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CGCFN-31.

10 OSTENSIVO

MANUAL BÁSICO DO COMBATENTE


ANFÍBIO

MARINHA DO BRASIL
COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS

2020
OSTENSIVO CGCFN-31.10

MANUAL BÁSICO DO COMBATENTE ANFÍBIO

MARINHA DO BRASIL

COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS

2020

FINALIDADE: BÁSICA

1ª Edição
OSTENSIVO CGCFN-31.10

ATO DE APROVAÇÃO

APROVO, para emprego na MB, a publicação CGCFN-31.10 - MANUAL BÁSICO


DO COMBATENTE ANFÍBIO.

RIO DE JANEIRO, RJ.


Em 12 de maio de 2020.

ALEXANDRE JOSÉ BARRETO DE MATTOS


Almirante de Esquadra (FN)
Comandante-Geral
ASSINADO DIGITALMENTE

AUTENTICADO RUBRICA
PELO ORC

Em_____/_____/_____ CARIMBO

OSTENSIVO - II - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10

ÍNDICE

Ato de Aprovação.................................................................................................... II
Índice........................................................................................................................ III
Introdução................................................................................................................ IX

CAPÍTULO 1 - ORGANIZAÇÃO
1.1 - Generalidades.................................................................................................. 1-1
1.2 - Força de Fuzileiros da Esquadra...................................................................... 1-1
1.3 - Divisão Anfíbia (DivAnf)................................................................................ 1-1
1.4 - Tropa de Reforço (TrRef)................................................................................ 1-6
1.5 - Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais (BtlOpEspFuzNav)
.................................................................................................................................
1-9
1.6 - Comando da Tropa de Desembarque (CmdoTrDbq)....................................... 1-10
1.7 - Base de Fuzileiros Navais do Rio Meriti (BFNRM)....................................... 1-10
1.8 - Fuzileiros Navais nos Distritos Navais............................................................ 1-11
1.9 - Batalhão de Operações Ribeirinhas................................................................. 1-12

CAPÍTULO 2 - CARACTERÍSTICAS DE UMA ÁREA DE OPERAÇÕES


2.1 - Generalidades.................................................................................................. 2-1
2.2 - Aspectos militares do terreno.......................................................................... 2-2
2.3 - Condições climáticas, meteorológicas e aspectos astronômicos..................... 2-31
2.4 - Influência do terreno e das condições climáticas e meteorológicas nas
operações militares
........................................................................................................................
2-41

CAPÍTULO 3 - TÉCNICAS INDIVIDUAIS DE COMBATE


3.1 - Generalidades.................................................................................................. 3-1
3.2 - Utilização do terreno no combate diurno e noturno........................................ 3-1
3.3 - Utilização do terreno para observar................................................................. 3-25
3.4 - Utilização do terreno para atirar...................................................................... 3-34

OSTENSIVO - III - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

3.5 - Camuflagem..................................................................................................... 3-37


3.6 - Confecção de croquis, calcos e relatórios........................................................ 3-43

CAPÍTULO 4 - OPERAÇÕES ANFÍBIAS


4.1 - Generalidades.................................................................................................. 4-1
4.2 - Modalidades de operações anfíbias................................................................. 4-1
4.3 - Propósitos das operações anfíbias................................................................... 4-2
4.4 - Fases das operações anfíbias........................................................................... 4-2
4.5 - MNT por superfície e por helicópteros............................................................ 4-4
4.6 - Desembarque dos elementos de assalto........................................................... 4-6
4.7 - Ações em terra................................................................................................. 4-7
4.8 - Grupo de Combate e Esquadra de Tiro na fase do embarque.......................... 4-7
4.9 - Grupo de Combate e Esquadra de Tiro na fase da travessia............................ 4-8
4.10 - Grupo de Combate e Esquadra de Tiro na fase do assalto............................ 4-9
4.11 - Execução do assalto pelo PelFuzNav............................................................ 4-30
4.12 - Apoio de fogo................................................................................................ 4-33

CAPÍTULO 5 - OPERAÇÕES TERRESTRES


5.1 - Generalidades.................................................................................................. 5-1
5.2 - Operações ofensivas........................................................................................ 5-1
5.3 - Operações ofensivas sob condições de visibilidade reduzida.......................... 5-12
5.4 - Operações ofensivas em condições especiais.................................................. 5-12
5.5 - Operações defensivas...................................................................................... 5-14
5.6 - Outras operações.............................................................................................. 5-25

CAPÍTULO 6 - O GRUPO DE COMBATE E A ESQUADRA DE TIRO


6.1 - Generalidades.................................................................................................. 6-1
6.2 - Finalidade e organização................................................................................. 6-1
6.3 - Armamento...................................................................................................... 6-4
6.4 - Apoio de fogo para o GC................................................................................. 6-4
6.5 - Técnica de tiro................................................................................................. 6-5
6.6 - Lançador de granadas M-203.......................................................................... 6-12

OSTENSIVO - IV - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10

6.7 - Comandos de tiro............................................................................................. 6-15


6.8 - Aplicação dos fogos......................................................................................... 6-22
6.9 - Formações de combate.................................................................................... 6-30
6.10 - Sinais............................................................................................................. 6-41
6.11 - Combate ofensivo.......................................................................................... 6-45
6.12 - Combate defensivo........................................................................................ 6-67

CAPÍTULO 7 - OPERAÇÕES SOB CONDIÇÕES DE VISIBILIDADE REDUZIDA


7.1 - Generalidades.................................................................................................. 7-1
7.2 - Propósitos das operações ofensivas................................................................. 7-1
7.3 - Vantagens e desvantagens............................................................................... 7-1
7.4 - Tipos de ataque noturno.................................................................................. 7-2
7.5 - Características do ataque noturno.................................................................... 7-3
7.6 - Medidas de coordenação e controle................................................................. 7-4
7.7 - Preparação para o ataque noturno.................................................................... 7-6
7.8 - Execução do ataque noturno............................................................................ 7-7
7.9 - Planejamento das operações sob condições de visibilidade reduzida............. 7-8
7.10 - Equipamentos de visão noturna..................................................................... 7-12

CAPÍTULO 8 - PATRULHAS
8.1 - Generalidades ................................................................................................. 8-1
8.2 - Organização..................................................................................................... 8-2
8.3 - Funções individuais em uma patrulha............................................................. 8-3
8.4 - Preparativos..................................................................................................... 8-5
8.5 - Execução da patrulha....................................................................................... 8-6
8.6 - Patrulhas de reconhecimento........................................................................... 8-10
8.7 - Patrulhas de combate....................................................................................... 8-12
8.8 - Informações e relatórios.................................................................................. 8-14
8.9 - Crítica.............................................................................................................. 8-17

CAPÍTULO 9 - MARCHAS E ESTACIONAMENTOS


9.1 - Generalidades.................................................................................................. 9-1

OSTENSIVO -V- ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

9.2 - Marchas a pé.................................................................................................... 9-2


9.3 - Marcha motorizada.......................................................................................... 9-7
9.4 - Estacionamentos.............................................................................................. 9-9
CAPÍTULO 10 - APOIO DE FOGO
10.1 - Generalidades................................................................................................ 10-1
10.2 - Armas de apoio.............................................................................................. 10-1
10.3 - Comparação das armas de apoio................................................................... 10-6
10.4 - Centro de Coordenação de Apoio de Fogo (CCAF)...................................... 10-8
10.5 - Condução do apoio de fogo........................................................................... 10-9
10.6 - Princípios de coordenação do apoio de fogo................................................. 10-10

CAPÍTULO 11 - OPERAÇÕES COM APOIO DOS MEIOS AÉREOS


11.1 - Generalidades ............................................................................................... 11-1
11.2 - Apoio dos meios aéreos ................................................................................ 11-1
11.3 - Aeronaves da MB.......................................................................................... 11-2
11.4 - Conceito de emprego das tropas helitransportadas........................................ 11-4
11.5 - Conceitos básicos.......................................................................................... 11-4
11.6 - Condução das operações helitransportadas................................................... 11-5
11.7 - Execução do assalto por He........................................................................... 11-8
11.8 - Embarque em avião....................................................................................... 11-9
11.9 - Aeronaves de transporte da FAB................................................................... 11-10

CAPÍTULO 12 - COORDENAÇÃO CARRO-INFANTARIA


12.1 - Generalidades................................................................................................ 12-1
12.2 - Carro de Combate.......................................................................................... 12-1
12.3 - Viaturas blindadas......................................................................................... 12-8
12.4 - Carro Lagarta Anfíbio.................................................................................... 12-11
12.5 - Emprego dos blindados nas operações ofensivas.......................................... 12-12
12.6 - Emprego do conjugado carro-infantaria........................................................ 12-13
12.7 - Proteção mútua.............................................................................................. 12-14
12.8 - Utilização dos CC para transporte da infantaria............................................ 12-16
12.9 - Comunicações carro-infantaria...................................................................... 12-16

OSTENSIVO - VI - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10

12.10 - Designação de alvos.................................................................................... 12-17


12.11 - Segurança..................................................................................................... 12-18

CAPÍTULO 13 - COMBATE EM AMBIENTES ESPECIAIS


13.1 - Generalidades................................................................................................ 13-1
13.2 - Selva ............................................................................................................. 13-1
13.3 - Pantanal......................................................................................................... 13-16
13.4 - Montanha....................................................................................................... 13-21
13.5 - Regiões semi-áridas....................................................................................... 13-26
13.6 - Regiões de clima frio..................................................................................... 13-31

CAPÍTULO 14 - DEFESA CONTRA AGENTES QUÍMICOS


14.1 - Generalidades................................................................................................ 14-1
14.2 - Agentes químicos.......................................................................................... 14-1
14.3 - Propriedades gerais dos agentes químicos..................................................... 14-2
14.4 - Classificação dos agentes químicos............................................................... 14-2
14.5 - Utilização da máscara contra gases............................................................... 14-5
14.6 - Descontaminação........................................................................................... 14-8
14.7 - Munições químicas........................................................................................ 14-9
14.8 - Proteção......................................................................................................... 14-10

CAPÍTULO 15 - COMUNICAÇÕES
15.1 - Sistema de Comunicações da Marinha.......................................................... 15-1
15.2 - Meios de comunicações................................................................................. 15-1
15.3 - Centro de mensagens..................................................................................... 15-2
15.4 - Sistema de comunicações fio......................................................................... 15-3
15.5 - Sistema de comunicações rádio..................................................................... 15-3
15.6 - Sistema de comunicações por mensageiro.................................................... 15-6
15.7 - Procedimentos fonia...................................................................................... 15-7

CAPÍTULO 16 - APOIO LOGÍSTICO


16.1 - Generalidades................................................................................................ 16-1

OSTENSIVO - VII - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

16.2 - Conceitos ...................................................................................................... 16-1


16.3 - Funções logísticas.......................................................................................... 16-1
16.4 - Principais unidades de ApSvCmb................................................................. 16-3
16.5 - Apoio logístico nas OpAnf............................................................................ 16-3
16.6 - Apoio de abastecimento................................................................................. 16-8
16.7 - Apoio de saúde no assalto anfíbio (AssAnf)................................................. 16-11

CAPÍTULO 17 - COMBATE CORPO A CORPO


17.1 - Generalidades................................................................................................ 17-1
17.2 - Fundamentos do combate corpo a corpo ...................................................... 17-1
17.3 - Programa de treinamento básico.................................................................... 17-25
17.4 - Combate a baioneta....................................................................................... 17-56
17.5 - Defesa desarmada contra os ataques com baioneta....................................... 17-67
17.6 - Combate corpo a corpo com armas de oportunidade..................................... 17-72

CAPÍTULO 18 - TREINAMENTO FÍSICO ESPECIALIZADO


18.1 - Generalidades................................................................................................ 18-1
18.2 - Treinamento em circuito................................................................................ 18-1
18.3 - Ginástica com armas...................................................................................... 18-6
18.4 - Ginástica com toros....................................................................................... 18-10
18.5 - Corrida contínua............................................................................................ 18-15
18.6 - Desportos....................................................................................................... 18-17
18.7 - Grandes jogos................................................................................................ 18-17
18.8 - Natação utilitária............................................................................................ 18-18
18.9 - Superação de obstáculos do meio aquático................................................... 18-46

ANEXO A - Lista de Siglas e Abreviaturas


.........................................................................................................................................
A-1
ANEXO B - Modelo de Ordem Preparatória à Patrulha................................................... B-1
ANEXO C - Modelo de Ordem à Patrulha........................................................................ C-1
ANEXO D - Modelo de Pedido de Tiro Inicial para o Apoio de Artilharia...................... D-1
ANEXO E - Modelo de Pedido de Tiro para o Apoio de Fogo Naval.............................. E-1

OSTENSIVO - VIII - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

ANEXO F - Modelo de Pedido de Apoio Aéreo Aproximado (Simplificado)................. F-1


ANEXO G - Principais Agentes Químicos
G-1
ANEXO H - Procedimentos Específicos para Patrulhas
H-1

OSTENSIVO - IX - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10

INTRODUÇÃO

1- PROPÓSITO
Esta publicação destina-se a proporcionar os conhecimentos básicos sobre as técnicas, as
táticas e os procedimentos individuais e das pequenas frações de tropa, necessários ao
Fuzileiro Naval (FN) no desempenho de suas funções de natureza operativa, nos primeiros
postos ou graduações da carreira.
2 - DESCRIÇÃO
Esta publicação está dividida em 18 capítulos e 8 anexos. O Capítulo 1 apresenta a
organização das tropas operativas do CFN, constituídas pelas forças e unidades subordinadas
à Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), e pelos Grupamentos de Fuzileiros Navais (GptFN),
estes subordinados aos Distritos Navais. O Capítulo 2 apresenta o estudo das características
da área de operações (Aop), baseado nos aspectos militares terreno e a influência das
condições climáticas e meteorológicas sobre o terreno. O Capítulo 3 estuda as técnicas
individuais do combate mediante o uso judicioso do terreno. O Capítulo 4 estuda as
modalidades, propósitos e fases das Operações Anfíbias, o Movimento Navio para Terra
(MNT), as ações em terra das pequenas frações e, sucintamente, o apoio de fogo.
O Capítulo 5 estuda as Operações Ofensivas e Defensivas e outras operações terrestres. O
Capítulo 6 descreve a finalidade, organização, tarefas e armamento do Grupo de Combate
(GC) e de suas frações constituintes - as Esquadras de Tiro (ET), bem como apresenta as
táticas e procedimentos dessas frações no combate ofensivo e defensivo. O Capítulo 7 aborda,
basicamente, as operações noturnas, particularizando sempre que aplicável, para outras
situações que tenham lugar sob condições de visibilidade reduzida. O Capítulo 8 estuda as
Patrulhas, suas organizações e tipos. O Capítulo 9 estuda as marchas a pé e motorizadas e os
estacionamentos. O Capítulo 10 apresenta considerações sobre o Apoio de Fogo. O Capítulo
11 estuda o Apoio de Fogo Aéreo em proveito das OpAnf. O Capítulo 12 apresenta o
emprego do binômio Infantaria – Carro de Combate. O Capítulo 13 apresenta as
peculiaridades do combate em ambientes especiais a saber: selva, pantanal, montanha, e em
regiões semiáridas e de clima frio. O Capítulo 14 estuda a defesa contra agentes, seus tipos
propriedades e classificação, bem como uso de medidas de proteção para se contrapor aos
seus efeitos. O Capítulo 15 apresenta o Sistema de Comunicações da Marinha, o qual se
constitui no conjunto de meios materiais, recursos humanos e procedimentos operacionais,
estruturados na forma necessária ao exercício das atividades de Comunicações na Marinha do
Brasil (MB). O Capítulo 16 apresenta as Funções Logísticas, as principais unidades de Apoio

OSTENSIVO - IX - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10

de Serviços ao Combate e o Apoio Logístico nas OpAnf.. O Capítulo 17 apresenta os


fundamentos do combate corpo a corpo, um programa de treinamento básico dessa
modalidade de combate, as técnicas do combate a baioneta e o uso de armas de oportunidade.
O Capítulo 18 trata dos treinamentos físicos especializados.
3 - CLASSIFICAÇÃO
Esta publicação é classificada, de acordo com o EMA-411 - Manual de Publicações da
Marinha, como: Publicação da Marinha do Brasil (PMB), não controlada, ostensiva, básica e
manual.
4. SUBSTITUIÇÃO
Esta publicação substitui a CGCFN-1004 - Manual do Combatente Anfíbio, 1ª Edição,
aprovada em 12 de novembro de 2008, em virtude da nova estrutura da Série de manuais
CGCFN, divulgada pelo Plano de Desenvolvimento de Publicações da Série CGCFN (PDPS)
2020. A revisão do conteúdo do manual será realizada conforme o calendário apresentado no
Apêndice III do referido Plano.

OSTENSIVO - IX - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10

CAPITULO 1
ORGANIZAÇÃO
1.1 - GENERALIDADES
Este capítulo apresenta a organização das tropas operativas do CFN, constituídas pelas
forças e unidades subordinadas à Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE), e pelos
Grupamentos de Fuzileiros Navais (GptFN), estes subordinados aos Distritos Navais.
1.2 - FORÇA DE FUZILEIROS DA ESQUADRA
A FFE é uma força organizada, treinada e equipada, cuja missão é: “desenvolver
operações terrestres de caráter naval, a fim de contribuir para a aplicação do Poder
Naval Brasileiro”. Apresenta a seguinte organização:

Fig 1.1 - Força de Fuzileiros da Esquadra

1.3 - DIVISÃO ANFÍBIA (DivAnf)


A DivAnf tem por finalidade organizar e empregar Grupamentos Operativos de
Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav) que transcendam o nível do Comando da Tropa de
Desembarque (CmdoTrDbq), bem como contribuir para a formação dos GptOpFuzNav
por ele empregados.
Apresenta a seguinte organização:

OSTENSIVO - 1-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 1.2 - Divisão Anfíbia

1.3.1 - Base de Fuzileiros Navais da Ilha do Governador (BFNIG)


A BFNIG tem a finalidade de contribuir para o aprestamento dos meios da DivAnf,
provendo infra-estrutura às suas unidades subordinadas.
Apresenta a seguinte organização:

Fig 1.3 - Base de Fuzileiros Navais da Ilha do Governador

1.3.2 - Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais (BtlInfFuzNav)


O BtlInfFuzNav tem a finalidade de realizar operações terrestres de caráter naval,
integrando GptOpFuzNav.
O BtlInfFuzNav é estruturado como Unidade de Combate, equilibrada em elementos

OSTENSIVO - 1-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

de manobra e de apoio de fogo, sendo especialmente organizado, equipado e


adestrado para operações terrestres de caráter naval.
O BtlInfFuzNav reforçado por elementos de apoio ao combate e de apoio de serviço
ao combate constitui, na FFE, a unidade tática básica para o combate terrestre
aproximado.
No quadro das operações anfíbias, o BtlInfFuzNav atua enquadrado em um
GptOpFuzNav, assume a organização para o desembarque, sendo então empregado
como núcleo de um Grupamento de Desembarque de Batalhão (GDB),
desembarcando por superfície ou helitransportado para realizar as ações iniciais em
terra de acordo com o conceito da operação.
Apresenta a seguinte organização:

Fig 1.4 - Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais

1.3.3 - Batalhão de Artilharia de Fuzileiros Navais (BtlArtFuzNav)


O BtlArtFuzNav tem a finalidade de apoiar pelo fogo as manobras dos
GptOpFuzNav. Para cumprir a sua finalidade, o BtlArtFuzNav deve:
- apoiar as unidades de infantaria em primeiro escalão, por meio de suas baterias,
usualmente colocadas em apoio direto, de forma a dar uma pronta resposta aos
pedidos de apoio de fogo; e
- apoiar, como um todo, os GptOpFuzNav, de modo a possibilitar ao comando destes
influenciar a manobra pelo fogo.
O BtlArtFuzNav é uma unidade de apoio ao combate (ApCmb), especialmente
organizada, equipada e adestrada para emprego em operações anfíbias e em outras
operações terrestres de caráter naval. Em algumas situações, visando também prover

OSTENSIVO - 1-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

o apoio de fogo, como nos movimentos helitransportados, nos Grupamentos


Operativos Mecanizados (GptOpMec) e em apoio aos GptOpFuzNav nucleados por
tropas de escalão menor do que BtlInfFuzNav, quando em ações isoladas ou
independentes, poderá ser ativada a Bateria de Morteiros 120mm (BiaMrt120mm). A
sua guarnição será constituída pelos integrantes de uma das BiaO105mm.
Apresenta a seguinte organização:

Fig 1.5 - Batalhão de Artilharia de Fuzileiros Navais

1.3.4 - Batalhão de Controle Aerotático e Defesa Antiaérea (BtlCtAetatDAAe)


O BtlCtAetatDAAe tem a finalidade de prover os meios para o controle aéreo e para
o desdobramento em terra de meios aéreos, bem como realizar a defesa antiaérea dos
GptOpFuzNav.
Apresenta a seguinte organização:

OSTENSIVO - 1-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 1.6 - Batalhão de Controle Aerotático e Defesa Antiaérea

1.3.5 - Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais (BtlBldFuzNav)


O BtlBldFuzNav tem a finalidade de integrar os GptOpFuzNav com carros de
combate e viaturas blindadas, conferindo-lhes maior poder de fogo, capacidade de
manobra ampliada, proteção blindada, melhores condições de desenvolver a defesa
anticarro e meios para realizar ações de reconhecimento e segurança.
Apresenta a seguinte organização:

Fig 1.7 - Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais

1.3.6 - Batalhão de Comando e Controle (BtlCmdoCt)


O BtlCmdoCt tem a finalidade de prover o apoio às atividades de inteligência de
sinais, comando e controle aos GptOpFuzNav. Apresenta a seguinte organização:

Fig 1.8 - Batalhão de Comando e Controle

OSTENSIVO - 1-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

1.4 - TROPA DE REFORÇO (TrRef)


A TrRef tem a finalidade de prover elementos de ApCmb e apoio de serviços ao
combate (ApSvCmb) aos GptOpFuzNav, para a realização de operações anfíbias e
outras operações terrestres de caráter naval.
Apresenta a seguinte organização:

Fig 1.9 - Tropa de Reforço

1.4.1 - Base de Fuzileiros Navais da Ilha das Flores (BFNIF)


A BFNIF tem a finalidade de contribuir para o aprestamento dos meios da TrRef,
provendo infra-estrutura às suas unidades subordinadas sediadas na Ilha das Flores.
Apresenta a seguinte organização:

Fig 1.10 - Base de Fuzileiros Navais da Ilha das Flores

OSTENSIVO - 1-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

1.4.2 - Companhia de Polícia (CiaPol)


A CiaPol tem a finalidade de prover a segurança interna dos Postos de Comando
(PC) dos GptOpFuzNav e escoltas; guarnecer Postos de Coleta de Prisioneiros de
Guerra (PColPG); guarnecer Postos de Coleta de Extraviados (PColExtv); e controlar
o trânsito nos eixos de deslocamentos. Apresenta a seguinte organização:

Fig 1.11 - Companhia de Polícia

1.4.3 - Companhia de Apoio ao Desembarque (CiaApDbq)


A CiaApDbq tem a finalidade de prover os meios para o apoio ao desembarque por
superfície e/ou helicóptero dos GptOpFuzNav.
Apresenta a seguinte organização:

Fig 1.12 - Companhia de Apoio ao Desembarque

1.4.4 - Batalhão de Viaturas Anfíbias (BtlVtrAnf)


O BtlVtrAnf tem a finalidade de contribuir no movimento navio-para-terra (MNT),

OSTENSIVO - 1-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

apoiar a manobra em terra e prover transporte de caráter logístico aos GptOpFuzNav.


Apresenta a seguinte organização:

Fig 1.13 - Batalhão de Viaturas Anfíbias

1.4.5 - Batalhão Logístico de Fuzileiros Navais (BtlLogFuzNav)


O BtlLogFuznav tem a finalidade de prover o apoio de abastecimento de todas as
classes de suprimentos, apoio de saúde de campanha, os serviços de manutenção de
segundo escalão, apoio administrativo em campanha e o transporte motorizado aos
GptOpFuzNav.
Apresenta a seguinte organização:

Fig 1.14 - Batalhão Logístico de Fuzileiros Navais

De acordo com o tipo de grupamento constituído, o BtlLogFuzNav pode ser


empregado como um todo ou mediante a utilização de parcelas de sua estrutura,
organizadas por tarefas, constituindo o núcleo ou a totalidade da organização por

OSTENSIVO - 1-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

tarefas de ApSvCmb.
É capaz de prover, por meio das suas subunidades, uma variada gama de serviços
atinentes às diversas funções logísticas.
1.4.6 - Batalhão de Engenharia de Fuzileiros Navais (BtlEngFuzNav)
O BtlEngFuzNav tem a finalidade de prover apoio ao combate e de apoio de serviços
ao combate aos GptOpFuzNav, respectivamente, por meio do apoio cerrado,
aumentando a mobilidade, a capacidade de medidas de proteção destes Grupamentos;
reduzindo a mobilidade das forças inimigas; e provendo limitado apoio de engenharia
de retaguarda e serviços para melhoria das condições de bem estar da tropa.
Apresenta a seguinte organização:

Fig 1.15 - Batalhão de Engenharia de Fuzileiros Navais

1.5 - BATALHÃO DE OPERAÇÕES ESPECIAIS DE FUZILEIROS NAVAIS


(BtlOpEspFuzNav)
O BtlOpEspFuzNav tem a finalidade de destruir ou danificar alvos relevantes em áreas
defendidas, capturar ou resgatar pessoal ou material, retomar instalações, obter
informações, despistar e produzir efeitos psicológicos.
Para cumprir a sua finalidade, o BtlOpEspFuzNav deve:
- realizar operações especiais, tais como: ações de comandos e incursões;
- participar de operações anfíbias e ribeirinhas;
- realizar operações de contra-reconhecimento; e
- executar ações de reconhecimento anfíbio/terrestre e reconhecimento profundo com
elementos pára-quedistas e mergulhadores autônomos.
Apresenta a seguinte organização:

OSTENSIVO - 1-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 1.16 - Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais

1.6 - COMANDO DA TROPA DE DESEMBARQUE (CmdoTrDbq)


O CmdoTrDbq tem a finalidade de prover o componente de comando (CteC) dos
GptOpFuzNav até o nível Unidade Anfíbia (UAnf) e nuclear o componente de combate
terrestre (CCT) de uma Brigada Anfíbia (BAnf). Apresenta a seguinte organização:

Fig 1.17 - Tropa de Desembarque

1.7 - BASE DE FUZILEIROS NAVAIS DO RIO MERITI (BFNRM)


Tem por finalidade contribuir para o aprestamento dos meios da FFE, provendo infra-
estrutura em apoio às unidades aquarteladas na sua área de jurisdição.
Apresenta a seguinte organização:

OSTENSIVO - 1-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 1.18 - Base de Fuzileiros Navais do Rio Meriti

1.8 - FUZILEIROS NAVAIS NOS DISTRITOS NAVAIS


Os Grupamento de Fuzileiros Navais (GptFN) e o Batalhão de Operações Ribeirinhas
(BtlOpRib), subordinados aos Distritos Navais, são Unidades operativas destinadas a
prover a segurança de instalações navais, bem como conduzir operações limitadas,
compatíveis com seus efetivos. Estão localizados nas cidades sede dos Distritos Navais.

Fig 1.19 - Fuzileiros Navais nos Distritos Navais

Os GptFN são organizados segundo as peculiaridades da área onde se encontram,


variando, portanto, a composição e estruturação de cada grupamento.

OSTENSIVO - 1-11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 1-20 - Grupamento de Fuzileiros Navais

1.9 - BATALHÃO DE OPERAÇÕES RIBEIRINHAS


Localizado na cidade de Manaus, o BtlOpRib tem a seguinte missão: realizar
Operações Ribeirinhas, prover guarda e proteção às instalações navais e civis de
interesse da MB na região, realizar ações de Segurança Interna e formar Reservistas
Navais, a fim de contribuir para a segurança da área sob jurisdição do 9º Distrito Naval
e para a garantia do uso dos rios Solimões, Amazonas e das hidrovias secundária
atingíveis a partir da calha principal desses rios.
Além das tarefas previstas na missão, o BtlOpRib cumpre ainda:
- prover apoio de segurança às Inspeções Navais; e
- ministrar o Curso Expedito de Operações Ribeirinhas.

