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Capítulo I- Fundamentação Teórica

1.1- Definição de termos e conceitos 


1.2- Breve historial sobre a economia informal

Segundo a OIT a expressão “economia informal”

“Refere-se a todas as actividades económicas de trabalhadores e unidades


económicas que não são abrangidas, em virtude da legislação ou da prática,
por disposições formais. Estas actividades não entram no âmbito de aplicação
da legislação, o que significa que estes trabalhadores e unidades operam à
margem da lei; ou então não são abrangidos na prática, o que significa que a
legislação não lhes é aplicada, embora operem no âmbito da lei; ou, ainda, a
legislação não é respeitada por ser inadequada, gravosa ou por impor
encargos excessivos” (OIT, 90ª Conferência Internacional do Trabalho, 2002,
pág. 7).

A OCDE define emprego informal como sendo “O emprego que está principalmente
fora do âmbito da fiscalidade, segurança social e outros regulamentos (OECD, Employment
Outlook, pág. 226, 2004). Esta organização sinonimiza os termos “não declarado” e
“subterrâneo” ao termo informal, mas não inclui nessa definição as actividades legalmente
proibidas - ilícitas.

Silva (2009),

refere-se a “economia informal” como a situação em que “o Estado define


um modo normal, «formal», de desenvolver a actividade económica. No
entanto, determinados agentes económicos, pesando os benefícios e os custos
inerentes a esse modo de exercício da actividade, optam por não o respeitar”.

O conceito é ainda definido por Jonuel Gonçalves na sua obra “ A economia ao longo
da história de Angola” como sendo

“todas as actividades baseadas em instalações provisórias ou sem instalações


fixas, escassas relações com o sistema fiscal e oferta de produtos nas faixas
da grande procura”. Em comparação a equivalência estabelecida pela OCDE
entre os termos “informal” e “subterrâneo”1,

Estes definem economia subterrânea como “actividade económica que não é registada
oficialmente”. Consideram portanto que tanto as actividades “…, que de outra forma seriam
1
é importante trazer a visão dos economistas Samuelsom e Nordhaus que acoplam o ilícito ao conceito.
legais, não declaradas às autoridades fiscais (como as fabriquetas de garagem ou serviços
trocados entre amigos)” como as actividades realmente “Ilegais tais como o tráfico de droga,
o jogo ilícito e a prostituição” são subterrâneas. (Samuelson e Nordhaus, 2011).

1.2.1. Causas da economia informal

A existência da Economia Informal reflecte um desajustamento dos interesses


colectivos da sociedade, tal como entendidos pelo Estado, e os incentivos individuais
(SILVA, Omarildo, pág. 10). Do ponto de vista da acção do Estado a economia informal tem
como origem as seguintes fontes:

1. Modelos económicos não adaptados a realidade sociocultural dos países (SILVA,


Omarildo, pág. 12);
2. Fraca capacidade de geração de emprego na economia (Checkering e Salahdine, 1991);
3. Inexistência do subsídio de desemprego;
4. Processo de formalização extramente oneroso: a. Emolumentos de licenciamento
elevados; b. Encargos fiscais altos; c. Regulamentação inexistente/inadequada ou
excessivamente exigente.
5. Barreiras à entrada de novas micro, pequenas e médias empresas:a. Falta ou acesso
deficiente a informação sobre o mercado; b. Desconhecimento/falta de divulgação de
informação sobre os serviços públicos; c. Fraco acesso a informação sobre novas
tecnologias e formação na matéria.
6. Administração burocrática e ineficiente;
7. Corrupção.
8. Do ponto de vista dos factores socioeconómicos a economia informal tem como
origem as seguintes fontes: a. Pobreza; b. Falta de instrução e/ou instrução deficiente; c.
Êxodo rural que tem como origem fundamental: a guerra e a existência de economias de
enclave e/ou centros financeiros de enclave2.

