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1º 

Simpósio Brasileiro de Tecnologia da Informação e Comunicação na 
Construção  
10º Simpósio Brasileiro de Gestão e Economia da Construção 
8 a 10 de   novembro de 2017 ‐ Fortaleza ‐ Ceará ‐ Brasil

IDENTIFICAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS EM PEQUENAS OBRAS


CRUZ, Herbert Melo (1); CARVALHO, Wesley Santana (2); SANTOS, Débora de
Gois (3)
(1) UniAGES, 079 999609122, e-mail: hmc_014@hotmail.com (2) UniAGES, e-mail:
wesley.s_carvalho@hotmail.com, (3) UFS, e-mail: deboragois@yahoo.com.br

RESUMO
A situação econômica atual tem remodelado o setor da construção em diversos aspectos. A ausência de
responsáveis técnicos, atuando em obras de pequeno porte, reflete na diminuição da qualidade, aumento de
perdas e elevação dos custos de produção. Porém, a conscientização da população, o aumento da
fiscalização, exigências de órgãos financeiros e o desaquecimento do setor da construção, têm contribuído
na migração de profissionais habilitados para estas construções. Há uma concentração de pesquisas voltadas
para a análise de diversos assuntos em obras de médio e grande porte, deixando uma lacuna quanto ao
desenvolvimento de estudos em pequenas obras. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi identificar boas
práticas em obras de pequeno porte. A metodologia foi baseada em um estudo de campo em diversas obras,
que, através de observações diretas, possibilitou a identificação de boas práticas nos canteiros. Para isto,
previamente foi feita uma pesquisa bibliográfica sobre o tema, possibilitando definir, quatro eixos de
análise: tecnologias dos materiais de construção; tecnologias construtivas; gerenciamento da construção;
segurança do trabalho e canteiro de obras. Como resultados, foram identificadas 28 boas práticas em todos
os eixos pré-definidos, sendo apresentadas as análises de cada uma delas a partir da teoria da construção
enxuta. O grupo tecnologia dos materiais foi o que mais apresentou boas práticas. Segurança do trabalho
foi o mais deficitário, seguido por gerenciamento da construção. Como contribuições, a pesquisa insere-se
em um tema pouco estudado, além de trazer boas práticas que podem ser replicadas e aprimoradas em
outras obras.
Palavras-chave: Pequenas obras; Boas práticas; Construção enxuta.

ABSTRACT
The current economic situation has remolded the construction sector in several aspects. The absence of
responsible technicians, acting in small works, reflects in the decrease of the quality, more waste and
increase of the costs of production. However, the population awareness, the increase in inspection, the
demands of financial agencies and the slowdown in the construction sector have contributed in the
migration of qualified professionals for these constructions. There is a concentration of research focused
on the analysis of several issues in medium and large works, leaving a gap in the development of studies in
small works. In this sense, the aim of this study was to identify best practices in small works. The
methodology was based on a field study in several works, which, through direct observations, allowed the
identification of best practices in construction sites. For this, a bibliographic research was previously done,
allowing to define, four areas of analysis: materials technologies; constructive technologies; construction
management; safety and construction site. As a result, 28 best practices were identified in all the pre-
defined axes, presented analyses of each one from the theory of lean construction. The materials technology
group presented the most of best practices. Job security was the most deficient, followed by construction
management. As contributions, the research is inserted into a topic little studied, in addition to bringing
best practices that can be replicated and improved in other works.
Keywords: Small works; Best practices; Lean construction.

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1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, o mercado da construção civil brasileira sofreu um desaquecimento por
conta da crise econômica do país. Isto tem provocado mudanças em vários aspectos do
setor, que tem um importante papel na economia brasileira, porém é um dos mais
sensíveis com as variações desta (ABRANTES; IYOMASA, 2017). A remodelagem do
setor, com a atual situação financeira, faz com que as empresas construtoras busquem
novos nichos e um diferencial para se destacarem no mercado.
A maior concentração de profissionais técnicos sempre ocorreu nas grandes metrópoles,
especificamente em construções de médio e grande porte. Porém, a conscientização da
população, o aumento da fiscalização e os requisitos de órgãos financeiros têm aumentado
as exigências quanto à segurança e à qualidade construtiva pelos
consumidores/contratantes, crescendo a procura por profissionais técnicos nas pequenas
construções.
Grande parte das obras de pequeno porte utiliza o modelo tradicional de construção, com
pouca inserção de tecnologias construtivas e modelos gerenciais. A aplicação dos
conceitos da construção enxuta, notória em grandes e médios empreendimentos, tem sido
pouco utilizada em pequenas construções, podendo ser uma alternativa de melhoria.
Nessa perspectiva, o trabalho tem o objetivo de identificar boas práticas em obras de
pequeno porte, através de uma metodologia de pesquisa de campo.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Construção enxuta


