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EIA – ILHÉUS MINERADORA

EMPRESA RESPONSÁVEL PELO ESTUDO

Nome ATLÂNTICA CONSULTORIA AMBIENTAL

CNPJ 10.805.198/0001-34
Inscrição estadual 115115001
Registro no IBAMA 5354081
CREA BA20537
Praça Barão do Rio Branco, nº 185 - 1º andar - Cidade
Endereço Nova.
CEP: 45.652-140
E-mail atlantica_consultoria@yahoo.com.br

Responsável pela Ângelo Britto Prisco Teixeira


empresa Dayse Gomes de Azevedo

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

LISTA DE FIGURAS, TABELAS E QUADROS

Figura 01 – Sua casa vem da mineração. 2

10
Figura 02 – Localização geográfica do empreendimento
Figura 03 – Localização do empreendimento dentro do contexto de bacias 11
hidrográficas.
Figura 04 – Localização da Ilhéus Mineradora nas Unidades de Conservação da 12
região.
Figura 05 – Localização dos empreendimentos próximos à Ilhéus Mineradora 13

Figura 06 – Sede da fazenda 15

16
Figura 07 – Cabruca e pastagens da fazenda.
17
Figura 08 - Mapa de uso e ocupação do solo
18
Figura 09 – Vias de acesso
19
Figura 10 – Via de acesso até a fazenda
21
Figura 11 – Seta indicativa da área de lavra
21
Figura 12 – Ilustração do método de lavra a ser utilizado
22
Figura 13 – Localização da área de lavra

Figura 14 – Camada vegetal presente na área a ser lavrada 22

23
Figura 15 – Fotos da área a ser lavrada
28
Figura 16 – Mapa geológico da área em estudo
Figura 17 – Areias oriundas do Grupo Barreiras e cobertura Tercio Quaternário 30
oriunda de rochas granulíticas
Figura 18 – Detalhe do Depósito de areia – porção centro leste da área 31

Figura 19 – Mapa geomorfológico da área em estudo 32

Figura 20 – Aspectos geomorfológicos da área em estudo 33

34
Figura 21 – Aspectos geomorfológicos da área

Figura 22- Areia inconsolidada oriunda da alteração de rochas do grupo Barreiras 35

Figura 23 – Mapa hidrográfico da área 36

Figura 24 – Drenos de águas pluviais 37

Figura 25 - Fazenda Santa Luzia. Em destaque o futuro local de extração de areia 46


(setas preta) e o local do remanescente florestal inventariado (seta branca)
Figura 26 – Metodologia sendo aplicada na área da fazenda Santa Luzia. Marcação
das parcelas e dos indivíduos (à esquerda) e coleta para identificação taxonômica (a 47
direita).
Figura 27 - Imagem de um indivíduo remanescente de maior porte e de trechos de
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mata mais estruturada (foto à esquerda). Imagem de uma gameleira estranguladora
(Ficus sp.) que necessita de uma estrutura pré-estabelecida para iniciar seu
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estabelecimento, indicando uma estrutura mais antiga (foto à direita).

Figura 28- Presença de indivíduos acaule, que são frequentes no sub-bosque da área 50
estudada.
Figura 29 - Registro de ameaças presentes na área estudada, como a retirada de
madeira (acima à direita), a caça (acima à esquerda) e a prática de corte e queima (as 51
duas fotos embaixo).

Figura 30 - Espécies com algum tipo de recurso alimentar disponível, registrada no 52


mês de março, quando foi realizado o trabalho de amostragem.
60
Figura 31 – Armadilha fotográfica.
62
Figura 32 – Armadilha de queda
Figura 33 - Faz Santa Luzia em primeiro plano e Faz. Almada em segundo plano, 62
mostrando a conectividade entre as áreas.
Figura 34 - quati (Nasua nasua) 64

Figura 35 - saruê (Didelphis aurita) 64

Figura 36 - armadilha do tipo esper 69

75
Figura 37 – Fazendas localizados nas proximidades da Fazenda Santa Luzia.
Figura 38 – Vilarejos localizados próximos ao empreendimento na Fazenda Santa 76
Luzia.
Figura 39 –Ribeira das Pedras 79

83
Figura 40 – Layout da Área Diretamente Afetada - ADA
84
Figura 41 – Layout da Área de Influência Direta – AID

Figura 42 –Mapa de Influência Indireta 85

Figura 43 – Indicação da Drenagem pluvial 91

101
Figura 44 – Modelo de coletores

Figura 45 – Modelo de fossa séptica 105

115
Figura 46 – Densidade de fumaça

Figura 47 – Modelo da escala Ringelmann adotado para execução dos ensaios 116

TABELAS

Tabela 1 – Parâmetros estruturais das parcelas amostradas (0,1 ha cada) na área do 49


futuro empreendimento, Ilhéus -Uruçuca/BA.
Tabela 2 – Mamíferos citados em entrevistas, realizadas no entorno da Fazenda 63
Santa Luzia.
Tabela 3 - Mamíferos visualizados na Fazenda Almada 65

Tabela 4 - Aves registradas na Fazenda Santa Luzia 66

67
Tabela 5 - Répteis encontrados na Fazenda Santa Luzia.

Tabela 6 – Anfíbios registrados na Fazenda Santa Luzia. 67

QUADROS

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Quadro 1 - Classes e Características dos Resíduos Sólidos 98

Quadro 2 - Caracterização dos resíduos 100

Quadro 3 – Código de cores para a coleta seletiva 101

102
Quadro 4 – Destinação dos resíduos

Quadro 5 – Resumo: sobre as pilhas 103

Quadro 6 – Resumo: sobre as lâmpadas fluorescentes 104

Quadro 7 – Padrão de emissão de fumaça preta de acordo com a Portaria 85/86 do 117
IBAMA
117
Quadro 8 – Frequência das medições e manutenções

Quadro 9 – modelo de formulário de monitoramento da fumaça preta 118

Quadro 10 – Formulário de identificação da instalação que originou o incidente 133

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SUMÁRIO

EMPRESA RESPONSÁVEL PELO ESTUDO i


LISTA DE FICGURAS, TABELAS E QUADROS ii
EQUIPE TÉCNICA vii
APRESENTAÇÃO viii
Capítulo 1 - INFORMAÇÕES GERAIS 1
1.1 Nome do empreendimento 1
1.2 Identificação da empresa responsável 1
1.3 Tipo de atividade e o porte do empreendimento 1
1.4 Síntese dos objetivos do empreendimento 1
1.5 Marco Legal 4
1.5.1 Legislação aplicada ao meio Ambiente 5
1.6 Localização geográfica 9
1.7 Empreendimentos associados e decorrentes 12
1.8 Nome e endereço para contatos relativos ao EIA 13
Capítulo 2 - DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO 14
Capítulo 3 – DIAGNÓSTICO AMBIENTAL 25
3.1 Meio Físico 26
3.2 Meio Biótico - FLORA 46
3.3 Meio Biótico - FAUNA 58
3.4 Meio Socioeconômico 73
3.4.1 História do Município de Ilhéus 73
3.4.2 Perfil socioeconômico das localidades identificadas nas áreas de
75
influência da Fazenda Santa Luzia
Capítulo 4 - ÁREA DE INFLUÊNCIA 81
4.1 Definições da área de influência 82
Capítulo 5 - IMPACTOS AMBIENTAIS 86
Capítulo 6 - PROGRAMAS E PLANOS AMBIENTAIS 94
6.1 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos - PGRS 97
6.2 Plano de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA 106
6.3 Plano de Atendimento e Emergência Ambiental - PAE 127
6.4 Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD 137
6.5 Plano de Educação Ambiental - PEA 145
6.6 Plano de Acompanhamento e Monitoramento Ambiental 154
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 155
ART 160

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

EQUIPE TÉCNICA

Coordenadores do estudo REGISTRO


Engenheiro Ambiental, Espc. Em CREA – BA
Ângelo Britto Prisco Teixeira
Perícia e Auditoria Ambiental 59605

Engenheira Ambiental, Espc. Em CREA – BA


Dayse Gomes de Azevedo
Perícia e Auditoria Ambiental 59604

Profissionais REGISTRO
Marco Tulio Miranda de CREA - BA
Geólogo
Oliveira 10.599-D

CRBio – BA
Leonardo Gomes Neves Biólogo, Espc. em Fauna
85276/05D

CRBio – BA
Camila Primitivo de Oliveira Bióloga, Espc. em Flora
67832/05D

Thainná Cardoso CREA - BA


Engenheira Ambiental
Waldburger 77234

Assistente Social, Espc. em Gestão CRESS – BA


Carlene Porto Santos
Social 6526

Outros Colaboradores
José Lima da Paixão Biólogo e Técnico Agropecuário

Larissa Rocha Santos Bióloga, Msc.Ecologia e Conservação

Michaele Pessoa Bióloga, Msc.Ecologia e Conservação

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

APRESENTAÇÃO

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é um documento técnico que


compreende o levantamento da literatura científica e legal pertinente onde se
avaliam as consequências para o ambiente decorrentes de um determinado
projeto. Nele encontram-se identificados e avaliados de forma imparcial e
meramente técnica os impactos que um determinado projeto poderá causar no
ambiente, assim como apresentar medidas mitigadoras. Por estas razões, é um
importante instrumento de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), que tem como
principal objetivo subsidiar a decisão do órgão competente como instrumento de
gestão ambiental.
Diante dos impactos que a atividade de mineração causa ao meio ambiente
a Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA nº 001, de 23 de
janeiro de 1986 estabelece em seu artigo 2º inciso IX a elaboração do EIA/RIMA
para a extração de minério em geral, definidas no Código de Mineração, dependem
de elaboração de estudo de impacto ambiental - EIA e respectivo relatório de
impacto ambiental - RIMA, a serem submetidos à aprovação do órgão ambiental
competente.
Desta forma o presente documento visa apresentar o Estudo de Impacto
Ambiental – EIA da ILHÉUS MINERADORA, tendo como base, as diretrizes gerais
da Resolução CONAMA 001/1986, bem como o Termo de Referência disposto no
anexo I da Resolução do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente de Ilhéus
- CONDEMA nº 013, de 09 de junho de 2011. Este documento dispõe das
características gerais do empreendimento, diagnóstico ambiental da área de
influência do projeto, avaliação dos possíveis impactos a serem gerados,
estabelecimento de medidas mitigadoras e elaboração de programas ambientais e
de monitoramento.
Os métodos de avaliação de impactos ambientais selecionados foram a
matriz de interação e a superposição de cartas temáticas.

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1.1 Nome do empreendimento:


ILHÉUS MINERADORA.

1.2 Identificação da empresa responsável:


 Razão Social: ILHÉUS MINERADORA LTDA.
 CNPJ: 63.223.382/0001-32
 Endereço: AVENIDA ALMIRANTE AURELINO LINHARES, Nº 120, CENTRO,
ILHÉUS-BA.
 Inscrição Estadual: 030.931.383
 CNAE: 08.10-0-06
 Grau de Risco: 4
 CTF (IBAMA): 5759119
 Responsável pelo empreendimento: CAIO ROCHA CARVALHO

1.3 Tipo de atividade e o porte do empreendimento.

Conforme o Regulamento do Código de Mineração nº 62.934/1968, em seus


artigos 7º e 8º, a atividade em questão consiste na exploração de jazida classe II
(areia), classificada como jazidas de substâncias minerais de emprego imediato na
construção civil.
Para a definição do porte do empreendimento utilizou-se como base o anexo
do Decreto 113/2012, que institui o Código de Meio Ambiente de Ilhéus na qual a
atividade é enquadrada no Grupo B3: minerais utilizados na construção civil,
ornamentos e outros – subgrupo B3.1: Areias, entre outros, como de micro porte,
devido a sua produção bruta anual ser inferior a 20.000 toneladas.

1.4 Síntese dos objetivos do empreendimento:

Segundo a classificação internacional adotada pela ONU, define-se mineração


como sendo a extração, elaboração e beneficiamento de minerais que se encontram em
estado natural: sólido, como o carvão e outros; líquido, como o petróleo bruto; e gasoso,
como o gás natural. Nesta acepção mais abrangente, inclui a exploração das minas
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EIA – ILHÉUS MINERADORA

subterrâneas e de superfície (ditas a céu aberto), as pedreiras e os poços, incluindo-se aí


todas as atividades complementares para preparar e beneficiar minérios em geral, na
condição de torná-los comercializáveis, sem provocar alteração, em caráter irreversível,
na sua condição primária.
A mineração é um dos setores básicos da economia do país, contribuindo de
forma decisiva para o bem estar e a melhoria da qualidade de vida das presentes e
futuras gerações, sendo fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade
equânime, desde que seja operada com responsabilidade social, estando sempre
presentes os preceitos do desenvolvimento sustentável.
Sendo assim a mineração é uma atividade indispensável à sobrevivência do
homem moderno, dada a importância assumida pelos bens minerais em praticamente
todas as atividades humanas, das mais básicas como: habitação, construção, saneamento
básico, transporte, agricultura, dentre outros.
A importância da mineração para a humanidade remonta de milhares de anos
atrás, quando os recursos minerais eram utilizados para a confecção de ferramentas
para a caça e pesca, com a finalidade de se alimentar, e armas para a guerra; ornamentos
e decoração através de pedras preciosas; moeda (ouro, prata e bronze) para a compra de
alimentos e utensílios; energia (carvão mineral e petróleo) para a iluminação e
combustível para automóveis e geração de energia elétrica; e mais recentemente,
energia nuclear gerada por minerais radioativos para a geração de energia e armas
nucleares.
Um bom exemplo da importância dos recursos minerais do nosso cotidiano é uma
casa, onde todos os utensílios que a compõem provêm dos recursos minerais.

Figura 01 – Sua casa vem da mineração. Fonte: MINEROPAR, 2013.


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EIA – ILHÉUS MINERADORA

A demanda da exploração de areia e arenoso na Ilhéus Mineradora surgiu da


necessidade de disponibilizar material para construção civil, atividade que está em fase
de expansão no município de Ilhéus, principalmente devido à demanda de construção de
habitações populares financiadas por programas federais. Outro fator importante que
desponta a viabilidade locacional deste empreendimento se deve ao fato de estar
localizado na porção norte do município onde não há esse tipo de atividade licenciada.
Com isso facilita o fornecimento de areia e arenoso para construções neste setor da
cidade atendendo também a demanda de construções no Distrito Industrial de Ilhéus
localizado no bairro Iguape, que está em constante ampliação, próximo ao
empreendimento.
Um grande aspecto muito importante, que não pode deixar de ser mencionado é o
fato do empreendimento em estudo estar localizado também, próximo à chegada da
Ferrovia Oeste-Leste e ao Complexo Intermodal Porto-Sul, duas grandes obras que vão
demandar significativas quantidades de material arenoso nas suas execuções.
Concluindo então que o empreendimento em questão quando em seu pleno
funcionamento terá uma grande viabilidade em vários fatores, um deles será a economia
de energia e diminuição de poluição, com transporte do material para construções
localizadas na porção norte do município e o alívio do tráfego de caminhões cortando a
cidade, desafogando um pouco o trânsito, já que, só existem areais licenciados na porção
sul do município.
Além disso, pode-se citar a geração de empregos diretos e indiretos, bem como
geração de impostos, que se reverte em serviços à população, possibilitando que se dê
continuidade a obras e projetos que visem melhorar as condições de vida,
proporcionando bem estar à população em geral.
Como mencionado anteriormente à atividade de exploração de minérios é
fundamental à sociedade, sendo considerada pela Resolução CONAMA nº 369/2006
como interesse social. As substâncias minerais, areia, argila, saibro e cascalho são
aplicados, ou melhor, são essenciais para as atividades de construção civil e para
algumas atividades industriais, tais como: moldes de fundição e indústrias de
transformação (vidros, abrasivos, siderurgia, ferro-ligas, refratários, dentre outros).
Entretanto, esse tipo de empreendimento deve ser operado com
responsabilidade socioambiental, estando sempre presente os preceitos do
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EIA – ILHÉUS MINERADORA

desenvolvimento sustentável. Desta forma é essencial que seja adotado todos os


programas ambientais e monitoramento ambiental durante a implantação, operação e
desativação do empreendimento, visando minimizar os impactos ambientais, em
especial o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas.

1.5 Marco Legal:

No Brasil, a mineração, de um modo geral, está submetida a um conjunto de


regulamentações, onde os três níveis de poder Estatal possuem atribuições com relação
à mineração e o meio ambiente.
Em nível federal, os órgãos que têm a responsabilidade de definir as diretrizes e
regulamentações, bem como atuar na concessão, fiscalização e cumprimento da
legislação mineral e ambiental para o aproveitamento dos recursos minerais são os
seguintes:
Ministério do Meio Ambiente – MMA: responsável por formular e coordenar as
políticas ambientais, assim como acompanhar e superintender sua execução;
Ministério de Minas e Energia – MME: responsável por formular e coordenar as
políticas dos setores mineral, elétrico e de petróleo/gás;
Secretaria de Minas e Metalurgia – SMM/MME: responsável por formular e
coordenar a implementação das políticas do setor mineral;
Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM: responsável pelo
planejamento e fomento do aproveitamento dos recursos minerais, preservação e
estudo do patrimônio paleontológico, cabendo-lhe também superintender as pesquisas
geológicas e minerais, bem como conceder, controlar e fiscalizar o exercício das
atividades de mineração em todo o território nacional, de acordo o Código de Mineração;
Serviço Geológico do Brasil – CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos
Minerais): responsável por gerar e difundir conhecimento geológico e hidrológico
básico, além de disponibilizar informações e conhecimento sobre o meio físico para a
gestão territorial;
Agência Nacional de Águas – ANA: Responsável pela execução da Política
Nacional de Recursos Hídricos, sua principal competência é a de implementar o

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

gerenciamento dos recursos hídricos no país. Responsável também pela outorga de água
superficial e subterrânea, inclusive aquelas que são utilizadas na mineração;
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA: responsável por formular as
políticas ambientais, cujas Resoluções têm poder normativo, com força de lei, desde que,
o Poder Legislativo não tenha aprovada legislação específica;
Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH: responsável por formular as
políticas de recursos hídricos; promover a articulação do planejamento de recursos
hídricos; estabelecer critérios gerais para a outorga de direito de uso dos recursos
hídricos e para a cobrança pelo seu uso.
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA: responsável, em nível federal, pelo licenciamento e fiscalização ambiental;
Centro de Estudos de Cavernas – CECAV (IBAMA): responsável pelo
patrimônio espeleológico.

1.5.1 Legislação aplicada ao meio Ambiente

a) Política Nacional de Meio Ambiente


Estabelece a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de
formulação e aplicação, constitui o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) e
institui o Cadastro de Defesa Ambiental.
Neste instrumento legal são estabelecidos alguns instrumentos, entre eles: a
avaliação de impactos ambientais, o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou
potencialmente poluidoras.

b) Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986


Esta resolução considera impacto ambiental como qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer
forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou
indiretamente, afetam:
I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
II - as atividades sociais e econômicas;
III - a biota;
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EIA – ILHÉUS MINERADORA

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;


V - a qualidade dos recursos ambientais.
A referida resolução ainda estabelece que a atividade de extração de minério,
inclusive os da classe II, definidas no Código de Mineração depende da elaboração do
Estudo de Impacto Ambiental - EIA e respectivo Relatório de Impacto ambiental - RIMA,
a serem submetidos à aprovação do órgão ambiental estadual competente, e ao IBAMA e
em caráter supletivo.

c) Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997


O artigo 2º da Resolução CONAMA nº 237 de 19 de dezembro de 1997 menciona
que a localização, construção, instalação, ampliação, modificação e operação de
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva
ou potencialmente poluidoras, bem como os empreendimentos capazes, sob qualquer
forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão
ambiental competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis. O anexo I
desta resolução apresenta uma lista exemplificativa dos empreendimentos que
necessitam de licenciamento ambiental, dentre eles está a atividade de extração e
tratamento de minerais.

a) Lei nº 10.431, de 20 de dezembro de 2006


Regulamentada pelo Decreto nº 11.235, de 10 de outubro de 2008, dispõe sobre a
Política de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade do Estado da Bahia e dá
outras providências. No artigo 42, cita-se que a localização, implantação, operação e
alteração de empreendimentos e atividades que utilizem recursos ambientais, bem
como os capazes de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento
ambiental, na forma do disposto nesta Lei e demais normas dela decorrentes.

b) Resolução CEPRAM 1.153, de 15 de dezembro de 1995


Aprova a Norma Administrativa NA005/95 e seus anexos, que dispõe sobre a
análise do processo de licenciamento das atividades de extração e tratamento de
minerais com potencial de impacto no ambiente, no Estado da Bahia.

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

c) Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000


Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras
providências. No artigo 36 é citado que nos casos de licenciamento ambiental de
empreendimentos de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão
ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto ambiental e respectivo
relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção
de unidade de conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto
neste artigo e no regulamento desta Lei. Cita-se também que o montante de recursos a
ser destinado pelo empreendedor para esta finalidade não pode ser inferior à meio por
cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento, sendo o
percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de impacto
ambiental causado pelo empreendimento.

d) Resolução nº 371, de 05 de abril de 2006


Estabelece diretrizes aos órgãos ambientais para o cálculo, cobrança, aplicação,
aprovação e controle de gastos de recursos advindos de compensação ambiental,
conforme a Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza - SNUC e dá outras providências.

e) Lei nº 9.433, de 8 de Janeiro de 1997


Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da
Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que
modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.

f) Resolução CONAMA 357, de 17 de março de 2005


A Resolução CONAMA 357, de 17 de março de 2005, dispõe sobre a classificação dos
corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece
as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.

g) Resolução CONAMA 03/1990


A Resolução CONAMA 03/1990 dispõe sobre os padrões de qualidade do ar.
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EIA – ILHÉUS MINERADORA

h) Resolução CEPRAM 41/1990


A Resolução CONAMA 03/1990 dispõe sobre os padrões de qualidade do ar.

l) Resolução CONAMA 01/1990


A Resolução CONAMA 01/1990, dispõe sobre poluição sonora.

m) Resolução CEPRAM 1.179/1995


A Resolução CEPRAM 1.179/1995 dispõe sobre a determinação de níveis ruídos
em ambientes internos e externos de áreas habitadas.

n) Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010


A lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.

o) Resolução CONAMA Nº 362, de 23 de junho de 2005


A Resolução CONAMA nº 362/2005, estabelece no artigo 1º que todo óleo
lubrificante usado ou contaminado deverá ser recolhido, coletado e ter destinação final,
de modo que não afete negativamente o meio ambiente e propicie a máxima
recuperação dos constituintes nele contidos, na forma prevista nesta Resolução.

p) Resolução CONAMA 275/2001


A Resolução CONAMA nº 275/2001, no artigo 1º estabelece o código de cores para os
diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e
transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva.

q) Resolução nº 416, de 30 de setembro de 2009


A Resolução CONAMA nº 416, de 30 de setembro de 2009, que dispõe sobre a
prevenção à degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sua destinação
ambientalmente adequada, e dá outras providências.

r) Resolução CEPRAM 305/1990

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

A Resolução CEPRAM 305/1990 dispõe sobre o licenciamento de empresas


responsáveis pela limpeza de fossas sépticas.

s) Lei orgânica do Município de Ilhéus


O artigo 16 da Lei Orgânica do Município de Ilhéus menciona que é da
Competência do Município em comum com a União e do Estado registrar, acompanhar e
fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e
minerais em seus territórios.

t) Lei nº 3510, de 13 de dezembro de 2010


A lei nº 3510, de 13 de dezembro de 2010, institui o Código Ambiental do
Município de Ilhéus, regulamentada pelo Decreto nº 113/12, dispõe sobre o Sistema
Municipal de Meio Ambiente - SISMUMA e dá outras providências.

1.6 Localização geográfica:

Tomando como ponto de partida a capital, Salvador/BA, o acesso é relativamente


fácil, saindo de Salvador pela BR-324, até a cidade de Feira de Santana, daí segue pela
BR-101 até o entroncamento com a rodovia BA-262, passando pela cidade de Uruçuca-
BA, desta segue pela rodovia BA-262 até aproximadamente 15,0 km chegando a um
acesso não pavimentado a margem esquerda dessa rodovia e segue mais 3,45 km
sentido norte, onde esta localizado o empreendimento na Fazenda Santa Luzia,
denominado de Ilhéus Mineradora. Encontra-se inserida nas coordenadas geográficas
UTM – Datum SAD 69 – Zona 24S: 479.134E e 8.375.940S, coletadas através do GPS
Garmin 60CSx, conforme figura 02 de localização.

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

Figura 02 – Localização geográfica do empreendimento.

A Ilhéus Mineradora está localizada na bacia Hidrográfica do Rio Almada, região


fisiográfica denominada Região Cacaueira da Bahia e Região Econômica Litoral Sul.
Limita-se ao norte com a Bacia do rio de Contas, ao Sul com a Bacia do rio Cachoeira e a
leste com o oceano Atlântico, conforme figura 03.

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

Figura 03 – Localização do empreendimento dentro do contexto de bacias hidrográficas.

Diante das Unidades de Conservação, a Ilhéus Mineradora encontra-se na APA


Lagoa Encantada e Rio Almada (figura 04), que foi criada pelo Decreto Estadual
2.217/1993, e ampliada pelo Decreto Estadual nº 8.650/2003, tornando-se importante
por ser um instrumento de conservação do ambiente natural, pois possibilita conciliar a
prática das atividades econômicas com os interesses ambientais.
Com relação ao Parque Estadual da Serra do Conduru (PESC), o empreendimento
dista 17.423,89 metros e em relação ao Parque Municipal da Boa Esperança (PMBE) ele
dista 14.493,86 metros.

11
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Figura 04 – Localização da Ilhéus Mineradora nas Unidades de Conservação da região.

1.7 Empreendimentos associados e decorrentes

A Ilhéus Mineradora está localizada no distrito do município de Ilhéus, Rio do


Braço, distando 10.351m do bairro Iguape, onde se localiza o Distrito Industrial de
Ilhéus, destacando as principais indústrias da região, conforme figura 05, abaixo,
podendo identificar entre elas:
Inscrita sob o CNPJ de nº 60.498.706/0025-24, licenciada, é uma empresa que
Cargill Agrícola SA tem como principal atividade produzir e comercializar internacionalmente
produtos e serviços alimentícios, agrícolas, financeiros e industriais.
Indústria e Comércio de Resíduos Sólidos Ltda., licenciada desde 2011, inscrita
no CNPJ de nº 10.392.095/0001-90, tem como objetivo a reciclagem de
ReciclaBrasil Ltda. materiais, principalmente da construção civil, encontra-se ainda em fase de
instalação.
Licenciada, inscrita no CNPJ de nº 10.879.192/0001-01, tem como principal
Premolder Industrial atividade a fabricação de artefatos pré-moldados. Também se encontra em fase
Ltda. de instalação.
Zona de Processamento de Exportação, licenciada, inscrita no CNPJ de nº
1.533.459/0001-04, são distritos industriais incentivados onde as empresas
ZPE neles localizados operam com redução/suspensão de impostos e contribuições
federais e liberdade cambial. Encontra-se em fase de instalação.
Pedreira Iguape Inscrita no CNPJ de nº 16.471.765/0001-40, encontra-se na fase de renovação
de Licença Ambiental.
Cerâmica Iguape Inscrita no CNPJ de nº 09.367.234/0001-46, está na fase de regularização
ambiental.

12
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Figura 05 – Localização dos empreendimentos próximos à Ilhéus Mineradora.

