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Disponibilização: Sunshine

Tradução: Stra Callahan

Revisão Inicial: Cayla Black

Revisão Final: Mandy

Formatação: Azalea
— Quero te ensinar todas as coisas que o teu corpo e o meu podem fazer.

Grayson

Não consigo tirar os olhos da nova estagiária do estúdio de cinema. Skye tem
apenas vinte anos. Uma ratinha tímida se escondendo atrás dos óculos grandes, o
seu rabo de cavalo saltando enquanto ela se move no set. Derrubando adereços.
Perturbando a minha grande cena, quando o seu telefone toca. Quando ela está por
perto, as coisas dão errado.

Por que não paro de pensar nela? Talvez porque ao contrário da maioria das
mulheres que conheço, ela é honesta. Sincera. Leal. E incrivelmente bonita.

Naturalmente, não é tão simples. Skye é quase duas décadas mais nova do que
eu e ela é filha do meu melhor amigo. Ela não poderia estar mais fora dos limites.

Claro que nunca fui do tipo de jogar pelas regras.

Skye

Grayson James é uma das maiores estrelas de cinema do planeta. Ele tem
tudo, um corpo malhado, olhos verdes lindos e um sorriso torto que faz as calcinhas
se desintegrarem. Ele pode ter qualquer uma, mas continua falando comigo. Eu só
não entendo.

Nunca poderíamos ficar juntos, certo? Ele o protagonista e eu uma assistente,


não confiável para buscar o seu café. Posso ver a manchete dos tabloides: A-Lister1
e a estagiária. Os paparazzi teriam um dia de campo, mas ele não parece se
importar. Ele quase me convenceu de que está falando sério sobre nós.

Pelo menos até eu ouvi-lo falar com o seu agente.

1
A descrição de uma pessoa das mais famosas entre todos os famosos.
Segunda-feira

— Desculpem! — Afastei-me da arara de trajes que quase derrubei, apenas


para ouvir um ruído batendo atrás de mim. Virando, peguei um par de tesouras do
chão. — Sinto muito, — digo novamente.

— Tudo bem, — Betty, a assistente do departamento de figurinos, diz, soando


como se quisesse dizer o contrário. Ela tirou o chapéu da minha mão e limpou-o. —
Você terminou de catalogar as roupas usadas na última filmagem?

— Sim, — eu digo, entregando-lhe a minha prancheta.

Ela olhou e depois acenou com a cabeça. — Pelo menos você acertou essa parte.
Bom trabalho, Sue.

— É Skye. — Eu poderia quase prever, palavra por palavra, a conversa que


viria em seguida.

— O quê? — Ela piscou para mim distraída.

— O meu nome é Skye. Skye Larson.

— Sério?

Suspirei. As pessoas esperavam uma menina com um nome como Skye ser um
espírito livre. Uma mulher jovem e encantadora, talvez com traços de fada e agilidade
no seu passo. Mas eu era apenas eu. Se perguntar, os meus colegas de classe na
Universidade provavelmente me descreveriam como quieta e estudiosa.

E eu também não me destacava. Sem esperanças para maquiagem e penteados,


então quase sempre uso o meu cabelo castanho para trás em um rabo de cavalo alto.
E os meus óculos aumentavam à descrição quieta e estudiosa. Pessoas chamadas
Skye não deveriam ser tão míopes.

— Bem, Skye, vamos ver sobre a sua próxima tarefa. — Betty me levou para o
fundo do guarda-roupa, uma estrutura temporária, uma vez que essa parte do filme
estava sendo filmada na floresta. Embora a sala continha centenas de figurinos, era
aparentemente apenas uma pequena fração do departamento de figurinos do estúdio.
Mas eu nunca tinha estado lá. Este foi o primeiro dia da primeira semana do meu
estágio de verão.

Ela mexia e vagava através das fileiras de roupas, parando apenas quando
percebeu que parei na frente de uma arara de jaquetas de couro.

Reverentemente, toquei o couro preto desgastado propositalmente. — Essas


são... são para o Grayson James?

Um pouco impacientemente, ela voltou e olhou para uma etiqueta dentro da


jaqueta. — Está aqui é, sim.
Wow. Grayson James tinha usado isso. Ou usaria isso. O seu bíceps
protuberante ficaria exatamente nesta mesma manga. O seu peitoral rasgado e
abdômen duro como rocha ficariam ótimos em um couro tão macio e flexível.

— Sue?

Relutantemente, larguei a manga que estava acariciando. Mas quando me virei


para ir, a borda da jaqueta de alguma forma ficou presa debaixo do meu braço. E
quando andei para a frente, ela se soltou do cabide e, em seguida, caiu no chão. O
chão empoeirado e sujo. A mulher do figurino e eu olhamos para a pilha amassada de
couro que provavelmente custou pelo menos metade do preço da minha mensalidade
na Universidade no semestre passado.

— Talvez o guarda-roupa não seja o melhor departamento para você começar,


— disse a mulher.

Murmurando mais um pedido de desculpas, eu concordei.


Terça Feira

— A iluminação é extremamente subestimada. Isso pode ajudar ou acabar com


um filme, — o homem que tinha sido apresentado a mim como Bob disse. — Você
pensaria, já que estamos filmando ao ar livre, não importaria tanto, mas importa. Se
você acha que o Sr. James ficaria tão bem na luz natural, você estaria muito
enganada.

Coloquei uma mão na minha boca para abafar uma risada. Como se o Grayson
James pudesse ficar mal. Ele era o homem dos meus sonhos desde que me lembro.
Nenhuma surpresa que ele era muito bonito, o homem dos sonhos de cada mulher. Li
tudo o que pude sobre ele, olhei para todas as fotos online e nos jornais. Ele não
parecia mal nunca.

— Muito disso é matemática. Ângulos. Você é boa com números?

— Nada mal, — eu digo e era verdade. Fui bem nas minhas aulas de
matemática na Universidade, elas simplesmente não me interessavam muito.

— Bem, você vai usá-la hoje. Estamos nos preparando para uma cena de
fogueira. Tem que ter a iluminação certa ou isso vai jogar sombras estranhas na cara
dos atores.

— Eles estão filmando esta noite? — Talvez isso significasse que eu veria o
Grayson. Era um grande conjunto de cenas com barracas, trailers e carros por toda
parte. Eu tinha visto Grayson duas vezes até agora, em ambas as ocasiões à distância.
Uma vez saindo do seu trailer e uma vez conversando com um homem que parecia
ser o diretor. Ou talvez 'um dos' diretores. Li que havia mais de um.

— Deus não. Esta cena não será filmada por dias, mas levará muito tempo para
descobrir os lugares. Este será o primeiro de muitos testes. Vá acender o fogo para
que possamos obter uma leitura sobre o brilho.

Ele me entregou um isqueiro e apontou para uma pilha de troncos no meio de


um círculo de pedras a poucos metros de distância. Eu nunca fui do tipo
acampamento, mas quão difícil pode ser?

Poucos minutos depois, um fluxo patético de fumaça saiu do único tronco que
eu tinha sido capaz de obter aceso, e bati o meu dedo do pé em uma das pedras ao
redor da fogueira que não estavam mais em um círculo bonito e organizado. Bob
realmente se aproximou e me chutou. — Ai!

— Havia uma faísca no seu jeans. — Ele disse irritado, soando como se
estivesse debatendo sobre se devia ou não me colocar para fora.

— Obrigada, — eu disse, mancando e afundando-me em um carrinho nas


proximidades, sentindo uma trituração debaixo de mim.

— O meu medidor! — Bob guinchou enquanto eu saltava para cima, me


desculpando profusamente.
Ele examinou o instrumento esmagado e então olhou para mim. — Talvez seja
melhor procurarmos outro departamento para você.
Quarta -Feira

— Você é uma garota de sorte, — disse Carol. — Todos os estagiários querem


estar na maquiagem, mas quase nunca conseguem. Geralmente eles começam na
elétrica ou algo chato. Você deve estar tão animada!

— Eu estou, — digo, para a jovem mulher com o cabelo fúcsia, delineador rosa
brilhante, e tatuagens para cima e para baixo nos seus braços. Sorrio para ela, ela
parecia legal o suficiente, mas já estava me perguntando como poderia estragar tudo
isso. Sinceramente, nunca usei muita maquiagem. Todas as manhãs eu passava
hidratante no meu rosto, polvilhava um pouco de pó, prendia o meu cabelo com um
elástico e estava pronta para ir. Mas a julgar pelas prateleiras e recipientes no trailer
da Carol, eu estava perdendo a minha cabeça com rabo de cavalo. — Mas eu
realmente não sei muito sobre cosméticos.

— Tudo bem. O seu trabalho principal é tomar notas sobre quais tons eu uso
para que possamos recriar o mesmo visual vários dias consecutivos.

— Oh, — eu digo, sentindo-me extremamente aliviada. — Eu definitivamente


posso fazer isso, contanto que você me diga qual é o nome de todas as coisas. Eu...

A porta do trailer se abriu e uma menina da minha idade ou um ou dois anos


mais velha entrou. O seu cabelo loiro estava em bobes. — Carol!

— Tessa! — Carol correu para a jovem mulher e abraçou-a enquanto eu


afastava em reverência. Esta era a Tessa Spring, a atriz principal do filme. A atriz
que iria começar a beijar e fazer amor com o personagem do Grayson James de acordo
com o script que eu tinha roubado e li segunda-feira à noite.

— Não esperava vê-la aqui, — disse a Carol. — Você tem a sua própria equipe
de estilistas.

— Eles são todos estúpidos, — diz Tessa, o seu perfeito nariz de botão enrugando
em desgosto. — Preciso que você faça os meus olhos para que eles realmente
apareçam. Eu tenho cenas com o Grayson a tarde toda.

— Yum, — disse Carol. — Vou fazer você parecer tão bonita que ele vai querer
arrancar as suas roupas.

— Nós não estamos filmando isso até a próxima semana, — diz a Tessa com
uma risadinha. — Esta semana, só quero deixa-lo selvagem, com luxúria. Oh, quero
dizer a minha personagem, é claro.

Então, ambas riram e eu peguei um pote que parecia tinta branca e apertei com
toda a minha força. Grayson James era um dos atores vivos mais talentosos. Ele não
era apenas alguém para babar. Bem, ele era muito digno de ser babado, mas era mais
do que isso. Ele deu milhões para a caridade. Ele falou sobre salários iguais para
atores masculinos e femininos. Ele tinha estado nos meus sonhos todas as noites
desde que conseguia me lembrar. Espere, talvez esse último tópico tenha sido um
pouco fora do assunto.
— Eu simplesmente odeio que isso tenha que acontecer lá fora, — Tessa estava
dizendo. — Por que eles não podem simplesmente decidir ir a um hotel de luxo?

— Porque eles estão fugindo da gangue Gambino, — eu disse sem pensar.

— Quem é essa? — Tessa olhou para mim enquanto a Carol aplicava um creme
no rosto dela.

— Essa é a Skye. Ela é a nossa nova estagiária.

— Oh, olá. — Tessa disse como se tivesse me notado pela primeira vez. Mas
não era um trailer grande, ela devia ter me visto antes. — Bem vinda.

— Obrigada, — eu digo, mas a Tessa já tinha se voltado para a Carol.

— Só espero que não chova na segunda-feira. Você consegue se imaginar


chegando para o trabalho pensando que vai beijar O Grayson James e depois
descobrir que as filmagens foram canceladas? Como estará o tempo?

A minha boca se abriu automaticamente. — Máxima de 26 graus. Ensolarado


pela manhã, parcialmente nublado à tarde. Dez por cento de chance de chuva.

Tessa e Carol me olharam. — Eu… eu tenho uma boa memória. — Isso era
para dizer o mínimo, mas eu sabia que se dissesse que tinha uma memória eidética,
mais conhecida como memória fotográfica, elas olhariam ainda mais.

Carol franziu os lábios e depois falou. — Skye, por que você não mistura a base
que gosto de usar para Tessa? Pegue aquele pote... não, o que está ao lado. Coloque
quatro gotas desse bege e depois misture.

— Claro, — eu digo. Isso não soava muito difícil. Mas eu acidentalmente


coloquei um monte de creme branco sobre a mesa. Apressadamente, peguei um
guardanapo e o enxuguei. Uma vez que estava limpo, peguei o papel e localizei uma
pequena lixeira atrás da mesa. Eu joguei, mas errei. Abaixando-me, pego ele do chão,
ao mesmo tempo que a Tessa grita.

— Ela tem o cabelo na base. Ugh, o seu rabo de cavalo está completamente
dentro. Que nojo!

Apressadamente, me endireitei, fazendo o meu rabo de cavalo virar por cima do


meu ombro. A maquiagem bege voou em um arco e respingou em um pôster do Mágico
de Oz. A julgar pela expressão no rosto da Carol, era uma posse valiosa. Murmurei
um pedido de desculpas a maquiadora, mas foi a Tessa quem falou.

— Por favor, diga-me que você vai despedi-la.

A Carol parecia que queria, mas ela balançou a cabeça.

— Por que não? — Tessa exigiu e a Carol inclinou a cabeça e sussurrou no


ouvido da Tessa. Pelos olhos arregalados da loira, eu poderia adivinhar o que a Carol
estava dizendo a ela. Que, embora eu nunca tivesse trocado uma sílaba com o homem,
Grayson James tinha me conseguido este estágio. Ou melhor, o meu pai tinha. Ele e
o Grayson eram irmãos de fraternidade na Universidade. Eles não se encontravam
pessoalmente há anos, mas ainda assim, um telefonema do meu pai fez o Grayson
puxar alguns pauzinhos para conseguir-me este trabalho de verão. Eles foram
melhores amigos quando eram estudantes.

A Tessa ainda estava me encarando, possivelmente imaginando como alguém


como eu poderia ter alguma conexão com o Grayson James. Mas a verdade é que não
era eu. Mais o meu pai sim, porém o Grayson não poderia me escolher em uma lista
nem se alguém lhe oferecesse um milhão de dólares. Não que ele precisasse de um
milhão de dólares, ele era um dos atores mais bem pagos em Hollywood.

— Skye, por que você não vai limpar-se, — diz a Carol. — E quando terminar,
talvez consiga algo para comer. Na verdade, por que você não tira o resto da tarde de
folga? E amanhã vamos encontrar um departamento diferente para você
experimentar.

Desanimada, abri a porta do trailer. Quando saí, ouvi a Carol dizer: — Amanhã
será o quarto departamento dela em quatro dias. Isso deve ser um recorde.

— Conexões familiares ou não, ela não vai durar uma semana. — Tessa
respondeu.
Quinta- Feira

Na manhã seguinte.

Eu mal conseguia me levantar da cama. Qual era o objetivo? Eu acabaria


estragando outra coisa hoje. Eu normalmente não era assim tão desastrada. Bem...
ok, eu tive o meu quinhão de catástrofes diárias, mas normalmente não era tão ruim
como tinha sido esta semana. Sem dúvida, eu era introvertida. O set de filmagem era
vibrante e emocionante, mas todas aquelas pessoas, correndo para todos os lados e
fazendo todos os tipos de coisas diferentes me deixa nervosa. Na escola, passei muito
tempo na biblioteca onde era tranquilo.

Ainda assim, eu sabia que tinha sorte de ter esta posição. Angel, a minha colega
de quarto, achou que era o trabalho mais incrível de todos os tempos. Eu estava
compartilhando o seu apartamento minúsculo neste verão depois de responder a um
anúncio que ela postou online. Angel era atualmente uma garçonete, mas ela queria
ser atriz e ia para audições o tempo todo. Ela estava admirada por eu passar o verão
com uma equipe de filmagem. Ela me enchia com perguntas intermináveis sobre o
Grayson James.

— Eu provavelmente vou vê-lo hoje, — finalmente admiti, timidamente,


enquanto pairávamos sobre um bule de café na cozinha microscópica.

— Você vai? — Angel gritou. — Isso é incrível! Fantástico! Isso significa que
você tem que se trocar.

— Por quê? — Olhei para a minha blusa branca e jeans. Metade da equipe de
produção se vestia similarmente.

— Esse é um jeans de mamãe, — disse Angel, como se fosse óbvio.

— Não, ele é meu. A minha mãe faleceu alguns...

— Isso significa que ele é de cintura alta, — ela interrompeu. E então ela me
levou para o nosso quarto compartilhado e me fez trocar.

***

— Então é isso? — Eu disse ao Mike.

— É isso. Apenas fique aqui e ajude a equipe de filmagem. Café, água,


equipamento de transporte, qualquer coisa que eles precisarem. Haverá um monte
de tempo ocioso, mas apenas fique por perto.

— Eu posso fazer isso, — eu disse com um sorriso. Além disso, significava que
eu estaria por perto quando os atores e os dublês viessem filmar a próxima cena. Hoje
eles estavam filmando uma luta. O personagem do Grayson, John Wolfe, estava
sendo emboscado por quatro bandidos da família da máfia que o rastreava e ele os
derrota. Eu sabia pelo que li sobre as filmagens que este seria um dia longo. Mesmo
que eles tenham praticado a cena de luta muitas vezes, a filmagem real envolveria
várias refilmagens e trocas dos atores principais e seus dublês.

A manhã passou rápido o suficiente. A maioria das pessoas da equipe de


filmagem me ignorou, mas sempre me agradeciam quando eu trazia as coisas para
eles. E então chegou o momento que eu estava esperando... o Grayson entrou no set.
Santo Deus.

Não havia nada para eu fazer, então me sentei no último degrau de um trailer
próximo e assisti. Observei. Memorizei cada detalhe.

Ele estava usando botas, jeans preto surrado e uma camisa de flanela
verde/cinza sobre uma camiseta branca. Como o seu personagem já estava na floresta
há dias, ele tinha uma barba curta e sexy que acentuava o seu maxilar forte. Mesmo
daqui eu podia ver os seus penetrantes olhos verdes, emoldurados por ondas de cabelo
escuro salpicado com apenas um pouco de cinza nas suas costeletas. Nas mulheres,
esse tipo de cinza as envelhecia. Nele, isso o fazia parecer quente como o inferno.

A biografia oficial de Grayson em Hollywood disse que ele tinha 38 anos. Ele
fazia filmes há dezesseis anos e estava no topo do jogo na última década. Como na
terra eu estava sentada a apenas seis metros de um homem como ele? Mas eu não
queria questionar, só queria apreciá-lo.

Horas se passaram com pouca chamada para eu fazer algo. E com pouca
chamada para o Grayson fazer algo, também. Principalmente, ele só ficava lá,
bebendo café e conversando com os bandidos. Ou os atores que interpretavam os
bandidos. Mas duas vezes até agora ele tinha começado a dar socos falsos e se
esquivar dos punhos dos bandidos enquanto a equipe de filmagem fazia close-ups2.
Observei tanto durante aquelas partes que tenho certeza que meus óculos
embaçaram.

Pouco antes das quatro, eles colocaram o Grayson novamente. Desta vez, eles o
filmaram correndo para a clareira, pulando sobre troncos e depois se escondendo
atrás de uma árvore caída. Eles devem ter feito isso umas trinta vezes antes de
ficarem satisfeitos. Cada vez que eu o vi colocar uma das mãos no tronco e passar as
pernas por cima, o meu coração pulava uma batida. Ele era tão atlético. Tão forte.
Não admira que fosse o protagonista favorito da América. Ele com certeza era o meu
favorito.

Finalmente, eles o filmaram lutando novamente. Hipnotizada, observei


enquanto ele se agachava atrás do tronco caído. Quando o Bandido #1 olhou
cautelosamente por cima do tronco enorme caído, Grayson apareceu e virou-o de
costas. Havia um tapete no chão, mas ainda assim era um movimento
impressionante. Eles filmaram isso algumas vezes, e então filmaram o Grayson
derrubando o Bandido #2 com um soco enorme. Não conectou, mas parecia real.

De pé agora, me aproximei da borda da clareira, tomando cuidado para ficar


fora do caminho da equipe de filmagem. O próximo movimento do Grayson foi pular
de volta sobre o tronco e enfrentar o ataque do Bandido #3. Não importa quantas
vezes ele balançasse a perna por cima do tronco e caísse de pé com os punhos erguidos,
o diretor o obrigava a repetir novamente. Mas o Grayson estava no jogo. Ele era uma
grande estrela, mas ele não era uma celebridade mimada e paparicada. Se o diretor
lhe pedisse para fazer algo vinte vezes, ele fazia.

Agora ele eliminou o tronco e pela primeira vez, o diretor não gritou corta, então
o Grayson se aproximou e fingiu socar o bandido. Mas o ator desviou do punho e fingiu

2
Close-up, ou simplesmente close, em cinema e audiovisual, é um tipo de plano, caracterizado pelo seu
enquadramento fechado, mostrando apenas uma parte do objeto ou assunto filmado - em geral o rosto de uma
pessoa.
dar um soco no estômago do Grayson. Grayson se dobrou, mas o seu pé disparou,
varrendo as pernas debaixo do Bandido #3 enquanto pequenos sinos tocavam ao
fundo.

Espere um segundo, que barulho foi esse? Não havia nenhum som ou música
até este ponto. Todas essas coisas eram adicionadas depois.

Olhei em volta. Assim como todos os outros. O ruído estava vindo de uma
pequena tela, iluminada no último degrau de um trailer. O trailer em que eu estava
sentada. Porcaria.

Correndo pelo complexo, peguei o meu telefone e desliguei a campainha,


segurando-o contra o meu peito. Pensei que ele estava desligado. Já tinha verificado
antes. Mas de alguma forma, o meu celular, estava ligado.

Hesitante, olhei para cima. Todos os olhos estavam em mim. Olhos impacientes.
Olhos raivosos. Os olhos do Grayson.

Oh, meu Deus. Ele parecia tão zangado. O homem dos meus sonhos estava
olhando para mim pela primeira vez e foi com decepção. — Filha da puta, — ele
disse.

— Reiniciar, — alguém falou, e Grayson olhou para mim por um minuto antes
de voltar para a sua posição original. E eu me movi também. Longe das filmagens.
Fora do set. Descendo a estrada de cascalho para onde o pessoal inferior tinha que
estacionar. E então de volta para o apartamento minúsculo, apertado que eu estava
dividindo no verão.

Se não fosse uma longa viagem de volta para Nebraska, acho que teria voltado
para casa naquela noite.
Sexta –feira

— Tenho certeza que não foi tão ruim.

— Foi. Foi horrível. — O telefone estava esmagado contra a minha orelha


enquanto me encolhia na cama, sussurrando para não acordar a Angel. O papai era
madrugador de qualquer maneira e parecia ter esquecido que era duas horas mais
cedo em Los Angeles do que em Lincoln.

— E daí? Você cometeu um erro. Grande coisa. Essas pessoas do cinema não
sabem a sorte que têm de ter você. Você não tem a maior média de notas da sua
classe?

— A segunda maior, — eu digo. Mas não queria pensar na Universidade agora


ou me sentiria pior do que já me sentia. Em alguns meses eu estaria começando o
meu primeiro ano e ainda não tinha decidido o curso. Isso significava que estava
custando algo extra para o papai enquanto eu tinha uma grande variedade de aulas,
tentando descobrir o que eu queria fazer da minha vida. Não éramos exatamente
pobres, mas papai não tinha quantias infinitas de dinheiro.

— Você pode fazer isso, querida. Você sabe o que sempre digo...o Skye3 é o
limite. Às vezes você é sua pior inimiga.

Gemendo com aquele velho jogo de palavras, fechei os meus olhos com força.
Era meu pai e eu desde que a minha mãe faleceu e ele era a pessoa mais importante
do mundo para mim. A sua confiança era um dom, mas também às vezes parecia uma
maldição. Às vezes desejei acreditar em mim mesma tanto quanto ele acreditava em
mim. — Eu simplesmente não... não sei como posso mostrar o meu rosto lá
novamente. Até mesmo… até o Sr. James estava louco.

