Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Objetivos
Esta Unidade Didática específica visa os seguintes objetivos:
Pré-requisitos
Nenhum.
1
avançado, que vai à frente da patrulha. Para os militares, o esclarecedor é o indivíduo empenhado em pequenas
missões de reconhecimento, para tanto, podendo ser um elemento destacado à frente ou nos flancos (laterais)
de um grupo ou equipe de militares que se desloca, a fim de reconhecer o itinerário, ou mesmo com a função de
reconhecer um trecho do terreno, sendo então, nada mais que um vigia que muda cons-tantemente o seu posto
de observação (PO). Geralmente trabalhando aos pares.
6-4. Um esclarecedor (batedor/explorador) tem por missão a responsabilidade de observar sem ser
percebido pelo seu inimigo e também a prestar todas as informações colhidas ao seu comandante, durante o
cumprimento da missão. Um esclarecedor militar “não deve atirar”, a não ser para se defender ou dar um
alerta. Por ai, podemos verificar que a importância de um esclarecedor militar não é o combate, mas sim o
levantamento de informações ao seu canal superior hierárquico.
6-5. Vulgarmente, essa missão individual é conhecida como “batedor”.
6-6. Até o momento, fora alguns parcos livros publicados especificamente sobre rastreamento humano e
rastreamento de combate, não encontramos literatura em Língua Portuguesa sobre Reconhecimento Terrestre,
a não ser alguns manuais militares, sendo que os únicos abertos ao público foram disponibilizados na Biblioteca
virtual do Exército Brasileiro, que são os manuais de campanha edições de 1986, o C 21-74 Instrução Individual
para o Combate e C 21-75 Patrulhas. Fora esses, não encontramos nenhuma outro referencial detalhado sobre
as missões de reconhecimento terrestre, bem como sobre as funções desempenhadas dentro de uma patrulha
de reconhecimento.
6-7. RESSALTA-SE QUE MUITAS TÉCNICAS APRESENTADAS EM TAIS MANUAIS PODEM SER ADAPTADAS,
COM TODA TRANQUILIDADE, A SITUAÇÕES CIVIS, como por exemplo, para equipes de resgate e salvamento em
áreas de matas ou montanhas.
6-8. Trazendo ainda um paralelo histórico, Sir Baden Powell foi um tenente-general do Exército Britânico que
quando era major, participou de uma campanha contra os Matabele, na Rodhésia, local de onde adquiriu suas
experiências para adquirir os fundamentos do escotismo. Em 1907 reuniu um grupo de 20 jovens, para a ilha de
Browsea, no Canal da Mancha, sendo o primeiro acampamento de escoteiros do mundo.
6-9. O que conhecemos como “escoteiros”, no Brasil, refere-se a grupos de jovens que são organizados e
treinados dentro da filosofia criada por Baden Powell, mas aqui salientamos parte da história justamente pelo
fato do seu significado na língua inglesa, que é “boy scout” (esta última palavra se pronuncia “SCAUT”).
6-10. Na terminologia militar americana e inglesa, o termo “scout” é empregado até os dias de hoje para
designar justamente o “esclarecedor” militar, mas o sentido do termo é “batedor/rastreador”.
6-11. Fazendo ainda uma analogia de tais termos, no Brasil temos a função do “caçador militar”, que é o
indivíduo apto a abater alvos de oportunidade, mas que também trabalha em funções de reconhecimento, essa
função é conhecida em inglês como “sniper”. Porém, o termo completo na terminologia inglesa é “Scout Sniper”,
justamente pelo fato do militar nessa designação realizar ambas as funções, tanto a de caçador, como a de
esclarecedor. Mais ainda, tanto para uma quanto para a outra, sempre estará desempenhando as funções de
um rastreador, por isso o termo “batedor” se confunde com o “rastreador”. Podemos até mesmo dizer que
“rastreamento” é uma técnica empregada pelo “batedor”.
6-12. Diferentemente do Brasil, o público norte americano conta com uma gama vastíssima de manuais
militares versando sobre Reconhecimento Terrestre (Ground Reconnaissance), Patrulhas de Reconhecimento de
Longo Alcance (Long-Range Reconnaissance Patrol – LRRP), Rastreamento (Tracking e Couter Tracking) e
patrulhas de reconhecimento (Scout/Recon Patrooling).
6-13. Dos materiais disponibilizados na língua inglesa, como dissemos, vasto material, podemos tomar
contato detalhado e pormenorizado com a Doutrina de Reconhecimento Terrestre, estruturação de uma
patrulha de reconhecimento, bem como suas funções dentro do grupo, técnicas e métodos de reconhecimento,
objetivos, protocolos e muito mais.
