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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul

Curso Superior de Tecnologia em Logística

Angela Maria Machado Assis de Oliveira

ANÁLISE DOS NÍVEIS DE SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS DO TRANSPORTE


PÚBLICO COLETIVO DE PASSAGEIROS DO BAIRRO RESTINGA

Canoas
2020
Angela Maria Machado Assis de Oliveira

ANÁLISE DOS NÍVEIS DE SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS DO TRANSPORTE


PÚBLICO COLETIVO DE PASSAGEIROS DO BAIRRO RESTINGA

Trabalho de conclusão de curso apresentado junto ao


Curso Superior de Tecnologia em Logística do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Sul, como requisito parcial para à obtenção
do título de Tecnólogo em Logística.

Orientador: Prof. Lisiane Palma

Canoas/RS, 2020.
1 INTRODUÇÃO

A Restinga é um bairro localizado no Extremo Sul da cidade de Porto Alegre,


é o maior bairro da região extremo-sul da cidade e faz fronteira com Chapéu do Sol,
Lageado, Hípica, Aberta dos Morros, Belém Velho, Lomba do Pinheiro e Pitinga. Um
dos bairros mais distantes do centro da Capital, com distância de 22 km do centro de
Porto Alegre. Segundo dados da Prefeitura de Porto Alegre (2020), o bairro Restinga
possui uma população de 60.729 habitantes, sendo 4,31% da população do
Município de Porto Alegre, com densidade demográfica de 1.574,92 habitantes por
km². A taxa de analfabetismo é 4,03% e o rendimento médio dos responsáveis por
domicílio é de 2,10 salários mínimos.
A definição de periferia é utilizada para designar, numa visão geográfica, os
espaços que estão distantes do centro e na faixa externa da área urbanizada,
portanto a Restinga faz parte da periferia de Porto Alegre. A numerosa população
das periferias necessita deslocar-se diariamente até os centros urbanos a fim de
garantir seu sustento. Utilizam diversas opções de transporte particular ou público,
mas o transporte coletivo de passageiros predomina por ser o meio mais econômico
e viável para sua locomoção.
Considera-se que o transporte público coletivo de passageiro, tendo um custo
R$ 4,55 a tarifa em novembro de 2020 (houve redução de R$ 0,15 do valor de R$
4,70 cobrado anteriormente, a partir de 9 de novembro), ainda é o meio de
transporte mais acessível oferecido à população da Zona Sul de Porto Alegre.
Comparado a outros serviços disponíveis de transporte público, o transporte seletivo
custa ao usuário o valor R$ 6,40 (o valor do Transporte Seletivo por Lotação do
Município de Porto Alegre teveo custo reduzido em R$ 0,20, passando de R$ 6,60
para R$ 6,40 em 11 de novembro de 2020). O transporte particular, varia de acordo
com a distância percorrida, o número de passageiros ocupantes e a disponibilidade
de horários. No caso do Bairro Restinga, o custo mínimo aproximado desse
transporte é de R$ 35,00 do Bairro até o Centro de Porto Alegre (baseado no valor
da viagem: origem Bairro Restinga, destino Centro Histórico de Porto Alegre, pelo
aplicativo de transporte Uber). Neste contexto, o transporte público coletivo de
passageiros configura-se como uma alternativa racional de mobilidade urbana.
Transporta em uma única viagem um grande número de passageiros em um único
veículo, evitando o acúmulo de veículos menores nas vias de Porto Alegre, que
causam congestionamentos, e apresenta um menor custo aos usuários, em
comparação a outras opções de transporte. Quanto ao transporte a pé ou cicloviário,
apesar de apresentar diversos benefícios para a saúde do usuário e para a
sustentabilidade, não se aplica à maioria dos moradores da região no seu
deslocamento ao centro da Capital, que fica distante em 22 km. De acordo com a
EPTC, o bairro conta com uma ciclovia de 4,6 km de extensão, contemplando
apenas deslocamentos curtos.
Segundo dados da Empresa Pública de Transporte e Circulação de Porto
Alegre, EPTC (2020), utilizaram o transporte público coletivo de passageiros no ano
de 2016 um total de aproximadamente 292 milhões de passageiros,em 2017
aproximadamente 265 milhões e em 2018 aproximadamente 247 milhões de
usuários, o que mostra uma queda na utilização desse sistema de transporte. Dados
históricos mostram que na última década há considerável diminuição no número de
passageiros que utilizam ônibus, ao passo que a população de Porto Alegre
aumentou nestes últimos 10 anos. Segundo o IBGE (2020) em 2010 a população de
Porto Alegre era de 1.409.351 habitantes, sendo transportados de ônibus
aproximadamente 321 milhões (EPTC 2020). A população estimada de Porto Alegre
é de 1.488.252 moradores de acordo com o IBGE em 2020, e o número de usuários
de ônibus, conforme EPTC, foi de aproximadamente 247 milhões em 2018. Ou seja,
nesse período de 10 anos a população teve um aumento aproximado de 79 mil
habitantes (aumento aproximado de 5,3%) e uma diminuição aproximada de 74 mil
usuários de ônibus em 8 anos (redução aproximada de 23%).
O transporte público coletivo de passageiros oferece um custo inferior
comparado a outros meios de transporte, mas não oferece a qualidade e o nível de
serviço que o usuário necessita, seja através da falta de cumprimento de horários
que não atendem à demanda ou pela falta de conforto em veículos superlotados e
sem ar-condicionado. A falta de cumprimento de horários e a falta de qualidade são
apenas alguns fatores que contribuíram para a queda de número de passageiros em
Porto Alegre. Outros fatores que podem ter contribuído para a queda de usuários de
ônibus são a aquisição de veículos próprios pelas famílias de classe média e novas
alternativas de mobilidade urbana como compartilhamento de veículos através de
aplicativos de transporte.
1.1 PROBLEMA

