentos, dimensões da edificação, altura, localização, se haverá
sistema de aquecimento, entre outras informações. Com esses dados em mãos é
possível planejar o processo construtivo que melhor se adapte, elaborar o orçamento,
e o cronograma de trabalho (ZAPARTE, 2014).
Para isso, a NBR 7190 usada nos projetos de estrutura em madeira, nos diz
que edificações executadas em madeira total ou parcialmente, devem seguir fielmente
o projeto elaborado por profissional habilitado legalmente. Sendo o projeto formado
pelo memorial justificativo, desenhos e o plano de execução (ABNT, 1997).
41

Com a variação dos estilos e tamanhos, os processos de execução destas


casas tendem a ser diferentes, porém os princípios básicos são os mesmos em todas
as obras. Diversos fatores podem alterar o cronograma da obra, como por exemplo,
tamanho e complexidade da edificação. O tempo de execução de edificações em
wood frame tende a ser mais curto, em razão da utilização de painéis compensados,
chapas de partículas orientadas (OSB) e placas de gesso, além de utilização de
componentes pré-fabricados como vigas de madeira, portas e janelas. No Canadá
para residências de porte médio, o tempo de execução gira em torno de 16 semanas,
porém para obras mais complexas ou maiores o tempo de execução necessário pode
ser 18 semanas ou mais (CMHC, 2014).

Figura 20: Cronograma médio da construção de casas em wood frame no Canadá.


Fonte: Adaptado de CMHC (2014).

2.9.5. Tipos de fundações usadas na construção em wood frame

Em edificações construídas utilizando o sistema wood frame as fundações


possuem duas funções principais, sendo a primeira garantir a integridade de toda
estrutura, através da capacidade de suportar as cargas do prédio e o peso próprio das
peças estruturais, além de manter a construção nivelada, a segunda função das
fundações é isolar os componentes de madeira da estrutura dos organismos xilófagos
e da umidade do solo (THALLON, 2008).
Para edificações em wood frame pode ser utilizado qualquer tipo de fundação,
desde que atenda às necessidades das cargas de projeto e do tipo de solo onde será
executada a construção do imóvel. O risco de ruptura em uma construção em wood
42

frame é menor se comparado à alvenaria. Visto que a estrutura é considerada


hiperestática1, por se tratar de uma estrutura leve e estável e também porque cargas
são distribuídas em todas as paredes e não em regiões específicas da estrutura. Os
modelos de fundação mais usuais são as diretas e rasas, por exemplo, radier, sapata
corrida e porão (ZAPARTE, 2014).

Figura 21: Tipos usuais de fundação em edificações em wood frame.


Fonte: Adaptado de Thallon (2008).

2.9.5.1. Radier

Devido as cargas de uma edificação em wood frame serem menores do que de


uma estrutura em alvenaria ou concreto, podemos utilizar o radier como alternativa
para a fundação, já que sua execução é rápida e pode ser utilizado em solos fracos,
porém é necessário que o terreno seja plano ou pouco acidentado (PAESE, 2012).
A distribuição das cargas no solo é feita através de uma placa (laje) de concreto
armado apoiada diretamente no solo, sendo que sua área é igual à da edificação
descontadas as áreas em balanço. Sendo que a superfície homogênea, lisa e nivelada
do radier além de ser a fundação pode ser utilizado como contrapiso para o pavimento
térreo. É importante lembrar que os componentes hidráulicos e elétricos que
passaram pelo solo devem ser instalados antes da concretagem da fundação
(BOTELHO, 2010).
Outro ponto fundamental quando fazemos o uso de radier é garantir a
drenagem adequada da edificação, pois altos índices de umidade podem provocar
problemas na madeira da estrutura assim como rachar e quebrar o concreto da
fundação (WAGNER, 2009 apud CHIARAMONTI, 2012).

1 Segundo Botelho (2010) uma estrutura hiperestática é aquela que possui mais vínculos que

o necessário para a sua estabilidade


43

Figura 22: Radier.


Fonte: Tecverde (2015).

2.9.5.2. Sapata corrida

As sapatas são um tipo de fundação rasa executada em concreto armado,


sendo divididas em sapatas isoladas e/ou corridas, as isoladas apresentam seção
quadrada ou retangular, enquanto as sapatas corridas são elementos contínuos que
acompanham as paredes. Para a construção de imóveis em wood frame é
recomendado o uso das sapatas corridas, pois além de apoiar, serve como base para
ancoragem das paredes à fundação (TEIXEIRA; GODOY, 2009 apud CHIARAMONTI,
2012).
Sobre as paredes da fundação é possível fazer a instalação do piso de madeira,
e sobre o piso são fixadas as paredes da edificação, a principal vantagem deste
sistema é a possibilidade de instalação de dutos e encanamentos nos espaços que
ficam entre as paredes da fundação e a parte inferior do piso, o que facilita o acesso
no caso de manutenções (THALLON, 2008).
A fundação em sapatas corridas pode ser utilizada principalmente em regiões
de clima temperado, porém assim como na fundação em radier é necessário tomar
cuidados para evitar a propagação de umidade através da fundação, para isso é
necessário a impermeabilização da fundação e a execução de aberturas para
ventilação (THALLON, 2008).
44

2.9.5.3. Porão

Em países onde o inverno é muito rigoroso o tipo de fundação mais utilizado é


o porão ou “basament wall”, onde é formado um compartimento abaixo do nível do
solo, com pelo menos 60 cm de altura, sendo que suas principais funções são a
transferência das cargas da edificação ao solo e elevar a temperatura da casa pois
nesta cota o conforto térmico dos cômodos subterrâneos não é afetado pelo
congelamento do solo durante o inverno, além de manter a madeira da estrutura
protegida da umidade proveniente do solo (MOLINA; CALIL JUNIOR, 2010).
Para a sustentação e distribuição de cargas derivadas da edificação é comum
utilizar vigas de madeira com seção “I” colocadas sobre as paredes do porão, com
isso a transferência de cargas verticais acontece de forma distribuída e torna a
fundação uma etapa de rápida execução e com menores custos, além da
possibilidade de usar o porão como um cômodo da residência (MOLINA; CALIL
JUNIOR, 2010).
Um ponto importante na utilização de porão é a sua impermeabilização pois a
alta pressão hidrostática aplicada no lado externo da fundação pode provocar o
escoamento de água através das paredes de concreto ou pelas juntas que fazem a
união entre o piso e a parede, causando a entrada de água no porão. Além da
impermeabilização das paredes do porão é recomendado a instalação de um tubo de
drenagem no perímetro do porão para fazer o escoamento desta água (ZAPARTE,
2014).

Figura 23: Sistema de drenagem de fundação tipo porão.


Fonte: Adaptado de CMHC (2014).
45

2.9.6. Pisos e áreas molháveis

O piso é a parte em que os usuários da edificação têm mais contato, pois é ele
quem suporta as cargas geradas pelos usuários, pela mobília e equipamentos, e atua
na transferência às paredes dos esforços laterais gerados pelo vento, terremotos ou
o solo. O nivelamento, a estabilidade e o isolamento acústico do piso influenciam
diretamente na qualidade global do imóvel (THALLON, 2008).
A execução do piso do primeiro pavimento, pode seguir as técnicas tradicionais
empregadas na alvenaria. Mas quando o tipo de fundação utilizado é o porão ou
sapata corrida é usada como estrutura para o piso um barrote de madeira com deck
de OSB, esse vigamento também é executado quando há pisos superiores, onde o
OSB é considerado como um contrapiso. Sobre o deck de OSB também conhecido
como laje seca, é possível a aplicação de carpetes e pisos engenheirados, dando
preferência a pisos flutuantes e com manta intermediária como forma de garantir o
conforto e isolação acústica contra ondas sonoras geradas por impactos (SACCO;
STAMATO, 2008).

2.9.6.1. Barroteamento do piso

Quando utilizadas as fundações tipo sapata corrida ou porão e nos pavimentos


superiores das edificações em wood frame para a execução da laje seca em chapas
de OSB ou compensado, é necessário a execução de barroteamento com vigas de
madeira geralmente com seções retangulares ou I. As vigas I são estruturalmente
mais interessantes pois proporcionam pisos com menor peso próprio, e que melhor
resistem a flexões resultantes do peso próprio da peça, das cargas fixas e acidentais
da edificação. A laje seca recebe as cargas perpendicularmente ao seu plano e com
uso das vigas I que possuem maior rigidez faz com que os deslocamentos sejam
menores (MOLINA; CALIL JUNIOR, 2010).
O espaçamento entre as vigas é na ordem de 40 cm, ou em casos especiais
dependendo da carga do piso o espaçamento pode ser de 30 cm. A disposição das
vigas deve coincidir com a disposição dos montantes das paredes, cuja função é
suportar o piso. Sobre as vigas são instaladas chapas de OSB ou compensado naval
tratado em autoclave protegendo de ataques de cupins e outros organismos xilófagos.
46

As placas de OSB devem ser fixadas, transversalmente ao sentido das vigas, pois
apresenta maior resistência à flexão no seu maior sentido (SACCO; STAMATO,
2008).

Figura 24: Deck em OSB com vigas I.


Fonte: APA – The Engineered Wood Association (2011).

