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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

ENGENHARIA CIVIL

Gabriela Torres

PROPOSTA DE MANUAL EMERGENCIAL:


DIRETRIZES PARA ESCOLHA DE ESTRUTURA DE
CONTENÇÃO EM TALUDES RODOVIÁRIOS

Florianópolis

2017
Gabriela Torres

PROPOSTA DE MANUAL EMERGENCIAL:


DIRETRIZES PARA ESCOLHA DE ESTRUTURA DE
CONTENÇÃO EM TALUDES RODOVIÁRIOS

Trabalho de conclusão de curso sub-


metido ao Departamento de Engenha-
ria Civil da Universidade Federal de
Santa Catarina para a obtenção do
Grau de Engenheira Civil.
Orientador: Prof. Dr. Rafael Augusto
dos Reis Higashi

Florianópolis

2017
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.
Gabriela Torres

PROPOSTA DE MANUAL EMERGENCJAL: DIRET RIZES PARA ESCOLHA DE


ESTRUTURA DE CONTENÇÃO EM TALUDES RODOVIÁRIOS

Este Trabalho de conclus;ão de curso foi julgado adequado para a obtenção do Título
de Engenheira Civil, e aprovado em sua forma final pelo Departamento de Engenharia Civil
da Universidade Federal de Santa Catarina.

Florianópolis. 21 de junho de 2017.

Prof. Dra. Luciana Rohde


Coordenadora do curso de Engenharia Civil - UFSC

Banca Examinadora:

Universidade Federal de Santa Catarina

cJ.--_ p,,_d f lA (j\.._


Prof. Dra. Liseane Padilha Thieves
Universidade Federal de Santa Catarina
AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Adriane e Agostinho, por todo o amor, pelo apoio
incondicional, pela paciência nos momentos difíceis, pelos conselhos nos
momentos de dúvida, por entenderem a distância, pelas infinitas opor-
tunidades de crescimento que me proporcionaram e por me tornarem
quem sou. Vocês são tudo para mim.
Ao resto da minha família, que mesmo com a distância sempre
me apoiou e torceu por mim.
Ao meu orientador, Rafael A. R. Higashi, pelos ensinamentos,
paciência, conversas e incentivo. Muito obrigada pela confiança.
Aos membros da Banca, Liseane P. Thieves e Olni R. S. Dutra,
por serem exemplos de profissionais para mim e por aceitarem partici-
par desse trabalho.
Aos mestres que tive ao longo dos anos, por todos ensinamentos,
sobre engenharia ou não, e pelas oportunidades.
A todos amigos, de todos os lugares que morei, que sempre tor-
ceram por mim e me apoiaram nos tempos bons e ruins. Esses anos
foram tão repleto de histórias por causa de vocês.
À Patrícia B. André, Renan A. L. Eccel e Rodolfo J. Contessi,
por todo incentivo, carinho, por lerem, relerem e decorarem esse tra-
balho comigo, por todos os momentos felizes, por me ajudarem nas
horas mais difíceis e por me fazerem acreditar que tudo ia acabar bem.
Obrigada por tudo.
Aos amigos, Luana Z. Fuhrmann e Geraldo Azevedo por todos
os momentos compartilhados, por serem meus irmãos de coração e por
sempre olharem por mim.
À Eduarda Oliveira pela companhia nos momentos duros da gra-
duação e nos momentos felizes dentro fora dela. A nossa vez está che-
gando!
À Leticia V. R. P. Nascimento, pelas infinitas conversas, conse-
lhos e por ser um dos meus grandes exemplos.
À Aluana Chavegatto, minha roomie, por todos esses anos de
parceria e por nunca deixar faltar pipoca.
Aos queridos Fábio M. Barros, Guilherme B. Schmitd, que sem-
pre se fizeram tão importantes e proporcionaram inúmeros momentos
de muita felicidade nesses anos.
Aos colegas de estágio, que contribuíram imensamente para meu
crescimento profissional e pessoal.
E a todos que de alguma forma nesses anos de graduação con-
tribuíram para a formação de quem sou, o meu muito obrigada!
A felicidade às vezes é uma bênção - mas
geralmente é uma conquista.
(Paulo Coelho)
RESUMO

A movimentação de massa é um fenômeno natural que vem aumentando


em número de ocorrências ao longos dos últimos anos de maneira signifi-
cativa. Para diminuir o efeito das consequências desses movimentos em
taludes rodoviários cabe ao engenheiro responsável a escolha e dimensi-
onamento de um método de contenção o mais rápido possível. Com isso,
é justificada a necessidade de uma ferramenta de auxílio durante o pro-
cesso de escolha, que é a proposta do corrente trabalho. Esse objetivo
foi atingido através de extensa pesquisa acerca dos assuntos estruturas
de contenção e observação dos métodos mais aplicados, principalmente
na região de Santa Catarina. Como resultado, foi obtido um Manual
emergencial, com diretrizes para escolha de estrutura de contenção em
taludes rodoviários, que é composto por quatro componentes princi-
pais: Ficha de acompanhamento do talude, Tabela de características
gerais das contenções, Fluxograma para escolha e Croquis. Foi possível
concluir que esse material, apesar de simples, preenche uma carência
existente e apresenta potencial para gerar redução no tempo de reação,
diminuindo o risco de movimentos de terra e suas consequências
Palavras-chave: Movimento de massa. Taludes rodoviários. Estru-
turas de contenção. Manual.
ABSTRACT

Mass movements are a natural phenomena that has increased in num-


ber of occurrences over the past few years significantly. To reduce the
effect of the consequences of those movements in road slopes, it is up
to the responsible engineer to choose and design a method of stabiliza-
tion as fast as possible. Thereby, the need of an assistance tool during
the selection process is justified, which is the proposal of the current
work. This goal was accomplished with extensive research around the
subjects slope stabilization and observation of the most commonly ap-
plied methods, mainly in the region of Santa Catarina. As a result,
an Emergence Manual was obtained, containing guidelines for selec-
tion of stabilization method for road slopes, which has four main parts:
File for monitoring of the slope, Table with general characteristics of
stabilization methods, Flowchart for selection and Sketches. ln the
final analysis, it was possible to conclude that despite being simple,
the outcome fills an existing deficiency, decreasing the chances of mass
movements and its consequences.
Keywords: Mass movement. Road Slopes. Slopes Stabilization. Ma-
nual.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Total de danos humanos causados por desastres naturais


na Região Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Figura 2 Afetados por tipo de desastre. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Figura 3 Mortos por tipo de desastre........................... 22
Figura 4 Partes constituintes de um talude . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Figura 5 Ilustração de Queda ou Desabamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Figura 6 Ilustração de Tombamento em rocha ................... 31
Figura 7 Ilustração de Escorregamento rotacional............... 32
Figura 8 Ilustração de Escorregamento translacional............ 32
Figura 9 Velocidade distribuída por tipo de movimento......... 33
Figura 10 Corrida de lama ....................................... 33
Figura 11 Ilustração de Expansão lateral. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Figura 12 Proteção superficial por meio de biomantas............ 40
Figura 13 Esforços atuantes em muros de gravidade .............. 42
Figura 14 Seção transversal típica de muro auto-envelopado com
ancoragem superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Figura 15 Esquema de Terra-armada em vista e corte............ 46
Figura 16 Esquema de Grampo.................................. 47
Figura 17 Esquema do Tirante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Figura 18 Esquema de sistema de drenagem para retaludamento. 49
Figura 19 Fluxograma metodológico............................. 51
Figura 20 Checklist para análise de estabilidade de taludes . . . . . . 53
Figura 21 Instrumento de vistoria geológica-geomorfológica para
movimento de massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Classificação de Varnes (1978) - Tipo de movimento... 28


Tabela 2 Classificação de Cruden e Varnes (1996) - Velocidade do
Movimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Tabela 3 Pricipais problemas em taludes de rodovias do Estado
de São Paulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Tabela 4 Tipos de obras para estabilidade de encostas ........... 38
SUMÁRIO

1 INTRODUÇAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.1 JUSTIFICATIVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.2 OBJETIVO GERAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................... 23
1.4 ORGANIZAÇÃO DO TEXTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.1 ESTABILIDADE DE ENCOSTAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.2 MOVIMENTO DE MASSAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.2.1 QUEDAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.2.2 TOMBAMENTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.2.3 ESCORREGAMENTOS E ESCOAMENTOS . . . . . 31
2.2.4 CORRIDAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.2.5 EXPANSOES LATERAIS ......................... 34
2.2.6 MOVIMENTAÇAO DE MASSA EM TALUDES
RODOVIÁRIOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.3 CONTENÇÃO DE TALUDES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.3.1 RETALUDAMENTO ............................. 39
2.3.2 PROTEÇAO SUPERFICIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.3.3 ESTABILIZAÇAO DE BLOCOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.3.4 MUROS DE GRAVIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
2.3.4.1 Muros de Pedra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.3.4.2 Muros de Concreto Ciclópico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.3.4.3 Gabiões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.3.4.4 Muros de sacos de solo-cimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.3.4.5 Muro de Pneus. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.3.5 SOLO REFORÇADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.3.5.1 Geossintéticos....................................... 44
2.3.5.2 Terra Armada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.3.6 SOLO GRAMPEADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.3.7 CORTINA ATIRANTADA ....................... 47
2.3.8 SISTEMAS
,
DE DRENAGEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3 METODO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.1 ANÁLISE DE PROPOSTAS ANTERIORES E ELABORÇÃO
DA FICHA ......................................... 52
3.2 TABELA DE CARACTERÍSTICAS DAS CONTENÇÕES 56
3.3 LISTA DE CONTENÇÕES VIÁVEIS . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.4 FLUXOGRAMA PARA ORIENTAÇAO DE ESCOLHA
DE ESTRUTURA ADEQUADA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.5 PROPOSTA DE MANUAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4 RESULTADOS E DISCUSSAO . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
5 CONCL USOES ............................... . 63
5.1 TRABALHOS
... FUTUROS ........................... . 64
REFERENCIAS .............................. . 65
19

1 INTRODUÇAO

Com o crescimento acelerado da população e expansão das ci-


dades, o funcionamento adequado e bom estado das rodovias torna-se
cada vez mais importante para a segurança e conforto dos usuários.
Contudo, o avanço com falta de planejamento urbano e ocupação ir-
regular de encostas e margens de rios tem sido um problema cada vez
mais recorrente nos arredores de centros urbanos. Além disso, licitações
que têm como critério de escolha majoritário o preço da solução criam
situações em que nem sempre medidas adequadas e eficientes são em-
pregadas. Com isso, geram-se circunstâncias nas quais grandes gastos
são necessários para solucionar problemas criados por estruturas apli-
cadas de maneira incorreta (CICHINELLI, 2005).
Segundo Highland e Bobrowsky (2008), essas ocupações indevi-
das de taludes, desmatamento e modificação da encosta e sua base,
juntamente com precipitação intensa e inundações, estão entre os prin-
cipais motivos causadores de instabilidades e deslizamentos de encostas.
Destaca-se que inundação é um evento que apresentou um aumento de
2,5 vezes entre as décadas de 1990 e 2000 sendo a região mais afetada
o Sul do Brasil, especialmente Santa Catarina (CEPED-SC, 2012).
Ademais, quando se tratando de materiais como maciços de solo
e rocha existe muita imprevisibilidade, principalmente no que se refere a
taludes naturais. O movimento de encostas pode ser desencadeado por
várias causas naturais, entre elas: terremotos, intempéries, alteração
na geometria por dilatação ou contração, contrastes de rigidez ou per-
meabilidade e assim por diante (HIGHLAND; BOBROWSKY, 2008). Esse
fato justifica a necessidade de monitoramento constante em encostas
naturais que estejam em locais onde apresentam risco à algum tipo de
estrutura, ocupada ou não.
No que diz respeito às encostas modificadas, onde normalmente
ocorre uma piora no estado do solo após a alteração, é necessário que
haja um projeto adequado de estabilização ou sérios problemas poderão
ocorrer, acarretando em graves danos materiais e perigo à vidas huma-
nas (LOTURCO, 2014). Porém, de acordo com Cichinelli (2005) alguns
critérios essenciais às estruturas de contenção e reforços, como acata-
mento às normas e qualidade dos resultados, estão sendo deixados de
lado em favor do custo. Esse fato acarreta em estruturas inapropriadas
e mseguras.
Apesar disso, Cichinelli (2005) também expõe a existência de
novas tecnologias que vem ganhando espaço no mercado e apresentam
20

bom custo benefício, embora haja tradicionalismo presente entre os pro-


jetistas. Uma dessas tendências, de acordo com o autor, é a utilização
de técnicas que utilizem o solo local como parte da estrutura, dimi-
nuindo custo, tempo de execução e possibilitando maior entendimento
sobre o comportamento do solo utilizado.
Com base nos argumentos apresentados, pode-se afirmar que a
necessidade de observação e manutenção de encostas, assim como a
aplicação de técnicas adequadas para a escolha da contenção de ta-
ludes é um assunto bastante atual e pertinente à realdade brasileira.
Principalmente porque, a movimentação de massa é o evento que mais
cresceu no país entre as décadas de 1990 e 2000, afetando 115.561 pes-
soas no ano de 2012 só na região sul do país (CEPED-SC, 2012).
Além da notável quantidade de movimentos que a região apre-
senta, outro fato destacado é o pouco tempo disponibilizado para a
escolha da estrutura. Quando um deslizamento causa bloqueio da ro-
dovia, cabe ao engenheiro responsável a escolha e dimensionamento de
um método de contenção no menor período possível. Esse tempo limi-
tado para a escolha é justificado pelo transtorno causado a população
e o risco de novas movimentações apresentado em maciços instáveis
(HIGASHI, 2014). Porém, o pouco tempo para estudos e ensaios é um
dos principais motivos de medidas inadequadas serem aplicadas em si-
tuações de emergência.
É nesse contexto que o presente trabalho se insere, propondo um
Manual com orientações para escolha da estrutura de contenção, para
o caso de taludes rodoviários que estejam submetidos a algum tipo
de instabilidade. Essa medida se faz necessária especialmente para
casos em que há interdição do funcionamento da rodovia ou ameaças à
segurança dos usuários e à estrutura da estrada.
Além de apresentar diretrizes para a escolha do método mais
adequado para cada situação, o Manual também apresenta uma fi-
cha para preenchimento do usuário. Essa ficha, além de identificar as
características do talude pertinentes à escolha da contenção, também
apresenta itens que possibilitam o controle do talude de maneira geral,
proporcionando a coleta de informações sobre as rodovias da região e
viabilizando a elaboração de estudos futuros sobre o assunto.

