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Equipamentos Travessia:

Infraestrutura como arquitetura no espaço


perimetropolitano

Maria Rúbia M. Grillo Pereira

Prêmio Arquiteto do Amanhã de 2019

Selecionado pelo site Archdaily como um dos 32


melhores TFGs de países de língua lusófona

Indicado pela FAUUFRJ para o 29º Ópera Prima

Selecionado para apresentação e publicação no


27º congresso mundial de arquitetura UIA 2021

Projeto de Trabalho Final de Graduação na FAU UFRJ,


desenvolvido no ano de 2019 sob orientação de Cauê Capille

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Em um bairro residencial em São João de Meriti, a Rua Arminda encontra seu fim. Se
um dia esse trecho de cidade era caracterizado por uma quadrícula genérica contínua,
com o advento da construção do primeiro trecho da Rodovia Presidente Dutra tudo
mudou. Como um meteoro linear a infraestrutura cai sobre a cidade levantando
muros, barreiras e gerando espaços-sobra. Como que debochando da situação toda, a
publicidade se finca alertando que a felicidade se encontra logo ali - para aqueles que
estão de passagem na rodovia - à 161km de distância (vide imagem abaixo).
Ao refletir sobre esta imagem e a dinâmica urbana que ela representa, fica evidente um
conflito de escalas. Planejadas em uma escala nacional e Inter regional, as rodovias ao
serem implantadas quase não criam relação funcional com seu entorno.
As lógicas de ocupação e mobilidade deste espaço sugerem uma multiplicidade escalar
que produz dinâmicas que fogem às leituras tradicionais do espaço urbano. Este fato
torna o campo do planejamento urbano e do projeto de arquitetura extremamente
complexos.
Com o intuito de compreender todas estas escalas, este trabalho fixa seu recorte macro
na Rodovia Presidente Dutra, no trecho compreendido na Região Metropolitana do
Rio de Janeiro, e transita entre estudos bibliográficos, cartográficos, ensaios estratégico-
projetuais e, finalmente, projeto de arquitetura.

Extensão genérica - O espaço perimetropolitano


O fenômeno evidenciado na foto não se mostra isolado. A periferia metropolitana
atualmente comporta-se como um complexo sistema inserido em um contexto de
segregação social das populações de baixa renda e autoconstrução, acompanhado por
uma expansão não contínua da superfície urbana (ligada aos grandes eixos viários)
em que usos e ocupações distintos disputam as mesmas áreas periféricas. Mesclam-se

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favelas, condomínios fechados, shoppings, polos indústrias e de serviços. Panerai(2006)
chama essa metrópole de ‘heterogênea massa edificada’ enquanto Farias (2012) fala em
um complexo mosaico geográfico de desenvolvimento desigual.
Se por um lado essas regiões clamam por projetos que considerem essas complexidades
em questão, por outro as políticas públicas implementadas giram quase sempre em
torno de grandes infraestruturas que pouco dialogam entre si e com o tecido urbano
preexistente.

Os Equipamentos - Travessia /
ensaio sobre uma arquitetura multiescalar
Keller Easterling (2014), ao definir infraestrutura como um “meio de comunicação”,
reivindica um caráter de agente determinante e organizacional das dinâmicas da
vida urbana e dos fluxos humanos. Para Katrina Stoll e Scott Loyd(2010), existe uma
demanda crescente para soluções integradas entre arquitetura e infraestrutura que
devem responder às novas, complexas e fragmentadas paisagens urbanas.
Em se tratando dos grandes eixos viários, mais especificamente da Rodovia Presidente
Dutra, percebe-se que sua escala e forma provocam um caráter de infraestrutura para
seus atravessamentos (tanto de pedestres como de carros), conformando passarelas
e viadutos. Vale a pena evidenciar, ainda, o caráter coletivo desses objetos e assim
sua importância no contexto urbano tanto na escala da vizinhança como na escala
metropolitana.
Fixando a microescala deste trabalho nos atravessamentos da Rodovia Presidente
Dutra, se define como premissa de projeto pensar como essas infraestruturas podem ir
além em termos de forma, performance, programas. Em suma, projetar infraestrutura
pensando esse espaço como organizador e agregador da política urbana e social em
múltiplas escalas.