Considerando que a Restinga é um dos bairros mais populosos e mais


distantes do centro de Porto Alegre, que sua população tem um dos menores PIB da
capital e consequentemente utilizam diariamente o transporte público como principal
meio de locomoção, o problema de pesquisa que deverá ser respondido é: Quais as
percepções dos usuários em relaçãoaos serviços de transporte público disponíveis
na região?

1.2 OBJETIVO GERAL

Avaliar o nível de satisfação, quais os pontos positivos e negativos, sob a


ótica dos usuários, do serviço público de transporte do bairro Restinga.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Identificar quais os principais meios de locomoção que os moradores do


Bairro Restinga utilizam diariamente;
- Avaliar o nível de satisfação dos usuários do transporte público oferecido ao
Bairro Restinga, quanto as questões como: duração das viagens, trajetos, custo,
segurança, conforto e destinos;
- Mapear os trajetos e a frequência das alternativas utilizadas pelo público
pesquisado;
- Levantar os pontos positivos e negativos do serviço e possíveis sugestões
para melhorias no atendimento aos usuários.

1.4 JUSTIFICATIVA

A população do Bairro Restinga e do Extremo Sul de Porto Alegre vem


crescendo em maior proporção que outras regiões da capital, e consequentemente
cada vez mais os moradores desses bairros precisam se locomover diariamente
para os centros urbanos, conforme Boletim Gaúcho de Geografia:

Durante a fase mais recente de expansão da cidade (2000-2010), marcada


pela presença de deslocamentos populacionais intraurbanos, foi possível
perceber o aumento das áreas ocupadas no município. Destacamos,
especificamente, a zona sul da cidade, onde o crescimento do setor
imobiliário, a presença de investimentos públicos e privados, contribuiu para
uma crescente verticalização da área, que anteriormente era marcada por
padrões distintos de ocupação: moradias horizontais. ( CABETTE e

STROHAECKER, 2014)

Percebe-se que há uma necessidade de utilização de meios de transporte


mais eficientes, que atendam a demanda dessas regiões mais afastadas dos centros
urbanos. Meios de transporte que sejam mais rápidos, devido as grandes distâncias
de deslocamento diário ocuparem longas horas no trânsito, privando seus
moradores de utilizar seu tempo em atividades mais produtivas como o próprio
trabalho ou laser.
Para melhorar o transporte público é necessário identificar os pontos fortes e
fracos do sistema, através da ótica dos usuários. Com esse trabalho pretende-se
encontrar alternativas que ajudem a desenvolver um diferencial no transporte público
coletivo, que atendam às necessidades dos usuários do Bairro Restinga e
moradores do Extremo Sul da capital, que também utilizam as mesmas linhas
oferecidas ao Bairro Restinga.
2 REFERENCIAL TEÓRICO

O presente capítulo irá abordar as principais teorias relacionadas com o tema


da pesquisa, citando a visão de vários autores a respeito dos modais de transporte,
serviços e infraestrutura de transportes, qualidade de serviços, o transporte de
passageiros e mobilidade urbana.