2.9.6.2. Pisos em área molháveis

Sobre o contrapiso de OSB nas áreas molháveis devem ser coladas e


parafusadas chapas cimentícias de 12 mm (pode ser usado cola PVA tipo D3), sobre
as chapas cimentícias deve ser feita uma impermeabilização com membrana acrílica
impermeável. Nas juntas entre as placas e nos cantos com as paredes e ralos, é
necessário a aplicação de tela de poliéster ou fibra de vidro como estruturante. Após
a impermeabilização deve ser instalado piso frio com argamassa colante tipo 1
flexibilizada com resina acrílica. Em áreas muito expostas à água, como o boxe de
chuveiro, por exemplo, também é recomendado a impermeabilização com selador
acrílico antifungo e pintura com resina acrílica pura nas chapas de gesso acartonado
resistente a umidade (tipo RU) ou chapas cimentícias que formam as paredes
(SACCO; STAMATO, 2008).
47

Figura 25: Aplicação de chapa cimentícia sobre OSB.


Fonte: Sacco; Stamato (2008).

2.9.7. Paredes estruturais

A construção em wood frame é composta basicamente por paredes portantes


que são usadas como suporte para a primeira plataforma ou piso. Esta plataforma tem
a função de travar os apoios e fazer o contraventamento horizontal da estrutura. Com
isso novos painéis de paredes portantes podem ser fixados sobre a plataforma, assim
gradativamente, até o telhado. Sendo que este sistema construtivo pode ser utilizado
em obras de até quatro pavimentos sem que haja grandes mudanças no processo de
planejamento e execução (SACCO; STAMATO, 2008).
48

Figura 26: Esquema de montagem.


Fonte: Sacco; Stamato (2008).

As paredes em wood frame são formadas por montantes verticais de madeira


com espaçamento entre si de 40 cm a 60 cm, distribuídos de acordo com as
dimensões dos painéis de OSB que formam a estrutura. A transmissão das cargas à
fundação é feita através dos painéis e montantes que resistem às cargas verticais
provenientes de telhados e pavimentos, como também suportam a cargas
perpendiculares como as geradas pelos ventos (ZAPARTE, 2014).
Os painéis são fechados com duas guias de madeira da mesma seção dos
montantes, sendo uma guia inferior e a outra superior. Depois da fixação dos painéis
na fundação ou sobre a plataforma, formando a planta do pavimento, deve ser
pregada uma segunda guia superior, mas esta deve sobrepor os encontros dos
painéis e solidariza-los (SACCO; STAMATO, 2008).
O OSB é a denominação comercial para as chapas de partículas orientadas,
definidas como chapas estruturais de madeira aglomerada compostas por partículas
longas e finas, orientadas parcialmente em determinada direção, sendo que as placas
por apresentarem alta resistência físico-mecânica podem ser utilizadas no
49

contraventamento da estrutura de paredes, lajes e telhados em edificações de wood


frame (GOUVEIA et al., 2003).

Figura 27: Esquema das camadas dos painéis de parede.


Fonte: Ferreira (2013).

As ligações entre montante e painéis são feitas através de pregos


galvanizados, portanto estes elementos devem apresentar uma vida útil longa.
Também é importante lembrar que devido o sistema fazer o uso de madeiras macias
os pregos usados devem ser do tipo ardox ou anelados, para dificultar o arrancamento
(MOLINA; CALIL JUNIOR, 2010).
Como já dito os painéis de wood frame são compostos por chapas de OSB e
montantes de madeira, porém os painéis são preenchidos com material isolante e as
chapas são tratadas com material impermeabilizante e depois revestidas com placas
cimentícias em seu lado externo e placas de gesso no lado interno da estrutura
(ZAPARTE, 2014).
É importante destacar que os isolantes térmicos (lã-mineral, por exemplo) e as
placas de gesso ajudam a retardar e combater a combustão das paredes em caso de
incêndio por serem considerados materiais incombustíveis (VILELA, 2013).
O sistema wood frame se assemelha muito à alvenaria estrutural, onde as
paredes são portantes e cada elemento recebe esforços de naturezas diversas, e
estes elementos estão sempre unidos a outros elementos, fazendo com que a
estrutura seja hiperestática (SACCO; STAMATO, 2008).
50

Nas construções em wood frame devem ser fixadas sobre o piso, vigas de
madeira com o intuito de colaborar com a instalação e ancoragem dos painéis das
paredes. A edificação também deve contar com vergas em madeira nas aberturas de
portas, janelas e demais aberturas, para transferir as cargas para os montantes
laterais a abertura, assim evitando a flambagem (ZAPARTE, 2014). As vergas são
compostas de pelo menos duas peças de madeira com a largura igual aos montantes
e a espessura de cada peça deve ser igual ou maior a 38 mm. Quando os montantes
se encontram em regiões onde há abertura os mesmos devem ser deslocados
lateralmente e nunca eliminados (MOLINA; CALIL JUNIOR, 2010).

Figura 28: Nomenclatura dos componentes do wood frame.


Fonte: Adaptado de Thallon (2008).

2.9.8. Ancoragem

Como forma de impedir a movimentação da edificação em razão do vento, a


superestrutura necessita ser ancorada firmemente à fundação. A movimentação pode
ocorrer por tombamento, onde há a elevação da estrutura na qual a rotação tem como
agente causador a incidência de ventos com direção assimétrica na edificação. A
movimentação também pode ocorrer por translação na qual há o deslocamento lateral
da construção (SCARFF, 1996 apud ZAPARTE, 2014).
51

Figura 29: Efeitos da carga de vento na estrutura: a) translação e b) tombamento.


Fonte: Zaparte (2014).

O dimensionamento e tipo de ancoragem a ser adotado varia em função do tipo


de fundação e das solicitações da estrutura ocasionadas pelas cargas, condições
climáticas e ocorrência de abalos sísmicos. A fixação dos painéis que compõem as
paredes deve ser feita diretamente na fundação, onde a junção pode ser feita através
de barras de ancoragem, cintas embutidas ou ganchos, é importante que essas peças
metálicas sejam galvanizadas e que apresentem tratamento térmico como forma de
evitar a corrosão devido a umidade (THALLON, 2008).

Figura 30: Esquema de ancoragem dos painéis das paredes em wood frame.
Fonte: Adaptado de Thallon (2008).

Além das barras de ancoragem temos os fixadores por fricção, químicos e os


de expansão, geralmente utilizados quando os fixadores são instalados após a cura
do concreto da fundação (WAGNER, 2009 apud CHIARAMONTI, 2012).
52

Figura 31: Fixador de pós-cura do tipo fricção.


Fonte: Simpson Strong-Tie Company Inc. (2014).

Figura 32: Fixador de pós-cura do tipo químico.


Fonte: Simpson Strong-Tie Company Inc. (2014).

Figura 33: Fixador de pós-cura do tipo expansão.


Fonte: Simpson Strong-Tie Company Inc. (2014).

2.9.9. Sistema de cobertura

O sistema de cobertura de edificações em wood frame geralmente é composto


por treliças industrializadas de madeira com conectores do tipo chapa de dentes
estampados. Onde o espaçamento entre as treliças gira em torno de 60 cm a 120 cm,
mas é definido em função do tipo de telha utilizado para cobertura. Fazendo o uso das
treliças industrializadas é possível diminuir o peso da cobertura em até 40% devido os
elementos que as formam terem dimensões pequenas, normalmente as peças
apresentam seção transversal de 3 cm x 7 cm (MOLINA; CALIL JUNIOR, 2010).
Há uma flexibilidade quanto ao tipo de telha, podendo ser usadas telhas
cerâmicas, metálicas, fibrocimento, concreto ou shingles asfálticas. Porém a
inclinação do telhado sempre deve ser igual ou superior que as inclinações mínimas
53

exigidas para cada tipo de telha, como forma de reduzir o risco da entrada de água
(SILVA, 2010).
A execução dos telhados com telhas shingle asfálticas em edificações
construídas em wood frame, começa pela montagem e instalação das treliças em
madeira que formam a estrutura, ou na instalação das vigotas para telhados com baixa
inclinação, seguindo da montagem da base, normalmente em painéis de OSB ou
chapas de madeira compensada, com posterior instalação da barreira de umidade
(subcobertura) e finalmente a instalação das telhas shingle asfálticas (ZAPARTE,
2014).
Já no caso das telhas cerâmicas não é necessário a execução da base e as
ripas são fixadas diretamente sobre as treliças, porém antes do ripamento é
necessário a aplicação de uma manta contra umidade (MOLINA; CALIL JUNIOR,
2010).

Figura 34: Sistema de cobertura com telhas shingle asfálticas.


Fonte: Adaptado de APA - The Engineered Wood Association (2011).

Além da manta contra umidade é necessário prever a ventilação adequada da


cobertura, já que é possível ocorrer o acúmulo de vapor de água na parte interna da
cobertura podendo gerar danos à estrutura, uma vez que as membranas utilizadas
barram a saída da água do interior do telhado, mas o acúmulo de vapor d’água pode
ser evitado através da utilização de beirais e/ou cumeeiras ventiladas, ou com
venezianas nos oitões, também é importante a instalação de calhas e rufos no telhado
para garantir o escoamento correto das águas pluviais (CMHC, 2014).
54

Figura 35: Tipos de ventilação de cobertura.


