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Procedimentos recomendados para o Controle Tecnológico do


Concreto e sua importância
Sidney Rosa Junior – sidneeyjrr@gmail.com
MBA Gerenciamento de Obras, Produtividade, Racionalização e Desempenho
da Construção
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
Iporá, GO, 01 de março de 2021

Resumo
O presente trabalho tem como objetivo fazer um levantamento bibliográfico acerca
da temática Controle Tecnológico do Concreto e sua importância para o setor da
Construção Civil. A partir de conceitos de autores renomados e recomendações
normativas sobre boas prátcas da construção civil, buscou-se identificar quais os
procedimentos devem ser adotados, e, a partir destes mostrar os benefícios que
podem ser obtidos. Mostrou-se quais são as etapas que merecem atenção e os
responsáveis pelas mesmas. A comparação de todos os dados apresentados
permitiu concluir que é de grande importância a elaboração de um Plano de Controle
Tecnológico dentro de um empreendimento.

Palavras-chave: Controle Tecnológico do Concreto. Planejamento. Benefícios.

1. Introdução
Atualmente, a Engenharia Civil tem se caracterizado por possuir uma grande
preocupação com a qualidade e a durabilidade das edificações e obras em geral.
Tanto a qualidade quanto a segurança das obras de engenharia compõem um
quadro de requisito essencial para o êxito de um projeto. É notória a importância de
uma boa gestão da construção, uma vez que, os problemas decorrentes podem
comprometer o uso e segurança dos usuários. Assim, principalmente quanto ao
concreto, é preciso ter o controle da qualidade dos materiais empregados e das
técnicas de produção, do início até a conclusão.
O presente artigo tem por finalidade fazer uma revisão que ajude detalhar a
atividade de Controle Tecnológico do Concreto e seus materiais, suas vantagens
para a construção civil e apresentar de que forma isso pode ser feito. Tem por
objetivo elucidar sobre como pode ser feito este controle e o que pode se obter com
o mesmo.
Procurar conhecer o que é o Controle Tecnológico do Concreto, ter noção de como
é feito e onde se aplica é de fundamental importância para se obter parâmetros que
vão traduzir, como forma de um retrato, o cenário das construções brasileiras que
empregam o concreto armado como método construtivo. Entender o porquê de se
encontrar tantos problemas que vão desde pequenas patologias que comprometem
o uso quanto desastres inerentes à desabamentos e afins.
Nos últimos anos, segundo Silva (2017:24), os serviços de Controle Tecnológico têm
sido resumidos como moldagem e ruptura de corpos de prova, entretanto, por total
desconhecimento do meio técnico, isso implicou em uma desvalorização de uma das
mais importantes atividades da construção. As consequências podem ser vistas
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como prejuízo para as construtoras por necessidade de retrabalho, e aos


consumidores, uma vez que recebem um produto final em seus empreendimentos
sem a qualidade esperada ou solicitada.
Nos dias atuais, o controle tecnológico do concreto vai muito além dos
procedimentos tomadas apenas na obra e se somam a esses procedimentos de
todo processo de produção, manipulação, transporte e ensaios (PEREIRA, 2008:33).
Segundo Mentone, em artigo publicado pelo SiNAENCO (2006:22), o conceito de
controle tecnológico não fica restrito apenas aos ensaios dos materiais, deve ser
estendido à sua aplicação. Para que o ciclo do controle da qualidade seja efetivo, é
necessário o prévio planejamento de quais serão os materiais a serem ensaiados,
quando ensaiar e como será realizado. Posteriormente, é preciso acompanhar a
aplicação dos materiais ensaiados na obra e ver se condiz com os parâmetros
obtidos anteriormente.
A organização e a implementação do controle da qualidade da construção
civil devem envolver um mecanismo duplo de ação: o controle de produção
e o controle de recebimento. O controle de produção é exercido por quem
gera produtos em uma das etapas do processo, tratando-se de um controle
interno. O controle de recebimento é exercido por quem fiscaliza e aceita os
produtos e os serviços executados nas várias etapas do processo
(HELENE; TERZIAN, 1993:125).