Segundo Koskela (1992), as atividades de fluxo e conversão compõem o fluxo da
produção. As atividades de fluxo são aquelas que devem ser reduzidas e/ou eliminadas,
devendo ser mantidas de forma eficiente apenas as atividades de conversão, já que
agregam valor ao produto. O autor supracitado salienta que nem todas as atividades de
fluxo podem ser eliminadas, a segurança do trabalho e o planejamento são exemplos de
atividades necessárias e que devem ser mantidas, pois sua supressão causaria danos
graves ao fluxo de produção.
Onze princípios de gestão de processos que auxiliam na redução de perdas e na melhoria
contínua são propostos por Koskela (1992). A Figura 1 mostra estes onze princípios que
estão organizados a partir do centro, com o princípio essencial da teoria enxuta (reduzir
atividades que não agregam valor), seguido dos demais princípios que são derivados deste
(Cruz, 2017).

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Figura 1 - Princípios básicos da construção enxuta

Fonte: Cruz (2017)


Segundo Cruz (2017), em qualquer tipo de empreendimento pode-se aplicar a construção
enxuta, adequando-se de acordo com suas características e necessidades. Seu propósito é
fornecer um produto de maior qualidade com o menor custo possível.
Para Heineck et al. (2009), tudo o que não agrega valor deve ser tratado como perda e,
ser eliminado. Neste sentido, as atividades de fluxo devem ser combatidas já que não
agregam valor ao produto final.
Dessa forma, é notória a possibilidade de aplicação de conceitos enxutos nas pequenas
construções. A redução de perdas, redução de variabilidade, redução de tempo de ciclo,
dentre outros, são princípios fundamentais que agregam valor ao produto final, garantem
o emprego correto e controle das técnicas construtivas e proporcionam qualidade e menor
custo, características que estão sendo exigidas com mais frequência pelos
contratantes/consumidores.

2.2 Contexto atual das pequenas obras e as boas práticas na construção


No Brasil, a inserção de tecnologias construtivas e de materiais de construção ainda é
pequena. Se o avanço da mecanização dos grandes canteiros de obras no país enfrenta
obstáculos, que estão relacionados principalmente a uma questão cultural (GOEKING et
al., 2016), o emprego de equipamentos e técnicas que racionalizam a produção em
pequenas obras é ainda mais difícil.
O controle gerencial nos canteiros, sejam eles de pequenas ou grandes obras, é um aspecto
indispensável para a garantia da produtividade adequada e redução de custos. Para
Abrantes e Iyomasa (2017), as maiores necessidades das empresas construtoras referem-
se à redução de prazo e custo, para isso, é fundamental ter um bom planejamento e
estabelecer a duração ideal para cada uma das atividades previstas.
Desta forma, constata-se que, para que haja o aumento da produtividade e redução de
custos, é indispensável a existência de uma gestão eficaz do projeto de construção com
planejamento e programação da obra, utilização de controle dos serviços, gerenciamento
de pedido e armazenamento de materiais, organização do canteiro, aliados ao
acompanhamento executivo com responsáveis técnicos.
A segurança do trabalho é outro ponto crítico na construção civil. De acordo com
Filgueiras et al. (2015), milhões de trabalhadores sofrem acidentes ou adoecem em
decorrência de seu trabalho. Dessa forma, as utilizações de equipamentos de segurança
assim como medidas preventivas devem ser vistas como pontos indispensáveis e
necessários para manter a integridade física do trabalhador.

