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Universidade Federal de Jataí – UFJ

DISCENTES: Cristina Cabral Mendonça

Fábia Cristina de Carvalho e Silva

Genaldo Ferreira Gomes

ATIVIDADE ASSÍNCRONA – Direito do trabalho II

O trabalho faz parte da existência da humanidade, e é um direito de todos, pois é a


partir desse direito que se consegue uma vida digna. Entretanto nos dias atuais o que se
vê é um cenário totalmente voltado para o mercado capitalista. Ocorre que, a reforma
trabalhista, levou a situações de precariedade o trabalhador, ferindo assim o princípio da
dignidade da pessoa humana. A terceirização contribuiu significativamente para a
precarização das relações de emprego, onde os empregadores se veem livres de riscos
econômicos, deixa de custear vários direitos trabalhistas.

O conceito de terceirização surgiu quando as empresas resolveram adotar


parcerias com outras empresas prestadoras do mesmo serviço. Entretanto se visava nesta
parceria lucros. Pode se dizer então, que a terceirização é quando uma empresa
“principal” contrata uma outra para desempenhar uma ou mais funções especificas, e
esta por sua vez disponibiliza um ou mais trabalhador para prestar esses serviços, neste
caso em questão não se existe vínculo trabalhista entre a empresa contratante e o
trabalhador, surgindo então uma das vantagens para as empresas contratantes.

Com o passar dos anos surge a modalidade de quarteirização, que se trata de uma
terceira empresa, qual administra todas as outras, ou seja é quando a empresa que presta
serviços terceirizados para um determinado cliente, solicita que outra terceirizada preste
determinado serviço, visando cumprir com a demanda do determinado cliente.

No filme “Estou me guardando para quando o carnaval chegar” relata a história de


várias que trabalham em condições precárias na cidade de Toritama, o filme relata
nitidamente o resultado da terceirização e quarteirização, onde se ver a precariedade
desses trabalhadores, que na maioria das vezes são empresários, entretanto trabalham
em fabricas de jeans no fundo do quintal ou em garagens, com longas jornadas de
trabalho e sem um ambiente adequado de trabalho, pois como eles mesmo dizem “ na
produção você ganha o que faz”, restando assim, profissionais autônomos e com um
sorriso no roto de ter seu “próprio negócio”, o que resulta em mão de obra com menos
custos.

Para muitos pesquisadores a terceirização e a quarteirização veio para favorecer


tão somente aos interesses do capital, onde a mão de obra humana é cada dia mais
barata, nitidamente mostrado no filme quando os trabalhadores relatam os preços dos
trabalhos por eles realizados.

E com a ocorrência de inúmeras mudanças no direito trabalhista, e diante da nova


realidade dos trabalhadores, os quais, na maioria das vezes vem abdicando de todos os
seus direitos, fica nítido a violação do princípio da dignidade da pessoa humana,
restando apenas trabalho indigno e injusto, sendo observado no texto “A Contrarreforma
Neoliberalismo e a Terceirização: a precarização como regra”, várias passagens, as
quais demonstram que a modalidade qual ocupa o lugar no âmbito trabalhista hoje, visa
apenas aumento do capital que é conquistado sem muito esforço dos empregadores, com
mais mão de obra dos empregados e menos custos aos empregadores, e
consequentemente livre de todos os direitos trabalhistas, onde tudo se torna questão de
lucro o qual sempre será sustentado através da exploração da mão de obra humana.

Deste modo, fica claro o quanto está sendo ferido o princípio da dignidade da
pessoa humana, visto que na frase “um novo modo de governo dos homens segundo o
princípio universal da concorrência” (Dardot; Laval, 2016, p. 17), citada no texto refere
se tão somente ao cenário encontrado na atualidade, de precarização do trabalho, seja no
salário ou nas condições de trabalho.

E cada vez mais é demostrada a importância da aplicação do princípio da


dignidade da pessoa humana na “reforma trabalhista “ qual é instituída basicamente a
partir da precarização do trabalho, nitidamente destacado nesta parte do texto “Além da
figura bizarra do empregado intermitente, contratado sem previsão de jornada e de
remuneração”, ferindo tal princípio de maneira gritante, pois todos têm direito ao
trabalho digno, com condições dignas de sobrevivência humana.

Através da leitura dos textos, surge o questionamento de onde se deu o início da


terceirização, se deu após do Taylorismo, que é um método de organização do trabalho
criado por Frederick W. Taylor. Que visava à criação do trabalho da indústria como um
trabalho de rotina, bem como dividia as tarefas no processo de produção, assim reduziu
circunstancialmente a necessidade do trabalho sofisticado tido como especializado, pois
uma pessoa necessariamente precisaria apenas saber por um parafuso, pois mais na
frente na linha de produção teria quem colocasse o prego.
A terceirização e quarteirização rompem o modelo taylorista fordista, pois
surgiram no pós-guerra, através da necessidade do Japão se reerguer e da grande
necessidade de cortar custos, neste modelo ao contrário do modelo Taylorista/fordista a
produção era feita sobre encomenda e visando uma maior lucratividade e o trabalhador
possuiria várias funções e não unicamente apertar um parafuso, tendo assim função
central na produção, pois ele poderia atuar tanto na parte inicial quanto na final da
produção, operar maquina, apertar parafusos, entregar o produto dentre outros serviços.
Uma das críticas ao modelo taylorista é que o trabalhador é levado a trabalhos
muito intensos e as grandes empresas visam apenas o lucro, além de ter afetado as
organizações coletivas dos trabalhadores.
Em um mundo de economia globalizada, onde a produção pode e é em sua
maioria terceirizada, o sindicalismo se vê acuado e enfraquecido cada vez mais. O
processo de terceirização, gerou o “esvaziamento” das empresas e de categorias
tradicionalmente mobilizadas e, por consequência, ocorreu uma forte desmobilização
sindical.

Uma das classes afetadas são as dos bancários que ao longo das últimas duas
décadas sofreu com a substituição do pessoal estável por estagiários. Talvez esse seja
um dos maiores exemplos da terceirização, ou seja, a da exclusão de postos de trabalho
estáveis.

“Nesse campo – da organização do trabalho – evidencia-se, através da


terceirização, condições de trabalho e salário que definem trabalhadores de primeira e
segunda categorias, como porta para o trabalho análogo ao escravo, e a disseminação se
dá não apenas por parte da empresa contratante, mas também entre os próprios
trabalhadores contratados diretamente e os chamados “terceiros”, cuja denominação já
revela a distinção ou a condição à parte, de fora, externa.”  (Antunes e Druck, 2014;
Druck, 2011).
Percebe-se assim a fragmentação do corpo coletivo de uma classe de
trabalhadores. A terceirização faz com que não exista uma classe operária,
desconstruindo essas classes por pequenas e individualistas redes de gerenciamento.

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