10 OSTENSIVO
MARINHA DO BRASIL
COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS
2020
OSTENSIVO CGCFN-31.10
MARINHA DO BRASIL
2020
FINALIDADE: BÁSICA
1ª Edição
OSTENSIVO CGCFN-31.10
ATO DE APROVAÇÃO
AUTENTICADO RUBRICA
PELO ORC
Em_____/_____/_____ CARIMBO
OSTENSIVO - II - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10
ÍNDICE
Ato de Aprovação.................................................................................................... II
Índice........................................................................................................................ III
Introdução................................................................................................................ IX
CAPÍTULO 1 - ORGANIZAÇÃO
1.1 - Generalidades.................................................................................................. 1-1
1.2 - Força de Fuzileiros da Esquadra...................................................................... 1-1
1.3 - Divisão Anfíbia (DivAnf)................................................................................ 1-1
1.4 - Tropa de Reforço (TrRef)................................................................................ 1-6
1.5 - Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais (BtlOpEspFuzNav)
.................................................................................................................................
1-9
1.6 - Comando da Tropa de Desembarque (CmdoTrDbq)....................................... 1-10
1.7 - Base de Fuzileiros Navais do Rio Meriti (BFNRM)....................................... 1-10
1.8 - Fuzileiros Navais nos Distritos Navais............................................................ 1-11
1.9 - Batalhão de Operações Ribeirinhas................................................................. 1-12
OSTENSIVO - IV - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10
CAPÍTULO 8 - PATRULHAS
8.1 - Generalidades ................................................................................................. 8-1
8.2 - Organização..................................................................................................... 8-2
8.3 - Funções individuais em uma patrulha............................................................. 8-3
8.4 - Preparativos..................................................................................................... 8-5
8.5 - Execução da patrulha....................................................................................... 8-6
8.6 - Patrulhas de reconhecimento........................................................................... 8-10
8.7 - Patrulhas de combate....................................................................................... 8-12
8.8 - Informações e relatórios.................................................................................. 8-14
8.9 - Crítica.............................................................................................................. 8-17
OSTENSIVO - VI - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10
CAPÍTULO 15 - COMUNICAÇÕES
15.1 - Sistema de Comunicações da Marinha.......................................................... 15-1
15.2 - Meios de comunicações................................................................................. 15-1
15.3 - Centro de mensagens..................................................................................... 15-2
15.4 - Sistema de comunicações fio......................................................................... 15-3
15.5 - Sistema de comunicações rádio..................................................................... 15-3
15.6 - Sistema de comunicações por mensageiro.................................................... 15-6
15.7 - Procedimentos fonia...................................................................................... 15-7
OSTENSIVO - IX - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10
INTRODUÇÃO
1- PROPÓSITO
Esta publicação destina-se a proporcionar os conhecimentos básicos sobre as técnicas, as
táticas e os procedimentos individuais e das pequenas frações de tropa, necessários ao
Fuzileiro Naval (FN) no desempenho de suas funções de natureza operativa, nos primeiros
postos ou graduações da carreira.
2 - DESCRIÇÃO
Esta publicação está dividida em 18 capítulos e 8 anexos. O Capítulo 1 apresenta a
organização das tropas operativas do CFN, constituídas pelas forças e unidades subordinadas
à Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), e pelos Grupamentos de Fuzileiros Navais (GptFN),
estes subordinados aos Distritos Navais. O Capítulo 2 apresenta o estudo das características
da área de operações (Aop), baseado nos aspectos militares terreno e a influência das
condições climáticas e meteorológicas sobre o terreno. O Capítulo 3 estuda as técnicas
individuais do combate mediante o uso judicioso do terreno. O Capítulo 4 estuda as
modalidades, propósitos e fases das Operações Anfíbias, o Movimento Navio para Terra
(MNT), as ações em terra das pequenas frações e, sucintamente, o apoio de fogo.
O Capítulo 5 estuda as Operações Ofensivas e Defensivas e outras operações terrestres. O
Capítulo 6 descreve a finalidade, organização, tarefas e armamento do Grupo de Combate
(GC) e de suas frações constituintes - as Esquadras de Tiro (ET), bem como apresenta as
táticas e procedimentos dessas frações no combate ofensivo e defensivo. O Capítulo 7 aborda,
basicamente, as operações noturnas, particularizando sempre que aplicável, para outras
situações que tenham lugar sob condições de visibilidade reduzida. O Capítulo 8 estuda as
Patrulhas, suas organizações e tipos. O Capítulo 9 estuda as marchas a pé e motorizadas e os
estacionamentos. O Capítulo 10 apresenta considerações sobre o Apoio de Fogo. O Capítulo
11 estuda o Apoio de Fogo Aéreo em proveito das OpAnf. O Capítulo 12 apresenta o
emprego do binômio Infantaria – Carro de Combate. O Capítulo 13 apresenta as
peculiaridades do combate em ambientes especiais a saber: selva, pantanal, montanha, e em
regiões semiáridas e de clima frio. O Capítulo 14 estuda a defesa contra agentes, seus tipos
propriedades e classificação, bem como uso de medidas de proteção para se contrapor aos
seus efeitos. O Capítulo 15 apresenta o Sistema de Comunicações da Marinha, o qual se
constitui no conjunto de meios materiais, recursos humanos e procedimentos operacionais,
estruturados na forma necessária ao exercício das atividades de Comunicações na Marinha do
Brasil (MB). O Capítulo 16 apresenta as Funções Logísticas, as principais unidades de Apoio
OSTENSIVO - IX - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10
OSTENSIVO - IX - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10
CAPITULO 1
ORGANIZAÇÃO
1.1 - GENERALIDADES
Este capítulo apresenta a organização das tropas operativas do CFN, constituídas pelas
forças e unidades subordinadas à Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), e pelos
Grupamentos de Fuzileiros Navais (GptFN), estes subordinados aos Distritos Navais.
1.2 - FORÇA DE FUZILEIROS DA ESQUADRA
A FFE é uma força organizada, treinada e equipada, cuja missão é: “desenvolver
operações terrestres de caráter naval, a fim de contribuir para a aplicação do Poder
Naval Brasileiro”. Apresenta a seguinte organização:
tarefas de ApSvCmb.
É capaz de prover, por meio das suas subunidades, uma variada gama de serviços
atinentes às diversas funções logísticas.
1.4.6 - Batalhão de Engenharia de Fuzileiros Navais (BtlEngFuzNav)
O BtlEngFuzNav tem a finalidade de prover apoio ao combate e de apoio de serviços
ao combate aos GptOpFuzNav, respectivamente, por meio do apoio cerrado,
aumentando a mobilidade, a capacidade de medidas de proteção destes Grupamentos;
reduzindo a mobilidade das forças inimigas; e provendo limitado apoio de engenharia
de retaguarda e serviços para melhoria das condições de bem estar da tropa.
Apresenta a seguinte organização:
CAPÍTULO 2
CARACTERÍSTICAS DE UMA ÁREA DE OPERAÇÕES
2.1 - GENERALIDADES
O estudo das características da área de operações (AOp), visando sua utilização nas
operações militares, é um assunto de elevada importância para os combatentes anfíbios.
A história está repleta de exemplos de batalhas perdidas ou ganhas por influência única
e exclusiva do terreno. Linhas de Ação, formação de tropas, localização das armas,
posições a serem defendidas e etc. Várias destas decisões são grandemente influenciadas
pelo terreno ou quando não ditadas totalmente por ele. O terreno é o tabuleiro onde os
oponentes se defrontam. Todo comandante, de qualquer escalão, leva em consideração,
para tomar suas decisões, fundamentalmente, alguns fatores: MISSÃO - fator básico - é
o que dirige, ilumina e direciona as ações e seu planejamento; o INIMIGO - a incógnita
- por mais que se busque informações não se pode conhecer sua vontade portanto, não
há como saber suas intenções e mesmo que se as suponha não seria confiável raciocinar
em cima delas; MEIOS - os braços - tudo aquilo utilizado para cumprir as tarefas
impostas, sendo também bastante variáveis; TEMPO DISPONÍVEL - a moldura - está
ligado à própria missão e, normalmente, será imposto; finalmente, o TERRENO, que
será sempre constante e influenciará todos os outros fatores de uma maneira ou de outra.
O estudo do terreno é uma análise dos acidentes naturais e artificiais da área de
operações, envolvendo também as conseqüências dos efeitos das condições climáticas e
meteorológicas sobre estes acidentes, com vistas a determinar sua influência nas
operações militares dos contendores.
O terreno exerce influência sobre a tática e a logística. A tática de uma campanha deve
levar em consideração as barreiras impostas por pântanos, rios e lagos maiores,
montanhas e bosques. Já para as necessidades logísticas, dentro do estudo, dar-se-á
ênfase às redes de estradas, vias fluviais, centros urbanos e de comunicações, etc.
No ataque, a utilização adequada do terreno pode aumentar a eficiência do fogo e
diminuir as perdas. As elevações dominantes formam o núcleo do sistema de
observação, o qual, por sua vez, determinará a eficácia das armas de apoio, facilitará o
controle das forças atacantes, a seleção dos objetivos e o estabelecimento de medidas de
segurança. O terreno acidentado, os bosques densos, as áreas urbanizadas, os grandes
aclives dificultam o emprego ofensivo das unidades blindadas, porém fornecem coberta
O terreno tem imensa influência na aplicação do poder de combate, uma vez que
representa o cenário onde as operações ocorrerão. Aquele que realizar uma adequada
avaliação para sua utilização poderá assegurar para si substancial vantagem em relação
ao seu oponente.
A natureza da missão e o escalão considerado determinarão o enfoque sob o qual o
estudo do terreno deverá ser conduzido. Por exemplo, comandantes de subunidades e
frações preocupam-se com matas densas, pequenos cursos de água e pequenas
elevações; enquanto que comandantes de unidades e escalões superiores preocupam-se,
principalmente, com redes de estradas, vales, linhas de crista, compartimentos, etc.
Quer no ataque, quer na defesa, um estudo tático do terreno deve ser executado, não só
do ponto de vista do lado amigo, como do ponto de vista do inimigo. Cada comandante
deve procurar entender o terreno como seu oponente o vê, de modo a antecipar que
influência exercerá sobre os planos de ambos.
Além de seus aspectos topográficos - relevo, linhas d’água, vegetação, natureza do solo,
vias de transporte, instalações, etc., o terreno deve ser analisado de acordo com o seu
valor militar, segundo seus aspectos táticos: observação e campos de tiro; cobertas e
abrigos; obstáculos; acidentes capitais; e vias de acesso (OCOAV).
2.2.1 - Conceituação dos aspectos táticos
No intuito de facilitar o entendimento deste capítulo, são a seguir apresentados os
conceitos pertinentes aos aspectos táticos do terreno. Assim, quando se falar das
características da área de operações, poder-se-á recorrer a estes aspectos táticos que
são, na essência, a motivação de todo o estudo.
a) Observação e campos de tiro
Tanto o atacante como o defensor tentará tirar o máximo proveito do terreno para
que possam ter a mais profunda observação e, ao mesmo tempo, dificultar a do
inimigo. A observação diz respeito à influência do terreno na capacidade de
exercer vigilância sobre determinada área ou outra tropa. Em geral, o ponto mais
alto determina uma melhor observação, mas nem sempre isso ocorre, uma vez que
o próprio relevo poderá estabelecer ângulos mortos e áreas desenfiadas. A escolha
dos PO será precedida de um estudo baseado em reconhecimentos, nos perfis
topográficos verificados em cartas ou no exame estereográfico de fotografias
áreas. A observação é essencial para a realização de fogo eficaz sobre o inimigo,
para o controle da manobra das tropas amigas, bem como para negar surpresa ao
inimigo. Quanto à observação, o terreno mais vantajoso é aquele que permite tanto
a observação em profundidade (das áreas ocupadas pelo inimigo) quanto a
aproximada, que visa a perceber a presença de elementos hostis nas imediações da
própria posição. Habitualmente, a observação profunda, ou afastada, é
proporcionada por pontos próximos à crista topográfica e a observação
aproximada em posições mais baixas em torno da crista militar. Estará na faixa da
observação aproximada todo o terreno do ponto estação até a distância de 1800 a
2000m (alcance médio de uma metralhadora leve). A faixa do terreno de 2000 até
4000m está no âmbito da observação afastada (distância limite para condução de
fogos pelo observador de artilharia).
O campo de tiro é uma área em que uma arma ou um grupo de armas pode cobrir,
eficazmente, com fogo desde uma determinada posição. Quando se considera o
terreno no tocante aos campos de tiro, o tipo de arma determinará quais os fatores
exercerão maior ou menor influência. Variações serão notadas ao se analisar a
execução do tiro para as armas de tiro com trajetória tensa, a condução dos fogos
das armas de tiro com trajetória curva e o lançamento de mísseis. Embora a
observação seja essencial, nem sempre o melhor PO será o melhor local para o
posicionamento das armas. Cabe ressaltar que a análise da observação aproximada
está intimamente ligada à execução dos fogos das armas de tiro tenso, a da
observação afastada à condução dos fogos das armas de tiro de trajetória curva e a
da observação direta, sem se vincular necessariamente a um PO, ao lançamento de
mísseis.
b) Cobertas e abrigos
Coberta é a proteção contra a observação e abrigo a proteção quanto aos efeitos
dos fogos. O terreno deve ser utilizado de forma a assegurar a máxima utilização
das cobertas e dos abrigos. O terreno sob controle do inimigo também será
estudado para determinar como as cobertas e abrigos a ele proporcionados
poderão ser anulados. No ataque, serão procurados itinerários cobertos e abrigados
que conduzam às posições inimigas de forma a reduzir ao mínimo o número de
baixas e obter surpresa. Na defesa, as cobertas e os abrigos serão utilizados não só
em benefício dos abrigos individuais como na ocultação da fisionomia da frente,
A encosta côncava tem sua curvatura voltada para cima. Ou seja a declividade
diminui à medida que se aproxima da base. Neste caso, as curvas de nível são
mais próximas na crista e mais afastadas no sopé (Fig 2.2b).
As linhas de fundo são ravinas ou linhas d’água, formadas pela linha inferior da
vertente (encosta). São elementos naturalmente desenfiados, razão pela qual
A ligação de duas vertentes em ângulo convexo pode dar origem a três formas
básicas do terreno: o espigão, a garupa e o esporão. Elas devem ser estudadas
em função da elevação a que pertencem. Tanto podem constituir um acesso
favorável ao movimento, como um elemento de dissociação, em face de sua
altitude, facilidade de acesso, configuração, etc.
O espigão é a forma do terreno em que as vertentes são íngremes e uniformes.
O ângulo por elas formado é agudo, levando a uma representação das curvas de
nível cuneiforme, pontuda (Fig 2.6).
elas é obtuso, dando origem a uma linha de crista abaulada, sendo as curvas de
nível representadas com formato arredondado (Fig 2.7).
O esporão é a forma do terreno caracterizada por uma linha de crista com uma
inflexão, ou seja, apresentando uma elevação de menor porte mais próxima ao
sopé (Fig 2.8).
Assim, a colina difere do mamelão por ter formato alongado segundo uma
direção. Sua linha de crista, normalmente, tende a abaular-se, formando uma
espécie de cela.
As elevações isoladas podem se apresentar, na sua parte superior, em forma de
pico, zimbório ou platô.
e) Planícies
Forma intermediária entre as elevações e depressões, são resultantes muitas vezes
do aterramento das depressões com detritos provenientes da erosão. São vastas
extensões de terreno sensivelmente planas, situadas nas regiões mais baixas da
superfície terrestre. Conforme o aspecto que apresentam e a situação em que se
encontram, recebem as seguintes denominações:
- Várzea - quando cultivadas ou a isso se prestarem;
- Charneca - quando além disso falta água e vegetação;
- Descampados - quando muito extensas;
- Brejo ou Charco - quando baixas, sujeitas às invasões das águas pluviais;
- Baixada - quando situada entre as cubas de grandes elevações e o mar; e
- Pampas - são vastas planícies, quase sem relevo, monótonas, cobertas por leivas,
revestidas de prados, baixas e desabrigadas dos ventos.
As planícies, em geral, diferem dos planaltos pela sua situação em relação ao nível
do mar, pois os planaltos nada mais são do que planícies situadas no alto das
grandes cadeias de montanhas.
2.2.3 - Classificação do Terreno
a) Quanto ao relevo
Plano - quando a diferença de nível é quase nula;
Ondulado - quando apresenta dobras não superiores a 20 metros;
Movimentado - quando apresenta elevações e depressões, próximas umas das
outras, e de altura entre 20 e 50 metros;
Acidentado - quando as elevações variam entre 50 e 100 metros;
Montuoso - quando apresenta elevações entre 100 e 1000 metros; e
Montanhas - Quando as elevações são superiores a 1000 metros.
b) Quanto ao aspecto tático
I) Quanto às vistas
Coberto - quando a observação terrestre é limitada por obstáculos (matas,
bosques, construções);
Descoberto - quando oferece vastos horizontes.
II) Quanto ao movimento de tropa
Livre - quando no terreno não há obstáculo ao movimento de tropa;
IV) A declividade nas curvas exteriores de um rio é maior que nas interiores.
De fato, em uma curva de rio a massa d’água agindo sob a influência da força
centrífuga corrói a margem exterior, alargando o leito desse rio e, não raras
vezes, rasgando-lhe novo leito. Na margem interior, a velocidade do rio sendo
- caso o curso d’água seja um braço único quase retilíneo, o vale é estreito e o
talvegue muito pronunciado e de grande inclinação.
V) O ângulo formado por dois talvegues na sua confluência será sempre menor
que 90º. Essa regra permite indicar a direção da corrente de um rio.
VI) Uma confluência é assinalada geralmente por uma inflexão do curso d’água
principal no sentido do afluente. Esta inflexão será tão mais pronunciada
quanto mais importante for o afluente. Ou seja, o afluente muda a calha
principal na sua direção.
b) Regra referente às vertentes
As curvas de nível de mesma cota se fazem seguir sobre as duas partes de uma
mesma encosta (vertente), separadas, uma da outra por um vale lateral. É a lei da
continuidade das vertentes.
II) Quando uma linha de festo separa dois cursos d’água ela se abaixa quando eles
se aproximam (confluência) e se eleva quando se afastam. A distância máxima
corresponde geralmente a um mamelão ou esporão e a mínima a um colo.
III) Se uma linha de festo separa dois cursos d’água que correm em altitudes
diferentes, ela estará mais próxima do mais elevado.
IV) Se existirem duas nascentes opostas a uma mesma linha de festo, sobre a linha
entre as nascentes ocorrerá um colo.
VI) Quando uma linha de festo muda de direção, opostamente ao ângulo formado
ocorrerá uma ramificação.
VII) Quando dois cursos d’água descem paralelamente de uma encosta e tomam
depois direções opostas, a linha que separa os cotovelos indica a depressão
mais profunda entre as duas vertentes e, portanto, a existência de um colo.
VIII) Quando dois cursos d’água se encontram, a linha de crista do saliente que os
separa está sensivelmente na direção do prolongamento do curso d’água que
resulta da junção dos dois.
Fig 2.27 - Direção única entre a linha de crista e o curso d’água resultante
IX) Quando diversos cursos d’água partindo de um ponto central seguem direções
diversas, há na origem um ponto culminante.
- suas formas; e
- a direção de deslocamento da tropa.
Com relação aos acidentes que os constituem, podem ser:
- formados pelo relevo, em que as linhas limites situam-se, normalmente, ao longo
das cristas militares;
- formados por vegetação ou acidentes artificiais, em que as linhas limites incluem
parte de suas orlas a uma profundidade que dependerá da densidade dos mesmos; e
- formados pela combinação dos anteriores.
Com relação à forma, os compartimentos podem ser simples ou complexos, em que
um grande compartimento contém em seu interior compartimentos menores.
Quanto à direção prevista para o deslocamento da tropa no seu interior, eles serão
denominados longitudinais ou corredores, quando seu eixo maior coincidir com a
direção daquele movimento e transversais quando perpendiculares ou oblíquos ao
referido deslocamento.
Geralmente os compartimentos longitudinais se constituem em vias de acesso
favoráveis, facilitando o ataque e dificultando a defesa. O atacante poderá utilizar um
corredor como via de acesso deslocando-se de dois modos: pelo vale ou pela crista.
Neste tipo de compartimento, as cristas topográficas dividem a observação terrestre e
os campos de tiro das armas de trajetória tensa do defensor, dificultando ou mesmo
impedindo-o de coordenar e emassar fogos, bem como de obter apoio mútuo. As
tropas posicionadas defensivamente nas encostas só dispõem de observação para
frente. Além disso, perdendo o controle das cristas, o defensor deixa de dispor de
observação para o interior do compartimento, não podendo, deste modo, coordenar
os fogos para o seu interior. Por essas razões, os corredores são desfavoráveis à
defesa.
A tropa atacante, por sua vez, poderá dispor, inicialmente, de observação, cobertas,
abrigos e campos de tiro. Contudo, tais condições serão perdidas à medida que o
ataque se desenvolve, em virtude das vantagens de que dispõe o defensor.
2.2.6 - Natureza do solo
O estudo da natureza do solo para fins militares visa, principalmente, determinar as
possibilidades de trânsito através campo, sob condições meteorológicas atuais ou
previstas, e assume importância especial para as unidades de blindados.
À Engenharia cabe a responsabilidade de organizar e distribuir cartas sobre as
condições de resistência do solo. Ao realizar esse estudo devem ser ressaltadas, na
zona de ação, as áreas do terreno cujo solo se apresenta firme e os trechos de pouca
consistência.
O terreno arenoso, alagadiço, o brejo, constituem embaraços ao movimento da tropa,
podendo, conforme as circunstâncias, impedi-lo inteiramente. Alguns solos podem
ser impraticáveis às viaturas blindadas após chuvas prolongadas e intensas, como é o
caso de certos terrenos argilosos. O solo arenoso pode ser obstáculo em tempo seco e
ter a consistência aumentada após as chuvas. A organização do terreno está também
condicionada à natureza do solo. O solo pedregoso ou extremamente duro dificulta as
escavações, enquanto o solo de pouca consistência facilita esse trabalho, exigindo,
porém, trabalhos especiais para evitar o desmoronamento dos taludes.
de meios ele será obstáculo e sua influência sobre a manobra planejada: identificação
e localização; largura; natureza do leito (composição, profundidade e consistência);
velocidade da corrente; e características da margem (composição, estabilidade, altura
e rampa). Os mesmos conhecimentos serão necessários para a análise dos lagos.
2.2.8 - Vegetação
A localização, tipo, dimensões, densidade e diâmetro dos troncos constituem
elementos que, analisados, determinam seu valor militar.
a) Macegas
São formadas por arbustos e gramíneas, podendo existir árvores pequenas e
esparsas. A macega é considerada alta quando encobre o movimento de um
cavaleiro e densa quando torna penosa a sua travessia. A macega rala e baixa
carece de importância militar, quer sob o ponto de vista do desenfiamento, quer da
transitabilidade.
b) Matas
São formadas por árvores copadas de médio ou pequeno porte. Considera-se mata
rala desde que seja fácil o trânsito de tropa a pé em qualquer direção.
c) Florestas
São caracterizadas pelo arvoredo copado e denso, de grande porte e formado por
árvores normalmente seculares.
d) Bosques
São formados por árvores copadas, altas e regularmente dispostas. As florestas, as
matas e os bosques podem impor características especiais à operação a ser
realizada.
e) Culturas
O terreno cultivado (café, cana, arroz, etc.) pode permitir movimento com
cobertura, mas embaraça a progressão.
f) Vegetação ciliar
É aquela que normalmente borda as margens dos cursos d’água e possui uma
tonalidade mais escura.
2.2.9 - Construções e instalações
a) Localidades
São designadas como localidades, quaisquer agrupamentos de edifícios destinados
sejam necessários outros dados além dos fornecidos, ou nos casos em que os dados
necessários tenham sido omitidos, caberá ao Oficial de Informações a solicitação desses
conhecimentos necessários ao escalão superior ou ao órgão encarregado de fornecê-las.
2.3.1 - Clima
O clima está relacionado com a variação da estação e os padrões de temperatura,
precipitação, umidade do ar, nebulosidade, ventos e pressão atmosférica. Representa
o estado da atmosfera de um determinado local durante um certo período,
geralmente extenso, e normalmente caracteriza uma área geográfica. A força e
direção dos ventos, a quantidade de chuvas e as temperaturas médias que reinarão
em uma certa área podem ser estabelecidos em termos médios, com precisão regular,
com base em dados estatísticos. Além dos elementos climáticos, estão presentes
também os fatores climáticos, que atuam indiretamente, modificando esses
elementos: altitude, continentalidade, correntes marítimas, latitude, massas líquidas,
vegetação, etc.
Existe vários tipos de climas, cuja classificação é variável. Para o fim desta
publicação são de interesse os seguintes.
- Equatorial: quente, com temperaturas médias acima de 25º, elevada pluviosidade,
não possui estação seca. Céu freqüentemente oculto por nuvens pesadas.
Caracterizado por floresta equatorial: úmida, com grande variedade e quantidade
de insetos e aves, bem como peixes e jacarés.
- Tropical: quente, com temperaturas e pluviosidade inferiores as do clima
equatorial; duas estações distintas: verões chuvosos e invernos secos. Apresenta
regiões com florestas de menos densidade que a equatorial, havendo
predominância de savanas (cerrados no Brasil). Ocorre a presença de animais de
grande porte.
- Semi-árido: clima misto, quente e seco, com chuvas no inverno, apesar da baixa
pluviosidade. Na vegetação predomina a caatinga, caracterizada por sua
heterogeneidade: matas fechadas de moitas isoladas, com cactáceas e arbustos de
galhos tortuosos. A fauna apresenta grande variedade de insetos, pássaros
carnívoros e alguns répteis.
- Subtropical: temperatura suave, podendo baixar nas áreas mais altas, onde há,
também, possibilidade de neve no inverno. Chuvas bem distribuídas durante o
b) Luminosidade lunar
I) Luminosidade
Durante o planejamento de uma operação militar, no estabelecimento ou
análise do “quando” ela deverá ser ou não desencadeada, o comandante, junto
com o estado-maior, deverá considerar os dados referentes aos crepúsculos, o
nascer e o por da Lua, bem como juntar a isso as análises das condições
climáticas e meteorológicas que modificam as condições de visibilidade local.
Desta maneira, pode-se escolher a hora de luminosidade mais apropriada para
as operações planejadas, balanceando as vantagens que se terá em coordenação
e controle decorrente da visibilidade favorável com as proporcionadas pelo
sigilo e surpresa da visibilidade reduzida.
II) Luar
É a luminosidade refletida pela lua ao ser iluminada pelo sol. Esta
luminosidade só é percebida a noite e varia com as fases da lua. As fases da lua
são, pela ordem: CHEIA - QUARTO MINGUANTE - NOVA - QUARTO
CRESCENTE. A luminosidade na fase da lua cheia é máxima, decrescendo até
zero na lua nova. Nos quartos crescente e minguante, a luminosidade é de 1/3
(um terço) da máxima. A lunação completa se dá em 29 dias, 12 horas e 44
minutos. Mas, como dado prático em campanha, utiliza-se 28 dias, o que
corresponde a 7 dias para cada fase.
Período de luar é aquele de aproximadamente 12 horas em que a lua reflete a
luz do sol para a terra. O início e o término deste período variarão de acordo
com a fase. Vai desde o aparecimento até o desaparecimento da lua. Na lua
2.4.2 - Visibilidade
Elementos que influenciam: luar, crepúsculos, nebulosidade, precipitações.
Deverão ser sempre buscadas conclusões sobre as condições de
visibilidade durante o dia e durante a noite.
VISIBILIDADE OBSERVAÇÃO/RECONHECIMENTOS SIGILO DAS
DIURNA CONTROLE DOS MOVIMENTOS TÁTICOS OPERAÇÕES
OPERAÇÕES AÉREAS
TRABALHOS DE OT
BOA FAVORECE DIFICULTA
REDUZIDA DIFICULTA FAVORECE
local.
III) Concluir sobre:
- a existência de campos de tiro razantes e de flanqueamento para as
metralhadoras;
- a possibilidade de apoio mútuo em largura e profundidade;
- a facilidade de coordenação com elementos vizinhos;
- a possibilidade de observação e comandamento da posição por parte do
inimigo;
- a necessidade de neutralização da observação inimiga;
- a facilidade para condução do apoio de fogo (ApF) das armas de trajetória
curva por parte do inimigo; e
- o domínio de fogos.
b) Para o atacante
Deve-se proceder da seguinte forma:
I) Selecionar as regiões favoráveis à localização de observatórios, no
compartimento de contato e em profundidade.
II) Determinar as possibilidades de observação e de tiro das regiões selecionadas;
para tal os seguintes pontos deverão ser verificados ao avaliar cada acidente do
terreno:
- observação aproximada;
- observação afastada;
- domínio de vistas;
- domínio de fogos; e
- fatores limitativos.
III) Concluir sobre:
- condições dos campos de tiro para as armas de trajetória tensa em apoio;
- comandamento e rasância sobre a região do terreno onde deverá ocorrer o
desembocar do taque e durante a progressão pelo interior da posição inimiga;
- condições para a condução dos fogos das armas de tiro de trajetória curva; e
- domínio de fogos.
Selecionar, então, tendo em vista as conclusões parciais acima citadas, qual a
faixa do terreno, tanto sob ponto de vista do atacante como do defensor, oferece
- cobertas e abrigos; e
- obstáculos.
i) Quanto à aproximação de meios
Considerar os seguintes fatores:
- estradas que da retaguarda conduzem a LP, considerando a possibilidade e
condições de trânsito para viaturas pesadas;
- cobertas e abrigos; e
- obstáculos ao movimento de viaturas.