1.8 Nome e endereço para contatos relativos ao EIA


Contatos
Nome Endereço Telefone
Ângelo Britto Prisco (73) 9974-8275
Teixeira Praça Barão do Rio Branco, nº 185 - 1º (73) 8805-3357
andar - Cidade Nova. CEP: 45.652-140 (73) 9900-4136
Dayse Gomes de Azevedo
(73) 8832-2106
E-mail atlantica_consultoria@yahoo.com.br

13
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Histórico da Fazenda Santa Luzia

A fazenda onde se pretende explorar o areal é denominada Fazenda Santa Luzia


com área total de 98,7950ha, na qual tem como principal atividade a exploração da
cultura do cacau e a pecuária em regime de pasto.

Figura 06 – Sede da fazenda.

15
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Figura 07 – Cabruca e pastagens da fazenda.

Essas áreas estão melhores representadas na figura 08 que mostra o uso e


ocupação do solo na área da fazenda.

16
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Figura 08 – Mapa de Uso e ocupação do solo.

Viabilidade Locacional

A ideia de exploração do areal nesta área veio-se a partir de que o município de


Ilhéus só tem esse tipo de empreendimento legalizado na sua porção sul, o que dificulta
o transporte para atender a porção norte do município assim como também fornecer
areia para construção civil às cidades de Itacaré, Uruçuca e Itabuna. Outro grande
parâmetro que aponta a viabilidade de exploração deste recurso natural neste local é a
proximidade com a proposta do complexo intermodal Porto-Sul, e a chegada da Ferrovia
Oeste-Leste, duas grandes obras que vão demandar significativas quantidades de
material arenoso na execução das suas obras. Assim como também não pode deixar de
ressaltar a proximidade com o Distrito Industrial de Ilhéus e a Zona de Processamento e
Exportação, nas quais se especulam novos investimentos o que demandaria obras de
construção civil, surgindo à necessidade de areia, matéria-prima básica para execução
dessas atividades.

17
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Diante das abordagens levantadas acima, pode-se perceber que a área em estudo
possui uma posição geográfica estratégica, atrelado a esse aspecto, pode-se contar
também com o acesso facilitado por estrada vicinal já existente e em bom estado de
conservação, apontou esta área como a melhor alternativa de se instalar um
empreendimento desta modalidade.

Figura 09 – Vias de acesso.

18
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Figura 10 – Vias de acesso até a fazenda.

Além de reconhecer que o bem mineral é um bem da União, de interesse nacional,


reconheceu-se também que o mineral é um bem estático e existe na natureza em virtude
de fatores geológicos específicos, portanto, está onde a natureza impôs condições para
tal, também, é fato que sua localização não obedecer à vontade do homem, sendo
recurso raro, não optando pela ocorrência no universo, vindo a ser um bem essencial
para todas as atividades antrópicas.
Após os estudos geológicos, ambientais e socioeconômicos, pode-se afirmar que a
área em análise possui uma matéria-prima de boa qualidade para ser usada na
construção civil, boa logística de acesso e localização geográfica e principalmente o fato
da área não necessitar da supressão de nenhuma espécie de vegetação nativa,
diminuindo assim o impacto sobre o meio ambiente.
19
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Sobre a exploração

A mineração envolve procedimentos que vão desde a procura e descoberta de


evidências de ocorrências minerais com possível interesse econômico, até o
reconhecimento do seu tamanho, forma e valor econômico. As fases de pesquisa e
reconhecimento mineral poderão revelar dados promissores para a futura lavra, se
demonstrarem a existência de reservas econômicas capazes de suportar um
empreendimento de natureza industrial. A mineração engloba ainda o transporte, o
processamento e a concentração dos minérios e toda a infraestrutura necessária a estas
operações, dando lugar aos processos da metalurgia e da indústria transformadora.
A mineração compreende cinco fases que estão interligadas entre si e são descritas
a seguir:
1. Prospecção – é a fase da procura do bem mineral, visando definir áreas com
indícios de ocorrência mineral;
2. Exploração – é a fase de estudo de uma ocorrência mineral descoberta; é
empreendida para se conhecer o seu tamanho, forma, teor e valor econômico associado
a esta ocorrência;
3. Desenvolvimento – é a fase de preparação e traçado de uma jazida mineral
já estudada e provada, tendo como a finalidade a sua preparação para a futura lavra;
4. Lavra – é a fase de verdadeiro aproveitamento econômico e industrial da
jazida, isto é, são conjuntos de trabalhos de desmonte, extração e beneficiamento
mineral, visando às operações à manutenção e segurança destes serviços;
5. Recuperação Ambiental – é a fase de verdadeiros trabalhos de preparação
para a devolução das terras degradadas pela mineração à comunidade ou ao governo ou
a particulares.
No empreendimento em estudo o tipo de exploração do minério – areia, será do
tipo Lavra a céu aberto, que é toda extração que se desenvolve ao ar livre. É dirigida a
depósitos superficiais e é conduzida pelos princípios de desagregação, escavação,
dissolução, captação, etc.

20
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Figura 11 – Seta indicativa da área de Lavra.

Os principais métodos utilizados neste tipo de lavra são: em tiras horizontais,


(decapeamento) e lavra por bancos em encostas (em morros) e lavra em cava (buracos
no solo). No caso do empreendimento em estudo, o método a ser utilizado para
exploração do mineral, será tiras horizontais e lavra por bancos em encostas, devido
a conformação topográfica ser favorável para o uso desses métodos.

Figura 12 – Ilustração do método de lavra a ser utilizado. Fonte: LNGE, 1999.

21
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Caracterização do processo

Com relação à área determinada para lavra a mesma encontra-se requerida no


processo do DNMP 872730/2012, e compõe uma área de 15,00 ha (conforme figura 13).

Figura 13 – Localização da área de Lavra.

As principais etapas para execução da lavra a céu aberto serão:

 Remoção da camada vegetal

Figura 14 – Camada vegetal presente na área a ser lavrada.


22
EIA – ILHÉUS MINERADORA

No caso do empreendimento em estudo, não será necessário a supressão de vegetação.


Toda a exploração será em área 100% de área antropizada, composta apenas por gramíneas da
espécie brachiara decumbens e brachiara humidícula. Diante desses fatores o impacto ao
meio ambiente será reduzido.
 Decapeamento que é a retirada da camada fértil de solo rica em húmus para

armazenamento posterior junto com as etapas anteriores, para reutilização futura na


recomposição do sítio minerado;
 Extração do mineral por meio dos métodos citados anteriormente;

 Recuperação Ambiental da área minerada de acordo com um plano pré-

determinado.

Figura 15 – Fotos da área a ser lavrada.

Equipamentos utilizados na exploração:

TRATOR ENCHEDEIRA

CAÇAMBA

23
EIA – ILHÉUS MINERADORA

A linha de operação é constituída pelo seguinte quadro de função:


Engenheiro de Minas e
Responsável pelo processo de lavra.
ou Geólogo
Engenheiro Ambiental Responsável pelo monitoramento ambiental.
Gerencia as atividades operacionais, além das atividades
Gerente
de escritório.
Motorista Opera os caminhões.
Operador da enchedeira Opera a enchedeira.
Apontador Responsável pelo controle de saídas de caminhões

24
EIA – ILHÉUS MINERADORA

3.1 MEIO FÍSICO


Por se tratar de uma área pequena, com estrutura geológica e litológica, idêntica, e,
por economicidade, optou-se por três pontos distintos de sondagens, em local
estrategicamente escolhido.
Priorizam-se as sondagens e coletas de amostras de solo, em locais de maiores
probabilidades de futura extração de substância mineral granito, ou seja, em locais de
possíveis frentes de lavra, a céu aberto, na área do empreendimento.

a) Clima
O município de Ilhéus possui um clima quente e úmido, amenizado pelos ventos
provindo do oceano, e é uma das cidades que registram as temperaturas um pouco
quente no estado da Bahia, chegando a registrar 26,2°C em 2006, mas já foram
registradas temperaturas inferiores a 19°C em diversos anos anteriores. As chuvas são
bem distribuidas durante o ano, sendo o maior período das chuvas torrenciais (mais
intensas e fortes) que ficam concentradas nos meses de novembro a março, com um
índice médio de pluviometria em torno de 1.300mm/ano.

b) Geologia Regional
Afloram na região rochas do embasamento cristalino e suprajacentes que serão
descritas a seguir em ordem cronológica da mais nova para mais antiga, localizadas no
Domínio do Escudo Oriental da Bahia, subdomínio A, Zona de Jequié.
 Depósitos Aluviais: Trata-se de sedimentos inconsolidados,
predominantemente arenosos, com lentes mais finas de silte e argila e cascalhos
variados geralmente na base, aparecendo raramente em forma de lentes no meio
do conjunto. Nas áreas de inundação aparecem geralmente sedimentos finos
ricos em matéria orgânica.
 Areias litorâneas com conchas Marinhas: Trata-se de areias que apresentam
selecionamento de bom a moderado, com conchas marinhas e tubos fósseis. Na
parte superior destes terraços existem cristas e cordões litorâneos notavelmente
bem desenvolvidos. As estruturas sedimentares presentes são representadas
quase que exclusivamente por estratificação da face da praia.

26
EIA – ILHÉUS MINERADORA

 Depósitos eólicos costeiros: Trata-se de depósitos que correspondem a duas


gerações de dunas que ocorrem no trecho costeiro do estado da Bahia: dunas
internas e externas. De uma maneira geral apresentam areia fina, bem
selecionada, predominantemente quartzosa, com coloração ocre a branca. As
dumas internas, mais antigas, são caracterizadas pela alta percentagem de grãos
angulosos, enquanto as externas apresentam grãos arredondados a
subarredondados.
 Diques da região litorânea: São representados por diques de anfibolito, de
características subalcalinas que ocorrem nas proximidades de Salvador e Itacaré,
classificados como basaltos toleíticos, basaltos transicionais, adesibasaltos,
laticbasaltos e mais raramente latitos.
 Cobertura Tércio-Quaternária: Trata-se de cobertura detrítica tércio
quaternária composta por solo inconsolidado, geralmente areno-argiloso de cor
amarelada, ás vezes assumindo aspecto avermelhado, com algumas manchas
argilo arenosa de cor vermelho escuro, assumindo coloração mais escura quando
enriquecidas com matéria orgânica. Em locais de topografia mais baixa este solo
assume uma composição arenosa e cor acinzentada amarelada. São comuns as
presenças de fragmentos de rochas alteradas. A média de espessura é em torno
de 1,5 metro, atingindo em alguns locais cerca de 2,5 metros. Esta cobertura é
muito provavelmente proveniente da alteração de rochas granulíticas do
embasamento.
 Grupo Barreiras: É composto por areias finas a grossas, argilas cinza-
avermelhadas, roxas e amareladas, arenitos grosseiros a conglomerados com
matriz caulínica, pouco consolidados, pobremente selecionados, cinza
esbranquiçados, amarelados e avermelhados. Os arenitos exibem estratificação
cruzada acanalada e planar, laminação plano-paralela e algumas vezes
apresentam-se maciço. São comuns canga de óxido de ferro.
 Complexo Itabuna: Trata-se de um conjunto de sienito e nefelina sienitos, de
granulação grossa com estrutura isotrópica, apresentando nos contatos textura
gnáissica e cataclástica. Aparece ainda outro conjunto relacionado a este
Complexo, composto de dioritos e monzodioritos, com granulação grosseira e
estrutura isotrópica e de fluxo magmático.
27
EIA – ILHÉUS MINERADORA

 Monzonitos, mangeritos/shoshoníticos das Regiões de Ibirapitanga e


Ubaitaba: Trata-se de rochas ricas em biotita com tendência a calcioalcalinas,
derivadas de magma rico em potássio, com grande quantidade de ilmenita,
apatita e magnetita. Gabros, Basaltos, Tonalitos, Dacitos, granulitizados: São
rochas essencialmente ortoderivadas de caráter básico a intermediário,
intercaladas em bandas e com componentes supracrustais.

c) Gelologia Local

Localmente ocorre na área areia inconsolidada proveniente da alteração das


rochas do Grupo Barreiras e cobertura tércio quaternária proveniente da alteração de
rochas granulíticas do embasamento cristalino.

Figura 16 – Mapa geológico da área em estudo.

 Cobertura Tércio-Quaternária: Trata-se de cobertura detrítica tércio


quaternária composta por solo inconsolidado, geralmente areno-argiloso de cor
28
EIA – ILHÉUS MINERADORA

amarelada, ás vezes assumindo aspecto avermelhado, com algumas manchas


argilo arenosa de cor vermelho escuro, assumindo coloração mais escura quando
enriquecidas com matéria orgânica. Em locais de topografia mais baixa este solo
assume uma composição arenosa e cor acinzentada amarelada. São comuns as
presenças de fragmentos de rochas alteradas. A média de espessura é em torno
de 1,5 metro, atingindo em alguns locais cerca de 2,5 metros. Esta cobertura é
muito provavelmente proveniente da alteração de rochas granulíticas do
embasamento.
As areias provenientes da alteração de rochas do Grupo Barreiras, objeto principal
dos trabalhos no local, ocorrem na porção leste da área, predominantemente, de cor
cinza esbranquiçada, composta por sílica de granulometria média, aumentando a
granulometria com a profundidade, chegando à sua base a um nível de cascalho com
seixos de quartzo, subarredondados, de tamanho variados, indo desde 1 cm a cerca de 5
cm, raramente ultrapassando estas medidas. Na porção NE da área ocorrem na base dos
depósitos de areia, níveis enriquecidos de argilas, de cor amarelada a ocre, formando
depósitos individualizados. As areias mais grosseiras possuem cor mais clara. Os níveis
argilosos são mais comuns em subsuperfície e não afloram com frequência.
A profundidade de ocorrência dos depósitos de areia, determinada pela sondagem
a trado, foi de no máximo 8,40 metros, sendo impossível ir mais profundo pela
ocorrência de nível de cascalho, tornando-se impenetrável a perfuração a trado.
Associados aos depósitos de areia esbranquiçada encontram-se raros e pequenos
depósitos de areia de cor amarelada, granulometria mais fina, com certa contaminação
de óxido de ferro.
A camada de areia onde serão desenvolvidos os trabalhos de lavra tem espessura
que varia de 3,40 metros na sua parte mais baixa até 8,40 metros na sua parte mais
alta. Estas medidas de espessura foram baseadas nos dados obtidos na sondagem a
trado, porém limitada pela ocorrência de níveis de cascalho, onde se encontra o nível
impenetrável. Pode ocorrer abaixo deste nível impenetrável novo pacote de areia com
cascalho em sua base o que será verificado durante os trabalhos de exploração
Por se tratar de areia totalmente inconsolidada, sendo todo o pacote a ser
explorado formado por areias desagregadas a porosidade e permeabilidade na área é
extrema, sendo que toda a água lançada sobre este pacote infiltra com muita rapidez.
29
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Toda a água lançada sobre esta camada arenosa desaparece em poucos segundos
não sendo possível efetuar medidas com precisão.
O nível de cascalho é impenetrável apenas a sondagem a trado, porém a sua
porosidade e permeabilidade é também extrema, não se verificando retenção de água
em sua extensão de ocorrência.
Nas sondagens efetuadas não foi encontrada o nível do lençol freático, que no local
varia muito de acordo com o índice pluviométrico, devido à alta permeabilidade e
porosidade das camadas superficiais.
De acordo com os dados obtidos pode-se afirmar que a área é muito permeável,
ou seja tem permeabilidade primária, com absorção relativa muito rápida.

COBERTURA TÉRCIO
QUATERNÁRIA
SUL
AREIA

OESTE

LESTE

NORTE

Figura 17 - Areias Oriundas do Grupo Barreiras e Cobertura Tércio Quaternária Oriunda de Rochas
Granulíticas.

30
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Figura 18 – Detalhe do Depósito de Areia – Porção Centro Leste da Área.

d) Caracterização geomorfológica da área

A área possui dois tipos de relevos distintos; um esculpido sobre as rochas


granulíticas do embasamento cristalino e o outro a superfícies erodidas de rochas do
Grupo Barreiras. Toda esta Unidade geomorfológica foi denominada de Depressão de
Itabuna. A sua peneplanização está relacionada ao Ciclo Paraguaçu, na sua fase mais
moderna, principalmente no relevo esculpido sobre as rochas do embasamento
cristalino e erosão causada pelo intemperismo das rochas pertencentes ao Grupo
Barreiras.

31
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Figura 19 – Mapa geomorfológico da área em estudo.

As formas de relevo que aparecem na área são determinadas mais pela erosão e
alteração causada por intemperismo das rochas que por eventos estruturais exceto pelo
vale que corta a área na direção norte sul, provavelmente formado por uma fratura que
separa as rochas do Embasamento Cristalino das do Grupo Barreiras.
Na porção leste da área onde ocorrem as areias provenientes da alteração das
rochas do Grupo Barreiras os morros têm os topos em forma tubulares com vales rasos e
estreitos, normalmente esculpidos por águas pluviais. O alto grau de porosidade e
permeabilidade não permite a circulação intensa de água na superfície o que não
permite a escavação de vales mais profundos. Já na porção oeste onde ocorre solo mais
argiloso proveniente da alteração de rochas granulíticas do Embasamento Cristalino, os
morros têm formas de cristas mais agudas com os vales mais largos e mais profundos, o
que significa maior circulação de água na superfície devido ao menor grau de porosidade
e permeabilidade.
O relevo da área é de maneira geral acidentado com desníveis mais acentuados na
porção oeste da área, podendo ser caracterizado como do Tipo Planalto Pré-Litorâneo
na sua porção oeste e Planície Litorânea na sua porção leste. A presença de rochas do
32
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Embasamento Cristalino próximos a linha de praia indica a elevação do nível do mar em


períodos pós-glaciais, causando retrogradação da linha da costa. De maneira resumida o
relevo da região é formado por planícies litorâneas, tabuleiros costeiros e elevações
formadas por Rochas do Grupo Barreiras e do Embasamento Cristalino.
As cotas mais altas no lado leste da área atingem cerca de 130 trinta metros com os
vales mais profundos atingindo cotas de aproximadamente 65 metros com desníveis de
65 metros em uma distância de 320 metros. As declividades são mais suaves com
angulação em torno de 30°.
Na porção oeste as cotas mais altas chegam a 170 metros e as mais baixas estão
por volta de 60 metros com desníveis de 110 metros em distâncias de 250 metros. As
declividades são mais acentuadas estando em torno de 45°.
Vale a pena salientar que a extração de areia se dará apenas na porção leste da
área estudada.

Figura 20 – Aspectos Geomorfológico da Área

33
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Figura 21 – Aspectos Geomorfológicos da Área.

e) Caracterização dos solos

Ocorrem na área dois tipos de cobertura: um mais recente formado por areais
inconsolidadas de cor esbranquiçada, muito rica em sílica, granulometria média, com
cascalho composto por seixos de quartzo na base, com manchas mais ricas em argila que
apresentam coloração mais avermelhada, ocupando toda porção leste; outro formado
por cobertura detrítica tércio quaternária, de coloração amarelada a avermelhada,
composta por solos areno argilosos ás vezes argilo arenoso, quando assumem coloração
mais avermelhada.
A cobertura formada por areia esbranquiçada de granulometria média é oriunda
de alteração intempérica de rochas do Grupo Barreiras, é composta por sedimentos
arenosos bastante inconsolidados, com baixo teor de argila, tendo uma camada
superficial de no máximo 30 cm rica em matéria orgânica. Nos fundos dos vales é
comum a presença de seixos de quartzo, sub arredondados, também desagregados.
Estas areias aparecem muitas vezes associadas a latossolos amarelados, relativamente
mais ricos em argila e geralmente são de baixa fertilidade, usados frequentemente para
plantação de pastagem para uso na pecuária. Normalmente são solos transportados.
A cobertura formada pela alteração das rochas granulíticas do embasamento
cristalino é de cor amarelada com manchas avermelhadas. Tem composição areno
argilosa, por vezes argilo arenosa com as porções mais ricas em argila assumindo uma
cor mais avermelhada. Trata-se de solos mais coesos, também com uma camada
34
EIA – ILHÉUS MINERADORA

superficial, que varia de 10 a 30 cm de espessura, rica em matéria orgânica. É comum a


presença de fragmentos de rochas e de quartzo de veio dispersos por toda esta
cobertura. São compostos de quartzo e feldspato alterado, dando origem aos minerais de
argila e alguma mica. Também são solos de baixa fertilidade, com as porções mais férteis
sendo usadas para cultivo de cacau. Estão Associados a Alissolos e Argissolos sendo os
argissolos mais comuns nas porções de cotas mais baixas (fundo de vales).
Normalmente são solos residuais de espessura variando de 0,50 a 2,0 metros.
A exploração se dará apenas na porção onde ocorre a areia inconsolidada.

Figura 22 - Areia Inconsolidada Oriunda da Alteração de Rochas do Grupo Barreiras.

f) Caracterização dos recursos hídricos

a. Hidrologia.
Os drenos que ocorrem no entorno da área a ser explorada são de águas pluviais e
só “correm” em época de chuvas e mesmo assim tem curta duração. Normalmente eles
convergem para um vale de direção norte sul, provavelmente formado por uma fratura
no contato das areias com a cobertura detrítica tércio quaternária. Estes drenos, que
formam córregos apenas nas épocas chuvosas, deságuam no Rio sete Voltas, que por sua
vez deságua no Rio Tiriri, todos pertencentes à Bacia do Rio Almada.

As águas que correm nos drenos do entorno da área onde será efetuada a
exploração são águas pluviais que infiltram nas areias inconsolidadas oriundas da
35
EIA – ILHÉUS MINERADORA

alteração de rochas do Grupo Barreiras e percolam sob a camada arenosa quando ao


encontrar um nível mais argiloso e consequentemente mais impermeável, tornando-se
superficial onde há interseção destes níveis com as curvas de níveis de cota de
superfície. São águas de cor escura e baixa salinidade, ricas em matéria orgânica.

Figura 23 - Mapa Hidrográfico da área.

36
EIA – ILHÉUS MINERADORA

SENTIDO DA CORRENTE - SUL


Figura 24 - Drenos de Águas Pluviais

Na porção oeste da área não se verifica a percolação de águas superficiais.

b. Hidrogeologia

Os recursos hidrogeológicos da área estão relacionados a aquíferos subterrâneos


de rochas do Embasamento Cristalino. Este é o sistema de maior amplitude em todo
território nacional e consequentemente na Bahia.
São aquíferos armazenados em zonas de fraturas dessas rochas, com baixa
capacidade de armazenamento, têm baixa permeabilidade e pouca profundidade.
Normalmente a sua recarga se dá através de águas pluviais.
As águas desses aquíferos normalmente têm alta salinidade e quando maior o
índice pluviométrico menor a salinidade das águas.
O fluxo subterrâneo dessas águas se dá através de fraturas e obedece a direção de
mergulho dessas fraturas.

37
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Aquíferos subterrâneos formados em rochas do Grupo Barreiras, não são raros


principalmente onde se verifica níveis arenosos envelopados por camadas argilosas.
Normalmente são águas de alta qualidade, podendo ser consideradas potáveis.
As características mais comuns destes aquíferos são alta vazão e pouca
profundidade.

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3.2 MEIO BIÓTICO – FLORA

O diagnóstico ambiental da flora foi realizado na área de influência do


empreendimento proposto. O empreendimento visa extrair areia de morros
(coordenadas: 24L 480627; 8376957) que atualmente são cobertos por pasto. No
entanto, na parte mais alta destes morros encontra-se um remanescente de floresta
atlântica, onde foi realizado o inventário florístico (Figura 25).
A Mata Atlântica é considerada um ecossistema prioritário para a conservação,
devido sua alta diversidade e grau de endemismo (MORELLATO & HADDAD 2000;
MYERS et al. 2000; MARTINI et al. 2007; LAURANCE 2009). A conservação de seus
remanescentes, mesmo que em estágios iniciais de sucessão ou representados por
pequenos fragmentos, são importantes para sua manutenção e representam 32 a 40%
da Mata Atlântica restante (RIBEIRO et al. 2009).

Figura 25 – Fazenda Santa Luzia. Em destaque o futuro local de extração de areia (setas preta) e o local do
remanescente florestal inventariado (seta branca).

Diversos estudos destacam a importância de áreas de proteção particular, pois


estas podem ajudar abrigar a diversidade (ROCHA-SANTOS & TALORA 2012), podem
compor parte de corredores ecológicos (TABARELLI et al. 2006). Também podem

46
EIA – ILHÉUS MINERADORA

prestar serviços ambientais como retenção de carbono e auxiliar na manutenção de


mananciais hídricos.
O presente inventário florestal foi realizado na fazenda Santa Luzia, localizada na
rodovia Ilhéus-Uruçuca (coordenadas: 24L 481031; 8376649). A área da fazenda é
compreendida áreas de pastagem, de cabruca e áreas com remanescentes de floresta
Atlântica.
O levantamento fitossociológico arbustivo-arbóreo da vegetação desta área foi
feita segundo a metodologia de amostragem rápida de Gentry (1982). A mesma é
empregada para inventários rápidos e para projetos de longa duração (MAGNUSSON et
al. 2005), e já foi utilizado em diversos estudos em floresta tropical (MARTINI Et al.
2007).
Foram implantadas 10 parcelas (0,1 ha cada uma), distribuídas em toda a área do
remanescente amostrado. Nestas parcelas foram incluídos na amostra todos os
indivíduos arbóreos com diâmetro á altura do peito (DAP) ≥ 5 cm. Cada indivíduo da
parcela foi marcado, numerado, medido quando ao diâmetro, tiveram sua altura
estimada e foram identificados taxonomicamente (Figura 26).

Figura 26 – Metodologia sendo aplicada na área da fazenda Santa Luzia. Marcação das parcelas e dos
indivíduos (à esquerda) e coleta para identificação taxonômica (a direita). 47
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Para a análise estrutural foram usados os seguintes parâmetros fitossociológicos:


densidade absoluta e relativa; frequência absoluta e relativa; área basal; dominância
absoluta e relativa; índice de importância. Além disso, foram calculados os valores da
riqueza e o índice de diversidade de Shannon (H’ – nats/ind.), que expressa um valor
dado pela riqueza e equabilidade.

Resultados encontrados

Em um hectare de área amostrada foram registrados 153 indivíduos arbóreos,


pertencentes a 55 espécies, 48 gêneros e 27 famílias. De todos os indivíduos amostrados,
94% foram classificados até o nível de espécie e apenas 1% ficou como não identificado
(Anexo 1).
Floristicamente o remanescente foi caracterizado pela presença de espécies
intolerantes à sombra como Tapirira guianensis, Henriettea succosa, Pogonophora
schomburgkiana, Simarouba amara, Eschweilera ovata, Schefflera morototoni. A
abundância elevada destas espécies intolerantes à sombra, também conhecidas como
pioneiras, evidencia que a vegetação em sua maioria encontra-se em um estágio menos
avançado de regeneração (Anexo 1). A espécie mais abundante, T. guianensis, e a mais
frequente, P. schomburgkiana, apresentam ampla distribuição e são utilizadas como
recurso pela fauna. Apesar das espécies pioneiras terem sido as mais comuns, também
foi registrado espécies mais tardias no inventário como: Virola officinalis; Mrycia sp.;
Psidium guineense; Protium heptaphyllum; Brosimum rubescens.
O índice de diversidade encontrado foi 3,66 nats/indivíduo. As famílias com maior
riqueza foram: Fabaceae com sete espécies, Moraceae com seis e Euphorbiaceae com
cinco. Já as famílias com maior número de indivíduos foram: Euphorbiaceae com 18,
Melastomataceae e Anacardiaceae com 14. Fabaceae frequentemente é a família com
maior riqueza em levantamentos realizados em áreas de floresta atlântica baiana (MORI
ET AL. 1983; AMORIM ET AL. 2005; THOMAS ET AL. 2009).
Em relação à estrutura florestal, foram encontrados indivíduos que variam entre 2
e 20 m de altura (com média 7,6 m). Os dados de diâmetro evidenciaram a presença de
indivíduos remanescentes, atingindo o diâmetro máximo de 85 cm (média de 14,4 cm).
A densidade total da área foi de 153 indivíduos/ha (Tabela 1). Apesar de a área ser
48
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caracterizada floristicamente por espécies pioneiras, ela apresentou trechos com


características estruturais mais elaboradas, com indivíduos de grande porte (Figura 27),
uma estrutura vertical mais complexa, com a presença de diferentes estratos (sub-
bosque e dossel).