2.1 TRANSPORTE PÚBLICO

De acordo com Kerdna (2018) os meios de transporte público são aqueles


gerenciados por empresas públicas ou privadas, portanto não pertencem aos
usuários. O governo pode realizar o gerenciamento desse meio de transporte ou dar
concessão para que outras empresas cuidem do serviço, a fim de que o cidadão
possa usufruir dele.Os meios de transporte público podem ser classificados em
individuais (táxi e bicicletas alugadas) ou coletivos (ônibus municipal, intermunicipal,
metrô, trem, etc.).

Segundo Kerdna (2018), o transporte público coletivo não é uma mercadoria,


onde se pode determinar um valor qualquer, mas ele deve ter um valor que respeite
a população, pois se trata de um direito dos cidadãos que deve ser sempre cobrado
pela sociedade, a fim de que o Estado realize melhorias.

Dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT-2019) mostram que


doze milhões e meio de brasileiros deixaram de utilizar ônibus urbano no último ano,
na comparação de abril de 2019 com abril de 2018, segundo revela a Associação
Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), no Anuário 2018-2019. O
Anuário, lançado durante o Seminário Nacional NTU que acontece em Brasília, traz
também outros dados importantes para a mobilidade urbana no país. Um dado
preocupante informado no Anuário 2018-2019 é o baixo investimento de 9,4% (R$
14,2 bilhões) feito até agora, do total de R$ 151,7 bilhões anunciados há dez anos
para a realização de obras de mobilidade no Brasil. De acordo com a NTU, esses
dados alertam para as graves deficiências em infraestrutura de mobilidade do
Brasil,resultando em mais congestionamentos e contribuindo para o caos urbano.
Conforme cita Otávio Cunha, Presidente Executivo da NTU:

Lamentavelmente, não houve melhorias impulsionadas por investimentos em


infraestrutura voltados para o transporte coletivo por parte do poder público. Ao
contrário, o que temos visto são políticas que favorecem a circulação de veículos
individuais motorizados. (Confederação Nacional dos Transportes, agosto de 2019).

O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) afirma que um trânsito seguro é um


direito da população e é responsabilidade dos órgãos e entidades do Sistema
Nacional de Trânsito promover e implantar medidas para garantia desse direito.

2.2 TRANSPORTE RODOVIÁRIO

Conforme Kerdna (2018) o transporte rodoviário é o tipo de transporte feito


sobre rodas que ocorre nas estradas (pavimentadas ou não). É realizado por meio
de carros, ônibus, caminhões e motocicletas com o objetivo de fazer o transporte de
cargas, pessoas ou animais de um determinado local para outro.

De acordo com a Revista Apólice (2013) o modal rodoviário é o mais utilizado


do Brasil, transportando 60% de todas as cargas movimentadas no território
brasileiro. A importância desse tipo de transporte se dá desde o início da república,
quando os governos começaram a priorizar o transporte rodoviário, em detrimento
ao transporte ferroviário e fluvial.

As primeiras rodovias brasileiras surgiram no século XIX, mas a


ampliação da malha rodoviária ocorreu no governo Vargas (1932),
com a criação do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem
(DNER) em 1937 e, mais tarde, com a implantação da indústria
automobilística, na segunda metade da década de 1950, a aceleração
do processo de industrialização e a mudança da capital federal para
Brasília. A partir daí a rede rodoviária se ampliou de forma notável e
se tornou a principal via de escoamento de carga e passageiros do
país. (CNTTL, nov. 2020).

No entanto, apesar de ser o mais utilizado no Brasil, não é o modal de


transporte que apresenta mais aspectos positivos. De acordo com a Revista Apólice
(2013), aproximadamente 30% de toda a extensão da malha viária do país está
danificada pela falta de manutenção, resultando em prejuízos para o transporte de
cargas. As rodovias brasileiras que se encontram em boas condições, em grande
parte, foram concedidas à iniciativa privada, portando estão sujeitas à cobrança de
pedágios. Conforme destaca a Revista Apólice (2013), o transporte rodoviário,
embora apresente grande importância para o sistema logístico do país, apresenta
elevados custos, como os altos valores pagos pelo combustível, a manutenção
periódica do veículo (pneus, revisões, motor, entre outros). A Revista Apólice (2013)
destaca ainda que o meio de transporte em questão está mais sujeito a roubos e
furtos que outros meios de transporte. Nesse caso, o transportador deve arcar com
um investimento em seguro de carga para garantir que sua mercadoria não seja
perdida.

