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1) Conceituação
HAS – condição multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados da PA.
Bastante associada a lesão de órgãos alvos ( LOA)– coração, rins, encéfalo e vasos sanguíneos e à
alterações metabólicas, aumentando o risco cardiovascular para eventos fatais e não fatais.
2) Impacto
Alta prevalência e baixo controle, um dos principais fatores de risco modificáveis e um dos mais
importantes problemas de saúde pública. DCV é a principal causa de morte no Brasil. Onera o
sistema de saúde.
3) Prevalência
HAS – prevalência acima de 30% no Brasil, aumentando essa prevalência se observarmos pessoas
acima de 60 anos. Aumenta a prevalência com a idade; até os 50 anos é mais comum entre homens,
depois iguala ou até inverte. Mais comum em pessoas de cor não-branca. Mais prevalente em
pessoas com sobrepeso e obesidade. Relacionada com ingesta de sal elevada e à ingestão crônica de
álcool. Está ligada também ao sedentarismo, escolaridade baixa, predisposição genética e outros
fatores de risco CV.
4) Prevenção primária
Medidas não medicamentosas (alimentação saudável, controle do consumo de sal e álcool, ingestão
de potássio, combate ao sedentarismo e ao tabagismo). Medida medicamentosa só indicada para
indivíduos com PA limítrofe se associado a alto ou muito alto risco CV associado.
5) Definição
PA sistólica > 140mmHg e/ou diastólica> 90mmHg em medidas em consultório em condições
ideais por no mínimo 3 vezes.
6) Mecanismo da hipertensão
PA = Débito cardíaco x resistência vascular periférica
Débito cardíaco = frequência cardíaca x volume sistólico
sódio ativa mecanismos neurais, endócrinos e vasculares com potencial de aumentar a PA.
Atividade simpática aumenta ou sustenta elevada PA.
sistema renina angiotensina aldosterona também são responsáveis por vasoconstrição e retensão de
sódio, que aumentam a PA.
Vasos sanguíneos com diminuição da sua luz por aterosclerose, diminuição da complacência etc
aumentam a resistência vascular periférica, contribuindo para hipertensão.
7) Técnica ideal:
• Explicar procedimento para o paciente, deixá-lo em repouso por 5 minutos em ambiente
calmo, instruí-lo a não conversar durante o procedimento.
• Verificar que ele NÃO: está de bexiga cheia, praticou exercícios físicos há menos de 60 min,
ingeriu café, álcool ou alimentos, fumou nos 30 min.
• Posicionar paciente sentado, pernas descruzadas, pés encostados no chão, dorso recostado na
cadeira e relaxado, braço na altura do coração, sem roupas sobre o braço, apoiar o braço
com a palma para cima, e cotovelo ligeiramente fletido.
• Selecionar a medida do manguito adequada.
• Colocar manguito sem folgas 2 a 3 dedos acima da fossa cubital.
• Centralizar o meio da parte compressiva do manguito acima da artéria braquial.
• Estimar a pressão sistólica pela palpação da radial.
• Colocar a campânula sobre a artéria braquial
• insuflar rapidamente 20 a 30mmHg acima da PS estimada
• desinsuflar lentamente (2mmHg por segundo)
• determinar a PS (1 som de korotkoff) e a PD ( 5 som de korotkoff)
• escutar 20 a 30 mmHg após o ultimo som e após desinsuflar rapidamente.
• Se os sons durarem até o zero, considerar PS a quarta fase de korotkoff e anotar
PS/PD/ZERO
• informar valores ao paciente, anotar valores e o braço que foi mensurado.
