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Entenda como o desempenho dos bancos,

a formação de seus resultados e a


segmentação do SFN interferem com o
crédito na economia brasileira

Crédito,
bancos e
mercados
A intermediação financeira, a
desintermediação e a
estrutura do Sistema
Financeiro Nacional

Fernando Veiga Barros e Silva

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1. Sumário
2. Considerações preliminares ............................................................................... 3
3. Simbologia ........................................................................................................ 7
4. O significado de uma estrutura patrimonial estável ........................................... 8
5. A equação da rentabilidade líquida: custo, retorno, “spread” e alavancagem .. 12
a. A equação da rentabilidade líquida: formação dos resultados ......................... 13
b. A equação da rentabilidade líquida: variantes para a decomposição dos
resultados .............................................................................................................. 19
6. O “spread” bancário nos cenários de lucro, prejuízo e equilíbrio contábil .......... 22
a. O equilíbrio contábil e o “spread” .................................................................... 22
b. O lucro contábil e o “spread” ........................................................................... 26
c. O prejuízo contábil e o “spread” ....................................................................... 29
d. Os conceitos de “spread” seco e alavancado .................................................... 31
7. Resultados e “spread”: um resumo.................................................................. 34
8. A função estabilizadora dos lucros ................................................................... 35
a. Estrutura de capital: divergência entre os custos ............................................. 41
b. Introduzindo o fator “tempo” nas expressões numéricas .................................. 48
c. O requerimento de mínima rentabilidade líquida diante da divergência dos
custos de captação ................................................................................................. 49
9. Resumo geral: requerimento de rentabilidade líquida, custos, retorno e “spread”
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10. A rentabilidade líquida realizada por bancos domésticos entre 2000 e 2014: os
elementos de custo e retorno, a alavancagem e o “spread” .................................... 54
a. Decomposição básica da amostra .................................................................... 57
b. Os 84 bancos da amostra ................................................................................. 58
c. Bancos dos tipos I, II e IV .................................................................................. 62
d. Bancos por tamanho do ativo: os 15 maiores e os 63 menores ......................... 71
e. Os bancos públicos e os privados ..................................................................... 77
11. A composição de custos: lições para a segmentação do mercado ................. 82
12. Concentração: digressões sobre tamanho, conglomerações, multiplicidade de
funções e economias de escala e escopo ................................................................. 86
13. Categorizando o crédito: a emissão de instrumentos de dívida, a segmentação
e o financiamento do consumo e do investimento ................................................... 90

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14. Entendendo a segmentação e a especialização de nosso sistema financeiro: a
tecnologia institucional vigente ............................................................................ 102
15. Os contornos teóricos básicos de um mercado de dívida ............................. 113
a. Considerações iniciais .................................................................................... 113
b. Os instrumentos de dívida.............................................................................. 113
16. Considerações finais ................................................................................... 123
a. O requerimento de rentabilidade ................................................................... 124
b. Os riscos ........................................................................................................ 130
c. Custos: intermediação e desintermediação financeira ................................... 141
d. Contornos de um mercado de dívida .............................................................. 147
i. Características de um macrossistema: o mercado de dívida ........................... 151
ii. Integração: macrossistema, microssistemas e mercado de ações ................... 153
e. Palavras finais ............................................................................................... 155

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2. Considerações preliminares

A propósito das taxas de juros cobradas em operações de crédito, dos “spreads”


entre custos e retornos da intermediação financeira e da lucratividade bancária no Brasil,
demonstraremos haver racionalidade econômica que fundamenta o desempenho dos
bancos e que lhes explica tanto o nível de juros e “spreads” quanto a magnitude dos
índices de rentabilidade líquida. A demonstração dessa racionalidade encontra suporte
no entendimento de que os bancos, lado à maximização dos lucros, também buscam
realizar os resultados que lhes ofereçam estabilidade ao patrimônio. São resultados que
buscam assegurar estabilidade ao patrimônio porque permitem a recuperação dos custos
associados a uma estrutura binária de capital e, ao fazê-lo, tornam as condições de
endividamento, alavancagem e solvência sustentáveis ao longo do tempo, viabilizando o
negócio bancário. É racionalidade que, ao associar a estabilidade patrimonial ao nível dos
resultados, dá origem a um requerimento de mínima rentabilidade líquida, o que permite,
por exemplo, avaliar se há normalidade ou demasia nos “spreads” e nas taxas de juros
praticadas, assim como nos decorrentes níveis de lucratividade que se realizam
diuturnamente.

Para demonstrar essa racionalidade, iniciaremos o trabalho pelo desenvolvimento


da equação que descreve e ajuda a explicar o processo de formação da rentabilidade
líquida. Nessa equação, determinaremos a contribuição relativa, para a formação dos
lucros bancários, de elementos variados, a exemplo dos custos de captação, do retorno
propiciado pelo ativo, do “spread” entre custo e retorno e do grau de endividamento.
Verificaremos, igualmente, de que forma fatores como escala e composição podem afetar
os resultados e, por extensão, os preços de produtos e serviços bancários, como as taxas
de juros cobradas pela concessão de crédito.

No tocante ao objetivo de estabilizar o patrimônio, que entendemos tratar-se de


um propósito que concorre com o ânimo de lucrar de forma máxima, determinaremos as
condições necessárias à sua consecução. Determinaremos as condições que precisam ser
satisfeitas a fim de que o grau de lucratividade seja o mínimo requerido para que um
banco percorra trajetória operacional sustentável, assim entendidos graus de
endividamento, alavancagem e solvência tão estáveis quanto compatíveis com a
manutenção de hígida capacidade de pagamento.

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Aspecto de suma importância para efeito do desenvolvimento deste trabalho é o
entendimento, que, aqui, busca-se expor e explicar, de que a estrutura de capital dos
bancos é binária. Isso implica não apenas reconhecer e repisar o óbvio – que a estrutura
de capital é integrada por fontes de recursos próprios e de terceiros –, mas, também,
explorar certos ângulos dessa dualidade estrutural, como os seus efeitos sobre os
resultados, sobre o requerimento de mínima rentabilidade, sobre custos, retorno e
“spread” e sobre os preços possíveis de produtos e serviços bancários. Em meio às
digressões que serão feitas, analisaremos o que consideramos tratar-se de ineficiência
estrutural da rentabilidade líquida, ineficiência essa que eclode sempre que se verifica
divergência entre os custos representados, de um lado, pelos capitais próprios e, do outro,
pelos de terceiros. A partir da assim chamada “ineficiência”, determinaremos a forma
pela qual custos divergentes afetam os resultados, notadamente a rentabilidade líquida,
e, por extensão, interferem com o volume possível da intermediação financeira.

Mais à frente, introduziremos a variável “tempo” em algumas das expressões


numéricas desenvolvidas. Com isso, pretendemos permitir, primeiro, que se transformem
variáveis discretas em contínuas e, segundo, que se visualizem trajetórias percorridas
por variáveis sensíveis à viabilidade do negócio bancário.

Para aplicar e testar algumas das ideias desenvolvidas, utilizaremos os números


consolidados de amostra de bancos brasileiros. A amostra é composta por dados de
demonstrações contábeis dos próprios bancos (balanço patrimonial e demonstração de
resultados), que são divulgadas pelo Banco Central do Brasil (Bacen). Os dados são
relativos a série de 15 anos, cobrindo o período que se estende de 2000 a 2014. O
número de bancos que compõem a série varia a cada ano, haja vista a interveniência de
fenômenos como a extinção, a fusão, a cisão, a incorporação, a transformação e a criação
de instituições, além de problemas de ordem metodológica.

Nesse particular – de problemas de ordem metodológica –, houve pequeno


percalço na elaboração da amostra. O Bacen utiliza nomes ou acrônimos para identificar
as instituições financeiras e, embora assim proceda, não manteve a uniformidade gráfica
desses nomes ou acrônimos, em alguns casos, por todos os sucessivos exercícios
financeiros. Também há algumas inconsistências em dados de balanço patrimonial e
demonstração de resultados.

Em ambos os casos, buscamos corrigir os problemas detectados. Quando a


correção não foi possível, excluímos a instituição financeira do conjunto da amostra. De

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todo modo, entendemos que essa dificuldade metodológica não teve consequência
significativa para efeito da representatividade, da qualidade e da precisão dos dados com
que trabalhamos, mesmo porque esses dados são extensos e apresentam o maior nível
de consistência e precisão que nos foi possível assegurar.

Descartamos das análises feitas o ano-base da série, 2000, haja vista que os dados
contábeis desse ano foram utilizados, tão-somente, para calcular alguns valores médios
aplicáveis ao exercício de 2001. As análises levam em consideração dados relativos a 84
instituições, sendo: 78, em 2000, 78, em 2001, 73, em 2002, 72, em 2003, 69, em 2004,
66, em 2005, 64, em 2006, 63, em 2007, 63, em 2008, 61, em 2009, 61, em 2010, 58, em
2011, 57, em 2012, 57, em 2013, e 57, em 2014.

Por também compreender instituições de existência efêmera, esse número é


significativamente maior que o número de bancos que se coligiu para cada ano
isoladamente. Em todo caso, trata-se de dados relativos aos seguintes tipos de
instituições financeiras: bancos comerciais, bancos múltiplos com carteira comercial e
caixas econômicas, os quais perfazem o consolidado bancário do tipo I; bancos de câmbio,
bancos de investimento e bancos múltiplos sem carteira comercial, que integram o
consolidado bancário do tipo II; bancos de desenvolvimento, que são o consolidado
bancário do tipo IV, este tipo somente introduzido como critério de classificação das
instituições a partir de 2009.

Ao final do trabalho, nossas considerações conclusivas abordarão algumas


questões que se reputam sensíveis para efeito da discussão de toda a temática bancária.
Isso inclui o desempenho econômico-financeiro dos bancos, sua lucratividade, as taxas
de juros que praticam nos polos de captação e aplicação, sua habilidade para intermediar
e ofertar crédito em volume adequado e em condições moderadas de custo e preço, e o
papel que devem cumprir como integrantes do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
Veremos que a análise do “spread” praticado nos polos da intermediação financeira
comporta novas e interessantes facetas, podendo dizer-se o mesmo em relação aos
lucros e às taxas de juros.

Primeiramente, verificaremos que os bancos, os grandes bancos particularmente,


embora lucrem de modo quase efusivo, fazem-no em níveis muito próximos daqueles que
reputamos estritamente necessários à própria estabilidade patrimonial. Portanto, há
explicação racional para esse fenômeno, particularmente para a sensação, que parece

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agredir o senso estatístico comum, de que a lucratividade bancária seja, quase sempre,
excessiva para os padrões considerados “normais”, no sentido gaussiano do termo.

Também observaremos que, no processo de formação da lucratividade, elementos


como os custos, o retorno e o “spread” entre custos e retorno intervêm de forma um
pouco distinta da imagem que se cristalizou no imaginário popular. Sim, há “spreads” de
amplitude positiva entre elementos estritamente financeiros de custo e retorno. Mas,
não. Não há “spreads” minimamente significativos quando se agregam aos financeiros os
elementos não financeiros de custo e retorno.

Nesse particular, deparamo-nos com uma realidade tangível e relevante: há


significativo “cruzamento” de custos na atividade bancária, em decorrência das múltiplas
atividades que os bancos abraçam; os custos “cruzados” elevam os requerimentos de
retorno, não apenas gerando impactos adversos para efeito de nivelamento dos índices
de retorno e de lucratividade, mas, também, para efeito do processo de formação dos
preços de produtos e serviços, a exemplo do crédito.

O “cruzamento” dos custos ainda nos legou cognição adicional: os fatores de


escala e de composição importam, e muito. Os de escala, em função dos impactos que
produzem sobre os elementos quantitativos que determinam muitos dos indicadores de
desempenho. O tamanho das variáveis de estoque, como os grupos patrimoniais, e o
volume dos fluxos de resultados estão longe de serem aspectos desprezíveis na análise
de toda a temática que cerca os bancos, a intermediação financeira e a oferta de crédito.
E isso, vale dizer, tanto do ponto de vista dos níveis de custos e retorno quanto da
perspectiva da estabilidade patrimonial. Por outro lado, o fator “composição” tornou
evidente que há encadeamento de significativa importância que nos leva, a partir dos
elementos constituintes dos custos, do retorno e do “spread” entre custos e retorno, à
formação ou diversidade de cada um dos grupos patrimoniais e, em desdobramento, aos
múltiplos papéis que os bancos cumprem no âmbito do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
Significa dizer: passamos a entender que a temática não pode ser discutida à revelia da
segmentação do SFN e, em seu âmbito, do grau de especialização das instituições que
integram o subsistema bancário.

Também nesse particular, percebemos que a intermediação financeira e a provisão


do crédito, para funcionarem a contento, estão por merecer detida reanálise. Afigura-se
necessário revisitar conceitos como o crédito para consumo e para investimento, tanto
quanto, a propósito de sua intermediação e provisão, a forma de fazê-lo subjetiva e

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objetivamente. Do ângulo subjetivo, abordar temas como as instituições ou os mercados
por meio dos quais se devam desenrolar as transações, tendo em mira aspectos como a
melhor maneira de oferecer escala aos negócios, de modo que se permita a eliminação
de custos fixos de transação, assim como a máxima diluição daqueles custos que não
puderem ser eliminados. Da perspectiva objetiva, para redesenhar instrumentos de
captação, notadamente instrumentos de dívida, tanto quanto a forma de emiti-los e
transacioná-los.

Para terminar, dedicaremos algumas digressões à possibilidade de que se


introduzam mudanças, que reputamos, até certo ponto, radicais, na forma de organização
e funcionamento do SFN. Os propósitos dessas mudanças seriam dois: primeiro,
promover redistribuição de custos entre as entidades que integram o Sistema,
racionalizando-o; segundo, propor a introdução de tecnologias institucionais que, embora
possam ser inéditas no país, não são novidade lá fora, tendo sido bem-sucedidas no plano
de outras economias.

3. Simbologia

Antes de avançarmos no desenvolvimento do trabalho, vamos adotar algumas


convenções para simbolizar as variáveis de estoque (grupos patrimoniais) e fluxo
(resultados), assim como as de custo e rentabilidade e as de endividamento, alavancagem
e solvência. São as seguintes as convenções que adotaremos:

1) para as variáveis de estoque:

A representa o ativo;

PE representa o passivo exigível;

PL representa o patrimônio líquido;

2) para as variáveis de fluxo:

rg representa as receitas e ganhos;

dp representa as despesas e perdas;

rl representa o resultado líquido (lucro ou prejuízo líquido);

3) para as variáveis de custo e rentabilidade:

rg/A = Rb, que representa o coeficiente de rentabilidade bruta (retorno do ativo);

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dp/PE = Cd, que representa o coeficiente de custo da dívida (custo de captação
dos recursos de terceiros);

rl/PL = Rl, que representa o coeficiente de rentabilidade líquida (remuneração


efetiva do capital próprio ou de risco);

rl*/PL* = Rl*, que representa o coeficiente de rentabilidade líquida esperada pelo


acionista ou investidor de risco (custo de oportunidade do capital de risco ou capital
próprio);

4) para as variáveis de endividamento, alavancagem e solvência:

PE/PL representa o grau de endividamento;

A/PL representa o grau de alavancagem;

PL/A representa o grau de solvência.

Trata-se de simbologia fundada em convenções contábeis de amplo conhecimento


e aceitação, nenhuma das quais sujeita a controvérsias técnicas.

4. O significado de uma estrutura patrimonial estável

Dispor de uma estrutura patrimonial estável constitui, na prática, quintessência de


todo negócio movido pela finalidade econômica de lucrar continuamente. No caso dos
bancos, entretanto, a estabilidade assume contornos peculiares e críticos, pois se trata
de empreendimentos que operam sumamente alavancados e que fazem do endividamento
profundo e sistemático a razão de ser de seu negócio. Bancos, notadamente por serem
intermediários financeiros e operarem sob o regime de reservas fracionárias, fazem da
alavancagem e do endividamento a razão de ser de seu negócio, razão pela qual suas
condições de solvência se sujeitam a intensas, tangíveis e permanentes ameaças.

Afirmar que os bancos operam com endividamento e alavancagem profundos e


sistemáticos significa dizer que, na composição do patrimônio bancário, a participação dos
recursos próprios (o patrimônio líquido) é radical e caracteristicamente minoritária.
Ilustram esse fato as razões de alavancagem (quantum de ativos por unidade de
patrimônio líquido) e de endividamento (quantum de passivos exigíveis por unidade de
patrimônio líquido) com que os bancos, de fato, trabalham no seu dia-a-dia. Não raro, os
ativos e os passivos exigíveis são quinze, vinte ou mais vezes maiores que o patrimônio
líquido de um banco. Trata-se, por isso, de estruturas patrimoniais que, a um só tempo,
são monumentais e frágeis, pois, por maiores e mais diversificadas que sejam, afiguram-
se suscetíveis a rápidas e devastadoras mutações adversas, em face da eclosão de riscos
de toda natureza ou origem, idiossincráticos ou sistemáticos, micro ou macroeconômicos.

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E a diminuta participação do patrimônio líquido (capital ou recursos próprios), no edifício
patrimonial, já se afigura, em si mesma, fonte estrutural de instabilidade do patrimônio
bancário, pois torna relativamente reduzida a capacidade de os bancos absorverem
impactos que resultem do comportamento indesejável ou imprevisível de variáveis
econômicas e financeiras que eventualmente fujam ao seu controle. O capital próprio é,
por assim dizer, um mero “fio d’água” nos bancos.

Por isso, a estabilidade patrimonial é, sim, um objetivo que os bancos perseguem,


incessantemente, no curso de suas operações e para efeito da realização de seus
resultados, particularmente o lucro. É preciso entender, no entanto, que um patrimônio
estável não se confunde com uma estrutura estática ou imutável. Na verdade, a ideia de
estabilidade não apenas é, como também deve ser, plenamente compatível com a dinâmica
patrimonial, dinâmica essa ditada pelas mutações normais por que passa o patrimônio, ao
longo do tempo, no curso e em função da intermediação financeira e das demais operações
bancárias.

Nesse contexto, promover a estabilidade significa preparar o banco para lidar ou


conviver com as mutações do patrimônio. E, exatamente por conta dessas mutações,
prepará-lo para manter sob estrito controle, no sentido de ser possível administrá-las a
todo e qualquer tempo, as proporções pelas quais o ativo, o passivo exigível e o
patrimônio líquido partilham o edifício patrimonial. Quer dizer: as proporções pelas quais
os bens e direitos, as obrigações para com terceiros e os recursos próprio dividem, entre
si, o patrimônio bancário.

Em última instância, promover a estabilidade implica assegurar que, em função da


transformação do crédito, da intermediação financeira e do resultado das operações
bancárias, tanto quanto da materialização de riscos, não decorram trajetórias de mutação
do ativo, do passivo exigível e do patrimônio líquido adversas e indesejáveis, no sentido
de ser impossível absorver e administrar suas consequências. Assegurar que não se
definam trajetórias de mutações patrimoniais que levem a razão de endividamento do
banco a expandir-se endogenamente, de forma autopropulsada, persistente e imparável
ao longo do tempo, levando o banco a adentrar um processo de endividamento crônico e,
eventualmente, insustentável. Levando, enfim, a solvência do banco à corrosão crescente,
até o ponto de eliminá-la.

Nesse sentido, a estabilidade patrimonial implica definir trajetórias de mutação


dos grupos patrimoniais em que as novas obrigações do passivo exigível não sejam

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contraídas para saldar obrigações pretéritas que estejam a descoberto, mas, sim, para
satisfazer, precipuamente, as necessidades de aplicação de recursos no ativo ou a mera
sincronização de entradas e saídas de caixa na linha do tempo. Definir trajetórias sob
essas premissas visa assegurar condições de liquidez e solvência em caráter permanente,
evitando que o banco se precipite em quadro de incapacidade de pagamento e,
inexoravelmente, em quadro de falência geral.

Mas, o ativo, o passivo exigível e o patrimônio líquido mudam em função do quê,


exatamente? Mudam em função dos resultados que se realizem. Definem as trajetórias
de mudança dos grupos patrimoniais as receitas e ganhos, no caso do ativo, as despesas
e perdas, no caso do passivo exigível, e o resultado líquido, no do patrimônio líquido.

As mutações experimentadas pelos grupos patrimoniais podem assumir qualquer


trajetória, convergindo ou divergindo entre si, a depender dos impactos que os resultados,
na forma de receitas, despesas, ganhos, perdas e resultado líquido, produzam sobre esses
grupos. Quando as razões ou ritmos de mudança divergem umas das outras, as trajetórias
percorridas pelos grupos patrimoniais também se afiguram distintas entre si, assim como
se alteram as proporções pelas quais os grupos partilham o edifício patrimonial. Se, ao
revés, há identidade entre as razões ou ritmos de mudança, também passam a ser idênticas
as trajetórias percorridas pelos grupos patrimoniais, assim como restam mantidas ou
intactas as proporções pelas quais os grupos partilham o patrimônio bancário.

Na condição de intermediários financeiros, os bancos têm, na trajetória que as


despesas e perdas imprimem ao passivo exigível, um dos aspectos mais críticos para a
estabilidade. Isso porque o passivo exigível é não apenas o cerne da intermediação
financeira, mas, também, fator determinante do endividamento, do êxito possível da
alavancagem e das condições de solvência e liquidez bancárias. Nesse contexto, depende
da trajetória do passivo exigível, vis-à-vis as trajetórias dos demais grupos patrimoniais,
a manutenção do controle sobre o processo de endividamento, nesses termos entendida,
por exemplo, a habilidade de o banco continuar a ser capaz de saldar seus compromissos
financeiros vincendos. E, vale lembrar, a trajetória do passivo exigível, assim como
aquelas do ativo e do patrimônio líquido, depende da combinação dos resultados que se
realizem na forma de receitas, despesas, ganhos, perdas e lucro líquido. Não por outra
razão, afirmamos que os resultados estão submetidos a requerimentos que promanam da
necessidade de manter-se um patrimônio bancário minimamente estável.

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Nenhuma estrutura patrimonial pode sobreviver, por tempo indeterminado, a uma
dinâmica de resultados em que as obrigações a pagar (o passivo exigível) representem
custo superior ao nível de retorno que os bens e direitos (o ativo), em seu conjunto,
podem proporcionar ao banco. Divergências dessa ordem implicam desestabilizar o
patrimônio e, persistindo no tempo, condenar o banco a quadro falimentar. Exatamente
por isso, a estabilidade patrimonial impõe combinações possíveis de resultados, pois
sustentáveis, continuamente, no curso das operações bancárias, assim como, por
decorrência lógica, permite entender que há combinações que se demonstram
insustentáveis.

Portanto, a cada edifício patrimonial, em função de suas peculiaridades próprias,


associa-se requerimento de mínima lucratividade líquida. A lucratividade líquida
requerida é mínima porque centrada no nível estritamente necessário à estabilidade
patrimonial e, assim sendo, à sustentabilidade do desempenho bancário de forma contínua
no tempo. Por extensão, um nível de mínima lucratividade líquida implica predeterminar
tanto o nível de retorno que se deva requerer do ativo, para um dado custo do passivo
exigível (ou da dívida), quanto o “spread” entre o retorno do ativo, de um lado, e o custo
da dívida, do outro.

Assim sendo, a estabilidade patrimonial é determinada não apenas pela forma


como o ativo, o passivo exigível e o patrimônio líquido estão combinados, mas, também,
pela maneira como a combinação entre eles evolui ao longo do tempo, no curso das
operações bancárias. Definido nesses termos, o conceito de estabilidade vai além da
estática patrimonial, estendendo-se à dinâmica das mudanças por que passam os grupos
do ativo, do passivo exigível e do patrimônio líquido e tendo por escopo as trajetórias que
esses grupos percorrem em função dos impactos que sofrem por conta dos resultados.
Nesse contexto, afigura-se estável o patrimônio bancário quando as combinações dos
resultados aos grupos patrimoniais, ao definirem o custo da dívida (ou o custo de captação
dos recursos de terceiros), o retorno do ativo (ou a rentabilidade bruta do ativo) e a
rentabilidade líquida (ou a remuneração do capital próprio ou de risco), determinam
trajetórias para as mutações desses grupos, trajetórias essas que implicam, na
perspectiva dos sucessivos exercícios financeiros, a viabilidade do endividamento do
banco. Significa dizer: a medida de êxito de um banco, ao perseguir a estabilidade
patrimonial, está em operar com solvência, alavancagem e endividamento controláveis,
para tanto sendo-lhe exigidos resultados minimamente compatíveis com esse padrão de
desempenho.

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5. A equação da rentabilidade líquida: custo, retorno, “spread” e
alavancagem

À vista da definição dada ao conceito desenvolvido na etapa anterior deste


trabalho, podemos, agora, afirmar que a estabilidade patrimonial já começa a ser
construída e mantida quando a rentabilidade líquida do banco (Rl) é, ao menos, igual ao
custo de sua dívida (Cd). Ao lançarem os grupos patrimoniais do banco em trajetórias
alinhadas com essa condição, os resultados das operações bancárias asseguram,
endogenamente, níveis de retorno das aplicações em ativos (rg/A) equivalentes ao custo
da dívida (Cd) e, portanto, garantem que o grau de endividamento (PE/PL) se mantenha
estritamente estável. Logo, Rl = Cd é a condição que, de forma muito preambular,
reputamos estritamente necessária à estabilidade dos grupos patrimoniais, para tanto
apenas considerando, como fator de instabilidade patrimonial, a eventual desproporção
entre o custo da dívida (Cd), o retorno do ativo (Rb) e a rentabilidade líquida efetiva (Rl).

Ao desenvolvermos a equação da rentabilidade líquida, teremos a oportunidade de


demonstrar que, se a rentabilidade líquida (Rl) se afigura igual ao custo da dívida (Cd),
disso decorre, necessariamente, que o retorno do ativo (Rb) também se apresenta
equivalente ao custo da dívida (Cd) e, por transitividade, equivalente à própria
rentabilidade líquida (Rl). Nesse contexto, os graus de endividamento (PE/PL),
alavancagem (A/PL) e de solvência (PL/A) não se alteram endogenamente, em função da
realização dos resultados, embora possam ser alterados, de forma exógena, por decisões
autônomas da administração bancária.

Também demonstraremos que essa condição, embora necessária à estabilidade do


patrimônio bancário, afigura-se meramente preambular porque não incorpora um segundo
e importante componente do custo de captação do banco – a rentabilidade líquida esperada
por seu acionista ou investidor de risco (Rl*). Trata-se de componente de custo que
também afeta a estabilidade patrimonial e que, embora não mantenha relação direta com
o custo da dívida (Cd), pode modificar o requerimento de efetiva rentabilidade líquida (Rl).

Cabe esclarecer que a rentabilidade líquida esperada pelo acionista ou investidor


de risco (Rl*) representa, na verdade, um custo de oportunidade. É o custo de
oportunidade com que o sócio se defronta, na qualidade de investidor, ao decidir-se por
descartar outras opções de investimento e aplicar seus recursos em títulos
representativos do capital social do banco. Perfaz a expectativa de remuneração que
esse sócio tem em relação aos resultados, notadamente no que diz respeito à rentabilidade
patrimonial líquida (Rl). Constitui, portanto, um segundo requerimento de desempenho

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que se impõe ao banco, gerando uma expectativa de rentabilidade que, primeiro, pode
divergir do nível de rentabilidade estritamente necessário à consecução do objetivo de
estabilizar o patrimônio com base no comportamento do custo da dívida (Cd), e, segundo,
está associada a fatores que, no mais das vezes, vão além dos muros da microeconomia
bancária.

Para ilustrar, com maior exatidão, o comportamento das variáveis que interferem
com a estabilidade patrimonial, passamos, agora, ao desenvolvimento da expressão
numérica da rentabilidade líquida (Rl). Com a expressão numérica, será posta em
evidência a maneira como as variáveis de fluxo (de resultado) se combinam às de estoque
(patrimoniais), determinando o custo da dívida (Cd), o retorno do ativo (Rb) e, por
extensão, a rentabilidade líquida (Rl). Também serão vistos os papéis que o “spread” – a
diferença entre o custo da dívida (Cd) e o retorno do ativo (Rb) –, lado ao grau de
endividamento (PE/PL), cumpre para determinar os níveis de rentabilidade líquida (Rl).
Finalmente, será desenvolvida a ideia de que os bancos, como qualquer outro
empreendimento movido pela finalidade do lucro, trabalham com uma estrutura de capital
binária, estrutura em que se alinham o custo da dívida ou de captação de recursos de
terceiros (Cd) e o custo do capital próprio ou rentabilidade líquida esperada pelo
investidor de risco (Rl*) – esse último, um conceito a ser melhor desenvolvido
proximamente.

a. A equação da rentabilidade líquida: formação dos resultados

Conforme já dissemos, a rentabilidade líquida (Rl) é definida como a razão entre o


resultado líquido (rl) e o patrimônio líquido (PL) dos bancos. Do ponto de vista da efetiva
prática contábil, é apurada como a razão entre o resultado líquido do exercício e a média
do patrimônio líquido durante esse mesmo exercício.

O resultado e o patrimônio, por suas expressões líquidas, integram identidades


contábeis básicas. Uma delas é a identidade dos resultados. Por ela, a diferença entre
as receitas e ganhos, de um lado, e as despesas e perdas, do outro, constitui o resultado
líquido do exercício. A outra é a identidade patrimonial. Nela, a diferença entre os grupos
patrimoniais do ativo e do passivo exigível determina a situação patrimonial líquida.

Portanto, a rentabilidade líquida é definida a partir de uma combinação de variáveis


de fluxo (resultado) e de estoque (patrimonial). Pode calcular-se a rentabilidade por
meio de uma razão que a sumarize, como aquela entre lucratividade e patrimônio líquido.
Pode, por outro lado, ser expressa analiticamente. Nesse caso, por meio da razão entre

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as identidades que representam, no numerador, o resultado líquido (a identidade dos
resultados) e, no denominador, o patrimônio líquido bancário (a identidade patrimonial).

As possibilidades de composição e decomposição do resultado líquido e do


patrimônio líquido bancário, para fins de apuração da rentabilidade patrimonial líquida, são
tão amplas e variadas quanto forem detalhados os planos das contas com que trabalham
os bancos. Significa dizer que, quanto maior o nível de detalhamento desses planos, mais
minuciosa e precisa tende a ser a descrição do custo da dívida (Cd) e do retorno do ativo
(Rb), como também a descrição de fatores que, associados às variáveis de fluxo e estoque,
condicionam a rentabilidade líquida. Nisso se inclui, por exemplo, o “spread” bancário.

Para qualquer efeito, todos os elementos patrimoniais e de resultado devem


integrar a equação da rentabilidade líquida. Devem integrar porque a rentabilidade é o
produto da interação de todos esses elementos. Nada pode ser deduzido, sob pena da
amputação de fatores que, positiva ou negativamente, contribuam para a formação dos
resultados e, portanto, da rentabilidade. Também assim porque explicam os resultados e
a rentabilidade líquida tanto os fatores de escala – grandezas tomadas por seu tamanho
ou quantidade – quanto os de composição – grandezas vistas sob o prisma da variedade,
diversificação ou qualidade de seus elementos constitutivos. A magnitude das variáveis
de fluxo e de estoque importa tanto quanto cada um dos elementos que entram na
composição dessas variáveis. O importante, nesse contexto, é saber como e o que
discriminar.

Além disso, não são apenas os elementos de custo e retorno, estritamente


financeiros, que se demonstram essenciais à formação dos resultados. Na verdade,
veremos que os elementos não financeiros, notadamente os de custo, afetam
sobremaneira o desempenho dos bancos e influenciam, de forma decisiva, as taxas de
juros que se praticam nas operações financeiras, notadamente nas operações ativas de
crédito.

Por conta disso, consideramos que a totalidade do passivo exigível constitui a


dívida pela qual o banco está na contingência de responder, compondo o cálculo de seu
custo de captação (Cd). São obrigações que, ao implicarem a dilação, no tempo, de
pagamentos ou de valores a desembolsar, afetam as condições de liquidez do banco,
representam esforço de captação mediante a constituição de dívidas perante terceiros e
contribuem para determinar o comportamento de indicadores de desempenho, como os
graus de endividamento e solvência.

14
Naturalmente, há, no passivo exigível, instrumentos de captação “especializados”,
que se afiguram direta e imediatamente ligados às funções que os bancos cumprem como
intermediários financeiros, a exemplo de obrigações por depósitos à vista e a prazo.
Também há, por outro lado, instrumentos comuns a toda e qualquer relação obrigacional,
transcorra essa relação no âmbito do subsistema bancário ou fora dele.

De modo análogo, o ativo é tomado em sua inteireza. E assim se faz, como já dito
acima, em função de aspectos relacionados à escala e à composição. O ativo a remunerar,
no curso das atividades bancárias, é e não poderia deixar de ser a totalidade de aplicações
de recursos em bens e direitos. A um, porque é preciso aquilatar a repercussão da
magnitude dessas aplicações como base de cálculo do retorno necessário à recuperação
dos custos e à estabilidade patrimonial. A dois, porque sua inteira composição, as
características de todos os bens e direitos que integram o ativo, tudo isso constitui a
expressão qualitativa da atividade bancária e sua administração, assim como contribui
para determinar de que forma o banco seleciona suas aplicações de recursos, assim
buscando tornar-se apto, ao selecioná-las, a gerar os resultados que dele se exigem.

Argumentos semelhantes valem para todas as variáveis de fluxo – as receitas, as


despesas, os ganhos e as perdas. Elas também intervêm, por questões de grandeza e
diversidade, no processo de consecução da estabilidade patrimonial. Naturalmente, cabe
sempre distinguir, para efeito de avaliação, o que se pode considerar comportamento
meramente episódico das variáveis de resultado daquilo que se deva tomar por um
comportamento normal ou sistematicamente operacional.

No caso de bancos dotados de múltiplas funções, a consideração de todos os


elementos patrimoniais e de resultados, financeiros e não financeiros, operacionais e não
operacionais, sistemáticos e episódicos, afigura-se de extrema relevância. Isso porque,
como veremos ao final do trabalho, uma de nossas conclusões será a tese de que a
segmentação do subsistema bancário por funções, a exemplo das de intermediação
financeira, de acolhimento de depósitos à vista e da manutenção de uma grande rede de
agências, implica não apenas criar custos, mas, também, distribuir ou ratear o ônus que
esses custos representam entre os produtos e os serviços providos pelos bancos. E, entre
esses produtos e serviços, figura o crédito.

Feitos esses comentários preliminares, podemos, agora, afirmar que a


rentabilidade líquida é composta segundo os termos da expressão numérica grafada logo
abaixo. Por convenção, o coeficiente de rentabilidade líquida é representado por Rl. O

15
resultado líquido, por rl. A média do patrimônio líquido no período de apuração, por PLm.
Todos esses símbolos foram definidos em etapa anterior deste trabalho.

𝑟𝑙
𝑅𝑙 =
𝑃𝐿𝑚

Até por intuição, sabemos que a rentabilidade líquida (Rl) é uma função do
confronto ou da interação entre elementos de custo e de retorno: o retorno que os ativos
proporcionam ao banco (Rb), na forma da razão entre as receitas e ganhos (rg) e a média
do ativo no exercício (Am), e o custo da dívida ou de captação dos recursos de terceiros
(Cd), representado pela razão entre as despesas e perdas (dp) e a média do passivo
exigível no período (PEm).

Enquanto os ativos representam as aplicações de recursos em bens e direitos que,


direta ou indiretamente, permitem ao banco realizar receitas e ganhos, os passivos
exigíveis perfazem a captação de recursos mediante a dilação de pagamentos ou
desembolsos, sendo o elo ou a fase inicial do ciclo de intermediação financeira. Portanto,
a razão Rb entre as receitas e ganhos e a média do ativo, no período de apuração dos
resultados, indica o retorno proporcionado pelas aplicações do banco em bens e direitos,
ao passo que a razão Cd entre as despesas e perdas e a média do passivo exigível, no
mesmo período, demonstra o custo de captação dos recursos de terceiros ou, mais
especificamente, as despesas e perdas associadas a cada unidade de recursos de
terceiros que é captada no curso da intermediação financeira. As expressões numéricas
seguintes representam o retorno do ativo (Rb) e o custo da dívida (Cd).

𝑟𝑔
𝑅𝑏 =
𝐴𝑚

𝑑𝑝
𝐶𝑑 =
𝑃𝐸𝑚

Neste ponto, é lícito indagar: o capital próprio, como fonte de recursos, não
representaria, a exemplo da dívida, um dos custos de captação?

A resposta a essa pergunta é afirmativa. O capital próprio perfaz custo de


captação e é representado pela razão Rl* – a rentabilidade líquida esperada pelo acionista
ou investidor de risco e, portanto, a rentabilidade líquida exigida do banco, ex ante, pelos
sócios.

16
Na perspectiva do acionista do banco ou seu investidor de risco, temos que a
rentabilidade líquida não é apenas um indicador de lucratividade. Aos olhos desse agente
econômico, a rentabilidade também é um valor esperado (Rl*). Nessa condição, a
rentabilidade líquida indica a remuneração que permite a esse agente recuperar o custo
de oportunidade com que se defronta ao investir no capital bancário, em lugar de destinar
seus recursos a outras opções de investimento. Esse custo de oportunidade impõe ao
banco um requerimento paralelo de rentabilidade líquida (Rl*), o qual, na perspectiva ex
post dos resultados, pode ou não ser satisfeito pelo nível de rentabilidade que se realiza
efetivamente (Rl).

Como decorrência de uma rentabilidade líquida esperada (Rl*), há um resultado


líquido esperado (rl*), assim como receitas, despesas, ganhos, perdas, retorno do ativo e
custo de dívida igualmente esperados (rg*, dp*, Rb* e Cd*). Também pode haver
expectativas em relação ao comportamento dos grupos patrimoniais, seja no tocante à
sua escala, seja no que tange à sua composição. Portanto, haveria um ativo, um passivo
exigível e um patrimônio líquido esperados (A*, PE* e PL*), além, naturalmente, de
expectativas em relação aos riscos e sua materialização.

Entretanto, vamos simplificar o tema e adotar a premissa de que haja apenas uma
rentabilidade líquida esperada (Rl*), assim como de que esse valor esperado seja um dado
do problema.

Para desenvolver a expressão numérica da rentabilidade líquida (Rl), decompomos


o resultado líquido (rl) em suas variáveis de fluxo constitutivas. Decomposto, o resultado
líquido (rl) é representado pela diferença entre as receitas e ganhos (rg) e as despesas e
perdas (dp), conforme retrata a identidade abaixo grafada.

𝑟𝑙 = 𝑟𝑔 − 𝑑𝑝

A partir dessa nova identidade, podemos substituir o resultado líquido (rl), as


receitas e ganhos (rg) e as despesas e perdas (dp), respectivamente, pelas expressões
de rentabilidade líquida (Rl), de retorno do ativo (Rb) e de custo da dívida (Cd). O produto
entre a rentabilidade líquida (Rl) e o patrimônio líquido médio (PLm) equivale ao resultado
líquido do período (rl), assim como o entre o retorno do ativo (Rb) e o ativo médio (Am),
às receitas e ganhos (rg), e aquele entre o custo da dívida (Cd) e o passivo exigível médio
(PEm), às despesas e perdas (dp). Assim, temos:

17
𝑅𝑙 · 𝑃𝐿𝑚 = 𝑅𝑏 · 𝐴𝑚 − 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚

Uma vez que o ativo médio (Am), segundo a identidade patrimonial, equivale à
soma das duas fontes de capital do banco – o passivo exigível médio (PEm) e o patrimônio
líquido médio (PLm) –, podemos substituir o ativo médio por essas duas fontes ou grupos
patrimoniais, obtendo a seguinte expressão:

𝑅𝑙 · 𝑃𝐿𝑚 = 𝑅𝑏 𝑃𝐸𝑚 + 𝑃𝐿𝑚 − 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚

Agora, simplificamos a expressão acima, reorganizando seus termos da seguinte


forma:

𝑅𝑙 · 𝑃𝐿𝑚 = 𝑅𝑏 · 𝑃𝐸𝑚 − 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚 + 𝑅𝑏 · 𝑃𝐿𝑚

𝑅𝑙 · 𝑃𝐿𝑚 = 𝑅𝑏 · 𝑃𝐿𝑚 + (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑) · 𝑃𝐸𝑚

Finalmente, dividimos todos os termos pela média do patrimônio líquido durante o


período de apuração (PLm), obtendo:

𝑅𝑙 · 𝑃𝐿𝑚 𝑅𝑏 · 𝑃𝐿𝑚 𝑃𝐸𝑚


= + (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)
𝑃𝐿𝑚 𝑃𝐿𝑚 𝑃𝐿𝑚

Logo,

𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑙 = 𝑅𝑏 + (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)
𝑃𝐿𝑚

A rentabilidade líquida (Rl) forma-se, portanto, pelo efeito combinado do retorno


do ativo (Rb) à amplitude do “spread” ou diferença entre os níveis de retorno do ativo e
de custo da dívida (Rb – Cd), ponderado o “spread” pelo grau de endividamento médio do
banco (PEm/PLm). Bancos com grau de endividamento maior que um (PEm/PLm > 1)
multiplicam o efeito do “spread” sobre a rentabilidade líquida (Rl), ao passo que bancos

18
em que esse grau seja menor que um (PEm/PLm < 1) sofrem mitigação ou fracionamento
do impacto que o “spread” produz sobre a rentabilidade líquida (Rl). Derradeiramente,
quando o passivo exigível e o patrimônio líquido partilham a estrutura de capital em partes
iguais (PEm/PLm = 1), o endividamento é neutro, sob o ponto de vista da alavancagem,
deixando de produzir qualquer efeito multiplicador ou divisor sobre o “spread” e, por
conseguinte, qualquer efeito sobre o resultado e a rentabilidade líquida.

b. A equação da rentabilidade líquida: variantes para a


decomposição dos resultados

É muito importante frisar que a equação anteriormente desenvolvida é uma versão


reduzida ou sintética da equação da rentabilidade líquida. Suas variáveis componentes
podem ser decompostas nos inúmeros elementos que as integram, assim oferecendo uma
visão analítica e mais detalhada dos processos que determinam o desempenho bancário.
Podemos decompor todas as variáveis em grupos ou categorias as mais diversas, a
exemplo das financeiras e não financeiras, das cambiais e não cambiais, das de curto e
longo prazo e das operacionais e não operacionais. As possibilidades de decomposição
afiguram-se, virtualmente, ilimitadas, restringindo-as, tão-somente, a qualidade e a
quantidade dos dados contábeis eventualmente disponíveis.

Apresentamos, a seguir, algumas das variantes da equação aqui desenvolvida,


conforme queiramos diferenciar por grupos ou categorias. Perceba-se que, em cada uma
delas, afigura-se possível criar-se um efetivo balanço dos fatores determinantes dos
resultados, discriminando-se de que forma cada categoria de custo e de retorno interfere
com a rentabilidade líquida e gera, ou não, excedentes líquidos de retorno. Vejamos essas
variantes:

 para diferenciar elementos financeiros (subscrito F) dos não financeiros


(subscrito NF), temos:

𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑙 = 𝑅𝑏𝐹 + 𝑅𝑏𝑁𝐹 + 𝑅𝑏𝐹 − 𝐶𝑑𝐹 + (𝑅𝑏𝑁𝐹 − 𝐶𝑑𝑁𝐹 )
𝑃𝐿𝑚

 para diferenciar elementos cambiais (subscrito C) dos não cambiais


(subscrito NC), temos:

19
𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑙 = 𝑅𝑏𝐶 + 𝑅𝑏𝑁𝐶 + 𝑅𝑏𝐶 − 𝐶𝑑𝐶 + (𝑅𝑏𝑁𝐶 − 𝐶𝑑𝑁𝐶 )
𝑃𝐿𝑚

 para diferenciar elementos de curto (subscrito CP) e longo prazos


(subscrito LP), temos:

𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑙 = 𝑅𝑏𝐶𝑃 + 𝑅𝑏𝐿𝑃 + 𝑅𝑏𝐶𝑃 − 𝐶𝑑𝐶𝑃 + (𝑅𝑏𝐿𝑃 − 𝐶𝑑𝐿𝑃 )
𝑃𝐿𝑚

 para elementos operacionais (subscrito OP) e não operacionais (subscrito


NOP), temos:

𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑙 = 𝑅𝑏𝑂𝑃 + 𝑅𝑏𝑁𝑂𝑃 + 𝑅𝑏𝑂𝑃 − 𝐶𝑑𝑂𝑃 + (𝑅𝑏𝑁𝑂𝑃 − 𝐶𝑑𝑁𝑂𝑃 )
𝑃𝐿𝑚

 finalmente, para discriminar os principais elementos previstos no Plano de


Contas das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (Cosif), ou outros
ainda, podemos ter:

𝑅𝑙 = 𝑅𝑏𝑂𝑝𝐶 + 𝑅𝑏𝐴𝑀 + 𝑅𝑏𝑂𝐶 + 𝑅𝑏𝐴𝐼𝐿 + 𝑅𝑏𝑇𝑉𝑀 + 𝑅𝑏𝑃𝑆 + 𝑅𝑏𝑃𝑎𝑟𝑡 + 𝑅𝑏𝑂𝑅𝑂 + 𝑅𝑏𝑉𝐵 + 𝑅𝑏𝑂𝑅𝑁𝑂
+ 𝑅𝑏𝑂𝑝𝐶 + 𝑅𝑏𝐴𝑀 + 𝑅𝑏𝑂𝐶 + 𝑅𝑏𝐴𝐼𝐿 + 𝑅𝑏𝑇𝑉𝑀 + 𝑅𝑏𝑃𝑆 + 𝑅𝑏𝑃𝑎𝑟𝑡 + 𝑅𝑏𝑂𝑅𝑂 + 𝑅𝑏𝑉𝐵 + 𝑅𝑏𝑂𝑅𝑁𝑂 − (𝐶𝑑𝐷𝐶 + 𝐶𝑑𝐸𝑅 + 𝐶𝑑𝐴𝑀 + 𝐶𝑑𝑂𝐶 + 𝐶𝑑𝑇𝑉𝑀
𝑃𝐸𝑚
+ 𝐶𝑑𝑃𝑎𝑟𝑡 + 𝐶𝑑𝐴𝑑𝑚 + 𝐶𝑑𝑃𝑟𝐴 + 𝐶𝑑𝑂𝐷𝑂 + 𝐶𝑑𝑉𝐵 + 𝐶𝑑𝑂𝐷𝑁𝑂 )
𝑃𝐿𝑚

onde,

RbOpC é o retorno proporcionado pelas operações de crédito;

RbAM é o retorno proporcionado pelas rendas de arrendamento mercantil;

RbOC é o retorno proporcionado pelas rendas das operações de câmbio;

RbAIL é o retorno proporcionado pelas aplicações interfinanceiras de liquidez;

RbTVM é o retorno proporcionado pelas rendas com títulos e valores mobiliários e


com instrumentos financeiros derivativos;

RbPS é o retorno proporcionado pela prestação de serviços;

20
RbPart é o retorno proporcionado por participações;

RbORO é o retorno proporcionado por outras receitas operacionais;

RbVB é o retorno proporcionado por receitas não operacionais com valores e bens;

RbORNO é o retorno proporcionado por outras receitas não operacionais;

CdDC é o custo gerado por despesas de captação;

CdER é o custo gerado por obrigações por empréstimos e repasses;

CdAM é o custo gerado por despesas de arrendamento mercantil;

CdOC é o custo gerado por despesas com operações de câmbio;

CdTVM é o custo gerado por despesas com títulos e valores mobiliários e com
instrumentos financeiros derivativos;

CdPart é o custo gerado por participações;

CdAdm é o custo gerado por despesas administrativas;

CdPrA é o custo gerado por aprovisionamentos e ajustes patrimoniais;

CdODO é o custo gerado por outras despesas operacionais;

CdVB é o custo gerado por prejuízos em transações com valores e bens;

CdODNO é o custo gerado por outras despesas não operacionais.

Também cumpre pedir atenção para o fato de que se combinam, para determinar
a rentabilidade líquida (Rl), dois componentes remuneratórios: o retorno do ativo
propriamente dito (Rb) e o “spread” entre o retorno do ativo e o custo da dívida, este em
suas versões “seca” (Rb – Cd) e “alavancada” (“spread” seco multiplicado por PEm/PLm).
Definiremos os conceitos de “spread” seco e alavancado mais à frente, cumprindo-nos
apenas dizer, por agora, que o “spread” afeta a rentabilidade e o desempenho no plano
de cada banco individualmente, haja vista não apenas as diferentes composições dos
grupos patrimoniais e dos resultados, mas, também, as diferentes escalas de operação.

21
6. O “spread” bancário nos cenários de lucro, prejuízo e equilíbrio
contábil

Explicaremos, aritmeticamente, as relações recíprocas entre o custo da dívida


(Cd), o retorno do ativo (Rb), o “spread” entre essas variáveis de custo e retorno (Rb –
Cd) e os grupos patrimoniais. Para fazê-lo, utilizaremos a equação da rentabilidade
líquida, por meio da qual se pode compreender como todos esses elementos se combinam
e determinam os resultados bancários e a dinâmica patrimonial. Em trecho seguinte do
trabalho, desenvolveremos a ideia de que as variáveis percorrem trajetórias na sucessão
dos exercícios financeiros, assim como a ideia de que é possível medir a sustentabilidade
do desempenho em face do objetivo essencial de promover a estabilidade do patrimônio
bancário.

Começaremos pela investigação da forma pela qual o “spread” influencia a


lucratividade, passando-se, depois, à investigação acerca do sentido e da amplitude
possível do “spread” nos cenários de lucro, prejuízo e equilíbrio contábil. Posteriormente,
demonstraremos ser possível determinar que relações necessárias devem manter, entre
si, as variáveis que integram a equação da rentabilidade líquida, tendo em vista satisfazer
o requerimento de rentabilidade associado à estabilidade patrimonial e, ao mesmo tempo,
recuperar os custos inerentes às duas fontes de recursos que compõem a estrutura de
capital dos bancos. Na verdade, veremos que a estrita recuperação dos custos já
assegura, em si mesma, um edifício patrimonial estável.

a. O equilíbrio contábil e o “spread”

Em contraste com a crença comum, a lucratividade líquida (ou rentabilidade líquida


positiva) é plenamente compatível com “spread” de amplitude nula ou, mesmo, negativa.
Evidentemente, há um ponto além do qual a diferença entre o custo da dívida e o retorno
do ativo (Rb – Cd), sendo o custo maior que o retorno (Cd > Rb), conduz o banco a um
quadro de prejuízo contábil. Portanto, sob o ângulo da rentabilidade líquida, sempre há
um segmento de pontos, em meio às infinitas combinações possíveis de custo de dívida e
de retorno do ativo, em que o banco opera em equilíbrio contábil e que demarca a fronteira
entre as regiões, de um lado, em que há lucro e, do outro, em que se realiza prejuízo
contábil. Podemos identificar esse segmento tomando por base a equação de
rentabilidade líquida.

Iniciemos com:

22
𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑙 = 𝑅𝑏 + (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)
𝑃𝐿𝑚

Convencionemos que o banco opere em equilíbrio contábil. Portanto, a


rentabilidade líquida é igual a zero (Rl = 0), pois não há lucro ou prejuízo:

𝑅𝑙 = 0

Se Rl = 0, é lícito dizer, também, que

𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑏 + 𝑅𝑏 − 𝐶𝑑 =0
𝑃𝐿𝑚

Para satisfazer a convenção de que a rentabilidade líquida seja igual a zero


(equilíbrio contábil), num cenário em que o custo da dívida (Cd), o retorno do ativo (Rb)
e o grau de endividamento (PEm/PLm) são maiores que zero, é preciso que a expressão
negativa do retorno do ativo (-Rb) equivalha ao “spread” seco entre custo e retorno (Rb
menos Cd), multiplicado o “spread” seco pelo grau de endividamento (“spread”
alavancado). Assim:

𝑃𝐸𝑚
− 𝑅𝑏 = (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)
𝑃𝐿𝑚

Para provar essa relação verdadeira, vamos desenvolvê-la e demonstrar que, na


realidade, o equilíbrio contábil (rentabilidade líquida nula ou equivalente a zero) somente
é possível, em cenário no qual o custo da dívida (Cd), o retorno do ativo (Rb) e o grau de
endividamento (PEm/PLm) sejam maiores que zero, quando o custo da dívida (Cd) excede
o retorno do ativo (Rb). Sendo esse o caso, o banco, em equilíbrio contábil, pratica
“spreads” seco (Rb menos Cd) e alavancado (“spread” seco multiplicado pelo grau de
endividamento) negativos. Nesse contexto,

23
− 𝑅𝑏 · 𝑃𝐿𝑚 = (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)𝑃𝐸𝑚

− 𝑅𝑏 · 𝑃𝐿𝑚 − 𝑅𝑏 · 𝑃𝐸𝑚 = −𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚

𝑅𝑏 · 𝑃𝐿𝑚 + 𝑅𝑏 · 𝑃𝐸𝑚 = 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚

𝑅𝑏(𝑃𝐿𝑚 + 𝑃𝐸𝑚) = 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚

Logo, o retorno do ativo (Rb), multiplicado pelo valor médio do ativo no período
de apuração (Am), é igual ao custo da dívida (Cd), multiplicado pelo valor médio do passivo
exigível durante o mesmo período (PEm):

𝑅𝑏 · 𝐴𝑚 = 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚

Essa equação apenas reproduz o fato de que Rb· Am equivale às receitas e ganhos
(rg), assim como Cd· PEm, às despesas e perdas (dp). Confirma-se haver equilíbrio
contábil, em cenário de “spread” negativo (Cd > Rb), no ponto em que o montante de
receitas e ganhos equivale ao de despesas e perdas:

𝑟𝑔 = 𝑑𝑝

O que explica a compatibilidade entre um “spread” negativo e o equilíbrio contábil


ou, mesmo, a lucratividade é o fato de que, havendo um patrimônio líquido (PLm > 0), a
base remunerável do ativo (Am) é, necessariamente, maior que a base de obrigações
sobre a qual incide o custo da dívida (PEm). Assim sendo,

Se

𝐴𝑚 > 𝑃𝐸𝑚

a condição para que

24
𝑅𝑏 · 𝐴𝑚 = 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚

é a de que, necessariamente,

𝑅𝑏 < 𝐶𝑑

e, portanto, que

𝑅𝑏
<1
𝐶𝑑

Logo, o equilíbrio contábil, no cenário aqui definido, somente ocorre quando a


razão entre o custo da dívida (Cd) e o retorno do ativo (Rb) é igual à razão entre o ativo
(Am) e o passivo exigível ou dívida (PEm). Se, por convenção fundada nas normas
regulatórias que se aplicam aos bancos, o ativo é necessariamente maior que o passivo
exigível ou dívida (Am > PEm), então a razão entre o ativo e a dívida tem que ser maior
que um (Am/PEm > 1). Assim sendo, para que a razão entre o custo da dívida e retorno
do ativo satisfaça a condição de igualdade face à razão entre o ativo e a dívida (Cd/Rb =
Am/PEm), o custo da dívida é necessariamente maior que o retorno do ativo (Cd > Rb), e
a razão entre custo e retorno é, inapelavelmente, maior que um (Cd/Rb > 1).

Chega-se à conclusão, nesse contexto, que o equilíbrio contábil, no qual as


receitas e ganhos se equivalem às despesas e perdas (rg = dp), todas as condições
satisfeitas, somente ocorre em cenário de “spreads” negativos, sendo expressa pela
seguinte relação:

𝐴𝑚 𝐶𝑑
=
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏

Observe-se, entretanto, que essa é apenas uma relação necessária à realização


de equilíbrio contábil. Como veremos à frente, o equilíbrio entre as receitas e ganhos e
as despesas e perdas não se configura trajetória de desempenho sustentável
economicamente, haja vista os impactos que produz sobre os grupos patrimoniais,

25
conduzindo o banco a inexoráveis apertos de liquidez, redução do grau de solvência e,
eventualmente, inviabilidade operacional. Além disso, o equilíbrio contábil não se afigura
nível ou padrão de resultado líquido compatível com a remuneração do investimento de
risco que se faz em bancos, assumindo-se que a expectativa de remuneração exista e
seja positiva.

b. O lucro contábil e o “spread”

A fim de que se realize lucratividade líquida (ou rentabilidade líquida maior que
zero), também são possíveis infinitas combinações de retorno do ativo (Rb) e de custo da
dívida (Cd), em face de combinações entre o total do ativo médio e o do passivo exigível
médio. Naturalmente, infinitas combinações resultam em infinitos valores de “spread” e,
por uma questão de lógica, é lícito supor que, quanto maior a amplitude de um “spread”
positivo, em que o retorno do ativo (Rb) seja maior que o custo da dívida (Cd), tão maior
será o nível de lucratividade líquida (Rl).

Assumindo-se que a maximização componha a função de lucratividade dos bancos,


veremos que a incorporação da estabilidade patrimonial a essa função permite criar um
referente sólido para os lucros bancários. Esse referente será expresso na forma de um
piso ou mínimo de lucratividade, piso ou mínimo esse demonstrado na forma de relações
entre variáveis patrimoniais, de custo, de retorno e de resultado.

Infinitas possiblidades abrem-se no exame dessa matéria, especialmente no que


tange a digressões sobre o desempenho de bancos, à vista de seus resultados, de seu
patrimônio, dos “spreads” e de indicadores como endividamento, alavancagem, solvência
e liquidez. Exatamente por isso, demonstraremos quais são algumas das relações
necessárias, entre variáveis de fluxo (de resultados), estoque (patrimoniais) e mistas
(custo e retorno), para que um banco opere lucrativamente. Imediatamente depois,
faremos o mesmo para demonstrar o que conduz um banco a gerar prejuízo. Vencidas
essas duas etapas, determinaremos, por fim, em meio às infinitas relações possíveis para
que se opere com lucro, prejuízo ou em equilíbrio contábil, o que se poderia considerar
uma regra de desempenho economicamente racional e, portanto, quais seriam as
condições estritamente necessárias a uma atividade bancária equilibrada sob o ponto de
vista de uma função de lucro que incorpore a estabilidade patrimonial e, portanto, de um
desempenho sustentável na linha do tempo. Certo? Avante, então.

Para determinar quais são as relações que conduzem à lucratividade líquida, vamos
adotar as mesmas convenções utilizadas na demonstração anterior, oportunidade em que

26
desenvolvemos a noção para efeito do equilíbrio contábil. Portanto, também
trabalharemos com cenário em que o custo da dívida (Cd), o retorno do ativo (Rb) e o
grau de endividamento (PEm/PLm) sejam maiores que zero. Se a premissa é a de que
haja lucratividade líquida, temos, então, o seguinte:

𝑅𝑙 > 0

𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑏 + 𝑅𝑏 − 𝐶𝑑 >0
𝑃𝐿𝑚

A rentabilidade líquida é maior que zero (Rl > 0) e, assim sendo, temos nas mãos
uma inequação (caracterizada pelo sinal “>”) em que, se um lado é maior que zero (Rl >
0), a imagem refletida de Rl também é maior que zero (Rb + (Rb – Cd)... > 0).