Fonte: Adaptado de CMHC (2014).

2.9.10. Treliças pré-fabricadas

Na construção em wood frame as treliças pré-fabricadas, também conhecidas


como tesouras pré-fabricadas são as mais usadas, pois além de virem prontas de
fábrica, são montadas com alto controle de qualidade, são dimensionadas
corretamente, aceleram o processo de construção e diminuem a geração de resíduos
de madeira na obra. Além do modelo de duas águas, que é o mais simples de ser
construído, há a possibilidade de executar treliças com formas mais arrojadas
(ZAPARTE, 2014).
Uma das principais vantagens da utilização de treliças ou tesouras projetadas
é a possibilidade de serem apoiadas sobre as paredes externas, com isso há uma
maior liberdade para planejar as repartições dos cômodos da edificação, pois não é
necessário a execução de paredes com a função de ajudar na sustentação do telhado
(CMHC, 2014).
Na execução de coberturas no Brasil o tipo de tesoura mais utilizado é o Howe,
porém há outros tipos de treliça conforme a figura a seguir. É importante lembrar que
além das tesouras, na cobertura também são usadas terças, caibros e ripas, conforme
o tipo de telha escolhido (PFEIL; PFEIL, 2003).
55

Figura 36: Tipos mais comuns de treliças pré-fabricadas.


Fonte: Adaptado de CMHC (2014).

A instalação de tesouras pré-fabricadas com dimensões menores que 6 m, de


maneira geral é feita manualmente, porém quando as tesouras apresentam
dimensões maiores se faz necessário o uso de técnicas especiais de elevação, com
o intuito de evitar danos a peça. As treliças devem ser sempre levantadas na vertical,
como forma de evitar flexão lateral excessiva. Nunca devem ser cortadas ou alteradas
e a instalação deve seguir as instruções do fabricante (CMHC, 2014).

2.9.11. Cuidados necessário para a execução de paredes em wood frame

No sistema de construção em wood frame as paredes têm estrutura em


madeira tratada e elementos de fechamento como painéis de OSB, mantas ou
membranas para impermeabilização, revestimento interno e externo, acabamentos e
também os elementos usados como isolantes térmicos e acústicos. As funções destes
componentes são atuar como separadores ambientais, evitando a entrada de ar,
água, vapor e calor. Ações que interferem diretamente no desempenho da edificação
(ZAPARTE, 2014).

2.9.11.1. Controle de entrada de água

Pelo fato do sistema wood frame usar madeira em sua formação, é necessário
evitar ao máximo a entrada de água na estrutura, pois se expostos por tempos
56

prolongados à água os montantes e demais peças estruturais podem se deteriorar


prejudicando o uso da construção (ZAPARTE, 2014).
No processo de proteção da edificação contra a entrada de água a primeira
barreira é o revestimento, já a segunda barreira é a manta impermeabilizante que deve
barrar a umidade externa e permitir a saída da umidade interna das paredes (LP
BUILDING PRODUCTS, 2011).
Além de proteger contra infiltrações, as membranas regulam o fluxo de ar e
melhoram a eficiência energética da edificação. Com isso há a prevenção de mofo,
bolor e da deterioração precoce do imóvel, também melhora no conforto térmico e da
qualidade do ar dentro da edificação (CMHC, 2014).
Basicamente as membranas podem ser de papel impermeável, autoadesivas
ou líquidas. As membranas de papel impermeável, são fabricadas em material
betuminoso e vendidas em rolos, sua aplicação é feita por meio de faixas horizontais
sob o revestimento externo a partir da parte inferior da parede. Já as do tipo
autoadesivas são fortes e flexíveis, também produzidas em rolos, são mais indicadas
para áreas submetidas a grandes quantidades de água, como soleiras e peitoris,
portas e janelas. E por fim as membranas em forma líquida, usualmente aplicadas sob
o revestimento, estas apresentam ranhuras verticais que auxiliam na drenagem
(CMHC, 2014).

Figura 37: Membrana contra umidade.


Fonte: LP Building Products (2011).
57

2.9.11.2. Controle da entrada de ar

Em casas construídas em wood frame o controle de entrada de ar é


fundamental, pois quanto mais hermético o edifício, melhor será a eficiência
energética, o isolamento térmico e acústico, o controle de ventilação natural e
mecânica e também no controle de odores (CMHC, 2014).

“Se dois pontos de um fluido estático podem ser conectados por


um caminho qualquer contido no fluido, então somente haverá
diferença de pressão entre os dois pontos se eles estiverem em
níveis diferentes (Lei de Stevin). A diferença de pressão de ar
em uma edificação pode ser causada pelo vento, ventilação
mecânica e até pelo efeito da chaminé, como em um poço de
elevador. Por conseguinte, quando a pressão de dentro da casa
for maior do que do exterior, o ar vai fluir para fora pelos orifícios
que existem na habitação levando consigo o vapor d'água, e
vice-versa” (ZAPARTE, 2014, p. 48).

A CMHC (2014) nos traz uma série de materiais com baixa permeabilidade ao
ar que podem ser utilizadas no controle da infiltração. São exemplos de materiais
usados nas barreiras de ar as folhas de polietileno, placas de gesso, selantes,
aplicação de espuma nas juntas, isolamento rígido com placas de madeira
compensada ou chapas de OSB, concreto ou revestimento de metal ou vidro.
Lembrando que a barreira de ar necessita ser permeável ao vapor originário do interior
da edificação e impermeável aos vapores externos.

2.9.11.3. Controle da difusão de vapor

Várias atividades cotidianas como cozinhar, lavar louça ou tomar banho podem
provocar a formação de vapor, sendo que este pode penetrar e circular pelos materiais
da estrutura por meio da “difusão” e a umidade excessiva pode provocar a
deterioração do imóvel. Com isso há a necessidade de implantar barreiras de controle
da difusão de vapor. Estas barreiras são semelhantes às de controle de ar, com a
diferença que não necessitam ser seladas na parte externa e sua instalação deve ser
58

do lado quente do isolante e ao longo do perímetro dos ambientes onde há uma


geração de vapor muito alta (THALLON, 2008).
Podem ser usadas como barreiras de difusão de vapor o filme de polietileno,
folhas de metal, isolante de poliestireno, espuma de poliuretano, metal e vidro (CMHC,
2014).

2.9.11.4. Controle do fluxo de calor

O controle de fluxo de calor é fundamental no desempenho energético da


edificação pois deve ser capaz de impedir a queda da resistência térmica provocada
por fugas de ar, fluxo de calor, pontes térmicas e umidade. Os isolantes térmicos
podem ser do tipo solto, onde o material empregado são fibras de celulose ou lã
mineral, já o isolamento rígido é formado por folhas ou placas de poliestireno
expandido ou extrudado, e também existe no isolamento semirrígido, onde são usadas
fibras de vidro ou fibras minerais, sendo que todos os tipos de isolamento são
instalados no interior das paredes entre os montantes (CMHC, 2014).
Na figura a seguir temos a representação das camadas que compõem as
paredes no sistema construtivo wood frame.

Figura 38: Camadas do sistema wood frame.


Fonte: Adaptado de CMHC (2014).
59

2.9.12. Painéis de OSB

Os painéis OSB - Oriented Strand Board (Painel de Madeira Orientada) podem


ser definidos como sendo chapas estruturais formadas por tiras de madeira de formato
retangular unidas por meio de resinas resistentes à água, distribuídas em três ou cinco
camadas perpendiculares entre si e submetidas a prensagem por alta pressão e
temperatura (BRASIL, 2011).
Segundo Zaparte (2014) as chapas de OSB estrutural são usadas no sistema
construtivo wood frame como contraventamento e vedação da estrutura das paredes,
entrepisos e telhados. As chapas são instaladas nos dois lados das paredes,
fornecendo rigidez a edificação e trabalhando em conjunto com outras peças
estruturais com o intuito de tornar estrutura da edificação hiperestática.
Para o uso dos painéis OSB na construção de edificações é necessário que ele
atenda algumas propriedades físico-mecânicas definidas conforme normas
específicas. No EUA e Canadá há selos de certificação, onde são descritas as
especificações de uso, espessura nominal da chapa, grau de exposição, espaçamento
máximo entre apoios, entre outras informações (APA - THE ENGINEERED WOOD
ASSOCIATION, 2009).

Figura 39: Painéis estruturais de OSB.


Fonte: APA - The Engineered Wood Association (2009).
60

2.9.13. Revestimento interno das paredes

O revestimento interno das paredes e do teto devem ter um aspecto agradável


e atender as necessidades do usuário. Normalmente o acabamento mais utilizado nos
interiores são as placas de gesso acartonado, também conhecidas como chapas para
drywall. O uso das chapas de gesso traz muitas vantagens, dentre elas a rapidez do
processo de instalação, baixo custo de instalação, conforto térmico e acústico (CMHC,
2014).
As placas de gesso são divididas em três categorias, sendo a Standard (ST)
destinadas ao revestimento de áreas secas e internas, já as placas do tipo Resistente
à Umidade (RU) podem ser usadas em locais sujeitos à umidade e temos também as
placas Resistentes ao Fogo (RF) aplicadas em áreas onde há necessidade de um
maior desempenho em relação ao fogo (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS
FABRICANTES DE CHAPAS PARA DRYWALL, 2006).
Sobre as placas de gesso é possível aplicar outros materiais como
acabamento, por exemplo, azulejos cerâmicos, porcelanato, vidro, mármore e granito,
com fixação por meio de adesivos ou base de argamassa especifica para cada tipo
de material. Nas áreas molhadas como banheiros o revestimento cerâmico ou
porcelanato deve ser executado sobre uma base resistente à umidade, visto que
locais como chuveiros e banheiras podem ser sujeitos a vazamentos de água (CMHC,
2014).

