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ISSN: 2525-8761
DOI:10.34117/bjdv7n2-106
RESUMO
Após a promulgação da Constituição Federal Brasileira de 1988 tornou-se cada vez mais
frequente a interferência do poder judiciário em questões que, primariamente, são da
competência dos poderes executivos ou legislativos. A este papel exercido pelo Judiciário
para a garantia de direitos difusos dos indivíduos expressos no artigo 6º da Constituição
tem sido atribuído o nome de judicialização. Este artigo objetivou analisar a judicialização
do direito à saúde na cidade de Macapá para pacientes da oncologia e suas contribuições
para garantia do direito à vida. Utilizou-se pesquisa quanti-qualitativa, com demonstração
a estatística brasileira e macapaense das demandas, tratando-se de pesquisa de campo,
que utilizou a técnica de en-trevista. Buscou-se compreender secundariamente as
estratégias de tratamentos, as demandas da cidade de Macapá, a forma que os pacientes
conseguem o tratamento e a forma que as fa-mílias e os pacientes veem esse tratamento.
A pesquisa demonstrou as fragilidades da saúde de Macapá em relação à doença
evidenciando possíveis estratégias de amenização dos pro-blemas detectados, de forma a
se delinear um tratamento de melhor qualidade e com atenua-ção sofrimento dos
pacientes e seus familiares.
ABSTRACT
After the promulgation of the 1988 Brazilian Federal Constitution, interferen-ce by the
judiciary in matters that, primarily, fall within the competence of the executive or
legislative powers, became increasingly frequent. This role exercised by the Judiciary to
gua-rantee the diffuse rights of individuals expressed in Article 6 of the Constitution has
been called judicialization. This article aimed to analyze the judicialization of the right to
health in the city of Macapá for oncology patients and their contributions to guarantee the
right to life. Quanti-qualitative research was used, demonstrating the Brazilian and
macapaense statistics of the demands, in the case of field research, which used interview
techniques and on-site obser-vation. We sought to understand the treatment strategies
secondarily, the demands of the city of Macapá, the way that patients get treatment and
the way that families and patients see this treatment. The research demonstrated the
weaknesses of Amapá's health in relation to the di-sease, showing possible strategies to
alleviate the detected problems, in order to outline a bet-ter quality treatment and mitigate
the suffering of patients and their families.
1 INTRODUÇÃO
O fornecimento de medicamentos, exames e pedidos relacionados ao direito à
saúde por ação judicial tornou-se uma prática rotineira nos últimos anos, após a
promulgação da Constituição Federal Brasileira de 1988 tornou-se cada vez mais
frequente a interferência do poder judiciário em questões que, primariamente, são da
competência dos poderes executivos ou legislativos. A este novo papel exercido pelo
Judiciário na garantia de direitos difusos dos indivíduos expressos no artigo 6º de tal
constituição tem sido atribuído o nome de judicialização.
No Estado do Amapá, assim como no restante do Brasil, os números dessas
demandas vêm aumentando consideravelmente, impulsionando o crescimento de
pesquisas relacionados ao tema, nas quais se observa que o foco predominante de análise
são os princípios da reserva do possível e o mínimo existencial. Este artigo, no entanto,
tem como propósito central compreender a percepção do paciente em relação ao processo
de judicialização.
Neste sentido, este artigo possui como objetivo geral analisar a judicialização do
direito a saúde na cidade de Macapá para pacientes da oncologia e e suas influências para
a garantia do direito à vida. Possui ainda como objetivos específicos: compreender os
avanços jurídicos voltados ao tratamento do câncer no Brasil; analisar as estatísticas da
judicialização do direito à saúde em Macapá e as estratégias e os mecanismos para a
garantia do direito à vida.
Utilizou-se a técnica de pesquisa e campo, realizada a partir de entrevistas e
análise de documentos, projetos e matérias jornalísticas. Utilizou-se ainda de pesquisas
estatísticas do IBGE, IJOMA, INCA, entre outros que cuidam.