6-14. Como salientamos todo esse material, técnicas e doutrina, pode tranquilamente ser adaptada ao mundo
civil, em um foco de atuação de patrulhas de reconhecimento em simulação de MilSim nessas áreas, nada mais
é do que um Grupo de Operações Especiais, pois irá empregar técnicas de operações especiais voltadas e
adaptadas para simulações de games de combate em atividades de Airsoft. Da mesma forma, quando falamos
de Reconhecimento Terrestre, o que muda será o foco, no entanto as técnicas empregadas serão as mesmas.
2
6.2 Um breve histórico das Unidades de Reconhecimento Terrestre
militares
6-15. No Exército Brasileiro as missões de reconhecimento sempre foram empregadas por pequenas frações
de tropa, patrulhas estas designadas em suas unidades de origem, no entanto, unidades especializadas como
Comandos e Forças Especiais e os combatentes de Selva sempre foram treinados de uma forma mais
aprofundada em missões de reconhecimento.
6-16. Já a Marinha, em seu Corpo de Fuzileiros Navais, havia um Batalhão chamado Toneleiro, onde se
reuniam a nata dos Grupos de Operações Especiais, como os Comandos Anfíbios (Comanf), o Grupo de
Mergulhadores de Combate (Grumec), dentre outros, porém, havia uma companhia especificamente treinada
para missões de reconhecimento, chamada de Companhia de Reconhecimento Terrestre (Cia ReconTer).
6-17. As missões de Reconhecimento sempre foram uma necessidade de vital importância no meio militar,
pois ela é a chave para um excelente planejamento operacional ou estratégico.
6-18. Nos Estados Unidos, esse culto aos batedores índios sempre fez parte da história de tropas especiais,
desde os primórdios das Forças Armadas americanas, sempre integrantes indígenas especializados em
rastreamento foram utilizados como elementos chave em grupos de operações especiais, sendo muito
empregados como batedores.
6-19. Um exemplo típico disso foram os primeiros grupos de Forças Especiais, que empregaram batedores
índios (apaches) como integrantes de suas patrulhas, tanto que o culto desses batedores índios foi perpetuado
no brasão das Forças Especiais, que são duas flechas cruzadas sendo sobrepostas por uma adaga.
6-20. Com relação aos Estados Unidos, as missões de reconhecimento terrestre eram tão importantes para a
consecução de seus planejamentos estratégicos ou operacionais, que, durante a Guerra do Vietnã, o 5º Grupo
de Forças Especiais criou em Nha Trang uma escola especializada em reconhecimento, chamada Recondo
School.
6-21. Interessante salientar que a palavra Recondo é um acrônimo de RECONnaissance and CommanDO
(comandos de reconhecimento) ou mesmo Reconnaissance Commando Doughboy (rapaz dos comandos de
reconhecimento).
Fig 6-2. Brasão do MACV-SOG RECONDO SCHOOL (bolso) e brevê do Recondo 5th Special Forces Group (manga)
3
Fig 6-3. Ranger da Companhia L, Divisão 101 Aerotransportada, em Patrulha de Reconhecimento, Vietnam 1968 (reprodução)
6-22. A Recondo School era praticamente mantida e gerenciada pela MACV-SOG (Military Assistance
Command, Vietnam, Studies And Observation Group).
6-23. O curso era chamado de One-Zero Course (Curso Um-Zero) para treinamento de equipes de
Reconhecimento Terrestre (RT training – Reconnaissance Teams training). O treinamento específico girava em
torno de três semanas, no entanto, vários outros treinamentos anteriores eram pré-requisitos como, por
exemplo:
6-24. Treinamento Individual Avançado (8-12 semanas), Infantaria Leve (8 semanas), Escola de Salto (3
semanas), Técnicas e Táticas de Forças Especiais (4 semanas), Contraguerrilha que tinha a Fase I e Fase II em 1
semana e mais a Fase III em 2 semanas. No entanto, não parava por ai, os recrutas recebidos tinha ainda
treinamento especializado em Engenharia (12 semanas), Armas leves e pesadas (8 semanas), Operações e
Inteligência (12 semanas), Comunicações (16 semanas), atendimento médico e primeiros socorros (32 semanas).
