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Formatação: Azalea
— Quero te ensinar todas as coisas que o teu corpo e o meu podem fazer.
Grayson
Não consigo tirar os olhos da nova estagiária do estúdio de cinema. Skye tem
apenas vinte anos. Uma ratinha tímida se escondendo atrás dos óculos grandes, o
seu rabo de cavalo saltando enquanto ela se move no set. Derrubando adereços.
Perturbando a minha grande cena, quando o seu telefone toca. Quando ela está por
perto, as coisas dão errado.
Por que não paro de pensar nela? Talvez porque ao contrário da maioria das
mulheres que conheço, ela é honesta. Sincera. Leal. E incrivelmente bonita.
Naturalmente, não é tão simples. Skye é quase duas décadas mais nova do que
eu e ela é filha do meu melhor amigo. Ela não poderia estar mais fora dos limites.
Skye
Grayson James é uma das maiores estrelas de cinema do planeta. Ele tem
tudo, um corpo malhado, olhos verdes lindos e um sorriso torto que faz as calcinhas
se desintegrarem. Ele pode ter qualquer uma, mas continua falando comigo. Eu só
não entendo.
1
A descrição de uma pessoa das mais famosas entre todos os famosos.
Segunda-feira
Ela olhou e depois acenou com a cabeça. — Pelo menos você acertou essa parte.
Bom trabalho, Sue.
— Sério?
Suspirei. As pessoas esperavam uma menina com um nome como Skye ser um
espírito livre. Uma mulher jovem e encantadora, talvez com traços de fada e agilidade
no seu passo. Mas eu era apenas eu. Se perguntar, os meus colegas de classe na
Universidade provavelmente me descreveriam como quieta e estudiosa.
— Bem, Skye, vamos ver sobre a sua próxima tarefa. — Betty me levou para o
fundo do guarda-roupa, uma estrutura temporária, uma vez que essa parte do filme
estava sendo filmada na floresta. Embora a sala continha centenas de figurinos, era
aparentemente apenas uma pequena fração do departamento de figurinos do estúdio.
Mas eu nunca tinha estado lá. Este foi o primeiro dia da primeira semana do meu
estágio de verão.
Ela mexia e vagava através das fileiras de roupas, parando apenas quando
percebeu que parei na frente de uma arara de jaquetas de couro.
— Sue?
Coloquei uma mão na minha boca para abafar uma risada. Como se o Grayson
James pudesse ficar mal. Ele era o homem dos meus sonhos desde que me lembro.
Nenhuma surpresa que ele era muito bonito, o homem dos sonhos de cada mulher. Li
tudo o que pude sobre ele, olhei para todas as fotos online e nos jornais. Ele não
parecia mal nunca.
— Nada mal, — eu digo e era verdade. Fui bem nas minhas aulas de
matemática na Universidade, elas simplesmente não me interessavam muito.
— Bem, você vai usá-la hoje. Estamos nos preparando para uma cena de
fogueira. Tem que ter a iluminação certa ou isso vai jogar sombras estranhas na cara
dos atores.
— Eles estão filmando esta noite? — Talvez isso significasse que eu veria o
Grayson. Era um grande conjunto de cenas com barracas, trailers e carros por toda
parte. Eu tinha visto Grayson duas vezes até agora, em ambas as ocasiões à distância.
Uma vez saindo do seu trailer e uma vez conversando com um homem que parecia
ser o diretor. Ou talvez 'um dos' diretores. Li que havia mais de um.
— Deus não. Esta cena não será filmada por dias, mas levará muito tempo para
descobrir os lugares. Este será o primeiro de muitos testes. Vá acender o fogo para
que possamos obter uma leitura sobre o brilho.
Poucos minutos depois, um fluxo patético de fumaça saiu do único tronco que
eu tinha sido capaz de obter aceso, e bati o meu dedo do pé em uma das pedras ao
redor da fogueira que não estavam mais em um círculo bonito e organizado. Bob
realmente se aproximou e me chutou. — Ai!
— Havia uma faísca no seu jeans. — Ele disse irritado, soando como se
estivesse debatendo sobre se devia ou não me colocar para fora.
— Eu estou, — digo, para a jovem mulher com o cabelo fúcsia, delineador rosa
brilhante, e tatuagens para cima e para baixo nos seus braços. Sorrio para ela, ela
parecia legal o suficiente, mas já estava me perguntando como poderia estragar tudo
isso. Sinceramente, nunca usei muita maquiagem. Todas as manhãs eu passava
hidratante no meu rosto, polvilhava um pouco de pó, prendia o meu cabelo com um
elástico e estava pronta para ir. Mas a julgar pelas prateleiras e recipientes no trailer
da Carol, eu estava perdendo a minha cabeça com rabo de cavalo. — Mas eu
realmente não sei muito sobre cosméticos.
— Tudo bem. O seu trabalho principal é tomar notas sobre quais tons eu uso
para que possamos recriar o mesmo visual vários dias consecutivos.
— Não esperava vê-la aqui, — disse a Carol. — Você tem a sua própria equipe
de estilistas.
— Eles são todos estúpidos, — diz Tessa, o seu perfeito nariz de botão enrugando
em desgosto. — Preciso que você faça os meus olhos para que eles realmente
apareçam. Eu tenho cenas com o Grayson a tarde toda.
— Yum, — disse Carol. — Vou fazer você parecer tão bonita que ele vai querer
arrancar as suas roupas.
— Nós não estamos filmando isso até a próxima semana, — diz a Tessa com
uma risadinha. — Esta semana, só quero deixa-lo selvagem, com luxúria. Oh, quero
dizer a minha personagem, é claro.
Então, ambas riram e eu peguei um pote que parecia tinta branca e apertei com
toda a minha força. Grayson James era um dos atores vivos mais talentosos. Ele não
era apenas alguém para babar. Bem, ele era muito digno de ser babado, mas era mais
do que isso. Ele deu milhões para a caridade. Ele falou sobre salários iguais para
atores masculinos e femininos. Ele tinha estado nos meus sonhos todas as noites
desde que conseguia me lembrar. Espere, talvez esse último tópico tenha sido um
pouco fora do assunto.
— Eu simplesmente odeio que isso tenha que acontecer lá fora, — Tessa estava
dizendo. — Por que eles não podem simplesmente decidir ir a um hotel de luxo?
— Quem é essa? — Tessa olhou para mim enquanto a Carol aplicava um creme
no rosto dela.
— Oh, olá. — Tessa disse como se tivesse me notado pela primeira vez. Mas
não era um trailer grande, ela devia ter me visto antes. — Bem vinda.
Tessa e Carol me olharam. — Eu… eu tenho uma boa memória. — Isso era
para dizer o mínimo, mas eu sabia que se dissesse que tinha uma memória eidética,
mais conhecida como memória fotográfica, elas olhariam ainda mais.
Carol franziu os lábios e depois falou. — Skye, por que você não mistura a base
que gosto de usar para Tessa? Pegue aquele pote... não, o que está ao lado. Coloque
quatro gotas desse bege e depois misture.
— Ela tem o cabelo na base. Ugh, o seu rabo de cavalo está completamente
dentro. Que nojo!
— Skye, por que você não vai limpar-se, — diz a Carol. — E quando terminar,
talvez consiga algo para comer. Na verdade, por que você não tira o resto da tarde de
folga? E amanhã vamos encontrar um departamento diferente para você
experimentar.
Desanimada, abri a porta do trailer. Quando saí, ouvi a Carol dizer: — Amanhã
será o quarto departamento dela em quatro dias. Isso deve ser um recorde.
— Conexões familiares ou não, ela não vai durar uma semana. — Tessa
respondeu.
Quinta- Feira
Na manhã seguinte.
Ainda assim, eu sabia que tinha sorte de ter esta posição. Angel, a minha colega
de quarto, achou que era o trabalho mais incrível de todos os tempos. Eu estava
compartilhando o seu apartamento minúsculo neste verão depois de responder a um
anúncio que ela postou online. Angel era atualmente uma garçonete, mas ela queria
ser atriz e ia para audições o tempo todo. Ela estava admirada por eu passar o verão
com uma equipe de filmagem. Ela me enchia com perguntas intermináveis sobre o
Grayson James.
— Você vai? — Angel gritou. — Isso é incrível! Fantástico! Isso significa que
você tem que se trocar.
— Por quê? — Olhei para a minha blusa branca e jeans. Metade da equipe de
produção se vestia similarmente.
— Isso significa que ele é de cintura alta, — ela interrompeu. E então ela me
levou para o nosso quarto compartilhado e me fez trocar.
***
— Eu posso fazer isso, — eu disse com um sorriso. Além disso, significava que
eu estaria por perto quando os atores e os dublês viessem filmar a próxima cena. Hoje
eles estavam filmando uma luta. O personagem do Grayson, John Wolfe, estava
sendo emboscado por quatro bandidos da família da máfia que o rastreava e ele os
derrota. Eu sabia pelo que li sobre as filmagens que este seria um dia longo. Mesmo
que eles tenham praticado a cena de luta muitas vezes, a filmagem real envolveria
várias refilmagens e trocas dos atores principais e seus dublês.
Não havia nada para eu fazer, então me sentei no último degrau de um trailer
próximo e assisti. Observei. Memorizei cada detalhe.
Ele estava usando botas, jeans preto surrado e uma camisa de flanela
verde/cinza sobre uma camiseta branca. Como o seu personagem já estava na floresta
há dias, ele tinha uma barba curta e sexy que acentuava o seu maxilar forte. Mesmo
daqui eu podia ver os seus penetrantes olhos verdes, emoldurados por ondas de cabelo
escuro salpicado com apenas um pouco de cinza nas suas costeletas. Nas mulheres,
esse tipo de cinza as envelhecia. Nele, isso o fazia parecer quente como o inferno.
A biografia oficial de Grayson em Hollywood disse que ele tinha 38 anos. Ele
fazia filmes há dezesseis anos e estava no topo do jogo na última década. Como na
terra eu estava sentada a apenas seis metros de um homem como ele? Mas eu não
queria questionar, só queria apreciá-lo.
Horas se passaram com pouca chamada para eu fazer algo. E com pouca
chamada para o Grayson fazer algo, também. Principalmente, ele só ficava lá,
bebendo café e conversando com os bandidos. Ou os atores que interpretavam os
bandidos. Mas duas vezes até agora ele tinha começado a dar socos falsos e se
esquivar dos punhos dos bandidos enquanto a equipe de filmagem fazia close-ups2.
Observei tanto durante aquelas partes que tenho certeza que meus óculos
embaçaram.
Pouco antes das quatro, eles colocaram o Grayson novamente. Desta vez, eles o
filmaram correndo para a clareira, pulando sobre troncos e depois se escondendo
atrás de uma árvore caída. Eles devem ter feito isso umas trinta vezes antes de
ficarem satisfeitos. Cada vez que eu o vi colocar uma das mãos no tronco e passar as
pernas por cima, o meu coração pulava uma batida. Ele era tão atlético. Tão forte.
Não admira que fosse o protagonista favorito da América. Ele com certeza era o meu
favorito.
Agora ele eliminou o tronco e pela primeira vez, o diretor não gritou corta, então
o Grayson se aproximou e fingiu socar o bandido. Mas o ator desviou do punho e fingiu
2
Close-up, ou simplesmente close, em cinema e audiovisual, é um tipo de plano, caracterizado pelo seu
enquadramento fechado, mostrando apenas uma parte do objeto ou assunto filmado - em geral o rosto de uma
pessoa.
dar um soco no estômago do Grayson. Grayson se dobrou, mas o seu pé disparou,
varrendo as pernas debaixo do Bandido #3 enquanto pequenos sinos tocavam ao
fundo.
Espere um segundo, que barulho foi esse? Não havia nenhum som ou música
até este ponto. Todas essas coisas eram adicionadas depois.
Olhei em volta. Assim como todos os outros. O ruído estava vindo de uma
pequena tela, iluminada no último degrau de um trailer. O trailer em que eu estava
sentada. Porcaria.
Hesitante, olhei para cima. Todos os olhos estavam em mim. Olhos impacientes.
Olhos raivosos. Os olhos do Grayson.
Oh, meu Deus. Ele parecia tão zangado. O homem dos meus sonhos estava
olhando para mim pela primeira vez e foi com decepção. — Filha da puta, — ele
disse.
— Reiniciar, — alguém falou, e Grayson olhou para mim por um minuto antes
de voltar para a sua posição original. E eu me movi também. Longe das filmagens.
Fora do set. Descendo a estrada de cascalho para onde o pessoal inferior tinha que
estacionar. E então de volta para o apartamento minúsculo, apertado que eu estava
dividindo no verão.
Se não fosse uma longa viagem de volta para Nebraska, acho que teria voltado
para casa naquela noite.
Sexta –feira
— E daí? Você cometeu um erro. Grande coisa. Essas pessoas do cinema não
sabem a sorte que têm de ter você. Você não tem a maior média de notas da sua
classe?
— Você pode fazer isso, querida. Você sabe o que sempre digo...o Skye3 é o
limite. Às vezes você é sua pior inimiga.
Gemendo com aquele velho jogo de palavras, fechei os meus olhos com força.
Era meu pai e eu desde que a minha mãe faleceu e ele era a pessoa mais importante
do mundo para mim. A sua confiança era um dom, mas também às vezes parecia uma
maldição. Às vezes desejei acreditar em mim mesma tanto quanto ele acreditava em
mim. — Eu simplesmente não... não sei como posso mostrar o meu rosto lá
novamente. Até mesmo… até o Sr. James estava louco.
— Não se preocupe com o Gray. Ele já fez asneira muitas vezes. Basta lembrá-
lo da vez que ele desafiou um cara da nossa fraternidade para ver quem conseguia
comer mais cachorros quentes, só que ele achou que os cachorros-quentes estavam
pré-cozidos e eles não estavam, e então, na verdade, essa história não tem um final
tão agradável. Talvez não fale isso.
A sua voz amoleceu. — Eu também sinto a sua falta, Skye. Mas você mostre a
esses tipos de Hollywood o que você vale.