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Dado o contexto das pequenas obras, que tende a ser negativo se comparado com as
grandes obras em termos de eficiência organizacional, cabe a discussão de medidas para
a sua melhoria, que são conhecidas como boas práticas.
É válido salientar que o reconhecimento de uma medida como boa prática tem caráter
singular, devendo-se analisar o contexto como um todo em que a mesma está sendo
observada. Variando este contexto, aquela medida pode deixar de ser uma boa prática,
passando a ser considerada algo comum. Por exemplo, aquilo que pode ser tomado como
uma boa prática para uma pequena obra, pode ser tido como uma medida comum ou até
obrigatória ao considerar uma obra inserida em um contexto diferente.
As boas práticas têm larga aplicação em diversas situações e finalidades no ambiente da
construção, tais como as listadas pelos autores a seguir.
O planejamento e controle da produção pode ser alvo de boas práticas. É o que trata
Moura e Formoso (2008), indicando a melhoria através de boas práticas nos canteiros de
obras com ênfase na aplicação do Last Planner System (LPS), que tem o objetivo de
melhorar o desempenho dos empreendimentos. Já Souza (2005) avaliou o índice de boas
práticas nos canteiros de obras, afirmando que o planejamento do layout e da logística do
canteiro pode ser definido sob aspectos como as instalações provisórias, segurança da
obra, sistema de movimentação e armazenamento de materiais e gestão de resíduos da
construção.
Ceotto, Banduk e Nakakura (2005) apresentaram pontos na cadeia produtiva que
impediam o desenvolvimento e as boas práticas construtivas dos revestimentos
argamassados. Avaliaram ainda as boas práticas no projeto, execução e avaliação.
Fernandes (2013) apresentou exemplos de boas práticas da gestão de Resíduos da
Construção Civil (RCC). Foram identificadas boas práticas em municípios brasileiros
com o objetivo de formular propostas para gestão de RCC.
Cleto et al. (2011) afirmaram que existem em diversos países sistemas para elaboração
de documentos técnicos que consolidam as boas práticas do processo de produção de
edifícios. No Brasil, é um tema recente, mas de grande importância para o projeto,
execução e manutenção de edifícios.
Melo, Santos e Serra (2012) analisaram Sistemas de Proteção Coletiva (SPC) conforme
os requisitos legais, aspectos de projetos e de produção e identificaram boas práticas no
canteiro em nível administrativo e de projeto.

3. METODOLOGIA

3.1 Descrição da pesquisa


Adotou-se a estratégia de uma pesquisa qualitativa e descritiva, em que foram realizadas
observações diretas nas obras e entrevistas não estruturadas acompanhados de um roteiro,
visando identificar as boas práticas.
Os objetos de pesquisa foram cinco pequenas obras residenciais, sendo realizada uma
visita em cada uma delas, entrevistando os responsáveis técnicos, mestres e operários
responsáveis pela execução dos serviços. As observações duravam entre três horas.
A ferramenta elaborada para pesquisa foi composta por quatro grupos de análise de boas
práticas: (1) Tecnologias em materiais de construção; (2) Tecnologias construtivas; (3)
Gerenciamento da construção; (4) Segurança do trabalho e canteiro de obras.

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Estes grupos de boas práticas foram elaborados a partir da literatura sobre o assunto, com
o objetivo de agrupar atitudes em comum. O grupo 1 trata da utilização de materiais
inovadores ou não-convencionais para pequenas obras. Já o grupo 2 engloba a
mecanização dos serviços, execução racionalizada, tecnologias inovadoras ou não-
convencionais para pequenas obras. O grupo 3 está ligado com o planejamento e controle
da obra e gerenciamento dos serviços. O último, grupo 4, refere-se às atividades de
segurança do trabalho e de instalações do canteiro de obras.
A partir do estudo de campo foi elaborado um quadro contendo as boas práticas
identificadas. Para cada uma delas buscou-se então analisar em qual dos quatro grupos
eram inseridas, quais as suas vantagens, os serviços impactados pela atividade e o
princípio enxuto relacionado.

3.2 Descrição do objeto de estudo


A obra 1 era composta por cinco casas de 50 m², empregando sistema construtivo em
alvenaria com reforço em concreto armado. Três casas estavam em acabamento e duas
em fase inicial.
Já as obras 2, 3, 4 e 5 eram casas entre 150 m² e 250 m², que empregavam o sistema
construtivo convencional – alvenaria de vedação e estrutura em concreto armado –,
estando as obras 2 e 5 em fase de acabamento e as obras 3 e 4 em fase intermediária.

