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São Paulo, segunda-feira, 10 de setembro de 2001

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ORIENTE MÉDIO
Três ataques palestinos matam cinco israelenses, ferem
dezenas de pessoas e provocam reação de Israel

Atentados deixam 7 mortos em Israel


France Presse

Carros pegam
fogo após um
ataque suicida
no
entroncamento
de Beit Lid, na
periferia de
Netanya
(Israel), que
deixou três
feridos

DA REDAÇÃO

Três ataques palestinos a alvos israelenses mataram sete


pessoas ontem e deixaram dezenas de feridos em uma onda de
violência que ameaça os esforços para uma retomada do
diálogo no Oriente Médio.
Depois de um ataque suicida e duas explosões de carros-
bomba em cidades israelenses, além de disparos em uma
estrada no vale do rio Jordão, helicópteros e tanques
israelenses atacaram alvos palestinos na Cisjordânia.
O domingo, primeiro dia útil da semana em Israel, começou
com uma emboscada palestina a uma van que levava
professores a uma escola em um assentamento judaico na
Cisjordânia. Um professor e o motorista morreram quando
palestinos disparam tiros contra o carro.
Cerca de duas horas depois, a explosão de uma bomba matou
um terrorista e três outras pessoas em uma estação de trem em
Nahariya (norte de Israel). O local estava repleto de soldados
israelenses voltando de suas folgas no fim de semana. Cerca
de 40 pessoas ficaram feridas.
Elroey Abuhatzira, 22, um dos soldados que acabara de
chegar à estação, disse acreditar ter visto o terrorista -um
homem de meia-idade que carregava com dificuldade um
grande pacote embrulhado em papel de presente- momentos
antes da explosão. Segundo a polícia, a bomba estava cheia de
pregos.
A ANP (Autoridade Nacional Palestina) negou alegações
israelenses de que estaria por trás da violência e emitiu uma
declaração condenando ataques a civis e as represálias de
Israel.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon,
divulgou uma nota dizendo que uma carteira de identidade
encontrada perto do terrorista pertencia ao árabe israelense
Mohammed Shaker Ihbeishi, 48, um ativista muçulmano do
vilarejo de Abu Snan, na Galiléia (região oeste de Israel).
O gabinete de Sharon disse na nota que Ihbeishi havia se
unido ao grupo extremista muçulmano Hamas e que Israel
pedira à ANP que o prendesse.
Três horas depois da explosão em Naharyia, dois carros-
bomba explodiram ao lado de um ônibus israelense vazio no
entroncamento de Beit Lid, na periferia de Netanya. O ônibus
pegou fogo, e militares desativaram três morteiros no local.
Um dos autores dos ataques morreu, e três pessoas ficaram
feridas.
Dezenas de soldados costumam se reunir em Beit Lid aos
domingos para serem transportados de volta às suas bases.

Reação
Mísseis israelenses atingiram dois escritórios do Fatah (grupo
político ligado ao líder palestino Iasser Arafat), próximos de
Ra-mallah, e um edifício da Autoridade Nacional Palestina
em Jericó. Ninguém ficou ferido.
Helicópteros israelenses também atacaram um prédio da
polícia palestina perto de Jenin, e tanques israelenses fizeram
disparos contra um posto de segurança em Nablus
(Cisjordânia).
Raanan Gissin, porta-voz de Sharon, acusou Arafat de instigar
os ataques durante preparações para um encontro entre Arafat
e o ministro das Relações Exteriores de Israel, Shimon Peres
(leia texto ao lado). "Isso mostra que, ao mesmo tempo em
que Arafat fala de negociações e do retorno ao processo de
paz, ele apóia e instiga a continuidade das atividades
terroristas", disse Gissin.
O ministro palestino Yasser Abed Rabbo disse que a atitude
de Sharon estava provocando mais violência. "Sharon tenta
arranjar qualquer desculpa para não se encontrar com Arafat",
disse.
A atual Intifada, levante palestino, começou em setembro do
ano passado, depois que negociações de paz atingiram um
impasse. Pelo menos 559 palestinos e 163 israelenses
morreram desde então.
As Brigadas Ezzedin al Qassam, braço armado do Hamas,
assumiram a responsabilidade pelo ataque de Nahariya.
Segundo a mídia israelense, Ihbeishi foi o primeiro cidadão
árabe de Israel a realizar um ataque suicida.
A notícia de seu envolvimento no atentado chocou o vilarejo
de Abu Snan, de população majoritariamente drusa. Muitos
drusos israelenses servem no Exército do país.
O grupo extremista palestino Jihad Islâmica reivindicou a
autoria do ataque à van israelense. Até ontem à noite,
ninguém havia assumido a responsabilidade pelas explosões
em Netanya.

Com agências internacionais

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