Fig 1-21 - Batalhão de Operações Ribeirinhas

OSTENSIVO - 1-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

CAPÍTULO 2
CARACTERÍSTICAS DE UMA ÁREA DE OPERAÇÕES
2.1 - GENERALIDADES
O estudo das características da área de operações (AOp), visando sua utilização nas
operações militares, é um assunto de elevada importância para os combatentes anfíbios.
A história está repleta de exemplos de batalhas perdidas ou ganhas por influência única
e exclusiva do terreno. Linhas de Ação, formação de tropas, localização das armas,
posições a serem defendidas e etc. Várias destas decisões são grandemente influenciadas
pelo terreno ou quando não ditadas totalmente por ele. O terreno é o tabuleiro onde os
oponentes se defrontam. Todo comandante, de qualquer escalão, leva em consideração,
para tomar suas decisões, fundamentalmente, alguns fatores: MISSÃO - fator básico - é
o que dirige, ilumina e direciona as ações e seu planejamento; o INIMIGO - a incógnita
- por mais que se busque informações não se pode conhecer sua vontade portanto, não
há como saber suas intenções e mesmo que se as suponha não seria confiável raciocinar
em cima delas; MEIOS - os braços - tudo aquilo utilizado para cumprir as tarefas
impostas, sendo também bastante variáveis; TEMPO DISPONÍVEL - a moldura - está
ligado à própria missão e, normalmente, será imposto; finalmente, o TERRENO, que
será sempre constante e influenciará todos os outros fatores de uma maneira ou de outra.
O estudo do terreno é uma análise dos acidentes naturais e artificiais da área de
operações, envolvendo também as conseqüências dos efeitos das condições climáticas e
meteorológicas sobre estes acidentes, com vistas a determinar sua influência nas
operações militares dos contendores.
O terreno exerce influência sobre a tática e a logística. A tática de uma campanha deve
levar em consideração as barreiras impostas por pântanos, rios e lagos maiores,
montanhas e bosques. Já para as necessidades logísticas, dentro do estudo, dar-se-á
ênfase às redes de estradas, vias fluviais, centros urbanos e de comunicações, etc.
No ataque, a utilização adequada do terreno pode aumentar a eficiência do fogo e
diminuir as perdas. As elevações dominantes formam o núcleo do sistema de
observação, o qual, por sua vez, determinará a eficácia das armas de apoio, facilitará o
controle das forças atacantes, a seleção dos objetivos e o estabelecimento de medidas de
segurança. O terreno acidentado, os bosques densos, as áreas urbanizadas, os grandes
aclives dificultam o emprego ofensivo das unidades blindadas, porém fornecem coberta

OSTENSIVO - 2-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

e abrigo às unidades de infantaria. A transitabilidade do solo, influenciado pelas


condições do tempo, poderá ser determinante na escolha do tipo de formação para o
ataque ou nas vias de acesso a serem mobiliadas.
A natureza do terreno é, ainda, fator importante que influenciará o comandante na
tomada de sua decisão quanto ao tipo de defesa que empregará: se de área ou móvel, de
acordo com o grau de influência que o terreno exercerá sobre a capacidade de manobra
dos contendores. Deste estudo sairão, ainda, valiosos indícios quanto às prováveis zonas
de reunião (ZReu) inimigas, postos de observação (PO), posições das armas de apoio,
vias de acesso para blindados, etc.
A profundidade do estudo será ditada pela missão e pelo escalão que planeja. Um
comandante de grupo de combate (GC) verá o terreno de uma maneira e assim alguns
acidentes oferecerão ou não vantagens para o cumprimento de suas tarefas, ao passo que
um comandante de batalhão (Btl) verá com outros olhos o mesmo terreno abordado.
Além disso, quem defende utilizará o terreno de uma forma bastante diversa de quem
ataca.
O estudo do terreno será sempre realizado antes das estimativas de Estado-Maior e
somente será precedido pela análise da missão, realizada pelo comandante. Esse estudo
concorrerá, ainda, para várias conclusões que serão passadas ao Estado-Maior, como
orientações para o planejamento.
Por fim, ao avaliar o terreno e suas influências, com base nos conceitos disseminados
nesta publicação, deve-se ter em mente que o estudo não é baseado em REGRAS e sim
em PRINCÍPIOS, os quais, quando inteligentemente aplicados, em cada situação,
conduzirão a uma solução para o problema. O conhecimento e a aplicação desses
princípios, por si só, não são suficientes, eles deverão ser perfeitamente entendidos em
sua essência, de modo que quando existir a necessidade de violá-los, o planejador o fará
de maneira inteligente, ponderada e, muitas vezes, até surpreendendo o inimigo.
2.2 - ASPECTOS MILITARES DO TERRENO
O terreno sempre foi considerado como um dos fatores da decisão na guerra terrestre,
não só devido à influência da natureza do solo e dos acidentes naturais - elevações,
depressões, cursos de água, bosques, florestas, campinas, etc. - como pelos elementos
artificiais, tais como vias de transporte, obras de arte, localidades, portos, aeroportos,
etc.

OSTENSIVO - 2-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

O terreno tem imensa influência na aplicação do poder de combate, uma vez que
representa o cenário onde as operações ocorrerão. Aquele que realizar uma adequada
avaliação para sua utilização poderá assegurar para si substancial vantagem em relação
ao seu oponente.
A natureza da missão e o escalão considerado determinarão o enfoque sob o qual o
estudo do terreno deverá ser conduzido. Por exemplo, comandantes de subunidades e
frações preocupam-se com matas densas, pequenos cursos de água e pequenas
elevações; enquanto que comandantes de unidades e escalões superiores preocupam-se,
principalmente, com redes de estradas, vales, linhas de crista, compartimentos, etc.
Quer no ataque, quer na defesa, um estudo tático do terreno deve ser executado, não só
do ponto de vista do lado amigo, como do ponto de vista do inimigo. Cada comandante
deve procurar entender o terreno como seu oponente o vê, de modo a antecipar que
influência exercerá sobre os planos de ambos.
Além de seus aspectos topográficos - relevo, linhas d’água, vegetação, natureza do solo,
vias de transporte, instalações, etc., o terreno deve ser analisado de acordo com o seu
valor militar, segundo seus aspectos táticos: observação e campos de tiro; cobertas e
abrigos; obstáculos; acidentes capitais; e vias de acesso (OCOAV).
2.2.1 - Conceituação dos aspectos táticos
No intuito de facilitar o entendimento deste capítulo, são a seguir apresentados os
conceitos pertinentes aos aspectos táticos do terreno. Assim, quando se falar das
características da área de operações, poder-se-á recorrer a estes aspectos táticos que
são, na essência, a motivação de todo o estudo.
a) Observação e campos de tiro
Tanto o atacante como o defensor tentará tirar o máximo proveito do terreno para
que possam ter a mais profunda observação e, ao mesmo tempo, dificultar a do
inimigo. A observação diz respeito à influência do terreno na capacidade de
exercer vigilância sobre determinada área ou outra tropa. Em geral, o ponto mais
alto determina uma melhor observação, mas nem sempre isso ocorre, uma vez que
o próprio relevo poderá estabelecer ângulos mortos e áreas desenfiadas. A escolha
dos PO será precedida de um estudo baseado em reconhecimentos, nos perfis
topográficos verificados em cartas ou no exame estereográfico de fotografias
áreas. A observação é essencial para a realização de fogo eficaz sobre o inimigo,

OSTENSIVO - 2-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

para o controle da manobra das tropas amigas, bem como para negar surpresa ao
inimigo. Quanto à observação, o terreno mais vantajoso é aquele que permite tanto
a observação em profundidade (das áreas ocupadas pelo inimigo) quanto a
aproximada, que visa a perceber a presença de elementos hostis nas imediações da
própria posição. Habitualmente, a observação profunda, ou afastada, é
proporcionada por pontos próximos à crista topográfica e a observação
aproximada em posições mais baixas em torno da crista militar. Estará na faixa da
observação aproximada todo o terreno do ponto estação até a distância de 1800 a
2000m (alcance médio de uma metralhadora leve). A faixa do terreno de 2000 até
4000m está no âmbito da observação afastada (distância limite para condução de
fogos pelo observador de artilharia).
O campo de tiro é uma área em que uma arma ou um grupo de armas pode cobrir,
eficazmente, com fogo desde uma determinada posição. Quando se considera o
terreno no tocante aos campos de tiro, o tipo de arma determinará quais os fatores
exercerão maior ou menor influência. Variações serão notadas ao se analisar a
execução do tiro para as armas de tiro com trajetória tensa, a condução dos fogos
das armas de tiro com trajetória curva e o lançamento de mísseis. Embora a
observação seja essencial, nem sempre o melhor PO será o melhor local para o
posicionamento das armas. Cabe ressaltar que a análise da observação aproximada
está intimamente ligada à execução dos fogos das armas de tiro tenso, a da
observação afastada à condução dos fogos das armas de tiro de trajetória curva e a
da observação direta, sem se vincular necessariamente a um PO, ao lançamento de
mísseis.
b) Cobertas e abrigos
Coberta é a proteção contra a observação e abrigo a proteção quanto aos efeitos
dos fogos. O terreno deve ser utilizado de forma a assegurar a máxima utilização
das cobertas e dos abrigos. O terreno sob controle do inimigo também será
estudado para determinar como as cobertas e abrigos a ele proporcionados
poderão ser anulados. No ataque, serão procurados itinerários cobertos e abrigados
que conduzam às posições inimigas de forma a reduzir ao mínimo o número de
baixas e obter surpresa. Na defesa, as cobertas e os abrigos serão utilizados não só
em benefício dos abrigos individuais como na ocultação da fisionomia da frente,

OSTENSIVO - 2-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

com vistas a surpreender (novamente) a tropa atacante. Quando se analisa o


terreno do ponto de vista do abrigo que proporcionará, devem ser consideradas as
características de todas as armas do inimigo. Isto inclui seus alcances, tipos de
munição e quantidade de peças. A topografia é o principal fator que influi no
abrigo. Os vales e as elevações, de maneira geral, serão massas cobridoras que
proporcionarão abrigo contra as armas de tiro tenso. Pequenos efetivos se valerão
de córregos, dobras do terreno, cortes de estradas, etc. O abrigo contra os fogos
das armas de tiro de trajetória curva será normalmente de difícil obtenção. Os
acidentes do terreno que oferecem abrigo proporcionam também coberta contra a
observação terrestre. Quanto mais irregular o terreno, mais cobertas ele irá
proporcionar. Pequenos escalões se preocupam com a cobertura individual e dos
veículos, armas e posições. À medida que sobe o escalão, a análise recai sobre a
necessidade de cobertura dos postos de comando (PC), instalações de apoio de
serviços ao combate (ApSvCmb) e grandes movimentos.
c) Obstáculos
Obstáculos (Obt) são acidentes do terreno, naturais ou artificiais, que: impedem,
retardam, canalizam ou dissociam o movimento de tropas em uma AOp. Os Obt
impeditivos são aqueles que por suas características impedem a tropa afetada de
cumprir as tarefas impostas no tempo disponível; ou seja, a tropa poderá até
transpor o obstáculo, porém, calculada a cinemática das ações, concluir-se que a
mesma não chegará a tempo, no local devido. Os Obt que retardam, diminuem a
velocidade de avanço em maior ou menor grau. O canalizador procura fazer com
que a tropa que com ele se depara escoe na direção desejada pelo inimigo e não na
direção que vinha mantendo. O que ocorre é que há uma tendência natural da
tropa “escoar“ numa direção paralela ao Obt até conseguir ultrapassá-lo. Diz-se
que um Obt dissocia a tropa quando esta fica dividida; ou seja, parcela
considerável de seu efetivo em um bordo do obstáculo e o restante no outro bordo.
Como já mencionado, os obstáculos podem ser naturais ou artificiais. Os naturais
são todos aqueles que já estavam presentes no terreno antes das operações
militares se iniciarem, aí incluídos os rios, lagos, vegetação, edificações, cortes de
estradas, etc. Os artificiais são aqueles que foram construídos com fins militares;
são eles os campos minados, abatises e toda sorte de barreiras. Os Obt devem estar

OSTENSIVO - 2-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

intrinsicamente ligados ao Plano de Defesa e ao Plano de Apoio de Fogo, pois de


nada valerá um Obt se o mesmo não for batido por fogos.
d) Acidentes capitais
Acidente capital (AcdtCap) é qualquer acidente no terreno cuja posse, conquista,
manutenção ou controle, assegure uma vantagem marcante a qualquer um dos
contendores. Contudo, se algo no terreno ofereça vantagem somente ao inimigo,
mesmo assim será assinalado como acidente capital. Convém ressaltar que a todo
AcdtCap marcado deverá corresponder uma ação da tropa que o marque, haja
vista que se deve, ao menos, negar ao inimigo aquela vantagem. Uma vez que
vantagem marcante não é um termo preciso, é necessário ter muito critério na
marcação. Nem toda elevação será um AcdtCap, nem só elas serão assinaladas
como AcdtCap. A marcação dos AcdtCap variará de acordo com o escalão que
realiza o estudo.
e) Vias de acesso
Via de acesso (VA) é uma faixa no terreno, variável com o escalão considerado,
que permite ou favorece o movimento de determinada tropa em direção a um
AcdtCap. As VA serão selecionadas levando-se em consideração principalmente a
natureza da tropa que irá empregá-la e o efetivo que mobiliará aquela faixa do
terreno. As VA são assinaladas e analisadas, em relação às peças de manobra do
escalão considerado. Um batalhão de infantaria selecionará e analisará as VA de
valor Companhia, esta, por sua vez, selecionará e analisará as de Pelotão. Da
definição pode-se inferir que estradas, trilhas, caminhos etc. não constituem VA
sob o ponto de vista militar, podendo, ou não, tão-somente valorizar as VA.
2.2.2 - Formas básicas do terreno.
A maioria dos acidentes geográficos da superfície terrestre resulta da erosão pela
ação dos ventos, desgaste pelo degelo e drenagem da água dos terrenos altos para os
terrenos baixos. Assim, na maior parte das regiões em que o terreno foi conformado
pela ação das águas pluviais, apresenta a forma mais conveniente ao escoamento das
mesmas. A superfície da Terra, geralmente arredondada, pode ser substituída, para
fins de interpretação esquemática, por tantos planos tangentes quantos necessários à
conservação aproximada do aspecto côncavo ou convexo que lhe é próprio. Esses
planos denominam-se encostas ou vertentes, pois que, no terreno, as águas

OSTENSIVO - 2-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

efetivamente vertem ao longo delas. Vertente ou encosta é, portanto, uma superfície


inclinada do terreno que forma um ângulo com o plano horizontal. Este grau de
inclinação será chamado de declive ou declividade.
a) Formas simples ou elementares
I) Encostas
São elementos que podem exercer acentuada influência quanto à observação,
aos campos de tiro ou mesmo constituírem obstáculos à progressão. Assim, as
encostas que têm sua crista militar numa posição dominante favorecem a
observação; as encostas de declive suave e uniforme apresentam boas
condições à rasância das armas de tiro de trajetória tensa; e, finalmente, as
encostas íngremes podem constituir obstáculos aos elementos mecanizados ou
mesmo à progressão de tropas a pé.
Tipos de vertentes ou encostas - são três os tipos: as planas, as côncavas e as
convexas.
A encosta plana ou uniforme é aquela que apresenta uma declividade constante.
É representada na carta por curvas de nível igualmente espaçadas. As encostas
suaves têm curvas de nível bem espaçadas entre si, as íngremes, ao contrário,
são próximas (Fig 2.1)

Fig 2.1 - Encosta plana ou uniforme

A encosta convexa é abaulada. A declividade aumentará à medida que o terreno


na elevação perde altura. As curvas de nível são bem espaçadas na crista e
próximas no sopé (Fig 2.2a)

OSTENSIVO - 2-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

A encosta côncava tem sua curvatura voltada para cima. Ou seja a declividade
diminui à medida que se aproxima da base. Neste caso, as curvas de nível são
mais próximas na crista e mais afastadas no sopé (Fig 2.2b).

Fig 2.2 - Encostas convexa (a) e côncava (b)

As encostas sempre se ligam duas a duas. Se esta ligação é um ângulo convexo,


a encosta desse ângulo será dominante e divisora de águas, formando uma linha
de crista, de festo, linha de cumeada ou divisora de águas; se a ligação é
côncava ou dominada pelas encostas será formada a linha de fundo, linha de
reunião de águas ou talvegue. No caso da linha de crista, há dois conceitos
importantes a esclarecer. O segmento mais alto da linha de crista será chamado
de crista topográfica, já a crista militar será o ponto da linha de crista que
proporciona comandamento sobre todo o terreno à frente da elevação, sem a
presença de ângulos mortos. Poderá coincidir com a crista topográfica ou não.
Nas encostas planas ou côncavas isto poderá acontecer, já na convexa
dificilmente.

OSTENSIVO - 2-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 2.3 - Desenfiamento - crista militar

As linhas de crista constituem as regiões dominantes do terreno, ao longo das


quais se pode ter observação contínua e profunda. Quando paralelas à direção
de movimento tornam-se acessos favoráveis à progressão da tropa, constituindo
a linha seca e definindo uma compartimentação longitudinal no terreno.
Quando dispostas em sentido transversal à progressão de uma tropa, limitam a
observação, mas servem, por outro lado, como massa cobridora, sendo
favoráveis à defesa. Nesse segundo caso, as linhas de crista definem uma
compartimentação transversal no terreno (Fig 2.4).

Fig 2.4 - Linha de crista

As linhas de fundo são ravinas ou linhas d’água, formadas pela linha inferior da
vertente (encosta). São elementos naturalmente desenfiados, razão pela qual

OSTENSIVO - 2-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

podem ser aproveitados militarmente em função da proteção que oferecem (Fig


2.5).

Fig 2.5 - Linhas de fundo

A ligação de duas vertentes em ângulo convexo pode dar origem a três formas
básicas do terreno: o espigão, a garupa e o esporão. Elas devem ser estudadas
em função da elevação a que pertencem. Tanto podem constituir um acesso
favorável ao movimento, como um elemento de dissociação, em face de sua
altitude, facilidade de acesso, configuração, etc.
O espigão é a forma do terreno em que as vertentes são íngremes e uniformes.
O ângulo por elas formado é agudo, levando a uma representação das curvas de
nível cuneiforme, pontuda (Fig 2.6).

Fig 2.6 - Espigão

A garupa é a forma do terreno em que as encostas são convexas. O ângulo entre

OSTENSIVO - 2-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

elas é obtuso, dando origem a uma linha de crista abaulada, sendo as curvas de
nível representadas com formato arredondado (Fig 2.7).

Fig 2.7 - Garupa

O esporão é a forma do terreno caracterizada por uma linha de crista com uma
inflexão, ou seja, apresentando uma elevação de menor porte mais próxima ao
sopé (Fig 2.8).

Fig 2.8 - Esporão

Da reunião das vertentes surgirão ainda os seguintes elementos:


A ravina, que é um sulco ou mordedura na encosta da elevação, provocada pela
ligação lateral de duas vertentes; normalmente servirá como linha de reunião de
águas. Às vezes as ravinas correm de alto a baixo da elevação, fazendo com
que a curva de nível mais alta sofra as mesmas inflexões da mais baixa. A essa
ravina mais alongada dá-se também o nome de fundo.

OSTENSIVO - 2-11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

O nó de crista é o elemento resultante da reunião de várias linhas de festo no


topo de uma elevação.
b) Formas Isoladas
I) Mamelão
Tipo de elevação em que as vertentes são arredondadas e uniformes.
Pela sua forma, suas encostas permitem, normalmente, ampla observação em
qualquer direção (Fig 2.9).

Fig 2.9 - Mamelão


II) Colina
Diferentemente do mamelão, a colina se alonga segundo uma direção definida.
A colina tanto se presta à instalação de armas e órgãos de defesa, como pode
valorizar uma via de acesso, se utilizada em função do sentido de sua maior
dimensão, quando esta se confunde com a direção de ataque, embora, algumas
vezes, possa ser elemento dissociador desse ataque. Quando sua maior
dimensão é perpendicular à direção do ataque, favorece ao defensor, à
instalação de armas e órgãos de defesa (Fig 2.10).

Fig 2.10 - Colina

OSTENSIVO - 2-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Assim, a colina difere do mamelão por ter formato alongado segundo uma
direção. Sua linha de crista, normalmente, tende a abaular-se, formando uma
espécie de cela.
As elevações isoladas podem se apresentar, na sua parte superior, em forma de
pico, zimbório ou platô.

Fig 2.11 - Pico, Zimbório e Platô

III) Quanto ao porte, as formas isoladas podem ser assim classificadas:


- Montes - elevações consideráveis, geralmente abruptas, destacando-se do solo
circunvizinho. Graficamente são representados por curvas de nível que se
fecham e mantém uma curvatura mais ou menos uniforme;
- Morro - o mais comum, de porte mais modesto, quase sempre com a parte
superior arredondada, em forma de zimbório;
- Outeiro - são ainda de menor porte que as colinas, se assemelhando,
entretanto, a elas. Sua principal característica, porém, é a de se apresentar
isolado nas planícies e planaltos; e
- Dobras - são elevações alongadas, cuja altura não atinge a cota da menor
curva de nível da carta considerada, capaz de furtar tropa da observação
terrestre inimiga.
c) Formas grupadas
I) Montanha
Termo genérico que exprime um aglomerado de elevações de forma e natureza
diferentes, numa extensão mais ou menos considerável, em que o comprimento
excede a largura. A curvas de nível que as representam, embora também
fechadas, têm altura muito variável e ocupam no desenho mais espaço que as

OSTENSIVO - 2-13 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

representativas dos montes.


II) Cordilheira
É uma série de montanhas que se sucedem numa grande extensão, sempre na
mesma direção, dando origem a grandes linhas de cumeada e donde, em geral,
se destacam, no sentido mais ou menos paralelo ao da direção principal,
montanhas alongadas denominadas contrafortes, das quais, por sua vez, se
destacam, em grande número, contrafortes secundários ou espigões.
III) Cadeia de montanhas
São montanhas contíguas, de forma mais ou menos alongada, que ocupam
grande superfície.
IV) Serra
Montanha de forma muito alongada, em cuja parte elevada aparecem pontos
salientes, culminantes, em forma de dentes de serra, denominados vértices,
cumes ou cimos, em forma de picos ou agulhas.
V) Maciço
É um agrupamento de elevações que se ramificam de diversas maneiras, em
qualquer sentido, apresentando o aspecto de um círculo de elevações em torno
de um ponto culminante central.
VI) Planalto
Superfície mais ou menos extensa e regular, situada a grande altura em relação
do nível do mar, em geral ondulada, com declividades suaves e algumas vezes
acidentada, porém acessíveis. Quando o planalto é de grande extensão, é
chamado de chapada.
As montanhas paralelas à direção de progressão de uma tropa podem limitar ou
impedir os movimentos laterais, porém protegem os flancos. As perpendiculares à
essa direção, são obstáculos para o atacante e favorecem ao defensor.
Quando as operações se desenvolvem em terreno montanhoso, muitas vezes
tomam caráter especial, exigindo tropas e equipamentos especializados.
d) Depressões
As depressões são as formas opostas às elevações e para onde vão ter as águas que
se escoam das vertentes que as cercam e formam. Algumas depressões, embora
raramente se apresentem isoladas e sem escoamento para as águas, têm forma de

OSTENSIVO - 2-14 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

cume invertido e recebem a denominação de cuba, servindo em geral como fundo


dos lagos.
Vales - nome genérico de depressão que serve de leito para escoamento das águas,
com a forma de sulcos alongados e sinuosos, de profundidade e largura variáveis.
Desfiladeiro - é uma passagem mais ou menos longa, entre duas elevações, cujas
vertentes se prestam a uma organização do terreno capaz de barrar a progressão
inimiga, por ser uma passagem natural de tropas, ou ainda suscetível de ter essa
passagem impedida por uma posição defensiva localizada em um movimento do
terreno que a enfie. As elevações que o formam são de difícil acesso.
Corredor - é caracterizado por uma passagem entre elevações de extensão
apreciável, podendo as elevações que o forma serem ou não acessíveis à tropa. Se
prestam excelentemente para defesa dada a canalização do movimento para o seu
interior.
A garganta é uma passagem estreita e curta entre elevações.

Fig 2.12 - Cuba, Desfiladeiro, Corredor e Garganta

OSTENSIVO - 2-15 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

e) Planícies
Forma intermediária entre as elevações e depressões, são resultantes muitas vezes
do aterramento das depressões com detritos provenientes da erosão. São vastas
extensões de terreno sensivelmente planas, situadas nas regiões mais baixas da
superfície terrestre. Conforme o aspecto que apresentam e a situação em que se
encontram, recebem as seguintes denominações:
- Várzea - quando cultivadas ou a isso se prestarem;
- Charneca - quando além disso falta água e vegetação;
- Descampados - quando muito extensas;
- Brejo ou Charco - quando baixas, sujeitas às invasões das águas pluviais;
- Baixada - quando situada entre as cubas de grandes elevações e o mar; e
- Pampas - são vastas planícies, quase sem relevo, monótonas, cobertas por leivas,
revestidas de prados, baixas e desabrigadas dos ventos.
As planícies, em geral, diferem dos planaltos pela sua situação em relação ao nível
do mar, pois os planaltos nada mais são do que planícies situadas no alto das
grandes cadeias de montanhas.
2.2.3 - Classificação do Terreno
a) Quanto ao relevo
Plano - quando a diferença de nível é quase nula;
Ondulado - quando apresenta dobras não superiores a 20 metros;
Movimentado - quando apresenta elevações e depressões, próximas umas das
outras, e de altura entre 20 e 50 metros;
Acidentado - quando as elevações variam entre 50 e 100 metros;
Montuoso - quando apresenta elevações entre 100 e 1000 metros; e
Montanhas - Quando as elevações são superiores a 1000 metros.
b) Quanto ao aspecto tático
I) Quanto às vistas
Coberto - quando a observação terrestre é limitada por obstáculos (matas,
bosques, construções);
Descoberto - quando oferece vastos horizontes.
II) Quanto ao movimento de tropa
Livre - quando no terreno não há obstáculo ao movimento de tropa;

OSTENSIVO - 2-16 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Cortado - quando apresenta obstáculos ao movimento, tais como valas, fossos,


muros, cercas, cursos d’água.
III) Quanto aos fogos inimigos.
Desenfiado - quando não pode ser batido pelos fogos diretos do inimigo; e
Enfiado - quando está sujeito aos fogos inimigos. Diz-se, também, batido.
IV) Quanto à vegetação.
Limpo - a vegetação existente não prejudica o movimento, a observação ou a
ligação visual entre as tropas amigas; e
Sujo - quando na situação inversa.
V) Quanto à praticabilidade das operações militares.
Praticável - quando o terreno, na sua conformação geral, se presta ao
desenvolvimento de uma operação militar; e
Impraticável - quando não se presta à operação militar em vista.
2.2.4 - Leis do Modelado
Estas leis se referem às linhas de talvegue, às vertentes, às linhas de festos, os três
principais elementos que modelam o terreno. São regras que nada têm de absoluto,
todas comportam exceções. Variam como variam as superfícies do terreno a que se
referem, dizem apenas a forma ideal para qual tendem os terrenos normalmente
constituídos e sujeitos à erosão regular das águas. O estudo dessas regras conduzirá a
conclusões muito interessantes sobre os aspectos do terreno.
a) Regras dos talvegues e cursos d’água
I) De um ponto qualquer do terreno pode-se chegar ao mar sem nunca subir. É a
lei da continuidade dos declives.
II) A declividade de uma linha de talvegue ou de um curso d’água decresce de
montante para jusante.

OSTENSIVO - 2-17 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 2.13 - Declividade de uma linha de talvegue

III) Desenvolvendo-se num mesmo plano o perfil de um curso d’água e de seus


afluentes, a curva perfil desse curso d’água envolverá todas as de seus
afluentes, como conseqüência um rio corre mais em um certo nível que seus
afluentes. Assim, uma mesma curva de nível, na vizinhança e a montante de
uma confluência, cortará o curso d’água principal mais longe dessa confluência
que o curso d’água secundário (afluente), ou seja, a mesma curva de nível
penetrará mais no vale principal que na ravina lateral que nele desembocar.

Fig 2.14 - Desenvolvimento de uma curva de nível

IV) A declividade nas curvas exteriores de um rio é maior que nas interiores.
De fato, em uma curva de rio a massa d’água agindo sob a influência da força
centrífuga corrói a margem exterior, alargando o leito desse rio e, não raras
vezes, rasgando-lhe novo leito. Na margem interior, a velocidade do rio sendo

OSTENSIVO - 2-18 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

muito menor, ocasiona a sedimentação de aluviões e o conseqüente


abrandamento do declive nessa margem. Assim, as curvas de nível que
envolvem uma sinuosidade são habitualmente mais próximas umas das outras
que as envolvidas pelo curso d’água. Logo a margem situada na parte exterior
tem comandamento sobre a interna.

Fig 2.15 - Declives em relação a um curso d’água sinuoso

Dessa regra surgem dois corolários:


- quando um curso d’água se divide em muitos outros sinuosos, formando ilhas
irregulares, pode-se concluir que o vale é largo e o talvegue pouco acidentado
ou sensivelmente horizontal.

OSTENSIVO - 2-19 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 2.16 - Vale largo e talvegue pouco acidentado

- caso o curso d’água seja um braço único quase retilíneo, o vale é estreito e o
talvegue muito pronunciado e de grande inclinação.

Fig 2.17 - Vale estreito e talvegue muito pronunciado

V) O ângulo formado por dois talvegues na sua confluência será sempre menor
que 90º. Essa regra permite indicar a direção da corrente de um rio.

OSTENSIVO - 2-20 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 2.18 - Direção da corrente de um rio

VI) Uma confluência é assinalada geralmente por uma inflexão do curso d’água
principal no sentido do afluente. Esta inflexão será tão mais pronunciada
quanto mais importante for o afluente. Ou seja, o afluente muda a calha
principal na sua direção.
b) Regra referente às vertentes
As curvas de nível de mesma cota se fazem seguir sobre as duas partes de uma
mesma encosta (vertente), separadas, uma da outra por um vale lateral. É a lei da
continuidade das vertentes.

Fig 2.19 - Lei da continuidade das vertentes

Na figura 2.19 as partes ab e cd da vertente não são modificadas pelo trabalho


do afluente que cravou o leito entre b e c.
c) Regras referentes às linhas de festo
I) Uma linha de festo se ligará sempre a uma outra e esta a outra e assim
sucessivamente.

OSTENSIVO - 2-21 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 2.20 - Continuidade de uma linha de festo

II) Quando uma linha de festo separa dois cursos d’água ela se abaixa quando eles
se aproximam (confluência) e se eleva quando se afastam. A distância máxima
corresponde geralmente a um mamelão ou esporão e a mínima a um colo.

Fig 2.21 - Linha do festo em relação a dois cursos d’água

III) Se uma linha de festo separa dois cursos d’água que correm em altitudes
diferentes, ela estará mais próxima do mais elevado.

OSTENSIVO - 2-22 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 2.22 - Cursos d’água em níveis diferentes

IV) Se existirem duas nascentes opostas a uma mesma linha de festo, sobre a linha
entre as nascentes ocorrerá um colo.

Fig 2.23 - Formação de colos

V) Sempre ocorrerá uma ramificação separando dois talvegues que nascem do


mesmo lado de uma mesma linha de festo.