4 RESULTADOS
Foram identificados 28 tipos de boas práticas entre as cinco pequenas obras visitados,
sendo levantadas 62 aplicações referentes a estes tipos. A figura 2, mostra a quantidade
de boas práticas classificadas em cada um dos quatro grupos de análise.

Figura 2 – Quantidade de boas práticas por grupo de análise

Segurança e canteiro de obras


2; 7%

Gerenciamento
da construção Tecnologia
5; 18% dos materiais
12; 43%

Tecnologia
construtiva
9; 32%

Fonte: Os autores

O grupo 1 (tecnologia dos materiais de construção) foi aquele que apresentou mais boas
práticas (43%), seguido do grupo 2 (tecnologias construtivas) (32%). Na terceira
colocação está o grupo 3 (gerenciamento da construção) (18%) e por último está o grupo
4 (segurança e canteiro de obras) (7%).
O Quadro 1, traz a descrição das boas práticas observadas, as vantagens, os serviços
impactados, os princípios enxutos relacionados e o local de observação.

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Observa-se que as boas práticas mais aplicadas foram a 3 (utilização de bloco calha),
seguida da 8 (impermeabilização do cintamento), 15 (armação cortada e dobrada) e 18
(execução de lastro de concreto acima do cintamento). Observa-se que das quatro mais
aplicadas, as três últimas estão ligadas ao grupo 2 (tecnologias construtivas). Dez boas
práticas tiveram somente uma aplicação.

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Quadro 1 – Identificação das boas práticas em pequenas obras


Grupo de
Local de
Boas Item Atividade Vantagens Serviços impactados Princípio enxuto relacionado
Observação
Práticas
Redução do tempo de ciclo ;
1 Utilização de blocos de cimento Aumenta a eficiência do assentamento Elevações ; reboco Obra 1
Redução da variabilidade
Redução do tempo de ciclo ;
Reduz perdas; Facilita o assentamento Redução da variabilidade ; Obra 1; Obra 2 ;
2 Utilização de meio bloco Elevações
das fiadas Simplicação de passos ; Reduzir Obra 3
atividades sem valor
Redução do tempo de ciclo ;
Dispensa o uso de fôrmas para execução
3 Utilização de bloco calha Fundações ; elevações Simplicação de passos ; Reduzir Todas
de cintamentos, vergas e contra-vergas
atividades sem valor
Dispensa o uso de fôrmas e a Redução do tempo de ciclo ;
Vergas e contra-vergas pré
4 concretagem para execução de vergas e Elevações Simplicação de passos ; Reduzir Obra 1 ; Obra 2
moldadas
contra-vergas atividades sem valor
Utilização de telhas americanas
5 Melhora o conforto térmico da edificação Cobertura Aumentar valor do produto Obra 1
na cobertura
Tecnologi Execução de forro de gesso com Evita trincas no forro após entrega da
6 Forro ; Pintura Aumentar valor do produto Obra 1
as em junta de dilatação obra ; Previne retrabalhos
materiais Aplicação de selador na pintura Aumenta o rendimento da tinta ; Melhora Aumentar valor do produto ; Obra 1 ; Obras 2
7 Pintura
de das paredes a qualidade da pintura Reduzir variabilidade ; Obra 5
construçã
Impermeabilização do cintamento Melhora a impermeabilização ; Previne Fundações ; Aumentar valor do produto ; Obra 1 ; Obra 2 ;
o 8
inferior com pintura asfáltica patologias nas vedações Acabamentos Reduzir variabilidade Obra 3 ; Obra 4

Utilização de aditivo plastificante Proporciona plasticidade na argamassa Aumentar valor do produto ;


9 Reboco ; Acabamentos Obra 3
na argamassa de reboco mesmo com utilização de areia média Reduzir variabilidade

Aditivo impermeabilizante na
Melhora a impermeabilização ; Previne Aumentar valor do produto ; Obra 2 ; Obra 3 ;
10 argamassa de reboco utilizada Reboco ; Acabamentos
patologias nas vedações Reduzir variabilidade Obra 4
até 1,5 metros
Simplificar o número de etapas e
Utilização de concreto usinado Aumenta a confiabilidade no concreto ; passos ; Reduzir atividades que Obra 2 ; Obra 3 ;
11 Estrutura
para concretagem de laje agiliza a etapa de concretagem não agregam valor ; Reduz o Obra 4
tempo de ciclo
Aplicação de desmoldante nas Proporciona maior qualidade nas peças
12 Estrutura Aumentar valor do produto Obra 3
fôrmas estruturais ; Aumenta o reuso das fôrmas

