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DO MARXISMO
EDITORA PAZ
1
EDITORA PAZ
2
A Deus
e à humanidade
3
SUMÁRIO
Prefácio
Nota Sobre a Natureza Humana 17
Introdução 27
4
Os Socialistas Franceses 88
Os Economistas Ingleses 89
Os Filósofos Ingleses e Franceses 90
PARTE II : A MÍSTICA DO
PENSAMENTO MARXISTA 121
5
A Consciência da Fé e a
Consciência de Classe 142
A Essência-Divina Humana
e a Essência-Trabalho Humana 144
O Valor-Divino do Homem
e o Valor-Trabalho do Homem 144
Moral e Ética Cristã x Moral
e Ética Marxista 145
A História da Salvação e a
História das Lutas de Classe 146
A Salvação Cristã e a
“Salvação” Marxista 148
Arrependimento e Rebelião 148
A Igreja Cristã e o Partido Comunista / 149
O Clero Cristão e os Membros do Partido / 150
O amor como Força, o Perdão como
Meio e a Harmonia por Fim. O Ódio
Como Força, o Ressentimento como
Meio e o Conflito por Fim 151
Os Santos Cristo e os Guerrilheiros
Marxistas 152
O Messias e Karl Marx 153
O Novo Éden, o Reino do Céu
e a Sociedade Comunista / 155
6
Os Frutos do Cristianismo 177
Os Frutos do Marxismo 180
Os Neo-bárbaros 183
7
Espionagem 248
Terrorismo 251
Psicopolítica 253
CONCLUSÃO 318
BIBLIOGRAFIA
8
PREFÁCIO
9
o marxismo ; vislumbrando, por fim, o real estabelecimento de uma
extraordinária cosmovisão teo-científica : o Deusismo.
Seria o marxismo uma religião? Uma filosofia mística da história?
Uma nova utopia? Outra forma arquetípica de misticismo, criada por Karl
Marx? Um místico filosófico? Acreditamos que as duas últimas proposições
talvez sejam as que melhor se prestem para analisar a doutrina marxista. O
misticismo filosófico é uma doutrina que, constatando a impotência da
razão humana para resolver os problemas metafísicos essenciais, vai em
busca de recursos suplementares, que possibilitam um conhecimento
intuitivo especial. Os orientais, como por exemplo os budistas, pensam que
esta é a fonte mediante a qual o homem se liberta do mundo sensível. Tudo
se propõe a atingir uma espécie de fusão com o mundo divino, durante o
estado de êxtase. O êxtase é considerado um estado paroxístico pessoal, em
que o sujeito, rompendo toda comunicação com o ambiente, se encontra
transportado para um mundo psicológico impenetrável a qualquer outro
indivíduo. Não se transfere e nem se tem palavras para comunicar a outrema
experiência e vivência obtidas no estado de êxtase. A propósito da “palavra
comunicada”, algo semelhante foi defendido por Walter Bejamim, ao tratar
da origem da Língua, em que esta assumiria a figura da língua adâmica.
Nesse estágio, Deus e o homem possuíram uma mesma linguagem, que no
entanto foi perdida com a queda. À essa perda de “imediatidade do verbo”
Bejamim dá o nome de “sobredenominaçao” (Uberdenennung) ― espécie
de veiculação do conhecimento que jamais se completa. Assim, todas as
línguas, humanas e não-humanas , buscam a reintegração com o Verbo. Em
tal contexto, não se faria arbitrária a suposição de que, em sua tentativa de
reaproximação com Deus, fonte dos Lagos, o homem cometa muitos e
fragmentários desvios. É nesse momento que a língua torna-se signo de uma
má interpretação, o que por si mesma engendra a mentira. O marxismo é
resultado direto de uma mentira, proposta em um altar alegórico, para o
sagrado a retalhamento e êxtase da alma de seus fiéis.
Portanto, o marxismo é uma doutrina mística e dogmática. Na prática,
apresenta certas características dos dogmas religiosos, principalmente
quando se propõe a salvar a humanidade e estabelecer o paraíso na Terra.
Diferencia-se em essência das religiões, por negar a existência e a
interferência de qualquer “poder divino” na vida pessoal do homem, e na
sociedade por ele construída. Na atuação prática, o comportamento do
verdadeiro cristão é também antípoda do comportamento marxista. O crente
cristão prega e prática os princípios que se encontram nos Evangelhos ―
espacialmente no Sermão da Montanha - , com ênfase às mensagens de
amor: amor a Deus, à humanidade, á família e ao próximo. O crente
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marxista militante prega a luta de classe, a marginalização e a eliminação
sumária daqueles que opõem à implantação do regime comunista
materialista e ateu em substituição ao regime social liberal cristão. Ele
abomina todas as religiões, por considera-las “o ópio do povo”, usado pela
burguesia para dominar e explorar a classe dos trabalhadores. Para atingir
seus objetivos, o marxismo procura levar o proletariado ― principalmente
do Terceiro Mundo ― à miséria total (quanto pior melhor), porque somente
assim tal miséria coincide com o lado oposto e extremo da contradição
capitalista, levando-o à sua destruição final.
Karl Marx e Friedrich Nietzsche, na segunda metade do século XIX,
declaravam a “morte de Deus”; Feodor Dostoievski, na fábula do Grande
Inquisidor, inserida na lenda dos Irmãos Kramazov, escrevia: “se Deus não
existe, então tudo é permitido.” Esse pensamento é o adotado pelos
marxistas ateus, e aplicado na organização de todas as formas de relações
humanas; daí levando o homem ao niilismo. Com base nesse enfoque, os
marxistas têm por meta destruir a estrutura em que se assente a sociedade
ocidental, e instar o regime comunista, idealizado e proposto por Marx: O
homem cuia personalidade foi envolvida pelo “Arquétipo do Velho Sábio”,
o dono absoluto da verdade; o homem que destronou todos os deuses de
todas as religiões, e se auto-coroou o “único deus”, capaz de misticamente
reger os destinos da humanidade. Suas ideias foram adotadas por uma legião
de seguidores de todas as nacionalidades, raças e povos do mundo. Cada um
deles tem incorporado o “arquétipo do herói” *, o salvador da pátria,
disposto a dar a própria vida para implantar, em todas as nações do mundo,
ideal do convívio social para o homem, elaborando e proposto pelo “grande
messias”; o homem que se “fez” deus, ao mesmo tempo que liquidava todos
os deuses: Karl Marx.
Caberá ao leitor desta obra tirar suas conclusões. Terá oportunidade de
constatar o seu real valor, pela honestidade e precisão das informações sobre
a natureza mística da doutrina marxista, e seu emprego na vida pessoal e
social do homem. Informações pouco conhecidas sobre a personalidade de
Karl Marx, e sua vida familiar são admiravelmente relatadas, assim como a
extraordinária influência que o marxismo, em confronto com o
Cristianismo, vem exercendo, a partir de meados do século passado, sobre a
humanidade. Essa influência continua a atuar profundamente neste final de
século.
*
Prevalecendo fundamentalmente o “arquétipo da sombra” (arquétipo da negatividade).
11
O autor deste trabalho, professor Villaverde, demonstra que o marxismo,
arquetipicamente, tomou a forma de uma pseudo-religião, um pseudo-
cristianismo, que se propôs, conscientemente
*
Dr. CESÁRIO MOREY HOSSRI, 65, é membro da comissão examinadora para mestrado
e doutorado da Escola Pós-Graduada de Ciências Sociais da Fundação Escola de
Sociologia e Política de São Paulo – instituição complementar da USP; pioneiro no
estudo, pesquisa e desenvolvimento do Tratamento Autógeno no Brasil; como escritor,
publicou tratados e obras originais de caráter internacional na área de Psicologia (Editora
“Mestre Jou”); especialista em psicologia da educação, psicólogo clínico e sociólogo.
Leciona atualmente na PUCCAMP.
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NOTA SOBRE A
NATUREZA HUMANA
*
O Deusismo é uma cosmovisão fundamentada nos princípios ético-morais comuns às
grandes religiões do mundo, na filosofia idealista-teísta e na ciência do Século XX.
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Em toda a história e em todos os lugares, os homens apresentam certas
características comuns, independentemente de fatores externos como cor,
raça ou classe, quais sejam: o ser humano busca a verdade, a beleza e a
bondade em qualquer parte em qualquer tempo, busca lei, ordem e
princípios; busca valores eternos, imutáveis e absolutos; busca a vida eterna,
a eterna juventude, a plena verdade, a plena experiência. Em todo tempo e
lugar, o homem tem buscado a perfeição das suas obras. Por outro lado ― e
é nisso que está o grande paradoxo do comportamento humano ― o homem
tem realizado obras absolutamente opostas ao seu desejo. Assim, ele foge da
morte indo ao seu encontro (vícios, drogas, etc); foge da guerra, guerreando
e aperfeiçoando a guerra (nuclear, química, bacteriológica, etc); foge da
impureza, praticando-a (a promiscuidade). Por que isso acontece?
Encontramos na Bíblia uma primeira explicação.
Certa vez o apóstolo Paulo disse:
“Deleito-me na lei de Deus no intimo de meu ser, sinto porém, nos
meus membros outra lei do meu espírito e me prende debaixo da lei do
pecado. O bem que quero, esse não faço, mas o mal que detesto, esse faço.
Ora, se faço o que não quero, não sou eu mesmo que o faço, mas alguma
“coisa” que está em mim! Assim, eu, pelo meu espírito, estou sujeito à Lei
de Deus, mas pelo meu corpo sou escravo da lei do pecado. Miserável
homem que sou, quem me livrará deste estado de morte.”
14
resultados. Tão logo encontra uma solução para um problema, surge-lhe
outro, e outros maiores que o anterior. Tem sido assim há seis mil anos.
Curiosa e estranhamente apesar de ser assim, os homens têm lutado
com desespero para mudar essa situação. Não há paz dentro dos homens;
não há paz na sociedade. Entretanto, há na humanidade a esperança do
triunfo derradeiro. O homem acredita que vencerá a “força” ou seja lá o que
for que o oprime e o escraviza. A luta que se trava no interior da sua mente e
se projeta exteriormente nas suas obras (e é quando ele a pode ver), não o
agrada; está nele, mas não nasceu com ele. Por isso ele se debate par livrar-
se dela.
Tanto as teorias políticas que tratando da origem política do Estado,
quando as religiões, afirmam que o homem já viveu em paz, livre do
conflito interior que o atormenta. Nas teorias políticas sustentava-se que o
homem vivia na natureza, guiado pela simples lei natural, livre de quaisquer
conflitos e dores. Quando, subitamente (sem maiores explicações),
desenvolveu-se no interior do homem a tendência para a injustiça e a
agressão. Ai se teria iniciado a história da divisão , das classes, das lutas e
da miséria humana. Por outro lado, a civilização judaico-cristã apresentou à
humanidade uma outra teoria.
As narrativas bíblicas contam que há seis mil anos, quando o homem e
a mulher (o casal primário ― produto final da evolução humana) haviam
sido criados e caminhavam para a maturidade, ao fim da qual seriam unidos
por Deus e constituiriam a primeira família, dando início à história humana,
ser espiritual chamado Lúcifer interferiu no processo, separando-os do seu
criador, induzindo-os a copularem extemporaneamente, para então submetê-
lo ao seu domínio, educando-os a seu modo.
De que forma teria Lúcifer interferido no desenvolvimento do casal
primário? O Deusismo concorda com os escritos anteriores ao Novo
Testamento, que defenderiam que a Queda humana teria sido um ato sexual
extemporâneo. Mas acrescenta que a Queda Humana não teria ocorrido em
apenas uma etapa o homem e mulher imaturos. Mas, principalmente, deu-se
a queda antinatural entre um ser angélico e a mulher e, posteriormente a
queda imatura entre a mulher e o homem.(Gn. 8-13).
Se verdadeira essa teoria, deverá existir ainda hoje provas concretas da
sua autenticidade, vestígios reais desses tipos de relacionamento antinaturais
e imaturos, bem como fatos observáveis quanto ao conflito interior, oriundo
da Queda, no homem e na sociedade.
Nessa teoria, a mulher teria se relacionado com dois seres de espécies
distintas: um anjo e um homem. A genética contemporânea nos comprovou
que, cruzando-se duas espécies de vegetais ou animais distintos pode-se
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perfeitamente obter uma espécie híbrida, que apresenta as características das
espécies anteriores que lhe deram origem. Exemplos desse fato são a
nectarina (cruzamento do pêssego com ameixa); o tritigal (cruzamento do
trigo com centeio); o muar (cruzamento do jumento com a égua). Com
relação ao homem, o mulato (produto do branco com o negro) é também um
elemento híbrido dentro da espécie humana. O filho é produto da fusão pai-
mãe, sendo, em si mesmo, substancialmente constituído dessa natureza dual
(os gens masculinos fundem-se com os gens femininos, originando uma
terceira qualidade de gens híbridos).
Admitindo-se a dualidade espírito-matéria dos seres humanos, não
haveria implicações hereditárias *, também espirituais no cruzamento do
homem e a mulher? Logicamente, sim. O filho é produto integral dos pais,
tanto espirituais quanto materialmente. Ocorre, porém, que a Queda
Humana não foi apenas humana. Um terceiro personagem teve íntima
participação nela ― um anjo (ser espiritual antropomorfo). A bíblia afirma
que a mulher “provou do fruto do arcanjo Lúcifer” primeiro, e deu do fruto
ao homem depois. Se há implicações hereditárias também espirituais, seria
lógico admitir que os descendentes humanos, desse “ato-a-três”,
apresentassem os vestígios dessa herança “genética” espiritual e desse
comportamento social antinatural.
Tem sido evidente que a essência dos problemas humanos está
diretamente relacionada com a questão da sexualidade. Um estado
sociológico nesse campo pode nos fornecer dados extraordinários para a
argumentação. As teorias de Freud vêm corroborar essa tese.
Para Feud, a raiz dos problemas sociais estavam na sexualidade e no
conflito intrapsíquico existente no homem. Trata-se, pois, de um conflito
real, travando no plano no psicológico da raça humana. De outro lado , ao
observarmos o comportamento sexual do homem, podemos perceber
claramente os vestígios chocantes dos relacionamentos antinaturais e
imaturos ocorridos no ato da Queda. Vemos relacionamento entre homem-
homem, mulher-mulher, homem-animal, adulto-criança, etc. mais
modernamente, tornou-se claro o relacionamento entre sexo-violência, sexo
terror e sexo-horror. Quanto aos relacionamentos imaturos, bastaria citar o
*
O hinduísmo afirma que o espírito humano é constituído de energia espiritual. Isso nos
possibilita falar em genética espiritual, e considerarmos a fusão espiritual, não apenas
como complementariedade, mas sim, como fusão real, haja vista que se dá entre corpos
constituídos de uma mesma substância amorfa e transmutável.
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casamento indiano aos trezes anos, os casamentos interioranos aos onze ou
doze anos, o fenômeno da pederastia, a prostituição infantil, etc.
O Existencialismo é uma escola filosófica caracterizada por uma
preocupação central com a angústia e o desespero humanos. Os
existencialistas entregaram-se à busca da compreensão da natureza humana
e dos problemas humanos, bem como à busca de soluções. Entretanto, todas
as suas explicações e soluções foram parciais, porque o existencialismos não
considerou o fato da Queda Humana. Conseqüentemente, amais
compreenderam a causa real da miséria humana.
De modo semelhante, a psicologia e a psicanálise vem se debatendo na
mesma busca há décadas. Lamentavelmente, enquanto por um lado
anunciam progressos, por outro, ansiedade e angústia crescem de modo
inexorável.
É real o fato do conflito intrapsíquico humano. Há n a natureza
humana uma batalha entre duas vontades opostas (herdadas respectivamente
de Lúcifer e Adão).
Uma, revela-se nociva ao homem e atenta constantemente contra a sua
própria existência. A outra é benéfica, a luta para az sua sobrevivência.
Enquanto uma vontade o induz a destruir a natureza, a outra o induza
defendê-la. E surge a exploração devastadora e a ecologia, a paz e guerra, o
egoísmo e o altruísmo. Poderíamos nos reportar aos primórdios da história
humana (uma história que teve início de uma forma pervertida) e
encontraremos os primeiros frutos da Queda, representados,
figurativamente, por Caim e Abel. Neles veremos os inícios do choque entre
as duas naturezas humanas opostas. Veremos no Abel o lado manso e
bondoso; e no Caim, o lado agressivo e perverso. Séculos adiante, ainda na
mesma região (Mesopotâmia), veremos as raças descendentes de ambos,
representadas pelos caldeus pacíficos, e pelos assírios agressivos.
Desceremos ao longo de todo o rio da história e observaremos a extensão do
mesmo conflito. Chegaremos a Grécia com o mito dos irmãos Etéocles e
Polinise, com as cidades de Atenas e Esparta. Em Roma encontraremos o
mito dos irmãos Rômulo e Remo, e as cidades de Roma e Cartago.
Encontraremos os filósofos idealistas e os materialistas, os lógicos e os
crentes e os ateus ... Enfim, chegaremos dentro da nossa própria casa e
encontraremos em nossa família Caim e Abel lutando sem perceberem,
esgotados e à beira da mutua destruição.
Olhamos para o mundo atual e nos deparamos com Caim e Abel
representados por dois blocos do mundo ― o bloco soviético e o bloco
norte-americano ― lutando a um passo da destruição recíproca.
Completamente cegos para os verdadeiros sentidos da existência, cansados
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fracassados, ameaçados, desmoralização, cheios de orgulho e ainda
esbravejando um contra o outro; um culpando o outro pela miséria dos dois
... Suas vozes soam fortes, mas os seus olhos se desviam da realidade de
seus mundos. Algo está errado. Tanto esforço, tantas guerras, tantas mortes
... Para nada! Enganaram-se reciprocamente, ou foram ambos enganados por
um terceiro elemento oculto? Onde estão os louros das vitórias
conquistadas? O lado Caim e Abel falaram de paz por milênios. Pela paz
guerrearam e sofreram. Ao termino da longa jornada, apenas uma tensão:
vêem apontados sobre as suas cabeças armas terríveis, que poderão destruir
tudo pelo que lutaram por toada a História.
Afinal, o que estou querendo dizer? Quero dizer simplesmente que não
elaboro este trabalho pretendendo agredir os comunistas ou os democratas
quero dizer que, ao longo da história, os homens se amaram e se mataram,
enganaram e foram enganados, prostituíram e foram prostituídos, roubaram
e foram roubados. Os fenômenos do nosso século não são novos. Os
mesmos vícios e maus costumes, o mesmo comportamento agressivo e
imoral; os mesmo anseios interiores do passado estão presentes, o assassino,
o mentiroso, o ladrão e o homossexual datam, dos primórdios da história do
homem, porque esses traços de seu comportamento são reflexos visíveis de
sua natureza pervertida pela Queda.
Os comunistas e os democratas sempre existiram, mas com outros
nomes. O que presenciamos hoje na Terra nada mais representa do que o
estágio mais avançado de uma luta que teve início há seis mil anos atrás.
Não entre os homens ― são os instrumentos e o prêmio da luta ― mas entre
duas forças ainda incompreensíveis para ao homem atual.
Uma força que se utiliza da paz de verdade e do amor, como arma
contra uma outra que se utiliza da guerra, da mentira e do ódio.
Arnold Toynbee, o grande historiador do século XX em sua
extraordinária obra Um Estudo da História ( A Study of History), que
engloba o estudo das 23 civilizações existentes nesses 6.000 anos da
história, com doze volumes escritos em quase 30 anos, viu a religião como a
mais poderosa força da história humana. Estará ele enganado?
Ambas, a mansidão e agressão são traços históricos da natureza
humana. Mas ambos não são originais, pois um deles produz apenas
devastação e dor, enquanto a natureza humana original busca apenas
construção e prazer.
O escritor José Alberto Gueiros, no seu interessante estudo intitulando
O Diabo Sem Preconceito, expôs um curioso trecho:
“Modernamente, os adeptos da teoria do Inconsciente Coletivo
entraram numa revolucionária interpretação das teses de Carl Jung.
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Segundo Beatrice Mahler, da Universidade de Colúmbia, o cérebro humano
está preparando para receber do exterior não apenas os impulsos
sensoriais conhecidos (cheiro, cores, sons, formas, etc), mas também certos
estados especiais, como o transe hipnótico, impulsos gestálticos que
propiciam a existência de uma consciência marginal. Nestes casos o
cérebro humano será governado de fora , o córtex receberia ordens de fora
e assim, o paciente estaria agindo por “controle remoto”, manobrando por
uma entidade exterior que poderia modificar os elementos fundamentais da
sua razão e induzi-lo a praticar atos involuntários estranhos, falar línguas
estrangeiras, apresentar força sobre-humana, etc. Essa entidade exterior
que atua sobre um cérebro (mente) ou vários cérebros de uma comunidade,
em momentos especiais, à maneira de um inconsciente coletivo, poderia ser
chamada Satanás. O fenômeno das “epidemias” sociais do tipo Hitler e o
nazismo, Khomeíne e os muçulmanos do Irã; os iluministas e os
revolucionários franceses; quando um líder leva um povo inteiro a praticar
atrocidades, cegamente, estaria dentro desta tese de Beatrice Mahler.”
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luta contraditória e paradoxal, existente na mente do homem. O conflito
intrapsíquico é um fato científico. O comportamento paradoxal, antinatural
(que atenta contra a existência da própria raça humana) é real e cada homem
pode constatá-lo fora ou dentro de si mesmo. Aí está a sociedade humana
estruturada pelas mãos do homem; porém, numa forma que ele próprio
abomina.
Enfim, o fenômeno está aí no corpo da história e no corpo do homem.
Onde e quando pois, ele teve origem? Como dissemos nas primeiras linhas
desse texto, as teorias políticas apresentam o fenômeno ― o comportamento
paradoxal do homem ―, mas nada dizem sobre a sua causa ou o seu tempo
de origem.
Por outro lado, as teorias da Cosmovisão Deusista fornecem
explicações coerentes e constatáveis na antropologia, na história, na
sociologia e na psicanálise que, se não cabais, pelo menos sugestivas à
lógica e ao intelecto. Razão por que as utilizo aqui.
O comportamento comunista atual são os traços visíveis do conflito
que se tem travado na mente humana há seis mil anos. O mundo dividido e
conflitado é uma conseqüência da Queda Humana, mas indesejável pelo
homem, pois conduz à auto-destruição.
Quem, então, seriam nossos inimigos? Seriam os seres humanos os
inimigos uns dos outros, ou estamos no mesmo barco, naufragando juntos,
sob a força arrasadora de um impiedoso inimigo?
Este trabalho sobre a natureza mística do Marxismo visa derramar
alguma luz sobre essa questão fundamental, acender o questionamento e a
pesquisa. Talvez o homem não seja o seu próprio inimigo. Se assim for,
deveríamos nos abraçar, somar nossas forças, nos aproximar (uma corda de
mil fios é, praticamente, indestrutível à mão livre). Comunistas e
democratas, Caim e Abel, em união de mente e coração, guerreando lado a
lado contra o inimigo comum.
Quando Caim e Abel ― comunistas e democratas ― de mãos dadas,
reescreverem a história de Esaú e Jacó em pleno século XX, sem dúvida
essas serão as verdadeiras sementes da prosperidade e da paz mundial.
20
INTRODUÇÃO
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ideal supremo era a derruibada da monarquia e o estabelecimento da
república democrática. Todavia, como era um ateu mentiroso, extinguiu a
democracia e se autocoroou imperador já em 1804. Napoleão costumava se
comparar ao imperador Carlos Magno, odiava os negros (matou cerca de
100 mil negros no Haiti) e decapitava os prisioneiros. Mesmo assim ainda
hoje é aplaudido como herói francês e tem mais de 100 biografias (Cf. Os
Crimes de Napoleão. Claude Ribbe. Record, 2008). Comentando os crimes
de Napoleão Ribbe escreveu:
“150 anos antes do holocausto nazista Napoleão Bonaparte utilizou
câmaras de gás embrionárias para exterminar a população civil das
Antilhas, criou campos de concentração na Córsega e em Alba, e
restabeleceu o tráfico de escravos e a tortura, provocando a morte de
100.000 (cem mil) africanos nas colônias francesas, atrocidades copiadas
por Adolph Hitler.”
Napoleão inspirou Hitler e o nazismo. Hitler e o nazismo provocaram a
II Guerra Mundial, que massacrou cerca de 50 milhões de sers humanos. As
relações entre o ocultismo e o nazismo já est bem documentadas e são
conhecidas (Cf. Reich Oculto. J.H. Brennam, Madras, 2007; Os Segredos
do Nazismo. Sérgio Pereira Couto. Universo dos Livros, 2008. A Lança
Sagrada de Hitler. Universo dos Livros, 2008). E mais uma vez o ateísmo
ocultista esteve de braços dados com a crueldade desumana e o genocídio.
E a história do democidio prosseguiu. com os revolucionários
comunistas, filhos dos revolucionários franceses.
Claude Henri de Saint-Simon (1760-1825), um dos filósofos prediletos
de Marx, defendeu a necessidade de uma nova ideologia que suplantasse os
ensinamentos escolásticos cristãos de sua época. Este novo sistema de
pensamento deveria ser científico, abrangente e completamente baseado na
razão e na objetividade. Sobre esse novo sistema ideológico levantar-se-ia
uma Nova Religião da Humanidade que mudaria a mentalidade humana,
adaptando-a aos seus novos objetivos. Saint-Simon diza que somente essa
Nova Religião poderia criar a sociedade do futuro governada por homens de
intelecto superior. Auguste Comte criou a nova “religião” desejada pelos
pensadores ateístas, concreizando-a na “igreja” positivista. Por fim veeio
Lênin e estabeleceu a a nova “religião” e a nova “igreja” ateístas. Os
resultados de 70 anos de prática da nova “religião” estão registrados na obra
O Livro Negro do Comunismo. Repressão, crimes e terror (Stéphane
Curtois, Nicolas Werth, Jean-Louis Panné, Andrzej Paczikowisk, Karel
Bartoseek e Jean-Louis Margolin. Editora Bertrand Russel, 2005. 917
páginas). Os autores resumiram as 917 páginas do livro nos seguintes
termos:
22
“Outubro de 1917: o golpe de estado bolchevique significou bem mais
do que a queda do czarismo e a subida ao poder de um grupo de políticos
idealistas. A revolução liderada por Lenin tornou-se o ícone que
representaria o começo de uma nova era para a humanidade, anunciando
uma sociedade mais justa e um homem mais consciente de sua relação com
seu semelhante. Novembro de 1989: a queda do Muro de Berlim e a
consequente abertura dos arquivos dos países comunistas apareceram para
o mundo como a derrocada final do sonho comunista. O Livro Negro do
Comunismo traz a público o salto estarrecedor de mais de sete décadas de
história de regimes comunistas: massacres em larga escala, deportações de
populações inteiras para regiões sem a mínima condição de sobrevivência,
expurgos assassinos liquidando qualquer esboço de oposição, fome e
miséria provocadas que dizimaram indistintamente milhões de pessoas,
enfim, a aniquilação de homens, mulheres, crianças, soldados, camponeses,
religiosos, presos políticos e todos aqueles que, pelas mais diversas razões,
se encontraram no caminho de implantação do que, paradoxalmente,
nascera como promessa de redenção e esperança. Os autores,
historiadores que permanecem ou estiveram ligados à esquerda, não
hesitam em usar a palavra genocídio, pois foram cerca de 100 milhões de
mortos! Esse número assustador ultrapassa amplamente, por exemplo, o
numero de vítimas do nazismo e até mesmo o das duas guerras mundiais
somadas. Genocídio, holocausto, portanto, confirmado pelos vários relatos
de sobreviventes e, principalmente, pelas revelações dos arquivos
comunistas hoje acessíveis.
O terror — o terror vermelho — foi o principal instrumento utilizado
pelos comunistas tanto para a tomada do poder quanto para a sua
manutenção, e também por grupos de oposição e o terrorismo de Estado,
com frequência praticados contra o seu próprio povo, são as grandes
características d comunismo no século XX. Obstinados, pragmáticos e
carismáticos, os lideres comunistas que guiaram o mundo a seu destino
inelutável, têm revelada a sua face sombria: Lenin, Stalin, Mao Tse Tung,
Pol Pot, Ho Chi Minh, Fidel Castro e muitos outros tornam-se os
responsáveis diretos pelas atrocidades cometidas em nome do ideal
comunista. Sob seus olhares, os “obstáculos” — qualquer homem, cidade
ou povo — foram sendo exterminados com violência e brutalidade. O Livro
Negro Comunista não quer justificar nem encontrar causas para tais
atrocidades. Tampouco pretende ser mais um capítulo na polêmica entre
esquerda e direita, discutindo fundamentos ou teorias marxistas. Trata-se,
sobretudo, de dar nome e voz às vítimas e a seus algozes. Muitas vitimas
ocultas por demasiado tempo sob a máquina de propaganda dos Partidos
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Comunistas espalhados pelo mundo. Algozes, muitas vezes, festejados e
recebidos com toda a pompa pelas democracias ocidentais. Todos que de
algum modo tornaram parte da aventura comunista neste século estão,
doravante, obrigados a rever as suas certezas e as suas convicções.
Encontra-se, assim, uma das principais virtudes deste livro: à luz dos fatos
aqui revelados, o terror vermelho deve estar presente na consciência dos
que ainda creem em algum futuro para o comunismo. Como um ideal de
emancipação e de fraternidade universal pode ter-se transformado, na
manhã seguinte ao Outubro de 1917, numa doutrina de onipotência do
Estado, praticando a aniquilação sistemática de grupos sociais ou
nacionais inteiros, recorrendo às deportações em massa e, com demasiada
frequência, aos massacres gigantescos? O véu da negação pode enfim ser
completamente destruído. A rejeição do comunismo pela maioria dos povos
em questão, a abertura de inúmeros arquivos que ainda ontem eram
secretos, a multiplicação de testemunhos e contatos trazem o foco para o
que amanhã será uma evidência: os países comunistas tiveram maior êxito
no cultivo de campos de concentração do que nos do trigo; eles produziram
mais cadáveres do que bens de consumo. Uma equipe de historiadores e de
universitários assumiu o empreendimento — em cada um dos continentes e
dos países envolvidos — de fazer o balanço mais completo possível dos
crimes cometidos sob a bandeira do comunismo: os locais, as datas, os
fatos, os carrascos, as vitimas contadas às dezenas de milhões na URSS e
na China, e aos milhões em pequenos países como a Coréia do Norte e o
Camboja.”
O Livro Negro do Comunismo fala de 100 milhões de vítimas do
comunismo. Masainda em 1978 a revista francesa Le Fígaro já falava
estimava o genocídio em 150 milhões de vítimas (Cf. O custo humano do
comunismo. Le Figaro. Edição de 18 de novembro de 1978). Por sua vez,
Rudolph Joseph Rummel, professor de Ciências Políticas da Universidade
do Hawaid, USA, em seu livro Statistics and Democide (Estatística e
Democídio), baseado em um munucioso estudo históricio-estatístico sobre o
democídio na história (o genocídio dos governos tiranos contra seus
próprios povos) escreveu:
“Do século II a.C., até o final do século XIX os governos tiranos
assassinaram cerca de 130 milhões de pessoas. Inspirados pela Revolução
Francesa de 1789 os governos revolucionários esquerdistas já
assassinaram cerca de 232 milhões de seres humanos. E continuam
matando.
Como explicar que por trás das promessas de paz, terra, pão,
trabalgo, justiça e liberade, dos movimentos ateístas existisse tamanha
24
mentira e cruldade? Não se pode explicar tanta maldade sem falar em
ateísmo e satanismo, assim como não se pode explicar a bondade e o amor
sacrifical de Jesus, dos mártires, dos padres e das freiras cristãos sem falar
de fé e Deusismo. O amor dos verdadeiros cristãos certamente veio de Deus,
e o ódio dos ateístas? De onde veio?
Responder a essa pergunta é o objetivo deste livro. O autor observa
que ninguém conhecerá o marxismo se não conhecer o caráter do seu
criador, Karl Marx (ou alguma força perversa por trás dele). A obra de um
autor sempre foi um reflexo de si mesmo, de sua natureza mais íntima.
Afinal, o que é o marxismo? Que tão profundo mistério carrega ele em suas
entranhas capaz de levar milhões de homens, mulheres, jovens e até crianças
a sacrificarem suas vidas, movidos por uma utopia e um ressentimento
aleatórios pelos mais ricos, poderosos e religiosos? Seriam todos os
empresários e todos os religiosos tão culpados a ponto de terem sido
julgados e sentenciados à morte sem nem ao menos saberem, ou será que a
humanidade mais uma vez, encoberta pela névoa da ignorância e da dor, no
afã de alívio, envolveu-se em mais um daqueles acontecimentos bárbaros,
em que tão triste e paradoxalmente tem estado envolvida desde o alvorecer
da sua história? Fiz essas indagações a mim mesmo, muitas vezes sem
resposta alguma. Conheci uma face do marxismo nos tempos em que
cursava a faculdade de economia na Universidade Federal de Pernambuco.
Conheci as leis da Dialética e os ideais do Marxismo; conheci a Teologia da
Libertação e a sua salvação pela violência ... Sim, conheci mas nada
compreendi. Parece-me hoje que aquelas ideias exerciam sobre mim um
estranho fascínio que me levava a buscá-las e a compreendê-las. Mas,
incrivelmente, elas pareciam fugir de mim! Creio que alguma coisa afastou-
me daquelas ideias. Diria mesmo que “alguma coisa” me livrou do
marxismo. Hoje compreendo-o bem. Por esse motivo dispus-me a elaborar
este trabalho.
Ao longo destas páginas, o leitor algumas vezes se surpreenderá.
Outras vezes, poderá até mesmo experimentar sentimento de medo ante a
face real do marxismo. Mais ainda se surpreenderá ao perceber o intricado
jogo de ideias e emoções que se esconde por trás das palavras do marxismo,
e que são a causa última da sua atração e expansão mundial. Duvidará que
Karl Marx tenha podido elaborar sozinho tal sistema de pensamento,
imbuído de nobres intenções e baseado apenas em sua inteligência; que o
marxismo apresenta-se como um jogo de promessas de esperança e
felicidade e, bem mais que um sistema filosófico, assemelha-se a uma
religião. Uma pseudo-religião, com a força de uma religião mais poderosa
que o Cristianismo, razão por que o tem confrontado em todo o mundo.
25
Notamos que a revolta marxista é muito mais contra a ideia da
existência de Deus, do que contra a mística propriamente dita. Haja vista
que o marxismo possui uma índole profundamente mística. O marxismo se
dispôs contra toda fé em deuses e religiões, mas particularmente, o ataque
central é desferido contra o Cristianismo. Saberemos a razão disso neste
livro. Há também um incisivo ataque à filosofia idealista alemã, em virtude,
principalmente, da filosofia de Fitche, Schelling, Kant e Hegel.
Este livro certamente não será uma leitura comum. Creio mesmo que
poderá ser uma obra pioneira em alguns aspectos do conteúdo. Durante sua
leitura, o leitor encontrará diversas menções à pequena obra do Pastor
Richard Wurmbrand Seria Karl Marx um Satanista? *
Li e considerei essa obra importante e esclarecdora, porém, um tanto
misteriosa pela visão evangélica do Pastor Wurmbrand . Convém notar aqui
que as visões teístas atuais mostraram-se historicamente impotentes e
incapazes de conter, contrapropor e derrotar o Marxismo, enquanto modo de
pensar e de viver. Creio e ressalto porém, que o Cristianismo possui em seu
bojo, em latência, as ideias-chaves capazes de verdadeiramente contrapropor
e suplantar o Marxismo.Não do modo como atualmente é interpretado e
estudado (está provado que nas formas atuais, o Cristianismo tem sido
abalado pelo Marxismo. A Teologia da Libertação é o mais gritante
exemplo desse fato). O Padre Polonês Dr. Miguel Poradowski, Doutorado
em Teologia, Sociologia e Direito em Varsóvia e Roma, professor das
Universidades de Valparaíso e Santiago, no Chile, em sua pequena obra: A
Gradual Marxistização da Teologia (edições Fortaleza ― 1975), deixa
claro o fenômeno da fraqueza da Teologia atual. Mostra o padre Miguel
como gradualmente, de forma sutil e sem esforço, os comunistas
conseguiram se infiltrar e substituir nos estudos teológicos dos seminários,
conventos e faculdades, o elemento teológico pelo elemento marxista ateu.
Essa é atualmente uma das mais estranhas e chocantes aberrações do século
XX. A TFP ― Sociedade Brasileira para a Defesa da Tradição, Família e
Propriedade ― fundada pelo professor Plínio Correia de Oliveira em 1960,
com a finalidade de combater o que ele chamou de “progresso esquerdista”,
que começava a surgir nos meios católicos ― numa volumosa e excelente
obra intitulada As Cebs... Das quais muito se fala, pouco se conhece. A TFP
as descreve como são. (Editora Vera Cruz ― 1983), da autoria do Professor
Plínio Correia de Oliveira, Gustavo Antônio e Luiz Sérgio Solimeo, analisa
*
Todas as citações à obra do Pastor Wurmbrand serão indicadas por dois asteriscos (**).
26
e denuncia em detalhes o extraordinário equívoco que alguns setores da
igreja cristã vem levando acabo, no seio das famílias, através das chamadas
“Comunidades Eclesiais de Base ― Cebs”, que através de uma doutrina
marxista vem minando a fé e a ingenuidade pueril da América Latina inteira
e, especialmente do Brasil. Esses comentários servem apenas para
evidenciar a debilidade da visão do Cristianismo atual frente ao marxismo.
Alexandre Soljenítsin afirmou que o “marxismo está condenado a jamais
derrotar o Cristianismo.” Diríamos porém, outra coisa, e de outra forma: “o
ateísmo está condenado a jamais derrotar a fé.” Por quê? Porque a fé é um
impulso espontâneo da natureza espiritual do homem. Mesmo em plena
ignorância, os selvagens cultivam atividades místicas. De igual modo,
mesmo completamente oprimida, perseguida e proibida, a natureza mística
do homem florescerá impreterivelmente. Provando essa assertiva, o
Governo Soviético divulgou, no mês de outubro de 1984, artigo sobre o
crescimento da fé entre a juventude soviética, e propôs a adoção de novas e
mais eficazes medidas no sentido de propagar o ateísmo e combater a
religião. Tal fato ocorreu, note bem, 67 anos após a religião ter sido proibida
na União Soviética. È certo que jamais a fé será derrotada, mas as religiões,
envoltas em tão grossas camadas de dogmas e mistérios, já estão derrotadas.
A menos que o mundo livre encontre uma ideologia teísta, lógica, com base
científica atual e a implante na educação geral, o marxismo não poderá ser
detido. Não poderá? Corrigimos: ele já está sendo detido. Os comunistas
dizem que o mundo ocidental não encontrará, a tempo, uma ideologia
alternativa superior ao marxismo. Por isso, todo o mundo cairá em suas
mãos como um fruto maduro. Lamentamos informar àqueles que por acaso
lerem este livro, que o mundo livre já possui esta ideologia e que, em
definitivo o marxismo está ideologicamente suplantado pelo Deusismo!
Marxistas ou não marxistas, todos os homens são seres espirituais e
possuidores de uma natureza mística original. Por esse motivo, o Deusismo
está rapidamente se expandindo pelo mundo, porque vai ao encontro da
natureza originalmente mística do homem ansioso do século XX, ofertando-
lhe aquilo que constitui o seu desejo fundamental: a alegria integral ― do
corpo e do espírito ― através do amor, da verdade e da paz.
Para finalizar essa breve introdução, gostaria de expressar nossas
sinceras desculpas por algum desagrado, e dizer que nossa intenção não foi
produzir um masterpiece da literatura intelectual, nem esgotar o tema, mas
simplesmente desnudar e apontar o veio real de onde brota a força
intelectual e emocional do marxismo, e trazer à luz a sua natureza mística.
Léo Villaverde
27
São Paulo, 1986
..”. Numa era sem fé, o comunismo emergiu como uma poderosa
anti-fé, a qual torna irrelevante o nosso quadro de referência
habitual. Ele não pode ser derrotado militarmente, nem seus
seguidores podem ser induzidos a abandoná-lo. O comunismo
somente pode ser derrotado por uma maneira: sendo confrontado
com uma ideia melhor....”
David Sutter
Jornalista
28
Aléxis de Tocqueville
Historiador ― 1835
PARTE I
MARX, O HOMEM
E O MÍSTICO
29
Capítulo 1
A V IDA D E K ARL MARX
E A PISICOLOGIA MODERNA
30
jogou o meu chapéu na lama e gritou: “judeu, desça da escada” ― E o que
o senhor fez? perguntou-lhe Freud. “Desci e apanhei meu chapéu.”
Esta foi a resposta.
Por que citei este acontecimento da vida de Freud? Porque ele teve?
Porque ele teve um impacto profundamente significativo na personalidade
de Freud. Para ele, seu pai era um símbolo da covardia e da vergonha. Hoje
sabemos da importância que os acontecimentos da infância têm sobre o
homem na sua vida adulta.
A professora doutora Mariana Augusto, diretora do curso de pós-
graduação da Escola Superior de Medicina de São Paulo, numa palestra por
mim assistida em 1984, enfatizou que:
*
A psicologia infantil atual ratifica esse ponto de vista.
31
Quando ainda adolescente Marx foi um cristão, como podemos observar na
sua primeira obra União dos Fiéis com Cristo:
“Através do amor de Cristo, voltamos nossos corações ao mesmo
tempo para nosso irmãos que intimamente são ligados a nós e pelos quais
Ele deu-se a Si mesmo em sacrifício. A União com Cristo pode da dignidade
interior, conforto na tristeza, tranqüila confiança e um coração susceptível
ao amor humano, a tudo que é nobre e grande, não por causa da ambição e
glória, mas somente por causa de Cristo.”
(Marx e Engls, Obras Escolhidas, 1º vol.
International Publishers. New York, 1979)**.
Vemos dessa forma que Marx nos seus anos de adolescência foi um
cristão. Sua fé e seu amor por Jesus Cristo revelado nesses trechos escritos
por ele, dão-nos prova de seu apreço pelo Cristianismo e seus ensinamentos
altruístas. Podemos notar também nestes textos o fato de que Marx, ainda
jovem e cristão, já revelava uma vocação literária que mais tarde produziria
os três componentes do marxismo, que analisaremos mais adiante dentro do
enfoque que interessa a esta obra.
32
Será que Marx sentia orgulho de sua família? Será que ele recordava
do pai sem pensar na sua atitude volúvel ante a fé, e nas palavras e atitudes
da sua mãe com relação a tudo o que o seu pai era e fazia? Essas amargas
lembranças jamais abandonaram Marx, e ele as expressa claramente quando
refere-se a seus parentes como veremos mais adiante.
Marx conhecia bem o Cristianismo. Ao terminar o ginásio, como está
no “Arquivo para a história do socialismo e do movimento dos
trabalhadores da Alemanha”, algumas anotações no seu certificado ginasial
feitas pela direção da instituição de ensino “Sobre conhecimento religioso:
seu conhecimento da fé e moral cristãs é bastante claro e bem
fundamentado. Até certo ponto, conhece também a história da igreja
cristã.” Cremos já ter demonstrado que Marx antes de se tornar ateu, foi um
cristão.
33
As provas dessas teorias, dizem os cientistas, são alguns hábitos,
tendências e sentimentos considerados normais e espontâneos que nos
acompanham por toda a vida, tais como comer, falar, estudar, higiene,
vestuário, etc. A aprendizagem é um processo básico, pelo qual sos
indivíduos vão adquirindo normalmente formas duradouras de
comportamentos. Assim, geralmente sob condições favoráveis, todos nós
assimilamos hábitos e modos de agir a pensar. Observou-se que há uma
tendência nos adultos de esquecerem completamente fatos que lhe causam
maior sofrimento e desamparo. Não podemos entretanto, ignorar que todo
acontecimento da nossa vida nos despertam sentimentos de gratidão ou
rancor.
Esses sentimentos podem apresentar―se na personalidade adulta sob a
forma de doação e abnegação ou sob a forma de egoísmo, ressentimento e
vingança. Algumas pessoas apresentam-se cheias de revolta com o que lhes
foi ensinado na infância, e que elas serem crianças e temerem os seus
educadores, tiveram que lhes obedecer. Tais fatos geram frustrações e
sentimentos de humilhação diante da sociedade. E as pessoas adquirem uma
postura complexada, vergonhosa e desalentada.
Dizem tais estudiosos que quando os pais se amam verdadeiramente,
transmite às crianças mais benefícios de que qualquer ensinamento formal.
Por outro lado, quando são problemáticos e conflitantes perante os seus
filhos, legam-lhes uma má impressão e uma atitude repulsiva e traumatizada
diante da família.
Durante os primeiros anos da infância, os cuidados e atenções de
carinho e amor para com as crianças são de grande importância. Por outro
lado, um ambiente familiar cheio de maus tratos e choques entre adultos
presenciados pela criança, lhe efeitos emocionais e ela tende a se afastar, se
sentir-se marginalizada de tudo o que não gosta de ver e ouvir. Crescendo
em um ambiente tempestuoso e cheio de discórdia e agressões, a criança
apresentará na vida adulta um comportamento depressivo e ansioso, aliado a
uma atitude de medo, revolta e contestação.
Outra atitude dos pais é dar aos filhos tudo o que acham que eles
necessitam e exigir deles constantemente prestação de contas por tudo o que
recebem, através de vivacidade, alegria, limpeza, saúde, obediência e
rendimento escolar. Essa atitude mantém a criança sob pressão e medo e
pode, no futuro, trazer um resultado completamente oposto ao “planejado”
pelos pais.
Citei todas assas possibilidades e argumentos para demonstrar que o
ambiente familiar de Marx foi em parte responsável por sua atitude diante
de Deus, da religião e da humanidade.