Fig 2.24 - Talvegue de um mesmo lado de uma linha de festo

VI) Quando uma linha de festo muda de direção, opostamente ao ângulo formado
ocorrerá uma ramificação.

OSTENSIVO - 2-23 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 2.25 - Mudança de direção de uma linha de festo

VII) Quando dois cursos d’água descem paralelamente de uma encosta e tomam
depois direções opostas, a linha que separa os cotovelos indica a depressão
mais profunda entre as duas vertentes e, portanto, a existência de um colo.

Fig 2.26 - Colo resultante de cursos d’água paralelos

VIII) Quando dois cursos d’água se encontram, a linha de crista do saliente que os
separa está sensivelmente na direção do prolongamento do curso d’água que
resulta da junção dos dois.

OSTENSIVO - 2-24 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 2.27 - Direção única entre a linha de crista e o curso d’água resultante

IX) Quando diversos cursos d’água partindo de um ponto central seguem direções
diversas, há na origem um ponto culminante.

Fig 2.28 - Ponto culminante na origem de diversos cursos d’água

2.2.5 - Compartimentação do terreno


Um compartimento é uma área enquadrada por acidentes do terreno que limitam a
observação terrestre ou os tiros das armas de trajetória tensa para o seu interior.
Ao se analisar um compartimento deve-se atentar para o seu interior, para os
acidentes naturais ou artificiais que o delimitam e para as linhas limites. Estas são
linhas imaginárias traçadas ao longo dos acidentes já mencionados e a partir das
quais a observação terrestre para o interior do compartimento fica comprometida.
Os compartimentos são classificados de acordo com:
- os acidentes que os constituem;

OSTENSIVO - 2-25 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- suas formas; e
- a direção de deslocamento da tropa.
Com relação aos acidentes que os constituem, podem ser:
- formados pelo relevo, em que as linhas limites situam-se, normalmente, ao longo
das cristas militares;
- formados por vegetação ou acidentes artificiais, em que as linhas limites incluem
parte de suas orlas a uma profundidade que dependerá da densidade dos mesmos; e
- formados pela combinação dos anteriores.
Com relação à forma, os compartimentos podem ser simples ou complexos, em que
um grande compartimento contém em seu interior compartimentos menores.

Fig 2.29 - Compartimentos formados pelo relevo, bosque e localidade, e complexo

OSTENSIVO - 2-26 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Quanto à direção prevista para o deslocamento da tropa no seu interior, eles serão
denominados longitudinais ou corredores, quando seu eixo maior coincidir com a
direção daquele movimento e transversais quando perpendiculares ou oblíquos ao
referido deslocamento.
Geralmente os compartimentos longitudinais se constituem em vias de acesso
favoráveis, facilitando o ataque e dificultando a defesa. O atacante poderá utilizar um
corredor como via de acesso deslocando-se de dois modos: pelo vale ou pela crista.
Neste tipo de compartimento, as cristas topográficas dividem a observação terrestre e
os campos de tiro das armas de trajetória tensa do defensor, dificultando ou mesmo
impedindo-o de coordenar e emassar fogos, bem como de obter apoio mútuo. As
tropas posicionadas defensivamente nas encostas só dispõem de observação para
frente. Além disso, perdendo o controle das cristas, o defensor deixa de dispor de
observação para o interior do compartimento, não podendo, deste modo, coordenar
os fogos para o seu interior. Por essas razões, os corredores são desfavoráveis à
defesa.

Fig 2.30 - Defesa nos compartimentos longitudinais

Os compartimentos transversais são propícios à defesa e não se constituem em vias


de acesso favoráveis.
O defensor disporá de boa observação e bons campos de tiro, podendo, ainda, realizar
a coordenação de fogos e desenvolver apoio mútuo lateralmente e em profundidade.
Com isto será estabelecida uma barragem de fogos densa, contínua e profunda à

OSTENSIVO - 2-27 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

frente da posição. Adicionalmente, a posição na encosta facilitará o desencadeamento


dos fogos defensivos e permitirá abrigar as reservas na contra-encosta.

Fig 2.31 - Defesa de um compartimento transversal

A tropa atacante, por sua vez, poderá dispor, inicialmente, de observação, cobertas,
abrigos e campos de tiro. Contudo, tais condições serão perdidas à medida que o
ataque se desenvolve, em virtude das vantagens de que dispõe o defensor.
2.2.6 - Natureza do solo
O estudo da natureza do solo para fins militares visa, principalmente, determinar as
possibilidades de trânsito através campo, sob condições meteorológicas atuais ou
previstas, e assume importância especial para as unidades de blindados.
À Engenharia cabe a responsabilidade de organizar e distribuir cartas sobre as
condições de resistência do solo. Ao realizar esse estudo devem ser ressaltadas, na
zona de ação, as áreas do terreno cujo solo se apresenta firme e os trechos de pouca
consistência.
O terreno arenoso, alagadiço, o brejo, constituem embaraços ao movimento da tropa,
podendo, conforme as circunstâncias, impedi-lo inteiramente. Alguns solos podem
ser impraticáveis às viaturas blindadas após chuvas prolongadas e intensas, como é o
caso de certos terrenos argilosos. O solo arenoso pode ser obstáculo em tempo seco e
ter a consistência aumentada após as chuvas. A organização do terreno está também
condicionada à natureza do solo. O solo pedregoso ou extremamente duro dificulta as
escavações, enquanto o solo de pouca consistência facilita esse trabalho, exigindo,
porém, trabalhos especiais para evitar o desmoronamento dos taludes.

OSTENSIVO - 2-28 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

2.2.7 - Cursos d’água


São extensões de água corrente que podem ser classificadas como perenes - as que
correm todo o ano; intermitentes - as que se originam de uma fonte que falha
periodicamente; e a efêmera - que depende totalmente da estação do ano. Onde os
cursos d’água tenham grande velocidade e corram sobre materiais soltos, tais como
cascalho, seixos e material mais duro, os fundos são estreitos e limpos. Quando o rio
é lento, o material mais fino, como saibro e argila, se deposita no fundo tornando-o
lodoso. Se o rio corre em terreno firme, suas margens serão mais íngremes que nos
terrenos de menor consistência. A maior velocidade de um rio estará, normalmente, a
meio do canal.
É bastante comum se observar lagunas costeiras formadas pelo depósito de saibro e
areia na desembocadura de um rio. Normalmente não serão estreitas o suficiente para
permitir serem atravessadas por pontes ou passadeiras, sendo comumente necessárias
viaturas anfíbias e botes.
Os movimentos através de área pantanosa são restritos à tropa a pé e mesmo para
estas bastante desgastante.
Os rios largos e profundos poderão proporcionar boas condições para instalação de
uma Área de Defesa debruçada sobre eles. Quanto mais importante o rio, mais
vantagens oferecerá ao estabelecimento de uma posição defensiva nele apoiada. Em
contrapartida, no ataque, a existência de um curso d’água transversal à sua direção
geral irá com certeza causar-lhe embaraço. Em alguns exigirá um planejamento
prévio para travessia, podendo chegar até a uma operação de transposição de curso
d’água, um tipo de operação terrestre com planejamento específico e complexo. Os
rios com mais de 100m de largura são obstáculos importantes.
A ocorrência de lagoas próximas às praias de desembarque, em um assalto anfíbio,
irá formar corredores estreitos que canalizarão o movimento da tropa, limitarão sua
manobra e concentrarão seus meios, tornando-a um bom alvo para a artilharia
inimiga. Além de restringir, posteriormente, o estabelecimento da Área de Apoio de
Praia (AApP) e de Apoio de Serviços ao Combate (AApSvCmb). Contudo, caso seja
possível o estabelecimento dessas áreas, poderá vir a favorecer a defesa das mesmas.
Os conhecimentos necessários a seguir mencionados, deverão ser coletados ou
buscados de forma a permitir a análise do curso d’ água e estabelecer para que tipos

OSTENSIVO - 2-29 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

de meios ele será obstáculo e sua influência sobre a manobra planejada: identificação
e localização; largura; natureza do leito (composição, profundidade e consistência);
velocidade da corrente; e características da margem (composição, estabilidade, altura
e rampa). Os mesmos conhecimentos serão necessários para a análise dos lagos.
2.2.8 - Vegetação
A localização, tipo, dimensões, densidade e diâmetro dos troncos constituem
elementos que, analisados, determinam seu valor militar.
a) Macegas
São formadas por arbustos e gramíneas, podendo existir árvores pequenas e
esparsas. A macega é considerada alta quando encobre o movimento de um
cavaleiro e densa quando torna penosa a sua travessia. A macega rala e baixa
carece de importância militar, quer sob o ponto de vista do desenfiamento, quer da
transitabilidade.
b) Matas
São formadas por árvores copadas de médio ou pequeno porte. Considera-se mata
rala desde que seja fácil o trânsito de tropa a pé em qualquer direção.
c) Florestas
São caracterizadas pelo arvoredo copado e denso, de grande porte e formado por
árvores normalmente seculares.
d) Bosques
São formados por árvores copadas, altas e regularmente dispostas. As florestas, as
matas e os bosques podem impor características especiais à operação a ser
realizada.
e) Culturas
O terreno cultivado (café, cana, arroz, etc.) pode permitir movimento com
cobertura, mas embaraça a progressão.
f) Vegetação ciliar
É aquela que normalmente borda as margens dos cursos d’água e possui uma
tonalidade mais escura.
2.2.9 - Construções e instalações
a) Localidades
São designadas como localidades, quaisquer agrupamentos de edifícios destinados

OSTENSIVO - 2-30 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

à habitação, comércio ou indústria, tais como povoações, vilas, cidades e grandes


fábricas. As localidades devem ser analisadas quanto à sua localização, dimensões
e tipo de construção das edificações (taipa, tijolo, alvenaria e concreto).
As cidades e os agrupamentos de casas constituem, no terreno, uma zona de difícil
progressão para a tropa. Obrigam a operação a tomar características especiais e
favorecem a defesa obstinada, palmo a palmo.
Sempre que possível devem ser evitadas, desbordando-as.
b) Fortificações de campanha
Consistem nos trabalhos defensivos realizados quando um ataque inimigo for
iminente ou durante a consolidação de um objetivo conquistado, como prevenção
de um contra-ataque. Busca, geralmente, aumentar o valor defensivo de um
terreno, e inclue a construção de abrigos e obstáculos, bem com os trabalhos de
camuflagem.
c) Instalações diversas
Instalações não compreendidas nos itens acima e que possam ter interesse para o
estudo a ser desenvolvido, como por exemplo porto, aeroporto, usina de energia,
etc.
2.2.10 - Vias de transporte
As estradas de ferro ou de rodagem e os próprios caminhos são elementos
importantes do terreno, uma vez que os suprimentos, de modo geral, e as
evacuações de baixas são executados utilizando esses eixos.
A classe da estrada de rodagem, a bitola da estrada de ferro e a própria natureza dos
caminhos, são dados indispensáveis à estimativa da capacidade de transporte da via
e são, normalmente, fornecidos por elementos de Engenharia.
2.3 - CONDIÇÕES CLIMÁTICAS, METEOROLÓGICAS E ASPECTOS
ASTRONÔMICOS
As condições climáticas e as meteorológicas exercem um efeito significativo em todos
os tipos de operações militares. Elas afetam a trafegabilidade, o controle, a eficiência
do pessoal, o funcionamento do material, o apoio aéreo, o alcance e o efeito das armas
de apoio e o provimento do apoio logístico.
Os dados referentes às condições climáticas e meteorológicas são, normalmente,
fornecidos pelo escalão superior àquele que planeja. Entretanto, em casos nos quais

OSTENSIVO - 2-31 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

sejam necessários outros dados além dos fornecidos, ou nos casos em que os dados
necessários tenham sido omitidos, caberá ao Oficial de Informações a solicitação desses
conhecimentos necessários ao escalão superior ou ao órgão encarregado de fornecê-las.
2.3.1 - Clima
O clima está relacionado com a variação da estação e os padrões de temperatura,
precipitação, umidade do ar, nebulosidade, ventos e pressão atmosférica. Representa
o estado da atmosfera de um determinado local durante um certo período,
geralmente extenso, e normalmente caracteriza uma área geográfica. A força e
direção dos ventos, a quantidade de chuvas e as temperaturas médias que reinarão
em uma certa área podem ser estabelecidos em termos médios, com precisão regular,
com base em dados estatísticos. Além dos elementos climáticos, estão presentes
também os fatores climáticos, que atuam indiretamente, modificando esses
elementos: altitude, continentalidade, correntes marítimas, latitude, massas líquidas,
vegetação, etc.
Existe vários tipos de climas, cuja classificação é variável. Para o fim desta
publicação são de interesse os seguintes.
- Equatorial: quente, com temperaturas médias acima de 25º, elevada pluviosidade,
não possui estação seca. Céu freqüentemente oculto por nuvens pesadas.
Caracterizado por floresta equatorial: úmida, com grande variedade e quantidade
de insetos e aves, bem como peixes e jacarés.
- Tropical: quente, com temperaturas e pluviosidade inferiores as do clima
equatorial; duas estações distintas: verões chuvosos e invernos secos. Apresenta
regiões com florestas de menos densidade que a equatorial, havendo
predominância de savanas (cerrados no Brasil). Ocorre a presença de animais de
grande porte.
- Semi-árido: clima misto, quente e seco, com chuvas no inverno, apesar da baixa
pluviosidade. Na vegetação predomina a caatinga, caracterizada por sua
heterogeneidade: matas fechadas de moitas isoladas, com cactáceas e arbustos de
galhos tortuosos. A fauna apresenta grande variedade de insetos, pássaros
carnívoros e alguns répteis.
- Subtropical: temperatura suave, podendo baixar nas áreas mais altas, onde há,
também, possibilidade de neve no inverno. Chuvas bem distribuídas durante o

OSTENSIVO - 2-32 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

ano. A vegetação é bastante variada, entre espécies tropicais e temperadas; as


formações são de fácil penetração, como, por exemplo, os pinheirais do Paraná.
- Desértico: quente e seco, com baixíssima pluviosidade, ventos fortes, céu límpido.
Vegetação praticamente inexistente, podendo ocorrer oásis com espécies
características e capins rasteiros nas orlas dos desertos.
- Mediterrâneo: invernos brandos e úmidos, verões quentes e secos, pluviosidade
média. Bosques com vegetação pouco compacta são predominantes.
- Temperado Oceânico: temperaturas suaves, com forte influência da proximidade
do mar, chuvas bem distribuídas durante o ano, com forte incidência. Florestas
temperadas com árvores de grande porte.
- Temperado Continental: invernos rigorosos, porém secos, e verões quentes.
Índices pluviométricos baixos, mas com chuvas em todas as estações e neve no
inverno. Predominam as pradarias.
- Subpolar: inverno rigoroso, com verão frio e de curta duração. Baixa pluviosidade
e sob a forma de neve. Prevalecem florestas de coníferas.
- Polar: inverno extremamente rigoroso e longo, baixa pluviosidade, ventos fortes.
Na vegetação predomina a tundra.
2.3.2 - Condições meteorológicas
a) Temperatura do Ar
Temperatura do ar é a quantidade de calor que circula livremente, medida por um
termômetro protegido do sol. Em geral será fornecida à tropa uma média dos
dados coletados em anos anteriores no mesmo período da operação.
I) Gradiente de temperatura
A diferença entre a temperatura do solo e a do ar originará a ocorrência de
correntes de ar verticais que terão influência direta no planejamento do uso de
fumígenos e agentes químicos na área de operações (AOp). O gradiente é a
diferença entre a temperatura do ar medida à 30cm e 180cm do nível do solo.
Três casos são possíveis. A INVERSÃO ocorre quando o ar mais próximo da
terra é mais frio que o ar superior. Quando ocorre a inversão, as condições
atmosféricas e, conseqüentemente, o ar mais baixo permanecem mais estáveis
com ventos de pouca velocidade, influenciando o emprego de meios na medida
em que a poeira, a nebulosidade, a fumaça e agentes químicos tendem a

OSTENSIVO - 2-33 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

permanecer próximos a terra, reduzindo a visibilidade e a pureza do ar, levando


também mais tempo para se dissipar. Estas condições de inversão favorecerão o
uso de fumígenos, cortinas de fumaça, agentes químicos e bacteriológicos.
Desfavorecerão, contudo, a observação, tendo em vista a redução da
visibilidade. O segundo caso é o de NEUTRALIDADE - a temperatura
permanece constante - é uma situação intermediária e pouca ou nenhuma
influência tem sobre o estabelecimento de cortinas de fumaça, bem como na
observação. E, por fim, a LAPSE - a temperatura decresce com a altura – na
qual ocorrem condições atmosféricas instáveis próximo ao solo, e, ao contrário
da inversão, faz com que o teto aumente (as nuvens sobem), contra-indicando o
uso de fumígenos, cortinas de fumaça, agentes químicos e bacteriológicos,
favorecendo a observação.
II) Outros efeitos e considerações
A temperatura produzirá, também, efeitos sobre a eficiência do pessoal,
armamento, equipamento e materiais diversos. Além disso, grandes variações
de temperatura causarão modificações na natureza do solo e até mesmo nas
normas de manutenção do material. Em relação aos bivaques na AOp
propriamente dita, pode-se dizer que, geralmente, as superfícies (vertentes)
côncavas facilitam a acumulação do ar frio no sopé e as convexas favorecem a
drenagem do ar para o alto. As temperaturas baixas fazem com que os agentes
químicos e bacteriológicos tendam a se concentrar em depressões e lugares
baixos e, ainda, que permaneçam no ar por mais tempo.
b) Pressão atmosférica
É a força exercida sobre uma unidade de área pelo peso da atmosfera. Geralmente,
o ar frio que é pesado e denso ocasiona alta pressão, enquanto o ar quente que é
leve e mais rarefeito causa pressões baixas. Os sistemas de alta pressão são
associados ao tempo bom e seco; os sistemas de baixa pressão, por sua vez,
associam-se às condições incertas e nebulosas. A pressão não tem influência direta
ou marcante sobre as operações militares, mas a sua medição e, particularmente, o
seu acompanhamento trará indícios importantes na previsão de variações
meteorológicas bruscas.
c) Ventos

OSTENSIVO - 2-34 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

É o ar em movimento e resulta das diferenças na pressão atmosférica. É descrito


pela sua direção e velocidade. A direção do vento é a direção da qual ele está
soprando (o vento vem). Um vento proveniente de sul é classificado como um
vento SUL. A velocidade é estabelecida em km/h. Em terreno irregular, o vento
não se desloca com força e direção fixa, e sim em uma sucessão de rajadas e
calmarias, de velocidade e direções variáveis. Normalmente esta turbulência é
maior ao entardecer. As condições locais de pressão e vento se originam dos vales,
montanhas e serra e podem vir a modificar as características meteorológicas da
AOp. Uma vez que as massas terrestres absorvem e irradiam mais calor que as
massas d’água, a terra é mais aquecida que o mar durante o dia, esfriando mais
rapidamente à noite. Em conseqüência, nas áreas costeiras, o ar quente se eleva a
alturas maiores e se dirige para o mar. Para substituir este ar que se eleva, o ar
sobre o mar, mais frio, se dirige para a terra. É a brisa do mar. A noite este
movimento se inverte.
A sua velocidade afetará o estabelecimento e a manutenção do mascaramento de
uma região, pela possibilidade ou não do emprego de fumígenos, bem como o uso
de agentes químicos e bacteriológicos. Em áreas de grande ocorrência de
turbulências, torna o emprego destes meios altamente perigoso, na medida em que
o vento muda de velocidade rapidamente, tornando difícil um planejamento
confiável. Ventos inferiores a 5 km/h dificultam o estabelecimento e manutenção
do mascaramento com fumígenos de uma região. Ventos com velocidades
superiores a 32km/h inviabilizam o uso eficaz da fumaça. No caso de operações
anfíbias, é bom lembrar que ventos fortes vindos do mar tornam a praia
extremamente perigosa, com a formação de vagalhões que podem impedir a
aproximação das embarcações de desembarque (ED), bem como o seu
retraimento. Os desembarques por pára-quedas são aceitáveis com ventos de até
24 km/h. Em velocidades maiores, o vento tende a dispersar a tropa no
aterramento, enredar o equipamento e aumentar o número de perdas resultantes de
acidentes no desembarque. Os ventos aumentarão, ainda, o tempo de permanência
dos pára-quedistas no ar, aumentando também sua vulnerabilidade e
desfavorecendo o sigilo das operações. Será necessário mais tempo para
recuperação do equipamento e posterior reorganização para o prosseguimento das

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

ações da tropa em terra.


Quanto à direção, a regra geral é comparar o posicionamento do vento em relação
ao movimento da tropa que empregará fumígenos. Se na mesma direção ou
transversal, a utilização é possível. Se ao contrário, ou seja, em direção oposta ao
movimento da tropa, a utilização é desaconselhada.
d) Umidade
É o termo usado para descrever a quantidade de vapor d’água no ar. A quantidade
de vapor d’água que o ar contém é comparada com a que ele poderia ter a uma
dada temperatura e pressão, a isto é chamado Umidade Relativa. Quando a massa
de ar tem a quantidade máxima de vapor relativa àquela temperatura, diz-se que
está a 100%.
A maior influência da umidade é sobre o emprego de cortinas de fumaça. Ao
empregá-la em uma situação em que a umidade esteja a 90% o efeito de
obscurecimento será duas vezes maior do que a 40%, por exemplo. Ela também
afeta o desempenho do pessoal, a eficiência e conservação de certos itens de
material.
e) Nebulosidade
As nuvens são massas de umidade condensada e suspensa no ar em forma de
diminutas gotas d’água. As quantidades de nuvens são apreciadas em torno da
fração de céu que elas cobrem. São usados os seguintes termos. O céu sem nuvens
ou com somente 10% encoberto é chamado de Céu Claro. De 10 a 50% chamamos
de Céu Espalhado; de 50 a 90% de Céu Interrompido. E o Céu Carregado é aquele
que está coberto acima de 90%.
O nevoeiro é definido como a massa de gotículas d’água suspensa na atmosfera
próxima a superfície da terra e que reduz a visibilidade horizontal. É formado pela
condensação do vapor d’água em abundância, a alta umidade relativa e vento
ligeiro de superfície. Um vento ligeiro tende a adensar o nevoeiro. Aumentando o
vento, o nevoeiro subirá e se dissipará. Quanto mais próximo ao mar maior é a
incidência de nevoeiros, devido à existência de mais vapor d’água em suspensão.
A maior freqüência de nevoeiros ocorre, normalmente, nas épocas mais frias da
AOp e em regiões baixas ou próximas a grandes serras.
A nebulosidade diurna reduz a quantidade de calor recebido pelo sol, afetando a

OSTENSIVO - 2-36 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

secagem das estradas e a transitabilidade através campo. Ela afetará,


principalmente, as operações aéreas, limitando a observação vertical e os
reconhecimentos aéreos. Em áreas nubladas, ou com o teto muito baixo, o apoio
aéreo aproximado será grandemente dificultado, ficando restrito às aeronaves
equipadas com instrumentos adequados de navegação. A defesa antiaérea, neste
caso, também ficará prejudicada. Os nevoeiros serão importantes na análise de
cobertas e abrigos, já que poderão encobrir os movimentos de uma tropa.
Permitirá, dependendo da densidade e duração, uma série de ações táticas
preparatórias para o ataque, tais como o lançamento de patrulhas para
levantamento do dispositivo inimigo que se encontra mais próximo,
desdobramento sobre a Linha de Partida (LP), infiltração de pequenos efetivos
entre as linhas inimigas, etc.
f) Precipitação
É a queda sobre a superfície terrestre da água condensada na atmosfera. Quando as
gotas em suspensão se tornam muito pesadas, ocorre a chuva; quando atingem o
ponto de congelamento, se precipitam sob a forma de granizo ou neve. É
classificada quanto à intensidade como: Muito Ligeira, que mal chega a molhar a
superfície exposta, a Ligeira, a Moderada e a Pesada.
Os efeitos nas operações militares recaem, em primeiro lugar, sobre o pessoal,
principalmente quando ocorrer por períodos muito longos, podendo afetar o
desempenho da tropa, causando-lhe doenças, cansaço e depressão mental. Afeta,
também, o desempenho do material, a eficiência do armamento e das munições. O
aspecto tático influenciado pelas precipitações é o da observação. Na chuva
considerada muito ligeira, pouco ou nenhuma influência ocorre sobre a
observação; na ligeira a visibilidade cai para 1km; na moderada para 500m; e na
pesada a visibilidade fica muito prejudicada, com a observação restrita a menos de
500m. É claro que as precipitações na AOp afetarão grandemente a
transitabilidade, devendo os estudos levar em conta a estação da época da
operação, já que em certas áreas ocorrem mudanças drásticas de uma estação para
outra. O planejamento logístico poderá ser grandemente afetado, uma vez que
estradas de revestimento solto poderão se tornar intransitáveis para viaturas
pesadas. Medidas de segurança aproximada, como Postos de Escuta, ficam

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dificultadas devido ao abafamento do som. A precipitação, quanto mais intensa


for, tenderá a neutralizar a eficácia de agentes químicos bacteriológicos, seja pela
dificuldade de propagação seja pela própria diluição na água. Exerce influência,
ainda, sobre as comunicações, reduzindo o nível do sinal.
2.3.3 - Aspecto astronômicos
a) Crepúsculos
É o período de iluminação indireta, por difusão, antes do nascer e após o por do
sol. Diariamente, ocorrem dois crepúsculos: pela manhã o Crepúsculo Matutino
(CM) e à tarde o Crepúsculo Vespertino (CV). Os crepúsculos, matutino e
vespertino, são divididos em três categorias, de acordo com a posição do sol em
relação à linha do horizonte: o astronômico (de 0º a 6º), o Náutico (6ºa 12º) e o
Civil (de 12º a 18º). O período do crepúsculo astronômico proporciona pouca ou
nenhuma luz, ou seja, não apresenta luminosidade que influencie as operações
militares. O período do crepúsculo náutico proporciona iluminação suficiente para
movimentos, tanto assim que permite considerar, para os deslocamentos de tropa,
os mesmos dados de planejamento previstos para os movimentos diurnos. Para se
ter uma idéia, somados os períodos matutinos e vespertinos, em geral se dispõe de
mais uma hora de luz para movimentos. Ainda quanto ao náutico, deve-se
considerar que a visibilidade ficará reduzida a não mais de 400m. Portanto,
atividades que necessitem observação a distâncias maiores não poderão ser
executadas sem auxílio de meios optrônicos. Além disso, o momento dos
crepúsculos fornece, também, um dado bem definido para fins de coordenação,
evitando, por conseguinte, expressões vagas como: clarear do dia, nascer do sol,
alvorecer, entardecer, início da noite. Já o civil proporciona luz suficiente para que
quaisquer atividades militares diurnas sejam executadas, ou seja, o “dia militar”
começa antes do sol nascer. Assinala, ainda, o fim e o início da iluminação natural
sobre os alvos terrestres, permitindo a observação de artilharia, bombardeios
aéreos e os reconhecimentos de qualquer tipo com um mínimo de precisão (Fig
2.32).

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 2.32 - Crepúsculos

b) Luminosidade lunar
I) Luminosidade
Durante o planejamento de uma operação militar, no estabelecimento ou
análise do “quando” ela deverá ser ou não desencadeada, o comandante, junto
com o estado-maior, deverá considerar os dados referentes aos crepúsculos, o
nascer e o por da Lua, bem como juntar a isso as análises das condições
climáticas e meteorológicas que modificam as condições de visibilidade local.
Desta maneira, pode-se escolher a hora de luminosidade mais apropriada para
as operações planejadas, balanceando as vantagens que se terá em coordenação
e controle decorrente da visibilidade favorável com as proporcionadas pelo
sigilo e surpresa da visibilidade reduzida.
II) Luar
É a luminosidade refletida pela lua ao ser iluminada pelo sol. Esta
luminosidade só é percebida a noite e varia com as fases da lua. As fases da lua
são, pela ordem: CHEIA - QUARTO MINGUANTE - NOVA - QUARTO
CRESCENTE. A luminosidade na fase da lua cheia é máxima, decrescendo até
zero na lua nova. Nos quartos crescente e minguante, a luminosidade é de 1/3
(um terço) da máxima. A lunação completa se dá em 29 dias, 12 horas e 44
minutos. Mas, como dado prático em campanha, utiliza-se 28 dias, o que
corresponde a 7 dias para cada fase.
Período de luar é aquele de aproximadamente 12 horas em que a lua reflete a
luz do sol para a terra. O início e o término deste período variarão de acordo
com a fase. Vai desde o aparecimento até o desaparecimento da lua. Na lua

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

cheia o período é, em termos práticos, de 1800 até às 0600h do dia seguinte. No


quarto minguante de 0000 às 1200h. Na lua nova de 0600 às 1800h. E no
quarto crescente de 1200 às 2400h. Ocorre que isto não é válido para os 7 (sete)
dias em que dura a fase. Isto ocorre somente no dia da mudança de fase.
Exemplificando, a partir da lua cheia, dia a dia, a lua vai reduzindo sua
luminosidade, até que some totalmente; nesta noite, exatamente, será o dia da
lua nova. A partir deste dia ela ganha tamanho até ficar completa; nesta noite
será o dia da lua cheia. E para se determinar o período de luar em determinado
dia que não seja exatamente o da mudança da fase, leva-se em conta o seguinte:
as fases da lua são de sete dias, o dia da mudança de fase é exatamente o do
meio, ou seja o quarto dia. Fica-se, então, com três dias antes e três dias depois,
para completar a fase. Passados estes três dias posteriores, entra-se na próxima
fase. E assim vai. A cada dia posterior se soma uma hora, e a cada anterior se
diminui uma hora. Por exemplo: hoje é o dia do quarto crescente. Quando a lua
se pôs ontem? No quarto crescente, a lua se põe às 2400h, diminuindo uma
hora em relação ao dia anterior; logo, a lua se pôs ontem às 2300h. Outro
exemplo: depois de amanhã será lua cheia. Quando a lua nasce hoje? Depois de
amanhã a lua nascerá às 1800h, diminuindo uma hora para cada dia; conclui-se
que a lua nascerá hoje às 1600h. Relembra-se que o período de luar continua o
mesmo, 12 horas.
7o 1o 2o 3o 4o 5o 6o 7o 1o
fase anterior dia da fase fase seguinte
A determinação do início e término com maior precisão, tanto dos crepúsculos
como dos períodos de luar, podem ser obtidos nos almanaques astronômicos.
Na MB, utiliza-se uma publicação da Diretoria de Hidrografia e Navegação
chamada Almanaque Náutico, que contém todos os dados necessários a estes
cálculos de forma precisa. A forma prática apresentada neste manual atende às
necessidades em campanha.
III) Definições pertinentes
- Duração da Noite: período compreendido entre o Fim do Crepúsculo
Vespertino Náutico (FCVN) e o Início do Crepúsculo Matutino Náutico
(ICMN).