Diante disso e das convenções aqui adotadas, também podemos afirmar que

𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑏 > − 𝑅𝑏 − 𝐶𝑑
𝑃𝐿𝑚

e, consequentemente, afirmar que

𝑅𝑏 · 𝑃𝐿𝑚 > −(𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)𝑃𝐸𝑚

𝑅𝑏 · 𝑃𝐿𝑚 + 𝑅𝑏 · 𝑃𝐸𝑚 > 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚

𝑅𝑏 · 𝑃𝐿𝑚 + 𝑅𝑏 · 𝑃𝐸𝑚 > 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚

𝑅𝑏(𝑃𝐿𝑚 + 𝑃𝐸𝑚) > 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚

Podemos substituir a soma do patrimônio líquido ao passivo exigível (PLm + PEm)


pelo ativo médio (Am), obtendo

27
𝑅𝑏 · 𝐴𝑚 > 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚

Significa dizer que o banco, a fim de que realize lucratividade líquida, precisa
operar com retorno do ativo (Rb), multiplicado pelo valor médio do ativo no período de
apuração (Am), maior que o custo da dívida (Cd), multiplicado pelo valor médio do passivo
exigível durante o mesmo período (PEm). Evidentemente, isso significa afirmar o óbvio:
para haver lucro, é preciso que a receitas e ganhos (rg) sejam maiores que as despesas
e perdas (dp):

𝑟𝑔 > 𝑑𝑝

Se, por convenção regulatória, temos que o ativo é maior que o passivo exigível:

𝐴𝑚 > 𝑃𝐸𝑚

a condição para que

𝑅𝑏 · 𝐴𝑚 > 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚

também pode ser expressa da seguinte forma:

𝐴𝑚 𝐶𝑑
>
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏

Portanto, haverá lucro ou lucratividade líquida enquanto a razão entre o ativo


médio e o passivo exigível médio (Am/PEm) for maior que a razão entre o custo da dívida
e o retorno do ativo (Cd/Rb). Significa dizer que, respeitadas as convenções adotadas e
as relações aqui descritas, pode haver lucratividade líquida mesmo que o “spread” entre
retorno do ativo (Rb) e custo da dívida (Cd) seja negativo (Cd > Rb), desde que a razão

28
entre retorno e custo não seja igual ou maior que aquela entre o ativo e o passivo (Cd/Rb
< Am/PEm).

c. O prejuízo contábil e o “spread”

Bem, o prejuízo contábil ou a rentabilidade líquida negativa ocorre quando as


receitas e ganhos são menores que as despesas e perdas (rg < dp), significando dizer que

𝑅𝑙 < 0

e que

𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑏 + 𝑅𝑏 − 𝐶𝑑 <0
𝑃𝐿𝑚

Mantidas as convenções até aqui adotadas, podemos afirmar que

𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑏 < − 𝑅𝑏 − 𝐶𝑑
𝑃𝐿𝑚

e, consequentemente, que

𝑅𝑏 · 𝑃𝐿𝑚 < −(𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)𝑃𝐸𝑚

𝑅𝑏 · 𝑃𝐿𝑚 + 𝑅𝑏 · 𝑃𝐸𝑚 < 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚

𝑅𝑏 · 𝑃𝐿𝑚 + 𝑅𝑏 · 𝑃𝐸𝑚 < 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚

𝑅𝑏(𝑃𝐿𝑚 + 𝑃𝐸𝑚) < 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚

Vamos substituir a soma do patrimônio líquido ao passivo exigível (PLm + PEm)


pelo total do ativo médio (Am). Assim, temos que

29
𝑅𝑏 · 𝐴𝑚 < 𝐶𝑑 ·𝑃𝐸𝑚

Isso também significa afirmar o óbvio: havendo prejuízo contábil, as receitas e


ganhos são menores que as despesas e perdas. Logo,

𝑟𝑔 < 𝑑𝑝

Se, por convenção, temos que

𝐴𝑚 > 𝑃𝐸𝑚

então, a condição para que

𝑅𝑏 · 𝐴𝑚 < 𝐶𝑑 ·𝑃𝐸𝑚

é a de que

𝐴𝑚 𝐶𝑑
<
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏

Portanto, enquanto a razão entre o ativo e o passivo exigível (Am/PEm) for menor
que aquela entre o custo da dívida e o retorno ativo (Cd/Rb), para quaisquer valores que
essas razões assumam, o banco incorrerá na realização de prejuízo contábil ou
rentabilidade líquida negativa. Perceba-se: por convenção, o ativo (Am) é maior que o
passivo exigível (PEm), razão pela qual, em prejuízo contábil, o custo da dívida (Cd) deve
ser sempre maior que o retorno do ativo (Rb).

30
d. Os conceitos de “spread” seco e alavancado

Observe-se que trabalhamos com dois conceitos distintos de “spread”: o conceito


de “spread seco” e o de “alavancado”. Olhando-os de forma objetiva, a diferença entre
eles é matematicamente inequívoca: “spreads” secos são meras diferenças, positivas ou
negativas, entre o nível de retorno proporcionado pelo ativo (Rb) e aquele representado
pelo custo da dívida (Cd), ao passo que o conceito de “spread” alavancado incorpora à
diferença entre custo e retorno os efeitos do endividamento e, por conseguinte, da
alavancagem de cada banco. Nesse particular, cabe lembrar que endividamento e
alavancagem estão na essência da intermediação financeira e são as molas-propulsoras
dos resultados. Entenderemos o porquê disso agora.

É lícito dizer que o “spread” seco mede exatamente isto: o excedente, a diferença
ou a margem entre o retorno do ativo (Rb) e o custo da dívida (Cd). Matematicamente,
esse excedente pode ser positivo ou negativo. Inexistirá excedente apenas se o “spread”
for zero ou nulo. E, em qualquer caso, os elementos constitutivos desse conceito de
“spread” não apenas revelam, por sua escala ou magnitude, os níveis de retorno e de
custo praticados pelos bancos em suas operações ativas e passivas, mas, também,
permitem conhecer, em suas formas mais analíticas, a composição das operações
bancárias, tanto do ponto de vista do patrimônio quanto sob o prisma dos resultados.

Ao “spread” alavancado, por sua vez, reserva-se papel de extrema relevância,


embora esse papel nem sempre seja bem compreendido. E, quando dizemos “de extrema
relevância”, não se trata de mera retórica. Por mais que isto agrida o senso comum, é
correto e exato reconhecer que elevados graus de endividamento, lado à existência de
“spreads” secos positivos, assim entendidos níveis de retorno do ativo superiores aos de
custo da dívida, podem cumprir função inestimável para que se moderem os juros
praticados no âmbito da intermediação financeira. Sim, pode haver correlação benigna
entre “spreads” positivos, alavancagem e juros, no sentido de moderar-lhes as taxas.

A explicação para isso está no fato de que somente “spreads” secos positivos, ao
serem associados a uma estrutura de capital tão alavancada quanto a de bancos, tornam
viável estabelecer a convivência entre níveis de retorno do ativo de menor magnitude e
elevados índices de lucratividade ou rentabilidade líquida. Noutras palavras, o “spread”
seco positivo (Rb menos Cd > 0), alavancado pelo grau de endividamento (PEm/PLm), é
a chave para a viabilidade econômica da oferta de crédito a juros moderados no âmbito
de qualquer economia. Viabilidade, bem entendida, na acepção que essa palavra tem num

31
cenário em que o desempenho, a um só tempo, assegure um patrimônio bancário estável,
permita a recuperação do custo da dívida (Cd) e ofereça rentabilidade líquida compatível
com o custo de oportunidade do acionista ou investidor de risco.

A fim de que melhor entendamos os papéis cumpridos pelo “spread” e o grau de


alavancagem/endividamento, especialmente no tocante à formação dos resultados, à
determinação do desempenho e à moderação do preço cobrado pelo crédito (as taxas de
juros), desenvolveremos um caso hipotético.

Imaginemos uma instituição financeira que realize, em média, retorno bruto do


ativo (Rb) da ordem de 2% ao ano. Convencionemos que, quando não a totalidade, a maior
parte das aplicações desse banco seja feita em operações de crédito. A fim de captar os
recursos necessários às suas aplicações em ativos, a instituição toma recursos de
terceiros ao custo de dívida anual de 1% (Cd). Como todo banco, há capital próprio lado
ao de terceiros, e o grau de endividamento que reflete essa estrutura de capital binária –
a razão PEm/PLm – é de 17. Diante dessas condições operacionais, notadamente de
aplicações em ativos que, em média, rendam tão-somente 2% ao ano de retorno, qual
seria a rentabilidade líquida (Rl) que esse banco estaria apto a realizar ao final de um
exercício financeiro qualquer?

Para responder a essa questão, procedamos a um cálculo simples, utilizando a


equação de rentabilidade que desenvolvemos em etapa anterior deste trabalho:

𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑙 = 𝑅𝑏 + (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)
𝑃𝐿𝑚

𝑅𝑙 = 2% + (2% − 1%)17

𝑅𝑙 = 19%

E a resposta é esta: não obstante, em nosso exemplo, apliquem-se recursos em


ativos cujos níveis de retorno, em média, demonstrem-se extremamente baixos, nosso
banco hipotético foi capaz de realizar, ao final do exercício financeiro, níveis de
lucratividade elevados – de 19% ao ano. Isso se explica por meio da mecânica do
endividamento – a utilização de capitais de terceiros –, paralelamente à realização de
“spread” seco positivo. Trata-se de combinação que permite ao banco alavancar os

32
ganhos líquidos entre os níveis de retorno do ativo e do custo da dívida, ganhos esses
materializados na forma de um “spread” seco positivo. São ganhos líquidos que, uma vez
alavancados, transferem-se ao capital próprio na forma de remuneração líquida
(rentabilidade líquida). E remuneração líquida, vale dizer, que se espera esteja de acordo
com o custo de oportunidade que o acionista suporta ao efetuar investimento de risco no
capital bancário.

Alternativamente, podemos imaginar outro caso hipotético: o de um banco em que


o nível de retorno proporcionado pelo ativo (Rb) seja de, digamos, 10% ao ano. Esse
banco trabalha com custo de dívida (Cd) de 9%. Capta recursos de terceiros (PEm), assim
como dispõe de capital próprio (PLm). Sua razão de endividamento (PEm/PLm) é de 10,
diversamente do primeiro caso. Que nível de rentabilidade líquida, nas condições dadas,
seria esse banco capaz de realizar? Calculemos, então:

𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑙 = 𝑅𝑏 + (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)
𝑃𝐿𝑚

𝑅𝑙 = 10% + (10% − 9%)10

𝑅𝑙 = 20%

A despeito de condições bastante distintas, como níveis de retorno e custo muito


superiores ao primeiro caso, além de um “spread” seco que se manteve constante em
1%, os resultados líquidos realizados por ambos os bancos hipotéticos foram muito
próximos entre si – de 20% ao ano, contra 19%, no exemplo anterior. Quer dizer: o
menor grau de endividamento mitigou o impacto de maiores níveis de custo e retorno
sobre a rentabilidade líquida, embora o “spread” seco se tenha mantido em 1% ao ano.

Há que se entender, portanto, que as variáveis “trabalham” em concerto,


inexistindo qualquer determinismo ou preponderância em relação a esta ou aquela
variável, notadamente em relação ao papel que o “spread”, por si só, pode desempenhar
no âmbito da intermediação financeira.

A esse propósito, viu-se que o endividamento é crucial, pois pode exercer efeito
de alavanca dos resultados – entendidos os resultados como as receitas e ganhos (rg) e
as despesas e perdas (dp), assim como o que se apura do confronto entre essas grandezas
– o resultado líquido. Produz o efeito de alavanca ao multiplicar ou dividir os resultados
líquidos entre as receitas e ganhos e as despesas e perdas, conforme seu grau seja,

33
respectivamente, maior ou menor que 1. O efeito do endividamento somente é neutro
quando as fontes de recursos próprios e de terceiros partilham a estrutura de capital,
entre si, igualmente.

Nesse contexto, é um equívoco atribuir ao “spread”, em seu conceito “seco” ou


“alavancado”, pechas como a de responder pela magnitude das taxas de juros no Brasil,
ou de ser a raiz de índices de lucratividade bancária que se reputem excessivos. Nada
disso é comprovado pelos fatos ou teoricamente. O “spread”, o endividamento, os
resultados e cada grupo patrimonial cumprem funções específicas e inter-relacionadas
no âmbito das finanças bancárias. São funções que existem, sim, e que se cumprem
porque há e deve haver um sentido de racionalidade no desempenho dos bancos. Nada
ocorre por acaso ou espontaneamente. É preciso apenas entender como se dá a
interveniência de cada uma das variáveis.

7. Resultados e “spread”: um resumo

Em resumo, podemos afirmar serem as seguintes as relações necessárias, entre


variáveis de fluxo (de resultado) e estoque (patrimoniais), que refletem os papéis que o
“spread” entre custo e retorno e o endividamento cumprem para efeito da determinação
da magnitude e do sinal da rentabilidade líquida:

o em prejuízo líquido contábil:

𝐴𝑚 𝐶𝑑
<
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏

o O “spread” entre custo e retorno, em prejuízo contábil, é


necessariamente negativo;

o em lucro líquido contábil:

𝐴𝑚 𝐶𝑑
>
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏

o O “spread” entre custo e retorno, em lucro contábil, pode ser


negativo, nulo ou positivo, desde que se satisfaça, em qualquer
caso, a condição de que a razão entre custo (Cd) e retorno (Rb)
seja menor que aquela entre o ativo (Am) e o passivo exigível
(PEm);

34
o em equilíbrio contábil:

𝐴𝑚 𝐶𝑑
=
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏

o O “spread” entre custo e retorno, em equilíbrio contábil, é


necessariamente negativo, pois a razão entre custo e retorno
(Cd/Rb), sendo equivalente àquela entre o ativo e o passivo
exigível (Am/PEm), deve ser maior que um.

Restou evidente que essas relações são verdadeiras somente quando presentes
as premissas de que: primeiro, o ativo seja maior que o passivo exigível (Am > PEm),
havendo, portanto, um patrimônio líquido (PLm); segundo, o custo da dívida (Cd) e o
retorno do ativo (Rb) sejam maiores que zero.

8. A função estabilizadora dos lucros

A fim de que se prossiga e determine o que caracteriza um resultado que estabilize


a estrutura patrimonial – a função estabilizadora do lucro –, torna-se necessário, agora,
incorporar alguns elementos adicionais para efeito da análise do desempenho bancário.

Com essa finalidade em mente, cumpre-nos definir, desde logo, o conceito de


resultado que permita estabilizar o patrimônio bancário. A esse propósito, entendemos
que qualquer banco somente opera nesse plano de resultados quando mantém sob
controle a alavancagem, o endividamento e a solvência patrimoniais, auferindo resultados
que lhe permitam recuperar os custos representados pelos capitais que integram suas
fontes de recursos ou de captação. A ideia, aqui, é a de que a estrita recuperação desses
custos já representa, em si, o padrão mínimo de desempenho necessário, no plano
microeconômico, a uma estrutura patrimonial estável, assim entendidos graus de
endividamento e alavancagem, assim como condições de solvência, cujas trajetórias de
evolução, ao longo do tempo, permitam ao banco mantê-los sob controle.

Uma das fontes de recursos dos bancos, tanto quanto origem de parte de seus
custos, é o capital de risco. Como já dissemos anteriormente, trata-se do capital
pertencente a sócios ou acionistas, capital esse que representa o custo de oportunidade
do sócio-investidor e, na perspectiva do banco, que implica a exigência de oferecer
remuneração compatível com a recuperação desse custo de oportunidade. Os bancos, a
fim de que remunerem o investidor de risco adequadamente, devem operar de forma
lucrativa, figurando o custo de oportunidade do investidor como referência ou

35
“benchmark”, lado ao custo da dívida, para a determinação de um nível mínimo de
lucratividade que, nessa perspectiva, torna-se exigível para o banco (Rl*).

A recuperação do custo de oportunidade (Rl*) constitui requisito de viabilidade da


estrutura de capital do banco. Nessa estrutura, os recursos próprios ou capitais de risco
(ou patrimônio líquido) figuram como fonte de captação, lado à dívida. Trata-se de fonte
de captação de que não decorrem obrigações de amortizar, mas que configura fato gerador
da exigibilidade de remunerar.

Embora não estejam precípua e exclusivamente associados à atividade bancária,


os capitais próprios afiguram-se imprescindíveis para que os bancos cumpram suas
funções como intermediários financeiros. Nenhum banco, ausente a fonte de recursos
próprios em volume suficiente, está apto a existir e a operar, mesmo porque assim
preveem as normas que regulamentam o setor. São normas que associam elementos
característicos do desempenho bancário, como os graus de endividamento e alavancagem
– ferramentas essenciais à intermediação financeira –, a um lastro mínimo de patrimônio
ou capital próprio, cujo valor de referência pode variar em função dos níveis de risco a
que cada banco está sujeito.

Portanto, remunerar o capital próprio é exigência e condição de sustentabilidade


da atividade bancária. Remunerá-lo significa não apenas criar os meios para que o banco
se endivide e se alavanque continuamente, cumprindo suas funções como intermediário,
mas, também, para que tenha acesso a recursos que circulam pelo mercado de capitais,
nomeadamente o de ações, o que lhe permite atuar com mais elevados graus de liberdade
no tocante à administração de sua estrutura de capital e negócios.

Observe-se, no entanto, que determinar o efetivo custo de oportunidade com que


se defronta o investidor de risco não constitui tarefa das mais triviais. Por isso, vamos
contornar esse problema, adotando uma hipótese simplificadora: a de que o mercado de
capitais seja eficiente. De que, por conta dessa eficiência, as expectativas de retorno de
quem invista em bancos sejam semelhantes à expectativa média de retorno propiciada
pela carteira representativa de todo o mercado – o conjunto de ações que circulam e se
transacionam no mercado de capitais.

Ao ser assim, a rentabilidade líquida esperada pelo investidor de risco, em face


de suas aplicações em bancos, não destoaria daquela rentabilidade que seria esperada se
a carteira de aplicações desse investidor contemplasse o conjunto de ações em circulação
no mercado, não apenas as ações que, de fato, possui. Isso significa dizer que a

36
rentabilidade líquida esperada pelo investidor de risco equivaleria, aproximadamente, à
rentabilidade líquida esperada em face do conjunto de ativos que perfazem o mercado de
ações, o que nos leva a concluir que Rl* = Rm, onde Rl* é a rentabilidade líquida esperada
pelo acionista do banco, e Rm, a rentabilidade líquida esperada por todo e qualquer
acionista em face do conjunto de ativos em circulação no mercado de capitais.

Lado ao custo de oportunidade do investidor de risco (Rl*) também há um outro


custo de referência – o da dívida do banco (Cd). Além de ser capaz de oferecer
rentabilidade líquida compatível com o custo de oportunidade do investidor (Rl ≥ Rl*), os
resultados também devem permitir, simultaneamente, que se recupere o custo do capital
tomado a terceiros (Cd). Nesse sentido, a recuperação do custo da dívida (Cd) também
perfaz condição necessária à solvência do banco e, portanto, à continuidade da atividade
bancária, indefinidamente, na linha do tempo.

Conforme demonstraremos, custos de dívida não recuperados levam à


deterioração das condições de solvência, pois se verifica o encolhimento dos recursos
próprios (patrimônio líquido) como um dos componentes do edifício patrimonial,
oferecendo lastro cada vez menor à alavancagem e ao endividamento bancário. Verifica-
se, nesse contexto, o estrangulamento crescente da capacidade de pagamento do banco.

Cabe, entretanto, ter atenção ao seguinte: é bem possível que haja divergência
entre as duas referências de custo com que trabalham os bancos. Na verdade, é muito
provável que essa seja a tônica da estrutura do capital bancário, a exemplo do que ocorre
com qualquer outro ramo de atividade econômica. Afigura-se remota a chance de que o
custo de oportunidade do investidor de risco (Rl*) e o custo da dívida (Cd) se equivalham
mutuamente. Por isso, a referência, para qualquer banco, é sempre o maior dos custos
que se originam de sua estrutura de capital. Expliquemos o porquê.

Essa dicotomia não deriva apenas do fato de que se trata de categorias de custo
que ostentam naturezas jurídicas distintas, uma tendo caráter obrigacional, a da dívida, e
a outra, societário, a dos capitais próprios. É dicotomia que também resulta do arranjo
tecnológico-institucional em vigor, por meio do qual o tratamento dispensado ao capital
de terceiros (PE), ao qual se associa o custo da dívida (Cd), em vários aspectos difere
daquele aplicável ao capital próprio (PL), este ligado ao custo de oportunidade do
investidor de risco (Rl*).

Enquanto há associação contábil explícita entre o passivo exigível (PE) e o custo


da dívida (Cd), que se unem por meio das despesas e perdas (dp), disso, inclusive,

37
decorrendo o efeito da dedutibilidade tributária de que se favorece o endividamento, o
custo de oportunidade do investidor de risco ou custo do capital próprio (Rl*) ainda
permanece fenômeno confinado à seara econômica. A associação entre o custo do capital
próprio e o patrimônio líquido (PL) não é mediada por eventos contábeis expressos, como
por despesas e perdas, o que impede, entre outras coisas, que esse custo incorpore
características afeitas ao endividamento, como o “escudo tributário” (a dedutibilidade das
despesas e perdas para fins de tributação).

E, em nossa opinião, nem poderia ser diferente. Compreendemos não haver


motivos para que se force a semelhança das duas grandes fontes de capital dos bancos,
buscando-lhes a unicidade dos custos e oferecendo-lhes uma mesma roupagem
tributária, contábil e financeira, pois sabemos que, ainda que se assim se faça, suas
naturezas permanecerão distintas entre si. Capitais próprios e de terceiros são fontes de
captação inconciliáveis sob o prisma econômico, salvo melhor juízo.

À evidência, os capitais próprios são movidos pelo ânimo de lucrar. Os lucros,


por sua vez, sujeitam-se a uma função que os maximiza, além, naturalmente, que busca
promover a estabilidade patrimonial. E essa função, cabe frisar, cumpre o propósito de
superlativizar os resultados e, ao fazê-lo, de criar as condições para expandir,
endogenamente, o capital próprio, inclusive, se possível for, expandi-lo em ritmo superior
àquele que as receitas e ganhos ditam para o ativo.

Com os capitais de terceiros, não. Eles estão submetidos a uma função que se
afigura inversa à dos lucros e, por extensão lógica, que lhes determina mutações que,
sempre se espera, sejam contrárias às do capital próprio. O intuito é diametralmente
oposto: o que se busca não é maximizar o que quer que seja, mas minimizar as despesas
e perdas e, assim fazendo, criar as condições para que o endividamento encolha
endogenamente, assim reduzindo sua participação no edifício patrimonial. A dívida e o
capital próprio, nesse sentido, são vetores que apontam em sentidos opostos.

Olhando a dicotomia na perspectiva das mutações patrimoniais de caráter


exógeno, verificamos que o capital próprio e a dívida também parecem exibir
comportamentos em oposição mútua. Enquanto se revela razoável supor que os bancos
sejam parcimoniosos para efeito da emissão de instrumentos de capital de risco e da
determinação da escala do patrimônio líquido (o capital próprio por excelência), haja vista
as vantagens relativas de endividamento e alavancagem maiores, o mesmo não se pode
afirmar com respeito à dívida. Do ponto de vista das decisões quanto à escala da

38
intermediação financeira, afigura-se racional que os bancos procurem ampliá-la, tendo
em vista expandir a transformação do crédito e alavancar a rentabilidade líquida
decorrente dessa atividade.

Mesmo os instrumentos híbridos de capital próprio e dívida não implicam


reconciliar essas diferenças e promover a unicidade da estrutura de captação. Tampouco
criam uma fonte de capital de terceiro gênero. O hibridismo apenas permite que os
instrumentos de captação tenham sua natureza convertida de uma para outra fonte de
capital. Apenas isso. Os instrumentos híbridos não implicam ambiguidade de gênero.

Cumpre observar, além do mais, que não há concorrência perfeita entre o mercado
onde se transacionam os títulos e valores mobiliários, como as ações, e aquele em que
são emitidos os instrumentos de dívida. E não há porque se alinham não apenas
características distintivas como o “escudo tributário”, mas, também, porque esses
mercados, embora responsáveis pela provisão de liquidez, estão organizados e funcionam
de forma muito diferente um do outro: cumprem papéis diversos; são palco da negociação
de produtos de capital e dívida que não se afiguram substitutos perfeitos, sequer
próximos; e implicam custos de transação díspares para o destinatário final dos recursos.

Nesse concerto, há uma estrutura verdadeiramente binária de custos, e esses


custos podem divergir, sim, um do outro – quantitativa e qualitativamente. Por conta
dessa divergência, não se lhes consegue vislumbrar a reconciliação, no afã de reuni-los,
sintetizá-los ou resumi-los num único valor ou grandeza.

Mesmo matematicamente, a proeza de dar-lhes unicidade parece ser impossível.


Recorrer a expedientes como medidas de tendência central, a exemplo de custos médios
ponderados, medianas, etc., não resolve. Medidas como essas não sinalizam valores de
referência válidos para orientar, adequadamente, a realização de resultados e para
assegurar, inexoravelmente, a estabilidade patrimonial. Nenhum valor central de tal sorte
permite a recuperação simultânea, em sentido estrito, do custo da dívida (Cd), de um lado,
e do de oportunidade do investidor de risco (Rl), do outro, presente a divergência entre
esses custos. E isso por uma razão bem simples: tomando-se qualquer valor ou medida
de tendência central como referência, os custos desviam-se desse valor ou medida em
sentidos opostos, como não poderia deixar de ser, pois, enquanto um deles sempre se
demonstra maior que o valor de referência, o outro se afigura, necessariamente, menor
que ele.

39
Se for certo afirmar que a divergência entre os custos gera desvios em sentidos
opostos, não será menos certo asseverar que os desvios podem implicar, em si,
consequências para a atividade bancária, caso os resultados tenham por referência
medida de tendência central. Uma das consequências que vislumbramos é a de que não
parece possível um padrão de desempenho bancário que possa, eficaz e simultaneamente,
promover a estabilidade patrimonial mediante a estrita recuperação dos custos da dívida
(Cd) e de oportunidade do investidor de risco (Rl*). Qualquer combinação de resultados
– de receitas, despesas, ganhos, perdas e, por extensão, lucro líquido –, quando centrada
num único valor estatístico de referência, sempre será hipersuficiente em relação ao
menor dos custos e hipossuficiente no que tange ao maior deles. Noutras palavras, não
há combinação possível de resultados que, visando apenas assegurar a lucratividade
líquida minimamente necessária à estabilidade patrimonial, não acarrete resultados
excessivos em relação ao menor dos custos e insuficientes em relação ao maior deles.
Inexiste medida de tendência central, no contexto dessas limitações, que sinalize
resultados que, de forma estrita, promovam a estabilidade do patrimônio bancário.

A solução, portanto, é outra. Implica reconhecer que a divergência entre os custos


que compõem a estrutura binária de capital, diante da impossibilidade de reuni-los num
único valor de referência, como que conduz os bancos a um padrão de desempenho que,
do ponto de vista de seus próprios resultados, comporta ineficiência estrutural ou crônica.
Assim ocorre porque a referência para a lucratividade líquida minimamente necessária à
estabilidade patrimonial, promovida mediante combinações de resultados que permitam a
recuperação simultânea dos custos de ambas as fontes de captação, passa a ser o maior
desses custos. Passando a ser esse o valor de referência, os resultados tornam-se
cronicamente excessivos em relação ao menor custo. E, embora excessivos os resultados
em relação ao menor custo, o nível de lucratividade líquida decorrente desses resultados
é, ainda assim, o mínimo necessário à estabilidade patrimonial, razão por que não se
afigura possível moderá-lo, reduzi-lo ou corrigi-lo, a despeito de sua reconhecida
ineficiência, sob pena de que se conduza o banco, ao fazê-lo, à instabilidade patrimonial.

Portanto, diante da contingência de que os dois grandes custos de captação sejam


distintos entre si, o nível mínimo de lucratividade líquida, necessário à estabilidade
patrimonial, implica: primeiro, resultados cuja referência é, necessariamente, o maior
dos custos de captação; segundo, resultados sempre excessivos em relação ao menor dos
custos de captação; terceiro, interferências endógenas no volume da intermediação
financeira. Vejamos como isso ocorre, demonstrando, algebricamente, todo o processo.

40
a. Estrutura de capital: divergência entre os custos

Se há divergência entre o custo da dívida (Cd) e o custo do capital próprio ou de


risco (Rl*), podemos afirmar, com base no princípio do terceiro excluído, que o custo da
dívida (Cd) pode ser maior ou menor que o custo do capital próprio (Rl*), mas não pode
ser igual a ele. Assim sendo, a hipótese a ser excluída é a de que:

𝑅𝑙∗ = 𝐶𝑑

Vamos desenvolver essa hipótese:

Se

𝑅𝑙∗ = 𝐶𝑑

𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑙∗ = 𝑅𝑏 + (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)
𝑃𝐿𝑚

então

𝑃𝐸𝑚
𝐶𝑑 = 𝑅𝑏 + (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)
𝑃𝐿𝑚

𝑃𝐸𝑚
𝐶𝑑 − 𝑅𝑏 = (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)
𝑃𝐿𝑚

Sabendo que não há patrimônio a descoberto, pois, até por força de normas
regulatórias, o ativo é necessariamente maior que o passivo exigível (Am > PEm), o grau
de endividamento pode ser qualquer número positivo (PEm/PLm > 0). Nesse contexto, a
fim de que se se satisfaça a relação de igualdade retratada pela última equação, é preciso
que:

41
𝑅𝑏 −𝐶𝑑 = 0

e, portanto, que

𝐶𝑑 − 𝑅𝑏 = 0

Logo,

𝑅𝑏 = 𝐶𝑑

Com base nas equações desenvolvidas anteriormente neste trabalho, sabemos


que, sendo

𝑅𝑏 = 𝐶𝑑

então

𝑅𝑙 = 𝐶𝑑

e, se nossa hipótese inicial (a hipótese a ser excluída) é a de que

𝑅𝑙∗ = 𝐶𝑑

podemos concluir que, havendo igualdade entre os custos da dívida (Cd) e do


capital próprio ou de risco (Rl*), temos o seguinte:

𝑅𝑙∗ = 𝑅𝑙 = 𝑅𝑏 = 𝐶𝑑

42
onde o resultado líquido esperado ou custo do capital próprio (Rl*) equivale ao
resultado líquido realizado (Rl), que, por seu turno, é igual tanto ao retorno do ativo (Rb)
quanto ao custo da dívida (Cd). E essa é a hipótese, em sua inteira extensão, a ser
excluída, tendo em mira determinar o resultado líquido minimamente necessário à
estabilidade patrimonial.

Há, portanto, um nível mínimo de rentabilidade líquida que se exige dos bancos,
tomando-se por referência o maior dos custos a recuperar, se esses custos divergem um
do outro.

Logicamente, um piso de rentabilidade líquida somente é compatível com a


realização de lucro contábil. A recuperação simultânea de ambos os custos de captação,
visando à estabilidade patrimonial, também se assenta na condição de que o banco deva
realizar lucro contábil porque, à luz das expectativas de retorno dos investidores de risco,
não poderia ser outro o resultado líquido esperado das operações bancárias. Isso nos
leva a assumir que o comportamento dos grupos patrimoniais e das variáveis de custo e
retorno também deva ser pautado pela condição de que:

𝐴𝑚 𝐶𝑑
>
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏

Por oportunidade do desenvolvimento dessa relação, que retrata condições


necessárias à realização de lucro contábil, vimos que, no caso dos bancos, o ambiente
regulatório exige que o ativo seja maior que o passivo exigível, o que implica dizer que
há, de fato, um patrimônio líquido e que, em decorrência, a razão entre esses grupos
patrimoniais se apresenta superior a um (Am/PEm > 1). Assim sendo, qualquer banco
pode operar lucrativamente em três situações distintas, tomando por referência o
“spread” seco ou diferença entre o retorno do ativo (Rb) e o custo da dívida (Cd), desde
que satisfeita a condição posta de que a razão entre essas variáveis de resultado (Cd/Rb)
seja menor que aquela entre as variáveis patrimoniais (Am/PEm).

Respeitadas essas premissas, já pode haver lucro mesmo quando o custo da dívida
se demonstre maior que o retorno do ativo (Cd > Rb). Nesse caso, basta que a razão
entre os grupos patrimoniais seja maior que aquela entre o custo da dívida e o retorno do
ativo, de modo que:

43
𝑅𝑏 − 𝐶𝑑 < 0

𝐶𝑑 > 𝑅𝑏

𝐶𝑑
>1
𝑅𝑏

E, assim, que:

𝐴𝑚 𝐶𝑑
− >0
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏

a fim de que:

𝐴𝑚 𝐶𝑑
>
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏

Numa segunda situação, também se verifica lucro contábil quando não há “spread”
ou, noutras palavras, quando a diferença entre o retorno do ativo e o custo da dívida é
zero. Quer dizer: o nível de retorno do ativo (Rb) é exatamente igual ao do custo da
dívida (Cd). Nesse caso, a razão entre o custo da dívida e o retorno do ativo é igual a um
(Cd/Rb = 1). Temos, portanto, que:

𝑅𝑏 − 𝐶𝑑 = 0

𝐶𝑑 = 𝑅𝑏

𝐶𝑑
=1
𝑅𝑏

Se sabemos que:

𝐴𝑚
>1
𝑃𝐸𝑚

44
Então, para haver lucro contábil, com “spread” igual a zero, também confirmamos
que:

𝐴𝑚 𝐶𝑑
>
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏

Na terceira situação, afigura-se evidente que haverá lucro sempre que o retorno
do ativo, por ser maior que o custo da dívida, gera “spread” positivo. Nesse caso, como
nos demais, a convenção adotada é a de existência de um patrimônio líquido, pois o quadro
regulatório do setor exige que o ativo, em alguma medida, seja maior que o passivo
exigível. Como inexorável implicação dessa exigência, a razão entre os grupos
patrimoniais afigura-se necessariamente maior que aquela entre o custo da dívida e o
retorno do ativo, mesmo porque a razão entre as variáveis de resultado é,
necessariamente, menor que um. Temos, portanto, a seguinte situação:

𝑅𝑏 − 𝐶𝑑 > 0

𝑅𝑏 > 𝐶𝑑

𝐶𝑑
<1
𝑅𝑏

E, assim, que:

𝐴𝑚 𝐶𝑑
− >0
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏

Logo, confirmamos, mais uma vez, que:

𝐴𝑚 𝐶𝑑
>
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏

Embora as três situações conduzam os bancos à lucratividade e, ao fazê-lo,


satisfaçam a condição de que a razão entre ativo e passivo seja, sempre, maior que a

45
razão entre custo e retorno (Am/PEm > Cd/Rb), em apenas duas delas há a efetiva
possibilidade de um desempenho sustentável, pois compatível com a manutenção do banco
em trajetória de estabilidade patrimonial ao longo do tempo e, portanto, de graus de
solvência, endividamento e alavancagem endogenamente estáveis. Essas são as situações
em que o retorno do ativo se demonstre igual ou maior que o custo da dívida (Rb ≥ Cd).

Se o retorno do ativo (Rb) equivale ao custo da dívida (Cd) ou é maior que ele,
temos, então, o seguinte:

𝑅𝑏 − 𝐶𝑑 ≥ 0

𝑅𝑏 ≥ 𝐶𝑑

𝐶𝑑
≤1
𝑅𝑏

Se, por convenção baseada nas normas regulatórias, há um patrimônio líquido


mínimo (patrimônio de referência para a alavancagem), o ativo é maior que o passivo e,
portanto:

𝐴𝑚
>1
𝑃𝐸𝑚

Conforme já demonstrado aqui, há uma medida de desempenho que,


simultaneamente, permite a recuperação de ambos os custos de captação e promove a
estabilidade patrimonial. Ela se assenta na premissa de que o banco observe padrão de
desempenho compatível com lucro contábil, disso decorrendo que a condição essencial,
para efeito de uma operação lucrativa, é a de que os grupos patrimoniais e as variáveis
de custo e retorno mantenham, entre si, a seguinte relação:

𝐴𝑚 𝐶𝑑
>
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏

Ora, também sabemos que a condição para uma lucratividade sustentável é dada
por uma razão entre o custo da dívida (Cd) e o retorno do ativo (Rb) em que:

46
𝐶𝑑
≤1
𝑅𝑏

Igualmente, sabemos que, por convenção e a bem da solvência patrimonial, deve


ser esta a relação entre os grupos patrimoniais:

𝐴𝑚
>1
𝑃𝐸𝑚

Tudo considerado, concluímos que um banco, a fim de que, simultaneamente, seja


lucrativo, mantenha-se patrimonialmente estável e recupere ambos os custos de captação
– o do capital de terceiros e o do próprio –, deve exibir desempenho que implique cumprir
a seguinte condição:

𝐴𝑚 𝐶𝑑
>1≥
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏

Essa é a condição válida tanto na hipótese de equivalência entre os custos de


captação – o da dívida (Cd) e o de oportunidade do investidor de risco (Rl*) – quanto para
no caso em que, havendo divergência entre eles, o da dívida (Cd) seja o maior dos custos.

Caso se verifique a divergência entre o custo da dívida (Cd) e o de oportunidade


do investidor de risco (Rl*), sendo maior o de oportunidade do investidor, devemos alterar
essa condição, eliminando a possibilidade de que a razão entre o custo da dívida (Cd) e o
retorno do ativo (Rb) seja igual a um ou, colocando de outro modo, eliminando a
possibilidade de “spread” zero (Rb menos Cd = 0). O “spread” deverá ser,
necessariamente, positivo e, portanto, a razão Cd/Rb, menor que um. Assim, temos, em
cenário no qual houver divergência entre os custos de captação, que:

𝐴𝑚 𝐶𝑑
>1>
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏

47
pois desejamos excluir a hipótese em que os custos de captação se equivalham, a
saber:

𝑅𝑙∗ = 𝑅𝑙 = 𝑅𝑏 = 𝐶𝑑

b. Introduzindo o fator “tempo” nas expressões numéricas

Em numerosas passagens deste trabalho, fizemos alusão às trajetórias que os


grupos patrimoniais percorreriam, assim porque impulsionados pelas variáveis de
resultado. De igual modo, estabelecemos certa sinonímia, ao longo das digressões feitas,
entre estabilidade patrimonial e sustentabilidade do desempenho bancário. Também
afirmamos que havia liames entre trajetórias, mutações, estabilidade e sustentabilidade,
assim como que esses liames seriam as infinitas combinações possíveis de resultados que
os bancos poderiam colher no curso de suas operações.

Pois bem. A fim de permitir que se analisem essas infinitas combinações, vamos
introduzir o tempo como variável em nosso modelo, para tanto recorrendo ao logaritmo
natural e à função exponencial natural. Mediante o uso dessas ferramentas, podemos
redefinir, em bases contínuas, a condição desenvolvida, na etapa anterior deste trabalho,
com base nos seguintes termos:

𝐴𝑚𝑡−1 ∙𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝑅𝑏𝑡 ) 𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝐶𝑑𝑡 ) −1


>1≥
𝑃𝐸𝑚𝑡−1 ∙𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝐶𝑑𝑡 ) 𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝑅𝑏𝑡 ) −1

Por analogia, essa é a relação válida tanto na hipótese de que haja equivalência
entre os custos de captação – o da dívida (Cd) e o de oportunidade do investidor de risco
(Rl*) – quanto no caso em que, havendo divergência entre eles, o da dívida (Cd) seja o
maior dos custos.

Também por analogia, a divergência entre o custo da dívida (Cd) e o de


oportunidade do investidor de risco (Rl*), sempre que o de oportunidade for maior que o
custo da dívida (Rl* > Cd), implica alterar a condição supracitada. Deve eliminar-se a
possibilidade de que a razão entre o custo da dívida (Cd) e o retorno do ativo (Rb) seja
igual a 1 ou, sob outro ângulo, eliminar-se a possibilidade de “spread” zero (Rb menos

48
Cd = 0). Somente o “spread” positivo pode ser admitido quando se busca a recuperação
de um custo de capital próprio (Rl*) superior ao custo da dívida (Cd). Assim, temos, em
cenário em que o custo do capital próprio (Rl*) seja maior que o da dívida (Cd):

𝐴𝑚𝑡−1 ∙𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝑅𝑏𝑡 ) 𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝐶𝑑𝑡) −1


>1>
𝑃𝐸𝑚𝑡−1 ∙𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝐶𝑑𝑡) 𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝑅𝑏𝑡 ) −1

c. O requerimento de mínima rentabilidade líquida diante da


divergência dos custos de captação

Vamos examinar, agora, um ou dois efeitos ocasionados pela divergência entre os


custos de captação. Apenas para lembrar, vimos, anteriormente, que, sendo mutuamente
distintos esses custos, devemos excluir qualquer medida, hipótese ou condição de
desempenho que implique, direta ou indiretamente:

𝑅𝑙∗ = 𝑅𝑙 = 𝑅𝑏 = 𝐶𝑑

Analisemos, primeiramente, o caso em que o custo da dívida (Cd) se afigure maior


que o de oportunidade do investidor de risco (Rl*). Nesse caso, o desempenho bancário,
teoricamente, aponta para resultados em que o retorno do ativo (Rb) passe a ter por
referência a recuperação do custo da dívida (Cd) – o maior custo. Em tese, geram-se
resultados que, estando estritamente sintonizados com a recuperação desse custo, são
demasiados no que tange à exigência de remunerar o investidor do risco (Rl*). Realiza-
se lucratividade líquida que excede as expectativas de mercado (Rl > Rl*), e, embora
assim, o nível de lucratividade permanece como aquele estritamente necessário à
recuperação do custo da dívida (Cd). O custo de oportunidade do investidor (Rl*) é
recuperado com folga. Ainda assim, assegura-se, meramente, a estabilidade patrimonial,
mantendo-se os níveis de solvência, endividamento e alavancagem endogenamente
estáveis.

Em casos como o acima descrito, os efeitos patrimoniais ocasionados pelos


resultados, para serem os estritamente necessários à estabilidade patrimonial, devem
obedecer ao seguinte:

49
𝐴𝑚𝑡−1 ∙𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝑅𝑏𝑡 ) 𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝐶𝑑𝑡 ) − 1
>1=
𝑃𝐸𝑚𝑡−1 ∙𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝐶𝑑𝑡 ) 𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝑅𝑏𝑡 ) − 1

Para que se produza a estabilidade patrimonial de forma estrita, teremos um nível


de retorno do ativo (Rb) equivalente ao de custo da dívida (Cd), significando dizer que
inexistirá “spread”, motivo pelo qual a razão entre Cd e Rb será igual a 1. Embora custo
da dívida e retorno do ativo se equivalham, a rentabilidade líquida realizada (Rl), que é
equivalente ao retorno do ativo (Rb), é maior que a expectativa de retorno do acionista
ou investidor de risco (Rl*).

No tocante aos grupos patrimoniais do ativo (Am) e do passivo exigível (PEm),


eles seguem as trajetórias ditadas pelos resultados. Na verdade, ditada pelos níveis de
custo da dívida (Cd), no caso do passivo exigível, e de retorno do ativo (Rb), no do ativo.
São trajetórias absolutamente idênticas entre si, pois, no pressuposto de que os
resultados sejam aqueles estritamente necessários à estabilidade patrimonial, o que se
faz mediante a recuperação do custo da dívida (Cd), que é o maior dos custos, as
trajetórias são desenhadas por um padrão de desempenho em que o “spread” é zero e a
razão entre custo e retorno é 1, pois Rb equivale a Cd.

Embora esse padrão de desempenho transmita a sensação de lucratividade


excessiva e, portanto, de resultados exuberantes, haja vista que a lucratividade realizada
(Rl) é maior que a esperada (Rl*), trata-se de resultados que não implicam criar “folgas”
nos graus de endividamento, alavancagem e solvência. Essas razões patrimoniais
permanecem endogenamente estáveis, sofrendo mutações no ritmo ditado pelos
resultados, que se alinham com o custo da dívida (Cd), motivo pelo qual quaisquer
mudanças no volume da intermediação financeira passam a depender da interveniência de
fatores exógenos. Entre esses fatores figuram a expansão ou a contração dos graus de
endividamento e alavancagem, mediante, respectivamente, a emissão ou o resgate de
instrumentos de dívida, e a capitalização do banco, por meio da emissão de instrumentos
de capital de risco, cujos recursos amealhados se podem destinar tanto à liquidação
antecipada de obrigações, reduzindo o volume das operações passivas de intermediação
financeira, quanto à aplicação em novas operações de crédito, ampliando o volume das
operações ativas de intermediação.

50
Naturalmente, expansões e contrações verificados nos graus de endividamento,
alavancagem e solvência devem estar alinhados com as normas regulatórias. Eventuais
alterações exógenas no volume da intermediação financeira não podem implicar
inobservância dos limites máximos que essas normas prescrevem para os bancos.

Se, ao revés, o custo de oportunidade do investidor de risco se afigura maior que


o custo da dívida (Cd), os resultados, em tese, são orientados para a recuperação deste
que é o maior dos custos: o resultado líquido esperado pelos investidores (Rl*). Nesse
sentido, os bancos realizam lucratividade estritamente de acordo com a expectativa-
padrão do mercado, mas é nível de lucratividade que, embora de acordo com o esperado,
supera o custo da dívida bancária (Cd). Logo, Rb é maior que Cd.

Nesse caso, os efeitos patrimoniais ocasionados pelos resultados obedecem à


seguinte condição:

𝐴𝑚𝑡−1 ∙𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝑅𝑏𝑡 ) 𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝐶𝑑𝑡) −1


>1>
𝑃𝐸𝑚𝑡−1 ∙𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝐶𝑑𝑡) 𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝑅𝑏𝑡 ) −1

Para a consecução da estabilidade patrimonial de forma estrita, teremos um nível


de retorno do ativo (Rb) superior ao de custo da dívida (Cd). Há “spread”, pois o retorno
do ativo (Rb) é maior que o custo da dívida (Cd), e, por isso, a razão entre Cd e Rb é
menor que um. E assim ocorre porque os resultados são direcionados para a realização
de rentabilidade líquida (Rl) estritamente compatível com a rentabilidade esperada pelos
acionistas (Rl*).

Por sua vez, os grupos patrimoniais do ativo (Am) e do passivo exigível (PEm), ao
seguirem trajetórias ditadas pelos resultados, distanciam-se um do outro. Operando com
retorno do ativo (Rb) superior ao custo da dívida (Cd), cresce a razão entre o ativo (Am)
e o passivo exigível (PEm), o que indica contração endógena dos graus de alavancagem
e endividamento e, consequentemente, ampliação do de solvência.

É padrão de desempenho que implica alinhar a lucratividade realizada (Rl) com a


esperada (Rl*), dando a impressão de que os resultados, por serem absolutamente
normais, pois compatíveis com as expectativas de mercado, não implicam consequências
extraordinárias para os bancos.

51
Mas, trata-se de falsa impressão. As razões patrimoniais experimentam mudanças
endógenas, pois os resultados, ao estarem alinhados com um custo maior que o da dívida
(Cd), induzem contrações endógenas da alavancagem e do endividamento. Nesse sentido,
é padrão de desempenho que abre espaço para a expansão do volume da intermediação
financeira, sem que dessa expansão se sacrifique a solvência e se elevem os graus de
endividamento e alavancagem.

Finalmente, importa ressaltar a existência de aspecto deôntico na composição dos


custos bancários. Salvo melhor juízo, afigura-se benigno e preferível o quadro
operacional em que o custo total da dívida (Cd) seja, sempre, inferior ao custo de
oportunidade do investidor do risco (Rl*). Como vimos, essa ordem, na relação entre os
custos, permite que o requerimento de mínima rentabilidade não apenas assegure uma
estrutura de capital estável, mas, lado a isso, gere “folgas” de endividamento e
alavancagem, endogenamente, que conferem maiores graus de liberdade à gestão das
operações de financiamento e liquidez dos bancos.

9. Resumo geral: requerimento de rentabilidade líquida, custos,


retorno e “spread”

Antes que procedamos à aplicação e ao teste das relações desenvolvidas até aqui,
resumiremo-las, por tópicos, a fim de oferecer panorama do processo de formação dos
resultados, de interação das variáveis de fluxo e estoque e das condições a serem
satisfeitas para efeito da estabilidade patrimonial.

Descrição Relações

Equação da rentabilidade líquida – versão


𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑙 = 𝑅𝑏 + 𝑅𝑏 − 𝐶𝑑
sintética 𝑃𝐿𝑚

𝑅𝑙 = 𝑅𝑏𝑂𝑝𝐶 + 𝑅𝑏𝐴𝑀 + 𝑅𝑏𝑂𝐶 + 𝑅𝑏𝐴𝐼𝐿 + 𝑅𝑏𝑇𝑉𝑀 + 𝑅𝑏𝑃𝑆


+ 𝑅𝑏𝑃𝑎𝑟𝑡 + 𝑅𝑏𝑂𝑅𝑂 + 𝑅𝑏𝑉𝐵 + 𝑅𝑏𝑂𝑅𝑁𝑂
+ 𝑅𝑏𝑂𝑝𝐶 + 𝑅𝑏𝐴𝑀 + 𝑅𝑏𝑂𝐶 + 𝑅𝑏𝐴𝐼𝐿
Equação da rentabilidade líquida – versão + 𝑅𝑏𝑇𝑉𝑀 + 𝑅𝑏𝑃𝑆 + 𝑅𝑏𝑃𝑎𝑟𝑡 + 𝑅𝑏𝑂𝑅𝑂
+ 𝑅𝑏𝑉𝐵 + 𝑅𝑏𝑂𝑅𝑁𝑂 − 𝐶𝑑𝐷𝐶 + 𝐶𝑑𝐸𝑅
analítica (principais contas do COSIF)
+ 𝐶𝑑𝐴𝑀 + 𝐶𝑑𝑂𝐶 + 𝐶𝑑 𝑇𝑉𝑀 + 𝐶𝑑𝑃𝑎𝑟𝑡
+ 𝐶𝑑𝐴𝑑𝑚 + 𝐶𝑑𝑃𝑟𝐴 + 𝐶𝑑𝑂𝐷𝑂 + 𝐶𝑑𝑉𝐵
𝑃𝐸𝑚
+ 𝐶𝑑𝑂𝐷𝑁𝑂
𝑃𝐿𝑚

52
Descrição Relações

Equação da rentabilidade líquida – versão


𝑅𝑙 = 𝑅𝑏𝐹 + 𝑅𝑏𝑁𝐹 + 𝑅𝑏𝐹 − 𝐶𝑑𝐹 + 𝑅𝑏𝑁𝐹
analítica (balanço entre elementos financeiros 𝑃𝐸𝑚
− 𝐶𝑑𝑁𝐹
e não financeiros) 𝑃𝐿𝑚

Condição necessária ao equilíbrio contábil,


𝐴𝑚 𝐶𝑑
independentemente da estabilidade =
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏
patrimonial

Condição necessária ao lucro contábil,


independentemente da estabilidade 𝐴𝑚 𝐶𝑑
>
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏
patrimonial

Condição necessária ao prejuízo contábil,


independentemente da estabilidade 𝐴𝑚 𝐶𝑑
<
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏
patrimonial

Condição necessária à realização de


lucratividade líquida estritamente compatível
com a estabilidade patrimonial (requerimento
de mínima rentabilidade), no cenário em que o 𝐴𝑚 𝐶𝑑
>1=
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏
custo da dívida (Cd) seja maior que o do
capital de risco (Rl*), ou naquele em que os
custos se equivalham. Variáveis discretas

Condição necessária à realização de


lucratividade líquida estritamente compatível
com a estabilidade patrimonial (requerimento
𝐴𝑚 𝐶𝑑
>1>
de mínima rentabilidade), no cenário em que o 𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏

custo da dívida (Cd) seja menor que o do


capital de risco (Rl*). Variáveis discretas

Condição necessária à realização de


𝐴𝑚𝑡−1 ∙ 𝑒 𝑛∙𝑙𝑛 1+𝑅𝑏𝑡 𝑒 𝑛∙𝑙𝑛 1+𝐶𝑑𝑡 − 1
lucratividade líquida estritamente compatível > 1 = 𝑛∙𝑙𝑛 1+𝑅𝑏
𝑃𝐸𝑚𝑡−1 ∙ 𝑒 𝑛∙𝑙𝑛 1+𝐶𝑑 𝑡 𝑒 𝑡 −1

com a estabilidade patrimonial (requerimento

53
Descrição Relações

de mínima rentabilidade), no cenário em que o


custo da dívida (Cd) seja maior que o do
capital de risco (Rl*), ou naquele em que os
custos se equivalham. Variáveis contínuas

Condição necessária à realização de


lucratividade líquida estritamente compatível
𝐴𝑚𝑡−1 ∙ 𝑒 𝑛∙𝑙𝑛 1+𝑅𝑏𝑡 𝑒 𝑛∙𝑙𝑛 1+𝐶𝑑𝑡 − 1
com a estabilidade patrimonial (requerimento > 1 > 𝑛∙𝑙𝑛 1+𝑅𝑏
𝑃𝐸𝑚𝑡−1 ∙ 𝑒 𝑛∙𝑙𝑛 1+𝐶𝑑𝑡 𝑒 𝑡 −1

de mínima rentabilidade), no cenário em que o


custo da dívida (Cd) seja menor que o do
capital de risco (Rl*). Variáveis contínuas

10.A rentabilidade líquida realizada por bancos domésticos entre 2000


e 2014: os elementos de custo e retorno, a alavancagem e o
“spread”

Com base nos dados e nas informações contábeis colhidas em amostra de 84


bancos domésticos, aplicaremos as ferramentas desenvolvidas nas etapas anteriores e
analisaremos o desempenho dessas instituições financeiras à luz dos elementos que as
levam desde a definição da escala e da composição de seus ativos e passivos até a
realização de receitas, despesas, ganhos e perdas, passando pela determinação de seus
níveis de custo, retorno, “spread” e rentabilidade líquida.

Nosso trabalho de análise terá por foco, do geral para o particular, os elementos
de desempenho de todos os 84 bancos da amostra, dos 15 maiores bancos, adotando-se
por critério de escolha o tamanho do ativo, dos restantes 63 menoes bancos (em
contraposição aos 15 maiores), dos bancos por tipo de classificação (I, II e IV) e dos
bancos privados ou públicos, assim considerados em função do controle societário.

Em função do grande número de dados coligidos e indicadores elaborados,


optamos por anexar as correspondentes tabelas ao corpo do trabalho, em lugar de
incorporá-las diretamente ao seu texto. São, ao todo, 64 tabelas, sendo 8 tabelas para
cada grupo ou seção da amostra sob análise. As tabelas são padronizadas e discriminam,

54
para cada grupo ou seção da amostra, os mesmos indicadores. E a cada grupo ou seção
da amostra reservaremos um anexo específico.

A primeira tabela descreve a formação da rentabilidade líquida. Para isso,


discrimina, por ano, o número de bancos que compõem a amostra, a rentabilidade líquida
anual (Rl), o retorno do ativo (Rb), o custo da dívida (Cd), o “spread” seco (Rb menos Cd),
o grau de endividamento (PEm/PLm), e o “spread” alavancado (“spread” seco
multiplicado pelo grau de endividamento). Trata-se, portanto, do primeiro nível ou
camada a ser observada na decomposição da rentabilidade.

A segunda tabela descreve a decomposição do retorno do ativo (Rb). O retorno


do ativo é descrito a partir de dois de seus grandes elementos constituintes: os de origem
financeira (Rbf) e os de origem não financeira (Rbnf). Trata-se, portanto, do segundo
nível ou camada da rentabilidade, esse pelo ângulo do ativo, das receitas e ganhos e do
nível de retorno.

A terceira tabela descreve a decomposição do retorno financeiro do ativo (Rbf).


Ingressamos no terceiro nível ou camada da rentabilidade para demonstrar quais são os
diferentes elementos constituintes do retorno financeiro do ativo, assim como o seu peso
na formação da rentabilidade. Na demonstração de resultados, são elementos que figuram
como receitas e ganhos realizados no curso da intermediação financeira. Em função das
limitações dos dados e das informações contábeis divulgadas pelo Banco Central do
Brasil, pudemos identificar apenas 6 elementos constituintes do retorno financeiro do
ativo.

A quarta tabela traz a decomposição do retorno não financeiro do ativo (Rbnf).


Aqui, também, permanecemos no terceiro nível ou camada da rentabilidade, demonstrando
quais são os 3 elementos constituintes do retorno não financeiro do ativo, tanto quanto
seu peso na formação da rentabilidade.

Uma vez mais, a qualidade e a precisão da análise foram prejudicadas pela forma
de divulgação dos dados e das informações contábeis. Verificamos as práticas, que
reputamos deletérias para efeitos do estudo de toda a temática, de apresentar montantes
por suas expressões líquidas, deduzindo-se despesas de receitas (o que prejudica o
dimensionamento da escala), e de reunir dados em contas genericamente denominadas, a
exemplo de “demais receitas” ou “outras receitas” (o que prejudica o entendimento da
composição). Além disso, verificamos que, de 1995 a 2014, houve mudanças no plano
das contas que são divulgadas, mas não se procedeu à adaptação de toda a série de dados

55
a essas mudanças, gerando descontinuidades que, embora tenhamos buscado eliminar ou
corrigir, certamente subtraíram alguma qualidade e precisão dos indicadores construídos.

A quinta tabela, por sua vez, é análoga à segunda tabela. A diferença é que, na
quinta tabela, faz-se a decomposição do custo da dívida (Cd) em seus elementos
financeiro (Cdf) e não financeiro (Cdnf), discriminando-se o peso relativo de cada um.

Na sexta tabela, decompõe-se o custo financeiro da dívida (Cdf). São seis


elementos de custo financeiro, a saber: operações de arredamento mercado, no mercado
aberto, de empréstimos e repasses, de câmbio, de transferência ou venda de ativos
financeiro e de constituição de provisões para créditos de liquidação duvidosa. São
elementos que, na demonstração de resultados, figuram como despesas e perdas
associadas à intermediação financeira.

A sétima tabela, por seu turno, traz a decomposição do custo não financeiro da
dívida (Cdnf). São, ao todo, 5 elementos que, basicamente, constituem o custo não
financeiro. Aqui, também, verificaram-se as mesmas limitações a que fizemos alusão a
propósito da construção dos indicadores que constam da quarta tabela.

Finalmente, a tabela 8 traz um “balanço” dos retornos e custos financeiros e não


financeiros. Mostramos quais são o retorno financeiro e o custo financeiro, assim como
o “spread” seco entre eles, tanto quanto o retorno não financeiro e o custo não financeiro,
lado, também, ao “spread” seco entre eles. Em seguida, calculamos o “spread” seco geral
(soma do “spread” seco financeiro ao não financeiro), aplicamos o grau de endividamento
ao “spread” seco e, ao fazê-lo, determinamos o “spread” alavancado. De certo modo,
esses indicadores, assim organizados, permitem entender a maneira pela qual os
elementos financeiros e não financeiros, de custo e retorno, combinam-se mutuamente e
determinam a forma como o “spread” e a alavancagem afetam os resultados bancários.

Nossa intenção era ampliar o trabalho de decomposição dos resultados a outras


categorias ou grupos de elementos, a exemplo do prazo de realização de ativos ou de
exigibilidade de obrigações (curto e longo prazos) e dos operacionais e não operacionais.
Infelizmente, a forma de organização e divulgação dos dados não permitiu que se fizesse
a ampliação do escopo da análise, o que muito reduziu o alcance e a profundidade
possíveis.

56
a. Decomposição básica da amostra

Embora seja suposição comum que a lucratividade, de uma maneira geral, esteja
indelevelmente atrelada à prática de “spreads” positivos entre os elementos de retorno
e de custo, devendo o “spread”, segundo se acredita, ser tão maior quanto mais elevada
for a lucratividade, verificamos, em etapas anteriores deste trabalho, que a aritmética dos
resultados não oferece a necessária sustentação teórica a um raciocínio dessa ordem.
Agora, de posse dos indicadores elaborados a partir dos dados dos 84 bancos da amostra,
podemos não apenas confirmar, na prática, o equívoco teórico desse raciocínio, mas,
também, constatar outros tantos fatos, igualmente desconcertantes, a propósito do que
se espera, costumeiramente, do desempenho dos bancos.