8) Classificação
Classificação Pressão Sistólica Pressão Diastólica
Ótima <120mmHg <80mmHg
Normal <130mmHg <85mmHg
Limítrofe 130-139mmHg 85-89mmHg
Hipertensão grau 1 140-159mmHg 90-99mmHg
Hipertensão grau 2 160-179mmHg 100-109mmHg
Hipertensão grau 3 >180mmHg >110mmHg
Hipertensão sistólica isolada >140mmHg <90mmHg
9) Cuidados Especiais:
Crianças devem ser mensuradas em todas as consultas a partir dos 3 anos, utilizar tabelas especiais
(consideram altura, idade e sexo); idosos podem ter com mais frequência os hiatos auscultatórios
(desaparecimento de som à defleção do manguito) resultando em PAS falsamente baixa ou PAD
falsamente alta. Também é comum nos idosos a pseudo-hipertensão decorrente de enrijecimento dos
vasos que pode ser detectada pela manobra de Osler. Ainda é mais comum nos idosos efeito do
avental branco, arritmias e hipotensão postural, que podem dificultar a mensuração. Em pacientes
obesos deve ser utilizado um manguito do tamanho apropriado. Gestantes também merecem
atenção especial.
Para fazer o cálculo de RCV global seguir os passos: 1)identificar doença aterosclerótica ou
equivalentes (diabetes melitus, doença renal crônica e hipercolesterolemia familiar), caso
identificada o paciente já é considerado alto risco; 2) se não se enquadrar em nenhum dos quadros
do item 1, utilizar a tabela de escore de risco global (tabelas abaixo), se o paciente apresentar abaixo
de 5% é risco baixo (menos se apresentar como fator histórico de DCV precoce na família, sendo
intermediário), de 5% a 10% na mulher é risco intermediário e de 5% a 20% no homem é também
intermediário. Acima disso é risco alto.
12) Decisões e medidas terapêuticas
O tratamento é constituído de medidas não medicamentosas e medicamentosas. Para escolha do
tratamento, são levados em conta os níveis de PA, LOA, fatores de risco e DCV estabelecida.
Abordagem pacientes grau 2 e 3 ou risco cardiovascular alto, independente do estágio:
deve ser instalado imediatamente o tratamento medicamentoso, associado às medidas não
medicamentosas, nos pacientes com PA > 160/100 ou em portadores de risco cardiovascular alto.
Abordagem pacientes grau com risco CV baixo ou moderado: tentar primeiramente a
terapia não farmacológica (3 meses para risco baixo e 6 meses para risco moderado) se não
controlar a PA com a terapia não farmacológica, incluir então a farmacológica.
Abordagem pacientes limítrofes: tratamento não medicamentoso. Fármacos podem ser
considerados para pacientes com história prévia de DCV ou com risco CV alto.
Abordagem hipertensivos idosos: recomenda-se uso de anti-hipertensivos em idosos com
PA >140/90 desde que bem tolerado e levando em consideração as características do indivíduo.
Idosos acima de 80 anos a recomendação passa para PAS acima de 160.
Hipertensão sistólica isolada no jovem: geralmente não causa grandes repercussões e pode
ser tratada com método não medicamentoso e monitorização de LOA, se houver risco CV alto
iniciar medicamentoso. Se a PAD também estiver aumentada seguir o padrão de indicação
tradicional.
Resumo das abordagens:
Metas de tratamento:
Fisiopatogenia
Aumento do volume intravascular, da RVP ou produção reduzida de vasodilatadores endógenos
precipitam maior vasorreatividade e resultam na crise. A capacidade regulatória está comprometida,
principalmente no cérebro e nos rins, provocando isquemia de órgãos alvo.
Investigação clínica e laboratorial complementar
Medir a PA em ambos os braços, ambiente calmo e repetidas vezes (no mínimo 3) até estabilizar.
Coletar informações sobre a PA usual do paciente e situações que possam ter levado ao agravo (dor,
sal, ansiedade), comorbidades, uso de fármacos anti-hipertensivos ou fármacos que possam
aumentar a PA. avaliar para pesquisar LOA: 1) sistema cardiovascular (dor ou desconforto de tórax,
pescoço, abdome ou dorso, dispneia, fadiga, tosse, verificar FC, ritmo, alteração de pulso, galope,
sopros, estase jugular, sinais de congestão. ECG, monitorização eletrocardiográfica, saturação de
O2, raiox de tórax, ecocardiograma, marcadores de necrose miocárdica, hemograma com plaquetas,
LDH, angiotomografia e punção lombar). 2) sistema nervoso (tontura, cefaleia, alteração de visão,
audição ou fala, nível de consciência ou coma, agitação, delírio ou confusão mental, deficits focais,
rigidez de nuca, convulsão. Tomografia, RNM, punção lombar). 3)sistema renal ou geniturinário:
alterações no volume ou frequencia de micção ou aspecto da urina, hematúria, edema, desidratação,
massas e sopros abdominais. Exames: urina 1, creatininemia, ureia sérica, Na, K, Cl e gasometria).
