Você está na página 1de 83

!

' v ,
( Aj
.
. o
.
.

/ ' ë m c eo g
POCX I
COS I , , .
j voo
VOOS :
'Q
j g
,

. x

4 I tr u a a
25 =:
S j j ya j
*a
' .
.
j

ar1I
*n do ac hado ,
I L
A pesar de paë e indissociâvel de
prat lcapenl e todas as qt i
vidades -
pro flsslo nals o u recreatlvas - da Vi-
, $
da m oderna,s:ndo m erecedora por. '
L tqntg de atlnçag e estudo,a fotogra-
i fI! alnda nao foItotalm enle aqreen-
; dlda porup segm ento expressllo da .

*
! intelectqalldade,que tem tendencia & ' /
'
k
l
a epcqra-la com desdenjosa bene-
Vo Iencla co m o um a especie de pri.
VA l @
***
.
6'
.,
. ,
.

m a pobre da pintura. ' i' ,


,

Subverteresse eqtado de coisas e ! * ;


res atar o vyrdadelro papelda fotq-
'
, ?ia,definlndo,analisandoevalorl-
g ra n .
! . . .,

I zando a especificidade de sua Iin- .-v- :. ,

guaqem :o pl
''-loto escolhido para es. IM
ta v'
faqem ao outro Iado dp esyelho
fotograflco,ao m undo da llus * P!- **
. -'
pecular, foi A rlindq M achado, reall- 7
zador cinem atografico, professo r . ..
universitârio e ensaista. ' < #
G rand: piloto este Arlindo, seu A !
. .
..,

vôo nâo e rasante nem cego, e pro- f '


fundo e preciso.
t
.

Da Apïesentaçëo de Pedro Vasquez ï


t
r
' . ,
.. .
,
! .t.
,k y(;;
k,
'
#
. ..

. (;'
1
â ,' !
!
. A11Ip'lp' .

u
ç ,'
j

i : 7T4x . '
4
. . M 1 .. .
j
œ
Q ME C/ SE CRE T ABIA
Fu N A R-rE/lnstitulo N aclona
. *.: , . j
.

t
; re ' .
. ..
1'i;
.
.
iq
k
EI
i '
!
i
t.,
h
r '
..i
:'
. ij .t
l
1
Jjl. !
.
1p
1I
j .

!
?
!

I
,.
e .
x..x w su
.
gjt
TgAQ s.k usr
r',.
....'uF.X< ' : ' r . -. +,'G '
... .

; ..z. ws .. 4.
'a .z-kzyp-
yzy-. ... -A
/..- ..
)' â: .Z * N' .
- - .jlT +-
. z' r
a.' -' '
.
1t. o b .-
. .
.. x . !
.
.
..
j
iE.
1.j, El
l
k t1
.
' . ...-...
x .
i
.. :.1 1. @ . ... '- -
.. *.. )* .
,kwu . -
.
.i
. r
.
j 1 ; .< .
..
DevoimensamenteaLùcias'
cnr
ldlcoacompanha- '1r j8
&.
'.
,
. I - r .
.
<
mento minucioso deste lrahll/lo,o tll/la crltl
ko com queleu .
*. .
Il .J
. F 1 .'.. ' .. 0.
ereleu cada /ïnAtzea Eliçrtmk#o incansâvelpara o fSJlt)go. . - .......!1,..,.''1..' '
..
Ilarotao Je ()anzrow e Laymert t7lrclc dos Santos role- ' . ,,
!!
tr
. i
7ii
1
I
(
-1
!
q
''''''''''
E
:
!jq
:
. .. .
:,A-v-a,=
'''

. . . .
rnizarangenvaltosfvel alMnntandolinnitese&JfdJ?.Irenede -' '-
Araujo Machadodeuforça e encorajamento ar situaçöes
maisdiflceis.Devo reconhecimento cfzzda aos meusalunos tJseem todaitleologia oshomensesuasrelaçxsaparecem
docurso deJornalismo da PUC-SP pelo dïlltwoproveitoso invertidoscomoem umacamerqo:ycwrtz,>sefen:menoresponde
nasala deaula. E, hn
' lmente,â Com issâo de Pfvçufçc da aum processo histôrico devida'como a inversâo (los objetosao
PUC-SPPeIOJurorfe/a irzt
m cefm Jpesquisg. p
tarme
ojetar-sesobrearetinarespondeaoseu processo devida dire.
nteflsieo.''tM arx& Engels ,4ideologiaJlepzt
kl
I

A PR ESENTA C A-O
l
I
I
! .
1
I I
l
I I

1 I
1 -
11 I
'
I XIlesar departe l
'
atfi'
lltlt'ïl%'cfdepraticamentetodas l
i
.

l I asatividades-profissl
bna,
'
sourecreativas- davidazzlo- I
derna.sendomerecedoravortantonrgatençaoeestudo.a 1
fotograpauuwf;
u zlf
ib/oftotalmenteapreendidaCzorum seg.
1
! l m enroexpressivo daintelectualidade, quetem fezzzv ncf/zï?
1
:
'
'
I encarâ.lacom desdenhosabenevolêno'
acozuoumaewicie
I
' deprim apobre dapt
'ntura frrcrugunbve/znenrcgarroteada
1
$ I peloreal,oucomoumaeyrp/cs
'cdeinocente?
1rl7'incapaz(se
'j
'1
I Pensarporcontaprnpria,,,s/ z.çprovedoraaebonsserwko. ç
' defl#t VOf$;rl Outrasdrcrz.
ç#0 G'onhecim ento /;&FNJ&O cfAm o
' j afz'IfrtRrfWtl
gfcouJhistdria porexemplo .
z
l
! 'ecouaseresgataro veraadeiro
subven eresseeszado (/
I ' Papeldafotografia,tï'
c/l
'ufz,/
o ,analisando evalorîzandoa
1
. especvuuadeufcsua unguagem KFm'L zsaoaozzzyf/rufoNa.
I
'
I
.
'
'
cionalgcFotosmalb'
adaz'
csupz'
s,queg noinlciodoano
Passado criava a co/eç:o ''
Luz e sepex,o''paragarantir
. u> espaiojïxoparaO debatedJJqNC&/8&N/fJlO#rJ/'C&X. 1
X N1bicionc/do c expdnsâo desse dJ#lfo,GSSOCiGm 0'
I
i nOJagoradBrgsill'
ensen6J<6prinleiroPöO/Or4doN'ffvdrl/
1. l'
nstitucional.O pllotoescolhidoparaestacl 'ït#c/naooutro
ii
? ladodoespelkofotogrnfico,aomundodal 'CtzxJ'oespecular.
I foiArll.ndoMachado realizadorcl
.
'
.nematogrâhco,prefessor
. universitâr'o e ensalsta
'
lntimo Cfmàfrce
rdf'rdYt'M?fWf'F/1'eleSoube JexemplB
' doPersonqgem de Orson W ellesem A dam a de Shangai,es.
a ARu xoo lklacuxoo

' caparuu:'armaailhas'o ubinhtodeespaho.ffcy' oro-


vruyo -
i'
'
ii'ii
'
d ecnvt
â.l
o c
om br
ll
h a
n t
ismo ,revaando ''
i rere
p'nitodecrendicespopulareseteoriaseruditas''t
rz
ô r
fo,u.
/uccondi
B-ECOLOCACOES
1 . (A G UISA DE INTRO D UCA
' O)
I
Ii cionam apgt iodofentimcnfpfotogrjyco.
.
1
:'
Grandep//oroesteArlindo'seu%'Jonâ'
oJrasantenem
I
j cego,Jprofundoepreciso. .
I
I . j
I Pedro Vasquez
.
lliretor
! Institutollacionalgc l7otografia
!
.
I
I
I'
I '
;
I
I!
i
.
1
LevandoasérioaanedotatleBlowup,ofotôgrafo.
protagonistaThomas,num relancedesuatrajetôriafrené.
'
'' l ticaevaziavzwswingîngbmdondosanos60,descobrepor
acasoentreasfotosde um parrom ântico a im agem (le um
1
i
eadâver misteriosamente inserido no cenârio idilieo e
'
fevclado Pelas anlpliaçöes fotogrâlicas.() hln:e de soiche-
I
I
' langelo A ntonioni, em linhas gerais, 5 o relato aessa
'
I
I
deseobehaespantosa,conzoseumarealidadeinsuspeitada
pelos olhos negligentes do protagonista fosse de repente
I
I
resgatadapelacânaera,noumite daprôpwa credibilidade
I dofotôgrafo.A.medida queThomasia ampliandocada vez
i mais seus negativos, toda um a dimensào invisivel do
'
cotidiano se im punha (Ie form a surprcendente,revelando
' POCdetrâsdasformasfamilîaresdo mundottmaoutra reali.
1
'
' dadequesô aintervençàodo aparato fotogrâiico pôdefazer
'i 1 aforar. E nluito culoso conaparar essa idéia central de
. :
? Blow up com o pereurso de um pequeno film ede M arcelo
Tassara denom inado A beladorm ecida entrada numa â' fi .
II
' SoMbrtt,no(1ua.
1umafotofamiliardeum casaldefavelados 1
'!
j 6 Sucessivamente ampliada até perder to(jos os seus
'
1i contornos figurativos.xeste fuum o caso,a situaçào anto.
)1
..
nionianaéinvertidacompletamente.quanto m aksoolharse
.

aproxinaa da foto e anlplia os seus detihes na procura


t desesperada de unza realidadesufocante que se supöe estar
. *
1 atrâsdo verniz asséptico da cena fanziliar,nlise m ais a
10 ARLINDO M ACHADO A ILUSXO ESPECULAR 11

cena se desmaterializae perde o seu refereneialslmbôlico conheeida eomo o KKespelho do mundo'' s6 queum espelho
i .! 1 reduzindo-se cada vez m ais a ranhurase manchas desper- dotado de memôria.Certamente a superfîcie prateada e a
j
.j
.
j.
1I
i .. sonalizadas,até resultar apenasna granulaçào caracterîs- 'ribuiram para essa ana-
!
base Hgida do daguerreôtipo cont
ticadaampliaçàofotogréfka.No filmedeTassara oexame logia.Jâ na aurera de 1839,JulesJanin explicando o que
! penetrante e nainucioso de unla inlagena aparentemente era a nova invençào conclanlava ao leitor'nim agine unl
I1 plena deilaçöes,pelo menosa niveldasconvençöesfigu. espelhoquepodereteraimagem detodososobjetosquee1e
Il rativas,choea-secadavezmaiscom aopacamaterialidade reflete e você terâ a idtia mais completa tlo que é o
1 dafotografiaeoslimitesdeum eôdigoenganosonasua daguerreôtipo''(ApudOwens1978,p.75).
l transparêneiafantasm âtiea Ora se é verdade que as câm eras ''dialogam''
.
I M esm o correndoorisco deum a abreviaçàogrosseira eom inferm açöeslum izlosasquederivam do m undo visîvel
I
1
poderiamosdizerqueaproblemâticadessesdoisfilmes
resum e o nûcleo das questx s que este vojum e tenta
t
ambém éverdadequehânenlmaseu
m aisquereprodulora.A scâ
maforçaformadoramuito
rassào aparelhos quecons.
.

I
l
1
.
enfrentar.Todaumatecnologiaprodutoradeimagemfigu-
rativavem sendodesenvolvidaeaperfekoadahâpelomenos
,
.
I troemassuasprôpriasconfiguraçöessimbôlicas,deoutra
formabem diferenciada dosobjetose seresquepovoam o
' cinco séculos,no sentido de possibilitar um a reproduçào m ttndo; mais exatamente, elas fabzieam 'ssimulacros'e
j1
1 automâtica do mundo visivel- xzautomâtica''quer dizer: '
figktras autônomas que significam as coisas m ais que as
'
1 livredascodificaçôesparticularesedasestilizaçöespessoais ' reproduzem.Nosdominiosda figuraçào automâtica,o
1
.
'
decadausuârio.Essatecnologiagozadoprestigiodeuma mundo imediato dasimpressöes luminosas passa a ser
j' o
cbjeti
om vidaos
que deseessenprci
us alioos
ôpl u'a'onto
pol ldg
ogisi
tca''
as a,t
pêmaracusact
arareoritzeado
rmo . t
eraba
xpr lhardpa
imi ospsievlocôdig
amenteo
a:ises
pr soença
quepur
rdiaz
e
er
siqueesao
mpl dai
ny
seéssas
oi de
Elareivindicaparasiopoderdeduplicarom undocom afria ascàm erasconstroem representaçY s com o de resto ocorre
neutralidatle dos seus procedimentos formais sem que o em qualquersistem a simbôlico.Porém com uma diferença
1 operadorhumano possajogaraim aisqueunlnaero papel fundamental, que consutui o alvo principal de nossas
ij
' adnlinistrativo.Entretante,basta unanzergulhocHtico na investigaçöes:umavezquea inaagenaprocessadatecniea-
I hist6ha dos scus desdobraoxentos técnicos para que pos. nlente se innpöe eonlo entidade ''objetiva'' e ntranspa-
j
I
sana
autoo
msve
ât hfic
ica arcons
sô nitiedgue
amen''t
re qoduzi
epruearin
''dûsthd'a
ou daicar
dupl figu
''r
açàe
uma j
' rent
dec e''!
odi 'ieeaçlaàopar
f ee
cdo
edi speein
de sament
fraroore ceptordoesforçoda
' fazendo passar por
' realidade que 1he é exterior m rque opcra conl concepçöes :'natt?ral''e'tuniverpzl''oquenaopassa deum actm stnwii/
' de 'im im ese'', ''objetividade''e ''realism o''que ela prôpria I particulareconvencional.f;exatamentenesseponto queas
I' cria ou perpetua.Ou para usara formulaçào m aisprecisa ' m idiasmecânicaseeletrônicasdo nosso tempo se tornam o
'
;
'
I de Pierre Bourdieu' .''conferindo à fotografia a p-tente do terret)o privilegiado dasformaçöesideolbgicas:o fetiche de
'
J
. realismo,anossasociedadenàofazmaisqueseconfirmar sua''objetividade'',noqualseacham mergt
zlhadasmassas
l
j
I
I'
j
elaprôpda,nacertqzatautol6gicadequeunzainaagenn
construida segundo a sua concepçào de objetividade é
: blteirasdeespeetadores.éanlkscaraformi queocultaa
bltençàofornaadoraqueestânabase detoda significaçào.
I
I
!
' verdadeiramenteobjetiva''(Bourdieu1978,p.113). Portssarazào,estetrabalho,dedicadoaoexamedocôdigo
I O quenôschamamosaqui ilusào especular nào ! l que opera no maisinfluente sistema figurativo de nosso
' senào um conjunto ue arquétipose convençöeshistoriea. 1 tempo,étamblm umacdtieadosseussuportesideolôgicos
I
.
!
I
menteformadosquepermitiram floresceresuportaressa I
I
multiplicadosnum repertôrioinfinitodecrendicespopula-
vontade de colecionar sinzulacros ou espeDnos do nnundo k res e teorias eruditas de naodo que se possa esclarecer
paTa lhes atribuir unl poder revelatôrio A fotografia em porque nào podenn exisur sistem as significantes neutros
paMicular Qesde os prinaôrdios de sua prâtica tenz sido nem inocentes.Entreaverdadeoculta queBlow up revela e
1
I
l
I 12 ARLINDO MACHADO A II.
U$XO ESPECULAR 13
?
; am âscara ilusionista queA beladorm ecida desvela hâ um a ' d asses,os sistem asde rtpresentaçào que deveriam expli-
l
..;j!I fronteiramaleonhecidaepoucodesbravada quecorres. dtarosfenômenosjâestàoelesprôprioseontaminadospela
I ..
pondejustanlente àquela connplexa trama de naodvaçöes luta de classes e por consequência tornam-se sistenaas
l
:' quetrUaçmaaoveli
za
me
queent
estr
eeaabal
trsfon
hona
ss
esimb
pr ôlic
opöe asar
trateodasmubas
ndo
es. ne
cicessiadade
onal riameenf
nteor''d
me
formapedo
ados reess''
la t,ist
ratéoéa,cl
gi dota
assd
iso
ts
ade
ati
rntqns.
ave -
'
iaeolôgicas que suportam os proceuimentos têcnicos e sadospelo crivo da eiasse que osforjou e que,na maior
form ais de unasutem a ge signos pm icular, baseado na parte uasvezes coincide cona aquela que deténa o poder
E
' exploraqào da imagem jigurqtiva,faz-senecessârio antes Pcdtico.Ossistemassimbôlicosqueoshomeusconstroem
d de m aisnada esclarecerpara nosso uso particular enlque Para representar o naundo sào ideol6gicos exatanàente
I
1. sentldoseestâ a em pregaressa terminologia.Embora aqui porque.lorlge deconstitufrem entitullesautônom as traus.
'
.
) nzosejalugaradequadoparaentraremextensasdiscussrles parentes,est,oseniodeterrzunadesvenlfutimainstância,
*
. 1 filosôficassobreoestatuto de cada um dosconceitos,L peiascontradköes(lavidasocial.
l' c a éo alieerce tja concepçào marxista
1
I1
i n
qece
uess
ts
öâ
ez
oque
s pelo
vamenolsevr
mos ae
nc
to
an
rh
.ec
Mer
asacoc
ompl
mo oexi
vd
ea
rdede4ia
da s
ro ' r ono mo o,esse
deideologia:nem Mar'x,nem Engelsc'hegaram a aprofun-
f
' e
1
maba
tr bate
io,d
ll essa
no es
nfrq
eues
ntat
mae
snts
oed
diar
re âdonoobp
to rô
jetpri
o,eo co
sta ir
np
to
roddo
u. .. d
1 da
ar
so
idc
eo
on
loc
eii
g to
ase
n,
oa
sd
ee
sma ï
clit
oss,u
da
oo
sex
of
(Iis
st
euns
pemaadt
eo
orer
i
sa
as
lei
st
em
mà â.ti
es ca
Na
''
? çào apenasnosajudarâ a tornar osconceitosoperati vos parafernâliadeseusdesdobranaentos poréna,algunsnonzes
! esclareeendo de antenxào anatureza do terreno quepreten- (conzoosdeLukâcs,Gramscie Althusser)produzirana unl
11 demosexplorare a bztençào nzetodol6gica que o deverâ impactoeunzarepercussuot:oesnlagadores,quemesmoos
eonfornzar. pzus detratores passarana a falar a saa linguagenl e conA-
j batê-los no seu prôplo te=eno. Entregue! pou anto, ao
arbîtrio doscontinuadoresda ilerarwa m arxista a m atéria
pl Reolocandoalnvers:oideol6/ca se agigantou ea eonfusào seestabeleceu nlerguihando a
'' teoriadasideologiasnum aabslraçàosem salda.
'i Em primeiro lugar,a mais espilthosa tlas questx s'
. O primdro problema diz respeito à.interpretaçào da
i a f'
tfeofopkz.Pensando-a em termos motternox,ou seja, c'élebrecomparaçaodeM arxeEngelsqueserv.
edeepigrafe
' a partir da perspqctiva de etasse que Ihe deram M arx e aestetrabalho,ou maisprecisamente,aoesclarecimento da
;
Bngels tm .4 ideologia tzfevlf'
i a ideologia aparece,numa '
; naturezadessa''inversào''(lequesefalano citado treeho de
phnAeira aproxinlaçào m is rasteira,eonao e sistenaa das j
l A ideologia a/epvl:''Seenltodaidoologia oshonlensesuas
I' representaçöesdequesevalenlosbomensparasedarconta I relaçöesaparecenainverudoseonzoenaunzacawcruobs-
1 (lasrelaçöesmateriais(naturaisesociais)em que-eaclzam ! cura,essefenômenorespondeaum processohistôricode
II mergulhados:''M U hâ também asfermasjuHdicas,polî. I vida (...)''.Nessa ''inversào''.os herdeiros da tradkào
)
I
J ticas,z'
eligiosasyagtfslicas.glosôfscas,numapalavra,as
formasideolôgicas,nasquaisoshomenstomam consciência
.
j
ma rxistaleram''distowào''edai,porcontaprôpria.''falsi-
iicaçào'',''ocultamento''dascondköesreaisdeexistência.
I
j dosconflitose ogconduzem a um fim ,e(Mar.
t& Engels 'r ntoa concepçào primitivade Lukâcs,que via na ideolo-
a
I
j 1961,p.9).Ocorre,porém ,queessas*'form asideolôgieas'' gia um a ''falsa consciência''' quante a aeepçâ. o m ais
. naosâomerossistenzasderepresentacàoea sparentes:sâo spfisticadaaeA1thusser,pazaquenaaideeloyasezefereàs
fornzasdeexercîcio daluta de
- classes'
,
sofrenz-
apressào ;as ''relaçöes inzaginârias''(portanto fictfcias e, de aualauer
forçasdonzinantese aresjstênciadosophnafdos:nunla ' nlaneira,n,entirosas)queoshonaensmanténaeJm s
-uas
! palavra,estào suieitasà tensuo dasforca's conœa'
ditôdas condiqôes de existência,impiiea senapre a reuaczo do
que
'
se uigladiana
- na arena sociu . Nu'
nza sociedade ue l conceito de ideologia a unza expressio n,arxista'para
:
I

I
14 ARLINDO MACHADO A ILUI>XO ISSPUCIJEAP IS

i ''erro'' M as,se eontinua'rm os a leitura do trecho


.
acim a passam os à. dom inaçào abstrata da Ideologia. M as se
, referido verem osqueM arxeEngelscotnpletam assim sua concordarm osquc ossistem as de representaçào de que se
ii
' ' comparaçào:''...comoainversàodosobjetosaoprojetar-se valem oshomensestào vinculades de alguma forma às
sobre aretinarespondeao seu processo devida diretamente ' contlkèes m ateriais que os preduzem , entào terem os de
fisico''(M arx& Engels1958,p.26).Ora,ninguém poderâ concluir que hâ' tantas idcologias quantas sào as forças
sustentar que,por inverter as imagens na retina o olho efetivas que se defrontam na vida social. Assim consi-
I i'falsifica''o m undo visivel.A teoria da Gestaltaté pederia derando as ideologias (lato . ser!.
çtI),elas nào têm por que
1
'
I demonstrar, eomo o tem feito,que e olho ''vê''inclusive aparecer como algo necessariamente pejorativo, de que
'
1I
' imagensquenào existem concretamente no mundo fisico e fogem osiluminadoscomoodiaboda eruz.E 'nesteeaso.a
II.
I ''ignora''outrasqueestào àsua frente,m asnem porisso se
. 'idistew ào''ou a ''inversito''que elasoperam nào ipplica)
.I
!I podeconcluirque o que o olho vê 1 ,,certo,,ou ,,errado,, em to(us as circunstâncias, ulna ''falsificaçiko'' ou um
.1 'iverdadeiro''ou :Kfalso'''e1e apenastem a sua m aneira de :ïoeuham cnto''dasrelaçöesefetivasdo m undo m assim a
li
ë vereessaLasua fmicatêcnicaoperativa' Assim como nào marca(ouseja,opontodevista' aperspectiva'aestratégia
:
'i sepodeexigirqueoolho sejao que nào é: assim também operativa) da elasse social que as forjou. Endossando
I nàosepodeentenderomundosem invertê-lo ()queMalxe JacquesRaneiêre ''éprecisopensarastdeologiascemo
1!
1 Engelsquerenadizerconaanletâforadaninversào''équeos sistenAas de representaçào de interesses de classe e de
71 sistenlas de representaçào agrupados sob o nome geral de exercicio da luta de classes.O fim das ideologias deixarâ
I
:
' ''ideologias'' nào sâ() sim ples 'xespelhos'' para reîletir o assim deseapresentarcom oum conceito escatolôgico para
' n4undo de fornaa innçdiata:ao representar. ao construir se colocar nosnnesnnosternlos que a extinçào do Estado
sistem as para operacionalizar o mundo ao articular as ' istoé em hmçliodo fim daluta declasses''(Ranci?re 1971
relaçöes em que se acha mergulhado o homem neces- p.41).
sad anxente tiinverte'' isto é interfere interpreta e altera o Na verdade se existe unna diferença radicalentre a
I objeio representado porque a açâo do sujeito é senlpre ideologia donxinanteeisso quepoderianaos denolninaras
. produtiva e nào pode serreduzida à atitude do espectador ideologiaslibertâriasou revolucienâriasdasclassesoprinai.
:
. passivo.se a auvidade representativa -- a atividade ideo- das ela esté no fato da prim eira ocultar o seu uarâter de
1 lôgkca -- é ''inversora'' os cdtérios dessa inversào estào classe fazendo.sepassar porum a abstrata universaliâade
! dadospelaestratêgiaoperativa decadagrupo,ganguç,clà enquanto a segunda explicita esse carâter desnuda o seu
''
casta,raça ou,na sociedade de classes,porcada um a das acento ideolôgieo e m anifesta aquilo que 6'
.um ponto de
elassesqueseenfrentam naarenasoeial vistaopostoeirreconeiliâvelcolno daclassedom inante.D e
j As ideologias nào podena ser tom adas com o outra fatoFpara que a ideologia donainante possa aparecerconAo
coisaqueessaselitlariedadedossistemasdereprcrcntaçào dominante,ouseja,paraqueelaseimponhacomoosistema
i
. ao grupo social que os forjou numa condkào dada. de representaçào detoda asoeiedadeenào de uma classe
Entretanto com o a m aior parte das vezes em que M arx em particular e1a nào potle se m ostrar com o ideologia,
'
recorre aesseconceito eleestâtrabalhando porforçado Aquelesqueforjanla ideologia donlînante se dizem e se
11
.
' eontexto'con:unlaexpressâoparticularda ideologia -- a julga
(x
nzforade,l
a'
,
.ainzprensasedLz''objetdiv
.
a''' areligiàose
da classe burguesa -- grande parte dos intérpretes do diz universal o sistem a politico se diz denlocrâtico,. a
1
. marxismosederaln aliberdadedetomaroparticularpelo institukàojurîdicase d,iz
xx ,
<:igualitâ
'ria''e a produçào inte.
'I geral de form aque fizeram com que a lunçào t '
la ideologia lectualsediz cientifiea .M arx eEngelsobservaram quea
i
. da classe dom inante designasse aIdeologia,tom ada entào burguesiasem pretransform aem leiseternasda natureza e
' no seu sentido burguês absolutizado e universalizado. ï da razào o que nào sào senào assuasprôprias reiaçöes de
I Assim da drminaçà. o histôrica econcreta deuma ideologia produçà.o e depropriedade' .a essa prâtica universalizante.
I
i
: lô ARLINDO MACHADO A ILgsào ESPECULAR 17
I
I elesderanl o nonae de 'xideiizaçào da ideologia''(51arx & ideologia com t'distorçào'',de lornla que seus prhneiros
.1lr. I
:1
1
. I Engels 1958,p.3311.Poressa razào,quando a burguesia textoslevam a vantagem de apresentaressa matriz em sua
.l. atribuià.bandeiradai'objetividade''da intenrençàe social pureza cristali
na. M as aereditar que a teoria ou a ciência
dosmeiog'de expressào um carâter democrâtico,que se estejam Iivresdaideologianàoéapenasumademonstraçào
' corktraporia k utitizaçào dirigtda e engugé dosseus adver. (jeingenuîdade, fadlmeritevontestaGainclusWepeloçden-
o rjospolîticos o que e1a quer,na verdade,é impedir que tistas masrepresenta tamblm um golpe contra o prôprio
seja explicitado nospr6priosnleioso carâterdeelasse de marxisnaor que janaais se reconheceu conlo produtor de
1 sua intervençào,de mouo que o seu acento ideolôgico nào conj,ecimento inocente, m as como ciência critica e arma
i
l se'ia revelado, nem sejacomprometido o seu efeitouniver- revolucionâriadeumaclasse.
'
.
i salizante. osmetosqtveeadagrtvpo sodatetegeparwexprimiras
' D eondevem entào o preconceito de qlzea ideologiaL Ia
p re çcesem queestâmergulhado sào,como essasprôprias
l. parente prôxilrm da m istificaçào,do engolo e da falsifi- R l< öes,(jerivaçlesdalzistôriaJessegrupo. f:porisso que,
I caçào
''dasrelaçôessociais?Que moralé essa quenosensina na sociedade de classes, a ideologia torna-se necessaria-
I qBe estarna ideologia''é algo tào abominâvelconao estar naenteunaa das expressöes da luta de classese, eonao tal,
'
'
so pecado? No fundo de ti assediva: brilha senlpre o nuo N ue sev reduztda wo duutsmo nlorat tipo ''eede/
'
;
I
i idealismo do projeto teleolôgieo de Lukâcs,onde o prele- erradoe', Jtverdadeire/falso'', t*bom/nlau'':ela L contin.
tariado aparececomo o sujeito que realiza o objetivo da gencia (ja nossa hist6ria e fora dela é impossivelenten.
Histôria e, portanto. com o o portador autorizado da derm osa nôsm esm os. Peressa razào,a defesa ingênua da
I verdade.Porscr,noentenderde Lukâcs,a primeira classe Teoriaou daCiência suponde estarem elassempre do lado
amadurecida para a hegem onia (Ia sociedade,o proleta- ' (jarevoluçào peta &ua puraerâmptescientificidade, apenas
riado perm ite que, pela prim eira vez, o eonhecimento eseonde o ralw o erudito de um certe discurso '*m arxista''
''
genuino''(absoluto'
?)se tornepossfvel,enquanto abttr- universitârio, quenohm donàovisaeutracoisaqueapura
iI guesia,barradana''pré-histtda''dasformaçDessociais,sô Preservaçp)dainsti tukàoacadêmicaburguesa. Raneière,
pode ter com o sistem as de represerltaçào ''ideolegias'' num livreto superlativam ente esclarecedor, persepziu, a
I neccssariam ente enganosas e m istificadoras.Talhorror à. prop(jsit() (je A lthussers as verdadeiras m otivaç- s desse
. Meologia nào demorou muito a converter-se num namoro rigoroso m arxismo erudite que perdeu as calças na insur.
'!
I interesseiro para com a Teoria ou o ''saber ciendfico'''de Oi%ào popular de maio de 1968 na França. Quatldo os
form a que o aprofundamento da dicotom ia lukacsiana estutuntes se punham a questionara institukào universi-
conduziu à.contraposkàoentre''Ideologia''(conhecimento târia' o estatuto do sabcracadêmico,o afunilamento da
I reificado)e t'
Cipncia''(representaçào objetiva).Ouçames pirâm ide escolar, Althusser interdnha na questào Para
Althusser:d'f;preciso estar fora da ideologia,isto é, no djzerqueelesestavam equivocados, queauniversidade era
'
. conhecim ento cientifico,pa.
ra poder dizer:estou na ideo- necessâri
a para o desenvolvim ento de fow as produtivas,
logia (case excepcional) ou (caso geral): estava na ideo- . que o papeldosrevoluck onâriosdeveria sera imposkào de
logia''(Althusser1974,p.101).Em outrocontexto:$'Nà. oé: exigências de rigor e cientifkidade ao ensino (Rancière
I poracaso que um governo burguês reaeionârio ou tecno. 1971 pp, 19.27).y'icar S'fora''da ideologia era entào lzm a
crâtico prefere os semi.saberes e que, pelo eontrârio, a '
artim anha engenhosa para perm anecer fora da luta de
causa revolucionâria estâ em tedas as ocasiöes indissolu. cjassesrea1, isto é, para pactuarem ûltim a instância com a
velmente ligada ao conhecimento, isto é, à. Ciência'' (jominaçàodeclasse.
(Althusser1964.p.94).2 certo que,em obrasposteriores, Incapazes de resolver a quest:o da ideologia nes
Althusseratenuou bastante seus desvarios idealistasa mas s termos m arxistas da luta de classes, os ideôlogos' da
jamaisrentmeiou à.matliz teôrica que manda identilicar zeologiapreferem atacâ.la em termesdeestratégiapara-
1i1 zutl-ilstlno M ACHADO A Il-usào ESPECIJI-AR 19
militar. Para que uma classe emergente conquiste a
h real.. (M an & Engels 1958, p. 26). Nesse seutido, a
' .'' egemonia sociai- raciocinam eles-- da precisa conso. âruologia é menosum contmilio abstrato objetivado num
i
111
'$1
. lidarasformasdeexerciciodesua dominaçàodeclasse. O Ct'rpo de idéias do quc um certo modo de arranjar,
governoesua m âquina adm inistratiya,asleis,tastribunais! orgallizar eom binar e fazerfuncionar homens,objetose
a pelîcia,o exército,asprisêh
essào aparelhoscriados para suaisno mundo.
garantîressahegem onia,maselesfuncionam eom base u.a 1!ver(jatje que esse problema nào passou desperce.
pura e simples repressào direta e cemo ïal se tornariam bzoaAlthusser:o indivîftvvoque''est:naideologh ''- diz
ineficazes a longo prazo, se rlào estivessem associados a eje - m anifesta essacircunstância num aparelho ou numa
' outras form as de regulagem socialm ais sutis.Esse outro prâtka;seele crêem Delts, vaià.m issa,reza,confessa-se'
aparelho dissimulado, que nào tem lekà. o de instrtlmento eum pre os mandamentose paga dizim os. Claro que aqui
tle dominaçào e nào se bastia Spvedominantemente) na Althusserestâfalando d()rktualpratkado poralguém que
. Niolênei: ffsica, seria o aparelho ideol6gîco do Estado, ..estj
i na ideologia'' m as nào ainda da natureza da
,
i que funciena pela ''ideelogia''ao invés de pela repressào: ideojogia. O grandeproblem adaconceituaçào deAlthusser
ta1é o caso da religiào.da escola,da familia,do sistema ( que e1e confunde ideologia com o txaparelho''onde ela
. polïtico.do ctàdigom oral,dacultura,etc.fAlthusser 1974, ocorree usaos doislermoscomo se fossem sinônimos. Ele
1 pp.41.52).M as dentro de talconcepçào, a ideologia se est:
îcertoquarjdopercebea necessidade de urna existência
I reduz àexpressào daditaduradeum aclassee nesseeaso ela
. m aterialpara aideologia,m asnào consegue resolvê-la nem
1 tende a se confundir perigesam ente com o conceito de em tzrm tw pra tcos, nem etrt terrtzos tedrkosp pois o
poaer, pois é: pensada exclusivamente em termos de <.ap;trelho''nàoéamatenalidadedecadaideologia:éapenas
dominaçào e saturaçào do todo social por uma classe ' aeasaquee1ahabita conjuntamentecom outraseom quem
hegemêmica.O minimo que se pode dizer deuma concep. etmvive dialeticament,e.Incapazderesolvero problema da
' çao dessas 4 que da é;estaiea e terkde a iguorar a tuta de t
m ae ri
alzade tlakdeologia, Altùusserpedeaosseusacflliîos
c
klasses:a ideologia L vista como um sistema fechado e que aceitem c,postulado sem di scussào:<tflclaro que,
. m permeâvel, nào pode ser rom pida nem transform ada, apresentadasob aform a deunla afirm açào,essatese làoé
nao mostra contradktks internas, nào se deixa perfurar uemonstrada Apenaspedimosque lhe seja concedido em
.
pela luta ideollbgica, isto ê, Pelo Ctmflito de ideologkas nome do materialismo, um preconceite favorivel.D esen-
antagônicasnointeriordecada Z'aparelho''. volvimentos muilo longos seriam necessârios para a sua
O utyaqueslRo:seaideologiaLam fato,see1atem um (jemonstraçào''(Althusser1974,p.841.Ora.m as o que se
papela desem penhartanto na reproduçào das relaçises de trata de demonstrar estâ exatam ente ai'
. e que L c oncre.
' produçâo quanto na sua superaçào,ela preeisa ter uma tamente isso a que denominamos i'ideologia''? Althusser
.
:
. expressào material' , do centrâ
'rio ela seria um fantasma. term inaporondedeveria tercomeçado:se ele nào é capaz
' M aso,crïticosdaideologiarlàopuderam atêaquiimaginar
.
(le (
jescobrira materialidade de seu objeto de exame, de
para ela outro medo de existzncia que o puram ente ideal'. . on(jt,tira e1eeyitNo asua mirabolanttTeoria Ga Ideologia?
ideelogias- imaginam eles- sào ''idéias'' ''concepçöes
de mundo'' ''form asde consciência'' 'dsistem asde pensa-
mento'' ''sensocom um'' ''relaçles imaginârias'',etc.Em Recolocando aquestào dosigno
qualquerdashipôteses,a iâeokogia L vksta como expressào
I do mundo dasidéiasenào como expressào de relaçöes J/tem finsdadicadade1920,b'.N.Volochinov,jovern
soeiaiseoncretizadasem instituk:ese prâtieasmateriais. m arxistaligadoaochamado''CîrculodeBakhti n'', defen.
Todavia,''a eonsciência nunea pode seroutra coisa que o ' dkaem seu volum eM
serconseiezyte e o serdoshem ensL o seu processo de vida
arxismo eFilosolia da Linguagem que
a realitu tje m aterialda ideologia sào osséknos,entidades
ctl ARuxoo uacuwoo -
. Isusxo uspscusw. .?l

elementares que consutuem toaos os sistemas ae repre. delesérechaçadaou uevolviaa parao m esmo meio . ouue
,..' sentaçào.constataçzo absou tamente simplese at. mesmo vieram toar),enquano aoutraparteatravessao outromeio
2III
;
k i ôbvia se toda a tradkào idealista de nossa cultura nào tovidro).Nosegunuocaso,comoi)âdiferençauadensidade
'
I uvessér
eka
teima doe
''consem sita,
iênci ua'r a.ideolognà
, quanuo iaono
cmt
errreegino deau
öes ma
inda dofs
di eremees
ntiosà (
iarilte
nf raçv
idro
ào )le
da ,p
uz, or
oe tarnet
or oruma
râ perme
altabail
er idoadna
çà es
.1. quim
,I m aisnebulosas.M ascom o defendjam M arx e Engvls, até vejociljade da onda Iuminosa, que farâ com que se
mesmo a censciêneia mai, ''nura''ou e esr4rito mais modifique a dirw ào tlo feixe. Ao primeiro fenôrneno
-
! transcendental ''jâ nascem c-ondenados à maltxcào ue
.
(devoluçào dos raios)a fisica clà o nome de reftexo e ao
estarem im pregnadosdem au zia-queaouisem anife'
stasob Segundo (absorçàoedesvio 4osraios)repaçao.o espvlt,o
.
' aformadecasulostlearem movimentJ desons em uma nosdftomelhorexemplo dereflexo;quanto à.refraçào
palayra sob a form a delinguagem''(M arx & Engels 1958 PtMl
fêKosPefcebo-la quando teatamosagarrarpeixlnhosua
' p. 30). Por essa razào - completa volochjaov - se âguaedescobrîm osqueissonàoé possfvel,poruueosx ixi-
II plivarmosa''consciência-'(Ieseueonteédosemjôtico(sua nhosnàoestàoontleosvemos;ainformaçâolJminos-
aaue
'I
'
it iàosignica) desses''casulos''dear(ou desous'ou delesreeebemosestâ moditicada pelopereurso çlaluze
'm
const u ç ' ,
de luz), nâo restarâ mais que um sim ples ato fisiolôgico (foîsmeîoscliferentes.'rouesosm ateriaisdotauos(lesuper-
'
'
desprovz o (Iequaluuersentz o. Asideoloeias,no ententler ficielisa,sejam elesovidro,o cristalou aâgua,refletem da
'
tlevoloehinov nàJpodem serencarauas'-comoalgo dife. mesmaformaosraiosluminosos;porém eacu materialtem
'
'
renteaessarealidaaematerialquelhesd.
.
icorpo,ouseja,os uma densualv diferente e portanto determinar, uma
I
. s
rign
el oss.
açsecri
'adospfe
'Touo losgrupo
enômeno sso
ugni
eocia
ei
sidenol
oôgi
cucrosot,r
u sede
dado as r
sefra
ina çuo
is dep
a rticde
luz ular dmosame
for smo
dive sr
rsa aios
do .urao,.
vi ,
î.
gpor
uareefratao
xempl s
o.
l um a form a m aterial.
.
como som,como massa fisica,como Resulta daique o fenôm eno (la refraçt ïo nos impede de
cor,comomovimento corporal,etc.xessesentîdo areau. obteruma reproluçâo ''fia',dossinaisluminoses,j.ique
II cutleaosignot.totalmenteobjetivaeuniuria.o sig,nobum eje os ,.(jeforma',ou os ..transfigura'' de acordo eom a
': fenômeno do muudo exterior. (...) xo entanto.por m ais natureza co m qterialcristalino interposto em seu percurso,
paradoxalqueîsse possa pareeer,o estudo uasueologias f!justamenteessecaraer,.transfigurador',(Iossignosque
atôo presente ainda n:o urou uaîtodas as conseqaências volochinov tem em mente ao aproprïar-se da expresszo
necessârias''(volochioov1930 p.1s). ôpucarc/rafwo.
.valelembrar,além disso,queo termo russo
o signo existe grosso,moao para remeter para usado pejo autor(praomitjt,normalmente utilizauo na
algumacoisa foradelemesmo ouseja para ''represenfar'' Conversaçà.
o cotidiana com o sentido secundârio (le ''dar
' algo que nào é ele poprio;daia dqfinkà. o dâssica de umanovainterpretaçào'',''atribuirum outro significado''.
.
skno:aquilo queestâno lugarde alguma coisa.M as na Eis porque refratar.na acepçà.o de volochinov,significa
acepçàodevolochinov essa''representaçào''uascoisxsse operarumarr,od/ z/i
kcçt
'
fonosfenômenos.
dâ dc form a clupla e contradftiria;os signos,ao m esm o M aspor que o signo ,nocv irn? sxatam ente poa
w ue
1 tempo,repetem erepatam arealitlauevisadapelarepre- elenàoéumaentidadeautônoma,que''apontapara'',ou
sentaçâo.osverbosreneu'rerep atar.tomadosuaôptica ''representa''osfenômenosdo mundocom inocência sem
signifieam igualmeote modi'
ticar (do latim ret'
rinvere.
/ quaisquermediaçcyes.ossignossào m aterialiuadesviabili.
quebrar)umaondade1uzpofmeio(u interposkà- od;uma 'adasporinstrumentoseeuunaadasporsujeitos.ssses
I superfieiecristalinaou gquida.Quandoosraios(le)uz
atravessana a superficie ue separaçuo de dois nzeios dife.
instrumentos.essessujeitos,juntamente com ossinais
n'ateriaisqueetesconstroem seinterpöem na produçào ue
rentes(digam os,porexemplo queelesevoluam do arpara < Si#nos,ilomoelementosderefraçàoda realidade elementos
o vidro),ferm anuo com rla um ângulo obuquo,uma parte que interpretam , reformulam , trazismutam os sentidos
22 A RLINDO M ACHAD O A II-USXO ESPECLILAR 23
segundo a especifieidade de sua realidade m aterial sua volocllinov a um mesmo e flnico fenonleno. Porque tem
11g
. j histôria e seu lugar na hierarquia social.Por essa razào' 11naa expressào m aterialt porque ê produzido no bojo da
i
1l ' M edvedev (do mesmo cîrculo intelectuala que pertenda efervescência politicareal, oslkno Veol6gico resulla dtlum
Volochinov) delendia que os sentidos dependenl basiea. consenso entre individuo: socizmente organizados,razào
naente de dois fatorer'os traços partieulares do nlaterial Pela qual as suas form as de nnanifestaçào decorrenA das
ideolôgico organizado como material significante e as condköesdessaorganizaçào.Em cada etapa do desenvol-
form asdeintercâmbiosocialem queeada sentido serealiza vim ento social, determinados ''sinais''particulares se tor.
(Medvedev1978 p.9).Censeqûentemente osiglzojâvem nam valolizados pelo corpo Social que os preenche de
m arcado pela natureza de dasse do grupo qtle o produz'
. sentidos explîcitos e im plicitos e deles se vale nas trocas
I
. I num a organizaçào hierarquizada econflitante,a produçào sim bdlicascotidianas. Assim L que e ouro,per exem plo,
I l
l
socialdesignoscondensanecessidades.interesseseestra-
tûkiasdeinten enqàotleeadaeslrato social.
mercadoriaproduzidazlasmesmascondköesqueasde-
mnlq torna-se valorizado num cel'te estâgko do (tesenvotvi-
j! Considerarum sistenla designoscom o unlaestrutura m onto enx razào da necessidade de unn padrRo de equi.
I! estâvel e independente dos elementos que o produzem '
v'
''
a'ênc!
l '
i
a no mercado bargulsepassa asero signo (moeda)
constituiuma abstraçào cientilica. Por essa razào criti. (jo valor de troca. Todo signo ideolôgico estl
tmarcado por
'
.
'
cando saussure e suas dieotomias abstratas! Volochinov esse zthorizonte social''(Volochinov) de um a época e de
1
'
considera limitado elaborar um modelo lingûistieo que umaclasse,razàoporqae''nàx7podeelltrarnodominioda
Ii
'1
cubra todosos fatos da lingua,pois esse m odelo abstrato ideologia, tom ar forma e aideitarraizes senào aquilo que
' j ocultao lato dequea linguaépraticadaporpessoasnoseie adquiriu una valor soeial''(Volocbinov 1930, p. 26). Se
I
1 de unAa sociedade atravessada por conflitos e revîravottas. subtraûuo àstensöesdwluta poetwl,Seposto ànlar%fnlda
51algrado as classessociaisantagônicas pareçann se seni
.
r luta de classes o signo deixa de ser o nneio vivo POronde
: de uma sô e mesm a iingua,elaso fazem eonfrontando.se Passam as trocassimb6licasda sociedade! para degenerar
1
. eom fndicesdevaloreontraditôrios:ascamadassuperiores em alegoria e tornarse objeto tle estudo dos filôlogos.
.

