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Código Artesp:

MD-SPM002700-106.107-612-H01/201.R0

Emissão: Folha:
2 18/12/2020 1 de 28
Emitente: Resp. Técnico / Projetista:
CONCESSESSIONÁRIA DE
RODOVIAS DO OESTE DE Engº Humberto H. Matsushita / Canhedo Beppu
SÃO PAULO S.A.
Resp. Técnico / Concessionária:
Cód. Interno: VO-SP270/00-0106.00-MAR-A1-DR/MD.E-201.R0a

Lote: Rodovia: DE-DER:


12 SP-270 – Rod. Raposo Tavares

Trecho: Verificado - ARTESP:


Km 106+000 ao Km 107+400 - Sorocaba

Objeto: Aprovado - ARTESP:


Projeto executivo de implantação de marginal e acesso à Arena
Multiuso de Sorocaba – Memorial descritivo de Estudos Hidrológicos

Documentos de Referência:

Documentos Resultantes:

Observação:

0a 18/12/2020 Canhedo Beppu


Rev. Data Resp. Téc. / Proj Resp. Téc / Conces DE-DER Ver. - ARTESP. Aprovado - ARTESP
ÍNDICE

1. OBJETIVO ................................................................................................................... 3

2. COLETA DE DADOS DISPONÍVEIS ........................................................................... 4

3. ESTUDOS CLIMATOLÓGICOS E GEOLÓGICOS ..................................................... 5

3.1. CARACTERIZAÇÃO DOS REGIMES CLIMÁTICO E PLUVIOMÉTRICO REGIONAIS ................. 5


3.2. GEOLOGIA REGIONAL ............................................................................................. 13
3.3. GEOLOGIA LOCAL .................................................................................................. 16
3.4. EQUAÇÃO DE CHUVAS INTENSAS............................................................................. 17

4. METODOLOGIA ........................................................................................................ 19

5. VAZÕES DE PROJETO............................................................................................. 28

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1. OBJETIVO

A Canhedo Beppu Engenheiros Associados Ltda. apresenta à ViaOeste –


Concessionária de Rodovias do Oeste de São Paulo o seu relatório final referente à
Implantação de Acesso à Arena Multi-Uso entre o km 106+000 ao km 107+400 da Rod.
Raposo Tavares.

Os estudos hidrológicos adiante apresentados tiveram como objetivos principais:

 Definir as características climatológicas, pluviométricas e fluviométricas a serem


consideradas na fase subseqüente de projeto, quando da elaboração do detalhamento
e planejamento construtivo da obra.

 Fornecer subsídios e critérios necessários à determinação das vazões de


dimensionamento hidráulico das novas obras de drenagem e verificação das obras
existentes.

3
2. COLETA DE DADOS DISPONÍVEIS

Apresenta-se na seqüência a relação dos principais documentos e bibliografias


considerados no desenvolvimento destes estudos hidrológicos:

 Planta na escala 1:10.000 (EMPLASA.), elaborada por restituição aerofotogramétrica;

 “Classificação Climática de Wladimir Köppen”, publicação do DNER;

 “Handbook of Applied Hydrology”, de Ven Te Chow – 1964;

 “Precipitações Intensas do Estado de São Paulo”, de Francisco Martinez Jr. e Nelson


Luiz Goi Magni – convênio CTHDAEE/USP, 1999;

 “Engenharia de Drenagem Superficial”, de Paulo Sampaio Wilken (CETESB, 1970);

 Dados climatológicos obtidos junto ao INMET – Instituto Nacional de Meteorologia;

 “Drenagem Urbana – Manual de Projeto”, DAEE / CETESB, 1980;

 “Banco de Dados Pluviométricos do Estado de São Paulo”, DAEE / Secretaria dos


Recursos Hídricos, Saneamento e Obras, 1997.

 Instrução de Projeto do DER/SP – IP-DE-H00/001 – Estudos Hidrológicos;

 Instrução de Projeto do DER/SP – IP-DE-H00/002 – Projeto de Drenagem.


