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Plataforma da cidade:

Rearranjo da estação de trem Pavuna/


São João de Meriti e suas principais
dinâmicas associadas
Gabriela Maya
Livia Borelli
Moana Reis

Projeto desenvolvido no Atelier PA3, em 2019, com co-orientação de Thiago Soveral.


Morvan Le Gac participou apenas durante o atelier de PA3.

281
Contexto
O processo de expansão metropolitana do Rio de Janeiro está diretamente ligado à
implantação de redes de transporte coletivo e à abertura de rodovias.
O ramal de trem de Belford Roxo, que corta São João de Meriti, configura um
importante eixo de mobilidade para o município. Em particular, a Estação de São João
de Meriti, junto ao metrô da Pavuna e aos terminais rodoviários, movimenta milhares
de pessoas por dia e adensa relações, usos e apropriações no seu entorno. Nesse cenário,
a estação contribui para a consolidação de uma centralidade marcada pelo comércio
formal e informal, sendo este traduzido morfologicamente pela Feira de São João de
Meriti / Pavuna.

Trem e Muro
A estação de trem consiste em dois acessos elevados em cada extremidade da plataforma
de 230 metros aproximados. Esta plataforma é coberta por uma longa marquise.
Paralelos aos trilhos, existem dois muros (afastados em 8m na média), que, embora por
vezes interrompidos (por exemplo, nos cruzamentos com ruas de carros), conformam
barreiras locais entre o trem e a rua, a fim de garantir a segurança dos pedestres e o
controle sobre o acesso à plataforma mediante pagamento de passagem. Produz, assim,
uma contínua separação de dois lados dos movimentos e usos da centralidade Pavuna/
Centro de São de João de Meriti. Para atravessar esses dois lados, é preciso passar pelos
poucos atravessamentos oferecidos: a estação de trem, a rua que atravessa o trilho e
duas passarelas.

Feira
A feira acontece em meio aos espaços de maior fluxo de pessoas, ocupando calçadas,
partes da infraestrutura viária - tendo rampas e escadarias como maiores exemplos -,
e até trechos da caixa de rolamento. Do metrô até a estação de trem, a feira ocupa as
duas ruas que margeiam a linha do trem, transformando-as em passeios exclusivos para
pedestres. A numerosa quantidade de barracas e tendas é disposta de forma a criar um
percurso tortuoso e nem sempre favorável ao rápido atravessamento.

Muro e Feira
A feira apropria-se do muro do trem, transformando-o em parede das barracas que nele
se apoiam. Dessa forma, pode-se dizer que nesse trecho o muro passa a ser programado
pela feira, mas não deixa de ser uma barreira.

OUC e o trem
Tendo em vista a OUC (Operação Urbana Consorciada), iniciativa que busca a
interdependência entre São João de Meriti e a cidade do Rio de Janeiro, foi elaborado
um projeto sobre a estação de trem Pavuna/São João de Meriti. Com ele, propõe-se a
reorganização da atual dinâmica estabelecida entre um trecho da feira e os muros do
trem, além de sugerir uma nova urbanidade em oposição à densidade construída.

Notas:
1. Livre tradução do trecho retirado do texto de Peter Cook em http://www.frac-centre.fr/_en/art-and-architecture-
collection/cook-peter/instant-city-317.html?authID=44&ensembleID=113

2. https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/14.160/4968

3. vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.070/371

4. http://www.nomads.usp.br/pesquisas/cultura_digital/complexidade/CASOS/FUN%20PALACE/FUN%20PALACE.
htm

5. https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.048/585

282
Área de intervenção
Recorte da área de interesse para o desenvolvimento projetual - ênfase
nas relações de proximidade e escala do trem e da feira.

283
Contexto
Mapa de parte da região central de São João de Meriti. Identificação de
alguns articuladores considerados decisivos para transporte e atrativos
de pessoas.