1.2.2. A dimensão da economia informal

Um dos grandes problemas que se coloca ao conhecimento da economia informal tem


a ver com as metodologias usadas para a sua mensuração (uma análise detalhada sobre as
limitações das estatísticas sobre a economia informal pode ser encontrada em STAT Working
2
A procura de melhores condições de vida leva a população a migrar para os centros económico-financeiros, onde se concentram e são
gastos os maiores rendimentos. Este facto obriga o governo a aumentar os investimentos em infraestruturas básicas nesses centros, o que, por
sua vez, atrai mais população para tais concentrados financeiros, gerando um ciclo vicioso onde as causas e as consequências se confundem .
Paper nº 1-2002, ILO compendium of official statistics on employment in the informal
sector). A literatura oferece uma diversidade de métodos para medir a Economia Informal. No
entanto, nenhum deles está isento de problemas e a escolha do método utilizado é, muitas
vezes, ditada mais por questões pragmáticas relacionadas com os dados a que o investigador
tem acesso do que pelo mérito relativo do método.

Quando possível, a utilização simultânea de mais do que um método parece


recomendável, para verificar a consistência das estimativas obtidas. Sobretudo, quando se
trata de indicadores utilizados para efectuar comparações entre países ou para ilustrar a sua
evolução ao longo de um determinado horizonte temporal.

A quantificação da extensão da economia informal, quer em termos do número de


pessoas envolvidas nas actividades informais quer no que respeita ao seu output económico, é
uma tarefa complexa e imprecisa. Várias situações contribuem para tal: não existem registos
nem estatísticas em alguns tipos de actividades, os critérios de pertença e de classificação dos
operadores informais são muito diversos e não conseguem capturar todas as nuances que se
manifestam, os métodos de cálculo são diferenciados, a comparação internacional perde
eficácia, uma vez que são diferentes os critérios de informalidade adoptados por diferentes
países.

Apesar disso, têm existido alguns esforços no sentido de ter uma ideia aproximada
sobre a sua extensão. Um estudo publicado pela OIT [Charmes 2000] referia que 40% do
emprego urbano na América Latina e Caraíbas era emprego informal, relação que subia para
61% em África e que se situava entre os 40% e os 60% na Ásia. Um outro estudo, realizado
sob a égide do Banco Mundial, apresentou uma estimativa média da dimensão da economia
não oficial em 162 países de diferentes regiões, no período entre 1999 e 2007, a qual permite
sustentar a evidência de que o fenómeno é cada vez mais transversal, quer em relação às áreas
geográficas quer em relação aos diferentes estádios de desenvolvimento. A relação média
percentual economia informal/PIB oficial, entre 1999/2007, variou entre os 8,6% da Suíça e
os 68, 8% da Georgia (Schneider & Buehn & Montenegro 2010).

1.2.3. Economia informal em Angola

 Fases de evolução, factores de crescimento e extensão

O complexo e acidentado processo de transformações, que se foi desenrolando ao


longo dos últimos 30 anos, repercutiu-se naturalmente sobre a extensão, natureza e
características da economia informal em Angola, bem como sobre a respectiva evolução,
processo em relação ao qual a capital angolana constitui um representativo observatório.

Em traços gerais, é possível identificar cinco grandes etapas no processo de evolução


da economia informal de Luanda:

1) antes da independência as actividades informais desempenhavam uma função


estritamente subsidiária do sector formal da economia, dominante, estruturante e dotado dos
indispensáveis mecanismos de controlo e regulação.

A economia informal de Luanda restringia-se às actividades artesanais tradicionais, à


prestação de serviços – nomeadamente serviços domésticos -, ao comércio ambulante, ao
comércio à porta de casa, aos mercados dos “musseques” e às actividades relacionadas com
construção e habitação das populações autóctones que residiam na sua periferia;

2) o processo de crescimento iniciou-se nos anos 1977/78 e, rapidamente, as práticas


informais – esquemas, candonga - alastraram aos diferentes sectores de actividade económica
e às diferentes dimensões de intervenção dos actores sociais luandenses, no contexto
socializante de uma economia centralizada e administrativamente regulada;