Começamos o trabalho de análise pelos 84 bancos, tratados conjunta e


indistintamente. Em seguida, analisamos os bancos pelos segmentos dos tipos I, II e IV.
O tipo I é integrado pelos bancos comerciais, os múltiplos com carteira comercial e as
caixas econômicas. O II, pelos bancos de investimento, os múltiplos sem carteira
comercial e os de câmbio. O IV, pelos de desenvolvimento. Depois, passamos à análise
com fundamento no tamanho ou escala dos bancos, definida a partir do valor total dos
ativos. Cindimos os bancos em dois grupos: os 15 maiores e os 63 menores, a cada ano.
Seis bancos, por haverem constado da lista dos 15 maiores, num ou mais exercícios,
foram retirados da lista dos menores bancos, nos demais exercícios. Finalmente,
analisamos os bancos com base na origem do capital: público ou privado. A ideia foi a
de permitir a análise do desempenho sob o prisma de eventuais relações viciosas ou
virtuosas, conforme o ponto de vista, que a natureza do capital societário poderia
ocasionar nas instituições financeiras.

Para cada grupo analisado, elaboramos tanto um conjunto de tabelas, que se


encontram anexas a este trabalho, quanto diagramas sumarizantes do desempenho, que
estão incorporados a estas páginas. São 8 as tabelas, conforme já explicamos
anteriormente, e 3 os diagramas. No que tange aos diagramas, esclarecemos o seguinte:
o primeiro diagrama descreve a rentabilidade líquida a partir de todos os elementos de
resultado; o segundo diagrama centra-se nos elementos financeiros de resultado; e o
terceiro diagrama traz os elementos não financeiros.

Ao apresentar os dados dessa forma, buscamos demonstrar que não há um único


padrão de desempenho que caracterize os bancos. Na verdade, a ideia é esclarecer que
há significativa variabilidade ou dispersão nos números que lhes caracterizam o

57
desempenho, a depender de elementos como o tamanho, o segmento em que operam, e a
natureza do capital societário. Significa dizer: a realidade é complexa, e o Sistema
Financeiro Nacional (SFN) é uma rede tridimensional de subsistemas, de órgãos e de
funções.

Paralelamente, buscamos demonstrar como os elementos financeiros e não


financeiros interagem no âmbito dos resultados. Muito especialmente, revelar que os
bancos enfrentam condições operacionais distintas entre si, assim como que uma única
função – a intermediação financeira –, embora se afigure o cerne do subsistema bancário,
está entrelaçada a uma série de outros papéis, o que ocasiona interferências importantes
no desempenho das instituições e nas condições de intermediação do crédito.

b. Os 84 bancos da amostra

Os diagramas 1, 2 3, a seguir, sumarizam o desempenho agregado dos 84 bancos


de nossa amostra. Verificou-se que, na média dos números apurados para o período que
se estende de 2001 a 2014, os bancos praticaram “spreads” negativos. O “spread” seco
médio foi de -0,1%, e o “spread” alavancado, de -0,5% (ver as anexas tabelas 1 a 8).
Durante esse período, a média da rentabilidade líquida anual (Rl), de 18,0%, foi alcançada
em função do índice de retorno propiciado pelo ativo (Rb), de 18,6%, índice esse
estritamente nivelado com o custo médio da dívida (Cd), que foi de -18,7%.

Diagrama 1 – todos os bancos da amostra

Lucratividade
Rentabilidade Líquida Líquida
(média)
18,0%

Spread Alavancado e Spread Retorno do


Retorno do Ativo Alavancado Ativo
(média) -0,5% 18,6%

Spread Seco Geral e Grau de Spread Seco


Grau de Endividamento Geral
Endividamento (média) 10,8 -0,1%

Retorno do Ativo e Retorno do


Custo da Dívida
Custo da Dívida Ativo
-18,7%
(média) 18,6%

58
Os “spreads” apresentaram-se negativos em sete dos 14 exercícios pesquisados.
Em apenas um desses exercícios, o de 2001, verificou-se efetivo prejuízo líquido no
conjunto amostral, haja vista o peso excessivo que o prejuízo contábil, realizado por
algumas instituições, teve no conjunto do subsistema bancário. A despeito disso,
sabemos, com fundamento nos conceitos e nas ferramentas aqui desenvolvidas, que os
“spreads” negativos, caso persistissem no tempo, delineariam trajetória de desempenho
insustentável para os bancos, precipitando-os em eventual quadro de irrefreável
expansão do endividamento e de erosão da solvência.

Decompondo os resultados em seus elementos financeiros e não financeiros,


podemos determinar, com maior precisão, o processo de formação dos resultados. Esses
elementos estão sumarizados nos diagramas 2 e 3, a seguir, e discriminados, com o
detalhamento possível, nas tabelas 2 a 8. Podemos verificar, com base nos números
coligidos, que os resultados de natureza financeira apontam em sentido diametralmente
oposto aos de ordem não financeira.

Diagrama 2 – todos os bancos da amostra – resultados financeiros

Lucratividade
Líquida
Rentabilidade Líquida
Financeira
Financeira Anual (média)
46,9%

Spread Retorno
Spread Alavancado Alavancado Financeiro do
Financeiro e Retorno Financeiro Ativo
Financeiro do Ativo (média)
32,8% 14,1%

Spread Seco Financeiro e Grau de Spread Seco


Grau de Endividamento Endividamento Financeiro
(média) 10,8 3,0%

Retorno Custo
Retorno Financeiro do Ativo Financeiro do Financeiro da
e Custo Financeiro da Dívida Ativo Dívida
(média)
14,1% -11,0%

Durante o período, houve, na média, lucratividade líquida e “spreads” de natureza


financeira elevadíssimos (ver o diagrama 2). No conjunto da amostra, a lucratividade
líquida foi de 46,9% ao ano, empurrada por “spread” alavancado de 32,8% e retorno do
ativo (Rbf) de outros 14,1%. Com custo financeiro da dívida (Cdf) de -11,0%, o “spread”
seco ficou em 3,04%. Os mais importantes componentes financeiros de retorno foram as

59
operações ativas de crédito e arrendamento mercantil (8,3% de retorno médio ao ano) e
as com títulos e valores mobiliários (3,8% de retorno médio ao ano), ao passo que
figuraram como principais elementos do custo financeiro da dívida as operações passivas
de mercado aberto (com -6,2% de custo médio ao ano), lado às de empréstimos e
repasses (com -2,3% de custo médio ao ano) e às de provisão para créditos de liquidação
duvidosa (com -1,7% do custo médio financeiro da dívida ao ano).

Diagrama 3 – todos os bancos da amostra – resultados não financeiros

Rentabilidade Líquida Prejuízo Líquido


Não Financeira Anual Não Financeiro
(média) -28,8%

Spread Alavancado Spread Retorno Não


Não Financeiro e Alavancado Não Financeiro do
Retorno Não Financeiro Ativo
Financeiro do Ativo -33,4% 4,6%
(média)

Spread Seco Não Grau de Spread Seco Não


Endividamento Financeiro
Financeiro e Grau de
Endividamento (média) 10,8 -3,1%

Retorno Não Retorno Não Custo Não


Financeiro do Ativo e Financeiro do Financeiro da
Custo Não Financeiro Ativo Dívida
da Dívida (média) 4,6% -7,6%

Em contrapartida, os elementos não financeiros responderam, na média, por amplo


prejuízo durante o período analisado, de acordo com os números retratados no diagrama
3. O prejuízo líquido médio, de origem não financeira, foi de -28,8%, impulsionado por
“spread” alavancado de -33,4%, o qual foi parcialmente compensado por retorno do ativo
de 4,6% (ver o diagrama 3, acima).

O “spread” seco não financeiro ficou, na média do período, em -3,1%, entrando


em sua composição retorno não financeiro do ativo de 4,6% e custo não financeiro da
dívida de -7,6%. Os principais elementos não financeiros de retorno foram as receitas
de serviços (2,0% ao ano de retorno não financeiro do ativo) e as de tarifas (0,5% ao ano
de retorno não financeiro do ativo). Pelo lado do custo não financeiro da dívida, as
despesas administrativas e as com pessoal figuraram como os dois grupos mais

60
importantes. As administrativas representaram custo de -2,2%, enquanto as com pessoal,
de -2,1%.

Naturalmente, verificou-se intenso cruzamento de custos entre as esferas


financeira e não financeira dos bancos. Com “spreads” não financeiros negativos na
média do período, os bancos viram-se na contingência de buscar-lhes a compensação
por intermédio dos demais elementos de resultado. Não por outra razão, realizaram-se
amplos “spreads” de natureza financeira, o que certamente assegurou aos bancos, no
cômputo final de todos os exercícios analisados, níveis de resultado praticamente
alinhados com o que seria estritamente necessário à recuperação do custo total da dívida
(Cd) e à promoção da estabilidade patrimonial.

É relevante notar que o custo total da dívida (Cd) – congregando elementos


financeiros e não financeiros – foi de 18,7% ao ano. Não sabemos, exatamente, qual seria
o custo de oportunidade do investidor de risco ou do capital próprio (Rl*) durante o
período em análise, mas arriscamos dizer que o custo da dívida tem grande probabilidade
de ter sido, de fato, maior que o custo do capital próprio. Significa dizer que os bancos
exibiram quadro operacional em que, a despeito da lucratividade líquida realizada (Rl),
não criaram, endogenamente, “folgas” em seus graus de endividamento e alavancagem,
de modo que pudessem expandir o volume da intermediação financeira em ritmo superior
ao de crescimento do patrimônio líquido bancário agregado. Quer dizer: não se tratou de
um desempenho exuberante, embora os bancos, principalmente os maiores, tenham
lucrado sistematicamente.

Também convém adiantar, neste ponto, que os amplos “spreads” financeiros se


coadunam com a avaliação que se faz, costumeiramente, a respeito dos bancos e de seu
desempenho. Sim, os “spreads” financeiros são muito elevados. Mas, não, esses
“spreads” não são inexplicáveis, tampouco ostentam a capacidade de catapultar os
bancos, na média, a um nível de lucratividade que se possa reputar excessivo. Como
tivemos a oportunidade de ver, a lucratividade, com origem em elementos estritamente
financeiros, foi compensada pelos prejuízos de natureza não financeira. Ao final das
contas, chegou-se a um nível de resultados que se aproximou, quase milimetricamente,
do que podemos avaliar como a rentabilidade líquida requerida para efeito da estrita
estabilidade dos níveis de solvência, endividamento e alavancagem dos bancos.

Agora: há dois aspectos curiosos e importantes aí. São aspectos de fácil


entendimento, mas que não se afiguram tão evidentes assim. De um lado, embora os

61
“spreads” médios de natureza financeira sejam amplos, sabemos que há muita dispersão
em torno desse valor médio. A dispersão explica-se por conta não apenas do risco
associado a certas operações ou produtos de crédito, mas, também, em função do fato de
que uma parte significativa da carteira de crédito não tem seus preços (taxas de juros)
administrados, livremente, pelos bancos. De outro lado, que fique claro: o que explica o
nível de lucratividade dos bancos, como vimos, não é o “spread” geral, pois “spread”
geral, virtualmente, não há, aí considerados tanto os elementos financeiros quanto os não
financeiros. A explicação para o nível da lucratividade está no nível do custo da dívida
(Cd). O custo da dívida determina o nível de retorno do ativo (Rb), o qual, por sua vez,
contribui para definir a rentabilidade líquida. Portanto, a lucratividade – maior ou menor
– é explicada pela escala do custo da dívida, que é muito elevada.

Nesse contexto, a discussão a propósito de “spreads”, em face da pretensa


necessidade de reduzir-lhes a amplitude, não faz qualquer sentido. Verdadeiramente, o
problema parece residir, primeiro, na elevada escala do custo da dívida (Cd) e, segundo,
na grande dispersão interna dos “spreads”, como a entre elementos financeiros e não
financeiros ou a entre diferentes produtos de crédito. Enquanto a babel de custos parece
ser ocasionada pelo fato de que os bancos se tornaram um “hipermercado” de produtos
e serviços financeiros, na raiz da dispersão dos “spreads” está a constatação de que o
crédito se tornou prisioneiro de uma tecnologia institucional fundada em equívocos
regulatórios variados, como a existência de carteiras de crédito direcionadas por normas
de ordem pública, além da suposição de que a combinação de múltiplas funções, numa
mesma instituição, grupo ou conglomerado, possa ser sinônimo de ganhos de escala.

Além disso, veremos, mais à frente, que o crédito não é um fenômeno bancário,
embora, no Brasil, esse liame tenha sido aceito sem contestação científica. O nexo de
causalidade, efetivamente, segue o sentido oposto: os bancos, na sua acepção clássica,
é que são um fenômeno decorrente do crédito. Além do mais, o crédito não pode ser
tratado como se fosse um fenômeno de expressão ou característica única. Nada disso.
Há aspectos adjetivos e substantivos que distinguem o crédito em variadas categorias, e
não se afigura possível dispensar a essas categorias, indistintamente, o mesmo
tratamento tecnológico ou regulatório. Voltaremos a esses pontos mais à frente.

c. Bancos dos tipos I, II e IV

Bem, cindimos os 84 bancos da amostra por seus segmentos operacionais, a


saber: os bancos dos tipos I (comerciais, múltiplos com carteira comercial e caixas

62
econômicas), II (múltiplos sem carteira comercial, de investimento e de câmbio) e IV (de
desenvolvimento). Seguindo o padrão da análise feita anteriormente, os resultados são
apresentados agregadamente e, depois, discriminados entre seus elementos financeiros
e não financeiros, no âmbito de cada segmento.

O propósito, aqui, é ressaltar que, entre os bancos, há muito mais diferenças que
semelhanças, as quais se tornam ainda mais nítidas à medida que analisamos seu
desempenho por variadas óticas, como a de segmentos de mercado. Veremos que há
diferenças palpáveis no que tange aos custos, aos resultados, ao grau de
endividamento/alavancagem e ao nível de rentabilidade líquida. Logicamente, todas as
características que distinguem os bancos, uns dos outros, estão associadas às
interferências que certos fatores, como a segmentação, produzem sobre a escala dos
negócios e a composição das operações.

O segmento I (comerciais, múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas)


figura como o mais rentável dentre os três segmentos. A rentabilidade líquida média,
atingida durante o período analisado, foi de 18,7% ao ano (ver diagrama 4).

Diagrama 4 – bancos do tipo I (comerciais, múltiplos com carteira comercial e caixas


econômicas)

Lucratividade
Rentabilidade Líquida Líquida
Anual (média)
18,7%

Spread Alavancado e Spread


Retorno do Ativo
Retorno do Ativo Alavancado
19,6%
(média) -1,0%

Grau de
Spread Seco e Grau de Spread Seco
Endividamento
Endividamento (média) 11,1
-0,1%

Retorno do Ativo e Retorno do Ativo Custo da Dívida


Custo da Dívida
19,6% -19,7%
(média)

63
Esse nível de rentabilidade não se deveu a um amplo e positivo “spread”
alavancado geral. Ao contrário, os bancos do tipo I ostentaram “spread” geral negativo
durante o período (de -1,0%). A lucratividade obtida deveu-se, isto sim, a um custo de
dívida relativamente elevado (de -19,7%), o qual foi determinante para que o retorno do
ativo se nivelasse em 19,6% ao longo do período.

Decompondo os resultados entre seus componentes financeiros e não financeiros,


verifica-se que o desempenho dos bancos do tipo I oscila entre extremos (ver diagramas
5 e 6, a seguir). Num polo, lucratividade líquida financeira de 53,4% ao ano, impulsionada
por “spread” alavancado de 38,6% e por retorno do ativo de outros 14,8% ao ano. No
polo contrário, prejuízo líquido, de natureza não financeira, de -34,8% ao ano, formado
por “spread” alavancado de -39,6%, do qual se deduziu retorno não financeiro do ativo
de 4,8% ao ano, na média do período analisado.

Diagrama 5 – bancos do tipo I (comerciais, múltiplos com carteira comercial e caixas


econômicas) – resultados financeiros

Rentabilidade Líquida Lucratividade


Líquida
Financeira Anual Financeira
(média) 53,4%

Spread Alavancado Spread Retorno


Financeiro e Retorno Alavancado Financeiro do
Financeiro Ativo
Financeiro do Ativo
(média) 38,6% 14,8%

Spread Seco Financeiro Grau de


Spread Seco
e Grau de Endividamento
3,5%
Endividamento (média) 11,1

Retorno Financeiro do Retorno


Custo Financeiro
Ativo e Custo Financeiro do
da Dívida
Financeiro da Dívida Ativo
-11,4%
(média) 14,8%

Os principais elementos financeiros de retorno foram os seguintes: operações de


crédito e arrendamento mercantil (com 8,3% ao ano); títulos e valores mobiliários (com
4,3% ao ano); e instrumentos financeiros derivativos (com 1,1% ao ano).

64
Por sua vez, os mais importantes custos financeiros da dívida foram estes:
operações de mercado aberto (com -7,1% ao ano); provisão para créditos de liquidação
duvidosa (com -1,8%); e empréstimos e repasses (com - 1,4% ao ano).

No que tange aos elementos não financeiros, que responderam por “spreads” seco
e alavancado, respectivamente, de -3,6% e de -39,6% ao ano, há alguns aspectos dignos
de nota. Pelo lado da receita não financeira, as tarifas figuraram como elemento de menor
peso relativo (com 0,6% ao ano). Os principais elementos de receita não financeira
ficaram por conta da prestação de serviços (com 2,3% ao ano) e de “demais receitas e
ganhos” (com 1,9% ao ano)1.

Diagrama 6 – bancos do tipo I (comerciais, múltiplos com carteira comercial e caixas


econômicas) – resultados não financeiros

Rentabilidade Líquida Prejuízo Líquido


Não Financeira Anual Não Financeiro
(média) -34,8%

Spread Alavancado Spread Retorno Não


Não Financeiro e Alavancado Não Financeiro do
Retorno Não Financeiro Ativo
Financeiro do Ativo -39,6% 4,8%
(média)

Spread Seco Não Grau de Spread Seco Não


Financeiro e Grau de Endividamento Financeiro
Endividamento (média) 11,1 -3,6%

Retorno Não Retorno Não Custo Não


Financeiro do Ativo e Financeiro do Financeiro da
Custo Não Financeiro Ativo Dívida
da Dívida (média) 4,8% -8,4%

Os bancos do tipo II são os múltiplos sem carteira comercial, os de investimento


e os de câmbio. Embora integrem o segmento que exibe nível intermediário de
lucratividade, há alguns aspectos que os distinguem dos bancos que compõem os demais
segmentos. Seus níveis de retorno do ativo (Rb) e de custo da dívida (Cd) são os mais
elevados – de 28,4% e de 31,5% ao ano, respectivamente. Ostentam, na média do período,

1
As demais receitas e ganhos representam o somatório de uma miríade de elementos, os quais,
isoladamente, são pouco significativos. Vale considerar, no entanto, que esses elementos, somados,
têm peso bastante importante no cômputo final dos custos não financeiros da dívida.

65
“spread” seco negativo de considerável amplitude (de -3,1%), o qual, favorecido pelo
baixo grau de endividamento que o segmento exibe (de 3,6), resultou em “spread”
alavancado negativo de -11,4%. A lucratividade líquida média, no período, combinados o
“spread” alavancado e o retorno do ativo, foi de 17,0% ao ano. Todos esses números
encontram-se discriminados no diagrama 7, logo a seguir.

Diagrama 7 – bancos do tipo II (bancos de investimento, múltiplos sem carteira comercial


e de câmbio)

Lucratividade
Rentabilidade Líquida Líquida
Anual (média)
17,0%

Spread Alavancado e Spread Retorno do


Retorno do Ativo Alavancado Ativo
(média) -11,4% 28,4%

Grau de
Spread Seco e Grau de Spread Seco
Endividamento
Endividamento (média) 3,6
-3,1%

Retorno do Ativo e Retorno do


Custo da Dívida
Custo da Dívida Ativo
-31,5%
(média) 28,4%

Seguindo o padrão de desempenho observado até aqui, os elementos financeiros


e não financeiros de resultado apresentam comportamentos opostos entre si. Verifica-
se lucratividade líquida financeira no período, da ordem de 45,5% ao ano, ao passo que o
resultado líquido não financeiro é de prejuízo (de -28,5% ao ano).

De acordo com os dados do diagrama 8, assim como com os das tabelas anexas
(tabelas 17 a 24, anexas), os resultados de natureza financeira são superlativos em tudo.
Níveis de retorno financeiro do ativo e de custo financeiro da dívida elevadíssimos – de
23,7% e de 17,7% ao ano, respectivamente –, lado a “spread” seco de 6,0% e alavancado
de 21,8% ao ano. Os principais elementos do retorno financeiro do ativo são dois:
operações de crédito e arrendamento mercantil, com 20,6% ao ano de rentabilidade bruta,
e operações com títulos e valores mobiliários, com 2,7% ao ano. Transações com

66
instrumentos financeiros derivativos e operações de câmbio respondem por níveis anuais
de retorno pouco significativos – da ordem de 0,4% e 0,1% ao ano, respectivamente.

Por sua vez, o custo financeiro da dívida revela aspecto digno de nota. O elevado
índice de retorno financeiro do ativo, lado à grande amplitude do “spread”, parece ter
feito eclodir o risco moral e a seleção adversa. A provisão para créditos de liquidação
duvidosa figura, durante o período analisado, como o maior componente isolado dos
custos financeiros – de 5,9% ao ano. Outros custos financeiros significativos foram as
operações de mercado aberto (com 4,6% ao ano), de arrendamento mercantil (com 4,0%
ao ano) e de empréstimos e repasses (com 3,3% ao ano).

Diagrama 8 – bancos do tipo II (bancos de investimento, múltiplos sem carteira comercial


e de câmbio) – resultados financeiros

Rentabilidade Líquida Lucratividade


Líquida
Financeira Anual Financeira
(média) 45,5%

Spread Alavancado Spread Retorno


Financeiro e Retorno Alavancado Financeiro do
Financeiro Ativo
Financeiro do Ativo
(média) 21,8% 23,7%

Spread Seco Financeiro Grau de


Spread Seco
e Grau de Endividamento
6,0%
Endividamento (média) 3,6

Retorno Financeiro do Retorno Custo


Ativo e Custo Financeiro do Financeiro da
Financeiro da Dívida Ativo Dívida
(média) 23,7% -17,7%

No tocante aos elementos não financeiros, vejamos o diagrama 9 e as anexas


tabelas 17 a 24. Como aspecto digno de nota, mencionamos o fato de que os bancos do
tipo II apresentaram elevadíssimo custo não financeiro de dívida, de -13,8% ao ano, na
média do período analisado. Explicam grande parte do custo não financeiro as despesas
administrativas (com -6,2% ao ano), as com a tributação (com -3,9% ao ano) e as de
pessoal (com -2,2% ao ano).

Pelo lado da receita não financeira, verifica-se que o nível de retorno do ativo se
manteve bem alinhado com aquele que se observou no conjunto da amostra de 84 bancos:
para os bancos do tipo II, o retorno não financeiro do ativo foi de 4,7%, ao passo que, no

67
conjunto de todos os bancos da amostra, esse retorno foi de 4,6% ao ano. Os principais
elementos de retorno não financeiro foram as receitas com serviços (de 3,0% ao ano),
seguida pelas “demais receitas e ganhos” (de 0,9% ao ano) e as tarifas (de 0,8% ao ano).

Combinados, os elementos não financeiros de retorno e custo responderam por


“spreads” negativos e bastante elevados. O “spread” seco ficou em -9,1%, e o
alavancado, em -33,2% ao ano. Considerando retorno não financeiro do ativo de 4,7% ao
ano, os bancos do tipo II amargaram prejuízo líquido não financeiro da ordem -28,5%, na
média do período sob análise.

Diagrama 9 – bancos do tipo II (bancos de investimento, múltiplos sem carteira comercial


e de câmbio) – resultados não financeiros

Rentabilidade Líquida Prejuízo


Líquido Não
Não Financeira Anual Financeiro
(média) -28,5%

Spread Alavancado Spread Retorno Não


Não Financeiro e Alavancado Financeiro do
Retorno Não Não Financeiro Ativo
Financeiro do Ativo -33,2% 4,7%
(média)

Spread Seco Não Grau de Spread Seco


Financeiro e Grau de Endividamento Não Financeiro
Endividamento (média) 3,6 -9,1%

Retorno Não Retorno Não Custo Não


Financeiro do Ativo e Financeiro do Financeiro da
Custo Não Financeiro Ativo Dívida
da Dívida (média) 4,7% -13,8%

Portanto, é esse fraco desempenho que explica os números superlativos no âmbito


financeiro dos bancos do tipo II. Em contrapartida ao prejuízo não financeiro de -28,5%
ao ano, o segmento respondeu com lucratividade líquida financeira de 45,5%. Combinados
os resultados das duas esferas, a lucratividade líquida dos bancos do tipo II ficou em
17,0% ao ano, mas não sem o sacrifício da qualidade de sua carteira operações
financeiras, que exigiu provisionamentos para créditos de liquidação duvidosa que
representaram custo médio de -5,9% ao ano.

No que tange aos bancos do tipo IV, consideraram-se os números das seguintes
instituições financeiras: Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Banco do
Nordeste do Brasil (BNB), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

68
(BNDES) e Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Os dados
relativos a essas instituições encontram-se discriminados, sinteticamente, nos diagramas
10 a 12 e, analiticamente, nas anexas tabelas 25 a 32.

Diagrama 10 – bancos do tipo IV (bancos de desenvolvimento)

Lucratividade
Rentabilidade Líquida Líquida
Anual (média) 16,2%

Spread Alavancado e Spread


Retorno do Ativo
Retorno do Ativo Alavancado
12,4%
(média) 3,8%

Grau de
Spread Seco e Grau de Spread Seco
Endividamento
Endividamento (média) 10,0
0,4%

Retorno do Ativo e Retorno do Ativo Custo da Dívida


Custo da Dívida
12,4% -12,0%
(média)

As instituições financeiras do tipo IV caracterizam-se por alguns aspectos dignos


de nota. Exibem o menor índice médio de lucratividade no período, de 16,2% ao ano, lado
a níveis de retorno do ativo e de custo da dívida que também figuram como os menores
dentre todos os segmentos – de 12,4% e de -12,0% ao ano, respectivamente. Em função
disso, é o único segmento que opera com “spread” seco geral (financeiro e não financeiro
somados) positivo – de 0,4% ao ano – e, considerado um grau de endividamento de 10,0
(PEm/PLm), com “spread” alavancado geral também positivo – de 3,8% ao ano.

Exatamente por conta da combinação de todas essas características, trata-se de


segmento cujo desempenho de suas instituições integrantes para concorrer não apenas
para que se assegure a moderação dos preços de produtos e serviços, a exemplo das
taxas de juros cobradas na concessão de crédito, mas, também, para a manutenção de
níveis de rentabilidade líquida adequados à recuperação dos custos da estrutura do capital
bancário (da dívida e do capital de risco). Naturalmente, não nos esquecemos de que
essas instituições operam com “funding” cativo e de baixo custo, como os recursos
oriundos de fundos (como o Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT) e de orçamentos

69
públicos, mas, nem por isso, o segmento demonstrou quadro operacional inconsistente,
insustentável ou ineficiente. Por outro lado, também sabemos que os bancos do tipo IV,
se contam com recursos cativos, operam em nichos do mercado cujo risco de crédito se
afigura potencialmente maior, haja vista que destinam significativas fatias de suas
aplicações de recursos a operações de maior prazo e vulto, tanto quanto associadas ao
investimento na expansão da capacidade produtiva da economia.

Diagrama 11 – bancos do tipo IV (bancos de desenvolvimento) – resultados financeiros

Rentabilidade Líquida Lucratividade


Líquida
Financeira Anual Financeira
(média) 14,1%

Spread Alavancado Spread Retorno


Financeiro e Retorno Alavancado Financeiro do
Financeiro Ativo
Financeiro do Ativo
(média) 4,8% 9,3%

Spread Seco Financeiro Grau de


Spread Seco
e Grau de Endividamento
0,5%
Endividamento (média) 10,0

Retorno Financeiro do Retorno


Custo Financeiro
Ativo e Custo Financeiro do
da Dívida
Financeiro da Dívida Ativo
-8,8%
(média) 9,3%

Essas características se confirmam na análise dos elementos financeiros e não


financeiros de custo e retorno, conforme apresentados nos diagramas 11 e 12 e nas
anexas tabelas 25 a 32. Há lucratividade líquida de natureza financeira (de 14,1% ao ano),
empurrada por “spreads” seco e alavancado, respectivamente, de 0,5% e de 4,8% ao ano,
lado a retorno financeiro do ativo de 9,3% ao ano. No âmbito não financeiro, a
lucratividade líquida anual é de 2,1%, formando-a “spread” alavancado negativo de -1,1%
e retorno não financeiro do ativo de 3,1%.

Os principais elementos financeiros de retorno e custo são os seguintes: de


retorno – operações de crédito e arrendamento mercantil (7,6% ao ano), operações com
títulos e valores mobiliários (1,1% ao ano) e operações com instrumentos financeiros
derivativos (0,5% ao ano); de custo – empréstimos tomados e repasses de recursos (com

70
-7,2% ao ano), operações de mercado aberto (com -0,9% ao ano) e provisão para créditos
de liquidação duvidosa (com -0,7%). E releva notar que os bancos do tipo IV, a despeito
do perfil relativamente mais arriscado de suas operações, ostentam os mais baixos custos
financeiros associados à inadimplência do crédito concedido a terceiros.

Diagrama 12 – bancos do tipo IV (bancos de desenvolvimento) – resultados não


financeiros

Rentabilidade Líquida Lucratividade


Líquida Não
Não Financeira Anual Financeira
(média) 2,1%

Spread Alavancado Spread Retorno Não


Não Financeiro e Alavancado Não Financeiro do
Retorno Não Financeiro Ativo
Financeiro do Ativo -1,1% 3,1%
(média)

Spread Seco Não Grau de Spread Seco Não


Financeiro e Grau de Endividamento Financeiro
Endividamento (média) 10,0 -0,1%

Retorno Não Retorno Não Custo Não


Financeiro do Ativo e Financeiro do Financeiro da
Custo Não Financeiro Ativo Dívida
da Dívida (média) 3,1% -3,2%

Com respeito aos elementos não financeiros de retorno, é digno de nota considerar
o fato de que as fontes de receitas parecem ser bastante diversificadas. Do retorno
financeiro total de 3,1% ao ano, cerca de 2,7% advêm de múltiplas fontes, 0,3%, de
serviços, e 0,2%, de tarifas.

No quadro do custo não financeiro da dívida, também se verifica pulverização dos


fatos geradores das correspondentes despesas. De um custo não financeiro da dívida de
-3,2% ao ano, aproximados -1,8% derivam de múltiplos elementos, -0,7%, de tributação,
-0,5%, de pessoal, e -0,3%, de demais despesas administrativas.

d. Bancos por tamanho do ativo: os 15 maiores e os 63


menores

Os dados relativos aos 15 maiores bancos da amostra são apresentados por


intermédio dos diagramas 13 a 15 e das anexas tabelas 33 a 40. Logo após, seguem os

71
dados relativos aos 63 menores bancos, discriminados nos subsequentes diagramas 16 a
18 e nas anexas tabelas 41 a 48.

Comparados entre si, há quatro aspectos básicos que distinguem os 15 maiores


dos 63 menores bancos da amostra. Em primeiro lugar, os maiores bancos operam com
níveis de retorno do ativo (Rb) e custo da dívida (Cd) significativamente mais baixos que
aqueles exibidos pelos menores bancos. Em segundo lugar, enquanto os menores bancos
amargam “spreads” negativos muitíssimo elevados, os maiores logram praticar “spread”
alavancado positivo de 0,1% ao ano, na média do período. Em terceiro lugar, o grau de
endividamento dos maiores bancos é quase o triplo daquele com que os menores bancos
trabalham. Finalmente, embora ambos os grupos lucrem, o nível de rentabilidade líquida
dos maiores bancos é qualitativamente distinto daquele exibido pelos menores. Além de
superior ao nível realizado pelas instituições de menor porte, a lucratividade dos grandes
bancos denota desempenho sustentável e é calcada em “spreads” positivos e moderados,
assim como em níveis de custo e retorno igualmente moderados.

Diagrama 13 – os 15 maiores bancos da amostra

Lucratividade
Rentabilidade Líquida Líquida
Anual (média) 18,7%

Spread Alavancado e Spread


Retorno do Ativo
Retorno do Ativo Alavancado
18,6%
(média) 0,1%

Grau de
Spread Seco e Grau de Spread Seco
Endividamento
Endividamento (média) 11,1
0,0%

Retorno do Ativo e Retorno do Ativo Custo da Dívida


Custo da Dívida
18,6% -18,6%
(média)

As marcantes diferenças de desempenho entre os dois grupos podem explicar


toda uma série de fenômenos que têm marcado a evolução recente do SFN. Podem
explicar, por exemplo, a efemeridade de boa parte das instituições financeiras bancárias.
Lado a isso, explicar, também, o processo de concentração do mercado em número cada

72
vez menor de grandes bancos, grupos ou conglomerados, assim como a opção, que parece
ter sido feita a partir dos próprios marcos regulatórios do SFN, por arranjos tecnológico-
institucionais que privilegiem os ganhos de escala e escopo, traduzidos que seriam pela
formação de instituições gigantes e pelo advento de estabelecimentos aptos ao exercício
de múltiplas funções, como os bancos múltiplos.

De fato, afiguram-se-nos preocupantes os amplos e profundos desníveis de


desempenho, tomando por critério de análise comparativa o tamanho do ativo das
instituições financeiras. Esses desníveis não apenas dão origem a imperfeições de
mercado, mas, também, associam as transações bancárias a chagas como o risco moral e
a seleção adversa.

Diagrama 14 – os 15 maiores bancos da amostra – resultados financeiros

Rentabilidade Líquida Lucratividade


Líquida
Financeira Anual Financeira
(média) 46,8%

Spread Alavancado Spread Retorno


Financeiro e Retorno Alavancado Financeiro do
Financeiro Ativo
Financeiro do Ativo
(média) 32,8% 13,9%

Spread Seco Financeiro Grau de


Spread Seco
e Grau de Endividamento
2,9%
Endividamento (média) 11,1

Retorno Financeiro do Retorno


Custo Financeiro
Ativo e Custo Financeiro do
da Dívida
Financeiro da Dívida Ativo
-11,0%
(média) 13,9%

Bem, os 15 maiores bancos ostentaram rentabilidade líquida de 18,7% ao ano, na


média do período. Esse desempenho foi impulsionado, basicamente, pelo nível de retorno
do ativo (Rb), estritamente alinhado com o custo da dívida (Cd), razão pela qual não se
verificou significativo “spread” de amplitude positiva. O desempenho em âmbito
financeiro, que respondeu por lucratividade líquida de 46,8% ao ano, foi parcialmente
compensado por prejuízo líquido não financeiro, de -28,1% ao ano. Uma vez mais,
verificou-se a incapacidade dos bancos de operar com resultados não financeiros

73
minimamente equilibrados, o que implicou a necessidade de recuperação dos custos não
financeiros líquidos por meio, basicamente, das operações de intermediação financeira.

Os mais importantes elementos de retorno financeiro do ativo são, nesta ordem,


as operações de crédito e arrendamento mercantil, as operações com títulos e valore
mobiliários e as com derivativos. Em contrapartida, as mais significativas fontes do custo
não financeiro da dívida são as despesas com pessoal e uma miríade de despesas
administrativas (ver diagrama 15 e tabelas 33 a 40).

Diagrama 15 – os 15 maiores bancos da amostra - resultados não financeiros

Rentabilidade Líquida Lucratividade


Líquida Não
Não Financeira Anual Financeira
(média) -28,1%

Spread Alavancado Spread Retorno Não


Não Financeiro e Alavancado Não Financeiro do
Retorno Não Financeiro Ativo
Financeiro do Ativo -32,8% 4,7%
(média)

Spread Seco Não Grau de Spread Seco Não


Financeiro e Grau de Endividamento Financeiro
Endividamento (média) 11,1 -2,9%

Retorno Não Retorno Não Custo Não


Financeiro do Ativo e Financeiro do Financeiro da
Custo Não Financeiro Ativo Dívida
da Dívida (média) 4,7% -7,6%

O sofrível desempenho dos 63 menores bancos da amostra é explicado, em grande


medida, pelo elevado custo da dívida (Cd) com que operam essas instituições,
impulsionado esse custo pelos elementos não financeiros. Some-se a isso o fato de que
as instituições parecem ter sido incapazes de recuperar, no âmbito de suas operações de
intermediação financeira, o prejuízo não financeiro líquido em que incorreram
sistematicamente. Os diagramas 16 a 18, assim como as tabelas 41 a 49, sumarizam e
permitem entender essa dinâmica.

Durante o período analisado, os menores bancos realizaram lucratividade líquida


de 8,3% ao ano, em média. Na raiz desses resultados estão níveis de rentabilidade líquida
financeira e não financeira de, respectivamente, de 38,3% e -30,0% ao ano. O aspecto

74
mais notável residiu na realização de amplo “spread” não financeiro negativo, de -33,6%
ao ano, em contraposição a um “spread” financeiro positivo que, embora bastante amplo
também, demonstrou-se significativamente menor (de 20,4% ao ano).

Diagrama 16 – os 63 menores bancos da amostra

Lucratividade
Rentabilidade Líquida Líquida
Anual (média) 8,3%

Spread Alavancado e Spread


Retorno do Ativo
Retorno do Ativo Alavancado
21,5%
(média) -13,2%

Grau de
Spread Seco e Grau de Spread Seco
Endividamento
Endividamento (média) 4,3
-3,1%

Retorno do Ativo e Retorno do Ativo Custo da Dívida


Custo da Dívida
21,5% -24,6%
(média)

Os principais elementos financeiros de resultado são os seguintes: de retorno do


ativo – as operações de crédito e arrendamento mercantil (com 11,7% ao ano), as com
títulos e valores mobiliários (4,4% ao ano) e as com derivativos (0,9% ao ano); de custo
da dívida – as operações de mercado aberto (7,0% ao ano), as de empréstimos e repasses
(2,8% ao ano) e a provisão para créditos de liquidação duvidosa (2,5% ao ano). Quer
dizer: as provisões para créditos de liquidação duvidosa perfizeram mais do que 10% do
custo total da dívida (de -24,6%) e podem explicar, por isso mesmo, significativa parcela
do “spread” negativo que os menores bancos praticaram (de -3,1%).

Naturalmente, essas provisões estão associadas à seleção adversa de clientes e


operações. Embora os menores bancos exibam elevado nível de retorno financeiro do
ativo (17,9% ao ano) – inclusive mais elevado que o praticado pelos maiores bancos (de
13,9% ao ano) –, não surpreende o fato de que esse nível de retorno tenha tido por
decorrência não apenas carteiras de crédito de menor qualidade, mas, também, maior
índice de materialização dos riscos. O diagrama 17 e as tabelas 41 a 49 permitem
visualizar os números relativos a esse fenômeno.

75
Diagrama 17 – os 63 menores bancos da amostra – resultados financeiros

Rentabilidade Líquida Lucratividade


Líquida
Financeira Anual Financeira
(média) 38,3%

Spread Alavancado Spread Retorno


Financeiro e Retorno Alavancado Financeiro do
Financeiro Ativo
Financeiro do Ativo
(média) 20,4% 17,9%

Spread Seco Financeiro Grau de


Spread Seco
e Grau de Endividamento
4,8%
Endividamento (média) 4,3

Retorno Financeiro do Retorno


Custo Financeiro
Ativo e Custo Financeiro do
da Dívida
Financeiro da Dívida Ativo
-13,1%
(média) 17,9%

No que tange ao âmbito não financeiro, verifica-se ter havido amplos “spreads”
negativos entre retorno e custo (de -33,6%, na média do período). Certamente, isso foi
decisivo para o prejuízo líquido não financeiro registrado no período (-30,0%), assim
como para o fraco desempenho geral desse grupo de bancos. Entre os elementos não
financeiros de custo, têm especial destaque as despesas administrativas (-4,8%), as com
pessoal (-3,2%) e as tributárias (-1,5%). São elementos de custo que, nem de perto,
encontraram cobertura por parte das receitas não financeiras. O retorno não financeiro
proporcionado por tarifas e prestação de serviços alcançou, no período, a média de 2,3%
ao ano. A essas duas fontes somou-se o retorno proporcionado pelas demais receitas e
ganhos administrativos, as quais responderam por mais 1,4% de retorno não financeiro
ao ano.

Finalmente, convém assinalar que o grupo dos 63 menores bancos é integrado por
instituições de todos os tipos – I, II e IV2. As instituições financeiras do tipo II, entretanto,
estão quase que exclusivamente concentradas no grupo dos 63 menores bancos. Somente
uma única instituição do tipo II, num único exercício (2001), figura no grupo dos 15
maiores bancos. Logicamente, esse fato denota, primeiro, a grande preponderância das

2
Os bancos dos tipos I (comerciais, múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas), II (múltiplos
sem carteira comercial, de investimento e de câmbio) e IV (de desenvolvimento).

76
atividades de banco comercial, assim como das de banco múltiplo com carteira comercial,
no âmbito do SFN e, segundo, o sofrível desempenho demonstrado pelas instituições
financeiras do tipo II, as quais se dedicam ao cumprimento de funções associados ao
crédito para investimento e a transações que envolvam o câmbio de moeda estrangeira.

Diagrama 18 – os 63 menores bancos da amostra - resultados não financeiros

Rentabilidade Líquida Prejuízo Líquido


Não Financeira Anual Não Financeiro
(média) -30,0%

Spread Alavancado Spread Retorno Não


Não Financeiro e Alavancado Não Financeiro do
Retorno Não Financeiro Ativo
Financeiro do Ativo -33,6% 3,6%
(média)

Spread Seco Não Grau de Spread Seco Não


Financeiro e Grau de Endividamento Financeiro
Endividamento (média) 4,3 -7,9%

Retorno Não Retorno Não Custo Não


Financeiro do Ativo e Financeiro do Financeiro da
Custo Não Financeiro Ativo Dívida
da Dívida (média) 3,6% -11,5%

e. Os bancos públicos e os privados

Nosso último critério de análise comparativa é a dicotomia baseada na natureza


do controle societário das instituições financeiras: bancos controlados pelo Poder Público
e aqueles controlados por agentes privados. Na amostra, foram contados 74 bancos
privados e 10 bancos públicos, ao longo do período de análise. Entre os públicos, há
apenas instituições dos tipos I e IV, respectivamente: bancos comerciais, múltiplos com
carteira comercial e caixas econômicas; e bancos de desenvolvimento. Por sua vez, entre
os privados, figuram somente instituições dos tipos I e II (múltiplos sem carteira
comercial, de investimento e de câmbio). Os números relativos a essas instituições
encontram-se discriminados nos diagramas 19 a 24, assim como nas tabelas 50 a 64,
anexas.

De uma maneira geral, o que podemos dizer a respeito desses dois grupos?

77
Primeiramente, que os grupos apresentam tangíveis diferenças de desempenho
entre si. Os bancos públicos realizam níveis de rentabilidade líquida que, na média,
superam aqueles dos bancos privados. Foram 19,6% de lucratividade média anual, para
os bancos públicos, contra 17,6%, para os privados. Os níveis de retorno do ativo (Rb) e
de custo da dívida (Cd) são menos elevados, no caso dos bancos públicos, vis-à-vis os
privados. Enquanto as instituições privadas operam com retorno e custo,
respectivamente, de 21,1% e -21,5% ao ano, as públicas, com 16,2% e -15,9%.
Naturalmente, recursos públicos cativos, de custo financeiro relativamente mais baixo,
contribuem para que a moderação seja uma das caraterísticas do “funding” e das
aplicações a cargo das instituições financeiras sob controle societário público.

Logicamente, no caso dos bancos públicos, a associação entre menores níveis de


retorno do ativo e custo da dívida, de um lado, e índices mais elevados de rentabilidade
líquida, do outro, é denotativa de que as estruturas de capital e os “spreads” praticados
são aspectos que também distinguem os bancos públicos dos privados. De fato, verifica-
se que as instituições privadas operam com graus de endividamento bem menores que
aqueles ostentados pelas públicas (8,4 contra 14,7), assim como que as mesmas
instituições privadas praticam, em média, “spread” alavancado negativo, de -3,5%, contra
positivo, de 3,4%, dos bancos públicos.

Ambos os grupos operam, em âmbito financeiro, com lucratividade e, em não


financeiro, com prejuízos. Esses dados estão retratados nos diagramas subsequentes. O
aspecto digno de nota, no caso, reside no fato de que os bancos públicos parecem ostentar
carteiras de crédito de qualidade superior à dos bancos privados. As provisões para
créditos de liquidação duvidosa, nos bancos públicos, representaram custo financeiro de
dívida, na média do período analisado, de 1,3% ao ano, enquanto as provisões das
instituições privadas ascenderam a 2,1%.

As provisões para créditos de liquidação duvidosa tiveram, provavelmente, peso


bastante significativo no desempenho geral das instituições financeiras privadas.
Mantidas inalteradas todas as suas demais caraterísticas do desempenho, os bancos
privados, caso houvessem operado com provisões semelhantes às das instituições
financeiras públicas, teriam logrado realizar lucratividade líquida, na média dos
exercícios, de 24,6% ao ano, contra os 17,6% efetivamente realizados. Há, portanto,
significativa interferência da seleção adversa nos resultados dos bancos, notadamente no
grupo dos bancos sob controle societário privado.

78
Diagrama 19 – os bancos privados da amostra

Lucratividade
Rentabilidade Líquida Líquida
Anual (média) 17,6%

Spread Alavancado e Spread Retorno do


Retorno do Ativo Alavancado Ativo
(média) -3,5% 21,1%

Grau de
Spread Seco e Grau de Spread Seco
Endividamento
Endividamento (média) 8,4
-0,4%

Retorno do Ativo e Retorno do


Custo da Dívida
Custo da Dívida Ativo
-21,5%
(média) 21,1%

Diagrama 20 – os bancos privados da amostra – resultados financeiros

Rentabilidade Líquida Lucratividade


Líquida
Financeira Anual Financeira
(média) 44,9%

Spread Alavancado Spread Retorno


Financeiro e Retorno Alavancado Financeiro do
Financeiro Ativo
Financeiro do Ativo
(média) 28,7% 16,2%

Spread Seco Financeiro Grau de


Spread Seco
e Grau de Endividamento
3,4%
Endividamento (média) 8,4

Retorno Financeiro do Retorno


Custo Financeiro
Ativo e Custo Financeiro do
da Dívida
Financeiro da Dívida Ativo
-12,8%
(média) 16,2%

79
Diagrama 21 – os bancos privados da amostra - resultados não financeiros

Rentabilidade Líquida Lucratividade


Líquida Não
Não Financeira Anual Financeira
(média) -27,3%

Spread Alavancado Spread Retorno Não


Não Financeiro e Alavancado Não Financeiro do
Retorno Não Financeiro Ativo
Financeiro do Ativo -32,3% 4,9%
(média)

Spread Seco Não Grau de Spread Seco Não


Financeiro e Grau de Endividamento Financeiro
Endividamento (média) 8,4 -3,8%

Retorno Não Retorno Não Custo Não


Financeiro do Ativo e Financeiro do Financeiro da
Custo Não Financeiro Ativo Dívida
da Dívida (média) 4,9% -8,7%

Diagrama 22 – os bancos públicos da amostra

Lucratividade
Rentabilidade Líquida Líquida
Anual (média) 19,6%

Spread Alavancado e Spread


Retorno do Ativo
Retorno do Ativo Alavancado
16,2%
(média) 3,4%

Grau de
Spread Seco
Spread Seco e Grau de Endividamento
Endividamento (média) 0,2%
14,7

Retorno do Ativo e Retorno do Ativo Custo da Dívida


Custo da Dívida
16,2% -15,9%
(média)

80
Diagrama 23 – os bancos públicos da amostra – resultados financeiros

Rentabilidade Líquida Lucratividade


Líquida
Financeira Anual Financeira
(média) 51,1%

Spread Alavancado Spread Retorno


Financeiro e Retorno Alavancado Financeiro do
Financeiro Ativo
Financeiro do Ativo
(média) 39,1% 12,0%

Spread Seco Financeiro Grau de


Spread Seco
e Grau de Endividamento
2,7%
Endividamento (média) 14,7

Retorno Financeiro do Retorno


Custo Financeiro
Ativo e Custo Financeiro do
da Dívida
Financeiro da Dívida Ativo
-9,3%
(média) 12,0%

Diagrama 24 – os bancos públicos da amostra - resultados não financeiros

Rentabilidade Líquida Lucratividade


Líquida Não
Não Financeira Anual Financeira
(média) -31,5%

Spread Alavancado Spread Retorno Não


Não Financeiro e Alavancado Não Financeiro do
Retorno Não Financeiro Ativo
Financeiro do Ativo -35,6% 4,2%
(média)

Spread Seco Não Grau de Spread Seco Não


Financeiro e Grau de Endividamento Financeiro
Endividamento (média) 14,7 -2,4%

Retorno Não Retorno Não Custo Não


Financeiro do Ativo e Financeiro do Financeiro da
Custo Não Financeiro Ativo Dívida
da Dívida (média) 4,2% -6,6%

81
11.A composição de custos: lições para a segmentação do mercado

A amplitude positiva dos “spreads” associados à intermediação financeira pode


ser explicada, portanto, pelos excessivos custos de natureza não financeira. São custos
que transbordam na forma de margens negativas e que parecem estar associados, de um
lado, ao tamanho das organizações bancárias, definido por elementos como os ativos
permanentes, o quadro de pessoal e o ônus com a manutenção, conservação e
funcionamento de instalações e estruturas administrativas, e, do outro lado, às funções
que os bancos cumprem em face do modelo de segmentação do Sistema Financeiro
Nacional (SFN) e do subsistema bancário. E são essas funções que levam as instituições
financeiras a assumir múltiplas tarefas, incorrendo em custos para realizá-las, sendo que
nem todas as funções e tarefas estão direta ou precipuamente relacionadas à
intermediação financeira, particularmente à destinação do crédito ao investimento.

A esse propósito, veremos, mais à frente, que algumas instituições, como bancos
de investimento, ostentam desempenho não financeiro bastante distinto dos chamados
“bancos comerciais” ou “bancos múltiplos”. Esse desempenho parece denotar que as
economias de escala e de escopo, que se acreditam associadas ao tamanho dos bancos
ou à conglomeração de instituições, nem sempre rendem os frutos que delas se esperam,
ao menos no tocante à intermediação financeira.

Nesse particular, acreditamos que modelos como o norte-americano não apontam


no sentido de que a conglomeração e o tamanho sejam, necessariamente, a melhor
resposta para o quebra-cabeças do crédito, não obstante haja instituições financeiras e
conglomerados, nesses modelos, muito grandes e atuantes. Ao que as evidências
parecem indicar, a intermediação financeira, especialmente no tocante ao crédito para
investimento, não transcorre exatamente da forma como no Brasil. Diferentemente do
que ocorre aqui, há um amplo mercado de crédito nesses outros modelos, onde se
transacionam instrumentos de dívida, os quais são emitidos por todo tipo de
empreendimento, dos mais diversos ramos de negócios, inclusive pelas sociedades
empresárias de capital fechado (“private equity”), que buscam, elas mesmas, recursos
para investir.

No contexto de modelos como o norte-americano, o que parece fazer das


instituições financeiras organizações grandes, atuantes e custo-eficientes não é,
propriamente, o êxito idiossincrático que as próprias instituições alcançam na
transformação do crédito. A explicação parece estar no fato de que operam num mercado

82
(o de dívida) cujo estoque de ativos em circulação é, em si mesmo, bastante significativo,
ascendendo às dezenas de trilhões de dólares. E, como sutil particularidade, esses ativos
ou instrumentos financeiros não integram os grupos patrimoniais bancários. Deixando de
integrá-los, não pressionam os indicadores de endividamento e alavancagem dos bancos,
ficam isentos dos limites regulatórios aplicáveis às instituições financeiras, e, mais que
tudo, afigura-se evidente que ao processo de formação de seus preços – as taxas de juros
– não se incorporam os custos inerentes à estrutura de capital dos bancos, custos que, de
uma maneira geral, nem sempre dizem respeito à intermediação financeira e, de modo
particular, podem não estar associados a cada operação de crédito em si mesma.

Assim sendo, os ganhos de escala, na negociação do crédito, não estão


relacionados ao tamanho da instituição financeira ou à conglomeração de instituições.
Parecem derivar, na verdade, da combinação de outros fatores. Derivam do tamanho do
mercado em que se emitem e transacionam os instrumentos de dívida. É mercado que
reúne volume sem par de emissões e transações, que não está sujeito a tetos de
endividamento e alavancagem e que, por isso, contribui para diluir os custos fixos entre
numerosíssimas operações, evitando que os preços dos instrumentos financeiros – as
taxas de juros – sejam extensamente impregnados pelo ônus representado por custos não
financeiros ou por elementos estranhos ao negócio. Quer dizer: o crédito não é um
produto bancário por excelência. Somem-se a isso as vantagens relativas que derivam
do fato de que os emissores não são, em regra, os intermediários financeiros, a exemplo
dos bancos. Os tomadores do crédito emitem os instrumentos de dívida diretamente,
fazendo-o para financiar os próprios investimentos. Aos bancos e a outras instituições
financeiras reserva-se o importante papel de transformar o crédito transacionado, papel
que buscam cumprir ao atuarem nos mercados de dívida primário, onde ocorre o
financiamento propriamente dito do emissor, e secundário, onde os instrumentos de dívida
emitidos são irrigados com a liquidez propiciada pela criação de derivativos e por
contínuas operações de compra e venda.

Portanto, sim, as instituições financeiras podem e devem cumprir papéis


importantíssimos para efeito da transformação do crédito. Podem e devem emprestar sua
reputação aos emissores dos instrumentos de dívida e aos correspondentes negócios.
Podem e devem assegurar a liquidez dos ativos e dos agentes econômicos que os
transacionam. Também podem e devem gerar a negociabilidade dos produtos e, não
menos importante, contribuir para a diversificação dos riscos, compondo e administrando

83
carteiras e fundos, além de facilitando a reunião entre quem oferte recursos e quem os
demande.

Considere-se, além disso, que, nos modelos baseados em mercado, a


intermediação financeira implica atuação na margem de taxas, índices e preços, sempre
transformando o crédito cujo “funding” são instrumentos de dívida emitidos por terceiros.
Implica auferir ganhos líquidos mediante a prática de “spreads” positivos entre captação
e aplicação ou entre compras e vendas desses instrumentos, associando-se os “spreads”
praticados a graus de endividamento e alavancagem relativamente elevados. Não são
ganhos que se escorem no elevado nível dos juros, dos índices ou dos preços dos
instrumentos transacionados, mas, sim, num volume expressivo de negócios, conduzidos
por instituições financeiras altamente especializadas e, por isso mesmo, custo-eficientes.

Nesse contexto, não é necessário haver estrita sinonímia entre crédito e bancos.
Longe disso. O crédito e sua fluidez não precisam estar associados, univocamente, aos
bancos, à sua estrutura de capital, aos seus custos e à sua limitada capacidade de
endividamento e alavancagem. Em modelos distintos do nosso, os bancos participam,
decisivamente, do ciclo do crédito como intermediários financeiros, mas não estão,
necessariamente, no epicentro desse ciclo em todo e qualquer caso. Lá fora, o conceito
de intermediação financeira nem sempre ostenta o mesmo significado que adquiriu aqui.
E as opções que se fazem, diante de diferentes modelos e distintos conceitos de
intermediação, certamente implicam consequências econômicas, uma delas sendo a forma
como os custos eclodem e, depois, como são distribuídos, por intermédio do crédito, entre
as demais cadeias de valor da economia, afetando fluxos de caixa, orçamentos e níveis
de retorno de projetos e atividades produtivas.

Por isso, parece-nos correto pensar que se deva admitir a ampliação do conceito
de intermediação financeira, tendo em vista diferenciá-lo conforme a destinação do
crédito. Imaginamos que o crédito comercial - aí compreendido o financiamento do
consumo de famílias e de empresas (capital de giro) – deva favorecer-se das mais amplas
formas e dos mais profundos graus de intermediação. Mais ou menos como, hoje, ocorre.
Nesses casos, e somente neles, os bancos podem e devem compor todos os elos da cadeia
de valor da intermediação. Ao desempenharem esse papel, ficam responsáveis pela
emissão dos correspondentes instrumentos de dívida, pois não se afigura razoável supor
que os tomadores o façam, haja vista tratar-se de operações de crédito que, além de
muito frequentes, movimentam menores volumes de recursos e são realizadas por prazos
relativamente curtos. Em casos assim, os custos associados à emissão em próprio nome

84
muito superariam aqueles em que os bancos incorreriam ao assumir, eles mesmos, a
tarefa de emitir os instrumentos de dívida e de captar os recursos primariamente. Em
contrapartida, parece-nos razoável o entendimento de que crédito tomado em maiores
volumes e concedido por prazos mais longos, mediante operações realizadas com muito
menor frequência, viabilizam a emissão de instrumentos de dívida pelos próprios
tomadores. Esse seria, em princípio, o caso particular do crédito que se destinasse aos
investimentos.

Naturalmente, a atual onipresença dos bancos, para efeito do crédito e de sua


fluidez, precisa ser revisitada, rediscutida e modificada. Mudar o esquema vigente de
intermediação financeira implica não apenas refazer parte do que já existe, mas, também,
prever a organização e o funcionamento de um amplo mercado de dívida. De um mercado
onde se transacionem instrumentos de renda fixa, a exemplo dos próprios títulos públicos,
e do qual participem pessoas, instituições e corporações das mais variadas origens e
naturezas. De um mercado que também seja de capitais, como o de ações, mas que não
se confunda com o mercado de ações em si, pois, devotado a transações de dívida e
relações obrigacionais, na forma de títulos de renda fixa e de promessas de pagamento,
em muita coisa distinto do de ações, concentrado que é, o de ações, em recursos que
fluem, entre agentes econômicos, a título de capital de risco. De um mercado, por fim,
que admita em seus negócios todo o tipo de sociedade empresária – por ações ou não –,
desde que respeitadas as normas regulatórias e adotadas as devidas salvaguardas de
risco e governança.

Também é natural supor que o advento de um efetivo mercado de dívida implique


expor dois problemas inerentes ao crédito e à sua intermediação financeira no país. De
um lado, expor as entranhas da excessiva participação do Estado na absorção da poupança
nacional, hoje escamoteada, essa participação, pelo papel que os bancos cumprem, com
certa suavidade, na intermediação financeira e na distribuição do crédito entre os setores
público e privado. Do outro lado, expor o fato de que pode haver sérios problemas na
composição dos ativos bancários, na produtividade desses ativos e no vigente esquema
de alavancagem das operações, considerando-se as tecnologias institucionais e
regulatórias em uso. Um mercado de dívida efetivo e pujante certamente abrigará
operações que serão um múltiplo de todos os ativos bancários somados, superando, por
larga margem, não apenas o limite de alavancagem que as normas impõem a essas
instituições financeiras, mas, também, o grau de risco com que a economia brasileira se
acostumou a trabalhar historicamente. Bem por essas razões, o advento de um mercado

85
de dívida compelirá o país a impor eficazes limites ao endividamento público, a traçar uma
real política de crédito e a remodelar as vigentes normas de regulação do Sistema
Financeiro Nacional (SFN).