284
Projeto no contexto
Perspectiva de inserção do projeto no contexto.

285
Trem
Nota-se o recorte no tecido
urbano causado pela passagem da
linha do trem. Sua plataforma é
coberta por uma extensa laje sem
programa.
Cena vista da estação de trem
para o viaduto e a estação de
Metrô da Pavuna.

Muro
O espaço entre muros e trilhos
é atualmente de aproximados
2 a 4 metros. Ele não possui
utilidade que contribua para
o funcionamento do trem,
consequentemente se tornando
uma área ociosa sujeita ao
acúmulo de lixo.

Feira
O perímetro da parte murada do
trem é ocupado por comerciantes
interessados no fluxo intenso dia
e noite resultante da proximidade
com o terminal de metrô e a
estação de trem.

286
Atual
Vazio entre plataforma e muros,
feira apoiada nos muros.

Derrubada dos muros


Nova ocupação para o espaço
subutilizado, mais calçada.

Inversão da plataforma
Os trilhos passam a correr no
centro com plataformas nos dois
lados e o acesso às plataformas
passa a ser no nível térreo. Dessa
forma é possível reordenar o
acesso ao trem de maneira mais
simples e objetiva.

Atravessamento
Nível +8: possibilidade de
atravessamento acima da linha
do trem.

Nível intermediário
Nível +4m: ocupação longitudinal
acima da plataforma.

Cobertura
Estrutura de fechamento e de
suporte para as salas suspensas.

287
Mapeamento crítico Mudança dos trilhos para o eixo central
Diagnóstico dos 3 elementos (trem, muro e feira) a serem Estudo da área a ser obtida com a realocação dos trilhos. Ganho de área
reconfigurados. para a feira.

0 0 10m
10m 20m
20m 50m50m 100m
100m 0 0 10m10m 20m20m 50m50m 100m100m

Rio
Rio
Rio Área
Área ganha Área
com ganha
a ganha com
realocação com a realocação
dosa trilhos
realocação dosdos
, propícia trilhos
trilhos , propícia
, propícia
paraa nova
para a novapara a nova
configuração da configuração
feira e dada
configuração
configuração feira
feira e configuração
e configuração
Terminal de trem São João de Meriti do novo acesso à plataforma doàtrem
Terminaldedetrem
Terminal tremSão
SãoJoão
JoãodedeMeriti
Meriti dodonovo
novo acesso
acesso à plataforma
plataforma dodo trem
trem
Muro, fronteira entre a calçada e os trilhos do trem Indicação de concentração de pessoas
Muro,fronteira
Muro, fronteiraentre
entrea acalçada
calçadae os
e ostrilhos trem(intensidadeTrilhos
trilhosdodotrem varia de acordo com o tamanho)
Trilhos realocados
realocados aoao eixo
eixo central
central
Área predominante de instalações informais da feira
Indicação de fluxo (intensidade varia de acordo
Trilhos
Área
Área realocados ao eixo
predominante
predominante central
dedeinstalações
instalaçõesinformais feiracom o tamanho)
informaisdadafeira
Espaço sem funcionalidade entre muro e trilhos

Indicação
Indicaçãodedeconcentração
concentraçãodedepessoas
pessoas
(intensidade
(intensidadevaria
variadedeacordo
acordocom
como otamanho)
tamanho)
Indicação
Indicaçãodedefluxo
fluxo(intensidade
(intensidadevaria
variadedeacordo
acordo
288 com
como otamanho)
tamanho)
Espaço
Espaçosem
semfuncionalidade
funcionalidadeentre
entremuro
muroe trilhos
e trilhos
Resolução do atravessamento
Novas dinâmicas de fluxo diante das modificações propostas. O atravessamento pode ser feito no nível +8m. Há seis pontos
dispostos ao longo do edifício - 3 de cada lado - o que possibilita
diversos caminhos. Ao todo, são 4 escadas e 2 rampas de acesso.

