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Crédito,
bancos e
mercados
A intermediação financeira, a
desintermediação e a
estrutura do Sistema
Financeiro Nacional
0
1. Sumário
2. Considerações preliminares ............................................................................... 3
3. Simbologia ........................................................................................................ 7
4. O significado de uma estrutura patrimonial estável ........................................... 8
5. A equação da rentabilidade líquida: custo, retorno, “spread” e alavancagem .. 12
a. A equação da rentabilidade líquida: formação dos resultados ......................... 13
b. A equação da rentabilidade líquida: variantes para a decomposição dos
resultados .............................................................................................................. 19
6. O “spread” bancário nos cenários de lucro, prejuízo e equilíbrio contábil .......... 22
a. O equilíbrio contábil e o “spread” .................................................................... 22
b. O lucro contábil e o “spread” ........................................................................... 26
c. O prejuízo contábil e o “spread” ....................................................................... 29
d. Os conceitos de “spread” seco e alavancado .................................................... 31
7. Resultados e “spread”: um resumo.................................................................. 34
8. A função estabilizadora dos lucros ................................................................... 35
a. Estrutura de capital: divergência entre os custos ............................................. 41
b. Introduzindo o fator “tempo” nas expressões numéricas .................................. 48
c. O requerimento de mínima rentabilidade líquida diante da divergência dos
custos de captação ................................................................................................. 49
9. Resumo geral: requerimento de rentabilidade líquida, custos, retorno e “spread”
52
10. A rentabilidade líquida realizada por bancos domésticos entre 2000 e 2014: os
elementos de custo e retorno, a alavancagem e o “spread” .................................... 54
a. Decomposição básica da amostra .................................................................... 57
b. Os 84 bancos da amostra ................................................................................. 58
c. Bancos dos tipos I, II e IV .................................................................................. 62
d. Bancos por tamanho do ativo: os 15 maiores e os 63 menores ......................... 71
e. Os bancos públicos e os privados ..................................................................... 77
11. A composição de custos: lições para a segmentação do mercado ................. 82
12. Concentração: digressões sobre tamanho, conglomerações, multiplicidade de
funções e economias de escala e escopo ................................................................. 86
13. Categorizando o crédito: a emissão de instrumentos de dívida, a segmentação
e o financiamento do consumo e do investimento ................................................... 90
1
14. Entendendo a segmentação e a especialização de nosso sistema financeiro: a
tecnologia institucional vigente ............................................................................ 102
15. Os contornos teóricos básicos de um mercado de dívida ............................. 113
a. Considerações iniciais .................................................................................... 113
b. Os instrumentos de dívida.............................................................................. 113
16. Considerações finais ................................................................................... 123
a. O requerimento de rentabilidade ................................................................... 124
b. Os riscos ........................................................................................................ 130
c. Custos: intermediação e desintermediação financeira ................................... 141
d. Contornos de um mercado de dívida .............................................................. 147
i. Características de um macrossistema: o mercado de dívida ........................... 151
ii. Integração: macrossistema, microssistemas e mercado de ações ................... 153
e. Palavras finais ............................................................................................... 155
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2. Considerações preliminares
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Aspecto de suma importância para efeito do desenvolvimento deste trabalho é o
entendimento, que, aqui, busca-se expor e explicar, de que a estrutura de capital dos
bancos é binária. Isso implica não apenas reconhecer e repisar o óbvio – que a estrutura
de capital é integrada por fontes de recursos próprios e de terceiros –, mas, também,
explorar certos ângulos dessa dualidade estrutural, como os seus efeitos sobre os
resultados, sobre o requerimento de mínima rentabilidade, sobre custos, retorno e
“spread” e sobre os preços possíveis de produtos e serviços bancários. Em meio às
digressões que serão feitas, analisaremos o que consideramos tratar-se de ineficiência
estrutural da rentabilidade líquida, ineficiência essa que eclode sempre que se verifica
divergência entre os custos representados, de um lado, pelos capitais próprios e, do outro,
pelos de terceiros. A partir da assim chamada “ineficiência”, determinaremos a forma
pela qual custos divergentes afetam os resultados, notadamente a rentabilidade líquida,
e, por extensão, interferem com o volume possível da intermediação financeira.
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todo modo, entendemos que essa dificuldade metodológica não teve consequência
significativa para efeito da representatividade, da qualidade e da precisão dos dados com
que trabalhamos, mesmo porque esses dados são extensos e apresentam o maior nível
de consistência e precisão que nos foi possível assegurar.
Descartamos das análises feitas o ano-base da série, 2000, haja vista que os dados
contábeis desse ano foram utilizados, tão-somente, para calcular alguns valores médios
aplicáveis ao exercício de 2001. As análises levam em consideração dados relativos a 84
instituições, sendo: 78, em 2000, 78, em 2001, 73, em 2002, 72, em 2003, 69, em 2004,
66, em 2005, 64, em 2006, 63, em 2007, 63, em 2008, 61, em 2009, 61, em 2010, 58, em
2011, 57, em 2012, 57, em 2013, e 57, em 2014.
5
agredir o senso estatístico comum, de que a lucratividade bancária seja, quase sempre,
excessiva para os padrões considerados “normais”, no sentido gaussiano do termo.
6
objetivamente. Do ângulo subjetivo, abordar temas como as instituições ou os mercados
por meio dos quais se devam desenrolar as transações, tendo em mira aspectos como a
melhor maneira de oferecer escala aos negócios, de modo que se permita a eliminação
de custos fixos de transação, assim como a máxima diluição daqueles custos que não
puderem ser eliminados. Da perspectiva objetiva, para redesenhar instrumentos de
captação, notadamente instrumentos de dívida, tanto quanto a forma de emiti-los e
transacioná-los.
3. Simbologia
A representa o ativo;
7
dp/PE = Cd, que representa o coeficiente de custo da dívida (custo de captação
dos recursos de terceiros);
8
E a diminuta participação do patrimônio líquido (capital ou recursos próprios), no edifício
patrimonial, já se afigura, em si mesma, fonte estrutural de instabilidade do patrimônio
bancário, pois torna relativamente reduzida a capacidade de os bancos absorverem
impactos que resultem do comportamento indesejável ou imprevisível de variáveis
econômicas e financeiras que eventualmente fujam ao seu controle. O capital próprio é,
por assim dizer, um mero “fio d’água” nos bancos.
9
contraídas para saldar obrigações pretéritas que estejam a descoberto, mas, sim, para
satisfazer, precipuamente, as necessidades de aplicação de recursos no ativo ou a mera
sincronização de entradas e saídas de caixa na linha do tempo. Definir trajetórias sob
essas premissas visa assegurar condições de liquidez e solvência em caráter permanente,
evitando que o banco se precipite em quadro de incapacidade de pagamento e,
inexoravelmente, em quadro de falência geral.
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Nenhuma estrutura patrimonial pode sobreviver, por tempo indeterminado, a uma
dinâmica de resultados em que as obrigações a pagar (o passivo exigível) representem
custo superior ao nível de retorno que os bens e direitos (o ativo), em seu conjunto,
podem proporcionar ao banco. Divergências dessa ordem implicam desestabilizar o
patrimônio e, persistindo no tempo, condenar o banco a quadro falimentar. Exatamente
por isso, a estabilidade patrimonial impõe combinações possíveis de resultados, pois
sustentáveis, continuamente, no curso das operações bancárias, assim como, por
decorrência lógica, permite entender que há combinações que se demonstram
insustentáveis.
11
5. A equação da rentabilidade líquida: custo, retorno, “spread” e
alavancagem
12
que se impõe ao banco, gerando uma expectativa de rentabilidade que, primeiro, pode
divergir do nível de rentabilidade estritamente necessário à consecução do objetivo de
estabilizar o patrimônio com base no comportamento do custo da dívida (Cd), e, segundo,
está associada a fatores que, no mais das vezes, vão além dos muros da microeconomia
bancária.
Para ilustrar, com maior exatidão, o comportamento das variáveis que interferem
com a estabilidade patrimonial, passamos, agora, ao desenvolvimento da expressão
numérica da rentabilidade líquida (Rl). Com a expressão numérica, será posta em
evidência a maneira como as variáveis de fluxo (de resultado) se combinam às de estoque
(patrimoniais), determinando o custo da dívida (Cd), o retorno do ativo (Rb) e, por
extensão, a rentabilidade líquida (Rl). Também serão vistos os papéis que o “spread” – a
diferença entre o custo da dívida (Cd) e o retorno do ativo (Rb) –, lado ao grau de
endividamento (PE/PL), cumpre para determinar os níveis de rentabilidade líquida (Rl).
Finalmente, será desenvolvida a ideia de que os bancos, como qualquer outro
empreendimento movido pela finalidade do lucro, trabalham com uma estrutura de capital
binária, estrutura em que se alinham o custo da dívida ou de captação de recursos de
terceiros (Cd) e o custo do capital próprio ou rentabilidade líquida esperada pelo
investidor de risco (Rl*) – esse último, um conceito a ser melhor desenvolvido
proximamente.
13
as identidades que representam, no numerador, o resultado líquido (a identidade dos
resultados) e, no denominador, o patrimônio líquido bancário (a identidade patrimonial).
14
Naturalmente, há, no passivo exigível, instrumentos de captação “especializados”,
que se afiguram direta e imediatamente ligados às funções que os bancos cumprem como
intermediários financeiros, a exemplo de obrigações por depósitos à vista e a prazo.
Também há, por outro lado, instrumentos comuns a toda e qualquer relação obrigacional,
transcorra essa relação no âmbito do subsistema bancário ou fora dele.
De modo análogo, o ativo é tomado em sua inteireza. E assim se faz, como já dito
acima, em função de aspectos relacionados à escala e à composição. O ativo a remunerar,
no curso das atividades bancárias, é e não poderia deixar de ser a totalidade de aplicações
de recursos em bens e direitos. A um, porque é preciso aquilatar a repercussão da
magnitude dessas aplicações como base de cálculo do retorno necessário à recuperação
dos custos e à estabilidade patrimonial. A dois, porque sua inteira composição, as
características de todos os bens e direitos que integram o ativo, tudo isso constitui a
expressão qualitativa da atividade bancária e sua administração, assim como contribui
para determinar de que forma o banco seleciona suas aplicações de recursos, assim
buscando tornar-se apto, ao selecioná-las, a gerar os resultados que dele se exigem.
15
resultado líquido, por rl. A média do patrimônio líquido no período de apuração, por PLm.
Todos esses símbolos foram definidos em etapa anterior deste trabalho.
𝑟𝑙
𝑅𝑙 =
𝑃𝐿𝑚
Até por intuição, sabemos que a rentabilidade líquida (Rl) é uma função do
confronto ou da interação entre elementos de custo e de retorno: o retorno que os ativos
proporcionam ao banco (Rb), na forma da razão entre as receitas e ganhos (rg) e a média
do ativo no exercício (Am), e o custo da dívida ou de captação dos recursos de terceiros
(Cd), representado pela razão entre as despesas e perdas (dp) e a média do passivo
exigível no período (PEm).
𝑟𝑔
𝑅𝑏 =
𝐴𝑚
𝑑𝑝
𝐶𝑑 =
𝑃𝐸𝑚
Neste ponto, é lícito indagar: o capital próprio, como fonte de recursos, não
representaria, a exemplo da dívida, um dos custos de captação?
16
Na perspectiva do acionista do banco ou seu investidor de risco, temos que a
rentabilidade líquida não é apenas um indicador de lucratividade. Aos olhos desse agente
econômico, a rentabilidade também é um valor esperado (Rl*). Nessa condição, a
rentabilidade líquida indica a remuneração que permite a esse agente recuperar o custo
de oportunidade com que se defronta ao investir no capital bancário, em lugar de destinar
seus recursos a outras opções de investimento. Esse custo de oportunidade impõe ao
banco um requerimento paralelo de rentabilidade líquida (Rl*), o qual, na perspectiva ex
post dos resultados, pode ou não ser satisfeito pelo nível de rentabilidade que se realiza
efetivamente (Rl).
Entretanto, vamos simplificar o tema e adotar a premissa de que haja apenas uma
rentabilidade líquida esperada (Rl*), assim como de que esse valor esperado seja um dado
do problema.
𝑟𝑙 = 𝑟𝑔 − 𝑑𝑝
17
𝑅𝑙 · 𝑃𝐿𝑚 = 𝑅𝑏 · 𝐴𝑚 − 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚
Uma vez que o ativo médio (Am), segundo a identidade patrimonial, equivale à
soma das duas fontes de capital do banco – o passivo exigível médio (PEm) e o patrimônio
líquido médio (PLm) –, podemos substituir o ativo médio por essas duas fontes ou grupos
patrimoniais, obtendo a seguinte expressão:
Logo,
𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑙 = 𝑅𝑏 + (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)
𝑃𝐿𝑚
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em que esse grau seja menor que um (PEm/PLm < 1) sofrem mitigação ou fracionamento
do impacto que o “spread” produz sobre a rentabilidade líquida (Rl). Derradeiramente,
quando o passivo exigível e o patrimônio líquido partilham a estrutura de capital em partes
iguais (PEm/PLm = 1), o endividamento é neutro, sob o ponto de vista da alavancagem,
deixando de produzir qualquer efeito multiplicador ou divisor sobre o “spread” e, por
conseguinte, qualquer efeito sobre o resultado e a rentabilidade líquida.
𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑙 = 𝑅𝑏𝐹 + 𝑅𝑏𝑁𝐹 + 𝑅𝑏𝐹 − 𝐶𝑑𝐹 + (𝑅𝑏𝑁𝐹 − 𝐶𝑑𝑁𝐹 )
𝑃𝐿𝑚
19
𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑙 = 𝑅𝑏𝐶 + 𝑅𝑏𝑁𝐶 + 𝑅𝑏𝐶 − 𝐶𝑑𝐶 + (𝑅𝑏𝑁𝐶 − 𝐶𝑑𝑁𝐶 )
𝑃𝐿𝑚
𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑙 = 𝑅𝑏𝐶𝑃 + 𝑅𝑏𝐿𝑃 + 𝑅𝑏𝐶𝑃 − 𝐶𝑑𝐶𝑃 + (𝑅𝑏𝐿𝑃 − 𝐶𝑑𝐿𝑃 )
𝑃𝐿𝑚
𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑙 = 𝑅𝑏𝑂𝑃 + 𝑅𝑏𝑁𝑂𝑃 + 𝑅𝑏𝑂𝑃 − 𝐶𝑑𝑂𝑃 + (𝑅𝑏𝑁𝑂𝑃 − 𝐶𝑑𝑁𝑂𝑃 )
𝑃𝐿𝑚
𝑅𝑙 = 𝑅𝑏𝑂𝑝𝐶 + 𝑅𝑏𝐴𝑀 + 𝑅𝑏𝑂𝐶 + 𝑅𝑏𝐴𝐼𝐿 + 𝑅𝑏𝑇𝑉𝑀 + 𝑅𝑏𝑃𝑆 + 𝑅𝑏𝑃𝑎𝑟𝑡 + 𝑅𝑏𝑂𝑅𝑂 + 𝑅𝑏𝑉𝐵 + 𝑅𝑏𝑂𝑅𝑁𝑂
+ 𝑅𝑏𝑂𝑝𝐶 + 𝑅𝑏𝐴𝑀 + 𝑅𝑏𝑂𝐶 + 𝑅𝑏𝐴𝐼𝐿 + 𝑅𝑏𝑇𝑉𝑀 + 𝑅𝑏𝑃𝑆 + 𝑅𝑏𝑃𝑎𝑟𝑡 + 𝑅𝑏𝑂𝑅𝑂 + 𝑅𝑏𝑉𝐵 + 𝑅𝑏𝑂𝑅𝑁𝑂 − (𝐶𝑑𝐷𝐶 + 𝐶𝑑𝐸𝑅 + 𝐶𝑑𝐴𝑀 + 𝐶𝑑𝑂𝐶 + 𝐶𝑑𝑇𝑉𝑀
𝑃𝐸𝑚
+ 𝐶𝑑𝑃𝑎𝑟𝑡 + 𝐶𝑑𝐴𝑑𝑚 + 𝐶𝑑𝑃𝑟𝐴 + 𝐶𝑑𝑂𝐷𝑂 + 𝐶𝑑𝑉𝐵 + 𝐶𝑑𝑂𝐷𝑁𝑂 )
𝑃𝐿𝑚
onde,
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RbPart é o retorno proporcionado por participações;
RbVB é o retorno proporcionado por receitas não operacionais com valores e bens;
CdTVM é o custo gerado por despesas com títulos e valores mobiliários e com
instrumentos financeiros derivativos;
Também cumpre pedir atenção para o fato de que se combinam, para determinar
a rentabilidade líquida (Rl), dois componentes remuneratórios: o retorno do ativo
propriamente dito (Rb) e o “spread” entre o retorno do ativo e o custo da dívida, este em
suas versões “seca” (Rb – Cd) e “alavancada” (“spread” seco multiplicado por PEm/PLm).
Definiremos os conceitos de “spread” seco e alavancado mais à frente, cumprindo-nos
apenas dizer, por agora, que o “spread” afeta a rentabilidade e o desempenho no plano
de cada banco individualmente, haja vista não apenas as diferentes composições dos
grupos patrimoniais e dos resultados, mas, também, as diferentes escalas de operação.
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6. O “spread” bancário nos cenários de lucro, prejuízo e equilíbrio
contábil
Iniciemos com:
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𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑙 = 𝑅𝑏 + (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)
𝑃𝐿𝑚
𝑅𝑙 = 0
𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑏 + 𝑅𝑏 − 𝐶𝑑 =0
𝑃𝐿𝑚
𝑃𝐸𝑚
− 𝑅𝑏 = (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)
𝑃𝐿𝑚
23
− 𝑅𝑏 · 𝑃𝐿𝑚 = (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)𝑃𝐸𝑚
Logo, o retorno do ativo (Rb), multiplicado pelo valor médio do ativo no período
de apuração (Am), é igual ao custo da dívida (Cd), multiplicado pelo valor médio do passivo
exigível durante o mesmo período (PEm):
𝑅𝑏 · 𝐴𝑚 = 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚
Essa equação apenas reproduz o fato de que Rb· Am equivale às receitas e ganhos
(rg), assim como Cd· PEm, às despesas e perdas (dp). Confirma-se haver equilíbrio
contábil, em cenário de “spread” negativo (Cd > Rb), no ponto em que o montante de
receitas e ganhos equivale ao de despesas e perdas:
𝑟𝑔 = 𝑑𝑝
Se
𝐴𝑚 > 𝑃𝐸𝑚
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𝑅𝑏 · 𝐴𝑚 = 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚
é a de que, necessariamente,
𝑅𝑏 < 𝐶𝑑
e, portanto, que
𝑅𝑏
<1
𝐶𝑑
𝐴𝑚 𝐶𝑑
=
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏
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conduzindo o banco a inexoráveis apertos de liquidez, redução do grau de solvência e,
eventualmente, inviabilidade operacional. Além disso, o equilíbrio contábil não se afigura
nível ou padrão de resultado líquido compatível com a remuneração do investimento de
risco que se faz em bancos, assumindo-se que a expectativa de remuneração exista e
seja positiva.
A fim de que se realize lucratividade líquida (ou rentabilidade líquida maior que
zero), também são possíveis infinitas combinações de retorno do ativo (Rb) e de custo da
dívida (Cd), em face de combinações entre o total do ativo médio e o do passivo exigível
médio. Naturalmente, infinitas combinações resultam em infinitos valores de “spread” e,
por uma questão de lógica, é lícito supor que, quanto maior a amplitude de um “spread”
positivo, em que o retorno do ativo (Rb) seja maior que o custo da dívida (Cd), tão maior
será o nível de lucratividade líquida (Rl).
Para determinar quais são as relações que conduzem à lucratividade líquida, vamos
adotar as mesmas convenções utilizadas na demonstração anterior, oportunidade em que
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desenvolvemos a noção para efeito do equilíbrio contábil. Portanto, também
trabalharemos com cenário em que o custo da dívida (Cd), o retorno do ativo (Rb) e o
grau de endividamento (PEm/PLm) sejam maiores que zero. Se a premissa é a de que
haja lucratividade líquida, temos, então, o seguinte:
𝑅𝑙 > 0
𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑏 + 𝑅𝑏 − 𝐶𝑑 >0
𝑃𝐿𝑚
A rentabilidade líquida é maior que zero (Rl > 0) e, assim sendo, temos nas mãos
uma inequação (caracterizada pelo sinal “>”) em que, se um lado é maior que zero (Rl >
0), a imagem refletida de Rl também é maior que zero (Rb + (Rb – Cd)... > 0).
Diante disso e das convenções aqui adotadas, também podemos afirmar que
𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑏 > − 𝑅𝑏 − 𝐶𝑑
𝑃𝐿𝑚
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𝑅𝑏 · 𝐴𝑚 > 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚
Significa dizer que o banco, a fim de que realize lucratividade líquida, precisa
operar com retorno do ativo (Rb), multiplicado pelo valor médio do ativo no período de
apuração (Am), maior que o custo da dívida (Cd), multiplicado pelo valor médio do passivo
exigível durante o mesmo período (PEm). Evidentemente, isso significa afirmar o óbvio:
para haver lucro, é preciso que a receitas e ganhos (rg) sejam maiores que as despesas
e perdas (dp):
𝑟𝑔 > 𝑑𝑝
Se, por convenção regulatória, temos que o ativo é maior que o passivo exigível:
𝐴𝑚 > 𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑏 · 𝐴𝑚 > 𝐶𝑑 · 𝑃𝐸𝑚
𝐴𝑚 𝐶𝑑
>
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏
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entre retorno e custo não seja igual ou maior que aquela entre o ativo e o passivo (Cd/Rb
< Am/PEm).
𝑅𝑙 < 0
e que
𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑏 + 𝑅𝑏 − 𝐶𝑑 <0
𝑃𝐿𝑚
𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑏 < − 𝑅𝑏 − 𝐶𝑑
𝑃𝐿𝑚
e, consequentemente, que
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𝑅𝑏 · 𝐴𝑚 < 𝐶𝑑 ·𝑃𝐸𝑚
𝑟𝑔 < 𝑑𝑝
𝐴𝑚 > 𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑏 · 𝐴𝑚 < 𝐶𝑑 ·𝑃𝐸𝑚
é a de que
𝐴𝑚 𝐶𝑑
<
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏
Portanto, enquanto a razão entre o ativo e o passivo exigível (Am/PEm) for menor
que aquela entre o custo da dívida e o retorno ativo (Cd/Rb), para quaisquer valores que
essas razões assumam, o banco incorrerá na realização de prejuízo contábil ou
rentabilidade líquida negativa. Perceba-se: por convenção, o ativo (Am) é maior que o
passivo exigível (PEm), razão pela qual, em prejuízo contábil, o custo da dívida (Cd) deve
ser sempre maior que o retorno do ativo (Rb).
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d. Os conceitos de “spread” seco e alavancado
É lícito dizer que o “spread” seco mede exatamente isto: o excedente, a diferença
ou a margem entre o retorno do ativo (Rb) e o custo da dívida (Cd). Matematicamente,
esse excedente pode ser positivo ou negativo. Inexistirá excedente apenas se o “spread”
for zero ou nulo. E, em qualquer caso, os elementos constitutivos desse conceito de
“spread” não apenas revelam, por sua escala ou magnitude, os níveis de retorno e de
custo praticados pelos bancos em suas operações ativas e passivas, mas, também,
permitem conhecer, em suas formas mais analíticas, a composição das operações
bancárias, tanto do ponto de vista do patrimônio quanto sob o prisma dos resultados.
A explicação para isso está no fato de que somente “spreads” secos positivos, ao
serem associados a uma estrutura de capital tão alavancada quanto a de bancos, tornam
viável estabelecer a convivência entre níveis de retorno do ativo de menor magnitude e
elevados índices de lucratividade ou rentabilidade líquida. Noutras palavras, o “spread”
seco positivo (Rb menos Cd > 0), alavancado pelo grau de endividamento (PEm/PLm), é
a chave para a viabilidade econômica da oferta de crédito a juros moderados no âmbito
de qualquer economia. Viabilidade, bem entendida, na acepção que essa palavra tem num
31
cenário em que o desempenho, a um só tempo, assegure um patrimônio bancário estável,
permita a recuperação do custo da dívida (Cd) e ofereça rentabilidade líquida compatível
com o custo de oportunidade do acionista ou investidor de risco.
𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑙 = 𝑅𝑏 + (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)
𝑃𝐿𝑚
𝑅𝑙 = 2% + (2% − 1%)17
𝑅𝑙 = 19%
32
ganhos líquidos entre os níveis de retorno do ativo e do custo da dívida, ganhos esses
materializados na forma de um “spread” seco positivo. São ganhos líquidos que, uma vez
alavancados, transferem-se ao capital próprio na forma de remuneração líquida
(rentabilidade líquida). E remuneração líquida, vale dizer, que se espera esteja de acordo
com o custo de oportunidade que o acionista suporta ao efetuar investimento de risco no
capital bancário.
𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑙 = 𝑅𝑏 + (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)
𝑃𝐿𝑚
𝑅𝑙 = 20%
A esse propósito, viu-se que o endividamento é crucial, pois pode exercer efeito
de alavanca dos resultados – entendidos os resultados como as receitas e ganhos (rg) e
as despesas e perdas (dp), assim como o que se apura do confronto entre essas grandezas
– o resultado líquido. Produz o efeito de alavanca ao multiplicar ou dividir os resultados
líquidos entre as receitas e ganhos e as despesas e perdas, conforme seu grau seja,
33
respectivamente, maior ou menor que 1. O efeito do endividamento somente é neutro
quando as fontes de recursos próprios e de terceiros partilham a estrutura de capital,
entre si, igualmente.
𝐴𝑚 𝐶𝑑
<
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏
𝐴𝑚 𝐶𝑑
>
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏
34
o em equilíbrio contábil:
𝐴𝑚 𝐶𝑑
=
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏
Restou evidente que essas relações são verdadeiras somente quando presentes
as premissas de que: primeiro, o ativo seja maior que o passivo exigível (Am > PEm),
havendo, portanto, um patrimônio líquido (PLm); segundo, o custo da dívida (Cd) e o
retorno do ativo (Rb) sejam maiores que zero.
Uma das fontes de recursos dos bancos, tanto quanto origem de parte de seus
custos, é o capital de risco. Como já dissemos anteriormente, trata-se do capital
pertencente a sócios ou acionistas, capital esse que representa o custo de oportunidade
do sócio-investidor e, na perspectiva do banco, que implica a exigência de oferecer
remuneração compatível com a recuperação desse custo de oportunidade. Os bancos, a
fim de que remunerem o investidor de risco adequadamente, devem operar de forma
lucrativa, figurando o custo de oportunidade do investidor como referência ou
35
“benchmark”, lado ao custo da dívida, para a determinação de um nível mínimo de
lucratividade que, nessa perspectiva, torna-se exigível para o banco (Rl*).
36
rentabilidade líquida esperada pelo investidor de risco equivaleria, aproximadamente, à
rentabilidade líquida esperada em face do conjunto de ativos que perfazem o mercado de
ações, o que nos leva a concluir que Rl* = Rm, onde Rl* é a rentabilidade líquida esperada
pelo acionista do banco, e Rm, a rentabilidade líquida esperada por todo e qualquer
acionista em face do conjunto de ativos em circulação no mercado de capitais.
Cabe, entretanto, ter atenção ao seguinte: é bem possível que haja divergência
entre as duas referências de custo com que trabalham os bancos. Na verdade, é muito
provável que essa seja a tônica da estrutura do capital bancário, a exemplo do que ocorre
com qualquer outro ramo de atividade econômica. Afigura-se remota a chance de que o
custo de oportunidade do investidor de risco (Rl*) e o custo da dívida (Cd) se equivalham
mutuamente. Por isso, a referência, para qualquer banco, é sempre o maior dos custos
que se originam de sua estrutura de capital. Expliquemos o porquê.
Essa dicotomia não deriva apenas do fato de que se trata de categorias de custo
que ostentam naturezas jurídicas distintas, uma tendo caráter obrigacional, a da dívida, e
a outra, societário, a dos capitais próprios. É dicotomia que também resulta do arranjo
tecnológico-institucional em vigor, por meio do qual o tratamento dispensado ao capital
de terceiros (PE), ao qual se associa o custo da dívida (Cd), em vários aspectos difere
daquele aplicável ao capital próprio (PL), este ligado ao custo de oportunidade do
investidor de risco (Rl*).
37
decorrendo o efeito da dedutibilidade tributária de que se favorece o endividamento, o
custo de oportunidade do investidor de risco ou custo do capital próprio (Rl*) ainda
permanece fenômeno confinado à seara econômica. A associação entre o custo do capital
próprio e o patrimônio líquido (PL) não é mediada por eventos contábeis expressos, como
por despesas e perdas, o que impede, entre outras coisas, que esse custo incorpore
características afeitas ao endividamento, como o “escudo tributário” (a dedutibilidade das
despesas e perdas para fins de tributação).
Com os capitais de terceiros, não. Eles estão submetidos a uma função que se
afigura inversa à dos lucros e, por extensão lógica, que lhes determina mutações que,
sempre se espera, sejam contrárias às do capital próprio. O intuito é diametralmente
oposto: o que se busca não é maximizar o que quer que seja, mas minimizar as despesas
e perdas e, assim fazendo, criar as condições para que o endividamento encolha
endogenamente, assim reduzindo sua participação no edifício patrimonial. A dívida e o
capital próprio, nesse sentido, são vetores que apontam em sentidos opostos.
38
intermediação financeira, afigura-se racional que os bancos procurem ampliá-la, tendo
em vista expandir a transformação do crédito e alavancar a rentabilidade líquida
decorrente dessa atividade.
Cumpre observar, além do mais, que não há concorrência perfeita entre o mercado
onde se transacionam os títulos e valores mobiliários, como as ações, e aquele em que
são emitidos os instrumentos de dívida. E não há porque se alinham não apenas
características distintivas como o “escudo tributário”, mas, também, porque esses
mercados, embora responsáveis pela provisão de liquidez, estão organizados e funcionam
de forma muito diferente um do outro: cumprem papéis diversos; são palco da negociação
de produtos de capital e dívida que não se afiguram substitutos perfeitos, sequer
próximos; e implicam custos de transação díspares para o destinatário final dos recursos.
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Se for certo afirmar que a divergência entre os custos gera desvios em sentidos
opostos, não será menos certo asseverar que os desvios podem implicar, em si,
consequências para a atividade bancária, caso os resultados tenham por referência
medida de tendência central. Uma das consequências que vislumbramos é a de que não
parece possível um padrão de desempenho bancário que possa, eficaz e simultaneamente,
promover a estabilidade patrimonial mediante a estrita recuperação dos custos da dívida
(Cd) e de oportunidade do investidor de risco (Rl*). Qualquer combinação de resultados
– de receitas, despesas, ganhos, perdas e, por extensão, lucro líquido –, quando centrada
num único valor estatístico de referência, sempre será hipersuficiente em relação ao
menor dos custos e hipossuficiente no que tange ao maior deles. Noutras palavras, não
há combinação possível de resultados que, visando apenas assegurar a lucratividade
líquida minimamente necessária à estabilidade patrimonial, não acarrete resultados
excessivos em relação ao menor dos custos e insuficientes em relação ao maior deles.
Inexiste medida de tendência central, no contexto dessas limitações, que sinalize
resultados que, de forma estrita, promovam a estabilidade do patrimônio bancário.
40
a. Estrutura de capital: divergência entre os custos
𝑅𝑙∗ = 𝐶𝑑
Se
𝑅𝑙∗ = 𝐶𝑑
𝑃𝐸𝑚
𝑅𝑙∗ = 𝑅𝑏 + (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)
𝑃𝐿𝑚
então
𝑃𝐸𝑚
𝐶𝑑 = 𝑅𝑏 + (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)
𝑃𝐿𝑚
𝑃𝐸𝑚
𝐶𝑑 − 𝑅𝑏 = (𝑅𝑏 − 𝐶𝑑)
𝑃𝐿𝑚
Sabendo que não há patrimônio a descoberto, pois, até por força de normas
regulatórias, o ativo é necessariamente maior que o passivo exigível (Am > PEm), o grau
de endividamento pode ser qualquer número positivo (PEm/PLm > 0). Nesse contexto, a
fim de que se se satisfaça a relação de igualdade retratada pela última equação, é preciso
que:
41
𝑅𝑏 −𝐶𝑑 = 0
e, portanto, que
𝐶𝑑 − 𝑅𝑏 = 0
Logo,
𝑅𝑏 = 𝐶𝑑
𝑅𝑏 = 𝐶𝑑
então
𝑅𝑙 = 𝐶𝑑
𝑅𝑙∗ = 𝐶𝑑
𝑅𝑙∗ = 𝑅𝑙 = 𝑅𝑏 = 𝐶𝑑
42
onde o resultado líquido esperado ou custo do capital próprio (Rl*) equivale ao
resultado líquido realizado (Rl), que, por seu turno, é igual tanto ao retorno do ativo (Rb)
quanto ao custo da dívida (Cd). E essa é a hipótese, em sua inteira extensão, a ser
excluída, tendo em mira determinar o resultado líquido minimamente necessário à
estabilidade patrimonial.
Há, portanto, um nível mínimo de rentabilidade líquida que se exige dos bancos,
tomando-se por referência o maior dos custos a recuperar, se esses custos divergem um
do outro.
𝐴𝑚 𝐶𝑑
>
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏
Respeitadas essas premissas, já pode haver lucro mesmo quando o custo da dívida
se demonstre maior que o retorno do ativo (Cd > Rb). Nesse caso, basta que a razão
entre os grupos patrimoniais seja maior que aquela entre o custo da dívida e o retorno do
ativo, de modo que:
43
𝑅𝑏 − 𝐶𝑑 < 0
𝐶𝑑 > 𝑅𝑏
𝐶𝑑
>1
𝑅𝑏
E, assim, que:
𝐴𝑚 𝐶𝑑
− >0
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏
a fim de que:
𝐴𝑚 𝐶𝑑
>
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏
Numa segunda situação, também se verifica lucro contábil quando não há “spread”
ou, noutras palavras, quando a diferença entre o retorno do ativo e o custo da dívida é
zero. Quer dizer: o nível de retorno do ativo (Rb) é exatamente igual ao do custo da
dívida (Cd). Nesse caso, a razão entre o custo da dívida e o retorno do ativo é igual a um
(Cd/Rb = 1). Temos, portanto, que:
𝑅𝑏 − 𝐶𝑑 = 0
𝐶𝑑 = 𝑅𝑏
𝐶𝑑
=1
𝑅𝑏
Se sabemos que:
𝐴𝑚
>1
𝑃𝐸𝑚
44
Então, para haver lucro contábil, com “spread” igual a zero, também confirmamos
que:
𝐴𝑚 𝐶𝑑
>
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏
Na terceira situação, afigura-se evidente que haverá lucro sempre que o retorno
do ativo, por ser maior que o custo da dívida, gera “spread” positivo. Nesse caso, como
nos demais, a convenção adotada é a de existência de um patrimônio líquido, pois o quadro
regulatório do setor exige que o ativo, em alguma medida, seja maior que o passivo
exigível. Como inexorável implicação dessa exigência, a razão entre os grupos
patrimoniais afigura-se necessariamente maior que aquela entre o custo da dívida e o
retorno do ativo, mesmo porque a razão entre as variáveis de resultado é,
necessariamente, menor que um. Temos, portanto, a seguinte situação:
𝑅𝑏 − 𝐶𝑑 > 0
𝑅𝑏 > 𝐶𝑑
𝐶𝑑
<1
𝑅𝑏
E, assim, que:
𝐴𝑚 𝐶𝑑
− >0
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏
𝐴𝑚 𝐶𝑑
>
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏
45
razão entre custo e retorno (Am/PEm > Cd/Rb), em apenas duas delas há a efetiva
possibilidade de um desempenho sustentável, pois compatível com a manutenção do banco
em trajetória de estabilidade patrimonial ao longo do tempo e, portanto, de graus de
solvência, endividamento e alavancagem endogenamente estáveis. Essas são as situações
em que o retorno do ativo se demonstre igual ou maior que o custo da dívida (Rb ≥ Cd).
Se o retorno do ativo (Rb) equivale ao custo da dívida (Cd) ou é maior que ele,
temos, então, o seguinte:
𝑅𝑏 − 𝐶𝑑 ≥ 0
𝑅𝑏 ≥ 𝐶𝑑
𝐶𝑑
≤1
𝑅𝑏
𝐴𝑚
>1
𝑃𝐸𝑚
𝐴𝑚 𝐶𝑑
>
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏
Ora, também sabemos que a condição para uma lucratividade sustentável é dada
por uma razão entre o custo da dívida (Cd) e o retorno do ativo (Rb) em que:
46
𝐶𝑑
≤1
𝑅𝑏
𝐴𝑚
>1
𝑃𝐸𝑚
𝐴𝑚 𝐶𝑑
>1≥
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏
𝐴𝑚 𝐶𝑑
>1>
𝑃𝐸𝑚 𝑅𝑏
47
pois desejamos excluir a hipótese em que os custos de captação se equivalham, a
saber:
𝑅𝑙∗ = 𝑅𝑙 = 𝑅𝑏 = 𝐶𝑑
Pois bem. A fim de permitir que se analisem essas infinitas combinações, vamos
introduzir o tempo como variável em nosso modelo, para tanto recorrendo ao logaritmo
natural e à função exponencial natural. Mediante o uso dessas ferramentas, podemos
redefinir, em bases contínuas, a condição desenvolvida, na etapa anterior deste trabalho,
com base nos seguintes termos:
Por analogia, essa é a relação válida tanto na hipótese de que haja equivalência
entre os custos de captação – o da dívida (Cd) e o de oportunidade do investidor de risco
(Rl*) – quanto no caso em que, havendo divergência entre eles, o da dívida (Cd) seja o
maior dos custos.
48
Cd = 0). Somente o “spread” positivo pode ser admitido quando se busca a recuperação
de um custo de capital próprio (Rl*) superior ao custo da dívida (Cd). Assim, temos, em
cenário em que o custo do capital próprio (Rl*) seja maior que o da dívida (Cd):
𝑅𝑙∗ = 𝑅𝑙 = 𝑅𝑏 = 𝐶𝑑
49
𝐴𝑚𝑡−1 ∙𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝑅𝑏𝑡 ) 𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝐶𝑑𝑡 ) − 1
>1=
𝑃𝐸𝑚𝑡−1 ∙𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝐶𝑑𝑡 ) 𝑒𝑛∙𝑙𝑛(1+𝑅𝑏𝑡 ) − 1
50
Naturalmente, expansões e contrações verificados nos graus de endividamento,
alavancagem e solvência devem estar alinhados com as normas regulatórias. Eventuais
alterações exógenas no volume da intermediação financeira não podem implicar
inobservância dos limites máximos que essas normas prescrevem para os bancos.
Por sua vez, os grupos patrimoniais do ativo (Am) e do passivo exigível (PEm), ao
seguirem trajetórias ditadas pelos resultados, distanciam-se um do outro. Operando com
retorno do ativo (Rb) superior ao custo da dívida (Cd), cresce a razão entre o ativo (Am)
e o passivo exigível (PEm), o que indica contração endógena dos graus de alavancagem
e endividamento e, consequentemente, ampliação do de solvência.
51
Mas, trata-se de falsa impressão. As razões patrimoniais experimentam mudanças
endógenas, pois os resultados, ao estarem alinhados com um custo maior que o da dívida
(Cd), induzem contrações endógenas da alavancagem e do endividamento. Nesse sentido,
é padrão de desempenho que abre espaço para a expansão do volume da intermediação
financeira, sem que dessa expansão se sacrifique a solvência e se elevem os graus de
endividamento e alavancagem.
Antes que procedamos à aplicação e ao teste das relações desenvolvidas até aqui,
resumiremo-las, por tópicos, a fim de oferecer panorama do processo de formação dos
resultados, de interação das variáveis de fluxo e estoque e das condições a serem
satisfeitas para efeito da estabilidade patrimonial.
Descrição Relações
52
Descrição Relações
53
Descrição Relações
Nosso trabalho de análise terá por foco, do geral para o particular, os elementos
de desempenho de todos os 84 bancos da amostra, dos 15 maiores bancos, adotando-se
por critério de escolha o tamanho do ativo, dos restantes 63 menoes bancos (em
contraposição aos 15 maiores), dos bancos por tipo de classificação (I, II e IV) e dos
bancos privados ou públicos, assim considerados em função do controle societário.
54
para cada grupo ou seção da amostra, os mesmos indicadores. E a cada grupo ou seção
da amostra reservaremos um anexo específico.
Uma vez mais, a qualidade e a precisão da análise foram prejudicadas pela forma
de divulgação dos dados e das informações contábeis. Verificamos as práticas, que
reputamos deletérias para efeitos do estudo de toda a temática, de apresentar montantes
por suas expressões líquidas, deduzindo-se despesas de receitas (o que prejudica o
dimensionamento da escala), e de reunir dados em contas genericamente denominadas, a
exemplo de “demais receitas” ou “outras receitas” (o que prejudica o entendimento da
composição). Além disso, verificamos que, de 1995 a 2014, houve mudanças no plano
das contas que são divulgadas, mas não se procedeu à adaptação de toda a série de dados
55
a essas mudanças, gerando descontinuidades que, embora tenhamos buscado eliminar ou
corrigir, certamente subtraíram alguma qualidade e precisão dos indicadores construídos.
A quinta tabela, por sua vez, é análoga à segunda tabela. A diferença é que, na
quinta tabela, faz-se a decomposição do custo da dívida (Cd) em seus elementos
financeiro (Cdf) e não financeiro (Cdnf), discriminando-se o peso relativo de cada um.
A sétima tabela, por seu turno, traz a decomposição do custo não financeiro da
dívida (Cdnf). São, ao todo, 5 elementos que, basicamente, constituem o custo não
financeiro. Aqui, também, verificaram-se as mesmas limitações a que fizemos alusão a
propósito da construção dos indicadores que constam da quarta tabela.
56
a. Decomposição básica da amostra
Embora seja suposição comum que a lucratividade, de uma maneira geral, esteja
indelevelmente atrelada à prática de “spreads” positivos entre os elementos de retorno
e de custo, devendo o “spread”, segundo se acredita, ser tão maior quanto mais elevada
for a lucratividade, verificamos, em etapas anteriores deste trabalho, que a aritmética dos
resultados não oferece a necessária sustentação teórica a um raciocínio dessa ordem.
Agora, de posse dos indicadores elaborados a partir dos dados dos 84 bancos da amostra,
podemos não apenas confirmar, na prática, o equívoco teórico desse raciocínio, mas,
também, constatar outros tantos fatos, igualmente desconcertantes, a propósito do que
se espera, costumeiramente, do desempenho dos bancos.
57
desempenho, a depender de elementos como o tamanho, o segmento em que operam, e a
natureza do capital societário. Significa dizer: a realidade é complexa, e o Sistema
Financeiro Nacional (SFN) é uma rede tridimensional de subsistemas, de órgãos e de
funções.
b. Os 84 bancos da amostra
Lucratividade
Rentabilidade Líquida Líquida
(média)
18,0%
58
Os “spreads” apresentaram-se negativos em sete dos 14 exercícios pesquisados.
Em apenas um desses exercícios, o de 2001, verificou-se efetivo prejuízo líquido no
conjunto amostral, haja vista o peso excessivo que o prejuízo contábil, realizado por
algumas instituições, teve no conjunto do subsistema bancário. A despeito disso,
sabemos, com fundamento nos conceitos e nas ferramentas aqui desenvolvidas, que os
“spreads” negativos, caso persistissem no tempo, delineariam trajetória de desempenho
insustentável para os bancos, precipitando-os em eventual quadro de irrefreável
expansão do endividamento e de erosão da solvência.
Lucratividade
Líquida
Rentabilidade Líquida
Financeira
Financeira Anual (média)
46,9%
Spread Retorno
Spread Alavancado Alavancado Financeiro do
Financeiro e Retorno Financeiro Ativo
Financeiro do Ativo (média)
32,8% 14,1%
Retorno Custo
Retorno Financeiro do Ativo Financeiro do Financeiro da
e Custo Financeiro da Dívida Ativo Dívida
(média)
14,1% -11,0%
59
operações ativas de crédito e arrendamento mercantil (8,3% de retorno médio ao ano) e
as com títulos e valores mobiliários (3,8% de retorno médio ao ano), ao passo que
figuraram como principais elementos do custo financeiro da dívida as operações passivas
de mercado aberto (com -6,2% de custo médio ao ano), lado às de empréstimos e
repasses (com -2,3% de custo médio ao ano) e às de provisão para créditos de liquidação
duvidosa (com -1,7% do custo médio financeiro da dívida ao ano).
60
importantes. As administrativas representaram custo de -2,2%, enquanto as com pessoal,
de -2,1%.
61
“spreads” médios de natureza financeira sejam amplos, sabemos que há muita dispersão
em torno desse valor médio. A dispersão explica-se por conta não apenas do risco
associado a certas operações ou produtos de crédito, mas, também, em função do fato de
que uma parte significativa da carteira de crédito não tem seus preços (taxas de juros)
administrados, livremente, pelos bancos. De outro lado, que fique claro: o que explica o
nível de lucratividade dos bancos, como vimos, não é o “spread” geral, pois “spread”
geral, virtualmente, não há, aí considerados tanto os elementos financeiros quanto os não
financeiros. A explicação para o nível da lucratividade está no nível do custo da dívida
(Cd). O custo da dívida determina o nível de retorno do ativo (Rb), o qual, por sua vez,
contribui para definir a rentabilidade líquida. Portanto, a lucratividade – maior ou menor
– é explicada pela escala do custo da dívida, que é muito elevada.
Além disso, veremos, mais à frente, que o crédito não é um fenômeno bancário,
embora, no Brasil, esse liame tenha sido aceito sem contestação científica. O nexo de
causalidade, efetivamente, segue o sentido oposto: os bancos, na sua acepção clássica,
é que são um fenômeno decorrente do crédito. Além do mais, o crédito não pode ser
tratado como se fosse um fenômeno de expressão ou característica única. Nada disso.
Há aspectos adjetivos e substantivos que distinguem o crédito em variadas categorias, e
não se afigura possível dispensar a essas categorias, indistintamente, o mesmo
tratamento tecnológico ou regulatório. Voltaremos a esses pontos mais à frente.
62
econômicas), II (múltiplos sem carteira comercial, de investimento e de câmbio) e IV (de
desenvolvimento). Seguindo o padrão da análise feita anteriormente, os resultados são
apresentados agregadamente e, depois, discriminados entre seus elementos financeiros
e não financeiros, no âmbito de cada segmento.
O propósito, aqui, é ressaltar que, entre os bancos, há muito mais diferenças que
semelhanças, as quais se tornam ainda mais nítidas à medida que analisamos seu
desempenho por variadas óticas, como a de segmentos de mercado. Veremos que há
diferenças palpáveis no que tange aos custos, aos resultados, ao grau de
endividamento/alavancagem e ao nível de rentabilidade líquida. Logicamente, todas as
características que distinguem os bancos, uns dos outros, estão associadas às
interferências que certos fatores, como a segmentação, produzem sobre a escala dos
negócios e a composição das operações.
Lucratividade
Rentabilidade Líquida Líquida
Anual (média)
18,7%
Grau de
Spread Seco e Grau de Spread Seco
Endividamento
Endividamento (média) 11,1
-0,1%
63
Esse nível de rentabilidade não se deveu a um amplo e positivo “spread”
alavancado geral. Ao contrário, os bancos do tipo I ostentaram “spread” geral negativo
durante o período (de -1,0%). A lucratividade obtida deveu-se, isto sim, a um custo de
dívida relativamente elevado (de -19,7%), o qual foi determinante para que o retorno do
ativo se nivelasse em 19,6% ao longo do período.
64
Por sua vez, os mais importantes custos financeiros da dívida foram estes:
operações de mercado aberto (com -7,1% ao ano); provisão para créditos de liquidação
duvidosa (com -1,8%); e empréstimos e repasses (com - 1,4% ao ano).