Para a comparação das VA que conduzem ao interior da própria posição, ou seja,
sob o ponto de vista do defensor, deve-se levar em consideração apenas os
seguintes fatores:
- extensão;
- domínio de vistas e fogos;
- espaço para manobra;
- orientação para o objetivo;
- progressão CC e/ou Inf;
- apoio de fogo; e
- deslocamento das armas de apoio.
Finalmente, após comparar-se as VA (EDETOPADA), é preciso concluir sobre qual
a melhor VA. Em geral, aquela vitoriosa em um número maior de fatores é a
melhor.
Os fatores preponderantes na comparação de VA, que servem para marcar
vantagem para uma VA em caso de empate, são, em ordem de importância, os
seguintes:
- orientação para o objetivo;
- domínio de vistas e fogos; e
- progressão CC e/ou Inf.
2.4.8 - Influência sobre as operações
a) Efeitos sobre as possibilidades do inimigo
Trata-se de concluir sobre as regiões, direções e linhas favoráveis à realização de
cada uma das possíveis ações do inimigo.
I) Nas ações de ataque do inimigo, deve-se observar:
CAPÍTULO 3
TÉCNICAS INDIVIDUAIS DE COMBATE
3.1 - GENERALIDADES
A instrução, a preparação e o aperfeiçoamento do combatente abrangem a transmissão
de conhecimentos teóricos e a prática de técnicas específicas, visando ao
desenvolvimento de suas técnicas individuais de combate, as quais são fundamentais
para o emprego tático de frações elementares.
O Fuzileiro Naval (FN) é adestrado para o combate em qualquer tipo de terreno, sob
condições meteorológicas adversas, tanto durante o dia como a noite. As tarefas
recebidas exigirão o seu deslocamento dentro, próximo ou à retaguarda das posições
inimigas, obrigando-o a mover-se de forma correta, com o máximo de proveito de
cobertas e abrigos.
Este capítulo tem por finalidade apresentar procedimentos e técnicas individuais que
todos os combatentes deverão conhecer para bem desempenhar suas funções em
combate.
3.2 - UTILIZAÇÃO DO TERRENO NO COMBATE DIURNO E NOTURNO
3.2.1 - Utilização das cobertas
Cobertas são acidentes naturais ou artificiais que proporcionam proteção contra as
vistas do inimigo (terrestre ou aéreo). Exemplo: macegas, arbustos, moitas, redes de
camuflagem,etc. O combatente pode ocupar uma coberta com as seguintes
finalidades: observar; ocultar-se; progredir sem ser visto; e realizar fogos. Para que a
coberta ofereça proteção contra fogos, faz-se necessário a realização de trabalhos de
organização do terreno (sapa, colocação de sacos de areia,etc). Para o melhor
proveito, deverão ser adotadas determinadas regras práticas quando da sua ocupação
e utilização.
a) Regras para ocupação de cobertas
I) Utilizar a sombra
Ao ocupar uma coberta, o combatente deve, sempre que possível, aproveitar a
sombra, pois não terá o seu corpo iluminado e, conseqüentemente, será menos
visível do que se ficar exposto à luz. Nas noites de lua também devem ser
utilizadas as sombras (Fig 3.1).
II) Imobilidade
Os movimentos do combatente, mesmo camuflado com vegetação local, em
contraste com a paisagem imóvel, serão facilmente percebidos pela observação
inimiga. Se o intuito é cobrir-se, o FN deve conservar a máxima imobilidade,
após a ocupação de uma posição.
III) Confundir-se com o terreno
As árvores, os arbustos, a terra e as construções porventura existentes no
terreno formam fundos que variam de cor e aparência. O combatente deverá
escolher cobertas que se harmonizem com o seu uniforme, levando em conta a
cor dos objetos à sua volta e o fundo contra o qual se projeta. É importante
alterar ou disfarçar o contorno de seus equipamentos individuais (capacete,
fuzil, etc.) e do seu corpo, para que se tornem irregulares e mais difíceis de
serem identificados. Os reflexos da luz sobre objetos brilhantes também
deverão ser eliminados, cobrindo-os, escurecendo-os ou abrigando-os do sol.
IV) Não se projetar no horizonte
O combatente na linha do horizonte poderá ser visto, mesmo durante a noite, a
grandes distâncias, porque os contornos escuros ressaltam em contraste com o
céu mais claro. A silhueta formada pelo corpo do combatente nessas condições
torná-lo-á um alvo fácil. Por esse motivo, o FN deverá evitar expor-se nas
cristas e partes altas do terreno.
V) Evitar pontos notáveis do terreno
Deve-se evitar a ocupação de cobertas que se constituam ou estejam próximas
execução do tiro. O abrigo que não satisfizer essas condições, mesmo depois de
melhorado, deve ser abandonado.
a) Exemplos de abrigos naturais
I) São exemplos de abrigos naturais (Fig 3.3): troncos de árvores (no mínimo com
1m de diâmetro); montes de terra (no mínimo 0,90m de espessura); montes de
pedras (para evitar ricochete e estilhaçamento, esse tipo de abrigo deverá ser
revestido com uma camada de terra de, no mínimo, 0,20m); montes de areia
(no mínimo 0,70m de espessura); dobras do terreno, fossos, escavações, etc.,
desde que a espessura seja suficiente para absorver a força do projetil.
Além da espessura, é importante verificar a compactação do terreno, pois
devem ser suficientes para absorver a força do projétil. Não se deve ainda
ocupar um abrigo que possua pedras ou um muro à retaguarda, pois o ricochete
dos projetis causa, geralmente, ferimentos tão graves quanto os impactos
diretos.
b) Influência da trajetória
I) Armas de tiro direto
A distâncias menores que 800m as trajetórias normalmente apresentam-se
tensas. Em um terreno plano e descoberto, mesmo deitado ou rastejando, o
combatente ficará exposto ao fogo. Nessa condição, a menor ondulação do
terreno (dobra) poderá constituir-se-á em um abrigo eficiente. Quanto à
maneira de abrigar-se, basta deitar-se face à direção de onde vêm os tiros.
A distâncias superiores a 800m (normalmente metralhadoras) será necessário
procurar abrigos que apresentem altura maior, pois a essa distância, os tiros
começam a apresentar sua trajetória ligeiramente mergulhante. Nessa condição,
e esperar que cessem; caso os projetis caiam à sua retaguarda, deve avançar
rapidamente para fugir do fogo; e
- em todos os casos, o combatente deve: evitar terrenos desprovidos de
abrigos e limpos, e utilizar ao máximo as cobertas, abrigos e itinerários
desenfiados, a fim de não ser vistos pelos observadores inimigos; atravessar
o mais rápido possível a zona batida; e seguir o comandante da sua fração,
reunindo-se a ele o mais breve possível.
c) Processos de progressão em combate
Em combate, o homem poderá valer-se de diversos processos de progressão, os
quais serão ditados pelo terreno, pelo inimigo, pela velocidade desejada e pelo
esforço físico a despender. As progressões poderão ser feitas caminhando em
marcha normal, engatinhando, rastejando, ou correndo em marcha acelerada
(marche-marche). Pequenos deslocamentos laterais poderão ser feitos por
rolamento.
I) Marcha normal
É empregada quando não se está sob as vistas e fogos do inimigo ou em
trechos desenfiados do terreno. O combatente deverá ter sua arma em
condições de pronto emprego e utilizar ao máximo as cobertas e abrigos
oferecidos pelo terreno. Quando for o caso, deverá caminhar agachado para
tirar proveito de pequenas cobertas e diminuir sua silhueta. Integrando uma
fração, o FN utilizará esse processo de progressão ao comando de
MARCHE! (Fig 3.6).
II) Engatinhar
V) Rolamento
Pode ser usado para a realização de pequenos deslocamentos laterais.
Partindo da posição de tiro deitado, o combatente deverá rolar tendo o
cuidado de não deixar o cano da arma tocar o solo (Fig 3.10).
Após cada lanço, parar, escutar, observar, fazer um novo estudo, e só então
prosseguir. Sempre que possível, o combatente deve evitar a ocupação do
mesmo abrigo que já tenha sido utilizado pelo homem que o precedeu, pois o
inimigo pode ter identificado essa posição.
O mesmo cuidado deve ser tomado com os itinerários que não sejam
completamente desenfiados, devendo-se, pois, evitar que vários homens por
eles progridam.
Para deslocar-se por lanço em marcha acelerada ,partindo da posição deitado, o
combatente deve agir da forma adiante explicada (Fig 3.12 e 3.13):
- quando decidir realizar um lanço, segurar a arma pelo centro de gravidade e
encolher os braços, trazendo as mãos junto a cabeça, sem levantar os
cotovelos;
- erguer lentamente a cabeça e fazer o estudo do lanço;
o corpo para a frente e amortecendo a queda com a mão esquerda (ou direita),
enquanto que a arma fica segura pela mão direita (ou esquerda) com a
coronha sob a axila. Deve-se ter o cuidado de não levantar os pés ao cair.
- tomar a posição de tiro deitado e, se não estiver em um abrigo ou pelo menos
oculto por uma coberta, rolar rapidamente para o mais próximo.
f) Passagem de obstáculos
A ultrapassagem de obstáculos é sempre uma operação difícil e que deixa o
combatente em situação extremamente vulnerável, tendo em vista que terá seus
movimentos dificultados, ficando, assim, exposto ao inimigo. É de se esperar,
portanto, que o inimigo os vigie e os bata pelo fogo.
I) Passagem por redes de arame farpado
As redes de arame são instaladas pelo inimigo nas proximidades de suas
posições e estarão sempre sendo vigiadas e protegidas pelo fogo. A
ultrapassagem de um aramado pode ser realizada abrindo-se uma brecha ou
simplesmente caminhando ou rastejando através dos fios de arame.
Qualquer dessas operações só poderá ser realizada sob condições de
visibilidade reduzida ou com o apoio de cortinas de fumaça, e com a
certeza que o obstáculo não está minado ou armadilhado. As técnicas a
seguir são utilizadas para ultrapassar esses obstáculos:
- caso o terreno não esteja minado, o combatente pode passar por cima
dos aramados mais baixos ou rastejar sob os mais altos;
- uma cerca baixa pode ser transposta por cima, galgando-se fio por fio,
procurando-os com as mãos e cuidando-se para não ficar embaraçado ou
fazer ruídos. Pode-se passar sobre um aramado baixo e frouxo colocando-
se sobre ele uma tábua de madeira, algumas esteiras de fibra ou alumínio,
ou uma tela metálica, sobre a qual se possa caminhar. Essa solução
proporcionará, contudo, uma passagem instável e a ultrapassagem será
lenta;
- em princípio é melhor ultrapassar uma rede de arame por baixo, porque o
homem não se expõe muito e pode ver os fios contra a claridade do céu,
mesmo nas noites mais escuras. O combatente deve rastejar de costas para
o solo, por baixo dos arames, usando os calcanhares para empurrar o
corpo. Com as mãos, deve apalpar o terreno à frente da cabeça, para
levantar fios baixos e localizar possíveis minas e arames de tropeço. A
arma deve ser levada ao longo do corpo e sobre a barriga, para que as
mãos fiquem livres; e
- a abertura de passagens nos obstáculos de arame exige mais tempo e pode
alertar o inimigo. No entanto, pode ser necessária para a passagem de
patrulhas, na realização de infiltrações ou como medida preparatória de um
ataque. A passagem deve ser aberta em direção oblíqua à frente e os fios
superiores da rede não devem ser cortados, a fim de dificultar ao inimigo a
descoberta da brecha. Para abafar o ruído produzido pelo corte, é
conveniente envolver o fio com um pano no local onde será aplicado o
alicate. Estando só, o combatente deve segurar o arame próximo a uma
estaca. Em seguida, aplicar o alicate sobre o pano em um ponto localizado
entre a mão e a estaca. Dessa forma, cortará o fio abafando o ruído e
evitando o chicotear da parte livre que deverá ser enrolada (Fig 3.14).
apresentada.
(a) Fazer a camuflagem individual:
- escurecer todo o rosto, nuca, orelhas, pescoço e mãos;
- não usar camiseta branca sob o uniforme e manter as mangas da blusa
abaixadas e abotoadas;
- escurecer todas as superfícies brilhantes ou cobri-las com fita isolante;
- envolver com fita isolante todas as partes do equipamento que possam
vir a fazer ruído (zarelhos da bandoleira, plaquetas de identificação,
etc.); e
- não levar chaves, moedas e outros objetos que possam fazer ruído.
Quando tiver que conduzir nos bolsos pequenos objetos metálicos
(canivete, bússola, relógio, etc.), colocá-los em bolsos separados, ou
enrolá-los em panos.
(b) Usar apropriadamente o uniforme e equipamentos:
- uniformes engomados fazem ruído durante o deslocamento e os
frouxos e grandes podem dificultá-lo;
- usar um gorro leve e sem contornos pronunciados, pois o capacete
reduz a acuidade auditiva ou modifica os sons e pode provocar ruídos,
motivo pelo qual só deve ser usado quanto a situação exigir;
- não usar capuz que cubra as orelhas, a não ser sob frio extremo, pois a
capacidade auditiva será bastante prejudicada; e
- não levar equipamentos desnecessários que venham a restringir a
mobilidade.
(c) Para matar, desacordar ou capturar um elemento inimigo, evitando ou
reduzindo os ruídos, usar somente armas silenciosas como a faca, a
baioneta, um garrote de arame ou fio de náilon, um porrete
improvisado, etc. O emprego correto de uma dessas armas exige
grande perícia, não só no seu uso, mas também na aproximação
silenciosa para aplicá-la contra o inimigo.
II) Técnicas
A progressão noturna é realizada utilizando-se as mesmas técnicas da
progressão diurna, adaptadas, porém, de forma a evitar os ruídos próximo às
posições inimigas:
extinção da luminosidade.
Não se deve olhar para a luz, de sorte a não perder a adaptação da visão a
escuridão. Abaixar a cabeça e proteger os olhos até o desaparecimento do
clarão.
Imediatamente após a extinção da luz, o combatente deve afastar-se da área
que foi iluminada, aproveitando a redução da adaptação a escuridão que o
inimigo sofre ao observar sob o efeito da iluminação.
3.3 - UTILIZAÇÃO DO TERRENO PARA OBSERVAR
3.3.1 - Observação durante o dia
O correto emprego das técnicas apresentadas neste artigo, permitirá ao combatente
ocupar corretamente uma posição e observar o terreno, obtendo conhecimentos
importantes para as decisões de seu comandante.
a) Posto de observação (PO)
É um observatório ocupado por uma pequena fração, equipe ou por um militar
isolado, com a finalidade de cumprir uma tarefa de observação. Para que a
observação seja contínua, o PO é ocupado normalmente por dois ou mais homens
que se revezam no posto, evitando assim um desgaste excessivo e permitindo um
melhor resultado na observação. Os PO deverão, sempre que possível, estar dentro
do alcance de utilização das armas amigas, como medida de segurança para
permitir o apoio de fogo em caso de retraimento, e dispor de meios de
comunicações (rádio ou telefone) que permitam uma rápida ligação com a sua
unidade. Ao ocupar um PO, o combatente deve evitar:
- posições que possuam ângulos mortos ou caminhos desenfiados à frente que
facilitem a aproximação coberta do inimigo;
- pontos destacados no terreno; e
- posições em que a silhueta contraste com o fundo ou horizonte.
Um PO deverá, sempre que a situação permitir, proporcionar: bons campos de
vistas; cobertas e abrigo; e itinerários de retraimento cobertos.
b) Exemplos de PO e maneira correta de ocupá-los
I) Telhado de casa - subir a meia distância da cumeeira e levantar uma ou
duas telhas (normalmente casa no campo não possui forro); camuflar o rosto e
a cabeça (Fig 3.21).
II) Janela ou porta de casa - observar afastado de dois a três metros, de forma a ficar
oculto pela sombra, e permanecer imóvel (Fig 3.22).
III) Árvores - para constituir um bom PO, uma árvore deve apresentar os seguintes
aspectos: possuir folhagem densa; não se destacar da vegetação à sua volta; e
não estar isolada ou projetar a sua silhueta contra o horizonte. O combatente
deve subir no tronco coberto das vistas inimigas até atingir um local com
bastante folhagem para bem se ocultar (Fig 3.23).
IV) Moita, arbusto, macega, tronco, pedra, muro, cerca ou monte de terra - para sua
utilização, o combatente deve observar as técnicas para ocupação de cobertas e
abrigos. É conveniente retirar ou camuflar o capacete para disfarçar-lhe o
contorno peculiar.
V) Crista - para observar de uma elevação, o combatente deve ter a preocupação de
selecionar um lugar onde a crista seja irregular e haja vegetação. Especial
cuidado deve ser tomado quando da ocupação e abandono da posição, para evitar
a projeção da silhueta contra o horizonte (Fig 3.24).
d) Observação em movimento
Quando em movimento, o combatente poderá manter observação sobre
determinado setor, porém o resultado obtido será bastante inferior ao conseguido
com a observação estática. Sempre que a situação permitir, o combatente em
deslocamento deve ocupar PO sucessivos ao longo do itinerário de deslocamento.
e) Transmissão do resultado de uma observação
Todo conhecimento resultante da observação deve ser rapidamente informado,
seja verbalmente ou por escrito, da forma mais completa. Um processo eficiente é
dividir o informe em cinco itens (Fig 3.27):
- Donde? Local do PO ou de onde foi feita a observação;
- Quem ou o quê? O que foi observado;
- Onde? Em que local verificou-se o fato;
- Como? Qual a atitude? O que faziam? e
III) Esquadrinhamento
A noite, para se obter a continuidade da visão, deve-se desviar constantemente
o ponto de observação com movimentos visuais curtos, rápidos e irregulares
em torno do alvo, detendo, no entanto, o olhar apenas por alguns segundos em
cada ponto. Isto ocorre por que, quando se observa a noite por meio da visão
fora de centro, a imagem formada tende a desaparecer entre quatro e dez
segundos.
c) Fatores que afetam a visão noturna
A falta de vitamina A prejudica a visão, entretanto o excesso da mesma não a
melhora. O resfriado, o cansaço, os narcóticos, o fumo demasiado e o uso
excessivo de álcool reduzirão a capacidade visual durante a noite. A exposição à
luz brilhante durante períodos prolongados também prejudicará tanto a visão
noturna quanto a diurna.
d) Preservação da visão noturna
O combatente perderá a adaptação à escuridão caso seja exposto a uma
luminosidade intensa. Se isso não puder ser evitado, deve-se fechar ou cobrir um
dos olhos para que este preserve a capacidade de enxergar a noite. Quando a fonte
de luz se apagar ou o combatente deixar a área iluminada, a visão noturna retida
pelo olho protegido permitirá que o homem enxergue no escuro, até que o outro
olho se adapte novamente.
e) Equipamentos de visão noturna
I) Os equipamentos de visão noturna destinam-se a minimizar as dificuldades da
visão noturna, permitindo a observação, o deslocamento e a realização do tiro e
de outras atividades sem a utilização de fontes de luz visíveis. Além de
possibilitar, de uma maneira geral, o tiro noturno e o movimento de viaturas
em completo escurecimento, esses equipamentos permitem, nas operações
defensivas ou nas situações estáticas, que a vigilância noturna de um setor seja
realizada em condições semelhantes à diurna. Nas ações ofensivas, nas
patrulhas e nos deslocamento táticos, os equipamentos de visão noturna têm
especial importância na orientação e na manutenção da direção a noite.
Deve-se dar preferência a uma posição de tiro abrigada. No entanto, a situação pode
forçar o combatente a utilizar apenas uma coberta para atirar. Esta, por sua vez, deve
ser transformada, pelo menos em um abrigo sumário, assim que for possível.
Ao procurar uma posição de tiro, o combatente deve tomar todas as precauções
relativas à progressão e à utilização de cobertas e abrigos, de modo a impedir que
inimigo perceba a aproximação e ocupação da posição.
Os possíveis ângulos mortos em torno da posição deverão ser batidos pelo emprego
de granadas de bocal ou de M-203 para distâncias entre 50 e 150 metros da posição,
e granadas de mão para distâncias inferiores a 50 metros. Neste último caso, o
combatente deve evitar a ocupação da posição, só o fazendo caso o terreno não
apresente opções.
3.4.3 - Conduta do combatente
O combatente deve observar e atirar pelo lado e pela parte inferior do elemento de
proteção, de maneira a ocultar a maior parte do corpo e da cabeça, não expondo a sua
silhueta. Atirar de preferência da posição deitada. Só atirar por sobre o abrigo se
houver um fundo adequado a mascarar a sua silhueta e quando não for conveniente
fazê-lo pelos lados.
3.4.4 - Limpeza dos campos de tiro
Nas situações estáticas em que se espera o contato com o inimigo (defensivas,
emboscadas, etc.), devem ser preparados os campos de tiro. Essa operação, de forma
a não denunciar as posições de tiro, deve obedecer aos princípios que se seguem:
- remover o excesso de vegetação rasteira com cuidado, para não quebrar o aspecto
natural em torno da posição;
- nas regiões de árvores esparsas, remover os ramos mais baixos dessas árvores;
- nos bosques densos, em princípio, não será possível, a não ser que haja tempo
disponível, realizar a limpeza completa dos campos de tiro. O trabalho deve ser
limitado ao desbaste da vegetação rasteira, à remoção dos ramos mais baixos das
árvores maiores e a abrir estreitos corredores de tiro para as armas automáticas;
- iniciar a limpeza junto à posição, prosseguindo na direção provável de aproximação
do inimigo até o limite do alcance útil da arma;
- remover a vegetação cortada para locais onde não proporcione cobertas para o
a) Materiais naturais
São aqueles encontrados na própria região, tais como vegetação (cortada ou viva),
entulhos, destroços, terra, areia, cascalho e grama.
A vegetação cortada deve ser empregada de modo a apresentar-se com seu
aspecto natural, com a superfície superior das folhas e as pontas dos galhos
voltadas para cima e os talos para baixo.
Outro cuidado importante quando se utiliza vegetação cortada, é a sua substituição
freqüente, antes que a folhagem murche o suficiente para mudar de cor e aspecto.
A grama deve ser usada em forma de placas (leivas), retiradas das superfícies
escavadas nos trabalhos de fortificação de campanha ou colhidas de áreas
distantes da posição a ser camuflada.
b) Materiais artificiais
São aqueles produzidos com a finalidade de serem empregados na camuflagem,
como tintas, redes, telas e tecidos especiais.
3.5.4 - Camuflagem do combatente
a) Capacete
Por sua forma característica, o capacete é uma das partes do equipamento do
combatente que mais se distingue e deve, portanto, ser objeto dos primeiros
cuidados na camuflagem individual. Diversas são as maneiras de desfigurar o
capacete e eliminar o seu brilho:
- a pintura direta de figuras irregulares sobre a superfície do capacete é uma
dessas maneiras. Devem ser usadas tintas foscas nas cores e tonalidades
adequadas ao ambiente onde se vai atuar;
- as coberturas de tecido que normalmente são distribuídas com os uniformes
camuflados, são um meio prático e rápido de desfigurar o capacete. Pode-se
também improvisar coberturas semelhantes, usando-se peças velhas do uniforme
ou outros tecidos grosseiros, como sacos de aniagem. Pequenos furos no tecido
ajudarão na fixação de folhas e ramos ao capacete, melhorando a dissimulação;
- elásticos podem ser empregados para a fixação de guarnições de material natural
ou artificial ao capacete. Esses elásticos são facilmente improvisados com tiras
de borracha de câmara de ar. Um pedaço de rede de camuflagem afixado sobre o
capacete, também dará o mesmo resultado. É importante evitar que a folhagem
fique em pé, como "penas de um cocar", pois o menor movimento de cabeça
b) Uniforme
O uniforme camuflado, por si só, não é suficiente para fazer com que o
combatente "desapareça no terreno". É necessário que seja utilizado de acordo
com as exigências fundamentais da camuflagem, citadas no item 3.5.2.
c) Equipamento
O equipamento individual de lona é fosco e, normalmente, confunde-se bem com
o terreno. Esse material, no entanto, pode desbotar com certa facilidade,
tornando-se necessário escurecê-lo. O material de náilon, por sua vez, dificilmente
perde a cor, mas seu aspecto é pouco natural e ligeiramente brilhante. Esse brilho
deve ser eliminado usando-se lama, barro ou poeira. As pequenas peças metálicas
do equipamento, tais como fivelas, grampos e mosquetões, com o uso, podem
perder o revestimento fosco e adquirir um certo brilho. Essas peças deverão,
então, ser cobertas com panos ou com fita isolante. O cantil, o caneco, a marmita,
os talheres e outros objetos brilhantes devem ser mantidos em seus estojos de lona
ou de náilon, a fim de não ocasionarem reflexos ao sol.
d) Pele
A camuflagem da pele tem por finalidade ofuscar o brilho natural, reduzir o
contraste da tonalidade entre a pele e a vegetação circundante e eliminar as linhas
nítidas do rosto, como os olhos, sobrancelhas e boca (linhas horizontais) e o nariz
(linha vertical). Mesmo as peles escuras têm reflexos, devido ao suor e à
oleosidade natural.
Para a pintura da pele são usados bastões de camuflagem, distribuídos,
normalmente, nas cores preto e verde no mesmo tubo. O rosto deve ser pintado de
ambas as cores e com desenhos irregulares, de forma a quebrar seus contornos
nítidos. Nas ações noturnas usa-se apenas a tinta preta, escurecendo todo o rosto
de maneira uniforme. Não se deve esquecer a camuflagem das mãos, da nuca e do
pescoço (Fig 3.31).
b) Regiões desérticas
Apresentam, normalmente, um aspecto bastante uniforme. A intensidade das
sombras nessas regiões é um fator importante na identificação de um objeto.
Deve-se, portanto, usar um uniforme de coloração adequada ao meio e procurar a
ocultação junto às irregularidades do terreno (dobras, pedras, vegetação, etc.),
buscando o máximo aproveitamento das sombras disponíveis. O combatente deve,
a todo custo, evitar projetar sua sombra ou a do seu equipamento.
c) Áreas edificadas
Proporcionam aspectos bastante peculiares quanto à camuflagem. As linhas retas,
regulares e geométricas das construções; a coloração variada do ambiente; a
e vertical.
3.6.2 - Calcos
O calco é a representação de uma informação em papel transparente ou translúcido
colocado sobre o trecho de uma carta, que lhe serve de fundo (orientação). Para
confeccionar um calco, o combatente colocará um pedaço de papel transparente ou
translúcido sobre o trecho da carta que o interessa e seguirá os seguintes passos:
- amarrar o calco por meio de pelo menos duas interseções de quadrículas da carta,
não esquecendo de designá-las corretamente por suas coordenadas;
- desenhar ou escrever no calco tudo o que se deseja representar como informação; e
- finalmente, incluir no calco o cabeçalho, o qual conterá a unidade ou subunidade do
informante, nome e escala da carta utilizada como referência, a data e hora da
remessa do calco.
Quem recebe o calco, para utilizá-lo, coloca-o sobre a carta referenciada e faz
coincidir os pontos de amarração, ficando assim em condições de ler os informes.
A amarração pode ser feita também com dois ou três pontos importantes da carta,
como cruzamentos de estradas, edifícios, confluências de cursos d’água, pontes, etc.
3.6.3 - Relatórios
Utilizados pelos combatentes na transmissão de informes, devem ser confeccionados
tão rápido e completos quanto for possível. As normas de preenchimento e os
modelos de relatório variam bastante, sendo o mais importante aquele que relata
determinados conhecimentos sobre o inimigo como: efetivo, atividade, localização,
uniforme, equipamentos e data-hora da observação.
O combatente também poderá ser empregado como mensageiro na transmissão de
relatórios verbais ao escalão superior, devendo estar apto para cumprir essa tarefa
com eficiência (memorizar e reproduzir com exatidão o que deve ser transmitido) e
rapidez.
a) Mensagens
I) Conceito de mensagem
Mensagem é qualquer ordem, instrução, parte , relatório, fotografia ou outro
documento em texto claro ou cifrado que uma pessoa envia a outra. Sua forma
dependerá do meio de comunicações utilizado. Ela poderá ser escrita ou verbal,
disseminada por mensageiro ou transmitida por rádio ou telefone ou outro
canal de comunicações.
II) Preparação de uma mensagem escrita
Uma mensagem bem escrita deverá ser clara, precisa e concisa. Ela será clara
quando puder ser lida e compreendida com facilidade; precisa quando
responder as perguntas: O QUE, QUANDO e ONDE; e concisa quando escrita
da maneira mais breve possível, omitindo palavras que não sirvam para
esclarecer seu significado. Ao escrever uma mensagem, o combatente deverá:
- escrever claramente em letras maiúsculas, tipo imprensa;
- usar somente as abreviaturas prescritas;
- não usar abreviaturas que possam causar dúvida; e
- dirigir a mensagem sempre a um comandante;
III) Transmissão de uma mensagem verbal
As mensagens serão escritas quando o tempo o permitir. Entretanto, as
mensagens verbais, normalmente, serão usadas nas situações dinâmicas em que
a troca rápida de informações é imprescindível. Elas deverão ser curtas e
simples para evitar erros durante a sua transmissão. Quando um mensageiro
receber uma mensagem verbal deverá repeti-la palavra por palavra ao
remetente e logo memorizá-la.
Por ocasião da transmissão da mensagem ao destinatário, poderá ser
determinado ao mensageiro que leve uma resposta ou uma outra mensagem à
sua própria unidade. Isto faz parte da sua tarefa, a não ser que haja recebido
instruções para não retardar o seu retorno.
Quando não puder encontrar o comandante, o Centro de Mensagens ou o
destinatário, deverá, sem perda de tempo, apresentar-se ao PC mais próximo e
pedir ajuda e instruções.