0 10m 20m
20m 50m
50m 100m
100m 0 0 10m 20m20m
10m 50m50m 100m100m

Módulos de 5x5 que funcionam como parte da Acesso rua-edifício-rua, chegada


Acesso aos níveis +4,
rua-edifício-rua, chegada aosaos
níveis +4,+4,
Módulos de de 5x5
5x5 que
quefuncionam
funcionamcomo comoparte
parteda
+8da
e atravessamento
Acesso rua-edifício-rua, chegada níveis
reconfiguração da feira (alvernaria)
reconfiguração
reconfiguração da feira (alvernaria) +8+8e eatravessamento
atravessamento
Balizadores, estruturasda feiraque
retráteis (alvernaria)
funcionam Acesso às salas suspensas do nível +12
como suporte
Balizadores, para superfícies de cobertura. Da
Balizadores, estruturas
estruturasretráteis
retráteisque
forma como estão dispostos permitem a apropria-
quefuncionam
funcionam
Projeção das sala do nívelAcesso
Acesso
+12 àsprogramático
- uso àssalas
salassuspensas
suspensasdodo nível +12
nível +12
como
como
ção suporte
suporte
desse espaço para superfícies
para superfícies
por ambulantes de cobertura. Da
de cobertura.Edifício
e comerciantes, Da Plataforma, nível +8 - uso indetermidado
forma
sendo
forma como
também
comoparteestão dispostos
dispostosdapermitem
da reconfiguração
estão feira
permitem aaapropria-
apropria- Projeção
Projeçãodas
Pilares de sustentação do edifício dassala
saladodonível +12
nível +12- uso programático
- uso programático
ção desse
Plataforma espaço por ambulantes
ção desse espaço por ambulantes e comerciantes, e comerciantes,
Projeções
sendo
sendo também
também parte
parteda dareconfiguração
reconfiguraçãodadafeira feirado meio fio modificado
Edifício Plataforma,
Novo acesso rua-plataforma Linha Edifício Plataforma,nível
para a construção +8+8- uso
nível indetermidado
- uso indetermidado
das vagas para o terminal de onibus que existe na calçada
Plataforma
Plataforma calçada
Pilares
Pilaresdedesustentação
sustentaçãododo
edifício
edifício
Novo
Novo acesso
acesso rua-plataforma
rua-plataforma Projeções
Projeções
289
Linha do meio fio modificado para a construção
Linha do meio fio modificado para a construção
das vagas para o terminal de onibus que existe na
Análise sobre a feira
No trecho analisado, identificou-se certa predominância de tipos
diferentes de estrutura. Assim, para fins de estudo, foi criado um
zoneamento que permite classificar a feira em estrutura móvel e
fixa. Também foi realizado um levantamento quantitativo, no qual
estimou-se o total de 4300 m² ocupados por comércio às margens da
linha do trem na área de intervenção. Em seguida, foi feita uma média
aritmética entre 9, 12 e 20 m², sendo possível especular uma metragem
quadrada média para cada barraca/loja. Por fim, após dividir a área
total de comércio pelo tamanho de cada unidade, concluímos que
existem ali em média 315 instalações formais e não formais.

290
Estudo
Diante da questão de como reordenar as feiras de acordo com Eles estariam dispostos por todo o perímetro do lado norte da estação.
as adaptações feitas na estação, foram pensadas formas que não Essa possibilidade foi descartada uma vez que essas estruturas seriam
comprometessem a dinâmica existente. Aos comércios fixos foram um problema quanto ao fluxo. Da maneira que estariam dispostas não
criadas “salas” de 5 x 5 m no térreo, dispostas sob a cobertura. seriam a melhor escolha para a manutenção de corredores de comércio
Em um primeiro momento, para as feirinhas cuja estrutura são e facilmente seriam uma barreira para o fluxo rápido.
barracas ou qualquer tipo de estrutura móvel, foram pensados módulos
fixos não cobertos de 3 x 3 m.