Finalmente, cumpre-nos lembrar que a elevação dos níveis de alavancagem da


economia, notadamente mediante a criação de um mercado de dívida e do contínuo
envolvimento de instituições financeiras no negócio, também exige revisitar e remodelar
as normas que regem, no país, a gestão do risco, a recuperação de créditos e a falência.
A fim de que o crédito se expanda e flua pela economia, com um aceitável grau de atrito,
afigura-se necessário modernizar as tecnologias institucionais correspondentes, tendo
em mira evitar e punir fraudes e outros crimes congêneres, agilizar a recuperação de
créditos em curso de liquidação duvidosa, acelerar processos de execução por dívida e
desburocratizar procedimentos relacionados à cobrança do crédito. A diretriz, em linhas
gerais, seria tanto buscar a minimização dos riscos sistêmicos e idiossincráticos
associados ao crédito e sua intermediação, assegurando-lhe a expansão, a fluidez, a
moderação dos custos e a redução da inadimplência, quanto privilegiar as figuras do “bom
pagador”, do “bom tomador” e do “bom intermediário financeiro”.

12.Concentração: digressões sobre tamanho, conglomerações,


multiplicidade de funções e economias de escala e escopo

O que nos aconselha a abordar questões associadas a tamanho, conglomerações


ou multiplicidade de funções é o fato de que se julga haver correlação entre a magnitude
e a diversificação do negócio bancário, de um lado, e as economias de escala e de escopo,
do outro. Ao que tudo parece indicar, o propósito de criar instituições financeiras de
grande tamanho e com tremenda variedade de produtos e serviços seria dotar a atividade
bancária, a intermediação financeira e a própria oferta de crédito das condições que se
reputam necessárias à diluição de custos e à moderação de preços. Supõe-se que
tamanho e diversificação maiores concorreriam, “lato sensu”, para fazer da moeda e do
crédito condutos de baixo custo para efeito da alocação da poupança entre consumo e
investimento.

No caso específico das economias de escopo, esse pressuposto seria


fundamentado pelo raciocínio, inquestionável até certo ponto, de que grandes feixes de
produtos e serviços bancários seriam favorecidos por custos médio e marginal
relativamente menores. Isso porque esses produtos e serviços compartilhariam
matérias-primas e insumos necessários à sua produção ou comercialização, gerando
operação de eficiência relativamente maior que a alternativa de produzir-se ou

86
comercializar-se igual gama de produtos e serviços por intermédio de instituições,
plantas ou processos apartados entre si.

Com relação às economias de escala, o raciocínio também se escora nos custos,


mas não na adoção de uma grande variedade de produtos e serviços e no consequente
compartilhamento de insumos e matérias-primas entre eles. A ênfase, aqui, é distinta:
está no tamanho ou volume. Maiores volumes de negócios, independentemente da
diversificação, implicariam inúmeras vantagens: crescentes habilidades e competências
das instituições financeiras ou dos conglomerados em conduzir esses negócios; maior
poder de barganha no que tange à “compra de insumos e matérias-primas” (negociação
do custo do capital de risco ou do de dívida); além, notadamente, da diluição dos custos
fixos, cujo rateio, por unidade produzida ou comercializada, seria tão menor quanto maior
fosse o volume da produção ou das transações.

Os fatos, entretanto, parecem não confirmar a aposta no tamanho e na


diversificação. Bem ao contrário. A vigente arquitetura do Sistema Financeiro Nacional
(SFN) não tem oferecido respostas à altura dos desafios que se lhe têm sido impostos. O
crédito permanece caro, afigura-se relativamente escasso, em especial para operações
de maior vulto e por prazos mais dilatados, e não oferece o necessário suporte ao
investimento no país, especialmente àquele de natureza privada, cujas taxas internas de
retorno são incompatíveis com o custo das fontes domésticas de financiamento.

Não obstante esses fatos, vimos que os bancos, em nossa amostra, não operam
com amplos “spreads”. O caso é outro. Na série histórica, o “spread” tende a ser nulo.
O que realmente se percebe é o elevado nível dos custos com que se defrontam os bancos,
o que os leva a exigir, em suas operações ativas, notadamente nas de crédito, níveis de
retorno de igual magnitude.

E, vale acrescentar, a segmentação do setor bancário, na forma como


historicamente concebida, não parece ter rendido os frutos que dela se esperavam, pois
se trata de segmentação centrada nas instituições financeiras e suas atividades, como se
crédito e bancos fossem sinônimos entre si. Não é segmentação que busque oferecer
primazia ao crédito, à sua fluidez pela economia e à moderação dos custos, em torno dele
concebendo uma rede de instrumentos e mecanismos, a exemplo de um mercado de
dívida, que faça os recursos trocar de mãos com tempestividade, transparência, liquidez,
níveis de risco aceitáveis e boas perspectivas de retorno.

87
Da forma como hoje concebida a segmentação, o SFN e o setor bancário drenam
recursos da economia. Fazem-no por intermédio dos elevados custos que esse setor
representa para os demais agentes econômicos. São custos que se transferem às demais
cadeias de valor por intermédio, primeiro, das elevadas taxas de juros que se cobram nas
operações e, segundo, do racionamento do crédito, que se demonstra particularmente
extremo no que tange ao financiamento destinado a investimentos produtivos.

Não admira, em face disso, o protagonismo que se atribui ao Banco Nacional de


Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e aos bancos regionais e estaduais de
desenvolvimento. Essas instituições suprem a lacuna que o vigente “mercado”, na sua
atual configuração, cria no tocante à canalização do crédito aos investimentos. São
instituições que, fisicamente, ostentam porte muito pequeno, com quadros de pessoal
relativamente enxutos e instalações razoavelmente modestas. Operam gama restrita de
produtos e serviços, e aqueles produtos e serviços com os quais transacionam estão
concentrados na intermediação do crédito para investimento, seja mediante transações
com instrumentos de dívida, seja por meio de capital de risco. Suas fontes de captação
têm origem em recursos de natureza pública ou em instrumentos garantidos pelos
tesouros públicos, o que lhes assegura, quando se somam essas fontes a uma estrutura
de porte modesto, a intermediação de grandes volumes de recursos, a modicidade de
custos e preços de produtos e serviços e a prática de taxas de juros compatíveis com as
necessidades de financiamento das atividades produtivas domésticas.

Mas, é evidente que o relativo sucesso microeconômico dessas instituições


financeiras, devotadas a financiar o investimento, não se reproduz, plenamente, em nível
macroeconômico. Essa maneira de canalizar o crédito, visando assegurar-lhe a
modicidade dos custos e a mitigar-lhe as agruras do racionamento, não é outra coisa que
não a subvenção pública e indireta de um arranjo tecnológico-institucional que não reúne
todas as condições necessárias a uma operação custo-eficiente e sustentável. Quer dizer:
em boa parte, os investimentos privados são financiados por meio do crédito público, e a
canalização do crédito mediante um arranjo como esse não apenas reduz o volume do
crédito disponível para os demais agentes e atividades privadas, aprofundando o
racionamento do crédito livre e competitivamente transacionado, mas, também, aprisiona
volumes crescentes de recursos do restante do setor bancário, impelindo-o a aplicar
parte sensível desses recursos numa massa de instrumentos de dívida (títulos públicos)
que o setor público emite de forma crescente. O resultado disso? Os demais produtos e
serviços, inclusive as demais formas de conceder crédito, tornam-se mais caros, pois

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essa é a forma, a única forma, de compensar “vazamentos” da remuneração que os ativos
bancários poderiam proporcionar, mas que, de fato, não proporcionam, pois não são
aplicados livre e competitivamente.

O problema, portanto, torna-se duplo. Não apenas deriva dos elevados custos
com que se defrontam os bancos, que amargaram, em média, durante o período analisado
em nossa amostra, custo total de dívida de 18,69% ao ano, mas, também, resulta do
descasamento entre esse elevado nível de custo e, em contrapartida, a relativamente
baixa perspectiva de retorno proporcionada pela aplicação em variados ativos, a exemplo
daqueles representados pela massa de títulos emitidos para financiar a dívida pública e,
em seu bojo, para custear programas oficiais de crédito.

Naturalmente, num esquema em que se combinam, de um lado, custos elevados e,


do outro, o aprisionamento de ativos bancários em inúmeras operações de retorno
relativamente baixo, a alavancagem tende a não cumprir o seu papel. Melhor dizendo, a
assunção de maiores riscos, que são inerentes a graus de alavancagem crescentes, não
traz plena compensação aos bancos. A perspectiva de retorno, em função da baixa
produtividade de parte significativa dos ativos, não cresce na mesma proporção que o
fazem os riscos, à medida que os graus de alavancagem se vão tornando maiores.

De forma análoga, tampouco funciona a mecânica do “spread” entre custo e


retorno quando o custo da dívida já é, em si mesmo, muito elevado. Os “spreads” de
amplitude positiva perdem as condições necessárias ao cumprimento de seu papel. Não
permitem conciliar a cobrança de preços moderados por produtos e serviços bancários,
inclusive taxas de juros menores, com a recuperação do custo da dívida e a remuneração
do capital de risco. Custos médios ou marginais elevados já sinalizam, em si mesmos,
preços de produtos e serviços cujos pisos também são inexoravelmente elevados. E a
prática de “spreads” positivos, se adotada num cenário como esse, apenas tenderia a
agravar o quadro de imoderação.

Some-se a isso o fato de que nem todos os ativos geram retorno para os bancos,
e, mesmo no caso dos ativos que o fazem, é lícito dizer que há grande dispersão no nível
de retorno que cada ativo ou grupo de ativos pode proporcionar. E o comprometimento
da alavancagem com ativos cujos níveis de retorno sejam relativamente insubsistentes, a
exemplo de títulos da dívida pública, programas oficiais de crédito ou créditos
direcionados por política públicas, acaba por impor aos demais bens e direitos, aqueles
transacionados livre e competitivamente, o ônus de gerar, sozinhos, os resultados

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necessários à recuperação dos custos e à estabilidade patrimonial dos bancos.
Exatamente por isso, o peso da recuperação do custo da dívida, lado ao custo de
remuneração do capital de risco, recai sobre um conjunto limitado de bens e direitos e,
ao fazê-lo, agrava a dispersão dos níveis de retorno que as diferentes categorias de
ativos proporcionam, gerando absurdos incontornáveis e pouco compreendidos, como
taxas de juros ativas que chegam a atingir, em termos anuais, a casa dos três dígitos,
assim como amplos hiatos entre os juros que se pagam na captação e os que se cobram
na aplicação de recursos.

Uma vez mais, no entanto, cabe-nos relembrar que essas diferenças, amplitudes,
hiatos e demasias são mazelas internas ao patrimônio, aos resultados e às operações
bancárias. Trata-se de verdadeiro caos interno que, embora pouco evidente, nem por
isso se afigura menos central ou danoso. Seus sinais exteriores mais perceptíveis
eclodem na forma de juros ativos elevados, de custos demasiados e do cruzamento entre
os custos financeiros e os não-financeiros. Na verdade, eclodem na forma de “spreads”
financeiros que, mesmo sendo positivos, visam apenas compensar os maus resultados
(“spreads” negativos) que os bancos colhem na esfera não financeira.

13.Categorizando o crédito: a emissão de instrumentos de dívida, a


segmentação e o financiamento do consumo e do investimento

Teoricamente, qualquer pessoa pode ter acesso direto ao crédito. Isso significa
dizer que qualquer pessoa pode, em tese, emitir instrumentos de dívida, como notas
promissórias ou títulos de renda fixa. Ao fazê-lo, promete pagar certo montante a
terceiro, em data futura, desse agente econômico obtendo, em troca, o adiantamento dos
recursos ou capitais necessários à antecipação de despesas ou gastos com consumo ou
investimento.

Mas, essa forma de transacionar crédito não funciona, ostensiva e


sistematicamente, numa grande economia moderna. Há variados problemas que a tornam
impraticável, a exemplo do risco e sua gestão, da informação e assimetria de sua
distribuição e da virtual impossibilidade de coordenar, entre duas ou mais partes, umas
emprestando, outras tomando os recursos por empréstimo, as expectativas concernentes
a montantes ofertados e demandados, a prazos e a elementos de custo/retorno, sem falar
da incontornável dificuldade de conciliar, entre múltiplos agentes, níveis díspares de
aversão ao risco.

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Embora esse esboço se trate de uma simplificação extrema do que seja o crédito
e das dificuldades a ele associadas modernamente, quase uma caricatura distante, ele nos
permite começar a entender o papel e a importância da intermediação financeira e das
instituições que a executam. Permite compreender que os intermediários financeiros
preenchem lacunas e cumprem função integradora na economia, corrigindo falhas e
eliminando deficiências que, de outro modo, impediriam a conversão da poupança, por
meio do crédito, em mais consumo e investimentos no presente. A essa função damos o
nome de transformação do crédito, e cabe ao intermediário financeiro, por excelência,
executá-la.

Potencialmente, demanda o crédito todo aquele que deseja realizar gastos com
consumo ou investimento, mas não dispõe dos meios próprios e imediatos que se fazem
necessários para tanto. Em contrapartida, é potencial ofertante de crédito quem, dispondo
dos meios no presente, adia seus gastos de consumo ou investimento. Entre uns e outros
agentes econômicos, estão os intermediários financeiros, que, teoricamente, não
demandam crédito, tampouco o ofertam. De modo muito preciso, sua função reside em
transformar o crédito disponível, alterando e suprindo as condições necessárias às
transações, como risco, custo/retorno, prazos, volumes e liquidez. Desse modo, a
intermediação cria os liames ou canais necessários entre os agentes que ofertam e os
que demandam crédito ou, sob outro ângulo, entre quem poupa, num polo, e quem
consome ou investe além da própria renda, no outro.

Ao dizermos que os intermediários não demandam ou ofertam crédito, abraçamos


uma outra simplificação teórica extrema, muito prática e, ao mesmo tempo, bastante
didática. Isso significa dizer que, no mundo idealizado pela teoria, intermediários
financeiros cumprem importantes funções, mas não poupam, investem ou consomem, eles
mesmos, nas condições em que os demais agentes econômicos o fazem. Se não poupam,
investem ou consomem, a renda e seus componentes não são elementos que se associem
a eles, intermediários, embora esses elementos por eles fluam, irrigando capilarmente a
economia com os correspondentes meios de pagamento, que denominamos,
genericamente, crédito.

Ao dizermos que essa simplificação é extrema e cumpre papel meramente


pedagógico, reconhecemos, implicitamente, que os intermediários financeiros, a exemplo
dos bancos, são, de fato, poupadores, investidores e consumidores, agregam valor e
figuram como ativos participantes das atividades de qualquer economia. Nessa condição,
de poupadores, consumidores e investidores, tanto demandam quanto ofertam crédito em

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nome próprio, nesse particular confundindo-se com qualquer outro agente econômico.
Em função disso, há, em sua atuação, o que convencionamos denominar “atrito”, pois, ao
cumprirem o papel de intermediários e, ao mesmo tempo, confundirem-se com os demais
agentes econômicos, pois poupam, consomem e investem, os bancos geram renda e,
também, têm na remuneração de seu capital um custo econômico, o que traz repercussões
para o crédito. Exatamente por isso, eclodem os custos da intermediação, e esses custos
se incorporam ao crédito durante o processo de sua transformação.

Portanto, a intermediação financeira implica custos, e esses custos somente se


justificam se, ao neles incorrermos, estivermos substituindo, com vantagens, os custos
que seriam inerentes à alternativa de deixarmos os agentes que ofertam e demandam
crédito ao sabor da própria sorte, transacionando, entre si, sozinhos e isoladamente. É
óbvio que, em regra, a economia moderna não admitiria ou suportaria que as operações
de crédito fossem abandonadas à própria sorte ou que credores e devedores resolvessem
entre si, isoladamente, suas recorrentes disputas e diferenças, como que guiados por
“mão invisível”. Um arranjo como esse seria ineficiente e inviável.

Por essas razões, a eficiência foi alçada à condição de palavra de ordem no âmbito
da intermediação financeira. É sua condição de viabilidade. A ideia é aproximar a
atividade da intermediação de seu modelo ou ideal teórico, tornando-a tão suave, leve e
imperceptível quanto possível. A ideia é reduzir o atrito, na forma de custos, ao mínimo.
Por isso, a regulação dos sistemas financeiros tornou-se marco universal, pois dessa
regulação muito se espera, a exemplo da gestão dos riscos, mas, principalmente,
esperam-se a organização e o bom funcionamento de uma rede adequadamente ampla e
eficiente de intermediários, aptos a canalizar o crédito, pela economia, nas exigidas
condições de custo, prazo, volume, liquidez e retorno.

Nesse panorama, a figura do intermediário não se confunde, necessariamente, com


a do banco, não obstante os bancos sejam, por definição, intermediários financeiros. O
intermediário é o gênero, e os bancos, atuando nos mais diversos segmentos, são apenas
uma das espécies.

Determinar quem são os intermediários, sua forma e as funções que devam


cumprir implica desenvolver as ideias de segmentação e especialização. Desenvolvê-las
com base na premissa de que o papel de toda e qualquer instituição financeira é o de
transacionar com produtos e serviços de crédito, fazendo-o suavemente e gerando o

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menor nível de atrito econômico possível. A ideia, como já dissemos, é eliminar ou
minimizar custos.

A fim de que assim logrem operar, as instituições financeiras assumem variadas


formas ou arquiteturas. Há as que se organizam como sociedades empresárias, o que os
bancos fazem comumente, e as que se estruturam com o desenho de “mercado”. São
exemplos de mercado as bolsas de valores e de futuros, onde se transaciona o crédito na
forma de capital de risco, e o mercado de dívida (“debt market”), encontrável noutras
partes do mundo e onde se transaciona o crédito mediante relações obrigacionais, como
notas promissórias, promessas de pagamento ou títulos de renda fixa. Os ditos
“mercados” assumem, em geral, a forma de associações, sendo integradas por outras
instituições financeiras, como bancos, corretoras e distribuidoras. Normalmente, os
mercados, como os de ações, de mercadorias, de opções e de dívida, são centros muito
nervosos de suas economias, pois não apenas por eles flui parte sensível do crédito
transacionado, mas, também, neles se ancora a maior parte dos instrumentos contratuais,
de capital e de dívida emitidos e em circulação.

A escolha da arquitetura não está livre da exigência de que se sopesem custos e


benefícios de cada opção. A escolha cumpre propósitos e deve estar vinculada a critérios.
Implica definir tanto a estrutura cervical do sistema de intermediação quanto a correta
distribuição do peso, na forma de custos, que as próprias instituições financeiras e os
“mercados” que a integram vão representar para essa estrutura e, por consequência, para
o restante da economia. Implica, enfim, reconhecer que a estrutura deve ser concebida
de modo que não sucumba ao próprio peso ou, melhor dizendo, aos próprios custos.

Muitas diretrizes presidem esse trabalho de definição. Uma delas, de extrema


importância, é a de conceber um sistema tão pouco autofágico quanto possível. Dizendo
de outra forma, um sistema altamente producente. A fim de que se assegure essa
característica, o sistema não se pode alimentar da própria substância que explica e
determina sua existência – o crédito. Deve ser capaz de transformar o crédito com
elevados índices de produtividade, assim entendido o crédito cuja intermediação – da
captação à aplicação em empréstimos e financiamentos – incorpore o menor nível possível
de custos, notadamente não financeiros e fixos, sendo, em virtude disso, ofertado a
preços moderados (taxas de juros) e, ainda assim, com boas margens de contribuição
para o próprio intermediário. Elevadas taxas de juros, como as que se testemunham no
Brasil, são o sinal exterior mais eloquente e evidente de que a intermediação financeira

93
padece de ineficiência e de que se afigura inadequada a segmentação do sistema em que
ela, a intermediação, insere-se.

Isso significa dizer que preços e custos, a exemplo das taxas de juros de captação
e aplicação, não devem funcionar, precipuamente, como mecanismos de retenção de
recursos no interior de um sistema de intermediação financeira lento, pesado e
desconectado de seu próprio papel e das necessidades do restante da economia.
Especialmente no caso das taxas de juros praticadas nas operações ativas, não devem ter
o papel precípuo de funcionar como o mecanismo básico de recuperação de custos,
notadamente os de natureza não financeira e os fixos. Ao revés, devem ser a expressão,
tão próxima quanto possível, da livre interação entre a oferta de crédito e a demanda por
ele, de modo que os preços sinalizem, tão proximamente quanto possível, o verdadeiro
custo do financiamento e da liquidez. Para sê-lo, não podem incorporar tantos e tamanhos
elementos estranhos às próprias operações de crédito, exceto aqueles que se façam
estritamente necessários à sua viabilidade.

Para colocar em prática ideias e diretrizes como essas, a especialização e a


segmentação dos sistemas financeiros mundo afora passaram a adotar cinco dicotomias
fundamentais. A primeira, centrada na teleologia do crédito, nas operações de crédito
propriamente ditas, criou a diferenciação entre o crédito destinado ao consumo e aquele
que se canaliza aos investimentos. A segunda, intimamente associada à primeira, cindiu
os sistemas financeiros em dois grandes grupos de instituições – os bancos e os
mercados. A terceira, decorrente das duas primeiras, discriminou os bancos entre
aqueles que se dedicam às atividades comerciais (crédito para consumo) e os que atuam
no ramo de investimentos (crédito e capital para investimento). A quarta diferenciou os
mercados entre aqueles em que se transaciona capital de risco e os que abrigam as
operações de dívida. A quinta, finalmente, admitiu fórmulas de desconcentração e de
descentralização espacial do sistema, de modo a permitir sua adaptação, no plano
territorial, a variáveis geoeconômicas e populacionais de cada país. Entendamos os
porquês disso.

No que tange à diferenciação teleológica do crédito, vislumbrou-se o fato de que


o financiamento do consumo, em numerosos casos, transcorreria de forma distinta
daquela que se aplicaria aos investimentos. Noutras palavras, a intermediação financeira
não ocorreria, da mesma forma, em ambos os casos.

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O financiamento do consumo, marcado por operações de crédito mais rápidas, de
curtíssimo e curto prazos, realizadas em volumes relativamente pequenos ou menores,
ficaria a cargo, em boa parte, de instituições como os bancos comerciais. A eles – os
bancos comerciais – caberia intermediar as operações em toda a sua extensão, o que
significaria captar os recursos primariamente, por meio da emissão de instrumentos
próprios de dívida (como depósitos a prazo ou certificados de depósito bancário - CDBs),
para, depois, transformá-los e, em seguida, emprestá-los ao tomador, no polo oposto.
Isso se aplicaria tanto a pessoas naturais, cujo motivo para demandar crédito residiria no
excesso de consumo no presente, quanto a empresas (pessoas jurídicas), cujas demandas
por crédito abrangeriam operações de capital de giro (consumo das empresas durante os
ciclos operacionais) e, em certos casos, até mesmo projetos de investimento de pequeno
vulto e de rápida maturação.

Diversamente, a intermediação do crédito para investimento não poderia


transcorrer de forma análoga àquela aplicável ao consumo. E não poderia por razão bem
objetiva: os custos de investir, incluído o custo financeiro representado pelo juro da
dívida eventualmente contraída, teriam importância capital (sem trocadilho) como linha
demarcatória entre a viabilidade e a inviabilidade dos projetos de investimento. Por isso,
esses custos não deveriam ou poderiam incorporar elementos estranhos aos próprios
projetos, pois isso os oneraria demasiadamente. Admitir-se-iam, apenas, os custos do
crédito que fossem moderados e, portanto, passíveis de acomodação no bojo das
expectativas de retorno dos próprios projetos de investimento. Fora desses limites do
razoável, dar-se-ia azo a chagas como a seleção adversa de projetos de investimento e
a eclosão do risco moral. As carteiras de projetos de investimento financiados seriam
marcadas por vieses indesejáveis.

Para assegurar a modicidade do crédito destinado ao investimento, concebeu-se


a ideia de que sua intermediação, em face de volumes, riscos e prazos, não poderia
ocorrer de forma análoga à do crédito destinado ao consumo. A intervenção dos bancos,
dos bancos de investimento, no caso, teria que ser distinta da dos bancos comerciais. O
tomador do crédito – o agente econômico disposto a investir mediante financiamento –
cumpriria certos papéis no negócio, entrelaçando-se com o banco de investimento nesse
processo de forma bem mais ativa. Exatamente por isso, eclodiu a segunda dicotomia,
de caráter subjetivo, em que se passou a prever a convivência das instituições “banco” e
“mercado”.

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Nesse ponto, percebeu-se que os sistemas financeiros não poderiam prescindir
de clara distinção entre bancos e mercados. Percebeu-se que os bancos seriam
submetidos a uma cisão básica: haveria os de natureza comercial e, lado a eles, os de
investimento. Pelos mercados, por seu turno, fluiriam os capitais – de risco, de dívida e
híbridos. Bancos, mercados e demais agentes econômicos passariam a ofertar e
demandar crédito mediante alguns arranjos básicos de intermediação financeira.

O financiamento do consumo, em regra, ficaria a cargo dos bancos comerciais. Os


bancos comerciais passariam a perfazer todos os elos da cadeia de intermediação
financeira, pois arranjo diverso não seria justificável. As próprias características das
operações, em si, principalmente a urgência, os prazos e os volumes, associadas às
idiossincrasias dos tomadores – pessoas naturais e, na maior parte das vezes, empresas
com ciclos operacionais mais curtos –, não viabilizariam tecnologia institucional diversa.
Não seria prático ou economicamente viável, por exemplo, que pessoas e empresas, dadas
as características de suas necessidades de financiamento para consumo ou capital de
giro, fossem buscar recursos, elas próprias, diretamente em mercado. Além disso, o fator
“risco” não apenas desaconselharia a emissão de instrumentos próprios de dívida pelo
tomador, mas, também, apontaria no sentido de que a captação seria mais rápida, segura
e barata se favorecida pela reputação de uma instituição financeira bancária especializada,
devidamente regulada e fiscalizada por autoridade do setor.

Entretanto, o crédito destinado ao investimento seguiria outro rumo. O


investimento passaria a ser objeto de transações que transcorreriam com o auxílio dos
bancos – os de investimento – e dos mercados de capitais – os de risco e os de dívida.
Bancos e mercados orbitariam os instrumentos de capital: os de risco, os de dívida e os
híbridos (de risco e dívida, a um só tempo). Os instrumentos seriam emitidos pelos
próprios tomadores do crédito, com o auxílio dos bancos de investimento (coordenação e
distribuição dos lançamentos, além de negociação dos papéis e transformação mediante
emissão de papéis derivados), a fim de que fossem, assim, transacionados nos mercados.

A razão disso era muito simples: investimentos na atividade produtiva exibiriam


margens muito apertadas entre custos e retornos, notadamente os investimentos com o
melhor perfil de risco. Exatamente por isso, seria quase impossível conciliar as
necessidades de financiamento associadas a esses investimentos e os custos que a eles,
aos investimentos, seriam incorporados se a tecnologia institucional de crédito seguisse
padrão assemelhado àquele do crédito para consumo, intermediado pelos bancos
comerciais.

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Não. O crédito para investimento não poderia ter nos bancos de investimento os
emissores dos instrumentos de dívida. Isso significaria tanto combinar a cesta de custos
dos bancos, inclusive os não financeiros, a exemplo dos administrativos, ao custo
financeiro da dívida quanto limitar a oferta do crédito à capacidade de alavancagem do
próprio banco. Voltaremos a esse ponto logo a seguir.

Nesse contexto, os mercados passariam a operar em dois estágios: o de


financiamento e o de liquidez. O estágio de financiamento compreenderia a emissão
primária de instrumentos – a efetiva captação de recursos pelo tomador do crédito (o
próprio emitente dos instrumentos de dívida). O segundo estágio, o da liquidez, teria o
propósito de oferecer negociabilidade aos instrumentos emitidos, permitindo que,
mediante sucessivas transações, esses instrumentos trocassem de mãos antes mesmo de
sua data de vencimento. Seria a liquidez, propiciada no presente, que asseguraria a
emissão de instrumentos de dívida com mais longo perfil de vencimento.

Os bancos de investimento atuariam em ambos os estágios dos mercados,


coordenando a distribuição dos instrumentos, distribuindo esses instrumentos,
negociando-os e transformando-os. A reputação e o comprometimento dos próprios
bancos de investimento confeririam aos instrumentos emitidos por terceiras pessoas
jurídicas a credibilidade, a negociabilidade e a percepção de risco necessárias à colocação
desses papéis em mercado e à sua contínua circulação por entre os demais agentes
econômicos.

Naturalmente, a emissão de instrumentos de dívida pelo próprio tomador do


crédito resultaria em custos de financiamento menores. Como já dissemos, a esses custos
não seria incorporado o peso da estrutura financeiro-administrativa de um banco, menos
ainda o peso de funções que, cumpridas pelo banco, muitas vezes nada tinham a ver com
o crédito para investimento propriamente dito. Além disso, como já dissemos também,
dissociou-se o grau possível de alavancagem da economia – notadamente para expandir
os investimentos na produção – dos limites que pairavam sobre a alavancagem bancária.
Quer dizer: tratando-se de alavancagem fundada na emissão de meios de pagamento –
como os instrumentos de dívida –, o limite de endividamento deixaria de ficar atrelado ao
próprio limite de alavancagem dos bancos e, portanto, passaria a ser favorecido por
ganhos de escala potencialmente monumentais.

De outra parte, não se criariam incentivos para que os bancos, mediante a


conglomeração de instituições e atividades, fossem buscar o agigantamento de suas

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estruturas de transformação e, assim, a diluição de seus custos fixos. Na verdade, os
mercados ofereceriam às instituições financeiras que neles operassem o gigantismo, a
escala necessária a uma operação de grande porte e de custo relativamente baixo. Os
bancos, como qualquer outra instituição financeira, aufeririam seus ganhos nas margens
(“spreads”) que obtivessem nas operações com instrumentos de dívida emitidos por
terceiros.

De tão cruciais que eram o crédito para investimento e as condições de acesso a


ele, ainda se foi um pouco mais longe no desenvolvimento da tecnologia institucional do
sistema financeiro. Sabendo-se que o ente “governo” poderia constituir uma das maiores
ameaças à disponibilidade, ao custo e à fluidez do crédito, erigiu-se regra tanto para
limitar, relativamente, o acesso do governo ao crédito (solução de escala) quanto para
salvaguardar o crédito em sua dimensão qualitativa (solução de composição). Ela foi
consagrada como a “regra de ouro” – uma norma quase universal –, em que as operações
de crédito do setor público não lhe poderiam extrapolar os gastos ou despesas com
investimentos. Noutras palavras, buscar-se-ia mitigar os impactos da sanha fiscal sobre
a demanda por crédito, limitando-lhe a escala com base no que se convencionou supor
um valor de referência significativo – as despesas públicas com investimento –, e
assegurou-se que o crédito absorvido pelo governo não implicasse, sob o ponto de vista
macroeconômico, encolhimento dos gastos com investimentos da economia, tomados
esses gastos como razão do Produto Interno Bruto (PIB). Noutras palavras, o setor
público, direta ou indiretamente, não se poderia endividar para consumir: essa foi a
solução de composição aventada.

Naturalmente, há uma razão de ser para tudo, e a regra de ouro não constituiu
exceção a essa racionalidade. Em mercados tão livres e competitivos quanto possível,
títulos de dívida emitidos pelo setor público fatalmente representariam concorrência
irresistível para os instrumentos privados. Isso não apenas desorganizaria o acesso
privado ao crédito, mas restringiria a própria disponibilidade de recursos, encarecendo o
crédito para além do razoável, haja vista o prêmio de risco que se embutiria no custo de
oportunidade de aplicar em instrumentos privados de dívida, em lugar de fazê-lo em
instrumentos públicos. Nesse contexto, se fosse para admitir o endividamento público,
então, pelo menos, que as necessidades de financiamento do setor público estivessem
associadas, precipuamente, à realização de investimentos.

Os mercados foram cindidos, basicamente, em dois grandes grupos, em compasso


com a estrutura binária de capital das empresas. Passaram a coexistir o mercado de

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ações e o mercado de dívida. O de ações seria um mercado especializado em instrumentos
de capital associados ao risco do negócio, gerando, em tese, comunhão de interesses
entre o investidor e a empresa. Nesse mercado, o objeto de transação, em última análise,
seria a própria empresa ou companhia, na forma dos títulos representativos de seu capital
social ou dos meios de controle de sua administração. No mercado de dívida, por seu
turno, não. O objeto da transação seria o elemento comum, por excelência, a todo negócio
ou empreendimento numa economia moderna: obrigações ou promessas de pagamento
em dinheiro ou moeda. Obviamente, ações e promessas de pagamento seriam, na
verdade, instrumentos de capital distintos, cujas características diferenciadoras
residiriam em aspectos como exigibilidade, liquidez, risco, retorno e, até mesmo,
tratamento tributário. Em última análise, entretanto, afigurar-se-iam instrumentos de
crédito, pois a contrapartida de sua emissão e colocação em mercado seria,
inexoravelmente, o financiamento do emissor.

Logicamente, a ideia foi de que os mercados concorreriam, entre si, na condição


de fonte de capital das empresas. Também se vislumbrou a complementariedade de seus
papéis, na medida em que as empresas, logrando acesso a ambos os mercados, poderiam
favorecer-se dos graus de liberdade necessários à administração de sua estrutura de
capital e, portanto, à escolha da melhor combinação entre capitais de risco e de dívida.
Não admira, nesse contexto, tenham surgido os instrumentos híbridos, a exemplo das
debêntures, que, embora pudessem ser emitidos, originariamente, como instrumentos de
dívida, ofereciam a opção de sua conversão em instrumentos de capital, como as ações.
A ideia foi oferecer tanta flexibilidade, adaptabilidade e dinâmica à estrutura de capital
dos emissores de instrumentos quanto possível, de modo que os ativos emitidos se
favorecessem de maior negociabilidade, mais liquidez e grande atratividade econômica.

Na perspectiva espacial, geográfica ou territorial, a tecnologia institucional


precisou dar conta do desafio de tornar o crédito onipresente, de dar-lhe a capilaridade
necessária para que irrigasse a economia em toda a sua extensão e profundidade. Isso
implicou trabalhar, basicamente, com duas ideias-força: a desconcentração e a
descentralização.

A desconcentração significou expandir a estrutura dos sistemas financeiros, na


forma de suas instituições, num movimento que se daria do centro para a periferia.
Basicamente, as instituições seriam as mesmas pessoas jurídicas, independentemente de
sua localização, o que pressupôs estruturar redes de agências e de agentes. Agências e

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agentes seriam prolongamentos administrativos das instituições financeiras, definindo-
lhes a extensão e a profundidade da rede física ou instalações de negócios.

Havia limites para a desconcentração, haja vista que o tamanho das redes de
agências e agentes, se implicava a perspectiva de retorno, também pressupunha a eclosão
de custos. Portanto, não seria razoável que as instituições financeiras, a bem da
capilaridade do sistema financeiro de cada economia, expandissem suas redes próprias
para além do ponto em que deixassem de auferir, com a expansão, ganhos marginais.

Entrou em cena, nesse momento, a descentralização. A capilaridade, para que


continuasse a se estender e aprofundar, teve que pressupor que desconcentração e
descentralização fossem movimentos simultâneos. Diversamente da desconcentração, a
descentralização seria um movimento de fora para dentro, pois pressupunha o surgimento
de instituições financeiras com atuação local e escopo mais limitado. Seriam instituições
menores, operando em mercados limitados geográfica ou espacialmente e transacionando
com leques igualmente limitados de produtos e serviços. Os volumes das transações
também seriam menos expressivos. Evidentemente, exigiriam menores
comprometimentos de capital próprio no negócio, teriam patrimônio de menor tamanho,
representariam riscos localizados e meramente idiossincráticos e, para muitos efeitos,
atuariam em combinação com as instituições financeiras maiores ou centrais.

Atualmente, o desenvolvimento da tecnologia da informação significou introduzir


ainda novas variáveis na segmentação dos sistemas e na especialização de suas
instituições. Isso porque a grande maioria das transações financeiras, hoje, pode ocorrer
em ambiência inteiramente virtual. Nitidamente, isso implica reconhecer que as
atividades-meio passam a exigir menor comprometimento de recursos do sistema e de
suas instituições, fato que deve importar em radicais mudanças, no futuro próximo, tanto
na estrutura de capital dos intermediários financeiros quanto no perfil de suas operações
ativas. E esses impactos nos níveis de escala e composição, de custo e retorno, assim
como na forma de intermediar e transformar o crédito, devem atingir seu ápice no
momento em que as economias e os sistemas financeiros, logrando desenvolver e adotar
meios de pagamento inteiramente eletrônicos e suficientemente seguros, completarem,
em definitivo, a transição tecnológica para a moeda virtual, abandonando-se a tecnologia
do papel-moeda. Daí em diante, a movimentação de meios de pagamento, de numerário,
independentemente de finalidade ou propósito, assumirá características muito mais
próximas das de um rápido evento de comunicação do que, propriamente, das do

100
transporte físico de valores entre pessoas ou localidades. Igualmente, a guarda ou
custódio de valores não será outra coisa que não dados registrados em meio eletrônico.

Nesse particular, do da tecnologia da informação, cabe pontuar inexistir relação


necessariamente unívoca entre as “fintechs” e as instituições de qualquer sistema
financeiro. Verifica-se, de fato, a gradual migração de algumas atividades e funções
tradicionais para essas novas plataformas eletrônicas de negócios. Embora assim, a atual
dinâmica das “fintechs”, em contraposição ao paradigma ainda em vigor, não está,
exatamente, em substituir mercados e instituições financeiras na forma como as
conhecemos hoje, mas, sim, em permitir negócios do tipo P2P (“peer to peer” ou par-a-
par), alterando modelos tradicionais de intermediação financeira. Para isso, algoritmos
os mais variados, como o do “blockchain”, têm sido desenvolvidos para oferecer
segurança à descentralização e à desconcentração de negócios. Para criar salvaguardas
de sigilo, veracidade, precisão, validação e fé pública, mediante expedientes como a
encriptação, em benefício das partes envolvidas em transações financeiras e da lisura dos
negócios.

Negócios do tipo P2P, em associação com as “fintechs”, ainda nos permitem


vislumbrar duas outras coisas. Por um lado, que há preocupação, sim, aqui e no resto do
mundo, não apenas com o custo que a intermediação financeira impõe aos agentes
econômicos, mas, também, com o risco sistêmico que os maiores intermediários
representam para economias inteiras, considerando sua capacidade de concentrar
negócios, lado à exposição de grandes patrimônios a impactos adversos. Por outro lado,
que há, nos mercados de crédito, nichos ainda inexplorados por sistemas e instituições
financeiras tradicionais, sendo esse o caso, por exemplo, do financiamento das ditas
“startups” (empresas juniores, jovens ou iniciantes), assim como de produtos e serviços,
tecnologicamente intensivos, concebidos à margem do circuito das maiores empresas de
ramos de atividades como a indústria e os serviços.

Nesse contexto, a tecnologia da informação não veio apenas para ficar. Também
veio para mudar sistemas financeiros e suas instituições. As mudanças, entretanto, serão
graduais, e o seu ritmo será ditado pelos mais diversos fatores, principalmente pelo
aperfeiçoamento do grau de segurança das transações eletrônicas e pela rapidez com que
se alastrem os meios eletrônicos de pagamento. Obviamente, as perspectivas de mudança
impõem o dever de revisitar temas como a segmentação e a especialização, assim como
o de rediscutir a extensão e a profundidade das normas regulatórias, redefinindo o
conceito de liberdade regulada de mercado.

101
14.Entendendo a segmentação e a especialização de nosso sistema
financeiro: a tecnologia institucional vigente

O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é moderno e organizado, notadamente


quando se considera que o Brasil, no que tange à regulação econômica, ainda percorre as
fases iniciais da curva de aprendizagem. Os contornos básicos do vigente SFN
começaram a ser esboçados entre o início e meados da década de 1960, sendo dignas de
nota, como diplomas normativos adotados desde então, as seguintes leis: Lei 4.131, de
03/09/1962 - Lei do Capital Estrangeiro; Lei 4.595, de 31/12/1964 - Lei do Sistema
Financeiro Nacional; Lei 4.728, de 14/07/1965 - Lei do Mercado de Capitais; Lei 6.024,
de 13/03/1974 - Lei de Intervenções e Liquidações; Lei 6.385, de 07/12/1976 - Lei do
Mercado de Valores Mobiliários; Lei 7.357, de 02/09/1985 - Lei do Cheque; Lei 7.492,
de 16/06/1986 - Lei do Colarinho Branco / Crimes Financeiros; Lei 9.069, de
29/06/1995 - Lei do Real; Lei 9.447, de 14/03/1997 - Lei da Responsabilidade
Solidária; Lei 9.613, de 03/03/1998 - Lei da "Lavagem" de Dinheiro; Lei 9.710, de
19/11/1998 - Lei do PROER; Lei 10.214, de 27/03/2001 - Lei do Sistema de Pagamentos
Brasileiro.

Basicamente, o SFN, hoje, estrutura-se a partir de três ramos de atividades, lado


a órgãos e entidades, de natureza pública e privada, dispostos, igualmente, em três níveis.
Os ramos de atividade são os de Moeda, Crédito, Capitais e Câmbio, de Seguros Privados
e de Previdência Fechada. Os órgãos e entidades, por seu turno, são os de caráter
normativo, os responsáveis pela supervisão do SFN e os que operam no interior do
sistema efetivamente.

Cabe aos órgãos normativos traçar as regras de organização e funcionamento do


SFN. Ditam essas regras o Conselho Monetário Nacional (CMN), o Conselho Nacional de
Seguros Privados (CNSP) e o Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC).
Respectivamente, esses órgãos normativos atuam ramos de atividade de Moeda, Crédito,
Capitais e Câmbio, de Seguros Privados e de Previdência Fechada.

Os órgãos e as entidades supervisoras são o Banco Central do Brasil (BCB), a


Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Superintendência de Seguros Privados (Susep)
e a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc). Basicamente,
esses órgãos e entidades, cada qual em sua área de atuação, aplicam as normas do SFN
e fiscalizam o cumprimento dessas normas pelos operadores, de modo a assegurar que
se produzam os efeitos colimados tanto em leis, decretos e portarias quanto em
resoluções e manifestações dos próprios órgãos normativos. O BCB e a CVM partilham,

102
como entidades supervisoras, o trabalho no ramo de Moeda, Crédito, Capitais e Câmbio,
ao passo que a Susep e a Previc, respectivamente, supervisionam os ramos de Seguros
Privados e de Previdência Fechada.

Interessa-nos, muito particularmente, o ramo de atividade Moeda, Crédito,


Capitais e Câmbio, pois é nele que se trata do crédito. Em seu âmbito, as figuras do CMN
(órgão normativo), do BCB, da CVM e, principalmente, a configuração dos operadores.

Nesse ramo de atividades, quem são os operadores, basicamente? Como estão


estruturados a partir de funções ou papéis específicos? São os bancos e as caixas
econômicas, as cooperativas de crédito e as instituições de pagamento, lado às bolsas de
valores e de mercadorias e futuros.

O conceito de bancos e caixas econômicas compreende as seguintes


especializações: banco múltiplo, banco comercial, a Caixa Econômica Federal (CEF) e
outras caixas econômicas, banco de câmbio, o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), banco de desenvolvimento e banco de investimento. É por
meio dessas instituições, e apenas por meio delas, que se preveem a intermediação
financeira e a transformação do crédito, para o financiamento tanto do consumo quanto
do investimento. Embora haja “escaninhos” próprios para o crédito reservado ao
consumo (bancos comerciais) e para aquele destinado ao investimento (BNDES, bancos
de desenvolvimento e bancos de investimento), admite-se a existência da figura do banco
múltiplo. O banco múltiplo tem como característica a diversificação de suas carteiras,
que podem reunir, numa única instituição financeira, desde o crédito comercial até o de
investimento ou de desenvolvimento, o imobiliário, o de arrendamento mercantil e aquele
para a aquisição de bens de consumo duráveis.

Segundo manifestação do próprio BCB, “a configuração do Sistema Financeiro


Nacional (SFN), desenhada a partir de 1964, sofreu uma mudança de enfoque a partir da
edição de Resolução 1524, de 21.09.88. De um enfoque assentado na visão de um sistema
financeiro formado por instituições especializadas, condicionadas pela regulamentação a
praticarem uma faixa restrita de operações, tomou-se o rumo para um outro tipo, mais
próximo do sistema constituído pelas chamadas "instituições universais". Neste, as
instituições, embora diferenciadas entre si na organização funcional e administrativa, na
condução dos negócios e na escala de operações, apresentam em comum o fato de,

103
independentemente dessas diferenças, poderem oferecer todos os serviços financeiros”
(o grifo é nosso)3.

Mais à frente, o BCB ainda assevera que “o estágio atual da organização do SFN
é consequência da mudança na legislação, do processo de ajuste às condicionantes
macroeconômicas após o Plano Real e do alinhamento à tendência mundial, caracterizada
por fusões de empresas integrantes de diversos segmentos produtivos das modernas
economias. Esse processo de adaptação foi sendo monitorado pelo Banco Central, com a
preocupação central de criar condições para maximizar os benefícios de um sistema no
qual prevalecesse um menor número de empresas maiores, porém mais eficientes e
sólidas. Assim, ao tempo em que se buscou o fortalecimento do sistema financeiro, até
então acostumado a um crônico processo inflacionário, viabilizou-se a redução das
possibilidades de desequilíbrios estruturais. Em consequência, reduziu-se o risco
sistêmico ao qual a economia estava exposta, permitindo-se a inserção das instituições
financeiras nacionais no mundo globalizado em melhores condições de competitividade”
(os grifos são nossos)4.

Quer dizer: houve, sim, ao longo dos anos, um deliberado movimento no sentido
da centralização do sistema em torno de um menor número de grandes instituições
financeiras, assim como se verificou, paralelamente, que a especialização cedeu lugar à
universalização de papéis ou funções que poderiam ser cumpridos por parte de cada
instituição financeira individualmente, em especial no âmbito bancário. Inverteu-se a
lógica da descentralização e da especialização, e o propósito aparente disso foi a
promoção de ganhos de escala e escopo e a redução do nível risco a que o modelo anterior
estaria exposto.

A fim de que se tenha ideia do movimento havido no SFN, olhemos alguns


números, rapidamente, relativos aos tipos de consolidado bancário, aos segmentos e aos
tipos de consolidação. Analisaremos os dados relativos a dois momentos da história
recente do Sistema: março de 2000 e junho de 2018. Vamos ver o que, de fato, sucedeu-
se com as instituições e o perfil do setor. 5

3
Banco Central do Brasil (BCB). Bancos Brasileiros após a Resolução 1524, de 21 de setembro de 1988.
https://www.bcb.gov.br/htms/deorf/e88-2000/texto.asp?idpai=relsfn19882000.
4
Banco Central do Brasil (BCB). Bancos Brasileiros após a Resolução 1524, de 21 de setembro de 1988.
https://www.bcb.gov.br/htms/deorf/e88-2000/texto.asp?idpai=relsfn19882000.
5
Os tipos de consolidado bancário são os seguintes: b1, que agrega banco comercial, banco múltiplo
com carteira comercial ou caixa econômica; b2, banco múltiplo sem carteira comercial ou banco de
investimento ou banco de câmbio; b3s, cooperativa de crédito singular; b3c, central e confederação de

104
Em março de 2000, contavam-se, no setor, 1.804 instituições financeiras, sendo
137 do tipo b1, 40 do tipo b2, 31 do tipo b3c, 1.223 do tipo b3s, 4 do tipo b4, 79 do tipo
n1 e 290 do tipo n2. Sozinhos, os tipos de consolidado b1 e b2 respondiam por 9,81% do
número de instituições, mas, em contrapartida, por 87,2% do total de ativos e 76,1% do
lucro líquido do setor. As cooperativas singulares de crédito (tipo b3s), por seu turno,
embora representassem 67,8% do número de instituições, movimentavam 0,5% dos ativos
e 1,34% dos lucros setoriais.

Verifica-se, em junho de 2018, drástica redução no número de instituições.


Passamos de 1.804, em 2000, para 1.384, em 2018, passando a ser assim distribuídas:
95 do tipo b1, 35 do tipo b2, 37 do tipo b3c, 953 do tipo b3s, 4 do tipo b4, 108 do tipo n1,
145 do tipo n2 e 7 do tipo n4. Uma vez mais, verificamos que os tipos de consolidado b1
e b2 respondem pela maior parte dos ativos (84,5%) e do lucro líquido (80,0%) do setor.
E, isso, embora o número de instituições desses dois tipos (b1 e b2) se tenha reduzido de
177, em 2000, para 130, em 2018 (redução de 26,6%), o que acusa a centralização de
negócios em número cada vez menor de bancos e caixas econômicas. As cooperativas
singulares de crédito (b3s) e as centrais e confederações de cooperativas de crédito
(b3c), não obstante ainda tenham participação acanhada no conjunto dos negócios,
evoluíram de forma significativa também. Passando de 1254 instituições, em 2000, para
990, em 2018, viram sua participação no total de ativos expandir-se para 3,1% (contra
0,6%, em 2000), e sua fatia nos lucros, para 6,6% (contra 1,4%, em 2000), no plano do
conjunto do setor. Nitidamente, encontra-se em curso processo de centralização e
concentração dos negócios em número menor de instituições financeiras.

O setor também dá mostras de que se está organizando em torno de grandes


conglomerados financeiros. É um movimento de centralização, pois o número de
conglomerados é cada vez menor, assim como de concentração, pois os conglomerados,
em seu conjunto, vem ganhando participação relativa nos negócios do setor. No interior
dos conglomerados, o centro dinâmico desse processo são as instituições financeiras que

cooperativas de crédito; b4, banco de desenvolvimento; n1, não bancário de crédito; n2, não bancário
de mercado de capitais; n4, instituições de pagamento.
Os segmentos são os seguintes: s1, composto por bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos de
investimento, bancos de câmbio e caixas econômicas, com porte igual ou superior a 10% do Produto
Interno Bruto (PIB) e atividade internacional relevante, independentemente do porte; s2, bancos
comerciais, bancos de investimento, bancos de câmbio e caixas econômicas, com porte igual ou superior
a 1% e inferior a 10% do (PIB), assim como demais instituições com porte superior a 1% do PIB; s3,
instituições com porte superior entre 0,1% e 1% do PIB; s4, instituições com porte inferior a 0,1% do PIB.
Os tipos de controle são estes: 1, público; 2, privado nacional; 3, privado com controle estrangeiro.

105
perfazem o consolidado bancário do tipo b1 – bancos comerciais, bancos múltiplos com
carteira comercial e caixas econômicas. Vejamos.

Reduziu-se o número de conglomerados entre 2000 e 2018. Passamos de 94


conglomerados, em 2000, para 73, em 2018. Embora tenha sido assim, a participação dos
conglomerados, nos ativos totais do setor, manteve-se praticamente inalterada (67,1%,
em 2000, contra 66,2%, em 2018). No interior dos conglomerados, havia 70 instituições
financeiras do tipo b1, em 2000, contra 53, em 2018. A despeito dessa redução, a
participação das instituições b1 nos ativos totais cresceu de 64,8%, em 2000, para 65,7%,
em 2018.

Processo semelhante verifica-se no caso das instituições financeiras


independentes. O número de instituições reduziu-se drasticamente, de 1.710 para 1.311.
Verificou-se, como um dos fenômenos dignos de nota, importante encolhimento na
quantidade de instituições do tipo b1 (de 67 para 42), b3s (1.223 para 953) e n2 (de 287
para 141). Em contrapartida, surgiu um novo nicho de negócios – as instituições de
pagamento (n4, com 7 instituições em 2018) –, e as centrais ou federações de
cooperativas de crédito (b3c), lado às instituições do tipo n1, que passaram, de 2000 a
2018, respectivamente, de 31 para 37 e de 75 para 101.

No que tange ao perfil das operações de crédito, os números do SFN, relativos a


junho de 2018, denunciam algumas verdades inconvenientes. Vamos a elas. 6

O saldo das operações de crédito, excluída a dívida pública mobiliária, representa


46,8% do PIB. Desse saldo, as pessoas jurídicas respondem por operações, em aberto,
no montante de 21,5% do PIB, enquanto as pessoas físicas, por 25,3%.

Segundo os números divulgados pelo Banco Central do Brasil (BCB), em média, a


taxa de juros anual das aplicações em operações de crédito é de 24,7%, com “spread”
médio de 17,8%. As aplicações, na concessão de crédito a pessoas jurídicas, são feitas à
taxa média de 15,5% ao ano, enquanto que, no caso de pessoas físicas, à taxa média de
31,0% ao ano.

O prazo médio de concessão do crédito é de 116,8 meses. São 59,8 meses, em


média, para pessoas jurídicas e 170,6 meses para pessoas físicas.

6
Dados do Banco Central do Brasil (BCB). Séries temporais.

106
As operações de crédito, basicamente, são discriminadas entre aquelas com
recursos livres e as com recursos direcionados. As com recursos livres abrangem o
crédito transacionado discricionariamente pelas instituições financeiras. Trata-se de
crédito cuja concessão ocorre em caráter competitivo e mediante relação de caráter
inteiramente negocial entre o tomador e o intermediário financeiro. Em contrapartida,
nas operações com recursos direcionados, uma ou mais condições associadas à concessão
do crédito encontram-se previstas na legislação, vinculando as partes à sua observância,
especialmente as instituições financeiras. Esses são os casos, por exemplo, do crédito
imobiliário, do agrícola e do consignado em folha de pagamento, assim como daquele em
que os recursos provêm de fontes oficiais, a exemplo dos recursos oriundos do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As normas vinculantes são
dos mais variados tipos, implicando condições como tetos ou limites aplicáveis às taxas
de juros, volumes e a prazos, objetos da aplicação dos recursos tomados a crédito,
características do tomador do crédito, como renda, receita, patrimônio, ocupação
profissional ou ramo de atividade, e origem dos recursos a serem emprestados.

O crédito com recursos livres perfaz operações cujo saldo, em junho de 2018,
ascende a 24,5% do PIB, enquanto as com recursos direcionados, a 22,2%, totalizando
créditos, ambas as categorias consideradas, da ordem de 46,8% do PIB. A intensa
participação do crédito direcionado denota a importante regulação que prevalece no SFN,
especialmente no tocante ao crédito e sua intermediação. Denota, igualmente, a
ponderabilíssima participação do BNDES e de outras instituições financeiras, como os
bancos públicos federais (Caixa Econômica Federal – CEF e Banco do Brasil – BB) e os
estaduais de desenvolvimento, na canalização direta e indireta do crédito pela economia
brasileira, assim como a relevância de determinadas carteiras de crédito, a exemplo da
imobiliária e da agrícola. Naturalmente, há custos e benefícios associados a esse grau de
envolvimento, sendo digno de nota que os benefícios tendem a ser apropriados, em parte
significativa, pelos tomadores do crédito direcionado, enquanto os custos, parece-nos
lícito assim deduzir, escorrem para as demais operações do Sistema, particularmente para
as de crédito livre, onerando-as como forma de compensação pelo custo de oportunidade
da aplicação de recursos em operações de crédito direcionado, teoricamente menos
rentáveis ou pouco desejáveis como alternativa de aplicação de recursos.

Não nos esqueçamos que os bancos se sujeitam como que a uma fronteira de
produção, na forma de limites de alavancagem que pairam sobre o seu patrimônio. Esses
limites estão associados ao nível de risco, ao tamanho e à diversificação de suas carteiras

107
de aplicações, especialmente em crédito. Por essa razão, os bancos, para recuperar os
custos de sua estrutura de capital, confrontam-se com a imperiosidade de realizar os
níveis minimamente requeridos de retorno do ativo e de rentabilidade patrimonial líquida.
Fazem-no premidos pela contingência de um volume limitado de operações ativas, volume
esse determinado pelo grau máximo de alavancagem a que estão sujeitos.

Os recursos livres são destinados tanto às pessoas jurídicas quanto às físicas. São
11,3% do PIB em recursos livres tomados por pessoas jurídicas, e 13,2%, por pessoas
físicas.

As pessoas jurídicas tomam recursos livres por conta de uma variedade de razões.
As modalidades de operações de crédito mais relevantes incluem: o desconto de
duplicatas e cheques, a antecipação de faturas de cartão, o capital de giro, a conta
garantida, o cheque especial, o cartão de crédito, o adiantamento sobre contrato de
câmbio e o financiamento do comércio exterior (importações e exportações). As mais
importantes modalidades, em volume de operações, são o financiamento do capital de giro
(4,3% do PIB), o financiamento do comércio exterior (1,7% do PIB) e o cheque especial
(1,5% do PIB). Nenhuma dessas modalidades, em princípio, implica financiamento direto
dos investimentos de agentes econômicos, sendo digno de nota o grande peso das
operações de capital de giro no elenco de negócios. O perfil dos negócios, portanto, tem
natureza sumamente comercial.

No que tange às pessoas físicas, os recursos livres são tomados, a crédito, nas
seguintes principais modalidades: o cheque especial, o crédito pessoal consignado e não
consignado, o financiamento da aquisição de veículos e bens, o cartão de crédito, o
arrendamento mercantil, a composição de dívidas e o desconto de cheques. As
modalidades mais importantes são o cartão de crédito (3,0% do PIB), o financiamento da
aquisição de veículos (2,4% do PIB), o crédito pessoal consignado para servidores
públicos (2,7% do PIB) e beneficiários do INSS (1,8% do PIB) e o crédito não consignado
(1,6% do PIB).

Mais uma vez, observamos que as peculiaridades intrínsecas ao crédito e ao seu


perfil de operações revela algumas idiossincrasias, de certo modo, preocupantes. Nesse
sentido, constata-se o significativo peso do crédito consignado que se concede a
aposentados e pensionistas, revelando haver importante endividamento no plano de
grupos de menor renda. Do mesmo modo, as operações ao abrigo da modalidade “cartão
de crédito” revelam o intenso e sistemático uso de um instrumento financeiro que, no

108
mais das vezes, afigura-se oneroso sob o ponto de vista do tomador dos recursos. Além
disso, constata-se o elevado peso do financiamento de uma única categoria de bens de
consumo duráveis – a de veículos automotores –, o que denota a concentração de negócios
num mesmo nicho da economia, o que concorre para aumentar o risco sistêmico.

De forma análoga aos recursos livres, os direcionados também se destinam a


operações de crédito tanto com pessoas físicas quanto com jurídicas. As com pessoas
físicas representam saldo de 12,1% do PIB, enquanto que as com jurídicas, de 10,1%.

As modalidades das operações com pessoas jurídicas incluem, entre outras, o


crédito rural (1,1% do PIB), os financiamentos imobiliários (0,8% do PIB) e o crédito com
recursos do BNDES (7,8% do PIB), este distribuído entre financiamento de capital de giro
(0,1% do PIB), financiamento de investimentos (6,6% do PIB) e financiamento
agroindustrial (1,1% do PIB). Quer dizer: o peso relativo do BNDES no âmbito das
operações com crédito direcionado, considerando, ainda, a composição de sua carteira,
praticamente faz dessa instituição financeira o centro nervoso da alocação do crédito
destinado ao financiamento de investimentos no país.

Com relação às pessoas físicas, as principais modalidades de operações com


recursos direcionados são estas: o crédito rural (2,7% do PIB), o financiamento
imobiliário (8,6% do PIB) e o crédito com recursos do BNDES (0,7% do PIB). Nesse caso,
o esteio das operações reside, primeiro, num setor e num ramo específicos da economia
– a agricultura e a construção civil, respectivamente -, assim como na participação
superlativa, uma vez mais, de uma única instituição financeira – o BNDES.