4) fundoscopia (papiledema, hemorragias, exsudatos, alterações de vasos com espasmos,
cruzamentos arteriovenosos patológicos, espessamento da parede arterial e aspecto de fio de prata e
cobre).
Tratamento geral da crise hipertensiva
Iniciar o tratamento após um tempo de observação em ambiente calmo para afastar pseudocrises
hipertensivas. Captopril, BB e clonidina são os anti-hipertensivos orais usados para baixar a pressão
gradualmente em 24 a 48 horas. O tratamento na emergência hipertensiva deve visar a redução
rápida da PA para evitar a progressão das LOA, o paciente deve ser admitido na UTI e tratado com
anti-hipertensivos IV e serem monitorados cuidadosamente. Recomendação: diminuição da PA 25%
na primeira hora, diminuição da PA para menos de 160/100-110mmHg em 2-6 horas e diminuição
da PA para menos de 135/85mmHg em 24 a 48h. Mas o tratamento da EH vai depender de qual
órgão está sendo levado, então precisamos diagnosticar a LOA para definir o tipo de tratamento.
AVE: hemorrágico (pacientes com PAS de 150 a 220 mmHg sem contraindicações do
tratamento infundir por 1 hora anti-hipertensão com monitorização da PA de 5 em 5 minutos até
redução aguda da PAS para 140mmHg. Para pacientes com PAS acima de 220mmHg, considerar
redução aguda da PA com infusão IV de anti-hipertensivo e monitorização contína da PA) e
isquêmico (paciente sem indicação trombolítica e PA maior de 220/120 mmHg não se deve reduzir
a PA mais que 15 a 20%, mantendo PAD entre 110-110mmHg).
Síndromes coronarianas agudas: Angina instável, IAM com ou sem supra de ST
(nitroglicerina IV nas primeiras 48 horas para HA, isquemia persistente e IC. BB se não houver
evidência de IC, baixo débito e outras contraindicações, iECA.
Edema agudo de pulmão: controlada em UTI com medição parenteral, controle e diminuição
gradual da PA.
Dissecção aguda de aorta: PAS alvo de 120mmHg deve ser alcançada em 20 minutos. NPS +
BB. Trimetafan se houver contraindicação ao NPS ou BB.
Uso de substâncias ilícitas (cocaína, crack, ecstasy): BB, alfabloqueadores e bloqueadores
do canal de cálcio.
Lesão renal aguda rapidamente progressiva: hidralazina, diurético de alça e BB. Pode-se
considerar NPS se não houver resultado até diálise.
Pré eclampsia: hidralazina, nitroprussiato de sódio e sulfato de magnésio.
Insuficiência Cardíaca
conceitos em cardio
DC = VS x FC (4 a 6 L por minuto)
lei de frank starling: capacidade do coração de aumentar a força de contração quanto maior for a
distensão das fibras (maior retorno venoso leva a maior força de contração), mas essa lei tem um
limite.
Pré carga: volume diastólico final
pós carga: resistência vascular periférica
volume diastólico final: 120 a 130ml e volume sistólico final: 50-60ml.
O coração sofre controle intrínseco, aumentando o VS conforme o aumento do retorno venoso, pelo
mecanismo de frank starling e aumento da FC, além de sofrer controle extrínseco pelo SNA, por
meio do simpático com as fibras adrenérgicas e parassimpático pelas fibras colinérgicas.
Conceito de IC
Síndrome clínica complexa de caráter sistêmico, definida como disfunção cardíaca que ocasiona
inadequado suprimento cardíaco para atender as necessidades metabólicas tissulares na presença de
retorno venoso normal ou fazê-los somente com elevadas pressões de enchimento.