3) o desmantelamento da maioria dos mecanismos que caracterizaram o centralismo


económico, no quadro do processo de transição para uma economia de mercado (1987-1991),
possibilitou a transição entre as actividades paralelas e as actividades informais, mas não
produziu alterações substanciais na dinâmica de crescimento acelerado do sector informal
luandense que tem vindo a crescer a ritmos elevados, embora sectores como os transportes,
mercados urbanos ou mercado cambial se tenham estruturado e complexificado;

4) entre 1992-2002 registou-se um crescimento generalizado das actividades e práticas


informais, que encontraram terreno fértil para a progressão na ambiguidade e indefinição de
um processo de liberalização e transição para a economia de mercado que foi coexistindo com
a manutenção de enquadramentos e lógicas administrativas ou monopolistas em alguns
sectores de actividade, processo emblematicamente representado numa vasta sucessão de
programas de reforma económica que nunca chegaram a ser concluídos e, em alguns casos,
sequer accionados;

5) depois de 2002, com o advento da paz e com a adopção de políticas de estabilização


macroeconómica, em particular no sector cambial e no sector interno, num contexto de
evolução conjuntural muito favorável do preço do petróleo no mercado internacional,
verificou-se uma significativa retracção de alguns segmentos da economia informal
(cambistas, operadores dos mercados).

Apesar de não existirem cifras seguras sobre a extensão da economia informal em


Angola, os relativamente escassos estudos conhecidos parecem concordar no que respeita à
importância socioeconómica das actividades informais em Luanda. Um estudo do PNUD
sobre as Políticas de Redução da Pobreza, refere que, em Luanda, 41% da população com
idade compreendida entre os 15 e os 60 anos encontrava ocupação nas actividades informais
[PNUD 2000].

Os resultados apurados pelo Inquérito às Despesas e Receitas dos Agregados


Familiares [INE 2000] permitiram concluir que a proporção de indivíduos cujas actividades
principais são de natureza informal correspondia, em média, a 62,8% da população
economicamente activa (PEA), embora geograficamente esta proporção pudesse variar entre
os 52% e os 80,2%. Um estudo mais recente apontava para um valor médio de 43,6%, entre
1999 e 2007, do peso relativo da economia informal no PIB angolano [Schneider & Buehn &
Montenegro 2010] enquanto a média da África Subsahareana se situava nos 41,3%.

1.3. Mercado Cambial

O mercado de câmbio é extremamente importante para o mundo contemporâneo pelos


seguintes aspectos: por meio dele as pessoas conseguem realizar viagens ao exterior, os
capitais estrangeiros são movimentados possibilitando o comércio internacional e ainda é
utilizado como meio de investimento e proteção financeira.

Taylor e Allen (1992),"O mercado cambial é um mercado global onde são trocadas
moedas entre agentes econômicos, em que a moeda de um país é oferecida em troca da moeda
de outro".

De acordo com Sandroni (2004, p. 74),

"é uma operação financeira que consiste em vender, comprar ou trocar


valores em moedas de outros países ou papéis que representem moedas de
outros países. Para essas operações são utilizados cheques, moedas
propriamente ditas ou notas bancárias, letras de câmbio, ordens de
pagamento, etc".
Segundo Bastardo (2011),

"O mercado de câmbio é o ambiente abstrato, ou seja, diferente da Bolsa de


Valores, onde se realizam as operações de câmbio entre os agentes
autorizados pelo Banco Central e entre estes e seus clientes. Neste mercado
encontram-se os compradores e vendedores que realizam a troca de moedas
estrangeiras, mais conhecidas como divisas".

O mercado de câmbio3 serve para diversas operações que envolvem pagamentos ou


recebimentos em moeda estrangeira, além de participar nos processos de investimentos e
especulações. As operações deste mercado acontecem aos pares, ou seja, para comprar um
moeda é preciso entregar outra. Para isso, devem ser conhecidos os valores que cada moeda
vale em relação à outra, através das taxas de câmbio.

O Banco Central fixa o preço de uma moeda estrangeira em moeda nacional. A


autoridade monetária garante a conversão de moeda estrangeira em nacional, e viceversa,
àquele preço. Todas as transações com o exterior que envolvam entrada e saída de divisas
obedecerão à taxa de câmbio fixa para converter as moedas. (CARVALHO; SILVA, 2004).