A mensagem será entregue ao destinatário ou a um representante seu. O
mensageiro solicitará ao Centro de Mensagens da unidade para localizar o
destinatário ou seu representante autorizado e, após passar-lhe a mensagem,
deverá pedir instruções para que no retorno confirme a transmissão (recibo).
Antes de deixar o comando da unidade ou PC, deverá dirigir-se ao Centro de
Mensagens e perguntar se há alguma mensagem para sua unidade.
Quando o transporte que estiver utilizando avariar, o mensageiro deverá
continuar até o destino por seus próprios meios. Será conveniente informar ao
comando mais próximo a fim de solicitar ajuda e instruções.
b) Mensageiros
I) Importância do mensageiro
Os mensageiros são muito importantes nos pequenos escalões e normalmente
são os únicos meios disponíveis para enviar documentos e calcos. Os
mensageiros serão selecionados segundo sua inteligência, integridade e
personalidade. Serão necessários em todos o escalões, das menores frações às
maiores unidades. Normalmente serão empregados também quando todos os
outros meios de comunicações falharem.
II) Equipamento
Algumas unidades possuem em seu efetivo pessoal especializado para a
remessa de mensagens. Entretanto, qualquer combatente poderá ser escolhido
como mensageiro. A bússola e o armamento individual fazem parte de seu
equipamento regulamentar. Outros equipamentos, tais como lanterna portátil,
carta, caderneta de mensagens, bem como meio de transporte poderão ser
proporcionados pelo elemento que empregar o mensageiro.
III) Qualificação do mensageiro
Quando um combatente receber a tarefa de mensageiro, deverá estar em
condições de:
CAPÍTULO 4
OPERAÇÕES ANFÍBIAS
4.1 - GENERALIDADES
O desenvolvimento da doutrina, das táticas, das técnicas e dos meios empregados nas
operações anfíbias (OpAnf) iniciou-se há quase 3000 anos, quando os gregos
desembarcaram em praias próximas à cidade de Tróia, para conquistá-la. Desde então, a
História registrou muitas outras operações similares. As mais conhecidas ocorreram
durante a 2a Guerra Mundial, como o desembarque na NORMANDIA, que levou os
aliados à abertura de uma segunda frente na Europa, ou o assalto a IWO JIMA, com o
propósito de negar o seu uso pelo inimigo e prover uma base aérea avançada para os
ataques ao Japão. Mais recentemente, ocorreu o desembarque britânico nas ILHAS
FALKLANDS/MALVINAS e o assalto à ILHA DE GRANADA pelos norte-
americanos.
As OpAnf exigem, para o seu planejamento e execução, um alto nível de preparo
técnico-profissional do pessoal envolvido com a mais complexa das operações militares.
A OpAnf refere-se, normalmente, a um ataque lançado do mar por uma Força-Tarefa
Anfíbia (ForTarAnf), sobre litoral hostil ou potencialmente hostil.
A publicação CGCFN-1-1 - Manual de Operações da Força de Desembarque aborda o
assunto tratado neste capítulo com maior profundidade.
4.2 - MODALIDADES DE OPERAÇÕES ANFÍBIAS
4.2.1 - Assalto Anfíbio (AssAnf)
Ataque lançado do mar por uma ForTarAnf, para, mediante um desembarque,
estabelecer firmemente uma Força de Desembarque (ForDbq) em terra.
4.2.2 - Incursão Anfíbia (IncAnf)
Operação envolvendo uma rápida penetração ou a ocupação temporária de um
objetivo em terra, seguida de uma retirada planejada.
4.2.3 - Demonstração Anfíbia
Ação diversionária compreendendo a aproximação do território inimigo por forças
navais, inclusive com meios que caracterizam um AssAnf, sem o efetivo
desembarque de tropas.
4.2.4 - Retirada Anfíbia
Consiste na evacuação ordenada e coordenada de forças de um litoral hostil.
pessoal e as comunicações.
Antes do Ensaio, assim como antes do desembarque, deverão ser ministrados
“briefings” sobre a operação e disseminadas as medidas de segurança destinadas a
preservar o sigilo da operação.
4.4.4 - Travessia
A Travessia envolve o movimento de uma ForTarAnf desde os pontos de embarque
até os postos ou áreas previstos no interior da Área de Desembarque (ADbq).
Deverão ser realizados nesta fase exercícios de guarnecimento de Postos de
Abandono para a tropa, instrução sobre controle de avarias e utilização de
equipamentos de respiração, com auxílio do pessoal do navio.
O tempo disponível nessa fase deverá ser utilizado para disseminar as alterações no
planejamento, divulgação de informações e instruções, bem como a realização dos
adestramentos possíveis, conforme necessário.
É importante a realização de treinamento físico militar, exercícios de tiro e de
embarque em viaturas anfíbias e aeronaves, oportunidade na qual poderão ser
prontificados os manifestos de embarque. A execução da verificação diária de
pessoal faz-se necessária, para constatar a presença física e o estado de saúde física e
mental de todos os elementos.
4.4.5 - Assalto
Corresponde ao período entre a chegada do Corpo Principal da ForTarAnf à ADbq e
o término da OpAnf, compreendendo o Movimento Navio-para-Terra (MNT) e as
ações em terra. É nela que a ForDbq é projetada em terra para cumprir suas tarefas,
de acordo com um Conceito de Operação.
Compreende as seguintes etapas:
- preparação final da ADbq;
- MNT por superfície e/ou por helicópteros;
- desembarque dos elementos de assalto da ForDbq;
- ações em terra para a conquista da CP;
- desembarque de outros elementos da ForDbq, geralmente de apoio ao combate
(ApCmb) e de apoio de serviços ao combate (ApSvCmb), para a execução de
tarefas que possibilitem o prosseguimento das ações em terra; e
- provisão do apoio de fogo naval e aéreo e do apoio logístico.
d) Suprimentos Emergenciais
Compreendem os suprimentos planejados pela ForDbq para fazer face às
necessidades adicionais de itens críticos de suprimentos nos momentos iniciais do
assalto. Devem estar disponíveis para entrega imediata às unidades em terra e se
subdividem em Depósitos Flutuantes e Suprimentos Helitransportados.
Muito embora os Depósitos Flutuantes não recebam número-série, os Suprimentos
Helitransportados o receberão para facilitar o controle.
e) Suprimentos Remanescentes
Consiste dos suprimentos de assalto e equipamentos que não foram incluídos nas
cargas prescritas individuais de cada combatente, nos depósitos flutuantes nem
nos suprimentos helitransportados. Não recebem número-série.
f) Embarcações Livres
Não constituem uma categoria de desembarque. Entretanto, são usadas no
transporte para a praia de elementos de comando e controle. Recebem número-
série.
g) Helicópteros Livres
São designados para as unidades helitransportadas com os mesmos propósitos
determinados para as embarcações-livres. Recebem número-série.
4.6 - DESEMBARQUE DOS ELEMENTOS DE ASSALTO
4.6.1 - Tarefas iniciais dos elementos de assalto
Quando as unidades de tropa desembarcam, desfaz-se a organização em Equipes de
Embarcação ou Heliequipes, adotando-se a organização tática - PelFuzNav (Ref),
CiaFuzNav (Ref), BtlInfFuzNav (Ref).
As tarefas iniciais dos comandantes de todos os escalões de tropa, apesar das
dificuldades iniciais de controle, devem ser as de reorganizar sua tropa e conquistar,
no mínimo, o terreno necessário para o desembarque dos apoios e reserva que lhes
são pertinentes.
4.6.2 - Conquista dos objetivos iniciais
O inimigo encontrado nas praias ou zonas de desembarque deve ser destruído para
permitir o prosseguimento do assalto até os objetivos iniciais e possibilitar a
conquista de terreno com comandamento sobre locais de desembarque, e, assim,
proporcionar condições favoráveis ao desembarque dos elementos de apoio e das
reservas.
c) Auxiliar
É normalmente o que se segue em antigüidade ao comandante da EE. Substituto
eventual do Cmt, auxilia-o no cumprimento de suas tarefas.
d) Carregadores
Oito integrantes da EE são designados como carregadores. Eles descem, guiam e
arrumam no interior da ED todo o equipamento que não puder descer com o
pessoal pela rede. Quatro deles são designados para permanecer no convés do
navio e descer os equipamentos e suprimentos, por meio dos cabos de arriar,
para a ED. Os outros quatro carregadores vão para a ED e de lá guiam a descida
dos equipamentos junto ao costado do navio, em ambos os lados da rede, por
meio de cabos guia, e os arrumam no interior da ED.
e) Serventes de rede
Normalmente, quatro fuzileiros são designados como serventes de rede, porém
serventes adicionais podem ser designados, dependendo das condições do mar
na ADbq. Os serventes são os primeiros a executar o transbordo e, ao chegar na
ED, substituem os integrantes da guarnição da ED na faina de tesar a rede de
transbordo.
f) Carregador da Raquete
É o elemento designado para transportar a raquete com o número de
identificação da EE. Deve posicionar-se, com a mesma, na proa, a BE da
embarcação, mantendo a raquete visível por sobre a borda da ED. Por ocasião da
abicagem, carrega a raquete para terra e a finca na praia acima da linha de
preamar.
4.10.2 - Preparativos para o transbordo
Ao receber ordem de “preparar para o transbordo”, o comandante da EE inspeciona
seus homens no ponto de reunião da equipe, verificando as armas e equipamentos, a
fim de assegurar-se de que todos estão prontos para o transbordo. Nesta inspeção,
verifica:
a) Salva-Vidas
Quando utilizando o salva-vidas de inflar, esse deverá se encontrar por baixo de
todo o equipamento. Se for utilizado o salva-vidas do tipo colete de paina, será
colocado depois que todos os equipamentos forem ajustados e sobre os mesmos.
b) Máscara contra-gases
Deverá estar colocada à tiracolo, com a alça sobre o ombro direito, ficando a
bolsa para trás, sobre o quadril esquerdo, envolvida pelo cinto que a mantém
junto ao corpo.
c) Mochila
Deverá encontrar-se na posição correta, ajustada no alto das costas.
d) Cantil
Deverá ser usado no quadril direito. Quando utilizando dois, o segundo será
transportado no quadril esquerdo.
e) Fuzil
Deverá estar pendurado pela bandoleira no ombro direito, cano para cima,
bandoleira para frente, com o cantil colocado entre a bandoleira e a coronha. A
bandoleira deverá estar bem ajustada para manter a arma convenientemente
presa lateralmente.
f) Capacete
A jugular do capacete deverá estar folgada, porém fechada.
g) Colete a prova de balas
Colocado sobre o conjunto cinto-suspensório e sob a mochila, deve estar
folgado, de forma a ser retirado rapidamente em caso de emergência.
h) Conjunto cinto-suspensório
Deverá ser desafivelado após entrar na ED
Fig 4.2 - Ajustagem da bandoleira Fig 4.3 - Combatente equipado para realizar
o transbordo
Fig 4.4 - Uso correto do colete salva-vidas de Fig 4.5 - Início do transbordo
paina
seguinte forma:
- o cabo-guia é preso, por seu gato, à extremidade mais pesada do equipamento por
meio do olhal existente no cabo de amarrar;
- o cabo de arriar é preso, por seu gato, no olhal do cabo de amarrar existente no
lado mais leve do equipamento;
- à proporção que a peça do equipamento vai sendo arriada, o carregador que se
encontra na ED mantém o cabo-guia tesado, para impedir que a peça se embarace
na rede e bata contra o costado, guiando-a para o interior da embarcação;
- assim que a peça do equipamento se encontrar no interior da embarcação, os gatos
dos cabos de arriar e do guia são retirados dos olhais onde se encontram presos,
engatados um no outro e içados pelo carregador que se encontra a bordo do navio,
a fim de arriar outra peça do equipamento;
- o auxiliar do comandante da equipe supervisiona a arrumação do equipamento a
bordo da embarcação, sendo que essa deve ser aprovada pelo patrão da mesma; e
- o equipamento é arriado simultaneamente com a descida do pessoal da EE.
O comandante da equipe é o último a realizar o transbordo. Antes de desembarcar,
faz uma verificação geral para certificar-se de que todo pessoal, equipamento e a
raquete foram embarcados na ED e se os cabos de arriar foram içados e estão
devidamente arrumados na estação de transbordo para serem utilizados pela
equipe seguinte. Por fim, entrega ao encarregado da estação os cartões de
embarque de todos os combatentes que acabaram de realizar transbordo, incluindo
o seu próprio.
4.10.4 - Transbordo
Quando o navio estiver pronto para iniciar o transbordo, as ED que se
encontravam circulando na Área de Espera são chamadas para atracar a
contrabordo, junto às redes de desembarque (normalmente até cinco em cada
bordo). As ED são chamadas à medida que se tornam necessárias, por meio de
semáforos ou por rede rádio apropriada.
Ao receber ordem para guarnecer a estação de transbordo, o comandante conduz
sua EE para a estação que lhe foi designada. O auxiliar se desloca à retaguarda a
fim de facilitar o controle sobre os integrantes da EE durante o percurso.
Independente disto, cada elemento da EE deverá estar familiarizado com o percurso
do ponto de reunião para a estação de transbordo.
Para cobrir toda a frente que lhe foi atribuída na praia, garantir a máxima potência de
fogo ofensivo no menor tempo possível e a rápida conquista da praia, todo o
PelFuzNav (Ref) desembarcará, em geral, simultaneamente na hora “H” e sem outro
elemento de apoio.
O comandante do PelFuzNav (Ref) conduz o assalto observando os procedimentos a
seguir descritos:
a) Retoma o controle do pelotão e de todas as frações à disposição o mais cedo
possível. Pelo fato de estar embarcado numa ED com metade do pelotão e o
sargento-auxiliar com o restante do pelotão numa outra e, ainda, em virtude de
ambas as ED abicarem lado a lado, ele estará capacitado a estabelecer rapidamente
o contato com todas as suas frações subordinadas, não só utilizando seus próprios
esforços e os do sargento-auxiliar, como também os mensageiros do pelotão.
b) Avalia constantemente a situação com que se defronta por meio da observação
pessoal, reconhecimentos e de contatos pessoais com seus comandantes de GC.
Nessa avaliação, ele considera os seguintes aspectos:
- se o ataque está ou não progredindo de acordo com o previsto;
- se não estiver, se isso é devido à falha na condução do assalto à praia ou de
manobra de abicagem das ED, ou devido à mudança inesperada da situação do
inimigo;
- a natureza, o valor e o dispositivo das posições inimigas na praia e nas suas
imediações, dentro da ZAç do pelotão; e
- a localização e situação de todas as frações que constituem sua organização.
c) Baseado nessa rápida avaliação da situação, pode decidir progredir no ataque em
direção ao objetivo que lhe foi designado, haja vista o desenvolvimento do assalto
praticamente de acordo com o previsto, ou alterar o plano de ataque para enfrentar
uma nova situação. Sua decisão deve, contudo, observar a necessidade de destruir o
inimigo na praia que possa interferir pelo seu posicionamento e o fogo de suas
armas no desembarque das vagas subseqüentes, para só então avançar rapidamente
para o interior e conquistar os objetivos designados para o pelotão.
Se os três GC estiverem engajados na praia, ele deve conduzir o pelotão de forma a
completar a conquista da praia antes do prosseguimento; porém, se os três GC
estiverem avançado normalmente em direção aos objetivos designados, ele continua
o ataque, estimulando a rapidez no avanço. Se, como acontece muitas vezes, um ou
CAPÍTULO 5
OPERAÇÕES TERRESTRES
5.1 - GENERALIDADES
No contexto da guerra anfíbia, os Fuzileiros Navais terão que executar operações
terrestres com a finalidade de cumprirem sua missão.
Tais operações poderão ser de caráter ofensivo (operações ofensivas) ou defensivo
(operações defensivas).
O CGCFN- 1-5 - Manual de Operações Terrestres de Caráter Naval, aborda o assunto
com detalhes.
5.2 - OPERAÇÕES OFENSIVAS
O sucesso final no campo de batalha somente é obtido pelas operações ofensivas.
Ofensiva significa atacar, explorar as fraquezas do inimigo e manter a iniciativa. São
realizadas a fim de alcançar um ou mais dos seguintes propósitos:
- destruir forças ou material inimigos;
- conquistar áreas ou pontos importantes do terreno;
- obter informações;
- desviar a atenção do inimigo;
- fixar o inimigo em posição;
- privar o inimigo de recursos; e
- desorganizar um ataque.
5.2.1 - Fases da ofensiva
Todas as operações ofensivas tendem a se desenvolver, normalmente, em três fases:
- preparação;
- execução; e
- continuação.
a) Preparação
Esta fase tem início com o recebimento da diretiva, que dará origem à operação,
até a ocupação de uma posição de ataque (PAtq) e subseqüente transposição de
uma linha de partida (LP), o que marca efetivamente o inicio da execução do
ataque.
Nesta fase, ocorre a marcha para o combate, na qual a tropa atacante busca
estabelecer o contato com o inimigo. A seguir, deslocando-se a partir de zona (s)
de reunião (ZReu) e/ou de PAtq transpõe a LP ou linha de contato (LC),
PAss
(LPD) LP MARCHA PARA
O COMBATE
APROVEITAMENTO
DO ÊXITO ZReu
ASSALTO
Obj
PAtq
PERSEGUIÇÃO
(LPD) LP
PAss
CONTINUAÇÃO PREPARAÇÃO
EXECUÇÃO
I) Coluna de marcha
Utilizada quando o contato com o inimigo for remoto. Prevalecem as medidas
que visam facilitar e acelerar o movimento. O deslocamento é realizado,
normalmente, por estradas e motorizado.
II) Coluna tática
Utilizada quando o contato com o inimigo for pouco provável. Neste caso,
considerações táticas e administrativas existem paralelamente. A tropa é
organizada para o combate de modo a permitir rápida entrada em ação em face
de qualquer interferência do inimigo.
III) Marcha de aproximação
Empregada quando for iminente a ação do inimigo terrestre (contato iminente).
Prevalecem as considerações táticas e a tropa será desdobrada
progressivamente à medida em que se prenuncia o contato, culminando com a
tomada do dispositivo de ataque ou de qualquer outro cuja dispersão lhe
permita furtar-se à ação das armas de tiro de trajetória tensa do inimigo.
Durante a realização de uma marcha para o combate deve ser esperada a
ocorrência de um combate de encontro, o qual consiste na ação que ocorre quando
uma tropa em movimento, não desdobrada para o combate, engaja-se com uma
tropa inimiga, parada ou em movimento, sobre a qual não dispõe de informações
adequadas.
Tal ação pode ter lugar em condições de combate altamente móveis, com as tropas
dispersas lateralmente e em profundidade, como após os momentos iniciais do
assalto anfíbio. Sua ocorrência é mais freqüente nos pequenos escalões de tropa.
Deve ser evitada, por meio de elementos de segurança à frente, a ocorrência de
um combate de encontro, pela imprevisibilidade de sucesso de ambos os partidos
neste tipo de embate.
b) Reconhecimento em força
É uma operação realizada com propósito limitado, visando revelar e testar o
dispositivo e o valor do inimigo em uma determinada posição ou obter outras
informações.
O vulto da força a ser empregada neste tipo de operação deverá ser adequado para
obrigar o inimigo a reagir em força e decididamente, sem que se permita um
engajamento decisivo, mas que revele seu valor, dispositivo, reservas, localização
Res
b) Ataque frontal
Nesta forma de manobra, o ataque incide ao longo de toda a frente da posição
defensiva inimiga com a mesma intensidade (Fig 5.3).
Normalmente, o ataque frontal é a forma de manobra menos desejável para ser
realizada, porque o inimigo terá condições de aplicar o seu máximo poder de
fogo em toda a frente da tropa atacante.
A menos que haja uma grande superioridade do poder de combate do atacante,
raramente o ataque frontal conduz a resultado decisivos. Por tal razão, o
atacante deve procurar criar ou aproveitar vantagens e condições que lhe
permitam evoluir para outra forma de manobra que propicie o êxito esperado.
Obj
c) Desbordamento
No desbordamento, o ataque principal ou de desbordamento contorna, por terra
Obj
ATAQUE DESBORDANTE
ATAQUE (S) SECUNDÁRIO (S) (superfície ou helitransportado)
d) Envolvimento
No envolvimento, o ataque principal contorna, por terra ou pelo ar, as
posições defensivas do inimigo, visando conquistar objetivos profundos em sua
retaguarda (Fig 5.5). Esta manobra força o defensor a abandonar sua posição
para fazer face à ameaça envolvente. O inimigo é, então, engajado em local
escolhido pelo atacante.
A adoção desta forma de manobra é de grande importância em situações nas
quais exista a oportunidade de conquistar um ponto crítico antes que uma tropa
inimiga possa retirar-se ou ser reforçada.
Difere do desbordamento por não ser dirigido para atingir o inimigo em sua
própria posição defensiva e por sujeitar a tropa envolvente a operar
independentemente, fora da distância de apoio de qualquer outra tropa terrestre
atacante.
Com a possibilidade do emprego de helicópteros, o envolvimento -
envolvimento vertical - passou a ser empregado largamente nas operações
anfíbias.
O duplo envolvimento tem considerações semelhantes às já apresentadas para o
duplo desbordamento, acrescidas da maior profundidade da operação e falta de
apoio mútuo.
Obj 2
Obj 1
ATAQUE ENVOLVENTE
ATAQUE (S) SECUNDÁRIO (S) (superfície ou helitransportado)
e) Infiltração
A infiltração possibilita o deslocamento furtivo de uma força, por elementos
isolados ou em pequenos grupos, através, sobre ou ao redor das posições
inimigas, ou em seu interior, e o seu posterior desdobramento à retaguarda
dessas posições. Embora a infiltração possa ser empregada nas operações
defensivas, ela é normalmente realizada em operações ofensivas, apoiando a
ação principal e direcionada para:
- atacar o inimigo, após a passagem através de suas posições, pelo flanco ou
retaguarda, em apoio a uma operação de maior vulto;
- conquistar posições de bloqueio, após a passagem através das posições
inimigas,
para impedir o seu retraimento ou que seja reforçada;
- atacar posições sumariamente organizadas, após passar através do dispositivo
inimigo; e
- inserir forças para conduzir operações de inquietação e desgaste na área de
retaguarda do inimigo.
A infiltração pode ser realizada por tropas:
- a pé;
- helitransportadas;
- usando embarcações; e
- lançadas por pára-quedas.
A existência de evidentes brechas no sistema defensivo inimigo, combinada
I) Transposição imediata
É aquela conduzida em continuação a uma operação, sem que a tropa perca sua
impulsão. É realizada por forças descentralizadas, empregando meios
orgânicos ou previamente colocados à sua disposição, bem como meios de
fortuna. Normalmente, é realizada quando as defesas inimigas são fracas,
quando for possível neutralizar pelo fogo as defesas inimigas e quando o
inimigo, embora de efetivo apreciável, esteja desorganizado, mal adestrado ou
for apanhado de surpresa.
II) Transposição preparada
É aquela conduzida após planejamento detalhado e execução de amplos
preparativos, visando concentrar poder de combate para prosseguir no ataque
na margem oposta. Normalmente, será empregada quando uma transposição
imediata falhar ou não puder ser desencadeada, ou quando a resistência
esperada do inimigo tornar inexeqüível a transposição imediata.
5.5 - OPERAÇÕES DEFENSIVAS
A defensiva consiste no emprego do poder de combate com vistas a manter a posse de
uma área ou a integridade de uma força ou instalação, bem como criar condições mais
favoráveis para a ação ofensiva. Embora seja capaz de impedir o sucesso inimigo,
normalmente não assegura a vitória sobre o mesmo, pois resultados decisivos só são
esperados com o combate ofensivo. Contudo, é o espirito ofensivo que constitui a base
para o sucesso da defesa, através do planejamento e execução de ações dinâmicas e da
manutenção da iniciativa.
O defensor obtém a iniciativa selecionando e organizando, de acordo com suas
conveniências, a área a defender, induzindo o inimigo a reagir de acordo com os planos
defensivos, explorando suas vulnerabilidades e erros por meio de ações ofensivas e
contra-atacando sua forças que tenham obtido sucesso.
O propósito principal de uma operação defensiva é derrotar um ataque inimigo,
contendo, repelindo ou destruindo suas tropas. Os propósitos secundários incluem:
- ganhar tempo até a chegada de novos meios;
- economizar meios em um setor, de modo a concentrar poder de combate para uma
ação decisiva em outro;
- criar condições mais favoráveis às operações ofensivas subseqüentes;
- impedir o acesso do inimigo à determinada área;
aéreos.
g) Defesa em profundidade
É necessária com vistas a: reduzir o ímpeto do ataque e evitar o rompimento da
posição defensiva; forçar o inimigo a realizar repetidos ataques; permitir ao
defensor avaliar as ações executadas pelo inimigo e contê-las; impedir o inimigo a
empregar suas reservas em local e momento não decisivos; e diminuir os efeitos
dos seus fogos.
A profundidade da defesa é conseguida engajando o mais cedo possível o inimigo
com elementos aéreos, com as forças de segurança, empregando as armas de
apoio a partir de posições avançadas e em seu máximo alcance de utilização,
empregando núcleos defensivos sucessivos, utilizando obstáculos e barreiras
dispostos em profundidade, e pela manobra e adequado emprego das reservas e
fogos de apoio.
A profundidade deve ser equilibrada com a defesa a toda volta.
h) Flexibilidade
Na defensiva, a flexibilidade é conseguida pela seleção e preparo de posições de
muda e suplementares, pela mobilidade dos elementos de combate e da reserva,
pelo controle centralizado das armas de apoio, pela preparação dos planos de
contra-ataque e pelo planejamento de retomada das ações ofensivas.
i) Máximo emprego da ação ofensiva
Considerando que a ofensiva é a forma decisiva de combate, o defensor deve estar
atento às oportunidades que permitam adotá-la. Ações dinâmicas que levam à
retomada da iniciativa incluem: patrulhamento agressivo, ataques com as forças
de segurança antes que o inimigo alcance a posição defensiva (PD), incursões
contra suas tropas que estejam se preparando para o ataque e contra-atacando suas
penetrações na PD.
j) Dispersão
Este fundamento deve ser considerado concorrentemente com a necessidade de se
obter o máximo apoio mútuo, a máxima segurança e o mínimo de vulnerabilidade
aos fogos inimigos.
A dispersão em profundidade evita que as frentes se tornem muito extensas para o
defensor, proporciona mais meios para a reserva, evita os movimentos laterais
quando ocorrer um ataque inimigo apenas numa parte da frente, facilita a detecção
(FCob)
ÁREA DE SEGURANÇA
DO EscSup
PAG PAG
PAC PAC
ÁREA DE
SEGURANÇA
LAADA LAADA
ÁREA DE
DEFESA AVANÇADA
POSIÇÃO
DEFENSIVA
ÁREA DE RESERVA
a) Área de segurança
É a que se estende para frente e para os flancos desde o Limite Anterior da Área
de Defesa Avançada (LAADA). Nesta área, operam as forças de segurança ou
escalão de segurança, destinadas a fornecer conhecimentos e alerta oportuno sobre
o inimigo, impedir sua observação terrestre sobre a ADA, iludi-lo quanto à PD e,
de acordo com suas possibilidades, retardá-lo e desorganizá-lo.
b) Área de defesa avançada
É a que se estende para retaguarda desde o LAADA até o limite posterior dos
elementos de primeiro escalão. Nela é que terão lugar as ações decisivas da
defensiva.
Nesta área operam as forças de defesa avançada, que serão estruturadas de acordo
com a forma de manobra tática defensiva adotada. Quando esta for baseada na
manutenção do terreno, tais forças serão destinadas a impedir a entrada do
atacante na área. Se o planejamento estabelecer uma defesa com base na
a) Defesa de área
É a forma de manobra defensiva onde é dada particular atenção à manutenção ou
controle de uma região determinada, negando ao atacante o acesso à mesma.
O defensor visa, inicialmente, deter o inimigo à frente do LAADA, empregando
grande volume e variedade de fogos. Por outro lado, utilizará o combate
aproximado e contra-ataques para expulsar ou destruir forças que tenham logrado
penetrar na PD.
É adotada nas seguintes circunstâncias:
- exigência da posse de uma determinada região;
- o defensor dispõe de menor mobilidade que o inimigo;
- a frente a defender é relativamente estreita;
- a profundidade da ADA é relativamente limitada;
- o terreno restringe os movimentos do defensor;
- há tempo suficiente para preparar a posição defensiva, inclusive o sistema de
barreiras;
- há forças suficientes para prover o adequado poder de combate;
- o defensor não possui liberdade de movimento em face da superioridade aérea
do inimigo; e
- não é esperado que o atacante utilize armamento de destruição em massa.
b) Defesa móvel
É o tipo de defesa que tem por finalidade a destruição do inimigo, por meio do
fogo e do contra-ataque, após atraí-lo para regiões a isso favoráveis no interior da
PD.
Neste tipo de defesa, a manobra é empregada em conjunto com os fogos e a
organização do terreno. Para tal, o defensor permite ao atacante penetrar em
região que o exponha a um contra-ataque de destruição por uma reserva forte e
móvel.
As seguintes circunstâncias indicam a adoção de uma defesa móvel:
- não é necessário manter uma área específica;
- o defensor possui mobilidade igual ou maior que o inimigo;
- a frente a defender excede as possibilidade de se estabelecer uma defesa de área;
- a profundidade da ADA é adequada para admitir uma penetração inimiga e uma
manobra contra ele;
- o terreno permite boa movimentação do defensor;
- o tempo para o estabelecimento da defensiva é limitado;
- há forças mecanizadas suficientes para possibilitar rápida concentração do poder
de combate;
- o defensor possui superioridade aérea; e
- o inimigo tem capacidade de empregar armamento de destruição em massa.
c) Ação retardadora (AçRtrd)
É o movimento retrógrado em que uma força sob pressão ganha tempo e cede
espaço, infligindo o máximo de retardo e de danos ao inimigo, sem ser engajar
decisivamente no combate.