Atualmente, a IC é definida como uma síndrome clínica complexa na qual, em decorrência de
injúria funcional ou estrutural do enchimento ventricular ou da ejeção do sangue, o coração não
suprime o sangue para a circulação de forma apropriada aos tecidos, resultando em conjunto de
sinais e sintomas no paciente. Esses sinais e sintomas são desencadeados pela ativação de sistemas
neuro-hormonais e moleculares, como adrenérgico, angiotensina-aldosterona, que, em conjunto
com fatores géneticos e ambientais, determinarão o remodelamento cardíaco.
Etiopatogenia
pode ser relacionada a redução do débito cardíaco, a elevação da pressão pulmonar e venosa
sistêmica ou IC de débito normal ou elevado.
Também pode ser classificada com IC sistólica, diastólica e de alto débito.
Abordagem do paciente
objetivos:
• confirmar diagnóstico
• investigar etiologia e possíveis fatores precipitantes
• definir modelo fisiopatológico
• estimar prognóstico
• identificar pacientes que possam se beneficiar de intervenções terapêuticas específicas
Possíveis etiologias:
História Clínica:
Quadro Clínico
• cansaço e intolerância progressiva aos esforços
• dispneia
• dispneia paroxística noturna
• noctúria
• ortopneia
• confusão mental
• náuseas
• dores abdominais
• tosse
• dor torácica
Exame físico:
• veias cervicais ingurgitadas
• estertores pulmonares
• derrames pleurais
• deslocamento do ictus
• B3 (FEVE baixa, IC sistólica, coração dilatado)
• B4 (FEVE normal, IC diastólica, coração hipertrofiado)
• hepatomegalia
• ascite
• edemas
• pulsos pouco amplos
• IC esquerda: sintomas respiratórios, dispneia, ortopneia, sem elevação da pressão venosa
• IC direita: aumento da pressão venoda, hepatomegalia, ingurgitamento de jugular, ascite,
edema de MMI, etc
Escala de Framingham
Critérios Maiores Critérios Menores
Dispneia Paroxística noturna Dispneia aos esforços
Ingurgitação jugular Edema maleolar
Crepitações Tosse noturna
Cardiomegalia hepatomegalia
Edema agudo de pulmão Derrame pleural
Pressão venosa aumentada Taquicardia (>120bpm)
Reflexo hepatojugular
Perda de peso >4,5Kg
Diagnóstico de ICC: 2 critérios maiores ou 1 maior e 2 menores
Diagnósticos Diferenciais
• Isquemia miocárdica
• doenças pulmonares
• apneia do sono
• obesidade
• TEP/TVP
• anemia
• insuficiência hepática e renal
• hipoalbuminemia
• ansiedade e depressão
• hiperventilação
• descondicionamento
Exames
Eletrocardiograma:
ECG normal tem valor preditivo negativo de 90% para excluir disfunção sistólica
fibrilação atrial e sobrecarga atrial e/ou ventricular esquerda são os achados mais comuns em
pacientes com IC.
Bloqueios de ramo esquerdo e zonas inativas em parede anterior são bons preditores de disfunção
sistólica
identificação de bradiarritmias ou taquicardias (flutter atrial ou fibrilação atrial) que podem ser
causas ou fatores precipitantes de IC
zonas inativas → suspeita de etiologia isquêmica
bloqueio de ramo direito, isolado ou com bloqueio divisional ântero-superior → doença de chagas
hipertrofia de VE: onda R de V5 ou V6 + onda S de V1 ou V2 excede 35mm
largura do QRS: fator prognóstico
radiografia de tórax:
Cardiomegalia com índice cardio-torácico >0,5 associada a sinais de congestão pulmonar
(redistribuição vascular para os ápices, edema intersticial e/ou alveolar e derrame pleural) são úteis
marcadores de disfunção ventricular ou elevação das pressões de enchimento. No entanto, IC pode
ocorrer sem cardiomegalia, principalmente em pacientes com IC aguda ou com função sistólica
preservada.
