Você está na página 1de 36

Princípios de definições

Segurança do Trabalho - integra um conjunto de metodologias adequadas à prevenção


de acidentes de trabalho, tendo como principal campo de ação o reconhecimento e o
controlo dos riscos associados ao local de trabalho e ao processo produtivo.

Higiene do Trabalho - integra um conjunto de metodologias não médicas, necessárias


à prevenção das doenças profissionais, tendo como principal campo de ação o controlo
dos agentes físicos, químicos e biológicos presentes nos componentes materiais do
trabalho. Esta abordagem assenta fundamentalmente em técnicas e medidas que incidem
sobre o ambiente de trabalho.

Saúde no Trabalho - integra o controlo dos elementos físicos e mentais que possam
afetar a saúde, não se devendo restringir ao domínio de Vigilância Médica (exames
médicos de avaliação da saúde).

Perigo – é a propriedade ou capacidade intrínseca de um componente do trabalho


(materiais, equipamentos e métodos) potencialmente causador de danos.

Risco – é a possibilidade de o trabalhador sofrer um dano provocado pelo trabalho.

1
Introdução

O que é a Segurança no Trabalho?

O que é um acidente de Trabalho?

Aquele que se verifica no local de trabalho e no tempo de trabalho e produz, directa ou


indirectamente, lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resultem
redução da capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte.

Princípios gerais da prevenção:


• Evitar os riscos;

• Avaliar os riscos que não possam ser evitados;

• Combater os riscos na origem;

• Adaptar o trabalho ao homem;

2
• Ter em conta o estado de evolução da técnica;

• Substituir o que é perigoso pelo que é isento de perigo ou menos perigoso;

• Integrar a prevenção;

• Formar e informar os trabalhadores;

• Dar prioridade à proteção coletiva em relação à proteção individual.

1. Legislação

 Promoção e Prevenção de Segurança e Saúde no Trabalho


Lei 102/2009 de 10 de Setembro
 Avaliação de Riscos
Art.º 98 da Lei 102/2009 de 10 de Setembro
Diretiva 89/281/CEE
 Movimentação manual de cargas
DL Nº 330/93 de 25 de Setembro
 Equipamentos dotados de visor
DL Nº 349/93 de 01 de Outubro
Portaria 989/93 de 06 de Outubro
 Iluminação
ISO 8995:2002

 Lista de doenças profissionais (altera o Decreto Regulamentar n.º6/200).


Decreto Regulamentar n.º76/2007 de 17 de Julho

 Regras técnicas das instalações elétricas de baixa tensão.


Portaria nº 949-A/2006 de 11 de Setembro

 Regras técnicas aplicáveis às instalações elétricas de alta tensão.


Decreto-Lei nº 226/2005 de 28 de Dezembro

 Condições de segurança a que deve obedecer o equipamento elétrico em


corrente alternada (50V a 1000V) ou em corrente contínua (75V a 1500V).
Decreto-Lei nº 117/88 de 12 de Abril
 Regulação de segurança de instalações de utilização de energia elétrica.
Decreto-Lei nº 303/76 de 26 de Abril
 Instruções para os primeiros socorros em acidentes pessoais produzidos por
corrente elétrica.
Portaria nº 37/70 de 17 de Janeiro

3
 Ruído
DL Nº 182/2006 de 6 de Setembro
 Sinalização de segurança
DL Nº 141/95 de 14 de Junho / Portaria 1456-A/95 de 11 de Dezembro

 Segurança contra Incêndios


DL 220/2008 de 12 de Novembro
Portaria 1532/2008 de 29 de Dezembro

2. Aspetos administrativos e Organizacionais

Dentro de uma empresa os resultados de um sistema de SST (segurança e saúde no


trabalho) influenciam direta ou indiretamente:

 A gestão provisional dos recursos humanos (por exemplo, o caso da substituição


não programada de um trabalhador vítima de um acidente cria problemas
organizacionais ou envolve custos de exploração não previstos);

 A qualidade do trabalho individual (a substituição de um colaborador por outro


implica tempos de aprendizagem, adaptação e assumir rotinas que se refletem
diretamente, enquanto não resolvidos, no contacto com o cliente, na promoção
do produto, na colocação de encomendas, etc.);

 O desempenho do conjunto (a ausência por acidente ou doença ou mesmo a


perturbação funcional de um colaborador da equipa implica, normalmente,
sobrecarregando os restantes colaboradores, influenciando o desempenho do
conjunto);

 A relação com o cliente (a fidelização do consumidor passa, como é sabido, por


um conjunto de fatores com relevância para as relações pessoais que ele
estabelece. O bem-estar físico e psíquico de um trabalhador tem impacto nesta
relação);

 A imagem (uma empresa que seja referenciada nos meios de comunicação


social, ou mesmo nas conversas sociais, como local perigoso ou insalubre
consegue a pior das publicidades).