1.1 JUSTIFICATIVA

O estado de Santa Catarina apresenta um grande histórico de


desastres naturais. De acordo com CEPED-SC (2012) do ranking das
21

70 cidades mais atingidas por desastres naturais no Brasil 34, estão


localizadas no Estado, das quais, 7 lideram entre as mais afetadas.
Esses desastres afetam um número extremamente alto de pessoas, como
pode ser observado no gráfico ilustrado pela Figura 1.

Figura 1 - Total de danos humanos causados por desastres naturais na


Região Sul
afetadas
mortas 21.088.899

enfermas 9.040

grav feridas 949

lev feridas 12.831

desaparecidas 287

deslocadas 181.300

desabrigadas 319.788
972.998
desalojadas

O 200.000 400.000 600.000 800.000 1.000.000 ... 20.000.000

Fonte: CEPED-SC (2012)

Entre esses desastres, está a movimentação de massa, que apesar


de ter uma parcela pequena em número de afetados quando comparada
com outros tipos de desastres, ocupa segundo lugar no número de mor-
tos por ocorrência (Figuras 2 e 3). Assim, apesar de ocorrer menos
que outros desastres e afetar um parcela menor da população, suas
consequências são catastróficas e irreparáveis. Eventos recentes desse
gênero que podem ser utilizados como exemplo foram os da região do
Vale do Itajaí em 2008 e 2010 e Rio de Janeiro em 2011 e 2012, que
deixaram inúmeros mortos, feridos e desabrigados (HIGASHI, 2014).
22

Figura 2 - Afetados por tipo de desastre


60,00%~-----------------------------

50,34%
50,00%

40,00%

30,00%

20,00%

10,00%

0,24% 0,12% 0,09% 0,06% 0,06%


0,00%
Estiagem e Inundação Inundação Vendaval e Movimento Granizo Erosão linear Erosão Geada Erosão Incêndio Tornado
seca brusca gradual Ciclone de massa marinha fluvial Florestal

Fonte: CEPED-SC (2012)

Figura 3 - Mortos por tipo de desastre


50,00% ~ - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
45,00% +-~ ~- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
40,00%

••
.. -- - -
35,00%
30,00%
25,00%
20,00%
15,00%
• .
10,00%
5,00% • - - :•,

0,2u% 0,12% õ,12%


0,00%
• -
Inundação
brusca
Movimento
de massa
- Inundação
gradual
- seca
-
Estiagem e Vendaval e
Ciclone
Granizo Tornado Erosão
linear
Erosão
fluvial

Fonte: CEPED-SC (2012)

Outro dado pertinente apresentado pelo CEPED-SC (2012) é o


aumento no número de movimentações de massa registrados no país,
que foi de 21,7 vezes, entre as décadas de 1990 e 2000, aumentando em
média 6 vezes mais que outros tipos de desastres naturais. Esse consi-
derável aumento na ocorrência de deslizamentos é refletido na qualidade
das rodovias do país, que acabam por sofrer graves danos, sendo sub-
metidas muitas vezes a reparos emergenciais e sem dimensionamento
adequado.
Com isso, é justificado o desenvolvimento do Manual proposto no
trabalho, uma vez que monitoramento e escolha adequada de método
de contenção são duas das principais medidas mitigadoras desse tipo de
desastre (IBGE, 2014). Além disso, em um estado onde existem tantos
casos que necessitam de ações emergenciais, é extremamente pertinente
que haja um recurso que auxilie e agilize o processo de seleção, mm1-
mizando as perdas umas e materiais.
23

1.2 OBJETIVO GERAL

A intenção do presente trabalho é a elaboração e apresentação de


um Manual para auxiliar a escolha da contenção adequada para casos
de instabilidade em obras de taludes rodoviários, com enfoque em casos
emergencia1s.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Os objetivos específicos do trabalho são:


• Aumentar a velocidade no processo de seleção de estruturas de
contenção em taludes rodoviários.

• Aumentar a eficiência no processo de seleção de estruturas de


contenção em taludes rodoviários.

• Elaborar um método de acompanhamento das condições de talu-


des rodoviários.
• Estabelecer um padrão a ser seguido em casos emergenciais.

1.4 ORGANIZAÇAO DO TEXTO

O corrente trabalho é organizado em 5 capítulos, divididos da


seguinte forma:
O capítulo 2 traz a revisão bibliográfica, contextualizando o
tema, abordando inicialmente os assuntos estabilidade de encostas e
movimentos de massa. São especificados e analisados os tipos de mo-
vimentos de massa mais comuns no Brasil, principalmente na região
de Santa Catarina, e é apresentada uma seção sobre os movimentos
de massa mais comuns em taludes rodoviários. Posteriormente, são
apresentadas as principais contenções de encostas aplicadas na região.
O capítulo 3 é a apresentação dos métodos empregados para
a elaboração do trabalho, bem como estudos já existentes, utilizados
como base. Nesse capítulo são expostos os recursos aplicados para a
seleção de critérios, que serão utilizados como fatores de escolha na
elaboração dos resultados.
No capítulo 4 tem-se a apresentação do resultado, um Manual
que tem como elementos principais a Ficha para análise e acompanha-
mento do talude, a Tabela de características gerais para estruturas de
24

contenção, o Fluxograma e Croquis, bem como guia para utilização do


manual e discussão sobre assuntos pertinentes ao uso do mesmo.
O capítulo 5 aborda as conclusões obtidas a partir da elaboração
do trabalho e seu resultado. Nesse capítulo também são sugeridos temas
relacionados à pesquisa para trabalhos futuros.
25

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ESTABILIDADE DE ENCOSTAS

Segundo a NBR:11682 (ABNT, 1991) um talude estável não apre-


senta sintomas como "trincas, sulcos, erosão, cicatrizes, abatimentos,
surgências anormais de água, rastejo, rachaduras em obras locais, etc.".
Ou seja, a estabilidade da encosta está relacionada diretamente à ausên-
cia de movimento ou iminência do mesmo.
A movimentação de massa trata-se de deslocamento, parcial ou
total, do maciço de solo ou rochoso. É possível afirmar que existe
uma relação direta, mas não exclusiva, entre a possibilidade de des-
lizamentos à declividade e a amplitude do talude, quando analisados
geometricamente. Por isso, para a análise de estabilidade de taludes
faz-se o uso de ferramentas como classificação de declividade em ma-
pas topográficos, pesquisa sobre o material que compõe a encosta entre
outros fatores (NEWERLA, 1999).
A definição de talude pode ser descrita como uma superfície in-
clinada, natural ou construída, constituída de rocha ou solo composta
basicamente por 5 partes: crista ou topo, talude, superfície de ruptura,
massa escorregada e pé como pode ser visto na Figura 4.

Figura 4 - Partes constituintes de um talude

Crista ou Tooo

,.i'
/
_.l

.,.-····//~
.,·•··

....-·· / Superfície de Ruptura

- ~···················""·~ ·············'"···

Pé Massa Escorregada

Fonte: Dyminski (2010)


26

Para taludes construídos, o projeto está relacionado as condições


de fluxo locais e das propriedades do solo, aliados com inclinação e
altura adequados, criando estabilidade apropriada. Taludes naturais
por outro lado exigem maior monitoramento e cuidado pois a movi-
mentação de massa e a instabilidade são resultados naturais do pro-
cesso de evolução das encostas e podem acontecer sem avisos e subita-
mente (DYMINSKI, 2010). Existem diversos fatores que podem causar
instabilidade de um talude e raramente o evento está relacionado a
um único fator. Segundo Varnes (1978) e Higashi (2014), entre esses
fatores estão: elevação da pressão neutra por conta de forte chuvas au-
mentando a quantidade de água no solo, redução da sucção matricial
que ocorre em solos muito saturados, erosão (intensificada por desma-
tamento), modificação da geometria do talude, desmonte hidráulico,
abalos sísmicos, entre outros fatores imprevisíveis.
No caso de uma encosta que já apresenta instabilidade, os sinais
podem ser identificado tanto no próprio talude quanto em estruturas
que ocasionalmente estejam localizadas no mesmo. No caso de instabili-
dade do maciço os sinais apresentados são: matacões angulares, árvores
inclinadas, área de vertentes, trincas no solo, degraus de abatimento,
face da ruptura exposta e surgência de água. Já nas estruturas os sinais
mais comuns são: trincas, descalçamento de elementos de fundações,
queda de blocos nos telhados, paredes destruídas e deslocamento de
peças armadas (HIGASHI, 2014).
Quando há instabilidade em uma encosta o ideal é que a solução
proposta tenha finalidade de proteger a estrada assim como outras es-
truturas nos arredores. As possíveis soluções para um talude que se
encontra em situação frágil são: remoção total do maciço, remoção
parcial do maciço, estrutura de contenção emergencial ou estrutura de
contenção definitiva. É vastamente recomendado que contenções de-
finitivas tenham prioridade em relação às emergenciais, pois além de
gerarem um custo menor, uma vez que não precisam de uma nova
estrutura futuramente, são mais seguras e necessitarão somente de ma-
nutenção após a finalização. Mesmo com uma contenção definitiva é
importante que o acompanhamento da estabilidade seja realizado tanto
na fase de execução da estrutura quando na de operação, pois o risco de
ruptura é presente em ambos momentos (GERSCOVICH, 2012; HIGASHI,
2014).
27

2.2 MOVIMENTO DE MASSAS

Segundo Gerscovich (2012) Movimento de massa pode ser con-


siderado todo tipo de movimentação de um volume de solo, sendo co-
mumente associado a instabilidade de uma encosta. Esse deslocamento
raramente está relacionado a um único fator e pode ser resultado de
ações internas ou externas.
No primeiro caso há um aumento da tensão de corte e é comum
em casos onde ocorrem alterações nos lençóis freáticos, mudança de
carga na crista ou na base, alteração da geometria local ou ainda even-
tuais vibrações. Na situação de ações externas existe diminuição da
resistência ao corte, que pode acontecer por conta de erosão e ruptura
progressiva (TERZAGHI; AMERICA, 1950).
Highland e Bobrowsky (2008) ressaltam que em sua maioria as
definições de deslizamento são específicas para cada tipo de movimento
e diferem levemente entre si, por isso adotam a definição de desliza-
mento como "um termo genérico, usado para descrever movimento de
descida do solo, de rochas e material orgânico, sob o efeito da gravidade,
e também a formação geológica resultante de tal movimento". Por ser
uma definição bastante geral e simples, essa será a utilizada para "desli-
zamento" adotada para o corrente trabalho, assim como para os termos
"movimento de massa" e "ruptura do maciço", entre outros.
Existem inúmeras propostas de classificação para deslizamentos.
No panorama nacional duas classificações com muito destaque são as
de Augusto Filho (1992) e Freire (1965), entretanto nesse trabalho será
utilizada a classificação de Varnes (1978) por ter uma abordagem sim-
ples e direta e ser aceita internacionalmente. Essa classificação está
apresentada na Tabela 1 e leva em consideração majoritariamente o
tipo de movimento e em seguida o tipo de material.
28

Tabela 1 - Classificação de Varnes (1978) - Tipo de movimento


Tipo de Material
Tipo de Movimento Solo
Rocha
Grosseiro Fino
Quedas De rocha De detritos De terra
Tombamentos De rocha De detritos De terra
Poucas
Rotaci-
Escorre- unida- Abatimento Abatimento Abatimento
onal
gamento des de Rocha de detritos de terra
Muitas De blocos De blocos De blocos
Transla-
Unida- Rochosos de detritos de terra
cional
des
Expansões
De rocha De detritos De terra
Laterais
De rocha
Corridas /Escoamentos (rastejo De detritos De terra
profundo)
Combinação de dois ou mais
Complexos
tipos de movimento
Fonte: (VARNES, 1978)

Além da classificação quanto ao tipo de movimentos, Varnes


(1978) elaborou também uma proposta de escala para a velocidade
desses movimentos que foi revisada em seu trabalho com Cruden em
1996 e é apresentada na Tabela 2 . Quando tratando de estruturas
de contenção, uma análise da velocidade do processo de instabilidade
é extremamente importante para a tomada de decisões que garantirão
a segurança da encosta e de seu entorno. Com isso é justificada a
necessidade da Tabela 2 para a elaboração do trabalho.
29

Tabela 2 - Classificação de Cruden e Varnes (1996) - Velocidade do


Movimento
Descrição Velocidade
Extremamente Rápidos Acima de 5 m/s
Muito Rápidos Entre 3 m/min e 5 m/s
Rápidos Entre 1,8 m/h e 3 m/min
Moderadamente Rápidos Entre 13 m/mês e 1,8 m/h
Lentos Entre 1,6 m/ano e 13 m/mês
Muito Lentos Entre 16 mm/ano e 1,6m/ano
Extremamente Lentos Menos de 16 mm/ano
Fonte: (CRUDEN; VARNES, 1996)

Em seguida serão apresentados os tipos principais de movimentos


e suas características básicas.
30

2.2.1 QUEDAS

Quedas ou desabamentos são movimentos rápidos ou extrema-


mente rápidos e bruscos, que envolvem pouco ou nenhum deslocamento
cisalhante. Normalmente incluem blocos rochosos que caem livremente
devido a fenômenos naturais ou escavação da vertente, através de um
plano muito inclinado, saltando ou rolando, podendo alcançar longas
distâncias e fragmentar-se ao longo do caminho. Podem acontecer
sem nenhum movimento menor antecessor, e tem alto poder destrutivo
(GERSCOVICH, 2012; VARNES, 1978). A Figura 5 ilustra o esquema de
queda em um maciço rochoso.