2.3 TRANSPORTE URBANO DE PASSAGEIROS

De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e


Logística (2020), o transporte público urbano é responsável pelo deslocamento de
59 milhões de passageiros diariamente, respondendo por mais de 60% dos
deslocamentos mecanizados nas cidades brasileiras. Somente o segmento de
ônibus atende 90% da demanda de transporte público coletivo, gerando
aproximadamente 500 mil empregos diretos, com uma frota de 95 mil veículos. A
Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) estima que esse
segmento responda por mais de 1,0% do PIB brasileiro, movimentando cerca de R$
17 bilhões por ano (considerando os sistemas de ônibus urbanos e metro-
ferroviários).

2.4 TRANSPORTE PÚBLICO DE PORTO ALEGRE

Conforme a Lei Municipal 8133 de 1998, o serviço de transporte público de


passageiros é considerado de caráter essencial, cuja prestação pressupõe serviço
adequado, observadas as condições de regularidade, continuidade, eficiência,
segurança, atualidade, universalidade, bom atendimento e modicidade de tarifas.
De acordo com a Lei Municipal número 8133 de 1998, e Redação dada pela
Lei nº 12.162/2016, considera-se transporte público coletivo o serviço público
essencial de transporte remunerado de passageiros executado dentro do Município
de Porto Alegre por ônibus, metrô, embarcações, trem de subúrbio ou outro meio em
uso ou que vier a ser utilizado, inclusive por via fluvial ou sobre trilhos, acessível
permanentemente a toda a população mediante pagamento individualizado, com
itinerários e tarifa fixados pelo Município de Porto Alegre, conforme especificações e
requisitos a serem estabelecidos na legislação específica do modal. Ainda na Lei
Municipal número 8133 de 1998 e Redação acrescida pela Lei nº 11.541/2014, é
coletivo comum o transporte de passageiros executado em todos os bairros do
Município de Porto Alegre e operado em todas as paradas localizadas no trajeto,
desde a origem até o destino da linha.

O transporte público de Porto Alegre é de competência do Sistema Municipal


de Transporte Público e Circulação – SMTPC, o qual é responsável pela circulação
de pessoas, veículos e mercadorias no município, sendo estruturado e fiscalizado
pelo Poder Público Municipal através da Secretaria Municipal dos Transportes - SMT
e pela Empresa Pública de Transporte e Circulação – EPTC.

Algumas atribuições do Poder Público Municipal são:

- regulamentar, especificar, medir e fiscalizar permanentemente a prestação dos


serviços de transporte de passageiros;

- garantir o permanente equilíbrio econômico-financeiro dos serviços de transporte


público, reajustando as tarifas;

- planejar, projetar, regulamentar e operar o trânsito de veículos, pedestres, ciclistas


e de animais, promovendo o desenvolvimento da circulação e da segurança;
- implantar, manter e operar os sistemas de sinalização e os dispositivos e
equipamentos de controle viário;

- zelar pela boa qualidade dos serviços, receber, apurar e solucionar queixas e
reclamações dos usuários, que serão cientificados das providências tomadas em
prazo compatível com a natureza da reclamação;

- estimular o aumento permanente da qualidade, da produtividade e da preservação


do meio ambiente;
- estimular a criação e fortalecer a formação de associações de usuários para defesa
de interesses coletivos relacionados com a prestação dos serviços;
- implantar mecanismos permanentes de informação sobre o serviço prestado para
facilitar aos usuários e à comunidade o acesso aos mesmos.

O Sistema Municipal de Transporte Público e de Circulação - SMTPC é


dividido em dois subsistemas: o Sistema de Transporte Público de Passageiros de
Porto Alegre - STPOA e o Sistema Municipal de Circulação e Fiscalização - SMCF.

Ao STPOA, que é o subsistema definidor dos modos e condições de


deslocamento das pessoas usuárias dos serviços público de transporte, pauta-se
algumas diretrizes:

- à disposição de toda população;

- qualidade dos serviços;

- integração físico, operacional e tarifária entre as redes de mesmo modo de


transporte e entre os diferentes modos de transporte existentes na Cidade e na
região metropolitana, em especial, a integração com a rede de trens urbanos;

- desenvolvimento de novas tecnologias visando à melhoria constante da qualidade


dos serviços à disposição do usuário e o aumento dos níveis de emprego;

- preferência ao modo de transporte municipal de maior capacidade e menor tarifa;

- garantia do controle sobre o equilíbrio econômico dos sistemas visando manter a


qualidade e o contínuo atendimento à população.