Tabela 1 - Parâmetros estruturais das parcelas amostradas (0,1 ha cada) na área do futuro
empreendimento, Ilhéus -Uruçuca/BA.
Diâmetro Altura Densidade Nº Espécie Riqueza
médio (cm) média (m) (ind./ha) (sp./ha)
Parcela 1 15,66 (± 8,5) 8,1 (± 2,8) 150 14 140
Parcela 2 14,8 (± 12,3) 8,2 (± 3,1) 120 10 100
Parcela 3 11,5 (± 6,6) 7,7 (± 3,4) 160 14 140
Parcela 4 16,3 (± 16,0) 10,7 (± 4,3) 250 14 140
Parcela 5 10,3 (± 2,8) 5,2 (± 1,5) 130 7 70
Parcela 6 21,0 (± 11,8) 6,5 (± 1,7) 110 6 60
Parcela 7 18,1 (± 16,7) 6,3 (± 1,7) 90 8 80
Parcela 8 12,7 (± 7,7) 6,5 (± 2,5) 120 11 110
Parcela 9 13,4 (± 6,7) 9,3 (3,9) 210 8 80
Parcela 10 10,2 (± 4,8) 7,0 (± 3,0) 190 14 140
Média da área (1 ha) 14,4 7,6 - - -
Total da área (1 ha) - - 153 55 55

Figura 27 – Imagem de um indivíduo remanescente de maior porte e de trechos de mata mais estruturada
(foto à esquerda). Imagem de uma gameleira estranguladora (Ficus sp.) que necessita de uma estrutura
pré-estabelecida para iniciar seu estabelecimento, indicando uma estrutura mais antiga (foto à direita).
49
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Outra família com importante destaque na área estudada é Arecaceae. Sua riqueza
e abundância foi a mais alta se considerarmos os indivíduos acaules (espécies que
demoram muito ou não apresentam caule evidente acima do solo, mesmo e fases já
reprodutiva; Figura 28). Todos os indivíduos acaules observados pertenceram à família
Areacaceae e estavam distribuídos em seis espécies: Attalea funifera (piaçava), Bactris
ferruginea, B. acanthocarpa e B. setosa (mané velho), Elaeis guineensis (dendê), Syagrus
botryophora (pati). A família Arecaceae é considerada uma família muito importante
para a dinâmica da floresta, pois apresentam recursos mesmo em períodos de escassez
de frutos (Galetti & Aleixo 1998; Peres 2000).

Figura 28– Presença de indivíduos acaule, que são frequentes no sub-bosque da área estudada.

Entre as espécies amostradas foram registradas duas espécies exóticas, a Jaca e o


Dendê. Na área estudada o Dendê tem maior destaque, devido sua abundância e alto
potencial de invasão, pois produz grande quantidade de frutos ao longo do ano, que são
apreciados pela fauna (TUTIN ET AL. 1997; BECK 2006; CARDOSO et al. 2011). Além das
espécies invasoras, outras ameaças foram detectadas como a caça, a retirada de madeira
e principalmente a prática de corte e queima na área de pasto. Nas áreas da borda do
fragmento que foram registradas a recente perturbação causada pelo fogo (Figura 29).
As áreas de borda são as áreas que estão mais sujeitas a sofre alterações ambientais. O
efeito de borda tem causado desestruturação e secundarização das florestas (SANTOS
50
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ET AL. 2008; LOBO et al. 2010). A retirada e/ou queima dessas áreas permitem que o
efeito de borda atinja cada vez mais o interior do fragmento, e consequentemente, os
pequenos trechos com áreas mais estruturadas presentes, também se tornarão áreas de
capoeira mais inicial, causando perda de riqueza e diversidade.

Figura 29 – Registro de ameaças presentes na área estudada, como a retirada de madeira (acima à
direita), a caça (acima à esquerda) e a prática de corte e queima (as duas fotos embaixo).

CONSIDERAÇÕES

O remanescente estudado apresentou alto grau de fragilidade, devido a diversas


fontes de perturbação como o corte e queima, efeito de borda, presença de espécies
invasoras, vestígios de atividades de caça e retirada de madeira. A extração de areia dos
morros representa mais risco de perturbação, por isso, deve ser efetuada com cautela,
utilizando de práticas de contenção para evitar o desmoronamento de áreas do
remanescente florestal.
Apesar da alta perturbação antrópica, a área apresentou alta diversidade e riqueza,
apresentando potencial de abrigo e recurso alimentar para manter a fauna (Figura 30). 51
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Entre os indivíduos registrados, também se encontra espécie com potencial de


exploração comercial como A. funifera (piaçava) e espécie endêmica como a E. ovata
(biriba) utilizada como matéria prima para confecção de instrumento musical
característico da cultura baiana, o berimbau. A importância do remanescente é ainda
maior pelo fato de se encontrar próximo a uma reserva florestal, presente na Fazenda
Almada, onde atualmente é desenvolvido um projeto com um primata endêmico e
ameaçado de extinção, o mico leão da cara dourada (Leontopithecus chrysomelas). Outro
destaque importante para o remanescente estudado é o serviço ambiental prestado em
relação ao aspecto hídrico, pois o mesmo se encontra próximo a áreas de curso de água.

Figura 30 – Espécies com algum tipo de recurso alimentar disponível, registrada no mês de março,
quando foi realizado o trabalho de amostragem.
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Diante desde estudo, fica evidente que esta área deve ser protegida, e que ações de
manejo como enriquecimento e controle de invasoras podem auxiliar na sua persistência,
assim como a proteção contra novas perturbações antrópicas. A maior eficiência do
processo de enriquecimento da área pode ser atingida utilizando espécies tardias
(tolerantes à sombra). Priorizando as espécies tardias que tem baixa frequência ou
ausentes na área estudada, mas que são encontradas em floresta próxima, como as da
Fazenda Almada.

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ANEXO 1

Espécies arbóreas amostradas no remanescente florestal e seus respectivos parâmetros fitossociológicos, Ilhéus-Uruçuca/BA. Lista está
disposta por ordem alfabética das famílias.

Família Espécies Nome popular FR DR AB DoR IVI
Ind.

Anacardiaceae Tapirira guianensis Aubl. Pau-pombo 14 4,72 9,15 0,5574 13,37 27,24

Annonaceae Xylopia sericea A.St.-Hil. Pindaíba-pimenta 1 0,94 0,65 0,0008 0,02 1,62

Apocynaceae Himatanthus phagedaenicus (Mart.) Woodson Janaúba 4 2,83 2,61 0,0123 0,29 5,74

Araliaceae Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire, Steyrm. Matatauba 6 3,77 3,92 0,0956 2,29 9,99
& Frodin

Arecaceae Elaeis guineensis Jacq. Dendé 5 0,94 3,27 0,1466 3,52 7,73

Arecaceae Euterpe edulis Mart. Jussara 4 2,83 2,61 0,0037 0,09 5,53

Arecaceae Geonoma sp1 Ouricana 1 0,94 0,65 0,0008 0,02 1,62

Bignoniaceae Jacaranda semisserrata Cham. Carobinha 5 0,94 3,27 0,0441 1,06 5,27

Boraginaceae Cordia magnoliaefolia Cham. Baba-de-boi 2 1,89 1,31 0,0014 0,03 3,23

Burseraceae Protium aracouchini (Aubl.) March. Amescla 3 2,83 1,96 0,0036 0,09 4,88

Burseraceae Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand Amescla 1 0,94 0,65 0,0007 0,02 1,61

Clusiaceae Tovomita choisyana Planch. & Triana Mangue 2 1,89 1,31 0,0030 0,07 3,27

Clusiaceae Tovomita mangle G. Mariz Mangue-da-mata 4 2,83 2,61 0,0103 0,25 5,69
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Família Espécies Nome popular FR DR AB DoR IVI
Ind.

Clusiaceae Vismia guianensis (Aubl.) Choisy Bicuíba-vermelha 2 1,89 1,31 0,0055 0,13 3,33

Euphorbiaceae Alchornea triplinervia (Spreng.) Muell. Arg. Tapiá 1 0,94 0,65 0,0002 0,01 1,60

Euphorbiaceae Mabea piriri Aubl. Leiteira 3 1,89 1,96 0,0071 0,17 4,02

Euphorbiaceae Pera glabrata (Schott) Poepp. Ex Baill. Sete-cascas 4 3,77 2,61 0,0285 0,68 7,07

Euphorbiaceae Pogonophora schomburgkiana Miers ex Benth. Cocão 9 6,60 5,88 0,0348 0,83 13,32

Euphorbiaceae Sebastiania gaudichaudii (Muell. Arg.) Muell. 1 0,94 0,65 0,0003 0,01 1,60
Arg.

Fabaceae Albizia polycephalum (Benth.) Killip ex Record Monzê 2 1,89 1,31 0,0645 1,55 4,74

Fabaceae Andira anthelmia (Vell.) J. F. Macbr. Angelin 1 0,94 0,65 0,0002 0,00 1,60

Fabaceae Andira vermifuga (Mart.) Benth. Amargoso 1 0,94 0,65 0,0062 0,15 1,75

Fabaceae Dialium guianense (Aubl.) Sandwith Jitaí-preto 4 2,83 2,61 0,0718 1,72 7,17

Fabaceae Diplotropis incexis Rizzini & A. Mattos Sucupira-verdadeira 1 0,94 0,65 0,0058 0,14 1,74

Fabaceae Fabaceae sp1 1 0,94 0,65 0,0003 0,01 1,61

Fabaceae Parkia pendula (Willd.) Benth. Juerana-vermelha 1 0,94 0,65 0,0009 0,02 1,62

Flacourtiaceae Casearia sylvestris Sw. Aderninho-de- 2 1,89 1,31 0,0042 0,10 3,29
capoeira

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Família Espécies Nome popular FR DR AB DoR IVI
Ind.

Lauraceae Cryptocarya mandioccana Meisn. in DC. Louro-cravo 2 1,89 1,31 0,0036 0,09 3,28

Lauraceae Nectandra membranacea (Sw.) Griseb. Louro-sabão 3 0,94 1,96 0,0076 0,18 3,09

Lauraceae Nectandra sp. Louro-graveto 2 1,89 1,31 0,0090 0,22 3,41

Lecythidaceae Eschweilera ovata (Cambess.) Miers Biriba 7 4,72 4,58 0,0849 2,04 11,33

Malpighiaceae Byrsonima stipulacea Adr. Juss. Murici 1 0,94 0,65 0,0019 0,04 1,64

Melastomataceae Henriettea succosa (Aubl.) DC. Mundururu-ferro 9 2,83 5,88 0,0956 2,29 11,01

Melastomataceae Miconia mirabilis (Aubl.) L.O.Williams Mundururu 4 1,89 2,61 0,0181 0,43 4,94

Melastomataceae Tibouchina elegans (Gardn.) Cogn. Pequi de capoeira 1 0,94 0,65 0,0039 0,09 1,69

Monimiaceae Siparuna guianensis Aubl. Negramina 3 1,89 1,96 0,0031 0,07 3,92

Moraceae Brosimum rubescens Taub. Conduru-vermelho 1 0,94 0,65 0,0002 0,00 1,60

Moraceae Ficus insipida Willd. Gameleira-vermelha 1 0,94 0,65 0,0140 0,34 1,93

Moraceae Helicostylis tomentosa (Poepp. & Endl.) Rusby Amora-vermelha 3 2,83 1,96 0,0053 0,13 4,92

Moraceae Pourouma guianensis Aubl. Tararanga-de-lixa 1 0,94 0,65 0,0013 0,03 1,63

Moraceae Pourouma mollis Trécul Tararanga-vermelha 1 0,94 0,65 0,0040 0,10 1,69

Moraceae Pourouma velutina Miq. Tararanga 1 0,94 0,65 0,0020 0,05 1,65

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Família Espécies Nome popular FR DR AB DoR IVI
Ind.

Myristicaceae Virola officinalis (Mart.) Warb. Bicuíba-vermelha 2 1,89 1,31 0,0121 0,29 3,48

Myrtaceae Mrycia sp1 Murta 1 0,94 0,65 0,0004 0,01 1,61

Myrtaceae Mrycia sp2 Murta 1 0,94 0,65 0,0003 0,01 1,60

Myrtaceae Psidium guineense Sw. Araça-vermelho 1 0,94 0,65 0,0021 0,05 1,65

Nyctaginaceae Guapira opposita (Vell.) Reitz Farinha-seca 4 3,77 2,61 0,0151 0,36 6,75

Olacaceae Tetrastylidium brasiliense Engl. Cavoeiro 4 2,83 2,61 0,0043 0,10 5,55

Sapotaceae Chrysophyllum sp. Bapeba-branca 1 0,94 0,65 0,0003 0,01 1,60

Sapotaceae Coussapoa microcarpa (Schott) Rizzini Gameleira 1 0,94 0,65 0,0005 0,01 1,61

Sapotaceae Pouteria laurifolia (Gomez) Radlk. Bapeba-de-nervura 2 0,94 1,31 0,0010 0,02 2,28

Simaroubaceae Simarouba amara Aubl. Pau-paraíba 8 1,89 5,23 2,7621 66,24 73,36

Tiliaceae Apeiba tibourbou Aubl. Pau jangada 1 0,94 0,65 0,0006 0,01 1,61

indeterminada sp1 1 0,94 0,65 0,0005 0,01 1,61

indeterminada sp2 1 0,94 0,65 0,0050 0,12 1,72

Legenda: FR – freqüência relativa; DR – densidade relativa; AB – área basal; DoR – dominância relativa; IVI – índice de importância

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3.3 MEIO BIÓTICO – FAUNA

A riqueza biológica da Mata Atlântica é comparável àquela dos biomas florestais mais
ricos do mundo, incluindo a Amazônia. A fauna da região é composta por no mínimo 261
espécies de mamíferos, 620 de pássaros, além de 260 anfíbios (FONSECA, 1997;
MITTERMEIER et al., 1997). Destes, 73 mamíferos, 160 pássaros e 128 anfíbios são
considerados endêmicos a esse bioma (MITTERMEIER & MITTERMEIER, 1997).
O processo de fragmentação na Mata Atlântica tornou-se bastante acelerado no sul da
Bahia, sendo uma grande ameaça à manutenção da biodiversidade (MOURA, 1999). Entre
1945 e 1990, a cobertura vegetal no extremo sul da Bahia foi reduzida de 85% para 6% de
sua área original (MENDONÇA et al., 1993 apud CASSANO, 2006).
A redução e a fragmentação do hábitat têm consequências sobre a estrutura e os
processos nas comunidades (LOVEJOY et al., 1983). Além da evidente redução de área
florestal e dos habitats originais, estudos indicam que a distribuição e o deslocamento das
espécies entre e nos fragmentos dependem principalmente do tamanho, grau de
isolamento e arranjo dos fragmentos, além do efeito de borda (SOULÉ et al., 1992;
ANDRÉN, 1994). A estrutura da paisagem, por sua vez, determina processos dinâmicos de
dispersão, extinção e recolonização de espécies que habitam as diferentes unidades
(ROLSTAD, 1991; METZGER, 1999).
Para proteger e manejar uma espécie animal é necessário entender sua relação
biológica com o ambiente e a situação atual da sua população. Essas informações podem
ser obtidas por observações em campo, visto que apenas uma pequena porcentagem das
espécies do mundo foi estudada e a ecologia de muitas muda de um lugar para outro
(Primack e Rodrigues, 2001).
Desta forma, o presente estudo tem como objetivo realizar o diagnóstico das espécies
da macrofauna terrestre, com intuito de coletar informações relevantes sobre o grupo no
empreendimento Fazenda Santa Luzia.

MÉTODOS

a) Mamíferos
A região Neotropical é um grande centro de diversidade de mamíferos, abrigando
aproximadamente um quarto da mastofauna mundial (NOWAK, 1999; PATTERSON, 2000),
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EIA – ILHÉUS MINERADORA

com cinco ou mais mamíferos neotropicais sendo descobertos a cada ano (EMMONS &
FEER, 1999).
Entre os mamíferos, existe uma variação muito grande de tamanho corpóreo, hábitos
de vida e preferência de hábitat. Por isso, pesquisas e inventários de mamíferos requerem a
utilização de várias metodologias específicas para diferentes grupos de espécies (VOSS &
EMMONS, 1996). Os hábitos predominantemente noturnos da maioria das espécies, as
áreas de vida relativamente grandes e as baixas densidades populacionais dificultam o
estudo como, por exemplo, de tatus, tamanduás, cutias, pacas, antas, porco-do-mato,
veados e carnívoros (PARDINI Et al., 2004).
No presente trabalho foram utilizadas cinco metodologias distintas para o
levantamento da masto-fauna não voadora:
1. Entrevistas semi-estruturadas com informantes selecionados;
2. Armadilhas fotográficas;
3. Procura ativa em transectos na busca de evidências diretas ou indiretas
tendo como método auxiliar a técnica de playback;
4. Captura de pequenos mamíferos;
5. Visualizações de mamíferos dentro do projeto Mico-cabruca na Fazenda
Almada distante a apenas 500m da área do atual estudo.

a) Entrevistas:
Foram realizadas com informantes selecionados. A seleção do informante partiu de
um pressuposto qualitativo e buscou identificar pessoas com um maior conhecimento, em
relação a outros de sua comunidade, acerca de uma questão específica como caça, pesca e
uso de plantas medicinais como em Printes (2007), pois essas pessoas têm mais contato
com a mata e mais chances de visualizarem os animais. O processo de seleção do
informante assume que o conhecimento em questão não está homogeneamente distribuído
na comunidade de modo que a aplicação de questionários aleatórios não trará um
resultado satisfatório (PRINTES, op cit., 2007). Todos os informantes eram funcionários da
fazenda e/ou moravam nas redondezas a mais de cinco anos. No momento da entrevista
foram abordados, informalmente, aspectos da biologia das espécies de mamíferos da
região. Para facilitar a identificação das espécies foram mostradas fotos de diversas
espécies de mamíferos , o entrevistado era questionado sobre o local que o animal foi visto,
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EIA – ILHÉUS MINERADORA

assim como o padrão de coloração, tamanho do grupo, hábitos alimentares e preferência de


hábitat. Essas informações fazem parte de um questionário previamente estruturado.
Entrevistas informais constituem uma importante fonte de informações, pois através
delas se consegue obter dados sobre a ocorrência de mais espécies não registradas por
outros métodos.

2. Armadilhas fotográficas:
Foram utilizadas duas câmeras fotográficas disparadas automaticamente pela
interrupção do feixe de luz infravermelho emitido continuamente a partir de um
dispositivo (“trailmaster”) acoplado às mesmas (figura 31). Todas as fotos registram data e
horário do evento, fornecendo a possibilidade de padronização de esforço amostral entre
pontos amostrais, viabilizando a comparação dos dados entre elas. As câmeras ficaram 10
dias em campo, sendo que o critério utilizado para a disposição das câmeras foi a presença
de sítios de alimentação, rastros, fezes, ou qualquer outro vestígio que aponte a presença
de mamíferos na área. Os animais foram atraídos por iscas (frutas, sardinha, sal grosso e
bacon), renovados diariamente.

Figura 31 - Armadilha fotográfica.

3. Registro de mamíferos de médio e grande porte através de evidências diretas e


indiretas:

Foi utilizada uma adaptação da metodologia de transectos lineares (RUDRAN, et al.,


1996; SOUTHWELL, 1996), para o registro de animais, principalmente espécies
60
EIA – ILHÉUS MINERADORA

arborícolas como primatas. Durante cinco dias, nos períodos de 6:00 h às 12:00h e das
14:00h às 18:00h, transectos (trilhas) foram percorridos à pé, devagar, e a uma velocidade
constante de1,5 km/h com paradas de 1min a cada 100 metros. Utilizou-se binóculo e
câmera fotográfica para identificação e registro das espécies. Durante a caminhada para
cada avistamento eram anotados: espécie visualizada, horário, número de indivíduos, e
estrutura etária do grupo (quando possível). Os vestígios não identificados em campo
foram fotografados, nos casos de rastros e pegadas.
Para facilitar o registro de primatas, foi utilizada a técnica de playback durante os
transectos, para a atração dos mesmos. Esse método já se mostrou bastante eficaz para o
levantamento de primatas da família Callitrichidae (KIERULFF, 2000; MENDES, 1993,
1997; PINTO, 1994; NEVES et al 2006). A técnica de PB utilizada consiste na reprodução de
vocalizações dos primatas da região (Callithrix sp, Cebus xanthosternos, Callicebus
melanochir, Alouatta guariba guariba) gravadas em CD, com o auxílio de um amplificador
Saul Mineroff modelo SME-AFS e um cd-player Panasonic SL-SX470, com o intuito de
estimular uma resposta dos grupos selvagens.

4. Captura de pequenos mamíferos:

O método utilizado para o levantamento da fauna de pequenos mamíferos foi o


mesmo usado para o levantamento de répteis e anfíbios que consiste na utilização de
armadilhas de interceptação e queda (pitfall traps with driftfence), figura 32. Esse método
permite a captura de pequenos mamíferos répteis, anuros e outros animais da
serrapilheira. Constituem de buracos feito na altura do solo onde são enterrados os baldes
de 30 litros. Uma lona com altura de 70 cm é disposta verticalmente rente ao solo,
cruzando o centro de cada balde. Foram montadas duas unidades de armadilhas, cada uma
contando com cinco baldes dispostos em “Y” e distantes cinco metros um do outro. Os
baldes ficaram 15 dias em campo.

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

Figura 32 - armadilha de queda

5. Visualizações de mamíferos dentro do projeto Mico-cabruca na Fazenda Almada:

Desde o ano de 2006, três grupos familiares de mico-leão-da-cara-dourada


(Leontopithecus chrysomelas) são monitorados durante 15 dias por mês na Fazenda
Almada vizinha imediata da Fazenda Santa Luzia pela equipe que realizou o presente
estudo. O monitoramento consiste em acompanhar o grupo desde o local de dormida do dia
anterior ao local de dormida do dia do monitoramento, totalizando uma média de 11 horas
diárias com o grupo. Esse monitoramento permite o encontro com diversos indivíduos da
fauna local. As duas fazendas distam menos de 500 metros uma da outra e possuem uma
conexão entre suas áreas com cobertura florestal permitindo uma permeabilidade da fauna
figura 33. Assim sendo acredita-se que a fauna das duas áreas sejam bem parecidas.

Figura 33 - Faz Santa Luzia em primeiro plano e Faz. Almada em segundo plano, mostrando a conectividade
entre as áreas.
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EIA – ILHÉUS MINERADORA

b) Aves

O método utilizado para o levantamento da avifauna foi o Levantamento Transecto-


Ponto adaptado de Willis (1989). Foram marcados dois transectos em diferentes
fitofisionomias: mata, área aberta. Cada transecto continha 10 pontos de observação ,
distantes 50 metros, totalizando 500 metros e foi percorrido em duas ocasiões distintas.
Durante o intervalo de 10 minutos (unidade de observação) eram registrados todas
as espécies de aves observadas mediante observação direta e/ou identificação de cantos.
Os registros eram iniciados as 6:00 h e se estendiam até as 18:00 h.

c) Répteis e Anfíbios

O método utilizado para o levantamento da fauna de répteis e anfíbios foi a


utilização de armadilhas de interceptação e queda (pitfall traps with driftfence). Esse
método permite a captura de pequenos répteis, anuros e outros animais da serrapilheira.
Constitui de buracos feito na altura do solo onde são enterrados baldes de 30 litros. Uma
lona com altura de 70 cm é disposta verticalmente rente ao solo, cruzando o centro de cada
balde. Foram montadas duas unidades de armadilhas, cada uma contando com cinco baldes
dispostos em “Y” e distantes cinco metros um do outro. Os baldes ficaram 15 em campo.

RESULTADOS:

a) MAMÍFEROS

1- Entrevistas: Ao todo foram realizadas 17 entrevistas com a comunidade rural


residente no entorno da Fazenda Santa Luzia há pelo menos cinco anos. Foram registradas
dez espécies pertencentes a seis ordens. Apenas uma espécie ameaçada foi citada (em
vermelho). A tabela 2 mostra os animais citados nas entrevistas.

Tabela 2. Mamíferos citados em entrevistas, realizadas no entorno da Fazenda Santa Luzia.


ORDEM NOME CINTÍFICO NOME POPULAR
Pilosa Tamandua tetradactyla tamanduá-mirim
Callithrix kuhlii sagüi de wied
Primates
Leontopithecus chrysomelas mico-leão-da-cara-dourada
Cingulata Euphractus sexcinctus tatu peba

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

Dasypus novemcinctus tatu verdadeiro


Rodentia Dasyprocta aguti Cutia
Cerdocyon thous Raposa
Carnívora Eira barbara papa-mel/irara
Nasua nasua Quati
Didelphimorphia Didelphis aurita. Saruê

2 - Armadilhas fotográficas: Das duas câmeras instaladas no local, uma bateu sete
fotos de um grupo de quati (Nasua nasua) figura 34 e a outra quatro fotos de saruê
(Didelphis aurita) figura 35.

Figura 34 - quati (Nasua nasua)

Figura 35 - saruê (Didelphis aurita)

64
EIA – ILHÉUS MINERADORA

3 - Procura ativa em transectos na busca de evidências diretas ou indiretas


tendo como método auxiliar a técnica de playback: Através desse método foram
visualizados quatro espécies, distribuídas em três ordens, sendo:
 Ordem Primata
 Dois grupos de mico-leão-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas), um
com cinco indivíduos e o outro com sete indivíduos;
 Um grupo de mico-estrela (Calithrix kuhlii) com oito indivíduos;

 Ordem Didelphimorphia
 Um indivíduo de saruê (Didelphis aurita);

 Ordem Rodentia
 Um indivíduo de cutia (Dasyprocta aguti).

4 - Captura de pequenos mamíferos: Através desse método não foi capturado


nenhum espécime.

5 - Visualizações de mamíferos dentro do projeto Mico-cabruca na Fazenda


Almada distante a apenas 500m da área do atual estudo: Em sete anos de pesquisa com
mico-leões na Fazenda Almada foram visualizadas nove espécies pertencentes a quatro
ordens, as espécies estão listadas na tabela 3.

Tabela 3. Mamíferos visualizados na Fazenda Almada


ORDEM NOME CIENTÍFICO NOME POPULAR
Leontopithecus chrysomelas mico-leão-da-cara-dourada
Primates
Calithrix kuhlii sagui de wied
Mazama gouazoubira veado catingueiro
Artiodactyla
Pecari tajacu Caititu
Eira barbara Irara/papa-mel
Carnívora Nasua nasua Quati
Cerdocyon thous Rapoza
Sphiggurus insidiosus ouriço-amarelo
Rodentia
Dasyprocta aguti Cutia

b) AVES

65
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Foram identificadas 59 espécies, pertencentes a 26 famílias tabela 4.