No que tange aos elementos não financeiros, que responderam por “spreads” seco
e alavancado, respectivamente, de -3,6% e de -39,6% ao ano, há alguns aspectos dignos
de nota. Pelo lado da receita não financeira, as tarifas figuraram como elemento de menor
peso relativo (com 0,6% ao ano). Os principais elementos de receita não financeira
ficaram por conta da prestação de serviços (com 2,3% ao ano) e de “demais receitas e
ganhos” (com 1,9% ao ano)1.
1
As demais receitas e ganhos representam o somatório de uma miríade de elementos, os quais,
isoladamente, são pouco significativos. Vale considerar, no entanto, que esses elementos, somados,
têm peso bastante importante no cômputo final dos custos não financeiros da dívida.
65
“spread” seco negativo de considerável amplitude (de -3,1%), o qual, favorecido pelo
baixo grau de endividamento que o segmento exibe (de 3,6), resultou em “spread”
alavancado negativo de -11,4%. A lucratividade líquida média, no período, combinados o
“spread” alavancado e o retorno do ativo, foi de 17,0% ao ano. Todos esses números
encontram-se discriminados no diagrama 7, logo a seguir.
Lucratividade
Rentabilidade Líquida Líquida
Anual (média)
17,0%
Grau de
Spread Seco e Grau de Spread Seco
Endividamento
Endividamento (média) 3,6
-3,1%
De acordo com os dados do diagrama 8, assim como com os das tabelas anexas
(tabelas 17 a 24, anexas), os resultados de natureza financeira são superlativos em tudo.
Níveis de retorno financeiro do ativo e de custo financeiro da dívida elevadíssimos – de
23,7% e de 17,7% ao ano, respectivamente –, lado a “spread” seco de 6,0% e alavancado
de 21,8% ao ano. Os principais elementos do retorno financeiro do ativo são dois:
operações de crédito e arrendamento mercantil, com 20,6% ao ano de rentabilidade bruta,
e operações com títulos e valores mobiliários, com 2,7% ao ano. Transações com
66
instrumentos financeiros derivativos e operações de câmbio respondem por níveis anuais
de retorno pouco significativos – da ordem de 0,4% e 0,1% ao ano, respectivamente.
Por sua vez, o custo financeiro da dívida revela aspecto digno de nota. O elevado
índice de retorno financeiro do ativo, lado à grande amplitude do “spread”, parece ter
feito eclodir o risco moral e a seleção adversa. A provisão para créditos de liquidação
duvidosa figura, durante o período analisado, como o maior componente isolado dos
custos financeiros – de 5,9% ao ano. Outros custos financeiros significativos foram as
operações de mercado aberto (com 4,6% ao ano), de arrendamento mercantil (com 4,0%
ao ano) e de empréstimos e repasses (com 3,3% ao ano).
Pelo lado da receita não financeira, verifica-se que o nível de retorno do ativo se
manteve bem alinhado com aquele que se observou no conjunto da amostra de 84 bancos:
para os bancos do tipo II, o retorno não financeiro do ativo foi de 4,7%, ao passo que, no
67
conjunto de todos os bancos da amostra, esse retorno foi de 4,6% ao ano. Os principais
elementos de retorno não financeiro foram as receitas com serviços (de 3,0% ao ano),
seguida pelas “demais receitas e ganhos” (de 0,9% ao ano) e as tarifas (de 0,8% ao ano).
No que tange aos bancos do tipo IV, consideraram-se os números das seguintes
instituições financeiras: Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Banco do
Nordeste do Brasil (BNB), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
68
(BNDES) e Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE). Os dados
relativos a essas instituições encontram-se discriminados, sinteticamente, nos diagramas
10 a 12 e, analiticamente, nas anexas tabelas 25 a 32.
Lucratividade
Rentabilidade Líquida Líquida
Anual (média) 16,2%
Grau de
Spread Seco e Grau de Spread Seco
Endividamento
Endividamento (média) 10,0
0,4%
69
públicos, mas, nem por isso, o segmento demonstrou quadro operacional inconsistente,
insustentável ou ineficiente. Por outro lado, também sabemos que os bancos do tipo IV,
se contam com recursos cativos, operam em nichos do mercado cujo risco de crédito se
afigura potencialmente maior, haja vista que destinam significativas fatias de suas
aplicações de recursos a operações de maior prazo e vulto, tanto quanto associadas ao
investimento na expansão da capacidade produtiva da economia.
70
-7,2% ao ano), operações de mercado aberto (com -0,9% ao ano) e provisão para créditos
de liquidação duvidosa (com -0,7%). E releva notar que os bancos do tipo IV, a despeito
do perfil relativamente mais arriscado de suas operações, ostentam os mais baixos custos
financeiros associados à inadimplência do crédito concedido a terceiros.
Com respeito aos elementos não financeiros de retorno, é digno de nota considerar
o fato de que as fontes de receitas parecem ser bastante diversificadas. Do retorno
financeiro total de 3,1% ao ano, cerca de 2,7% advêm de múltiplas fontes, 0,3%, de
serviços, e 0,2%, de tarifas.
71
dados relativos aos 63 menores bancos, discriminados nos subsequentes diagramas 16 a
18 e nas anexas tabelas 41 a 48.
Lucratividade
Rentabilidade Líquida Líquida
Anual (média) 18,7%
Grau de
Spread Seco e Grau de Spread Seco
Endividamento
Endividamento (média) 11,1
0,0%
72
vez menor de grandes bancos, grupos ou conglomerados, assim como a opção, que parece
ter sido feita a partir dos próprios marcos regulatórios do SFN, por arranjos tecnológico-
institucionais que privilegiem os ganhos de escala e escopo, traduzidos que seriam pela
formação de instituições gigantes e pelo advento de estabelecimentos aptos ao exercício
de múltiplas funções, como os bancos múltiplos.
73
minimamente equilibrados, o que implicou a necessidade de recuperação dos custos não
financeiros líquidos por meio, basicamente, das operações de intermediação financeira.
74
mais notável residiu na realização de amplo “spread” não financeiro negativo, de -33,6%
ao ano, em contraposição a um “spread” financeiro positivo que, embora bastante amplo
também, demonstrou-se significativamente menor (de 20,4% ao ano).
Lucratividade
Rentabilidade Líquida Líquida
Anual (média) 8,3%
Grau de
Spread Seco e Grau de Spread Seco
Endividamento
Endividamento (média) 4,3
-3,1%
75
Diagrama 17 – os 63 menores bancos da amostra – resultados financeiros
No que tange ao âmbito não financeiro, verifica-se ter havido amplos “spreads”
negativos entre retorno e custo (de -33,6%, na média do período). Certamente, isso foi
decisivo para o prejuízo líquido não financeiro registrado no período (-30,0%), assim
como para o fraco desempenho geral desse grupo de bancos. Entre os elementos não
financeiros de custo, têm especial destaque as despesas administrativas (-4,8%), as com
pessoal (-3,2%) e as tributárias (-1,5%). São elementos de custo que, nem de perto,
encontraram cobertura por parte das receitas não financeiras. O retorno não financeiro
proporcionado por tarifas e prestação de serviços alcançou, no período, a média de 2,3%
ao ano. A essas duas fontes somou-se o retorno proporcionado pelas demais receitas e
ganhos administrativos, as quais responderam por mais 1,4% de retorno não financeiro
ao ano.
Finalmente, convém assinalar que o grupo dos 63 menores bancos é integrado por
instituições de todos os tipos – I, II e IV2. As instituições financeiras do tipo II, entretanto,
estão quase que exclusivamente concentradas no grupo dos 63 menores bancos. Somente
uma única instituição do tipo II, num único exercício (2001), figura no grupo dos 15
maiores bancos. Logicamente, esse fato denota, primeiro, a grande preponderância das
2
Os bancos dos tipos I (comerciais, múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas), II (múltiplos
sem carteira comercial, de investimento e de câmbio) e IV (de desenvolvimento).
76
atividades de banco comercial, assim como das de banco múltiplo com carteira comercial,
no âmbito do SFN e, segundo, o sofrível desempenho demonstrado pelas instituições
financeiras do tipo II, as quais se dedicam ao cumprimento de funções associados ao
crédito para investimento e a transações que envolvam o câmbio de moeda estrangeira.
De uma maneira geral, o que podemos dizer a respeito desses dois grupos?
77
Primeiramente, que os grupos apresentam tangíveis diferenças de desempenho
entre si. Os bancos públicos realizam níveis de rentabilidade líquida que, na média,
superam aqueles dos bancos privados. Foram 19,6% de lucratividade média anual, para
os bancos públicos, contra 17,6%, para os privados. Os níveis de retorno do ativo (Rb) e
de custo da dívida (Cd) são menos elevados, no caso dos bancos públicos, vis-à-vis os
privados. Enquanto as instituições privadas operam com retorno e custo,
respectivamente, de 21,1% e -21,5% ao ano, as públicas, com 16,2% e -15,9%.
Naturalmente, recursos públicos cativos, de custo financeiro relativamente mais baixo,
contribuem para que a moderação seja uma das caraterísticas do “funding” e das
aplicações a cargo das instituições financeiras sob controle societário público.
78
Diagrama 19 – os bancos privados da amostra
Lucratividade
Rentabilidade Líquida Líquida
Anual (média) 17,6%
Grau de
Spread Seco e Grau de Spread Seco
Endividamento
Endividamento (média) 8,4
-0,4%
79
Diagrama 21 – os bancos privados da amostra - resultados não financeiros
Lucratividade
Rentabilidade Líquida Líquida
Anual (média) 19,6%
Grau de
Spread Seco
Spread Seco e Grau de Endividamento
Endividamento (média) 0,2%
14,7
80
Diagrama 23 – os bancos públicos da amostra – resultados financeiros
81
11.A composição de custos: lições para a segmentação do mercado
A esse propósito, veremos, mais à frente, que algumas instituições, como bancos
de investimento, ostentam desempenho não financeiro bastante distinto dos chamados
“bancos comerciais” ou “bancos múltiplos”. Esse desempenho parece denotar que as
economias de escala e de escopo, que se acreditam associadas ao tamanho dos bancos
ou à conglomeração de instituições, nem sempre rendem os frutos que delas se esperam,
ao menos no tocante à intermediação financeira.
82
(o de dívida) cujo estoque de ativos em circulação é, em si mesmo, bastante significativo,
ascendendo às dezenas de trilhões de dólares. E, como sutil particularidade, esses ativos
ou instrumentos financeiros não integram os grupos patrimoniais bancários. Deixando de
integrá-los, não pressionam os indicadores de endividamento e alavancagem dos bancos,
ficam isentos dos limites regulatórios aplicáveis às instituições financeiras, e, mais que
tudo, afigura-se evidente que ao processo de formação de seus preços – as taxas de juros
– não se incorporam os custos inerentes à estrutura de capital dos bancos, custos que, de
uma maneira geral, nem sempre dizem respeito à intermediação financeira e, de modo
particular, podem não estar associados a cada operação de crédito em si mesma.
83
carteiras e fundos, além de facilitando a reunião entre quem oferte recursos e quem os
demande.
Nesse contexto, não é necessário haver estrita sinonímia entre crédito e bancos.
Longe disso. O crédito e sua fluidez não precisam estar associados, univocamente, aos
bancos, à sua estrutura de capital, aos seus custos e à sua limitada capacidade de
endividamento e alavancagem. Em modelos distintos do nosso, os bancos participam,
decisivamente, do ciclo do crédito como intermediários financeiros, mas não estão,
necessariamente, no epicentro desse ciclo em todo e qualquer caso. Lá fora, o conceito
de intermediação financeira nem sempre ostenta o mesmo significado que adquiriu aqui.
E as opções que se fazem, diante de diferentes modelos e distintos conceitos de
intermediação, certamente implicam consequências econômicas, uma delas sendo a forma
como os custos eclodem e, depois, como são distribuídos, por intermédio do crédito, entre
as demais cadeias de valor da economia, afetando fluxos de caixa, orçamentos e níveis
de retorno de projetos e atividades produtivas.
Por isso, parece-nos correto pensar que se deva admitir a ampliação do conceito
de intermediação financeira, tendo em vista diferenciá-lo conforme a destinação do
crédito. Imaginamos que o crédito comercial - aí compreendido o financiamento do
consumo de famílias e de empresas (capital de giro) – deva favorecer-se das mais amplas
formas e dos mais profundos graus de intermediação. Mais ou menos como, hoje, ocorre.
Nesses casos, e somente neles, os bancos podem e devem compor todos os elos da cadeia
de valor da intermediação. Ao desempenharem esse papel, ficam responsáveis pela
emissão dos correspondentes instrumentos de dívida, pois não se afigura razoável supor
que os tomadores o façam, haja vista tratar-se de operações de crédito que, além de
muito frequentes, movimentam menores volumes de recursos e são realizadas por prazos
relativamente curtos. Em casos assim, os custos associados à emissão em próprio nome
84
muito superariam aqueles em que os bancos incorreriam ao assumir, eles mesmos, a
tarefa de emitir os instrumentos de dívida e de captar os recursos primariamente. Em
contrapartida, parece-nos razoável o entendimento de que crédito tomado em maiores
volumes e concedido por prazos mais longos, mediante operações realizadas com muito
menor frequência, viabilizam a emissão de instrumentos de dívida pelos próprios
tomadores. Esse seria, em princípio, o caso particular do crédito que se destinasse aos
investimentos.
85
de dívida compelirá o país a impor eficazes limites ao endividamento público, a traçar uma
real política de crédito e a remodelar as vigentes normas de regulação do Sistema
Financeiro Nacional (SFN).
86
comercializar-se igual gama de produtos e serviços por intermédio de instituições,
plantas ou processos apartados entre si.
Não obstante esses fatos, vimos que os bancos, em nossa amostra, não operam
com amplos “spreads”. O caso é outro. Na série histórica, o “spread” tende a ser nulo.
O que realmente se percebe é o elevado nível dos custos com que se defrontam os bancos,
o que os leva a exigir, em suas operações ativas, notadamente nas de crédito, níveis de
retorno de igual magnitude.
87
Da forma como hoje concebida a segmentação, o SFN e o setor bancário drenam
recursos da economia. Fazem-no por intermédio dos elevados custos que esse setor
representa para os demais agentes econômicos. São custos que se transferem às demais
cadeias de valor por intermédio, primeiro, das elevadas taxas de juros que se cobram nas
operações e, segundo, do racionamento do crédito, que se demonstra particularmente
extremo no que tange ao financiamento destinado a investimentos produtivos.
88
essa é a forma, a única forma, de compensar “vazamentos” da remuneração que os ativos
bancários poderiam proporcionar, mas que, de fato, não proporcionam, pois não são
aplicados livre e competitivamente.
O problema, portanto, torna-se duplo. Não apenas deriva dos elevados custos
com que se defrontam os bancos, que amargaram, em média, durante o período analisado
em nossa amostra, custo total de dívida de 18,69% ao ano, mas, também, resulta do
descasamento entre esse elevado nível de custo e, em contrapartida, a relativamente
baixa perspectiva de retorno proporcionada pela aplicação em variados ativos, a exemplo
daqueles representados pela massa de títulos emitidos para financiar a dívida pública e,
em seu bojo, para custear programas oficiais de crédito.
Some-se a isso o fato de que nem todos os ativos geram retorno para os bancos,
e, mesmo no caso dos ativos que o fazem, é lícito dizer que há grande dispersão no nível
de retorno que cada ativo ou grupo de ativos pode proporcionar. E o comprometimento
da alavancagem com ativos cujos níveis de retorno sejam relativamente insubsistentes, a
exemplo de títulos da dívida pública, programas oficiais de crédito ou créditos
direcionados por política públicas, acaba por impor aos demais bens e direitos, aqueles
transacionados livre e competitivamente, o ônus de gerar, sozinhos, os resultados
89
necessários à recuperação dos custos e à estabilidade patrimonial dos bancos.
Exatamente por isso, o peso da recuperação do custo da dívida, lado ao custo de
remuneração do capital de risco, recai sobre um conjunto limitado de bens e direitos e,
ao fazê-lo, agrava a dispersão dos níveis de retorno que as diferentes categorias de
ativos proporcionam, gerando absurdos incontornáveis e pouco compreendidos, como
taxas de juros ativas que chegam a atingir, em termos anuais, a casa dos três dígitos,
assim como amplos hiatos entre os juros que se pagam na captação e os que se cobram
na aplicação de recursos.
Uma vez mais, no entanto, cabe-nos relembrar que essas diferenças, amplitudes,
hiatos e demasias são mazelas internas ao patrimônio, aos resultados e às operações
bancárias. Trata-se de verdadeiro caos interno que, embora pouco evidente, nem por
isso se afigura menos central ou danoso. Seus sinais exteriores mais perceptíveis
eclodem na forma de juros ativos elevados, de custos demasiados e do cruzamento entre
os custos financeiros e os não-financeiros. Na verdade, eclodem na forma de “spreads”
financeiros que, mesmo sendo positivos, visam apenas compensar os maus resultados
(“spreads” negativos) que os bancos colhem na esfera não financeira.
Teoricamente, qualquer pessoa pode ter acesso direto ao crédito. Isso significa
dizer que qualquer pessoa pode, em tese, emitir instrumentos de dívida, como notas
promissórias ou títulos de renda fixa. Ao fazê-lo, promete pagar certo montante a
terceiro, em data futura, desse agente econômico obtendo, em troca, o adiantamento dos
recursos ou capitais necessários à antecipação de despesas ou gastos com consumo ou
investimento.
90
Embora esse esboço se trate de uma simplificação extrema do que seja o crédito
e das dificuldades a ele associadas modernamente, quase uma caricatura distante, ele nos
permite começar a entender o papel e a importância da intermediação financeira e das
instituições que a executam. Permite compreender que os intermediários financeiros
preenchem lacunas e cumprem função integradora na economia, corrigindo falhas e
eliminando deficiências que, de outro modo, impediriam a conversão da poupança, por
meio do crédito, em mais consumo e investimentos no presente. A essa função damos o
nome de transformação do crédito, e cabe ao intermediário financeiro, por excelência,
executá-la.
Potencialmente, demanda o crédito todo aquele que deseja realizar gastos com
consumo ou investimento, mas não dispõe dos meios próprios e imediatos que se fazem
necessários para tanto. Em contrapartida, é potencial ofertante de crédito quem, dispondo
dos meios no presente, adia seus gastos de consumo ou investimento. Entre uns e outros
agentes econômicos, estão os intermediários financeiros, que, teoricamente, não
demandam crédito, tampouco o ofertam. De modo muito preciso, sua função reside em
transformar o crédito disponível, alterando e suprindo as condições necessárias às
transações, como risco, custo/retorno, prazos, volumes e liquidez. Desse modo, a
intermediação cria os liames ou canais necessários entre os agentes que ofertam e os
que demandam crédito ou, sob outro ângulo, entre quem poupa, num polo, e quem
consome ou investe além da própria renda, no outro.
91
nome próprio, nesse particular confundindo-se com qualquer outro agente econômico.
Em função disso, há, em sua atuação, o que convencionamos denominar “atrito”, pois, ao
cumprirem o papel de intermediários e, ao mesmo tempo, confundirem-se com os demais
agentes econômicos, pois poupam, consomem e investem, os bancos geram renda e,
também, têm na remuneração de seu capital um custo econômico, o que traz repercussões
para o crédito. Exatamente por isso, eclodem os custos da intermediação, e esses custos
se incorporam ao crédito durante o processo de sua transformação.
Por essas razões, a eficiência foi alçada à condição de palavra de ordem no âmbito
da intermediação financeira. É sua condição de viabilidade. A ideia é aproximar a
atividade da intermediação de seu modelo ou ideal teórico, tornando-a tão suave, leve e
imperceptível quanto possível. A ideia é reduzir o atrito, na forma de custos, ao mínimo.
Por isso, a regulação dos sistemas financeiros tornou-se marco universal, pois dessa
regulação muito se espera, a exemplo da gestão dos riscos, mas, principalmente,
esperam-se a organização e o bom funcionamento de uma rede adequadamente ampla e
eficiente de intermediários, aptos a canalizar o crédito, pela economia, nas exigidas
condições de custo, prazo, volume, liquidez e retorno.
92
menor nível de atrito econômico possível. A ideia, como já dissemos, é eliminar ou
minimizar custos.
93
padece de ineficiência e de que se afigura inadequada a segmentação do sistema em que
ela, a intermediação, insere-se.
Isso significa dizer que preços e custos, a exemplo das taxas de juros de captação
e aplicação, não devem funcionar, precipuamente, como mecanismos de retenção de
recursos no interior de um sistema de intermediação financeira lento, pesado e
desconectado de seu próprio papel e das necessidades do restante da economia.
Especialmente no caso das taxas de juros praticadas nas operações ativas, não devem ter
o papel precípuo de funcionar como o mecanismo básico de recuperação de custos,
notadamente os de natureza não financeira e os fixos. Ao revés, devem ser a expressão,
tão próxima quanto possível, da livre interação entre a oferta de crédito e a demanda por
ele, de modo que os preços sinalizem, tão proximamente quanto possível, o verdadeiro
custo do financiamento e da liquidez. Para sê-lo, não podem incorporar tantos e tamanhos
elementos estranhos às próprias operações de crédito, exceto aqueles que se façam
estritamente necessários à sua viabilidade.
94
O financiamento do consumo, marcado por operações de crédito mais rápidas, de
curtíssimo e curto prazos, realizadas em volumes relativamente pequenos ou menores,
ficaria a cargo, em boa parte, de instituições como os bancos comerciais. A eles – os
bancos comerciais – caberia intermediar as operações em toda a sua extensão, o que
significaria captar os recursos primariamente, por meio da emissão de instrumentos
próprios de dívida (como depósitos a prazo ou certificados de depósito bancário - CDBs),
para, depois, transformá-los e, em seguida, emprestá-los ao tomador, no polo oposto.
Isso se aplicaria tanto a pessoas naturais, cujo motivo para demandar crédito residiria no
excesso de consumo no presente, quanto a empresas (pessoas jurídicas), cujas demandas
por crédito abrangeriam operações de capital de giro (consumo das empresas durante os
ciclos operacionais) e, em certos casos, até mesmo projetos de investimento de pequeno
vulto e de rápida maturação.
95
Nesse ponto, percebeu-se que os sistemas financeiros não poderiam prescindir
de clara distinção entre bancos e mercados. Percebeu-se que os bancos seriam
submetidos a uma cisão básica: haveria os de natureza comercial e, lado a eles, os de
investimento. Pelos mercados, por seu turno, fluiriam os capitais – de risco, de dívida e
híbridos. Bancos, mercados e demais agentes econômicos passariam a ofertar e
demandar crédito mediante alguns arranjos básicos de intermediação financeira.
96
Não. O crédito para investimento não poderia ter nos bancos de investimento os
emissores dos instrumentos de dívida. Isso significaria tanto combinar a cesta de custos
dos bancos, inclusive os não financeiros, a exemplo dos administrativos, ao custo
financeiro da dívida quanto limitar a oferta do crédito à capacidade de alavancagem do
próprio banco. Voltaremos a esse ponto logo a seguir.
97
estruturas de transformação e, assim, a diluição de seus custos fixos. Na verdade, os
mercados ofereceriam às instituições financeiras que neles operassem o gigantismo, a
escala necessária a uma operação de grande porte e de custo relativamente baixo. Os
bancos, como qualquer outra instituição financeira, aufeririam seus ganhos nas margens
(“spreads”) que obtivessem nas operações com instrumentos de dívida emitidos por
terceiros.
Naturalmente, há uma razão de ser para tudo, e a regra de ouro não constituiu
exceção a essa racionalidade. Em mercados tão livres e competitivos quanto possível,
títulos de dívida emitidos pelo setor público fatalmente representariam concorrência
irresistível para os instrumentos privados. Isso não apenas desorganizaria o acesso
privado ao crédito, mas restringiria a própria disponibilidade de recursos, encarecendo o
crédito para além do razoável, haja vista o prêmio de risco que se embutiria no custo de
oportunidade de aplicar em instrumentos privados de dívida, em lugar de fazê-lo em
instrumentos públicos. Nesse contexto, se fosse para admitir o endividamento público,
então, pelo menos, que as necessidades de financiamento do setor público estivessem
associadas, precipuamente, à realização de investimentos.