2.9.14. Revestimento externo das paredes

A aplicação de revestimento externo nas edificações em wood frame é


necessária, pois auxilia como barreira de umidade, ajuda na durabilidade e na
aparência do imóvel (CMHC, 2014).
Como revestimento externo em edificações em wood frame podemos utilizar
diversos materiais como por exemplo o siding, placas cimentícias, revestimento
cerâmico ou pedra, tijolos aparentes e estuque (MOLINA; CALIL JUNIOR, 2010).
Também é possível usar argamassas, pastas, pinturas, texturas ou outros materiais
sem função estrutural, mas que apresentem função estética e contribuam na
durabilidade da edificação (BRASIL, 2011).
61

O siding vinílico é um revestimento externo em PVC, que possui excelente


custo-benefício, pois apresenta boa resistência, leveza, durabilidade,
impermeabilidade, rápida instalação e baixa manutenção. Sendo ideal para uso em
fachadas de imóveis residenciais e comerciais construídos em wood frame. O siding
também pode ser produzido em madeira ou metal (LP BUILDING PRODUCTS, 2011).

Figura 40: Revestimento externo com siding vinílico.


Fonte: LP Building Products (2011).

As placas cimentícias de tecnologia CRFS (Cimento Reforçado com Fios


Sintéticos) são produzidas a partir de uma mistura homogênea de cimento Portland,
agregados naturais e celulose reforçada com fios sintéticos de polipropileno. As placas
também são submetidas a tratamento de impermeabilização. A instalação das chapas
é feita por meio da fixação com parafusos nos painéis de parede. As principais
vantagens do uso das placas cimentícias são o seu baixo peso, maior limpeza e
mínimo desperdício, rapidez de montagem e facilidade de execução das instalações
elétricas, hidráulicas e de comunicação (BRASILIT, 2011).
62

Figura 41: Revestimento externo tipo placa cimentícia.


Fonte: Silva (2010).

O estuque (ou argamassa armada) é uma argamassa formada por uma mistura
homogênea de cal, cimento Portland e areia. O estuque é fixado nas paredes de wood
frame por meio de telas metálicas galvanizadas presas às placas de OSB que formam
a parede. A aplicação é feita em três demãos, sendo a primeira camada usada como
base e as outras duas como acabamento, além de que o estuque pode receber
texturas suaves ou rústicas. As cores também podem ser empregadas diretamente no
revestimento final ou a superfície pode ser pintada posteriormente. Por não apresentar
muita resistência à umidade o estuque deve ser selado ou pintado (THALLON, 2008).

Figura 42: Revestimento externo com estuque.


Fonte: LP Building Products (2011).
63

2.9.15. Instalações hidrossanitárias e elétricas

A execução das instalações elétricas e hidrossanitárias nas edificações


construídas com o sistema wood frame é muito semelhante ao de uma construção em
alvenaria, mas o principal diferencial é a possibilidade de embutir as instalações entre
os montantes, conferindo praticidade e agilidade durante o processo de instalação e
eventuais manutenções (MOLINA; CALIL JUNIOR, 2010).
Quando as paredes em wood frame são produzidas em uma unidade fabril, as
instalações hidráulicas e elétricas já saem instalas e prontas para o uso após a
montagem da residência. A tubulação pode ser constituída de tubos comuns de PVC
ou PEX, instalados entre os montantes das paredes e/ou entre o forro e barrotes do
entrepiso. Uma consideração importante deve ser feita com relação as tubulações de
esgoto, devido estes tubos apresentarem um maior diâmetro, não é possível a
instalação dentro das paredes, sendo necessário o uso de shafts (ZAPARTE, 2014).

Figura 43: Instalações hidrossanitárias.


Fonte: Tecverde (2015).

Figura 44: Instalações elétricas.


Fonte: Tecverde (2015).
64

2.9.16. Sistema de montagem da estrutura em wood frame

A construção em wood frame é versátil pois possibilita a industrialização de


parte dos processos, conforme Paese (2012) existem três sistemas de montagem de
edificações em wood frame:

 Sistema alemão: totalmente industrializado onde os cortes das peças são


feitos em máquinas industriais. As paredes já saem montadas de fábrica,
somente para instalação no local da obra. É o método mais rápido e preciso de
construção, mas exige mão de obra especializada.
 Sistema canadense: este sistema é semi-industrializado, pois quando existe
espaço suficiente no canteiro de obras os montantes e chapas são cortados
diretamente no local da obra, caso contrário os cortes são feitos em fábrica. E
a montagem das paredes é feita na obra.
 Sistema americano: neste método de construção em wood frame os
montantes são cortados inteiramente no local de montagem das paredes. Após
a montagem total dos montantes das paredes, é iniciado o processo de
instalação dos isolantes, fechamentos e acabamentos, juntamente com a
execução do telhado e cobertura. Em certos casos a madeira pode ser pré-
cortada em uma indústria e encaminhada para o canteiro de obras. O sistema
de montagem americano é considerado racionalizado, por apresentar baixa
tecnologia de execução, porém é necessário um bom gerenciamento da obra.

É apresento a seguir nas figuras 45 e 46, parte do processo de montagem de


uma residência em wood frame pelo método alemão e pelo método americano.
65

Figura 45: Montagem de casa em wood frame através do médodo alemão.


Fonte: Adaptado de Giribola (2013).

Figura 46: Montagem de casa em wood frame através do médodo americano.


Fonte: Adaptado de Embafort (2015).
66

2.9.17. Vida útil de edificações construídas com o sistema wood frame

A duração estimada do tempo de uso de uma edificação e suas partes é


determinado pela NBR 15575-1. A vida útil do projeto (VUP) é apontada no momento
da elaboração do projeto, mas para que a VUP seja atingida, é necessário que sejam
executadas as devidas manutenções, empregando produtos de qualidade compatível
e usando as técnicas adequadas (ABNT, 2013). Segundo Silva (2010) no Brasil para
as edificações destinadas a habitação, foi adotado, de forma informativa, o período de
40 anos como vida útil de projeto mínima (VUP mínima) e o período de 60 anos como
vida útil de projeto superior (VUP superior), mas a escolha de um ou outro período é
de responsabilidade dos participantes no processo de projeto e construção da
edificação.
As orientações fundamentas para o uso e manutenção de uma edificação e
suas partes geralmente são descritas no manual de uso, operação e manutenção do
edifício, ou em manuais de fabricantes, além de que a NBR 5674 (Manutenção de
edificações – Procedimento) é uma importante base para definição e execução de
programas de manutenção de edificações. Ligado à vida útil do projeto está o prazo
de garantia, que é calculado após a emissão do “Auto de Conclusão” ou “Habite-se”
do edifício (SILVA, 2010). Em caráter informativo, os prazos de VUP e de garantia
para paredes estruturais e paredes de vedação apontados na tabela 4.

Tabela 4: Vida útil e prazo de garantia.


VUP (anos) Prazos de garantia (anos)
Elemento construtivo
Mínimo Superior Mínimo Superior
5 7,5
Paredes estruturais ≥ 40 ≥ 60 Segurança e estabilidade global,
estanqueidade de fundações e contenções
5 8
Paredes de vedação ≥ 20 ≥ 30
Segurança e integridade
Fonte: Silva, 2010.

A construção em wood frame deve apresentar vida útil de projeto mínimo igual
aos períodos propostos pela NBR 15575-1, e demonstrados na tabela 5, se
executadas as devidas manutenções preventivas e de conservação previstas no
manual de operação, uso e manutenção da edificação e também as manutenções
corretivas sempre que necessário (BRASIL, 2011).
67

Tabela 5: Vida útil de projeto mínima.


VUP (anos)
Sistema
Mínimo
Estrutura (paredes e lajes de piso objeto desta Diretriz) ≥ 40
Vedação vertical externa (paredes formadas por quadros
≥ 40
estruturais em peças de madeira e chapas delgadas)
Vedação vertical interna ≥ 20
Pisos internos (revestimentos e
≥ 13
acabamentos)
Cobertura ≥ 20
Fonte: Brasil, 2011.