 ALMEIDA, F.F.M. de – 1964 – Fundamentos geológicos do relevo paulista. Bol. Inst.
Geogr. e Geol., São Paulo.

 ARAB, P. B.; PERINOTTO, J. A. J.; ASSINE, M. L. - Grupo Itararé (p – c da bacia do


paraná) nas regiões de Limeira e Piracicaba – SP: Contribuição ao estudo das
litofácies. Geociências, volume 28 nº4, São Paulo, 2009

 MILANI, E. J. – Evolução tectono-estratigráfica da Bacia do Paraná e seu


relacionamento com a geodinâmica fanerozóica do Gondwana sul-ocidental. 1997.
2vol. Il. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Curso de
Pós-Graduação em Geociências, Porto Alegre, 1997.

 Instituto de Pesquisa Tecnológica (IPT) – Mapa geomorfológico do Estado de São


Paulo, São Paulo - 1981

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3. ESTUDOS CLIMATOLÓGICOS E GEOLÓGICOS

3.1. Caracterização dos Regimes Climático e Pluviométrico Regionais

Para a caracterização do clima vigente próximo à região de interesse, foram utilizados


dados obtidos junto ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), assim como os
preceitos básicos da classificação climatológica de Köppen. A seguir são apresentados
alguns histogramas obtidos junto ao INMET, que ilustram as principais características
climatológicas da área de implantação do projeto.

 Temperatura média anual: 20° C;

 Temperatura média do mês mais quente: 23 °C;

 Temperatura média do mês mais frio: 16 °C;

 Média das temperaturas máximas do mês mais quente: 28 °C;

 Média das temperaturas mínimas do mês mais frio: 10 °C;

 Totais anuais de chuvas: 1.300 mm;

 Totais de chuvas do semestre seco: 300 mm;

 Totais de chuvas no mês mais chuvoso: 225 mm (Janeiro);

 Totais de chuvas no mês mais seco: 30 mm (Julho);

 Evapotranspiração – potencial anual: 850 mm;

 Diferença anual entre a chuvas e a evapotranspiração: 350 mm;

 Evapotranspiração potencial – semestre seco (Abril a Setembro): 350 mm;

 Número de dias com geada: 2.

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Ainda de modo a caracterizar mensalmente as características das chuvas da região
do estudo, utilizaram-se dados pluviométricos obtidos junto ao “Banco de Dados
Pluviométricos do Estado de São Paulo – DAEE / FCTH”, relativos aos seguintes postos
pluviométricos:

 Posto Piedade:

 Código DAEE: E4-001;

 Município: Piedade;

 Altitude: 840,00 m;

 Latitude: 23°44’;

 Longitude: 47°25’.

 Posto Bairro Iperó:

 Código DAEE: E4-018;

 Município: Araçoiaba da Serra;

 Altitude: 560,00 m;

 Latitude: 23°29’;

 Longitude: 47°41’.

 Posto Pirapitingui:

 Código DAEE: E4-023_3;

 Município: Itú;

 Altitude: 640,00 m;

 Latitude: 23°20’;

 Longitude: 47°20’.

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 Posto Usina Batista:

 Código DAEE: E4-028;

 Município: Pilar do Sul;

 Altitude: 710,00 m;

 Latitude: 23°50’;

 Longitude: 47°39’.

 Posto Mailaski:

 Código DAEE: E4-099;

 Município: São Roque;

 Altitude: 920,00 m;

 Latitude: 23°33’;

 Longitude: 47°05’.

 Posto Carafa:

 Código DAEE: E4-125;

 Município: Alumínio;

 Altitude: 900,00 m;

 Latitude: 23°35’;

 Longitude: 47°19’.

Na seqüência são apresentados os hidrogramas com a precipitação média mensal


e o número médio de dias de chuva relativos aos postos pluviométricos anteriormente
mencionados.