Rua Erminda - São João de


Meriti.
Google StreetView, 2014
Rodovia versus cidade,
contradições no encontro de uma
rua residencial com uma rodovia
interestadual. A publicidade
exercendo papel de evidenciar de
forma quase irônica uma série de
conflitos espaciais.

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“Tá tranquilo”
Cruzamento em nível entre
Rodovia Presidente Dutra e
Avenida Antônio Borges. *

Estacionamento
Cruzamento em nível entre Rua
Dr. Agostinho Pôrto e Rodovia
Presidente Dutra.*

Rua sem saída


Encontro da Rua Cacilda com a
Rodovia Presidente Dutra.*

McDonald’s logo ali


Encontro da Rua Faraó com Av.
Roberto Kennedy.*

*imagem extraída da plataforma Google Street View

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A Estrada Mercantil
Ao analisar a morfologia na periferia metropolitana, José Almir Farias decodifica o
espaço criando cinco grupos de elementos formais. São esses:
1. a estrada-mercantil: rodovias expressas, estruturantes, regionais, vicinais e linhas
férreas;
2. aparatos da globalização: loteamentos/condomínios fechados, complexos comerciais
e de serviços, distritos industriais;
3. resíduos da globalização: loteamentos precários, invasões, áreas degradadas
4. Matriz rural-ambiental regulamentada: áreas agrícola-pastoris, fazendas/sítios, áreas
de proteção/preservação
5. Espaços-entre: espaços sem função fixa situados nos intervalos entre duas ou mais
zonas

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Queimados Nova Iguaçu

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Mapeamento crítico como instrumento de projeto -


Dissecando a rodovia
No esforço de entender melhor a espacialização das dinâmicas que regem as bordas da
Rodovia Presidente Dutra no trecho compreendido dentro da RMRJ, foram elaborados
os mapas acima. Estes se mostraram de extrema importância para o processo do
trabalho como um todo por sobreporem não só dados e fatos sobre o território mas
como também interpretações. Ou seja, reivindicando a importância do mapeamento
crítico e interpretativo na prática projetual4.
No mapa, a rodovia (estrada mercantil) é retificada realçando esse caráter autônomo
em relação ao sítio. São rebatidos os tecidos das margens (devidamente retorcidos para
que se acomodem à rodovia retificada). São sobrepostos ao tecido as cinco categorias
de elementos formais que compõem o espaço perimetropolitano¹ (hachuras), estradas,
avenidas, rios e atravessamentos e, a densidade populacional segundo o IBGE 2010
em forma de gráfico de área, tanto na margem da rodovia quanto a quinhentos metros

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Belford-Roxo São João de Meriti Rio de Janeiro

20.459 - 26.4675 hab/km²

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16.182 - 20.456 hab/km²

12.373 - 16.181 hab/km²

8.219 - 12.370 hab/km²

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8.219 - 12.370 hab/km²

12.373 - 16.181 hab/km²

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16.182 - 20.456 hab/km²

20.459 - 26.4675 hab/km²


Mesquita

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Av. Automóvel Club

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(sólidos cinzas).
O segundo mapa é uma interpretação do mapa inicial que sintetiza o território em
“global” (hachurado), aquilo que somente responde a um capital hegemônico central
e não interage com a escala de bairro (autoestrada, indústrias, aeroporto); e “local” ou
“cidade” (sólido laranja) representando usos que conformam vida urbana (residências,
comércios locais).já evidenciando um interesse em me aprofundar nos trechos em que
“cidade” encontra a rodovia.
Por fim, se observam os recortes em que foram desenvolvidas estratégias projetuais a
partir da colagem de projetos existentes nos trechos específicos da rodovia.
Nesse momento já se torna evidente um interesse maior para com os trechos em que
“cidade” encontra a rodovia.
Os retângulos laranja no segundo mapa apontam os recortes em que foram
desenvolvidas estratégias projetuais a partir da colagem de projetos existentes nos
trechos específicos da rodovia.

