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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – CCSA

CURSO DE DIREITO - DIREITO DE FAMÍLIA


Professora Érica Canuto
Aluno: ____________________________________Nota________

QUESTÃO 1. A partir da ementa, fale sobre: a) princípio da intervenção


mínima e autonomia da vontade no Direito de Família b) a dissolução do
vínculo matrimonial após a EC 66/2010 e o fim da discussão sobre a
culpa. Valor da questão: 2,0 pontos

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. DIVÓRCIO APÓS EC N.º 66/10. MUDANÇA DE


PARADIGMA. ART. 226, § 6º, CR/88. NORMA CONSTITUCIONAL DE
EFICÁCIA PLENA E APLICABILIDADE DIRETA, IMEDIATA E INTEGRAL
(AUTOAPLICÁVEL OU "SELF-EXECUTING"). FIM DO INSTITUTO DA
SEPARAÇÃO JUDICIAL. PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA DO
ESTADO NA VIDA PRIVADA. AUTONOMIA DA VONTADE DO CASAL. FIM
DO AFETO. EXTINÇÃO DO VÍNCULO CONJUGAL. INEXISTÊNCIA DE
REQUISITO TEMPORAL PARA O DIVÓRCIO. DIREITO POTESTATIVO.
SENTENÇA MANTIDA. I - Diante da alteração do art. 226, § 6º, CR/88, não
mais subsistem o instituto da separação judicial e as normas
infraconstitucionais incompatíveis com o novel texto constitucional, devendo o
divórcio ser reconhecido como direito potestativo dos cônjuges. II - É
desnecessária a comprovação de transcurso de lapso temporal concernente à
separação ou de qualquer justificativa quanto aos motivos determinantes da
ruptura do vínculo conjugal, sequer da imputação de culpa, bastando o fim do
afeto e o desejo do casal de se divorciar. Trata-se de deliberação
personalíssima. Ademais, diante da laicidade e da imperiosa observância do
princípio da dignidade da pessoa humana e da ruptura do afeto, a intervenção
do Estado há de ser mínima na autonomia privada do casal.
APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0028.10.003359-7/001 - COMARCA DE
ANDRELÂNDIA - APELANTE: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE
MINAS GERAIS - APELADOS: O.C.C. E E.C.R.

QUESTÃO 2. A ementa do TJ/SC trata de anulação de casamento.


Comente a decisão, acrescentando: a) os requisitos para anulabilidade
fundamentada em erro essencial sobre a pessoa do outro b) comentário
sobre as hipóteses de erro, especialmente se realmente se constituem em
erro ou dolo c) os efeitos da decisão que invalida o casamento. Valor da
questão: 1,0 ponto

DIREITO CIVIL – FAMÍLIA – ANULAÇÃO DE CASAMENTO – ERRO


ESSENCIAL QUANTO À PESSOA DO OUTRO CÔNJUGE –
IMPROCEDÊNCIA EM PRIMEIRO GRAU – INCONFORMISMO – ERRO
CONFIGURADO – ALEGAÇÃO AFASTADA – IMORALIDADE DA VIDA
PREGRESSA DA RÉ – DESCOBERTA APÓS A SEPARAÇÃO DE FATO –
APROXIMAÇÃO ENTRE OS CÔNJUGES ATRAVÉS DE EMISSORA DE
RÁDIO – CASAMENTO EFETIVADO PREMATURAMENTE –
INSUPORTABILIDADE DA VIDA EM COMUM GERADA POR
DESENTENDIMENTOS CONJUGAIS – ERRO ESSENCIAL NÃO
CARACTERIZADO – SENTENÇA MANTIDA – PROVIMENTO NEGADO.
A procedência da ação anulatória de casamento fundada em erro essencial
quanto à pessoa do outro cônjuge exige a demonstração de que o defeito
ignorado pelo consorte preexista ao casamento, que a sua descoberta ocorra
após o matrimônio e que tal fato torne insuportável a vida em comum.
A insuportabilidade da vida comum ocasionada por conflitos conjugais não é
causa de anulação do casamento, mormente quando os cônjuges se casaram
prematuramente. Apelação Cível n. 2011.099800-8. Rio do Sul/SC. Relator:
Des. Monteiro Rocha

QUESTÃO 3. Comente a decisão que reconheceu a união estável paralela


ao casamento, enfatizando: a) a pluralidade da família e os diversos
modelos de família b) o dever de fidelidade e o dogma da monogamia.
Valor da questão c) a recente decisão do STF, nos autos Recurso
Extraordinário (RE) 1045273, com repercussão geral reconhecida, no dia
18.12.2020: 2,5 pontos

