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Linguagem, Língua e

Linguística
Docente: Maria Cristina Vieira de Figueiredo Silva
macrisfig@uol.com.br
“A linguística é definida, na maioria dos manuais
especializados, como a disciplina que estuda
cientificamente a linguagem.”

O que significa o termo linguagem?


O que é língua?
O que significa estudar cientificamente a linguagem?

MARTELOTTA, Mário Eduardo (Org.). Manual de linguística. São Paulo: Contexto, 2008.p.15.
Linguagem

• No sentido amplo: “é mais comumente empregado para referir-se


a qualquer processo de comunicação, como a linguagem dos
animais, a linguagem corporal, a linguagem das artes, a linguagem
da sinalização, a linguagem escrita etc”.

• Entendendo a linguagem como uma habilidade, os linguistas


definem o termo como a capacidade que apenas os seres
humanos possuem de se comunicar por meio de línguas.

MARTELOTTA, Mário Eduardo (Org.). Manual de linguística. São Paulo:


Contexto, 2008.p.15,16.
Linguagem
• Quando falamos, então, que os linguistas estudam a
linguagem, queremos dizer que, embora observem a
estrutura das línguas naturais, eles não estão interessados
apenas na estrutura particular dessas línguas, mas nos
processos que estão na base da sua utilização como
instrumentos de comunicação. [...] o linguista não é
necessariamente um poliglota ou conhecedor do
funcionamento específico de várias línguas, mas um
estudioso dos processos através dos quais essas várias
línguas refletem, em sua estrutura, aspectos universais
essencialmente humanos.

MARTELOTTA, Mário Eduardo (Org.). Manual de linguística. São Paulo:


Contexto, 2008.p.15,16.
Linguagem

• Saussure (1969): É multifacetada e envolve uma


complexidade e uma diversidade de problemas que
suscitam a análise de outras ciências, como psicologia,
antropologia, etc., ou seja, além da investigação
linguística e, portanto, não presta para objeto de
estudo da linguística.

FIORIN, José Luiz (Org.). Introdução à linguística: I. Objetos


teóricos. São Paulo: Contexto, 2006. p.14.
Língua
• É normalmente definida como sistema de signos vocais (ou gestuais, no
caso da língua de sinais), utilizado como meio de comunicação entre
membros de um grupo social ou de uma comunidade linguística.
• Saussure (1969): “É um sistema de signos” exterior ao falante.
• “É produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções
necessárias, adotadas pelo social para permitir o exercício dessa faculdade
nos indivíduos”.
• A língua pressupõe a fala.
• Chomsky (1957): é a competência do falante (em oposição ao
desempenho) – é a porção de conhecimento do sistema linguístico do
falante que lhe permite produzir o conjunto de sentenças de sua língua;
conjunto de regras;
• “Um conjunto (finito ou infinito) de sentenças, cada uma infinita em
seu comprimento e construída a partir de um número finito de
elementos”
• “é a capacidade inata e específica da espécie”.
FIORIN, José Luiz (Org.). Introdução à linguística: I. Objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2006. p.14.
Características da
Linguagem Humana
1. Uma técnica articulatória complexa
(1) cata X gata
(2) pote X bote
(3) Porto (atracação de navios) X porto (verbo
portar 1ps)

(4) tia X tchia


(5) moderno X muderno
2. Uma base neurobiológica composta de centros nervosos que são utilizados na
comunicação verbal

Articulação dos
sons de maneira
deficiente e
dificuldade séria
de formar
frases. Porém
compreende o
que seus
interlocutores
falam. Fala fluente, boa pronuncia e
sintaticamente bem formada.
Perda da capacidade de produzir
enunciados com significado bem
como a perda da capacidade de
compreensão.
3. Uma base cognitiva que rege as relações entre o homem e o mundo
biossocial e, consequentemente, a simbolização ou representação
desse mundo em termos linguísticos;

 O funcionamento mental – processos associados à nossa capacidade de


compreender a realidade que nos cerca, armazenar organizadamente na
memória as informações consequentes dessa compreensão e transmiti-
las aos nossos semelhantes em situações reais de comunicação.