Desta forma, este sistema tem significativas conseqüências sobre o volume de reservas
internacionais e a oferta de moeda dos países, pois caso haja um excesso de demanda de
divisas estrangeiras4 , o Banco Central de cada país vende estas divisas, em conseqüência
diminui suas reservas e também a oferta de moeda nacional em circulação.

O contrário também é verídico, ou seja, caso haja um excesso de oferta por divisas
estrangeiras, o Banco Central de cada país compra estas divisas, e consequentemente aumenta
suas reservas internacionais e também a oferta de moeda nacional. Porém, neste caso pode
acarretar em inflação e, para contê-la, o governo poderá, dentre outras medidas, vender títulos
públicos para reduzir novamente a oferta de moeda nacional.

O mercado cambial não é um espaço físico, mas sim um conceito abstrato utilizado
sempre que existe uma compra e/ou venda de divisas. A aquisição de divisas estrangeiras
além da sua função comercial, podem ser obtidas para atividades de cobertura (hedging), de

3
Em todo o mundo, as políticas cambiais são integradas pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, em
inglês) com a presença de 60 bancos centrais. Segundo o BIS, em abril de 2016 a média diária de transações
cambiais foi de US$ 5,1 trilhões por dia.
4
Divisas estrangeiras são as moedas estrangeiras, como por exemplo o dólar, o euro, o iene, etc (VICECONTI;
NEVES, 2003).
especulação ou de arbitragem. O câmbio ou taxa de câmbio exprime a relação quantitativa
entre duas moedas de que resulta o preço de uma destas em relação à outra.

 Mercado Primário de Câmbio

Mercado primário de câmbio, envolve as operações entre os bancos e seus clientes.


Tanto exportadores como importadores, realizam essas operações com bancos autorizados a
transacionar com câmbio. Por exemplo, os exportadores necessitam trocar as divisas que
recebem de suas vendas no exterior por moeda nacional, enquanto que os importadores
precisam comprar divisas para remetê-las aos seus fornecedores externos. (FERNANDES,
2008)

Pelo mercado primário de câmbio, passam também as operações de remessas e de


recebimentos de moeda estrangeira relativas a investimentos, empréstimos, transferências, e
pagamentos de juros. Todas as operações no mercado primário de câmbio, implicam entrada
ou saída de divisas, afetando, portanto, o balanço de pagamentos do país.

Fernandes (2008), o primário corresponde às transações do balanço de pagamentos,


entre residentes e não residentes, em operações tanto classificadas na conta corrente como na
conta capital e financeira.

 Mercado Secundário (ou Interbancário) de Câmbio

O mercado secundário se dá entre bancos, com moeda estrangeira originada no


mercado primário. O mercado primário altera o estoque de moeda estrangeira em posse de
residentes, o secundário, não. Através dessas operações, os bancos buscam atender a suas
necessidades de moeda estrangeira. Além de bancos, são autorizadas a operar no mercado de
câmbio as corretoras e distribuidoras, além de agências de turismo, hotéis e outros
estabelecimentos comerciais.

O Banco Central ou Banco Nacional é o órgão supervisor e fiscalizador do mercado de


câmbio. Apesar do atual regime cambial ser de taxa de câmbio flutuante, o BACEN também
atua diretamente no mercado, comprando ou vendendo divisas para influenciar na taxa de
câmbio, quando considera adequado, ou como mecanismo de controle do volume de reservas
internacionais.
Segundo Garcia e Urban (2004). As operações no interbancário podem ser feitas
diretamente entre os dealers ou mediante corretoras, mas estas não podem carregar posições, 5
devendo apenas unir as pontas de compra e venda – há exceções, como no caso do dólar
turismo6.

 Crises do mercado cambial

Uma crise cambial acontece quando ocorre uma queda muito forte no valor da moeda
de um país perante seus parceiros comerciais. Quando isso acontece em um país com grande
importância para a economia mundial, o cenário passa a ser de crise financeira.