— Não se preocupe com o Gray. Ele já fez asneira muitas vezes. Basta lembrá-
lo da vez que ele desafiou um cara da nossa fraternidade para ver quem conseguia
comer mais cachorros quentes, só que ele achou que os cachorros-quentes estavam
pré-cozidos e eles não estavam, e então, na verdade, essa história não tem um final
tão agradável. Talvez não fale isso.

Ele disse isso como se o Grayson James e eu estivéssemos no set conversando o


tempo todo. Mas, na sua mente, este estágio foi a melhor coisa que já me aconteceu.
E eu também pensava assim quando descobri quem era o ator principal. — Ok, pai,
eu não vou falar. Obrigada por me ouvir. Acho… acho que estou me sentindo um
pouco nostálgica.

A sua voz amoleceu. — Eu também sinto a sua falta, Skye. Mas você mostre a
esses tipos de Hollywood o que você vale.

— Vou fazer, — digo suavemente antes de desligar com um suspiro. Mostrar a


eles que eu valia parecia ser uma meta muito alta. Eu me contentaria em não
estragar, quebrar ou destruir algo por um dia. Apenas um. E se eu fizesse, então

3
Skye significa Céu, o pai brinca com o nome.
talvez fosse hora de ir para casa. A última coisa que eu queria fazer era estragar mais
as coisas para o Grayson, o elenco e a equipe.

Então, eu iria mais uma vez e oraria por um dia sem incidentes. Certamente o
Universo poderia me conceder isso?

***

— Prazer em conhecê-la, Skye. — Uma mulher atraente, de quarenta e poucos


anos, com o cabelo preso em um coque artístico estendeu a mão para mim. — Eu sou
Janice.

Pasma, apertei a mão dela. — Mas... você não é a supervisora do script?

— Sim, — ela disse.

— Mas depois do que aconteceu ontem, você tem certeza que eles me querem
perto da filmagem de hoje? Ou algo assim?

— Sim, — disse ela novamente. — Mas não faria mal verificar três vezes se o
seu telefone está desligado.

— Ok, — murmurei timidamente e a segui enquanto ela abria caminho


passando por cabos, fios, e outros variados equipamentos de cinema.

— Então, você sabe o que um supervisor de script faz?

— O supervisor de script é responsável pela continuidade entre as tomadas. Ele


ou ela se certifica de que os movimentos do ator, guarda-roupa, adereços, cenários, e
muito mais sejam consistentes entre as tomadas. — Eu disse, citando algo que li
quando o meu pai me contou pela primeira vez sobre o estágio.

— Uau, nada mal. A maioria dos estagiários acha que um supervisor de scripts
é um escritor. Você tem uma boa memória, que virá a ser útil.

E foi assim que aconteceu. Conforme a manhã progrediu, ajudei a Janice a fazer
anotações importantes sobre cada detalhe possível durante as tomadas. A cena da
manhã foi engraçada com a Tessa, a atriz menos que graciosa que conheci no outro
dia, filmando uma cena fofa em que ela foi surpreendida por um guaxinim. Ok, então,
a cena foi bastante sexista, mas eu seria a primeira a admitir que se eu simplesmente
acordasse depois de passar a noite na floresta e ficasse cara a cara com uma criatura
como aquela, eu gritaria também.

À tarde, o Grayson participou da filmagem. No começo, tentei manter a


distância, dado o quanto me envergonhei na frente dele ontem, mas a Janice não
permitiu. Ela fez juntar-me a ela entre as tomadas para anotar tudo, mesmo que isso
significasse chegar perto dos atores para fazer isso.

— Prontos no set, — disse um diretor assistente no início de uma nova cena.

— Só um momento, — disse a Janice, correndo em direção do Grayson. —


Vamos lá, Skye, — ela sussurrou quando eu não conseguia fazer os meus pés se
moverem.

— O que é isso? — disse o diretor.

— Algo não está certo com a camisa do Grayson.


O meu rosto estava vermelho como uma beterraba enquanto eu ficava uns
trinta centímetros atrás da Janice. Ela não estava mostrando nenhum escrúpulo em
puxar a camisa de flanela da estrela deslumbrante, tentando fazê-lo parecer igual a
tomada anterior. — Mostre-me a foto de novo, — disse a Janice.

Conscientemente, dei um passo para a frente, segurando um tablet. Meu Deus.


Eu estava a meio metro do Grayson James. Ele estava bem ali. De perto, pude sentir
o aroma picante e amadeirado da sua colônia. Ver os músculos protuberantes sob a
sua camisa. A minha mente não conseguia entender. Eu estava bem ao lado do
Grayson James.

Agora ele também estava olhando para o tablet. — Vê? — Janice estava
dizendo. — O corte na sua manga que se rasgou na cena anterior parece diferente
agora. — Ela examinou a sua manga e fiquei temporariamente hipnotizada pelo fato
de que ela estava tocando o braço dele. Alguém que eu conhecia estava tocando a pele
do homem mais bonito do mundo. Mas então, de repente, o meu cérebro começou a
funcionar.

— É a camisa errada.

A Janice e o Grayson olharam para mim, o que foi quase o suficiente para fazer
o meu cérebro parar novamente. Direcionei as minhas palavras para a Janice porque
me deu uma melhor chance de formular uma frase coerente. — Acho que esta é uma
camisa de uma das cenas posteriores. Há dúzias destas camisas no guarda-roupa.
Acho que essa é de depois da luta onde os Gambino colocam o braço dele sobre a
fogueira. Vê? Há uma única coisa bem aqui. — Estendi a mão, mas não consegui me
forçar a tocá-lo, eu estava com medo de que, se fizesse isso uma vez, não seria capaz
de parar.

A Janice checou as anotações dela e, em seguida, olhou para uma etiqueta na


parte de trás da camisa do Grayson. — Ela está certa, esta é a camisa errada.
Figurino!

Enquanto esperávamos, o Grayson arrancou a camisa em questão. O meu


queixo caiu quando os seus bíceps esculpidos foram revelados. E a extensão suave
dos seus peitorais sob a camiseta branca. E então ele me entregou a camisa dele.

Puta merda! A sua camisa de verdade. Com a mão trêmula, eu peguei. Na


minha mão estava uma camisa que o Grayson James estava usando segundos antes.
Inacreditável. O tecido de flanela que adornava o seu corpo estava nas minhas mãos.
Resistindo ao desejo de trazê-lo ao meu rosto para cheirar o seu perfume, encarei
aquilo. E então olhei para cima para encontrá-lo arqueando uma sobrancelha
masculina para mim. — Isso vai voltar para o figurino, — disse ele, como se soubesse
que eu queria levar para casa e dormir com aquilo debaixo do meu travesseiro. Ou
tentar clonar ele de quaisquer células da pele que possam estar residindo naquela
blusa.

A minha boca se abriu, mas nenhuma palavra saiu. Não quando o Grayson
James estava tão perto. E olhando para mim. Deus, os olhos dele. Na tela do cinema
e eu que tinha visto todos os seus filmes, pelo menos duas vezes, eles eram os mais
verdes elétricos que se possa imaginar. De perto, à luz do sol, eles eram ainda mais
brilhantes.

Corando, percebi que estava olhando, então me virei para ir embora.

— Ei, Ponytail4.

Congelando no meio do caminho com o som sexy da sua voz atrás de mim, pesei
as minhas opções. Virar-me, caso ele estivesse falando comigo? Continuar para salvar

4
O Grayson James a chama assim por causa do Rabo de Cavalo dela. Tradução de Ponytail é Rabo de Cavalo.
o meu orgulho caso ele não tenha chamado? Ou derreter em uma poça de luxúria ao
som da sua voz suave como chocolate líquido?

Depois de um longo momento, me virei. Ele estava olhando diretamente para


mim. Nervosamente, levantei a minha mão para a parte de trás da minha cabeça e
alisei o rabo de cavalo alto que ele havia notado.

— Você é filha de Derrick? — ele perguntou.

Eu era? Era difícil pensar quando ele me olhava daquele jeito. Mas sim,
Derrick. Acho que era o nome do papai. Embora com os olhos do Grayson James em
mim, eu não tivesse certeza do meu próprio nome. — Sim.

— Bom saber, — disse ele e se voltou para os seus colegas. Para o seu mundo
de pessoas maravilhosas, famosas e da produção de filmes de grande orçamento.

Que diabos eu estava fazendo no meio daquele mundo? Mas uma coisa estava
clara. Agora que o vi. Toquei nele. Até conversei com ele, brevemente. De jeito
nenhum eu iria desistir agora.

Mesmo se eu derrubasse coisas suficientes para colocar toda a produção de


joelhos.
Não importava qual era o trabalho. Se você estava digitando em um computador
em um escritório ou fazendo um filme, as segundas feiras eram uma droga. Ainda
assim, pelo menos houve um fim de semana. Ainda era cedo suficiente nas filmagens
para não estarmos irremediavelmente atrasados. Ainda.

Então, eu tive um fim de semana bem normal para mim. Trabalhando fora.
Indo a um clube. Festejando um pouco demais. Bebendo um pouco demais. Na minha
idade, eu ainda conseguia me safar dessa merda, mas a escrita estava na parede.
Quarenta anos estava se aproximando, e embora essa idade não era uma anulação
automática para os atores do sexo masculino como era para muitas mulheres, não
era um pensamento particularmente agradável. Mais como uma porra deprimente.

A maioria dos homens da minha idade tinha família. Cônjuges. Crianças. Não
gerentes, agentes e manipuladores. Eles passavam um tempo com pessoas de quem
se importavam, não com pessoas de quem precisavam de algo. Semicerrando os olhos
sob a luz do sol forte, pensei na última vez que passei um fim de semana com alguém.
Não foi há muito tempo, talvez um mês. Era aquela loira que estava naquele
programa de TV. Droga, como se chamava? Por falar nisso, qual era o nome dela? Eu
não conseguia lembrar disso, e isso não era bom. Eu era muito jovem para ficar senil,
certo?

Dane-se. Segunda-feira era hora do café, não de pensamentos profundos. E para


descobrir que diabos foi o atraso desta vez. O sol estava alto. A iluminação estava
boa. O pessoal da maquiagem tinha feito algo mágico, então os meus olhos não
estavam mais vermelhos. Então, vamos começar este maldito take na linha.

— Você teve um bom fim de semana?

A minha jovem co-estrela aparentemente não compartilhava a mesma aversão


às segundas-feiras como eu. Tessa tinha saltado pelo set a manhã toda no seu jeans
cortado, top e sandálias. Ela parecia limpa demais para um personagem que
supostamente passou a noite na floresta, mas ela gritou cada vez que o diretor
chamava para ficar um pouco desarrumada. Tenho pena do homem que tentar levar
para cama uma garota que nunca quer sujar-se.

— Foi tudo bem, — eu digo com um grunhido evasivo.

— O meu também! — Ela gritou como se eu tivesse acabado de revelar que


compartilhamos aniversário e éramos, na verdade gêmeos há muito tempo perdido.
Ela começou a recitar uma história que parecia suspeitosamente como se ela tivesse
preparado de antemão, de que como foi um fim de semana emocionante que ela teve.
As festas em que ela foi. As celebridades com quem ela andou. Os homens com quem
ela fodeu. Espere, ela pensou que essa era a maneira de chamar a minha atenção?
Essa garota precisava de um curso intensivo de paquera e então ela precisava
praticar com outra pessoa.

— Café! — Eu pedi e trinta segundos depois, eu tinha uma xícara nova.


Algumas partes do meu trabalho não eram nada ruins.

Tessa continuou tagarelando e eu olhei em volta, examinando o elenco e a


equipe.

E lá estava ela. A Srta. Ponytail. Difícil de acreditar que ela era parente do
Derrick. Na Universidade, ele tinha sido mais do que um irmão de fraternidade para
mim. Mais perto de um irmão de verdade. Mas ele era um filho da puta feio. Eu
pegava as garotas sendo gostoso, ele as pegava por ser engraçado. Até que ele se
acalmou. Eu conheci a sua falecida esposa. Garota legal. Ela tinha sido atraente, mas
não tinha nada sobre a filha.

A Ponytail era um nocaute. E aparentemente sem noção sobre isso. Se ela


vivesse aqui o ano inteiro, teria sido oferecido a ela qualquer número de contratos de
modelagem pelo seu rosto jovem, aparência inocente e integra. Os agentes adoravam
pegar uma garota de aparência pura e transformá-la em uma atrevida sensual. Mas,
aparentemente, no Kansas ou onde quer que o Derrick vivesse, garotas assim
cresceram para se tornarem contadoras. Ou médicas. Ou professoras.

Ela era uma coisa arisca. Alta e com pernas compridas, como um potro.
Adequado, já que ela mantinha o cabelo em um rabo de cavalo. Desde a primeira vez
que a vi na semana passada, eu queria desamarrar o cabelo dela e deixar os seus
cachos castanhos soltos, o que foi um impulso estranho, porque eu também fantasiei
sobre amarrar o resto dela.

Mas ela era uma criança, não poderia ter mais de vinte anos. E é a filha do
Derrick. Eu nunca faria nada para magoar o meu velho amigo. Mas isso não
significava que eu não podia olhar.

***

— Ação!

Segurando a Tessa nos meus braços, atravessei a clareira e a coloquei perto da


tenda improvisada. Me abaixei e beijei o nariz dela enquanto ela ficava de pé. Ela
estremeceu quando olhou para mim. — Era só uma cobra.

— Ela quase me mordeu, — ela lamentou.

— Estava a um metro de distância. Apenas lembre-se, não há nada nesta


floresta que não tenha mais medo de você do que você dele.

— Sério? — O interesse floresceu nos seus olhos e ela deu um passo mais perto
de mim, nossos peitos quase se tocando. — Isso inclui você?

Eu soltei uma risada. — Não se iluda.

Ela colocou os braços em volta do meu pescoço. — John Wolfe, o homem que
luta, que luta contra a merda. Qual é a fala?

— Corta! — o diretor assistente gritou.

— Então? — Tessa disse, parecendo furiosa. Nenhum ator gostava de esquecer


as suas falas. Normalmente, alguém fornecia a frase imediatamente, mas ninguém
estava falando.

— Onde diabos está o Ralph? Gente, há cerca de cinquenta cópias do script no


set. Qual é a porra da fala da Tessa? — O diretor estava ficando puto. Vários
membros do set correram ao redor, procurando por uma cópia. Ralph, o cara cujo
trabalho era acompanhar o script, deve estar zangado.

E então uma voz desconhecida falou. — John Wolfe, o homem que luta contra
meia dúzia de inimigos de uma vez, com medo de uma mulher minúscula e
insignificante como eu?
Era uma frase estúpida, mas não foi isso que chamou a minha atenção. Foi a
Ponytail que pairava na borda do set, tendo falado alto e claramente. E ela nem
estava segurando um script. Como ela sabia da fala?

Tessa se virou para mim, ainda mais irritada por alguma razão. Mas eu estava
curioso. — O que acontece depois disso? — Perguntei à filha do meu velho amigo.

— Então você diz, — 'Minúscula, sim. Insignificante, não. Eu não tenho medo
de nada. Portanto, não comece algo a menos que você pretende terminar.' Mais uma
vez, ela falou sem um script. Então ela hesitou, olhando para mim timidamente. —
E então você... você e ela... vocês se beijam.

Meu Deus, ela estava corando? Por dizer a palavra beijo? Ou com a ideia de eu
beijar alguém? Provavelmente o segundo. Quando ela me ajudou com a minha camisa
na sexta-feira, o calor do seu rosto poderia ter causado um incêndio. Quando foi a
última vez que encontrei uma garota que ainda sabia corar? A maioria das mulheres
que conheci tinham visto de tudo. E fizeram tudo. E se gabaram sobre isso na
segunda-feira de manhã, como a Tessa tinha feito.

Fiquei olhando para ela por um longo momento enquanto ela me olhava por
baixo dos cílios grossos, mas suportando. Por falar nisso, quando foi a última vez que
vi uma mulher cuja pele cremosa não estava coberta de produtos cosméticos e tintas?
Já fazia muito tempo.

— Fique por perto até que o Ralph apareça, — disse o diretor. Ela acenou com
a cabeça, mais confiante agora que ela estava olhando para longe de mim.

— Vamos começar do início, — ele gritou e nós fizemos. Desta vez, a Tessa disse
as suas falas perfeitamente, embora com um pouco com raiva. Ela estava insegura
de que uma estagiária disse a fala dela completa tinha irritado ela? Talvez as pessoas
fossem mais sãs no lugar de onde A Ponytail e o Derrick eram. Nebraska. Era isso,
não no Kansas. Eu não sabia muito sobre o Meio Oeste, exceto que levava um inferno
de um longo tempo para voar sobre ele.

Fizemos a cena de novo. Tudo correu bem até a hora do beijo. E depois de vinte
ou mais takes, eu estava pronto para encerrar o dia. Cada vez, os lábios da Tessa
encontravam os meus ansiosamente. Um pouco ansiosamente demais. A língua dela
na minha boca me disse que ela estava mais do que disposta a voltar para a minha
casa hoje à noite e me mostrar exatamente o que aquela boca poderia fazer. Ela era
uma mulher poderosa que sabia o que queria. Que aparentemente era eu.

Mas ela estava desempenhando o papel de uma mulher jovem muito mais
tímida. Uma que falava de improviso com uma bravura que não sentia. Uma que
deveria estar hesitante sobre beijar um estranho no meio da floresta.

Eu duvidava que a Tessa tivesse tido um momento incerto na sua vida. Ela era
bonita, popular e amada pelos fãs. E ela sabia disso. E o público saberia disso
também. Ela só não estava fazendo um bom trabalho em se encaixar neste papel.

Embora eu não fosse a porra do diretor, tentei explicar a ela. — Você não está
se tornando vulnerável. Você não está vendendo o conflito que sente.

Ela sorriu. Acenou com a cabeça rapidamente. — Entendi, — ela disse como se
eu tivesse acabado de contar a ela o final de uma piada, e então nós filmamos a cena
e ela fez da mesma maldita maneira. Ela simplesmente não era tão tímida quanto a
personagem deveria ser. Tão insegura. Mas eu conhecia alguém que era.

— Ponytail! Venha aqui.


Eu? Ele quis dizer eu?

Olhei em volta, e a supervisora de scripts, Janice, fez um gesto para que eu


fosse até lá. Fiquei emocionada por trabalhar hoje com a Janice novamente, eu estava
começando a pensar que não duraria mais do que um dia em qualquer departamento.
Mas verificar a continuidade entre as tomadas era uma coisa. Isso, seja lá o que fosse
isso, era diferente.

Cautelosamente, quase como se eu achasse que havia minas terrestres


escondidas no chão, fui até o Grayson e a Tessa. Grayson sorriu, a sua marca
registrada o sorriso torto, aquele o que fazia as calcinhas ficarem molhadas nos
cinemas em todo o mundo. Mas a Tessa olhou para mim. Especialmente quando ele
a dispensou.

— Apenas observe, — disse ele, acenando com a mão para indicar que ela
deveria ficar de lado. — Eu vou te mostrar o que quero dizer.

Hesitante, parei na frente dele, olhando para ele pela segunda vez na minha
vida. Ele era alto. Tão alto que fez o meu um metro e setenta e três parecer pequena.
Eu não estava acostumada a isso.

— Qual é o seu nome?

— S...Sk... Skye.

Por um momento, aqueles lindos olhos verdes rolaram para cima. — Estou
supondo que a sua mãe que escolheu. De jeito nenhum o Derrick pensaria tão fora da
caixa. — Atrás dele, a Tessa me fuzilou com o olhar, aparentemente pela audácia de
ter um pai que teve amigos na Universidade.

— Ok, Skye, nós vamos tentar um pequeno experimento aqui. Feche os olhos.

O que? Se qualquer coisa, as suas palavras fizeram os meus olhos se abriram


mais enquanto eu olhava ao redor do set. Todos estavam olhando para nós. Para mim.

— Esqueça-os, — diz o Grayson, dando um passo mais perto. — Basta fechar


os olhos e se concentrar na minha voz.

— OK, — eu disse calmamente. Mas quando fechei os olhos, ainda conseguia


vê-lo. Vejo a aparência dele quando salvou o dia em incontáveis filmes. Além disso,
estávamos tão perto que pude sentir o calor do corpo dele. Ou talvez fosse o calor do
meu corpo quando pensava nele. De qualquer maneira, havia calor suficiente
irradiando de mim para que o Bob do departamento de iluminação precisasse intervir
para me impedir de pegar fogo novamente.

— Apenas concentre-se na minha voz. Mantenha a sua mente em branco, —


diz o Grayson. Me perguntava se ele tinha visto a vermelhidão nas minhas bochechas.

— Imagine isso, Skye. Você está assustada. Você está encurralada. Você foi
sequestrada e jogada no porta-malas de um carro. — Sua voz tornou-se rouca. Suave.
Tive que me esforçar para ouvi-lo, mas não queria perder uma palavra. — Pense em
como isso seria. Como você ficaria apavorada. Você não tem certeza do que vai
acontecer com você. Você não sabe o que aqueles homens vão fazer com você.
As suas palavras estavam me colocando em transe. Mas não pacífico. Me senti
nervosa, como se estivesse entrando no modo de luta ou fuga. A sua voz era
hipnotizante e impossível de ignorar.

— De repente, você é esmagada contra o topo do porta malas. O carro capota.


Há o som de metal torcendo. Então você é jogada livre. Você voa pelo ar, mas pousa
suavemente em alguns arbustos. Você está emocionada por estar viva, mas
preocupada que a qualquer momento, os homens vão emergir dos destroços e capturá-
la novamente. Você tenta se afastar, mas você está tão assustada.

Minha respiração estava mais rápida agora e eu me inclinei em direção a ele, o


meu corpo ansiando ouvir o que ele diria em seguida. Senti como se ele tivesse me
enfeitiçado, mas não queria que acabasse.

— Então você vê os homens saindo. À tua procura. Uma mão aperta a sua boca.
— No momento em que ele disse isso, a sua mão cobriu a minha boca e eu quase
gritei contra ela. Os meus olhos se abriram e eu vi os outros parados ao redor, ouvindo
tão atentamente quanto eu tinha estado.

A minha visão mudou quando o Grayson me puxou para ele, girando-me no


processo. Ele me pressionou contra ele, as minhas costas na sua frente e ele inclinou
a cabeça para sussurrar no meu ouvido. — Mantenha os olhos fechados. Não pense,
apenas reaja. Você está indo muito bem.

Como eu poderia não pensar quando podia sentir o seu corpo longo e duro atrás
de mim? O calor da sua pele quase queimava as suas roupas e as minhas. Ele era
todo músculos. Todo duro. Todo forte e todo homem.

— Eu te puxo de volta. Eu te levo para longe daqueles homens. E quando


estamos a salvo, você se volta para me agradecer, mas então você vê quem eu sou.
John Wolfe. Antigo herói nacional, atualmente suspeito de assassinar três homens
do Presidente. Você está com medo de novo. Você não confia em mim, mas você sabe
que precisa de mim. Você não vai sobreviver sem mim.

A mão do Grayson estava no meu ombro agora, não sobre a minha boca, mas eu
ainda podia sentir cada centímetro dele atrás de mim.

— Agora você está em fuga com um homem que pode ser um assassino. Um
homem que tem a sua vida nas mãos. Um homem que você teme, mas também anseia.
— Ele me gira, mais gentil desta vez, e eu mantenho os meus olhos fechados, sabendo
que é o que ele queria.