Ainda em relação ao controle tecnológico do concreto, Recena e Pereira (2011:39)


ressaltam que os ensaios da resistência à compressão, na maiorias dos casos, têm
sido confundidos como o próprio controle tecnológico do concreto, trazendo uma
visão inexata e limitadora do assunto, uma vez que, o mesmo vai além e possui
várias variáveis importantes a serem controladas. Para reiterar essa corrente de
pensamento, Helene e Terzian (1993:55) afirmam que é bastante irreal e inoperante
lidar com o controle de produção do concreto apenas visando as características
finais do concreto, sem a preocupação anterior de saber se foi ou não efetuado o
controle de qualidade e uniformidade da matéria-prima, e se houve o controle devido
dos fatores que influenciam na qualidade da produção.
Após o surgimento do concreto armado, no fim do século XIX, veio a preocupação
com a segurança dele. Fusco (2011:25) diz que sempre se soube que a falta de
segurança podia vir da falta de conhecimento dos construtores, ausência de
qualidade dos materiais empregados ou de um projeto equivocado. Portanto, as
edificações de concreto armado têm a necessidade de serem submetidas ao
controle de qualidade, assim como qualquer outro produto industrial que tem como
finalidade ser útil ao usuário final e de forma responsável. Por ter muitas variáveis a
serem controladas, a qualidade de todas as etapas deve ser garantida para que se
obtenha sucesso no produto final, desde o planejamento, projeto e fabricação de
materiais e componentes fora das obras até a execução e término do
empreendimento, incluindo as atividades posteriores de operação e manutenção da
estrutura.
Ao se comprar as citações apresentadas anteriormente, nota-se que é de suma
importância sair do padrão simplista adotado atualmente baseados apenas em
algumas etapas construtivas e que ignoram fatores essenciais à qualidade do
produto final. Portanto, ao se comparar as citações dos autores apresentadas, é
possível notar uma convergência nos conceitos.
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2. Desenvolvimento
2.1- Método adotado
Visando atingir os objetivos do artigo quanto ao tema, foi feito um levantamento
puramente bibliográfico em artigos, normativas e livros. Assim, tendo como
referencial teórico, esta revisão foi feita a fim de elucidar as boas práticas
recomendadas por normas e por autores consagrados no tema Controle Tecnológico
do Concreto podendo mostrar os benefícios advindos desta prática.
A primeira parte do desenvolvimento servirá como parâmetro de dados bibliográficos
para que seja possível conhecer como pode ser feito o Controle Tecnológico.
Posteriormente, em um segundo momento, trará o que as recomendações podem
fazer de positivo para os empreendimentos que adotarem estas boas práticas.

2.2- Controle Tecnológico do Concreto


O controle tecnológico do concreto pode ser definido como uma série de operações
com o intuito de conferir a qualidade do concreto, baseia-se, principalmente, nas
seguintes Normas Brasileiras:
- NBR 12654 (1992 versão corrigida 2000): Controle tecnológico dos materiais
componentes do concreto;
- NBR 12655 (2006): Concreto – preparo, controle e recebimento;
- NBR 6118 (2014): Projeto de estruturas de concreto – Procedimento.
A Tabela 1, encontrada abaixo, define responsabilidades conforme as
recomendações normativas citadas.

Tabela 1 – Recomendações normativas sobre as responsabilidades


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Fonte: Anotações de aula POLIUSP – PCC 3222:2019

Segundo Andolfato (2002:89), o concreto é composto de quatro insumos básicos:


cimento, agregado miúdo, agregado graúdo e água. Os insumos são controlados de
maneira que cada um tenha uma quantidade pré-definida chamada traço. Devem ser
misturados até se obter a forma desejada. Quantidades, formas de mistura e outras
características são definidas conforme o produto final a que se deseje chegar.
Definido o traço, pode-se obter vários segmentos de concreto:
- Concreto comum: é o mais encontrado. Tem o aspecto homogêneo sem
deixar destacar excessos de argamassa ou de agregados graúdos.
- Concreto rico: faz uso predominante de cimento no traço, em que o material
cimentante em excesso serve para atender um objetivo específico.
- Concreto magro: predominância de agregado graúdo quando comparada com
a quantidade de argamassa.