APELAÇÃO CÍVEL. RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL PARALELA


AO CASAMENTO E OUTRA UNIÃO ESTÁVEL. UNIÃO DÚPLICE.
POSSIBILIDADE. PARTILHA DE BENS. MEAÇÃO. “TRIAÇÃO”. ALIMENTOS.
A prova dos autos é robusta e firme a demonstrar a existência de união estável
entre a autora e o réu em período concomitante ao seu casamento e,
posteriormente, concomitante a uma segunda união estável que se iniciou após
o término do casamento. Caso em que se reconhece a união dúplice.
Precedentes jurisprudenciais.
Os bens adquiridos na constância da união dúplice são partilhados entre a
esposa, a companheira e o réu. Meação que se transmuda em “triação”, pela
duplicidade de uniões. O mesmo se verificando em relação aos bens
adquiridos na constância da segunda união estável. Eventual período em que o
réu tiver se relacionado somente com a apelante, o patrimônio adquirido nesse
período será partilhado à metade.
Assentado o vínculo familiar e comprovado nos autos que durante a união o
varão sustentava a apelante, resta demonstrado os pressupostos da obrigação
alimentar, quais sejam, as necessidades de quem postula o pensionamento e
as possibilidades de quem o supre. Caso em que se determina o pagamento
de alimentos em favor da ex companheira.
APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. APELAÇÃO CÍVEL: OITAVA
CÂMARA CÍVEL. Nº 70022775605: COMARCA DE SANTA VITÓRIA DO
PALMAR/RS. A.C.R.: APELANTE. C.F.R.: APELADO. Relator: DES. RUI
PORTANOVA.

4) QUESTÃO 4 Fale sobre a pluralidade familiar, a partir da Decisão do


STF AC TRIBUNAL PLENO, ADIn 4277/DF REL. CARLOS AYRES BRITTO,
j. 5.5.2011, DJe 14.10.2011) e repersonalização das relações familiares.
Valor da questão: 2,0 pontos
5) QUESTÃO 5 Diga quais são os requisitos para a constituição
da união estável e faça a diferença entre esta e namoro e o namoro
qualificado, tendo como parâmetros o julgado a seguir e as
Súmulas do STF. Valor da questão; 2,5 pontos

RECURSO ESPECIAL E RECURSO ESPECIAL ADESIVO. AÇÃO DE


RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL, ALEGADAMENTE
COMPREENDIDA NOS DOIS ANOS ANTERIORES AO CASAMENTO, C.C.
PARTILHA DO IMÓVEL ADQUIRIDO NESSE PERÍODO.
1. ALEGAÇÃO DE NÃO COMPROVAÇÃO DO FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO
DA AUTORA. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA.

2. UNIÃO ESTÁVEL. NÃO CONFIGURAÇÃO. NAMORADOS QUE, EM VIRTUDE DE


CONTINGÊNCIAS E INTERESSES PARTICULARES (TRABALHO E ESTUDO) NO
EXTERIOR, PASSARAM A COABITAR. ESTREITAMENTO DO RELACIONAMENTO,
CULMINANDO EM NOIVADO E, POSTERIORMENTE, EM CASAMENTO.

3. NAMORO QUALIFICADO. VERIFICAÇÃO. REPERCUSSÃO PATRIMONIAL.


INEXISTÊNCIA.

4. CELEBRAÇÃO DE CASAMENTO, COM ELEIÇÃO DO REGIME DA COMUNHÃO


PARCIAL DE BENS. TERMO A PARTIR DO QUAL OS ENTÃO
NAMORADOS/NOIVOS, MADUROS QUE ERAM, ENTENDERAM POR BEM
CONSOLIDAR, CONSCIENTE E VOLUNTARIAMENTE, A RELAÇÃO AMOROSA
VIVENCIADA, PARA CONSTITUIR, EFETIVAMENTE, UM NÚCLEO FAMILIAR, BEM
COMO COMUNICAR O PATRIMÔNIO HAURIDO. OBSERVÂNCIA . NECESSIDADE.

5. RECURSO ESPECIAL PROVIDO, NA PARTE CONHECIDA; E RECURSO


ADESIVO PREJUDICADO.

1. O conteúdo normativo constante dos arts. 332 e 333, II, da lei adjetiva civil, não foi
objeto de discussão ou deliberação pela instância precedente, circunstância que
enseja o não conhecimento da matéria, ante a ausência do correlato e indispensável
prequestionamento.