— Um homem que te salvou, de novo e de novo. Um homem que tem sido áspero,
mas também demonstrou compaixão. Um homem que você não consegue parar de
pensar. Ele se tornou o seu mundo inteiro. E você está com medo, cansada e suja.
Você atingiu o fundo do poço. E a única direção que resta é para cima. Então você se
arrisca. — As suas mãos agarraram os meus ombros, o seu rosto tão perto que eu
podia sentir o cheiro de café e a sua respiração fazendo cócegas nas minhas
bochechas. Parecia que ele e eu éramos as únicas pessoas ao redor por quilômetros.

— Então você tenta ser corajosa. Você viu a maneira como olho para você. A
maneira como os meus olhos te seguem ao redor do acampamento. Você diz algo
descarado, um flerte, uma conversa descartável. As suas palavras são baratas, mas
a sua mente, a sua alma, está cheia de esperança. Espera que eu seja o homem bom
que digo que sou e não o assassino que eles pensam. E espera que eu também te
queira.

A sua voz ficou mais suave, ainda mais hipnótica. — Você está colocando tudo
o que você tem em jogo. A sua segurança. O seu futuro. O seu coração. E então você
fica na minha frente, esperando. Morrendo de vontade de saber se você escolheu
sabiamente. Suplicando para que eu acabe com esse suspense, para revelar a minha
verdadeira natureza a você na forma mais verdadeira de comunicação que homens e
mulheres podem compartilhar, um beijo.

Levantei o meu rosto quando o senti se inclinar. Ele estava tão perto. As suas
palavras eram tão suaves que só eu podia ouvi-las. Ele estava falando comigo e
apenas comigo. Separei os meus lábios. Fiz a minha escolha e o queria. Queria o seu
beijo. Não importa o que aconteceria depois, eu queria isso.

— Assim, — ele diz, um ar estranho de finalidade no seu tom.

Imóvel, esperei sentir os seus lábios nos meus. Eu não tinha ideia de como
cheguei aqui, mas eu estava na frente dele, entregando-me a ele. Eu estava pronta
para receber tudo o que ele quisesse compartilhar comigo. Mas então as suas mãos
deixaram os meus ombros. E o calor do seu corpo desapareceu quando ele deu um
passo para trás.

— Simples assim, — disse ele novamente, mais alto desta vez e os meus olhos
se abriram. Ele estava olhando para mim. Todos estavam.

— Essa combinação de desejo. Esperança. Apreensão. Isso é exatamente o que


a heroína está sentindo nesta cena.

O. Que. Está. Acontecendo?

O elenco, a equipe, todos olhavam para mim. Exceto a Tessa. Ela estava
olhando para ele. E agora ele estava falando com ela, ignorando-me completamente.
— Você viu o rosto dela? Você acha que pode capturar esse jogo de emoções?

Os meus pés estavam se movendo para trás antes que o meu cérebro
entendesse. Isso tinha sido... ele fez isso como parte de uma aula de atuação. Ele me
fez sentir todas essas coisas para que ele pudesse me usar como uma ajuda visual
para a Tessa.

— Obrigado, PT, — ele gritou por cima do ombro, nem mesmo olhando
enquanto eu continuava a me afastar. O meu tornozelo bateu em algo atrás de mim
e eu teria caído se a Janice não estivesse lá, a sua mão firme no meu braço, os seus
olhos azuis claros olhando para mim com preocupação.

— Vamos pegar algo para você beber.

— Uma bebida? — Eu ecoei. Eu não bebia, mas de repente pareceu-me uma


ótima hora para começar.

— Eu quis dizer água, — disse ela. — Mas posso ver porque você precisa de
uma depois disso.

— Você… você sentiu isso, também? — Eu não poderia sequer começar a


descrever o que eu quero dizer com isso, mas eu tinha certeza de que ela entenderia.

— Todos nós sentimos isso ao redor dele, querida. Mas ele chamou você. Você
conseguiu ter força. Isso é o suficiente para derrubar qualquer mulher aos seus pés
por um bom tempo. Venha, vamos sentar.

— OK, — eu disse, a seguindo por uma variedade de membros da equipe, todos


olhando para mim.

Eu ainda não entendi muito bem como deixei de estar nos braços do Grayson
James para tropeçar na terra em direção à barraca de lanches, mas me senti como se
tivesse sido atropelada por um ônibus. Involuntariamente, eu ri. Em vez de um
ônibus Greyhound5, era um ônibus Grayson. Ele fez isso comigo. Ele me fez sentir
essas coisas, e então ele levou tudo embora.

De repente, a minha risada levemente histérica soou um pouco mais como


soluços.

5
é uma operadora de ônibus intermunicipal que atende a mais de 3.800 destinos na América do Norte.
Acontece que a maneira que me senti sexta à noite quando voltei para o
apartamento foi apenas um ensaio geral de quão mal me senti esta noite. Ha ha...
'ensaio geral.' Agora eu estava começando a pensar em termos do show business.

O que suscitou a questão, o que diabos eu estava fazendo aqui neste verão.
Ninguém precisava de mim no set. Eles simplesmente me aturaram porque o meu
pai havia pedido um favor ao Grayson. A única razão pela qual eles queriam me
manter por perto agora é para que todos pudessem ficar boquiabertos e olhar para a
garota ingênua que pensou que o Grayson iria beijá-la. Quão estúpida eu poderia ter
sido? Claro que ele estava tentando provar um ponto para a Tessa. Estrelas famosas
de cinema não beijam estagiárias em sets de filmagem. Especialmente na frente de
todo o elenco e equipe.

Mas a maneira como ele falou comigo, foi como se fôssemos os únicos lá. Como
se ele estivesse falando diretamente comigo. Deus, eu tinha sido estúpida. Ele era um
ator. Era o trabalho dele fazer as pessoas acreditarem nele. Eu não tinha pensado,
apenas reagi. Respondi. O meu corpo tinha respondido às suas palavras e o meu
cérebro tinha desligado. Eu fui tão estúpida.

— Você não é estúpida, — disse Janice quando me ligou depois do jantar. Ela
disse que conseguiu o meu número no RH. E embora eu tivesse alegado que estava
bem, apenas constrangida, ela insistiu em me encontrar em uma cafetaria a alguns
quarteirões do apartamento.

— Você não tem que fazer isso, — eu disse, uma vez que tomamos bebidas e
scones6 e estávamos sentadas em uma cabine de canto.

— Eu queria ter certeza de que você estava bem. Ouvi dizer que a sua primeira
semana foi difícil, mas aquela coisa que aquele idiota fez com você hoje foi muito
fodida.

Concordei com ela, mas depois de anos adorando o Grayson James, não pude
evitar defendê-lo. — Ele só estava tentando tornar o filme melhor.

— Isso é o que ele disse quando o repreendi mais cedo esta noite.

— Você falou com ele? — Eu disse, largando o garfo que eu estava


distraidamente batendo contra a mesa.

— Sim.

— Sobre mim?

— Sim, sobre o que ele fez com você no set.

— E o que ele disse? — De repente me senti ridícula, como uma estudante


fofocando sobre meninos com a sua amiga, mas eu ainda queria saber.

— Ele concordou comigo que tinha sido um idiota.

— Você realmente o chamou assim na cara dele?

6
Pãozinho inglês a base de leite e farinha de trigo e/ou aveia, geralmente pincelado com gema e levemente
adocicado.
— Sim. Nós nos encontramos muito. Nós trabalhamos em pelo menos meia
dúzia de filmes juntos.

Dei uma mordida no scone para me impedir de perguntar a próxima coisa que
eu estava morrendo de vontade de saber. Mas assim que engoli a massa seca, as
palavras saltaram para fora. — Do que mais você falou?

— Eu disse que ele devia um pedido de desculpas a você.

— Você fez? — Todos os supervisores de scripts eram tão corajosos ou apenas


ela?

— Eu fiz.

— E o que ele disse?

— Ele concordou.

Ele tinha? Isso significava que ele falaria comigo amanhã? De alguma forma,
esse pensamento eclipsou tudo o que tinha acontecido hoje. Sim, eu ainda estava
humilhada e brava também, mas falar com ele novamente, esse pensamento fez o
meu sangue bombear mais rápido e o meu humor melhorar mais rápido do que o
chocolate faz. — Então, você acha que ele realmente vai...

— Sim, — disse ela.

— Umm, mas ele pode esquecer. Como você pode ter certeza?

— Porque ele está bem ali, — disse a Janice, com um tom de resignação na sua
voz. — Depois que o repreendi, ele perguntou se podia se juntar a nós.

As suas palavras mal chegaram aos meus ouvidos porque eu estava ocupada
procurando o Grayson na cafeteria. Mas eu não o vi. Havia alguns grupos em outras
cabines e havia três ou quatro pessoas no balcão, mas nenhuma delas era o Grayson.
Mas então um homem com uma velha jaqueta do exército com longos cabelos
grisalhos desgrenhados saindo debaixo de um boné de beisebol veio em nossa direção.
Apesar do fato de que estava escuro, ele tinha um par de óculos de sol de plástico.

Quando ele se aproximou de nós carregando duas xícaras, eu engasguei. Os


óculos, o boné e cabelo desgrenhado podem ter escondido o seu rosto, mas não havia
como confundir aquele corpo. Eu teria reconhecido o jeito vigoroso e atlético que ele
caminhava, mesmo que eu tivesse acabado de acordar de um coma de dez anos.

O Grayson James estava prestes a se juntar a nós em nossa cabine.


— Obrigado, Janice, — eu digo, apertando a sua mão enquanto nós trocamos
de lugar.

— Não há problema, — disse ela, endireitando-se e balançando a bolsa por


cima do ombro. Mas então ela se inclinou e falou diretamente no meu ouvido. — Se
você mexer com ela assim de novo, eu vou cortar suas bolas fora.

Estremecendo, sorri para ela como se ela tivesse acabado de anunciar que
ganhei um Oscar. Era isso que significava ser um ator. Projetar uma coisa enquanto
sente algo totalmente diferente. E agora, eu sentia uma combinação de respeito e
medo em relação a um dos poucos colegas que eu considerava ser uma verdadeira
amiga.

Mas depois que Janice foi embora eu fiquei sozinho com esta adorável jovem, os
seus grandes olhos castanhos me encarando com choque, a minha emoção
predominante era a culpa.

Tirei os meus óculos de sol e guardei-os no bolso enquanto pensava sobre o que
tinha acontecido hoje. Aquilo tinha sido uma coisa horrível de se fazer. A minha
carreira dependia de eu ser capaz de usar o charme. Mas eu aprendi quando estava
começando que, se eu não fosse sincero, eu poderia machucar as pessoas. Eu já tinha
feito isso antes, e não estava feliz ao perceber, depois da ligação da Janice, que hoje
fiz isso de novo.

Claro, eu estava tentando ensinar a Tessa uma ou duas coisas. Ela não iria
durar muito neste negócio se ela fizesse tais performances duras como madeira e com
emoções ocas. Parece que só a aparência a levou tão longe em Hollywood. Mas eu não
estava inconsciente do efeito que eu estava tendo na Ponytail. Eu poderia ter
chamado qualquer um lá comigo, e eu a escolhi.

Era mais do que óbvio que ela tinha uma queda por mim, e eu fiz isso de
qualquer maneira. Porque parte de mim queria ver como ela reagia. Quer dizer, esse
era o ponto. Obter uma resposta honesta e natural. Mas, novamente, eu poderia ter
tentado fazer isso com outra pessoa. Mas, no fundo, eu sabia que queria
especialmente essa reação dela. E isso foi fodido. Ela é filha do meu amigo. E uma
estagiária no set. Eu também aprendi anos atrás a não transar com as estagiárias.
Ou a equipe. Ou as co-estrelas. Mas as regras foram feitas para serem quebradas e
eu tinha ignorado algumas na minha época.

Os olhos da Skye estavam arregalados enquanto ela me observava, o


cappuccino que eu tinha colocado na mesa em frente a ela estava intocado. A encarei
por um momento, os seus olhos castanhos inquisitivos por trás do seu óculos de
bibliotecária sexy. Os fios de cabelo que tinham escapado do seu rabo de cavalo
apertado e agora emolduravam o seu rosto. Aquela pitada de sardas nas suas
bochechas e nariz, bom para lamber. Ela era adorável. Sério, ávida e adorável. E hoje
eu a tratei como merda.

— Sinto muito, — eu digo.

— Você não tem nada pelo que se desculpar, — disse ela no que parecia ser
uma reação instantânea, instintiva.

— Sim, eu quero.
— É claro que você não precisa, — ela proclamou em uma voz forçada e aguda
que não era nada como a voz confiante e clara que ela tinha usado hoje ao dar a Tessa
as suas falas. — Foi realmente incrível, como assistir a uma master class7 de atuação.
Foi divertido, gostei de começar a pensar como uma atriz. Eu sabia que era tudo para
fazer um ponto. Eu não, quero dizer, você não... quero dizer... eu... — Ela se acalmou
e eu apenas a encarei.

Inclinando a minha cabeça para o lado, deixei o cabelo grisalho da peruca


ridícula que eu usava como disfarce roçar contra o meu ombro. Levantei uma
sobrancelha para ela e esperei.

— Sim, — ela finalmente disse com um suspiro. — Acho que você sente.

— Me empolguei um pouco. Eu sinto muito.

— Obrigada, — disse ela, e em uma tentativa de provar que tudo estava


perdoado, ela tomou um gole da bebida que eu trouxe. E então fez uma careta
involuntária que me fez rir.

— Muito forte? — Eu perguntei.

— Algo demais. — Ela era realmente encantadora.

— Então me diga como está o seu velho, — eu digo. Olhando para esta bela
jovem sentada à minha frente, eu estava pensando mais nela do que no meu velho
amigo, mas seria bom quebrar o gelo. E quando ela me contou sobre o escritório de
advocacia do seu pai, que parecia estar indo bem em uma espécie de cidade pequena,
eu não pude deixar de me sentir orgulhoso pelo meu velho amigo. Ele fez algo da sua
vida. Ele criou uma linda filha. Uma filha sobre a qual eu não estava tendo
pensamentos puros.

Para manter a minha libido em xeque, a enchi com outras perguntas. — Como
você sabia as falas da Tessa hoje?

A Ponytail explicou-me sobre a sua memória eidética, e eu passei alguns


minutos divertidos interrogando-a sobre várias partes do script. Inacreditável, já que
ela só colocou os olhos nele uma vez há uma semana, mas ela parecia saber a coisa
toda. — O que eu digo para a minha protagonista após a explosão do carro? —
Perguntei, embora ela tivesse acertado todo o resto.

— 'Se você bater em mais um carro, vou colocá-la sobre o meu joelho e espan...'—
ela parou de repente e corou, a sua mente aparentemente alcançando as palavras que
ela tinha acabado de dizer. E é claro que eu tinha escolhido essa fala apenas para
testemunhar a sua reação, aquele pequeno engate sexy na sua voz. Mas então outra
pontada de culpa me atingiu. Eu já não a tinha envergonhado o suficiente por hoje?
Mesmo que ela parecesse adorável quando corava. E mesmo que a expressão de
saudade no seu rosto hoje tenha sido uma das coisas mais quentes que já vi.

— Desculpe, — eu disse. — De novo.

— Desculpas aceitas, — disse ela. — De novo.

— Então, PT, posso te perguntar uma coisa?

Inesperadamente, ela riu. — É um pouco tarde para pedir permissão.

— Bom ponto. — Eu já tinha feito uma dúzia de perguntas a ela.

7
é uma expressão inglesa que se refere a uma aula dada por um especialista detentor de notório saber em
determinada área do conhecimento.
— Talvez eu devesse fazer algumas perguntas a você, — ela disse, e eu sorri.
Ela estava se abrindo um pouco, isso era bom. Estendendo as minhas mãos para fora,
balancei a cabeça, indicando que ela poderia perguntar o que quisesse.

— Primeiro, por que você me chama de 'PT'?

Ela recebeu permissão para perguntar qualquer coisa e foi isso que ela
perguntou primeiro? — Por causa de Ponytail.

— Oh, — ela diz, e agora as suas bochechas ficaram rosadas novamente,


acendendo a minha curiosidade.

— Por quê?

— Nada, — disse ela às pressas. Como se qualquer homem de sangue vermelho


deixasse por isso mesmo.

— Por quê? — Eu perguntei em um tom de voz mais profundo e estrondoso.


Um que geralmente era muito eficaz com o sexo oposto.

— É só...— ela parecia perturbada. — Isso soa como a palavra... bonita8.

— Então?

— Nada, só seria estranho se você estivesse me chamando, quero dizer...

Agora ela estava vermelha como uma beterraba. — Skye, — eu disse,


enfatizando o seu nome real. — Você é bonita.

De repente, ela ficou muito interessada na xícara à sua frente. Depois de alguns
momentos de agitação, ela falou em voz baixa. — Não pelos padrões de Hollywood. —
A sua voz estava natural, não com pena de si mesma.

— Bonita em qualquer padrão, — eu disse firmemente. — Tire os óculos.

Ela olhou para mim, hesitou, e depois os tirou.

— Mais do que bonita, — eu digo, e é verdade. Ela tinha uma beleza natural,
algo que muitos matariam para ter e ela nem sabia. — Mas, eu já te envergonhei o
suficiente por um dia.

Sorrindo um pouco com isso, ela colocou os óculos de volta.

Decidindo ser menos chato, fiz uma pergunta mais fácil. — Por que você queria
este estágio? Você está interessada em trabalhar aqui depois de terminar a
Universidade?

— Eu não tenho certeza, — disse ela. — Quer dizer, é realmente emocionante,


estar em um set de filmagem. Mas cinema nunca foi realmente o meu sonho.

— Então o que é?

— Eu não sei, — disse ela, na voz de alguém admitindo um crime grave. —


Estou começando o meu primeiro ano no outono, e todos os meus amigos decidiram o
curso, e eu simplesmente não sei o que quero fazer.

— O que você gosta de fazer?

— Eu gosto de quase todas as minhas aulas. Mas acho que gosto mais da classe
de redação. Adoro escrever. Acho que foi por isso que o papai entrou em contato com

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No caso a palavra aqui seria pretty. A tradução de pretty é bonita.
você. Acho que ele imaginou que Hollywood era um bom lugar para se estar, no caso
de, de repente, eu decidir ser uma aspirante a roteirista.

Ela ainda não parecia estar pulando para cima e para baixo sobre a sua posição
como uma estagiária em um filme de Hollywood com grande orçamento, mas eu
realmente achei isso charmoso. Muitas pessoas romantizam a indústria
cinematográfica. — Que tipo de escrita você faz? Scripts?

— Não, nada como isso. Gosto de textos de interesse humano, e de escrever sobre
novos lugares.

— Como uma escritora de viagens?

Ela olhou para fora da janela sobre o meu ombro por um momento ou dois. —
Sim. Eu não tinha pensado nisso dessa forma. Acho que gostaria disso.

— Pronto, — eu disse. — Decidido seu curso. Agora, dê-me mais alguns


minutos e o resto do seu Scone, e vou resolver a pobreza, a poluição e as pessoas que
dirigem devagar na pista rápida.

O sorriso da Skye foi deslumbrante, e de repente eu tive o desejo de saber como


ela se parecia em um vestido de noite em um restaurante chique. E esse pensamento
deu lugar a imaginar como ela mais tarde ficaria sem ele.

— Grayson?

Olhei para cima, com medo de que alguns dos meus pensamentos inadequados
tivessem aparecido no meu rosto, mas não foi a PT que tinha falado. Em vez disso,
um trio de mulheres estavam alinhadas ao lado da nossa mesa. Merda.

— É você, — disse a primeira. — Oh meu Deus. Oh meu Deus, Oh meu Deus,


Oh meu Deus. Você pode me dar um autógrafo?

Merda. A Ponytail estava olhando com a boca aberta para as mulheres na nossa
frente, para as outras pessoas no restaurante olhando com interesse, e merda para o
cara com a câmera perto da porta. Os caçadores do autógrafo já devem ter postado
algo nas redes sociais. Logo os abutres estariam aqui. E de jeito nenhum eu deixaria
a foto da Skye ser matéria de um tabloide.

— No hablo Inglés, — eu disse para a mulher pairando sobre mim. Então


agarrei a mão da Skye, tentando tirá-la de seu estupor. — Vamos sair daqui. — Foi
bom, ter uma conversa regular em público, enquanto durou.

Puxei a Skye para fora da cabine e joguei uma nota de vinte dólares sobre a
mesa. A porta da frente estava logo à frente e parecia livre. Porém quando chegamos
lá fora, vi mais deles saindo de um carro.

— Lá está ele. Grayson!

— Quem é essa, Grayson? Você está saindo com alguém?

Câmeras piscaram, mas com sorte elas estavam muito longe. — Vamos lá!

— Mas...— ela disse, soando chocada, mas tentando corajosamente manter-se.

— Aqui embaixo. — Havia uma espécie de rua lateral e parecia mais escura.
Eu estava andando rápido e a Skye começou a correr. Havia mais algumas lojas, a
maioria fechada a esta hora da noite, e depois outra rua lateral que parecia
residencial. — Por aqui.

Mas havia vozes atrás de nós. Passos se aproximando. Merda.


Nervosamente, segui o Grayson, a sua mão forte me puxando pelas ruas escuras.
O seu senso de urgência havia me afetado, e francamente, eu estava um pouco
apavorada. Parecíamos ser raposas numa caçada. Exceto que os caçadores atrás de
nós tinham câmeras. Eu podia ver os flashes de luz com o canto dos meus olhos.

Grayson deu voltas e mais algumas voltas, mas ainda havia pessoas atrás de
nós. Em ambos os lados da rua haviam cercas altas para privacidade. Parecíamos
estar em algum tipo de estrada de acesso pequeno entre duas fileiras de casas.

— Aqui. — Ele parou abruptamente, e quase trombei nele. Ele abriu o portão
de uma cerca alta privativa branca e me incitou a entrar.

— Mas quem mora aí?

— Não tenho ideia, — ele rosnou. — Apenas entre. — E então ele me pegou
pelos ombros e me conduziu através do portão.

Ficamos em silêncio assim que o portão se fechou atrás de nós. Havia vozes no
beco, e eu dei um passo para trás silenciosamente, apenas para sentir uma outra
cerca nas minhas costas. Era difícil ver no escuro, mas afinal não estávamos no
quintal de alguém. Em vez disso, havia um outro portão atrás de mim com um
cadeado pesado. Parecíamos estar em algum tipo de espaço de armazenamento, e era
pequeno do tamanho do minúsculo armário que a Angel e eu compartilhamos no
nosso apartamento.

O homem grande na minha frente não tinha percebido isso e deu um passo para
trás, quase me prendendo na cerca atrás de mim. Saindo do seu caminho, dei um
passo para o lado, mas não havia muito espaço. Eu ouvi a sua maldição abafada
quando ele descobriu a nossa situação.

Mal havia espaço para ficarmos lado a lado, por isso ficamos cara a cara
enquanto os paparazzi passavam por ali no outro lado da cerca. — Para onde eles
foram? — Ouvi um deles dizer.

E de repente, tudo me alcançou. O longo dia que eu tive. As emoções que senti
quando o Grayson quase me beijou antes. A humilhação depois. A experiência
completamente surreal de encontrá-lo na cafeteria. E depois ser perseguida pelas
ruas como um cão fugindo da carrocinha.

Este foi o dia mais estranho da minha vida.

Pensando nisso, eu caí para trás, fazendo um barulho quando me encostei contra
o cadeado do portão. Grayson imediatamente notou. — Você está bem? — ele
sussurrou, colocando a mão no meu ombro e me puxando para ele.

