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Resumo
O presente trabalho tem como objetivo fazer um levantamento bibliográfico acerca
da temática Controle Tecnológico do Concreto e sua importância para o setor da
Construção Civil. A partir de conceitos de autores renomados e recomendações
normativas sobre boas prátcas da construção civil, buscou-se identificar quais os
procedimentos devem ser adotados, e, a partir destes mostrar os benefícios que
podem ser obtidos. Mostrou-se quais são as etapas que merecem atenção e os
responsáveis pelas mesmas. A comparação de todos os dados apresentados
permitiu concluir que é de grande importância a elaboração de um Plano de Controle
Tecnológico dentro de um empreendimento.
1. Introdução
Atualmente, a Engenharia Civil tem se caracterizado por possuir uma grande
preocupação com a qualidade e a durabilidade das edificações e obras em geral.
Tanto a qualidade quanto a segurança das obras de engenharia compõem um
quadro de requisito essencial para o êxito de um projeto. É notória a importância de
uma boa gestão da construção, uma vez que, os problemas decorrentes podem
comprometer o uso e segurança dos usuários. Assim, principalmente quanto ao
concreto, é preciso ter o controle da qualidade dos materiais empregados e das
técnicas de produção, do início até a conclusão.
O presente artigo tem por finalidade fazer uma revisão que ajude detalhar a
atividade de Controle Tecnológico do Concreto e seus materiais, suas vantagens
para a construção civil e apresentar de que forma isso pode ser feito. Tem por
objetivo elucidar sobre como pode ser feito este controle e o que pode se obter com
o mesmo.
Procurar conhecer o que é o Controle Tecnológico do Concreto, ter noção de como
é feito e onde se aplica é de fundamental importância para se obter parâmetros que
vão traduzir, como forma de um retrato, o cenário das construções brasileiras que
empregam o concreto armado como método construtivo. Entender o porquê de se
encontrar tantos problemas que vão desde pequenas patologias que comprometem
o uso quanto desastres inerentes à desabamentos e afins.
Nos últimos anos, segundo Silva (2017:24), os serviços de Controle Tecnológico têm
sido resumidos como moldagem e ruptura de corpos de prova, entretanto, por total
desconhecimento do meio técnico, isso implicou em uma desvalorização de uma das
mais importantes atividades da construção. As consequências podem ser vistas
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2. Desenvolvimento
2.1- Método adotado
Visando atingir os objetivos do artigo quanto ao tema, foi feito um levantamento
puramente bibliográfico em artigos, normativas e livros. Assim, tendo como
referencial teórico, esta revisão foi feita a fim de elucidar as boas práticas
recomendadas por normas e por autores consagrados no tema Controle Tecnológico
do Concreto podendo mostrar os benefícios advindos desta prática.
A primeira parte do desenvolvimento servirá como parâmetro de dados bibliográficos
para que seja possível conhecer como pode ser feito o Controle Tecnológico.
Posteriormente, em um segundo momento, trará o que as recomendações podem
fazer de positivo para os empreendimentos que adotarem estas boas práticas.
2.2.1.3- Cimento
Para Neville (1997:33), cimento é um aglomerante de características cimentícias
cujas propriedades adesivas e coesivas são capazes de unir os materiais inertes de
modo a formar um produto uno e compacto.
Segundo definição da NBR 5732 (1991:6), cimento Portland é um aglomerante
hidráulico oriundo do clínquer moído, tem como constituição básica silicatos de
cálcio hidráulico e aditivos. São processos que ocorrem em alta temperatura. O
resultado são finas partículas com 5 a 25 mm de diâmetro.
Para fabricação do cimento Portland é preciso moer a matéria-prima em proporções
adequadas e calcinar tal mistura a altas temperaturas. Depois é feito o resfriamento
e moído novamente com adição do gesso (NEVILLE, 1997:36 apud ARAUJO e
RISTOW, 2003:135).
Mendes (2002:96) recomenda selecionar qual cimento utilizar considerando, além de
suas propriedades mecânicas, as seguintes:
- Módulo de finura;
- Necessidade ou não de aditivos;
- Composição química.