Por aí se verifica que para cursar o Recondo School era necessária uma alta qualificação em outras
especialidades, pois o curso ensinaria métodos e técnicas específicas sobre Reconhecimento Terrestre, que
apro-veitariam todas as outras especialidades.
6-25. Dessa escola, vários manuais foram materializados servindo como padrão e base doutrinária para o
futuro.
6-26. No entanto havia outras tropas militares de exércitos de outras partes do mundo, como os Selous Scouts
da Rodhesia, exímios batedores/rastreadores e os RECCE da África do Sul. Até hoje existe um sítio de Internet
dos Selous Scouts, contando sua história e apresentando as técnicas de rastreamento que utilizavam, muitas das
quais plenamente aplicáveis nos dias de hoje.
4
Fig 6-4. Patrulha de Recon Selous Scouts e seu brasão (reprodução)
Fig 6-6. COMANF – Comandos Anfíbios da Marinha do Brasil em missão de reconhecimento (reprodução)
5
Fig 6-7. Militar do 5th Special Forces Group em uma LRRP (Long-Range Reconnaissance Patrol) – Patrulha de Reconhecimento de longo
alcance. (reprodução)
6
6-31. Cada composição de patrulha, para haver mais de uma equipe, sempre deverá observar o parâmetro
mínimo de segurança (3 Operadores). Se uma patrulha contiver, por exemplo, 5 Operadores, não poderá ser
subdividida em duas equipes.
6-32. Uma composição de patrulha de 6-Opr será:
• Comandante de Patrulha
• Assistente Cmt Ptr
• 0-1 Batedor ou 1-2 Batedor
• Líder de equipe
• 0-2 Batedor ou 1-4 Batedor
• 0-3 Batedor ou 1-5 Batedor
6-33. Uma composição de patrulha de 9-Opr será:
• Comandante de Patrulha
• Assistente Cmt Ptr
• Lider da Equipe A
• Líder da Equipe B
• 0-1 Batedor ou 1-4 Batedor
• 0-2 Batedor ou 1-5 Batedor
• 0-3 Batedor ou 1-6 Batedor
• 0-4 Batedor ou 1-7 Batedor
• 0-5 Batedor ou 1-8 Batedor
6-34. Eventualmente, mais que 3 Operadores, poderão ser redistribuídos de acordo com as necessidades
operacionais da missão.
6-35. IMPORTANTE: É obrigatório Comandantes de Patrulha ou Líderes de Equipes serem possuidores do
EONT nível 3.
7
6.4.2 Assistente do Comandante de Patrulha
6-40. Será um Operador também possuidor do EONT nível 3. Atuará em apoio ao Cmt Ptr, sendo o
responsável direto na preparação administrativa e logística para o cumprimento da missão. Durante a realização
da missão, o Assistente desempenhará também a função de Escriba, devendo anotar e fazer apontamentos
gerais e específicos, de pontos importantes observados pelo Cmt Ptr, bem como marcar os horários, tempos de
deslocamentos, coordenadas de pontos capitais no terreno e tudo mais designado pelo Cmt.
6.4.4 Batedor
6-43. O Batedor é um Operador com expertise em procedimentos de patrulha, bem como conhecedor das
técnicas de Observação Avançada e Rastreamento.
6-44. O Batedor sempre seguirá à frente do dispositivo, como “ponta”, podendo ainda, dependendo da
situação, atuar aos pares, deslocando-se à vanguarda da Patrulha, ou seja, preservando-se uma certa distância
entre esta e a Patrulha propriamente dita. Nesse caso, será primordial o uso de equipamentos de
radiocomunicação.
6.4.5 Rastreador
6-45. Rastreador é a função (cumulativa) a ser desenvolvida por um Batedor, ou mesmo por um Operador
mais experiente no rastreamento humano, dessa forma, poderá utilizar seus conhecimentos e técnicas para
identificar rastros deixados por outras equipes, ou mesmo, detectar a passagem de pessoas pelo local, da
mesma forma, identificando situações de risco ou perigo à patrulha ou sua equipe.
6.4.6 Escriba
6-46. É uma função “administrativa”. Normalmente será desempenhada pelo Assistente do Cmt Ptr, no
entanto, se houver mais de uma equipe, essa função será desempenhada por um dos Batedores.
6-47. Nessa função é primordial registrar tudo, em seus mínimos detalhes, pois tais dados serão compilados
pelo Comandante de Patrulha quando da elaboração do Relatório de Missão.
