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UNIVERSIDADE SAVE

Paradigma das Diversidades Culturais de Moçambique


Licenciatura em Agropecuária

Admira José Castro


Acácia Jaime Ngazane
Brígidio Elias Ngale
Henrique João Mafumisse

MASSINGA
2021
Admira José Castro
Acácia Jaime Ngazane
Brígidio Elias Ngale
Henrique João Mafumisse

Paradigma das Diversidades Culturais de Moçambique

Trabalho de pesquisa apresentado ao Departamento


de ESTEC, para fins avaliactivos da cadeira de
Antropologia Cultural.

O DOCENTE

______________________________

MASSINGA

2021
Índice

I. INTRODUÇÃO. ........................................................................................................................ 3
1.1.Objectivos ........................................................................................................................... 3
1.1.1.Geral ............................................................................................................................. 3
1.1.2.Específicos ................................................................................................................... 3
II. REVISÃO LITERÁRIA. .......................................................................................................... 4
2.1. Diversidade cultural ........................................................................................................... 4
2.1.1. A cultura pode ser dividida em dois: ........................................................................... 4
2.2. Mitos sobre a Diversidade .................................................................................................. 5
2.2.1. A Diversidade é um problema ..................................................................................... 5
2.2.2. A Diversidade é sobre raça e género ........................................................................... 6
2.3. Preconceitos ....................................................................................................................... 6
2.4.Áreas de estudo da diversidade cultural .............................................................................. 6
2.5. Diversidade cultural em Moçambique ............................................................................... 7
2.5.1. Cultura da zona sul ...................................................................................................... 8
2.5.2.Cultura da zona centro.................................................................................................. 9
2.5.3.Cultura de zona norte ................................................................................................... 9
III. CONSTATAÇÕES ............................................................................................................... 10
IV. BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................. 11
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I. INTRODUÇÃO

O presente trabalho centra-se no estudo da diversidade cultural, especialmente


moçambicana, Moçambique possui uma longa e rica tradição cultural de coexistência de
diferentes raças, grupos éticos e religiões, isto reflecte a diversidade de valores culturais
que em conjunto criam as identidades de Moçambique moderno. Este tem é de extrema
importância dado que, a identidade de um individuo encontra se na sua cultura. Todos
nós ao nascermos já fazemos parte de uma cultura que é a forma de organização social de
um grupo, com valores, crenças e costumes específicos.

1.1.Objectivos

1.1.1.Geral
 Compreender a importância da diversidade cultural em Moçambique.

1.1.2.Específicos
 Conhecer a definição da diversidade cultural
 Descrever alguns aspectos linguísticos de Moçambique
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II. REVISÃO LITERÁRIA.

2.1. Diversidade cultural


Segundo DIAS (2010), Diversidade cultural refere-se aos diferentes costumes de
uma sociedade entre os quais podemos citar: vestimenta, culinária, manifestações
religiosas, tradições entre outros aspectos. Ou podemos definir ainda como a
característica básica de formas de vida e das manifestações de cultura na terra.

2.1.1. A cultura pode ser dividida em dois:


 Cultura de superfície – aspectos visíveis da cultura como a gastronomia, o
vestuário, o artesanato.
 Cultura profunda – aspectos não perceptíveis da cultura como sentimentos,
emoções, atitudes e regras para interacção.

Não são visíveis, a nível superficial e não são ensinados.

Traduz-se nas formas de estar, nos conceitos com que apreendemos e “lemos” o
mundo à nossa volta

” .

Há ainda três tipos de diversidade cultural: genética, linguística e cultural


propriamente dita.

A diversidade cultural genética refere-se, “às variações e similaridades genéticas


entre as pessoas”.

A diversidade cultural linguística aponta para a existência de “diferentes


linguagens e sua distribuição em regiões”.
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A diversidade de culturas é o “complexo de indivíduos e comportamentos dentro


de um contexto histórico comum”.

A questão da diversidade cultural deve ser discutida em simultâneo com a noção


das “diferenças”. As diferenças culturais podem variar consoante a etnia, a raça, a idade,
a religião, o género, à região geográfica, visões de mundo, desejos, valores, etc.

O tema da diversidade cultural é, hoje em dia, ao nível da educação, muito


abordado, pois os educadores estão muito preocupados em encontrar formas de conciliar
o direito de igualdade à educação para todos com o respeito às diferenças culturais. Como
sabemos, a preocupação política de constituição da nação e da identidade nacional em
prol da constituição de uma cultura nacional e homogénea provocou a diluição e o
apagamento das diferenças culturais na escola, com o objectivo de garantir uma educação
igual para todos.

O tema da diversidade, deve ser encarado com naturalidade pela escola visto que,
a diversidade, assim como a desigualdade, são manifestações normais dos seres humanos,
dos fatos sociais, das culturas e das respostas dos indivíduos frente à educação nas salas
de aula. A diversidade poderá aparecer mais ou menos acentuada, mas é tão normal
quanto a própria vida, e devemos acostumar-nos a viver com ela e a trabalhar a partir
dela.