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2.2.1.5- Agregados
O concreto possui uma fração caracterizada pela presença de materiais sólidos,
baratos, que não participam daquelas reações complexas de hidratação do cimento
que vimos. A NBR 7211 (2009) corrobora essa visão ao definir os agregados como
materiais inertes. Cerca de 60 a 80% do concreto são agregados, justificando-se
economicamente, pois o agregado é bem mais barato
Para se facilitar o trabalho com agregados, a doutrina classifica esses materiais
quanto à sua origem em: naturais e artificiais.
Apesar de se prever que o agregado seja inerte, tem-se observado que esses
materiais influenciam sim em várias propriedades do concreto, como por exemplo a
sua capacidade de se deformar. Várias características do agregado como
porosidade, massa específica, forma e textura vão definir uma série de propriedades
do concreto, inclusive vão ditar o tipo de alguns concretos. Assim, um agregado com
textura mais rugosa tende a criar mais atrito com as demais substâncias do
concreto, contribuindo mais para a resistência do concreto caso esse mesmo
agregado fosse liso.
Propriedades geométricas dos grãos, por exemplo o formato, lamelar ou não, e
aspectos de rugosidade da superfície, afetam diretamente as características
reológicas do concreto.
2.2.2.1- Ensaios
Todas as recomendações dos ensaios devem seguir as normas ABNT.
Deve-se refazer os seguintes ensaios no concreto e seus insumos toda vez que as
condições mudarem.
2.2.2.2- Cimento
- Análise química;
- Resistência à compressão;
- Massa específica;
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- Expansibilidade Le Chatelier;
- Tempo de início e fim de pega;
- Finura na peneira 200.
2.2.2.5- Concreto
Deve-se atentar ao tempo de início e fim de pega e refazer sempre que se observar
grande mudanças nas condições climáticas.
Nos dados e relatórios dos ensaios de compressão do concreto, deve conter a
discriminação do traço, marca, slump, tipo e classe do cimento, se houve aditivos e
quais, assim como todos os parâmetros importantes adotados.
Todas as informações referentes ao concreto devem permanecer arquivadas por 5
anos e durante a construção devem estar disponíveis para consulta a todo
momento.
2.2.2.6- Mistura
Devem ser seguidas as normas brasileiras. Devida atenção ao prazo mínimo de
mistura de 1 minuto. O amassamento deve acontecer por meios mecânicos
padronizados e contínuos com o intuito de se obter um produto homogêneo. Devem
trazer garantia de qualidade. É preciso muita atenção e habilidade do responsável
pela operação. Considerar a medida correta de eventuais aditivos.
2.2.2.7- Transporte
Deve-se realizar o transporte do concreto atentando-se as recomendações
normativas. Cuidado deve ser tomado quanto a segregação da mistura, evaporação
demasiada, compactação do concreto oriunda das vibrações durante o transporte e
ao tempo de início e fim de pega. Cardoso (2006) chama atenção para as seguintes
precauções:
- O tempo de transporte deve ser rápido e suficiente para que a
trabalhabilidade da mistura seja conservada;
- Atentar para as ferramentas que vão ser usadas;
- Observar o tempo de pega;
- Escolher o tipo de transporte pensando em uma forma mais eficaz e direta
para o lançamento;
- Considerar a utilização de meio mecânicos de elevação do concreto caso a
concretagem seja feita em locais elevados.
2.2.2.8- Lançamento
Anteriormente ao lançamento do concreto, deve-se atentar aos seguintes critérios:
- Atenção as contenções laterais onde se fizer necessário para correta
compactação. Por exemplo, isolar locais com junta de concretagem;
- Antes de aceitar o concreto, conferir o abatimento no tronco de cone;
- Conferir a armação dos elementos estruturais;
- As formas devem ser conferidas, retirar todo e qualquer tipo de resíduo que
possa influenciar no traço.