6-48. Visando facilitar o trabalho durante o cumprimento da missão e, conse-quentemente, o perfeito
entendimento por parte de quem vá receber os dados anotados, deverá haver uma padronização de notações,
ou seja, datas, horários, tempos, coordenadas, deverão seguir um “layout” padrão, por exemplo:
• Grupo data-hora: 101608Out2018 (composto por “data 2 dígitos” + “hora 4 dígitos” + “mês 3 letras” +
“ano 4 dígitos”)
• Hora: 15h10 ou mesmo apenas os quatro dígitos 1510 (no “papel” – relatório oficial – deverá ser no
padrão hora “h” minuto : exemplo 15h10)
• Coordenadas UTM (Easting e Northing com a mesma quantidade de dígitos) exemplo: 4582; 450825;
45058255 (observar a escala do mapa e seus múltiplos)
8
• Coordenadas GPS Latitude e Longitude 22°25’33’’S – 47°55’35’’O, ou mesmo apenas os dígitos,
separados de 2 em 2 (grau, minuto e segundo, com possibilidade de décimos de segundos), exemplo:
222533/ 475535 ou 222533,0/475535,6
6-49. Maiores detalhes sobre a padronização de linguagem e formatação do Relatório de Missão de
Reconhecimento Terrestre serão apresentados mais à frente.
9
6.6 Conduta de patrulha
6.6.1 Generalidades
6-55. A organização dos grupos ou equipes em patrulhas é muito importante por diversos fatores:
• Facilitar a coordenação e controle;
• Proporcionar segurança durante a atividade de reconhecimento;
• Facilitar o deslocamento em áreas de difícil acesso;
• Proporcionar uma melhor maleabilidade durante a realização da atividade de reconhecimento;
6-56. Dentre outras que poderíamos citar.
6-57. A conduta de patrulha tem muito a ver com os procedimentos de cada indivíduo dentro das equipes.
Esses procedimentos devem ser padronizados, sempre que possível havendo um rodízio entre as funções.
TODOS DEVEM CONHECER AS FUNÇÕES DE TODOS.
6-58. No entanto, não se pode esquecer-se das responsabilidades principais dos coman-dantes de patrulha e
dos líderes de equipes.
6-59. Os procedimentos de forma padronizada facilita, inclusive, a atuação em conjunto com patrulhas de
outras organizações, instituições ou Unidades.
6.6.2.1 Alto
ou
6-65. Este comando é feito com a mão espalmada, indicando que os elementos imediatamente atrás de quem
o deu, devem parar onde estão, mas se atentarem aos próximos sinais de comunicação.
10
6.6.2.2 Alto Congelar
6-66. Este comando é dado com o punho cerrado, indicando que os elementos da equipe devem
obrigatoriamente parar e não se mover, requerendo atenção visual e auditiva redobrada, pois algo de errado
pode estar à frente.
6-67. Ainda há uma continuidade no comando, em caso de emergência de algo que esteja ocorrendo e que
possa colocar em risco a integridade física dos elementos da patrulha, que é o Alto Guardado.
6-68. Partindo da posição de Alto Congelar, em um movimento lateral descendente, a mão com o punho
cerrado é baixada à lateral do corpo, com isso indicando aos elementos da patrulha atrás de si que saiam da
trilha e se escondam, dessa forma, se protegendo. Devem, contudo, continuar mantendo o silêncio até ordem
em contrário.
11
6.6.2.5 Acelerado
6-70. Da mesma forma, às vezes é necessário indicar que algum determinado comando deve ser realizado
com brevidade ou com celeridade, assim, o comando “Acelerado” encerra essa motivação, dando a indicação
para quem o recebe que deve cumprir o que está sendo determinado com a velocidade necessária.
6-71. Com o braço esticado e um ou dois dedos em riste, aponta-se para à direita ou para à esquerda, com
isso indicando “vá nesta direção”, ou “observe nesta direção”.
6-72. Este comando é dado com a mão fazendo o sinal de “heavy metal” ou um “V” indicando os olhos, dessa
forma, transmitindo para outro elemento a determinação ou orientação que este preste atenção visualmente
em algo.
12
6.6.2.8 Considerações
6-73. Existe uma infinidade de comandos que poderiam ser explicados aqui, mas estes são os principais, como
exemplo.
6-81. A formação mais básica é a “coluna por um” (vulgarmente chamada de “fila indiana”). No exemplo
acima uma patrulha de 6 operadores, sendo que os dois primeiros à testa, ou à frente da patrulha são
batedores, sendo seguidos pelo Cmt Ptr e pelo Assistente do Cmt Ptr, fechando-se a coluna com outros dois
batedores.