2.9.18. Manutenção de edificações em wood frame

A manutenção das edificações construídas em wood frame é feita com maior


facilidade e praticidade, não ocasionando os tradicionais “quebra-quebras”, também
há uma redução de 1/3 nos custos de manutenção quando comparado aos sistemas
tradicionais de construção, essa diminuição nas despesas com manutenção ocorre,
pois, os materiais empregados na construção em wood frame apresentam garantia e
durabilidade (LP BUILDING PRODUCTS, 2011).
Segundo Silva (2010) a substituição de chapas de revestimentos, manutenção
de itens embutidos e a limpeza são iguais as empregadas na construção em drywall2.
Com relação a troca de revestimentos externos depende do tipo do revestimento
empregado na edificação. Os sidings podem ser repostos, pois são parafusados às
paredes, já a conservação das texturas deve ser feita por meio de lavagens periódicas,
de modo geral a cada três anos, mas esse período de lavagens, pode variar conforme
as condições que a edificação está submetida.
Após o prazo de cinco anos, deve ser feita uma análise da edificação,
verificando se é necessário executar alguma intervenção, além da lavagem, como por
exemplo, a execução de uma nova pintura. Caso seja necessário a pintura das
paredes é importante fazer o tratamento de eventuais fissuras que tenham surgido
durante os anos de uso da edificação. Se houver a necessidade de trocar ou reparar

2 Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas para Drywall (2006), a execução

de paredes na construção em drywall usa chapas de gesso acartonado parafusadas em ambos os


lados de uma estrutura de aço galvanizado que pode ser simples ou dupla.
68

o revestimento cerâmico é preciso tomar o cuidado de restaurar os prováveis danos


causados nas placas cimentícias que formam o substrato. Na execução de reparos
em revestimentos, é preciso o máximo de cuidado para manter a membrana hidráulica
sempre intacta, mas caso haja dados, é preciso que a membrana seja substituída.
Durante a manutenção das instalações de água e esgoto, é necessário que não haja
vazamentos constantes sem reparos, já que pode ocorrer a deterioração da madeira,
aparecimento de fungos e danos às chapas de revestimentos. Com relação a
manutenção dos telhados é necessário que sejam mantidos sempre limpos, assim
como as calhas e tubulações que fazem a captação e condução das águas pluviais.
As eventuais telhas que estejam danificadas ou quebradas devem ser imediatamente
substituídas ou reparadas, como forma de evitar a incidência de água sobre a
estrutura, sobre os elementos metálicos de ligação e sobre as chapas que foram os
revestimentos (SILVA, 2010).
69

3. MATERIAL E MÉTODOS

A metodologia aplicada para desenvolvimento deste trabalho é a Pesquisa


Bibliográfica, que segundo Gil (2008), tem seu desenvolvimento baseado em material
já elaborado, embasado em informações expostas em livros e artigos científicos.
Como principal vantagem deste método de pesquisa podemos destacar a
possibilidade do investigador em cobrir uma série de dados muito ampla do que aquela
que poderia diretamente.
Além da pesquisa bibliográfica em livros, manuais e artigos técnicos e
científicos foi desenvolvido a pesquisa de preço de materiais e serviços para a
elaboração de orçamento, com a função de comparar custos com materiais e serviços
de uma edificação em wood frame e em alvenaria de tijolos cerâmicos.
A metodologia para o desenvolvimento deste trabalho é dividida em quatro
etapas:

 Etapa 1: Estudo detalhado e coleta de dados sobre o uso da madeira na


construção civil, sobre o sistema construtivo wood frame e seu
desenvolvimento no Brasil.
 Etapa 2: Análise dos principais elementos da construção em wood frame
baseado em livros, artigos e publicações.
 Etapa 3: Quantificação de materiais e serviços necessários para construção de
uma casa popular construída com o sistema wood frame e em alvenaria.
 Etapa 4: Elaboração dos orçamentos da edificação e do processamento destes
dados para avaliação da viabilidade econômica do wood frame comparado à
alvenaria.
70

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo bibliográfico sobre a madeira como material de construção, o método


construtivo wood frame e seu desenvolvimento no Brasil, assim como a análise dos
principais elementos da construção em wood frame foram atendidos, pois por meio de
pesquisa foram encontrados vários artigos, livros e manuais nacionais e internacionais
que serviram como base para execução das etapas 1 e 2 deste trabalho.
Neste capitulo serão apresentados os resultados obtidos nas etapas 3 e 4 da
metodologia adotada para elaboração deste trabalho. Para o estudo da viabilidade
econômica do sistema construtivo wood frame comparado à alvenaria tradicional, foi
adotada a edificação popular com área construída de 31,32 m², apresentada em
Ferreira (2013), sendo assim neste capítulo serão expostos os resumos dos custos
desta edificação tanto em wood frame, quanto em alvenaria e a análise dos dados
obtidos. Na figura 47 é apresentada a planta baixa da edificação usada neste estudo,
o projeto arquitetônico completo segue no Anexo 1.

Figura 47: Planta baixa da casa em estudo.


Fonte: Adaptado de Ferreira (2013).
71

Já na tabela 6, temos a descrição das etapas construtivas da casa em estudo.

Tabela 6: Quadro descritivo das etapas construtivas da edificação em estudo.


Etapa Casa em wood frame Casa em alvenaria
Tipo radier com 10 cm de Tipo radier com 15 cm de
Fundações
espessura. espessura.
Paredes em alvenaria de
Painéis com estrutura de
tijolos cerâmicos com
Estrutura e paredes madeira, mantas de
estrutura em concreto
vedação e chapas de OSB.
armado.
Estrutura em treliça
industrializada de madeira Estrutura com tesouras,
Cobertura de Pinus tratada. Telhas caibros e ripas em madeira
cerâmicas e isolamento de de lie. Telhas cerâmicas.
lã de vidro sobre o forro.
Impermeabilização da Impermeabilização da
fundação onde serão fundação onde serão
Impermeabilizações
ancoradas as paredes e ancoradas as paredes e
das áreas molháveis. das áreas molháveis.
Portas internas e de Portas internas e de
entrada social em madeira. entrada social em madeira.
Esquadrias
Porta de entrada de serviço Porta de entrada de serviço
e janelas em metal. e janelas em metal.
Embutidas nas paredes
Embutidas nas paredes e
Instalações elétricas (entre os montantes) e
sobre o forro.
sobre o forro.
Embutidas nas paredes
Instalações Embutidas nas paredes e
(entre os montantes) e
hidrossanitárias sobre o forro.
sobre o forro.
Execução de chapisco,
Paredes revestidas com
reboco e emboço sobre a
placas de gesso
parede. Aplicação de
Revestimentos acartonado, azulejos nas
azulejo nas áreas
internos áreas molháveis. Piso com
molháveis. Piso com
revestimento cerâmico e
revestimento cerâmico e
forro em PVC.
forro em PVC.
Revestimentos Paredes revestidas com Execução de chapisco e
externos placas cimentícias. reboco sobre a parede.
Tinta látex nas áreas Tinta látex nas áreas
Pinturas internas e textura acrílica internas e textura acrílica
nas paredes externas. nas paredes externas.
Serviços Calçada em concreto e Calçada em concreto e
complementares limpeza final da obra. limpeza final da obra.
Fonte: Autor, 2015.
72

4.1. Custos de construção

A partir dos desenhos técnicos da edificação foi possível o levantamento do


quantitativo de materiais e serviços necessários para a construção da casa, após esta
etapa, os custos da edificação foram calculados com base nas informações
apresentadas pela FDE - Fundação para o Desenvolvimento da Educação, órgão
ligado à Secretaria Estadual da Educação de São Paulo, e também por Ferreira
(2013), os valores são referentes ao mês de julho de 2015 e não incluem custos
referentes a leis sociais, administração e Benefícios e Despesas Indiretas (BDI). Os
orçamentos completos são apresentados nos Anexos 2 e 3.

Tabela 7: Custos por etapa de construção para casa em wood frame.


CUSTOS CONFORME ETAPAS DE CONSTRUÇÃO
CASA TÉRREA EM WOOD FRAME COM ÁREA DE 31,32 m²
CUSTO PORCENTAGEM
ETAPA CONSTRUTIVA
MATERIAL SERVIÇO TOTAL MATERIAL SERVIÇO TOTAL
FUNDAÇÕES 2.574,87 183,40 2.758,27 93,4% 6,6% 10,5%
ESTRUTURA E PAREDES 3.365,38 1.041,21 4.406,59 76,4% 23,6% 16,8%
COBERTURA 2.687,70 959,98 3.647,68 73,7% 26,3% 13,9%
IMPERMEABILIZAÇÕES 431,68 89,81 521,49 82,8% 17,2% 2,0%
ESQUADRIAS 3.274,63 362,97 3.637,60 90,0% 10,0% 13,9%
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E COMUNICAÇÃO 553,28 407,73 961,01 57,6% 42,4% 3,7%
INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIA E GÁS 1.675,14 974,39 2.649,53 63,2% 36,8% 10,1%
REVESTIMENTOS INTERNOS 2.504,45 1.008,10 3.512,55 71,3% 28,7% 13,4%
REVESTIMENTOS EXTERNOS 2.020,57 - 2.020,57 100,0% 0,0% 7,7%
PINTURAS 771,56 828,45 1.600,01 48,2% 51,8% 6,1%
SERVIÇOS COMPLEMENTARES 262,32 216,36 478,68 54,8% 45,2% 1,8%
TOTAL 20.121,58 6.072,40 26.193,98 76,8% 23,2% 100,0%

Fonte: Autor, 2015.

Tabela 8: Custos por etapa de construção para casa em alvenaria.


