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INFORMATIVO SOBRE A CONTABILIDADE DAS IGREJAS

E OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO
DAS OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS.

As igrejas são imunes do IRPJ e da CSLL?

Quanto as Atividades de organização religiosas, sim, os templos religiosos são


definidos como Entidade Imune do IRPJ. Conforme estabelecido na letra "b" do inciso VI
do art. 150 e § 4º da Constituição Federal (CF/1988), E art. 168 do Decreto 3.000 de 1999
do regulamento (RIR/99) E da Contribuição Social Sobre Lucro – CSLL, não se estendendo
o benefício às taxas como: Taxa coleta de Lixo, Taxa fornecimento de Água e Energia
Elétrica, e as Contribuições Previdenciárias 20%, RAT 2%, Terceiros e Outras Entidades
5,80% conforme dispõe Lei 8.212/1991 art. 22 Inc. I e III, e art. 22 Inciso II bem como IN
971/2009 art. 109, bem como outras atividades como a comercialização, edição e impressão
de jornais e revistas, bem como desenvolvimento e manutenção de atividades educativas, e
de atenção à saúde e assistência social mediante remuneração.

Contabilidade, a igreja está obrigada a ter?

O texto constitucional referenciado acima estabelece a imunidade quanto a impostos,


e não uma “imunidade” quanto as obrigações acessórias, e sentida na prática uma sensação
errônea de que a igreja por ser imune, está desobrigada de todas as demais obrigações.
Firmando esse entendimento, trago abaixo a conclusão de uma Solução de Consulta nº 144
– Cosit, datada de 2 de junho de 2014, com o tema “obrigações acessórias de atividade de
organização Religiosa”.

“A associação sem fins lucrativos, imune ou isenta, dedicada a atividade de


organização religiosa, ao manter escrituração completa de suas receitas e despesas,
deverá observar as formalidades requeridas para a sua validade jurídico-fiscal.”

Segue abaixo um Resumo das Principais Obrigações

ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL DIGITAL (ECD)

Essa declaração é a que SUBSTITUI O LIVRO DIÁRIO E SEUS AUXILIARES se


houver, e estão obrigadas de acordo com o que descrevemos abaixo:
Até o ano calendário 2015 (inclusive): Somente estão obrigadas as igrejas que em
algum mês do ano calendário estiverem obrigadas a entregar a EFD-Contribuições com
impostos a recolher acima de R$10.000,00 (mês), essa contribuição engloba os
recolhimentos de PIS/PASEP, COFINS, CSLL e qualquer imposto federal sobre a Receita.

A partir do ano calendário 2016: Estarão obrigadas a entregar a ECD as igrejas que
apresentarem receitas superiores a R$ 1.200.000,00 anuais ou apurarem contribuições para
o PIS/Pasep, COFINS, Contribuição Previdenciária sobre a Receita e, agora a novidade,
Contribuição Previdenciária sobre a Folha de Pagamento de Salários superiores a R$
10.000,00 mensais.

ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL FISCAL (ECF)

A partir do exercício de 2016, ano -calendário 2015, TODAS AS IGREJAS


estão obrigadas a entregar a ECF, independentemente do valor da receita anual, se tem ou
não funcionários, se pagou ou não prebendas, visto que foi explicitamente revogado o inciso
da lei que dispensava as igrejas do seu envio. É importante frisar que os dados informados
na ECF serão cruzados, no ambiente do SPED, com as demais declarações.

EFD – ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL – Contribuições:

As Ongs, igrejas e associações somente estão obrigadas ao envio nos casos que
ultrapassarem o valor de R$ 10.000,00 de contribuições no mês, exemplo: PIS-Folha e
COFINS.
A EFD-Contribuições será transmitida mensalmente ao SPED até o 10º (décimo) dia
útil do 2º (segundo) mês subsequente ao que se refira a escrituração, inclusive nos casos de
extinção, incorporação, fusão e cisão total ou parcial.

DCTF – Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais

DCTF, deve ser apresentada pelas pessoas jurídicas em geral inclusive as


equiparadas, as imunes e as isentas, para prestar informações relativas aos valores devidos
dos tributos e contribuições federais (débitos), e os respectivos valores de créditos
vinculados (pagamento, parcelamento, compensação, etc.), relativos a: IRPJ, IRRF, IPI,
IOF, CSLL, PIS/Pasep e COFINS.