Figura 5 - Ilustração de Queda ou Desabamento

Highland e Bobrowsky (2008) adaptado de Crudden e Varnes (1996)

2.2.2 TOMBAMENTOS

Segundo Varnes (1978) tombamento é um tipo de deslocamento


que consiste no movimento rotacional de uma massa instável de detritos
ou rochas sobre um ponto de rotação abaixo da mesma. Esse evento
pode ou não estar ligado à quedas ou deslizamentos posteriores, no
caso de geometria favorável. Na Figura 6 pode-se ver o esquema de
tombamento em um maciço, é notável a diferença entre os movimentos
de queda e tombamento pelo movimento de rotação realizado no caso
do segundo.
31

Figura 6 - Ilustração de Tombamento em rocha

Highland e Bobrowsky (2008) adaptado de Crudden e Varnes (1996)

2.2.3 ESCORREGAMENTOS E ESCOAMENTOS

Gerscovich (2012) descreve escoamentos como movimentos contí-


nuos e lentos, que podem ser classificados em corridas e rastejo. Já
escorregamentos são ações muito mais rápidos e limitadas. Ambos mo-
vimentos são explicados com maiores detalhes abaixo.
De movimentação lenta e contínua, rastejos podem ocupar uma
área extensa sem uma linha definida de movimentos. Além disso esse
tipo de ação gera deformação plástica e não tende a ter uma superfície
de ruptura definida. É facilmente observado por causar quebra e de-
formação de estruturas existentes no entorno, embarrigamento de árvo-
res e rochas curvas despontando na superfície (CEPED-SC, 2013; GERS-
COVICH, 2012).
Escorregamentos por outro lado são rápidos e com limites bem
definidos, pois a ruptura da-se por cisalhamento. Normalmente ocor-
rem em locais com rochas, maciços muito degradados ou de detritos, po-
dendo ser classificados em translacional, circular ou em cunha (CEPED-
sc, 2013). Varnes (1978) distingue escorregamentos translacionais de
circulares principalmente pelo tipo de superfície de ruptura do movi-
mento, que no caso dos circulares (ver Figura 7) é uma concavidade vi-
rada para cima que caracteriza o tipo de trajeto realizado pelo maciço
deslocado. Já para o movimento translacional (ver Figura 8) o sen-
tido é paralelo a superfície frágil, ocorrendo por conta de sobrepeso e
arraste, sem a definição de uma superfície de ruptura e normalmente
32

mais rasos que os circulares. Para movimento em cunha a definição é


dada pelo encontro de duas estruturas planares, que de maneira geral
são um maciço rochoso e uma massa de solo saprolítico permitindo que
um prisma se descole da interseção dos dois planos (CEPED-SC, 2013).
A principal diferença entre os dois tipo de movimento descritos
anteriormente, da-se nos vetores de velocidade distribuídos ao longo do
solo. Essa diferença pode ser observada na Figura 9.

Figura 7 - Ilustração de Escorregamento rotacional

Fonte: Highland e Bobrowsky (2008) adaptado de Crudden e Varnes


(1996)

Figura 8 - Ilustração de Escorregamento translacional

Fonte: Highland e Bobrowsky (2008) adaptado de Crudden e Varnes


(1996)
33

Figura 9 - Velocidade distribuída por tipo de movimento


@ Mi o e Ra.sejO

1 • ~
~
l 1le:5con
glãodo
,51amento

Fonte: Lacerda (1996), Apud Gerscovich (2012)

2.2.4 CORRIDAS

As corridas são caracterizadas por alta velocidade e a total perda


da resistência características do solo, que passa a comportar-se como
um fluído. Pode ter origem em outros movimentos, como escorrega-
mento translacional e tem potencial para atingir uma vasta área. Exis-
tem alguns fatores que podem desencadear o início de uma corrida,
entre eles: desagregação do material de escorregamentos, adição de
água em solos muito arenosos ou acúmulo de detritos (CEPED-SC, 2013;
GERSCOVICH, 2012; VARNES, 1978). Um esquema de corrida de lama
bem como suas partes constituintes é apresentado na figura 10.

Figura 10 - Corrida de lama

Fonte: Skinner E Porter (2003), Apud Pianço (2010) 1

1 Imagem disponível em: www.uol.eom.br/sciam/reportagens/movimentos_gravita


cionais_de_massa_tragedias_9 .html
34

2.2.5 EXPANSOES LATERAIS

São movimentos recorrentes em terrenos planos ou com pouca


inclinação, normalmente em locais onde houve o deslocamento de uma
camada mais resistente sobre uma mais frágil que apresenta tensão de
cisalhamento baixa. Não há necessariamente a definição de uma su-
perfície de ruptura para que esse tipo de deslizamento ocorra, como
pode ser observado na Figura 11, já que a camada mais frágil pode
acabar entrando nas fissuras existentes entre os blocos rochosos da ca-
mada de cima. Expansões laterais podem começar de maneira súbita
principalmente em áreas que já foram afetadas anteriormente e podem
apresentar diversas velocidades, além disso começam de maneira pon-
tual mas tendem a afetar grandes áreas por conta das fissuras que sur-
gem com o processo (VARNES, 1978; HIGHLAND; BOBROWSKY, 2008).

Figura 11 - Ilustração de Expansão lateral

Argila mole com lodo


de ãgua e tendo camadas
de areia

Fonte: Highland e Bobrowsky (2008) adaptado de Crudden e Varnes


(1996)

2.2.6 MOVIMENTAÇAO DE MASSA EM TALUDES RO-


DOVIÁRIOS

Para o estudo dos principais tipos de movimento de massa encon-


trados em taludes rodoviários, será adotado como referencia o Manual
de Geotecnia - Taludes de Rodovias elaborado pelo IPT (1991). Ape-
sar de o manual tratar de taludes rodoviários do estado de São Paulo
ele será usado como modelo para esse trabalho, por conta da falta de
material que relacione estabilidade de encostas e rodovias no estado de
Santa Catarina.
A Tabela 3 classifica de maneira simples e sucinta os tipo de
35

movimento mais comuns em taludes rodoviários no estado de São Paulo,


e suas principais causas. Analisando a tabela fica evidente que o grande
parte dos fatores citados como causadores de instabilidade podem ser
evitados com estruturas de contenção projetadas adequadamente além
de drenagens e fundações eficientes.
36

Tabela 3 - Pricipais problemas em taludes de rodovias do Estado de


São Paulo
Tipo de
Forma de Ocorrência Principais Causas
Problema
-Em taludes de corte -Deficiência de drenagem
e aterro e proteção superficial
Erosão -Longitudinal ao -Concentração de água
longo da plataforma superficial
-Concentração de água
-Localizada e associada
superficial e/ou interce-
a obras de drenagem
ptação do lençol freático
-Interna em aterros -Má drenagem interna
-Secagem e umidecimento
-Empastilhamento
Desagregação do material
superficial em
Superficial -Presença de material
taludes de corte
expansivo
-Superficial -Inclinação acentuada
Escorrega- -Profundo do talude
mento -Forma e dimensões -Descontinuidades
em corte variadas de solo e rocha
-Superficial em corte
ou encostas naturais -Saturação do solo
-Produndo em cortes
-Formas e dimensões
-Evolução por erosão
variadas
-Corte de corpo de taludes
-Movimentação de
-Alteração de drenagens
grandes dimensões
-Atingindo a borda -Compactação inadequada
Escorrega-
do aterro da borda
mento
-Deficiência de fundação,
em aterro
drenagem, proteção super-
-Atingindo o corpo ficial.
do aterro -Má qualidade de
material e compactação
-Inclinação inadequada
Recalque -Deformação vertical -Deficiência de fundação,
em aterro da plataforma drenagem, compactação.
-Ação de água
Queda
-Queda livre -Descontinuidade do
de blocos
maciço rochoso
Rolamento de -Movimento de bloco -Descalçamento da base
blocos por rolamento por erosão
Fonte: IPT (1991)
37

2.3 CONTENÇAO DE TALUDES

De acordo com Alheiros et al. (2003) estruturas de contenção são


projetos que proporcionam a estabilidade da encosta quando analisada
como um inteiro, ou seja, a contenção do morro é uma combinação
de proteção superficial por métodos naturais e artificiais, drenagem
adequada e retaludamento. Além disso, os autores classificam em três
categoriais os principais tipos de contenção existentes. São elas:

• Obras sem estruturas de contenção

• Obras com estruturas de contenção

• Proteção para massas movimentadas

Essa categorização é extremamente útil para escolha de qual o


tipo de obra mais adequado à situação, principalmente em casos emer-
genciais, onde o tempo para a tomada de decisões é bastante limitado.
Alheiros et al. (2003) também categoriza os tipos de obra de estabi-
lização de encostas em grupos, subgrupos e tipos de obra, facilitando a
visualização das opções existentes e suas principais características (Ver
Tabela 4). Nos capítulos subsequentes as estruturas mais comuns serão
descritas e analisadas individualmente.
38

Tabela 4 - Tipos de obras para estabilidade de encostas


Tipos de
Grupos Subgrupos
Obras
Talude contínuo
Cortes
Retaludamento e escalonado
Aterro
Muro de terra
Compactado
Gramíneas
Materiais Grama armada
Naturais com geossintético
Mata
Obras sem
Selagem de fendas
estrutura de
com solo argiloso
contenção Proteção
Canaleta de borda,
Superficial
pé ou descida
Cimentado
Geomanta e gra-
Materiais míneas
Artificiais Geocéula e solo
compactado
Tela argamassada
Pano de pedra
Alvenaria armada
Asfalto ou polietileno
lonas sintéticas
Tela metálica e
Estabilização Retenção
tirantes
de blocos
Remoção Desmonte
Solo cimento Solo cimento ensacado
Pedra seca
Pedra rachão
Alvenaria de pedra
Muro de Concreto armado
Concreto
arrimo Concreto ciclópo
Obras com
Gabião Gabião-caixa
estrutura de
Bloco de con- Bloco de concreto
contenção
ereto articulado articulado
Solo-pneu Solo-pneu
Placa pré-moldada de
concreto, ancoragem
Terra armada
metálica ou geossinté-
Outras soluções
tico
de contenção
Placa e montante de
Micro-ancora- concreto, ancoragem
gem metálica ou geossinté-
tica
Geossintético
Solo compactado e reforçado
Paramento de pré-mol
dado
Materiais
Obras de Contenção de Barreira vegetal
naturais
proteção para massas massas movi-
Materiais
movimentadas mentadas Muro de espera
artificiais
Fonte: Alheiras et al. (2003)
39

2.3.1 RETALUDAMENTO

O processo de retaludamento é um método sem estrutura de


contenção que consiste na modificação da geometria de uma encosta
através de terraplenagem e ocasionais aterros compactados. Esse método
tem como principal objetivo a suavização da declividade, principal-
mente em locais com picos elevados em relação ao resto do maciço. A
alteração visa amenizar o processo erosivo através da diminuição do
ângulo de inclinação e consequente diminuição da energia dos escoa-
mentos superficiais, além de melhorar as condições geométricas para a
estabilidade da encosta (ALHEIROS et al., 2003; SILVA, 2009).
Recomenda-se em áreas espaçosas, onde exista possibilidade de
escavações laterais e entrada de máquinas, podendo ainda ser aplicado
em conjunto com outros tipos de contenção (MARANGON, 2009). O au-
tor ainda afirma que a principal vantagem obtida com retaludamento é
o caráter definitivo da alteração, pois há uma modificação permanente
na distribuição de forças atuantes no complexo, garantindo grande me-
lhoria na estabilidade como um todo.
É imprescindível que o retaludamento seja combinado com um
sistema de drenagem superficial ou interna adequado, que proporcione
escoamento rápido, afim de diminuir o impacto das ações de água e
vento. Preferencialmente aplica-se a drenagem combinada com reves-
timento vegetal, que gera grande melhoria na resistência do talude à
erosão. Apesar de eficiente, esse tipo de solução envolve grande movi-
mentação de terra, o que pode aumentar consideravelmente seus custos
dependendo da quantidade de massa a ser movida e da existência de
bota fora adequado a uma distância razoável (HIGASHI, 2014).

2.3.2 PROTEÇAO SUPERFICIAL

Proteção superficial pode ser dividida em proteção por imperme-


abilizantes ou por vegetação. A alternativa preferencial sempre deve ser
a proteção vegetal, por ter impacto ecológico positivos e ser de baixo
custo. Essa proteção da-se através da semeadura de gramíneas e legu-
minosas, sendo que a vegetação deve ser adequada ao local. No caso de
impossibilidade de realização de semeadura pode-se utilizar materiais
alternativos, como apresentado na Figura 12 para a proteção e redução
do desgaste da superfície do talude (GERSCOVICH, 2013; HIGHLAND;
BOBROWSKY, 2008).
40

Figura 12 - Proteção superficial por meio de biomantas

Fonte: Seoane (2011) 2

2.3.3 ESTABILIZAÇAO DE BLOCOS

Segundo Higashi (2014) e Tominaga, Santoro e Amaral (2009)


existem duas alternativas no caso de blocos rochosos instáveis ou que
representam ameaça à outras estruturas:

1. O desmonte, que consiste em explodir ou utilizar um martelete


para desmontar grandes blocos de rocha. É uma solução cara
e com grande impacto socioambiental, além de apresentar risco
de desencadear colapsos em regiões próximas por conta das altas
vibrações.