Solução
Foi pensada uma segunda estrutura que resolvesse os problemas
mencionados. Balizadores dispostos na mesma área, porém em
um arranjo que possibilita a apropriação de uma área maior além
da projeção da cobertura. Eles são estruturas retráteis que quando
fechadas possuem 95 cm de altura e, quando abertas em sua totalidade,
320 cm.
Dessa forma, é possível garantir eixos livres para a passagem e áreas
sombreadas no térreo.

Balizador
Funciona em um sistema de trava, no qual ao ser puxado o travamento
se dá quando girado para o lado.

291
Térreo
Balizadores apropriados pela feira.

292
Intermodalidade
Na fachada sul, na parte próxima ao viaduto, existe um ponto de
ônibus e van que ocupa
grande parte da rua e tumultua a calçada. Visto isso, foram criadas
vagas para alguns ônibus e a calçada foi expandida. O edifício serve de
cobertura para o ponto.
Nesse lado também há acesso ao trem e a poucos metros está o acesso
ao metrô. Logo, esse trecho se torna um centro intermodal.

293
Acesso à plataforma

A A

0 10m 20m 50m 100m 0 10m 20m 50m 100m

Térreo- estação, plataforma e feiras Intermediário: serviços do cotidiano


Apenas sobre as plataformas, no nível + 4.00, projetamos um
pavimento intermediário que comporta salas direcionadas a funções
ativadoras, prevendo um fluxo imediato e acertado. O setor de
prestação de serviços - como dentistas e partições de atendimento
público - possui um público diário que auxiliaria a movimentação do
edifício.

294
0 10m 20m 50m 100m 0 10m 20m 50m 100m

Arquitetura como evento - nível +8m Fixos


O terraço (segundo pavimento) se estende como uma grande laje onde Suspensos pela cobertura para que o terraço permanecesse livre,
ocorrem os atravessamentos e cuja planta é livre, sem mobiliário. Seu existem dois espaços programados como sala de livros e auditório. Eles
acesso se dá por meio de escadas e duas amplas e confortáveis rampas. foram dispostos nas extremidades do edifício de modo a não serem
E assim como o vão do Masp, a marquise do Ibirapuera e os pilotis barreiras visuais para o atravessamento.
do MAM, é um novo espaço que recepciona manifestações humanas,
liberto de qualquer objetivo inicial relativo ao seu uso e apropriação.
Este pavimento atua como um palco emancipador e potencializador
de eventos de caráter livre e independente. O próprio pavimento
é um evento no meio da cidade: um ambiente flexível e sujeito a
efemeridades, que sugere um espaço urbano fora da lógica densa da
feira e comércio da centralidade Pavuna-São João de Meriti.

295
Atravessamentos
Com a disposição atual, o trecho analisado possui dois atravessamentos
no nível acima do muro: através da estação de trem e da estação de
metrô. Apesar de ter escadas e rampas, a estação do trem não possui
acessibilidade.

Novas possibilidades - Corte A


O edifício dispõe de escadas próximo às suas extremidades e rampas
centrais, que configuram três pontos de atravessamento. As rampas
são acessíveis - com inclinação de aproximadamente 5% - e por
serem muito extensas, proporcionam uma passagem mais lenta e
até contemplativa. As escadas possibilitam um rápido percurso, sem
obstáculos. Todos os atravessamentos ocorrem obrigatoriamente pelo
nível +8m, acima do trem.

296
Cobertura

Auditório

Terraço / Nova urbanidade

Comércio

Escadas

Rampa

Acesso à plataforma

O edifício

297
Além da circulação vertical
A rampa concede acesso ao 1º pavimento e ao terraço, mas devido
à sua largura e pequena inclinação, ela também é um espaço de
permanência.