Segundo Helene e Terzian (1992:36), a definição de qualidade é o produto ou


serviço estar em conformidade com uma finalidade específica satisfazendo as
necessidades do usuário. Mas, o controle pode ser definido como um conjunto de
atividades técnicas e planejadas que podem atingir um objetivo específico e garantir
uma meta determinada anteriormente de qualidade.
A NBR 12654 (Controle Tecnológico dos Materiais Componentes do Concreto) trata
sobre os ensaios realizados nos materiais. Nessa, encontra-se limites para a
quantidade de não conformidade nos diversos materiais, uma vez que, é impossível
se ter em obra materiais integralmente isentos de substâncias nocivas. Na NBR
12655 (Concreto – preparo, controle e recebimento) são exigidos ensaios de
resistência para concretos com mais de 15 MPa.
O Controle Tecnológico do Concreto também abrange ensaios de amostras retiradas
do concreto fresco. Contribui-se assim, para que todos os cuidados necessários
para garantia da qualidade exigida do concreto. Estes ensaios também são usados
como referência de aceitação do concreto na obra.

2.2.1- Caracterização dos materiais componentes do Concreto


Segundo Mendes (2000:98), para produzir concreto deve-se ter cuidado no processo
de produção e controle de qualidade. É preciso saber as particularidades e
características que possui, uma vez que, muitas características são distintas umas
da outras e influenciam diretamente em suas propriedades.
A seleção dos materiais deve levar em conta o local onde as obras serão feitas. É
preciso analisar, por exemplo, se a edificação se encontra em ambiente rural ou
urbano. Com posse desses dados, pode-se ter mais clareza sobre qual caminho que
deverá ser trilhado.
Os materiais que constituem o concreto devem estar sujeitos não só a um controle
de qualidade rigoroso, mas também deve-se ter um específico conhecimento das
propriedades dos seus componentes. Para o atendimento desses critérios, são
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necessários estudos de dosagem que garantam orientações eficientes para o


preparo.
Nos tópicos seguintes, serão elencadas as principais características de cada
material que constitui o concreto.

2.2.1.1- Adições minerais


O cimento é misturado hoje com algumas substâncias minerais que antes eram
consideradas resíduos da indústria, mas que foram incorporadas, contribuindo para
a melhoria das propriedades do cimento. Pode-se dizer que as adições minerais são
feitas para se somar ou substituir parcialmente o cimento, por apresentarem
propriedades similares.
Existem diversos tipos de adições minerais, as mais usadas atualmente são:
metacaulim (oriundo da calcinação da argila caulinítica), escória de alto forno
(subproduto da manufatura do ferro-gusa em alto forno) e cinza volante (advinda da
queida do carvão).

2.2.1.2- Aditivos químicos


Segundo Neville (1997:36), ao usar aditivos de maneira correta, benefícios são
inseridos ao concreto. Entretanto, o autor ressalta que não se deve usar o aditivo
como forma de remediar um problema ou situação emergencial, mas de maneira
planejada e com o intuito de adquirir um objetivo pré-estabelecido.
Não são componentes essenciais como os insumos, entretanto, o uso destes nas
construções tem crescido muito ultimamente. Os aditivos podem ser plastificantes,
retardadores/aceleradores de pega, incorporadores de ar, etc.

2.2.1.3- Cimento
Para Neville (1997:33), cimento é um aglomerante de características cimentícias
cujas propriedades adesivas e coesivas são capazes de unir os materiais inertes de
modo a formar um produto uno e compacto.
Segundo definição da NBR 5732 (1991:6), cimento Portland é um aglomerante
hidráulico oriundo do clínquer moído, tem como constituição básica silicatos de
cálcio hidráulico e aditivos. São processos que ocorrem em alta temperatura. O
resultado são finas partículas com 5 a 25 mm de diâmetro.
Para fabricação do cimento Portland é preciso moer a matéria-prima em proporções
adequadas e calcinar tal mistura a altas temperaturas. Depois é feito o resfriamento
e moído novamente com adição do gesso (NEVILLE, 1997:36 apud ARAUJO e
RISTOW, 2003:135).
Mendes (2002:96) recomenda selecionar qual cimento utilizar considerando, além de
suas propriedades mecânicas, as seguintes:
- Módulo de finura;
- Necessidade ou não de aditivos;
- Composição química.
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2.2.1.4- Água de amassamento