Avaliação laboratorial:
• Hemograma (anemias podem ser causa, fator precipitante ou consequência da IC)
• eletrólitos (distúrbios eletrolíticos – hipocalemia é EA comum de diuréticos e pode causar
arritmias fatais e potencializar intoxicações por digitálicos, hipercalemia pode complicar o
tratamento com iECA, BRA, beta-bloqueadores e espironolactona)
• função renal (co-morbidades, débito cardíaco reduzido pela cardiopatia ou efeito do próprio
tratamento)
• função hepática – congestão
• BNP - peptídeo natriurético atrial liberado pelos miócitos ventriculares quando as fibras são
estiradas pela sobrecarga de volume e aumento da tensão nas paredes. Possui alto valor
preditivo negativo.
• Ecocardiograma: um método rápido, seguro e largamente disponível que fornece diversas
informações funcionais e anatômicas de grande importância. É útil na confirmação
diagnóstica, avaliação da etiologia, do modelo fisiopatológico, do modelo hemodinâmico,
do prognóstico e para indicar possíveis alternativas terapêuticas.
Estadiamento
NYHA:
classe 1 – taxa de sobrevida em 1 ano >95%
classe 2 – taxa de sobrevida em 1 ano 80-90%
classe 3 – taxa de sobrevida em 1 ano 55-65%
classe 4 – taxa de sobrevida em 1 ano 5-15%
Tratamento da IC
Não farmacológico
• dieta (normocalórica e normoproteica)
• sódio (2 a 3g por dia, principalmente nos estágios mais avançados)
• líquidos: considerar quadro clínico, de modo geral ingesta permissiva de 1 a 1,5L por dia
• álcool: proibitivo, porém 20 a 30ml de vinho tinto ao dia em pacientes classe I ou II podem
ser benéficos na vigência de coronariopatias
• monitoramento do peso corporal para identificar caquexia cardíaca ou congestão
• prevenir fatores agravantes: vacinação para evitar influenza e pneumonia, cessação do
tabagismo, abstinência total de drogas ilícitas
Tratamento farmacológico
Síndrome coronariana
Anatomia das coronarias
Originadas dos seios de valsava direito e esquerdo, segue pelos seios atrioventriculares originando
os troncos coronarianos, formam uma coroa sobre o miocárdio, penetram na massa do miocárdio e
formam uma rede capilar muito vasta, com proporção de 1 capilar por miócito. O diâmetro de um
capilar permite a passagem de uma hemácia por vez, formando uma fila indiana, lentificando o
fluxo. Quando fecha as semilunares, abre os óstios coronarianos, mais de 90% do fluxo capilar
coronariano se dá na diástole. Obs: segundo a lei de poiseulle pequenas alterações no raio do vaso
causam grande aumento no fluxo.
Etiopatogenia
Aterosclerose é uma doença que não se restringe ao coração, pode ocorrer doença cardiovascular,
doença de artéria periférica e doença coronariana. A aterosclerose é principalmente causada pelos
seus fatores de risco, sendo alguns deles modificáveis e outros não modificáveis. A presença dos
fatores de risco ao longo dos anos leva a formação da placa aterosclerótica.
Fatores de risco
Diagnóstico
pacientes sintomáticos
• dor torácica típica: angina desencadeada por esforço físico ou estresse emocional
(localização retroesternal, epigástrica, mandibular ou dorsal), geralmente melhora com
repouso ou uso de vasodilatadores quando estável. Se persistir mesmo com repouso ou
vasodilatadores, pensar em instável.
• Quadro anginoso exuberante – obstrução >70% do lúmen
• quadro anginoso típico sem obstrução significativa: síndrome X (Mulheres depressivas, em
perimenopausa, um vasoespasmo muito aumentado, causando redução de fluxo), fluxo
coronariano lento e angina de prinzmetal
• quadros mais frequentes durante o inverno e de madrugada (vasoconstrição pelo frio e estase
sanguínea pela posição deitada)
• exame físico pouco conclusivo (pode haver alterações na ausculta, hipertensão, crepitações,
mas associadas a outras doenças)
Diagnósticos diferenciais
• pleurites
• dissecção aguda de aorta
• pancreatites
• ulceras perfuradas
• pneumonias
• pericardites
• ansiedade
• espasmo da cárdia
• TEP
exames complementares
Eletrocardiograma
Na maioria das vezes sem alterações de processos isquêmicos ou necróticos
Rx de tórax
histórico de ICC e DAC, pouco útil nas fases estáveis
Ecocardiografia
Boa para diagnóstico e prognóstico.