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Recosturando possibilidades
Essa colagem feita a partir da primeira imagem apresentada e foto do
projeto Luchtsingel (Roterdão) sugere a criação de uma passarela que
além de reconectar fluxos impedidos pela construção da rodovia cria
um espaço público em seu acesso.

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Luchtsingel:Passarela-parque
A passarela de 400m de comprimento reconecta três bairros no centro
de Roterdã décadas após sua separação, atravessando uma avenida, a
ferrovia e um edifício.
A ponte é uma das primeiras infraestruturas urbanas do mundo a ser
realizada principalmente através de financiamento coletivo e conta
com espaços públicos em suas escadas de acesso.
Esse trecho de São João de Meriti é um exemplo clássico de um tecido
urbano pré-existente cortado pela rodovia Presidente Dutra. Ao se
observar os nomes das ruas pode se perceber que algumas permanecem
com o mesmo nome dos dois lados da rodovia, como se nunca tivessem
sido cortadas no meio e separadas. O problema de acessibilidade e de
legibilidade da vizinhança fica claro.
A “passarela-parque” sugere a estratégia de “reconstituição” do traçado
de uma forma coletiva, possibilitando a ligação de quatro ruas que hoje
não se conectam mais. A criação de novos espaços públicos nos seus
acessos visa potencializar a dinâmica urbana de encontros.

Ano: 2015
Arquitetos responsáveis:ZUS
Fonte: Archidaily
Localização original: Roterdão, Países Baixos
Localização sugerida: Rodovia Pres. Dutra na altura das Rua Herminda
e Rua Carminda

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Esta colagem sugere a criação de um edifício inter-modal que assume
o uso local da rodovia. Isto é, cria a possibilidade de novos acessos
e conexões transversais. Para além, a ideia do (m)hotel nos andares
superiores incorpora ainda mais o caráter rodoviarista e sugere uma
mistura de usos.

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Patrulha da via expressa: intermodal (m)hotel
Conectado a uma via expressa no bairro de Roppongi, Tokyo, esse
edifício funciona como habitação e estacionamento de carros de
patrulha da rodovia. Uma rampa interna conecta a via à estrada
imediatamente abaixo da mesma. Esse projeto traz a estratégia de
conectar dois fluxos perpendiculares.
A localização proposta para colagem deste edifício é na tripla fronteira
entre os municípios de Nova Iguaçu, Belford-Roxo e Mesquita. Se trata
do cruzamento em nível entre a Rod. Presidente Dutra e a Av. Antonio
Borges. Ponto onde o antigo ramal de cargas Santa Luzia cruza por
baixo a rodovia, ramal esse que pode vir a abrigar construção de uma
linha de VLT vindo da Pavuna até o Arco Metropolitano.
Esse edifício se constituiria como um conector de modais distintos. Um
ponto de ônibus na rodovia possibilitaria a descida/subida de pedestres
que utilizariam elevador no edifício para acessar a estação de VLT ou
mesmo a rua, aumentando a acessibilidade na região. A escolha dos
programas hotel/motel se mostra quase que óbvia e ao mesmo tempo
irônica.

Ano: desconhecido
Arquitetos responsáveis: desconhecido
Fonte: Made in Tokyo5
Localização original: Roppongi, Tokyo, Japão
Localização sugerida: Avenida Antonio Borges, Nova Iguaçu

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Não é só uma pasarela
Essa colagem sugere a criação de uma passarela que comporte
programas diferentes de permanência e não só espaço para passagem
criando, dessa forma, vida urbana em diversos turnos.

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Pleyel Bridge: ponte-sala
Este é um projeto para um concurso de uma ponte na comuna de
Pleyel, Paris para travessia de uma ferrovia. Para além da infraestrutura
ela é uma edificação semifechada através da pele de vidro que a
circunda, criando uma atmosfera protegida do barulho, vento e frio
exterior.
A ponte incorpora uma série de programas como estação, quadras
de esportes, espaço para eventos. Nesse caso, ao invés de criar uma
extensão do tecido urbano se escolheu criar uma condição que
complementa o contexto local.
Nesse sítio em Nova Iguaçu onde se encontra um complexo escolar
de CIEPs, uma ponte-salão além de fazer a travessia da população tem
o potencial trazer espaços públicos que se conectem o equipamento
público escola comumente fechados e deslocados em relação a
comunidade. Como se o CIEP se expandisse para a vizinhança e
abarcasse não somente crianças e pais. Se observa aqui o potencial de
mistura de fluxos distintos e da possibilidade de criação de atividades
que incluam o turno da noite, tornando mais seguro e agradável o
atravessamento.