298
Eventos
A grande laje funciona não só como suporte para atravessamentos no
cotidiano, mas também como palco para diversos eventos, sendo um
espaço público por excelência, incorporando múltiplas possibilidades
de ocupação.

299
‘‘A coisa’’’
Em referência ao projeto Instant City, do grupo Archigram:
‘’Projeto para uma cidade nômade, Instant City é o resultado de uma
abordagem sobre um dilema filosófico que diz respeito à arquitetura
que o Archigram começou a experimentar a partir do Plug-in-city
(1964). Com este conceito, a arquitetura desaparece dando espaço a
imagem, ao evento e apresentações audiovisuais, a dispositivos e a
outros simuladores de ambientes.’’ ¹

300
301
Eventos
Uma das múltiplas possibilidades de ocupação da grande laje.

302
Impacto na paisagem

303
Articulador urbano:
a convergência cotidiana do trânsito

Angela Carballo Blanco


Isabela Maria Lessa Martins
Julia da Rocha Paula Reyes
Wallace Marques Alvim

Trabalho desenvolvido no Atelier PA3, em 2019, com co-orientação de Thiago Soveral

305
Pavuna
A Pavuna é um bairro localizado no limite da cidade do Rio de Janeiro, fronteira com a
Baixada Fluminense e tem aproximadamente 120 mil habitantes. Faz parte do subúrbio
carioca e possui como uma de suas principais características o fluxo intenso de pessoas e
o comércio incentivado pela estação terminal da linha 2 do metrô.
Sua organização urbana está vinculada a tal intensidade e diversidade de funções.
A circulação dos pedestres é atrelada diretamente ao consumo, no qual o comércio
informal, popularmente conhecido como Feira da Pavuna, domina os espaços das
passarelas, rampas, calçadas e ocupa vazios públicos. Como resultado, o espaço urbano
da Pavuna consiste em um mercado contínuo, que engloba inclusive os supermercados
e grandes lojas que vendem os mesmos produtos das feiras.
Essa urbanidade é produzida principalmente pelo uso da estação de metrô terminal, a
qual cria um fluxo de pessoas intenso com alguns horários de pico, mas que permanece
considerável durante todo o dia, garantindo o funcionamento da feira por 24h. Com
destino principal ao centro da cidade do Rio de Janeiro, a maioria dos usuários do
metrô vem da Baixada Fluminense, os quais utilizam uma rede intermodal que inclui
diversas linhas de ônibus que ali convergem, além do ramal de trem Belford Roxo.

Estação Terminal
Inaugurada em 1998, a estação da Pavuna é o terminal da Linha 2 do metrô. Esse
equipamento público funciona como centro de trocas e circulação tanto de pessoas
como de mercadorias. Assim como as demais estações, opera de segunda a sábado,
das 5h às 00h e domingos e feriados, de 7h às 23h, o que propicia a utilização quase
ininterrupta do espaço ao redor pelo comércio informal ao longo dos dias úteis.
A estação atual tem muros de aproximadamente 8 metros de altura, que representam
uma maciça barreira visual e espacial no nível do térreo. O acesso é feito a partir de
extensas rampas, em todas as entradas, e uma escada que por vezes é mais utilizada
do que duas das três rampas. Os usuários são obrigados a escolher qualquer um
dos percursos, igualmente desgastantes, para subir até a estação apenas para descer
novamente até a plataforma. Esse sistema não apresenta nenhuma facilidade ou
praticidade de locomoção, além de impossibilitar inclusive uma troca com o meio
urbano o qual está inserido.

Feira da Pavuna
A feira da Pavuna, tombada como patrimônio imaterial em 2014, abrange toda a
extensão dos muros do trem e do metrô, além de ocupar boa parte das calçadas dos
quarteirões próximos. A espacialidade dos fluxos cotidianos dos moradores da Baixada
Fluminense, contribui para a permanência desse comércio e o seu possível crescimento.
A própria estrutura de acesso ao metrô é vista como potencialidade ao comércio
informal — suas rampas e passarelas, ocupadas pela feira, contribuem para que as
mesmas apresentem um fluxo de aproximadamente 60 pessoas por minuto, tornando-as
espaços fluidos.