CUSTOS CONFORME ETAPAS DE CONSTRUÇÃO
CASA TÉRREA EM ALVENARIA COM ÁREA DE 31,32 m²
CUSTO PORCENTAGEM
ETAPA CONSTRUTIVA
MATERIAL SERVIÇO TOTAL MATERIAL SERVIÇO TOTAL
FUNDAÇÕES 3.853,44 267,93 4.121,37 93,5% 6,5% 14,9%
ESTRUTURA E PAREDES 2.424,05 1.042,48 3.466,53 69,9% 30,1% 12,5%
COBERTURA 3.238,19 1.204,55 4.442,74 72,9% 27,1% 16,0%
IMPERMEABILIZAÇÕES 94,80 91,28 186,08 50,9% 49,1% 0,7%
ESQUADRIAS 3.274,63 421,92 3.696,55 88,6% 11,4% 13,3%
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E COMUNICAÇÃO 621,70 423,93 1.045,63 59,5% 40,5% 3,8%
INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIA E GÁS 1.658,13 1.025,59 2.683,72 61,8% 38,2% 9,7%
REVESTIMENTOS INTERNOS 1.809,08 2.852,52 4.661,60 38,8% 61,2% 16,8%
REVESTIMENTOS EXTERNOS 301,40 1.067,42 1.368,82 22,0% 78,0% 4,9%
PINTURAS 767,84 825,81 1.593,65 48,2% 51,8% 5,7%
SERVIÇOS COMPLEMENTARES 262,32 216,36 478,68 54,8% 45,2% 1,7%
TOTAL 18.305,58 9.439,79 27.745,37 66,0% 34,0% 100,0%

Fonte: Autor, 2015.

Como pode ser visto nos orçamentos desta construção o sistema construtivo
com menor custo é o wood frame, pois se comparado à alvenaria, houve uma redução
nos custos totais de 5,6%, já com os gastos referentes aos materiais a construção
73

com wood frame apresenta um acréscimo de 9,9% relacionado à alvenaria, mas há


uma redução de 35,7% nos gastos com mão de obra. Segundo Ferreira (2013) ao
comparar os dois sistemas o custo dos materiais é cerca de 10% maior no wood frame,
porém a redução com mão de obra pode chegar a 50% em relação à alvenaria, sendo
assim podemos considerar que os dados obtidos são verdadeiros pois estão
relativamente próximos de valores já estabelecidos em outros estudos.
74

4.2. Comparativo de custos entre os sistemas construtivos

Nos próximos itens é possivel acompanhar de forma gráfica as comparações


entre a construção em wood frame e em alvenaria, os gráficos demonstram os custos
de materias, serviços, totais gerais e porcentagem de custos por etapa construtiva.

4.2.1. Custos com materiais de construção

A seguir é possivel verificar graficamente a comparação de custos com matéria-


prima nos dois sistemas construtivos em estudo. Conforme já dito os custos com
materiais de construção na edificação em wood frame são maiores se comparado com
a alvenaria, mas este sistema ainda é mais vantajoso economicamente pois há
redução nos custos com mão de obra.

Figura 48: Gráfico comparativo de custos com materiais.


Fonte: Autor (2015).

Comparando os gastos com material de construção da casa orçada em wood


frame e em alvenaria é possível destacar que nas:
75

 Fundações: a redução de custos com a fundação na casa orçada em wood


frame pode ser justificada, pelo fato das paredes em wood frame serem mais
leves o que possibilita executar um radier menos espesso, cerca de 10 cm,
enquanto que na alvenaria é necessário um radier de 15 cm.
 Estruturas e paredes: como pode ser visto no gráfico acima, os custos com
as paredes na casa construída em wood frame são mais elevados que o da
alvenaria pois são materiais industrializados e com maior custo unitário.
 Cobertura: no wood frame há uma diminuição com os gastos com cobertura,
já que é executada com treliças de Pinus tratada que possuem menor custo do
que a estrutura em madeira de lei.
 Impermeabilizações: as despesas com impermeabilizações também são
maiores, pois como Sacco e Stamato (2008), dizem no wood frame é
necessário a impermeabilização das áreas molháveis e da fundação onde
serão instaladas as paredes. Já nas residências de alvenaria é usual a
impermeabilização apenas da fundação onde serão apoiadas as paredes de
tijolos, pois segundo Nakamura (2013) apesar das fundações não estarem
expostas diretamente ás intempéries, as mesmas fincam em contato contínuo
com a umidade presente no solo, sendo a impermeabilização necessária para
que a umidade não suba pela alvenaria e provoque várias patologias, como
destacamento de revestimentos internos e dados estruturais e no caso das
estruturas em wood frame acabem causando apodrecimento da madeira e por
consequência o enfraquecimento da estrutura, entre outras avarias.
 Revestimentos internos e externos: apresentam custos maiores pelo fato do
sistema wood frame fazer uso de chapas industrializadas, e que apresentam
maior custo unitário.

Os custos com esquadrias, instalações elétricas, instalações hidrossanitárias,


pinturas e serviços complementares não apresentam diferenças significativas entre os
dois sistemas, no que diz respeito às despesas com material de construção.
76

4.2.2. Custos com serviços

Na figura 49 é apresentada a comparação entre os custos com mão de obra


orçados, para o processo de construção da edificação. Estudos parecidos nos dizem
que além da redução com custos de mão de obra, há também a diminuição do tempo
de construção, pois segundo Giribola (2013) o tempo de construção de edificação em
wood frame é até três vezes menor do que o prazo de execução de uma obra similar
em alvenaria.

Figura 49: Gráfico comparativo de custos com serviços.


Fonte: Autor (2015).

Com relação aos serviços a construção em wood frame se destaca com a


economia em mão de obra, que ocorre devido a edificação ser construída a partir de
módulos pré-montados o que reduz a demanda de operários em diversas fases da
construção (GIRIBOLA, 2013).
Em quase todas as etapas construtivas da casa orçada em wood frame houve
uma redução nas despesas com mão de obra, podendo destacar:

 Fundações: o radier para a casa em wood frame é menos espesso e demanda


menos tempo de concretagem.
77

 Estruturas e paredes: os gastos com serviços de execução das paredes é


praticamente o mesmo, apesar das paredes em wood frame serem montadas
em fábrica, há custos com transporte dos painéis e instalação na obra.
 Cobertura: a redução nos gastos com cobertura se deve ao fato das treliças
saírem prontas de fábrica, e as despesas são somente com a instalação das
mesmas.
 Impermeabilizações: apesar da casa em wood frame apresentar maiores
áreas de impermeabilização, parte deste serviço é feito com emulsão acrílica
que possui valor de mão de obra inferior ao da impermeabilização com tinta
betuminosa aplicada na edificação em alvenaria.
 Esquadrias: a instalação das esquadrias na edificação em wood frame é feita
por meio de fixação com parafusos ou espuma de poliuretano, diminuindo
assim o tempo de instalação se comparado à alvenaria onde as esquadrias são
chumbadas com argamassa nas paredes.
 Instalações elétricas e hidrossanitárias: por serem embutidas entre os
montantes das paredes em wood frame, são eliminados os custos com mão de
obra para “rasgar” as paredes para instalação da tubulação.
 Revestimentos internos e externos: a redução mais significativa de gastos é
com relação aos revestimentos, pois o custo com serviços de revestimento na
área externa neste caso é igual a zero. Já os valores gastos com mão de obra
para revestir a parte interna da edificação, são referentes ao assentamento de
piso cerâmico no piso e paredes, instalação de rodapé e forro em PVC. Isso
ocorre porque geralmente no wood frame os revestimentos são instalados
diretamente na fábrica de painéis de paredes, para somente acabamento em
obra.

As despesas com mão de obra para pinturas e serviços complementares é a


mesma para os dois sistemas construtivos.
78

4.2.3. Custos totais por etapa construtiva

Na figura 50, é possível ver comparativo de gastos totais por etapa construtiva
e analisar as etapas com maior redução de custos quando usado o sistema de
construção wood frame.

Figura 50: Gráfico comparativo de custos totais.


Fonte: Autor (2015).

Em quase todas as etapas construtivas da casa orçada em wood frame houve


uma redução nas despesas totais, podendo destacar:

 Fundações: conforme dito anteriormente, no wood frame a redução com os


custos de fundação ocorre porque as paredes apresentam menor peso próprio
o que possibilita a redução da espessura do radier em comparação com a
fundação de uma casa em alvenaria
 Estruturas, paredes e revestimentos externos: o aumento de gastos está
ligado ao maior custo dos painéis das paredes e das chapas de cimentícias que
formam o revestimento externo.
79

 Cobertura: na construção em wood frame, os gastos com a cobertura são mais


baixos uma vez que na estrutura é usada madeira mais barata, mas isso não
significa menor qualidade da cobertura.
 Impermeabilizações: tem gastos mais significativos no wood frame, pois é
necessário que as paredes das áreas molháveis sejam totalmente
impermeáveis, para que possam apresentar vida útil maior.
 Esquadrias: a redução dos gastos com instalação das esquadrias na
edificação em wood frame ocorre por meio da diminuição do tempo de
instalação das portas e janelas.
 Instalações elétricas e hidrossanitárias: a redução de custos com as
instalações está ligada à diminuição do tempo de instalação das tubulações,
pois são embutidas entre os montantes das paredes em wood frame ainda na
fábrica.
 Revestimentos internos: já os custos com revestimentos internos são
menores porque as chapas de gesso saem instaladas diretamente da fábrica
dos painéis que formam as paredes.
 Pinturas: o pequeno aumento de gastos com pintura é porque as chapas
externas são cerca de 2 cm maiores na parte inferior da parede, para proteger
os guias inferiores contra a umidade.
 Serviços complementares: os custos com execução de calçada e da limpeza
final da obra são os mesmos para os dois sistemas construtivos.