Conforme orienta a NBR 12655 (2006:25), a água destinada ao amassamento do
concreto deve ser armazenada em reservatórios estanques de tampadas, evitando a
entrada de substâncias estranhas.
A água usada na produção do concreto será isenta de teores prejudiciais como
óleos, ácidos, sais, matéria orgânica e outras que possam prejudicar as reações
químicas dos componentes (SILVA, 1995:36 apud ARAUJO e RISTOW, 2003:65).
A água de amassamento deverá ser potável e advindas das redes de abastecimento
público, conforme orienta a NBR 6118 (2007) e ACI 363 R-92 (2001).
Entretanto, falar que a água é potável não garante totalmente segurança para
utilização. É preciso avaliar sua faixa de PH, que deve se aproximar da neutralidade.

2.2.1.5- Agregados
O concreto possui uma fração caracterizada pela presença de materiais sólidos,
baratos, que não participam daquelas reações complexas de hidratação do cimento
que vimos. A NBR 7211 (2009) corrobora essa visão ao definir os agregados como
materiais inertes. Cerca de 60 a 80% do concreto são agregados, justificando-se
economicamente, pois o agregado é bem mais barato
Para se facilitar o trabalho com agregados, a doutrina classifica esses materiais
quanto à sua origem em: naturais e artificiais.
Apesar de se prever que o agregado seja inerte, tem-se observado que esses
materiais influenciam sim em várias propriedades do concreto, como por exemplo a
sua capacidade de se deformar. Várias características do agregado como
porosidade, massa específica, forma e textura vão definir uma série de propriedades
do concreto, inclusive vão ditar o tipo de alguns concretos. Assim, um agregado com
textura mais rugosa tende a criar mais atrito com as demais substâncias do
concreto, contribuindo mais para a resistência do concreto caso esse mesmo
agregado fosse liso.
Propriedades geométricas dos grãos, por exemplo o formato, lamelar ou não, e
aspectos de rugosidade da superfície, afetam diretamente as características
reológicas do concreto.

2.2.1.5.1- Agregado graúdo


A NBR 7211 (2009) define agregado graúdo como pedregulho ou a brita oriunda de
rochas estáveis, ou ambos misturados, cujos grãos passam pela peneira de abertura
nominal de 75 mm e são retidos na peneira de 4,75 mm no ensaio regido pela NBR
NM 248 com peneiras que atentam aos critérios da NBR NM ISSO 3310-1. As
frações maiores que 4,75 mm ocupam uma parcela considerável do volume do
concreto. Entre as características dos agregados graúdos deve-se observar: alta
resistência a compressão, pouca abrasão, aderência à pasta de cimento satisfatória
e pouco teor de materiais friáveis.
A seleção dos agregados graúdos deve estar de acordo com o que as normas
prescrevem, submetidas a análises mineralógicas e de granulometria, Dimensão
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Máxima Característica, resistência mecânica, forma e textura superficial, reatividade


química e módulo de elasticidade. Partículas com acentuada angularidade ou
lamelares devem ser evitadas para que sejam atendidos os requerimentos de
trabalhabilidade (ACI 363R-92, 1997 apud FREITAS JUNIOR, 2005:111).

2.2.1.5.2- Agregado miúdo


A NBR 7211 (2005) define agregado miúdo a areia de origem natural ou advinda do
britamento de rochas estáveis. Representada pela fração que passa pela peneira de
4,75 mm e fica retida na peneira de 150 µm no ensaio regido pela NBR NM 248 com
peneiras sugeridas na NBR NM ISSO 310-1.
Pelo fato de os agregados miúdos possuírem uma maior superfície específica, ele
exerce uma maior influência sobre as características do concreto do que os
agregados graúdos e acaba demandando uma maior quantidade de pasta para
envolver os grãos (ARAUJO e RISTOW, 2003).
A presença de agregados miúdos no concreto reflete diretamente na
trabalhabilidade do concreto, pois conforme for sua origem, natural ou artificial, será
definido o consumo de água de amassamento. Apesar disso, segundo Mendes
(2002:75), tanto as areais artificiais obtidas por britagem das rochas quanto as
naturais dos rios, podem ser usadas.
As areias devem ser isentas de impurezas orgânicas e materiais deletérios.

