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São Paulo, 15 de Dezembro de 2020

Ano 7 - Edição nº 00305

Empiricus Crypto Legacy

O Ethereum 2.0

Resumo: na publicação de hoje, apresentamos o ambicioso plano de atualização da rede do Ethereum, que
visa solucionar seus problemas de congestionamento, ainda mais evidenciados ao longo do ano de 2020
devido ao boom dos protocolos de finanças descentralizadas. Mostramos que os desafios técnicos são
enormes, mas que consolidam o Ethereum na dianteira dos ativos com suporte a contratos inteligentes. Boa
leitura!

A atualização mais ambiciosa do


mercado cripto
Em 2009 o bitcoin apresentou ao mundo o conceito de blockchain, um livro contábil com o histórico
completo de transações e saldos em carteira, que funciona graças a participantes que são remunerados
por contribuírem com poder de computação para manter a rede ativa. A característica disruptiva por trás
dessa tecnologia estava na entidade soberana, livre de interferências externas e incapazes de serem
desligadas, criando, assim, o primeiro ativo digital escasso do mundo.

Mas foi em 2014 que Vitalik Buterin, um jovem de 19 anos, mostrou ao mundo que o blockchain
poderia oferecer mais do que dinheiro descentralizado e por meio do projeto Ethereum apresentou a
possibilidade de uma economia descentralizada. Uma solução que não apenas mantém um registro de
transações, mas também armazena e executa contratos inteligentes, abrindo um número infinito de casos
de uso em potencial.

A ambição de se tornar um computador mundial empurra a rede do projeto até o seu limite, em que a
capacidade atual de 15 transações por segundo se mostra incapaz de servir como uma infraestrutura
escalável globalmente.
Esse problema se tornou mais evidente em 2017, quando a febre dos ICOs de projetos que apresentam
soluções diversas e utilizam como base a estrada já pavimentada do Ethereum congestionou pela
primeira vez essa rede.

Figura 1. Porcentagem do espaço do bloco do Ethereum utilizado

Fonte: Messari

No mais recente congestionamento, o setor de finanças descentralizadas teve um papel fundamental, já que as
inúmeras oportunidades de arbitrar preços de ativos entre essas estruturas incentivaram a criação de bots que, de
forma não coordenada, acabavam inflando o preço das transações para terem as suas nas primeiras colocações da fila.
A consequência desse leilão foi um aumento expressivo nas taxas de validação, inviabilizando economicamente o
dinamismo dos inúmeros projetos construídos sobre a rede do Ethereum e mostrando que ele não está pronto em sua
configuração atual.
Figura 2. Aumento das taxas de transação na rede do Ethereum

Fonte: Messari

Felizmente, a comunidade Ethereum vem se empenhando nesse desafio, e a solução é chamada de Ethereum 2.0,
uma atualização da rede que irá aumentar a escalabilidade, a segurança e a eficiência energética da rede sem
comprometer a acessibilidade ou a descentralização.

O Ethereum 2.0
A atualização da rede consiste fundamentalmente em mudar a forma como o Ethereum funciona, e é a primeira vez
que um grande projeto tenta reconstruir-se do zero sob um novo mecanismo de consenso enquanto totalmente
operacional.

Para explicar essas mudanças, primeiro é necessário entender como a rede do Ethereum atualmente funciona: a
validação das transações é feita através do chamado Proof-of-Work (PoW), em que, por meio de poder
computacional, um problema criptográfico é solucionado. Os validadores são as pessoas ou empresas que empenham
seus poderosos equipamentos para manter a rede ativa e, em troca, são remunerados por isso.

Apesar de o Bitcoin e o Ethereum usarem a mesma tecnologia de mineração (PoW), o mecanismo de mineração de
cada um difere um pouco um do outro. Do ponto de vista técnico, o Bitcoin usa o mecanismo conhecido como SHA-
256, que foi desenvolvido pela NSA e tem algumas décadas de história. Por outro lado, o Ethereum usa o Ethash, que
foi desenhado por Dagger-Hashimoto especificamente para ser utilizado na mineração da rede do Ethereum.