Existem quatro tipos de ação retardadora:
- retardamento em uma única posição;
- retardamento em posições sucessivas;
- retardamento em posições alternadas; e
imediatamente à frente. Embora esta não seja ocupada pelo grosso, seu controle
pelo fogo é essencial para o sucesso da defesa. Caso o inimigo aí se estabeleça, o
defensor deverá contra-atacar para desalojá-lo.
Poderá ser adotada, com vantagem, nas seguintes situações:
- quando houver dificuldade em manter a encosta em virtude da densidade e/ou
precisão dos fogos inimigos;
- quando o terreno não proporcionar boas cobertas e abrigos;
- quando o defensor perder o controle da encosta;
- quando o terreno na contra-encosta oferecer melhores campos de tiro do que os
encontrados na encosta;
- quando for necessário evitar uma saliência ou reentrância desfavorável para o
dispositivo defensivo como um todo;
- quando o defensor desejar variar o tipo de defesa de área, de modo a confundir o
atacante, ou para iludi-lo quanto à localização exata de suas posições; e
- quando a posse do terreno além da crista militar não for essencial para a
observação terrestre do defensor.
d) Defesa na linha de um curso de água
A utilização de um curso de água como obstáculo representa vantagem especial
para o defensor, compensando, muitas vezes, uma inferioridade numérica. Seu
valor aumenta com a largura, profundidade e velocidade da corrente.
O aproveitamento deste acidente é de particular importância no assalto anfíbio,
dada a necessidade habitual de manter uma cabeça-de-praia (CP) sob pressão do
inimigo e com tropas já desgastadas.
O LAADA poderá ser localizado ao longo da margem de posse do defensor ou
bem a retaguarda desta. Normalmente, situa-se o LAADA ao longo da margem
quando:
- os observatórios forem iguais ou melhores do que os do inimigo;
- houver campos de tiro em relação aos possíveis locais de travessia; e
- houver boas cobertas e abrigos.
e) Defesa elástica
A defesa elástica é uma técnica que admite a penetração do inimigo em região
selecionada para emboscá-lo e atacá-lo pelo fogo ao longo de todo seu dispositivo.
A posição é ocupada por tropas desdobradas em profundidade, para permitir o
amigos.
Considerando-se as dificuldades de tal operação, antes de decidir realizá-la,
devem ser avaliados os riscos decorrentes e as possibilidades de alcançar os
efeitos desejados por outros meios.
5.6.2 - Operações de substituição
A substituição de forças em combate é inerente à conduta do mesmo. Quando as
operações táticas se estendem por períodos prolongados, será necessária a
substituição periódica das unidades empregadas.
a) Propósitos
- considerar necessidades ditadas pelo planejamento, como, por exemplo,
prosseguir no ataque em outra direção:
- preservar o poder de combate de uma força para posterior emprego desta em
outras ações ofensivas, substituindo-a por outra descansada; e
- preparar a força substituída para uma operação que exija equipamento e/ou
adestramento de caráter particular.
b) Tipos de substituição
- substituição em posição;
- ultrapassagem, e
- acolhimento.
I) Substituição em posição
É a operação em que uma tropa assume o dispositivo de uma outra (ou parte
dela) em combate.
É executada quando o elemento a ser substituído encontra-se na defensiva,
podendo caber à tropa que substitui continuar nesta situação ou prosseguir no
ataque.
II) Ultrapassagem
É a operação em que uma tropa ataca através do dispositivo de uma outra que
está em posição na linha de frente.
Pode ter lugar quer na ofensiva, quer na defensiva, visando manter a iniciativa
e a impulsão do ataque, explorar deficiências do inimigo, iniciar um ataque ou
um contra-ataque.
III) Acolhimento
É uma ação na qual uma tropa realizando um movimento retrógrado passa
através das posições ocupadas por uma outra. Esta operação é utilizada quando
se deseja substituir uma força que esteja demasiadamente empenhada ou se
encontre muito desfalcada. Pode também ocorrer como parte de um movimento
retrógrado ou para permitir o retraimento de uma força que deva cumprir uma
outra missão. Basicamente pode ser considerado como uma ultrapassagem para
a retaguarda, mas, por acarretar um retraimento através de uma posição
defendida, envolve mais riscos e dificuldades do que uma ultrapassagem,
principalmente se realizado sob pressão do inimigo.
c) Seleção do tipo de substituição antes do ataque
I) Substituição em posição
Será empregada quando houver tempo suficiente para sua realização e:
- a tropa a ser substituída é necessária em outra área, antes ou logo após o
desembocar do ataque;
- o atacante necessita de conhecimento mais detalhado do terreno e/ou do
inimigo; e
- o poder de combate do inimigo é capaz de colocar em risco a concentração de
tropas decorrente de uma ultrapassagem.
II) Ultrapassagem.
Será, empregada preferencialmente, quando:
- não houver tempo suficiente para realizar uma substituição em posição;
- for necessário variar o dispositivo para o ataque;
- houver necessidade de apoiar o ataque com os meios de apoio de fogo de
ambas as tropas;
- for prevista radical mudança na direção do ataque;
- for necessário manter contínua pressão sobre o inimigo; e
- for possível obter rapidez nas ações.
5.6.3 - Segurança da área de retaguarda (SEGAR)
A área de retaguarda é a parte do espaço geográfico de uma força destinada ao
desdobramento de sua reserva e da maior parte dos elementos de comando, apoio ao
combate e de apoio de serviços ao combate. Normalmente só é considerada a partir
do escalão batalhão, inclusive.
A SEGAR compreende todas as medidas e /ou ações executadas visando assegurar
a normalidade das atividades desenvolvidas na área de retaguarda, bem como de
CAPÍTULO 6
O GRUPO DE COMBATE E A ESQUADRA DE TIRO
6.1 - GENERALIDADES
Nas operações terrestres deve ser valorizado o emprego dos menores escalões de tropa,
por sua importância e contribuição para o cumprimento dos mais variados tipos de
tarefas. O espírito combativo e a proficiência tática dessas frações, particularmente do
Grupo de Combate (GC), enaltece o poder de combate de uma tropa de Fuzileiros
Navais
O presente capítulo descreve a finalidade, organização, tarefas e armamento do GC e de
suas frações constituintes - as Esquadras de Tiro (ET). Além disso, apresenta as táticas e
procedimentos dessas frações no combate ofensivo e defensivo.
6.2 - FINALIDADE E ORGANIZAÇÃO
O GC, como unidade tática básica de infantaria, tem por finalidade localizar, cerrar
sobre o inimigo e destruí-lo pelo fogo e movimento, ou repelir seu ataque pelo fogo e
combate aproximado.
Ele é organizado em três ET, cada uma das quais constituída em torno de uma arma
automática (MINIMI) e controlada por um comandante.
O GC é composto por 13 combatentes: um sargento, que é seu comandante, e das três
ET com quatro combatentes cada. A ET, por sua vez, é constituída por um CB-IF, seu
comandante; um CB-IF atirador, responsável pela execução dos tiros da arma
automática da ET; um SD-FN municiador; e um SD-FN volteador.
b) Comandante de ET (CmtET)
Faz cumprir, no âmbito da sua fração, as ordens dadas pelo CmtGC. Ele é o
responsável pelas condições de funcionamento e limpeza das armas e
equipamentos de sua ET, bem como pela utilização correta desses meios.
É responsável, ainda, pelo controle do tiro e disciplina de fogo de sua ET. Para tal,
mantém-se tão próximo quanto possível do Atirador de forma a exercer
efetivamente o controle dos seus tiros. Contudo, com vistas a fazer cumprir as
ordens emanada pelo CmtGC, coloca-se numa posição de onde melhor possa
observar todos os integrantes da ET e controlar seus movimentos e o emprego de
suas armas.
Além dessas tarefas básicas como líder de uma pequena fração, porém sem
comprometê-las, ele atua também como granadeiro e é o responsável pelo
emprego eficiente do Lança-Granadas 40mm M203, do seu Fuzil de Assalto
5,56mm e, ainda, pelas condições de funcionamento e conservação dos seus
próprios armamento e equipamentos.
O mais antigo dos três CmtET é o substituto eventual do CmtGC.
c) Atirador
Cumpre as ordens do CmtET. É o responsável pelo emprego eficiente da arma
automática da ET (MINIMI), bem como pelas condições de funcionamento e
conservação dessa arma e de seus equipamentos.
d) Municiador
Auxilia o Atirador no emprego da arma automática da ET (MINIMI). Para tal,
colabora no posicionamento dessa arma e na identificação de alvos, protege o
atirador, transporta carregadores ou cofres de munição adicionais para o
reabastecimento e ajuda na solução dos incidentes de tiro. Deve estar preparado
para substituir o Atirador. É responsável pelo emprego, condições de
funcionamento e conservação do seu Fuzil de Assalto 5,56mm e de seus
equipamentos.
e) Volteador
Cumpre as ordens do CmtET, atuando como elemento de segurança na incessante
tarefa de localizar o inimigo nas proximidades de sua fração. É responsável pelo
emprego e pelas condições de funcionamento e conservação do seu Fuzil de
Assalto 5,56mm e dos seus equipamentos. Além disso, é responsável pelo
precisa pode ser conseguida pela média de algumas estimativas realizadas por
diferentes combatentes.
b) Observação do tiro
Uma determinação precisa de distância pode ser obtida observando-se o ponto de
impacto dos projetis de munição comum ou traçante. É necessário empregar um
observador porque é muito difícil ao próprio atirador acompanhar a trajetória do
seu projetil traçante e localizar o ponto de impacto. Este método permite estimar
distâncias rápida e precisamente, contudo a possibilidade de obtenção da surpresa
é perdida e a posição do atirador pode ser localizada pelo inimigo.
O método segue os seguintes passos:
- o atirador estima visualmente a distância até o alvo, faz a pontaria com essa
distância inserida na alça de mira do seu fuzil e dispara;
- um observador próximo ao atirador segue a trajetória do traçante e marca o local
de impacto do projetil;
- o observador, então, indica a viva voz as correções em cliques de elevação do
cursor da alça de mira e, caso exista, a força do vento que possa ter desviado o
projetil, de forma a atingir o alvo;
- o atirador introduz as correções na pontaria e executa novo disparo, repetindo o
passo anterior até que um impacto no alvo tenha sido observado. O observador
fica atento ao número de cliques de elevação inseridos até conseguir o acerto no
alvo; e
- a indicação final do cursor da alça de mira com a qual se atingiu o alvo
(considerando a posição do atirador como zero) indica a distância até o alvo.
6.5.2 - Fogos dos fuzis de assalto e das armas automáticas e seus efeitos
O emprego correto dos fogos dos fuzis de assalto e das armas automáticas do GC,
bem como a exploração dos seus efeitos, é a segunda parte da técnica de tiro dessa
fração. O conhecimento sobre o comportamento do projetil durante o vôo e um
entendimento do efeito do fogo dessas armas sobre o inimigo podem auxiliar os
integrantes do GC na obtenção da máxima eficiência.
a) Trajetória
É o caminho percorrido por um projetil em seu vôo até o alvo. A trajetória é quase
horizontal a curtas distâncias; porém quando ela cresce, a altura da curva
(ordenada) que a representa também cresce.
b) Cone de tiro
Cada projetil disparado de um fuzil contra um mesmo alvo segue um caminho ou
trajetória ligeiramente diferente dos demais. Estas pequenas diferenças são
ocasionadas por imperceptíveis variações na pontaria, empunhadura, acionamento
do gatilho, queima da carga de projeção, no vento ou na pressão atmosférica.
Como os projetis partem de um mesmo ponto de origem, a boca da arma, suas
trajetórias geram um cone de forma específica, conhecido por cone de tiro.
c) Zona batida
O cone de tiro que atinge uma superfície forma uma zona batida, a qual se
apresenta de forma comprida e estreita. As zonas batidas variam em comprimento.
Quando a distância aumenta, o comprimento da zona batida diminui. A inclinação
do terreno afeta o tamanho e a forma da zona batida. Quando o alvo se encontra
na encosta de uma elevação, a zona batida é encurtada; numa superfície
descendente, onde o ângulo de inclinação for menor do que a curva das trajetórias,
a zona batida é alongada. A superfície que se inclina abruptamente em um ângulo
maior do que o de queda dos projetis não será atingida e é dita como estando
desenfiada.
d) Classificação dos fogos
Os fogos dos fuzis são classificados quanto à direção com que atingem o alvo e
quanto à trajetória.
Quanto à direção com que atingem o alvo, eles podem ser:
- frontais: quando os tiros atingem perpendicularmente a frente do alvo;
- de flanco: quando disparados contra o flanco do alvo; e
- de enfiada: quando disparados de forma que o eixo maior da zona batida
coincida, ou coincida aproximadamente, com o eixo maior do alvo. Os fogos de
enfiada podem ser tanto de flanco quanto frontais.
Fig 6.5 - Fogos de fuzil quanto à direção com que atingem o alvo
- sobre tropa: são aqueles executados acima das cabeças da tropa amiga. O fogo
dos fuzis é considerado seguro quando a movimentação do terreno protege a
tropa à frente ou quando ela se encontra em uma posição suficientemente abaixo
da linha de fogo.
e) Efeito do fogo dos fuzis
Os melhores resultados do fogo dos fuzis são obtidos quando o GC está perto do
inimigo. O GC deve se aproveitar das cobertas e abrigos proporcionados pelo
terreno e dos fogos de apoio executados pelas metralhadoras, morteiros e artilharia
para avançar até o mais perto possível do inimigo antes de abrir fogo.
Normalmente, o GC não deve abrir fogo a distâncias superiores a 800m (para alvos
tipo área) e 550m (para alvos tipo ponto), o máximo de alcance útil do Fuzil de
Assalto 5,56mm.
Só em condições muito favoráveis o fuzil pode ser usado contra grupos de
combatentes inimigos ou alvos que apresentem áreas mais extensas, entre as
distâncias de 460 e 1.000 metros, seu alcance máximo eficaz.
A área na qual o inimigo está localizado pode ser habitualmente determinada pelo
som dos seus disparos. Os tiros de uma fração devem ser distribuídos
uniformemente em largura e profundidade, de forma a bater a área ocupada pelo
6.6.1 - Emprego
Na ofensiva, o Lança-Granadas 40mm M203 é empregado para destruir grupos de
indivíduos inimigos e proporcionar o apoio de fogo aproximado durante o assalto em
conjugação ou para suplementar outros fogos de apoio.
O CmtET seleciona pessoalmente os alvos e executa os tiros durante o ataque. Nos
últimos 35 metros do assalto, quando os fogos do Lança-Granadas 40mm M203
podem se tornar perigosos para as tropas amigas que estão executando o assalto ao
objetivo, ele deve empregar a munição antipessoal multiprojeteis. Esta munição pode
ser disparada da mesma linha que a tropa assaltante se encontra sem colocar em
perigo os demais combatentes próximos ao CmtET. Ele pode, entretanto, lançar
granadas explosivas contra alvos que estejam suficientemente distantes da faixa de
terreno a ser percorrida pela tropa que realiza o assalto, de forma que a explosão da
granada não lhe traga qualquer risco. Convém lembrar que as granadas alto
explosivas necessitam de uma distância mínima de aproximadamente 30 metros para
armar a espoleta.
Durante o assalto, o CmtET pode utilizar seu fuzil até que apareça algum alvo
apropriado ou até que ele tenha tempo para recarregar o M-203. Os alvos apropriados
para serem batidos pelas granadas lançadas pelo M-203 são posições de fuzis-
metralhadores, metralhadoras e as guarnições de outras armas de emprego coletivo,
no setor de tiro da ET. Esta forma de emprego é usada quando um volume intenso de
fogo é necessário para reduzir a posição inimiga assaltada.
Na defesa, o CmtET ocupa uma posição de tiro abrigada, que lhe permita controlar
sua ET e lançar as granadas com o M-203 sobre todo o setor de tiro de sua fração.
Posições principal e suplementar são preparadas aproveitando ao máximo as cobertas
e abrigos que o terreno a ser ocupado para o cumprimento da missão puder oferecer.
Cuidados especiais devem ser tomados para garantir que os campos de tiro sejam
desobstruídos, de forma a evitar a detonação prematura dos projetis do M-203. A
medida que o inimigo se aproxima da posição defensiva, ele vai sendo submetido a
um volume cada vez mais intenso de fogos. Inicialmente, o CmtET só deve utilizar o
fuzil, reservando o lançamento de granadas com o M-203 para quando o inimigo
estiver bem próximo das posições amigas. Nessa oportunidade, disparará contra as
armas automáticas e tropa inimiga que se encontrem em posições desenfiadas para os
fuzis. Isto fará com que essas bases de fogos inimigas silenciem e suas tropas
abandonem as posições cobertas para serem engajadas pelas armas automáticas das
ET.
6.6.2 - Trajetória
O lançador de granadas 40mm M203, para distância até 150 metros, tem uma
trajetória relativamente horizontal e por isso pode ser disparado do ombro de maneira
normal. Quando a distância aumenta, a trajetória se eleva e o tempo de vôo do
projetil também cresce.
6.6.3 - Posições de tiro
As posições de tiro mais comumente empregadas são a deitada, ajoelhada, de pé e do
interior de um abrigo. As posições apoiadas proporcionam mais estabilidade para a
arma e devem ser utilizadas sempre que possível; entretanto, o CmtET/granadeiro
deve assegurar-se que nenhuma outra parte da arma toque o local de apoio.
Existem dois métodos de empunhar o M-203:
- a mão esquerda segura o carregador do fuzil com o dedo indicador esquerdo
posicionado no guarda-mato do gatilho do M-203, enquanto a mão direita segura o
punho da arma; e
- a mão direita segura o carregador do fuzil com o dedo indicador direito posicionado
no guarda-mato do gatilho do M-203, enquanto a mão esquerda segura o punho do
cano acoplável do M-203.
6.6.4 - Métodos de tiro
a) Tiro com pontaria
Para distâncias até 150 metros, o lançador de granadas 40mm M203 pode ser
disparado do ombro na forma normal de tiro do fuzil para todas as posições,
usando a massa de mira do quadrante de pontaria. Porém, para manter o quadro de
pontaria para distâncias superiores a 150 metros, são necessárias as seguintes
modificações na posição de tiro:
- usar o próprio quadrante de pontaria para distâncias superiores a 200 metros;
- numa posição deitada modificada, a posição da coronha do fuzil depende da
configuração do corpo do atirador, da posição da mão sobre a arma e da
distância do alvo; e
- em qualquer das outras posições, abaixa-se a coronha do fuzil até uma posição
sob a axila que permita manter o quadro de pontaria.
Com vistas a auxiliar na designação dos vários tipos de alvos, todos os combatentes
precisam estar familiarizados com os termos topográficos usados habitualmente nesta
designação, tais como: crista, elevação, corte, aterro, cume, penhasco, ravina,
cruzamento, entroncamento e linha do horizonte.
Quando o Cmt do GC ou da ET decide atirar em um alvo, ele tem que fornecer
instruções precisas sobre como ele quer que o alvo seja engajado. Essas instruções
configuram o comando de tiro. O Cmt dirige e controla o tiro de sua fração por meio
desses comandos.
6.7.1 - Elementos do comando de tiro
Um comando de tiro contém seis elementos básicos que devem ser sempre
explicitados ou insinuados. Os comandos de tiro para todas as armas seguem uma
seqüência e incluem elementos similares. Apenas os elementos essenciais do tiro
devem ser incluídos (AD4C):
Alerta;
Direção;
Descrição do alvo;
Distância;
Designação do alvo; e
Controle do tiro.
a) Alerta
Este comando alerta a fração para ficar pronta para receber as instruções a seguir. Ele
também pode indicar quem irá executar o fogo. Normalmente é transmitido
verbalmente:
GRUPO DE COMBATE ou ESQUADRA DE TIRO TAL.
O Comandante da fração pode alertar apenas alguns indivíduos, chamando-os pelo
nome. Além disso, o alerta pode ser disseminado por sinais, contato pessoal ou
qualquer outro método que a situação indicar.
b) Direção
A direção determina para onde deve ser olhado para se ver o alvo. Ela pode ser
indicada de uma das seguintes maneiras: oralmente, pelo uso de munição traçante,
por pontos de referência e pela medida com os dedos.
A direção geral de um alvo pode ser dada oralmente e deve ser indicada em relação
a posição da fração. A figura a seguir mostra as direções gerais usadas para indicar
oralmente a direção.
Tiros traçantes são uma forma rápida e segura de indicar uma direção e o método
mais eficiente de localizar alvos com grande precisão. Sempre que possível, o
Comandante da fração deve indicar a direção geral oralmente. Isto fará com que a
atenção de todo o GC se volte para a área designada, por exemplo:
FRENTE
OBSERVEM MEU TRAÇANTE
(Executa o 1o tiro) FLANCO DIREITO (do alvo)
(Executa o 2o tiro) FLANCO ESQUERDO (do alvo)
O uso de munição traçante para designar alvos pode revelar a posição do combatente
e isto muito certamente alertará o inimigo e reduzirá a vantagem da surpresa. Para
minimizar a perda da surpresa, o Cmt da fração pode esperar até que todos os outros
elementos do comando de tiro tenham sido divulgados antes de disparar seu traçante.
Neste caso, o tiro com traçante pode ser o sinal para abrir fogo.
Para auxiliar os integrantes da fração a localizar alvos difíceis de distinguir, o
Cmtpode recorrer a pontos de referência para indicar suas direções. Ele seleciona um
ponto de referência próximo ao alvo e que seja de fácil identificação.
Com vistas a evitar confusão entre o ponto de referência e o ponto onde se localiza o
alvo, utiliza-se a palavra REFERÊNCIA para indicar o ponto de referência e a
palavra ALVO para descrever a localização do mesmo, por exemplo:
- SEGUNDO GRUPO
- FRENTE
- REFERÊNCIA: PILHA DE PEDRAS NA RAVINA
palavra DISTÂNCIA não é usada, apenas os numerais que a indicam. Por exemplo:
UNO SETE CINCO, DOIS CINCO ZERO OU QUATROCENTOS.
e) Designação do alvo
A designação do alvo indica quem irá executar o fogo e subdividi-se em duas partes:
- primeira, o CmtGC determina quem executará os fogos, quer seja todo o GC, quer
seja apenas uma ou duas ET. Se a fração designada for a mesma que a anunciada no
ALERTA, isto pode ser omitido. Quando o CmtGC alerta toda a sua fração, porém
planeja usar apenas uma ou duas ET para bater o alvo, a designação deve ser
incluída; e
- segunda, o CmtGC também utiliza este comando para determinar que armas serão
empregadas e a cadência de tiro das armas automáticas. Os fuzis, e quando
disparados, os M-203 sempre obedecem a uma cadência normal de tiro. Os CmtET
normalmente não disparam seus fuzis a menos que isto seja absolutamente
necessário. Em vez disso, eles controlam o fogo das armas dos integrantes de suas
frações sobre os vários alvos que se encontram no interior dos respectivos setores e
ficam em condições de transmitir os comandos de tiro subseqüentes determinados
pelo CmtGC para suas ET. Aplicam-se nessa determinação, as seguintes regras:
Para o atirador da ET: se o CmtGC deseja que as armas automáticas atirem na
cadência rápida, ele comanda RÁPIDA. Se este comando não for dado, elas atiram
obedecendo a cadência mantida de tiro. Ao comando de RÁPIDA, as armas
automáticas atiram, inicialmente, nesta cadência por dois minutos e então passam
para a cadência mantida. Isto previne o superaquecimento das armas;
Para o Cmtda ET/granadeiro: se o CmtGC deseja que o lançador de granadas
atire, comanda LANÇA GRANADAS. Se este comando não for dado, os CmtET
também não precisam, normalmente, atirar com seus fuzis.
Nos exemplos a seguir, considera-se que no alerta o comando de tiro foi dado para o
GC:
- se a designação do alvo é completamente omitida, todas as três ET preparam-se
para atirar. Os Volteadores e Municiadores disparam seus fuzis na cadência normal
de tiro. Os Atiradores disparam as armas automáticas das ET (MINIMI) na
cadência mantida;
- LANÇA GRANADAS 40mm M203; RÁPIDA. Todas as ET se preparam para
atirar. Os Volteadores e os Municiadores disparam na cadência normal de tiro. Os
FRENTE DIREITA.
REFERÊNCIA: CASA DE MADEIRA, DIREITA DOIS DEDOS.
ALVO: ARMA ANTICARRO. DOIS CINCO ZERO.
SEGUNDA ESQUADRA: LANÇA GRANADAS; RÁPIDA.
ABRE FOGO.
6.7.3 - Comandos de tiro subseqüentes
Um comando de tiro subseqüente é empregado pelo CmtGC para mudar um dos
elementos do comando inicial ou para cessar fogo.
a) Para alterar um elemento do comando inicial de tiro, o CmtGC dá o alerta e então
anuncia o elemento que ele deseja modificar. Normalmente, os elementos que
podem requerer mudança são a designação do alvo e/ou o controle de tiro. O
exemplo a seguir ilustra o uso de um comando subseqüente.
Após o comando de tiro inicial, o Comandante do 1 o GC citado anteriormente,
alerta todo o grupo, porém designa uma única ET para engajar o alvo com o
fogo dos fuzis (cadência normal) e armas automática (cadência mantida):
PRIMEIRO GRUPO.
FRENTE.
SOLDADOS INIMIGOS.
TREZENTOS.
SEGUNDA ESQUADRA.
ABRE FOGO.
Este mesmo CmtGC deseja, agora, que todo o GC atire sobre o alvo, que os
CmtET atirem com os seus M-203 e que os Atiradores das ET passem para a
cadência rápida de tiro. Note-se que o CmtGC não repete PRIMEIRO GRUPO
na designação do alvo depois que ele alertou todo o GC e quer que todo ele atire.
O comando subseqüente seria, então:
PRIMEIRO GRUPO
LANÇA GRANADAS; RÁPIDA
ABRE FOGO.
b) Para que o GC cesse fogo, o CmtGC ordena simplesmente CESSAR FOGO.
c) Na dissiminação dos comandos de tiro subseqüentes, o CmtGC deve ter em
mente que em muitos casos o barulho do campo de batalha impedirá que os
integrantes do grupo o ouçam. Na maioria das vezes ele passará os comandos
subseqüentes de tiro através dos comandantes de ET. Esta é uma das razões
pelas quais os comandantes destas frações normalmente não atiram com seus
fuzis, mas permanecem atentos às determinações do CmtGC.
6.8 - APLICAÇÃO DOS FOGOS
O potencial de fogo dos 13 integrantes do GC com todos atirando é,
conservadoramente, estimado em 400 tiros, com pontaria, dos fuzis e das armas
automáticas da ET ou 370 tiros, com pontaria, dessas armas e 15 descargas dos Lança-
Granadas 40mm M203, por minuto.
Os termos que se seguem são usados na aplicação dos fogos.
- Neutralizar: fogo empregado para tornar o pessoal inimigo incapaz de interferir com
uma operação em particular;
- Apoio de fogo: são os fogos proporcionados por uma unidade com vistas a auxiliar ou
proteger uma outra unidade em combate; e
- Alvo de oportunidade: um alvo que aparece em combate, dentro do alcance das
armas disponíveis, e contra o qual não foi planejado qualquer fogo.
6.8.1 - Tipos de unidade de tiro
O tamanho e a natureza de um alvo pode exigir o poder de fogo de toda uma unidade
de tiro ou apenas de parte dela. O tipo de alvo sugere o tipo de unidade de tiro que é
preciso usar contra ele. O CmtGC recebe suas ordens do CmtPelFuzNav que,
usualmente, lhe designa um ou vários alvos específicos. Esta designação de alvos
para cada GC é normalmente desejável para bater toda área alvo do pelotão e
assegurar um adequado recobrimento.
Uma ET distribui seus tiros de acordo com o determinado pelo CmtGC. Geralmente
ele determina a um CmtET que restrinja os tiros de sua fração a uma parcela
específica do setor de tiro do grupo, que engaje um alvo em separado ou, ainda, que
transfira seus fogos para um alvo de oportunidade.
a) Fogo concentrado
É o fogo desencadeado por uma unidade de tiro que se encontra desdobrada no
terreno contra um único alvo tipo ponto. Um grande volume de fogo desencadeado
de diversas direções contra o alvo faz com que as zonas batidas pelas várias armas se
concentrem e se sobreponham, proporcionando a máxima cobertura do alvo. Uma
arma automática inimiga que tenha obtido superioridade de fogos sobre um elemento
de uma determinada fração, pode ser neutralizada, freqüentemente, pelo fogo
concentrado dos elementos remanescentes que não estejam sob o fogo direto dessa
arma.
b) Fogo distribuído
É aquele aplicado em largura e/ou profundidade para bater todas as partes do alvo
designado. Cada Volteador e cada Municiador dispara seu primeiro tiro sobre a
porção do alvo que corresponde a sua posição no GC. Eles distribuem, então, os
tiros subseqüentes sobre o resto do alvo, cobrindo aquela porção do alvo sobre a
qual cada um deles pode disparar com precisão sem trocar de posição.
