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A CONTESTAÇÃO
NECESSÁRIA
Retratos intelectuais de inconformistas e revolucionários
Do mesmo autor
Florestan Fernandes: sociologia crítica militante
Nós e o marxismo
A CONTESTAÇÃO NECESSÁRIA
Retratos intelectuais de inconformistas e revolucionários
2ª EDIÇÃO
EXPRESSÃO POPULAR
NOTA EDITORIAL.................................................................................................... 9
Apollinaire
*
Deuses que me formastes: vivo apenas passando, tal como vós passastes.
NOTA EDITORIAL
Os editores
A CONTESTAÇÃO NECESSÁRIA: ESTRATÉGIA
E DESAFIOS DA AUTOFORMAÇÃO DOS
TRABALHADORES
ROBERTO LEHER*
*
Professor da Faculdade de Educação da UFRJ e de seu programa de pós-graduação,
pesquisador do CNPq, Cientista de Nosso Estado/ Faperj e colaborador da Escola
Nacional Florestan Fernandes.
**
Haroldo Ceravolo Cereza, Florestan: a inteligência militante. São Paulo: Boitempo,
2005.
***
Todas as referências aos excertos de A Contestação Necessária elaborados por
Florestan Fernandes estão indicadas pela página, entre parênteses.
12 • A contestação necessária : estratégia e desafios da autoformação dos trabalhadores
*
Susan George, “Como o pensamento tornou-se único”, Le Monde Diplomatique,
agosto de 1996.
14 • A contestação necessária : estratégia e desafios da autoformação dos trabalhadores
*
Florestan Fernandes, Marx, Engels, Lenin: a história em processo, São Paulo:
Expressão Popular, 2012.
R oberto L eher • 17
Feita a revolução nas escolas, o povo a fará nas ruas, embora essa
vinculação não seja necessária. Na China, em Cuba, na Rússia, sem
passar pela escola, o povo fez a revolução nas ruas. Mas, em um país
como o Brasil, é necessário criar um mínimo de espírito crítico ge-
neralizado, cidadania universal e desejo coletivo de mudança radical
para se ter a utopia de construir uma sociedade nova que poderá
terminar no socialismo reformista ou no socialismo revolucionário.
Eu prefiro a última alternativa. Fernando de Azevedo optaria pela
primeira. (p. 195)
mas que apresentam um desafio: eles não podem ser apenas “objeto”
da reforma agrária ou dos movimentos libertários e humanitários da
sociedade civil. Ou os agentes da história oficial os destroem, como
estão fazendo, ou eles próprios terão de ser portadores das reivindica-
ções que revolucionam, como os terremotos catastróficos, a história
do Brasil real. (p. 110)
*
Publicado na revista Praxis, Belo Horizonte, n. 2, set. 1994, p. 7-25.
50 • L ula e a transformação do B rasil contemporâneo
*
Resenha do livro Nossa América, coletânea de textos de José Martí, publicada por
Leia Livros, abr. 1984.
74 • As faces humanas de J ose M artí
Lima, 1895-1930
Político e pensador peruano, foi o primeiro inte-
lectual americano a aplicar de forma rigorosa o modelo
marxista do materialismo histórico à realidade concreta
da América hispânica. Em 1919, com bolsa de estudos,
transferiu-se para a Itália, onde experimentou a influên
cia de pensadores marxistas. De regresso ao Peru em
1923, integrou-se à Aliança Popular Revolucionária
Americana (Apra), encabeçada por Víctor Raúl Haya
de la Torre. Após abandonar as fileiras do Apra, criou a
revista Amauta (1926-1930), através da qual difundiu
suas teorias políticas. Em 1928 desempenhou papel fun-
damental na fundação do Partido Comunista Peruano.
Nesse mesmo ano publicou sua obra capital, 7 Ensaios
de interpretação da realidade peruana.