34
Conviria ainda recordar que a influência que sofremos durante os
primeiros anos da nossa existência no seio familiar e, particularmente, a
influência de nossa mãe que nos aleita e tem conosco os primeiros, os mais
íntimos e carinhosos contatos (em última análise, responsáveis pelo nosso
apego inicialmente voltado para ela), fixam-se em nossa memória e marcam
decisivamente a nossa personalidade. Aqui poderiam residir as raízes da
atitude anticristã de Marx, uma vez que sua mãe sempre se opôs ao
Cristianismo. Outrossim, devemos observar que o fato de Marx ter
permanecido no Cristianismo até a sua adolescência (foi convertido ao
Cristianismo em 1824. Após a morte do pai, sua mãe retornou ao judaísmo.
Marx entretanto, como o demonstram os textos que escreveu, permaneceu
cristão), revela um outro traço da sua personalidade onde já podemos
antever os traços da sua autoconfiança, independência e rebeldia. Por outro
lado, a teimosia de Marx em permanecer cristão também poderia significar o
grau de influência que as ideias e os ideais cristãos teriam exercido nele.
Este faro poderia ser corroborado por outro fato muito curioso relacionado
aos líderes marxistas. Trata-se de que, via de regra, os grandes líderes
marxistas, antes de se tornarem antirreligiosos e ateus, foram cristãos. Marx
e Engels, Lênin e Stálin são os maiores exemplos desse fenômeno. Por esse
motivo fomos buscar compreender as raízes de tal fenômeno nas influências
da família na personalidade humana. Eis aí um dos pontos onde o freudismo
tocou e acertou, pelo menos em parte, sem grandes aberrações.
35
Capítulo 2
A ÉPOCA E O AMBIENTE
HISTÓRICO DE MARX
Contrapolítico
36
congresso de Rhein revela-nos o sentimento humanista de Marx (reflexo
original da natureza humana e vestígio do Cristianismo) e, face à sua
fraqueza e impossibilidade de disputa contra o governo prussiano e vencer,
Marx deve ter ficado profundamente revoltado com o Estado; e como este
era composto da classe mais alta da sociedade prussiana, como todos os
homens ricos e poderosos da Prússia. Noutra ocasião em que Marx era o
editor do jornal Rheinische Zeitung, foi pressionado e censurado pelo
governo prussiano e obrigado a renunciar ao jornal. Aqui estava mais uma
das causas do ressentimento de Marx contra o Estado. Posteriormente, Marx
revela esse ressentimento em sua Contribuição à Crítica da Filosofia do
Direito de Hegel ― Introdução, quando declara:
“Guerra à condição germânica! Por todos os meios! Eles estão abaixo
do nível da história, abaixo de qualquer crítica, mas mesmo assim, são
objetos de crítica, como o crime, que está abaixo do nível da humanidade, é
também objeto do carrasco... (o objeto da crítica).Não é para refutar, mas
para exterminar... Seu sentimento essencial é a indignação, sua atividade
essencial, a denúncia.”
Neste trecho da sua obra, Marx revela claramente o incrível ódio que
passou a nutrir pelo governo prussiano, motivado pelo seu caráter
contestatório.
Contraeconômico
37
..”.crianças dos abrigos de menores eram empregadas em quantidade,
alugadas por número determinado de anos aos fabricantes, como
aprendizes. Elas dormiam, eram alimentadas e vestidas em comum. Eram
portanto, os escravos dos seus senhores, por quem eram tratadas com a
maior desconsideração e barbarismo... A grande mortalidade das crianças
da classe trabalhadora, é especialmente entre esses operários de fabricas, é
prova suficiente das condições insalubre nas quais eles passam seus
primeiros anos. Essas influencias ocorrem, portanto, entre as crianças que
sobrevivem, mas não tão poderosamente como entre as que morrem. O
resultado no mais favorável dos casos é uma predisposição para a
enfermidade, ou certo atraso no desenvolvimento, e conseqüentemente,
saúde e constituição física abaixo do normal.”
“Em muitas cidades de grande porte da nova era, a angústia era mais
concentrada, mais visível, mais clamorosa e, conforme afetava maior
número de pessoas descontentes, era mais temida como detonador de
explosões revolucionárias do que na antiga sociedade, onde tal condição
era menos provável de gerar descontentamento político. Na primeira
metade do século XIX cada lapso maior provocava uma onda de protestos
políticos e cada crise política coincidia com um período de crise no
38
mercado...Havia crescente segregação da sociedade urbana nas ruas,
bairros e subúrbios diferentes, de acordo com a renda e status, o que
formava classes isoladas e mutuamente hostis.”
Revolucionarismo
39
vive e o como se deveria viver que, quem muda o que está feito por aquilo
que deveria fazer, se encaminha mai sà ruína do que à prosperidade;
porque o homem que deseja fazer da bondade uma vocação, encontrará sua
ruína muitos que não a praticam. Portanto, é necessário para um príncipe
que deseje manter sua posição, aprender a nãp ser bom...”
40
grande maioria dos homens: a Predestinação. Reafirmada por Lutero e mais
amplamente difundida e utilizada por João Calvino, a Teoria da
Predestinação justificava a miséria e a exploração vigentes. O historiador
Max Weber na sua obra A ética Protestante e o Espírito do Capitalismo
lembra que a Teoria da Predestinação justificativa até mesmo a segregação
racial. Alguns homens nasceram para ser ricos e destinados ao céu (ser rico
é uma benção divina) e outros à pobreza e ao inferno. Deus é Todo
Poderoso e não cai uma folha de uma árvore sem o Seu consentimento.
Essa era a ideia vigente, os menos favorecidos deveriam conformar-se à sua
condição, haja vista que era a Vontade de Deus (dentro dessa mesma visão,
as torturas da Inquisição tinham por justificativa a imposição de castigos
físicos para purgar o pecado de alguns hereges, possibilitando-lhe uma
chance de salvação). Encontramos hoje uma ideia similar à predestinação na
camada Teoria da Reencarnação: uma pessoa é miserável em virtude do
“karma” que herdou do seu passado. Portanto, a miséria de cada um é culpa
dele mesmo. É perfeitamente justa a sua condição. Essa forma de
pensamento nega a injustiça, ignora e inocente as atitudes egoístas e
gananciosas dos homens. Necessita, portanto, de uma revisão urgente. Marx
analisou a posição do Cristianismo face ao problema social e descobriu esse
lamentável erro. Essa constatação o fortaleceu mais nas suas propensões já
anti-religiosas.
Descobriu, paralelamente, que os ideais originais do Cristianismo
estavam sendo defendidos com o risco da própria vida pelos revolucionários
franceses. É obvio que Marx sentiu atração pelas ideias do Iluminismo e
uma forte repulsa pelo Cristianismo. Numa frase, diríamos que o marxismo
nasceu como conseqüência das falhas do Cristianismo e representa tão
somente “uma acusação sistematizada contra os erros do Cristianismo e uma
contraproposta a ele”
41
Capítulo 3
OS AMIGOS DE MARX
Friedrich Engels
42
Santidade de Teu Pai, Conceda que eu possa escolher-te.
Adorável, esplêndido, sem magoas
É a alegria com que elevamos a Ti,
Salvador, nosso louvor.
Após ter lido um livro do teólogo liberal Bruno Bauer, Engels passou a
duvidar da fé cristã. Nesse tempo, escreveu vários trechos que nos dão hoje
uma clara visão do drama que se travou em seu intimo e que o conduziu
gradualmente ao ateísmo. Vejamos alguns trechos:
43
(Citando em Franz Mehring, Karl Marx, G. Allen E Unwin
Ltda. Londres, 1936).**
44
Esses três trechos dos escritos de Engels, antes de conhecer Marx,
revelam um cristão dedicado e um exemplar conhecedor das escrituras. Por
outro lado, apresenta a árdua luta de um homem de fé para manter-se fiel às
crenças e a impossibilidade que encontrou face a “forças estranhas” e às
lógicas do teólogo liberal Bruno Bauer e o que ensinava ele? Vejamos um
trecho de seus escritos para termos uma ideia do papel que ele representou
na vida de Engels.
45
agarrar a tenda do céu e lançá-la sobre a Terra.
Estende os braços no ar; o punho perverso
está cerrado, ele se enfurece sem cessar, como se dez mil demônios
fossem agarra-lo pelos cabelos.”
(Marx e Engels, Obras Selecionadas, em alemão. Volume II
suplementar, p. 301)**.
Bakhunim
46
estágio anterior a qualquer ordem. Crêem os anarquistas que as ideias
complicaram por demais a vida do homem. Portanto, é necessário abolir
todas as ideias sobre todos os assuntos e recomeçar tudo outra vez, de uma
forma completamente livre de quaisquer restrições. Sem Deus, sem família
sem Estado... Sem absolutamente nada! Noutros termos, Bakhunin propõe a
destruição da própria sociedade humana e volta do ser humano ao
barbarismo selvagem das cavernas das matas! Vejamos alguns trechos de
seu pensamento. Numa obra intitulada Deus e o Estado, citações dos
anarquistas (editada por Paul Berman, Prager Publishers. New York ―
1972), Bakhunin escreveu:
Marx era amigo de Bakhunin e foi justamente com ele que fundou a
International, que apoiou os planos de Bakhunin para levar a efeito a
revolução comunista. Posteriormente, Bakhunin e os anarquistas foram
expulsos do movimento comunista porque negavam tudo, inclusive o
comunismo.
Posteriormente, Bakhunin definiu Marx como:
Proudhon
*
SOUZA, Nelson Mello , A Dialética do Irracionalismo, Ed. Nova Fronteira, SP, 1985, p.
77.
47
Vejamos agora alguns trechos de Proudhon:
48
Maquiavel e o Luteranismo), ele é então uma conseqüência histórica dos
fracassos do homem em cumprir os desígnios de Deus; e pelo contrario, se
posicionando contra eles, blasfemando e ultrajando a Deus e a tudo quanto a
Ele se refere, o marxismo nada mais representa que efeito conseqüente, que
o próprio homem teria atraído sobre si, sendo por ele o único responsável.
O psicólogo austríaco Wilhelm Reich escreveu um livro chamado O
Assassinato de Cristo* (Ed. Martins Fontes ― 1984), onde desenvolveu
analisa a tese de que há a humanidade ― algo como uma epidemia ― à
rejeição e destruição de tudo que é sagrado. Nessa obra o leitor verá com
detalhes o “espírito de ateísmo desavergonhado que se levantou no mundo”,
conforme as palavras de Engels após a Revolução Francesa.
Moses Hess
*
Uma obra excepcionalmente estranha na bibliografia de Reich, sabendo-se que ele é
considerado o pai da revolução sexual, tendo escrito livros como A Função do Organismo
e a Revolução Sexual, entre outros.
49
Analisando detalhadamente as palavras dos amigos de Marx,
descobrimos as suas opiniões gerais sobre a sociedade humana, sobre Deus
e sobre a religião, naturalmente, também estenderemos essa análise para
compreendermos o tipo de caráter desses homens como suas opiniões sobre
a ética e a moralidade cristãs.
Hess disse: “é assim que eu produzo devastação.” Pode-se esperar
sentimentos de amor e bondade de um homem, que de modo tão sério e real,
pronuncia semelhante frase? Noutra frase Hess diz “meu ídolo, que dará o
chute final na religião e na política medievais.”
Daí, pode-se inferir que tais expressões de Hess são os sinais de sua
indignação ante as injustiças a corrupção do clero, da burguesia e dos
monarcas medievais. Por outro lado, isso é bem verdade. Mas a influencia
de Hess sobre Marx e Engels, tornando-os ateus, revelam-nos uma outra
face das suas intenções. Por quê? Porque a religião é a essência da unidade
da sociedade humana, e Deus já é uma realidade do século XX. Negar a
religião, semear devastação negado a ética e moralidade (e creio que Hess o
sabia muito bem), não podem ser um sincero humanista. Por outro lado,
pelos poemas de Marx, vê-se que ele não formulou o marxismo
simplesmente por amor à humanidade, Marx disse nutrir ódio e um
profundo desejo de vingança em seu coração, não apenas contra Deus, mas
também contra a humanidade! Esse é o grande paradoxo da sua obra. A
realidade dos fatos históricos contudo, revelam que os efeitos do marxismo
somente trouxeram dor e destruição para a humanidade. Lembremo-nos de
que Marx foi um aprendiz de Hess e foi através dele que conheceu o
socialismo e se tornou comunista.
A corrupção de alguns homens praticantes, ou ex-praticantes de uma
religião, não invalida os seus ensinamentos básicos. Devemos observar que
foi numa época em que a igreja estava mais corrompida (entre os séculos
XII e XVI, surgiram Francisco de Assis, Tomás de Aquino e tantos outros
exemplos cristãos).
Ainda que em sua mente Hess pensasse estar fazendo algum bem para
a humanidade, incitando o ódio a Deus e à religião, poderia estar enganado e
servia como um instrumento utilizado contra Deus e o Homem.
Cremos que o leitor poderá por si mesmo deduzir que tipo de
sentimentos motivavam os amigos de Marx, e questionar se tais sentimentos
poderiam originar as ideias que trarão a paz e a alegria mundiais.
Albert A. Harrison, professor do Departamento de Psicologia da
Universidade da Califórnia, USA, na sua obra A Psicologia como Ciência
Social (Editora Cultix/Universidade de São Paulo ― 1975), ao abordar o
tema da agressão, apresenta à página 410, o tópico “A Hipótese da
50
Frustação-Agressão.” Vejamos algumas das palavras do professor
Harrison, compiladas da sua leitura e análise dos vários pontos de vista dos
maiores autores da psicologia atual sobre o assunto.
51
Capítulo 4
AS INFLUÊNCIAS IDEOLÓGICAS
Prometeu
52
Conta a lenda* que as divindades primordiais (a primeira geração
mítica), criaram os Titãs. Estes, através de Cronos, destronaram os seus
antecessores. Posteriormente, Zeus, filho de Cronos, numa sangrenta
batalha, elimina a antiga estirpe e coloca os olímpicos no poder.
Prometeu era Titã derrotado que, fingindo-se fiel, permaneceu no
Olimpo servindo aos deuses, enquanto criava o homem: o ser que iria
destronar os deuses olímpicos e satisfazer seu desejo de vingança.
O Homem agradou aos deuses, e a deusa da sabedoria, Atena, filha de
Zeus, decide ajudar Prometeu e dá aos homens uma taça do néctar
divino.agora eles têm uma alma. São homens.
Prometeu cria a consciência dos homens ensinando-lhes tudo sobre a
natureza. Eles descobrem a ordem, as riquezas da Terra e também sobre si
mesmos. Agora os homens podem reinar; conhecem a natureza, conhecem a
si mesmos. Trovoes e pesadelos já assustam. Têm cinco sentidos. Uma
consciência. Uma vontade. Uma força poderosa
Zeus, observando a raça humana percebe que ela com sua sabedoria e
seu trabalho, constituem uma perigosa ameaça às divindades. Assim,
entendem os deuses que os homens deveriam suplicar ajuda e sacrificar
animais aos poderes celestes; caso contrário seriam destruídos. A
humanidade se submete, passando a olhar para o céu com temor,
sacrificando animais ao poderoso Olimpo, implorando perdão e graça, entre
cantos e murmúrios. Criaram pomposos rituais, cultos e vestimentas
especiais... Os deuses estão satisfeitos. (A raça humana, inteligente e
trabalhadora, aprenderá também o dom da humildade).
Prometeu, entretanto, sempre nutriu um profundo ódio pelos deuses
olímpicos que derrotaram os Titãs. Agora que os deuses julgavam ter
conquistado o respeito dos homens mortais, surge o momento da vingança:
os homens serão mais inteligentes que os deuses. E haverão de derrota-los.
Prometeu, o filho de Iápeto, havia criado os homens. Dera-lhes forma
física, consciência, conhecimentos e vontade de dominar a natureza.
Havia uma única coisa que eles ainda no possuíam: o fogo. Zeus,
temendo-os, proíbe que esse fogo lhes seja “conhecido.”
Prometeu, seguindo seu plano de vingança, decide entregar o fogo aos
homens. Quebra um ramo seco de árvore, voa até o céu o acende no calor do
Carro do Sol, acendendo a chama dos homens. Agora eles, de fato, em
muito pouco diferem dos deuses.
*
Mitologia, Abril Cultural, 1973, p. 305a 320. Vol.II
53
Zeus percebe que os homens tornam-se poderosos. Não precisam de
mais nada, além do próprio esforço. Tem fé nas próprias mãos. Na própria
luta. Já não precisam invocar a proteção dos deuses.
O orgulhoso Prometeu observa suas criaturas. Elas são inteligentes,
ricas e fortes. Constituem uma grande ameaça aos deuses olímpicos. Podem
até mesmo impor ao mundo uma nova ordem, a Ordem Humana,
sobrepujando os filhos e irmãos de Zeus.
Os deuses discutem apavorados como prevalecer sobre os homens,
tornando-os submissos e humildes. Eles não devem vencer os deuses.
Zeus chama então Vulcano, e ordena-lhe que confeccione uma imagem
feminina em bronze. Uma imagem que fosse semelhante aos homens, mas
em alguma coisa diferente deles. Ela deveria encantar e comover, atrasando-
lhes o trabalho e transtornando-lhes a alma.
Cada deus oferece alguma coisa àquela criatura, que já nasce para
desconcertar a vida dos mortais. Minerva lhe oferece um vestido bordado e
uma grinalda de flores para os cabelos; Mercúrio a presenteia com a língua.
Apolo lhe oferece uma voz suave. Finalmente Vênus oferece-lhe a beleza
infinita e os encantos que seriam fatais aos indefesos homens. A linda
Pandora está pronta para a sua missão destrutiva. Por último, Zeus lhe
entrega uma caixa contendo as misérias destinadas a assolarem os mortais.
Dores e pestes para enfraquecer-lhes o corpo; inveja e vingança para
desesperar-lhes a alma, antes pura e solidária.
Chegando à Terra, Pandora encontra Epimeteu e o encanta,
oferecendo-lhe a perigosa caixa, como um presente de Zeus. Epimeteu não
desconfia que todo sofrimento humano emergiria dali. E sob o
encantamento de Pandora esquece o juramento feito ao irmão Prometeu, de
jamais aceitar presente algum de Zeus. Agradece e abre a caixa. E delas
saem todas as desgraças do mundo.
Entretanto, no fundo da caixa havia um tesouro. Um sentimento
precioso que poderia reverter todo o plano cruel dos deuses: a esperança.
Mas Pandora fecha a caixa imediatamente a um só gesto de Zeus. A
esperança é negada para sempre aos homens. E o homem perde o paraíso
que Prometeu lhe havia ofertado.
Violência, fome e peste se espalham pelo mundo. Os homens adoecem
e o amor vira corrupção, agonia e brutalidade. Já não erguem o rosto com
orgulho. Tudo se transformou em um inútil festim. Os deuses estão
contentes agora. Os homens não tentam mais sobrepujá-los e toleram a
escravidão.
54
Restava ainda punir Prometeu que, além de roubar o fogo divino, havia
ridicularizado o grande Zeus, oferecendo-lhe ossos sem carne alguma,
enquanto rejubilava-se ante a cólera dos deuses.
Zeus ordena a Vulcano que agrilhoe Prometeu no cimo do monte
Cáucaso. Depois envia uma águia gigante e faminta para devorar-lhe o
fígado, agora transformando em imortal. Um suplício quase esterno, onde
durante o dia, a águia estraçalha o fígado, o qual volta a recompor-se à
noite, para ser outra vez retalhado pela águia. Foram trinta séculos de dor.
Mas Prometeu dirigiu palavras de impudência a Zeus.
Afirmava conhecer um segredo de Zeus e que somente o revelaria se
fosse libertado. Trinta séculos de curiosidade e irritação fizeram com que
Zeus, subornado, ordenasse a Hércules a liberação de Prometeu. O protetor
dos homens será salvo pelos mais forte dos homens.
Hércules flecha a águia maldita e liberta Prometeu. Então o Titã revela
o segredo: Zeus estava apaixonado por Tétis, uma nereida que estava
prometida a Peleu, mas Zeus, enciumado e violento, não queria permitir que
sua amada desposasse um homem.
Prometeu diz-lhe então que se ele desposasse Tétis, teria com ela um
filho que mais tarde o destronaria. Para conservar o poder, Zeus
amedrontado, entrega a bela nereida a Peleu.
Prometeu quer voltar ao Olimpo. Mas depois de tudo o que fizera,
tornara-se mortal. Se pudesse encontrar um imortal que aceitasse trocar de
fardo com ele, então poderia retornar ao Olimpo. O centauro Quirão aceita.
Prometeu torna-se imortal, é readmitindo no Olimpo, de onde saíra para
rebelar a humanidade contra os deuses. Volta a tomar parte das assembleias
e dos banquetes. O mundo esta em paz novamente.
55
Do mesmo modo, o Gênesis subdivide-se em três partes, incrivelmente
semelhantes às divisões do mito de Prometeu. Vejamos:
*
No século III era cristã, um teólogo chamado Orígenes, defendia a teoria da Apocatástase.
Ou seja, a teoria de que o Universo seria resultado ao seu estado original, inclusive os
anjos. O Livro do Apocalipse fala da restauração de rodas as coisas.
*
Na verdade, com sua atitude de inquietação e velada rebeldia, Prometeu, ainda que
punido, consegue por fim reafirmar-se diante dos deuses, livrar-se da condenação,
resgatando a imortalidade.
56
Deus criou o homem com o Prometeu criou o homem co argila e as
barro da Terra próprias lágrimas
57
Deus é origem de todo o Bem. Os Os deuses são origem de todo o Mal.
homens tornaram-se maus. Os homens são bons.
Deus deve ser amado e obedecido Os deuses devem ser odiados e
desobedecidos
Deus foi justo quando puniu o anjo Os deuses foram injustos quando
Lúcifer e a humanidade puniram a humanidade e o titã
Prometeu
*
Ao estudar a obra de Freud um detalhe chamou-me sobremaneira a atenção: a constância
com a qual ele lançou mão da mitologia grega. Anteriormente havia observado que os
mitos gregos foram também utilizados por muitos outros pensadores ateus, entre os quais,
o próprio Marx. Este fato intrigou-me a tal ponto que resolvi empreender uma pesquisa
mais prolongada da qual resultaram as teses parcialmente aqui apresentadas, e que
poderão conduzir o estudo da mitologia a uma revisão de suas premissas e a uma nova
visão da mitologia grega e, quiçá, da mitologia universal.
58
cria o Universo e o homem); b) a Queda do Homem (o arcanjo Lúcifer
rouba o fruto proibido e dá aos homens); c) a história da Salvação ou a
história da Restauração (Deus trabalha para salvar o homem). Todos os
outros livros posteriores ao Gênesis, inclusive o Novo Testamento. São
decorrentes; estão relacionados apenas com a terceira parte do Livro do
Gênesis ― história da Restauração.
Do mesmo modo que o Gênesis, o mito de Prometeu também possui
uma tripla divisão: a) história da Criação pelas divindades primordiais que
criam os elementos da natureza e os titãs (Prometeu cria* o corpo físico do
homem e os deuses, a alma); b) a Queda do Homem (os deuses criam e
enviam a mulher para destruir a paz entre os homens). Prometeu rouba o
fogo dos deuses e o entrega aos homens para que se libertem dos deuses); c)
a história da Salvação ou a história da Restauração (Prometeu se sacrifica
para liberta os homens, suprimindo os cultos e derrotando os deuses maus).
A mitologia grega assemelha-se de tal forma à historiografia hebraica,
que possui até mesmo uma narrativa do Dilúvio Universal. Porém, mais
uma vez, os deuses são cruéis e Prometeu bondoso.
Diz o mito que os homens cometiam tantos males contra os deuses que
o próprio Zeus decidiu enviar um grande dilúvio e exterminá-los. Prometeu,
conhecendo os planos cruéis dos deuses, correu a avisar Deucalião e sua
esposa Pirra as desgraças que vieram. Ensinou-os fazer uma arca de madeira
para ele, sua esposa e os mantimentos. Foram nove dias de chuvas. A arca
encalha sobre o monte Parnaso; Deucalião e Pirra sobrevivem e dão origem
a uma nova raça humana. Nesse mito, prometeu é o herói salvador de
Deucalião e Pirra, sua esposa. Uma vez que ambos são os pais da nova
humanidade, prometeu emerge como o salvador da própria raça humana.
Prometeu tem decisiva participação não só no mito que envolve o seu nome,
mas também em outras passagens, como no coso de Deucalião e Pirra, já
citado.
*
Até mesmo os titãs foram criados pelas divindades primordiais. Prometeu é em titã
derrotado pelos deuses olímpicos (algo como um anjo ou um semideus) que criou os
homens para se vingar dos deuses. Note-se porém,que a alma dos homens foi dada pelos
deuses, a mulher foi criada por eles, como também todos os seres na natureza; ou seja, os
deuses criaram tudo (até mesmo Prometeu). Por esse prisma, a narrativa mítica de que
Prometeu criou o corpo físico do homem e lhe inspirou a consciência par que se liberta-se
dos deuses, poderia ser perfeitamente entendida da seguinte forma:Prometeu adquiriu
domínio físico sobre os homens, ensinou-lhes a leis da natureza e lhes incutiu uma
consciência rebelde e ingrata contra os deuses, transformando-os em instrumentos de sua
vingança.
59
Este fato indica que a mitologia grega pode ser vista como uma única
história ― a história da origem e da formação do povo e da cultura helênica
―, onde Prometeu, acompanhando o seu desenvolvimento, atua em diversas
passagens.
Também nesse ponto, o mito de Prometeu assemelha-se à história do
arcanjo Lúcifer que acompanha a atua ao longo de toda a história do
desenvolvimento da esfera cultural hebraica (ou juidaico-cristã).
Concluímos, cremos ter demonstrado ― a partir do que dói exposto ―
que o mito de Prometeu possui um significado oculto mais profundo que
uma mera fantasia da mente perigosa dos helênicos. Se a mitologia grega de
fato corresponder a um paralelo da historiografia, suas implicações na
história humana tornar-se-ão muito mais amplas e profundas. Do mesmo
modo, as motivações de Marx, ao se identificar com Prometeu a ponto de se
auto-retratar preso a uma máquina de imprensa sendo atacado por uma
águia, e defender Prometeu como o “primeiro santo e mártir do calendário
filosófico”, ganham uma impressionante conotação mística*.
Estudando o mito de Prometeu para escrever este capítulo, fiquei
bastante impressionado com a semelhança entre o comportamento de
Prometeu e Marx.
Ao analisar a sociedade da sua época, Marx sentiu profunda revolta
contra todos os homens poderosos; especialmente os religiosos. Estes, para
ele, eram os mentores da injustiça que presenciava. A hipocrisia e a vida
nababesca dos lideres religiosos, forneciam um quadro contrastante com a
desoladora situação das massas proletárias. Marx sentiu profunda revolta e
desprezo por aqueles falsos religiosos e generalizou sua revolta contra todas
as religiões, todos os religiosos, contra todos sos deuses ― do mesmo modo
que Prometeu, ao olhar para os homens submissos e humilhados.
Quando os deuses viram os homens se desenvolvendo, ficaram
temerosos e os ameaçaram de destruição caso não se submetessem a eles e
não lhes prestassem culto e serviços. Prometeu, vendo o estado humilhante
dos homens, decidiu roubar o fogo dos deuses e dá-lo à humanidade para
que se libertasse do julgo divino.
De modo semelhante, ao ver o estado deplorável dos proletários sob as
injustiças dos capitalistas e o jugo dos falsos religiosos, Marx decidiu
desafiar a Deus a libertar os proletários. Os sentimentos de Prometeu e de
*
Evidentemente, esta analogia está incompleta. Mas o foco central dessa obra não é a
mitologia, mas a semelhança entre o comportamento de Prometeu e Marx.
60
Marx podem ser observados hoje nas palavras e nos atos comunistas
militantes, que doam a própria vida em defesa dos proletários.
Quem estudar o mito de Prometeu de modo parcial não poderá deixar
se sentir uma certa piedade de Prometeu e revolta contra Zeus. As razões
parecem óbvias: Zeus era o Deus poderoso; prometeu, apenas um titã
derrotado. Segundo: o erro de Prometeu foi amar e preocupar-se com os
homens aponto de sacrificar a si mesmo para que eles pudessem viver bem e
em paz. Como isso pôde ser considerado um crime contra os deuses?
Terceiro: Prometeu dera aos homens algo bom de que necessitavam e que os
deuses lhe negaram.
O mito de Prometeu assemelha-se de forma muito particular à história
da serpente bíblica (o arcanjo Lúcifer). Aparentemente, tudo o que a
serpente fez foi induzir os seres humanos a comerem do fruto que
desejavam. Entretanto, isso foi a bastante par que Deus , enfurecido, a
condenasse a andar se arrastando sobre o próprio ventre e a comer pó todos
os dias de sua existência. Uma condenação severíssima.
Até aqui questionamos a aparecimento argumentos favoráveis a
Prometeu. Os deuses, vistos desse modo unilateral, emergem como cruéis
tiranos; enquanto Prometeu e os homens, como seres indefesos e bondosos
castigados pela ira olímpica.
Tradição x Sucessão
61
o mito de Prometeu apresenta a rebelião violenta como ordem natural de
sucessão*.
Por sua vez, as escrituras hebraicas dizem que com amor e sacrifício
Deus criou o Universo e o doou aos homens para que fossem felizes e, com
a felicidade dos homens, Deus sentir-se-ia feliz. Dessa forma, o casal
primário (ao qual a Bíblia chama de Adão e Eva), legaria aos descendentes
tudo o que ganharam de Deus, somado aos frutos de seus esforços, e assim
por diante. De acordo com essa tradição, os mais jovens retornariam aos
mais velhos respeitosa gratidão. Portanto, a tradição hebraica apresenta a
doação e gratidão como a ordem natural da sucessão.
Poderíamos então dizer que o Hebraísmo e o Helenismo apresentam a
questão da sucessão de modo radicalmente oposto: gratidão vs rebelião.
O castigo justificado
*
Marx e Prometeu se assemelham-se muito.
62
responsável pelas misérias que lhes ocorreu, poderíamos admitir que seu ato
não o tornou pior que os olímpicos. Mas sabendo que ele, incutindo no
homem uma consciência rebelde, causou imenso sofrimento à humanidade
(que era inocente, e nada tinha a ver com a guerra dos deuses), podemos
seguramente afirmar que Prometeu tornou-se pior do que Zeus. Ou seja,
Zeus havia destronado os titãs que estavam no poder. Mas os titãs, incluindo
Prometeu, haviam destronado as divindades primordiais, e Prometeu havia
causado grande sofrimento contra estirpe dos titãs, Prometeu cometera duas:
quando tomou parte da agressão contra as divindades primordiais, e
provocou a miséria humana.
Conclusão: Prometeu é culpado e seu castigo foi merecido.
Aplicando essa analogia com relação aos comunistas, devemos
recordar que por mais justas que possam parecer suas acusações, seus
métodos violentos e criminosos não os fazem melhores que os capitalistas.
Do mesmo modo que Prometeu, os comunistas enganam os povos
ignorantes os conduzem para a morte, aos milhões. Logo, tornam-se piores
que aqueles a quem tanto acusam. Se os capitalistas exploram o trabalho dos
proletários, os comunistas assassinam os capitalistas os proletários
igualmente, além de explorá-los como nenhum capitalista talvez tivesse
feito.
Conclusão: os comunistas tornaram-se mais cruéis e injustos que os
capitalistas. Marx e o marxismo trouxeram sobre a humanidade uma miséria
sobejamente maior do que o capitalismo.
Poderíamos, resguardando certos limites, estender a analogia Zeus-
Prometeu, àquela descrita no Gênesis Deus-Lúcifer. Lúcifer, simbolizando
pela serpente, violou as normas de Deus quando colheu o fruto e o deu aos
homens. Só que, diferentemente de Zeus ― que havia destronado os titãs - o
Deus do Gênesis nada havia feito contra Lúcifer. Neste caso, lúcifer é ainda
mais culpado que Prometeu pelas misérias que se abateram sobre ele mesmo
e sobre a humanidade.
Queima os dedos aquele que sabe que o fogo é quente e mesmo assim
o toca. O fruto caíra naturalmente quando estiver maduro. Não é sinal de
bondade nem de inteligência comê-lo verde. Quem assim o fizer não gostara
de seu sabor amargo e não poderá acusar pelo seu infortúnio, uma vez que
tal lhe adveio da sua livre e consciente violação das leis da natureza.
Conclusão final: Prometeu é culpado; Lúcifer é culpado. Zeus agrediu
um agressor, Deus puniu um infrator.
Discorri longamente sobre o tema Prometeu, porque considerei-o de
relevante importância. Marx, ainda que não o soubesse, identificou-se a tal
ponto com Prometeu que, a época em que era editor da Reinische Zeitung
63
(Gazeta Renana), chegou a se auto-retratar acorrentado a uma máquina de
imprensa, com fígado sendo estraçalhado por uma imensa águia. Essa auto-
identificaçao com Prometeu também foi claramente demonstrada em seus
escritos, especialmente em um trecho de sua tese doutoral, escrita em 1841.
Marx escreveu:
“A filosofia não oculta suas intenções, faz sua profissão de fé de
Prometeu: ‘Em uma só palavra, ódio a todos os deuses! Nesta expressão, a
filosofia se opõe a todos os deuses do Céu e da Terra que não reconhecem a
consciência humana como a suprema deidade. A filosofia não aceita rivais.
Mas ás tristes sereias que se rebolam em sua situação social, o filosofia,
chegando o momento, dá a mesma resposta que Prometeu deu a Hermes, o
servente dos deuses: “Podes estar certo de que jamais trocarei meu destino
miserável pelo teu; e dou mais importância em estar acorrentado a esta
rocha, que a ser o fiel criado e mensageiro de Zeus, o Pai.” No Calendário
filosófico, Prometeu ocupa a primeiro posto entre os santos e mártires.”
Karl Marx. Tese de Doutorado, 1841.
64
influência inconscientemente o comportamento de um adulto por toda a sua
existência.
Marx tinha, pois, motivos de sobra para sua frustração e revolta
contra Deus, as religiões, os religiosos, os governos, os capitalistas e todo
aquele que se opunha a ele.
Nos poemas de Marx Oração de um Homem Desesperado e
Orgulho Humano, a suplica suprema do homem é para sua própria
grandeza. Se o homem está condenado a perecer através da sua grandeza,
esta será uma catástrofe cósmica, mas ele morrerá como um ser divino,
pranteado por demônios.
A balada de Marx, O Violinista, registra as queixas do artista contra
um deus que nem conhece nem respeita sua arte... Ao final do poema, “O
menestrel puxa a espada e a enterra na alma do poeta.” (Trecho citado por
R. Wurmbrand)**.
Prometeu disse a Hermes:
“Jamais trocarei o meu destino miserável pelo teu; e dou mais
importância em estar acorrentando a esta rocha que ser o fiel criado e
mensageiro de Zeus, o Pai.”
65
originando a esfera cultural judaico-cristã, a qual enalteceu a fé, a moral e o
coração.
O mito de Prometeu surgiu na Grécia Antiga. A postura humanista e
antideusista de Prometeu veio a conquistar-se, ao longo da história, em uma
forma de pensar e de viver tal, que originou a filosofia humanista
materialista. Essa mesma postura foi retomada e revivida em 1513 por
Maquiavel cujas ideias inspiraram o Iluminismo e Revolução Francesa.
Marx, assumindo a mesma postura com a mesma base histórico-
ideologica, elaborou o Marxismo, ocasionando a Revolução Comunista.
Por sua vez, Abraão representa o outro lado da história do
pensamento humano. Sua postura humanista e deusista deu origem à esfera
cultural judaico-cristã, determinando uma forma específica de pensar e agir
pacifista e teísta.
O mundo atual acha-se dividido em dois blocos: o comunista e o
democrata. O comunista representa ao lado antideusista, nascido com
Prometeu (razão pela qual Marx projetou-se tão fielmente nele). O outro
bloco representa o lado deusista nascido com Abraão. Prometeu violou os
princípios de Zeus e rompeu com Ele. Abraão obedeceu aos princípios de
Deus e uniu-se a Ele. Prometeu e Abraão eram opostos. Identificando-
se solidarizando-se com Prometeu, Marx assumiu a mesma postura,
violando os princípios de Deus e rompendo com Ele. Jesus obedeceu e
respeitou os princípios de Deus, unindo-se a Ele. Marx e Jesus eram
também opostos.
Richard Wurmbrand, no seu livro Cristão em Cadeias Comunistas
(ed. Voz dos Mártires. SP, 1985, pág 171), conta que um dos professores de
teologia da Universidade de Cluj (Romênia), ensina que “Deus deu três
revelação na Terra. A primeira a Moises. A segunda a Jesus. E a terceira a
Karl Marx.”
Assim sendo, vemos que os comunistas consideram Marx como
portados de uma missão messiânica; um messias ateu! Essa afirmação dá ao
marxismo, assim como ao Cristianismo, um caráter de revelação.
Moses Hess
66
Moses Hess, tamanha a influência que esse homem exerceu sobre Marx e
suas . ideias.
Para termos uma ideia de antemão, Hess foi o inspirador do
movimento comunista, do sionismo racista e da Teologia de Revolução
(modernamente aperfeiçoada e conhecida como Teologia da Libertação).
O livro vermelho de Mao-Tsé-Tung nada mais representa que uma
ideia-cópia do Catecismo vermelho escrito por Hess que continha os
princípios do Partido Social Democrata Alemão, fundado também por
Moses Hess. Recordamos que Hess foi contemporâneo de Marx; portanto,
estamos na primeira metade do século XIX.
A influência de Moses Hess sobre Marx e Engels foi de tal ordem
que, antes de conhece-lo pessoalmente, Marx havia começado a escrever um
livro criticando-o, mas esse livro nunca foi terminado e desapareceu
misteriosamente. Foi Hess que levou Marx e Engels (e, provavelmente, todo
o grupo de amigos de Marx) a aceitar a ideia do socialismo. A revista
Rheinishce Zeitung dirigida por Marx, publicou as seguintes palavras sobre
o socialismo:
“As tentativas feitas pelas massas para executar ideias comunistas
podem ser respondidas por um canhão tão logo se tornem perigosas.”
Tais palavras escritas numa revista dirigida por Marx, revelam com
clareza a sua opinião sobre o comunismo em 1842. nessa mesma época a
revista Alegemeire Auburge Zeitung desafiou o conceito de Marx sobre
socialismo. Marx não soube responder e escreveu:
67
“O que é negro? Negro é o clero... Esses teólogos são os piores
aristocratas... O sacerdote ensina o príncipe a oprimir o povo em nome de
Deus. Em segundo lugar, ensina o povo a permitir que seja oprimido e
explorado em nome de Deus. E, principalmente, em terceiro lugar, ele
proporciona a si mesmo, com a ajuda de Deus, uma vida esplêndida sobre a
terra, enquanto as pessoas são aconselhadas a esperarem pelo céu...”
“A bandeira vermelha simboliza a revolução permanente, até a
completa vitória das classes trabalhadoras em todos os países civilizados: a
republica vermelha... A revolução socialista é a minha religião... ao
conquistarem um país, os trabalhadores devem ajudar os seus irmãos no
resto do mundo.”
“É inútil e ineficaz elevar as pessoas à verdadeira liberdade e fazê-
las praticar dos bens da existência sem liberta-las da escravidão espiritual,
isto é, da religião... do absolutismo dos tiranos sobre os escravos.”
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“O filho de Deus libertou os homens da sua própria escravidão.
Hess o libertara também da servidão política. Sou chamado a testemunhar
pela luz, como o foi João Batista.” (Diário de Moses Hess, pág 101).
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indo-germânico. O objeto dos judeus é o ‘‘Estado messiânico.” Para ele,
fazer o mundo de acordo com o plano divino é provocar a revolução
socialista, usando para este propósito as lutas raciais e de classes ...
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Hess escreveu em seu diário, à folha 101: “O Filho de Deus libertou os
homens da sua pátria escravidão. Hess os libertará também da servidão
política...” Hess declarou que as religiões judaicas e cristãs estavam
mortas e que Kant havia decapitado o “o velho Pai Jeová juntamente com a
Sagrada Família” no entanto refere-se constantemente nos seus livros aos
nossos santos escritos, a santa linguagem de nossos pais, nosso culto, as
leis divinas, os caminhos da previdência, vida piedosa... Hess declarou que
“sou chamado a testemunhar pela luz, como foi João Batista” ... Como fará
Hess para suas ideias triunfem?” Usarei a espada contra todos os cidadãos
que resistirem aos esforços do proletariado”, conclui Hess.
Transcrevi essa síntese de trechos da obra de Wurmbrand, porque
considerei- a indispensável aos propósitos desses escritos. Creio mesmo que
o pastor Wurmbrand apreciaria a divulgação e comentário sobre tão
importantes trechos de sua obra que sem dúvida, ele gostaria de ver semeada
e leda por todo o mundo.
Eis.pois, um perfil do homem que causou a maior e mais profunda
influência nos fundadores teóricos do marxismo. Moses Hess foi um homem
estranhamente místico. Foi a um tempo, crente e ateu, cristão e judeu,
antinacionalista e nacionalista, judeu e antijudeu, “bom” e mau, “divino” e
satânico, amigo e inimigo, aliado e traidor, pacífico e guerreiro, falso e
verdadeiro, tudo e o nada ... Enfim, um homem sem escrúpulos, que pregou
o ódio e o amor indistintamente numa atitude incrivelmente irresponsável e
traiçoeira, provocando uma confusão generalizada em tudo o que havia de
puro e verdadeiro à sua volta. Suas ideias conduziram a humanidade ao
desespero e um estado de loucura e sofrimento sem precedentes. Suas
ideias, misteriosamente, triunfaram, e hoje, presenciamos no mundo um
profundo ódio contra a raça judaica, o massacre provocado pelas ideias
socialistas e comunistas numa luta mundial entre raças e classes, e
assistimos, estupefatos, ao aparecimento e rápida expansão da teologia da
revolução, sob o disfarce de um humanismo cínico, e baseado na violência
contra o próprio homem a quem defende e diz amar acima de tudo.
Moses Hess, para surpresa, é praticamente um desconhecido para os
marxistas! Esse fato é extraordinariamente estranho pois ele oculta as
verdadeiras origens do marxismo e envolve Karl Marx numa falsa imagem
de cientista e filósofo. Ele, o leitor concluirá, foi mais um místico
revolucionário que elaborou um plano para provocar uma revolução
mundial, do que um filósofo bem intencionado e humanista à procura da
verdade.
Hegel
71
É absolutamente impossível expor em poucas linhas o pensamento de
Hegel. Apresentaremos uma síntese de apenas algumas das ideias centrais
de seu pensamento, para dar aos leitores uma visão panorâmica de todo o
quadro de referências e fontes das ideias presentes no marxismo, e que uma
grande porção de pessoas julga serem originais de Marx. Assim, apenas com
a finalidade de completar o quadro de referência das influências ideológicas
sofridas por Marx, transcrevemos essas poucas linhas.
Numa primeira visão, gostaria de chamar a atenção do leitor para o
fato de que, ao nosso ver, Marx simplesmente tomou algumas das ideias
centrais do pensamento hegeliano e as inverteu. Ou seja, se a dialética
hegeliana foi desenvolvida para ser aplicada ao desenvolvimento da ideia,
Marx a aplicou ao desenvolvimento da matéria; se na metade e luta dos
contrários exposta por Hegel, a unidade é mais importante, visão marxista,
luta é o mais importante; se a filosofia hegeliana era originalmente idealista
e teísta, Marx a converteu em materialista e ateia. Por que Marx se
preocupou tanto co pensamento de Hegel a ponto de estudá-lo
cuidadosamente e escrever um livro inteiro criticando-o? Para entender isso,
precisamos conhecer algumas das ideias originais de Hegel.primeiramente,
Hegel afirma a existência de Deus e o considera enquanto Logos (ideias =
palavra), e explica o mundo como tendo sido formado a partir do Logos.
Hegel procurou descrever como a ideia se transformou em mundo, que não
é uma coisa criada, mas coisas em desenvolvimento a partir do Logos.
Como terá ocorrido esse processo? Hegel procurou explicá-lo através de sua
Dialética. O Logos é indeterminado e imensurável, mas é. Essa ser puro é na
verdade nada (o nada é visto como alguma coisa indefinida, mas real). Esse
Ser pode decidir (como o homem), e quando o faz, é por meio da união ou
síntese do Ser e do Nada que ele mesmo é. Nesse processo, toma uma forma
evoluída de Ser com conteúdo que é chamado devir. Hegel definiu esse
processo como Nada-Devir-Ser ou simplesmente, tese-antítese-síntese. Esse
novo ser chamado Devir não é o ser e nem o Nada, mas o ser resultante da
união (afirmação) entre o Ser e o Nada, que se negaram a si mesmo
(negação), e deram origem a um ser distinto deles mesmos (negação da
negação). A partir daí, tem início um novo processo semelhante. O novo
processo tem como ponto de partida ainda o Ser, porém na manifestação
resultante da união entre o Ser e o Nada transformando em Devir. O novo
processo dialético agora é o Ser-Essência-Noção em que a essência é o
aspecto imutável e eterno do Ser.
A Noção (ideia) é o ser concreto e auto-evolutivo resultante da
síntese do Ser e da Essência. Vemos, portanto, que a dialética hegeliana era
72
idealista e procurava explicar a origem do movimento e do desenvolvimento
a partir do Logos (Deus, visto como ideia). Marx tomou a dialética
hegeliana e engendrou uma nova interpretação distorcida, em que o
processo de negação eu em Hegel era um processo suave, e não implicava
na destruição de uma das partes, passou a ser visto como um conflito
violento que obrigatoriamente implicava na destruição de uma das partes.
Aos pares complementares sujeito-objeto em harmonia na natureza,
Marx chamou-se de contrários em constante luta entre si. Afirmou que era
dessa luta os contrários que se originava o movimento e o desenvolvimento
da natureza da sociedade.