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- Período de Luz: período entre o ICMN e o FCVN.


- Período de Visibilidade sem Restrições: período entre o Início do Crepúsculo
Matutino Civil (ICMC) e o Fim do Crepúsculo Vespertino Civil (FCVC).
- Noite com Luar: período entre o FCVN e o ICMN em que há luar.
- Visibilidade Nula: período entre o FCVN e o ICMN no qual não há luar.
IV) Efeitos e outras considerações
A visibilidade diurna irá favorecer a observação afastada e aproximada,
conseqüentemente favorecerá as ações de reconhecimento, condução dos fogos,
controle dos movimentos das tropas, o apoio aéreo e todos os trabalhos de
organização do terreno. Noites com luar favorecem a observação e o controle
aproximado de efetivos até o escalão pelotão. Se reduzida, em ambos os casos,
irá favorecer o sigilo das operações.

2.4 - INFLUÊNCIA DO TERRENO E DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS E METEO-


ROLÓGICAS NAS OPERAÇÕES MILITARES
Nas operações militares essa influência é levantada por meio de um estudo específico. A
finalidade desse estudo é analisar a provável AOp, visando a determinar a influência que
a mesma venha a exercer sobre as ações das tropas amigas e também das inimigas. Essa
análise, para ser objetiva, deve ser condicionada por dois fatores: a missão e o escalão,
os quais definirão o grau de detalhamento do estudo.
É evidente que o estudo do terreno com vistas a um ataque, há de ser orientado na
determinação de objetivos, direção geral do ataque (se for o caso), etc. o que não se
verificaria se a missão fosse defensiva, quando outros elementos seriam focalizados. Por
outro lado, o escalão condiciona, não só a extensão do terreno a estudar, como também
as minúcias a que se deve atingir nesse estudo. É óbvio que um comandante de batalhão
de infantaria não analisa um trecho do terreno igual ao de um comandante de brigada, da
mesma forma que este não se deterá em estudos dos pormenores que aquele deverá
abordar.
As características do terreno onde se realizam as operações militares, como já se viu,

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

podem exercer influência capital no curso dessas operações.


O estudo e a conveniente utilização do terreno também reduzem a desvantagem de
conhecimentos incompletos sobre o inimigo. As características mais importantes que se
devem considerar no estudo do terreno abrangem não somente os seus acidentes
naturais, mas também os elementos artificiais.
Além dessas características, convém sempre lembrar, não se poderá abandonar o estudo
das condições climáticas e meteorológicas, que podem, inclusive, modificá-las,
temporariamente ou não.
Assim, o estudo do terreno deve incidir sobre os seus acidentes naturais e artificiais,
associados às condições meteorológicas e climáticas, para se deduzir a influência que
possam exercer sobre a operação em tela.
Essa influência deverá ser estudada sob dois aspectos:
- influência sobre as operações do inimigo (possibilidades do inimigo); e
- influência sobre as próprias operações.
O estudo tático do terreno, evidentemente, só pode ser feito dentro de uma situação
tática; em outras palavras, o estudo tático do terreno é objetivo e tem em vista o
cumprimento de uma determinada missão.
Entretanto, é possível determinar-se a influência dos acidentes naturais e artificiais sobre
o valor militar absoluto do terreno. Nestas condições, convém analisar os acidentes
naturais e artificiais que, mais de perto, possam interessar ao futuro estudo.
O simples levantamento das condições climáticas e meteorológicas de uma região,
visando à execução de uma operação, não proporciona nenhum dado que possibilite o
assessoramento necessário ao comandante. Deve ser perfeitamente compreendido que o
que realmente interessa ao processo de planejamento são as conclusões resultantes da
interação desses dados com o terreno e com a situação das forças que se confrontam.
O item de maior importância do ESTUDO TÁTICO DO TERRENO E DAS
CONDIÇÕES CLIMÁTICAS, METEOROLÓGICAS E HIDROGRÁFICAS é o último
deles - INFLUÊNCIAS SOBRE AS OPERAÇÕES - que abrange as conclusões
deduzidas a partir dos aspectos analisados durante o estudo.
Tendo sempre em mente o enfoque acima apresentado, sintetiza-se a seguir algumas
conclusões que se pode obter nesse estudo.
2.4.1 - Trafegabilidade

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Elementos que influenciam: temperatura e precipitações (neve, chuva, etc.).


TEMPO INFLUÊNCIA
BOM E FIRME FAVORECE
INSTÁVEL DIFICULTA

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2.4.2 - Visibilidade
Elementos que influenciam: luar, crepúsculos, nebulosidade, precipitações.
Deverão ser sempre buscadas conclusões sobre as condições de
visibilidade durante o dia e durante a noite.
VISIBILIDADE OBSERVAÇÃO/RECONHECIMENTOS SIGILO DAS
DIURNA CONTROLE DOS MOVIMENTOS TÁTICOS OPERAÇÕES
OPERAÇÕES AÉREAS
TRABALHOS DE OT
BOA FAVORECE DIFICULTA
REDUZIDA DIFICULTA FAVORECE

VISIBILIDADE OBSERVAÇÃO SIGILO DAS


NOTURNA CONTROLE DOS MOVIMENTOS TÁTICOS OPERAÇÕES
NOITES COM LUAR FAVORECE DIFICULTA
NOITES SEM LUAR DIFICULTA FAVORECE

2.4.3 - Desempenho operacional do pessoal e material


Elementos que influenciam: temperatura e precipitações
MUITO ALTA - CAPACIDADE OPERACIONAL DO PESSOAL
OU DECRESCE
MUITO BAIXA - MANUTENÇÃO DO MATERIAL MAIS
TEMPERATURA
FREQÜENTE
- BOAS CONDIÇÕES OPERACIONAIS PARA
NORMAL PESSOAL
- DESEMPENHO NORMAL DO MATERIAL
CHUVA - DESEMPENHO OPERACIONAL DO PESSOAL
INTENSA BASTANTE REDUZIDO
PRECIPITAÇÕES
GRANIZO - MAIORES EXIGÊNCIAS DE MANUTENÇÃO
GEADA
NEVE

2.4.4 - Emprego de fumígenos


Elementos que influenciam: vento e temperatura
VELOCIDADE MENOR DO QUE MAIOR DO QUE ENTRE 8 E
DO VENTO 5 KM/H 32 KM/H 20 KM/H
EMPREGO DE SEVERAMENTE INVIÁVEL FAVORECIDO
FUMÍGENOS DEGRADADO

GRADIENTE DE INVERSÃO NEUTRALIDADE LAPSE


TEMPERATURA
EMPREGO DE FAVORECE NÃO INFLUENCIA CONTRA-
FUMÍGENOS INDICADO

2.4.5 - Lançamento de pára-quedistas


Elemento que influencia: vento
VELOCIDADE DO VENTO MENOR OU IGUAL A 24 SUPERIOR A
KM/H 24 KM/H
SALTO SEMI-AUTOMÁTICO POSSIBILITA IMPEDE
(GANCHO)

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

2.4.6 - Seleção de posições favoráveis à defesa.


Uma posição defensiva requer, antes de tudo, boas condições de observação e os
melhores campos de tiro.
Boas condições de observação terrestre estão associadas ao domínio de vistas sobre o
compartimento de onde é provável o desembocar do ataque e à facilidade de
coordenação da manobra no interior da posição.
Um campo de tiro ideal para as armas de tiro de trajetória tensa é uma faixa aberta de
terreno, onde o inimigo pode ser visto e não tenha proteção contra o fogo, dentro do
alcance útil das armas no interior da posição. Os campos de tiro podem ser
melhorados pelo corte ou queima dos arbustos, limpando o mato e as árvores,
demolindo edificações, e abrindo corredores nas florestas. Entretanto, as cobertas que
podem proporcionar ao defensor devem ser consideradas cuidadosamente num
trabalho de tal natureza. O tempo e o trabalho necessários para esse tipo de
melhoramento devem ser levados em conta no estudo do terreno. Os campos de tiro
para as armas de tiro de trajetória curva são limitados apenas pelas cobertas que
possibilitem ao inimigo a ocupação de posições desenfiadas das vistas dos
observadores terrestres ou aéreos.
Ao se analisar uma elevação com vistas à seleção de posições favoráveis à defesa,
deve-se considerar tanto a situação para o defensor quanto para o atacante.
a) Para o defensor
Deve-se proceder da seguinte forma:
I) Selecionar locais favoráveis à instalação de observatórios e de armas
automáticas, no compartimento de contato e para o interior da posição;
II) Determinar as possibilidades de observação e de realização do tiro a partir dos
locais selecionados. Para tal, os seguintes aspectos deverão ser verificados ao
analisar cada local no terreno:
- observação aproximada;
- observação afastada;
- domínio de vistas;
- rasância para as armas de tiro de trajetória tensa;
- domínio de fogos;
- ocorrência de fatores limitativos: nebulosidade, precipitações, luminosidade

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

local.
III) Concluir sobre:
- a existência de campos de tiro razantes e de flanqueamento para as
metralhadoras;
- a possibilidade de apoio mútuo em largura e profundidade;
- a facilidade de coordenação com elementos vizinhos;
- a possibilidade de observação e comandamento da posição por parte do
inimigo;
- a necessidade de neutralização da observação inimiga;
- a facilidade para condução do apoio de fogo (ApF) das armas de trajetória
curva por parte do inimigo; e
- o domínio de fogos.
b) Para o atacante
Deve-se proceder da seguinte forma:
I) Selecionar as regiões favoráveis à localização de observatórios, no
compartimento de contato e em profundidade.
II) Determinar as possibilidades de observação e de tiro das regiões selecionadas;
para tal os seguintes pontos deverão ser verificados ao avaliar cada acidente do
terreno:
- observação aproximada;
- observação afastada;
- domínio de vistas;
- domínio de fogos; e
- fatores limitativos.
III) Concluir sobre:
- condições dos campos de tiro para as armas de trajetória tensa em apoio;
- comandamento e rasância sobre a região do terreno onde deverá ocorrer o
desembocar do taque e durante a progressão pelo interior da posição inimiga;
- condições para a condução dos fogos das armas de tiro de trajetória curva; e
- domínio de fogos.
Selecionar, então, tendo em vista as conclusões parciais acima citadas, qual a
faixa do terreno, tanto sob ponto de vista do atacante como do defensor, oferece

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

condições mais favoráveis à instalação da posição. É recomendável considerar,


também, as providências que serão necessárias adotar para minimizar as
deficiências porventura levantadas durante a análise, como por exemplo: melhorar
o valor defensivo do terreno pela construção de abrigos, lançamento de obstáculos
e camuflagem da posição.
2.4 7 - Seleção de Vias de Acesso
Levantadas as diversas vias de acesso (VA), são estas comparadas, seguindo os
seguintes fatores:
- Extensão;
- Domínio de vistas e de fogos;
- Espaço para manobra;
- Tomada do dispositivo;
- Orientação para o objetivo;
- Progressão dos carros de combate (CC) e/ou da infantaria (Inf);
- Apoio de fogo;
- Deslocamento das armas de apoio; e
- Aproximação dos meios.
a) Quanto à extensão
A extensão de uma VA é a distância entre os acidentes capitais que interliga. Em
geral, VA mais curtas são mais favoráveis.

Fig 2.33 - Extensão

b) Quanto ao domínio de vistas e de fogos


Trata-se de verificar até que ponto uma VA está na dependência em relação à
outra. Diz-se que uma VA é dependente de outra quando a progressão por ela
está subordinada à progressão pela outra, devido ao domínio de vistas e de fogos
a que está sujeita. É lógico que esta dependência varia de acordo com a distância

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

que separa as VA (Fig 2.34).

Fig 2.34 - Domínio de vistas e fogos

c) Quanto ao espaço para manobra


É a análise da amplitude da VA. Consideram-se as cobertas e abrigos que
facilitem a dispersão; as restrições aos deslocamentos (especialmente os laterais)
decorrentes da existência e orientação de obstáculos; e as facilidades para o
movimento, decorrentes da compartimentação do terreno.
d) Quanto à tomada do dispositivo
Este fator é analisado apenas na região onde deverá ocorrer a montagem e o
desembocar do ataque. São considerados:
- as regiões protegidas para o deslocamento das armas de apoio e desdobramento
das reservas;
- o movimento através campo para estas regiões;
- as cobertas e abrigos para os escalões avançados; e
- as estradas e condições de trafegabilidade do solo até as posições de ataque dos
elementos avançados (Fig 2.35).

Fig 2.35 - Tomada do Dispositivo

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e) Quanto à orientação para o objetivo


Diz respeito à direção que a VA toma até a porção de maior valor tático do
acidente capital, isto é, seu direcionamento para a parte mais importante do
objetivo (Fig 2.36).

Fig 2.36 - Orientação para o objetivo

f) Quanto à progressão CC e/ou Inf.


Considerar os seguintes aspectos:
- obstáculos;
- cobertas e abrigos;
- distância de progressão no interior da posição e entre a provável linha de partida
(LP) e as posições de assalto (PAss);
- compartimentação;
- vias secas; e
- estradas e caminhos.
g) Quanto ao apoio de fogo
Considerar os seguintes aspectos:
- existência de bons postos de observação (PO) ao longo da VA;
- possibilidade de tiro dos Mrt 81mm (alcance em relação às suas posições
iniciais e a existência de posições de tiro favoráveis ao longo da VA); e
- boas bases de fogos para as CiaFuzNav, considerando que quanto mais
próximas da LC mais eficazes serão.
h) Quanto ao deslocamento das armas de apoio
Considerar os seguintes fatores:
- estradas penetrantes após a LP orientadas com a VA;

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- cobertas e abrigos; e
- obstáculos.
i) Quanto à aproximação de meios
Considerar os seguintes fatores:
- estradas que da retaguarda conduzem a LP, considerando a possibilidade e
condições de trânsito para viaturas pesadas;
- cobertas e abrigos; e
- obstáculos ao movimento de viaturas.
Para a comparação das VA que conduzem ao interior da própria posição, ou seja,
sob o ponto de vista do defensor, deve-se levar em consideração apenas os
seguintes fatores:
- extensão;
- domínio de vistas e fogos;
- espaço para manobra;
- orientação para o objetivo;
- progressão CC e/ou Inf;
- apoio de fogo; e
- deslocamento das armas de apoio.
Finalmente, após comparar-se as VA (EDETOPADA), é preciso concluir sobre qual
a melhor VA. Em geral, aquela vitoriosa em um número maior de fatores é a
melhor.
Os fatores preponderantes na comparação de VA, que servem para marcar
vantagem para uma VA em caso de empate, são, em ordem de importância, os
seguintes:
- orientação para o objetivo;
- domínio de vistas e fogos; e
- progressão CC e/ou Inf.
2.4.8 - Influência sobre as operações
a) Efeitos sobre as possibilidades do inimigo
Trata-se de concluir sobre as regiões, direções e linhas favoráveis à realização de
cada uma das possíveis ações do inimigo.
I) Nas ações de ataque do inimigo, deve-se observar:

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- no compartimento de contato: como o terreno permite a montagem do ataque


inimigo. Onde o terreno facilita o desembocar do seu ataque; e
- no interior da posição defensiva: quais as regiões que, nas mãos do inimigo,
comprometem a integridade da nossa posição e facilitam o seu
prosseguimento.
II) Nas ações de defesa do inimigo, deve-se concluir:
- na posição defensiva (PD): regiões que facilitam a defesa, conjuntos
topotáticos que barram as vias de acesso no limite anterior da área de defesa
avançada (LAADA) e a(s) região(ões) capital(is) de defesa;
- na área de segurança (ASeg): regiões que facilitam a instalação dos elementos
de segurança, bem como o retraimento dessas forças.
b) Efeitos sobre a própria força
Neste estudo deve-se tirar conclusões sobre regiões, direções e linhas favoráveis
ou desfavoráveis ao cumprimento da missão. Deve ser realizada uma apreciação
sobre as facilidades que o terreno oferece para as ações da própria força.
I) No ataque, considerar os seguintes aspectos:
- Montagem do ataque: regiões favoráveis para tal (tomada do dispositivo e
aproximação de meios);
- Desembocar do ataque: regiões do terreno que facilitem o desenvolvimento
do escalão de ataque e o início do ataque;
- Prosseguimento: regiões e direções mais favoráveis ao prosseguimento do
ataque no interior da zona de ação (ZAç);
- Ruptura: regiões que, provavelmente, materializarão o rompimento da frente
defendida pelo inimigo (onde se encontram os aprofundamentos das tropas
oponentes de primeiro escalão, equivalentes aos elementos de manobra da
tropa atacante);
- Penetração: regiões que, provavelmente, materializarão a quebra da
continuidade da posição defensiva do inimigo (onde se encontram os
aprofundamentos do escalão inimigo equivalente ao da tropa atacante, ou as
alturas dominantes à retaguarda destes); e
- Cumprimento da missão: regiões que caracterizam o cumprimento da missão,
permitam a retomada do movimento e dêem segurança ao ataque.

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II) Na defesa deverão ser apreciadas as facilidades do terreno para:


- Postos Avançados Gerais (PAG) e Postos Avançados de Combate (PAC):
instalação, composição, possibilidade de centralização ou não, retraimento;
- Área de Defesa Avançada (ADA): regiões que facilitam a defesa em primeira
instância e seus aprofundamentos imediatos; e
- Área de Reserva (ARes): regiões que proporcionem profundidade à posição
defensiva, possibilitando o desencadeamento de contra-ataques, e a defesa em
última instância para o escalão considerado (região capital de defesa).

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CAPÍTULO 3
TÉCNICAS INDIVIDUAIS DE COMBATE
3.1 - GENERALIDADES
A instrução, a preparação e o aperfeiçoamento do combatente abrangem a transmissão
de conhecimentos teóricos e a prática de técnicas específicas, visando ao
desenvolvimento de suas técnicas individuais de combate, as quais são fundamentais
para o emprego tático de frações elementares.
O Fuzileiro Naval (FN) é adestrado para o combate em qualquer tipo de terreno, sob
condições meteorológicas adversas, tanto durante o dia como a noite. As tarefas
recebidas exigirão o seu deslocamento dentro, próximo ou à retaguarda das posições
inimigas, obrigando-o a mover-se de forma correta, com o máximo de proveito de
cobertas e abrigos.
Este capítulo tem por finalidade apresentar procedimentos e técnicas individuais que
todos os combatentes deverão conhecer para bem desempenhar suas funções em
combate.
3.2 - UTILIZAÇÃO DO TERRENO NO COMBATE DIURNO E NOTURNO
3.2.1 - Utilização das cobertas
Cobertas são acidentes naturais ou artificiais que proporcionam proteção contra as
vistas do inimigo (terrestre ou aéreo). Exemplo: macegas, arbustos, moitas, redes de
camuflagem,etc. O combatente pode ocupar uma coberta com as seguintes
finalidades: observar; ocultar-se; progredir sem ser visto; e realizar fogos. Para que a
coberta ofereça proteção contra fogos, faz-se necessário a realização de trabalhos de
organização do terreno (sapa, colocação de sacos de areia,etc). Para o melhor
proveito, deverão ser adotadas determinadas regras práticas quando da sua ocupação
e utilização.
a) Regras para ocupação de cobertas
I) Utilizar a sombra
Ao ocupar uma coberta, o combatente deve, sempre que possível, aproveitar a
sombra, pois não terá o seu corpo iluminado e, conseqüentemente, será menos
visível do que se ficar exposto à luz. Nas noites de lua também devem ser
utilizadas as sombras (Fig 3.1).

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 3.1 - Utilização da sombra na ocultação

II) Imobilidade
Os movimentos do combatente, mesmo camuflado com vegetação local, em
contraste com a paisagem imóvel, serão facilmente percebidos pela observação
inimiga. Se o intuito é cobrir-se, o FN deve conservar a máxima imobilidade,
após a ocupação de uma posição.
III) Confundir-se com o terreno
As árvores, os arbustos, a terra e as construções porventura existentes no
terreno formam fundos que variam de cor e aparência. O combatente deverá
escolher cobertas que se harmonizem com o seu uniforme, levando em conta a
cor dos objetos à sua volta e o fundo contra o qual se projeta. É importante
alterar ou disfarçar o contorno de seus equipamentos individuais (capacete,
fuzil, etc.) e do seu corpo, para que se tornem irregulares e mais difíceis de
serem identificados. Os reflexos da luz sobre objetos brilhantes também
deverão ser eliminados, cobrindo-os, escurecendo-os ou abrigando-os do sol.
IV) Não se projetar no horizonte
O combatente na linha do horizonte poderá ser visto, mesmo durante a noite, a
grandes distâncias, porque os contornos escuros ressaltam em contraste com o
céu mais claro. A silhueta formada pelo corpo do combatente nessas condições
torná-lo-á um alvo fácil. Por esse motivo, o FN deverá evitar expor-se nas
cristas e partes altas do terreno.
V) Evitar pontos notáveis do terreno
Deve-se evitar a ocupação de cobertas que se constituam ou estejam próximas

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

a pontos notáveis do terreno, tais como árvores e construções isoladas, arbustos


que se destacam dos demais, seja pela cor, pelo porte ou pela forma, etc. Estes
pontos atraem a atenção e a observação do inimigo, facilitando a condução de
seus fogos.
VI) Deitar-se para observar
Nessa posição o combatente oferece uma silhueta pouco pronunciada e projeta
pouca sombra, reduzindo a possibilidade de ser observado.
VII) Observar através da coberta ou pelos seus cantos inferiores
Nos arbustos, deve-se observar através de aberturas na folhagem (seteiras).
Quando a vegetação for espessa não se deve tentar fazer aberturas, pois o
movimento pode alertar o inimigo. Nesse caso, deve-se observar pelos lados e
pela parte inferior da vegetação. O mesmo procedimento é válido com relação
a muros, troncos, pedras, etc. (Fig 3.2).

Fig 3.2 - Como usar uma coberta para observar

3.2.2 - Utilização de abrigos


Abrigo é qualquer acidente natural ou artificial que proporcione proteção contra os
efeitos do fogo inimigo, particularmente do fogo direto. Além dos abrigos naturais
encontrados no terreno, pode-se, por meio de trabalhos de sapa, construir abrigos
individuais e abrigos coletivos. Os abrigos devem satisfazer às seguintes condições:
oferecer proteção contra os tiros inimigos; permitir a observação; e facilitar a

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

execução do tiro. O abrigo que não satisfizer essas condições, mesmo depois de
melhorado, deve ser abandonado.
a) Exemplos de abrigos naturais
I) São exemplos de abrigos naturais (Fig 3.3): troncos de árvores (no mínimo com
1m de diâmetro); montes de terra (no mínimo 0,90m de espessura); montes de
pedras (para evitar ricochete e estilhaçamento, esse tipo de abrigo deverá ser
revestido com uma camada de terra de, no mínimo, 0,20m); montes de areia
(no mínimo 0,70m de espessura); dobras do terreno, fossos, escavações, etc.,
desde que a espessura seja suficiente para absorver a força do projetil.
Além da espessura, é importante verificar a compactação do terreno, pois
devem ser suficientes para absorver a força do projétil. Não se deve ainda
ocupar um abrigo que possua pedras ou um muro à retaguarda, pois o ricochete
dos projetis causa, geralmente, ferimentos tão graves quanto os impactos
diretos.

Fig 3.3 - Exemplos de abrigos

b) Influência da trajetória
I) Armas de tiro direto
A distâncias menores que 800m as trajetórias normalmente apresentam-se
tensas. Em um terreno plano e descoberto, mesmo deitado ou rastejando, o
combatente ficará exposto ao fogo. Nessa condição, a menor ondulação do
terreno (dobra) poderá constituir-se-á em um abrigo eficiente. Quanto à
maneira de abrigar-se, basta deitar-se face à direção de onde vêm os tiros.
A distâncias superiores a 800m (normalmente metralhadoras) será necessário
procurar abrigos que apresentem altura maior, pois a essa distância, os tiros
começam a apresentar sua trajetória ligeiramente mergulhante. Nessa condição,

OSTENSIVO - 3-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

o corpo do combatente deverá ficar abrigado perpendicular à direção de onde


vêm os tiros, encostando-se o máximo possível no talude do abrigo (Fig 3.4).

Fig 3.4 - Abrigo contra tiros diretos mergulhantes

II) Armas com tiro de trajetória curva (artilharia, morteiros, etc.)


Para proteger-se dos fogos das armas com tiro de trajetória curva, o combatente
procederá da seguinte maneira: em terreno descoberto, deverá aferrar
imediatamente, aproveitando-se das dobras do terreno que encontrar. Se a situação
permitir, deverá construir uma toca para proteger-se dos estilhaços, executando
sempre o melhoramento do abrigo. Existindo no terreno barrancos, fossos,
trincheiras, etc., deverá abrigar-se imediatamente junto ao talude, a fim de obter
uma melhor proteção.
3.2.3 - Utilização do terreno para progredir
a) Progressão em combate
Para furtar-se à observação e ao fogo inimigo ao progredir, o combatente deverá
tomar as seguintes precauções:
- escolher, previamente, itinerários que ofereçam o máximo de cobertas e
abrigos;
- deslocar-se por lanços curtos entre abrigos sucessivos;
- ao final de cada lanço, parar e observar cuidadosamente o terreno, só
abandonando a posição depois de escolher o ponto seguinte a ocupar e o
caminho que ofereça a maior proteção para atingi-lo. Evitar áreas limpas e
desabrigadas, onde ficará mais exposto;

OSTENSIVO - 3-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- se tiver que cruzar pequenos trechos descobertos do terreno, aproveitar ruídos


ou movimentos que possam distrair a atenção do inimigo (tiros, movimentos de
blindados, etc.);
- usar um processo de progressão adequado ao terreno e à situação; e
- evitar obstáculos e partes difíceis do terreno que lhe restrinjam o movimento,
deixando-o mais exposto ao fogo inimigo.
Os deslocamentos por lanços são lentos e, em geral, mais cansativos. Por essa
razão, só devem ser usados quando não se dispuser de itinerários totalmente
desenfiados e for necessário progredir em trechos do terreno expostos à
observação e ao fogo direto do inimigo.
b) Progressão sob fogo inimigo
I) Progressão sob fogos de fuzis e metralhadoras
Pode ser realizado de acordo com duas situações: quando o inimigo atira a
menos de 800m; e quando este estiver atirando a distâncias iguais ou
superiores a 800m.
Na primeira situação, as trajetórias são tensas e passam rasantes ao
combatente que progride em um terreno plano, descoberto e uniforme.
Mesmo deitado ou rastejando, este fica exposto e deve aproveitar qualquer
dobra existente no terreno para se proteger. Portanto, deverá observar os
seguintes procedimentos:
- quando o terreno apresentar abrigos, o combatente deverá progredir por
lanços para cruzar trechos limpos e descobertos entre esses abrigos. Os
lanços devem ser curtos e rápidos, não devendo ultrapassar 15 metros, pois
o combatente não deverá ficar exposto às vistas e fogos do inimigo mais
do que 5 a 6 segundos, tempo necessário para o inimigo ver, apontar e
disparar sua arma. Logicamente, a extensão dos lanços é ditada, também,
pela disposição e distância entre os abrigos;
- extensas áreas de terreno limpo e descoberto devem ser evitadas. Deve-se
buscar, para curtos deslocamento, valas pouco profundas, pequenos
taludes e ligeiras dobras do terreno;
- na transposição de cristas, aproximar-se até a linha de desenfiamento e,
conforme a distância, o fogo inimigo e a natureza do terreno quanto a
abrigos e cobertas, transpô-la correndo ou rastejando, até que na encosta

OSTENSIVO - 3-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

batida pelo fogo se encontre um abrigo; e


Na segunda situação, a distâncias maiores ou iguais a 800m, tem-se, em geral,
apenas os fogos de metralhadoras, pois está além do alcance útil dos fuzis. As
trajetórias desses tiros apresentam-se bem curvas e mergulhantes na área batida,
podendo atingir um combatente que se encontre protegido por um abrigo de
pequena altura. Portanto, nessas condições, deverá observar os seguintes
procedimentos:
- a essa distância os alvos são pouco visíveis, o que dificulta a observação
inimiga, devendo o combatente aproveitar para progredir com a maior
rapidez possível;
- os fogos são pouco precisos e freqüentemente apresentam erros de alça, o
que recomenda observar uma maior dispersão da tropa ao progredir;
- ao cruzar pequenas faixas de terreno limpo e descoberto, fazê-lo em um
lanço coletivo ou, então, por lanços individuais iniciados de lugares
diferentes;
- evitar cruzar áreas limpas e desabrigadas de maior extensão, só o fazendo
em último caso. Nessas circunstâncias usar um lanço rápido; e
- ao ser surpreendido por uma rajada de arma automática, o combatente
deverá: aferrar-se, se possível abrigado, a fim de não oferecer alvo aos
projetis; progredir, assim que a rajada tenha cessado, visando a abandonar
a zona batida, procurando não atrair a tenção do inimigo.
II) Progressão sob fogos de artilharia e morteiros
Os projetis de artilharia e de morteiros, ao atingirem o solo, distribuem-se de
forma irregular sobre uma certa superfície (dispersão), e é devido a isso que
essas armas têm precisão limitada, prestando-se, principalmente, a bater
áreas, grupos de pessoas, instalações, etc.
As características dos fogos de artilharia e morteiro são: baixa velocidade,
sendo possível ao combatente perceber a aproximação da granada, antes do
seu arrebentamento, através do ruído da detonação da carga de projeção e do
sibilar da granada em movimento. Os morteiros, em geral, são mais
silenciosos e suas granadas não emitem o sibilar característico durante o vôo;
seus tiros apresentam trajetória acentuadamente curva, permitindo atingir
áreas desenfiadas do terreno, estando as peças atirando de posições bem

OSTENSIVO - 3-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

abrigadas, com seus fogos conduzidos por observadores avançados; e sua


munição proporciona uma variedade de espoletas com a finalidade de obter
arrebentamentos com diversos efeitos, como mostrado na figura Fig 3.5;

Fig 3.5 - Efeitos da fragmentação das granadas explosivas

Para progredir sob fogos de artilharia e morteiros, o combatente deverá


observar os seguintes procedimentos:
- quando a artilharia atira intermitentemente (tiros espaçados), deve-se evitar
a zona batida e, se isso não for possível, aproximar-se ao máximo dessa
região e, no intervalo entre uma salva e outra, atravessá-la rapidamente;
- sendo o tiro executado com cadência rápida, e se o terreno proporcionar
vários abrigos, deve-se progredir de abrigo em abrigo para sair da zona
batida;
- ao se ouvir a detonação da carga de projeção ou o sibilar da aproximação da
granada, o combatente deverá aferrar imediatamente, se possível em um
abrigo, para escapar aos estilhaços, e, logo após o arrebentamento do
projétil ou fim da salva de artilharia, progredir rapidamente para um novo
abrigo, mais à frente ou que proporcione maior proteção, fora da zona
batida;
- caso não existam abrigos e os fogos sejam intensos, deve-se progredir por
lanços curtos e rápidos, os quais serão regulados pelas detonações da carga
de projeção para aferrar, e pelas explosões das granadas para levantar logo
após executar um novo lanço. Existindo um bom abrigo no terreno, o
combatente deverá nele permanecer até que o fogo cesse;
- se os projetis caem a sua frente sem o atingir, o combatente deve abrigar-se

OSTENSIVO - 3-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

e esperar que cessem; caso os projetis caiam à sua retaguarda, deve avançar
rapidamente para fugir do fogo; e
- em todos os casos, o combatente deve: evitar terrenos desprovidos de
abrigos e limpos, e utilizar ao máximo as cobertas, abrigos e itinerários
desenfiados, a fim de não ser vistos pelos observadores inimigos; atravessar
o mais rápido possível a zona batida; e seguir o comandante da sua fração,
reunindo-se a ele o mais breve possível.
c) Processos de progressão em combate
Em combate, o homem poderá valer-se de diversos processos de progressão, os
quais serão ditados pelo terreno, pelo inimigo, pela velocidade desejada e pelo
esforço físico a despender. As progressões poderão ser feitas caminhando em
marcha normal, engatinhando, rastejando, ou correndo em marcha acelerada
(marche-marche). Pequenos deslocamentos laterais poderão ser feitos por
rolamento.
I) Marcha normal
É empregada quando não se está sob as vistas e fogos do inimigo ou em
trechos desenfiados do terreno. O combatente deverá ter sua arma em
condições de pronto emprego e utilizar ao máximo as cobertas e abrigos
oferecidos pelo terreno. Quando for o caso, deverá caminhar agachado para
tirar proveito de pequenas cobertas e diminuir sua silhueta. Integrando uma
fração, o FN utilizará esse processo de progressão ao comando de
MARCHE! (Fig 3.6).