98
ações e o mercado de dívida. O de ações seria um mercado especializado em instrumentos
de capital associados ao risco do negócio, gerando, em tese, comunhão de interesses
entre o investidor e a empresa. Nesse mercado, o objeto de transação, em última análise,
seria a própria empresa ou companhia, na forma dos títulos representativos de seu capital
social ou dos meios de controle de sua administração. No mercado de dívida, por seu
turno, não. O objeto da transação seria o elemento comum, por excelência, a todo negócio
ou empreendimento numa economia moderna: obrigações ou promessas de pagamento
em dinheiro ou moeda. Obviamente, ações e promessas de pagamento seriam, na
verdade, instrumentos de capital distintos, cujas características diferenciadoras
residiriam em aspectos como exigibilidade, liquidez, risco, retorno e, até mesmo,
tratamento tributário. Em última análise, entretanto, afigurar-se-iam instrumentos de
crédito, pois a contrapartida de sua emissão e colocação em mercado seria,
inexoravelmente, o financiamento do emissor.
99
agentes seriam prolongamentos administrativos das instituições financeiras, definindo-
lhes a extensão e a profundidade da rede física ou instalações de negócios.
Havia limites para a desconcentração, haja vista que o tamanho das redes de
agências e agentes, se implicava a perspectiva de retorno, também pressupunha a eclosão
de custos. Portanto, não seria razoável que as instituições financeiras, a bem da
capilaridade do sistema financeiro de cada economia, expandissem suas redes próprias
para além do ponto em que deixassem de auferir, com a expansão, ganhos marginais.
100
transporte físico de valores entre pessoas ou localidades. Igualmente, a guarda ou
custódio de valores não será outra coisa que não dados registrados em meio eletrônico.
Nesse contexto, a tecnologia da informação não veio apenas para ficar. Também
veio para mudar sistemas financeiros e suas instituições. As mudanças, entretanto, serão
graduais, e o seu ritmo será ditado pelos mais diversos fatores, principalmente pelo
aperfeiçoamento do grau de segurança das transações eletrônicas e pela rapidez com que
se alastrem os meios eletrônicos de pagamento. Obviamente, as perspectivas de mudança
impõem o dever de revisitar temas como a segmentação e a especialização, assim como
o de rediscutir a extensão e a profundidade das normas regulatórias, redefinindo o
conceito de liberdade regulada de mercado.
101
14.Entendendo a segmentação e a especialização de nosso sistema
financeiro: a tecnologia institucional vigente
102
como entidades supervisoras, o trabalho no ramo de Moeda, Crédito, Capitais e Câmbio,
ao passo que a Susep e a Previc, respectivamente, supervisionam os ramos de Seguros
Privados e de Previdência Fechada.
103
independentemente dessas diferenças, poderem oferecer todos os serviços financeiros”
(o grifo é nosso)3.
Mais à frente, o BCB ainda assevera que “o estágio atual da organização do SFN
é consequência da mudança na legislação, do processo de ajuste às condicionantes
macroeconômicas após o Plano Real e do alinhamento à tendência mundial, caracterizada
por fusões de empresas integrantes de diversos segmentos produtivos das modernas
economias. Esse processo de adaptação foi sendo monitorado pelo Banco Central, com a
preocupação central de criar condições para maximizar os benefícios de um sistema no
qual prevalecesse um menor número de empresas maiores, porém mais eficientes e
sólidas. Assim, ao tempo em que se buscou o fortalecimento do sistema financeiro, até
então acostumado a um crônico processo inflacionário, viabilizou-se a redução das
possibilidades de desequilíbrios estruturais. Em consequência, reduziu-se o risco
sistêmico ao qual a economia estava exposta, permitindo-se a inserção das instituições
financeiras nacionais no mundo globalizado em melhores condições de competitividade”
(os grifos são nossos)4.
Quer dizer: houve, sim, ao longo dos anos, um deliberado movimento no sentido
da centralização do sistema em torno de um menor número de grandes instituições
financeiras, assim como se verificou, paralelamente, que a especialização cedeu lugar à
universalização de papéis ou funções que poderiam ser cumpridos por parte de cada
instituição financeira individualmente, em especial no âmbito bancário. Inverteu-se a
lógica da descentralização e da especialização, e o propósito aparente disso foi a
promoção de ganhos de escala e escopo e a redução do nível risco a que o modelo anterior
estaria exposto.
3
Banco Central do Brasil (BCB). Bancos Brasileiros após a Resolução 1524, de 21 de setembro de 1988.
https://www.bcb.gov.br/htms/deorf/e88-2000/texto.asp?idpai=relsfn19882000.
4
Banco Central do Brasil (BCB). Bancos Brasileiros após a Resolução 1524, de 21 de setembro de 1988.
https://www.bcb.gov.br/htms/deorf/e88-2000/texto.asp?idpai=relsfn19882000.
5
Os tipos de consolidado bancário são os seguintes: b1, que agrega banco comercial, banco múltiplo
com carteira comercial ou caixa econômica; b2, banco múltiplo sem carteira comercial ou banco de
investimento ou banco de câmbio; b3s, cooperativa de crédito singular; b3c, central e confederação de
104
Em março de 2000, contavam-se, no setor, 1.804 instituições financeiras, sendo
137 do tipo b1, 40 do tipo b2, 31 do tipo b3c, 1.223 do tipo b3s, 4 do tipo b4, 79 do tipo
n1 e 290 do tipo n2. Sozinhos, os tipos de consolidado b1 e b2 respondiam por 9,81% do
número de instituições, mas, em contrapartida, por 87,2% do total de ativos e 76,1% do
lucro líquido do setor. As cooperativas singulares de crédito (tipo b3s), por seu turno,
embora representassem 67,8% do número de instituições, movimentavam 0,5% dos ativos
e 1,34% dos lucros setoriais.
cooperativas de crédito; b4, banco de desenvolvimento; n1, não bancário de crédito; n2, não bancário
de mercado de capitais; n4, instituições de pagamento.
Os segmentos são os seguintes: s1, composto por bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos de
investimento, bancos de câmbio e caixas econômicas, com porte igual ou superior a 10% do Produto
Interno Bruto (PIB) e atividade internacional relevante, independentemente do porte; s2, bancos
comerciais, bancos de investimento, bancos de câmbio e caixas econômicas, com porte igual ou superior
a 1% e inferior a 10% do (PIB), assim como demais instituições com porte superior a 1% do PIB; s3,
instituições com porte superior entre 0,1% e 1% do PIB; s4, instituições com porte inferior a 0,1% do PIB.
Os tipos de controle são estes: 1, público; 2, privado nacional; 3, privado com controle estrangeiro.
105
perfazem o consolidado bancário do tipo b1 – bancos comerciais, bancos múltiplos com
carteira comercial e caixas econômicas. Vejamos.
6
Dados do Banco Central do Brasil (BCB). Séries temporais.
106
As operações de crédito, basicamente, são discriminadas entre aquelas com
recursos livres e as com recursos direcionados. As com recursos livres abrangem o
crédito transacionado discricionariamente pelas instituições financeiras. Trata-se de
crédito cuja concessão ocorre em caráter competitivo e mediante relação de caráter
inteiramente negocial entre o tomador e o intermediário financeiro. Em contrapartida,
nas operações com recursos direcionados, uma ou mais condições associadas à concessão
do crédito encontram-se previstas na legislação, vinculando as partes à sua observância,
especialmente as instituições financeiras. Esses são os casos, por exemplo, do crédito
imobiliário, do agrícola e do consignado em folha de pagamento, assim como daquele em
que os recursos provêm de fontes oficiais, a exemplo dos recursos oriundos do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As normas vinculantes são
dos mais variados tipos, implicando condições como tetos ou limites aplicáveis às taxas
de juros, volumes e a prazos, objetos da aplicação dos recursos tomados a crédito,
características do tomador do crédito, como renda, receita, patrimônio, ocupação
profissional ou ramo de atividade, e origem dos recursos a serem emprestados.
O crédito com recursos livres perfaz operações cujo saldo, em junho de 2018,
ascende a 24,5% do PIB, enquanto as com recursos direcionados, a 22,2%, totalizando
créditos, ambas as categorias consideradas, da ordem de 46,8% do PIB. A intensa
participação do crédito direcionado denota a importante regulação que prevalece no SFN,
especialmente no tocante ao crédito e sua intermediação. Denota, igualmente, a
ponderabilíssima participação do BNDES e de outras instituições financeiras, como os
bancos públicos federais (Caixa Econômica Federal – CEF e Banco do Brasil – BB) e os
estaduais de desenvolvimento, na canalização direta e indireta do crédito pela economia
brasileira, assim como a relevância de determinadas carteiras de crédito, a exemplo da
imobiliária e da agrícola. Naturalmente, há custos e benefícios associados a esse grau de
envolvimento, sendo digno de nota que os benefícios tendem a ser apropriados, em parte
significativa, pelos tomadores do crédito direcionado, enquanto os custos, parece-nos
lícito assim deduzir, escorrem para as demais operações do Sistema, particularmente para
as de crédito livre, onerando-as como forma de compensação pelo custo de oportunidade
da aplicação de recursos em operações de crédito direcionado, teoricamente menos
rentáveis ou pouco desejáveis como alternativa de aplicação de recursos.
Não nos esqueçamos que os bancos se sujeitam como que a uma fronteira de
produção, na forma de limites de alavancagem que pairam sobre o seu patrimônio. Esses
limites estão associados ao nível de risco, ao tamanho e à diversificação de suas carteiras
107
de aplicações, especialmente em crédito. Por essa razão, os bancos, para recuperar os
custos de sua estrutura de capital, confrontam-se com a imperiosidade de realizar os
níveis minimamente requeridos de retorno do ativo e de rentabilidade patrimonial líquida.
Fazem-no premidos pela contingência de um volume limitado de operações ativas, volume
esse determinado pelo grau máximo de alavancagem a que estão sujeitos.
Os recursos livres são destinados tanto às pessoas jurídicas quanto às físicas. São
11,3% do PIB em recursos livres tomados por pessoas jurídicas, e 13,2%, por pessoas
físicas.
As pessoas jurídicas tomam recursos livres por conta de uma variedade de razões.
As modalidades de operações de crédito mais relevantes incluem: o desconto de
duplicatas e cheques, a antecipação de faturas de cartão, o capital de giro, a conta
garantida, o cheque especial, o cartão de crédito, o adiantamento sobre contrato de
câmbio e o financiamento do comércio exterior (importações e exportações). As mais
importantes modalidades, em volume de operações, são o financiamento do capital de giro
(4,3% do PIB), o financiamento do comércio exterior (1,7% do PIB) e o cheque especial
(1,5% do PIB). Nenhuma dessas modalidades, em princípio, implica financiamento direto
dos investimentos de agentes econômicos, sendo digno de nota o grande peso das
operações de capital de giro no elenco de negócios. O perfil dos negócios, portanto, tem
natureza sumamente comercial.
No que tange às pessoas físicas, os recursos livres são tomados, a crédito, nas
seguintes principais modalidades: o cheque especial, o crédito pessoal consignado e não
consignado, o financiamento da aquisição de veículos e bens, o cartão de crédito, o
arrendamento mercantil, a composição de dívidas e o desconto de cheques. As
modalidades mais importantes são o cartão de crédito (3,0% do PIB), o financiamento da
aquisição de veículos (2,4% do PIB), o crédito pessoal consignado para servidores
públicos (2,7% do PIB) e beneficiários do INSS (1,8% do PIB) e o crédito não consignado
(1,6% do PIB).
108
mais das vezes, afigura-se oneroso sob o ponto de vista do tomador dos recursos. Além
disso, constata-se o elevado peso do financiamento de uma única categoria de bens de
consumo duráveis – a de veículos automotores –, o que denota a concentração de negócios
num mesmo nicho da economia, o que concorre para aumentar o risco sistêmico.
Além desses dados, o BCB ainda publica o Índice de Custo do Crédito (ICC).
Trata-se de indicador diverso daquele que se consubstancia nas taxas de juros das
operações e que, nas palavras da própria instituição, “representa o custo médio das
operações de crédito que integram a carteira de empréstimos, financiamentos e
arrendamento mercantil das instituições financeiras integrantes” do SFN. O ICC é
apurado para os polos da captação e da aplicação de recursos, sendo, além disso,
discriminado com base tanto na natureza jurídica das pessoas (físicas e jurídicas) quanto
no grau de discricionariedade das transações (recursos livres e direcionados).
109
No polo da captação, o ICC calculado é de 7,0% ao ano. A captação, junto a
pessoas jurídicas, ocorre ao custo de 7,1% ao ano para o SFN, ao passo que, junto a
pessoas físicas, a 6,9% ao ano.
110
para as operações de cheque especial, com 304,9% ao ano, e mínimo para as com crédito
consignado em folha para servidores públicos, com 25,1% ao ano. Como modalidades
específicas dignas de menção, apontamos o ICC associado à aquisição de veículos, com
23,6% ao ano, e o cartão de crédito rotativo, com 291,9% ao ano.
111
valores, gozam de autonomia financeira, patrimonial e administrativa, sendo fiscalizadas,
igualmente, pela CVM.
Como vimos até aqui, a babel de custos em que se transformou o SFN, com a
incorporação de múltiplos produtos e serviços financeiros, a universalização de funções,
a concentração e a centralização, acabou por introduzir no preço do crédito – os juros de
captação e aplicação – elementos financeiros e não financeiros absolutamente estranhos
ao crédito propriamente dito, inviabilizando-o como meio de financiamento das atividades
produtivas. Nesse particular, verificamos, a partir do perfil das operações de crédito no
âmbito do SFN, que os recursos são escassos e demasiadamente onerosos, assim como
que o crédito destinado ao financiamento de investimentos resume-se, praticamente, a
operações com recursos direcionados, a maior parte das quais oriunda do BNDES e dos
bancos de desenvolvimento.
Veremos, antes das conclusões deste trabalho, que a solução para o quebra-
cabeças do crédito passa, necessariamente, pela estruturação de um mercado de dívida
no Brasil, assim como pela reconfiguração do atual modelo de segmentação do SFN.
Podemos adiantar, nesse tocante, que um mercado de dívida propiciará tanto a
convergência das taxas de juros de captação e aplicação, implicando melhor remuneração
para quem oferta crédito, assim como preços mais moderados para quem o demanda,
quanto a elevação do grau de alavancagem da economia como um todo, expandindo o
crédito e libertando a atividade econômica das limitações e dos riscos inerentes ao
subsistema bancário.
112
veremos que um mercado de dívida pressupõe ressuscitar a figura do banco de
investimento em sua configuração clássica e, portanto, reestabelecer importantes elos,
no âmbito dos mercados de capitais, entre, de um lado, o próprio mercado de dívida e, do
outro, os mercados de ações, de mercadorias e futuros. Na criação desses elos, os bancos
de investimento, lado ao BNDES e aos bancos de desenvolvimento, deverão desempenhar
papel de grande relevo, pois encontrarão, no mercado de ações, importante fonte de seu
capital de risco, assim como também terão, no mercado de futuros, o destino certo para
a negociação de parte dos instrumentos derivativos que emitirão a partir de transações
iniciadas no mercado de dívida.
a. Considerações iniciais
b. Os instrumentos de dívida
113
Embora assim seja, o que se busca, na medida do possível, é manter certa uniformidade
entre essas características, de modo que, havendo semelhanças suficientes, os
instrumentos se possam beneficiar de alguma fungibilidade em operações que envolvam
distintos agentes econômicos, mercados e países. De um modo ou de outro, os
instrumentos, em geral, tomam a forma títulos de renda fixa, a exemplo das notas
promissórias, dos papéis comerciais (“commercial papers”), das debêntures (um
instrumento híbrido de capital de risco e de dívida), dos títulos da dívida pública e, no
âmbito da atividade bancária, dos próprios certificados de depósito a prazo 7.
7
Muito interessante notar, em relação aos certificados de depósito bancário, que a sua emissão, no
Brasil, constitui transação como que confinada às relações que cada banco mantém com sua clientela.
Essa característica restritiva, ao que as evidências indicam, parece resultar do fato de que inexiste um
mercado organizado de dívida no país. Nesse contexto, toda e qualquer instituição financeira, a fim de
captar recursos de terceiros, está na contingência de dispor de uma grande base própria de clientes,
assim como na de criar e administrar ampla gama de produtos e serviços financeiros a serem ofertados
a esses clientes, a exemplo de fundos de renda fixa, os quais são lastreados, via de regra, por
certificados de emissão própria, assim como por títulos da dívida pública. Certificados de depósito,
emitidos por bancos, lado aos títulos da dívida pública, como que resumem, em volume, os
instrumentos de dívida em circulação no país.
Não admira, nesse sentido, que pareça haver forte correlação entre o tamanho dos bancos, medido, por
exemplo, pelo volume de operações de crédito, de ativos ou de receitas, e a multiplicidade de produtos
e serviços que oferecem. Salvo melhor juízo, essa parece ser a correlação que deriva da inexistência de
um mercado de dívida. Escala e escopo buscam reunir, numa única instituição ou num mesmo
conglomerado, perfis operacionais tão díspares quanto, por exemplo, os de banco comercial, de banco
de investimento, de instituição financeira de arrendamento mercantil e de seguradora. Cada banco,
instituição financeira ou conglomerado procura suprir a inexistência de um mercado de dívida ao
mimetizá-lo a partir da criação de uma ampla base própria de clientes.
114
As notas promissórias, por sua vez, têm características um pouco distintas. Não
obstante sejam captações igualmente privadas, implicam operações de crédito por prazos
mais longos que aqueles dos “commercial papers”. Em geral, as notas maturam em prazo
superior a um ano, e os instrumentos correspondentes podem ser emitidos na condição
tanto de evento isolado (“one-off basis”) quanto de acordo com uma programação de
emissões predeterminadas, a exemplo do que ocorre com os papéis de prazo mais curto.
Esses papéis, em princípio, não são emitidos com base na utilização de cláusulas
uniformes. Não obstante haja algumas condições comuns a todas as emissões, as regras
aplicáveis às notas promissórias notabilizam-se, em geral, por certa exclusividade, por
maior rigor e por mais detalhamento, em especial quando se as comparam com aquelas
dos “commercial papers”. Em função de características mais críticas de prazo, risco,
retorno e volume das operações, essas regras, em geral, descem a detalhes como as
condições de emissão e colocação dos papéis em mercado primário, de negociação e
renegociação em mercado secundário, de periodicidade do pagamento de juros e de
resgate dos papéis.
As debêntures, por seu turno, são uma forma especial de título de renda fixa.
Forma especial porque são emitidas, em geral, no mercado de ações, não no de dívida,
porque são preteridas, pelos demais instrumentos de dívida, no concurso entre credores
e porque, como regra, não admitem a constituição de garantias, pelo emissor ou devedor,
em favor do credor.
115
não há, no país, um mercado estruturado de dívida, mas, tão-somente, o de ações. Por
isso, a emissão das debêntures está restrita às sociedades por ações (as companhias), e
as debêntures podem assegurar ao seu titular a percepção de juros, fixos ou variáveis, a
participação no lucro da companhia e o prêmio de reembolso. Além disso, a debênture
pode ser conversível em ações, segundo as condições constantes da escritura de emissão
(o que as torna, nesse caso, um instrumento híbrido de capital de risco e de dívida), e,
diversamente do que ocorre noutras partes do mundo, oferecer, conforme dispuser a
escritura de emissão, garantia real ou garantia flutuante ao credor, não gozar de
preferência ou ser subordinada às dívidas para com os demais credores da companhia.
Caso a garantia seja flutuante, assegura-se à debênture privilégio geral sobre o ativo da
companhia, em detrimento dos demais credores, o que não impede, entretanto, a
negociação de bens que componham o ativo do emissor.
8
Anteriormente, neste trabalho, tivemos a oportunidade de tecer alguns comentários a respeito da
dívida pública, assim como do efeito que ela exerce sobre a disponibilidade do crédito. Esses
comentários podem ser encontrados nas páginas 68 e 69.
116
plataforma em que se realizam vendas ao público, normalmente pessoas físicas, na
modalidade P2P (peer to peer).
Nesse particular, recordemos que os bancos, de uma maneira geral, operam com
“spreads” gerais alavancados muito próximos de zero. Embora assim seja, o quadro é
devastadoramente diverso quando se apartam, desses “spreads” gerais, os elementos
9
A Cetip é empresa privada integradora do mercado financeiro (acrônimo para Central de Custódia e
Liquidação Financeira de Títulos). É companhia de capital aberto, desde 2009, que oferece serviços de
registro, central depositária, negociação e liquidação de ativos e títulos.
10
As instituições financeiras – os bancos de investimento, em especial – assumem e passam a executar
outras funções, notadamente: a coordenação de emissões de instrumentos de dívida; a elaboração de
projetos de engenharia financeira de operações; a emissão de instrumentos financeiros derivativos
(derivados dos instrumentos de dívida); a coordenação de operações de “hedge” e “swaps”; a criação de
fundos e sociedades de propósito específico em função das emissões de instrumentos de dívida; a
emissão própria de instrumentos de dívida; a realização de operações de mercado aberto e com títulos
e valores mobiliários diversos.
117
financeiros dos não financeiros. Os “spreads” formados por elementos exclusivamente
financeiros – retornos e custos da intermediação financeira – são positivos e muito
amplos. Amplos e positivos para que se permita, quase que estritamente, a recuperação
dos custos não financeiros da dívida, custos esses que não encontram a devida cobertura
nas fontes de receita da mesma natureza (não financeiras). Os bancos, convém relembrar
igualmente, operam com “spreads” não financeiros negativos e de significativa amplitude.
Arriscamos dizer que esse padrão de desempenho talvez seja decorrência do fato
de que as instituições financeiras, quase que em regra, abandonaram a especialização,
tornando-se generalistas responsáveis pela execução de variadíssimas funções, muitas
das quais dissociadas do crédito e de sua negociação. Por isso mesmo, a universalização
pode ter funcionado sob certos aspectos, como no de viabilizar a existência de bancos
comerciais grandes e modernos, com uma vasta rede capilarizada de agências, ou como
no de permitir a criação de um bem azeitado sistema de pagamentos. Não parece ter
funcionado, entretanto, no tocante a uma série de outros aspectos. E o nível das taxas
de juros praticadas, historicamente, não nos contradiz a esse respeito.
118
taxas de juros praticadas, ao serem impregnadas por tantos e tamanhos elementos de
custo, acabam-se revelando incompatíveis com as taxas internas de retorno da maior
parte dos investimentos em atividades produtivas. Se sobrar algum investimento a
financiar, sobram apenas as opções que representam maiores níveis de risco, o que
implica associar às carteiras de crédito as chagas do risco moral e da seleção adversa.
Nesse contexto, o custo financeiro do capital pode ter impedido que empresas e
negócios encontrassem no crédito a opção para terceirizar, sistematicamente, o
atendimento de suas necessidades de financiamento. De certo modo, é correto pensar
que esse custo, em desdobramento, como que tem impedido a economia brasileira de
viver plenamente ciclos financeiros macroeconômicos, além de condenar o sistema de
crédito do país a um modelo que retarda o desenvolvimento econômico, que implica a má
alocação da poupança por intermédio dos meios de pagamento e que concentra renda pela
via de seu próprio mecanismo de preços – as taxas de juros.
119
capilarizada rede de agências e postos, a opção mais viável para captar o crédito e fazê-
lo fluir pela economia. De que outra forma, principalmente antes do advento das recentes
soluções de tecnologia da informação, poderia o sistema financeiro, no Brasil, arrebanhar
crédito sistematicamente e mediar as relações entre seus ofertantes e demandantes?
A esse respeito, vimos que a regra de ouro institui limite e condição aplicáveis à
absorção do crédito pelo setor público. Limita as necessidades de financiamento dos
governos ao montante das despesas de capital consignadas nas leis anuais de orçamento.