O ETH 2.0 irá substituir o atual mecanismo de consenso PoW pelo Proof of Stake (PoS) — stake é o ato de ceder
ativos para ficarem retidos na rede por um período —, que permite que qualquer pessoa se torne um validador ao
fazer stake de 32 ETH, sem exigir equipamentos robustos.
Eles serão recompensados pelo desempenho de suas funções de forma adequada, penalizados por deixar de cumpri-
las adequadamente e cortados (terão seus tokens excluídos) caso se comportem de forma maliciosa. Essa mudança
tem como objetivo aumentar a segurança e a eficiência energética, reduzir o risco de centralização dos mineradores e
garantir que a participação no processo de consenso permaneça a mais democrática e aberta possível.

Devido à complexidade envolvida no lançamento do ETH 2.0 aliada ao fato de que a comunidade não quer causar
quaisquer interrupções na rede atual do Ethereum, que já suporta uma economia agitada, o ETH 2.0 será lançado em
fases ao longo de um período de vários anos, sendo elas a fase 0, a fase 1, a fase 1,5, até finalmente a fase 2, em que
a transição estará concluída.

Os desafios técnicos são imensos e é impossível prever os problemas que serão encontrados pela frente. Portanto, as
datas apresentadas das demais fases além da fase 0 são apenas ambições otimistas e, possivelmente, prolongáveis.

Fase 0 - lançada em 01/12/2020

A fase 0 marca o tão esperado lançamento da Beacon Chain, componente-chave do ETH 2.0, que funciona como a
espinha dorsal da rede que a mantém em sincronia, coordena a produção de blocos, gerencia o registro de validadores
e seus saldos e aplica regras de consenso (incluindo a emissão de recompensas e penalidades). É nessa fase que, por
meio do staking de ETH, as pessoas podem se tornar validadores e receber um rendimento a partir do valor alocado.
Além desse staking, a Beacon Chain terá funcionalidade limitada durante essa fase. Não será possível realizar
transações através da rede até a fase 1,5 e nenhum suporte de contratos autônomos até a fase 2.

Figura 3. Beacon Chain funciona como a espinha dorsal da rede


Fonte: Messari

A fase 0 funciona como uma testnet e tem o objetivo de legitimar o mecanismo de consenso de PoS e garantir que
tudo ocorra bem até a introdução das fases subsequentes.

Fase 1 - prevista para 2021

Enquanto a fase 0 trata de implantar e fortalecer a base da ETH 2.0, a fase 1 incluirá a solução de escalabilidade
responsável por aumentar a taxa de transações da rede sem sobrecarregar os validadores. Trata-se de uma solução
chamada sharding, que envolve a fragmentação do blockchain em 64 pedaços menores e idênticos, os shards,
permitindo a computação em paralelo que aumenta a capacidade de transferência da rede em 64 vezes além do que é
possível por meio do mecanismo PoW atual do Ethereum.

Essa solução tem como objetivo garantir que os requisitos para executar as validações permaneçam baixos o
suficiente para que qualquer um possa fazê-las usando hardwares comuns, enquanto ainda permite o aumento da
escalabilidade da rede.

Figura 4. Beacon Chain coordena os 64 shards (fragmentos da rede)

Fonte: Messari
Dessa forma, a fase 1 é a extensão do novo mecanismo de consenso PoS, implementado na fase 0, entre as 64 cadeias
de shard. Cada fragmento será ancorado na Beacon Chain, onde os validadores criam e validam os novos blocos de
fragmentos antes de vinculá-los ao resto da rede.

Assim como na fase 0, os fragmentos da fase 1 não terão a capacidade de processar transações ou dar suporte a
contratos inteligentes. A partir desta perspectiva, a fase 1 é simplesmente uma extensão da fase 0, pois também se
trata de chegar a um consenso, embora com 64 partes adicionais.

Fase 1,5 - prevista para 2022

Como descrito anteriormente, a intenção da comunidade é fazer uma atualização suave, permitindo que qualquer
problema seja resolvido sem interromper os ativos em execução na rede atual. A solução encontrada foi que, durante
as fases 0 e 1, as redes coexistirão como cadeias separadas.

A responsabilidade da integração entre elas (a rede atual e a nova) é justamente da fase 1,5, determinando a fusão em
uma rede única e marcando o fim do mecanismo de consenso PoW. Desse ponto em diante, o Ethereum só usará o
PoS para gerar novos blocos e validar as transações.

A fase 1,5 realinha o Ethereum como uma rede única com um token nativo, o que permitirá que a Beacon Chain e os
fragmentos passem, finalmente, a executar transações. Outro fato importante é que nessa fase será a primeira vez em
que aqueles que fizeram o stake de 32 ETH para se tornarem validadores poderão retirar seus depósitos e
recompensas.