Facilita a locação ; Evita erros de


Locação da obra ; Obra 2 ; Obra 3 ;
13 Utilização de gabarito esquadro e alinhamento da estrutura e Reduzir variabilidade
estrutura ; Elevações Obra 4
alvenaria
Facilita o controle dos níveis de lajes e
Estrutura; Elevações ; Reduzir variabilidade; reduzir
14 Uso de nível a laser vigas, nivelamento de fiadas, execução do Obra 1 ; Obra 3
Contrapiso tempo de ciclo
contrapiso
Reduzir o tempo de ciclo ;
Facilita o processo de armação das Obra 1 ; Obra 2;
15 Armação cortada e dobrada Estrutura Simplifica o número de passos e
estruturas. Obra 3 ; Obra 4
etapas
Reduzir o tempo de ciclo ;
Facilita o processo de preparo de Estrutura ; Elevações ; Obra 2 ; Obra 3 ;
16 Utilização de betoneira Simplifica o número de passos e
Tecnologi concreto e argamassa na obra Contrapiso ; Reboco Obra 4
etapas
as
Utilização de vibrador
construtiv Aumenta a qualidade do concreto e das
17 mecanizado para adensamento Estrutura Aumentar o valor do produto Obra 3
as peças estrutrurais
do concreto
Execução de lastro de concreto Contribui com a impermeabilização ao Elevações ; Reboco ; Obra 2 ; Obra 3;
18 Aumentar o valor do produto
acima do cintamento inferior evitar o contato das paredes com o solo. Acabamentos Obra 4; Obra 5
Aplicação de chapisco com
19 Melhora a eficiência do chapiscamento Reboco Reduzir o tempo de ciclo Obra 2
máquina de projetar
Melhora a qualidade da execução da Aumentar valor do produto ;
Escoramento metálico com
20 estrutura; Aumenta a facilidade para Estrutura Simplicar o número de passos e Obra 2
regulagem de nível
nivelamento das fôrmas etapas
Reduzir o tempo de ciclo ; Reduzir
Espaçador para revestimento Aumenta a qualidade e tempo do
21 Acabamentos variabilidade ; Simplifica o número Obra 2
cerâmico com cunha assentamento
de passos e etapas
Possibilita melhor preparação dos
Orçamento e Planejamento da Aumentar transparência ; Focar
22 serviços e buscas de soluções mais Todos os serviços Obra 3 ; Obra 4
obra controle no processo global
eficientes
Reduzir atividades que não
23 Compatibilização de projetos Previne falhas e atrasos executivos Todos os serviços agregam valor ; aumentar Obra 3
transparência
Gerenciam
Relatório de execução semanal e Controla a produção, monitora atrasos e a Melhoria contínua ; Focar controle
ento da 24 Todos os serviços Obra 3 ; Obra 4
de qualidade qualidade dos serviços no processo global
construçã
Alinha o pedido de materiais com o
o Gerenciamento do pedido de Obra 1 ; Obra 3 ;
25 cronograma de serviços, evita falta de Todos os serviços Focar controle no processo global
materiais Obra 4
materiais no canteiro
Acompanhamento executivo em
tempo integral de responsável Garante a correta execução, custos e
26 Todos os serviços Focar controle no processo global Obra 3
técnico (engenheiro, arquiteto, qualidade da obra.
técnico)
Reduzir atividades que não Obra 1; Obra 3 ;
Segurança 27 Uso de EPI Proteção individual dos trabalhadores Todos os serviços
agregam valor Obra 4
do
Projeto de canteiro com
trabalho e
instalações mínimas (banheiro, Diminui movimentações desnecessárias, Reduzir atividades que não
canteiro de 28 Todos os serviços Obra 3 ; Obra 4
vestiário, refeitório, almoxarifado, proporciona condições de trabalho agregam valor
obras
armazenamento)

Fonte: Os autores

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Outra análise importante é quanto aos serviços impactados pelas boas práticas. Foram
identificados nove serviços que podem ser impactados diretamente, além de outros que
podem ser impactados indiretamente, como os acabamentos ou, até mesmo, todos os
serviços. A figura 3 detalha a porcentagem de boas práticas que podem impactar cada
serviço.