E de repente, eu tinha o meu braço enrolado na cintura dele enquanto me


agarrava a ele. Ele me deu um tapinha nas costas, e então passou a mão para cima e
para baixo na minha espinha. Eu estava com um casaco leve sobre a regata branca
sem mangas que eu tinha usado para no set hoje.

A sua mão livre agarrou o meu rabo de cavalo e ele deu um pequeno puxão,
fazendo-me automaticamente erguer o meu rosto para ele.
E então tudo que pude fazer foi olhar em choque quando ele inclinou a cabeça
na minha direção. O Grayson James estava prestes a... tinha que ser pra valer dessa
vez, certo, ele não... ele realmente ia…?

Mas ele estava. Os seus lábios encontraram os meus, levemente no início. A sua
barba fez cócegas no meu queixo e os meus lábios se curvaram em um sorriso contra
os dele. Isto estava realmente acontecendo.

A pressão firme da sua boca me fez arquear o meu pescoço para encontrá-lo
mais plenamente. A sua mão estava segurando a parte de trás da minha cabeça
agora, o meu rabo de cavalo ainda envolto no seu punho. Eu gostei. Ele segurando-
me firmemente. O seu corpo pressionado contra o meu no escuro. E os seus lábios me
devorando.

Eu nunca tinha sido beijada assim antes. Por alguém que era tão bom nisso. O
meu namorado do ensino médio tinha sido um beijador desleixado e eu não tinha
namorado muito na Universidade. Eu era a garota nerd da classe que sabia todas as
respostas, fácil de fazer quando você conseguia memorizar o livro didático. E eu
também era a garota desastrada que esbarrava em todo mundo. As pessoas tendiam
a ficar longe, não me convidavam para sair.

Nunca nos meus sonhos mais loucos imaginei ser beijada assim de verdade.
Especialmente pelo homem dos meus sonhos. Os músculos quentes e duros do
Grayson contra os meus seios faziam tudo valer a pena. A humilhação de hoje. As
pessoas ficando frustradas comigo na semana passada no set. Inferno, todas as
pessoas em todos os lugares que já ficaram irritadas comigo. Esse único beijo
compensou tudo. Grayson era tão bom.

Um gemido escapou dos meus lábios entreabertos e foi substituído pela ponta
da sua língua. Ele me provocou, movendo-se para trás e para frente, aprofundando
cada vez mais. Eu me senti cercada por ele, os seus lábios nos meus, a sua mão no
meu cabelo, a sua outra mão acariciando as minhas costas. Me senti desejada.
Segura.

Mas então um grito nos fez pular. Dei um passo precipitado para trás e teria
batido na cerca se o Grayson não tivesse me segurado. E isso teria denunciado o nosso
esconderijo.

Dois homens conversavam, a vários metros de distância de nós, apenas do


outro lado da cerca. Ainda não muito firme nos meus pés, aquele beijo me fez sentir
instável de uma maneira boa, agarrei a frente da camisa do Grayson como se fosse
um apoio.

Ele soltou o meu rabo de cavalo quando pulei para trás e agora ele colocou a mão
dele entre nós e agarrou a alça da minha blusa branca debaixo do meu casaco. Ele
agarrou o material nas suas mãos, como se estivesse se agarrando a mim para se
apoiar do jeito que eu estava fazendo com ele. Ele estava me provocando, e esse fato
fez o meu pulso disparar.

Sorrindo um pouco timidamente no escuro, soltei a sua camisa e a coloquei de


volta no lugar. E então ele fez o mesmo, soltando a alça da minha camiseta e a
alisando. A palma da mão dele estava quente no meu seio.

Percebi que ainda estava dando tapinhas distraidamente nele, então parei. E
ele também, espelhando os meus movimentos. Um delicioso arrepio percorreu o meu
corpo enquanto eu pensava nisso. Movi a minha mão até o seu ombro e apertei e ele
fez o mesmo. Caralho. Ele estava sendo brincalhão, algo pelo qual o Grayson James
não era particularmente conhecido.

Timidamente, deslizei os meus dedos dentro da sua jaqueta e corri a minha mão
pelo seu braço, traçando as linhas do seu bíceps protuberante. Os seus dedos
dançaram sobre o meu braço em troca. Quando fiz uma pausa, ele fez também e eu
estava muito consciente dos seus dedos no meu braço, a apenas alguns centímetros
dos meus seios.

Fechei os olhos, respirei fundo. E então lentamente movi a minha mão do seu
braço para o seu peitoral duro, o tocando levemente. E, puta merda, ele fez o mesmo
comigo, escovando a parte de trás dos nós dos dedos contra a minha camiseta sobre
os meus seios. Os meus mamilos endureceram instantaneamente, e então ele se
moveu para o outro lado, acariciando por cima da minha camiseta ali.

Ele iria mais longe? Eu queria que ele fosse. Ele não ia? Toda vez que parei
para pensar, o meu cérebro praticamente implodiu. O Grayson James tinha acabado
de me beijar. Estava me tocando. Inacreditável.

Mas estava acontecendo, e se eu quisesse que acontecesse mais, era comigo.


Timidamente, corri os meus dedos através dos seus peitorais e, em seguida, até a gola
da sua camisa. Agarrando a parte superior da sua camiseta com o meu dedo, puxei.

Foi todo o convite de que ele precisava. Os seus dedos talentosos mergulharam
dentro da minha camiseta. A sua pele nua na minha pele nua, celestial. E quente
como o inferno. Ofeguei quando ele escovou o meu mamilo nu e a sua mão livre saltou
para o meu queixo. Um dedo forte, presumivelmente o seu dedo indicador, pressionou
contra os meus lábios. A mensagem não poderia ter sido mais clara. Shhh.

Eu franzi os meus lábios ligeiramente, como se para sussurrar, para


tranquilizá-lo que eu tinha entendido, e, em seguida, a ponta do seu dedo estava
descansando no meu lábio inferior. Congelei no lugar, sentindo-me duplamente
conectada a ele no escuro, a sua mão no meu peito e o seu dedo na minha boca. E
então eu não pude evitar. Fechei os meus lábios em torno do seu dedo e o chupei.

Senti o seu corpo sacudir, os seus músculos rígidos flexionando sob a minha
mão. Mas ele não moveu o dedo. Na verdade, ele empurrou mais um centímetro,
permitindo-me girar a minha língua em torno dele. O seu dedo fechou em um mamilo
e beliscou levemente. Decidindo que era a minha vez de espelhar as suas ações, mordi
o seu dedo levemente. O seu beliscão se aprofundou por um momento e então ele o
soltou.

Grayson deslizou o dedo para fora da minha boca, deixando um rastro de


umidade no meu queixo e garganta enquanto arrastava para baixo. Agora ele cutucou
o meu outro mamilo. Não percebi que a minha boca ainda estava aberta até que ele
se inclinou e me beijou novamente.

Deus, este homem oprimiu os meus sentidos. O seu toque, o seu gosto, até
mesmo o seu cheiro. Ele tinha uma espécie de colônia sutil que cheirava a homem.
Áspero. Sexy.

Dei um passo involuntário para trás enquanto ele me beijava profundamente,


os seus dedos ainda brincando com os meus mamilos. Os meus joelhos se sentiam
fracos e as minhas pernas ainda tremiam. Eu não tinha idéia de como as suas
protagonistas ao longo dos anos recebiam os seus beijos sem cair no chão. Eu estava
prestes a fazer isso agora. Cegamente, estendi a mão para obter apoio na cerca, mas
em vez disso a minha mão conectou com algo feito de plástico rígido que caiu.

O que quer que fosse, talvez um regador, bateu no chão com um baque e o
Grayson se endireitou. Nós dois congelamos. Alguém ouviu isso? Mas parecia muito
quieto no beco. Ele se moveu até a beira do portão e olhou para fora.

— Eles se foram? — Sussurrei, um pouco surpresa por ainda possuir a


capacidade de formar palavras.

— Sim, — disse ele, a sua voz baixa e rouca.


— Quando é que isso aconteceu?

— Provavelmente em algum momento em torno desta parte, — disse ele e


estendeu a mão e brevemente segurou os meus seios nas suas mãos grandes antes de
empurrar as alças e bojo do meu sutiã e a minha camiseta de volta no lugar.

Lutei contra um gemido quando o calor das suas mãos se foram. Eu gostaria de
poder ver melhor o rosto do Grayson. Eu não fazia a menor ideia do que ele pensava
de tudo isto. Por falar nisso, nem eu tenho ideia sobre como deveria me sentir. Não é
todo dia que você tem uma das suas fantasias mais antigas ganhando vida. Sonhei
beijar o Grayson desde a primeira vez que assisti um dos seus filmes.

Apesar das suas garantias anteriores de que ninguém estava por perto, ele foi
cauteloso ao abrir o portão. Pegando a minha mão, ele me levou para o beco. Voltamos
para a rua principal em silêncio. Quando olhei para ele, percebi que em algum
momento ele havia perdido aquele boné ridículo e o cabelo falso. Foi bom vê-lo
parecido com ele mesmo, mas não acho que conseguiria lidar com isso se as pessoas
começassem a perseguir-nos novamente.

Quando nos aproximamos da rua, ele tirou os óculos de sol de plástico do bolso
da jaqueta e colocou-os. De alguma forma, passamos por entre as multidões da
madrugada sem que ninguém o reconhecesse.

E então, o Grayson Jackson, estrela de cinema mundialmente famosa,


multimilionário e o homem mais sexy do ano de 2015, me acompanhou até em casa.

Inacreditável.
Que porra fiz ontem à noite?

Eu não era necessário no set hoje até mais tarde, então eu estava na minha
cobertura. Ignorando a vista. Ignorando toda a comida que a minha equipe havia
deixado na geladeira. E me perguntando o que diabos eu tinha feito.

Essa era a filha do Derrick. Um dos meus amigos mais antigos. Isso me
transformava em uma merda completa, não é? Uma merda completa duas vezes
porque eu não conseguia tirá-la da minha mente. A minha mente fodida e desleal.
Apalpei a garotinha do Derrick.

E pior do que isso, eu a expus para aqueles abutres. Como Derrick se sentiria
se a foto da Skye acabasse explodindo nos tabloides? Como a Skye se sentiria?

Este era o meu mundo, não o dela. Eu devia mantê-la longe disso. Ela não
queria um futuro no show business, então ela deveria fazer as malas e voltar para
Bumfuck, Nebraska ou qualquer cidade em que viviam.

Exceto que eu não queria que ela fosse embora.

Afundando no sofá, me deitei, os meus pés sobre a borda no final. Simplesmente


não fazia sentido. Tínhamos tomado café. Tivemos um pouco de mão boba. Sorri ao
me lembrar de como as suas mãos também tinham feito algumas explorações. Nós
nos beijamos.

Isso não foi nada.

Isso foi tranquilo.

Ou pelo menos normalmente era. Mas o meu encontro com a Skye ontem à noite
ficou preso na minha mente, um grande momento.

O que não entendi foi o porquê. Tudo bem, ela era linda. Mas eu estava cercado
por mulheres bonitas todos os dias. E ela tinha uma queda por mim. Lisonjeiro, mas,
novamente, não é exatamente incomum. O que sim, é convencimento para porra, mas
também é verdade.

Ela era brilhante. Bem-apessoada. Um pouco desajeitada de uma forma


cativante. Tudo isso somado a ela ser uma pessoa interessante. Não fazia sentido
pensar nela sem parar durante toda a manhã.

Tocá-la tinha sido o céu. Os seus seios suaves e perfeitos. Aquele gemido que
ela deu quando acariciei os seus mamilos entrou nos meus ouvidos e viajou direto
para as minhas bolas. Ela me fez sofrer por ela. Ter desejo por ela. Gostaria de saber
o que ela diria a seguir. Era o clichê mais velho do livro, mas eu queria mostrar a ela
o mundo. Ajudá-la a descobrir a sua carreira. Ensinar a ela todas as coisas que o seu
corpo e o meu poderiam fazer.

Eu apostaria os salários dos meus próximos cinco filmes que ela não tinha
muita experiência com os homens. Claro, ela me surpreendeu um pouco ontem à
noite. Acariciando o meu peito de uma forma muito sensual. Chupando o meu dedo.
Ela ficou mais confiante à medida que avançava, a sua língua usando todos os
movimentos certos até o fim. Eu queria tanto que ela se ajoelhasse e me mostrasse o
que a sua língua poderia fazer de verdade.
Mas ela não estava pronta para isso. Ela era tímida. Doce. E isso me fez sentir
protetor. O que era muito insano, já que o cara de quem ela mais precisava se proteger
era eu.

E então a cara feia do Derrick apareceu na minha mente de novo. Ele era um
filho da puta, mas era um dos meus amigos mais antigos. Ele me conhecia quando eu
não era nada. Ele gostava de mim quando eu não era nada. A merda de Hollywood
não se aplicava a velhos amigos. Mas não os trair transando com as suas filhas
parecia uma parte consideravelmente importante do código de irmãos.

Essa coisa toda era minha culpa. Quando ele ligou do nada, algumas semanas
atrás, eu disse que não havia problema, eu me certificaria de que a sua única filha
tivesse um estágio. Eu deveria ter perguntado se ela era tão bonita que me
atormentaria enquanto estivesse aqui. Eu deveria ter perguntado se ela era tão real
a ponto de envergonhar todas as estrelas de Hollywood.

Sim, eu deveria ter perguntado tudo isso. Mas não fiz.

E por mais que eu disse a mim mesmo que a Skye estava fora dos limites, eu
sabia que não havia nenhuma chance no inferno que eu ia desistir agora.
Os próximos dias passaram como um borrão. As cenas na floresta estavam
gravadas, então toda a produção estava voltando para o estúdio. Isso significava que
os atores não estavam por perto, o que era bom no caso da Tessa e ruim no caso do
Grayson. Só o vi uma vez desde aquela noite e não pude falar com ele sozinho. Mas
isso não me impediu de tentar me vestir melhor. A minha colega de quarto, Angel,
me emprestou algumas saias para usar esta semana. Eu ainda mantinha o meu
cabelo em um rabo de cavalo já que ele parecia gostar daquela maneira, mas também
coloquei um toque a mais de maquiagem do que o habitual.

Claro, eu não tinha certeza se ele novamente queria falar comigo a sós. Talvez
tivesse sido apenas uma coisa de momento. A ideia de nunca mais estar nos seus
braços novamente era muito doloroso.

Mas eu não tive muito tempo para me debruçar sobre isso porque havia muito
o que fazer. Tudo tinha que ser embalado e devolvido. Uma quantidade enorme de
pessoas dedicou uma quantidade enorme de horas, mas depois de alguns dias quase
todas as coisas estavam prontas para ir.

O estúdio do cinema era enorme com muitos palcos, com sons diferentes e as
salas gigantescas, desde pequenos adereços a motocicletas. Principalmente, eu seguia
a Janice por aí. Eu gostava dela. Ela era inteligente, amigável, e o melhor de tudo,
ela não parecia se importar muito quando eu esbarrava ou derrubava as coisas.

Na noite de quinta-feira, Janice e eu trabalhamos nas nossas anotações para as


filmagens que seriam retomadas na manhã seguinte. Quando terminamos, já era
muito tarde. Um homem que eu tinha visto por aí algumas vezes nos disse que alguns
membros da equipe estavam saindo para um jantar tardio, e Janice olhou para mim,
com uma sobrancelha levantada.

Por que não? Eu a segui, o homem e algumas outras pessoas fora do estúdio,
desligando as luzes enquanto saíamos. Este lugar era tão grande que eu ainda não
tinha certeza se conseguiria encontrar a entrada para o estacionamento dos
funcionários por conta própria. Janice e os seus amigos confiantemente viraram
esquina após esquina, e, finalmente, pude ver uma das salas principais logo à frente.
Mas enquanto eu seguia atrás da equipe, uma figura apareceu em uma porta aberta.
Uma mão disparou e agarrou o meu braço. O meu coração pulou uma batida, e eu
respirei fundo para gritar, mas então o meu cérebro acordou. Era o Grayson.

Olhando para mim de forma constante, uma sobrancelha levantada, ele


inclinou a cabeça na direção dos outros. Depois de um momento de pensamento
frenético, balancei a cabeça. Ele soltou o meu braço e eu os alcancei.

— Ei Janice, deixei o meu telefone lá em cima.

Ela se virou para me encarar. — Sem problemas. Nós podemos esperar.

— Não, mas eu esqueci, devo fazer alguma coisa com a minha colega de quarto
esta noite. Mas obrigada pela oferta. — A minha voz foi sumindo enquanto ela me
olhava com cuidado. Ela era uma mulher inteligente e eu não era uma boa mentirosa.

— Ok, então, — disse ela, finalmente. — Tenha uma boa noite. E tome cuidado.

— Obrigada, — eu disse, mas me perguntei sobre a última frase quando ela


saiu. Tenha cuidado neste grande edifício sozinha à noite? Ou tenha cuidado com
uma estrela de cinema gostosa como o inferno que estava fora do meu alcance?
Talvez tenha sido um pouco dos dois.

***

— Você está gostando da turnê até agora?

Nós estávamos passeando por uma variedade de sets, todos eles eram muito
impressionantes. Mas eu estava pensando na mão do Grayson segurando firmemente
a minha quando respondi. — Estou gostando muito.

— Bom. Quer beber alguma coisa? — Ele apertou um interruptor de luz pelo
qual estávamos passando e iluminou um cenário que parecia um bar.

— Isso é um bar em funcionamento? — Perguntei, caminhando em direção ao


balcão na altura do peito.

— Não. — Ele sorriu. — Mas talvez possamos fazê-lo se tornar um. Você não
terá vinte e um por mais o que, um ano? Tenho certeza de que podemos providenciar
alguma coisa até então.

Um fraco calor se materializou nas minhas bochechas. A minha idade não


deveria ser algo para se envergonhar, mas talvez fosse apenas o tom que ele estava
usando. Baixo. Sexy. Provocativo. — Quase, — eu disse.

Grayson se moveu para o outro lado do bar, pegou uma toalha branca e a
pendurou sobre o ombro. A sua postura mudou, a sua expressão mudou, e de repente,
ele parecia um cara da classe trabalhadora em vez de uma estrela de cinema ultra
rico. — Sente-se, Ponytail e me conte todos os teus problemas.

Um sotaque, talvez de Boston? Pode ser que ele estivesse canalizando aquele
velho show Cheers9. O meu pai gostava desse show. O Grayson pegou um copo do
balcão e o enxugou com a toalha. Eu não pude deixar de sorrir enquanto eu sentava
na banqueta do bar. Com a sua aparência, o seu charme, o seu incrível Sex Appeal,
às vezes era possível esquecer o quão bom ator ele era. — Quantos sotaques você
consegue fazer?

Grayson pousou o copo e apoiou as mãos no balcão. — Isso é o que está


incomodando você?

— Estou curiosa, — eu disse com um encolher de ombros. E eu estava, sobre


tudo, sobre ele. O homem real era muito diferente do que tinha lido ao longo dos anos
online e em revistas.

— Eu posso fazer praticamente qualquer sotaque se eu o ouvir primeiro por um


tempo. Porquê? Tem algum pedido? — Ele me lançou um sorriso arrogante.

Isso poderia ser divertido, mas agora, eu estava mais curiosa sobre as suas
habilidades. — Como você aprendeu isso?

— Eu sempre fui bom em imitar. Costumava fazer imitações de todos os


professores do ensino fundamental. Eu imitava os professores, as outras crianças
riam, e então eles ficavam em apuros por serem barulhentos. Mmm... bons tempos.

9
Siticom de 1982 com 11 temporadas. O ex-arremessador do Boston Red Sox Sam Malone é dono do Cheers, um
bar aconchegante em Boston. Ele contrata a inteligente Diane Chambers como garçonete, mas a atração entre os
dois causa brigas constantes.
Eu ri. — Você aprendeu a fazer sotaques e coisas assim na Universidade?

— Não, na verdade não. O departamento de teatro era mais para estudar peças,
aprender técnicas clássicas. Atuação Shakespeariana. Atuar ao vivo na frente de um
teatro. Eu adorava. Acho que estive em todas as apresentações nos meus quatro anos
lá. O seu pai compareceu em muitas delas. Mas o programa não era muito prático. O
meu conselheiro parecia pensar que atuar era apenas estar no palco. E a produção de
filmes era uma moda passageira que morreria a qualquer minuto. Você acha que eu
devo começar a procurar um emprego de meio período?

— Acho que você está seguro, por agora.

Os seus olhos verdes parecem infinitamente profundos enquanto ele me olha do


outro lado do balcão. Às vezes parecia quase fácil falar com ele, mas então me ocorria
novamente o quão bonito ele é. Como é que um homem mundialmente famoso estava
falando comigo? Eu.

— Então, o que posso fazer por você, moça bonita?

Ele estava brincando, mas olhei em volta para as garrafas empoeiradas e


presumivelmente vazias no set e fingi considerar isso. Mas eu sabia muito pouco
sobre álcool. — O que você recomendaria?

— Ficar longe de mim. — Os seus olhos ainda estavam fixos nos meus. Ele não
estava brincando.

— Por quê? — Eu disse, a minha voz baixa.

— Você realmente precisa de uma lista?

— O meu pai.

— Isso está bem no topo, — ele concorda. — Ele mandou você aqui para obter
alguma experiência. Duvido que ser apalpada em um beco escuro fosse o tipo que ele
se referia.

Corei. Pensar naquela noite me deixava excitada e envergonhada. E também


me enchia de um desejo avassalador. Anseio por ele. Desejo por mais. — Posso não
ter idade suficiente para beber, mas tenho vinte anos. Eu sou uma mulher adulta.

— O seu pai provavelmente não te vê dessa maneira.

— Você vê? — O meu coração martelou depois que fiz a pergunta. Por alguma
razão, a mesma bravura que me fez chupar o seu dedo na outra noite havia retornado.

Ele hesitou. E então: — Sim. Quando olho para você, definitivamente vejo uma
mulher adulta. Mas, ele não é o único problema.

— O estúdio?

— Isso também está na lista. A confraternização entre atores e estagiários é


um grande, não - não.

— Por causa do... tipo assédio sexual? — Aparentemente, a minha bravura foi
de curta duração, porque era difícil dizer a palavra 'sexual' na frente dele. Não
quando ele era um anúncio ambulante de Sex Appeal masculino.

— Provavelmente essa é a razão nominal. E é um fator. Mas, na realidade, se


a notícia se espalhar que estávamos juntos, você seria demitida sem pensar duas
vezes.
— Oh. — Eu acho que quando se trata de um ator de primeira linha e uma
estagiária desajeitada que causou estragos no set, não era uma decisão muito difícil.

— Isso te incomodaria?

— Não, — eu digo e depois volto atrás. — Quero dizer, estou gostando de


trabalhar aqui neste verão. Mas, não é como se a minha carreira dependesse disso.
Eu ainda nem sei no que quero me formar. Mas se eu tivesse que sair, eu perderia
isso. Eu sentiria falta de... você.

Ele sorriu com isso, mas havia um tom de tristeza na sua expressão. — Não é
apenas o estúdio. Ou o fato do seu pai querer usar as minhas bolas para praticar tiro
ao alvo. Se nada disso fosse um fator, e você fosse apenas uma garota que conheci em
um bar, um bar real, quero dizer, ainda haveria um monte de problemas. Como os
abutres. Ser vista em público comigo significa que a sua vida não é mais sua. Tudo o
que você já postou online, eles encontrarão. Todas as fotos tiradas de você serão
assunto público. Você receberá vaias. Será seguida. Perseguida depois. E nem será
sempre comigo ao seu lado. Com uma cerca convenientemente localizada para se
esconder atrás.