2.2.2- Outros itens essenciais ao controle tecnológico do concreto a serem


observados
Conforme Cardoso (2006:16) deve-se atentar aos seguintes procedimentos:
- Trabalhabilidade (slump test);
- Resistência mecânica à compressão aos 3, 7 e 28 dias;
- Verificação da dosagem;
- Características dos materiais componentes do concreto.
O controle a ser realizado deve seguir as recomendações da NBR 6118:14.

2.2.2.1- Ensaios
Todas as recomendações dos ensaios devem seguir as normas ABNT.
Deve-se refazer os seguintes ensaios no concreto e seus insumos toda vez que as
condições mudarem.

2.2.2.2- Cimento
- Análise química;
- Resistência à compressão;
- Massa específica;
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- Expansibilidade Le Chatelier;
- Tempo de início e fim de pega;
- Finura na peneira 200.

2.2.2.3- Agregado graúdo


- Massa específica real;
- Ensaio granulométrico;
- Fração de argila nos torrões;
- Fração de material pulverulento.

2.2.2.4- Agregado miúdo


- Fração de impurezas orgânicas;
- Massa específica real;
- Ensaio granulométrico;
- Fração de argila nos torrões;
- Fração de material pulverulento.

2.2.2.5- Concreto
Deve-se atentar ao tempo de início e fim de pega e refazer sempre que se observar
grande mudanças nas condições climáticas.
Nos dados e relatórios dos ensaios de compressão do concreto, deve conter a
discriminação do traço, marca, slump, tipo e classe do cimento, se houve aditivos e
quais, assim como todos os parâmetros importantes adotados.
Todas as informações referentes ao concreto devem permanecer arquivadas por 5
anos e durante a construção devem estar disponíveis para consulta a todo
momento.

2.2.2.6- Mistura
Devem ser seguidas as normas brasileiras. Devida atenção ao prazo mínimo de
mistura de 1 minuto. O amassamento deve acontecer por meios mecânicos
padronizados e contínuos com o intuito de se obter um produto homogêneo. Devem
trazer garantia de qualidade. É preciso muita atenção e habilidade do responsável
pela operação. Considerar a medida correta de eventuais aditivos.

2.2.2.6.1- Concreto moldado in loco


Para as betoneiras pequenas e de carregamento manual:
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- Colocar a água em primeiro lugar e em seguida o agregado graúdo. Assim, os


dois materiais garantirão a limpeza de restos que porventura estivessem já
presentes na betoneira;
- Adiciona-se o cimento. Garante assim, uma boa absorção e mistura com a
água e brita já presente;
- Por último, adiciona-se o agregado miúdo.
Em betoneiras de caçamba carregadora, aconselha-se colocar sucessivamente, de
baixo para cima:
- Agregados graúdos (1/2);
- Agregados miúdos;
- Cimento;
- Restante do agregado graúdo.