Ao fazê-lo, estabelece a condição de que não se possa destinar crédito ao atendimento
de despesas públicas correntes, exatamente as despesas associadas à manutenção e ao
funcionamento da máquina pública11.
Embora assim seja, observamos dois aspectos significativos no que tange ao perfil
das operações de crédito no país. Por um lado, constatamos que empresas e negócios
11
A regra de ouro constitui mandamento constitucional no Brasil, aplicando-se, indistintamente, à
União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios. Encontra-se prevista no inciso III do art. 167 da
Constituição Federal.
120
não preponderam como tomadores do crédito disponível. As operações com pessoas
físicas são tão ou mais volumosas que aquelas com pessoas jurídicas, denotando que parte
expressiva do crédito se destina ao atendimento de necessidades de consumo ou de
capital de giro de empreendimentos individuais. Por outro lado, também confirmamos que
o crédito para investimento, em boa medida, somente se assegura, primeiro, mediante o
direcionamento estatutário dos recursos e, segundo, por força da participação de
instituições financeiras oficiais, a exemplo dos BNDES e dos bancos regionais e estaduais
de desenvolvimento. Não fossem o advento do crédito direcionado, a estruturação de
linhas oficiais de crédito e a participação de bancos públicos no negócio, o consumo e as
pessoas físicas certamente teriam peso ainda maior no saldo das operações de crédito
realizadas.
Ainda assim, é lícito contestar boa parte do arranjo tecnológico que se adotou para
assegurar o direcionamento do crédito para certas atividades econômicas ou para os
investimentos, tanto quanto para viabilizar o modelo de negócios de instituições como o
BNDES e os bancos de desenvolvimento. Num e noutro casos, verificam-se chagas as
mais variadas, a exemplo de “funding” (captação) amplamente dependente de recursos
públicos, lado a políticas de preços (taxas de juros) que, estatutariamente estabelecidas,
não raro implicam subvencionar, às vezes inexplicavelmente, certos ramos da atividade
econômica.
De um modo ou de outro, o modelo não tem rendido os frutos que dele se esperam.
A participação do setor público nas operações é complexa e opaca, o crédito é, em média,
extremamente oneroso, o perfil das operações afigura-se qualitativamente discutível, e
todo o sistema pressupõe intenso e contínuo processo de redistribuição de renda no
interior da economia do país.
121
Some-se a isso o fato de que se abrem maiores, melhores e mais diversificadas
oportunidades de investimento. Isso ocorre, de um lado, em benefício de quem ostenta
necessidades de financiamento a serem satisfeitas, necessidades essas materializadas na
forma de projetos de investimento com satisfatórios indicadores de risco, retorno e
liquidez. O crédito a preços moderados viabiliza, em geral, negócios com níveis de
retorno mais “comportados” e, portanto, também com menores níveis de risco. De outro
lado, para quem disponha de recursos a emprestar, multiplicam-se as oportunidades de
aplicação desses recursos, o que permite amplas avaliações de custo de oportunidade,
assim como se tornam mais promissoras, de uma maneira geral, as perspectivas de
retorno das aplicações.
122
negociação entre credores e devedores, a cobrança do crédito e a execução do devedor,
assim como que permita que as atenções do mercado também se voltem a aspectos
qualitativos dos negócios, como a distribuição de recursos entre projetos, empresas,
nichos de mercado, ramos de atividade ou setores da economia. Em suma, o mercado de
dívida oferece aos meios de pagamento as vantagens associadas à diversidade de
emissores, mediante mecanismos como cláusulas padronizadas de emissão, dando-lhes
maior estabilidade e melhores condições de transação, pois colocados em mercado por
meio de processos decisórios mais transparentes, amplos, seguros e universalizados.
16.Considerações finais
123
aplicação, primeiro, não têm funcionado exatamente da forma como se imagina
comumente e, segundo, não estão na raiz das elevadas taxas de juros que se praticam no
país. Há outras explicações para esse fenômeno.
Finalmente, não há como negar que o SFN e as instituições que o integram, nos
marcos de sua vigente tecnologia de organização e funcionamento, hoje constituem dois
gigantescos desafios para o país. Um desafio tem matiz econômico: o Brasil trabalha à
mingua de crédito, e o pouco crédito de que desfruta é de péssima qualidade. Não há
como percorrer ciclos econômicos com êxito, notadamente o financeiro, sem que haja um
mínimo de convergência à normalidade no âmbito da intermediação financeira. O outro
desafio, matiz técnico: é imperioso que se aprofunde o nível de conhecimento sobre
crédito e as instituições que o transacionam, pois se trata de temática importante, cujo
alcance e significado já se medem pelo fato de que a própria moeda é, na verdade, crédito
por excelência.
a. O requerimento de rentabilidade
124
dos capitais bancários. Significa dizer que os bancos operam com requerimento de
mínima rentabilidade líquida. Esse nível mínimo lhes é necessário para que alcancem um
padrão de desempenho em que seus graus de alavancagem e de endividamento
mantenham trajetória estável e lhes assegurem condições de solvência e liquidez
permanentemente sustentáveis.
125
Embora não tenhamos desenvolvido essa específica linha de raciocínio ao longo
do trabalho, pois fazê-lo demandaria abrir um novo e amplo leque de digressões teóricas,
as quais fugiriam ao nosso escopo original, desconfiávamos que essa seria uma hipótese
plausível e, até certo ponto, verificável. Na verdade, o desenvolvimento da ideia de um
“minimax” poderia ser muito bem fundamentado pela construção teórica, já concluída, no
sentido de que o crédito se submeteria a racionamento. Expliquemos: submetido o
crédito a racionamento, as taxas de juros não funcionariam, em toda a extensão do plano
formado pelas retas da oferta de crédito e da demanda por ele, como um mecanismo de
preço que pudesse conduzir ao equilíbrio as quantidades demandada e ofertada em
mercado. Trata-se de hipótese baseada na premissa de que as taxas de juros, como
mecanismo de preço, afetariam a natureza das transações de crédito, a exemplo do que
acontece quando, majoradas, fazem eclodir problemas como a seleção adversa, assim
elevando os riscos associados às operações e expandindo as perdas decorrentes de
créditos em curso de liquidação duvidosa.
Nesse contexto, nem toda a demanda por crédito poderia ser satisfeita apenas
manejando as taxas de juros, ainda que os agentes econômicos que o demandassem
estivessem dispostos a pagar juros tão mais elevados quanto fossem cobrados pelos
bancos para conceder-lhes, aos agentes econômicos, o crédito adicional demandado. O
crédito, simplesmente, ser-lhes-ia negado, configurando o que se convenciona
denominar “racionamento” e, portanto, afastando as adversidades inerentes a chagas
como o risco moral e a seleção adversa, que piorariam a qualidade das carteiras de
crédito12.
Exatamente por isso, assim como pelo fato de que as taxas de juros praticadas
pelos bancos brasileiros já são, em si mesmas, muitíssimo elevadas, esperávamos ver
confirmada nossa tese explícita – de que os bancos não operariam, em regra, com
rentabilidade inferior ao requerimento de mínima lucratividade –, tanto quanto nossa
desconfiança – de que o requerimento de mínima rentabilidade, em função da hipótese de
racionamento do crédito, também cumpriria o papel de referente teórico de máxima
rentabilidade racionalmente admissível. Isso significa dizer que, na prática, nossa
expectativa era de que os bancos tivessem no requerimento de rentabilidade líquida o
centro de referência para o seu desempenho, de forma que seus lucros e demais
elementos de resultado orbitassem esse requerimento, sem que dele se afastassem
12
Sobre o assunto, vale a leitura do “paper” Credit Rationing in Markets with Imperfect Information, de
Joseph E. Stiglitz e Andrew Weiss, publicado na revista The American Economic Review, volume 71,
número 3, em janeiro de 1981, às páginas 393 a 410.
126
dramática ou significativamente. Não se afastariam, para menos, a fim de evitar uma
estrutura de capital instável e, para mais, de modo a assegurar carteiras de ativos livres
Limite superior
- risco moral e
seleção adversa
Lilmite
inferior -
estabilidade
da estrutura
de capital
Nível de rentabilidade
requerido -
sustentabilidade
estrutural do capital e
racionamento do
crédito
Mas, não apenas isso. Perderíamos de vista um fato que jamais pode ser
negligenciado: de que os bancos, comumente, adotam política de crédito, visando
assegurar a qualidade de suas carteiras, e estendem crédito a seus clientes ou público-
alvo nos estritos limites das linhas de crédito previamente aprovadas. Quer dizer: a
demanda por crédito que chega aos bancos é atendida, em geral, por meio de controles
quantitativos (fixação de linhas de crédito), controles esses baseados numa apreciação
qualitativa do potencial tomador do crédito, de seus projetos, do mercado em que opera
e do restante da economia. As linhas de crédito já configuram, em si, a prática do
127
racionamento, pois a quantidade de crédito que os bancos se propõem a estender a
terceiros não está correlacionada com a variação no preço que se paga pelo crédito, mas,
sim, limitada pelos montantes que representam as linhas de crédito previamente
determinadas.
128
sido, à época, a rentabilidade líquida esperada de um banco, levando-se em consideração
a expectativa de retorno dos investidores de risco. Observe-se que o nível médio de
rentabilidade líquida dos bancos do tipo IV se demonstrou-se bem próximo daqueles
níveis de rentabilidade praticados pelos bancos maiores e de desempenho estável. No
segundo caso, dos menores bancos, os excessivos níveis de retorno financeiro do ativo,
denotando a prática de taxas de juros elevadas, gerou inéditos níveis de créditos em curso
de liquidação duvidosa, o que não apenas anulou a elevação excessiva dos juros ativos,
mas, também, contribuiu para que o “spread” geral fosse negativo, reduzindo a
lucratividade desse grupo de bancos a níveis muito inferiores aos dos demais grupos ou
segmentos de bancos. Seus resultados se demonstram hipossuficientes, razão pela qual
são insustentáveis se persistirem no tempo.
129
próxima do que se imagina ser a expectativa de remuneração dos capitais
de risco; (2) pouco inferior à rentabilidade líquida média do grupo de
bancos mais rentáveis, cuja rentabilidade parece estar ajustada ao custo
da dívida, que supomos ser superior ao custo de oportunidade do
investidor de risco; (3) plenamente compatível com sustentabilidade das
operações ao longo do tempo.
b. Os riscos
130
Não. Os bancos não operam assim. Podem até decidir a quem não emprestar e,
mesmo quando emprestam, limitar o “quantum” do crédito extensível a cada cliente,
operação ou projeto. Entretanto, não parecem estar na posição de escolher o agente
econômico a quem emprestarão: isso é muito importante. Em geral, está no poder do
cliente escolher de que banco o crédito será tomado, e a decisão, normalmente, implica
que o cliente escolha entre as melhores condições oferecidas pelos bancos, como prazo,
volume e taxa de juros. A cada banco resta, tão-somente, ater-se aos limites da linha
de crédito pré-aprovada, abstendo-se de extrapolar esse limite e, portanto, praticando o
efetivo racionamento do crédito que se disponha a estender a cada agente econômico,
individualmente. As condições do crédito, principalmente as taxas de juros, são fixadas
de modo a evitar que a operação ou o cliente seja “capturado” pela instituição financeira
concorrente.
Assim sendo, parece-nos que os níveis de risco, uma vez aquilatados e aceitos,
influenciam o comportamento dos bancos no que tange ao “quantum” ou volume da
operação, não, necessariamente, no tocante ao preço que poderão cobrar para realizar
determinada operação com este ou aquele cliente, individualmente. Nesse contexto, o
preço (taxas de juros) não parece ter por referência a realização do maior resultado
possível em cada operação ou a imposição de juros mais elevados a quem represente o
maior nível de risco. Não. O preço (taxa de juros) parece ser fixado com o intuito de
trazer a operação para o banco, evitando que seja “fechada” por concorrente, lado ao
propósito de recuperar custos e de gerar resultados compatíveis com uma estrutura de
capital estável. Mas, isso não esgota todas as facetas do tema. Continuemos.
131
escolher um entre vários emissores, decidindo com base em inúmeras variáveis, como as
condições de volume, risco, liquidez e, naturalmente, retorno. Todas essas condições
variariam, umas em função das outras, assim como entre distintos emissores de
instrumentos de dívida, de modo que ficaria na discrição do comprador dos instrumentos
decidir de quem comprá-los.
Quer dizer: assimetrias de informação à parte, tudo leva a crer que, em sistemas
onde o crédito tem origem nos bancos, o tomador realiza leilão de preços (taxas de juros),
entre os bancos, para um dado volume de crédito pretendido, observados os limites que
o sistema bancário aplica ao volume de recursos que lhe seria passível de empréstimo.
Ao revés, em sistemas em que o crédito se transaciona em mercado, cabe a quem compra
o instrumento de dívida e concede o crédito – a instituição financeira, o investidor
institucional, o empreendimento não financeiro ou a pessoa física – decidir a quem e em
que condições emprestar, principalmente em função de variáveis como as perspectivas
de remuneração (taxas de juros) de cada operação. Mas, avante.
Convém notar, entretanto, que a política de crédito não é uniforme entre bancos.
Os bancos, como qualquer empreendimento ou pessoa, exibem, individualmente, os mais
variados níveis de aversão ao risco, assim como desenvolvem suas atividades sob
distintas orientações estratégicas, táticas e operacionais. Exploremos alguns motivos
para que seja assim.
Idiossincraticamente, os bancos são diferentes entre si. Uns são grandes, alguns
têm porte médio, muitos ostentam menor volume de ativos ou de operações. Os bancos
operam com custos distintos entre si, às vezes muito distintos, assim como apresentam
perfis de retorno igualmente divergentes. Há bancos que trabalham com grande número
de agências e com elevado contingente de empregados, especializando-se, por exemplo,
em crédito comercial, assim como há instituições que concentram suas atividades em
número menor de negócios, em nichos específicos de mercado, buscando compensar a
pequena escala por meio de uma composição mais selecionada e lucrativa de operações.
Portanto, não há como enxergar, no mundo real, a figura monolítica de banco que foi
sedimentada no imaginário popular. Não há como aplicar aos bancos um único modelo ou
descrição e, diante de eventuais problemas ou dificuldades, um diagnóstico igualmente
único e um mesmo conjunto de soluções.
132
risco já se materializa, ao contrário do que se possa imaginar, por meio da formulação das
próprias políticas bancárias de crédito. Numa economia em que prevalece o crédito de
origem bancária, como a nossa, o diferencial de custos, entre bancos, exige que as
instituições menos competitivas, normalmente as de menor porte, conforme vimos,
operem à margem das melhores oportunidades de mercado. E a razão, para isso, é bem
simples: os produtos de crédito dos bancos menores, menos eficientes sob o ponto de
vista dos custos, são inapelavelmente mais caros, mais onerosos, e, portanto, menos
competitivos. Exatamente por isso, essas instituições financeiras estão na contingência
de formular políticas de crédito que lhes permitam atuar naquelas faixas de mercado
repudiadas pelos bancos mais eficientes. De atuar naquelas faixas em que se concede
crédito não apenas a taxas mais elevadas e em volume superior àquele que os riscos
aconselhariam, mas, também, a agentes econômicos ou a projetos que, em geral, são
selecionados de modo adverso exatamente porque representam níveis de risco
inaceitáveis do ponto de vista de bancos mais competitivos.
Diante disso, não nos parece crível supor que os menores bancos possam
mimetizar os de grande porte, reproduzindo suas políticas de crédito, estruturas de
capital, custos, retornos, “spreads”, rentabilidade líquida e perfis de negócios. Nem de
longe, isso seria possível. E, de fato, constatamos, em nossa amostra, que isso não
acontece concretamente. Os números exibidos pelos bancos evidenciam desníveis no
desempenho em desfavor de alguns grupos ou segmentos, notadamente em desfavor dos
bancos de menor porte.
133
consequências adversas, independentemente do sucesso ou do insucesso das operações
de crédito, em si, ou das políticas que as fundamentam.
Da parte dos demais bancos, constatamos que todos, quase que em regra, praticam
taxas de juros elevadas, operam com “spreads” financeiros positivos e amplos e, em
geral, incorrem em custos enormes. Os “spreads” gerais, combinando elementos
financeiros e não financeiros, são nulos, mas isso nada de bom tem garantido, uma vez
que os custos elevados, por si mesmos, já se encarregam de lançar as taxas de juros a
níveis escorchantes. Além disso, verificamos que os índices de retorno financeiro do
ativo, como medida de tendência central que se aproximaria de uma taxa de juros média,
representam uma cacofonia de produtos de crédito. Alguns produtos são
“comercializados” a preços (taxas de juros) moderados, mas muitos não são. Há produtos
de natureza comercial, assim como operações associadas a investimentos. Instrumentos
de dívida perfilam-se com os de capital de risco. Em suma, há uma grande babel de
operações e atividades, em relação às quais a dispersão nas perspectivas financeiras de
retorno constitui a tônica.
134
O ativo bancário ostenta, na média, baixa produtividade, é formado por uma pletora
de instrumentos de crédito comercial e de investimento e não se favorece de graus de
transparência minimamente construtivos. Nesse particular, no da transparência, é lícito
afirmar que o crédito com origem nos bancos, associado a férreas normas de sigilo
bancário, presta grande desserviço a qualquer economia moderna, pois, ao menos no que
diga respeito aos investimentos, não se conhecem empreendimentos e projetos
financiados, tampouco o nível de comprometimento de recursos com setores da economia,
ramos de atividade, grupos econômicos e empresas. Quer dizer: soma-se aos riscos do
crédito e das políticas de crédito a assimetria de informações, o que implica processos
decisórios e decisões que, nem sempre, são fundamentados, senão por sólidas escolhas,
pelo menos por racionalidade econômica conhecida, debatida e aceita pelos mercados e
por seus agentes.
135
catapultem riscos idiossincráticos à categoria dos sistêmicos. Nesse rol de providências,
figuram iniciativas como os acordos de Basileia, cujo traço mais marcante é o de
classificar os ativos bancários por níveis de risco, estabelecendo mínimos requerimentos
de capital próprio com base num volume de ativos sopesado por esse critério qualitativo
de classificação.
Paralelamente, muitos países, como o nosso, também têm investido nas normas
que regulam a atividade bancária, especialmente naquelas que cuidam da segmentação
dos sistemas financeiros por funções ou especialidades. Não por outra razão, temos
testemunhado significativas mudanças no SFN, no decorrer dos anos, particularmente no
sentido de que se estruturem instituições financeiras com grandes e diversificados
portfólios de operações, a exemplo dos bancos múltiplos e, no âmbito dessa categoria de
instituições, dos bancos múltiplos com carteira comercial. Ao que as evidências parecem
indicar, supõe-se que a diversificação de ativos, de operações e de produtos de crédito,
lado a edifícios patrimoniais tão grandes quanto possível, constituiria eficaz linha de
defesa contra a materialização de riscos, especialmente dos de feitio sistêmico. Essas
características também erigiriam proteção mais eficaz num ambiente em que a economia
se vê cronicamente afetada por guinadas político-institucionais frequentes e por um
receituário econômico que parece não ser capaz de oferecer respostas criativas,
permanentes e sustentáveis para problemas básicos, a exemplo deste, do crédito, e o da
Previdência Social.
136
Noutras palavras, a combinação entre risco de crédito, risco de políticas de
crédito, crédito com origem bancária, normas regulatórias e ausência de um mercado de
dívida tende, de hoje para o futuro próximo, não apenas a concentrar o subsistema
bancário nas mãos de um pequeno número de grandes bancos ou conglomerados
bancários, mas, também, a tornar todo o SFN crescentemente opaco, assim como a fazer
eclodir novos, importantes e ainda imprevistos fatores de risco.
E foi isso, exatamente, o que se sucedeu por ocasião da mais recente crise
financeira internacional. Embora o estopim da ruptura das relações de crédito tenha tido
uma origem ou causa isolada – o crédito imobiliário –, fatores como os liames patrimoniais,
as políticas de crédito, incentivos mal direcionados e, principalmente, o tamanho das
instituições financeiras concorreram para, inicialmente, “secar” a liquidez do sistema
financeiro e, logo em seguida, para levar muitas de suas instituições à virtual insolvência.
Rapidamente, o tamanho das instituições financeiras adversamente afetadas encarregou-
se de alastrar os efeitos da crise financeira aos demais setores da economia norte-
americana e, depois, de alastrá-los em escala global. Criou-se uma cadeia de eventos
sindrômicos e autoalimentados, que colocou em dúvida o motor da economia moderna: o
crédito.
137
Lado a isso, a opacidade do sistema financeiro norte-americano, na forma de um
volume muito grande de operações bancárias do tipo “shadow” ou “off-balance sheet”,
além do sigilo que, lá, também cerca os negócios bancários, não permitiu que os riscos
crescentes fossem detectados, pelos demais agentes econômicos e as autoridades
regulatórias, com a necessária antecedência, a despeito da existência, nos Estados
Unidos, de um enorme e transparente mercado de dívida. Entre essas operações
bancárias, destacou-se a emissão de montanhas de derivativos pelas instituições
financeiras. Eram instrumentos de dívida dos próprios bancos, lastreados em títulos de
crédito que se adquiriam no mercado de dívida, como os de natureza imobiliária. Também
havia, paralelamente, o problema do “funding” bancário, que se alicerçava, de forma muito
perigosa, em operações compromissadas de um ou poucos dias (“repo agreements”).
Noutras palavras, o problema tinha dupla-face, como não poderia deixar de ser.
Pelo lado das aplicações, havia o gigantismo das operações de crédito, o descasamento
de prazos entre ativos e passivos (“term mismatch”), o enorme e abrupto volume de
crédito entrando em curso de liquidação duvidosa (o crédito imobiliário, principalmente)
e forte correlação entre os ativos negociados pelos bancos (laços entre derivativos e
títulos de crédito imobiliário). Pelo lado da captação, as debilidades traduziam-se no
perfil de curtíssimo prazo dos capitais de terceiros, o que implicava, no caso de muitos
dos maiores bancos, a volatilização quase que completa da liquidez num piscar de olhos.
Nesse contexto, aos primeiros sinais de riscos sistêmicos, instalou-se a desconfiança no
sistema e em suas salvaguardas, de modo que a crise imobiliária se desdobrou, sucessiva
e rapidamente, em crise bancária e, depois, em crise econômica de proporções globais.
138
Muito embora, aqui no Brasil, o SFN ainda não padeça de vários dos males que
acometeram o sistema norte-americano, podemos afirmar que o crédito de origem
bancária, somado às normas de sigilo, não permite que os demais agentes econômicos
desfrutem de muitas das condições necessárias a uma precisa avaliação dos riscos e das
oportunidades, inclusive das oportunidades perdidas, que os bancos e suas operações
representam para o restante da economia.
13
A esse respeito, sugerimos a leitura da Resolução nº 2.697, de 2000, do Conselho Monetário Nacional.
139
classificação de risco permanece uma responsabilidade exclusiva dos bancos, que estão
obrigados a baseá-la em avaliação própria dos tomadores de crédito e de suas operações,
em meio a muita subjetividade, lado à aplicação de critérios do tipo “after the fact”, isto
é, de critérios baseados na consumação de fatos, como a entrada de créditos em curso
de liquidação duvidosa ou o atraso no recebimento, pelos bancos, do crédito concedido.
Mas, não são apenas os diferentes níveis de aversão ao risco, lado a habilidades
distintas para percebê-lo, que interferem com a qualidade das avaliações. Também há o
interesse particular que cada banco tem no sentido de existir, crescer e de permanecer
operando indefinidamente, o que somente se logra alcançar se o resultado de suas
operações for lucrativo. Ora, vimos que os bancos são ineficientes, em menor ou maior
grau, o que implica, também em menor ou maior grau, traçar políticas de crédito e realizar
operações de crédito sob condições de risco anormais, pois se trata de condições que se
tornam tão mais anormais quanto mais profundo se demonstrar o grau de ineficiência com
que opera a instituição.