7
PRECIPITAÇÃO MÉDIA MENSAL E
NÚMERO MÉDIO DE DIAS COM CHUVA
POSTO: PIEDADE - PIEDADE- SP
PERÍODO: 1954 A 2004

250,00 16,00
14,00
PRECIPITAÇÃO (mm)

200,00

DIAS COM CHUVA


12,00

150,00 10,00
8,00
100,00 6,00
4,00
50,00
2,00
0,00 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
0,00
PRECIPITAÇÃO 212,71 168,34 146,01 72,21 80,37 61,88 50,90 45,84 99,91 134,02 138,42 206,31
DIAS COM CHUVA 13,53 12,16 10,22 6,37 6,65 6,51 5,98 5,37 7,57 8,88 8,55 11,80

MESES

PRECIPITAÇÃO MÉDIA MENSAL E


NÚMERO MÉDIO DE DIAS COM CHUVA
POSTO: BAIRRO IPERÓ - ARAÇOIABA DA SERRA-SP
PERÍODO: 1954 A 2000

250,00 18,00
16,00
PRECIPITAÇÃO (mm)

200,00 14,00
DIAS COM CHUVA

12,00
150,00
10,00
8,00
100,00
6,00
50,00 4,00
2,00
0,00 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
0,00
PRECIPITAÇÃO 206,09 166,08 129,52 61,44 70,75 60,23 48,00 47,65 77,21 115,05 110,10 169,01
DIAS COM CHUVA 15,49 13,94 12,34 9,68 10,00 9,02 8,15 7,87 10,17 11,91 12,51 14,77

MESES

8
PRECIPITAÇÃO MÉDIA MENSAL E
NÚMERO MÉDIO DE DIAS COM CHUVA
POSTO: PIRAPITINGUI - ITÚ - SP
PERÍODO: 1936 A 2000

250,00 16,00
14,00
PRECIPTAÇÃO (mm)

200,00

DIAS COM CHUVA


12,00

150,00 10,00
8,00
100,00 6,00
4,00
50,00
2,00
0,00 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
0,00
PRECIPITAÇÃO 230,98 175,99 144,70 67,76 63,30 60,82 50,90 42,93 80,60 126,70 121,04 187,80
DIAS COM CHUVA 14,67 12,52 10,41 5,54 5,93 5,89 4,46 4,30 7,00 9,39 9,46 12,35

MESES

PRECIPITAÇÃO MÉDIA MENSAL E


NÚMERO MÉDIO DE DIAS COM CHUVA
POSTO: USINA BATISTA - PILAR DO SUL - SP
PERÍODO: 1937 A 2004

250,00 20,00
18,00
PRECIPTAÇÃO (mm)

200,00 16,00 DIAS COM CHUVA


14,00
150,00 12,00
10,00
100,00 8,00
6,00
50,00 4,00
2,00
0,00 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
0,00
PRECIPITAÇÃO 213,15 181,92 137,74 65,95 72,76 66,53 52,05 43,58 88,99 121,05 110,44 187,25
DIAS COM CHUVA 17,24 16,13 14,80 11,24 13,39 13,50 10,78 8,50 10,61 12,37 11,83 15,76

MESES

9
PRECIPITAÇÃO MÉDIA MENSAL E
NÚMERO MÉDIO DE DIAS COM CHUVA
POSTO: MAILINSKI - SÃO ROQUE - SP
PERÍODO: 1966 A 1996

300,00 16,00
14,00
250,00
PRECIPTAÇÃO (mm)

DIAS COM CHUVA


12,00
200,00
10,00
150,00 8,00
6,00
100,00
4,00
50,00
2,00
0,00 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
0,00
PRECIPITAÇÃO 240,63 200,73 164,59 85,29 78,77 82,64 48,58 47,59 91,92 125,27 131,91 199,69
DIAS COM CHUVA 14,48 12,87 11,58 7,87 8,06 7,23 5,81 6,06 8,35 8,77 9,42 12,55