2. A aplicação de reforços e contrafortes, que consiste em criar uma


estrutura que dê apoio adicional à rocha. Pode ser complemento
em casos de muros de gravidade que não se sustentem sozinhos,
por serem muito pesados por conta da altura e/ou serem muito
armados. Além disso contrafortes necessitam de grande utilização
de espaço no sentindo horizontal, o que pode ser problemático
3 Imagem disponível em: http ://infraestruturaurbana.pini.eom.br/solucoes-
tecnicas / 14 / artigo256243- l. aspx
41

para casos onde já hajam estruturas perto da rocha e em beira


de estradas.

Ambos os métodos são de grandes custos econômicos, por uti-


lizarem materiais caros e mão de obra especializada, além de serem
alternativas bastante complexas. Por esses motivos a utilização de es-
tabilização dos blocos deve ser evitada sempre que possível, porém pode
ser bastante útil em casos onde não existem outras alternativas viáveis
(HIGASHI, 2014).

2.3.4 MUROS DE GRAVIDADE

É um dos métodos mais antigos para estabilização de empuxos


horizontais, com estrutura de contenção, que consiste em utilizar o
peso próprio da estrutura como forma contenção (ver figura 13), por
isso é importante que os materiais utilizados sejam pesados como pe-
dras, alvenaria ou concreto ciclópico. Normalmente são aplicados para
situações onde os desníveis são menores que 5m, altura que para taludes
rodoviários é considerada de média a baixa.
Embora existam vários tipos de muros de gravidade, sua grande
maioria tem certas características em comum, sendo elas: execução
simples que dispensa mão de obra especializada, utilização de materiais
comuns e de fácil acesso, base larga para apoio da estrutura e neces-
sidade de um solo firme que aguente o peso da estrutura. Além disso,
como todos os tipos de contenção, é importante que haja um sistema
de drenagem adequado (DYMINSKI, 2010; HIGASHI, 2014; GERSCOVICH,
2013). Os tipos mais utilizados de muros de gravidade são:

• Muros de Pedra

• Muros de Concreto ciclópico (Podendo ser armado)

• Gabiões

• Muros de Sacos de Cimento-Solo

• Pneus
42

Figura 13 - Esforços atuantes em muros de gravidade

- Ea

Wc

-h
• 1

!•
1

Fonte: Rankine apud Castano (2011) 4

Em seguida serão descritos brevemente as principais característi-


cas descritas por Gerscovich (2013), Higashi (2014) e Dyminski (2010)
dos muros citados acima e alguns tipos de drenagem.

2.3.4.1 Muros de Pedra

Muros de pedra normalmente são arrumados manualmente, com


sua resistência diretamente ligadas à disposição das pedras. É um
método bastante econômico por conta da simplicidade de construção,
possibilidade de utilização de material disponível em locais próximos
ao da construção e por dispensar estruturas de drenagem complexas,
uma vez que existem espaços entre as pedras que agem como drenagem
para a contenção.

4 Imagem disponível em: https://engenheirodigital.wordpress.com/2014/11/01/muros-


de-arrimo/
43

2.3.4.2 Muros de Concreto Ciclópico

É normalmente uma estrutura de seção com base larga, em média


50% que a altura do muro, composta por concreto e blocos de rocha
que preenchem uma forma. Devido aos materiais utilizados e ao método
construtivo a viabilidade desse estilo de contenção é bastante limitada,
sendo indicado apenas para estruturas que tenham no máximo 4 metros
de altura para casos sem armadura.
Como o muro é composto por material impermeável e apresenta
poucos vazios, é importante que haja um sistema de drenagem ade-
quado. Esse sistema pode dar-se através de furos na face externa
ou uma drenagem alternativa na parte posterior, através de mantas
geotêxteis.

2.3.4.3 Gabiões

Assim como os muros de pedra, os muros de gabião tem sua


montagem de maneira manual. As pedras são dispostas em gaiolas
metálicas de malha hexagonal com dupla torção, sendo que essas gaio-
las podem varias de tamanho adaptando-se à altura do muro ou para
melhora da resistência e rigidez da estrutura.
É extremamente indicado para locais onde há previsão de recal-
ques diferenciais, pois é uma estrutura maleável que consegue se aco-
modar no caso de ocorrências dos mesmos. Além disso, semelhante aos
muros de pedra, dispensa grandes estruturas de drenagem por ter per-
meabilidade como uma de suas características, necessitando somente
uma capa de drenagem na base.

2.3.4.4 Muros de sacos de solo-cimento

É uma estrutura constituída por sacos de poliéster preenchidos


por uma mistura de solo peneirado, cimento e água. O método constru-
tivo consiste basicamente no empilhamento dos sacos e posterior com-
pactação dos mesmos, de maneira manual com soquetes. É possível
ainda que a face externa seja protegida por uma camada de concreto.
Esse método é apresenta algumas vantagens econômicas e cons-
trutivas em relação a outros tipos semelhantes de estruturas. Entre
essas características destacam-se dispensar o uso de fôrmas, material
de fácil transporte, não requer mão de obra especializada e é bastante
44

adaptável de acordo com o terreno.

2.3.4.5 Muro de Pneus

Consiste em pneus distribuídos de maneira a formar camadas,


ligados por corda ou arame e preenchidos com solo compactado e com
uma camada protetora na face externa. Têm limitações de espaço e
altura necessitando de bases largas, com tamanho de 40 a 60% da
altura total do muro.
É uma estrutura flexível que pode apresentar deformações eleva-
das principalmente quando comparada aos métodos convencionais com
pedras e concreto, logo não são adequados para utilização em locais
onde existam estruturas de fundações. A solução é interessante por
relacionar a boa capacidade mecânica de um material de baixo custo
com uma alternativa para a disposição de pneus usados.

2.3.5 SOLO REFORÇADO

São métodos atuam de maneira que haja redistribuição global


das tensões e deformações do maciço, aumentando sua resistência como
um todo e possibilitando seu uso em taludes ingrimes, tanto em formas
verticais como em escadas. São executados de baixo para cima, normal-
mente em camadas, e com revestimento externo para diminuição dos
impactos causados por intempéries (PLÁCIDO; KAMIJ, 2011; DYMINSKI,
2010).

2.3.5.1 Geossintéticos

É uma técnica moderna classificada como "com estrutura de con-


tenção" , que utiliza mantas geotêxteis e Geogrelha para estabilizar o
talude enquanto permite que o solo utilizado para a recomposição da
geometria seja o solo do próprio talude. Seu método construtivo con-
siste em regularização e compactação de uma primeira camada de solo,
seguida por adição de uma faixa de reforço drenante geossintético, po-
dendo ser manta ou grelha, que permitirá o escoamento da água até o
interior do maciço, após isso adiciona-se novamente uma camada de solo
compactado e assim em diante, até atingir a cota desejada. Após esse
processo pode-se aplicar revestimento externo (envelopar com geotêxtil
ou jateamento em concreto) para garantir maior durabilidade e segu-
45

rança à estrutura (ver Figura 14) (ALEXANDRE; FRANÇA, 2005).

Figura 14 - Seção transversal típica de muro auto-envelopado com an-


coragem superior
Conaleto de crista Solo de c obertura Delolhe A
~---' ,\ ,_.,•flllll]lll!IT;::::;:;=:=~====::7 Argila
vennetho

Detalhe A
1
4a6 ~
laa 9Qcm
Concre.to ~
pro'etad o
< 40 Delolhe B
Barbac. Dreno d e
detalhe B areia

5 70
Geotvbo paro
drenagem Tub o PVC
050 mmc/200

01 Pasldoo.:,r fürnos e est!Oneli!r o t,J Compactar o comc oa ê QSCO- c J wa1c, anc°'agem e cornpac- d! &,cm o fõtm<::i e repô:!,c!onot nc
reío,çó prendenoo as !>X1reml- ,, ar o !uk:o toro ll/lco cor,'\odo s0gu1nre
dadas

Fonte: Alexandre e França (2005)

Uma opção para solos reforçados com Geogrelha é a solução de


taludes verdes ou grama armada, que combina o plantio de gramíneas
no talude à fixação da Geogrelha. Essa vegetação pode ser plantada por
hidrossemeadura, gramas em placa ou semeadura manual resultando
em estabilidade superficial. Além disso a grelha dissipa a água da
chuva, reduzindo a erosão na superfície do talude ao mesmo tempo que
permite a entrada de umidade (NETO et al., 2008). A utilização desse
método é indicada para casos que necessitam de soluções rápidas e
versáteis, já que com a grande variedade de geossintéticos presentes no
mercado é possível encontrar o tipo adequado para cada situação. Além
disso o sistema apresenta grande flexibilidade, podendo se adaptar com
facilidade à geometria do terreno e grande vantagem econômica por
utilizar o solo do próprio talude, dispensando transporte e compra de
boa parte do material aplicado (ALEXANDRE; FRANÇA, 2005).
46

2.3.5.2 Terra Armada

O sistema de terra armada ou solo armado compreende um maciço


com placas pré-moldadas de concreto na sua face e tiras metálicas
flexíveis presas às placas, que são inseridas gradativamente durante
a montagem da estrutura e que ajudam na redistribuição da pressão
no interior do maciço. A resistência desse tipo de contenção se deve ao
atrito das tiras com o solo (HIGHLAND ; BOBROWSKY, 2008; CORSINI,
2012). A figura 15 ilustra em perspectiva e corte esquemático o sistema,
mostrando as camadas justapostas e as placas pré moldadas que evitam
o deslocamento exagerado das tiras. É importante ressaltar que essas
placas não tem função estrutural, apesar de auxiliarem na proteção da
face do talude (DYMINSKI, 2010).

Figura 15 - Esquema de Terra-armada em vista e corte


PERSPECTIVA
SEÇAO

Fonte: Gerscovich (2013)

Esse tipo de solução é bastante eficiente e, assim como as con-


tenções com geossintéticos, apresenta a vantagem de utiliza o solo
do próprio talude, diminuindo assim custos de material e transporte.
Porém, por ter sido patenteada em 1966 por Vidal têm aplicabilidade
reduzida (GERSCOVICH, 2013; CORSINI, 2012).

2.3.6 SOLO GRAMPEADO

Solo grampeado é uma técnica constituída pela inserção de bar-


ras semi-rígidas em taludes de solos naturais ou escavados, seguida pelo
preenchimento do furo com calda de cimento e finalmente fixado com
concreto projetado ou algum tipo de proteção verde na face (Ver Figura
47

16. Existe uma variedade de materiais que podem exercer o papel de


grampo, como barras de aço, micro estacas ou até mesmo estacas. Os
grampos atuam na redistribuição dos esforços no interior do maciço,
porém são relativamente flexíveis e não são protendidos, logo, são in-
dicados para pequenos deslocamentos (AZZI; ZIRLIS, 2000; DYMINSKI,
2010; GERSCOVICH, 2013).

Figura 16 - Esquema de Grampo


Concr to , roj ado
armado com fibras de aço
ou telas elelrosoldadas

Barra de aço
com pintura
anticorrosiva
-/t:-

Válvula
d injeção

Fonte: Gerscovich (2013)

De acordo com Azzi e Zirlis (2000) esse processo é adequado às


características dos solos saprolíticos e sedimentares brasileiros, além de
apresentar grande vantagem de custo quando comparado com outros
tipos comuns de contenção. O baixo custo da-se por conta da baixa
quantidade de materiais necessários, execução simples, alta produtivi-
dade, possibilidade de recomposição do talude mantendo sua geometria
original e ampla aplicação (ALEXANDRE ; FRANÇA, 2005; AZZI; ZIRLIS,
2000; GERSCOVICH, 2013; DYMINSKI, 2010).

2.3.7 CORTINA ATIRANTADA

É um sistema que é constituído de tirantes incorporados ao


maciço através de uma parede de concreto armado. O furo de inserção
das barras é preenchido com nata de cimento a alta pressão, criando um
bulbo que é responsável pela ancoragem das barras no maciço (Ver Fi-
gura 17). Os tirantes podem ser ativos (protendidos, com força atuante
48

na contenção) ou passivos (necessitam de movimentação para começar


a atuar) e comumente a execução da estrutura tem angulo próximo de
90 graus com o solo, ou seja, pouca inclinação. Por utilizar materiais
com grande custo, mão de obra especializada, ter execução complexa
essa solução tem grande custo monetário (FERREIRA, 2011; HIGASHI,
2014; CORSINI, 2011).

Figura 17 - Esquema do Tirante


D Penuraçao doterreno E! Chapas de apoio
El eainba r:J cunha de-grau
EI lhrecho ancorado fJ llloco de pro-tensa.o
li BUibo de ancoragem EI Cortina de contençao
.\
~

Apesar de ser uma das soluções usuais mais caras, a cortina ati-
rantada é de extrema utilidade para casos onde existam estruturas na
crista do talude e/ou pouco espaçamento horizontal para a aplicação
da contenção, uma vez que os tirantes precisam perfurar somente até
contato com o substrato resistente (HIGASHI, 2014). Além disso, no
contexto rodoviário, é muito utilizada em locais com terrenos muito
acidentados e com vários cortes pois consegue conter esforços altos en-
quanto apresenta baixas deformações (CORSINI, 2011).

2.3.8 SISTEMAS DE DRENAGEM

Para o funcionamento ideal do sistema de drenagem é extre-


mamente importante que haja combinação adequada do tipo de es-
5 Imagem disponível em: http://infraestruturaurbana.pini.eom.br/solucoes-
tecnicas/ 6 /taludes-atirantados-227250-1.aspx
49

trutura de contenção escolhido e a drenagem aplicada. De maneira


geral os sistemas de drenagem são divididos em dois tipos, internos
ou superficiais, normalmente combinados com alguma proteção super-
ficial. Os dois tipos podem ser aplicados em conjunto, resultando em
um sistema mais eficiente como todo (GERSCOVICH, 2013; HIGHLAND;
BOBROWSKY, 2008). Na figura 18 pode-se observar alguns sistemas
aplicados a um caso de retaludamento.
Drenagens internas têm como objetivo o controle do fluxo e da
pressão de água que ocorrem no interior do talude. Geometricamente
podem ser verticais ou inclinados, e onde houver possibilidade de fluxo
de água para a face externa, estrutura de barbacãs e furos drenantes
podem ser aplicados (GERSCOVICH, 2013).
Drenagens superficiais devem recolher a água superficial de toda
a bacia de captação. Esse tipo de sistema têm a finalidade de dimi-
nuição da erosão por conta das precipitações sobre o maciço. Existem
vários modelos de drenagem impermeabilizantes que combinam dis-
sipação de energia com condução da água, sendo que a escolha para
o projeto depende principalmente do tipo de material e das condições
geométricas do talude (GERSCOVICH, 2013).