As crises cambiais passaram a ser comuns após o fim do sistema Bretton Woods, em
19717, quando as moedas tinham seus valores atrelados ao dólar americano, em taxas de
câmbio fixas e não ajustáveis. Com a chegada das décadas seguintes, os modelos com taxas
de câmbio fixas continuaram em alta. Vários países foram alvos de ataques especulativos, que
lucravam com a entrega de reservas dos bancos centrais para o mantimento da taxa fixada.

Por disso, nos últimos anos muitas economias passaram a adotar políticas cambiais
com taxas flutuantes, com apenas algumas intervenções pontuais quando necessárias.

1.3.1. Política Cambial

Segundo Artur (2009),  

" Política Cambial é o conjunto de ações e orientações ao dispor do


Estado destinadas a equilibrar o funcionamento da economia através
de alterações das taxas de câmbio (preço das moedas estrangeiras
medido em moeda nacional) e do controle das operações cambiais".

A política Cambial, consiste, basicamente, em fixar ou controlar a taxa de câmbio (o


preço do dólar).

 Cambio flutuante: o câmbio é determinado pela demanda e oferta de dólar.

5
. Isto é, não podem manter recursos em seu poder
6
Para uma descrição detalhada das características do mercado interbancário, ver Garcia e Urban (2004).
7
As conferências de Bretton Woods, definindo o Sistema Bretton Woods de gerenciamento econômico
internacional, estabeleceram em julho de 1944 as regras para as relações comerciais e financeiras entre os países
mais industrializados do mundo. O sistema Bretton Woods foi o primeiro exemplo, na história mundial, de uma
ordem monetária totalmente negociada, tendo como objetivo governar as relações monetárias entre Nações-
Estado independentes.
 Câmbio flutuante: sujo o governo compra dólar no mercado e forma reservas (para
conter a queda do dólar) e vende dólar quando este sobe.

1.3.1.1. Depreciação Cambial

A depreciação cambial ocorre quando há um aumento no valor da taxa (preço da


moeda estrangeira). Quando o câmbio deprecia, significa que o preço da moeda estrangeira
sofre uma alteração positiva em relação a moeda doméstica (considerando taxa de
câmbio direta, isto é: quando exprime o preço de uma unidade de moeda
estrangeira em moeda nacional, exemplo: US$/R$). Essa variação, torna a moeda nacional
mais barata em face das demais.

A desvalorização da moeda tem um efeito benéfico sobre as exportações, que se


tornam mais baratas e competitivas; consequentemente, tem um efeito nefasto sobre
as importações, funcionando como instrumento corretor de desequilíbrios da balança de
pagamentos. Neste raciocínio, está sempre implícita uma aceitável elasticidade das
exportações e importações à taxa de câmbio, o que depende não só das condições do mercado
externo mas fundamentalmente da estrutura econômica nacional. Se um Estado não produz
um determinado bem essencial, a importação desse bem não diminui, mesmo quando há um
aumento das taxas de câmbio.

É preciso ter em conta que, a longo prazo, em Estados com baixa elasticidade e


elevada dependência das importações, a queda das taxas de câmbio (desvalorização da moeda
nacional) é geradora de inflação.

No âmbito internacional, o FMI tem competências na fiscalização e controle de abusos


de manipulação deste instrumento. Os Estados não podem sistematicamente socorrer-se de
instrumentos conjunturais como este para corrigir atrasos e défices estruturais da sua
economia.

1.3.1.2. Apreciação cambial

Por sua vez, a apreciação cambial é o aumento do valor da moeda doméstica em


relação à moeda estrangeira. Apreciação cambial não é apreciação da taxa cambial. Na
apreciação cambial o valor da taxa (preço da moeda estrangeira) cai e a moeda local sofre
uma apreciação. Assim sendo, as exportações tornam-se mais caras e
perdem competitividade no mercado internacional, ao passo que as importações tornam-se
mais baratas.

Consequentemente, as empresas nacionais reduzem o seu volume de vendas, o que


gera menos cash flow empresarial, menos receitas fiscais , redução do volume da produção,
aumento da capacidade ociosa e do desemprego. A apetência pelas importações pode
provocar danos à estrutura produtiva interna, criando uma dependência estrutural dos
produtos do mercado externo.