Em princípio, não interessa a quase ninguém. Nem aos próprios bancos que traçam
políticas e realizam operações de crédito, nem a quem realiza inversão de recursos em
bancos, seja na condição de credor, seja na de investidor de risco. O sigilo, talvez, venha
em benefício apenas do agente econômico que se favoreça, indevidamente, da vigente
tecnologia institucional do SFN, especialmente daquele agente que tire proveito da
assimetria de informações, considerando os riscos que representa dos pontos de vista
moral e de seleção. Também pode vir em benefício de grupos econômicos que apostem
na concentração e na centralização do crédito da economia no subsistema bancário e, em
seu interior, num restrito grupo de instituições ou conglomerados.
140
especialização, haja vista sua relativa ineficiência no que tange tanto à estrutura de custos
quanto à qualidade do crédito que transacionam.
141
síntese apertada, essas instituições ostentam os mais elevados níveis de retorno
financeiro do ativo, o que significa praticar taxas de juros superiores à média dos demais
bancos. Esbarram, contudo, em custos financeiros ainda mais elevados, magnificados que
são pelos níveis desproporcionais das provisões para créditos de liquidação duvidosa. É
essa nefasta combinação de custo e retorno que condena parte significativa dos menores
bancos a um padrão de desempenho marcado por “spreads” gerais negativos e amplos,
lançando-os, por conta disso, em trajetória operacional insustentável.
Não por outras razões, muitos dos bancos menores têm tido existência
relativamente efêmera. Seu padrão de desempenho os inviabiliza operacionalmente,
tornando-os pouco rentáveis, além de mais propensos a crises de liquidez e solvência.
São bancos cujas operações encolhem gradativamente, sendo sinal exterior desse fato o
grau médio de alavancagem com que operam – o mais baixo entre os grupos analisados.
Sua capacidade de intermediação, mediante endividamento, parece ser gradualmente
comprimida pela baixa qualidade relativa de suas operações de crédito. Esse padrão de
desempenho acaba por condenar muitos bancos, como, de fato, tem condenado, a eventual
encerramento das atividades ou à incorporação por instituições de maior porte – em geral,
bancos do tipo I (comerciais, múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas).
Não por outra razão, os maiores e mais bem-sucedidos bancos de nossa amostra
são, exatamente, os bancos do tipo I – comerciais, múltiplos com carteira comercial e
caixas econômicas. São essas as categorias de instituições financeiras que se favorecem
das mais amplas redes de agências, o que lhes facilita a captação de recursos junto a um
diversificado leque de clientes. Também se beneficiam da capacidade de ofertar variada
gama de produtos e serviços bancários, criando economias de escopo, e de operar com
múltiplos instrumentos próprios de dívida, inclusive com aquele de mais baixo custo no
universo bancário – o depósito à vista.
142
Evidentemente, bancos do tipo I, em comparação com instituições de outras
categorias, enfrentam “trade-offs” entre custos e retornos de todas as naturezas.
Certamente, incorrem em custos não financeiros elevados, como os administrativos, a
exemplo daqueles associados a instalações e a pessoal. Entretanto, parecem ser capazes
de compensá-los, pois trabalham com custos financeiros de captação mais moderados
que aqueles dos demais bancos, assim como logram manter alguns dos maiores graus de
alavancagem. A alavancagem, cabe lembrar, é assegurada por carteiras de operações
ativas mais diversificadas e pulverizadas, com qualidade potencialmente maior, o que
implica menores perdas com operações de crédito em curso irregular de realização. Não
nos esqueçamos que os bancos do tipo I, depois dos bancos de desenvolvimento, são
aqueles que, em média, praticam as menores taxas de juros na praça.
Nesse grupo dos maiores bancos, somente o BNDES constituiu exceção à regra.
Não é um banco do tipo I, mas instituição do tipo IV. O BNDES não conta com rede de
agências, menos, ainda, mantém contas de depósito à vista para seus clientes. Figura no
grupo dos maiores bancos porque movimenta gigantesco volume de operações de crédito
e de investimento de risco, operações essas que têm por origem recursos públicos
cativos, sistematicamente disponíveis e relativamente abundantes. Além disso, a
instituição é favorecida por estruturas física e administrativa de pequenas dimensões, o
que contribui para a redução geral de seus custos não financeiros, assim como é
favorecida pelo fato de que cobra, pelo crédito que concede, as mais moderadas taxas de
juros que se praticam na economia, mitigando o peso dos créditos de liquidação duvidosa.
Tudo considerado, a fórmula do relativo êxito microeconômico do BNDES reside em
custos e retornos bastante moderados, lado a graus elevados de alavancagem, tudo
somado à prática de “spreads” gerais positivos, mas razoáveis, o que assegura ao banco
níveis de rentabilidade líquida comparáveis aos dos grandes bancos privados mais
lucrativos.
143
Um desses aspectos estruturais tem a ver com a confusão que se estabeleceu
entre a intermediação financeira e a figura do banco. A intermediação financeira, no
Brasil, é excessiva. O crédito é bancário, e essa característica, embora seja afirmada e
reafirmada com alguma displicência, tem importantíssimo significado econômico. Isso
porque, aqui, não se cogita da possibilidade de que alguns elos ou fases da intermediação
não só possam, mas devam ocorrer ao largo da atividade bancária. Ao revés, sedimentou-
se a concepção de que seja inerente ou natural ao banco, e somente a ele, exercer as
funções de captar recursos, de transformá-los e, finalmente, de aplicá-los em operações
ativas, notadamente nas de crédito. Não se vislumbrou, jamais, a hipótese de adotar outra
tecnologia institucional, a exemplo da de um mercado de dívida. Parece não haver a
percepção e o entendimento de que a escolha de qualquer alternativa tecnológica implica
consequências, uma delas sendo a eclosão de custos de oportunidade.
Por isso, mesmo, os custos de oportunidade que enfrentamos estão aí. São vistos
e sentidos todos os dias, mas não parecem ser adequadamente compreendidos. Têm
surgido sob as mais variadas formas e tamanhos. São do exagerado tamanho das taxas
de juros praticadas no país, muito superiores a padrões internacionais e civilizados. E
ocorrem na forma do irrefreável processo que, de um lado, tem centralizado o SFN nas
mãos de número decrescente de bancos e, do outro, tem concentrado funções na figura
do banco múltiplo e, no interior dessa instituição financeira que cumpre papéis universais,
na figura do banco comercial. O subproduto? Uma economia enferma, anêmica por falta
de uma substância vital: o crédito com a qualidade e na quantidade requeridas.
144
economia, precisa passar ou ser processado, necessariamente, por, pelo menos, um
desses microssistemas.
Quer dizer: essa tecnologia institucional, em sua própria concepção, agride três
ideias, simultaneamente: a de escala, a de especialização e a de flutuação, tão “limpa”
quanto possível, do preço do crédito.
145
É óbvio, também, que macrossistemas ou mercados de captação, como o de dívida,
contribuem para nivelar as condições de competição entre as instituições financeiras.
Nesse particular, oferecem a instituições de menor porte, que não dispõem de um
microssistema próprio de captação, assim como a bancos especializados, a exemplo dos
de investimento, meios de captação mais simples, transparentes e, potencialmente, de
custo significativamente menor.
Por sua vez, a ideia de especialização foi inteiramente subvertida. De tudo o que
se viu, resta evidente que a reunião, num único banco, de uma multiplicidade de funções
é a tônica no SFN, assim como que os mais bem-sucedidos bancos múltiplos são aqueles
que, invariavelmente, detêm carteira comercial. E assim ocorre porque, como também já
vimos, cada banco funciona na condição de um microssistema ou micromercado isolado
de crédito, razão pela qual somente estruturas maiores, na forma, por exemplo, de ampla
e capilarizada rede de agências, escritórios e postos de serviço, lado a um vasto e
diversificado portfólio de clientes, podem lograr as vantagens absolutas e comparativas
necessárias, em médio e longo termos, à intermediação financeira num quadro de
desempenho sustentável.
E não se trata de dizer que haja graus de liberdade suficientes para que se escolha
qualquer desejável configuração de funções, tendo em vista montar uma instituição
financeira viável, menos ainda que diferentes configurações sejam neutras sob os pontos
de vista, primeiro, das perspectivas de sustentabilidade do desempenho bancário e,
segundo, da sobrevivência do banco como instituição financeira. Não. Não há graus de
liberdade, tampouco as diferentes configurações se demonstram neutras, entre si, para
fins de desempenho e sobrevivência do banco. Nesse particular, consolida-se quadro em
que a condição necessária ao êxito da atividade bancária parece residir, cada vez mais,
146
na possibilidade de a instituição cumprir múltiplas funções, desde que uma delas seja a de
grande banco comercial.
Além disso, também podemos dizer que não há um único modelo de banco, não
obstante se venha consolidando, ao longo dos anos, a supremacia de um padrão bancário
147
de negócios – o do imenso banco múltiplo, dotado de carteira comercial. Essa tendência
se explica pela própria concepção do SFN, que se traduz na opção regulatória por
múltiplos microssistemas de emissão e distribuição de instrumentos de dívida, a cada
banco correspondendo, em tese, um microssistema próprio. Também é tendência que
reflete o fato de que as instituições financeiras menores e, em geral, as que não abraçam
as atividades comerciais não logram reunir, quase que em regra, todas as condições
necessárias à concorrência e à própria sustentabilidade dos negócios. Não por outra
razão, tem o SFN evoluído na forma tanto da crescente concentração de funções neste
tipo de instituição financeira universal – o banco múltiplo com carteira comercial – quanto
na centralização dos negócios em número gradualmente decrescente de pessoas jurídicas
bancárias – as de porte muito grande.
Bem, os custos estão no epicentro das causas que concorrem para esse estado de
coisas. A opção regulatória por microssistemas gera custos mais elevados que aqueles
que seriam possíveis num macrossistema, e a escala necessária à diluição de parte desses
custos, mantido o marco regulatório vigente, foi encontrada na figura do grande banco
múltiplo com carteira comercial. As grandes instituições financeiras não apenas logram
operar em maior escala, assim reduzindo custos por unidade transacionada de crédito,
mas, também, parecem ser capazes de adotar soluções de composição mais efetivas, na
forma da diversificação de suas carteiras, da pulverização das operações entre maior
número de clientes, de políticas de crédito mais rigorosas e, como decorrência disso tudo,
da redução dos impactos adversos associados a créditos em curso de liquidação duvidosa.
148
de poucos elementos se dispõem para entender processos como os de formação das taxas
de juros, particularmente seus “spreads”, e dos resultados auferidos pelas instituições
financeiras. Na verdade, o crédito é distribuído de forma opaca, e os impactos das
políticas de crédito, inclusive a macroeconômica, só vêm a público quando se consumam
adversidades.
Até aqui, as novas tecnologias, como a da informação, não parecem ter contribuído
para modificar esse quadro decisivamente ou para inverter as tendências que se
delinearam ao longo do tempo. As plataformas eletrônicas de negócios, embora
descortinem inéditos ganhos de escala e produtividade, têm sido absorvidas por todos os
grupos ou segmentos bancários quase que indistintamente. Exatamente por isso, essas
plataformas parecem vir gerando como que efeitos lineares sobre o conjunto dos bancos.
Ao gerar efeitos dessa forma, não têm funcionado como fator que diferencie umas
instituições das outras, de modo que o grande banco múltiplo, dotado de carteira
comercial, parece permanecer incólume na condição de padrão hegemônico de negócios
no âmbito do SFN.
149
transações, de emissão de certificados de validação de transações (meios de pagamento
eletrônicos), de custódia de certificados (reservas de valor), de transferência de
certificados (transmissão nominativa e por tradição), de contabilização (precificação e
contagem dos certificados privados com base na unidade de conta representada pelo
certificado eletrônico de curso forçado), de senhoriagem (regras de uso e contra o abuso
do poder de emissão do certificado eletrônico de curso forçado) e de câmbio e arbitragem
(operações de troca, entre si, de moedas eletrônicas de curso forçado).
150
extensão, a desintermediação financeira deverá chegar inexoravelmente, seja por força
da implantação de novas tecnologias, seja em decorrência de um processo, que pode ser
planejado, de reformulação das normas regulatórias setoriais. Por uma ou outra causa,
parece-nos impor-se solução na forma de um macrossistema de emissão e distribuição
de instrumentos financeiros. Na de um mercado de dívida ou, como também se diz, na de
um amplo, aberto e transparente mercado de renda fixa.
Esse macrossistema nos parece a peça que falta para completar o quebra-cabeças
do SFN. Pode dotá-lo das condições necessárias não só para nivelar a concorrência entre
bancos, segmentos bancários e funções, mas, também, para produzir a redução dramática
e geral do custo e do preço do crédito, assim permitindo que os “spreads” financeiros se
“fechem”, e os juros de captação e aplicação de recursos convirjam para um novo e
moderado ponto de equilíbrio.
151
informações, disponibilidade tempestiva de dados, supervisão e controle
dos negócios e clareza quanto a direitos, deveres e obrigações dos agentes
econômicos que tenham interesse direto ou indireto nas transações do
mercado;
a infraestrutura normativa e tecnológica do mercado deve contemplar a
liquidez necessária aos negócios e a solvência exigível de seus
participantes, tendo em vista assegurar credibilidade ao processo de
formação das taxas de juros, inclusive numa perspectiva a termo, e a
adequada combinação, a essas taxas, de elementos como liquidez, risco,
prazo e volume. Para tanto, a plataforma de negócios deve assegurar tanto
a competição entre os participantes quanto a diversidade de participantes,
assim como oferecer mecanismos de negociação, compensação e
liquidação de transações em moldes padronizados, eficientes, confiáveis e
de baixo custo;
a gestão dos riscos associados aos negócios deve constituir motivo de
preocupação tanto para investidores quanto para emissores de
instrumentos. Os emissores precisam sopesar os riscos associados às
suas vulnerabilidades a choques de variadas magnitudes e origens, assim
como prever contramedidas para diluir os impactos desses riscos ou para
distribuir esses impactos a outros participantes do mercado. Os emissores
devem assegurar-se de que são capazes de honrar os compromissos que
assumem com a emissão de instrumentos próprios. Da parte dos
investidores, cabe assegurar o efetivo acompanhamento e a avaliação dos
negócios, lado à proteção contra os riscos representados pelos
instrumentos de dívida, o que implica não apenas formular políticas de
crédito em face do risco representado por cada emissor, em si mesmo,
mas, também, em virtude do risco que a correlação entre emissores ou
instrumentos possa representar para o investidor. As agências de “rating”
podem desempenhar papel de notável importância, pois podem contribuir,
com grau admissível de isenção, para a avaliação e a certificação da
credibilidade de participantes, instrumentos e negócios;
os atributos dos títulos de crédito devem ser definidos especificamente,
de modo que se ofereça segurança jurídica e econômica a emissores e
compradores e que se evitem litígios desnecessários e potencialmente
danosos à negociabilidade desses títulos e à fluidez do crédito.
152
ii. Integração: macrossistema, microssistemas e mercado
de ações
153
Com respeito aos microssistemas bancários, sua convivência com o mercado de
dívida não se coloca como aposta, mas, ao revés, na condição de efetiva necessidade.
Uma ampla variedade de operações de crédito pode e deve permanecer sob o manto da
intermediação financeira dos bancos, especialmente aquelas operações associadas a
necessidades como: capital de giro; crédito em menor volume ou por prazos mais curtos;
crédito pessoal; crédito consignado; aquisição financiada de bens de consumo; crédito
destinado a empresas de menor porte. Isso significa dizer que as operações de crédito
bancárias continuam fortes e ativas e permanecem na órbita dos microssistemas, a cada
microssistema correspondendo um virtual minimercado de dívida.
Mas, o que esse novo mercado realmente representa para os bancos, notadamente
sob os pontos de vista da concorrência, de sua lucratividade, da modicidade dos juros e
das oportunidades de negócios que se lhes podem apresentar?
154
e. Palavras finais
155
estrutura de intermediação financeira perfeitamente atomizada. Diante da inexistência de
um mercado de dívida, de um macrossistema em que se transacionassem instrumentos
corporativos de dívida, cada banco ou conglomerado passou à condição de microssistema,
tomando para si todo um rol de funções associadas ao crédito e à sua intermediação.
Logicamente, essa estrutura incorporou a todo o SFN as deseconomias de escala de
múltiplos microssistemas, o que não apenas implicou maiores custos, inclusive de
transação, mas, também, um crédito qualitativamente pobre e quantitativamente
insuficiente.
156
ANEXO
157
Tabela 1 - Formação da rentabilidade líquida - todos os bancos da amostra
2001 a 2014
Grau de
Nº de Bancos Rentabilidade Retorno do Custo da Spread Seco Spread
Ano Endividamento
da Amostra Líquida Anual (Rl) Ativo (Rb) Dívida (Cd) (Rb - Cd) Alavancado
(PEm/PLm)
2001 78 -6,3 % 20,1 % -22,5 % -2,4 % 11,0 -26,4 %
2002 73 21,7 % 25,7 % -26,1 % -0,4 % 11,3 -4,0 %
2003 72 17,9 % 21,8 % -22,2 % -0,3 % 11,3 -3,9 %
2004 69 20,4 % 19,1 % -19,0 % 0,1 % 10,8 1,3 %
2005 66 25,6 % 20,6 % -20,2 % 0,5 % 10,3 4,9 %
2006 64 26,4 % 19,5 % -18,8 % 0,7 % 10,1 6,9 %
2007 63 25,2 % 18,7 % -18,0 % 0,7 % 9,8 6,6 %
2008 63 21,0 % 21,2 % -21,2 % 0,0 % 10,2 -0,2 %
2009 61 18,2 % 18,3 % -18,3 % 0,0 % 10,5 -0,1 %
2010 61 19,0 % 16,3 % -16,0 % 0,3 % 10,2 2,7 %
2011 58 16,5 % 16,8 % -16,8 % 0,0 % 10,1 -0,2 %
2012 57 14,3 % 14,5 % -14,5 % 0,0 % 10,9 -0,2 %
2013 57 15,5 % 13,8 % -13,6 % 0,1 % 12,1 1,7 %
2014 57 16,1 % 14,6 % -14,5 % 0,1 % 12,9 1,5 %
Média 84 18,0 % 18,6 % -18,7 % -0,1 % 10,8 -0,5 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
2001 a 2014
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
158
Tabela 3 - Decomposição do retorno financeiro do ativo - todos os bancos da amostra
2001 a 2014
Rbf -
Rbf -
Retorno Rbf - Rbf - Operações de Rbf - Títulos e Rbf -
Nº de Bancos Instrumentos
Ano Financeiro do Aplicações Operações de Crédito e Valores Venda de
da Amostra Financ.
Ativo (Rbf) Compuls. Câmbio Arrend. Mobiliários Ativos
Derivativos
Mercantil
2001 78 15,6 % 0,5 % 0,8 % 8,9 % -0,3 % 5,7 % 0,0 %
2002 73 20,8 % 0,7 % 1,8 % 10,8 % -0,5 % 7,9 % 0,0 %
2003 72 16,4 % 1,0 % 0,5 % 8,0 % 0,0 % 7,0 % 0,0 %
2004 69 14,3 % 0,7 % 0,3 % 8,0 % 0,2 % 5,1 % 0,0 %
2005 66 15,5 % 0,8 % 0,2 % 8,6 % 0,3 % 5,6 % 0,0 %
2006 64 14,8 % 0,7 % 0,2 % 8,5 % 0,3 % 5,1 % 0,0 %
2007 63 13,3 % 0,5 % 0,2 % 8,1 % 0,3 % 4,1 % 0,0 %
2008 63 15,2 % 0,5 % 0,9 % 10,0 % -0,5 % 4,4 % 0,0 %
2009 61 13,2 % 0,2 % 0,2 % 8,8 % 0,4 % 3,7 % 0,0 %
2010 61 12,6 % 0,3 % 0,1 % 8,0 % 1,7 % 2,2 % 0,3 %
2011 58 12,9 % 0,2 % -0,1 % 7,7 % 3,3 % 1,0 % 0,8 %
2012 57 11,2 % 0,1 % -0,2 % 6,9 % 3,1 % 0,7 % 0,5 %
2013 57 10,2 % 0,2 % 0,1 % 6,5 % 2,6 % 0,5 % 0,4 %
2014 57 11,1 % 0,2 % 0,1 % 6,8 % 3,2 % 0,3 % 0,5 %
Média 84 14,1 % 0,5 % 0,4 % 8,3 % 1,0 % 3,8 % 0,2 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
2001 a 2014
Retorno Não
Nº de Bancos da Rbnf - Demais
Ano Financeiro do Ativo Rbnf - Tarifas Rbnf - Serviços
Amostra Receitas e Ganhos
(Rbnf)
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
159
Tabela 5 - Decomposição do custo da dívida - todos os bancos da amostra
2001 a 2014
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
160
Tabela 7 - Decomposição do custo não financeiro da dívida - todos os bancos da amostra
2001 a 2014
Custo Não Cdnf - Outras Cdnf - Demais
Nº de Bancos Cdnf - Cdnf - Cdnf - Participação
Ano Financeiro da Despesas Despesas Não
da Amostra Tributação Pessoal nos Lucros
Dívida (Cdnf) Adm. Financeiras
Tabela 8 - Balanço de retornos e custos financeiros e não financeiros - todos os bancos da amostra
2001 a 2014
Retorno Variável
Nº de Retorno Custo Custo Não Spread
Spread Não Spread Grau de Criada -
Bancos Financeiro Financeiro Financeiro Não
Ano Financeiro Financeiro Seco Endividamento Spread
da do Ativo da Dívida da Dívida Financeiro
Seco do Ativo Geral (PEm/PLm) Alavancado
Amostra (Rbf) (Cdf) (Cdnf) Seco
(Rbnf) Médio
161
Tabela 9 - Formação da rentabilidade líquida - bancos classificados como tipo I (comerciais, múltiplos com
carteira comercial e caixas econômicas)
2001 a 2014
Nº de Bancos da Rentabilidade Líquida Retorno do Custo da Spread Seco Grau de Endividamento Spread
Ano
Amostra Anual (Rl) Ativo (Rb) Dívida (Cd) (Rb - Cd) (PEm/PLm) Alavancado
Tabela 10 - Decomposição do retorno do ativo - bancos classificados como tipo I (comerciais, múltiplos com
carteira comercial e caixas econômicas)
2001 a 2014
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
162
Tabela 11 - Decomposição do retorno financeiro do ativo - bancos classificados como tipo I (comerciais,
múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas)
2001 a 2014
Rbf -
Nº de Retorno Rbf - Rbf - Rbf - Operações Rbf - Títulos e Rbf -
Instrumentos
Ano Bancos da Financeiro do Aplicações Operações de de Crédito e Valores Venda de
Financ.
Amostra Ativo (Rbf) Compuls. Câmbio Arrend. Mercantil Mobiliários Ativos
Derivativos
Tabela 12 - Decomposição do retorno não financeiro do ativo - bancos classificados como tipo I (comerciais,
múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas)
2001 a 2014
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
163
Tabela 13 - Decomposição do custo da dívida - bancos classificados como tipo I (comerciais, múltiplos com
carteira comercial e caixas econômicas)
2001 a 2014
Nº de Bancos da Custo da Dívida Custo Financeiro da Dívida Custo Não Financeiro da Dívida
Ano Cdf/Cd Cdnf/Cd
Amostra Cd (Cdf) (Cdnf)
Tabela 14 - Decomposição do custo financeiro da dívida - bancos classificados como tipo I (comerciais,
múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas)
2001 a 2014
164
Tabela 15 - Decomposição do custo não financeiro da dívida - bancos classificados como tipo I (comerciais,
múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas)
2001 a 2014
Cdnf -
Custo Não Cdnf - Demais
Nº de Bancos Cdnf - Outras Cdnf - Participação
Ano Financeiro da Cdnf - Pessoal Despesas Não
da Amostra Tributação Despesas nos Lucros
Dívida (Cdnf) Financeiras
Adm.