Fig 3.6 - Caminhar em marcha normal

II) Engatinhar

OSTENSIVO - 3-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

É o processo utilizado quando se dispõe de cobertas e/ou abrigos de média


altura. É mais lento e fatigante que caminhar e melhor que rastejar. O
combatente deverá conduzir sua arma na mão direita (ou esquerda se for
canhoto), cuidando para que não entre terra no cano e na janela de ejeção.
Integrando uma fração, o FN receberá o comando de ENGATINHAR!
III) Rastejo
É empregado quando se desejar fugir à observação e ao fogo inimigo e as
cobertas e abrigos existentes forem de altura muito reduzida. Podem ser
usados dois processos de rastejamento, ambos extremamente lentos e
fatigantes, e que só deverão ser utilizados para pequenos deslocamentos:
(a) Rastejo alto
É empregado quando há disponibilidade, ainda que de altura reduzida, de
cobertas e abrigos, quando a observação do inimigo é reduzida e quando
se deseja um pouco mais de rapidez. Mantém-se o corpo afastado do
solo, apoiando-o sobre os antebraços e os joelhos. Acomoda-se o fuzil
nos braços, cuidando-se para que o cano da arma não encoste no solo.
Progride-se alternando os avanços do cotovelo direito e joelho esquerdo,
com os do cotovelo esquerdo e joelho direito (Fig 3.7).

Fig 3.7 - Rastejo alto

(b) Rastejo baixo

OSTENSIVO - 3-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Esse processo é mais lento e cansativo, mas é empregado quando as


cobertas e os abrigos são mínimos, quando o inimigo tem boa observação
e quando a rapidez não é essencial. Mantém-se o corpo colado ao solo,
segura-se a bandoleira próximo ao zarelho superior, ficando a arma deitada
sobre o antebraço, sem que seu cano toque o solo. Para progredir, levam-
se as mãos à frente da cabeça, conservando os cotovelos no solo, encolhe-
se uma das pernas e com ela empurra-se o corpo para frente com o auxílio
da tração das mãos e antebraços. Deve-se trocar com freqüência a perna
de impulsão, para evitar o cansaço (Fig 3.8).

Fig 3.8 - Rastejo baixo

IV) Marcha acelerada (marche-marche)


É o processo empregado quando a velocidade de progressão for essencial
ou quando se deseja transpor trechos limpos do terreno com o mínimo de
exposição ao fogo inimigo. Ao comando de MARCHE-MARCHE, o
combatente correrá, conduzindo a arma com ambas as mãos, em condições
de empregá-la rapidamente. Uma das mãos empunha o guarda-mão e a
outra segura o punho (Fig 3.9).

OSTENSIVO - 3-11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 3.9 - Progressão em marcha acelerada

V) Rolamento
Pode ser usado para a realização de pequenos deslocamentos laterais.
Partindo da posição de tiro deitado, o combatente deverá rolar tendo o
cuidado de não deixar o cano da arma tocar o solo (Fig 3.10).

Fig 3.10 - Rolamento

d) Seleção do processo de progressão


A escolha do processo de progressão mais apropriado é função dos seguintes
fatores: cobertas e abrigos existentes no terreno, posição e armamento do
inimigo, velocidade que se pretende obter e esforço físico a ser despendido. De
acordo com a posição do inimigo, do seu armamento e das cobertas e abrigos
proporcionados pelo terreno, ter-se-á os casos adiante especificados:
- progressão em área coberta ou abrigada: utiliza-se a marcha normal e, se a
velocidade for preponderante, o marche-marche;
- progressão em trechos de cobertura baixa: utiliza-se o engatinhamento ou o

OSTENSIVO - 3-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

rastejo, dependendo da altura da coberta ou abrigo; e


- progressão em área desprovida de cobertas: utiliza-se o marche-marche, a fim
de diminuir o tempo de exposição ao fogo inimigo.
A necessidade de ganhar tempo pode obrigar o combatente a sacrificar um
pouco sua segurança para obter maior velocidade. Assim, pode-se, por
exemplo, progredir em marche-marche num local que ofereça cobertura baixa,
a fim de não perder tempo rastejando.
O combatente também deve evitar o desgaste prematuro de suas energias de
modo a manter-se em condições de combater por períodos prolongados. Dessa
forma, sem negligenciar a segurança, deve empregar o processo menos
cansativo que permita o cumprimento da tarefa.
e) Execução do lanço
O lanço é um deslocamento curto e rápido realizado entre duas posições
abrigadas (ou cobertas). Deve ser realizado num movimento decidido, posto
que uma parada ou um recuo podem ser fatais ao combatente. Antes de iniciar
um lanço, ele deverá fazer um cuidadoso estudo da situação para evitar uma
indecisão no decorrer do deslocamento. Para uma decisão acertada, o
combatente deve, ao preparar um lanço, responder a si próprio as perguntas que
se seguem (Fig 3.11):
I) Para onde vou?
Responderá a essa pergunta escolhendo nas suas proximidades uma coberta
ou abrigo adequado ao cumprimento da sua tarefa. É conveniente lembrar
que um lanço em marcha acelerada em terreno limpo não deve ser maior do
que 15 metros. Se o percurso for longo, haverá necessidade da realização de
lanços intermediários e é conveniente que o combatente escolha
previamente os locais de parada.
II) Por onde vou?
Estuda o caminho a seguir até alcançar a posição escolhida (caso o seu
itinerário já não esteja determinado pelo seu comandante imediato). Se for
obrigado a progredir em marcha acelerada, deve utilizar o itinerário mais
curto, para evitar expor-se ao inimigo por tempo demasiado.

OSTENSIVO - 3-13 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

III) Como vou?


De acordo com o ponto de destino e o itinerário a seguir, será escolhido o
processo de progressão mais apropriado à realização do deslocamento
(quando integrando uma fração, caberá ao comandante desta determinar o
processo de progressão): correndo, rastejando, etc.
IV) Quando vou?
Fazendo parte de uma fração, deslocar-se-á mediante ordem de seu
comandante e, no caso individual, quando o combatente que o precedeu
tenha terminado o seu lanço. Estando isolado, deve esperar o momento mais
propício para o lanço. Por exemplo: quando o fogo inimigo for suspenso
momentaneamente; ao perceber que o inimigo atira em outra direção; no
momento em que o fogo do inimigo estiver mal ajustado; ao verificar que
elementos amigos vizinhos atiram sobre o inimigo, prejudicando ou
neutralizando seu fogo; e quando a artilharia ou a aviação amiga
bombardeiam as posições adversárias.

PARA POR ONDE


a) Para a cratera mais próxima b) Primeiro até a moita (A), em seguida
(B). até a cratera (B).
COMO QUANDO
c) Do barranco até a moita (A) de d) Assim que a Mtr abrir fogo sobre a
pé; dessa moita até a cratera, posição inimiga.
num avanço curto e rápido.

Fig 3.11 - Estudo do lanço

OSTENSIVO - 3-14 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Após cada lanço, parar, escutar, observar, fazer um novo estudo, e só então
prosseguir. Sempre que possível, o combatente deve evitar a ocupação do
mesmo abrigo que já tenha sido utilizado pelo homem que o precedeu, pois o
inimigo pode ter identificado essa posição.
O mesmo cuidado deve ser tomado com os itinerários que não sejam
completamente desenfiados, devendo-se, pois, evitar que vários homens por
eles progridam.
Para deslocar-se por lanço em marcha acelerada ,partindo da posição deitado, o
combatente deve agir da forma adiante explicada (Fig 3.12 e 3.13):
- quando decidir realizar um lanço, segurar a arma pelo centro de gravidade e
encolher os braços, trazendo as mãos junto a cabeça, sem levantar os
cotovelos;
- erguer lentamente a cabeça e fazer o estudo do lanço;

Fig 3.12 - Preparação e partida para o lanço em marcha acelerada

- no momento oportuno (ou ao comando de MARCHE-MARCHE) e em um


movimento rápido e contínuo, erguer o corpo, apoiando-se nas mãos e nas
pontas dos pés; levar a perna direita ou esquerda à frente e, com um impulso
desta, levantar-se, iniciando o deslocamento;
- correr direto e a toda velocidade até o ponto escolhido;
- aferrar. Isto é feito da seguinte maneira: inicialmente saltando de maneira a
assentar ambos os pés no solo, na mesma linha, e a seguir, aproveitando a
velocidade, lançar-se ao chão vivamente, caindo sobre os joelhos, projetando

OSTENSIVO - 3-15 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

o corpo para a frente e amortecendo a queda com a mão esquerda (ou direita),
enquanto que a arma fica segura pela mão direita (ou esquerda) com a
coronha sob a axila. Deve-se ter o cuidado de não levantar os pés ao cair.
- tomar a posição de tiro deitado e, se não estiver em um abrigo ou pelo menos
oculto por uma coberta, rolar rapidamente para o mais próximo.

Fig 3.13 - Seqüência de movimentos para o aferramento

f) Passagem de obstáculos
A ultrapassagem de obstáculos é sempre uma operação difícil e que deixa o
combatente em situação extremamente vulnerável, tendo em vista que terá seus
movimentos dificultados, ficando, assim, exposto ao inimigo. É de se esperar,
portanto, que o inimigo os vigie e os bata pelo fogo.
I) Passagem por redes de arame farpado
As redes de arame são instaladas pelo inimigo nas proximidades de suas
posições e estarão sempre sendo vigiadas e protegidas pelo fogo. A
ultrapassagem de um aramado pode ser realizada abrindo-se uma brecha ou
simplesmente caminhando ou rastejando através dos fios de arame.
Qualquer dessas operações só poderá ser realizada sob condições de
visibilidade reduzida ou com o apoio de cortinas de fumaça, e com a
certeza que o obstáculo não está minado ou armadilhado. As técnicas a
seguir são utilizadas para ultrapassar esses obstáculos:

OSTENSIVO - 3-16 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- caso o terreno não esteja minado, o combatente pode passar por cima
dos aramados mais baixos ou rastejar sob os mais altos;
- uma cerca baixa pode ser transposta por cima, galgando-se fio por fio,
procurando-os com as mãos e cuidando-se para não ficar embaraçado ou
fazer ruídos. Pode-se passar sobre um aramado baixo e frouxo colocando-
se sobre ele uma tábua de madeira, algumas esteiras de fibra ou alumínio,
ou uma tela metálica, sobre a qual se possa caminhar. Essa solução
proporcionará, contudo, uma passagem instável e a ultrapassagem será
lenta;
- em princípio é melhor ultrapassar uma rede de arame por baixo, porque o
homem não se expõe muito e pode ver os fios contra a claridade do céu,
mesmo nas noites mais escuras. O combatente deve rastejar de costas para
o solo, por baixo dos arames, usando os calcanhares para empurrar o
corpo. Com as mãos, deve apalpar o terreno à frente da cabeça, para
levantar fios baixos e localizar possíveis minas e arames de tropeço. A
arma deve ser levada ao longo do corpo e sobre a barriga, para que as
mãos fiquem livres; e
- a abertura de passagens nos obstáculos de arame exige mais tempo e pode
alertar o inimigo. No entanto, pode ser necessária para a passagem de
patrulhas, na realização de infiltrações ou como medida preparatória de um
ataque. A passagem deve ser aberta em direção oblíqua à frente e os fios
superiores da rede não devem ser cortados, a fim de dificultar ao inimigo a
descoberta da brecha. Para abafar o ruído produzido pelo corte, é
conveniente envolver o fio com um pano no local onde será aplicado o
alicate. Estando só, o combatente deve segurar o arame próximo a uma
estaca. Em seguida, aplicar o alicate sobre o pano em um ponto localizado
entre a mão e a estaca. Dessa forma, cortará o fio abafando o ruído e
evitando o chicotear da parte livre que deverá ser enrolada (Fig 3.14).

OSTENSIVO - 3-17 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 3.14- Corte de arame (combatente só)

Quando estiver acompanhado, um segura o arame, enquanto o outro enrola o


pano e corta o fio entre as mãos do primeiro (Fig 3.15). Os pedaços do arame
cortado devem ser enrolados nas estacas.

Fig 3.15 - Corte de arame por uma dupla

II) Passagem de valas e trincheiras


Nesses obstáculos, com cuidado e em silêncio, o combatente deve aproximar-
se e examinar o seu interior, avaliando sua profundidade, largura, possibilidade
da presença do inimigo e da existência de armadilhas.
Tratando-se de vala ou trincheira larga, deve descer por um lado e subir pelo
outro (3-16).

OSTENSIVO - 3-18 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 3.16 - Transposição de uma vala ou trincheira larga

Se a vala ou trincheira for estreita, deve saltá-la, procurando, ao cair do outro


lado, fazer o mínimo de ruído possível, e a seguir permanecer deitado, imóvel e
em silêncio por algum tempo, observando e escutando antes de prosseguir
(Fig 3.17).

Fig 3.17 - Transposição de uma vala ou trincheira estreita

III) Terreno minado


O combatente deve estar atento para a existência de minas e evitá-las sempre
que possível, mesmo que tenha que realizar desbordamentos consideráveis. Os
itinerários de aproximação das posições inimigas, as redes de arame, valas e
outros obstáculos existentes nas proximidades dessas posições, freqüentemente
estarão minados e deverão ser examinados com cuidado. Caso necessite
atravessar uma área minada, o combatente deverá avançar lentamente,
procurando com as mãos cordéis de tropeço e sondando cautelosamente o

OSTENSIVO - 3-19 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

terreno com a baioneta para descobrir as minas enterradas. Conhecer


satisfatoriamente as minas utilizadas pelo inimigo permitirá neutralizá-las com
certa segurança.
Em geral uma mina pode ser neutralizada em duas operações: a recolocação de
grampos, pinos e outros dispositivos de segurança de seu acionador e, em
seguida, a remoção desse acionador.
Pode-se cortar os cordéis de tropeço frouxos, usando-se um alicate ou uma
tesoura. Nunca deve ser usada a faca, pois a tração exercida no corte fará
explodir a armadilha. Um cordel de tropeço esticado não deve ser cortado, pois
a eliminação da tração explodirá a mina.
Mesmo depois de ter neutralizado e removido o acionador principal de uma
mina, esta não deve ser removida, a não ser por pessoal especializado, pois
ainda poderá estar ativada. Uma mina ainda está ativada quando dispõe de um
acionador secundário que provocará a detonação se ela for deslocada.
Após neutralizar e remover o acionador de uma mina ou verificar a
impossibilidade de fazê-lo, o combatente deverá marcar sua localização com
um pedaço de pano ou papel de cor viva amarrado a uma estaca, para posterior
remoção ou destruição por pessoal especializado.
As minas anticarro (AC), em geral, não são acionadas sob o peso de um
homem. No entanto, os campos de minas AC são normalmente protegidos por
minas antipessoal (AP). Estas, sim, são de fato perigosas ao combatente a pé.
e) Progressão à noite
I) Preparativos para um deslocamento silencioso
A noite os movimentos tornam-se mais lentos devido à dificuldade de
identificar os itinerários e manter a orientação. Essa dificuldade é agravada
pela necessidade da manutenção de uma rigorosa disciplina de luzes e
ruídos. A utilização de equipamentos de visão noturna reduz sensivelmente
essa limitação. No entanto, esses equipamentos têm sua distribuição restrita
a determinados elementos (comandantes, atiradores de armas coletivas,
guias, etc.) e utilizados somente em situações especiais. Assim, todo
combatente deve estar em condições de deslocar-se e aproximar-se do
inimigo silenciosamente sem qualquer auxílio. Para um deslocamento
silencioso deverá ser realizada uma rigorosa preparação, como a seguir

OSTENSIVO - 3-20 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

apresentada.
(a) Fazer a camuflagem individual:
- escurecer todo o rosto, nuca, orelhas, pescoço e mãos;
- não usar camiseta branca sob o uniforme e manter as mangas da blusa
abaixadas e abotoadas;
- escurecer todas as superfícies brilhantes ou cobri-las com fita isolante;
- envolver com fita isolante todas as partes do equipamento que possam
vir a fazer ruído (zarelhos da bandoleira, plaquetas de identificação,
etc.); e
- não levar chaves, moedas e outros objetos que possam fazer ruído.
Quando tiver que conduzir nos bolsos pequenos objetos metálicos
(canivete, bússola, relógio, etc.), colocá-los em bolsos separados, ou
enrolá-los em panos.
(b) Usar apropriadamente o uniforme e equipamentos:
- uniformes engomados fazem ruído durante o deslocamento e os
frouxos e grandes podem dificultá-lo;
- usar um gorro leve e sem contornos pronunciados, pois o capacete
reduz a acuidade auditiva ou modifica os sons e pode provocar ruídos,
motivo pelo qual só deve ser usado quanto a situação exigir;
- não usar capuz que cubra as orelhas, a não ser sob frio extremo, pois a
capacidade auditiva será bastante prejudicada; e
- não levar equipamentos desnecessários que venham a restringir a
mobilidade.
(c) Para matar, desacordar ou capturar um elemento inimigo, evitando ou
reduzindo os ruídos, usar somente armas silenciosas como a faca, a
baioneta, um garrote de arame ou fio de náilon, um porrete
improvisado, etc. O emprego correto de uma dessas armas exige
grande perícia, não só no seu uso, mas também na aproximação
silenciosa para aplicá-la contra o inimigo.
II) Técnicas
A progressão noturna é realizada utilizando-se as mesmas técnicas da
progressão diurna, adaptadas, porém, de forma a evitar os ruídos próximo às
posições inimigas:

OSTENSIVO - 3-21 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

(a) Como caminhar à noite nas proximidades do inimigo


O peso do corpo deve ficar sobre o pé que está atrás, até que o pé da
frente encontre um lugar firme para pisar. Deve-se levantar bem a perna
que estiver à frente do corpo, para não se embaraçar na vegetação rasteira
e não tropeçar, e com a ponta do pé escolher um lugar livre de gravetos,
pedras, folhas secas e outros materiais que possam provocar ruído.
Abaixar, então, cuidadosamente, a planta do pé e com este sustentar o
peso do corpo, até que a outra perna avance (Fig 3.18). Nas noites muito
escuras pode-se segurar a arma com uma das mãos e com a outra
explorar à frente, a fim de descobrir qualquer obstáculo.

Fig 3.18 - Caminhar à noite silenciosamente

(b) Aferrar à noite nas proximidades do inimigo


Inicialmente o combatente deverá apoiar o joelho direito sobre o solo,
segurando a arma sob o braço direito. Em seguida, apoiando-se na mão
esquerda, lançar a perna esquerda para a retaguarda. A tomada final da
posição é feita com o apoio sobre o cotovelo direito, ao mesmo tempo em
que a perna direita é levada para juntar-se à esquerda. Tomar a posição
de tiro deitado e manter-se colado ao solo (Fig 3.19).

OSTENSIVO - 3-22 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 3.19 - Deitar a noite sem fazer ruídos

(c) Rastejar durante a noite


Rasteja-se de forma semelhante ao processo usado durante o dia. Os
movimentos, porém, devem ser lentos e compassados, para reduzir ao
mínimo os ruídos. De qualquer forma, não é conveniente empregar o
rastejo quando se estiver muito próximo do inimigo, pois sempre se
provocará algum ruído. Nesse caso é preferível engatinhar.
(d) Engatinhar à noite nas proximidades do inimigo
Deve-se engatinhar como de dia, procurando colocar o fuzil no solo, à
direita do corpo, com o cano para frente e alavanca de manejo para cima,
e, com a mão esquerda, procurar um lugar que não tenha pedras, galhos
secos, etc. à frente do joelho esquerdo. Manter a mão esquerda onde está
e deslocar o joelho para o local escolhido. Repetir os movimentos com a
mão e o joelho direito. Durante o avanço, deslocar a arma
sucessivamente, procurando, cautelosamente, locais para colocá-la
(Fig 3.20).

OSTENSIVO - 3-23 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 3.20 - Engatinhar a noite

(e) Alguns cuidados na progressão noturna:


- nunca se deslocar correndo, a não ser em casos de emergência;
- aproveitar todos os ruídos que possam distrair a atenção do inimigo ou
ocultar os ruídos do deslocamento, como os ruídos da chuva, de rios,
tiros, etc.);
- fazer paradas freqüentes para observar e escutar;
- evitar macegas densas, áreas com folhagens e galhos secos, bosques,
barrancos e terrenos muito inclinados, pois esses locais dificultarão um
deslocamento silencioso; e
- não fumar ou acender lanternas para a orientação.
III) Procedimentos sob a ação de artifícios iluminativos
Ao perceber o lançamento de um foguete ou granada iluminativa, o
combatente deve atirar-se ao chão antes do arrebentamento, permanecendo
imóvel até o clarão se extinguir.
Caso seja surpreendido pelo arrebentamento de um artifício iluminativo em
terreno limpo, deve jogar-se ao solo e ficar imóvel. O combatente que se
encontrar protegido por alguma vegetação, deverá permanecer imóvel até a

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extinção da luminosidade.
Não se deve olhar para a luz, de sorte a não perder a adaptação da visão a
escuridão. Abaixar a cabeça e proteger os olhos até o desaparecimento do
clarão.
Imediatamente após a extinção da luz, o combatente deve afastar-se da área
que foi iluminada, aproveitando a redução da adaptação a escuridão que o
inimigo sofre ao observar sob o efeito da iluminação.
3.3 - UTILIZAÇÃO DO TERRENO PARA OBSERVAR
3.3.1 - Observação durante o dia
O correto emprego das técnicas apresentadas neste artigo, permitirá ao combatente
ocupar corretamente uma posição e observar o terreno, obtendo conhecimentos
importantes para as decisões de seu comandante.
a) Posto de observação (PO)
É um observatório ocupado por uma pequena fração, equipe ou por um militar
isolado, com a finalidade de cumprir uma tarefa de observação. Para que a
observação seja contínua, o PO é ocupado normalmente por dois ou mais homens
que se revezam no posto, evitando assim um desgaste excessivo e permitindo um
melhor resultado na observação. Os PO deverão, sempre que possível, estar dentro
do alcance de utilização das armas amigas, como medida de segurança para
permitir o apoio de fogo em caso de retraimento, e dispor de meios de
comunicações (rádio ou telefone) que permitam uma rápida ligação com a sua
unidade. Ao ocupar um PO, o combatente deve evitar:
- posições que possuam ângulos mortos ou caminhos desenfiados à frente que
facilitem a aproximação coberta do inimigo;
- pontos destacados no terreno; e
- posições em que a silhueta contraste com o fundo ou horizonte.
Um PO deverá, sempre que a situação permitir, proporcionar: bons campos de
vistas; cobertas e abrigo; e itinerários de retraimento cobertos.
b) Exemplos de PO e maneira correta de ocupá-los
I) Telhado de casa - subir a meia distância da cumeeira e levantar uma ou
duas telhas (normalmente casa no campo não possui forro); camuflar o rosto e
a cabeça (Fig 3.21).

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Fig 3.21 - Observação através de um telhado

II) Janela ou porta de casa - observar afastado de dois a três metros, de forma a ficar
oculto pela sombra, e permanecer imóvel (Fig 3.22).

Fig 3.22 - Aproveitar a sombra do interior da casa

III) Árvores - para constituir um bom PO, uma árvore deve apresentar os seguintes
aspectos: possuir folhagem densa; não se destacar da vegetação à sua volta; e
não estar isolada ou projetar a sua silhueta contra o horizonte. O combatente
deve subir no tronco coberto das vistas inimigas até atingir um local com
bastante folhagem para bem se ocultar (Fig 3.23).

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Fig 3.23 - Utilização de uma árvore como observatório

IV) Moita, arbusto, macega, tronco, pedra, muro, cerca ou monte de terra - para sua
utilização, o combatente deve observar as técnicas para ocupação de cobertas e
abrigos. É conveniente retirar ou camuflar o capacete para disfarçar-lhe o
contorno peculiar.
V) Crista - para observar de uma elevação, o combatente deve ter a preocupação de
selecionar um lugar onde a crista seja irregular e haja vegetação. Especial
cuidado deve ser tomado quando da ocupação e abandono da posição, para evitar
a projeção da silhueta contra o horizonte (Fig 3.24).

Fig 3.24 - Como observar de uma crista

c) Método de observação de um setor


Inicialmente, o combatente deverá esquadrinhar todo o seu setor de observação,
procurando identificar pontos bem destacados, contornos ou movimentos que não
sejam naturais. Para tanto, deve olhar diretamente para o centro do setor
imediatamente à frente da sua posição e levantar rapidamente os olhos em direção
à distância máxima que deseja observar. Se o setor de observação for muito
amplo, o combatente deve subdividi-lo e proceder de maneira idêntica para cada
subsetor (Fig 3.25).

Fig 3.25 - Observação inicial do setor (completa e rápida)

Em seguida, passará a examinar o terreno por faixas de aproximadamente 50m de

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profundidade, iniciando a observação pela faixa mais próxima, percorrendo cada


uma delas com o olhar da direita para a esquerda e da esquerda para a direita,
sucessivamente. Coberto todo o setor, o combatente reiniciará a observação pela
faixa mais próxima. Ao observar um setor, deve-se ter em mente todos os
possíveis indícios que revelem atividade inimiga, tais como: reflexos, poeira,
fumaça, animais em movimento, etc. (Fig 3.26).

Fig 3.26 - Observação do terreno por faixas sucessivas.

d) Observação em movimento
Quando em movimento, o combatente poderá manter observação sobre
determinado setor, porém o resultado obtido será bastante inferior ao conseguido
com a observação estática. Sempre que a situação permitir, o combatente em
deslocamento deve ocupar PO sucessivos ao longo do itinerário de deslocamento.
e) Transmissão do resultado de uma observação
Todo conhecimento resultante da observação deve ser rapidamente informado,
seja verbalmente ou por escrito, da forma mais completa. Um processo eficiente é
dividir o informe em cinco itens (Fig 3.27):
- Donde? Local do PO ou de onde foi feita a observação;
- Quem ou o quê? O que foi observado;
- Onde? Em que local verificou-se o fato;
- Como? Qual a atitude? O que faziam? e

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- Quando? Hora exata.