2.5 MOBILIDADE E DESENVOLVIMENTO URBANO

Conforme Carvalho (2016), a maior parte da população brasileira vivia em


áreas rurais, e a pouco mais de 40 anos passou a migrar para as áreas urbanas,
surgindo a demanda por transporte de massa nas regiões mais centrais das cidades.
A população sofre com o rápido crescimento das cidades, ocorrido após o início do
processo de industrialização brasileira. Não houve investimentos correspondentes
na rede de infraestrutura urbana que acompanhasse o crescimento populacional,
como por exemplo no sistema de transporte urbano de massa. Carvalho (2016)
destaca ainda como aspecto importante a interação entre crescimento urbano e
mobilidade. A forma como as cidades crescem é excludente, com a população mais
pobre ocupando as áreas mais periféricas, caracterizando essas áreas como
cidades dormitórios. À medida que crescem as distâncias percorridas, reduzem
também a rotatividade de uso do transporte público, ocasionando o aumento do seu
custo unitário. Como alternativa, Carvalho (2016) sugere que o poder público estude
políticas adequadas de adensamento urbano, permitindo uma aproximação da
população mais pobre às áreas de maior dinamismo econômico-social, ou promover
maior desenvolvimento das áreas mais carentes, reduzindo o grande deslocamento
dessa população.

2.6 MOBILIDADE URBANA E PERIFERIA

Dados da Prefeitura de Porto Alegre e do IBGE de 2010 mostram que a maior


parte da população da Restinga, distante 22 km da capital, é composta por
moradores de baixa renda (até 2,10 salários mínimos).

Conforme o Jornal Visão Regional da cidade de Ibirubá do RS de novembro


de 2020 descreve, o Brasil apresenta expressiva desigualdade social, econômica e
de classes, que refletem no acesso ao conjunto de serviços associados a mobilidade
urbana. Conforme aumenta a distância percorrida até os centros urbanos,
aumentam as dificuldades de locomoção. Essas dificuldades por sua vez, afetam o
acesso e utilização de outros serviços, como escolas, hospitais, áreas de lazer, entre
outros, como menores ofertas de trabalho aos moradores. De acordo com o Jornal
Visão Regional da Cidade de Ibirubá RS, a dificuldade de acesso a estes serviços
está relacionada com as altas tarifas associadas ao deslocamento, principalmente
do realizado através de transporte público, quando comparadas à renda da
população usuária.

Outro problema associado ao transporte público citado no Jornal Visão


Regional da cidade de Ibirubá RS é a ausência ou ineficiência da prestação deste
serviço em determinadas áreas, seja pela dificuldade de acesso ao local ou pela
falta de investimento no serviço. A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios), pesquisa realizada anualmente pelo IBGE, mostra que os problemas
associados a mobilidade tem crescido. Ao avaliar indicadores como o tempo de
deslocamento gasto entre o domicílio e o trabalho, a pesquisa demonstra que
mesmo havendo investimento nessas áreas nos últimos anos, o tempo gasto pelos
brasileiros para se deslocar da sua casa até o local de trabalho aumentou. O
aumento no tempo de deslocamento foi identificado nas localidades comumente
negligenciadas pelos investimentos públicos.

3 METODOLOGIA DE PESQUISA

Neste capítulo será apresentado o delineamento básico da pesquisa visando


a identificação de critérios de como o estudo está estruturado e qual o seu objetivo.

Os critérios de design de pesquisa serão classificados segundo Prodanov e


Freitas (2013, p. 126):

- Natureza Aplicada, pois procurará produzir conhecimentos para aplicação prática


dirigidos à solução de problemas específicos;

- procedimentos técnicos aplicados serão através de pesquisas bibliográfica a partir


de materiais já publicados;

-será feito com Levantamento Survey, pois será proposta interrogação direta de
pessoas;

- abordagem Descritiva e Quantitativa, consistindo na coleta e análise descritiva dos


dados.