Tabela 4 - Aves registradas na Fazenda Santa Luzia


Família Espécie Nome popular
Pitangus sulfuratus bem-te-vi
Fluvicola nengeta lavadeira mascarada
Tyrannus melancholicus Siriri
Tyrannidae
Megarynchus pitangua nei-nei
Attila rufus Capitão
Todirostrum cinereum cebinho relógio
Caracara plancus carcará
Falconidae Milvago chimachima Carrapateiro
Falco femoralis gavião-de-coleira
Herpetotheres cachinnans Acauã
Accipitridae
Rupornis magnirostris gavião carijó
Coragyps atratus urubu-cabeça-preta
Cathartidae
Cathartes aura urubu-cabeça-vermelha
Coerebidae Coereba flaveola Cambacica
Ramphocelus bresilius tiê-sangue
Poroaria dominicana cardeal-do-nordeste
Thraupidae Tangara palmarum sanhaço-do-coqueiro
Tangara sayaca sanhaço-cinzento
Dacnis cayana saí-azul
Sicalis flaveola canário-da-terra
Sporophilla caerulescens Coleirinho
Emberizidae Sporophilla leucoptera Chorão
Zonotrichia capensis tico-tico
Volatinia jacarina Tziu
Colaptes campestris pica-pau-do-campo
Picidae campestris
Colaptes rubiginosus pica-pau-verde
Charadriidae Vanellus chilensis quero-quero
Crotophaga ani anu-preto
Cuculidae
Guira guira anú-branco
Psittacidae Aratinga aurea periquito-rei
Icterus jamacaii sofrê/corrupião
Molotrus bonariensis Chopim
Icteridae
Gnorimopsar chopi pássaro-preto
Psarocolius decumanus Japu
Mimidae Mimus gilvus sabiá-da-praia
Turdus rufiventris sabiá-laranjeira
Turdus leucomelas sabiá-branco
Turdidae
Turdus fumigatus sabiá verdadeiro
Platycichla flaviceps sabiá-uma
Trochilidae Eupetomena macroura beija-flor-tesoura

66
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Glaucis dohrnii beija-flor-canela


Thalurania glaucops beija-flor
Ramphastidae Pteroglossus aracari araçari
Furnaridae Furnarius rufus joão-de-barro
Columbina squamata fogo-apagou
Columbidae
Leptotila verreauxi Juriti
Progne chalybea andorinha doméstica
Hirundinidae
Tachycineta albiventer andorinha-do-rio
Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde
Dendrocolaptidae Dendrocincla turdina Arapaçu
Xiphorhynchus guttatus arapaçu de garganta amarela
Troglodytidae Troglodytes musculus Corruíra
Euphonia violacea gaturamo/ gurim
Fringillidae
Euphonia chlorotica vi vi
Tytonidae Tyto alba Suindara

Athene cunicularia coruja buraqueira


Strigidae
Glaucidium brasilianum Caburé
Jacanidae Jacana jacana Jaçanã
Ardeidae Egretta alba garça-branca

c) RÉPTEIS

Foram encontradas oito espécies divididas em seis famílias, representadas na tabela 5.

Tabela 5 - Répteis encontrados na Fazenda Santa Luzia.


Família Espécie Nome popular
Boidae Boa constrictor Jibóia
Liophis viridis cobra-verde
Colubridae
Drymarchon corais papa-pinto
Tropiduridae Tropidurus torquatus Calango
Tupinambis merianae Teiú
Teiidae
Ameiva ameiva bebe-ovo
Leiosauridae Enyalius catenatus papa-vento
Amphisbaenidae Amphisbaena alba cobra-cega

d) ANFÍBIOS

Foram encontradas 12 espécies divididas em quatro famílias, presentes na tabela 6.

Tabela 6 - Anfíbios registrados na Fazenda Santa Luzia.


Família Espécie Nome vulgar
Bufonidae Rhinella boulengeri sapo da mata
Chaunus granulosus sapo de verrugas
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EIA – ILHÉUS MINERADORA

Chaunus crucifer sapo da mata


Leptodactylidae Eleutherodactylus rãzinha da mata
paulodutrai
Leptodactylus ocellatus rã manteiga
Proceratophrys boiei sapo de chifre
Hylidae Hyla albomarginata Perereca
Scinax alter Perereca
Scinax eurydice raspa cuia
Dendropsophus branneri Perereca
Leiuperidae Physalaemus cuvieri rã piadeira
Physalaemus signifer rã piadeira

DISCUSSÃO

MAMÍFEROS: Foram registradas, no total, 13 espécies divididas em sete ordens, um


número baixo levando em conta a biodiversidade da região sul da Bahia.
A matriz cabruca apesar de permeável só se torna eficiente quando recortada por
fragmentos maiores de mata nativa. Os poucos fragmentos essencialmente florestais na
região estão cada vez mais escassos e menores. Os fragmentos são afetados por problemas
direta e indiretamente relacionados a fragmentação, tal como efeito da distância entre os
fragmentos, ou o grau de isolamento; o tamanho e a forma do fragmento; o tipo de matriz
circundante e o efeito de borda.
Considerando a fragmentação como alteração de habitats, o resultado desse processo
é a criação, em larga escala, de habitats ruins, ou negativos, para um grande número de
espécies. A caça ainda é muito comum na região, e junto com a degradação florestal o
principal fator de depauperação da fauna.
Apesar da baixa diversidade os registros de mamíferos na Fazenda Santa Luzia
chamam a atenção para conservação das mesmas.
O registro de caititu (Pecari tajacu) e veado (Mazama guazambira) cada vez mais
raros na região por motivo da caça mostra que a as cabrucas e fragmentos de mata ainda
conseguem abrigar essas espécies, ainda que com uma população bem pequena, fato
evidenciado pela ausência do registro dessas espécies nas entrevistas.
A caça é muito comum na região, ao todo quatro armadilhas foram encontradas na
área de estudo, a exemplo de uma espera na figura 36. O fato de não termos registros nem
em entrevistas de espécies como capivara, paca, caititu, guariba, anta, veado, ou seja,
grandes e médios mamíferos evidencia a tradição da caça na região, por se tratar de um
68
EIA – ILHÉUS MINERADORA

hábito cultural e não por subsistência e de difícil combate sendo a educação ambiental uma
metodologia a ser usada em longo prazo.
O registro de dois grupos de mico-leão-da-cara-dourada em um momento de
encontro evidência a importância da área para a sobrevivência de no mínimo dois grupos
de uma espécie ameaçada de extinção. Os grupos são territorialistas e defendem as partes
do território que contenham recursos chave para a sobrevivência da espécie como fruteiras
e locais de dormida.

Figura 36 - armadilha do tipo espera

Espécies ameaçadas:

 Leontopithecus chrysomelas- Mico-leão-da-cara-dourada (Categoria: Em Perigo)

A espécie é endêmica da mata Atlântica do sul da Bahia, tendo como limite norte de
distribuição o rio de Contas e limite sul o rio Pardo (COIMBRA-FILHO & MITTERMEIER,
1977; PINTO, 1994), a distribuição atual da espécie também inclui florestas localizadas a
sul do rio Pardo, entre este e o rio Jequitinhonha, tendo havido, portanto, uma expansão de
sua distribuição, provavelmente em decorrência do assoreamento do rio Pardo e o
desmatamento de suas margens (RYLANDS et al., 1991/1992). A espécie se encontra na
categoria em perigo tanto na lista internacional (IUCN, 2007) como na lista nacional
(Biodversitas, 2008), critérios B2ab; C2a(i); E. As maiores ameaças são a perda e
degradação do habitat, a fragmentação florestal e o comércio ilegal. Não existem grandes
blocos de mata e os fragmentos remanescentes encontram-se totalmente isolados. A
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EIA – ILHÉUS MINERADORA

maioria desses fragmentos é de floresta secundária e a retirada de madeira, para uso nas
próprias fazendas, é comum, diminuindo a qualidade do habitat disponível. Nos últimos
anos, as plantações de cacau, localizadas principalmente na parte leste da distribuição, vem
sofrendo fortes alterações (ALGER & CALDAS, 1994). A queda do preço e o alastramento da
vassoura de bruxa (Crinipellis perniciosa), fungo que ataca as plantações de cacau, levaram
à substituição de áreas de cabruca por pastagens ou outras formas de uso do solo, que não
permitem sua utilização pelo mico-leão-da-cara-dourada. Consequentemente diminui a
quantidade de habitat disponível para a espécie, além de eliminar possíveis corredores
entre blocos de mata. Por outro lado, tem havido uma tendência ao raleamento das
cabrucas (com a derrubada de algumas árvores nativas para maior incidência solar). O
efeito dessa prática sobre as populações de mico-leão não é bem conhecido, mas é muito
provável que seja negativo, já que a existência de árvores nativas de grande porte é
essencial para a utilização das cabrucas pelos micos. A perda de habitat pela exploração
madeireira, com conseqüente fragmentação, é intensa em toda área de distribuição da
espécie. Agravando mais a situação, L. chrysomelas ainda é uma espécie visada para o
comércio ilegal (CARVALHO, 2008).

 Callithrix kuhlii- Sagüi de Wied. (Categoria: Quase em perigo)

Segundo Coimbra-Filho (1984), o Callithrix kuhlii é um sagüi muito restrito quanto à


sua distribuição, somente ocorrendo no sudeste da Bahia. Sua área de ocorrência é pouco
maior que a região zoogeográfica do mico-leão-da-cara-dourada, Leontopithecus
chrysomellas (MITTERMEIER & COIMBRA-FILHO, 1981) que se estende do rio de Contas
(limite norte) ao rio Jequitinhonha (limite sul), os limites leste e oeste são o oceano
Atlântico e mudanças na vegetação ao se aproximar do planalto de Vitória da Conquista
respectivamente. Os mesmos autores propuseram a inclusão da espécie na lista oficial do
Red Data Book de animais ameaçados de extinção devido à sua área de distribuição
limitada e ao constante desmatamento e, juntos com o Professor Célio M. Valle
classificaram sua situação como vulnerável (MITTERMEIER et al., 1984).
No entanto essa inclusão não ocorreu, provavelmente, pela falta de estudos
ecológico-comportamentais e pela polêmica em relação a sua validade como espécie plena.
As ameaças à espécie são as mesmas que sofrem as populações de Leotopithecus
chrysomelas, sendo a perda e degradação do habitat as principais. Neves, 2008 encontrou
70
EIA – ILHÉUS MINERADORA

13 áreas onde há híbridos da espécie com co-genéricos, sendo uma área de híbridos de C.
kuhlii X C. geoffroyi e 12 áreas de híbridos de C. kuhlii X C. penicillata. C. kuhlii pode estar
perdendo área para C. penicilatta ao norte e a oeste de sua distribuição, pois esta é mais
generalista que aquela e compete de forma desigual na captação de recursos.
É importante ressaltar que, mesmo que não conste em nenhuma lista de espécies
ameaçadas, uma espécie pode estar ameaçada regionalmente. Até o momento somente seis
Estados brasileiros possuem suas listas de espécies ameaçadas. Animais como caititus,
tatus, pacas e veados apesar de não estarem ameaçados nacionalmente já foram extintos
em muitas localidades tanto pela caça desenfreada como pela perda de hábitat.
Os pequenos mamíferos têm papel importante nas cadeias alimentares e na dispersão
de sementes. Dois problemas derivam das dificuldades em capturas, em primeiro lugar, a
coleta em si, como eles são noturnos e de difícil visualização a captura é a única alternativa
para estudá-los. O segundo problema resulta do pequeno número de estudos ecológicos,
uma vez que são poucos coletados e estudados, tem sido difícil determinar as causas que
podem indicar sua raridade e ameaças de extinção.
Nenhum espécime foi coletado durante a pesquisa, como a maioria dos pequenos
mamíferos são florestais e muitos são arborícolas acredita-se que o desmatamento e a
fragmentação sejam as principais ameaças à continuidade dessas espécies.
AVES: Foram encontradas 59 espécies, sendo 49%( N= 29) em área aberta e 51% (N=
30) no interior da mata. Somente uma espécie ameaçada de extinção foi registrada:
A espécie balança-rabo-canela (Gaucis dohrnii) é considerada na categoria Em Perigo
(IUCN, 2007) e se trata de um beija flor florestal pouco conhecido. A perda de habitat é a
principal causa do quase desaparecimento dessa espécie, que foi apontada por
especialistas como muito rara e à beira da extinção. Aparentemente é um beija flor exigente
quanto a qualidade do habitat e sua distribuição geográfica compreende uma pequena área
no sul da Bahia e Espirito Santo.
A presença de espécies de hábitos essencialmente florestais como os arapaçus e
araçaris indica que as matas da região, ainda que bastante fragmentadas, conseguem
abrigar espécies mais exigentes.
A presença de aves de rapina como o Caracara plancus, Mivalgo chima chima, Falco
femuralis, Herpetotheres cachinnans, Rupornis magnirostis e Tyto alba indicam que essas
espécies estão tirando vantagens das grandes área abertas da região, essas espécies se

71
EIA – ILHÉUS MINERADORA

alimentam geralmente de répteis e pequenos roedores, facilmente detectáveis nessas


áreas.

RÉPTEIS & ANFÍBIOS: De modo geral, lagartos e serpentes ocorrem em baixas


densidades em áreas florestais e a maioria das espécies apresenta hábitos discretos
(SAZIMA & HADDAD 1992), assim, o caráter fortuito da captura desses animais dificulta a
elaboração de listas consistentes, e ainda mais, a comparação entre áreas.
Compreender como as comunidades de anfíbios e répteis compartilham os recursos
disponíveis em seu ambiente é essencial para entender como elas se estruturam (Vitt e
Caldwell, 1994), possibilitando predizer, por exemplo, de que maneira os impactos
antrópicos podem afetar o seu funcionamento e sobrevivência (LOEHLE et al., 2005).
Nenhuma espécie ameaçada foi encontrada tanto de répteis quanto de anfíbios mas
as espécies de anfibios merecem atenção por dependerem de áreas com boa qualidade de
água para sobreviverem. A área preterida para o areal possui no mínimo uma nascente que
além de melhorar o microclima da região possibilita a sobrevivência de diversas espécies.

CONCLUSÕES

A área da Fazenda Santa Luzia ainda abriga uma rica fauna que precisa ser
preservada. Como evidenciado na coleta de dados (entrevistas e transectos na mata) a caça
é bastante comum na região, a proibição da caça junto com medidas educativas de
Educação Ambiental são de vital importância para preservação das espécies cinegéticas.
Os fragmentos de mata pertencentes à Fazenda Santa Luzia precisam ser protegidos
contra a erosão do solo e poluição provocados pelos dejetos de resíduos, e contra uma
maior ação do efeito de borda. Aves e mamíferos são sensíveis a ruídos e tendem a
desaparecer caso alguma medida não seja tomada. Recomenda-se a não exploração da
areia a menos de 30 metros dos fragmentos florestais.

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

3.4 MEIO SOCIOECONÔMICO

3.4.1 História do município de Ilhéus

A história do município remonta à época das capitanias hereditárias. Instalada em


1535 na Ilha de Tinharé, antigo domínio da Capitania de Ilhéus, a sede administrativa logo
se mudou para a região da Foz do Rio Cachoeira, que ficava localizada na denominada Baía
de Ilhéus. Uma vez estreitados os vínculos e relações sociais entre colonizadores e nativos,
foi possível a fundação cultural da Vila de São Jorge dos Ilhéus, que se transformou em
freguesia em 1556 por ordem de D. Pero Fernandes Sardinha.
Posteriormente identificada por Tomé de Sousa a vocação regional para a agricultura,
a Vila passa a produzir cana-de-açúcar, e através dai inicia seu processo de
desenvolvimento (ILHÉUS, 2011).
No século XVIII com a importação de mudas de cacaueiros da Amazônia e sua notável
adaptação às condições climáticas da região, da-se início ao cultivo do cacau que mais tarde
geraria um número sem fim de histórias (ILHÉUS, 2011), e marcaria todo o processo de
desenvolvimento local.
Nos primeiros quinze anos o progresso da vila era enorme e atraía todo tipo de
pessoa. Em 1556 a vila já possuía a igreja Matriz e relativa produção de cana-de-açúcar.
Jorge de Figueiredo doou pedaços de terra que se chamavam sesmarias a diversas figuras
importantes do reino, e em 1537 destinou uma dessas sesmaria a Mem de Sá, que seria o
terceiro governador-geral do Brasil, localizada no que foi chamado Engenho de Santana, e
onde hoje está se encontra o povoado de Rio do Engenho.
Ainda restam vestígios deste engenho que foi explorado pelos jesuítas, onde fica
localizada a capela de Nossa Senhora de Santana, considerada a terceira igreja mais antiga
do Brasil. Em 1551, com a morte do seu donatário a capitania mudou de propietário várias
vezes e caiu no ostracismo, tornando-se apenas mais uma vila de pescadores na costa desse
imenso país (ILHÉUS, 2011).
A cidade de São Jorge dos Ilhéus fica situada em local privilegiado. Recortada por
muita água, sua chegada por avião é muito bonita e emocionante. O centro da cidade fica
localizado numa ilha artificial formada pelos rios Almada, Cachoeira e Itacanoeira (ou
Fundão) e ainda pelos canais Jacaré e Itaípe, este último construído no final do século

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

antepassado pelo engenheiro naval François Gaston Lavigne, oficial do exército de


Napoleão. Este canal foi construído para facilitar a passagem das canoas que traziam cacau
da região do rio Almada para o embarque no porto. Compondo a área de preservação
ambiental da bacia hidrográfica deste rio, a Lagoa Encantada possui beleza natural ímpar,
elevado nível de preservação ambiental, lindos passeios de barco, com cachoeiras e contato
com a natureza (ILHÉUS, 2011).
Ilhéus elevou-se à categoria de cidade através da Lei Provincial n.º 2.187, de 28 de
junho de 1881, e tem atualmente os seus limites discriminados no Diário Oficial da
Assembléia Legislativa, de julho de 1958 (LEÃO et al., 1981).
Na área urbana Ilhéus é dividida em quatro partes, Zona Norte, Zona Oeste,Centro e
Zona Sul que é a parte da cidade, separada do resto da cidade pelo Rio Cachoeira e são
ligadas pela ponte Lomanto Junior cerca de 40% da população urbana de Ilhéus vive na
Zona Sul, aproximadamente 80 mil habitantes.Nas Zonas Norte e Oeste está concentrada a
maior parte dos galpões e indústrias da cidade. No bairro Iguape na Zona Norte está
alocado o Distrito Industrial e o Polo de Informatica. Grande parte da área territorial do
município está espalhada nos distritos. São dez: Aritaguá, Banco Central, Banco do Pedro,
Castelo Novo, Couto, Inema, Japu, Olivença, Pimenteira e Rio do Braço. Em área,
turisticamente e populacionalmente, podemos destacar Olivença. Demograficamente, pode
ser destacado Aritaguá (ILHÉUS, 2011).
Na agricultura, Ilhéus se destaca como produtor de cacau. Porém, o cultivo da piaçava
e do dendê vem ganhando bastante espaço atualmente. Na indústria, se destaca em toda a
Mesorregião do Sul Baiano, por ser pólo de informática, ter um distrito industrial, diversas
indústrias para manuseio e transformação do cacau e para criação de sofás (ILHÉUS, 2011).
O terceiro setor ou setor de serviços também vem se ampliando em Ilhéus. Além do
alto índice atual de emprego, a cidade apresenta um comércio em grande desenvolvimento,
sendo o que mais cresce em toda a Mesorregião Sul Baiano. Nos serviços podemos destacar
ainda os transportes de Ilhéus, a cidade possui grande frota rodoviária, e é uma das únicas
cidades em seu estado a possuir aeroporto (o Aeroporto Jorge Amado) e Porto (o Porto de
Ilhéus, maior exportador de cacau do Brasil). A economia ilheense está ainda com previsão
de amplo crescimento a partir da implantação do moderno Porto Sul e da ferrovia Leste-
Oeste que virá reverter o processo de estagnação da economia local, além da prevista obra
de um novo aeroporto, este de porte internacional (ILHÉUS, 2011).

74
EIA – ILHÉUS MINERADORA

3.4.2 Perfil socioeconômico das localidades identificadas nas áreas de influência


da Fazenda Santa Luzia

O empreendimento a ser localizado na Fazenda Santa Luzia, conforme já descrito


nos capítulos anteriores, situa-se numa zona rural, pode se identificar que em suas
proximidades encontram-se diversos vilarejos e sedes de fazenda, sendo estes
localizados nas áreas de influência direta e indireta. Dessa forma foram extraídas
informações a respeito dessas localidades, principalmente daquelas localizadas na área
de influência indireta, publicadas no Estudo de Impacto Ambiental do Porto Sul em seu
Tomo II, volume 4, que fala especificamente do diagnóstico do meio socioeconômico.
Algumas sedes de fazendas foram identificadas nas proximidades da Fazenda
Santa Luzia.

Figura 37 – Fazendas localizados nas proximidades da Fazenda Santa Luzia.

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

Figura 38 – Vilarejos localizados próximos ao empreendimento na Fazenda Santa Luzia. Elaborado por:
José Nazal, 2013.

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

 Santa Luzia
Santa Luzia é uma pequena localidade situada na região de Lava Pés. É formada
por seis casas, todas de alvenaria, com banheiro e fossa. Há um poço, mas a água não é
canalizada. O lixo é queimado, uma vez que não há serviço de coleta. A localidade é
formada por trabalhadores rurais, que trabalham nas fazendas de cacau ou plantam nas
suas pequenas propriedades. A escola e o posto de saúde que atendem à localidade são
os de Lava Pés. Há, no entanto, um agente comunitário de saúde que trabalha na
localidade. Há uma linha de transporte que atende à região. A localidade já possui
energia elétrica e acesso a telefonia celular das empresas Vivo e Tim. Entretanto, não
possui orelhão. A população é evangélica e as festas realizadas são de cunho religioso.
Não há associação na comunidade (EIA Porto Sul, 2011).

 Lava Pés
A região de Lava Pés é grande e engloba diversas pequenas localidades. Próximo à
Rodovia Ilhéus-Uruçuca, uma família formou uma localidade composta por sete casas.
Nesse loteamento, que ainda não tem nome, as casas são de alvenaria, têm banheiro e
fossa. Não há água canalizada; ela é buscada na fonte. Não há também coleta de lixo, que
é queimado. A região como um todo é formada por trabalhadores rurais que se
conformam como pequenos produtores ou ofertam sua mão de obra às fazendas de
cacau. Alguns, no entanto, buscam empregar-se na economia urbana de Ilhéus. De
maneira geral, em Lava Pés, as propriedades são pequenas, de 3 a 4 hectares, embora
haja grandes propriedades produtoras de Cacau, como a do Sr. Geraldo Riachuelo que,
segundo informações, é o maior empregador da região. Nessa região, os serviços de
saúde e educação são buscados na vila de Lava Pés, onde há uma escola de nível
fundamental e um posto de saúde, que recebe um médico quinzenalmente. Há um agente
comunitário de saúde que atende à região. No que se refere ao lazer, nessa área, que é
mais próxima à rodovia, o acesso mais fácil à zona urbana acaba atraindo a população
para as suas festas e bares. A região como um todo já possui acesso a energia elétrica.
Nessa área específica, não há rede de telefonia celular, apenas aquela alcançada com
antena rural de telefonia (EIA Porto Sul, 2011).

77
EIA – ILHÉUS MINERADORA

 Castelo Novo
Trata-se de um distrito formado por casas com certa estrutura, de alvenaria, com
banheiros e acesso a água canalizada. A água canalizada é proveniente do rio Almada,
mas não é tratada. Segundo o agente comunitário de saúde, as principais doenças da
localidade são verminoses, hepatite, dengue e meningite. Um dos principais problemas
indicados foi à falta de esgotamento sanitário. A comunidade dispõe de terminais fixos
individuais de telefonia, mas não tem cobertura de telefonia móvel. Há um Posto de
Saúde da Família no distrito, que oferece serviços de atendimento ambulatorial,
estratégia de saúde da família e conta com um agente comunitário que atende à
população. Também há uma escola de nível fundamental. A economia do distrito
fundamenta-se nos trabalhos vinculados aos serviços públicos da educação e da saúde,
nos pequenos comércios locais, como os bares, e em uma relação de subsistência com o
rio, através da pesca. Há uma associação de moradores de Castelo Novo e há também a
Colônia de Pesca Z34. Também é comum o trabalho nas fazendas da região,
principalmente na produção de cacau, que estimula a relação de “meeiros” nas fazendas
(EIA Porto Sul, 2011).

 Ribeira das Pedras


Trata-se de uma localidade envolvida em uma zona rural mais extensa, assim como
todos os outros povoados da região. As principais reclamações da população versam
sobre os problemas de infraestrutura, como calçamento, acesso a energia elétrica, que é
intermitente, e saneamento básico (esgoto, drenagem e acesso a água tratada). A
localidade tem um posto de saúde, que oferece atendimento ambulatorial. A economia
da região fundamenta-se nos pequenos serviços oferecidos na sede municipal e no
trabalho rural (EIA Porto Sul, 2011).

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

Figura 39 – Ribeira das Pedras.

 Vila Olímpio
A Vila Olímpio também é uma dessas pequenas centralidades de uma vasta zona
rural. As casas, em sua maioria, são de alvenaria, têm banheiros e fossas. A falta de
esgotamento sanitário não foi indicada como um dos problemas centrais. No entanto, a
falta de água conforma-se como uma das maiores dificuldades da localidade. Em
especial, a falta de água tratada. A falta de energia, que é muito intermitente na região, e
as péssimas condições da estrada são problemas para a comunidade. A economia da
localidade fundamenta-se nas atividades rurais, na pesca de subsistência no rio Almada,
e nos pequenos serviços, como atividades no comércio, de pedreiro e cabeleireiro, além
da renda de aposentadorias (EIA Porto Sul, 2011).

 Valão
É formada por cerca de 50 casas dispersas e sem um núcleo. Algumas residências
são de taipa, outras de madeira e algumas de alvenaria; a maioria delas de padrão
inadequado. As que têm banheiro utilizam água de balde, pois não há água canalizada na
localidade. Uma grande parte das casas tem fossa. Algumas casas possuem cisternas, que
captam água de nascente. Não há coleta de lixo, que é queimado. As residências estão
ligadas à rede de energia elétrica e na comunidade não há cobertura para telefonia
móvel. As propriedades da região são pequenas, com aproximadamente quatro hectares,
onde são plantados banana, coco, abacate e legumes, produção voltada para a
79
EIA – ILHÉUS MINERADORA

subsistência. Algumas famílias criam poucas cabeças de gado. A economia orbita em


torno da produção nas pequenas propriedades, na oferta de trabalho às fazendas de
cacau e no trabalho na sede municipal. Há uma escola para as primeiras séries (1ª a 4ª)
do ensino fundamental na localidade, mas o transporte escolar para os alunos de outros
níveis é deficiente.

De uma forma geral pode-se concluir que de fato a atividade a ser implementada
não é a grande preocupação da população, pois as condições básicas de sobrevivência e
desenvolvimento não existem na localidade, conforme quadro resumido abaixo:

Água: Não tem água tratada.


Saneamento Básico: Não tem esgoto; é comum o uso de fossas.
Resíduos Sólidos: O lixo é coletado, mas não regularmente, de 08 (oito) em 08 (oito)
dias e a comunidade joga indevidamente em locais inapropriados.
Sistema viário: As estradas de acesso à comunidade tornam-se intransitáveis quando
chove e necessitam de conservação; as ruas necessitam de pavimentação.
Transporte coletivo: Apesar de satisfazer parcialmente às necessidades, alguns
motoristas não cumprem o itinerário, abandonando os passageiros em locais distantes,
inclusive à noite.
Saúde: Inexistência total de condições de trabalho.
Educação: Só existe o ensino Fundamental (1ª à 4ª série) em um local insalubre,
funcionando precariamente.
Segurança: Não existe policiamento.
Energia: Precária.
Telefonia: É precária.
Lazer: A comunidade não dispõe de lazer; não existem praças, quadras de esporte, nem
campo de futebol.
Emprego e Renda: a comunidade é constituída por pequenos agricultores, os quais
sobrevivem do comércio dos seus produtos, enquanto uma pequena parcela,
predominantemente constituída por jovens, trabalha no comércio, em Ilhéus.