Fig 3.27 - Itens de um informe

f) Sons, ruídos e odores


I) Os sons servem de informação
O combatente deverá aprender a identificar os sons corriqueiros de combate,
como por exemplo: a quebra de um galho, o golpe seco do ferrolho e a batida
de um cantil. É importante aprender a ter paciência, pois talvez seja necessário
escutar em completo silêncio durante períodos prolongados. Quando se usar
capuz ou protetores de orelhas, os mesmos deverão ser retirados para melhorar
a audição.
Os ruídos poderão ser ouvidos melhor durante a noite porque normalmente há
mais quietude e o ar da noite, sendo mais fresco e mais úmido, conduz melhor
o som.
II) Os ruídos poderão revelar a própria presença
Para se evitar um espirro, comprime-se as fossas nasais com os dedos. No caso
de começo de tosse, aperta-se levemente o nó da garganta. Não sendo possível
evitar-se o espirro ou a tosse, coloca-se o nariz ou a boca no interior da manga
da camisa para abafar o ruído.
III) Os odores tanto poderão ajudar como prejudicar

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O cheiro, por exemplo, de gasolina, comida, repelente ou de fumo queimado


poderão denunciar a presença do inimigo ou colocá-lo ciente de nossa
presença.
3.3.2 - Observação à noite
a) Generalidades
As operações executadas durante a noite ou em condições de visibilidade reduzida
se revestem de grande importância, pois a obscuridade permite a realização de
deslocamentos de tropa, substituições, desaferramento de uma posição,
retraimentos e mesmo operações ofensivas, cobertos das vistas inimigas, o que
facilita a obtenção da surpresa. Uma vez ocupado um PO, o combatente utilizará a
vista e o ouvido, com preponderância da audição, já que a observação se torna
limitada por causa da pouca visibilidade.
b) Desenvolvimento da visão noturna
O uso eficiente dos olhos durante a noite, requer a aplicação dos princípios da
visão noturna: adaptação à escuridão, visão fora de centro e esquadrinhamento.
I) Adaptação à escuridão
É a propriedade que têm os olhos de se acostumarem aos locais de pouca
luminosidade. Para que a adaptação seja bem feita, o combatente deve
permanecer em torno de trinta minutos em completa escuridão. Outro processo
eficiente consiste em manter o homem num local com iluminação vermelha ou
utilizando óculos de lentes vermelhas por vinte minutos, seguidos de dez
minutos em local completamente escuro. Esse método possui a vantagem de
economizar tempo valioso, pois, enquanto se expõe à luz vermelha, o homem
poderá receber ordens, inspecionar o equipamento ou realizar outros
preparativos para a tarefa a ser cumprida.
II) Visão fora do centro
É a técnica utilizada para manter a atenção dirigida para um objetivo, sem olhá-
lo diretamente, pois, neste caso, a imagem se formará no centro da retina, cujas
células, em forma de cones, não são sensíveis no escuro. Olhando-se acima,
abaixo ou para os lados, a imagem se formará numa região da retina cujas
células, em forma bastonetes, continuam sensíveis na escuridão. Assim,
conclui-se que se o combatente deseja observar um determinado objetivo a
noite, deve fazê-lo não diretamente, mas sim com um pequeno desvio, pois

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dessa maneira conseguirá distinguir a sua forma e contornos com maior


facilidade.

III) Esquadrinhamento
A noite, para se obter a continuidade da visão, deve-se desviar constantemente
o ponto de observação com movimentos visuais curtos, rápidos e irregulares
em torno do alvo, detendo, no entanto, o olhar apenas por alguns segundos em
cada ponto. Isto ocorre por que, quando se observa a noite por meio da visão
fora de centro, a imagem formada tende a desaparecer entre quatro e dez
segundos.
c) Fatores que afetam a visão noturna
A falta de vitamina A prejudica a visão, entretanto o excesso da mesma não a
melhora. O resfriado, o cansaço, os narcóticos, o fumo demasiado e o uso
excessivo de álcool reduzirão a capacidade visual durante a noite. A exposição à
luz brilhante durante períodos prolongados também prejudicará tanto a visão
noturna quanto a diurna.
d) Preservação da visão noturna
O combatente perderá a adaptação à escuridão caso seja exposto a uma
luminosidade intensa. Se isso não puder ser evitado, deve-se fechar ou cobrir um
dos olhos para que este preserve a capacidade de enxergar a noite. Quando a fonte
de luz se apagar ou o combatente deixar a área iluminada, a visão noturna retida
pelo olho protegido permitirá que o homem enxergue no escuro, até que o outro
olho se adapte novamente.
e) Equipamentos de visão noturna
I) Os equipamentos de visão noturna destinam-se a minimizar as dificuldades da
visão noturna, permitindo a observação, o deslocamento e a realização do tiro e
de outras atividades sem a utilização de fontes de luz visíveis. Além de
possibilitar, de uma maneira geral, o tiro noturno e o movimento de viaturas
em completo escurecimento, esses equipamentos permitem, nas operações
defensivas ou nas situações estáticas, que a vigilância noturna de um setor seja
realizada em condições semelhantes à diurna. Nas ações ofensivas, nas
patrulhas e nos deslocamento táticos, os equipamentos de visão noturna têm
especial importância na orientação e na manutenção da direção a noite.

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II) Quanto às possibilidades e limitações, os equipamentos de visão noturna


permitem, dentro de certos limites, que a observação a noite seja feita da
mesma maneira que durante o dia, facilitando a vigilância, o reconhecimento e
a orientação. Por outro lado, o alto custo desses equipamentos torna proibitiva
a sua distribuição generalizada à tropa. Em princípio, disporão desses
equipamentos os comandantes de fração dos batalhões de infantaria, os
motoristas de viaturas blindadas, pessoal de reconhecimento e vigilância,
observadores de artilharia, chefes de carros de combate, atiradores de armas
coletivas e outros elementos-chave. Outra limitação é o fato de que os
equipamentos de visão noturna são instrumentos de menor rusticidade, que
exigem manuseio cuidadoso e manutenção altamente especializada.
3.3.3 - Interpretação de indícios
a) Generalidades
O terreno apresenta diversos indícios que nos permitem concluir ou deduzir quais
os acidentes que se acham ocultos às nossas vistas. Cada região apresenta
particularidades e o combatente deve estar sempre atento e procurando ampliar,
cada vez mais, a sua capacidade de interpretação dos indícios que lhe apresenta o
terreno onde atua.
b) Exemplos na interpretação de indícios
I) Fábricas, usinas ou engenhos - poderão ser indicados por uma chaminé, a qual
pode ser vista de longe;
II) Povoado - torre de igreja emergindo entre telhados, indica a existência de
povoado. Quando se está marchando e casas esparsas vão aparecendo com
intensidade crescente na direção de marcha, é indício de que há um povoado
nas proximidades;
III) Estradas e caminhos - rede elétrica e renques de árvores podem indicar a
existência de estradas e caminhos;
IV) Estradas - viaturas em marcha indicam a existência de uma estrada pelo menos
carroçável;
V) Via férrea - apitos de trem indicam a existência de uma via férrea;
VI) Riachos, arroios - quando no meio do campo se nota que uma parte da
vegetação se apresenta mais escura e seguindo uma direção mais ou menos
sinuosa, pode-se concluir que existe um riacho ou córrego. A vegetação mais

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densa e verde que, em geral, acompanha as margens de um rio, denomina-se


vegetação ciliar;
VII) Granja, fazenda - gado solto no campo indica as proximidades de uma granja
ou fazenda;
VIII) Picada, trilha - avistando-se homem isolado na orla de um terreno coberto,
pode-se concluir que nas proximidades deve haver uma picada ou trilha;
IX) Vau - quando um caminho se interrompe na margem de um curso d'água e
prossegue na outra margem, indica a existência de um vau ou passagem em
balsa.
c) lndícios de tropa
I) Efetivo
O efetivo de uma tropa pode ser avaliado, normalmente, pela extensão da área
que ocupava ou pela quantidade de detritos deixados.
II) Condições, importância e moral
As condições de uma área de estacionamento abandonada, latas vazias, fossas
de detritos, o tipo e a quantidade de rastros, podem definir a tropa que a
ocupava e o seu estado moral. Mesmo que o combatente não saiba interpretar
estes indícios, é importante que ele os grave e transmita a seu comandante.
III) Rastros de viaturas
As marcas das rodas e lagartas indicam a natureza da tropa e as viaturas que
possui; os rastros deixados pelas rodas e lagartas, quando convenientemente
analisados, levando-se em consideração a natureza do solo e as condições
meteorológicas, entre outras, permitirão uma avaliação da hora de passagem
da viatura por determinado ponto; a direção de uma viatura pode ser
determinada pelas marcas deixadas por suas rodas ou lagartas, no leito da
estrada e pela direção em que lançam as águas das poças; a velocidade de
uma viatura pode ser determinada pela quantidade de lama ou terra espalhada
e pela profundidade dos sulcos. Movimentos lentos deixam marcas suaves e
bem definidas. Nos movimentos rápidos as marcas são profundas, mas os
desenhos não são bem nítidos.

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3.4 - UTILIZAÇÃO DO TERRENO PARA ATIRAR


3.4.1 - Generalidades
A incapacitação do inimigo, objetivo final do combate, será realizada por meio da
correta utilização do armamento na execução do tiro. Para esse fim, o combatente
deve estar em condições de aproximar-se do inimigo, observá-lo, avaliar a distância
do alvo corretamente e utilizar sua arma para abate-lo.
3.4.2 - Escolha e ocupação de uma posição de tiro
Uma boa posição de tiro deve oferecer ao atirador (Fig 3.28):
- bons campos de tiro dentro do alcance útil de sua arma e no setor que deseja bater,
pois assim poderá explorar ao máximo as possibilidades de sua arma;
- boa observação sobre o terreno circunvizinho, para impedir uma aproximação de
surpresa por parte do inimigo;
- abrigo ou, pelo menos, coberta;
- disfarce que dificulte sua identificação pelo inimigo; e
- apoio para a arma e/ou para o combatente.
É claro que essas condições são ideais e dificilmente serão encontradas reunidas em
uma mesma posição, principalmente em situação de comba te. O combatente deve
saber escolher, no terreno, a posição que ofereça o maior número das condições
acima.

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Fig 3.28 - Posições de tiro

Deve-se dar preferência a uma posição de tiro abrigada. No entanto, a situação pode
forçar o combatente a utilizar apenas uma coberta para atirar. Esta, por sua vez, deve
ser transformada, pelo menos em um abrigo sumário, assim que for possível.
Ao procurar uma posição de tiro, o combatente deve tomar todas as precauções
relativas à progressão e à utilização de cobertas e abrigos, de modo a impedir que
inimigo perceba a aproximação e ocupação da posição.
Os possíveis ângulos mortos em torno da posição deverão ser batidos pelo emprego
de granadas de bocal ou de M-203 para distâncias entre 50 e 150 metros da posição,
e granadas de mão para distâncias inferiores a 50 metros. Neste último caso, o
combatente deve evitar a ocupação da posição, só o fazendo caso o terreno não
apresente opções.
3.4.3 - Conduta do combatente
O combatente deve observar e atirar pelo lado e pela parte inferior do elemento de
proteção, de maneira a ocultar a maior parte do corpo e da cabeça, não expondo a sua
silhueta. Atirar de preferência da posição deitada. Só atirar por sobre o abrigo se
houver um fundo adequado a mascarar a sua silhueta e quando não for conveniente
fazê-lo pelos lados.
3.4.4 - Limpeza dos campos de tiro
Nas situações estáticas em que se espera o contato com o inimigo (defensivas,
emboscadas, etc.), devem ser preparados os campos de tiro. Essa operação, de forma
a não denunciar as posições de tiro, deve obedecer aos princípios que se seguem:
- remover o excesso de vegetação rasteira com cuidado, para não quebrar o aspecto
natural em torno da posição;
- nas regiões de árvores esparsas, remover os ramos mais baixos dessas árvores;
- nos bosques densos, em princípio, não será possível, a não ser que haja tempo
disponível, realizar a limpeza completa dos campos de tiro. O trabalho deve ser
limitado ao desbaste da vegetação rasteira, à remoção dos ramos mais baixos das
árvores maiores e a abrir estreitos corredores de tiro para as armas automáticas;
- iniciar a limpeza junto à posição, prosseguindo na direção provável de aproximação
do inimigo até o limite do alcance útil da arma;
- remover a vegetação cortada para locais onde não proporcione cobertas para o

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inimigo, nem denuncie a posição;


- plantações de cereais (trigo, milho, etc.), canaviais e capinzais devem ser ceifados
ou queimados se estiverem secos, desde que isto não revele a posição;e
- não remover a vegetação que auxilie no disfarce da posição.
Antes de iniciar a limpeza de um campo de tiro, o combatente deve fazer uma
cuidadosa avaliação do vulto do trabalho dentro do tempo disponível. Essa
estimativa, muitas vezes, determina a natureza e a extensão da limpeza a ser
realizada, pois um campo de tiro no qual a vegetação desbastada não pode ser
convenientemente retirada, pode dar ao inimigo melhores cobertas e abrigos que o
terreno em seu aspecto normal. Além disso pode denunciar a posição.
3.4.5 - Tiro noturno
a) Generalidades
A técnica de tiro noturno, considerando a visibilidade deficiente, emprega um
processo de pontaria no qual o atirador não utiliza o aparelho de pontaria.
Empregando os princípios de visão noturna, o atirador, após identificar o alvo,
aponta sua arma mantendo os dois olhos abertos e fixos no alvo, a cabeça
erguida e o queixo sobre a coronha.
O emprego de munição traçante, não obstante denunciar a posição do atirador,
facilita a observação dos efeitos e a correção do tiro.
Para localizar posições inimigas, poderá ser utilizado um combatente em uma
posição afastada lateralmente da principal, o qual executará diversos disparos
para atrair o fogo inimigo. É preciso ter cuidado para não se deixar enganar por
esse ardil quando empregado pelo inimigo. A noite só se deve atirar quando se
observar o alvo com nitidez que permita atingi-lo. Um tiro a esmo não surtirá o
efeito desejado e ainda denunciará a posição do atirador.
As granadas de mão são de grande utilidade no combate noturno. Os seus efeitos
são eficazes contra alvos incertos e não denunciam a posição de quem as
arremessou. O emprego, a noite, de granadas de bocal, por outro lado, deve ser
cercado de rigorosa precaução quanto aos campos de tiro. A existência de
qualquer obstáculo na trajetória de uma granada de bocal, mesmo um pequeno
ramo ou arbusto, pode provocar sua explosão prematura, trazendo sério perigo
ao atirador,
Sob condições de luminosidade muito favoráveis, desde que se consiga ver a

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massa de mira, pode-se realizar o tiro como durante o dia.


A utilização de equipamentos de visão noturna reduz consideravelmente as
dificuldades do tiro noturno. No entanto, esse tipo de equipamento exige
treinamento específico para o correto manuseio.
3.5 - CAMUFLAGEM
3.5.1 - Generalidades
A camuflagem compreende uma série de medidas adotadas com o propósito de
ocultar ou disfarçar pessoal, material e instalações da observação terrestre ou aérea
do inimigo.
3.5.2 - Exigências fundamentais
Para atingir sua finalidade, a camuflagem deve atender a três exigências: escolha da
posição, disciplina de camuflagem e construção da camuflagem.
a) Escolha da posição
O objeto a ser camuflado deve harmonizar-se com o ambiente onde se
encontra. A aparência do local, tanto quanto seja possível, não deve ser alterada
pela presença de indivíduos, armas ou equipamentos. Na escolha da posição
deve-se, ainda, tomar as seguinte precauções:
- não permitir que o objeto contraste com o fundo ou se projete no horizonte;
- evitar a proximidade de pontos notáveis isolados, como árvores, cercas, casas,
etc.; e
- usar a sombra para auxiliar a ocultação.
b) Disciplina de camuflagem
Consiste nos cuidados tomados para evitar que a atividade humana revele ao
inimigo uma posição camuflada:
- uma posição camuflada é facilmente revelada por trilhas e pegadas deixadas
por pessoas, animais ou viaturas. Por isso devem ser utilizadas ao máximo as
estradas, trilhas e caminhos já existentes no terreno. Quando for necessária a
abertura de novos caminhos, estes devem limitar-se ao mínimo indispensável e,
sempre que possível, não devem terminar na posição e sim se prolongar para
algum outro local que justifique sua existência;
- outros indícios claros de atividade militar, são o acúmulo de equipamentos, de
detritos e de terra resultante das escavações de tocas, trincheiras e espaldões.
Os equipamentos, armamentos, viaturas e suprimentos devem ser dispersados

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no terreno, aproveitando-se ao máximo as cobertas naturais existentes. Os


detritos, restos de ração, latas vazias, estojos e cunhetes de munição, devem ser
cobertos ou enterrados. A terra retirada das escavações deve ser coberta,
disfarçada pela vegetação da área ou dispersa de modo a confundir-se com o
terreno adjacente. Esses restos e detritos devem ser disfarçados o mais distante
possível da posição camuflada;
- o movimento de pessoas pode denunciar uma posição e deve, por isso, limitar-
se ao mínimo indispensável e sempre que possível ser feito a noite ou por
caminhos desenfiados e previamente reconhecidos;
- especial cuidado deve ser dispensado à ocultação de objetos brilhantes como
lentes de óculos, pára-brisas e faróis de viaturas, marmitas, relógios, etc.;
- a noite, a disciplina de luzes e ruídos assume importância maior do que a
camuflagem propriamente dita e a escuridão pode ser utilizada para ocultar
atividades e material. É proibido fumar a noite nas áreas próximas ao inimigo.
As lanternas e outras fontes de luz indispensáveis ao trabalho, devem ter sua
propagação limitada a um pequeno facho, sendo usadas, em princípio, em
ambientes fechados (barracas, abrigos cobertos ou sob um poncho).
c) Construção da camuflagem
Procura-se alterar as formas conhecidas e fazer com que o objeto se confunda
com o terreno adjacente (dissimulação) ou oculta-se o objeto das vistas do
inimigo por meio de um antepara ou máscara, como a rede de camuflagem,
telheiro, etc. (mascaramento). Em ambos os processos deve-se observar as
seguintes técnicas:
- não permitir que a sombra projetada pelo objeto ou pela camuflagem denuncie
a posição; para tal é necessário que todo o contorno do objeto seja modificado;
- a cor e a tonalidade do objeto e de sua camuflagem não devem contrastar com
o meio onde se encontra, a fim de não atrair a atenção dos observadores
inimigos; e
- não se deve usar material de camuflagem em demasia, pois o objeto e suas
sombras tornar-se-ão muito escuros e o conjunto parecerá volumoso, o que
poderá despertar suspeitas.
3.5.3 - Materiais de camuflagem
Podem ser naturais ou artificiais.

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a) Materiais naturais
São aqueles encontrados na própria região, tais como vegetação (cortada ou viva),
entulhos, destroços, terra, areia, cascalho e grama.
A vegetação cortada deve ser empregada de modo a apresentar-se com seu
aspecto natural, com a superfície superior das folhas e as pontas dos galhos
voltadas para cima e os talos para baixo.
Outro cuidado importante quando se utiliza vegetação cortada, é a sua substituição
freqüente, antes que a folhagem murche o suficiente para mudar de cor e aspecto.
A grama deve ser usada em forma de placas (leivas), retiradas das superfícies
escavadas nos trabalhos de fortificação de campanha ou colhidas de áreas
distantes da posição a ser camuflada.
b) Materiais artificiais
São aqueles produzidos com a finalidade de serem empregados na camuflagem,
como tintas, redes, telas e tecidos especiais.
3.5.4 - Camuflagem do combatente
a) Capacete
Por sua forma característica, o capacete é uma das partes do equipamento do
combatente que mais se distingue e deve, portanto, ser objeto dos primeiros
cuidados na camuflagem individual. Diversas são as maneiras de desfigurar o
capacete e eliminar o seu brilho:
- a pintura direta de figuras irregulares sobre a superfície do capacete é uma
dessas maneiras. Devem ser usadas tintas foscas nas cores e tonalidades
adequadas ao ambiente onde se vai atuar;
- as coberturas de tecido que normalmente são distribuídas com os uniformes
camuflados, são um meio prático e rápido de desfigurar o capacete. Pode-se
também improvisar coberturas semelhantes, usando-se peças velhas do uniforme
ou outros tecidos grosseiros, como sacos de aniagem. Pequenos furos no tecido
ajudarão na fixação de folhas e ramos ao capacete, melhorando a dissimulação;
- elásticos podem ser empregados para a fixação de guarnições de material natural
ou artificial ao capacete. Esses elásticos são facilmente improvisados com tiras
de borracha de câmara de ar. Um pedaço de rede de camuflagem afixado sobre o
capacete, também dará o mesmo resultado. É importante evitar que a folhagem
fique em pé, como "penas de um cocar", pois o menor movimento de cabeça

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

resultará em uma grande agitação das folhas (Fig 3.29); e

Fig 3.29 - Exemplos de camuflagem do capacete

- pode-se combinar alguns desses diferentes processos para se obter uma


desfiguração mais perfeita, desde que não se peque pelo uso excessivo de
material (Fig 3.30).

Fig 3.30 Diversas maneiras de camuflar o capacete

b) Uniforme
O uniforme camuflado, por si só, não é suficiente para fazer com que o
combatente "desapareça no terreno". É necessário que seja utilizado de acordo
com as exigências fundamentais da camuflagem, citadas no item 3.5.2.
c) Equipamento
O equipamento individual de lona é fosco e, normalmente, confunde-se bem com
o terreno. Esse material, no entanto, pode desbotar com certa facilidade,
tornando-se necessário escurecê-lo. O material de náilon, por sua vez, dificilmente
perde a cor, mas seu aspecto é pouco natural e ligeiramente brilhante. Esse brilho
deve ser eliminado usando-se lama, barro ou poeira. As pequenas peças metálicas
do equipamento, tais como fivelas, grampos e mosquetões, com o uso, podem
perder o revestimento fosco e adquirir um certo brilho. Essas peças deverão,
então, ser cobertas com panos ou com fita isolante. O cantil, o caneco, a marmita,

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os talheres e outros objetos brilhantes devem ser mantidos em seus estojos de lona
ou de náilon, a fim de não ocasionarem reflexos ao sol.
d) Pele
A camuflagem da pele tem por finalidade ofuscar o brilho natural, reduzir o
contraste da tonalidade entre a pele e a vegetação circundante e eliminar as linhas
nítidas do rosto, como os olhos, sobrancelhas e boca (linhas horizontais) e o nariz
(linha vertical). Mesmo as peles escuras têm reflexos, devido ao suor e à
oleosidade natural.
Para a pintura da pele são usados bastões de camuflagem, distribuídos,
normalmente, nas cores preto e verde no mesmo tubo. O rosto deve ser pintado de
ambas as cores e com desenhos irregulares, de forma a quebrar seus contornos
nítidos. Nas ações noturnas usa-se apenas a tinta preta, escurecendo todo o rosto
de maneira uniforme. Não se deve esquecer a camuflagem das mãos, da nuca e do
pescoço (Fig 3.31).

Fig 3.31 - Camuflagem do rosto

Quando não se dispuser de bastões de camuflagem, podem ser usadas rolhas de


cortiça queimadas, fuligem ou carvão. O barro deve ser evitado e só usado em
situações de emergência, mesmo assim depois de aprovado pelo oficial médico,
porque poderá conter bactérias nocivas à saúde. É interessante notar que o barro
muda de cor enquanto seca, bem como pode descascar a pele ao cair ou ao ser
retirado.
A camuflagem do rosto deverá ser realizada em duplas para que os combatentes
possam se ajudar mutuamente.
e) Armamento
A camuflagem das armas portáteis é feita guarnecendo-as com tiras de tecido

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grosseiro ou folhagem, para quebrar a regularidade do contorno. Lama ou barro


podem servir para ofuscar as partes brilhantes da coronha ou do cano do fuzil.
Todo cuidado deve ser tomado para que a camuflagem não interfira no
funcionamento e emprego da arma (Fig 3.32).

Fig 3.32 - Camuflagem de arma

3.5.5 - Camuflagem na neve, em regiões desérticas e em áreas edificadas.


a) Nos terrenos cobertos por neve
Deve ser utilizado um uniforme de camuflagem especial, todo branco, que pode
ser improvisado com lençóis ou colchas, caso não seja fornecido pelo órgão de
abastecimento. O equipamento deve ser pintado ou coberto com tecido branco.
Devem ser aproveitadas as irregularidades do terreno e a vegetação, que quebram
a uniformidade do manto de neve, para ajudar na dissimulação do pessoal e do
material.

b) Regiões desérticas
Apresentam, normalmente, um aspecto bastante uniforme. A intensidade das
sombras nessas regiões é um fator importante na identificação de um objeto.
Deve-se, portanto, usar um uniforme de coloração adequada ao meio e procurar a
ocultação junto às irregularidades do terreno (dobras, pedras, vegetação, etc.),
buscando o máximo aproveitamento das sombras disponíveis. O combatente deve,
a todo custo, evitar projetar sua sombra ou a do seu equipamento.
c) Áreas edificadas
Proporcionam aspectos bastante peculiares quanto à camuflagem. As linhas retas,
regulares e geométricas das construções; a coloração variada do ambiente; a

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abundância de abrigos oferecidos pelos muros e paredes; as sombras pronunciadas


dos prédios; os setores de tiro e observação estreitos, porém extremamente
favoráveis, oferecidos pelas ruas e avenidas, são fatores importantes a serem
levados em conta na ocultação do combatente e do seu equipamento. O FN deve
tirar o máximo proveito das sombras, dos abrigos proporcionados pelas
construções e dos destroços e escombros como material de camuflagem.
3.6 - CONFECÇÃO DE CROQUIS, CALCOS E RELATÓRIOS
3.6.1 - Croqui panorâmico e topográfico
É o conjunto dos detalhes de uma região representados em uma folha de papel,
tendo-se o cuidado de só serem representados elementos que proporcionem
informações úteis para o que se quer desenvolver na região e, com isto, evitar
trabalho desnecessário. Esses croquis podem ser feitos: a vista, de memória e por
informações.
a) A vista
É feito de um PO. Tudo que for representado tem que ser identificado por nomes,
por convenções cartográficas e por símbolos militares. Não é necessário que as
representações sejam feitas em escala. Na confecção de um croqui deve-se colocar
todos os detalhes importantes. A orientação do croqui é imprescindível.
b) De Memória
É feito quando a situação não permite ao observador ficar no PO. Ele ocupa este
por pequeno período, memoriza o que viu e, na primeira oportunidade,
confecciona o croqui.
c) Por Informações
As vezes a situação não permite ao observador aproximar-se da região da qual ele
terá que confeccionar o croqui, tendo que colher informações dos moradores da
região para confeccioná-lo.
Na confecção de um croqui, deve-se partir das informações gerais para as detalhadas,
do mais distante para o mais próximo, identificar os detalhes mais importantes e, em
seguida, aqueles de menor importância. A principal diferença entre o topográfico
(Fig 3.33-B) e o panorâmico (Fig 3.33-A) é que o primeiro mostra o que se quer
representar em uma vista de topo, onde podem ser registradas as medidas
horizontais, enquanto no segundo procura-se mostrar os objetos em perspectiva,
podendo oferecer uma noção (mesmo sem escala) das dimensões no plano horizontal

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e vertical.

Fig 3.33 - Exemplos de croquis panorâmico e topográfico

3.6.2 - Calcos
O calco é a representação de uma informação em papel transparente ou translúcido
colocado sobre o trecho de uma carta, que lhe serve de fundo (orientação). Para
confeccionar um calco, o combatente colocará um pedaço de papel transparente ou
translúcido sobre o trecho da carta que o interessa e seguirá os seguintes passos:
- amarrar o calco por meio de pelo menos duas interseções de quadrículas da carta,
não esquecendo de designá-las corretamente por suas coordenadas;
- desenhar ou escrever no calco tudo o que se deseja representar como informação; e
- finalmente, incluir no calco o cabeçalho, o qual conterá a unidade ou subunidade do
informante, nome e escala da carta utilizada como referência, a data e hora da
remessa do calco.
Quem recebe o calco, para utilizá-lo, coloca-o sobre a carta referenciada e faz
coincidir os pontos de amarração, ficando assim em condições de ler os informes.
A amarração pode ser feita também com dois ou três pontos importantes da carta,
como cruzamentos de estradas, edifícios, confluências de cursos d’água, pontes, etc.
3.6.3 - Relatórios
Utilizados pelos combatentes na transmissão de informes, devem ser confeccionados
tão rápido e completos quanto for possível. As normas de preenchimento e os

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modelos de relatório variam bastante, sendo o mais importante aquele que relata
determinados conhecimentos sobre o inimigo como: efetivo, atividade, localização,
uniforme, equipamentos e data-hora da observação.
O combatente também poderá ser empregado como mensageiro na transmissão de
relatórios verbais ao escalão superior, devendo estar apto para cumprir essa tarefa
com eficiência (memorizar e reproduzir com exatidão o que deve ser transmitido) e
rapidez.
a) Mensagens
I) Conceito de mensagem
Mensagem é qualquer ordem, instrução, parte , relatório, fotografia ou outro
documento em texto claro ou cifrado que uma pessoa envia a outra. Sua forma
dependerá do meio de comunicações utilizado. Ela poderá ser escrita ou verbal,
disseminada por mensageiro ou transmitida por rádio ou telefone ou outro
canal de comunicações.
II) Preparação de uma mensagem escrita
Uma mensagem bem escrita deverá ser clara, precisa e concisa. Ela será clara
quando puder ser lida e compreendida com facilidade; precisa quando
responder as perguntas: O QUE, QUANDO e ONDE; e concisa quando escrita
da maneira mais breve possível, omitindo palavras que não sirvam para
esclarecer seu significado. Ao escrever uma mensagem, o combatente deverá:
- escrever claramente em letras maiúsculas, tipo imprensa;
- usar somente as abreviaturas prescritas;
- não usar abreviaturas que possam causar dúvida; e
- dirigir a mensagem sempre a um comandante;
III) Transmissão de uma mensagem verbal
As mensagens serão escritas quando o tempo o permitir. Entretanto, as
mensagens verbais, normalmente, serão usadas nas situações dinâmicas em que
a troca rápida de informações é imprescindível. Elas deverão ser curtas e
simples para evitar erros durante a sua transmissão. Quando um mensageiro
receber uma mensagem verbal deverá repeti-la palavra por palavra ao
remetente e logo memorizá-la.
Por ocasião da transmissão da mensagem ao destinatário, poderá ser
determinado ao mensageiro que leve uma resposta ou uma outra mensagem à

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sua própria unidade. Isto faz parte da sua tarefa, a não ser que haja recebido
instruções para não retardar o seu retorno.
Quando não puder encontrar o comandante, o Centro de Mensagens ou o
destinatário, deverá, sem perda de tempo, apresentar-se ao PC mais próximo e
pedir ajuda e instruções.
A mensagem será entregue ao destinatário ou a um representante seu. O
mensageiro solicitará ao Centro de Mensagens da unidade para localizar o
destinatário ou seu representante autorizado e, após passar-lhe a mensagem,
deverá pedir instruções para que no retorno confirme a transmissão (recibo).
Antes de deixar o comando da unidade ou PC, deverá dirigir-se ao Centro de
Mensagens e perguntar se há alguma mensagem para sua unidade.
Quando o transporte que estiver utilizando avariar, o mensageiro deverá
continuar até o destino por seus próprios meios. Será conveniente informar ao
comando mais próximo a fim de solicitar ajuda e instruções.
b) Mensageiros
I) Importância do mensageiro
Os mensageiros são muito importantes nos pequenos escalões e normalmente
são os únicos meios disponíveis para enviar documentos e calcos. Os
mensageiros serão selecionados segundo sua inteligência, integridade e
personalidade. Serão necessários em todos o escalões, das menores frações às
maiores unidades. Normalmente serão empregados também quando todos os
outros meios de comunicações falharem.