MESES

PRECIPITAÇÃO MÉDIA MENSAL E


NÚMERO MÉDIO DE DIAS COM CHUVA
POSTO: CARAFA - ALUMÍNIO - SP
PERÍODO: 1970 A 1999

300,00 18,00
16,00
250,00
PRECIPTAÇÃO (mm)

14,00
DIAS COM CHUVA

200,00 12,00
10,00
150,00
8,00
100,00 6,00
4,00
50,00
2,00
0,00 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
0,00
PRECIPITAÇÃO 265,60 212,63 160,00 85,49 91,53 67,60 47,68 48,51 87,63 125,58 126,35 219,21
DIAS COM CHUVA 16,13 14,63 11,70 8,63 10,40 9,37 7,37 7,23 9,53 9,67 9,80 14,03

MESES

10
Como se pode observar pela análise destes histogramas, o trimestre mais chuvoso
corresponde aos meses de dezembro / janeiro / fevereiro, e o mais seco, aos meses de
junho / julho / agosto.

Por outro lado, visando efetuar a classificação climatológica da área, foi utilizada a
metodologia adotada por Wladimir Köppen, que leva em consideração a quantidade de
precipitações, a temperatura média e a umidade relativa.

Deve-se ressaltar que essa metodologia de classificação, assim como outras


desenvolvidas com a mesma finalidade, diferencia apenas megazonas climáticas, não
apresentando suficiente eficiência para variações locais.

Conforme essa classificação de Köppen, resumida na figura a seguir, o clima da


área de interesse pode ser classificado como pertencente ao tipo Cwa. Trata-se de clima
úmido mesotérmico, onde as chuvas são distribuídas de modo aproximadamente
semelhante ao longo da maior parte do ano, sem apresentar uma estação seca claramente
definida (a altura de chuva do mês mais seco deve ultrapassar 30 mm). Esse tipo de clima
é ainda caracterizado por verões brandos, nos quais a temperatura média do mês mais
quente é inferior a 23º C.

11
12
3.2. Geologia Regional

O relevo do município de Sorocaba é classificado em geral como ondulado, porém


apresentando variabilidade altimétrica, oscilando desde 1028 metros, na Serra de São
Francisco a modestos 539 metros no vale do Rio Sorocaba.

Segundo o mapa geomorfológico do Estado de São Paulo do (IPT, 1981), situa-se


na limítrofe de dois importantes domínios paulista (Figura 01); o Planalto Atlântico, o qual
compreende rochas cristalinas, com relevos mais elevados e a Depressão Periférica, cujo
relevo é mais suave, atribuído a bacia sedimentar do paraná.

A área do projeto pertence a província da Depressão Periférica Paulista, zona do


Médio Tietê (Almeida, 1964), que corresponde à faixa de ocorrência das sequências
sedimentares infrabasálticas paleozoicas e mezozóicas do Estado de São Paulo.

Figura 01 – Localização da área do projeto sob contexto geomorfológico.

Sob o aspecto geológico o trecho do projeto encontra-se na borda leste da


macroestrutura Bacia do Paraná (Figura 02), especificamente sobre domínio sedimentar de
formações geológicas do Grupo Itararé, com ocorrências nos pontos baixos e várzeas de
rios, depósitos colúvio-eluvionares inconsolidados.

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Durante a formação da Bacia Sedimentar do Paraná, foram identificadas quatro
sequências de eventos de subsidências, que correspondem às supersequências Rio Ivaí,
Paraná e Gondwana I e Gondwana II. (Milani, 1997). A supersequência Gondwana I
(Carbonífera-Eotriássica) é a correspondente a diversas formações que constituem os
Grupos Itararé, Guatá e Passa Dois. De acordo com Minali (1997), esta supersequência
tem como constituinte de sua porção basal, litotipos de sistemas transgressivos, que entre
outros, correspondem ao Grupo Itararé, alvo do estudo.

S
o
r
o
c
a
b
a

Figura 02 - Distribuição das unidades litoestratigráficas da Bacia do Paraná.