Figura 18 - Esquema de sistema de drenagem para retaludamento

Fonte: Pescarini (2011) 6

6 Imagem disponível em: http://infraestruturaurbana.pini.corn.br/solucoes-


tecnicas/7 / obras-de-retaludamento-235540-1.aspx
50
51

3 MÉTODO

Para o desenvolvimento do presente trabalho e obtenção dos ob-


jetivos previamente especificados, faz-se necessária a explicação dos
métodos e fundamentos aplicados.
Primeiramente foi elaborada uma revisão bibliográfica acerca dos
principais pontos que compõe o manual: estabilidade de encostas, mo-
vimentos de terra e contenção de taludes, com enfoque em obras ro-
doviárias. Os passo seguintes são demonstrados no fluxograma repre-
sentado pela Figura 19 e serão detalhados posteriormente.

Figura 19 - Fluxograma metodológico


Identificação do
problema

Revisão bibliográfica

(3.1) Pesquisa e
análise de propostas
prévias

(3.2) Tabela de
(3.3) Lista de
característica das
contenções viáveis
contenções

(3.4) Fluxograma
~
para orientação de J

,.___ _,.., escolha de estrutura 14


~------'

adequada

l
(3.5) Proposta de
manual

Fonte: Elaborado pela Autora, 2017


52

3.1 ANÁLISE DE PROPOSTAS ANTERIORES E ELABORÇÃO DA


FICHA

Nessa fase foi feita análise de materiais já existentes que apre-


sentem semelhanças e pontos em comum com a proposta do corrente
trabalho.
Embora existam diversas literaturas sobre os diferentes tipos de
contenção e suas principais aplicações, não foi encontrado nenhum texto
com relação direta entre condições do talude e estrutura a ser utilizada.
Porém, existem diversos autores, entre eles Loturco (2014), Gomes (sem
data), Cichinelli (2005),Bittencourt (sem data), que enumeram critérios
utilizados durante o processo de escolha da contenção.
Para a caracterização da encosta, por outro lado, existem vari-
adas propostas de listas que puderam ser utilizadas como base para
elaboração do Manual. Algumas das existentes são as de Natali (1999),
Sowers e Royster (1978), Castro, Rodrigues e Bezerra (2015) e CEPED-
SC (2011). As duas propostas consideradas mais pertinentes à esse
trabalho foram as de CEPED-SC (2011) e Castro, Rodrigues e Bezerra
(2015) que são apresentadas nas Figuras 20 e 21. Essas duas checklists,
combinadas com a revisão bibliográfica e orientações da NBR:11682
(ABNT, 1991) foram utilizadas como fundamentação principal para a
elaboração da Ficha para análise e acompanhamento do talude.
53

Figura 20 - Checklist para análise de estabilidade de taludes


CHECKLIST

CADASTRAMENTO
Local: Rodovia:
km(PNV): km (existente): Sentido:
Coodenadas: UTM IDatum:
Ponto 1: N Ponto 2: N Ponto 3: N
E E E
Cadastramento anterior ( ) Sim- Data / / ( )Não
Em caso positivo: !Houve evolução do problema ( ) Sim ( )Não
Foram realizadas obras ( ) Sim ( )Não
Especificar:

Existe projeto de obra de estabilização ( ) Sim ( )Não


Existe necessidade de monitoramento ( ) Sim ( )Não

DADOS DO TALUDE
Altura (m): Volume aproximado de material (m3 ):
Extensão (m): Inclinação ( º ) :
Declividade (%):
Presença de água ) Sim ( )Não
1~ ) Áreas saturadas ( ) Surgências localizadas

CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICO - GEOTÉCNICA


Solo arenoso ( ) Rocha
Solo siltoso ( ) Solo mole
Solo argiloso

TIPO DE PROBLEMA
( )EROSAO ( ) ESCORREGAMENTO ( ) QUEDA DE BLOCOS
( ) em sulcos ( ) circular ( ) por rolamento
( ) ravinas ( ) em cunha ( ) por desplacamento
( ) voçoroca ( ) translacional

OUTROS PROBLEMAS
54

CHECKLIST

GRAVIDADE
( ) Nível 1 - Não oferece perigo para o tráfego ( ) Nível 3 - Em evolução, perigo a
curto/médio prazo para o tráfego

( ) Nível 2 - Pode oferecer perigo a longo ( ) Nível 4 - Em evolução, com


prazo para o tráfego perigo imediato para o tráfego

DIAGNÓSTICO DE PROBLEMAS (CAUSAS PROVÁVEIS)


( ) Deficiência de proteção superficial ( ) Descontinuidades do maciço

( ) Deficiência de sistema de drenagem ( ) Faltam informações suficientes


superficial ( canaletas/descida d'água)
( ) Desestabilização por desagregação Havendo necessidade de investigações
superficial complementares especificar:
( ) Inclinação do maciço

MEDIDAS E OBRAS
Medidas e serviços a serem implantados:

CROQUI (planta e elevação)

RELATÓRIO FOTOGRÁFICO

Foto 1 Foto 2 Foto 3

Fonte: Castro, Rodrigues e Bezerra (2015)


55

Figura 21 - Instrumento de vistoria geológica-geomorfológica para mo-


vimento de massa
CEPED Vistoria Técnica /Geológica-Geomorfológica para Movimento de Massa
~F~C
Nome do relatório:

Data: Equ ipe:


1. CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL
Município: Ba irro/Loca l.:
Área • URBANA • RURAL O C/ Edificações D S/ Edificações
O orupada

D Não Ocupada
N!? Edif icações Diret amente atingidas
Comprometi das
Endereço e/ ou Referências:

N!? de Edificações IDiret ament e Atingi dos


Comprometi do

COORDENADAS UTM DO EV ENTO E: N: Fot os:

E: N: Fot os:

E: N: Fot os:

2.TIPO DE EVENTO:
0 NATIJRAL 0 INCUZIDO . . D TALUDE DE ATERRO D DESVIO DE FLUXO
D TALUDE DE CORTE OUTROS:
D EXTRAÇÃO MINERAL
3.CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICAS
3.1 Litologia:
Orientação do Falhame nto: Dire ção : Grau de Mergulho: OUTROS :

3.2 Fraturamento:
3.4 Alterito: D Com estrutura rocha conservada D Sem estrutura rocha conservada
3.4.1 Textura doA lterito:
3.4.2 Prese nça de M at acões: • SIM • NÃO
4.CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICAS
4.1 Perfil da Encosta 4.2 Declividade
0 PLANICIE DE INUNDAÇÃO
D EIXO DE DRENAGEM
D ENCOSTA NATIJRAL ..... O côncavo
O convexo
D Convexo-Côncavo
0 <2°_ <2%
D 2a 5 _ 3,43a 8, 75%
D 5 a 10 _
D 10 a 18 _
D 18 a 30 _
8, 75 a 17, 6%
17, 6 a 30%
30 a 57, 7%
0 30 a 45 _ 54, 7 a 100%
O Retilínea
Amplitu de aproxim ada do Relevo (D esnível): 0 >45 >100%
4.3 Condições de Drenagem:
O Natural D Satisfatória O obstruída
D Construída D Insuficiente O Danificada
D Inexistente
56

5. EVIDÊNCIAS DE MOVIMENTAÇÃO
5.1 Local izaçã o do inicio do movim ento • Topo D Eixo de Drenagem
D 1/3 Superior
D Meia Vertente
D 1/3 Inferior
5.2 Tipo e Situação do Material
D smo: O com trincas D Sem trincas D Com degraus D Sem degraus -1 D Com blocos
O s em blocos
5.3 Tipologia do Movim e nto
D Queda de blocos D colapso D outros
D Fluxo de detritos
D Fluxo de lama
D Deslizamento -+I D Rotacional
D Planar
-+IDD Lento
Rápido
5.4 Superfíci e de Desli zam ento
D solo -Solo D Solo - Rocha D Rocha - Rocha D Não identificada:
5.5 Condições de Saturação do Te rreno
D Com surgêndas D Sem Surgêndas D Presença de PIPE

6. RECOM ENDAÇÕES

Obras: M onitoram ento:

D Estabilização de Encostas D Reconstrução de .... .. ........ , O Trincas


D Drenagem D Realocação de casas O surgêndas

D Contrução de pontes D OUTROS,''''''''' " º """"""""""' """"" " "'

D Construção de estradas

D Reconstrução de estradas

D Área Lberadas D Áreas Interditadas D Áreas Pardalmente Interditada


OBSERVAÇÕES:

Fonte: CEPED-SC (2011)

3.2 TABELA DE CARACTERÍSTICAS DAS CONTENÇÕES

Durante a elaboração do Manual estabeleceram-se princípios pa-


ra a associação das condições do talude com o tipo de solução ade-
quada. Os critérios utilizados, bem como seu peso na escolha, foram
selecionados e fundamentados na investigação e estudo dos materiais
citados na Seção 3.1. Esse material, combinado com a revisão bibli-
ográfica sobre cada tipo principal de contenção e com as diretrizes da
NBR:11682 (1991), serviu para obtenção dos principais parâmetros de
seleção.
Para maior entendimento e consciência durante o processo de
escolha, foi elaborada uma "Tabela de características gerais para estru-
turas de contenção" . Nessa Tabela são encontradas todas soluções apre-
sentadas como opção no manual, relacionando-as com seus respectivos
atributos limitantes. Essas características são: altura máxima, espaço
necessário para construção/modificação, solo limitante, limitação por
57

presença de estruturas na crista ou no pé do talude e limitações/particula-


ridades para cada caso.
Essas características foram obtidas através de observação de exem-
plos práticos e pesquisa nas seguintes bibliografias:

• Retaludamento: Geotecnia de contenções (MARANGON, 2009);


Manual de ocupação dos morros da região metropolitana do Re-
cife (ALHEIROS et al., 2003) e Obras de retaludamento (PESCA-
RINI, 2011).

• Estabilização de Blocos: Desastres Naturais: conhecer para


prevenir (TOMINAGA; SANTORO; AMARAL, 2009) e Notas de aula
- mecânica dos solos (HIGASHI, 2014)

• Muros de Gravidade: Empuxos de terra e muros gravidade


( GERSCOVICH, 2013); O manual de deslizamento - um guia para a
compreensão de deslizamentos (HIGHLAND; BOBROWSKY, 2008)
e Noções de Estabilidade de Taludes e Contenções (DYMINSKI,
2010)

• Geossintéticos: Recuperação da geometria original e uso de


solo local (ALEXANDRE; FRANÇA, 2005); Estabilização de Encos-
tas com Muros de Gravidade de Geocélula (NETO et al., 2008);
Geossintéticos para contenção (PLÁCIDO; KAMIJ, 2011) e Manual
Brasileiro de Geossintéticos (VERTEMATTI; AGUIAR, 2015)

• Terra armada: Terra armada: Sistema de contenção utiliza


paramento de placas pré-moldadas fixado a tiras metálicas enter-
radas no maciço compactado (CORSINI, 2012); Noções de Estabi-
lidade de Taludes e Contenções (DYMINSKI, 2010) e Empuxos de
terra e muros gravidade (GERSCOVICH, 2013)

• Solo Grampeado: Chumbadores Injetados : A Qualidade do


Solo Grampeado (AZZI; ZIRLIS, 2000); Recuperação da geometria
original e uso de solo local (ALEXANDRE; FRANÇA, 2005); Noções
de Estabilidade de Taludes e Contenções (DYMINSKI, 2010) e Em-
puxos de terra e muros gravidade (GERSCOVICH, 2013)

• Cortinas Atirantadas: Cortina atirantada: Conheça o sistema


de contenção com estrutura de concreto armado e tirantes (FER-
REIRA, 2011); Taludes Atirantados: Paramento em concreto ar-
mado é uma das soluções para contenção de encostas e redução
de riscos de deslizamentos (CORSINI, 2011) e Notas de aula -
mecânica dos solos (HIGASHI, 2014)
58

3.3 LISTA DE CONTENÇÕES VIÁVEIS

Ainda, para que os objetivos do corrente trabalho fossem al-


cançados, foi necessária a seleção de métodos de contenções viáveis em
obras de taludes rodoviários com enfoque em Santa Catarina.
Essa seleção foi feita por meio de revisão bibliográfica, atentando-
se principalmente a recorrência do uso e viabilidade do método cons-
trutivo na região de estudo. Além disso, foram priorizadas alternativas
com menor impacto ambiental possível, menor taxa de adição de ma-
terial artificial e mínimo material transportado praticável.