II) Equipamento
Algumas unidades possuem em seu efetivo pessoal especializado para a
remessa de mensagens. Entretanto, qualquer combatente poderá ser escolhido
como mensageiro. A bússola e o armamento individual fazem parte de seu
equipamento regulamentar. Outros equipamentos, tais como lanterna portátil,
carta, caderneta de mensagens, bem como meio de transporte poderão ser
proporcionados pelo elemento que empregar o mensageiro.
III) Qualificação do mensageiro
Quando um combatente receber a tarefa de mensageiro, deverá estar em
condições de:

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

- entregar mensagens verbais e escritas;


- transpor vários tipos de terreno a determinadas velocidades;
- usar a bússola para orientação e seguir um azimute dado;
- ler a carta e orientar-se pelas estrelas e o Sol, quando for o caso;
- selecionar itinerários que proporcionem abrigo e cobertura compatíveis com a
necessidade de rapidez; e
- reconhecer os comandantes das unidades vizinhas e do escalão imediatamente
superior.
IV) Mensageiros duplos
Poder-se-á usar mensageiros duplos quando a mensagem que se desejar enviar
for de vital importância ou quando o itinerário for difícil e expuser o
mensageiro ao fogo inimigo.
V) Orientação do mensageiro
O oficial ou graduado que enviar uma mensagem por um mensageiro deverá
proporcionar as seguintes informações:
- o nome e a localização de comando ou pessoa a quem deverá entregar a
mensagem;
- itinerário a seguir;
- pontos perigosos que deverá evitar;
- rapidez requerida;
- necessidade ou não de trazer resposta ou recibo;
- a quem informar no caso de se tornar totalmente impossível a entrega da
mensagem ao destinatário designado;
- o conteúdo da mensagem quando a situação o justificar; e
- instruções especiais, se necessário.
O oficial remetente deverá, também, instruir o mensageiro para que informe
seu destino aos comandantes dos postos avançados ou posições estabelecidas
por destacamentos de segurança, quando tiver de passar por eles ou nas suas
proximidades. Estes comandantes orientarão e auxiliarão se necessário e
possível.
VI) Procedimento do mensageiro
Quando houver perigo de encontrar o inimigo, o mensageiro deverá utilizar
itinerários cobertos e abrigados. Quando tiver de utilizar itinerários difíceis

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

durante a noite, deverá, se possível, reconhecê-los de dia. Quando se


aproximando ou saindo de um PC, deverá ter cuidados especiais para evitar
que seja descoberta a localização dessa instalação. Fazer o possível para
entregar rapidamente as mensagens, evitando se expor desnecessariamente.
Quando receber instruções de mostrar as mensagens abertas aos comandantes
de unidades que encontrar no itinerário, deverá pedir-lhes que rubriquem a
mensagem depois de lê-las. Quando estiver em perigo iminente de ser
capturado deverá memorizar a mensagem e destruí-la.
VII) Seleção do itinerário
O itinerário que será utilizado deverá ser selecionado normalmente pelo
oficial ou graduado responsável pelo envio da mensagem. O mensageiro
deverá planejar a utilização de um itinerário alternativo caso não possa
utilizar o principal. Se o itinerário que receber for desconhecido, solicitará
uma carta ou croqui para completar as instruções verbais. Aproveitará os
sinais e os guias existentes no percurso e, sempre que necessário, deverá fazer
perguntas para certificar-se de que está seguindo seu itinerário corretamente.

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CAPÍTULO 4
OPERAÇÕES ANFÍBIAS
4.1 - GENERALIDADES
O desenvolvimento da doutrina, das táticas, das técnicas e dos meios empregados nas
operações anfíbias (OpAnf) iniciou-se há quase 3000 anos, quando os gregos
desembarcaram em praias próximas à cidade de Tróia, para conquistá-la. Desde então, a
História registrou muitas outras operações similares. As mais conhecidas ocorreram
durante a 2a Guerra Mundial, como o desembarque na NORMANDIA, que levou os
aliados à abertura de uma segunda frente na Europa, ou o assalto a IWO JIMA, com o
propósito de negar o seu uso pelo inimigo e prover uma base aérea avançada para os
ataques ao Japão. Mais recentemente, ocorreu o desembarque britânico nas ILHAS
FALKLANDS/MALVINAS e o assalto à ILHA DE GRANADA pelos norte-
americanos.
As OpAnf exigem, para o seu planejamento e execução, um alto nível de preparo
técnico-profissional do pessoal envolvido com a mais complexa das operações militares.
A OpAnf refere-se, normalmente, a um ataque lançado do mar por uma Força-Tarefa
Anfíbia (ForTarAnf), sobre litoral hostil ou potencialmente hostil.
A publicação CGCFN-1-1 - Manual de Operações da Força de Desembarque aborda o
assunto tratado neste capítulo com maior profundidade.
4.2 - MODALIDADES DE OPERAÇÕES ANFÍBIAS
4.2.1 - Assalto Anfíbio (AssAnf)
Ataque lançado do mar por uma ForTarAnf, para, mediante um desembarque,
estabelecer firmemente uma Força de Desembarque (ForDbq) em terra.
4.2.2 - Incursão Anfíbia (IncAnf)
Operação envolvendo uma rápida penetração ou a ocupação temporária de um
objetivo em terra, seguida de uma retirada planejada.
4.2.3 - Demonstração Anfíbia
Ação diversionária compreendendo a aproximação do território inimigo por forças
navais, inclusive com meios que caracterizam um AssAnf, sem o efetivo
desembarque de tropas.
4.2.4 - Retirada Anfíbia
Consiste na evacuação ordenada e coordenada de forças de um litoral hostil.

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4.3 - PROPÓSITOS DAS OPERAÇÕES ANFÍBIAS


4.3.1 - AssAnf
- conquistar área para o posterior lançamento de ofensiva terrestre;
- conquistar área para o estabelecimento de base avançada; e
- negar ao inimigo o uso de áreas ou instalações.
4.3.2 - IncAnf
- destruir ou danificar certos objetivos;
- criar uma diversão;
- obter informações; e
- capturar, evacuar, ou resgatar pessoal e/ou material.
4.3.3 - Demonstração Anfíbia
- confundir o inimigo quanto ao local da operação principal ou induzi-lo a
empreender ações que lhes sejam desfavoráveis.
4.3.4 - Retirada Anfíbia
- permitir que uma força desengaje de inimigo de poder de combate superior; e
- permitir o emprego de uma força em outra região.
4.4 - FASES DAS OPERAÇÕES ANFÍBIAS
As fases aqui relacionadas se referem ao AssAnf. Entretanto, os conceitos e princípios
são aplicáveis, também, às outras modalidades de OpAnf.
4.4.1 - Planejamento
Corresponde ao período decorrido desde a expedição da Diretiva Inicial (DI) para uma
OpAnf até o embarque dos meios. Embora o planejamento da operação não cesse
efetivamente ao término dessa fase, é conveniente distinguí-la, devido às diferenças
que ocorrerão nas relações de comando.
4.4.2 - Embarque
Compreende o período durante o qual as forças com seus meios são embarcados nos
navios previamente designavos. Esta fase estará terminada com a partida dos navios.
4.4.3 - Ensaio
É o período durante o qual a operação em perspectiva é ensaiada. O Ensaio,
normalmente, ocorre durante a Travessia.
O Ensaio é realizado para testar a adequação do plano, proporcionando a familiarização
com o mesmo. Nele é feita a tomada de tempo dos eventos de forma a confirmar o
quadro-horário elaborado para a operação. Serão testadas, ainda, a prontificação do

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pessoal e as comunicações.
Antes do Ensaio, assim como antes do desembarque, deverão ser ministrados
“briefings” sobre a operação e disseminadas as medidas de segurança destinadas a
preservar o sigilo da operação.
4.4.4 - Travessia
A Travessia envolve o movimento de uma ForTarAnf desde os pontos de embarque
até os postos ou áreas previstos no interior da Área de Desembarque (ADbq).
Deverão ser realizados nesta fase exercícios de guarnecimento de Postos de
Abandono para a tropa, instrução sobre controle de avarias e utilização de
equipamentos de respiração, com auxílio do pessoal do navio.
O tempo disponível nessa fase deverá ser utilizado para disseminar as alterações no
planejamento, divulgação de informações e instruções, bem como a realização dos
adestramentos possíveis, conforme necessário.
É importante a realização de treinamento físico militar, exercícios de tiro e de
embarque em viaturas anfíbias e aeronaves, oportunidade na qual poderão ser
prontificados os manifestos de embarque. A execução da verificação diária de
pessoal faz-se necessária, para constatar a presença física e o estado de saúde física e
mental de todos os elementos.
4.4.5 - Assalto
Corresponde ao período entre a chegada do Corpo Principal da ForTarAnf à ADbq e
o término da OpAnf, compreendendo o Movimento Navio-para-Terra (MNT) e as
ações em terra. É nela que a ForDbq é projetada em terra para cumprir suas tarefas,
de acordo com um Conceito de Operação.
Compreende as seguintes etapas:
- preparação final da ADbq;
- MNT por superfície e/ou por helicópteros;
- desembarque dos elementos de assalto da ForDbq;
- ações em terra para a conquista da CP;
- desembarque de outros elementos da ForDbq, geralmente de apoio ao combate
(ApCmb) e de apoio de serviços ao combate (ApSvCmb), para a execução de
tarefas que possibilitem o prosseguimento das ações em terra; e
- provisão do apoio de fogo naval e aéreo e do apoio logístico.

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4.5 - MNT POR SUPERFÍCIE E POR HELICÓPTEROS


É a etapa que compreende o movimento ordenado de tropas, equipamentos e
suprimentos dos navios de assalto para as praias e/ou zonas de desembarque,
selecionadas na ADbq, a fim de garantir o desembarque nos momentos e locais
previstos e no dispositivo adequado, atendendo à idéia de manobra em terra.
Pode ser por superfície, empregando embarcações de desembarque (ED) e navios de
desembarque (ND), e viaturas anfíbias (VtrAnf), por helicópteros ou por uma
combinação de ambos.
4.5.1 - Períodos
Para facilitar o controle, o MNT é dividido em dois períodos: Descarga Inicial e
Descarga Geral.
a) Descarga inicial
É, principalmente, de caráter tático. Inclui o desembarque das unidades de assalto
e dos equipamentos e suprimentos essenciais à conquista dos objetivos iniciais da
ForDbq.
b) Descarga geral
É, principalmente, de caráter logístico. Só começa quando a descarga seletiva não
é mais necessária e tem por propósito descarregar, no menor tempo possível, um
grande volume de equipamentos e suprimentos.
4.5.2 - Organização
As unidades que integram a organização por tarefas da ForDbq são organizadas para
o MNT por superfície em vagas de ED e VtrAnf, contendo tropas e equipamentos
que devam desembarcar simultaneamente. O pessoal e os equipamentos conduzidos
em cada ED ou VtrAnf de determinada vaga constituem uma Equipe de Embarcação
(EE).
Para o MNT por helicópteros, estas unidades se organizam em vagas de helicópteros,
contendo pessoal e equipamentos que são desembarcados aproximadamente ao
mesmo tempo. O pessoal e equipamentos conduzidos em cada He constituem uma
heliequipe.
4.5.3 - Números-Série
Série é um número representando tropas, seus equipamentos e suprimentos iniciais
de combate embarcados em um mesmo navio, que desembarcam aproximadamente
ao mesmo tempo e na mesma praia ou zona de desembarque.

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Os números-série são empregados como um meio conveniente para identificar


elementos da ForDbq e facilitar sem controle durante o MNT.
Todas as unidades da ForDbq, inclusive alguns componentes navais a serem
desembarcados com ela, recebem números-série.
4.5.4 - Categorias de desembarque
No planejamento do MNT, os elementos da ForDbq (tropas, equipamentos e
suprimentos) são organizados em cinco categorias de desembarque. O propósito
desta classificação é indicar a prioridade relativa para o desembarque e facilitar o
controle do MNT.
a) Vagas Programadas
Consistem de ED, VtrAnf ou He nos quais são embarcados os elementos de
assalto da ForDbq e cuja hora, local e formação foram previamente determinados
e especificados.
Compreendem as primeiras unidades a desembarcar na praia ou zona de
desembarque. São compostas, predominantemente, pelos elementos dos
Grupamentos de Desembarque de Batalhão (GDB) de assalto, mas podem conter
outros tipos de unidades. As vagas programadas recebem números-série.
b) Vagas a Pedido
Consistem dos elementos da ForDbq, com seus suprimentos iniciais de combate,
cuja necessidade em terra está prevista para os movimentos iniciais, mas cuja hora
e local de desembarque não podem ser exatamente determinados, não sendo
portanto especificados.
São compostas, normalmente, pela reserva do Componente de Combate Terrestre
(CCT) da ForDbq, artilharia em apoio direto, engenharia, carros de combate e
Equipes do Destacamento de Praia (EqDP). Como a categoria anterior, também
recebem números-série.
c) Unidades Não Programadas
Consistem dos elementos restantes da ForDbq, com seus suprimentos iniciais de
combate, os quais estão previstos para serem desembarcados antes da Descarga
Geral.
São compostas, normalmente, do grosso dos elementos de ApCmb e de
ApSvCmb, que não foram incluídos em vagas programadas ou a pedido. Também
recebem números-série.

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d) Suprimentos Emergenciais
Compreendem os suprimentos planejados pela ForDbq para fazer face às
necessidades adicionais de itens críticos de suprimentos nos momentos iniciais do
assalto. Devem estar disponíveis para entrega imediata às unidades em terra e se
subdividem em Depósitos Flutuantes e Suprimentos Helitransportados.
Muito embora os Depósitos Flutuantes não recebam número-série, os Suprimentos
Helitransportados o receberão para facilitar o controle.
e) Suprimentos Remanescentes
Consiste dos suprimentos de assalto e equipamentos que não foram incluídos nas
cargas prescritas individuais de cada combatente, nos depósitos flutuantes nem
nos suprimentos helitransportados. Não recebem número-série.
f) Embarcações Livres
Não constituem uma categoria de desembarque. Entretanto, são usadas no
transporte para a praia de elementos de comando e controle. Recebem número-
série.
g) Helicópteros Livres
São designados para as unidades helitransportadas com os mesmos propósitos
determinados para as embarcações-livres. Recebem número-série.
4.6 - DESEMBARQUE DOS ELEMENTOS DE ASSALTO
4.6.1 - Tarefas iniciais dos elementos de assalto
Quando as unidades de tropa desembarcam, desfaz-se a organização em Equipes de
Embarcação ou Heliequipes, adotando-se a organização tática - PelFuzNav (Ref),
CiaFuzNav (Ref), BtlInfFuzNav (Ref).
As tarefas iniciais dos comandantes de todos os escalões de tropa, apesar das
dificuldades iniciais de controle, devem ser as de reorganizar sua tropa e conquistar,
no mínimo, o terreno necessário para o desembarque dos apoios e reserva que lhes
são pertinentes.
4.6.2 - Conquista dos objetivos iniciais
O inimigo encontrado nas praias ou zonas de desembarque deve ser destruído para
permitir o prosseguimento do assalto até os objetivos iniciais e possibilitar a
conquista de terreno com comandamento sobre locais de desembarque, e, assim,
proporcionar condições favoráveis ao desembarque dos elementos de apoio e das
reservas.

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4.6.3 - Prosseguimento das ações


Após a consolidação dos objetivos iniciais, os comandantes, em todos os escalões,
retomam o controle de suas tropas, reorganizam-nas e prosseguem em suas ações
para o interior.
4.7 - AÇÕES EM TERRA
As operações posteriores ao desembarque são conduzidas para a conquista da Cabeça-
de-Praia (CP) com suficientes espaço e segurança para garantir o desembarque contínuo
de tropas e prover espaço para a manobra dos elementos que conduzirão as operações
subseqüentes ao assalto anfíbio, caso sejam previstas.
Durante essa etapa, as reservas dos elementos de assalto desembarcam em vagas
programadas, enquanto as do CCT são mantidas de prontidão, em vagas a pedido ou em
unidades não programadas.
4.8 - GRUPO DE COMBATE E ESQUADRA DE TIRO NA FASE DO EMBARQUE
O Grupo de Combate (GC) e a Esquadra de Tiro (ET) farão parte de uma organização
para o embarque denominada Grupamento de Embarque (GptEmb). Esta organização
abrange todas as tropas, material e suprimentos que embarcam em um único navio.
Para o embarque, todos os FN recebem dois Cartões de Embarque, nos quais se
encontram todas as informações necessárias para sua vida a bordo, tais como:
- número do beliche e coberta;
- estação de transbordo;
- equipe de embarcação;
- estação de abandono; e
- locais de formatura (Fig 4.1).

Fig 4.1 - Cartão de Embarque

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No navio, por ocasião do embarque, um desses cartões será entregue ao Oficial de


Embarque e o outro continuará de posse do FN para orientá-lo a bordo, devendo ser
levado para a estação de transbordo, onde será entregue ao oficial do navio, encarregado
da estação de transbordo, por ocasião do desembarque.
Serão utilizados guias para condução dos elementos da tropa para as cobertas
designadas. Após se instalar, o FN deverá permanecer na sua coberta até que seja
liberada a sua circulação a bordo, para não atrapalhar o restante da faina de embarque.
O comandante de GC (CmtGC), auxiliado pelos comandantes de ET (CmtET), verifica
a instalação dos militares do seu GC, transmitindo o resultado dessa verificação ao
respectivo comandante do Pelotão (CmtPel).
4.9 - GRUPO DE COMBATE E ESQUADRA DE TIRO NA FASE DA TRAVESSIA
O CmtGC deverá verificar continuamente o estado do seu pessoal, acionando os CmtET
para que lhe informe quanto ao andamento das providências determinadas no sentido de
manter o bem estar e o moral elevado do seu pessoal. O CmtGC deverá dar ciência ao
CmtPel das anormalidades observadas e não sanadas.
4.9.1 - Durante a permanência a bordo devem ser obedecidas as seguintes instruções:
- não fumar nas cobertas, banheiros e durante as fainas de emergência;
- o pessoal da tropa, enquanto embarcado, ficará sujeito às disposições
regulamentares concernentes ao serviço e disciplina do navio;
- o trânsito a bordo no sentido proa à popa deverá ser feito por bombordo (BB), e por
boreste (BE), no sentido inverso;
- todo elemento da tropa ao embarcar receberá um colete salva-vidas que ficará sob
sua guarda individual e deverá ser conservado amarrado ao beliche; por ocasião do
desembarque, o colete é utilizado até que seja atingida a praia de desembarque,
local onde ele é deixado e recolhido posteriormente pelo pessoal da EqDP;
- como norma geral, todo aquele que observar a queda de um elemento ao mar
deverá, imediatamente, bradar "HOMEM AO MAR" indicando o bordo (a BB ou a
BE);
- nas fainas de abandono, colisão e incêndio, cada elemento da tropa deverá colocar e
ajustar o salva-vidas e dirigir-se rapidamente ao seu posto de abandono,
especificado no cartão de embarque, obedecendo o sentido do trânsito a bordo; e
- todos os militares deverão manter cheios de água os seus cantis.

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4.9.2 - No que respeito à operação propriamente dita, o GC e a ET observam os


seguintes procedimentos:
- mantêm regularmente a limpeza e conservação das suas armas orgânicas;
- desenvolve, no seu nível, o planejamento para o assalto, cabendo ao Cmt do GC as
seguintes tarefas:
a) Orientar seus CmtEt sobre:
- as tarefas do pelotão;
- como proceder nos ensaios programados;
- os procedimentos para o transbordo; e
- o MNT.
b) Elaborar um estudo detalhado das cartas, fotografias aéreas, modelos reduzidos do
terreno e croquis disponíveis;
c) Preparar uma estimativa preliminar da situação; e
d) Formular um plano de ataque tentativo, submetendo-o, em seguida, ao CmtPel,
completando-o com as observações deste.
- dissemina as ordens ao GC e assegura-se que todos os integrantes as entenderam
por completo; e
- prescreve, adicionalmente, caso necessário, outras tarefas aos integrantes do GC.
4.10 - GRUPO DE COMBATE E ESQUADRA DE TIRO NA FASE DO ASSALTO
Esta fase apresenta, basicamente, três atividades distintas:
- transbordo das tropas dos navios para as ED e/ou VtrAnf;
- MNT, por VtrAnf, ED, ND e helicópteros (He); e
- assalto propriamente dito, que é o desembarque das tropas com seus equipamentos
nas Praias (PDbq) ou Zonas de Desembarque (ZDbq).
Como já mencionado, para o desembarque, a tropa é organizada em EE. Os GC e ET,
normalmente, integrarão uma única EE.
No assalto às PDbq ou ZDbq, o GC e as ET devem estar preparados para atuarem
independentemente, até que o controle das ações destas frações possa ser centralizado
pelo CmtPel. O CmtGC deve orientar suas ET sobre as tarefas a realizar, sempre que
possível, usando um modelo do terreno, de forma a lhe permitir detalhar com precisão
as ações iniciais a empreender.
Estas ações devem ser rápidas e agressivas. Algumas posições junto à praia ou local de
desembarque de uma ZDbq podem não ser conquistadas de imediato devido à

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resistência apresentada; neste caso, o GC deve fixar a posição inimiga e comunicar ao


CmtPel.
Após o desembarque desfaz-se a organização por EE, retornando a tropa à sua
organização tática para o combate terrestre.
A capacidade de liderança dos comandantes de GC e ET será de vital importância nos
momentos iniciais do assalto, uma vez que neste período os meios de comando e
controle não conseguem atuar com a necessária eficiência.
4.10.1 - Equipe de Embarcação de Desembarque
É assim chamada a tropa, os equipamentos e suprimentos designados para
embarcar numa mesma ED para o MNT, por superfície, numa OpAnf.
Quando da composição das EE, deve-se ter em mente a necessidade de
manutenção da integridade tática dos GC, possibilitando suas ações como um
sistema básico de combate logo após o desembarque.
a) Organização
A EE para uma ED é organizada da seguinte forma:
- comandante da equipe;
- auxiliar do comandante da equipe;
- até oito (08) carregadores;
- quatro (04) serventes de rede;
- carregador da raquete; e
- restante do pessoal a ser embarcado na ED, demais equipamentos e
suprimentos.
b) Comandante da EE
É o FN mais antigo que dela faz parte. É o responsável pelo (a):
- designação do auxiliar da EE, serventes de rede, carregadores e o raquete;
- adestramento preliminar da EE;
- preparação e inspeção de sua equipe antes do transbordo;
- supervisão do deslocamento da EE do ponto de reunião para a estação de
transbordo ou VtrAnf designada;
- amarração e descida do equipamento de sua equipe para a ED;
- transbordo de sua equipe para a ED;
- disciplina na ED; e
- desembarque de sua equipe na praia.

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c) Auxiliar
É normalmente o que se segue em antigüidade ao comandante da EE. Substituto
eventual do Cmt, auxilia-o no cumprimento de suas tarefas.
d) Carregadores
Oito integrantes da EE são designados como carregadores. Eles descem, guiam e
arrumam no interior da ED todo o equipamento que não puder descer com o
pessoal pela rede. Quatro deles são designados para permanecer no convés do
navio e descer os equipamentos e suprimentos, por meio dos cabos de arriar,
para a ED. Os outros quatro carregadores vão para a ED e de lá guiam a descida
dos equipamentos junto ao costado do navio, em ambos os lados da rede, por
meio de cabos guia, e os arrumam no interior da ED.
e) Serventes de rede
Normalmente, quatro fuzileiros são designados como serventes de rede, porém
serventes adicionais podem ser designados, dependendo das condições do mar
na ADbq. Os serventes são os primeiros a executar o transbordo e, ao chegar na
ED, substituem os integrantes da guarnição da ED na faina de tesar a rede de
transbordo.
f) Carregador da Raquete
É o elemento designado para transportar a raquete com o número de
identificação da EE. Deve posicionar-se, com a mesma, na proa, a BE da
embarcação, mantendo a raquete visível por sobre a borda da ED. Por ocasião da
abicagem, carrega a raquete para terra e a finca na praia acima da linha de
preamar.
4.10.2 - Preparativos para o transbordo
Ao receber ordem de “preparar para o transbordo”, o comandante da EE inspeciona
seus homens no ponto de reunião da equipe, verificando as armas e equipamentos, a
fim de assegurar-se de que todos estão prontos para o transbordo. Nesta inspeção,
verifica:
a) Salva-Vidas
Quando utilizando o salva-vidas de inflar, esse deverá se encontrar por baixo de
todo o equipamento. Se for utilizado o salva-vidas do tipo colete de paina, será
colocado depois que todos os equipamentos forem ajustados e sobre os mesmos.

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b) Máscara contra-gases
Deverá estar colocada à tiracolo, com a alça sobre o ombro direito, ficando a
bolsa para trás, sobre o quadril esquerdo, envolvida pelo cinto que a mantém
junto ao corpo.
c) Mochila
Deverá encontrar-se na posição correta, ajustada no alto das costas.
d) Cantil
Deverá ser usado no quadril direito. Quando utilizando dois, o segundo será
transportado no quadril esquerdo.
e) Fuzil
Deverá estar pendurado pela bandoleira no ombro direito, cano para cima,
bandoleira para frente, com o cantil colocado entre a bandoleira e a coronha. A
bandoleira deverá estar bem ajustada para manter a arma convenientemente
presa lateralmente.
f) Capacete
A jugular do capacete deverá estar folgada, porém fechada.
g) Colete a prova de balas
Colocado sobre o conjunto cinto-suspensório e sob a mochila, deve estar
folgado, de forma a ser retirado rapidamente em caso de emergência.
h) Conjunto cinto-suspensório
Deverá ser desafivelado após entrar na ED

Fig 4.2 - Ajustagem da bandoleira Fig 4.3 - Combatente equipado para realizar
o transbordo

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Fig 4.4 - Uso correto do colete salva-vidas de Fig 4.5 - Início do transbordo
paina

4.10.3 - Amarração e descida do equipamento


Cada peça de equipamento conduzida a braço e a ser arriada pela borda é
amarrada com um cabo de no mínimo ½ polegada de diâmetro e capaz de resistir
a um peso de 150Kg.
Esse cabo é fornecido pela unidade da tropa e pode ter um comprimento de dois a
quatro metros, possuindo uma alça ou olhal em cada extremidade. É conhecido
pelo nome de cabo de amarrar.
Ao ser amarrado, antes de ser levado para a estação de transbordo, o cabo é atado
à extremidade mais pesada do equipamento por meio de uma volta do fiel,
correndo, por meio de cotes, para a extremidade mais leve, tendo-se o cuidado de
deixar ambas as alças livres, uma em cada extremidade.
Para arriar esse material o navio fornece dois cabos para cada estação de
transbordo. Cada cabo tem 15 metros de comprimento e no mínimo ½ polegada
de diâmetro, devendo agüentar, cada um, peso de 150Kg e serem munidos de um
gato numa das extremidades. São os chamados cabos de arriar.
O navio fornece também, para cada estação de transbordo, dois cabos de
especificações iguais ao anterior, denominados cabos-guia, para guiar a descida
do equipamento para o interior da ED.
Quando as peças dos equipamentos já amarradas são levadas para a estação de
transbordo, os carregadores distribuídos nos dois lados da rede, arriam-nas da

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seguinte forma:
- o cabo-guia é preso, por seu gato, à extremidade mais pesada do equipamento por
meio do olhal existente no cabo de amarrar;
- o cabo de arriar é preso, por seu gato, no olhal do cabo de amarrar existente no
lado mais leve do equipamento;
- à proporção que a peça do equipamento vai sendo arriada, o carregador que se
encontra na ED mantém o cabo-guia tesado, para impedir que a peça se embarace
na rede e bata contra o costado, guiando-a para o interior da embarcação;
- assim que a peça do equipamento se encontrar no interior da embarcação, os gatos
dos cabos de arriar e do guia são retirados dos olhais onde se encontram presos,
engatados um no outro e içados pelo carregador que se encontra a bordo do navio,
a fim de arriar outra peça do equipamento;
- o auxiliar do comandante da equipe supervisiona a arrumação do equipamento a
bordo da embarcação, sendo que essa deve ser aprovada pelo patrão da mesma; e
- o equipamento é arriado simultaneamente com a descida do pessoal da EE.
O comandante da equipe é o último a realizar o transbordo. Antes de desembarcar,
faz uma verificação geral para certificar-se de que todo pessoal, equipamento e a
raquete foram embarcados na ED e se os cabos de arriar foram içados e estão
devidamente arrumados na estação de transbordo para serem utilizados pela
equipe seguinte. Por fim, entrega ao encarregado da estação os cartões de
embarque de todos os combatentes que acabaram de realizar transbordo, incluindo
o seu próprio.
4.10.4 - Transbordo
Quando o navio estiver pronto para iniciar o transbordo, as ED que se
encontravam circulando na Área de Espera são chamadas para atracar a
contrabordo, junto às redes de desembarque (normalmente até cinco em cada
bordo). As ED são chamadas à medida que se tornam necessárias, por meio de
semáforos ou por rede rádio apropriada.
Ao receber ordem para guarnecer a estação de transbordo, o comandante conduz
sua EE para a estação que lhe foi designada. O auxiliar se desloca à retaguarda a
fim de facilitar o controle sobre os integrantes da EE durante o percurso.
Independente disto, cada elemento da EE deverá estar familiarizado com o percurso
do ponto de reunião para a estação de transbordo.