4
3. Organização e dimensionamento do posto de trabalho

3.1 Ergonomia
É o estudo técnico das regras de adaptação entre o trabalhador, o meio e os
equipamentos de trabalho.

Etimologia:
ERGOS = TRABALHO
NOMOS = LEI, REGRA

Visa fundamentalmente, melhorar o rendimento do posto de trabalho, num contexto, de


bem estar e qualidade de vida no trabalho.

Objectivos da Ergonomia:

 Ajustar as exigências do trabalho às possibilidades do homem para lhe reduzir


os constrangimentos.

 Estudar cuidadosamente a configuração dos postos de trabalho e as condições de


trabalho para assegurar ao trabalhador uma postura correcta.

 Conceber as máquinas, as ferramentas, os equipamentos e as instalações em


ordem de modo a garantir o máximo de eficácia, de precisão e de segurança.

 Adaptar o meio (luz, ar) às necessidades físicas e psicológicas do Homem.

 Responder às necessidades do Homem em situação de trabalho com a


preocupação da sua saúde e bem estar.

5
Alguns exemplos de falta de adaptação do trabalho ao homem:

 Pessoas diferentes  Capacidades físicas e mentais


diferentes.

 Tarefas que exijam elevada acuidade visual  Visão


desfocada e sensação de olhos a arder.

 Teclar de forma incorrecta  Síndroma do Túnel Cárpico.

 Posição “sentado” incorrecta  Dores nas costas e no


pescoço.

 LMELT – Lesões músculo-esqueléticas ligadas ao Trabalho.

 Na Europa 40% dos trabalhadores estão 25% do tempo de trabalho


expostos a 3 factores factores de risco (Posições dolorosas; Cargas pesadas;
Tarefas curtas e repetitivas)

Posição de trabalho – De pé

 Altura do plano de trabalho adequada.


 Comandos, materiais e equipamentos devem estar ao alcance do
trabalhador.
 Espaço suficiente para os pés.
 Evitar curvar as costas.
 Não deve usar-se roupa apertada.

 Altura do Plano de trabalho:


 Costas direitas e ombros relaxados.
 Corpo próximo da bancada e peso distribuído pelas duas pernas.
 Mãos próximas do corpo, numa posição natural.

6
 Comandos, interruptores e alavancas devem estar num nível mais baixo do
que os ombros.
 Usar calçado adequado.

Posição do Trabalho – Sentado

A cabeça inclinada para baixo ou para cima  força os


músculos do pescoço.

Observação prolongada de terminais  vista desfocada e dores


de cabeça.

Movimentos repetitivos e restrições à postura  dores nas


mão, nos braços, costas e ombros, rigidez muscular.

7
 Plano de trabalho ao nível dos cotovelos.
 Corpo próximo da mesa.
 Costas erectas e ombros relaxados.
 Trabalho de precisão => Apoio para mão e\ou antebraço.
 Mesa de arestas baleadas e tampo baço.

 Altura da cadeira ajustável => Planta dos pés apoiada no chão => Apoio de
pés.
 Espaço suficiente para as pernas, permitindo mudanças de posição.
 O trabalho deve ser variado.
 Deve fazer-se mini-pausas em vez de pausas longas.

Trabalho Físico pesado

 Trabalho físico pesado  Estado de fadiga rápida.

 Ausência de esforço físico  Monotonia.

 Variação de tarefas Pausas para descansar

 Evitar cargas estáticas.

8
Movimentação Manual de Cargas

 Deve ser substituído por meios mecânicos.

 Deve ser realizado com auxílio das pernas e não das costas.

 Separar bem os pés e distribuir bem o peso do corpo.


 Flectir os joelhos.
 Aproximar o corpo do objecto.
 Manter as costas e o pescoço alinhados.
 As pernas vão-se flectindo lentamente.
 Apoiar as carga nas mãos e não nos dedos.
 O objecto deve permanecer sempre próximo do corpo.

9
Selecção de Ferramentas

 Devem ser de boa qualidade e certificadas.


 Adequadas à tarefa e condições em que é executada.
 Não deve produzir carga estática.
 Evitar que se formem ângulos inadequados da mão-punho-braço.
 Diminuir a pressão desconfortável na palma da mão.

4. Sinalização de Segurança

A sinalização de segurança tem por objectivo alertar para os perigos e riscos presentes
no local de trabalho e que não puderam ser evitados ou controlados por medidas de
segurança.

A sua colocação nos locais de trabalho é obrigatória, assim como é obrigatório o seu
cumprimento por parte dos trabalhadores.