2.2.2.6.2- Concreto obtido por central dosadora


Para encomenda do concreto deve-se estabelecer:
- Eventuais aditivos;
- Fator a/c;
- Tipo e consumo mínimo de cimento;
- Teor de argamassa do concreto;
- Dimensão máxima característica do agregado graúdo;
- Definição do abatimento do tronco de cone;
- Módulo de elasticidade;
- Resistência aos 28 dias.
A nota fiscal deve conter:
- Horário de saída do caminhão e do contato água/cimento.
- Traço;
- Eventuais aditivos;
- Fator a/c máximo;
- Tipo e consumo de cimento;
- Teor de argamassa do concreto;
- Dimensão Máxima Características dos agregados;
- Consistência esperada conforme abatimento do tronco de cone;
- Módulo de elasticidade;
- Resistência característica à compressão aos 28 dias.
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2.2.2.7- Transporte
Deve-se realizar o transporte do concreto atentando-se as recomendações
normativas. Cuidado deve ser tomado quanto a segregação da mistura, evaporação
demasiada, compactação do concreto oriunda das vibrações durante o transporte e
ao tempo de início e fim de pega. Cardoso (2006) chama atenção para as seguintes
precauções:
- O tempo de transporte deve ser rápido e suficiente para que a
trabalhabilidade da mistura seja conservada;
- Atentar para as ferramentas que vão ser usadas;
- Observar o tempo de pega;
- Escolher o tipo de transporte pensando em uma forma mais eficaz e direta
para o lançamento;
- Considerar a utilização de meio mecânicos de elevação do concreto caso a
concretagem seja feita em locais elevados.

2.2.2.8- Lançamento
Anteriormente ao lançamento do concreto, deve-se atentar aos seguintes critérios:
- Atenção as contenções laterais onde se fizer necessário para correta
compactação. Por exemplo, isolar locais com junta de concretagem;
- Antes de aceitar o concreto, conferir o abatimento no tronco de cone;
- Conferir a armação dos elementos estruturais;
- As formas devem ser conferidas, retirar todo e qualquer tipo de resíduo que
possa influenciar no traço.
Para o lançamento em si, conferir:
- Nunca lançar sobre camadas de concreto que já alcançaram a pega, o que
impediria a correta aderência;
- Quando necessitar de lançamentos em alturas superiores a 2 metros,
medidas especiais devem ser adotadas com intuito de impedir a segregação
da mistura;
- O concreto deve ser lançado de forma localizada, não se recomenda
movimentar a mistura de um lado para o outro dentro da forma para
distribuição posterior.
A NBR 14931 (2004) diz que, em nenhuma hipótese, o lançamento do concreto
pode se dar após o início da pega, dessa forma será garantida a adequada
aderência. Cuidados devem ser tomados para que a massa não perca a água de
amassamento, por exemplo, chegar se as formas estão estanques. Se combinado
anteriormente com o construtor, pode deixar para o complemento de água na própria
obra, mas jamais será admitida água suplementar.

2.2.2.9- Adensamento
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O adensamento é normalmente feito logo após o lançamento do concreto na fôrma


com o uso de vibradores, processo chamado de adensamento mecânico. A
vibração, feita rapidamente com movimento vertical (para cima e para baixo) dentro
do concreto, reduz o atrito entre as partículas dos agregados maiores, tornando a
mistura do concreto mais fluida e facilitando a expulsão do ar de seu interior. Essa
movimentação vertical do vibrador induz o concreto a se movimentar, expulsando o
ar aprisionado, de forma que, assim que o vibrador é retirado do concreto, bolhas de
ar aparecem na superfície.
Existe também o adensamento manual, que pode ser feito com o uso de soquete,
porém trata-se de um método pouco viável em concretagens, pois exige experiência
do operador e possui baixa eficiência quanto à quantidade adensada por unidade de
tempo. Em contraposição, nas concretagens temos quantidades significativas de
concreto que necessitam de adensamento em pouco tempo, antes da pega inicial da
mistura.
O excesso de vibração pode causar exsudação no concreto, pois a partir do
momento em que praticamente “todo” o ar é expulso do concreto, os materiais mais
leves como a água passam a se segregar dos demais constituintes, ascendendo à
superfície. Assim, o equipamento que antes separava ar, passa a separar água
também.