.
. !
i têm o seu pr6prio linguajar,suas regras particulares de No entanto, se ern deternlinadas circunstâncias os
1 !
1 concordância e regência e um vocabulârio que lhes é sistemasdesignosse fazem passarper entidades autô.
i peculiar;jâ as classes sullalternas consideram pedante o rlomas, de carâterperenee universal.isso ocorre porque é
j sistema de express-s das primeiras e resistem a se funçào da ideologia dominante tornar monolîtico o seu
1! subm eterà.tentativa de universalizaçào da tilingua''domi- atentor A ideologia dominante uào 1 apenas conservadora
nante.Dialetos'sotaques'jargöes e girias sào m arcas de em (jecorrência da necessidade de sua perpetuaçào;o seu
I i classe que atestam que tam bém no signo lingïiîstico o enraizam ento nas form as das coisas e dos seres L tào
antagonism o social se m gnifesta. m algrado a burguesia profundo que ela tende a se censenrar m esm o depois de
!
1 erudita tente uniform izar os m ûltiplos falares com o ultrapassada a situaçào qlle 1he dett origem . Quando
cabresto da gram âtica norm ativa. Daf a assertiva de sarthes diz que a lingua é Sifascista'', ''
Porque o fascismo
Volochinov:K'O que tleterm ina a refraçào do ser no signo à
n ,o é impedir de dizer.é obrigara dizer''(Barthes 1980,
ideolôgice é o confrontode interessessociaiscontraditôrios P. 14). e1eestâ serefvrizjdo aessa petrificaçào daestratégia
noslimitesdeumamesmacomunidadesignica,eu seja,a Jom inante no signo. Em bora nào se cotoquede um ponto
iutadeclasses*'(Volochinov1930,p.27). (je vista m arxista, Barthes cencebe a lingua com e um a
I O leitorjâterépercebidoquedoisdostermosquenos jeyslaçào quenosobrigaadizercoisascom asquaisl4em
I propusemosesclarecernaaberturadestaintroduçàoten. sempreconcordariamossetivéssemosdominie(Ioprocesso.
deram ase encoutrarea se superpor:l'
deologiasesistemas 0 francês, por exem pjo, nos obriga sempre a eseolher
designospareeem sereferir,aparxirdoenfoque quelhesdft entre o m asculino e o fem inino,'ïproîbe- m e de.concebero
' 24 ARLINDO Mxclu lao à ILUSXO ESPECULAR 25

.
7 Complexo ou o neutro'' estabelece a diàaduza de uma Reo lfeandoa im agem figurativa
I, hierarquiasocial,aoimporotratamento pelospronomestu
'
ii
j
i '
jh
k
i (parasereferiraoswbordinados)evous(parasereferiraos Até atlui, tratamos predominantemente (jo siguo
superiores) ''o suspense afetivo ou socialme é recusado'. Verbale poderia parecer que isso autorizasse suporque a
(Barthes1980 p.l3) poderfamosmultiplicarosexemplos Palas'ra Seja o signo ideolôgico privilegiado (usmodernas
j sugeridos por' Barthe's ao infinito. Em russo o verbo Ctm diçDesdeprotiuçào.Naflam aisinexato.velocitinov tal
cqsar'se é dito de duas form as diferentes' o homem usa COD1O Barfies e grande parte dos naodernos senlioucistas
I
jenltsia (derivado de jgnlzesposa) que signifiea ''desno- i1âOPuderam desvencilhar.seinteiramente dospadröescul-
sar'';a mulher diz vikhocutzamujtzt z = atrâstje;muit'm ttlrais de sua (poca e caîram tam bém nas mathas da
!i marido)quequerdizerItviratrâsdomarido'' subJrdi- idecogiadominanteaopriviiegiarsem muitosensocritico
1
''
nar-seaohomem,Me smodepoisdqsuperadas,oupelo
s relaçrxs sociais que determinaram a
o signoverbalcomo''fenômen.ideolt
v ceperexceeneia''
tvblochinov1930,p.18).Essaconcepçào estâbaseada num
m enos ateuuatlas, a.
subm issào da mulher ao homem a lfngua as continua Po ceito muito familiarentre os formalistas russes como
Pelw tuando em seu corpo sim btslice; e n&o hâ outra fdrflbêm na Psieanélistlmoderna de que a palayra,porser
I maneira defalarquenàoseja a dada pela lusttvia social. Produzida pelos prôpriosmeios do organismo individualF
I Enâporiptês pode.se recordar as m etamorsoses senaân- Senn ntnhunx recurso a unla aparelhagenl extracorporal
I ,ica dom inartte imprtmîu a ferm os como
tit.as que a *pt fundona como um a espécie de ''tliscurso iuterior'' tor,
-
'tindfgena'' '' rimitivo'' ''anarquia'' 'ïradical', d'negro'e nantlo-se,per essa razào o meio que pqrpassa todos os
, p , ,
i
l
.
ettl., a pon te de que m esmo pes' soas esclar 'ecidas as' Si9tem asde sigaos e que pode preencher qualquerfunçào
1' ,
empregam cotiftianamgnte- esem sedarem coata - no idefo gica.t'Na verdade,a conseiência s6 pode se desen.
l
.
s
ne
au
çtido
ào que
.Hâ l
ai
nhda
esfoo
i
voa
ct
ri
a buli
bu âd
ro
iop
vo
arumsia
sds est
mo dr
astéig
a ia
ni die
ûr asd
eo
m
doi
-
s Ol
COrv
pe
rse
O. f
(.
.o.)rdEs
ot
saedaPaci
e
peu
lmmca
ex eter
pcii
oa
lfl
nale
xdf
v
ee
l,
nv
i se
ti
cu
nzlâv
me el
ntop
elo
da
1 palavröes,noqualseexprimem asmormasdornia
-antesnum Ctmseiênciafazcom queapalavraacompanhecomoingre.
I certo periodo com relaçàoa tem associalmente renrimianq diente necessârio toda e qualquer criaçào ideolôgica''
' comoodesejo,osexo, a marginalituueradical.sf r esm-
--'
(Volochinev 1930,p.19).Assim ,partindo de um apremissa
o ax
re:rasdesintaxe aparentementem aisresistentesàsvicts- si- jâbastantediseutivel adequeoprocesso decompreensào
tudes da vifja social tendem elastambém a petrificar --
.
C
V tOflOS es fenômenos ideol6gicos (visuais, auditïvos,
eomo a antropologia contemporânea vem tentando de. Sensoriais etcq)nàopoueocorrersem o recursoà.linguagem
nnonstrar -- o sistenaa das trocas conlbinaçöes e paren- VcvbA1interiorizada no ùldividuo Volochinov tira apressa-
tescosquerege o funcionam ento da comunidaue como um damente a conclusâo de que toclos os sigcog nâo-verbais
todo.66A dialética interna do signo - alirm a volochiaov banham 'se ne diseurso verbale nào t1m existência autô-
- s6 serevela em definitivo nas épocas de crises sociaisgh Flomatm relaçàoa este.
de rupturas revoludonérias. Nas conlu öes habituais d- M aSCoIn baseeln queevidênciasseptlde afirmarque
c a O disi
m rso interior é com pesto apenas de palavras? Acaso
vida social essa cotttradkào oculta em 'cada signo idqo -

lôgico nào pode ser descerrada porque na ideologia dom i. nà'


O interiorizamostambém junto com a.
s palavras todo
nante> tabelecidao sîgno 6sempreum pouco reacionârio e LIJD POMPIJXD tv im agens Sons m ovimentos fornlas geo-
procura con,o que estabghar o nzomento precedente do n'êtdcas,sentinaentos cheiros puadares sensualisnlo? o
lluxodialético daformaçào wcialevalorizaraverdadede Poblema.*Outro:Ocorrequeapalavraéoftnicoskno que
ontem como sendo a verdadcde hoje''(yw ocllinov 19.
% Pode 5erexterivrizado por qualquerindivîduo que tenha
p.27). ' pulmDtse cordasvocais jâ que a produçà. o dos demais
sistenlas de signos pressupöe a propriedade pdvada dos
I
I
2* ARLIND O M ACHAD O
4
%.II.
U 540 ESPECLLAR 27
I meios de produçào (as tintas o pineel o instrumento impossiveldoproblema daanalogia A perspectivaçentrale
.
1
. musical a cânaera fotogrâfica osaparelhos de gravaçâo e unilocular inventada no Renascim ento introduziu nos sis.
1
.'t
I toda a dem aisparafernâlia mecânico/eletrônica da ideolo- tom tts pkt/rkott odttetltai: a estratlgix
a de klm deilo del
giaindugtfializada)eaaquiskào lem sempredemecrâtiea Kxrealidade''efe7trm qtleOsSeusttrtifices mobilizassçm
' de know'/'t)w para operar instrum entos e cddiges. Em todos os recursos disponiveisPara Prtlduzir tlm Ctldigt)de
decorrênciadisso ()illdividuoCom tlm jdesarmado de mcios reprqsentaçào questlaproximasge Cada VeZ fllaisdo 'dl'Qlal''
de exteriorizaçào, tende a ser espectador passivo de visîvel, quefosseoseu analogon m aisperfeito e exato.N7k)
I ideologias alheiasFcendenado que estâ a viver apenas na setratava apenas- isso Lo maisimportante - debttscar
Ii
' sua privacidade interior a articulaçào dos signos nào-ver- recursespararepresentaro :'real''!nosentido de quetodoe
bais.Masnàoestarâjustamenteaj'nessesintersticiosque qualquer sistema de signos busca de algzlma forma se
escapam ao verbal,a luta ideolôgica principal? Nào é.por refvrira algo :xreal'':a estratégiaintrodtzzida Pela perspec-
essas breehas que a itieologia dom inante nos atknge com tivarenascentistavisavasuprim ir- t)upelom enosrepritnir
ji
l
ma ioreficâcia,pornàoestarmosaparelhadospararebatê.
la e enfrentâ -
ap p
rô ria representaçào, na medida em que esse
-l
a no m esm o nfvel? Nâo estâ ai o grande
I. analogon buscado deveria ter espessura e densidade sufi.
lI desafio quo osmodernosmeiosaudiovisuaisde informaçào cieyltesparasefazerpassarpeloprôprio'sreal''.
1
I noscolocamoao fazerproliterarcem umaseduçàe inu is- Na xerftaie mais que. qntzlogftz t3 que a îrtlevgem
r
; tivelabaladeaçicarda
.
indistliacultural? fkurath'a buscou esse tempo todo foi uma Itomologia
.
j
'
1
Osterniosrejleur(otrajat)erefratarùpre/omI/),de
que se vale Volochinov, eddentenaente sô podenn ser
a
D
bsoluta,aidentidadeperfeitaentreosignoeodesignado.
.2 e fato, a fotografia. no mom ento nlesIno enl que Se
utiizados enn lingiistica e nos sisten4as verbais enn geral .iza no daguerreôdpo,perpetuando o nno;ejorenas.
m ateriz
' nunlsentido nAetaf6dco,jâ quea lfngua nào seconaporta centistadecodificaçào dainformaçào visua1, desencadeou
segundo as leis da 6ptica. Mas na fotografia (e por um delirio de aperfekoamentos tecnoùtsgicosdestinadosa
extensào,rjocinema e demaismeiosfigurativos modernos) Produzir um a im pressào de â'realidade'' cada vez m ais
jânàoestamosmaisnoterrenodametâfora umavezquea impositiva'
. do daguerreôtipo passamos ao eal6tipo e à.
eàmerarehete(atravésdopseudo-espelhoqueLtapclicula) impressào diretano papelbranco;daemtllsào ortocromfk.
erefrata(atravésdasobjrtivas.quequebram ereorientam o tica (sensfvelapenas às radiaçöes (lo azul e do violeta)
1 sentidodainformaçâoium inosa)omundovisîvd no sentido Passamosttem t zlsào pancrom âtica(sensivela tode o espec-
I
i etim olôgico m ais prim ordial,com chqualquer corpo crista. trovisîvel):dapelicllla preto ebranca à.
sviragense depoisà.
. liuo.Porisrs e,aplicadas a esses md os, as kdéia.s dt Volo- representaçào em coresitricromial; da foto plana à erAe'
.
chinov nâo se resumem num esforço de enquadramento, reoseopiaeao holograma;dafoto lixa ao cinem ae,depois.
' mas eneontram o terreno de aplicabilidade m ais exato' . do cinem a mude ao cinema stmoro, do cinem a plano ao
'
. éaique.em flltim ainstância,assuasconcepçöesrevelam os cipem a em trêsdimensèes,da tela quadrada à.tela aberta
I seus lim ites e as suas aberturas m ais radicais. Essa é a om x:ckrkem aseope'', '.Xm ptavision'' e em 180 graus. 0
'
fissuraque,dentrodotexto deVolochinov, perfura decabo trabalho da técnica éimpordeform acresceflteum efeito de
. a rabo o exeeïsivoverbalism o desua abordagem . A atuali- t<K alidade''sobre ossinaisé'
ptkes imprimir.lhes a marca
dadedeSIIASidêiasPrecisaSerbuscadahojtParaalém dOS deum ahom ologiaCadaVezm aisabs 'olutaefetichistacom 0
limitesestreitosem quee1ePr6prioaeneerrou. objeto representado. Nesse Sentido, a fotografia e setls
Paraallm dOs limitesda palavra e de todo substrato desdobram entosteçnolôgieosParecem Visarum a m ateriali.
Vefba.
l,a im agem figurativa Vh'e um dram a que LSô seu e zaç:o daProléticafiarratiy'a deAdolfo Bioy Casaresem La
quetem alim entadoasuaexistlnciaPelom enosn()sliltimos invencitjn deM orel.endese fala deumam â 'quina(lapazde
CinCO SéCUIOS de histbria do Ocidente:a resoluçâo ïempre produzirim agenshumanag tàO absolutamente fiéis à sua
t
z8 ARLINDO MACHADO A IutisàtlESPPICULAR yn

:
'
1 matriz (capazes,inclusive'de se m over'falar e gozar dq' c6digo como sistema deregrasdearticulaçàofixaseform ajs
umaexisténciaindependente)queoshomensse tornam eles tendem , naprâtica,a serevelarestbreis,na m edidaem que
l'.;'.
.
1
.
) pr6pçiosdetme4xssâriose atémesmo irk cöm ottose de fox'm a
i 1I j sào t
. ransposkbes ingênuas do conceito traâiiional öe
j
'
I quejâpodem serelim nadosdocenâriodosvivos' .ouseja,o c(jdko liagûistico. Interessa.nosencarar,noslimitesdeste
analogon, de tào fiel, acaba resultando auttjnom o em
relaçào atlseu modelo.
traIbajjao
t
,ocôdigocomepersonificadordarefraçfjo. prjnci -

'
' pamen r,porque Ljustamente essa sua prepriedade pri-
!
l *<Oquesignifica''- perguntaUmbertojko- ttdizer
queo retrato da rainha Isabel11da Inglaterra,pintado por
Wkdv?'
BClIW * K1&wara doâsreatisrtto''visa apagarem
I
1
. (jefinitivo.Se é verdade que os critérios de ''imitaçào''do
j Annigoni,tem asmesmaspropriedadesdarainhalsabel?O mundovisivelpelos signesfigurativossào decorrência da
I bom senso responde:porquetem am esm aform a dosolhes, justôria do grupo socialqueos pratica e se é verdade qlze
do nariz, da boca,o m esm o colorido,o m esm o tom dos eada grupo representa o que vê e W o que representa a
cabelos,a mesma estrutura (...) M as o quc quer dizer.'a partir(!ecertospressupostosgnosiol6gicos que eonformam
mesma form a do nariz'? O nariz tem três dim ensöes, ao ()seu m o(jO particular de se im por na sociedade, entào o
passo que a im agem (lo nariz tem duas.Visto de perto,o exame (jetalhado do c6dtko da fotografia e de seus suce.
nariz tem poroseprotuberânciasminl isculasr demodo que du
1 asuasupe
rftdeuuo1;lisa,m asdosigual ,(Iiferontem eate do tkvneosdeverârevelar- esperamos- aestratégiaopera.
a da burgueska ascendente que o invenAov.lsso :,pelo
narizdo retrato.Finalm ente o nariz tem na sua base dois
I furos, asnarinas,aopassoque ,onarizdo retratotem na sua menos.o quenoscabedemonstrarapartirde agora.
I baseduagmanchasnegrasquen:operfuram atela''(Eco
i 1971, p. 1* ). Ora, se a im agem ( w e nos L fornecida
tanto pelg pintura figurativa quanto pela fotografia nào
resiste sequer à.m ais elem entar comparaçào com o seu
referente aquestàoideolôgicabâsicaquee1a zmscoloca éa
: seguinte:conlo podenznosparecer '
kuais as coisas que
representana signos pictôdcos que nào têna nenhum ele-
nlento m aterialenlcom unlconlessascoisas? Todo esforço
de elaboraçào de um a ilusào de verosshnBhança é una
trabihodecensuraideol6/caquevisa,enlûltinaainstân-
via reprimalr o v6digo que opera no SistenAa sinlbôlieo
ocultar o seu papelde produçào de sentidos. O que esse
efeito de'trealidade''Zmeja noraesnxo nxonlentoem que
sofistica o seu aparato técnico derepresentaçào,é esconder
otrabalho de inversào edemutaçâo operado pelo c6digo, o
que quer dizer;censurar aos olhos do receptor os m eca-
nismosideol6gicosdosquaisesseefeitoLfnztoe mâscara ao
m esm o tem po.
Tom amosaquia expressào c6fhko num sentido m ais
â#1e operativo do que o colocado ena c1culaç:o pelos
estruturalisnAosdeorigennsaussurîana:c:digo,para nôs é
oconjuntodetodososprecessosdereflext
ioerefraçâo que
constituem o sistem a sim bôlico;as dem ais concepçöes dc
$
A :I.U!;àO ESPFCULAR 31

' '
I M ISTICA DA HO M O LOG IA A UTO M ATICA projetar num vidro despolido situado em eima c.a eâ.
! I NRCVR.
I1
E
I'
;:
$ '
. k.. A histbria da artenosdâprovassuficientesdequea
! j camera obscura foi invoeada em diversas circunstâncias
E1I para viabilizar ''retratos''mecanicamente produzîdos.
Sabe-se por exem plo que Jan Verm eer utilizou esse apa.
' relhopara eonstruirsuaskh'
sta Je Lleqet(1658)eslenina
j com uma Xfzuff z (1665) pois algumas anomalias da
composkào. im penséveis numa 'treproduçào'' baseada
apenas no olho nu do pintor denunciam a intervençà.
o de
.
um nlediadorôptico.A coroa de 1uz e.anescente (bloom j
1 e1u volta dos aparelhos do barco no pHnaciro quadro e o
desfoque da cabeça de leào gravada nunAa cadeira no
I
1 segundo sào 1enônaenos gerados pyla refraçRo da.luz nas
.
1
I I
lentes eoloeadas na abertura da cânnera e nào poderiam
'
jamistersidoinlaginadospeloartista.Duranteobarrocoe
t. A invençào da fotogra:a nào pode ser confundida o roeoc6 a caverc obscura foi tam bém utilizada para
I co'
m adeseobertadasplacassensiveisà luzeporisso adata
. possibilitar vistas panorâm icas das cidades. Observatldo
(E
le1826(quandoNiepceregistraoufaw a imagem na chapa quadrosdeartistascomo Crespi,Guardi,Zuccarelli,Van.
1
I . fotogrâfica pela primeira vez)é;arbitrâria para designaro t vitellie os Canatetto,pode.se concluir que a perspeetiva
l
I nascimento do proeesso. A fixaçà. o fotoquîmii!a dos sinais . comprimidaeosprim eirosplanosexageradamente abertos
de iuz é apenas uma das técnicas eonstitutîvas da fotcs queaiseverificam sôpoderiam tersido produzidosporuma
grafia;a câmera fotogrâfica,porém,jâ estava inventada lentedefocalaberto(Coke1964,p.3).
i desdeo Renascimento quando proliferou sob aforma de .k.. Do ponto de vista ôptico jâ estava resolvido no
I aparelhos eonstruik
o ssob o princîpio da cam era obscura. Renascim entooproblem auafotografia;o que adescoberta
essa mesm acam era obscura que representava para M arx a daspropriedadesfotoquim ieasdossaisdeprata signifieou
metâforada ideologia.Taisaparelhoseram caixasnegras foisimplesmentc a substitukào da mediaçào humana (0
I
j inteiramente lacradas!'que deixavam vazarluzapenaspor pineeldo artista quefixaa imagem da eâ
nmera escura)pela
. um pequeno tarilicio. de fornla que os raios Ium inosos t
. m ediaçào quim iea do daguerreôtipo eu da pelicula gela-
Penetravam no seu interior fazendo projetar numa das 1
; tinosa.Essaorigem pietôlieadafotografiatalvezexplique,
I paredeso ''reflexo''invertidodosobjetosiluminados.Os ' entretanto porque os primeiros fotôgrafoseram quase
Pintores renascentistas utilizavanl com nluita frequência todospintores'a cânlera era ainda um naeeanismo ôptico
esses aparelhos pois eles parecianl favorecer unxa repro. conzplicado e s6 rendia inlagens nitidas e significativas se
j
.
'''do m undo visivel:afinal era a prôpria
duçEitlm ais :'fiel fosse m anobrada por um perito em representaçào visual;
''
realidade''externaquesefaziaprojetardeformainvertida éporissoaindaqueaproduçrtofotogrftlieaprimitivaseguiu
I na paredc oposta ao orifieio enquanto o papeldo artista . eom odam enteasdeterm inaçt
sesd()gosto pictflrieo reinante.
1 consistiaapenasem fixaressaimagem com pinceletinta. (. A invençào da fotografia representou portanto o
Alguns modelosmais aperfekoados chegaram mesmo a cruzamento deduasdeseobertasdistintasno tempo e no
prenunciar os modernes sistemas re/fex fazendo a espaço.Deum lado afotografiasebaseianofenômeno da
I imagem rebaterparaoalto. atravésdeum espelho colocado cam eraobscura,talcemofoientendido no Renascimento,e
a 45 graus do orifîcio de forma que o ''retlexo''sc fazia num côdigo de representaçào que completa e cerrige esse
I .,
'
I
i

' 32 ARLINDO MACHADO h ILUSXO ESPECULAR 33

,. I lenômeno!aperspectiva artiticialis'sistem atizada por Leo do sistem a ôptico da cam era obscura,esse ponte de vista
I.'.:'
i i ' Batista Albertiem seu Trattato della pfrl/lm (1443).Dis- menosprezaosprocessosderefraçnoquem odificam ainfor-
1 .
I
I semost xcompleta.,e<,corrige,.porqueaimagem projetada maçà. oluminosafixadanapelîculaesefazcegoao arbitrio
'
jI '' nointeriordacameraobscuraeradesfocadaepraticamente daeonvençào fotogrâfica.Sem dftvida,o raciociniomais
I sem definkào:faltavaum prindpioorganizador,um côdigo generalizado,opontodevistapredominantequeenvolvea
de base que tiarranjasse''a imagem de modo a tornâ-la fotografia como fenômene semiôtico é o dos 'irealistas''
2 inteligvel(segundoosparâmetrosdeintell kibilidadepredo. (tomamosaquia expressào 'srealista''ne sentido qtzelhe
'
i inantes na ôpoca) Essa funçRo de côdigo de base nào
. dào osteôricosda fotografia;nà()hl relaçào direta com a
demorou aserocupadapelaperspectiva artïicialis.Como eseola literâria de mesmo nome surgida na Europa no
.
toda perspectivaea artt jicialïà consistia num sistema de séeulo passado)e.nessesentido,valea pena seguira sua
l! projeçöes geemétricas destinadas a representar relaçöes evoluçào para trazer à.tona osseus suportes ideol6gicos.
ii tridimensionaisnoplanobidimensional,sô queelae faziaa .
r
) A visào t'realista''coineide,de certo modo,eom a
ij partirdo conceito(euclidiano)deespaço em vigorduranteo eon.cepçào ingênua e largamente aceita portodosde que a
II Renascimento.Tratarelposdessaperspectiva maisadiante. fotografia lorneceuma evidência:nào secoloca em dtîvida
II N
I o séeulo XVI, aparecem as objetivas inventadas por que ela l'reflete''alguma coisa que existe ou existiu fora
'
I D anieie Barbaro' que consistiam num sistem a de lentes dela e que nào se confundecom o seu c6digo particularde
I côncavas e convexas destinadasa refratar a informaçào operaç&o.Algunspovosditesâtprimitivos''acreditam quea
I lum inosa qttedeveriapenetrartiacam eraobsvura, demodo fotografia lhes rouba o espirito e resistem a ser foto-
aorientft-lanosentido tleproduzirautomaticamente uma #rafados,temendo que alguma parte de simesmos seja
construçào perspectiva Junte-se osaparelhosde produzir fixada no celulôide. Balzac defendia a seu tem po, que
retratos com base no fenômeno da cam era obseura, a todêos os corposfisicos estavam revestidos de um nlîmero
técnica daperspectiva Jrfzhk/al/.
çsistematizadaporAlberti infinito de capag fantasmâticas f)u aurftticas, de forma
'
e asobjetivas inventadas per Barbaro e jâ temos solu. qttecadavezquealguém oualgosedeixavafotografaruma
cionadosnosséculosXV e XVItodos os problem as6pticos de suas camadas espectrais era transferida para a pelf-
. que illtenrêm no processe fotogrâfico. Faltava apenas culaeafiguraresultava empobrecida (Nadar1981,p.128).
descobrir um meie de fixar o :<reflexo'' luminoso proje- Essepontodevistaproliferatambém entre nôs,em bora de
tadonaparede internadacam eraobscura A desceberta da um aform asublim ada quando recusam osanosdesfazerda
!I sensibilidade à.luz de alguns com postos de prata, no fotografiadeum apessoaam ada ou nesagarram osà.foto de
com eço do século X 1X veio solucionar esse problem a e um pareutem orto,guardam o.lacom m ilcuidados com o se
l representou osegundograndepasso decisivonainvençàoda fosseum aparte viva que delerestou em nossas m àos.N ào
fotografia. tem os todos nôs o Xlbum de Fam ilia que com pila as
'
%'' A ênfase nessa origem ôptica arcaica érnecessâria imagensquenos sào caras,eom o evidênciasincontestâveis
porqueelainlpöe critériosde interpretaçào bastante distin- deum arealidade queexistiu e queperm aneceexistindo na
I tosdaquelesqueproliferam quando se busea na fotografia forma simbôlica da fotografia? Quando a m oça i<trafda''
apenas a sua origem qufmica moderna. Se a fjxaçào da rasgaem pedacinhosa fotografia do am ante cruel,e1a estâ
inform açào luminosa napelicula é tom ada como principio reproduzindo um aoperaçào mâgica muito semelhanteà.de
I de processo fotogrâfico' é de se supor que em toda foto- certospovos''prim itivos''queacreditam poderdestruirum
1
; grafia deveinterdrum a verdadeoriginâria'poiséo prôprio rivalviolentando a sua im agem representada em benecos.
objetofocalizadoque''imprime''osseussinaisnosgr:osde ,3 àsvezes,porém,essaeoncepçào de fotografiacomo
prata do negativo.A ssim ignorando os côdigos pictôricos um a em anaçào direta da coisa fotografada pode assum ir
historicanlentefornxadosque estàe im plicitosna concepçào feiçöesnlenos sublim es'
.todos os decunlentos exigidos de
I
I
1i
.I
.
I
! 34 ARLINDO MACHADO AILtJS,iO ESPECULA.R 3$

ryt
'
gspeiasinstitukôesdepodersôsàovalidadospelasfotos, certos aspectos, sàt: exatamente como os objetos que
I ()que signifiea dizer que som osolicialmente identificados ropresentam . Essa sem elilança,perém ,deve.se ao fato de
.
:.
1.
,
' '
pela imagem que a câmera lotogrâfica nos dâ de nôs terem sido produzidas em circunstâncias tais que foram
1i mesmos.Paradoxo à parte,um inâividuo que nào se fisicamenteforçadasacorresponderpontoporponto à
parecercom suafoto cometehoiecontrafaçà.
o criminosa.A natureza''(Peirce 1978,p.159).Ta1é tam bém o ponto de .
:! tantesnosacontecimentospoliticosedepoisprendl-loscom apenasuma imagem (com e apinturaL um a imagem), um a
'' 1 base na âKevidência''fisionômica fornecida pelos gràos de irlterpretaçào do real;elfté tambêm um traço, algo dire.
'
prata comoaconteceu porexemplo durantea Com una de tamente gravado pelo real com o um a pegada ou uma
Paris(Barthes 1980a p.25).N ào se sabe é claro,se os m âscara mtyrtuâria. Enquanto a pintura, mesm o aquela
justkadoseoincidem exatamenteeom osfotografados,mas queconheceospadröesfetogrâfieosdeanalogia,nàoênada
oqueim portaparaains&huiçào6m enosavorrvxqo(losatos m aisqueum aded aradaknierpretaçàopum alolograliaquese
J do que a eleiçàt)de unlcritério de ::verdade''universal- restringeao registro deunAa enlanaçào (0ndasde 1uz refle-
I
1 n:ente aeeito e socialnzente respei.t
:
ado.kks!té nlesnlo nas tjdasporobi
'
etos)--unlvestigionlaterialdeseu objetoenz
j atividadescientificas'àsvezes'o reflexo Iotogrâficoê
utilizado de fornla inlpensada com o critério dg verdade
unla fornna que nenhuma pintura pode reconstituir,'
(sontag 1979, p.154).EnA ambosos casos,a analogia da
como por exenlple no uso que fazem dele algllns antro- foto conlo seu referente êjustihcada coln basc na pura e
pôlogos.erentesdeque acânlerafavorece unAa abordagem sjnlples realidade quimica do processo fetogrâlieo:sào as
do Këprinnitivo''nluito naais inlparciale isenta de precon- partieulasdeluz refletidaspelo referente que v:o im Pres-
i
5 ceitos,jltque ela nos dâ o povo obsenrado Sicromo e1e sionar a pelicula e determinar Iteonfiguraçào final da
realmerlte é'', sem interferlncia ou projeçào pessoal do imagem . Nenhuma referência 2trefraçâb imprimida pelo ,
observador(CollierJr.,1973,pp.4.7).Por toda parte,hé
' aparato técnico, nenhum Peso atribuido iienunciaçtio da
um consenso de que a fotogralia eoincide eom o seu refe. aualogia. Vista dessa 6ptica,a fotografia im plica um rito
reute.jiqueéumaemanaçào luminosadeleprdprio.Nào quasesagrado, que se corre o risco de profanar ao inter
sem motivo.essa eonfusào 'sontolôgica''entre o signo e o Por.lhe expedientestécnkos;e1a é com o o rosto dc Cristo
'
tlbjetodeskgnadotem criadoproblem asincontornâvcispara impressoem sanguenatoalha deVerônica.A esse respeito,
I o direitoburguês;aquem perteltceumafeto:ae fotôgrafo alifts. AndréBazincoloeaentreosancestraisdafotografiao
i ou aosujeito fotografado?Ouparaexemplificarem termos santo sudârio de Turim (Bazin 1958,p.16).Parodiando
'I limdyofes:a foto t!eum a paisagem divulgada porum veî. tlm rançoso peritldieo alem àoeitado porW alter Benjam in.
cu1()de im prensapertenceao proprietârio da câm eraou ao e o hom em foicriado à. im agem e semelhança deDeus,a
proprietârio das terras? A fam osa atriz inadverlidam ente im agem hum ana refletida pela fotografia nào conterâ o
hltografada nua em sua casa de praia tem direito'a mistério divino que materializa esse laço invisivel? Ajoe.
il3denizaçào legal do fof6grafo que se apoderou de sua lhem o-nosporviadasd' t
ividas.
im agem ? . .
o'. A expressào m ais Cristalina dessa (l
oncepçào quase
%' Aodistribuirobjetoseprocessosdonosso mundo em mistica do fenoment)fotogrâfko IIt)SL dadapOrum texto
stla Cêlebre classificaçào dos signes, Peirce coloca a foto- clâssico sobre o assunto: K'O ntologie de l'im age photo-
grafianacategoriadosindices,ou seja,entreaquvlessignos graphique''. escrito por Andrû Bazin nos anos 50 e que
que se referem ao objeto Por conex:o fisica por serem aindahojefazescola.ParaBazin aorigem maisremotada
realm ente afetadospor ele,eom o um a im pressào digital. fotografiaestânatécnicado em balsamento dosegipeios.ou
.'Asfotografias''- dizPeirce - ::especialm enteasdo thpo m aisexatam entenaquiloa queelecham a o ''com plexe''da
'instantâneo' sào muito iustrutivas ptàissabem osque, seb m flm ia. ':A religiàoegîpcia,dirigida inteiram ente f
lontra a'
36 ARI-JNIE
?O M ACHADO A Tlalsz
io ESBECIJLAR 37

.I morte, Iazia depender a sobrevivência da perenidade tempo e no espaço''(p. 16).O operador da câm era entra
..
'.. '
!I materialdocorpo.Issopermitiasatisfazerumanecessidade nessejogoS:apenas''parafazeraescelhadoquatlroedara
(i 1
'
(
h
fundamentaldapsicologiahumana:adefesacontrao
tem po
orientaçàodatomada(veremosmaisàfrenteopesoreal
I . A m orte nào L senâo um a vitôria do tem po. Fixar tjos'
sextapenas'').:ïpelaprimeiray'ez,entreoobjetoiniciale
! artificialmenteasaparênciasearnaisdoserL arraucé.lo tlo asuarepresentaçrtonadaseinterpöeanàoseroutroobjeto.
1I
I riodaduraçào;dispô-loparaavida''(Bazin 1958,p.11). pelaprimeiravez, um aim agem do m undoexteriorseform a
j C om o
camuf avaansço
lado dsafe
sua ivilöe6
unç izaçào,acass'a
mâgi rtesplftsticasteriam
.ao invés de se fazer
automaticamentesem aintervençàoeriticadohomem,
segurjdo um determinismo rigoroso. (...) Totltu as artes
'
' embalsam ar para driblar a efemeridade do corpo, as estuo fundadas sobre a presença do hom em ;sô na ioto-
.
' pessoas passaram a se fazer retratar.M as a técnica do afia contam os com a sua aklsência. Eja age sobre nôs
j
; '
'
retratonàofazsenàosublimarcomumrevestimeotolôgico l
el
n
fquantofenômenonatural, com o um a florou um cristal
iI essedesejo de exoreizarutempoe de salvaro ser deuma cujabelezaé:inseparâvelde suasorigensvegdaistm telû-
; segunda morte espiritual.$'Nà.
o se trata mais da sobrevi- rieas''(p 15).ConhecesseBazin,entretanto,e verdadeiro
.