*
Publicado originalmente, em comemoração ao seu centenário, no Anuario
Mariateguiano, Lima, Amauta, v. 6, n. 6, 1994.
80 • S ignificado atual de J osé C arlos M ariátegui
nos quais a lenta transição para o socialismo não foi ainda arrasa-
da? Ciência, tecnologia, tecnocracia racionalizada foram, por fim,
colocadas a serviço de “homens livres e iguais” ou servem apenas
à concepção romana de riqueza, grandeza e poder – repetida no
“destino manifesto” dos Estados Unidos e na conglomeração de
potências que encarnam a mesma aspiração de atingi-la? E qual
é a essência civilizatória desse capitalismo ultramoderno? Ele
contém a propensão para abolir as classes, a dominação de classes
e a sociedade de classes? Ou as oculta por trás de uma miragem
pela qual a “ideologia” escamoteada reaparece com vigor nunca
pressentido no “neoliberalismo”?
Os 7 Ensaios de interpretação da realidade peruana e Em defesa
do marxismo delimitam a postura de Mariátegui. O intelectual
orgânico da revolução não se trai e tampouco atraiçoa os ideais,
as certezas e as esperanças que a tornam uma realidade próxima
ou remota. Os que têm sorte vivem os momentos decisivos da
revolução. Os que devem trabalhar por seu advento ou contra as
adversidades que os detêm e parecem suprimi-los “para sempre”
multiplicam sua capacidade de luta política e refinam suas qua-
lidades críticas. De um lado, porque precisam ir até o fim e até o
fundo – sem ambiguidades e fraquezas, que facilitariam a desmo-
ralização e a adesão aos vitoriosos por circunstâncias. De outro
lado, porque as revoluções proletárias irromperam em sociedades
de desenvolvimento desigual, atrasadas diante dos recursos da ci-
vilização capitalista e irremediavelmente pobres, “colonizadas” ou
neocoloniais e dependentes. O marxismo não compendia receitas,
seja da “sociedade ideal”, seja dos meios para chegar à transição
propriamente dita e ao comunismo. As ilusões eurocêntricas
difundiram uma ótica revolucionária que não procede de Marx
nem de Engels, identificados com os proletários e suas miseráveis
condições de vida na passagem da reprodução simples para a acu-
mulação acelerada. Nada ruiu “para sempre”. O que se evidencia
F lorestan F ernandes • 83
TEXTOS DE REFERÊNCIA
92 • S ignificado atual de J osé C arlos M ariátegui
INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
ARICÓ, José (org.). Mariátegui y los orígenes del marxismo latinoamericano.
México: Siglo Veintiuno, 1978. (Cuadernos Pasado y Presente).
MARIÁTEGUI, José Carlos. 7 ensayos de interpretación de la realidad peruana.
Lima: Biblioteca Amauta, 1972 (usei também a edição brasileira para a
qual escrevi uma apreciação sociológica global).
_____. En defensa del marxismo; polémica revolucionaria. Lima: Biblioteca
Amauta, 1980.
QUIJANO, Aníbal, (org.) José Carlos Mariátegui. Textos básicos. Lima/México/
Madrid: Fondo de Cultura Económica, 1991 (edição preparada e comen-
tada por Aníbal Quijano, que aproveitei na medida do possível).
CAIO PRADO JÚNIOR: A REBELIÃO MORAL*
*
Publicado sob o título: “Obra de Caio Prado nasce da rebeldia”, Folha de S.Paulo,
7 set. 1991. Caderno Letras, p. 5.
96 • C aio P rado J únior : a rebelião moral
*
Publicado em Bastidiana. Cahiers d’Études Bastidiennes, St. Paul de Fourques,
França, n. 6, abr./jun. 1994, p. 33-35.
104 • R oger bastide : a doação do ser
*
Colaboração para a III Jornada de Ciências Sociais da Universidade Estadual Pau-
lista (Unesp), Marília, 31 de maio a 2 de junho de 1990. Publicada em: D’Incao,
Maria Angela & Scarabótolo, Eloisa Faria. Ensaios sobre Antonio Candido. São
Paulo, Companhia das Letras/Instituto Moreira Salles, 1992, p. 33-36.