3
Skye significa Céu, o pai brinca com o nome.
talvez fosse hora de ir para casa. A última coisa que eu queria fazer era estragar mais
as coisas para o Grayson, o elenco e a equipe.
Então, eu iria mais uma vez e oraria por um dia sem incidentes. Certamente o
Universo poderia me conceder isso?
***
— Mas depois do que aconteceu ontem, você tem certeza que eles me querem
perto da filmagem de hoje? Ou algo assim?
— Sim, — disse ela novamente. — Mas não faria mal verificar três vezes se o
seu telefone está desligado.
— Uau, nada mal. A maioria dos estagiários acha que um supervisor de scripts
é um escritor. Você tem uma boa memória, que virá a ser útil.
E foi assim que aconteceu. Conforme a manhã progrediu, ajudei a Janice a fazer
anotações importantes sobre cada detalhe possível durante as tomadas. A cena da
manhã foi engraçada com a Tessa, a atriz menos que graciosa que conheci no outro
dia, filmando uma cena fofa em que ela foi surpreendida por um guaxinim. Ok, então,
a cena foi bastante sexista, mas eu seria a primeira a admitir que se eu simplesmente
acordasse depois de passar a noite na floresta e ficasse cara a cara com uma criatura
como aquela, eu gritaria também.
Agora ele também estava olhando para o tablet. — Vê? — Janice estava
dizendo. — O corte na sua manga que se rasgou na cena anterior parece diferente
agora. — Ela examinou a sua manga e fiquei temporariamente hipnotizada pelo fato
de que ela estava tocando o braço dele. Alguém que eu conhecia estava tocando a pele
do homem mais bonito do mundo. Mas então, de repente, o meu cérebro começou a
funcionar.
— É a camisa errada.
A Janice e o Grayson olharam para mim, o que foi quase o suficiente para fazer
o meu cérebro parar novamente. Direcionei as minhas palavras para a Janice porque
me deu uma melhor chance de formular uma frase coerente. — Acho que esta é uma
camisa de uma das cenas posteriores. Há dúzias destas camisas no guarda-roupa.
Acho que essa é de depois da luta onde os Gambino colocam o braço dele sobre a
fogueira. Vê? Há uma única coisa bem aqui. — Estendi a mão, mas não consegui me
forçar a tocá-lo, eu estava com medo de que, se fizesse isso uma vez, não seria capaz
de parar.
A minha boca se abriu, mas nenhuma palavra saiu. Não quando o Grayson
James estava tão perto. E olhando para mim. Deus, os olhos dele. Na tela do cinema
e eu que tinha visto todos os seus filmes, pelo menos duas vezes, eles eram os mais
verdes elétricos que se possa imaginar. De perto, à luz do sol, eles eram ainda mais
brilhantes.
— Ei, Ponytail4.
Congelando no meio do caminho com o som sexy da sua voz atrás de mim, pesei
as minhas opções. Virar-me, caso ele estivesse falando comigo? Continuar para salvar
4
O Grayson James a chama assim por causa do Rabo de Cavalo dela. Tradução de Ponytail é Rabo de Cavalo.
o meu orgulho caso ele não tenha chamado? Ou derreter em uma poça de luxúria ao
som da sua voz suave como chocolate líquido?
Eu era? Era difícil pensar quando ele me olhava daquele jeito. Mas sim,
Derrick. Acho que era o nome do papai. Embora com os olhos do Grayson James em
mim, eu não tivesse certeza do meu próprio nome. — Sim.
— Bom saber, — disse ele e se voltou para os seus colegas. Para o seu mundo
de pessoas maravilhosas, famosas e da produção de filmes de grande orçamento.
Que diabos eu estava fazendo no meio daquele mundo? Mas uma coisa estava
clara. Agora que o vi. Toquei nele. Até conversei com ele, brevemente. De jeito
nenhum eu iria desistir agora.
Então, eu tive um fim de semana bem normal para mim. Trabalhando fora.
Indo a um clube. Festejando um pouco demais. Bebendo um pouco demais. Na minha
idade, eu ainda conseguia me safar dessa merda, mas a escrita estava na parede.
Quarenta anos estava se aproximando, e embora essa idade não era uma anulação
automática para os atores do sexo masculino como era para muitas mulheres, não
era um pensamento particularmente agradável. Mais como uma porra deprimente.
A maioria dos homens da minha idade tinha família. Cônjuges. Crianças. Não
gerentes, agentes e manipuladores. Eles passavam um tempo com pessoas de quem
se importavam, não com pessoas de quem precisavam de algo. Semicerrando os olhos
sob a luz do sol forte, pensei na última vez que passei um fim de semana com alguém.
Não foi há muito tempo, talvez um mês. Era aquela loira que estava naquele
programa de TV. Droga, como se chamava? Por falar nisso, qual era o nome dela? Eu
não conseguia lembrar disso, e isso não era bom. Eu era muito jovem para ficar senil,
certo?
E lá estava ela. A Srta. Ponytail. Difícil de acreditar que ela era parente do
Derrick. Na Universidade, ele tinha sido mais do que um irmão de fraternidade para
mim. Mais perto de um irmão de verdade. Mas ele era um filho da puta feio. Eu
pegava as garotas sendo gostoso, ele as pegava por ser engraçado. Até que ele se
acalmou. Eu conheci a sua falecida esposa. Garota legal. Ela tinha sido atraente, mas
não tinha nada sobre a filha.
Ela era uma coisa arisca. Alta e com pernas compridas, como um potro.
Adequado, já que ela mantinha o cabelo em um rabo de cavalo. Desde a primeira vez
que a vi na semana passada, eu queria desamarrar o cabelo dela e deixar os seus
cachos castanhos soltos, o que foi um impulso estranho, porque eu também fantasiei
sobre amarrar o resto dela.
Mas ela era uma criança, não poderia ter mais de vinte anos. E é a filha do
Derrick. Eu nunca faria nada para magoar o meu velho amigo. Mas isso não
significava que eu não podia olhar.
***
— Ação!
— Sério? — O interesse floresceu nos seus olhos e ela deu um passo mais perto
de mim, nossos peitos quase se tocando. — Isso inclui você?
Ela colocou os braços em volta do meu pescoço. — John Wolfe, o homem que
luta, que luta contra a merda. Qual é a fala?
E então uma voz desconhecida falou. — John Wolfe, o homem que luta contra
meia dúzia de inimigos de uma vez, com medo de uma mulher minúscula e
insignificante como eu?
Era uma frase estúpida, mas não foi isso que chamou a minha atenção. Foi a
Ponytail que pairava na borda do set, tendo falado alto e claramente. E ela nem
estava segurando um script. Como ela sabia da fala?
Tessa se virou para mim, ainda mais irritada por alguma razão. Mas eu estava
curioso. — O que acontece depois disso? — Perguntei à filha do meu velho amigo.
— Então você diz, — 'Minúscula, sim. Insignificante, não. Eu não tenho medo
de nada. Portanto, não comece algo a menos que você pretende terminar.' Mais uma
vez, ela falou sem um script. Então ela hesitou, olhando para mim timidamente. —
E então você... você e ela... vocês se beijam.
Meu Deus, ela estava corando? Por dizer a palavra beijo? Ou com a ideia de eu
beijar alguém? Provavelmente o segundo. Quando ela me ajudou com a minha camisa
na sexta-feira, o calor do seu rosto poderia ter causado um incêndio. Quando foi a
última vez que encontrei uma garota que ainda sabia corar? A maioria das mulheres
que conheci tinham visto de tudo. E fizeram tudo. E se gabaram sobre isso na
segunda-feira de manhã, como a Tessa tinha feito.
Fiquei olhando para ela por um longo momento enquanto ela me olhava por
baixo dos cílios grossos, mas suportando. Por falar nisso, quando foi a última vez que
vi uma mulher cuja pele cremosa não estava coberta de produtos cosméticos e tintas?
Já fazia muito tempo.
— Fique por perto até que o Ralph apareça, — disse o diretor. Ela acenou com
a cabeça, mais confiante agora que ela estava olhando para longe de mim.
— Vamos começar do início, — ele gritou e nós fizemos. Desta vez, a Tessa disse
as suas falas perfeitamente, embora com um pouco com raiva. Ela estava insegura
de que uma estagiária disse a fala dela completa tinha irritado ela? Talvez as pessoas
fossem mais sãs no lugar de onde A Ponytail e o Derrick eram. Nebraska. Era isso,
não no Kansas. Eu não sabia muito sobre o Meio Oeste, exceto que levava um inferno
de um longo tempo para voar sobre ele.
Fizemos a cena de novo. Tudo correu bem até a hora do beijo. E depois de vinte
ou mais takes, eu estava pronto para encerrar o dia. Cada vez, os lábios da Tessa
encontravam os meus ansiosamente. Um pouco ansiosamente demais. A língua dela
na minha boca me disse que ela estava mais do que disposta a voltar para a minha
casa hoje à noite e me mostrar exatamente o que aquela boca poderia fazer. Ela era
uma mulher poderosa que sabia o que queria. Que aparentemente era eu.
Mas ela estava desempenhando o papel de uma mulher jovem muito mais
tímida. Uma que falava de improviso com uma bravura que não sentia. Uma que
deveria estar hesitante sobre beijar um estranho no meio da floresta.
Eu duvidava que a Tessa tivesse tido um momento incerto na sua vida. Ela era
bonita, popular e amada pelos fãs. E ela sabia disso. E o público saberia disso
também. Ela só não estava fazendo um bom trabalho em se encaixar neste papel.
Embora eu não fosse a porra do diretor, tentei explicar a ela. — Você não está
se tornando vulnerável. Você não está vendendo o conflito que sente.
Ela sorriu. Acenou com a cabeça rapidamente. — Entendi, — ela disse como se
eu tivesse acabado de contar a ela o final de uma piada, e então nós filmamos a cena
e ela fez da mesma maldita maneira. Ela simplesmente não era tão tímida quanto a
personagem deveria ser. Tão insegura. Mas eu conhecia alguém que era.
— Apenas observe, — disse ele, acenando com a mão para indicar que ela
deveria ficar de lado. — Eu vou te mostrar o que quero dizer.
Hesitante, parei na frente dele, olhando para ele pela segunda vez na minha
vida. Ele era alto. Tão alto que fez o meu um metro e setenta e três parecer pequena.
Eu não estava acostumada a isso.
— S...Sk... Skye.
Por um momento, aqueles lindos olhos verdes rolaram para cima. — Estou
supondo que a sua mãe que escolheu. De jeito nenhum o Derrick pensaria tão fora da
caixa. — Atrás dele, a Tessa me fuzilou com o olhar, aparentemente pela audácia de
ter um pai que teve amigos na Universidade.
— Ok, Skye, nós vamos tentar um pequeno experimento aqui. Feche os olhos.
— Imagine isso, Skye. Você está assustada. Você está encurralada. Você foi
sequestrada e jogada no porta-malas de um carro. — Sua voz tornou-se rouca. Suave.
Tive que me esforçar para ouvi-lo, mas não queria perder uma palavra. — Pense em
como isso seria. Como você ficaria apavorada. Você não tem certeza do que vai
acontecer com você. Você não sabe o que aqueles homens vão fazer com você.
As suas palavras estavam me colocando em transe. Mas não pacífico. Me senti
nervosa, como se estivesse entrando no modo de luta ou fuga. A sua voz era
hipnotizante e impossível de ignorar.
— Então você vê os homens saindo. À tua procura. Uma mão aperta a sua boca.
— No momento em que ele disse isso, a sua mão cobriu a minha boca e eu quase
gritei contra ela. Os meus olhos se abriram e eu vi os outros parados ao redor, ouvindo
tão atentamente quanto eu tinha estado.
Como eu poderia não pensar quando podia sentir o seu corpo longo e duro atrás
de mim? O calor da sua pele quase queimava as suas roupas e as minhas. Ele era
todo músculos. Todo duro. Todo forte e todo homem.
A mão do Grayson estava no meu ombro agora, não sobre a minha boca, mas eu
ainda podia sentir cada centímetro dele atrás de mim.
— Agora você está em fuga com um homem que pode ser um assassino. Um
homem que tem a sua vida nas mãos. Um homem que você teme, mas também anseia.
— Ele me gira, mais gentil desta vez, e eu mantenho os meus olhos fechados, sabendo
que é o que ele queria.
— Um homem que te salvou, de novo e de novo. Um homem que tem sido áspero,
mas também demonstrou compaixão. Um homem que você não consegue parar de
pensar. Ele se tornou o seu mundo inteiro. E você está com medo, cansada e suja.
Você atingiu o fundo do poço. E a única direção que resta é para cima. Então você se
arrisca. — As suas mãos agarraram os meus ombros, o seu rosto tão perto que eu
podia sentir o cheiro de café e a sua respiração fazendo cócegas nas minhas
bochechas. Parecia que ele e eu éramos as únicas pessoas ao redor por quilômetros.
— Então você tenta ser corajosa. Você viu a maneira como olho para você. A
maneira como os meus olhos te seguem ao redor do acampamento. Você diz algo
descarado, um flerte, uma conversa descartável. As suas palavras são baratas, mas
a sua mente, a sua alma, está cheia de esperança. Espera que eu seja o homem bom
que digo que sou e não o assassino que eles pensam. E espera que eu também te
queira.
A sua voz ficou mais suave, ainda mais hipnótica. — Você está colocando tudo
o que você tem em jogo. A sua segurança. O seu futuro. O seu coração. E então você
fica na minha frente, esperando. Morrendo de vontade de saber se você escolheu
sabiamente. Suplicando para que eu acabe com esse suspense, para revelar a minha
verdadeira natureza a você na forma mais verdadeira de comunicação que homens e
mulheres podem compartilhar, um beijo.
Levantei o meu rosto quando o senti se inclinar. Ele estava tão perto. As suas
palavras eram tão suaves que só eu podia ouvi-las. Ele estava falando comigo e
apenas comigo. Separei os meus lábios. Fiz a minha escolha e o queria. Queria o seu
beijo. Não importa o que aconteceria depois, eu queria isso.