Art. 25 - Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-
lhe, e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário,
habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à
segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou
outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu
controle. (DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS,
1948).
A primeira parte desta explanação ainda é uma utopia para a grande maioria dos
seres humanos, porém a segunda parte fala do dever do estado em prestar esses serviços
em circunstâncias que fogem do controle da pessoa, o que infelizmente são poucos os que
possuem essa oportunidade. No Brasil, além da corrupção ainda existe a falta de interesse
do estado em prestar serviços de qualidade. Está sociedade anseia pela oportunidade de
gozar de uma saúde pública de qualidade, mas para isso a sociedade precisa se impor
como tal e lutar por seus direitos.
O Tratamento Fora de Domicílio (TFD) consiste na garantia de acesso dos
pacientes (atendidos na rede pública ou conveniada do SUS) de um município, a serviços
assistenciais de outro município, uma vez esgotadas todas as formas de tratamento
naquele em que os mesmos residem. As despesas permitidas pelo TFD são aquelas
relativas a transporte aéreo, terrestre e fluvial, diárias para alimentação e pernoite para
paciente e o acompanhante, devendo ser autorizadas de acordo com a disponibilidade
orçamentária do município/estado, a autorização de transporte aéreo para
paciente/acompanhantes será precedida de rigorosa análise dos gestores do SUS.
Não houve a permissão da visita “in loco” por parte da secretaria de saúde
amapaense, aos olhos dos pacientes para não demonstrar a fragilidade do local, visto que
para estes que frequentam constantemente essa estrutura encontra-se em precárias, além
de não serem ofertados todos os mecanismos necessários para o combate ao câncer, tais
como aparelhos apropriados, falta de funcionários especializados em algumas áreas,
exames de modo geral, entre muitas outras falhas percebidas.
Realizou-se entrevistas e análise documental de pesquisas realizadas pelo IJOMA,
cedidas pelo Pe. Paulo e a assistência social do instituto.
O Hospital Alberto Lima e a Secretaria de Saúde do Estado não possuem registros
específicos de casos oncológicos no Amapá, porém o IJOMA, que é uma organização da
sociedade civil amapaense, sem fins lucrativos que visa a prevenção do câncer criou um
setor que tem a proposta de formatar dados estatísticos de casos de câncer no Amapá,
para que possam trabalhar melhor na prevenção, já que este é o principal objetivo do
instituto.
No ano de 2017 como observa-se no quadro abaixo o Amapá teve 139 casos de
pessoas diagnosticadas com câncer, sendo 63% desse total mulheres, os médicos de
acordo com o Pe. Paulo em uma palestra do dia 17/05/2018 não possuem uma explicação
cientifica para isso, o motivo mais relevante é que as mulheres vão com mais frequência
ao médico, diferentemente dos homens, que muitos morrem sem saber o real motivo ou
o diagnóstico vem através de autópsias pós-morte.
Este gráfico mostra a estatística de câncer por sexo no Estado do Amapá, como
relatado anteriormente, vê-se a discrepância dos diagnósticos entre homens e mulheres.
O que é preocupante, já que de acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) 40%
dos casos de mortalidade relacionados ao câncer poderiam ter sido evitadas com um
diagnóstico precoce. (OPAS, 2017)
As principais causas do câncer, segundo pesquisas realizadas pelo IJOMA, são:
30% a má alimentação, seguida do mesmo índice de 30% o tabagismo, 15% a
hereditariedade, 5% infecções, 5% a exposição profissional em condições insalubres, 3%
o álcool, 5% a obesidade e a falta de exercício físico, 2% a exposição a raios UV sem
proteção, 2% o excesso de medicação e a automedicação, 2% também a poluição e 1%
outros fatores. (IJOMA, 2017)
As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo,
estando ambas inter-relacionadas. As causas externas relacionam-se ao meio ambiente e
aos hábitos ou costumes próprios de um ambiente social e cultural. As causas internas
são, na maioria das vezes, geneticamente pré-determinadas, estão ligadas à capacidade do
organismo de se defender das agressões externas. Esses fatores causais podem interagir
de várias formas, aumentando a probabilidade de transformações malignas nas células
normais. (OPAS, 2017)
No primeiro trimestre de 2018, o IJOMA registrou 36 pessoas diagnosticadas com
câncer no estado do Amapá, a média de homens e mulheres diagnosticados continua entre
60% e 70%, observa-se também que nos três primeiros meses do ano a maior incidência
de câncer continua em pessoas de idade entre 40 e 69 anos, adultas que ainda possuem
força de trabalho.
