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XVIII AO XX.
Fazemos mercê (...) de dar e conceder por data e sesmaria deste Senado ao Immenoribus
Roque Jacinto Lopes Tourinho e a viúva dona Francisca Xavier de Sousa Lopes um
terreno de setenta braças de terras em quadra, que corre por detrás da ermida de N. S. dos
Remédios para o nascente, buscando o Armazém de Pólvora desta cidade a beira de um
apicum que se acha na dita paragem donde tinham já edificado duas fábricas de sola e
outra de descascar arroz e por ser muito pouco terreno para as ditas manufaturas, casas
de vivenda, e ranchos para os seus escravos [...] Maranhão, 15 de dezembro de 1790. 8
Em que o capitão José Salgado e sua mulher fizeram doação de patrimônio a essa
capela de 120$000 cada ano, na forma seguinte: a fábrica de descascar arroz,
16$000; as casas místicas à mesma capela, 40$000; e mais 64$000 por ano no
rendimento das casas que possuíam na rua do Desterro, bem como 120 braças de terra
de comprido e 60 de largo, onde se achava ereta a mesma capela do Senhor São Tiago
e fábrica. 10
Mapa de São Luís, 1844, versão modificada, em que aparecem os arredores da cidade e o lugar
denominado “Salgado”, onde se situava a Quinta e a Fábrica de soque de arroz. Desenho feito a
partir do livro “O Maranhão no Centenário da Independência”, de J. Ribeiro do Amaral.
No mapa acima fica nítida a indicação “Salgado”, onde estava localizada uma
grande edificação, à qual convergiam as ruas de São João, das Crioulas (antiga Madre de
Deus) e de São Pantaleão. Provavelmente seria essa a propriedade do capitão Salgado
Moscoso, com a fábrica, empreendimento responsável por atrair contingentes das populações
de baixa renda para essa ponta extrema do núcleo urbano, pois as ruas se alongam até chegar
aos seus limites. Por outro lado, foram as inúmeras “quintas” existentes nessa área as
responsáveis por impedir a expansão natural da cidade para esse espaço. Certo é que nesses
espaços foram erigidas, no século XIX, as unidades fabris que conhecemos hoje: a Fábrica
Santa Amélia, a Fábrica Santiago, a São Luís e a Cânhamo.
Sobre a propriedade dos Salgados, com a morte do capitão e patriarca da família,
no final do século XVIII, a capela e casas místicas ficaram abandonadas por muito tempo, até
que em 14 de março de 1848, o neto do fundador, o capitão Tiago José Salgado de Sá
Moscoso, como procurador-geral de sua mãe, D. Luísa Rita de Sousa Salgado, fez um
contrato com o capuchinho Frei Doroteu de Dronero. O religioso conseguiu, após longo
processo, o beneplácito do Imperador e a autorização do bispo, para transformar a capela e
casas contíguas em hospício regular11, “com todos os privilégios, graças, isenções e
imunidades.” A solenidade de inauguração dessa benfeitoria ocorreu com grandes celebrações
a 24 de julho de 1854.
Ao que parece, a disputa judicial acabou por condenar a capela e o largo, que
hoje já não existem mais, tendo seus terrenos sido vendidos aos poucos pelos herdeiros da
família Moscoso.
Obviamente que tais unidades de produção logo atraíram para seu entorno uma
população de moradores livres e alforriados de poucas posses. A Câmara de São Luís emitiu
inúmeros títulos de terra para moradores que ali construíram suas casas. Essa população de
trabalhadores de menor renda passou a constituir significativo contingente urbano que foi se
concentrando na periferia da cidade. Os registros de doações de chãos urbanos evidenciam a
diversificação social e étnica da população no final do século XVIII. O exemplo seguinte é
elucidativo de tal premissa:
O Doutor Jozé Thomas da Sylva Quintanilha (...) e mais senadores que servimos (...),
fazemos mercê de dar e conceder a cafuza forra Anna Raymunda, casada, e a seu irmão
Antonio da Trindade um chão de cinco braças de testada e quinze de fundos na rua da
Madre de Deus, com a frente para o poente e os quintais ao nascente, místicos da parte do
sul a outro chão concedido a Luísa, cafuza forra, mãe dos ditos acima (...). São Luís do
Maranhão, 13 de setembro de 1781.13
Depois da pilação de arroz, a indústria mais importante era a de sabão, artigo que
importávamos em larga escala da Inglaterra, apesar das três fábricas que possuíamos.