Além desses dados, o BCB ainda publica o Índice de Custo do Crédito (ICC).
Trata-se de indicador diverso daquele que se consubstancia nas taxas de juros das
operações e que, nas palavras da própria instituição, “representa o custo médio das
operações de crédito que integram a carteira de empréstimos, financiamentos e
arrendamento mercantil das instituições financeiras integrantes” do SFN. O ICC é
apurado para os polos da captação e da aplicação de recursos, sendo, além disso,
discriminado com base tanto na natureza jurídica das pessoas (físicas e jurídicas) quanto
no grau de discricionariedade das transações (recursos livres e direcionados).

Em posição de junho de 2018, o ICC, no polo da aplicação de recursos em


operações de crédito, é de 21,1% ao ano. Trata-se de uma taxa de composição, nela
figurando as pessoas jurídicas com um índice de 14,8% ao ano e as pessoas físicas, de
26,7% ao ano.

109
No polo da captação, o ICC calculado é de 7,0% ao ano. A captação, junto a
pessoas jurídicas, ocorre ao custo de 7,1% ao ano para o SFN, ao passo que, junto a
pessoas físicas, a 6,9% ao ano.

O “spread” geral é de 14,1% ao ano. Para pessoas jurídicas, esse “spread” é


menor, de 7,7% ao ano, enquanto que, para as físicas, maior, de 19,8% ao ano.

Infelizmente, não são calculadas e divulgadas medidas de dispersão desse


indicador de custo, o que permitiria a análise de sua distribuição com base nos graus de
assimetria e curtose.

De qualquer forma, verifica-se que as magnitudes dos índices e as amplitudes dos


“spreads” são maiores no âmbito das operações com recursos livres. Isso corrobora
afirmação feita, anteriormente, de que o retorno dessas operações também se presta a
compensar os insuficientes ganhos, proporcionados pelos negócios com crédito
direcionado, em face, primeiro, do requerimento de mínima rentabilidade líquida aplicável
aos bancos e, segundo, das limitações de alavancagem que se lhes aplicam aos
patrimônios.

As diferenças são gritantes. Em posição de junho de 2018, o “spread” geral


(pessoas físicas e jurídicas) com recursos livres ascende a 24,8% ao ano, enquanto o com
recursos direcionados, a somente 3,5% ao ano. As pessoas físicas são as mais
penalizadas, pois suportam “spread”, em operações com recursos livres, de 37,2% ao
ano, em média, enquanto as jurídicas, de 11,5% ao ano. Com recursos direcionados, o
“spread” limita-se a 3,7% e 3,4% ao ano, respectivamente, para pessoas jurídicas e
físicas, verificando-se vantagem muito pequena, mas ainda assim nítida, nas condições
de custo e retorno aplicáveis às pessoas físicas, vis-à-vis as jurídicas.

Também há grandes diferenças entre as modalidades pelas quais o crédito é


concedido. Para pessoas jurídicas, com recursos livres, o ICC, em posição de junho de
2018, varia entre o mínimo de 18,7% ao ano, no desconto de duplicatas e outros
recebíveis, até o máximo de 332,0% ao ano, para o cheque especial. São dignas de nota
algumas modalidades específicas, como o cartão de crédito rotativo, o adiantamento sobre
contrato de câmbio e o financiamento de importações, que apresentam ICC,
respectivamente, de 225,4% ao ano, 3,9% ao ano e 9,5% ao ano.

Para as pessoas físicas, também com recursos livres, repete-se a grande


variabilidade do ICC conforme as modalidades do crédito concedido. O ICC é máximo

110
para as operações de cheque especial, com 304,9% ao ano, e mínimo para as com crédito
consignado em folha para servidores públicos, com 25,1% ao ano. Como modalidades
específicas dignas de menção, apontamos o ICC associado à aquisição de veículos, com
23,6% ao ano, e o cartão de crédito rotativo, com 291,9% ao ano.

No tocante aos recursos direcionados, as magnitudes são diametralmente


menores. Nas modalidades de crédito rural e imobiliário, para pessoas jurídicas, o ICC é
de 10,6% e 9,1% ao ano, respectivamente. O crédito com aporte de recursos do BNDES,
nas modalidades de capital giro, financiamento de investimentos e financiamento
agroindustrial, também para pessoa jurídica, tem ICC, respectivamente, 13,8%, 8,6% e
7,2% ao ano. No caso das pessoas físicas, o ICC afigura-se um pouco menor: é de 7,6%
ao ano, para o crédito agrícola, 9,1% ao ano, para o crédito imobiliário, e, nas operações
com recursos do BNDES, 8,1% ao ano, no financiamento de investimentos em geral, e
6,0% ao ano, no financiamento de investimentos agroindustriais.

No que tange a estruturas com o formato de mercados, o ramo de atividade Moeda,


Crédito, Capitais e Câmbio compreende as bolsas de valores e as de mercadorias e
futuros. Trata-se de mercados em que os capitais são transacionados sob a modalidade
“risco”, em contraposição à modalidade “dívida”, vista anteriormente. De acordo com a
Resolução nº 2.690, de 2000, do Conselho Monetário Nacional (CMN), as bolsas de
valores são sociedades anônimas ou associações civis, com o objetivo de manter local ou
sistema adequado ao encontro de seus membros e à realização, entre eles, de transações
de compra e venda de títulos e valores mobiliários, em mercado livre e aberto. O mercado
é organizado e fiscalizado tanto por seus membros quanto pela Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), que, como já dissemos, aqui, atua na condição de uma das entidades
supervisoras do SFN. Por seu turno, as bolsas de mercadorias e futuros são associações
privadas civis, cujo objetivo é efetuar o registro, a compensação e a liquidação, física e
financeira, de operações realizadas, em pregão ou em sistema eletrônico, com
“commodities”, índices, taxas de juro, moedas e metais, assim como com todo e qualquer
instrumento, variável ou evento passível de apreciação ou depreciação, com relevância
macroeconômica, de modo que sua estrutura a termo de preços esteja sujeita a incertezas,
ocasionando impactos de toda ordem sobre a atividade econômica. Nesse contexto, as
bolsas de mercadorias e futuros devem desenvolver, organizar e operacionalizar um
mercado de instrumentos derivativos livre e transparente, que proporcione aos agentes
econômicos a oportunidade de efetuar operações de “hedging”, permitindo que se
protejam de flutuações adversas ou indesejáveis de preços. A exemplo das bolsas de

111
valores, gozam de autonomia financeira, patrimonial e administrativa, sendo fiscalizadas,
igualmente, pela CVM.

Finalmente, não há, no SFN, um mercado de dívida, em que se transacionem


promessas de pagamento, notas promissórias ou títulos de renda fixa emitidos,
diretamente, por quem deseja tomar crédito. Em lugar de prever e instituir um mercado
desse tipo, optou-se, no Brasil, por estender aos bancos – aos bancos comerciais, aos
bancos de investimento, ao BNDES, aos bancos de desenvolvimento e, depois, aos bancos
múltiplos – a atribuição de emitir, por excelência, os instrumentos de dívida, a exemplo
dos certificados de depósito bancário (depósitos a prazo). Ao que tudo indica, supôs-se
que os bancos seriam custo-eficientes o bastante fazer a captação, eles mesmos, do
crédito, a fim de que depois repassassem os recursos assim captados aos tomadores
finais.

Como vimos até aqui, a babel de custos em que se transformou o SFN, com a
incorporação de múltiplos produtos e serviços financeiros, a universalização de funções,
a concentração e a centralização, acabou por introduzir no preço do crédito – os juros de
captação e aplicação – elementos financeiros e não financeiros absolutamente estranhos
ao crédito propriamente dito, inviabilizando-o como meio de financiamento das atividades
produtivas. Nesse particular, verificamos, a partir do perfil das operações de crédito no
âmbito do SFN, que os recursos são escassos e demasiadamente onerosos, assim como
que o crédito destinado ao financiamento de investimentos resume-se, praticamente, a
operações com recursos direcionados, a maior parte das quais oriunda do BNDES e dos
bancos de desenvolvimento.

Veremos, antes das conclusões deste trabalho, que a solução para o quebra-
cabeças do crédito passa, necessariamente, pela estruturação de um mercado de dívida
no Brasil, assim como pela reconfiguração do atual modelo de segmentação do SFN.
Podemos adiantar, nesse tocante, que um mercado de dívida propiciará tanto a
convergência das taxas de juros de captação e aplicação, implicando melhor remuneração
para quem oferta crédito, assim como preços mais moderados para quem o demanda,
quanto a elevação do grau de alavancagem da economia como um todo, expandindo o
crédito e libertando a atividade econômica das limitações e dos riscos inerentes ao
subsistema bancário.

Um mercado de dívida, como também veremos, implicará multiplicar, igualmente,


as demandas tanto por capitais de dívida quanto por capitais de risco. Nesse particular,

112
veremos que um mercado de dívida pressupõe ressuscitar a figura do banco de
investimento em sua configuração clássica e, portanto, reestabelecer importantes elos,
no âmbito dos mercados de capitais, entre, de um lado, o próprio mercado de dívida e, do
outro, os mercados de ações, de mercadorias e futuros. Na criação desses elos, os bancos
de investimento, lado ao BNDES e aos bancos de desenvolvimento, deverão desempenhar
papel de grande relevo, pois encontrarão, no mercado de ações, importante fonte de seu
capital de risco, assim como também terão, no mercado de futuros, o destino certo para
a negociação de parte dos instrumentos derivativos que emitirão a partir de transações
iniciadas no mercado de dívida.

15.Os contornos teóricos básicos de um mercado de dívida

a. Considerações iniciais

Em economias dotadas de sistemas financeiros maduros ou plenamente


desenvolvidos, a captação de recursos por qualquer empresa ou negócio implica,
fundamentalmente, uma sucessão de processos decisórios. Em primeiro lugar, decidir
quanto à natureza do capital a ser tomado – se de risco ou de dívida. Em segundo lugar,
decidir quanto ao meio para tomá-lo – se por intermédio de uma operação de risco, de
um empréstimo ou financiamento bancário ou da emissão própria de instrumentos de
dívida. Isso implica cotejar as condições de cada operação no âmbito de seus respectivos
locais de negócio – o mercado de ações, o subsistema bancário ou o mercado de dívida.
Em terceiro lugar, decidir quanto ao formato do instrumento a ser utilizado, haja vista que
diferentes formatos oferecem condições de prazo, risco, retorno, liquidez e volume
também diversas. E, finalmente, decidir quanto à estrutura da operação, o que exige,
invariavelmente, cotejar as necessidades de financiamento, a estrutura de capital da
empresa tomadora dos recursos e a participação de uma ou mais instituições financeiras
no negócio.

Nosso propósito, aqui, é descrever alguns traços do que seria um mercado de


dívida e dos negócios que, nele, poderiam ser entabulados.

b. Os instrumentos de dívida

As operações em mercado de dívida são realizadas por meio da emissão, pelo


próprio tomador do crédito, de instrumentos hábeis à captação do crédito pretendido. Os
instrumentos revestem as mais variadas formas, havendo características distintivas não
apenas entre os próprios instrumentos, mas, também, entre mercados e entre países.

113
Embora assim seja, o que se busca, na medida do possível, é manter certa uniformidade
entre essas características, de modo que, havendo semelhanças suficientes, os
instrumentos se possam beneficiar de alguma fungibilidade em operações que envolvam
distintos agentes econômicos, mercados e países. De um modo ou de outro, os
instrumentos, em geral, tomam a forma títulos de renda fixa, a exemplo das notas
promissórias, dos papéis comerciais (“commercial papers”), das debêntures (um
instrumento híbrido de capital de risco e de dívida), dos títulos da dívida pública e, no
âmbito da atividade bancária, dos próprios certificados de depósito a prazo 7.

Os ditos “commercial papers” talvez constituam a mais comum e largamente


utilizada categoria de instrumentos de dívida. Em geral, são emitidos de acordo com
programações predeterminadas no tempo, ao longo do ano-calendário. Isso permite que
os emissores, as instituições financeiras participantes das operações e os compradores
dos títulos se coordenem mutuamente, assim como que concatenem as necessidades de
financiamento de seus próprios negócios com o calendário ou as “janelas” de emissão. As
emissões programadas permitem, portanto, que a adesão aos negócios ocorra de forma
organizada, cadenciada no tempo e articulada entre os agentes econômicos participantes.
Em qualquer caso, trata-se de papéis emitidos por prazos mais curtos, de até um ano, e
que não rendem juros explícitos, razão pela qual são negociados e renegociados,
sucessivamente, por meio de descontos aplicados ao valor de face dos papéis.
Finalmente, são papéis que se emitem, em geral, mediante a utilização de cláusulas
uniformes, o que visa facilitar a adesão dos agentes econômicos às operações.

7
Muito interessante notar, em relação aos certificados de depósito bancário, que a sua emissão, no
Brasil, constitui transação como que confinada às relações que cada banco mantém com sua clientela.
Essa característica restritiva, ao que as evidências indicam, parece resultar do fato de que inexiste um
mercado organizado de dívida no país. Nesse contexto, toda e qualquer instituição financeira, a fim de
captar recursos de terceiros, está na contingência de dispor de uma grande base própria de clientes,
assim como na de criar e administrar ampla gama de produtos e serviços financeiros a serem ofertados
a esses clientes, a exemplo de fundos de renda fixa, os quais são lastreados, via de regra, por
certificados de emissão própria, assim como por títulos da dívida pública. Certificados de depósito,
emitidos por bancos, lado aos títulos da dívida pública, como que resumem, em volume, os
instrumentos de dívida em circulação no país.
Não admira, nesse sentido, que pareça haver forte correlação entre o tamanho dos bancos, medido, por
exemplo, pelo volume de operações de crédito, de ativos ou de receitas, e a multiplicidade de produtos
e serviços que oferecem. Salvo melhor juízo, essa parece ser a correlação que deriva da inexistência de
um mercado de dívida. Escala e escopo buscam reunir, numa única instituição ou num mesmo
conglomerado, perfis operacionais tão díspares quanto, por exemplo, os de banco comercial, de banco
de investimento, de instituição financeira de arrendamento mercantil e de seguradora. Cada banco,
instituição financeira ou conglomerado procura suprir a inexistência de um mercado de dívida ao
mimetizá-lo a partir da criação de uma ampla base própria de clientes.

114
As notas promissórias, por sua vez, têm características um pouco distintas. Não
obstante sejam captações igualmente privadas, implicam operações de crédito por prazos
mais longos que aqueles dos “commercial papers”. Em geral, as notas maturam em prazo
superior a um ano, e os instrumentos correspondentes podem ser emitidos na condição
tanto de evento isolado (“one-off basis”) quanto de acordo com uma programação de
emissões predeterminadas, a exemplo do que ocorre com os papéis de prazo mais curto.

Esses papéis, em princípio, não são emitidos com base na utilização de cláusulas
uniformes. Não obstante haja algumas condições comuns a todas as emissões, as regras
aplicáveis às notas promissórias notabilizam-se, em geral, por certa exclusividade, por
maior rigor e por mais detalhamento, em especial quando se as comparam com aquelas
dos “commercial papers”. Em função de características mais críticas de prazo, risco,
retorno e volume das operações, essas regras, em geral, descem a detalhes como as
condições de emissão e colocação dos papéis em mercado primário, de negociação e
renegociação em mercado secundário, de periodicidade do pagamento de juros e de
resgate dos papéis.

Admite-se a oferta pública de notas promissórias, em ambiente absolutamente


competitivo, ou colocações fechadas ao público, pois privativas ou pré-arranjadas entre
investidores institucionais e emissores.

Os negócios, em princípio, são supervisionados por órgão ou entidade de


fiscalização do mercado, sendo comum, além disso, a publicação de dados e informações,
como prospectos, pareceres, análises e relatórios de auditoria, por oportunidade de cada
emissão, ainda que programada. Por implicarem a movimentação de maiores volumes de
recursos, por prazos mais longos, as operações com notas promissórias justificam
maiores custos de transação, a exemplo desses que citamos, decorrentes da elaboração
e da publicação de dados, informações e opiniões sobre a emissão, os emissores e os
projetos e atividades a serem financiados.

As debêntures, por seu turno, são uma forma especial de título de renda fixa.
Forma especial porque são emitidas, em geral, no mercado de ações, não no de dívida,
porque são preteridas, pelos demais instrumentos de dívida, no concurso entre credores
e porque, como regra, não admitem a constituição de garantias, pelo emissor ou devedor,
em favor do credor.

No Brasil, entretanto, as debêntures gozam de algumas características bem


peculiares e distintivas. Em parte, essas características parecem resultar do fato de que

115
não há, no país, um mercado estruturado de dívida, mas, tão-somente, o de ações. Por
isso, a emissão das debêntures está restrita às sociedades por ações (as companhias), e
as debêntures podem assegurar ao seu titular a percepção de juros, fixos ou variáveis, a
participação no lucro da companhia e o prêmio de reembolso. Além disso, a debênture
pode ser conversível em ações, segundo as condições constantes da escritura de emissão
(o que as torna, nesse caso, um instrumento híbrido de capital de risco e de dívida), e,
diversamente do que ocorre noutras partes do mundo, oferecer, conforme dispuser a
escritura de emissão, garantia real ou garantia flutuante ao credor, não gozar de
preferência ou ser subordinada às dívidas para com os demais credores da companhia.
Caso a garantia seja flutuante, assegura-se à debênture privilégio geral sobre o ativo da
companhia, em detrimento dos demais credores, o que não impede, entretanto, a
negociação de bens que componham o ativo do emissor.

Uma terceira grande categoria de instrumentos são os títulos de dívida pública.


Também se trata de promessas de pagamento, que rendem juros predeterminados ou cuja
remuneração reside em descontos aplicados ao valor de face dos títulos ou papéis
emitidos. As categorias entre as quais se distribuem os títulos públicos variam de país
para país, mas é lícito afirmar que, como instrumentos de dívida, esses títulos têm grande
importância nos mercados. Em geral, funcionam como referência para o custo de
oportunidade de transacionar com os demais papéis em negociação, assim como, em
função do comportamento da dívida pública, afetam as condições de financiamento e
liquidez dos mercados, tanto quanto a disponibilidade de crédito para o tomador privado8.

A emissão de títulos da dívida pública mobiliária tem por propósito atender às


necessidades de financiamento do setor público. Essas necessidades originam-se tanto
dos resultados fiscais – primários e financeiros, inclusive o refinanciamento da dívida –
quanto da realização de operações especificamente previstas na legislação em vigor.

A colocação dos títulos pode ocorrer mediante ofertas realizadas publicamente,


em bases absolutamente competitivas e através de leilões, ou por meio das assim
chamadas “emissões diretas”, em que a colocação dos títulos ocorre em bases não
competitivas e visa ao atendimento de finalidades especificamente definidas na legislação
vigente. Além dessas modalidades de colocação, também há o Tesouro Direito – uma

8
Anteriormente, neste trabalho, tivemos a oportunidade de tecer alguns comentários a respeito da
dívida pública, assim como do efeito que ela exerce sobre a disponibilidade do crédito. Esses
comentários podem ser encontrados nas páginas 68 e 69.

116
plataforma em que se realizam vendas ao público, normalmente pessoas físicas, na
modalidade P2P (peer to peer).

As subcategorias de títulos da dívida pública mobiliária são as seguintes: as Letras


do Tesouro Nacional (LTN) e as Notas do Tesouro Nacional - Série F (NTN-F), títulos
com remuneração prefixada; as Letras Financeiras do Tesouro (LFT), com remuneração
indexada à taxa Selic; e as Notas do Tesouro Nacional - Série B (NTN-B) e Série C
(NTN-C), títulos indexados ao IPCA e ao IGP-M, respectivamente. A maior da dívida
pública mobiliária (90% ou mais), em circulação na forma de títulos públicos de renda fixa,
encontra-se sob a custódia do Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia), cuja
administração cabe ao BCB Banco Central. Na Cetip (Central de Custódia e de Liquidação
Financeira de Títulos) fica custodiado o restante da dívida pública9.

As vantagens da emissão direta ou própria de instrumentos de dívida são inúmeras.


Vamos contemplar algumas delas.

Em primeiro lugar, a emissão direta ou própria de instrumentos barateia a


captação, pois o tomador do crédito aborda o mercado diretamente, sem que precise
recorrer, para tanto, à intermediação de um banco ou de outra instituição financeira
qualquer. Exatamente por isso, os mercados de dívida trazem consigo o que se
convenciona denominar “desintermediação financeira”. Os bancos ou instituições
financeiras, nesse caso, deixam de figurar como emissores, por excelência, de
instrumentos de dívida. Em consequência, o custo do crédito é escoimado de elementos
estranhos ao negócio a ser financiado e aos custos diretamente associados ao objeto do
financiamento10.

Nesse particular, recordemos que os bancos, de uma maneira geral, operam com
“spreads” gerais alavancados muito próximos de zero. Embora assim seja, o quadro é
devastadoramente diverso quando se apartam, desses “spreads” gerais, os elementos

9
A Cetip é empresa privada integradora do mercado financeiro (acrônimo para Central de Custódia e
Liquidação Financeira de Títulos). É companhia de capital aberto, desde 2009, que oferece serviços de
registro, central depositária, negociação e liquidação de ativos e títulos.
10
As instituições financeiras – os bancos de investimento, em especial – assumem e passam a executar
outras funções, notadamente: a coordenação de emissões de instrumentos de dívida; a elaboração de
projetos de engenharia financeira de operações; a emissão de instrumentos financeiros derivativos
(derivados dos instrumentos de dívida); a coordenação de operações de “hedge” e “swaps”; a criação de
fundos e sociedades de propósito específico em função das emissões de instrumentos de dívida; a
emissão própria de instrumentos de dívida; a realização de operações de mercado aberto e com títulos
e valores mobiliários diversos.

117
financeiros dos não financeiros. Os “spreads” formados por elementos exclusivamente
financeiros – retornos e custos da intermediação financeira – são positivos e muito
amplos. Amplos e positivos para que se permita, quase que estritamente, a recuperação
dos custos não financeiros da dívida, custos esses que não encontram a devida cobertura
nas fontes de receita da mesma natureza (não financeiras). Os bancos, convém relembrar
igualmente, operam com “spreads” não financeiros negativos e de significativa amplitude.

Arriscamos dizer que esse padrão de desempenho talvez seja decorrência do fato
de que as instituições financeiras, quase que em regra, abandonaram a especialização,
tornando-se generalistas responsáveis pela execução de variadíssimas funções, muitas
das quais dissociadas do crédito e de sua negociação. Por isso mesmo, a universalização
pode ter funcionado sob certos aspectos, como no de viabilizar a existência de bancos
comerciais grandes e modernos, com uma vasta rede capilarizada de agências, ou como
no de permitir a criação de um bem azeitado sistema de pagamentos. Não parece ter
funcionado, entretanto, no tocante a uma série de outros aspectos. E o nível das taxas
de juros praticadas, historicamente, não nos contradiz a esse respeito.

Portanto, produziram-se efeitos perversos no caminho. Efeitos perversos,


principalmente, no que tange ao atendimento de certas necessidades de financiamento da
economia brasileira. Notadamente, das necessidades associadas ao investimento, assim
como daquelas ligadas a pessoas jurídicas, para quem os custos, venham de onde vierem,
afiguram-se elemento relevante para o sucesso ou o insucesso dos negócios.

Vimos, a esse respeito, que as operações de financiamento de empresas e seus


negócios, particularmente investimentos, são anêmicas no país. Por mais incrível que
pareça, o crédito destinado a pessoas físicas afigura-se um nicho de mercado tão ou mais
importante que aquele representado pelo crédito corporativo. E, vale frisar, o crédito
para investimento depende, em grande medida, de recursos e operações com linhas
oficiais ou de transações realizadas por intermédio ou com a interveniência de instituições
financeiras oficiais, a exemplo do BNDES e dos bancos regionais e estaduais de
desenvolvimento.

Assim parece ocorrer porque não há viabilidade econômica nas operações de


crédito estritamente privadas, ao menos naquelas operações que se poderiam destinar ao
atendimento de necessidades associadas a investimentos corporativos. Nossa
constatação, nesse caso, foi cristalina: custos elevados exigem níveis de retorno
igualmente elevados. Quer dizer: sob o ponto de vista do crédito para investimento, as

118
taxas de juros praticadas, ao serem impregnadas por tantos e tamanhos elementos de
custo, acabam-se revelando incompatíveis com as taxas internas de retorno da maior
parte dos investimentos em atividades produtivas. Se sobrar algum investimento a
financiar, sobram apenas as opções que representam maiores níveis de risco, o que
implica associar às carteiras de crédito as chagas do risco moral e da seleção adversa.

Nesse contexto, o custo financeiro do capital pode ter impedido que empresas e
negócios encontrassem no crédito a opção para terceirizar, sistematicamente, o
atendimento de suas necessidades de financiamento. De certo modo, é correto pensar
que esse custo, em desdobramento, como que tem impedido a economia brasileira de
viver plenamente ciclos financeiros macroeconômicos, além de condenar o sistema de
crédito do país a um modelo que retarda o desenvolvimento econômico, que implica a má
alocação da poupança por intermédio dos meios de pagamento e que concentra renda pela
via de seu próprio mecanismo de preços – as taxas de juros.

Os amplos “spreads” financeiros positivos, associados a “spreads” gerais


(elementos financeiros e não financeiros”) nulos, denotam o fato de que o subsistema
bancário aprisiona, em seu interior, vastas porções da renda agregada. Os bancos fazem-
no ao determinar grande desnível entre o que pagam ao poupador para captar-lhe os
recursos e o que cobram do tomador do crédito para emprestar-lhe os recursos captados.
No polo da captação, portanto, apropriam-se da poupança agregada ao remunerar, de
forma insubsistente, o agente econômico poupador. No polo da aplicação, geram
repercussão nas cadeias de valor que lhes são subsequentes. Por meio da inflação dos
juros, os bancos sugam renda tanto dos agentes que tomam o crédito diretamente quanto
das pessoas e dos negócios que, matricialmente, formam teias de relações econômicas
com tomadores de crédito.

É lícito imaginar que esse vigente modelo de organização do SFN – centrado em


bancos e no crédito de origem bancária, despido de um mercado de dívida e dotado de
instituições financeiras que se foram universalizando mais e mais – pode encontrar razão
de ser nas dificuldades que, até recentemente, estiveram associadas ao funcionamento
daquela que se afigura a mola propulsora do crédito e de sua transação pela economia: a
captação de recursos (“funding”). Sim, as idiossincrasias de um país subdesenvolvido,
em que lhe são inerentes a inexistência de numerosos investidores institucionais de
melhor porte, uma infraestrutura de comunicações relativamente precária, e uma
economia cujo traço mais significativo é o quadro de permanente instabilidade,
certamente contribuiu para que se enxergasse nos bancos, se dotados de uma grande e

119
capilarizada rede de agências e postos, a opção mais viável para captar o crédito e fazê-
lo fluir pela economia. De que outra forma, principalmente antes do advento das recentes
soluções de tecnologia da informação, poderia o sistema financeiro, no Brasil, arrebanhar
crédito sistematicamente e mediar as relações entre seus ofertantes e demandantes?

Hoje, não. As plataformas de negócios, como um mercado de dívida, prescindem


de instalações físicas, assim como as transações, em si mesmas, do contato efetivo entre
as partes. Uma única instituição financeira, com uma única agência ou escritório, além de
um pequeno contingente de profissionais, pode atuar no mercado de dívida ou por seu
intermédio, entrelaçando um elevado número de agentes econômicos, movimentando
grandes somas de recursos e estruturando um vasto número de operações de crédito.
Tudo isso, vale dizer, a um custo que representaria fração infinitesimal dos custos em
que incorrem as instituições financeiras como hoje as sabemos estruturadas.

Em segundo lugar, os mercados de dívida dão maior transparência ao peso do


setor público e aos efeitos que esse setor exerce na determinação das condições
qualitativas e quantitativas de disponibilidade e negociação do crédito. Efeitos, como o
“crowding-out”, tornam-se absolutamente evidentes, assim como se passa perceber, em
tempo real, as consequências que as políticas públicas, como a fiscal, a monetária, a de
crédito, a de câmbio, a previdenciária e as sociais, ocasionam sob o ponto de vista dos
negócios privados – seus investimentos, o atendimento de suas necessidades de
financiamento e as condições de seleção dos projetos a serem financiados, condições
essas que se tornam adversas à medida que a qualidade e a disponibilidade do crédito
minguam.

A esse respeito, vimos que a regra de ouro institui limite e condição aplicáveis à
absorção do crédito pelo setor público. Limita as necessidades de financiamento dos
governos ao montante das despesas de capital consignadas nas leis anuais de orçamento.
Ao fazê-lo, estabelece a condição de que não se possa destinar crédito ao atendimento
de despesas públicas correntes, exatamente as despesas associadas à manutenção e ao
funcionamento da máquina pública11.

Embora assim seja, observamos dois aspectos significativos no que tange ao perfil
das operações de crédito no país. Por um lado, constatamos que empresas e negócios

11
A regra de ouro constitui mandamento constitucional no Brasil, aplicando-se, indistintamente, à
União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios. Encontra-se prevista no inciso III do art. 167 da
Constituição Federal.

120
não preponderam como tomadores do crédito disponível. As operações com pessoas
físicas são tão ou mais volumosas que aquelas com pessoas jurídicas, denotando que parte
expressiva do crédito se destina ao atendimento de necessidades de consumo ou de
capital de giro de empreendimentos individuais. Por outro lado, também confirmamos que
o crédito para investimento, em boa medida, somente se assegura, primeiro, mediante o
direcionamento estatutário dos recursos e, segundo, por força da participação de
instituições financeiras oficiais, a exemplo dos BNDES e dos bancos regionais e estaduais
de desenvolvimento. Não fossem o advento do crédito direcionado, a estruturação de
linhas oficiais de crédito e a participação de bancos públicos no negócio, o consumo e as
pessoas físicas certamente teriam peso ainda maior no saldo das operações de crédito
realizadas.

Ainda assim, é lícito contestar boa parte do arranjo tecnológico que se adotou para
assegurar o direcionamento do crédito para certas atividades econômicas ou para os
investimentos, tanto quanto para viabilizar o modelo de negócios de instituições como o
BNDES e os bancos de desenvolvimento. Num e noutro casos, verificam-se chagas as
mais variadas, a exemplo de “funding” (captação) amplamente dependente de recursos
públicos, lado a políticas de preços (taxas de juros) que, estatutariamente estabelecidas,
não raro implicam subvencionar, às vezes inexplicavelmente, certos ramos da atividade
econômica.

De um modo ou de outro, o modelo não tem rendido os frutos que dele se esperam.
A participação do setor público nas operações é complexa e opaca, o crédito é, em média,
extremamente oneroso, o perfil das operações afigura-se qualitativamente discutível, e
todo o sistema pressupõe intenso e contínuo processo de redistribuição de renda no
interior da economia do país.

Em terceiro lugar, a alternativa de emitir instrumentos próprios de dívida contribui


para a diversificação das fontes de captação das empresas e dos negócios. Isso não
apenas implica reduzir o risco de liquidez para o próprio tomador dos recursos, que vê
seu leque de opções de financiamento expandir-se de alguns poucos bancos para as
dimensões de um amplo mercado, mas, também, importa na redução e na redistribuição
sistêmica dos riscos de crédito, pois se multiplicam o número, a qualidade e a diversidade
de agentes econômicos e empreendimentos por entre os quais se distribuem e se diluem
os direitos e as obrigações associadas ao crédito transacionado.

121
Some-se a isso o fato de que se abrem maiores, melhores e mais diversificadas
oportunidades de investimento. Isso ocorre, de um lado, em benefício de quem ostenta
necessidades de financiamento a serem satisfeitas, necessidades essas materializadas na
forma de projetos de investimento com satisfatórios indicadores de risco, retorno e
liquidez. O crédito a preços moderados viabiliza, em geral, negócios com níveis de
retorno mais “comportados” e, portanto, também com menores níveis de risco. De outro
lado, para quem disponha de recursos a emprestar, multiplicam-se as oportunidades de
aplicação desses recursos, o que permite amplas avaliações de custo de oportunidade,
assim como se tornam mais promissoras, de uma maneira geral, as perspectivas de
retorno das aplicações.

Esses efeitos se produzem na medida em que o mercado de dívida, gerando


desintermediação financeira, permite que os agentes econômicos partilhem entre si, com
base nos mecanismos de preço de mercado, a renda que antes era objeto de exclusiva
apropriação por parte dos bancos. Essa renda passa a fluir tanto para quem oferta crédito
quanto para quem o demanda. Isso porque se verifica natural convergência entre as taxas
de juros de captação, em benefício de quem oferta crédito, e de aplicação, para proveito
de quem demanda o crédito ofertado. Fecham-se os “spreads” financeiros das
operações, há melhor sinalização dos riscos e das oportunidades por meio do mecanismo
das taxas de juros, e o volume das operações de crédito fica desatrelado dos limites
estatutários aplicados aos bancos.

Nesse quadro, viabiliza-se um amplo mercado de novos negócios para os bancos.


São negócios relacionados à prestação de serviços associados ao próprio mercado de
dívida, a exemplo da estruturação e da coordenação do lançamento de instrumentos, assim
como oportunidades ligadas à emissão de instrumentos financeiros derivados dos
instrumentos de dívida originais, os quais serão de extrema valia para oferecer
capacidade de financiar e de prover liquidez aos agentes que transacionam crédito entre
si. A tendência é que o volume de crédito se multiplique, notadamente o corporativo e
aquele para investimento, tornando o mercado de dívida tão amplo quanto as legítimas
necessidades de financiamento da economia brasileira.

Em quarto lugar, finalmente, o mercado de dívida pressupõe que os


correspondentes instrumentos, na condição de títulos de crédito, favoreçam-se por
características que os tornem promessas de pagamento válidas no tocante a aspectos
como liquidez, risco, retorno e garantias. Por isso mesmo, a emissão sistemática e maciça
de instrumentos de dívida pressupõe tecnologia jurídico-institucional que facilite a

122
negociação entre credores e devedores, a cobrança do crédito e a execução do devedor,
assim como que permita que as atenções do mercado também se voltem a aspectos
qualitativos dos negócios, como a distribuição de recursos entre projetos, empresas,
nichos de mercado, ramos de atividade ou setores da economia. Em suma, o mercado de
dívida oferece aos meios de pagamento as vantagens associadas à diversidade de
emissores, mediante mecanismos como cláusulas padronizadas de emissão, dando-lhes
maior estabilidade e melhores condições de transação, pois colocados em mercado por
meio de processos decisórios mais transparentes, amplos, seguros e universalizados.

Na verdade, um mercado de dívida devidamente regulado, mas adequadamente


livre e competitivo, oferece não apenas a oportunidade para a consolidação de formas
tradicionais de fazer negócios com o crédito, mas, também, cria o ambiente propício para
que novas e inéditas formas de negociação eclodam. É um mercado que pode e deve
absorver negócios de ramos os mais variados, como o imobiliário, o da indústria, o da
agricultura, o financeiro e o do setor de serviços, notadamente, nesse último caso, aquele
de empresas e projetos intensivos em tecnologia da informação. Também é um mercado
que deverá segmentar-se em função de múltiplos aspectos, como o nível de risco das
operações, o tamanho de empresas, empreendimentos ou projetos a financiar, o volume
do crédito demandado, os instrumentos de dívida negociados e os prazos das operações.
Finalmente, é um mercado que poderá aproximar o SFN de mercados internacionais, na
medida em que se logre negociar o crédito sob condições adequadamente moderadas de
risco, retorno, liquidez e garantias.

16.Considerações finais

Ao longo deste trabalho, tivemos a oportunidade de desenvolver ferramentas


teóricas que nos pudessem ajudar a explicar o comportamento dos bancos e o seu
desempenho, de testar, empiricamente, as ferramentas teóricas desenvolvidas, de
conhecer a forma de organização e funcionamento do subsistema bancário,
particularmente os traços mais recentes de evolução dos bancos como instituições
integrantes do SFN, e de conhecer algumas das principais características do que poderia
vir a ser um mercado de dívida no país.

Percorremos esse caminho no intuito de demonstrar que há racionalidade


econômica que fundamenta o desempenho dos bancos e que lhes explica tanto o nível das
taxas de juros que praticam quanto a magnitude dos índices de rentabilidade líquida que
realizam. Entre uma coisa e outra, que os “spreads” dos juros de captação aos de

123
aplicação, primeiro, não têm funcionado exatamente da forma como se imagina
comumente e, segundo, não estão na raiz das elevadas taxas de juros que se praticam no
país. Há outras explicações para esse fenômeno.

O percurso revelou-nos facetas interessantes, algumas desconcertantes, a


respeito dos bancos e do ambiente em que operam, particularmente o SFN. Percebemos
que nem tudo é racionalidade a propósito dos bancos e do SFN e que, portanto, há espaço
para que se proponham aperfeiçoamentos e mudanças, salvo melhor juízo. Obviamente,
propostas de mudanças e aperfeiçoamentos teriam um referencial teórico – recuperar a
racionalidade econômica onde ela se houvesse perdido – e outro, de ordem prática – dotar
a economia brasileira da capacidade de transacionar crédito em condições
economicamente moderadas e viáveis.

Trabalhamos com os números de uma pequena amostra de bancos (84, ao todo),


cobrindo um período bastante curto da vida econômica do país: de 2000 a 2014.
Gostaríamos de haver trabalhado com todo o universo de bancos, assim como com dados
que se estendessem por período maior, mas parece que os dados não são preparados e
divulgados sob a premissa de que se prestem, especificamente, à realização de
investigações como esta. De qualquer forma, foram válidos e úteis os elementos que,
divulgados pelo Banco Central do Brasil, pudemos utilizar como nossa amostra.

Finalmente, não há como negar que o SFN e as instituições que o integram, nos
marcos de sua vigente tecnologia de organização e funcionamento, hoje constituem dois
gigantescos desafios para o país. Um desafio tem matiz econômico: o Brasil trabalha à
mingua de crédito, e o pouco crédito de que desfruta é de péssima qualidade. Não há
como percorrer ciclos econômicos com êxito, notadamente o financeiro, sem que haja um
mínimo de convergência à normalidade no âmbito da intermediação financeira. O outro
desafio, matiz técnico: é imperioso que se aprofunde o nível de conhecimento sobre
crédito e as instituições que o transacionam, pois se trata de temática importante, cujo
alcance e significado já se medem pelo fato de que a própria moeda é, na verdade, crédito
por excelência.

Passemos, então, aos nossos comentários finais.

a. O requerimento de rentabilidade

No plano teórico, verificamos que a lucratividade dos bancos – sua rentabilidade


líquida – cumpre uma função adicional e essencial: a de conferir estabilidade à estrutura

124
dos capitais bancários. Significa dizer que os bancos operam com requerimento de
mínima rentabilidade líquida. Esse nível mínimo lhes é necessário para que alcancem um
padrão de desempenho em que seus graus de alavancagem e de endividamento
mantenham trajetória estável e lhes assegurem condições de solvência e liquidez
permanentemente sustentáveis.

Para chegar à conclusão de que a lucratividade cumpre a função de estabilizar a


estrutura de capital, descrevemos a mecânica da rentabilidade e explicamos que os
resultados sempre têm por referência o maior entre os custos dos capitais – de terceiros
e de risco. Identificamos as condições necessárias e suficientes, com base nos
resultados, a um desempenho sustentável, assim como as consequências de resultados
hipossuficientes e os efeitos ocasionados pela divergência entre os dois custos básicos
da estrutura do capital bancário.

Naturalmente, a função estabilizadora dos lucros afigura-se-nos extensível a todo


e qualquer negócio em que haja o ânimo de lucrar. Entretanto, essa função nos parece
especialmente relevante para a atividade bancária, uma vez tratar-se de modelo de
negócio cuja característica diferenciadora reside em edifícios patrimoniais e estruturas
de capital submetidas a níveis extremos e sistemáticos de “stress” econômico e
financeiro. Como já afirmamos, neste trabalho, trata-se de um modelo de negócios em
que o nível de proteção contra impactos adversos, micro e macroeconômicos, não vai
além de um patrimônio líquido assemelhado a um mero “fio d’água”.

De uma forma ou de outra, a importância de encontrar uma função como a que


aqui desenvolvemos sempre residiu na necessidade de criar um referente teórico mais
sólido, ou um segundo referente, para que se pudesse fazer uma avaliação correta e
precisa da lucratividade bancária. Não havia como fundamentar qualquer avaliação
consequente ou substantiva apenas no axioma da maximização dos lucros, que se
restringe a apontar uma trajetória ou sentido de propagação.

De mais a mais, desconfiávamos que o requerimento de mínima rentabilidade,


como principal consequência da função estabilizadora cumprida pelos lucros, também
poderia representar um teto ou um limite máximo aplicável à rentabilidade líquida.
Representaria algo como um “minimax” ou um “maximini” – a lucratividade mínima
também funcionando como referente de ganho máximo possível para os bancos.

Mas, ganho máximo possível por quê?

125
Embora não tenhamos desenvolvido essa específica linha de raciocínio ao longo
do trabalho, pois fazê-lo demandaria abrir um novo e amplo leque de digressões teóricas,
as quais fugiriam ao nosso escopo original, desconfiávamos que essa seria uma hipótese
plausível e, até certo ponto, verificável. Na verdade, o desenvolvimento da ideia de um
“minimax” poderia ser muito bem fundamentado pela construção teórica, já concluída, no
sentido de que o crédito se submeteria a racionamento. Expliquemos: submetido o
crédito a racionamento, as taxas de juros não funcionariam, em toda a extensão do plano
formado pelas retas da oferta de crédito e da demanda por ele, como um mecanismo de
preço que pudesse conduzir ao equilíbrio as quantidades demandada e ofertada em
mercado. Trata-se de hipótese baseada na premissa de que as taxas de juros, como
mecanismo de preço, afetariam a natureza das transações de crédito, a exemplo do que
acontece quando, majoradas, fazem eclodir problemas como a seleção adversa, assim
elevando os riscos associados às operações e expandindo as perdas decorrentes de
créditos em curso de liquidação duvidosa.

Nesse contexto, nem toda a demanda por crédito poderia ser satisfeita apenas
manejando as taxas de juros, ainda que os agentes econômicos que o demandassem
estivessem dispostos a pagar juros tão mais elevados quanto fossem cobrados pelos
bancos para conceder-lhes, aos agentes econômicos, o crédito adicional demandado. O
crédito, simplesmente, ser-lhes-ia negado, configurando o que se convenciona
denominar “racionamento” e, portanto, afastando as adversidades inerentes a chagas
como o risco moral e a seleção adversa, que piorariam a qualidade das carteiras de
crédito12.

Exatamente por isso, assim como pelo fato de que as taxas de juros praticadas
pelos bancos brasileiros já são, em si mesmas, muitíssimo elevadas, esperávamos ver
confirmada nossa tese explícita – de que os bancos não operariam, em regra, com
rentabilidade inferior ao requerimento de mínima lucratividade –, tanto quanto nossa
desconfiança – de que o requerimento de mínima rentabilidade, em função da hipótese de
racionamento do crédito, também cumpriria o papel de referente teórico de máxima
rentabilidade racionalmente admissível. Isso significa dizer que, na prática, nossa
expectativa era de que os bancos tivessem no requerimento de rentabilidade líquida o
centro de referência para o seu desempenho, de forma que seus lucros e demais
elementos de resultado orbitassem esse requerimento, sem que dele se afastassem

12
Sobre o assunto, vale a leitura do “paper” Credit Rationing in Markets with Imperfect Information, de
Joseph E. Stiglitz e Andrew Weiss, publicado na revista The American Economic Review, volume 71,
número 3, em janeiro de 1981, às páginas 393 a 410.

126
dramática ou significativamente. Não se afastariam, para menos, a fim de evitar uma
estrutura de capital instável e, para mais, de modo a assegurar carteiras de ativos livres

Limite superior
- risco moral e
seleção adversa

Lilmite
inferior -
estabilidade
da estrutura
de capital
Nível de rentabilidade
requerido -
sustentabilidade
estrutural do capital e
racionamento do
crédito

do risco moral e da seleção adversa.

Estivesse o requerimento de rentabilidade limitado apenas à condição de piso ou


mínimo aplicável aos lucros bancários, poderíamos ser capazes de explicar a grandeza
dos lucros, com base em sua função estabilizadora, mas, se os lucros se demonstrassem
excessivos, em face desse mesmo requerimento de rentabilidade, nossas explicações
perderiam força e seriam parciais. Permaneceríamos na contingência de também
trabalhar com a premissa da função maximizadora dos resultados, de pouca valia diante
dos propósitos deste trabalho. Teríamos um ponto de partida, na forma do piso de
lucratividade, mas careceríamos de um de chegada, pois, em tese, a noção de uma
lucratividade tão elevada quanto possível, a noção da maximização, não parece encontrar
um limite ou destino.

Mas, não apenas isso. Perderíamos de vista um fato que jamais pode ser
negligenciado: de que os bancos, comumente, adotam política de crédito, visando
assegurar a qualidade de suas carteiras, e estendem crédito a seus clientes ou público-
alvo nos estritos limites das linhas de crédito previamente aprovadas. Quer dizer: a
demanda por crédito que chega aos bancos é atendida, em geral, por meio de controles
quantitativos (fixação de linhas de crédito), controles esses baseados numa apreciação
qualitativa do potencial tomador do crédito, de seus projetos, do mercado em que opera
e do restante da economia. As linhas de crédito já configuram, em si, a prática do

127
racionamento, pois a quantidade de crédito que os bancos se propõem a estender a
terceiros não está correlacionada com a variação no preço que se paga pelo crédito, mas,
sim, limitada pelos montantes que representam as linhas de crédito previamente
determinadas.

De qualquer forma, vamos aos resultados do trabalho de análise que fizemos: no


conjunto da amostra de 84 bancos, a tese da rentabilidade mínima confirmou-se, assim
como foi confirmada a desconfiança de que esse mínimo também funcionaria como um
limite máximo de rentabilidade. O que confirma a tese e a desconfiança são dois fatos.
Primeiramente, de que os “spreads” gerais (elementos financeiros e não financeiros)
estão próximos de zero, pouco se afastando, para mais ou para menos, desse referencial.
Em segundo lugar, o fato de que a rentabilidade líquida assim realizada configurou o
mínimo necessário à estabilidade da estrutura de capital, em face do custo da dívida, tanto
quanto o máximo admissível para evitar que os resultados fossem infiltrados pela seleção
adversa e o risco moral. Fossem infiltrados, os créditos em curso de liquidação duvidosa
teriam sofrido expansão e, como consequência, corroeriam, mais do que
proporcionalmente, os ganhos esperados com a majoração excessiva das taxas de juros
e a prática de amplos “spreads” gerais.

Dois grupos ou segmentos de bancos, tomados isoladamente, afastaram-se dos


resultados esperados, mas o fizeram apenas aparentemente. A verdade é que os
resultados realizados por esses bancos, em lugar de refutar nossa tese, reforçam-na.
Um dos grupos foi o dos bancos do tipo IV (bancos de desenvolvimento, inclusive o
BNDES), que praticaram “spreads” gerais (elementos financeiros e não financeiros)
positivos, associados esses “spreads” a níveis de retorno financeiro do ativo
relativamente mais baixos que os dos demais bancos. O outro grupo foi o dos 63 menores
bancos da amostra, formado por bancos de pequeno porte, dos tipos I, II e IV, que, a
despeito de terem ostentado elevados níveis de retorno financeiro do ativo, bem
superiores aos dos maiores bancos, exibiram níveis de custos ainda mais elevados que
os de retorno.

Dizemos que o afastamento foi aparente porque, na verdade, os números


confirmam, por outras vias, a tese do requerimento de rentabilidade. No primeiro caso,
dos bancos do tipo IV, observa-se que os “spreads” gerais positivos parecem ter sido
praticados com propósitos que já eram esperados. Asseguraram que os bancos pudessem
conciliar taxas de juros moderadas, pois os bancos do tipo IV praticam juros em níveis
bastante baixos, com níveis de rentabilidade que se aproximassem do que se imagina ter

128
sido, à época, a rentabilidade líquida esperada de um banco, levando-se em consideração
a expectativa de retorno dos investidores de risco. Observe-se que o nível médio de
rentabilidade líquida dos bancos do tipo IV se demonstrou-se bem próximo daqueles
níveis de rentabilidade praticados pelos bancos maiores e de desempenho estável. No
segundo caso, dos menores bancos, os excessivos níveis de retorno financeiro do ativo,
denotando a prática de taxas de juros elevadas, gerou inéditos níveis de créditos em curso
de liquidação duvidosa, o que não apenas anulou a elevação excessiva dos juros ativos,
mas, também, contribuiu para que o “spread” geral fosse negativo, reduzindo a
lucratividade desse grupo de bancos a níveis muito inferiores aos dos demais grupos ou
segmentos de bancos. Seus resultados se demonstram hipossuficientes, razão pela qual
são insustentáveis se persistirem no tempo.

Portanto, há um nível de rentabilidade que permite aos bancos desempenho


sustentável. Trata-se de padrão de desempenho que unifica, num mesmo nível de
lucratividade, os resultados necessários tanto à estabilidade estrutural do capital bancário
quanto à minimização dos impactos adversos, sobre o crédito e os custos financeiros, do
risco moral e da seleção adversa. Em compasso com o que se desenvolveu a propósito
da mecânica da rentabilidade, o nível de rentabilidade líquida tem por referencial ou o
custo da dívida ou o custo de oportunidade dos capitais de risco (próprios), o maior entre
os dois. Exatamente por isso, esperava-se que os bancos que operassem com:

 custo de dívida e retorno do ativo superiores à média dos bancos,


denotando taxas de juros ainda mais elevadas que o já demasiado padrão
de mercado, enfrentassem perdas decorrentes de custos financeiros com
créditos de liquidação duvidosa, gerando “spreads” gerais negativos e
reduzindo-lhes a rentabilidade até níveis inferiores: (1) à lucratividade
média dos bancos; (2) ao mínimo necessário à sustentabilidade
operacional; (3) à remuneração do capital de risco;
 custo de dívida e retorno do ativo próximos da média dos bancos,
denotando taxas de juros ajustadas ao padrão de mercado, operassem com
“spreads” gerais ao redor de zero e rentabilidade próxima da lucratividade
média dos bancos, do necessário à sustentabilidade das operações e, no
mínimo, ajustada à expectativa de remuneração dos capitais de risco;
 custo de dívida e retorno do ativo inferiores à média dos bancos,
denotando a prática de taxas de juros mais baixas que o padrão de
mercado, operassem com “spreads” gerais positivos e rentabilidade: (1)

129
próxima do que se imagina ser a expectativa de remuneração dos capitais
de risco; (2) pouco inferior à rentabilidade líquida média do grupo de
bancos mais rentáveis, cuja rentabilidade parece estar ajustada ao custo
da dívida, que supomos ser superior ao custo de oportunidade do
investidor de risco; (3) plenamente compatível com sustentabilidade das
operações ao longo do tempo.

b. Os riscos

Embora níveis variáveis de risco, em função das características idiossincráticas e


sistêmicas que cercam o tomador, possam dar origem a eventuais variações nos níveis
dos prêmios associados a esses riscos, toda e qualquer instituição financeira opera,
fundamentalmente, com base em limites quantitativos de crédito, satisfeita a condição do
máximo risco aceitável para cada cliente e em cada operação. Isso significa dizer que, a
partir de certo nível de risco, as operações de crédito com determinado agente econômico
simplesmente não acontecem, havendo, portanto, um limite quantitativo que paira sobre
essas operações. Cumprindo o papel de fator limitante da oferta de crédito, as linhas ou
não são aprovadas ou têm o seu montante máximo fixado em determinado valor, ainda
que o potencial tomador dos recursos se disponha a escalar os prêmios que se disporia a
pagar pelos riscos crescentes que ele próprio representaria, como tomador dos recursos,
à medida que demandasse mais crédito do que aquele que o banco estaria disposto a
estender-lhe.

Além disso, exploremos, um pouco mais, o fato de que as classificações dos


tomadores de crédito, por níveis de risco, influenciam muito mais o tamanho ou escala da
linha de crédito do que, propriamente, as taxas de juros a serem cobradas desse tomador
em cada operação que realizar. Essa assertiva parece-nos particularmente verdadeira
num ambiente como o do Sistema Financeiro Nacional, em que o crédito se associou,
indelevelmente, à figura dos bancos. Nesse ambiente, em face de um cliente com linha
de crédito previamente aprovada e, portanto, com risco já dimensionado e tido por
aceitável, o custo de oportunidade de cada transação está em perdê-la para o banco
concorrente. O custo de oportunidade não é apreciado sob o ponto de vista da
possibilidade de cobrar a maior taxa de juros possível ou de fixá-la, a taxa, em função do
nível de risco representado por cada cliente, projeto ou operação, isoladamente.

130
Não. Os bancos não operam assim. Podem até decidir a quem não emprestar e,
mesmo quando emprestam, limitar o “quantum” do crédito extensível a cada cliente,
operação ou projeto. Entretanto, não parecem estar na posição de escolher o agente
econômico a quem emprestarão: isso é muito importante. Em geral, está no poder do
cliente escolher de que banco o crédito será tomado, e a decisão, normalmente, implica
que o cliente escolha entre as melhores condições oferecidas pelos bancos, como prazo,
volume e taxa de juros. A cada banco resta, tão-somente, ater-se aos limites da linha
de crédito pré-aprovada, abstendo-se de extrapolar esse limite e, portanto, praticando o
efetivo racionamento do crédito que se disponha a estender a cada agente econômico,
individualmente. As condições do crédito, principalmente as taxas de juros, são fixadas
de modo a evitar que a operação ou o cliente seja “capturado” pela instituição financeira
concorrente.

Assim sendo, parece-nos que os níveis de risco, uma vez aquilatados e aceitos,
influenciam o comportamento dos bancos no que tange ao “quantum” ou volume da
operação, não, necessariamente, no tocante ao preço que poderão cobrar para realizar
determinada operação com este ou aquele cliente, individualmente. Nesse contexto, o
preço (taxas de juros) não parece ter por referência a realização do maior resultado
possível em cada operação ou a imposição de juros mais elevados a quem represente o
maior nível de risco. Não. O preço (taxa de juros) parece ser fixado com o intuito de
trazer a operação para o banco, evitando que seja “fechada” por concorrente, lado ao
propósito de recuperar custos e de gerar resultados compatíveis com uma estrutura de
capital estável. Mas, isso não esgota todas as facetas do tema. Continuemos.

Diferentemente do crédito de origem bancária, os ambientes de mercado, nos


quais se verifica a desintermediação financeira, funcionam de forma bastante distinta, ao
menos no tocante à precificação do crédito. Nos mercados, os tomadores emitem seus
próprios instrumentos de dívida, e, ao que tudo indica, a classificação de risco do emissor
parece influenciar os preços do crédito pretendido com a emissão. Isso porque, nos
mercados, a decisão quanto à celebração das operações de crédito ocorreria em sentido
inverso ao observado em ambiente de crédito intermediado por bancos. Não caberia ao
emissor do instrumento de dívida decidir a quem vender sua promessa de pagamento e,
portanto, de quem tomar o recurso a crédito. Ao revés, caberia ao comprador do
instrumento, ao assumir a condição de financiador primário, decidir quanto à operação a
ser celebrada, o que faria no momento em que escolhesse o título de crédito a comprar.
Isso implicaria, da parte de quem compra o título e, portanto, empresta os recursos,

131
escolher um entre vários emissores, decidindo com base em inúmeras variáveis, como as
condições de volume, risco, liquidez e, naturalmente, retorno. Todas essas condições
variariam, umas em função das outras, assim como entre distintos emissores de
instrumentos de dívida, de modo que ficaria na discrição do comprador dos instrumentos
decidir de quem comprá-los.

Quer dizer: assimetrias de informação à parte, tudo leva a crer que, em sistemas
onde o crédito tem origem nos bancos, o tomador realiza leilão de preços (taxas de juros),
entre os bancos, para um dado volume de crédito pretendido, observados os limites que
o sistema bancário aplica ao volume de recursos que lhe seria passível de empréstimo.
Ao revés, em sistemas em que o crédito se transaciona em mercado, cabe a quem compra
o instrumento de dívida e concede o crédito – a instituição financeira, o investidor
institucional, o empreendimento não financeiro ou a pessoa física – decidir a quem e em
que condições emprestar, principalmente em função de variáveis como as perspectivas
de remuneração (taxas de juros) de cada operação. Mas, avante.

Convém notar, entretanto, que a política de crédito não é uniforme entre bancos.
Os bancos, como qualquer empreendimento ou pessoa, exibem, individualmente, os mais
variados níveis de aversão ao risco, assim como desenvolvem suas atividades sob
distintas orientações estratégicas, táticas e operacionais. Exploremos alguns motivos
para que seja assim.

Idiossincraticamente, os bancos são diferentes entre si. Uns são grandes, alguns
têm porte médio, muitos ostentam menor volume de ativos ou de operações. Os bancos
operam com custos distintos entre si, às vezes muito distintos, assim como apresentam
perfis de retorno igualmente divergentes. Há bancos que trabalham com grande número
de agências e com elevado contingente de empregados, especializando-se, por exemplo,
em crédito comercial, assim como há instituições que concentram suas atividades em
número menor de negócios, em nichos específicos de mercado, buscando compensar a
pequena escala por meio de uma composição mais selecionada e lucrativa de operações.
Portanto, não há como enxergar, no mundo real, a figura monolítica de banco que foi
sedimentada no imaginário popular. Não há como aplicar aos bancos um único modelo ou
descrição e, diante de eventuais problemas ou dificuldades, um diagnóstico igualmente
único e um mesmo conjunto de soluções.

Sob o ponto de vista da atividade bancária e de sua sustentabilidade, é lícito dizer


que os custos constituem importante fator de risco e diferenciação entre bancos. E esse

132
risco já se materializa, ao contrário do que se possa imaginar, por meio da formulação das
próprias políticas bancárias de crédito. Numa economia em que prevalece o crédito de
origem bancária, como a nossa, o diferencial de custos, entre bancos, exige que as
instituições menos competitivas, normalmente as de menor porte, conforme vimos,
operem à margem das melhores oportunidades de mercado. E a razão, para isso, é bem
simples: os produtos de crédito dos bancos menores, menos eficientes sob o ponto de
vista dos custos, são inapelavelmente mais caros, mais onerosos, e, portanto, menos
competitivos. Exatamente por isso, essas instituições financeiras estão na contingência
de formular políticas de crédito que lhes permitam atuar naquelas faixas de mercado
repudiadas pelos bancos mais eficientes. De atuar naquelas faixas em que se concede
crédito não apenas a taxas mais elevadas e em volume superior àquele que os riscos
aconselhariam, mas, também, a agentes econômicos ou a projetos que, em geral, são
selecionados de modo adverso exatamente porque representam níveis de risco
inaceitáveis do ponto de vista de bancos mais competitivos.

Diante disso, não nos parece crível supor que os menores bancos possam
mimetizar os de grande porte, reproduzindo suas políticas de crédito, estruturas de
capital, custos, retornos, “spreads”, rentabilidade líquida e perfis de negócios. Nem de
longe, isso seria possível. E, de fato, constatamos, em nossa amostra, que isso não
acontece concretamente. Os números exibidos pelos bancos evidenciam desníveis no
desempenho em desfavor de alguns grupos ou segmentos, notadamente em desfavor dos
bancos de menor porte.