306
Estação Terminal do Metrô
Com destino principal ao centro da cidade do Rio de Janeiro, a maioria
dos usuários do metrô vêm da Baixada Fluminense e se utilizam
dessa rede intermodal — ou pelas diversas linhas de ônibus que ali
convergem, ou pelo ramal Belford Roxo da Supervia. Outra parte
chega na estação com poucos minutos de caminhada e tem origem no
município limítrofe de São João de Meriti.

307
Subir para descer
Apesar de ser um metrô na
superfície, os acessos são
elevados, através de passarelas,
rampas e escadas.

Do outro lado da linha do


trem
Uma das passarelas atravessa a
linha férrea, conectando os dois
lados da Pavuna.

Relação muro - entorno


A dimensão da escala desse
equipamento público dentro do
seu contexto urbano impede
a permeabilidade visual e
representa uma quebra na
continuidade do espaço.

Viaduto da Pavuna
Interliga dois lados da Pavuna
que são separados pelos trilhos,
tanto do metrô como do trem.

308
A A

Metrô Pavuna, situação atual


A área destacada em branco que representa a taxa de ocupação do
Metrô Pavuna tem, aproximadamente, 10 mil metros quadrados no
total, com 4 opções de acesso vertical, pelos quais passam mais de 100
mil pessoas por dia.

309
PAVUNA VIC. DE CARVALHO CENTRAL URUGUAIANA

6h 6h 6h 6h

9h 9h 9h 9h

12h 12h 12h 12h

15h 15h 15h 15h

18h 18h 18h 18h

21h 21h 21h 21h

00h 00h 00h 00h

03h 03h 03h 03h

50.038 pessoas 16.404 pessoas 76.304 pessoas¹ 52.873 pessoas

Fluxo de pessoas x horário


Fluxo de pessoas x horário
Fluxo de pessoas em algumas
Fluxo da entrada estações
dedepessoas
metrô, porem
hora, com o
algumas estações do
objetivo de comparar
metrô pore mapear
hora,o trajeto
com daqueles que usam
o objetivo o metrô
de comparar e mapear o
através da estação da Pavuna.
trajeto daquelesValores
queretirados
usamdooinstrumento de
metrô através da estação
localização em
datempo real doValores
Pavuna. Google. retirados do instrumento de localiza-
ção em tempo real do Google e do Metrô Rio.
Linha Férrea

Corte Transversal atual


A atual situação impede o atravessamento ao nível zero, o que
contribui para uma maior aglomeração de pessoas no térreo apenas do
lado da Praça Copérnico, onde há maior disponibilidade de serviços.
Enquanto do outro, tais serviços se reproduzem nas rampas através do
comércio informal, em virtude da carência dos mesmos nesse lado por
ser majoritariamente residencial.

310
GUAIANA CINELÂNDIA GLÓRIA L. DO MACHADO BOTAFOGO

6h 6h 6h 6h
CINELÂNDIA GLÓRIA L. DO MACHADO BOTAFOGO p
9h 9h 9h 9h

6h 6h 6h 6h
12h 12h 12h 12h
período de pico
9h 9h 9h 9h
15h 15h 15h 15h

12h 12h 12h 12h


18h 18h 18h 18h
p
15h 15h 15h 15h
21h 21h 21h 21h

18h 18h 18h 18h


00h 00h 00h 00h de pico
período

21h 21h 21h 21h


03h 03h 03h 03h

00h 00h 00h 00h


ssoas 42.435 pessoas 13.034 pessoas 28.997 pessoas 63.255 pessoas²
03h 03h 03h 03h