I vlncia do homem 'm asm ais genericam ente da criaçào de significadodaconstruçàe perspectiva queestâembatida na
um universoidealà.
1
I
I l imagem dorealedotadodeum destino
tempora autônomo''(p.12).
câmeraeeleteriaodesprazerdeverifiearquenadaé:mais
sgsjett'
vo de que as objetivas fotogrâficas,porque o seu
'
I kx M asna busea do seu duplo idealeperfeito, o homem Papelépersonificaroolbodosujdto darepresentaçào.M as
j se defrontava com uma limitaçào: a de sua pr*pria mosporpartes.
I va
mediaçào. Um acontecimento decisivo no séctTlo XV . <&A fotografia tem qualquer coisa a ver com a
I entretanto, pernlitiu daro prinxeiropassoenldireçào a uraa ressurreîç:ky'' pois eta perhltte nlaterùkliEar essa coisa
innitaçào autom â<ca do $ln1undo exterior'' liberando-a terHvel que é o retorno do nloMo -- assinn fala o nlais
inclusive da m ediaçào hum ana:a invençào daperspectiva '
brilhante e ardoroso pensador da fotografia conw tbre.
' arti
ficialis,queparaBazinéum sistemaeientifico ebjetivo gexo'':RolandBarthes(19K a,pp.129s).RedamaBarthes
(p. 12). Essa invençRo teria desencadeado um a série de (ja lim itaçào das abordggens sociolôgicas, sem ioiôgicas t)
aperfekoamentostécnieosque iriam resultarfinalmente na Psicanalîticas, poisquaiqueraproxim açào cientîficaseverâ
<ssatisfaçào com pleta de nosso apetite de ilusào por um a eonstrangida a encarar o e6digo,ao invés do reierente da
I reproduçào m ecânica da qual o homem estâ excluido'' fotografia:conseqûentem ente, tifaee a certas fotos eu me
(p.14):a fotografia.A grande novidade da fotografia em torno selvagem , sem cultura''(Barthes 1980a,1A.20).Para
relaç'oàpintura residiu,portanto,nessaobjetividadeque Barthes, falardo d'significante''ou do côdigo da fotografia
,
'
Bazjn nào hesita em chamar de iâontelôgica''. Nào por rjlo L evidentem ente uma tarefa impossfvel, mas 6 um
acaso. as lentes que vào constituir o olho fotegrâfico, osforço secundârio de reflexào. A fotografia tem qualquer
substituindo o olho humano do artista,chamam-sejusta- coisa de tamol6gico, e1a nàe se distinguejamais de seu
menteobjetivas,porquedâoveracidadeà. simagensfixadas referente. ''Pode.se dizer que a fotografia traz sempre
na peljcula e as submetem a um a txtransferlncia Je reali- consigo o seu referente, todos os dois surpreendidospela
!
I
.
da
ïd
attoe
mdac
âtico
ai
sades
paraaseula
mant our
epro
ra dcal
diuçàme
o''(p
nte1a6
)ps''
Ecoss
i agê
an
logi eda
se esmai
mundo emo
mbmi
li
dament
deamo
ovi e;rols
e aosu
es àof
fme
colbre,num
ados oseiodout
ao eurm
o,
. imagem.A objetivkdadedafotografialheconfereum poder membropormembro, com o ocondenado aconxntado aum
de credibilidade ausente de loda obra pietôrica. Sejam cadiverem certossuplîcios,,(P.17).Todavia,e1esevjsgo
'
quaisforem asobjeçöesdenossoespiritecritico nôssomos ' na co nt
ingênciadeesclarecerem quesentidooreferenteda
obrigadosaacreditarnaexistênciadoobjetorepresentado, fotografia difere daquele de outros sistemas de repre-
efetivamente re-presentado, isto L, tornado presente no sentaçào. O referentefotogrâficoparaBarthesnào Lapenas

I
' 38 Alku xno M acuao tl
rsi
.4 rI.(- ,
ko ylsescl4
..
AR 3: '

j
l
' a eoisafacuuativamente realque foi coloeada diante da Outraim agem plana;sô que ainào teriam ospropriam ente
i
I
I I
. o bjetivaesem aqualnàohaveriafotografia.o pintorpode
representarum apaisagem apena:delem lvartça eu m esm o
t
lmaftno.masa simplesduplicaçào de umaimagem jft
anteriorm entecom posta eenunviada:esse éo principio da
sim ularum apaiïagem im aginâria;o escritortra
'balha com Copiadora eletrostfttica.Nos anos20,M oholy-Nagy e M an
'
signos que apenas remotamente apontam para um refe- Ray insrentaram técuicas de fotografia sem câmera,a que
renteconcreto;masdianledeum afv f anlricmlm nrarloxno.x-.. denom inaram respectivamente ''fotograma'' e E:rayo-
' - --'- -- ''0 -*'n FUuyW r*<bG' ,,
.
: que i.a eoisa estevelâ'':apresenvado obieto fotoornfndfa Vfanla ,e queCOn%istianlenxeolocarobjetosdiretanzente
I/
!
I nunca énaetafdriea' .$E unna
'vez que
' essacU
oaçào n-<''exi
ào -'-''
sxt
''
e' Sobre a peiieula sensfvelpaTa .<inAprinzi-los,,ai através de
I
' 1
. senào para ela (a relerência) n6s devemos tom â.la por làma Y ZIXAVCI.O resultado final entretanto nada tem de
l reduçào,comoaprôpriaessêneia onoem ada fotografia.O Z'fotogrifico''no sentidoxsrealista''do term o:sàopaisagens
i
I
queeu intenciononumafoto(...)nàoénem a Artet. nem a inteiramente abstratasF de afinidade com as vanguardas
I Com unicaçtko,é a Relerência ordem fundadora da ld
'oto- afitluFatiîrasda época.
1. *
1 grafia''(p. 120).lzara ilustrar,Barthes cita uma foto l2;'
Y'lNt;t'
lquerdizer que das emanaçöes luminosas do
I antiga tirada num mercado de escravos onde se via o î'
eferente sô podem resultarim agens fotogrâlieasapôselas
senhorrodeado deseusescravos de tanga;o que o im pres. terem sido transform adas pelo dispositivo ôptico da cà.
j x
Lli
tma
ào l'
deaumnes
as
ai
gramagaemoe
vur rao
que fat
querodzer
dietratar.
que sedle
aqui oumaf
tude ot
hao
vie
a m el'
(11
: a'Czul
Pdilar
aoqueaconsstr
depende eu

âoede
pr umumaima
de ge
rderm n
eas
ent l
zper
que fici
pose
a
ocorrido de fato:$$ nzo é unaa questào deexatidào nlas dianteda eânaera poîsoaparato fotogrâfieonào podegerar
'
derealidade:ohistoriadornàoeramaisomediadlr,a
eseravidào era dada sem mcdiaczn o fafo era estabelecidp
Llmainlagem apartirdosseusprôpriosmeios.Masnàose
Pode dai tirar a eonclusào de que a imagem fotogrâ-
sem método''(p.125) fiea seja apenasa fixaçào d()seu <xreflexo''e por conse-
l A visào lotogrâfica baseada no culto do tïreflexo'' flftêllcia.,OCorrespondentemaisexato efieldo modeloqueo
pode apareeer tanto como a crença ingênua (lo ï'homem élerou.Ao penetrar na câmera a informaçà. o lum ixosa é:
com um '', quanto sob a form a de um raciodnio mirabo. Codifictlda e Ne deixa reestruturar para uonform ar-se à.
lante pleno de acrobacias teôricas Em qualquer das COIRYQFICà.
O de um sistem a pictérico.Barthessentencia:sem
bipôteses o observador se faz cego ao nleeanîsnzo ôptico referen1e nà0 hâ fotografia' m as nôs podeHanzos com-
que estâ inform ando a im agem e se deixa fascinar pela Pletar;sô œom o reierente nnuito m enos.Se nào existir a
mistica das enaanaçöes lunlinosas que se hxariann auto- Cânlefa escura, a lentc eom seu poder organizador dos
nlaticalnente na pelfcula porforça de algunzpoderlnâgico DaiosINNiinùsos u?n diafragn:a rigoresam enteaberto crm c
inerenteao aparelho.M aso fenômeno fotogrâfico nàotqtào t'
nantla ttanâlise da 1uz operada pelo fetômetro um obtu-
i simplesassim se me exponho ao aparelho de raiosinfra. rador COm Yeloeidade compativel com a abertura do
verm elhos,eorro o risco de ver os sinais em anados pelo diafragm aeasensibilidadedapelicula,senào houverainda
! <:reJerenfe'' Jm presxo: em m iaha pae sob a fgrma de Wnla.fontede1uznaturalouartificialmodeiando e referente
'
queitnadura. A planta registra os raios lum inosos que C blm Operador re:endo tudo isso também niko haverft
incideln sobreela sob a forma de fotossintese a pelesob a fotografia, nluito em bora o candidato a referente possa
fornAadebronzeanacnto:eu)qualquercircu'ànsl
reaçoes fotoquim icas ntuito semelhantes .
ânciatenaos
sensibilizafiio
estardisponivel.A ênfasenoreferente aconcepçàode
fotografia como reflexo bruto da i'realidade''sô se pode
! dos sais de prata na pegeula e que. no entanto,na( ) justificarcomoposturaestratégiea.istoé,ideolôgica.Resta
resultam ena ehapas fotogrâficas A pelicula sô poderia Saberqtteideologiaéessa
registrar por sisô ulua inform açào luminosa coerente q /'' Q kerealidade--pergunta Brecht-- nosnnostra um a
inteligivel,vale dizertbtogrâyca por contato direto cona fot? daS indûstrias Krupp? Talvez eia nospossa falar da
l
! 40 ARLINDO MACHADO A Iuklsiio PSPECULAR 41
disposkào das mâquinas, do m odelo de m acacào usado .'
-' os doisanti-lwrôis doLescarabinl
'
ers de Godard -
. i pelosoperârios!' da sueessàodeetapasnalinha demonta. Miehelangelo eUlisses- apôsengajarem-se ne Exército
.
21
$1 genldascolldiçöesdeilunlinaçàoenlurnapalavra:quase Realeonaapronzessadericaspilhagens.retornanzfinal-
.
nada(Benjamin1977,p.38-9.A simplesréplicadomundo mente à.
ssuas humildescabanas,trazendo numa mala o
! l visivel,
l expostatalequal,sem qualquermediaçào.nàonos resultadodesuaconquistadomundo:milharesemilhares
(l: qualquer inform açào importante sobre a realidade. (jecartöespostais, com fotoscoloridasdetodosostesouros
onde ficam nessa foto asrelaqwes sociais de produçâo, doplaneta sejam elesclasskficados na categoria Cidades
aexploraçàodemais-valiaetudeissoqueforjaarealidade principais ou Monumentos, Maravilllas da Natureza
propriam ente dita do am biente industrial? O s 'irealistas'' Aviaçào R ulnas H istôricas. O bras de Arte... Perque a
semprepressupöem tacitamenteqlzea coisa m ais evidente fotografia aparece, aosolhosingênues como um a fixaçào
j
!l
' a maisnotôria.aquelaquemenosexigeo exame degeu i6real,'doreferente,apossedeumaantologiadeimagens
1 sentido,é justamentea f'realidade'';masde que realidade
. parece redundarnum dominio sobrea coisa fotografada.fs
j falam eles? Naverdade,elesendossanlo equivoco inlposto assinaque a fotografia aparece sob a ideologia donlinante:
pela ideologia dominante,ao considerar um a cerla repre. eonzo apropriaçào do reierente nào para fins de eonhe.
sentaçào da realidade com o a realidade m esm a e um cim ento m aspara garantir ttm a posse. um poder ou pelo
I determ inado m odo deapropriaçio do m undo com oo t îtlico m enos um controle. E bastante irônico perceber que a
autêntico M arx sempre insistiu na distinçào entre a apa. sociedade que dft toda a lnfase ao referente mantém
rência vislveldo mundoeo seu movimento realinvistvel'de Paradoxalmenteom aiordesprezo porele' ,o referentenào ê
onde decorre,como premissa metodol6gicado marxismo, quasenuncaoobjeto dequesebuscaaproximarjnum ato
que o conhecim ento nào ê nunca contem plaçào'm as açào de interrogaçàe e respeito m as a coisa que se qkler
sobreo m undo.A.scoisasnàe sào com o elasxGse m ostram '' apreendera qualquercusto, para fixar catalogar,arquivar
aeolhardesprevenido'paracompreendê.lasé precisofazer em antersob controle aoalcanceda mào. <'M arxcriticou a
. um desvio,darum salto ;tportrâs''da m iragem do visivel filosofia por ter simplesmente procurado compreender o
destruir a aparência familiar,naturale reificada com que mundo em vez de tentar modificâ-lo. O fotôgrafo (...) '
elasaparecem aosnossosolhos comesefossem orkinârias sugere a inutilidade até mesmo de tentarmosentendero /
em simesmaseindependentes do sujeito que asopera e mundo e em iugar disso propöe que o eolecionemos'' '
modifica. A realidade nào é essa coisa que nos érdada (sontag 1979,p.82). .
pronta e predestinada, im pressa de form a im utâvel nos '
I u. A m esm a Susan Solltag que disse essas palavras
objetosdo mundo:é uma verdade queadvém e come tal I obsenroutambém agrandeafinidadetécnicaeoperaeional
precisa ser intuida,analisada e produzida.Nôs seriamos queexisteentrea câmera fetogrftiica eo fuzil'
.ambostêm o
ineapazes de registrar unla realidade se nào pudéssennos mesmo dispositivo de nnira apontanl igualnlente para o
ao mesnlotempocriâ.la,destrai-la,deformft-la,modilicâ. objete e disparam; sô que:a fotografia rouba apenas
la: a açà.
o hum ana L ativa e por isso as nossas repre. ' sim bolkamente a vida da vitima (Sontag 1979. p. 15).
sentaçses tom am a forma ao mesmo tempo de reflexo e Atgunsaparatosfotogrâficoschegaram mesmoa incorporar
.

l
refraçâ'
o. A fotografia, portanto,nâo pode ser o registro ostensivamenteo desenho dearmasbélicas,com oé o caso,
puroesimples(leumaimanênciadoobjeto' .comoproduto entre outros,do canhào fotogrâfico de Talbot,do foto.
humano,elacria também com essesdadosluminososuma revôlverdeEnjalbertedo fuzilfotogrâficodePickard.M as
realidade que nào existe fora dela,nem antes dela, m as o que Sontag esqueceu de dizeréqueessa afinidadeé m ais
precisamentenela.é:somente a partir (lesse ponto (le vista Profunda do que pode parecer à. prim eira vista: as duas
queum aloto dasindûstriasKrupp começaanosinteressar: tecnologias sào intercambiâveis entre si dependendo das
conzo interyençào de una aparelho produtor de ideologia. conveniências. O nlesnao abod/nequeestâsob a mi ra de

i
42 AItLINL)O M ACH NDO

miahacâmera,poderiaestarsob amira demeu fuzil;por vEu eos co N G EuA oos


. I via dasdthvidas o turista eo desbravadorlevam consigo os
11:
'ë doisaparelhos. k pori ssoqueasimagensfotogrâfieasque PELO OBTURADOR
i
proliferam na grandeim prensa m esm o quando focalizam
distûrbios e revoluçèes pragas e hecatonnbes trazenl
' Sem pre COnSi#O e55am arca de Segurança C etm forto Sem a
quala com unidade dos leitores m édios entraria em pane:
11 afirjal,seum fotôgrafo daUPIpodefuraro cerco inimigo e
11 capturar o referente, por que tzm fuzileiro americano
l nàopoderiafazê.lo?Atéolimiteem 4ueasegurançadas
j
'j institukAsnàoestâem jogo,aclassedominantetirafotos:
i'
l ultrapassandoo lim ite elaatirafogos.
I

A pinturaligurativa dequem afotografiasepretende


um a tlontinuidade erislaliza com o esta um m om ento
preeiso do objeto maso tnvlnentv fixado pela pintura é
sem preaqueletempoidealeprivilegiado.plenodesentido e
intençào no qual estào condensados todos os instantes
'
signifieativosqueconcorrem paraotem a.O sfigurantesque
aparecem na Ceiu de da Vinci estào fixados naquele
m om ento idealpara o qual convergem todos os instantes
partieulares:Judasescondendo os30 dinheirosda trakào
Pedro levantando e punha1 à procura do traidor Tom é
duvidando da afirm açào do M estre de que alguêm o iria
trair e assim por diante.M as o m om ento captado pela
I fotografiaé sem preessetem po im pensado e aleatôrio esse
centésim o de segundo destittddo de controle. em que o
acaso nàopodeserinteiram enteabolidoporum a intençào.
I O modelo piscajustamentenomomentoem queseabreo
obturadoresaideolhosfechados:a bela atriz coça o nariz
no instante exato em que o fotôgrafo a capta rlum instan-
tâneo resultando a careta grotesca de um monstrengo.
Antesde m aisnada é preeiso eongitlerarque cada tom ada
decâmeracorrespondeapenasaum intervalodeexposkào
infim o escolhido m aisou m enosarbitrariam ente dentre os
inûm erosoutrosintervalosprôxinlos.Conao eonseq:ência.
esse I'registro'' de um a em anaçào do referente resulta
tam bénl a petrificaçào dessa fraçào infinitesinnal de se.
I

i
44 ARLINDO M ACHADO .
' A ILUSAO ESPECULAR 45
J
gundo escolhida num leque de possibilidades.D Z porque ,
'
se pode falar de um certo carâter aleatédo tja im agem '
obtida pela câm era: pode-se dizer que o obturador que 1&
tornavisivelaluznapeliculaée1eprôpriocegoegovernado 1$
:! ttî)*
y)
.p j ))*.))$Iou1&.j
y4 .):a x:o
tu /.
peloacaso. .
& j1)
i4f1! V1yl k
*1l1* 1l j
KF '*î
a
*!)ë 1
R 11
1 ' t
enunciadorparecereforçaracrençano automatisnloda k#
. x)> tl.2!. 14:j . ?. u
- fh< âo,, fotogrâfica, jâ que revela unla inlpotência da
.
. ,)tyyr.tt -t.:y)
.y). )j
. o j
r11jk ) ) t1
vontadedooperador.NàotenJoaparentenaentecondi çöes
decontrolardenlaneiradeiniuvaoinstanteexatoen3que
1.
$tbV*1
I*
1V:)
y ï
y
lj
e
,
.
)
,p
*
.
kt
l/:-
zx.
yz*
y. tt
,,$ j
J
.
deve piscar o obturador o fotdgrafo s6 pede abordar o ' ' '
motivo a partir de operaçöes estocâsticas m as isso nào
im pede evidentemente que detalhes inteiramente impre-
vistosouindesejâveis aqueRoland Bartheschamapuncd,
sejam inApressos na pelicuia.'Os acidentes do acaso sào
m uito n:ais fa qûentes do que se possa inlaginar nzas o
espectador ou usuârio da fotografia nào chega a tomar . .
consciênciadisso'porqueaslotosqueelevêcotidianamente 1. constelaçsoimovtp ento - AlexandreW ollner
nosâlbuns nasrevistas nasgaleriassào quase sempre as ' (1955)
fotosfellkey.aquelasenzqueo controleestocâstico sudiu /
efeito.reconciliando a inlagenlcom o nlodelo figurativo da enlrelaçào ao naovinaento dosnlotivosfotogralados.Conlo
pintura;as denaais sào sinzplesnaente destruldas ou negli. resultado as suas fotos revelana sobre um fundo niti-
genciadas ainda sob a fornaa de contato.Esse l'deternai. danRente definido naanchas disform es no prim eiro plano
nisnxo''-- digaznosasshn -- do processo fotogrâfico essa inxprinnidas pelo deslocanzento das pessoas diante da
resistlnciaatodam oldagem exteriorda partedeum agente câmera. Essas m anchas despersonalizadas correspondem
manipulador,tudo isso constituium dos fatores decisivos ':ponto por ponto'' a quê? fr possivel falar de uma
quepermitiram florescereprosperaromitodaobjettkidade bqexperiênciareal''apropôsitodessasfotos eu nào setrata
doprodutofotogrâfico. mais propliam ente de uma transfiguraçào que sô o apa-
$EEm principio'' - afirm a M ax Bense, num a dis- relhofotogrftfieopenniteacontecer?
cussào sobrea viabilidadeestética da fotografia - '$a foto- Nâo se pode concluir com toda inoclncia que o
grafia se disdngue pelo fato de que a cada ponto da aleatôrio do processo fotogrâfico im plica um rdorço do
superficie-imagem corresponde um ponto que 1he é exte- efeito homolôgico.O obturadortem a suaprôpriaforma de
rior.(...) Toda fotografia exibe - por siprôpria - um ! tornarvisiveloreferente,derestobastante diversadaform a
sistem a de coincidências e como se sabe sobre essas I com o o olho hum ano v!:e1e éum a fenda que se move em
coincidsncias repousa,em ûltima mfâlise,a possibilidade altavelocidade na superficie do film e,expondo cada parte
de experilncia (lo m undo real'' (Bense 1971 p. 205). deste iltimo em diferentes momentos.Nào podemos nos
Curiosamente entretanto aedkàobrasileira dessetextode I esquecerdequeessel
inicolragmentotemporalqueoacaso
Bense vem .âilustrada''com algum as fotos de Alexand:
re escolheu para congelarna loto L tam bém ele com posto de
W ollner, aluno de Bense em Ulm , que contestam Wsi- infinitos outres instantes que o obturador, todavia, nào
velmente ms suas assertivms.Vejamos;W ollnertrabalhou sabedistinguir.Tantoissoêverdatle,quesetivermosdiante
propositadamentecom uma velocidade deobturaçào baixa da câmera um m otivo em m ovimento a pelfcula 'Zxarâ''

)
48 ARI,IND O M ACHADO A ILlJ%.iO ESPECULAR 49
grafade,dequeofotôgrafopodevaler.separafazerenaergir Poucossàoesfotôgrafos, entretanto,qllesabenxtirar
visöesinteiranxenîe inéditas a partir de unAaparato supos- proveito dos acidentes do acaso para fazer enxergir esse
II tamentemeeânicodeduplicaro real.Masdigamosqueo inconscienteôptieoearrancardomundodosprotoeolose
I dispositivotécnicoestéajustadoparacongelaro movimento convençöescotidianas visöes perturbadoras e corrosivas.
num instante fnfim o com o é o caso aliâs de qualquerfoto :xFixar''aspersonalidadesda vidapolfticanum instante de
eonvencional. 2 posslvel entào falar de um ganho de estupefaçào ou no esboçar de um gesto obsceno, petri.
objetividade e verossimilhança? Talvez sim mas ai os ficâ-lasem trotar de asno ou em sorriso de hiena.revelar
critériosapartirdosquaisdefinimoso queL ''objetivo''eo nassuasfeiçöesacarranca mediocreou alucinadadopoder
!'
j
I que é ''verossimil''devem ser reformulados à luz da nova
. - que fotôgrafos da imprensa politica habitualtêm senso
'
. experiência quepossibilitao instantâneofotogrâfico neces- criticô e vontade deseonstrutiva saficientes para talgesto
I sariamente maisanalîtica e abstrata do que a experiência entznciador? A verdade ê que o grosso da produçào
ôpticahabitual.''A naturezaque falaà câm era''- explica fotogrâfiea eonvencional.
l
1 Wa
dil
terBenjamin- ''
édistintadaquefalaaosol
hos; l6gicacostumarejeitartodoem
.
bsr
se si
ea
sg
a
ad
ca
ided
rle
tesi
l
du
os
àao hoom
cas oe-
qu
stintasobretudoporque um espaço eiaborado inconscien- fazem aflorar um a paisagem bizarra, preferindo apoiar.se
'!
1 tem ente aparece no lugar de um espaço que o homem nosmodeloselegantesdapilltura figurativa,maissegurose
' elaborou com consciêneia.'
E posdvel por exemplo.que melhorestratificados na tlonsciêllcia coletiva.Longe de se
alguém sedêconta mesm equeseiadeform abem geral da dar porvoeaçào desencavaresses instantes criticosende a
m aneira de andardas pessoas m asseguranaentenào sabe nornnalidade de unla visào aconlodada se desintegra cnl
nadadesuaatitudenessafraçà. o desegundoem queo passo nonsense. a prâtica habitualbusca, da m aneira cem o for
sealarga.(...)f:somentepor irjtermédio da fotografia que possîvel, reprim irnafotografia o seu poderdeperturbaçâo
podem osperceberesseinconsciente ôptico com o som ente edesconcerto. 2 queo acidente longedeencarnara prova
graçasàpsicanâlisepereebemoso inconscienteinstintivo'' (leumaobjetividade:<ontolt
hgica''do processo fotogrftfico,
(Benjamin1977 p.371).Cem oadvcntedafotografia,toda costuma desarticularo reaiao invés de promovê-le,pelo
um a dimens:o KKinvisivel''ou inconseiente da experiência menosum certo estere6tipo de i<real''que t!aquele a que
ôpticapôdeaflorar modificando certosarqultiposa que nosviciouatradkrofigurativa.t:lilàofixandojamaissenào
nos acostunaara a tradiçào pietôrica conao o retesam ente instantesqueasuasolenidadearrancadacorrentetem porz
dosm ûsculosnosm ovim entosbarrocos A partirdeentào etom ando apenaspersonagensim ôveis instaladosna im u.
nossos olhos passaram a aceitar conao verossim eis certas tabilidade do plano, a fotografia perde todoo sea poder de
paisagens pléstieas antes ineoncebiveis eom o un) cavalo corrosào. Desde que um a açào se desenha é senlpre unAa
''
voando''eom todososcascosno ar ou a ridiculam â nscara açào essencial, im tsvele arrancada de seu tem po;ê - as
de estupor de um orador petrificado em pleno arreba. palavrasodizem bem - oequilibrio, o 1io de prum o deum
tamentodo discurso,Com justarazào v2 Benjamin nessa gesto eterno,como a significaçào socialque ele encarua''
fixaçào doinesperadoalgum acoisadesurrealista,o retorno (Bourdieu 1978,p.112).NM estâ aia plena vigência do
deum inconscientereprim ido:o atletaeongelado no arcom tem poidealdapintura?
sua vara de salto,olhos esbugalhados, lisiononua contor- No finaldoséclzloXIX,oinglêsEadweard M uybridge
cida em expressào estûpida o corpo Blido e pesado desa- desenvolveu uma série de experimentos eom fotos suces-
fiando a 1ei da gravidade como as bolas de chum bo sivas, ondeprocurou utilizaressapropriedadedacâmera de
Ilutuantesque se vêem algum astelasde M agritte. A foto petrificaro instantepara tornarvisîvelo que o olho nào vê.
sem dûvida.possibilita m aterializar pelo m enos no dom i. As suas fotos sucessivas decom punham o m ovim ento em
nie do sinab6lieo una antigo sonho dos nàistieos:a levita. vériosdeseusnzonAentosconstitutivos. defornla a pernlitir
çëc'' ao invesugador um exame anautico de certos geso s ou
50 ARLINDo M AcHADo

andam entos'
.atravésdegseprocesso foipossfvel porexem . * '

. Dlo.perceber cenzo o cavalo trota ou gZopa'e eom o os ARQ U ETIPOS PICTORICOS


't I -fie'
m uloshumanos se cemportam tturante um esfowo NA FOTOGBAFIA
'
i ' fisieo. :1as os experinzentosde h4uybridge -- e inûmeros
I outros que lhe foram contemporâneos - ultrapassaram
I râpida e faeilm ente a positividade cientffica de suas moti-
vaçöesm aisim ediatas para seim porcom eum atécnica de
I dom cr esse inconsciente cego que parecia com prom eter a
j plenaconsistêriciada hem ologiafotogrâlica.Num primeiro
1 m om ento, ofot6grafoaprendecom M uybridgequeelepode
controlaroacasoqueameaçaoprojeto ilusionistasimples.
I mente bom barleando o evento com fotos sucessivas e
' depoisescolhenJo aquela foto ideal. onde osacidentes do
acaso estejanl menos evidentes e o efeito de KKreZidade''
1j
! maisprôxlnao Jopadràopictôricoqueo infornaa'Num
segundo m onnente as lotos sucessivas de sfuybridge sào
desenvolvidasatravésdeindmeros aparatosnlecânicos até 54as se a fotografia encontra- se anleaçada por esse
resultarno maior aperfeiçoamento do projeto fotogrâfico supra-realismodoobturador, essa poteneizidade de fazer
atéhojeobtido justamenteaquelequeparecedonlinarde emergirpesadelos. #oipreeisoinlaginarum aestratégia para
l ve
mez o aleatt
smoefeitsoridoei'mpr
'realiimi
dado
tle''pe
quloeaobt
câur
meador: o cinema
Oa
.

raaperfekooupar a
st
ue
rr
tueaernd
pr asuoapvo
id caum
or çkoipnsar
ta
ano aceao,
tân so.Ni
poisn
g
aué
mm
i agg
eo
ms
taque
desee
lr
e
satisfazero apetitehom olôgicodeum acivilizaçào, porum a ntu dâsem pretraiaidéia quenôsfazem osden6sm esm ose
contradkàointeriordo fenômeno passou a denuneiarum quequeremosfazerpassaradiante;poressa razào.diante
irrealismo bâsieo do processo fotogréfico: a sua incapaci- de um a eâm era,sem preposam os.':o ra,desde que eu me
dadedeinscreverotempoem suaduraçàoeaconseqûente sintoolhadoporumaobjetiva. tudo m uda:eu m e ponho a
' dissoluçào do m ovim ento em instantes ceneelados. O Knosar' eu metransformoim ediatamentenum outrocorpo,
Cinem a surge. entreoutrascoisas para tentàr r-'olveressa
es e'u me'transfiguro de imediato enn innagenl.Essa trans.
impotência da fotografia em satisfazerasnevas exigências formaçào é:ativa:eu sinto que a fotografia cria m eu corpo
de'srealism o''queelam esm a desetwadeou. ou o mortifiua a seu bel-prazer''(Barthes 1980a p.25).A.
Pose é um a tentauva de fixar a eternidade nesse instante
'
fugaz em que o obturadordâa sua piseadela'é:a luta para
introjetarno momento aleatôrio tr
la iotografiao momento
idealdapintura.Para reprim iroinconsciente que pulsa po
obturador da câmera,nôs nos petrifieamos diante dele,
' como uma estâtua grega ou renascentista,e forjamos no
bronzedenosso pr6pl'
iocorpoa im agem idealquesupom os
serou quequeremosser.A poseê uma espéeiedevingança
do referente:seforinevitloeïque a cz
'tmera roube algum a
coisaden(5s queelaroubeentàouma/zcçlo.
A origenldapose,entretanto,é inteiram ente outra.
Nos prim ôrdios da histôria da fotografia as prinaeiras
1.
'i
l
1 .
'

52 ARLINDO MACHADO ' A ILUSAO ESPECULAR 53

Placastle prata iodada ofereciam um a sensibilidade à luz '


: etimol6gico da palavra. preenchê-lo da inércia - e da
!
muito baixa' o que exigia do modelo que ficasseexposto à J grandeza - do monumento. 'iF'oi entào que surgiram
luzdurante m uito tenzpo e absolutamente inlôvel A pose ' aqueles est;dios conl suas grandes cortinas e palmeiras
eraentàoa necessârianlâscara deinnobilidadeparafixarna j
' Seus tapetes e cavzetes a nleio canlinho entre a repre.
cadeira opacl
knte (assim era eham ado nluito sintonlati. sentaçào ea exeeuçâo entre a cânzera detodura e o salào
camente,ocandidatoamodelofotogrâfico).Algunsapa- 1 d0tTono,dOsqllaisexisteum testemunhocomovedornuma
relhos invisîveis à.objetiva sustentavam e mantinham o ' fotoantigadeKafka.Em umaespécie(lejardim deinverno
corpo ereto e imtweldurantetotlo o tempo da exposk:o. hâ um menino de aproximadamente seis anos de idade,
Benjamin noslembra que muitos dos retratos de David ' embutidoem seu traje infantil,didamosquehumilhante,
p
OctaviusHillforam tiradosnum cemitério jâ quenaquela gobrecarregado tle ornamentos. Folhas de palmeiras se
êpocaoprocessolotogrâficoexigiadomodeloaimobilidade akanlenrijecidasnohzndo.Ecomosefossepreeisotornar
eorecolhimentodeum catuver(Benjamin 1977 p.372). ' maissufocantes,maisredundantesessestrbpicosdecartào,
' Atecnologiadeupassoslargoserâpidoselogosekbricava ' ' levaomodelonamEoesquerdaum chapbuenormede
peliculastâo sensiveis quea velocidade de obturaçâo pôtle abas largas como o dos espanhôis. E 6bvio que Kafka
evoluir para niveis mais elevatlos o desenvolvimento .' desapareeeria em semelhante encenaçào se seus olhos
tecnolôgico mudou a dinâmiea da fotografia, m as nào '. incom ensuravelm este tristes n:o dom inassem essa paî-
mudouasuatécnicarefrativa:anovapropliedadeintro- l
duzida (que tlos perm jtia ver im agens inéditas congela- '
mentes de instantes arbitrârios conlo nenhunla geraçào '
anteriorpôde contemplar)foisubmetida à.velha forma,de . .x '**
nlodo que a fotografia nos continuou presenteando com '
. ;i)
estâtuas e nlâacaras mortuM as ao gosto do antigo ale- 1 '
sanato. surgram os modelos profissionais, homens e . .: 4A rrws
m ulherestreinadosespecialnaentepara serenzfotografados, ' C' '$:1*-::.
isto é: capazesde se movimentarou se deslocarno espaço :. 2. t?. * y.
, I
. p. ï
s'
y .jsyyyjj:'. ..vj
. com tal eloqûência, que em qualquer momento ou sob l
avy * y Js1* % ,.
i
qma
ual
gq
eu
merâmp
sengurl
eoid
qeuaelia
zac
dâa
me
er
hao
ês
el fcix
ni aa
,s
se,senle
ma us
ndaraiapmosu
ca ma
tura r' *
%' .t
*'j
*WTt
îo
l'
o
1t
' .;
e
Alâs
ftica edesirosa de quena1 surpreendido ena Dagrante. :1)Ty:
popo
zto
(g
ar
ra
nf
li
aa(Aanaorlcoagii
dur zaant
avea)nçadnal)opa
co ssa
se seat
cio
vnvsiv
es eer
toc
ro
nm a
ado
1
:
w/$j
*'
l
lt
.x:t:
' )7tj
*-1 '
parasitadeum organism o atrofiado :
Nosprim eirosretratostomadosem meadosdo sêculo '' '
w .-l
ol'
passado, era com um ver o m odelo recostado em balaus- ' ''
tradas, apoiado em pedestais ou m esilzhas: m as esses ' .
expedientesnào eram adornospara lantasiar acena;eram '
pontosdeapoionecessâriosparagarantira im obilidadedo .
corpo.Quande acâmerase tornou m aisâgil osacesstd os
de cena, ao invés de desaparecerena proliferaranl enl
abundâneia esetornaram aindamaispesados como selhes ' 4 Retrato tse Franz Kafke - autor desce-
fosse designado por funçào fumar o modelo no sentido ' nbecido(1888).
54 A RLINDO s4Ncpjxoo
t% ILU%AO LSPECULAR 55
sagem que de antem ào lhe havia sido determinada''(Ben.
I jamin1977 p.375) dochoque(lcculturaseadainterferêndadeuma cstratégia
il
'
ji
k ''
1 Seaimagem quenosdl
iacàmeraéscmpreessaficçào
' Operativasobreoutra.
11., I petrifieadanapose,nàoédeseestranharquenesteséculoe
m eiodehistôriada fotografia ()sobservadoresmais atentos
POressarazào,aoinvésdeapoiar-seno'.processo
im pareialdevisào da câmera''(CollierJr.1973,p..5),para
' tenham relutado em aceitar os sinais registrados pela apurar O exatne obietivo do :xreal'', a sociologia e a
câmera como docum ente absoluto da verdatle. Lorlee de antropologia podcriam obterresultadesm aisprodutivosse
1
..
encarnar o vcrism o essencial ue lhe querem credit War
' os Pzssassem a exam illar a m aneira com o cada eom unidade
;1! ''realistas,', a câmera tem umq poder transfigurador
.
.
d() fotografa e se deixa fotografar.Se o ato de fotografar,
'
m undo visivelque chega a ser devastador nas suas conse. 11:tideolt
xgia dominante.L concebido como promoçào do
.. I qizncias. Diante de uma eâmera, nào hâ realidade que Objeto fotografado, o rcpertôrio de situaçöes e eventos
Ii perm aneça intacta. . bado se altera, tudo se arranja tudo fOtvërafâveis cOnstituiiuventârio preciose dosvaloresde
. concorreparaa ordem idealdo naonunaento. Basta'a' oen as
Cada:rupo.2 esseexatanlenteo tenaa quepïerre Bourdïeu
. .
1
j
I
' qnuse
i aulg
tit içuàéomqu
pa
el
nqeutr
eerc
eodne
lr
uem
peane
teâmera
aparen()
cerâinu
te
nrai
aorledJun1a
giào de
exploraem seulivro&z'artvoxgzl:a, ;tfootteonglr,a,fon
Cionalê aîvista conlo unxa espécie de ,
iade
conven-
t()naa
faxineiroslinzpand()o terreno;os nzôveisserào arrastados forn'a O sisterna ético e estético do grupo social Segundo
paraamelhordisposkào peçascpessoasindescjâveisserào Bourdieu afotografiapopularé um culto doméstico:nas
i retiradasde cena, toda desordem - fisiea m cnm l, social Corim onia: inslitutlionais,com o oscasam entos os aniver.
j - serâsubstituîdaporumapaisagem homo 'gêneaeassép. SiTiOS,asbodas o batismo acom unhào cristà a 'viagem de
tiea;alguém coloearà um vaso de floresem cima da mesa. fériasou denl ipcias,ete..elaseinscreve no ritualetem por
lgnorara eâ nm era queestl
.apontada para nts é um a tarefa fttnçâo Sancionar, eonsagrar a uniào fam itiar Em tais
I
I tào im possfvelquanto ignorat un1a dor de dentel ficcio. Cerim ôuias' as pessoas se fazenx fotografarporque a foto-
!
''
nistasdocinemaquetrabalham em exterioreseem logra. Vpafia realiza a imagem que o grupo faz dc simesmo:
douros pliblicos conheeem bem o dram a de uào poder O que eia registra em seu suporte fotossensivel nào sào
I im pedir que os transeuntes se aglom erem e olhem para a Propriam ente os individuos enquanto tais m as ospapôis
1
'I cknera,comprometendo (E ,urziverso fidicio que se quer
'
Odais que cada um desempenha: pai, màe, avô, tio,
' Sim ular. A câm era nào ê nunca passiva diante de seu m avido,debutante, m ilitar turista. IzA m aior parte das
objeto;qlaimpiseum arranjo e1aproduzumaconfiguraçào VeZeS' a fotografia st
s existe e subsiste por sua funçào
da& coisas pela fowa de sua simples presença e isso até fanliliar ou rnelhor paraa fi
znçâo que 1hecoilfel'
eo grupg
I mesmoquandoelaesté
.invisfvel(personalidadesfamosassk
b familiar. que é a de solenizar e eternizar os grandes
I saem à.rua disfawadas;nào se trata, em todo easo,de um m omentos da vida famiiiar e de reforçar a integraçào do
retlurso para se furtar à.indiscrka.
o de alguma c&mera BFUP' O,reafirmandoosentimentoquee1etem desimesmoe
oeultal?).Em vistadisso,Lbastantedificilsabcrdiscelmirna ' tle Stla unidade''(Bourdieu 1978.p.39).A fotografia nàr)
I pesquisa fotogréfica em antropologia até onde a câmera tel'iaeonseguido umapenetraçào tàoprofunda noseio das
I Permaneceum obsewador''imparcial',eapartirdefzue Camadas populares seela nào possibilitasse esculpir e
limitesasuapresençapuraesimplesjâ estâinterferiJtio Cdebrarnasfigurasos mais areaieos valores culturais
' feöreo m otivofotografado. Algunsfornalistasetnogrâficos Stlffk dliuida,e efeito de t:realidade''da fcltegrafia
(porexemplo,Andrea Tonacd dotumentando osfudios YêldeSemprfaSeSttperporàpercepçàodosarranjusquea
'
canelase araras do norte do Brasil)refutam logo de injcio C'lnera impöe.Os ''Noluptuosos'' pimentôes que Edward
qualquerletiche de objetividade pois a experilncia de. Westtm fotografou entre 1929 e 1930 certamentesiitltito
mtmstraquea thnica etnologiaquen6spodemospraticaréa ''Veaif' que O Obsen'ador precisa resistir ao desejo tIe
tocft-los e comê.los A seu respeilo Sontag fala da
i
I
l .
I sf, AltuxfaoMAC.HAOO A1:us/
topspsctrl-Ail 57
' ''descoberta da erôtiea sugestào que posstliaquela fornaa afirnaa Sontag -- tendo podido escolher entre a vida e a
ostensivanaente neutra e o aunaento de sua palpabilidade representaçào,escolheu a ûltinna preferindo docunlentar o
J
'
j
'l
l
i
!
aparenfe''(Sontag 1979 p. 98). Talvez nào passe pela evento as<varo m anifestante.K'
fasa opçâo do fotôgrafo é
I .1
I. ' pimentào para serfotografado
cabeça daspessoasqueum tambêm um ato de intervençào poiitiea indubitâvele tanto
'I esobretudoparaseinaporconluna'poderdeverossinai. issoéverdadequeomongesôsedispôsaosacrinciodesi
' lhança irresistivelprecisa serpreparado:épreciso escoliler prôprio porqueestavacerto de que havia um fot6grafe nas
k c'legum e idealem term osde core textura trabalhara sua proxim idades'nào fosseassim o seu protesto seria inûtile
I cascacom resinasquelherealcem o brilho dispora câmera Yazio.Na verdade.o ato politico em questào pressupôs o
''
II
j
eailuminaçàodemodoaacentuar-lheo r' elevo e assim por acordo ticito mesm o que nào explicitado entre as duas
, encena um a representaçàoJ'- paféticayé
' diante.Ninguém melhor que osfotôgrafos que trabalham partes'
.o m onge
I
I'' Com publicidade conhecem essa técnica de trallsfigurar o v'
erdade m asaindaassim um arepresentaçào- enquantoo
i
I
lI
I referentepara aunaentaro poderdeeondcçàodesuainla. fot6graf'
o a codifica e a torna signifieante.Para que seja
l gem .Os produtos vistosos e sensuais que a publicidade possiveldetectar algum averdade nossinais que a peiicuia
'
Ii forja em seuspainéisiconogrâficos,longe de endossarem registra é preciso, antes de se perguntar o que estâ
11 um realismo''ontolôgico''queestarianabasedomodelo representado coloear-seaquestào:porqueaseoisasestà.
o
! fotogTâfico constituem verdadeirasreeonstruçöes, àsvezes representadasdedeternlinadanlaneira?
I até mesm o distintasdosobjetes a que visanl aludir.Os Algunsfotôgrafosmaissensiveisaopoderdevastador
l
' pêssegosapetitososqueconvidas
amna unaanaordida estào
aaçàs eonl rouge, os
dacânlerasouberam per:araraarntaduradapose.na
nledidaem quepassaranlaexibi-lanàosinxplesnaente conno
'1 nlaquiados conz p6-de-arroz,
I
I
I
.' legum es lustrados eom vaselina! enquanto a deliciosa técnica representativa inocenteF m as com o m eeanism o
: cc'
xa de frango assada foidourada numa calda de aç4car. refrativo queinduzum a''leitura''positiva do referente.Ta1
1I
1 àsv
Parae z
ses,airpu
uger rama
um denii
tp
oulaçàve
de ordosospimi
rodutonào
lhança est
m,
saugado
ficiernte
e éobus
Ar cas
.o -ôgrpa
fot raaecsit
af ariu
pee mizada
al exemp
eml
oretextre
rat me
ar -toas
pes deSD
'aiane-
nor
simlzla-se um a barra de chx olate com uma massa enver- mais'' ou excêntricas desgraças intimas e cretinism os
.1
I
nizada ou fabrica-se sorvetes de silieone.Daia frustraçào fisionômicosF t'
udo isso que esnossospadröesl'
telênicos de
!1 das donas.de-casa quando percebem que e seu prato nâo beleza conveneionaram agruparsob a rubrica genérica do
'
I temamesmaaparênciatentadoradasfotosqueilustram os
âlbuns de culinâria: elas apenas nào percebenn que as
fteai
o'.anöesegigantes,travestis,mascarados'doentesmen-
is,nudistas idosos. m arginais,adistas de eirco ou de
iI imagensqueacompanham as receitaseulin:riasforam teatrodevariedades,gorduchos,magrieelos,etc.sôque
I forjadasporperitosem ieonografiaenào em gastronomia. essagaleriademonstrengosgenéticosou sociaisnàeé:datla
Poressarazào,Ldestitufda de sentido aafirmaçà.
ode de form a sub.reptfda,através de im agensfurtivas deuma
:. Sontagde que''oato de fotografaréessencialmenteum ato eâmera oculta, mas é: exibida ostensivamente para o
de nào-iutervençào. (...) As pessoas que intervêm nào espantodecoyevrfotogrâfico.Arbusdescobriaosrejeitados
registram ;asqueregistram nàointerz m''(Sontag 1979 p. no subm undo de Nova lorque ganhava.lhes a confiança,
154).Sontag vê a inteaençào politica na sua expeessào pagava.lhes nluitas vezes e os punha iinalnlente a posar
J
'
p pntur
i an
ervl
eent
ng efi
ào ts
jc
a anaas
mbém sen
odâreyme
no 4
va
nfes
lt
rocarsepr
das si
nea
sb
eôli
ntcas
açrwa d
sei
antesd
fos acà
em nneöes
bar rapearduque
aunzrsetral
as oant
di enl
eg
rand
do enees
pi tnodecon
el :o
um
m aterializadasem signosideolbgicos Para usaro exem plo Velâsquez.Chamadosa po:ar para um relrato eolocados
citado por ela m esm a: quando o m onge vietnam ita ateia ca'
ra a eara com a câm era - e portanto convocadospara
fogo ao prôprio corpoe seimola em protesto à intervençào
. forjarumaimagem positivadesipr6plios- osdeserdados
I
j
americanaem seu pais' ofotôgrafo queregistrou acena- dasorteexibiam suafeiûra ztsvezescom visîvelconstran-
58 ARLINDO MACHADO ' A ILUSXO ESPECULAR 59