O segundo conceito que Marx tomou da filosofia de Hegel, foi o seu
conceito da história. Para Hegel, ao longo da história a humanidade caminha
para a liberdade. Na sociedade primitiva, a liberdade era um privilégio
exclusivo de apenas uns poucos indivíduos donos dos escravos. Na
sociedade monárquica, apenas os reis podiam desfrutar da liberdade; os
senhores feudais no feudalismo, e assim sucessivamente. Não obstante, a
história conduz a humanidade para a liberdade e por isso, uma parcela cada
vez maior da humanidade começava a experimentar a liberdade. Hegel
também sustentava que tal processo é reflexo da providencia divina que,
através da história, poderia utilizar o Estado como instrumento que
trabalharia de modo a conduzir toda a humanidade ao gozo da liberdade.
Poderíamos sintetizar a teoria da história na ideia da atualização da
liberdade.
Essa ideia naturalmente foi abraçada, disfarçando-se porém seu
aspecto espiritualista, o qual Marx conservou intacto, assim como toda a sua
teoria acha-se mesclada de um idealismo místico que utiliza o anseio
emocional e intelectual do homem e promete-lhe uma sociedade utópica
sobre a Terra.
O terceiro tópico do pensamento hegeliano utilizado por Marx foi a
ideia do estabelecimento de uma sociedade ideal na final da história. Marx
também abraçou essa ideia integralmente com diferença que, em Hegel, essa
sociedade seria estabelecida por Deus através do Estado monárquico,
enquanto que para Marx, ela somente poderá ser estabelecida mediante a
derrubada de toda ordem estabelecida através da revolução proletária
violente.
Creio que, do exposto, o leitor já pode perceber a importância da
influência de Hegel no pensamento marxista. Hegel foi um dos maiores
filósofos idealistas da história e um grande estudioso e admirador de Kant.
Através da influência que sobre os círculos acadêmicos alemães,
suas ideias foram utilizadas, contudo, tanto por idealistas como
73
materialistas; cada um procurando ajustá-las à sua visão da natureza, da
sociedade e do homem. É certo que Hegel não apresentou a verdade última.
Mas é também verdade que ele não foi um materialista ateu. Foi um filósofo
autentico unicamente interessado na descoberta da verdade. A utilização de
seus princípios após a sua morte, já não lhe diz respeito diretamente. Sua
obra foi distorcida e utilizada de uma forma lamentável por Marx e os
marxistas. Do mesmo modo como outras o foram as obras de Santos
Dumont e Alfred Nobel e de tantos outros através da história.
Feuerbach
74
Embora tivesse sido um admirador e discípulo de Hegel. Feuerbach
discordou completamente do pensamento dele, tornando-se ateu e
reacendendo o pensamento materialista a um nível sem precedentes.
Feuerbach afirmou que o mundo material não é uma sombra do
espírito, mas uma substancia objetiva que existe separada e
independentemente da consciência do homem. O espírito, por sua vez, é
derivado e produto do cérebro e não pode existir separado da matéria. A
decomposição do corpo material, automaticamente, anula todo e qualquer
vestígio de espiritualidade do homem. Não há eterna. A existência é
absolutamente reconhecida apenas pelos sentidos materiais. O pensamento
feuerbachiano atingiu o ateísmo. Feuerbach afirmou que a fé era uma
superstição e que Deus era projeção exterior da natureza humana. Não foi
Deus quem criou o homem, foi o homem que criou Deus. O homem é
simplesmente um ser antropológico e biológico.
Hegel afirmava que a liberdade total do ser humano se daria
mediante o trabalho de Deus utilizando o Estado com veículo. Marx era ateu
e não aceitava estas ideias. Por isso, andava à procura de uma solução
materialista mais convincente. Quando conheceu Feuerbach foi como se
tivesse encontrado um “Salvador.” Ludwig Feuerbach (1804-1872) havia
escrito duas obras: A Essência do Cristianismo (1841) e as Teses
Provisionais para uma Reforma do Cristianismo (1842), nas quais se opôs
radicalmente ao ponto de vista hegeliano e ao idealismo de um modo geral.
Feuerbach escreveu as seguintes palavras sobre Deus:
“Deus é a natureza humana (a razão, os sentimentos, o amor e a
vontade) purificada, liberada dos limites do homem individual, tornada
objetiva... O ser divino nada mais é que o ser humano; a projeção da
essência humana.”
Marx que começava a formular suas teorias por essa época, vibrou
com as obras de Feuerbach. Nelas, ele encontrou os fundamentos para
expressar o seu ressentimento e amargura contra Deus, religião, o clero, a
burguesia e o Estado. Marx sentiu-se aliviado e feliz. O seu entusiasmo
pode ser conhecido pelas palavras de engels escritas nessa época:
“Alguém deve experimentar o efeito libertador desse livro para se
ter uma boa ideia dele. o entusiasmo foi geral, imediatamente todos nós nos
tornamos feuerbahiano.”
Marx expressou suas impressões sobre Feuerbach no seu livro A
Sagrada Família. Foi a a partir de seu ponto de vista feuerbachiano que
Marx iniciou a elaboração de uma exaustiva crítica a Hegel. Apesar de
utilizar largamente o materialismo de Feuerbach, Marx criticou-o
severamente afirmando que ele era um materialista da cintura para baixo e
75
um idealista da cintura para cima. Feuerbach nunca defendeu a violência.
Afirmava que toda a confusão social podia ser resolvida mediante o
melhoramento das relações humanas através da exaltação das virtudes do
homem tais como o amor, a compaixão, a amizade e a razão. Os seres
humanos são diferentes das outras porque podem intelectualmente, ter
sentimentos e desejos. Dessa forma, Feuerbach via a vontade e o desejo
humano como a chave para solucionar todos os problemas da sociedade
humana e, também, a força motriz que impulsionava o desenvolvimento
histórico. Marx não podia aceita esses pontos de vistas, pois eles estavam
voltados para a harmonia social . apesar de tudo , o materialismo de
Feuerbach foi adotado como uma das bases fundamentais da teoria
materialista de Marx.
76
Ao lado do Romantismo, a Escola Histórica também exerceu
significativa influência nos sistemas de pensamentos posteriores. Foi o
italiano Gianbattista Vico (1668-1744) quem mais se destacou na chamada
filosofia da história. Vico concluiu que “a ordem das ideias e
acontecimentos seguem a ordem natural das coisas.” Para ele, Deus guiava a
história de acordo com suas próprias leis. A história humana caminha no
sentido da democracia e do progresso científico. Chegará o momento em
que ― como ocorre com os seres vivos ― a sociedade amadurece e caduca,
daí resultando em fatos catastróficos que conduzem o indivíduo de volta ao
estado primitivo. Em seguida, o progresso torna a manifestar-se outra vez
até a maturação e nova desagregação, repetindo-se os ciclos de modo
indefinido.
Vê-se muito claramente o quanto essa ideia está presente na teoria
marxista da história. Vico, coma sua teoria histórica das continuas
ascensões, quedas e retornos, forneceu ao marxismo valiosíssimos
elementos.
Marx e Engels utilizaram-se fartamente das teses e críticas
desenvolvidas pelo Romantismo e pela Escola Histórica. As mesmas teses
que fundamentavam os sistemas filosóficos idealistas alemães .
A Escola Histórica criticou o capitalismo, o individualismo e toda a
ordem burguesa consagrada pelos economistas clássicos. Por sua vez, o
Romantismo criticou e desprezou a ordem social inspirada pelo capitalismo,
acusando-o de ser “o sistema econômico que havia convertido o mundo em
um mercado dominado pelo dinheiro e transformado os seres humanos em
burgueses e proletários.”
Karl Kautski, no seu livro As Três Fontes do Marxismo, diz que o
marxismo assimilou a experiência econômica inglesa, a experiência política
francesa e a experiência filosófica alemã. Entretanto, como o Cristianismo
esteve presente como pivô ou musa inspiradora dessas experiências, sua
marca acha-se registrada em praticamente todas as páginas desse período.
Desse modo, Marx foi um idealista da cintura para cima, uma vez
que forjou o marxismo fundamentando-se, em parte, no mesmo rio de ideias
e emoções dos pensadores idealistas cristãos.
O socialistas franceses
77
criticavam duramente a exploração e desumanidade daqueles que buscavam
apenas os lucros de uma forma injusta e imoral. Muitos desses homens
propunham a aplicação de processos mais humanos através da razão e da
moral. Acreditavam que por meio da razão e da moral era possível mudar a
mentalidade humana e, por meios pacíficos, transformar a sociedade onde
reinava a desigualdade em uma sociedade de tipo socialista. Destacaram-se
entre esses, Robert Owen (1771-1858), Claude-Henri de Saint-Simon
(1769-1835), e Charles Fourier (1772-1837). Esses pensadores
estabeleceram o centro das suas atividades em Paris e prosseguiram os seus
esforços, mas todos resultaram inúteis. Marx chegou a Paris no período
áureo das atividades desses pensadores. Ao estudá-los, Marx os criticou
severamente chamando-os Socialistas Utópicos. Apesar das criticas, Marx
aprendeu muito das suas ideias e as incorporou ao seu sistema em
elaboração. No pensamento de Saint-Simon, podemos perceber as largas
influências e contribuições desses pensadores ao pensamento de Marx.
Saint-Simon merece destaque especial. Ele acreditava que a humanidade
havia caminhado através da história por um progresso contínuo, pontuado
por períodos tumultuosos de transição chamados épocas críticas. (Marx
adotou essa ideia chamando-a revolução). A Revolução Francesa teria sido
um desses períodos que desembocaria no socialismo, em que cada homem
trabalharia e receberia de acordo com as suas capacidades e necessidades
(Marx tomou essa ideia intacta). Entretanto, para que isso acontecesse, era
necessária uma nova ideologia que superasse os ensinamentos cristãos
escolásticos vigentes. Esse novo sistema de conhecimento deveria ser
cientifico, abrangente e baseado na razão e numa objetividade máxima
possível. Sobre esse alicerce dizia Simon, levantar-se-ia uma espécie de
Nova Religião da Humanidade, que moldaria a mentalidade geral dos
homens, adaptando-a à realização dos propósitos coletivos. Dessa forma,
surgiria a Sociedade do Futuro, em que a direção da sociedade, ao invés de
obedecer a interesses pessoais, de grupos, ou de autoridades tradicionais,
seria entregue a homens de intelectualidade superior, que seriam os
governantes. Como o leitor pôde apreciar, as ideias de Saint-Simon, em
especial, foram literalmente adotadas por Marx e Engels.
Para nós contudo, uma ideia em particular nos interessa e voltaremos
a ela no capítulo II desse trabalho ― a ideia da Nova Religião da
Humanidade que teria por base a razão e a objetividade máxima. Daqui
extrairemos um valioso dado relativo à natureza mística do marxismo.
Os economistas ingleses
78
Na segunda metade do século XVIII, começaram a florescer as ideias
liberais econômicas. A nova teoria da economia, alicerçada nos postulados
do Iluminismo, tinha seu apoio central na ideia de uma mecânica universal
governada por leis inflexíveis. De igual modo, também a esfera econômica
achava-se sob leis, do mesmo modo que a física e a astronomia. Era,
portanto, um reflexo da teoria liberal da economia. O primeiro grupo de
economistas liberais chamados de fisiocratas foi composto por François
Quesnay (1694-1744), Marquês Mirabeau (1715-1789) e Dupont de
Nemours (1739-1817), como destaques mais eminentes desta corrente de
pensamento que viam a base da economia nas atividades naturais-agrícolas,
pesqueiras e minerais, como mais importantes que o comércio. Eram
antimercantilistas e afirmavam que “a natureza é a verdadeira produtora
das riquezas.” Marx utilizaria essa ideia de que o setor de distribuição ― o
comércio ― é estéril.
Numa segunda fase os fisiocratas adotaram ardentemente a ideia do
liberalismo econômico: “nunca se deveria fazer nada para embaraçar a
ação das Elis econômicas naturais.” Esse ponto de vista foi chamado de
“laissez-faire.” Os maiores expoentes desse veio de economistas ingleses,
foram David Ricardo (1772-1823) e Adam Smith (1723-1790).
Ricardo era um rico industrial, que elaborou a teoria de que eram os
trabalhadores a fonte de todo valor. Afirmou que os operários trabalhavam
algumas horas que correspondiam ao valor de sue salário e várias horas
excedentes que eram apropriadas pelos empregadores, e que estas, eram a
fonte última dos seus lucros. Nasciam as famosas teorias do valor-trabalho e
da mais-valia, abraçadas completamente por Marx e seus seguidores.
Adam Smith, por sua vez, era um prelecionador de literatura inglesa
da Universidade de Edimburgo. Posteriormente assumiu a cadeira de Lógica
do Glasgow College. Em 1759 escreveu o livro chamado Teoria
Sentimentos Morais, que o tornou famoso. Após dois anos na França, onde
conheceu as ideias fisiocratas, constatou que certas teorias fisiocratas eram
semelhantes às suas. Disse que a economia de Quesnay era “com todas as
suas imperfeições, a coisa mais próxima da verdade que já se publicou
sobre os princípios da ciência econômica.” Em 1776 publicou a sua obra
principal A Riqueza das Nações, na qual asseverou que o trabalho, mais do
que a agricultura e a generosidade da natureza, é a verdadeira fonte de
riqueza. Era partidário do Liberalismo Econômico, mas admitia que o
governo deveria intervir para prevenir a injustiça e a opressão, fazer
progredir a educação e proteger a saúde pública. Ao estudarmos as ideias de
Smith, vislumbramos perfeitamente as teorias básicas que compõe a visão
marxista da economia. Smith criou a teoria do valor-trabalho e David
79
Ricardo, a teoria da mais-valia. Marx simplesmente as usou de acordo com
seus objetivos revolucionários.
80
os bens materiais. Negou autoridade a qualquer governante de usurpar os
direitos naturais do indivíduo. Justificou a adoção de medidas de resistência
por parte dos indivíduos, coso seus direitos fossem violados. Locke foi um
grande defensor da liberdade individual. Suas teorias dos “direitos
naturais” , do “Governo limitado” e do “direito de resistência à tirania”,
foram e têm ainda sido as bases do liberalismo. Marx foi para França no ano
de 1842 e lá, naturalmente, entrou em contato com todas essas obras e
descobriu nelas todos os princípios de que necessitava para estruturar uma
ideologia que conduzisse a humanidade à revolução violenta.
O segundo importante pensador que influenciou decisivamente Marx
foi Voltaire (1694-1778) ― o maior expoente da teoria política liberal
francesa. Voltaire considerava o Cristianismo como “o pior inimigo da
humanidade.” Estudou o pensamento lockeno durante um período em que
esteve na Inglaterra e fora influenciado pelas ideias da Locke; especialmente
pela ideias da liberdade individual. A opinião de Voltaire sobre o governo
era a mesma de Locke. O poder do governo limitado; e sua finalmente,
executar a lei natural e os direitos naturais. Apesar de sustentar que todos os
homens eram dotados de direitos iguais, não era um democrata e apreciava a
monarquia. Tinha medo das massas, e freqüentou a igreja por um período,
com receio de que o seu ateísmo revoltasse os aldeões. Voltaire foi um forte
critico do governo despótico e dedicou sua vida à luta pela liberdade
intelectual, política e contra a religião organizada.
Montesquieu (1689-1755), foi filósofo incomum entre os filósofos
políticos do século XVIII. Admirava as instituições britânicas e as ideias de
Locke. Seu célebre livro O Espírito das Leis, acrescentou nova luz à teoria
do Estado. Estudou os sistemas políticos e discordou de Locke quanto aos
direitos naturais e a origem contratual do Estado, afirmando que a lei deve
ser procurada nos históricos. Negou uma forma perfeita de governo que
agradasse a todos os homens. Sua mais famosa ideia é a teoria dos Três
Poderes, formulada para prevenir o abuso pelo excesso de poder nas mãos
de um só homem.
Rosseau (1712-1778) é considerado o fundador da democracia e o
pai do romantismo. Distintamente do liberalismo, que defendia os direitos
individuais, a democracia defendia a instauração de um governo popular. O
ideal da democracia ressurgiu inspirado nas ideias do grego Clístenes e, na
idade moderna, nas ideias de poder de John Locke. O liberalismo e a
democracia foram as ideias fundamentais que impulsionaram a Revolução
Francesa. Por ser romântico, as ideias políticas de Rousseau possuem um
forte e colorido tom sentimental. Suas obras mais célebres foram: O
Contrato Social e O Discurso sobre a Origem da Desigualdade. Em ambas,
81
defendeu a ideia tão em voga na sua época, de que o homem viveu
originalmente no estado natural ― o qual, em contraste com Locke, ele
considerava um verdadeiro paraíso. Dentro da visão de Rousseau, os
homens viviam em paz e não era difícil manter os seus direitos e a sua
segurança. Não havia conflito até que “alguns homens decidiram demarcar
certas porções de terra e declararam: esta terra é minha!.” Foi assim que
surgiu a desigualdade e as relações humanas se degeneraram em “impostura
fraudulenta”, a “pompa insolente” e a “ambição insaciável.” Nesse ponto, o
único modo de garantir a paz e os direitos foi estabelecer foi estabelecer a
sociedade civil e ceder todos os direitos à comunidade. Isso foi feito através
de um contrato social em que cada indivíduo concordou em se submeter à
vontade da maioria. Foi assim, segundo Rosseau, que surgiu o Estado.
A concepção de Rousseau de soberania diferiu da de Locke e de
outros. Locke afirmou que apenas uma parcela do poder era cedida ao
Estado e uma outra ficava com o povo. Rousseau sustentou que a soberania
é única e indivisível. Toda a soberania passa para a comunidade dirigente
quando se estabelece a sociedade civil. Ao aceitar o contrato social, os
indivíduos cediam todos os seus direitos à comunidade dirigente que eles
próprios escolheram como seus representantes, concordando em se
submeterem à vontade de todo em detrimento de parte. Logo, a soberania do
Estado é legitima porque é a expressão da vontade geral através do voto.
Dessa forma, o que a maioria decide é justo no sentido político e torna-se
obrigatório para cada cidadão. O Estado, portanto, significa praticamente a
vontade da maioria que é o tribunal de última instância. Isto não elimina a
liberdade individual, pelo contrário, a sujeição ao Estado tem por finalidade
garantir e fortalecer a liberdade autentica de cada um e de todos. Ao
cederem os seus direitos à comunidade dirigente, os indivíduos nada mais
fazem que trocar a liberdade animal do estado da natureza, pela verdadeira
liberdade de criaturas racionais dentro da obediência à lei. Rousseau referiu-
se ao Estado, falava da comunidade organizada politicamente, cuja função
principal era expressar a vontade geral. A autoridade do Estado deve
expressar-se diretamente através de leis fundamentais promulgadas pelo
próprio povo. O governo é simplesmente o agente executivo e não tem
função de formular a vontade geral, mas apenas executá-la. Além disso, a
comunidade pode estabelecer ou destituir o governo sempre que o desejar.
As teorias políticas de Rousseau ecoaram por todo o mundo,
influenciando os idealistas alemães que exaltavam o Estado. A onipotência
legal do Estado e a ideia de que a verdadeira liberdade consiste na
submissão à vontade geral e coletiva, sem nenhuma dúvida, tornaram o
Estado em objeto de culto e relegaram o homem, na sua individualidade,
82
quase à nulidade. Marx lançou mão de vários dos princípios de Rousseau na
elaboração das teorias políticas, que deveriam vigorar no Estado comunista.
Convém lembrar que o marxismo refutou o anarquismo (rejeição total de
todas as instituições).
Procurei levar a efeito essa breve exposição das ideias centrais que
antecederam e foram cenário de fundo da Revolução Francesa, a qual
representou os sentimentos das populações quanto à opressão absolutista e à
exploração econômica. Marx respirou os ares de Paris e bebeu avidamente
de todas essas ideias. Extraiu delas aquilo que lhe interessava para o seu
plano de formular uma teoria para as classes trabalhadoras, e conduzi-las à
liberdade e à emancipação por meio da revolução violenta. Creio que sem
esse quadro ideológico aqui apresentado, não é possível compreender
claramente o marxismo. Como já foi dito, Marx foi um estudioso sagaz. Ele
tinha um objetivo central para os seus estudos e, dessa forma, de tudo que
leu, como o leitor pôde muito bem perceber, soube extrair aqueles
fundamentos que sustentariam sua cosmovisão. Mas estudou para elaborar
um plano de violência e destruição voltado contra Deus e contra a
humanidade. Nestes termos, poder-se-á considerar Karl Marx como um
mero filósofo? Ora, um autêntico filósofo como o foram Sócrates, Kant,
Hegel e tantos outros, são estudiosos que labutam à procura da verdade
última sobre o ser e o existir. Schapenhauer, foi um humanista amargurado e
tristonho, no entanto esse seu estado de alma não lhe fez engendrar num
plano para destruição de todas as religiões, toda ética e toda a moralidade da
sociedade humana*. Muito pelo contrário, ele propôs a apreciação do Belo
(a beleza da arte) como uma das soluções para a amargura humana, e
milhões de homens o seguiram. Marx, não; ele propôs o ódio, a violência e a
morte como soluções! Podemos chamar um homem destes de filósofo
humanista?
*
.”..para abolir todas as religiões e todos os costumes...” – (O manifesto Comunista, 1848)
83
Capítulo 5
O LADO D ESCONHECIDO
DA OBRA DE MARX
Em 1841, aos 25 anos, Marx conheceu Moses Hess. Nesse mesmo ano
doutorou-se pela universidade de Jena. A partir desse ano um novo Marx
começava a nascer. Consta que em sua juventude Marx nutria ambições
artísticas na poesia, mas por sua pequena qualidade literária, conforme
citação de Richard Wurmbrand, os poemas de Marx não foram
reconhecidos. Nota-se que a falta de sucesso na literatura e na pintura dera
origem a um Hitler; no drama, um Goebbls; na filosofia, um Rosemberg e
na música, um Saliere.
O anti-Deus
Marx era rejeitado na sociedade prussiana pela sua origem judia, desprezado
pela comunidade judia como um apóstata e não obtinha sucesso em seus
escritos. Foi também perseguido e exilado pelo governo prussiano, o que
84
frustrou o seu sonho de tornar-se professor universitário. “Nestas
circunstâncias, Marx sentiu uma profunda insatisfação e total ausência de
felicidade em sua alma e universalizou esse sentimento.” E mais... “Marx
experimentou sentimentos de solidão, alienação, inferioridade, humilhação
e derrota que o levaram à revolta e a uma atitude de repulsa e amargura
contra o mundo.”
Aliado a tudo isso, os erros e as hipocrisias dos cristãos e do clero
contribuíram para distanciá-lo da fé. O pastor Wurmbrand cita que:
“Marx nos seus primeiros anos de juventude, tinha convicções
cristãs, mas não vivia uma vida compatível com elas, o que pode ser
observado, pela sua correspondência com seu pai, sobre as somas de
dinheiro gastas em prazeres e sobre a oposição de seu pai a essa sua
atitude.”
85
rocha, que a ser o fiel criado e mensageiro de Zeus, o Pai.” No calendário
filosófico, prometeu ocupa o primeiro posto entre os santos e mártires.”
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Quem olhar par ele com olhar são voltará, mortalmente
pálido e silencioso,Arrebentando por cega e fria morte.
Possa a sua felicidade preparar-lhe o seu tumulo”
Karl Marx, Obras Escolhidas, Vol.1.
N.Y, Internation Publisher ― 1974**.
Outras duas estranhas obras esscritas por Marx nos seus tempos de
juventude, intitularam-se O Violinista e Oulanem. Vejamos:
O Violinista
“Os vapores infernais elevam-see encham o meu cérebro.
Até que eu enlouqueça e meu coração seja totalmente mudado.
Vê esta espada? O príncipe das trevas vendeu-a para mim.”
Oulanem
“Pois ele marca o compasso e dá os sinais.
Cada vez mais ousado
Eu me entrego à dança da morte.
Soando até morrer em vil rastejo.
Pare! Agora o agarrei!
Ergue da minha alma
Tão forte como os meus próprios ossos.
Contudo os meus braços são possuidores de força
Para agarrar e triturar você (Humanidade?)
Com a força de um furacão.
Enquanto para nós ambos , o abismo se abre nas trevas.
Você afundara , e eu seguirei gargalhando.
Sussurrando aos seus ouvidos: “Desça, venha comigo amigo.”
87
a não ser de acontecer, para ser arruinados.
88
Mas passo assegurar-lhe que a sua realização
não me teria tornado feliz. Somente se seu coração
permanecer puro e humano, e se nenhum demônio
for capaz de afastar seu coração dos melhores
sentimentos,
Somente então eu serei feliz.”
Sobre Hegel:
A Donzela Pálida:
89
expressões de Marx como “desejo vingar-me daquele que governa lá em
cima” e “bradarei gigantescas maldiçoes sobre a humanidade”, são
absolutamente incompreensíveis para alguém que vê e lê Marx como um
cientista e filósofo. Por que um jovem escreveria tais coisas? Geralmente
quando os jovens conhecem suas primeiras decepções com amigos queridos
e com seus primeiros romances desfeitos, costumam desabafar suas
lágrimas e suas mágoas em diários ou em livros de poesias. Escrevem
cadernos inteiros de versos românticos sobre a pessoa amada ou sobre a sua
dor, mas nunca, numa situação normal,escreveriam coisas tão terríveis
contra Deus e contra a humanidade. Os versos escritos por Marx nessa fase
de sua vida, são totalmente incompatíveis com qualquer tipo de sentimento
humanista. Mais absurdo ainda se tornam esses versos, quando se dar a
Marx o título de cientista. O que há nesses versos de cientifico? Essa
coletânea de trechos de poemas da juventude de Marx revelam uma imagem
totalmente diversa daquela que se cultiva hoje em dia. sabemos das
implicações que uma vida familiar traumática podem ter sobre a
personalidade na infância. O comportamento de Marx, enquanto estudante
também reflete as conseqüências de sua formação familiar irregular. O que
se descortina a partir da análise dessas suas obras é em Marx envolvido em
mistérios e misticismo; ressentimentos e blasfêmias, somente comparáveis
àquelas histórias medievais de bruxos e fogueiras. Esse mar, como bem
dizem os títulos das obras que o revelam (O Desconhecimento Karl Marx e
Marx antes do Marxismo, entre outros), é estranhamente desconhecido. Por
que será que as biografias de Marx publicadas pelos comunista nunca
trazem essa parte de sua obra? Que o leitor interessado descubra. Creio que
esse será um trabalho por demais curioso e... místico!
b) que relação existira entre o marxismo e o satanismo? O pastor
Wurmbrand vasculhou diversas edições sobre a vida de Marx, e toda a sua
obra e encontrou uma série de “fatos curiosos” que, segundo Wurmbrand,
são mais que suficientes para, no mínimo, demonstrar que Marx conhecia o
satanismo. Vejamos alguns desses fatos. Velamos alguns desses fatos.
É do conhecimento mundial a existência real do satanismo ou
ocultismo. Sabe-se também que o satanismo se caracteriza por um culto às
avessas do culto cristão: a chamada missa negra. Nesse culto, o horário é à
meia noite, velas são postas nos castiçais de cabeça para baixo, o sacerdote
veste-se pelo avesso e lê todas mensagens sagradas e nomes santos de trás
para frente, um crucifixo é colocado de cabeça para baixo e um corpo nu de
mulher serve como altar. Usa-se uma hóstia roubada com o nome de Satanás
escrito, uma Bíblia é queimada e todos os presentes prometem cometer
90
todos os pecados e jamais fazerem bem algum. Em seguida envolvem-se em
orgia.
Nos ritos de iniciação ao satanismo, os iniciados compram uma
espada com o seu próprio sangue, que lhes trará sucesso em tudo o que
fizeram voltado para o mal. Uma outra estranha característica do satanismo
é o que chamaríamos de princípio da inversão. Todas as coisas são
invertidas antes de serem usadas no satanismo. Agora apresentaremos aos
leitores algumas estranhas curiosidades da vida de Marx e toda essa
esquisita narrativa que o leitor acabou de ler. No poema O Violinista, em
que Marx fala de um artista frustrado que se queixa de um deus que não
conhece e nem respeita a sua arte, ao final desse poema, o menestrel puxa da
espada e a enterra na alma do poeta. Nesse poema Marx diz ter comprado
uma espada do Príncipe das Trevas (?). Curiosamente, Moses Hess também
fala sobre usar “a sua espada” contra todos os seus opositores. O leitor não
acha que há alguma coisa muito estranha em tudo isso? Afinal por que Marx
utiliza tanto o princípio da inversão? Quando escreve, por exemplo, em sua
resposta à obra de Proudhon A Filosofia da Pobreza, ele elaborou A
Pobreza da Filosofia. Também escreveu “temos que usar, ao invés da arma
da crítica, a crítica das armas...” O pastor Wurmbrand descobriu em suas
pesquisas que Marx foi de tal modo influenciado por esse princípio que “ele
os empregava em quase tudo.” O título do poema Oulanem é uma inversão
de Emanuel, nome bíblico para Jesus que significa “Deus conosco.”
Em Oulanem, Marx escreve que o seu sonho é ver humanidade
entrando com ele num abismo de trevas, enquanto ele gargalha e blasfema.
Com efeito essas expressões são absolutamente anticientificas! Marx não foi
o que poderíamos chamar de um jovem normal. Suas atitudes e suas
palavras não deixam duvidas. Há muito mistério ainda por se descobrir
sobre o caráter de Marx. Este livro é simplesmente uma tentativa de tomar
mais publico esse lado de Marx e acender o debate. Certamente, depois da
queda do comunismo, ao serem abertas as muralhas do Kremlin o que será
revelado deixará o mundo estarrecido.
No seu texto O 18 Brumaire, Marx expressou estranhas palavras de
admiração à máxima de Mefistófeles em Fausto: “tudo o que existe é digno
de ser destruído.” Stalin parece ter seguido tão fielmente esse princípio, que
destruiu sua família e centenas dos seus camaradas do partido e do exército
vermelho.
O pai de Marx exprimiu um profundo receio de que alguma coisa
muito grave estava ocorrendo ao seu filho predileto. Curiosamente, essa sua
preocupação começou após ele ter recebido os estranhos poemas no seu 55º
aniversário. Ele afirmou: “se nenhum demônio for capaz de afastar seu
91
coração dos melhores sentimentos....” As atitudes de Marx para com a
família, seus amigos e inimigos, mostram-no como um homem degenerado,
injusto e irresponsável que provocou a destruição de muitos de seus
parentes. Marx bebia e fumava muito às custas de Engels. As historias de
terror que costumava a seus filhos também revelam-no comum
irresponsável diante de sua família, com quem não se preocupava muito os
cabelos e as barbas de Marx são outro traço peculiar. Por que Marx teve
amigos tão vis que ultrajavam a Deus como Bakhunin, Hess e Proudhon?
Naturalmente, se o leitor conhecesse pessoas que proferissem as blasfêmias
que os amigos de Marx proferiam, os evitaria. Por que ele não os evitou? O
que se depreende desse fato? Que Marx compartilhava de tudo o que eles
eram, e concordava com o que faziam. Por que um homem, considerado
cientista por ele mesmo e pelos seus seguidores, produziria uma obra tão
vasta, cheia de misticismo e de conotação tão avessas à humanidade e a
Deus, numa idade tão juvenil? Por que o Instituto Marx-Engels de Moscou,
que recolhe, analisa e pública toda a obra de Marx, omite essa parte, quando
já foram compiladas e editadas em diversas línguas?
Para finalizar, gostaria de perguntar aos leitores: poderia um homem
com personalidade tão estranha e desequilibrada, formada em uma época tão
conturbada da história, cheio de sentimentos de amargura, ódio e desprezo
por Deus e pela Humanidade, possuir clareza intelectual e motivação
sentimental autentica para criar, sozinho, um sistema de pensamento como o
marxismo? Poderia um psicopata criar um dos mais intrincados e complexos
planos de destruição, como o leitor verá, e envolvê-lo tão perfeitamente em
uma capa de esperança e felicidade geral e eterna, capaz de provocar o
impacto mundial que o marxismo causou?
92
Capítulo 6
MARX COMO HOMEM E PENSADOR
93
são boas as intenções e obras de alguém que enaltece e faz do ressentimento
e da violência as suas motivações básicas?
Dizem os estudiosos que Marx era muito humanista e que vivia obcecado
por uma ideia: “como aliviar o sofrimento das massas exploradas.” A
disputa com o congresso do distrito de Rhein parece indicar que Marx era
humanista; um homem realmente preocupado com o bem-estar do povo.
Mas, após analisarmos seus poemas da juventude, será que poderemos ainda
afirmar a mesma coisa? Após a breve apresentação que faremos de seu
comportamento moral, suas atitudes par com parentes e pessoas que o
cercavam, passaremos a duvidar mais ainda de suas boas intenções. No ano
de 1844, quatro anos antes da publicação do Manifesto Comunista escrito
em parceria com Engels ― documento que marca o nascimento do
movimento comunista ―, Marx escreveu diversos textos que mais tarde
foram compilados e publicados sob o título de Manuscritos Econômicos e
Filosóficos. Nesses documentos, ele parece demonstrar uma grande
preocupação com o sofrimento humano, não apenas dos trabalhadores
assalariados, mas também dos donos das fabricas. Vejamos um trecho:
“A classe capitalista e a classe do proletariado apresentam o mesmo
estado de auto-alienação, com a diferença que a primeira se sente livre e
fortificada nessa auto-alienação, pois a percebe como poder próprio, e vê
nela a aparência de um a existência humana.”(A Sagrada Família ―
Collected Works, Vol. 4, p.36)
94
“Os comunistas declaram abertamente que podem alcançar sua meta
somente com a derrota pela força de todos as condições coisas existentes.”
(Manuscritos Econômicos e Filosóficos ― Collected Works, Vol 3 p.300)
Marx afirmou que no sistema capitalista atuam certas leis que o levará
inevitavelmente à ruína. São as suas contradições internas. Tais leis seriam:
1) Lei da Queda dos Lucros; 2)Lei do Aumento da Pobreza; 3) Lei da
Concentração do Capital. Em síntese, Marx conclui que o maquinário não
produz lucros, mas os capitalistas, competindo entre si, desejariam baixar
seus custos de produção adquirindo maquinário novo. Esta competição
generalizada provocaria uma queda geral nos lucros. O maquinário novo
significa altos custos que somente os grandes capitalistas poderiam adquirir.
A competição levaria à falência os capitalistas menores, que passariam à
condição de proletários. Por outro lado, o maquinário novo provoca a
dispensa de mão-de-obra e desemprego. Assim, surge um pequeno número
95
de super-capitalistas donos de toda riqueza e, no outro extremo, uma imensa
massa de proletários miseráveis sem meios para comprar os bens
produzidos, o que levara à recessão, à revolta e, finalmente, à revolução
violenta que destruirá o capitalismo. Se observarmos detidamente,
notaremos que essas profecias de Marx estão atualmente ocorrendo na
União Soviética. A Nomenklatura, pequena parcela da população soviética
correspondente a aproximadamente 405.000 pessoas, são os verdadeiros
proprietários da União Soviética. Todo o restante da população, de quase
270 milhões de habitantes, são empregados do Estado numa situação de
miséria e revolta que, conforme o dissidente soviético Mikhail Makarenko
(Tribuna Universitária nº 8, pág. 10 ― 1983): “estão revoltados e começam
a sabotar a economia desperdiçando energia e gás, trabalhando lentamente
e embriagados quase sempre.”
Quanto à teoria marxista da alienação, Marx definiu em seus
Manuscritos Econômicos e Filosóficos, quatro tipos de alienação: 1) A
alienação do produto do trabalho; 2) A alienação do trabalho em si; 3) A
alienação da essência-espécie original e 4) A alienação dos semelhantes.
Em síntese: no sistema capitalista o produto do trabalho é tomado
pelos capitalistas, o trabalhador é obrigado a vender seu trabalho, as
relações de produção destroem e pervertem a natureza humana e,
finalmente, as relações de produção capitalista impossibilitam o homem de
manter relações humanas dignas com os seus semelhantes e familiares.
Curiosamente, mais uma vez, é na própria União Soviética que tais
fenômenos ocorrem. Todo produto do trabalho pertence ao Estado que é o
supremo patrão, tudo que os trabalhadores soviéticos possuem é a sua
capacidade de trabalhar, e são obrigados a vende-la ao único patrão-Estado
pelo preço que ele quiser pagar (de um outro modo enfrentam a penúria, ou
vão para os campos de trabalhos forçados). Os comunistas reprimem a
natureza mística e bondosa do ser humano, ensinando-lhe o ateísmo e o ódio
contra Deus e a humanidade e, finalmente, separam filhos e pais, homens e
mulheres, etc. Têm separado e dividido nações inteiras como ocorreu na
Alemanha com o muro de Berlim e na Coreia com paralelo 38. Na
Alemanha, onde o comunismo apossou-se de sua metade oriental, os
parentes e familiares separados costumam se encontrar frequentemente nos
lados opostos dos muros, e saúdam-se entre lágrimas, mostrando uns aos
outros os novos membros da família recém-nascidos. Atualmente, o governo
comunista da Alemanha Oriental tem vendido a liberdade de algumas
pessoas ao governo da Alemanha Ocidental por altas somas em dinheiro.
Naturalmente, àqueles mais interessados caberia uma análise mais profunda.
Procuramos apenas ressaltar que as ideias do marxismo estão destruindo não
96
apenas o mundo ocidental, mas também o mundo comunista. Parece ser uma
armadilha contra a sociedade humana de um modo geral. Os comunistas
estão destruindo a moralidade, a fé, e a natureza dos povos dos países
ocidentais, mas também estão destruindo esses mesmos valores, dos povos
sob o seu domínio. Certa vez, o filósofo e professor Paul Perry, numa
conferência especial promovida pela Associação Internacional Cultural, em
Canela ― RS, 1982, disse:
“O comunismo é uma teoria para a destruição, não para a construção.
É por isso que quando eles se unem para destruir produzem grandes
estragos, mas quando se reúnem para construir, os resultados são
desastrosos. Acabam destruindo-se mutuamente, ao Ives de construírem
alguma coisa boa.”
O Dr. Sang Hun Lee, comentando sobre Marx e sua obra
detalhadamente, expõe o seguinte ponto de vista no excelente trabalho
Comunismo, Crítica e Contraproposta:
“Marx era um homem de temperamento inteiramente combativo. Era
exclusivista por natureza e convencido do seu próprio virtuosismo. Era
intolerante para os que discordavam dele e desprezava todos aqueles que
duvidavam dos seus pontos de vista e que não seguiam o seu modo de
pensar.”
“Talvez porque possuía uma nova visão da vida, subestimava o tipo
de vida, interesses e valores da burguesia. Contudo, recusou-se a aplicar
princípios éticos e morais para resolver problemas e não gostava de ver
meros atos de amabilidade entre as pessoas. Abria uma exceção para a
família e colegas, mas em relação às outras pessoas, seu tratamento
baseava-se no fato de lhe serem úteis ou não na sua luta política.”
“Foi um estudioso até os últimos momentos da sua vida. Era
inexorável e implacável para com seus inimigos político. Os que não
concordavam com ele eram considerados traidores, criminosos morais ou
idiotas políticos.”
97
condição que requer ilusões. A crítica à religião é, portanto, a crítica a este
vale de lágrimas do qual a religião é a aureola. (Introdução à Crítica da
Filosofia da Lei, de Hegel).”
98
recíproco das sociedades comunistas liberais. Temos firme convicção de que
tal fenômeno de aniquilação recíproca não é do conhecimento dos
marxistas.
Creio que, até aqui, ficou claro para o leitor que o posicionamento
de Marx contra a religião não é um reflexo de seu amor pela humanidade
que, à sal época, estava sendo abandonada e até explorada pela religião (não
devemos nos esquecer, especificamente, a igreja católica que representava o
grande poder religioso na Europa da época). Mas convém recordar que
Marx e seus amigos eram antideus e anti-religiosos, e não simplesmente
ateus. A finalidade de guerra de Marx contra a religião era muito mais
motivada pelo seu desejo de conduzir os trabalhadores cristãos à luta
revolucionaria. Era necessário fazê-lo esquecer o perdão, a fé em Deus e a
esperança na vida eterna, para que se predispusessem a matar os seus
semelhantes. Naturalmente, o leitor poderá acrescentar outras razões mais
profunda e, quiçá, mais misteriosas que estas. Contudo, deixamos ao seu
critério tais deduções.
99
diferentes, a atitude para encontrar a verdade tem sido a mesma. De igual
modo o partidarismo tem de ser estudado, par se achar quanto de verdade
contem. A filosofia tem sido a ciência da verdade, não a ciência do
partidarismo. A princípio, todas as filosofias têm de tornar-se ciências da
verdade antes de serem ciências do partidarismo. As filosofias que vem a
ter significado duradouro não são as que cotem mais partidarismo, mas as
que cotem mais verdade.”
100
Um outro escritor, chamado Rolf Bauer, Descreveu a vida financeira
de Marx em seu livro Genis end Reichtum. Diz-nos ele:
“Enquanto era um ‘filhinho de papai’ estudante da Universidade de
Berlim, Marx recebia 700 tálers (aproximadamente 900 marcos alemães)
par ‘pequenos gastos’. Era uma soma enorme porque na época. Apenas
cinco por cento da população tinha uma renda superior a 300 tálers
mensais. No decorrer de sua vida, Marx recebeu de Engels cerca de 6
milhões de francos franceses ao valor da época. (Números do Instituto
Marx-Engels).**
Marx nutria por seus parentes mais próximos, como sua mãe, um
sentimento semelhante. Em dezembro de 1863, escreveu uma carta a Engels
dizendo:
“Duas horas atrás chegou um telegrama dizendo que minha mãe
esta morta. O destino precisava levar um membro da família. Ela já estava
com o pé no túmulo. Sou mais necessário do que a velha senhora. Tenho de
ir a Trier por causa da herança.”
Note-se que ele deveria ir a Trier, não pela morte da mãe, mais tão
somente por causa da herança. Também quando da morte do “velho cão”
101
(seu tio) Marx falou entusiasmado sobre a herança. O pastor Wurmbrand
cita em seu livro que:
“Marx era um intelectual de alto nível, bem como Engels.
Entretanto sua correspondência está cheia de obscenidades incomuns a esta
classe social. A linguagem suja é abundante, mas não há sequer uma carta
na qual se encontre Marx falando sobre seu sonho humanitário e
socialista.”**
102
marxismo for um sofismo, todo o resto, naturalmente ruirá (esse de fato é o
caso, como prova o Dr. Sang Hun Lee). De acordo com Marx, todos os
seres são constituídos de duas partes denominadas tese e antítese, as quais
estão em constante conflito entre si. É esse conflito que dá origem e
possibilita a existência dos seres, produz o movimento e o desenvolvimento.
É através dessa relação contraditória que brota o desenvolvimento. O
exemplo clássico citado é op exemplo do ovo. Diz-me que o ovo é a tese
que contem em si dois elementos em conflito que são o embrião e a casca,
os quais correspondem à tese e à antítese, respectivamente. Como resultado
desse conflito, nasce o pintinho que não é o ovo, nem o embrião ou a casca,
mas um novo ser superior. Convém lembrar que a dialética hegeliana foi
aplicada ao desenvolvimento das ideias , e nela, uma das partes contrárias
não era destruída. Marx aplicou a dialética hegeliana ao desenvolvimento
social e material e, na dialética marxista, uma das partes contrárias é
obrigatoriamente destruída. Analisemos melhor. Serão mesmo contrários os
elementos duais de que são constituídos os seres? Essa afirmação é um
disparate lógico! A princípio, é indiscutível que sem a casca, o pintinho
jamais poderia vir a existir. O que, de antemão, já anula a possibilidade de
serem contrários. O critério básico para se analisar a questão dos contrários
é a função dos seres. Qual a função da casca? Poderemos aplicar essa
indagação para a análise geral dessa questão. Serão contrários o próton e o
elétron, o esquerdo e o direito, o baixo e o alto, a produção e a distribuição,
o homem e a mulher? O pensamento Deusista propõe que não existem tese
ou antítese, mas sim sujeito e objeto. Afirma que todos os seres são
constituídos de pares distintos e complementares, denominados sujeito-
objeto, em constante movimento harmonioso; que a harmonia é a base da
existência dos seres duais em todo o Cosmo (na natureza e na sociedade) e
que essa dualidade é reflexo do Ser Original ― Deus ― que através dela se
projetou visivelmente. Em última análise, poderíamos dizer que nem mesmo
o fogo e a água são contrários, visto que ambos são responsáveis pelo
equilíbrio térmico da Terra. A presença do fogo impede o excesso do frio, e
a presença da água impede o excesso do calor. Assim. Ambos possuem
funções complementares indispensáveis!
O professor e escritor Heraldo Barbuy em seu livro Marxismo e
Religião, alude à suposta “ciência marxista” nos seguintes termos:
“Se o marxismo vivesse como doutrina cientifica, como viveu, por
exemplo, a teoria da geração espontânea, não poderia resistir à
contestação dos fatos e das novas perspectivas da ciência atual. Mas não;
ele vive como esperança e como uma fé.”
103
“O marxismo tornou-se, como todas as contrafacções do
Cristianismo, um credo religioso de salvação internacional. Não se trata de
um sistema cientifico, mas de uma religião que quer salvar não o homem,
como pessoa individual, mas como gênero abstrato...”
*
Editora Agir, quarto capítulo, às páginas 115, 116 e 117.
104
“A dialética materialista deveria, ao nosso ver, possibilitar atingir,
no domínio do conhecimento cientifico do real, resultado pelo menos tão
grandiosos como aqueles que a dialética hegeliana havia conseguido no
domínio da fenomenologia do espírito. Acaso Engels não afirmado que, já
em seu tempo, as mais importantes descobertas cientificas eram devidas à
aplicação, muitas vezes involuntária, da dialética materialista? Assim,
atribuía a esta a descoberta da célula como unidade, da conservação da
energia, da evolução por Darwin etc. eu não estava, evidentemente, em
condições de verificar a verdade de tais assertivas, mas como se
enquadravam bem na ideia que eu fazia do marxismo! Não hesitava,
portanto, e continuava a narrar esses fatos e a estender, por minha conta,
essas ideias de Engels a outros domínios.
“Sendo bom marxista, não podia atribuir somente ao gênero humano
os progressos científicos. Como todas as coisas, também esses progressos
deveriam ser determinados pelo desenvolvimento dos meios de produção.