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81
EIA – ILHÉUS MINERADORA

A Resolução CONAMA 01/86, em seu artigo 5º, inciso III, inclui entre as diretrizes
gerais dos Estudos de Impacto Ambiental (EIA), a definição dos limites da área
geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada área de
influência do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se
localiza.
Sendo assim a área de influência é aquela que de alguma forma sofre e exerce
influência sobre o empreendimento, seja nos aspectos físicos, bióticos ou
socioeconômicos; consistindo este espaço ainda, suscetível de sofrer alterações como
consequência da implantação, operação e manutenção ao longo da vida útil do
empreendimento.

4.1 Definições da área de Influência

Segundo a legislação, a área de influência é delimitada em três âmbitos – Área de


Influência Diretamente Afetada (ADA), Área de Influência Direta (AID) e Área de
Influência Indireta (AII). Cada um desses subespaços recebe impactos nas fases de
construção e operação do empreendimento, ora com relações causais diretas, ora
indiretas, e daí a denominação, além da ADA onde se localiza o empreendimento
propriamente dito, muitas vezes chamado de área de intervenção.
Essas configurações territoriais, na verdade, são sínteses de rebatimentos de
impactos que podem ocorrer nos meios físico, biótico, socioeconômico, cultural e
institucional da região.
Em termos da legislação aplicável, considera-se a Área Diretamente Afetada –
ADA – a área necessária para a implantação do empreendimento, incluindo suas
estruturas de apoio, via de acesso privativo, ou que precisarão ser ampliadas ou
reformadas, bem como todas as demais operações unitárias associadas exclusivamente à
infraestrutura do projeto, ou seja, de uso privativo do empreendimento (figura 40).

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

Figura 40 – Layout da área Diretamente Afetada.

Na ADA foram considerados os 98,7950ha que dispõe a área da Fazenda Santa


Luzia.

A Área de Influência Direta – AID – é a área geográfica diretamente afetada pelos


impactos decorrentes do empreendimento e corresponde ao espaço territorial contíguo
e ampliado da ADA (figura 41), e como esta deverá sofrer impactos, tanto positivos
quanto negativos. Os impactos e efeitos são induzidos pela existência do
empreendimento e não como consequência de uma atividade específica do mesmo. Os
impactos dentro desse limite se caracterizam principalmente devido à geração de ruídos
e ao material particulado emitido no processo de carregamento do material nas
caçambas. Foi considerada uma área contígua a ADA de 500 metros.

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

Figura 41 - Layout da área de Influência Direta

Por fim, a Área de Influência Indireta – AII – abrange um território que é afetado
pelo empreendimento, mas nos quais os impactos e efeitos decorrentes do
empreendimento são considerados menos significativos do que nos territórios das
outras duas áreas de influência (ADA e a AID). Nessa área tem-se como objetivo analítico
propiciar uma avaliação da inserção regional do empreendimento. Corresponde à região
no entorno da Área de Influência Direta onde se espera a ocorrência de impactos
indiretos vinculados à implantação e operação do empreendimento.

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

Figura 42 – Mapa de Influência Indireta.

Foi considerado um raio de 5,0 km como área de influência indireta


principalmente para o meio socioeconômico. Pode se dizer que indiretamente o
município como um todo estaria sendo enquadrado, pois o destino final do produto do
empreendimento segue caminhos de acordo com a demanda, mas devido ao porte do
empreendimento é razoável manter apenas os 5,0 km onde as principais comunidades
seriam afetadas indiretamente pela atividade, principalmente trazendo melhorias e
compensações ambientais.

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86
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas,


químicas e biológicas sobre o meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente afetam: a biota;
a saúde, segurança e o bem estar da população; as atividades sociais e econômicas; as
condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; a qualidade dos recursos ambientais.
Diante dessas considerações a avaliação de impacto ambiental (AIA) surgiu com a
finalidade de considerar os impactos ambientais antes de se tomar qualquer decisão que
possa acarretar significativa degradação da qualidade do meio ambiente. A função do
AIA no processo decisório trata-se de prevenir danos e prevenção requer previsão, ou
antecipação da provável situação futura (SÁNCHEZ, 2008).
A AIA é um dos principais fatores de avaliação do desempenho de todo e
qualquer projeto ou empreendimento, bem como definição e eficiência das medidas,
ações, decisões, recomendações e projetos ambientais destinados à otimização de um
cenário de mudanças ambientais, são função da solidez e objetividade com que se efetua
esse estudo.
A identificação, a análise e a avaliação de impactos ambientais a serem gerados por
atividades potencialmente poluidoras, são os objetivos dos Estudos de Impacto
Ambiental – EIA, assim como a proposta das medidas mitigadoras daqueles que não
poderão ser evitados e dos planos de monitoramento que devem ser instalados com a
finalidade de se verificar a real eficácia das medidas propostas.
Sendo assim o primeiro passo para o processo de avaliação de impacto ambiental é
identificar aqueles impactos considerados significativos que nada mais é aqueles
impactos considerados suficientemente grande ou ainda como importante.
Com relação ao estudo em específico a primeira etapa consistiu no método de
análise de mapas, que para a confecção dos mapas foram utilizadas as ferramentas de
SIG – Sistema de Informações Geográfica, através do software ArcGis 10.1 a partir de
uma base cartográfica digital disponibilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas – IBGE, Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM,
Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia – SEI, além de
levantamentos feitos em campo utilizando como ferramenta GPS modelo Garmin 60CSx
e utilização de imagens de satélite disponibilizadas pelo Google Earth e imagem IKONOS

87
EIA – ILHÉUS MINERADORA

adquirida pelo proprietário do empreendimento. Como resultados foram gerados mapas


temáticos.
Na segunda etapa de avaliação de impacto ambiental foi utilizado o método de
matriz de interação de impactos ambientais baseada na Matriz de Leopold (1971),
porém adaptada que é a Matriz de Sánchez e Hacking (2002), que mostra uma
construção semelhante, mas adota o conceito de aspecto ambiental. Esse tipo de matriz é
particularmente útil para novos empreendimentos uma vez que permite já durante a
preparação do EIA, que sejam identificados aspectos e impactos ambientais, uma
atividade obrigatória na implantação de um SGA, segundo o modelo da ISSO 14.001.
Dessa forma, os objetivos, as metas ambientais e os programas de gestão já podem ser
preparados para tratar dos aspectos e impactos ambientais mais significativos.

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Remoção da camada vegetal
Escavação a céu aberto
Disposição de estéreis
Serviços de apoio
Transporte e equipamentos
Atividade/Instalações

sociais
Outras
Uso do solo

Ruídos
emissões Vibrações
Aspectos

atmosféricas Gases e fumaça


Restrições de uso

Atração de pessoas
Perda da vegetação
Degradação do solo

Emissões Material particulado

Geração de impostos
Geração de empregos
Alteração da topografia

Aumento local de preços


Oportunidade de negócios
Aspectos Demanda de bens e serviços
Perda da qualidade do solo
Contaminação do solo
Redução do nível da água
subterrânea
Deterioração da qualidade das águas
subterrâneas
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Meio Biofísico

Deterioração da qualidade do ar

Perda de habitats
Redução da base de recursos

Impacto visual

Incômodo e desconforto

Perda de recursos culturais


Impactos Ambientais

Possíveis acidentes

Impactos sobre a saúde humana

Redução da produção agrícola


Meio Antrópico

Crescimento da população

Capacitação da força de trabalho

Aumento na arrecadação tributária


89

Diminuição da renda disponível


EIA – ILHÉUS MINERADORA

A avaliação qualitativa dos impactos ambientais decorrente do cruzamento das


informações levantadas no diagnóstico e analisada pela matriz é apresentada a seguir,
de forma discursiva, tendo contemplado os aspectos relevantes relacionados a projetos
desta mesma natureza. Vale ressaltar que as formas de controle também são
apresentadas em cada item específico que serão descritos abaixo.

Sobre os Impactos Visuais e suas formas de controle


Os impactos visuais são alterações paisagísticas causadas pela implantação da
mineração em uma área onde se explora uma jazida mineral, esses impactos são
decorrentes desde:
 Remoção da cobertura vegetal, do capeamento e da abertura de frentes de lavra a
céu aberto;
 Implantação de infraestrutura (serviços de apoio);
 Disposição dos estéreis.
O controle do impacto visual pode ser feito através de:
 Cortinas arbóreas que confinam a região explorada, protegendo o meio ambiente
dos poluentes relativos à poeira e ruídos, melhorando a paisagem visual;
 Bancadas que quando recobertas com vegetação diminuem a agressividade da
área que está sendo minerada;
 Preparo da superfície do solo para receber a vegetação;
 Paisagismo que tenta restabelecer a paisagem típica da região como era antes ou
dar outro uso a terra.

Sobre os Impactos pela poluição do ar e as suas formas de controle


Este é definido pala presença ou lançamento na atmosfera de substâncias em
concentração suficiente para intervir direta ou indiretamente na saúde, na segurança e
no bem estar humano. No caso do empreendimento a área de lavra produzirá esses
efeitos quando no processo da atividade a areia for removida e transportada, sendo
assim o movimento das caçambas e máquinas (denominado de fontes móveis) o maior
lançador de materiais particulados, de gases e fumaça.
Como formas de controle da poluição do ar:
 Aspersão de água nas frentes de lavra, estradas de circulação de veículos, etc.
90
EIA – ILHÉUS MINERADORA

 Revegetação;

Sobre o Impacto pela poluição das águas e formas de controle

Como bem visualizado na figura abaixo, a geografia local é propicia para a


drenagem natural das águas pluviais.

Figura 43 – Indicação da drenagem pluvial.

Atualmente essa drenagem natural está carreando sedimentos para o curso hídrico
próximo. Sendo assim como forma de controle quando o empreendimento estiver
funcionando será implantado duas caixas decantadoras ao longo do leito natural da
drenagem pluvial a fim de evitar possíveis assoreamentos essas caixas tem a função de
decantar os sólidos liberando apenas a parte líquida. Essa caixa passará por
manutenções periódicas.
Pode-se considerar também como controle na poluição nos cursos d’água o desvio
da água pluviais das frentes de lavra, o controle da erosão (compactação do solo), o
replantio de vegetação e umedecimento da vegetação.

Sobre os Impactos no solo e formas de controle


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EIA – ILHÉUS MINERADORA

Um dos fatores que ocasionam a degradação é a erosão causada pela falta de


infiltração no solo devido à ausência da cobertura vegetal, pois a água não infiltrada
escorre sobre o solo, causando o assoreamento a acarreamento dos sedimentos para os
leitos dos rios.
O controle da degradação do solo pode ser feito por meio de drenagens
superficiais, canaletas, bueiros, etc., cobertura vegetal de áreas descobertas, para
impedir que a ação das chuvas assoreie os sedimentos.

Sobre os Impactos relativos a ruídos e vibrações


A maior fonte de ruídos e vibrações em areais são as máquinas que operam na
frente de lavra. O controle destas fontes é feito através da manutenção e regulagem dos
motores dos equipamentos

Sobre os Impactos causados pelos resíduos sólidos de mineração e formas de


controle
Os resíduos de mineração causam vários problemas ambientais, em particular,
quando as operações são a céu aberto e movimentam uma grande quantidade de estéril
e rejeito, que deve ser disposto em local apropriado. Procura-se, em princípio, uma área
que venha a sofrer o menor impacto possível aliado à segurança e estabilidade das
pilhas de estéril. No caso de areal não há acumulo desse tipo de resíduo.

Impactos sobre o Meio Biótico – Flora e Fauna


Com relação ao meio biótico o impacto está relacionado à perturbação nos habitats
naturais devido a ruídos e movimentação de máquinas. Como a área já se encontra
fragmentada a forma de controle é o processo de enriquecimento da área priorizando as
espécies tardias que tem baixa frequência ou ausentes na área estudada, mas que são
encontradas em floresta próxima, como as da Fazenda Almada.

Impactos sobre o Meio Socioeconômico


Os principais impactos negativos sobre o homem são relativos ao desconforto do
movimento de máquinas, podendo gerar riscos à segurança desses indivíduos. Como
medidas de mitigação, deverá ser sinalizada a área do empreendimento com placas
92
EIA – ILHÉUS MINERADORA

indicativas em suas vias de acesso. Colocar a disposição equipamento adequado de


segurança do trabalho, promover a cobertura dos caminhões de transporte a fim de
evitar o derrame do material e utilizar as técnicas de umectação.

Deve-se ressaltar os impactos positivos gerados pela Ilhéus Mineradora a fim de


potencializá-los, uma vez que a maioria desses impactos são de teor socioeconômico,
que focam no desenvolvimento econômico e regional e arrecadação de tributos, além
disso promover a fomentação da construção civil no município de Ilhéus e região, na
qual o empreendimento produz e fornece matéria-prima básica para esse segmento da
economia.

93
94
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Com o intuito de demonstrar a responsabilidade socioambiental, além do


próprio desenvolvimento da empresa, é elaborado um conjunto de Programas
Integrados que deverá ser colocado em prática pelo empreendedor durante as etapas da
operação. Todos esses programas são realizados com o conhecimento do empreendedor
para que o mesmo tenha responsabilidade de todas as ações realizadas no
empreendimento.
Cabem aqui algumas explicações através de programas ambientais sobre a
sistemática de planejamento adotada neste estudo para o desenvolvimento da presente
proposta para prevenir e reduzir a magnitude dos impactos adversos do
empreendimento sobre os meios físico, biótico e socioeconômico, bem como para
potencializar os impactos positivos que poderão contribuir substancialmente para o
desenvolvimento sustentável da região.
Os programas visam cumprir os compromissos dos empreendedores em prevenir,
reduzir ou compensar os impactos decorrentes da implantação e operação da Ilhéus
Mineradora. Esses programas estão simplificados no quadro abaixo e serão
apresentados e detalhados neste EIA com as recomendações necessárias para serem
implementados pelo empreendedor:

PGRS Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos


PPRA Plano de Prevenção de Riscos Ambientais
PAE Plano de Atendimento e Emergências
PRAD Plano de Recuperação de Áreas Degradadas
PEA Plano de Educação Ambiental

95
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Plano Natureza Fase de aplicação Impacto no ambiente Mitigação do impacto Prazo

Minimizar a geração de resíduos; Adequar à


Plano de Longo
Alteração da qualidade do segregação na origem; Controlar e reduzir
Gerenciamento de Implantação/ Prazo
solo; da qualidade das águas riscos ao meio ambiente;
Resíduos Sólidos Preventivo Operação/
superficiais e subterrâneas. Assegurar o correto manuseio e disposição
Desativação final, em conformidade com a legislação
vigente.
Alteração da qualidade do Avaliar os riscos ambientais existentes nas Longo
Programa de Preventivo Implantação/ solo; da qualidade das águas atividades da empresa, quantificando e Prazo
Prevenção de Operação/ superficiais e subterrâneas/ qualificando os agentes físicos, químicos e
Riscos Ambientais Desativação riscos ambientais existentes biológicos.
nas atividades da empresa.
Plano de Alteração na qualidade de vida Longo
Implantação/ dos operários e possíveis Utilização de equipamentos de segurança e Prazo
Atendimento e Preventivo
Operação acidentes medidas preventivas
Emergências
Alteração da paisagem, do Regeneração induzida, visando aceleração
meio atmosférico, recursos da sucessão natural de espécies nativas. Longo
hídricos, fauna e flora; feições Tendo em vista que a área não possui uma Prazo
Plano de geomorfológicas e das grande declividade, serão necessárias as
Preventivo/Corr Operação/
Recuperação de encostas dos processos utilizações de procedimentos geotécnicos
etivo Desativação
Áreas Degradadas geológicos. envolvendo terraplenagem e formação de
um sistema de drenagem.

Plano de Adquirirem conhecimentos, valores, Longo


Educação atitudes, compromissos e capacidades Prazo
Ambiental Implantação/ Falta de conhecimento e necessárias para proteger e melhorar o meio
Preventivo
Operação respeito ao meio ambiente. ambiente.

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

6.1 Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos -PGRS

Resíduo pode ser definido como qualquer matéria que é descartada ou


abandonada ao longo de atividades industriais, comerciais, domésticas ou outras; ou,
ainda, como produtos secundários para os quais não há demanda econômica e para os
quais é necessária disposição.
Os resíduos podem se apresentar sob a forma de sólidos, semi-sólidos, líquidos e
gases. Entre esses vários tipos de resíduos sólidos, destacam-se os industriais, os sólidos
urbanos, os da construção civil, os de serviço de saúde, entre outros.
No processo de mineração os resíduos gerados são chamados de dejetos ou
estéril, os quais produzem impactos ambientais pela sua deposição inadequada, pelo
risco de contaminação de lençóis freáticos e perdas no processo e na falta de tratamento
dos mesmos.
Dentre os mecanismos legais que fazem parte do sistema de gestão ambiental
para o empreendimento que será construído, destacam-se neste projeto, o Plano de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos provenientes do processo produtivo e operacional.
Este plano de gerenciamento tem como objetivo minimizar a geração de resíduos
durante as atividades no empreendimento, constatando e apresentando as ações
referentes ao manejo dos resíduos.
Como objetivo esse plano visa:

 Minimizar a geração de resíduos na fonte;

 Adequar à segregação na origem;

 Controlar e reduzir riscos ao meio ambiente;

 Assegurar o correto manuseio e disposição final, em conformidade com a


legislação vigente.

6.1.1 LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

 A partir deste cenário, os estados iniciaram a criação de suas legislações. No


Estado da Bahia, foi criada a Lei Estadual nº. 7.799/01, aprovada pelo decreto nº.
7.967 de 05 de junho de 2001, estabelecendo que os usuários dos recursos naturais
97
EIA – ILHÉUS MINERADORA

devam aperfeiçoar sua utilização e das fontes de energia, reduzindo, reutilizando e


reciclando os materiais de modo a evitar o desperdício, o lançamento em corpos
hídricos, praias, mangues e em áreas sujeitas à inundação.
 Ainda no contexto estadual, vale ressaltar o Decreto 11.235, que aprova o
Regulamento da Lei nº 10.431, de 20 de dezembro de 2006, expondo algumas mudanças
no contexto do processo de Licenciamento Ambiental do Estado da Bahia.
 Conforme a NBR (Norma Brasileira Regulamentadora) no. 10.004/2004,
sobre a classificação dos resíduos sólidos para fins de gerenciamento, os resíduos
sólidos podem se classificar da seguinte forma, segundo demonstrado pelo quadro 1 a
seguir:
Quadro 1 - Classes e Características dos Resíduos Sólidos

CATEGORIA CARACTERÍSTICAS

Apresentam riscos à saúde pública ou ao meio ambiente,


Classe I (Perigosos) caracterizando-se por possuir uma ou mais das seguintes
propriedades: inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade e patogenicidade.

Não apresenta nenhuma das características de


Classe II (Não perigosos) periculosidades descritas ou não consta nos anexos de
resíduos reconhecidamente perigosos constantes da
Norma.

Podem ter propriedades como: biodegradabilidade,


Classe II A (Não inertes) combustibilidade ou solubilidade em água, porém, não se
enquadram como resíduo Classe I ou Classe II B.

Não possui constituinte algum solubilizado em


Classe II B (Inertes) concentração superior ao padrão de potabilidade da
água.

 Alguns resíduos se enquadram de acordo com a Resolução do CONAMA


(Conselho Nacional de Meio Ambiente), nº 307/2002, que estabelece diretrizes,
critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil, classifica os
Resíduos da Construção Civil.
98
EIA – ILHÉUS MINERADORA

 A lei nº 12.305/2010, que institui a política nacional de resíduos sólidos e


altera a lei nº 9.605/98, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem
como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos
sólidos, incluída os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e
aos instrumentos econômicos aplicáveis.
 O Departamento Nacional da Produção Mineral – DNPM dispõe de Normas
Reguladoras – NRM 19 - para a Disposição de Estéril, Rejeitos e Produtos.
 O Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH (2002), na resolução n° 29,
de 11 de dezembro de 2002, em seu Art. 1° define estéril como qualquer material não
aproveitável como minério e descartado pela operação de lavra antes do
beneficiamento, em caráter definitivo ou temporário.

6.1.2 ETAPAS DO PROJETO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Acondicionamento
IDENTIFICAÇÃO DAS FONTES

Segregação dos Coleta interna


resíduos
Armazenamento
temporário

Transporte interno

Armazenamento
externo

Destinação final

99
EIA – ILHÉUS MINERADORA

SOBRE OS RESÍDUOS SÓLIDOS:


Os resíduos gerados no empreendimento são descritos (Quadro 2) de acordo com
o enquadramento da Resolução CONAMA 307/2002 e NBR 10.004/2004.

Quadro 2 - Caracterização dos resíduos


TIPOS DE RESÍDUOS
FASES DA OBRA CLASSE
POSSIVELMENTE GERADOS
Solos A
Limpeza do terreno
Rochas, vegetação, galhos A
Escritório/ Resíduos Inorgânicos (papel,
IIB
Depósito/Guarita plástico, vidros, metal)
Processo Produtivo Areia A

a) Segregação dos resíduos


A segregação deverá ser feita inicialmente somente para que os resíduos sejam
levados aos contêineres referentes a cada tipo de resíduo.

b) Acondicionamento/Armazenamento
Os recipientes adequados para acondicionar o lixo, considerando a adequação para
acondicionamento do mesmo, merecem destaque:
 Sacos plásticos;
 Contêineres de Plásticos;
 Contêineres de metal.
Os sacos plásticos a serem utilizados no acondicionamento do lixo domiciliar
devem possuir as seguintes características:
 Ter resistência para não se romper por ocasião do manuseio;
 Ter volume de 20, 30, 50 ou 100 litros;
 Possuir fita para fechamento da "boca";
 Ser de qualquer cor, com exceção da branca (normalmente os sacos de cor
preta são os mais baratos). Estas características acham-se regulamentadas
pela norma técnica NBR 9.190 da ABNT.
Os contêineres de plástico são recipientes fabricados em polietileno de alta
densidade (PEAD), nas capacidades de 120, 240 e 360 litros (contêineres de duas rodas)
100
EIA – ILHÉUS MINERADORA

e 760 e 1.100 litros (contêineres de quatro rodas), constituídos de tampa, recipiente e


rodas, contendo na matéria-prima um pouco de material reciclado e aditivos contra a
ação de raios ultravioleta.
Os contêineres de metal são recipientes providos normalmente de quatro rodízios,
com capacidade variando de 750 a 1.500 litros, que podem ser basculados por
caminhões compactadores.

c) Transporte interno
Todo o material gerado durante a atividade deverá ser estocado temporariamente
em contêineres que serão recolhidos duas vezes por dia por funcionário treinado,
seguindo os padrões de segurança (sempre dentro das ruas de sinalização – faixas
amarelas no piso) e ficarão disponíveis para o transporte externo.

d) Reutilização e reciclagem
O reaproveitamento das sobras de materiais dentro do próprio canteiro segue as
recomendações da Agenda 21 e é a maneira de fazer com que os materiais que seriam
descartados com um determinado custo financeiro e ambiental retornem em forma de
materiais novos e sejam re-inseridos na construção evitando a retirada de novas
matérias-primas do meio ambiente.

Figura 44 – Modelo dos coletores

Quadro 3 – Código de cores para a coleta seletiva


COR DO CONTÊINER MATERIAL A SER RECICLADO
Azul Papéis/papelão
Verde Vidros
Vermelho Plástico
Amarelo Metais
Preta Madeira
Laranja Resíduos perigosos
101
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Marrom Resíduos orgânicos


Resíduo geral não-reciclável ou
Cinza misturado, ou contaminado, não passível
de separação
Resíduos ambulatoriais e de serviços de
Branco
saúde

A reciclagem propicia as seguintes vantagens:


• preservação de recursos naturais;
• economia de energia;
• economia de transporte (pela redução de material que demanda o aterro);
• geração de emprego e renda;
• conscientização da população para as questões ambientais.

e) Transporte externo
Deverá ser feito por empresas licenciadas, bem como a destinação final dos
resíduos.
Os principais tipos de veículos utilizados para a remoção dos resíduos são
caminhões com equipamento poliguindaste ou caminhões com caçamba basculante que
deverão sempre ser cobertos com lona, para evitar o derramamento em vias públicas.

f) Destinação dos resíduos


A destinação dos resíduos deve ser feita de acordo com o tipo de resíduo. Os
resíduos de classe A deverão ser encaminhados para áreas de triagem e transbordo,
áreas de reciclagem ou aterros da construção civil. Já os resíduos classe B podem ser
comercializados com empresas, cooperativas ou associações de coleta seletiva que
comercializam ou reciclam esses resíduos ou até mesmo serem usados como
combustível para fornos e caldeiras. Para os resíduos das categorias C e D, deverá
acontecer o envolvimento dos fornecedores para que se configure a co-responsabilidade
na destinação dos mesmos.

Quadro 4 – Destinação dos resíduo.


CUIDADOS
TIPOS DE RESÍDUOS DESTINAÇÃO
REQUERIDOS

Plásticos Máximo Empresas, cooperativas ou


aproveitamento dos associações de coleta seletiva que 102
EIA – ILHÉUS MINERADORA

materiais contidos e comercializam ou reciclam estes


limpeza da embalagem. resíduos.

Empresas, cooperativas ou
Proteger de associações de coleta seletiva que
Papelão
intempéries. comercializam ou reciclam estes
resíduos.

Empresas, cooperativas ou
associações de coleta seletiva que
Metal Não há.
comercializam ou reciclam estes
resíduos.

Desde que não estejam


contaminados, destinar a
Examinar a
pequenas áreas de aterramento
caracterização prévia
Solo ou em aterros de resíduos da
dos solos para definir
construção civil, ambos
destinação.
devidamente licenciados pelos
órgãos competentes.

Os resíduos oriundos do descarte habitual serão dispostos em baldes de


acondicionamento temporário (baldes de lixo comum) deverá ser recolhidos pela
prefeitura periodicamente.
As usinas de reciclagem e compostagem geram emprego e renda e podem reduzir
a quantidade de resíduos que deverão ser dispostos no solo, em aterros sanitários.
Com relação ao armazenamento e segregação das pilhas e lâmpadas fluorescentes
a empresa deverá identificar e realizar a triagem das pilhas e baterias dos demais
resíduos domésticos e encaminhá-los aos postos de coleta autorizados.
Em cada posto de coleta deverá haver uma estrutura mínima para receber os
resíduos, sendo que o estabelecimento deverá tomar todas as precauções necessárias
em todas as etapas do manejo do resíduo (coleta, armazenamento e manuseio)
conforme especifica as normas e legislações vigentes. Antes dos resíduos serem
dispostos, as lixeiras deverão estar corretamente acondicionadas e identificadas com
simbologias, assim como os tipos de armazenamento e transportes para resíduos
perigosos.

Quadro 5 – Resumo: sobre as pilhas


Classe I – Perigosos (NBR 10.004/96)
CLASSIFICAÇÃO
Classe I – Perigosos (Resolução CONAMA 275 de 25/04/2001)

103
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Armazenamento de resíduos: NBR 12.235/88


ARMAZENAMENTO
Procedimento para resíduos: Classe I
Transporte de resíduos: NBR 13.221/94
Procedimento: NBR 7.500
TRANSPORTE
Simbologia: NBR 7.500 – Símbolos de risco e manuseio para o
transporte e armazenamento de materiais
Reciclagem por empresas produtoras/importadores ou
DESTINAÇÃO
terceiros prestadores de serviço.

Quadro 6 – Resumo: sobre as lâmpadas fluorescentes.


CLASSIFICAÇÃO Classe I – Perigosos (NBR 10.004/96)
Armazenamento de resíduos: NBR 12.235/88
ARMAZENAMENTO
Procedimento para resíduos: Classe I
Transporte de resíduos: NBR 13.221/94
Procedimento: NBR 7.500
TRANSPORTE
Simbologia: NBR 7.500 – Símbolos de risco e manuseio para o
transporte e armazenamento de materiais.
Reciclagem por empresas de recuperação de lâmpadas
DESTINAÇÃO
fluorescentes.