 Relação entre o uso da linguagem e o funcionamento da mente:

1. Hipótese do relativismo linguístico – Início do séc. XX – por Edward


Sapir e Benjamin Lee Whorf – cada língua segmenta a realidade de um
modo peculiar e impõe tal segmentação a todos os que a falam (sol &
lua);
2. Hipótese dos universais linguísticos (Chomsky) – o pensamento
humano apresenta uma espécie de organização interna e universal.
MARTELOTTA, Mário Eduardo (Org.). Manual de linguística. São Paulo:
Contexto, 2008.p.18.
4. Uma base sociocultural que atribui à linguagem humana os aspectos
variáveis que ela apresenta no tempo e no espaço;

• Fonético-fonológica (som): po[r]ta,


• Lexical (vocabulário): tangerina, mexerica.
• Morfológica (morfemas): pega/ pegue;
• Sintática (estrutura): Dê-me/ Me dê ; Fui à casa da Maria/ Fui à casa de
Maria
• Semântica: Rapariga; Regue;

As línguas variam e mudam.

MARTELOTTA, Mário Eduardo (Org.). Manual de linguística. São Paulo:


Contexto, 2008.p.19.
5. Uma base comunicativa que fornece os dados
que regulam a interação entre os falantes

Ex1: (Dupla negação) Não quero não. / Num


quero não.
Ex2: (Pronomes referenciais) Esse aqui. / Esse aí.

MARTELOTTA, Mário Eduardo (Org.). Manual de linguística. São Paulo:


Contexto, 2008.p.19-20.
Linguística
A linguística como estudo científico
• Para um estudo científico da linguagem é necessário se construir
uma teoria geral sobre o modo como a língua se estrutura e
funciona;
• O papel do linguista é sistematizar sua observações sobre a
linguagem, relacionando a uma teoria linguística.

O estudo científico da linguagem deve-se à fidelidade de


alguns requisitos:
1º. Objeto de estudo: a capacidade da linguagem, observada nos
enunciados falados e escritos.
2º. Ser empírica: trabalhar com dados verificáveis por meios de
observação e experiências. O Linguista não pode ser
preconceituoso quanto às diferenças (sintáticas ou fonéticas, por
ex.) encontradas entre as línguas. A linguística não é prescritiva,
ao contrário, ela é descritiva e analítica.
MARTELOTTA, Mário Eduardo (Org.). Manual de linguística. São Paulo:
Contexto, 2008.p.20-21.
A postura metodológica adotada na linguística
considera, sobretudo:

• Todas as línguas e todas variedades são adequadas para


estudo;
• A língua falada tem características próprias e se constitui
como foco de investigação da linguística, uma vez que se
manifesta de modo natural.através da observação da sua
manifestação oral ou escrita;
• O linguista deve executar duas tarefas principais:
i) estudar as línguas particularmente, para produzir
descrições adequadas de cada uma delas;
ii) estudar a natureza das línguas de modo geral.
MARTELOTTA, Mário Eduardo (Org.). Manual de linguística. São Paulo:
Contexto, 2008.p.20-21.
Linguística e sua relação com outras ciências
• No início do séc. XX, com o lançamento do Curso de Linguística Geral,
iniciaram-se os estudos linguísticos com base em um metodologia que
visava a analisar, descrever e estudar as línguas.

• Os estudos sobre a linguagem podem ser divididos em duas faces:


1 – Relação de interface com outras ciência cujo foco não é a linguagem
(ex. sociologia, filosofia)
2- Relação de proximidade com ciências que estudam a linguagem (ex.
filologia, gramática tradicional, semiologia)
FIORIN, José Luiz (Org.). Introdução à linguística: I.
Objetos teóricos. São Paulo: Contexto, 2006.
(Capítulos: 4, 6, 7 e 10).

MARTELOTTA, Mário Eduardo (Org.). Manual de


linguística. São Paulo: Contexto, 2008. (Capítulos: 1,
2, 4, 5 e 13)

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