1.3.2. Taxa de Câmbio (Compra e Venda)

O comércio entre as nações traz consigo a necessidade de se utilizar diferentes


moedas, e a troca entre moedas de diferentes países dá origem ao câmbio. Consequentemente
há de se estabelecer uma relação de equivalência que expresse o preço de uma moeda em
termos de outra: A taxa cambial

O estudo de mercados cambiais permite compreender o comportamento das taxas de


câmbio numa perspetiva de longo prazo e determinar os fatores que as influenciam no curto
prazo. (ABREU E ALLI, 2012).

De acordo com Viceconti e Neves (2003, p. 252), é “o preço da moeda estrangeira em


termos de moeda nacional ou vice-versa.”

Ainda Abreu e Alli, (2012), "a taxa de câmbio é o preço de uma moeda medida em
termos de unidades monetárias de outra moeda ".

Para o entendimento da formação da taxa de câmbio, enquanto “preço” da divisas


internacionais, pode-se recorrer, também a, RATTI(1994:129), que afirma que as divisas
estrangeiras como qualquer outra mercadoria exposta a venda estão sujeitas à lei de oferta e
demanda.

Assim a taxa de cambial, ou o preço dessas divisas, poderá ser explicada mediante
utilização dos mesmos artifícios geométricos utilizados para explicar a formação dos preços
em geral.

A taxa de câmbio é uma variável importantíssima para a vida econômica de um país,


pois ela intermedia todas as transações que envolvam moeda entre os países do mundo inteiro.
No comércio internacional exerce um papel fundamental, pois ela permite a comparação entre
preços de bens e serviços produzidos nos mais diferentes países. Desta forma, os agentes
econômicos a utilizam para traduzir os preços externos em termos de moeda nacional.
(GONÇALVES,1998:200).

A taxa de câmbio é definida no mercado de divisas entre o equilíbrio da oferta e da


demanda de moeda estrangeira, onde quem demanda são os importadores de mercadorias que
utilizam moedas estrangeiras para pagarem as mercadorias compradas no exterior. Do lado da
oferta é o contrário, pois os exportadores que vendem suas mercadorias para outros países
recebem em outras moedas e as trocam por moeda nacional para poderem utilizá-la

1.3.3. Mercado Cambial Informal 

1.4. Características do Mercado Cambial

Segundo Bastardo (2011) o mercado cambial pode ser dividido em mercado de balcão
(Over-the-Counter - OTC) ou em mercado de câmbios oficiais (mercado de bolsa). O
mercado OTC é um mercado não regulamentado onde os contratos apresentam uma grande
flexibilidade sendo realizados diretamente pelos intervenientes mediante os seus interesses,
nomeadamente sobre os montantes, prazos e ativos negociáveis.

O principal risco no mercado OTC é o risco de contraparte devido à não existência da


entidade reguladora. Mas este risco pode ser protegido com margens de manutenção ou
alavancagem máxima permitida16 (IAPMEI, 2015).

O mercado de bolsa é um mercado organizado, regulado por uma entidade


supervisora, onde os contratos são padronizados, com prazos definidos, sobre ativos definidos
e sujeitos a regulação da câmara de compensação, não permitindo grande margem de
flexibilidade aos intervenientes. A Chicago Mercantile Exchange (CME), a Chicago Board of
Options Exchange (CBOE), a International Financial Future Exchange (LIFFE), Swiss
Options and Future Exchange (SOFFEX) e Euronext são alguns exemplos de mercados
organizados.

Bastardo (2011) o mercado cambial apresenta como principais características a sua


dimensão mundial, o funcionamento contínuo e a sua elevada liquidez.
Dimensão Mundial: Em todo o Mundo existem operações financeiras com transações
de dívisas em qualquer altura do dia, com as cotações a alterarem-se.

A dimensão mundial resulta da conjugação de alguns fatores, entre eles a perfeita


divulgação da informação (informação online), mobilidade internacional do capital e a
existência de arbitragem cambial.

Funcionamento Contínuo: A dimensão mundial faz que os mercados funcionem 24h


por dia (útil) devido a sua diversificação de bolsas no Mundo.