Ano: 2016
Arquitetos responsáveis: OMA
Fonte: oma.eu
Localização original: Pleyel, Paris, França
Localização sugerida: Rodovia Pres. Dutra altura da Rua Geni Saraíva,
Nova Iguaçu

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O ar não tem dono
Essa colagem de uma piscina que atravessa a rodovia representa a
estratégia de utilização do espaço aéreo da rodovia para a implantação
de equipamentos públicos. Em trechos da rodovia cujas bordas são
extremamente densas (caso de São João de Meriti) essa possibilidade
deixa de parecer absurda.

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Parque aquático do Botafogo: piscina-posto
Situado na Avenida Repórter Nestor Moreira, o edifício engloba
não somente a piscina olímpica do clube, mas também um posto de
gasolina no térreo (ligado diretamente à avenida) e uma churrascaria
no primeiro pavimento.
No contexto da rodovia ele representa a estratégia da criação de um
clube esportivo público que engloba funções ligadas à autoestrada
como posto de gasolina e ponto de ônibus.
Este equipamento surge inicialmente com a ideia de se aproveitar
da diferença de níveis entre os dois lados da rodovia. O trecho se
caracteriza, portanto, por uma região de declive nomeada Farrula cuja
fronteira com a rodovia se dá a partir de um muro de contenção, onde
se insere uma escada de acesso à rodovia. E, do outro lado, a região de
entorno da estação de trem Agostinho Porto da Supervia. Esses dois
lados, hoje em dia, se conectam através de uma passarela que por se
apoiar na cota da rua da vizinhança Farrula, está a uma distância em
altura dois metros mais alta que a mínima para que caminhões de alto
porte passem na rodovia.

Ano: 1969
Arquitetos responsáveis: Benedito de Barros
Fonte: Rio Metropolitano6
Localização original: Praia de Botafogo, Rio de Janeiro
Localização Sugerida: Rodovia Pres. Dutra altura da Farrulha, São João
de Meriti

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Isométrica ‘Piscina-Posto’
Este projeto surge da ideia de que ao se complexificar o “problema
do atravessamento” se está pensado o espaço arquitetônico como
organizador e agregador da política urbana e social em múltiplas
escalas. Dessa forma, a passarela se transforma em um equipamento
público esportivo/cultural localizado em um bairro residencial e ao
mesmo tempo conectado a uma rodovia interestadual.

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RESTAURANTE CENTRO CULTURAL/ PARQUE AQUÁTICO
ESPORTIVO

A Piscina-Posto
Com intuito de entender como esses equipamentos-travessia se
traduziriam em termos de projeto, a estratégia ‘piscina posto’ foi
escolhida como um exemplo que aglutinaria uma quantidade maior de
complexidades.
O projeto pode ser explicado a partir de três categorias: equipamento
público (ou programa), mutualismo (relação do equipamento com
a rodovia) e ponte (como o edifício responde à necessidade da
infraestrutura de atravessamento no local).

Programa
O programa definido para o equipamento se assemelha ao de um SESC.
O bloco do parque aquático (que ocupa o espaço aéreo da rodovia)
possui duas piscinas, uma arquibancada, uma academia de ginástica
e vestiários. Um segundo bloco engloba funções como auditório,
biblioteca, galeria de arte, quadra poliesportiva. E por fim, utilizando
um galpão pré-existente um restaurante de beira de estrada é criado,
onde se encontra também a administração do edifício e o acesso ao
estacionamento.