Uma pertencia à firma Bottentuit & Chavanes, ficava à rua do Pespontão, servida por
força a vapor e produzia 2.000 libras de sabão, 100 de velas estearinas e 250 frascos de
azeite; a outra era de Lázaro Moreira de Sousa, sita na praia dos Remédios, com a
produção mensal de 32.000 libras de sabão amarelo e 60 caixas de sabão branco; e a
terceira, situada no largo de Santiago, era propriedade de Manuel Pereira Martins. 14
Ante a crise, as terras foram deixadas de lado pelos grandes produtores rurais e
passaram a ser exploradas pelas roças de subsistência dos “posseiros”. Os pequenos
agricultores e suas famílias tinham origens diversas: a maioria era de trabalhadores
escravizados, que foram se mantendo nas terras onde se localizavam as plantations.
Propriedade de Martins & Irmão. Situada no largo de São Tiago, com uma
área de 3.500 metros quadrados, três motores que juntos davam 30 cavalos
de força, e dez máquinas operatrizes, destinava-se a pilar arroz, extrair óleos
e fabricar sabão. Em 12 horas de trabalho, produzia 1.200 litros de óleos,
4.000 quilos de sabão e 60 sacas de arroz pilado. Nas suas vendas figurava
esta tabela;
Segundo João Pereira Martins Neto, herdeiro ainda vivo da família, o segredo do
sabão Martins se devia à mistura de vários óleos: de andiroba, de algodão, do babaçu etc. Isso
garantia a umidade do produto por mais tempo, diferenciando-o dos produzidos pela
concorrência.
Sobre a cidade São Luís neste período, seu ordenamento e sua população, existe
um mapa de 1871, no Arquivo Militar no Rio de Janeiro, dando conta de que em 1858, esta
seria de 27.817 habitantes, distribuídos em 4.210 domicílios. Quanto ao Largo de Santiago e
seu entorno, apesar de contar com edificações importantes, até o século XIX, se configurava
como uma das áreas periféricas, situada “nos confins da cidade, perdida no extremo sul, ainda
quase mata virgem, entre o lamaçal mal odorante do Ibacanga e os apicuns praguentos da
quinta do Gavião!” 20
Nas últimas décadas do século XIX, por força da atração dos
estabelecimentos fabris inaugurados naquele espaço, foram se abrindo vias onde antes eram
caminhos.
A primeira via, de São João, se estendera do Largo da Fonte das Pedras por mais três
esquinas, até a rua das Cajazeiras [...] A segunda, paralela à anterior, que seria chamada
Caminho Velho da Madre de Deus (hoje Cândido Ribeiro), começava na rua Grande e ia
terminar uma quadra adiante da rua da Cotovia, na rua das Cajazeiras, onde, aliás,
terminava aquele Largo de Santiago. 21
Nesse período, Manuel Pereira Martins já havia mandado buscar seu irmão, João
Pereira Martins, em Aveiro-Portugal, no intuito de ajudá-lo na ampliação da Fábrica.
São Luís, 11.04.1960 – Prezado Sr. Jerônimo Viveiros – Saudações – Teria muito prazer
em lhe fornecer dados concretos sobre as primeiras investidas tomadas pela nossa firma
comercial sobre a exploração das sementes de babaçu, mas infelizmente, naquela época
de 870, pouco caso se dava aos arquivos das firmas. Assim, apenas sei por palestras
havida com meu saudoso pai que, naquele tempo, pensava em aproveitar o óleo dessa
semente para a nossa indústria de sabão. Tanto assim que, a primeira instalação para
extração de óleos vegetais aqui em São Luís, foi adquirida por meu pai numa de suas
viagens a Inglaterra, instalação essa que ainda cheguei a ver trabalhando. – João V.