2. Não se denota, a partir dos fundamentos adotados, ao final, pelo Tribunal de origem
(por ocasião do julgamento dos embargos infringentes), qualquer elemento que
evidencie, no período anterior ao casamento, a constituição de uma família, na
acepção jurídica da palavra, em que há, necessariamente, o compartilhamento de
vidas e de esforços, com integral e irrestrito apoio moral e material entre os
conviventes. A só projeção da formação de uma família, os relatos das expectativas da
vida no exterior com o namorado, a coabitação, ocasionada, ressalta-se, pela
contingência e interesses particulares de cada qual, tal como esboçado pelas
instâncias ordinárias, afiguram-se insuficientes à verificação da affectio maritalis e, por
conseguinte, da configuração da união estável.

2.1 O propósito de constituir família, alçado pela lei de regência como requisito
essencial à constituição da união estável - a distinguir, inclusive, esta entidade familiar
do denominado "namoro qualificado" -, não consubstancia mera proclamação, para o
futuro, da intenção de constituir uma família. É mais abrangente. Esta deve se afigurar
presente durante toda a convivência, a partir do efetivo compartilhamento de vidas,
com irrestrito apoio moral e material entre os companheiros. É dizer: a família deve, de
fato, restar constituída.
2.2. Tampouco a coabitação, por si, evidencia a constituição de uma união estável
(ainda que possa vir a constituir, no mais das vezes, um relevante indício),
especialmente se considerada a particularidade dos autos, em que as partes, por
contingências e interesses particulares (ele, a trabalho; ela, pelo estudo) foram, em
momentos distintos, para o exterior, e, como namorados que eram, não hesitaram em
residir conjuntamente. Este comportamento, é certo, revela-se absolutamente usual
nos tempos atuais, impondo-se ao Direito, longe das críticas e dos estigmas, adequar-
se à realidade social.

3. Da análise acurada dos autos, tem-se que as partes litigantes, no período


imediatamente anterior à celebração de seu matrimônio (de janeiro de 2004 a
setembro de 2006), não vivenciaram uma união estável, mas sim um namoro
qualificado, em que, em virtude do estreitamento do relacionamento projetaram para o
futuro - e não para o presente -, o propósito de constituir uma entidade familiar,
desiderato que, posteriormente, veio a ser concretizado com o casamento.

4. Afigura-se relevante anotar que as partes, embora pudessem, não se valeram, tal
como sugere a demandante, em sua petição inicial, do instituto da conversão da união
estável em casamento, previsto no art. 1.726 do Código Civil. Não se trata de renúncia
como, impropriamente, entendeu o voto condutor que julgou o recurso de apelação na
origem. Cuida-se, na verdade, de clara manifestação de vontade das partes de, a
partir do casamento, e não antes, constituir a sua própria família.

A celebração do casamento, com a eleição do regime de comunhão parcial de bens,


na hipótese dos autos, bem explicita o termo a partir do qual os então
namorados/noivos, maduros que eram, entenderam por bem consolidar, consciente e
voluntariamente, a relação amorosa vivenciada para constituir, efetivamente, um
núcleo familiar, bem como comunicar o patrimônio haurido. A cronologia do
relacionamento pode ser assim resumida: namoro, noivado e casamento.

E, como é de sabença, não há repercussão patrimonial decorrente das duas primeiras


espécies de relacionamento.

4.1 No contexto dos autos, inviável o reconhecimento da união estável compreendida,


basicamente, nos dois anos anteriores ao casamento, para o único fim de comunicar o
bem então adquirido exclusivamente pelo requerido. Aliás, a aquisição de
apartamento, ainda que tenha se destinado à residência dos então namorados,
integrou, inequivocamente, o projeto do casal de, num futuro próximo, constituir
efetivamente a família por meio do casamento.

Daí, entretanto, não advém à namorada/noiva direito à meação do referido bem.

5. Recurso especial provido, na parte conhecida. Recurso especial adesivo


prejudicado.

(REsp 1454643/RJ, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA,


julgado em 03/03/2015, DJe 10/03/2015)

Orientações:
1) A prova está fácil. Basta organizar o tempo.
2) Não precisa escrever muito. Quero a ideia principal e completa de cada
questão.
3) Pode consultar todos os livros que quiser.
4) Não pode consultar colega. Não pode consultar internet. O plágio
importa em zero na questão.
Boa sorte!

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