3.4 FLUXOGRAMA PARA ORIENTAÇAO DE ESCOLHA DE ES-


TRUTURA ADEQUADA

União dos resultados das etapas anteriores, foi criado um sistema


que relaciona as condições do talude com o tipo de estrutura adequado,
gerando economia de tempo na etapa de seleção.
Esse fluxograma foi elaborado com base nos critérios de escolha
citados pelos autores Gomes (sem data) e Bittencourt (sem data). São
eles:

• Natureza e características do solo arrimado

• Natureza e características do solo de fundação


• Altura da estrutura

• Condições de espaço

• Cargas influentes
• Mão de obra e equipamentos disponíveis

• Custos

Gomes (sem data) ainda cita a altura do nível da água como uma
característica a ser analisada. Além disso, Cichinelli (2005) ressalta a
tendência mundial de utilização de materiais naturais e do solo local,
empregando o mínimo de material artificial possível, diminuindo os
impactos e custos da obra.
Loturco (2014) também frisa que apesar de diferentes tipos de
estrutura serem capazes de estabilizar a encosta, o ideal é optar pela
mais simples que se encaixe dentro das necessidades específicas de cada
59

caso. O autor exemplifica com o caso da cortina atirantada, que pode


ser aplicada na grande maioria dos casos, porém, geralmente, seria uma
situação de superdimensionamento e um gasto desnecessário.
Com base nos argumentos apresentados, foram obtidos os critérios
aplicados em forma de Fluxograma no resultado.
O uso dessa ferramenta da-se através da relação dos parâmetros
identificados durante o preenchimento da Ficha com as características
de cada contenção, identificadas na Tabela. A partir desse preenchi-
mento é possível que o usuário tenha uma lista de estruturas com se-
gurança adequada à situação e faça a escolha que mais se ajusta ao
caso.

3.5 PROPOSTA DE MANUAL

A última etapa do processo envolve a elaboração da seção que


apresenta a junção dos três recursos exibidos nas etapas anteriores (Fi-
cha, Tabela e Fluxograma), bem como croquis de cada solução, guia de
utilização e demais informações necessárias ao uso. Essa seção envol-
verá a apresentação do material em formato de um Manual, que conta
com os seguintes capítulos:

1. Capa
2. Índice
3. Guia de uso
4. Ficha para análise e acompanhamento do talude
5. Tabela de características gerais para estruturas de contenção
6. Fluxograma
7. Croquis
8. Exemplo de uso
9. Considerações Finais
10. Referências
O propósito desse modelo de apresentação é unir princípios já
existentes sobre o assunto de maneira simples. Possibilitando dessa
forma seu uso em conjunto com o trabalho do engenheiro de campo
responsável, agilizando e facilitando o processo de escolha.
60
61

4 RESULTADOS E DISCUSSAO

Nesse capítulo será apresentado o resultado obtido através dos


métodos expostos anteriormente. Esse resultado é o "Manual emer-
gencial: Diretrizes para escolha de estrutura de contenção em taludes
rodoviários" que é demonstrado integralmente nas páginas a seguir.
Para fins de maior aproveitamento da ferramenta, tem-se uma
nova numeração de páginas, bem como nova lista de figuras, tabelas
e sumário. Dessa maneira é possível a utilização do Manual de modo
completamente independente do restante do trabalho.
Além disso, é apresentado um apêndice, que compreende uma
versão do fluxograma em tamanho A3 com a tabela de acompanha-
mento na mesma folha. Esse formato foi elaborado com a intenção
de ser levado a campo, facilitando sua utilização mesmo sob condições
desfavoráveis.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
ENGENHARIA CIVIL

Gabriela Torres

MANUAL EMERGENCIAL:
DIRETRIZES PARA ESCOLHA DE ESTRUTURA DE
CONTENÇÃO EM TALUDES RODOVIÁRIOS

Florianópolis

2017
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Fluxograma para escolha de estrutura . . . . . . . . . . . . . . . . . 15


Figura 2 Croqui de Detalhes de drenagem ....................... 19
Figura 3 Croqui do sistema de Retaludamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Figura 4 Croqui do sistema de Muros de pedra .................. 21
Figura 5 Croqui do sistema de Sacos de solo-cimento. . . . . . . . . . . . 22
Figura 6 Croqui do sistema de Gabiões ou Muro de pneus. . . . . . . 23
Figura 7 Croqui do sistema de Muro de Concreto............... 24
Figura 8 Croqui do sistema de Solo envelopado com Geossintéticos 25
Figura 9 Croqui do sistema de Solo reforçado com Terra armada 26
Figura 10 Croqui do sistema de Solo Grampeado. . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Figura 11 Croqui do sistema de Cortina atirantada. . . . . . . . . . . . . . . 28
Figura 12 Croqui do sistema de Estabilização de blocos.......... 29
Figura 13 Croqui do sistema de Contenção de asfalto ............. 30
Figura 14 Croqui do sistema de Preenchimento de trincas através
de sifonamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Figura 15 Croqui do sistema de Retificação do aterro combinado
com bermas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 16 Croqui da situação Exemplo ........................... 33
Figura 17 Croqui do uso do Fluxograma para o caso Exemplo. . . . 34
Figura 18 Tabela exemplo preenchida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Figura 19 Croqui de possível solução para o exemplo ............. 38
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Tabela de características gerais para cada tipo de con-


tenção........................................................... 14
Tabela 2 Tabela de acompanhamento do Fluxograma........... 18
SUMÁRIO

1 APRESENTAÇAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2 GUIA DO USUÁRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.1 FICHA PARA ANÁLISE E ACOMPANHAMENTO DO
TALUDE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.2 FLUXOGRAMA PARA ORIENTAÇÃO DE ESCOLHA
DE ESTRUTURA ADEQUADA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3 CROQUIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
3 FICHA PARA ANÁLISE DO TALUDE . . . . . . . . . 11
4 TABELA DE CARACTERÍSTICAS GERAIS . . . 13
5 FLUXOGRAMA PARA ORIENTAÇAO DE ES-
COLHA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
6 CROQUIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
7 EXEMPLO DE USO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
8 CONSI~ERAÇOES FINAIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
REFERENCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
APÊNDICE A - Fluxograma em formato A3 . . . . 45
7

1 APRESENTAÇAO

A expansão de maneira desordenada das regiões urbanas vem ge-


rando cada vez mais danos à estruturas e afetando a população. A mo-
vimentação de massa está entre os principais responsáveis no aumento
no número de acidentes, e encontra-se entre os desastres naturais mais
causadores de fatalidades (CEPED-SC, 2012).
Embora o deslizamento de encostas possa ser considerado um
processo natural em taludes não construídos, com as medidas mitigado-
ras corretas, é possível diminuir consideravelmente o número de aciden-
tes, pessoas afetadas e fatalidades. Além disso, em taludes construídos
mas ainda assim instáveis, é praticável o monitoramento e aplicação de
novas estruturas que sejam mais adequadas (HIGASHI, 2014).
Este Manual tem como principal objetivo apresentação de ori-
entações para a escolha de contenções adequadas em casos de taludes
rodoviários, diminuindo a velocidade e a incerteza durante o processo
de seleção. Sua aplicação é indicada para a eleição da estrutura apro-
priada, tanto para taludes que apresentem instabilidade quanto para
os que apesar de estáveis, estejam sob monitoramento e evidenciem
características que justificam a elaboração de um novo projeto.
Apesar de existirem inúmeras literaturas abordando o tema es-
truturas de contenção e suas aplicações, poucas relacionam condições
variadas do talude com o método de contenção mais indicado ou de-
monstram com clareza o processo de definição. Além disso, estruturas
existentes começam a apresentar problemas decorrentes de concepções
tradicionalistas e decisões pautadas majoritariamente pelo custo (CI-
CHINELLI, 2005). Ainda, a necessidade de reparo no menor tempo
possível pode acarretar, muitas vezes, em aplicação de medidas inade-
quadas devidas à falta de orientação.
8
9

2 GUIA DO USUÁRIO

Primeiramente, ressalta-se que essa ferramenta é um guia flexível


que tem como intenção simplificar a tarefa do engenheiro de escolher
entre os inúmeros tipos de contenção existentes. Portanto, deverá ser
utilizado por profissionais capacitados e que analisem de maneira crítica
a viabilidade e lógica dos resultados obtidos. Reforça-se que esses re-
sultados devem ser considerados como ajuda, e não produto final.

2.1 FICHA PARA ANÁLISE E ACOMPANHAMENTO DO TALUDE

O preenchimento da ficha deve ser completo, com dados contendo


a maior precisão executável, pois dessa forma é possível um controle
bastante detalhado da situação do talude e seus arredores. Além disso,
a partir de muitas características analisadas na Ficha que é realizado o
dimensionamento da contenção escolhida.
Uma particularidade da ficha é o método de marcação. O sistema
consiste em:

• Perguntas que têm opções de respostas entre parênteses " ( )",


devem ser respondidas com somente uma opção

• Perguntas que têm opções de respostas entre chaves " [ ]" , podem
ser respondidas com mais de uma resposta

Ademais, o preenchimento dá-se de maneira habitual. Existe


um espaço para observações que deverá ser preenchido com qualquer
aspecto que não seja contemplado pelas outras seções da Ficha. Ainda,
há uma seção para desenho de croqui e/ou imagens existentes, que
também servirão para controle e dimensionamento da estrutura.

2.2 FLUXOGRAMA PARA ORIENTAÇÃO DE ESCOLHA DE ES-


TRUTURA ADEQUADA

O fluxograma deve ser utilizado em conjunto com a "Ficha para


acompanhamento do Fluxograma". Quando o usuário deparar-se com
um quadro que tem como ação "Eliminar solução x", a" solução x" deverá
ser marcada na Ficha, eliminando-a como possível resposta. Ao final
do fluxograma o usuário terá na ficha uma marcação em todas opções
10

inviáveis de contenção, podendo escolher dentre as não eliminadas da


maneira que for mais conveniente ao caso estudado. Na seção 7 será
demonstrado de maneira prática a aplicação da ferramenta.
Ainda, o fluxograma apresenta alguns quadros destacados em
vermelho. Esses quadros representam ações que devem ser tomadas o
mais rápido possível, pois referem-se à situação onde há perigo iminente
de novo desabamento ou situações que colocam em risco os usuários da
rodovia.

2.3 CROQUIS

Após o uso do Fluxograma e preenchimento da Ficha de acom-


panhamento, tem-se uma lista de opções praticáveis para a situação.
A partir desse ponto, cabe ao engenheiro responsável a decisão de qual
método é mais indicado para a situação analisada. Para essa decisão,
utilizam-se critérios como: custo, disponibilidade de mão-de-obra e
equipamento, disponibilidade de materiais, velocidade de construção,
etc.
Para auxiliar essa decisão, o Manual apresenta croquis que indi-
cam as partes básicas constituintes de cada contenção.
Ressalta-se que esses croquis não são próprios para aplicação em
campo e nem devem ser utilizados para dimensionamento. Sua função
é unicamente ajudar o profissional a ter em mente os componentes
essenciais de cada método de contenção.
11

3 FICHA PARA ANÁLISE DO TALUDE

FICHA PARA ANÁLISE DA~ CONDIÇÕES DO TALUDE

Data: Usuário:
1. Dados gerais
Local: Rodovia: Km:
Ponto inicial: Ponto final:
N N
E E
Houve movimentação de massa: () Sim ( ) Não
Há estrutura de contenção : ( ) Sim ( ) Não
Qual _ __

2. Características fí sicas do talude


Altura (m): Extensão (m):
Declividade(%): Volume (m3):
Tipo de talude: ( ) Natural ( ) De aterro
( ) De corte ( ) Outro_ __
Presença de água: ( ) Sim ( ) Surgências loca lizadas
( ) Não ( ) Saturado
Área de ocupação:
[ ] Com ocupação na crista [ ] Com ocupação no meio
[ ] Com ocupação no pé [ ] Sem ocupação
Talude de: ( ) Corte ( ) Aterro
Perifil da enconsta: ( ) Côncavo ( ) Convexo
( ) Reti Iíneo ( ) Convexo-Côncavo
Espaço entre pé do talude e inicio da rodovia (m):

3 .Caraterísticas geomorfológicas do talude


Solo do talude: [ ] Solo argiloso [ ] Rocha
[ ] Solo arenoso [ ] Outro_ _ __
[ ] Solo siltoso

Rigidez do solo: ( ) Compacta/Rija ( ) Fofa/Mole


( ) Média
Estrutura de rocha: [ ] Conservada [ ] Sem estrutura de rocha
[ ] Aparente

No caso de estrutura rochosa aparente; apresenta instabilidade:


( ) Sim ( ) Não
12

4 . Análise da movimentação
Tipo de movimento:
] Queda ou Tombamento ] Escorregamento circular
] Escoamento ] Expansão lateral
] Escorregamento translacional ] Erosão
] Escorregamento em cunha [ ]Outro _ __
Velocidade do movimento:
( ) Mui to rápi dos a Extremamente rápidos
( ) Moderamente rápidos a Rápidos
( ) Extremamente lentos a Lentos
Local do início do ( ) Crista ( ) Meio ( ) Pé
movimento: ( ) ½ superior ( ) ½ infe rior
Natureza do deslizamento:
( ) Solo-so lo ( ) So lo- rocha ( ) Rocba-roc ba
( )Outro_ __
Estrutura de drenagem no pé do talude:
[ ] Satisfatória [ ] l nexistente
[ ] Obstruída [ ] Danificada
Presença de trincas no pavimento: ( ) Sim ( ) Não
Grau de risco:
( ) 1- Sem perigo para tráfego ( ) 3- Em evolução, perigo a
curto/médio prazo
( ) 2- Oferece perigo ao tráfego a longo ( ) 4- Em evo lução , perigo
prazo imediato
Provável causa:
] Falta de proteção superfic ial [ ] Deficiência na drenagem
] Incl inação acentuada do maciço [ ] Outro: _ _ _ _ __
] Descalçamento por erosão
Observações:

