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(Fabio de Rosa) (18100761) (AT6BAV) (Performance) Atônico
(Fabio de Rosa) (18100761) (AT6BAV) (Performance) Atônico
“ATÔNICO”:
Performance
RELEASE
CONCEITO
Em “Atônico” há uma ação de inserir-se no espaço comum e deixar-se sensibilizar pela passa-
gem de pessoas, natural do ambiente escolhido. Com os pés descalços e traje rotineiro, quer-se
adentrar no espaço sem produzir inquietude. O sujeito performático, estático, observa atônico
o andar apressado dos transeuntes e se comove pela passagem desenfreada e postura cristalizada
do povo presente. Se demonstra represado e incapaz de efetuar alarde na constância consolidada
do grupo. Se propõe ao encaixe resistente, atrelado ao duro piso da construção civil ou jardim
da metrópole. Ali se fecha e se coloca ao público diante de sua individualidade exacerbada,
avessa ao convívio duradouro, abismada com o desenrolar da sociedade e átona às demais com-
plexidades, que superariam o limite do sustentável para aquele corpo estarrecido. E ainda mais
pelo contato muito próximo com o calor de outros espantados, sem contar com os olhares re-
preensivos dos pedestres privativos. O eu performático estatela-se na fluidez organizada da es-
trutura caótica do espaço designado, sem saber comportar-se diante da turbulenta ação do con-
vívio. Os andantes passageiros nunca cessam o contato, para quem alheia-se da sapiência sobre
a bruta alteridade, no âmago de cada qual com seu próprio individualismo. A jornada imóvel
se desdobra sem grandes novidades para a estrutura orgânica ímpar, em meio ao emaranhado
de seres passantes da cidade. São situações, pelas quais passa, análogas entre si e cumulativas
no infindo decorrer estruturante e redentor chamado tempo. São discrepâncias tortuosas e inin-
terruptas naquela redoma, para aquele que desconsidera a estrutura cronológica massificante
engendrada pelos astutos antepassados, sobre os quais não tem conhecimento. Aquilo se opõe
e se decompõe pela força remanescente do ser. Em sua própria gangorra de pensamento, analisa
inquietamente as pistas de intimidade, como se pudesse aplicar aquele discernimento em seu
próprio relacionamento consigo mesmo. Perpassa sua paralisia ultrapassando os ritos de com-
portamento, intrínsecos ao contato transformador e necessário, da inevitável coletividade.
Tanto faz, quanto tanto fez, na rigidez anárquica dos seios da vida. Blasfema sua situação auto
infligida, mas resolve-se buscando evitar a posição rígida dos demais habitantes. Se pudesse
julgar pela comparação, estaria exercendo papel demasiadamente interessado, pelas peripécias
daqueles que, o mesmo, não demonstram. Não lhe atingem o ser calejado, acostumado já com
a aspereza dos desajeitados viajantes. Assim, retira-se pela desconsideração, tudo tem um fim,
e isso se espera. Tudo retira-se pelo cansaço. Não se insiste na mesma ação passiva e atônita
infinitamente sem que o ouçam gritar em sua ideia hipotética.
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LISTA DE IMAGENS
Fig. 1. Registro: Marina Abramovic e Ulay, “Imponderabilia”, 1977, performance, Art Basel (14-17 junho)