m ateriiizaçào bastante eloquente do ideal burguês que


'
inapulsionou a havençào do aparato técnico e quimico da
' '
fotografia. . permitir que todo e qualquer cidadào da
- . -
Replblica pudesse tornar-se pintor ou modelo, emand-
ti :4 y;-
- '
. panuo assim a representaçào pictôrica da tutela (u aristo-
'
cracia que a m onopolizou durante séeulos. 'ral com o
'
'
7#''
. '
.
Sander' Lewis Hine também acreditou nas promessas
*'
'6
'.1r3
*: democrâticasda câmerae supôsquepoderia fazeremergir
.:.1&.
. .
. '
. m ..1
. através (jafotografiaaquelaoutra realidadeque a liguraçào
.. > t' ' pict6rica teimava em reprimir'.o mundo dosoprimidos.A
o t t '* ' , .
w' ' > obra fotogrâfica de Hine é toda ela voltada para a isdecu.
' .
,... j $
** '' '
. .' ' . . < $a@ mcntaçào''dascondk- sdevida dosmineiros'imigrantes'
. .
.kL .
/.;''',,.. ': ,. .
'
.
:..îuv... trabalhadoresmenores,desempregadosedemaisvitimasda
: .: ' kt ..
Ilepressào an4ericana no conleço do século.stasé preciso
' r .y '.' ,
.' :'.
.
;:
'è-'-
::,t que nos detenhamos um pouco sobre o sentido desr.e
'
1 .. .
'
:'
<
''
è :'
1'
: ''
y : '
: *fprogressismo''.Allan Sekulaji obse>ou,a respeito de
;:
..'
.*',i.ttkr'
.u:
. '
. c
'
.
ertostrabalhosdeHinesobreaexploraç:odecriançasno
trabalho industrial,que hâ aigo m ais nessas fotos que a
.',. * t
'!
>$
$:
. . 1t1*
. simplese'fixaçào''fotoquim ica deum referente patético:as
: .): j'w'
;.
:
'
.
. ,
.
. . p
> cdanças que Hine colocava diante da cânlera erann cuida-
' dosanlentetrabalhadas,despojadasdeseustraçosinfantise
nlesnlo de suas naarcas operâdas.Isso quer dhfr que na
5 sem l#&;e - DianeArbus(1970/711
.
.
'. chanzadastra'kht#hotography de Hine' aspessoaserana
.
arrunzadas para a foto. .
a nlaneira de fazê-jas posgr e
representar-se a si nxesnlas dava.lhes a dignidade dos
Umento,outrasvezescom pedurbadorainconsciência.Nfas ' D3ârtpesnlitol6gicos,deacordo conlasconvençöespictb-
a earapuça nào lhesserda a innagenl helênica nào sobre. HCagcristahzadas ao longo dosséculos.Ainda no dàer de
vinha e a poseostornava m aisridiculos(ou eram eles que Sekula,om odvo queHinefotografavacom maisfreqùência
tornavam ritiicula apose):deeididamente elesnào haviam '
nào era propriamente a mislria, mas a dignidade dos
sido feitos para a câm era, nem a clmera para eles. . miserâveis(Sekula 1982,pp.103-108).Essa diferençasutil
Descendente(Iireta(Ieumatradkàopictôricaaristocrâtica, certamente permitia aosoprimidos que posavam para a
de que L também um resqufcio ideolôgico a pose nem câmeratriunfarsobresuacondkào(levitimasesefurtarao
Sennpre se deixa eom patib;izar eona as faciidades denlo- Vexanae das criaturas de Arbus m as por ouko lado a
erâticasdacâmera fotogréfica:ela impöe, antes,um acerta . eliminaçào do mal-estar causado pela pose ridlcula im pli-
sublimaçào do motivo e um a espécie de ''seleçâo natural'' . : cavatambém aperda dacontundência dasfotoseareduçào
dosreferentes . dotrabalhoenunciadora um am eracelebraçâo dosvalores
Duranteosanos20 e30 Augustsanderdedicou-sea . plâsticos(e morais)perpetuadospor um a certa burguesia
um inventârio fisiorlôm ico m inucioso do povo alem ào liberal.U m a foto de H ine,partictzlarm ente,denom inatla
prw urando retratos que fossem representativos de cada' U
mamadonadoscorffçoz,mostra,em janelacircularcomo
elasse,decadagrupo social decada categoriaprofissional em eertos iconesm edievais um a m ulher e seus dois filhos
de cada faixa etâria etc o projete de sander era unza ' trajadosenzroupasnAodestasconlo asdosoperâriosdesua
62 ARLINDO MACHADO

década de 60,na baia de M inamata no Japào, documen. A pERSBECTIVA


tandoasdefornxaçöescausadaspela poluiçào denzercûrio O U O O LHO D0 SUJEITO
nospescadoresdaregiëo'apenasum aassom brou o m undot
e#a afoto Geum a m:e com osbTaçosabertose um soniso j
.
I
'
benignodepositado'sobreofilhomonstruosoquejaziaem '
seucolo,justamenteumafoto quepareciareproduzircom ''
uma surpreendente fidelidade a composkâo (la Pîetà de
Michelangelo(Sontag 1979,pp.105-107).Essesexemplos l
parecem nosmostrarqueboaparte dasfotografiasjorna-
lfstieas que mais profundamente marcaram a nossa im a- ',
ginaçâo talvez tenham depositado seu impacto na eoinci.
dência - - acidenti ou prenleditada -- con; cetos arqué. :
'
tipos pictôricos que povoana o inconseiente de nossa
'
civiizaçào.Se assinlfor é posslvelque estejanlos super- '
pondo à foto deternlbzados protôtipos iconogrâficos acu. î
naulados ao longo de quapz einco séculos de ditadura da '
I inzagénligurativa.IssoqueaBergereaSontagaparece '')- Durantequasecincoséeulos,asnecessidadesfigu-
apenas conzo unaa inbaiçào,pode ser todada conaprovado rativas da civilizaçào ocidental for:çm satisfeitas por um
de fornla nauito nlais sislm âttca através do exanle dos sistenla de representaçào pllstica do espaço eonhecido
procedimentostécnicosquegeram aimagem fotogrâfica f) ' comoperspectivafzrft/i
bftzll'
.
ç ouporinûm erosoulrosnomes
: oquepassamosa fazerapartirdeagora. come perspectiva central .jrco- l/rfcc unilocular Iinear e
até mesmo albertiana em homenagem ao seu primeiro
' teorizador: Leo Batista A lberti.Esse sistem a nascido e
'
. florescido no Renascim ento proeuravaobterum a sugestào
ilusionista de profundidade com base nasleis zfobietivas''
.
C-Y. ' . ! doespaço form uladaspelageom etriaeuclidiana No caso o
' ' '
suportem atem âtico pareciadargarantiasde racionalidade
! .' ' à.
ssuasprqieçöesgrâficas.Dizia.se naquelaépoca.quepor
. ' l serum sistcm aderepresentaçàofundado nasleiscientfficas
(leia-seeucll
wdianan)deeonstruçào doespaçe.a perspeeuva
':':
. renascentistadeverianosdaraimagem maisjustaefielda
1Tt:m). il ' realidade visîvel.1)inia-se nlais'essa nzesnla perspectiva
.
kv '' . 'fr 4o
.r
. deveria corresponder à visào da natureza nlais prdxinxa
. ,. '
* ' ' i $ daquela que o olho hunnano obtém através do seu nleca-
.... k
s nismoôptico.Parajustificarestaûlfima assertiva Alberti
' ''
.. .
'
.t
: . im aginava oquadrocom oum asecçàopiana daquiloqueele
:.
denominava'tpir:midevisual''tângulo devisào do olho)ea
*''' ''''
v .< . ?t'. Perspoctivaeomoaprojeçàonesseplano detodo o campo
'

1kI
visual que se estende à.sua frente. Para construir essa
k
' penpeetiva e1e considerava o centro visui com o sendo
8.Tonnokoesuaa,Je- vv.Eugenesm i
th(1972), '' unl#onto fixo,correspondente ao vértice da b<pirânzide'''

1 j
I
'i
t
.
11

I 64 ARLINDO M ACHADO A ILUSIO FSPECUJ-AR 65


'

j'
j11
I
I.
enaseguida,iigava esseponto aoscontornosdetodos os
objetosqueestavam dentrodocampovisual:aslinhasretas v X
. q
ueefetivavam essa Iigaçâo (zzraiosvisuais'', na sua termi- ''
Y z .s
*
i no1ogia) tleveriam determinar no plano de intersecçào a : '
q
.
-' '' *Y ?
..xxs
x
xt
w,
'
' 5' f
g7y?
k*S'
j qht..ta, gy.
j-
'
.
'
v
-
.*
)F
J Z
.- '
,
.
1: - '' .

poskào relativa dessesobjetose portanto a configuraçào ' ' -''--ZQ'- ''J- ' :.
1
lI
finaldasimagensnoquadro.Tinha.seassimumsistema
.

geométrico objetivo para projetar todo o espaço tridi-


g .' ,
.
'y
s. , -d
.
*

I
I!I m ensional no plano bidim ensional da tela. A imagem . *' ' 1 $' -
,I '
. ' ë
I obtida akavésdesse sistenaa de projeçöes nzostrava unla 1 * M ,','
f .$k *
l' hierarquiadeproporçöesquedeveriarepresentara distân. Z
-** -* '.
I k C1 ' *. *'
.
j cia
temr
eo,
plati
tvaodooso
od bpaç
esptoosnopr
re es
ep
saçoado
ent tridi
men
no si
pl onals'eAo
ano nlme sav
ostrmoa 2' . /Z?'
?f
/' ;. )s
' :'
.
1 unificadopelaslinhasdeprojeçào,demaneiraqueasretas Kh '?z# ?i r '
v, j ttt T$. s
s
x:X '
hx
I
f perpendiculares ao plano de intersqcgào paredao se pro- '; ',//é h : Nh j .
q. N

'
I l
ongardeformainvisîvelnoespaço,atésejuntarem todas
num ponto de cenvergênciacomum denominadoponto de
' )ZG ?/ / '
/
î'
I '
k t1X
$% V
N
, g tz / Ij1 h.>N
/uga. ; 'S/?z ;
?? 2l l
' t NNNXN
:
.
7 Para o V m em dtlRenaycim eatg a perspectiva 4w /- J z %- N
: Acftz/zk signifieou o descobrimento de um sistem a de repre. I
i sentaçào'âobjetivo'' S'cientifico''eportantoabsolutamente
I !' '.fiel''ao espaqo realvisto peiohom em ;m asverem oslogo a
seguirqueo que eleseoaqtzistavam era um espaço ficticio' 9. Esludo daperspectivada ceià deDirkBouts(12m .:7).
fruto da positividade cientffica e das reformas polftico-
. i sociais em andamento nas imediaqöes do século XV .<EA
j1
. peupectivaliuear- de modo aigam a fmica lôrmlzla ''COPiava'',numatelatransparentecoloeadaitsuafrenteos '
.
conhecida no tuattrocento - nào éum sistema racional f'bjfltoscolocadestTcpladtlpesterior.Acreditagam Diircre
melhoradaptado queoutro à.estruturadoespirito humano. Seus contemporlneos que a constnwào em perspectiva
!1 nào corresponde a um progresso absoluto tla hum anitu fle
' Centralm ostrava o m undo 1aicom o ele era visto a partir
Ii
. na busca de uma representaçào sempre m aisauequaua do desse ponto fmico e fixo.M aistarde deseobliu-seque era
II
' muudo exteriorsobre a tela fixa de duas dimens:es;é maissimplesobteressamesmaperspectlvautîlizande.sea
I apenas um dos aspectos de un, m odo de exnresszo camera obscura e substituindo o ponto de mira ue ourer

., conovrde
da encmionaliai
soc hado
ndadosobr
mundo eum
em cert
dado oestado
moment d,a
o' (s tû
Izr Jnicats
ancas -lv
e e pelaasos
fazi obj
reti
ai valsumde
os Baos
inos rbaroee
conv rujo
giremsl
ecanaîs
par mopont
um der
oefraçcà
uni oo
'I 1960 p.9). 1 dispondo a inlagenl em perspeeuva. Todo o nzecanisnao
. I -u .!'Ainda no Renaseinzento o alenzào Albert Durer
. ;
6ptico da câ
.nlera fotogrâfica -- que nasce < -- foi
cd:struiu diversos aparelsosdesunados a obter ue fornza r reclanaado exatanlente para resolvero problem a da obten-
' prstica inaagens esn persptctiva.saa zerg, lais aparelhes ' çRo auton,âticadeperxpectiva arrp l cfvsfx,razào pela quala
I erana dotados de um esulete, na or do uuaI
-oxinzidade - fotegrafia é indissociâvelda ideologia dessa técnica proje-
deveriaestarcoiocado o olho do artis-
ta (apenasunlolh-o;o tiva. Ae incorporar nos seus procedinaentos ôpticos esse
; ouœo dcveha ser tapado):a ponta do estilete era tom aua eôdigo perspeetivo particular' o aparelho fotogrâfico bus-
?;. como ponto de rderência a partir do qual o artista eavaJustamenteperpetuaraimpresszo de''realidade''que
' II
I I
'
!
i
I11
1
:
68 zuti-ixoo wu cHaoo
' A II-U%.
kt)ESPECUI-AR 69
angularesnào podem ser identificadas senào por m eîo de
com prim entos de areo que por sua vez s( $ podem ser seleciona, am plia ou ignora opera e m odilica de acordo
1.. reunidosnuma sttperlicie esférica.Além disso, sabe-se que eom a intencionalidatie do olhar.Se o prind pio fundador ,
.
II ' eolhetem deprôprioumaformaesiérieaeportantoos daperspectivarenaseentistaé.aimitaçàofieldanatureza,
dadosluminosos (lo ''exterior''sào prqjetadosnà()sobre como êpossivelqueumafkjrmulaprojetiva tào arbitrâria
uma superficie plana como na pintura m as sobre uma tenila podido se im por para uma civilizaçâo inteira com o
''
curvaturacôncava.isso porsisô jé distingue a realidade têunica de duplicaçào especular da realidade visfvel?
'
I percebidapela retina da realidadeconstruîlla pela pers- '4 Pararesponderaessaperguntaêprecisoidentificaro
I
11 p
de
ec
irt
ivaOrein
a. as
ne cent
ômo di
s
ot
afeonuôme
pel
ra
toc
aame
d sra
def
'' ootroma
f grft
çf
öi
c
easauta
sl erhesr'-
ai ' sizsatema
li e1ng
sn
uo
as
ipr
olô
ogic
jeço
àoqu
pe
era
spp
ei
cn
ttuar.aEm
iv renasce
pr ntis
ime toama
ir lugt
ae
rr
,i
aa.
'I (agigantamento dos ânguiosform ados pelas retas eonver- Perspectiva centralsubstituio espaço descontlnuo e frag-
I gentesnasbordas do quadro) que a fotografia nostornou mentârio da pintura medievalpor um espaço sistemâtico e
1
familiar e que embaraçou os teôricos da perspectiva no racional,isto é::
'
dotado de talcoerência interna que nào se
.
1
. Renascimento nasce dessa contradkào entre a projeçào poderiahesitarem classificâ-locomoum espaçopuramente
plana da perspcctiva e a ptrcepçào cun.
t
'linea do aparelho m atem âtico A esse esfow o sistem âtito se aplieam duas
' ocular(Panofsky1975 pp.44-45). propriedadesfundamentais;a infinitude e a homogenei-
.
Outrosproblemasaindapoderiam serapontades.U m dude.Pt>rinfinitudeseentende acontinuidade(imaginâria)
dosm aisnotbriosLo irrealismo doponto defuga.Porsero da cena diegética para além dos limites materiais do
'
.
l ponto de convergência de todasasretasdo espaço,o ponte quadro.Em outraspalavras. 'com aperspectl'va tzrfl
/i'
cfcSx,
$J
'
I defugaéarepresentaçio doinyinito:opontodeencontro ' anoç:o desuportematerialdo quadro Lafastada em
dostrilbosdetrem ,porexem plo,nào indicao fim dalinha, definitivo t substituida pela noçâo de plano transparente,
I maso seu prolongamento invisivel M asoinfinitoestâa1iao qMe o nosso olhar supöe atravessar para afundar num
j meu alcance,possoatétocft-locem'osdedos.sô mesmo por eswpaçoim aginâ'rio o qual porsuavez,nào émaislimitado
força deunaconvencienalisnaonauito podtrosoo espeetador nnasliteralmente cortado pelasbordas do quadro.Alberti
'J Podeignoraroartificialisnaodesscprocedimento.NoRe-
nascim ento, os pintores tinhann eom o regra esconder a c
chalmoasveaaoozq
on ues
pradernt
oaçdào
eypi
ncetsôr
tra
icaJ
rer/c
cons (jda
truianesla abertaos),
eguado
evoluçâo dastinhasem direçào aoponto defuga barraado- cânones dessa perspectiva luncionasst conlo um naundo
!
1 S(2om murosou paredescolocadasao fundo ,justamente
a. dtlplicado quesesapöecontinuaradinfinitum Para além
para evitar que o irrealisnzo do proeedilnento se revelasse. dasfronteirasinlpostaspela naoldura.?klils nasnzolduras
Além disso eom o a perspectiva renascentista trabalha de m adeira dos quadros renascentistas ()s eaixilhos im i-
j
'
a
Pp
aena
rars coem
epr ptraorjwö
sen asfe
os
rmr
eati
sl
f
vnea
urvs
ase
1
2ape
nco
orisn
st
or
a
qud
ei
ficu
nà ol
d
eadse
xi s
te tavraem
pa de.def
osqatodruonsta
ua paj
ra
en
ce
il
aa
mrdeealf
orma
me quie
nte pa ,ge
sa eo
nl
ocaabdeo
s rs na
tasà.
um afbrmu1aparaseobterunaefeito perspectivo da tridi- visào atravésdajanela.Segundo Panofsky,Jan Van Eyck
I nlensionandade dasesferas o que obriga ospintoresa foio prinleiro a liberaro espaço da representaç4o das
' renAediaro problenla conn técnicas de zuminaçào.E para fronteiras ditadas pelasbordas do quadro.Antes dele,a
' Com Pletaro quadro darelatividadedosistenlarenascentista cena diegética conneçava no primeiro plano e se alongava
de representaçào do espaçe um psicôlogo poderia dizer em direçâo ao fundo nlasdepoisdeleo espaçoe m esmo os
quc,do ponto de vista da percepçào individuala perspec. objetos de cena comw aram a aparecer ostensivamente
tivaêum a abstraçào,poiso nosso olharestâ carregado de seccsonados pela m oldura, dando a impressào de eonti.
intençào: o m undo visîvel nào nos L dado como algo nuarem paraalém dasbordas(Panofsky,1975,p.137).Do
absoluto e total m ascomo um a matéria que a percepçào ' quadro advém entào Kiperçào de realidadee',enquanto os
'traiosvisuais''pareeem seprolongarde form a infinitapara
n ARLBqO MAcHAoo
A.ILUSXO ESPECULAR 73

; - ' E essa --objetividade',' essa ravionalidade,esse distancia-


SJ maento que possibilitanza consuùziçào do efeito ue t'realî-
*-

û
' vw&*- ' %
' d' ' .' dade,,dessaperspecti
va,besaeon:oaeficâciadeseu
sistenla especular, de longa tadiçzo ena nossa cultara.
h#aq ao nlesnlotenlpo,CXsa DICSDRa hon3ogeDcidzde UKPYe
> ' ' '

'
*
' '
um Ponto tle vista subjetivo,uma ueterminaçào do olho
v
' '
'
u
.
. e . totalizador do sujeîto da representaçào.,,o tuunfo (jesse
.

'
vt
'
4 ' ' , ' . deseio iie Poder que llabita o homem e que a' nula toaa
'

' . :' ,. . ,.
(listlncia como uma sistemauzaçâ.
o eama estabilizaçào (lo
m undo exterioragindo com o um alargam ento da esfera tlo
' Eu''(Panofsky 1975,p. 160). Ko olhar para unz quadro
' * cons- îdo ena perspecuva, o espectador pareee ver tuo-
' ' sonzenteo''renexo'-espocuiardeunzarealidadequeseabre
' 1 '. Para ele eomo nun;a janela;o que ele nào percebe,na
' 1
. n.iohadasvezes, équeesssquauroiâ e,f
, vuto poruna
,n.m av- cei
..ôleodewntosu.o (1saa,. ' osbo uegenzônico que l:e dirige o olhar.Essa contradkçào '
, apenas reproduz o paradoxo que habita toda ideologja

'
îù p - es
donlciinncano,te:aas
pe
.
de
intet
erin
nc lbRaç
onii dö
espque
ade adicul
a
direcs,
ta oapo
ad npat
estod
éegi
d
-ss
Ve
expehlncia da perspecuva cenei é a prosanda transfor- ' encontrana replnaidos ou ocultados por nlecanisnzos de
nlaçàoesphGoi queseoperou nonzundoeuropeu apartp relaçào,de nlodo apernxitirquea subjetividadedeunaa
de1400,êpocaenrqueaEuropaseliberoudavisxocôsnzica ' visâoparticularpossaaparecerconlo aobjedvidadedeunl
da Idade sfédîz, à qualo iaiwduo se eneonva fuacio- . bstenza derepresentaçào universal.
nimenteintegrado.se atéentào todojulganzentosobreo ' Yz Naveruade,pordepâsdesuapretensàonzeclnica de
valor toda nqpresentaçào do Eu e das coisas matedais 'j' **hni
- tara natureza'' a perspecdva renascentist: esconde a
' am ao prindpio (Ie uma ordem superior e sobre-
Pertenci )k' sua verdadeira motIivaçào ideolôgica: e1a visa instituir a
humanap*talcomo Deus vq o mundo',L parur desse i* Wsâoplenadeum espaçoimmogêneoeinfinitoelaborado
momento-pelocontrârio,ohomem tomaconsciência(Ieseu ' por um olllo/sujeito,tal como na filosofia idealista a
papelde -sujeito onisciente'.E (je seu prôprio ponto de '
E'
7 pienitudeea homogeneidaiedoserédadaporum sujeito
vista,com seu oll.arque vksae quefixa,quee1eim primeàs .
!' transcene ntal. Quase ao mesmo tem po em que Galileu
coisms a sua ordem no mundo da imagem . A perspecuva :
' anuncia o fim do geocentrism o. essa refraçào perspecdva
centralnaseeuestabelecendoasproporçöesdeaistân- cia;ela ' surgeparaproduzirum novorecentram ento num pontofixo
' 1a expressâo de um egocentrismo da ôptica e (Io oensa- . originârio- oollm - apartl do qualosobjetosvisuali-
' mento,um subjeuvismototalquemarcaoirgciodost- emoos ' zadosseorganizariam.A perspectivainventadanoRenas-
novos''(schmon19.52 p.8) - . cimeato ocupa nas artes visuais o mesmo lugar que o
lt-Hâ =go de paradoxal nessa hosqogeneidaae das ideaiisn,o vaiocupar na glosofia œês siculos nlais tarde:
fornzas inzposLz pd a pemspectiva cen1i . ïte uza lado,e1a ' subsutui o geocentdsnao cristào decadente por unl novo
Parecehnpdnlk unacarâterobjetivoàssuasprojeç:es,pois . recentranlento,atravésda instalaçào deunasujeito lans-
lograsuperarasubjetividadedasconstruçöesespaciisda ; cendental,entendidoconlounzaconsciênciaquedâorigenz
Idade hfédia porunasistenla saatenlâuco hgoroso e exato. ao sentido.A sua Wsào uniioculartem por:ançâo cireuns-
crevera poskào do sujeito;o espaço que ela conseôié
i .
I j.
l AILUSXOIBPECULAR 77
J
Ij quemenunciaeadisponibilidadedoqueéenunciado.Num
.

k
RECO RTE DO Q UA DRO materialetnogrâfico preparado pela Encyclopaedia Cine.
EAt-usâo Ao Ex'rnAounono malographicaaeotsttingen,vemosumasériedetomadas
'
I t
dl
o
oeumeu
Cha tan
de doscuhma
(Be eer
neiduni

gsfen
si
ade
t dercHa
ircu
dnei
dads
ào
innJl
uma t
zr
tfwf ib
tfco
fj
2. n c/zad/Festa da cireuncisào dos Haddad no UadaiM eri-
dion=, no Chade).Ntuita coisa poderi. ter sido eaptada
2 pelas c,naeras gosekrxtjsfas,conao,porexemplo.a dança
I I
1. frenética dos naennbros da conlanidade ao redor dos ini-
.
I ciantes,cujpritmo forteemareadoleyava a tribo inteiraa
ë um estado delxtase,quefuncionavacomoumaespéciede
11 <u + : ,,
j cortadosaparentemelltfSCm dor.NO Cntttnto ttldlta.ênfasc
(k)materialdocumentadovoltou.separao atoparticlliardo
I
'

j
I cortedoprepticioeasreaçöesfisionômicasdosmeninos
submetidositcirctmcisào.Um desses planos inclusive,
j
I '
Tbda fotografia, seja qual for o referente que a 'W XIiZOt?îusittfflellte O detalhe agigantado da pmta de
I
k motiva,ésempreum retângulo querecorta o w'î/pa.o ,
Sitngue no chào,na melhor tradkào dos thrîllers holly-
j
l Primeirepapeldafotografiaéseleeionaredestaearum W
vo
t odiantroas.?ma
mons Oraint
,eri
sasîsào
omi uma sele
indevi çàocar
da deregada
quadrde
ospr
qec
ueo'niâ
-
1 campo significante lim itâ.lo pelas bordas tlo quadr- o'
isolfelo da zona circunvizinha que L a sua ctm tinuidade Coitos''eivilizados''ocidentais sobrettmaculturaqueopera
I
I eensuratu.o quadrodaameraéumaesoaiecleleqnv'v. deformadiversadauossa.o recorteefetuadopeloquadro
' querecortaaquiloquedeveservaiorizadoLueseoafa--
' o-JU(. ditCâmeraesteveotempotodoideologicamenteorientado
-
é im portante para os interesses da enun'i
e
aeào'd o fari
l& - noSentidodeprescreveruma''leitura''eurepéia/ocidental
1
: acessôrio,queestabelece lego de inîcio Jma n rim
-'-e''
lm-
n domattrialregistrado:aescollzado eampo significante
l orgarlfzaçaocuscofsagvïsfveis.Iyîsensteïujéafirnfou-- m-
de um avez queavisào figurativa ! sem pre uma visào ''em
ai-
s a'
barcadopeloquadronàoeranem delonge''objetiva'',
m 6ts apbitrâlia e autoritâria; e nem podia ser diferente
primeiro plane''(no sentido e.
m que se fala de primejr
-o Poroue(7atOpuro esimplesdeintelvençà.
o da cAmeraé,jâ
1 plano l)o cinema eomo detalhe ampliado) porque tanto o XWl1dO CleColtmizaçàoimplicito.
I'
.
pintor eonlo o f!otôgrafo preeisana senzor
re efeuaar umn N àO 6 nluite disc; perceber a força significante do
escolha para recortarna eonhnuidade Jo-naundo o canlpO Ttcorte quando esse eabi
. ho de sfncope apaa ce ost tlsi-
significantequelhesintereun 'rna.vlva-.-1-+x-:-- mesmoo VamenteComo tlma manipulaçào,seccionando porçbes do
i 'z.. ouamai---'
amaisu realista sîngz-v%'* '***U bJ*k %U'1%>,
nua ésempreum prxesso ObjetooudecepandoaspessoaspeloJneio deIormaqlrea
i
' classificatôrio quejoganas trevasdainvisibilidadeextra- Olltifilxda'
dedo mundo apareçacindidadeuma maneira
quadro tudo aqugo que nno ctpnvém aos interesses da brt
ltal'Quando se corta um a figura hum ana nua à.altura
dO um bige, Por exemplo, nào L dificil concluir que os
I enunciaçà
detalhe o seeque
que querpr
inv
ivcr
ilesgi
am
arent
. e traz à. Iuz da cena o lim iles colocadospelasbordasdo quadro foranz jnzpostos
' Evidentenaente essa escolha esse recorte aào sào POr Pldrëes moris ou seja para censurat os érgàos
nuncainocentes nem gratuitos.'roda sîncopetlo quadro L VtDitais.Num a fotodeJueaM artins obtidaporocasiàode
ttmaoperaçàoideologicamenteorientada jéqueentrarem &ma ODdaPtdicialzta Boea do Lixo paulistana vâ-seum
tencionalit
cam pe ou sait de cam po pressupöe a iu' u ue de travesu algemado esubjugadoporuoisagentesà.pauana,
&) ARLINDO M ACHADO
A ILUSXO ESPECULAR 81
1. ..
:)
'
s.) '- . c
) .:. ;' .
p
. .
,.
t.)
,1
- ). .
,
.
: , ,rz,, .
.
.. y ., .
;
tt 1.
v1. .
.
. . rrl,
t :.y: .
.v .
.
.
TJ ' t
, ... .t. .
): ..ou . ''.Lr
).
: yj,
' ygtg2ly:
:t . . .
. ,
v4
.
,t.
...7 F
...
wou.**
:
y' rlt /i s
t..u:.;).).
.
::.
tl l.
t:;.
:(r:
:.
):
:j . 2(; .
.1u,P' '*. )Q l:.t
1. '
z '...z.
t mlrl'wàt
.
;
. t '
l
# . k.
.7.jr
s .. e :
.,
k
. r
o ' $

o r à
a . l
. ;.
. j a k,
. 11).)-. .
... af :k
* .o..??.z
*t
n,-.... *.',t.'
;, :. vlœ.vy,
13 PalâciodoJyapapa - LufsHunvbelo(1979). '
jjCITIy
' R) X
14. coraçso dealcachofra - Edward w eston (I930).
sobreoobjeto,quedilaceram e fragmentam ovisfvelaum
nivelprôxim o (lo microscôpieo,acabam porperdero efeito
de perspectiva. Os renascentistas jâ ensinavam que a maisdatopografiageralda imagem do que de qualquer
m anutençào do ilusionism o de profundidade depende de fetichehom oldgico.O i'retrato falado'' utilizado naidenti-
unza certa abersara do quadro condieào uue nào q. nna- ficaçàopolicial,bapzia-senespufenônzeno.Osve osôrgàos
transgredir sob pena de conao'ronaet' -rofunanm--.nk V- - -
' do rosto hunaano sào decom postos nos seustiposcaracte-
er o - -- o n
- - --
nrealisnao''da cena.Nào ( p- or acaso - da -- oh- dsticos:narh fino achatado ou aquuino.olhos grandes
que to a œ a .
cinematogrâficaligadaà.mistica do i'rear'sempre encarou ' redondos eu alongados;lâbios finos,grossos e assim por
com reservasousodoplanom aisfecllado oprim eironlano diante. Escoihendo'um a um o tipo caracteristico do
no cinema; afinal, isolando com demas 'iada ênfase-um a sBspeito num paradigma de possibilidades(portanto,num
imagem deseu contexto o seu efeito especulartende a se C/ItE
IiBO fisionômico) e depoiscombinando os traços esco-
disselver na m aterialida
'de da tela. Algum as fotos uue ' lhidos num sintagm a artificialm ente produzido, pode-se
Ed wardwestonobteveatravlsdodetalhamentodefolhJse
troncosde ârvores pequenosrecortes de corpo hum ano ou
r Sintetizarafisionomiaqueseprocura.A ''identilicaçRo''de
um a.fisionom ia num retrato fotogrâfico é o resulh do de
,
fragmentos tle nuvense dunas lembram com lnais insis- ' um a'Sêrie de Coincitlências topolôgicas. que o especta(jor
tênciaastextlzrasabstratasdeartistmsplâsticoscomoTobev PeroebeeomoumaGestalt,ou seja,um arranjo particular
ou Fautrier do que qualquer referencialconcreto. t;
m Je .: flel'maSérietleelementosisoladosnum todoardculado.
seus motivos particularmente um coraçào de alcaclmfra Sabem osque t,possivel''reconhecer'muma fisionomia num
fraturado e arraneado de seu' contexto pelasbordasdo l ne#ativofotogrâfice,muitoemboraostonspictôricoseos
quadro acaba porperderos seus contornosfigurativose efeitosdeIuzestejam aitotlosinvertidos:Lque,nestecaso,
resultar nunaa fantâstica paisagem inlornaal: nào fosse o a Configuraçâo topogrâfica da inlagena ! preservada.51as
dùzlo seriahnpossivelidentlicl-lo. .
basta eu isolara inzagena de unlolho ou de unaa boca do
Na verdade isso a que nôs chanzanaos o *'reconhe. ' restante da fisiononlia para que a figura se torne inaedia-
cimento''(leum objetooupessoanumalotodependemuito ' tamente irreconhedvel De que outra maneira - senâo
'
. atravésdosdtulos-- pupoderia reconhecerasfacesdeJean
' 82 ARLINDO M ACHADO A ILUSXO ESPECULAR 83
.p' '
'
'.'.
,.'c.,;.'s7t'
. v
'
Qw '(:
1e signosL ()espaço oposto da materialidade da tela.Jâ a
'' ' C C$ *
. .
'.':
?J J? x t .F1
s * ' artehmdadana projeçào perspectiva euclidiana conduza
'
79 '7 * 9
:,l2. . ,t T *v' u.
ir v tlm a abstrw ào do espaço da representaçuo e faz a tela
.
...c, , * parecer transparente como uma janeia, sim ulando um a
' . :?q.f;'
.r. :
''
.Jj'y
rw
# . ilusà.o de prohmdidade que funciona como '4rcvlica''ou
.. ,'
' ' :
'
SJ ' '*côpia''danatureza.Comoj:vimosnocapftuloanterior o
'
espaçorepresentado poresta :1un1aperspecuvajâ nào se
.'4 , : encontram aislim itadopelasbordasuoquadro,m asapen.s
'
?,
'7<
'=1' - !
re . cortadoporum am oldura quenào tem opoder entretanto,
'''
:' , :
.
;'. ' . .
.' deimpedirqueeleextravaseparaaiêm dam ateriaiidalleda
r. z.v'. . ' I
.
. tela,sob a form a de um campo invislvel.A im agem cons-
z â d
. . .. tnuda sobreessem odeloperspectivotrabalha.portanto,em
. .' :: '';'
,?i
/ $ : dois lugarcs imaginâzios:o espaço que se afunda para
e.
. . .)
1. , dentro da triclimensionalidade ilusôria do quadro, com o
';
. , i L
'
.. . que pedurantlo o suporte material e (Ie outro lado. o
' ' '
'
espaço que se supöe atravessar as borias do quadro
'. '
.
'
saltandopara forae x upanuo o lugartlo obseaador.um
';
'
inlinitopara dentro eunAinEnito parafora' .é atravésdessa
:; ' ilusàodeum espaçoiiilnitado quea representaçào perspec-
tiva renascentista oculta o recorte do quadro e reprim e a
15. O olhodmelto deJean Dubuffet- E$I1Brandt '
.
(19fOà. m utilaçào m etonim ica que estâ na base de todo procedi-
'
'
mentofkurativo.
A referência a um espaço ilusbrio extraquadro pode
ArpjAntonio Tàpies ou Jean Dubuftetnos xxretratos''que W
. sedardevâriasm aneiras,eomo ocerre,porexemplo,toda
BillBrandtlhestomou,seelasestàoreduzidasapenasaum .
l
. vezqueumafiguraqueestâem campo apontaou remete
olhoredeado derugas?Desarticulada a topografia da face ' para algo fora de campo:tsse é o caso da foto de um a
o â'retrato'' se torna t*desretrato'' que L exatam ente o i nzulhercona a expressào atecorlada asnzàosprotegendo
contrârio da celebraçào do referente. Nào por acaso . o rosto eo olharfixo em algo que sô elamesm apodever.O
quandonëosequerqueumapessoasejareeonhecidanuma espectador sô tem diante de si a imagem da mulher
foto,na prfttica jornalîstica habitual coloca.se uma pe. ' assustadaeadireçàoaptmtadapeloseuolhar,masnàotem
quena tarja preta à.altura dos seus olhos e isso jâ ér ocontracampo desseespaçoparaoqualsedirigeo olhar:
suficienteparaquebrarasrelaçöesfisionômicas deixando a ' isso nào o impede(ou melhor isso exatamenteo fowa)de
' faceirreconhecfvel. .
coneeberinxa/ne amente o prolonganzento despz espaço
'
Aversào ao espaço naicroscôpico e necessidade de ' enaoldurado pelas bordas do quydro. A lguns exenzplos
preservaçào da profundidade da eena sào duas instâncias ; naarcantes; unla foto de Hiroshi NA u ishi, tonaada por
conaplennentares do mesm o ideal figurative que visanz ' ocasiào de urn golpe dkeidsta na Te V dia enz 1976,
garantiro império dasduaspropriedadesfundamentaisda . mostra dois estudantes da Universidade de Thamm asat
constrtwàoperspectiva:ainfinitude e a homogeneidade.A ' olhando para algo fora (lo quadro que se supDe ser as
' artepictôricaoriental,que nào estâ fundada naperspecdva i Prôpriascenas do m assacre dosesquerdistas no campus.
artèicialis encara o quadro eomo uma superfieie plana outra foto de Hector Roadon Lavero tom ada durante
lim itada pelasbordaseporisso e espaço que ela preenche . uma rebeliào m ilitar na base navalde Puerto Cabello, na