Imagens / Croqui:
13

4 TABELA DE CARACTERÍSTICAS GERAIS

Nesse capítulo é apresentada uma tabela resumo com as princi-


pais características das estruturas oferecidas como opção. Nela, pode-se
visualizar de maneira clara os critérios de escolha, limitações e parti-
cularidades utilizados no fluxograma.
Essa tabela pode ser considerada um recurso adicional após o
uso do fluxograma, como ferramenta de auxílio na escolha do método.
1--'
~
Tabela 1 - Tabela de características gerais para cada tipo de contenção
Li rritalo por
, ,
Estrull.ras Vi avas Alti.ra ITBX
. .
Solo li mta1e
Esp:r;ona:essáiop:ra
constru;ã:>ftrodificaçã)
Lirritalopor~de ~'!8
estniJ..ras ro ~ do talude e;truura; na 01sta do
Lirri~a1icuaidédes

talude
-Grcnle vol urre de tara a ser rrnvi ITB"tlrl)
Raahm-re1D - - - - Sim ..Prea,ça de estniJ..ras que rã> IX)clemser
re:irm, ou pre;a,ça de nua naiva
Solos de baixa
M uro de pa:Jra Até4m 4()0/oda altl.ra da emira Slm -Na:eatajazida de pa:Jra; nas púxirridédes
resi!m'da
Muro de Sem de -lrdic.acb irefae,cialrreie p:ra ramde
!:olo-drre1D
AtéSm - 50%alti.ra do muro Sim
nlJÍl..llã BTl rel:al udarre1D OU pe::r..elê5 nlJÍl..lrai

MlJ"O de Pneus AtéSm - 50%altl.ra do muro Sim -Ca&l pai Liçã) vi SLB e é (XlUCO LEUal
Muro de Coruem Solos de baixa - Estn.tura mito pesem
Até8m 4()0/oda alll.lra do muro Slm
Cidópco resi!m'da -Pode ser aT1"Blo ou rã>
-E,dJ e , a , e te tle<Íveis, irdcados p:ra !:dos
50%da alll.lra do muro ou
Gal:Jiõe; Até8m - rrais
Sim com alta deformtilida::le
- Se int:gra à rm.reza como IB1JX>
Solo rá'orçajo com -Grcnle vol urre de tara a ser rrnvi ITB"tlrl) e
gam nlê:icos AtélSm - Qa.pamitoe;µiço Sim
co~
Solos éDdos ou
-Grcnle vol urre de tara a ser rrnvi ITB"tlrl) e
Tera él1Tlrl:I êté20m Solos com IX)UCO Qa.pa mito e;µiço Sim
con,:mado
abito
-Na:eata de um!:olo coma:le-ên::ia a:la:iua:la
Solos ag lcms ou
Solo gra-rpEH!o - Solos saTI abito
na regã:> orde sera> a-mrados os grcrrpos
- Método caro
- Método rrais caro ê4:Jell:I t.:m
-Na:eata de um!:olo com resistin::ia
Cortina ai rcrita:la
crl:Q.ma na regã:> orde sera> a-mrados os
tiraiEs
-Prea,ça de estniJ..ras ou fauna e flora que
possa ser cfaada por pai uiçãJ s:>rora,
Desronte de
rreacõe; Sim Sim vi trações e l'.X)E!ira ou ewa1uas rolarre1Ds
ca.isa::bs peli:E expO!ÍleS.
- Irtenp;ãJ do trâ'E!Jl
- No Cél!D de ai ra,talo, ne::esita sul:Brao
Na:eata de e;µiço
Estal:i I iza;ã:> de re;islB"te.
rreacõe;
proporcional ao tmrto
-Bastne caa, irdica:la s:>rreie p:ra cam
do contrctorte
orde o demrte é inviável.
5 FLUXOGRAMA PARA ORIENTAÇAO DE ESCOLHA

Figura 1 - Fluxograma para escolha de estrutura

>-----Satisfatória ~ \-----Não ~ Não

Insuficiente/dani- Sim Sim


1
ficada/obstruída

A Retificar
Preencher
Não+! Não através de
drenagem sifonamento
'y Não
1
Sim
1
1
Sim Sim Após secagem ~plicar solução
Após secagem ~licar 1
da área da área 1 i,~n 1? li ou 12

Aplicar lonas Aplicar lonas


Corte~ até fim da Corte até fim da
chuva chuva

Aterro

Aplicar contenção de
asfalto até fim da
chuva
Após secagem
da área
Aterro

Aplicar contenção de
asfalto até fim da
chuva
r Após secagem
da área
1 Reaterro
combinado
com Bermas
1--'
01
1--'
cn

Sim Não Não Não

Sim 1 Sim 1 Sim


Não 1 Sim
Estudar
WI
Eliminar
solução 1 1
Eliminar
1 !soluções 1, 7
e8
possibilidade de
aplicação da
solução 3
~I Eliminar
solução 2
Eliminar
soluções 3 e 4 I Não

Não Não Não


Não Não

Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Eliminar Eliminar Eliminar Eliminar Eliminar Eliminar


soluções 2 e 5 solução 8 solução 9 solução 8 solução 7 soluções 5 e 6

1 Limitação por conta de estruturas que possam ser atingidas por eventuais rolamentos provenientes das explosões, afetadas pelas
vibrações e/ou poluição sonora. Ex: vegetação nativa, estruturas próximas ao local do desmonte, rede de distribuição elétrica, etc.
Não Não Não

Sim Sim Sim Sim

Eliminar Eliminar
soluções Eliminar ~minar
soluções ção 1
2,3,4,5 e 6 soluções 7 e 8
1,2,3,4,5,6,7,8 e 11

Não

Selecionar contenção Analisar lista de


mais adequada à contenções não
situação eliminadas

2 Limitação por conta de estruturas que não podem ser modificadas ou desocupadas para possibilitar eventuais movimentações
provenientes da alteração da geometria da encosta, ou que não possam ser afetadas por vibrações e/ou poluição sonora. Ex: vegetação
1--'
nativa, estruturas em locais a serem modificados, rede de distribuição elétrica, rede de abastecimento de água, etc. --:i
18

Tabela 2 - Tabela de acompanhamento do Fluxograma


ID Estrutura Correspondente Eliminada
1 Retaludamento
2 Muro de pedra
3 Muro de saco de solo-cimento
4 Muro de Pneus
5 Muro de Concreto Ciclópico
6 Gabiões
7 Solo reforçado com geossintéticos
8 Terra armada
9 Solo grampeado
10 Cortina atirantada
11 Desmonte de matacões
12 Estabilização de matacões
19

6 CROQUIS

Nessa seção são apresentados os croquis de cada tipo de con-


tenção com exceção de desmonte de matacões, por tratar-se de um
procedimento dinâmico. Ainda, são apresentados na Figura 2 dois de-
talhes relevantes para diversas estruturas. Esses detalhes são a parte
do barbacã que fica interna à estrutura e a camada drenante que é
aplicada atrás de alguns tipos de contenção representados.

Figura 2 - Croqui de Detalhes de drenagem


DETALHE CAMADAS
DRENANTES

....
'
ossi ntético • ,

Estrutura de \
contenção

\
Brita

Areia

Snln I
I
/

DETALHE PARTE INTERNA


BARBACÃ

.,, . -- . - ..... ....


/ '
I • Tubo de PVC 50 ou 75mm
-------------------------------, ' \
I \

\ I
\ I

' Geossintético
/

' .......... - . --
tv
o
Figura 3 - Croqui do sistema de Retaludamento

MÍNIMO 3m Pista
1++ Secundária
• 1
Gramíneas 1 .
1

Sugestão de inclinação MÁXIM08m

Drenagem- Canaleta Revestida

Rodovia
_Dreno horizantal profundo
(Caso haja surgência de
água no pé do talude)

Rodovia
Figura 4 - Croqui do sistema de Muros de pedra

Reaterro compactado
em corte dentado
-·-·- ·- ·-·-·-·- ·- ·-.
' '
Drenagem geral ,
,, '
.
.

\ '
Barbacãs~ __ \ ' '
-- ---"'---·~1
\
' '
' '
Rodo\Aa \ Ali: ,,1 '
' , .__?ug~~o_c1e__!~lir:!iç~o_
'\. Lastro de brita
- · - · - · - · - · - · - · ,_, , , ,. - - }~ \ \ ' -,.~~~-9~-~~-~-n~_
\
·, . Muro de p~dra_

tv
1--'
tv
O sistema apresentado na Figura 5 é bastante indicado para casos de retaludamento rompido, como ação tv

emergencial.

Figura 5 - Croqui do sistema de Sacos de solo-cimento

Massa de retaludamento movimentado


;-·-·- · - · - · - · - · - · - · - · - · - · - · - · - · - · -
/
/
/
/

Sacos de solo-cimento

--
- -- -- -- ---- --
,_GJnaleta_
\
\
\
N . i'
BarbacaL_.,,·
-·- - - - - - -✓-------
Rodovia
Para as contenções Gabiões e Muro de Pneus (Figura 6) será utilizado o mesmo croqui, por apresentarem
muitas semelhanças.

Figura 6 - Croqui do sistema de Gabiões ou Muro de pneus

Edificações da
crista do talude
- ------ -----,
\
Drenagem superficial
✓- - · - · - · - · - · - · - · - · -
/

Proteção
___ _..-:,_ da face do talude
--- /
/ /

Canaleta
.,,,.-·- ·-·- ·-
/
., , Gabião ou
Geossintético drenante ae
'/ '/ ·muro -pneus
- ·- ·- ·- ·- ·- ·- ·- ·---....
Lastro de brita
--- - /

Rodovia
·- ·- ·

tv
C;;)
tv
,j::..
Figura 7 - Croqui do sistema de Muro de Concreto

Canaletas
- . - . - . - . -\'". .
- .
......... .........
Rodovia
Barbacãs
·-·- ·- ·-·,. '\
.
- - - - -
\ \
Bermas
\ \ .,.,,---------
\ .,.,, .,.,,

EB ,_ Dreno1Horizontal Profundo
(Casó1)aJà surgériãa de água
,,,,,------1'- '
~
--- lílo pé do talude)
Géossi ntético drenante
' ·- ·- ·- ·- ·- ·- ·- ·- ·- ·-

' ' .\ \ .
'· ~--·-·-·-·-
· Fundações ·-
Figura 8 - Croqui do sistema de Solo envelopado com Geossintéticos

Gramíneas Camada drenante


, ·- ·-·-·-·-·-·-
\
/ Canaletas
\
\
/ - ·- ·- ·-,
/ I Face de concreto projetado
\ ,,.-- · - · - · - · - · - · - · - · - · - · - · - ·
/ I /
\ /

\Jr-------..;J. /
Tela de proteção

Camadas de
- -Rodovia
-- ·- ·- ·- ·- ·- -

solo compactado / /- - ,,,, ,,,,


envelopados por // · .,,,, · Gramíneas
,,,- · - · - · - · - · -
geossiténtico //_,,, . ✓ /

- · - · - · - · - · - · - · _Jt, ·

tv
01
tv
cn
Figura 9 - Croqui do sistema de Solo reforçado com Terra armada

Gramíneas
\
Canaletas
\ - ·- ·- ·- · ,
\
\
I Face de concreto pré-fabricada
.....-- ·- ·- ·- ·- ·- ·- ·-·-·- ·- ·- ·-·
/
\

i
I /
. /
Camadas de .
I
/
. ,,,,, Rodovia
solo compactado / / . / ./
intercalado com tiras / / . ✓ · Gramíneas
,,,-·-·-·-·-·-
metálicas /✓; . ✓ /

- · - · - · - · - · - · - · _Jf, '
Figura 10 - Croqui do sistema de Solo Grampeado

Edificação na crista do talude


- · - · - · - · - · - · - · - · - · - · -1
\ Geodreno
,·- ·-·- ·- ·-
/
. /
_, 1 Face de concreto
I . ....-- · - · - ·- · - · - · - · - ·
..,......,.-~--~--------,+,,· 1 / ,,,,
/
.-Barbacãs
·- ·- ·- ·-
/

J.Etl~ _çl~.J)r:Q~Ǫ-_Q _ç9.m @.~ .verde


i / - Rodovia
D~no_t1oriw.11.té::!Lprofund.o, i _1 _/ /
(Caso haja surgencia de / / // _,,,- Gramíneas
água no pé do talude) // / _ .,,,. ✓ .-·-·- ·-·- ·-
l i . . ./ /
. .. / /
f✓ - 1
- -Grampos
·- - - - - ·-'
· · · · ·

tv
--:i
tv
00
Figura 11 - Croqui do sistema de Cortina atirantada

Edificações da
crista do talude Canaleta 1 _____ Camada drenante
-·-·- ·-·-·-·, , ·- ·- ·- ·- 1 (Geossintético+areia+brita)
\ \ /
\ /
\ I

Barbacãs
.,,.,.- · - · - · - · -
/
/

Gramínea
/
. ..-, ·- ·-·- ·- ·
/ i
I li • -
- • &..

- - •í /
- ·-·-
~Drenagem
,;~
"-,-~
::::----.._/
'~~~~~~~~~~~~~~
Rodovia
. -1L. ../ _ . -
- ·- ·- · - ·
· - · - . - . -;_•
Figura 12 - Croqui do sistema de Estabilização de blocos

/-Tela
·- ·-de·-alta resistência comjateamento de concreto
·- ·-·- ·- ·- ·-·- ·-·- ·- ·-·- ·- ·- ·-·- ·-
/
/ Atirantamento dos blocos
/ de rocha instáveis
-- ---- ·
/
-.---
_/
. ·-·- ·-·- ·-·- ·- ·- ·- ·-
/
/

Estn.Jb..lra para Limitações ambientais


_cotenção .do corte /
., ·-·- ·- -·- ·-·- ·
.
\
/
\
\

Rodovia

tv
e.o
C;:)
A solução apresentada na Figura 13 é um recurso emergencial que deve ser aplicado ainda durante chuvas o
para ajudar na estabilização da rodovia. Após o fim da precipitação, deve-se fazer retificação do talude combinado
com aplicação de bermas.

Figura 13 - Croqui do sistema de Contenção de asfalto

..Cobem.u:a .llegetal..aiadapreseare...
. .--- ·""

.· -C~n~~ã_9~rti_!ic.!_al_ ._ Ô~ l) Ô
(J, Ô
\

\ Precipitação intensa _
Água desviada Contenção de asfalto
_.,,,--- · - · - -
,- ·- ·- ·-
' ·, Potencial superfície
de ruptura
r - ·- ·- - ·- ·- ·- -

__ Jri.DCÊS__ __..,. '


~
~
' ·, I
Talude artificial ' ·
(~ rro corrpactado) ,
·,
--
I
-

·-
'·, Conten!;_ão de.asfalto SEÇÃO
O método representado pela Figura 14 deve ser executado somente quando a área estiver seca e em taludes
de corte.