13
6-82. Essa posição do Cmt Ptr facilita a coordenação e controle. O espaçamento entre os operadores irá variar
de acordo com as dificuldades do terreno, em mata fechada dependerá da visibilidade, mas é prudente não
ficarem muito próximos uns dos outros.
6-83. Eventualmente, na necessidade de se abrir uma picada na mata, por questões de segurança apenas o
primeiro homem usa o facão-de-mato, assim, evita-se a possibilidade de um operador acabar acidentalmente
atingindo alguém (e por mais bobo que isso possa parecer, isso acontece quando menos se espera, então,
cautela e segurança, nunca é de mais). Nessa situação, é conveniente estabelecer um tempo de trabalho,
fazendo-se o rodízio entre os operadores na função de abertura da picada.
6-84. No entanto, até mesmo por questões de segurança, bem como de preservação da Natureza, os
operadores precisam treinar muito em caminhar em meio à mata sem a necessidade de abertura de trilhas ou
picadas.
6-85. Deve-se estar muito atento aos possíveis sinais e gestos de comunicação, sendo a partir do primeiro
repetido por todos os demais, assim, o comando chegará até o último homem.
6-86. Às vezes quando batemos uma área grande, pode ser necessário cobrir vários setores ao mesmo tempo,
então, uma formação interessante é o deslocamento em linha, dessa forma, pode-se utilizar todos os batedores
disponíveis. Da mesma forma, a distância entre os homens irá variar dependendo do grau de dificuldade do
terreno.
6-87. Em algumas situações é necessário o deslocamento mais agrupado, isso facilita a velocidade de
deslocamento, ao passo que, dependendo da quantidade de integrantes da patrulha, em coluna por um ficaria
uma formação muito extensa.
14
6-88. Sempre é realizado o rodízio dos batedores que vão à frente da patrulha.
6.7.5 Considerações
6-90. Outros tipos de formação podem ser utilizadas de acordo com a necessidade ou mesmo a dificuldade de
deslocamento imposta pelo terreno dentro do ambiente operacional.
6-91. Aqui, apenas exemplificamos algumas das formações mais utilizadas.
6.8 Acampamento
6-92. Por uma questão de celeridade na montagem e desmontagem de acampamentos, aconselha-se a
utilização de redes e uma cobertura de lona plástica.
6-93. É possível, aconselhável até, que a rede tenha mosquiteiro, pois o momento de descanso e repouso é
um tempo para se recompor as energias e nada pior do que ser devorado por mosquitos em meio à mata. Há
muitos que não são adeptos ao uso do mosquiteiro, tudo bem se o leitor for um desses, apenas estamos dando
uma sugestão que, com certeza, melhorará muito a qualidade desse descanso. Para quem não sabe, as redes de
selva do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), do Exército Brasileiro, possuem mosquiteiro conjugado
e também já tem o telhado fixado em uma só peça.
15
Fig 6-21. Rede mais leve, com mosquiteiro (reprodução)
6-94. Na página anterior nós apresentamos esses dois tipos de rede como sugestão. Salienta-se que o modelo
de rede de selva do CIGS pesa em torno de 2,5 km, enquanto outros modelos nacionais, mas de qualidade,
pesam menos de 1,0 kg e a lona em torno de 400 gr.
6-95. A utilização de redes facilita grandemente a montagem e a desmontagem do acampamento, ao mesmo
tempo em que provê o conforto necessário para o descanso do operador.
6-96. Dependendo das condições, talvez seja necessária “disciplina de sons e luzes”, por conta da segurança,
não devendo ser acesa uma fogueira.
6-97. No entanto, dependendo das condições e local da missão, uma fogueira pequena e controlada provê
iluminação noturna no acampamento, bem como proporciona uma melhoria na qualidade de vida do operador
nesse período, por exemplo, muitos grupos escoteiros fazem o chamado “fogo de conselho”, onde se reúnem
ao redor da fogueira para conversar e contar histórias.
6-98. Embora a atividade de reconhecimento terrestre seja um trabalho técnico a ser levado com seriedade,
nada impede que se tenham esses momentos de descontração no período de descanso, DESDE QUE NÃO SE
DESCUIDE DA SEGURANÇA.
6-99. No entanto, existirão situações em que não haverá possibilidade de se montar um acampamento
padrão, seja pela velocidade de patrulhamento ou mesmo por questões de segurança, assim, o operador deverá
dormir charutado, com sua lona ou capa de chuva.