Para o lançamento em si, conferir:
- Nunca lançar sobre camadas de concreto que já alcançaram a pega, o que
impediria a correta aderência;
- Quando necessitar de lançamentos em alturas superiores a 2 metros,
medidas especiais devem ser adotadas com intuito de impedir a segregação
da mistura;
- O concreto deve ser lançado de forma localizada, não se recomenda
movimentar a mistura de um lado para o outro dentro da forma para
distribuição posterior.
A NBR 14931 (2004) diz que, em nenhuma hipótese, o lançamento do concreto
pode se dar após o início da pega, dessa forma será garantida a adequada
aderência. Cuidados devem ser tomados para que a massa não perca a água de
amassamento, por exemplo, chegar se as formas estão estanques. Se combinado
anteriormente com o construtor, pode deixar para o complemento de água na própria
obra, mas jamais será admitida água suplementar.
2.2.2.9- Adensamento
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2.2.2.10- Cura
O controle das condições ótimas do concreto para a hidratação do cimento consiste
nos procedimentos denominadas cura do concreto. Basicamente, são controlados o
tempo, a temperatura do concreto e a umidade, variáveis muito importantes para se
ter uma efetiva hidratação do cimento. Com isso, busca-se que o espaço que antes
era ocupado pela água seja preenchido com produtos de hidratação na quantidade
requerida em projeto.
Como a hidratação de cada constituinte do cimento ocorre a diferentes velocidades,
haverá um acréscimo de resistência com a idade do concreto. Não há um prazo fixo
para a cura, havendo a necessidade de que ela ocorra até que o concreto atinja a
resistência mínima de 15 Mpa, de acordo com a NBR 14931 (2004).
A umidade da mistura e do meio externo influenciarão sobremaneira a perda de
água do concreto por evaporação, afetando a hidratação e gerando retração do
concreto, podendo ocorrer fissuras no material. Por isso, é recomendado nos
primeiros 7 a 14 dias a chamada cura úmida ou por membrana, que pode ser feita
em climas quentes por várias formas:
- Cura úmida;
- Cura por membrana;
- Mantas termo isolantes de cor escura;
- Cura com vapor d’água e aquecimento das fôrmas por meio de resistências
elétricas.
Esses métodos evitarão a perda de água para o meio externo. Porém, durante a
cura é muito importante o controle da temperatura do concreto, pois a hidratação é
uma reação exotérmica e eventuais aumentos na temperatura ou mesmo grandes
quedas podem gerar trincas no maciço concretado, ou até a segregação do
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concreto. A cura incorreta pode gerar problemas de exsudação, uma vez que a
água, no caso de se aumentar a temperatura do elemento estrutural, poderá se
deslocar até a superfície da peça concretada, se separando do restante dos
constituintes.
3. Conclusão
A partir da revisão realizada durante o artigo, que serviu como base de dados para
alcançar os objetivos do trabalho, percebe-se que o Controle Tecnológico do
Concreto vem sendo negligenciado em partes do cenário brasileiro. Essa hipótese
pode ser confirmada quando se compara as obras construídas no país com os
requisitos mínimos de desempenho, durabilidade e segurança, os quais deviam ser
usados para garantir a qualidade e a racionalização das construções.
O planejamento e a elaboração de um Plano de Controle Tecnológico devem ser
pensados e adaptados para cada obra em específico. É preciso identificar qual
recomendação de boa prática deve ser implantada e acompanhada, do começo ao
fim, em um processo, além de ficar claro quais são os propósitos e benefícios que
esta prática proporcionará ao construtor.
Cada procedimento é importante para atingir a qualidade em uma obra que utiliza o
método construtivo de concreto armado. Assim, o tema necessita ser ainda bastante
estudo, uma vez que, é uma técnica de controle tecnológico, e como tecnologia,
novas necessidades e métodos estão em constante fase de criação e de mudança.
Referências
ARAÚJO, Ricardo Melo; RISTOW NETO, Ronaldo. Avaliação do desempenho de
sílica ativa e metacaulim na composição de concreto de alto desempenho com
emprego de agregados da região de Curitiba. Trabalho de Conclusão de Curso.
Curitiba: UTFPR, 2003.