Conforme Prodanov e Freitas, 2013:

Relevância social: os trabalhos acadêmicos, em qualquer nível,


poderiam ser mais pertinentes, se também fossem relevantes em
termos sociais, ou seja, estudassem temas de interesse comum, se
se dedicassem a confrontar-se com problemas sociais preocupantes,
“buscassem elevar a oportunidade emancipatória das maiorias”.
(DEMO, 2000, p. 43, apud PRODANOV, FREITAS, 2013, p. 19)

Lakatos e Marconi (2007) afirmam que a utilização de métodos


científicos não é exclusiva da ciência, sendo possível usá-los para a
resolução de problemas do cotidiano. Destacam que, por outro lado,
não há ciência sem o emprego de métodos científicos. (PRODANOV;
FREITAS, 2013, p. 24)

De acordo com Prodanov e Freitas (2013, p. 36), os métodos de pesquisa que


serão usados pela autora:

“têm por objetivo proporcionar ao investigador os meios técnicos, para


garantir a objetividade e a precisão no estudo dos fatos sociais”. (GIL,
2008, p. 15). Mais especificamente, visam a fornecer a orientação
necessária à realização da pesquisa social, em especial no que diz
respeito à obtenção, ao processamento e à validação dos dados
pertinentes à problemáticaobjeto da investigação realizada.
(PRODANOV e FREITAS, 2013, p. 36)

A pesquisadora fará avaliação participativa dos serviços em análise,


utilizando o transporte público coletivo do Bairro Restinga, avaliando questões de
conforto, agilidade, pontualidade. A previsão é de que a pesquisa participativa seja
feita em fevereiro de 2021.
Será aplicada entrevista estruturada aos usuários do transporte público do
Bairro Restinga, através de questionário com questões fechadas, relacionadas aos
níveis de satisfação do serviço de transporte oferecido. A previsão para aplicação do
questionário é em fevereiro de 2021.
Conforme Prodanov e Freitas, 2013:

O questionário é uma série ordenada de perguntas que devem ser


respondidas por escrito pelo informante (respondente). O
questionário, numa pesquisa, é um instrumento ou programa de
coleta de dados. Se sua confecção for feita pelo pesquisador, seu
preenchimento será realizado pelo informante ou respondente.
(PRODANOV, FREITAS, 2013, P. 108)

A previsão para que a compilação e análise dos resultados seja feita é em


março de 2021.
REFERÊNCIAS

CABETTE, Amanda; STROAHECKER, Tânia Marques. PORTO ALEGRE: UMA


ANÁLISE DA NOVA ESTRUTURA ETÁRIA E A CONFIGURAÇÃO DO ESPAÇO
URBANO. Boletim Gaúcho de Geografia: Portal de Periódicos UFRGS. Porto
Alegre. Jan. 2014.

Cartilha Lei 12587 POLÍTICA NACIONAL DE MOBILIDADE URBANA. Disponível


em: <http://www.portalfederativo.gov.br/noticias/destaques/municipios-devem-
implantar-planos-locais-de-mobilidade-urbana/CartilhaLei12587site.pdf> Acesso em
20 de nov. 2020.

CARTILHA MOBILIDADE. Mobilidade Urbana é Desenvolvimento Urbano!


PÓLIS. Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais. Ministério
das Cidades. Governo Federal: Disponível em:
<http://www.polis.org.br/uploads/922/922.pdf> Acesso em: 10 de nov. 2020.

CARVALHO, Carlos Henrique de. DESAFIOS DA MOBILIDADE URBANA NO


BRASIL. Texto para Discussão No. 2198, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA), Brasília, 2016.

CNTTL. Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística.


Modal Rodoviário: História do Transporte rodoviário no Brasil. Caderno de
Resoluções 6º Congresso da CNTT-CUT. Disponível em: <https://cnttl.org.br/modal-
rodoviario> Acesso em: 09 de nov. 2020.
EPTC, Empresa Pública de Transporte e Circulação. Disponível em:
<http://www2.portoalegre.rs.gov.br/eptc/default.php?p_secao=154>. Acesso em 05
de nov. 2020.

JORNAL VISÃO REGIONAL. Mobilidade urbana: o segundo problema de


Ibirubá. Disponível em: <http://jornalvr.com.br/noticia/mobilidade-urbana-o-segundo-
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MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos


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PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de. Metodologia do


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Brasil: Disponível em: <https://www.revistaapolice.com.br/2013/03/gristec-explica-a-
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