Imóvel, esperei sentir os seus lábios nos meus. Eu não tinha ideia de como
cheguei aqui, mas eu estava na frente dele, entregando-me a ele. Eu estava pronta
para receber tudo o que ele quisesse compartilhar comigo. Mas então as suas mãos
deixaram os meus ombros. E o calor do seu corpo desapareceu quando ele deu um
passo para trás.
— Simples assim, — disse ele novamente, mais alto desta vez e os meus olhos
se abriram. Ele estava olhando para mim. Todos estavam.
O elenco, a equipe, todos olhavam para mim. Exceto a Tessa. Ela estava
olhando para ele. E agora ele estava falando com ela, ignorando-me completamente.
— Você viu o rosto dela? Você acha que pode capturar esse jogo de emoções?
Os meus pés estavam se movendo para trás antes que o meu cérebro
entendesse. Isso tinha sido... ele fez isso como parte de uma aula de atuação. Ele me
fez sentir todas essas coisas para que ele pudesse me usar como uma ajuda visual
para a Tessa.
— Obrigado, PT, — ele gritou por cima do ombro, nem mesmo olhando
enquanto eu continuava a me afastar. O meu tornozelo bateu em algo atrás de mim
e eu teria caído se a Janice não estivesse lá, a sua mão firme no meu braço, os seus
olhos azuis claros olhando para mim com preocupação.
— Eu quis dizer água, — disse ela. — Mas posso ver porque você precisa de
uma depois disso.
— Todos nós sentimos isso ao redor dele, querida. Mas ele chamou você. Você
conseguiu ter força. Isso é o suficiente para derrubar qualquer mulher aos seus pés
por um bom tempo. Venha, vamos sentar.
Eu ainda não entendi muito bem como deixei de estar nos braços do Grayson
James para tropeçar na terra em direção à barraca de lanches, mas me senti como se
tivesse sido atropelada por um ônibus. Involuntariamente, eu ri. Em vez de um
ônibus Greyhound5, era um ônibus Grayson. Ele fez isso comigo. Ele me fez sentir
essas coisas, e então ele levou tudo embora.
5
é uma operadora de ônibus intermunicipal que atende a mais de 3.800 destinos na América do Norte.
Acontece que a maneira que me senti sexta à noite quando voltei para o
apartamento foi apenas um ensaio geral de quão mal me senti esta noite. Ha ha...
'ensaio geral.' Agora eu estava começando a pensar em termos do show business.
O que suscitou a questão, o que diabos eu estava fazendo aqui neste verão.
Ninguém precisava de mim no set. Eles simplesmente me aturaram porque o meu
pai havia pedido um favor ao Grayson. A única razão pela qual eles queriam me
manter por perto agora é para que todos pudessem ficar boquiabertos e olhar para a
garota ingênua que pensou que o Grayson iria beijá-la. Quão estúpida eu poderia ter
sido? Claro que ele estava tentando provar um ponto para a Tessa. Estrelas famosas
de cinema não beijam estagiárias em sets de filmagem. Especialmente na frente de
todo o elenco e equipe.
Mas a maneira como ele falou comigo, foi como se fôssemos os únicos lá. Como
se ele estivesse falando diretamente comigo. Deus, eu tinha sido estúpida. Ele era um
ator. Era o trabalho dele fazer as pessoas acreditarem nele. Eu não tinha pensado,
apenas reagi. Respondi. O meu corpo tinha respondido às suas palavras e o meu
cérebro tinha desligado. Eu fui tão estúpida.
— Você não é estúpida, — disse Janice quando me ligou depois do jantar. Ela
disse que conseguiu o meu número no RH. E embora eu tivesse alegado que estava
bem, apenas constrangida, ela insistiu em me encontrar em uma cafetaria a alguns
quarteirões do apartamento.
— Você não tem que fazer isso, — eu disse, uma vez que tomamos bebidas e
scones6 e estávamos sentadas em uma cabine de canto.
— Eu queria ter certeza de que você estava bem. Ouvi dizer que a sua primeira
semana foi difícil, mas aquela coisa que aquele idiota fez com você hoje foi muito
fodida.
Concordei com ela, mas depois de anos adorando o Grayson James, não pude
evitar defendê-lo. — Ele só estava tentando tornar o filme melhor.
— Isso é o que ele disse quando o repreendi mais cedo esta noite.
— Sim.
— Sobre mim?
6
Pãozinho inglês a base de leite e farinha de trigo e/ou aveia, geralmente pincelado com gema e levemente
adocicado.
— Sim. Nós nos encontramos muito. Nós trabalhamos em pelo menos meia
dúzia de filmes juntos.
Dei uma mordida no scone para me impedir de perguntar a próxima coisa que
eu estava morrendo de vontade de saber. Mas assim que engoli a massa seca, as
palavras saltaram para fora. — Do que mais você falou?
— Eu fiz.
— Ele concordou.
Ele tinha? Isso significava que ele falaria comigo amanhã? De alguma forma,
esse pensamento eclipsou tudo o que tinha acontecido hoje. Sim, eu ainda estava
humilhada e brava também, mas falar com ele novamente, esse pensamento fez o
meu sangue bombear mais rápido e o meu humor melhorar mais rápido do que o
chocolate faz. — Então, você acha que ele realmente vai...
— Umm, mas ele pode esquecer. Como você pode ter certeza?
— Porque ele está bem ali, — disse a Janice, com um tom de resignação na sua
voz. — Depois que o repreendi, ele perguntou se podia se juntar a nós.
As suas palavras mal chegaram aos meus ouvidos porque eu estava ocupada
procurando o Grayson na cafeteria. Mas eu não o vi. Havia alguns grupos em outras
cabines e havia três ou quatro pessoas no balcão, mas nenhuma delas era o Grayson.
Mas então um homem com uma velha jaqueta do exército com longos cabelos
grisalhos desgrenhados saindo debaixo de um boné de beisebol veio em nossa direção.
Apesar do fato de que estava escuro, ele tinha um par de óculos de sol de plástico.
Estremecendo, sorri para ela como se ela tivesse acabado de anunciar que
ganhei um Oscar. Era isso que significava ser um ator. Projetar uma coisa enquanto
sente algo totalmente diferente. E agora, eu sentia uma combinação de respeito e
medo em relação a um dos poucos colegas que eu considerava ser uma verdadeira
amiga.
Mas depois que Janice foi embora eu fiquei sozinho com esta adorável jovem, os
seus grandes olhos castanhos me encarando com choque, a minha emoção
predominante era a culpa.
Tirei os meus óculos de sol e guardei-os no bolso enquanto pensava sobre o que
tinha acontecido hoje. Aquilo tinha sido uma coisa horrível de se fazer. A minha
carreira dependia de eu ser capaz de usar o charme. Mas eu aprendi quando estava
começando que, se eu não fosse sincero, eu poderia machucar as pessoas. Eu já tinha
feito isso antes, e não estava feliz ao perceber, depois da ligação da Janice, que hoje
fiz isso de novo.
Claro, eu estava tentando ensinar a Tessa uma ou duas coisas. Ela não iria
durar muito neste negócio se ela fizesse tais performances duras como madeira e com
emoções ocas. Parece que só a aparência a levou tão longe em Hollywood. Mas eu não
estava inconsciente do efeito que eu estava tendo na Ponytail. Eu poderia ter
chamado qualquer um lá comigo, e eu a escolhi.
Era mais do que óbvio que ela tinha uma queda por mim, e eu fiz isso de
qualquer maneira. Porque parte de mim queria ver como ela reagia. Quer dizer, esse
era o ponto. Obter uma resposta honesta e natural. Mas, novamente, eu poderia ter
tentado fazer isso com outra pessoa. Mas, no fundo, eu sabia que queria
especialmente essa reação dela. E isso foi fodido. Ela é filha do meu amigo. E uma
estagiária no set. Eu também aprendi anos atrás a não transar com as estagiárias.
Ou a equipe. Ou as co-estrelas. Mas as regras foram feitas para serem quebradas e
eu tinha ignorado algumas na minha época.
— Você não tem nada pelo que se desculpar, — disse ela no que parecia ser
uma reação instantânea, instintiva.
— Sim, eu quero.
— É claro que você não precisa, — ela proclamou em uma voz forçada e aguda
que não era nada como a voz confiante e clara que ela tinha usado hoje ao dar a Tessa
as suas falas. — Foi realmente incrível, como assistir a uma master class7 de atuação.
Foi divertido, gostei de começar a pensar como uma atriz. Eu sabia que era tudo para
fazer um ponto. Eu não, quero dizer, você não... quero dizer... eu... — Ela se acalmou
e eu apenas a encarei.
— Sim, — ela finalmente disse com um suspiro. — Acho que você sente.
— Então me diga como está o seu velho, — eu digo. Olhando para esta bela
jovem sentada à minha frente, eu estava pensando mais nela do que no meu velho
amigo, mas seria bom quebrar o gelo. E quando ela me contou sobre o escritório de
advocacia do seu pai, que parecia estar indo bem em uma espécie de cidade pequena,
eu não pude deixar de me sentir orgulhoso pelo meu velho amigo. Ele fez algo da sua
vida. Ele criou uma linda filha. Uma filha sobre a qual eu não estava tendo
pensamentos puros.
Para manter a minha libido em xeque, a enchi com outras perguntas. — Como
você sabia as falas da Tessa hoje?
— 'Se você bater em mais um carro, vou colocá-la sobre o meu joelho e espan...'—
ela parou de repente e corou, a sua mente aparentemente alcançando as palavras que
ela tinha acabado de dizer. E é claro que eu tinha escolhido essa fala apenas para
testemunhar a sua reação, aquele pequeno engate sexy na sua voz. Mas então outra
pontada de culpa me atingiu. Eu já não a tinha envergonhado o suficiente por hoje?
Mesmo que ela parecesse adorável quando corava. E mesmo que a expressão de
saudade no seu rosto hoje tenha sido uma das coisas mais quentes que já vi.
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é uma expressão inglesa que se refere a uma aula dada por um especialista detentor de notório saber em
determinada área do conhecimento.
— Talvez eu devesse fazer algumas perguntas a você, — ela disse, e eu sorri.
Ela estava se abrindo um pouco, isso era bom. Estendendo as minhas mãos para fora,
balancei a cabeça, indicando que ela poderia perguntar o que quisesse.
Ela recebeu permissão para perguntar qualquer coisa e foi isso que ela
perguntou primeiro? — Por causa de Ponytail.
— Por quê?
— Então?
De repente, ela ficou muito interessada na xícara à sua frente. Depois de alguns
momentos de agitação, ela falou em voz baixa. — Não pelos padrões de Hollywood. —
A sua voz estava natural, não com pena de si mesma.
— Mais do que bonita, — eu digo, e é verdade. Ela tinha uma beleza natural,
algo que muitos matariam para ter e ela nem sabia. — Mas, eu já te envergonhei o
suficiente por um dia.
Decidindo ser menos chato, fiz uma pergunta mais fácil. — Por que você queria
este estágio? Você está interessada em trabalhar aqui depois de terminar a
Universidade?
— Então o que é?
— Eu gosto de quase todas as minhas aulas. Mas acho que gosto mais da classe
de redação. Adoro escrever. Acho que foi por isso que o papai entrou em contato com
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No caso a palavra aqui seria pretty. A tradução de pretty é bonita.
você. Acho que ele imaginou que Hollywood era um bom lugar para se estar, no caso
de, de repente, eu decidir ser uma aspirante a roteirista.
Ela ainda não parecia estar pulando para cima e para baixo sobre a sua posição
como uma estagiária em um filme de Hollywood com grande orçamento, mas eu
realmente achei isso charmoso. Muitas pessoas romantizam a indústria
cinematográfica. — Que tipo de escrita você faz? Scripts?
— Não, nada como isso. Gosto de textos de interesse humano, e de escrever sobre
novos lugares.
Ela olhou para fora da janela sobre o meu ombro por um momento ou dois. —
Sim. Eu não tinha pensado nisso dessa forma. Acho que gostaria disso.
— Grayson?
Olhei para cima, com medo de que alguns dos meus pensamentos inadequados
tivessem aparecido no meu rosto, mas não foi a PT que tinha falado. Em vez disso,
um trio de mulheres estavam alinhadas ao lado da nossa mesa. Merda.
Merda. A Ponytail estava olhando com a boca aberta para as mulheres na nossa
frente, para as outras pessoas no restaurante olhando com interesse, e merda para o
cara com a câmera perto da porta. Os caçadores do autógrafo já devem ter postado
algo nas redes sociais. Logo os abutres estariam aqui. E de jeito nenhum eu deixaria
a foto da Skye ser matéria de um tabloide.
Puxei a Skye para fora da cabine e joguei uma nota de vinte dólares sobre a
mesa. A porta da frente estava logo à frente e parecia livre. Porém quando chegamos
lá fora, vi mais deles saindo de um carro.
Câmeras piscaram, mas com sorte elas estavam muito longe. — Vamos lá!
— Aqui embaixo. — Havia uma espécie de rua lateral e parecia mais escura.
Eu estava andando rápido e a Skye começou a correr. Havia mais algumas lojas, a
maioria fechada a esta hora da noite, e depois outra rua lateral que parecia
residencial. — Por aqui.
Grayson deu voltas e mais algumas voltas, mas ainda havia pessoas atrás de
nós. Em ambos os lados da rua haviam cercas altas para privacidade. Parecíamos
estar em algum tipo de estrada de acesso pequeno entre duas fileiras de casas.
— Aqui. — Ele parou abruptamente, e quase trombei nele. Ele abriu o portão
de uma cerca alta privativa branca e me incitou a entrar.
— Não tenho ideia, — ele rosnou. — Apenas entre. — E então ele me pegou
pelos ombros e me conduziu através do portão.
Ficamos em silêncio assim que o portão se fechou atrás de nós. Havia vozes no
beco, e eu dei um passo para trás silenciosamente, apenas para sentir uma outra
cerca nas minhas costas. Era difícil ver no escuro, mas afinal não estávamos no
quintal de alguém. Em vez disso, havia um outro portão atrás de mim com um
cadeado pesado. Parecíamos estar em algum tipo de espaço de armazenamento, e era
pequeno do tamanho do minúsculo armário que a Angel e eu compartilhamos no
nosso apartamento.