Martins. 24
A porta principal dá engresso ao vasto armazém que serve de depósito das sementes
oleaginosas: em seguida desce-se uma larga escadaria que conduz ao centro do
estabelecimento onde abre-se um grande pateo, para os carros empregados no trafego. Ao
lado direito nos ângulos, estão as machinas extractoras do óleo.26
Esse serviço feito com o melhor aperfeiçoamento possível, occupa o primeiro e segundo
pavimentos que bastante espaçosos, dão logar também ao fabrico do sabão. À esquerda
num salão apropriado estão colocadas as caldeiras e machinas motoras, e ao lado, a
fabrica de pilar arroz.
Ao fundo está em construçâo um vasto armazém para o deposito e mais outros salões
destinados à multiplicidade do trabalho.27
Não custa lembrar, a firma Martins & Irmãos já fabricava sabões e sabonetes na
segunda metade do século XIX, utilizando óleos diversos, inclusive aquele retirado da
amêndoa de babaçu, o que lhe garantiu uma dianteira sobre os outros empresários.
A imagem acima fala por si. As populações que ocuparam com seu trabalho as
terras antes utilizadas para o plantio do algodão e de arroz passaram a fazer parte de uma rede
de dependência que tinha nas atividades extrativistas um dos elos mais importantes. Famílias
inteiras entravam nessa cadeia com o seu trabalho de coleta. As condições de vida no interior
maranhense deveriam ser precaríssimas, visíveis nas figuras esqueléticas, esfarrapadas,
provavelmente analfabetas, clicadas pelo fotógrafo.
Moacir Feitosa também chamou atenção para o fato de que foi por intermédio do
extrativismo do babaçu que houve uma reinserção da economia local ao mercado externo.
Com efeito, “a partir da comercialização da torta gorda no mercado europeu – Alemanha e
Holanda, particularmente – quando a mesma passa a ser utilizada como uma importante ração
na criação de animais, bovinos em particular”. 40 Feitosa esclarece que apesar da “importância
da amêndoa de babaçu para as indústrias química e alimentar desenvolvidas fora do país e no
Centro-Sul brasileiro”, a rede de comercialização da amêndoa no que se refere à exploração
da força de trabalho segue o mesmo rumo da comercialização do arroz.” Para esse autor,
muda apenas a figura do usineiro que passa a ser assumida pelo industrial urbano, “localizado
em pontos estratégicos do Estado, próximos às áreas dos densos cocais ou beneficiados por
regular sistema de transportes”.41 Feitosa observa ainda que:
Na última página do anúncio, num ambiente mais limpo, são vistos operários à
frente de máquinas mais sofisticadas, com as indicações: “machinas e prensa para extração de
óleos vegetaes” e “machina motora” . 44
Álbum do Maranhão, 1923, p. 189.
O meu pai trabalhava no tiramento de lenha, lenha para vender por metro. [...] Cortava
uns pedaços com um metro de largura, um metro de lenha, entendeu? Isso foi vendido até
outro dia, antes das máquinas a óleo. {...} Aqui era movimentado com lenha e meu pai
tirava aquela lenha do mangue, [...} no Igarapé do Anil, [...] Dava para criar os filhos, era
dois mil réis o metro. Ele fazia aqueles metros e botava na maré [...] botava e quando era
sábado, uma hora dessa ele tava recebendo a nota...45
Segundo seu João Pereira Martins Neto, toda a área no entorno da antiga fábrica
foi aterrada com os resíduos das caldeiras. Antes, o galpão maior ficava localizado à beira
mar; hoje todo o entorno é terreno firme, devido ao aterro produzido pelos detritos produzidos
pela fábrica.
Desde o século XVIII, as áreas do entorno das antigas fábricas de soque de arroz
foram sendo ocupadas por populações de baixa renda. Tal fenômeno se intensificou no
decorrer dos séculos seguintes, com a abertura de inúmeras fábricas têxteis. Existem imagens
de tais espaços no início do século XX, onde vemos resquícios do tipo das construções
rústicas que marcaram seu começo: lotes de pequenas dimensões, construções térreas e
acanhadas.