Obs: estão dispensados da entrega da DCTF para as pessoas jurídicas que passarem
à condição de inativas somente poderá ser aplicado a partir do 2º mês em que permanecerem
nessa situação de inatividade. Porém, quando a instituição não tem movimento durante todo
o exercício fiscal é necessário fazer a DCTF em janeiro.
OUTRAS OBRIGAÇÕES FISCAIS:

eSocial Simplificando o eSocial e uma versão do SPED para a área trabalhista,


englobando as informações acessórias enviadas por meio de declarações como CAGED,
RAIS, GFIP e DIRF.

Prazos da obrigatoriedade;

Grupo 3 - ME e EPP optantes pelo SIMPLES, MEI, empregadores pessoas físicas (exceto
domésticos), entidades sem fins lucrativos

▪ Eventos de tabela e não periódicos - já implantados


▪ Eventos Periódicos (folha de pagamento) - S-1200 a S-1299:
▪ 08/09/2020 - CNPJ básico com final 0, 1, 2 ou 3
▪ 08/10/2020 - CNPJ básico com final 4, 5, 6 ou 7
▪ 09/11/2020 - CNPJ básico com final 8, 9 e pessoas físicas
▪ 08/07/2021 - Eventos de SST - Saúde e Segurança do Trabalhador S-2210, S-2220 e S-
2240
PIS SOBRE FOLHA DE PAGAMENTO

É uma obrigação tributária devida por todas as entidades sem fins lucrativos,
classificadas como Isentas, Imunes ou Dispensadas, e calculado sobre a folha de pagamento
de salários mensal, à alíquota de 1% (Lei nº 9.715, de 25.11.1998).

RETENÇÃO DE IMPOSTOS NO PAGAMENTO DE NF SERVIÇO

Nos pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas de direito privado a outras pessoas
jurídicas é necessário a retenção do percentual total 4,65%, correspondente à soma das
alíquotas de 1% de CSLL, 3% de COFINS e 0,65% de PIS, pela prestação de serviços
dispostas pelos artigos 30, 31, 32, 35 e 36 da Lei nº 10.833, de 29.12.2003, e normatizada
pela Instrução Normativa SRF nº 459/2004.

Serviços Sujeitos a Retenção:

Limpeza

Manutenção

Segurança e Vigilância

Obs: a dispensa da retenção se aplica quando o valor for igual ou inferior a R$ 10,00.
RESUMO

Em síntese, o fato de a igreja ser uma instituição imune de impostos, tal situação lhe
obriga a ter maior precisão em seus atos administrativos, em seus fatos contábeis e, ainda,
maior transparência em sua administração gerencial, contábil, econômica, financeira e
patrimonial.

O Pastor e o contabilista devem estar em sintonia, para que todos os fatos contábeis,
estejam em pleno acordo com as finalidades previstas em seu estatuto organizacional, sejam
registrados, as obrigações acessórias sejam cumpridas. Enfim, na confecção da contabilidade
da igreja, deve-se estar atento ao exato e fiel cumprimento das leis civis, fiscais, tributárias
e religiosas e das normas emanadas do CFC “Conselho Federal de Contabilidade”.

Autor: Henrique Fernandes da Silva, servo do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, esposo
da Gabriela, pai do João Henrique, Presbitério da Igreja Presbiteriana Renovada de
Goianésia – Goiás, Contador, Formado pela UEG – Universidade Estadual de Goiás, e Pós
Graduado Pela UEG – Universidade Estadual de Goiás, em Gestão de Pessoas com ênfase
em educação Corporativa.

BIBLIOGRAFIA:

Site:
http://www.receita.fazenda.gov.br/publico/Legislacao/SolucoesConsultaCosit/2014/SCCos
it1442014.pdf

Site: http://webserver.crcrj.org.br/apostilas/a0962p0431.pdf; CONTABILIDADE DO


TERCEIRO SETOR – IGREJAS, PROFº. PAULO ORMEROD.

Site: https://portal.esocial.gov.br/noticias/alteracao-no-cronograma-publicada-portaria-
com-novas-datas-de-obrigatoriedade

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2004.

GARCIA, Gilberto. O Novo Código Civil e as igrejas. São Paulo: Vida, 2003. PÊGAS, Paulo
Henrique. Manual de Contabilidade Tributária. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2004.

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