O homem grande na minha frente não tinha percebido isso e deu um passo para
trás, quase me prendendo na cerca atrás de mim. Saindo do seu caminho, dei um
passo para o lado, mas não havia muito espaço. Eu ouvi a sua maldição abafada
quando ele descobriu a nossa situação.
Mal havia espaço para ficarmos lado a lado, por isso ficamos cara a cara
enquanto os paparazzi passavam por ali no outro lado da cerca. — Para onde eles
foram? — Ouvi um deles dizer.
E de repente, tudo me alcançou. O longo dia que eu tive. As emoções que senti
quando o Grayson quase me beijou antes. A humilhação depois. A experiência
completamente surreal de encontrá-lo na cafeteria. E depois ser perseguida pelas
ruas como um cão fugindo da carrocinha.
Pensando nisso, eu caí para trás, fazendo um barulho quando me encostei contra
o cadeado do portão. Grayson imediatamente notou. — Você está bem? — ele
sussurrou, colocando a mão no meu ombro e me puxando para ele.
A sua mão livre agarrou o meu rabo de cavalo e ele deu um pequeno puxão,
fazendo-me automaticamente erguer o meu rosto para ele.
E então tudo que pude fazer foi olhar em choque quando ele inclinou a cabeça
na minha direção. O Grayson James estava prestes a... tinha que ser pra valer dessa
vez, certo, ele não... ele realmente ia…?
Mas ele estava. Os seus lábios encontraram os meus, levemente no início. A sua
barba fez cócegas no meu queixo e os meus lábios se curvaram em um sorriso contra
os dele. Isto estava realmente acontecendo.
A pressão firme da sua boca me fez arquear o meu pescoço para encontrá-lo
mais plenamente. A sua mão estava segurando a parte de trás da minha cabeça
agora, o meu rabo de cavalo ainda envolto no seu punho. Eu gostei. Ele segurando-
me firmemente. O seu corpo pressionado contra o meu no escuro. E os seus lábios me
devorando.
Eu nunca tinha sido beijada assim antes. Por alguém que era tão bom nisso. O
meu namorado do ensino médio tinha sido um beijador desleixado e eu não tinha
namorado muito na Universidade. Eu era a garota nerd da classe que sabia todas as
respostas, fácil de fazer quando você conseguia memorizar o livro didático. E eu
também era a garota desastrada que esbarrava em todo mundo. As pessoas tendiam
a ficar longe, não me convidavam para sair.
Nunca nos meus sonhos mais loucos imaginei ser beijada assim de verdade.
Especialmente pelo homem dos meus sonhos. Os músculos quentes e duros do
Grayson contra os meus seios faziam tudo valer a pena. A humilhação de hoje. As
pessoas ficando frustradas comigo na semana passada no set. Inferno, todas as
pessoas em todos os lugares que já ficaram irritadas comigo. Esse único beijo
compensou tudo. Grayson era tão bom.
Um gemido escapou dos meus lábios entreabertos e foi substituído pela ponta
da sua língua. Ele me provocou, movendo-se para trás e para frente, aprofundando
cada vez mais. Eu me senti cercada por ele, os seus lábios nos meus, a sua mão no
meu cabelo, a sua outra mão acariciando as minhas costas. Me senti desejada.
Segura.
Mas então um grito nos fez pular. Dei um passo precipitado para trás e teria
batido na cerca se o Grayson não tivesse me segurado. E isso teria denunciado o nosso
esconderijo.
Ele soltou o meu rabo de cavalo quando pulei para trás e agora ele colocou a mão
dele entre nós e agarrou a alça da minha blusa branca debaixo do meu casaco. Ele
agarrou o material nas suas mãos, como se estivesse se agarrando a mim para se
apoiar do jeito que eu estava fazendo com ele. Ele estava me provocando, e esse fato
fez o meu pulso disparar.
Percebi que ainda estava dando tapinhas distraidamente nele, então parei. E
ele também, espelhando os meus movimentos. Um delicioso arrepio percorreu o meu
corpo enquanto eu pensava nisso. Movi a minha mão até o seu ombro e apertei e ele
fez o mesmo. Caralho. Ele estava sendo brincalhão, algo pelo qual o Grayson James
não era particularmente conhecido.
Timidamente, deslizei os meus dedos dentro da sua jaqueta e corri a minha mão
pelo seu braço, traçando as linhas do seu bíceps protuberante. Os seus dedos
dançaram sobre o meu braço em troca. Quando fiz uma pausa, ele fez também e eu
estava muito consciente dos seus dedos no meu braço, a apenas alguns centímetros
dos meus seios.
Fechei os olhos, respirei fundo. E então lentamente movi a minha mão do seu
braço para o seu peitoral duro, o tocando levemente. E, puta merda, ele fez o mesmo
comigo, escovando a parte de trás dos nós dos dedos contra a minha camiseta sobre
os meus seios. Os meus mamilos endureceram instantaneamente, e então ele se
moveu para o outro lado, acariciando por cima da minha camiseta ali.
Ele iria mais longe? Eu queria que ele fosse. Ele não ia? Toda vez que parei
para pensar, o meu cérebro praticamente implodiu. O Grayson James tinha acabado
de me beijar. Estava me tocando. Inacreditável.
Foi todo o convite de que ele precisava. Os seus dedos talentosos mergulharam
dentro da minha camiseta. A sua pele nua na minha pele nua, celestial. E quente
como o inferno. Ofeguei quando ele escovou o meu mamilo nu e a sua mão livre saltou
para o meu queixo. Um dedo forte, presumivelmente o seu dedo indicador, pressionou
contra os meus lábios. A mensagem não poderia ter sido mais clara. Shhh.
Senti o seu corpo sacudir, os seus músculos rígidos flexionando sob a minha
mão. Mas ele não moveu o dedo. Na verdade, ele empurrou mais um centímetro,
permitindo-me girar a minha língua em torno dele. O seu dedo fechou em um mamilo
e beliscou levemente. Decidindo que era a minha vez de espelhar as suas ações, mordi
o seu dedo levemente. O seu beliscão se aprofundou por um momento e então ele o
soltou.
Deus, este homem oprimiu os meus sentidos. O seu toque, o seu gosto, até
mesmo o seu cheiro. Ele tinha uma espécie de colônia sutil que cheirava a homem.
Áspero. Sexy.
O que quer que fosse, talvez um regador, bateu no chão com um baque e o
Grayson se endireitou. Nós dois congelamos. Alguém ouviu isso? Mas parecia muito
quieto no beco. Ele se moveu até a beira do portão e olhou para fora.
Lutei contra um gemido quando o calor das suas mãos se foram. Eu gostaria de
poder ver melhor o rosto do Grayson. Eu não fazia a menor ideia do que ele pensava
de tudo isto. Por falar nisso, nem eu tenho ideia sobre como deveria me sentir. Não é
todo dia que você tem uma das suas fantasias mais antigas ganhando vida. Sonhei
beijar o Grayson desde a primeira vez que assisti um dos seus filmes.
Apesar das suas garantias anteriores de que ninguém estava por perto, ele foi
cauteloso ao abrir o portão. Pegando a minha mão, ele me levou para o beco. Voltamos
para a rua principal em silêncio. Quando olhei para ele, percebi que em algum
momento ele havia perdido aquele boné ridículo e o cabelo falso. Foi bom vê-lo
parecido com ele mesmo, mas não acho que conseguiria lidar com isso se as pessoas
começassem a perseguir-nos novamente.
Quando nos aproximamos da rua, ele tirou os óculos de sol de plástico do bolso
da jaqueta e colocou-os. De alguma forma, passamos por entre as multidões da
madrugada sem que ninguém o reconhecesse.
Inacreditável.
Que porra fiz ontem à noite?
Eu não era necessário no set hoje até mais tarde, então eu estava na minha
cobertura. Ignorando a vista. Ignorando toda a comida que a minha equipe havia
deixado na geladeira. E me perguntando o que diabos eu tinha feito.
Essa era a filha do Derrick. Um dos meus amigos mais antigos. Isso me
transformava em uma merda completa, não é? Uma merda completa duas vezes
porque eu não conseguia tirá-la da minha mente. A minha mente fodida e desleal.
Apalpei a garotinha do Derrick.
E pior do que isso, eu a expus para aqueles abutres. Como Derrick se sentiria
se a foto da Skye acabasse explodindo nos tabloides? Como a Skye se sentiria?
Este era o meu mundo, não o dela. Eu devia mantê-la longe disso. Ela não
queria um futuro no show business, então ela deveria fazer as malas e voltar para
Bumfuck, Nebraska ou qualquer cidade em que viviam.
Ou pelo menos normalmente era. Mas o meu encontro com a Skye ontem à noite
ficou preso na minha mente, um grande momento.
O que não entendi foi o porquê. Tudo bem, ela era linda. Mas eu estava cercado
por mulheres bonitas todos os dias. E ela tinha uma queda por mim. Lisonjeiro, mas,
novamente, não é exatamente incomum. O que sim, é convencimento para porra, mas
também é verdade.
Tocá-la tinha sido o céu. Os seus seios suaves e perfeitos. Aquele gemido que
ela deu quando acariciei os seus mamilos entrou nos meus ouvidos e viajou direto
para as minhas bolas. Ela me fez sofrer por ela. Ter desejo por ela. Gostaria de saber
o que ela diria a seguir. Era o clichê mais velho do livro, mas eu queria mostrar a ela
o mundo. Ajudá-la a descobrir a sua carreira. Ensinar a ela todas as coisas que o seu
corpo e o meu poderiam fazer.
Eu apostaria os salários dos meus próximos cinco filmes que ela não tinha
muita experiência com os homens. Claro, ela me surpreendeu um pouco ontem à
noite. Acariciando o meu peito de uma forma muito sensual. Chupando o meu dedo.
Ela ficou mais confiante à medida que avançava, a sua língua usando todos os
movimentos certos até o fim. Eu queria tanto que ela se ajoelhasse e me mostrasse o
que a sua língua poderia fazer de verdade.
Mas ela não estava pronta para isso. Ela era tímida. Doce. E isso me fez sentir
protetor. O que era muito insano, já que o cara de quem ela mais precisava se proteger
era eu.
E então a cara feia do Derrick apareceu na minha mente de novo. Ele era um
filho da puta, mas era um dos meus amigos mais antigos. Ele me conhecia quando eu
não era nada. Ele gostava de mim quando eu não era nada. A merda de Hollywood
não se aplicava a velhos amigos. Mas não os trair transando com as suas filhas
parecia uma parte consideravelmente importante do código de irmãos.
Essa coisa toda era minha culpa. Quando ele ligou do nada, algumas semanas
atrás, eu disse que não havia problema, eu me certificaria de que a sua única filha
tivesse um estágio. Eu deveria ter perguntado se ela era tão bonita que me
atormentaria enquanto estivesse aqui. Eu deveria ter perguntado se ela era tão real
a ponto de envergonhar todas as estrelas de Hollywood.
E por mais que eu disse a mim mesmo que a Skye estava fora dos limites, eu
sabia que não havia nenhuma chance no inferno que eu ia desistir agora.
Os próximos dias passaram como um borrão. As cenas na floresta estavam
gravadas, então toda a produção estava voltando para o estúdio. Isso significava que
os atores não estavam por perto, o que era bom no caso da Tessa e ruim no caso do
Grayson. Só o vi uma vez desde aquela noite e não pude falar com ele sozinho. Mas
isso não me impediu de tentar me vestir melhor. A minha colega de quarto, Angel,
me emprestou algumas saias para usar esta semana. Eu ainda mantinha o meu
cabelo em um rabo de cavalo já que ele parecia gostar daquela maneira, mas também
coloquei um toque a mais de maquiagem do que o habitual.
Claro, eu não tinha certeza se ele novamente queria falar comigo a sós. Talvez
tivesse sido apenas uma coisa de momento. A ideia de nunca mais estar nos seus
braços novamente era muito doloroso.
Mas eu não tive muito tempo para me debruçar sobre isso porque havia muito
o que fazer. Tudo tinha que ser embalado e devolvido. Uma quantidade enorme de
pessoas dedicou uma quantidade enorme de horas, mas depois de alguns dias quase
todas as coisas estavam prontas para ir.
O estúdio do cinema era enorme com muitos palcos, com sons diferentes e as
salas gigantescas, desde pequenos adereços a motocicletas. Principalmente, eu seguia
a Janice por aí. Eu gostava dela. Ela era inteligente, amigável, e o melhor de tudo,
ela não parecia se importar muito quando eu esbarrava ou derrubava as coisas.
Por que não? Eu a segui, o homem e algumas outras pessoas fora do estúdio,
desligando as luzes enquanto saíamos. Este lugar era tão grande que eu ainda não
tinha certeza se conseguiria encontrar a entrada para o estacionamento dos
funcionários por conta própria. Janice e os seus amigos confiantemente viraram
esquina após esquina, e, finalmente, pude ver uma das salas principais logo à frente.
Mas enquanto eu seguia atrás da equipe, uma figura apareceu em uma porta aberta.
Uma mão disparou e agarrou o meu braço. O meu coração pulou uma batida, e eu
respirei fundo para gritar, mas então o meu cérebro acordou. Era o Grayson.
— Não, mas eu esqueci, devo fazer alguma coisa com a minha colega de quarto
esta noite. Mas obrigada pela oferta. — A minha voz foi sumindo enquanto ela me
olhava com cuidado. Ela era uma mulher inteligente e eu não era uma boa mentirosa.
— Ok, então, — disse ela, finalmente. — Tenha uma boa noite. E tome cuidado.
***
Nós estávamos passeando por uma variedade de sets, todos eles eram muito
impressionantes. Mas eu estava pensando na mão do Grayson segurando firmemente
a minha quando respondi. — Estou gostando muito.
— Bom. Quer beber alguma coisa? — Ele apertou um interruptor de luz pelo
qual estávamos passando e iluminou um cenário que parecia um bar.
— Não. — Ele sorriu. — Mas talvez possamos fazê-lo se tornar um. Você não
terá vinte e um por mais o que, um ano? Tenho certeza de que podemos providenciar
alguma coisa até então.