Além do mais, não foi o sábio marxista inglês J. B. S. Haldane que, em sua
obra A Filosofia Marxista e as Ciências, adotou uma posição intermediaria
semelhante? A astrologia teria nascido da necessidade que tinham os povos
primitivos de calcular os acontecimentos importantes par obter a própria
subsistência; por exemplo, a estação em que as ovelhas dão cria ou a cheia
do Nilo. Depois, estabeleceu-se o calendário, que por sua vez, e em virtude
de outras necessidades econômicas, teria gerado a aritmética mais
complexa. A agrimensura estaria na origem da geometria ; as necessidades
da artilharia teriam levado ao estudo da balística que, por sua vez, teria
culminado na dinâmica de Newton. Não hesitávamos mesmo em atribuir à
dialética materialista a teoria dos quanta, bem como todas a física e toda a
química modernas. Acreditávamos, com efeito, descobrir, em textos
obscuros de Engels, a predição ― não profética, mas científica ― de todos
os progressos científicos ulteriores.
“Na biologia, a doutrina darwinista da evolução das espécies se
apresentava par nós como verdade primeira, que ninguém tinha o direito de
por em dúvida. Recusávamos, naturalmente, toda a separação de
“natureza” entre o biológico, de uma parte, e o químico e o mecânico,
outra. Bérgson fora condenado pelos marxistas exatamente por ter
estabelecido a irredutibilidade do vital ao mecânico. É verdade que
Bérgson havia inquietado, ao mesmo tempo e por motivos opostos, também
os católicos. Estes temiam que seu vitalismo fosse irreconciliável com um
espiritualismo autentico. Hoje, depois que o livro Deux Sources de la
Morale et de la Religion manifestou o verdadeiro espírito bergsoniano, é
necessário reconhecer que, com relação ao bergsonismo, os marxistas
105
foram, no começo, mais perspicazes que os cristãos. De fato, a filosofia de
Bérgson aluiu os fundamentos do materialismo e não do espiritualismo.
“O mais difícil foi dialetizar a psicologia. Para que o edifício marxista
do saber humano permanecesse sem fissuras, começamos por rejeitar, em
princípio, como anticientifico, todo e qualquer conhecimento do irracional.
Este não passa, o nosso ver da sobrevivência absurda mentalidade
primitiva. O homem civilizado, tal como o concebia o marxismo, não
deveria agir em função exclusiva de categorias racionais. Nesta
perspectiva, o psíquico não passaria de um grau mais evoluído do
fisiológico. Somente aceitávamos uma psicologia redutível à filosofia e
portanto, em última análise, à química e à mecânica. Embora Lênin não
possuísse nenhuma competência particular no domínio da psicologia, em
meus cursos e artigos sentia-me feliz em poder apoiar-me na seguinte frase
escrita por ele “A eliminação do dualismo espírito―corpo por meio do
materialismo consiste em professar que o espírito não tem existência
independente do corpo, pois nada mais é que um fator secundário, uma
função do cérebro, imagem do mundo exterior.”
“Em minha obstinação de tudo explicar à luz da dialética marxista,
havia sem dúvida, a necessidade de adquirir confiança em mim mesmo.
Pois, como poderia eu deixar de perceber, de quando em quando, a força e
a grandeza de certas filosofias que os estudos universitários me obrigavam
a aprofundar?”
*
Princípios Fundamentais do Marxismo-Leninismo, Pe. Baldonero Ortoneda, México –
Madrid, 1974).
106
jesuíta espanhol, auxiliado por uma equipe e orientado por especialistas,
deu-se ao trabalho de analisar do ponto de vista da filosofia e das ciências
naturais, os princípios básicos do marxismo-leninismo. Ao final de 700
páginas de comparação das afirmações (mais de 15 mil afirmações) de uma
amostragem de cerca de 900 autores marxistas, com os dados reais da
biologia, da química, da física, da geologia e das matemáticas, além da
filosofia, constatou a existência de nada menos que 400 erros de caráter
cientifico, 600 erros de raciocínio e 200 erros filosóficos! Tal fato
desqualifica totalmente qualquer sistema. Por conseguinte, a “análise
marxista” da realidade não é senão a adaptação da realidade aos
pressupostos apriorísticos dos marxistas. Assim, a realidade não é
investigada segundo a objetividade dos fatos, mas interpretada e adaptada
às conclusões prévias da doutrina e de acordo com a vontade premeditada
dos seus autores.”
PARTE II
A MÍSTICA DO
PENSAMENTO
MARXISTA
107
Capítulo 7
IDEAL E IDEOLOGIA
108
dos sábios e sacerdotes. Foi devido a tais conhecimentos que as pirâmides e
as esfinges tornaram-se uma realidade extraordinária que, ainda hoje,
constituem uma incógnita desafiando os conhecimentos da ciência atual.
Naturalmente as pirâmides e as esfinges constituíram os ideais das dinastias
anteriores.
O ideal e a ideologia representam o que fazer ― o quê ― e o como
fazer ― o como. Semelhante ao objetivo e a estratégia e aos temas e as
técnicas dos artistas. Na época de Noé, a construção da arca foi o seu ideal,
a ideologia foram as suas palavras, para os povos injustos da época.
Nos tempos de êxodo dos judeus no deserto, sob a liderança de
Moises, o ideal foi o tabernáculo, e a ideologia, os Mandamentos. No
reinado de Salomão, a construção do templo foi o ideal; as leis mosaicas e
os ensinamentos do Pentateuco, a ideologia. O rei Nabucodonosor construiu
os jardins suspensos da Babilônia como o seu grande ideal. A sua ideologia
foi representada pelos conhecimentos que ele tanto amava e pelos quais
construiu a Grande Biblioteca da Babilônia. Na Grécia Antiga, o Helenismo
constituiu a ideologia, enquanto a beleza espelhada na arquitetura das
cidades, nas artes e os esportes foram os seus grandes ideais. Na Roma de
Nero, a construção da Nova Roma (pela qual mudou incendiar a antiga) foi
o seu grande ideal, enquanto constituiu a ideologia do império romano (o
estoicismo foi um reflexo do Helenismo na cultura e no pensamento
romano, após a Grécia ter sido conquistada pelo império romano). Jesus
trouxe para o povo judeu um novo ideal ― O Reino do Céu na Terra ― e
uma nova ideologia ― o Cristianismo ―, ainda latente nos evangelhos. Na
época do imperador Constantino, quando os cristãos sobrepujam o império
romano, sendo a religião cristã oficializada pelo imperador, havia a
necessidade de uma ideologia mais clarificada para que os cristãos unissem
os povos ao redor do seu ideal, que era a construção do Reino do Céu na
Terra. Santo agostinho foi o personagem histórico a quem coube o papel de
cristalizar a ideologia cristã. Após 14 anos de estudo e trabalho, ele
apresentou em 22 volumes sua obra prima A Cidades de Deus. Nela, Santo
Agostinho traçou com clareza o ideal e a ideologia cristã. Foi após essa obra
que o Cristianismo iniciou sua expansão mundial. O ideal e a ideologia
cristão foram as forças estimulantes da Europa até a época da Revolução
Francesa. Época em que se estruturava um novo ideal e uma nova ideologia.
O novo ideal era “A Republica Democrática” e a nova ideologia, o
Iluminismo. O cristianismo, como ideologia baseada apenas na fé, estava
suplantado por uma ideologia baseada na filosofia e na ciência dos séculos
XVIII e XIX, e o ideal cristão de separar o homem do mal, purificando-o
através de uma vida santa par encaminha-lo ao céu após a morte, estava
109
suplantado pelo ideal de construir uma sociedade liberal real sobre a Terra
no aqui e agora; de qualquer forma e pro quaisquer meios. Inclusive a
violência!
O Pietismo, o Quakerismo, o Metodismo, o Puritanismo, o
Mormonismo e o Espiritualismo (grande movimento cristão de pesquisas e
práticas espirituais, tendo como principal expoente o visionário alemão
Immanuel Swedenborg); somados todos esses movimentos surgidos nos
séculos XVIII e XIX, poderemos afirmá-los como uma nova expressão ―
mais real e concreta ― do ideal e da ideologia cristã.Paralelamente, uma
outra ideologia e um outro ideal se estruturava com base na filosofia e na
ciência dos séculos XVII e XIX; o marxismo e a sociedade comunista ateia
(o socialismo cientifico).
O marxismo, afirmado-se materialista e cientifico, tem confrontado
e batido o cristianismo, enquanto sistema de pensamento apoiado na
filosofia idealista e na teologia dogmática. Por outro lado, o ideal da
“sociedade comunista ateia”, fundamentando-se na acusação contra os
equívocos ideológicos cometidos pelo cristianismo na hipocrisia religiosa e
na falsa moral social existente na sociedade democrática cristã
(notoriamente, o egoísmo materialista), vem se sobrepondo ao ideal social
cristão, a ponto de converter pacíficos religiosos ao ateísmo e a violência.
Tal é a força da ideologia e do ideal.
Urge, pois, que surja na terra uma nova ideologia e um novo ideal
superiores à ideologia marxista e ao ideal comunista.
Essa nova ideologia e esse deverão possuir uma poderosa base
teológica, filosófica e científica, e ser capaz de despertar uma verdadeira
revolução intelectual e moral no mundo.
Afinal, o que é o ideal e a ideologia e qual a sua importância? O
ideal é um dos impulsos fundamentais dos indivíduos e dos grupos. é o ideal
que une o grupo para a sua realização. Mesmo uma coisa simples como
arrastar uma arvore caída constitui um ideal poderoso ao redor do qual os
homens se unem e, numa euforia contagiante, juntos, arrastam a árvore
machucando suas mãos e cansando os seus corpos sem sequer o notarem ou
se incomodarem consigo mesmo. Essa é a força extraordinária que um ideal
exerce sobre um indivíduo, um grupo, uma sociedade ou uma nação. O
patriotismo ― o amor, preservação e a prosperidade de nação ― é um belo
exemplo de um ideal nacional. Mesmo as Guerras Mundiais são exemplos
máximos da força do ideal de liberdade e capaz de liberdade e paz para o
lado do mundo que se defendia.
Por sua vez, ideologia possui também um imensurável valor e peso
nas ações humanas. Como anteriormente citamos, a ideologia é o plano, a
110
estratégia indispensável a uma correta tática; são as técnicas sem as quais
seriam impossíveis as artes humanas. Agir sem uma ideologia é o mesmo
que iniciar uma construção qualquer sem um projeto anterior, assim como o
projeto de uma construção estabelece todos os elementos e medidas
necessárias para a solidez e durabilidade da obra construída, a ideologia
estabelece todos os princípios (ética, moral e leis) transmateriais para a
solidez e unidade da sociedade humana. As ciências da Administração nos
ensinaram que as atividades não planejadas anteriormente, tornam-se
atividades improdutivas que devido a um alvoroço, agitação e cansaço, dão
a ilusão de produtividade. Na realidade, a falta de alternativas para as
imprevisibilidades corriqueiras acabam gastando todo o tempo útil e tornam
todos os esforços para uma maior produtividade, inúteis. O Cristianismo é o
conjunto de todas as ideias de índole teísta e pacifica que até então havia
florescido na Terra. Nos evangelhos de Jesus, podemos encontrar traços do
hinduísmo, budismo, confucionismo, judaísmo e traços do pensamento
helênico idealista. A ideologia é o próprio sentido das ações e das reações
humanas na sociedade. Para que homens se associem e cooperem entre si, é
necessário um ideal comum que ofereça benefícios, e uma ideologia ― uma
orientação ética, moral e intelectual ― para a realização do ideal desejado.
De outra forma , união e a cooperação tornam-se impossíveis. Do indivíduo
ao mundo, a existência de um ideal e de uma ideologia são as bases
elementares das suas ações. O ideal é a motivação sentimental que gera
esperança e estimulo de dedicação e abnegação, que dão sentido e
motivação para vida. A vida humana, desprovida de um ideal, não possui
sentimento. Já a ideologia é a orientação intelectual que dirige as ações
humanas por caminhos precisos para a realização do ideal.
A ideologia indica os caminhos para se atingir o ideal. O psicólogo e
psicanalista vienense, Victor Frankl, criador da Logoterapia, afirma como
postulado básico de suas teorias sobre a neurose humana. Na obra
fundamental O Deus Desconhecido, que “a falta de sentido e busca por
Deus, constituem a causa essencial da neurose.” Vejamos que Frankl
considerado o criador da terceira escola psicanalítica vienense (o primeiro
foi Freud e o segundo Adler), confirmou com fartos argumentos a
importância de um ideal para a vida dos seres humanos.
Daqui podemos inferir que, desiludido com seu individualismo de
ser artista-poeta, desiludido com a família e sua sociedade, e desiludido com
o ideal e ideologia cristã, Marx perdeu o sentido da sua existência e
expressou clara mente em seus poemas. Ao entrar em contato com a
filosofia idealista alemã, os ideais dos economistas ingleses, e os filósofos
iluministas franceses, Marx encontrou outra vez os subsídios para adquirir
111
um novo ideal e uma nova ideologia. Quando encontrou Moses Hess,
definitivamente se definiu.
Capítulo 8
PROPÓSITO E FINALIDADE
Outro aspecto de elevada importância nas ações e nas relações humanas são
o propósito e a finalidade. O ideal é a motivação sentimental para a ação;
ideologia é a orientação intelectual par a realização do ideal... Mas, por que
o homem e para quê? O ideal é “o quê”, a ideologia é “o como”, de modo
semelhante, o propósito é o “porquê” e a finalidade é o “para quê.” Vamos
analisar um pouco a questão do propósito e da finalidade. Por que o homem
busca um ideal? Por que um artista busca criar a sua obra prima? A “obra
prima” é o mais elevado ideal de todo artista. É o fruto primoroso de seu
coração que tanto buscou. Naturalmente, buscou trazer à luz sua obra prima
amá-la e mostrá-la às outras pessoas,de modo que também elas amassem
112
essa obra prima. Eis porque o homem cria. Dentro dessa visão, a grande
questão da filosofia existencialista “por que existe alguma coisa, ao invés de
não existir nada”?, Fica definitivamente resolvida. A causa da existência do
ser criado é o desejo de amar do ser criador, dessa forma, criar não foi um
mal, e a existência também não o é. Todos as ações humanas são voltadas
para a satisfação de uma necessidade ou um desejo. Isso indica que, foram
criados com um propósito definido. O propósito é o porque da ação criativa
humana. Esse propósito é o amor.
O propósito do artista ao criar foi o amor. Ele queria amar sua obra e
queria que outros a amassem também... Mas, para quê? O que ele pretendia
ou desejava ao amar sua obra? Noutras palavras: ao buscar a beleza nela
cristalizada, sem dúvida ele buscava o sentimento de alegria, que é o
sentimento, mais desejado pelos seres humanos e, em última análise, a causa
derradeira das suas ações e das relações! Assim, o artista criou sua obra
prima porque desejou amá-la para sentir alegria o amor é o “porquê” da
ação humana e o “para quê”, a alegria.
Eis assim as causas fundamentais de toda e qualquer ação humana;
isto, para pessoas normais, dentro dos padrões de normalidade que a
psicologia atual considera. Esse não parece ter sido o caso de Marx. A
motivação de Marx ao engendrar a sua “ideologia” foi muito mais o ódio e o
ressentimento contra Deus e alguns grupos de homens, do que o amor e o
seu sentimento de justiça. Que justiça queria e ensinou Marx? A violência e
destruição das religiões, da burguesia, e do estado, sem piedade, e por
quaisquer meios. Será isso justiça? Gostaria de citar um curioso trecho da
obra de Julio Verme, As 20.000 Léguas Submarinas, em que o capitão do
Náutilus, Nemo, disse: “Somente o ódio pode preencher o coração do
homem tanto quanto o amor.” Essa expressão é bem verdadeira. O ódio
para Marx era “sua” expressão de amor.
Só que, no mundo real, despojado dos delírios da loucura que o ódio
gera, amor é amor e ódio é ódio. São elementos incompatíveis, um só
existira quando não existir o outro; pois a presença de um é a ausência do
outro. Onde houver ódio, não haverá amor, e onde houver amor, não haverá
ódio. Eis mais algumas das profundas razões para duvidarmos das “boas
intenções” de Marx e seus seguidores.
O marxismo é um produto do ódio. A árvore de onde ele nasceu, era
uma árvore de ódio. Será que tal árvore nasceria um fruto de amor?
Os rastros do marxismo na Terra são os rastros da dor e do sangue.
Os povos de países governados pelos marxistas são “os escravos do século
XX.” Não precisam ser brancos, negros ou amarelos. Todos valem o
mesmo: tanto quanto um animal. O que é uma teoria? Uma teoria é um
113
conjunto de dados parta que, ao serem aplicados, se obtenha um
determinado resultado. Se ao serem aplicados os dados, os resultados forem
os esperados, isto significa que a teoria é verdadeira e é boa. Se pelo
contrário, os resultados forem opostos aos precristos na teoria, isso significa
que a teoria é falsa e ma. O comunismo é uma teoria que cotem em seu bojo
promessas de paz, amor, liberdade e felicidade. Ao ser em posta em prática,
a teoria marxista produziu devastação, dor e morte em todas as partes. O
marxismo parece ser o maior engano que a humanidade cometeu. A situação
atual da União Soviética, que é rejeitada pelos comunistas como modelo de
sociedade marxista que preconizam, sob a alegação de que as ideias de
Marx nunca foram aplicadas na União Soviética, não passa de uma desculpa
a mais. A situação da União Soviética, especificamente do povo soviético, -
nada representa que o resultado mais avançado da aplicação do marxismo
prático no mundo, simplesmente porque foi lá onde ele foi primeiramente
aplicado. Onde quer que o marxismo seja implantado, os resultados serão
sempre os mesmos, porque todo efeito é produto de uma causa, e não podem
nascer uvas verdes de um arbusto selvagem. O ódio de Marx destruiu sua
família e até ele mesmo. A aceitação da violência como princípio
fundamental do progresso humano e aceitação do marxismo de um modo
integral, apesar do desastre que ele é e que ele traz parace-me mais um dos
aspectos místicos do marxismo. Os marxistas ficam como que
“enfeitiçados” com as ideias e os ideais do marxismo, a tal ponto que nem
mesmo a mais chocante evidencia é capaz de libertá-los do seu estranho
“transe.”
Não precisamos experimentar veneno para nos certificar de que é
mortífero. Bastam-nos os exemplos dos muitos que já o provaram. Essa é a
atitude de um homem em perfeito domínio das suas faculdades mentais.
Experimentar o veneno ao lado dos corpos de outros que o
experimentaram antes, para ver se era mortífero, a ainda assim o
experimentar... Definitivamente, tais pessoas estão fora de si! Por incrível
que possa parecer e pro mais que me recuse a aceitar esse fato, é exatamente
assim que tem agido as sociedades ocidentais. É como se estivessem
envolvidas por uma espessa nevoa e dominados por uma força invisível que
lhes atrai a mente e o coração, de uma forma irresistível. Presenciando no
mundo os êxodos desesperados dos povos dos países comunistas, as
declarações-denuncias daqueles que conseguiram escapar e contam as
terríveis historias de dor e sofrimento que traz consigo o comunismo, e
presenciando a suspensão total dos direitos humanos nos países comunistas,
o mundo ocidental ainda lhe permite existir e ser legal dentro de seus
próprios territórios! É como trazer para dentro da sua casa ferozes
114
escorpiões e, de luzes apagadas, e pôr a caminhar entre eles. É um delírio
insensato!
Capítulo 9
IDEAL CRISTÃO E IDEAL MARXISTA
115
cristã ― o Cristianismo ―, estava aberto o espaço para um novo ideal e
uma nova ideologia. Marx, como um falso messias, trouxe para a
humanidade um novo “ideal” e uma nova “ideologia.” (Aspei as palavras
ideal e ideologia, porque, no caso do marxismo, são falsas.) Quais foram o
ideal e a ideologia apresentados por Marx? O ideal foi a sociedade
comunista ateia, uma sociedade sem famílias, sem estado e sem
propriedades, em que os homens viveriam sem leis, sem princípios e... sem
ordem!
Sim. Como pode haver ordem, onde não há lei e nem princípio?
Onde todos poderão fazer o que quiser, quando quiser e como quiser sem
nenhuma satisfação a dar a ninguém? É como o próprio Marx afirmou, um
retorno (ou retrocesso) ao estágio primitivo e brutal do homem (ao estado
anterior à civilização).
Quanto à ideologia, Marx propôs o marxismo ateu. Nesse sistema de
pensamento, a ética universal é a violência. A violência é fator criativo; a
causa do movimento e do desenvolvimento na natureza e na sociedade. Sem
violência não há progresso. O homem é um mero animal superior criado
pelo trabalho, cuja essência é o próprio trabalho. Matar um homem é o
mesmo que amassar um pedaço de barro. Não há direito à vida ou à
liberdade para aqueles que não aceitarem a violência como princípio básico
para a unidade e o progresso social. Convém recordar aqui que o marxismo
afirma que na sociedade comunista não haverá lutas. Isso é um disparate!
Como poderá a luta cessar se ela é a causa do movimento e do
desenvolvimento na natureza e na sociedade? Se a luta cessar, a sociedade
estagnará. Pelo menos é o que diz a ideologia marxista. Não existe vida
eterna (não sei como ficará a esperança humana de viver eternamente,
quando lhe dizem que se transformará em pó definitivamente). Deus é uma
superstição originada pelo medo e pela ignorância. Jeanne Kirkpatrick, ex-
embaixadora dos EUA na ONU, declarou certa vez que a União Soviética é
um Estado aético, e o mundo ocidental não pode compreender as suas
atitudes. Como ficou demonstrado anteriormente, o marxismo como sistema
de pensamento lógico, está completamente ultrapassado. O objetivo desse
livro não é apresentar os erros teóricos do marxismo, mas sim apresentar o
caráter interno do marxismo: as causas essências de sua formulação e
expansão mundial e, principalmente, as causas da sua natureza
intrinsecamente perniciosa e cruel. Gostaria, não sei se o conseguirei, de
transmitir ao leitor todo o mistério que se oculta sob as camadas pseudo-
cientificas e pseudo-humanistas do marxismo. Ainda que lance mãos de
ideias verdadeiras para conquistar as massas (de outra forma como o
conseguiria?), o marxismo é intrinsecamente mau, como declarou o Papa
116
Paulo VI. Gostaria de despertar o leitor o fato incrível da força de persuasão
do marxismo, notadamente visível no fenômeno da teologia da revolução,
onde muitos jovens que entraram para os seminários e conventos religiosos,
para aprenderem como semear o amor, o perdão e paz entre os homens,
subitamente passaram a ensinar o ódio, o ressentimento e a violência,
chegando ao cumulo de empunhar metralhadoras e facas, em nome do amor
a Deus e ao Homem! Tal é a força mística do marxismo, de onde provém
ela, se o marxismo é ateu?
Penso que apenas uma parcela dos leitores desse livro conhece as
verdadeiras praticas do comunismo. Mais ainda, muitos sequer acreditariam
se lhes fossem contadas as atrocidades inumanas que o marxismo inspirou.
A humanidade já conheceu o terror dos assírios e as crueldades dos povos
bárbaros da Europa Medieval. Mas jamais conheceu algo cruel, sob um
disfarce tão perfeito de bondade, como o marxismo *. O marxismo decepa,
arranca e destrói, até às raízes, tudo o que há de amor, perdão e bondade na
natureza humana. Alexandre Soljenitsin declarou que os povos escravizados
pelos comunistas necessitarão de pelo menos cem anos para se readaptarem
outra vez ao convívio mundial. O mais incrível em tudo isso, é que o
marxismo oferece aquilo que constitui o desejo humano mais essencial: o
fim do sofrimento. Essa, grande ironia.
O mundo atual necessita urgentemente de um novo ideal e de uma
nova ideologia que possam suplantar o ideal e a ideologia marxista. Essa
nova ideologia deve vir apoiada na ciência do século XX e deve oferecer à
humanidade a paz que ela tanto tem buscado, sendo enganada e jogada de
um lado para o outro, como um trapo imprestável. Se há Deus além da
aparência do mundo material, esse dia glorioso chegará para a humanidade.
Creio verdadeiramente que essa tão esperada e necessária ideologia já
apareceu na Terra. Chama-se Deusismo e, graças a Deus, já está semeada
em todas as partes do mundo livre. Tenho estudado o Deusismo e, há longos
anos, é meu mais firme propósito torna-lo claro e expandi-lo entre os
intelectuais e religiosos. Creio verdadeiramente que essa será a solução
verdadeira e final para a ameaça do comunismo internacional. Quanto a esse
ponto, gostaria de alertar àqueles que não acreditam na luta ideológica
contra o comunismo para o grave engano de que são vítimas. A guerra
comunista é uma guerra política. Nessa guerra as armas são os ideais e as
ideias, e o campo a conquistar são as mentes e os corações. Somente após
*
Como escreveu o filósofo francês Bernard Henri Levy: “o marxismo é uma barbárie com
face humana.”
117
essa conquista e, somente em caso de necessidade, os comunistas usarão as
armas publicamente. A subversão de todos os valores por meio da
infiltração tem sido o modo oculto e covarde de atuação dos comunistas.
Pergunto àqueles que não perceberam a força da ideologia: como foram
conquistados os elementos marxistas já infiltrados? Não foi utilizando os
ideais e as ideias do marxismo? Se a ideologia marxista é um erro, isso de
nada interessa aos comunistas. O importante para eles é que, errado ou não,
a ideologia marxista envolve Karl Marx numa capa de cientista e filósofo
absolutamente indispensável para encobrir a sua verdadeira identidade e real
intenção. Como também encobrir todos os comunistas em pele de cordeiro,
justificando seus crimes atrozes.
“O ideal cristão, por sua vez, apresenta-se perante a classe
intelectual como um absurdo irreal. Afirmam os cristãos que a consumação
da história do homem será o arrebatamento de todos os fiéis a Jesus para o
céu ― entendido como uma cidade ― onde habitarão por toda a
eternidade como anjos, e o julgamento e condenação dos infiéis ao lago de
fogo e enxofre juntamente com o diabo, os falsos profetas, bestas e outras
coisas mais, onde permanecerão gemendo por toda a eternidade. Essa
teoria da história já de há muito não convence nem mesmo aos cristãos
mais devotos. As modernas teorias da parapsicologia, como também as
experiências místicas do espiritismo, nos revelam e confirmam as ideias de
Immanuel Swedenborg, que afirmava que o mundo espiritual (o que os
cristãos entendem por céu), corresponde a uma outra dimensão do mundo
natural. Ambos estão unidos como mente e corpo (discutiremos estes
tópicos numa outra ocasião mais propícia). Creio que alguns dos leitores
desse livro são cristãos. Mas creio também que como tantos milhões de
outros, já tomaram a resolução de “viver intensamente aqui na Terra
desfrutando de sua beleza e toda sua alegria e... depois da morte... bem,
seja o que Deus quiser, pois eu não sei mesmo nada sobre isso!” O ideal
cristão é irreal. É inconcebível a existência de uma cidade encantada que
desce do espaço sideral. Enquanto o Cristianismo propunha um ideal
destes, os comunistas acusavam os cristãos de “o desejaram apenas para as
massas ignorantes, enquanto para eles mesmos preferiam o céu na terra
aqui e agora.” Com base nesses argumentos eles propunham a sociedade
comunista sem religião, sem classe, sem Estado e sem sofrimento para
sempre. É obvio que um ideal destes é quase exatamente o que a
humanidade anseia. Miseráveis e exploradas, o ideal marxista.
O ano de 1917 foi quando os comunistas puseram em prática a sua
ideologia. Hoje, passados 68 anos de praticas em 38 países conquistados
por eles, o resultado é um rastro de violência e dor como jamais a
118
humanidade conheceu. A ideologia marxista foi a causa; uma desgraça e
miséria lamentável, o efeito. O marxismo criou monstros humanos
insensíveis e cruéis como nenhum outro sistema de pensamento jamais o
fez. Será que é desejável uma tal sorte para os nossos descendentes? O
fenômeno do terrorismo internacional é apenas um dos frutos do marxismo.
O que dizer mais?
Capítulo 10
A IDEOLOGÍA C RISTA
E A IDEOLOGÍA MARXISTA
119
pensamento deveria ser cientifico, abrangente e baseado completamente na
razão e na objetividade máxima possível. Sobre esse alicerce, Saint-Simon
dizia, levantar-se-ia uma “nova religião da humanidade” que mudaria a
mentalidade humana, adaptando-a aos seus novos objetivos. Somente essa
“religião” poderia criar a sociedade do futuro governada por homens de
intelecto superior. Comte, que sofreu influência de Saint-Simon, advogava
um ideal semelhante. Ele concluiu que o mundo somente poderia ser
redimido (?) por uma “Nova Religião”, cuja função seria exaltar a
humanidade fortalecendo o seu altruísmo. Essa exaltação veria a
humanidade como objeto de veneração ritual.
Comte passou sua velhice elaborando essa religião da humanidade.
Chego a criar um intricado sistema de sacerdócio, sacramentos, disciplinas e
orações e propôs um novo calendário, no qual as divindades pagãs e os
santos cristãos seriam substituídos por “heróis do progresso humano.”
Estudando para encontrar subsídios para essa obra, chegarei à conclusão
que, se estudasse mil obras de autores diferentes, em todas elas encontraria
aspectos místicos para compor o presente trabalho. Naturalmente, não
pretendo (nem poderia), reunir nessa obra todos eles. Minha intenção é
despertar o leitor para a mística que, ainda que não intencional ou
consciente, está sempre presente mesmo em escritos materialistas e ateus.
Outro interessante exemplo encontra-se no pensamento de Antonio
Gramsci.
Gramsci nasceu em Ales, Itália, a 22 de janeiro de 1891. Foi o
organizador do Partido Comunista na Itália, e o mais expressivo pensador
comunista italiano. Por todo o seu envolvimento nas greves operárias, foi
preso no governo de Mussolini e condenado a 20 anos de prisão. Morreu
doente a 27 de abril de 1937. Gramsci e considerado o pai do
Eurocomunismo.
O pensamento de Gramsci foi classificado como uma “heresia” pelos
socialistas e comunistas da Itália. Ele se opunha a violência gratuita,
defendendo uma postura moralista e culta por parte dos comunistas.
Vejamos um trecho do seu pensamento citado no livro Antonio
Gransci . Uma Vida (Brasiliense. Laurana Lajota, 1985):
“Gramsci recusa o anticlericalismo socialista o qual, rechaçando o
sentimento religioso, não avalia adequadamente o seu enraizamento do
povo... a religião, ao contrário, deve ser considerada como uma
necessidade espiritual inata ao homem, que deve ser substituída por uma
outra força moral, a qual o indivíduo possa apelar nos momentos supremos
da vida... Mesmo aquele (comunistas) que acredita ser livre de certos
preconceitos e convencionalismos burgueses sente, em certas
120
circunstâncias, um pouco de melancolia pela sua condição de olha
destacada da árvore, um pouco perdida, um pouco desiludida.”
Deus Trabalho
121
Jardim do Éden Sociedade Comunitária Primitiva
O Remorso A Autocrítica
A Essência-Divina-Humana A Essência-Trabalho-Humana
122
Os Santos Cristãos Os Guerrilheiros-Marxistas
123
O Cristianismo diz que o aparecimento do pecado, das guerras e do
sofrimento na história humana, não foi a vontade original de Deus. Tal veio
a existir por falha do homem ao cumprir o mandamento de Deus. Esse fato é
chamado de “Queda do Homem.” Assim, a Queda do Homem foi a causa do
sofrimento humano. Apesar de nunca ter tocado no assunto “um tanto
quanto místico”, Marx apresenta em sua teoria também uma causa para o
início do mal. A Queda do Homem, segundo o marxismo, é chamada “o
aparecimento de uma tendência à propriedade privada.” No Cristianismo,
foi devido à Queda do Homem que surgiu o egoísmo e o mal. O marxismo
entretanto, ignora o fator que teria provocado “o aparecimento da tendência
à propriedade privada.” Vemos dessa forma que o marxismo também possui
em seu bojo uma teoria semelhante à teoria cristã da Queda do Homem. Mas
não a menciona, apenas o efeito é citado.
124
Segundo o Cristianismo, antes da queda do homem possuía uma natureza
mansa e bondosa. Após a queda, sua natureza foi pervertida e somente
através das religiões ele poderá restaurar sua natureza original. De modo
idêntico, o marxismo apresenta a mesma tória. Naturalmente, sem
mencionar a queda do homem. Diz o marxismo que antes (do acontecimento
trágico que provocou a...) do aparecimento da tendência à propriedade
privada (antes do aparecimento do egoísmo e maldade no homem), os
homens eram naturalmente bons. Viviam em uma sociedade comunitária
sem lutas e sem propriedade. Após o “trágico acontecimento” (que ele
omite), a essência-espécie original do homem ― sua humanidade
propriamente dita ― foi pervertida pela propriedade privada. Assim,
somente pela destruição da propriedade privada o homem recuperará outra
vez a essência―espécie original.
125
burgueses adultos em idade irrecuperável, e educando as crianças dentro de
uma visão comunista ateia e proletária.
O remorso e a autocrítica
126
ações das palavras dos próprios comunistas. A consciência de classe dentro
do pensamento marxista ocupa o mesmo papel da consciência da fé cristã. O
cristão é conscientizado para a realidade de que a realidade de que ele faz
parte da família de Deus ― a família cristã ― que peregrina na Terra. E que
essa verdade implica em responsabilidade perante Deus e seus irmãos. Esse
mesmo sentimento de responsabilidade para com a classe proletária e para a
família, é despertado nos comunistas através da consciência de classe. O
sentimento comunista da família é revelado pelas palavras de Pablo Neruda
em um poema chamado Os Comunistas, onde ele se refere
melancolicamente à “família comunista”, dizendo que “os comunistas
formam uma família unida...”
Lênin certa vez expressou esse mesmo sentimento, onde podemos
notar a incrível força do comunismo de despertar a “consciência de classe” e
induzir ao sacrifício pela mesma:
127
porque é uma herança uma marca divina. Deus criou pelas mesmas razões
que o homem cria, afirma a Teologia, assim, Deus criou o Universo e o
homem para sentir alegria. Logo, valor homem é medido pelo grau de
alegria que ele retorna a Deus do mesmo modo que um pai estrutura uma
família: ele sacrifica-se para fazer feliz o seu filho e, a alegria deste filho, é
a sua própria alegria. Se o filho se afasta e repudia o pai, causando-lhe
tristeza, será que tal filho o mesmo valor de um outro que reconheceu o
amor do pai e correspondeu? Do mesmo modo dá-se com Deus. O valor do
homem é originado em Deus mediante o grau de amor e alegria que a ele
retorna. É obvio que a finalidade do Universo não foi a infidelidade de
Deus.
Dessa forma o homem possui um valor divino. Por sua vez, o
marxismo afirma que o valor do homem é medido pela sua capacidade
produtiva. É o trabalho o fator determinante do valor humano. Dentro da
visão de que o trabalho é Deus, o marxismo também afirma um valor para o
homem. Numa frase muito popular ― aquele que não trabalha, não come
―, o marxismo demonstra a amplitude do seu conceito de valor humano.
128
da sua, uma mais perfeita e justa que a Lei Humana ― A Lei de Deus. O
grande escritor e cientista intuitivo Pietro Ubaldi, escreveu linhas
maravilhosa sobre esse tema numa de suas obras intitulada A Lei de Deus.
A moral e a ética cristã são derivadas da crença em Deus e da posição
secundária o Cristianismo atribui ao homem.
Para o marxismo (ainda que Marx parecesse crer em Deus e odiá-
lo), Deus não existe. Portanto, não há necessidade de nenhuma regra de
conduta ética ou moral. Tudo são “bobagens burguesas criadas para inibir a
reação da classe proletária.” Um fato muito curioso quando Freud publicou
os Três Ensaios sobres a Teoria da Sexualidade. Essa obra representa uma
das bases da visão freudiana do homem. Nela o homem é visto como um
impulso sexual, a sexualidade é a motivação fundamental do ser humano a
repressão sexual, portanto, constitui a raiz da neurose. Freud era ateu a
odiava a arte, religião e filosofia. Ao tomarem conhecimento da obra de
Freud, os comunistas vibraram afirmando que Freud havia destruído a moral
burguesa. Subitamente, perceberam que o ataque de Freud recaía sobre eles
também. A passaram a chamá-lo “reacionário burguês.” Os marxistas não
respeitam nenhum dos valores morais ou éticos do mundo ocidental. Em
relação a nós, são aéticos e amorais. Mas, em relação a eles mesmos, a coisa
é um pouco diferente. Eles também possuem uma “moral” e uma “ética.”
Tudo que auxilie a causa marxista é moral e ético. Não importa se a conduta
necessária é o roubo, o assassinado, a mentira, o terror, ou quaisquer que
sejam as atitudes necessárias. Isso e ético e moral, do ponto de vista
marxista. Para eles a ética da natureza é o conflito; por isso, tudo que induz
ao conflito é natural, legal e legítimo. Contrariamente ao Cristianismo, onde
tudo o que induz à paz é natural, legal e legítimo. Naturalmente nesse
“tudo” não está incluído o desrespeito à vida, à liberdade e à dignidade
humana.
Quando estudarmos o terceiro capítulo desse livro, conheceremos
um pouco mais sobre “ético e moral” praticas. Diríamos que para os
comunistas ética e moral são exatamente o oposto do que nós consideramos
como tal. Assim, a ética e a moral marxista são forjadas com base na moral
e na ética cristãs, porém às avessas. São a ética e amoral cristãs invertidas e
negadas. Por que isto é assim? Porque os comunistas negam a Deus e,
conseqüentemente, tudo o que Dele cremos provir.
Uma religião nasce de uma inspiração de homens especiais, que a
escrevem e a propagam pelo mundo, sob a forma de um livro contendo
princípios éticos e morais em essência. Assim sendo, a religião é a fonte de
toda ética e de toda ética e de toda moralidade, responsáveis pela
associação, cooperação e unidade na sociedade humana. Destruam-se as
129
religiões e se estarão destruindo os elos de ligação que matem a coesão
social e a própria sociedade. Por esse prisma, o marxismo apresenta-se
como um atentado de morte contra a humanidade, sua “ética” e
“moralidade” podem ser vistas como “todo qualquer ato contribua para tal
fim.” É a aplicação integral de um dos mais famosos princípios
maquiavélicos: “O Fim justifica os Meios.”
*
Arnold Toynbee em sua obra Um Estudo da História defende essa mesma tese.
130
hierarquia são um fenômeno natural e intrínseco à natureza humana. Além
do que o progresso social, de uma forma geral (educação, moral, etc),
depende em grande parte da responsabilidade individual. Os homens sempre
possuirão aptidões e tendências distintas, que se projetarão na sua vida
social. Alguns desejarão ser cientistas e outros camponeses. Isto dependerá
em partes da aptidão , da capacidade e do esforço de cada um. Pelo que é de
todos (usado por todos), ninguém se responsabiliza, porque o comunismo
destrói o zelo e a responsabilidade individual. Amenos que se use a força,
não há outro meio de preservar tais bens. É isso, precisamente, o que o
comunismo faz citarei para finalizar, um trecho de Rui Barbosa sobre o
tema:
“Os apetites humanos conceberam inverter a norma universal da
criação, pretendendo não dar a cada um na razão do que vale, mas atribuir
o mesmo a todos como se todos se equivalessem. Essa blasfêmia contra a
razão e a humanidade é a filosofia da miséria proclamada em nome dos
direitos do trabalho que, executada, não faria senão inaugurar, em lugar da
supremacia do trabalho, a organiza;ao da miséria.”
131
Como se fará possível isso? Com a resolução do proletariado através da
violência, que destruirá as classes exploradoras e o sistema capitalista.
Arrependimento e rebelião
132
destruir todas as bases da sociedade ocidental, convertida em “cidade do
inimigo”, enquanto o mundo comunista era considerado a “cidade sagrada”,
onde os comunistas viveriam como uma família unida. Citarei para ilustrar,
um trecho de um oficial comunista a cerca das escolas comunistas:
“Tomar simples camaradas e explorar sua avidez de aprender e
criar dentro deles a convicção de que eles estão de posse da verdade a
respeito da filosofia, história e política, é um dos mais graves crimes contra
a cultura, o partido tende a banir o processo de pensamento crítica... Os
camaradas enviados para as escolas freqüentemente acabam sofrendo um
colapso físico e nervoso, o que é aceito naturalmente como parte do
progresso de adaptação para o mecanismo mental de obediência passiva e
supressão da personalidade...”
Comunismo Suas Promessas... Suas Práticas.
Andrew Wilson. Editora Il Rung, 1983.São Paulo.
133
pretendem estabelecer no mundo inteiro, do mesmo modo que os clérigos
sentem-se responsáveis pela tradição cristã, que deveriam estabelecer no
mundo inteiro. Eis aí o paralelo.
134
O Cristianismo possui um amplo santuário, os santos são cristãos
exemplares que amaram a humanidade acima de si mesmo; acima de suas
próprias vidas. Estátuas e monumentos gigantescos são erigidos exaltando-
os. Pinturas famosas são expostas retratando-os cânticos são compostos e
livres são escritos contendo as bibliografias dos grandes cristãos que se
destacaram pelo seu amor, pela sua fé em Deus. Suas esperanças e visões
inspiraram milhares de outros jovens e adolescentes a se dedicarem
integralmente ao serviço da paz e do bem para a humanidade.
O Cristianismo inspirou nesses homens um fervor e um rigor
extraordinário na sua marcha pela Terra. Hoje, centenas de destacados
cristãos compõem esse santuário. Os Santos foram homens de amor, paz,
humildade, resignação, fé e esforço a serviço de Deus e do homem. Marx
disse certa vez que Prometeu ocupava o primeiro lugar no calendário dos
mártires da filosofia.
Marx exaltou prometeu por sua ação e decisão de desprezar os deuses.
O leitor deve ter visto a figura de Che Guevara , estampada nas camisetas de
milhares de jovens, como se tratasse de um perfeito exemplo para todos os
jovens do mundo. Quem foi Che Guevara? Um guerrilheiro argentino que
ajudou Fidel Castro a implantar o comunismo em Cuba e, depois de se
desentender com Fidel, viajou para a Bolívia, onde foi morto. Quantas
pessoas Che Guevara matou? Ninguém saberá, nem mesmo ele o sabia. Che
Guevara é de fato um bom exemplo para todos os jovens da América
Latina? Che Guevara é apenas um dos “novos santos”; os “santos”
guerrilheiros marxistas ateus do novo “santuário” marxista (talvez o mesmo
“santuário” defendido por Comte). Existem livros inteiros escritos sobre
esse novo “santuário.” Por todos os países estão sendo alijados dos pedestais
os autênticos santos e, em seus lugares, são instituídos guerrilheiros
marxistas, ou simples operários e camponeses mortos inocentemente,
marxistizados e manipulados como “força bruta” nas manifestações de rua
pelos comunistas profissionais. O primeiro “santo” deste novo “santuário”
foi o próprio Marx, seguindo de Lênin, para o qual foi construído um templo
especial na Praça Vermelha de Moscou e onde todos os dias formam-se
longas filas com centenas de “fiéis”, para prestar-lhe culto e levar-lhe flores.
Curiosamente, na mesma Praça Vermelha todas igrejas foram transformada
em museus. Líderes religiosos e políticos de todo o mundo prestam
homenagem ao “santuário” Lênin sempre que visitam Moscou**.
*
O culto à personalidade é uma prática regular de todos os lideres comunistas. Um
exemplo da força dessa propaganda pode ser muito bem notada no caso de Stálin. Após
135
Outra curiosidade: o jornal O Estado de São Paulo (9 de janeiro de
1985) publicou um estranho artigo intitulado Fumaça na Praça. Eis a
íntrega:
“MOSCOU ― A partir de amanhã, dia 10, está terminantemente
proibido fumar na Praça Vermelha, onde fica o Mausoléu de Lênin coração
de Moscou. O jornal vespertino VERVHRNAYA MOSKVA publicou ontem o
decreto municipal que determina o interdição, que atende, segundo o
jornal, “aos apelos de números cidadãos moscovitas, russos e turistas do
exterior”, que dizem que a praça “é um lugar sagrado, conhecido
universalmente como o mausoléu de Lênin o monumento à revolução e a
Tumba do Saldado Desconhecido”, devendo portanto inspirar uma atitude
de respeito ‘aos visitantes.”
intitular o terror e assassinar milhões de cidadãos russos inocentes, quando foi anunciada
sua morte, esse mesmo povo russo chorou inconsolavelmente a morte do “Pai” e do
“Grande Camarada Stálin.” O metrô de Moscou está repleto de estátuas dos “heróis”
comunistas.
O marxismo continua inspirando os jovens em todo o mundo a sacrificarem suas vidas
pelo ideal comunistas, do mesmo modo que o o marxismo completamente. Gostaria mais
uma vez de lembrar ao leitor a existência do sistema de pensamento chamado Deusismo,
uma nova visão do Cristianismo apoiada na filosofia, na história e na ciência dói século
XX e que tem derrotado o marxismo por todas as partes onde o tem confrontado.
136
partido comunista composto de revolucionários profissionais para apressar a
“salvação.” Aqui parece haver alguma traição. Marx trouxe a “nova
revelação” que traria para a humanidade o “Céu” eterno. Sua “mensagem”
trouxe fé e esperança para o homem. Nesses termos, parece que Marx ocupa
no marxismo a verdadeira posição do “Messias Salvador.” Lênin é como o
“Pedro” do marxismo que fundaria a Igreja Marxista ― o partido ― e
expandiria a sua “mensagem de salvação” para o reto do mundo. Quando o
proletariado é apresentado como “O Salvador”, isto se parece a um blefe!
De fato a ditadura do proletariado, de que Marx falou, jamais foi
estabelecida em nenhum país invadido pelos comunistas. Sempre foi o
partido que dominou completamente. O proletário sempre foi usado como
“bucha de canhão”, apenas durante a revolução.