Ouvi cada palavra que ele disse. Eu fiz. Mas parte de mim estava fixada no fato
de que ele estava falando como se o nosso início de um relacionamento fosse uma
opção possível. E em que mundo era possível uma relação entre mim e o Grayson
James? Mesmo para Hollywood, isso parecia um exagero.

— O seu rosto é um livro aberto, PT, — disse ele com um suspiro. — Mas você
precisa ouvir o que estou dizendo. Tudo o que listei pode acontecer. E quando isso
acontecer, a sua vida, a sua privacidade nunca mais será sua novamente. Você está
preocupada com o que o seu pai pensaria. Imagine ter que se preocupar com o que
cada pessoa no mundo pensaria.

De repente, esta noite já não era mais tão divertida. Porque eu finalmente
consegui. Ele me encontrou esta noite, não porque queria estar comigo, mas porque
ele queria me dizer que isso nunca poderia acontecer. Desci da banqueta do bar. —
Então o que você está dizendo é que a outra noite foi um acaso e que não pode
acontecer de novo.

Havia preocupação nos seus olhos agora. — Não um acaso. Apenas um erro da
minha parte. Mas sim para o resto. Isso é o que vim aqui para dizer.

As lágrimas surgiram e eu pisquei de volta. Eu consegui chegar até o corredor


antes que o Grayson me alcançasse. Ele agarrou o meu braço. Me virou para ele. —
Isso é o que vim aqui para dizer, mas não é o que realmente estou dizendo.

Confusa, olhei para ele, as lágrimas ainda ameaçando transbordar dos meus
cílios inferiores.

— Se fosse esperta, Skye, você ficaria longe de mim. Isso é muito verdadeiro.

— E se eu não fosse esperta? — A minha voz saiu como um sussurro.

— Então teríamos que ser muito cuidadosos. Extremamente cuidadosos para


que absolutamente ninguém descubra. Também não quero ser esperto. Mas também
não quero estragar o seu futuro só porque não consigo parar de pensar em você.

Oh, meu Deus. Ele tinha realmente dito isso? Sobre mim? O meu batimento
cardíaco bateu em um ritmo descontrolado antes de se estabilizar. Então o Grayson
estendeu os braços e eu fui para eles, inclinando o meu rosto contra ele.

A sua boca na minha foi ainda melhor do que eu me lembrava, embora essa
situação me parecesse familiar de alguma forma. Estávamos no escuro de novo. Nos
escondendo. Mas isso não importava para mim. Tudo o que eu queria era o Grayson.
Que ele me queria também parecia bom demais para ser verdade. Mas a sua ternura
me fez pensar que de alguma forma era.

Minutos depois, ele apertou a minha mão e se afastou. — Vamos lá. Há mais
uma coisa que quero te mostrar.

— Ok. — Eu disse. Depois daquele beijo, eu teria concordado mesmo se ele


tivesse me pedido para quebrar uma daquelas garrafas falsas de licor na minha
cabeça.

Grayson me conduziu por vários corredores mal iluminados antes de


emergirmos em uma área aberta. O cenário na frente, um escritório, era o que ele
filmaria amanhã.

As câmeras e a iluminação já estavam configuradas, e no centro de tudo estava


uma cadeira de diretor, uma daquelas antiquadas com pernas de madeira que se
cruzavam na frente e atrás. — Uau, — eu disse. — Não achei que os diretores ainda
usavam essas.

— Muitos deles não, — disse o Grayson, me guiando até ele. — Um dos nossos
diretores assistentes diz que essa o faz pensar melhor. Mas ele não a usa quando
filmamos ao ar livre. Não é a melhor escolha para um terreno irregular.

A cadeira parecia um pouco instável. Era tão alta quanto a banqueta de bar em
que eu tinha sentado antes.

— Então, — diz o Grayson, — Vamos conversar. — As suas mãos envolveram


a minha cintura e ele me colocou na cadeira.

Surpresa, agarrei os braços da cadeira enquanto piscava para ele. Eu tinha um


metro e setenta e três. Eu nunca tive um cara causalmente me levantando assim.

Era quente.

— Não olhe para mim assim, — disse ele. — Ou pelo menos não até que
tenhamos uma coisa clara.

De alguma forma, encontrei a minha voz. — O que é?

— Essa... essa coisa entre nós, precisa ser um segredo. Para todos. A sua colega
de quarto, a equipe, o seu pai, especialmente o seu pai. Você não pode dizer a
ninguém.

— Eu entendo, — digo e estendo a mão e agarro um punhado da sua camisa,


puxando-o para mim. Ele colocou as mãos em ambos os lados da cadeira, mas não se
aproximou.

— E só para ter certeza que nos entendemos. — Ele hesitou. — Isso não é feliz
para sempre. Eu não sou assim. A minha vida não é assim. O tempo que passamos
juntos pode ser especial. E maravilhoso. Mas não haverá nenhum passeio ao pôr do
sol juntos. Não é assim que funciona comigo.

— Eu sei, — digo. E entendi. Eu não tinha muita experiência com homens, mas
eu não era completamente ingênua. Mas também sabia que ele gostava de mim. Eu
não entendia porque exatamente, mas eu sabia que era verdade. Vi nos olhos dele. —
Tenho vinte anos, não doze.

Ele estremeceu com as minhas palavras e eu ri.

— Eu só quis dizer, eu não sou uma garotinha. Eu sei o resultado.


— Engraçado você mencionar o resultado, — ele disse e se inclinou para beijar
a minha testa, as suas mãos se movendo para as minhas coxas.

Oh, meu Deus. De repente, ele estava oprimindo os meus sentidos novamente.
A sua respiração soprando contra a minha testa. O seu perfume picante masculino
no meu nariz. As suas palmas grandes queimando calor nas minhas coxas nuas.
Aparentemente, coisas boas aconteciam com mulheres que usavam saias em vez de
jeans o tempo todo.

Grayson esfregou o seu nariz no meu couro cabeludo, o que fez um pouco de
cócegas, mas eu estava muito mais focada nas suas mãos esfregando para cima e para
baixo nas minhas coxas, avançando um pouco mais alto a cada vez. Mas ele,
aparentemente, estava pensando em outras coisas. — Solte o cabelo.

Olhando nos seus olhos, fiz exatamente isso, estendendo a mão para trás
tirando o elástico do meu cabelo. — Você ainda vai me chamar de Ponytail?

— Sempre, — disse ele, sorrindo enquanto eu deixava o meu cabelo deslizar


livremente sobre os meus ombros. — Ou pelo menos PT. Tipo, você está bonita, PT.

Não. Eu não estava. Mas, ele parecia realmente estar falando sério. E então os
seus dedos longos acariciaram a parte interna das minhas coxas e eu joguei a minha
cabeça para trás e gemi.

O som chamou a sua atenção. — Então, você está bem em não falar com
ninguém sobre nós?

— Muito bem, — eu disse, um gemido de necessidade na minha voz. — Não sou


do tipo de fofocar sobre homens.

Ele sorriu. — Isso soa como um desafio. Aposto que eu poderia fazer algumas
coisas que você morreria de vontade para contar aos seus amigos sobre.

— O que...— eu disse, mas a minha voz sumiu quando os seus dedos cravaram
nas minhas coxas, espalhando as minhas pernas.

Oh, meu Deus. Havia um calor inacreditável das suas mãos enquanto ele as
movia cada vez mais perto do meu centro. Foi tão bom. Ele me fez contorcer na
cadeira querendo mais, um fato que suscitou uma risada sexy dele. — Você quer isso,
moça bonita?

Sim. Enfaticamente sim. Para qualquer que fosse a pergunta. Fechei os olhos e
gemi quando um dos seus dedos longos roçou levemente a frente da minha calcinha.
— Oh, Deus.

— Aposto que posso fazer você dizer muito isso esta noite. — A sua voz estava
divertida e excitada.

Concordei com ele de todo o coração, mas não pude dizer nada, porque fiquei
hipnotizada pela maneira como ele acariciava a minha fenda para cima e para baixo,
esfregando o tecido fino contra mim.

— Você se lembra que calcinha usou hoje? — A sua voz era um murmúrio baixo.
Tentei lembrar-me. Tentei pensar. Tentei fazer algo além de derreter em uma poça
de luxúria com seu toque.

— Não, — eu disse roucamente.

— Bom. Então isso significa que ela não é a sua favorita.


— O quê? — Mas então os meus olhos se abriram e eu gritei quando ele arrancou
a minha calcinha de mim. Oh. Meu. Deus. Será que o seu programa de teatro na
Universidade deu aulas de ser sexy? Se sim, ele definitivamente obteve um A.

As mãos do Grayson estavam nos meus quadris agora e ele deslizou a minha
bunda para mais perto da borda da cadeira. E então ele me pegou pelos tornozelos e
levantou as minhas pernas para cima e para fora e colocou sobre os braços da cadeira
do diretor. Os meus quadris estavam bem na ponta da cadeira, cobertos somente pela
saia curta. E então ele se ajoelhou na minha frente.

Meu Deus. De repente, fiquei apreensiva. Nenhum homem tinha feito tudo isso
comigo antes.

Ele deve ter percebido a minha hesitação. — Apenas relaxe, PT. Deixe-me
cuidar de você. Deixe-me prová-la. — Ele lambeu o interior da minha coxa, fazendo
um longo movimento em direção ao meu centro. Então ele soprou ar quente através
de toda a área que ele tinha acabado de lamber.

Deixando a minha cabeça para trás, tentei relaxar. Tentei apenas apreciar a
sensação e não me preocupar com mais nada. E o Grayson tornou isso mais fácil
porque o que ele estava fazendo parecia tão bom.

Suavemente, ele trabalhou a sua língua para cima e para baixo nas minhas
coxas até que ele finalmente chegou ao meu centro. — Apenas relaxe, — ele
sussurrou novamente, e então esfregou o seu rosto contra a minha fenda, a sua barba
curta fazendo cócegas no topo das minhas coxas. Me contorci por um momento, mas
também podia sentir o quão molhada eu estava ficando. O quão rapidamente o
sangue estava batendo entre as minhas pernas.

— Boa menina, — ele disse enquanto eu fazia um esforço para relaxar os meus
músculos. Então ele lambeu a minha fenda para cima e para baixo, provocando-me,
não empurrando entre os meus lábios do jeito que eu precisava que ele fizesse.
Cegamente, estendi a mão e peguei um punhado do seu cabelo, puxando-o para mim.

Senti o ar da sua risada contra a minha fenda. — Sou um homem de liderança,


PT. Basta deitar-se e deixe-me liderar. — Timidamente, o soltei e, um segundo
depois, agarrei os braços da cadeira enquanto a sua língua talentosa mergulhou entre
as minhas dobras.

Meu Deus, ele sabia o que estava fazendo. Sempre era assim tão bom? A sua
língua circulou o meu clitóris, e eu lutei contra o desejo de me contorcer ao redor,
tentando senti-lo tocar o lugar que eu mais precisava ser tocada.

Mas ele estava tomando o seu tempo. Me provocando. Me atormentando. Me


transformando em uma bola ofegante e chorona de necessidade. — Por favor...— Eu
chorei.

Mais uma vez ele riu. Ele sabia o que estava fazendo comigo, e isso tornava
tudo ainda mais quente de alguma forma. Ele estava brincando comigo, e eu sabia
que isso tornaria tudo mais poderoso quando ele me fizesse gozar.

E eu podia sentir isso crescendo. Se ele se concentrasse mais no meu clitóris.


Mas então eu engasguei quando ele enfiou um dedo entre nós, empurrando-o apenas
dentro da minha entrada. E então os círculos que a sua língua estava fazendo foram
ficando menores e menores até que ele estava sacudindo para trás e para frente,
diretamente através do meu clitóris.

Ao mesmo tempo, o seu dedo deslizou e eu apertei em torno dele, apreciando a


forma como o seu dedo grande parecia dentro de mim. — Oh Deus, — gemi.
— Eu te disse, — veio uma voz presunçosa entre as minhas pernas. E então
ele redobrou os seus esforços no meu clitóris e o clímax se formando dentro de mim
correu em direção da linha de chegada.

— Não pare, — ofeguei, tentando sobreviver a intensidade do prazer que ele


estava me dando. — Oh, por favor, não pare.

E não parou. A sua língua percorreu o meu clitóris e os seus dedos, dois agora,
me penetraram. De novo e de novo e de novo.

Um grito estrangulado explodiu da minha garganta enquanto eu explodia sob


o seu toque de perito. Eu me debati na cadeira e a senti balançando para o lado uma
vez antes que o Grayson a estabilizasse. Onda após onda de prazer passou através de
mim enquanto eu apertava as minhas coxas em torno dele. Enquanto eu prendia os
seus dedos dentro de mim.

O meu coração batendo no dobro do tempo enquanto eu cavalgava pelos


tremores secundários, o meu corpo inteiro estremecendo cada vez que um me
alcançava. Os dedos do Grayson pararam, mas ele manteve a sua língua enterrada
na minha fenda, lambendo as minhas dobras para cima e para baixo. Ele fez isso de
uma forma suave enquanto eu voltava do orgasmo mais incrível da minha vida.

Depois, quando fiquei inerte na cadeira, ele levantou-se, embalando-me em


direção ao seu peito. Me abraçando. Me segurando. Tirando o meu cabelo do rosto.

E o meu cérebro cansado continha apenas um pensamento, era exatamente


onde eu queria estar. Eu sabia que era temporário. Eu sabia que tinha que ser um
segredo. Mas eu queria mesmo assim.
As filmagens foram retomadas no dia seguinte e eu pude ver de perto agora que
eu era a assistente da Janice. A equipe se acostumou comigo tropeçando nos cabos e
colidindo com as coisas porque eu finalmente estava contribuindo. A minha memória
eidética, que me tornou uma esquisitice para as crianças com quem tinha crescido,
era perfeita para detectar inconsistências entre as tomadas. A Janice passou a
depender de mim, e os diretores confiaram nela. Assim, eu era finalmente um
membro contribuinte da produção.

E estar na frente e no centro significava que eu podia ver o Grayson muito mais.
Mas ver foi tudo o que consegui fazer. Raramente tínhamos a chance de ficarmos
juntos. Claro, nós compartilhamos alguns momentos roubados quando nós tínhamos
sido capazes de encontrar um escritório isolado ou uma vez até mesmo um armário
de vassouras. Ainda assim, tivemos poucas chances de conversar. Ou dar amassos.
Os seus beijos ainda me incendiavam, me trouxeram do zero a sessenta em um
instante. Mas, principalmente, eu só o vi quando ele estava fazendo uma cena.

Ser parte da equipe foi divertido. Assistir o Grayson atuar foi divertido. Vê-lo
com a Tessa não era.

Não havia dúvida de que ela gostava dele. Eu podia ver isso cada vez que ela
olhava para ele. Ela não era uma atriz tão boa para ficar apenas fingindo. Eu não
sabia nada sobre atuação, mas até eu podia ver que ela não era tão boa. Mas ela era
jovem e linda com uma figura que envergonhava a minha. Havia sites de fãs
dedicados a ela, e as pessoas não pareciam se importar que ela não era a melhor atriz
do mundo.

Eu não podia culpá-la por gostar do Grayson. Milhões e milhões de mulheres


faziam, inclusive eu. Mas não gostei da maneira que ela se atirou nele sempre que
podia. Querer ensaiar as falas com ele o tempo todo. Nunca o deixando fora da sua
vista no set. Ele disse que ela tinha até aparecido na sua casa um dia. Eu nem sabia
onde ele morava.

Em uma quarta-feira à tarde, Janice me entregou uma pilha de anotações e me


disse para levá-las à sala 312.

— Onde é isso? — Eu ainda me perdia no estúdio enorme.

— Na ala de trás. É uma pequena caminhada. Leve o tempo que for preciso. —
Ela se virou para ir embora, mas não antes de eu ver a sugestão de um sorriso nos
seus lábios. Isso não fazia muito sentido.

Depois de três voltas erradas, finalmente estava de pé do lado de fora da sala.


Bati na porta e uma voz muito familiar respondeu. — Entre.

Agora era a minha vez de sorrir enquanto corria para dentro. Grayson estava
parado no meio de uma pequena sala de conferências. Pratos e travessas foram
colocados na mesa atrás dele.

— Quer se juntar a mim em um almoço tardio?

Assentindo, deixei cair as anotações da Janice em uma mesa lateral e me movi


para o seu abraço. Nada no mundo parecia melhor do que os seus braços em volta de
mim, exceto quando ele me beijava. O que ele fez agora. Completamente.
Quando finalmente nos separamos, eu sorri para ele. — Isto é muito melhor do
que um armário de vassouras. Como você organizou isso?

— Eu conheço o chefe do estúdio de cinema, — ele diz com um sorriso sexy.

É claro. Ele é o Grayson James. Pergunta estúpida. Mas eu não me importava,


eu estava muito feliz.

O almoço acabou sendo um maravilhoso prato de frango e arroz completo com


salada, bebidas e vinho. Tomei um copo pequeno, grata por ele não ter mencionado a
minha idade novamente.

Enquanto comíamos, conversávamos. Primeiro sobre as filmagens e como


estavam indo. Isso o levou a falar dos outros filmes em que ele participou. Foi
fascinante ouvir a história real sobre as coisas que eu só li online. Mas ainda mais
interessante para mim foram os lugares que ele tinha viajado para várias produções.
— Qual é o seu favorito?

Ele pensou sobre isso enquanto mastigava um pedaço de frango. — Muito disso
dependia de como as filmagens estavam indo. Se as coisas estivessem indo bem, se
estivéssemos no cronograma, então havia um pouco de tempo ocioso para explorar a
cidade, experimentar os restaurantes. Desfrutar da atmosfera. Se as coisas
estivessem indo mal, não importava onde estávamos.

— Ok, mas quando as coisas estavam indo bem, de quais lugares você mais
gostou?

— Paris. Veneza. Praticamente qualquer lugar da Itália. Você deveria


experimentar a comida lá.

— Eu adoraria, — eu digo com um suspiro.

— Já esteve fora do país?

— Uma vez. Uma viagem do colégio para Montreal. — E então eu corei. Eu


odiava lembrá-lo da minha juventude. Ele tinha mencionado antes que era uma das
razões pelas quais as coisas nunca dariam certo entre nós. O que me irritava às vezes.
Tessa era apenas um pouco mais velha do que eu e o estúdio achou por bem escalá-
la como o seu interesse amoroso.

— Você deveria ir para a Itália. Você adoraria. Toscana, as colinas com as


aldeias medievais muradas. Florença e a arte de lá. E Veneza é pura magia. Você
deveria escrever sobre isso.

— Escrever?

— Você não disse que estava pensando em ser uma escritora de viagens?

Na verdade, foi ele quem tinha sido o único a dizer isso anteriormente, quando
eu mencionei os meus interesses. Mas eu tinha que admitir, estive pensando sobre
isso. No meu tempo de inatividade durante a noite no apartamento, quando sentia
tanta falta do Grayson que quase doía, eu canalizava a minha energia inquieta para
a pesquisa. Devia haver uma maneira de incluir o meu desejo de viajar na minha
futura carreira. Pensei um pouco no assunto e tive algumas idéias, embora nenhuma
delas tenham sido ajustadas ainda.

— Se estivéssemos lá, eu te levaria aos melhores restaurantes. Uma refeição em


um desses lugares e você sentiria que poderia morrer feliz. Os garçons te tratariam
como uma princesa. Principesca Ponytail, — ele concluiu com um sorriso.
O meu sorriso de resposta foi rápido. Era uma bela fantasia, viajar com ele. Eu
sabia que isso nunca aconteceria, e que a realidade provavelmente seria muito
diferente. Afinal, havia paparazzi na Europa também. E em todos os lugares. — Você
consegue desfrutar de uma refeição agradável, normalmente? Sem os seus fãs ou os
abutres aparecendo?

Uma carranca cruzou o seu rosto quando ele fez uma pausa, o seu copo de vinho
a meio caminho da sua boca. — Raramente. Especialmente agora. A menos que seja
algum tipo de reunião privada. Mesmo assim, eu ainda tenho que chegar lá. E sair
depois. — Ele suspirou. — Pode ser uma provação.

Ele tomou um gole e, então a sua carranca desapareceu. — Quando eu era mais
jovem, costumava usar esses disfarces elaborados apenas para poder sair em público
como uma pessoa normal. Comer em um restaurante. Ver um filme com uma
audiência regular. Realizar tarefas. — Ele parecia melancólico. Eu tinha certeza de
que ficaria muito feliz em desistir de realizar tarefas, contando que eu tivesse alguém
para fazer isso para mim, como ele, sem dúvida, tinha. Ele parecia ter uma equipe
bastante grande. Os seus agentes e publicitários estavam constantemente passando
pelo estúdio.

Eu sorri para ele, a minha comida praticamente ignorada no meu prato. —


Lembro-me daquela peruca e dos óculos de sol que você usava. Daquela noite na
cafeteria.

Ele riu. — Aquilo não foi nada. A maioria dos californianos do sul pode ver
através disso com um olho amarrado atrás das costas. Estou falando de tudo. Tintura
de cabelo temporária. Lentes de contato coloridas. Às vezes, até mesmo um nariz
protético. Na verdade...

Grayson piscou para mim e puxou o telefone do bolso. Um momento depois, eu


pude ouvir o seu lado da conversa. — Carol? Preciso da sua ajuda. — Ele ouviu por
um momento, em seguida, riu. Aparentemente, a maquiadora de cabelos fúcsia tinha
dito algo engraçado. — Se lembra daquela vez no set de Wolf Strike? Aquela roupa
em que você me colocou? Acha que pode fazer de novo? Vou te dar a minha limusine.
O meu Oscar. O meu primogênito.

O sorriso que ele deu fez o meu sangue bombear mais rápido, embora não fosse
direcionado a mim. — Você é a melhor, Carol, — disse ele, em seguida, ouviu
novamente. — Espere aí. — Ele olhou para mim. — Você está livre na sexta à noite?
Acho que eu deveria ter perguntado isso primeiro.

— Sim, — eu disse, incapaz de não sorrir também.

— Sexta-feira então. Sete e meia no meu camarim? Muito obrigado.

Ele encerrou a ligação e parecia satisfeito consigo mesmo.

— Então...— eu disse, ainda sorrindo como uma tola. — Acho que vamos sair
na sexta à noite?

— É um encontro, — disse ele. Palavras que nunca na vida imaginei que o


Grayson James diria para mim. Mas eu estava tão feliz que ele fez.
Depois disso, eu praticamente pulei o meu caminho de volta para o set principal
ou eu teria se soubesse como voltar lá. Da próxima vez, eu precisava deixar migalhas
de pão. Mas então encontrei a Tessa, que não parecia surpreendida ao me encontrar
a vagando pelos corredores, perdida. Porém fiquei surpresa em vê-la. Ela raramente
parecia ir a qualquer lugar, além do set ou do seu camarim. Mas ela disse que estava
voltando para a sala principal e nós caminhamos juntas, conversando um pouco sobre
o filme. Talvez ela não fosse assim tão má, afinal.

Na quinta-feira, estava nas nuvens, pensando no meu encontro na noite


seguinte com o Grayson. De alguma forma, estar extremamente feliz me deixou mais
desajeitada do que o normal.

— O que há com você hoje? — Janice perguntou na terceira vez que eu fiz algo
cair no chão e fiz barulho.

— Nada, — eu disse, a felicidade irradiando de ambas as sílabas.

Ela me deu um olhar severo com uma sobrancelha levantada, mas então sorriu.
— O seu rosto está praticamente brilhando. Mas não posso permitir que você destrua
o set. Vá sentar lá e tome notas.