Na figura 51 temos a porcentagem dos gastos de cada etapa construtiva com


relação ao valor total da edificação. Enquanto que na alvenaria os principais gastos
são com revestimentos internos, cobertura e fundações, no sistema wood frame são
as paredes, revestimentos externos e cobertura.
80

Figura 51: Gráfico comparativo da porcentagem de gastos em cada fase de construção.


Fonte: Autor (2015).

Por fim temos a figura 52 onde apresentamos graficamente os custos totais de


material e serviços, da casa orçada nos dois sistemas.

Figura 52: Gráfico com o custo total de cada sistema.


Fonte: Autor (2015).

Conforme é possível verificar na figura 52 mesmo o sistema wood frame


apresentando um acréscimo de 9,9% nas despesas com materiais, há uma redução
81

de 5,6% nos gastos totais da obra, pois há uma redução de 35,7% nos custos com
mão de obra, fazendo com que este método construtivo seja economicamente viável
e competitivo com a alvenaria comum, usualmente empregada na construção civil
brasileira.
82

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando as informações expostas neste trabalho, é possível concluir que


o sistema construtivo wood frame possui vários aspectos interessantes que favorecem
a sua implantação em larga escala no território brasileiro, pois o mercado tem
disponibilidade de matéria-prima e capacidade de suprir as demandas de insumos das
diversas etapas construtivas. Apesar da baixa disponibilidade de mão de obra
qualificada, é possível investir no treinamento de pessoal para execução de obras
neste método de construção.
Também é possível afirmar que a construção em wood frame é baseada nos
princípios da sustentabilidade, pois usa como base para a montagem da sua estrutura
madeira originária de florestas plantadas, sendo a madeira considerada como material
de construção renovável, além de favorecer o desenvolvimento socioeconômico das
comunidades florestais, já que a madeira usada é preferencialmente vinda de florestas
certificadas. Em comparação com a alvenaria tradicional a construção em wood frame
produz 80% menos dióxido de carbono, reduz o consumo de água em 90% durante o
processo construtivo e diminui em 85% o volume de resíduos gerados, reforçando
ainda mais a viabilidade ambiental deste método.
Como o Brasil apresenta altas demandas habitacionais o wood frame pode ser
visto como uma solução para este problema, uma vez que possibilita a execução de
obras em tempo menor do que os métodos tradicionais usados no Brasil. O sistema
também possui alta qualidade e resistência, e como demonstrado neste trabalho
através da comparação de custos entre uma residência orçada em wood frame e a
mesma edificação em alvenaria foi possível verificar a total competividade financeira
do wood frame, apresentando custos menores, que sem levar em consideração outros
aspectos, torna este sistema mais vantajoso do que a alvenaria.
Sendo assim se faz necessário o incentivo através de políticas públicas e
particulares para a desmistificação de que a madeira é um material de qualidade
inferior. Logo, é preciso que empresas, instituições governamentais e órgãos de
classe ligadas a este sistema, se unam para divulgar e conscientizar os profissionais
83

e a população, e com isso haja melhor aceitação da construção em madeira, para que
através da consolidação deste método construtivo, haja frutos positivos com relação
ao uso da madeira como material de construção no Brasil e com isso incentivando o
uso racional dos recursos naturais.
Por fim, tomando como base os resultados obtidos através desta pesquisa
podemos afirmar que a hipótese de que a construção em wood frame é
economicamente viável e compete diretamente com o uso da alvenaria tradicional, foi
atingida. Pois apresentou uma redução de 5,6% no custo total da edificação, e
diminuição de 35,7% nos custos com serviços, apesar do aumento de 9,9% nas
despesas com materiais.
84

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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habitacional brasileiro. ABIMCI Informa. Curitiba, n. 1, p. 11, jul. 2015.

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Habitacionais – Desempenho – Parte 1: Requisitos gerais. Rio de Janeiro, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7190 – Projeto de


Estruturas de Madeira. Rio de Janeiro, 1997.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRODUTORES DE FLORESTAS PLANTADAS.


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ALTOÉ, E. S. Diretrizes projetuais para edificações unifamiliares em toras de


eucalipto no Espírito Santo. 2009. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal
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AMORIM, K. Minha Casa, Minha Vida entrega o primeiro residencial do Paraná


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BARBOSA, J. C. et al. Estudo de tipologias construtivas vernaculares em madeira


pós-enchente em São Luiz do Paraitinga, Brasil. In: CIMAD., 11., CONGRESSO
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Anais... Coimbra: CIMAD, 2011.
85

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SINAT Nº 005 - Sistemas construtivos estruturados em peças de madeira maciça
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90

ANEXOS

Anexo 1 - Projeto arquitetônico de casa popular em wood frame


A
B
03

02

01
BWC
C C

Sala de Estar

Cozinha

PLANTA BAIXA
01
A
B

ESCALA: 1:100

A
B

C C

PLANTA DE COBERTURA
02
A
B

ESCALA: 1:100

ESQUADRIAS DE MADEIRA
TIPO MODELO TIPO MODELO

PA01 PORTA 01 FL. DE ABRIR C/ VIDRO 0,80x2,10 PM01 PORTA 01 FL. DE ABRIR 0,80x2,10
JA01 JANELA 01 FL. MAXIM-AR 0,60x0,50 PM02 0,80x2,10
JA02 JANELA 02 FL. VENEZ. DE CORRER 1,00X1,20
JA03 JANELA 02 FL. DE CORRER 1,50X1,20

PROJETO ASSUNTO
PLANTA BAIXA, PLANTA DE COBERTURA,
CASA POPULAR CONSTRUIDA E TABELAS DE ESQUADRIAS
EM WOOD FRAME
ESCALA DESENHO FOLHA