2.2.2.10- Cura
O controle das condições ótimas do concreto para a hidratação do cimento consiste
nos procedimentos denominadas cura do concreto. Basicamente, são controlados o
tempo, a temperatura do concreto e a umidade, variáveis muito importantes para se
ter uma efetiva hidratação do cimento. Com isso, busca-se que o espaço que antes
era ocupado pela água seja preenchido com produtos de hidratação na quantidade
requerida em projeto.
Como a hidratação de cada constituinte do cimento ocorre a diferentes velocidades,
haverá um acréscimo de resistência com a idade do concreto. Não há um prazo fixo
para a cura, havendo a necessidade de que ela ocorra até que o concreto atinja a
resistência mínima de 15 Mpa, de acordo com a NBR 14931 (2004).
A umidade da mistura e do meio externo influenciarão sobremaneira a perda de
água do concreto por evaporação, afetando a hidratação e gerando retração do
concreto, podendo ocorrer fissuras no material. Por isso, é recomendado nos
primeiros 7 a 14 dias a chamada cura úmida ou por membrana, que pode ser feita
em climas quentes por várias formas:
- Cura úmida;
- Cura por membrana;
- Mantas termo isolantes de cor escura;
- Cura com vapor d’água e aquecimento das fôrmas por meio de resistências
elétricas.
Esses métodos evitarão a perda de água para o meio externo. Porém, durante a
cura é muito importante o controle da temperatura do concreto, pois a hidratação é
uma reação exotérmica e eventuais aumentos na temperatura ou mesmo grandes
quedas podem gerar trincas no maciço concretado, ou até a segregação do
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concreto. A cura incorreta pode gerar problemas de exsudação, uma vez que a
água, no caso de se aumentar a temperatura do elemento estrutural, poderá se
deslocar até a superfície da peça concretada, se separando do restante dos
constituintes.

2.2.2.11- Formas e Escoramentos


As formas e escoramentos só poderão ser removidas após o concreto atingir a
resistência e prazos definidos em projeto. É preciso seguir um plano de desforma
pré-estabelecido.
As fôrmas devem adaptar-se ao formato e às dimensões das peças da
estrutura projetada, respeitadas as tolerâncias, caso o plano da obra, em
virtude de circunstancias especiais, não as exija mais rigorosas. A fôrma
deve ser suficientemente estanque, de modo a impedir a perda de pasta de
cimento, admitindo-se como limite a surgência do agregado miúdo da
superfície do concreto. Os elementos estruturantes das fôrmas devem ser
dispostos de modo a manter o formato e a posição da fôrma durante toda
sua utilização. Durante a concretagem de elementos estruturais de grande
vão deve haver monitoramento e correção de deslocamentos do sistema de
fôrmas não previstos nos projetos (NBR 14931:8).

Anteriormente ao lançamento, deve-se passar o desmoldante nas superfícies


internas da forma. Assim, se garante que o concreto não pregue nas formas e que
seja garantido um aspecto visual com ausência de machas.

2.2.2.12- Inspeção das peças estruturais


Posteriormente à retirada das formas, deve ser feita inspeção visual das peças
estruturais. Observar se a formação de fissuras está dentro dos limites permitidos
pela NBR 6118 (2004) e se não se formara nichos de concretagem, bicheiras, etc.

2.2.3- Benefícios do Controle Tecnológico do Concreto


O empreendimento que tiver um Controle Tecnológico eficaz, além de garantir o uso
de materiais conformes (em relação as suas respectivas normas), pode trazer estes
benefícios:
- Diminuição das ocorrências de fissuras;
- Redução do consumo de aglomerantes;
- Menos retrabalho;
- Maior controle dos processos;
- Credibilidade ao construtor;
- Redução do custo do empreendimento.
Segundo Silva (2017:24), se a qualidade os materiais usados para produção do
concreto forem constantes e com garantia da execução dos ensaios de maneira
eficaz, terá como resposta um baixo Desvio Padrão de Dosagem, e, para uma
mesma resistência característica à compressão do concreto (fck), poderá ser
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reduzido o consumo de cimento. Essa redução de consumo de cimento para um


grande volume de elementos estruturais garante:
- Redução do gradiente hidráulico;
- Redução do risco de fissuração de origem térmica;
- Redução do custo de produção.
A fissuração proveniente da retração (hidráulica) é diretamente proporcional ao
consumo de água. Assim, se for mantida a mesma relação água/cimento com
redução do consumo de cimento, terá a redução da quantidade de água necessária.
Logo, diminuirá a tensão de tração promovida por retração e diminuirá a
possibilidade de fissuração.
O retrabalho também é reduzido. Um exemplo claro de retrabalho é quando
se usa um agregado reativo em ambiente de elevada umidade relativa
(superior a 85%), o que certamente leva ao aparecimento de patologia.
Caso o ensaio seja realizado somente após a confecção do elemento
estrutural, e este seja de pequena dimensão a sua demolição é uma
hipótese bastante provável (SILVA, 2017:24).