Eu segui a direção que ela apontou e vacilou. — Mas... mas... não é suposto o
diretor sentar-se naquela cadeira?

— Só o Brad usa, e ele não está aqui hoje. É bom para você sentar-se nela.

Exceto que não era bom, porque no momento em que me sentei na ponta da
cadeira, me lembrei do Grayson com a cabeça entre as minhas pernas, fazendo-me
gritar de prazer. Essa memória dificultou muito a concentração, e eu quase perdi
alguns erros de continuidade que eu deveria ter facilmente detectado. E mais tarde,
quando o Grayson chegou para a sua cena, ele me viu sentada lá e um sorriso
predatório cruzou o seu rosto. Ele piscou para mim e depois se voltou para a Tessa,
que estava olhando para ele. Nada incomum ali, mas não gostei do jeito que os seus
olhos piscaram para mim e de volta.

Com o passar da tarde, o meu humor piorou um pouco. Eu ainda estava


animada sobre sair com o Grayson, mas me ocorreu que eu não sabia o que vestir. Ou
como fazer o meu cabelo. Ou qualquer coisa, realmente. Já fazia mais de um ano
desde o meu último encontro. E isso acabou comigo acidentalmente despejando uma
tigela de espaguete no meu colo e derramando vinho nele. Eu não era boa em
namorar. Absolutamente.

Quando voltei para o apartamento, estava um caco. Felizmente, Angel estava


lá, e me perguntou sobre isso.

Depois de inicialmente negar que estava nervosa, eu reconsiderei. Os amigos


deveriam ajudar uns aos outros a se preparar para os encontros, certo? Então eu disse
a ela que ia sair na noite seguinte com alguém da produção.

Como eu esperava, ela gritou e agarrou a minha mão, apertando-a. — Quem é?


É um ator?

Só por um momento, desejei poder contar a ela. Aposto que a cabeça dela teria
explodido, do jeito que a minha muitas vezes ameaçava quando eu pensava no
Grayson. — Ele é um dublê, — menti.
Mas só a fez gritar mais. — Oh meu Deus, ele deve ser quente então. Eles têm
que ser tão fortes. Ele é realmente rasgado?

— Muito, — eu disse, e isso era muito verdade.

— O que você vai vestir? Como você vai pentear o cabelo? Precisamos arranjar
um pouco de maquiagem para você!

E Angel começou a trabalhar. Era tarde da noite no momento em que ela me


fez comprar e praticar a aplicação de delineador, sombra, rímel e um monte de coisas
ainda menos familiares. E ela me ensinou como colocar o meu cabelo meio para cima
de modo que ainda caísse em cascata pelas minhas costas e ombros. Eu tinha certeza
que o Grayson gostaria disso. Ele provavelmente ainda me chamaria de Ponytail, no
entanto.

— Você parece um milhão de dólares, Skye. — Angel disse, satisfeita com o seu
trabalho. Mas então ela franziu a testa. — Eu só queria ter um vestido mais chique
para que você pudesse usar.

Ela me emprestou um vestido justo vermelho que parecia bom para uma boate,
mas não para um restaurante chique. O Grayson me disse que ia me levar a um
restaurante italiano um pouco acima da costa. — Acho que vai ficar bem, — eu digo,
embora, na verdade, eu não tinha certeza. Mas que outra escolha eu tinha? Era
melhor do que qualquer coisa que eu possuía.

Durante todo o dia de sexta-feira eu era um feixe de energia nervosa, mas toda
vez que eu vi o Grayson, me acalmei. Ele queria sair comigo. Eu. De todas as pessoas
do mundo, de todas as pessoas bonitas de Hollywood, ele estava saindo comigo.

E quando a última tomada do dia terminou, ele chamou a minha atenção e fez
uma pequena reverência cortês antes de ir para o seu camarim. Nós já tínhamos
combinado de ligar quando estivéssemos prontos e, em seguida, encontrar o seu
motorista lá atrás.

Me despedi da Janice e depois fui ao banheiro feminino com a minha bolsa cheia
de coisas. Eu tinha começado a aplicar maquiagem no espelho quando a porta atrás
de mim abriu e duas mulheres entraram.

Chocada, olhei para o reflexo no espelho. Carol e Tessa.

Carol imediatamente me repreendeu. — Não, não, não, não. É delineador, não


um giz de cera. — Ela colocou um estojo de maquiagem no balcão e imediatamente
começou a tirar tubos, frascos e lápis de olho.

— O que você vai vestir? — Tessa perguntou, seguindo a Carol.

— Para quê? — Eu disse, debilmente, tentando inventar uma desculpa para o


porquê estava fazendo a minha maquiagem no banheiro feminino.

— Para o seu encontro com o Grayson, é claro! — Tessa disse alegremente.

— Mas como você sabia?

— Ele me disse. Ele fala de você o tempo todo, Skye. Você é uma garota de muita
sorte. — Ela disse isso sem um pingo de ciúme. Talvez eu estivesse errada sobre ela.
Talvez o jeito que ela olhou para o Grayson fosse apenas parte do trabalho.

— Ele disse para manter isso em segredo.

— É claro. Isso é o que você tem que fazer nesta cidade. Mas ele e eu somos
amigos. Não temos segredos.
Eu fiz uma careta. Eu não sabia disso. Mas então a Carol estava segurando o
meu cabelo, torcendo o meu rosto de um lado para o outro enquanto aplicava
diferentes coisas na minha pele. Depois de alguns minutos, ela recuou. — Isso vai ter
que servir. Tenho que ir trabalhar no Grayson agora.

Dando uma rápida olhada no espelho, engasguei. Os meus olhos pareciam duas
vezes maiores e as minhas pálpebras brilhavam. A minha pele cintilava e os meus
lábios pareciam prontos para um beijo. — Obrigada, — gaguejei.

— De nada, — disse ela. — E não se preocupe com o Grayson. Vou fazê-lo


parecer mais difícil de reconhecer, mas ainda quente como o inferno. Como se ele
pudesse parecer de outra maneira.

Ela piscou para mim e depois virou-se para a Tessa. — Você vai ajudá-la com o
resto, certo?

— Certo, — disse a Tessa. — Estamos bem. Até logo!

Espere, o que a Carol quis dizer com 'o resto'? Olhei para a Tessa, e ela sorriu
para o olhar interrogativo no meu rosto.

— Eu vou te ajudar com o seu cabelo. Tenho três irmãs sou boa com cabelo. E
então nós vamos encontrar algo especial para você vestir.

— Nós vamos?

— É claro. Não é todo dia que uma garota sai com o Grayson James. Ele conhece
todos os melhores restaurantes. Ele está te levando para o Leonardo's?

— Não, ele disse que é na costa. Valentino's, eu acho.

O seu sorriso foi instantâneo. — Oh, você vai adorar lá. Então, vamos arrumar
o seu cabelo e, em seguida, obter algo maravilhoso para vestir. Betty está nos
esperando no figurino. Você vai parecer como um milhão de dólares quando sair hoje
à noite.

E depois disso, foi como uma daquelas montagens de reforma dos filmes. Tessa
zombou da metade do que a Angel me ensinou, e em vez disso, fez algo mais elaborado
que parecia incrível. De alguma forma, o meu cabelo estava empilhado no topo da
minha cabeça em tranças intrincadas, mas ainda fluindo pelas minhas costas.

E a Betty foi maravilhosa. Aparentemente ela não guardou rancor, porque


encontrou um vestido de noite fantástico para mim. Era longo e dourado com uma
saia cheia. O corpete tinha alças finas então ela encontrou um sutiã sem alças para
eu usar. Ela até me emprestou algumas jóias cenográficas, um colar de diamantes
falso e brincos combinando que brilhavam enquanto me olhava no espelho.

— Obrigada. Muito obrigada. — Eu não conseguia parar de jorrar os meus


agradecimentos. Senti-me como a Cinderela indo ao baile. De certa forma, eu
praticamente estava.

Grayson ligou vinte minutos depois e me disse por qual porta sair para
encontrar a limusine. Quando saí do estúdio, a limusine estava parada sob a luz da
rua e um belo senhor de smoking estava segurando a porta para mim. Sabendo que
o Grayson esperava lá dentro, corri para a noite. Contornei a porta, olhei para dentro.
A limusine estava vazia.

Confusa, olhei para o motorista. Os seus olhos castanhos escuros brilharam


quando ele olhou para mim. Meu Deus. Era o Grayson.
Eu coloquei a minha mão sobre a boca em choque. O seu cabelo era um sexy
cinza e pimenta em vez do seu habitual castanho cappuccino. Ele usava óculos de aro
de metal preto e devia estar usando lentes de contatos, já que os seus olhos eram da
cor do chocolate. A sua barba também era cinza e parecia ter uma forma ligeiramente
diferente.

***

E, claro, ele completou o disfarce com as suas habilidades premiadas de atuação.


A postura dele era diferente. Ele se portava de uma forma diferente. Ele era como
um homem diferente. O que era bom, isso significava que poderíamos compartilhar
uma refeição juntos em público.

Nós ficamos de mãos dadas e conversamos durante o trajeto até o restaurante.


Eu queria beijá-lo, mas ele me avisou que destruiríamos o seu disfarce e a minha
maquiagem. Acho que os tipos de Hollywood tinham que pensar nessas coisas. Se
dependesse de mim, eu teria arruinado todo o trabalho duro da Carol apenas para
me saciar com um dos seus beijos de arrepiar.

— Você está linda, — ele disse enquanto eu estava tentando manter os meus
olhos fora dos seus lábios. — Absolutamente deslumbrante. — Aparentemente, ele
não estava preocupado com o fato de que a sua mão arrastando para cima e para
baixo no meu corpo iria estragar a minha aparência durante a noite. — Onde você
conseguiu o vestido, uma fada madrinha?

— Algo assim, — eu disse enquanto sorria para mim mesma. Ele achou que eu
estava linda. Guardei esse momento na memória.

O restaurante era adorável. Pequeno, mas muito luxuoso. Fomos conduzidos


para a melhor mesa com vista para a água, embora estivesse muito escuro para ver.
Mas, mesmo através do vidro, eu podia ouvir a água. Grayson me disse que havia
uma varanda lá fora e que poderíamos sair depois de comermos.

E a refeição foi extraordinária. Um genuíno banquete italiano de cinco pratos.


Grayson me ensinou sobre cada, o antepasto, o primo, o secondo, o contorno, e
finalmente, o dolce. Eu só comi um pouco de cada, em parte porque eu queria
economizar espaço para o próximo prato e, em parte, porque cada vez que olhei para
o homem sentado à minha frente, isso me tirava o fôlego.

Ele era tão bonito. Nem o disfarce conseguia esconder isso. Os seus olhos
brilharam mesmo sob as lentes de contato. De vez em quando, ele alcançava o outro
lado da mesa e pegava a minha mão. E também falou. Sobre si mesmo. Seu passado.
Suas viagens. Peças em que ele participou. Eu não conseguia me lembrar dele alguma
vez ser tão aberto. Falei um pouco sobre a escola também, mas principalmente gostei
de ouvir sobre as suas aventuras em lugares estrangeiros que eu estava morrendo de
vontade de visitar.

Então o jantar acabou e o Grayson suavemente entregou ao garçom várias


notas. Eram centenas. Ele foi inteligente, ao usar dinheiro em vez do cartão de
crédito. Ele sabia o que estava fazendo.

E isso me fez pensar no que estaríamos fazendo. Depois disto. Não tínhamos
discutido isso, e eu estava tão preocupada com o que vestir que não tinha pensado
muito além do jantar. Mas eu estava pensando nisso agora. Ele simplesmente me
levaria para casa? Ou talvez para a casa dele?

Ainda não tínhamos dormido juntos. Não tinha havido oportunidade. E apesar
de termos feito outras coisas, fiquei feliz por ter conhecido o verdadeiro homem por
trás da lenda de Hollywood antes de saltar na cama com ele. Mas agora eu estava
pronta. Mais do que pronta. E pelo brilho daqueles olhos temporariamente castanhos,
eu sabia que ele também estava.
Agradecemos aos garçons e fomos em direção à porta da frente. Grayson beijou
a minha bochecha enquanto colocava o xale sobre os meus ombros e, em seguida,
colocou o braço em volta de mim enquanto caminhávamos para a noite.

Sair para o inferno, era mais parecido.

Havia pessoas por todo os lados. Câmeras em todos os lugares. Ruídos e flashes
de luzes. E perguntas de todos os lados.

Ao meu lado, o Grayson amaldiçoou sob a sua respiração enquanto as perguntas


nos perfuravam.

— Quem é a sua amiga, Grayson?

— Vocês estavam celebrando uma ocasião especial?

— O que estava no cardápio?

— Há quanto tempo está namorando?

— Quem é ela, Grayson?

— Senhorita? Posso saber o seu nome?

Grayson xingou de novo, me puxando para perto dele, tentando proteger o meu
rosto do flash constante das câmeras. Mas foi uma batalha perdida. Eu tinha visto
com o canto dos meus olhos alguns cinegrafistas na varanda. Sem dúvida, eles nos
filmaram através do vidro enquanto comíamos.

Severamente, começamos a avançar em direção ao estacionamento, mas havia


tantas pessoas bloqueando o nosso caminho. — Onde diabos está o motorista? —
Grayson assobiou. Eu não tinha percebido que o motorista deveria ajudar com esse
tipo de coisa. Este não era o meu mundo e eu não sabia nada sobre isso. Exceto que
era aterrorizante.

Então, milagrosamente, a multidão diante de nós se separou. Corri para a


frente, ansiosa para chegar ao carro, mas então o Grayson puxou-me de volta quando
uma pessoa na minha frente gritou. — Como você pôde?

Piscando devido aos flashes contínuos, olhei para o grito agudo. Em pé a três
metros de nós estava a Tessa parada. Ela não estava vestida para ir a um
restaurante. Ela estava de tênis, jeans apertados e um moletom. Mas o seu cabelo e
rosto estavam perfeitos, pelo menos até as lágrimas começarem a rolar pelas suas
bochechas.

— Como pôde fazer isso comigo, Grayson? — Os operadores da câmera estavam


mirando nela agora, ansiosamente filmando o escândalo que estava surgindo. —
Pensei que tínhamos algo especial.

— Tessa, — Grayson começou, mas então ela explodiu em lágrimas.

— Você me disse que estava com dor de cabeça. Que você iria direto para casa
esta noite. Então fui para casa, também. E então eu vi on-line que você aqui. Usando
um disfarce para que você pudesse me trair. Com ela.

Tessa apontou para mim dramaticamente, e algumas das câmeras voltaram


para nós. — E como você pode me humilhar assim? Dormir com uma estagiária do
estúdio? — Os seus olhos chorosos estavam em mim agora enquanto eu estava
paralisada de choque. — Pensei que ela era minha amiga. Skye Larson, você é a pior
amiga de todas.

— Foda-se, — Grayson rosnou. — Vamos sair daqui.


Ele me arrastou para frente, o seu braço firmemente ao meu redor. E agora
estava pior. Os abutres estavam chamando o meu nome, fazendo-me perguntas. E
por que o Grayson não estava dizendo nada a eles? Negando as acusações absurdas
da Tessa? Em vez disso, ele apenas empurrou.

Assim que passamos da maior parte, a imprensa se aproximou da Tessa


enquanto ela contava com lágrimas uma história de como ela e o Grayson namoravam
secretamente desde o início das filmagens. De como ela achava que eles tinham algo
especial. De como ela fez amizade com uma humilde estagiária, nunca acreditando
que eu poderia traí-la daquele jeito.

No momento em que chegamos ao carro, eu estava quase enjoada. Toda aquela


comida deliciosa sentou se como um caroço dentro de mim.

Grayson não disse nada enquanto me apressava na parte de trás. Eu não sabia
o que pensar enquanto entrava. A minha mente estava rodando com as perguntas, os
gritos, a sensação de estar cercada.

E eu não sabia mais no que acreditar. Por que o Grayson simplesmente não
esclareceu as coisas? Por que ele não disse nada a eles?

Tudo o que eu sabia com certeza é que uma das melhores noites da minha vida
tinha acabado de se tornar uma das piores.
Porra.

Eu não tinha imaginado que a megera loira tinha isso nela. Mas ela traçou os
seus planos e executou-os perfeitamente. Todas as dúvidas que eu tinha sobre as suas
habilidades de atuação desapareceram ontem à noite. Talvez ela tivesse o que era
preciso para progredir nesta cidade.

Foda-se tudo. Eu queria que ela tivesse sido tão vazia, estúpida quanto eu
pensava.

Skye tinha se agarrado a mim no carro no caminho de volta. Acho que ela estava
em choque, a pobrezinha. Todos aqueles abutres tirando fotos, gritando merda para
ela. E isso só ia piorar. Eles tinham o nome dela agora, a Tessa tinha se certificado
disso. Isso era tudo o que eu temia quando fui contra o meu próprio conselho e a
persegui em primeiro lugar.

Na limusine, eu tinha assegurado a ela que nunca tive nada a ver com a Tessa.
Nunca tive, nunca faria. Que tudo foi um golpe publicitário e um muito bom. A Tessa
poderia ter tentado convencer a imprensa que era a minha namorada e
instantaneamente obter reconhecimento mundial em vez de apenas americano. Mas
ela apontou para as estrelas.

Então agora, em vez de uma imprensa cética pesquisando as suas alegações de


que ela estava namorando comigo, ela era a mulher que supostamente traí, a
tornando muito mais interessante no que diz respeito à mídia. Então aqueles
malditos abutres apenas aceitaram a sua palavra, acreditando nas roupas 'casuais'
que ela escolheu cuidadosamente e no seu rosto choroso, mas perfeitamente
maquiado.

Agora ela tinha um novo papel a desempenhar: minha ex desprezada e de


coração partido. A mulher que eu traí. Uma vítima corajosa, mas trágica, segurando
o melhor que podia depois de ser humilhada na frente do mundo todo. Eu apostaria
a minha bola esquerda que isto adicionaria alguns zeros ao seu próximo pagamento.

Na viagem de volta, eu mantive um braço em volta da Skye, mas eu tinha o meu


agente ao telefone antes mesmo de saímos do estacionamento. E então os meus
publicitários. O meu advogado. E o diretor do filme. Que então ligou para os seus
publicitários e advogados.

A certa altura, quando fiz uma pausa para respirar entre as ligações, a Skye
olhou para mim. — Se não é verdade, então por que você não disse nada? Lá no
restaurante? — A sua voz estava muito baixa.

Severamente, expliquei a ela. Como a Tessa tinha sido inteligente. Maligna, mas
inteligente. Como ela moldou a mensagem pública e qualquer negação só fortaleceria
a sua história. Como o meu pessoal faria uma declaração, mas precisava ser
cuidadosamente elaborada. Caso contrário, tornaria as coisas piores.

Ela estava quieta quando lhe dei um beijo de boa noite. Quando eu disse o
quanto sentia muito por ela ter sido exposta às partes mais miseráveis do meu
mundo. E então eu disse a ela que o meu publicitário entraria em contato com ela na
primeira hora da manhã.

— Para quê? — Ela perguntou, parecendo desnorteada. Ela parecia tão linda
naquele vestido. Eu odiava a forma como a nossa noite havia acabado.
— Para falar de estratégia. Aqueles imbecis ainda não descobriram onde você
mora, mas eles vão. Vou arranjar umas pessoas para te ajudarem com isso. Um
motorista. Uma pessoa de relações públicas.

Ela parecia ainda mais alarmada. — Eu realmente preciso de tudo isso?

— Sim, — eu disse severamente. — Você precisa.

***

Eu não tinha ouvido ainda como foi o seu encontro com o meu pessoal, mas eu
sabia que ela não tinha vindo para o set hoje. Isso foi bom. E os meus publicitários
publicaram uma declaração inicial esta manhã. Foi uma técnica de retardamento.
Pedindo privacidade para mim, a Tessa e a Skye. Nós não mencionamos a PT pelo
nome, mas o seu nome já estava espalhado em todos os lugares. Ela era um dos
assuntos mais comentados no Twitter e nos sites de busca on-line. Pobre garota.

O meu telefone não parava de tocar, e assim que cheguei no meu camarim,
percorri as chamadas perdidas. O Derrick havia ligado. Três vezes. Puta que pariu.

Eu não estava pronto para enfrentá-lo. O que eu poderia dizer? Desculpa, velho
amigo, mas a sua filha é gostosa, então decidi tirar a privacidade e a inocência dela e
atirá-las pela janela. Procure-me se alguma vez estiver na cidade. Até mais, cara.

Merda. Está na hora de voltar a falar com o pessoal da relação pública


novamente. Donna, a minha publicitária principal, me conhecia há anos. Ela saberia
a melhor abordagem que eu deveria usar com o resto da equipe. Os poucos que eu vi
esta manhã me encararam furiosamente como se eu tivesse afogado um filhote de
cachorro em forma da Tessa. Depois de algumas tentativas, consegui falar com a
Donna no telefone.

— Você poderia ter fodido isso pior? — ela perguntou. No que diz respeito às
saudações, eu preferia ‘Olá'.

— Tenho certeza que há uma maneira de fazer isso.

— E vamos descobrir se você sair do script. Estamos preparando uma


declaração. E um plano de batalha.

— Qual é? — Perguntei cansado.

— Tessa Spring não é a vítima. Você é. Você namorou a Tessa no início da


filmagem, mas depois terminou. Ela aceitou mal e continuou tentando tê-lo de volta.
É por isso que você colocou um disfarce para sair com a Skye. Você estava fazendo
isso por respeito aos sentimentos da sua ex-namorada.

— Porra. E a Skye? Ela tem que fazer parte disso?

— Sim, ela tem. A história é que você a ama. Essa é a razão pela qual você não
pode resistir. Algo sobre ela te atraiu. Ela não é apenas o seu pedaço de bunda usual,
ela é algo especial. Só não fale dessa maneira. Eu tenho uns caras trabalhando na
redação.

— Eu não quero brincar com algo assim.— Eu não iria proclamar o meu amor
eterno pela Skye porque era um movimento prudente da relação pública. Ela merecia
ter um homem que realmente diga isso quando quisesse dizer isso. E talvez eu
quisesse dizer isso em breve. Pela primeira vez em muitos anos, parecia que eu
poderia. Mas eu queria dizer de livre espontânea vontade, não desta maneira. Passei
o suficiente da minha vida recitando falas que os outros tinham escrito. — Não
podemos apenas dizer à imprensa que foi só um jantar com uma amiga? Uma
conhecida, na verdade. — Se eles pensassem que a Skye não significava nada para
mim, então eles poderiam deixá-la quieta muito mais rápido.

— Acho que não, — disse a Donna. — A Tessa está circulando. Dando


entrevistas, falando no rádio. Dizendo como ela fez amizade com a humilde estagiária
no estúdio e foi assim que a referida estagiária lhe retribuiu. Ela está fazendo parecer
que a Skye está babando em você desde o início das filmagens. Como uma adolescente
apaixonada.

— É assim que ela está agindo. Batendo os cílios para mim. Pressionando os
seus seios contra mim. Ela foi sem vergonha.

— Então, a Tessa está projetando o seu próprio comportamento na Skye. Vocês,


atores, são um ato de classe. Olha, Grayson, nós vamos passar por isso, mas
francamente, não é bom. — A sua voz é afiada enquanto ela estabelecia a lei. — A
única coisa que te tira disso com a quantidade mínima de escândalo é fazer com que
a Tessa seja a tua ex delirante que não consegue te deixar ir.

Eu bufei. A parte delirante estava certa. — Ok, vou deixar a imprensa saber
que ela está se iludindo.