Grayson se moveu para o outro lado do bar, pegou uma toalha branca e a
pendurou sobre o ombro. A sua postura mudou, a sua expressão mudou, e de repente,
ele parecia um cara da classe trabalhadora em vez de uma estrela de cinema ultra
rico. — Sente-se, Ponytail e me conte todos os teus problemas.
Um sotaque, talvez de Boston? Pode ser que ele estivesse canalizando aquele
velho show Cheers9. O meu pai gostava desse show. O Grayson pegou um copo do
balcão e o enxugou com a toalha. Eu não pude deixar de sorrir enquanto eu sentava
na banqueta do bar. Com a sua aparência, o seu charme, o seu incrível Sex Appeal,
às vezes era possível esquecer o quão bom ator ele era. — Quantos sotaques você
consegue fazer?
Isso poderia ser divertido, mas agora, eu estava mais curiosa sobre as suas
habilidades. — Como você aprendeu isso?
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Siticom de 1982 com 11 temporadas. O ex-arremessador do Boston Red Sox Sam Malone é dono do Cheers, um
bar aconchegante em Boston. Ele contrata a inteligente Diane Chambers como garçonete, mas a atração entre os
dois causa brigas constantes.
Eu ri. — Você aprendeu a fazer sotaques e coisas assim na Universidade?
— Não, na verdade não. O departamento de teatro era mais para estudar peças,
aprender técnicas clássicas. Atuação Shakespeariana. Atuar ao vivo na frente de um
teatro. Eu adorava. Acho que estive em todas as apresentações nos meus quatro anos
lá. O seu pai compareceu em muitas delas. Mas o programa não era muito prático. O
meu conselheiro parecia pensar que atuar era apenas estar no palco. E a produção de
filmes era uma moda passageira que morreria a qualquer minuto. Você acha que eu
devo começar a procurar um emprego de meio período?
— Ficar longe de mim. — Os seus olhos ainda estavam fixos nos meus. Ele não
estava brincando.
— O meu pai.
— Isso está bem no topo, — ele concorda. — Ele mandou você aqui para obter
alguma experiência. Duvido que ser apalpada em um beco escuro fosse o tipo que ele
se referia.
— Você vê? — O meu coração martelou depois que fiz a pergunta. Por alguma
razão, a mesma bravura que me fez chupar o seu dedo na outra noite havia retornado.
Ele hesitou. E então: — Sim. Quando olho para você, definitivamente vejo uma
mulher adulta. Mas, ele não é o único problema.
— O estúdio?
— Por causa do... tipo assédio sexual? — Aparentemente, a minha bravura foi
de curta duração, porque era difícil dizer a palavra 'sexual' na frente dele. Não
quando ele era um anúncio ambulante de Sex Appeal masculino.
— Isso te incomodaria?
Ele sorriu com isso, mas havia um tom de tristeza na sua expressão. — Não é
apenas o estúdio. Ou o fato do seu pai querer usar as minhas bolas para praticar tiro
ao alvo. Se nada disso fosse um fator, e você fosse apenas uma garota que conheci em
um bar, um bar real, quero dizer, ainda haveria um monte de problemas. Como os
abutres. Ser vista em público comigo significa que a sua vida não é mais sua. Tudo o
que você já postou online, eles encontrarão. Todas as fotos tiradas de você serão
assunto público. Você receberá vaias. Será seguida. Perseguida depois. E nem será
sempre comigo ao seu lado. Com uma cerca convenientemente localizada para se
esconder atrás.
Ouvi cada palavra que ele disse. Eu fiz. Mas parte de mim estava fixada no fato
de que ele estava falando como se o nosso início de um relacionamento fosse uma
opção possível. E em que mundo era possível uma relação entre mim e o Grayson
James? Mesmo para Hollywood, isso parecia um exagero.
— O seu rosto é um livro aberto, PT, — disse ele com um suspiro. — Mas você
precisa ouvir o que estou dizendo. Tudo o que listei pode acontecer. E quando isso
acontecer, a sua vida, a sua privacidade nunca mais será sua novamente. Você está
preocupada com o que o seu pai pensaria. Imagine ter que se preocupar com o que
cada pessoa no mundo pensaria.
De repente, esta noite já não era mais tão divertida. Porque eu finalmente
consegui. Ele me encontrou esta noite, não porque queria estar comigo, mas porque
ele queria me dizer que isso nunca poderia acontecer. Desci da banqueta do bar. —
Então o que você está dizendo é que a outra noite foi um acaso e que não pode
acontecer de novo.
Havia preocupação nos seus olhos agora. — Não um acaso. Apenas um erro da
minha parte. Mas sim para o resto. Isso é o que vim aqui para dizer.
Confusa, olhei para ele, as lágrimas ainda ameaçando transbordar dos meus
cílios inferiores.
— Se fosse esperta, Skye, você ficaria longe de mim. Isso é muito verdadeiro.
Oh, meu Deus. Ele tinha realmente dito isso? Sobre mim? O meu batimento
cardíaco bateu em um ritmo descontrolado antes de se estabilizar. Então o Grayson
estendeu os braços e eu fui para eles, inclinando o meu rosto contra ele.
A sua boca na minha foi ainda melhor do que eu me lembrava, embora essa
situação me parecesse familiar de alguma forma. Estávamos no escuro de novo. Nos
escondendo. Mas isso não importava para mim. Tudo o que eu queria era o Grayson.
Que ele me queria também parecia bom demais para ser verdade. Mas a sua ternura
me fez pensar que de alguma forma era.
Minutos depois, ele apertou a minha mão e se afastou. — Vamos lá. Há mais
uma coisa que quero te mostrar.
— Muitos deles não, — disse o Grayson, me guiando até ele. — Um dos nossos
diretores assistentes diz que essa o faz pensar melhor. Mas ele não a usa quando
filmamos ao ar livre. Não é a melhor escolha para um terreno irregular.
A cadeira parecia um pouco instável. Era tão alta quanto a banqueta de bar em
que eu tinha sentado antes.
Era quente.
— Não olhe para mim assim, — disse ele. — Ou pelo menos não até que
tenhamos uma coisa clara.
— Essa... essa coisa entre nós, precisa ser um segredo. Para todos. A sua colega
de quarto, a equipe, o seu pai, especialmente o seu pai. Você não pode dizer a
ninguém.
— E só para ter certeza que nos entendemos. — Ele hesitou. — Isso não é feliz
para sempre. Eu não sou assim. A minha vida não é assim. O tempo que passamos
juntos pode ser especial. E maravilhoso. Mas não haverá nenhum passeio ao pôr do
sol juntos. Não é assim que funciona comigo.
— Eu sei, — digo. E entendi. Eu não tinha muita experiência com homens, mas
eu não era completamente ingênua. Mas também sabia que ele gostava de mim. Eu
não entendia porque exatamente, mas eu sabia que era verdade. Vi nos olhos dele. —
Tenho vinte anos, não doze.
Oh, meu Deus. De repente, ele estava oprimindo os meus sentidos novamente.
A sua respiração soprando contra a minha testa. O seu perfume picante masculino
no meu nariz. As suas palmas grandes queimando calor nas minhas coxas nuas.
Aparentemente, coisas boas aconteciam com mulheres que usavam saias em vez de
jeans o tempo todo.
Grayson esfregou o seu nariz no meu couro cabeludo, o que fez um pouco de
cócegas, mas eu estava muito mais focada nas suas mãos esfregando para cima e para
baixo nas minhas coxas, avançando um pouco mais alto a cada vez. Mas ele,
aparentemente, estava pensando em outras coisas. — Solte o cabelo.
Olhando nos seus olhos, fiz exatamente isso, estendendo a mão para trás
tirando o elástico do meu cabelo. — Você ainda vai me chamar de Ponytail?
Não. Eu não estava. Mas, ele parecia realmente estar falando sério. E então os
seus dedos longos acariciaram a parte interna das minhas coxas e eu joguei a minha
cabeça para trás e gemi.
O som chamou a sua atenção. — Então, você está bem em não falar com
ninguém sobre nós?
Ele sorriu. — Isso soa como um desafio. Aposto que eu poderia fazer algumas
coisas que você morreria de vontade para contar aos seus amigos sobre.
— O que...— eu disse, mas a minha voz sumiu quando os seus dedos cravaram
nas minhas coxas, espalhando as minhas pernas.
Oh, meu Deus. Havia um calor inacreditável das suas mãos enquanto ele as
movia cada vez mais perto do meu centro. Foi tão bom. Ele me fez contorcer na
cadeira querendo mais, um fato que suscitou uma risada sexy dele. — Você quer isso,
moça bonita?
Sim. Enfaticamente sim. Para qualquer que fosse a pergunta. Fechei os olhos e
gemi quando um dos seus dedos longos roçou levemente a frente da minha calcinha.
— Oh, Deus.
— Aposto que posso fazer você dizer muito isso esta noite. — A sua voz estava
divertida e excitada.
Concordei com ele de todo o coração, mas não pude dizer nada, porque fiquei
hipnotizada pela maneira como ele acariciava a minha fenda para cima e para baixo,
esfregando o tecido fino contra mim.
— Você se lembra que calcinha usou hoje? — A sua voz era um murmúrio baixo.
Tentei lembrar-me. Tentei pensar. Tentei fazer algo além de derreter em uma poça
de luxúria com seu toque.
As mãos do Grayson estavam nos meus quadris agora e ele deslizou a minha
bunda para mais perto da borda da cadeira. E então ele me pegou pelos tornozelos e
levantou as minhas pernas para cima e para fora e colocou sobre os braços da cadeira
do diretor. Os meus quadris estavam bem na ponta da cadeira, cobertos somente pela
saia curta. E então ele se ajoelhou na minha frente.
Meu Deus. De repente, fiquei apreensiva. Nenhum homem tinha feito tudo isso
comigo antes.
Ele deve ter percebido a minha hesitação. — Apenas relaxe, PT. Deixe-me
cuidar de você. Deixe-me prová-la. — Ele lambeu o interior da minha coxa, fazendo
um longo movimento em direção ao meu centro. Então ele soprou ar quente através
de toda a área que ele tinha acabado de lamber.
Deixando a minha cabeça para trás, tentei relaxar. Tentei apenas apreciar a
sensação e não me preocupar com mais nada. E o Grayson tornou isso mais fácil
porque o que ele estava fazendo parecia tão bom.
Suavemente, ele trabalhou a sua língua para cima e para baixo nas minhas
coxas até que ele finalmente chegou ao meu centro. — Apenas relaxe, — ele
sussurrou novamente, e então esfregou o seu rosto contra a minha fenda, a sua barba
curta fazendo cócegas no topo das minhas coxas. Me contorci por um momento, mas
também podia sentir o quão molhada eu estava ficando. O quão rapidamente o
sangue estava batendo entre as minhas pernas.
— Boa menina, — ele disse enquanto eu fazia um esforço para relaxar os meus
músculos. Então ele lambeu a minha fenda para cima e para baixo, provocando-me,
não empurrando entre os meus lábios do jeito que eu precisava que ele fizesse.
Cegamente, estendi a mão e peguei um punhado do seu cabelo, puxando-o para mim.
Meu Deus, ele sabia o que estava fazendo. Sempre era assim tão bom? A sua
língua circulou o meu clitóris, e eu lutei contra o desejo de me contorcer ao redor,
tentando senti-lo tocar o lugar que eu mais precisava ser tocada.
Mais uma vez ele riu. Ele sabia o que estava fazendo comigo, e isso tornava
tudo ainda mais quente de alguma forma. Ele estava brincando comigo, e eu sabia
que isso tornaria tudo mais poderoso quando ele me fizesse gozar.
E não parou. A sua língua percorreu o meu clitóris e os seus dedos, dois agora,
me penetraram. De novo e de novo e de novo.
E estar na frente e no centro significava que eu podia ver o Grayson muito mais.
Mas ver foi tudo o que consegui fazer. Raramente tínhamos a chance de ficarmos
juntos. Claro, nós compartilhamos alguns momentos roubados quando nós tínhamos
sido capazes de encontrar um escritório isolado ou uma vez até mesmo um armário
de vassouras. Ainda assim, tivemos poucas chances de conversar. Ou dar amassos.
Os seus beijos ainda me incendiavam, me trouxeram do zero a sessenta em um
instante. Mas, principalmente, eu só o vi quando ele estava fazendo uma cena.
Ser parte da equipe foi divertido. Assistir o Grayson atuar foi divertido. Vê-lo
com a Tessa não era.
Não havia dúvida de que ela gostava dele. Eu podia ver isso cada vez que ela
olhava para ele. Ela não era uma atriz tão boa para ficar apenas fingindo. Eu não
sabia nada sobre atuação, mas até eu podia ver que ela não era tão boa. Mas ela era
jovem e linda com uma figura que envergonhava a minha. Havia sites de fãs
dedicados a ela, e as pessoas não pareciam se importar que ela não era a melhor atriz
do mundo.
— Na ala de trás. É uma pequena caminhada. Leve o tempo que for preciso. —
Ela se virou para ir embora, mas não antes de eu ver a sugestão de um sorriso nos
seus lábios. Isso não fazia muito sentido.
Agora era a minha vez de sorrir enquanto corria para dentro. Grayson estava
parado no meio de uma pequena sala de conferências. Pratos e travessas foram
colocados na mesa atrás dele.
Ele pensou sobre isso enquanto mastigava um pedaço de frango. — Muito disso
dependia de como as filmagens estavam indo. Se as coisas estivessem indo bem, se
estivéssemos no cronograma, então havia um pouco de tempo ocioso para explorar a
cidade, experimentar os restaurantes. Desfrutar da atmosfera. Se as coisas
estivessem indo mal, não importava onde estávamos.
— Ok, mas quando as coisas estavam indo bem, de quais lugares você mais
gostou?
— Escrever?
— Você não disse que estava pensando em ser uma escritora de viagens?