(
'
A ILUSXO ESPECULAR 8S
M ARLINDO M ACHADO
Jrvr
rsz zzl.ti x
'pr )s'r. Q:
,.1
i7f1$
l7
l1
r'
1
ul'
X t
:f
y7
.r l
.ê r
iz
zrr
' fTo
.
fw
'
rl cyrtzr
'
. àrz>
lrp
tslè
,
':z
'
fzr
..
tsrjry
*t
,,tf*ik ..
7
. py . a. l
Y r r
â..ttlg't'
r, z .&.ts/
iz av zz
r ). .;â..3zr
:,
.
b t
.
b
t'
i
1
.I
'
$'
>
:
%$ .
$$'%
2'1
,
t '
:I Q
r: .
X.
)r$X2I.
: L1I.
+*
t'
J;
t. (:
$.))
. .

iYg
v /yoz
, z r*zu tte
.
ly
'n.
C
qz t,
tcb
g.
..
gar
,yke-d .,.4*..0
.
. 1: u s$*a:t:
' 44 $
àytrIJ. Jwrr ozv tt.).b
v
..
.
. ), .. (u:.w pu j
,u
t.
.
.
1t. v: oê,.
Wr
3 ..rsê
.r..
r
, tr yr . .? y:y>'
.
))) . j
sg :

r.? .w.
a
'
.
&z.
k u:
...u.
aJ
'
).î
... I
>.
UO;
'.
k .
.J ., . ,
:
. . o .
)
'
vts.v vr .r
'
' .
.
. ,z . k. . ,.. .
)
Jzp ,) rzag . ra.,. .
f .;;z.
?'
i.râ'
le .V*
. . '
2.t:':t:.4,
J
* .'i ' .p ïljt
.
,y ê va-pfLrcl
.
: ..
. r'
T
4>J'.t4: ' .Y*
.0.g g
...QJ .,
k1
tê. t. 6.
:%œ ..
vj-
Jv ;s
7
.ta. s sl .
.
..+y'
w.%
4o
dk . l't
.
'.
l
.j
y'
$.
jz
1.
t.1.
j
44.
ul
.
.
, . v
. 1.
w'
r
*1 t
.
. .)41
. t.
yt4 sts
j
.
tr IE
'
):..t )!:%v: .1u ytI.
.

)t.
*'''8
. ',@
#:'
)*
-.'
t .
)
)'
$J
)'
)l
tT
Y'
g'.
. t
$'
:
tt.
;
':,
),
'
$t
.
.

!1twka
,
qz cr
..
.
..

16. Golpe na ra/Mr?(#&'l


hvasso da univetsidade ' 1110
*
y,
)k.j'' s.
pgl *1o
ê1
de Fha/vppalar- Hi
roshiNakanishillg76) .
yT.)4yyye
slqr')l*
,l)l)t
.1:)Jty)$:1;)Jl:w
Fe
oA
lv-â:msét
'
'
17. O padre J
-t//
à Manuel/>atf#// aocorfendo
Venezuela(1962), m ostraum padre socorrendo um soldado um soldado fer/
kffldurante '
?innurreiçëo
' de '/ee/ Cabello - HeGtor R. Lavero
mortalmente ferido e os seus olhos voltados para o loc< (19:2)
onde se supöe estarlem)o(slatiradortes),muito embora a '
câmera nâo seja capaz eIa prôpria de se voltar para esse lidade do exduîdo para com o fotbgrafo, comprom isrsos
extraquadro.Porque ofotôgrafo prelere tom ara cena pelo ' i
nconfessâveisentre mspartes,impossibilidade de mudar o
seu contracampo é algo dificilde responder'mas arrisca- ' ângulo de tem ada,etc.- que estào J.ustam ente determ i-
mosahip6tesem aisprovâvel:em certassituaç& s.limite de .
nando oesfacelam ento do espaçoeo esquadrinham entotla
extrema periculosidade ou dedificilacesso'nem sempre é
cena. Num a palavra o feuche do exk aquadro funciona
possîvelapontaracâmeradiretamentepara o motivo;nesse '
com o um curto.circuito da m aterialidade da foto censura
caso,o fotôgralo procura no contracampo da cena deten t do cesto enunciador e.em todasascjrcunstâneias
q '
, refowo
minadossinais que gpontem para o cent' ro da representa- d u' '
çào. Nos dois casos citados' a imagem enquadrada no oeleito especular.O extraquadro nâ .a,com o perdais
o pode j
a ma nesse
sistem aserencarado como tal ou sel irrepa-
recorte aponta para a sua continuidade no extraquadro e '
. râvel,sem reapropriaçào.
nessa simulaçâo de am espaço infinito e1a esconde a sua Godard caricaturou essa seduçàopelo espaço infinito
prôpria fragmentaç:o e a precariedade desua visào.M ais oferecido pela vonstruçào perspectiva no seu filme Les
que isso, invocando a mjstica de uma representaçâo . carabm.kers quandooespectador,quevaipela prim eiravez
infinita,a fotografianosimpede de perceberaquilo queé o L ' m
. aocinem a,aovernatelaaim agem da belam u ernua m ms
maisimportante:ascondkX sreaisdeproduçào - hosti-
1
86 ARLINIIO M ACHA DO A Il-usi.
clESPECULAR 87

com osseioscensuradogpelasbordasdoquadro levanta-se ' 1 tam bém suprim ido na m edida em queo espaço que e1e
.

de sua cadeira e canùnha para a pente na esperança de ocupa é substibaido pelo espaço hnaginârio refletido no
descobrirunaângulo pddle/ado que 1hepernzitisse oDnar espeKbo da cena.Essa supressào do espectadorenquante
pelo viés do quadro crentc de que o corpo fenlinino se um uleitor''autônonlo do texto hgurativo constitui eonao
prolongasseparafora tlo campo.A impressào deinfinitude ' verem os a seguir, um dosfenômenosm aisimportantes da
'
produzidapelaperspectivalograapagaranlarcaideolôgica 1 representaçâo entendida como produçào de um efeito de
'
imprimida pelo recorte do quadro, ou mais exatamente: i .1realjdade''. Por ora,fica aquiregistrado que a vertigem
ocultar o fato de ser teda cena uma constrtwào e uma ' dessa representaçào infinita contagiou tam bbm a foto.
seleçào,intencionalm entearquitetadasporum enunciador, grafia quando esta descobriu que poderia desdobrar o
em determinadasrelaçöesdeproduçào,com vistasaum fim .
1 espaço pict6rico focalizando o modelo e seu duplo através
'
determinado.Ocultando arefraçào impostapeloslimitesdo ' (to reflexo de um espelho, dem odo a estender o seu lugar
quadro fazendo a cena extravasar para o espaço im agi- . sim bôlicopara além da prôpria m aterialidade da foto.U m
nâriodoextraquadro,aperspectiva esconde aenunciaçào e ' espelho dentro de unaespelho -- conlo nasconstruçöesen
o papelhandante do côdigo, torna o espaço da fepresen- ' abînIe da herM dica -- se eonsiderarnlos que a voeaçào
taçào unl espaço autônonlo e independente dascondiçöes ' ideolôgicada fotografiaê a produçào do reflexo espeeular.
que o gerarana. O nlundo representado pela estat4ba l A esse respeito, aliâs,hâ unla foto de Brassaï surproen-
perspectiva carregaj'.>nlpre,essa contradiç:o:ele aparece dentenzentereveladora,em queo trio colocado no contra.
conlo unlanalogon quasepedeito do reZ ou con;o a sua . campo do quadroe projetado no espelhe da cena repete
côpia nzds exata e no entanto paradoxzm ente surge conzo nunl eco dsual o trio que Ne vê enn cena.Alguns
tanlbénlconlo unlnlundo àparte,autônomo e auto-suh- ' anzistasvêenlnessafotoum acaricaturadoprdpdoprojeto
ciente,bzfinito por sinaesnzo sena qualquerligaçào cona o : fotogrlfico, entendido conlounadesejodeduplicarserese
m undo queo gerou a nào serofato de sero seu Reflexo o '
. objetosdomundoem suaimagem especular(Owens1978,
seuOutro. ' pp.74-75).
A pintura quevem do Renascimento nospredispôsa .
im aginar o fetiche desse espaço extraquadro quando '
descobriu que poderia zfapontar''para ele ou sim ular sua :
existência através de espelhosespihadospeia cena.Entre /
os :14meresexenlplosque proliferana durante o Renasci- ' 1$
naento e o Barroco podedanaos citarO bangr/cfro esua t
mulher(1514)deQuentinMetsys,oAuto-retrato(1523)de yg).. * E$
Parmigianino,ouVênus.VulcanoeM arte(1551)deTinto. ' '
, W
retto nosquaisum espelho ctm vexo colocado no fundo da >)
cenarefleteoqueestariaà.frentedatela,nasuacontinui. . .*w *C
dadeimaginâria,ouseja.ocontracampodasala A desnor-
. . ys. tpoy.
jt y. '. ,...
A ). -gys t
vtl
teanteseduçàoquebrotadessastqhsresidenofatodenos :!' '
forçarem ,enquanto obsen'adores a crer que a cena pros- ;.
s
segtzeparaaiém dasbordasdo quadro abrindo-separa um . *
espaço iEnlitado que vem nosroubaro prôprio espaço ena '
queestamos colocados.O jogo de supressses e censuras
: parece nào ter5na;desaparece o suporte nlatedz da tela
desaparecem asbordasdo quadroeoespectadore1eprôprio 18.Au sayM usette- Brassa'
f(10 21,
I
'
A ILUSAO ESPECUIAR 89
88 ARLINDO Maclu oo
'
é.acondkàodafotografia;mmsaficçà.
o do extraquadro a
Sô que na fotografia ocorre um sério pro'blema: se ' excuide fonnairremediâveleliie rouba olugar.A câmera
laço desdobrar o espaço (la cena colocando espelhos em nào pode nunca fotografar-se a simesm aya nào ser que a
eam poea prôpria câmera pode aparecer refletida nesses tomem osatravésdoreflexo deum espelho dacena.M esm o
cspelhos,comprometendo a inocência do efeito de â:reali- nestecmso a produçào habitualsempre encontra meiosde
dade''. Por isso,desde que nâo esteja nos propôsitos do ' escondl-la,oudisfarçâ-la,poisseacâmeraaparecerefledda
fot6grafo a :tdesconstruçào''da ilusào especular, e1
e deve ' nasuperficiedealgum objeto fotografado o resultado éo
suprim ir da cena,ou pelo menos ocultar, o seu pr6prio com prom etimento senào da fotografia, Pelo m enosdo sett
instrumento de inscrkâo,a câmera.Para tanto,ele deve efeito (le Sxrealidade'', J
'â que ocorre um desvelamente do
.
fixara cena num enquadramento ligeiramente oblfquo em nte enunciador. Sempre queposdvel,na prâtica dom i-
relaçào ao plano do espelhe, ou entào ocultâ.la dentro de age
nante, épreciso quetudosepassecom o senào houvesseum
algum objetodecena.Hâportanto um lugarnacontinui- fotygyafodiastedacena,tbprecisoqueacenaapareçaeomo
dade do espaço que nRo cabe na infinitude da projeçào seestivesse lâ entregueà.sua pr6priasorte,adespeito de
perspectiva,um cam po cego,um a zonam arginalizada,um qualquerintervençào (Ieum agenteenunciador. Paraqueo
gueto quea fotografia nào tem com o inscrever,a nào ser à efeîto de Edrealidade''seeompld e, nenhum detalhe da cena
custa da transgressào de seu efeito ejpecular:trata.se do po(jegenunciaraporçàodoextraquadro ondese encontrao
. lugar ocupado pelo prôprio fotôgrafo e sua parafernâlia '
. fotôgrafo e seu aparato têcnico. O s fot*grafos que tra-
fotomecânica.Essa zicoisa''estâ radicalmente excluida da balham em publicidade,justamenteaquelesquemaistiram
cenaemesmodaceziaextraquadro,muitoemborasejaelaa provekto da ilusào especular, acumularam um grande
fow ainstauradoradetoda am itologia figurativa. A ri
gor,o némero de tlcnicas cuja funçRo ê esconder ()Iugar do
fotigrafo e seusinstnzmentostécnicos constituem a linica extraquadro onde estâ a tâmera.Digamos que eles dese-
porçàoinvisiveldafotocujapresençanàoêum fedche,pois l
'em porexemplo, fotografarfrontalmente um a panela de
,
Pressào:como evitarqueo prôprio objeto ftmdone como
um espell!o, refletindo no seu aço a câm era que o tom a?
Para resolver esse problema,o fotôgrafo constrôium ver-
deiro 'iinvôlllcro''de cartào negro ao redor da panela,
ek' msox
.o
:rl'.mwo.
. qq)Ct CCCCADdo-a tào hermeticamente que e1a possa ficar na
rww.>.. .
.
, c.,;.. :,,:.;lr
. .. .
.:. .. obscuritlade total(a juz que a ilunlkna Venl de trâs e 6
z1yj.
w .. ..
s x * tzvcdith R* V*WA WX S OYYYWW to teto de cas
rtào), e
''
''.' 'QXQQN *.*.ï* ?QlC 17:::: ' deixando apenms um pequeno orificio,sulkiente apenas
t3t ..-,tT';.:.aryt)rl' Mz )'
t) .):7z ..:q>..< rapenetraraientequeatoma.
*:v..:::.:c .
q.'..-
.
!t
2.
t.
Qwt
?.:
,y'
ka
.
t.
n
.
... :,
ar::
.: Pa se a clmera nzo pode nunca incluir-se na im agem
' t' ::
i
)'6 l'llrtoo)'
zî itt
z ntn l'
S )
.2 f''CC'' enunciada, a fm ica maneira de ''vê-la,,( detectando ms
..
. 43
::
-
ti:
?.**
: tili,l-mJt.z
'
vjptzu.
l Q* *
3 . zryc .
1: ))cC marcasqueeladeixa na cena.
ouautomaisafotosedeixa
;;:ttt'
l :t27',.rt4lC
'
r
''
..
Ql+. a..t rt.::z erm ear por essms m arcms, quanto mai
s a foto deixa
z
z.
tu tt
' X' . ' 'tr
.
rr
. .:..r,...
. rz
/ t4t :t
;,:t
P
entreveroseu mecanismoenunciadoc m aisela seEbera
do
.'
,.
j1' .. ) ' feticliedOextraquadroeseaj)reaessaoutracenainvisîvele
a ). reprim ida, a cena do prôprko trayaiito produtor(1esignos.
f' ' DZ O d eito hiladante e desm istificador quando Umbo se
fotografapraum Alzfo.refrgf'o,apontando a clmeraparasi
: 19, Onde eslà o reflexo da câmera nessa foto de uma 6 z
i
PlbP ,o ma s de uma talforma que o so1faz projetar a
panel
a de presslo?(foto publici
tlri
asem créditos),
90 ARLIND O M ACHAD O .

., X
;'''w
- .o
. * .., 'W -
C.;y.
.
t
r'yy..
' ;.$
...'
... .
.r'
.
..'.>.7 +.' . suTURA E TRA NSFERENC IA
y.)y...') .a..
. ,. .., .j :
, oo sUJEIy.o

.. 1'
,

ï..
11' 7, .Y
t ç:f-)J'g..ge.
ty.4)ts?*1'
L'.e
''=..
z
v)..
. .v ., . # s
y7 ; . ;
. â1;;:';cytx .y1. : .
>):
,.z:.J . '7.mrz(. )
) .' a .
'
.î'
r'Jv.4',J12.'./17<'' ' 9
. 1 :)
e:) . ti;;(< ' '<.
;Ctl-12.?)'; ).
, .--y 3X%:p z- o tzg,, . .
. .t. !-. - ))t; ::r z)..Js. .z
...
. .
.;) .) ' /2 'C *: w) 1 ''-* )'
.
. (o
't'9. L ): t g ; ttl jw ) ))yl k''
s' a'' Fizenlosreferêneia.no CaPjtujo anterior,a deternli-
ew.
'
:r' ::-7'tot
'%
- +
'r:e:
î .
&;
'
!
.
,
.
.

%<
J
v!jr
e --r
.:
;
D:
.
-
?>
#z
.
'-
';è:*:
'> . ,J'
,;'.. , .
...
.... . y y:q ...).
.
..
. .. wtlg J; . *-1
.Jy
. ;..' ' nadas telas renascentistas e barroeas que Jogani COn1 O
'.;..t-;.-.
.;)tt' Jtc
..71..
.-
,.@
z' :m; 3.: .'',..,
,. ;.':;.7 '.:. .:1 espaço extraquadro resetido en: eQpeg,os da cena, nlas
,. ..) '
il ' .. ' . ...
..r,.
)Tt'!.. '.*.;.;.::4 .v. '@e. ;'
.....
.
.1 i
vamosdemencifmarPropositadamente duasObfa. sdeci-
sivk
u tla. fixaçà.
o e no desfelam ento erujeo (jesse m odelo
20.Autometrato- Umbot1930). ' figurativo'. o Retrato de GiovattniArwol/jafe sua esposa
P
Iegnne de C/IenrJrl. (1434)de Ja n Van Eyck e X.
' VM eninas
' (1656)deVelâsquez.No primeiro caso.o espelilo colocado
. sombra do aparelho sobreo seu rosto,oeultnndo-lhea face no fundo da sala reflete aquilo que estâ (0u esteve)
como amâscarado LoneRanger(Zorro).Ou entào qlzando ' realmentenocontracampodacena,ou seja.opintornoato
.

a m ào (le um policialtenta tapar a lente da câmera para ' ue retratar seus m odelos.além dos Pr6priog nloddtls de
i
f
mpedirqueo fot6grafo testemunheuma açàoviolenta:tais .
tas A porçào do espaço que é'aquiexcluîda da cena,
cos .
otos, tào signilicativas para um a visâo desconstrutiva' ' m as idicada pelo reflexo do espelho, nào ê um a porçào
costumam ser (lestruidas ou negligenciadas na prâtiea ' qualquer:trata-sejustamentedaquelelugarprivhegiatltydc
jornalfstica habitual, porque nâo ostentam o 'tslmtido orldeacenaJvîstaeapartirdaqualsedâaenunciAçào.Da
pleno''que caracteriza o motivo bem enquadrado. Abriro ' cena (jo casalArnolfiniadvém entào um espetâculo que é
espaço darepresentaçào aesse lugareegosignilica trazerà ' visado por um olho que estâ excluitlo de seu cam po,
tona as relaçöes de preduçào em que se di o trabalho enquanto o reflexo dado pelo espelho Lo term o segundo o
enunciadorjbem como colocarem evidência asfowasideo- quajesse olho se nomeia a siprtlpritlcom e o sujeito da
ldgicasqueestâointerap'ndo noresultado final. . representaçào.Ora,seesse espelho indica que à.frente da
cena hâum pintorquea tornavisivelenquantoseu prt>prio
'

tv;eito,<yespectadnr,quei aqucle Que atualm ente estâ de


'
. 6.
fato diante do quadro.torna-se e1e pr6prio fanlasm âtico e
transparente, apagando-se enquanto tal.Um a vez que o
legartle ondeo espectadorvê a cena coincide com o jugar
ueon(jeosujdtoeuuneiaarepresentaçâo,hâumatransfe-
'
j
I 92 ARLINDo MAcHAoo
A rLUsAc EsrscuLAR #J
r
pêZa
neivarad
seosubjeto
que iv
ci
odrard
eeéd
ue
nslteuap
sara
su aaqnue
jeit aele.
nto'En
'dao o
eut
sprea
cs
- ' Si#nificanteda inscdçào do sujeito nodiscursoligurativo
7 tador peisem toda cttrlstruçzo perspectiva unilocular este eY * O ''Cspelho'' que reflete, no plano simbôlico essa
I lîltimoseidmltificacom osujeitoevi?atenacomosefosse Ordem egocêntricaqueiastauraarepresentaçào.Nessetipo
ele.A tela devan Eyckconstituia primeira manifestaeào (le COLISKMCà'
O,0 Sujeito (e também o espectador que L
explfcitaenom eadamente vislveldessa Jzkscricatldo suie 'ito ZVCGtZO tle Slàas funçöes) olha para os seres e objetos
nacena. ' ' *'fixados''no quadro masao mesmo tempo se p: tam bôm
xateladeveusquez entretanto ocorreumacuscon. reftetidonessequauro,graçasxsprojwr'esperspectivasque
' certante inversào dessa or
'm ula:nela' (
:o prôprio pinto, I definem o seu olhar. xào é destituiua de propôsito a
.
I que évisto como objeo do othar en
-quant
oosmodelos I referênciaaquià.''fasedoespellzo'',momeatoprivilegiauo
ausentes,m asindieadospeloreflexo'doespeiho,ocupam no da vitladacriazwaem que,segunuoI-acan,se c!âa especu-
I exeaquadro olugardo sujeito o quadro tornaueentuo a 1a9àO do Corpo e a constituiçào do prhueiro esboço do
denûncia deunzprocedhnentoideolôgicopelo avesso desua f eu con1o forolaçâo inzagAaâha:nessa fase e oanexo da
I repa sentaçào.Iançando m ao do poderque tem a perspec- ' orno (leseu
im agem tla criança no espelhoestabelece o eont
tiva centraldeexprimiro exerdcio de um olhar velâscluez Prôprio O rpoeo identificacom o uma forma separada dos
l s'
eapropziadoelhardospersouageaseconstrt liaceJaa
partir dessa ôptica inesperada (Foucaujt 1968 po 17.3:0
O DCJ'RSr't'rf,sec'
bxtcwttacan 1966,pp.89-97).f)nesse
rriomerde em que o portadordo olitar se percebe refletido
A sua onipotência é:talquee1epode fingirser'--' '' llO espelho que se dâ a origem do .*eu'' na ordem do
uzraolhartluee1epriprLo eaquant! o ob
asujeito enun jetoEde
da o lma'
Bilârio dEt mesma lorma que na cena perspectiva
personagem investidodessafuncàohegemlnicn.,awJo..- renaseentistaoreeonhecimentodareaiidadepictôricacomo
. poroutrolauo um sujeitoyïcr/cïo', um Cuieitoq'u
'-e-s

'
-e-
xiO
s*
te
' umarealidadeproduzidapelo''eu''éomomentegenaico
dentro das articulaçöes diegéticascom q' aoz
ue iox, luadzo. dactmstituiçàodosizjeitonahistôziaedo''assujeitamento''
Es sesujeitofidiciovairesultarmaistardeklalman'deum
certo tipo decinema dito 'isubjetivo'' quefaz o oli)o da
t10CspNO
ectador.
QuedizPespeitoàfotografiapartivularmente,uma
i
' câmera persenificaravisàodeum perso'nagem. experiência que jâ deve ter intrigado muita geate é a
:
1 M aso quadro develâsquez nos diz ainda uma outra Seguinte'
.tomamosuma foto qualquer em eoquadram ento
Ekenosdiz frontal, fixamo-la numa parede e depots nos pom os a
I
1 coisa,a despeitodo fetjche do espelho da eena.
! queadentro desse sistenaa pictôrico que e1e quer desm as. Observâ-la;os olhos da figura retratada pareceua nos fitaT
carar nâo prtcisa haver necessarianaente una espelho na Atcndanlfntc'PlrafufiraeOlharincênaodo deslccamo-nes
cena para o sttjeito aiseinscrever:a coerzlwiadoescalo- ParzXm dOSCAntosda sala ou subimosaum plano mais
namenîodosplanosem âirwàoaopontodefugajâé,otraco Zto,Qonfiantesdequeassim escaparemosdaquelecampo
pordemais suficiente dessa ilucrkâo o sujefto muilo PeYisàthquesupomosnosabrangen Em vào:à.meditlaque
idooelo
emboraausentedacena jâseencontra'nela em but' DOSdeslocam os,oolhardafigurapetrificada nafotoparece
:
1 Sim p1esfatodequea top'ografiadoespaçoestâdetermiJada ' nOSaompanhareeontinuaanosfitarteimosamente,como
' pelasuaposkiio.Naverdade,aevcduçaedasnnhasdefuea ?mamzldkào.Sabemosmuitobem queafotoéfixaeque
jâconstituiporsis6um ''espelho''queindicaahejtemoU'ia Ya'Congelaumaexpresxàonum intervalodetempoesco.
! de um obsewador ausente e que transfere o esp
-ectador lhidopeloobturador,mascomoknoraraevidênciainques-
l atualpara dentrodoolhodosujeito Numapalavra oalu. YoflâvelCICSSeolharqueparecesemoverparanosalcançar
' nilame
centralnt
o dovi
nào ssaplasnos'àma
impl rcaer<eug
sment iltroduz
repr adaid
ra pel
'' r er
as
'ple
çr ctiv
es a
de O
dl
el
ëQt
etC
zI
L'
ltC
llVfi
leru
eortmgte
f aj
aum
lnos
a?Paur
natraeo
zas
e'n
âms
oâgi
coca'
mu'mda'ilsot
soogr
ate
as
ft
ia
a'
prefendidade: e1e funeiona nn veraoa. couao naatéria PVOVA de Que algo Sobrenaturalparticipa de seu processo
reflexivo.
I .
If

' 94 ARLINDO MACHADO A ILUSXO ESPECULAR 95

O que oeorre, na verdade 6 essa transferência de ' dranaédco dessa lanso sâo de olhares estâ nun;a foto de
s
Vubjetividadea que nosreferi
mosa propôsite dastelasde W eegee denominada Fogo trrzlconjunto habitacionaltfo
attEyck e Velâsquez.Se tod.a im agem de nattweza foto- Srooklyn, N'
ovaforo e,ondeseW um a menina ao tado tla
grâfiea jâ se enconla de algunla fernaa construida pela nzàe Sagelada suplicando <go ao fotôgrafo;nlasconzoo
i posiçào que o olho/sujeito ocupa ena relaçâo ao naotivo . fotôgrafo estl aupente da cena é para o espectador que o
deve-seconcluirquequem vê efetivamente aimagem nâo é apelo acaba se dirigindo donde o m al-estar e o incômodo
o espectador:e1e apenas endossa uma visào que jâ foi ' causado por esse tipo de foto-choque. No cinema, essa
realizadaantespela objetiva.A construçàoem perspectiva ' transferênciadesubjetividadechegaaosrequintesdaverti-
.
renascentista nos dé senm re uma paisagem jb vista e jâ ' Rem:vemosapaisagem *'girar''aonosso redor(atravésdas
domiriada por um olhar;isso significa que quando vem os panoram I'
rKu'
) deslocar-se para os lados (atravês dos tra -

l unlafotonàoLsinnplesnaenteafiguraquenosédadaa
o1har.naas unza ligura olhc#u por outro olho que nào o
velingsjouaproxhnar.seeafastar.se(atravésdonaecanisnlo
I dazoom)sena que nôs pr6pdos nostenhanzesm oddo unl
nosso.2 exatanaents o que ocorre na expedência da foto '
: centimetro pequer. Diante da inlagena hgurativa renas.
'
fixada na parede:nào inapoha onde nes colocam os para ' centista o nosso oIhar se subnaete,portanto, a um outro
olhâ-la poisnâo somosnôsque avemos;um outro olho vê olhar torna-se seu escravo mudo e impotente e nào vê
em nosso l'
agaTe nf;f
snko fazemos senko conîirmar essa senào aquilo que um sujeito i*transcendentar' o obriga
vis:o.Se afeto foitiradade lrente, com o modelo olhando aver.
diretanlente para a lente,essa inagem de unAa figura se T
di eodcamente para que o efeito de *'realidade''da
d rigindo ao vértice da pirâm ide albertiana fixar-se-â em perspectiva centralpudesse serpreservado em sua integri-
fefinitivo e nôs seremos forçados a vê-ta sempre dessa (jafje o obsew ado'rdeveri.
a x volceaTexatameate no ponto
orm a, onde quer que nos encontrem os. Um exemplo ' devista quegerou o quadro, ouseja,opontodevistaatual
'
. doespectadordeveriacoincidircem ocentro perspectivo da
pintura (o vértice da pirâmide de Alberti). Como essa
I
' .
condkâ.o em geralnâoLnem pode serobservada,o efeito
prcduzido pelaperspectiva torna-se absurdo:eu me coloco
.
à.esquerdaeabaixo (Ioobjeto representadopelafotoe no
.
''
% '
2- entanto'esse nlesnlo objeto nleénlostrado con;o se fosse
-
t ' . t.k
,. . .
.. )-
q7
;
.
. ( z..
r'.
' yo..b dstodecùnaedadireita.O obpervadorsônëo ge dâconta
' .v b de%aalucinaçâo topogrâficaporquediantedo quadro eu
'.
,
I
l ).x. &.X?
..
>?
rt.q;' daôpr
fot
io e1e penetra num espaço simbôlico:ignora o s:u
.

' '
-b'- pr o lugareseim agina no mesmo pontoprivilegiado do
'
, espaço queorganizou a imagem.f:issojustamente o que
' ' nôschamamos(letransferênciadesubjetividade:asupres-
' sëoprovis6riadonessoprôprioolharparacolocâ-loà. mercê
' de um outro que dirige o nosso.Todavia, se essa dupli-
-
i$A
$q:t. cidadedepontosdevistaseacentuademodoexagerado'a
*lœ$. ' im agem pervebida Tesulta viyivetmente distordda. TAI
.

deformaçào visual- conhecida como anamorfose - pode


l
' 5er obseaada no cinem a quando nos sentamos numa
21.Fogo ev conjunto habitaclonalyo Broouvn. Nsva Iorque - . ' posiçào incônloda, nauito pelo da tela,ou entào quanto
. vveegee(1ga9). olhanzos para una outdoor exatanlente debaixo dele. E
96 ARLINDO MACHADO à ILUSXO ESPECUIA R 97

' hlyjàjhjz, .
tj%T (1533).
,em qtlesevêdoiseentlemen daaristocraciafrancesa
V:
œ2s, .!- t'trl,''
.:k. :
sttby $*
Z* * -'Jean de Dinteville e Georgesde selve - tomados de
1:t
vs
. .
,.. ;
%' .''',.
.v,
'
g.
' .'q
;
.r#;
s ' !
y.; .z frente.diante deum am esa onde estào distribuidos vâzios
.jr..... v' t .
0 .:.
. .
.
,,.,., .uo )a
.vott objetosindiciadoresdmscilnciasedasartesdaépoea:um
' ;. ï ,.'.'s. .' ...) ' globo celeste unl globo terrestre instrunlentos astronô-
.
' '' '' *
. .1.'v.
..
' ').
''...
,..
.. micos,compassos,livros,um relôgio desol,um alaûde etc.
.r. '.' ., ' .', A cena nào poderia ser m ai: dâssica com um absoluto
' '
.
.
.''
w,.. ... .
.
.. equilfbrio nadisptukâo dosmetiv'c,s. uma riqueza micrtu-
!I î) ''y
'.''
...'-
t
l
'.' ''
r.s''.
t' .'
11' côpica na descrkào realista da paisagem e osdeitos de
I ,u .
. . .. .T
, . . ..h
tk
'!
..
;.: :
;L.2. . perspectiva perfeitam entesolucionados.Tudo estada tran-
' '.' ' .
.
'
, . c. 'E
. '.. , . qijilo- comoconvém aum apaisagem renascentista - nâo
:
.. , . .'.
'' '
:.). s
.)..t'
t6)
. . .7)bb
...y fosse um estranho objeto inclinadorimpossivel de ser
2yk, * % identificado,queroubaoprimeiroplano(lacena.Trata-se
:.t.è.;$.r2g.
tLy
pt
yjk , '
.

w j) na v
er dad e,da dks
torçào
. ana mô r
ficad eu m crâ
n io,que sô
'
. i
,
. ..
.
-'
1t.zL :.
v
) .:t.
dlt ' pode ser visualizada se o observador se colocar acima e à
'
s k. b'
?.
*lt direita tlo quadro,olhando-o bem deperto.Desseponto de
e
tïst

tl'
l
ù
)
t . vista,todaaprecisëo dacena,toda aluxûria dosnobreseo
I
' . ï
p'J%
q:;h% progresso dasartese dasciênciassào reduzidosa uma
otot:
o%.
tT. , mancha indistinta sobrando apenas enorme e pertur-
$% . bador.o signo da morte (Baltrusaitis,1977,pp.1U4-105).
1
.
1 * ' O
futs
egu
wàon
*ddes
oolhoi
'n
mantet
rar
lojeas
tadorn
ce ac
tez endo
as aésu
ism olho
tema recrïc
nas o,c
eentisu
tja
a.
22.Angélica Houaton - David Bailey (1970): Na teoria psicanalitica' Izâ um conceito que parece
um exempl
odeanamorfose. ' darconta detodaacomplexidadedo fenômenodasubjeti-
vidade na fotografia:trata-sedo conceito desutura EIe foi
proposto od:nalnaente porJacques-Alain 51iler no con-
posraelinclusiveregistraruma anamorlose fotografando textodateorialacaniana,paradesignararelaçàodo sujeito
novamenu unaa foto poréna de una ângulo diferenœ . (ena ternzos psicanauticos) conl a cadeia de seu discurso.
1 A anamorfesenasceu mahsou menosjunto eom o ' Sabe-seque,paraLacan,oinconscienteestâestzvturado
I sistemaprojetivo reuascentista econstitui''uma conttnua como linguagem e queé essa linguagem que constitui o
advertênciadoselementosaberrantese artifkiaisdapers- sujeito.da1por que e1eprop- repora noçào de ineons-
' pettiva''(Baltnzsaitis,1977,p.2).Nahistôria dapintura ' ciente pela noçào de sujeito na linguagem.O sujeito é
oddental,e1acompareceem momentosisolados corroendo portanto o resultadojou m aisprecisamente o ''eftito''de
I a autoduade do olho hegenaônico da representa'
çào através un.a circulaçào de significantes,aa quala questâo de sua
l da ineojw uo de unzsegundo olho, conkaditôdo conz a existlncia L colocada con,o contraposiçào ao lugar do
posiçào do prinaeiro Reorganizando inteiram ente a topo. o utro.segundo sfiller,a desclçào dessa circulaçào exige
gr:fîa da cena a partir de um novo ânpzio de visào,esse uma lôgica, a lôgica (Io significante. capaz de seguir o
se&undoolhotornaoIugartradicionaldemiradado quadro movimentodaconstitukzodosujeito.seesteftlumo ainda
- -oponto frontal-- unzIugarprecâdopara visualàara naacepçaelacaaiana,sôsepedeconstibl1 nojogosinabô-
ceaa.o exemplo nzaiseloqaenteJessa tlcnicaestâ nunla lieo poruma divisào,em queparaapanecer como sujeito
tela corrosiva de Holbein denonlinada os epvbauadores ' ele precisa per excluido ou ''recodado''pelo sisnificante,
'
funçà.
o de um cam po ausente,um cam po que se encontra
noprolongam ento antelior(Iocubodacena,nasua *'quarta
' parede''.Esse espaço se abre,portanto,para um persona-
-'
-. '), gem fantmsmâticoquenâo pode servisto na cena ejusta-
.
; -* ' nlente porque e1e est: ausente,o espoctador ocspa o seu
' lugar (Oudart 1969. pp.'36-39). Ocerre, porém , que o
L conceito desuturaintrouuzido poroudartestâ limitafloà.
s
convençöesdiscunivas(Ieum certotipo (lecinem anarrauvo
* que tem na estrutura cam po/contracam po o seu m odelo
' ) ' dominante e em que cada plano (no sentido cinem ato-
:'' '' ' gr'ftco)1tomadocomo o ponto devista deum personagem
tlaintriga.o sujeito dequefalaoudartéapenaso sujeito
- ficticiodacenadiegética;nx énem osujeitointnvzualua
psieaziuise,nem osujeitohistôricodacivilizaçàoburguesa.
ouuarttrata,portanto,ueum aspeetopartuular(u svuuva,
2a. '
tal com o ela ocorre na articulaçâo dos planos numa
oaembakxadores - ôl
eodeHol
bei
n (1r.
:81.
'
'
modalitjade parucular de discurso cinematogrâfico e se
! etWCYOCR&0suportmeessasejaafmicgoperaçâodesutt
zra
conclubsequeek sô setorna alguLm tvralpeh sua consti. possîvelnodominio dafiguraçào.
!
I tukàocomomenos-que-um . M illerusa aquia metâfora do Antesmesmo dacontinuidadenarrativasecolocarem
' nlimerozeronasérienumériea(0,1,2,3...etc.),segundoa articulK ëo, o cinema jâ estâ marcado,entretanto,pela
qualsô sepodepensarum nlimero dessaespéciecom oalgo ' presença do fotograma que é a sua base fotogrâfica e é al
,
queestânolugarde uma aTlsência:e1eé necesskio para a que se dâ,antes de mais nada,a operaçâo Primordialde
l6gica da CadeiarmaSnâ()estâ ala representarnada que ' sutura. entendida como a X upaçâfp d0 CamPO ausente
11àO Seja uma exdusào' Sssutura é o nome que Se di à Pelolugardoespxtador. O que Ocorre Particularm ente no
relaçào dtisujeitoC0m a cadeia deRlldiseurso:X demos dntmaé. que Z o lneiarïism? lla SïttlW? é.YVIZCZ.X ?C1*
VerquCetefigura aicom ocpelemento queestâ faltando na m
forma deum estar-no-lugar.de.Poisenquanto lâ faltando anipulaçào da câmera subjetiva (aquela que Re P7)e no
, Ponto de vista de um dos personagens), forçando a
osujeitonàoestâsimplesmenteausente.Sutura perexten- identifkaçào do espectador cem determinados protago.
sào,k aTelaçào gemalGeausineia naestruturaenaqueeteê nistas da cena diegêtica. hlas a lotograRa Pela pura
u
lumgaelemento,vistoqueimplicaaposkâodeum tomando-o. hegemonia da perspectiva que a sustenta, â obriga o
nde''(M iller1977,pp.25-26). espectador a se colocar no ponto de vista j
da câmera,
Fntretanto,o conceito de sutura nos interessa aqui '
em sua 'Ltraduçào''para o tenvno da cinem atografia,tal sut
d iurando o sujeit
o transcendentalque a enuncia.Diante
a magem figurativa informada pela perspectiva unilo-
comofoieletuadaporJean-pierreOudart.Nesteparticular, cu1ar,aôs abandonam os o nosso olhar àquele outro olhar
sutura serelereàlôgicadosignificanteno cinema'ou m ais j
; invisive masonipresente- odacâmera - que comandaa
precisamente à Iôgica do enunciado cinem atogrâfico, de nossa vîsuo.()oltto porrsontfkade tto W rtic'e da Pirâm ide
acordo com a relaçào mantida cem eIe por seu sujeito e albertjana funciona, portanto, como um m ediador: é
aqueleque 1colocado em seu lugar;o espectador. Segundo
O atravgsaete que n6sdevem os olhar a cena. Nào hâ com o
udarteo espaço no cinem a nâo é.um a simples extensào
queseafurkda em direçào aoponto de fuga:e1e osti aliem ; nosmover no espaçolhda representaç'o que nào seja por
procuraçào:o nossoo arapenaspode nm ver-seem diTeçà.o
f.