— Além disso, a Skye tem que significar algo para você ou isso faz você parecer
como um prostituto, pulando de mulher para mulher.

— Hollywood admira um tipo de cara 'que as ame e deixe-as'.

— Não mais. Não quando temos a Senhorita que subitamente desenvolveu


habilidades de atuação dignas de um Oscar dando performances de alto nível em toda
a cidade.

Merda. Eu nunca quis que a Tessa fosse minha protagonista em primeiro lugar.
— Eu sabia que ela era muito jovem para lidar com este tipo de coisa. Ela é muito
imatura.

— A imprensa está levando-a muito a sério. Portanto, não vá a lugar nenhum,


não fale com ninguém ainda, e nós estaremos lá para mais uma sessão de estratégia
esta tarde.

Ela desligou e eu encarei o meu telefone por um momento, contemplando se eu


queria jogá-lo do outro lado da sala ou não. Mas então um barulho vindo da porta me
fez erguer os olhos. Duas mulheres estavam lá. Uma era a Janice e a outra era a
Skye.

A minha garota de rabo de cavalo tinha olhos vermelhos. Do choro anterior, não
de agora. Agora, ela estava em choque, olhando para mim com a boca aberta. O seu
lábio inferior tremendo. Ao lado dela, a Janice estava me olhando furiosamente.

— PT, — eu disse, começando a avançar. Mas como se tivesse disparado uma


pistola de arranque, a Skye foi embora. Eu podia ouvir os seus passos enquanto ela
corria pelo corredor. Eu fiz a menção de segui-la e a Janice entrou no meu caminho,
centralizando o seu corpo magro na porta. — O quanto ela me ouviu dizer?

Deus, o olhar que Janice estava me dando agora.

— Tudo, seu idiota.


As coisas poderiam piorar? Eu estava soluçando na minha cama, a minha cabeça
enterrada sob as cobertas. E então percebi que sim, elas podiam. A qualquer
momento, a imprensa perceberia onde ficava o meu apartamento. Eu estava apenas
alugando um quarto da Angel, não estava oficialmente no contrato, mas a publicitária
hoje disse que isso não importaria. Eles me achariam. E falar na Angel, ela estaria
em casa a qualquer minuto, perguntando por que eu estava chorando. Embora ela
provavelmente já tivesse ouvido as notícias.

Se Angel perguntasse, a lista era muito longa. Porque eu estava no encontro


mais mágico da minha vida e tinha terminado horrivelmente. Porque dei ao Grayson
o benefício da dúvida no caminho de volta na limusine, mas tudo com o que ele se
importava era como girar isso da maneira certa com a imprensa. Ele era tão mal
quanto a Tessa, se não fosse pior. Pelo menos eu sabia que a Tessa era má. Desonesta.
Mas então ela ajudou a me preparar para o encontro e eu tinha esquecido disso. Achei
que ela estava feliz por mim. Acontece que ela só estava me bombeando em busca de
informações para colocar o seu plano maligno em ação.

Mas a traição dela não era nada comparada à do Grayson. Eu tinha sido tão
ingênua. Ele disse que nunca namorou a Tessa e eu acreditei nele. Confiei nele ontem
à noite, embora ele tenha passado a maior parte da viagem de limusine ao telefone.
E então eu o ouvi hoje, falando ao telefone. Se não tivesse ouvido com os meus
próprios ouvidos, nunca sonharia que ele falaria assim de mim. Dizendo que eu era
apenas uma conhecida. Que eu estava me jogando para ele. Que eu era muito jovem
e imatura. Se esse foi o caso, por que diabos ele se incomodou em falar comigo em
primeiro lugar?

Talvez eu tenha sido imatura. Muito inexperiente com os homens para


descobrir por que eles fazem as coisas que fazem. Se eu não conseguia desvendar os
homens normais, que chance eu teria com uma estrela de cinema como o Grayson?
Sem chance. Sem chance alguma. Tudo o que eu podia fazer era ficar deitada aqui e
chorar até ficar desidratada. O que fiz a noite toda.

E na manhã seguinte, também.

— Você não vai trabalhar hoje? — A Angel perguntou enquanto se vestia.

— Não.

— Por que não? Você pode falar com o Grayson.

Eu já tinha ouvido exatamente o que o Grayson pensava de mim. Mas eu não


lhe disse isso. — Eles não vão filmar hoje. Eles estão tirando um dia de folga.

— Uau. Eu não sabia que os estúdios de cinema faziam isso. Porquê? — Ela
encolheu os ombros em uma camisa apertada e olhou para mim curiosamente.

— Hum... bem, é o dia de levar a sua filha para o trabalho e o filme é inadequado
para 13 anos, então eles pensaram que seria mais seguro fechar as coisas até
amanhã.

— Oh, — disse Angel, vestindo uma saia igualmente apertada. — Isso faz
sentido.

Fazia? Acho que já estive em Hollywood há tempo suficiente para ser capaz de
mentir com o melhor deles. Embora a Tessa e o Grayson me derrotassem. O meu
telefone tocou e eu olhei para trás. Mais mensagens perdidas. Do Grayson. Do
estúdio. Do meu pai. Porcaria.

— Bem, bem, tenha uma boa... hum, noite, eu acho, — disse Angel, enquanto
eu puxava as cobertas para trás sobre a minha cabeça e me preparava para outro
longo dia de choro.

***

A maldita batida não parava. Eram os abutres? Eles me encontraram? Eu


ignorei. Eu tentei. Mas quem quer que fosse, continuava batendo em grupos de
quatro. Mais e mais. Era como se ele ou ela estivesse tentando superar o Sheldon do
The Big Bang Theory.10

Finalmente, sentei-me, lentamente me desembaraçando do meu cobertor. O


pequeno conforto que tinha sido, mas ainda assim, embrulhei em torno dos meus
ombros. Tropecei até o banheiro para lavar o meu rosto. Uma olhada no espelho me
fez desistir. Era uma causa perdida.

Espreitei pelo olho mágico. De jeito nenhum eu abria se fosse a imprensa. Mas
era uma mulher solitária, alta e angular, com cabelos grisalhos e ondulados que
acaba alguns centímetros acima dos ombros. — Quem é?

— Donna. Nós conversamos ontem no estúdio, eu sou a publicitária do Grayson.

Oh. Provavelmente depois de todo aquele choro, eu precisava de um colírio.


Destranquei a porta e a deixei entrar. — Você realmente deveria ligar antes de
apenas vir.

— E você deve realmente verificar as suas mensagens de vez em quando. —


Ela entrou e sentou-se no sofá depois do meu gesto indiferente em direção a ele. Ela
falava como estivesse se dirigindo a um grupo de executivos de ternos, não a uma
estagiária com um rosto vermelho em um apartamento apertado.

— Combinamos um almoço para você e o Grayson amanhã. Enviaremos um


estilista e equipe de maquiagem pela manhã.

— Não.

Ela continuou como se não tivesse me ouvido. — É importante que vocês sejam
vistos juntos em público. Se você acha que os repórteres foram ruins depois do
restaurante, você deve ver o que vai acontecer se eles pensarem que você é a mulher
desprezada, não a Tessa. Apenas vá almoçar com ele. Se deleite, — disse ela no que
poderia ter sido uma tentativa de piada.

— Não posso. — Nem em um milhão de anos eu poderia enfrentar o Grayson


depois de ouvir as coisas que ele disse sobre mim.

— Dê-me uma boa razão.

— Porque não vou estar aqui. Estou indo para casa amanhã. Para Nebraska.

A Donna olhou para mim por cima dos seus óculos pretos estreitos. Ela tinha
um jeito de professora encarando as pessoas. — Fugir dos seus problemas não vai
fazê-los desaparecer. A imprensa pode encontrá-la em qualquer lugar. Você precisa
sair na frente dessa coisa. Você precisa da nossa ajuda. Você não pode simplesmente
correr.

10
Mania irritante do personagem de bater três vezes na porta.
De repente, a raiva aumentou a um nível que quase rivalizava com a minha
tristeza. — Sim, eu posso. Este mundo com estrelas de cinema, filmagens e paparazzi
este nunca foi o meu mundo. Eu era apenas uma turista visitando. E agora é hora de
ir para casa.

— Exceto que você fez alguns amigos aqui.

— Não são reais. Nada aqui é real.

— Grayson é real. E ele quer vê-la.

— Porque ele precisa dar uma virada diferente nesta história. Não porque ele
gosta de mim. Eu não devo nada a ele, — eu digo apressadamente antes que a minha
coragem me abandonasse. — Eu vou voltar para casa. Amanhã.

A Donna levantou-se e me entregou o seu cartão. — Me ligue se quiser lidar


com isso como a jovem madura que algumas pessoas no estúdio ainda parecem pensar
que você é.

— Vou fazer, — eu disse e abri a porta.

Uma vez no corredor, ela hesitou antes de descer as escadas. E se voltou para
mim. — Você está errada.

De repente, eu estava cansada novamente. Eu não queria nada mais do que


voltar para a cama. — Talvez sim, mas é a minha vida. É a minha escolha ir para
casa.

— Não é isso, — disse ela. — Você está errada sobre o Grayson não gostar de
você.

E então ela foi embora.


No dia seguinte, Angel me acordou novamente quando ela estava se preparando
para o trabalho, estragando assim os meus planos de ficar inconsciente por vinte e
quatro horas. — Oh meu Deus, Skye, há uma dúzia de repórteres na frente. Eles
estão aqui por você! Você é a garota mais sortuda de Los Angeles agora.

Porcaria. Tudo o que aquela publicitária disse estava se tornando realidade.

— Posso falar com eles? Posso contar-lhes sobre a peça que vou participar?

— Divirta-se.

— Obrigada! A propósito, você sabia que os seus olhos estão realmente


vermelhos? É melhor usar um colírio. E talvez lavar o cabelo.

Uma hora depois, me arrastei para fora da cama e tomei um banho. Por mais
insultante que fosse, eu ainda gostava muito mais dos conselhos da Angel do que os
da Donna.

***

Mais batidas. Eu juro, antes dos últimos dois dias, ninguém tinha batido na
nossa porta durante todo o tempo em que morei aqui. Pelo menos eu estava vestida
desta vez. E razoavelmente apresentável. Mais ou menos. Eu só estava de jeans e
uma camiseta, mas pelo menos eu não estava mais usando o meu cobertor.

Uma rápida olhada pelo olho mágico revelou um homem alto de terno. Por um
momento, o meu coração pulou no meu peito e pensei que era o Grayson. Mas então
apertei os olhos e vi que não era.

— Quem é? — Perguntei pela porta.

— Eu sou do estúdio, senhorita. Tenho uma identificação.

Cautelosamente, abri a porta, mas deixei a corrente. Ele me mostrou um crachá


como aqueles que toda a equipe do set usava. Dei um suspiro de alívio. Nos dias de
hoje, uma mulher sozinha tinha que se preocupar com os bandidos, sim, mas eu
estava mais preocupada que ele fosse um repórter disfarçado.

— Estou aqui para te dar uma carona até o aeroporto.

— O quê? — Tirei a corrente e abri a porta um pouco mais, olhando para ele.

— Eles ouviram que a sua casa foi invadida pela imprensa, então eles
reservaram um vôo e me enviaram para levá-la ao aeroporto. Eles disseram que você
queria ir para casa.

— Mas eu tenho o meu carro aqui. E todas as minhas coisas.

— Nós vamos providenciar para levá-los até você, senhorita.

— Mas por que o estúdio está fazendo isso?


— Senhorita, a secretária de imprensa do Sr. Grayson entrou em contato
conosco. Dizendo que você queria deixar a cidade. Os produtores pensaram em dar
uma mão para compensar os problemas recentes que você teve.

Ah. Agora tudo começava a fazer mais sentido. Um pouco. Talvez o estúdio
estivesse realmente sendo benevolente, mas provavelmente eles estavam tentando
me tirar do caminho, liberando o Grayson e a Tessa para uma reconciliação pública
e ajudar os resultados financeiros do filme. Esse pensamento doeu.

Então talvez fosse hora de simplesmente pegar o próximo avião para fora daqui.
Eu já tinha decidido ir embora. Posso muito bem fazer assim. Eu escreveria um
bilhete para a Angel. Por um momento, hesitei. Eu sentiria falta dela. Mas não havia
mais nada aqui para mim.

— Estarei pronta em meia hora.

***

Uma hora e meia depois, eu estava em um avião que rapidamente ascendia,


deixando o sul da Califórnia para trás. Mesmo algo tão simples como chegar ao
aeroporto e embarcar em um avião tinha sido uma provação devido aos
acontecimentos recentes. Primeiro, o motorista me conduziu por uma rota elaborada
e tortuosa para chegar ao carro dele, a fim de evitar a imprensa na frente. Em
seguida, ele me levou não para o LAX, mas para um pequeno aeroporto onde um avião
particular me aguardava. Um avião particular. Isso me deu uma pausa. O estúdio
devia estar realmente ansioso para se livrar de mim.

Agora eu estava sentada aqui em um assento de couro confortável, enquanto o


avião ganhava altitude. Quando finalmente estabilizou, a comissária reapareceu. —
Você pode tirar o seu cinto de segurança agora, senhorita, — disse ela puxando um
cobertor e alguns travesseiros de um armário acima da minha cabeça e colocando-os
em um assento do outro lado do corredor. — E você pode sair agora.

O que? Sair para onde? Ela pensou que eu queria fumar um cigarro na asa do
avião?

Ela sorriu para mim. — Não você, — disse ela. — Ele. — E ela acenou para
alguém atrás de mim e me deixou lá, congelada no lugar.

E então uma voz profunda e rouca veio da parte de trás do avião.

— Eu.
— O que você está fazendo aqui? — ela perguntou quando me sentei em um
assento de frente.

— Eu sempre quis ver Nebraska.

— Não, você não quer, — disse ela, e eu ri. Era verdade. Embora eu tivesse
pensado em ir visitar o Derrick de vez em quando. Voltar quando ele teria me
cumprimentado com um aperto de mão em vez de um gancho de direita. — Você
deveria estar no estúdio.

— Você também, — rebati. — Se você pode tirar alguns dias de folga, eu


também posso.

Os olhos dela rolaram com isso. Olhos que estavam tingidos de vermelho, eu
estava triste de vê-los assim.

— Eu dificilmente acho que uma estagiária desaparecida vai interromper as


filmagens por muito tempo.

Ela estava certa, mas ela também estava errada. O set parecia vazio sem ela.
Chato. Meia dúzia de vezes ontem, olhei para cima, esperando para ver o seu rabo de
cavalo marrom chocolate balançando para cima e para baixo e ela correndo de uma
tarefa para a próxima. Senti falta de observá-la. Mas pelo lado positivo, Tessa saiu
do set e não quis falar comigo entre as tomadas.

Metade da equipe pensou que eu tinha maltratado a minha co-estrela, e pela


primeira vez em um longo tempo, descobri que eu realmente não dava a mínima.
Donna e a sua equipe ainda estavam ajeitando as coisas, e eu fiz a minha parte
quando eles pediram, mas eu realmente não me importava de uma maneira ou de
outra. Eu fazia filmes há uma década e meia, e finalmente estava começando a ver
que pode haver mais coisas na vida do que sucessos de bilheteria.

— Eu não quero falar com você, — disse ela, virando o rosto para a janela,
fazendo o seu rabo de cavalo saltar de um ombro para o outro. Tão adorável.

— Sem problemas, — eu disse. — Você pode apenas ouvir.

— Eu ouvi bastante no outro dia. — Ela disse, o seu tom claramente dizendo
foda-se, mas eu não iria a lugar nenhum.

Connie reapareceu com uma bandeja de bebidas e a Skye olhou para ela
desesperadamente. — Você pode pedir ao piloto para virar? Preciso aterrissar, por
favor.

A comissária de bordo olhou da Skye para mim e depois de volta. — Sinto muito,
senhorita. O piloto preencheu um plano de voo. Não podemos desviar dele, a menos
que haja uma emergência.

Skye olhou para ela por um longo momento e o seu rosto se contraiu. — Qual é
o tempo de voo?

Connie hesitou e olhou para mim novamente e eu balancei a cabeça. — Um


pouco mais de dez horas, senhorita. Em seguida, mais uma hora e meia após a escala.
A boca da Skye literalmente caiu aberta, fazendo-me querer mordiscar o seu
lábio inferior. — Mas...mas... nós estamos indo para Nebraska.

Connie olhou para mim, leu corretamente a minha expressão e desapareceu


para a frente.

— Não, não estamos, — eu disse.

— Para onde... Para onde estamos indo?

— Itália.
Eu olhei boquiaberta para o Grayson. Ele não podia estar falando sério. Tentei
duas vezes dizer algo, mas as minhas palavras não saíram ambas as vezes.
Finalmente, consegui fazer uma declaração coerente. — Eu não tenho passaporte.

— Sim, você tem.

Tecnicamente, ele estava certo. Eu tinha tirado um quando fui para Montreal
no ensino médio. Mas isso não importava, pois estava no meu quarto em Lincoln. —
Eu não tenho isso comigo.

— Sim, você tem, — ele disse novamente e enfiou a mão no bolso da jaqueta e
puxou um pequeno livro azul marinho. Ele jogou para mim.

Inconscientemente, peguei o passaporte e olhei lá dentro. Tinha o meu nome e


foto nele. Algum artista talentoso no departamento de adereços tinha feito isso? Mas
não, havia o carimbo de entrada no Canadá. Meus amigos e eu, todos novos
proprietários de passaportes, ficamos emocionados ao obter os nossos primeiros
carimbos de viagem. — Como você conseguiu isso?

— Tive uma conversinha com o seu pai ontem. Finalmente chegamos a um


entendimento, e ele superou.

O meu queixo caiu novamente. — Você- você e o meu pai conversaram? Sério?
— Eu desejei que o Grayson parasse de dizer coisas tão chocantes por um momento
para que eu pudesse me recompor.

— Sim.

Meu Deus. — O que ele... vocês dois...

— Vamos apenas colocar desta forma. A única razão de eu não ter um olho roxo
hoje é porque nós conversamos pelo telefone. Ele estava muito chateado no início.

Eu não conseguia imaginar como tinha sido essa conversa. Mas sim, aposto que
o meu pai estava super bravo. — Isso te surpreende?

— Não. Mas não sou o único com quem ele estava bravo.

Levei um segundo. — Ele está bravo comigo, também?

— Sim. Disse que você não retornou nenhuma das ligações dele. Ele está
preocupado com você.

De repente, eu pude ver o lado do meu pai nas coisas. Sempre fomos tão
próximos desde que éramos só nós dois. Depois de todas as coisas que aconteceram
aqui, senti a necessidade de excluir o resto do mundo. Eu não tinha percebido que
também tinha excluído o meu pai.

— É uma merda, não é?

— O quê?

— Culpa, — ele disse e eu assenti. Realmente aconteceu. — Felizmente, o


whisky ajuda. Pena que você tem mais um ano antes que possa desenvolver
adequadamente esse mau hábito.
As suas palavras eram leves, mas os seus olhos estavam escuros. Sérios. A sua
expressão estava focada. Até mesmo a linguagem corporal dele estava tensa quando
ele se inclinou na minha direção. Este não era um homem feliz. E embora ele tenha
me machucado, não gostei de vê-lo chateado. Ele tinha acabado de fazer o que os
atores fazem. — Você não tem que fazer isso. Voar para algum lugar comigo. Apenas
me deixe em Nebraska e então você pode voltar para o estúdio. Você estava apenas
fazendo o que precisava para a sua imagem.

— Na verdade, praticamente tudo o que fiz nas últimas semanas foi prejudicial
para a minha imagem.

Fechei os olhos. Eu já sabia que ele considerava um erro passar um tempo


comigo. Ele não precisava esfregar isso na minha cara. Então senti o movimento no
assento ao meu lado. E uma mão no meu joelho.

— Pense nisso, PT. — A sua voz era uma carícia quente de ar perto do meu
ouvido. — A minha imagem é que sou um mulherengo. Que nunca levo ninguém a
sério. No entanto, nas últimas semanas, tudo que consegui pensar é em você.

Ele deu uma risada amarga, mas soou mais como nojo, não humor. — O grande
Grayson James, sonhando com uma garota que acabou de conhecer. Isso certamente
não parece algo pelo qual sou conhecido, não é?

Ele esperou, e finalmente eu abri os meus olhos. Ele estava muito perto. Ele
estava a centímetros de distância, os seus olhos verdes olhando profundamente nos
meus. Muito perto. — Não, — eu disse.

— Skye. — Ele apertou o meu joelho. — Linda Skye, aqui comigo no lindo céu.
Nós temos horas. Vamos descobrir isso.

— Não há nada para descobrir.

— Você está errada, — disse ele. E desta vez, a voz dele soou muito segura. Ele
podia fazer tantas coisas com a sua voz, o seu rosto, a sua maneira. Como eu poderia
saber o que era real e o que não era?

— Ouvi o que você disse no telefone. Sobre mim. Como eu estava perseguindo
você. Como eu estava me iludindo.

— Você ouviu um lado de uma conversa. Não foi o que você pensou, como tentei
explicar em várias dezenas de mensagens de texto que aparentemente você nunca se
preocupou em ler.

— Você disse que eu era imatura.

— Eu disse que Tessa era imatura.

— Você disse que eu era uma conhecida.

— Eu estava perguntando se dizendo isso faria a imprensa mais fácil para você.
Olha, PT, você só ouviu metade do que estava sendo dito. Você nunca vai entender a
história toda. Há uma razão pela qual ninguém nunca ter feito um filme sobre um
idiota que está ao telefone o tempo todo.

— Então o que você quis dizer quando disse...

— Pare, — ele disse e eu fiz. — Eu tenho você dizendo que não me importo com
você. Tenho a Donna dizendo que deveria andar pela cidade proclamando o meu amor
eterno por você. Ser uma estrela de cinema parece significar que eu nunca consigo
tomar uma única maldita decisão sobre a minha própria vida. Mas não desta vez.
Desta vez eu estou saindo script.
Isso me fez olhar para ele, e ele pegou a minha mão com as suas.

— Eu quero você, Skye. Quero algo real com você. Para mim. Não porque a
Donna acha que é o melhor caminho a seguir. Não para se vingar do seu pai por dizer
a uma garota que nós dois gostávamos na Universidade que eu tinha um pau fino
como lápis.

Ele apertou a minha mão enquanto eu tentava processar aquela estranha


variedade de declarações. Mas em algum lugar dentro de mim, em um lugar que
quase foi afogado por todas as lágrimas, a esperança estava começando a reacender.
Mas não podia deixar que isso acontecesse. Não, a menos que eu tivesse certeza.

— Eu quero tentar algo real, Skye. Não é algo aprovado pelo estúdio. Algo real
com você, uma das pessoas mais reais que já conheci. Você não esconde quem você é,
moça bonita. Bem, você se esconde atrás desses óculos e do seu rabo de cavalo, mas
não esconde o seu verdadeiro eu de mim. Estou farto de as pessoas serem falsas.
Dizendo o que eles acham que você quer ouvir. Desempenhando um papel. Eu quero
alguém de verdade. E esse alguém é você. Eu quero você.

O meu cérebro não conseguia acompanhar. E não conseguiu manter a centelha


de esperança reprimida dentro de mim por muito mais tempo. — Mas como isso
funcionária? O estúdio. O seu pessoal de Relações Públicas. Os abutres. Como...

— Eu não sei. Mas acho que o que temos entre nós é importante o suficiente
para tentar. Você não acha?