SOBRE OS RESÍDUOS LÍQUIDOS

Os resíduos líquidos também conhecidos como esgotos são águas que, após a
utilização humana, apresentam as suas características naturais alteradas.
A devolução desses efluentes ao meio ambiente deverá prever, se necessário, o seu
tratamento, seguido do lançamento adequado. Os efluentes gerados serão provenientes
dos sanitários e das águas pluviais.
Sanitários:
Com relação ao sanitário do empreendimento será utilizado o sistema de fossa
séptica e seu uso evita que o despejo dos efluentes seja lançado de forma irregular em
córregos ou canais próximos.
As fossas sépticas são unidades de tratamento primário de esgoto domestico nas
quais são feitas a separação e transformação da matéria sólida contida no esgoto.
Fisicamente consistem basicamente em uma caixa impermeável onde os esgotos
domésticos se depositam. Elas devem ser limpas periodicamente.

104
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Figura 45 - Modelo de fossa sépticas.

105
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Águas Pluviais:
As águas pluviais são outra fonte de efluentes líquidos gerados no
empreendimento, pois podem acarretar danos as áreas de florestas e córregos, devido
ao aumento de sedimentos nos rios, que podem vir a causar futuramente um
assoreamento e alagamentos de áreas florestadas.
O planejamento dos sistemas de drenagem das águas pluviais deve levar em
consideração inúmeros aspectos ambientais, sociais e técnicos para que possa ser
viabilizado um sistema eficiente.
Para que isso seja minimizado será planejado um sistema de drenagem utilizando
canaletas para que a água escoe entre elas, usando métodos que possam vir a ajudar na
diminuição da velocidade da água e direcioná-la para um ponto específico, além de reter
boa parte dos sedimentos com uma caixa separadora e de decantação de sedimentos.
Outro ponto que deve ser levado em consideração com relação às águas pluviais é
o armazenamento em cisternas podendo ser utilizadas para abastecimento ou
suprimento de alguma atividade. As cisternas são reservatórios que acumulam a água de
chuva captada pela superfície dos telhados, pelo próprio escoamento no solo pelas
canaletas ou ainda diretamente em pátios. Essa água armazenada poderá ser utilizada
para diversos fins no empreendimento, como por exemplo, lavagem de pisos, regar
plantas entre outras necessidades.

6.2 Plano de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA

A utilização do PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais)


regulamentado pela norma NR 9 - Portaria 3214/78, da Secretaria de Segurança e Saúde
do Trabalho, do Ministério do Trabalho tem por meta, definir uma metodologia que
mantenha a preservação da saúde e integridade do trabalhador diante dos riscos
existentes no ambiente de trabalho.
Tem o objetivo de reconhecer e avaliar os riscos ambientais existentes nas
atividades da empresa, quantificando e qualificando os agentes físicos, químicos e
biológicos, quando existirem, para posterior correção e ou controle pelo Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e ainda atender às exigências previstas nas
106
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Ordens de Serviço e Instruções Normativas oriundas do Instituto Nacional do Seguro


Social, órgão do Ministério da Previdência e Assistência Social.
O PPRA diante da legislação deve ser implantado em toda situação a qual ocorra
atividade laboral com vínculo empregatício. Aqueles que não atenderem as exigências da
norma regulamentadora NR 9, estarão sujeitos a penalidades que variam de multas até
interdições.

6.2.1 DEFINIÇÕES IMPORTANTES


a) Segurança do Trabalho
É a ciência e a arte voltadas para a antecipação, reconhecimento, avaliação e
controle dos fatores de riscos originados nos locais de trabalho e que podem prejudicar
a saúde e o bem estar dos trabalhadores também tendo em vista o possível impacto nas
comunidades vizinhas e no meio ambiente geral (ACGIH, 2005).
A atividade industrial expõe seus trabalhadores a riscos advindos de fontes
naturais ou artificiais, onde normalmente ultrapassam os limites estabelecidos pela
legislação de normas técnicas legais. Esses agentes ambientais propiciam o surgimento
de acidentes no período de execução do trabalho.

b) Limites de Tolerância
É a intensidade/concentração máxima relacionada com a natureza e o tempo de
exposição aos riscos ambientais, que não causará danos a saúde da maioria dos
trabalhadores expostos, durante a sua vida laboral. Esse conceito leva em conta aspectos
estatístico e está intimamente ligada a susceptibilidade do indivíduo, portanto não é
garantia de proteção a todos os trabalhadores.

c) Tipos de Riscos
Entende-se por risco a probabilidade de ocorrência de algum evento indesejado,
numa relação onde risco seria igual a perigo de acidentes por medidas preventivas
adotadas.

A Norma Regulamentadora NR 9 classifica os riscos ambientais como agentes


físicos, químicos e biológicos presentes nos ambientes de trabalho, que de acordo com a

107
EIA – ILHÉUS MINERADORA

sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, podem provocar


danos a saúde do trabalhador.
Riscos Químicos: Agentes químicos são substâncias químicas na forma de
sólidos, líquidos, gases, vapores, poeiras, fumos capazes de agredir a saúde do
trabalhador.
Riscos Biológicos: São organismos patogênicos que podem trazer danos a saúde
do trabalhador e ao meio ambiente como bactérias, protozoário, bacilos, fungos,
parasitas entre outros.
Riscos Físicos: Os agentes físicos podem causar danos a saúde ou provocar
acidentes podem ser classificados em sonoros (ruídos), térmicos (Calor, frio e umidade),
mecânicos (pressões anormais e vibrações mecânicas, radiações (ionizantes e não
ionizantes), eletricidade(acidentes com choque elétrico).
Riscos Ergonômicos: Ocasionado por um fator que provoque alterações nas
características psicofisiológicas do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua
saúde. Através do levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho, monotonia,
repetitividade, postura inadequada de trabalho.
Riscos de Acidente: Ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa,
provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a morte ou a
perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho.

6.2.2 ETAPAS DO PPRA


I. Antecipação
A antecipação deverá envolver a análise de riscos, métodos de processo de
trabalho, ou modificação dos já existentes, visando identificar os riscos potenciais e
introduzir medidas de proteção para sua redução ou eliminação.

II. Identificação do local de trabalho e das atividades


A Identificação, determinação e localização das possíveis fontes geradoras,
trajetórias e meios de propagação dos agentes no ambiente de trabalho, identificação
das funções e dos trabalhadores expostos, caracterização das atividades e do tipo de
exposição, dados de possível comprometimento da saúde decorrente do trabalho, na
empresa a fim de determinar os fatores intervenientes na exposição e levantar os dados
108
EIA – ILHÉUS MINERADORA

básicos para a elaboração de uma estratégia de amostragem. Para isso faz-se necessário
o esclarecimento sobre alguns itens;
 Área – Tem fundamental importância a área onde será realizada avaliação, pois
a utilização de referências fixas como: galpões, linhas e estações de trabalho, ajudam na
identificação correta e em um futuro próximo poder ser reavaliada;
 Números de Expostos – A quantificação dos trabalhadores expostos deve ser
realizada no ambiente de trabalho, observando de forma detalhada a situação e alguns
fatores pertinentes como: funções, tarefas ou atividades; turnos, turmas e horários de
trabalho; movimentação de materiais e de pessoal.
 Frequência e Duração da Exposição – Torna-se importante o conhecimento
da frequência com que determinada tarefa é desenvolvida ao longo de uma jornada,
além de considerar informações toxicológicas.
 Ritmo de trabalho e Produção – A variação do ritmo de trabalho pode
interferir, ou não, na exposição ocupacional;
 Ventilação e Condições Climáticas – A atividade pode ser executada em local
com ventilação controlada e constante, a exemplo de cabines de pintura de indústria
automobilística, com temperatura, umidade e velocidade do ar sob rígido controle. Outra
situação seria operações com sistemas de ventilação local exautora que podem ou não
estar funcionando independente do processo produtivo. Outros locais ainda sem
ventilação mecânica dependem única e exclusivamente de condições climáticas.

III. Avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores


Comprovar o controle da exposição ou a inexistência dos riscos identificados na
etapa de reconhecimento, dimensionar a exposição dos trabalhadores, subsidiar o
equacionamento das medidas de controle;

IV. Implantação de medidas de controle


Adotar as medidas necessárias e suficientes para a eliminação, minimização ou o
controle dos riscos ambientais, conforme condições estabelecidas em norma, além de
controlar a sua eficácia.

V. Monitoramento da exposição aos riscos


109
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Avaliação repetida e sistemática da exposição a cada risco, visando introduzir ou


modificar as medidas de controle, sempre que necessárias;

VI. Treinar os Trabalhadores Informando-os sobre:


A agressividade dos riscos identificados (físicos, químicos e biológicos) e seus
possíveis efeitos sobre o organismo. Os riscos ergonômicos e os riscos de acidentes
deverão ser estudados e corrigidos paralelamente a este programa para que os cipeiros
e os trabalhadores possam elaborar e afixar o Mapa de Riscos Ambientais;
Os procedimentos que devem ser adotados para assegurar a eficácia das medidas
de controle existentes ou a adotar, bem como sobre as eventuais limitações de proteção
que ofereçam;
Estudar, planejar e implantar se necessário, outras medidas alternativas,
complementares ou emergenciais, tais como: medidas de caráter administrativo
(supressão da operação, terceirização da operação) ou de organização do trabalho
(segregação, rodízio, modificação dos métodos de trabalho) e, ainda, a utilização de
equipamentos de proteção individual tecnicamente adequado ao risco a que o
trabalhador está exposto e à atividade exercida;
O fornecimento e a utilização dos equipamentos de proteção individual serão
precedidos de treinamento ministrado aos trabalhadores usuários, quanto a sua correta
utilização e orientação sobre as limitações de proteção que este oferece.
Todo o processo de gestão dos EPI's deverá ser formalizado (documentado)
conforme NR 6;
Estabelecer normas ou procedimentos sobre a segurança e medicina do trabalho,
dando ciência aos trabalhadores com o objetivo de:
 Prevenir atos inseguros no desempenho do trabalho;
 Divulgar as obrigações e proibições que devam conhecer e cumprir; dar
conhecimento de que será passível de punição pelo descumprimento das ordens de
serviço expedido;
 Determinar os procedimentos que deverão ser adotados em caso de acidente do
trabalho e doenças profissionais ou do trabalho, bem como,

110
EIA – ILHÉUS MINERADORA

 Promover o fornecimento, uso, higienização, conservação, manutenção e a


reposição do equipamento de proteção individual, visando garantir boas condições de
proteção ao trabalhador.

6.2.3 DAS RESPONSABILIDADES DO PPRA

A Mineradora:
 Providenciar a elaboração e efetiva implantação do programa, custeá-lo e
garantir que se cumpra;
 Apresentar e discutir o documento-base do PPRA, suas alterações e
complementações, sendo sua cópia anexada ao livro de ata desta comissão;
 Deixar disponível o documento-base, suas alterações e complementações de
modo a proporcionar o imediato acesso das autoridades competentes;
 Indicar claramente no cronograma, previsto na estrutura do programa, os
prazos para o desenvolvimento e cumprimento das metas do PPRA;
 Dar ciência aos trabalhadores, de maneira apropriada e suficiente, sobre os
riscos ambientais que possam originar-se nos locais de trabalho e sobre os meios
disponíveis para prevenir ou limitar tais riscos garantindo a proteção de sua integridade
física e de sua saúde;
 Caso ocorram riscos ambientais que coloquem em situação de graves e
iminentes riscos um ou mais trabalhadores, garantir que estes possam interromper as
suas atividades, comunicando, de imediato, o fato ao superior hierárquico direto para as
devidas providências.

Aos Trabalhadores:
 Colaborar e participar na implementação e execução do PPRA;
 Acatar e atender as orientações recebidas nos treinamentos recomendados pelo
PPRA;
 Informar à chefia imediata todas as ocorrências que a seu julgamento possam
implicar riscos à saúde dos trabalhadores.

111
EIA – ILHÉUS MINERADORA

6.2.4 CONSIDERAÇÕES SOBRE OS RISCOS AMBIENTAIS E A IMPLANTAÇÃO DE


MEDIDAS DE CONTROLE

Identificar um risco é apontar no local de trabalho a presença de sintomatologia de


um risco que pode está afetando a saúde do trabalhador. Para a efetividade da avaliação
é necessário analisar todo o processo da empresa, como operações, matérias-primas, e
os produtos finais ou secundários.
I. Ruído
O controle do ruído, sob o ponto de vista legal, pode ser conseguido de duas
maneiras distintas:
a) Pela atenuação dos níveis existentes, através de medidas de controle de caráter
coletivo, adotadas na fonte ou na trajetória do ruído de forma a torná-los compatíveis
com os tempos de exposição, bem como, através do uso de protetores auditivos com
atenuação suficiente.
b) Pela redução do tempo de exposição através da adoção de medidas de caráter
administrativo.
c) O controle também pode ser efetuado utilizando-se conjuntamente as duas
maneiras, tecnicamente o controle na fonte tem caráter prioritário, seguido do controle
na trajetória e, somente em último caso, o controle no homem (receptor).
Para a medição de ruídos, utiliza-se um medidor de pressão sonora constando de
um microfone, seletores e filtros de compensação. A título de legislação brasileira a
medição deve ser para ruído contínuo em dB(A) e o de impacto em d(B)(linear) ou
dB(C).

No caso de avaliação de tempo de exposição a nível humano, as medições devem


ocorrer com o microfone do equipamento na altura em que o ouvido do trabalhador se
encontra no momento em que está desenvolvendo sua função. Em situações que os
níveis do som variam pela utilização de equipamentos diferentes, deve-se fazer a
aferição em cada ponto identificando essas diferenças.
Os valor máximo permissível para exposição de ruído de 8 horas é de 85 dB(A),
conforme anexo 1 da NR-15.

Limites de tolerância para nível de ruído ou intensidade, conforme Anexo 1, da NR-15


112
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NÍVEL DE RUÍDO dB(A) MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL


85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 horas e 45 minutos
98 1 horas e 15 minutos
100 1 horas
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos

O controle na fonte poderá ser efetuado através da eliminação ou modificação da


mesma. A eliminação da fonte pode ser entendida de duas maneiras:
 Substituição do processo ou do equipamento gerador de ruído por outro que
atenda as necessidades da empresa e seja silencioso ou menos ruidoso.
 Segregação no tempo, ou seja, quando a execução de operações ruidosa de um
setor é suprimida do horário normal de trabalho, sendo realizada durante o período em
que a maioria das pessoas do setor encontra-se fora de atividade.
A adoção desta medida visa a proteção dos trabalhadores dos setores não
envolvidos diretamente com a referida operação. Por outro lado, deverão ser adotadas
medidas de controle específicas para os indivíduos ligados diretamente com a operação
ruidosa. Não sendo possível a eliminação das fontes de ruído, deve-se efetuar um estudo
com a finalidade de modificar as operações ou equipamentos ruidosos de forma a
eliminar ou minimizar a geração de ruído.
113
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Outra medida importante no controle do ruído é a aplicação de um rigoroso


programa de manutenção dos equipamentos ruidosos, observando dentre outros os
seguintes aspectos:
a) Fixar rigidamente motores, bancadas, equipamentos, etc., de forma a atenuar as
vibrações transmitidas às estruturas;
b) Balancear e equilibrar as partes móveis das máquinas e equipamentos, de modo
a mantê-los ajustados;
c) Alinhar rolamentos e eixos;
d) Efetuar boa lubrificação onde há atrito;
e) Evitar que partes soltas se choquem ou vibrem desnecessariamente, tais como
parafusos, chapas de blindagem, protetores de correia, peças metálicas acabadas,
movimentação de caixas metálicas, etc.
f) Controlar vazamento em linhas de ar comprimido e reduzir a velocidade dos
jatos de ar quando for o caso.
As medidas para eliminação ou modificação das fontes de ruído são muitas vezes
de aplicabilidade reduzida na solução dos problemas encontrados, uma vez que podem
alterar processos e procedimentos de trabalho. No entanto, um estudo mais detalhado
de cada processo poderá indicar possíveis alterações nos mesmos, permitindo torná-los
menos ruidosos, sem interferência no desenvolvimento dos trabalhos.
Não sendo possível o controle de ruído na fonte, ou quando a adoção de medidas
na fonte não for suficiente para se conseguir reduzir o ruído a níveis satisfatórios, como
passo seguinte deve-se estudar a viabilidade de controlá-lo no meio que o conduz.
O controle de ruído na trajetória pode ser realizado através do isolamento e ou
absorção acústica ou pelo distanciamento entre a fonte geradora de ruído e os
trabalhadores expostos. O dimensionamento envolve não apenas o simples afastamento
entre a fonte de ruído e os trabalhadores expostos dentro de um setor, mas também a
segregação das fontes ou operações para outras áreas, isolando-as do setor
O isolamento acústico pode ser conseguido com:
 Enclausuramento da fonte geradora de ruído;
 Enclausuramento do trabalhador exposto;
Portanto, o controle na trajetória consiste, fundamentalmente, no uso de barreiras
que impeçam que partes da energia sonoras emitidas pela fonte atinjam o trabalhador.
114
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Na diversidade de combinações de barreiras isolantes e absorventes, reside a


essência do controle do ruído no meio de propagação. A implantação desse tipo de
controle merecerá um estudo minucioso das fontes e das características ambientais
visando à adequada seleção dos materiais absorventes e refletores a serem utilizados,
assim como o dimensionamento e posicionamento desses materiais.
Controle no trabalhador: Quando as medidas de proteção coletiva forem
tecnicamente inviáveis ou enquanto não se concretizar o controle na fonte ou na
trajetória, deverá ser fornecido, e obrigatório o uso protetor de auriculares. Estes
protetores poderão ser do tipo plug (inserção) ou do tipo concha (externo).

II. fumaça preta

A fumaça preta é medida através da escala Ringellman, conforme figura 45, que
consiste em uma escala gráfica para avaliação colorimétrica de densidade de fumaça,
constituída de seis padrões com variações uniformes de tonalidade entre o branco e o
preto. As 05 graduações de cinza começam do branco total, 0 (zero) = 0%, 1 = 20%, 2 =
40%, 3 = 60%, 4 = 80% e finalmente 5 = a 100%, representando neste caso, o preto total.
Essas graduações representam a quantidade de negro existente em cada uma.

Figura 46 - Densidade de fumaça


Fonte: CETESB, 2010

115
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Para descobrir se o veículo está emitindo fumaça acima do permitido, utiliza-se a


Escala de Ringelmann e compara-se com padrões estabelecidos pela legislação
ambiental.

1. Instruções para medição da fumaça preta


De acordo com a NBR 6016/86, o motor da máquina ou veiculo que será avaliado
deve estar em funcionamento e deve ser acelerado. Deve ser realizada uma média de 04
acelerações consecutivas, com duração de 5 segundos aproximadamente cada uma.
Segue abaixo as orientações para execução do ensaio de medições:
 Posicione-se de tal forma que a luz do sol não incida diretamente sobre os seus
olhos.
 Segure o cartão com o braço totalmente estendido e aponte o furo da escala para
a descarga da máquina ou veículo. Depois compare a fumaça (vista pelo orifício)
com o padrão colorimétrico, determinando qual a tonalidade da escala que mais
se assemelha com a tonalidade (densidade) da fumaça.
 Para confirmação do padrão da emissão de fumaça emitida por veículos, o
observador deverá estar a uma distância de 20 a 50 a metros do tubo do
escapamento a ser observado.
É imprescindível que o responsável pela medição registre os dados coletados no
formulário padrão disposto, no Anexo I do presente procedimento.
Segue abaixo o modelo da escala Ringelmman que será adotado para medição da
fumaça preta, conforme orientação da NBR 6016/86.

Figura 47 - Modelo da escala Ringelmann adotado para execução dos ensaios.


116
EIA – ILHÉUS MINERADORA

a. Padrão de emissão de fumaça preta

De acordo com a Portaria 85/1996 do IBAMA, o grau de enegrecimento da


fumaça de veículos movidos a óleo diesel, em qualquer regime de funcionamento, não
poderá exceder:

Quadro 7: Padrão de emissão de fumaça preta de acordo com a Portaria 85/96 do IBAMA
Índice de fumaça Padrão aceitável
Para veículos em localidades até 500 m de
Nº 2 altitude e veículos de circulação restrita a
centros urbanos, em qualquer altitude.
Para veículos em localidades acima de 500 m
Nº 3
de altitude.

Desta forma, o padrão que deve ser adotado consiste no nº 2, já que o município é
litorâneo e estar situado ao nível do mar.

b. Frequência da medição e manutenções

A medição será realizada bimestralmente quando os veículos ou máquinas


apresentarem o índice de fumaça 1, conforme tabela abaixo. Porém, quando o índice de
fumaça apresentar o valor 2 é aconselhável encaminhar para a manutenção preventiva.
Em caso do índice ser maior que 2 deverá ser realizado a manutenção corretiva. Nestes
dois últimos casos a frequência de medição deverá ser mensal.

Quadro 8: Frequência das medições e manutenções.


Índice de fumaça Manutenção Frequência de
medição
01 Não precisa bimestral
02 Manutenção preventiva mensal
Acima de 02 Manutenção corretiva mensal

c. Definição de responsabilidades

Os motoristas serão os responsáveis pela realização da medição da fumaça preta


dos veículos movidos a óleo diesel e máquinas.

117
EIA – ILHÉUS MINERADORA

d. Treinamento

Os motoristas deverão ser treinados neste procedimento para realizar a medição


da fumaça preta nos veículos e registrar os dados coletados. Os motoristas serão
treinados neste procedimento para conhecimento e solicitar a inspeção na oficina com a
inspeção de fumaça.

e. Medidas para redução da emissão de fumaça preta


A correta manutenção e operação do veículo são fatores importantes para a redução
da emissão de fumaça preta.
Desta forma, é importante evitar:
 excesso de carga
 acelerações desnecessárias
 longa operação do motor em marcha lenta
 uso incorreto das marchas
 uso de veículo que apresentar emissão excessiva de fumaça
Deve-se usar sempre óleo diesel filtrado e evitar aquele que apresenta sinais de
adulteração.

Quadro 9: modelo de formulário de monitoramento da fumaça preta.


Empresa:

Data de Placa do Índice de Situação Manutenção


realização veículo fumaça
C N/C P C

Obs.
C: conforme P: manutenção preventiva.
N/C: Não conforme C: manutenção corretiva

118
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III. Calor
A exposição ao calor deve ser controlada por meio de:
Medidas Ambientais: Como a circulação do ar (uso de ventiladores situados em
locais adequados), a ventilação introdução de ar fresco no ambiente quente e ou a
eliminação de ar quente e umidade, se as fontes são localizadas.
Com o planejamento adequado do número e a duração das exposições, os períodos
de descanso devem ser passados em áreas de descanso frescas.
Medidas Pessoais: Com exames médicos, dando-se particular atenção aos
sistemas cardiovasculares, renal, endócrino e respiratório, assim como à pele, com a
aclimatação ao calor (adaptar fisiologicamente o trabalhador ao ambiente quente), com
o consumo de água e de sal (hidratação), com roupas adequadas e equipamentos de
proteção individual (aventais, mangas largas, luvas para o contato com peças quentes) e
com a educação sanitária dos trabalhadores.
Para analisar a quantidade de calor consulta-se a NR-15 conforme a seguir:
Regime de Trabalho
Intermitente com Descanso no TIPO DE ATIVIDADE
Próprio Local de Trabalho
(por hora) LEVE MODERADA PESADA
Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0
45 minutos trabalho 30,1 a 30,6 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9
15 minutos descanso
30 minutos trabalho 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9
30 minutos descanso
15 minutos trabalho 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0
45 minutos descanso
Não é permitido o trabalho sem a
adoção de medidas adequadas de acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0
controle

IV. Umidade
É importante lembrar que as medidas de controle deste agente físico,
normalmente passam pela efetiva utilização de EPI's que protegem o trabalhador
exposto contra a ação da umidade sobre o organismo humano.
A umidade excessiva em condições de riscos acentuados, expõe o funcionário a
infecções respiratórias, a doenças de pele e doenças circulatórias, entre outras. Aos que

119
EIA – ILHÉUS MINERADORA

apresentam essas alterações, recomenda-se à mudança do setor de trabalho e um


adequado tratamento médico.

V. Contaminantes Químicos
Os contaminantes químicos podem se apresentar no ar sob formas de sólidos,
líquidos e gasosos, recebendo os nomes de: neblina, névoa, poeira, vapor, fumos, etc.
Eles podem penetrar no organismo humano pelas vias respiratórias (inalação), cutâneas
(absorção pela pele) e digestiva (absorção gastrointestinal). Alguns contaminantes
possuem efeitos cumulativos e outros, acabada a exposição ao produto, o organismo os
elimina gradativamente.
Noventa por cento das doenças profissionais, exceção às dermatites, são atribuídas
à absorção através dos pulmões, isto é, inalação. Nem todos os contaminantes do ar que
chegam aos pulmões, são absorvidos pelo sangue. Parte dos contaminantes pode ser
expelido pelo ar expirado, outra parte pode ser captada pela secreção das mucosas,
engolidas a seguir e finalmente expelida pelos intestinos.
A susceptibilidade a um dado contaminante varia de indivíduo para indivíduo. Para
alguns, a exposição a um dado contaminante pode provocar um envenenamento médio
para outros, pode ser grave ou fatal. Isto depende, entre outros parâmetros, da saúde do
indivíduo, da dose do agente agressivo e do ritmo de trabalho que o trabalhador
desenvolve.
Os contaminantes podem apresentar os seguintes graus de toxidez:
Nulo: se não apresentam riscos sob nenhuma condição ou algum risco sob
condições extremas.
Leve: se provocam alterações imediatas no organismo, mas que desaparecem
quando termina a exposição ao contaminante.
Moderado: se podem produzir alterações reversíveis ou irreversíveis, porém não
suficientemente severas para provocar dano permanente ou morte.
Alto: se podem causar morte ou dano permanente por pequena que seja a
exposição ou a quantidade absorvida pelo organismo.
Os métodos para evitar que os contaminantes produzam danos à saúde podem ser:
a) Projeto correto do processo, levando em conta desde o início da escolha dos
produtos usados e quais os riscos que apresentam;
120
EIA – ILHÉUS MINERADORA

b) Mudança do processo, por outro de menor risco;


c) Substituição de produtos químicos por outro menos tóxico;
d) Isolamento do processo;
e) Separação do pessoal;
f) Supressão do contaminante na fonte geradora;
g) Ventilação local exaustora;
h) Proteção individual respiratória;
i) Utilização de cremes protetores para a pele;
j) Utilização de luvas quando possível;
k) Troca de uniforme, quando sujo, evitando o contato com a pele;
l) Manutenção de boa ventilação natural;
m) Chuveiros de emergência e lava-olhos nas proximidades da área de exposição;
n) Excluir da exposição os empregados alérgicos ou com problemas respiratórios.
Com o intuito de informar os trabalhadores sobre os riscos dos produtos químicos
que eles estão expostos, recomendamos a elaboração e divulgação de uma ficha de
segurança (toxicológica) contendo informações dos produtos químicos utilizados, como
utilizá-los seguramente e as ações a serem adotadas em caso de emergência.