Na verdade, foi ele quem tinha sido o único a dizer isso anteriormente, quando
eu mencionei os meus interesses. Mas eu tinha que admitir, estive pensando sobre
isso. No meu tempo de inatividade durante a noite no apartamento, quando sentia
tanta falta do Grayson que quase doía, eu canalizava a minha energia inquieta para
a pesquisa. Devia haver uma maneira de incluir o meu desejo de viajar na minha
futura carreira. Pensei um pouco no assunto e tive algumas idéias, embora nenhuma
delas tenham sido ajustadas ainda.
Uma carranca cruzou o seu rosto quando ele fez uma pausa, o seu copo de vinho
a meio caminho da sua boca. — Raramente. Especialmente agora. A menos que seja
algum tipo de reunião privada. Mesmo assim, eu ainda tenho que chegar lá. E sair
depois. — Ele suspirou. — Pode ser uma provação.
Ele tomou um gole e, então a sua carranca desapareceu. — Quando eu era mais
jovem, costumava usar esses disfarces elaborados apenas para poder sair em público
como uma pessoa normal. Comer em um restaurante. Ver um filme com uma
audiência regular. Realizar tarefas. — Ele parecia melancólico. Eu tinha certeza de
que ficaria muito feliz em desistir de realizar tarefas, contando que eu tivesse alguém
para fazer isso para mim, como ele, sem dúvida, tinha. Ele parecia ter uma equipe
bastante grande. Os seus agentes e publicitários estavam constantemente passando
pelo estúdio.
Ele riu. — Aquilo não foi nada. A maioria dos californianos do sul pode ver
através disso com um olho amarrado atrás das costas. Estou falando de tudo. Tintura
de cabelo temporária. Lentes de contato coloridas. Às vezes, até mesmo um nariz
protético. Na verdade...
O sorriso que ele deu fez o meu sangue bombear mais rápido, embora não fosse
direcionado a mim. — Você é a melhor, Carol, — disse ele, em seguida, ouviu
novamente. — Espere aí. — Ele olhou para mim. — Você está livre na sexta à noite?
Acho que eu deveria ter perguntado isso primeiro.
— Então...— eu disse, ainda sorrindo como uma tola. — Acho que vamos sair
na sexta à noite?
— O que há com você hoje? — Janice perguntou na terceira vez que eu fiz algo
cair no chão e fiz barulho.
Ela me deu um olhar severo com uma sobrancelha levantada, mas então sorriu.
— O seu rosto está praticamente brilhando. Mas não posso permitir que você destrua
o set. Vá sentar lá e tome notas.
Eu segui a direção que ela apontou e vacilou. — Mas... mas... não é suposto o
diretor sentar-se naquela cadeira?
— Só o Brad usa, e ele não está aqui hoje. É bom para você sentar-se nela.
Exceto que não era bom, porque no momento em que me sentei na ponta da
cadeira, me lembrei do Grayson com a cabeça entre as minhas pernas, fazendo-me
gritar de prazer. Essa memória dificultou muito a concentração, e eu quase perdi
alguns erros de continuidade que eu deveria ter facilmente detectado. E mais tarde,
quando o Grayson chegou para a sua cena, ele me viu sentada lá e um sorriso
predatório cruzou o seu rosto. Ele piscou para mim e depois se voltou para a Tessa,
que estava olhando para ele. Nada incomum ali, mas não gostei do jeito que os seus
olhos piscaram para mim e de volta.
Só por um momento, desejei poder contar a ela. Aposto que a cabeça dela teria
explodido, do jeito que a minha muitas vezes ameaçava quando eu pensava no
Grayson. — Ele é um dublê, — menti.
Mas só a fez gritar mais. — Oh meu Deus, ele deve ser quente então. Eles têm
que ser tão fortes. Ele é realmente rasgado?
— O que você vai vestir? Como você vai pentear o cabelo? Precisamos arranjar
um pouco de maquiagem para você!
— Você parece um milhão de dólares, Skye. — Angel disse, satisfeita com o seu
trabalho. Mas então ela franziu a testa. — Eu só queria ter um vestido mais chique
para que você pudesse usar.
Ela me emprestou um vestido justo vermelho que parecia bom para uma boate,
mas não para um restaurante chique. O Grayson me disse que ia me levar a um
restaurante italiano um pouco acima da costa. — Acho que vai ficar bem, — eu digo,
embora, na verdade, eu não tinha certeza. Mas que outra escolha eu tinha? Era
melhor do que qualquer coisa que eu possuía.
Durante todo o dia de sexta-feira eu era um feixe de energia nervosa, mas toda
vez que eu vi o Grayson, me acalmei. Ele queria sair comigo. Eu. De todas as pessoas
do mundo, de todas as pessoas bonitas de Hollywood, ele estava saindo comigo.
E quando a última tomada do dia terminou, ele chamou a minha atenção e fez
uma pequena reverência cortês antes de ir para o seu camarim. Nós já tínhamos
combinado de ligar quando estivéssemos prontos e, em seguida, encontrar o seu
motorista lá atrás.
Me despedi da Janice e depois fui ao banheiro feminino com a minha bolsa cheia
de coisas. Eu tinha começado a aplicar maquiagem no espelho quando a porta atrás
de mim abriu e duas mulheres entraram.
— Ele me disse. Ele fala de você o tempo todo, Skye. Você é uma garota de muita
sorte. — Ela disse isso sem um pingo de ciúme. Talvez eu estivesse errada sobre ela.
Talvez o jeito que ela olhou para o Grayson fosse apenas parte do trabalho.
— É claro. Isso é o que você tem que fazer nesta cidade. Mas ele e eu somos
amigos. Não temos segredos.
Eu fiz uma careta. Eu não sabia disso. Mas então a Carol estava segurando o
meu cabelo, torcendo o meu rosto de um lado para o outro enquanto aplicava
diferentes coisas na minha pele. Depois de alguns minutos, ela recuou. — Isso vai ter
que servir. Tenho que ir trabalhar no Grayson agora.
Dando uma rápida olhada no espelho, engasguei. Os meus olhos pareciam duas
vezes maiores e as minhas pálpebras brilhavam. A minha pele cintilava e os meus
lábios pareciam prontos para um beijo. — Obrigada, — gaguejei.
Ela piscou para mim e depois virou-se para a Tessa. — Você vai ajudá-la com o
resto, certo?
Espere, o que a Carol quis dizer com 'o resto'? Olhei para a Tessa, e ela sorriu
para o olhar interrogativo no meu rosto.
— Eu vou te ajudar com o seu cabelo. Tenho três irmãs sou boa com cabelo. E
então nós vamos encontrar algo especial para você vestir.
— Nós vamos?
— É claro. Não é todo dia que uma garota sai com o Grayson James. Ele conhece
todos os melhores restaurantes. Ele está te levando para o Leonardo's?
O seu sorriso foi instantâneo. — Oh, você vai adorar lá. Então, vamos arrumar
o seu cabelo e, em seguida, obter algo maravilhoso para vestir. Betty está nos
esperando no figurino. Você vai parecer como um milhão de dólares quando sair hoje
à noite.
E depois disso, foi como uma daquelas montagens de reforma dos filmes. Tessa
zombou da metade do que a Angel me ensinou, e em vez disso, fez algo mais elaborado
que parecia incrível. De alguma forma, o meu cabelo estava empilhado no topo da
minha cabeça em tranças intrincadas, mas ainda fluindo pelas minhas costas.
Grayson ligou vinte minutos depois e me disse por qual porta sair para
encontrar a limusine. Quando saí do estúdio, a limusine estava parada sob a luz da
rua e um belo senhor de smoking estava segurando a porta para mim. Sabendo que
o Grayson esperava lá dentro, corri para a noite. Contornei a porta, olhei para dentro.
A limusine estava vazia.
***
— Você está linda, — ele disse enquanto eu estava tentando manter os meus
olhos fora dos seus lábios. — Absolutamente deslumbrante. — Aparentemente, ele
não estava preocupado com o fato de que a sua mão arrastando para cima e para
baixo no meu corpo iria estragar a minha aparência durante a noite. — Onde você
conseguiu o vestido, uma fada madrinha?
— Algo assim, — eu disse enquanto sorria para mim mesma. Ele achou que eu
estava linda. Guardei esse momento na memória.
Ele era tão bonito. Nem o disfarce conseguia esconder isso. Os seus olhos
brilharam mesmo sob as lentes de contato. De vez em quando, ele alcançava o outro
lado da mesa e pegava a minha mão. E também falou. Sobre si mesmo. Seu passado.
Suas viagens. Peças em que ele participou. Eu não conseguia me lembrar dele alguma
vez ser tão aberto. Falei um pouco sobre a escola também, mas principalmente gostei
de ouvir sobre as suas aventuras em lugares estrangeiros que eu estava morrendo de
vontade de visitar.
E isso me fez pensar no que estaríamos fazendo. Depois disto. Não tínhamos
discutido isso, e eu estava tão preocupada com o que vestir que não tinha pensado
muito além do jantar. Mas eu estava pensando nisso agora. Ele simplesmente me
levaria para casa? Ou talvez para a casa dele?
Ainda não tínhamos dormido juntos. Não tinha havido oportunidade. E apesar
de termos feito outras coisas, fiquei feliz por ter conhecido o verdadeiro homem por
trás da lenda de Hollywood antes de saltar na cama com ele. Mas agora eu estava
pronta. Mais do que pronta. E pelo brilho daqueles olhos temporariamente castanhos,
eu sabia que ele também estava.
Agradecemos aos garçons e fomos em direção à porta da frente. Grayson beijou
a minha bochecha enquanto colocava o xale sobre os meus ombros e, em seguida,
colocou o braço em volta de mim enquanto caminhávamos para a noite.
Havia pessoas por todo os lados. Câmeras em todos os lugares. Ruídos e flashes
de luzes. E perguntas de todos os lados.
Grayson xingou de novo, me puxando para perto dele, tentando proteger o meu
rosto do flash constante das câmeras. Mas foi uma batalha perdida. Eu tinha visto
com o canto dos meus olhos alguns cinegrafistas na varanda. Sem dúvida, eles nos
filmaram através do vidro enquanto comíamos.
Piscando devido aos flashes contínuos, olhei para o grito agudo. Em pé a três
metros de nós estava a Tessa parada. Ela não estava vestida para ir a um
restaurante. Ela estava de tênis, jeans apertados e um moletom. Mas o seu cabelo e
rosto estavam perfeitos, pelo menos até as lágrimas começarem a rolar pelas suas
bochechas.
— Você me disse que estava com dor de cabeça. Que você iria direto para casa
esta noite. Então fui para casa, também. E então eu vi on-line que você aqui. Usando
um disfarce para que você pudesse me trair. Com ela.
Grayson não disse nada enquanto me apressava na parte de trás. Eu não sabia
o que pensar enquanto entrava. A minha mente estava rodando com as perguntas, os
gritos, a sensação de estar cercada.
E eu não sabia mais no que acreditar. Por que o Grayson simplesmente não
esclareceu as coisas? Por que ele não disse nada a eles?
Tudo o que eu sabia com certeza é que uma das melhores noites da minha vida
tinha acabado de se tornar uma das piores.
Porra.
Eu não tinha imaginado que a megera loira tinha isso nela. Mas ela traçou os
seus planos e executou-os perfeitamente. Todas as dúvidas que eu tinha sobre as suas
habilidades de atuação desapareceram ontem à noite. Talvez ela tivesse o que era
preciso para progredir nesta cidade.
Foda-se tudo. Eu queria que ela tivesse sido tão vazia, estúpida quanto eu
pensava.
Skye tinha se agarrado a mim no carro no caminho de volta. Acho que ela estava
em choque, a pobrezinha. Todos aqueles abutres tirando fotos, gritando merda para
ela. E isso só ia piorar. Eles tinham o nome dela agora, a Tessa tinha se certificado
disso. Isso era tudo o que eu temia quando fui contra o meu próprio conselho e a
persegui em primeiro lugar.
Na limusine, eu tinha assegurado a ela que nunca tive nada a ver com a Tessa.
Nunca tive, nunca faria. Que tudo foi um golpe publicitário e um muito bom. A Tessa
poderia ter tentado convencer a imprensa que era a minha namorada e
instantaneamente obter reconhecimento mundial em vez de apenas americano. Mas
ela apontou para as estrelas.
A certa altura, quando fiz uma pausa para respirar entre as ligações, a Skye
olhou para mim. — Se não é verdade, então por que você não disse nada? Lá no
restaurante? — A sua voz estava muito baixa.
Severamente, expliquei a ela. Como a Tessa tinha sido inteligente. Maligna, mas
inteligente. Como ela moldou a mensagem pública e qualquer negação só fortaleceria
a sua história. Como o meu pessoal faria uma declaração, mas precisava ser
cuidadosamente elaborada. Caso contrário, tornaria as coisas piores.
Ela estava quieta quando lhe dei um beijo de boa noite. Quando eu disse o
quanto sentia muito por ela ter sido exposta às partes mais miseráveis do meu
mundo. E então eu disse a ela que o meu publicitário entraria em contato com ela na
primeira hora da manhã.
— Para quê? — Ela perguntou, parecendo desnorteada. Ela parecia tão linda
naquele vestido. Eu odiava a forma como a nossa noite havia acabado.
— Para falar de estratégia. Aqueles imbecis ainda não descobriram onde você
mora, mas eles vão. Vou arranjar umas pessoas para te ajudarem com isso. Um
motorista. Uma pessoa de relações públicas.
***
Eu não tinha ouvido ainda como foi o seu encontro com o meu pessoal, mas eu
sabia que ela não tinha vindo para o set hoje. Isso foi bom. E os meus publicitários
publicaram uma declaração inicial esta manhã. Foi uma técnica de retardamento.
Pedindo privacidade para mim, a Tessa e a Skye. Nós não mencionamos a PT pelo
nome, mas o seu nome já estava espalhado em todos os lugares. Ela era um dos
assuntos mais comentados no Twitter e nos sites de busca on-line. Pobre garota.
O meu telefone não parava de tocar, e assim que cheguei no meu camarim,
percorri as chamadas perdidas. O Derrick havia ligado. Três vezes. Puta que pariu.
Eu não estava pronto para enfrentá-lo. O que eu poderia dizer? Desculpa, velho
amigo, mas a sua filha é gostosa, então decidi tirar a privacidade e a inocência dela e
atirá-las pela janela. Procure-me se alguma vez estiver na cidade. Até mais, cara.