I
' 1* ARLINDO M ACRADO A ILLI
SXO ESPECULAR l0l

I aospontosqueoolhoenunciadorapontanacena Issoé:
exatam ente o que nts podem os cham ar de alienaçno em
todaacena opontoprivilegiadoparaoqualseresecoisas
se voltam subm issos
. J
ohn Bergerjftobservou que o nu
fotografia:osespectadores,sem osaber,sào destitufdosdo artistico de anapla difusào na pintura ocidental tenl
I
'
podere da liberdade deolhar;o olhar écoisitïcado p sernpreum protagonistaquenàoLvistonoquadro,m asque
! separadedoindivîduoqueolha. I se presume tratanse necessariamente de um homem.
Senlo saber êbenla questào.Essa transferência de 1 ''Tudo estâendereçadoparaele.Tudo deve aparecer eonao
subjetividadeûfundanlentalparaoefeitoespecular!poisse j oresultadodesua presençaalî.2 para ele que asfiguras
oespectadorpudessesedesprenderdoolharqueodom ina e assum iram sua nudez. M as e1e é por definiçàe um es.
fazero seu prôprio percurso na paisagem representada os tranho cem suas roupas ainda a vesti.lo''(Berger 1972
I1
!!
8
1 Iimites e as convençöes do côdigo figurativo se eviden- p.5*.A m ulhercomparecenesse&istemacomo um fetiche'
.
I eiariam aos seus olhos E porisso que na prâti
. ca fote- ela se torna aio objeto do elhar erôtico de uma parte
grâfica dominante a câmera nào pode nunca aparecer (masculina)dosespectadores;tAseu corpo6arranjadopara
refletidanosobjetosdacena:seelaaparece,elaseobjetiva possibilitarum panoramaprivilegiado para o olho/sujeito
Ip (torna-seobjeto do olhar)eperde o seu poderdepersoni- que a aborda Mesmo quanlo ela contracena com um
.

I '
ficarosujeito Em termoslacanianos elasôfuncionacomo homem em campo -.a atençàe da mulher raramente é
sujeito na medidaem que:estâ ausente na medida em que dirigida para este E!a se dirige sem pre para aquele que
.

ocorrecomomenos-que-gm .M asjustamenteporqueb' laéo olha()quadroequeelaconsideraoseuverdadeiroamante:


eampocegodafiguraçào,oK'texto''plâsticodafoto)rafia oespectador.proprietârio''(p.56).Poressarazào,onu
nàeaparecenuncaeomooexercfcio doolhardeum sujeito costumasersemprefrontal perque e1esedestinaaoolhar
hegemônico mascomo um discurso de ninguém ou seia que o obsen'a de frente e que se supöe ser um olhar
.
umapaisagem pintadapelaprôpria natureza(''thepencilof masculino.O espectador idealdo sistem a figurativo oci-
thenature'',eomodiziaNadar). dental é: sempre pressuposto ser um homem ; mesmo
Presa lftcil das arm adilhas da enunciaçào o espec- quando se trata de um a m ulher. é preciso que o seu olhar
tado.
rentra nojogo articulatôrio da fotografia ocupando I assumaumaidentidade masculina,sem aqualosarranjos
tinaturalm ente''o espaço do Ausente A cena que se abre do corpo no quadro nào dem onstrariam sentido. Pesquisa.
paraele,aparentementeEtreal''eobjetiva éumapaisagem dores feministas que atualmente investigam o poder de
queseofereceaoseuolharprivilegiado que1heédadaaver suturadaimagem figurativajâseperguntam desconfiadas
com exclusividade comosetudotivessesidoforjadoapenas seessedelicioso antegostoda onipotência que acivilizaçào
paralheserexibido Em term osfreuâianos oseuolharéao burguesa nosproporciona nào esconde, sob a mâscara da
.
mesmotempoescopoftlico (porquetransformaovisivelem masturbaçào ôptica, a ordem falocrata que o fomenta
objeto doseu olhar)enarcisista(porqueoqueelevê em (Kuhn1982.,Doane1982).
decorrência daparticulartopografia do espaço. é a devolu.
çào do seu prôprio olhar),A fotografia pornogrâfica, de
am pla difusào entre o piblico nlasculino phncipalnlente
éanzelhorevidênciadesseenvolvinnento:o queo espectador
vê na foto nâo é sim plesnaente a m ulher nua nlas um a
m ulhernua queposaparaele queexple sua plâstica para
ele,que1hesorrie1hedeposita'oolharqueseofereeetoda
à sua enabdaguez voyeurista. A seduçào desse tipo de
j
fotograliaresideno fato de queo olho da objetiva(queo
espectadorassunAe)torna-seocentroparaondeconverge $
i
, . ! ) 'Lr
. ï7''ï
' I
A ILUSAO ESPECUIA R 105 '
1()4 ARLINDO M ACHADO
.- .. . , a. ., . colocarenacertassitaaçöes.linliteparaqueessacondiçzo se
' .
.. -wu*.r zy
,ry
kyrJ
tz
t.
y-u- g: .yP.k
.r t .% ,. nlosuv enz toda sua iveduubilidade. o anza:or senapre
.
ll..
'
jj.
.1 ' supöeenzsuainocênciaqueasimplespossedeunlaparelho
* *
. s . ' fotogrâficojâlhedâprocuraçàopara naover-se conlliber-
' dade na cenadosacontecimentosedecidira seu bel-prazer
'
a posiçào do olho enunciador, nlas nzuito cedo ele expe.
I
'
rimentarâadurareaudadedoconfronto conlasforças
''
nlonopolizaderas do espaço!ena pouco tenapo, ele apren.
derâ que o espaço jâ estâ de antenl:o esquadlnhado e
' ecupado,conlo nunaa operaçào nlilitar e que os :ngulos
privilegiadosdevisào,aquelesquepermitem maiorintimi-
dadecom o objeto nem sempreestàodisponîveis.O tripé
'
de um a câmera é com o o m astro de uma bandeira' .para
fincâ-lo no solo L preciso prim eiro ocuparum terlitôrio eu
11 ' - m ais com um ente - estar solidârio com aqueles que o
'
1 . ocupam.f)porissoqueoatode fotografarexige maisquea
1
!
.
' s
.
in
espl
ple
aç speo
o, xs
igpz
ed
aacâtnagu
re lera:da
arexigda
eoagl
pactoiaeonot
nc nlo doesatenou
ici tordo
da
I empresajornalfstica monopolizadoradainformaçào exige
a credencialdo ocupante e beneficiézio da cena.O espaço
queo fotôgrafo ocupaem zonasdelitigio eo lugarem que
. . e1efinca suacâmera sàosempre suspeitos:suspeitosporque
24. Jane Foncfa interroga alguns hatear?rea de >/azltj/sobre os apresençado fotôgrafo em geralstlsepode dar à.custa de
âorrl/wrtse/tpsercer/cenoa- JosephKraft(19728. uma Cum plicidade com o ecupante e sem a qualo ato de
fotografar sim plesm ente nào seria possivel.Acaso nào foi
preciso solidariedade clmfiança e comprom isso para que,
em 1968 o chefe de policia prtpamericano Nguyen Ngoc
I Loan se deixaspe fotografarestourando os nliolos de unl
'' vietcong pelo fotôgrafo da Associated PressEddie Adam s?
.

çöes'cercanias de bmses m ilitares e zonas x upadas por Um a foto deCharlesHarbutt,de 1971,m ostra uma
intustrias de base.No Brasil,igualmente,a fotografia é massaimensadejovensmanifestantespresanum campo (Ie
I proibidaem locaisqueo governo eonsidera ..zonasdesegu- aramefarpado' apts osprotestoscontra aguerra do vietnR
ralwanacional''' amenosquehajaautorizaçàoexplicitada em W ashington;do outro lado da cerca,policiaisforte.
autoridadem ilitarcompetente. Quandoo atodefotografar mentearmadosvigiam a concentraçâo.Nem épredso dizer
implicaconsequbneiassociaisepoliticmsde grandemonta queessafotofoitomadadolado defora dacercazou seja,
nem sempre se pode escolher aleatoriam ente o â.
nrzIo tje' do ponto devista dospoliciais. E nàopotleria serdiferente:
tomada:ele édeterminadopela relaçào de forças, exata- . se esuvesse do lado de dentro' junto com a massa de
m entecom onaguerra s6 podem os fotografaro inim igo do m anifestantes,o fotôgrafo tlào teria perm issâo para foto.
ponto (levistadenossasprôpriastrincheiras. grafar e muito provavelm ente nem m esm o estaria com a
o ugarque a câ.
meraocupapara mirarseu objeto Câmera eosfilmes.Em quaisquerci
rcunst:ncias,o fotô.
nàoénuncaum espaçoneutro ou aleatôrio;masépreciso se grafo é sempre um a co-presença no espaço tlos aconteci.
;06 ARLINDO MACHADO A ILUSAO ESPECULAR 107

/cV'Y,
i .VV
V
:'
:
î
4'
?t..sz
.'
'
C
'
)
ot
M7
$.
4'$''
.
;
tya'
. ;GM'
. ï
X'
)
;t
)$..,
..'
r
,
.
:1.
;R
at'
' $
.)
:,
.$$1tt.,1ta'
C .:
$C
..V
-k'
.t.-..
.'
:,'
'z
.''
..:
.
:'.
$
.'.,*
..
'
.
.'
..
.*
.

;
.'
-::
)
.t
.)
..
.)'
'''!,
)Vl
.. .
....r.,.......v,,'
,-Xt
.
;. , r.
,1'
4:
.$
.. .:,. .
.
.
t
a171'.'.
- .ï :.. .
..
IVQ /
tçc..t
..
. .-'
i'
,t...
' .'
;î> ''''. '
:*-''x'*lt..
.
. '
,.
'
î'C.a
t.r'*
'. :
)
,,
%'
W '
.'
.
4?
'.
''
$e.).
;.
, : . .... , .k., . . .....t-..,'...
.
' .7C
- r,.
y.s . ., e ..s
4.'.:.&yà.r $nt q '..
,1 ''Ct.s ''. . ,...2'' . . '...
.. ' '$ * )' . . J ('
. .. , ,. . ..tt.
).t,
.o.
'
tv,.jtr
sl2:,$:..' ''. '.o
'.
$'.
..
..').
. :(y .
.'
.. '
.. ,.,. .'... .: 1
)g. . Yg2 c(
;$)/ .s.cv
. cj ()/J
rt'
>Lgg.
, .. .
g oàw.v .. ..,'...r '
.q.1. .. .
,,
' yl 4</ œ13z.
. .o 'yott1 :
) 4y<jyzr v:)
.
'
. #' .y;'J v! )'g<) Jr.. ' .'., -
...w .. t)..
. t!
. z .
;
e
J.t
z'
k).. v..c>
xxv *)'
. .
. 4Js :twt rze)oz yz z ytl
. y;.Lt. z .zJê.t ; .
. > .),. . z.J tz.z;z :444K.zzg- .
. i û,i?i... z a
>)j wz. <.c-.x .J '
. r. i.
axz ;)## J .v'
-:r -.k. t
CZ;.: , 1.
.
x. .w ?: ',
.
.
.
s . y.
e
a0);
c. .zzg- c
J,.:)rs
25.Prk
àâo em rnas'
s'
a em Washington - Charles Harbutt 41971). 26. a.?àlo de um agente da #'/f): em Lisboa - Henri Bureau
(1:74h.

m entoseessapresençanào énem poderia seriudiferenteou


descom prometida,mesmo porque a liberdade para foto. ' escudo dos guardiàes da ordem.Nào se trata,é:claro,de
grafar sô se darâ por fowa de um pacto explicito'ou covardiaou constrangimento'.esseparecesero ângulo mais
implfcito entre enunciadores e enunciados.O mais belo ''lt
sgice'',deondeoacontecimento podesert:registrado''da
exemplo desse eomprometim ento, entretanto, estâ numa forma mais lîmpida e priviiegiada. M uito difieilmente,
foto queHenriBureau tirou para aagênciaSygma,em abril porém , o espectador se dâ conta dessa solidariedade da
de 1974 por ocasiào da queda do regim e salazarista em . cârrtera com um dosladosde confronto:por estar fora do
Portlzgal, e que m ostra um inform ante da PIDE no ' quadro, nlzm espaço invisfvele sem m arca,o ponto de
m om ento em queera preso em Lisboa porum a unidade do . tom adasefazignorareo olhoenunciadorsefaz passarpor
exército amotinado. Os soldados fecham um circulo per- . errâtico e gratuito,como se o fotôgrafo fixasse a eena de
leito ao redor da vitima e o fotôgrafo - m uito embora forma imprevista e impensada,a partirdo ângulo em que
invisivel- fazpartedocercoecompletaoseu fechamento: poracaso e1eestâ.Tudo na fotojornalistica parececorro-
isso se m ostra na foto atravêsde um a lacuna que parece boraregseaparentealeatôrio'oenquadram entoLapressado
quebrar o cîrculo na sua pahe frontale que eorrespondè e o foco pouco preciso sintonlas de que a foto estâ sendo
exatam ente ao seu ponto de tom ada. Em um a palavra' . tom ada em pleno fogo dos acontecim entos' o qtladro
o fotôgTafo era cûnaplice da em boscada e atuou o 2 nlpo aparece, por sua vez. exageradanaente aberto com o o
todo em sintonia com a tâtica militar dos soldados. requer a grande-angular,objetiva prôpria para circuns.
Nenhumainocência nenhumatxebjetividadt''poderedimi- tâ
'neias em que o imprevisto pode acontecer a qualquer
lo desse pacto sem o qual nào haveria loto algum a. m om entoe nào hâ tem po para acertar o quadro.Em toda
Quase todas asfotografiasde distttrbiosde rua têm . prâticaconvencionalda fotografia,osefeitosideolôgicosdo
unza nzarcaenaconlunx',osnlanifestantessào senlpre vistos ' âDgulo de tonlada nâo aparecem de fornaa cdstiina, de
defrenteeospoliciaisde costaspara a eânzera,conlo se o ' nnodo que a posiçào da cânzera e o lugar ocupado pelo
fotôgrafo procurasse senlpre proteger.se por detrâs do ' fotôgrafo parecenlnlostrar-setào arbitréHos que se fazena
l(ïs Altu xoo uaclu oo '
A Il-usAo EspEcul-Alt 109

*. .. ..s Y,
*4S*y. s
r rz
zzy
zy
gal
yyvvl.
. tgy
yy
zkj
r
grj
.l ,
. eventoe,aomesmotempo,simularumaposkàoexternaao
.
%#*t;
4.
to V.TQ'r)Qw e
.2 evento,comoadeum turistavisitandoarealidadealheia.
Se quero m ostrar unla grande concentraçào hunlana --
**3 V
.
. *k; diganlos por exenlplo unla nlanifestaçào piblica ou unl
conllcio -- o lugarpanôpttco é necessariamente un: ponto
; . ligeiram entesupedor- umabaseou um aplataforma- de
' ondeadimens:ointegraldoeventomesejadadadeumas6
'
vezeeujaexterioridadeesteja marcada pele tipo de visà.
o
espacial que eIe possibilita um a visâo que nenhum
' individuo da naassa concentrada poderia obter de seu
. pTôprio lugar.Por eoincidzncia esse ponto supedor que
'
. possibilita o Nngulo pHvilegiado da cânaera cosùznza ser o
'
prôprio palanque onde estâo as autoHJaJes (se o nnoW-
naento L oficial) ou os lideres (se o nlovinlento é contes-
'
tatôriel'
.uirigentese fot6grafosdiWdem entre siesseespaço
'
privilegiado,de onde se descoruna unAa visào totalàadora
2?.Fotograma de umapelicula deLeonardo Henricksen onde e/e da massa mobilizada e de ollde a m assa é h'ista come
ftYmaoseupYppbassasuhato(1srJJ, coq)o despersonalizado pura quantidade sim ples cifra
numérica.queéprecisodirigirou petrilicar de aeordo com
. . a estratégiadecalu um.Asfotosde multidào que cartier-
passarpornulosou inexistentes A menosaueocorr.v'ms .
' Bresson tirou nasmaisdiversaseircunst:ncfas- seja nos
r
eviravoltageralsesseestado(fJcoisaseoU fotôerafo-in'-
metido perca a solidariedade (Io x upaute. de-f
trn-. - ' l
' ni
l
it
ai
mtMd
de cri
a
esde
maçuKu
oomiGa
de ntard
nglze
imnx
aannd
l gaiL
a(
1(91499
4)
7,
)a
,aoc
uer
i
nmy
um
orm n a nn
venliaasofrerelepoprioaforcada;iustz'ncias(IeQ a''o
'J
- ' Comîcio em Paris(19.
54)- reiteram sempre essa visào
Nesterc
demi aa
sopad
xuaelope
merla
ap
-ber
o jdeiva
et as
éu'as'.
.ae vo
eb
jet
udivmvz
o itud
pe-'éeo'
ue oru;.;nz'
-t
-
,o
,'
- totcatl
Pa izad
ua onra
co depq
zo au
lae
mue
nqocuop
fa
ico
ias
lp
go
rntoas
aç se
às
.t
rmuni
iatégicos
daded
eue
u quem
lhe
- enâomaisparaosantavonistasconfin/dos
-noft
xZd-
z k'
J'n
- - --
'aranteacredencialdaagtncianoticiosa:sàosemp/efotos
ntam os fuzis o exempl-
eubo da cena - que apo- is grandiosas abrangentes,povoauasdem ilhares(Iecabeç.s
o m a
trâgco e significauvo desse desvelamqnto (lo ângulo de POrsobreasquaiso olhozsujeito realizaum vôo rasante
tomadaederevelaçuo de espaço extraquatpox upado nelo magistraleintimidador.
fotôgrafonosfoi(
jatlonoChilede
Le do Henricksen foifuzila'
mjunhotle1975 ouar
o elossoldadose'*
ndo '
'
Telltf0leitorirnaginaroqueseliaumafotodeuma
mtlltidâo de m anifestantes vista do interior da prôpria
onar p nquanto
filmavaumarebeliàorlemilitaresdireiustascontraoregime ' multidào,ou seja,personilicandoopontodevista decada
de salvadorAnende. =' ' um dos m antfestantes. '
ral foto nâo teria certamente
clrande parte do efeite de ''distância''e ''objetivi. nenhumagrandezavisual uenhumaabranglnciaouampli-
dade''dafotogranajornalfsucadecorx do ângulo devisào ' tude:OD'âxinAo que sedadado à visào sedanaascabeças
PdvBegiado que a câuaera assunle enl relaçào ao objeto ' dOSconnpanheirosnzispr6xinzos.Essa visàofragnlentâria
! fotografado.Chanlanaos esse ângulo pdvuegiado de lugar e Sen; glôria,essa visâo torbaosa e di:cilde quena vê de
'
Pan6ptico,pois s6 ele é capaz de resolver unz problenla ' dentro da nlultidào ou de quenzestâ solidâdo conlela é o
duplo: possibilitar unaa Ws> abrangente e integri do tCn3a de unzasériedefotosobtidasporlosé Roberto Sadek
porocasiàodaconlenaoraçRo do Diado Trabaihona cidade
110 ARIINDO MACHADO A ILUSZ
XO ESPECULAR 111

' î '... u. .;.'j ' '1:.. 'TIJ.. ' I::t'''''..'''


. .
'
.. . .
x. .. ;
.
. .
.
h.:
).,. .
, .. .)
,'
. .'.
y.'' .'
. i
.....
'i :tt.k.. j;
).. .
r'
:.
,'
t..r'
.;:.j:.'iè:):.:...'
.r
..
. .
) k ' ...jït... r'e;,.,:.'
' ;y.
't
k'; '
):
;:
''
y..'
.
tt1..'
c.t:
.'ll '.k' ..
).;.
::cl:q;.'
t''
''
, .s o.. ,k.'
,v
.
y' ' èt y';k ' ::,. . . . ;. ' .
f? %w. .' ll '' ' ' l.'t''1'';''''') '''
''
s2..'.2 v '''
r i.., 7: . t
).4.,..... ... ' 1 '' ,.)
.
.,k t'ï .:.Lk. .,) .
. . -.
.
.,: r' ':..
* : ' t/k? x-. .L' '*'':. ' 17 .5' ?
! '
i.ï:
'NbM :
' ' t- r :'
' ''''.'' ''
'
pj c w. .k ... . y'' 't') :ytt' ' ' . .''' . '
.%., . . ..s.,s ?
'
g ) t
k
$ :L
.
c.
&4 .
ègj.a.
N.'
s zlys
q
a .t
,..'.':'.:
; t,
j:
,
t )
a:wzjvo
)tp
q
..
jg .
):
t
).ti
.,.. .
',
-ejigyyyr.., yq,. s.
t . , ,
t. t: )
;ê.I.
z:;7#. .ztt
n vy
rr 'zs
n. z
qt-y . . .

$s::'y,.,'t).k
-.,v)..
: ... :...t y r - lr
,
. t . :..ot )yxr%t
. ,,t/;)z,* .3 ' ' - f
i
'.'.. z c 4 ..
.
v : a ûev)# ,. .
.2
3'';' . ) ; . '
.)< .
.
: tt
tl , . . ':1
4%
4>
4
'
mn
'
4 t
a k;
f
. #:;.rrf ,t.. 3.jp. 1. ..
y'YA -k: 'r .
.
l
:i'
.
iJ . ** '
t .. t:'.. .-...
' '''
29. Primei
ro de Ma/tp;um erlmwb - José Roberto Sadek (1979).
28. Comlcioem Papl
'
p- HenriCartl
er.Bresson (19rW)

industrial de Sào Bernardo em 1979. Enquanto seus


com panheiros de im prensa tom am lugar com odam ente no palanque.Afinal entre a estratégia totalizadora da xepoli.
palanqueoficial,Sadek enfia-senomeio da massa ese p'öe . tica''eosmétodosdflintimidaçàodapolicia a distâncianào
atom â-laem pequenosclosesindivitluaisfdescobrindo uma Ltàograndeassim .
Personalidade em cada rosào uma ctmfiguraçào particular Eisenstein m estre insupeTâveldo uso consciente da
em cada gesto e toda uma dimellsào micropolitica que ( câmtracomo arma ideolôgica sempresem ostrou sensivela
simplesmentereprimidaquandoamassaéreduzidaacem S essavinculaçàodaposkào flsicada câmeracom aposkào
milpunhosfechadosespeladospara cima.Nem m esmo as de dasse de seu operador e soube explorâ-la de ferma
faixascom suaspalavrasde ordem sâo dadasa ler porque criativa.Em seu Encouraçado Potemkin os catlhöes (los
elassào anlplasdenlispara caberenano quadro fragnlen. nlarinheiros sublevados aparecenl apontados para o ini.
târio dessa desconstruçào.Evideutemente tais fotos nào ' nligo ou seja cona a base no phnleiro plano e a boca
sào consideradas na prâticajornalistica habitaal porque voltada para ofundo do quadro enzdireçàoao ponto de
Parecem nàosedarcontadeevento comoseoevtntofosse fuga enquantooscanhöesdoinimkoaparecem apontados
aquilo queL dadoà visào atravésdesse lugarprivilegiatlo e para a câm era,com o se esta tîltima personifieasse o ponto
originério de poder que t!o palanque Um a das fotos de devista dosamotinados Isso qlzer dizer que a câmera de
Sadek curiosamente mostraum ltelicôptcrosobrevoandoo Eisenstein estâo tempo todo solidâria com osm azinheiros
céu e as cabeças sobressaltadas de quatro n:anifestantes do Potem kin ela vê a stlcessào dos eventos senlpre do
voltadasparacim a Supunham ospopulares- etambbm o ponto devista destesftltimos nàopassa nunca para o lado
fotôgrafo provavelmente -- que o veiculo aéreo fosse u1na de 1â nào aparece qunea conao um olho ''neuke''e totii-
provocaçàodapolicia razàoporquepassaranlavaiâ-lot:o zador que se sobrepöe ao objeto enfocado. Da nlesnaa
logopassou o susto M as tlào era:o helicôptero havia sido forma, enquanto a pollcia do tzar é tomada apenas em
alugado pelo dneasta Leon Hïrszman para film ar a PlallesfixesE:distanciades''naseqiiência dasescadariasde
multidâo de um ponto ainda mais privilegiado que o Odessa,a massa reprimida ê foealizada per um a câmera
l1z ARu xoo M xcuaoo A Il-lgslo issivcul-Alt 113
stllidézia,quecorrecom eiaescada abaixo em frcve/z/w .A '
câmera de Eisenstein cailiteralmentejun'to com um (los ' VURS rotineiras e fowar a sensibilidade a ''estranhar''o
fuziladosnamesmaseqûênciaesobeasescadasjuntamente ArraAoSimbôlicoquelheéapresentado:odiscursodiflcile
com a mulher no m omento em que esta vaise Jefrontar ' ttdrtllose,o ponto de vista nâo lamiliardeveriam impediro
com oscossaeos.Iura sisenstein tomar oartz o ( ja m assa envolvim ento inx entee exigiro empenl,o uo leitor/espec.
' x
revelucionâria nào seresunaia nunqa znera retôlca coateu. t*dor para decodificaro tKtexto''(Chklôvski1973,p.26).
dista nzasera <go tào concreto que a c:naera assunzia ela Rôdtche=kO cOn3pleblva à sua nlaneira o raciocinio de
prôpriaum pontodevista(Ieclasse. . Cilklôvski dizendo que o pouto de vista tradicional -
Nenlmm enquadramento t mais requisftado no uso J
.
aoueleda câmerafrontalàaltura rlt)solllosdo fottwrafo -
dominante (ja fotografia do que o fron'
tal exatam ente ilestavacomprometidocom vâriosséqulosde ditadurada
porque no enquauramento frontal o âagulo,dq tom ada é arte oddental de m odo que um a sociqdade revolucionâria
praticamente ignorado.o senso comum sô percebe que lu nâo Poderia fotografarosseusIîderesassumindo o mesmo
umaposkRo daca era norteanuo eorganizandoo espaco Pontodevistacom queavelha orlem autx râtica tomava
quando o enquadramente é blzarre e diffcil quando 'a ' Seusgenerais.Nào hârevoluçào algum a - dizia ele - em
.
câmera x upa uma poskao obgqua e confiitu
' com a fotografar operârios como se fossem cristos ou virgens
frontalidadedacena.t queosenquadramentoseosa
.
m lneulos mariasCaptadospelo pincelde um Leonardo:uma nova
'tortuesoseinolitosdesnudam afunçâodafotografiaQmo Fioodfpi'
nundodeveriasernecessariamenteumavisâoque
formadeexerciciodoolhar:em poskàoexczntrica apers- Tompesse eom os automatismos impostos pela produçào
pectiva age explicitamente como instrumento de
'Jelor- dominante. Com base nesses argumentos, Rôdtchenko
maçâ.
oeaposkâotjoolllo/sujeitosedenuncu comoagente ' dediolt-Ve, durante os anos 20 à busca do ângulo
instaurador de toda ordem . 1! assim que se perfura'a ''impossiver', de onJe a m istica homolôgica resultxsse
sensaqzo de naturanrude e cle ''realismo--proporconada ''estranha''ao espectauor.Infelizmente porém a ascensâo
pelo enquadramento frontal:ueslixando o ânzulo (Ievisâo do stalinism o ao poder lhe poda os experimentos e
para poskx s impossiveis, optande pela e-
xcentricidade ' Rôdtchenko é expulso do grupo oktiabr, acusado de
radicaluo ponto ue vista a ponto de mutilaroseorpos e
colocarem campozonasmortasdecenârio(Boniuer1978 ' ilJ7.*:: '' :2E
.l. 'x;'x ''
.. '.
'@. 'q Mr ' )w u-SXï
, .. y)< tt
. :l*-s * *
P.12.). O b gulo excêntzico dgsmistilica a autoridade do , :' e . .
'. % . A' :.
h*.
3t aq
trttt-eq ..;.
> v) . .

olho/sujeitodeprivilegiarum pouto devistaeestabeleeer ' % eo'


Xf:
*.:7
,itM'il'
M
. è: :
f:)1i'
''V' .):.1
t t ''
1
uma hierarquiadevaloresnaprofundidadedacena:ele pöe ' '' ,
S%6i
; J7
'JiJ:::'
l
<. . .
6:1tJ7X'J
:'J
f1
.:
l.
t
4
.
t11X
V. '' V- '
N
' ..C?t1'
'2
1.S i1:St)
):,
ï'?.
.' .
$1h -7.
6:
. J>k/
.
. ?)1j))'
(1: X)yI*'
X*'
..
essaautoridade àmostra,impedindo.a cleescondensesob o .
simulacroda''objetividade''feticlusta. W
''%-
;.
...7:
. ..''
?.
'
#i::.'
:y..t.
...
'?'':77'
..2
... .:' 'JlC2;J:.
-
.qï
y-:y): C::7e :
.ly
'. .
,'...
,'
...., ,'.
.Ny y y z )) r.
:)) s.
uj
m.y
.

Umadaspolèmieasmaisférteisaesserespeitotleu-se ,'
'. , .
e
',
.. . .'.? ? y
x:l
.r
tulltlil
na Réssia soviética dos anos 20
q
uantlo Aleksandr ' '
., .
' '''''1 ' ' '' S'''
r:t1t'tIê'
'
. .. . ? ,.;. tt: g)).
.' ' îQ.
uQ.
'
uIY1
t' .
, j,po .

i
I Rô
autdt
cheinsk
omat o el
mes egewuisâo
da ,
eeâng
aoulo
rarins
o ôal
litlo
o pa
dores
a pect
queador
brar co
us . ê:.
. ..9
',
k)*
...'.
t. . .
'
.'' - .?t
,'..
''
t
..'
'
.'
.:
;7
':
')f
;. ).l
:31 :
3!
1#01
37:.
71.
,k. '*.,).;..
: Q.
.

4...
)41'
:
.
. ,, z,e.- . y.
.
subseniência ao sujeito da enunciaçào.Rôdtchenko se .
' ''.
.
Yx'' -'' '' ,'
.
h ..
z...
'''': '%
1l
. ,.r7
.f. )
apoiavanasteorias(losformalistasnzssos, sobretudo de ' '' ' *f* .'::
.:Jë')1.
?4
q.E lX*
; z. .X â
'
Chklôvski,cujoconceitofjeestranhamento 1he sen'ia de YW.t),....' 'Z* ' 'b.:':
' ,
'
g?)..))î V
'1
7
base para uma virada radical na prâtica fotogrâfica '1:J;
'J'?.''
:'
.:'.'' ''' ' ''' . $.
/14 1'
. .-
:1::117 .
tt. '
habitual.Clzklôvskidelençlia um conjunto de técnicasdg - .'::'''''
', ' ''
'
.- . .. . ' .
. .
.
. . . .. . ï):
.> .
;tV. gkg
eongtruçâo!cljafunçào stdaperturbaras DossasPercep- 30 AsfaltodeArodcou - AleksandrRödtchenko (1932/
.

j '
A 11USXO ESPISCULA R 117

borrado com um a m ancha indistinta o desfocado. Em


FIS SU RA S N A PRO FU N D ID A D E fotografia, dâ
-seonomedeprofundididedecampoaessa
DE CA M PO zolta de nitidez da imagem projetada na pelîcula. Os
m anuais de fotografia nos ensinam que e1a é funçào de
algumascondköestéenieasbastanteprecisas:a)distància
focal da objetiva utilizada (uma lente de 28 mm, por
exem plo produz um a protundidade de cam po m aior que
um a de 50 m m)'b)recursos de iluminaçào (quanto m ais
i intensaéafontede1uz maiora profundidade);c)abernzra
i
I
do diafragma(a maiorprofundidadeé dadano fechanlento
j
!

(a'
ximo
pr dodade
ofundi diafragmal;d
aamenta)deteromi
quant naçsàoefdoc
mai ooposn
et
o de
apr fo
oximco
a
do lnfinito).Teoricamente5pensandoy,nos termosdo ideal
nninléticOquenOrteia0Projetofotografice,aprofundidade
de Cam PO nlais VerGssînàilseria aquela que PoSsibilitasse
unAaConstruçà0integraldoeSPaçO longitudinalda cena de
O aparclhofotogrftfieofoiconcebido na sua origem m odo aencobrira expressividade do foeo com a ilustraçào
para produzir automaticamente o côdigo perspectivo,mas de uma tridim ensionaiidade total.A essa restitukào de
essa protluçào nào sedâ deform alim pida e coerente eom o côdigo perspectivoem sua integridade teôrica cham aremos
na ane piztôrica renascentista'caracteres particulares (lt: aqui para nosso uso particular,profundidade de campo
mecanismo técnicointroduzem anomaliasedeformaçöesna ' inlïnita:ela éum a das condköes para a plena vigência d()
representaçào do espaço,de modo a fissurar a sua hom o. efeitodexltransparência''dafotoe.com otal visa cultivara
geneidade. E sabido que, no seu uso conveneional a sua vocaçào nrealistau.Nào L por acaso,portanto,que o
lotagrafia é sem pre invocada para sim ular um a conti. fot6grafo realiza verdadeiras acrobacias técnicas para
nuidadeabsoputadoespaço,desdeoprimeiroplanodacena obtê.lae assim mascarar a anomalia do espaço desfocado.
atéo ponto defuga.ou seja para permitiruma projeçào Mascomo,namaioriadasvezes ofotôgrafonàepode
integraldo espaço codificado pela perspeetiva. Essa cir. dOm inar todosos quesitosnecessâriespara a obtençào da
Cunstâ'ncia todavia nenn selnpre pode ser obtida satis. Profundidade de cannpo infinita,ele faz o foco trabalhar
fatoriamente porque as condköes téenicas resistem a expressivamente,em benefîcio do olho/sujeitodaenuncia.
Conformâ-la quebrando muitas vezes a integridade do çà0.Supondo queo espaço ''tridimensional''sugerido pela
espaçocorn rupturas,eompartimentaçào (
Iacena dissolu- perspectivasejacompostodeinfinitos''planos''paralelosao
çëo das form as e tlesm aterializaçào de zonas inteiras da plano do quadro.o fotôgrafo deve escolher quais desses
imagem figurativa. Os principais responsâveis por esse planoselevaiprivilegiaretornarvisiveis(quaisvào merecer
verdadeiro detonamento interiordo côdigoperspectivo- e o foco) e quais oatros serào transformados em borrào
de que passam os a tratar agora - sào três caracteres indistinto (desfoque).A seleçào do espaço revelado à.visào
interdependentes:o foco, a composkào do quadro e as através da profundidade de campo é,como o recorte do
condköesdeiluminaçào. I
'
quadro,um recursodeestabelecimentodesentidoevisa
N em L preciso insistir que o foco representa a m ais tam bém instituir um a hierarquia na cena. separando o
evidenteruptura dacontinuidadedaprojeçào perspectiva esseneialpara osinteressesdaenunciaçào do suplrfluo ou
na medida em que seleciona naprofunditlade da cena um a' '
i doaeessthrio. Numa loto daagência Abri:Press,mostrando
zona denitidez deixando o restante do espaço longitudinal O Papa1OàOPaulo 11em visita ao Brasile saudado porum a
,
118 ARLINDO M ACHADO A ILUSXO ESPECULAR 119

multidào,o motivo nào permitia umaproximidade maior tivesseignoradoocentro do espetâculo ejogadoo focona
do fotôgrafo,o que p obrigolza utilizaruma objetiva de ' cara de um obscuro espectador qualquer no meio da
distânciafocallonga(teleobjetiva),portanto umaobjetiva multidào:entâo,todoo trabalho decompartimentaçâo do
cujoponto defocoLcdtico:conseqzentemente,detodaa espaçopela prohmdidade de cnmpo e o arbgtrio do olho
extensào longitudinal da eena cem pesta de m ilhares de enunciador saltariam im ediatamente à vista solapando
figurantes (n1ultidào,earros,guardas),apenas unl ûnico serianaente o efeito especularda foto.2 exatanaente o que
ponto do espaço 1 dado à visào No caso o ponto faz slurray Riss nunza foto denonlbzada A moça e o - uro
privile#ado pelo foco correspondt exatamente ao ponto de fyo/oy na qualocorreunla blversào da relaçào sgura/
prlvilegiadopelacena(o papa) de modo que essacoinci- ftmdoeomotivo que,deacordocom a tradkào figurativa
' dência garante a &Knataralidade'' da prohandidade de deveda ser dado à dsào -- o rosto hunlano -- é desin-
'
'
canlpo,inapedindo queo espeetador menosaten$o perceba ' tegrado através do desfoque,enquanto o foco vaipara o
a lorte codifieaçào do espaço. O foco hnpöe, portanto, hando da cena, revelando a texbara de unla parede de
unla isleitura''do evento organiza o espaço de nlodo a tijolos Neste caso a foto torna-se desnlatedZiz< ào do
tornâ.lo inteligivel, reforça o comando de veneraçà.
o à. I .*retrato''e inversào dasexpectativasfigurativas.2 preciso
figura m âxim a do catolicism o - tudo isso sem com pro- quea intençàodo olho enunciadorcontradiga a hierarquia
metera l'objetividade''do tlagrante fotogrâfico,essencial I da cenae subverta aordem que dita o arranjo do motivo
paraoSsrealismo''darepresentaçào. paraqueofocopossaaparecercomo fissura.
Semprequeopontodeatençàodoolho/sujeito(zona Imaginemosprovisoriamenteque todasascondköes
focada)privilegia oponto para onde converge toda a cena . técnicasestRo dadaspara aobtençào deum aprofundidade
odesfoquenàtlchegaaaparecercomoaquiloqueé:quebra decampoinfinita:temosuma objetivade focalcurta ehâ
da eontinuidade do espaço,desm aterializaçào doscorpos, ' iluminaçào saficientepara permitir o fecham ento mâximo
dissoluçào da im agem figurativa numa mancha am oda do diafragma.Neste caso, porém , o acréscimo de Exrea-
queLbem o contrârio de uma representaçào iâebjetiva''. lismo''obtido pela reconstitukàe do campo perspectivo
M astenteo leitorim aginar o que aconteceria se num ato
de extrem o atrevim ento o fotigralo dessa m esm a cena

..