VI. Agentes Biológicos

A atividade está sujeita a presença de agentes biológicos, como bactérias, fungos,


insetos, roedores e animais de pequeno porte, que podem deteriorar os alimentos a
serem servidos.
Desta forma, deve-se ter o máximo cuidado nas operações de armazenamento e
manipulação destes em todas as fases e condições previstas na atividade.
As exigências da vigilância sanitária deverão ser atendidas em sua íntegra, quanto
à conservação, arrumação, limpeza, higienização dos alimentos crús, semi-prontos e
prontos, bem como de asseio e higiene das pessoas que manipulam tais materiais.
A saúde dos funcionários que manipulam alimentos deverá ser controlada a fim de
se detectar possíveis portadores, transmissores ou receptores de doenças infecto-
contagiosas, sistêmicas ou relacionadas com a exposição aos agentes biológicos.
Assim, recomenda-se que, periodicamente, a critério médico, haja controle
biológico dos funcionários via sangue, urina, fezes, bem como controle de doenças de
121
EIA – ILHÉUS MINERADORA

pele (incluído exame micológico direto) para prevenir possíveis contaminações pôr
vírus, bactérias ou outros microorganismos capazes de provocar doenças infecto-
contagiosas.

VII. Produtos Inflamáveis Líquidos


No armazenamento de vasilhames que contenham inflamáveis líquidos, em recinto
fechado, é considerada área de risco, toda a área interna do recinto. Determinar outro
local, de preferência fora da edificação principal, isolado, construído conforme as
seguintes especificações:
- Deverão ter instalação elétrica apropriada, à prova de explosão, conforme
recomendações da NR-10 da Portaria 3214 de 08/06/78;
- Deverá ter sistema de combate a incêndio com extintores apropriados, próximo à
porta de acesso.
- Nas portas de acesso deverá estar escrito de forma bem legível: "Inflamável" e
"Não Fume".

VIII. Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva – EPI e EPC


Os EPI's devem ser considerados como uma segunda linha de defesa. Seu uso deve
ocorrer durante o período em que se dotam as áreas de melhores condições de trabalho
e que atinjam níveis aceitáveis de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores ou
em situações nas quais as medidas de controle ambientais são inaplicáveis, total ou
parcialmente.

O EPI, de fabricação nacional ou importado, só poderá ser colocado à venda,


comercializado ou utilizado, quando possuir o CERTIFICADO DE APROVAÇÃO – CA,
expedido pelo Ministério do Trabalho e da Administração – MTA, atendido o dispositivo
no subitem 6.9.1. (item 6.5 da Norma Regulamentadora NR-06).

Todo EPI deverá apresentar, em caracteres indeléveis e bem visíveis, o nome


comercial da empresa fabricante ou importador, e o número do C.A. (item 6.9.3. da
Norma Regulamentadora NR-06).
OBS: Sempre que constatado o desgaste o empregador deverá substituir os EPI’s.
Os principais EPI’s que serão utilizados no empreendimento, além do uniforme da
empresa, será
122
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Capacete de segurança, casco plástico com aba, suspensão


ajustável e jugular.

Máscara de Segurança, Respirador de segurança descartável,


peça facial de fibra prensada.

Protetor Auricular, Tipo auricular de inserção tipo plug,


moldável com cordão de plástico ou silicone, uso para Ruídos
acima de 85 dB.

Botina de Borracha, cano curto e/ou


cano longo.
Botina de Couro com biqueira de aço ou
similar em PU compacto na cor preta.

Óculos de Segurança, para trabalhadores que ficam em


áreas de risco.

Os equipamentos de proteção coletiva (EPC) são destinados à proteção coletiva,


como risco de queda ou projeção de materiais. Devem ser construídos com materiais de
qualidade e instalados nos locais necessários tão logo se detecte o risco.
O local da lavra deverá ser sinalizado com o objetivo:
 Indicar os locais de apoio que compõe a lavra;
 Indicar as saídas por meio de dizeres ou setas;
 Manter comunicação através de avisos, cartazes ou similares;
 Advertir quanto ao perigo de contato ou acionamento acidental com móveis das
máquinas e equipamentos;
 Alertar quanto ao uso de EPI;
 Identificar acessos, circulação de veículos e equipamentos na obra;
 Identificar locais com substâncias tóxicas, corrosivas, inflamáveis, explosivas e
radioativas, caso o empreendimento tenha.
123
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Sinalização Interna
A lavra deverá ser sinalizada com avisos e pictogramas de advertência. Estas
placas de sinalização serão divididas em: placas de perigo, de advertência e de aviso.

Sinalização Externa: Todo o perímetro da lavra deverá ser isolado com barreiras de
proteção de forma a evitar o ingresso de pessoas estranhas e que possam colocar-se em
situação de risco.

Extintores: Os extintores com no mínimo 6 Kg serão colocados contra princípio de


incêndios sendo no caso da Mineradora: 1 CO2 no depósito do areal.

IX. Exames Médicos


A Mineradora tem como obrigação realizar exames médicos admissional,
periódicos, de retorno ao trabalho após afastamento superior a 30 dias, de mudança de
função que implique em mudança de risco e demissional, nas condições previstas na
Portaria nº 24 de 29/12/94, alterada pela Portaria n.º 08 de 08/05/96.
O exame médico de saúde ocupacional compreende: avaliação clínica, abrangendo
anamnese ocupacional, exame físico e mental e ainda exames complementares
realizados de acordo com a Norma Regulamentadora NR-7 da Portaria nº 3.214 de
08/06/78, com a redação dada pela Portaria nº 24 de 29/12/94.
O exame médico admissional deverá ser realizado antes que o trabalhador assuma
suas atividades.
Os exames médicos periódicos deverão ser realizados a intervalos de tempos
estabelecidos pela NR-7, variando de acordo com a exposição dos trabalhadores aos
riscos, idade do trabalhador ou situações de trabalho.
O exame médico de retorno ao trabalho deverá ser realizado, obrigatoriamente, no
primeiro dia da volta ao trabalho, do trabalhador ausente por período igual ou superior
a 30 dias por motivo de doença ou acidente de natureza ocupacional ou não, ou parto.
O exame médico de mudança de função (alteração de atividade, posto de trabalho
ou de setor que implique na exposição do trabalhador a risco diferente daquele a que
estava exposto antes da mudança) será realizado, obrigatoriamente, antes da data da

124
EIA – ILHÉUS MINERADORA

mudança, para verificar se há restrições de exposição do trabalhador ao(s) risco(s) a que


ficará exposto.
O exame médico demissional será realizado nas condições previstas, antes da
homologação do empregado.

X. Sobre a CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

A CIPA tem por objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do


trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação
da vida e a promoção da saúde do trabalhador.
No caso do empreendimento em estudo não haverá formação da CIPA devido ao
número de funcionários no local, que de acordo com o Quadro I da NR-5, sobre
dimensionamento de CIPA, o empreendimento se enquadra no grupo C-1, portanto não
será necessária a constituição de CIPA.

6.2.5 REGRAS DE SEGURANÇA NO TRABALHO

 A distração é um dos maiores fatores de acidentes. Trabalhe com atenção e


dificilmente se acidentará.
 As brincadeiras devem ser reservadas para horas de folga.
 Seus olhos não se recuperam depois de perdidos. Use óculos protetores sempre
que o seu trabalho o exigir.
 A pressa é companheira inseparável dos acidentes. Faça tudo com tempo para
trabalhar bem e com segurança.
 Quando não souber ou tiver dúvida sobre algum serviço, pergunte ao alguém
responsável, para prevenir-se contra possíveis acidentes.
 As suas mãos levam para casa o alimento de sua família. Evite pô-las em lugares
perigosos.
 Lembre-se que você não é o único no serviço e que a vida de seu companheiro e
tão preciosa quanto a sua.
 Utilizem em seus trabalhos, ferramentas em bom estado de conservação, para
prevenir possíveis acidentes.
 Não fume em lugares onde se guardam explosivos e inflamáveis. 125
EIA – ILHÉUS MINERADORA

 Manda a lei que o empregador forneça os equipamentos de proteção que você


necessita para o trabalho, mas você também está obrigado a usá-los, para prevenir
acidentes e evitar doenças profissionais.
 Mostre ao seu novo companheiro os perigos que o cercam no trabalho.
 Cada acidente é uma lição que deve ser apreciada, para evitar maiores
desgraças.
 Todo o acidente tem uma causa que é preciso ser pesquisada, para evitar a sua
repetição.
 Se você foi acidentado, procure logo o socorro médico adequado. Não deixe que
“entendidos” e “curiosos” concorram para o agravamento de sua lesão.
 Se você não é eletricista, não se meta a fazer serviços de eletricidade.
 Procure o socorro médico imediato, se você for vítima de um acidente, amanhã
será tarde demais.
 As máquinas não respeitam ninguém; mas você deve respeitá-las.
 Conheça sempre as regras de segurança do setor onde você trabalha.
 Conversa e discussões no trabalho predispõem a acidentes pela desatenção.
 Leia e reflita sempre sobre os ensinamentos contidos nos cartazes e avisos de
prevenção de acidentes.
 Mantenha sempre as guardas protetoras das máquinas, nos devidos lugares.
 Pare a máquina quando tiver que consertá-la ou lubrificá-la.
 Habitue-se a trabalhar protegido contra os acidentes. Use equipamentos de
proteção adequados a seu serviço.
 Conheça o manejo dos extintores e demais dispositivos de combate ao fogo,
existentes em seu local de trabalho. Você pode ter necessidade de usá-los algum dia.

RECOMENDAÇÕES:

 Acompanhamento e avaliação e desenvolvimento do PPRA.


 Eleger um representante para está supervisionando a validade e troca dos EPI’s
desgastados;
 Fornecer EPI’s aos funcionários de acordo com cada função desempenhada;

126
EIA – ILHÉUS MINERADORA

 Além do capacete, luvas e botas, fornecer protetor solar para os funcionários que
trabalham a céu aberto;
 Treinar os colaboradores sobre o uso correto dos EPI’s, além de colher
assinaturas através das fichas de identificando o funcionário e o Código de Aprovação
(CA) dos EPI’s;
 Todo equipamento de proteção individual deverá ser trocado trimestralmente
por conta da poeira proveniente da construção e desgaste em geral;
 Colocar sinalização interna da obra quanto ao desenvolvimento das atividades
no empreendimento, dividas em placas de perigo, de advertência e de aviso, e
externamente onde todo o perímetro da obra deverá ser isolado com tapumes de forma
a evitar o ingresso de pessoas estranhas à obra e que possam colocar-se em situação de
risco.
 Monitorar a validade dos extintores, bem como a marcação devendo ser
assinalados por um círculo ou por uma seta larga, vermelha com bordas amarelas;

6.3 Plano de Atendimento e Emergência

O Plano de Atendimento e Emergência foi desenvolvido com a finalidade de fornecer


orientações básicas sobre os procedimentos administrativos e operacionais a serem
adotados por todos os colaboradores da Ilhéus Mineradora com o objetivo de minimizar
os possíveis danos causados por incidentes ambientais.

Emergência Ambiental é uma ameaça súbita ao bem estar do meio ambiente ou à


saúde pública devido à liberação de alguma substância nociva ou perigosa ou, ainda,
devido a um desastre natural.
Acidente Ambiental é um acontecimento inesperado e indesejado que pode causar,
direta ou indiretamente, danos ao meio ambiente e à saúde. Esses acontecimentos
perturbam o equilíbrio da natureza e, normalmente, estão associados também a
prejuízos econômicos.
Os acidentes podem ser causados pela própria natureza, como é o caso dos vulcões,
raios, ciclones, etc. Porém, na maioria das vezes, são causados pelo próprio homem. São
os acidentes “tecnológicos”.
127
EIA – ILHÉUS MINERADORA

O pânico se manifesta por diversas formas de reações emocionais, como o temor e


medo, opressão, ansiedade, até mesmo emoções convulsivas e manifestações histéricas,
além de particulares reações do organismo, como taquicardia, tremores, dispnéia ou
hipotensão. Todas essas condições podem determinar que as pessoas se conduzam de
forma descontrolada e irracional, surgindo correrias, gritos, empurrões, etc. enfim,
condutas que aumentam a insegurança no local do acidente ou incidente.
Daí a grande importância do Plano de Emergência Ambiental, pois todas as análises
irão possibilitar o gerenciamento de riscos, que é a formulação e implantação de
procedimentos (técnicos e administrativos), que visam controlar e reduzir os riscos
existentes.
Um plano de emergência tem que ser prático, deve contemplar ações e
procedimentos para cada tipo de cenário emergencial, estabelecendo de forma clara
quem são as pessoas envolvidas e qual a atribuição de cada uma.
Os objetivos específicos de um plano de emergência interna são:
 Prevenir e limitar os perigos às pessoas, interna e externamente, à estrutura,
assim como danos ambientais e estruturais nas zonas limítrofes;
 Coordenar as intervenções, em todos os níveis, do pessoal da Mineradora ou
de fora dele, mas comprometidos no processo;
 Evitar tanto quanto possível o bloqueio das atividades no interior do recinto;
 Definir com exatidão, as tarefas de cada um no interior da estrutura atingida,
durante a fase de perigo.
 Definir informações sobre o local, tipos de emergências que poderia ser
prestada, tipos de riscos, medidas preventivas, características do sistema de
alarme, intervenção do pessoal e medidas capazes de limitar a magnitude dos
danos de eventual acidente.
Ressalva-se que todas essas ações de prevenção e combate não irão eliminar a
possibilidade de ocorrer um acidente, mas podem evitar que um acidente pequeno se
transforme em uma tragédia.
É importante ressaltar, que a resposta a um acidente ambiental não se restringe à
contenção dos danos. É fundamental acompanhar o processo de descontaminação e
recuperação da área por meio de monitoramento ambiental.

128
EIA – ILHÉUS MINERADORA

A elaboração do Plano de Emergência é exigida pelo processo de licenciamento


ambiental, regulamentado pela Resolução 237/97 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA). Também tem como suporte legal a Lei Estadual nº 7.799, de
07/02/01, aprovado pelo Decreto Estadual nº 7.967, de 05/06/01.
Além de atender o disposto na resolução CEPRAM n° 3183/2003 que dispõe sobre
a comunicação de emergências ambientais no estado da BAHIA.

6.3.1. CONCEITOS

 Administrador do Plano de Contingência - Responsável pela manutenção e


atualização dos dados e procedimentos necessários á plena operacionalidade dos
Planos de Contingência.
 Área Sensível: Áreas que possam ser impactadas adversamente de forma
significativa, quando atingidas pelas conseqüências da emergência. Dentre elas,
incluem-se regiões com populações circunvizinhas, regiões que tenham
importâncias econômicas, turísticas, recreativa, ou ainda regiões que sejam
ecologicamente relevantes e/ou sensíveis em termos de impactos ambientais.
 Organização para Controle de Emergência (OCE) - Estrutura organizacional,
previamente estabelecida, mobilizada quando de uma situação de emergência,
com a finalidade de utilizar recursos materiais e humanos e implementar ações
de controle e combate às suas causas e de mitigação dos seus efeitos.
 Contaminação Ambiental: Poluição atmosférica do solo ou da água, devido à
liberação de produtos nocivos ao meio ambiente.
 Contingência: Qualidade de um evento, que poderá ocorrer ou não, e que
ocorrendo se transformará em uma emergência.
 Coordenador do Plano: É o responsável pelas ações estabelecidas no Plano,
durante a emergência.
 Emergência: É uma combinação de circunstância que demandam uma ação
imediata e que pode apresentar-se devido a uma falha de algum equipamento,
falhas no controle de processo, fenômenos naturais ou falhas humanas,
resultando em incêndios, derrame ou vazamento de produtos químicos,
acidentes com lesão, danos à propriedade e ao meio ambiente.
129
EIA – ILHÉUS MINERADORA

 Ocorrência Anormal: É um fato inesperado ocorrido em equipamentos,


instalações, obra ou processo, com ou sem envolvimentos de lesões pessoais, que
mereça registro analise ou divulgação.
 Plano de Contingência: É um documento forma e padronizado que apresenta
uma estrutura organizada, de caráter temporário, para combater uma
emergência. O plano define responsabilidade e ações seguidas para o controle da
emergência e de mitigação de seus efeitos.
 Ponto de Reunião: Ponto de reunião inicial da Brigada.
 Pontos de Encontro: São áreas previamente definidas e sinalizadas, destinadas
ao encontro para evacuação de pessoas.

6.3.2 AS OCORRÊNCIAS
Há uma série de acidentes que podem gerar danos ambientais, alguns deles são:
 Derramamento ou vazamento de produtos químicos;
 Incêndios;
 Explosões;
 Colisões;
 Contaminações por microorganismos.
Entre as várias consequências de um acidente ou emergência ambiental podemos
citar:
 Poluição do ar;
 Contaminação do homem;
 Destruição de ecossistemas;
 Danos à saúde humana;
 Prejuízos econômicos etc.

6.3.3.GERENCIAMENTO DO ACIDENTE
O combate a uma situação emergencial deve ser planejado com antecedência para
evitar decisões de última hora, retardamento no combate e ações inadequadas. Em
certos casos, as vítimas em um acidente não são as que se encontravam no local, e sim
pessoas que chegam para tentar ajudar, curiosos e desinformados.

130
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Nem todos os acidentes ocorrem durante o horário comercial, existem casos de


ocorrências à noite, em feriados e fins de semana. Além disso, podem se dá em locais de
difícil acesso, não somente para a equipe de combate, mas, principalmente, para os
equipamentos e veículos de resgate. É necessário prever todos esses fatores, ou seja, é
preciso gerenciar o acidente.

6.3.4. PREVENÇÃO
Uma das técnicas de prevenção de acidentes é chamada de Análise de Riscos. Toda
essa análise irá possibilitar o Gerenciamento de Riscos, que é a formulação e
implantação de procedimentos (técnicos e administrativos), que visam controlar e
reduzir os riscos existentes. O gerenciamento deve também permitir que a instalação
opere dentro dos níveis de segurança considerados toleráveis.

Formação e Atribuições do Grupo de Emergências

Grupo Atribuições
- Comunica a emergência a o Representante da
empresa.
- Comunica a emergência a Órgãos públicos.
Coordenador geral do Plano
- Requisita recursos externos (Corpo de
Bombeiros).
- Executa as ações de controle.
- Manter o Plano Atualizado
- Distribuir cópias
- Fazer cumprir o cronograma de treinamento.
Administrador do Plano
- Comunica a emergência ao Coordenador do
Plano
- Solicita apoio.
- Executa operações para eliminação das causas
Controle de emergência
das emergências.
Brigada de incêndio - Executa ações de combate a emergência

Compete aos Empregados:

a) Seguir rigorosamente as instruções dos coordenadores da emergência e de sua


chefia;
b) Na dúvida sobre a magnitude do risco abandonar o seu local de trabalho,
procurando abrigar-se em local seguro;
131
EIA – ILHÉUS MINERADORA

c) Não efetuar operações de resgate ou salvamento se não estiver habilitado para


tal;
d) Auxiliar naquilo que for solicitado pelos coordenadores e deste que dentro de
sua capacidade e condições de fazê-lo no momento;
e) Nos setores não afetados pela emergência, os funcionários devem permanecer
trabalhando normalmente.

Acidentes e soluções:
Os principais procedimentos de combate incluem:

 Ações compatíveis com os impactos;

 Rotinas pré-estabelecidas para isolamento e evacuação;

 Ações específicas para o controle de vazamentos;

 Reparos de emergência;

 Ações de rescaldo.

Equipamentos e materiais para o controle


Os materiais deverão estar disponíveis na área do empreendimento em estudo na
parte da administração.

Equipamento de Proteção Individual


 Usar máscara facial descartável e se houver concentração de fumaça usar
máscara facial com respiradores de ventilação forçada (O2), roupas que protejam
do calor.
 EPI’s indicados no PPRA.
 Maleta de primeiros socorros.
 Ventiladores manuais para usar em caso de asfixia pela fumaça.

Outros Equipamentos
 Macas para transporte de emergência, devendo os acidentados serem
rapidamente removidos para outro local longe do perigo.

132
EIA – ILHÉUS MINERADORA

 Extintores contra incêndio, conforme designado pelo laudo do corpo de


bombeiros.

Comunicação Inicial do Incidente


 Deve ser comunicado na Secretaria e essa acionará a vigilância e a Comissão
nomeada para assuntos do Plano de Emergência ambiental que tomará as
providências cabíveis.
 Registro do incidente ou acidente.
 Ocorrendo o incidente deverá se preenchido o formulário Quadro 10 e
encaminhado ao setor responsável pela emergência na empresa:

Quadro 10: Formulário de identificação da instalação que originou o incidente


I – Identificação da instalação que originou o incidente:
Nome da instalação:
( ) Sem condições de informar
II – Data e hora da primeira observação:
Hora: Dia/mês/ano:
III – Data e hora estimadas do incidente:
Hora: Dia/mês/ano:
IV – Localização geográfica do incidente:
Setor:
V – Produto derramado ou vazado:
Volume estimado:
VI – Causa provável do incidente:
( ) Sem condições de informar
VII - Situação atual:
( ) paralisada
( ) não foi paralisada
( ) sem condições de informar
VIII – Ações iniciais que foram tomadas:
( ) acionado Plano de Emergência Individual;
( ) outras providências:
( ) sem evidência de ação ou providência até o momento.
IX – Data e hora da comunicação:
Hora:
133
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Dia/mês/ano:
X – Identificação do comunicante:
Nome completo:
Cargo/emprego/função na instalação:
XI – Outras informações julgadas pertinentes:

Plano de evacuação
É um instrumento operacional através do qual podem ser estudadas e planificadas
as operações a serem cumpridas em caso de emergência com a finalidade de permitir
saída ordenada para todos os ocupantes de um local de um evento funesto ou
acidentado da empresa. Ele se divide em três categorias: estratégia, tática e logística.

Estratégia
 Distribuir mapas dos vários setores, indicando as vias de escape, escadas, pontos de
saídas rápidas, etc. em locais visíveis.
 Estabelecer análise de risco por área funcional, visando a análise a ser realizada no
PPRA.
 Predispor de meios de comunicação destinados às emergências.
 Ter conhecimento e afixar em locais visíveis o número do Corpo de Bombeiros de
outros órgãos que exerçam atividades de calamidade púbica.

Tática
 Preparar o modo de evacuação dos funcionários do posto;
 Investigação para verificar a dimensão do dano e do risco em evolução;
 Definir o circuito de evacuação interno e externo;
 Manter o centro de informações para os parentes dos funcionários e para a imprensa
através da Secretaria e sala de Acompanhamento Ambiental.

Logística
 Manter material de proteção e agentes extintores, conforme exigências do laudo
técnico do corpo de bombeiros e no mínimo 1 hidrante a cada 100 metros,
posicionando-os especialmente perto das áreas de maior risco de incêndio.
134
EIA – ILHÉUS MINERADORA

 Rádio transmissor – a ser utilizado em cada caso onde não exista telefone.
 Possuir sistema de iluminação de emergência autônomo e transportável, lâmpadas a
prova de explosão.
 Manter macas, EPI’ s, manuais e maletas de primeiros socorros.

Sistemas de Alerta

Este item tem por objetivo, definir o Plano de Comunicações na empresa para as
situações de Alarme de um incidente ou acidente e durante a aplicação do Plano de
Emergência. Assim, o alarme deverá soar logo após ter sido detectado o problema, de
acordo com instruções deste documento, sendo comunicado à secretaria que contatará o
pessoal designado para a emergência e os primeiros socorros, atendimento de urgência
e emergência caso haja necessidade.

 Alerta por qualquer pessoa da empresa

O próprio pessoal interno da empresa deverá comunicar a segurança e ao setor


administrativo, caso no momento não esteja envolvido no acidente. Outros funcionários
que tomarem conhecimento do acidente deverão comunicar à área administrativa com a
maior urgência possível.

Telefones de emergência.

Telefones úteis
Corpo de bombeiros (73) 193
Polícia Militar da Bahia. (73) 190
Hospital Regional de Ilhéus (73) 3634-3274
SAMU (73) 192

135
EIA – ILHÉUS MINERADORA

6.3.5 ORGANOGRAMA DO PLANO DE EMERGÊNCIA AMBIENTAL

Acidente Ambiental

Informal
Consultoria Ambiental
Recepção da Empresa

Auxilia no isolamento da área,


Coordenador geral mantém curiosos afastados e
do PAE acompanha e orienta as ações
mitigação.

Aciona a equipe
de limpeza.
Coordena a ação de
mitigação do acidente
ambiental.

Dirige ao local do
acidente

Coordenam a atuação de
mitigação do acidente
ambiental

Não Situação Sim


Controlada?

Aciona o Corpo de Equipe inicia a limpeza do


Bombeiros de Ilhéus. local do sinistro.

Assume a coordenação das Fim do atendimento.


atividades. 136
EIA – ILHÉUS MINERADORA

IMPLANTAÇÃO DO PLANO

Na fase de implantação serão realizadas as seguintes medidas:


 Divulgação interna e externa;

 Integração com outros planos;

 Simulados;

 Suprimento dos recursos;

 Treinamentos.

Vale salientar que os treinamentos devem possuir as seguintes características:


 Teóricos;
 Exercícios de campo;
 Operações simuladas de coordenação.

6.4 Plano de Recuperação de Áreas Degradas

O processo de mineração é um dos empreendimentos que mais causa transtorno


a sua superfície local, resultando em processos de degradação ambiental, tais como
alteração da paisagem, do meio atmosférico (aumento da quantidade de poeira em
suspensão no ar), dos recursos hídricos (assoreamento e entulhamento dos cursos
d’água), dos processos geológicos (erosão, voçorocas, hidrogeologia), de feições
geomorfológicas e das encostas (instabilidade de taludes), e alteração de fauna e flora
(BACCI, D. de La C. et al, 2006).
Neste contexto, a exploração de areais é um exemplo de atividade humana que
pode causar grande degradação ambiental.
O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) é uma exigência prevista
na Lei Federal nº 6.938, de 31/08/81 (Política Nacional do Meio Ambiente), Lei nº 9.605,
de 12/02/98 (Lei de Crimes Ambientais), Decreto Federal nº 3.179, de 21/09/99
(Regulamentação da Lei de Crimes Ambientais) e resolução CONAMA nº 237, de
19/09/97 (Licenciamento ambiental).

137
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Este plano consiste no conjunto de medidas destinadas a reabilitação ambiental


das áreas afetadas pela atividade de exploração e visa possibilitar e acelerar o processo
de recuperação ambiental.
Neste documento serão abordadas as técnicas de recuperação da área que será
explorada, a manutenção, os monitoramentos de recuperação e indicadores de
qualidade da recuperação.
A importância da recuperação das áreas degradadas evita o surgimento de
processos erosivos, da instabilidade dos solos, carreamento de sedimentos para os leitos
dos rios, evitando processos de assoreamentos e eutrofização, processos estes que
reduzem a qualidade das águas, afetando a fauna e flora local assim como o ser humano.
A função desse plano é recuperar a área objeto de exploração com vegetação nativa
fazendo com que as mesmas voltem a cumprir funções ambientais, além de propor
técnicas de controle de erosão.

6.4.1 Métodos
Em linhas gerais a recuperação deste local será precedida de operações básicas
para recomposição topográfica e paisagística, reaproveitamento de todo o solo orgânico
armazenado anteriormente, plantio de espécies nativas, estabelecimento de ilhas
vegetativas e manutenção da área.
A metodologia de recuperação a ser adotada consiste na regeneração induzida,
visando criar mecanismos para aceleração da sucessão natural de espécies nativas.
Tendo em vista que a área não possui uma grande declividade, serão necessárias as
utilizações de procedimentos geotécnicos envolvendo terraplenagem e formação de um
sistema de drenagem.
O primeiro passo para se implementar as técnicas de recuperação de áreas
degradadas é o isolamento da área. È uma medida preventiva contra pisoteio e fogo –
principais fatores que impedem uma boa regeneração florestal. Este isolamento pode
ser através do uso de cercas ou aceiros bem definidos.
Dentre as diversas formas de reconstituição da vegetação, vários são os métodos
que poderão ser utilizados, neste caso optou-se por plantio de mudas nativas. Nas áreas
de domínio da mata atlântica como é o caso do empreendimento em estudo, esta é uma
das opções mais indicadas e utilizadas devido ao grande índice pluviométrico da região.
138
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Esse método é de fácil operacionalização e de custo reduzido em áreas de fácil


acesso. O plantio pode contemplar espécies herbáceas, arbóreas e arbustivas, visando
fornecer uma imediata cobertura do solo e um aspecto visual agradável da área.
Na definição das espécies a serem plantadas, elas se encontram nas condições de
clima da região, solo e da umidade local do plantio. O critério proposto para implantação
desse plano é a distribuição baseada na combinação de espécies características de
diferentes estágios e de sucessão secundária, o que favorece o rápido recobrimento do
solo.
Duas categorias de espécies se destacam para a reabilitação da área que são: as
espécies pioneiras e as clímax, esta se subdivide em tolerantes a sombra e as que surgem
após perturbações quando se expõe ao sol.