É evidente que as idiossincrasias de bancos e de suas operações se acabam


tornando fator de ordem sistêmica, na medida em que as políticas de crédito se revelam
ou uma tendência ou um padrão de comportamento adotado por grupos numerosos ou
significativos de instituições. Noutras palavras, soma-se ao risco do crédito o risco
associado às próprias políticas de crédito. Transformando-se em tendências ou padrões,
as políticas de crédito elevam os níveis de risco exponencialmente, extrapolam o contexto
de cada instituição e alastram-se, em função de suas consequências adversas, por
significativas porções do subsistema bancário, como, de resto, pelo restante da economia.

Entendamos: o crédito de menor qualidade, assim como a política de crédito


qualitativamente mais pobre, na raiz dos quais estão vários fatores, mas, principalmente,
estruturas de custo ineficientes, contamina a economia de maneira incontornável.
Dizemos incontornável porque a contaminação ocorre cronicamente e sempre produz

133
consequências adversas, independentemente do sucesso ou do insucesso das operações
de crédito, em si, ou das políticas que as fundamentam.

Recordemos que, durante as análises feitas ao longo do trabalho, chegamos ao


entendimento de que nosso subsistema bancário opera com custos que, na média, são
relativamente mais elevados que os necessários à moderação das taxas de juros. Sempre
na média dos números amostrais, também concluímos que os “spreads” não cumprem sua
função primordial: permitir que se conciliem juros módicos com satisfatórios níveis de
rentabilidade líquida. Vimos que o crédito corporativo, notadamente para investimento,
é anêmico, sofrendo forte concorrência das operações comerciais e com pessoas físicas.
Também verificamos que boa parte dos investimentos é financiada por meio de linhas de
crédito direcionado ou de operações que envolvam recursos públicos ou bancos oficiais
de desenvolvimento. Ainda assim, é lícito dizer que o crédito direcionado, os recursos
públicos e os bancos oficiais, embora pareçam beneficiar a economia com a prática de
juros moderados, ocultam custos tão elevados quando aqueles com que se defrontam os
bancos privados. A diferença apenas reside no fato de que esses custos não se
apresentam, direta e explicitamente, nas operações de crédito. Anunciam-se,
reflexamente, por meio dos projetos e empreendimentos financiados, os quais nem
sempre são escolhidos em bases saudavelmente competitivas. Além disso, a estrutura
de captação de bancos oficiais que financiam os investimentos encontra-se fundada,
quase que invariavelmente, em elementos que alimentam os déficits fiscais e a dívida
pública.

Da parte dos demais bancos, constatamos que todos, quase que em regra, praticam
taxas de juros elevadas, operam com “spreads” financeiros positivos e amplos e, em
geral, incorrem em custos enormes. Os “spreads” gerais, combinando elementos
financeiros e não financeiros, são nulos, mas isso nada de bom tem garantido, uma vez
que os custos elevados, por si mesmos, já se encarregam de lançar as taxas de juros a
níveis escorchantes. Além disso, verificamos que os índices de retorno financeiro do
ativo, como medida de tendência central que se aproximaria de uma taxa de juros média,
representam uma cacofonia de produtos de crédito. Alguns produtos são
“comercializados” a preços (taxas de juros) moderados, mas muitos não são. Há produtos
de natureza comercial, assim como operações associadas a investimentos. Instrumentos
de dívida perfilam-se com os de capital de risco. Em suma, há uma grande babel de
operações e atividades, em relação às quais a dispersão nas perspectivas financeiras de
retorno constitui a tônica.

134
O ativo bancário ostenta, na média, baixa produtividade, é formado por uma pletora
de instrumentos de crédito comercial e de investimento e não se favorece de graus de
transparência minimamente construtivos. Nesse particular, no da transparência, é lícito
afirmar que o crédito com origem nos bancos, associado a férreas normas de sigilo
bancário, presta grande desserviço a qualquer economia moderna, pois, ao menos no que
diga respeito aos investimentos, não se conhecem empreendimentos e projetos
financiados, tampouco o nível de comprometimento de recursos com setores da economia,
ramos de atividade, grupos econômicos e empresas. Quer dizer: soma-se aos riscos do
crédito e das políticas de crédito a assimetria de informações, o que implica processos
decisórios e decisões que, nem sempre, são fundamentados, senão por sólidas escolhas,
pelo menos por racionalidade econômica conhecida, debatida e aceita pelos mercados e
por seus agentes.

Noutras palavras, o crédito intermediado, no país, é de péssima qualidade, é


quantitativamente insuficiente e mal distribuído, não permite que o país se beneficie dos
ciclos financeiros e, acima de tudo, é responsável pela gradual infiltração do tecido
econômico pela seleção adversa, a assimetria de informações e o risco moral. E isso
ocorre, em maior ou menor grau, em todas as faixas de operação do subsistema bancário,
pois os diferenciais de competitividade entre os bancos não são tão amplos, assim, a ponto
de viabilizar um mínimo volume de crédito em condições menos imoderadas ou de apartar
os bancos entre aqueles que se afigurem eficientes e aqueles que não o sejam. O que se
verifica são graus variados ou crescentes de ineficiência, na medida em que nos movemos
dos maiores para os menores bancos.

Além disso, a estrutura do SFN torna a intermediação do crédito um processo


opaco em toda a sua extensão, pois a tecnologia jurídico-institucional vigente, ainda
baseada no segredo bancário, repousa no já abandonado pressuposto de que os agentes
econômicos, como os bancos, podem ser capazes de agir racionalmente e de bem regular,
a si próprios, por meio de suas políticas de crédito. Não são, e as evidências provam-no.
Tampouco se demonstram aptos a assumir as funções de intermediários financeiros com
o mínimo de eficiência requerido pela economia e por suas necessidades de
financiamento.

No que concerne aos riscos das políticas de crédito, providências de âmbito


internacional têm sido divisadas para assegurar não apenas a higidez quantitativa dos
patrimônios bancários, mas, também, a qualitativa. Políticas regulatórias têm sido
formuladas para garantir que tendências ou padrões de comportamento indesejáveis não

135
catapultem riscos idiossincráticos à categoria dos sistêmicos. Nesse rol de providências,
figuram iniciativas como os acordos de Basileia, cujo traço mais marcante é o de
classificar os ativos bancários por níveis de risco, estabelecendo mínimos requerimentos
de capital próprio com base num volume de ativos sopesado por esse critério qualitativo
de classificação.

Paralelamente, muitos países, como o nosso, também têm investido nas normas
que regulam a atividade bancária, especialmente naquelas que cuidam da segmentação
dos sistemas financeiros por funções ou especialidades. Não por outra razão, temos
testemunhado significativas mudanças no SFN, no decorrer dos anos, particularmente no
sentido de que se estruturem instituições financeiras com grandes e diversificados
portfólios de operações, a exemplo dos bancos múltiplos e, no âmbito dessa categoria de
instituições, dos bancos múltiplos com carteira comercial. Ao que as evidências parecem
indicar, supõe-se que a diversificação de ativos, de operações e de produtos de crédito,
lado a edifícios patrimoniais tão grandes quanto possível, constituiria eficaz linha de
defesa contra a materialização de riscos, especialmente dos de feitio sistêmico. Essas
características também erigiriam proteção mais eficaz num ambiente em que a economia
se vê cronicamente afetada por guinadas político-institucionais frequentes e por um
receituário econômico que parece não ser capaz de oferecer respostas criativas,
permanentes e sustentáveis para problemas básicos, a exemplo deste, do crédito, e o da
Previdência Social.

Isso não obstante, o exame de nossa amostra de bancos revelou-nos padrões


preocupantes. Observamos significativos diferenciais de eficiência entre grupos de
bancos, assim como o fato de que as instituições de menor porte são as que operam com
maiores custos, o que as leva a buscar retorno financeiro compativelmente mais elevado.
A despeito dos elevados níveis de retorno do ativo, detectados nesse subconjunto dos
menores bancos, as instituições figuram entre aquelas que exibem os menores índices de
lucratividade, índices esses, cabe ressaltar, insustentáveis numa perspectiva a termo. Os
resultados dos menores bancos são premidos pelas maiores perdas com créditos em curso
de liquidação duvidosa, de modo que, limitados que são por sua relativa ineficiência e por
políticas de crédito bem mais arriscadas, esses bancos tendem a minguar, em número,
com o passar do tempo, consagrando a tendência de concentração e centralização do
subsistema bancário num pequeno grupo de instituições financeiras enormes e com
funções universais.

136
Noutras palavras, a combinação entre risco de crédito, risco de políticas de
crédito, crédito com origem bancária, normas regulatórias e ausência de um mercado de
dívida tende, de hoje para o futuro próximo, não apenas a concentrar o subsistema
bancário nas mãos de um pequeno número de grandes bancos ou conglomerados
bancários, mas, também, a tornar todo o SFN crescentemente opaco, assim como a fazer
eclodir novos, importantes e ainda imprevistos fatores de risco.

Nesse particular, no de inéditos fatores de risco, já é possível antever um


subsistema bancário cuja estrutura e composição já representariam um risco em si
mesmas. É que o número decrescente de instituições financeiras deverá fazer de cada
instituição, “per se”, um importante fator de risco sistêmico, configurando ameaça
permanente tanto para o SFN quanto para o restante da economia.

Entendamos: riscos, numa perspectiva ampla ou macroeconômica, não podem ser


eliminados, podem apenas ser redistribuídos, o que se logra fazer assegurando
composições diversificadas. Um dos segredos da diversificação está em garantir, tanto
quanto possível, baixa correlação entre eventos ou fatores de risco, a fim de que se evite,
quando um risco se materializa, que outros riscos se materializem concomitantemente,
propagando amplos efeitos adversos numa reação em cadeia. A ideia por trás da
diversificação é a de que os riscos se mantenham, como fenômenos indesejáveis, na
condição de eventos tão isolados quanto possível. Ora, à medida que uma única instituição
concentra um enorme volume das operações de crédito da economia, cria-se um
indiscutível liame patrimonial entre essas operações, por mais diversificadas que elas
sejam, aumentando a probabilidade de que eventos idiossincráticos acabem por tornar-
se processos epidêmicos.

E foi isso, exatamente, o que se sucedeu por ocasião da mais recente crise
financeira internacional. Embora o estopim da ruptura das relações de crédito tenha tido
uma origem ou causa isolada – o crédito imobiliário –, fatores como os liames patrimoniais,
as políticas de crédito, incentivos mal direcionados e, principalmente, o tamanho das
instituições financeiras concorreram para, inicialmente, “secar” a liquidez do sistema
financeiro e, logo em seguida, para levar muitas de suas instituições à virtual insolvência.
Rapidamente, o tamanho das instituições financeiras adversamente afetadas encarregou-
se de alastrar os efeitos da crise financeira aos demais setores da economia norte-
americana e, depois, de alastrá-los em escala global. Criou-se uma cadeia de eventos
sindrômicos e autoalimentados, que colocou em dúvida o motor da economia moderna: o
crédito.

137
Lado a isso, a opacidade do sistema financeiro norte-americano, na forma de um
volume muito grande de operações bancárias do tipo “shadow” ou “off-balance sheet”,
além do sigilo que, lá, também cerca os negócios bancários, não permitiu que os riscos
crescentes fossem detectados, pelos demais agentes econômicos e as autoridades
regulatórias, com a necessária antecedência, a despeito da existência, nos Estados
Unidos, de um enorme e transparente mercado de dívida. Entre essas operações
bancárias, destacou-se a emissão de montanhas de derivativos pelas instituições
financeiras. Eram instrumentos de dívida dos próprios bancos, lastreados em títulos de
crédito que se adquiriam no mercado de dívida, como os de natureza imobiliária. Também
havia, paralelamente, o problema do “funding” bancário, que se alicerçava, de forma muito
perigosa, em operações compromissadas de um ou poucos dias (“repo agreements”).

Noutras palavras, o problema tinha dupla-face, como não poderia deixar de ser.
Pelo lado das aplicações, havia o gigantismo das operações de crédito, o descasamento
de prazos entre ativos e passivos (“term mismatch”), o enorme e abrupto volume de
crédito entrando em curso de liquidação duvidosa (o crédito imobiliário, principalmente)
e forte correlação entre os ativos negociados pelos bancos (laços entre derivativos e
títulos de crédito imobiliário). Pelo lado da captação, as debilidades traduziam-se no
perfil de curtíssimo prazo dos capitais de terceiros, o que implicava, no caso de muitos
dos maiores bancos, a volatilização quase que completa da liquidez num piscar de olhos.
Nesse contexto, aos primeiros sinais de riscos sistêmicos, instalou-se a desconfiança no
sistema e em suas salvaguardas, de modo que a crise imobiliária se desdobrou, sucessiva
e rapidamente, em crise bancária e, depois, em crise econômica de proporções globais.

Havia, portanto, sérios problemas estruturais na construção patrimonial do


sistema financeiro norte-americano, particularmente na maneira como os bancos, ao
alavancarem a si próprios, alavancavam o restante das atividades econômicas, a exemplo
das que transcorriam via mercado imobiliário. Embora assim tenha sido, ainda se
colocava um fator de causalidade adicional e oculto: o sistema padecia de imperfeita
produção e distribuição de informações. O problema, assim tendo evoluído, não residiu
apenas na má qualidade intrínseca aos negócios. Derivou, igualmente, da má qualidade
intrínseca à informação sobre esses negócios, que nem sempre existia e, quando existia,
nem sempre estava disponível tempestivamente e para quem pudesse, dessa informação,
fazer o devido uso, inclusive para fins regulatórios. O sistema padecia de indesejáveis
graus de opacidade.

138
Muito embora, aqui no Brasil, o SFN ainda não padeça de vários dos males que
acometeram o sistema norte-americano, podemos afirmar que o crédito de origem
bancária, somado às normas de sigilo, não permite que os demais agentes econômicos
desfrutem de muitas das condições necessárias a uma precisa avaliação dos riscos e das
oportunidades, inclusive das oportunidades perdidas, que os bancos e suas operações
representam para o restante da economia.

Vejamos: a despeito do aparato regulatório e fiscalizador, inclusive da celebração


de acordos internacionais na área bancária, como os de Basileia, vimos que os bancos
ostentam padrões de desempenho bastante díspares, à medida que os analisamos pelos
grupos ou os segmentos em que são categorizáveis. A disparidade de desempenho denota
muita coisa, mas, principalmente, denota a grave insubsistência de muitas instituições,
grupos ou segmentos, assim como que os bancos, uns em relação aos outros, estão
dispostos a aceitar e, de fato, aceitam níveis de risco bastante distintos em suas
operações. Quer dizer: não há apenas diferenças quantitativas, entre bancos, do ponto
de vista do volume do crédito intermediado e das políticas de crédito que limitam esse
volume no âmbito de cada instituição financeira. Também há significativas diferenças na
qualidade do crédito e das políticas de crédito, pois, não houvesse essas diferenças,
certamente os bancos ostentariam, entre si, independentemente de seu tamanho, grupo
ou segmento, indicadores básicos de desempenho semelhantes. Isso, entretanto, não
acontece.

Percebamos uma faceta muito importante: a avaliação do risco, base de


sustentação das políticas de crédito, assim como de importantes normas regulatórias,
permanece função restrita a um conjunto muito limitado e relevante de atores – os
próprios bancos. Noutras palavras, isso equivale a dizer que os bancos, em importante
extensão, praticam a autorregulação. Estabelecem, para si mesmos, o padrão de
qualidade de seus ativos e, por desdobramento, sua própria força ou capacidade de pagar
ou honrar compromissos perante terceiros, como aqueles representados, em seu passivo
exigível, pelos capitais de dívida13.

Naturalmente, a classificação de risco prevista nas normas emanadas das


autoridades regulatórias, como naquelas dos acordos de Basileia, representa a tentativa
de impor limite à liberdade de traçar políticas de crédito, reduzindo a função
autorreguladora dessas políticas. A despeito disso, convém não esquecer que a

13
A esse respeito, sugerimos a leitura da Resolução nº 2.697, de 2000, do Conselho Monetário Nacional.

139
classificação de risco permanece uma responsabilidade exclusiva dos bancos, que estão
obrigados a baseá-la em avaliação própria dos tomadores de crédito e de suas operações,
em meio a muita subjetividade, lado à aplicação de critérios do tipo “after the fact”, isto
é, de critérios baseados na consumação de fatos, como a entrada de créditos em curso
de liquidação duvidosa ou o atraso no recebimento, pelos bancos, do crédito concedido.

Mas, não são apenas os diferentes níveis de aversão ao risco, lado a habilidades
distintas para percebê-lo, que interferem com a qualidade das avaliações. Também há o
interesse particular que cada banco tem no sentido de existir, crescer e de permanecer
operando indefinidamente, o que somente se logra alcançar se o resultado de suas
operações for lucrativo. Ora, vimos que os bancos são ineficientes, em menor ou maior
grau, o que implica, também em menor ou maior grau, traçar políticas de crédito e realizar
operações de crédito sob condições de risco anormais, pois se trata de condições que se
tornam tão mais anormais quanto mais profundo se demonstrar o grau de ineficiência com
que opera a instituição.

Neste ponto, impõe-se a pergunta: a quem interessa um sistema opaco,


totalmente cercado por normas de sigilo, em que as operações e as políticas de crédito,
em maior ou menor grau, são decididas pelos bancos, unilateralmente, e podem ser
afetadas, em função da ineficiência do subsistema bancário, por vieses de seleção e
informação relativos a empresas e projetos passíveis de financiamento?

Em princípio, não interessa a quase ninguém. Nem aos próprios bancos que traçam
políticas e realizam operações de crédito, nem a quem realiza inversão de recursos em
bancos, seja na condição de credor, seja na de investidor de risco. O sigilo, talvez, venha
em benefício apenas do agente econômico que se favoreça, indevidamente, da vigente
tecnologia institucional do SFN, especialmente daquele agente que tire proveito da
assimetria de informações, considerando os riscos que representa dos pontos de vista
moral e de seleção. Também pode vir em benefício de grupos econômicos que apostem
na concentração e na centralização do crédito da economia no subsistema bancário e, em
seu interior, num restrito grupo de instituições ou conglomerados.

Portanto, a vigente configuração do subsistema bancário, no âmbito do SFN,


representa riscos elevados e dá azo a chagas como a assimetria de informações, o risco
moral e a seleção adversa. As piores consequências dessa configuração têm-se abatido
sobre os bancos de menor porte ou sobre aqueles que ainda operem com certo grau de

140
especialização, haja vista sua relativa ineficiência no que tange tanto à estrutura de custos
quanto à qualidade do crédito que transacionam.

Na hipótese de que não haja mudanças nessas regras, o subsistema bancário


deverá experimentar crescente redução no número de instituições que nele operam, e a
economia, testemunhar a prevalência, para efeito da intermediação do crédito, de
instituições bancárias não apenas assemelhadas a grandes “supermercados” de produtos
e serviços financeiros, mas, também, com forte apelo para as atividades de banco
comercial.

c. Custos: intermediação e desintermediação financeira

Embora desejássemos diferentemente, não temos notícia de que o processo de


concentração, em nível do SFN, tenha sido interrompido ou merecido qualquer
contramedida normativa. Não há evidência de que se tenha trabalhado no sentido de
oferecer melhores condições operacionais aos menores bancos ou àqueles que tenham
optado pela especialização, notadamente se isso contemplar outras funções que não as
inerentes às atividades comerciais. As dificuldades permanecem as mesmas,
consolidando-se a tendência de que o SFN, num futuro próximo, seja integrado por
número bastante reduzido de instituições de maior porte.

Nesse contexto, não podemos afirmar serem muito promissoras as perspectivas


que se descortinam para o SFN e para o restante da economia. A bem da verdade, se
adotarmos o pressuposto de que o atual movimento de concentração tenha continuidade
ou se aprofunde, daremos azo a um imenso oligopólio, com todas as imperfeições que
essa forma de organização do mercado pode encerrar.

Na verdade, daremos origem a um SFN que não apenas deverá permanecer


ineficiente sob o ângulo da intermediação financeira, mas, também, que dará causa, nas
figuras de seus grandes bancos ou conglomerados, a monumentais fatores de risco para
a economia. Serão fatores de risco alimentados por crédito cuja qualidade permanecerá
relativamente sofrível e internacionalmente desvantajosa, assim como pelo concentrado
gigantismo dos bancos, o que poderá criar liames patrimoniais fortes o suficiente para
correlacionar eventos que, de outra forma, poderiam permanecer independentes entre si.

Detectamos, ao longo do trabalho, ao menos uma das causas para a paulatina e


sistemática redução no número de instituições financeiras em operação no país: parte
significativa das instituições de menor porte não opera de forma sustentável. Numa

141
síntese apertada, essas instituições ostentam os mais elevados níveis de retorno
financeiro do ativo, o que significa praticar taxas de juros superiores à média dos demais
bancos. Esbarram, contudo, em custos financeiros ainda mais elevados, magnificados que
são pelos níveis desproporcionais das provisões para créditos de liquidação duvidosa. É
essa nefasta combinação de custo e retorno que condena parte significativa dos menores
bancos a um padrão de desempenho marcado por “spreads” gerais negativos e amplos,
lançando-os, por conta disso, em trajetória operacional insustentável.

Não por outras razões, muitos dos bancos menores têm tido existência
relativamente efêmera. Seu padrão de desempenho os inviabiliza operacionalmente,
tornando-os pouco rentáveis, além de mais propensos a crises de liquidez e solvência.
São bancos cujas operações encolhem gradativamente, sendo sinal exterior desse fato o
grau médio de alavancagem com que operam – o mais baixo entre os grupos analisados.
Sua capacidade de intermediação, mediante endividamento, parece ser gradualmente
comprimida pela baixa qualidade relativa de suas operações de crédito. Esse padrão de
desempenho acaba por condenar muitos bancos, como, de fato, tem condenado, a eventual
encerramento das atividades ou à incorporação por instituições de maior porte – em geral,
bancos do tipo I (comerciais, múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas).

Evidentemente, esse estado de coisas não deriva de incapacidade gerencial


inerente aos menores bancos. É o modelo de organização e funcionamento das próprias
instituições financeiras que interfere, e muito, no processo. Nesse modelo, desponta como
traço importante o fato de que a captação de recursos, pelos bancos, parece depender,
em larga medida, da estruturação de uma rede de agências relativamente extensa e
capilarizada. De que depende, em decorrência disso, de o banco estar apto ao
cumprimento de múltiplas funções, notadamente das de banco comercial.

Não por outra razão, os maiores e mais bem-sucedidos bancos de nossa amostra
são, exatamente, os bancos do tipo I – comerciais, múltiplos com carteira comercial e
caixas econômicas. São essas as categorias de instituições financeiras que se favorecem
das mais amplas redes de agências, o que lhes facilita a captação de recursos junto a um
diversificado leque de clientes. Também se beneficiam da capacidade de ofertar variada
gama de produtos e serviços bancários, criando economias de escopo, e de operar com
múltiplos instrumentos próprios de dívida, inclusive com aquele de mais baixo custo no
universo bancário – o depósito à vista.

142
Evidentemente, bancos do tipo I, em comparação com instituições de outras
categorias, enfrentam “trade-offs” entre custos e retornos de todas as naturezas.
Certamente, incorrem em custos não financeiros elevados, como os administrativos, a
exemplo daqueles associados a instalações e a pessoal. Entretanto, parecem ser capazes
de compensá-los, pois trabalham com custos financeiros de captação mais moderados
que aqueles dos demais bancos, assim como logram manter alguns dos maiores graus de
alavancagem. A alavancagem, cabe lembrar, é assegurada por carteiras de operações
ativas mais diversificadas e pulverizadas, com qualidade potencialmente maior, o que
implica menores perdas com operações de crédito em curso irregular de realização. Não
nos esqueçamos que os bancos do tipo I, depois dos bancos de desenvolvimento, são
aqueles que, em média, praticam as menores taxas de juros na praça.

Nesse grupo dos maiores bancos, somente o BNDES constituiu exceção à regra.
Não é um banco do tipo I, mas instituição do tipo IV. O BNDES não conta com rede de
agências, menos, ainda, mantém contas de depósito à vista para seus clientes. Figura no
grupo dos maiores bancos porque movimenta gigantesco volume de operações de crédito
e de investimento de risco, operações essas que têm por origem recursos públicos
cativos, sistematicamente disponíveis e relativamente abundantes. Além disso, a
instituição é favorecida por estruturas física e administrativa de pequenas dimensões, o
que contribui para a redução geral de seus custos não financeiros, assim como é
favorecida pelo fato de que cobra, pelo crédito que concede, as mais moderadas taxas de
juros que se praticam na economia, mitigando o peso dos créditos de liquidação duvidosa.
Tudo considerado, a fórmula do relativo êxito microeconômico do BNDES reside em
custos e retornos bastante moderados, lado a graus elevados de alavancagem, tudo
somado à prática de “spreads” gerais positivos, mas razoáveis, o que assegura ao banco
níveis de rentabilidade líquida comparáveis aos dos grandes bancos privados mais
lucrativos.

Nesse contexto, chegamos à conclusão de que dois fatores ou aspectos estruturais


do SFN interferem com o desempenho dos bancos e respondem não apenas pelo elevado
custo absoluto do crédito, no país, mas, também, pelos diferenciais de custos entre grupos
ou segmentos de bancos. São custos elevados, combinados a diferenciais de custos, que
se demonstram significativos o bastante para determinar as condições de sobrevivência
das instituições e de evolução do SFN, assim como para determinar rumos para todo o
restante da economia brasileira.

143
Um desses aspectos estruturais tem a ver com a confusão que se estabeleceu
entre a intermediação financeira e a figura do banco. A intermediação financeira, no
Brasil, é excessiva. O crédito é bancário, e essa característica, embora seja afirmada e
reafirmada com alguma displicência, tem importantíssimo significado econômico. Isso
porque, aqui, não se cogita da possibilidade de que alguns elos ou fases da intermediação
não só possam, mas devam ocorrer ao largo da atividade bancária. Ao revés, sedimentou-
se a concepção de que seja inerente ou natural ao banco, e somente a ele, exercer as
funções de captar recursos, de transformá-los e, finalmente, de aplicá-los em operações
ativas, notadamente nas de crédito. Não se vislumbrou, jamais, a hipótese de adotar outra
tecnologia institucional, a exemplo da de um mercado de dívida. Parece não haver a
percepção e o entendimento de que a escolha de qualquer alternativa tecnológica implica
consequências, uma delas sendo a eclosão de custos de oportunidade.

Por isso, mesmo, os custos de oportunidade que enfrentamos estão aí. São vistos
e sentidos todos os dias, mas não parecem ser adequadamente compreendidos. Têm
surgido sob as mais variadas formas e tamanhos. São do exagerado tamanho das taxas
de juros praticadas no país, muito superiores a padrões internacionais e civilizados. E
ocorrem na forma do irrefreável processo que, de um lado, tem centralizado o SFN nas
mãos de número decrescente de bancos e, do outro, tem concentrado funções na figura
do banco múltiplo e, no interior dessa instituição financeira que cumpre papéis universais,
na figura do banco comercial. O subproduto? Uma economia enferma, anêmica por falta
de uma substância vital: o crédito com a qualidade e na quantidade requeridas.

O outro aspecto estrutural está conectado ao primeiro e se anuncia na forma de


uma ausência que é percebida, mas não que não é aquilatada clara e devidamente. No
Brasil, não dispomos de um mercado de dívida, de um real mercado de crédito. Não há
um macrossistema dedicado à emissão e à distribuição de instrumentos de dívida, tenham
esses instrumentos origem bancária ou não. Em lugar de um macrossistema, na forma de
um amplo, organizado e segmentado mercado de dívida, todas as necessidades de
financiamento da economia estão submetidas a um modelo de transação que foi concebido
para funcionar descentralizadamente, de forma atomizada, fragmentada entre os bancos,
em que convivem, lado a lado, múltiplos microssistemas que emitem e distribuem
instrumentos financeiros de maneira quase exclusiva e autárquica. A ideia central dessa
concepção é de que corresponda, a cada banco ou conglomerado, um microssistema
inteiramente próprio, completo e específico, de modo que o crédito, para fluir pela

144
economia, precisa passar ou ser processado, necessariamente, por, pelo menos, um
desses microssistemas.

Mas, percebamos: os custos da intermediação variam, de um microssistema para


outro, além de serem, na média dos microssistemas, muito elevados. Variam os custos
porque, como já observamos aqui, as instituições financeiras distinguem-se umas das
outras. Não há um modelo único de instituição, assim como não há padrões de custos, de
estrutura de capital, de público-alvo, de escala operacional, de política de crédito e de
composição de operações. E são elevados os custos porque toda instituição financeira ou
microssistema, para existir e cumprir suas funções de micromercado de serviços e
produtos financeiros, abraça múltiplas atividades, parte significativa das quais dissociada
do próprio crédito e de sua intermediação.

Quer dizer: essa tecnologia institucional, em sua própria concepção, agride três
ideias, simultaneamente: a de escala, a de especialização e a de flutuação, tão “limpa”
quanto possível, do preço do crédito.

A escala porque, em regra, dois ou mais microssistemas não substituem um único


macrossistema com vantagem comparativa no que tange a custos. Agregados, os custos
fixos dos microssistemas são comparativamente maiores que aqueles de um único
macrossistema, disso resultando que os custos marginal e médio, no modelo fundado no
crédito bancário, são sempre maiores que aqueles do modelo baseado num mercado
central e único de dívida. Isso, vale dizer, ao menos para uma parte expressiva do crédito
transacionável: aquele de maior volume, prazos mais dilatados e associado, em geral, a
investimentos.

Obviamente, um mercado ou macrossistema, como fórmula de desintermediação


financeira, não elimina os microssistemas ou a intermediação financeira bancária.
Macrossistemas, a exemplo do mercado de ações, exigem que as operações ostentem
porte mínimo, lado ao cumprimento de outras condições, como as associadas a risco,
retorno, prazo e liquidez. Por isso, os mercados ou macrossistemas convivem com os
microssistemas, apenas permitindo melhor segmentação – por operações, projetos, ramos
de atividade e setores da economia – dos canais por onde o crédito flui pela economia.
Operações e projetos realizáveis a prazos mais curtos ou de menor porte, assim como o
grosso do crédito comercial, permanecem fluindo pelo canal bancário da intermediação
financeira.

145
É óbvio, também, que macrossistemas ou mercados de captação, como o de dívida,
contribuem para nivelar as condições de competição entre as instituições financeiras.
Nesse particular, oferecem a instituições de menor porte, que não dispõem de um
microssistema próprio de captação, assim como a bancos especializados, a exemplo dos
de investimento, meios de captação mais simples, transparentes e, potencialmente, de
custo significativamente menor.

Por sua vez, a ideia de especialização foi inteiramente subvertida. De tudo o que
se viu, resta evidente que a reunião, num único banco, de uma multiplicidade de funções
é a tônica no SFN, assim como que os mais bem-sucedidos bancos múltiplos são aqueles
que, invariavelmente, detêm carteira comercial. E assim ocorre porque, como também já
vimos, cada banco funciona na condição de um microssistema ou micromercado isolado
de crédito, razão pela qual somente estruturas maiores, na forma, por exemplo, de ampla
e capilarizada rede de agências, escritórios e postos de serviço, lado a um vasto e
diversificado portfólio de clientes, podem lograr as vantagens absolutas e comparativas
necessárias, em médio e longo termos, à intermediação financeira num quadro de
desempenho sustentável.

Não é gratuito, nesse contexto, o fato de que os bancos se venham aglomerando


num processo de partidas dobradas. Aglomeram-se na condição de pessoas jurídicas, o
que implica reduzir o número de instituições em atividade. Também se aglomeram no
tocante às funções, na medida em que cada pessoa jurídica, na forma de um banco, reúne
feixe cada vez mais espesso de papéis a serem cumpridos no âmbito do SFN. Não é à
toa, assim sendo, que esmagadora massa do crédito transacionado, no país, transite por
bancos do tipo I (comerciais, múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas) ou
esteja nas mãos de instituição que opera muito mais como extensão do setor público do
que como um banco propriamente dito – o BNDES.

E não se trata de dizer que haja graus de liberdade suficientes para que se escolha
qualquer desejável configuração de funções, tendo em vista montar uma instituição
financeira viável, menos ainda que diferentes configurações sejam neutras sob os pontos
de vista, primeiro, das perspectivas de sustentabilidade do desempenho bancário e,
segundo, da sobrevivência do banco como instituição financeira. Não. Não há graus de
liberdade, tampouco as diferentes configurações se demonstram neutras, entre si, para
fins de desempenho e sobrevivência do banco. Nesse particular, consolida-se quadro em
que a condição necessária ao êxito da atividade bancária parece residir, cada vez mais,

146
na possibilidade de a instituição cumprir múltiplas funções, desde que uma delas seja a de
grande banco comercial.

Finalmente, a excessiva intermediação financeira, pelos bancos, torna a


precificação do dinheiro algo bastante diverso daquilo que se idealizaria. Não prevalece
uma mecânica de negócios em que ocorra a livre interação entre oferta de crédito e
demanda por ele, a essa interação incorporando-se, tão-somente, razoáveis custos de
transação, a exemplo dos que seriam ínsitos à manutenção de um ambiente como um
macrossistema de negócios ou mercado de dívida. Não. Hoje, os bancos são absolutos
no desempenho das funções de intermediários financeiros. Não há um macrossistema ou
mercado de dívida em funcionamento. Em seu lugar, como já sabemos, coexistem
numerosos microssistemas de emissão e distribuição de instrumentos de dívida, a cada
banco correspondendo um microssistema próprio. Trata-se de uma configuração
bastante dispendiosa, cujos custos, ao não encontrarem par nas demais fontes da receita
bancária, são recuperados somente por meio da prática de amplos “spreads” financeiros.
Combinam-se aos preços do crédito, traduzindo-se em taxas de juros absurdamente
elevadas e díspares. Não por outra razão, o crédito, em lugar de elemento central ou
finalidade precípua do SFN, passou à condição de meio a assegurar a existência e o
funcionamento de instituições financeiras que operam num regime dispendioso. A função
primeira do crédito, hoje, não é a de financiar as necessidades de investimento e consumo
dos agentes econômicos, mas, sim, a de subsidiar um SFN incapaz de cumprir seus papéis
com plenitude e eficiência.

d. Contornos de um mercado de dívida

Em resumo, de que forma podemos avaliar o crédito e o desempenho dos bancos,


assim como o papel que essas instituições têm cumprido no âmbito do SFN? Onde se
encaixaria um mercado de dívida nesse contexto?

Independentemente de outras perspectivas de análise, as evidências demonstram


que o crédito, no país, é excessivamente oneroso, é insuficiente em volume, afigura-se,
potencialmente, mal distribuído entre projetos, agentes econômicos, ramos de atividade,
setores da economia e categorias funcionais do dispêndio agregado e, em maior ou menor
grau, parece ser infiltrado por enfermidades como a opacidade das operações, a seleção
adversa, a assimetria de informações e o risco moral.

Além disso, também podemos dizer que não há um único modelo de banco, não
obstante se venha consolidando, ao longo dos anos, a supremacia de um padrão bancário

147
de negócios – o do imenso banco múltiplo, dotado de carteira comercial. Essa tendência
se explica pela própria concepção do SFN, que se traduz na opção regulatória por
múltiplos microssistemas de emissão e distribuição de instrumentos de dívida, a cada
banco correspondendo, em tese, um microssistema próprio. Também é tendência que
reflete o fato de que as instituições financeiras menores e, em geral, as que não abraçam
as atividades comerciais não logram reunir, quase que em regra, todas as condições
necessárias à concorrência e à própria sustentabilidade dos negócios. Não por outra
razão, tem o SFN evoluído na forma tanto da crescente concentração de funções neste
tipo de instituição financeira universal – o banco múltiplo com carteira comercial – quanto
na centralização dos negócios em número gradualmente decrescente de pessoas jurídicas
bancárias – as de porte muito grande.

Bem, os custos estão no epicentro das causas que concorrem para esse estado de
coisas. A opção regulatória por microssistemas gera custos mais elevados que aqueles
que seriam possíveis num macrossistema, e a escala necessária à diluição de parte desses
custos, mantido o marco regulatório vigente, foi encontrada na figura do grande banco
múltiplo com carteira comercial. As grandes instituições financeiras não apenas logram
operar em maior escala, assim reduzindo custos por unidade transacionada de crédito,
mas, também, parecem ser capazes de adotar soluções de composição mais efetivas, na
forma da diversificação de suas carteiras, da pulverização das operações entre maior
número de clientes, de políticas de crédito mais rigorosas e, como decorrência disso tudo,
da redução dos impactos adversos associados a créditos em curso de liquidação duvidosa.

A despeito de os maiores bancos darem demonstrações de que sejam, sim, mais


eficientes que os de menor porte, a configuração de todo o modelo não deixa de ser
ineficiente e desequilibrada em si mesma, motivo pelo qual as transformações
experimentadas pelo SFN, ao longo dos anos, não representaram avanço macroeconômico
significativo, notadamente no que diz respeito à oferta de crédito em condições menos
insatisfatórias de qualidade e quantidade. O que resta evidente, como subproduto desse
processo de concentração e centralização, é o risco, que se afigura maior a cada dia, de
que o setor financeiro acabe sendo convertido num do grande oligopólio, no seio da
economia brasileira.

Além disso, os microssistemas bancarizados, envoltos pelo sigilo de suas


operações, quase nenhum dado ou informação útil oferecem a propósito do crédito e de
sua circulação. É quase invisível a distribuição do crédito na economia – como aquela
entre os setores público e privado ou entre ramos ou setores de atividades –, assim como

148
de poucos elementos se dispõem para entender processos como os de formação das taxas
de juros, particularmente seus “spreads”, e dos resultados auferidos pelas instituições
financeiras. Na verdade, o crédito é distribuído de forma opaca, e os impactos das
políticas de crédito, inclusive a macroeconômica, só vêm a público quando se consumam
adversidades.

Até aqui, as novas tecnologias, como a da informação, não parecem ter contribuído
para modificar esse quadro decisivamente ou para inverter as tendências que se
delinearam ao longo do tempo. As plataformas eletrônicas de negócios, embora
descortinem inéditos ganhos de escala e produtividade, têm sido absorvidas por todos os
grupos ou segmentos bancários quase que indistintamente. Exatamente por isso, essas
plataformas parecem vir gerando como que efeitos lineares sobre o conjunto dos bancos.
Ao gerar efeitos dessa forma, não têm funcionado como fator que diferencie umas
instituições das outras, de modo que o grande banco múltiplo, dotado de carteira
comercial, parece permanecer incólume na condição de padrão hegemônico de negócios
no âmbito do SFN.

Suspeitamos, entretanto, que a emissão soberana de moedas eletrônicas, uma vez


abraçada pelos governos nacionais, poderá vir a representar fator de profunda
reorganização do SFN, assim como ponto de inflexão nesse processo de concentração de
funções e centralização de negócios. É que a eclosão de uma moeda eletrônica de curso
forçado cumprirá não apenas o papel de certificado oficial e único de validação de
transações entre agentes econômicos, mas, também, cumprirá as funções de denominador
monetário comum, de reserva de valor e de meio de pagamento por excelência. Em torno
dessa moeda de curso eletrônico forçado – como que um Real digital – gravitarão todos
os demais meios virtuais de pagamento, com menor liquidez, origem privada e curso
discricionário, tudo isso em ambiente inteiramente virtual e, acreditamos, completamente
reformulado sob o ponto de vista tanto institucional quanto do “hardware” necessário à
sua estruturação e funcionamento.

Entre os meios de pagamento de curso discricionário e menor liquidez figurarão


os instrumentos financeiros emitidos pelos agentes econômicos, a exemplo de
instrumentos de dívida dos próprios bancos. Essa massa de instrumentos financeiros
digitais - ativos para uns, passivos para outros - circulará e será custodiada em ambiente
igualmente virtual, de modo que haverá, até certo ponto, a fim de que se mantenha a ideia
de um sistema financeiro único, compartilhamento de “hardware” e de “software”. A
adoção de protocolos comuns será a regra, principalmente protocolos de segurança das

149
transações, de emissão de certificados de validação de transações (meios de pagamento
eletrônicos), de custódia de certificados (reservas de valor), de transferência de
certificados (transmissão nominativa e por tradição), de contabilização (precificação e
contagem dos certificados privados com base na unidade de conta representada pelo
certificado eletrônico de curso forçado), de senhoriagem (regras de uso e contra o abuso
do poder de emissão do certificado eletrônico de curso forçado) e de câmbio e arbitragem
(operações de troca, entre si, de moedas eletrônicas de curso forçado).

O compartilhamento significará alterar as condições necessárias à geração de


ganhos de escala e produtividade, pois implicará eliminar certas vantagens comparativas
hoje existentes, que diferenciam as instituições financeiras umas das outras, assim como
criará novos e ainda imponderáveis desníveis concorrenciais entre as instituições.
Certamente, o caminho a ser percorrido não implicará a evolução do SFN, na forma como
hoje o conhecemos, mas, na verdade, uma verdadeira revolução, pois significará mudar
os paradigmas de sua organização, funcionamento e instituições. Mecanismos ainda em
uso na atualidade, como as contas-correntes de depósito, as folhas de pagamento
processadas por bancos, a concessão de crédito sob consignação em folha de pagamento,
a cobrança e recuperação de créditos em curso de liquidação duvidosa, o levantamento
de demonstrações financeiras, o recolhimento de tributos e a transformação do crédito,
tudo isso, e muito mais ainda, dispensará expedientes como a documentação, as câmaras
de compensação de pagamentos e recebimentos, a chancela física de transações e
negócios e, até mesmo, a intermediação financeira como hoje a conhecemos. Tudo poderá
ocorrer à revelia tanto de instituições integrantes do SFN, inclusive de suas instalações
e equipamentos, quanto, até mesmo, da sistemática intervenção humana. São mudanças
que poderão decretar completa reformulação dos segmentos, das funções e do emprego
de pessoas no âmbito dos sistemas financeiros, aqui e no resto do mundo.

Perceba-se: se há uma essência na tecnologia da informação aplicada ao crédito


e às transações financeiras, essa essência está no fato de que as novas soluções implicam,
em maior ou menor extensão, dispensar a figura do intermediário. Não se trata de mero
fetiche ou modismo, mas da compreensão prática e inteligente de que a intermediação
não só importa em custos, mas, também, de que pressupõe riscos. Pauta-se por relações
de confiança, em que os interesses nem sempre são coincidentes, a exemplo de quando
se delega a terceiros, como a um banco, a custódia ou a administração de recursos alheios.

Nessas perspectivas – na do presente quadro do SFN e na dos avanços


tecnológicos em curso –, resta-nos muito cristalina esta imagem: de que, em alguma

150
extensão, a desintermediação financeira deverá chegar inexoravelmente, seja por força
da implantação de novas tecnologias, seja em decorrência de um processo, que pode ser
planejado, de reformulação das normas regulatórias setoriais. Por uma ou outra causa,
parece-nos impor-se solução na forma de um macrossistema de emissão e distribuição
de instrumentos financeiros. Na de um mercado de dívida ou, como também se diz, na de
um amplo, aberto e transparente mercado de renda fixa.

Esse macrossistema nos parece a peça que falta para completar o quebra-cabeças
do SFN. Pode dotá-lo das condições necessárias não só para nivelar a concorrência entre
bancos, segmentos bancários e funções, mas, também, para produzir a redução dramática
e geral do custo e do preço do crédito, assim permitindo que os “spreads” financeiros se
“fechem”, e os juros de captação e aplicação de recursos convirjam para um novo e
moderado ponto de equilíbrio.

Um macrossistema como esse pressupõem inúmeras características distintivas.


Vejamos algumas delas.

i. Características de um macrossistema: o mercado de


dívida

As características ou elementos essenciais de um mercado de dívida são os


seguintes:

 o mercado integra política pública na área econômica, sendo papel do


Estado projetá-lo, criar as condições para a sua construção, regulá-lo e
fiscalizar-lhe o funcionamento, nele operar, transacionando e facilitando
transações, e evitar que eclodam ou que se acumulem tensões, no que
tange à oferta de crédito e à demanda por ele, entre os setores público e
privado, entre as atividades comerciais e as de investimento e entre
segmentos do SFN;
 o mercado é organizado e funciona sob marcos regulatórios expressos e
específicos, tendo em vista prover segurança e proteção a quem oferta
crédito, tanto quanto garantir que os riscos não se tornem fator de custo
que inviabilizem as transações em mercado ou, até mesmo, que
inviabilizem o mercado propriamente dito;
 o mercado precisa de uma infraestrutura normativa e tecnológica que lhe
ofereça segurança jurídica e econômica às transações, igualdade de
oportunidades aos participantes do mercado, distribuição simétrica de

151
informações, disponibilidade tempestiva de dados, supervisão e controle
dos negócios e clareza quanto a direitos, deveres e obrigações dos agentes
econômicos que tenham interesse direto ou indireto nas transações do
mercado;
 a infraestrutura normativa e tecnológica do mercado deve contemplar a
liquidez necessária aos negócios e a solvência exigível de seus
participantes, tendo em vista assegurar credibilidade ao processo de
formação das taxas de juros, inclusive numa perspectiva a termo, e a
adequada combinação, a essas taxas, de elementos como liquidez, risco,
prazo e volume. Para tanto, a plataforma de negócios deve assegurar tanto
a competição entre os participantes quanto a diversidade de participantes,
assim como oferecer mecanismos de negociação, compensação e
liquidação de transações em moldes padronizados, eficientes, confiáveis e
de baixo custo;
 a gestão dos riscos associados aos negócios deve constituir motivo de
preocupação tanto para investidores quanto para emissores de
instrumentos. Os emissores precisam sopesar os riscos associados às
suas vulnerabilidades a choques de variadas magnitudes e origens, assim
como prever contramedidas para diluir os impactos desses riscos ou para
distribuir esses impactos a outros participantes do mercado. Os emissores
devem assegurar-se de que são capazes de honrar os compromissos que
assumem com a emissão de instrumentos próprios. Da parte dos
investidores, cabe assegurar o efetivo acompanhamento e a avaliação dos
negócios, lado à proteção contra os riscos representados pelos
instrumentos de dívida, o que implica não apenas formular políticas de
crédito em face do risco representado por cada emissor, em si mesmo,
mas, também, em virtude do risco que a correlação entre emissores ou
instrumentos possa representar para o investidor. As agências de “rating”
podem desempenhar papel de notável importância, pois podem contribuir,
com grau admissível de isenção, para a avaliação e a certificação da
credibilidade de participantes, instrumentos e negócios;
 os atributos dos títulos de crédito devem ser definidos especificamente,
de modo que se ofereça segurança jurídica e econômica a emissores e
compradores e que se evitem litígios desnecessários e potencialmente
danosos à negociabilidade desses títulos e à fluidez do crédito.

152
ii. Integração: macrossistema, microssistemas e mercado
de ações

Efetivamente, a implantação de um macrossistema – na forma de um mercado de


dívida – não implica substituir ou eliminar os microssistemas bancarizados, tampouco criar
concorrência irresistível para o mercado de ações. Na verdade, o mercado de dívida
completa a estrutura do SFN, tornando-a equilibrada e apta a transacionar crédito nas
condições requeridas pelo restante da economia.

Desde logo, é importante consignar que o macrossistema vem em proveito de toda


e qualquer sociedade empresária, não apenas daquelas organizadas sob formatos
especiais, como no caso de companhia abertas. Isso o diferencia do mercado de ações,
pois seu raio de abrangência, no que tange a empreendimentos e negócios, afigura-se
bem maior. Em princípio, todo e qualquer empreendimento econômico que se demonstre
capaz de assumir direitos e obrigações em próprio nome pode transacionar no mercado
de dívida.

A despeito dessa abrangência, não há sobreposição de funções entre os mercados


de dívida e de ações, pois neles se negociam instrumentos de capital completamente
distintos entre si. Enquanto no de dívida o papel transacionado é o título de renda fixa, a
nota promissória ou a obrigação de pagamento, pelo mercado de ações circulam os títulos
representativos do capital social das companhias. Embora a conhecida debênture possa
ficar nalgum lugar entre essas duas instituições, reunindo características de uma, mas
circulando na outra, o hibridismo desse instrumento de renda fixa, na forma de sua
conversibilidade em ações, não deixa margem a dúvidas quanto ao fato de que seja, na
verdade, um instrumento de renda estruturalmente variável – um efetivo investimento de
risco. Além disso, a debênture é como que um bônus para as empresas que logrem
funcionar na condição de companhias abertas, pois oferece a esse tipo especial de
empresa um instrumento de capital de terceiro gênero – o híbrido –, que se soma aos
tradicionais instrumentos de dívida e de risco.

Portanto, em lugar de concorrerem entre si, predatoriamente, os mercados de


dívida e de ações completam-se um ao outro, oferecendo às empresas o rol de
instrumentos necessários a uma eficiente gestão de suas estruturas de capital. A opção
entre alavancagem financeira e chamadas de capital próprio passa a ser possível e
sopesada com base em custos de oportunidade, custos de transação e indicadores de
eficiência, não mais pela contingência de minimizar as necessidades de financiamento em
função do custo proibitivo que o crédito hoje representa.

153
Com respeito aos microssistemas bancários, sua convivência com o mercado de
dívida não se coloca como aposta, mas, ao revés, na condição de efetiva necessidade.
Uma ampla variedade de operações de crédito pode e deve permanecer sob o manto da
intermediação financeira dos bancos, especialmente aquelas operações associadas a
necessidades como: capital de giro; crédito em menor volume ou por prazos mais curtos;
crédito pessoal; crédito consignado; aquisição financiada de bens de consumo; crédito
destinado a empresas de menor porte. Isso significa dizer que as operações de crédito
bancárias continuam fortes e ativas e permanecem na órbita dos microssistemas, a cada
microssistema correspondendo um virtual minimercado de dívida.

As demais necessidades de financiamento – notadamente as de maior porte, o


crédito tomado por prazos mais dilatados, o crédito imobiliário e aquele que se destine a
investimentos com aceitáveis perfis de risco, retorno e liquidez – devem passar para o
âmbito do macrossistema ou mercado de dívida. Passam para o mercado de dívida e,
nesse mercado, dão origem a operações de crédito que não são intermediadas pelos
bancos, mas assistidas por eles, notadamente pelos bancos de investimento. É o tipo de
assistência que pressupõe a prestação de serviços, como os de engenharia financeira e
de coordenação de emissões e distribuição de instrumentos emitidos, assim como a
transformação do crédito representado por esses mesmos instrumentos, o que ocorre
quando os próprios bancos emitem seus títulos de dívida derivados – os derivativos.

Mas, o que esse novo mercado realmente representa para os bancos, notadamente
sob os pontos de vista da concorrência, de sua lucratividade, da modicidade dos juros e
das oportunidades de negócios que se lhes podem apresentar?

De fato, sistemas financeiros menos desenvolvidos, como o nosso, oferecem aos


bancos acesso privilegiado ao crédito e às suas transações. O desenvolvimento financeiro
pode eliminar barreiras que assegurem esse privilégio, como aquelas representadas por
custos elevados, pela magnitude dos investimentos associados a estruturas tradicionais,
a exemplo de grandes redes de agências, e pelas competências e habilidades técnicas
exigidas pelo antigo regime de organização e funcionamento das instituições financeiras.
Essas relações e mecanismos passam por modificações, o que, entre outras coisas,
implica transferir poder econômico não apenas entre instituições financeiras, mas,
também, das instituições para os agentes econômicos que, de fato, ofertam crédito ou o
tomam.

154
e. Palavras finais

Em apertada síntese, desenvolvemos as expressões algébricas dos resultados


bancários. No rastro desse trabalho, demonstramos de que forma os custos, os retornos
e seus “spreads”, assim como a alavancagem, combinam-se para determinar a
rentabilidade líquida dos bancos. A rentabilidade, por sua vez, demonstrou-se plena de
funções, servindo não apenas ao propósito de remunerar o capital de risco aplicado nos
bancos, mas, também, para estabilizar-lhes a estrutura de capital, dessa forma evitando
a corrosão da solvência e o descontrole do endividamento bancário.

Entre uma função e outra, verificou-se que a lucratividade bancária parece


sujeitar-se à ação de dois vetores, que apontam em sentidos diametralmente contrários.
Enquanto um desses vetores seria o da maximização dos lucros, o outro representaria a
função estabilizadora da lucratividade. Em princípio, esses vetores se anulariam,
mutuamente, no exato ponto em que os resultados e os níveis de lucratividade fossem
elevados o bastante para, de um lado, permitir a recuperação do mais elevado entre os
custos da estrutura de capital e, do outro, evitar a infiltração do crédito por chagas como
a seleção adversa e o risco moral.

Em função disso, demonstraram-se, algebricamente, as condições necessárias à


determinação desse ponto de equilíbrio aplicável à lucratividade. No caminho, verificou-
se de que forma os “spreads” afetam os resultados e a própria rentabilidade líquida,
principalmente a contribuição que os “spreads”, associados à alavancagem, podem
oferecer para efeito da moderação das taxas de juros.

A aplicação dessas ferramentas à amostra de bancos demonstrou-nos que o


universo de instituições financeiras é, acima de tudo, heterogêneo em desempenho.
Assim em função da segmentação e das funções do SFN, como em virtude das próprias
condições de desempenho tanto de cada instituição financeira quanto de grupos inteiros
de instituições. Constatou-se a existência de um segmento hegemônico – o dos grandes
bancos múltiplos com carteira comercial –, da mesma forma que se verificou haver grupos
em acelerado processo de extinção – o dos pequenos bancos, principalmente dos grupos
I e II. Enquanto, em 2001, os menores bancos contavam com 45 instituições do tipo I e
16 do tipo II, verificou-se que, em 2014, somente permaneciam em operação 30
instituições do tipo I e 7 do tipo II.

As razões para as mutações do SFN, notadamente para a concentração desse


sistema nas mãos de um pequeno número de grandes instituições, foram atribuídas a uma

155
estrutura de intermediação financeira perfeitamente atomizada. Diante da inexistência de
um mercado de dívida, de um macrossistema em que se transacionassem instrumentos
corporativos de dívida, cada banco ou conglomerado passou à condição de microssistema,
tomando para si todo um rol de funções associadas ao crédito e à sua intermediação.
Logicamente, essa estrutura incorporou a todo o SFN as deseconomias de escala de
múltiplos microssistemas, o que não apenas implicou maiores custos, inclusive de
transação, mas, também, um crédito qualitativamente pobre e quantitativamente
insuficiente.

À vista disso, concluímos que a economia brasileira se ressente da inexistência


de um mercado de dívida, assim entendido um macrossistema em que se transacionassem
instrumentos financeiros corporativos, de renda fixa, emitidos, primacialmente, com o
propósito de atendimento de necessidades de financiamento de maior volume, por prazos
mais dilatados e voltadas ao investimento. Concorrentemente, também concluímos que
esse macrossistema implicaria refazer a segmentação do SFN, redefinir as funções de
suas instituições financeiras, redesenhar, caracteristicamente, os instrumentos de crédito
e remodelar o aparato regulatório e de fiscalização.