O óleo de babaçu era exportado para diversos países, sendo que entre os anos de
1919 a 1937, no período entre guerras, a Alemanha foi o principal destino, com 127.606
toneladas. Logo a seguir vinham os Estados Unidos, com 61.933, depois Holanda com 39.533
e diversos outros países, para onde seguiram 57.879 toneladas do óleo bruto. 48
O meu ofício na fábrica era cortar caixas que já vinham marcadas por moldes... As caixas
eram em papelão azul, que embalava o algodão. O algodão era enrolado em papel
também azul.
No Maranhão dessa época não tinha gente sem emprego, tanto homens, como mulheres e
os mais novos trabalhavam. Não tinha gente miserável. Podia ter gente pobre, mas com
comida, jantar, almoço e todos os jovens estavam na escola e eram alfabetizados.[...]
Os algodões das fábricas vinham da lavoura maranhense nos sertões do Itapecuru. [...] 51
Acervo particular de João Pereira Martins Neto, fotografada por Edgar Rocha, em 2013.
Quanto ao Sabão Martins, a peça publicitária insinua que ele era: “sempre imitado
e nunca igualado”. Afirma ainda que: “a constante procura com que vem o povo distinguindo,
há muitos anos, este produto, vale por um atestado de sua superioridade.” Em síntese, o sabão
foi o produto mais importante da firma, estando presente, por ocasião do anúncio há mais de
um século no mercado local, passando por pelo menos três gerações da família proprietária da
fábrica.
Logo após a chamada maior sobre os produtos da fábrica, foi dado conhecimento
sobre suas atividades comerciais, referindo-se à suas relações com outras firmas, como
aponta: “Agentes Gerais de Atlantic Refining Company of Brasil, Urbania, Companhia
Nacional de Seguros, Pneus Brasil.” Tanto que atendia em dois endereços, como aparece
indicado: “Estabelecimentos Industriais: Praça Primeiro de Maio, Estabelecimento comercial:
Edifício Martins – Rua Portugal, 199.” 52
Os empreendimentos não se especializavam, as
oportunidades apareciam aos empresários por intermédio de seus contatos familiares e de
negócios, e então congregavam várias atividades. Essa era uma das características mais
marcantes dos negócios em economias ainda pouco desenvolvidas.
Cartões postais, imagem retirada do Livro de Antônio Guimarães de Oliveira. São Luís: Memória
& Tempo. São Luís nos cartões postais e álbuns de lembranças. 2 o vol. São Luís, Novagraf
Comunicação visual, 2010, p. 245.
Dona Raimunda Mendonça, uma das antigas operárias ainda vivas por ocasião
das obras de construção do supermercado, se referiu ao ordenamento urbano no entorno da
fábrica. Produzindo uma imagem elucidativa das relações da fábrica com o Largo de
Santiago, com o rio Bacanga e os bairros da Madre Deus e Camboa:
O local do casarão do Largo do São Tiago era dos Aguiar, uma fábrica de algodão que
funcionava em um galpão que foi demolido, pois a maré enchia o porão dele. Os Aguiar
eram ricos e tinham duas fábricas, a de algodão, que eu trabalhava recortando as caixas
para embalar o algodão, quando eu tinha quatorze anos e outra fábrica de fazendas, na
Camboa. A fábrica de algodão parece que era também de álcool, mas lembro do algodão
onde eu trabalhava, tinha uma praça grande na frente, chamada de São Tiago. No fim da
praça tinha o casarão dos Martins Aguiar, que era virado para o mar. O mar subia até a
rua, antes do aterro. O galpão foi derrubado muito tempo depois e só ficou a casa de
morada e o largo da praça. Depois que a Fábrica fechou a Praça de São Tiago foi sendo
abandonada, a rua da Praça foi fechada pelo muro e a Caixa Econômica Federal fez as
casas de trás das fábricas no modelo das antigas, mas eram novas para época. 53
O casal João Pereira Martins e Alice Vasconcelos Martins foi um dos primeiros
da elite ludovicense a abandonar os antigos casarões coloniais e buscar áreas mais arejadas
para construir suas moradias. Convencidos pelos ares de civilidade que agora dominavam o
Velho Mundo, esses novos ricos passaram a edificar em áreas mais afastadas, como o bairro
dos Remédios em São Luís, preferindo as casas em estilo moderno, garantindo iluminação e
higiene nos espaços, em primoroso estilo neoclássico, demonstrando sua riqueza e bom gosto.