16
6.9.1 Segurança no deslocamento
6-104. Como dito no item anterior, durante o deslocamento, A SEGURANÇA É DE RESPONSABILIDADE DE
TODOS, no entanto, a pronta segurança é de responsabilidade dos batedores que estão à frente, na vanguarda.
6-105. Deve sempre ser observada a disciplina de sons e luzes, sempre, além do que os batedores à frente
devem transmitir os sinais de comando necessários, como por exemplo, o “alto congelar” e o “alto guardado”
cada vez que suspeitar de que haja algum risco à segurança.
6-106. Se for dado o comando de “alto guardado” é imprescindível que todos os elementos da patrulha saiam
da trilha ou caminho de deslocamento e se camuflem o quanto possível, permanecendo imóveis, aguardando o
sinal convencionado para que retornem à marcha de deslocamento.
17
6.10 Métodos de Reconhecimento
6-117. Neste item vamos apresentar alguns métodos e técnicas de reconhecimento terrestre, devidamente
adaptados das técnicas militares à realidade de Grupos de Busca e Salvamento. Vários são os métodos que
podem ser utilizados, bem como podem ser mesclados uns com os outros.
6-118. De início, podemos sempre trabalhar com um azimute conhecido, no entanto, pode ocorrer de se fazer
uma varredura pelo terreno em que não temos qualquer parâmetro no local, sendo o azimute desconhecido,
então, podemos utilizar um dos métodos a seguir.
6-120. O esquema na figura acima, por exemplo, significa que a perna A-B tem 20 metros, então B-C também
tem 20 metros.
6-121. Como “20 metros” é a medida inicial, a cada mudança de “cotovelo” nós acrescentamos 20 metros na
nova direção, ou seja, a perna C-D e a D-E cada uma tem 40 metros, depois, soma mais 20 metros, assim, E-F
tem 60 metros e F-G também, e dessa forma, a cada cotovelo novo, acrescentamos sempre a mesma medida da
perna inicial (no caso, 20 metros).
18
Fig 6-23. Processo Retangular (fonte: IP 21-80/EB)
6-123. Cabe salientar que as medidas podem ser adaptadas, apenas citamos essas como exemplo. No entanto,
deve-se seguir um padrão para que se cubra o terreno caminhando-se em faixas.
Fig 6-25 Processo do Ventilador (fan method) (fonte: Manual FM 7-92 Pelotão de Recon Infantaria/EUA)
19
6-126. Cabe salientar que para esses tipos de processos em que caminhamos em rotas circulares, se faz muito
necessária a monitoria do deslocamento através de um equipamento GPS.
6-127. Neste método, podemos realizar um ventilador a cada PRPO que pararmos. Além do que pode ser
realizado por mais de uma equipe de reconhecimento.
6-129. Neste processo, por exemplo, saem três patrulhas simultaneamente do PRPO em rotas pré-
determinadas, e a cada ponto de controle é realizado um mini ventilador, sendo que bem à frente, as três
patrulhas se encontrarão em um Ponto de Reunião pré-determinado.
6-130. Esse método possibilita a cobertura de uma extensa faixa do terreno, de forma mais rápida.
Fig 6-27. Método de Recon por Rotas Sucessivas (fonte: FM 7-92 EUA)
20
6.10.7 Processo da “Caixa”
6-134. Este é um processo simples e efetivo não requere muita prática para seu emprego. A partir de um ponto
de origem, segue-se sempre por azimutes retos (270°, 0°, 90° e 180°). Caminha-se certa distância em uma
direção, vira-se à direita 90°, caminha-se o mesmo tanto, depois torna a virar, mas sentido contrário caminha-se
metade da distância, novamente vira-se no mesmo sentido, caminha-se a mesma pequena distância, vira
novamente no mesmo sentido e caminha-se a mesma distância maior, fechando-se um pequeno quadrado e
assim se continua consecutivamente, conforme a figura abaixo:
21
Fig. 6-30. Processo da “Escada”
(fonte: SOG Recon Manual)
6.10.11 Considerações
6-138. Apresentamos aqui alguns métodos que são bastante eficazes na realização de reconhecimentos de
ponto, área ou itinerários. Outros métodos podem ser utilizados, mesclando-se estes ou criando-se novos,
maiores detalhes poderão ser verificados nos manuais destacados e na bibliografia consultadas, que serviu de
base para esta obra.
Referencial *
Manuais constantes na Biblioteca Virtual, materiais de referencial bibliográfico e
documentação administrativa.
22