A continuidade das operações apesar de ser uma vantagem, também origina a


possibilidade de alterações permanentes nas taxas de câmbio, aumentando o risco cambial,
sendo fundamental uma ótima qualidade da informação.

Liquidez Elevada: O mercado cambial apresenta como principal característica a sua


liquidez, que resulta da laboração global e contínua.

O período de maior liquidez é no início da tarde europeia, quando a Europa e a costa


leste dos EUA estão abertos, sendo neste período realizadas as operações de maior valor. O
período de menor liquidez ocorre na costa oeste do EUA, quando as bolsas europeias estão
fechadas e o mercado asiático ainda esta no começo, sendo este período utilizado para
intervenções cambiais dos bancos centrais.

1.4.1. Funções do Mercado Cambial

O mercado cambial permite satisfazer algumas necessidades importantes da economia.


Entre as suas funções evidenciam-se o incentivo às trocas comerciais internacionais, a
utilização como instrumento de crédito ou proporcionar a cobertura do risco cambial (Silva et
al., 2013).

A primeira função do mercado cambial é incentivar as trocas comerciais realizadas


com agentes económicos de países com moedas diferentes, possibilitando que as moedas
possam ser convenientemente convertíveis através do mercado cambial. As transações
comerciais de mercadorias entre países podem levar semanas a serem concluídas, como por
exemplo as que usam os transportes marítimos. Durante este período é necessário financiar
umas das partes, existindo vários instrumentos de crédito especializados para estas situações.
Quando se realizam operações comerciais com moedas diferentes, as partes envolvidas
não querem correr riscos das variações da taxa de câmbio. O mercado cambial fornece
operações de cobertura de risco, que permitem realizar uma cobertura de risco (hedge) eficaz.

1.4.1.1. Intervenientes do Mercado Cambial

Silva, (2013) o mercado cambial envolve diversos intervenientes, contudo, existem


cinco grupos principais: bancos centrais, bancos comerciais, corretores, empresas e
particulares e especuladores e arbitragistas.

Bancos Centrais: São instituições de supervisão que têm como funções a política
monetária da sua moeda, a defesa do regime cambial em vigor, com a compra e venda das
suas reservas cambiais garantindo um fixing cambial. As intervenções no mercado não são
realizadas com o objetivo de obter lucros, mas sim para influenciarem o câmbio da sua
moeda.

Bancos Comerciais: São instituições financeiras que operam nos mercados e com os
seus clientes. Assumem uma posição mais ativa negociando em seu nome, ou de uma forma
mais passiva, respondendo as solicitações dos seus clientes agindo como um intermediário.

Os bancos comerciais podem assumir dois papéis: dealers (concessionários) ou


market-makers (formadores de mercado). Como dealers transacionam moeda nos mercados
sendo também solicitados a aconselhar estratégias de mercado aos seus clientes. Como
market-makers, os bancos estão sempre dispostos a comprar e vender moedas garantindo a
liquidez do mercado, com o objetivo de obter lucro através do bid-offer spread (lance-oferta).

1.4.2. Caracteristica da Taxa de Câmbio

Taxas de câmbio nominais

 O estabelecimento de relações económicas entre países requer a conversão de valores


económicos entre diferentes moedas nacionais.
 A conversão ocorre a uma taxa de câmbio nominal, em mercados especializados;
mercados cambiais: mercados financeiros internacionais nos quais empresas
financeiras – tipicamente bancos – transacionam entre si diferentes moedas.
 Taxa de câmbio nominal: numero de unidades duma moeda que é trocado por uma
unidade de outra moeda, i.e. o preço duma moeda em termos de outra.
 No nosso caso, as taxas de câmbio nominais (S) são expressas em unidades de
moeda estrangeira por unidade de moeda nacional. Nessa definição, um aumento
(diminuição) de S corresponde a uma apreciação (depreciação) da moeda nacional.