Fig 6.11 - Fogo distribuído por um GC que engaja dois alvos separados
base de fogos deve se deslocar para a sua posição de tiro através de itinerários
que não sejam observados pelo inimigo. Um grande volume de fogos
desencadeado de surpresa, de uma direção não esperada, tem um efeito físico
e psicológico muito maior do que os fogos desencadeados de uma posição
conhecida. O Comandante de uma fração que estiver estabelecendo uma base
de fogos deve fazer o máximo de esforço para escolher uma posição que
permita o tiro de flanco ou oblíquo sobre a posição inimiga. Quando a
unidade em base de fogos encontra-se em posição, usualmente acontece o
seguinte:
- um grande volume de fogo distribuído é desencadeado sobre a posição
inimiga, de forma a obter superioridade de fogos;
- quando essa superioridade é conseguida e o inimigo é fixado na posição, a
cadência de tiro é reduzida. Entretanto, a superioridade de fogos deve ser
mantida;
- quando as unidades de assalto aproximam-se da posição de assalto (PAss), a
cadência de tiro é aumentada de forma a obrigar o inimigo a se manter o
mais bem abrigado possível, e permitir às unidades de assalto deixarem a
PAss e iniciarem o assalto propriamente dito, antes que o inimigo tenha
tempo de reagir;
- quando as unidades de assalto atingem a PAss ou a um sinal pré-
estabelecido, a base de fogos pode: cessar fogo e transferir seus tiros para
outra área alvo ou seguir essas unidades de assalto para, à retaguarda delas,
cruzar o objetivo e, após sua conquista, cessar o fogo ou transferi-lo para
uma nova área alvo determinada.
II) Tiro de assalto
A um bem sucedido avanço pelo fogo e movimento desde a linha de partida
(LP) até a PAss, segue-se, naturalmente, um assalto a área alvo ou objetivo.
O tiro de assalto é aquele fogo desencadeado por uma tropa durante seu
assalto a uma posição hostil.
Os Volteadores e os Municiadores atiram com a máxima precisão possível,
utilizando uma posição que lhes permita fazer pontaria. Eles devem atirar
com suas armas no modo rajada de três tiros ou disparar cada vez que o pé
esquerdo tocar o solo. Eles atiram nas posições inimigas identificadas ou
b) GC
Cabe ao CmtGC prescrever a formação de combate para sua fração. Entretanto, o
CmtPelFuzNav e o CmtGC podem prescrever a formação para suas respectivas
frações subordinadas quando a situação recomendar ou o Comandante assim o
desejar. Mudanças subseqüentes podem ser feitas pelos comandos subordinados
para fazer frente às alterações da situação.
As características das formações do GC são similares àquelas da ET. A ET é o
elemento de manobra nas formações do GC.
I) GC em coluna
As ET são dispostas em sucessão, uma atrás da outra.
- vulnerável aos fogos partidos da frente;
- facilita o controle e o deslocamento;
- proporciona excelente velocidade de deslocamento; e
- favorece um controle mais eficientemente, quando isto é desejado.
É especialmente apropriada para o deslocamento através de itinerários de
aproximação cobertos e estreitos, para manobrar através dos espaços entre duas
áreas sob fogo de artilharia inimiga, para o movimento através de áreas com
limitadas condições de observação ou sob condições de visibilidade reduzida.
É usada, também, nas operações noturnas.
III) GC em “V”
- facilita a mudança de formação para o GC em linha;
- provê excelente poder de fogo para frente e para os flancos; e
- provê segurança a toda volta.
É usada quando o inimigo se encontra à frente, e sua correta localização e
efetivo são conhecidos. Pode ser empregada para cruzar extensas áreas
descobertas.
IV) GC em linha
As considerações sobre essa formação são as mesmas da formação em linha da
ET.
V) GC escalonado
As considerações sobre essa formação são as mesmas da formação escalonada
da ET.
6.10 - SINAIS
Os sinais são empregados para transmitir comandos e fornecer informações quando a
comunicação a viva voz é difícil, impossível, ou quando o silêncio precisa ser
mantido. Os comandantes de frações subordinadas repetem os sinais para suas frações
sempre que necessário assegurar a presteza e a execução correta das ordens.
6.10.1 - Apito
É um excelente instrumento de sinalização para os comandantes de pequenas
frações. Ele provê um meio rápido de transmitir uma mensagem para um grupo
grande de indivíduos. Entretanto, os sinais precisam ser previamente
convencionados e corretamente compreendidos por todos para evitar interpretações
equivocadas. Além disso, sempre existe o perigo de um sinal de apito de uma
fração adjacente causar confusão, bem como o barulho do campo de batalha reduzir
sua eficiência.
6.10.2 - Sinais especiais
Consiste de todos os métodos e dispositivos especiais usados para transmitir
comandos ou informações. Um CmtGC operando a noite, pode usar leves pancadas
no seu capacete ou batidas na coronha do fuzil para sinalizar: alto, perigo, em frente
ou reunir aqui. Esses sinais devem ser conhecidos e ensaiados antes do seu uso.
Vários artefatos pirotécnicos e de fumaça podem ser empregados para sinalizar a
linha de frente, o início do ataque, a ordem para retrair, a indicação de um alvo e
cessar ou transferir os fogos. O uso desses sinais precisa ser coordenado entre os GC
e com o CmtPelFuzNav para que não se use um mesmo sinal já empregado por outro
com significado diferente.
6.10.3 - Gestos
Os gestos que se seguem são utilizados na manobra de pequenas frações:
Acelerado Alto
Em frente Abrigar-se
Pelotão Atenção
ET Diminuir a velocidade
Triângulo GC
Em V Linha
Linha de atiradores
à direita/esquerda Substituir
b) Preparativos Finais
I) ZReu
É uma área onde uma tropa se concentra para se preparar para uma ação tática
subseqüente. Ela deve prover cobertas e abrigos, bem como segurança contra
ataques aéreos e terrestres inimigos; deve, também, ser suficientemente
espaçosa para permitir a dispersão da tropa no seu interior e dispor de bons
acessos até os eixos que conduzem para frente. Quando possível, a ZReu deve
estar localizada além do alcance útil das armas de tiro de trajetória tensa do
inimigo.
Os preparativos finais do GC para o ataque são completados quando o GC
está na ZReu. Aqueles não completados na ZReu podem ser consumados na
posição de ataque (PAtq). Esses preparativos incluem reconhecimentos,
formulação de planos e a disseminação das ordens.
Incluem, também:
- recebimento e distribuição de munição adicional;
- verificação da prontificação das armas, equipamentos e do pessoal;
- recolhimento e concentração dos equipamentos não necessários ao ataque,
os quais serão posteriormente conduzidos até a tropa;
- obtenção e distribuição de equipamentos extras ou especiais necessários à
operação;
- máximo descanso possível do pessoal; e
- verificação dos equipamentos de comunicações, divulgação das freqüências
e indicativos a serem utilizados.
II) Normas de Comando
São os passos de um método usual de auxílio ao CmtGC na preparação para
um ataque. Elas auxiliam no melhor uso do tempo disponível, dos meios e do
pessoal. Todos os passos devem ser considerados, porém, dependendo da
tarefa e do tempo disponível, o grau de detalhamento dessas considerações
poderá variar.
- Começar o planejamento: quando uma ordem é recebida, o CmtGC avalia
o tempo que ele dispõe. Assim fazendo, ele usa uma seqüência de
planejamento chamada planejamento inverso, significando que ele inicia
com a última ação para a qual o momento de execução já se encontra
cada situação particular é decidida pelo CmtGC com base em um rápido exame
da situação. Quando a posição inimiga é isolada ou apresenta qualquer dos
flancos exposto, o CmtGC procura manobrar através de um itinerário coberto e
abrigado, de forma a poder abordá-la pelo flanco ou retaguarda. Quando isto não
é possível, é necessária atacá-la frontalmente, executando a técnica do fogo e
movimento.
I) LP
É uma medida de coordenação destinada a coordenar o início do movimento
do escalão de assalto, fazendo com que todos os seus elementos a
transponham no momento determinado, obtendo-se simultaneidade das ações
em toda a frente. Deve ser, de um modo geral, perpendicular à direção de
ataque, facilmente reconhecível no terreno e o mais próximo do objetivo
quanto possível. Deve, contudo, estar sob o controle de forças amigas e
protegida contra os fogos das armas de tiro tenso do inimigo, o que a coloca,
normalmente, afastada de 500 a 600 metros das posições inimigas.
Cabe ao CmtGC coordenar e controlar seus subordinados para que todos
transponham a LP no momento determinado pelo CmtPelFuzNav.
II) Manobra
É o processo por meio do qual elementos de uma unidade estabelecem uma
base de fogos para engajar o inimigo, enquanto um outro elemento desloca-se
para uma posição vantajosa da qual é possível lançar-se sobre o inimigo para
destrui-lo ou capturá-lo. O elemento de assalto deve ser apoiado, também,
pelos fogos das armas não orgânicas àquela unidade (artilharia, aviação, etc.),
os quais devem ser precisamente coordenados com o avanço desse elemento
para não se perder o efeito de choque que eles causam ao inimigo.
III) Fogo e movimento
Quando os elementos de assalto de uma unidade encontram oposição inimiga
e não conseguem mais progredir sob a cobertura da base de fogos da unidade,
eles empregam o fogo e movimento para continuar avançando até uma
posição de onde possam assaltar a posição inimiga. No caso do GC, o fogo e
movimento consiste de indivíduos ou ET provendo a cobertura com o fogo de
suas armas, enquanto outros indivíduos ou ET avançam em direção ao
inimigo ou executam o assalto.
IV) Emprego do GC
O GC é normalmente empregado na execução do ataque como parte do
PelFuzNav. Desse modo, caberá ao CmtGC coordenar o fogo e movimento
no âmbito de sua fração. Entretanto, em situações especiais, poderá o GC ter
que manobrar, como, por exemplo, quando atuando como Ponta de
Vanguarda ou Flancoguarda na MCmb tiver que engajar o inimigo. A ET,
como unidade básica de tiro, só pode executar o fogo e movimento com os
seus integrantes.
V) Elemento em base de fogos
Cobre o avanço do elemento que se desloca em direção ao inimigo, engajando
todos os alvos conhecidos ou suspeitos. Ao abrir fogo, a base de fogos
procura obter superioridade sobre o inimigo, submetendo-o a fogos de
precisão e volume tais que os fogos inimigos cessam ou se tornam ineficazes.
O GC poderá constituir ou integrar o elemento em base de fogos.
VI) Elemento de assalto
Sua tarefa é entrar em combate aproximado com o inimigo e destrui-lo ou
capturá-lo. Ele avança e assalta a posição inimiga sob a cobertura dos fogos
de um elemento em base de fogos. O elemento de assalto se aproveita de toda
a cobertura e abrigo que o terreno puder lhe proporcionar, a fim de facilitar
seu avanço. Dependendo da eficácia da base de fogos, o elemento de assalto
pode avançar como um todo em um só lance ou realizando o fogo e
movimento com suas frações subordinadas, no qual são empregadas as
técnicas de deslocamento em zigue-zague, rastejamento ou engatinhamento,
como necessário. Se o terreno permitir, o elemento de assalto deverá envidar
todo esforço para se aproximar coberto e abrigado até posições dentro do
alcance das granadas de mão do inimigo.
VII) Controle do GC
Os CmtET iniciam a ação dirigidos pelo CmtGC. No ataque, os CmtET
atuam sobretudo pela liderança pessoal, controlando o tiro de suas frações
pelo exemplo. Durante todo o ataque eles exercem o controle direto de seus
subordinados, garantindo o cumprimento das tarefas como determinado.
O CmtGC posiciona-se onde melhor possa controlar e influenciar a ação. No
exercício do controle de sua fração, quando sob o fogo inimigo, ele deve levar
- Tiro de assalto
É aquele desencadeado pelas tropas assaltantes de forma a manter o inimigo no
interior dos seus abrigos sem poder atirar, uma vez que fogos de cobertura são
suspensos imediatamente antes do início do assalto.
O tiro de assalto permite que o GC que executa o assalto cerre sobre a posição
inimiga, dentro do alcance das granadas de mãos, sem sofrer pesadas baixas
causadas pelos tiros das armas portáteis do inimigo. O assalto é executado tão
rapidamente quanto possível, de acordo com a habilidade dos combatentes que
o realizam para desencadear um grande número de tiros com boa precisão. A
velocidade do assalto será função da declividade e das condições do terreno, da
visibilidade e das condições físicas dos integrantes do GC. Durante todo o
assalto, o tiro é dirigido contra cada arbusto, tronco de árvore, buraco, dobra do
terreno ou qualquer outro local que se possa imaginar como possível de
esconder ou proteger um combatente inimigo. O tiro de assalto se caracteriza
pela violência, volume e precisão com que é executado. Ele tem por finalidade
abater ou desmoralizar o inimigo e mantê-lo abaixado até que o elemento de
assalto consiga transpor inteiramente a posição, destruindo-a ou capturando-a;
- Descentralização do controle
Se o GC que executa o assalto depara-se com uma fraca oposição inimiga,
pode ser possível ao CmtGC reter o controle de sua fração, mantendo a
formação em linha enquanto realiza a limpeza do objetivo. Todavia, quando a
oposição inimiga é forte, não é possível manter as ET em linha de atiradores.
Quando executando o assalto sobre uma posição inimiga organizada em
profundidade, com várias linhas de trincheiras sucessivas, o GC precisará
atacar e destruir, contornar ou fixar cada posição inimiga no interior da parcela
da zona de ação (ZAç) que lhe for designada. No assalto a uma posição
organizada, o ataque do GC é freqüentemente dividido em uma série de
combates separados, os quais se sucedem por toda a profundidade da posição
inimiga. O controle do GC nestas condições é muito difícil. A importância
atribuída às decisões rápidas, à iniciativa individual e à velocidade de execução
do ataque, que permitem tirar vantagem das oportunidades surgidas em cada
local, faz com que o controle seja descentralizado durante a execução do
assalto através da posição. Nessa condições, o CmtGC precisa, mais uma vez,
não dará tempo aos elementos que agora mantêm o objetivo para carrear tropas
que ainda não tenham entrado em combate para dentro desse objetivo. Se o
inimigo atua rapidamente, com tudo isso considerado, suas chances de retomar
o terreno perdido com uma força relativamente pequena são melhores do que
aquelas que ele teria se aguardasse para reunir uma força de contra-ataque
maior. Qualquer combatente prudente deve esperar um contra-ataque inimigo
antes mesmo que as últimas posições inimigas no interior do objetivo tenham
sido neutralizadas. Portanto, os preparativos para repelir o contra-ataque devem
começar imediatamente após a conquista de qualquer posição inimiga;
- Consolidação
É a organização de uma defesa imediata de maneira a permitir que a tropa
atacante mantenha o objetivo tão logo conquistado, no caso de um contra-
ataque inimigo.
Quando do recebimento da ordem de ataque, o CmtGC toma conhecimento da
tarefa relacionada com a conquista e manutenção do objetivo ou de um setor
dele. Na consolidação, a tarefa é edificar poder de combate suficiente no
interior da posição para defender o setor. No posicionamento das ET para a
defesa imediata, não haverá tempo suficiente para preparar abrigos individuais.
O GC deve se aproveitar das depressões naturais do terreno, crateras ou abrigos
construídos pelo inimigo, caso disponíveis, e prepará-los para prover a
cobertura mínima apropriada. Isto é importante, uma vez que é esperado que o
inimigo empregue artilharia, morteiros e metralhadoras para apoiar o seu
contra-ataque. Setores de tiro para as ET são designados rapidamente e, em
seguida, são estabelecidas as DPT das respectivas armas automáticas. Cada
CmtET deve assegurar-se que o seu setor de tiro interliga-se com o das ET
vizinhas. Durante a consolidação, deve-se dispor do tempo suficiente para
redistribuir a munição no âmbito das ET, cuja prioridade é para o Atirador. O
atendimento e a evacuação das baixas é a segunda prioridade na preparação da
defesa imediata. Os inimigos capturados devem ser desarmados, revistados e
guardados. Caso o CmtGC ou um CmtET venha a se tornar baixar, o mais
antigo que se segue deve assumir rapidamente o controle e cumprir as tarefas
necessárias.
Durante a consolidação, a principal tarefa é o estabelecimento da defesa
terreno (curso d’água, trilha, cerca, orla de uma mata, etc.) é indicado para
materializar o limite avançado. Assim que o atacante cruzar este limite, será
submetido ao fogo das armas designadas para bater aquele setor. Este limite
permite ao CmtGC dispor de um recurso eficiente para controlar o início dos tiro
das armas portáteis.
b) Posição de tiro
É uma posição no terreno da qual são executados os fogos das armas de um
indivíduo, de uma unidade de tiro (ET ou GC) ou de uma arma de emprego
coletivo.
Antes de se selecionar uma posição de tiro, o setor de tiro que lhe será atribuído
deve ser cuidadosamente examinado de várias posições no terreno, usando a
posição deitada, de forma a assegurar a efetiva cobertura do setor de tiro. A
exata localização da posição de tiro é designada no terreno antes de se iniciar a
preparação da posição.
I) Posição principal de tiro
É a melhor posição disponível, da qual o setor de tiro determinado pode ser
inteiramente coberto. São atribuídas posições principais de tiro para as
guarnições das armas de emprego coletivo, GC, ET e para os combatentes
individualmente.
II) Posição de tiro alternativa
Não são designadas, normalmente, posições de tiro alternativas para os
combatentes individualmente ou para as frações integrantes do PelFuzNav.
Elas são usadas principalmente para as armas de emprego coletivo. Uma
posição alternativa ou de muda é escolhida no terreno para que aquelas
armas possam continuar a cumprir sua tarefa original quando a posição
principal se torna insustentável ou imprópria para cumprir aquela tarefa.
III) Posição de tiro suplementar
Uma das maiores ameaças para o atacante ou defensor é ser surpreendido. O
atacante tenta surpreender o defensor pela ocultação dos seus movimentos até
o momento do assalto. O defensor também tenta surpreender o atacante pela
ocultação da exata localização e extensão do seu dispositivo, levando, dessa
forma, o seu opositor a um falso exame da situação e, conseqüentemente, a
uma decisão errada.
b) Plano de fogos
O CmtET formula um plano de fogos para sua ET com vistas a bater o setor
determinado pelo CmtGC com o mais intenso volume de fogos possível.
Este plano de fogos inclui a designação de setores e posições de tiro individuais,
posição de tiro e DPT para a arma automática da ET, como determinado pelo
CmtGC, e a própria posição de tiro do CmtET.
c) Posições das ET
O CmtGC distribui suas ET de forma que elas ocupem fisicamente a posição de
tiro designada e estejam em condições de bater o setor de tiro designado para o
GC.
Em geral, as ET são dispostas lado a lado. Elas ficam voltadas para a direção
esperada do ataque, para que sejam capazes de desencadear o maior volume de
fogos possível contra o inimigo à frente do núcleo de defesa do pelotão. As
posições de tiro individuais dos integrantes das ET podem ser dispostas em uma
linha irregular a fim de aproveitar as vantagens oferecidas pelo terreno;
entretanto, é preciso tomar muito cuidado para que não ocorra o mascaramento
dos tiros dos integrantes da ET.
A seleção das posições de tiro das ET precisa ser coordenada com a localização
das armas de emprego coletivo (metralhadoras, MAC, etc.) que irão se
estabelecer no interior da posição do GC, de maneira a prover a proteção
aproximada dessas armas.
d) Armas automáticas do GC
Como visto anteriormente, o CmtPelFuzNav designa a localização geral das
posições de tiro e as DPT de algumas armas automáticas específicas. O CmtGC
determinará a DPT para cada uma das demais armas automáticas e selecionará a
exata posição no terreno de cada uma delas.
e) Posição do CmtGC
Ela é usualmente designada imediatamente à retaguarda das ET, no centro do
dispositivo defensivo da GC. A posição selecionada deve poder:
- observar tanto quanto possível toda a posição de tiro do GC, particularmente as
posições de tiro dos CmtET;
- observar o setor de tiro determinado para o seu GC; e
- manter o contato visual com o seu CmtPelFuzNav.
f) Esboço do plano de fogos
O CmtGC prepara o croqui do plano de fogos em duplicata. Ele entrega uma
cópia do croqui ao CmtPelFuzNav para sua aprovação e mantém a outra
consigo. O croqui deve incluir as posições e os setores de tiro das ET, as
posições e as DPT das armas automáticas e a posições de tiro do próprio
CmtGC.
Se o GC estiver provendo proteção para uma arma de emprego coletivo não
orgânica, sua posição e missão principal de tiro (linha de proteção final para as
metralhadores e DPT para outras armas de emprego coletivo) devem ser
incluídas no croqui.
CAPÍTULO 7
OPERAÇÕES SOB CONDIÇÕES DE VISIBILIDADE REDUZIDA
7.1 - GENERALIDADES
A dinâmica do combate moderno faz com que as operações tenham que se desenvolver
também em períodos de visibilidade reduzida, tanto noturna (escuridão), como diurna
(chuva forte, fumaça, nevoeiro, etc.); portanto, é fundamental que o Fuzileiro Naval
(FN) conheça as técnicas e algumas táticas do combate sob condições de visibilidade
reduzida, para, caso seja empregado nessa circunstância, executar com precisão as
tarefas que receber.
Este capítulo abordará, basicamente, as operações noturnas, particularizando sempre que
aplicável, para outras situações que tenham lugar sob condições de visibilidade
reduzida.
7.2 - PROPÓSITOS DAS OPERAÇÕES OFENSIVAS
As operações ofensivas sob condições de visibilidade reduzida podem ser realizadas
para:
- obter surpresa e explorar as condições psicológicas favoráveis decorrentes;
- manter pressão, prosseguindo um ataque e/ou aproveitando o êxito;
- conquistar área necessária para realização de ações posteriores;
- compensar poder de combate inferior, especialmente em meios aéreos e blindados;
- reduzir baixas, aproveitando a cobertura proporcionada pela visibilidade reduzida;
- romper uma forte posição defensiva; e
- atrair a atenção do inimigo para determinada área.
7.3 - VANTAGENS E DESVANTAGENS
7.3.1 - Vantagens
O ataque durante períodos de visibilidade reduzida apresenta as seguintes vantagens
para o atacante:
- aumenta a probabilidade de obter surpresa;
- oculta a progressão das tropas;
- diminui as possibilidades de busca de alvos pelo inimigo e, conseqüentemente, a
eficácia de seus fogos;
- dificulta o apoio mútuo por parte do defensor; e
- dificulta o emprego das reservas pelo inimigo.
7.3.2 - Desvantagens
Embora contando com vantagens, o atacante deve considerar, também, a existência
de desvantagens, tais como:
- necessidade de planejamento detalhado;
- necessidade de tropas bem adestradas;
- dificuldade no exercício do comando e controle, orientação e condução de fogos;
- dificuldade na distinção entre tropas amigas e inimigas; e
- diminuição da eficácia dos fogos da tropa atacante.
7.4 - TIPOS DE ATAQUE NOTURNO
Os ataques noturnos são classificados em: iluminados, não iluminados,
apoiados e não apoiados.
7.4.1 - Ataques iluminados
São aqueles iluminados artificialmente. Dentre os meios que fornecem iluminação
artificial, incluem-se os projetores, as granadas e foguetes iluminativos e os artefatos
lançados de aeronaves.
Como vantagens deste tipo de ataque noturno, destacam-se as de possibilitar a
conquista de objetivos profundos, bem como o apoio eficaz de blindados; permitir
maior velocidade ao escalão de ataque, na realização das tarefas de engenharia e na
ultrapassagem de obstáculos; maior facilidade de coordenação e controle; e o
aumento da eficácia dos fogos. Normalmente, a iluminação é utilizada em ataques
contra posições fortemente defendidas, uma vez que são pequenas as probabilidades
de obtenção da surpresa.
Como desvantagens, cita-se que diminui a probabilidade de obtenção de surpresa,
exige artefatos especiais, expõe o atacante aos fogos do inimigo e facilita a
movimentação das suas reservas.
Outros fatores devem ser também considerados quando da realização deste tipo de
ataque noturno, como por exemplo: a utilização de artefatos especiais providos de
pára-quedas, ao serem lançados sobre a retaguarda inimiga, com a finalidade de
delinear seu dispositivo, podem ser conduzidos pelo vento para o lado do atacante,
proporcionando vantagem para o inimigo; e o uso de iluminação artificial em uma
determinada área pode prejudicar operações não iluminadas em áreas adjacentes.
CAPITULO 8
PATRULHAS
8.1 - GENERALIDADES
Uma patrulha é um destacamento de forças terrestres despachado na direção do inimigo
por uma unidade maior, com a finalidade de obter dados sobre o inimigo e/ou terreno,
prover segurança, causar destruição ou inquietação, resgatar ou capturar de pessoal e/ou
equipamento
Dependendo do seu tipo, da missão a ser cumprida e da distância em que irá atuar da
unidade que a enviou, a patrulha pode ter um efetivo de no mínimo quatro elementos.
As ações das patrulhas dependem da engenhosidade de quem as emprega, do grau de
instrução, do nível de adestramento e da agressividade de seus componentes.
8.1.1 - Definição
Patrulha é uma organização por tarefas constituída por militares de uma ou mais
frações, com a finalidade de cumprir tarefas de reconhecimento, de combate ou uma
combinação de ambas.
8.1.2 – Classificação das patrulhas
a) Quanto ao tipo de missão
I) Patrulha de combate
Visa prover segurança a tropas amigas, inquietar o inimigo, ocupar ou destruir
instalações inimigas, e capturar pessoal e equipamentos. Visa, ainda,
subsidiariamente, obter conhecimentos.
PATRULHA
DE
COMBATE
PATRULHA
DE
RECONHECIMENTO
de engajar fisicamente o inimigo devendo dispor de forte poder de fogo para lhe
proporcionar superioridade durante o assalto, quando são necessárias ações rápidas e
violentas.
- Escalão de Reconhecimento - Recebendo tarefas específicas de reconhecimento, este
escalão só é ativado neste tipo de patrulhas.
- Escalão de Apoio de Fogo - Sua ativação só se justifica em patrulhas de combate.
Provê o apoio de fogo orgânico à patrulha. Pode ser um grupo do escalão de assalto,
desde que o apoio de fogo seja pequeno e o comandante do escalão de assalto controle
as armas de apoio. Quando o emprego das armas deste escalão não puder ser controlado
diretamente pelo seu comandante, serão organizados dois ou mais grupos de apoio de
fogo. Isto ocorrerá quando houver grande quantidade de armas de apoio de fogo ou
quando estas ocuparem posições muito afastadas.
8.3 - FUNÇÕES INDIVIDUAIS EM UMA PATRULHA
São oito as funções individuais básicas de uma patrulha, a saber: comandante,
subcomandante, homem-ponta, homem-carta, homem-passo, homem-bússola, rádio-
operador e gerente. Toda patrulha deve possuir entre seus componentes elementos que
executem cada uma das oito funções básicas. Em uma patrulha de grande efetivo as
tarefas básicas podem ser executadas por mais de um elemento. Numa de pequeno
efetivo, podem ser atribuídas duas ou mais destas tarefas a um único elemento.
8.3.1 - Funções básicas
a) Comandante
É o responsável pelo desempenho geral da patrulha planejando, organizando-a e
controlando-a.
b) Subcomandante
Auxilia diretamente o comandante da patrulha e o substitui no seu impedimento,
sendo o principal supervisor das atividades da patrulha. É responsável pelos
ensaios, pelas inspeções de pessoal e material. Deverá se certificar de que todos os
elementos da patrulha tiveram o perfeito entendimento da missão.
c) Homem Ponta
Pode ser de vanguarda ou retaguarda, proporcionando segurança à frente ou a
retaguarda da patrulha durante o movimento. Alerta a patrulha quanto à presença
de inimigo ou quando da aproximação de uma área perigosa. Deve estar
familiarizado com o itinerário para que possa manter a direção de deslocamento.
e) Anotador
Relaciona os fatos ocorridos e as atividades desenvolvidas durante a patrulha, tais
como: partida, cruzamento das linhas amigas, regiões perigosas, presença inimiga,
dados obtidos na área do objetivo, etc. Auxilia o Comandante no relatório final.
8.3.3 - Tarefas e responsabilidades comuns a todos os componentes da patrulha
Dentre estas podemos listar: conduta individual, disciplina de luzes e de ruídos,
segurança pessoal e do grupo, segurança a toda volta, observação e relato de
qualquer atividade inimiga e manutenção do seu próprio equipamento e armamento.
8.4 - PREPARATIVOS
8.4.1 - Recebimento da missão
Nesta ocasião são fornecidos ao Comandante da patrulha, além da missão, todos os
dados relevantes necessários, tais como: localização e atividades das forças inimigas,
localização das tropas amigas, condições meteorológicas, dados sobre o terreno,
data-hora de partida e regresso, método a ser utilizado para reportar informações,
senhas e contra-senhas, locais a serem evitados e conhecimentos de interesse do
escalão superior.
8.4.2 - Normas de comando
Constituem-se nos passos a serem seguidos pelo comandante no planejamento e
execução da patrulha, desde o recebimento da missão até o regresso da mesma. As
atividades compreendidas nestas normas estão explicitadas no Anexo H.
1. Estudo Sucinto da Missão
2. Planejamento da Utilização do tempo
3. Planejamento Preliminar
4. Emissão da Ordem Preparatória
5. Planejamento Detalhado
6. Emissão da Ordem de Operação
7. Inspeção Inicial
8. Ensaio
9. Briefing
10. Reajustes
11. Inspeção Final
c) Alto Guardado
É o alto que o comandante ordena ocasionalmente à patrulha, para que seja
observada uma determinada atividade inimiga ou executadas outras atividades que
não possam ser realizadas em movimento, tais como: reconhecimento de área
perigosa; confirmação da navegação; estabelecimento de comunicação rádio; ou,
ainda, permitir a alimentação. Ao ser determinado um alto guardado de pequena
duração, os componentes da patrulha procuram um local coberto onde possam
parar com segurança, normalmente na posição de joelhos, e assumem um
dispositivo que lhes permita observar e atirar à frente, à retaguarda e na direção
dos flancos, em seus respectivos setores. Nos grandes altos, o perímetro ocupado
deverá permitir o contato físico entre os componentes da patrulha. No caso de
haver necessidade de remoção da mochila, esta deverá ser removida homem a
homem, ou aos pares, e colocada em frente ao corpo, em posição tal que possa ser
rapidamente recolocada.