O Cristianismo ensina que a Queda do Homem trouxe o pecado
original (algo que se encontra na essência espiritual do homem decaído), o
qual induz e gera a natureza má. De tal modo, para salvar o homem é
preciso extirpar o pecado original e como ele possui uma origem e natureza
mística, somente poderá ser eliminado por um homem especialmente
preparado por Deus para isso. Esse homem, por sua natureza e origem
divina, é chamado de Messias ― o ungido. A arma que será usada para
eliminar o pecado original e natureza má da humanidade será a verdade de
Deus, o amor e o perdão. O Messias, portanto, será um homem divino que
virá à Terra para ajudar a humanidade, perdoando-a livrando-a do pecado
original, em nome de Deus, e utilizando-se do amor e da verdade como
instrumento de salvação. Enquanto no Cristianismo o salvador é
representado por um indivíduo cheio de amor e paz, no marxismo ele é
representado por uma massa cheia de ódio e violência! O proletariado,
porém, parece ser uma mera fachada para encobrir a verdadeira identidade
do “messias marxista” o próprio Marx!
A bíblia relata que o Jardim do Éden é um lugar onde existia terra, rios,
peixes, pássaros, flores, frutos, animais e pessoas. Esse local ficava entre
dois rios: o Tigre e o Eufrates. Ora, esse lugar fica no Oriente Médio e foi
conhecido no passado por Mesopotâmia. Concluímos que a Queda do
Homem teria ocorrido aqui na Terra. O paraíso terrestre seria estabelecido
pelos primeiros seres humanos que, devido à Queda, não o construíram. Em
seu lugar, um mundo de descrença e miséria foi estabelecido. Quando
porém, o Messias vier, ele irá restaurar o Éden perdido e estabelecerá o Céu
na Terra. De modo semelhante, o marxismo afirma que a propriedade
137
privada* desorganizou e destruiu a sociedade comunitária primitiva, criando
em um seu lugar um mundo de miséria e exploração. A história humana
passou a ser uma história de miséria e exploração. Com a derrubada pela
força da sociedade de classe, será estabelecida a sociedade comunista
científica, que nada mais representa uma volta à antiga sociedade
comunitária primitiva em um nível superior, ou seja, tanto para o marxismo
como para Cristianismo, a história humana caminha no sentido de restaurar
o “Jardim do Éden”, perdido com a Queda do hmem.
*
A Queda do homem, segundo o Cristianismo.
138
Capítulo 11
TEOLOGIA X MARXISMO
Creio que o leitor já ouviu falar ou leu algo sobre a chamada “Teologia da
Libertação.” Sendo cristão e conhecido o marxismo, o leitor sabe que a meta
final dessa ideologia é a destruição das religiões da fé na existência a meta
final dessa ideologia é a destruição das religiões e da fé na existência de
deus, como também a supressão de toda atitude derivada dessa fé. Como se
pode deduzir pelas palavras dos seus lideres do passado ao presente:
Por tudo isso o leitor ficar meio perplexo diante de tal realidade. Como
é possível harmonizar ateus e crentes? O fenômeno é exatamente igual a
tentativa de harmonizar Deus e o Diabo, uni-los e fazê-los trabalhar juntos!
Como se demonstrou anteriormente, marxismo e Cristianismo são
antagônicos. Um não pode existir onde o outro. É como o Bem e o Mal.esse
é o único caso em que se aplica a teoria de teses-antíteses de Marx, porque
um dos dois é falso. Somente nesses casos faz sentido se falar de tese e
antítese. Falaremos mais sobre esse tema oportunamente. Quanto à questão
da união entre marxismo e Cristianismo, chegamos à conclusão, depois de
estudar anos detidamente, que o aparecimento desse fenômeno absurdo é
um dos mais profundos exemplos da força mística do marxismo. Cremos
139
que tal somente foi possível devido à sua “semelhança” extraordinária com
a ideologia e ideal cristão.
O homem (já está mais que demonstrado) é um ser dual, espiritual e
material, por isso, é naturalmente místico. Não é possível suprimir a mística
humana porque da índole humana é intrínseca e inata à natureza do homem.
Em toda a história e em todo lugar, o homem sempre buscou a mística. O
animismo é um dos exemplos mais rudimentares desse fato histórico.
Convém destacar aqui a diferença entre a mística ― aspecto essencial da
natureza humana ― e o mistério ― efeito puro e simples do
desconhecimento. Não se conhecendo o porquê de um fenômeno qualquer,
seja material ou espiritual, diz-se que tais são mistérios de Deus. Dessa
forma, justifica-se a ignorância e desestimula-se a busca da verdade. O
mistério, entendido como místico da natureza, homem e de Deus, é
perfeitamente aceitável. Mas entendido como explicação para o que se
desconhece, é um simples argumento medieval definitivamente suplantado
pela ciência do século XX. É impossível reprimir o impulso humano para a
mística. O homem somente substituirá sua fonte mística ― uma ideologia e
um ideal ― por uma outra que lhe forneça os mesmo elementos e satisfaça-
lhe a busca natural e constantemente, resulte da sua própria natureza. Assim,
uma ideologia para substituir o Cristianismo deverá possuir uma índole
necessariamente mística. Convém observar-se aqui, que também a ciência
possui aspectos místicos que satisfazem a natureza mística do homem. É
precisamente esse aspecto místico que exerce tanta atração no homem. A
Cibernética ― ciência dos aparelhos “inteligentes” e automovidos ― abriu
o debate sobre a síntese homem-máquina e, mais que todas as outras, é o
ramo da ciência que maior atração exerce sobre o homem atual. Ouvimos
falar em “seres biônicos”, “aparelhos inteligentes” e “maquinas vivas.”
Enfim, a causa essencial da atração do homem pelas ciências (da
matemática à sociologia) é essa natureza mística, hoje mais claramente
evidenciada. Quis com esses comentários, deixar claro que o homem é
místico por natureza, e em tudo, busca também a mística. Hoje vemos que o
marxismo está substituindo o Cristianismo. Fomos em busca das causas
desse fenômeno e iremos expô-las aqui à apreciação do leitor. Onde
começou tudo isso? Poderíamos nos reportar à Grécia antiga. Mas isso nos
tomaria muito espaço e alongaria demais esse trabalho. Por isso,
apresentaremos as origens da “Teologia da Libertação” a partir do teólogo
protestante Karl Barth, pois foi de fato a partir dele que a “Teologia da
Libertação” tomou corpo e definição. Creio que a grande maioria dos
estudiosos do fenômeno desconhece a figura de Karl Barth, e o seu papel
fundamental na formulação da síntese marxismo―Cristianismo.
140
Karl Barth
141
Dois desses discípulos de Barth foram Josef Hronadka, que escreveu
O Evangelho para os Ateus, e Milovan Machovec, que também expôs
semelhantes ideias na obra Marxismo e Teologia Dialética. A teologia
dialética criada por Barth reaparece nesses ensaios superficiais, de tons
fortemente marxistas.
Jurgen Moltmann enfocou de uma forma nova a ideologia de Barth,
chamando-a de “Teologia da Esperança.” Logo após o Concilio Vaticano II.
Ernest Bolck, outro discípulo de Barth, apresentou uma pequena alteração
das ideias de Moltmann, chamado O Príncipe da Esperança, título de sua
obra principal.
O Padre Dr. Miguel Poradowski escreveu em seu livro A Gradual
Marxistização da Teologia:
“Na realidade, tanto Block como Moltmann, ocupam-se do mesmo
problema de que se ocupa anteriormente Barth, mas enfocam-no com outro
ponto de vista, mais atraente, o saber: levam em conta a esperança como
motor da vida humana, como um elemento dinâmico, como fonte de
otimismo e catalisador das energias humanas, dirigidas a um fim concreto,
temporal, terreno, prático ― a construção de um porvir; a esperança como
confiança. É quase certo que o homem pode, aqui na Terra, construir uma
sociedade ideal do futuro, que será uma realização tanto do conceito
cristão do “Reino de Deus na Terra”, como do conceito marxista de uma
“sociedade socialista...”
142
colaboração estreita e sincera entre marxistas e cristãos. Em outras palavras,
só os cristãos poderão salvar o comunismo marxista.”
Farner conclui que “sem comunismo não haverá Cristianismo
algum.” Adverte que se não for transformado. Poderá voltar à antiga
sociedade, o que somente poderá ser evitado pela colaboração sincera,
honesta e duradoura entre cristãos e marxistas.
Tudo isso porém, não passa de “belas mentiras”, nas quais grandes
números de cristãos têm acreditando, lamentavelmente.
Procederemos agora a uma visão geral da gradual marxistização do
Cristianismo, segundo a ordem descrita pelo Pe. Poradowski, em seu livro A
Gradual Marxistização da Teologia, aqui Poe nós utilizado como fonte de
preciosos dados, segundo o Pe. Poradowski, a marxistização ocorreu eficaz
de graduação psicológica, primeiramente, utilizando-se uma propaganda
sutil durante retiros espirituais e através de revistas teológicas. Procurou-se
eliminar a educação dada nos seminários e Universidades; depois, inoculou-
se em pequenas doses, a cosmovisão marxista e, especialmente, o conceito
marxista do Cristianismo.
Pe. Poradowski expõe o processo gradual da marxistização em 7
etapas distintas: 1)Saduceísmo do Século XX; 2) O Reino de Deus na Terra;
3) o Cristianismo Horizontal; 4) Fé sem Religião; 5) Cristianismo sem
mitologia; 6) “O Cristianismo Ateu”, e 7) “O Cristianismo Marxista.”
Faremos uma pequena síntese destas etapas a partir das palavras do
próprio texto.
Saduceísmo do século XX
143
Essa corrente defende a ideia de que cristãos e marxistas têm o mesmo
objetivo: a construção de uma sociedade ideal na Terra. Os marxistas
chamam-na Comunismo, e os cristãos chamam-na Reino de Deus. Essa
corrente tem causado forte impressão pela sua força no pensamento cristão
atual. Foi Karl Barth quem primeiro defendeu essa tese. A etapa posterior é
chamada Cristianismo Horizontal.
Cristianismo Horizontal
Fé Sem Religião
144
O Pe. Poradowski admite que alguns elementos mitológicos penetraram nas
práticas cristãs, e há uma mitologia defendido pelos marxistas nada tem a
ver com essa preocupação. Muito pelo contrário, essa nova corrente busca a
destruição da fé reduzindo todos os dogmas à categoria de mitos. Assim, os
anjos, a Trindade, a Ressurreição, a Redenção, o Pecado Original, o Paraíso,
etc, são todos mitos! Resta apenas um fato histórico: Jesus de Nazaré, o
fundador de um movimento político-social de libertação da escravidão e
exploração dos regimes opressivos da sua época. Tal como Espártaco, Jesus
também foi crucificado. Eles anunciam para breve uma “nova tradução da
Bíblia sem mitologia.” Para se ter um exemplo, a palavra “anjo” é traduzida
por “jovem”! Essa corrente encontra-se viva e crescente no Cristianismo
atual. O Jesuíta Porfírio Miranda escreveu um livro chamado Marx e a
Bíblia, expondo tal ponto de vista e empregando uma terminologia marxista
em relação à Bíblia.
Cristianismo Ateu
Cristianismo Marxista
145
conceito de “Cristianismo Marxista” da forma como foi apresentado por
Engels, sem uma preparação previa, por etapas cuidadosamente planejadas e
executadas. Vejamos as palavras do padre Poradowski sobre essas etapas:
“Hoje, leigos, padres e bispos aceitam o conceito marxista de Cristianismo
sem maiores problemas de consciência, isso se deve, talvez, à previa
preparação, ao “tratamento prévio.” Quem aceitou o saduceísmo, está
disposto, depois de algum tempo, a aceitar participar da “Construção do
Reino de Deus na Terra.” Quem assimila isto já está preparado para mais
um passo rumo ao marxismo, aceitando o “Cristianismo Horizontal”, que
por sua vez, o levará até o Cristianismo concebido como uma “Fé sem
Religião.” Seguindo esse “tratamento”, ou seja essa lavagem cerebral, pouco
a pouco aproxima-se do “Cristianismo Desmitologizado” e, através dele,
chega-se ao “Cristianismo Ateu.” Assim, por graus e etapas, sem maiores
dificuldades, atingir-se-á o “Cristianismo Marxista.”
Durante a realização do “Congresso Latino-Americano de Cristãos
para o Socialismo”, em abril de 1972, sob a direção do padre jesuíta
Gonzalo Arroy e grande secretariado de sacerdotes marxistas (em sua
maioria, professores de universidades teológicas), foi apresentado um
documento chamado A Amizade Estratégica entre Cristãos e Marxistas, em
cujo parágrafo 65 lê-se o seguinte texto de Engels, escrito na Introdução à
obra de Karl Marx A Luta de Classes na França de 1848 a 1850 ―
Londres, 6 de março de 1895:
“Há quase exatamente 1600 anos, atuava no império romano um
perigoso partido de subversão. Esse partido minava a religião e todos os
fundamentos do Estado; negava que a vontade do imperador fosse a
suprema lei; era um partido se pátria, internacional, que se estendia por
todo o território do império, desde a Gália até a Ásia e ia ainda além das
fronteiras imperiais. Vinha há muito tempo desenvolvendo um trabalho de
sapa, subterrâneo, ocultamente, mas fazia bastante tempo que se
considerava já com força para sair à luz do dia. Esse partido da revolta,
que era conhecido pelo nome de ‘os cristãos’, tinha também uma forte
representação no exercito: legiões inteiras eram cristãs. Quando eram
enviados aos sacrifícios rituais da igreja nacional pagã, para prestarem
honras, estes soldados da subversão levavam seu atrevimento ao ponto de
ostentar em seus capacetes distintivos especiais ― cruzes ― em sinal de
protesto... O Imperador Diocleciano baixou uma lei contra os cristãos. Foi-
lhes vedado terem locais de reunião, foram proibidos seus símbolos ― as
cruzes ― como outrora na Saxônia, os lenços vermelhos. Os cristãos foram
declarados incapazes para o desempenho de cargos públicos, não podendo
sequer chegar a cabo... Diz-se até que puseram fogo no palácio do
146
imperador em Nicomédia. Estando ele dentro. Então, Diocleciano vingou-se
com a Grande Perseguição aos Cristãos no ano 303 de nossa era. Foi a
última do gênero. E deu tão bom resultado que dezesseis anos depois o
exercito estava predominantemente por cristãos, e o autocrata seguinte do
Império Romano, Constantino, a quem o clero chama O Grande, proclamou
o Cristianismo como a religião do Estado.”
147
liberação como hoje se apresenta ao mundo, é o produto final de um longo e
precioso processo de extermínio da religião cristã, considerada a maior força
reacionária anticomunista do passado recente. É uma forma de corroer de
dentro para fora, uma vez que de fora para dentro não foi possível. Esse
fenômeno lamentável é o prenúncio da queda do Cristianismo na sua forma
atual, e aprova maior da necessidade que a humanidade tem de uma nova
força religiosa, um Novo Cristianismo mais lógico e científico, mais
espiritualista e mais real. Uma nova expressão da verdade inter na que
possua força lógica e emotiva capazes de suplantar a força lógica e emotiva
do marxismo. Não veio nenhuma outra alternativa capaz de fazer frente ao
marxismo e vencê-lo.
O marxismo é um movimento místico, que engendra um fervor
emocional e religioso, semelhante ao fervor que o Cristianismo gerava no
passado. Este estudo nos leva a crer que o marxismo é uma “pseudo-
religião”; um Cristianismo às avessas, forjado para derrotar o Cristianismo
verdadeiro tanto no seu ideal, quanto na sua ideologia e, convenhamos, está
conseguindo atingir sua meta, Conseguirá totalmente se os cristãos não
opuserem ao ideal e à ideologia marxista, um ideal e uma ideologia superior,
semeando-a em nível mundial com o mesmo ímpeto com que o marxismo
está sendo semeado. É sob este ponto de vista que vejo o equívoco daqueles
que não crêem na necessidade, e nem na força de uma ideologia superior
contra o comunismo. O mundo comunista foi conquistado por meio de
ideias, inicialmente, e mantido por meio das ideias e das armas. Ainda hoje,
a ideologia marxista continua sendo utilizada como arma para conquistar as
mentes e os corações dos homens por todo mundo. A menos que essas
ideias sejam definitiva e publicamente desmascaradas, e uma ideologia nova
e superior seja apresentada para seu lugar, o marxismo não poderá ser
detido. O marxismo, como o eucalipto, se não for suprimido na raiz, tenderá
sempre a reconstituir-se.
As armas poderão impedir a invasão comunista e destruir homens
“marxistizados”, mas jamais extirparão o comunismo na sua raiz. Marx
disse: “Força material somente pode ser movida por força material. Mas a
ideologia, por sal vez, se transformará em força quando penetra as
massas.” Essa é a arma primeira e dileta dos comunistas para conquistar
corações e mentes desiludidas. Do mesmo modo, deverá ser a arma primeira
dos idealistas e crentes. Outro fato curioso: os chamados idealistas não
acreditam muito na força das ideias, enquanto os comunistas, que são
chamados materialistas, utilizam-se dessa força desde os primórdios da sua
organização.
148
Os Estados Unidos têm procurado combater o avanço do comunismo
com arma e dinheiro. Seus resultados têm se mostrado inúteis. Por quê?
Porque eles não possuem uma ideologia alternativa para contrapropor e
superar a ideologia marxista. O Cristianismo já enfrentou grandes crises em
toda a sua história. De todas elas, sempre saiu-se vitorioso. Ocorre que ele
jamais foi ameaçado no plano ideológico. Hoje, porém o Cristianismo
enfrenta uma crise a mais profunda e perigosa crise de sua história e que
poderá definitivamente desintegrá-lo ― o ataque ideológico.
Sempre foi desafiado extra muros (inovações bárbaras, corrupções
morais e crises financeiras). Nunca, porém, o Cristianismo havia sido
atacado de dentro para fora, em sua ideologia. O marxismo é um corpo de
ideias que se opõem frontal e profundamente ao Cristianismo. Sua ideologia
e ideal desenvolvidas com base na filosofia e na ciência do século XVIII e
XIX, adquiriram a força necessária par derrotar o Cristianismo em sua
forma medieval, e aí está o fenômeno da “teologia da libertação” para
prová-lo. Para finalizar este tópico, gostaria de transcrever um texto datado
de 1959, escrito por Li Whei Whan, comunista chinês, em que se acha
traçado o plano de destruição do Cristianismo, que sido aplicado até os
nossos dias em todas as partes do mundo cristão.
149
Por meio dos ativistas, devemos empreender a luta dialética no seio da
religião. Progressivamente, substituiremos o elemento religioso pelo
elemento marxista. Gradualmente transformaremos a falsa consciência em
consciência verídica, de maneira que os católicos destruam por sua própria
conta e risco, as imagens divinas que eles mesmos têm criado. Esta é a
linha na nossa luta contra a Igreja Católica contra-revolucionária.
150
tarefa de persuadir os lideres da igreja para fazerem estas declarações. Os
ativistas também devem assegurar às massas que o governo e o partido
estão acatando a vontade das massas. Desde logo, durante esse período,
surgirão desavenças. Se atuar de uma forma arbitrária, perder-se-á o
impulso do motivo das massas. O governo deve estimular as discussões a
fundo de todas as desavenças. Durante essas discussões deve-se tratar de
descobrir os elementos contra-revolucionários que tenham passado
despercebidos. Durante este período, como no anterior, é preciso seguir
instruções patrióticas: é patriótico acatar as leis: a desobediência é
antipatriótica e criminosa.Deve-se informar também às massas sobre os
entendimentos entre o estado e a igreja e sobre o renascimento patriótico
das massas religiosas, dominando os sentimentos decadentes, imperialistas
e antipatrióticas. Com exceção de assuntos espirituais, todo indicio ou
expressão de vinculação com Cidade do Vaticano deve ser desprestigiado
por ser motivado por interesses imperialistas e por apoiar atividades
contra-revolucionárias. A experiência de nossos países-irmãos mostra que
a Igreja Católica tem ajudado as atividades contra-revolucionárias. Em
vista da extensão mundial da Igreja Católica, estas experiências constituem
provas inegáveis do seu caráter conspiratórios. Durante este período, pode-
se esperar que da Cidade do Vaticano se ouçam protestos contra nossa
campanha. Estes protestos devem ser aproveitados como provas do caráter
conspiratório da Igreja dirigindo pela Cidade do Vaticano.
Isso traz o seguinte ponto de ataque, que é o enlace da Igreja com a Cidade
do Vaticano. Importa saber que durante esse ataque o clero reage
violentamente, já que é o ponto do seu poderio. Deve ser lembrado que
esses protestos pelos ataques contra a sua lealdade ao Vaticano são
antipatrióticos e estão em oposição e ao governo. Igualmente, o que o clero
representa é antipatriótico. Os ativistas têm a tarefa de convencer as
massas de que o indivíduo pode ter sua religião sem que o Vaticano dirija
os assuntos da Igreja no mundo todo. Os ativistas devem explicar também o
princípio da coexistência entre o patriotismo e a religião. Assim ficam
isolados das massas os que seguem os ditames do Vaticano, e abrem o
caminho para o estabelecimento de uma Igreja Independente.
151
Tem que ser feita uma campanha de preparação antes de se poder
proclamar a Igreja Independente (Igreja Popular). As figuras do clero que
não podem ser persuadidas a acatar os ditames do governo popular devem
ser denunciadas diante das massas. Aproveitem-se dos seus protestos para
destruir o império que sobre as massas. A melhor tática é efetuar um
trabalho simples sem que seu autor seja identificado. Os ativistas devem
dar origem às denuncias contra eles. Na história são abundantes as provas
de que pode ser empregada uma ação legal contra os protestam contra a
separação da Igreja do Vaticano. Cumpre ter preparados, durante essa
fase, os argumentos necessários para convencer os intelectuais que
separar-se do Vaticano é um passo à frente, não para trás. As disposições
legais que protegem todas as religiões e a história do movimento
protestante servem para esse fim. Ao mesmo tempo, os ativistas têm a tarefa
de conduzir as associações num movimento conjunto para solicitar que o
governo popular autorize o estabelecimento de uma igreja independente
para livrar as associações de toda mancha antipatriótica causada por
alguns elementos que continuam mantendo seus laços com o Vaticano. O
governo dará a autorização e se organizará a Igreja Independente. Deve-se
ter presente que a ruptura da Igreja Católica com o Vaticano somente tem
importância para os teólogos. As massas têm pouca afinidade e pouca
vinculação direta com Vaticano e suas praticas religiosas.
152
mesmo tempo, colocam os que protestam na categoria dos que atuam
contra os sentimentos do povo do governo.
153
Capítulo 12
MARX E JESUS. A RELAÇÃO
AUTOR X OBRA
154
sócio―político―econômico a partir da violência e destruição do próprio
homem. Ou seja, Marx propõe a salvação do homem por meio da sua
morte*. Será mesmo verdade tudo isto? Quando estudamos o próximo
capítulo deste livro nós o demonstraremos detalhadamente. Apenas para
adiantar um pouco e contra propor o argumento de que os comunistas
matam apenas os inimigos do povo e os contra-revolucionários, informamos
que, conforme o discurso de Nikhita Kruschev, no XX Congresso do Partido
Comunista em 1956, Stálin assassinou centenas de milhares dos próprios
camaradas que fizeram com ele revolução russa de 1917. Andrew Wilson,
no seu livro Comunismo ― Suas Promessas e Suas Praticas, escreveu:
“Dos trinta e um membros originais do Comitê Central que
organizaram a revolução russa, somente quatro tiveram morte natural,
incluindo Lênin e Stálin. Todos os outros foram acusados, torturados e
executados pelos seus próprios companheiros. Dos 28 milhões de membros
do partido em 1934, uma estimativa de 1,6 milhões foram fuzilados ou
enviados para campos de trabalho forçados. Na China durante a revolução
Cultural”, muitos lideres comunistas, homem como Liu Shao Chi, que foi
companheiro de Mao-Tsé-Tung na Grande marcha, foram humilhados e
purgados publicamente...”
Os frutos do Cristianismo
*
O marxismo conduziu ao massacre indistinto dezenas de milhões de operários,
camponeses, empresários, professores, religiosos, etc. Somente na Camboja mais de três
milhões de civis foram massacrados. Na Polônia, a perseguição dos comunistas contra os
operários é escandalosa. Enfim, em todos os países invadidos, os comunistas tornaram-se
inimigos e perseguidores das populações.
155
A força do Cristianismo que deu ao mundo homens como Francisco
de Assis, ainda hoje é a mesma que produz homens como Soljenítsin e
mulheres como a Madre Tereza de Calcutá.
No seio do Cristianismo já surgiram santos e demônios. Os santos
nasceram da prática da teoria cristã e os demônios, do abandono dela. Não
há no Cristianismo nenhum ensinamento quanto à prática da ganância, das
mentiras e da luxuria. O cristianismo, sempre que foi praticado, produziu os
frutos que suas ideias enunciam. Sempre que foi desprezado, tais frutos não
floresceram. Os erros de Inocêncio III podem ser contrapropostos pela
honestidade de Pio XII. Os erros do arcebispo Tetzel são ofuscados pelos
sentimentos de Huss, Lutero, Kant, Fichte e tantos outros grandes cristãos.
Milhões de missionários cristãos sacrificaram suas vidas no passado pelo
bem da humanidade. O Cristianismo civilizou a Europa bárbara. Os francos
foram bárbaros que, influenciados pelo Cristianismo, transformaram-se em
povos civilizados*.
O Cristianismo esteve no palco de todas as grandes lutas da história
da humanidade errando e acertado, mas sempre se fez presente.
Entre erros e acertos e entre bem e o mal, sem nenhuma dúvida, os
acertos e bem foram imensamente maiores. É um absurdo e uma grande
injustiça omitir esse lado belo da história do Cristianismo. É injusto tentar
apresentar uma imagem do Cristianismo como algo inútil e essencialmente
mau. Um simples estudo da vida ascética dos monges franciscanos, jesuítas,
dominicanos, do seu amor e bondade e das magníficas obras caritativas,
educacionais e culturais que semearam por toda a Terra, também nos
revelará o seu sincero amor e auto-sacrifício pelo estabelecimento da justiça
e da paz entre os homens. Foram incotáveis aqueles que deram suas vidas
por essa causa. Também não podemos, de forma alguma, esquecer as
grandes perseguições que o Cristianismo sofreu pelo mundo. Desde o seu
nascimento e expansão no império romano, até o renascimento sob a forma
do protestantismo. Milhões de cristãos sacrificaram suas vidas em defesa do
Cristianismo, outros foram enviados para religiões hostis e inóspitas para
civilizar bárbaros e selvagens, muitos doaram as vidas por suas missões. A
história do Cristianismo registrou todos os seus acertos e todos os seus
erros*.
*
E que não se cometa a “barbaridade” de negar a civilização, e ainda se falar em socialismo
cientifico! Como procedeu Engels, estupidamente, no seu livro “A Origem da Família, da
Propriedade Privada e da Estado.”
*
Por que houve acertos e por que houve erros, será tema de um trabalho posterior que
pretendemos elaborar.
156
Somente alguém, verdadeiramente mal intencionado, poderia
procurar omitir as boas obras do Cristianismo e o seu coração de amor e
sacrifício por Deus e pelo homem. Semelhantes ao percurso histórico do
Cristianismo, foram os percursos de todas as outras esferas religiosas
centrais, tais como o budismo, o confucionismo, o islamismo, o hinduísmo e
o orientalismo (os movimentos religiosos orientais nativos).
Em todas as épocas e em todos os lugares, as religiões enfrentaram
grandes perseguições e dificuldades; cometeram grandes erros e realizaram
grandes obras na moral, na ética, na educação e na cultura.
Lamentavelmente, os cristãos meio adormecidos e impotentes para gritar e
mostrar ao mundo o lado bom da sua história; os rastros de amor, bondade e
educação que semearam na Terra. É como se “alguma força poderosa e
misteriosa estivesse gelando e imobilizando suas mentes, os seus corpos e
enterrando-os vivos.” Foram muitos erros do Cristianismo, mas foram bem
maiores e em maior quantidade os seus acertos. Enquanto o Cristianismo se
opunha a Galileu e Darwin, enviava milhares de missionários para as
religiões mais inóspitas do mundo. Enquanto alguns líderes cristãos
compartilhavam da omissão e da exploração dos empobrecidos, milhares de
outros doavam as vidas, a cuidar de leprosos e doentes de todo o tipo.
Outros saíam pelo mundo em peregrinação ensinando aos homens o valor
do amor, da paz e da bondade. O mesmo diremos dos diversos grupos
religiosos. Jamais, em tempo algum, uma religião original, que caracteriza
pela auto-doação sacrifical e pelo ensinamentos éticos e prático do amor, da
verdade e da bondade entre os homens, foi criada por interesses políticos ou
econômicos. (A Igreja Anglicana foi mera distorção do Cristianismo).
Moises e Buda são exemplos claros dessa afirmação *. O homem é um ser
místico e espiritual. As religiões prestam-lhe a assistência e fornecem-lhe os
elementos transmateriais para satisfazer a sua natureza mística espiritual.
Assim, milhões de homens por todo o mundo fizeram grandes doações
matérias às religiões. Que construíram belíssimas catedrais, templos,
conventos, seminários e igreja. São inúmeros casos em que uma pequena
igreja, construída em um certo lugar, deu origem a uma grande cidade.
Esses locais, destinados à vida mística, tornaram-se fontes de alegria e
realização para milhões de seres humanos em todos os lugares no passado e
no presente. As religiões nascem de pessoas simples e crescem com apoio
de populações inteiras. A afirmação marxista de que as religiões são
engendradas pela classe dominante para oprimir e explorar a população, é
um ataque infundado à verdade. É uma afirmação tão infeliz e perniciosa
*
Ambos renunciaram ao luxo, riquezas e posição, pelo caminho do ascetismo.
157
que somente poderia ser concebida por uma mente e um coração
pervertidos. Os verdadeiros religiosos não são criminosos ou parasitas
inúteis, são homens que dedicaram suas vidas ao serviço de Deus e à
dimensão espiritual da humanidade. Em diversos lugares, as religiões
tomaram corpo de acordo com os costumes e as tradições dos povos. Mas,
em essência, os seus ensinamentos são sempre os mesmos: fé, moral e ética.
Quem poderá negar tal afirmação. Simplesmente apontando os erros
daqueles que não tiveram nem dignidade para viver a religião?
Já abordamos anteriormente a questão relativa às causas e efeitos e
aos autores e suas obras. Vimos que nada há no efeito que seja proveniente
as causa. Essa lei da Causalidade é um dos princípios mais difundidos e
utilizados pela ciência atual*. A psicologia é o estudo do comportamento
humano e animal, i. e., o estudo do efeito, do comportamento, para se
conhecer a causa ― a mente. Analogamente, pelas obras de um homem (seu
comportamento e atitudes) pode-se compreender sua personalidade e sua
mente. As obras dos grandes líderes religiosos, dos grandes filósofos e dos
grandes cientista, deixam os frutos de seus estudos na Terra. O somatório e
complementariedade de tais frutos, deram origem à alta tecnologia e ao alto
grau de conforto e comodidade de que dispõe a humanidade hoje. Mais uma
vez, quero lembrar que a expansão desse grau de conforto para toda a
humanidade não depende das descobertas cientificas ou da própria
tecnologia em si. Mas do homem. Razão por que faz-se necessária uma
revolução no homem; um novo sistema de educação e novas ideias que
possuam a força para conduzi-lo do egoísmo ao altruísmo. Sem dúvida, o
marxismo não é esse sistema de ideias, nem de educação. O marxismo
aplicado engendra homens cruéis, em proporções ao tempo de prática. É
obvio que não se pode criar homens pacíficos e bondosos ensinando-lhes o
ódio e a violência.
Os frutos do Marxismo
*
O marxismo, ao afirmar que o Universo surgiu por mero acaso, nega o princípio
fundamental da ciência – a lei da causalidade – caindo em flagrante anticientificamente.
158
ideais através das missões e aos mais elevados valores morais e éticos
(como a honestidade, pureza, fidelidade, obediência, respeito, caridade, etc),
e ainda, aos mais belos sistemas de ideias como o Agostiniano, Tomista,
Kantiano, Hegeliano, etc. Semeou tais valores por rodo o mundo bárbaro e
selvagem, por meio de homens bondosos e dedicados, que ofereceram toda
sua existência à moralização e aculturação dos povos; que enfrentou as
maiores e mais cruéis perseguições nas quais milhares de cristãos foram
massacrados, das arenas romanas a cidade de São Bartolomeu. Mesmo
assim, eles prosseguiram sua marcha em direção ao que consideravam o seu
grande ideal: a preparação de homens de amor e verdade para viverem ao
serviço de outros aqui na Terra, alegrando a Deus ao mundo espiritual. O
Cristianismo inspirou e produziu milhares de livros em todas as línguas do
mundo, nos quais (pelo menos naqueles escritos por cristãos anteriores ao
escândalo da “teologia” da revolução ― ou libertação) jamais se
encontraram ensinamentos voltados para a destruição da vida humana ou da
ordem da sociedade. Assim, a humanidade viu surgir figuras como São
Paulo, Agostinho, Tomas de Aquino, Kant Hegel, Wiclyjj, Lutero, Wesley,
Luther King e tantos outros grandes pensadores e benfeitores da
humanidade... Estes foram os frutos das ideias de Jesus. Todos aqueles que
praticaram suas ideias, seguindo o seu exemplo de vida, tornaram-se
grandes exemplos de sabedoria e bondade e foram considerados Santos de
Deus. No seio no Cristianismo também surgiram homens injustos e até
cruéis. Mas será que poderemos dizer que esses homens comportaram-se
segundo o exemplo e as ideias de Jesus? Evidentemente que não. Os
grandes mentirosos e malfeitores do Cristianismo tornaram-se assim,
exatamente porque desprezaram as ideias e o ideal prático do Cristianismo.
Por outro lado, com quem Clara e Francisco de Assis aprenderam a se
comportar? Naturalmente, não foi alguns falsos religiosos de seu tempo,
mas com o próprio Jesus. A figura de Francisco de Assis e da jovem Clara
representam a voz-imagem do ideal cristão do homem. Ainda hoje, pode-se
encontrar vestígios da forma de viver que caracterizou o Cristianismo na
maioria dos anos de sua existência. Eis os frutos de Jesus na Terra. O
Cristianismo acha-se hoje enfraquecido e agredido. Seus dogmas antigos e
medievais foram solados pelas descobertas cientificas modernas, e
completamente distorcidas pelas ideias sofisticadas do marxismo, que
atualmente colhe os louros da vitória ideológica contra o Cristianismo, em
sua forma atualmente conhecida. Ocorre, porém, que já existe na Terra um
Novo Cristianismo. A teoria cristã foi repensada e apoiada na filosofia
idealista-teísta e nas descobertas da ciência do século XX. Essa nova visão
do Cristianismo tem sido chamada Deusismo. Trata-se de nova expressão do
159
pensamento teísta e já está semeada em todo o mundo, e o marxismo se
encontra agora na defensiva ideológica. Pela primeira vez na história do
marxismo, ele tem sido confrontado e derrotado por uma outra ideologia.
Queria Deus que os governos do mundo livre, muito rapidamente, se dêem
conta da existência dessa nova esperança; dessa nova “arma ideológica” que
definitivamente desmascarará e derrotará o marxismo onde quer que o que
confrontar.
Vejamos agora os frutos de Marx. Quais os frutos do marxismo na
Terra?*
Primeiramente, sintetizaremos alguns das suas ideias essências e alguns
dos seus frutos mais aberrantes. O marxismo afirma que não existe Deus.
Conseqüentemente, o Universo é a origem criativa de si mesmo (essa
afirmação nos dias atuais é um disparate!); Afirma que o homem é um mero
animal e que não possui corpo espiritual (outro disparate!); que a base
existência do Universo é a luta e o conflito entre elementos contrários
intrínsecos a todos os seres (imagine-se o próton e o elétron em luta?!
Existiria alguma coisa?) ; afirma que a causa do progresso humano em geral
nasce da luta violenta; da guerra em todos as suas formas e
independentemente da vontade do homem ― tal afirmação equivalente a
dizer que as grandes invenções tecnológicas “inventaram-se a si mesmas”,
ou ainda dizer que “a associação e a cooperação nada valem” (gostaria de
*
Os frutos do marxismo-comunismo-socialismo foram amplamente pesquisados e
publicados na obra O Livro Negro do Comunismo . Crimes, Terror e Repressão.(Editora
Bertrand Brasil, 2005) da autoria de Stephane Courtois, Nicolas Werth, Jean-Louis
Panné,Andrsej Paccz kowiski, Carel Bartosek e Jean-Louis Margolin. O Livro Negro do
Comunismo é uma obra histórica com fotografias e 917 páginas que narram a história de
crimes e terrorismo dos marxistas-comunistas-socialistas nos 35 países que invadiram. O
Livro Negro do Comunismo prova documentalmente que os crimes do comunismo foram 5
vezes piores do que os crimes do nazismo. Quando o domunismo implodiu na União
Soviética em 1990 deveria ter sido instaurado o Tribunal de Moscou, uma corte
internacional para julgar os crimes dos comunistas contra a humanidade e punir os
culpados, assim como o Tribunal de Nurenberg julgou e opuniu os crimes dos nazistas. Por
que o Tribunal de Moscou não aconteceu, e em vez disso, a Rússia foi incluída no grupo G7
+ Rússia? Porque. Embora seu Exército Vermelho estivesse sucateado e faminto, a ex-
União Soviética tinha em seu poder mais de 2000 bombas nuccleares, não hesitariam e usá-
las contra a humanidade. Por isso, o mundo ocidental optou por apaziguar os comunistas,
uma vez que eles já estavam falidos e desmoralizados. E em vez de instaurar o Tribunal de
Moscou incluiu a Rússia no grupo G7+Rússia. Na verdade, em vez de punir o menino
malvado, puseram um docinho em sua boca para amansá-lo. Alguim dia, com certeza, os
comunistas serãojulgados e punidos pelos horrorosos crimes que cometeram contra Deus e
contra a humanidade. Quem viver verá.
160
lembrar que a antropologia, a sociologia e a psicologia afirmam o contrário);
que a família monogâmica deu à prostituição e a infidelidade e que,
portanto, deverá ser destruída (Engels ― A origem da Família, da
Propriedade Privada e do Estado livro escrito sob a orientação das
anotações de Marx); que o Estado deverá ser destruído, pois é mero
instrumento de exploração (imagine-se ausência das lei de trânsito, das
estradas pavimentadas, das praças e parques públicos e das forças armadas
com Hítleres, Mussulines, Fidéis e Brejneves soltos por aí). Imagine-se uma
sociedade onde não haja legislação (poder legislativo) nem justiça (poder
judiciário) nem garantia dos deveres e direitos dos cidadãos (poder
executivo)? O que quer que o leitor imagine, sem um centro será certamente
a instituição das desordens do caos absoluto. O marxismo também afirma
que a fábrica e o lugar onde se aprendem as relações básicas da sociedade
humana*; que não há necessidade de Deus, nem da ética e nem de amor
entre os homens; que a violência é a lei natural mais fundamental... Enfim,
que civilizações humana não deu em nada e que, portanto, deverá retornar
ao barbarismo selvagem ateu e amoral.
Tudo isso, para um leitor “moderado”, parece conter uma certa
parcialidade. Quanto a mim, dispenso silogismo ou circunlóquios
semânticos, e prefiro chamar de azul o azul, e de vermelho o vermelho. O
que estou dizendo é que as coisas, do modo como as descrevo aqui são
ainda dóceis e incapazes de transmitir com reais e verossímeis o barbarismo,
o cinismo e a malicia intelectual do marxismo. Creio mesmo que somente
com uma visão religiosa e possível desvendar os mistérios que envolvem o
marxismo e sua expansão mundial.
Marx não apenas falou. Ele inspirou e orientou todo o movimento
comunista internacional (talvez o esteja fazendo ainda até os nossos dias).
Todos as atrocidades e barbaridades cometidas pelos comunistas na União
Soviética (e tão bem contadas por alguém é russo, viveu dezenas de anos
entre os comunistas, e foi comunista, como Soljenítsin) e no resto do
mundo, tiveram origem nas ideias e nos ideais de Karl Marx. Engels, como
ele próprio afirmou, não teve lá tanta importância. Lênin e Stálin foram
meros seguidores. Porém, seguidores ortodoxos, fiéis o seu mestre. Engels
foi o João Batista de Marx. Lênin, o seu Paulo de Tarso. Se Jesus, que
recebeu inspiração e revelação mística, deu origem ao Cristianismo em
plena consciência do que se tratava, resta saber se o falso messias, Karl
Marx, recebeu inspiração e revelação de alguém, e se sabia ou não do que se
*
Alvin Toffler em seu livro A Terceira Onda (Editora Record) demonstra que o lar será o
Centro da Sociedade do Futuro.
161
tratava. Ou seja, se antevia os efeitos de sua obra, criada, parece-me, de uma
forma perfeitamente coerente com as conclusões a priori que tirou de suas
observações e com um propósito claramente definido! O que o leitor pensa
disso? Talvez tudo não passe de mera suposição. Mas de onde estarão vindo
todas essas conclusões a que estou chegando, desde que comecei a escrever
este trabalho?
Que frutos poderemos apresentar do marxismo após seus 138 anos
de existência teórica, e seus 68 anos de existência prática? Conforme a
revista francesa Le Figaro: 150 milhões de mortos! 1.500.000.000 (um
bilhão e quinhentos milhões) de pessoas escravizada dentro de 40 países
dominados pelos comunistas, 40 mil livros escritos sobre o marxismo em
todas as línguas do mundo que, mesclados com as ideias daqueles países,
produziram uma confusão infernal em que já não se sabe mais o que é
mentira ou verdade (conforme depoimento de Mikhail Barysnikov, famoso
bailarino russo exilado nos Estados Unidos); aproximadamente duzentos
tratados internacionais quebrados sem nenhuma consideração a quaisquer
que sejam as normas internacionais que os prescreveram, grupos terroristas
internacionais que atentam contra todas as altas personalidade do mundo
atual, semeando catástrofes e terror entre os povos do mundo; terrível KGB,
uma organização de terrorismo oficial e espionagem política, econômica e
ideológica infiltrada em todos os países comunistas e não comunistas,
responsável por grandes atentados criminosos, e com uma lista mortes que
somente será desvendada depois da queda do comunismo na União
Soviética... Enfim, são tantos os crimes e jogos de corpos que deixarei para
melhor detalhá-los no próximo capítulo deste livro. Lamento muito ter quer
cansar o leitor com essas narrativas funestas, mas infelizmente, não se pode
dizer muito dos benefícios feitos pelos comunistas na Terra.
Os no-bárbaros
162
sido, utilizado ainda hoje. Não têm apresentado resultado algum. O
expansionismo comunista dá-se primeiramente por meio de ideias e
argumentos. Dessa forma, somente com ideias e argumentos poderá o
mundo cristão deter e derrotar o mundo ateu. Tudo o mais já foi tentado e o
resultado foi nulo. Resta agora descobrir, urgentemente, uma ideologia que
possa contra-atacar ofensivamente o marxismo, que seja inspirada em Deus
e que possa oferecer à humanidade mais do que tem oferecido o marxismo.
O pastor Wurmbrand afirma que Marx não era, mas sim antideus.
Procurando demonstrar essa afirmação, Wurmbrand apóia sua tese em bases
bibliográficas e biográficas de Marx.
Curioso por esse pormenor, e para melhor ilustrá-lo resolvi
transcrever um interessante texto anônimo no qual se descreve, com
impressionante realismo, aquela que seria a autentica identidade de um
antideus:
“Com uma visão natural e real do fenômeno, pode-se ver as
pegadas do antideus (anticristo) nos atos daqueles que erguem altos muros
em volta do seu Estado e metralham friamente todos aqueles que o tentarem
transpor; que aprisionam os homens de ciência (cientistas e intelectuais) e
aniquilam os homens de Deus (religiosos), classificando-os como
“parasitas inúteis” e “criminosos enganadores”, condenando-os à prisão e
à morte sem defesa; que incendeiam as casas de Deus (as igrejas,
seminários e conventos), as transformam em depósitos de inutilidades ou
em museus frios, enquanto apregoam pelo mundo “a morte de Deus”; que
negam aos homens todo e qualquer sinal de liberdade, não lhes permitindo
sequer ler coisa alguma acerca da sua esperança de vida eterna (Bíblias,
livros religiosos, etc); que fazem da mentira, sua verdade, e das armas, suas
palavras e meios para invadir e tomar países inteiros (Afeganistão) ante os
olhos perplexos e inertes do mundo; para quem matar milhões de seres
humanos representa simplesmente um ato progressista “necessário a uma
mudança de conduta social”, em prol da edificação da sociedade comunista
ateia: que semeiam pelo mundo as sementes do ódio e do ressentimento
entre os homens e fornecem as armas para os irmãos de um país matarem-
se mutuamente, depois de os ter postos uns contra os outros meio de um
sofisma ideológico, que afirma o progresso nasce das lutas e da destruição;
que como um urso, saltam sobre as pequenas nações destruindo-lhes a
ordens, seus valores éticos e morais, resguardados por um imenso arsenal
atômico e o maior exército do mundo; que apregoam aos jovens que o amor
é uma reação química, anulando-o separando-o da sexualidade e semeando
pela Terra a devastação da imoralidade, das drogas e da corrupção;
desonrando indivíduos e povos por interesses mesquinhos e egoístas... Esta
163
é, sem dúvida, a verdadeira face de um antideus. Tal é a face do comunismo
ateu. Um dos mais estranhos fenômenos que a história conheceu.
Criminosos organizados nacionalmente que, em 68 anos, assassinaram
aproximadamente 200 milhões de seres humanos e dominaram pela
subversão, pela força engano e pela força, um terço da humanidade em
aproximadamente 40 países e acham-se infiltrados em todos os países do
mundo e em todos os setores da sociedade com a única finalidade de
desestabilizá-lo social, política e economicamente, transformando-as em
colônias mudas e escravas sem cultura, tradição ou história, completamente
isoladas do resto do mundo e submetidas ao mais totalitário império que a
humanidade conheceu ― O Império Comunista Ateu.
Apud revista Nova Era, n°s 38-39,
maio-junho de 1981, p.18, Coimbra-Portugal.