Apesar de a diversidade aparecer como algo que é natural na vida social e na


escola pode-se afirmar que ela passou a ser um problema educacional que foi criado pela
própria instituição escolar ao querer administrá-la. Os estudos em Psicologia vão
influenciar a Pedagogia e a Didáctica, que vão se preocupar em encontrar métodos,
modelos e estratégias de diferenciação do ensino e tais áreas passam a colocar a
diversidade como problema educacional que necessita ser, convenientemente, tratado.

2.2. Mitos sobre a Diversidade


Segundo FURTADO (2014), a diversidade tem sido encarada como uma situação
difícil de gerir, por causa do desequilíbrio entre diferenças e semelhanças, surgindo por
isso alguns mitos que merecem, no contexto actual serem eliminados.

2.2.1. A Diversidade é um problema


Na verdade a diversidade é uma oportunidade, pois a compreensão da diversidade
aumenta o nosso conhecimento e capacidade de compreender e aceitar as diferenças.
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2.2.2. A Diversidade é sobre raça e género


O conceito de diversidade é muito mais vasto, pois remete para as diferenças
individuais, culturais e religiosas, não se restringindo apenas aos fatores de raça e género.

2.3. Preconceitos
Preconceito é um juízo pré-concebido, que se manifesta numa atitude
discriminatória, perante pessoas, crenças, sentimentos e tendências de comportamento. O
preconceito pode acontecer de uma forma banal, até um pensamento, por exemplo: que
feio, que gorda, que magro, como é burro este negrão.

Preconceito linguístico, que consiste numa discriminação sem fundamento contra


variedades linguísticas. Esse preconceito é também um preconceito social, e tem como
alvo pessoas que falam de forma diferente devido a algum motivo histórico.

2.4.Áreas de estudo da diversidade cultural


Os estudos sobre a diversidade cultural podem ser enquadrados no âmbito dos
estudos culturais e pós-coloniais. No entanto, os estudos pós-coloniais e os estudos
culturais, nos quais se integram os relacionados com a diversidade cultural,
multiculturalismo, interculturalidade e a transculturalidade, não podem ser considerados
uma matriz teórica, mas apenas uma variedade de contribuições que aparecem como “uma
referência epistemológica crítica às concepções dominantes da modernidade”.

A questão do reconhecimento das diferenças torna-se o foco principal da


Didáctica Multicultural que se baseia em princípios da Educação Multicultural. Tal
educação defende o respeito à diversidade na escola e a necessidade do reconhecimento
de direitos iguais para todos e o respeito pelo outro.

A educação multicultural pode causar o separatismo entre grupos e causar


conflitos que podem favorecer a segregação. A diferença pode se transformar em
exclusão. Paralelamente ao termo "multiculturalismo", tem sido usado também o termo
“interculturalidade”. Os termos “multicultural e intercultural” são muitas vezes usados
como sinónimos.

As diferenças entre a educação multicultural e a intercultural são as seguintes:

 Em relação às intencionalidades, a perspectiva multicultural considera a


diversidade como um facto a ser tomado em consideração na educação. A
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perspectiva intercultural pretende promover a relação entre pessoas de culturas


diferentes;
 No que concerne à prática educaa perspectiva multicultural usa as culturas
diferentes como objectos de estudo; a perspectiva intercultural considera as
relações entre culturas diferentes e consideram que a interacção entre elas produz
confrontos entre visões diferentes do mundo;
 Relativamente ao sujeito da relação a educação intercultural desenvolve-se como
relação entre pessoas de culturas diferentes.

2.5. Diversidade cultural em Moçambique


Uma das características mais preciosas de Moçambique é a sua diversidade
cultural que, por coincidência, acompanha também a sua diversidade biológica. Há uma
significativa correlação entre as diversidades biológica e cultural.

A língua oficial em Moçambique é a língua portuguesa, mas ela é uma língua


minoritária que foi escolhida para oficial por razões políticas relacionadas com a unidade
nacional e com o fato de não haver à altura da Independência nenhuma língua que
estivesse suficientemente “modernizada” para ser capaz de veicular a Ciência, a
Tecnologia e ser capaz de servir de língua franca em todo o território nacional.

O sotaque dos nampulenses é influenciado pela língua emakhuwa, a mais falada


em Moçambique. Um falante de português que tenha o emakhuwa como língua primeira
trocará obviamente o [d] pelo [t], o [b] pelo [p], ou seja, há um desvozeamento dos sons
consonânticos: ‘cidade’ o nampulense pronunciará (citate); casa (kaza) vs caça (casa) vs
Gaza (gaza) = (kasa); dedo (dedu) vs teto (tetu) = (tetu), e banana (banana) vc (panana).

A palavra marrabenta resulta da junção de: amarra + rebenta, para formar


o “nome de uma dança tradicional do sul de Moçambique”. O verbo lobolar provêm da
LB (xichangana, xitswa e xironga), do verbo ku lovòlà (dar ou pagar dote). Conforme
se pode observar, a ortografia desta palavra se transformou ao entrar no português
passando de ku lovòlà para lobolo.