10
As formas geométricas têm também associado um significado particular que o quadro a
seguir estabelece:

Cor Significado/Finalidade Indicações e Precisões

Sinal de proibição Atitudes Perigosas

Perigo - Alarme Stop, pausa, dispositivos de corte


emergência

Material e equipamento de combate a Identificação e localização


incêndios

Sinal de Aviso Atenção, precaução e verificação

Sinal de Obrigação Comportamento ou acção específicos.


Obrigação de utilizar equipamentos de
protecção individual
Sinal de salvamento ou socorro Portas, saídas, vias, evacuação,
material, postos e locais específicos

Situação de segurança Regresso à normalidade

Legislação aplicável:

 Decreto-Lei n.º 141/95 de 14 de Junho


 Portaria n.º 1456-A/95 de 11 de Dezembro

11
Sinais de Proibição

Indicam comportamentos proibidos de acordo com o pictograma inserido no sinal


São utilizados em instalação, acessos, aparelhos, instruções e procedimentos, etc.
Têm forma circular, o contorno vermelho, pictograma a preto e o fundo branco

Sinais Informativos de Prevenção e Combate a Incêndios

Fornecem indicações sobre a localização do material de combate a incêndios


Têm forma rectangular ou quadrada, fundo vermelho e pictograma branco

Sinais de Perigo

Indicam situações de risco potencial de acordo com o pictograma inserido no sinal


São utilizados em instalação, acessos, aparelhos, instruções e procedimentos, etc.
Têm forma triangular, o contorno e pictograma a preto e o fundo amarelo

Perigos Vários Perigo de incêndio Perigo de electrocussão


12
Sinais de Obrigação

Indicam comportamentos obrigatórios de acordo com o pictograma inserido no sinal


São utilizados em instalação, acessos, aparelhos, instruções e procedimentos, etc.
Têm forma circular, fundo azul e pictograma a branco

Protecção obrigatória dos olhos


Protecção obrigatória dos olhos e vias respiratórias

Sinais de Emergência

Fornecem informações de salvamento de acordo com o pictograma inserido no sinal.


São utilizados em instalação, acessos e equipamentos, etc.
Têm forma rectangular, fundo verde e pictograma a branco

13
5. Análise e Prevenção dos Riscos

5.1 Tipos de RISCO

Os principais tipos de risco que afetam os trabalhadores, de um modo geral, estão


separados em :

 Riscos físicos
 Riscos químicos
 Riscos Biológicos
 Riscos Ergonómicos
 Riscos Mecânicos

São de realçar as agressões com origem nos seguintes riscos:

Riscos mecânicos, provocados por máquinas e equipamentos, superfícies de trabalho,


materiais, entre outros;
Riscos físicos, provocados por agentes físicos, como sejam o ruído, a iluminação, as
vibrações e a temperatura;
Riscos elétricos, provocados pelo contacto direto ou indireto com a corrente elétrica;
Riscos químicos, provocados, essencialmente, pela contaminação química do ar
respirável ou da pele e mucosas;
Riscos biológicos, provocados pelos contactos desequilibrados com outros seres vivos
(bactérias, vírus ou fungos), no manuseamento dos produtos que os contenham;

Riscos ergonómicos, provocados, quase sempre, pela organização do trabalho que


impõe, facilita ou permite posturas inadequadas, cargas excessivas ou incorretos
desenhos do posto de trabalho;

14
Riscos psicossociais, provocados pelo stress causado pela monotonia, carga de trabalho,
organização do trabalho (com reflexo negativo nos ritmos biológicos), atendimento ao
público, etc.

5.2 Análise dos Riscos

OS RISCOS PROFISSIONAIS QUE RODEIAM O POSTO DE TRABALHO

Há vários factores de risco que afectam o trabalhador no desenvolvimento das suas


tarefas diárias.

Alguns destes riscos atingem grupos específicos de profissionais, como é o caso, dos
mergulhadores, que trabalham submetidos a altas pressões e a baixas temperaturas. Por
esse facto, são obrigados a usar roupas especiais, para conservar a temperatura do corpo,
e passam por cabines de compressão e descompressão, cada vez que mergulham ou
sobem à superfície.

Outros factores de risco não escolhem profissão: agridem trabalhadores de diferentes


áreas e níveis ocupacionais, de maneira subtil, praticamente imperceptível. Esses
últimos são os mais perigosos, porque são os mais ignorados.

Todos nós, ao desenvolvermos o nosso trabalho, gastamos uma certa quantidade de


energia para produzir um determinado resultado.

Quando dispomos de boas as condições físicas do ambiente, como, por exemplo, o nível
de ruído e a temperatura são aceitáveis, produzimos mais com menor esforço.

Mas, quando essas condições fogem muito aos nossos limites de tolerância, atinge-se
facilmente o incómodo e a irritação. Isto leva ao aparecimento de cansaço, a queda de
produção, falta de motivação e desconcentração.