O caminho para a ermida dos Remédios foi aberto pelo governador Joaquim de Melo e
Póvoas, no século XVIII, mas possuía poucas construções até o século XX, quando passou a
ser um dos espaços preferidos pelos novos ricos, vindo, mais tarde a tomar a denominação de
Rio Branco.
A casa apresentada no registro fotográfico acima foi construída por João Pereira
Martins em conjunto com seu genro, Dr. João Itapary, na primeira metade do século XX.
Segundo especialistas em estilos arquitetônicos, a casa foi construída em estilo neocolonial,
“encimada na sua fachada principal por frontão decorado de azulejos ingleses de técnica
majólica, beiral com pináculos e vãos adornados com os mesmos azulejos, esquadrias em
madeira e vidro”. Destacam ainda outras características importantes nas construções dessa
época, como a “presença de terraço no pavimento superior e muros baixos nos limites com a
via pública, recuo nas laterais e na fachada, onde aparecem pátios externos e passagens
laterais”, permitindo a ventilação e higiene dos espaços. 54
Sobre a origem dos materiais de
construção, o neto dos donos da Fábrica adverte que ao contrário do que dizem os
especialistas se tratava de azulejos portugueses, belgas e franceses, e ainda que, devido o
esmero dos empresários em seu emprego, levou a uma revalorização dos azulejos em terras
maranhenses.
Logo foi seguido pelo seu filho novo, Manoel Vasconcelos Martins, outro dos
herdeiros da fábrica, que construiu exemplar característico no mesmo estilo, onde hoje
funciona o hospital particular Aliança.
Na primeira metade do século XX, o entorno das praças Deodoro e do Pantheon
encarnou o espírito da modernidade urbanística em São Luís. Segundo a arquiteta e urbanista
Grete Pflueger,
A São Luís republicana buscou com ansiedade tudo o que se referia à vida moderna:
novas tecnologias, a expansão dos meios de comunicação os eventos da modernidade,
como o automóvel, o cinema e as Exposições Universais. Estas novidades influenciaram
a vida social e urbana da capital. 55
O conjunto de casas construído nesse período mostra essa busca por “condições
higiênicas necessárias (com ventilação e iluminação suficientes), retomando elementos da
arquitetura tradicional luso brasileira no Maranhão, elaborando uma leitura com novos
56
materiais e implantação diferenciada”. A urbanista frisa que havia entre as elites uma
admiração pelos novos modelos de construção de moradia vindos da Europa e dos Estados
Unidos, mas ao mesmo tempo relutavam em se afastar dos padrões tradicionais, produzindo
um estilo conhecido como neoclássico.
Martins Neto assevera que nos últimos tempos de vida útil da fábrica, os donos
implantaram três turnos de trabalho, na tentativa de maximizar a produção, o que gerou sérias
contestações por parte dos operários, acostumados que estavam aos dois turnos. Outro
exemplo: os proprietários perceberam que um dos pontos de estrangulamento do processo
produtivo do algodão medicinal era o empacotamento manual. Trataram então de importar
uma máquina para fazer o empacotamento, a mesma usada para embalar esponjas de aço nas
fábricas do sudeste do Brasil.
A família Martins empenhou todos os seus bens no intuito de salvar seu negócio,
mas, endividada com os bancos e agiotas, a empresa fechou suas portas no dia 21 de
dezembro de 1968. Nesse processo, perdeu não só a fábrica como todas as propriedades dos
donos: o prédio e os terrenos onde estava localizada a unidade produtiva, o sobradão de três
andares da rua Portugal, as casas da família na rua Rio Branco, no centro de São Luís.
Atualmente, toda a área voltada para a rua das Cajazeiras foi ocupada pelo novo
empreendimento do Grupo Mateus: um supermercado.
Considerações finais
Arquivo Público do Estado do Maranhão, recorte de jornal de São Luís na década de 80.
1
Couro curtido.
2
ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO. Projeto Resgate, cx. 27, doc. 2754.
3
Como eram chamados à época os proprietários rurais.
4
ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO. Livro de Registro de Testamento, 1770, fl. 344.
5
MARQUES, César Augusto. Dicionário histórico e geográfico da Província do Maranhão. Rio de Janeiro: Fon-
Fon e Seleta, l970, p. 91-2.