164
Parte III
A Mística do
Comportamento
Marxista
165
Capítulo 13
O PRINCÍPIO DA INVERSÃO
*
A Editora Três publicou um livro chamado o Livro Negro do Satanismo. Trata-se de uma
espécie de “catecismo” destinado à orientação de cultos e rituais.
166
Por todo o mundo, líderes de Estado se reúnem para “conversações de
paz” infrutíferas. Será que a guerra é uma criação humana? Ao que nos
parece, as religiões e as guerras não correspondem aos desejos originais do
homem. Não sendo, portanto, obras originalmente humanas. Podemos
também notar esse fato por meio de uma simples análise das necessidades e
dos desejos humanos originais (intrínsecos), e nas obras criadas para
satisfazê-los. Os homens fogem das religiões por um lado, e buscam-nas por
outro; fogem das guerras um lado, e buscam-nas por outro. Esse
comportamento paradoxal do homem será estudado em outra oportunidade,
aos nos atermos a considerações mais pertinentes à teologia.
167
tiveram uma vida miserável, material e espiritualmente. A surdez de
Beethoven ou a loucura Van Gogh; a neurose de Michelangelo ou a angústia
de Dante. Quase todos filósofos, religiosos e cientistas enfrentaram a
miséria material e viveram em angustia profunda. O existencialismo é o
grito angustiante de uma das vertentes da filosofia. Como pode a
humanidade que tanto ama a filosofia, a arte, a bondade e a ciência
perseguir tão barbaramente os seus grandes autores? Tudo nos leva a crer
que esta perseguição é involuntária. O homem, livremente, não envenenaria
a água que lhe sacia a sede! Nesse caso, quem os estaria induzindo a
perseguir e destruir aqueles que lhes traziam a “água do espírito?” Dentro
dessa visão, Freud, que afirma odiar a religião, a filosofia e a arte, perde
todo o seu brilho e se converte numa ameaça para a humanidade, se não é
Deus e nem o homem quem persegue e destrói os santos e sábios que
florescem sobre a Terra, quem o estará fazendo? Podemos negar esse fato
histórico?
Antiverdade
Outro curioso fato nos ocorre: a existência de uma antiverdade para cada
aspecto da verdade surgida até os nossos dias (digo “antiverdade” porque
tais afirmações são sempre o oposto da verdade). Para todo o conjunto de
filósofos idealistas, crentes na existência do ser absoluto — Deus (Platão,
Aristóteles, Tomás de Aquino, Hegel, Kant, Fichte, Schelling e outros),
surgiu todo um grupo de filósofos materialistas, descrentes na existência do
ser absoluto (Heráclito, Demócrito, Strauss, Nietzsche, Freurbach e outros).
Teístas e ateístas representam portanto, duas visões do que ambos os grupos
afirmam ser a “verdade.” Evidentemente, uma é falsa. As duas não podem
ser verdadeiras, visto que são opostas. Do mesmo modo, para todo um
grupo de cientistas crentes, surgiu um grupo de descrentes. Uns podem ser
chamados criacionistas e outros, evolucionistas (aqui entendidos como
aqueles crêem que Deus criou o Universo e aqueles que afirmam que o
Universo não foi criado, mas é um produto de um processo evolutivo
casual). Naturalmente, não vou negar o fato incontestável da evolução. O
que parece questionável aqui é a causa haja vista que ela se apresenta como
um efeito. Aqueles pois, que crêem numa causa para a evolução, denomino-
os criacionistas, e àqueles que não crêem , denomino-os evolucionistas. A
posição da ciência atual tende à unidade entre essas duas correntes. Conviria
lembrar aqui que a ciência se baseia na experimentação concreta e, uma vez
que Deus é espiritual e invisível, não pode ser “objeto” da ciência
materialista e experimentalista. Assim como a mente não pode ser
168
localizada ou mesurada pela psicologia. Para se chegar a compreende-la,
estuda-se o comportamento e as obras humanas — os efeitos.
Da mesma forma, para se chegar a compreensão sobre Deus,
deveríamos estudar os efeitos, ou seja, suas obras visíveis na Terra.
Concluímos, portanto, que a ciência experimentalista não pode alcançar
Deus diretamente, mas somente por meio das suas obras.
Paralelamente, as artes também apresentam essa dicotomia entre
artistas espiritualistas e materialistas. Podemos citar a pintura realista e a
surrealista ou abstracionista. Qual das duas expressões artísticas produzem
melhor sentimento no coração humano? Imagine-se, por exemplo, a pintura
realista de Michelangelo na capela Sistina, a pintura surrealista de Picasso
ou Dali e os efeitos no espírito humano. Em qual das duas expressões
artísticas o homem melhor se compraz? Ou seja, em qual delas sente-se
mais naturalmente satisfeito por encontrar maior identificação com os seus
protótipos e sentimentos originais? Mesmo que Picasso, sem dúvida um
artista de renome, retrate de maneira supra-real a condição e as vicissitudes
humanas, o “feeling” que seus quadros provocam no apreciador, realmente
destoa daquele sentido através de um Michelangelo, por exemplo.
Que me desculpem os apreciadores da chamada “arte moderna”, mas
na maioria das vezes, a apreciação desse estilo de arte é muito mais por
modismo ou propaganda. Procura-se conhecer a arte moderna “porque é
sinal de ignorância e quadradismo ignorá-la. Não que satisfaça
espiritualmente, mas é questão de atualidade.” Vejam a escultura da estátua
de Moisés ou a Pitá de Michelangelo, comparadas com as atuais esculturas
modernistas, disformes e torpes, ou as horríveis montagens de ferro-velho
em forma de figuras; na arquitetura, as belíssimas catedrais e os prédios
góticos, barrocos ou coloniais, em comparação com os modernos edifícios
“quadrados e econômicos”, da atualidade; na poesia, vejam-se as obras de
Gonçalves Dias e Castro Alves, comparada com a chamada “poesia
modernista”, na literatura, comparemos a obra de José de Alencar e
Machado de Assis no romantismo, com a literatura banal ou pornográfica da
atualidade.
Contracultura
Com essa análise, quis tão somente evidenciar ao leitor que somente o
chamado “progresso modernista” muito mais parece um retrocesso.
Modernamente é o que os comunistas chamam de contracultura (contra a
cultura ocidental tal do mundo livre, é claro!).
169
Podemos estender essa nossa análise para a música clássica e a música
moderna, bem estabilizada no heavy metal, ritmo caracterizado por ruídos
estridentes e sons roucos, semelhantes a grunhidos selvagens aliados a todo
um visual de desordem, sujeira e terror, envolvidos por um ambiente de
fumaça, fogo e destruição. Na arte da costura e na arte das jóias, podemos
também perceber essa queda extraordinária. As delicadas e trabalhosas
vestimentas da “belle époque”, transformaram-se em trajes desbotados,
alguns semelhantes a sacos e outros, semelhantes a pedaços de panos
jogados sobre o corpo. Por um lado, podemos ver também as belas vestes
sociais masculinas e femininas, com cortes impecáveis e de caimento
perfeito. Por outro, a decadência na forma de vestir das novas gerações que
culminam no estilo “punk.” Tal é o paradoxo desse século.
Outro incrível traço paradoxo está representado pelos vícios de toda
natureza. O homem busca originalmente a alegria. Para isso, ele precisa ter
saúde física. Entretanto, ainda que tenha consciência disso, o homem avança
por um caminho oposto a esse resultado. O alcoolismo e o tabagismo vêm
destruindo milhões de seres humanos há séculos; as drogas e a imoralidade,
outros milhões; a banalidade e os jogos, outros tantos...
Enfim, todo esse comportamento auto-destrutivo é outro traço do
declínio do homem para sua destruição total. Será que ele não tem
consciência de seu futuro? Creio que sim; no entanto, parece não ter forças
internas para deter essa queda.
Como acabamos de ver há um conjunto de ideias e atitudes que dão
origem a um conjunto de efeitos paradoxais. A quem devemos atribuir a
queda da cultura mundial? A Deus, ao homem ou a uma terceira
personagem oculta?
Deus e antideus
A cada dia torna-se mais patente que a única explicação plausível para a
atual estado humano é uma força má superior, que o está arrastando à
destruição total, contra sua vontade mais íntima, utilizando uma arma sutil
— a mentira e a ignorância —, aliada aos desejos mais indignos da natureza
humana (não original). E aí estaria a grande força: de uma posição invisível
aos olhos carnais do homem! Sem essa antítese de Deus — esse antideus —,
como se poderia explicar a origem de todo esse lado oposto da história da
arte. Filosofia, da religião e da ciência? Como se explicaria o
comportamento paradoxal do homem toda a história em todo lugar?
Como vimos anteriormente, o marxismo, tanto no aspecto ideológico
quanto no aspecto governamental, é o oposto do Cristianismo. Vimos em
170
detalhe que a cada ideia do marxismo corresponde uma ideia cristã. O pastor
Wurmbrand nos conta em seu livro que assim como há uma igreja de Deus,
há também uma “igreja de Satanás” — o antideus. O Cristianismo e o
Satanismo seriam opostos, com finalidades opostas.
O que caracteriza o satanismo é o que chamamos de “Princípio da
Inversão”, tudo é feito às avessas. As palavras e as cerimônias são
executadas às avessas. Naturalmente, suas finalidades também são opostas.
Nada da ética ou da moral cristã deverá ser respeitado. O que existe deverá
ser destruído. A ordem, a higiene, a verdade, a arte, a moral, a bondade,
enfim... Tudo! Tudo deverá ser invertido; posto de penas para o ar. Esse
seria o ideal supremo do antideus para a humanidade. Mesmo que não
queria, não posso deixar de ver aqui a sombra do marxismo e do seu ideal.
Quero lembrar ao leitor que o marxismo está destruindo não apenas o
mundo livre, mas também o mundo comunista. Exagero? Infelizmente não,
amigo, se assim fosse seriamos mais felizes hoje. Essa é a mais nua
realidade. Na obra O 18 Brumário, Marx revelou sua admiração pelas
palavras de Mesfistófeles no drama Fausto; “Tudo que existe é digno de ser
destruído.” Stálin destruiu todos os velhos camaradas e até a própria
família. Lênin disse certa vez em uma carta de 1921 (Lênin. Obras em
Francês — Vol.36 pág. 572): “Todos nós merecemos ser enforcados em
uma corda suja”**. Após toda uma vida de dedicação ao marxismo, foram
essas suas palavras final dos seus dias.
Esse princípio da inversão é um dos traços mais visíveis no marxismo,
também no aspecto ideológico. Exemplificamos: na natureza tudo é
dialético. Os aspectos contrários acham-se em luta no interior dos seres e é
por isso que eles existem e se movimentam.
A esse princípio conflitante o marxismo chama “Lei da Unidade e
Luta dos Contrários.” Já vimos que essa afirmação é um sofisma. Na
realidade, os elementos dos quais se compõem todos seres não são
contrários, e nem se acham em luta. São complementares e acham-se em
ação harmoniosa no interior dos seres duais. Se o próton e o elétron
estivessem em luta no interior do átomo, o que existiria? Tal princípio
harmonioso é chamado, no pensamento Deusista, “Lei da Reciprocidade.” A
“Lei” da Unidade e Luta dos Contrários” é uma inversão da verdade. O
mesmo raciocínio aplicaremos oportunamente a uma análise exclusiva do
marxismo.
171
Capítulo 14
O SENTIMENTO COMUNISTA
172
românticos libertadores, definindo-os como “um elemento à procura da
selvageria nobre” perdida com a chegada do imperialismo colonialista.
Carlos Rangel diz ainda que os guerrilheiros crêem plenamente que só por
meio da revolução armada. A nobre selvageria da América Latina será
restaurada e as culturas nativas da América retornarão ao antigo estado
místico de inocência. Vejamos outra referência:
“Quando os comunistas chineses ocuparam Pequim, após anos de
combater nas forças de Chiang Kai Chiek, começaram a aparecer histórias
sobre a atitude dos saldados de Mao. Uma se referia aos participantes da
“Longa Marcha”que não tinham nada para comer. Supostamente esses
soldados foram até Mao-Tsé-Tung e explicaram sua situação, Mao
respondeu: ‘cozinhem as solas dos seus sapatos e comam’. Foi o que
fizeram. Quando essas tropas finalmente marcharam vitoriosas em Pequim,
Mao os reuniu e lhes disse: ‘Não pesem que suas vidas agora serão fáceis.
Elas não serão mas prometo a vocês uma coisa: as vidas de seus filhos
serão mais fáceis’. (Comunismo.Promessa e Prática. The Freedam
Leadership Foundation,1975).
173
bondoso justiceiro que rouba dos ricos para distribuir aos pobres. Essa
imagem, ainda que não seja claramente definida — o que quebraria a força
de seu mistério —, acha-se amplamente difundida no pensamento e nas artes
comunistas.
O ex-líder soviético Constantin Chernenko determinou o retorno da
arte à figura do “herói comunista”, que constituiu principal fonte de
inspiração das artes nos tempos de Stálin. É esse “sentimento familiar” — se
assim o podemos chamar —, a origem da força e da aparente unidade do
comunismo.
O sentimento marxista pode perfeitamente ser comparado àquele
despertado por Hitler no coração do povo alemão. No livro Minha Luta,
Hitler deixou transparecer o ideal utópico de um império paradisíaco que
duraria mil anos. As suas palavras possuíam uma poderosa força
carismática, que conduziu o povo alemão para fora da realidade. Hitler de
modo semelhante a Jesus anunciou que o povo alemão era o povo “eleito”
para governar o reino que nascia, e cuja supremacia seria estendida ao resto
do mundo. Hoje, o novo povo “eleito” para os marxistas é o russo. O
marxismo criou o sentimento propício a essa crença, despertando a
fidelidade e a responsabilidade pela “salvação do mundo”, das guerras do
imperialismo, no coração dos russos e a certeza de que governarão o mundo
eternamente. O marxismo dá aos comunistas poderosas razões para viver ou
morrer, do mesmo modo que a crença religiosa deu aos cristãos primitivos,
aos pilotos kamikazes e aos iranianos sob o domínio do Ayatolá Khomeini.
A força mística que o marxismo exerce sobre seus seguidores em nada é
diferente daquela que o Cristianismo despertou nos cristãos primitivos, e
também na época da Reforma. Antonio Gramsci, comunista italiano,
escreveu que para suprimir a religião é necessário substituí-la por outra
coisa semelhante que possa satisfazer a natureza mística do homem.
Podemos seguramente afirmar que o marxismo possui tal poder místico. E
por quê? Porque contém em seu corpo ideológico as partes fundamentais da
religião cristã — uma teoria da Criação, uma teoria da Queda Humana e
uma teoria da restauração do estado original —, possuindo, em essência, a
força mística de uma religião. Mas, de que tipo? Uma verdadeira religião se
baseia na fé de Deus, no amor e na verdade, e os apresenta como o caminho
para a religação do homem ao seu criador. Serão estes os ideais do
marxismo? Incrivelmente, eles são exatamente opostos! O que dizer então?
Que o marxismo nada possui de místico ou que ele é uma religião às
avessas? Admitir a primeira assertiva, a esta altura da exposição, não seria lá
muito honesto. Resta, portanto, a segunda hipótese à pesquisa do leitor.
174
Contramarxismo
175
Estado, da propriedade), bem como os métodos propostos (o ódio e a
violência), também o são.
Se o marxismo corresponde a uma pseudo-religião, naturalmente, sua
revelação é uma pseudoverdade (e isto ela é). Assim sendo, posta em
prática, ao invés de construir um “céu”, construirá um “inferno” na Terra.
Seguramente, não podemos chamar as sociedades comunistas de paraísos
terrestres.
Capítulo 15
O C OMPORTAMENTO O CULTISTA
Deusistas e antideusistas
176
sempre cometidos ocultamente. A traição de Judas, de Silvério do Reis, o
assassinato de Júlio César, a invasão de Tróia, a traição de Dalila... Enfim, o
mal, ou os atos para a destruição, são sempre executados nas trevas. O
antídoto para a picada de uma cobra venenosa é preparado a partir do seu
próprio veneno. Do mesmo modo, a destruição do mal através da história,
também tem sido efetuada ocultamente; em segurança, longe dos “olhos” do
próprio mal. Assim foi a conspiração que derrubou Nero e elegeu o general
de Galba; assim foi planejada a Inconfidência Mineira, a Revolução de 31
de Março... Dentro dessa visão, tais conspirações, longe de serem atos de
maldade — uma vez que lutavam contra o mal — foram atos de bondade.
Mas convém lembrar que o bem, mesmo atuando ocultamente, não planeja o
mal, mas busca, simplesmente, proteção contra ele. Exemplo claro desse
fato foi a derrubada de Napoleão e a revolução gloriosa da Inglaterra, que
ocorreu sem violência. Bem contrária a esta foi a Revolução Francesa, que
apesar de falar em paz degenerou-se, após a vitória, em um reino de terror,
conforme Restif de la Bretone. O mesmo sucedeu à Revolução Russa e a
Chinesa. Por que isto aconteceu? Porque tais atos estavam inseridos nos
ensinamentos que os inspiravam, e os levaram a efeito.
Porque antevi um contra-argumento para essa questão é que transcrevi
algumas linhas. Mas o que distingue e separa completamente o bem e o mal
são as motivações básicas dos atos. Um ataque e uma defesa são duas
formas semelhantes de combate. Porém, uma das partes é a agressora; a
outra, está combatendo para tentar sobreviver. Aparentemente, ambas estão
guerreando. Mas de fato, uma delas está tão somente tentando sobreviver.
Por isso, embora pareça um ataque, não o é. De modo semelhante, é a
utilização do comportamento ocultista por parte do Bem e do Mal.
Como representantes mundiais do Bem e do Mal, atualmente,
podemos apontar os deusistas e os antideusistas. Ou seja, aqueles que
acreditam na existência de Deus, em Sua ética e moralidade, e os que negam
juntamente com a Sua ética e moralidade. Poderíamos ainda separar o
mundo atual em dois: o mundo Deusista e o mundo Comunista, a partir de
uma análise de comportamentos de ambos. Concluiremos, então, que o
mundo comunista é o representante do lado mal. Lênin disse:
177
“Em qual sentido nós repudiamos a ética e a moralidade? No sentido
em que ela foi pregada pela burguesia, que declarou que a ética e a
moralidade eram mandamentos de Deus... não acreditamos em Deus e
sabemos perfeitamente que o clero, o proprietários e os burgueses falavam
em nome de Deus para preservar seus próprios interesses de exploração.
Nós repudiamos toda e qualquer moralidade que seja tomada fora dos
conceitos de luta de classe... isso é uma decepção, uma fraude... Nós
afirmamos que nossa moralidade é inteiramente subordinada aos interesses
de classe do proletariado.”
178
esfria a sua, há falta de ar e o coração bate de encontro com as costelas; a
saliva pára de fluir e a boca se torna seca e pegajosa; a voz fica rouca e
indistinta, quando não se perde, as pupilas dos olhos se dilatam e os
cabelos ficam de pé na cabeça e na superfície do corpo. As funções
digestivas normais se interrompem e o controle dos intestinos e da bexiga
pode perder-se; pode haver fuga, tremores e paralisação no mesmo lugar,
como se o indivíduo estivesse petrificado.”
*
Repetindo Robespierre e sua hipótese do terror-virtude (a virtude nasce do terror), Lênin
expressou: “Nada lograremos a menos que estabeleçamos o máximo terror.”
179
Capítulo 16
AS ESCRITURAS “SAGRADAS”
MARXISTAS
180
Marx procurou demonstrar que o comunismo é o destino final da
humanidade independentemente de quaisquer outros fatores.
181
Este livro é uma defesa e um enaltecimento disfarçado do crime, em
todas as suas expressões.
O Manual do Ateísta
182
Não há conforto para os tristes;
Uma vez separados, nunca mais estarão juntos;
Não existe Deus; Não há vida eterna.”
183
combatê-lo. Tal fato vem corroborar a tese de que o comunismo não
representa meramente um movimento humanista-ateísta. Mas sim, um
movimento equipado com ideias e armas para combater a Deus e as
religiões, sendo portanto, um movimento sob o disfarce do mero ateísmo.
Capítulo 17
A A UTODESTRUIÇÃO INCONSCIENTE
184
sabe o que é um verdadeiro prazer. Vou dizer: É odiarmos uma pessoa e,
durante anos, fingir que a estimamos, até que um dia ela reclina
confiantemente a cabeça em nosso peito. Nesse ponto, cravamos-lhe um
punhal nas costas. Não há na vida maior prazer do que este!”Fez-se lóngo
silêncio.
As revelações de Kruschev após a morte de Stálin, provaram a
veracidade da história arrepiante. (Cristo em Cadeias
Comunistas. Richard Wurmbrand, página 79).
185
marxismo propõe destruir a família, a economia, a política e a religião *, em
que se baseará tal sociedade?
As guerras deixaram atrás de si grupos de inválidos, neuróticos e
feras-humanas implacáveis. Será mesmo através da guerra que surgirão os
homens mansos e bondosos do futuro? É óbvio que não. Marx o sabia muito
bem, no entanto sua intenção não era construir a sociedade em que vivia.
Era preciso destruir as bases da sociedade burguesa. Ou seja, a religião (a
base ética e moral), a economia (a base material) e a política (a base
hierárquica organizacional). É certo que havia erros e injustiças tremendas.
Mas nada havia de bom na sociedade ocidental do século XIX? Hoje, os
progressos do mundo ocidental demonstram que Marx estava equivocado.
Sem dúvida, se não fossem os ataques incessantes do comunismo em todas
as bases da sociedade ocidental, muito mais unida e próspera estaria ela
hoje. Os marxistas, com propagandas mentirosas, distorcem a verdade,
apresentando o mundo como um celeiro fétido e miserável, e o mundo
comunista como um reino da paz, prosperidade e felicidade. Os massacres e
os êxodos das populações dos países comunistas comprovam a falsidade
dessas propagandas.
Existem três pontos na teoria marxista aos quais gostaria de retornar e
analisar aqui. Trata-se da teoria da alienação, das leis do movimento
econômico e da teoria da história.
Utopia eAlienação
*
O escritor cubano José Martin escreveu: “Uma nação sem religião morrerá, porque nada
lhe alimentará a virtude.”
186
Esse é o sonho utópico dos marxistas: ver o raiar do dia em que o
mundo estará definitivamente livre da propriedade privada! Foi embalados
por esse sonho que os corações dos chineses, russos, alemães-orientais,
norte-coreanos e outros povos, arderam em chamas revolucionárias. Hoje,
após décadas de prática, foram concretizados os seus sonhos? Qualquer
mero observador notará a tristeza e a pobreza existentes nos países
comunistas! Nunca o homem esteve tão humilhado e alienado quanto nesses
países. O sonho socialista transformou-se no pesadelo do Capitalismo-de-
Estado e na mais cruel tirania da história. Os jovens e românticos líderes
comunistas tornaram-se bestas ferozes, que se voltam contra seus próprios
povos. O comunismo alienou o homem do seu trabalho (o Estado é o único
patrão e aquele que não o aceitar será enviado para os campos de trabalhos
forçados como escravos) e dos frutos de seu trabalho (confiscou todos os
bens e todas as colheitas). O homem, sob esse domínio, é completamente
dependente até nas necessidades mais elementares. Também alienou o
homem de sua natureza humana: o homem é um ser originalmente manso e
bom. O marxismo distorce essa natureza sentimental ensinando o
ressentimento e o ódio, distorce a mente condicionando-a à lavagem
cerebral nos campos de concentração ou nos hospitais psiquiátricos, ou
ainda, por meio de uma propaganda tendenciosamente filtrada e mentirosa.
Porém, o mais chocante desses ataques destrutivos, é a negação da natureza
divina do homem, a negação de seu corpo espiritual e de sua vida eterna. É
exatamente nesse ponto que o marxismo se revela intrinsecamente
antideusista! Finalmente, o marxismo aliena o homem dos seus semelhantes
aprisionado-os, escravizando-os, ou separando-os de seus familiares pelo
exílio ou pela morte; ainda que este não represente o aspecto mais nocivo. É
quando o marxismo nega a existência de Deus, perseguindo e destruindo as
religiões, que caracteriza a verdadeira barbárie. Esta é a verdadeira
alienação do homem. A alienação da sua alma, da esperança e do amor do
Seu criador! Como um homem deusista, não posso deixar de sentir um
amargo pesar, não só por aqueles que estão sob o jugo dos comunistas, mas
também por eles próprios. Eles também foram enganados e traídos! Hoje, os
velhos marxistas recordam-se dos anos de juventude e olham, amargamente
decepcionados, os frutos do marxismo no mundo. Foram conduzidos por
uma longa marcha a lugar nenhum. Envelhecidos e mortos em vida, em um
inferno de sofrimento espiritual abre-se diante deles.
Quanto às leis do movimento econômico, Marx predisse que na
economia capitalista a introdução de maquinário novo provocaria a
competição e uma queda nos lucros, o que levaria à falência todos os
pequenos empresários. Isto ocasionaria a concentração das riquezas nas
187
mãos de uns poucos homens ricos de um lado, e uma imensa massa
miserável de outro. Essa situação, finalmente, tornar-se-ia insuportável e os
trabalhadores, esfomeados, unir-se-iam e destruiriam o sistema capitalista
juntamente com as forças que o sustinham em pé: o Estado e o clero. São
quase quarenta o número de países sob o regime comunista hoje.
Praticamente todos tinham economias agrícolas! Os países ricos do ocidente
capitalista, ao invés de entrarem em colapso, prosperaram enormemente
atingindo alto nível tecnológico e de comodidade; deram origem média
(nunca mencionada por Marx) e a uma gradual distribuição da renda e
descentralização do capital através do sistema de ações. Sem dúvida, o
homem ocidental é injusto e egoísta e muito ainda há que se mudar para que
a prosperidade e a paz se realizem, e seja melhor equilibrado o padrão de
vida social. Há muitos ricos egoístas e muitos pobres famintos no mundo
ocidental, mas tais desníveis poderão ser amenizados por meio de uma
acentuada moralização e por leis governamentais.
A fama e a fortuna pelo caminho político
188
essencial do comunismo moderno é a existência de uma nova classe de
possuidores e exploradores.”
189
privada. Os homens viviam livres seguindo, naturalmente, a lei única da
natureza.
Quando surgiu a propriedade privada, o homem foi arrastado para o
caminho do egoísmo e das guerras. Assim, a história da humanidade é o
resultado do esforço humano através da luta, para recriar outra vez a
sociedade comunal primitiva. A história humana tem atravessado os
seguintes estágios: sociedade escravista, sociedade feudal, sociedade
capitalista, sociedade socialista, e está chegando outra vez à sociedade
comunitária primitiva, só que em um nível mais elevado — a sociedade
comunista científica. Nessa sociedade final não mais haverá guerras ou
opressões de espécie alguma. Será um verdadeiro paraíso na Terra. Um céu
sem leis, sem normas sociais ou morais, sem famílias monogâmicas (que,
segundo Engels na Origem da Família, da Propriedade Privada e do
Estado, foram a causa e a origem da prostituição e do heterismo!) e sem
deuses! Desde 1936, a sociedade soviética é definida como uma sociedade
sem antagonismos. O programa do Partido Comunista da União Soviética
prometeu que antes de 1980 uma sociedade sem classes teria sido edificada
na União Soviética. Onde está tal sociedade? Ela nunca apareceu e,
certamente, nunca parecerá. Perguntam os velhos comunistas (que são
extremamente idealistas e utópicos); o que houve?
Estudando sob o prisma da tese da natureza mística, percebemos um
outro detalhe que sem dúvida estarrece, e nos deixa perplexos: na realidade
a sociedade comunista, ao invés de estar marchando para frente, está
retrocedendo! Está voltando ao barbarismo primitivo. Isto é incrível!
Segundo a teoria Deusista da História, Deus tem trabalhado através das
religiões para restaurar o homem caído e, gradualmente, tem provocado a
Revolução do Homem elevando-o do estado bárbaro ao escravo; do escravo
ao servil; do servil ao liberal; do liberal ao coletivo; do coletivo ao familiar.
Na ordem: Barbarismo — Escravismo — Servilismo — Liberalismo —
Coletivismo — Familismo. É o homem que está sendo mudado; melhorado
e, como conseqüência, a sociedade está sendo transformada e elevada de
uma sociedade bárbara para uma sociedade familiar.
Por esse ângulo vemos que a sociedade comunista retrocedeu do
estado de homens livres, para o estado de semi-escravidão e, ao que tudo
indica, a direção final é o retorno ao barbarismo primitivo!Ou seja, ao
estado em que não havia leis morais ou legais de espécie alguma. Numa
palavra: a meta final do marxismo é a destruição de todos os traços da
civilização! Foi o próprio Engels que expressou esse fato, em seu livro sobre
a necessidade de destruir a família monogâmica, a propriedade e o Estado:
190
“O Estado é um organismo para a proteção dos que possuem contra
os que não possuem... Portanto, o Estado não existiu eternamente. Houve
sociedades que se organizaram sem ele, não tiveram a menor noção do
Estado ou do seu poder... a divisão da sociedade em classes tornou o
Estado uma necessidade... As classes vão desaparecer, de maneira tão
inevitável como surgiram no passado. Com o desaparecimento das classes,
desaparecerá inevitavelmente o Estado... De tudo o que dissemos, infere-se,
pois, que a civilização é o estágio da sociedade em que a divisão do
trabalho... atinge seu pleno desenvolvimento e ocasiona uma revolução em
toda sociedade anterior.”
“A escravidão atingiu seu mais alto grau de desenvolvimento sob a
civilização. Com ela veio a primeira grande sociedade com uma classe que
explorava e outra era explorada. Esta cisão manteve-se através de todo o
período civilizado... A civilização fez-se sempre acompanhar da
escravidão... A ambição mais vulgar tem sido a força motriz da civilização,
desde os seus primeiros dias até o presente; seu objetivo determinante é a
riqueza, e sempre a riqueza... Desde que a civilização se baseia na
exploração de uma classe por, todo o seu desenvolvimento se processa
numa constante contradição... Quanto mais progride a civilização, mais se
vê obrigada a encobrir os males que traz necessariamente consigo...
elabora-se uma hipocrisia convencional desconhecida pelas primitivas
formas da sociedade...”
191
“Palavras eu ensino todas misturas em uma confusão demoníaca.
Assim qualquer um pode pensar exatamente o que quiser
pensar.”(Extraídas do poema de Marx sobre Hegel)**
192
Pesquisando algumas biografias de Marx, notei que todo esse lado
incomum de sua vida e de suas obras é sumariamente omitido.
Concluo esse tópico lembrando que os marxistas provavelmente
ignoram esse seu lado místico. Com seus corpos, mentes e corações
completamente envolvidos pelo marxismo, já não são livres para sentir,
pensar ou agir. Estão, portanto, completamente dependentes do mundo livre
para a sua própria libertação. Assim, mais uma vez, será a força da fé, do
perdão e do amor — a força da religião — que, oportunamente, atuará.
Noutros termos: somente Deus, através das religiões, poderá atuar na
inteligência do homem, levando-o a suplantar a inteligência má que o está
arrastando para a total auto-destruição.
Capítulo 18
A IGREJA MARXISTA INSTITUÍDA
193
Iniciamos a apresentação dos argumentos para esta tese a partir de um
artigo muito estranho publicado pelo jornal O Estado de São Paulo no dia
16 de março de 1983, pág. 8. Transcrevemos o texto na íntegra para
apreciação do leitor:
Kies, URSS — Karl Marx disse que a religião é o ópio das massas, e
portanto, é o lógico que, na sua luta contra ela, os herdeiros de Marx
recorram a drogas sucedâneas. A Ucrânia lidera o movimento, tendo
instituído complicados “ritos socialistas” para assinalar as datas
importantes da vida de um cidadão, que vão do nascimento até o casamento
e a morte.Não são simples cerimônias cívicas. Em toda cadeia de “palácios
de acontecimentos” existentes em Kiev e no resto da Ucrânia há oficiantes
do sexo feminino, usando vestidos longos e correntes brilhantes, prontas
para oficiar os novos rituais, em mesas semelhantes a altares, tendo ao lado
o busto de Lênin. As cerimônias são acompanhadas de música executada
em um órgão, e por um coro.Há uma “tocha perene” queimando em uma
sala adjacente, na qual oficiantes acendem suas tochas cerimoniais. Uma
empresa do governo, chamada SVYATO, fornece todo o material
necessário. As Ministras do novo ritual insistem em afirmar que eles não
tiveram origem nos rituais religiosos, e não se destinam a substituí-los.
“As cerimônias religiosas estão desaparecendo por si” — comentou
Galina Menzheres, vice-prefeita de Kiev e presidente da Comissão pa a
Composição e Implementação de Novos Ritos.” O povo precisa de novas
cerimônias para assinalar as ocasiões importantes, e examinamos o
folclore e os costumes nacionais, para determinar o que foi confirmado pela
experiência. Em seguida, examinamos a vida contemporânea e escolhemos
o que o povo queria.”
Transferência de Funções
194
criança recebe a “estrela do nome” que simboliza a Grande Revolução
Socialista de Outubro de 1917 — data que, de acordo com o Calendário
Juliano usado na época, corresponde a 25 de outubro. Ao colocar a estrela
no pescoço da criança, a oficiante dirige uma execução aos pais: “Que esta
estrela ilumine o caminho do seu filho como a Estrela de Outubro ilumina o
caminho do mundo inteiro.” O ponto alto do ritual é o momento em que a
criança, no colo de um dos “pais convidados”, recebe o nome , a oficiante
declara: “Por um ato da República Socialista da Ucrânia, o filho da família
Popov, nascido no dia 1º. de março de 1983, recebe o nome da grande
família dos povos soviéticos, como da URSS, são confirmados.” O nome
constante do parágrafo acima e a data do nascimento são fictícios. Mas o
texto foi copiado de um manual oficialmente aprovado. Na sua maioria, os
oficiantes são do sexo feminino. Seu traje cerimonial de inverno é uma capa
guarnecida de pele, um vestido comprido, com uma insígnia distintiva do
cargo e uma grossa corrente. Na medida em que decorrem suas vidas, os
cidadãos devem ir ao Palácio dos Acontecimentos Festivos, para celebrar o
primeiro e o último dia de aula; o recebimento de um passaporte interno —
ou documento de identidade — aos 16 anos; o primeiro emprego, simboliza
o “ingresso na classe trabalhadora”, o casamento; a incorporação ao
exército; as bodas de ouro, e na ocasião da morte. A cerimônia mais
popular é a de casamento. Lyudmila Panomarev, assessora da prefeitura de
Keiv para assuntos relacionados dos com festivais e cerimônias, afirmou
que virtualmente todos os casamentos da cidade são celebrados de acordo
com os novos rituais. No ano passado por ocasião do aniversário da
fundação de Kiev, foi inaugurado um novo e moderno Palácio Central de
Acontecimentos festivos, onde o grande número de casamentos segue a
última palavra em simbolismo socialista. Recentemente, havia no palácio
uma fila de casais que aguardavam a sua vez de preencher os formulários,
ouvir um conselheiro e, examinar, no salão da SVYATO, os preços do
aluguel de trajes de casamento, aluguel de automóveis ornamentados, etc.
Também há um sucedâneo para os Dez Mandamentos, no Código Moral
dos fundadores do comunismo, adotado pelo 22º Congresso do Partido
Comunista em 1961. O preceito básico é esse: “O homem deve ser, para
outro homem, um amigo, um camarada e um irmão.”
O Estado de São Paulo 16.03.83. Pág. 8.
Rituais pseudocristãos
195
Agora, vamos deter um pouco para analisar alguns pontos desse texto.
Primeiro, o estabelecimento desses novos ritos e as cerimônias vêm
comprovar a tese de que é impossível suprimir a mística humana.
Como comentamos anteriormente, os homens são seres espirituais
transcendentais. Portanto, a sua natureza mística somente se satisfaz com
atividades místicas. Nessa análise, contataremos que o estabelecimento
dessa “igreja” comunista não é uma novidade, mas tão somente a
substituição do Cristianismo original por um “pseudo-cristianismo”, sem os
fundamentos básicos da fé cristã. Ou seja, sem Deus, sem Jesus, sem a
Bíblia e sem nenhum dos pontos essenciais do Cristianismo. É o
Cristianismo às avessas e descentralizado.
Segundo, o texto fala de comemorações que vão desde o nascimento à
morte dos cidadãos. O Cristianismo instituiu cerimônias que vão desde o
batismo às cerimônias fúnebres. Faremos agora uma analogia entre os
“novos ritos” comunistas e os ritos e instituições do Cristianismo.
196
A “tocha Perene” Corresponde à luz perene das velas que
simboliza a vida eterna e o Santíssimo
Como o leitor pôde ver, trata-se de uma versão exata para substituir o
Cristianismo. Todas essas observações não podem ser consideradas meras
coincidências. Isto seria um cinismo defensivo. O que realmente seria
interessante saber (apesar de isto parecer evidente), é se os líderes
comunistas conhecem exatamente o significado místico desses atos, ou seja,
se os instituem com um sentido religioso consciente, ou se são levados
inconscientemente a isso. Para o pastor Wurmbrand, muitos desses atos são
197
conscientes. A revista comunista Nauka i Religiya (Ciência e Religião),
publicou:
198
Decálogo Comunista.” Trata-se de uma espécie de tábua-de-lei semelhante
aos Dez Mandamentos mosaicos. Vejamos o texto:
10. Procure catalogar todos aqueles que possuem armas de fogo para
que as mesmas sejam confiscadas no momento oportuno, tornando
impossível qualquer resistência a nossa causa.
199
Sem dúvida estes “Dez Mandamentos” sintetizam a práxis marxista do
mesmo modo como os Dez Mandamentos mosaicos sintetizam a práxis
cristã.
A intenção desse livro é apresentar dados para fortalecer uma tese: que
a força do marxismo está em sua natureza mística ainda desconhecida. Se o
leitor encontrar sentido nos dados que apresento, muito bem. Se não, deverá
encontrar em contra-argumento para cada dado que apresento aqui. De outro
modo, a não aceitação é preconceituosa, pois trata-se de uma defesa sem
defesa, o que configura muito mais uma reação inconsciente do que uma
defesa real.
Ora, por que o marxismo apresenta essa tendência geral a copiar tudo
o que o Cristianismo instituiu? Por que compor um Pai Nosso, um
Decálogo, uma Igreja, Sacramento, etc? O que me intriga aqui não é bem o
conteúdo das instituições marxistas, mas o porquê dessa luta para suplantar
e substituir a religião por uma coisa que é, em tudo, cópia e semelhança da
mesma. Não me parece um ato coerente com a posição ateísta. Se uma das
metas centrais do marxismo é eliminar todos os vestígios das religiões, por
que essa tendência mística, no seu comportamento, em querer e insistir na
preservação de todas as instituições religiosas, despojadas de sua essência?
É como preservação um objeto e sua forma externa, e substituir seu caráter
interno. Por exemplo: substituir a veneração da cruz, pela veneração da
estrela. Mesmo sendo marxista, o leitor compreenderá que não tenciona
agredi-lo. Mas revelar-lhe um lado do marxismo que desconhece. Há da
achar tudo isso, no mínimo, pouco comum e perfeitamente verossímil.
Capítulo 19
A C RUELDADE DESUMANA
200
atrocidades que os comunistas já cometeram no mundo. Serão analisados
apenas os sentimentos cruéis que se escondem por trás dos atos e suas
origens. Qualquer leitor interessado nos atos cruéis do comunismo basta
conhecer O Arquipélago Gulag de Alexandre Soljenítsin, prêmio Nobel de
literatura de 1970; dois enormes calhamaços somando aproximadamente
1.500 páginas de impressionantes relatos contados por um ex-comunista de
partido e capitão do exército vermelho. Enfim, um russo que está acima de
qualquer suspeita (Editora Difel-1976). Esta é apenas uma das centenas de
obras que denunciam a crueldade comunista. Todos os refugiados de
qualquer país comunista, contam suas experiências pessoais com lágrimas
nos olhos e cheios de saudade de suas pátrias que, voluntária ou
involuntariamente, foram obrigados a abandonar.
Serão apresentados também alguns dos estranhos atos místicos da
crueldade comunista — a fim de evidenciar que por trás dela parece haver
algo que extrapola os limites humanos.
201
Sob este ângulo, todos os grandes criminosos da história foram
psicopatas sadomasoquistas. A crueldade como e de Cambises, Nero, Hitler,
Stálin, jamais poderá ser considera como aspectos normais do
comportamento humano. Todas essas observações revelam-se de alta
gravidade quando se sabe que quase 50% da população mundial,
distribuídas em aproximadamente 35 países, estavam sob o domínio dos
marxistas. Quando estudamos no primeiro capítulo deste livro sobre a
personalidade de Marx pudemos notar o que realmente se esconde por trás
de sua retórica. Ele se inspirou nas ideias e nos ideais da Revolução
Francesa e, conforme os relatos de Restif la Bretonne (As Noites
Revolucionárias) a revolução se degenerou numa brutal barbaridade.
Vejamos alguns trechos desse depoimento, publicado em 1794, em seis
volumes:
“Grupos tumultuosos contam enfurecidos os episódios do dia, bandos
armados de espadas e paus andam pelas ruas ameaçando matar — sem
saber muito bem a quem. Na rua de Roule saqueia-se um depósito de
armas: o verdadeiro povo, artesões e operários, observa-se à parte,
assustado. Na noite de 13 de julho — a terrível noite que precedeu um dia
ainda mais terrível -, a desordem atingiu o auge. Os civis formam patrulhas
armadas para defender-se, enquanto falsas patrulhas penetram nas casas,
para roubar e violentar mulheres...” (Esse trecho foi selecionado por não
conter a descrição de fatos da crueldade chocante que caracteriza a obra de
Restif).
São nestes termos que Restif inicia seus relatos contando tudo o que
viu de 1789 a 1793, época áurea do terror da Revolução Francesa. Os relatos
de Restif, conforme ele mesmo escreveu, “seriam os documentos mais
importantes sobre a revolução francesa no futuro.” E, de fato, o são. Nesses
relatos podemos compreender a desumana crueldade inspirada pelas ideias e
pelos nobres ideais dos iluministas franceses. Os ideais de Igualdade,
Liberdade e Fraternidade, transformaram-se num pesadelo em que milhares
de inocentes perderam suas vidas. Resta-nos agora perguntar: por que ideais
tão nobres e ideias tão belas, deram origem a um tal reino de terror?
Recordo-me que os assírios, quando invadiam um reino na antiguidade,
instalavam em praça pública, patíbulos onde furavam os olhos e arrancavam
a pele humana com a única finalidade de dominar pelo terror.
A Revolução Francesa se deu sob a poderosa influência das ideias de
Nicolau Maquiavel que em seu livro O Príncipe, negou o valor do perdão,
do amor e da bondade, estimulando os príncipes a usarem o terror como
meio de preservar o trono. A sua célebre frase: o fim justifica os meios,
202
ainda hoje parece estar em plena atualidade entre os comunistas.
Provavelmente, o terror estabelecido nos anos que se seguiram à Revolução
Francesa, tiveram essa finalidade. Paralelamente, logo após a Revolução
Russa (que foi inspirada nas mesmas ideias e ideais), degenerou-se desde os
seus primeiros dias em um pavoroso reino de terror. Tal reino, atingiu seu
ponto culminante nos tempos de Stálin. O saldo desse terror para a União
Soviética foi de 66 milhões de mortes. O mesmo poderemos estender para a
Revolução Cultural Chinesa nos tempos de Mao-Tsé-Tung, que produziu
um saldo de outros 60 milhões de vidas. No Cambodja, sob o governo de
Pol Pot, registraram-se 3,5 milhões de mortos, em uma população de 7
milhões. Como é possível tais sentimentos coexistirem ao lado de outros tão
opostos, como a igualdade e a fraternidade? Será que as revoluções
degeneram-se em terror por vontade daqueles que a conduziram, ou
simplesmente ela lhes escapou ao controle? Talvez as duas hipóteses sejam
verdadeiras. O próprio Lênin confirmou-as:
“O Estado não funciona como o desejamos. Como funciona? O carro
não obedece. Um homem está ao volante e parece dirigi-lo, porém o corre
na direção desejada. Ele avança conforme o desejo de uma outra força”
(Lênin. Obras em Francês,Vol. 26. Pág. 284).**
203
ele como se não tivesse sido tocado, ignorava e contra-argumentava a esmo
acusando o Imperialismo Americano. Quando lhe falei da Expansão
Imperialista Soviética, olhou-me com um estranho sorriso de malícia.
Compreendi que ficaria feliz ao ouvir falar do Expansionismo Soviético.
Óbvio, tal expansionismo é tido o que deseja. Talvez, sem saber ao certo o
porquê.
Praticidade
Vejamos agora alguns dos estranhos atos dos comunistas que nos revelarão
o lado místico de seu comportamento. Serão utilizadas para isto várias obras
de autores diversos, mas especialmente a obra do pastor Wurbrand, por ela
própria já conter vários textos coletados de diversas obras marxistas e não-
marxistas no exato estilo que será necessário aqui.
Burkharin, secretário geral da internacional comunista, aos doze anos
de idade, depois de ler o livro do apocalipse, passou a desejar ser o
anticristo. Uma vez que a Bíblia dizia que o anticristo deveria ser filho da
grande prostituta, Burkharin, insistia que a sua mãe confessasse ter sido uma
prostituta. (O Julgamento de Burkharin, George Katkhov, Stein Day,
N.Y.1969)
Considerando que Burkharin ainda é considerado por muitos marxistas
como um dos grandes teóricos deste século, um comportamento desses é no
mínimo invulgar. Tal comportamento revela, mais que a fé na Bíblia, a fé no
suposto anticristo e, por extensão no próprio Cristo como a figura de amor,
paz e bondade. Burkharin portanto, almejava tornar-se oposto de tudo isto.
Burkharin escreveu sobre Stálin que “ele não é um homem, e sim um
demônio.” Posteriormente, Stálin mandou prender e executar Burkharin. Em
suas últimas palavras escritas em uma carta decorada por sua esposa, ele
diz:
“Minha vida termina. Inclino minha cabeça sob o machado do
carrasco. Sinto a minha total falta de poder ante essa máquina infernal.”