Fase 2 - prevista para 2023

Na fase anterior, as transações começaram a ser processadas pela rede atualizada, mas é apenas na fase 2 que a rede
passa a executar contratos inteligentes, adicionando funcionalidade a ela.

Se a fase 0 simboliza a introdução do sistema nervoso central do ETH 2.0, enquanto a fase 1 adiciona a infraestrutura
esquelética, a fase 2 representa a anatomia muscular que permite ao ETH 2.0 executar uma tarefa em resposta a
estímulos externos (contratos inteligentes).

Soluções de segunda camada


Enquanto o fim da atualização da rede do Ethereum parece distante, os problemas já são presentes e colocam em
dúvida a continuidade da soberania do protocolo como principal sistema de contratos autônomos. Projetos
concorrentes tentam se aproveitar desse momento de fraqueza para mostrarem suas qualidades e conseguirem crescer
como opção dos desenvolvedores DeFi.

A resposta imediata estaria, então, em adotar as chamadas soluções de segunda camada, que funcionam como um
blockchain adicional que trabalha em conjunto com a rede principal para economizar espaço. Nessas camadas
secundárias, as transações podem ser agrupadas antes de serem transmitidas para a rede do Ethereum, reduzindo
taxas e espaço.

zkRollup

Uma dessas soluções é o zkSync, desenvolvida com base em uma tecnologia chamada zkRollup, e visa possibilitar
um maior volume de transações e diminuir a pressão na rede do Ethereum.

O zkSync promete atingir até 2.000 transações por segundo e uma taxa média de transação de aproximadamente US$
0,001.

Essa tecnologia possui uma arquitetura de escalabilidade de segunda camada que armazena transações em uma
cadeia lateral em vez de gravá-las diretamente no blockchain do Ethereum, o que libera espaço da rede. Em seguida,
ele empacota as informações de uma série de transações em blocos para serem enviados para a blockchain do
Ethereum. A forma de validação dessa solução é conhecida como “prova de conhecimento-zero” e foi muito bem
descrita por Jean-Jacques Quisquater no artigo “Como Explicar Protocolos de Conhecimento-Zero para seus Filhos”:

É prática comum rotular as duas partes em uma prova de conhecimento-zero como o provedor da declaração (André)
e o verificador da declaração (Vitor).

Imagine que André descobriu a palavra secreta usada para abrir uma porta mágica em uma caverna. A caverna, de
formato circular, tem a entrada por um lado e a porta mágica bloqueando o lado oposto. Vitor diz que vai pagar-lhe
pelo segredo, mas não até que ele esteja certo de que André realmente saiba o segredo. André diz que vai contar-lhe
o segredo, mas não até que ele receba o dinheiro. Eles bolam um esquema no qual André pode provar que conhece o
segredo, sem, contudo, contá-lo para Vitor.
Figura 5. Caverna circular com uma porta

Fonte: Como Explicar Protocolos de Conhecimento-Zero para seus Filhos

Primeiro, eles rotulam como A e B os caminhos à esquerda e à direita da entrada da caverna. Vitor espera do lado de
fora, enquanto André entra na caverna, tomando o caminho A ou B aleatoriamente. Vitor, então, entra na caverna e
grita o nome do caminho A ou B, escolhido aleatoriamente, que ele deseja que André use para retornar. Se André
realmente sabe a palavra mágica, isso é fácil: ele abre a porta, se necessário, e retorna pelo caminho desejado. Note-
se que Vitor não sabe por qual caminho André entrou na caverna.

No entanto, supondo que André não soubesse a palavra-mágica, ele só seria capaz de voltar pelo caminho escolhido
por Vitor se este fosse o mesmo caminho escolhido por ele para entrar. Uma vez que Vitor iria escolher A ou B de
forma aleatória, André teria 50% de chance de adivinhar corretamente. Se fossem repetir esse truque muitas vezes,
por exemplo, 20 vezes seguidas, a chance de André ser bem-sucedido, prevendo todos os pedidos de Vitor, se
tornaria muito pequena.

Assim, se André consegue sair da caverna pelos caminhos escolhidos por Vitor, ele pode concluir que, muito
provavelmente, ele conhece a palavra secreta.

Entretanto, essa solução não apresenta suporte à execução de contratos inteligentes, sendo sua única funcionalidade a
transferência de tokens.