6
BLUTEAU, Rafael. Vocabulário Português e Latino. Coimbra: Colégio das Artes da Companhia de Jesus,
1712. p. 3 da letra F. Disponível em:
http://www.ieb.usp.br/online/dicionarios/Bluteau/formBuscaDicionarioPlChave.asp., pp. 1712.
7
ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO. Livro de Registro de testamentos. São Luís, 1798,
fl.150.
8
MOTA, Antonia da Silva; MANTOVANI, José Dervil. São Luís do Maranhão no século XVIII: a construção
do espaço urbano sob a Lei das Sesmarias. São Luís, FUNC, 1998, p. 28.
9
BIBLIOTECA NACIONAL. Alvará Régio de 5 de Janeiro de 1875.
10
MARQUES, César Augusto. Dicionário histórico e geográfico da Província do Maranhão. Rio de Janeiro:
Fon-Fon e Seleta, l970, p. 177.
11
Casa de caridade onde são tratadas pessoas doentes e pobres, conforme significado da época.
12
Jornal Nação, Jornal Publicador Maranhense do dia 23 de julho de 1869, Jornal O País de n o 91.
13
ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO MARANHÃO. Livro de Registro Geral do Senado da Câmara de
São Luís, 1759, fl.273.
14
VIVEIROS, Jerônimo de. História do Comércio do Maranhão, 1612-1895. São Luís: Associação Comercial do
Maranhão, 1954, v. 2, p. 160.
15
VIVEIROS, Jerônimo de. História do Comércio do Maranhão, 1612-1895. São Luís: Associação Comercial do
Maranhão, 1954, v. 2, p. 160.
16
ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig. Exportação, mercado interno e crises de subsistência numa província
brasileira: o caso do Maranhão, 1800-1860. Revista Estudos Sociedade e Agricultura, abril 2000, no 14, p.55.
17
ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig. Exportação, mercado interno e crises de subsistência numa província
brasileira: o caso do Maranhão, 1800-1860. Revista Estudos Sociedade e Agricultura, abril 2000, no 14, p. 56.
18
Idem, p. 66.
19
VIVEIROS, Jerônimo de. História do Comércio do Maranhão, 1612-1895. São Luís: Associação Comercial do
Maranhão, 1954, v. 3, p. 563-64.
20
MEIRELLES, Mário. História de São Luís/Mário Meirelles; organização Carlos Gaspar, Caroline Castro
Licar. São Luís: Faculdade Santa Fé, 2012, p. 124.
21
MEIRELLES, Mário. História de São Luís/Mário Meirelles; organização Carlos Gaspar, Caroline Castro
Licar. São Luís: Faculdade Santa Fé, 2012, p. 124.
22
A carta foi escrita em 9 de fevereiro de 1873, e encontra-se registrada no Relatório de A. Enes de Sousa, Bib.
Wilson, APUD VIVIEIROS, p. 160, nota de rodapé de no 193.
23
VIVEIROS, Jerônimo de. História do Comércio do Maranhão, 1612-1895. São Luís: Associação Comercial do
Maranhão, 1954, v. 3, p. 218 e 219.
24
VIVEIROS, Jerônimo de. História do Comércio do Maranhão, 1612-1895. São Luís: Associação Comercial do
Maranhão, 1954, v. 2, p. 219, nota de rodapé, de no 490.
25
Álbum da Alfaiataria Teixeira, São Luís, 1899, p. 42.
26
Idem.
27
Álbum da Alfaiataria Teixeira, São Luís, 1899, p. 41
28
Álbum da Alfaiataria Teixeira, 1899, p.41.
29
Proprietários das usinas de pilar arroz.
30
FEITOSA, Raimundo Moacir Mendes. Tendências da economia mundial e ajustes nacionais e regionais. São
Luís: Mestrado em Políticas Públicas da UFMA, 1998, p. 58.
31
Idem, p.61.
32
FEITOSA, Raimundo Moacir Mendes. Tendências da economia mundial e ajustes nacionais e regionais. São
Luís: Mestrado em Políticas Públicas da UFMA, 1998, p.62.