— Você poderia ter fodido isso pior? — ela perguntou. No que diz respeito às
saudações, eu preferia ‘Olá'.
— Sim, ela tem. A história é que você a ama. Essa é a razão pela qual você não
pode resistir. Algo sobre ela te atraiu. Ela não é apenas o seu pedaço de bunda usual,
ela é algo especial. Só não fale dessa maneira. Eu tenho uns caras trabalhando na
redação.
— Eu não quero brincar com algo assim.— Eu não iria proclamar o meu amor
eterno pela Skye porque era um movimento prudente da relação pública. Ela merecia
ter um homem que realmente diga isso quando quisesse dizer isso. E talvez eu
quisesse dizer isso em breve. Pela primeira vez em muitos anos, parecia que eu
poderia. Mas eu queria dizer de livre espontânea vontade, não desta maneira. Passei
o suficiente da minha vida recitando falas que os outros tinham escrito. — Não
podemos apenas dizer à imprensa que foi só um jantar com uma amiga? Uma
conhecida, na verdade. — Se eles pensassem que a Skye não significava nada para
mim, então eles poderiam deixá-la quieta muito mais rápido.
— É assim que ela está agindo. Batendo os cílios para mim. Pressionando os
seus seios contra mim. Ela foi sem vergonha.
Eu bufei. A parte delirante estava certa. — Ok, vou deixar a imprensa saber
que ela está se iludindo.
— Além disso, a Skye tem que significar algo para você ou isso faz você parecer
como um prostituto, pulando de mulher para mulher.
Merda. Eu nunca quis que a Tessa fosse minha protagonista em primeiro lugar.
— Eu sabia que ela era muito jovem para lidar com este tipo de coisa. Ela é muito
imatura.
A minha garota de rabo de cavalo tinha olhos vermelhos. Do choro anterior, não
de agora. Agora, ela estava em choque, olhando para mim com a boca aberta. O seu
lábio inferior tremendo. Ao lado dela, a Janice estava me olhando furiosamente.
Mas a traição dela não era nada comparada à do Grayson. Eu tinha sido tão
ingênua. Ele disse que nunca namorou a Tessa e eu acreditei nele. Confiei nele ontem
à noite, embora ele tenha passado a maior parte da viagem de limusine ao telefone.
E então eu o ouvi hoje, falando ao telefone. Se não tivesse ouvido com os meus
próprios ouvidos, nunca sonharia que ele falaria assim de mim. Dizendo que eu era
apenas uma conhecida. Que eu estava me jogando para ele. Que eu era muito jovem
e imatura. Se esse foi o caso, por que diabos ele se incomodou em falar comigo em
primeiro lugar?
— Não.
— Uau. Eu não sabia que os estúdios de cinema faziam isso. Porquê? — Ela
encolheu os ombros em uma camisa apertada e olhou para mim curiosamente.
— Hum... bem, é o dia de levar a sua filha para o trabalho e o filme é inadequado
para 13 anos, então eles pensaram que seria mais seguro fechar as coisas até
amanhã.
— Oh, — disse Angel, vestindo uma saia igualmente apertada. — Isso faz
sentido.
Fazia? Acho que já estive em Hollywood há tempo suficiente para ser capaz de
mentir com o melhor deles. Embora a Tessa e o Grayson me derrotassem. O meu
telefone tocou e eu olhei para trás. Mais mensagens perdidas. Do Grayson. Do
estúdio. Do meu pai. Porcaria.
— Bem, bem, tenha uma boa... hum, noite, eu acho, — disse Angel, enquanto
eu puxava as cobertas para trás sobre a minha cabeça e me preparava para outro
longo dia de choro.
***
Espreitei pelo olho mágico. De jeito nenhum eu abria se fosse a imprensa. Mas
era uma mulher solitária, alta e angular, com cabelos grisalhos e ondulados que
acaba alguns centímetros acima dos ombros. — Quem é?
— Não.
Ela continuou como se não tivesse me ouvido. — É importante que vocês sejam
vistos juntos em público. Se você acha que os repórteres foram ruins depois do
restaurante, você deve ver o que vai acontecer se eles pensarem que você é a mulher
desprezada, não a Tessa. Apenas vá almoçar com ele. Se deleite, — disse ela no que
poderia ter sido uma tentativa de piada.
— Porque não vou estar aqui. Estou indo para casa amanhã. Para Nebraska.
A Donna olhou para mim por cima dos seus óculos pretos estreitos. Ela tinha
um jeito de professora encarando as pessoas. — Fugir dos seus problemas não vai
fazê-los desaparecer. A imprensa pode encontrá-la em qualquer lugar. Você precisa
sair na frente dessa coisa. Você precisa da nossa ajuda. Você não pode simplesmente
correr.
10
Mania irritante do personagem de bater três vezes na porta.
De repente, a raiva aumentou a um nível que quase rivalizava com a minha
tristeza. — Sim, eu posso. Este mundo com estrelas de cinema, filmagens e paparazzi
este nunca foi o meu mundo. Eu era apenas uma turista visitando. E agora é hora de
ir para casa.
— Porque ele precisa dar uma virada diferente nesta história. Não porque ele
gosta de mim. Eu não devo nada a ele, — eu digo apressadamente antes que a minha
coragem me abandonasse. — Eu vou voltar para casa. Amanhã.
Uma vez no corredor, ela hesitou antes de descer as escadas. E se voltou para
mim. — Você está errada.
— Não é isso, — disse ela. — Você está errada sobre o Grayson não gostar de
você.
— Posso falar com eles? Posso contar-lhes sobre a peça que vou participar?
— Divirta-se.
Uma hora depois, me arrastei para fora da cama e tomei um banho. Por mais
insultante que fosse, eu ainda gostava muito mais dos conselhos da Angel do que os
da Donna.
***
Mais batidas. Eu juro, antes dos últimos dois dias, ninguém tinha batido na
nossa porta durante todo o tempo em que morei aqui. Pelo menos eu estava vestida
desta vez. E razoavelmente apresentável. Mais ou menos. Eu só estava de jeans e
uma camiseta, mas pelo menos eu não estava mais usando o meu cobertor.
Uma rápida olhada pelo olho mágico revelou um homem alto de terno. Por um
momento, o meu coração pulou no meu peito e pensei que era o Grayson. Mas então
apertei os olhos e vi que não era.
— O quê? — Tirei a corrente e abri a porta um pouco mais, olhando para ele.
— Eles ouviram que a sua casa foi invadida pela imprensa, então eles
reservaram um vôo e me enviaram para levá-la ao aeroporto. Eles disseram que você
queria ir para casa.
Ah. Agora tudo começava a fazer mais sentido. Um pouco. Talvez o estúdio
estivesse realmente sendo benevolente, mas provavelmente eles estavam tentando
me tirar do caminho, liberando o Grayson e a Tessa para uma reconciliação pública
e ajudar os resultados financeiros do filme. Esse pensamento doeu.
Então talvez fosse hora de simplesmente pegar o próximo avião para fora daqui.
Eu já tinha decidido ir embora. Posso muito bem fazer assim. Eu escreveria um
bilhete para a Angel. Por um momento, hesitei. Eu sentiria falta dela. Mas não havia
mais nada aqui para mim.
***
O que? Sair para onde? Ela pensou que eu queria fumar um cigarro na asa do
avião?
Ela sorriu para mim. — Não você, — disse ela. — Ele. — E ela acenou para
alguém atrás de mim e me deixou lá, congelada no lugar.
— Eu.
— O que você está fazendo aqui? — ela perguntou quando me sentei em um
assento de frente.
— Não, você não quer, — disse ela, e eu ri. Era verdade. Embora eu tivesse
pensado em ir visitar o Derrick de vez em quando. Voltar quando ele teria me
cumprimentado com um aperto de mão em vez de um gancho de direita. — Você
deveria estar no estúdio.
Os olhos dela rolaram com isso. Olhos que estavam tingidos de vermelho, eu
estava triste de vê-los assim.
Ela estava certa, mas ela também estava errada. O set parecia vazio sem ela.
Chato. Meia dúzia de vezes ontem, olhei para cima, esperando para ver o seu rabo de
cavalo marrom chocolate balançando para cima e para baixo e ela correndo de uma
tarefa para a próxima. Senti falta de observá-la. Mas pelo lado positivo, Tessa saiu
do set e não quis falar comigo entre as tomadas.
— Eu não quero falar com você, — disse ela, virando o rosto para a janela,
fazendo o seu rabo de cavalo saltar de um ombro para o outro. Tão adorável.
— Eu ouvi bastante no outro dia. — Ela disse, o seu tom claramente dizendo
foda-se, mas eu não iria a lugar nenhum.
Connie reapareceu com uma bandeja de bebidas e a Skye olhou para ela
desesperadamente. — Você pode pedir ao piloto para virar? Preciso aterrissar, por
favor.
A comissária de bordo olhou da Skye para mim e depois de volta. — Sinto muito,
senhorita. O piloto preencheu um plano de voo. Não podemos desviar dele, a menos
que haja uma emergência.
Skye olhou para ela por um longo momento e o seu rosto se contraiu. — Qual é
o tempo de voo?
— Itália.
Eu olhei boquiaberta para o Grayson. Ele não podia estar falando sério. Tentei
duas vezes dizer algo, mas as minhas palavras não saíram ambas as vezes.
Finalmente, consegui fazer uma declaração coerente. — Eu não tenho passaporte.
Tecnicamente, ele estava certo. Eu tinha tirado um quando fui para Montreal
no ensino médio. Mas isso não importava, pois estava no meu quarto em Lincoln. —
Eu não tenho isso comigo.
— Sim, você tem, — ele disse novamente e enfiou a mão no bolso da jaqueta e
puxou um pequeno livro azul marinho. Ele jogou para mim.
O meu queixo caiu novamente. — Você- você e o meu pai conversaram? Sério?
— Eu desejei que o Grayson parasse de dizer coisas tão chocantes por um momento
para que eu pudesse me recompor.
— Sim.
— Vamos apenas colocar desta forma. A única razão de eu não ter um olho roxo
hoje é porque nós conversamos pelo telefone. Ele estava muito chateado no início.
Eu não conseguia imaginar como tinha sido essa conversa. Mas sim, aposto que
o meu pai estava super bravo. — Isso te surpreende?
— Não. Mas não sou o único com quem ele estava bravo.
— Sim. Disse que você não retornou nenhuma das ligações dele. Ele está
preocupado com você.
De repente, eu pude ver o lado do meu pai nas coisas. Sempre fomos tão
próximos desde que éramos só nós dois. Depois de todas as coisas que aconteceram
aqui, senti a necessidade de excluir o resto do mundo. Eu não tinha percebido que
também tinha excluído o meu pai.
— O quê?
— Na verdade, praticamente tudo o que fiz nas últimas semanas foi prejudicial
para a minha imagem.
— Pense nisso, PT. — A sua voz era uma carícia quente de ar perto do meu
ouvido. — A minha imagem é que sou um mulherengo. Que nunca levo ninguém a
sério. No entanto, nas últimas semanas, tudo que consegui pensar é em você.
Ele deu uma risada amarga, mas soou mais como nojo, não humor. — O grande
Grayson James, sonhando com uma garota que acabou de conhecer. Isso certamente
não parece algo pelo qual sou conhecido, não é?
Ele esperou, e finalmente eu abri os meus olhos. Ele estava muito perto. Ele
estava a centímetros de distância, os seus olhos verdes olhando profundamente nos
meus. Muito perto. — Não, — eu disse.
— Skye. — Ele apertou o meu joelho. — Linda Skye, aqui comigo no lindo céu.
Nós temos horas. Vamos descobrir isso.
— Você está errada, — disse ele. E desta vez, a voz dele soou muito segura. Ele
podia fazer tantas coisas com a sua voz, o seu rosto, a sua maneira. Como eu poderia
saber o que era real e o que não era?
— Ouvi o que você disse no telefone. Sobre mim. Como eu estava perseguindo
você. Como eu estava me iludindo.
— Você ouviu um lado de uma conversa. Não foi o que você pensou, como tentei
explicar em várias dezenas de mensagens de texto que aparentemente você nunca se
preocupou em ler.
— Eu estava perguntando se dizendo isso faria a imprensa mais fácil para você.
Olha, PT, você só ouviu metade do que estava sendo dito. Você nunca vai entender a
história toda. Há uma razão pela qual ninguém nunca ter feito um filme sobre um
idiota que está ao telefone o tempo todo.
— Pare, — ele disse e eu fiz. — Eu tenho você dizendo que não me importo com
você. Tenho a Donna dizendo que deveria andar pela cidade proclamando o meu amor
eterno por você. Ser uma estrela de cinema parece significar que eu nunca consigo
tomar uma única maldita decisão sobre a minha própria vida. Mas não desta vez.
Desta vez eu estou saindo script.
Isso me fez olhar para ele, e ele pegou a minha mão com as suas.
— Eu quero você, Skye. Quero algo real com você. Para mim. Não porque a
Donna acha que é o melhor caminho a seguir. Não para se vingar do seu pai por dizer
a uma garota que nós dois gostávamos na Universidade que eu tinha um pau fino
como lápis.
— Eu quero tentar algo real, Skye. Não é algo aprovado pelo estúdio. Algo real
com você, uma das pessoas mais reais que já conheci. Você não esconde quem você é,
moça bonita. Bem, você se esconde atrás desses óculos e do seu rabo de cavalo, mas
não esconde o seu verdadeiro eu de mim. Estou farto de as pessoas serem falsas.
Dizendo o que eles acham que você quer ouvir. Desempenhando um papel. Eu quero
alguém de verdade. E esse alguém é você. Eu quero você.
— Eu não sei. Mas acho que o que temos entre nós é importante o suficiente
para tentar. Você não acha?
— Diga que sim, — Grayson pediu. — Nós podemos descobrir isso. Somos
pessoas razoavelmente inteligentes. Bem, eu sou. Você é a super gênia com a
memória fotográfica.
Eu sorri com isso e me abstenho dizer a ele que essa terminologia não era mais
usada.