(Arab et. al. 2009)

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O Grupo Itararé é uma unidade litoestratigráfica da Bacia do Paraná, com período de
deposição do Neocarbonifero ao Eopermiano, compreendendo os mais diversos litotipos
como arenitos, diamictitos, conglomerados, ritmitos, dentre outras fácies derivadas de
sistemas deposicionais Glaciais. Estes são responsáveis por variações distintas de
litofácies, sendo difícil a correlação lateral entre camadas guia. A identificação de uma
camada guia é de grande importância para correlação estratigráfica, assim como para a
análise de sequencias. Devido a isso, estudos palinológicos são desenvolvidos com
persistência neste Grupo, visando à correlação por idade.

Figura 03 - Mapa geológico local adaptado (CPRM).

Por muitos anos estudos são realizados afim de instituir subdivisões para o Grupo
Itararé, porém nenhuma delas ainda foi formalmente implantada e a unidade continua
indivisa. Ao contrário das ocorrências sulistas, as distribuições de fácies no estado de São
Paulo ocorrem de forma recorrente e variada nos mais de 1000 metros de sedimentos
depositados. A primeira proposta de subdivisão foi proposta por Barbosa & Almeida (1949),
constituída pelas formações Itu, Capivari, Gramadinho, Tietê e Itapetininga, sendo a última
equivalente à atual Formação Tatuí. Petri (1964), sugeriu para todo o complexo glacial o
nome de Subgrupo Itararé e, para as rochas pós-glaciais, a denominação de Formação
Tatuí.

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O solo sorocabano é caracterizado como podzólico vermelho-amarelo, com textura
argilosa cascalhenta, muito argilosa; latossolo vermelho-escuro de textura argilosa;
latossolo vermelho-amarelo com textura média argilosa. Ocorrem também litossolos, que
são pouco desenvolvidos geralmente com depressões.

3.3. Geologia Local

As sondagens realizadas revelam em geral solo sedimentar composto por silte


argiloso ou argila siltosa de matizes variando entre marrom amarelado, cinza e vermelhos
com resistência a penetração que varia bastante, desde mole a dura. Observa-se que
apenas nas sondagens SP-01 e SP-03 acontece o enrijecimento gradual, em geral a
mudança ocorre de maneira abrupta em que o solo passa de mole a média para rijo a duro.
Sobreposto ao solo descrito, por vezes ocorre camada de elúvio constituído por Silte
argiloso pouco arenoso (fino), mole a médio, vermelho.
Devido ações antrópicas, justaposto ao elúvio ou ao solo sedimentar bacia, pode
aparecer aterro amplamente heterogêneo.
Ainda algumas sondagens também apresentaram solo superficial formado por areia
fina siltosa, com detritos vegetais, marrom escura.

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3.4. Equação de Chuvas Intensas

O estudo da pluviometria para a região em análise foi baseado na publicação Equações


de Chuvas Intensas do Estado de São Paulo (DAEE/USP-1999), que apresenta tabelas
com a relação altura pluviométrica / intensidade / duração / freqüência, para diversos postos
pluviométricos paulistas.

A estação pluviográfica analisada foi a Pirapitingui, código DAEE-E4-023R, localizada


na cidade de Itú (Latitude 23o 20’S e Longitude 47o 20’W, altitude de 640 m), utilizando-se
dados de um período de 21 anos (1973-84;1986-89;1991-94;1997). A equação de chuvas
intensas utilizada foi:

 Para 10 ≤ t ≤ 1.440

it ,T  52,9364(t  30) 0,9526  8,0659(t  25) 0,8537 .[0,4793  0,9126 ln ln(T )]


T 1

Onde:

i = intensidade pluviométrica média máxima, em mm/ min;

T = período de recorrência, em anos;

t = duração da precipitação pluviométrica, em minutos.

17
No quadro a seguir estão apresentados os valores obtidos a partir das equações
analisadas para chuvas intensas, com durações entre 5 e 1.440 minutos, e períodos de
retorno de 10, 20, 25, 50 e 100 anos.