Optimistic Rollup

Uma segunda opção, denominada Optimistic Rollup, elimina a necessidade de provas de conhecimento-zero,
alterando o princípio por trás das regras de consenso. Em vez de verificar cada transação, o sistema simplesmente
assume que todas elas são válidas.

Os usuários, em vez de provar a veracidade de toda a rede lateral, devem intervir apenas quando veem uma transação
inválida, enviando uma “prova de fraude”.
Dessa forma, qualquer pessoa pode analisar e provar que uma transação é inválida, revertendo a operação e
eliminando os operadores maliciosos.

Essa solução possibilita a execução de contratos inteligentes. Entretanto, existe um grande atraso na execução das
operações para conceder aos usuários tempo hábil para identificar os blocos inválidos.

Dessa forma, enquanto o Optimistic Rollup permite que os desenvolvedores implementem contratos inteligentes da
mesma forma que na rede do Ethereum, leva mais tempo para os usuários retirarem fundos da rede lateral para a rede
principal.

Validium

O Validium foi uma solução proposta pelo projeto StarkEx e, dentre as soluções de segunda camada aqui
apresentadas, é a mais recente. Ela foi colocada na mesa com o intuito de criar um meio para que exchanges
descentralizadas possam funcionar de maneira mais rápida e eficiente, sem a necessidade de usarem o blockchain
principal da rede. Seu mecanismo de consenso é similar ao do ZkRollup, por meio da prova de conhecimento-zero, e
sua aplicabilidade, como descrito anteriormente, se resume à transferência de ativos nas exchanges descentralizadas,
não oferecendo suporte a contratos inteligentes.

O futuro dos preços


O boom dos protocolos DeFi não serviu apenas para estampar o desafio de escalabilidade do Ethereum, mas também
trouxe um leque de oportunidades para rentabilizar os ativos por meio de mecanismos de yield farm.

A atualização da rede do Ethereum torna possível adquirir rendimentos através do stake de ETH sem precisar
recorrer a protocolos secundários. A narrativa que se constrói em torno disso é que, enquanto o bitcoin é considerado
o ouro digital, o staking de ether funciona como um instrumento de rendimento, uma espécie de renda fixa digital.

O aumento da procura por esses dividendos gerados por esses novos mecanismos vem causando uma diminuição da
oferta de ETH dentro das exchanges.
Figura 6. Redução da oferta de ETH nas exchanges

Fonte: Glassnode

A explicação é simples: quanto mais investidores adotam o staking como forma de rendimento, menos tokens ficam
disponíveis para serem negociados. Por consequência, a força compradora empurra o ativo para cima,
proporcionando ao ETH um rendimento de 352% no ano, sendo um rendimento 2x maior do que do próprio bitcoin.

Figura 7. Gráfico de preços do ETH em 2020

Fonte: Coinmarketcap
Outro fator que aumenta a expectativa na continuidade da escalada dos preços é o amadurecimento que o mercado
mostra em relação ao ativo. Está sendo observado um aumento considerável no número de negociações dos futuros
de Ethereum.

Figura 8. Aumento nas negociações de futuros de ETH

Fonte: Skew Analytics

E estamos presenciando, também, o lançamento do primeiro fundo baseado em Ether do mundo, que foi aberto na
última quinta-feira (10) na Bolsa de Toronto, no Canadá, facilitando aos investidores institucionais a exposição ao
mercado do Ethereum sem precisar comprar, armazenar ou vender ETH.

Conclusão
Como comentamos, o Ethereum abriga diversos projetos que o usam como base. Dessa forma, imagine-o como uma
casa, e todos esses projetos são seus moradores. No momento, essa casa apresenta um problema, como uma goteira, e
todos os moradores estão buscando juntos uma solução para ela, e é altamente improvável que eles abandonem a
casa, que já está em um nível de construção bem avançado para buscarem uma concorrente.

Dessa forma, por mais que a atualização da rede demore mais do que o previsto, devemos continuar vendo o
Ethereum soberano e crescendo cada vez mais como principal alternativa para os desenvolvedores.
O que estamos vivenciando atualmente é um mercado extremamente aquecido, com o surgimento e crescimento
exponencial de diversos projetos na rede do Ethereum, como os protocolos DeFi. Os esforços agora estão voltados
para garantir o suporte à consolidação de todos esses novos mecanismos, e o futuro se mostra extremamente
promissor, não só para o Ethereum, mas para todo o mercado cripto.

Forte abraço!

Vitor Perim

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André Franco
Autor

Vitor Perim
Assistente

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