Taxas de câmbio reais


 Para a análise económica é particularmente relevante (para além do preço relativo das
moedas nacionais) o preço relativo dos produtos nacionais; este é um indicador do
poder de compra internacional da produção nacional ou da competitividade-preço da
economia nacional.
 Taxa de câmbio real: preço relativo dum cabaz de produtos domésticos em termos
dum cabaz de produtos do exterior.
 Dado que os preços dos produtos de diferentes países estão expressos em moedas
diferentes, a sua comparação requer a respetiva conversão numa unidade monetária
comum, por recurso a uma taxa de câmbio nominal.

1.4.3. Operações Cambiais

Novas regras e procedimentos para a realização de operações cambiais de invisíveis


correntes por pessoas colectivas

O Banco Nacional de Angola, no âmbito do processo em curso de liberalização


gradual do mercado cambial, alterou os procedimentos administrativos relacionados com as
operações de invisíveis correntes das empresas residentes cambiais, destacando-se:

 a eliminação da obrigatoriedade de licenciamento dos contratos de prestação de


serviço celebrados com entidades não residentes cambiais, independentemente do
seu valor;
 a dispensa do envio de cópia dos contratos ao BNA; 
 o aumento do valor das operações que obrigam à celebração de um contrato, de
1.000.000 Kz,  para USD 25.000.

Assim, doravante será da responsabilidade dos bancos comerciais a validação rigorosa


de todas as operações de invisíveis correntes, com base no conhecimento do seu cliente e na
análise da documentação de suporte, incluindo dos contratos de prestação de serviço, quando
aplicável, de forma a assegurar o enquadramento da operação no contexto da entidade
ordenadora e a legalidade da documentação. 

Garantida a legitimidade dos pedidos de transferência sobre o exterior através da sua


validação conforme anteriormente referido, os bancos comerciais podem vender moeda
estrangeira aos seus clientes para a execução das operações de invisíveis correntes por estes
ordenadas. 

Mantém-se a obrigatoriedade de registo de todas as operações de invisíveis correntes


no SINOC, sendo a informação dos contratos submetida através de uma ficha técnica que
resume os seus termos e condições, dispensando-se, no entanto, o envio de cópia dos
contratos ao Banco Nacional de Angola.

Os bancos comerciais devem assegurar a existência de políticas, processos e


procedimentos rigorosos nas suas instituições de forma a corresponder à responsabilidade que
lhes é transferida pelo Banco Nacional de Angola com a implementação destas novas regras e
assegurar a melhor utilização possível dos recursos disponíveis em moeda estrangeira.

As disposições regulamentares acima referidas visam aumentar a eficiência do


funcionamento do mercado cambial e constam do Aviso N.º 02/2020, de 9 de Janeiro, em
vigor desde a data da sua publicação a 9 de Janeiro de 2020 e substitui o Aviso N.º 13/13, de
6 de Agosto. 

1.4.3.1. Operações de um Regime Cambial Fixo

Distinguir quais são os possíveis arranjos em um sistema de câmbio fixo

Nesse sentido, a idéia básica é que há três maneiras de divisão da responsabilidade de


sustentação da relação entre duas moedas e duas autoridades monetárias:

1) As autoridades monetárias ancoram suas respectivas moedas em ouro ou em uma


terceira moeda;

2) Uma das autoridades monetárias assume total responsabilidade pela estabilidade da


taxa cambial. Este arranjo é denominado de âncora unilateral, e para manter a relação
fixada, o país ajusta sua política monetária de modo a preservar a estabilidade
cambial;
O ponto fundamental nessa âncora é que todas as magnitudes nominais relevantes
(como a oferta monetária e o nível de preços das duas nações) são determinados pela política
monetária da Segunda nação.

3) As autoridades envolvidas compartilham a responsabilidade de manter a taxa fixa, mas


sem referência a uma terceira moeda ou ao ouro. Este arranjo é conhecido como
âncora cooperativa.

A responsabilidade é, pois, compartilhada por várias nações na sustentação das taxas


fixas de câmbio, e é característica das economias fortemente integradas como o caso do SME
(Sistema Monetário Europeu), no qual o mecanismo cambial (ERM) traduz-se em um
esquema de âncoras ajustáveis entre as nações-membros com uma faixa limitada de flutuação.

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