156
ANEXO

BANCOS DA AMOSTRA – 84 BANCOS

DADOS POR SEGMENTOS OU GRUPOS

157
Tabela 1 - Formação da rentabilidade líquida - todos os bancos da amostra
2001 a 2014
Grau de
Nº de Bancos Rentabilidade Retorno do Custo da Spread Seco Spread
Ano Endividamento
da Amostra Líquida Anual (Rl) Ativo (Rb) Dívida (Cd) (Rb - Cd) Alavancado
(PEm/PLm)
2001 78 -6,3 % 20,1 % -22,5 % -2,4 % 11,0 -26,4 %
2002 73 21,7 % 25,7 % -26,1 % -0,4 % 11,3 -4,0 %
2003 72 17,9 % 21,8 % -22,2 % -0,3 % 11,3 -3,9 %
2004 69 20,4 % 19,1 % -19,0 % 0,1 % 10,8 1,3 %
2005 66 25,6 % 20,6 % -20,2 % 0,5 % 10,3 4,9 %
2006 64 26,4 % 19,5 % -18,8 % 0,7 % 10,1 6,9 %
2007 63 25,2 % 18,7 % -18,0 % 0,7 % 9,8 6,6 %
2008 63 21,0 % 21,2 % -21,2 % 0,0 % 10,2 -0,2 %
2009 61 18,2 % 18,3 % -18,3 % 0,0 % 10,5 -0,1 %
2010 61 19,0 % 16,3 % -16,0 % 0,3 % 10,2 2,7 %
2011 58 16,5 % 16,8 % -16,8 % 0,0 % 10,1 -0,2 %
2012 57 14,3 % 14,5 % -14,5 % 0,0 % 10,9 -0,2 %
2013 57 15,5 % 13,8 % -13,6 % 0,1 % 12,1 1,7 %
2014 57 16,1 % 14,6 % -14,5 % 0,1 % 12,9 1,5 %
Média 84 18,0 % 18,6 % -18,7 % -0,1 % 10,8 -0,5 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 2 - Decomposição do retorno do ativo - todos os bancos da amostra

2001 a 2014

Retorno Retorno Não


Nº de Bancos da Retorno do Ativo
Ano Financeiro do Rbf/Rb Financeiro do Rbnf/Rb
Amostra (Rb)
Ativo (Rbf) Ativo (Rbnf)

2001 78 20,1 % 15,6 % 77,9 % 4,4 % 22,1 %


2002 73 25,7 % 20,8 % 80,6 % 5,0 % 19,4 %
2003 72 21,8 % 16,4 % 75,2 % 5,4 % 24,8 %
2004 69 19,1 % 14,3 % 74,9 % 4,8 % 25,1 %
2005 66 20,6 % 15,5 % 75,1 % 5,1 % 24,9 %
2006 64 19,5 % 14,8 % 75,8 % 4,7 % 24,2 %
2007 63 18,7 % 13,3 % 71,3 % 5,3 % 28,7 %
2008 63 21,2 % 15,2 % 71,9 % 6,0 % 28,1 %
2009 61 18,3 % 13,2 % 72,0 % 5,1 % 28,0 %
2010 61 16,3 % 12,6 % 77,4 % 3,7 % 22,6 %
2011 58 16,8 % 12,9 % 77,0 % 3,9 % 23,0 %
2012 57 14,5 % 11,2 % 77,5 % 3,3 % 22,5 %
2013 57 13,8 % 10,2 % 74,0 % 3,6 % 26,0 %
2014 57 14,6 % 11,1 % 75,7 % 3,6 % 24,3 %
Média 84 18,6 % 14,1 % 75,5 % 4,6 % 24,5 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

158
Tabela 3 - Decomposição do retorno financeiro do ativo - todos os bancos da amostra
2001 a 2014
Rbf -
Rbf -
Retorno Rbf - Rbf - Operações de Rbf - Títulos e Rbf -
Nº de Bancos Instrumentos
Ano Financeiro do Aplicações Operações de Crédito e Valores Venda de
da Amostra Financ.
Ativo (Rbf) Compuls. Câmbio Arrend. Mobiliários Ativos
Derivativos
Mercantil
2001 78 15,6 % 0,5 % 0,8 % 8,9 % -0,3 % 5,7 % 0,0 %
2002 73 20,8 % 0,7 % 1,8 % 10,8 % -0,5 % 7,9 % 0,0 %
2003 72 16,4 % 1,0 % 0,5 % 8,0 % 0,0 % 7,0 % 0,0 %
2004 69 14,3 % 0,7 % 0,3 % 8,0 % 0,2 % 5,1 % 0,0 %
2005 66 15,5 % 0,8 % 0,2 % 8,6 % 0,3 % 5,6 % 0,0 %
2006 64 14,8 % 0,7 % 0,2 % 8,5 % 0,3 % 5,1 % 0,0 %
2007 63 13,3 % 0,5 % 0,2 % 8,1 % 0,3 % 4,1 % 0,0 %
2008 63 15,2 % 0,5 % 0,9 % 10,0 % -0,5 % 4,4 % 0,0 %
2009 61 13,2 % 0,2 % 0,2 % 8,8 % 0,4 % 3,7 % 0,0 %
2010 61 12,6 % 0,3 % 0,1 % 8,0 % 1,7 % 2,2 % 0,3 %
2011 58 12,9 % 0,2 % -0,1 % 7,7 % 3,3 % 1,0 % 0,8 %
2012 57 11,2 % 0,1 % -0,2 % 6,9 % 3,1 % 0,7 % 0,5 %
2013 57 10,2 % 0,2 % 0,1 % 6,5 % 2,6 % 0,5 % 0,4 %
2014 57 11,1 % 0,2 % 0,1 % 6,8 % 3,2 % 0,3 % 0,5 %
Média 84 14,1 % 0,5 % 0,4 % 8,3 % 1,0 % 3,8 % 0,2 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 4 - Decomposição do retorno não financeiro do ativo - todos os bancos da amostra

2001 a 2014

Retorno Não
Nº de Bancos da Rbnf - Demais
Ano Financeiro do Ativo Rbnf - Tarifas Rbnf - Serviços
Amostra Receitas e Ganhos
(Rbnf)

2001 78 4,4 % 0,0 % 2,2 % 2,2 %


2002 73 5,0 % 0,0 % 2,2 % 2,8 %
2003 72 5,4 % 0,0 % 2,3 % 3,1 %
2004 69 4,8 % 0,0 % 2,4 % 2,3 %
2005 66 5,1 % 0,0 % 2,7 % 2,5 %
2006 64 4,7 % 0,0 % 2,7 % 2,0 %
2007 63 5,3 % 0,0 % 2,6 % 2,8 %
2008 63 6,0 % 0,3 % 1,8 % 3,9 %
2009 61 5,1 % 0,4 % 1,4 % 3,3 %
2010 61 3,7 % 1,0 % 1,6 % 1,1 %
2011 58 3,9 % 1,5 % 1,7 % 0,6 %
2012 57 3,3 % 1,1 % 1,6 % 0,5 %
2013 57 3,6 % 1,3 % 1,6 % 0,7 %
2014 57 3,6 % 1,5 % 1,6 % 0,5 %
Média 84 4,6 % 0,5 % 2,0 % 2,0 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

159
Tabela 5 - Decomposição do custo da dívida - todos os bancos da amostra

2001 a 2014

Nº de Bancos da Custo da Dívida Custo Financeiro Custo Não Financeiro


Ano Cdf/Cd Cdnf/Cd
Amostra Cd da Dívida (Cdf) da Dívida (Cdnf)

2001 78 -22,5 % -13,3 % 59,2 % -9,2 % 40,8 %


2002 73 -26,1 % -17,3 % 66,1 % -8,8 % 33,9 %
2003 72 -22,2 % -12,4 % 55,8 % -9,8 % 44,2 %
2004 69 -19,0 % -10,0 % 52,7 % -9,0 % 47,3 %
2005 66 -20,2 % -10,7 % 53,2 % -9,4 % 46,8 %
2006 64 -18,8 % -10,5 % 55,9 % -8,3 % 44,1 %
2007 63 -18,0 % -9,5 % 52,8 % -8,5 % 47,2 %
2008 63 -21,2 % -13,6 % 64,1 % -7,6 % 35,9 %
2009 61 -18,3 % -10,5 % 57,2 % -7,8 % 42,8 %
2010 61 -16,0 % -9,3 % 58,0 % -6,7 % 42,0 %
2011 58 -16,8 % -10,7 % 63,8 % -6,1 % 36,2 %
2012 57 -14,5 % -9,0 % 62,3 % -5,5 % 37,7 %
2013 57 -13,6 % -8,4 % 61,6 % -5,2 % 38,4 %
2014 57 -14,5 % -9,4 % 64,9 % -5,1 % 35,1 %
Média 84 -18,7 % -11,0 % 59,1 % -7,6 % 40,9 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 6 - Decomposição do custo financeiro da dívida - todos os bancos da amostra


2001 a 2014

Custo Cdf - Provisão Cdf - Venda e


Nº de Cdf - Cdf -
Financeiro da Cdf - Arrend. Cdf - Merc. para Créditos Transferência
Ano Bancos da Empréstimos e Operações de
Dívida Mercantil Aberto de Liquidação de Ativos
Amostra Repasses Câmbio
(Cdf) Duvidosa Financeiros

2001 78 -13,3 % -0,7 % -6,6 % -4,1 % 0,0 % -1,9 % 0,0 %


2002 73 -17,3 % -0,5 % -7,9 % -7,2 % 0,0 % -1,7 % 0,0 %
2003 72 -12,4 % -0,4 % -8,0 % -2,3 % -0,2 % -1,5 % 0,0 %
2004 69 -10,0 % -0,4 % -6,1 % -2,2 % 0,0 % -1,2 % 0,0 %
2005 66 -10,7 % -0,6 % -7,1 % -1,4 % 0,0 % -1,5 % 0,0 %
2006 64 -10,5 % -0,9 % -6,6 % -1,3 % 0,0 % -1,6 % 0,0 %
2007 63 -9,5 % -1,0 % -5,7 % -1,3 % 0,0 % -1,4 % 0,0 %
2008 63 -13,6 % -1,5 % -6,9 % -3,1 % 0,0 % -2,0 % 0,0 %
2009 61 -10,5 % -1,9 % -5,2 % -1,0 % -0,1 % -2,3 % 0,0 %
2010 61 -9,3 % -1,5 % -5,1 % -1,1 % 0,0 % -1,6 % 0,0 %
2011 58 -10,7 % -1,0 % -6,1 % -1,8 % 0,0 % -1,8 % 0,0 %
2012 57 -9,0 % -0,7 % -4,8 % -1,5 % 0,0 % -1,9 % 0,0 %
2013 57 -8,4 % -0,6 % -4,5 % -1,6 % 0,0 % -1,6 % -0,1 %
2014 57 -9,4 % -0,3 % -5,6 % -1,8 % 0,0 % -1,5 % -0,1 %
Média 84 -11,0 % -0,9 % -6,2 % -2,3 % 0,0 % -1,7 % 0,0 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

160
Tabela 7 - Decomposição do custo não financeiro da dívida - todos os bancos da amostra

2001 a 2014
Custo Não Cdnf - Outras Cdnf - Demais
Nº de Bancos Cdnf - Cdnf - Cdnf - Participação
Ano Financeiro da Despesas Despesas Não
da Amostra Tributação Pessoal nos Lucros
Dívida (Cdnf) Adm. Financeiras

2001 78 -9,2 % -0,8 % -3,2 % -2,6 % -0,1 % -2,4 %


2002 73 -8,8 % -1,2 % -2,7 % -2,5 % -0,1 % -2,3 %
2003 72 -9,8 % -1,1 % -2,6 % -2,5 % -0,1 % -3,5 %
2004 69 -9,0 % -1,2 % -2,6 % -2,6 % -0,2 % -2,5 %
2005 66 -9,4 % -1,6 % -2,6 % -2,6 % -0,2 % -2,4 %
2006 64 -8,3 % -1,1 % -2,5 % -2,5 % -0,2 % -2,0 %
2007 63 -8,5 % -1,1 % -2,3 % -2,5 % -0,2 % -2,4 %
2008 63 -7,6 % 0,1 % -1,9 % -2,0 % -0,2 % -3,5 %
2009 61 -7,8 % -1,0 % -1,7 % -2,1 % -0,2 % -2,8 %
2010 61 -6,7 % -1,0 % -1,6 % -2,0 % -0,2 % -1,9 %
2011 58 -6,1 % -0,5 % -1,6 % -1,9 % -0,2 % -2,0 %
2012 57 -5,5 % -0,4 % -1,5 % -1,7 % -0,2 % -1,6 %
2013 57 -5,2 % -0,5 % -1,4 % -1,6 % -0,2 % -1,6 %
2014 57 -5,1 % -0,4 % -1,4 % -1,5 % -0,2 % -1,7 %
Média 84 -7,6 % -0,8 % -2,1 % -2,2 % -0,2 % -2,3 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 8 - Balanço de retornos e custos financeiros e não financeiros - todos os bancos da amostra
2001 a 2014

Retorno Variável
Nº de Retorno Custo Custo Não Spread
Spread Não Spread Grau de Criada -
Bancos Financeiro Financeiro Financeiro Não
Ano Financeiro Financeiro Seco Endividamento Spread
da do Ativo da Dívida da Dívida Financeiro
Seco do Ativo Geral (PEm/PLm) Alavancado
Amostra (Rbf) (Cdf) (Cdnf) Seco
(Rbnf) Médio

2001 78 15,6 % -13,3 % 2,3 % 4,4 % -9,2 % -4,7 % -2,4 % -26,4 %


11,0
2002 73 20,8 % -17,3 % 3,5 % 5,0 % -8,8 % -3,9 % -0,4 % -4,0 %
11,3
2003 72 16,4 % -12,4 % 4,0 % 5,4 % -9,8 % -4,4 % -0,3 % -3,9 %
11,3
2004 69 14,3 % -10,0 % 4,3 % 4,8 % -9,0 % -4,2 % 0,1 % 1,3 %
10,8
2005 66 15,5 % -10,7 % 4,8 % 5,1 % -9,4 % -4,3 % 0,5 % 4,9 %
10,3
2006 64 14,8 % -10,5 % 4,3 % 4,7 % -8,3 % -3,6 % 0,7 % 6,9 %
10,1
2007 63 13,3 % -9,5 % 3,8 % 5,3 % -8,5 % -3,1 % 0,7 % 6,6 %
9,8
2008 63 15,2 % -13,6 % 1,6 % 6,0 % -7,6 % -1,7 % 0,0 % -0,2 %
10,2
2009 61 13,2 % -10,5 % 2,7 % 5,1 % -7,8 % -2,7 % 0,0 % -0,1 %
10,5
2010 61 12,6 % -9,3 % 3,3 % 3,7 % -6,7 % -3,0 % 0,3 % 2,7 %
10,2
2011 58 12,9 % -10,7 % 2,2 % 3,9 % -6,1 % -2,2 % 0,0 % -0,2 %
10,1
2012 57 11,2 % -9,0 % 2,2 % 3,3 % -5,5 % -2,2 % 0,0 % -0,2 %
10,9
2013 57 10,2 % -8,4 % 1,8 % 3,6 % -5,2 % -1,7 % 0,1 % 1,7 %
12,1
2014 57 11,1 % -9,4 % 1,6 % 3,6 % -5,1 % -1,5 % 0,1 % 1,5 %
12,9
Média 84 14,1 % -11,0 % 3,0 % 4,6 % -7,6 % -3,1 % -0,1 % -0,5 %
10,8
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

161
Tabela 9 - Formação da rentabilidade líquida - bancos classificados como tipo I (comerciais, múltiplos com
carteira comercial e caixas econômicas)
2001 a 2014
Nº de Bancos da Rentabilidade Líquida Retorno do Custo da Spread Seco Grau de Endividamento Spread
Ano
Amostra Anual (Rl) Ativo (Rb) Dívida (Cd) (Rb - Cd) (PEm/PLm) Alavancado

2001 62 -5,1 % 21,3 % -23,5 % -2,2 % 12,0 -26,4 %


2002 57 25,9 % 26,3 % -26,3 % 0,0 % 11,9 -0,3 %
2003 58 19,8 % 22,6 % -22,9 % -0,2 % 11,4 -2,8 %
2004 57 22,4 % 19,8 % -19,6 % 0,2 % 11,0 2,6 %
2005 55 26,7 % 22,4 % -22,0 % 0,4 % 10,5 4,4 %
2006 53 25,3 % 20,9 % -20,4 % 0,4 % 10,4 4,4 %
2007 51 24,3 % 19,6 % -19,1 % 0,5 % 10,4 4,8 %
2008 51 21,2 % 21,9 % -22,0 % -0,1 % 10,8 -0,7 %
2009 50 17,3 % 19,3 % -19,5 % -0,2 % 10,5 -1,9 %
2010 48 18,3 % 17,4 % -17,3 % 0,1 % 10,3 0,9 %
2011 45 17,1 % 18,0 % -18,1 % -0,1 % 10,6 -0,9 %
2012 45 14,2 % 15,4 % -15,5 % -0,1 % 11,0 -1,2 %
2013 45 15,3 % 14,6 % -14,5 % 0,1 % 11,9 0,7 %
2014 45 15,5 % 15,6 % -15,6 % 0,0 % 12,4 -0,1 %
Média 68 18,7 % 19,6 % -19,7 % -0,1 % 11,1 -1,0 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 10 - Decomposição do retorno do ativo - bancos classificados como tipo I (comerciais, múltiplos com
carteira comercial e caixas econômicas)
2001 a 2014

Nº de Bancos da Retorno do Ativo Retorno Financeiro do Ativo Retorno Não Financeiro do


Ano Rbf/Rb Rbnf/Rb
Amostra (Rb) (Rbf) Ativo (Rbnf)

2001 62 21,3 % 16,4 % 77,1 % 4,9 % 22,9 %


2002 57 26,3 % 20,6 % 78,4 % 5,7 % 21,6 %
2003 58 22,6 % 17,6 % 77,6 % 5,1 % 22,4 %
2004 57 19,8 % 14,9 % 75,5 % 4,8 % 24,5 %
2005 55 22,4 % 16,9 % 75,6 % 5,5 % 24,4 %
2006 53 20,9 % 16,1 % 77,0 % 4,8 % 23,0 %
2007 51 19,6 % 14,3 % 72,9 % 5,3 % 27,1 %
2008 51 21,9 % 15,6 % 71,2 % 6,3 % 28,8 %
2009 50 19,3 % 14,2 % 73,7 % 5,1 % 26,3 %
2010 48 17,4 % 13,4 % 77,1 % 4,0 % 22,9 %
2011 45 18,0 % 13,7 % 76,3 % 4,3 % 23,7 %
2012 45 15,4 % 11,8 % 76,5 % 3,6 % 23,5 %
2013 45 14,6 % 10,6 % 72,7 % 4,0 % 27,3 %
2014 45 15,6 % 11,7 % 74,8 % 3,9 % 25,2 %
Média 68 19,6 % 14,8 % 75,5 % 4,8 % 24,5 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

162
Tabela 11 - Decomposição do retorno financeiro do ativo - bancos classificados como tipo I (comerciais,
múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas)
2001 a 2014
Rbf -
Nº de Retorno Rbf - Rbf - Rbf - Operações Rbf - Títulos e Rbf -
Instrumentos
Ano Bancos da Financeiro do Aplicações Operações de de Crédito e Valores Venda de
Financ.
Amostra Ativo (Rbf) Compuls. Câmbio Arrend. Mercantil Mobiliários Ativos
Derivativos

2001 62 16,4 % 0,6 % 0,9 % 8,6 % -0,3 % 6,6 % 0,0 %


2002 57 20,6 % 0,8 % 2,2 % 9,0 % -0,7 % 9,2 % 0,0 %
2003 58 17,6 % 1,3 % 0,5 % 7,9 % -0,1 % 7,9 % 0,0 %
2004 57 14,9 % 0,9 % 0,4 % 7,7 % 0,2 % 5,8 % 0,0 %
2005 55 16,9 % 1,0 % 0,3 % 9,1 % 0,4 % 6,2 % 0,0 %
2006 53 16,1 % 0,8 % 0,3 % 9,1 % 0,3 % 5,6 % 0,0 %
2007 51 14,3 % 0,6 % 0,3 % 8,5 % 0,3 % 4,5 % 0,0 %
2008 51 15,6 % 0,5 % 1,0 % 10,0 % -0,6 % 4,8 % 0,0 %
2009 50 14,2 % 0,2 % 0,2 % 9,4 % 0,4 % 3,9 % 0,0 %
2010 48 13,4 % 0,4 % 0,2 % 8,3 % 1,8 % 2,4 % 0,4 %
2011 45 13,7 % 0,2 % -0,1 % 7,8 % 3,7 % 1,2 % 1,0 %
2012 45 11,8 % 0,2 % -0,2 % 7,1 % 3,2 % 0,9 % 0,6 %
2013 45 10,6 % 0,2 % 0,0 % 6,5 % 2,7 % 0,6 % 0,5 %
2014 45 11,7 % 0,2 % 0,1 % 6,9 % 3,5 % 0,4 % 0,6 %
Média 68 14,8 % 0,6 % 0,4 % 8,3 % 1,1 % 4,3 % 0,2 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 12 - Decomposição do retorno não financeiro do ativo - bancos classificados como tipo I (comerciais,
múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas)
2001 a 2014

Nº de Bancos da Retorno Não Financeiro do Ativo Rbnf - Demais Receitas e


Ano Rbnf - Tarifas Rbnf - Serviços
Amostra (Rbnf) Ganhos

2001 62 4,9 % 0,0 % 2,6 % 2,3 %


2002 57 5,7 % 0,0 % 2,6 % 3,0 %
2003 58 5,1 % 0,0 % 2,7 % 2,4 %
2004 57 4,8 % 0,0 % 2,9 % 2,0 %
2005 55 5,5 % 0,0 % 3,1 % 2,3 %
2006 53 4,8 % 0,0 % 3,1 % 1,7 %
2007 51 5,3 % 0,0 % 2,9 % 2,4 %
2008 51 6,3 % 0,3 % 2,0 % 4,0 %
2009 50 5,1 % 0,5 % 1,5 % 3,1 %
2010 48 4,0 % 1,1 % 1,8 % 1,1 %
2011 45 4,3 % 1,7 % 2,0 % 0,6 %
2012 45 3,6 % 1,2 % 1,9 % 0,5 %
2013 45 4,0 % 1,5 % 1,8 % 0,7 %
2014 45 3,9 % 1,6 % 1,8 % 0,6 %
Média 68 4,8 % 0,6 % 2,3 % 1,9 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

163
Tabela 13 - Decomposição do custo da dívida - bancos classificados como tipo I (comerciais, múltiplos com
carteira comercial e caixas econômicas)
2001 a 2014
Nº de Bancos da Custo da Dívida Custo Financeiro da Dívida Custo Não Financeiro da Dívida
Ano Cdf/Cd Cdnf/Cd
Amostra Cd (Cdf) (Cdnf)

2001 62 -23,5 % -13,1 % 55,8 % -10,4 % 44,2 %


2002 57 -26,3 % -16,1 % 61,3 % -10,2 % 38,7 %
2003 58 -22,9 % -12,8 % 55,9 % -10,1 % 44,1 %
2004 57 -19,6 % -9,9 % 50,8 % -9,6 % 49,2 %
2005 55 -22,0 % -11,5 % 52,3 % -10,5 % 47,7 %
2006 53 -20,4 % -11,2 % 55,0 % -9,2 % 45,0 %
2007 51 -19,1 % -10,0 % 52,3 % -9,1 % 47,7 %
2008 51 -22,0 % -13,9 % 63,0 % -8,1 % 37,0 %
2009 50 -19,5 % -11,2 % 57,3 % -8,3 % 42,7 %
2010 48 -17,3 % -9,9 % 57,2 % -7,4 % 42,8 %
2011 45 -18,1 % -11,3 % 62,6 % -6,8 % 37,4 %
2012 45 -15,5 % -9,4 % 60,8 % -6,1 % 39,2 %
2013 45 -14,5 % -8,7 % 60,0 % -5,8 % 40,0 %
2014 45 -15,6 % -10,0 % 63,9 % -5,6 % 36,1 %
Média 68 -19,7 % -11,4 % 57,7 % -8,4 % 42,3 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 14 - Decomposição do custo financeiro da dívida - bancos classificados como tipo I (comerciais,
múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas)
2001 a 2014

Custo Cdf - Provisão


Nº de Cdf - Cdf - Cdf - Cdf - Cdf - Venda e
Financeiro da para Créditos de
Ano Bancos da Arrend. Merc. Empréstimos e Operações Transferência de
Dívida Liquidação
Amostra Mercantil Aberto Repasses de Câmbio Ativos Financeiros
(Cdf) Duvidosa

2001 62 -13,1 % -0,7 % -7,7 % -2,9 % 0,0 % -1,7 % 0,0 %


2002 57 -16,1 % -0,6 % -9,2 % -4,6 % 0,0 % -1,6 % 0,0 %
2003 58 -12,8 % -0,4 % -9,4 % -1,2 % -0,2 % -1,5 % 0,0 %
2004 57 -9,9 % -0,5 % -7,1 % -1,1 % -0,1 % -1,2 % 0,0 %
2005 55 -11,5 % -0,7 % -8,2 % -0,9 % 0,0 % -1,7 % 0,0 %
2006 53 -11,2 % -1,0 % -7,5 % -0,8 % 0,0 % -1,9 % 0,0 %
2007 51 -10,0 % -1,2 % -6,3 % -0,9 % 0,0 % -1,6 % 0,0 %
2008 51 -13,9 % -1,7 % -7,7 % -2,3 % 0,0 % -2,2 % 0,0 %
2009 50 -11,2 % -2,1 % -5,8 % -0,6 % -0,1 % -2,6 % 0,0 %
2010 48 -9,9 % -1,7 % -5,8 % -0,6 % 0,0 % -1,8 % 0,0 %
2011 45 -11,3 % -1,1 % -7,0 % -1,0 % 0,0 % -2,1 % 0,0 %
2012 45 -9,4 % -0,9 % -5,5 % -0,8 % 0,0 % -2,2 % -0,1 %
2013 45 -8,7 % -0,7 % -5,2 % -0,9 % 0,0 % -1,8 % -0,1 %
2014 45 -10,0 % -0,4 % -6,5 % -1,2 % 0,0 % -1,8 % -0,1 %
Média 68 -11,4 % -1,0 % -7,1 % -1,4 % 0,0 % -1,8 % 0,0 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

164
Tabela 15 - Decomposição do custo não financeiro da dívida - bancos classificados como tipo I (comerciais,
múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas)
2001 a 2014
Cdnf -
Custo Não Cdnf - Demais
Nº de Bancos Cdnf - Outras Cdnf - Participação
Ano Financeiro da Cdnf - Pessoal Despesas Não
da Amostra Tributação Despesas nos Lucros
Dívida (Cdnf) Financeiras
Adm.
2001 62 -10,4 % -0,8 % -3,8 % -3,1 % -0,1 % -2,7 %
2002 57 -10,2 % -1,2 % -3,2 % -2,9 % -0,1 % -2,7 %
2003 58 -10,1 % -1,2 % -3,1 % -3,0 % -0,1 % -2,7 %
2004 57 -9,6 % -1,3 % -3,0 % -3,0 % -0,2 % -2,1 %
2005 55 -10,5 % -1,7 % -3,0 % -3,0 % -0,2 % -2,5 %
2006 53 -9,2 % -1,1 % -2,8 % -2,8 % -0,3 % -2,2 %
2007 51 -9,1 % -1,1 % -2,5 % -2,8 % -0,3 % -2,5 %
2008 51 -8,1 % 0,1 % -2,1 % -2,2 % -0,2 % -3,7 %
2009 50 -8,3 % -1,1 % -1,9 % -2,3 % -0,2 % -2,8 %
2010 48 -7,4 % -1,0 % -1,8 % -2,3 % -0,2 % -2,1 %
2011 45 -6,8 % -0,5 % -1,7 % -2,1 % -0,2 % -2,2 %
2012 45 -6,1 % -0,4 % -1,7 % -2,0 % -0,2 % -1,8 %
2013 45 -5,8 % -0,5 % -1,6 % -1,8 % -0,2 % -1,8 %
2014 45 -5,6 % -0,4 % -1,5 % -1,7 % -0,2 % -1,8 %
Média 68 -8,4 % -0,9 % -2,4 % -2,5 % -0,2 % -2,4 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 16 - Balanço de retornos e custos financeiros e não financeiros - bancos classificados como tipo I
(comerciais, múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas)
2001 a 2014
Retorno Variável
Nº de Retorno Custo Custo Não Spread
Spread Não Grau de Criada -
Bancos Financeiro Financeiro Financeiro Não Spread Seco
Ano Financeiro Financeiro Endividamento Spread
da do Ativo da Dívida da Dívida Financeiro Geral
Seco do Ativo (PEm/PLm) Alavancado
Amostra (Rbf) (Cdf) (Cdnf) Seco
(Rbnf) Médio
2001 62 16,4 % -13,1 % 3,3 % 4,9 % -10,4 % -5,5 % -2,2 % -26,4 %
12,0
2002 57 20,6 % -16,1 % 4,5 % 5,7 % -10,2 % -4,5 % 0,0 % -0,3 %
11,9
2003 58 17,6 % -12,8 % 4,8 % 5,1 % -10,1 % -5,0 % -0,2 % -2,8 %
11,4
2004 57 14,9 % -9,9 % 5,0 % 4,8 % -9,6 % -4,8 % 0,2 % 2,6 %
11,0
2005 55 16,9 % -11,5 % 5,4 % 5,5 % -10,5 % -5,0 % 0,4 % 4,4 %
10,5
2006 53 16,1 % -11,2 % 4,8 % 4,8 % -9,2 % -4,4 % 0,4 % 4,4 %
10,4
2007 51 14,3 % -10,0 % 4,3 % 5,3 % -9,1 % -3,8 % 0,5 % 4,8 %
10,4
2008 51 15,6 % -13,9 % 1,8 % 6,3 % -8,1 % -1,8 % -0,1 % -0,7 %
10,8
2009 50 14,2 % -11,2 % 3,0 % 5,1 % -8,3 % -3,2 % -0,2 % -1,9 %
10,5
2010 48 13,4 % -9,9 % 3,5 % 4,0 % -7,4 % -3,4 % 0,1 % 0,9 %
10,3
2011 45 13,7 % -11,3 % 2,4 % 4,3 % -6,8 % -2,5 % -0,1 % -0,9 %
10,6
2012 45 11,8 % -9,4 % 2,4 % 3,6 % -6,1 % -2,5 % -0,1 % -1,2 %
11,0
2013 45 10,6 % -8,7 % 1,9 % 4,0 % -5,8 % -1,8 % 0,1 % 0,7 %
11,9
2014 45 11,7 % -10,0 % 1,7 % 3,9 % -5,6 % -1,7 % 0,0 % -0,1 %
12,4
Média 68 14,8 % -11,4 % 3,5 % 4,8 % -8,4 % -3,6 % -0,1 % -1,0 %
11,1
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
165
Tabela 17 - Formação da rentabilidade líquida - bancos classificados como tipo II (bancos de câmbio, bancos de
investimento e bancos múltiplos sem carteira comercial)
2001 a 2014
Nº de Bancos Rentabilidade Líquida Retorno do Custo da Spread Seco Grau de Endividamento Spread
Ano
da Amostra Anual (Rl) Ativo (Rb) Dívida (Cd) (Rb - Cd) (PEm/PLm) Alavancado

2001 17 14,5 % 24,5 % -26,2 % -1,7 % 5,8 -10,0 %


2002 12 10,8 % 27,7 % -35,0 % -7,3 % 2,3 -16,9 %
2003 10 15,4 % 26,7 % -32,5 % -5,8 % 2,0 -11,3 %
2004 8 13,0 % 23,8 % -27,6 % -3,8 % 2,9 -10,8 %
2005 7 12,7 % 22,4 % -25,8 % -3,4 % 2,8 -9,6 %
2006 7 15,0 % 21,9 % -24,3 % -2,4 % 2,9 -6,9 %
2007 8 32,0 % 48,0 % -52,7 % -4,8 % 3,3 -16,0 %
2008 8 26,0 % 30,7 % -31,7 % -1,1 % 4,4 -4,6 %
2009 8 14,9 % 29,3 % -32,3 % -3,1 % 4,7 -14,4 %
2010 9 22,6 % 28,6 % -30,1 % -1,5 % 4,1 -6,0 %
2011 9 17,4 % 28,9 % -32,0 % -3,2 % 3,6 -11,5 %
2012 8 18,4 % 28,0 % -30,4 % -2,4 % 4,0 -9,6 %
2013 8 15,7 % 25,8 % -28,2 % -2,4 % 4,2 -10,1 %
2014 8 26,6 % 30,9 % -32,0 % -1,1 % 3,9 -4,3 %
Média 21 17,0 % 28,4 % -31,5 % -3,1 % 3,6 -11,4 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 18 - Decomposição do retorno do ativo - bancos classificados como tipo II (bancos de câmbio, bancos de
investimento e bancos múltiplos sem carteira comercial)
2001 a 2014

Nº de Bancos da Retorno do Ativo Retorno Financeiro do Retorno Não Financeiro do


Ano Rbf/Rb Rbnf/Rb
Amostra (Rb) Ativo (Rbf) Ativo (Rbnf)

2001 17 24,5 % 21,1 % 86,2 % 3,4 % 13,8 %


2002 12 27,7 % 24,7 % 89,0 % 3,1 % 11,0 %
2003 10 26,7 % 25,0 % 93,6 % 1,7 % 6,4 %
2004 8 23,8 % 22,2 % 93,3 % 1,6 % 6,7 %
2005 7 22,4 % 19,4 % 86,9 % 2,9 % 13,1 %
2006 7 21,9 % 19,8 % 90,6 % 2,1 % 9,4 %
2007 8 48,0 % 41,4 % 86,2 % 6,6 % 13,8 %
2008 8 30,7 % 25,7 % 83,6 % 5,0 % 16,4 %
2009 8 29,3 % 24,6 % 84,1 % 4,7 % 15,9 %
2010 9 28,6 % 22,7 % 79,6 % 5,8 % 20,4 %
2011 9 28,9 % 22,3 % 77,2 % 6,6 % 22,8 %
2012 8 28,0 % 21,9 % 78,1 % 6,1 % 21,9 %
2013 8 25,8 % 19,5 % 75,6 % 6,3 % 24,4 %
2014 8 30,9 % 21,0 % 68,0 % 9,9 % 32,0 %
Média 21 28,4 % 23,7 % 83,7 % 4,7 % 16,3 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
166
Tabela 19 - Decomposição do retorno financeiro do ativo - bancos classificados como tipo II (bancos de câmbio,
bancos de investimento e bancos múltiplos sem carteira comercial)
2001 a 2014

Nº de Retorno Rbf - Rbf - Rbf - Operações Rbf - Instrumentos Rbf - Títulos e Rbf -
Ano Bancos da Financeiro do Aplicações Operações de de Crédito e Financ. Valores Venda de
Amostra Ativo (Rbf) Compuls. Câmbio Arrend. Mercantil Derivativos Mobiliários Ativos

2001 17 21,08 % 0,18 % 0,42 % 17,29 % -0,46% 4,52 % 0,00%


2002 12 24,67 % 0,00 % 0,33 % 16,69 % -0,25% 7,90 % 0,00%
2003 10 25,01 % 0,00 % 0,19 % 18,23 % 1,25% 5,34 % 0,00%
2004 8 22,22 % 0,00 % 0,02 % 20,37 % 0,10% 1,72 % 0,00%
2005 7 19,43 % 0,00 % 0,01 % 17,06 % -0,07% 2,43 % 0,00%
2006 7 19,83 % 0,00 % 0,00 % 17,74 % 0,11% 1,97 % 0,00%
2007 8 41,35 % 0,00 % 0,00 % 39,28 % 0,13% 1,94 % 0,00%
2008 8 25,66 % 0,00 % 0,02 % 24,62 % 0,10% 0,92 % 0,00%
2009 8 24,59 % 0,00 % 0,00 % 23,74 % -0,04% 0,98 % 0,00%
2010 9 22,75 % 0,00 % 0,01 % 19,40 % 1,15% 2,18 % 0,00%
2011 9 22,30 % 0,01 % -0,01 % 17,85 % 1,26% 3,20 % 0,00%
2012 8 21,90 % 0,01 % -0,03 % 18,57 % 0,77% 2,58 % 0,00%
2013 8 19,52 % 0,06 % -0,01 % 17,67 % 0,51% 1,28 % 0,00%
2014 8 21,02 % 0,43 % -0,05 % 19,28 % 0,76% 0,60 % 0,00%
Média 21 23,7 % 0,0 % 0,1 % 20,6 % 0,4 % 2,7 % 0,0 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 20 - Decomposição do retorno não financeiro do ativo - bancos classificados como tipo II (bancos de
câmbio, bancos de investimento e bancos múltiplos sem carteira comercial)
2001 a 2014

Nº de Bancos Retorno Não Financeiro do Ativo Rbnf - Demais Receitas e


Ano Rbnf - Tarifas Rbnf - Serviços
da Amostra (Rbnf) Ganhos

2001 17 3,4 % 0,0 % 1,2 % 2,2 %


2002 12 3,1 % 0,0 % 1,4 % 1,7 %
2003 10 1,7 % 0,0 % 1,0 % 0,7 %
2004 8 1,6 % 0,0 % 0,7 % 0,9 %
2005 7 2,9 % 0,0 % 1,1 % 1,8 %
2006 7 2,1 % 0,0 % 1,1 % 1,0 %
2007 8 6,6 % 0,0 % 5,0 % 1,6 %
2008 8 5,0 % 1,2 % 2,7 % 1,1 %
2009 8 4,7 % 2,2 % 1,7 % 0,8 %
2010 9 5,8 % 0,6 % 4,7 % 0,5 %
2011 9 6,6 % 1,4 % 4,9 % 0,3 %
2012 8 6,1 % 0,7 % 5,3 % 0,1 %
2013 8 6,3 % 0,9 % 5,4 % 0,0 %
2014 8 9,9 % 4,5 % 5,4 % 0,1 %
Média 21 4,7 % 0,8 % 3,0 % 0,9 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
167
Tabela 21 - Decomposição do custo da dívida - bancos classificados como tipo II (bancos de câmbio, bancos de
investimento e bancos múltiplos sem carteira comercial)
2001 a 2014

Nº de Bancos da Custo da Dívida Custo Financeiro da Dívida Custo Não Financeiro da Dívida
Ano Cdf/Cd Cdnf/Cd
Amostra Cd (Cdf) (Cdnf)

2001 17 -26,2 % -17,3 % 66,1 % -8,9 % 33,9 %


2002 12 -35,0 % -20,7 % 59,3 % -14,2 % 40,7 %
2003 10 -32,5 % -18,6 % 57,0 % -14,0 % 43,0 %
2004 8 -27,6 % -17,2 % 62,5 % -10,4 % 37,5 %
2005 7 -25,8 % -19,1 % 74,0 % -6,7 % 26,0 %
2006 7 -24,3 % -15,6 % 64,0 % -8,8 % 36,0 %
2007 8 -52,7 % -31,6 % 59,9 % -21,1 % 40,1 %
2008 8 -31,7 % -18,2 % 57,3 % -13,5 % 42,7 %
2009 8 -32,3 % -19,5 % 60,2 % -12,9 % 39,8 %
2010 9 -30,1 % -13,9 % 46,4 % -16,1 % 53,6 %
2011 9 -32,0 % -15,7 % 49,0 % -16,3 % 51,0 %
2012 8 -30,4 % -15,3 % 50,2 % -15,2 % 49,8 %
2013 8 -28,2 % -13,2 % 46,7 % -15,0 % 53,3 %
2014 8 -32,0 % -11,4 % 35,7 % -20,6 % 64,3 %

Média 21 -31,5 % -17,7 % 56,3 % -13,8 % 43,7 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 22 - Decomposição do custo financeiro da dívida - bancos classificados como tipo II (bancos de câmbio,
bancos de investimento e bancos múltiplos sem carteira comercial)
2001 a 2014
Nº de Custo Cdf - Venda e
Cdf - Cdf - Cdf - Provisão para
Bancos Financeiro Cdf - Arrend. Cdf - Merc. Transferência
Ano Empréstimos Operações Créditos de Liquidação
da da Dívida Mercantil Aberto de Ativos
e Repasses de Câmbio Duvidosa
Amostra (Cdf) Financeiros
2001 17 -17,3 % -5,6 % -10,3 % -1,4 % 0,0 % -0,9 % 0,0 %
2002 12 -20,7 % -6,9 % -8,7 % -4,5 % 0,0 % -0,6 % 0,0 %
2003 10 -18,6 % -5,7 % -6,1 % -6,4 % 0,0 % -0,3 % 0,0 %
2004 8 -17,2 % -5,4 % -5,2 % -6,3 % -0,1 % -0,3 % 0,0 %
2005 7 -19,1 % -3,4 % -4,9 % -6,9 % -0,1 % -3,8 % 0,0 %
2006 7 -15,6 % -5,2 % -4,3 % -5,5 % 0,0 % -0,6 % 0,0 %
2007 8 -31,6 % -5,1 % -5,7 % -4,3 % 0,0 % -16,4 % 0,0 %
2008 8 -18,2 % -3,2 % -3,9 % -2,0 % 0,0 % -9,1 % 0,0 %
2009 8 -19,5 % -3,6 % -2,7 % -2,3 % 0,0 % -11,0 % 0,0 %
2010 9 -13,9 % -3,9 % -3,0 % -1,6 % 0,0 % -5,6 % 0,1 %
2011 9 -15,7 % -3,3 % -2,9 % -1,5 % 0,0 % -8,1 % 0,2 %
2012 8 -15,3 % -2,8 % -2,2 % -1,8 % 0,0 % -8,6 % 0,1 %
2013 8 -13,2 % -1,4 % -1,9 % -1,0 % 0,0 % -9,1 % 0,1 %
2014 8 -11,4 % -0,7 % -2,2 % -1,0 % 0,0 % -7,8 % 0,2 %
Média 21 -17,7 % -4,0 % -4,6 % -3,3 % 0,0 % -5,9 % 0,1 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

168
Tabela 23 - Decomposição do custo não financeiro da dívida - bancos classificados como tipo II (bancos de
câmbio, bancos de investimento e bancos múltiplos sem carteira comercial)
2001 a 2014
Custo Não Cdnf -
Cdnf - Demais
Nº de Bancos da Financeiro Cdnf - Outras Cdnf - Participação nos
Ano Cdnf - Pessoal Despesas Não
Amostra da Dívida Tributação Despesas Lucros
Financeiras
(Cdnf) Adm.
2001 17 -8,9 % -1,0 % -1,9 % -3,8 % -0,1 % -2,0 %
2002 12 -14,2 % -2,3 % -4,4 % -6,6 % -0,2 % -0,8 %
2003 10 -14,0 % -4,5 % -3,4 % -5,2 % -0,2 % -0,7 %
2004 8 -10,4 % -2,8 % -2,4 % -4,5 % -0,1 % -0,6 %
2005 7 -6,7 % -0,3 % -2,1 % -3,7 % -0,1 % -0,5 %
2006 7 -8,8 % -2,4 % -2,2 % -3,4 % -0,1 % -0,7 %
2007 8 -21,1 % -6,2 % -2,3 % -10,2 % -0,2 % -2,2 %
2008 8 -13,5 % -4,3 % -1,3 % -6,6 % -0,1 % -1,3 %
2009 8 -12,9 % -3,6 % -1,2 % -6,6 % 0,0 % -1,5 %
2010 9 -16,1 % -5,3 % -1,3 % -7,5 % 0,0 % -2,0 %
2011 9 -16,3 % -4,9 % -1,4 % -8,1 % 0,0 % -1,9 %
2012 8 -15,2 % -3,8 % -2,1 % -7,3 % 0,0 % -1,9 %
2013 8 -15,0 % -4,3 % -2,1 % -6,4 % 0,0 % -2,2 %
2014 8 -20,6 % -9,4 % -2,2 % -6,7 % 0,0 % -2,4 %
Média 21 -13,8 % -3,9 % -2,2 % -6,2 % -0,1 % -1,5 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
Tabela 24 - Balanço de retornos e custos financeiro e não financeiros - bancos classificados como tipo II
(bancos de câmbio, bancos de investimento e bancos múltiplos sem carteira comercial)
2001 a 2014
Retorno Variável
Nº de Retorno Custo Custo Não Spread
Spread Não Spread Grau de Criada -
Bancos Financeiro Financeiro Financeiro Não
Ano Financeiro Financeiro Seco Endividamento Spread
da do Ativo da Dívida da Dívida Financeiro
Seco do Ativo Geral (PEm/PLm) Alavancado
Amostra (Rbf) (Cdf) (Cdnf) Seco
(Rbnf) Médio
2001 17 21,1 % -17,3 % 3,8 % 3,4 % -8,9 % -5,5 % -1,7 % -10,0 %
5,8
2002 12 24,7 % -20,7 % 3,9 % 3,1 % -14,2 % -11,2 % -7,3 % -16,9 %
2,3
2003 10 25,0 % -18,6 % 6,5 % 1,7 % -14,0 % -12,2 % -5,8 % -11,3 %
2,0
2004 8 22,2 % -17,2 % 5,0 % 1,6 % -10,4 % -8,8 % -3,8 % -10,8 %
2,9
2005 7 19,4 % -19,1 % 0,3 % 2,9 % -6,7 % -3,8 % -3,4 % -9,6 %
2,8
2006 7 19,8 % -15,6 % 4,3 % 2,1 % -8,8 % -6,7 % -2,4 % -6,9 %
2,9
2007 8 41,4 % -31,6 % 9,7 % 6,6 % -21,1 % -14,5 % -4,8 % -16,0 %
3,3
2008 8 25,7 % -18,2 % 7,5 % 5,0 % -13,5 % -8,5 % -1,1 % -4,6 %
4,4
2009 8 24,6 % -19,5 % 5,1 % 4,7 % -12,9 % -8,2 % -3,1 % -14,4 %
4,7
2010 9 22,7 % -13,9 % 8,8 % 5,8 % -16,1 % -10,3 % -1,5 % -6,0 %
4,1
2011 9 22,3 % -15,7 % 6,6 % 6,6 % -16,3 % -9,8 % -3,2 % -11,5 %
3,6
2012 8 21,9 % -15,3 % 6,6 % 6,1 % -15,2 % -9,0 % -2,4 % -9,6 %
4,0
2013 8 19,5 % -13,2 % 6,3 % 6,3 % -15,0 % -8,7 % -2,4 % -10,1 %
4,2
2014 8 21,0 % -11,4 % 9,6 % 9,9 % -20,6 % -10,7 % -1,1 % -4,3 %
3,9
Média 21 23,7 % -17,7 % 6,0 % 4,7 % -13,8 % -9,1 % -3,1 % -11,4 %
3,6
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

169
Tabela 25 - Formação da rentabilidade líquida - bancos classificados como tipo IV (bancos de
desenvolvimento)
2001 a 2014

Nº de Bancos da Rentabilidade Líquida Retorno do Custo da Spread Seco Grau de Endividamento Spread
Ano
Amostra Anual (Rl) Ativo (Rb) Dívida (Cd) (Rb - Cd) (PEm/PLm) Alavancado

2001 4 -12,6 % 13,5 % -16,8 % -3,3 % 7,9 -26,1 %


2002 4 5,6 % 23,2 % -25,2 % -1,9 % 9,2 -17,7 %
2003 4 8,9 % 17,8 % -18,7 % -0,8 % 10,8 -9,0 %
2004 4 11,1 % 15,5 % -15,9 % -0,4 % 9,9 -4,4 %
2005 4 20,0 % 11,1 % -10,1 % 0,9 % 9,4 8,9 %
2006 4 32,1 % 11,2 % -8,7 % 2,5 % 8,4 21,0 %
2007 4 29,7 % 11,8 % -9,3 % 2,5 % 7,2 17,9 %
2008 4 19,7 % 15,2 % -14,6 % 0,6 % 7,4 4,6 %
2009 4 24,5 % 10,6 % -9,3 % 1,3 % 10,6 13,9 %
2010 4 22,8 % 8,9 % -7,5 % 1,4 % 9,6 13,9 %
2011 4 13,9 % 9,4 % -8,8 % 0,6 % 7,7 4,5 %
2012 4 14,4 % 8,5 % -7,9 % 0,6 % 10,1 5,9 %
2013 4 17,0 % 8,6 % -8,0 % 0,6 % 13,8 8,3 %
2014 4 20,6 % 8,4 % -7,7 % 0,7 % 17,5 12,2 %

Média 4 16,2 % 12,4 % -12,0 % 0,4 % 10,0 3,8 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 26 -Decomposição do retorno do ativo - bancos classificados como tipo IV (bancos de desenvolvimento)
2001 a 2014

Nº de Bancos da Retorno do Ativo Retorno Financeiro do Ativo Retorno Não Financeiro do Ativo
Ano Rbf/Rb Rbnf/Rb
Amostra (Rb) (Rbf) (Rbnf)

2001 4 13,5 % 11,3 % 83,5 % 2,2 % 16,5 %


2002 4 23,2 % 21,6 % 93,1 % 1,6 % 6,9 %
2003 4 17,8 % 10,7 % 59,8 % 7,2 % 40,2 %
2004 4 15,5 % 11,0 % 71,0 % 4,5 % 29,0 %
2005 4 11,1 % 7,7 % 69,2 % 3,4 % 30,8 %
2006 4 11,2 % 6,8 % 61,2 % 4,3 % 38,8 %
2007 4 11,8 % 6,2 % 52,4 % 5,6 % 47,6 %
2008 4 15,2 % 12,1 % 79,4 % 3,1 % 20,6 %
2009 4 10,6 % 5,1 % 48,4 % 5,5 % 51,6 %
2010 4 8,9 % 7,2 % 80,6 % 1,7 % 19,4 %
2011 4 9,4 % 8,0 % 85,3 % 1,4 % 14,7 %
2012 4 8,5 % 7,6 % 88,7 % 1,0 % 11,3 %
2013 4 8,6 % 7,6 % 88,1 % 1,0 % 11,9 %
2014 4 8,4 % 7,2 % 85,2 % 1,2 % 14,8 %
Média 4 12,4 % 9,3 % 74,7 % 3,1 % 25,3 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

170
Tabela 27 - Decomposição do retorno financeiro do ativo - bancos classificados como tipo IV (bancos de
desenvolvimento)
2001 a 2014
Rbf -
Nº de Retorno Rbf - Rbf - Rbf - Operações Rbf - Títulos e Rbf -
Instrumentos
Ano Bancos da Financeiro do Aplicações Operações de de Crédito e Valores Venda de
Financ.
Amostra Ativo (Rbf) Compuls. Câmbio Arrend. Mercantil Mobiliários Ativos
Derivativos

2001 4 11,3 % 0,0 % 0,1 % 9,9 % -0,1 % 1,3 % 0,0 %


2002 4 21,6 % 0,0 % 0,1 % 19,2 % 0,3 % 1,9 % 0,0 %
2003 4 10,7 % 0,0 % 0,1 % 7,9 % 0,2 % 2,4 % 0,0 %
2004 4 11,0 % 0,0 % 0,0 % 9,4 % 0,1 % 1,5 % 0,0 %
2005 4 7,7 % 0,0 % 0,1 % 5,7 % -0,2 % 2,1 % 0,0 %
2006 4 6,8 % 0,0 % 0,0 % 4,8 % 0,1 % 1,9 % 0,0 %
2007 4 6,2 % 0,0 % 0,0 % 4,8 % 0,1 % 1,2 % 0,0 %
2008 4 12,1 % 0,0 % 0,1 % 10,4 % 0,4 % 1,2 % 0,0 %
2009 4 5,1 % 0,0 % 0,0 % 3,8 % -0,2 % 1,5 % 0,0 %
2010 4 7,2 % 0,0 % -0,2 % 5,7 % 0,8 % 0,9 % 0,0 %
2011 4 8,0 % 0,0 % -0,1 % 6,7 % 1,3 % 0,0 % 0,0 %
2012 4 7,6 % 0,0 % -0,2 % 5,8 % 1,9 % 0,0 % 0,0 %
2013 4 7,6 % 0,0 % 0,1 % 6,1 % 1,4 % 0,0 % 0,0 %
2014 4 7,2 % 0,0 % -0,1 % 6,1 % 1,1 % 0,0 % 0,0 %
Média 21 9,3 % 0,0 % 0,0 % 7,6 % 0,5 % 1,1 % 0,0 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 28 - Decomposição do retorno não financeiro do ativo - bancos classificados como tipo IV (bancos de
desenvolvimento)
2001 a 2014

Nº de Bancos da Retorno Não Financeiro do Ativo Rbnf - Demais Receitas e


Ano Rbnf - Tarifas Rbnf - Serviços
Amostra (Rbnf) Ganhos

2001 4 2,2 % 0,0 % 0,1 % 2,1 %


2002 4 1,6 % 0,0 % 0,1 % 1,5 %
2003 4 7,2 % 0,0 % 0,3 % 6,9 %
2004 4 4,5 % 0,0 % 0,3 % 4,2 %
2005 4 3,4 % 0,0 % 0,4 % 3,0 %
2006 4 4,3 % 0,0 % 0,4 % 3,9 %
2007 4 5,6 % 0,0 % 0,4 % 5,2 %
2008 4 3,1 % 0,0 % 0,4 % 2,7 %
2009 4 5,5 % 0,0 % 0,4 % 5,1 %
2010 4 1,7 % 0,5 % 0,3 % 1,0 %
2011 4 1,4 % 0,4 % 0,3 % 0,7 %
2012 4 1,0 % 0,3 % 0,3 % 0,4 %
2013 4 1,0 % 0,4 % 0,2 % 0,4 %
2014 4 1,2 % 0,5 % 0,3 % 0,5 %
Média 4 3,1 % 0,2 % 0,3 % 2,7 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

171
Tabela 29 - Decomposição do custo da dívida - bancos classificados como tipo IV (bancos de desenvolvimento)
2001 a 2014

Nº de Bancos da Custo da Dívida Custo Financeiro da Dívida Custo Não Financeiro da Dívida
Ano Cdf/Cd Cdnf/Cd
Amostra Cd (Cdf) (Cdnf)

2001 4 -16,8 % -13,9 % 82,5 % -2,9 % 17,5 %


2002 4 -25,2 % -22,9 % 91,1 % -2,2 % 8,9 %
2003 4 -18,7 % -10,3 % 55,4 % -8,3 % 44,6 %
2004 4 -15,9 % -10,3 % 64,8 % -5,6 % 35,2 %
2005 4 -10,1 % -6,4 % 62,7 % -3,8 % 37,3 %
2006 4 -8,7 % -6,0 % 69,6 % -2,6 % 30,4 %
2007 4 -9,3 % -5,7 % 60,6 % -3,7 % 39,4 %
2008 4 -14,6 % -11,5 % 78,7 % -3,1 % 21,3 %
2009 4 -9,3 % -5,2 % 55,4 % -4,2 % 44,6 %
2010 4 -7,5 % -5,2 % 69,7 % -2,3 % 30,3 %
2011 4 -8,8 % -6,9 % 79,0 % -1,8 % 21,0 %
2012 4 -7,9 % -6,5 % 81,4 % -1,5 % 18,6 %
2013 4 -8,0 % -6,4 % 80,0 % -1,6 % 20,0 %
2014 4 -7,7 % -6,0 % 78,2 % -1,7 % 21,8 %
72,1
Média 4 -12,0 % -8,8 % -3,2 % 27,9 %
%
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 30 - Decomposição do custo financeiro da dívida - bancos classificados como tipo IV (bancos de
desenvolvimento)
2001 a 2014
Custo Cdf - Provisão
Nº de Cdf - Cdf - Cdf - Cdf - Cdf - Venda e
Financeiro da para Créditos de
Ano Bancos da Arrend. Merc. Empréstimos e Operações Transferência de
Dívida Liquidação
Amostra Mercantil Aberto Repasses de Câmbio Ativos Financeiros
(Cdf) Duvidosa
2001 4 -13,9 % 0,0 % -0,8 % -10,3 % 0,0 % -2,7 % 0,0 %
2002 4 -22,9 % 0,0 % -1,1 % -19,7 % 0,0 % -2,1 % 0,0 %
2003 4 -10,3 % 0,0 % -1,1 % -7,7 % 0,0 % -1,5 % 0,0 %
2004 4 -10,3 % 0,0 % -1,0 % -8,0 % 0,0 % -1,3 % 0,0 %
2005 4 -6,4 % 0,0 % -1,2 % -4,2 % 0,0 % -0,9 % 0,0 %
2006 4 -6,0 % 0,0 % -1,5 % -4,6 % 0,0 % 0,0 % 0,0 %
2007 4 -5,7 % 0,0 % -1,2 % -4,3 % 0,0 % -0,1 % 0,0 %
2008 4 -11,5 % 0,0 % -1,0 % -10,2 % 0,0 % -0,2 % 0,0 %
2009 4 -5,2 % 0,0 % -0,8 % -4,0 % 0,0 % -0,3 % 0,0 %
2010 4 -5,2 % 0,0 % -0,6 % -4,6 % 0,0 % 0,1 % 0,0 %
2011 4 -6,9 % 0,0 % -0,4 % -6,6 % 0,0 % 0,1 % 0,0 %
2012 4 -6,5 % 0,0 % -0,4 % -5,8 % 0,0 % -0,2 % 0,0 %
2013 4 -6,4 % 0,0 % -0,4 % -5,8 % 0,0 % -0,2 % 0,0 %
2014 4 -6,0 % 0,0 % -0,4 % -5,4 % 0,0 % -0,2 % 0,0 %
Média 4 -8,8 % 0,0 % -0,9 % -7,2 % 0,0 % -0,7 % 0,0 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

172
Tabela 31 - Decomposição do custo não financeiro da dívida - bancos classificados como tipo IV (bancos de
desenvolvimento)
2001 a 2014
Cdnf -
Custo Não Cdnf - Demais
Nº de Bancos Cdnf - Outras Cdnf - Participação
Ano Financeiro da Cdnf - Pessoal Despesas Não
da Amostra Tributação Despesas nos Lucros
Dívida (Cdnf) Financeiras
Adm.
2001 4 -2,9 % -0,8 % -0,5 % -0,3 % 0,0 % -1,3 %
2002 4 -2,2 % -0,8 % -0,5 % -0,3 % 0,0 % -0,6 %
2003 4 -8,3 % -0,6 % -0,5 % -0,3 % 0,0 % -7,0 %
2004 4 -5,6 % -0,4 % -0,6 % -0,3 % 0,0 % -4,3 %
2005 4 -3,8 % -1,0 % -0,7 % -0,3 % 0,0 % -1,7 %
2006 4 -2,6 % -0,9 % -0,7 % -0,3 % 0,0 % -0,7 %
2007 4 -3,7 % -0,9 % -0,6 % -0,3 % 0,0 % -1,8 %
2008 4 -3,1 % -0,6 % -0,6 % -0,3 % 0,0 % -1,5 %
2009 4 -4,2 % -0,6 % -0,6 % -0,3 % 0,0 % -2,7 %
2010 4 -2,3 % -0,7 % -0,4 % -0,2 % 0,0 % -0,9 %
2011 4 -1,8 % -0,4 % -0,4 % -0,2 % 0,0 % -0,8 %
2012 4 -1,5 % -0,5 % -0,4 % -0,2 % 0,0 % -0,4 %
2013 4 -1,6 % -0,6 % -0,3 % -0,2 % 0,0 % -0,5 %
2014 4 -1,7 % -0,5 % -0,3 % -0,2 % 0,0 % -0,6 %
Média 4 -3,2 % -0,7 % -0,5 % -0,3 % 0,0 % -1,8 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 32 - Balanço de retornos e custos financeiros e não financeiros - bancos classificados como tipo IV
(bancos de desenvolvimento)
2001 a 2014
Retorno Variável
Nº de Retorno Custo Custo Não Spread
Spread Não Grau de Criada -
Bancos Financeiro Financeiro Financeiro Não Spread Seco
Ano Financeiro Financeiro Endividamento Spread
da do Ativo da Dívida da Dívida Financeiro Geral
Seco do Ativo (PEm/PLm) Alavancado
Amostra (Rbf) (Cdf) (Cdnf) Seco
(Rbnf) Médio
2001 4 11,3 % -13,9 % -2,6 % 2,2 % -2,9 % -0,7 % -3,3 % -26,1 %
7,9
2002 4 21,6 % -22,9 % -1,3 % 1,6 % -2,2 % -0,6 % -1,9 % -17,7 %
9,2
2003 4 10,7 % -10,3 % 0,3 % 7,2 % -8,3 % -1,2 % -0,8 % -9,0 %
10,8
2004 4 11,0 % -10,3 % 0,7 % 4,5 % -5,6 % -1,1 % -0,4 % -4,4 %
9,9
2005 4 7,7 % -6,4 % 1,3 % 3,4 % -3,8 % -0,4 % 0,9 % 8,9 %
9,4
2006 4 6,8 % -6,0 % 0,8 % 4,3 % -2,6 % 1,7 % 2,5 % 21,0 %
8,4
2007 4 6,2 % -5,7 % 0,5 % 5,6 % -3,7 % 2,0 % 2,5 % 17,9 %
7,2
2008 4 12,1 % -11,5 % 0,6 % 3,1 % -3,1 % 0,0 % 0,6 % 4,6 %
7,4
2009 4 5,1 % -5,2 % 0,0 % 5,5 % -4,2 % 1,3 % 1,3 % 13,9 %
10,6
2010 4 7,2 % -5,2 % 2,0 % 1,7 % -2,3 % -0,5 % 1,4 % 13,9 %
9,6
2011 4 8,0 % -6,9 % 1,0 % 1,4 % -1,8 % -0,5 % 0,6 % 4,5 %
7,7
2012 4 7,6 % -6,5 % 1,1 % 1,0 % -1,5 % -0,5 % 0,6 % 5,9 %
10,1
2013 4 7,6 % -6,4 % 1,2 % 1,0 % -1,6 % -0,6 % 0,6 % 8,3 %
13,8
2014 4 7,2 % -6,0 % 1,1 % 1,2 % -1,7 % -0,4 % 0,7 % 12,2 %
17,5
Média 4 9,3 % -8,8 % 0,5 % 3,1 % -3,2 % -0,1 % 0,4 % 10,0 3,8 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
173
Tabela 33 - Formação da rentabilidade líquida - os 15 maiores bancos da amostra
2001 a 2014

Nº de Bancos da Rentabilidade Líquida Retorno do Custo da Spread Seco Grau de Endividamento Spread
Ano
Amostra Anual (Rl) Ativo (Rb) Dívida (Cd) (Rb - Cd) (PEm/PLm) Alavancado

2001 15 -9,1 % 19,8 % -22,3 % -2,5 % 11,4 -28,9 %


2002 15 22,3 % 25,8 % -26,1 % -0,3 % 11,6 -3,5 %
2003 15 18,3 % 21,6 % -21,9 % -0,3 % 11,7 -3,4 %
2004 15 21,6 % 19,0 % -18,8 % 0,2 % 11,2 2,5 %
2005 15 26,4 % 20,5 % -19,9 % 0,6 % 10,6 5,9 %
2006 15 27,7 % 19,4 % -18,6 % 0,8 % 10,4 8,3 %
2007 15 26,5 % 18,7 % -17,9 % 0,8 % 10,1 7,9 %
2008 15 21,9 % 21,3 % -21,2 % 0,1 % 10,6 0,7 %
2009 15 19,0 % 18,3 % -18,3 % 0,1 % 10,8 0,7 %
2010 15 19,6 % 16,3 % -15,9 % 0,3 % 10,4 3,3 %
2011 15 17,2 % 16,8 % -16,8 % 0,0 % 10,3 0,4 %
2012 15 14,8 % 14,5 % -14,4 % 0,0 % 11,1 0,3 %
2013 15 16,1 % 13,8 % -13,6 % 0,2 % 12,4 2,3 %
2014 15 16,7 % 14,6 % -14,5 % 0,2 % 13,3 2,1 %