Tabela: Previsão de máximas intensidades de chuvas, em mm/h

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4. METODOLOGIA

As vazões de dimensionamento das obras hidráulicas que compõem o sistema de


drenagem poderiam ser obtidas através das seguintes metodologias:

a) Método Racional

O cálculo da vazão de dimensionamento é baseado na fórmula Racional:


c.i. A
Q
6
Onde:

Q = Vazão (m3/s);

c = Coeficiente de escoamento superficial (adimensional);

A = Área de drenagem (ha);

i = Intensidade pluviométrica (mm/min).

 Coeficiente de escoamento superficial

Para a determinação do coeficiente, são levadas em consideração as características


físicas da bacia, bem como o tipo de solo da região. No quadro a seguir são apresentados
os critérios e valores dos coeficientes de escoamento superficial de projeto.

19
VALORES DOS COEFICIENTES DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL (RUNOFF)

20
 Tempo de Concentração

O tempo de concentração da bacia pode ser calculado pela fórmula do “California


Highways and Public Roads”, expressa por:
0 , 385
 
 L2 
tc  57. 
I 
 eq 

Onde:

tc = Tempo de concentração (min);

L = Comprimento do talvegue (km);

Ieq = Declividade média do talvegue (m/km).

 Intensidade Pluviométrica

A intensidade pluviométrica pode ser calculada a partir da aplicação da equação de


chuvas válida para a área em estudo, para duração da chuva igual ao tempo de
concentração da bacia. A duração da chuva mínima será de 5 minutos, para as obras de
drenagem superficial, e de 10 minutos, para os bueiros.

b) Método do Hidrograma Unitário (Soil Conservation Service)

Este método baseia-se em um hidrograma adimensional, para construção de um


hidrograma unitário sintético.

21
 Parâmetros do Hidrograma Unitário

q(m³/s)
t

tp tr t (h)
tb

Sendo:

qp = vazão máxima do Hidrograma Unitário, em m3/s;

A = área da bacia contribuinte, em km2;

tp = tempo de pico, em horas;

tc = tempo de concentração, em horas;

2,08  A t
qp  tp   0,6  t c
tp 2

t = tc / K – tempo unitário, em horas;

tr = 1,67 tp – tempo de descida, em horas;

tb = 2,67 tp – tempo base, em horas.

O tempo de concentração foi calculado conforme a expressão recomendada pela


“California Highways and Public Roads”, já descrita anteriormente.

22
 Precipitação efetiva

A avaliação da precipitação efetiva (Pe), a partir da precipitação total (P), de acordo


com o método proposto pelo U.S. Soil Conservation Service, é feita em função das
características do solo, vegetação e utilização das áreas das bacias hidrológicas,
escolhendo um número de curva (N) que as caracterize.

Para a determinação do número de curva (N), foi seguido o procedimento


recomendado na publicação “Tentativa de Avaliação de Escoamento Superficial de Acordo
com o Solo e o seu Recobrimento Vegetal nas Condições do Estado de São Paulo”,
elaborado por José Setzer e apresentado no Boletim Técnico DAEE nº 2 (maio/agosto –
1979).

A condição antecedente de saturação do solo será aquela em que os solos


normalmente se encontram na estação úmida do ano.

No quadro a seguir são apresentados os valores de N utilizados quando da aplicação


do Método do Hidrograma Unitário, empregado na determinação das vazões de projeto
para as bacias estudadas, conforme metodologia do U.S. Soil Conservation Service.