8.5.8 - Regiões perigosas.
Região perigosa é qualquer local no qual a patrulha fica vulnerável à observação ou
ao fogo inimigo. Podem ser áreas ou linhas perigosas, as áreas descampadas,
clareiras, trilhas, estradas, cursos d'água, lagos, praias e obstáculos artificiais (redes
de arame farpado, campos minados e áreas armadilhadas), bem como qualquer
posição inimiga suspeita ou confirmada, próxima à qual a patrulha precise transitar.
a) Tipos de linhas e áreas perigosas
As regiões perigosas são classificadas em linha perigosa, área perigosa de
pequena dimensão e área perigosa de grande dimensão.
I) Linha perigosa
É melhor caracterizada por estradas e trilhas. Ambos os flancos da patrulha
estão expostos aos de tiros do inimigo ao cruzar estas linhas. As linhas
perigosas podem estar em seqüência, caracterizadas pelas posições defensivas
do inimigo, tais como postos avançados ou trincheiras.
II) Área perigosa de pequena dimensão
Área cuja travessia expõe somente parcela da patrulha aos fogos inimigos,
como por exemplo, uma pequena clareira.
III) Área perigosa de grande dimensão
Área cuja travessia expõe toda a patrulha aos fogos inimigos, como, por
mantido por meio da vigilância, pela manutenção da pressão sobre suas unidades,
desgastando-o moralmente e privando-o, quando possível, da tomada da
iniciativa.
8.7.6 - Patrulha de segurança
a) Generalidades
São utilizadas próximas a posições defensivas, nos flancos das tropas em
deslocamento ou na retaguarda das linhas amigas. A principal tarefa das patrulhas
de segurança é detectar infiltrações inimigas e destruí-las, de forma a proteger as
tropas amigas contra ataques de surpresa e emboscadas.
Todos os combatentes, não só os das unidades de infantaria, devem saber como
conduzir uma patrulha de segurança. Em uma situação normal de ofensiva, as
tropas de infantaria lançam patrulhas de segurança para cobrir suas forças durante
os deslocamentos e altos. Quando na defensiva, são utilizadas para prevenir
infiltrações inimigas, detectar e eliminar os elementos que tentam se infiltrar e
prevenir contra ataques de surpresa.
b) Técnicas de patrulhamento
I) Em áreas de retaguarda, deve ser estabelecido um padrão irregular de
patrulhamento a ser alterado diariamente.
II) Fora das linhas amigas é prudente estabelecer um itinerário definido, que deve
ser de conhecimento das tropas adjacentes.
III) Para facilitar o controle, o comandante que envia a patrulha pode estabelecer
sucessivos pontos de controle no itinerário. O comandante da patrulha deve,
então, ao alcançar cada um, participar a situação ao escalão superior.
IV) A patrulha deve possuir um planejamento bem definido sobre o que fazer caso
seja estabelecido contato com o inimigo, como romper o contato, como
defender-se e como solicitar apoio de fogo. É imperativo que toda a patrulha
saiba como proceder, para onde ir, caso seja dispersada, e como ser extraída.
8.8 - INFORMAÇÕES E RELATÓRIOS
8.8.1 - Generalidades
É necessário que todos os comandantes de patrulha e seus integrantes sejam
adestrados em observar e reportar as suas observações com precisão. O comandante
de uma patrulha deve receber imediatamente de seus integrantes, por meio de sinais
ou relatório, qualquer informação obtida. Esses relatórios não devem se restringir a
informações apenas sobre o inimigo, mas também sobre o terreno, como novas
estradas encontradas, trilhas, alagadiços e córregos. O comandante da patrulha
consolida todas as informações obtidas em seu relatório para o oficial que enviou a
patrulha.
8.8.2 - Seleção dos meios de transmissão dos conhecimentos
O comandante que determina o envio de uma patrulha, orienta o comandante desta
sobre o envio de mensagens e sobre qual o meio de comunicações deve ser utilizado.
a) Mensagens verbais
Um comandante de patrulha ao enviar uma mensagem verbal, deve fazê-lo de
forma simples e concisa, evitando a utilização de nomes e números. Deve, ainda,
fazer com que o mensageiro repita a mensagem para ele com exatidão, antes de
partir.
b) Mensagens escritas
Ao preparar mensagens escritas, o comandante da patrulha deve distinguir entre o
que é conhecido sobre um fato e o que é a sua opinião. Informações sobre o
inimigo devem incluir: valor, armamento, equipamento, atividade, localização,
direção de deslocamento, unidade de origem se possível, data-hora da observação
e localização da patrulha por ocasião da observação. A utilização de um calco ou
croqui pode simplificar a mensagem.
c) Utilização de mensageiros
Se a mensagem for de grande importância e a patrulha estiver em território
inimigo, dois mensageiros, cada uma tomando um itinerário diferente, são
enviados para aumentar a possibilidade da mensagem chegar ao destinatário. Aos
mensageiros são fornecidas instruções detalhadas sobre aonde a mensagem deve
ser entregue e qual o itinerário a ser seguido. Qualquer informação que o
mensageiro obtiver ao longo do itinerário deve ser transmitida quando a
mensagem for entregue. Se estiver em risco de ser capturado, o mensageiro
destroe a mensagem imediatamente.
d) Utilização do rádio e de outros meios
Se a patrulha for provida de rádio, devem ser definidos horários para chamadas
antes da patrulha partir. O comandante da patrulha toma todas as precauções para
assegurar-se que freqüências, códigos e cópias de mensagens não serão capturados
pelo inimigo. No caso de um reconhecimento próximo às linhas inimigas, o rádio
deve ser deixado em uma posição coberta, a uma distância segura do inimigo.
Quando um relatório for transmitido pelo rádio, a patrulha deve deixar o local
imediatamente para não permitir tempo hábil para reação por parte do inimigo, o
qual poderá empregar seus dispositivos de localização rádiogoniométrica.
Pirotécnicos (fachos, foguetes, fumígenos, etc.) e painéis de sinalização terra-
avião podem, também, ser utilizados pela patrulha para reportar informações
simples e concisas.
e) Modelo de relatório
As informações devem ser reportadas da forma mais rápida, precisa e completa
possível. Um método estabelecido para lembrar como e o que reportar sobre o
inimigo é a utilização das letras da palavra TALUDE: Tamanho, Atividade,
Localização, Unidade, Data-hora, e Equipamento
Um exemplo desse relatório é: sete militares inimigos, deslocando-se para
sudeste, atravessaram o cruzamento de estradas em CÓRREGO NEGRO, unidade
desconhecida, em 211300 agosto, portando uma metralhadora e uma munição AT-
4.
8.8.3 - Documentos capturados
Toda patrulha deve estar adestrada em revistar baixas inimigas, prisioneiros e
instalações para encontrar equipamentos, papéis, cartas, mensagens, ordens, diários e
códigos, após verificar cuidadosamente se não estão armadilhados. Esse material é
coletado pelo comandante da patrulha e entregue junto com o seu relatório. Os itens
encontrados são marcados com o local e a data-hora de captura. Quando possível, os
itens capturados devem ser relacionados a um prisioneiro específico, de quem o
material foi retirado ou encontrado próximo. Quando isso é feito, as etiquetas do
prisioneiro e do item devem ser marcadas de forma a evidenciar esse fato. O
comandante da patrulha deve fazer com que seus integrantes não retirem para si
documentos e equipamentos capturados a título de “souvenir”.
8.8.4 - Relatório da patrulha
Todo comandante de patrulha elabora um relatório por ocasião do regresso da
mesma. A não ser por ordem em contrário, o relatório é elaborado para a pessoa que
determinou sua execução. Se a situação permitir, o relatório é escrito e apoiado por
calcos e/ou croquis. O relatório do comandante da patrulha deve ser uma
consolidação de tudo o que, na sua avaliação, for de importância militar, e que foi
CAPÍTULO 9
MARCHAS E ESTACIONAMENTOS
9.1 - GENERALIDADES
As unidades em combate devem muitas vezes cumprir suas tarefas em locais distantes.
Portanto, o seu deslocamento far-se-á por meio de marcha, que poderá ser a pé ou
motorizada.
A marcha para ser eficaz deve chegar ao seu destino no tempo previsto e em condições
de cumprir a missão recebida. Com essa finalidade, deve-se observar: cuidadosa
preparação; espírito de corpo; escolha correta dos itinerários; disciplina de marcha;
moral; e vigor físico dos executantes.
Os seguintes termos e expressões são empregados nas marchas:
- Balizador, Balizamento – elemento ou sinal colocado em um ponto crítico, que visa
indicar uma direção, um procedimento ou um obstáculo;
- Coluna de marcha – é a tropa que se desloca pelo mesmo itinerário, realizando o
mesmo tipo de marcha, sob um comando único;
- Coluna dupla ou desdobramento de coluna – são colunas que se deslocam lado a
lado, na mesma direção, em um mesmo caminho, trilha ou estrada. A coluna de
marcha pode, ao chegar em determinada posição, desdobrar-se em coluna dupla;
- Controlador – elemento que colocado em determinados pontos críticos do itinerário
(cruzamentos, passagens de nível, etc.), visa evitar acidentes e facilitar o movimento;
- Densidade de trânsito - número de viaturas, em formação de marcha, por unidade
de comprimento de estrada (1 Km);
- Densidade mínima - número de viaturas, em formação de marcha, por unidade de
comprimento de estrada (1 Km), compatível com o tempo disponível para a
realização do movimento;
- Distância – é intervalo de espaço entre dois homens, duas frações, unidades,
viaturas, etc. Quando se trata de frações, a distância é medida entre a cauda da fração
da frente à testa da que se lhe segue. Chama-se também distância o espaço a
percorrer por uma coluna;
- Escoamento - tempo necessário para a coluna ou elemento desta passar por um
ponto determinado;
- Grupamento de marcha – São duas ou mais unidades de marcha colocadas sob um
9.2.2 - Formações
A formação geralmente adotada por uma tropa que marcha a pé é a coluna por dois,
uma de cada lado da estrada. Quando as circunstâncias e a própria estrada indicarem,
o comandante pode determinar outra formação (coluna por um ou por três),
estabelecendo quando necessário, o lado da estrada a ser utilizado (Fig 9.1).
É aconselhável que a tropa marche na contra mão das estradas, de frente para o fluxo
dos veículos, a fim de diminuir o risco de acidentes.
9.2.3 - Velocidade de marcha
A velocidade de marcha é a distância, em quilômetros, que uma tropa percorre em
uma hora, incluindo o alto. Em geral, nas marchas a pé, são consideradas, para fim de
planejamento, as seguintes velocidades médias:
De dia:
- 4 Km por hora em estrada; e
- 2,5 Km por hora através campo.
A noite:
- 3 Km por hora em estrada; e
- 1,5 Km por hora através campo.
9.2.4 - Regulador de marcha
O regulador de marcha desloca-se de 5 a 10 passos à frente da unidade de marcha.
Sua tarefa é observar a velocidade prescrita, mantendo um ritmo uniforme. Em
princípio, deve ser um militar de estatura média e com o passo aferido.
9.2.5 - Intervalos
Em uma marcha preparatória diurna, a distância normal entre os homens é de 1 metro
e entre as subunidades é de cerca de 50 metros (Fig 9-2). Nas marchas táticas, o
intervalo entre os homens deve aumentar para cerca de 4 metros para permitir que,
pela dispersão, a tropa possa se proteger dos tiros inimigos.
A noite as distâncias são reduzidas ao mínimo, normalmente à metade daquelas
utilizadas nos movimentos diurnos. A coluna por dois é a formação normal mas, em
terreno de difícil progressão, deve-se usar a formação em coluna por um.
denominadas grandes-altos.
9.2.8 - Disciplina de marcha
É o conjunto de regras e procedimentos que se aplicam às marchas. A disciplina de
marcha deve ser observada antes e durante a realização da marcha.
A disciplina de marcha compreende, entre outras, as seguintes regras:
a) Antes das marchas
- evitar atrasos;
- atestar os cantis;
- receber o armamento;
- cuidar meticulosamente dos pés;
- preparar os equipamentos prescritos;
- munir-se de muda de meias reserva; e
- verificar as condições de saúde dos subordinados, informando ao escalão
superior os que não poderão realizar a marcha.
b) Durante as marchas
- manter sua posição na coluna;
- despreocupar-se com o esforço dispendido na marcha;
- abandonar a formatura só quando autorizado;
- manter a distância, o intervalo e a velocidade de marcha; e
- observar as prescrições relativas ao consumo d`água e da ração.
c) Durante os altos
- permanecer nas imediações do local do alto;
- reajustar as meias, o calçado e o equipamento;
- observar as prescrições sobre o consumo d`água e ração;
- desequipar-se e procurar descansar o máximo possível, se possível apoiando os
pés para descongestioná-los;
- transmitir ordens e recomendações; e
- ocupar o seu lugar 1 minuto antes do reinício da marcha, do lado da estrada pelo
qual vinha marchando.
9.2.9 - O pé e sua proteção
Ao se iniciar uma marcha, deve-se preparar os pés, dispensando-lhes os seguintes
cuidados:
Caso venha a fazer bolhas nos pés, proceder como mostrado na figura a seguir.
- qualquer que sejam os limites impostos, a água deverá ser ingerida a razão de
poucos goles por vez, preferencialmente a cada alto.
b) Quanto à ração
- antes da marcha, a tropa deve fazer uma refeição quente e leve; e
- quando a tropa transportar ração fria, essa não deverá ser comida antes da
ocasião oportuna, normalmente em um alto-horário pré-estabelecido.
c) Quanto ao fardamento e equipamento
O fardamento deverá ser adequado ao clima da região e o equipamento bem
ajustado ao corpo, não devendo, normalmente, ultrapassar 22 Kg de peso.
9.3 - MARCHA MOTORIZADA
As marchas motorizadas, geralmente, são realizadas quando há necessidade de percorrer
grandes distâncias com grande quantidade de material.
9.3.1 - Organização de uma coluna motorizada
Cada grupamento ou unidade de marcha dispõe de um comando. Os elementos que
precedem a coluna constituem, geralmente, o Destacamento Precursor. Os
elementos que marcham na cauda da coluna são integrados na Turma de Inspeção.
9.3.2 - Destacamento precursor
O destacamento precursor tem por missão reconhecer, facilitar o trânsito e
desobstruir o itinerário de marcha, assim como preparar, repartir e guiar a tropa no
novo estacionamento. O destacamento precursor divide-se em: Grupo de Itinerário e
Grupo de Estacionamento.
a) Grupo de Itinerário
É responsável por reconhecer e facilitar o deslocamento da tropa ao longo do
itinerário. Abrange as turmas de reconhecimento e de trânsito.
I) Turma de Reconhecimento
É encarregada de obter dados sobre o itinerário a percorrer.
II) Turma de Trânsito
É encarregada de guiar e facilitar o deslocamento da coluna.
b) Grupo de Estacionamento
É responsável por reconhecer as possíveis áreas de estacionamento e, uma vez
escolhida, propor a sua repartição, além de preparar as instalações para descarga e
estacionamento das viaturas, antes da chegada da coluna.
horas de marcha.
Durante os altos, os motoristas e seus auxiliares devem proceder a inspeção de suas
viaturas. Deve-se colocar balizadores e meios de sinalização à frente e à retaguarda
da coluna que se encontra estacionada. A tropa permanece fora da estrada, à direita
das viaturas, mantendo a estrada sempre livre.
9.3.6 - Alimentação da tropa
Em trajetos que durem 1 dia ou menos, as refeições são geralmente frias, fazendo-se,
no entanto, refeições quentes sempre que as circunstâncias permitirem.
Em marchas noturnas é recomendável servir café durante os altos.
9.4 - ESTACIONAMENTOS
9.4.1 - Tipos de estacionamento
A tropa, depois de empregada num combate ou após a realização de um deslocamento,
necessita de repouso para se recuperar fisicamente, alimentar-se melhor, reparar o
material, etc. A tropa pode estacionar de três maneiras diferentes: bivacada, acampada
e acantonada.
a) Bivaque
Uma tropa está bivacada quando estacionada sob árvores, abrigos naturais ou
improvisados, sem o emprego de barracas.
b) Acampamento
Uma tropa está acampada quando estacionada no campo em barracas de campanha.
c) Acantonamento
Uma tropa está acantonada quando estacionada no interior de casas ou edifícios
particulares. Sempre que a situação permitir, o acantonamento deve ser preferido
em comparação com os demais tipos de estacionamento, por permitir maior
conforto e comodidade à tropa.
9.4.2 - Procedimentos em um estacionamento
São inúmeros os requisitos exigidos para a manutenção da ordem e higiene nos
estacionamentos. Dentre eles, os mais importantes são os seguintes:
- tomar banho sempre que for possível;
- não se deitar ou sentar diretamente sobre o terreno úmido;
- não jogar restos de comida, nem lixo, em local que não seja designado para isso;
- preparar o lugar onde vai se deitar. Trocar a roupa molhada logo que chegar ao
estacionamento;
- cavar a vala de escoamento em torno da barraca (dreno) logo que estiver armada,
mesmo que o acampamento seja só por uma noite. Se não se tomar essa
providência, uma chuva, fraca que seja, pode perturbar uma noite de descanso;
- satisfazer suas necessidades fisiológicas exclusivamente nas latrinas ou instalações
sanitárias existentes no estacionamento, comumente conhecidas como “piano”; e
- não beber água de uma fonte, poço ou torneira antes que a mesma seja julgada em
condições de consumo por um oficial médico ou antes que um aviso tenha sido
colocado nesse sentido. A água para beber é fornecida purificada, em recipientes
higienizados, conhecidos por “saco lister”. Estes recipientes são geralmente
colocados no local de estacionamento da(s) subunidade (s), ou próximos da
cozinha.
9.4.3 - Tipos de barracas e toldos de campanha
a) Barraca de comando
É uma barraca de forma especial, não possuindo divisão interna e destinando-se ao
oficial comandante da tropa acampada.
b) Barraca de material
O tipo de barraca utilizado para material é o mesmo utilizado para 10 homens; a
barraca de material terá próxima a sua entrada uma tabuleta indicativa do que nela
se encontra estocado.
c) Barraca de saúde
É constituída por uma lona única, com 4 portas, possuindo um pano com uma cruz
vermelha afixado na parte superior da barraca. É utilizada para abrigar uma
instalação de saúde destinada a prestar socorros imediatos e pequenas cirurgias
aos combatentes que necessitarem de assistência.
d) Iglu
É uma pequena barraca conduzida por dois fuzileiros, cabendo a cada um
transportar metade do material.
e) Barraca de dez homens
É utilizada para abrigar, com conforto, 10 homens. É constituída por um pano
único, com duas aberturas opostas e com 4 janelas de ventilação, colocadas duas
de cada lado na parte superior.
CAPÍTULO 10
APOIO DE FOGO
10.1 - GENERALIDADES
O apoio de fogo (ApF) é essencial para destruir a capacidade e a vontade de lutar do
inimigo. Sua utilização facilita a manobra, suprimindo ou neutralizando os fogos
inimigos e desorganizando o movimento de suas tropas. Também pode ser empregado
independentemente da manobra, com vistas a destruir, retardar ou desorganizar tropas
inimigas ainda não empregadas.
Os comandantes de todos os escalões devem estar habilitados a empregar o armamento
orgânico e os fogos de apoio disponíveis, de forma coordenada e integrados à idéia de
manobra, assegurando a adequada aplicação do poder de combate.
Os Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav) dispõem,
normalmente, dos seguintes meios de ApF: morteiros de 81mm e 120mm, canhões e
mísseis navais, obuses de 105 e 155mm e aeronaves de ataque com bombas, foguetes,
mísseis, canhões e metralhadoras.
10.2 - ARMAS DE APOIO
A escolha da arma de ApF adequada a ser empregada sobre um determinado alvo é
baseada na localização e natureza desse alvo, no tipo de armamento necessário à
obtenção do efeito desejado e na análise comparativa das armas de apoio disponíveis.
A artilharia, normalmente, não está disponível para o apoio às tropas na fase inicial do
Assalto Anfíbio (AssAnf). Portanto, nesta fase da operação, o apoio é prestado pelo
fogo aéreo, naval e pelo PelMrt81mm, assim que desembarcado.
10.2.1 - Apoio de fogo naval (AFN)
O fogo naval desempenha um papel vital nas OpAnf, apoiando a conquista de
objetivos, destruindo ou neutralizando as instalações terrestres inimigas que
venham a se opor a aproximação dos navios , aeronaves e dos elementos de assalto.
Além disso, o fogo naval continua a apoiar as tropas em terra até o limite do
alcance de seus armamentos.
a) Possibilidades
I) Mobilidade
Dentro das limitações impostas pela hidrografia e pelo inimigo, o navio de
apoio de fogo (NApF) pode ser posicionado de forma a proporcionar o
melhor apoio possível às tropas.
II) Precisão
Os equipamentos de direção de tiro possibilitam o desencadeamento de fogos
precisos em apoio à Força de Desembarque (ForDbq), estando o navio em
movimento ou fundeado.
III) Munição
Uma variedade de tipos de projetis, cargas de projeção e espoletas permitem
selecionar a melhor combinação para o ataque a qualquer alvo.
IV) Armamento
Uma variedade de armas, incluindo foguetes, mísseis e canhões cujos calibres
variam de 3 a 8 polegadas, podem estar disponíveis para engajar alvos
terrestres.
V) Velocidade inicial
A alta velocidade inicial do armamento naval torna-o particularmente
apropriado para o ataque aos alvos terrestres de enfiada.
VI) Cadência de tiro
Um grande volume de fogos pode ser disparado em um curto intervalo de
tempo devido à grande capacidade de carregamento.
VII) Dispersão
A dispersão do canhão naval é grande em alcance, sendo relativamente
pequena em direção (deflexão), ou seja, o retângulo de dispersão é estreito,
com a dimensão maior na direção de tiro. Essa característica permite levar o
fogo para bem próximo das linhas de frente das tropas amigas desde que a
linha canhão-alvo seja paralela às mesmas.
VIII) Reabastecimento de Munição
Normalmente é previsto o reabastecimento de munição dos navios de apoio
de fogo sem que eles deixem a área do objetivo, o que permite rápido retorno
à ação.
b) Limitações
I) Hidrografia
Nem sempre as condições hidrográficas permitem a necessária aproximação
dos navios até a costa e por isso, muitas vezes são obrigados a ocupar
posições desfavoráveis.
a) Possibilidades
I) Velocidade e manobrabilidade
As aeronaves são capazes de se concentrar rapidamente sobre um alvo a fim
de desencadear ataques de surpresa. Além disso, podem alterar a direção de
ataque com facilidade.
II) Mobilidade e flexibilidade
Permitindo o emprego de um número limitado de Anv contra alvos isolados
ou a concentração de um grande número de Anv sobre alvos de maior
extensão e importância.
III) Precisão
Os vários tipos de ataque possíveis de serem realizados pelas aeronaves
conferem a esta arma uma grande precisão.
IV) Observação
Os alvos cujas localizações impedem a observação terrestre podem ser
freqüentemente observados por aeronaves.
V) Efeito moral
Relacionado às demais características, permite contribuir positivamente sobre
o moral das tropas apoiadas, assim como servir de desafio e pressão
psicológica sobre o inimigo.
b) Limitações
I) Condições meteorológicas e de visibilidade
Certas condições meteorológicas e de visibilidade podem impedir o apoio ou
limitar sua precisão.
II) Raio de ação
A capacidade de combustível das aeronaves de apoio limitam o período de
tempo em que podem permanecer sobre o alvo.
III) Capacidade de munição
Cada aeronave possui uma quantidade limitada de munição e por isso cada
aeronave deve retornar à sua base após esgotar a sua munição.
IV) Comunicações
Há uma grande dependência de comunicações eficientes de modo a propiciar a
correta identificação do alvo e sua vetoração pelo controlador aéreo avançado.
II) Deslocamentos
As unidades de artilharia têm reduzida a sua eficiência durante os
deslocamentos, quando fica prejudicada a sua pronta-resposta aos pedidos de
apoio de fogo, bem como se tornam vulneráveis ao ataque aéreo.
III) Combate aproximado
O apoio de artilharia fica significativamente prejudicado quando se torna
necessário o engajamento do seu pessoal em combate aproximado para a
defesa própria e do seu armamento.
IV) Peso
O peso do armamento pode limitar o seu emprego em operações
helitransportadas.
10.3 - COMPARAÇÃO DAS ARMAS DE APOIO
A fim de explorar as possibilidades de cada arma de apoio e evitar a desnecessária
duplicação, a seleção da melhor arma de apoio a ser empregada é muito importante.
Considerando-se as características dessas armas e admitindo-se condições favoráveis
aos seus empregos, são as seguintes as possibilidades e limitações comparativas da
artilharia, do fogo naval e da aviação.
10.3.1 - Destruição
É o fogo de precisão realizado com a finalidade de destruir um alvo específico,
normalmente um objetivo material. Tem como característica o elevado consumo de
munição.
a) Aviação
É a mais apropriada à destruição de quase todos os tipos de alvos, devido à
grande variedade de munição que dispõe e métodos de lançamento que emprega.
b) Artilharia
A artilharia pesada (calibre superior a 160mm até 210mm, inclusive) é eficaz na
destruição de fortificações e de alvos tipo ponto. A artilharia leve (calibre até
120mm, inclusive) e a média (calibre superior a 120mm até 160mm, inclusive),
devido à baixa velocidade inicial, dispersão e projetis leves, não são apropriadas
para executar tarefas de destruição.
c) Fogo naval
Quando desencadeado a pequenas distâncias, é o mais apropriado para a
destruição de posições fortificadas. A precisão no tiro direto, a variedade de
10.3.4 - Interdição
É o fogo realizado com propósito de destruir ou neutralizar as comunicações
inimigas , estradas, pontes, entroncamentos, impedindo a organização da defesa e o
reforço inimigo.
a) Aviação
É a arma mais eficaz à execução de interdições a grande distância, devido ao
raio de ação e à precisão das aeronaves.
b) Artilharia
A Artilharia pesada e média são mais apropriadas do que o fogo naval para
executar fogos de interdição não observados, devido à maior possibilidade de
realização de tiros indiretos com maior precisão.
c) Fogo naval
É apropriado às tarefas de interdição quando os alvos são vistos de bordo.
10.3.5 - Iluminação
É o fogo com granadas iluminativas, efetuado para auxiliar ou facilitar o
movimento das próprias tropas e para silhuetar ou iluminar os alvos sobre os quais
se deseja fazer fogo de neutralização ou destruição.
a) Aviação
Tem possibilidade de prover iluminação, mas, se não for programada, é, dentre
as armas de apoio, a que mais demora a atender os pedidos. Além disso, é difícil
controlar e coordenar as aeronaves em áreas limitadas.
b) Artilharia
É a que tem maior possibilidade de executar iluminação de alvos tipo ponto.
Entretanto, se for necessário iluminar alvos tipo área, pode ser empregada por
tempo limitado, desde que utilize armamento e munição apropriados.
c) Fogo naval
Possui uma excelente possibilidade de executar fogos iluminativos. Esses fogos
são prontamente atendidos pelos navios que apóiam diretamente uma unidade.
10.4 - CENTRO DE COORDENAÇÃO DE APOIO DE FOGO (CCAF)
O CCAF é a instalação onde são reunidos o pessoal e os meios de comunicações
necessários ao planejamento e à coordenação dos apoios de fogo aéreo, naval, de
artilharia e de Mrt81mm.
O CCAF compõe-se de representantes das armas de apoio e pessoal necessário para
abaixo da linha.
II) LCAF
Utilizada para demarcar a linha além da qual todo alvo pode ser atacado por
qualquer meio de apoio de fogo ou sistema de armas, sem afetar a segurança
ou exigir coordenação adicional com o escalão que a estabeleceu.
É representada por uma linha cheia com a identificação LCAF, seguida do
comando que a estabeleceu, entre parênteses, em sua parte superior, e o grupo
data-hora (ou sigla MO – mediante ordem), em sua parte inferior.
Fogos além de LSAA e aquém de LCAF em vigor devem ser
obrigatoriamente coordenados entre o CCAF da força e o CCAF da peça de
manobra em cuja a ZAç se encontra o alvo.
III) AFL
Utilizada para assinalar uma região em que qualquer meio de ApF pode
desencadear fogos sem necessidade de coordenação adicional com o comando
que a estabeleceu.
É representada graficamente por uma linha cheia fechada, em cujo interior
devem constar as inscrições: “ÁREA DE FOGO LIVRE”, o comando que a
estabeleceu e o grupo data-hora em que estará em vigor (ou a sigla MO).
b) Medidas restritivas
São empregadas para ataques a alvos que necessitem de autorização do comando
que as estabeleceu. Devem ser traçadas graficamente na cor vermelha,
constando, junto ao seu traçado, o tipo de medida, o grupo data-hora de ativação
e o comando que a estabeleceu. São medidas restritivas: a Linha de Coordenação
de Fogos (LCF), a Área de Coordenação de Fogos (ACF) e a Área de Fogo
Proibido (AFP).
I) LCF
Utilizada para demarcar um limite entre tropas terrestres amigas que realizam
movimentos convergentes, além do qual uma não pode atirar sem coordenar
com a outra. Sua finalidade é proporcionar segurança às tropas amigas e
evitar interferência entre unidades. É particularmente utilizada para coordenar
os fogos entre forças helitransportadas ou aerotransportadas e de junção; ou
entre forças deslocando-se em direções convergentes. É estabelecida pelo
comandante enquadrante das forças envolvidas, ou por um dos comandantes
das mesmas, previamente designado.