'
. ' .'.r g.
vw,...1... .
. y...v. ;. x:
.%v
;.
#,j
, )).
yjf).. )')
t,,'ï. v.
yz
.
. .
.
. r.
-
. ... .
..sv----j.. )) . p yj
y.
. t
)jy
...y.0t
.
..
y;j
j .
..
fa - )' 4,.
14
.v-..>-tr.. ' J. .î)3)1.*..y).t
?;' ilrr
,. ..,.r.plt lv oly ' .''
. '' ', j. .*
'
:)
' è''1
. :l :;
':
'
')-
'
:!?jp
''
,qjt::
. l-
>I
C.
a
.)
>.
*7t7'v* > v''' .
'J
;L
<-.*'.
'
.; s.;r'
J .:t .) z' Y
t. 1 yg
. . ..
(
e ,. .y.7!
. :
,. ,
:.L$ : :. . .
a . . ..v . - '.t

32.OpapaJDJOPaulo11vt
sitaSJ/ Paulo - fotoAbrilPress(1e ). 3a A moçaeomurodetëolos- MurrayRiss(1* 71.
120 ARLINDO M ACHADO
A.jw u o Eslœ cul-xit 121
integralnào pode ocorrer sem a invocaçâo de u.
m outro
processo de refraçào Previsto pelo côdigo:a composkào da
cena.Defato,nenhum espaçocontfnuopodeserprojetado
na proiundidade öe campo infinita sem qae eue espaço
essejlpreenchidodemotivosaolongodetodasuaextensào.
Absurdoseriaimaginar,em fotografia um espaçoperspec.
tivointegralquenâoestivessepreenchidodeobjetosaserem '
colocadosem foco.Poressa razào,a pfoduçë.
o de profun. ' .'
didadeinfinitaexigeaescolhaoumesmooarranjo deuma zy
'*
t*
.y y! t:i.
ts)y
.
composkâoquearticulepelomenostrêsplanosdjferentes: .. .
.
..
.

o prim eiro pianoso plano m ediano e o plano de fundo.Na


verdade aproftmdidadedecampoinfinitaeacomposkào '
do quadro est:o profundamente imbrkados:para que os . '
r'
.
motivospossam aparecer dispostosperpendieularmenteao .'
ptano de quadro,é;m eeiso derloeâ-losao longo dar.linhas '
(le fuga, é predso que a luz possa alcançâ.los no seu
percurso,é preciso preenchimento da profundidade com
planosescaloaadosquepermitam aocorrbncia docôdigo tla
perspectiva.lsse querdizerque aobtençâo do eleîto Wslzal
maisEfrealista''impöe,paradoxalmente,a disposkào dos
motivos m ais centrelada e carregada de intencionalida.
de.
O que significa dizer que uma foto apresenta uma
'*boacomposkào''?Osmanuaise asesco1asfle fotografia ' 34. La Mancha.Espanha - Bri
an Seed
acum ulam conheegm entosem pfricospara tentardelinir as
. ' dr'
ern datal'
regrasGeum jogocomposidohalqueagradeaosolhes,que
ofereça a consistência plena do motivo bem dispesto.M as preenchido na sua porçào Iongjtt zllinal e a prohm didade
.
nem ia
identfs
i escol
as,nem osmanuais estào em contlköesde -
aparece,portarkto,como a pr6pri a encarnaçâodaperspec-
caroefeitoideolôgico(lequeal'boacomposkào''é tiva renaseerttista.xesseparticular,a foto de Seed chega a
a materializaçào.Jâ iizemos referència ao fato (le que a serincisiva, maniqueista mesmo:e que ela mostra 1 um a
f
dotografiaobligaoespectadora secoloearnoponto devista ocupaçào do espaço perspeetiv' o c,om planos escalonados
()acâmeraeassi m sesubmeteraosujeitodarepresentaçào. que-se afundam em direçào ao ponto defuga, de modo a
trapape lda ''
bo a composkào''é.justamente reforçar essa . fow a: a.ilkmtificaç:Q'dool
hodoespectadorcom oolhotlo
d nsferznciadesubjedvid'ade,atravésde uma disposkào Wieito enuncia(jor.Trata-se de uma fotografia *ëclara'',
o
ti smotivosquefavoreçaa ocorrênciadaprojeçàoperspec- .1consksttmtr',,;Sagradâvelà.vista'',pedeitamenteinteligivrl
va. Numa foto ''bem compostaP', ft poskào do olho e assimiâveldentro dospa(jrx s de decodificaçào conven-
ettundadoré itteqttivœ aa potsela qst: daram eate ddinida .
cionais.
no quadro pela hierarquia do escalonam ento dos planose
pelacoerêneia da evoluçRodaslinhasdefuga.Uma fotode
Maso
j
queacontecequan(loacomposkkodo quadro
n:o preencye a extensào toda da cerja,ou entâo quebra a
Brian seed tom ada em La M ancha na Espanha,m ostra
,
perfeitam ente essa funçào'
,
. o espaço estâ ai tetaim ente
sua homogenei(ja(!e c
t
om desarranjos estruturais? Neste
' caso, afotoseapresen aincomodamente *'erradaNfealgum a '
A ILUSXO ESPECULAR I?.S
124 ARLINDO MACHADO
entretanto, ioaaginareertasfotosqueehamalanlosdedex. '@èi'?
.:
-*@F****T
-$
-J'''
-r îJ
'i
-b
,i
-i
. tf
tt

tt

tl
tl
:s
tV

tc
:c
tc
:'
:l
:l
:7
:i
zi
:'
'ùli
z>
:f
s.,a..,s a. vyk yi
l'
::
:t
t:
it
rV
t1c'
t'
î'
t1
t'
tJ
c;
r7
cl
$'
'
.
construtivas doefeitoespecular, enlque a pessibilidade de .rlp**. . lls r
px ' '<'
y
* ''.****.,1:T.
jyy gyyyyyyty
li . . .*6:8k4
.m) t
beraçào do espectadorestivessejâ nelas contida,sob a *'- :T 'j '' t 'f '?
.?h
:'
:
';â .5t:z'4
fornaadeprocedin:entosconlposicionaisquefavorecessenzo ' ' :t) ' : ' *
estranhanxentodacenaeretardassenaasuainteligibilidade, ::yr:y jy
A*.:îœèq7
I
criand.
oagsim um a.situacào orooiqiauar
' '' ' '
ao m
''
olonza
'''''
m ento '
k'*'
E' .
.
do tempo de mirada.Sempre que no interiorda profun- L.i' r'
'
I
1
. didadedecampoinfinitaacomposkàoeo enquadramento 1
(t)' ' '
t1l7'
::
'
' fazem intenrirzonasSâm ortas'',divisöes,mâscaras,cortinas 11. '
! eobstfteulosdespistadoresda : .1ôgica''figurativa decena'a .
'r
'i
'
'r
'kj
$'
st: )
profundidade resulta fraturada e desequilibrada im pe. 'tr:.
:.. '
dindoaplenahegenzoniadoolhardosujeito.Nunzafotode : q. ...
kf y:t)::cr'
.:lLt1*
,L'.;..$:)$)*-,
$
.
h4oholy.AiagydenonlinadaPlataformaJcn%ergulho,a
confusào de linhasperpendiculares paralelas e diagonais
' tt ..
Tf*
..
trwlvl1
yyo
=.
%)
+*
);
4' xk o4
yjj
21
'
criam um espaço complexo e estllhaçado' tornando ambi- 37 Cemitériû de VNOCJW êmeticanB - i'l*nïiQaTIje'e yssson $â< ô.
1 guasasnoçöesde S'aeim a''e 'iabaixo'':nela!
'a perspectiva '
'
! jânàojogaproprianlen(eum papelunilicador'nem o olho de tam anhOS da projeçào perspeetiva: conhece-se, por
'
do sujeito torna coerente a projeçâo.54ais desnoMeante exenlp)o, o papelqueacontraluzdesenlpenhanaproduçào
ainda,um a estranha foto que Cartier.Bresson tirou num da ilusàodeprofwndidade,desprendendo o Primeko plano
cem itério de Saint.Laurent m ostra o alinhanlento ;as do pjano de gando,de nAodo a acenbaar a im pD ssào de
cruzesdesorganizando a convergência das linhas de fuga djstâneia de um a outro;da nlesnna fornla, unz plano de
de modo quea perspectiva do fundo da cena parece estar fundo podesertrazidopara a frenle da cefia simplesmente
. invertida e abalada pela centradkào de direçöes.Nesses ' intensificandoa i
laminaçào qtteincidesobree1eeapagando
.

doiscasos,éra perspectiva centralque continua ditando o m:(ôntesde1uz do prim eiro plano.Adem ais'a ilum inaçào
arranjo plâstico do espaço,masa composkào do quadro trabalhanomesmosentidoqueoloco:um comooutro sào
. age como elemento desarticulador da profundidade de m ecanjsmos de ruptura da continuidade tr
ltlespaço pers.
cam po,provocando deslocam entosdeplanosesolapam ento ' pectivo sàorecursosdeproduçào desentido queorganizam
daiâtransparêneia''fotogrâfica. ,naprofundidadeimaginâriadacena,selecionando
o espaço
Quandoafotografia automatizou asregrasdecons. ovisjvel transformando em maneha disforme oujogando
tnwào do espaço ditadas pelaperspectiva t
zrfiscft
z/z
k, e1a nainvisi,
bilidade da escuridào tudo aquilo que nào convém
imediatam enteconfirm ou um asuspeitaqueatorm entavaos aos
intvressesdaenunciaçào.
te6ricos do Renaseim ento e que os im pedia de aereditar ju ra com patibilizar a ilum inaçào com a racionali-
. cegamentena integridade doespaço produzido exclusiva- ' datje da projeçâo perspeçdva,os artistas renascentistas
mente poressa técnica:a dependlneiafatalda profundi. introduziram afontellnfcc deluz,capazdebanhareom a
dadedacenaà.seondköesdeiluminaçàe.Defato,arepre. mesma coerência todes os objetos e seres do quadro.
sentaçào dos planos paralelos ao plano-suporte (la repre- A tente-se para o exemplo da cena do casal Arnolfini
sentaçà.
onàodependeapenasdasprojeçôesgeométricasda Pintatla porVan Eyck,tle quejâ tratamosatrâs:toda a
perspectiva,m as também das fontes de luz que incidem Paisagem estâsendo iluminadaexclusivamente pela luz que
sobreoobjeto representado.Osjogosde claro-escuro que . vem da janela à.direita dos figurantes.Assim,o espaço
banham a cena constituem elem entos de codificaçào de inteiro, com tudo o que o povoa,sem ostra unificado pela
volum eeprofundidadetàoîm portantesquanto ahierarquia
'
128 ARtTx'
oo M xcllAoo I '
XILCSAO ESPECULAR 129

I nlotive -- euageral rebatqdores-- para ilunainaraspartes OXtrOS foces de 1uz dirlgidos nunl sentido inverso. Neste
queaquela nàotem opoderdeatingirporsistq 2 certo que CASO'Porém !as vérias fontes de luz podem se inte' rferir
seocampoaserfotografadoépequeno podl.seiluminft. flll
b''
àtl'i
lmdfltc'Pri'dllzilld()umaconfusào deluzesesclt'n.
as Sem uln princfpio norteador e tornando as relaçöes
lo uniform em ente (fazendo a luz reba'ter Ilo tetö oor
; exemplo),delorma queo ambiente nào m ostre irtdici 'Os-de espaciaisincompreeasîveis.S6depoisde muita experiência'
recebersua claridade de fonte alguma e sua luminosidade JOöSa.F105itfiO deensaio eerro équeo fotögrztf'
o aprendea
: se apresente eom o um a propriedade inerente ao zaotjvo. I balancear as fontes organizando.as nunaa hierarquia de
Masumafotoobtidanessascondkôest
âpouco intelidvel! mOdO flue apenas um foco de1uz - rteeessariamente de
J falta-lheamodelaçào dooes paçoeoseleitos deCeles. o' mt f
iorintensidadt - assuma a orientaçNo plâstiea do
imprimidospela iluminaçà. dirigida.Em suma os efeitos WSPJWO,enquanto osoutros,tratados com sutileza sirvam
da iluminaçào localizada na fotografia tla mesma Jtvma 'Sexixneiasdaenuneiaçào,iluminandotudeaquiloqueas
com o a revoluçào do caravaggism o na p'intura.trabalham Sombras projetadas pelo primeiro ameaçavam apagar.
no sentido de quebrar a coerência da proîvndidade de ASSiDI, a i1unAinaçào pode reconstruir e redimensionar o
!
I
.
campo infinita na medida em que a m odelam eom CSPIWOKgllrldo OSinteressesdooiho/sujeito :em queo seu
'Kescadms''de luzes e som bras otz a dissolverzl ao lusco- trabalhoapareçacom oum amanipulaçào ou um aviolência
.J
fusco dosphotofloods dirigidos; em flltima instância a istot,Presenrando acimadenzdo o 'zrealismo''da cena.Na
1
. Nr
Q!l'fltit1e'aquele a quem cham am os o :lfotôgrafo''deveria
iiuzninaçiio re.
sulta taznbézn num recurse para codkfic'.
c'ospaço e orgauizé.lo segundo os interesses da erluncial
a. aRtesSercbamado ez:iluminador'' porqueLna îluminaçào
çào. que estâ a ciëneia maisdificildo ato de fotografar.aqutia
I M as.ta1eomo no Renascimento é preciso inventar Q'H lWfiht'm expediente técnice jamais lograrâ automa-
Vrïnulasqueatelluem <,u ecultem essa' tizar.
quehra
do espaço,para que e efejto de ''transparêncda
ia''unidade
n&o se ltt
klamf'sem ilum inaçà.
o lateral m as essa expressào
lMrca; esse é alitis o drama m afor vfvïdo por toda a T1àO 6m uito feliz.':l-ateral''signifieado latto de quqm)?h;e
I tradkào fotogrâficaengajada n()prqjeto mimético.Nesse êtP6SSIM fotografadaétomadadeperfil(isto6 detilade''l
sentido aklurrliaaçâolatera!- maisutilizada quequalquer ililumitlaçàt.
hlateralnàoéaquelaque ilumina inteiramente
Outranaprâticacorrentedafotografia- eostumajogarum CSSC'slltdO''Qontraoqualsedefrontaoolhoerlunciador.A
papelfundaulental:quandocorretamenteutilizada elatem IZYXZXCYPC em Questiio Se refere a um ponto do espaço
.
t
7poderdeunificareeoordenaraorganizaçàoesplcialda
eena.Sv as Iuzes se aglomeram todas de um lat!o e as
Gt raquattroligeir
tIYCCDJCOOm Olott
amenteoblîquoem rtlaçà. oaoinrerface
v rafotem geral um ângulode45graus).
.
i sombrasdooutroladodiametralmenteooosto opcmlnva',a Ora,sehâ.um pozlto doespaço dando coerência ).cena e
2 assimilumïnatfoganhacoerznciaestrutu/al.ià'
n;n'''
J7n'v
--
v.?'
j tltle n&o corresponde ao ponto onde eso plaotada a
.
I
'
ma borost
esteijsatào nsivam eutefissuratlo mu
radeo
itoedb
' or-
al1
-
e'-Jfnh'
porgrandesmanchasnvgras.Masum efeito
,
Ja
'- 2
. Objetiva,issonàosignificaquebradahegemortiadosujeito
Cxdllciddt'r? lim dircurfstâncias hahituais nâo perque
deluzlateralnàoé:algofâeildeserobtido.Antesde mais ' bJtbemo:queéjustamenteesse sujeito quem tira proveito
xg'osdeclaroeescuro.cktlocan'
do-serkopontoerllquea
1
1
!
.
naec
Prdai,
sop
arasaim
que peularuma
nas essep
lir
incc
ni af
pfi
odeedeori
ont e
lnta
uz içàoie
lum spa
ne tci
alé
oda a ;
4
1 uym izdvR'ofelorçaahomogencidadedoespaço.M asseesse
d
cena.Seissoforfeitoaopédaletra ocontrasteentreluzes VWCSDIOStiksifonâOquerou nàopodesedeslocarem direçao
esombrasserâgritantee asenorme '
ssombrasdosobjetos ê1OP0DtE'elrjQue a uum irlaçà.
o advém laleral as lontesde
maEsprôximos(la 1uz se projetarào sobre osoutros apa. tKZPodem comprometeroresultado tornandoo pontode
gando.os da eena, A tendência natural do fott
pr'nfk. s tolnada um lugar precâ
'rio para a visualizaçâo da eena.A
compensaraunilateralitlatleirritaritedailumina/ào-e
''o
'm'
- Silhllefagemdasfigurasistoéaperdadatopegrafiada
I
l30 ARLINDO M ACHADO 4 II-USXO ESPISCULAR 131

im agem com toclos os seus detalhes identifieaderes é o em que com prim em violentam ente toda a extensào longi.
resultado deumacontradkàoentreoponto detomada da mdinaidoespaço,reduzindo.aapenasadoisplanossilhue.
Cena e o ponto de em anaçào das fontes de luz. Nttm a tados'. o viaduto e a fâbrica. Neste caso. o efeito de
surpreendentefotodeBillBrandtintitulada Trem deixando perspectivaé:dissolvide graçash'silhuetagem ,demodo que
. Newcastle visào apocalfptica de um a cidade industria) o q'tladro advém plane e opaco com o em sua m ateria-
anzeheanaduranteaD epressào,asposiçöesantagônicasda lidade.
cânlera e da fonte de 1uz produzenl um a imensa som bra Se a iluminaçào pode portanto,reforçar a nûstica
negra quedom inaa paisagem e im pede a profundidade de hom olt sgica da fotografia,ela pode tam bém fissurlela de
cam po deavançarparao prim eiro plano ao m esm o tem po form a im placâvel desde que o retalham ento do espaço
com ojogodosclarose eseurosapareça elaramentecomo
um a m anipuLaçào.Assim na m esm a linha deseonstrutiva
da foto de Brandt poderfannoseelocar um a série de fotos
radicais em que os reeursos de ilum inaçào tendem a
'I',4zyo.l.!.>';'?4't.r'Firzs'
-
.
.
'
- --lt?
g'
o#
Sî.t
yr esfacelardeliberadamenteaprofund a ,
duzindoum espaçocomposto,fragmentftrioedescentinuo
'*' . z' zet;l
tf
/ . ,,'
. v que é bem o eontrârio de uma representaçào 'realista .
'
k ?0,
z',
r7t>% ' ' NumafotodeKennethJosephsondenominadachicago,a
ilum inaçàoapareceostensivam ente com o inten ençàosoyre
a cena e desconstruçào de sua coerêneia espacial: as
. pequenasrêstiasde luzjogadasao acaso sobre os quatro
pcdestres nào favorecem a inteligibilidade do evcnto e
a, ;''
'
provocam o â'estranham ento''da cena.U m Nu fam oso de
êz.
?-Jj'
...
,''
?
F-
...
'
I.t
,-
'
- ..';
' BillBrandtrecortaafiguradeumamulhercom tocosdeluz
..
J& . j /'kp 'î.'','.' '
;;0
z .''- '
..
- k y .' 'J ' r'
zj?f
:
Y
'i
j ev *
.
r1:
'. .2. .z

38 TrenlJe?'
xan// Newcasde .- BiqhBrandt(1930). 33. Cbicagû - Kenneth Josephson(19611.
A il.UsàO ESPEXIJLAR 13tk

LENTES BIZA BBA S seja:as objetivas dc foealcurta exageram as proporçöes


. .. . entre o prim efro plano e o plano de fundo. m as em
H ISTERIA .A LUCINACOES
. '
! vompensaçào osafastam consideravelmcnte um do outro,
de Iorm a que,no fim das contas elas continuam repro.
!
I j
. yes geom'étricas da perspectiva.
duzindo as m esm as relaçt
-
'
1
'
Jgualmente' .asteleobjetivasnivelam ostamanhosdoplano
1 . qle frentee dc fundo masem eontrapartida os aproximam
7 j um tj,a autro. de mede que a anomalia perslikectjva é
1 ) compensada pelo estreitamento da profundidade.Em
am bos os easos, a ilusào de verossim ilhança é m antida
exatamente dentro dtu eânones da perspectiva m uito
tmboraairrtagem obtidafalsifiquedvclaradamenteoobjeto
( queseNqauerr
vereprese
dade nt
nrar
to f.
laiafotografia quetornou visiveisas
'
I rzovaspaisagens plâsticasproduzidaspelasgrande-angula-
iI res e teleobjetivas. Jft no Renaseimcnto, no momento
1 E verdade que o emprego de lentes de diferente mesm o em que as técnkas da perspectiva central eram
'
dist:neiafocalpodevariaroeampodaperspectiva.o efeitt) aperfekoadas,métodosengenhososdklencurtarou alongar
ideola ico que dai resulta entretanto eonAinua marcatk, a evoluçào dosraios visuals em direçz.
o a()ponto tle fuga
pelaideologiainerente'ztperspeetiva,ouseja,qualquerque I estavam sendo elaborados.Como conseqûência.podia-se
sejaadistânciafoealdalente,Lsempreaeonstnwàopers- ? fazer(lom queum pequenoespaçosedilatassea dimensöes
I
! peetiva do Renascimento que estl a na origem do modelo ' infinitas.ou que grandesdistânciasfossem reduzidas aum
I fotogrâfieo. ..() recurso de m fûtiplaslentes quando nlko ( fnfim o qualquer. Baltrusaitis fala, a esse respeito, de
ditado poreonsideraçoestécnicassrisando restabelecer um pcrspeetivas'saceâeradas''ou tddesaceleradas'' capazes de
campo perspeetivo habhtuai(cenas tomatus em espfwos procluzir um efeito semelhante ao que hoje atribuimos
limitadosouestenuides que(!preeisoaumentarou reduzir) respectivamente à.s grande.angulares e teleobjetivas:eias
destrôirnenosa perspeetivadoque ale&a a desem penharo nào !
ià.
0 Senào desdobram entosnaturaisdo eôdigo perspec.
papeldeumanormareferentpial;odesvio sejapormeiode tivo,muito embora o efeito delas resultante seja franea.
uma grande.angular ou de uma teleobjeliva.fica bem menteirrealisîa.k'umamultiplicaçRo demundosartificiais
I
' m arcado por u1
na com paraçro con: a perspectiva dita que atormentam oshonlensde todas as épocas,,(Baltru.
I
I normal.,(Baudry1970 p.3).Defato seekm siderarmosque saitis1977,p.4).Nrte sepode esqktecerainda queum dos
umaobjetivade50mm nosdâ .avisào''normal''dosobjetos maioresestudiososdessascontraçöesedescontraçöespers-
dispostesem profundidade umagrande.angular(digamos pectivasfoïjustamellteDanieleBarbaro nadamenosqueo
porexemplo,unla 7..F mm)deve nosdar veoricam ente um 1 inventordasobjetivas!
. quadro cujo primeiro plano tem o flobro do tamanho do 1 claroqueessaslentes- queqts vam osaquiclaam ar,
prim eiro plano dado pela lente''normal''e cujo plano de ' Pc'
r com odidade de I'bizarras'' - podem também esti-
fundo tem a metatle (lo tamanbo do plano de fundo dado lhaçar a convencionalidade do côdigo perspeetivo, desde
I
por aquela; mas,em compensaçào, a distâneia relativa quesejam utilizadasexplicitamentecom vistasadeformara
' (imaginéria)quesepara cs doisplanosna inlagem obtida normalidade da representaçtio ctuvencitmal.Ma< por
com a grande.angular é tam bém duplicada cm relaçào à. enquanto, apenas estam os nos referindo à. exploraçào
' mesmadistânciaforoecida pelaobjetiva dita Sinormal''.Ou eotidiana deseusdeitos na prfttiea fotogrâfica habitual.E

1
136 ARI-INOO M ACHADO
. x It.usào Esx cut-xx 137
sabidcqueoabuscdafetografiauoperitldismejernalfstice
' criou certoshâbitosde''leitura''que acabaram porforçara uln efeito de i'norm alidade*'ôptica,sem ellzante ao obtido
''traduçRo''do campo perspeetivo das lentes ''bizarras'' pelasobjetivas (1K50 mm.M asquando essaslentes d:bi-
' paraospadröesprojetivosdalentadita''normar'(50mm). zarras'' se pöem a deformar visivelmente a projeçào
Ospaparazzi(fotôgTafoscaçadoresde celebridades),por ' perspecdva,a coisa começa a complicar.Sabe-se que ms
exemplo,sôtrabalham com a teleobjetiva,nàoporque em objetivasdefocalcurta(grande-angulares)podem,apartir
todasascircunstlneiaselestenham dei'fixar''oseu motivo dealgumascontjksesdeiluminaçâo,representarintegral-
'
ij à.flistâ
nncia' mas porque essa objetiva corresponde5 na menteaprofundttladet:lecampo,masesse ganhode*irea-
convençàojornalistica,aoolharelandestinoebisbilhoteiro, lismo''éneutralizadopelasuapropriedadedeexageraras
â.curiosidade voyeurista de quem 'erouba''a im agem do relaçœ stopogrâficasda perspecdva gerando um a itnagem
referente inaeessîvel. A foto de uma atriz tm a tomando ' abertamente distorcida embora no limite a1da.fiel ao
banho desolenasua praia particularnào teria a nlesnla côdslo perspecdvo.Obsrrge-se a aberraçào que resultl a
forçadeconvicçào seobtidacom umaobjetivade50 nan1. palagenlurbana obtida connunaa grande-angularenz O
No extremno inverso a foto de ''ahvalidades''(aconleci- edulcioFl'
meA LëedeYieJoelparaseteridéiadeconlo
mentospoliticosou catâstrofesnaturais)pede uma outra uma objetiva pode transfkuraro seu rderente.Hâ quem
projeçào espacial:se o imprevistopode acontecera qual. defendaatesedequeasobjetivasdefocalcurtacorrespon-
quermom ento,essa circunstlncia exige um quadro exage- dem apa ximadamente auma perspecdva eom dois pontos
radamenteabertoeprofundilladedecampointegralmente defuga(Hawken1976,p.61),razë. oporqueasrelaçY sde
recomposta,eu seja,todo o pôdigo dagrande-angular.A profundidade sào acenttzadas de forma exagerada. eq-
teleobjetiva,em virtudedeseucampovisualqxtremamente quanto a.steleobjetivasparticipmiam de um outro côdigo
' reduzido, exige reeortes extraordinariamente bem feites, Perspoctivo,de tipo '*isométrico''(se o enquadramento é
' composkào esmdada,foco apurado e tripês firmemente frontal)ou *'axonométrico''(seo enquadramento é obli-
apoiadosnochâ. o corldk- simpossfveisdeseobterquando que).Em ambososcascw essaseemparaçöess6sepedem
se estâ em pleno fogo dosacontecinlentos.Poressa razào Sustentar nuna prntido sgurado,po1 as lentes nbhaaas''
ninguénz creditada verossinlilhança ao flagrante de una
e
fve
ant
go
rain
ne
ds
eperad
-anguo
lao
rbt
qi
udo
e ic
nona
ap un
öe a:oaf
oobtj
ôe
gtr
iv
aa
fodun
efaoc
a<
prl
ooxniga.
nli- op .n *
I dade do motivo e, em troea, lhe oferece agilidade nb
I enquadram ento.o universo que ela constrôiaparece com o
:<unzespaço envolyeute no qualse encontra brutalnlente *
preso,nzassenapreconaoqueporacaso,poracidente,unl A - j?JJ
espaçonoqualseestâsimplesmentedepassagem,com todo ' t:Xi'1
O
descompromissoealigeirezaquesepodeobtercom essa $h
)
X11'
' condkàode'estar(lepassagem'edepoder,atodoinstante, 1131 '
vtiq
se desprenderdo acontecimento.A foto histôrica suporta %J:
ma1amarcamuitcVisivd doenquadramen ton;te
a1
a sencfepre
ec
le v Y
sem m argem com o que surpreendida aci
de l
me te a IJ
borda do quadro:nenhum espaço detranskâo,nenhuma 1 ' ê
I marcadaenunciaçào''(Bergala1976,p.42). ty.,4.
ul. y.* *
Estassâo,digamos assim ascondköes em que as s ?*' '
lentes''bizarras''sàoreclamadasnafotografiaparasimular
' 42. O ec/p
yfc/o Tim e8.Life - YaleJoel(1x 1).
l38 ARLINDO MACHADO A ILUSXO ESPECULAR i39

pelo fato mesm ode serem bizarras '


nà.
o sâooutracoisa que Paradoxalmente entretanlo o cineasta Serguei Ei.
anomaliasda representaçâo penpectiva unilocular que s6 senstein defende nào sem razào que a sensaçào de anor.
mesmoaspr6priaslentespodem protiuzh'.Asteleobjetivas malidadetransmitidaporuma grande-angularnàoresulta
porexenaplo aocontrâriodasprojeçöesperspectivasdedpo apenasdasdistorçöesnaanifestasanivelda representaçào
S*isométrico'' ou 'taxonométrko'' s6 '*vêem''um l
inico des objetos mastambém de sua propriedade aparente.
plano do espaço,deforma que se ofoco estk reguladopara mente maisinocente'
.o seu poderdeproduziruma profun-
oinfinito elascomprimem todoo espaçonessel inico plano didade de campo infinita.Um a cena que deixe sim ulta.
produzindo una eskanho efeito de anzontoanAento ou de neanzentedsiveistanto osobjetosqueseencontram num
encavalamento das coisas: a surpreendente inlagena dos pontoprôximo conloosobjetosqueseencontrananoponto
recrutas de Biafra na foto de Romano Cagnoniintitulada maislongfnquo de obscrvader gera necessariamente uma
Soldadosé bem um exem plo disso.NM é!poracaso que os imagem impossivelàpercepçào norm al,poiso oiho sempre
fotôgrafos,semprequepossivel,evitam utilizarosebjelivas necessita deum ponto defoco definidorde sua intencio.
âEbizarras'' quande buscam representar um espaço E'na- nalidade para além ou para aquém do qualtudo se torna
tural'':é!que essasobjetivasdenunciam a convencionali- indistinto e invisivel.Eisenstein cita para exemplificark
dade do côdtgo penpectivo,blconaodando a noçâo que o unna narrativa de EdgarAll= Poe The sphinx,na qualo
senso conluna tenA da nornlalidade ôpdca. R ecorre-se a narrador descreve unl nnonstro enornne e anneaçador que
essas objetivas conl nlaiorfreqûência quando se busca descia a face nua de unla colina lon: nqua'no entanto
sugerirufna visào supra-real,de carâter onfrico ou pato. tratava-seapenas ctlmoserevelanofinal (leum pequenino
lôgico'
.o m undo visto sob a ôptica do alucinado.A coisa se inseto preso aum ateiadearanlzalogo â.frentedosolhosdo
passamaisou menoscomose aobjetiva Eànormal''de 50 observadore que esteinadvertidamenteprojetara sobre a
mm nos desse o analogon da realidade enquanto as colinanofundo dacena M asessetierro''deperspectiva -
objetivasEtbizarras''nosdessenlasdefornxaçöes esquino- eselarece Eisenstein -- é inxpossfvel enx circunst:neias
frlnicas,nairagensderealidade,vissesalucinatôrias. nornxais poisao colocare1n foco unldos planos(o inseto
prôximo ou a colina distante),o olho eliminaria automa.
J k; t 1 % ticam ente o outre, tornando-o invisîvel. Ainda de acordo
T Ptt 1e t com o cineasta.essavisào total,nltida doprimeiro plano ao
a-)
ï ) .
. , >. plano defundo, s6sepodeobterem estadosalteradosda
# : .*
' ' * *1 Percepçào' conao os provoeados pelos alucinôgenos e
* '* 'Z ' * *
1. '
. lt conaprova isso atravésda anâlise de croquide opiônzanos,
% . -> logo ap6sassuasexperiênciasconldrogas.Ocorreque Poe

*
y.
yr
l,
y'
77':' 1
'
.
1
<)l7:.4y
''>. r
* e ratambém unaopiônlanoeconaotaItinhaunlaob'jetiva
:tbl arra''de 28 nlnx no lugar dos olhos
;:;' .. , através da qual
!:2':f? Vioientava a normalidade ôptiea(Eisenstein 19<), p.8s).
Clz
y;:i l:
s;. U nla eolocaçào conAo a de Eisenstein é desconcer.
)
.::t,
): ;:): tante,porque ela nos revela que alijustamente onde a
tlt, representaçâo do espaço parecia exibir o trunlo m aior (Ia
1 1zV
.:t
homologia- aprofundidadedecampoinfinita - emerge
t
. .< tam bém a ordem fantasm ag6rica de um a alucinaçào: a
(
' .
-.l
tt rzz
rt vî ?
wlz
'
. t.#y
vm
r (
con
ma lf
rcau
ds
oào
pei
n
lodi
ff
oe
cr
oe
ncia
totad
ladelugaresepropowöesnoespaço
Porm aisparadoxalqueissopossa
.

43 soldados- Romenocagnoni(16G h. pareeer,areconstitukàointegraldaperspectivaunilocular


A ll-uszi.
o sslaEcul-Aft 141
1.* ARLINDO M ACHADO

Pedradetoquepara aobtençào do efeito de ''realidade''da


representaçào renascentista,torna-se,para a sensibilidade
contem porânea um a paisagem alueinatôria inteiram ente .'
estranha aosolhoshum anos,que sô podem ver um fm ico : '.
lane do espaço longitudinalde cada vez.Jurgis Baltru. '
P . r '..
saitis,em Anamorfoses ou perspectives curieuses, veio '.
.' j'
j.' .

mesmoaafirmarque a perspectiva centralcarrega essa .


' /2
estranha contradkào deserao mesmo tempo uma reprç. C,.
'w
5entaçào do ..real''e uma têcnica de produzir alucinaçöes 'rA.e'
v..
*, ''....
(Baltrusaitis 1977, p.2).Nào é por outra razào que os e1
J*r1 s'.J. 'S. à,?
surrealistas,quandoselançaram àprocura doanormaleddo . 1 7. + .
irracionalnapintura,foram desenterrarjustamenteomo e- ).Q'
)v .
7r.
r
'
4<'
.r ' . ..
)u)j:i trt
. jj.o
lorenascentistaderepresentaçào.Umaparcelasignificativa ' ;.t): /t.
F
q' e
ê
ij hg
st wo
.
dasobrassurrealistasmaiscensagradas- comoasdeDe 2,
J.y;.
'
)' ;
.
-./)..VY,
.: z) ' *ll'
rza
V..:
.

Chirico DelvauxouM agritte- obtém grandepartedo seu z wz/rzz. f


, a,o tc,z .
efeito de E:irrealidade''justamentena reprodtwào integral 'tjljSi r.
il.
z
re.4r, .,.)>
do modelo perspectivo do século XV.O que era o mâximo ;y/emz.r
. .

de xqrealismo''tornou-se, paradoxalmente. o mâximo de . V*


.r.
.. ..
1:7
:t
. .
..
irrealism o provando m aisum avezqueoscôdigosperspec. ;z..j.)
.
zr.
.
:
tivos sào historicam ente eondicionados. D ai o efeito d: 'J
idestranheza'' prodtzzido por uma grande-angular:e1a dâ 44 Nu-.B;1IBrandt(19rQh.
um espaço perspedivo integralmentereconstituido aum Q
golpe de vista, de forma que o fundo mais longinquo e o m om en to mesm o do âtarrebatam ento'', do ':transporte''
primeiroplanomaispr6ximeestejam dadosà.visàoconjun- Pjsticoou de sua passagem para o transe religioso ee1e
tamente,nam esm ahoraelugar.Bastaverasincriveisfetos ebtinllaesseefeito atravésprincipalmentede umadistorçào
surrealistas''deBillBrandt- eujabizarriaestâpreeisa-
:x
Pustica;atomadadeum personagem com acabeçavistade
mente na convivência impossivel(lo prim eiro plane extre. baixo e os pés vistos de cima eom o se e1e estivesse
m am ente prôxim o com o plano de fundo extrem am ente representado sob doispontosde fuga dispostos no sentido
afastado,etudo em ./bctl- Para se concluir qtle K'real''e vertical. Conseqûentem ente, afigura aparececom acabeça
sâirreal''sào coneepçöesideolôgicas,quecada eom unidade, e ospés afunilados e voltados para o fundo,enquanto a
classe ou êpoea manipula em setï prtmrio beneflcio. barrigaresultaalargada, dando aim pressào de que ocorpo
Eisenstein se interessou profundam ente pelosefeitos todoestâ contorcido em arco. Ora,uma figuraalargada no
deformantesda grande.angular - objetiva quc ele cha- centroe atuniladanospûsecabeça Lexatamente oefeito
mavadeextâtica,nosentidoetimolôgicoda palavraêxtase Produzido pelas objetivas de distância focalcurta, cujo
(d0 gregocx stasis,''fora do seu estado''.fora da norma. retraimentodaperspectivana profundidadefazcom que os
lidade)- sobretudo nassuasanâlisesdeE1Greco,artista objrtosverticaistomadosdeseucentro searquem contrao
cuja religiosidade desenfreada o levava a rempercomito s obselxador'comonum espelhoesféricoconvexo.E1Greco,
padröes paralisantes do modelo pictbrico renascentsa, embora evidentemente nào conhecesse talobjetiva,teve
para representarvisöesm isticas,a um passo entre a clari- entretantooportunidadedetravarcontato com oseu efeito,
vidência e a loucura.O motivo que ElGreco perseguiu ao provavejmente através do célebre auto-retrato de Parmi-
longo de toda sua obra era a representaçào de seres no
l44 ARLINDO M ACHADO

CJJG v AU RA E M ATERIA LIDA DE


.:::t.,..tr*;
,t.,
., ) .nj.3xp'.
.

,t
. r l.'r'
. ;..:. ,:Lz): e
. .* ;. ,'.;.- rzztyrt. o
'. $): 2z -,
.
J*
-v/à4, l;*v
1;
ZZ
*$rq
s/,
cz . J
v lf
#rv,z Jrz -
.: z
r z1 . yy
zw#l
/o
w . zg g .
j)q .
J.oz
+ * / ).g.;$tt)) o$y3.a . v
f'1Y %*;.X .A >r. atjy wo
- .@* *
..
;
o .3 .
t@ 'C:?z *)'
r
'
' '
V .
:
.
g
f
.'
. 'oJ; . * * *
'Ij . 4
'e
o L.
;. *
o, o*
..
. .,
t -
z *' v z' s
. ?
.
<z'7z'
/ r.
z7 )'
. tt.
*J t..
. t,
q' ?
.
'
:P'
'
e
.
.
.
/
.
1
zttx%n
' 1',? .r?.
t.t
vt oz
s.
rg.
'rto .
u
?-t. c
r..
%
a. .
x
)
Quando olhamosparauma foto,podemos ''ler''na
/ 'i
v
*''
r.
Y y2..k r..4 4ot jy'.
c
,.
?r
.