(Stalinismo. R. Medredev. Seuil França). **
Depois de toda uma vida dedicada fervorosamente à causa comunista,
Burkharin viu-se repentinamente traído e executado por um dos seus mais
antigos camaradas. Uma estranha recompensa por seus muitos serviços
prestados à causa comunista.
“Os primeiros pseudônimos sob os quais Stálin escreveu foram:
“Demonoshvili, algo como o Demoníaco, e Besoshvili, algo como
Diabólico’ (A Origem da Partocracia. A. Avtorhanov. Posev, Alemanha).**
Ora, por que um intelectual ateu utilizaria pseudônimos tão místicos? Tal
204
atitude revela dois pontos de vista opostos: a) um cinismo irônico contra a
religião, que crê e diz combater a figura do mal denominada demônio ou
diabo; e b) um estranho desejo inconsciente de assemelhar-se a tais figuras
perversas. As atitudes de Stálin nos expurgos cruéis no exército e no
partido, sua palavra cínica e mentirosa que assinou 200 tratados e quebrou
199 (o 200 o foi assinado com Hitler, que o quebrou primeiro), sua crueldade
nos campos de trabalho e extermínio deu morte a vinte milhões de russos,
sua insensibilidade a própria família, a desconfiança e a vingança incomuns
que estendeu-se para assassinar Trotsky no México, são características de
uma personalidade excepcionalmente sadomasoquista ou “demoníaca” que
tem o mérito de ser superado Nero e Hitler juntos! Se fôssemos nos deter
em enumerar as atrocidades dos grandes líderes comunistas, certamente
iríamos necessitar de muitas páginas. A Verdade última sobre o marxismo
virá à tona somente quando as muralhas do Kremlin forem derrubadas e
abertos os seus segredos. Antes disso, temos de nos contentar com os relatos
dos refugiados.
Certa vez Mao-Tsé-Tung escreveu:
“Desde a idade de oito anos eu odiava Confúcio. Em nossa vila havia
um templo confucionista. De todo o coração, eu desejava apenas uma
coisa: destruí-lo até os fundamentos.”
Afinal, o que que Confúcio ensinou ou fez de tão ruim para que uma
criança em uma fase ainda de pouca compreensão o odiasse a tal ponto?
Vejamos algumas palavras de Confúcio:
205
Que o marxismo condene alguns clérigos feudais corruptos e
abastados, é compreensível. Mas entre isto e uma criança odiar cegamente
um sistema de pensamento que praticamente desconhecia, há uma grande
diferença! Principalmente quando se sabe que hoje que, sem a família
monogâmica, a sociedade se desagregará. Odiar o Confucionismo equivale a
odiar a família, odiar a família é odiar a sociedade humana! Concluímos
portanto, que o ódio de Mao-Tsé-Tung contra o Confucionismo era
originado por outros fatores, muito mais místico e emocionais do que
intelectuais.
Por extensão, o ataque contra todas as religiões indiscriminadamente
revela-nos um outro aspecto místico do marxismo. Este, mais que qualquer
outro, parece-nos constituir a finalidade mais essencial do marxismo. Todo
homem de livre consciência não precisará de muitos argumentos para
reconhecer o valor, a beleza a importância dos sistemas de pensamentos
religiosos para a humanidade. Vejamos alguns outros versos:
A essência do pensamento cristão:
“Assim como a abelha pousa sobre as flores para delas lhes extrair o
néctar, sem danificá-las,Assim seja o homem sobre a Terra.”
206
Dar tiros em imagens religiosas é mais que um ato divertido; é um
ritual anti-religioso. Citarei agora uma coletânea de textos extraídos da obra
do pastor Wurmbrand:
“Na prisão romena de Piteshti, pastores e padres foram forçados
celebrar missas e cultos sobre excrementos e urina. Muitos cristãos foram
torturados e obrigados a tomarem comunhão com esses mesmos
elementos.”
Retorno do Inferno. I. Cirja; e Piteshti; de D. Bacu.
207
de malhação do Judas com a cruz: sacrilégios e profanação do
Cristianismo”, os padres disseram que a cruz simbolizava o sofrimento de
todas as pessoas e que era preciso retirar o sofrimento para se libertar.”
208
descobertas e os avanços no campo oculto da União Soviética. Também nos
Estados Unidos esses estudos estão enormemente avançados. Sabemos que
a parapsicologia é uma nova ciência que procura estudar os chamados
fenômenos do espirito. Ou seja, a existência de um ouro ambiente e um
outro corpo humano, espiritual e eterno, que a cada dia mais está sendo
cientificamente comprovado. No ocidente, os resultados, dessas pesquisas
são divulgados abertamente. Por que os países comunistas não fazem o
mesmo? Se eles descobrirem a existência do espirito humano, serão
constrangidos a admitir o seu clamoroso erro e seu crime contra Deus e
contra a humanidade. Por isso, mesmo que se efetuem descobertas
extraordinárias, não as revelarão publicamente. Isso anularia o marxismo e o
sonho comunista, subitamente.
Como vimos nas palavras de Marx, no inicio da formulação da sua
ideologia, tudo parece indicar que ele não era ateu, mas sim antideus. Todos
os seus amigos compartilhavam desse modo de ser e de pensar. Ainda hoje
podemos ver nas atitudes antideusista e revoltada. É claro que não é uma
atitude ateísta. Hitler era ateu, mas expressava seu ateísmo praticamente
ignorando a existência de Deus. Ateísmo não implica necessariamente em
crueldade e obscenidade contra os crentes. Conhecemos muitos ateus não
marxistas e sua atitude é de indiferença e humanismo. O ateísmo marxista
possui características muito especiais. Ele é agressivamente contra Deus, a
religião e os religiosos. Para o marxismo, ser religioso é crime de morte.
Apesar das propagandas e disfarces que atualmente tem utilizado, a sua
essência ainda é a mesma. Sabemos perfeitamente que o comunismo está
chegando ao fim. Sua ideologia está esfacelada, a economia arrasada, e a
unidade quebrada. Mas a desilusão marxista ainda se restringe à Europa, à
América do Norte e parte da Ásia. Toda a África, América central e
América do Sul, ainda se encontram sob o ataque comunista.
Totalistarismo
209
auto-proclamavam imperadores-deuses. Muitos homens de fé e justo foram
assassinados por não reconhecerem tal “divindade”, especialmente, judeus e
cristãos. Este fenômeno sobreviveu ao longo de toda a idade antiga e da
idade média. Nesta última, um outro fator veio acrescentar novas cores ao
quadro: a Igreja católica entrava em cena. Os papas governavam lado a lado
com o e reis e os grandes senhores feudais toda a igreja era vista como
sagrada e com poder sobre a vida e a morte dos fiéis. A igreja podia
excomungar, prender, torturar e matar livre e absoluta. Por outro lado, os
reis absolutos também passaram a ver-se como santos e a proclamaram que
o seu poder provinha da Deus. Mesmo depois de Reforma Protestante e da
Renascença, o absolutismo continuou em pleno vigor.
A Revolução Francesa representou a queda do absolutismo na França
e o estabelecimento da República. Os pensadores e revolucionários
franceses, proclamando-se democratas humanistas em luta contra o
totalitarismo, ao chegarem ao poder, estabeleceram um totalitarismo
terrorista e sanguinário, cem vezes pior que o reinado de Luis XVI. A
esperança de igualdade, fraternidade e liberdade do povo francês
transformou-se no Tétrico pavor das guilhotinas. Posteriormente, Napoleão
se auto-coroando imperador, daria prosseguimento à Segunda etapa do
totalitarismo — o imperialismo. Com o nazismo a historia uma repetição
paralela. Hitler era a esperança e o senhor absoluto da Alemanha Nazista. O
“Rei do III Reich”, o “mentor e o pai do reino milenar.”
Gostaria de chamar a atenção do leitor para outra estranha tendência
dos tiranos totalitários. Todos eles, uma vez em posição de comando
supremo, apresentaram um a tendência à auto-divinização. Uma espécie de
narcisismo místico ou uma tendência a “tomar o lugar de Deus”, a ser o
único e central objeto de culto e adoração. Dos selvagens primitivos aso
bárbaros assírios, dos faróis egípcios aos imperadores romanos; dos reis
medievais aos revolucionários franceses, dos chefes-presidentes das
pequenas nações africanas aos lideres marxistas. De todo esses tiranos
totalitários que a historia registrou, os comunistas são os mais bárbaros e
cruéis*.
Os lideres comunistas, domesmo modo que os tiranos do passado,
como demonstra a tese central deste tópico, apresentam a mesma “tendência
à auto-divinização”, a “tomar o lugar de Deus” e a se transformarem em
“objeto central de culto e adoração.”
*
É incrível ver como são débeis as reações do mundo livre contra o imperialismo
comunista. Talvez por comodismo, covardia, ignorância, ou pelo efeito da psico-político. O
fato é que, se não despertarem a tempo. Serão reduzidos a escravos.
210
Certamente o leitor não havia observado esse lado do totalitarismo. Eis o
seu lado místico, e a mística oculta por trás do totalitarismo comunista.
Espionagem
211
Sung, Fidel, etc), cercado por uma super-elite — a Nomenklatura* — que ,
juntos se tornaram os novos proletários das terras, das industrias e do
comercio. Por outro lado, todo o restante da população converteu-se em
escravos — operários, sem direitos ou garantias, dependentes por completo
do Estado-padrão, que por sua vez detém nas mãos todo o poder da vida ou
morte das populações “confinadas” dentro das próprias fronteiras.
Reduzidos à condição de escravos-operários (em parte, por sua livre
vontade e por suas próprias mãos, haja vista que ajudaram afazer a
revolução), as populações insatisfeitas representam um constante perigo
para os tiranos comunistas que os mantêm cativos. Dessa forma, baseado em
sua teoria do poder**, os tiranos comunistas criariam verdadeiros exércitos
invisíveis de espiões para delatar qualquer indivíduo insatisfeito com a
ditadura e o ditador. Os espiões podem ser crianças ou adultos, esposo ou
esposa, pais ou filhos, professores ou alunos... Em todos os países
comunistas, conforme os milhões de refugiados e dissidentes, existe um
constante clima de desconfiança e medo, inclusive dentro das famílias.
Mas o aparato de espionagem par a auto-defesa dos tiranos não pára
por aqui. A Psicopolítica é largamente utilizada para domesticar as
populações através das comunicações e dos hospitais psiquiátricos (para os
mais “rebeldes”).
O Império comunista assumiu funções muito peculiares, a espionagem
ali não se restringiu apenas à auto-defesa do tirano e à manutenção de seus
domínios, ela foi e tem sido ampla e internacionalmente utilizada par roubar
toda a tecnologia bélica e industrial dos países democratas (ou como eles
dominaram: sociedade estúpidas e decadentes). Assim, com a nossa
convivência (por estupidez), o império comunista expandiu-se e fortaleceu.
O marxismo criou tiranos, ladrões se criminosos da história*.
Conseqüentemente, teve que criar o maior e mais traiçoeiro sistema de
espionagem.
O jornalista e escritor Patrick Meney, em seu livro Kleptocracia. A
Corrupção na União Soviética (Record, 1982) e o jornalista Michael S.
Voslenky, em seu livro Nomenklatura, Como vivem as classes
oprivilegiadas na União Soviética (Record, 1980) revelam a escandalosa
corrupção e decadência moral do governo e do povo russo. Voslenski revela
*
Tal estrutura — ditador + nomeklatura -, em tudo se assemelha a um rei e a sua corte.
**
A teoria do poder comunista vê ¾ da população como maus, logo, para se conquistar e
conservar o poder, tem-se que subjugar os maus, que são apenas subjugados através da
força e da violência.
*
Qualquer tentativa de mudança por parte das populações é coibida com violência, como
ocorreu na Hungria, Tchecoslováquia e Polônia.
212
a corrupção dos líderes das elites soviéticas. Estes dois livros retratam o
quadro terrível a que foi reduzido a União Soviética sob o marxismo. Tal
estado generalizado de degradação é, pura e simplesmente, o efeito natural
da visão ateísta e anti-religiosa do marxismo, que desmarca o ressurgimento
de um novo tipo de império bárbaro, o “barbarismo pseudo-científico.” Eis
a que foi reduzido o ideal do comunismo cientifico; eis para onde conduzem
os passos dos homens, quando ousam prescindir de Deus e de Sua educação
ético-moral.
Terrorismo
213
WASHINGTON — O diretor da Agência Central de Inteligência,
Willian Casey, acusou ontem a União Soviética de treinar cerca de
600 terroristas por ano e de atuar “em uníssono “com o terrorismo
internacional. Segundo o responsável pela CIA, a URSS e seus
aliados permitem a grupos terroristas manter refúgios na Europa do
Leste e viajar livremente por seus territórios, para ir praticar ações
em outras áreas. As acusações foram publicadas ontem pelo jornal
The Washington Times.
Segundo Caey, Moscou “importa” anualmente cerca de 600
jovens de diversas regiões do mundo para doutriná-los e dar-lhes
treinamentos para ações de terrorismo e para operações
paramilitares. “Há instalações de treinamentos não somente na
União Soviética, como na Bulgária, Tchecoslováquia, Alemanha
Oriental, Iêmen do Sul, Cuba e, cada vez mais na Nicarágua, assim
como nos países árabes de linha radical, Síria, Líbia e Irã.” Cassey
disse que a “rede terrorista internacional” declarou uma “guerra
psicológica” para criar na opinião publica mundial a impressão de
que “os terroristas são onipotentes e o publico é impotente.” O
diretor da CIA também fez um apelo aos meios de informações
ocidentais para que dêem cobertura” de forma mais discreta” às
ações do terrorismo internacional”, e pediu “editoriais mais fortes a
fim desacreditar essas ações.”
Psicopolítica
214
A revista Visão (no 49, de 11de novembro de 1985, páginas 42, 43 e 44),
publicou um artigo intitulado: Excepcionais: A Grande Luta. Recursos.
Nesse artigo o diretor da Sociedade Pestalozzi de São Paulo, o psicólogo
Jairo Vieira de Souza, que há mais de dez anos trabalha com crianças e
adolescentes com deficiência psíquica, diz que “segundo a Organização
mundial de Saúde, 7% da população brasileira — 8 a 10 milhoes de
habitantes — sofre de distúrbios mentais, e que as autoridades deveriam
preocupar-se mais em prevenir essa deficiência, do que em implantar
unidades de internamento especifico.”
Diz ainda o artigo que noanode1984, cada deficiente mental custou à
Sociedade Pestalozzi 250 mil cruzeiros mensais. Para se ter uma ideia da
gravidade desse problema num futuro próximo, calcule-se o potencial desses
10 milhões de brasileiros em termos de despesas, produtividade e defesa
nacional. Avaliemos a questão apenas quanto às despesas. Adotado a média
da Sociedade Pestalozzi — 250 mil cruzeiros por deficiente —, esses 10
milhões de doentes mentais custam ao Brasil 300 bilhões de cruzeiros
anuais. Isso, note-se bem, apenas em despesas. Imagine-se esses valores
somados com as perdas em produtividade ou em relação à defesa nacional
futura, e calcule-se os custos totais em 10anos ! É um escândalo assustador.
Esse quadro tétrico se amplia ainda quando o estendemos aos demais
países do mundo livre*. É como se estivéssemos sendo transformados em
uma raça de vivos-mortos, complemente dependente e indefesos! Este é um
fato gravíssimo. Onde estaria a causa dessa calamidade mundial? Estaria
relacionada com as viagens especiais, ou com o ritmo da vida
contemporânea? Com a má ou sub-alimentaçao, ou com a má ou auto-
medicação? Pensando nesta séria questão, cheguei à conclusão de que o
fenômeno da raça sub-humana, formada por excepcionais, tem um pouco a
ver com todas estas causas. Mas, há uma forte razão para desconfiarmos de
tais causas como primordiais ou preponderantes: a Psicopolítica.
Tomei conhecimento da Psicopolítica através de um pequeno livro
chamado Psicopolítica: Ciência e Arte Fundamental do Comunismo
(Editorial Nova Ordem, 1966, Buenos Ares. 3a ed.). O livreto, segundo as
palavras do prefaciador, era Manual Comunistas de Adestramento para a
Guerra Psicológica.
Era a primeira vez que estava lendo alguma cisa sobre a Psicopolítica.
Por mais cruel que fosse os relatos dos dissidentes e dos refugiados
*
Tomando-se por base a taxa percentual do Brasil — 7% — e aplicando-a no calculo
estimativo da população mundial — 4,5 bilhões —, teremos um contigente de 315 milhões
de excepcionais. Quinze vezes a população da América Central!
215
comunistas russos, ucranianos, lituano, chineses, cambojnos, nicaragüenses,
norte-coreanos, etc, a psicopolítica superou minha própria imaginação, as
mentes elaboraram tamanha crueldade contra a humanidade não deviam ser
humanas.
O que é Psicopolítica? Segundo as palavras dos próprios comunistas:
“a ciências da domesticação dos povos.” Conforme o escritor Fred Schwarz,
em seu livro Você Pode Confiar nos Comunista! (no sentido de que eles não
fazem o que dizem em público, mas o que está esscrito em seus livros), o
Comunismo Internacional declarou abertamente seus planos de conquista
mundial. Certa ocasião, Laurenti Béria, poderoso policial russo, disse:
“A burguesia é estúpida e pensa que a guerra é sempre a utilização
de metralhadoras, tanques e bomba. Mas a verdadeira guerra é a guerra
psicopolítica. Conquistaremos nossos inimigo dentro de suas próprias
fronteiras.”
216
segundo eles, curam de fato), para que todo e qualquer tratamento mental
ficasse por contada medicina alopática, nesse caso, pseudo-medicina.
Os ex-comunistas Kenneth Goff disse que foi adestrado em vários
tipos de lutas, psicológicas e físicas para aniquilar o mundo ocidental, e
também estudou a Psicopolítica. Depois que abandonou o comunismo,
observou horrorizado uma imensa campanha pró-saúde mental nos Estado
Unido, e o rápido crescimento da guerra psicopolítica contra o povo
americano. O livro cita o nome de um deputado americano — John Schmitz,
que por volta de 1960, havia denunciado a existência e nefasta atuação da
Psicopolítica em milhares de crianças hiperativas, com o pretexto de
“normalizá-las.”
Mas a aplicação da Psicopolítica não restringe apenas aos hospitais
psiquiátricos, mas aos meios de comunicações, às instituições de ensino e a
outros setores da sociedade, segundo o tal livro, a verdadeira arma da guerra
comunista contra a civilização crista é a Psicopolítica. De acordo com o
pensamento comunista é melhor subjugar uma nação pela debilitação
mental, do que jogar bombas sobre ela (as bombas reduziriam o país a ser
conquistado em ruínas de um cemitério). Os comunistas diziam que, se a
Psicopolítica falhar, o comunismo também cairá. Por isso, onde quer que
aparecesse qualquer livro ou comentário sobre a Psicopolítica este deveria
ser desacredita do imediatamente.
Quando conheci a Psicopolítica fiquei muito preocupado com o futuro
da humanidade e do Brasil, e me senti responsável. E procurei livros sobre
psicopolítica. As pessoas que me atendiam sequer conheciam a palavra. Não
existiam livros sobre o assunto. Nas diversas partes do Brasil que visitei,
procurei por estes livros, mas jamais os encontrei. Os únicos escritos que
conheci sobre o assunto estavam naquele pequeno livro.
Talvez observando o caos psicológico do mundo atual, o vazio
existencial da juventude mundial e a desagregação das instituições
possamos encontrar as provas da realidade da Psicopolítica. Tal é a mais
terrível arma que os comunistas desenvolveram e a mais cruel e traiçoeira
guerra que a humanidade já enfrentou. Recentemente, em um programa de
televisão de grande audiência foi apresentado um quadro que se referia à
Guerra da Mente, mostrando como os Estados Unidos e a União Soviética
estão desenvolvendo e aperfeiçoando técnicas parapsicológicas com
finalidade bélica.
No já citado livro Experiências Psíquicas atrás da Cortina de Ferro,
as escritoras Lyn Shreder e Sheyla Ostrander, revelam o grau de
desenvolvimento dessas pesquisas na União Soviética. Considerando o grau
217
de desenvolvimento das pesquisas psíquicas, que nível terá atingido a
Psicopolítica nos dias atuais?
É do conhecimento da opinião publica mundial o processo de
lavagem cerebral aplicado nos soldados americanos aprisionados na Coreia
do Norte. Também são famosos os “hospitais psiquiátricos” para dissidentes
políticos*. Relacionando esses fatos — técnicas de lavagem cerebral
comunista e os hospitais psiquiátricos —, com o fenômeno da ‘raça sub-
humana” de excepcionais, podemos afirmar, quase com certeza, a terrível
realidade da Psicopolítica.
Para completar este tópico, transcreverei um trecho de uma carta do
professor de matemática Vasile Ivanovitch, prisioneiro do hospital
psiquiátrico de Leningrado (citado no livro):
“Não tenho medo da morte e prefiro que me fuzilem! É repugnante e
terrível pensar que mancharam e esmagaram minha alma!... o homem aqui
perde a sua individualidade, seu espírito se dilui, suas faculdades emotivas
se destroem, sua memória desaparece. Mas o mais terrível do ‘tratamento’
é que ele faz desaparecer tudo o que construi o caracter pessoal próprio. É
a morte da criatividade. Os que estão submetidos à ação da aminazina não
podem nem ler depois assimilá-la; convertem-se intelectualmente em seres
nulos e primitivos.”
Tal é a mística e a desumana crueldade que o marxismo inspirou no
coração do homem.
Para finalizar este tópico, gostaria de dizer uma última palavra sobre
o ser humano. Quando observamos o comportamento da natureza, em sua
bondade em nos ofertar naturalmente o ar, as águas frescas, as flores e os
frutos, bem como os cereais, os animais e toda a beleza ao deleite dos
sentidos e do nosso espirito; quando observamos os animais e vemos neles o
seu amor sacrificial pelos seus filhotes, as abelhas que produzem e nos
ofertam os frutos do seu trabalho, ou os pássaros que nos alegram com um
suave canto; quando observamos a Terra a girar trazendo os dias e as noites,
desvelando o encanto e a beleza das estações, não podemos deixar de
pensar, com certa amargura, em nós mesmos — os seres Humanos. Por que
somos os criadores das artes, das filosofias, das religiões e das ciências? Por
que temos o maior grau de emotividade, racionalidade e liberdade e,
paralelamente a tudo isso, produzimos tanto mal? Por que deixamos atrás de
nós um rastro de violência e devastação. Como nem, mesmo o mais feroz
dos animais o faz? Por que não conseguimos deter esse impulso violento e
sanguinário que habilita em nossa natureza e, contra a nossa vontade, nos
*
“GUIAS DA URSS. Avraham Shifrin — Publicações Europa-América, 1985.
218
conduz à destruição recíproca? Onde está a nossa liberdade? O que há de
errado conosco, que nos torna tão diferentes e inferiores aos animais mais
ferozes da natureza, quando deveríamos ser os mais bondosos? A violência
não é um traço original da personalidade humana. É por isso que lutamos
contra ela. E não descansaremos enquanto não a derrotarmos.
Capítulo 20
MITOLOGIA & MARXISMO
219
Milhões deles se auto-destruiram. Um outro exemplo atual é O Mito da
Sociedade Comunista. Este será o objeto de estudo desse capítulo.
Diversos são os fatores que influenciam nossas vidas. O primeiro deles
é fator crença. Para que os mitos influenciem as pessoas, elas precisam crer
na “verdade” que eles afirmam. Para tanto, a “verdade” do mito requer
repetição até a interiorização e auto-identificação com ela. Ao ser absorvida,
a “verdade” do mito assume novas funções. Produz a satisfação sob forma:
diminuição da ansiedade, satisfação de sentir aumentada a autoconfiança,
eliminadas as dúvidas e incertezas, por sentir-se na posse da verdade
suprema ou, ainda, pela experiência de algo divino. O mito da sociedade
comunista tem engendrado todos esses fatores no homem contemporâneo,
razão por que ele tem se entregado — como em um transe louco — ao
sacrifício maior de doar a própria vida pelo sonho comunista.
Mito e Ritual
220
mitologização dos líderes em mitos, aquietar, amedrontar os povos e
preservar a sobrevivência do regime.
“Lênin tem sido uma figura ancestral mística par a Rússia desde a
sua morte, 1924... A não aceitação — ou negação — da sua morte
na forma do sempre repetido encantamento ‘Lênin Vive!’ tornou-se
parte da “religião” soviética, equiparando-se em grau notável à
negação crista da morte de Jesus: ‘Jesus Vive!’... Assim como
sucedeu a inúmeros heróis míticos verdadeiros, quanto mais tempo
se passou desde a morte de Lênin, maior se tornou ele, mais
sacrossantos os seus ensinamentos, mais ‘divina’ a sua imagem...
Fosse quem fosse o homem chamado Lênin, está esquecido há muito
tempo, porque o Lênin que ‘vive’ não é a lembrança de um ser
humano, mas imagem sobre-humana mística e divinizada...”
221
conferência sobre Genética, Ciência e Seleção, realizada em Moscou em
1939:
Vemos por essas citações que Stálin foi uma lenda enquanto vivia.
Curiosamente, apesar de possuir todos os elementos necessários para ser
transformado num grande mito, após sua morte, foi complemente destruído
e relegado ao esquecimento.
O guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara é um outro típico
exemplo da mitologização comunista. Daniel James em sua biografia de
Che Guevara Morte de um Revolucionário, Nascimento de um Mito,
descreveu a incredulidade de milhares de jovens ante a morte de Che
Guevara, apesar de todos as provas fornecidas pelas autoridades bolivianas.
Queriam continuar crendo que “Che está Vivo!.” O governo cubano de Fidel
Castro, tão logo as notícias de sua morte chegaram a Cuba, empenhou-se em
uma campanha orgíaca par imortalizar o “guerrilheiro heróico.” Num ato
extravagante Fidel proclamou Che como “o novo homem que a mocidade,
dali em diante, deveria imolar” e instalou-o no panteão dos comunistas
imortais ao lado de Marx e Lênin. A Accion Revolucionaria Peronista
proclamou solenemente que “jamais a causa das libertações humana pago
um preço tão alto: a imolação do Cristo da nossa era.” Che Guevara foi
considerado em muitas outras partes do mundo “o Cristo rebelde
crucificado.” Os tolos jovens esquerdistas do mundo ocidental proclamaram
o “Che Vive!.” Estranhamente, apenas o bloco soviético, a quem Che
Guevara serviu como uma avestruz sorridente, ignorou-o e também a sua
morte por completo. Luís J. Gonzalez e Gustavo A. Sanchez Salazar,
concluem a narrativa da morte de Che Guevara com estas palavras:
222
“Che Guevara já não era, passara da lenda para o mito... Che
Guevara era uma combinação de guerreiro e apóstolo, de
aventureiro e profeta... Em Valle Grande, onde Che Guevara, onde
morreu, já se formou uma espécie de lenda em torno dos milagres
de São Che Guevara, cujo retrato pode ser freqüentemente
encontrado em choças compensas, entre imagens católicas...”
Seja qual for a posição do leitor quanto o marxismo, isso não quer
dizer muito ante análise fiel dos fatos.
O professor Adolph Norow, em seu trabalho O Sociopata (ainda em
edição preliminar), expôs de modo claro e cientifico, que os violentos
revolucionários e tantos outros tipos sociais, aparentemente normais, são
sociopatas. Homens doentes que desconhecem o seu estado patológico.
Marx, Lenin, Stálin, Che, Mao e Ortega não são diferentes. Todos esses
sociopatas foram mitologizados e transformados em modelos sociais. Esse
fenômeno, considerado seu efeito destrutivos sobre as camadas mais jovens
das sociedades, evidencia sua face desumana e nela, um outro aspecto da
natureza mística do marxismo.
223
caberão a Deus, para o marxismo, caberão à Dialética *. Sobre esse ponto
Patai escreveu:
“No entender de Edmundo Wilson, a dialética de Hegel com a sua
tríade tese-antítese-síntese, assumiu a forma da antiga trindade da teologia
cristã... Sem duvida, a tríade dialética exerceu sobre os marxistas um efeito
tão irresistível, que seria impossível justificá-lo por meio da razão.”
*
Do mesmo modo que o Cristianismo explica a origem do Universo e a redenção do
homem pelo dogma da Santíssima Trindade, o marxismo o faz pelo dogma da tríade
dialética (tese-antítese-síntese).
224
visão do futuro, praticamente não se acrescentou nenhum detalhe concreto
a essa visão. A mesma imprecisão, mítica e paradisíaca, que caracterizou o
pensamento do próprio Marx nesse ponto, ainda envolve as celebrações
marxistas...”
*
Quanto ao “céu cristão”, conforme abordamos no capítulo 10, página XXX, ele
corresponde ao Jardim do Éden (Jardim das Delicias = Terra). Ou seja, é uma
representação do ideal social e humano universal, que deverá ser estabelecido
concretamente na Terra. Por outro lado, a expressão “céu”, refere-se também à
dimensão espiritual do cosmos.
225
Capítulo 21
OS SÍMBOLOS DO MARXISMO
Este será um dos mais curiosos tópicos abordados nessa crítica. Carl Jung,
em seu famoso livro O Homem e os Seus Símbolos, destacou a imensa
importância dos símbolos para o homem. Em tudo o que se faz, ele usa
símbolos. Desde o alvorecer da civilização, os símbolos vêm despenhando
um papel fundamental no progresso humano. Das letras às cores; dos
números às figuras, eles marcam, caracterizam e perpetuam os personagens
e os fatos históricos, não pretendemos fazer uma exposição ou uma analise
exaustiva dos símbolos e seus significados, mas somente dos símbolos
utilizados pelo marxismo, e o que supostamente significam. Veremos assim
que, como uma autentica religião adota místicos dirigidos à natureza mística
dos seus seguidores, para que possam sentir orgulho e estimulo de
perseverem a coesão grupal, o marxismo também o faz. O símbolo é um
distintivo de identidade características, indispensável à identificação dos
grupos sociais. Ele é um fenômeno natural resultante da tendência
associativa humana. Por exemplo: os cristãos primitivos na época das
perseguições adotaram a figura de um peixe e da cruz suástica (apontando
para a direita) como símbolos da cristandade. Porque seus grandes líderes
foram pescadores-adotaram o peixe; porque a cruz os identificava,
revolveram alterá-la para melhor se protegerem. Depois da primeira Guerra
Mundial, a Alemanha estava arrasada política-econômica, social e
moralmente. Hitler, com a criação do Partido Nacional Socialista (abreviado
226
para Nazista), engendrou um místico fervor “religioso” no povo alemão,
com um ideal utópico de Reino milenar e feliz, através da sua personalidade
e carisma místicos Curiosamente, Hitler adotou para o nazismo, o mesmo
símbolo dos cristãos primitivos, quando um estímulo místico era
imprescindível ao espírito de sacrifício e esperança de época: a cruz
suástica. Só que voltada para a esquerda.
Passaremos agora analisar os símbolos adotados pelo marxismo e
seus significados místicos. Do mesmo modo que o hitlerismo, que combatia
a injustiça, defendia os empobrecidos com ardor místico e messiânico e
adotou cores e símbolos, assim fez também o marxismo.
Ao procurar identificar e estudar os símbolos do marxismo senti-me
profundamente impressionado; vi neles, de imediato, mais um, se não o
mais impressionante dos aspectos místicos do marxismo. São eles.
A — As Cores
B — A Estrela
C — A Foice e o Martelo
D — O Punho Fechado
As cores
227
Quanto ao amarelo, é uma cor indica exteriormente. É uma cor
imprecisa, que estimula, vacila e confunde. Também é quente. É largamente
utilizada como meio de chamar a atenção. Por ser quente, o amarelo irrita e
inquieta. O amarelo indica divagação, vulgaridade e irresponsabilidade. O
amarelo escuro indica inteligência voltada para par o egoísmo e o inferior.
Também na Umbanda o amarelo é abundante. O amarelo é a cor da
exibição, do boçalismo soberbo. Por outro lado, a cor amarela indica
intelectualidade, luz, calor sol, e fogo. É uma cor para as ocasiões alegres
das tardes. Assim como o preto, e todas as outras cores, o amarelo apresenta
também essa significação dúbia.
Por fim analisaremos a cor vermelha. O vermelho em toda a sua
escala, segundo Leadbeater, indica a cólera e a brutalidade. Significa ódio,
violência e morte. É uma cor ultradominante, atrativa, estimulante e
motivadora que indica calor e energia; acentua as formas e se impõe pelo
impacto visual e emocional. O infravermelho significa perversidade; o
vermelho-escarlate opaco significa sensualidade; o vermelho-terra significa
avareza; o vermelho-carmesin significa o amor; e o vermelho-escuro
terroso, nobreza e dignidade. O vermelho escuro indica paixão e
animalidade. Também indica perigo nos semáforos e cuidado, na cruz
vermelha das ambulâncias; é a cor do sangue, indicando vida ou morte; é a
cor nobre dos mantos das misses e dos mantos cruéis dos toureiros. Muitos
estranhamente, o vermelho tem sido utilizado para simbolizar a cor da figura
simbólica do diabo, dos sacis, e dos exus (representantes do mal na
Umbanda). Por ser uma cor quente, irritante e inquietante, a psicologia
recomenda o seu uso mínimo, e restrito a lugares e ocasiões especiais. Tal
conclusão coincide perfeitamente com a distribuição das cores na própria
natureza, onde a cor predominante é o verde em variados tons, pois é uma
cor repousante e tranqüilizante, enquanto o vermelho aparece em proporção
mínima “apenas para embelezar e alegrar a face da Terra.”
Em contraste com essa lei da natureza; o marxismo impõe o vermelho
de uma forma berrante e exagerada como “apenas para irritar e despertar
cólera.” Hans Holzer, um dos seguidores da conhecida feiticeira inglesa
Sybil Leek, escreveu um livro chamado A Verdade sobre a Bruxaria
(Editora Record), em que escreveu:
“A comunidade feiticeira também usa quatro raminhos amarrados
juntos com uma fita vermelha e colocados ao lado morte do altar...Os
bruxos sempre estiveram dentro de círculos vermelhos desenhados ao chão.
Achavam que assim se protegiam dos espíritos que invocavam...”
Cf. O Diabo sem Preconceito. José Alberto de Queiros.
Editora Monterry, 1974).
228
Ao analisarmos essas três cores e conhecermos a sua significação à luz
da Psicologia, podemos compreender por que o marxismo as adotou: por um
lado, o aspecto lógico, para a violência, que é a sua meta, e para estimular e
manter acesa a chama da revolução. Por outro lado, o aspecto místico, a
utilização dessas cores significam uma pomposa oferta de vida, amor,
alegria dignidade, fama, riqueza e todos os outros desejos que cores
despertam, consciente ou inconscientemente na mente e no coração dos
seres humanos. Nesse ponto estaria o aspecto místico das cores adotadas
pelo marxismo: tocar os sentimentos humanos por oferta indireta da
realização de todos os seus desejos externos. Quanto aos desejos internos,
de vida eterna, eterna juventude, plena saúde, pleno conhecimento e plena
experiência no Universo — os desejos reais do espírito —, são
completamente desprezados, como sequer existissem. Aqui estaria a maior
traição do marxismo contra a humanidade que, neste século, teve a sua
natureza espiritual definitivamente comprovada.
Para finalizar a análise das cores como símbolo místico do marxismo,
queremos recordar ao leitor a existência de um réptil cuja cor se compõe das
três anteriormente analisada: a cerasta. A cerasta é uma serpente rubra que
possui duas protuberâncias na cabeça e costuma morder os pés dos cavalos
para derrubar os cavaleiros por trás, para mordê-los também. Esta serpente
parece ter sido citada na Bíblia, quando Jacó referiu-se a Dan, seu 7° filho:
“Dan será serpente junto ao caminho; uma cerasta junto à vereda,
que morde os calcanhares do cavalo, e faz o seu cavalheiro cair por detrás.
A tua salvação espero, ó Senhor!” (Gênesis 49)
Por essa atitude a cerasta é considerada o símbolo da astúcia e da
traição. Dessa forma, as cores utilizadas pelo marxismo parecem possuir
uma finalidade semelhante: atrair os desatentos para uma armadilha mortal.
A foice e o martelo
229
“Os três inimigos, braman no meio das tuas sinagogas; põem pelas as
suas insígnias por sinais; quebram com machucados e martelos toda a obra
entalhada; queimaram todas as sinagogas de Deus na Terra.”
230
Unindo-se os dois em que resultará? O leitor se surpreenderá: no símbolo do
marxismo! E não haveria algo de místico em um símbolo formado pela
união de dois outros objetos tão místicos quanto a foice e o martelo? É de se
esperar, logicamente, que sim vemos, por exemplo, que a bandeira indiana
ostenta o símbolo da revolução pacífica de Gandhi: a roda da roca de fiar.
Era através da fiação manual que Gandhi esperava desenvolver a Índia de
então. Por esse motivo, a roda da roca de fiar, figurando na bandeira da
Índia. Independente, simboliza a Revolução Indiana, a identidade e a própria
dignidade dos indianos.
Na bandeira comunista vemos, além das cores, o símbolo da foice do
martelo cruzado e também uma estrela (analisaremos a estrela a seguir).
Vimos que a foice e o martelo simbolizam, separadamente, destruição (o
martelo) e morte (a foice). Juntos, eles compõem a figura de um tridente (?).
Antes de dizer qualquer coisa, sugiro ao leitor que faça um desenho do
símbolo do marxismo ao lado de uma tridente, suprima o cabo da foice a
cabeça do martelo e os observe. Quer queira ver ou não, lá estará traçado o
desenho de um “garfo” com três pontas exatamente. O símbolo maior do
satanás bíblico. Será isso mera coincidência? Talvez sim. Mas observe-se
que existe uma vasta simbologia mística associada ao tridente. Vejamos
alguns exemplos:
231
c) O tridente está também direta e claramente relacionado com a
umbanda e a magia negra. É um dos objetos mais utilizados nos rituais
e representa sempre as forças do mal. É comum observar-se o tridente
nas mãos dos exus, os espíritos do mal. Por outro lado, os dentes-de-
anzol do tridente compõem um objeto perfurante altamente destrutivo:
uma vez introduzido no corpo da presa, torna-se praticamente
impossível a sua retirada. Por esse motivo é empregado nas flechas,
anzóis e arpões. Ao analisarmos o comportamento cruel dos
comunistas e conhecendo o fato de que nenhuma nação invadida por
eles jamais se libertou (com exceção da ilha de Granada que foi
libertada pelos estados Unidos), não poderemos ignorar uma provável
associação do tridente com a foice e o martelo do símbolo comunista.
232
simbolizada por uma imensa estátua feminina com uma espada na mão; o
povo russo costuma chamá-la de “Mãe Rússia.” Arnold Toynbee, em seu
livro Humanidade e a Mãe Terra, clarifica a figuração de que a Terra é
nossa mãe. Esse mesmo modo de pensar é encontrado em vários sistemas de
pensamento orientais. Enfim, de tudo o que foi dito podemos perceber que a
palavra “mãe” está associada à Terra, e concluímos que os russos
consideram a terra russa como a sua terra-mãe; o lado feminino.
Por outro lado, sabemos que a palavra “martelo” simboliza o lado
masculino. Jeremias disse que o “o martelo que arrasava a Terra foi
quebrado.” O martelo aqui representa um personagem masculino que
dominava e massacrava a Terra. Em outro trecho, a Bíblia diz que “foi
precipitado o grande dragão, a antiga serpente que dominava a Terra.”
Parece-nos que o martelo e a serpente são símbolos de um mesmo
personagem masculino. O apocalipse cap. 12 nos diz que a serpente recebe o
nome de Satanás. O livro de Jó, cap. I, nos informa que o Satanás é um
personagem mau que causa dor e devastação na Terra. Logo, martelo =
masculino = serpente = Satanás! Deixo o questionamento ao critério do
leitor.
Temos então: foice = feminina = Rússia = mãe; e martelo = masculino
= satanás = pai! A macrobiótica e outros sistemas de pensamento orientais
costumam afirmar que Deus é nosso Pai. O Cristianismo também possui o
mesmo ensinamento. Em conclusão, se para o Cristianismo a Terra
simboliza a Nossa Mãe Verdadeira, e Deus o Nosso Pai Verdadeiro, para o
marxismo, a Rússia simboliza a mãe, e satanás, o pai. Sei parece absurdo,
mas pelos frutos se conhecem as árvores. As obras do comunismo nos 70
anos em que vigorou como sistema social na Terra massacraram mais de
150 milhões de pessoas inocentes, criando um rio de suor, lágrimas e sangue
como jamais se viu na história humana. Tais atos podem ser classificados
como o leitor quiser, mas jamais poderão ser classificados como humanos
ou divinos.
A estrela
233
cidadãos Soviéticos, nos pescoços das crianças russas. Naturalmente, para
que essa estrela apareça tanto no comportamento comunista, deve haver
algum motivo sub-reptício envolvido com ele.” Vamos ver. A estrela
também aparece na umbanda, nas chamadas “guias’. Rudolfh Koch (editora
Renes-Rio), no Livro dos Símbolos, define o significado de várias estrelas.
Vejamos alguns dos trechos do seu livro:
“Algumas estrelas desconhecem-se o seu significado. A estrela de
oito pontas feitas com dois quadrados é o seu símbolo da destruição e
desordem, onde toda concórdia desaparece e confusão toma o lugar da
harmonia...”
“A estrela de cinco pontas pertence aos tempos mais primitivos da
humanidade. É mais antigo que os caracteres escritos. Os sacerdotes celtas,
chamavam-na ‘O Pé da Feiticeira’; na Idade Media era conhecida como
‘Selo de Salomão’ (rei judeu que teve 1.000 mulheres); entre druidas, era ‘o
sinal da divindade’; era considerado entre os babilônicos como talismã...”
234
mesmo... A estrela de cinco pontas — pentagrama —, é um dos mais
carismáticos. Pitágoras lhe atribuía uma série de propriedades místicas e
míticas. Na Idade Média ela já aparecia nos anéis dos magos e era
considerada o símbolo fundamental para a inovação de espírito...”
Como se pode ser, a estrela é um símbolo remoto que traz em si um
profundo mistério. Representa ao mesmo tempo uma “divindade” e um
símbolo satânico. Em alguns casos representa destruição e discórdia.
Remontando à Bíblia como um livro místico da antiguidade,
encontramos referencias às estrelas e ao sol. O livro de Malaquias 4,5, diz:
“Mas para que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça e salvação
trará debaixo de suas asas...”
Neste e em vários outros trechos bíblicos a palavra sol indica
alguém; um salvador. O livro de Miqueias 5, 1 diz que esse salvador
nasceria em Belém. Logo, o “Sol da Justiça” simboliza um ser humano. No
livro de Isaías 14, 12-15, está escrito:
“Como caíste do céu, estrela da manhã, filha da alva! Como foste
lançada por terra, tu que debilitava as nações! E tu dizias no teu coração:
eu subirei ao céu, acima das estrela de Deus, exaltarei o meu trono e
acenar-me-ei no alto da congregação, da banda dos lados do norte. Subirei
acima das nuvens mais altas e serei semelhantes ao Altíssimo. Contudo,
levado serás ao abismo. Os que te virem te contemplarão, e dirão: é este o
varão que fazia estremecer a Terra, e que fazia tremer os reinos? É este o
varão que punha o mundo como um deserto,e assolava as suas cidades sob
o seu cativeiro? Eis que és lançado por terra como um renovo abominável;
como as vestes dos mortos atravessados à espada...”
Neste texto bíblico vê-se claramente que a expressão “estrela da
manhã” refere-se a um varão, a um ser masculino que dominava a Terra e
humanidade; que aspirou subir acima das “estrelas de Deus” (os homens);
sentar-se no alto norte e torna-se igual ao Altíssimo (Deus); torna-se um
deus. Retomando alguns dos trechos anteriores, vimos que a estrela de cinco
pontas entre os druidas era símbolo da divindade. O novo rito soviético de
trocar a cruz pela estrela no pescoço das crianças e dizer-lhes “que esta
estrela guie todos os seus passos...” é realmente intrigante. Quando a estrela
aparece sendo venerada sendo na umbanda, em que diversos ritos incluem
velas e animais pretos, imagens de seres com chifres, vestidos de vermelho e
preto e portando tridentes es espadas (os exus), onde o tabagismo e o
alcoolismo são bem vistos; quando a estrela aparece como talismã entre os
babilônicos (povos depravado, invasor e idólatra, símbolo da perseguição
religiosa); quando ela aparece como símbolo da desordem, da desarmonia e
da destruição, tudo que se relaciona com a estrela simbólica do marxismo,
235
que tanta desordem e destruição tem na Terra, torna-se por demais
importante para ser ignorada. Se vista como um deus, a estrela representa,
sem dúvidas, um deus do mal; um antideus. Voltando à Bíblia, devemos
esclarecer que a “estrela da manhã” que caiu do céu (desceu do bem para o
mal) é um varão, um ser masculino.
Vimos anteriormente que a astuta “serpente” também simboliza um ser
masculino que, conforme o livro do Gênesis, cap. 3, enganou a mulher
fazendo-a provar de um certo fruto, corrompendo-a e afastando-a de Deus,
da alegria e da paz. Vimos já que a serpente é satanás. Logo, serpente =
Satanás = estrela. Dessa forma a estrela aparece como símbolo da falsa
divindade. Ou seja, de um antideus (Jesus disse: “O deus desse mundo
cegou a inteligência doa ateus — incrédulos”).
Bastará ao leitor uma simples pesquisa quanto aos ensinamentos
práticos e frutos do marxismo na Terra, e essa conclusão não parecerá tão
distante da realidade contemporânea.
O punho fechado
Sobre esse tópico não serão necessárias muitas palavras. Ele, por si só, é
evidente. O punho fechado simboliza força, luta, agressão e violência. Para
Marx e os principais lideres marxistas, a violência era a única forma de
transformar a sociedade. Por outro lado, o martelo é uma imagem-cópia do
próprio punho humano fechados. Os imperadores romanos possuíam uma
forma especial de cumprimento, no qual os seus súditos estendiam a braços
para frente na altura dos ombros e, de mão aberta, diziam: “Ave César!”,
trazendo em seguida a mão fechada até o peio esquerdo acima do coração.