2001 62 -10,4 % -0,8 % -3,8 % -3,1 % -0,1 % -2,7 %
2002 57 -10,2 % -1,2 % -3,2 % -2,9 % -0,1 % -2,7 %
2003 58 -10,1 % -1,2 % -3,1 % -3,0 % -0,1 % -2,7 %
2004 57 -9,6 % -1,3 % -3,0 % -3,0 % -0,2 % -2,1 %
2005 55 -10,5 % -1,7 % -3,0 % -3,0 % -0,2 % -2,5 %
2006 53 -9,2 % -1,1 % -2,8 % -2,8 % -0,3 % -2,2 %
2007 51 -9,1 % -1,1 % -2,5 % -2,8 % -0,3 % -2,5 %
2008 51 -8,1 % 0,1 % -2,1 % -2,2 % -0,2 % -3,7 %
2009 50 -8,3 % -1,1 % -1,9 % -2,3 % -0,2 % -2,8 %
2010 48 -7,4 % -1,0 % -1,8 % -2,3 % -0,2 % -2,1 %
2011 45 -6,8 % -0,5 % -1,7 % -2,1 % -0,2 % -2,2 %
2012 45 -6,1 % -0,4 % -1,7 % -2,0 % -0,2 % -1,8 %
2013 45 -5,8 % -0,5 % -1,6 % -1,8 % -0,2 % -1,8 %
2014 45 -5,6 % -0,4 % -1,5 % -1,7 % -0,2 % -1,8 %
Média 68 -8,4 % -0,9 % -2,4 % -2,5 % -0,2 % -2,4 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
Tabela 16 - Balanço de retornos e custos financeiros e não financeiros - bancos classificados como tipo I
(comerciais, múltiplos com carteira comercial e caixas econômicas)
2001 a 2014
Retorno Variável
Nº de Retorno Custo Custo Não Spread
Spread Não Grau de Criada -
Bancos Financeiro Financeiro Financeiro Não Spread Seco
Ano Financeiro Financeiro Endividamento Spread
da do Ativo da Dívida da Dívida Financeiro Geral
Seco do Ativo (PEm/PLm) Alavancado
Amostra (Rbf) (Cdf) (Cdnf) Seco
(Rbnf) Médio
2001 62 16,4 % -13,1 % 3,3 % 4,9 % -10,4 % -5,5 % -2,2 % -26,4 %
12,0
2002 57 20,6 % -16,1 % 4,5 % 5,7 % -10,2 % -4,5 % 0,0 % -0,3 %
11,9
2003 58 17,6 % -12,8 % 4,8 % 5,1 % -10,1 % -5,0 % -0,2 % -2,8 %
11,4
2004 57 14,9 % -9,9 % 5,0 % 4,8 % -9,6 % -4,8 % 0,2 % 2,6 %
11,0
2005 55 16,9 % -11,5 % 5,4 % 5,5 % -10,5 % -5,0 % 0,4 % 4,4 %
10,5
2006 53 16,1 % -11,2 % 4,8 % 4,8 % -9,2 % -4,4 % 0,4 % 4,4 %
10,4
2007 51 14,3 % -10,0 % 4,3 % 5,3 % -9,1 % -3,8 % 0,5 % 4,8 %
10,4
2008 51 15,6 % -13,9 % 1,8 % 6,3 % -8,1 % -1,8 % -0,1 % -0,7 %
10,8
2009 50 14,2 % -11,2 % 3,0 % 5,1 % -8,3 % -3,2 % -0,2 % -1,9 %
10,5
2010 48 13,4 % -9,9 % 3,5 % 4,0 % -7,4 % -3,4 % 0,1 % 0,9 %
10,3
2011 45 13,7 % -11,3 % 2,4 % 4,3 % -6,8 % -2,5 % -0,1 % -0,9 %
10,6
2012 45 11,8 % -9,4 % 2,4 % 3,6 % -6,1 % -2,5 % -0,1 % -1,2 %
11,0
2013 45 10,6 % -8,7 % 1,9 % 4,0 % -5,8 % -1,8 % 0,1 % 0,7 %
11,9
2014 45 11,7 % -10,0 % 1,7 % 3,9 % -5,6 % -1,7 % 0,0 % -0,1 %
12,4
Média 68 14,8 % -11,4 % 3,5 % 4,8 % -8,4 % -3,6 % -0,1 % -1,0 %
11,1
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
165
Tabela 17 - Formação da rentabilidade líquida - bancos classificados como tipo II (bancos de câmbio, bancos de
investimento e bancos múltiplos sem carteira comercial)
2001 a 2014
Nº de Bancos Rentabilidade Líquida Retorno do Custo da Spread Seco Grau de Endividamento Spread
Ano
da Amostra Anual (Rl) Ativo (Rb) Dívida (Cd) (Rb - Cd) (PEm/PLm) Alavancado
Tabela 18 - Decomposição do retorno do ativo - bancos classificados como tipo II (bancos de câmbio, bancos de
investimento e bancos múltiplos sem carteira comercial)
2001 a 2014
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
166
Tabela 19 - Decomposição do retorno financeiro do ativo - bancos classificados como tipo II (bancos de câmbio,
bancos de investimento e bancos múltiplos sem carteira comercial)
2001 a 2014
Nº de Retorno Rbf - Rbf - Rbf - Operações Rbf - Instrumentos Rbf - Títulos e Rbf -
Ano Bancos da Financeiro do Aplicações Operações de de Crédito e Financ. Valores Venda de
Amostra Ativo (Rbf) Compuls. Câmbio Arrend. Mercantil Derivativos Mobiliários Ativos
Tabela 20 - Decomposição do retorno não financeiro do ativo - bancos classificados como tipo II (bancos de
câmbio, bancos de investimento e bancos múltiplos sem carteira comercial)
2001 a 2014
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
167
Tabela 21 - Decomposição do custo da dívida - bancos classificados como tipo II (bancos de câmbio, bancos de
investimento e bancos múltiplos sem carteira comercial)
2001 a 2014
Nº de Bancos da Custo da Dívida Custo Financeiro da Dívida Custo Não Financeiro da Dívida
Ano Cdf/Cd Cdnf/Cd
Amostra Cd (Cdf) (Cdnf)
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
Tabela 22 - Decomposição do custo financeiro da dívida - bancos classificados como tipo II (bancos de câmbio,
bancos de investimento e bancos múltiplos sem carteira comercial)
2001 a 2014
Nº de Custo Cdf - Venda e
Cdf - Cdf - Cdf - Provisão para
Bancos Financeiro Cdf - Arrend. Cdf - Merc. Transferência
Ano Empréstimos Operações Créditos de Liquidação
da da Dívida Mercantil Aberto de Ativos
e Repasses de Câmbio Duvidosa
Amostra (Cdf) Financeiros
2001 17 -17,3 % -5,6 % -10,3 % -1,4 % 0,0 % -0,9 % 0,0 %
2002 12 -20,7 % -6,9 % -8,7 % -4,5 % 0,0 % -0,6 % 0,0 %
2003 10 -18,6 % -5,7 % -6,1 % -6,4 % 0,0 % -0,3 % 0,0 %
2004 8 -17,2 % -5,4 % -5,2 % -6,3 % -0,1 % -0,3 % 0,0 %
2005 7 -19,1 % -3,4 % -4,9 % -6,9 % -0,1 % -3,8 % 0,0 %
2006 7 -15,6 % -5,2 % -4,3 % -5,5 % 0,0 % -0,6 % 0,0 %
2007 8 -31,6 % -5,1 % -5,7 % -4,3 % 0,0 % -16,4 % 0,0 %
2008 8 -18,2 % -3,2 % -3,9 % -2,0 % 0,0 % -9,1 % 0,0 %
2009 8 -19,5 % -3,6 % -2,7 % -2,3 % 0,0 % -11,0 % 0,0 %
2010 9 -13,9 % -3,9 % -3,0 % -1,6 % 0,0 % -5,6 % 0,1 %
2011 9 -15,7 % -3,3 % -2,9 % -1,5 % 0,0 % -8,1 % 0,2 %
2012 8 -15,3 % -2,8 % -2,2 % -1,8 % 0,0 % -8,6 % 0,1 %
2013 8 -13,2 % -1,4 % -1,9 % -1,0 % 0,0 % -9,1 % 0,1 %
2014 8 -11,4 % -0,7 % -2,2 % -1,0 % 0,0 % -7,8 % 0,2 %
Média 21 -17,7 % -4,0 % -4,6 % -3,3 % 0,0 % -5,9 % 0,1 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
168
Tabela 23 - Decomposição do custo não financeiro da dívida - bancos classificados como tipo II (bancos de
câmbio, bancos de investimento e bancos múltiplos sem carteira comercial)
2001 a 2014
Custo Não Cdnf -
Cdnf - Demais
Nº de Bancos da Financeiro Cdnf - Outras Cdnf - Participação nos
Ano Cdnf - Pessoal Despesas Não
Amostra da Dívida Tributação Despesas Lucros
Financeiras
(Cdnf) Adm.
2001 17 -8,9 % -1,0 % -1,9 % -3,8 % -0,1 % -2,0 %
2002 12 -14,2 % -2,3 % -4,4 % -6,6 % -0,2 % -0,8 %
2003 10 -14,0 % -4,5 % -3,4 % -5,2 % -0,2 % -0,7 %
2004 8 -10,4 % -2,8 % -2,4 % -4,5 % -0,1 % -0,6 %
2005 7 -6,7 % -0,3 % -2,1 % -3,7 % -0,1 % -0,5 %
2006 7 -8,8 % -2,4 % -2,2 % -3,4 % -0,1 % -0,7 %
2007 8 -21,1 % -6,2 % -2,3 % -10,2 % -0,2 % -2,2 %
2008 8 -13,5 % -4,3 % -1,3 % -6,6 % -0,1 % -1,3 %
2009 8 -12,9 % -3,6 % -1,2 % -6,6 % 0,0 % -1,5 %
2010 9 -16,1 % -5,3 % -1,3 % -7,5 % 0,0 % -2,0 %
2011 9 -16,3 % -4,9 % -1,4 % -8,1 % 0,0 % -1,9 %
2012 8 -15,2 % -3,8 % -2,1 % -7,3 % 0,0 % -1,9 %
2013 8 -15,0 % -4,3 % -2,1 % -6,4 % 0,0 % -2,2 %
2014 8 -20,6 % -9,4 % -2,2 % -6,7 % 0,0 % -2,4 %
Média 21 -13,8 % -3,9 % -2,2 % -6,2 % -0,1 % -1,5 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
Tabela 24 - Balanço de retornos e custos financeiro e não financeiros - bancos classificados como tipo II
(bancos de câmbio, bancos de investimento e bancos múltiplos sem carteira comercial)
2001 a 2014
Retorno Variável
Nº de Retorno Custo Custo Não Spread
Spread Não Spread Grau de Criada -
Bancos Financeiro Financeiro Financeiro Não
Ano Financeiro Financeiro Seco Endividamento Spread
da do Ativo da Dívida da Dívida Financeiro
Seco do Ativo Geral (PEm/PLm) Alavancado
Amostra (Rbf) (Cdf) (Cdnf) Seco
(Rbnf) Médio
2001 17 21,1 % -17,3 % 3,8 % 3,4 % -8,9 % -5,5 % -1,7 % -10,0 %
5,8
2002 12 24,7 % -20,7 % 3,9 % 3,1 % -14,2 % -11,2 % -7,3 % -16,9 %
2,3
2003 10 25,0 % -18,6 % 6,5 % 1,7 % -14,0 % -12,2 % -5,8 % -11,3 %
2,0
2004 8 22,2 % -17,2 % 5,0 % 1,6 % -10,4 % -8,8 % -3,8 % -10,8 %
2,9
2005 7 19,4 % -19,1 % 0,3 % 2,9 % -6,7 % -3,8 % -3,4 % -9,6 %
2,8
2006 7 19,8 % -15,6 % 4,3 % 2,1 % -8,8 % -6,7 % -2,4 % -6,9 %
2,9
2007 8 41,4 % -31,6 % 9,7 % 6,6 % -21,1 % -14,5 % -4,8 % -16,0 %
3,3
2008 8 25,7 % -18,2 % 7,5 % 5,0 % -13,5 % -8,5 % -1,1 % -4,6 %
4,4
2009 8 24,6 % -19,5 % 5,1 % 4,7 % -12,9 % -8,2 % -3,1 % -14,4 %
4,7
2010 9 22,7 % -13,9 % 8,8 % 5,8 % -16,1 % -10,3 % -1,5 % -6,0 %
4,1
2011 9 22,3 % -15,7 % 6,6 % 6,6 % -16,3 % -9,8 % -3,2 % -11,5 %
3,6
2012 8 21,9 % -15,3 % 6,6 % 6,1 % -15,2 % -9,0 % -2,4 % -9,6 %
4,0
2013 8 19,5 % -13,2 % 6,3 % 6,3 % -15,0 % -8,7 % -2,4 % -10,1 %
4,2
2014 8 21,0 % -11,4 % 9,6 % 9,9 % -20,6 % -10,7 % -1,1 % -4,3 %
3,9
Média 21 23,7 % -17,7 % 6,0 % 4,7 % -13,8 % -9,1 % -3,1 % -11,4 %
3,6
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
169
Tabela 25 - Formação da rentabilidade líquida - bancos classificados como tipo IV (bancos de
desenvolvimento)
2001 a 2014
Nº de Bancos da Rentabilidade Líquida Retorno do Custo da Spread Seco Grau de Endividamento Spread
Ano
Amostra Anual (Rl) Ativo (Rb) Dívida (Cd) (Rb - Cd) (PEm/PLm) Alavancado
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
Tabela 26 -Decomposição do retorno do ativo - bancos classificados como tipo IV (bancos de desenvolvimento)
2001 a 2014
Nº de Bancos da Retorno do Ativo Retorno Financeiro do Ativo Retorno Não Financeiro do Ativo
Ano Rbf/Rb Rbnf/Rb
Amostra (Rb) (Rbf) (Rbnf)
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
170
Tabela 27 - Decomposição do retorno financeiro do ativo - bancos classificados como tipo IV (bancos de
desenvolvimento)
2001 a 2014
Rbf -
Nº de Retorno Rbf - Rbf - Rbf - Operações Rbf - Títulos e Rbf -
Instrumentos
Ano Bancos da Financeiro do Aplicações Operações de de Crédito e Valores Venda de
Financ.
Amostra Ativo (Rbf) Compuls. Câmbio Arrend. Mercantil Mobiliários Ativos
Derivativos
Tabela 28 - Decomposição do retorno não financeiro do ativo - bancos classificados como tipo IV (bancos de
desenvolvimento)
2001 a 2014
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
171
Tabela 29 - Decomposição do custo da dívida - bancos classificados como tipo IV (bancos de desenvolvimento)
2001 a 2014
Nº de Bancos da Custo da Dívida Custo Financeiro da Dívida Custo Não Financeiro da Dívida
Ano Cdf/Cd Cdnf/Cd
Amostra Cd (Cdf) (Cdnf)
Tabela 30 - Decomposição do custo financeiro da dívida - bancos classificados como tipo IV (bancos de
desenvolvimento)
2001 a 2014
Custo Cdf - Provisão
Nº de Cdf - Cdf - Cdf - Cdf - Cdf - Venda e
Financeiro da para Créditos de
Ano Bancos da Arrend. Merc. Empréstimos e Operações Transferência de
Dívida Liquidação
Amostra Mercantil Aberto Repasses de Câmbio Ativos Financeiros
(Cdf) Duvidosa
2001 4 -13,9 % 0,0 % -0,8 % -10,3 % 0,0 % -2,7 % 0,0 %
2002 4 -22,9 % 0,0 % -1,1 % -19,7 % 0,0 % -2,1 % 0,0 %
2003 4 -10,3 % 0,0 % -1,1 % -7,7 % 0,0 % -1,5 % 0,0 %
2004 4 -10,3 % 0,0 % -1,0 % -8,0 % 0,0 % -1,3 % 0,0 %
2005 4 -6,4 % 0,0 % -1,2 % -4,2 % 0,0 % -0,9 % 0,0 %
2006 4 -6,0 % 0,0 % -1,5 % -4,6 % 0,0 % 0,0 % 0,0 %
2007 4 -5,7 % 0,0 % -1,2 % -4,3 % 0,0 % -0,1 % 0,0 %
2008 4 -11,5 % 0,0 % -1,0 % -10,2 % 0,0 % -0,2 % 0,0 %
2009 4 -5,2 % 0,0 % -0,8 % -4,0 % 0,0 % -0,3 % 0,0 %
2010 4 -5,2 % 0,0 % -0,6 % -4,6 % 0,0 % 0,1 % 0,0 %
2011 4 -6,9 % 0,0 % -0,4 % -6,6 % 0,0 % 0,1 % 0,0 %
2012 4 -6,5 % 0,0 % -0,4 % -5,8 % 0,0 % -0,2 % 0,0 %
2013 4 -6,4 % 0,0 % -0,4 % -5,8 % 0,0 % -0,2 % 0,0 %
2014 4 -6,0 % 0,0 % -0,4 % -5,4 % 0,0 % -0,2 % 0,0 %
Média 4 -8,8 % 0,0 % -0,9 % -7,2 % 0,0 % -0,7 % 0,0 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
172
Tabela 31 - Decomposição do custo não financeiro da dívida - bancos classificados como tipo IV (bancos de
desenvolvimento)
2001 a 2014
Cdnf -
Custo Não Cdnf - Demais
Nº de Bancos Cdnf - Outras Cdnf - Participação
Ano Financeiro da Cdnf - Pessoal Despesas Não
da Amostra Tributação Despesas nos Lucros
Dívida (Cdnf) Financeiras
Adm.
2001 4 -2,9 % -0,8 % -0,5 % -0,3 % 0,0 % -1,3 %
2002 4 -2,2 % -0,8 % -0,5 % -0,3 % 0,0 % -0,6 %
2003 4 -8,3 % -0,6 % -0,5 % -0,3 % 0,0 % -7,0 %
2004 4 -5,6 % -0,4 % -0,6 % -0,3 % 0,0 % -4,3 %
2005 4 -3,8 % -1,0 % -0,7 % -0,3 % 0,0 % -1,7 %
2006 4 -2,6 % -0,9 % -0,7 % -0,3 % 0,0 % -0,7 %
2007 4 -3,7 % -0,9 % -0,6 % -0,3 % 0,0 % -1,8 %
2008 4 -3,1 % -0,6 % -0,6 % -0,3 % 0,0 % -1,5 %
2009 4 -4,2 % -0,6 % -0,6 % -0,3 % 0,0 % -2,7 %
2010 4 -2,3 % -0,7 % -0,4 % -0,2 % 0,0 % -0,9 %
2011 4 -1,8 % -0,4 % -0,4 % -0,2 % 0,0 % -0,8 %
2012 4 -1,5 % -0,5 % -0,4 % -0,2 % 0,0 % -0,4 %
2013 4 -1,6 % -0,6 % -0,3 % -0,2 % 0,0 % -0,5 %
2014 4 -1,7 % -0,5 % -0,3 % -0,2 % 0,0 % -0,6 %
Média 4 -3,2 % -0,7 % -0,5 % -0,3 % 0,0 % -1,8 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
Tabela 32 - Balanço de retornos e custos financeiros e não financeiros - bancos classificados como tipo IV
(bancos de desenvolvimento)
2001 a 2014
Retorno Variável
Nº de Retorno Custo Custo Não Spread
Spread Não Grau de Criada -
Bancos Financeiro Financeiro Financeiro Não Spread Seco
Ano Financeiro Financeiro Endividamento Spread
da do Ativo da Dívida da Dívida Financeiro Geral
Seco do Ativo (PEm/PLm) Alavancado
Amostra (Rbf) (Cdf) (Cdnf) Seco
(Rbnf) Médio
2001 4 11,3 % -13,9 % -2,6 % 2,2 % -2,9 % -0,7 % -3,3 % -26,1 %
7,9
2002 4 21,6 % -22,9 % -1,3 % 1,6 % -2,2 % -0,6 % -1,9 % -17,7 %
9,2
2003 4 10,7 % -10,3 % 0,3 % 7,2 % -8,3 % -1,2 % -0,8 % -9,0 %
10,8
2004 4 11,0 % -10,3 % 0,7 % 4,5 % -5,6 % -1,1 % -0,4 % -4,4 %
9,9
2005 4 7,7 % -6,4 % 1,3 % 3,4 % -3,8 % -0,4 % 0,9 % 8,9 %
9,4
2006 4 6,8 % -6,0 % 0,8 % 4,3 % -2,6 % 1,7 % 2,5 % 21,0 %
8,4
2007 4 6,2 % -5,7 % 0,5 % 5,6 % -3,7 % 2,0 % 2,5 % 17,9 %
7,2
2008 4 12,1 % -11,5 % 0,6 % 3,1 % -3,1 % 0,0 % 0,6 % 4,6 %
7,4
2009 4 5,1 % -5,2 % 0,0 % 5,5 % -4,2 % 1,3 % 1,3 % 13,9 %
10,6
2010 4 7,2 % -5,2 % 2,0 % 1,7 % -2,3 % -0,5 % 1,4 % 13,9 %
9,6
2011 4 8,0 % -6,9 % 1,0 % 1,4 % -1,8 % -0,5 % 0,6 % 4,5 %
7,7
2012 4 7,6 % -6,5 % 1,1 % 1,0 % -1,5 % -0,5 % 0,6 % 5,9 %
10,1
2013 4 7,6 % -6,4 % 1,2 % 1,0 % -1,6 % -0,6 % 0,6 % 8,3 %
13,8
2014 4 7,2 % -6,0 % 1,1 % 1,2 % -1,7 % -0,4 % 0,7 % 12,2 %
17,5
Média 4 9,3 % -8,8 % 0,5 % 3,1 % -3,2 % -0,1 % 0,4 % 10,0 3,8 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
173
Tabela 33 - Formação da rentabilidade líquida - os 15 maiores bancos da amostra
2001 a 2014
Nº de Bancos da Rentabilidade Líquida Retorno do Custo da Spread Seco Grau de Endividamento Spread
Ano
Amostra Anual (Rl) Ativo (Rb) Dívida (Cd) (Rb - Cd) (PEm/PLm) Alavancado
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
174
Tabela 35 - Decomposição do retorno financeiro do ativo - os 15 maiores bancos da amostra
2001 a 2014
Rbf -
Nº de Retorno Rbf - Rbf - Rbf - Operações Rbf - Títulos e Rbf -
Instrumentos
Ano Bancos da Financeiro do Aplicações Operações de de Crédito e Valores Venda de
Financ.