Média 15 18,7 % 18,6 % -18,6 % 0,0 % 11,1 0,1 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 34 -Decomposição do retorno do ativo - os 15 maiores bancos da amostra


2001 a 2014
Nº de Bancos da Retorno do Ativo Retorno Financeiro do Ativo Retorno Não Financeiro do Ativo
Ano Rbf/Rb Rbnf/Rb
Amostra (Rb) (Rbf) (Rbnf)

2001 15 19,8 % 15,2 % 76,9 % 4,6 % 23,1 %


2002 15 25,8 % 20,7 % 80,1 % 5,1 % 19,9 %
2003 15 21,6 % 16,0 % 74,0 % 5,6 % 26,0 %
2004 15 19,0 % 14,1 % 74,0 % 4,9 % 26,0 %
2005 15 20,5 % 15,2 % 74,4 % 5,2 % 25,6 %
2006 15 19,4 % 14,6 % 75,0 % 4,9 % 25,0 %
2007 15 18,7 % 13,2 % 70,6 % 5,5 % 29,4 %
2008 15 21,3 % 15,1 % 71,1 % 6,1 % 28,9 %
2009 15 18,3 % 13,2 % 72,0 % 5,1 % 28,0 %
2010 15 16,3 % 12,6 % 77,4 % 3,7 % 22,6 %
2011 15 16,8 % 12,9 % 76,9 % 3,9 % 23,1 %
2012 15 14,5 % 11,2 % 77,3 % 3,3 % 22,7 %
2013 15 13,8 % 10,2 % 73,8 % 3,6 % 26,2 %
2014 15 14,6 % 11,0 % 75,5 % 3,6 % 24,5 %

Média 15 18,6 % 13,9 % 74,9 % 4,7 % 25,1 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

174
Tabela 35 - Decomposição do retorno financeiro do ativo - os 15 maiores bancos da amostra
2001 a 2014
Rbf -
Nº de Retorno Rbf - Rbf - Rbf - Operações Rbf - Títulos e Rbf -
Instrumentos
Ano Bancos da Financeiro do Aplicações Operações de de Crédito e Valores Venda de
Financ.
Amostra Ativo (Rbf) Compuls. Câmbio Arrend. Mercantil Mobiliários Ativos
Derivativos

2001 15 15,2 % 0,5 % 0,8 % 8,7 % -0,3 % 5,5 % 0,0 %


2002 15 20,7 % 0,7 % 1,9 % 10,9 % -0,7 % 7,7 % 0,0 %
2003 15 16,0 % 1,1 % 0,4 % 7,9 % -0,1 % 6,7 % 0,0 %
2004 15 14,1 % 0,7 % 0,3 % 7,9 % 0,2 % 4,9 % 0,0 %
2005 15 15,2 % 0,8 % 0,2 % 8,6 % 0,3 % 5,3 % 0,0 %
2006 15 14,6 % 0,7 % 0,3 % 8,5 % 0,2 % 4,9 % 0,0 %
2007 15 13,2 % 0,5 % 0,3 % 8,1 % 0,3 % 3,9 % 0,0 %
2008 15 15,1 % 0,5 % 0,8 % 10,1 % -0,6 % 4,3 % 0,0 %
2009 15 13,2 % 0,2 % 0,1 % 8,8 % 0,4 % 3,7 % 0,0 %
2010 15 12,6 % 0,3 % 0,1 % 8,0 % 1,7 % 2,2 % 0,3 %
2011 15 12,9 % 0,2 % -0,1 % 7,7 % 3,3 % 1,0 % 0,9 %
2012 15 11,2 % 0,1 % -0,2 % 6,9 % 3,1 % 0,8 % 0,5 %
2013 15 10,2 % 0,2 % 0,1 % 6,4 % 2,6 % 0,6 % 0,4 %
2014 15 11,0 % 0,2 % 0,0 % 6,8 % 3,2 % 0,3 % 0,5 %

Média 15 13,9 % 0,5 % 0,4 % 8,2 % 1,0 % 3,7 % 0,2 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 36 - Decomposição do retorno não financeiro do ativo - os 15 maiores bancos da amostra


2001 a 2014
Nº de Bancos da Retorno Não Financeiro do Ativo Rbnf - Rbnf - Rbnf - Demais Receitas e
Ano
Amostra (Rbnf) Tarifas Serviços Ganhos

2001 15 4,6 % 0,0 % 2,3 % 2,3 %


2002 15 5,1 % 0,0 % 2,3 % 2,9 %
2003 15 5,6 % 0,0 % 2,3 % 3,3 %
2004 15 4,9 % 0,0 % 2,5 % 2,4 %
2005 15 5,2 % 0,0 % 2,8 % 2,5 %
2006 15 4,9 % 0,0 % 2,7 % 2,1 %
2007 15 5,5 % 0,0 % 2,6 % 2,9 %
2008 15 6,1 % 0,3 % 1,8 % 4,0 %
2009 15 5,1 % 0,4 % 1,4 % 3,3 %
2010 15 3,7 % 1,0 % 1,6 % 1,0 %
2011 15 3,9 % 1,5 % 1,7 % 0,6 %
2012 15 3,3 % 1,1 % 1,7 % 0,5 %
2013 15 3,6 % 1,3 % 1,6 % 0,7 %
2014 15 3,6 % 1,5 % 1,6 % 0,6 %

Média 15 4,7 % 0,5 % 2,1 % 2,1 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

175
Tabela 37 - Decomposição do custo da dívida - os 15 maiores bancos da amostra
2001 a 2014

Nº de Bancos da Custo da Dívida Custo Financeiro da Dívida Custo Não Financeiro da Dívida
Ano Cdf/Cd Cdnf/Cd
Amostra Cd (Cdf) (Cdnf)

2001 15 -22,3 % -13,2 % 58,9 % -9,2 % 41,1 %


2002 15 -26,1 % -17,3 % 66,3 % -8,8 % 33,7 %
2003 15 -21,9 % -12,2 % 55,6 % -9,7 % 44,4 %
2004 15 -18,8 % -9,9 % 52,5 % -8,9 % 47,5 %
2005 15 -19,9 % -10,6 % 53,1 % -9,3 % 46,9 %
2006 15 -18,6 % -10,4 % 55,9 % -8,2 % 44,1 %
2007 15 -17,9 % -9,4 % 52,8 % -8,4 % 47,2 %
2008 15 -21,2 % -13,6 % 64,4 % -7,6 % 35,6 %
2009 15 -18,3 % -10,5 % 57,3 % -7,8 % 42,7 %
2010 15 -15,9 % -9,3 % 58,1 % -6,7 % 41,9 %
2011 15 -16,8 % -10,7 % 63,9 % -6,0 % 36,1 %
2012 15 -14,4 % -9,0 % 62,5 % -5,4 % 37,5 %
2013 15 -13,6 % -8,4 % 61,8 % -5,2 % 38,2 %
2014 15 -14,5 % -9,4 % 65,1 % -5,0 % 34,9 %
59,2
Média 15 -18,6 % -11,0 % -7,6 % 40,8 %
%
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 38 - Decomposição do custo financeiro da dívida - os 15 maiores bancos da amostra


2001 a 2014

Custo Cdf - Provisão


Nº de Cdf - Cdf - Cdf - Cdf - Cdf - Venda e
Financeiro da para Créditos de
Ano Bancos da Arrend. Merc. Empréstimos e Operações Transferência de
Dívida Liquidação
Amostra Mercantil Aberto Repasses de Câmbio Ativos Financeiros
(Cdf) Duvidosa

2001 15 -13,2 % -0,6 % -6,4 % -4,2 % 0,0 % -1,9 % 0,0 %


2002 15 -17,3 % -0,5 % -7,7 % -7,3 % 0,0 % -1,8 % 0,0 %
2003 15 -12,2 % -0,4 % -7,7 % -2,4 % -0,2 % -1,5 % 0,0 %
2004 15 -9,9 % -0,4 % -5,9 % -2,3 % 0,0 % -1,2 % 0,0 %
2005 15 -10,6 % -0,6 % -7,0 % -1,4 % 0,0 % -1,5 % 0,0 %
2006 15 -10,4 % -0,9 % -6,5 % -1,3 % 0,0 % -1,6 % 0,0 %
2007 15 -9,4 % -1,1 % -5,6 % -1,3 % 0,0 % -1,4 % 0,0 %
2008 15 -13,6 % -1,6 % -6,9 % -3,1 % 0,0 % -2,0 % 0,0 %
2009 15 -10,5 % -1,9 % -5,2 % -0,9 % -0,1 % -2,3 % 0,0 %
2010 15 -9,3 % -1,5 % -5,1 % -1,1 % 0,0 % -1,6 % 0,0 %
2011 15 -10,7 % -1,0 % -6,1 % -1,8 % 0,0 % -1,8 % 0,0 %
2012 15 -9,0 % -0,7 % -4,8 % -1,5 % 0,0 % -1,9 % 0,0 %
2013 15 -8,4 % -0,6 % -4,5 % -1,6 % 0,0 % -1,6 % -0,1 %
2014 15 -9,4 % -0,3 % -5,6 % -1,8 % 0,0 % -1,5 % -0,1 %

Média 15 -11,0 % -0,9 % -6,1 % -2,3 % 0,0 % -1,7 % 0,0 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

176
Tabela 39 - Decomposição do custo não financeiro da dívida - os 15 maiores bancos da amostra
2001 a 2014
Custo Não
Cdnf -
Nº de Bancos da Financeiro Cdnf - Cdnf - Outras Cdnf - Demais Despesas
Ano Cdnf - Tributação Participação
Amostra da Dívida Pessoal Despesas Adm. Não Financeiras
nos Lucros
(Cdnf)
2001 15 -9,2 % -0,7 % -3,2 % -2,6 % -0,1 % -2,5 %
2002 15 -8,8 % -1,1 % -2,7 % -2,5 % -0,1 % -2,4 %
2003 15 -9,7 % -1,0 % -2,6 % -2,5 % -0,1 % -3,6 %
2004 15 -8,9 % -1,2 % -2,5 % -2,5 % -0,2 % -2,6 %
2005 15 -9,3 % -1,6 % -2,6 % -2,5 % -0,2 % -2,4 %
2006 15 -8,2 % -1,1 % -2,4 % -2,4 % -0,3 % -2,0 %
2007 15 -8,4 % -1,1 % -2,2 % -2,4 % -0,2 % -2,5 %
2008 15 -7,6 % 0,1 % -1,9 % -2,0 % -0,2 % -3,6 %
2009 15 -7,8 % -1,1 % -1,7 % -2,0 % -0,2 % -2,8 %
2010 15 -6,7 % -0,9 % -1,6 % -2,0 % -0,2 % -1,9 %
2011 15 -6,0 % -0,5 % -1,5 % -1,8 % -0,2 % -2,0 %
2012 15 -5,4 % -0,4 % -1,5 % -1,7 % -0,2 % -1,6 %
2013 15 -5,2 % -0,5 % -1,4 % -1,6 % -0,2 % -1,6 %
2014 15 -5,0 % -0,4 % -1,3 % -1,5 % -0,2 % -1,7 %
Média 15 -7,6 % -0,8 % -2,1 % -2,1 % -0,2 % -2,4 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 40 - Balanço de retornos e custos financeiros e não financeiros - os 15 maiores bancos da amostra
2001 a 2014
Retorno Variável
Nº de Retorno Custo Custo Não Spread
Spread Não Grau de Criada -
Bancos Financeiro Financeiro Financeiro Não Spread Seco
Ano Financeiro Financeiro Endividamento Spread
da do Ativo da Dívida da Dívida Financeiro Geral
Seco do Ativo (PEm/PLm) Alavancado
Amostra (Rbf) (Cdf) (Cdnf) Seco
(Rbnf) Médio
2001 15 15,2 % -13,2 % 2,1 % 4,6 % -9,2 % -4,6 % -2,5 % -28,9 %
11,4
2002 15 20,7 % -17,3 % 3,4 % 5,1 % -8,8 % -3,7 % -0,3 % -3,5 %
11,6
2003 15 16,0 % -12,2 % 3,8 % 5,6 % -9,7 % -4,1 % -0,3 % -3,4 %
11,7
2004 15 14,1 % -9,9 % 4,2 % 4,9 % -8,9 % -4,0 % 0,2 % 2,5 %
11,2
2005 15 15,2 % -10,6 % 4,7 % 5,2 % -9,3 % -4,1 % 0,6 % 5,9 %
10,6
2006 15 14,6 % -10,4 % 4,1 % 4,9 % -8,2 % -3,3 % 0,8 % 8,3 %
10,4
2007 15 13,2 % -9,4 % 3,7 % 5,5 % -8,4 % -3,0 % 0,8 % 7,9 %
10,1
2008 15 15,1 % -13,6 % 1,5 % 6,1 % -7,6 % -1,4 % 0,1 % 0,7 %
10,6
2009 15 13,2 % -10,5 % 2,7 % 5,1 % -7,8 % -2,7 % 0,1 % 0,7 %
10,8
2010 15 12,6 % -9,3 % 3,3 % 3,7 % -6,7 % -3,0 % 0,3 % 3,3 %
10,4
2011 15 12,9 % -10,7 % 2,2 % 3,9 % -6,0 % -2,2 % 0,0 % 0,4 %
10,3
2012 15 11,2 % -9,0 % 2,2 % 3,3 % -5,4 % -2,1 % 0,0 % 0,3 %
11,1
2013 15 10,2 % -8,4 % 1,8 % 3,6 % -5,2 % -1,6 % 0,2 % 2,3 %
12,4
2014 15 11,0 % -9,4 % 1,6 % 3,6 % -5,0 % -1,5 % 0,2 % 2,1 %
13,3
Média 15 13,9 % -11,0 % 2,9 % 4,7 % -7,6 % -2,9 % 0,0 % 11,1 -0,1 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

177
Tabela 41 - Formação da rentabilidade líquida - os 63 menores bancos da amostra
2001 a 2014

Nº de Bancos da Rentabilidade Líquida Retorno do Custo da Spread Seco Grau de Endividamento Spread
Ano
Amostra Anual (Rl) Ativo (Rb) Dívida (Cd) (Rb - Cd) (PEm/PLm) Alavancado

2001 58 10,5 % 24,1 % -26,6 % -2,5 % 5,4 -13,6 %


2002 54 14,2 % 29,8 % -33,0 % -3,2 % 4,9 -15,6 %
2003 53 11,6 % 26,5 % -30,0 % -3,5 % 4,2 -14,9 %
2004 50 10,3 % 24,3 % -27,9 % -3,6 % 3,8 -13,9 %
2005 48 11,3 % 25,8 % -29,7 % -3,9 % 3,7 -14,5 %
2006 46 11,8 % 22,9 % -25,9 % -3,0 % 3,7 -11,1 %
2007 45 12,4 % 21,5 % -24,0 % -2,6 % 3,6 -9,1 %
2008 45 5,9 % 22,3 % -26,8 % -4,5 % 3,7 -16,4 %
2009 44 5,1 % 19,2 % -22,7 % -3,5 % 4,0 -14,1 %
2010 43 8,8 % 18,2 % -20,4 % -2,3 % 4,1 -9,3 %
2011 40 3,1 % 17,8 % -21,2 % -3,4 % 4,4 -14,7 %
2012 39 3,9 % 16,6 % -19,3 % -2,7 % 4,7 -12,7 %
2013 39 4,4 % 15,5 % -17,8 % -2,3 % 4,8 -11,1 %
2014 39 5,7 % 16,7 % -19,0 % -2,2 % 4,9 -11,0 %

Média 63 8,3 % 21,5 % -24,6 % -3,1 % 4,3 -13,2 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela42 -Decomposição do retorno do ativo - os 63 menores bancos da amostra


2001 a 2014

Nº de Bancos da Retorno do Ativo Retorno Financeiro do Ativo Retorno Não Financeiro do Ativo
Ano Rbf/Rb Rbnf/Rb
Amostra (Rb) (Rbf) (Rbnf)

2001 58 24,1 % 20,9 % 86,8 % 3,2 % 13,2 %


2002 54 29,8 % 26,1 % 87,7 % 3,7 % 12,3 %
2003 53 26,5 % 22,4 % 84,6 % 4,1 % 15,4 %
2004 50 24,3 % 20,5 % 84,4 % 3,8 % 15,6 %
2005 48 25,8 % 21,0 % 81,4 % 4,8 % 18,6 %
2006 46 22,9 % 19,1 % 83,5 % 3,8 % 16,5 %
2007 45 21,5 % 16,7 % 78,1 % 4,7 % 21,9 %
2008 45 22,3 % 19,1 % 85,5 % 3,2 % 14,5 %
2009 44 19,2 % 14,3 % 74,6 % 4,9 % 25,4 %
2010 43 18,2 % 14,3 % 78,8 % 3,8 % 21,2 %
2011 40 17,8 % 14,7 % 82,6 % 3,1 % 17,4 %
2012 39 16,6 % 13,9 % 83,8 % 2,7 % 16,2 %
2013 39 15,5 % 12,9 % 83,4 % 2,6 % 16,6 %
2014 39 16,7 % 13,9 % 83,2 % 2,8 % 16,8 %

Média 63 21,5 % 17,9 % 82,8 % 3,6 % 17,2 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

178
Tabela 43 - Decomposição do retorno financeiro do ativo - os 63 menores bancos da amostra
2001 a 2014
Rbf -
Nº de Retorno Rbf - Rbf - Rbf - Operações Rbf - Títulos e Rbf -
Instrumentos
Ano Bancos da Financeiro do Aplicações Operações de de Crédito e Valores Venda de
Financ.
Amostra Ativo (Rbf) Compuls. Câmbio Arrend. Mercantil Mobiliários Ativos
Derivativos
2001 58 20,9 % 0,1 % 0,6 % 12,2 % -0,1 % 7,5 % 0,0 %
2002 54 26,1 % 0,3 % 1,2 % 14,3 % -0,5 % 10,2 % 0,0 %
2003 53 22,4 % 0,4 % 0,3 % 13,4 % -0,2 % 7,9 % 0,0 %
2004 50 20,5 % 0,3 % 0,3 % 13,2 % -0,2 % 6,5 % 0,0 %
2005 48 21,0 % 0,6 % 0,5 % 13,2 % -0,5 % 7,0 % 0,0 %
2006 46 19,1 % 0,3 % 0,2 % 13,2 % -0,3 % 5,7 % 0,0 %
2007 45 16,7 % 0,3 % 0,1 % 12,1 % -0,6 % 4,9 % 0,0 %
2008 45 19,1 % 0,2 % 1,0 % 12,6 % 1,1 % 4,2 % 0,0 %
2009 44 14,3 % 0,1 % 0,1 % 12,1 % -1,5 % 3,5 % 0,0 %
2010 43 14,3 % 0,1 % -0,4 % 10,7 % 2,3 % 1,6 % 0,1 %
2011 40 14,7 % 0,6 % 0,0 % 9,4 % 3,8 % 0,9 % 0,1 %
2012 39 13,9 % 0,4 % 0,2 % 9,4 % 3,0 % 0,9 % 0,1 %
2013 39 12,9 % 0,5 % 0,3 % 9,1 % 2,5 % 0,6 % 0,1 %
2014 39 13,9 % 0,5 % 0,4 % 9,4 % 3,1 % 0,5 % 0,1 %

Média 63 17,9 % 0,3 % 0,3 % 11,7 % 0,9 % 4,4 % 0,0 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 44 - Decomposição do retorno não financeiro do ativo - os 63 menores bancos da amostra


2001 a 2014
Retorno Não
Rbnf - Demais Receitas e
Ano Nº de Bancos da Amostra Financeiro do Ativo Rbnf - Tarifas Rbnf - Serviços
Ganhos
(Rbnf)

2001 58 3,2 % 0,0 % 1,7 % 1,5 %


2002 54 3,7 % 0,0 % 1,5 % 2,2 %
2003 53 4,1 % 0,0 % 1,7 % 2,4 %
2004 50 3,8 % 0,0 % 2,1 % 1,7 %
2005 48 4,8 % 0,0 % 2,5 % 2,3 %
2006 46 3,8 % 0,0 % 2,7 % 1,0 %
2007 45 4,7 % 0,0 % 2,5 % 2,2 %
2008 45 3,2 % 0,3 % 1,8 % 1,1 %
2009 44 4,9 % 0,6 % 1,4 % 2,9 %
2010 43 3,8 % 1,0 % 1,6 % 1,2 %
2011 40 3,1 % 1,2 % 1,6 % 0,3 %
2012 39 2,7 % 1,1 % 1,5 % 0,1 %
2013 39 2,6 % 0,9 % 1,5 % 0,2 %
2014 39 2,8 % 1,3 % 1,5 % 0,0 %

Média 63 3,6 % 0,5 % 1,8 % 1,4 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

179
Tabela 45 - Decomposição do custo da dívida - os 63 menores bancos da amostra
2001 a 2014

Nº de Bancos da Custo da Dívida Custo Financeiro da Dívida Custo Não Financeiro da Dívida
Ano Cdf/Cd Cdnf/Cd
Amostra Cd (Cdf) (Cdnf)

2001 58 -26,6 % -15,2 % 56,9 % -11,5 % 43,1 %


2002 54 -33,0 % -20,5 % 62,1 % -12,5 % 37,9 %
2003 53 -30,0 % -16,4 % 54,6 % -13,6 % 45,4 %
2004 50 -27,9 % -13,5 % 48,6 % -14,3 % 51,4 %
2005 48 -29,7 % -14,5 % 48,8 % -15,2 % 51,2 %
2006 46 -25,9 % -12,3 % 47,5 % -13,6 % 52,5 %
2007 45 -24,0 % -11,0 % 45,6 % -13,1 % 54,4 %
2008 45 -26,8 % -15,7 % 58,6 % -11,1 % 41,4 %
2009 44 -22,7 % -11,9 % 52,5 % -10,8 % 47,5 %
2010 43 -20,4 % -9,9 % 48,6 % -10,5 % 51,4 %
2011 40 -21,2 % -11,7 % 55,1 % -9,5 % 44,9 %
2012 39 -19,3 % -10,2 % 52,7 % -9,1 % 47,3 %
2013 39 -17,8 % -9,5 % 53,5 % -8,3 % 46,5 %
2014 39 -19,0 % -10,9 % 57,2 % -8,1 % 42,8 %
53,0
Média 63 -24,6 % -13,1 % -11,5 % 47,0 %
%
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 46 - Decomposição do custo financeiro da dívida - os 63 menores bancos da amostra


2001 a 2014

Custo Cdf - Provisão


Nº de Cdf - Cdf - Cdf - Cdf - Cdf - Venda e
Financeiro da para Créditos de
Ano Bancos da Arrend. Merc. Empréstimos e Operações Transferência de
Dívida Liquidação
Amostra Mercantil Aberto Repasses de Câmbio Ativos Financeiros
(Cdf) Duvidosa

2001 58 -15,2 % -0,8 % -8,4 % -4,6 % 0,0 % -1,4 % 0,0 %


2002 54 -20,5 % -0,7 % -9,2 % -8,5 % 0,0 % -2,1 % 0,0 %
2003 53 -16,4 % -0,6 % -11,1 % -2,4 % -0,2 % -2,0 % 0,0 %
2004 50 -13,5 % -0,5 % -8,6 % -2,3 % -0,1 % -2,1 % 0,0 %
2005 48 -14,5 % -0,3 % -9,3 % -2,1 % -0,1 % -2,7 % 0,0 %
2006 46 -12,3 % -0,4 % -7,9 % -1,8 % 0,0 % -2,2 % 0,0 %
2007 45 -11,0 % -0,5 % -6,5 % -1,4 % -0,1 % -2,5 % 0,0 %
2008 45 -15,7 % -1,0 % -7,5 % -4,4 % -0,1 % -2,7 % 0,0 %
2009 44 -11,9 % -1,1 % -5,2 % -1,3 % -0,2 % -3,8 % -0,3 %
2010 43 -9,9 % -0,9 % -5,3 % -1,4 % -0,1 % -2,2 % -0,1 %
2011 40 -11,7 % -0,9 % -5,7 % -2,4 % 0,0 % -2,7 % 0,0 %
2012 39 -10,2 % -0,9 % -4,4 % -1,8 % 0,0 % -2,8 % -0,2 %
2013 39 -9,5 % -0,6 % -4,1 % -1,8 % 0,0 % -2,8 % -0,2 %
2014 39 -10,9 % -0,5 % -5,2 % -2,4 % -0,1 % -2,6 % -0,2 %

Média 63 -13,1 % -0,7 % -7,0 % -2,8 % -0,1 % -2,5 % -0,1 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

180
Tabela 47 - Decomposição do custo não financeiro da dívida - os 63 menores bancos da amostra
2001 a 2014
Cdnf - Demais
Nº de Bancos Custo Não Financeiro Cdnf - Cdnf - Cdnf - Outras Cdnf - Participação
Ano Despesas Não
da Amostra da Dívida (Cdnf) Tributação Pessoal Despesas Adm. nos Lucros
Financeiras
2001 58 -11,5 % -0,9 % -4,2 % -4,3 % -0,1 % -2,0 %
2002 54 -12,5 % -1,8 % -4,1 % -4,7 % -0,1 % -1,8 %
2003 53 -13,6 % -2,2 % -4,0 % -5,5 % -0,1 % -1,8 %
2004 50 -14,3 % -2,0 % -4,2 % -5,7 % -0,1 % -2,4 %
2005 48 -15,2 % -2,0 % -4,0 % -6,4 % -0,1 % -2,8 %
2006 46 -13,6 % -1,9 % -3,7 % -6,2 % -0,2 % -1,7 %
2007 45 -13,1 % -2,0 % -3,3 % -5,6 % -0,2 % -1,9 %
2008 45 -11,1 % -1,2 % -2,9 % -4,9 % -0,2 % -2,0 %
2009 44 -10,8 % -1,1 % -2,5 % -4,9 % -0,1 % -2,1 %
2010 43 -10,5 % -1,4 % -2,4 % -4,6 % -0,2 % -1,9 %
2011 40 -9,5 % -1,4 % -2,5 % -3,8 % -0,2 % -1,6 %
2012 39 -9,1 % -1,2 % -2,4 % -4,0 % -0,1 % -1,4 %
2013 39 -8,3 % -1,1 % -2,4 % -3,0 % -0,1 % -1,6 %
2014 39 -8,1 % -1,5 % -2,3 % -3,0 % -0,1 % -1,2 %

Média 63 -11,5 % -1,5 % -3,2 % -4,8 % -0,1 % -1,9 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 48 - Balanço de retornos e custos financeiros e não financeiros - os 63 menores bancos da amostra
2001 a 2014
Retorno Variável
Nº de Retorno Custo Custo Não Spread
Spread Não Spread Grau de Criada -
Bancos Financeiro Financeiro Financeiro Não
Ano Financeiro Financeiro Seco Endividamento Spread
da do Ativo da Dívida da Dívida Financeiro
Seco do Ativo Geral (PEm/PLm) Alavancado
Amostra (Rbf) (Cdf) (Cdnf) Seco
(Rbnf) Médio
2001 58 20,9 % -15,2 % 5,8 % 3,2 % -11,5 % -8,3 % -2,5 % -13,6 %
5,4
2002 54 26,1 % -20,5 % 5,6 % 3,7 % -12,5 % -8,8 % -3,2 % -15,6 %
4,9
2003 53 22,4 % -16,4 % 6,0 % 4,1 % -13,6 % -9,6 % -3,5 % -14,9 %
4,2
2004 50 20,5 % -13,5 % 6,9 % 3,8 % -14,3 % -10,6 % -3,6 % -13,9 %
3,8
2005 48 21,0 % -14,5 % 6,5 % 4,8 % -15,2 % -10,4 % -3,9 % -14,5 %
3,7
2006 46 19,1 % -12,3 % 6,8 % 3,8 % -13,6 % -9,8 % -3,0 % -11,1 %
3,7
2007 45 16,7 % -11,0 % 5,8 % 4,7 % -13,1 % -8,4 % -2,6 % -9,1 %
3,6
2008 45 19,1 % -15,7 % 3,4 % 3,2 % -11,1 % -7,9 % -4,5 % -16,4 %
3,7
2009 44 14,3 % -11,9 % 2,4 % 4,9 % -10,8 % -5,9 % -3,5 % -14,1 %
4,0
2010 43 14,3 % -9,9 % 4,4 % 3,8 % -10,5 % -6,7 % -2,3 % -9,3 %
4,1
2011 40 14,7 % -11,7 % 3,1 % 3,1 % -9,5 % -6,4 % -3,4 % -14,7 %
4,4
2012 39 13,9 % -10,2 % 3,8 % 2,7 % -9,1 % -6,4 % -2,7 % -12,7 %
4,7
2013 39 12,9 % -9,5 % 3,4 % 2,6 % -8,3 % -5,7 % -2,3 % -11,1 %
4,8
2014 39 13,9 % -10,9 % 3,1 % 2,8 % -8,1 % -5,3 % -2,2 % -11,0 %
4,9
Média 63 17,9 % -13,1 % 4,8 % 3,6 % -11,5 % -7,9 % -3,1 % 4,3 -13,2 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

181
Tabela 49 - Formação da rentabilidade líquida - os bancos privados da amostra
2001 a 2014

Nº de Bancos da Rentabilidade Líquida Retorno do Custo da Spread Seco Grau de Endividamento Spread
Ano
Amostra Anual (Rl) Ativo (Rb) Dívida (Cd) (Rb - Cd) (PEm/PLm) Alavancado

2001 68 3,1 % 22,8 % -25,1 % -2,3 % 8,6 -19,6 %


2002 63 26,7 % 28,4 % -28,7 % -0,2 % 8,3 -1,8 %
2003 62 17,5 % 22,5 % -23,2 % -0,6 % 7,9 -5,0 %
2004 59 22,1 % 20,8 % -20,6 % 0,2 % 7,9 1,4 %
2005 56 26,0 % 23,7 % -23,4 % 0,3 % 7,9 2,3 %
2006 54 23,3 % 22,4 % -22,3 % 0,1 % 8,1 0,9 %
2007 53 24,6 % 21,5 % -21,2 % 0,4 % 8,2 3,1 %
2008 53 17,7 % 24,4 % -25,1 % -0,8 % 8,8 -6,6 %
2009 52 14,5 % 21,3 % -22,1 % -0,8 % 8,4 -6,8 %
2010 52 15,8 % 18,9 % -19,3 % -0,4 % 8,0 -3,1 %
2011 49 15,0 % 19,4 % -19,9 % -0,5 % 8,6 -4,4 %
2012 48 11,6 % 16,7 % -17,3 % -0,6 % 8,8 -5,1 %
2013 48 12,1 % 15,5 % -15,9 % -0,4 % 9,2 -3,4 %
2014 48 14,4 % 16,8 % -17,0 % -0,3 % 9,3 -2,3 %
Média 74 17,6 % 21,1 % -21,5 % -0,4 % 8,4 -3,5 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 50 -Decomposição do retorno do ativo - os bancos privados da amostra


2001 a 2014
Nº de Bancos da Retorno do Ativo Retorno Financeiro do Ativo Retorno Não Financeiro do Ativo
Ano Rbf/Rb Rbnf/Rb
Amostra (Rb) (Rbf) (Rbnf)

2001 68 22,8 % 19,5 % 85,5 % 3,3 % 14,5 %


2002 63 28,4 % 22,3 % 78,5 % 6,1 % 21,5 %
2003 62 22,5 % 17,5 % 77,9 % 5,0 % 22,1 %
2004 59 20,8 % 15,8 % 76,0 % 5,0 % 24,0 %
2005 56 23,7 % 18,4 % 77,5 % 5,3 % 22,5 %
2006 54 22,4 % 17,5 % 78,0 % 4,9 % 22,0 %
2007 53 21,5 % 15,6 % 72,5 % 5,9 % 27,5 %
2008 53 24,4 % 17,2 % 70,7 % 7,2 % 29,3 %
2009 52 21,3 % 16,1 % 75,5 % 5,2 % 24,5 %
2010 52 18,9 % 15,0 % 79,2 % 3,9 % 20,8 %
2011 49 19,4 % 14,9 % 76,7 % 4,5 % 23,3 %
2012 48 16,7 % 13,0 % 77,6 % 3,7 % 22,4 %
2013 48 15,5 % 11,4 % 73,4 % 4,1 % 26,6 %
2014 48 16,8 % 12,2 % 73,0 % 4,5 % 27,0 %

Média 74 21,1 % 16,2 % 76,6 % 4,9 % 23,4 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

182
Tabela 51 - Decomposição do retorno financeiro do ativo - os bancos privados da amostra
2001 a 2014
Rbf -
Nº de Retorno Rbf - Rbf - Rbf - Operações Rbf - Títulos e Rbf -
Instrumentos
Ano Bancos da Financeiro do Aplicações Operações de de Crédito e Valores Venda de
Financ.
Amostra Ativo (Rbf) Compuls. Câmbio Arrend. Mercantil Mobiliários Ativos
Derivativos

2001 68 19,5 % 0,2 % 1,1 % 10,7 % -0,3 % 7,8 % 0,0 %


2002 63 22,3 % 0,4 % 1,8 % 11,6 % -0,7 % 9,2 % 0,0 %
2003 62 17,5 % 0,7 % 0,6 % 9,5 % -0,1 % 6,8 % 0,0 %
2004 59 15,8 % 0,5 % 0,4 % 9,0 % 0,5 % 5,3 % 0,0 %
2005 56 18,4 % 0,6 % 0,4 % 11,0 % 0,8 % 5,5 % 0,0 %
2006 54 17,5 % 0,5 % 0,4 % 11,0 % 0,6 % 5,0 % 0,0 %
2007 53 15,6 % 0,3 % 0,4 % 10,1 % 0,5 % 4,3 % 0,0 %
2008 53 17,2 % 0,3 % 1,5 % 12,0 % -0,9 % 4,2 % 0,0 %
2009 52 16,1 % 0,1 % 0,2 % 11,2 % 0,8 % 3,8 % 0,0 %
2010 52 15,0 % 0,4 % 0,4 % 9,3 % 1,8 % 2,8 % 0,3 %
2011 49 14,9 % 0,4 % -0,1 % 8,3 % 3,6 % 1,8 % 0,9 %
2012 48 13,0 % 0,3 % -0,2 % 7,6 % 3,4 % 1,4 % 0,5 %
2013 48 11,4 % 0,3 % 0,0 % 6,8 % 3,0 % 1,0 % 0,4 %
2014 48 12,2 % 0,3 % 0,1 % 7,0 % 3,7 % 0,7 % 0,5 %

Média 74 16,2 % 0,4 % 0,5 % 9,7 % 1,2 % 4,2 % 0,2 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 52 - Decomposição do retorno não financeiro do ativo - os bancos privados da amostra


2001 a 2014
Nº de Bancos da Retorno Não Financeiro do Ativo Rbnf - Rbnf - Rbnf - Demais Receitas e
Ano
Amostra (Rbnf) Tarifas Serviços Ganhos

2001 68 3,3 % 0,0 % 2,5 % 0,7 %


2002 63 6,1 % 0,0 % 2,5 % 3,7 %
2003 62 5,0 % 0,0 % 2,6 % 2,4 %
2004 59 5,0 % 0,0 % 2,9 % 2,1 %
2005 56 5,3 % 0,0 % 3,2 % 2,2 %
2006 54 4,9 % 0,0 % 3,1 % 1,8 %
2007 53 5,9 % 0,0 % 2,8 % 3,1 %
2008 53 7,2 % 0,3 % 1,8 % 5,0 %
2009 52 5,2 % 0,5 % 1,3 % 3,4 %
2010 52 3,9 % 1,1 % 1,7 % 1,2 %
2011 49 4,5 % 1,8 % 1,9 % 0,8 %
2012 48 3,7 % 1,3 % 1,8 % 0,7 %
2013 48 4,1 % 1,6 % 1,8 % 0,7 %
2014 48 4,5 % 1,9 % 1,8 % 0,8 %
Média 74 4,9 % 0,6 % 2,3 % 2,0 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

183
Tabela 53 - Decomposição do custo da dívida - os bancos privados da amostra
2001 a 2014

Nº de Bancos da Custo da Dívida Custo Financeiro da Dívida Custo Não Financeiro da Dívida
Ano Cdf/Cd Cdnf/Cd
Amostra Cd (Cdf) (Cdnf)

2001 68 -25,1 % -15,1 % 60,4 % -9,9 % 39,6 %


2002 63 -28,7 % -18,4 % 64,3 % -10,2 % 35,7 %
2003 62 -23,2 % -13,1 % 56,7 % -10,0 % 43,3 %
2004 59 -20,6 % -10,7 % 51,8 % -9,9 % 48,2 %
2005 56 -23,4 % -12,8 % 54,5 % -10,6 % 45,5 %
2006 54 -22,3 % -12,5 % 56,0 % -9,8 % 44,0 %
2007 53 -21,2 % -11,3 % 53,6 % -9,8 % 46,4 %
2008 53 -25,1 % -16,4 % 65,4 % -8,7 % 34,6 %
2009 52 -22,1 % -13,1 % 59,2 % -9,0 % 40,8 %
2010 52 -19,3 % -11,3 % 58,7 % -8,0 % 41,3 %
2011 49 -19,9 % -12,8 % 64,2 % -7,1 % 35,8 %
2012 48 -17,3 % -10,7 % 62,1 % -6,6 % 37,9 %
2013 48 -15,9 % -9,7 % 60,8 % -6,2 % 39,2 %
2014 48 -17,0 % -10,6 % 62,3 % -6,4 % 37,7 %
59,3
Média 74 -21,5 % -12,8 % -8,7 % 40,7 %
%
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 54 - Decomposição do custo financeiro da dívida - os bancos privados da amostra


2001 a 2014
Custo Cdf - Provisão
Nº de Cdf - Cdf - Cdf - Cdf - Cdf - Venda e
Financeiro da para Créditos de
Ano Bancos da Arrend. Merc. Empréstimos e Operações Transferência de
Dívida Liquidação
Amostra Mercantil Aberto Repasses de Câmbio Ativos Financeiros
(Cdf) Duvidosa
2001 68 -15,1 % -1,5 % -8,6 % -3,6 % -0,1 % -1,4 % 0,0 %
2002 63 -18,4 % -1,1 % -10,1 % -5,3 % -0,1 % -1,9 % 0,0 %
2003 62 -13,1 % -0,8 % -9,1 % -1,5 % -0,1 % -1,7 % 0,0 %
2004 59 -10,7 % -0,9 % -7,3 % -1,2 % -0,1 % -1,2 % 0,0 %
2005 56 -12,8 % -1,3 % -8,7 % -1,0 % 0,0 % -1,7 % 0,0 %
2006 54 -12,5 % -1,8 % -7,8 % -0,9 % -0,1 % -1,9 % 0,0 %
2007 53 -11,3 % -2,0 % -6,5 % -1,0 % 0,0 % -1,8 % 0,0 %
2008 53 -16,4 % -2,8 % -8,4 % -2,7 % 0,0 % -2,5 % 0,0 %
2009 52 -13,1 % -3,3 % -6,1 % -0,5 % -0,1 % -3,1 % 0,0 %
2010 52 -11,3 % -2,6 % -6,0 % -0,5 % 0,0 % -2,2 % 0,0 %
2011 49 -12,8 % -1,7 % -7,4 % -1,0 % 0,0 % -2,6 % 0,0 %
2012 48 -10,7 % -1,4 % -5,7 % -0,8 % 0,0 % -2,8 % -0,1 %
2013 48 -9,7 % -1,1 % -5,4 % -0,8 % 0,0 % -2,2 % -0,1 %
2014 48 -10,6 % -0,7 % -6,6 % -1,2 % 0,0 % -2,0 % -0,1 %

Média 74 -12,8 % -1,6 % -7,4 % -1,6 % -0,1 % -2,1 % 0,0 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

184
Tabela 55 - Decomposição do custo não financeiro da dívida - os bancos privados da amostra
2001 a 2014
Cdnf - Demais
Nº de Bancos Custo Não Financeiro Cdnf - Cdnf - Cdnf - Outras Cdnf - Participação
Ano Despesas Não
da Amostra da Dívida (Cdnf) Tributação Pessoal Despesas Adm. nos Lucros
Financeiras
2001 68 -9,9 % -0,9 % -3,5 % -3,5 % -0,2 % -1,9 %
2002 63 -10,2 % -1,3 % -2,9 % -3,2 % -0,2 % -2,6 %
2003 62 -10,0 % -0,9 % -2,8 % -3,5 % -0,2 % -2,7 %
2004 59 -9,9 % -1,6 % -2,6 % -3,4 % -0,2 % -2,2 %
2005 56 -10,6 % -1,8 % -2,5 % -3,4 % -0,2 % -2,7 %
2006 54 -9,8 % -1,5 % -2,3 % -3,2 % -0,3 % -2,5 %
2007 53 -9,8 % -1,4 % -2,0 % -3,2 % -0,3 % -2,9 %
2008 53 -8,7 % 0,6 % -1,7 % -2,4 % -0,2 % -4,9 %
2009 52 -9,0 % -1,3 % -1,6 % -2,5 % -0,3 % -3,3 %
2010 52 -8,0 % -1,1 % -1,6 % -2,6 % -0,3 % -2,3 %
2011 49 -7,1 % -0,5 % -1,5 % -2,4 % -0,2 % -2,5 %
2012 48 -6,6 % -0,4 % -1,5 % -2,2 % -0,3 % -2,2 %
2013 48 -6,2 % -0,4 % -1,3 % -2,1 % -0,2 % -2,2 %
2014 48 -6,4 % -0,5 % -1,4 % -2,0 % -0,2 % -2,3 %
Média 74 -8,7 % -0,9 % -2,1 % -2,8 % -0,2 % -2,7 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 56 - Balanço de retornos e custos financeiros e não financeiros - os bancos privados da amostra
2001 a 2014
Retorno Variável
Nº de Retorno Custo Custo Não Spread
Spread Não Spread Grau de Criada -
Bancos Financeiro Financeiro Financeiro Não
Ano Financeiro Financeiro Seco Endividamento Spread
da do Ativo da Dívida da Dívida Financeiro
Seco do Ativo Geral (PEm/PLm) Alavancado
Amostra (Rbf) (Cdf) (Cdnf) Seco
(Rbnf) Médio
2001 68 19,5 % -15,1 % 4,3 % 3,3 % -9,9 % -6,6 % -2,3 % -19,6 %
8,6
2002 63 22,3 % -18,4 % 3,9 % 6,1 % -10,2 % -4,1 % -0,2 % -1,8 %
8,3
2003 62 17,5 % -13,1 % 4,4 % 5,0 % -10,0 % -5,0 % -0,6 % -5,0 %
7,9
2004 59 15,8 % -10,7 % 5,1 % 5,0 % -9,9 % -4,9 % 0,2 % 1,4 %
7,9
2005 56 18,4 % -12,8 % 5,6 % 5,3 % -10,6 % -5,3 % 0,3 % 2,3 %
7,9
2006 54 17,5 % -12,5 % 5,0 % 4,9 % -9,8 % -4,9 % 0,1 % 0,9 %
8,1
2007 53 15,6 % -11,3 % 4,3 % 5,9 % -9,8 % -3,9 % 0,4 % 3,1 %
8,2
2008 53 17,2 % -16,4 % 0,8 % 7,2 % -8,7 % -1,5 % -0,8 % -6,6 %
8,8
2009 52 16,1 % -13,1 % 3,0 % 5,2 % -9,0 % -3,8 % -0,8 % -6,8 %
8,4
2010 52 15,0 % -11,3 % 3,6 % 3,9 % -8,0 % -4,0 % -0,4 % -3,1 %
8,0
2011 49 14,9 % -12,8 % 2,1 % 4,5 % -7,1 % -2,6 % -0,5 % -4,4 %
8,6
2012 48 13,0 % -10,7 % 2,2 % 3,7 % -6,6 % -2,8 % -0,6 % -5,1 %
8,8
2013 48 11,4 % -9,7 % 1,7 % 4,1 % -6,2 % -2,1 % -0,4 % -3,4 %
9,2
2014 48 12,2 % -10,6 % 1,6 % 4,5 % -6,4 % -1,9 % -0,3 % -2,3 %
9,3
Média 74 16,2 % -12,8 % 3,4 % 4,9 % -8,7 % -3,8 % -0,4 % 8,4 -3,5 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

185
Tabela 57 - Formação da rentabilidade líquida - os bancos públicos da amostra
2001 a 2014

Nº de Bancos da Rentabilidade Líquida Retorno do Custo da Spread Seco Grau de Endividamento Spread
Ano
Amostra Anual (Rl) Ativo (Rb) Dívida (Cd) (Rb - Cd) (PEm/PLm) Alavancado

2001 1 -17,8 % 17,9 % -20,5 % -2,6 % 13,9 -35,8 %


2002 1 14,9 % 23,6 % -24,2 % -0,6 % 15,3 -8,7 %
2003 1 18,6 % 21,3 % -21,5 % -0,2 % 16,2 -2,7 %
2004 1 18,0 % 17,8 % -17,8 % 0,0 % 14,8 0,2 %
2005 1 25,0 % 18,0 % -17,5 % 0,5 % 13,7 6,9 %
2006 1 30,7 % 16,8 % -15,7 % 1,1 % 12,9 13,9 %
2007 1 26,1 % 15,6 % -14,8 % 0,9 % 12,2 10,5 %
2008 1 26,6 % 17,3 % -16,5 % 0,7 % 12,7 9,3 %
2009 1 26,5 % 14,4 % -13,6 % 0,8 % 15,2 12,1 %
2010 1 25,3 % 13,2 % -12,4 % 0,8 % 14,4 12,1 %
2011 1 19,0 % 13,8 % -13,4 % 0,4 % 12,4 5,2 %
2012 1 18,8 % 12,0 % -11,6 % 0,5 % 14,5 6,8 %
2013 1 21,6 % 12,0 % -11,4 % 0,6 % 17,4 9,7 %
2014 1 19,3 % 12,6 % -12,3 % 0,3 % 20,1 6,7 %

Média 1 19,6 % 16,2 % -15,9 % 0,2 % 14,7 3,4 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 58 -Decomposição do retorno do ativo - os bancos públicos da amostra


2001 a 2014
Nº de Bancos da Retorno do Ativo Retorno Financeiro do Ativo Retorno Não Financeiro do Ativo
Ano Rbf/Rb Rbnf/Rb
Amostra (Rb) (Rbf) (Rbnf)
2001 1 17,9 % 12,6 % 70,4 % 5,3 % 29,6 %
2002 1 23,6 % 19,5 % 82,6 % 4,1 % 17,4 %
2003 1 21,3 % 15,6 % 73,1 % 5,7 % 26,9 %
2004 1 17,8 % 13,1 % 74,0 % 4,6 % 26,0 %
2005 1 18,0 % 13,1 % 72,4 % 5,0 % 27,6 %
2006 1 16,8 % 12,3 % 73,1 % 4,5 % 26,9 %
2007 1 15,6 % 10,9 % 69,6 % 4,7 % 30,4 %
2008 1 17,3 % 12,8 % 74,1 % 4,5 % 25,9 %
2009 1 14,4 % 9,4 % 65,3 % 5,0 % 34,7 %
2010 1 13,2 % 9,8 % 74,4 % 3,4 % 25,6 %
2011 1 13,8 % 10,7 % 77,4 % 3,1 % 22,6 %
2012 1 12,0 % 9,3 % 77,4 % 2,7 % 22,6 %
2013 1 12,0 % 9,0 % 74,9 % 3,0 % 25,1 %
2014 1 12,6 % 9,9 % 79,0 % 2,6 % 21,0 %

Média 1 16,2 % 12,0 % 74,1 % 4,2 % 25,9 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

186
Tabela 59 - Decomposição do retorno financeiro do ativo - os bancos públicos da amostra
2001 a 2014
Rbf -
Nº de Retorno Rbf - Rbf - Rbf - Operações Rbf - Títulos e Rbf -
Instrumentos
Ano Bancos da Financeiro do Aplicações Operações de de Crédito e Valores Venda de
Financ.
Amostra Ativo (Rbf) Compuls. Câmbio Arrend. Mercantil Mobiliários Ativos
Derivativos
2001 1 12,6 % 0,7 % 0,6 % 7,5 % -0,2 % 4,1 % 0,0 %
2002 1 19,5 % 0,9 % 1,8 % 10,1 % -0,3 % 7,0 % 0,0 %
2003 1 15,6 % 1,3 % 0,3 % 6,8 % 0,0 % 7,1 % 0,0 %
2004 1 13,1 % 0,9 % 0,2 % 7,1 % 0,0 % 4,9 % 0,0 %
2005 1 13,1 % 1,0 % 0,1 % 6,5 % -0,2 % 5,6 % 0,0 %
2006 1 12,3 % 0,9 % 0,2 % 6,2 % -0,1 % 5,1 % 0,0 %
2007 1 10,9 % 0,7 % 0,1 % 6,0 % 0,1 % 4,0 % 0,0 %
2008 1 12,8 % 0,7 % 0,1 % 7,6 % -0,1 % 4,5 % 0,0 %
2009 1 9,4 % 0,3 % 0,1 % 5,7 % -0,2 % 3,5 % 0,0 %
2010 1 9,8 % 0,3 % -0,2 % 6,4 % 1,5 % 1,5 % 0,3 %
2011 1 10,7 % 0,0 % -0,1 % 7,0 % 3,0 % 0,1 % 0,7 %
2012 1 9,3 % 0,0 % -0,2 % 6,2 % 2,6 % 0,1 % 0,5 %
2013 1 9,0 % 0,0 % 0,2 % 6,1 % 2,1 % 0,1 % 0,5 %
2014 1 9,9 % 0,1 % 0,0 % 6,6 % 2,6 % 0,0 % 0,5 %

Média 1 12,0 % 0,6 % 0,2 % 6,9 % 0,8 % 3,4 % 0,2 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 60 - Decomposição do retorno não financeiro do ativo - os bancos públicos da amostra


2001 a 2014

Nº de Bancos da Retorno Não Financeiro do Ativo Rbnf - Rbnf - Rbnf - Demais Receitas e
Ano
Amostra (Rbnf) Tarifas Serviços Ganhos

2001 1 5,3 % 0,0 % 1,9 % 3,4 %


2002 1 4,1 % 0,0 % 2,0 % 2,1 %
2003 1 5,7 % 0,0 % 2,0 % 3,7 %
2004 1 4,6 % 0,0 % 2,1 % 2,5 %
2005 1 5,0 % 0,0 % 2,3 % 2,7 %
2006 1 4,5 % 0,0 % 2,3 % 2,2 %
2007 1 4,7 % 0,0 % 2,3 % 2,5 %
2008 1 4,5 % 0,2 % 1,8 % 2,4 %
2009 1 5,0 % 0,4 % 1,4 % 3,2 %
2010 1 3,4 % 1,0 % 1,5 % 0,9 %
2011 1 3,1 % 1,2 % 1,6 % 0,3 %
2012 1 2,7 % 0,9 % 1,5 % 0,3 %
2013 1 3,0 % 1,0 % 1,4 % 0,6 %
2014 1 2,6 % 1,1 % 1,3 % 0,3 %
Média 1 4,2 % 0,4 % 1,8 % 1,9 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

187
Tabela 61 - Decomposição do custo da dívida - os bancos públicos da amostra
2001 a 2014
Nº de Bancos da Custo da Dívida Custo Financeiro da Dívida Custo Não Financeiro da Dívida
Ano Cdf/Cd Cdnf/Cd
Amostra Cd (Cdf) (Cdnf)

2001 1 -20,5 % -11,9 % 58,0 % -8,6 % 42,0 %


2002 1 -24,2 % -16,4 % 67,8 % -7,8 % 32,2 %
2003 1 -21,5 % -11,8 % 55,1 % -9,6 % 44,9 %
2004 1 -17,8 % -9,5 % 53,5 % -8,3 % 46,5 %
2005 1 -17,5 % -9,1 % 51,7 % -8,5 % 48,3 %
2006 1 -15,7 % -8,8 % 55,7 % -7,0 % 44,3 %
2007 1 -14,8 % -7,6 % 51,6 % -7,1 % 48,4 %
2008 1 -16,5 % -10,2 % 61,8 % -6,3 % 38,2 %
2009 1 -13,6 % -7,3 % 53,3 % -6,4 % 46,7 %
2010 1 -12,4 % -7,0 % 56,7 % -5,4 % 43,3 %
2011 1 -13,4 % -8,4 % 63,0 % -4,9 % 37,0 %
2012 1 -11,6 % -7,2 % 62,7 % -4,3 % 37,3 %
2013 1 -11,4 % -7,2 % 62,7 % -4,3 % 37,3 %
2014 1 -12,3 % -8,4 % 68,2 % -3,9 % 31,8 %
58,7
Média 1 -15,9 % -9,3 % -6,6 % 41,3 %
%
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 62 - Decomposição do custo financeiro da dívida - os bancos públicos da amostra


2001 a 2014

Custo Cdf - Provisão


Nº de Cdf - Cdf - Cdf - Cdf - Cdf - Venda e
Financeiro da para Créditos de
Ano Bancos da Arrend. Merc. Empréstimos e Operações Transferência de
Dívida Liquidação
Amostra Mercantil Aberto Repasses de Câmbio Ativos Financeiros
(Cdf) Duvidosa

2001 1 -11,9 % -0,1 % -5,1 % -4,5 % 0,0 % -2,2 % 0,0 %


2002 1 -16,4 % -0,1 % -6,2 % -8,5 % 0,0 % -1,6 % 0,0 %
2003 1 -11,8 % 0,0 % -7,3 % -2,9 % -0,2 % -1,4 % 0,0 %
2004 1 -9,5 % 0,0 % -5,2 % -2,9 % 0,0 % -1,3 % 0,0 %
2005 1 -9,1 % 0,0 % -5,9 % -1,7 % 0,0 % -1,4 % 0,0 %
2006 1 -8,8 % -0,1 % -5,6 % -1,8 % 0,0 % -1,3 % 0,0 %
2007 1 -7,6 % -0,1 % -5,0 % -1,5 % 0,0 % -1,1 % 0,0 %
2008 1 -10,2 % -0,1 % -5,2 % -3,6 % 0,0 % -1,3 % 0,0 %
2009 1 -7,3 % -0,1 % -4,2 % -1,5 % 0,0 % -1,4 % 0,0 %
2010 1 -7,0 % -0,1 % -4,1 % -1,9 % 0,0 % -0,9 % 0,0 %
2011 1 -8,4 % -0,1 % -4,6 % -2,7 % 0,0 % -1,0 % 0,0 %
2012 1 -7,2 % -0,1 % -3,8 % -2,3 % 0,0 % -1,1 % 0,0 %
2013 1 -7,2 % -0,1 % -3,6 % -2,4 % 0,0 % -1,0 % 0,0 %
2014 1 -8,4 % 0,0 % -4,7 % -2,4 % -0,1 % -1,1 % -0,1 %

Média 1 -9,3 % -0,1 % -5,0 % -2,9 % 0,0 % -1,3 % 0,0 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

188
Tabela 63 - Decomposição do custo não financeiro da dívida - os bancos públicos da amostra
2001 a 2014
Cdnf - Demais
Nº de Bancos Custo Não Financeiro Cdnf - Cdnf - Cdnf - Outras Cdnf - Participação
Ano Despesas Não
da Amostra da Dívida (Cdnf) Tributação Pessoal Despesas Adm. nos Lucros
Financeiras
2001 1 -8,6 % -0,7 % -3,1 % -2,0 % 0,0 % -2,8 %
2002 1 -7,8 % -1,1 % -2,6 % -2,0 % 0,0 % -2,1 %
2003 1 -9,6 % -1,2 % -2,6 % -1,8 % -0,1 % -4,0 %
2004 1 -8,3 % -0,9 % -2,6 % -1,9 % -0,1 % -2,7 %
2005 1 -8,5 % -1,5 % -2,7 % -2,0 % -0,1 % -2,2 %
2006 1 -7,0 % -0,8 % -2,6 % -1,9 % -0,2 % -1,5 %
2007 1 -7,1 % -0,7 % -2,5 % -1,8 % -0,1 % -2,0 %
2008 1 -6,3 % -0,5 % -2,2 % -1,6 % -0,2 % -1,8 %
2009 1 -6,4 % -0,7 % -1,9 % -1,5 % -0,2 % -2,0 %
2010 1 -5,4 % -0,7 % -1,7 % -1,3 % -0,2 % -1,4 %
2011 1 -4,9 % -0,6 % -1,6 % -1,2 % -0,1 % -1,4 %
2012 1 -4,3 % -0,5 % -1,5 % -1,2 % -0,1 % -1,0 %
2013 1 -4,3 % -0,5 % -1,4 % -1,1 % -0,1 % -1,0 %
2014 1 -3,9 % -0,3 % -1,4 % -1,0 % -0,1 % -1,1 %
Média 1 -6,6 % -0,8 % -2,2 % -1,6 % -0,1 % -1,9 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

Tabela 64 - Balanço de retornos e custos financeiros e não financeiros - os bancos públicos da amostra
2001 a 2014
Retorno Variável
Nº de Retorno Custo Custo Não Spread
Spread Não Spread Grau de Criada -
Bancos Financeiro Financeiro Financeiro Não
Ano Financeiro Financeiro Seco Endividamento Spread
da do Ativo da Dívida da Dívida Financeiro
Seco do Ativo Geral (PEm/PLm) Alavancado
Amostra (Rbf) (Cdf) (Cdnf) Seco
(Rbnf) Médio
2001 1 12,6 % -11,9 % 0,7 % 5,3 % -8,6 % -3,3 % -2,6 % -35,8 %
13,9
2002 1 19,5 % -16,4 % 3,1 % 4,1 % -7,8 % -3,7 % -0,6 % -8,7 %
15,3
2003 1 15,6 % -11,8 % 3,7 % 5,7 % -9,6 % -3,9 % -0,2 % -2,7 %
16,2
2004 1 13,1 % -9,5 % 3,6 % 4,6 % -8,3 % -3,6 % 0,0 % 0,2 %
14,8
2005 1 13,1 % -9,1 % 4,0 % 5,0 % -8,5 % -3,5 % 0,5 % 6,9 %
13,7
2006 1 12,3 % -8,8 % 3,5 % 4,5 % -7,0 % -2,4 % 1,1 % 13,9 %
12,9
2007 1 10,9 % -7,6 % 3,3 % 4,7 % -7,1 % -2,4 % 0,9 % 10,5 %
12,2
2008 1 12,8 % -10,2 % 2,6 % 4,5 % -6,3 % -1,8 % 0,7 % 9,3 %
12,7
2009 1 9,4 % -7,3 % 2,2 % 5,0 % -6,4 % -1,4 % 0,8 % 12,1 %
15,2
2010 1 9,8 % -7,0 % 2,8 % 3,4 % -5,4 % -2,0 % 0,8 % 12,1 %
14,4
2011 1 10,7 % -8,4 % 2,2 % 3,1 % -4,9 % -1,8 % 0,4 % 5,2 %
12,4
2012 1 9,3 % -7,2 % 2,1 % 2,7 % -4,3 % -1,6 % 0,5 % 6,8 %
14,5
2013 1 9,0 % -7,2 % 1,8 % 3,0 % -4,3 % -1,3 % 0,6 % 9,7 %
17,4
2014 1 9,9 % -8,4 % 1,6 % 2,6 % -3,9 % -1,3 % 0,3 % 6,7 %
20,1
Média 1 12,0 % -9,3 % 2,7 % 4,2 % -6,6 % -2,4 % 0,2 % 14,7 3,4 %

Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.

189

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