Figura 3 – Porcentagem de boas práticas relacionadas aos serviços

Fonte: Os autores

O serviço que mais teve boas práticas associadas foi o de estrutura (19%) seguido de
elevação (18%) e reboco (14%). Por estes dois primeiros serem considerados de extrema
importância no processo construtivo, apresentar estas quantidades de boas práticas é um
resultado positivo.
As boas práticas dos grupos 3 (gerenciamento da construção) e 4 (segurança e canteiro
de obras) impactaram todos os serviços, equivalendo a 16%. Isto se dá pelas influências
do gerenciamento, da segurança do trabalho e do canteiro de obras que estão relacionados
com todo o processo de construção.
O Quadro 2 traz a quantidade de boas práticas para cada princípio enxuto, percebe-se que
nem todas os onze tiveram alguma boa prática associada.

Quadro 2 – Quantidade de boas práticas relacionadas aos princípios enxutos


Princípio enxuto Quantidade de boas práticas
Reduzir o tempo de ciclo 10
Aumentar valor do produto 10
Reduzir a variabilidade 9
Simplificar passos, peças e ligações 8
Reduzir atividades que não agregam valor 7
Focar controle no processo global 4
Aumentar a transparência 2
Melhoria contínua dos processos 1
Aumentar a flexibilidade de saída 0
Melhorar processos de fluxo e conversão 0
Benchmarking 0
Fonte: Os autores

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Os princípios da redução do tempo de ciclo e aumento do valor do produto apresentaram,


ambos, dez boas práticas associadas. Em seguida, os princípios de redução da
variabilidade e simplificação de passos, peças e ligações tiveram, respectivamente, nove
e oito boas práticas. Tais princípios são fundamentais para a construção enxuta e, de fato,
auxiliam na eficiência do fluxo da produção.
Dentre os princípios que não apresentaram nenhuma boa prática associada estão o de
aumento da flexibilidade de saída, melhoria dos processos de fluxo e conversão e
benchmarking. Estes também são princípios importantes que, se aplicados, trariam
benefícios para estas pequenas construções.

5 CONCLUSÕES
A identificação das boas práticas através das observações em campo permitiu pontuar 28
tipos distintos, que representaram 62 aplicações nas obras visitadas. Dentre os grupos de
boas práticas, o 1 (tecnologia dos materiais) apresentou mais aplicações, sendo apontada
uma possível deficiência relacionada ao grupo 4 (segurança do trabalho e canteiro de
obras) que apresentou somente duas atividades. É válido constatar também que as técnicas
de gerenciamento utilizadas podem ser melhoradas e ampliadas no contexto das pequenas
obras.
As boas práticas levantadas impactaram nove serviços de forma direta, e em alguns casos,
todos os serviços de forma indireta. Foi observado que dois serviços importantes
(estrutura e elevações) foram os que mais apresentaram boas práticas.
Dos onze princípios enxutos, somente oito apresentaram boas práticas associadas, sendo
a redução do tempo de ciclo, aumento do valor do produto e redução da variabilidade
aqueles em que mais se observaram ligações.
Durante o processo de revisão bibliográfica da pesquisa, não foram encontradas
referências sobre a aplicação de conceitos enxutos em pequenas obras, sugerindo que há
uma lacuna de conhecimento na literatura. As pesquisas de construção geralmente
apresentam como objetos de estudos as obras de médio e grande porte, possivelmente por
estas terem mais interesses do mercado e por representarem a maior fatia dos
investimentos do setor.
Apesar das pequenas obras estarem às margens dos estudos acadêmicos para melhorias,
o presente trabalho pôde constatar que muitas boas práticas estão sendo empregadas para
potencializar positivamente esta realidade. Salienta-se também que muitas das medidas
foram tomadas como boas práticas considerando o contexto das pequenas obras que
foram observadas. A identificação e análise destas boas práticas podem contribuir para a
aplicação futura das mesmas em outras pequenas obras.

REFERÊNCIAS
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equipes e demandar o ritmo de produção das atividades. Revista Téchne. Edição 241 -
Abril/2017.
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