Você está na página 1de 32

Evolução histórica social e econômica na

arquitetura, urbanismo e paisagismo do Brasil


colônia, império, república e nova república.
BRASIL ATRAVÉS DA HISTÓRIA
• Durante três séculos – monocultura exportadora iniciada com a venda do nosso pau-brasil (primeiro produto exportado)
no período colonial.
• Depois disso, passou a exportar cana-de-açúcar (primeiro produto importante a ser exportado), mais à frente, mudamos
para a exportação do ouro.
BRASIL ATRAVÉS DA HISTÓRIA

• Passando pelo Brasil Império (Independência em 1822) e, posteriormente, pela República (Proclamação em 1889), a
nossa última monocultura exportadora foi o café, que durou até o final da década de 1920, quando as indústrias
ganharam força em nosso país.
• Vale destacar que outras culturas também surgiram nesses períodos, em escala de subsistência e comercial, mas com
importância e volumes menores em relação à monocultura predominante de cada período.
OCUPAÇÃO TERRITORIAL

3 PRIMEIRAS DÉCADAS – PORTUGAL NÃO


MOSTROU INTERESSE EM COLONIZAR O BRASIL
1534 – IMPLANTADA A PRIMEIRA POLÍTICA
DE COLONIZAÇÃO COM AS CAPITANIAS
HEREDITÁRIAS
FORMAÇÃO DE DIVERSAS VILAS E A COROA
TEVE DE SE INSTALAR NA COLÔNIA, COMO UM
GOVERNO-GERAL.
OCUPAÇÃO TERRITORIAL

1549 – FUNDADA A CIDADE DE


SALVADOR – PRIMEIRA CAPITAL DO
BRASIL – COM PROJETO
URBANÍSTICO CIDADE ALTA E BAIXA
TRAZIDO DA METRÓPOLE
O BRASIL NESSE PERÍODO ERA
UMA COLÔNIA DESTINADA À
PRODUÇÃO AGROEXPORTADORA –
NÃO HAVIA UMA ESTRUTURA
URBANA – A NÃO SER OS POUCOS
CENTROS ADMINISTRATIVOS: SÃO
VICENTE, SALVADOR E
POSTERIORMENTE RIO DE JANEIRO.
NO PRIMEIRO SÉCULO DE COLONIZAÇÃO:
• forma mais liberal de colonização, permitindo que
estrangeiros comercializassem produtos na colônia, desde que
pagassem 10% do valor transacionado a título de imposto de
importação à Coroa Portuguesa.
• na economia predominava a monocultura que utilizava
mão de obra escrava, com um preliminar processo de
urbanização litorânea.

NO PROCESSO DE ESCRAVIDÃO:
• inicialmente, utilizaram o trabalho forçado dos índios,
mas, logo depois, substituíram essa mão de obra pelos negros
trazidos da África, permanecendo esse processo até 1888.

O TRÁFICO NEGREIRO:
• 1850, por exemplo, a população brasileira chegava a 7
milhões de habitantes, sendo 30% composta por escravos.
Nesse mesmo ano (1850), foi aprovada a Lei nº 601/1850,
conhecida como Lei de Terras, que determinou que a compra era
o único meio para aquisição da propriedade, deslegitimando o
acesso à terra pela posse ou ocupação.
Após a escravidão sofrer
pressões externas
(principalmente inglesas) e
internas, foi promulgada,
por meio da Lei Áurea, a
abolição em 1888.

Isso privilegiou o sistema


dos mercadores e
especuladores urbanos,
acelerando a urbanização
no Brasil.

Nesse período, o sistema


político era tradicional e
aristocrático, de família
patriarcal, em que, no meio
rural, a autoridade máxima
era o proprietário da terra,
conhecido como coronel.
URBANIZAÇÃO A fundação de cidades era um instrumento de
dominação da Coroa Portuguesa.

A urbanização era litorânea e formada por grandes


latifúndios, com a formação de vilas dispersas, sendo
restrito o avanço da colonização continente adentro
(apenas pessoas autorizadas por Portugal podiam entrar
ao interior do Brasil), porque os portugueses tinham
receio do esvaziamento da marina.

No final do século 17 e início do século 18, com a


descoberta de ouro e diamantes em Minas Gerais, o
processo de colonização para o interior do Brasil foi
maior, continuando, depois, com a cultura do café,
principalmente em São Paulo.

Em 1763, a capital do Brasil migrou de Salvador


para o Rio de Janeiro para o escoamento do ouro e dos
diamantes a Portugal.
Com a vinda da família real ao Brasil, em
1808, e depois com a independência do
Brasil, em 1822, os senhores rurais, para não
perderem privilégios, buscaram novas
ocupações nitidamente citadinas, como
atividades políticas, burocráticas e profissões
liberais, mas trazendo com eles a mentalidade e
os preconceitos da vivência rural anterior
(HOLANDA, 1995).