Utilizando os ensaios de Controle Tecnológico do Concreto pode-se obter


parâmetros para escolha de materiais de qualidade superior e que reduzem de
forma significativa os custos de produção.
A partir do momento em que é preciso quebrar ou reforçar uma peça estrutural que
acabou de ser produzida, será afetada não só a imagem do construtor, mas também
a confiança de todos os envolvidos no processo. Para evitar situações como essa,
urge a necessidade do uso inteligente e eficaz de um Plano de Controle
Tecnológico.
Entre todas os benefícios citados anteriormente, é preciso avaliar também até que
ponto seria recomendado seguir todas as orientações normativas de boas práticas.
Visto que, um número excessivo e demasiado de procedimentos pode gerar a
inviabilização ou trazer descrédito por parte dos responsáveis técnicos. Um
planejamento de controle inteligente deve focar nas especificidades da obra.
Em uma visão atual e holística, a qualidade das estruturas de concreto é
obtida quando almejada desde o planejamento da edificação, passando
pelas especificações das fases de projeto, seleção dos insumos e
fabricação do concreto, execução das estruturas de concreto e, finalmente,
a fase mais extensa que está relacionada ao seu uso e manutenção.
Também nessa visão, é importante salientar para a sociedade, clientes e
usuários que o custo das estruturas de concreto não é igual ao valor
aplicado para erguê-la, mas sim o custo para erguê-la mais o custo para
mantê-la ao longo da sua vida útil. Pela conhecida Lei dos Cinco ou Lei de
Sitter, também sabemos que o custo para recuperar ou reforçar estruturas
de concreto que apresentam problemas oriundos de falhas de projeto pode
ser até 125 vezes maior que o custo para produzir uma melhor
especificação e detalhamentos das estruturas, na fase de projeto, evitando
o aparecimento de futuras manifestações patológicas. Portanto, fica
evidente a importância da fase de projeto para diminuir o custo das
estruturas de concreto ao longo da sua vida útil, mas também mostra que a
fase de manutenção, por ser onerosa e complexa, deve ser revista com
muito zelo técnico (FIGUEIREDO 2017:7).
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Fazendo uma comparação com as citações do começo do artigo, é de suma


importância que as práticas sugeridas sejam adotadas. É preciso criar uma cultura
de controle no ramo da construção tanto nas grandes empresas quanto nos
pequenos construtores. Fazer entender que todo o processo deve ser avaliado e
controlado de forma cíclica e abrangente.
Portanto, todo esse controle tecnológico, combinado com um Projeto bem elaborado
e uma boa Execução resulta em diversos benefícios a todos os envolvidos em um
empreendimento. Garante redução de custo para o construtor e como resultado
obtém-se uma obra durável e com pouca manutenção.

3. Conclusão
A partir da revisão realizada durante o artigo, que serviu como base de dados para
alcançar os objetivos do trabalho, percebe-se que o Controle Tecnológico do
Concreto vem sendo negligenciado em partes do cenário brasileiro. Essa hipótese
pode ser confirmada quando se compara as obras construídas no país com os
requisitos mínimos de desempenho, durabilidade e segurança, os quais deviam ser
usados para garantir a qualidade e a racionalização das construções.
O planejamento e a elaboração de um Plano de Controle Tecnológico devem ser
pensados e adaptados para cada obra em específico. É preciso identificar qual
recomendação de boa prática deve ser implantada e acompanhada, do começo ao
fim, em um processo, além de ficar claro quais são os propósitos e benefícios que
esta prática proporcionará ao construtor.
Cada procedimento é importante para atingir a qualidade em uma obra que utiliza o
método construtivo de concreto armado. Assim, o tema necessita ser ainda bastante
estudo, uma vez que, é uma técnica de controle tecnológico, e como tecnologia,
novas necessidades e métodos estão em constante fase de criação e de mudança.

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