42.435 pessoas 13.034 pessoas 28.997 pessoas 63.255 pessoas²

¹ inclui o número de 41.609 transferências entre as Linhas 1 e 2 para o trecho Norte


² inclui o número de 35.600 transferências entre as Linhas 1 e 2 para o trecho Sul

¹ inclui o número de 41.609 transferências entre as Linhas 1 e 2 para o trecho Norte


² inclui o número de 35.600 transferências entre as Linhas 1 e 2 para o trecho Sul

Viaduto Praça Copérnico

0 5m 10m 25m 50m

311
Comércio

Misto

Residencial

Barreira
Visual

Projeto
Metrô

Área de
Intervenção

Intenção projetual
A proposta de projeto é estabelecer uma conexão entre áreas
ociosas, localizadas em lados opostos do metrô, através de eixos que
promovem a liberação do térreo e representam um respiro na malha
urbana tomado por comércio, além da retirada do muro do metrô,
aumentando a permeabilidade visual. Ainda, oferece a criação de uma
praça equivalente à Copérnico.

312
Comércio
+1,5M

+1,5M

+1,5M

Misto

Residencial

Barreira
Visual

Projeto
Metrô

Área de
Intervenção

Térreo pós projeto


O térreo possui melhor permeabilidade visual com a queda do muro
do metrô. Além disso, dispõe vazios na malha gerando espaços de
conexão, circulação e convivência.

313
Térro aberto
A intenção da reestruturação desse equipamento urbano é de potencializar a relação
entre circulação e comércio intrínseca da Pavuna, além de produzir vazios na malha
urbana que forneçam pontos de respiro no nível térreo — espaços públicos com
dispositivos que dificultem a apropriação pela feira, de forma a garantir o caráter fluido
e de permanência daquele local.
Para tanto, foi necessária a retirada do muro da estação, que segue por toda a extensão
dos trilhos e dividia o bairro de forma extremamente prejudicial a um dos lados, o qual
ficava, na maior parte do tempo, abandonado. Assim, foi feita a transição da entrada
do metrô para o nível do térreo, o que possibilita a criação de uma praça em frente à
mesma. A conexão entre os dois lados da estação, que antes se dava por meio de um
caminho tortuoso entre rampas e passarelas, agora acontece de maneira direta através
dessa praça. O dispositivo inserido neste espaço é uma pista de skate, a qual dificulta o
uso como para o comércio e modula um novo fluxo de atividades. Já na larga calçada
do acesso lateral do metrô, próxima à Praça Copérnico, uma ‘fonte interativa’ delimita
o espaço e permite ao público atividades de lazer que mantenham contato direto com a
água.
Ainda em busca de explorar o caráter público do modal, sua plataforma central
foi liberada para ser utilizada como uma extensão da rua, na qual performances
artísticas, exposições, eventos festivos ou qualquer outro tipo de expressão cultural são
incentivados. O acesso dessa plataforma é independente das catracas e desvincula seu
uso ao do metrô, de forma a facilitar tal potencialidade de uso.

Laje-mercado
Além dessas transformações, são propostos dois edifícios nos locais onde antes se
encontravam as rampas que levavam à estação. Posicionados em lados opostos do
metrô, através de um novo projeto para as rampas, possibilitam um modelo de
circulação vertical mais confortável e acessível, que embora ainda inevitavelmente
longo, complementa o edifício ao qual se conecta e cria distrações ao longo do percurso.
Além disso, ao entender a grande laje da estação como uma potencialidade de uso, esses
edifícios colaboram para afirmar a ocupação da mesma. Junto de seu caráter comercial,
esse modelo de circulação vertical, tão presente na Pavuna, foi incorporado aos blocos
como característica principal, em tentativa de estimular a cultura da circulação e
comércio existente.

314
CARGA E DESCARGA

O projeto
Uma estação de metrô no térreo, com um mercado acima, além de dois
edifícios anexos que servem como circulação vertical.

315

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