Ponte
Uma rede de circulação é criada conectando o lado da Farrula à região
da estação de trem Agostinho Porto.
Ao Norte a passarela que faz essa ligação se ramifica para criar acesso
vertical tanto ao parque aquático quanto à rodovia através de um
elevador.
Ao sul ela encontra a laje de cobertura do posto de gasolina (que se
conforma numa pequena praça suspensa) e se conecta à laje do segundo
pavimento do bloco cultural/esportivo.
A conexão da passarela com o lado da estação se dá internamente ao
edifício, de forma que esta possa continuar aberta mesmo em horários
de não funcionamento através de uma fachada interna translúcida. Este
fator garante com que transeuntes estejam sempre em contato com as
atividades culturais do equipamento.
Vale ressaltar que além de alcançar o nível da rodovia, as rampas
alcançam o nível mais baixo da região da estação Agostinho Porto na
Rua Waldemar Tozi, conexão que hoje é feita somente através de uma
escada.

Mutualismo
A relação do equipamento com a rodovia se dá por meio da mistura
de fluxos de um posto de gasolina, pontos de ônibus e estacionamento
do restaurante. O caráter aberto do conjunto garante a ressignificação
de usos através do horário, eventos, etc. O estacionamento à frente do
restaurante por exemplo, pode abrigar mais mesas à noite.
Na fachada posterior do galpão, posicionada na rua Coelho da Rocha,
se encontra o acesso de carros ao estacionamento que serve ao edifício
como um todo.

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Corte Longitudinal ‘Piscina-Posto’
São João de Meriti é dada como uma das cidades mais densas do é encapsulada por um equipamento público com múltiplos programas,
Brasil, a utilização do espaço aéreo da Rodovia para a implantação horários de funcionamento diferentes acessos compartilhados ou
de um equipamento público ao mesmo tempo que resolve de forma privativos, expande as possibilidades de fluxos de pessoas e dinâmicas
pragmática a falta de terrenos disponíveis na cidade, ironiza com a sociais.
ideia de que esse espaço não tem dono. A passarela, na medida em que

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ESTACIONAMENTO A A

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CIRCULAÇÃO
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Planta do estacionamento - nível -3 Planta baixa - o nível da rodovia


O subsolo do centro cultural-esportivo retrata como a topografia Na calçada da rodovia um posto de gasolina, um ponto de ônibus, um
ditou diversas soluções da arquitetura. O acesso ao estacionamento pequeno estacionamento e o próprio acesso ao edifício (e à rampa que
de três pavimentos se dá pela rua paralela à rodovia, Rua Coelho da conecta este lado à Farrula) criam uma mistura de fluxos que garante
Rocha (três metros abaixo do acesso pela Rodovia Presidente Dutra. O uma nova dinâ’ditório que convivem no térreo deste edifcício indicam
estacionamento se encaixa por trás do auditório multiuso e do acesso que não se trata mais somente de uma passagem/conexão entre dois
de pedestres à rampa que liga este nível (na Rua Waldemar Tozi) ao lados de uma rodovia.
nível da Rodovia e do bairro Farrula.

Corte A - longitudinal À direita se observa o parque


Este corte transversal mostra um panorama geral do projeto. À aquático quase como um viaduto 0 2.5 5 10m
esquerda se observa o bloco cultural-esportivo. O subsolo com os atravessando a rodovia, ligando
estacionamentos demonstra a incorporação da lógica rodoviarista na a parte alta da Farrula à região da
arquitetura. O térreo do edifício, o hall de acesso, sua relação com a estação Agostinho Porto.
calçada da rodovia e ainda o auditório aberto-multiuso reafirmam o
caráter político deste: o equipamento público como um espaço político
de encontro.

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RAMPA DE ACESSO
AOS VESTIÁRIOS

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RAMPA DE ACESSO

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AOS VESTIÁRIOS
CASA DE MÁQUINAS

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ARQUIBANDACA R. M
VESTIÁRIOS
PISCINA RECREATIVA

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RAMPA DE ACESSO
AO PARQUE AQUÁTICO
RAMPA DE ACESSO
AO PARQUE AQUÁTICO
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PRAÇA SUSPENSA PISCINA OLIMPICA

PASSARELA
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PASSARELA

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EXPOSIÇÕES
BIBLIOTECA
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RESTAURANTE VESTIÁRIOS A

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Planta baixa - nível + 6 Planta baixa - nível + 10


Neste nível é possível observar a ligação da parte alta da Farrula, a A biblioteca se mostra um programa de alta importância em
passarela que alcança a praça suspensa e a continuação da passarela pela equipamentos como esse. No caso acima ela divide o espaço do
fachada do edifício cultural-esportivo até o nível da rodovia ou abaixo. pavimento com vestiários da quadra poliesportiva que se encontra na
A passagem ganha espessura e multiplica as possibilidades de novas cobertura.
dinâmicas urbanas e sociais.
Neste nível do edifício se observa ainda uma galeria de arte que possui
acesso ao galpão restaurante. No parque aquático estão locaizados além
das piscinas e casa de máquinas das mesmas, dois vestiários e uma
academia de ginástica.