6.4.2 Espécies Indicadas

São exemplos de algumas espécies nativas que podem ser encontradas no Viveiro
de Mudas do Instituto Floresta Viva:
Espécie Representação

Olandy (Calophyllum brasiliensis)

Pinha da Mata (Rollinia insignis)

Ingá (Inga edulis)

Louro (Percia aurata)

139
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Comumbá (Macrolobium latifolium)

Genipapo (Genipa americana)

Gameleira (Ficus doliaria)

É importante ressaltar que se optou por trabalhar com espécies nativas, da região
em questão, para garantir um nicho ecológico nas paisagens construídas. As espécies
nativas têm uma maior capacidade de resistir às adversidades climáticas. Maior também
será sua capacidade de absorver os impactos negativos, como a poluição, e menor a
probabilidade da disseminação de pragas e doenças. Consegue-se desta forma, um
microsistema vivo e saudável, composto por diferentes espécies de seres vivos
interdependentes. Sendo assim, através do recurso da criação de bosque será criada
uma paisagem harmônica e viva.

6.4.3 ATIVIDADES OPERACIONAIS

Com referência ao preparo do solo para o plantio, serão adotados os seguintes


procedimentos:
 Implantação de um sistema de conservação do solo;
 Combate sistemático à formiga;
 Alinhamento e marcação de covas: a determinação do ponto exato onde a cova
será aberta vai depender da dimensão do terraço a ser revegetado, ou seja, da inclinação
do talude, como também do tipo de formação vegetal desejado. Para aqueles locais em
que estiver planejada a formação de maciços sejam eles de terra, rocha ou ambos, o
140
EIA – ILHÉUS MINERADORA

espaçamento a ser usado terá 3,0 x 3,0 m entre plantas, evitando-se alinhamentos
homogêneos, o que propiciará um melhor efeito paisagístico. Para aquelas áreas onde
estiver prevista a implantação de cortina verde – área compostas por espécies do bioma
em estudo e que representa papel vital na estabilização ou minimização da
desestabilização das condições ambientais de vida da região, serão marcadas três fileiras
com espaçamento de 2,5 m x 2,5 m entre plantas, dispostas alternadamente, e 2,5 m
entre fileiras;
 Coveamento: as covas terão abertura de 40 x 40 x 40 cm, para mudas em
embalagens de 10 cm de diâmetro e 25 cm de altura. Para as cortinas vegetais, a
abertura de cova será de 50 x 50 x 50 cm, observando que o tamanho das covas sempre
dependerá do tamanho das mudas e da maneira que foram produzidas;
 Calagem: a correção da acidez do solo consistirá na incorporação de calcário nas
covas, dois a três meses antes do plantio, utilizando-se uma quantidade média de 150 a
250 g/cova;
 Adubação na cova: o adubo deverá ser incorporado intimamente a todo volume
de terra reposto nas covas. O adubo a ser usado, do tipo NPK, terá sua quantidade
indicada por análise de solo;
 Coroamento: consiste na formação de um pequeno monte de terra de formato
circular ao redor das covas, com um raio mínimo de 0,60 m, tendo por finalidade evitar a
competição aérea e radicular entre ervas daninhas e mudas;
 Plantio e replantio: o plantio será realizado na época de maior umidade no solo
e temperaturas amenas, como a região é favorecida o ano todo, escolher com cuidado
dias mais sombrios. A muda será colocada na cova, sobre uma pequena quantidade de
terra fertilizada, preenchendo-se os espaços ao redor com o restante do solo preparado
e proporcionando uma leve compactação. O excesso de terra será disposto ao redor da
muda, com um raio mínimo de 0,20 m, o que proporcionará uma maior retenção da água
das chuvas;
 Manutenção: constará de limpeza manual em volta das mudas (coroamento) até
o segundo ano, combate às formigas e irrigação quando se fizer necessário. A adubação
em cobertura será feita em época de chuva, nos dois anos imediatamente posteriores ao
plantio. O fertilizante deverá ser dividido em duas aplicações (com um intervalo de 2 a 3

141
EIA – ILHÉUS MINERADORA

meses entre elas), realizado sob a projeção da copa, em um sulco no entorno da muda,
que será recoberto a seguir.

6.4.4 INDICADORES DA RECUPERAÇÃO E MEDIDAS MITIGADORAS

Para monitorar a eficácia do processo de recuperação serão observados os


seguintes indicadores:
 Índice de mortalidade de mudas, caso ultrapasse 10% serão realizados replantios
de mudas;
 Verificação de possíveis ataques de formigas e cupins, caso ocorram serão
efetuadas aplicações de formicidas granulados e iscas;
 Acompanhamento de índices pluviométrico e caso seja identificado déficit hídrico
e serão necessárias as adoções de irrigação (molhar as mudas) a cada três dias;

 Verificar se as plantas estão com clorose (falta de clorofila). Caso ocorra adotar
adubação nitrogenada.

6.4.5 TÉCNICAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE EROSÃO

É importante distinguir os tipos de processos erosivos que se dá pela atuação de


um dos seguintes fatores:
- Impacto das gotas de chuva;
- Agentes químicos;
- Atuação das forças capilares ou de sucção;
- Atuação de forças cisalhantes oriundas do fluxo;
- Atuação das ondas.
A capacidade das gotas de chuva de desprender partículas ou grupamentos de
partículas depende de dois fatores, da energia cinética que elas atingem no movimento
de queda e das propriedades do solo. Quanto maior a energia cinética e menor a
agregação entre as partículas de solo, maior será o desprendimento. A partícula
desprendida poderá seguir dois caminhos, manter-se relativamente livre na superfície
do solo e ser transportada quando da ocorrência de fluxo superficial ou iniciar um
movimento descendente através dos poros do solo favorecendo, em certos casos, a sua 142
EIA – ILHÉUS MINERADORA

colmatação e gerando as chamadas crostas. Esta formação de crosta está muitas vezes
associada aos ciclos de molhagem e secagem do solo, que fazem com que ele atinja
elevadas densidades.
Com a atividade humana o solo sofre ao longo do tempo a ação de agentes
químicos atrelados a água de chuva, a água de irrigação, a água de esgoto, a efluentes de
mineração e industrial e a insumos agrícolas. Dependendo do tipo de solo a ação do
agente pode ser inibidora ou aceleradora do processo erosivo. Assim por exemplo, as
chuvas ácidas podem em certos solos, devido ao baixo pH, favorecer a floculação das
partículas de argila e contribuir para a maior resistência a erosão, em outros este
mesmo tipo de chuva poderá propiciar a destruição dos cimentos agregadores das
partículas e acelerar o processo erosivo.

Antes da precipitação e do fluxo superficial, o solo encontra-se normalmente no


estado não saturado e, portanto submetido a forças capilares e/ou de sucção. Neste caso
o modo como se dá a saturação poderá propiciar o desprendimento e a desagregação
das partículas de solo.
A melhor forma de combate ao problema da erosão, é a prevenção. As medidas
preventivas consistem da adoção de um planejamento prévio em qualquer atividade
ligada ao uso do solo.

Conhecidos os principais processos erosivos desencadeados pela ação da água


torna-se mais fácil estabelecer medidas preventivas. A drenagem da água das chuvas
deverá adotar as seguintes técnicas: canal com dissipadores de energia; cobertura do
solo com gramíneas; implantação de um sistema superficial de drenagem até o talvegue
do canal mais próximo.
As medidas de contenção de erosão dividem-se em 2 grupos: preventivas e
corretivas. As medidas preventivas consistem na adoção de um planejamento prévio, em
qualquer atividade ligada ao uso do solo, principalmente no que se refere aos sistemas
de drenagem.
A erosão pode ser contida controlando-se a vazão, a declividade ou a natureza do
terreno. O controle da vazão é obtido com desvio ou condução da água por caminhos
preferíveis em relação ao sulco erosivo. O controle da declividade é conseguido com
retaludamento ou colocação de obstáculos que diminuam a velocidade de escoamento. O

143
EIA – ILHÉUS MINERADORA

controle da natureza do terreno está na modificação da cobertura pelo capeamento


vegetal ou reforço da superfície, tornando-a mais resistente.
A canaleta é a mais usual, pois tem como função: conduzir fluxo d’água; através das
etapas: escavar vala; revestir paredes; formar dissipador de energia na saída d’água e
em descidas íngremes; usando como material constituinte: concreto; concreto magro;
plástico; pedra; grama.

6.4.5 CRONOGRAMA

CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
1º ANO 2º ANO 3º ANO
Ano/Trimestre
OPERAÇÕES 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º

Abertura das covas X


Adubação X
Aquisição das mudas X
Plantio X
Replantio X
Manutenção e avaliação X X

6.4.6 CUSTOS

CUSTOS
Custo da hora homem= R$ 3,20 Custo da película cacau = R$ 0,20/ Kg
Custo da isca granulada = R$ 20,00/Kg Custo da muda= R$ 1,00/muda
Custo do herb. natural = R$ 18,00/litro Custo do cálcario dolomítico = 0,12/Kg

144
EIA – ILHÉUS MINERADORA

6.5 Plano de Educação Ambiental

As atividades de Educação Ambiental são estratégicas para garantir a eficácia da


comunicação com os empregados das obras e com as comunidades.
Dentre as várias questões ambientais a serem discutidas, o presente programa será
voltado para a orientação dos trabalhadores da operação do areal e a população
residente no entorno sobre a importância na preservação dos recursos naturais e seu
uso sustentável.
O objetivo principal desse programa é orientar os trabalhadores da mineradora e a
comunidade do entorno do empreendimento sobre aspectos relacionados ao meio
ambiente e importância da preservação dos recursos naturais. Busca-se com o programa
oferecer a oportunidade dos trabalhadores e moradores das comunidades adquirirem
conhecimentos, valores, atitudes, compromissos e capacidades necessárias para
proteger e melhorar o meio ambiente.
Como objetivos específicos:
 Capacitar os envolvidos sobre o descarte e a disposição final dos resíduos,

 Orientar os trabalhadores e a população residente nas proximidades do


empreendimento a agirem em prol da preservação do meio ambiente;

 Capacitar os envolvidos para a avaliação das condições ambientais locais;

 Incentivar os trabalhadores do empreendimento a aplicação de medidas de


controle ambiental na obra, no transporte de materiais e equipamentos, no
armazenamento de combustível e na recuperação das áreas degradadas;

 Orientar os envolvidos sobre os hábitos de higiene e formas de evitar doenças.

O Programa de Educação Ambiental (PEA) pode ser compreendido e justificado


como o conjunto de ações pedagógicas voltadas para os quadros funcionais envolvidos
na implantação e operação da mineradora, bem como a população residente nas
proximidades do empreendimento, visando assegurar práticas coletivas afinadas com a
preservação e proteção do meio ambiente em suas dimensões naturais e humanas.
Compete ao empreendedor executar um elenco de ações que busque criar uma
perspectiva de estreitamento de sua relação com os trabalhadores, concorrendo para

145
EIA – ILHÉUS MINERADORA

uma melhoria no nível de conscientização e de atuação desses indivíduos em relação ao


seu ambiente de trabalho e seu processo produtivo.
Por isso, o presente programa aborda a educação na dimensão ambiental em dois
níveis complementares e interdependentes. Por um lado, as práticas educativas se
voltam para o mundo do trabalho, estimulando a conscientização, reflexões, práticas,
procedimentos e condutas ambientalmente orientadas. Neste domínio busca-se que os
trabalhadores, nos exercícios de suas funções, imprimam condutas afinadas com a
preservação do meio ambiente. Por outro lado, as práticas educativas se voltam para o
trabalhador enquanto ser social e cidadão.
Neste contexto busca-se, através do processo de educação ambiental, democratizar
valores, conhecimentos, atitudes e práticas extensíveis às diversas situações
experimentadas no curso de suas existências. O PEA não se volta para o domínio restrito
do universo do trabalho, mas para a difusão de um conhecimento ambiental
particularizável, por iniciativa dos próprios agentes sensibilizados, nos mais diversos
contextos. A capacitação da população residente nas proximidades do empreendimento
se insere neste segundo domínio onde se observa a disseminação do conhecimento para
a sociedade.
Diante das discussões relativas à educação ambiental e desenvolvimento
sustentável, as preocupações dos municípios da área de influência do projeto, os riscos
de alteração da qualidade ambiental e em conformidade com os princípios preconizados
na legislação brasileira, a Ilhéus Mineradora considera relevante à implantação de um
programa educacional para os trabalhadores envolvidos nas obras, durante todo o
período de implantação e operação do empreendimento. Neste sentido, o PEA é uma
ferramenta fundamental para evitar impactos desnecessários.

6.5.1 METODOLOGIA

Para a elaboração do presente programa de Educação Ambiental, buscou-se


estabelecer a compatibilização com a Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a
Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências e conforme
identificado na Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) do Estudo de Impacto Ambiental e
respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA-RIMA), da operação do areal.

146
EIA – ILHÉUS MINERADORA

O PEA indica um elenco de ações durante a fase de implantação e operação do


empreendimento e deverá contemplar quatro linhas básicas de ação, sendo a primeira
voltada para a capacitação de todos os trabalhadores recém-ingressados no
empreendimento através de um treinamento introdutório que aborda aspectos e
conceitos ambientais. A segunda linha de atuação prevê a realização de palestras a
serem ministradas com profissionais com formação e qualificação adequadas para
trabalharem com os temas sugeridos. A terceira linha de atuação propõe oficinas e
atividades lúdicas. Já a quarta linha de atuação tem o foco voltado para a sinalização das
vias de acesso ao empreendimento, que se encontra nas estruturas de apoio do
empreendimento.
Salienta-se que para a população residente nas proximidades do empreendimento
está prevista a adoção da segunda linha de ação, que tange a promoção de palestras e
eventos, e indiretamente a quarta linha de ação que envolve a sinalização das vias de
acesso ao empreendimento.
Visando aumentar o interesse e, consequentemente, o processo de aprendizado,
para o desenvolvimento das atividades preconizadas pelo programa, será
disponibilizado um amplo suporte de recursos visuais e estrutura física com recursos
múltiplos.
Nas oficinas serão utilizadas técnicas participativas e integradoras visando
estimular que os trabalhadores e as comunidades empreguem os conceitos e categorias
apreendidas, bem como desenvolvam o pensar acerca das dimensões ambientais que o
cercam e o significado de suas práticas à luz da preservação ambiental.
As atividades a serem desenvolvidas estão baseadas na concepção sócia
interacionista, ou seja, através da interação entre as pessoas onde o conhecimento será
construído numa relação dialética entre sujeito e ambiente. A relação do sujeito com o
ambiente será mediada e construída nas relações interpessoais.

6.5.2 ATIVIDADES PREVISTAS

I. Linhas de ação

a) Treinamento Introdutório para os trabalhadores:


147
EIA – ILHÉUS MINERADORA

Será realizado de forma sistêmica um treinamento sobre os temas e


comportamentos ambientais para todos os trabalhadores do empreendimento. O
treinamento será realizado em caráter permanente ao longo de toda a fase de
implantação e operação do empreendimento. Este treinamento introdutório tem como
finalidade ampliar a visão ambiental e despertar uma consciência crítica e ações
proativas em todos os colaboradores.
Para a organização do treinamento será levado em consideração o histograma de
atividades, prevendo um treinamento com um grupo concentrado no período das obras.
Caso haja rotatividade de pessoal, o treinamento será feito individualmente ou em
pequenos grupos.
O treinamento contemplará os seguintes itens:
- Características e fases da obra;

- Atividades técnicas e procedimentos operacionais;

- Meio ambiente: aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais,


econômicos, científicos, culturais e éticos;

- Biodiversidade; espécies endêmicas, exóticas e em extinção;

- Solo e água;

- Poluição e tecnologia ambiental;

- Higiene, saúde e relações com as comunidades;

- Impactos ambientais e medidas mitigadoras;

- Correta disposição do lixo;

- Conduta ambiental e socialmente responsável;

- Condutas de segurança do trabalho.

O treinamento prevê atividades teóricas e práticas, visando uma melhor


identificação das condutas ambientais e socialmente responsáveis durante a execução
de sua função e atividades na implantação do empreendimento. Os treinamentos serão
realizados na área do empreendimento.

b) Palestras:

148
EIA – ILHÉUS MINERADORA

As palestras são ações educativas que incluem não só a passagem de saberes pelo
palestrante, mas como a troca de informações entre este e os participantes. Não existe
uma relação simples e facilmente previsível entre o conteúdo da mensagem e sua
eficácia, porém, existem condições que devem estar presentes a fim de que a mensagem
provoque a resposta desejada: deve ser formulada e transmitida de maneira a despertar
a atenção do destinatário, além de sugerir meios adequados à situação do grupo a qual
pertence o destinatário.
Dessa forma, deve ser realizada com vocabulário simples e popular, respeitando,
quando possível, os regionalismos, e sempre envolvendo a participação da platéia nas
questões-chave. A utilização de mídias como recursos audiovisuais (ilustrações, slides e
retroprojetor) serão utilizadas para facilitar a comunicação e maximizar o potencial para
resultados positivos.
Conceitos básicos de ecologia, práticas conservacionistas e a questão da inserção
do empreendimento deverão ser abordados inicialmente de forma a contextualizar os
espectadores sobre o ambiente que os cerca e a importância da região onde executam
suas atividades.
Para o público-alvo, trabalhadores do empreendimento, cada palestra deverá ter,
no máximo, 2 horas de duração, sendo propostas turmas com número máximo de 60
participantes. Em razão da gama de assuntos serem extensa, o planejamento prévio das
palestras deverá ocorrer levando-se em consideração o número de funcionários à época
e a manutenção ou substituição dos mesmos nos períodos posteriores. Mesmo que os
assuntos já tenham sido abordados em palestras anteriores, novas informações podem
ser acrescentadas.
Para o público-alvo comunidades do entorno do empreendimento as turmas
poderão ser maiores e as palestras com temas mais abrangentes já que estas se darão de
forma eventual.
Para a realização das palestras, é necessário um conhecimento prévio do nível de
escolaridade e do perfil ambiental dos trabalhadores para a escolha das atividades a
serem realizadas e do nível de informações a serem transmitidas. Para a aquisição
dessas informações podem ser realizadas conversas informais, aplicação de
questionários ou entrevistas.
Dentre os assuntos a serem abordados nas palestras e oficinas estão:
149
EIA – ILHÉUS MINERADORA

- Conceitos básicos de Ecologia: Ecologia, Ecossistema, Floresta, Habitat, Meio


Ambiente, Poluição Ambiental, Fauna, Flora, Recursos Naturais, Desenvolvimento
Sustentável.
- A região de inserção do empreendimento: Biomas, Mata Atlântica, diversidade de
espécies.

c) Oficinas:
As oficinas constituem espaços de aprendizado com ênfase na prática, onde são
compartilhadas as atividades e metodologias importantes para o desenvolvimento dos
processos de educação ambiental. Deve ser iniciada com uma breve apresentação dos
participantes e de suas expectativas.
A seguir são apresentados alguns exemplos de oficinas que poderão ser realizadas.
Entretanto, as oficinas poderão sofrer alterações em função do profissional que realizará
os trabalhos e interesse do público-alvo.
- Jornal Ambiental: A finalidade da Oficina de Elaboração de Jornal Ambiental é
apresentar os mecanismos necessários para a elaboração de jornais no contexto
ambiental, visto ser um importante recurso, trabalhando com o desenvolvimento crítico
dos trabalhadores e permitindo a reflexão sobre os recursos expressivos relativos a
temas ambientais. O Jornal deverá ser elaborado em grupo de no máximo cinco pessoas,
e cada grupo ficará responsável por um tema. Um concurso para a escolha do melhor
jornal produzido poderá ser realizado, podendo o jornal ganhador ser fixado em mural
ou mesmo impresso e distribuído aos trabalhadores. Deve ser incentivada a realização
de entrevistas para a composição do jornal.
- Análise de Fotografias: A fotografia é uma linguagem universal, capaz de
transmitir sentimentos e emoções que dispensam palavras, um grande recurso para a
Educação Ambiental. Nessa oficina deverão ser formados grupos de no máximo cinco
pessoas, distribuídos revistas e jornais relacionados aos temas a serem abordados, e
solicitado a cada grupo que escolham as fotografias que mais os marcaram. Após a
explanação de cada grupo, as fotografias deverão ser coladas em um mural que poderá
ser permanentemente exposto no local.
- Percepção Ambiental: Nesta oficina, os trabalhadores devem ser orientados a
perceberem o ambiente que os cerca e a partir disso, transcreverem para o papel,

150
EIA – ILHÉUS MINERADORA

através de desenhos, os cenários que consideraram mais significativos relacionados com


os temas anteriormente abordados.
- Peças de teatro: Na oficina de teatro é prevista a participação direta dos
trabalhadores. A história pode ser apresentada por, no máximo, cinco orientadores,
sendo que um deles narra a história e os demais manipulam objetos e adereços para
ilustrar as atitudes dos personagens e também momentos engraçados do texto.
- Filmes educativos: Os filmes educativos despertam interesses, aumentam a
participação e transmitem conhecimentos que ficam gravados na memória. Depois da
projeção de um filme educativo, deve-se incentivar a discussão, estimular perguntas e
fazer a audiência responder perguntas. Diversos documentários produzidos sobre fauna
silvestre estão disponíveis e podem ser utilizados nessa atividade.
Cada oficina deverá ter, no máximo, 4 horas de duração, sendo propostas turmas
com número máximo de 50 participantes. Para a realização das oficinas deverão ser
adquiridos os seguintes materiais:

Oficina Materiais necessários


Jornal ambiental Revistas, jornais, folders, tesoura, cola,
régua, etc
Análise de fotografias Revista, jornais, folders, tesoura, cola,
papel, marcador
Percepção ambiental Cadernos, material para desenho
Peças de teatro Marionetes entre outros
Filmes educativos Aparelho de DVD, televisão ou telão,
projetor

d) Sinalização educativa
A colocação das placas busca conscientizar tanto os trabalhadores da obra como a
população residente nas proximidades do empreendimento.

II. Materiais pedagógicos


Serão desenvolvido e disponibilizado pelo empreendedor materiais pedagógicos e
informativos como manuais, cartilhas, cartazes, painéis e vídeos informativos. Os
manuais terão conteúdos relativos ao ambiente de trabalho e os procedimentos voltados
para o desenvolvimento de práticas profissionais ambientalmente orientadas. As
cartilhas conterão assuntos e temas relativos ao meio ambiente já assinalado. Os 151
EIA – ILHÉUS MINERADORA

cartazes, como são próprios deste meio, veicularão sintéticas mensagens ambientais
vinculadas aos eixos temáticos. Os vídeos informativos, além de abordarem os aspectos
e temas ambientais, tratarão do empreendimento e do processo de licenciamento
ambiental, incluindo impactos e medidas de controle adotadas.
A confecção de adesivos com slogans de proteção ambiental também são sugeridos
como forma de prevenção de acidentes.

6.5.3 METAS E INDICADORES

A principal meta do PEA é sensibilizar todo o quadro de trabalhadores, de forma


direta e indireta, para melhorar seu comportamento em prol da preservação e
recuperação ambiental. Têm-se ainda como meta a capacitação da população residente
do entorno do empreendimento.
Estão apresentados no quadro a seguir as metas e indicadores dos objetivos
específicos do programa.
Para compor o monitoramento e garantir um acompanhamento efetivo propõe-se
a elaboração de um relatório semestral que terá o foco nos resultados dos indicadores
propostos.

OBJETIVOS METAS INDICADORES


Nível de reclamação dos
Capacitar os envolvidos sobre o
Evitar descarte inadequado responsáveis pelas obras relativa
descarte e a disposição final dos
de lixo ao lixo disposto
resíduos
inadequadamente
Orientar os trabalhadores e a
Nível de conhecimento sobre as
população residente nas proximidades Conscientizar os
condições e problemas
do empreendimento a agirem em prol colaboradores
ambientais
da preservação do meio ambiente
Capacitar os envolvidos para a Nível de conhecimento sobre as
avaliação das condições ambientais Desenvolver visão crítica condições e problemas
locais ambientais
Incentivar os trabalhadores do
empreendimento a aplicação de
Propiciar uma percepção
medidas de controle ambiental na obra,
nos trabalhadores do Magnitude do impacto real do
no transporte de materiais e
impacto de sua conduta no empreendimento
equipamentos, no armazenamento de
meio ambiente
combustível e na recuperação das áreas
degradadas
Nível de reclamação dos colegas
Orientar os envolvidos sobre os hábitos
Evitar doenças ocasionais de trabalho e indicadores do
de higiene e formas de evitar doenças.
pela falta de higiene departamento de saúde do
trabalhador

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EIA – ILHÉUS MINERADORA

6.5.4 RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se que os trabalhadores do empreendimento ampliem sua visão ambiental


e melhorem sua conduta de forma a ter uma boa convivência com as comunidades
locais. Desta forma esperam-se, com estabelecimento deste programa educacional, que
todos os trabalhadores sejam habilitados a assumirem em suas práticas e
representações o respeito pelas bases ecológicas, culturais e vivenciais das comunidades
com as quais interagirão no curso de suas atividades profissionais e que manterão com a
população de influência, sobretudo aqueles procedentes de outras localidades em
relação ao local de atuação.
Espera-se que o programa possa oferecer a oportunidade dos trabalhadores e da
população residente nas proximidades do empreendimento adquirir conhecimentos,
valores, atitudes, compromissos e capacidades necessárias para proteger e melhorar o
meio ambiente.

6.5.5 CRONOGRAMA

As atividades do programa serão implementadas em toda a fase de operação do


empreendimento.
Calendário Anual do PEA
Meses
Atividades Previstas
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Planejamento das
atividades
Treinamento introdutório
para os trabalhadores

Elaboração de livretos ou
cartilhas

Palestras

Oficinas

Monitoramento dos
indicadores do programa

Elaboração de relatórios
das atividades

153
EIA – ILHÉUS MINERADORA

6.6 PLANO DE ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTO AMBIENTAL

A fim de garantir a eficiência do Sistema de Gerenciamento Ambiental – SGA


deverá ser acompanhado sistematicamente cada etapa do processo operacional através
do monitoramento.
O monitoramento é marcado pelo início das obras e este por sua vez deverá
continuadamente estar sendo feitas vistorias para avaliação dos resultados e previstas
medidas corretivas, caso necessário.
São requisitos básicos da supervisão ambiental:
 O acompanhamento das ações implantadas e previstas nos programas
ambientais;

 A verificação dos indicadores ambientais de cada programa;

 A elaboração e o controle de registros das atividades;

 O contato com os órgãos ambientais;

 A execução dos programas e projetos ambientais em conformidade com o


cronograma da obra;

 A interface dos programas ambientais com a engenharia da obra;

 A verificação de não conformidades com os programas propostos;

 A proposição de ações corretivas e/ou preventivas;

 A interface do órgão de fiscalização ambiental e o empreendedor.

154
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EIA – ILHÉUS MINERADORA

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