CAT (cateterismo)
• Angina estável (CCS III ou IV) a despeito do tratamento clínico
• Alto risco em testes não invasivos, independentemente da angina
• Angina e sobreviventes de parada cardíaca ou arritima ventricular grave
• Angina e sintomas/sinais de insuficiência cardíaca congestiva
• Diagnóstico incerto após testes não invasivos, nos quais o benefício de um diagnóstico
preciso supera os riscos e custos da cinecoronariografia
• Impossibilidade de se submeter a testes não invasivos por incapacidade física, doença ou
obesidade
• Profissões de risco, que requerem um diagnóstico preciso (ex. Piloto de avião)
• Pacientes com informações prognósticas inadequadas após testes não invasivos
• Múltiplas internações por dor torácica, em que o diagnóstico definitivo é julgado
necessário
• Comorbidades significativas, em que risco da angiografia supera os benefícios do
procedimento
• Angina estável que responde ao tratamento medicamentoso e sem evidências de
isquemia em testes não invasivos
• Preferência por evitar a revascularização
Tratamento
Objetivos:
• prevenir IAM e reduzir mortalidade
• reduzir os sintomas e a ocorrência de isquemia miocárdica
• melhor qualidade de vida
Não farmacológico
Mudança no estilo de vida: higienodietéticas
Farmacológico
• antiagregante plaquetário
• anticoagulante
• hipolipemiante (favorecer ação do HDL e diminuir LDL)
• bloqueio do sistema renina angiotensina aldosterona (diminuir a RVP)
• redutores de sintomas de isquemia miocárdica
anticoagulantes:
Antiagregantes plaquetários
Inibidores enzimáticos: Inibidor de ciclooxigenases (AAS – Ácido acetilsalicílico (aspirina) – de
35mg até 100 mg ECs: úlceras, sangramentos ocultos, alergias e anemias) e inibidores de
fosfodiesterase: dipiridamol
Inibidores de receptores: inibidores de receptores de ADP (Ticlopidina, Clopidogrel – 75mg ao dia,
tendo o mesmo efeito de inibição do AAS -mesmos cuidados) Prasugrel
Antagonistas de GPIIb-IIIa: tratam angina instável (Eptifibatide, tirofiban, abciximab)
Anticoagulantes
Para pacientes portadores de doenças crônicas, que fizeram angioplastias e outras indicações
Inibidores diretos de trombina: Bivalirudina, lepirudina, argatroban e dabigatran; fondaparinux
(inibidor sintético do Fator Xa)
Antagonistas da Vitamina K (anticoagulantes orais): varvarina (pacientes com risco aumentado de
formação de trombos. Toma-se, no máximo, 5 mg ao dia). Só realiza ambulatorialmente em caso de
fibrilação atrial e outras coisas. São utilizados no manejo das síndromes coronarianas agudas e
durante as intervenções coronarianas percutâneas para anticoagulação terapêutica e profilática
Hipolipemiantes
Estatinas atuam sobre a HMG-CoA Redutase, inibindo a formação de colesterol, e
consequentemente, de LDL. Impede formação de mevalonato, que posteriormente geraria o
colesterol.
Principal representante é a sinvastatina (até 40mg ao dia), sendo medida a CK total para ajuste de
dose. Está no sistema único de saúde e é gratuita
2 estatinas atuam na redução da placa: atorvastatina (em doses de 80mg ao dia) e rosuvastatina (30
mg ao dia). Porém, tais drogas são de preços mais elevados
Fibratos: Segunda classe de hipolipemiante (estatinas são preferidas para problemas relacionados
com hipercolesterolemia, enquanto os fibratos o são para casos de hipertrigliciridemia)
Citrofibrato (100 mg ao dia): Atua na PPAR alfa, que atua na síntese de ácidos graxos. Essa síntese
é diminuída. Outras funções do PPAR alfa incluem aumento da apolipoproteína A, causando
aumento de beta-oxidação e queda da síntese de triglicerídeos e secreção hepática de VLDL; além
da queda de apoproteínas C.