Por outras palavras, os fatores físicos do ambiente de trabalho interferem diretamente no


desempenho de cada trabalhador e na produção obtido, pelo que se justifica a sua
análise com o maior cuidado.

Riscos Físicos

Ruído

Quando um de nós se encontra num ambiente de trabalho e não consegue ouvir


perfeitamente a fala das pessoas no mesmo recinto , isso é uma primeira indicação de
que o local é demasiado ruidoso.

15
O RUIDO É TODO O SOM QUE CAUSA SENSAÇÃO DESAGRADÁVEL AO
HOMEM.

O ruído é pois um agente físico que pode afetar de modo significativo a qualidade de
vida. Mede-se o ruído utilizando um instrumento denominado medidor de pressão
sonora, e a unidade usada como medida é o decibel ou abreviadamente dB.

Para 8 horas diárias de trabalho, o limite máximo de ruído estabelecido é de 80 decibéis.

Exemplo: O ruído emitido por uma britadeira é equivalente a 100 decibéis.


O limite máximo de exposição contínua do trabalhador a esse ruído, sem proteção
auditiva, é de 1 hora.

Sem medidas de controlo ou proteção, o excesso de intensidade do ruído, acaba por


afetar o cérebro e o sistema nervoso .

Em condições de exposição prolongada ao ruído por parte do aparelho auditivo, os


efeitos podem resultar na surdez profissional cuja cura é impossível, deixando o
trabalhador com dificuldades para se aperceber da movimentação de veículos ou
máquinas, agravando as suas condições de risco por acidente físico.

Quadro 1: Exemplos típicos de níveis de ruido.

16
Fig.1 : Sonómetro – Aparelho de medição (dB)

Ambiente Térmico

Frio ou calor em excesso, ou a brusca mudança de um ambiente quente para um


ambiente frio ou vice-versa, também são prejudiciais à saúde.

Nos ambientes com certo tipo de material utilizado e características das construções
(insuficiência de janelas, portas ou outras aberturas necessárias a uma boa ventilação),
pode ser prejudicial à saúde do trabalhador.

Os ambientes térmicos podem ser classificados como:

 Quentes (Fundições, Cerâmicas , Padarias)


 Frios (armazéns frigoríficos, atividades piscatórias)
 Neutros (escritórios)

As situações mais preocupantes ocorrem em ambientes térmicos frios e quentes ou


sobretudo quando as duas possibilidades existem na mesma empresa ou no mesmo
posto de trabalho.

OUTROS RISCOS FÍSICOS:

 Vibrações
 Eletricos
 Iluminação
 Radiações

Riscos Químicos

Certas substâncias químicas, são lançadas no ambiente de trabalho através de processos


de pulverização, fragmentação ou emanações gasosas. Essas substâncias podem
apresentar-se nos estados sólido, líquido e gasoso.

17
No estado sólido, temos poeiras de origem animal, mineral e vegetal.
No estado gasoso, como exemplo, temos o GLP (gás liquefeito de petróleo), usado
como combustível, ou gases libertados nas queimas ou nos processos de transformação
das matérias primas .

Quanto aos agentes líquidos, eles apresentam-se sob a forma de solventes, tintas ,
vernizes ou esmaltes.

Esses agentes químicos ficam em suspensão no ar e podem penetrar no organismo do


trabalhador por:

Via respiratória :essa é a principal porta de entrada dos agentes químicos, porque
respiramos continuadamente, e tudo o que está no ar acaba por passar nos pulmões.

Via digestiva: se o trabalhador comer ou beber algo com as mãos sujas, ou que ficaram
muito tempo expostas a produtos químicos, parte das substâncias químicas serão
ingeridas com o alimento, atingindo o estômago e podendo provocar sérios riscos à
saúde.

Epiderme ou via cutânea : essa via de penetração é a mais difícil, mas se o trabalhador
estiver desprotegido e tiver contacto com substâncias químicas, havendo deposição no
corpo, serão absorvidas pela pele.

Via ocular: alguns produtos químicos que permanecem no ar causam irritação nos
olhos e conjuntivite, o que mostra que a penetração dos agentes químicos pode ocorrer
também pela vista.

As medidas ou avaliações dos agentes químicos em suspensão no ar são obtidas por


meio de aparelhos especiais que medem a concentração, ou seja, percentagem existente
em relação ao ar atmosférico.

Os limites máximos de concentração de cada um dos produtos diferem de acordo com o


seu grau de perigo para a saúde.