Amostra Ativo (Rbf) Compuls. Câmbio Arrend. Mercantil Mobiliários Ativos
Derivativos
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
175
Tabela 37 - Decomposição do custo da dívida - os 15 maiores bancos da amostra
2001 a 2014
Nº de Bancos da Custo da Dívida Custo Financeiro da Dívida Custo Não Financeiro da Dívida
Ano Cdf/Cd Cdnf/Cd
Amostra Cd (Cdf) (Cdnf)
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
176
Tabela 39 - Decomposição do custo não financeiro da dívida - os 15 maiores bancos da amostra
2001 a 2014
Custo Não
Cdnf -
Nº de Bancos da Financeiro Cdnf - Cdnf - Outras Cdnf - Demais Despesas
Ano Cdnf - Tributação Participação
Amostra da Dívida Pessoal Despesas Adm. Não Financeiras
nos Lucros
(Cdnf)
2001 15 -9,2 % -0,7 % -3,2 % -2,6 % -0,1 % -2,5 %
2002 15 -8,8 % -1,1 % -2,7 % -2,5 % -0,1 % -2,4 %
2003 15 -9,7 % -1,0 % -2,6 % -2,5 % -0,1 % -3,6 %
2004 15 -8,9 % -1,2 % -2,5 % -2,5 % -0,2 % -2,6 %
2005 15 -9,3 % -1,6 % -2,6 % -2,5 % -0,2 % -2,4 %
2006 15 -8,2 % -1,1 % -2,4 % -2,4 % -0,3 % -2,0 %
2007 15 -8,4 % -1,1 % -2,2 % -2,4 % -0,2 % -2,5 %
2008 15 -7,6 % 0,1 % -1,9 % -2,0 % -0,2 % -3,6 %
2009 15 -7,8 % -1,1 % -1,7 % -2,0 % -0,2 % -2,8 %
2010 15 -6,7 % -0,9 % -1,6 % -2,0 % -0,2 % -1,9 %
2011 15 -6,0 % -0,5 % -1,5 % -1,8 % -0,2 % -2,0 %
2012 15 -5,4 % -0,4 % -1,5 % -1,7 % -0,2 % -1,6 %
2013 15 -5,2 % -0,5 % -1,4 % -1,6 % -0,2 % -1,6 %
2014 15 -5,0 % -0,4 % -1,3 % -1,5 % -0,2 % -1,7 %
Média 15 -7,6 % -0,8 % -2,1 % -2,1 % -0,2 % -2,4 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
Tabela 40 - Balanço de retornos e custos financeiros e não financeiros - os 15 maiores bancos da amostra
2001 a 2014
Retorno Variável
Nº de Retorno Custo Custo Não Spread
Spread Não Grau de Criada -
Bancos Financeiro Financeiro Financeiro Não Spread Seco
Ano Financeiro Financeiro Endividamento Spread
da do Ativo da Dívida da Dívida Financeiro Geral
Seco do Ativo (PEm/PLm) Alavancado
Amostra (Rbf) (Cdf) (Cdnf) Seco
(Rbnf) Médio
2001 15 15,2 % -13,2 % 2,1 % 4,6 % -9,2 % -4,6 % -2,5 % -28,9 %
11,4
2002 15 20,7 % -17,3 % 3,4 % 5,1 % -8,8 % -3,7 % -0,3 % -3,5 %
11,6
2003 15 16,0 % -12,2 % 3,8 % 5,6 % -9,7 % -4,1 % -0,3 % -3,4 %
11,7
2004 15 14,1 % -9,9 % 4,2 % 4,9 % -8,9 % -4,0 % 0,2 % 2,5 %
11,2
2005 15 15,2 % -10,6 % 4,7 % 5,2 % -9,3 % -4,1 % 0,6 % 5,9 %
10,6
2006 15 14,6 % -10,4 % 4,1 % 4,9 % -8,2 % -3,3 % 0,8 % 8,3 %
10,4
2007 15 13,2 % -9,4 % 3,7 % 5,5 % -8,4 % -3,0 % 0,8 % 7,9 %
10,1
2008 15 15,1 % -13,6 % 1,5 % 6,1 % -7,6 % -1,4 % 0,1 % 0,7 %
10,6
2009 15 13,2 % -10,5 % 2,7 % 5,1 % -7,8 % -2,7 % 0,1 % 0,7 %
10,8
2010 15 12,6 % -9,3 % 3,3 % 3,7 % -6,7 % -3,0 % 0,3 % 3,3 %
10,4
2011 15 12,9 % -10,7 % 2,2 % 3,9 % -6,0 % -2,2 % 0,0 % 0,4 %
10,3
2012 15 11,2 % -9,0 % 2,2 % 3,3 % -5,4 % -2,1 % 0,0 % 0,3 %
11,1
2013 15 10,2 % -8,4 % 1,8 % 3,6 % -5,2 % -1,6 % 0,2 % 2,3 %
12,4
2014 15 11,0 % -9,4 % 1,6 % 3,6 % -5,0 % -1,5 % 0,2 % 2,1 %
13,3
Média 15 13,9 % -11,0 % 2,9 % 4,7 % -7,6 % -2,9 % 0,0 % 11,1 -0,1 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
177
Tabela 41 - Formação da rentabilidade líquida - os 63 menores bancos da amostra
2001 a 2014
Nº de Bancos da Rentabilidade Líquida Retorno do Custo da Spread Seco Grau de Endividamento Spread
Ano
Amostra Anual (Rl) Ativo (Rb) Dívida (Cd) (Rb - Cd) (PEm/PLm) Alavancado
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
Nº de Bancos da Retorno do Ativo Retorno Financeiro do Ativo Retorno Não Financeiro do Ativo
Ano Rbf/Rb Rbnf/Rb
Amostra (Rb) (Rbf) (Rbnf)
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
178
Tabela 43 - Decomposição do retorno financeiro do ativo - os 63 menores bancos da amostra
2001 a 2014
Rbf -
Nº de Retorno Rbf - Rbf - Rbf - Operações Rbf - Títulos e Rbf -
Instrumentos
Ano Bancos da Financeiro do Aplicações Operações de de Crédito e Valores Venda de
Financ.
Amostra Ativo (Rbf) Compuls. Câmbio Arrend. Mercantil Mobiliários Ativos
Derivativos
2001 58 20,9 % 0,1 % 0,6 % 12,2 % -0,1 % 7,5 % 0,0 %
2002 54 26,1 % 0,3 % 1,2 % 14,3 % -0,5 % 10,2 % 0,0 %
2003 53 22,4 % 0,4 % 0,3 % 13,4 % -0,2 % 7,9 % 0,0 %
2004 50 20,5 % 0,3 % 0,3 % 13,2 % -0,2 % 6,5 % 0,0 %
2005 48 21,0 % 0,6 % 0,5 % 13,2 % -0,5 % 7,0 % 0,0 %
2006 46 19,1 % 0,3 % 0,2 % 13,2 % -0,3 % 5,7 % 0,0 %
2007 45 16,7 % 0,3 % 0,1 % 12,1 % -0,6 % 4,9 % 0,0 %
2008 45 19,1 % 0,2 % 1,0 % 12,6 % 1,1 % 4,2 % 0,0 %
2009 44 14,3 % 0,1 % 0,1 % 12,1 % -1,5 % 3,5 % 0,0 %
2010 43 14,3 % 0,1 % -0,4 % 10,7 % 2,3 % 1,6 % 0,1 %
2011 40 14,7 % 0,6 % 0,0 % 9,4 % 3,8 % 0,9 % 0,1 %
2012 39 13,9 % 0,4 % 0,2 % 9,4 % 3,0 % 0,9 % 0,1 %
2013 39 12,9 % 0,5 % 0,3 % 9,1 % 2,5 % 0,6 % 0,1 %
2014 39 13,9 % 0,5 % 0,4 % 9,4 % 3,1 % 0,5 % 0,1 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
179
Tabela 45 - Decomposição do custo da dívida - os 63 menores bancos da amostra
2001 a 2014
Nº de Bancos da Custo da Dívida Custo Financeiro da Dívida Custo Não Financeiro da Dívida
Ano Cdf/Cd Cdnf/Cd
Amostra Cd (Cdf) (Cdnf)
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
180
Tabela 47 - Decomposição do custo não financeiro da dívida - os 63 menores bancos da amostra
2001 a 2014
Cdnf - Demais
Nº de Bancos Custo Não Financeiro Cdnf - Cdnf - Cdnf - Outras Cdnf - Participação
Ano Despesas Não
da Amostra da Dívida (Cdnf) Tributação Pessoal Despesas Adm. nos Lucros
Financeiras
2001 58 -11,5 % -0,9 % -4,2 % -4,3 % -0,1 % -2,0 %
2002 54 -12,5 % -1,8 % -4,1 % -4,7 % -0,1 % -1,8 %
2003 53 -13,6 % -2,2 % -4,0 % -5,5 % -0,1 % -1,8 %
2004 50 -14,3 % -2,0 % -4,2 % -5,7 % -0,1 % -2,4 %
2005 48 -15,2 % -2,0 % -4,0 % -6,4 % -0,1 % -2,8 %
2006 46 -13,6 % -1,9 % -3,7 % -6,2 % -0,2 % -1,7 %
2007 45 -13,1 % -2,0 % -3,3 % -5,6 % -0,2 % -1,9 %
2008 45 -11,1 % -1,2 % -2,9 % -4,9 % -0,2 % -2,0 %
2009 44 -10,8 % -1,1 % -2,5 % -4,9 % -0,1 % -2,1 %
2010 43 -10,5 % -1,4 % -2,4 % -4,6 % -0,2 % -1,9 %
2011 40 -9,5 % -1,4 % -2,5 % -3,8 % -0,2 % -1,6 %
2012 39 -9,1 % -1,2 % -2,4 % -4,0 % -0,1 % -1,4 %
2013 39 -8,3 % -1,1 % -2,4 % -3,0 % -0,1 % -1,6 %
2014 39 -8,1 % -1,5 % -2,3 % -3,0 % -0,1 % -1,2 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
Tabela 48 - Balanço de retornos e custos financeiros e não financeiros - os 63 menores bancos da amostra
2001 a 2014
Retorno Variável
Nº de Retorno Custo Custo Não Spread
Spread Não Spread Grau de Criada -
Bancos Financeiro Financeiro Financeiro Não
Ano Financeiro Financeiro Seco Endividamento Spread
da do Ativo da Dívida da Dívida Financeiro
Seco do Ativo Geral (PEm/PLm) Alavancado
Amostra (Rbf) (Cdf) (Cdnf) Seco
(Rbnf) Médio
2001 58 20,9 % -15,2 % 5,8 % 3,2 % -11,5 % -8,3 % -2,5 % -13,6 %
5,4
2002 54 26,1 % -20,5 % 5,6 % 3,7 % -12,5 % -8,8 % -3,2 % -15,6 %
4,9
2003 53 22,4 % -16,4 % 6,0 % 4,1 % -13,6 % -9,6 % -3,5 % -14,9 %
4,2
2004 50 20,5 % -13,5 % 6,9 % 3,8 % -14,3 % -10,6 % -3,6 % -13,9 %
3,8
2005 48 21,0 % -14,5 % 6,5 % 4,8 % -15,2 % -10,4 % -3,9 % -14,5 %
3,7
2006 46 19,1 % -12,3 % 6,8 % 3,8 % -13,6 % -9,8 % -3,0 % -11,1 %
3,7
2007 45 16,7 % -11,0 % 5,8 % 4,7 % -13,1 % -8,4 % -2,6 % -9,1 %
3,6
2008 45 19,1 % -15,7 % 3,4 % 3,2 % -11,1 % -7,9 % -4,5 % -16,4 %
3,7
2009 44 14,3 % -11,9 % 2,4 % 4,9 % -10,8 % -5,9 % -3,5 % -14,1 %
4,0
2010 43 14,3 % -9,9 % 4,4 % 3,8 % -10,5 % -6,7 % -2,3 % -9,3 %
4,1
2011 40 14,7 % -11,7 % 3,1 % 3,1 % -9,5 % -6,4 % -3,4 % -14,7 %
4,4
2012 39 13,9 % -10,2 % 3,8 % 2,7 % -9,1 % -6,4 % -2,7 % -12,7 %
4,7
2013 39 12,9 % -9,5 % 3,4 % 2,6 % -8,3 % -5,7 % -2,3 % -11,1 %
4,8
2014 39 13,9 % -10,9 % 3,1 % 2,8 % -8,1 % -5,3 % -2,2 % -11,0 %
4,9
Média 63 17,9 % -13,1 % 4,8 % 3,6 % -11,5 % -7,9 % -3,1 % 4,3 -13,2 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
181
Tabela 49 - Formação da rentabilidade líquida - os bancos privados da amostra
2001 a 2014
Nº de Bancos da Rentabilidade Líquida Retorno do Custo da Spread Seco Grau de Endividamento Spread
Ano
Amostra Anual (Rl) Ativo (Rb) Dívida (Cd) (Rb - Cd) (PEm/PLm) Alavancado
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
182
Tabela 51 - Decomposição do retorno financeiro do ativo - os bancos privados da amostra
2001 a 2014
Rbf -
Nº de Retorno Rbf - Rbf - Rbf - Operações Rbf - Títulos e Rbf -
Instrumentos
Ano Bancos da Financeiro do Aplicações Operações de de Crédito e Valores Venda de
Financ.
Amostra Ativo (Rbf) Compuls. Câmbio Arrend. Mercantil Mobiliários Ativos
Derivativos
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
183
Tabela 53 - Decomposição do custo da dívida - os bancos privados da amostra
2001 a 2014
Nº de Bancos da Custo da Dívida Custo Financeiro da Dívida Custo Não Financeiro da Dívida
Ano Cdf/Cd Cdnf/Cd
Amostra Cd (Cdf) (Cdnf)
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
184
Tabela 55 - Decomposição do custo não financeiro da dívida - os bancos privados da amostra
2001 a 2014
Cdnf - Demais
Nº de Bancos Custo Não Financeiro Cdnf - Cdnf - Cdnf - Outras Cdnf - Participação
Ano Despesas Não
da Amostra da Dívida (Cdnf) Tributação Pessoal Despesas Adm. nos Lucros
Financeiras
2001 68 -9,9 % -0,9 % -3,5 % -3,5 % -0,2 % -1,9 %
2002 63 -10,2 % -1,3 % -2,9 % -3,2 % -0,2 % -2,6 %
2003 62 -10,0 % -0,9 % -2,8 % -3,5 % -0,2 % -2,7 %
2004 59 -9,9 % -1,6 % -2,6 % -3,4 % -0,2 % -2,2 %
2005 56 -10,6 % -1,8 % -2,5 % -3,4 % -0,2 % -2,7 %
2006 54 -9,8 % -1,5 % -2,3 % -3,2 % -0,3 % -2,5 %
2007 53 -9,8 % -1,4 % -2,0 % -3,2 % -0,3 % -2,9 %
2008 53 -8,7 % 0,6 % -1,7 % -2,4 % -0,2 % -4,9 %
2009 52 -9,0 % -1,3 % -1,6 % -2,5 % -0,3 % -3,3 %
2010 52 -8,0 % -1,1 % -1,6 % -2,6 % -0,3 % -2,3 %
2011 49 -7,1 % -0,5 % -1,5 % -2,4 % -0,2 % -2,5 %
2012 48 -6,6 % -0,4 % -1,5 % -2,2 % -0,3 % -2,2 %
2013 48 -6,2 % -0,4 % -1,3 % -2,1 % -0,2 % -2,2 %
2014 48 -6,4 % -0,5 % -1,4 % -2,0 % -0,2 % -2,3 %
Média 74 -8,7 % -0,9 % -2,1 % -2,8 % -0,2 % -2,7 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
Tabela 56 - Balanço de retornos e custos financeiros e não financeiros - os bancos privados da amostra
2001 a 2014
Retorno Variável
Nº de Retorno Custo Custo Não Spread
Spread Não Spread Grau de Criada -
Bancos Financeiro Financeiro Financeiro Não
Ano Financeiro Financeiro Seco Endividamento Spread
da do Ativo da Dívida da Dívida Financeiro
Seco do Ativo Geral (PEm/PLm) Alavancado
Amostra (Rbf) (Cdf) (Cdnf) Seco
(Rbnf) Médio
2001 68 19,5 % -15,1 % 4,3 % 3,3 % -9,9 % -6,6 % -2,3 % -19,6 %
8,6
2002 63 22,3 % -18,4 % 3,9 % 6,1 % -10,2 % -4,1 % -0,2 % -1,8 %
8,3
2003 62 17,5 % -13,1 % 4,4 % 5,0 % -10,0 % -5,0 % -0,6 % -5,0 %
7,9
2004 59 15,8 % -10,7 % 5,1 % 5,0 % -9,9 % -4,9 % 0,2 % 1,4 %
7,9
2005 56 18,4 % -12,8 % 5,6 % 5,3 % -10,6 % -5,3 % 0,3 % 2,3 %
7,9
2006 54 17,5 % -12,5 % 5,0 % 4,9 % -9,8 % -4,9 % 0,1 % 0,9 %
8,1
2007 53 15,6 % -11,3 % 4,3 % 5,9 % -9,8 % -3,9 % 0,4 % 3,1 %
8,2
2008 53 17,2 % -16,4 % 0,8 % 7,2 % -8,7 % -1,5 % -0,8 % -6,6 %
8,8
2009 52 16,1 % -13,1 % 3,0 % 5,2 % -9,0 % -3,8 % -0,8 % -6,8 %
8,4
2010 52 15,0 % -11,3 % 3,6 % 3,9 % -8,0 % -4,0 % -0,4 % -3,1 %
8,0
2011 49 14,9 % -12,8 % 2,1 % 4,5 % -7,1 % -2,6 % -0,5 % -4,4 %
8,6
2012 48 13,0 % -10,7 % 2,2 % 3,7 % -6,6 % -2,8 % -0,6 % -5,1 %
8,8
2013 48 11,4 % -9,7 % 1,7 % 4,1 % -6,2 % -2,1 % -0,4 % -3,4 %
9,2
2014 48 12,2 % -10,6 % 1,6 % 4,5 % -6,4 % -1,9 % -0,3 % -2,3 %
9,3
Média 74 16,2 % -12,8 % 3,4 % 4,9 % -8,7 % -3,8 % -0,4 % 8,4 -3,5 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
185
Tabela 57 - Formação da rentabilidade líquida - os bancos públicos da amostra
2001 a 2014
Nº de Bancos da Rentabilidade Líquida Retorno do Custo da Spread Seco Grau de Endividamento Spread
Ano
Amostra Anual (Rl) Ativo (Rb) Dívida (Cd) (Rb - Cd) (PEm/PLm) Alavancado
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
186
Tabela 59 - Decomposição do retorno financeiro do ativo - os bancos públicos da amostra
2001 a 2014
Rbf -
Nº de Retorno Rbf - Rbf - Rbf - Operações Rbf - Títulos e Rbf -
Instrumentos
Ano Bancos da Financeiro do Aplicações Operações de de Crédito e Valores Venda de
Financ.
Amostra Ativo (Rbf) Compuls. Câmbio Arrend. Mercantil Mobiliários Ativos
Derivativos
2001 1 12,6 % 0,7 % 0,6 % 7,5 % -0,2 % 4,1 % 0,0 %
2002 1 19,5 % 0,9 % 1,8 % 10,1 % -0,3 % 7,0 % 0,0 %
2003 1 15,6 % 1,3 % 0,3 % 6,8 % 0,0 % 7,1 % 0,0 %
2004 1 13,1 % 0,9 % 0,2 % 7,1 % 0,0 % 4,9 % 0,0 %
2005 1 13,1 % 1,0 % 0,1 % 6,5 % -0,2 % 5,6 % 0,0 %
2006 1 12,3 % 0,9 % 0,2 % 6,2 % -0,1 % 5,1 % 0,0 %
2007 1 10,9 % 0,7 % 0,1 % 6,0 % 0,1 % 4,0 % 0,0 %
2008 1 12,8 % 0,7 % 0,1 % 7,6 % -0,1 % 4,5 % 0,0 %
2009 1 9,4 % 0,3 % 0,1 % 5,7 % -0,2 % 3,5 % 0,0 %
2010 1 9,8 % 0,3 % -0,2 % 6,4 % 1,5 % 1,5 % 0,3 %
2011 1 10,7 % 0,0 % -0,1 % 7,0 % 3,0 % 0,1 % 0,7 %
2012 1 9,3 % 0,0 % -0,2 % 6,2 % 2,6 % 0,1 % 0,5 %
2013 1 9,0 % 0,0 % 0,2 % 6,1 % 2,1 % 0,1 % 0,5 %
2014 1 9,9 % 0,1 % 0,0 % 6,6 % 2,6 % 0,0 % 0,5 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
Nº de Bancos da Retorno Não Financeiro do Ativo Rbnf - Rbnf - Rbnf - Demais Receitas e
Ano
Amostra (Rbnf) Tarifas Serviços Ganhos
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
187
Tabela 61 - Decomposição do custo da dívida - os bancos públicos da amostra
2001 a 2014
Nº de Bancos da Custo da Dívida Custo Financeiro da Dívida Custo Não Financeiro da Dívida
Ano Cdf/Cd Cdnf/Cd
Amostra Cd (Cdf) (Cdnf)
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
188
Tabela 63 - Decomposição do custo não financeiro da dívida - os bancos públicos da amostra
2001 a 2014
Cdnf - Demais
Nº de Bancos Custo Não Financeiro Cdnf - Cdnf - Cdnf - Outras Cdnf - Participação
Ano Despesas Não
da Amostra da Dívida (Cdnf) Tributação Pessoal Despesas Adm. nos Lucros
Financeiras
2001 1 -8,6 % -0,7 % -3,1 % -2,0 % 0,0 % -2,8 %
2002 1 -7,8 % -1,1 % -2,6 % -2,0 % 0,0 % -2,1 %
2003 1 -9,6 % -1,2 % -2,6 % -1,8 % -0,1 % -4,0 %
2004 1 -8,3 % -0,9 % -2,6 % -1,9 % -0,1 % -2,7 %
2005 1 -8,5 % -1,5 % -2,7 % -2,0 % -0,1 % -2,2 %
2006 1 -7,0 % -0,8 % -2,6 % -1,9 % -0,2 % -1,5 %
2007 1 -7,1 % -0,7 % -2,5 % -1,8 % -0,1 % -2,0 %
2008 1 -6,3 % -0,5 % -2,2 % -1,6 % -0,2 % -1,8 %
2009 1 -6,4 % -0,7 % -1,9 % -1,5 % -0,2 % -2,0 %
2010 1 -5,4 % -0,7 % -1,7 % -1,3 % -0,2 % -1,4 %
2011 1 -4,9 % -0,6 % -1,6 % -1,2 % -0,1 % -1,4 %
2012 1 -4,3 % -0,5 % -1,5 % -1,2 % -0,1 % -1,0 %
2013 1 -4,3 % -0,5 % -1,4 % -1,1 % -0,1 % -1,0 %
2014 1 -3,9 % -0,3 % -1,4 % -1,0 % -0,1 % -1,1 %
Média 1 -6,6 % -0,8 % -2,2 % -1,6 % -0,1 % -1,9 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
Tabela 64 - Balanço de retornos e custos financeiros e não financeiros - os bancos públicos da amostra
2001 a 2014
Retorno Variável
Nº de Retorno Custo Custo Não Spread
Spread Não Spread Grau de Criada -
Bancos Financeiro Financeiro Financeiro Não
Ano Financeiro Financeiro Seco Endividamento Spread
da do Ativo da Dívida da Dívida Financeiro
Seco do Ativo Geral (PEm/PLm) Alavancado
Amostra (Rbf) (Cdf) (Cdnf) Seco
(Rbnf) Médio
2001 1 12,6 % -11,9 % 0,7 % 5,3 % -8,6 % -3,3 % -2,6 % -35,8 %
13,9
2002 1 19,5 % -16,4 % 3,1 % 4,1 % -7,8 % -3,7 % -0,6 % -8,7 %
15,3
2003 1 15,6 % -11,8 % 3,7 % 5,7 % -9,6 % -3,9 % -0,2 % -2,7 %
16,2
2004 1 13,1 % -9,5 % 3,6 % 4,6 % -8,3 % -3,6 % 0,0 % 0,2 %
14,8
2005 1 13,1 % -9,1 % 4,0 % 5,0 % -8,5 % -3,5 % 0,5 % 6,9 %
13,7
2006 1 12,3 % -8,8 % 3,5 % 4,5 % -7,0 % -2,4 % 1,1 % 13,9 %
12,9
2007 1 10,9 % -7,6 % 3,3 % 4,7 % -7,1 % -2,4 % 0,9 % 10,5 %
12,2
2008 1 12,8 % -10,2 % 2,6 % 4,5 % -6,3 % -1,8 % 0,7 % 9,3 %
12,7
2009 1 9,4 % -7,3 % 2,2 % 5,0 % -6,4 % -1,4 % 0,8 % 12,1 %
15,2
2010 1 9,8 % -7,0 % 2,8 % 3,4 % -5,4 % -2,0 % 0,8 % 12,1 %
14,4
2011 1 10,7 % -8,4 % 2,2 % 3,1 % -4,9 % -1,8 % 0,4 % 5,2 %
12,4
2012 1 9,3 % -7,2 % 2,1 % 2,7 % -4,3 % -1,6 % 0,5 % 6,8 %
14,5
2013 1 9,0 % -7,2 % 1,8 % 3,0 % -4,3 % -1,3 % 0,6 % 9,7 %
17,4
2014 1 9,9 % -8,4 % 1,6 % 2,6 % -3,9 % -1,3 % 0,3 % 6,7 %
20,1
Média 1 12,0 % -9,3 % 2,7 % 4,2 % -6,6 % -2,4 % 0,2 % 14,7 3,4 %
Fonte: elaboração própria. Dados contábeis divulgados pelo Banco Central do Brasil.
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