Ela é representada graficamente por uma linha cheia na cor vermelha, com a
abreviatura LCF seguida da abreviatura do comando que a estabeleceu, entre
parênteses, acima da linha, e o grupo data-hora para sua entrada em vigor,
abaixo da linha.
II) ACF
Empregada para assinalar uma região na qual o desencadeamento de fogos
está sujeito a critérios ou restrições especificadas pelo comando que a
estabeleceu. Sua finalidade é coordenar o desencadeamento de fogos em
determinadas regiões ocupadas por tropas amigas, de modo a prover
segurança a estas, de acordo com as restrições ou os critérios impostos.
É normalmente estabelecida a partir do escalão batalhão. É constantemente
utilizada para controlar fogos em uma área onde se mantêm tropas
estacionadas ou em patrulha.
Ela é representada graficamente por uma linha cheia fechada, na cor
vermelha, contendo em seu interior, em vermelho, a inscrição ÁREA DE
COORDENAÇÃO DE FOGOS, os grupos data-hora de sua vigência e a
diretiva que a estabeleceu.
III) AFP
Empregada para assinalar uma região na qual nenhum meio de apoio de fogo
pode atirar, exceto se o pedido vier da força que a estabeleceu, ou exista
necessidade de se apoiar determinada tropa em situação crítica no interior da
referida área.
Sua finalidade é proibir fogos e/ou seus efeitos sobre tropas amigas situadas
em determinada região.
É representada no Calco de Operação e no Plano de Apoio Fogo (PAF) por
uma linha cheia e fechada, na cor vermelha, contendo em seu interior,
também em vermelho, a inscrição ÁREA DE FOGO PROIBIDO, a
abreviatura do comando que a estabeleceu e os grupos data-hora de sua
vigência. A área no interior dessa linha será marcada, ainda, por listras
diagonais (achura) na cor vermelha.
CAPÍTULO 11
OPERAÇÕES COM APOIO DOS MEIOS AÉREOS
11.1 - GENERALIDADES
Projetar poder sobre terra é uma das tarefas básicas do Poder Naval. Um amplo
espectro de atividades permite a realização desta tarefa, entre elas a operação anfíbia
(OpAnf) e o Bombardeio Aeronaval com aeronaves (Anv) embarcadas. A
permeabilidade do espaço aéreo possibilita que as Anv executem um ataque em
profundidade no território inimigo.
No desenvolvimento de uma OpAnf, quando a Força-Tarefa Anfíbia (ForTarAnf)
incorpora ou é apoiada por navios aeródromos (NAe), passa-se a dispor dos elementos
ofensivos e defensivos que permitem a obtenção da superioridade aérea local.
O helicóptero (He), em particular, provê um incremento na mobilidade tática das
unidades terrestres, proporcionando flexibilidade ao desembarque e no desdobramento
dos elementos de assalto de uma Força de Desembarque (ForDbq). Por essa razão, os
comandantes de pequenas frações (grupo de combate e esquadra de tiro) devem estar
familiarizados com os conhecimentos pertinentes aos princípios e técnicas empregados
nas operações helitransportadas.
11.2 - APOIO DOS MEIOS AÉREOS
O ApAe é dividido em dois grandes grupos: Apoio Aéreo Ofensivo (ApAeOf) e Apoio
Logístico por aeronaves.
Apoio Aéreo
batalha, podendo ser usado para intervir no combate, tanto em operações ofensivas
quanto defensivas.
O ApAeOf é dividido em atividades aéreas de combate e de apoio ao combate, as
quais apresentam suas subdivisões na Fig 11.2.
Patrulha
Aérea de Combate
Interceptação
Defesa Aérea
Aérea
Interdição
Atividades Aéreas Aérea
de Combate
Apoio Aéreo
Aproximado
Apoio de Fogo
Aéreo
Apoio Aéreo Apoio Aéreo
Ofensivo Afastado
Operação Aeroterrestre
Operação Aeromóvel
Atividades Reconhecimento Aéreo
Aéreas de Apoio Alerta Aéreo Antecipado
ao Combate Observação Aérea
Guerra Eletrônica
Escolta Aérea
b) Avião
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
AF-1 AF-1A
FABRICANTE Mc Donnell Douglas, EUA Mc Donnell Douglas, EUA
EMPREGO Ataque/Interceptação Ataque/Interceptação/Treina-mento
Envergadura 8,38 m 8,38 m
DIMENSÕES Comprimento 12,59 m 13,29 m (biplace)
Altura 4,57 m 4,75 m
Básico 5800 Kg 6100 Kg
Operacional
PESOS
Máximo de 11600 Kg 11600 Kg
Decolagem
Cerca de 594 nós (1100 Km/h Cerca de 594 nós (1100 Km/h - 0,9
VELOCIDADE MÁXIMA
- 0,9 MACH) MACH)
Turbinas Pratt & Whitney Turbinas Pratt & Whitney J52-P-8B
PROPULSÃO
J52-P-8B
2 canhões de 20 mm e mísseis 2 canhões de 20 mm e mísseis AIM-
ARMAMENTO
AIM-9 Sidewinder 9 Sidewinder
OpAnf, os vôos de He que se reúnem para pousar ao mesmo tempo numa ZDbq são
chamados de vagas de He. Um Pelotão de Fuzileiros Navais (PelFuzNav) é,
normalmente, a menor organização tática transportada em uma única vaga.
11.5.3 - ZDbq
É uma área terrestre específica para o pouso de He, destinada ao embarque ou
desembarque em assalto de tropas e/ou carga. Ela é designada por nome código, em
geral o nome de um peixe. Uma ZDbq possui um ou mais locais de desembarque
(LocDbq), geralmente designados por cores.
11.5.4 - LocDbq
É uma porção específica do terreno no interior da ZDbq, na qual um certo número
de He de uma vaga pode pousar para embarcar ou desembarcar tropas e/ou carga.
Um LocDbq contém um ou mais pontos de desembarque (PtDbq).
11.5.5 - PtDbq
É um ponto no interior de um LocBbq onde uma aeronave de assalto vertical pode
pousar. Os PtDbq são designados por números de dois algarismos.
11.6 - CONDUÇÃO DAS OPERAÇÕES HELITRANSPORTADAS
As técnicas empregadas na condução das operações helitransportadas têm por
finalidade assegurar sua execução com a máxima rapidez, flexibilidade e
oportunidade.
11.6.1 - Responsabilidades do comandante da HE
Ao comandante da HE cabem as seguintes responsabilidades:
- inspecionar cada combatente quanto ao uso apropriado dos uniformes e
equipamentos, particularmente a ajustagem correta desses últimos, na ZReu ou
C-95
1,5 12 - 350 600
(Bandeirante)
(*) raio de ação
CAPÍTULO 12
COORDENAÇÃO CARRO-INFANTARIA
12.1 - GENERALIDADES
As modernas condições de combate recomendam o emprego de forças altamente
móveis, com grande poder de fogo e autonomia para manterem-se operacionais pelo
período de tempo necessário ao cumprimento de suas tarefas.
Esta premissa torna-se particularmente válida para as operações anfíbias (OpAnf),
onde a Força de Desembarque (ForDbq) parte de um poder de combate, em terra, nulo;
necessita conquistar e consolidar a cabeça-de-praia (CP) o mais cedo possível; e
depende exclusivamente do apoio logístico proveniente do mar. Neste contexto,
sobressai a importância do emprego dos blindados apoiando as unidades de infantaria
de Fuzileiros Navais. As viaturas blindadas (VtrBld), aí se incluindo os carros lagarta
anfíbios (CLAnf), proporcionam a estas unidades mobilidade e proteção contra
estilhaços e projetis de armamento leve. Os carros de combate (CC) produzem um
violento impacto físico e psicológico sobre o inimigo.
12.2 - CARRO DE COMBATE
O CC é uma viatura blindada, armada com canhão e metralhadoras, sobre rodas (SR)
ou sobre lagartas (SL), que adiciona à tropa apoiada grande ação de choque.
12.2.1 - Características
a) Potência de fogo
O CC é armado com um canhão de alta velocidade e transporta uma considerável
quantidade de munição de tipos diferentes, que lhe permite engajar e destruir a
maioria dos alvos encontrados em combate. O poder de fogo proporcionado por
suas metralhadoras, permite apoiar a tropa de infantaria no assalto às posições
inimigas e, na defensiva, bater com fogos rasantes e de flanqueamento as
possíveis vias de acesso do inimigo.
b) Proteção blindada
Os CC possuem uma blindagem que lhes permite aproximar-se do inimigo
relativamente imunes aos efeitos dos tiros das armas portáteis, estilhaços de
granadas e, até certo grau, dos efeitos das armas químicas, bacteriológicas e
nucleares (QBN). Permite-lhes, também, manobrar sob os fogos das armas
amigas.
12.3.4 - Limitações
São as seguintes:
- dependência do transporte por carretas, ou outro meio, nos movimentos terrestres
envolvendo grandes distâncias, em razão do desgaste acentuado e prematuro do
seu trem de rolamento;
- mobilidade limitada por terrenos montanhosos e pedregosos, devendo ser evitada
sua utilização através de regiões de vegetação densa, pântanos e em áreas com
obstáculos artificiais, tais como campos de minas e fossos anticarro;
- elevado consumo de combustível, óleos lubrificantes e munição;
- necessidade de apoio logístico contínuo para a sua manutenção;
- flutuabilidade condicionada a uma lâmina d` água mínima de 1,60. Em lâminas
inferiores seu deslocamento se fará sobre o próprio leito do curso d` água,
exigindo que este seja firme;
- impossibilidade de transposição de cursos d` água com correntes superiores a 6
Km/h, face a sua dificuldade de manobra e pequena velocidade na água (4,8
Km/h);
- não é recomendável que seja empregado em águas revoltas, devido à sua pequena
borda livre; e
- dificuldade de manutenção do sigilo, devido às suas dimensões, ao ruído do motor
e do seu sistema de tração, a poeira levantada no seu deslocamento.
- realizar pivô.
12.4.4 - Limitações
São as seguintes:
- dependência do transporte por carretas, ou outro meio, nos movimentos terrestres
envolvendo grandes distâncias, em razão do desgaste acentuado e prematuro do
seu trem de rolamento;
- embora possuam considerável capacidade de combustível, os CLAnf não foram
projetados para operações prolongadas em meio líquido, as quais provocam
extremos esforços nos seus componentes mecânicos. O CLAnf atualmente
disponível na FFE foi projetado para operar 80% do tempo em terra e 20% na
água;
- mobilidade limitada por terrenos montanhosos e pedregosos, devendo ser evitada
sua utilização através de regiões de vegetação densa, pântanos e em áreas com
obstáculos artificiais, tais como campos de minas e fossos anticarro;
- elevado consumo de combustível, óleos lubrificantes, fluídos hidráulicos e
munição; e
- dificuldade de manutenção do sigilo, devido às suas dimensões, ao ruído do
motor, e do seu sistema de tração, e à poeira levantada no seu deslocamento.
tipo de operação.
12.5.2 - Ataque coordenado
No ataque coordenado, a infantaria pode ser apoiada por CC e VtrBld/CLAnf, ou
apenas por CC ou, ainda, somente por VtrBld/CLAnf. Nos três casos, o movimento
será rápido e contínuo e os métodos de ataque possíveis de serem empregados são:
- CC e infantaria (a pé ou embarcada) no mesmo eixo;
- CC e infantaria (a pé ou embarcada) em eixos convergentes; e
- blindados apoiando a infantaria pelo fogo.
12.6 - EMPREGO DO CONJUGADO CARRO-INFANTARIA
O CC, como já mencionado, acrescenta à tropa de infantaria apoiada grande ação de
choque. Porém, devido às suas características, requer também a proteção desta durante
a ação. A necessidade de apoio mútuo resultou no desenvolvimento das equipes carro-
infantaria, que se constituem de frações de infantaria operando diretamente com os
CC. É tarefa do comandante do grupo de combate (GC) e de seus integrantes atuarem
como se fossem os olhos dos CC, controlar seus fogos e protegê-los da infantaria
inimiga e de suas armas AC. É também tarefa do GC orientar os CC, indicando o que
deve ser feito e qual a melhor maneira de fazê-lo. Para proporcionar à infantaria a
mesma mobilidade dos CC, com algum grau de proteção blindada, VtrBld e/ou CLAnf
podem ser colocados em reforço à infantaria. Neste caso, a infantaria não deve
desembarcar antes que isso seja necessário. Ela, normalmente, desembarca para evitar
a sua destruição pelos fogos inimigos, quando necessário atacar ou quando for
necessário auxiliar os CC na sua proteção e remoção de obstáculos.
A infantaria complementa os elementos de CC:
- removendo obstáculos de acordo com a sua capacidade;
- neutralizando ou destruindo armas AC;
- designando alvos para os CC; e
- executando a limpeza do objetivo durante a sua consolidação.
Os elementos de CC apoiam o elemento de infantaria:
- provendo uma base de fogos móvel que auxilie a progressão dos elementos de
infantaria;
- neutralizando ou destruindo, pelo fogo direto, as armas de emprego coletivo do
inimigo;
b) Terreno fechado
Em áreas densamente arborizadas ou de mata, a infantaria precederá,
normalmente, os CC. Quando possível, os CC cobrirão a progressão da
infantaria, vigiando os acessos ao seu interior. A tropa de infantaria, por seu
turno, não estará apenas prosseguindo sozinha na sua tarefa, mas provendo um
certo grau de proteção aproximada aos CC. Essa proteção aproximada não é,
necessariamente, proporcionada pelo posicionamento da tropa bem próxima dos
CC; ela é provida pela capacidade da infantaria engajar o inimigo antes que ele
possa atacar os CC. A escolha da formação, técnica de movimento e distância
entre ambos dependerá de uma análise cuidadosa dos fatores da decisão.
atirando (a área de sopro da boca do canhão se estende até 20 metros para cada
flanco);
- os CC têm um raio de giro curto. Portanto, é preciso deixar sempre desobstruída a
faixa do terreno por onde o carro se desloca e manobra;
- manter-se afastado do acesso ao motor existente à retaguarda do CC. O intenso
calor proveniente do motor é perigoso; e
- a tropa deve se manter distante do CC quando este estiver sendo reabastecido ou
remuniciado.
CAPÍTULO 13
COMBATE EM AMBIENTES ESPECIAIS
13.1 - GENERALIDADES
São denominados especiais os ambientes operacionais que, por terem características
distintas daqueles onde mais comumente se desenrolam os combates, exercem
influências diversas sobre os combatentes e as operações, exigindo tropa
especialmente organizada e adestrada, bem como táticas, técnicas e meios especiais.
Neste capítulo serão apresentadas as peculiaridades do combate nos seguintes
ambientes especiais: selva, pantanal, montanha, e em regiões semi-áridas e de clima
frio.
13.2 - SELVA
Ambiente constituído essencialmente por florestas equatoriais ou tropicais densas, e de
clima quente, úmido e super úmido. Localizam-se entre os trópicos de Câncer e
Capricórnio em extensas regiões de planície, de planalto ou mesmo de montanha, na
América do Sul (Amazônia), América Central, África e Ásia.
13.2.1 - Características ambientais
a) Clima
O ambiente de selva é caracterizado por temperaturas elevadas, com pequenas
variações ao longo do ano e praticamente sem variações ao longo do dia, altos
índices pluviométricos e intensa umidade. Tudo isso acelera o desgaste da tropa,
aumenta o número de baixas por problemas médicos, dificulta a conservação de
gêneros alimentícios, amplia a freqüência de manutenção dos equipamentos e do
armamento, e exige medidas especiais para estocagem de suprimentos, em
particular da munição.
b) Relevo
O relevo é bastante irregular, mesmo quando a selva se situa numa planície. Os
dobramentos e descontinuidades da superfície terrestre, em geral ocultos pela
densa vegetação, formam um extenso sistema de drenagem, restringindo a
movimentação da tropa a pé e, na maioria das vezes, impedindo o movimento de
viaturas. Além disso, limita a observação e os campos de tiro para qualquer tipo
de arma.
c) Natureza do solo
É variável com o nível do terreno. Nos terrenos mais elevados, o solo, em geral,
Mata de Várzea
Fig 13.1 - Os vários tipos de selva
operadores de embarcações.
13.2.2 - Necessidade de ambientação
A operação em ambiente de selva requer um período prévio de ambientação da
tropa. Nesse período devem ser adotadas algumas providências que contribuem
para essa ambientação.
a) Aclimatação
Esse processo começa no primeiro dia de chegada do combatente a selva e
poderá estar bem desenvolvido no quarto dia. Contudo, só estará completo entre
o sétimo e décimo quarto dia, podendo ser acelerado pela execução de exercícios
físicos.
b) Uso de maiores quantidades de sal nos alimentos
As elevadas temperaturas aumentam a sudorese e a perda de sais minerais, o que
pode causar desidratação. Por essa razão, é conveniente aumentar ligeiramente
as quantidades de sal utilizadas nos alimentos, desde o início da aclimatação.
c) Não se alimentar em excesso
O maior esforço despendido recomenda moderação na ingestão de alimentos. Na
selva é preferível comer pequenas quantidades de alimentos em maior número
de refeições, realizadas a intervalos menores.
d) Outras providências
Entre tantas, é conveniente ressaltar, ainda, a necessidade de se vestir
adequadamente, trabalhar à sombra, compreender o calor e precaver-se contra
distúrbios mentais.
O uso de uniformes mais leves e de secagem mais rápida é de todo
recomendável. Coturnos com canos de lona reforçada e válvulas para drenagem
d’água são os mais apropriados. Durante o período crepuscular, as mangas
devem permanecer arriadas, as golas fechadas e, se possível, utilizar o
mosquiteiro de cabeça para reduzir a ação dos insetos.
A exposição por longos períodos ao sol nas proximidades do Equador pode
acarretar sérias complicações à saúde do combatente. Trabalhar, sempre que
possível, à sombra, particularmente na execução das tarefas mais extenuantes.
Os inconvenientes do calor vão se agravando paulatinamente sem que o
combatente se aperceba. É preciso conhecer bem seus efeitos sobre o organismo
e saber contornar esses inconvenientes. A não observância de cuidados
- Bambu
Ás vezes pode ser encontrada água no interior dos gomos do bambu,
principalmente do velho e amarelado.
- Coco
Os verdes são os melhores, pois em geral possuem maior quantidade d’água.
II) Obtenção do fogo
O fogo é um excelente recurso com que se deve contar para ampliar e
melhorar as condições de vida na selva. É necessário, contudo, conhecer
como preparar e acender uma fogueira. Inicialmente, é conveniente fazer uma
limpeza da área onde será feito o fogo. Quando a permanência no local for
um pouco mais prolongada, será indispensável a construção de um abrigo
para preservar a fogueira contra a chuva.
Para acender a fogueira usa-se uma isca, que pode ser um amontoado de
folhas secas, papel, palha, gravetos ou casca de árvores, sobre a qual se age
para a obtenção inicial do fogo. Para auxiliar o acendimento da isca, usa-se o
breu vegetal, resina extraída da árvore do breu que funciona como um
excelente inflamável.
A lenha que será utilizada na fogueira, sempre que possível deve
estar seca.
Os locais onde forem visceradas as caças poderão atrair outros animais, neles
b) Higiene
O calor e umidade intensos causam desconforto e obrigam a dispensar maiores
cuidados com a higiene individual e das áreas de estacionamento.
Além dos cuidados de higiene em campanha, é mandatário um maior cuidado
com os pés e a higiene bucal. O pés devem ser sempre ventilados e secos,
substituindo-se as meias diariamente e prevenindo o aparecimento de fungos e
bactérias entre os dedos por meio da lavagem e aplicação de pó antisséptico.
Os restos de comida, vísceras de animais e as fezes humanas atraem mosquitos.
É conveniente que tais dejetos sejam imediatamente enterrados, haja vista que o
intenso calor acelera a deterioração e as bactérias aí presentes podem ser
inoculadas nos seres humanos através dos mosquitos presentes na área.
c) Abrigos
O combatente que necessitar permanecer por tempo um pouco mais prolongado
num mesmo local, precisa dispor de um mínimo de conforto, de condições
psicológicas favoráveis e de proteção contra as adversidades do ambiente. Uma
das maneiras de se conseguir isto é com a construção de um abrigo, que pode
variar de algo simples e ligeiro para pernoitar a um conjunto de construções que
lhe proporcionem algum grau de apoio para períodos mais extensos.
Seja qual for a complexidade do(s) abrigo(s) que se vai construir, o local deve
reunir as seguintes características: elevado em relação ao nível geral do
terreno, ligeiramente inclinado, relativamente limpo e o mais próximo
possível de uma fonte d’água potável.
13.3 - PANTANAL
Em quase todos os continentes existem regiões pantanosas e cada uma delas têm
características peculiares, tais como clima, topografia, hidrografia, fauna e flora.
Porém, todas essas regiões, do ponto de vista militar, apresentam as seguintes
características comuns:
- dificuldade de locomoção para tropa de qualquer natureza;
- restrições à navegação fluvial nos períodos de visibilidade reduzida;
- restrições ao emprego da artilharia;
- dificuldade para manobrar com grandes efetivos de tropa;
- exigência de equipamentos especiais;
- exigência de cuidados especiais com os equipamentos;
- intenso emprego de meios aéreos para os deslocamentos táticos e para apoio,
particularmente por meio de helicópteros; e
- necessidade de tropa previamente adestrada em operações nesse tipo de ambiente.
13.3.1 - Características ambientais
O PANTANAL MATOGROSSENSE apresenta-se como uma das maiores
planícies de sedimentação do mundo, ocupando grande parte do centro-oeste
brasileiro e estendendo-se pela ARGENTINA, BOLÍVIA e PARAGUAI.
a) Clima
O clima é tropical com diferenças marcantes entre as estações seca e chuvosa.
Localizada na porção centro sul do continente sul-americano, a região não
sofre influência do oceano, mas está exposta à invasão de massas frias
provenientes dos Pampas e do Chaco. A temperatura, habitualmente alta, pode
cair repentinamente até Oo C.
Na estação seca, de abril a setembro, as chuvas escasseiam e a temperatura é
bastante agradável. Durante o dia pode fazer calor, mas as noites são frescas ou
frias. Os terrenos alagados praticamente desaparecem, restringindo os espelhos
d’água aos rios perenes, com leito bem definido, às grandes lagoas próximas a
esses rios e à algumas lagoas menores e banhados nas partes mais baixas da
planície.
Com o início das chuvas, geralmente em outubro, começa o verão que se
prolonga até março. A temperatura elevada só cai durante e logo após as fortes
pancadas de chuva, voltando a subir em seguida até que novas trombas d’água
joazeiro, caraguatás, etc.) com árvores de porte médio. Nas partes mais baixas,
predominam as gramíneas com raras árvores espaçadas. Nas pequenas
ondulações do terreno formam-se os capões e as cordilheiras, com árvores de
maior porte no estrato superior, e vegetação rasteira. É comum a ocorrência de
parques constituídos por uma só espécie vegetal predominante, como carandá.
acuris, buritis, etc.
Margeando os rios, encontram-se as matas ciliares, com largura variável,
formadas por vegetais de grande e médio porte e trepadeiras, intercalados por
arbustos. No interior dos rios e lagoas existem diversos tipos de vegetação
aquática. Concentrações dessas plantas, denominadas camalotes, se
desprendem das margens e são levadas pela correnteza.
13.3.2 - Combate no Pantanal
As operações no PANTANAL MATOGROSSENSE se realizam em um ambiente
em que na maior parte do tempo a tropa estará se deslocando através de cursos
d’água ou por terreno alagado, embarcada ou a pé. Por essa razão, o combate no
Pantanal é conduzido como numa operação ribeirinha, não diferindo muito do
conduzido no ambiente amazônico.
a) Cuidados com o material
É comum o combatente ter o seu equipamento e armamento imersos
involuntariamente na água, o que o obriga a cuidados especiais.
I) Mochila
Todo o material transportado na mochila deverá estar acondicionado em sacos
plásticos e com a boca dos mesmos amarrada, a fim de evitar infiltrações.
II) Cartas e documentos
Devem merecer cuidado redobrado quanto à sua impermeabilização. Além
das medidas de proteção de praxe, as cartas devem ser conduzidas em sacos
plásticos hermeticamente fechados, de forma a evitar sua deterioração.
III) Armamento
As salinas existentes no Pantanal, em conjunto com os demais aspectos do
ambiente que degradam as condições do material, implicam em dispensar ao
armamento medidas especiais, tais como:
- efetuar várias limpezas diárias;
- evitar, tanto quanto possível, o contato do armamento com a água,
c) Operações
Embora menos exigente que o ambiente de selva, o Pantanal requer tropa
aclimatada, o que, em geral ocorre num período de aproximadamente 5 dias.
A navegação nos rios da bacia do rio Paraguai é mais restrita do que na do rio
Amazonas, em função, basicamente, da profundidade. A largura dos rios
também impõe a necessidade de mais segurança nos deslocamentos da força
naval, já que é possível conduzir fogos das margens sobre os canais navegáveis.
Tudo isso faz com que a tropa seja desdobrada à frente da força naval, provendo
segurança ao seu trânsito, praticamente ao longo de todo percurso na área de
operações. A tropa é, então, empregada à semelhança de uma marcha para o
combate até estabelecer o contato com o inimigo.
A existência de porções consideráveis de terreno taticamente utilizável junto às
margens dos rios, permite, também, o desenvolvimento de manobras terrestres.
Convém ressaltar, contudo, que na maior parte dos rios, as margens são
taludadas, apresentando poucos trechos espraiados que permitem o desembarque
de tropa em assalto.
O emprego de helicópteros para transporte tático de tropa, observação e
condução dos fogos das armas de apoio, bem como para o controle das ações é
quase que mandatário.
A precariedade ou inexistência de estradas, bem como a impossibilidade de
deslocamento em determinadas regiões, tornam o emprego da artilharia
dependente de embarcações e/ou helicópteros. Além disso, durante o período de
chuvas, em determinadas regiões, são escassas as áreas de posição adequadas,
devendo ser considerada a possibilidade de utilização de embarcações ou outras
plataformas flutuantes para posicionamento do material.
O apoio aéreo é particularmente importante nesta região, conferindo o grau de
mobilidade indispensável à Força de Reação e provendo o apoio de fogo rápido
e preciso.
Na estação chuvosa é praticamente inviável o emprego de blindados no Pantanal,
mesmo para os CLAnf, devido às limitações à sua navegação nos rios e áreas
alagadas ou às precárias condições de transitabilidade em terra. Na estação seca
a situação se inverte, aparecendo terrenos bastante favoráveis ao emprego desses
meios.
III) Picos
São elevações bem definidas e isoladas, com uma forma aguda.
IV) Cavados
São as depressões existentes nos divisores de águas e servem de passagem
entre as linhas de alturas. A freqüência ou não de cavados facilmente
transitáveis, dá uma boa idéia das condições de movimento na montanha.
Dependendo de sua acessibilidade, são classificados em: desfiladeiro,
garganta e brecha.
b) Clima
É influenciado pela massa da montanha e pela altitude, bem como pela latitude
do local e o clima das regiões vizinhas. Normalmente, as variações das
condições meteorológicas são bruscas.
A temperatura varia com a altitude, diminuindo aproximadamente 6, 5 o C para
cada 1000 metros que se ascende.
A diminuição progressiva da pressão atmosférica à medida que aumenta a
altitude, torna o ar rarefeito, criando dificuldades para a vida a partir dos 4000
metros.
As regiões montanhosas são mais suscetíveis às precipitações que as planícies
próximas.
A intensidade do vento na montanha é maior que nas planícies, pois encontra
menos obstáculos. A ação combinada do frio e do vento, que provoca no corpo
humano uma perda de calor maior que a normal, é chamada de fator “windchill”.
c) Efeitos do sol
Além do calor, o sol pode afetar seriamente um combatente, causando-lhe
queimaduras. Todo esforço deve ser feito para proteger a pele contra a exposição
direta aos raios solares.
d) Cuidados com animais peçonhentos
O semi-árido também oferece os riscos de acidente com animais peçonhentos.
Entre os mais comuns, podem ser citados: a cascavel, jararaca, coral, aranhas
caranguejeiras é os escorpiões. Todas as medidas preventivas devem ser tomadas
para se evitar tais acidentes. Por exemplo:
- antes de sentar ou deitar, examinar o local para verificar a existência desses
animais, particularmente sob toras ou árvores caídas, pois são os locais
preferidos pelo frescor e sombra que oferecem;
- ter cuidado ao mexer em folhagens, paus e tábuas empilhadas; e
- evitar andar isolado.
e) Obtenção d’água
Apesar de escassa, existem algumas fontes d’água aproveitáveis. No caso do
semi-árido do Nordeste do Brasil, as mais comuns são as seguintes:
- açudes e barragens;
- barreiros - bacias cavadas em terreno argiloso para conservar as águas pluviais
por algum tempo. Necessita de tratamento antes de ser consumida;
- caldeirões - sistemas naturais que conservam a água das chuvas por longo
tempo. É aconselhável ferver e tratar esta água antes de consumi-la;
- brejos - aparecem em alguns vales férteis, ricos em pontos d’água, onde se
plantam pequenos roçados. Fornecem água nos poços cavados, mesmo nas
mais rigorosas estiagens; e
- vegetais que podem fornecer água ou indicar sua presença.
De modo algum deve o combatente lançar mão de qualquer outro líquido para
saciar a sua sede no caso de absoluta falta d’água. Tal procedimento, além de
trazer conseqüências fatais, diminui a possibilidade de sobrevivência, revelando
esse comportamento um estado de pânico.
A interrupção do fornecimento regular de água exige algumas medidas
preventivas individuais, a seguir resumidas:
- consumir a água disponível com prudência e máxima parcimônia, bebendo
coberto por neve. No confronto das informações proporcionadas pelas cartas com o
terreno, pouco poderá ser confirmado, pois o acúmulo de neve encobre a maior
parte da superfície, impondo medidas especiais no tocante ao reconhecimento e
navegação, o que dificulta a condução das ações táticas.