Nessa época, a Constituição Imperial de


1824 e a Constituição Republicana de 1891
tinham a propriedade como um direito
individual, absoluto, sem o seu interesse
social. Ela era regulada como condição básica
à inviolabilidade dos direitos civis e políticos, da
liberdade e da segurança individual.
Os centros urbanos brasileiros eram
pouco habitados, com poucos moradores,
indo de encontro ao sistema de colonização
português.
Já os colonizadores portugueses viviam
nas grandes fazendas, onde zelavam pelas
casas rurais e desleixavam suas casas
urbanas.
A cidade litorânea considerava o
abrigo, a capacidade de defesa do porto
(necessária à economia agroexportadora e à
conexão com a metrópole).
As cidades do interior tinham como
características: ruas estreitas dispostas
perpendicularmente umas às outras, sem
passeio, além das casas, construção de
igrejas, falta de vegetação, muralhas em
torno do terreno etc. O crescimento e a
busca por mais espaço verticalizaram os
sobrados (inicialmente, em taipa de pilão). A
casa grande (ou sobrado), aos poucos, foi
sendo modificada, diminuindo de tamanho e
importância social; as senzalas também
foram diminuindo e se tornando quartos para
os criados no período de 1850 a 1900.
Contrariamente, neste período, aldeias de
mucambos e palhoças (moradias construídas
artesanalmente e de frágil constituição) se
espalhavam por áreas desprezíveis das
cidades, surgindo também os cortiços
habitados por eles.
O que são cortiços? De acordo com Nabil Bonduki são denominadas
genericamente de “cortiços” edificações produzidas
ou adaptadas para moradia popular de pequenas
células insalubres, de área reduzida e precárias
condições habitacionais.(Nabil Bonduki - Origens da
habitação social no Brasil, 713)
CORTIÇOS
Nessa época não havia programa
habitacional para a classe pobre.
Finalizado o período patriarcal rural, inicia-se
o período industrial das grandes usinas, fazendas
e estâncias exploradas por firmas comerciais,
mudando o sistema econômico, em que o
senhor da terra e os escravos compunham uma
só estrutura, mas que nesse momento se
tornam metades antagônicas (ou indiferentes
um ao outro) com o final da escravidão e início
da utilização de mão de obra assalariada.
A urbanização eclodiu uma desigualdade
social que até então era encoberta pela
escravidão. Nesse contexto, surgem
oportunistas (mercadores, militares, clero etc),
fazendo com que exploradores da classe pobre
se enriquecessem à vista grossa de governantes.
A importação e o cultivo de
alimentos e sua distribuição feita por
atravessadores encarecia os produtos
comercializados. As cidades não tinham
trabalho suficiente para absorver os
imigrantes que chegavam e os ex-
escravos libertos, que saíram do
ambiente rural e foram para o meio
urbano.
As cidades cresciam e, juntamente,
crescia a violência, um flagelo para
muitos.
O desenvolvimento urbano
significará o desequilíbrio social.
A falta de emprego também é uma das
possíveis explicações para o nível de
violência visto hoje em dia nas cidades
brasileiras?
O contraste da habitação
rica dos sobrados versus a
habitação pobre das palhoças
no Brasil retrata o ápice do
regime patriarcal e também
seu declínio.
O processo de
industrialização trouxe
mudanças na estrutura social
do Brasil com o aparecimento
de uma classe operária e o
aumento do espaço urbano.
Houve também mudanças
políticas e sociais conhecidas
como “modernização”, que
resultaram em diversos
conflitos sociais.
Surge uma hierarquia na
rede urbana: o centro e a
periferia (além de que
tínhamos cidades essenciais e
secundárias).
No final do século XIX ocorre o
primeiro reconhecimento das áreas
ilegais na cidade (como a periferia e a
favela), pois ao olhar esse cenário
urbano, tanto no Brasil quanto na
Europa, as classes altas consideram
os cortiços como foco de pobreza,
local de violência, epidemias e vícios,
apesar desse local ser a moradia de
uma grande parcela carente da
população.
A reforma urbana de Pereira Passos – Rio de Janeiro
A reforma urbana de Pereira Passos – Rio de Janeiro
A reforma urbana de Pereira Passos – Rio de Janeiro
Cortiço Cabeça de Porco
A entrada do cortiço localizava-se na Rua Barão de São
Félix, número 154, “próximo à estação da Estrada de
Ferro Central do Brasil”54 onde moravam, de acordo
com o Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro
(2002, p.7), cerca de duas mil pessoas, porém há
contradições a respeito deste número de pessoas,
como explica Chalhoub (2006, p.15):

[...]. Há controvérsia quanto ao número de habitantes


da estalagem: dizia-se, em tempos áureos, o conjunto
havia sido ocupado por cerca de 4 mil pessoas;
naquela noite de janeiro, com toda uma ala do cortiço
interditada havia cerca de um ano pela Inspetoria Geral
de Higiene, a “Gazeta de Notícias” calculava em
quatrocentos o número de moradores. Outros jornais
da época, porém, afirmavam que 2 mil pessoas ainda
habitavam o local.
Morro do Livramento, abertura do Túnel João Ricardo, concluída em 1922. Fonte: CARDOSO et al, 1987, p. 94.
[...]. O prefeito Barata, num magnânimo
rompante de generosidade, mandou “facultar à
gente pobre que habitava aquele recinto a
tirada das madeiras que podiam ser
aproveitadas” em outras construções. De posse
do material para erguer pelo menos casinhas
precárias alguns moradores devem ter subido o
morro que existia lá mesmo por detrás da
estalagem. Um trecho do dito morro já parecia
até ocupado por casebres, e pelo menos uma
das proprietárias do Cabeça de Porco possuía
lotes naquelas encostas, podendo assim até
manter alguns de seus inquilinos. [...].

Chalhoub (2006, p. 17)


Morro da Providência
Morro da Favela
Morro da Favela
Morro da Providência - atualmente

Você também pode gostar