Os agentes químicos estão presentes no ar, sobre a forma de:


 Fumos
 Poeiras
 Fibras
 Aerossóis

18
Informação sobre a perigosidade dos agentes químicos

 Rótulo

 . Fichas de segurança

 . Recomendações da Comissão Europeia

 . Valores-limite de exposição profissional

 . Outras fontes (Bases de dados, Internet,…)

Fig.1: Exemplo de um rótulo

Riscos Biológicos

Estes tipo de riscos relaciona-se com a presença no ambiente de trabalho de


microrganismos como bactérias , vírus, fungos normalmente presentes em alguns
ambientes de trabalho, como :

 Hospitais,
 Laboratórios de análises clínicas,
 Recolha de lixo,
 Indústria do couro ,
 Tratamento de Efluentes líquidos.

Penetrando no organismo do homem por via digestiva, respiratória, olhos e pele, são
responsáveis por algumas doenças profissionais, podendo dar origem a doenças menos

19
graves como infeções intestinais ou a simples gripe, ou mais graves como a hepatite ou
a meningite.

Como estes microrganismos se adaptam melhor e se reproduzem mais em ambientes


sujos, as medidas preventivas a tomar terão de ser relacionadas com:

 A rigorosa higiene de Locais de trabalho,


 A rigorosa higiene de Corpo e das roupas;
 Destruição por processos de elevação da temperatura (esterilização) ou uso de
cloro;
 Uso de equipamentos individuais para evitar contacto direto com os
microrganismos;
 Ventilação permanente e adequada;
 Controle médico constante,
 Vacinação sempre que possível

A verificação da presença de agentes biológicos em ambientes de trabalho é feita por


meio de recolha de amostras de ar e de água, que serão analisadas em laboratórios
especializados.

PERANTE A EXISTÊNCIA DE RISCO BIOLÓGICO, O EMPREGADOR DEVE


TOMAR AS MEDIDAS NECESSÁRIAS PARA EVITAR A EXPOSIÇÃO DOS
TRABALHADORES

MEDIDAS PARA REDUZIR OS RISCOS DE EXPOSIÇÃO

 Limitar ao mínimo o número de trabalhadores expostos;

 Modificar os processos de trabalho e as medidas de controlo no sentido de evitar


ou minimizar a propagação dos agentes no local de trabalho;

 Aplicar medidas de protecção colectiva e individual quando a exposição não


puder ser evitada de outra forma;

 Aplicar medidas de higiene adequadas;

 Utilizar o sinal indicativo de perigo biológico;

 Elaborar planos de ação em caso de acidente que envolvam estes agentes;

20
 Utilizar meios de recolha, armazenagem e evacuação dos resíduos, após
tratamento adequado, o que inclui o uso de recipientes seguros e identificáveis
sempre que necessário;

 Utilizar processos de trabalho que permitam manipular e transportar, sem risco,


riscos biológicos.

Vigilância da saúde:

 Exames médicos de admissão, periódicos e ocasionais;


 Compete ao médico do trabalho determinar a periodicidade dos exames
subsequentes;
 Incluir os seguintes procedimentos:
 Registo do historial clínico e profissional do trabalhador;
 Avaliação individual do estado de saúde do trabalhador;
 Vigilância biológica sempre que necessária;
 Rastreio de efeitos precoces e reversíveis.

MEDIDAS DE HIGIENE E DE PROTECÇÃO INDIVIDUAL

 Impedir que o trabalhador fume, coma ou beba nas zonas de trabalho com risco
de contaminação por agentes biológicos;
 Fornecer ao trabalhador vestuário de proteção adequado;
 Assegurar que todos os equipamentos de proteção são guardados em local
apropriado, verificados e limpos, se possível antes, e obrigatoriamente, depois
de cada utilização;
 Assegurar que todos os equipamentos de proteção são reparados ou substituídos
se tiverem defeitos ou estiverem danificados.

 Colocar à disposição dos trabalhadores instalações sanitárias e de vestuário


adequadas para a higiene pessoal;
 Assegurar a existência de antissépticos cutâneos em locais apropriados, quando
se justificar;

Antes de abandonar o local de trabalho, o trabalhador deve retirar o vestuário de


trabalho e os equipamentos de proteção individual que possam estar contaminados por
agentes biológicos e guardá-los em local separados previstos para esse efeito.

O empregador deve assegurar a descontaminação, a limpeza e, se necessário, a


destruição dos equipamentos de proteção individual.

21
FORMAÇÃO DOS TRABALHADORES

 Riscos potenciais para a saúde;


 Precauções a tomar para evitar a exposição aos riscos existentes;
 Normas de Higiene;
 Utilização dos equipamentos e do vestuário de proteção;
 Medidas que devem tomar no caso de incidentes e para a sua prevenção.

Riscos Ergonómicos

Verifica-se que algumas vezes os postos de trabalho não estão bem adaptados ás
características do operador, quer quanto à posição da máquina com que trabalha, quer
no espaço disponível ou na posição das ferramentas e materiais que utiliza nas suas
funções.