?.
.
. r')
vta zrup.
.y sua(leuçz
mulsz.
oinformaçöessobrea época provâveidesua
. .
;; ,j. ;. t;: . .o,com baseunicam enteno exam e de sua m ateria.
t! ...,s pro
.

tt
.
.e r.p. lita, . .l
.
t)% .s *'r: .. * :i u. . '
. lt .r;.% . x, lidade - isto é,da texturade selzsgràos,do gradiente dos
rlzS'
J rgx.zza.',-ze. z *t )'.#'Jz'.l .-
.. J:terJa4),rr
. i j .w rr
w
;
'
vd .s
) e; f k'C.,.'v,,
..,:J . .'
J*.
J rJ.*>2JJ* ) tons de einza' da qualidade de fixaçào tu luz pela base
:t z t r? z- . 1 4 ': - qz - ,-;t z. . )m Jz
1y1.2,?rla D1 7? o quînlica -- e sen, necessarianxente nos renaeternzos a
<.J vs* g.;,J.J.).
* 'M
:.,
V
'' . -
'g.
%
'.
'. .t-
.
' j'
.jï<
.
, ualquer dado do referente conlo costunAes e cenjj.jos jja
.
z,... ' J .,
...- .
. ,? .
.' î.'' '..;
...:.n .'z..s IJ.Iz*.I
r. IJ..
.-. Q 'zNtjco u,uito provavelnzente û
época. 1;nx,.retrato.,ortocron
'
47. Aot 'udespasst 'onal à. .êxt ase- G.M .charco: anterior aos anos 20,enquanto unx negativo a eores pelo
t18781. sistenza Akodachronae deve necessarian4ente ser posterier a
1935.data de sua invençào.As fotos envelhecenl m uito
claram ente pré-psicanalfticas.As teorias de Charcot nào m ais rapidanlente por causa de sua superaçào por novas
encontram expressâoplâsHca naHnnatéda''fetogrâfica:foi téenicasôpticasequinzicas-- quenecessariannentenlodifi.
preciso que Eipznstein,ho- o seml' ot,'
cus por excelência can: a inform açâo lunninosa inlpdnlida na pelicula -- do
lhesdessecorpoeasnlaterùklizassenaobjetivaA'histériea'' que pelascaracteHsticasdelpoca do referente.Por essa
O quequerdizer- em boraEisenstein nào odiga - que na razào, Pode'se dizer que as propriedades reflexivas ou
konografia da histeria,Charcotdeveria ter abordado seus fixadoras do fantasma de luz pela fotografia estào sendo
pacientescom um aolho-dew eixe (grande-angular de local O nstantem ente modilicadas com a evoluçào técnica e
clzrtissima).Rupturadanormalidadecomportamental(his- semprepararesponderà.mudança das exigências ideolô-
teria)erupturadenormalidadeôptiea tla perspectiva(visào gicasde homologia.A partir de eerto momente,a fixaçào
'sbizarra'' da grande-angular) pareeem se corresponder exdusivadoazuledovioletapelapeliculaortocromâticajâ
mutuamente:ambas perfuram e corroem o solo firm e da nào maissatisfaz ztsexigênciassociais de verossimilhança,
ideologiadanormalidadequesecristalizaem nossosgestos de modo que passa a haverumademanda de aperfekoa-
tanto qual
ztoem nossasretinas. mentostécnicoscapazesde resolvera questào daâ'fixaçâo''
das outras cores do espectro;Para responder a essa de-
146 ARLINDO MACHADO A ILUSXO ESPECULAR 147
I
manda,nasce a pelîcula pancromàtica e,mals tarde,a banhonarevelaçàoequedeterminam a densidade,asatu-
tricrom âtica;o m esm o ocorrecom adim ensào dosgràosde raçàoeo contrastedpnegativo ou do positivo Alêm disso
prata, a rapidez de resposta da enlulsâo à luz e outros aspeliculaseolod dassào enl geralbaianceadas paTa unaa
expedientestécnicos.Cada nova enlulsào lançada no mer- tenlperatura decorde3200 graus Keldn e qualqueroutra
cado introduz um a nova textura na produçào da im agem , foutedeluz m ais quenteou m aisfria determ inarâ relaçöes
mais recortada ou mais evanescente,mais fina ou mais de cor completamente alteradas (a menos que sejam
granulada assim como as novas técnicas de revelaçào contrabalançadascom filtroscorretores).Em resumo,por-

espessassuaszonasnegrasoumaistransparentessuasâreas essa inlormaçào jâ refralada pelo mecanismo ôptico da


claras aumentando ou diminuindo oscontrastes.deixando câm era - é também codificada pela base m aterial da
suascoresmaissaturadasou maisesm aecidas.Por fim,ms pelicula, que deve necessariamente convertê-la aos seus
caracteristicasdo papeldereproduçào - brilhante ou sem prôpriosm eiog.
lustro liso ou rugoso,branco,azulado ou tendendo para o Seforpossivelfaiarnum *'poeta''da base materialda

Hsico.quinzicos. de fornAa rigorosa,por nleio do tatamento da enlulsâo e


Dissem os.no inicio deste labiho,que a abordagenl controle dos 1 nlpos de exposiçàç e revelaçào. A danas
xdrealista''do fenônleno fotogrâiico(aquela que endossa a procura conhecer a hando a elasticidade,a latitude e os
Busâo espeeular) estâ baseada na atençào exclusiva à linnitesdecada enlulsào,para fazê-la trabalharenlbenefi-
fixaçào da infornzaçào lunainosa na pelicula, ignorando cio de suas prôpdas idéias plâsdcas e poder extrir dela,
todo o processo de refraçào ôpdca que deriva da canqera senapre de fornla controlada, todas as dntas que confi-
obscura renascentista.Entetanto,mesmo nesse nivelque gurarâoaszonasluminosas.O ato de fotografare o ato de
podedanlosdenonlinaran%ate6alidade da foto o efeito de
*xreal''stlpodeocorrerà.custa deum acodificaçàorigorosa. .
Naverdade,oqueapelîcularealmente'ifixa''ou ëtregistra'' kl//'
., . (
x ez
é!oqueexistedemaisinstâveleelêmerono mundevisivel! '. ? *,
'.
? f
aabsorçàoereflexàoda1uzpelosobjetos.E e1aofazainda .'
'-'
. :' . ::
; è''
w
tratluzindo.por assim dizer,essas diferentes propriedades -1..
-Ge
. ):'i'
t J
resexivase absorventes dosobjetospara o seu prôpdo t!
e
$t
repertôrio de recursos.Vale dizcr:cada intensidade lumi.
nosa refletida pelo referente corresponde na fotografia.a /72,
b
um a diferença de tom de cinza ou de cor,num a escala de ''
valores que ê funçào de, pelo menos, três fatores funda. #' A'
mentais:I8)a materialidade dastintasda prôpzia pelêcula >'
ou dopapeldereproduçâo(cada marca de pelfcula lançada
no mercado produz uma textura de cor diferente)' 2?) o
gradiente de tons que os gràos de prata sào capazes de
distinguireanotardecadavez(em geral cerca decem tons
diferentes'emboraa escaladecinzasusada pelosfot*grafos 48. Alanm s é'&êrO de 'Sarza H N9?'0 Méxl.
co - AnselAdams
sô discriminem dez); 3?) as motivaçses que norteiam o (1aœ ).' '
;
I
i
'
,.
$
w Asrsalrkoo M acplztoo
t A ILUSXO ESPECLCLAR 14t
)
revelar sào corlsideradosartes de extrem o rigor.antes de
cada foto ele ncede conz escrupuloso detalhanxente a re- nAente algo cenle unza fotografia 'tabstrata'' se pudesse
flexào da luz em cada pow ào da eena t lom pensa.a eom livrar-se sem preblem as do dem ônio da figuraçào. M as
iluminaçàodirigidae em seguida estudaa densidade t
las t
lfh'nt'
lnesseterrenoe1anàotem condköesdeeoncorrercom
eom birlaçöes qufm icas e a duraçào de cada etapa tla apinturapropriam entedita que(capazdeatingirosniveis
! revelaçào que podem possibuitar o meluor resultauo. I de radicalidaue desconstrutiva de unastoudrian ou de um
' Adamscon'pöe suas texturas luminosas eom()um ctllnpt'- i polloek, qssa aristoeracia nleeanu.ada se eontenta em azri-
snor colnbîna asnotas sobre a pauta:lodosos eIementos buir à fotografia um valoz positivo. aaxapzaade.a em
ulateriais que eoncorx m para a configuraçao final da relaçào aos avanços uas artes plâstieas o que e1a quer
im agem fotogrftfica sào combinadosem tons e proporçöes enfim ,é recuperar a sua itatlra''perdida,im primindo.lhe
queperm itam a ocorrêlleia deum a paîsagem plâstica ncpva' un1revestim ento nobre
lodo agaso é domado de nlodp a permisir quc o lugarJ(7 Ouçamos Benjamin' . a partir do momento ern que
automatismo téenico sejaocupadopela vontadesem fron. afott'lsepöe adesaiojaraimagem figurativa do ambiente
1
teirasdosujeito. i aristocrâticoedaatmosferareligiosa queerao seu habitat
Claro queum trabalhocomo esse tem toda afinidade natural,sobretudo graçasCtsua possibilidade de reprodu.
com asartesplfsstieaseAdamsrepresenta porissomesmo çào,eladeixadeeumpriropapelt'
leobjetodecultodeuma
o coroam ento de um a eerta concepça.
o de iotografia com o m inoria.perde a sua ''aura''e se eutrega ao usuiruto das
objetode eulto estétieo,segundoessaconcepçào,oeieito multidöesemergentes.A ''aura''t,um conceito eentralda
especular da foto L negligenciade em beneficio (le uma I Obra benjaminiana,definida um tanto enigmaticamenle
orquestraçào dc tonspietôricos com o se a eseala de cinzas .
' com o''um a tram a m uito particularde espaço etem po''em
queseparao preto do braneuna futografia mollocromititla qtle Ocorre '$a f'
rretxetfvetaparkâo de algo longfnquo,por
tuncionasseeomoumaespéciedeescalamusieal.'âTantoo maisPréqimoqueesteja''(Benjamin 1977 p.379).Meta.
fotflgrafo quantt)o mûsico''- expliea um adepto dessa foricamente.seria a irradiaçào manifestada pelosobjetos
corrente - .strabalham com fundamentos similares. A quando vibtts através da contra-luz;m as L evidente que o
egcaladecinzascontinuosdopreteaobrancoel.
nurrzafotgé CtànEreitoloilomatlotlaesferarelkiosa paradesignarlod.
a
similar à eseala ininterrupta de tonse alturas aa m ûsiea repcesentaçàO do transcendente ou do sublimae vale dizer
Um telhadobrilhantepodeserouvidocomoum tom agudo dadivindade:esse ake longinquo seria portanto oourro
ouum a nota ruidosacoutra um tecidodesonsou detonsde daquilo qlze estâ m aterializado na representaçào, a sua
dnza.Essetetrido defundowl 'vecomoestrutura de apoio 'ëalma''.Pcisbem:segundoBenjamin a modernidade se
tanto para (lspadröesmel/ldicosquanto pictôricos''(John. Cafttcteriza precisamente pela destruk:o da xTaura'' e a
son 1972 p.3).M asessa corrente estetizante quepoderia fotoïrafia faz bem opapelde ariete dessa funçào desmisti.
tercreditadoaseufavorofatoderesistirao pesodoefeito ficadora.Parajustifieartalpontodevista oilustrepensa-
especular,nào favorece entretanto ()conhecim ento critico doralemàocita a seu favora reproduçào dasobrasde arte
dolnesmoefeitoqueabomiua E1anàosecolocaporfunçào ' atfaos do recurso da foftygrafia'zzEssas reproduçöesjé
denuneiar,perfurar destruir sem tréguas os m ôdulos da nàO Podem m ais ser consideradas eom o produtos in.
1. I
figuraçàorenaseentista.A questào dafiguraçàoé porela ' dividuais:eiasjâseconverteram tm realizaçöescoletivase
eolocada entre parênteses como se fosse um a questào de de talmodo poderosasque para assim ilâ
n.las nào hâ outro
inlportânciamenor.f)queelabuscaexploraréo grafismo f ren3édLo que passarpela ctmdk&e de reduzi-las.Os m&
das form as:volum es linhas cores e tons com bioando-se tOdOS m ecânicos de reproduçào.em seu efeito final sào
em harnlonias ''m usicais''sobre a superficie branca do 2 téCniea:Pedutivas queajudam o homem a alcançar esse
papel de reproduçào. Ela gostaria de fazer tào sim ples. ' ïpau dedonAinio sobre asobras sem o qualele nào saberia
comoutilizâ-las''(Benjamin1977.p.3831.
l5O r
ïlklINDO MACHADO . A ILIJSXO ESPECIILAR 151

'I'erâ razào Benjamin?J.


k vimos até aquique a foto. velha S:aura''aristocrética.A fotografia utilizada em publi.
;i
j grafia,longedeseopora toda tradkào pictôrica.nâo faz cidade principalmente nosoferece os melhoresexemplos
senào apostar em sua perpetuaçào na m edida enl que desse enobrechnento repentino do referente atravls de
petdfica os arqu4tipos ideolôgicos que a sustentan:.N1as, recurses t1cnicos diversos (lentes especiais, filtros trata-
evidentemente Benjamin estâfalando tleoutra coisa:e1e mento quimico do negativo papéis espeeiaispara repro-
querdizerqueamaterialidadepuraesimplesdafoto nào . duçào)que possibilitam a aparkiio S'fmica''(mesmo que
permite produzir algo que a ultrapassa e que consiste multiplicâvelpela reproduçào) de um a im agem âselevada''
exatam ente no investim ento nobre. na elevaçào dignifi- ou ''trartscendente''.M esm o rla prâtica cotidiana da arte
cadora,na ''aura''enfim .A inda aquié dificil concordar fotogrâfica destiuada a m useusou publicaçDes espeeiali-
com Benjam inem todososmomentoseparaproblematizar zadas,esse efeito é um aconstante.Um a miseraparede de
assuasidéiasNam oscitarum caso limite.KurtSchwitters favela descascada e carcomida pelo tempo, ganha nova
pintor.poeta dadi sta alem ào! ceMam ente conhecido de texbzr'a apôs o tratanlento quinlieo fotogrâfico, podendo
Benjamin produziu nocomeço do sécu1ounaa obrapictô. .
' resultarnuma conlposiçàoxlabstrata'' de coresvivanlente
rica radical conhecidacom ocollage..
40 invésde utilizaras saturadas bem ao goste de um a certa sensibilidade pictts
tintas tradicionalmente klomercializadas para taisfins,e1e riea moderna.2 muite comum que o fotôgrafo se sinta
compunhaseusquadroscolandosobrea telatodoodejeto atraidoporcertaspaisagensi<&allgares''comovelhoslatöes
rejeitado e despejado pela :ivilizaçào moderna:jornais enferrujados nnontesde lenha ou de ferro velho rochas
arnareladospelo tem po passagensde bonde restosdebar. destruidas pela erosào nlas isso nuo quer dizer absolu.
bante,ferrovelho caeos' devidro retalhosde,tecidosetodos j tamente - ao contrâr'
io do que parecem crer Benjamin
osdem aisdetritosinfectosque habitam osdepôsitosdeiîxo % Sontag,Barthes e outros - que a fotografia favoreça um
(Campos 1969 pp. 35.52). Seguramente nào havia ne. olhar desmistilicado sobre o mundo perm itindo que pela
nhum a ''nobreza''em taisconstruçöes:era olhar para um prim eira vez o trivial m ereça a atençào valorizadora do
originale cunstatara rudeza de suas form as.a im undieie enunciador' . m uito peto coutrârio. esses m otivos sô sào
tom ando conta de tudo a cola vazando por baixo dos destacados porqtze a textura plct6rica da foto os perm ite
recortesemanchasdededossobreacomposkào.Poisbem : transfiguraraté o limite de convertê.los em aparköesiné.
bastaagorafolhearum â
'lbum dehist6riadaartemodernae ditas reftàwadorasde um idealplâstieojâ ' anteriormente
localizar um a dessascollages de Schwitlers para se cons. fixadepelapintura.
tatar.com surpresa,a transformaçào operadapela repro. Benjamin tratacom bastante freqïiência do impacto
t'
luçào fotogrttfica:o papelbrilhante e hom ogênco.a viva da fotografia sobre as artes antigas sobretudo a pintura
pigm entaçào das cores e toda a dem ais assepsia do trata. nlassecalano quedizrespeitoà 'interaçàodialêtica entre os
m ento quîm ico lograram converter a m iserabilidade do m eios osem préstim ose asnligraçöesde recursosde um a
originalnum a m atêrsa enobrecida que nada fica a dever outro. Isso dâ' m argem a algum as sim plificaçöes. Por
àspaisagensplâsticasdos 'sgrandesm estres''.Aqui segu. , exemplo'.im uito discutiveldizerque a fotografia pela sua
ramentc,houveumainversàodopostulado benjaminiano: simplesreprodutibilidade tenha superado o valordereli.
foiafotografia querepôsa 'saura''num a obra que progra. quiada pinturatradicional Com o se sabe o daguerreôtipo
maticamente visava destruf.la de forma que aquilo que era um objeto l
inico e irreprodutivel gravado num a chapa
deveria aparecer conno um rom pinlento radical com a deeobrebastantecara A literatura fotogrâfica de nneados
tradkào,acabou porse mostrar eomo uma rapitulaçào doséculoXIX demonstl'aumaobsessàopelaspropriedades
diantedela. preeiosas do objete processado pela daguerreotipia'
. ele
A prâtica prolissionalda fotografia é prôdiga em ' tinhaum valerintrinseco muitoprôximodajoalheria,sem
ressuscitar àsvezes com evidentes ëntençöesideolk
hgicas a falarque sua propriedade m âgica de ':reproduzir''e per-
l52 ARIINDO M ACHADO A ll'US'
iO ESPFCUIAR jt
p)

petuaro visiveq1he (
Java um statug depregitsidadedevalor Produtosde um artesanato refinado.''Pela primeira vez
k inestimâvel.Foia invençà.o de um processo de inversào do Xma F'CPFCYUVZ. O fotogrâfica tinha um valorintrinveco um
negativoparaopositivoporTalbotquetornou a foto repro- Va1OF tllltlreside na sua uatureza ffsica im ediata no seu
dutivel.M as ainda assim scib certosaspecto.
q tAprt
acesse
artesanato.Essaquestàonào!nadatrivialscconsilerarmos
deTalbotnèo eliminou o objeto fyaieo se considerarmos 0Conflitoentreoartesanatoeareproduçàodeimagensem
queonegativocontinuapresoaessaeokdkàoeaobtewào
deeôpiaspositiva:dependedo acesse aessa matriz.Alguns
. escalaindustriai,entreosfinsdosauloxlxeoeomeçodo
XX. Com a inveuçào (la ehapa reticulada por volta de
fottxrafosderenome ainda hoieeostum nm aeckrni,far.---. 1880,as fotos se Tornaram kcessfveisà im orensa deofrset.
tivoapt,saimpressaodaprJmeiraeôp'-ia-t-rYa'n
-sf
''
or
'-
m-a-1
'
7Jo Permitinuoasuareproduçàomeclniean-um ritmo-
v-
eloz'
,
i d te em objeto urkico par'a alcançar altos Cam era w'ork é eontem porânea uessa pvaiferaçîjo cle
assr,zc,s.u pr. u
P reços nasgalerias de arte.Isso r lào é urna questào
irrelevante,pois o direito de reproduçào fotogrâfica estâ
re
5'
produçt'esfotogrâfieasbaratasnosmeiosdemassa.por
Olta de 1910,reproduçöes degradadas nlas infornaativas
haseado,entreoutnasceisas naposse donegativo.Repro. aParecianl em nauitosjoznis erevislas ilusladas.Nesse
cluçöes atravês de ctvias positivas implicam necessaria. eontexto, camera wor: aparece eom o um a celebraçào
mente uma (Iegradaçao da imagem,cuja definkào fiea Pré-rafaelianadoartesanatoem puuacabeçadaiudustria-
sempre aquëm do orisirlal. As fofos que ilustram este lizaçif'''tsrkula 1982 p.9J).
volum equeo leitortem nasm àos norevem nlf u sào prtlidas C'
Im er6lWr
f'rk deseobrittasaidapara repora t:aura''
imitaçöes dos originais sào 'xsimplificaçryes'' no melhor ZZ'
SPeppoduçöesfotogrâfiease demonstrou àsua m aneira
sentïdo benjamfniano vfsto que setratam de degradaçbes trl
sttpdizante e afetada, que a reprcdutibilidade pura e
dequartaou quintage'raçxo. ' Stm pjesrzuog eritjrio sufieientepara marearo rom pimento
Esseproblema L vitalpara a fotografia dita ''artis. COm acortdkàoelevadatlatradkàopictôriea.Tantonàoé,
tica'' que depende fundam entalm ente de téenieas de LluefOiessa m esm a revis'ta que deu ca gem a um a linha de
reprodaçàoespeciaisparapreservarosarranjos''musieais'' evoluçà.
o fotogrâfiea destinada a elevar a fotografia à.
datexturatletonseeores.Enlreosanos1903 e 1917 a re. Categoria das Belas.Artes e abrir as portas dos museus
' alerias e puylicaçcyes espeeializadas em estéfica aos seus
'
vista cam era wrork,dirigicla por Allretl stieglitz,exerceu ë
um a influêneia m arcante sobre toda um a geraçao de fotô- Produtos tlignificatlos.E para distinguiressesprodutos de
grafos: praticamente foi ela que definiu os critérios êlobreestirpe da prâtica convencionale meramentv ''auto.
' maica',da fotograffa inlimerasfécnicasde transfiguraçào
segulldo os quaisum a foto poderia serconsiderada ''artis ,
tica'' alêm qle ter estabelecido as toordenadas do que dtàreferenteforam experimentadasedesenvolvidas.oftou,
deveriaserum ensaio criticoou umaabordagem doproduto PE'rexemlllo.Trala.se deuma técnkaque perm ite (através
fotogrâfico.Tratava-se de uma revista de arte no sentido defiltmsdiflzsoresprincipalmente)obterum Iigeiro emba.
m aisaristocraicodotermo.cadafoto ocupava unza pftgina O mento da imagem ,demodo a atenuarou diluir a rigidez
inteiradovolumeeeraimpressanumatelabastantefrfkqil. . flt Seus tontornos. Numa construçào flou, a paisagem
Paravê-la o leitordeveria separarcuidadosam ente asduas Pêtfece Constitdda apenas de nuanças muito suus os
1âminas brancas de papel grosso que a protee
-
iana. As Objetospareeem estar ligadosuns nos outros através de
ara o sépja ou
gravuras erana frequentenaente uvira:xs,'p- doces transiçöes:nenhum contorno brusco nenhum con.
para outro tona que lhe enobreeesse o suporte. cam era traste violento parece perturbar essa întinaa fusào das
'Pork estabelecetu portanto um a tradiçào de elcgânvia e Coisas. O m odelo pictôrico que estâ pressuposto nesse
valorna repa dlwîio fotoggéfica,de quese apzopziaram as Pvocedimento L a pintura impressionista de um M onetou
galeriasdearte para acomercializaçào dascélpias:asfotos ' 22 L:m Renoir,mas apenas nos seus ecos evocadores ou
que ilustravam as suas pâginas eram objetos preciosos. ''O rftticos'''ao eontrârio dos impressionistas entretanto
IM ARLINDO MACHADO A fLUSA.O ESFECULAR 155

o fotôgrafo que trabaiha com oflou jamais recorre a essa ilusàeespeculareperm aneçam .apesardetudo figurativas
. técnica para destruir a estrutura dos objetos ou para pormaisquetentem disfawaressaeondkà. ocom arranjos
i
h desintegrâ.los na pura m aterialidade das tintas. Ele quer harm ônicos e com posiçöes l'm usicais''.Algttm as ehegam
apenas atenuar a proxjm idade gritante do espeetador atéa explorardistow öes 6pticas cem o certasanam orfoses
diante da reprcsentaçào, colocar um véu entre eles de de André Kertész nnas ainda assinl nào lhes L possivel
modo que a paisagem plf tstica possa surgir como uma desmaterializaroseorposa1échegarà.revelaçào do processo
aparkào longïnqua einatingivel.Quase todasasfotosde constituinte da imagem a nào seratravés de expedientes
Alfred Stieglitz estào caracterizadasporessa m arca que se extrafotogrâficos com o ascolagens ou a pintura sobre a
tornou uma espécie de clichê da fotografia K'de arte'''hâ foto que nào nos interessam aqui. D ai o equfvoco
sempreuma névoa povoando apaisagem ,embaçando ligei. fundamentalde José Oitidt za Filho ao supor que poderia
ram ente o recorte das figuras e dando-lhes um aspecte nu1na certa fase de sua obra ronstruir un1a fotografia
vagaalente fantasnlag6rico. Durana unl tenlpo relativa- .6abstrwta'', debruçaudo.se pabte ulettvos infornlais, eouzo
m ente longo, a grandeza de unza foto era nnedida pelo traçados de tinta sobre vidro rugoso. O nzom ento de
menosem certoscirculosdeaficcionados pelosexpedientes abstraç:o nas fotos de Oiticica é anterit)r à fotografia
técnicos que eranzinterpostos entre a objetiva e o nzotivo proprianzente dita.
' por essa razzo, tais fotos I'abstratas''
fotografado com o form adeatenuara brutalidadedo efeito nào sào nem um pouco m enos figurativas que qualquer
especular.Nào é:bem essetambém opapeld()//o1zaurâtico pimentào hiper.realista de Edward W eston. E que em
queenvolveasninfetasdeDavidHamilton? quaisquercircunslâncias, a câmera e a pelicula gelatinosa
Outrorecursoparamodificaratexturadaimagem de foram concebidasparapossibilitaraemergênciadahkura I
um a foto,de m odo a obter um efeito estltico de desva. . sem deixarbrechasparaqualqueroutraexploraçàoquenào
necim ento das figuras 1:a granulaçno. Consegue.se esse oilusionism o dei:real''. N esseponto,a fotografia sem ostra
efeitosem preque sesuperexpöeum a pelicula t:rftpida'' ou radkalm ente m ais figurativa que qualquer tela renaseen-
seja,umaemelsâodealtasensibilidade.A5)peliculasdessa tistaou moderna,perqueem todapintara,mesmoa mais
esplcie sào eonstituldas de cristais de brom eto de prata de iiusionista hft sem pre um a dim ensào que poderfam os
naaior dinaensào que os eonluns' por essa razào elas cham ar de genética que cocesponde à dança da m ào do
neeessitam de um a m enorintensidade de luz para decom . artistasobrea tela ogestoenunciadortalcom oe1eserevela
ponse,embora,em contrapartida nàotenham a potencia- nas pinceladas que forjam a imagem.Nem mesmo esse
lidadedeimprimirdetalhesfinos.Seunlapeliculadessasé gestoexistenafotografia:asuaimagem jâsurgeassépticae
s'aperexposta,etaproduzum aquantidademuîto grantle de homogênea sem m arcas da enunciaçào na base fotoqui.
prata met'â.
licadurante a revelaçào;essa prata decomposta miea. M as se a fotografia estâ eondenada à. figuraçào
se fixa aleatoriam ente no negativo, form ando zonas de Porsina ou porpraga. L aique a atividade deseonstrutiva
concentraçào e zonas de rarefaçào cujo resultado final de&eatuar desvelando uma a uma asmiscarasdoilusio-
a olhos nus aparece sob fornna de unla granulaçâo da nism o especular. Nào pode haverengajanlento digno de
im agem .O efeitoéum a estranhadensidade tom ando conta ' crédito, nem sensi
bilidadeartisticaisenta de afetaçào,sea
daspaisagens,como se elastivessem se tornado volâteisou Prâtica da fotografia nào com eça pelo autoconhecimento
im ateriais sem que, todavia ocorra prepliam ente um a dasdeterm inaçöesideolôgicas.
deeonnposiçào dasfiguras'.sugere.se um esnaaecinaento da
inlagenl,apenaspara eleito decorativo ou dram âtico m as
nuncaparadesintegrarom otivo atéa m anchaconstituinte.
E curioso constatarque as fotegrafias ditas .xartisti.
cas''sejam,no geral,benz pouco severas enl relaçào à
UM A CONCLUSAO PBOVISO-RIA cm plenoeoraçàodassemiéaicasesemiologiasdetodosos
m atizes a crença no poderde espethamento elementar da
pelicula fotogrâfica é ainda um lugar com um . Barthes
defendia cnl seus vâ 'rios escritos sobre o assullto que a
inaagem fotogrâfica é ::um a m ensagem sem c6digo'' de
'searâtercontfnuo''ebaseada na tiperfeita analogia''com o
queeleeham avaum tantoingenuam entedeSsreal''(Barthes
1970 p.302).O <tcarâtercondnuo'' no caso se referiaà
' inexislência de unidades elelnentares e diseretas eonlo os
fonem asd()côdigo lingiiistico a partir das quais a m ensa.
gem pudesseseconstruir.Nessa m esm atecla bate tam bêm
Christfan M etz quando afir' rna nào existir na fotografïa
'
nada que se pareça eom a segunda articulaçào do côdigo
lingûistico.Seguindo Barthes M etz defende que na foto-
grafia hJtum a :âquasefusào''do signo com o seu referente'
chegadosaesteponto crem osserneeessârio retom ar cada im agem das quais existe um nûm ero infinito ê
aquestio que até.agoraesteve pendente.
.todcs osprocessos irredutivelmente ûnica e por isso nào poue haver nada
derefraçào deque tratamosatéaquinosautorizam supor parecidocom umalînguafotogrâfiea(Metz1972 pp.79s).
queo referente estâ em dennitivo eondenado a sera m ira. N :0 entramosno m êrito da lîngua,pois trata-se de um a
gem da representaçào fotogrâfiea? De Iornla algum a,O im portaçào contraproducente para o estudo da im agem
referente conzparece na fotografia nas m esm as condiç:es figurativa m asespressupostosdessetipo deargum entaçào
queem qualqueroutrosistema(E lerepresenlaçào.eomo um x
iâ nàosepodem maissustentar.A televisào eossistemasde
objeto do qualse deve aproximar porum détour.perfu. armazenamento de informaçào gréfica na memôria de
rando a sua ordem fautasm âtica m ais im ediata' descons. eom putadoresnosensinaram a verdiferentem ente a ques.
truindo-o sem tréguas, atravésdo conhecim ento crîtico dos tào:nesses meios,artieulaçöes de uivei txabaixo''da ima.
processosderefraçzo queo distorcem .queooeultam qtteo gem sào proeessadas norm alm ente sem que isso constitua
anulam ,f:preciso.em todo caso nào nosentregarmoscom novidadepara ninguém.Defato a imagem é aicodificada
inocência afetada ao cuito de sua aparência mais super. a'
travésdepontosou retfculas(dotserâvc/w)de informaçöes
ficial com o se e1a exaurisse por si sô qual imagem e elem entaresdeeor tonalidadeesaturaçào:essespontossào
senaelhança divina a sua com plexidade e as suas eontra. as unidades constitutivas da im ageln com o os fonem as o
dköes.Perceberorefetenteé- tem deser- umaempresa sào,guardadasasdevidasdistâncias naiinguagem verbal.
possivel pois o rellexo deve necessariamente ocorrer de Nesses meios ainua a im agenz pode ser eonvertida intei-
algum a m aneira que t: preciso detectar. clo contrârio ram ente num ''texto''digitalearm azenada na m em ôria de
a inlagena fotogrâfica seria pura alucinaçào.Para identi- um com putador.
ficâ-lo porénl. ô preeiso percorrer um longo caminlpo. Ora,a fotografia nào difere essencialmente de qual.
desm outando um por um os côdigos que o refratam . querimagem artieulada através de pontos elementares de
o leitor talvez possa agora entender por que insis. inform açào.'ram bém e1aé censtittuda tlegröog que arm a.
tim osem taxarde m isticasasabordagensconvencionaisda .zenam cacu um delesum a inform açào lum inosaespecîfica
fotografia,baseadasno culto da ilusàoespecular.Mesmo demodoqueatessituradosgràosnoconjuntoconfiguraa
modernamente eom oavanço dascitneiasda significaçàoe imagem final. M as os gràos que constituem a imagem
fotogrâficanàodevem serconfundidoscom agranulaçâb de
158 AltLlxoo M ACHADO .
4 II
-US,
I.
O p.spl2k'tll.AR 1a9
I que tratamosno finaldo ûltim ocapîtulo,um avez queesta Qm referente pose dïante da câmera para refletir para a
é.apenas o resuitado de uma (tistribukào desigual dos iente 05 raios de luz qut incidem sobre ele' arbitrârio
eristalsdeprata duranteo trasaznento quiznictpdo negativo. Porque essa informaçào de luz que perletra na lente é
As particulas individuais que arm azenam a inform aqào Pdratada pelos m eies codifieadores (perspectiva,recorte,
luminosa n5.
o sào jamais dadas à.visào na fotografia Qnquadramento, campo focal profundidade de eampo,
i porque sào m inûsculas dtmais para serem captadas pelo Senlibilidade de negativt
a e todes os demais aemerltos
' olho hum ano. o éni
eomeiodetornâ-lasvisiveisLat/avés On stittuivosdo côdigo fotogrftfieo que examinamosatê
daamplîaçào deumapequenapowào do negattvo através aqui)para convertê.losem fatosda cultura ou seja em
' ' I
i deunamicrose6pio.Isso querdizerque na sua dinlensào Signosideolôgicos.Porqueosdados1unlinosesdoobjetoou !
! nlicroscôpica e invisîvel 4 im agem fotogrâlica é x'rctictl- do Serfotografado estào sendo trabalhadospelo côdigo,L
.
lada''cerno astclasdo ponti/hista (/eorgesseurat en4que Preciso investi:aresse côdigo até reencontzar o referente.
acoufiguraçào domotivo sedâ z tscustasdo alinhamento de Abstrair ou ignorar esse trabalho significa fatalm ente
'
. transfornlaroreferenteem fetiche
pequenospontosdepigm ento de eor.M as a fotografia nào .
'
tem com omostraressa dimensào genética que éo alicerce TXWWZ tenhames algo de tîtif a aprender com a
desuam atehalidade porque os seusinventoresoeultarann QEedicinano querespeitaaosseusproeessosdeperscrutaçào
desdeo pyincjpio o seu pzcvesso eonstilutipo na som bra de el'eprestntaçë.odeinterioresdeorganismosim penetrâveisa
urn mundo microscôpico que o olho lzumano nào tem o 0lh0 nu'TalltoitsJâtradieionaisradiografiasetomografias.
I pederdepenetrar Poressa razào toda um a etapa vitalde Qom o as rnodernas fotos term ogrâficas os ecogram as de
constifukâo da imagem fotogrsfica encontra-se inteira. Qltra-mm OuasVrredurasJeradiaçâenuclear,ctmstiàuem
mente reprim ida na visà.
o flo produto final.E nào poderia estratégiasde investigaçào baseadas no modelo simbôlico
ser diferente.
.se osgràosconstitutivos da imagem fossem da iotografia: lixaçà.
o nurna superfieie plana de reflexos
dadosa ''ler''em sua dimensào genética simulando suas fmdularesdoobjetoquesequerexaminar apartirdecertas
coresatravésdajustaposkàodepigmelltoseeonstimindoo Onverlçties Codificadoras previamente estipuladas Mas
vidvelatravth depontosdematériaquirzlicamerlte tratados aot:i.i1 nào Se trabalha mais ao nivel da ilusào de um
entàonâo haveriailusàohomolôgica quesepudessesusl espelhamentodementardoreferente;ainteligibilidadedos
tentar e a transparência da representaqào estaria seria. Sinais registrados em cada processo é funçà. o de um a
mentecom prometida.Foiprecisoesperar atéo advento da deeodifieaçâo sistem éticaerigorosadaimagem obtida com
I t
l i:oparaquetodaessadimeusà.
oreprimidaaflorasse Visfasaidentifiearnelainformaçöesestruluratsdoobjlo.f:
' feina
evlment
s e e a gramulaçio constitulnte da i.
magem îjguta. PreYSOO nheceranteserigorosamenteapermeabilidade de
tiva sefizesse percom toda sua carga dessacralizadora A Cada teeido âtonda perscrutadora - Raios X radiaçào
imagem eletrônica pode ser encarada como o avesso da FiudearOu ultra-som - para que a imagem registrada no
fotografia,m asesseéum assuntocomplexodem aîsede que S/ptArft'9aJ12&'Dm S'DtidtlPrrciso.Sô uzn dominioeliciente
vamostratarem detalhenum outrovolume deCthdigo que opera em cada sistema nosreeoncilia com o
1:
8 ' referente e nos perm ite ver com clareza a dialética do
ensaio or ora,
L ape comoopr
nas concl
us
imeiroàopas
prsov
o isôria
na , vi
di sto que
reçào este
de uma feflexoe da refraçào operando sobre asformassimbôlicas.
abofdagem dossistem asfigurativosde nosso tem po e que
drve desdobrar-se aindaem outrosdeisvolumcsdedicados
ao cinema e à.televisào podemosdizer emprestando um
vocabutârio da lingûîstica estrutural, que o signo foto-
grâficoéao mesmo tempo motivado e arbitrârio:motivado '
porque,de qualquer m aneira nâo hâ fotografia sem que
162 ARLINDO MACHADO '

Miller,Iacques.Alain.ïisutt zre(elementsofthelogicofthesigni.
fierl''.Screen,vol.18,n24.inverno1977/78.
Nadar. $'M y life as a photographer''. Photography in Jlrfnr
(org.Vicki Goldberg), Nova lorque, Touchstone 1981.
Oudart lean-picrre.T'La suuzre''(lère.part).Cahîets du Cf.
nlma'n2211,abdl1969. -
Owens.Craig. 'iphotography en abyme'' October n8 5 verào
1978. '
Panofsky Erwin fIzperw ectivecommeformesymbollque.Paris
M irm it,1975.
Peiree, Charles Sanders.Calleaed papers,Cam bridge,llarvard
Univ.,yol.II,1978. .
Pleynet.M arcelin & Thibaudeaux Iean. ''Economique, idéolo- 1*
. L .' p
R gique,formel''.Cinétluque,n.3,1969. ..g.
,.:;yyJ:j)'
w1
andère,Jaeques.Sobre61teoriadaideologia.Porlo,Portuca- j .
:t.$
'J'
..
,fl
s''r
lense:1971.
Schm ollgen. Ei
'à'?jj#J'
senwerth,J.A.'fobjektiveund subjektive Foto- , s'rj. :
Steirtert).Bonn,
grafie''.SubiektiveFaograjie (org.Otto .
BriiderXuer,1952. yvv xy u

Sekula,Allan.i'On the invention ofthephotographicmeaninf'. . X
Thinking photograph.v (org. V. Burgin) Londres Mac. '
millan,1982.
Sontag,Susan.Onphotography,Harmondsworth,Penguin,1979. ( '
Taton, R. & Floeon, A. .4 perspectiva Sëo Paulo. Difusào
Européia.1967. Bie rv a
Trachtenberg,Al= .''Lfwis Hine: the w'orld of his ah''.Photo.
grcrâyinprfs/torg.VickiGoldberg),NovaIorque,Touch.
stone,1981. Arlindoslachado é graduado enx Engua e Literabara Russa
Volochlov, V.N. s'arkciznn i/ï!oxJo/ïI'
J iazika. Lrningrado, pelatisp epôs.graduadoenxConzunicaçàoeSemAi6ticapelaPUC.
1930(reinlp.Haia,sfouton,1972). Laciona ahzahnente no De adamento de Ade da PUC de Sào
Paulo.No cinenla reiix u nas bitolasde 16 e 35 nanx escurtos
O apitodaJ?anelat
fepresst
'
io(coletivo),,4vacïzsagrada.Comple.
mento nackonal EYEG JO tranzjigurada além de filmes ciend-
ficos.
No perlodo 78/79 foium deseditores da extinta revista de
cinema Cj'
ne Olho e,em 82 publicou pela Editora Brasilienseum
plquenoensaiosobre aobradeSer!ueiEisenstein(Elsenstein:
$
L geometria do e rc.
çel.Os sistemas flgurativos de nosso tempo
' )'.
$.
ï constituem o centro de suas pretvupaçöes no momento e sobre
i
' esseassuntotem publicado(liversosartigosem jornaise revistas.
. Tem em preparo maisdoisvolumesde reflexào sobreo cinem a eo
: xjjso'

Você também pode gostar