Para se deslocar sobre a neve, o combatente terá que aprender técnicas especiais,
usar coturnos apropriados, raquetes, esquis e, principalmente, observar
rigorosamente as regras de segurança, a seguir listadas:
- alto-horários em intervalos de 30 minutos para minimizar os efeitos do esforço
físico acima do normal;
- ingerir água de duas em duas horas, pois a desidratação é mais freqüente e
perigosa do que em clima quente;
- à medida que o corpo for se aquecendo pelo esforço, é necessário retirar
gradativamente camadas de roupa, de forma a manter o equilíbrio da temperatura
evitando o suor;
- deslocar-se sempre em fila indiana, com um homem na frente verificando as
condições da superfície;
- durante tempestades de neve, deve-se parar e procurar um abrigo. Caso isto não
seja possível, os homens devem se deslocar amarrados uns aos outros por um cabo
de cerca de 1,5 metros; e
- deslocar-se sempre em grupo, com pelo menos três combatentes, informando ao
comandante a direção que for seguir e o horário previsto para o regresso.
Em clima de frio intenso tem-se que evitar a grande perda de calor, bem como
conservar uma temperatura uniforme em todo o corpo. Como cada indivíduo tem
uma reação diferente ao frio, o melhor método para manter o corpo protegido é usar
camadas de roupas sucessivas.
CAPÍTULO 14
DEFESA CONTRA AGENTES QUÍMICOS
14.1 - GENERALIDADES
Na 1a Guerra Mundial (1914-1918), gases causadores de baixas foram amplamente
utilizados pelos dois grupos de nações beligerantes. A Liga das Nações (organização
antecessora às Nações Unidas) patrocinou um movimento de proscrição desses agentes
em combate, daí resultando a proibição da Guerra Química pela Conferência de
Genebra de 1925 e a proibição da Guerra Biológica pela Convenção de Saúde de
Genebra de 1927. Alguns países, entretanto, como os Estados Unidos, Japão, Brasil e
Rússia nunca ratificaram esses dois tratados.
Na 2a Guerra Mundial, entretanto, agentes químicos ainda mais perigosos não foram
utilizados por qualquer dos beligerantes, provavelmente devido à possibilidade de
represália de mesma intensidade por parte do inimigo.
Mais recentemente, há notícias de que tenha havido, na Guerra do Vietnam, emprego,
pelos norte-americanos, de agentes químicos desfolhantes, incendiários e causadores
de baixa.
Na guerra entre Irã e Iraque, veiculou-se a informação de que o Iraque teria utilizado,
em larga escala, agentes químicos contra as forças iranianas.
Durante a Guerra do Golfo, embora os informes não sejam confirmados, há suspeitas
de que o Iraque teria feito uso de armas químicas e biológicas contra tropas da ONU e
localidades de Israel.
Os exemplos citados permitem concluir que os agentes químicos são eficientes, fáceis
de produzir e capazes de matar ou incapacitar o inimigo em poucos segundos.
Portanto, o convencimento do combatente quanto à defesa contra a ação desses agentes
e um adestramento eficaz são absolutamente necessários para sobreviver e combater
com eficiência.
14.2 - AGENTES QUÍMICOS
Agente químico pode ser definido como uma substância química utilizada em
operações militares com as finalidades de matar, ferir seriamente, ou incapacitar uma
pessoa através de seus efeitos fisiológicos. Considerando este conceito, os agentes
controladores de distúrbios, os vomitivos, os herbicidas químicos, a fumaça e o fogo
não são oficialmente definidos como agentes químicos.
- Gases
Os que são empregados contra pessoal e produzem efeitos tóxicos;
- Fumígenos
Os que, por qualquer processo, produzem fumaça ou névoa; e
- Incendiários
Os que, gerando altas temperaturas, provocam incêndios em materiais
combustíveis.
14.4.3 - Classificação quanto ao emprego tático
De acordo com seu emprego tático, os agentes químicos podem ser classificados
em:
- Causadores de baixa
Os que, por seus efeitos sobre o organismo, produzem a morte ou a incapacidade
prolongada. Podem ser empregados para contaminar áreas e instalações, de modo
a impedir a sua utilização pelo inimigo;
- Incapacitantes
Os que agem sobre as funções psíquicas do homem, causando desordem muscular
e perturbações mentais. São produtos de ação reversível, deixando o pessoal
normal após algumas horas ou dias.
14.4.4 - Classificação fisiológica
É baseada nos diferentes efeitos produzidos pelos agentes químicos sobre o
organismo humano:
a) Sufocantes
Afetam o aparelho respiratório, provocando a irritação e inflamação das vias
respiratórias superiores, dos pulmões e brônquios, produzindo edema pulmonar
intenso e, em conseqüência, a morte por asfixia;
b) Vesicantes
Agem sobre a pele, produzindo queimaduras com a formação de bolhas e a
destruição dos tecidos subjacentes. Afetam os olhos e os aparelhos respiratório e
digestivo, quando inalados ou ingeridos, produzindo os mesmos efeitos de
destruição dos tecidos;
c) Tóxicos do sangue
Afetam diversas funções vitais em razão da ação que exercem sobre os
a) Inquietantes
Os que, produzindo efeitos leves e temporários, porém desagradáveis, diminuem
a capacidade combativa do atacado e obrigam ao uso da máscara.
b) Fumígenos
Subdivididos em dois subgrupos: cobertura e sinalização.
c) Incendiários
Os que são empregados para destruir pelo fogo, instalação e material, ou atacar
pessoal.
d) Lacrimogêneos
Afetam diretamente os olhos, provocando irritação, dor e lacrimejamento
intenso. Seus efeitos são temporários, raramente passando de meia hora.
e) Vomitivos
Atuam principalmente sobre o sistema digestivo, provocando a irritação da
garganta, náuseas e vômitos, seguidos de debilidade física e mental. Seus efeitos
duram, no máximo, 3 horas.
14.5 - UTILIZAÇÃO DA MÁSCARA CONTRA GASES
14.5.1 - Máscara contra gases
A máscara contra gases é um equipamento de proteção individual que permite a
permanência do homem em atmosfera gasada, sem que inspire o ar contaminado.
Quando corretamente ajustada, protege contra a inalação e a contaminação facial
por agentes tóxicos. Ela é o principal meio de proteção na defesa contra agentes
químicos.
Toda máscara contra gases pode ser dividida em máscara propriamente dita e
elemento filtrante. Embora não faça parte da máscara, pertence ao seu conjunto a
bolsa de transporte.
14.5.2 - Colocação da máscara
Ao ser dado o comando de colocar máscara, deverá ser observada a seqüência
discriminada a seguir, que, em diversas ocasiões, provou ser a correta e mais
eficiente:
- parar de respirar por alguns segundos;
- prender o fuzil entre as pernas, se for o caso;
- retirar o capacete e pendurá-lo no antebraço esquerdo pela jugular;
- com uma das mãos segurar a bolsa e, com a outra, abri-la;
- retirar a máscara com a mão esquerda e, com a outra, retirar o protetor e guardá-lo
na bolsa;
- remover os tirantes de ajustagem do interior da máscara e introduzir as mãos sob
eles. Distendê-los abrindo a máscara;
- levar a máscara ao rosto, introduzindo o queixo na parte correspondente da
máscara;
- colocar a máscara deslizando as mãos para trás sobre a cabeça;
- ajustar a máscara ao rosto, atuando nos tirantes;
- fazer a limpeza da máscara cobrindo com a mão a válvula de expiração e soprando
com bastante força. O ar que existia no interior da máscara e que podia estar
contaminado é assim expulso pelos lados;
- voltar a respirar normalmente;
- fechar a bolsa;
- recolocar o capacete; e
- empunhar novamente o fuzil, se for o caso.
CAPÍTULO 15
COMUNICAÇÕES
15.1 - SISTEMA DE COMUNICAÇÕES DA MARINHA
O Sistema de Comunicações da Marinha constitui-se no conjunto de meios materiais,
recursos humanos e procedimentos operacionais, estruturados na forma necessária ao
exercício das atividades de Comunicações na Marinha do Brasil (MB).
Ele compreende todos os meios de comunicações sob o controle da MB e dele fazem
parte todas as organizações militares (OM) da Marinha.
15.2 - MEIOS DE COMUNICAÇÕES
A eficiência de qualquer sistema de comunicações é diretamente influenciada por seus
utilizadores. Para que se tire o maior proveito dos meios disponíveis, é essencial que o
pessoal esteja perfeitamente familiarizado com as possibilidades desses meios, do
mesmo modo que com as regras que norteiam o seu uso.
Os meios de comunicações são classificados em: ótico, acústico, elétrico e postal.
15.2.1 - Meio ótico
Emprega a luz na transmissão de mensagens. Possui alcance limitado e quando
utilizado reduz a probabilidade de interceptação não desejada. São exemplos de
canais do meio ótico, as bandeiras, os painéis, a semáfora, os artefatos pirotécnicos
e os dispositivos fumígenos.
15.2.2 - Meio acústico
Emprega o som para transmissão de mensagens. É usado segundo códigos pré-
estabelecidos, tais como alarmes com sirenes, tiros, cornetas e apitos. O megafone e
o fonoclama são canais amplamente empregados nas OM.
15.2.3 - Meio elétrico
Emprega as ondas eletromagnéticas na transmissão de mensagens. Os canais mais
empregados são o rádiotelefone e o telefone. O equipamento rádio é largamente
usado em todos os escalões de tropa de Fuzileiros Navais, proporcionando
comunicações rápidas e flexíveis. Contudo, o rádio é o canal de comunicação
menos seguro, por utilizar o princípio da transmissão por ondas eletromagnéticas.
O telefone é o canal de comunicações mais utilizado. Em uma situação estacionária
ou quando a unidade assume uma posição defensiva, é o principal meio de
comunicação.
Legenda:
CCS - Centro de Controle do Sistema de Comunicações
CCAF - Centro de Coordenação do Apoio de Fogo
LPH - Local de Pouso de Helicópteros
COC - Centro de Operações de Combate
COL - Centro de Operações Logísticas
Cmt - Comandante
Imto - Imediato
N NOVEMBER november
O OSCAR óscar
P PAPA pápa
Q QUEBEC quebéc
R ROMEO rômeo
S SIERRA siérra
T TANGO tângo
U UNIFORME iúniform
V VICTOR víctor
W WHISKEY uíski
X XRAY éksirei
Y YANKEE iânki
Z ZULU zúlu
15.7.2 - Algarismos
0 - ZERO 4 - QUATRO 7 - SETE
1 - UNO 5 - CINCO 8 - OITO
2 - DOIS 6 - MEIA ou 9 - NOVE
3 - TRÊS MEIA DÚZIA
A transmissão de números deverá ser precedida da expressão "NUMERAL".
Exemplo: 136 = NUMERAL UNO TRÊS MEIA
A transmissão de coordenadas deverá ser realizada enunciado-se algarismo por
algarismo, precedida da expressão "COORDENADAS"
Exemplo: Coordenadas 3248 - 0896 = COORDENADAS TRÊS DOIS QUATRO
OITO TACK ZERO OITO NOVE MEIA.
15.7.3 - Expressões do procedimento fonia
EXPRESSÃO SIGNIFICADO
AÇÃO Esta mensagem é para ação da estação cuja chamada se
segue.
AFIRMATIVO Sim; permissão concedida.
AGUARDE Vou fazer uma pausa; responderei dentro de alguns
segundos; mantenha-se atento.
AGUARDE FORA Vou fazer uma pausa maior do que alguns segundos;
responderei um pouco mais tarde.
ANTES DE Verificar ou repetir parte da mensagem antes do grupo que
CAPÍTULO 16
APOIO LOGÍSTICO
16.1 - GENERALIDADES
Para que uma operação anfíbia (OpAnf) se realize com sucesso, é fundamental que as
atividades logísticas se desenvolvam integradas e coordenadas com as ações táticas.
Foi na prática da guerra que a logística buscou seus ensinamentos. Das lições tiradas e
das experiências vividas, com seus erros e acertos, decorreram as normas e princípios
que a constituem.
O presente capítulo visa apresentar os aspectos básicos da logística de interesse do
combatente anfíbio quando integrando um GptOpFuzNav. O CGCFN - 40.1 - Manual
do Batalhão Logístico de Fuzileiros Navais aborda o assunto com mais profundidade.
16.2 - CONCEITOS
16.2.1 - Logística
A logística é a componente da arte da guerra que tem como propósito obter e
distribuir às Forças Armadas (FA) os recursos de pessoal, material e serviços em
quantidade, qualidade, momento e lugar por elas determinados, satisfazendo as
necessidades na preparação e na execução de suas operações exigidas pela guerra.
A logística militar é subdividida em logística naval, da força terrestre e de força
aérea, em função da força em que é aplicada.
16.2.2 - Apoio de Serviço ao Combate (ApSvCmb )
É conceituado como o apoio proporcionado por parcela de uma Força de
Desembarque (ForDbq) ou GptOpFuzNav ao conjunto da força ou grupamento, por
meio da aplicação das funções logísticas essenciais à sua manutenção em combate.
É pois, um caso especial da logística militar, cabendo a ele prover o apoio sob as
condições de combate, influenciando, assim, diretamente o cumprimento da missão
dessas forças ou grupamentos.
16.3 - FUNÇÕES LOGÍSTICAS
Formam um conjunto de ações correlacionadas que concorrem para a solução do
problema logístico.
Na Marinha do Brasil (MB), são seis as funções logísticas adotadas:
- Abastecimento;
- Saúde;
- Transporte;
OSTENSIVO - 16 -1 - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10
- Manutenção e Salvamento;
- Pessoal; e
- Desenvolvimento de Bases.
16.3.1 - Abastecimento
É o conjunto de ações realizadas no sentido de prever, prover, controlar e distribuir
as diversas classes de suprimentos, equipamentos e sistemas de armas para os
GptOpFuzNav, visando mantê-los em plenas condições de operacionalidade.
16.3.2 - Saúde
É o conjunto de medidas de medicina preventiva (médico e odontológico), de
saneamento e higiene, de controle de doenças transmissíveis, de reabilitação na
esfera da medicina operativa, de operação das instalações de saúde e de tratamento,
e de evacuação médica, visando manter a higidez física dos fuzileiros navais
integrantes dos GptOpFuzNav.
16.3.3 - Transporte
É a função que tem o propósito de prever e prover, por meio dos meios de
transporte, a movimentação de pessoal, das diversas classes de suprimentos, de
equipamentos e materiais, em tempo e local determinados, visando atender às
necessidades dos GptOpFuzNav.
16.3.4 – Manutenção e Salvamento
É a função que tem por finalidade conservar o material dos GptOpFuzNav em
condições operativas adequadas ou restitui-lo a essas condições, bem como
recuperá-lo ou salvá-lo. A manutenção pode ser planejada (preventiva ou
programada) e corretiva. As atividades de salvamento incluem o combate a
incêndio, o controle de avarias, o reboque, o desatolamento de viaturas e
equipamentos, a reflutuação de viaturas anfíbias e a recuperação de cargas ou itens
específicos.
16.3.5 - Pessoal
É a função que tem por finalidade a distribuição, o controle e o recompletamento de
efetivos para o emprego dos GptOpFuzNav. Inclui, ainda, as medidas de justiça e
disciplina, as de manutenção do moral, de assistência social e bem estar, de
sepultamento e as relacionadas ao pessoal civil e prisioneiros de guerra.
OSTENSIVO - 16 -2 - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10
OSTENSIVO - 16 -3 - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10
navios, os quais devem ser desembarcados de acordo com uma seqüência pré-
estabelecida a fim de atender à idéia de manobra em terra; e
- necessidade de manutenção de um fluxo logístico ininterrupto, a partir dos estágios
iniciais do assalto.
16.5.1 - Estrutura de ApSvCmb da ForDbq
É composta de instalações de apoio e recursos logísticos, operados por elementos
de ApSvCmb oriundos das diversas unidades da Força de Fuzileiros da Esquadra
(FFE), os quais são especialmente organizados num Componente de Apoio de
Serviços ao Combate (CASC) para prestar esse apoio a partir de uma AApL.
a) Grupamento de Apoio de Serviços Combate (GASC).
GASC é a denominação da organização por tarefas designada para estruturar o
CASC de uma ForDbq.
Nos demais componentes da ForDbq, e em seus elementos subordinados,
existem, também, estruturas de ApSvCmb, porém com possibilidades limitadas.
Quando as necessidades ultrapassam estas possibilidades, os respectivos
comandantes podem receber elementos específicos de ApSvCmb à disposição ou
encaminhar as necessidades identificadas ao GASC, que as atenderá na medida
de suas possibilidades e da forma mais conveniente.
A tarefa do GASC é prover um sistema de ApSvCmb à ForDbq oportuno,
confiável e contínuo. O GASC é nucleado em torno do BtlLogFuzNav e
constituído basicamente, por: um Elemento de Comando, nucleado na
CiaCmdoSv daquela unidade; um DP; até dois Elementos de Apoio de Serviços
ao Combate (ElmASC); e, quando necessário, por outros elementos.
OSTENSIVO - 16 -4 - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10
OSTENSIVO - 16 -5 - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10
Fig 16.2 - Estrutura de ApSvCmb para uma ForDbq tipo Brigada Anfíbia (BAnf)
desembarcando em uma praia colorida
IV) ILS
Conjunto de recursos para o ApSvCmb organizados em bases mínimas, nos
escalões companhia e batalhão, de forma a garantir um apoio contínuo e
cerrado, e preservar a mobilidade.
OSTENSIVO - 16 -6 - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10
LEGENDA:
- Posto de Controle de Trânsito (PCTran)
- Posto de Distribuição de Suprimentos Classe III (PDistrCl III)
(Combustíveis)
- Posto de Socorro (PS)
- Posto de Coleta de Salvados (PColSlv)
- Posto de Suprimento d’Água (PSupAg)
- Posto de Distribuição de Suprimentos Classe I (PDistrCl I)
(Rações)
- Posto de Remuniciamento (PRem)
- Posto de Coleta de Mortos (PColMor)
OSTENSIVO - 16 -7 - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10
OSTENSIVO - 16 -8 - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10
OSTENSIVO - 16 -9 - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10
dois processos.
a) Distribuição por ponto
O elemento apoiado vai buscar seus suprimentos na instalação responsável pelo
fornecimento do item.
Este processo é muito empregado nas OpAnf, particularmente nos estágios
iniciais do assalto, quando o DP não dispõe, ainda, de viaturas para fazer a
entrega dos suprimentos ao elemento apoiado.
b) Distribuição por unidade
A agência responsável pela instalação de distribuição é também responsável pela
entrega dos suprimentos.
16.7 - APOIO DE SAÚDE NO ASSALTO ANFÍBIO (AssAnf)
É dividido em dois estágios, de acordo com a complexidade da operação: estágio de
GDB e estágio de ForDbq.
Para uma ForDbq do tipo Unidade Anfíbia (UAnf), normalmente o estágio de GDB é
suficiente para a provisão do apoio necessário.
O estágio de GDB começa com o desembarque do escalão de assalto e se prolonga até
o desembarque do DP. A partir daí tem início o estágio de ForDbq, o qual só se
encerra com a conclusão da operação.
16.7.1 - Apoio de saúde no BtlInfFuzNav
No BtlInfFuzNav, todo o pessoal de saúde é lotado no PelS da CiaCmdoSv, o qual
é organizado em:
- 1 Grupo de Posto de Socorro (GpPS); e
- 3 Grupos de Socorro de Companhia (GpSocCia).
O GpPS é constituído por dois Oficiais do Quadro de Médicos do Corpo de Saúde
da Marinha, Comandante e Imediato do Pels, e 21 Praças do Quadro de
Enfermagem (EF) do Corpo de Praças de Fuzileiros Navais, o qual pode ser
dividido em dois escalões. O 1o escalão é composto pelo comandante do PelS, que é
também o Oficial de Saúde do Estado-Maior Especial do batalhão, e onze
enfermeiros, enquanto o Imediato do PelS com dez enfermeiros compõem o 2 o
escalão.
Cada GpSocCia acompanha uma CiaFuzNav e geralmente possui a seguinte
constituição e distribuição: um 2oSG-FN-EF, Encarregado do Grupo, junto com o
Comando da companhia; um 2oSG-FN-EF, Auxiliar do Grupo, no Pelotão de
CAPÍTULO 17
COMBATE CORPO A CORPO
17.1 - GENERALIDADES
O combate corpo a corpo é a mais antiga forma de luta conhecida pelo homem. Com o
progresso tecnológico, foram criados outros métodos de combate porém, não importa
como a ciência e a tecnologia influenciem a evolução da arte da guerra, sempre
existirá o combate corpo a corpo. Por essa razão, quando as modernas armas não
obtiverem êxito em parar o oponente, será necessário entrar em combate corpo a
corpo, obrigando cada Fuzileiro Naval (FN), em última instância, a confiar
exclusivamente na sua habilidade nesse tipo de combate.
O combate corpo a corpo inclui todas as habilidades do espectro combativo. As
técnicas defensivas habilitam o combatente a repelir um ataque, enquanto que as
técnicas ofensivas procuram, com contragolpes, causar um dano físico permanente ao
oponente, podendo, em certos casos, levá-lo a morte.
Este capítulo apresenta os fundamentos do combate corpo a corpo, um programa de
treinamento básico dessa modalidade de combate, as técnicas do combate a baioneta e
o uso de armas de oportunidade.
17.2 - FUNDAMENTOS DO COMBATE CORPO A CORPO
17.2.1 - Áreas vulneráveis no combate desarmado
O objetivo do combate corpo a corpo é causar um dano físico ao oponente. Para
isto, é preciso conhecer as áreas vitais do corpo humano. As áreas vulneráveis mais
importantes são a cabeça, o pescoço, tronco, virilha e extremidades.
a) Cabeça
Os pontos vitais da cabeça são os olhos, têmporas, nariz, ouvidos e o queixo.
Um golpe violento na cabeça pode causar um dano grave, sendo, por isso, o
principal meio de pôr fora de combate o oponente.
Os olhos são pontos de tecidos moles que não são cobertos por proteção natural,
isto é, músculos ou ossos. Um golpe na direção dos olhos provoca um reflexo
inconsciente do sistema nervoso central e o oponente é levado involuntariamente
a protegê-los com as mãos, facilitando ataques secundários a outras áreas
vulneráveis.
Um golpe violento na têmpora pode causar um dano físico permanente ou matar
o oponente.
O nariz é muito sensível e facilmente quebrado. Um golpe no nariz pode
provocar o fechamento e lacrimejamento involuntário dos olhos, tornando o
oponente vulnerável a ataques secundários. Devido ao preparo pessoal, alguns
indivíduos podem se tornar habituados a receber e suportar golpes no nariz.
Entretanto, golpes no nariz devem ser desfechados com o máximo de potência e
seguidos imediatamente de outros golpes secundários.
a) Cabeça
A área da cabeça é uma área vulnerável por excelência. Em geral, ferimentos
cortantes na cabeça não causam a morte, porém podem causar um choque
psicológico e hesitação no oponente.
Os pontos vitais da cabeça são as têmporas e os olhos. Essas áreas são protegidas
por uma camada delgada de osso e são facilmente perfuradas pela lâmina de uma
faca.
Outros pontos vitais (orelhas, nariz e sob o queixo) são menos acessíveis e
difíceis de atacar.
b) Pescoço
Os principais pontos vitais da garganta são a artéria carótida e a veia jugular. A
precisão não é absolutamente necessária quando se golpeia a área da garganta,
pois sua extensão é muito pequena e esses pontos ficam muito próximos um do
outro. Uma lesão cortante na garganta pode causar a morte.
c) Tronco
Ferimentos a faca no tronco podem incapacitar ou causar a morte se um órgão
vital for atingido ou, ainda, provocar um choque traumático no indivíduo. Os
pontos vitais do tórax são a artéria subclavicular, coração, pulmões, abdômen e
os rins. Porém, esses pontos podem não estar acessíveis se o oponente estiver
com a equipagem individual básica de combate (EIBC), destacando-se o colete a
prova de balas e o cinto com os porta carregadores e cantis.
Uma facada na parte superior do tórax pode atingir a artéria subclavicular e
matar o oponente. Essa artéria encontra-se na área do ombro e é envolvida pela
clavícula.
Um golpe de faca no coração pode matar o adversário. Entretanto, esse órgão é
protegido pelas costelas. Apesar disso, é possível se atingir o coração pela
insersão da lâmina da faca entre as costelas, sob as costelas através o abdômen,
ou acima das costelas através o pescoço.
O abdômen é uma área excelente para o ataque com faca pela falta de proteção
natural. Uma facada no abdômen pode incapacitar ou matar o oponente. No
golpe contra o abdômen é necessário inserir a lâmina da faca e rasgar
transversalmente para causar um ferimento tão largo quanto possível.
Uma facada nos pulmões também pode causar a morte do oponente. Entretanto,
esses órgãos, como o coração, são protegidos pelas costelas. Para atingir o
pulmão é preciso golpear com a faca sob as costelas através o abdômen.
A perfuração dos rins pode imobilizar e incapacitar o oponente. Para ter êxito, o
golpe contra os rins tem de ser desferido por trás. Os rins são geralmente
protegidos pela EIBC e difíceis de serem golpeados.
d) Virilha
O golpe de faca na área da virilha contrai os músculos inferiores do abdômen.
Isto faz com que o oponente se curve sobre a área lesionada com a intenção de
protegê-la. Ainda que um ferimento na virilha tenha a possibilidade de causar a
morte, sua principal finalidade é imobilizar e incapacitar o adversário. Uma
lesão na área da virilha pode produzir, também, choque, medo e pânico.
e) Membros
Os membros inferiores e superiores são as áreas vulneráveis mais facilmente
acessíveis. Um golpe de faca nessas áreas raramente causa a morte. Apesar dos
membros conterem artérias (radial e branquial nos braços e femural na parte
superior das pernas) que se rompidas podem causar a morte, golpes contra os
membros em geral incapacitam ou distraem o oponente e o tornam vulnerável ao
golpe principal.
17.2.3 - As partes do corpo utilizadas como armas
Para ser bem sucedido durante um combate corpo a corpo, é necessário que o
combatente conheça e entenda as partes do corpo humano que podem ser
empregadas como armas. São três grupos principais de partes do corpo humano
utilizadas como armas: cabeça, braços e pernas.
Usando seu corpo como uma arma, aumentam as chances do combatente também
se machucar. Algum dano físico deve ser esperado num combate corpo a corpo. Por
exemplo, pode-se machucar o calcanhar quando se golpeia a cabeça do oponente
com ele.
a) Golpes com a cabeça
Golpeando com a cabeça ou mordendo, aumentam as possibilidades de se
machucar. Portanto, não convém usar a cabeça como uma arma contundente, a
menos que se esteja usando um capacete.
Embora essas técnicas não sejam recomendadas, o combatente deve usar todas
O cutelo da mão pode ser usado como uma arma para golpear as áreas com
tecidos moles - olhos e garganta.
Os dedos podem arrancar, rasgar e dilacerar pontos com tecidos moles dos
olhos, garganta e virilha.
d) Cotovelada
Neste golpe o lado do antebraço ou a ponta do cotovelo deve atingir o oponente.
A potência da cotovelada também decorre da vigorosa rotação e impulsão dos
quadris e ombros. A cotovelada pode ser aplicada pelo braço, quer como uma
pancada, quer pelo movimento em forma de pontada. A cotovelada com o braço
de trás é preferida porque ela permite que o braço que se encontra à frente
imobilize o oponente.
e) Cutelada
Este golpe assemelha-se ao movimento de talhar com golpes de faca ou de um
cutelo. Ela é aplicada com a mão que se encontra à retaguarda, golpeando-se o
oponente com bordo externo da mão entre a articulação do dedo mínimo e o
pulso. A finalidade desse golpe é decidir a luta. O ponto vital preferível para
aplicar a cutelada é a garganta. Para se obter pleno sucesso, a mão não
f) Joelhada
É um golpe eficaz na luta corporal. Ela pode ser executada horizontal ou
verticalmente. A potência do golpe decorre da vigorosa elevação da coxa e
rotação dos quadris.
Para o pleno sucesso na aplicação desse golpe, convém empregar uma técnica
para conduzir o oponente contra o joelho.
g) Chutes
Os chutes podem parar o ataque de um adversário e criar uma abertura nas suas
defesas. Os chutes empregados no combate corpo a corpo devem ser simples e
facilmente executados nas condições de combate, isto é, com o combatente
armado e equipado, cansado e na escuridão. Os chutes aplicados acima da
cintura expõem a virilha e reduzem o equilíbrio. Os chutes na cintura e abaixo
desta região podem imobilizar o adversário.
I) Chute frontal com a perna da frente
É aquele executado com a perna guia, que esta disposta à frente na postura
básica. A biqueira do coturno ou a parte abaulada do pé devem atingir o
adversário. Este golpe é executado pela rápida elevação do joelho e o
repentino golpe com o pé na direção do ponto de aplicação (virilha, joelho).
Após desfechar o chute, a perna deve retornar a sua posição na postura básica.
A velocidade com que é executado reduz a possibilidade de se machucar ou
sofrer um contra-ataque do oponente.
deve estar seguro e imobilizado. Isto pode ser conseguido pela manipulação
de uma articulação para imobilizar, seguida do abaixamento da cabeça.
IV) Patada
É uma técnica excelente para decidir um combate. Se executada
corretamente, pode causar uma lesão grave em qualquer parte da anatomia do
oponente que for atingida. Ela consiste na rápida elevação da perna que se
encontra à retaguarda ao menos até a altura da cintura, sobre o ponto de
aplicação, seguida da sua condução para baixo com a borda de trás do
calcanhar ou do salto do cot