Para estudar as implicações destes problemas existe uma ciência que avalia as condições
de trabalho do operador, quanto ao esforço que o mesmo realiza para executar as suas
tarefas.

Os agentes ergonómicos presentes nos ambientes de trabalho estão relacionados com:

 exigência de esforço físico intenso,


 levantamento e transporte manual de pesos,
 postura inadequada no exercício das atividades,
 exigências rigorosas de produtividade,
 períodos de trabalho prolongadas ou em turnos,
 atividades monótonas ou repetitivas.

Movimentos repetitivos dos dedos, das mãos, dos pés, da cabeça e do tronco produzem
monotonia muscular e levam ao desenvolvimento de doenças inflamatórias, curáveis em
estágios iniciais, mas complicadas quando não tratadas a tempo, chamadas
genericamente de lesões por esforços repetitivos.

As doenças que se enquadram nesse grupo caracterizam-se por causar fadiga muscular,
que gera fortes dores e dificuldade de movimentar os músculos atingidos.

22
Contra os males provocados pelos agentes ergonómicos, a melhor arma, como sempre, é
a prevenção, o que pode ser conseguido a partir de:

 Rotação do Pessoal
 Intervalos mais frequentes
 Exercícios compensatórios frequentes para trabalhos repetitivos;
 Exames médicos periódicos
 Evitar esforços superiores a 25 kg para homens e 12 kg para mulheres
 Postura correta sentado, em pé, ou carregando e levantando pesos

A análise e intervenção ergonómica traduz-se em:

 Melhores condições de trabalho


 Menores riscos de incidente e acidente
 Menores custos humanos
 Formação com o objetivo de prevenir
 Maior produtividade
 Otimizar o sistema homem / máquina

Fig.2 – perigo de risco biológico

Riscos Mecânicos

MÁQUINAS

Muitos processos produtivos dependem da utilização de máquinas , pelo que é


importante a existência e o cumprimento dos requisitos de segurança em máquinas
industriais ou a sua implementação no terreno de modo a garantir a maior segurança aos
operadores.

Os Requisitos de segurança de uma máquina podem ser identificados, nomeadamente


no que diz respeito ao seu acionamento a partir de Comandos:

 Devem estar visíveis e acessíveis a partir do posto de trabalho normal

 Devem estar devidamente identificados em português ou


então por símbolos:

- O COMANDO DE ARRANQUE: a máquina só entra em funcionamento


quando se aciona este comando, não devendo arrancar sozinho quando volta a
corrente

23
- O COMANDO DE PARAGEM: deve sempre sobrepor-se ao comando de
arranque
- STOP DE EMERGÊNCIA: corta a energia, pode ter um aspeto de barra botão
ou cabo

Em Síntese:
 Analise seu ambiente de trabalho e faça uma lista dos fatores de risco
existentes.

 Depois, classifique-os de acordo com o quadro abaixo.


 Riscos Físicos
 Riscos Químicos
 Riscos Biológicos
 Riscos Ergonómicos
 Riscos Mecânicos

 Implementar medidas que minizem os riscos.

6. Características dos Materiais

O que são Materiais?

São compostos de matéria (substâncias) que, à temperatura ambiente (20º), podem estar
na natureza nos 3 estados:

Estado sólido: Ex: Ferro


Estado líquido: EX: Água
Estado gasoso: EX: Oxigénio

Existem Materiais : Naturais

Artificias

Naturais são de origem animal (lã), vegetal (borracha)e mineral (ferro).

24
Artificias são obtidos por processos de transformação
Ex: Plásticos, ligas metálicas, papel, vidro, etc.

Características gerais dos materiais:

Mecânicas – são aquelas que nos dão indicações sobre o comportamento dos materiais
quando sujeitos a forças exteriores: ex: choque e vibraçã

Tipos de esforços a que os materiais estão sujeitos

25
Físicas e químicas – são aquelas que caracterizam a estrutura interna do material

Tipos de Materiais:

 Madeiras
 Metal
 Plásticos
 Vidro e cerâmica
 Fibras Têxteis

Propriedades dos Materiais:

26
Processos de Transformação:
Os materiais têm de ser tratados e transformados em produtos que possam ser utilizados
directamente na indústria.

Processo de transformação:

Características da Madeira

27
Características dos plásticos:

Características das fibras têxteis

28
7. Classificação e Rotulagem de substâncias Perigosas

Regulamento CRE - Classificação, rotulagem e embalagem de substâncias e


misturas

O Regulamento CRE (classificação, rotulagem e embalagem) (Regulamento (CE) n.º


1272/2008) harmoniza a anterior legislação da UE com o GHS (Sistema Mundial
Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos), um sistema das
Nações Unidas destinado a identificar produtos químicos perigosos e a informar os
utilizadores sobre os perigos inerentes. O GHS foi adotado por muitos países em todo o
mundo e serve agora também de base à regulamentação internacional e nacional em
matéria de transporte de mercadorias perigosas.