— Eu...— Eu queria dizer sim. Eu realmente queria. Mas eu já tinha me


machucado muito por causa dele. Eu realmente queria arriscar isso de novo? Apesar
do que ele disse, um relacionamento feliz parecia muito improvável. Foi ele quem me
disse que nunca passearia até o pôr-do-sol com ninguém. Inferno, nós estávamos
ativamente voando para longe do pôr do sol neste exato momento.

— Diga que sim, — Grayson pediu. — Nós podemos descobrir isso. Somos
pessoas razoavelmente inteligentes. Bem, eu sou. Você é a super gênia com a
memória fotográfica.

Eu sorri com isso e me abstenho dizer a ele que essa terminologia não era mais
usada.

— Nós podemos descobrir isso, — repetiu ele. — Nós temos todo o fim de
semana. Claro, parte disso será assumida pelo trabalho.

— Você tem que trabalhar neste fim de semana? Filmando?

— Eu não, — ele disse. — Você terá.

Pela décima vez desde que embarquei no avião, olhei para ele boquiaberta de
surpresa. — O que você quer dizer?

Com a mão livre, ele tirou um papel do bolso da jaqueta. — Esse é um e-mail
do Mason Trent. Ele é o editor de uma revista de viagens econômicas. Ele está
esperando dois artigos quando você voltar, um sobre Florença e o outro sobre Veneza.

— O quê?

Grayson sorriu e inclinou-se para beijar o meu nariz. — Parece uma boa
maneira de você descobrir se realmente quer ser uma escritora de viagens. Então, o
que me diz? Você está disposta a dar uma chance a isso?

— Os artigos?

— Não.
É claro que não. Ele queria saber sobre nós. Se eu estava disposta a dar-nos
uma chance. E havia apenas uma resposta que eu poderia dar a isso. Apenas uma
resposta que era real, já que ele alegou que eu era uma das pessoas mais reais que
ele conhecia.

— Sim.
Pronto, eu disse isso. Eu estava comprometida. E eu só fui capaz de fazer isso
porque ele me convenceu de que era isso que ele também queria. Ele organizou este
fim de semana. Falou com o editor de uma revista de viagens. Pelo que eu sabia, ele
parou de filmar pelo resto da semana. Isso deve ser uma despesa enorme. E isso tudo
somado ao fato de que ele realmente queria isso. Que ele realmente me queria. Esse
pensamento me deixou mais feliz do que praticamente qualquer coisa no mundo.

Grayson inclinou-se sobre mim, levantou-me no ar, e alguns segundos depois


eu estava montada no seu colo, os meus joelhos em cada lado das suas coxas. Isso
nunca teria funcionado nos assentos minúsculos em um avião normal. Mas
funcionava aqui e me colocou no nível dos olhos. Em uma posição perfeita para beijá-
lo.

Mas em vez disso, explodi em lágrimas.

Ele me segurou contra o seu peito, acariciando as minhas costas, afagando o


meu cabelo. — Deixe tudo sair, Skye. Foram alguns dias difíceis.

Isso foi um eufemismo. Mas estas lágrimas não foram apenas uma libertação
emocional. Havia também algumas lágrimas de felicidade ali. Algumas lágrimas de
esperança, se existisse tal coisa. Parecia uma coisa. Parecia que eu estava chorando
pela decepção que havia sentido antes, bem como pela possibilidade que sentia agora.

— Calma, calma, — disse o Grayson, esfregando as minhas costas e, de alguma


forma, uma risadinha escapou da minha garganta. Acho que nunca ouvi alguém fazer
isso na vida real.

Ele sentou-me e olhou para o meu rosto com olhos verdes assustados antes do
seu lábio se contrair para cima. — Fico feliz em saber que as minhas habilidades
confortantes a divertem, — disse ele. Mas ele parecia muito divertido.

Pisquei quando ele se inclinou para a frente e beijou uma bochecha, em seguida,
a outra. — As suas lágrimas são salgadas, — disse ele. Então continuou beijando.

E depois de um momento ou dois, relaxei nele. Na sensação. Isso estava


realmente acontecendo. Passei os meus braços em torno do seu pescoço e virei a
minha cabeça para encontrar os seus lábios. Os meus olhos fecharam e parecia que
todo o meu corpo derreteu sob o seu toque. Ainda bem que ele estava com os braços
em volta de mim ou eu poderia ter deslizado para o chão.

— Mmm...— eu gemi. — Isso é tão bom.

— Podemos fazer isso sempre que quisermos agora, — ele murmurou contra os
meus lábios. — Chega de se esconder.

Recuei um pouco. — Mas, não temos que fazer isso em público, certo? Para a
sua imagem ou algo assim?

— Não temos que fazer nada que não queremos. Eu não quis dizer que faríamos
isso como um golpe de Relações Públicas. Só quis dizer que não precisamos mais nos
esconder em armários de vassouras.

Oh. Isso foi um alívio. Sorrindo, mordisquei o seu lábio inferior e a sua boca se
abriu para a minha novamente. O que foi bom, mas me senti ainda melhor quando
ele beijou o seu caminho ao longo da minha mandíbula até à minha garganta. Deixei
a minha cabeça cair para trás enquanto ele se aninhava lá. Era incrível e estava me
deixando excitada. Os meus quadris se apertaram contra as suas coxas. Ele gemeu
em resposta e eu pude sentir uma protuberância dura debaixo de mim.

Em seguida, as suas mãos se fecharam na minha bunda coberta com a calça


jeans e apertou, amassando a minha carne. Deus, eu estava ficando com tanto calor.
E de repente, isso não foi suficiente. Corri as minhas mãos no seu peito, apreciando
a sua extensão suave de músculos enquanto fazia isso.

E então encontrei o zíper do seu jeans, me atrapalhando com isso. O aperto do


Grayson na minha bunda aumentou. — Tem certeza que quer isso, Ponytail?

— Tenho certeza, — eu disse, a minha voz ofegante e carente.

— Então, se levante, — ele disse, e eu obedeci, endireitando-me para ficar em


pé com as minhas pernas trêmulas.

Grayson se elevou sobre mim enquanto me apoiava em direção ao assento atrás


de mim. Gentilmente, ele me empurrou para o assento, enquanto se ajoelhava na
minha frente. Os seus dedos roçaram no botão do meu jeans e eu concordei. Eu queria
isso mais do que tudo.

Lentamente, me provocando, ele abriu a minha calça e a tirou pelas minhas


coxas. Quando o jeans estava amontoado ao lado dele no chão, ele pôs um dedo longo
no meu abdômen, como se para acalmar as minhas contrações. Então ele deslizou os
dedos pela borda da minha calcinha. — Espero que essa também não seja a sua
favorita, — disse ele em voz baixa e rouca. Então ele a arrancou.

Eu gemi, de repente me sentindo muito exposta. Mas eu queria isso. Mais do


que qualquer coisa. Alcancei os seus ombros, tentando puxá-lo para cima de mim,
mas ele tinha outras idéias. — Apenas um gosto, — disse ele. — Em nome dos velhos
tempos.

E antes que eu pudesse dizer uma palavra, ele tinha as minhas pernas
enganchadas sobre os braços do acento e a sua cabeça enterrada no meu núcleo. E foi
incrível. Ainda melhor do que da última vez. A sua língua talentosa lambeu para
cima e para baixo a minha fenda, parando para provocar a minha entrada ou o meu
clitóris a cada terceira ou quarta carícias.

O prazer e a pressão construíram dentro de mim em uma velocidade recorde, e


eu gemi o seu nome. — Preciso de você dentro de mim. Por favor, Grayson.

— Paciência, minha princesa com rabo de cavalo. Coisas boas vêm para boas
meninas que esperam. — As suas palavras foram abafadas, a sua respiração fazendo
cócegas na minha coxa. Mas então ele se endireitou, limpando a boca com a parte de
trás do braço. Do nada, ele acenou com um pacote de camisinhas para mim. — Tem
certeza que quer isso?

— Oh sim, — eu disse, a minha voz faminta para os meus próprios ouvidos. —


Mais do que qualquer coisa.

— Então prepare-se para o passeio da sua vida.

Eu estava pronta. Eu estava totalmente pronta.

Ele sentou-se na poltrona ao meu lado, baixando a sua calça, deixando o seu
pau enorme saltar livre. Definitivamente não é um pau fino como um lápis. Na
verdade, eu não tinha certeza se caberia em mim. Eu só tinha feito sexo uma vez com
o meu namorado do colegial e tinha sido há mais de dois anos.
Mas levantei-me e observei com fascinação enquanto ele alisava o preservativo
sobre o seu comprimento. Então ele sorriu para mim e eu cautelosamente subi nele,
montando-o novamente, desta vez com a ponta do seu pau pairando na minha
entrada.

— Todos a bordo, Ponytail. Este voo está prestes a decolar.

— Todos a bordo é para trens.

— Menos conversa. Mais passeio, — ele rosnou.

E eu obedeci, afundando-me nele lentamente, apreciando como o seu pênis me


abriu com cada centímetro que entrava em mim. Gemi, parando por um minuto
quando a pressão que senti foi muito intensa. Mas então ele estendeu a mão e
arrancou a minha camiseta, e então segurou os meus seios, esfregando os dedos nos
meus mamilos. Isso foi tão bom que afundei o resto do caminho. Ele me encheu
completamente.

— Grayson...— comecei, mas depois não sabia o que dizer.

Mas ele fez. — Eu te amo, Skye.

E com isso o meu coração parou, então reiniciou, e então deu um pequeno salto
feliz. Ele me amava. Ele estava comigo. Ele estava dentro de mim. — Eu também te
amo.

— Isso funciona bem, — disse ele, a sua voz rouca enquanto ele mexia os seus
quadris debaixo de mim, fazendo-me ofegar. Em seguida, as suas mãos estavam nos
meus quadris nus enquanto ele me guiava para cima e para baixo no seu pau grosso.

Era incrível. A pressão mais deliciosa crescendo dentro de mim. Cada impulso
dos seus quadris trouxe uma nova explosão de prazer. — Não pare, — engasguei.

— Eu não vou, — disse ele. — Não agora e não depois disto. Nós temos horas,
PT. Horas para preencher. Podemos fazer o que quisermos. O Skye é o limite.

Eu gemi com isso, movendo-me para cima e para baixo sobre ele. Incrível como,
quando ele disse aquele velho jogo de palavras, parecia sujo. Provavelmente porque
eu estava fazendo coisas muito sujas e deliciosas com ele agora.

— Vamos, baby. Me monte com força.

E eu fiz, me movendo ao longo do seu comprimento, moendo contra ele, movendo


os meus quadris em pequenos círculos antes de balançar para cima e para baixo
novamente. E logo os seus grunhidos combinaram com os meus gemidos quando nos
aproximamos.

— Ainda não, — ele engasgou, o seu rosto contorcido quando ele se empurrou
debaixo de mim. — Aguente...

Mas eu não consegui. Foi tão incrível. Cada vez mais rápido e mais rápido eu
balançava para cima e para baixo sobre ele, espremendo-me em torno dele. Eu estava
tão perto. — Eu vou...

— Goze, — ele ordenou. — Agora mesmo.

Eu joguei a minha cabeça para trás e gritei, apenas o seu braço forte em torno
da minha cintura me impediu de cair. Onda após onda de prazer rolou sobre mim
enquanto eu continuava me movimentando, mais lento agora, mas ainda apertando,
ordenhando o seu pau com tudo que conseguia.
Os seus sons profundos e masculinos de prazer dominaram os meus gritos
enquanto ele se esvaziava dentro de mim. — Porra. Simples assim, sim.

Eu estava abrandando, mas os tremores secundários me atingiram e eu


contorci-me ao redor do seu pênis.

— Porra, — disse ele novamente.

— Concordo, — eu disse, e ele riu suavemente, puxando-me para o seu peito.


Desmoronei contra ele, amando a sensação dos seus braços em torno de mim, o seu
pau dentro de mim. Me senti cercada. Segura. Me senti amada.

Ele me segurou por um longo tempo, murmurando o meu nome de vez em


quando.

— Nós podemos fazer isso, Skye. Se nós dois quisermos o suficiente, tudo é
possível.

— Concordo, — eu disse novamente, e ele beijou o topo da minha cabeça. — A


estagiária e a estrela de cinema. Acha que alguém vai fazer um filme sobre isso?

— Não tenho certeza, — disse ele, acariciando o meu cabelo. — Mas se eles
fizerem, tenho certeza que teria um final feliz.

Eu me aconcheguei no seu peito e sorri.

— Eu também.
— Isto é excitante. Muito obrigada por esta viagem. Tem sido incrível.

— Você merece, — , disse o meu pai. — Você está se graduando em dois meses,
mas você conseguiu publicar mais de cinquenta artigos de viagem no último ano e
meio. A minha filhinha é muito trabalhadora.

— Pai, — eu disse, corando. Mas, na verdade, eu trabalhei muito. Eu escolhi


me graduar em inglês e em design gráfico. O meu plano, que já tinha começado a
implementar, era continuar publicando os artigos, mas também viajar para o exterior
e ajudar os hotéis e restaurantes locais a criarem materiais promocionais em inglês,
como folhetos, cartazes, vídeos, e assim por diante. Dessa forma, eles poderiam
aumentar o tráfego turístico.

— Muito bem, Penélope.

Eu sorri para isso. Ser namorada do Grayson veio com muitas recompensas,
mas também tornou a vida difícil em alguns aspectos importantes. Como um bando
de repórteres me seguindo sempre que eu colocava os pés no sul da Califórnia para
visitar o Grayson. A maioria deles me deixavam sozinha na Universidade, mas de vez
em quando, eu era abordada por abutres querendo saber tudo sobre o meu homem.
Portanto, na minha vida profissional, para os meus artigos de viagem e para o meu
blog e Web site, eu era Penélope Thomas. Que, naturalmente, poderia ser abreviado
como PT.

— Este intervalo está demorando uma eternidade. Quanto tempo falta? — Eu


estava ansiosa para ver o resto da peça. Eu nunca tinha visto o King Lear11 antes,
especialmente na Inglaterra. Eram as férias de primavera, a minha última antes da
formatura e o meu pai trouxe-me aqui como um presente especial.

— Cerca de quinze minutos, — disse ele, verificando o seu relógio. — Então, o


que o velho saco de dinheiro está fazendo esta semana?

— Pai...— eu disse, o meu tom de censura. O meu pai quase aceitou o Grayson
e eu ficarmos juntos. Ele certamente tentou. Grayson e eu passamos o Natal com ele,
este ano e no passado. Mas ainda era difícil para ele lidar com isso de vez em quando.
Não tenho certeza do que o atingiu com mais força, mais duramente que a sua menina
era uma mulher crescida com um namorado ou que esse namorado era o seu amigo
mais antigo. — Alemanha. Ele terminará as filmagens em algumas semanas, e então
ele vai parar e me ver antes de voltar para Hollywood.

— Isso é bom. — Ele estava tentando. Ele sabia que era difícil para mim não
ter visto o Grayson em quase seis semanas, então ele estava tentando tornar a nossa
viagem especial. Hoje, por exemplo, ele insistiu que eu fizesse um dia de tratamento
facial no spa do hotel e comprasse um vestido novo. Era rosa pálido e tinha uma saia
folgada e me fez sentir como uma princesa.

11 Rei Lear é uma tragédia teatral de William Shakespeare, considerada uma de suas obras-primas.
Olhei ao redor do teatro enquanto esperávamos que a cortina subir. Grayson
ficou desapontado por não poder se juntar a mim esta semana, então ele mexeu
alguns pauzinhos e nos convidou para a apresentação de estreia de uma pequena
trupe de Shakespeare. Os atores eram ótimos, especialmente aquele que interpretou
o próprio velho Rei Lear. O teatro era tão emocionante. Era pequeno, mas tinha mais
de duzentos anos de idade. Ele tinha sobrevivido aos bombardeios na guerra e tinha
sido restaurado ao seu esplendor original.

O silêncio se espalhou através do público quando a cortina subiu. E


instantaneamente, fui transportada de volta aos dias dos reis e rainhas. Do amor,
assassinato e traição. O desempenho foi maravilhoso, e eu estava em lágrimas no
final. No geral, eu preferia as comédias de Shakespeare às suas tragédias, mas ainda
tinha sido uma performance incrível.

Quando chegou a hora da chamada ao palco, papai e eu nos juntamos aos outros
membros da plateia batendo palmas ruidosamente. O maior aplauso foi reservado ao
ator que interpretou o próprio Rei Lear. Ele saiu por último e o público o aplaudiu de
pé. Aplaudimos pelo que parecia cinco minutos e então, por fim, o majestoso rei
levantou as mãos pedindo silêncio.

Ansiosamente, esperei para ver o que ele tinha a dizer. Era a noite da estreia.
Ele agradeceria ao diretor? Ou o elenco e a equipe?

— Se vocês puderem, por favor, sentar-se por um momento nos seus lugares
meus amigos, agradeço a vocês por terem vindo esta noite para a nossa apresentação
inaugural neste fantástico teatro, — disse ele, a sua voz estrondosa alcançando toda
a plateia sem a necessidade de microfone. O seu sotaque britânico atingindo os meus
ouvidos agradavelmente, ao contrário de alguns membros do elenco. — Os meus
colegas atores e eu não estaríamos em lugar nenhum sem membros dedicados e
iluminados do público como vocês. Quanto a mim, foi um verdadeiro prazer estar de
volta ao palco depois de uma ausência muito longa.

Houve mais aplausos para isso, e então ele continuou com a sua voz rica e
acentuada de barítono que parecia feita para o palco. — Os temas que permeiam as
peças de Shakespeare ainda permanecem relevantes no mundo de hoje. Raiva.
Luxúria. Ambição. Traição. Tristeza. Alegria. E amor. E é em nome dessa última
emoção que agora peço um voluntário do público.

Dezenas de pessoas ao meu redor levantaram as mãos, mas eu fiz uma careta.
Desde quando uma peça de Shakespeare envolve a participação do público? Mas
então o papai estava empurrando o meu braço, me incentivando para o palco. — Você
deve ir.

— Não— , eu disse, permanecendo firmemente no meu assento. De jeito


nenhum eu ia subir no palco na frente de todas aquelas pessoas.

— Você está linda nesse vestido, você deve ir lá em cima, Skye.

Agora, dois atores se aproximaram, e eu os reconheci como tendo interpretado


os homens do Rei Lear. — A minha filha se voluntariou, — disse o papai em voz alta
e um deles assentiu e pegou o meu braço. Constrangida, eu resisti, mas o público
começou a me encorajar.

— Vá até lá, querida. Essas espadas não são reais, — disse uma mulher com
um sotaque londrino alegre.

— Vá em frente, moça. Não é todo dia que você encontra um rei, — outra pessoa
disse.

E então, corando furiosamente, segui os atores pelo corredor até os degraus que
levavam até o palco. Que diabos eu deveria fazer quando estivesse lá em cima?
— Venha aqui, minha querida, — disse o Rei Lear. — Eu não mordo.

Hesitante, subi os degraus, piscando para as luzes brilhantes do palco. O


público estava me observando com expectativa. E algo estava acontecendo no fundo
do teatro. Aquilo era uma câmera de vídeo? Talvez eles tenham filmado a primeira
apresentação para a posteridade.

Eu tinha alcançado o Rei Lear agora. De perto, ele era um homem de aparência
muito distinta, com longos cabelos grisalhos e uma barba cheia. Algo sobre ele me
pareceu bonito, embora o seu rosto estivesse coberto de rugas, e ele tivesse um nariz
bastante proeminente e comprido. Ele parecia estar no início dos sessenta anos. —
Qual é o seu nome, mocinha?

— Skye, — eu disse suavemente.

— Skye, — ele repetiu, em sua voz estrondosa. — Um lindo nome para uma
bela dama. — Ele pegou os meus dedos e puxou-os para os seus lábios, plantando um
beijo na parte de trás da minha mão.

— Você gostou da peça, Skye?

— Sim Vossa Alteza— , eu disse, depois de um momento de confusão. Como era


suposto dirigir-se a um monarca falso na frente de um teatro muito real cheio de
pessoas? Várias pessoas da plateia riram e um sorriso apareceu no rosto do Rei Lear.
Um sorriso que de alguma forma fez o meu pulso acelerar. Ele tinha dentes tão
brancos e regulares para um cavalheiro mais velho.

— Você diria que o amor conquista tudo, Skye?

— Não em Romeu e Julieta, — eu disse sem pensar e o público riu.

— Nem nesta peça. Mas em geral, minha querida?

Pensei sobre a questão enquanto o público parecia esperar com a respiração


suspensa. — Sim. Eu acho que sim.

— Fico feliz em ouvir isso, — disse o Rei Lear. Mas a sua voz estava diferente
quando disse isso. Ainda grave, mas diferente. Levei um minuto para descobrir o que
tinha mudado, sem sotaque. Intrigado, olhei para ele. Ele estava sorrindo para mim
de uma maneira que fez o meu coração pular uma batida. — Porque eu tenho uma
pergunta para lhe fazer, Milady.

Aquela voz. Era uma voz familiar agora. Em uma cadência diferente com um
sotaque americano. Era uma voz cheia de afeto.

Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, mesmo enquanto a minha


mente se esforçava para alcançá-lo.

O ator alto na minha frente estendeu a mão e jogou fora a coroa que ele estava
usando e tirou a peruca cinza grossa. Em seguida veio a barba, deixando para trás
uma castanha e curta. E então ele arrancou algo cobrindo o seu rosto, e de repente o
seu nariz estava com o tamanho normal e a sua pele estava sem rugas. Eu tive que
piscar rapidamente para vê-lo, as lágrimas estavam vindo mais rápido do que nunca.

— Se vocês me permitirem apenas mais um momento, tenho alguns negócios


para cuidar, — ele disse para a plateia e algumas pessoas começaram a aplaudir
como loucas, obviamente, tendo reconhecido ele.

Ele se ajoelhou e o público levantou-se novamente. Câmeras estavam por toda


parte, tirando fotos, filmando.
E tudo o que pude fazer era ficar ali, com lágrimas inundando os meus olhos,
enquanto eu olhava para o homem que eu amava.

— Minha querida Skye, se você me der a honra de ser a minha noiva, você me
faria o homem mais feliz do mundo. O que você diz, Milady?

Silêncio agora. O teatro inteiro à espera da minha resposta. Ela subiu aos meus
lábios sem um pensamento consciente. — Sim, meu rei.

E o Grayson James ficou de pé e varreu-me dos meus, levantando-me nos seus


braços, girando-me ao redor. As minhas mãos enroladas em torno do seu pescoço
enquanto ele me girava, o público uma massa vertiginosa de rostos enquanto
girávamos. A felicidade me encheu. Isto foi maravilhoso. Isto estava certo.

Foi emocionante ver tantas pessoas torcendo para o nosso final feliz. Em algum
lugar lá fora estava o meu pai. O que ele achou de tudo isso? Mas ele deve aprovar.
Ele claramente esteve envolvido nisso o tempo todo.

Finalmente o Grayson me colocou para baixo, mas eu não soltei o meu aperto
firme no seu pescoço. Isso tornou mais fácil para mim puxá-lo para um beijo. E apesar
de beijá-lo sempre tenha sido incrível, este estava em um nível totalmente novo.
Porque este foi o meu primeiro beijo com o homem que eu estava noiva. O homem que
me amava e queria passar o resto da sua vida comigo.

E eu podia ver isso. Eu podia ver as nossas vidas se desenrolarem. Eu viajando


com ele para as locações dos filmes e acompanhar o meu trabalho através da Internet.
Grayson e eu passando as férias com o meu pai. Duas crianças, com os seus olhos
verdes vívidos, enfeitando a casa que compraríamos no sul da Califórnia.

Não era mais minha vida, nem sua vida, mas nossa vida.

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