Figura 14 - Croqui do sistema de Preenchimento de trincas através de sifonamento

Mistura de Água +Cal (Sifonamento): 20kg de cal para cada 1801 de água

Mistura Solo +Cal (Compactada): 90%de volume de solo


10% de volume de Cal

MisbJ@ _de -5o.lo:tCaL

Fenda/írinca
. ~,
_Potencial su~erfície de rupbJa _____ _
.~

-·-
·, •:: •,.-::----..
/
./
./
-- -
' ·">' ·- ·- ·- . _
/

Mistura_de Ág_ua+Cal/ c..:i


1--'
C;:)
A técnica apresentada na Figura 15 deve ser utilizada após o fim da chuva, em taludes de aterro que 1:-,:)

apresentem instabilidade.

Figura 15 - Croqui do sistema de Retificação do aterro combinado com bermas

Talude
natural

ManulEnção da
Drenagem antiga
✓- · - - - · - · - · - - · - · - -

,,, ,,, Recompactação do malErial


/
Rodovia /
Talude artificial
alErro compactado)

J3~n1];1~ .... - 1 '· '


' .· . . . .. _
../
PolEncial-suRerfície de ·-
./ · - ·· - ·· - ·· - ·

- - -rupfüra ~~
--·- ·- -·--·-- - - - - -
33

7 EXEMPLO DE USO

Para exemplificar o uso do Manual, em especial do Fluxograma,


será apresentado um exemplo. A situação estudada é apresentada na
Figura 16.

Figura 16 - Croqui da situação Exemplo


Gramíneas e árvores de
pequeno porte

Blocos de rocha instáveis

./
/

Ruptura
/ ·- - ·- ·- Limitações ambientais
/ ,,, ·- ·- ·- ·- ·- ·- ·-·
_/ \
/
\
- ·- ·- ·- /
\

35
· { __ ____ ____ ___ ,___....,.R_o_d_ov..ia.-.....

1 1
1~j Solo Compacto
2m

Nota-se que na situação apresentada existe a presença de ma-


tacões instáveis e uma porção de massa que dá sinais de instabilidade,
apesar de ainda não movimentada. Além disso, é possível observar
que existem estruturas abaixo do talude, o que é uma das possíveis
condições classificadas como "Limitação ambiental 1 " no Fluxograma.
Pela Ficha tratar-se de uma ferramenta de uso comum e já exis-
tente, sua utilização não será demonstrada nessa seção, porém enfatiza-
se que a primeira ação a ser tomada é seu preenchimento, tornando
possível o controle do talude e seus arredores.
A Figura 17 demonstra como foi utilizado o Fluxograma no caso
estudado, indicando a ação emergencial aplicada e o preenchimento da
tabela, apresentada na Figura 18.
C;:)
,j::..

Figura 17 - Croqui do uso do Fluxograma para o caso Exemplo

>-----:Satisfatória •ie: '\-----Não -~ Não

Insuficiente/dani- Sim Sim


ficada/obstruída

A Retificar
Preencher
Não-.i através de
drenagem sifonamento
y Não
1
Sim
1
1 Sim
1
Sim Após secagem rplicar solução
Após secagem ~licar 1
da área 1 ,din 1? 11 ou 12
da área

Aplicar lonas Aplicar lonas


Corte até fim da
Corte~ até fim da
chuva chuva

Aterro Aterro

Aplicar contenção de Aplicar contenção de ,


Após secagem asfalto até fim da ~ Apos secagem
asfalto até fim da
da área chuva da área
chuva
Não Não

Sim Sim 1 Sim


Não 1 Sim 1

Eliminar
solução 1 1
I I
. 1.

Eliminar 1
soluções 1, 7
e8
1

1
i
Estudar
1 possibilidade de
aplicação da
solução 3
~I Eliminar
solução 2
wI Eliminar
soluções 3 e 4
I Não

Sim Sim Sim Sim Sim Sim

Eliminar Eliminar Eliminar Eliminar Eliminar Eliminar


soluções 2 e 5 solução 8 solução 9 solução 8 solução 7 soluções 5 e 6

c..:i
01
C;:)
cn

Não Não Não


Sim Sim Sim 1 Sim

Eliminar
soluções Eliminar 1 Eliminar
uções
.;iminar
2,3,4,5 e 6 soluções 7 e 8 1 solução l
, , , ,5,6,7,8e111

Não

Selecionar contenção Analisar lista de


mais adequada à contenções não
situação eliminadas
37

Figura 18 - Tabela exemplo preenchida

ID Estrutura Correspondente Eliminada


1 Retaludamento X
2 Muro de pedra
3 Muro de saco de solo-cimento
4 Muro de Pneus
5 Muro de Concreto Ciclópico
6 Gabiões
7 Solo reforçado com geossintéticos X
8 Te1Ta armada X
9 Solo grampeado
10 Cortina atirantada
11 D esmonte de matacões
12 E tabil ização de matacõe ✓

Após a utilização do Fluxograma e preenchimento adequado da


Tabela, é possível fazer a escolha da estrutura adequada. Enfatiza-se
que essa definição cabe ao engenheiro responsável, e a disposição da
tabela serve apenas como sugestão em ordem de complexidade.
No caso estudado considerou-se que havia fácil acesso à pedras,
equipamentos e mão-de-obra necessários à utilização do método "muro
de pedra". Logo, por ser uma das soluções mais simples dentre as
possíveis, essa foi a escolhida.
Na figura 19 é apresentado o resultado da análise, um croqui
da solução escolhida, combinada com a ação emergencial indicada pelo
Fluxograma.
38

Figura 19 - Croqui de possível solução para o exemplo


Tela de alta resistência
/ -·-·- ·-·-·-·-·-·-·-
_/
/ Atirantamento dos blocos
de rocha instáveis
.-....-- ·- ·- ·- ·- ·- ·- ·- ·- ·- ·-
-_,,.-
· -✓ ·

. Muro de pedra /
·Limitações
,
.
ambientais
- ·
I _/ \
/
\

Reaterro compactado / Rodovia


em corte dentado . /
39

8 CONSIDERAÇOES FINAIS

É alarmante o aumento do número de problemas decorrentes


de movimentos de massa no Brasil. Esse aumento, combinado com o
crescimento não planejado e inadequado de encostas, causará cada vez
mais danos ao bem estar geral da população, se as medidas atenuantes
apropriadas não forem aplicadas.
Apesar de sua simplicidade, acredita-se que esse Manual é capaz
de garantir segurança e agilidade durante o processo de estabilização
desses taludes. Diminuindo assim, o número de pessoas afetadas por
esse tipo de desastre natural.
Finalmente, salienta-se a existência da função de monitoramento
desse Manual, através da Ficha para análise e acompanhamento do
talude. Por meio desse controle, que deve ser associado à aplicação de
estruturas de contenção adequadas, é possível garantir maior proteção
das encostas rodoviários. Esse recurso ainda possibilita estudos futuros
e melhor entendimento do funcionamento das encostas rodoviárias de
cada região.
40
41

REFERÊNCIAS

ABNT, A. B. d. N. T. NBR 11682 - Estabilidade de taludes. p. 39,


1991.
CEPED-SC. Atlas brasileiro de desestras naturais 1991 - 2010.
[s.n.], 2012. 94 p. ISBN 9788564695085. Disponível em:
<http://150.162.127.14:8080/atlas/Brasil Rev.pdf>.
CICHINELLI, G. Debates Técnicos - Contenções. Construção
Mercado, n. 47, 2005.

HIGASHI, R. A. d. R. Notas de aula - mecânica dos solos. 2014.


42
APÊNDICE A - Fluxograma em formato A3
Satisfatória Não bota-fora Sim· NãO' Não
próximo

Sim
Insuficiente/dani- Sim Sim
Sim
fic ada/obstruída

A
Estudar
Eliminar
possibilidade de Elim inar soluções 3 e 4
aplicação da solução 2
Retificar Nã, solução 3
Não
1 Não
1 sifof ento 1
Sim

Sim
Sim '
Após secagem Após secagem Aplicar
da área da área solução 12

Aplicar lonas
Corte até fim da
chuva

Aterro Aterro

Aplicar contenção de Aplicar contenção de ~ . , Reaterro


Após secagem asfalto até fim da Apos s~cagem combinado com
asfalto até fim da da área chuva da area Bermas
chuva

Não Não Não Não Não Não


Não

Sim Sim Sim Sim Sim


Sim Sim
Eliminar Eliminar Eliminar Eliminar Eliminar
Eliminar soluções 2 e 5 solução 8 solução 9 solução 8 soluções 5 e 6
soluções Eliminar
soluções 7 e 8 soluções
1,2,3,4,5,6,7,8 e li
2,3,4,5 e 6

Ideltificaçã:) ro E!D1.Jt!.ra Correponclate El inirm


FluxOQrcne
1 Re:aluclaTe-to
2 Muode[]ffr.,

Analisar lista de
contenções não
eliminadas
1 )111
Selecionar contenção
mais ~dequada à
situação
1 )1
0 Fim
3
4
Muo de soco de 9Jlo-
dmrto
Muo de Pne.JS
5
Muo de Corcren Cid épico
6 Gaiõe;
Solo reforça:Jo coo,
7
'1A1S.<irtâicos
8 Terraarnma
9 Solo QraTPE0(10
10 Cortina ài ratada
11 Derrontederraa:ões
12 Eszjjli~ de rraa:ões

1Limitação por conta de estruturas que possam ser atingidas por eventuais rolamentos provenientes das explosões, afetadas pelas vibrações e/ou poluição sonora. Ex: vegetação nativa, estruturas próximas ao local do desmonte, rede de distribuição elétrica, etc.
2 Limitação por conta de estruturas que não podem ser modificadas ou desocupadas para possibilitar eventuais movimentações provenientes da alteração da geometria da encosta, ou que não possam ser afetadas por vibrações e/ou poluição
sonora.
Ex: vegetação nativa, estruturas em locais a serem modificados, rede de distribuição elétrica, rede de abastecimento de água, etc.ede de distribuição elétrica, etc.
Croqui situação atual:

Croqui com possível contenção:


62
63

5 CONCLUSOES

O presente trabalho apresentou como propósito a criação de um


Manual que fosse capaz de possibilitar maior segurança e menor tempo
durante o processo de escolha de estrutura de contenção para taludes
rodoviários. Esse objetivo é justificado pelos números apresentados
durante a discussão, que demonstram grande aumento na quantidade
de movimentações de massa no país no decorrer das últimas décadas e
o alarmante número de pessoas afetadas por esse fato.
Para fundamentação teórica, foi feita extensa pesquisa sobre os
assuntos estabilidade e movimentação de encostas, movimentação de
massa em taludes rodoviários e métodos de contenção. Por falta de
dados sobre a região de Santa Catarina, a revisão bibliográfica sobre
principais tipos de movimento de massa em taludes rodoviários baseou-
se em dados do estado de São Paulo.
Ainda, constatou-se que há uma carência de literaturas que in-
diquem procedimentos para relacionar as condições do talude com os
tipos existentes de estruturas. Apesar disso, existem diversos materi-
ais que descrevem de maneira detalhada as aplicações e execução de
variados métodos de contenção individualmente.
Foi identificada também, uma grande divergência entre as ori-
entações prescritas pela bibliografia e a maneira como é realizada a
aplicação das estruturas em campo. Esse fato é bastante limitante
para a elaboração de um manual prático uma vez que a definição de
fatores de escolha utilizados devem ser realistas e ainda assim dentro
dos padrões de segurança definidos pelas normas e pelas principais re-
ferências.
Com isso, apesar de sua simplicidade e limitações, pode-se afir-
mar que o resultado desse trabalho atingiu seu objetivo, unindo em
um local informações e diretrizes para escolha e dimensionamento de
estruturas de contenção para taludes rodoviários. Ademais são apre-
sentadas opções emergenciais para situações onde ainda há presença de
chuva e a encosta já demonstra sinais de instabilidade. Esse tipo de
ação pode prevenir possíveis deslizamentos e impedir prováveis danos
causados por eles.
Ainda, é possível certificar-se da eficiência do Manual por meio
do exemplo de uso, apresentado em seu Capítulo 7. O modelo foi obtido
através de um estudo de caso real, e com a análise através da ferramenta
foi possível constatar que dentre as soluções obtidas como opção, estava
a que foi indicada como melhor proposta na situação estudada.
64

Além da ferramenta de escolha e dimensionamento, também foi


possível a inclusão de um recurso para controle das condições do talude
através da Ficha. Esse método, assim como o instrumento de escolha,
é capaz de diminuir as chances de movimentação de taludes bem como
de amenizar os efeitos causados por eles.

5.1 TRABALHOS FUTUROS

Durante a pesquisa e elaboração do resultado surgiram alguns


tópicos que podem aprimorar o Manual e seu uso. Para pesquisas
posteriores seguem os seguintes tópicos:

• Apresentar uma gama maior de métodos de contenção e critérios


de escolha.

• Inclusão de tabelas com materiais e quantidades dos mesmo por


m 3 de contenção, para auxiliar no processo de escolha dentre as
possíveis estruturas.

• Realizar estudo relacionando parâmetros do solo com a escolha


da estrutura.

• Realizar estudo afim de testar a eficiência do Manual, através


de comparação da competência entre escolhas feitas por meio de
outros métodos e as realizadas com o auxilio da ferramenta.

• Desenvolver uma aplicação, adaptável para campo ou laboratório,


que a partir de dados de entrada retorne a estrutura mais ade-
quada a ser aplicada assim como um pré-dimensionamento.
65

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