108 • A ntonio C andido : um mestre exemplar
*
Contribuição à IV Jornada de Ciências Sociais da Unesp, Marília, 21 a 24 de
setembro de 1992. A ser publicado no livro Humanismo e compromisso; ensaios
sobre Octavio Ianni. São Paulo, Editora da Unesp, 1996.
114 • O ctavio I anni : o encanto da vida
*
Texto apresentado no seminário “Cidade e Cultura Latino-Americana – A
Contribuição de Richard Morse”, em homenagem aos seus 70 anos, promovido
pela Fundação Casa de Rui Barbosa, Rio de Janeiro, 1992. Inédito.
122 • R ichard M orse : o historiador enquanto jovem
*
Escrito em 1987 para uma publicação sindical. Inédito.
142 • L uís C arlos P restes : esperança e revolução
*
Publicado em Folha de S.Paulo, 27 out. 1983.
146 • G regório B ezerra : integridade e grandeza
*
Publicado em Folha de S.Paulo, 12 nov. 1984.
152 • C arlos M arighella : a chama que não se apaga
*
Publicado em ANTUNES, Ricardo (org.). O caldeirão das bruxas e outros escritos
políticos. Campinas: Pontes Editores/Editora da Unicamp, 1992.
158 • H ermínio S acchetta : amigo e companheiro de jornada
*
Escrito por ocasião do falecimento de Cláudio Abramo e publicado em Folha de
S.Paulo, 14 ago. 1988.
166 • C láudio A bramo e o jornalismo
Ora, é óbvio que ele era exceção, e que é urgente extinguir escolas
de jornalismo que fazem parte da indústria do ensino e ampliar o
campo das outras, que são verdadeiramente uma revolução cultural
dentro de nosso ambiente.
Outro aspecto a ser ressaltado é o do significado dos jornalistas
de envergadura em um período de crise nacional. A ditadura calara
a maioria dos intelectuais rebeldes. Os jornalistas que produziram
o tipo de jornalismo que caracterizei resumidamente acima foram
tolerados de modo tácito embora parcial. Os limites ficavam nítidos
dentro e fora das redações. Não obstante, havia uma linha divisória
mais ou menos flexível e certa tolerância. Forjara-se uma moldura
histórica que permitia contrabandear a crítica e o embate através
da embalagem da “verdade” ou da “descrição objetiva”. Em um
momento de amplo eclipse do intelectual engajado e de adesão
aberta dos talentos (inclusive nas universidades) à contrarrevolução,
abria-se, assim, uma esfera de crítica permanente aos desmandos
dos donos do poder, civis e fardados. Muitos foram os jornalistas
que avançaram até essa fronteira, e Cláudio Abramo notabilizou-
-se pela intrepidez com que assumiu os deveres de combatente na
primeira linha. Seus “comentários” cresceram sob esse clima e
interagiram com ele, ajudando naturalmente a acelerar a conquista
de maiores espaços da liberdade intelectual e política.
Dentro de um mundo histórico atrasado e colonizado, são
notáveis os feitos desse companheiro e amigo. Não conquistamos
uma sociedade nova e socialista, dentro de nossos sonhos de mo-
cidade. Contudo, chegamos até aqui com um legado importante
de integridade e esperança.
HENFIL: O MAIS FELIZ DE VOCÊS*
*
Publicado por Jornal da USP, ano IV, n. 34, fev. 1988.
170 • H enfil : o mais feliz de vocês
*
Depoimento prestado durante a “Semana Fernando de Azevedo”, promovida pela
Faculdade de Educação e pelo Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade
de São Paulo, de 12 a 15 de abril de 1994.
180 • F ernando de A zevedo : um autêntico reformista