Os rótulos e fichas de dados de segurança incluem frases e pictogramas normalizados


que alertam para os perigos dos produtos químicos.

29
A terminologia antiga foi substituída como segue:

misturas em vez de preparações «hazardous» em vez de «dangerous» (não se aplica à


versão PT) pictogramas em vez de símbolos advertências de perigo em vez de frases
indicadoras de risco recomendações de prudência em vez de frases de segurança

Palavras-sinal (por exemplo: Perigo, Atenção) em vez de Indicações de Perigo

Fig.3 - Os novos pictogramas contornados a


vermelho substituem progressivamente os
familiares símbolos de perigo cor de laranja.

Classificação:

Na maioria dos casos, os fornecedores têm de decidir sobre a classificação de uma


substância ou mistura. Trata-se do princípio da autoclassificação.

Em alguns casos, a decisão sobre a classificação de um produto químico é tomada a


nível da União Europeia, garantindo assim uma adequada gestão do risco. De um modo
geral, são as seguintes as substâncias mais perigosas: cancerígenas, mutagénicas,
tóxicas para a reprodução ou sensibilizantes respiratórios, produtos biocidas ou
fitofarmacêuticos.

Todas as classificações de substâncias harmonizadas ao abrigo da legislação anterior


(Diretiva relativa às Substâncias Perigosas) foram convertidas em classificações
harmonizadas do Regulamento CRE. Os fornecedores são obrigados a aplicar esta
classificação e rotulagem harmonizadas.

30
Rotulagem

Os fornecedores têm de rotular uma substância ou mistura contida na embalagem de


acordo com o Regulamento CRE antes de a colocarem no mercado se:

 A substância for classificada como perigosa


 A mistura contiver uma ou mais substâncias classificadas como perigosas acima
de um determinado limiar

8. Regras de Organização/Manutenção do Espaço

Locais de trabalho seguros e saudáveis com a manutenção adequada

A manutenção regular desempenha um papel importante na eliminação dos perigos no


local de trabalho e na garantia de condições de trabalho seguras e saudáveis. A falta de
manutenção ou a manutenção inadequada podem provocar acidentes graves e fatais ou
problemas de saúde.

 Os acidentes acontecem devido a instalações eléctricas defeituosas (cabos,


fichas e equipamentos),

Choque e queimaduras, incêndios, ignição de atmosferas potencialmente inflamáveis ou


explosivas

 Os acidentes acontecem porque o equipamento elevatório não é


inspeccionado nem mantido com regularidade

As correntes de elevação estão sujas/corroídas e cedem, provocando a queda de cargas


pesadas

 Os acidentes acontecem em resultado da falta de manutenção das superfícies


de trabalho, pavimentos e vias de circulação

Os pavimentos irregulares, esburacados, desnivelados ou escorregadios provocam


acidentes com empilhadores, escorregadelas e tropeções

 O pó coloca um risco potencial de saúde aos trabalhadores da indústria


transformadora de madeira e das pedreiras.

A manutenção do equipamento de controlo de pó é vital em todos os processos que


produzem pó, para evitar que os trabalhadores sejam expostos ao pó.
31
- as condutas de ventilação têm de estar desimpedidas e ser reparadas, se forem
danificadas.

- as unidades de filtragem têm de ser sujeitas a uma manutenção regular, de acordo com
as recomendações do fabricante’

Cinco regras básicas para uma manutenção em segurança

1.Planeamento
2.Tornar a zona de trabalho segura
3.Utilizar o equipamento adequado
4.Trabalhar conforme planeado
5.Verificação final

Politica dos 5S

5S é um processo de organização e manutenção dos postos de trabalho, designadamente


em contexto industrial.

Traduz um procedimento de melhoria contínua a ser realizado de forma gradual e


sistemática pelos próprios intervenientes nos postos de trabalho.

É um método estruturado para implementar tácticas de organização e normalização na


área de trabalho que conduzam a uma optimização do desempenho pelos trabalhadores.

Um espaço de trabalho organizado motiva os trabalhadores desses postos de trabalho e


de igual modo vem influenciar positivamente o desempenho dos restantes.