— Nós podemos descobrir isso, — repetiu ele. — Nós temos todo o fim de
semana. Claro, parte disso será assumida pelo trabalho.
Pela décima vez desde que embarquei no avião, olhei para ele boquiaberta de
surpresa. — O que você quer dizer?
Com a mão livre, ele tirou um papel do bolso da jaqueta. — Esse é um e-mail
do Mason Trent. Ele é o editor de uma revista de viagens econômicas. Ele está
esperando dois artigos quando você voltar, um sobre Florença e o outro sobre Veneza.
— O quê?
Grayson sorriu e inclinou-se para beijar o meu nariz. — Parece uma boa
maneira de você descobrir se realmente quer ser uma escritora de viagens. Então, o
que me diz? Você está disposta a dar uma chance a isso?
— Os artigos?
— Não.
É claro que não. Ele queria saber sobre nós. Se eu estava disposta a dar-nos
uma chance. E havia apenas uma resposta que eu poderia dar a isso. Apenas uma
resposta que era real, já que ele alegou que eu era uma das pessoas mais reais que
ele conhecia.
— Sim.
Pronto, eu disse isso. Eu estava comprometida. E eu só fui capaz de fazer isso
porque ele me convenceu de que era isso que ele também queria. Ele organizou este
fim de semana. Falou com o editor de uma revista de viagens. Pelo que eu sabia, ele
parou de filmar pelo resto da semana. Isso deve ser uma despesa enorme. E isso tudo
somado ao fato de que ele realmente queria isso. Que ele realmente me queria. Esse
pensamento me deixou mais feliz do que praticamente qualquer coisa no mundo.
Isso foi um eufemismo. Mas estas lágrimas não foram apenas uma libertação
emocional. Havia também algumas lágrimas de felicidade ali. Algumas lágrimas de
esperança, se existisse tal coisa. Parecia uma coisa. Parecia que eu estava chorando
pela decepção que havia sentido antes, bem como pela possibilidade que sentia agora.
Ele sentou-me e olhou para o meu rosto com olhos verdes assustados antes do
seu lábio se contrair para cima. — Fico feliz em saber que as minhas habilidades
confortantes a divertem, — disse ele. Mas ele parecia muito divertido.
Pisquei quando ele se inclinou para a frente e beijou uma bochecha, em seguida,
a outra. — As suas lágrimas são salgadas, — disse ele. Então continuou beijando.
— Podemos fazer isso sempre que quisermos agora, — ele murmurou contra os
meus lábios. — Chega de se esconder.
Recuei um pouco. — Mas, não temos que fazer isso em público, certo? Para a
sua imagem ou algo assim?
— Não temos que fazer nada que não queremos. Eu não quis dizer que faríamos
isso como um golpe de Relações Públicas. Só quis dizer que não precisamos mais nos
esconder em armários de vassouras.
Oh. Isso foi um alívio. Sorrindo, mordisquei o seu lábio inferior e a sua boca se
abriu para a minha novamente. O que foi bom, mas me senti ainda melhor quando
ele beijou o seu caminho ao longo da minha mandíbula até à minha garganta. Deixei
a minha cabeça cair para trás enquanto ele se aninhava lá. Era incrível e estava me
deixando excitada. Os meus quadris se apertaram contra as suas coxas. Ele gemeu
em resposta e eu pude sentir uma protuberância dura debaixo de mim.
E antes que eu pudesse dizer uma palavra, ele tinha as minhas pernas
enganchadas sobre os braços do acento e a sua cabeça enterrada no meu núcleo. E foi
incrível. Ainda melhor do que da última vez. A sua língua talentosa lambeu para
cima e para baixo a minha fenda, parando para provocar a minha entrada ou o meu
clitóris a cada terceira ou quarta carícias.
— Paciência, minha princesa com rabo de cavalo. Coisas boas vêm para boas
meninas que esperam. — As suas palavras foram abafadas, a sua respiração fazendo
cócegas na minha coxa. Mas então ele se endireitou, limpando a boca com a parte de
trás do braço. Do nada, ele acenou com um pacote de camisinhas para mim. — Tem
certeza que quer isso?
Ele sentou-se na poltrona ao meu lado, baixando a sua calça, deixando o seu
pau enorme saltar livre. Definitivamente não é um pau fino como um lápis. Na
verdade, eu não tinha certeza se caberia em mim. Eu só tinha feito sexo uma vez com
o meu namorado do colegial e tinha sido há mais de dois anos.
Mas levantei-me e observei com fascinação enquanto ele alisava o preservativo
sobre o seu comprimento. Então ele sorriu para mim e eu cautelosamente subi nele,
montando-o novamente, desta vez com a ponta do seu pau pairando na minha
entrada.
E com isso o meu coração parou, então reiniciou, e então deu um pequeno salto
feliz. Ele me amava. Ele estava comigo. Ele estava dentro de mim. — Eu também te
amo.
— Isso funciona bem, — disse ele, a sua voz rouca enquanto ele mexia os seus
quadris debaixo de mim, fazendo-me ofegar. Em seguida, as suas mãos estavam nos
meus quadris nus enquanto ele me guiava para cima e para baixo no seu pau grosso.
Era incrível. A pressão mais deliciosa crescendo dentro de mim. Cada impulso
dos seus quadris trouxe uma nova explosão de prazer. — Não pare, — engasguei.
— Eu não vou, — disse ele. — Não agora e não depois disto. Nós temos horas,
PT. Horas para preencher. Podemos fazer o que quisermos. O Skye é o limite.
Eu gemi com isso, movendo-me para cima e para baixo sobre ele. Incrível como,
quando ele disse aquele velho jogo de palavras, parecia sujo. Provavelmente porque
eu estava fazendo coisas muito sujas e deliciosas com ele agora.
— Ainda não, — ele engasgou, o seu rosto contorcido quando ele se empurrou
debaixo de mim. — Aguente...
Mas eu não consegui. Foi tão incrível. Cada vez mais rápido e mais rápido eu
balançava para cima e para baixo sobre ele, espremendo-me em torno dele. Eu estava
tão perto. — Eu vou...
Eu joguei a minha cabeça para trás e gritei, apenas o seu braço forte em torno
da minha cintura me impediu de cair. Onda após onda de prazer rolou sobre mim
enquanto eu continuava me movimentando, mais lento agora, mas ainda apertando,
ordenhando o seu pau com tudo que conseguia.
Os seus sons profundos e masculinos de prazer dominaram os meus gritos
enquanto ele se esvaziava dentro de mim. — Porra. Simples assim, sim.
— Nós podemos fazer isso, Skye. Se nós dois quisermos o suficiente, tudo é
possível.
— Não tenho certeza, — disse ele, acariciando o meu cabelo. — Mas se eles
fizerem, tenho certeza que teria um final feliz.
— Eu também.
— Isto é excitante. Muito obrigada por esta viagem. Tem sido incrível.
— Você merece, — , disse o meu pai. — Você está se graduando em dois meses,
mas você conseguiu publicar mais de cinquenta artigos de viagem no último ano e
meio. A minha filhinha é muito trabalhadora.
Eu sorri para isso. Ser namorada do Grayson veio com muitas recompensas,
mas também tornou a vida difícil em alguns aspectos importantes. Como um bando
de repórteres me seguindo sempre que eu colocava os pés no sul da Califórnia para
visitar o Grayson. A maioria deles me deixavam sozinha na Universidade, mas de vez
em quando, eu era abordada por abutres querendo saber tudo sobre o meu homem.
Portanto, na minha vida profissional, para os meus artigos de viagem e para o meu
blog e Web site, eu era Penélope Thomas. Que, naturalmente, poderia ser abreviado
como PT.
— Pai...— eu disse, o meu tom de censura. O meu pai quase aceitou o Grayson
e eu ficarmos juntos. Ele certamente tentou. Grayson e eu passamos o Natal com ele,
este ano e no passado. Mas ainda era difícil para ele lidar com isso de vez em quando.
Não tenho certeza do que o atingiu com mais força, mais duramente que a sua menina
era uma mulher crescida com um namorado ou que esse namorado era o seu amigo
mais antigo. — Alemanha. Ele terminará as filmagens em algumas semanas, e então
ele vai parar e me ver antes de voltar para Hollywood.
— Isso é bom. — Ele estava tentando. Ele sabia que era difícil para mim não
ter visto o Grayson em quase seis semanas, então ele estava tentando tornar a nossa
viagem especial. Hoje, por exemplo, ele insistiu que eu fizesse um dia de tratamento
facial no spa do hotel e comprasse um vestido novo. Era rosa pálido e tinha uma saia
folgada e me fez sentir como uma princesa.
11 Rei Lear é uma tragédia teatral de William Shakespeare, considerada uma de suas obras-primas.
Olhei ao redor do teatro enquanto esperávamos que a cortina subir. Grayson
ficou desapontado por não poder se juntar a mim esta semana, então ele mexeu
alguns pauzinhos e nos convidou para a apresentação de estreia de uma pequena
trupe de Shakespeare. Os atores eram ótimos, especialmente aquele que interpretou
o próprio velho Rei Lear. O teatro era tão emocionante. Era pequeno, mas tinha mais
de duzentos anos de idade. Ele tinha sobrevivido aos bombardeios na guerra e tinha
sido restaurado ao seu esplendor original.
Quando chegou a hora da chamada ao palco, papai e eu nos juntamos aos outros
membros da plateia batendo palmas ruidosamente. O maior aplauso foi reservado ao
ator que interpretou o próprio Rei Lear. Ele saiu por último e o público o aplaudiu de
pé. Aplaudimos pelo que parecia cinco minutos e então, por fim, o majestoso rei
levantou as mãos pedindo silêncio.
Ansiosamente, esperei para ver o que ele tinha a dizer. Era a noite da estreia.
Ele agradeceria ao diretor? Ou o elenco e a equipe?
— Se vocês puderem, por favor, sentar-se por um momento nos seus lugares
meus amigos, agradeço a vocês por terem vindo esta noite para a nossa apresentação
inaugural neste fantástico teatro, — disse ele, a sua voz estrondosa alcançando toda
a plateia sem a necessidade de microfone. O seu sotaque britânico atingindo os meus
ouvidos agradavelmente, ao contrário de alguns membros do elenco. — Os meus
colegas atores e eu não estaríamos em lugar nenhum sem membros dedicados e
iluminados do público como vocês. Quanto a mim, foi um verdadeiro prazer estar de
volta ao palco depois de uma ausência muito longa.
Houve mais aplausos para isso, e então ele continuou com a sua voz rica e
acentuada de barítono que parecia feita para o palco. — Os temas que permeiam as
peças de Shakespeare ainda permanecem relevantes no mundo de hoje. Raiva.
Luxúria. Ambição. Traição. Tristeza. Alegria. E amor. E é em nome dessa última
emoção que agora peço um voluntário do público.
Dezenas de pessoas ao meu redor levantaram as mãos, mas eu fiz uma careta.
Desde quando uma peça de Shakespeare envolve a participação do público? Mas
então o papai estava empurrando o meu braço, me incentivando para o palco. — Você
deve ir.
— Vá até lá, querida. Essas espadas não são reais, — disse uma mulher com
um sotaque londrino alegre.
— Vá em frente, moça. Não é todo dia que você encontra um rei, — outra pessoa
disse.
E então, corando furiosamente, segui os atores pelo corredor até os degraus que
levavam até o palco. Que diabos eu deveria fazer quando estivesse lá em cima?
— Venha aqui, minha querida, — disse o Rei Lear. — Eu não mordo.
Eu tinha alcançado o Rei Lear agora. De perto, ele era um homem de aparência
muito distinta, com longos cabelos grisalhos e uma barba cheia. Algo sobre ele me
pareceu bonito, embora o seu rosto estivesse coberto de rugas, e ele tivesse um nariz
bastante proeminente e comprido. Ele parecia estar no início dos sessenta anos. —
Qual é o seu nome, mocinha?
— Skye, — ele repetiu, em sua voz estrondosa. — Um lindo nome para uma
bela dama. — Ele pegou os meus dedos e puxou-os para os seus lábios, plantando um
beijo na parte de trás da minha mão.
— Fico feliz em ouvir isso, — disse o Rei Lear. Mas a sua voz estava diferente
quando disse isso. Ainda grave, mas diferente. Levei um minuto para descobrir o que
tinha mudado, sem sotaque. Intrigado, olhei para ele. Ele estava sorrindo para mim
de uma maneira que fez o meu coração pular uma batida. — Porque eu tenho uma
pergunta para lhe fazer, Milady.
Aquela voz. Era uma voz familiar agora. Em uma cadência diferente com um
sotaque americano. Era uma voz cheia de afeto.
O ator alto na minha frente estendeu a mão e jogou fora a coroa que ele estava
usando e tirou a peruca cinza grossa. Em seguida veio a barba, deixando para trás
uma castanha e curta. E então ele arrancou algo cobrindo o seu rosto, e de repente o
seu nariz estava com o tamanho normal e a sua pele estava sem rugas. Eu tive que
piscar rapidamente para vê-lo, as lágrimas estavam vindo mais rápido do que nunca.
— Minha querida Skye, se você me der a honra de ser a minha noiva, você me
faria o homem mais feliz do mundo. O que você diz, Milady?
Silêncio agora. O teatro inteiro à espera da minha resposta. Ela subiu aos meus
lábios sem um pensamento consciente. — Sim, meu rei.
Foi emocionante ver tantas pessoas torcendo para o nosso final feliz. Em algum
lugar lá fora estava o meu pai. O que ele achou de tudo isso? Mas ele deve aprovar.
Ele claramente esteve envolvido nisso o tempo todo.
Finalmente o Grayson me colocou para baixo, mas eu não soltei o meu aperto
firme no seu pescoço. Isso tornou mais fácil para mim puxá-lo para um beijo. E apesar
de beijá-lo sempre tenha sido incrível, este estava em um nível totalmente novo.
Porque este foi o meu primeiro beijo com o homem que eu estava noiva. O homem que
me amava e queria passar o resto da sua vida comigo.
Não era mais minha vida, nem sua vida, mas nossa vida.