Ezetimiba (apresentação de 10mg): Diminui a absorção do colesterol em nível intestinal, utilizada
em casos de contraindicação para as estatinas (pode ser associada a ela), objetivo é manter o LDL
abaixo de 70 mg/dl
IECA e BRA
impede a conversão de Angiotensina I em Angiontensina II, controlando a pressão arterial; além de
impedir a conversão da bradicinina em produtos inativos, sendo que ela é responsável por produzir
prostaglandinas e óxido nítrico, os quais contribuem para a vasodilatação (e reduzem o problema de
angina, por exemplo). A utilização de BRA será uma alternativa à intolerância ao IECA
Betabloqueadores
Diminui a frequência cardíaca, aumentando a força de contração, através de um antagonismo
competitivo com a noradrenalina.
Propranolol (até 160mg ao dia), Acebutalol, Esmolol, Metoprolol, Atenolol , Timolol , Carvedilol e
Bivolol
Ivabradina
Inibição seletiva pela frequência do feixe I. Reduz a frequência cardíaca, melhorando o enchimento
Angina instável
• Dor precordial tipo peso, opressão, garra, queimadura que não alivia com o repouso
• Irradiação para o epigástrio, pescoço, maxilar inferior, MS esquerdo
• Surge após pequenos esforços ou repouso
• Duração > 20 minutos
• Padrão crescente
• Sintomas associados: náuseas, sudorese, dispneia, palidez, pele fria, hipotensão, taquicardia.
Sensação iminente de morte
• Pode evoluir para necrose – IAM
Etiopatogênese da aterosclerose
• Placa estável
• Placa instável com trombos (quando rompe a placa e forma trombo)
Marcadores bioquímicos
Marcadores bioquímicos de lesão miocárdica devem ser mensurados em todos os pacientes com
suspeita de SIMI. Os marcadores devem ser medidos na admissão e repetidos pelo menos uma vez,
6-9 horas após (preferencialmente 9-12 horas após o início dos sintomas), caso a primeira dosagem
seja normal ou discretamente elevada
CK-MB massa e troponina são os marcadores bioquímicos de escolha
• Terapia antitrombótica
• Ácido acetilsalicílico
• Clopidogrel
• Inibidores da glicoproteína Iib-IIIa
• Anticoagulantes
• Heparina não fracionada
• Heparina de baixo peso molecular
Síndrome coronariana aguda – IAM com supra de ST
Para que o diagnóstico de IAM seja realizado é necessário a presença de pelo menos dois dos
seguintes critérios: história ou dor precordial do tipo isquêmica, alterações evolutivas no ECG e nos
marcadores séricos de necrose miocárdica
Onda Q patológica é pelo menos 2/3 do tamanho da onda R
Não esquecer a possibilidade do aparecimento de bloqueio de ramo esquerdo(o que é um sinal de
infarto)
Curva enzimática
• A mais precoce é a mioglobina (0-16 horas, com pico em cerca de 4 horas)
• Em torno de 16 horas, o pico é de CK-MB
• A troponina começa a subir até chegar ao seu pico, em 24 a 48 horas, podendo perdurar por
10 a 14 dias
Tratamento
• Sala de emergência ou de dor torácica
• MONABCH
• Terapia de reperfusão
• 1- Trombólise
• Em caso de ausência de centros de referência para angioplastia em regiões próximas da
cidade onde está tratando o paciente
• Estreptoquinase
• R-TPA (até 50mg)
• Com 30 minutos de dor, quase não se perdeu miocárdio ainda, e a trombólise é ideal,
mas ela pode ser usada por até 12 horas.
• 2- Angioplastia transluminal coronária
• Posteriormente, deve-se estratificar o risco do paciente, encaminhá-lo para uma unidade
coronariana, tratar suas complicações e discutir a necessidade de CRVM (Cirurgia de
revascularização do miocárdio, chamada de ponte de safena).