Este gesto simbolizava respeito e amor. Os imperadores romanos
consideravam-se divinos até a época do imperador Constantino.
Curiosamente, Hitler instituiu um cumprimento semelhante, no qual os seus
subalternos estendiam o braço para frente, à altura da cabeça, com a mão
estirada e rija e gritavam: “Hei, Hitler!.” Em seguida, desciam as mãos para
a posição de sentido.
O punho fechado é um gesto de impaciência e irritação, de
desobediência e rebelião. Por vezes chega a tomar um sentido obsceno ou de
atrevimento. Seja como for, o punho fechado é um gesto negativo.
Punho fechado é o mesmo que mão fechada, o que significa egoísmo,
avareza, opressão, aprisionamento e brutalidade. É um gesto feio, negativo,
indelicado e desagradável, que parece simbolizar todos os valores anti-
humanos. Naturalmente, não é um gesto muito apreciado que venha inspirar
coisas para a paz e a felicidade humanas, nem tampouco poderá ser
236
defendido pelo marxismo como um gesto simbólico para a confiança, o
estímulo e a vitória, pois com os seres humanos, o que os impulsiona é
basicamente a emoção. O punho fechado simboliza mais característica a
força, a agressão e a violência. Atitudes que, para serem tomados, requerem
a fúria e o ódio como forças antecedentes e propulsoras. Isto, nós já
pudemos comprovar, o marxismo é capaz de gerar.
Capítulo 22
O MARXISMO SEGUNDO N OSTRADAMUS
237
Foi um cristão. Obteve seu bacharelado de medicina e doutourou-se na
Universidade de Montpelier.
Creio que as maiores autoridades do mundo que o estudaram,
respeitam-no como um místico extraordinário. Provavelmente, ele possuía
alta capacidade de comunicação metafísica que lhe permitiu prever com
precisão cientifica a história da humanidade a partir do século XVI. A
importância de Nostradamus aparece na medida em que foi capaz de prever
com detalhes o aparecimento e comportamento do marxismo. Por tratar da
relação marxismo e ocultismo, e por Nostradamus ter citado o marxismo-
comunismo-sopcialismo desde a segunda metade do século XVI, é que o
incluímos nessa obra. Estudemos às centúrias de Nostradamus sobre o
marxismo.
“No ano de 1999, sete meses (julho), virá pelos ares um grande
chefe apavorante — que fará reviver o grande conquistador Angolmois —,
antes e depois da guerra reinará a felicidade.” (quadra 72, décima centúria)
O grande conquistador de Angolmois foi Átila, o huno; fato que que
mais uma vez confirmaria a tese de que o anticristo seria um líder político
militar e não-cristão. Outra curiosidade relacionada a essa quadra: desde a
Bíblia, sabe-se que o numero da chamada besta do apocalipse é 666, número
que foi usado por Aleister Crowlev como seu próprio símbolo. O número
238
1999 e 666 são algarismo, no mínimo, parecido. Cabe lembrar aqui o
filosofo ateu Nietszche, e sua obra principal O Anticristo, na qual anuncia a
morte de Deus e defende que, para surgir o Super-Homem, cada homem
deverá se tornar um anticristo. Nierszche é um dos filósofos prediletos dos
marxistas.
239
esclarece quem será. O certo é que virá para tentar destruir tudo o que
representa o mundo ocidental. Provavelmente, trata-se de um líder
comunista.
Anticristianismo
240
porém, que longe de ser uma nova visão, o marxismo é uma cópia ateia do
Cristianismo. É aí que entra em cena o ponto de interesse que pretendemos
destacar nesse capítulo: por que um anticristianismo? Por que não um
antibudismo, um anticonfucionismo ou um antibramanismo? Por que não
um somatório desses três últimos, haja vista que os três possuem visões
mais propícias à identificação com o materialismo? A saber: o Budismo
enfatiza a autoperfeição; o Confucionismo, a ética familiar; enquanto o
Bramanismo retém elementos do animismo materialista primitivo.
Marx conhecia muito bem as religiões. Ele foi um estudioso sagaz.
Queria uma religião que possuísse uma visão universalista, pois queria
atingir a sociedade e o homem por inteiro. O Cristianismo, com a visão da
Origem. Do Universo, Queda Humana e da Historia da Restauração, era o
modelo apropriado para a construção da pseudo-religião que pretendia criar.
Sabia que um simples sistema filosófico não poderia resolver o problema.
Teria que utilizar a poderosa força das religiões. Assim como Augusto
Comte que, concordando com as ideias de Saint-Simom quanto à criação de
uma Nova Religião da Humanidade, procurou conscientemente criar a tal
religião. Marx, também materialista e ateísta, foi um estudioso e admirador
de Sainr-Simom, e provavelmente procurou fazer o mesmo. A filosofia é o
pensamento voltado par aa busca da verdade. As mensagens religiosas são o
pensamento voltado para a vida prática. E era exatamente isto que Marx
desejava: não apenas pensar o mundo, mas transformá-lo.
Por esses motivos, não cremos que o fato de o marxismo tomar uma
forma tão similar ao Cristianismo tenha sido produto de mera casualidade, e
independente da vontade de Marx. Do modo como não foi com Saint-
Simom, Augusto Comte e Antonio Gramsci, entre outros. O professor
Barbuy escreveu:
“O marxismo se revela, desde o primeiro exame, como heresia típica
do Cristianismo. É, no seu conjunto, a versão herética mais recente dos
dogmas básicos do Cristianismo, a partir do dogma cristão da existência da
Humanidade e da concepção do homem... No marxismo, tanto as
proposições inverificáveis, quanto as que foram refutadas pela prática,
funcionam como um sistema religioso. As críticas racionais e a contestação
do marxismo pelos fatos, têm sido completamente inúteis em face da
eficiência que o sistema tira dói seu caráter religioso. Não se dá com o
marxismo o que se dá com os sistemas científicos, que perderam a vigência
desde que não mais coincidiram com realidade. Os grandes credos
coletivos não vivem pela força de suas supostas verdades ou erros
científicos, e sim pela fé que despertam. O marxismo é uma religião
modernizada — isto é — que se apresenta como cientifico — e o seu
241
principal autor é uma espécie de profeta bíblico, que retorna certos temas
do Antigo e do Novo Testamento: tem suas noções próprias da catástrofe
purificadora, do Juízo Final e da Redenção da Humanidade. É uma religião
que, ao contrario das demais (que se fundam em elementos divinos e
transcendentais), está centrada exclusivamente no Homem e cuja finalidade
é a ação revolucionária redentora. Suas mensagens consistem em pregar a
revolução total, que deve expurgar do mundo todas as alienações que o
infelicitam. Para tanto, esse novo credo deve fornecer ao adepto e ao
iniciado um método seguro de ação, apoiado numa visão “científica” da
natureza, da história e da sociedade.”
242
“O marxismo não quer ser uma religião que engane as massas... no
fundo, quer ser uma correção dos erros praticados pelo Cristianismo.
Condenando o Cristianismo como religião que aliena o homem, o marxismo
quer ocupar o seu lugar” (pág. 49).
243
como filho de Deus, feito à imagem e semelhança do Seu Pai, é
completamente desprezada pela pseudo-religião marxista. Esta, cultuando a
humanidade — um coletivo irreal —, investe contra o homem e contra
Deus, propondo a substituição do Culto a Deus como criador e pai dos
homens, pelo Culto à Humanidade. Este detalhe pode parecer
insignificante se olharmos de passagem, mas se nos detivermos para analisar
as suas implicações, desceremos mais uma das cortinas que encobrem a
natureza mística do marxismo. Se não vejamos.
O deus-proletariado e a história
244
história, é a negação de tudo, a negação total... o proletariado não é
apenas a antítese ou contradição da burguesia. É também a classe que pela
sua falta de caráter e inserção, instaurará uma ordem de coisas em que não
mais haverá história, pelo menos no sentido em que habitualmente falamos
de história. Marx disse mais de uma vez que o que nós chamamos de
história não passa de pré-história... E o que ele chama de história, será
tudo menos a nossa história: a sua história, não há de ser uma história de
lutas de classes, nem de batalhas, nem de impérios que vão e vêm, nem de
Estados, nem de heróis. Há de estar, certamente, fora do que nós chamamos
tempo e temporalidade. Essa história marxista há de ser uma história
extratemporal, posta num reino místico, fabuloso, fora de todos os tempos
conhecidos e cognoscíveis... E o proletariado, classe messiânica, negação
de tudo quanto existiu até hoje, há de instaurar esse reino edênico..”.
245
Capítulo 24
O MARXISMO, A R ÚSSIA E A B ÍBLIA
246
Iniciaremos analisando o livro do Gênesis. No capítulo III, o Gênesis
fala acerca de uma serpente traiçoeira, que trazia induzido a mulher a
desobedecer a e a trair o Seu Criador. Vejamos o trecho:
“Ora a serpente era mais astuta que todas os seres que o Senhor Deus
havia criado. E esta disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis
de toda arvores do jardim? E disse a mulher à serpente: Não, do fruto das
arvores do jardim comeremos; mas do fruto da arvore que está nomeio do
jardim, disse Deus: Não comerei dele, nem tocarei para que não morrais.
Então disse a serpente à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus
sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos e sereis
como Deus, sabendo o Bem o Mal.” (Gen. 3, 1-5).
247
apenas para ele, enquanto que para a mulher ficava apenas a ignorância e a
proibição. Deus estava ocultando a verdade por algum motivo mesquinho,
inclusive lhe tirando a liberdade. Portanto, só lhe restava o caminho da
revolta, da força e da violência!
“Que Deus permita ou não, violarei o Seu mandamento. Comerei do
fruto, desobedecerei e não me importam as conseqüências! Não quero ser
enganada e escravizada. Quero liberdade e direito!”
248
bíblica, a “serpente”, para a mulher, era boa e estava lutando pela sua
felicidade e libertação do “jugo de Deus.” Todavia, a “serpente” na
realidade a conduzia para a autodestruição. Tarde demais os camponeses e
operários russos chineses e tantos outros, acordaram para a traiçoeira
armadilha a que foram conduzidos por suas próprias mãos. Conforme as
palavras de Lênin: “os ocidentais trabalharão arduamente pelo seu próprio
suicídio.” Exatamente assim lhes sucedeu.
Por que essa incrível coincidência entre o comportamento pernicioso e
traiçoeiro da antiga “serpente”, citada no livro do Gênesis e o
comportamento dos comunistas modernos? Estaria vendo coisas onde nada
existe? Pode ser. Mas o fato está exposto à analise da razão Que cada um
colha a sua conclusão pessoal. Prossigamos com nossa análise. O pastor
Wurmbrand citou em seu trabalho uma estranha narrativa bíblica, e uma não
menos estranha conclusão:
“A Bíblia menciona alguma coisa muito misteriosa sobre uma certa
igreja de Pérgamo. No apocalipse 2.13, há a seguinte narrativa: ‘conheço
as tuas obras, e o lugar onde habitas, que é onde está o trono do Satanás...’
O mundialmente famoso Guia Turístico de Berlim, o livro Baedeker, dizia
até 1944 que o museu Island possuía o altar de Pérgamo. Ele havia sido
escavado por arqueólogos alemães e estivera no centro da capital nazista
durante o Reich de Hitler. O jornal Svenska Dagbladet, de 27 de janeiro de
1948, conta que o exército vermelho soviético, após a conquista de Berlim,
transportou o altar de Pérgamo para Moscou, e que o arquiteto Stjusev, que
construiu o Maudoléu de Lênin, conheceu o altar em Berlim em 1924 e o
tomou como modelo para a construção do sepulcro de Lênin.
Surpreendentemente, esse altar não tem sido exibido em nenhum museu
soviético... Ora, peças de tão alto valor arqueológico geralmente não
desaparecem misteriosamente, mas são um orgulho para os museus que as
exibem!”
249
Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no
monte da congregação me assentarei, da banda dos lados nortes. Subirei
acima das mais altas nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo
levado serás ao inferno, ao mais profundo abismo.”
250
parece estar falando através dos poemas de Marx durante a sua grande crise
de fé e revolta.
No trecho do livro de Isaías, o personagem chamado pelo pseudônimo
de “estrela da manhã” fala sobre “as bandas do lado norte.” Curiosamente,
os comunistas conquistaram o lado norte de várias nações: o Vietnam do
Norte, a Coreia do Norte... A União Soviética fica situada no alto norte da
Europa Oriental. Outro fator notável é o cognome de “esquerdistas” dado
aos comunistas. O lado oriental do mundo fica localizado do hemisfério
esquerdo. O lado oriental da Alemanha foi invadido pelo comunismo. Na
Bíblia constam diversos trechos que se refere ao lado esquerdo como o lado
negativo e do mal. No capítulo 48 do Gêneses, Jacó abençoa os filhos de
José, Efraim e Manasses, invertendo as mãos e pousando a sua mão direita
sobre a cabaça do filho mais novo e mão esquerda sobre o filho mais velho.
Esta história bíblica parece indicar que o lado direito (o mais novo) acha-se
mais próximo de Deus. Em toda a Bíblia, os grandes personagens possuem
dois filhos especiais. Caim e Abel, Sem e Cam, Ismael e Isaque, Esaú e
Jacó, Efraim e Manassés, etc. Em todos esses pares, o irmão mais agressivo.
Em todos esses detalhes não podemos deixar de entrever aspectos
místicos do marxismo. Por que o marxismo de declara esquerdista? A Bíblia
apresenta esse lado como violento e agressivo; a agressão e a violência são
traços essenciais do marxismo? Serão meras coincidências esses fatos?
A mística Rússia
251
garras enormes para bater e agarrar; o leão ruge altivamente), e o dragão
(a antiga serpente-Satanás, segundo a exegese bíblica) deu-lhe o seu poder,
o seu trono e grande poderio... E adoraram o dragão que deu à besta seu
poder; e adoraram a besta... E deu-lhe boca para falar grandes coisas e
blasfêmias... E abriu sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar
do seu nome, e do seu templo e dos que habitam no céu. E deu-se-lhe poder
sobre toda a tribo, língua e nação...”
252
sobre a Rússia). A Rússia intitulou-se URSS — União das Repúblicas
Socialista Soviéticas. URSS é uma palavra latina — urso. A Rússia é
chamada de urso moscovita. As setes cabeças da besta, parecem
representar os setes montes principais que a Europa possui.” (de acordo
com E. Ruir. Citado por Marques da Cruz).
253
Quando a Palestina foi dividida em dois reinos (Israel e Judá), a tribo
de Dan ficou no reino de Israel, o reino dos rebeldes, cuja capital foi
Samaria (dos Samaritanos). A tribo de Dan foi a primeira que caiu na
idolatria, revoltando-se contra a lei de Deus e de Moisés.
A tribo de Dan sempre foi violenta e rebelde. João, no apocalipse 7: 4-
8, ao analisar os israelitas fieis, que são servos de Deus,cita apenas onze
tribos, mas não cita a tribo de Dan, está é rejeitada como infiel.
Amós, no capítulo 8, ao falar de fim dos tempos, diz que haverá
muitas desgraças para “os que juram pelo delito de Samaria (capital do reino
rebelde de Israel), e dizem: Viva o teu deus ó Dan! (Esse deus era um
bezerro d ouro, ao qual se prestava culto numa religião ocupada pela tribo
de Dan, de mesmo nome).
A raiz Dan está em palavras de varias línguas, quase sempre com um
sentido negativo ou pejorativo:
-Em latim: Dannum — dano; prejuízo.
-Em português: dano, daninho, danoso, etc.
-Em espanhol: daño.
-Em italiano: danno.
-Em francês antigo: dam.
-Em francês atual: danger (Danton, foi um dos chefes
-do terror da revolução francesa).
-Em inglês: há o verbo to danm = Deus te destrua.
-Há ainda danger = perigo; dangerous = perigoso.
- O rei Danm chamadao o “magnífico”, filho de Dag, construiu
a muralha de Danewirk contra seus inimigos; deu nome à
Dinamarca: Danemark.
- Dantzig, cidade livre, foi uma das causas da II Guerra Mundial.
- Danúbio — grande rio, junto do qual Hitler nasceu.
- Dnavitza — rio da Romênia.
- Duna, Duina ou Dvina; Doneetz; Dnieper ou Daniester —
são nomes de vários rios da Rússia, onde a raiz original
da palavra foi alterada.
- Dan I, Dan II, Dan III, reis da Romênia.
- Danilov — classe da Rússia. Danilov é o nome comum na Rússia.
- Danischemed — nome de duas dinastias orientais.
- Dannerjold Sonsoe — família nobre da Dinamarca.
(Sansão foi um juiz danita que acabou destruído por sua deslealdade e
Deus — Livro dos Juízes).
(todas essas citações são do livro As 4 Babilônias. Marius Coeli;
citado por Marques da Cruz).
254
Há uma estranha curiosidade: Dan apresenta-se como fonte de
maldade e de bondade a um tempo. Por exemplo, os povos anglo-saxões que
saíram da Dinamarca, invadiram a Bretanha (Inglaterra) e fundaram o reino
inglês, em 827, d.C. A América do Norte foi fundada por ingleses e
constituiu-se no berço mundial da liberdade religiosa; e isto foi bom.
Segundo o dicionário Bíblico de John Davis, a palavra Dan significa
juiz. “Dan julgará o seu povo”, predisse Jacó. A palavra Jutlândia
(Dinamarca), vem de Land = terra em alemão , e de judex icis =,juiz em
latim Logo, Denamark = Terra do Juiz.
No oriente da Europa. Miguel Cerulário, patriarca de Constantinopla,
numa questão com o papa Leão IX, foi excomungado em 1054, formando a
religião cismática ortodoxa (iniciada já em 867 pelo patriarca Fócio),
separando-se assim da Igreja Católica romana e dos povos do oriente
europeus. Devemos com justiça reconhecer que a Igreja Ortodoxa manteve-
se mais estritamente fiel ao Cristianismo original.
No início do século XVI, as nações do noroeste da Europa, guiadas
por Lutero, Calvino, Henrique III, Zwinglio, João Knox e outros, rebelaram-
se contra a Igreja Católica e deram origem ao Protestantismo, um
movimento de reforma ao Cristianismo original.
Como vimos, os povos descendentes da Dan tornaram-se fontes de
Bem e do Mal, como se tivessem sido providencialmente divididos.
Cabe pequenos comentário sobre esse ponto porque existe uma
observação muitíssimo importante a ser feita sobre Dan. Note-se que Jacó
disse que Dan julgaria o seu povo disse: “O Pai não julga ninguém, mas
entregou todo julgamento ao filho. O Apocalipse ao falar do Messias, diz
que “da sua boca sairá um a espada para julgar as nações pagãs.” Ora, para
se ser juiz é preciso que se possua alguma características para tal. Jesus é
chamado “O Leão da tribo de Judá.” Dan também é chamando por Moisés
de “O Leãozinho (Deut. 33,22); Jesus é simbolizado pela serpente celeste
que Moisés levantou no deserto. Dan também é simbolizado por uma
serpente. O profeta Ezequiel 48 diz que dan possuiria uma porção de terra
do oriente e do ocidente. Isto indica que Dan parece estar posição dúbia,
entre o Bem e o Mal, (exatamente como o sentimento de Caim antes de se
dirigir para o Bem ou para o Mal, quando finalmente foi contra seu irmão
Abel — Gen. 4:6-7).
Assim sendo, é justo notar-se que as rebeliões dos povos do norte do
oriente, que através do patriarca Miguel Cerulário originaram a Igreja
Ortodoxa, bem com as nações cristãs do noroeste da Europa, que através do
monge Martinho Lutero originaram a Igreja Evangélica, não podem ser
255
vistas como rebeliões injustas. Na época da origem da Igreja Ortodoxa, os
papas e os reis se batiam pelo poder total. É o chamado período do
Cesaropapismo. Do mesmo modo, à época da Reforma Protestante, a
anarquia e os desmandos imperavam na Igreja católica. Desse ponto de
vista, ambas as rebeliões representaram a busca por uma maior fidelidade a
Deus e aos seus mandamentos.
O reino inglês foi fundado pelos anglo-saxões dinamar- queses. Da
Inglaterra originou-se a América do Norte, e nela, a liberdade religiosa; os
alemães são descendentes diretos dos francos, povo bárbaro europeu, que
primeiro se uniu ao Cristianismo.
As I e II Guerras Mundiais foram iniciadas pelos alemães (ou
germanos). Por outro lado, A Grande Reforma do Cristianismo em 1517,
bem como os maiores filósofos idealistas teístas, foram alemães.
Do que foi dito, talvez possamos concluir que os russos sãos
descendentes de Dan, e que os povos orientais apresentam uma certa
propensão para o Bem e para o Mal com igual intensidade.
Os orientais do norte uma maior propensão para o Mal; os orientais do
sul, pra o Bem. O profeta Ezequiel, capítulo 38 diz:
256
Magog designava vagamente qualquer população nórdica.
Fillion diz que Magog é a região entre o Mar Cáspio e o Mar
Negro; a região dos citas, povos brutal, que no século VII,
antes de Cristo, invadiu a Ásia ocidental, e fico na memória
dos povos segundo Heródoto, como “símbolo de pânico e de
terror.” Magog é pois, o sul da Rússia.
Tubal — Fillon diz: região ao sul do mar Negro. Talvez desta região
emigrasse alguma colônia para o norte, a Rússia, fundando,
alguma terra com nome, pois Tubal ou tobol é o rio na
257
Sibéria que banha a cidade de Tobbolak, junto aos montes
Urais. A Sibéria é russa.
*
Mais comumente conhecido como “Guerra nas Estrelas.”
258
Mesopotâmia, habitavam os assírios, lado norte; e os caldeus, do lado sul.
Não fossem os ataques constantes dos assírios para conquistar toda a
Mesopotâmia, não haveria guerras da historia daquela região. Não fosse
Hitler, provavelmente a II Guerra Mundial não teria acontecido. Podemos
concluir que há dois lados distintos no mundo: um lado agressivo e um
outro defensivo, e que essa luta remonta aos primórdios da história.
O caráter russo
259
Ivan II casou-se com a sobrinha de Constantino XII, o que revela a
sinceridade de suas palavras de apoio ao Cristianismo ortodoxo. Ainda hoje,
há uma crença mística, bastante popular na Rússia, de que “Moscou é a
Terceira Roma” — o foco de onde sairá a luz que iluminará os outros povos.
Gostaria de lembrar que os revolucionários franceses pensavam da
mesma forma: estabeleceram o terror na França e exportaram a semente da
rebelião e do ateísmo por todo o mundo. A Rússia fez exatamente a mesma
coisa.
― Moscou é chamada pelos russos de “A Cidade Santa.”
― Vishinsky, embaixador russo na ONU, disse: “Ataquem e ocupem a
Rússia, se forem capazes.”
― Todo os que a atacaram desde Ciro da Pérsia, 500 anos antes de
Cristo, foram vencidos: Ciro, os Humes, Carlos XII (da Suécia), Napoleão,
Hitler...
―Disse Bismatk: “Quem se deita na cama da Rússia acorda com
percevejos.”
― Disse Napoleão: Grattez le russe; vous trouverez le tartare
(Arranhai o russo, acharei o tártaro).
(Tópicosextraídos da obra de Marques da Cruz, já citada).
260
seita Khysty (“os manipuladores de serpentes”). A partir dessa época
Rasputin adquiriu um poderoso “magnetismo pessoal.” Exercia um
extraordinário fascínio sobre as pessoas e dizia-se capaz de realizar
milagres. Costumava assegurar, especialmente para as mulheres, que o seu
contato físico era benéfico, levando as pessoas a acreditarem que nele
tocassem recuperariam a saúde. Na verdade, isso tudo não passava de uma
tática para satisfazer seu grande apetite sexual. A Igreja Católica Ortodoxa o
acusou de heresia e iniciou um longo processo contra ele. Todavia, por
razoes não esclarecidas, o processo foi sumariamente abandonado e jamais
se tornou conhecimento do seu paradeiro.
O misticismo era o principal modismo na Rússia do início do século.
Aos 30 anos de idade, sempre interpretando o papel de santo, Rasputin foi a
São Petersburgo (atual Leningrado) e estabeleceu amizade com prelados da
alta hierarquia, penetrando na roda da alta sociedade russa. Entrou em
contato com czar Nicolau II e a czarina Alexandra em 1905. a czarina,
impressionada com tudo o que ouvira falar do “mago”, pediu-lhe que
tratasse de seu filho Alexei. O herdeiro do trono sofria de hemofilia. A
czarina sentia que “Deus enviaria Rasputin para salvar a dinastia russa.”
O escritor inglês Colin Wilson, cinta em seu livro Mysterious Powrs,
que certa vez o pequeno Alexei sofreu uma grave hemorragia interna, em
virtude de uma queda. Com uma febre assustadora, os médicos da corte já
haviam desistido de salvar-lhe a vida. Rasputin foi então chamado às
pressas. Tão logo olhou o menino, disse: “não amolem o menino. Ele vai
ficar bom.” Sentou-se ao lado da cama, pôs-se a falar com a voz branda com
a mão sobre a cabeça de Alexei. Em seguida ajoelhou-se e rezou.
Em poucos minutos Alexei adormeceu. A crise estava vencida. Em
duas outras ocasiões, Rasputin conseguiu controlar as fortes crises de
Alexei, com resultados positivos. Com estes feitos, sua posição e o seu
prestígio aumentaram enormemente perante toda a corte e, especialmente
diante do czar e da czarina Alexandre. Para ela, Rasputin era um enviado do
céu. Na corte, o comportamento de Rasputin era exemplar, como compete a
um homem santo, mas fora dali levava uma vida devassa. Gabava-se da
posição que ocupava na corte, e da intimidade e influencia sobre a família
imperial. Como o misticismo estava na moda em toda a Rússia, tornou-se o
alvo preferido das atenções femininas sobre quem exercia extraordinária
atração.
Qualquer jornal que o criticasse era imediatamente confiscado.
Quando alguns membros do clero acusaram-no de charlatão e impostor,
foram punidos rapidamente. Um monge chamado Illiador, ex-amigo de
261
Rasputin, tornou-se o seu maior inimigo. Rasputin o acusou de ser
homossexual, e a pudica czarina repudiou o sacerdote.
Illiador acusou Rasputin de devassidão, embriaguez e perversão
sexual, o que o obrigou a justificar-se perante o bispo Hermogem, de
Saratova. Rasputin queixou-se ao czar e este degredou o monge Illiador e o
bispo Hermogem imediatamente. Foi um escândalo tão intenso que
Rasputin chegou a ser enviado de volta à cidade natal (onde sofreu um
atentado do qual curou-se a si mesmo). Em 1914, retornou a São
Petersburgo a chamado da corte, sendo recebido com honras e festas.
Quando estourou a I Guerra Mundial em Agosto de 1914, o czar
entrou ao lado dos aliados assumindo o comando geral, ficando a czarina e
Rasputin na direção total dos assuntos internos do país. Entretanto, a czarina
não era popular e muitos consideravam-na traidora pró-alemã. Desse modo,
Rasputin passou a dirigir, absoluto, toda a Rússia. Aproveitando-se da sua
grande influencia, o “monge” nomeou e promoveu seus amigos a elevados
postos dentro da corte. Como seus amigos em geral eram pessoas corruptas
e inescrupulosas, houve muita insatisfação. O que foi completamente
ignorando por Rasputin. Com um governo desse tipo, a Rússia conheceu um
período de profunda anarquia e degeneração moral.
O historiador inglês Sir Bernard Pares descreve Rasputin como um
conspirador diabólico. O estranho fascínio e atração que Rasputin exercia,
aliados à sua capacidade de hipnotizar as pessoas, dizem, alguns, eram
utilizados apenas para curar. Entretanto, Rasputin jamais curou o pequeno
Alexei da hemofilia. Há um ponto indiscutível com respeito a Rasputin: ele
exercia uma poderosa influência em todos que dele se aproximavam.
Fascinados por sua personalidade, alguns o adoravam e outros o odiavam.
O escritor Colin Wilson diz que Rasputin pressentiu que morreria
antes do dia 1o. de janeiro de 1917, e acertou: foi assassinado no dia 29 de
dezembro de 1916. Antes de morrer, em uma carta entregue à czarina,
Rasputin diz que se fosse morto pelo campesinato russo, o país conservaria
sua próspera monarquia durante centenas de anos. Mas se fosse assassinado
pela aristocracia, não sobraria nobre algum na Rússia. Previu também a
morte do czar e da czarina num prazo de dois anos.
Rasputin foi assassinado por um grupo de aristocratas russos — o
príncipe Felix Yussupov, o grão-duque Dimitri, o deputado Pourichkevitch
e o medico Lazoverta, em 29 de dezembro de 1916, à noite, no apartamento
do príncipe Yussupov, envenenado com cianureto, rasputin chegou depois
das 23 horas e sentando-se à mesa, comeu bolo e bebeu vinho envenenado e
nada sentiu. Era 2h 30 da manhã e o veneno não surtira efeito. Rasputin
queria até sair para divertirem-se em outro lugar. Desesperado, o príncipe
262
começou a fixar um crucifixo e, pedindo forças a Deus, sacou seu revólver e
disparou varias vezes sobre Rasputin. Enquanto os outros membros do
grupo saíram disfarçados com a manta e o capuz do morto, fingindo estarem
acompanhado Rasputin para casa, o príncipe voltou à sala e abaixou-se
sacudindo o corpo, para verificar se Rasputin estava mesmo morto.
Subitamente Rasputin abriu o olho esquerdo, depois o direito e saltou sobre
o príncipe. Só com muito esforço este conseguiu desvencilhar-se dele e
correr à procura do grão-duque. Quando ambos estavam voltando, viram
Rasputin sair correndo. O grão-duque então disparou quatro tiros e matou
Rasputin.
Bem, agora que finalizaremos essa biografia de Rasputin, iremos
proceder à análise desse curioso personagem.
Pela simples narrativa biografia, o leitor deve ter observado o lado
místico do mago Rasputin. Naturalmente, deve também ter observado que
ele, por seu caráter degenerado, não era nenhum santo. Vamos analisá-lo a
partir da sua origem.É muito estranho que um personagem destes aparecesse
na Rússia e alcançasse o poder de forma tão rápida e fácil. Uma outra
observação é quanto à época. Nos primeiros anos do século XX, a Rússia
estava imersa em uma onda de misticismo muito propício à influência de
um homem como Rasputin. Os comunistas já atuavam, e havia uma forte
indiferença religiosa.
O sexualismo encoberto por uma capa de falsa moral era estimulado,
até mesmo pelo clima russo. Poderíamos dizer, com relativa segurança, que
a Rússia dormia e que havia um espaço vazio para grandes acontecimentos.
Este poderia ser um “despertar religioso”, segundo de uma volta aos valores
éticos, morais e religiosos, ou um “abandono total da religião”, segundo por
uma profunda degeneração moral. Tudo parecia de pender da influência da
Igreja e da Posição do czar Nicolau II. Talvez o seu grande erro tenha sido
apoiar Rasputin e perseguir a Igreja.
Na juventude, Rasputin foi um degenerado. Bebia, brigava e vivia
rodeado por muitas mulheres, segundo suas palavras, foi nessa época que
permaneceu quatro messes em um mosteiro onde disse ter visto a Virgem
acenando para ele. Logo, em seguida, tornou-se místico fanático. Em todos
os casos da história da religião crista, sempre que a Virgem apareceu
dirigiu-se a pessoas muito puras como, por exemplo, aos irmãos Lucia,
Jacinta e Francisco, em Fátima; ou Bernadete Soubirous, em Londres. Por
que agora iria aparecer acenando para um individuo degenerado como
Rasputin? Por que um monge cristão (afinal, ele ficou quatro meses em um
mosteiro cristão!) se filaria a uma seita de “manipuladores de serpentes” e
realizaria estranhos rituais à noite, no fundo do quintal da própria casa, ao
263
invés de ir às igrejas iluminadas? Rasputin ficou famoso por seu apetite
sexual e costumava viver cercado de mulheres, as quais convencia de que se
tocassem em seu corpo ficariam puras e saudáveis. Ele, na verdade, nada fez
de tão extraordinário a ponto de ser protegido pelo czar e pela czarina que,
em sua defesa, puniu e condenou até mesmo bispos e monges ortodoxos.
Rasputin sequer curou o pequeno Alexei. Entretanto, a czarina o considerou
“um homem enviado por Deus para salvar a dinastia russa.” Ironicamente,
ele profetizou a destruição do czar, da czarina e de toda a nobreza russa. E
foi profetizou a destruição do czar, da czarina e de toda nobreza russa. E foi
exatamente o que aconteceu. Rasputin tinha um comportamento falso diante
do czar e da czarina. Longe deles, era um outro homem. Levava uma vida
indecente. Seus amigos eram pessoas corruptas que ele trouxe para dentro
da corte e os fez poderoso. Esses homens, liderados por Rasputin (uma vez
que a czarina era dominada e o obedecia pelo seu carisma), que tipo de
orientação deram à Rússia? Afinal qual o papel que coube a Rasputin na
história da Rússia e na queda desta para o comunismo? De onde o poder,
místico que o Rasputin possuía, e que foi utilizado por ele como trampolim
para sua ascensão à alta sociedade e ao poder, na corte do czar Nicolau II?
De Deus ou da “serpente” que Rasputin cultuava? Quem o enviou para levar
a Rússia à anarquia, ao caos e a à imoralidade no momento em que os
comunistas buscavam criar exatamente essa situação?
As circunstancias misteriosas de sua morte, precedida por uma série de
profecias sobre o seu próprio futuro, sobre o futuro da dinastia e da
aristocracia russa, são fatos, no mínimo, altamente suspeito haja vista que
ele jamais mencionava a palavra deus ou Jesus Cristo, e pertencia à seita dos
“manipuladores de serpentes.”
Rasputin, com efeito, era qualquer, coisa menos um homem de Deus.
Somente o tempo nos trará as respostas sobre esse estranho personagem
russo que, de certa forma, como um falso João Batista, “preparou a Rússia
para o comunismo.”
264
“Em 13 de maio de 1917 (mesmo ano em que o comunismo invadiu
a Rússia), no alto da serra D’Aire, no distrito de Leiria, num planalto
chamado Cova da Ìria (Fátima), andavam duas meninas e um menino a
pastorear ovelhas. Era meio dia em ponto começaram a ver relâmpagos em
céu claro. Prepararam-se para retornar à sua casa numa aldeia ali perto,
quando tiveram uma visão:
Viram sobre um arbusto a figura de uma senhora que lhes disse:
“Não tenham medo; não lhes faço mal!” Disse-lhes que fossem ali todo dia
13 de cada mês ao meio dia em ponto e contou-lhe um segredo que não
deveriam contar a ninguém. Disse as aparições durariam seis meses, e no
dia 13 de outubro, faria um grande milagre e ninguém duvidaria da sua
missão divina.
O dia 13 de outubro amanheceu em temporal. Milhares de pessoas
dirigiram-se a Fátima. Aproximadamente 70.000 pessoas, de todos os
lugares, raças e níveis. Jornalistas dos grandes diários de Lisboa e
cientistas, também presentes. A chuva caía. Ao meio dia em ponto, Lúcia a
irmã mais velha, de 10 anos, que estivera conversando com a senhora,
levanta-se e diz:
— “Fechem os guarda chuvas, e olhem para o céu!”
A chuva parou de repente e o céu ficou azul. O sol apareceu como
uma leve nuvem branca. Não feria a vista. O povo espantado olhava. De
súbito, o sol começou a girar, vertiginosamente, com todas as cores do
arco-íris, como uma roda de fogo. Foi um deslumbramento! O sol como que
balanceia e parece aproximar-se da terra. O fenômeno durou 15 minutos. O
povo percebeu que suas roupas estavam secas.”
265
(Dias depois, 25 de outubro de 1917, Lênin libertou a tomada da
Rússia pelo marxismo, e iniciou a exortação da revolução comunista par
todo o mundo, tendo a Rússia como plataforma e base de apoio total).
Em 1963, seis meses antes da sua morte, o Papa João XXIII foi
interrogado sobre a convivência de divulgar a terceira parte da Mensagem
de Fátima. Ele respondeu:
“Continuará segredo de Estado. Não é possível dar-lhe publicidade,
porque seu texto autêntico causará imenso pânico no mundo inteiro.”
266
vez que envolve diretamente a Rússia e o comunismo, e a América e o
Cristianismo. Este é, convenhamos, mais um aspecto da mística que envolve
o marxismo.
Do que foi exposto, se não comprova cabalmente o caráter e a origem
mística da Rússia, pelo menos fornece algumas informações curiosas que,
temos quase certeza, os leitores não estão acostumados a encontrar.
Para concluir, transcreveremos um trecho do livro Da Democracia na
América, dos grandes historiador e político Alexis de Tocqueville, escrito
em 1835:
267
268
POSFÁCIO
269
Destruí-los é destruir a nossa sociedade. Preservá-los, é igualmente,
preservar essa sociedade.
Presenciamos hoje os sinais avançados do abandono do marxismo e da
queda final do regime comunista. A China, na Ásia; Moçambique, na
África; a Hungria, na Europa Oriental, seguem na dianteira dos países semi
ou ex-comunistas. Pouco a pouco resolveram assumir o fato: o marxismo é
uma relíquia do passado com quase 150 anos de idade, superado pela
ciência atual, pelos fatos sociais e completamente obsoleta para resolver os
problemas do século XX. Os regimes comunistas utópicos, que ele inspirou,
jamais existiram. Em seu lugar instalaram-se a tirania absoluta e a mais
escandalosa sociedade de classes da história. Um Estado-proprietário
superpoderoso, ema massa humana semi-escravizada, sem identidade e sem
direitos. Soljenítsin declara que o comunismo está morto. Como se pôde ler
nestas linhas, o marxismo está verdadeiramente em decadência. Ele começa
a morrer de forma mais acelerada, do mesmo modo e no mesmo lugar onde
nasceu — França*.
O comunismo nasceu e expandir-se com base na ideologia marxista.
Morto o marxismo, a queda das sociedades comunistas, bem como o
esfriamento generalizado em sua expansão, serão automáticos. É apenas
uma questão de tempo. Mas e daí? Devemos sentar, cruzar os braços e
esperar sua queda? Na Europa há um ditado que diz: Melhor vermelho que
morto. Esquecem-se tais povos de que a vitória do comunismo é o triunfo da
mentira e da crueldade, e que o tal ditado deveria sofrer uma pequena
alteração: Uma vez vermelho, definitivamente escravizado e morto.
O marxismo é uma falsa visão do Cosmo. Sua pratica gera a miséria, o
ódio e a destruição. É precisamente por isto que ele deve ser denunciado, e
sua natureza intrinsecamente má, desmascarada.
O marxismo se disfarçou de filosofia, política e ciência. Apoiou-se na
velha e ultrapassada ciência do século XVIII. O século XX — O Século das
Luzes — trouxe os elementos científicos capazes de suplantar
definitivamente o ateísmo e o materialismo do comunismo. O comunismo
está morrendo. Mas o mundo ocidental acha-se em total colapso moral e
ético. O sistema liberal em todos os sentidos foi executado e
responsabilidade social, praticamente destruída. A religião passou a ser vista
como uma mera traição perfeitamente dispensável e, quiçá, inútil e
dispendiosa. Paralelamente a tudo isso — a essa queda geral das sociedades
e o avanço do comunismo e do ateísmo — notamos o desprezo às religiões e
*
O marxismo inspirou-se nas .”ideias e nos ideais liberais dos iluministas e da Revolução
Francesa.
270
aos seus princípios éticos e morais. Para elaborar esse trabalho, inspirei-me
nas ideias do Deusismo, uma expressão filosófica e cientifica atualizada do
pensamento cristão, que propõe A Revolução do Homem, a mudança geral
nas prioridades dos valores, como meio de deter pacificamente o
comunismo e construir o Familismo, a sociedade ideal na qual todos os
homens sonham estar com a esposa, filhos e parentes. Sendo o homem um
ser divino e possuidor de uma natureza dual — espírito e matéria —, a
sociedade atual deverá sofrer uma radical transformação, Ana qual o
materialismo da sociedade industrial (brilhantemente analisa e criticada pelo
escritor Alvin Toffer em seu “best-seller” A terceira Onda, que fez da
matéria um fim e do homem uma mera peça), venha a tornar-se um simples
meio para a realização da alegria material da humanidade; sendo o seu
supremo fim, a vida espiritual eterna em unidade com Deus, o Nosso Pai.
O Deusismo* propõe uma grandiosa e pacifica revolução. Os
instrumentos dessa revolução são Deus, o amor e a verdade. Provavelmente,
os mais estranhos instrumentos já utilizados em uma revolução. Mas por
certo, os únicos capazes de verdadeiramente nos revolucionar.
*
Deusismo — Teoria Geral. A Arma Ideológica do Mundo Ocidental.
Editora Il Rung, São Paulo, 1986, 195p.
271
NOTAS B IOGRÁFICAS A DICIONAIS
DE MARX E ENGELS
KARL MARX
4. Marx quase nascia francês. Três anos antes de seu nascimento, Trier era
de Sarre. Seu pai, portanto, era um judeus-francês do século XVIII que sabia
de cor Rouseau e Voltaire. Por isso Marx era visceralmente prussiano, não
obstante dizer-se internacionalista desde a mocidade. Durante a guerra de
1870 Marx escreveu: “os franceses precisam ser castigados.” Marx tinha um
certo ressentimento dos franceses. Para ele o socialismo cientifico era o
socialismo alemão, a fim de enfrentar o socialismo utópico dos franceses.
272
Por esse motivo, seu pensamento e seu estilo possuem características
alemãs.
6. Marx era muito calado. Um de seus poucos amigos era Edgar Von
Westphalen. Freqüentando a sua casa, conheceu sua irmã Jenny com quem
casou-se em 1843, em Bad Kreuznach, após sete anos de noivado, embora
toda a família dela fosse contraria ao casamento. Jenny foi sua amiga de
infância. Quatro anos mais velha que ele, a bela baronesa Jenny Von
Westphalen era conhecida nos meios sociais de Trier como “a princesa
encantada.” Era filha de um conselheiro da regência prussiana e descendente
de uma grande família escocesa, os Argyll-Campbell. O pai de Jenny
chamava-se Ludwing Von Westphalen, foi sub-prefeito do departamento
francês de Elba. Jenny teve um irmão (Ferdinand) que foi ministro do
interior do reino da Prússia.
273
Helena e Marx apaixonaram-se tiveram um filho que veio a chamar-se Fritz
Demuth.
12. Aos trinta e três anos defende a sua tese doutoral A Filosofia em
Demócrito e Epicuro e a dedica a seu sogro Ludwing Von Westphalen. Na
tese pronuncia-se a favor de Epicuro, “campeão da liberdade de consciência
contra o determinismo de Demócrito.” Escreve muito nessa época.
15. Muda-se para Paris, une-se outra vez a Arnold Ruge e funda a revista
Anais Franco-Alemães. A revista não passa do primeiro número no qual
aparecem dois artigos de Engels, também prussiano e hegeliano de esquerda
dois anos mais novo que Marx. Esse foi o primeiro contato entre ambos.
274
da Liga, recebem a incumbência de redigir o Manifesto Comunista.
Baseando-se num Trabalho de Engels chamado Os Princípios do
Comunismo, Marx escreve o Manifesto e o envia par Londres em 1848.
18. Pouco tempo depois Marx e Jenny são presos e expulsos da Bélgica. Em
maio de 1848, viajam para Colômbia de onde são novamente expulsos em
1849. Marx, Jenny e três filhos viajam para Londres na mais negra miséria.
22. No final de sua vida escreve o seu gênero Paul Lamargue: “Eu não sou
marxista.”
23. Diminuem suas atividades. Morre Jenny, sua esposa em 1881. Em 1883,
morre a outra Jenny, sua Filha. Seu estado de saúde de agrava. Marx
escreve: “Como a vida é insípida e vazia. Mas como é desejável...” um
edema pulmonar o consome. Uma inflamação na garganta o impede de falar
e de se alimentar. Morre a 14 de março de 1883, aos 65 anos em Londres,
em extrema miséria.
FRIEDRICH ENGELS
275
2. Em sua mocidade Engels entrou para a Universidade de Berlim, mas
nunca de diplomou.
5. Encontrou-se pela segunda vez com Marx em 1844, em Paris, onde Marx
morava à rua Vaneau. Nessa época, tinha vinte e quatro anos e Marx, vinte e
seis.
10. Quando Marx morreu, Engels abandonou muito dos seus próprios
trabalhos para dedicar-se quase exclusivamente à publicação de O Capital.
11. Em 1883 escreve sobre Marx: “Essa cabeça genial parou de pensar.”
276
AGRADECIMENTOS
Muito obrigado.
Léo Villaverde
277
BIBLIOGRAFIA
GRUPO A — MÍSTICOS
WON, Kong Jong. Tierra Sin Cielo. 3ª. ed., Instituto de Investigación
de Religiones de Corea, 1983, 57p.
278
BISHOP, Jourdain. Os Teólogos da Morte de Deus
S. Paulo, Editora Herder, 1969
279
MEZAN, Renato. Sigmund Freud
3ª. Ed., S. Paulo, Ed. Brasiliense, 1983, 116p.
280
GRUPO C — ECONOMIA
281
ENGELS, Friedrich. Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico
S. Paulo , Global Editora, 79p.
Lênin Biografia
Biografia preparada por um coletivo de autores do Instituto
de Marxismo-Lenismo anexo ao CC do PCUS.
Lisboa, Edições Avante, 1983, 55p.
SWINGEWOOD, Adan
282
Marx e a Teoria Social Moderna
R. de Janeiro, Ed. Civilização Brasileira S. A., 1978, 265p.
283
HUTTON, J. Bernard. Os Subversivos
R. de Janeiro, Ed. Artenova S. A., 1975, 261p.
GRUPO E — FILOSOFIA
284
GRUPO F — HISTÓRIA E SICIOLOGIA
285