5S foi desenvolvido no Japão e representa 5 palavras significando:

-整理 SEIRI – Limpar / Arrumar – Remover do posto de trabalho tudo o que não é
preciso e manter o que faz falta;

• 整頓 - SEITON – Organizar ergonomicamente – Colocar tudo o que é utilizado no


posto de trabalho de uma forma facilmente acessível e identificada por qualquer
trabalhador;

32
• 清掃 - SEISO – Higiene e limpeza – Manter todo o espaço de trabalho limpo e em
boas condições de funcionamento;

• 清潔 - SEIKETSU – Normalizar e manter – Adoptar procedimentos normalizados


para as actividades recorrentes garantindo a “saúde” do sistema de produção;

• 躾 - SHITSUKE – Autodisciplina – Assumir o compromisso de cumprimento com as


regras definidas.

Alguns resultados da implementação do 5S podem ser:

• Aumentar a segurança do trabalho, devido a:

o Espaço de trabalho amplo, limpo, arrumado e visível;

o Equipamentos sempre dotados dos meios de protecção colectiva;

o Aumento das medidas de limpeza e salubridade do espaço de trabalho;

• Aumentar a disponibilidade dos equipamentos, devido a:

o Redução de paragens devido a avarias;

o Redução dos tempos de paragem devido a avarias;

o Aumento das medidas de manutenção preventiva;

• Aumento da produtividade, devido a:

o Redução da quantidade de produto com defeito;

o Optimização dos processos de fabrico;

o Redução do tempo de procura de peças ou materiais;

o Redução da quantidade de materiais armazenados no posto de trabalho;

o Redução do consumo de materiais de manutenção (óleos, peças, etc.);

Aumento da satisfação no trabalho, devido a:

o Aumento do sentido de responsabilidade dos trabalhadores;

o Melhoria das condições de trabalho;

o Promoção da autodisciplina e envolvimento de todos os trabalhadores;


33
o Melhoria das relações entre os trabalhadores.

SEIRI – LIMPAR / ARRUMAR


___________________________________________________________

Nesta etapa deve-se remover do posto de trabalho tudo aquilo que não é preciso e
manter o que faz falta, de modo a deixar o espaço o mais limpo, arrumado e livre
possível. Remover do espaço de trabalho todas as ferramentas que já não se usam,
materiais, papelada, pastas de arquivo, armários. Enfim tudo aquilo que já não é usado
de forma corrente.

Para adoptar esta táctica é preciso colocar cada coisa no seu lugar e um lugar para cada
coisa. Para isso é preciso identificar e etiquetar de forma bem visível onde se coloca
cada material, objecto, instrumento, ferramenta, etc.

Vantagens:

• Redução da perda de tempo;

• Controlo do uso de equipamentos e documentos necessários;

• Estímulo da criatividade no posto de trabalho;

• Facilidade de comunicação;

• Redução dos riscos de acidentes.

SEITON – ORGANIZAR ERGONOMICAMENTE


_____________________________________________

Nesta fase deve-se colocar tudo o que é utilizado no posto de trabalho de uma forma
facilmente acessível e identificada por qualquer trabalhador. Definir locais para cada
coisa e colocá-los de forma acessível evitando movimentos e esforços desnecessários.
34
Vantagens:

• Rapidez e facilidade na busca de documentos e objectos;

• Redução da perda de tempo;

• Facilidade de comunicação entre trabalhadores;

• A ergonomia diminui o risco de acidente de trabalho.

SEISO – HIGIENE E LIMPEZA


___________________________________________________________

Manter todo o espaço de trabalho limpo e em boas condições de funcionamento. A


melhor forma de limpar é não sujar. Os trabalhadores promovem e organizam a limpeza
do seu posto de trabalho.

Vantagens:

• Higiene e salubridade do local de trabalho;

• Eliminação ou redução dos desperdícios;

• Satisfação de quem executa.

SEIKETSU – NORMALIZAR E MANTER


___________________________________________________

Adoptar procedimentos normalizados para as actividades recorrentes, estabelecendo


planos e programas de acção (horários, diários, semanais, etc.) a adoptar por todos os
intervenientes. Manter a higiene em todos os locais frequentados, verificando o estado
de implantação dos 5S, quer sob o aspecto físico, quer sob o aspecto mental.

Vantagens:

• Higienização mental e física da faculdade;

• Melhoria do ambiente de trabalho;

• Melhoria das áreas comuns (salas de aula, laboratórios, sanitários, etc.);

• Condições de trabalho favoráveis à saúde.


35
SHITSUKE - AUTODISCIPLINA
__________________________________________________________

Assumir o compromisso de cumprimento com as regras definidas, adoptando práticas


de formação e treino permanentes como garantia das regras definidas e forma de
promover a melhoria das mesmas. Cada trabalhador estabelece as regras do seu posto de
trabalho, cumpre-as e faz com que os outros as cumpram.

Vantagens:

o Cumprimento natural dos procedimentos;


o Disciplina moral e ética;
o Cultivo de bons hábitos;
o A administração participativa;
o Garantia da qualidade de vida.

36

Você também pode gostar