Corte C - transversal Corte B - transversal


Neste corte se observa a relação do galpão restaurante com o hall de Este corte passa na Rodovia Presidente Dutra, nele 0 2.5 5 10m

acesso ao edifício como um todo. À esquerda está o bloco de rampas se pode ver a relação da mesma com a piscina, a
que se localiza entre duas fachadas, uma externa e uma interna que arquibancada e a passarela. Janelas como escotilhas
permite que a mesma funcione ainda que o edifício esteja fechado. de navio garantem a relação visual entre a piscina e a
passarela.

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Novo viaduto?
“Para os passantes usuais da Rodovia Presidente Dutra, na altura de
São João de Meriti, as obras do novo Centro Cultural-Esportivo da
cidade deve estar gerando confusões. Acontece que a construção, que
mais parece um viaduto, se trata de uma piscina olímpica suspensa
que servirá à população local. Para os curiosos de passagem o
equipamento conta com estacionamento subterrâneo, restaurante, e
uma série de atividades abertas ao público. Se precisar abastecer no
novo posto acoplado ao Centro aproveite para fazer um lanche ou
ver uma exposição!”

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Diversão de todo dia
“Novo centro cultural e esportivo promete proporcionar uma
série de novas atividades para toda a família. Espaço conta com
biblioteca, exposições, mostras de cinema e teatro abertas, quadras,
piscinas, e oficinas diversas. Acessos pela Rua Waldemar Tozi,
Rodovia Presidente Dutra (pelo posto BR) ou pela Farrula (Rua
Maria Rasuk Vilela).”

Nado sincronizado
“Convocação geral para a nova turma de natação artística na piscina
pública de São João de Meriti. Terças e quintas logo após o treino do
grupo avançado, que está se preparando para competições olímpicas.”

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Manhã de domingo
“Moradores de São João se refrescam nesse verão escaldante nas
piscinas do novo Centro Cultural São João de Meriti. Faça já sua
inscrição gratuita para utilização livre do espaço aos domingos.
Mas lembre-se chegue cedo!”

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Atraso na volta da escola
“Mães se tranquilizam ao descobrir que a demora no retorno de
seus filhos da escola é causado por sessões de cinema gratuitas no
novo CCSJ (Centro Cultural São João). ”

42
Notas:
1. FARIAS FILHO, J. A. O Projeto Urbano Ex-Cêntrico como Instrumento de Política Metropolitana. In: COSTA, Lucia
Maria S. A.; MACHADO, Denise B. Pinheiro. (Org.). Conectividade, Resiliência: estratégias de projeto para a metrópole.,
1ªed.Rio de Janeiro: Rio Book’s / PROURB, 2012, v., p. 31-61.

2. EASTERLING, Keller. Extrastatecraft: The Power of Infrastructure Space. Londres: New Left Books, 2016.

3. STOLL, Katrina; LLOYD, Scott. Infrastructure as Architecture. Berlin: Jovis Variag GmbH, 2010.

4. CORNER, James. The agency of mapping: speculation, critique and invention. In: COSCROVE, Denis [ed.], Mappings,
London: Reaktion Books, 1999, p. 231-252.

5. KAJIMA, Momoyo; KURODA, Junzo; TSUKAMOTO, Yoshiharu. Made in Tokyo. Tokio: Kajima Institute Publishing
Co. 2006.

6. LASSANCE, Guilherme; VARELLA, Pedro; CAPILLÉ, Cauê Costa. Rio Metropolitano: Guia para uma arquitetura. Rio
de Janeiro: Rio Book’s, 2012.

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