23
VALORES DO NÚMERO DE DEFLÚVIO (N)

24
Observações: Grupo A: Solos arenosos com baixo teor de argila total, inferior a uns 8%;
não há rocha nem camadas argilosas e nem mesmo densificadas até a
profundidade de 1,5 m. O teor de húmus é muito baixo, não atingindo 1%.
Grupo B: Solos arenosos menos profundos que os do grupo A e com maior
teor de argila total, porém ainda inferior a 15%. No caso de terras roxas este
limite pode subir a 20% graças a maior porosidade. Os dois teores de húmus
podem subir, respectivamente, a 1,2 e 1,5%. Não pode haver pedras e nem
camadas argilosas até 1,5 m, mas é quase sempre presente camada mais
densificada que a camada superficial.
Grupo C: Solos barrentos com teror total de argila de 20 a 30%, mas sem
camadas argilosas impermeáveis ou contendo pedras até a profundidade de
1,2 m. No caso de terras roxas, estes dois limites máximos podem ser de
40% e 1,5 m. Nota-se a cerca de 60 cm de profundidade camada mais
densificada que no grupo B mas ainda longe das condições de
impermeabilidade.
Grupo D: Solos argilosos (30 – 40% de argila total) e ainda com camada
densificada a uns 50 cm de profundidade. Ou solos arenosos como B, mas
com camada argilosa quase impermeável ou horizonte de seixos rolados.
Grupo E: Solos barrentos como C, mas com camada argilosa impermeável
ou com pedras. Ou sem tal camada, mas o teor total de argila supera 40%.
No caso de terras roxas este teor pode subir a 60% (no caso D, 45%).
SR = sulcos retos; C = cultivo em contorno, paralelamente às curvas de nível;
T = terraceamento. No caso de estradas de terra, SR é quando as águas
pluviais são alojadas ao pé de barrancos, a C quando não atravessam a
estrada. A estimativa dos dados são na condição em que os solos
normalmente se encontram na estação úmida do ano.

Para o cálculo da precipitação efetiva, as seguintes relações são utilizadas:

1000
S  10
N

Pe 
P'0,2  S2
P'0,8  S
25
Onde:

N = Número da curva representativa do complexo solo-vegetação-utilização da


área;

S = Variável dependente da retenção e infiltração da bacia;

Pe = Precipitação efetiva, em polegadas;

P’ = Precipitação total, em polegadas.

A precipitação total é retirada das relações de altura-duração-recorrência, para


períodos de tempo unitário (∆t). Quando a área da bacia hidrográfica for maior que 25 km2,
a precipitação deverá ser corrigida, utilizando-se a seguinte expressão:


P'  P  1  0,10  log A
25

Onde:

P’ = precipitação total corrigida, em centímetros;

P = precipitação total real, em centímetros;

A = área da bacia hidrográfica, em quilômetros quadrados.

 Cálculo das Ordenadas do Hidrograma (Qi)

Para o cálculo das ordenadas do Hidrograma Unitário, procede-se da seguinte forma:

Para ti  tp, emprega-se a equação:

qp t i
qi 
tp
E, para ti > tp, emprega-se a equação:

tb  ti
qi  qp 
tr
Onde ti = duração da precipitação.

26
 Hidrograma de Projeto

Conhecidas as precipitações efetivas para cada duração, procede-se ao cálculo das


vazões de projeto através da “Álgebra dos Hidrogramas”, ou seja, multiplicando-se as
precipitações efetivas pelas ordenadas do Hidrograma Unitário, retiradas a intervalos de
tempo iguais ao intervalo unitário considerado.

Os valores das descargas do hidrograma de projeto serão dados por:

Qi = Pe1.qi + Pe2.qi-1 + Pe3.qi-2 +. . . . . + Pen.qi-(n-1)

c) Métodos Estatísticos Diretos

Estes métodos baseiam-se na análise probabilística dos registros fluviométricos


existentes em determinado curso d’água.

Para elaboração deste método são necessários alguns procedimentos / estudos


mínimos para determinação dos valores caudais de projeto, os quais são:

 Determinação da série de vazões máximas anuais (ideal que as séries históricas sejam
superiores a 25 anos);

 Análise de homogeneidade da série;

 Escolha da função de distribuição de probabilidade;

 Determinação das vazões máximas em função do período de recorrência.

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5. VAZÕES DE PROJETO

No presente projeto, não ocorrem travessias passíveis de modificações. Sendo


assim, estes estudos hidrológicos tiveram como objetivo dar subsídios para o
dimensionamento dos dispositivos de drenagem superficial.

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