A prevenção e controle dessa doença em nosso país - de dimensões continentais e
fortes diferenças regionais por abrigar uma população de comportamentos, crenças e
atitudes de modo bem diversificado - representa, atualmente, um dos grandes desafios
que a saúde pública enfrenta. A descrição da distribuição dos tipos mais incidentes de
câncer, por meio do tempo, tem sido uma das principais estratégias para o estabelecimento
de diretrizes em políticas públicas e, principalmente, para o planejamento de ações de
prevenção e controle do câncer. (INCA, 2018)
A verdade, dizem os especialistas, é que a palavra “câncer” é genérica demais hoje
para a ciência. Dá nome a uma série de doenças que, para a medicina, podem ser
completamente diferentes, do tratamento ao nível de ameaça. Mesmo assim, sempre que
é dita em um consultório, gera calafrios. “No primeiro momento, a impressão é que o
mundo está desabando mesmo”, pontua o oncologista Fernando Vidigal, diretor médico
da clínica Cettro. Mas contra todos os monstros, é preciso se colocar de pé. Curar o
coração é tão importante quanto curar o corpo. (SAMORANO, 2015)
O que os quadros e estimativas percebidos até aqui mostram são sinais de uma
sociedade marcada por uma doença adormecida dentro de todo ser vivo, até animais
possuem diagnósticos de câncer, o que nem mesmo os médicos conseguem explicar a real
causa, a sociedade amapaense assim como a sociedade mundial está a mercê da sorte de
ter ou não câncer, a única diferença são que em alguns lugares vê-se grandes centros de
tratamento e assim um maior número de pacientes curados.
A sociedade tem que cobrar, não se deve achar normal o que os pacientes
oncológicos passam para terem um tratamento minimamente adequado, não é escolha
deles sair do estado, é necessidade, é a busca por um prolongamento de vida, ir para um
lugar desconhecido sem a família pra apoiar, uma pessoa já fragilizada emocionalmente
pelo diagnostico e ainda ter que enfrentar inúmeras barreiras para conseguir se tratar é
desumano, uma sociedade que luta pelos direitos humanos deve se atentar a saúde
também, não basta o Brasil assinar inúmeros tratados de humanidade e tratar os brasileiros
feito descartáveis, os ideais precisam sair de papéis e começar a fazer parte de nossa
realidade.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A busca de um tratamento oncológico de qualidade é da grande maioria dos
brasileiros, visto que a maior parte dos centros de tratamento oncológico encontram-se
nas cidades mais desenvolvidas. E Macapá, para haver uma melhora significativa nesse
segmento precisa-se minimamente melhorar a estrutura física da UNACON ou para longo
prazo construir uma unidade unicamente direcionada ao tratamento oncológico,
disponibilizar um local adequado para a construção da sala especial para receber a tão
desejada máquina de radioterapia, proporcionar ao corpo técnico, enfermeiros e médicos
cursos e acompanhamento psicológico para melhor atenderem os pacientes e familiares
oncológicos.
REFERÊNCIAS
______. Portaria nº 55. Ministério da Saúde. Brasília: vinte e quatro de fevereiro, 1999.
Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/1999/prt0055_24_02_1999.html >.
Acesso em 07/05/2018.