33
AMARAL Filho, Jair do. A economia política do babaçu; um estudo da organização da extrato-indústria do
babaçu no Maranhão e suas tendências. São Luís, SIOGE, 1990
34
LACROIX, Maria de Lourdes Lauande. A Campanha da produção. São Luís, LITOGRAF/ACM, 2004, p. 104.
35
Idem, p. 104
36
LACROIX, op. cit., p.115.
37
FEITOSA, Raimundo Moacir Mendes. Tendências da economia mundial e ajustes nacionais e regionais. São
Luís: Mestrado em Políticas Públicas da UFMA, 1998, p. 115.
38
LACROIX, op. cit., p.116.
39
LACROIX, Maria de Lourdes Lauande. A Campanha da produção. São Luís, LITOGRAF/ACM, 2004, p. 116.
40
FEITOSA, Raimundo Moacir Mendes. Tendências da economia mundial e ajustes nacionais e regionais. São
Luís: Mestrado em Políticas Públicas da UFMA, 1998, p.62.
41
Idem, p. 64.
42
Idem, p. 65.
43
Álbum do Estado do Maranhão, 1923, p. 187. Acervo digitalizado do Studio Edgar Rocha.
44
Álbum do Maranhão, 1923, p. 196 a 198. Acervo digitalizado do Studio Edgar Rocha.
45
MARANHÃO. Secretaria de Estado da Cultura. Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho. Memória
de Velhos. Depoimentos: Uma contribuição á memória oral da cultura popular maranhense. São Luís:
LITOGRAF, 1997, p.72.
46
RELATÓRIO DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA MATEUS CAJAZEIRAS. São Luís. Documento
elaborado para fins de obtenção de Licença de Instalação (LI), junto ao Instituto do Patrimônio Histórico a
Artístico Nacional – Superintendência do Maranhão – IPHAN – MA. Coordenador científico: Arkley Marques
Bandeira, p. 57.
47
Conforme Declaração para registro de firma na Junta Comercial do Maranhão.
48
CONSELHO NACIONAL DE ECONOMIA. Babaçu, economia a organizar. Rio de Janeiro, 1952, p. 42.
49
Joaquim Bertino de Moraes Carvalho, Notas sobre a indústria de óleos vegetais no Brasil, 1929, APUD
AMARAL Filho, Jair do. A economia política do babaçu; um estudo da organização da extrato-indústria do
babaçu no Maranhão e suas tendências. São Luís, SIOGE, 1990, p. 159.
50
VIVEIROS, José Fusetti de, O babaçu nos Estados do Maranhão e Piauí, nas páginas 24, 33 e 36. APUD
AMARAL Filho, Jair do. A economia política do babaçu; um estudo da organização da extrato-indústria do
babaçu no Maranhão e suas tendências. São Luís, SIOGE, 1990, p. 161.
51
RELATÓRIO DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA MATEUS CAJAZEIRAS. São Luís. Documento
elaborado para fins de obtenção de Licença de Instalação (LI), junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional – Superintendência do Maranhão – IPHAN – MA. Coordenador científico: Arkley Marques
Bandeira, p. 57
52
Álbum do Maranhão, 1950, p. 345
53
RELATÓRIO DE PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA MATEUS CAJAZEIRAS. São Luís. Documento
elaborado para fins de obtenção de Licença de Instalação (LI), junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional – Superintendência do Maranhão – IPHAN – MA. Coordenador científico: Arkley Marques
Bandeira, p. 57.
54
SÃO Luís, Ilha do Maranhão e Alcântara: guia de arquitetura e paisagem = SAN Luís Isla do Maranon y
Alcântara: guia de arquitectura y pasaje. Ed bilíngue. – Sevilla: Consejeria de Obras Públicas y Transportes.
Direccion General de Arquitectura Y Vivenda, 2008, p. 220.
55
SÃO Luís, Ilha do Maranhão e Alcântara: guia de arquitetura e paisagem = SAN Luís Isla do Maranon y
Alcântara: guia de arquitectura y pasaje. Ed bilíngue. – Sevilla: Consejeria de Obras Públicas y Transportes.
Direccion General de Arquitectura Y Vivenda, 2008, p. 82.
56
Idem, p. 82.