A matriz cultural do povo moçambicano é diversificada. A cultura moçambicana


foi sempre marcada pela miscigenação cultural que advém das migrações bantu e do
contacto que estes vão ter com outras civilizações. A colonização portuguesa iniciada em
1498 vai trazer influências europeias que vão ser acrescidas pelas culturas de
comunidades imigrantes da Índia e da China que se vão fixar em vários pontos de
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Moçambique. Após a Independência, os moçambicanos vão também adquirir valores


culturais, éticos e morais que nos vão ser transmitidos pela política socialista e pelo
contacto com “cooperantes” russos, cubanos, búlgaros, norte-coreanos, chineses,
alemães.

A cultura socialista vem a ser amplamente difundida nas escolas por meio do
Sistema Nacional de Educação que tinha como objectivo formar um “Homem Novo”, que
significava “um homem livre do obscurantismo, da superstição e da mentalidade burguesa
e colonial, um homem que assume os valores da sociedade socialista”. Os valores éticos
e morais do Socialismo encontravam-se enunciados em princípios do comportamento
revolucionário como, por exemplo, a pontualidade; a disciplina e obediência, o asseio e
limpeza; o espírito colectivo e de organização, de iniciativa, de sacrifício e de economia;
o respeito mútuo, pelo trabalho manual, o respeito pelos símbolos nacionais e pelos
responsáveis; a vigilância revolucionária e a prática constante da crítica e autocrítica.

Por um lado, sobretudo, as camadas jovens das zonas urbanas, por influência da
globalização e da adesão às novas tecnologias de informação e comunicação, promovem
mudanças notórias de costumes e hábitos culturais por exemplo, ao nível do vestuário, da
alimentação dos gostos musicais. Ocorre também a queda de identidades fortes, de
grandes ideologias, projectos e utopias; proliferam as dependências às modas, ao
consumismo, aos luxos desmedidos, ao esbanjamento.

2.5.1. Cultura da zona sul


Na zona sul em termos linguísticos fala-se: xangana, tsong, ronga. Quanto a
religião esta mais ligada a religião cristã, zione, católica. Quanto a dancas tradicionais,
xigubo, ngalanga, xingomani, makauela, makuai. Hábitos alimentares: matapa, cacana,
xiguinha, macofo e nhangana.

Casamentos: se o homem estiver interessado numa mulher tem de falar para seus
pais, em seguida ir ter com a família da moça, por formas que os pais do homem entrem
em contacto com a família da mulher de modo que chegando la não tenham nenhuma
complicação, a expressão usada logo a recepção é a seguinte, “yikombela mati” que
significa estamos a pedir água e a família da mulher pergunta qual a água que eles
precisam (água é a expressão que se usa porque a mulher chegando em casa do marido
terá de fazer todos os trabalhos de casa e por a água ser um precioso liquido muito
importante). A família do homem terá de explicar quais as tendências que tem com a
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moca, os familiares da moca irão dizer quais os requisitos para que ela saia de casa.
Quanto aos casamentos na zona sul um jovem honesto passa por três casamentos,
tradicional ou lobolo, civil e religioso.

Quanto ao falecimentos, se por acaso morre alguém todas as crianças devem ficar
fora de casa para que não peguem susto e não podem ver o morto, na casa onde haver
falecimentos não deve ficar sem familiares ou vizinhos, isso significa que a casa do
falecido deve estar lotada, no caso de um chefe de família a esposa deve estar sempre
coberta dos pés até a cabeça, deve ficar no quarto com as tias, a viúva quando estiver ir
ao simiterio deve estar coberta com uma capulana grande chamada mucum, a mulher
passa por um rito de purificação chamado kuthinga onde o irmão mais nivo do falecido
deve fazer sexo com a viúva.

2.5.2.Cultura da zona centro


Na zona centro em termos linguísticos, fala-se cena, ndau, echwabo, shona, nesta
região, a base da alimentação é a mapira, milho, meixoeira-cereais, de poder nutritivo. A
carne e o peixe, figuram em quase todas as refeições por ser propicia na região (DIAS,
2010).

2.5.3.Cultura de zona norte


Quanto a maneira de vestir, as mulheres da zona norte vestem capulana além disso
fazem pinturas artísticas no rosto com creme de musiro como produto de beleza.

As mulheres assim como os homens passam de um ritual como tradição onde vao
aprender maneiras de como comportar-se perante uma determinada situação (casamento,
lar)
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III. CONSTATAÇÕES
Depois de ter feito um estudo sobre a diversidade cultural de Moçambique,
constatou-se que é importante referir o valor que tem o conhecimento cultural para
sabermos como interagir com os outros respeitando a cultura, a maneira de ser e de estar
de cada cidadão Moçambicano, tratando-o da mesma forma. Pois cada cultura tem suas
implicações quer negativas quer positivas, mas não podemos criticar visto que são os
modos vivendis que os distinguem de outras sociedades.
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IV. BIBLIOGRAFIA
DIAS, H. N.. Diversidade cultural e educação em Moçambique. São Carlos, 2010.

FURTADO, A.. Manual de curso de lidar com a diversidade cultural e promover a


igualdade e valorizar a diferença, 2014.

(DIAS, 2010).

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