INDICADA LUIZ AUGUSTO CAMPOS 01/03


DATA ARQUIVO

06/10/2015 PROJ-ARQ-TCC-LUIZ.dwg 001


03 ESCALA: 1:100

04 ESCALA: 1:100

05 ESCALA: 1:100

PROJETO ASSUNTO

CASA POPULAR CONSTRUIDA


EM WOOD FRAME
ESCALA DESENHO FOLHA

INDICADA LUIZ AUGUSTO CAMPOS 02/03


DATA ARQUIVO

06/10/2015 PROJ-ARQ-TCC-LUIZ.dwg 001


CORTE "BB"
07 ESCALA: 1:100

CORTE "AA"
06 ESCALA: 1:100

CORTE "CC"
08 ESCALA: 1:100

PROJETO ASSUNTO
CORTES
CASA POPULAR CONSTRUIDA
EM WOOD FRAME
ESCALA DESENHO FOLHA

INDICADA LUIZ AUGUSTO CAMPOS 03/03


DATA ARQUIVO

06/10/2015 PROJ-ARQ-TCC-LUIZ.dwg 001


94

Anexo 2 – Orçamento simplificado de casa popular em wood frame

ORÇAMENTO SIMPLIFICADO
CASA TÉRREA EM WOOD FRAME COM ÁREA DE 31,32 m²
PREÇO UNITÁRIO TOTAL GERAL
DESCRIÇÃO UNID. QUANT.
MATERIAL MÃO DE OBRA TOTAL MATERIAL MÃO DE OBRA TOTAL
FUNDAÇÕES 2.574,87 183,40 2.758,26
Fundações
Locação m 22,40 1,36 1,45 2,81 30,46 32,48 62,94
Radier de concreto armado 10 cm m² 3,57 712,32 42,25 754,57 2.544,41 150,92 2.695,32
ESTRUTURA E PAREDES 3.365,38 1.041,21 4.406,59
Painél wood frame industrializado m² 74,16 45,38 14,04 59,42 3.365,38 1.041,21 4.406,59
COBERTURA 2.687,70 959,98 3.647,68
Estrutura do telhado m³ 1,76 880,68 106,35 987,03 1.550,00 187,18 1.737,17
Telhas de barro portuguesa m² 46,26 17,47 10,40 27,87 808,16 481,10 1.289,27
Beiral m² 12,60 21,91 8,57 30,48 276,07 107,98 384,05
Isolante lã de vidro 70 mm - Forro m² 13,17 4,06 13,95 18,01 53,47 183,72 237,19
IMPERMEABILIZAÇÕES 431,68 89,81 521,49
Impermeabilização com emulsão acrílica m² 6,31 22,56 4,77 27,33 142,35 30,10 172,45
Impermeabilização com emulsão asfaltica m² 15,88 18,22 3,76 21,98 289,33 59,71 349,04
ESQUADRIAS 3.274,63 362,97 3.637,60
Esquadrias de madeira (inclusive ferragens)
Porta pronta 0,80x2,10 externa basculada aluminio un 1,00 618,00 56,30 674,30 618,00 56,30 674,30
Porta pronta 0,80x2,10 externa com ferragens un 1,00 315,70 56,30 372,00 315,70 56,30 372,00
Porta pronta 0,80x2,10 int. semioca com ferragens un 3,00 288,81 56,30 345,11 866,43 168,90 1.035,33
Esquadrias de alumínio
Janela de aço pintado Max-ar 0,50x0,60 un 2,00 89,90 10,18 100,08 179,80 20,36 200,16
Janela de aço pintado com veneziana 1,00x1,20 un 2,00 444,90 20,37 465,27 889,80 40,74 930,54
Janela de aço pintado com veneziana 1,50x1,20 un 1,00 404,90 20,37 425,27 404,90 20,37 425,27
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E COMUNICAÇÃO 553,28 407,73 961,01
Elétrica Gb 1,00 553,28 407,73 961,01 553,28 407,73 961,01
INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIA E GÁS 1.675,14 974,39 2.649,52
Instalação hidráulica
Instalação de água fria Gb 1,00 376,64 387,27 763,91 376,64 387,27 763,91
Instalação de esgoto Gb 1,00 451,86 489,95 941,80 451,86 489,95 941,80
Caixa-d'água - 500 l Gb 1,00 291,20 6,63 297,83 291,20 6,63 297,83
Aparelhos, metais e bancas
Vaso sanitário com caixa acoplada un 1,00 187,90 26,54 214,44 187,90 26,54 214,44
Torneira, pia de marmorite com mão-francesa-cozinha un 1,00 182,39 37,67 220,06 182,39 37,67 220,06
Tanque plástico e torneira un 1,00 92,77 16,49 109,26 92,77 16,49 109,26
Torneira lavatório com coluna un 1,00 92,38 9,84 102,22 92,38 9,84 102,22
REVESTIMENTOS INTERNOS 2.504,45 1.008,10 3.512,55
Revestimentos de piso
Piso cerâmico com acabamento padrão m² 28,45 15,68 9,80 25,48 446,10 278,81 724,91
Soleiras, rodapés e peitoris
Rodapé cerâmico m 32,87 4,07 5,65 9,72 133,78 185,72 319,50
Revestimentos de parede
Gesso acartonado e tratamento das juntas m² 95,91 12,68 12,68 1.216,18 - 1.216,18
Azulejos m² 16,07 20,04 17,36 37,40 322,04 278,98 601,02
Revestimentos de teto
Forro de PVC m² 28,45 13,58 9,30 22,88 386,35 264,59 650,94
REVESTIMENTOS EXTERNOS 2.020,57 - 2.020,57
Chapa cimentícia com tratamento das juntas m² 55,96 36,11 36,11 2.020,57 - 2.020,57
PINTURAS 771,56 828,45 1.600,02
Pinturas internas
Pintura sob gesso acartonado m² 80,46 3,81 6,20 10,01 306,57 498,87 805,44
Pinturas externas
Textura m² 55,96 8,31 5,89 14,20 464,99 329,58 794,58
SERVIÇOS COMPLEMENTARES 262,32 216,36 478,67
Calçada m² 20,98 10,73 6,60 17,33 225,12 138,47 363,58
Limpeza/desmobilização
Limpeza geral Gb 1,00 37,20 77,89 115,09 37,20 77,89 115,09
TOTAL 20.121,58 6.072,40 26.193,96
95

Anexo 3 – Orçamento simplificado de casa popular em alvenaria

ORÇAMENTO SIMPLIFICADO
CASA TÉRREA EM ALVENARIA COM ÁREA DE 31,32 m²
PREÇO UNITÁRIO TOTAL GERAL
DESCRIÇÃO UNID. QUANT.
MATERIAL MÃO DE OBRA TOTAL MATERIAL MÃO DE OBRA TOTAL
FUNDAÇÕES 3.853,44 267,93 4.121,36
Fundações
Locação m 22,40 8,64 2,27 10,91 193,54 50,85 244,38
Radier de concreto armado 15 cm m³ 5,14 712,32 42,25 754,57 3.659,90 217,08 3.876,98
ESTRUTURAS E PAREDES 2.424,05 1.042,48 3.466,52
Alvenaria de tijolo ceramico furado (baiano) esp.nom. 10 cm m² 74,16 16,55 13,10 29,65 1.227,35 971,50 2.198,84
Concreto para vigas e pilares m³ 1,68 712,32 42,25 754,57 1.196,70 70,98 1.267,68
COBERTURA 3.238,19 1.204,55 4.442,75
Tesouras m² 6,92 53,05 15,77 68,82 367,11 109,13 476,23
Terças m 40,80 3,10 0,82 3,92 126,48 33,46 159,94
Caibros e ripas m³ 0,83 1.762,05 567,90 2.329,95 1.467,22 472,88 1.940,10
Telhas de barro portuguesa m² 46,26 17,47 10,40 27,87 808,16 481,10 1.289,27
Beiral em Madeira m² 12,60 37,24 8,57 45,81 469,22 107,98 577,21
IMPERMEABILIZAÇÕES 94,80 91,28 186,08
Impermeabilização com tinta betuminosa m² 5,77 16,43 15,82 32,25 94,80 91,28 186,08
ESQUADRIAS 3.274,63 421,92 3.696,55
Esquadrias de madeira (inclusive ferragens)
Porta pronta 0,80x2,10 externa basculada aluminio un 1,00 618,00 68,09 686,09 618,00 68,09 686,09
Porta pronta 0,80x2,10 externa com ferragens un 1,00 315,70 68,09 383,79 315,70 68,09 383,79
Porta pronta 0,80x2,10 int. semioca com ferragens un 3,00 288,81 68,09 356,90 866,43 204,27 1.070,70
Esquadrias de alumínio
Janela de aço pintado Max-ar 0,50x0,60 un 2,00 89,90 10,18 100,08 179,80 20,36 200,16
Janela de aço pintado com veneziana 1,00x1,20 un 2,00 444,90 20,37 465,27 889,80 40,74 930,54
Janela de aço pintado com veneziana 1,50x1,20 un 1,00 404,90 20,37 425,27 404,90 20,37 425,27
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E COMUNICAÇÃO 621,70 423,93 1.045,63
Elétrica Gb 1,00 621,70 423,93 1.045,63 621,70 423,93 1.045,63
INSTALAÇÕES HIDROSSANITÁRIA E GÁS 1.658,13 1.025,59 2.683,72
Instalação hidráulica
Instalação de água fria Gb 1,00 354,59 409,63 764,22 354,59 409,63 764,22
Instalação de esgoto Gb 1,00 456,90 518,79 975,69 456,90 518,79 975,69
Caixa-d'água - 500 l Gb 1,00 291,20 6,63 297,83 291,20 6,63 297,83
Aparelhos, metais e bancas
Vaso sanitário com caixa acoplada un 1,00 187,90 26,54 214,44 187,90 26,54 214,44
Torneira, pia de marmorite com mão-francesa-cozinha un 1,00 182,39 37,67 220,06 182,39 37,67 220,06
Tanque resina e torneira un 1,00 92,77 16,49 109,26 92,77 16,49 109,26
Torneira lavatório com coluna un 1,00 92,38 9,84 102,22 92,38 9,84 102,22
REVESTIMENTOS INTERNOS 1.809,08 2.852,52 4.661,60
Revestimentos de piso
Piso cerâmico com acabamento padrão m² 28,45 15,68 9,80 25,48 446,10 278,81 724,91
Soleiras, rodapés e peitoris
Rodapé cerâmico m 32,87 4,07 5,65 9,72 133,78 185,72 319,50
Revestimentos de parede
Chapisco m² 95,91 1,03 1,54 2,57 98,79 147,71 246,50
Emboco desempenado m² 95,91 3,57 10,61 14,18 342,41 1.017,64 1.360,05
Reboco m² 95,91 0,83 7,08 7,91 79,61 679,07 758,68
Azulejos m² 16,07 20,04 17,36 37,40 322,04 278,98 601,02
Revestimentos de teto
Forro de PVC m² 28,45 13,58 9,30 22,88 386,35 264,59 650,94
REVESTIMENTOS EXTERNOS 301,40 1.067,42 1.368,83
Chapisco m² 55,51 1,03 1,54 2,57 57,17 85,48 142,66
Emboco desempenado m² 55,51 3,57 10,61 14,18 198,16 588,94 787,10
Reboco m² 55,51 0,83 7,08 7,91 46,07 393,00 439,07
PINTURAS 767,84 825,81 1.593,65
Pinturas internas
Tinta latex m² 80,46 3,81 6,20 10,01 306,57 498,87 805,44
Pinturas externas
Textura m² 55,51 8,31 5,89 14,20 461,27 326,94 788,21
SERVIÇOS COMPLEMENTARES 262,32 216,36 478,67
Calçada m² 20,98 10,73 6,60 17,33 225,12 138,47 363,58
Limpeza/desmobilização
Limpeza geral Gb 1,00 37,20 77,89 115,09 37,20 77,89 115,09
TOTAL 18.305,58 9.439,79 27.745,36

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