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No escuro, deslocando-se para a estação de transbordo, a EE permanece em coluna


bem cerrada, com cada elemento colocando a mão no ombro do que se encontra à
sua frente.
Quando a ED já se encontrar a contrabordo do navio, na estação de transbordo, a
EE procede da seguinte forma:
a) mediante ordem do comandante da EE, o auxiliar passa sobre a borda e desce
pela rede, seguido de dois a quatro carregadores, que auxiliarão na descida do
equipamento, permanecendo os demais na estação de transbordo, nos dois lados
da rede, para efetuarem a descida dos equipamentos;
b) Os quatro serventes passam, então, sobre a borda, descendo pela rede para a ED,
onde substituem os elementos da guarnição da embarcação que se encontram
tesando a rede, mantendo-a afastada do costado do navio;
c) mediante ordem do comandante da EE, os demais elementos passam sobre a
borda para a rede, em coluna por três ou quatro, descendo por ela da seguinte
maneira:
- passa sobre a borda com a perna esquerda em primeiro lugar;
- alinha-se com os integrantes da EE a direita e a esquerda e conserva-se assim
durante a descida, evitando olhar para cima ou para baixo enquanto estiver na
rede;
- segura-se nos cabos verticais da rede para evitar ser pisado pelo que se
encontra acima, e apoia-se com os pés nos cabos horizontais, devendo existir
pelo menos uma malha de intervalo entre os pés do elemento de cima e a
cabeça do que se encontra abaixo;
- desce, então, alternando, sucessivamente, mãos e pés pela rede;
- ao chegar na ED, certifica-se que seus pés se encontram firmemente apoiados
no seu fundo antes de largar a rede;
- ao sair da rede, coloca-se no lugar que lhe foi determinado a bordo da ED,
ajoelhando-se com a frente voltada para a rampa;
- após ocupar seu lugar, auxilia o homem que se encontra à sua frente a retirar
sua arma do ombro, tendo o cuidado de direcionar a boca da arma no sentido
oposto ao do costado do navio; e
- abre, por fim, a jugular do capacete e desafivela o cinto.
O auxiliar do comandante da EE mantém a disciplina na mesma. O último

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elemento a passar sobre a borda é o comandante da EE.

Fig 4.6 - Posicionamento das estações de transbordo

4.10.5 - MNT por ED


Quando as ED estão carregadas, desatracam e seguem, em coluna, para a área de
reunião onde constituirão a vaga.
Na área de reunião, a vaga aguarda ordem para ser dirigir à linha de partida da raia
de desembarque, por onde executa a corrida para a PDbq.
A formação da vaga, ao cruzar a linha de partida, deve ser em linha e a distância
média entre as ED de 50m, podendo ser diminuida para 25m no caso do
desembarque sob condições de visibilidade reduzida.
Por sua vez, a EE encerra o transbordo quando o seu comandante entra na ED,
informa ao patrão que encerrou o carregamento e que a equipe está pronta para
largar.
O carregador da raquete, então, coloca-á bem visível sobre a borda, na proa e a
boreste, onde permanece até que seja cruzada a linha de partida.
Após a ED deixar o costado do navio, os homens permanecem nas posições que lhe
foram determinadas, porém podem ficar sentados ou em pé, como for prescrito pelo
comandante da EE. Este, toma posição na proa da ED e pede para ser informado
quando for cruzada a linha de partida. O auxiliar toma posição na popa da ED.

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Quando a ED deixa a área de reunião e cruza a linha de partida, o patrão notifica o


comandante da EE, e este:
- ordena que todos se ajoelhem, retirem as capas das armas (se houver), armem
baioneta, carreguem e travem suas armas;
- procura identificar seus objetivos e instalações inimigas junto a praia; e
- comanda “ATENÇÃO” quando notificado pelo patrão que a ED se encontra a um
minuto da praia. A este comando, todos os homens afivelam os cintos, fecham as
jugulares do capacete e preparam-se para o choque (desaceleração rápida) que
ocorre com a abicagem na praia. No caso do desembarque noturno ou quando os
salva-vidas estão inflados, os cintos não são afivelados senão na praia.
4.10.6 - Desembarque na praia
Quando a ED abica, o patrão arria imediatamente a rampa e o comandante da EE
ordena DESEMBARCAR. A equipe desembarca, deixando a rampa pelas suas
laterais, evitando sair pela parte frontal, a qual pode se deslocar para frente em
função do movimento das ondas, e atingir seriamente as pernas dos que
desembarcam.
O auxiliar só desembarca após certificar-se que todos os equipamentos e
suprimentos foram conduzidos para terra.
O carregador da raquete desembarca carregando-a para terra e fincando-a, se
possível, em lugar bem visível da praia, além da linha de preamar. Essa raquete
permite às agências de controle do MNT confirmar visualmente as embarcações
que abicaram na praia.
Caso a rampa emperre, não conseguindo o patrão arriá-la, a EE procederá da
seguinte forma:
- os homens que se encontram mais próximos da rampa, metem-lhe os pés duas ou
três vezes; e
- se mesmo assim não conseguirem fazê-la arriar, a EE iniciará o desembarque
passando por sobre ambas as bordas, um homem de cada vez, o mais próximo
possível da proa. Para tanto, cada homem segura sua arma com a mão que ficará
para o lado de fora da ED e com a outra apoia-se na borda da mesma para subir.
Galgando a parte interna da ED, deita-se sobre a borda, inverte a posição da mão
com que segura nela, de modo que os nós dos dedos fiquem voltados para o
interior da embarcação. Deixa, então, que o corpo escorregue pelo costado da ED

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até tomar pé na areia, seguindo para terra.


Nunca se deve pular ou saltar sobre a borda, pois existe o risco de se ferir ao cair
sobre um obstáculo submenso.
Após deixar a embarcação, a EE desdobra-se rapidamente, procurando alcançar a
máxima dispersão permitida em largura ao atingir a orla posterior da praia.
4.10.7 - Equipe de Embarcação de VtrAnf
a) Composição
- comandante da equipe;
- auxiliar do comandante da equipe; e
- demais componentes da EE e seus equipamentos.
b) Carregamento do material
Os equipamentos e outros materiais da EE devem ser pré-carregados e
convenientemente estivados a bordo das VtrAnf.
c) Deslocamento do ponto de reunião para a VtrAnf
Quando a EE recebe ordem de embarcar em uma VtrAnf, cada comandante de
EE conduz sua equipe desde o ponto de reunião até sua viatura, em coluna, na
ordem inversa do desembarque.
O auxiliar é o último elemento a sair do ponto de reunião e deve certificar-se de
que todos os componentes e equipamentos da equipe chegaram à estação de
embarque.
d) Procedimento a bordo da VtrAnf
Ao entrar na viatura, o comandante da EE verifica se o pessoal e os
equipamentos estão ocupando seus devidos lugares. A seguir, pede ao
comandante da viatura para ser alertado quando esta cruzar a linha de partida e
também quando estiver a 100m da praia. Em seguida, informa quando toda a sua
equipe estiver embarcada e pronta.
e) Desembarque da VtrAnf
No momento em que as VtrAnf são lançadas ao mar, todos os componentes da
EE devem firmar-se em seus lugares por causa do choque da viatura com a água.
Depois do lançamento, o pessoal da EE pode permanecer relativamente à
vontade, até que a VtrAnf atinja a linha de partida, o que será informado pelo
comandante da EE.
Quando as VtrAnf estão a 100m da praia, o comandante da EE alerta a equipe e

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ordena que as armas sejam alimentadas e travadas.


f) Desembarque
A menos que haja ordem em contrário, as VtrAnf, ao chegarem em terra,
avançam para o interior até a primeira coberta disponível e então arriam as
rampas. A tropa desembarca, mediante ordem, dispersando-se e avançando pelo
menos 30m à frente das viaturas.
Os GC devem desembarcar a uma, mantendo a integridade tática dessa fração.
Os coletes salva-vidas poderão ser retirados e deixados dentro da viatura logo
após esta ter abicado.
g) Procedimento em caso de emergência
Caso um CLAnf comece a submergir, os componentes da equipe deverão sair da
mesma de um dos seguintes modos:
- se o tempo permitir, um dos elementos da guarnição da viatura abrirá as tampas
da escotilha de carga existentes na parte superior do compartimento da tropa. O
pessoal, depois de aliviar os equipamentos, sairá por esta passagem. O salva-
vidas só deverá ser inflado quando do lado de fora da viatura.
- caso não haja mais tempo para abrir as tampas da escotilha de carga, ou seja, a
viatura já tiver afundado, a equipe permanecerá dentro da viatura até que a
mesma seja alagada o suficiente para igualar a pressão e permitir a abertura da
escotilha de pessoal existente na rampa à retaguarda. Os componentes da
equipe retirarão o equipamento e permanecerão calmos, respirando no bolsão
de ar preso na viatura, até que a escotilha de pessoal possa ser aberta. A tropa,
então, nada através da passagem aberta até a superfície. Neste caso, não deve
ser tentado abrir as tampas da escotilha de carga, pois o ar retido na viatura irá
escapar.
Os salva-vidas só podem ser inflados quando do lado de fora da viatura.

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Fig 4.7 - Viatura afundada com a tropa


4.10.8 - Heliequipe
Para o desembarque por helicópteros, a tropa é organizada em heliequipes.
a) Composição
Cada heliequipe é composta por:
- comandante;
- auxiliar;
- carregador; e
- demais componentes.
b) Procedimentos para embarque nas aeronaves
Inicialmente, as heliequipes são concentradas em pontos de reunião onde é
conduzida a inspeção final do pessoal e do material a ser embarcado, bem como
a orientação para o vôo, na qual estão incluídas as medidas de segurança e os
procedimentos em caso de emergência.
É responsabilidade do comandante da heliequipe assegurar-se que sua equipe
está pronta para embarcar quando chamada.
Quando determinado pelo oficial controlador do embarque, a heliequipe desloca-
se para a estação de embarque, nas proximidades do He, onde, ao sinal do piloto,
a heliequipe desloca-se em direção a aeronave num ângulo de 45º em relação à
sua proa, de forma a ser permanente vista pelos pilotos. Aproximadamente a seis
passos da porta ou rampa de acesso, a direção muda para 90º. O comandante
desloca-se à frente e, ao atingir a porta da aeronave, abaixa-se e confere a

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seqüência de embarque, embarcando por último.


Os integrantes da heliequipe embarcam carregando seus fuzis na mão esquerda.
Quando chegam à porta do aparelho, seguram no apoio existente e embarcam
galgando os degraus montados abaixo da porta. No caso de rampa de acesso, os
combatentes embarcam com fuzis cruzados.

Fig 4.8 - Heliequipe embarcada

Depois de sentado na posição designada, cada integrante da heliequipe coloca


seu fuzil entre os joelhos, coloca e a justa o seu cinto de segurança e quando
pronto levanta sua mão direita, indicando estar em condições de iniciar o vôo.
Os equipamentos e suprimentos são dispostos, normalmente, sob os assentos ou
nos lugares determinados.
Quando o comandante da heliequipe certificar-se que todos estão prontos, dará
ciência disso ao comandante da aeronave por meio de um sinal previamente
convencionado.
c) Vôo e desembarque
Durante o vôo até a ZDbq, a tropa permanece sentada com seus cintos de
segurança ajustados.
Ao se aproximar da ZDbq, a aeronave receberá informações da Equipe Inicial de
Orientação Final (EIOF - sobre a situação naquele local. Estas informações
serão, na medida do possível, repassadas ao comandante da heliequipe, que, por
sua vez, as disseminará à equipe por meio de sinais e gestos, também
previamente convencionados. Por ocasião do pouso, o piloto confirmará a ZDbq
(principal ou alternativa) e indicará a direção Norte, orientações indispensáveis.
Caso possível, indicará a posição do pouso em relação a um ponto conhecido e
facilmente identificável. Alguns helicópteros são equipados com sistema de alto-
falantes no compartimento destinado à tropa. Neste caso as informações são
divulgadas simultaneamente a todos os integrantes da heliequipe.

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Enquanto estiver sobre água, a tropa deverá manter os coletes salva-vidas


vestidos, sem contudo inflá-los. Quando eles não forem mais necessários, o
piloto informará esta situação a fim de que os mesmos sejam guardados em suas
bolsas de transporte.
Após o pouso, o piloto dará o sinal para o desembarque. O comandante da
heliequipe tirará seu cinto de segurança e abrirá sua porta. A tropa também
retirará o cinto e desembarcará rapidamente, carregando seus fuzis e
equipamentos de forma ordenada.
Os homens que não carregam equipamentos desembarcam primeiro e afastam-se
o suficiente da aeronave, assumindo um dispositivo que permita à heliequipe
prover a segurança aproximada e responder ao fogo inimigo que seja
desencadeado das proximidades do local de pouso. Os carregadores
desembarcam a seguir e também se afastam da aeronave carregando os
equipamentos e suprimentos a serem desembarcados.
O afastamento do helicóptero é feito em corrida agachada, num ângulo de 45º a
90º. Se esse afastamento for impraticável por qualquer razão, a equipe
desembarcará e permanecerá aferrada próxima a porta até que o helicóptero
decole.
O último combatente a desembarcar afasta-se a uma distância de segurança e
acena para o piloto indicando estar livre para decolar.
d) Precauções de segurança
- As pás do rotor principal devem girar centenas de vezes por minuto até ficarem
invisíveis. Essas pás são particularmente perigosas em terrenos ondulados,
porque podem se aproximar mais do solo do que normalmente se espera. A
noite, nem sempre é possível ver as pás. O equipamento que ultrapasse a
cabeça do FN não deve ser carregado a noite, por ocasião do embarque;
- Os helicópteros modernos possuem seus motores na parte superior da
fuselagem (entre a fuselagem e o rotor principal). Neste caso, o tubo de
descarga está situado acima da fuselagem.
Alguns helicópteros antigos, entretanto, possuem o tubo de descarga montado
próximo ao solo. Quando isto ocorrer, a tropa deve evitar esta área para se
prevenir do envenenamento pelos gases provenientes da combustão;
- As portas de emergência dos helicópteros são, normalmente, pintadas de

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amarelo. Elas são usadas somente em caso de emergência; e


- É proibido fumar nas proximidades de um helicóptero.
e) Procedimentos de emergência
Como medida de segurança para todos os vôos sobre a água, as portas de saida
são removidas ou permanecem abertas (se as condições de tempo o permitirem)
e as tropas usam coletes salva-vidas. Orientações quanto ao uso adequado destes
coletes são ministradas a todo pessoal no adestramento de rotina e nas instruções
de segurança que antecedem cada vôo.
Caso ocorra uma emergência, o piloto avisará a equipe através de sinais pré-
combinados.
f) Abandono do equipamento
Nenhum equipamento será alijado, exceto por ordem do piloto. Quando houver a
ordem de alijar material, todo o equipamento removível será lançado fora do
helicóptero.Aqueles equipamentos que não possam ser lançados fora serão
colocados debaixo dos assentos ou peiados de forma a prevenir acidentes.
g) Aterrissagem forçada
Se for necessária uma aterrissagem forçada, um sinal será transmitido à equipe .
Os combatentes deverão assegurar-se que seus cintos de segurança estão bem
afivelados; suas pernas deverão estar cruzadas em torno do fuzil com a coronha
no cavado do ombro e, ainda, com a cabeça voltada para baixo e os braços
cruzados.
Após a aterrissagem do helicóptero, a equipe desafivela o cinto de segurança e
desembarca. A tropa nunca deverá desafivelar o cinto antes do pouso. Os
homens não deverão desembarcar enquanto as pás estiverem girando, exceto se
houver ordem em contrário. O comandante da heliequipe deve assegurar-se de
que todos os integrantes de sua equipe estão fora antes de deixar o helicóptero.
h) Pouso de emergência n’água
Se a amerrisagem for necessária, a equipe será avisada pelo piloto ou co-piloto.
Os homens devem assegurar-se de que seus cintos de segurança estão bem
afivelados e tomam a mesma posição como na aterrissagem forçada. Tão logo o
helicóptero tenha contato com a água, o piloto adota procedimento para
estabilizar a aeronave e manter a porta de saída da tropa safa da água. Após o
movimento das pás cessar completamente, o pessoal desafivela o cinto de

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segurança e desembarca pelas portas de saída. A tropa não deverá desembarcar


enquanto as pás estiverem girando.
O comandante da equipe, antes de sair do aparelho, deve certificar-se de que
todo o pessoal desembarcou.
O bote salva-vidas, caso possível, será removido do helicóptero pelo chefe da
tripulação, que deverá manobrá-lo tão logo ele seja lançado à água, a fim de não
deixar que ele se perca.
4.10.9 - Conduta inicial em terra
a) Generalidades
Um desembarque com oposição caracteriza-se, normalmente, pelas seguintes
limitações:
- impossibilidade de reconhecimento pessoal dos líderes;
- ausência temporária do controle pelos comandantes de pelotão e companhia
durante o desembarque;
- conseqüentemente a ausência temporária do controle, ocorre a descentralização
do comando, exigindo tropas muito bem adestradas, além de conduta
extremamente agressiva por parte dos comandantes de pequenas frações;
- posse e controle iniciais, pelo inimigo, do terreno que domina a praia;
- obrigatoriedade de que as unidades de assalto movimentem-se, tão rapidamente
quanto possível, para o interior, com vistas a conquistar terreno que
proporcione profundidade ao desembarque, evitando o congestionamento de
tropas, suprimentos e equipamentos na praia, o que pode vir a constituir um
alvo emassado, compensador para os tiros defensivos previstos, e, ainda,
conciliar esses aspectos com a necessidade de destruir o inimigo situado na
praia, o qual não pode ser ultrapassado e se transformar em ameaça aos meios
que atuarão na retaguarda;
- as limitações anteriores impedem uma parada na praia para reorganização,
obrigando os GC a combater isoladamente até a conquista de posições que
permitam a retomada do controle pelos escalões superiores e a efetiva
destruição do inimigo junto às praias;
- falta de armas de apoio orgânicas durante os momentos iniciais do assalto, o
que exige, em substituição, o intenso emprego do apoio de fogo naval e
aéreo; e

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- finalmente, o desembarque na praia é a fase mais crítica de um AssAnf, que


deve ser executada agressivamente até sua conclusão, apesar de todas as
limitações anteriores.
Já foi mencionado que muitas incertezas aguardam a tropa e seus líderes ao
desembarcarem e que os planos concebidos nem sempre podem ser cumpridos à
risca. Compete, pois, a todos os líderes, desde os comandantes de GC até o
comandante da ForDbq, passando por todos escalões, fazer um contínuo exame
da situação, desde o início do MNT até a conclusão do assalto.
Deve-se ressaltar que, embora a prioridade para as unidades de assalto nas
primeiras vagas seja a destruição do inimigo na praia, tal fato não impede o
rápido avanço dos elementos não engajados nessa tarefa principal. Assim, se na
zona de ação (ZAç) de um pelotão há uma posição inimiga que exige para sua
redução o emprego de apenas um GC, o restante do pelotão deve continuar
progredindo para o seu objetivo sem esperar na praia a destruição da posição
inimiga por esse GC.
b) Execução do assalto pelo GC
Para superar as dificuldades normalmente encontradas, devem ser observados os
seguintes aspectos:
I) O GC deve estar todo na mesma embarcação para manter sua integridade
tática e evitar sua excessiva dispersão;
II) Os GC devem ser equipados e adestrados para atacar e destruir, isoladamente,
as fortificações inimigas;
III) Os GC devem dispor de granadas de fumaça colorida e painéis fosforescentes
para balizar a linha de frente, tendo em vista o apoio aéreo. Devem estar
perfeitamente adestrados na utilização desses recursos;
IV) A cada GC que desembarca em assalto deve ser atribuído um objetivo.
Dependendo da situação, ele pode ser configurado como uma posição inimiga
isolada na praia, ou, então, parte do objetivo do seu pelotão, o qual poderá
estar situado nas imediações da praia ou mais para o interior.
Nos comentários feitos anteriormente sobre o terreno, idéia de manobra e
dispositivo para o desembarque, foi salientado que os pontos críticos do
terreno e as posições inimigas que dominam a praia devem ser precisamente
atribuídos a determinadas unidades com vistas a sua conquista. Disso decorre

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que, se tais objetivos estiverem dentro das possibilidades de um GC, devem


ser atribuídos a este, enquanto que outros podem ser de tal vulto que
necessitem para sua conquista de um pelotão ou mesmo de uma companhia,
caso em que ao GC tocará parte do objetivo de uma unidade maior. Convém
ressaltar que os objetivos na praia ou nas suas imediações, devem ser pontos
críticos no terreno ou posições de armas inimigas claramente identificadas
que possam ser localizadas antes do desembarque.
Nem todas as posições de armas e instalações inimigas existentes na praia
devem ser consideradas como objetivos para GC, porque, se assim fosse feito,
o ímpeto do ataque se perderia na orla da praia. Por isso, à maioria dos GC
determina-se que conquistem parte de um ponto importante do terreno, mais
para o interior, cuja a conquista facilitará a progressão do ataque em seu
conjunto, bem como a reorganização. Deve ficar claro, contudo, que qualquer
resistência encontrada na progressão para o objetivo, precisa ser destruída
antes de se prosseguir, particularmente quando localizada na praia; e
V) Com o auxílio de um modelo reduzido do terreno em escala grande (pelo
menos 1/2.500), cada GC deve ser perfeitamente orientado sobre o papel que
lhe toca no assalto.
c) Procedimento do GC no MNT e para o desembarque na praia
I) Para proteger-se do fogo inimigo, a tropa mantém-se na embarcação o mais
agachado possível, particularmente durante a corrida da raia de desembarque;
II) A tropa é distribuída na embarcação pelo comandante da EE de modo tal que
facilite o desembarque na praia e o rápido deslocamento dos GC que devam
desembarcar na frente;
III) O equipamento é ajustado logo que as embarcações cruzem a linha de partida;
IV) Assim que a embarcação abica na praia, o patrão abaixa a rampa. A EE, com
os GC de assalto à frente, desce a rampa mediante ordem e corre pela praia
desdobrando-se assim que deixar a embarcação; e
V) É usual carregar-se todas as embarcações com um pequeno número de
camburões com água e cunhetes de munição. Determinados elementos, de
preferência os que vão desembarcar por último, devem ser designados para
carregar esses suprimentos até a praia seca e ali deixá-los antes de
prosseguirem para o interior. Se a embarcação estiver sob fogo e houver

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

pressão para liberá-la, o comandante da EE poderá deixar os suprimentos na


ED para serem descarregados por elementos da segunda viagem.
d) Procedimento do GC nos momentos iniciais do assalto
Uma ação agressiva levada a cabo por líderes audaciosos e com iniciativa,
constitui a chave do sucesso do assalto do GC às posições inimigas na praia e
nas suas imediações. O aspecto fundamental, como de resto em toda a tática do
GC, e o emprego da técnica de fogo e movimento; além disso, o assalto deve ser
executado de acordo com os seguintes procedimentos:
I) Deve ser destruído todo o inimigo encontrado na praia e suas imediações que
possa interferir pelo seu posicionamento e o fogo de suas armas no
desembarque das vagas subseqüentes. Se ao GC for atribuído um objetivo na
orla da praia, este deve ser imediatamente engajado e destruído. Se este
objetivo estiver mais para o interior, destruirá o inimigo encontrado na praia
ou nas imediações do lugar de desembarque, antes de prosseguir para o seu
objetivo;
II) A impulsão do ataque para o interior deve ser mantida até que se tenha
conquistado terreno com comandamento sobre a PDbq e assim proporcionar
espaço suficiente para a manobra e desembarque da reserva e dos apoios,
proteger a praia do fogo das armas de tiro tenso e permitir a reorganização do
escalão de assalto como um todo. Os pontos fracos do dispositivo inimigo,
identificados durante o assalto, devem ser imediatamente explorados com
vistas a rápida interiorização.
Tais pontos podem resultar da aplicação do fogo naval e dos ataques aéreos
realizados imediatamente antes do início do assalto, ou, ainda, de uma falha
no dispositivo defensivo inimigo na praia. Aparentemente, este procedimento
colide com o enunciado no item anterior. Entretanto, na verdade, isto ressalta
a necessidade de um cuidadoso planejamento a fim de estabelecer uma idéia
de manobra que assegure o emprego mais eficiente de cada unidade após o
desembarque, bem como de um planejamento flexível pelo escalão
imediatamente superior para cobrir eventuais falhas ou explorar rapidamente
os êxitos iniciais. O assalto, enfim, é executado, no seus momentos iniciais,
pelos GC atuando independentemente, uns pressionando para o interior em
direção aos objetivos iniciais dos Grupamentos de Desembarque de Batalhão

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

(GDB), outros assaltando posições inimigas importantes junto a praia, agindo


todos de acordo com a idéia de manobra do comandante do GDB, a qual é
detalhada em seus pormenores pelos comandantes de companhia e pelotão;
III) Logo após o desembarque, os comandantes de GC devem tomar as
providências necessárias para iniciar imediatamente a ação ofensiva
planejada. Contudo, suas decisões são limitadas pelos fatores que
caracterizam o AssAnf, a saber:
- com vistas a facilitar o desdobramento do escalão da assalto, as
embarcações de uma vaga abicam com certo intervalo entre elas, o que pode
produzir uma dispersão excessiva com claros na frente dos pelotões de
assalto justamente ao atacarem esse ponto crítico – a praia;
- os reconhecimento realizados com antecedência (aerofotográfico, equipes de
reconhecimento Pré-Dia D, etc.). Podem não ter localizado todas as
instalações inimigas na praia, ou o inimigo pode ter construído novas, pouco
antes do desembarque; e
- para os GC que tenham recebido objetivos na praia, pode ocorrer, por
diversas razões, que o local de abicagem das ED não seja o planejado,
forçando-os a desembarcar num ponto da praia fora da distância de assalto
aos seus objetivos, os quais, para serem alcançados, obrigaria esses GC a
um deslocamento lateral pela praia, o que certamente é inviável.
Desse modo, pode-se criar uma situação confusa na praia, com alguns GC
que receberam objetivos nessa praia desembarcando distante deles e sem
oposição, enquanto outros que deveriam se interiorizar rapidamente e atacar
objetivos mais afastado, se depararem com posições inimigas ao desembarcar.
Nessa situação, os comandante de GC devem adotar soluções que garantam a
impulsão do ataque do escalão de assalto como um todo, escolhendo a
maneira apropriada de manobrar contra essas posições e executando sua
decisão com o máximo de rapidez e agressividade que puder imprimir às suas
frações. Para tanto, deve levar em consideração o seguinte:
É possível cumprir a missão inicial sem colidir com outra fração e sem
demasiada perda de tempo?
A posição inimiga se apresenta de modo muito diverso do que se imaginou e
há alguma outra fração mais próxima do objetivo?

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

Que efeito a posição inimiga está produzindo no desembarque ? Por exemplo,


a instalação inimiga é um espaldão com armas automáticas que flanqueia a
praia?
IV) O ímpeto do assalto não deve ser perdido. Quer atacando uma posição na
praia ou pressionando em direção ao interior, as ações do GC devem ser
rápidas, decisivas e agressivas.
Os tempos mortos ou gastos com atividade de menor importância, como os de
tomada de decisões simples, reorganizações inoportunas, procura do
comandante do pelotão, ou reunião das guarnições das armas de apoio, devem
se evitados ou reduzidos ao estritamente necessário. A exploração imediata
do bombardeio que antecede o desembarque produzirá melhores resultados,
pois as instalações inimigas e ponto críticos do terreno poderão ser mais
rapidamente conquistados enquanto sob os efeitos daquele bombardeio do
que algum tempo depois quando o inimigo restabelecido poderá apresentar
uma resistência mais obstinada e atrasar a conquista dos objetivos iniciais do
GDB.
Alguns objetivos, no entanto, podem não ser suscetíveis de conquista
imediata devido à resistência inimiga acima da esperada. Nesse caso, o GC
deve obrigar a posição inimiga a se revelar, tentar neutralizá-la e comunicar
ao comandante do pelotão. Apoio de fogo e frações adicionais serão então
aplicados, o mais rapidamente possível, pelo comandante do pelotão ou da
companhia para reduzir a posição.
V) As seções de metralhadoras e de armas anticarro do Pelotão de Petrechos das
CiaFuzNav são, normalmente, incluídas na composição das EE com os GC de
assalto que desembarcam na primeira vaga.
Essas frações de apoio de fogo são postas à disposição dos PelFuzNav no
assalto e recebem alvos defensivos contra os quais desencadeiam seus fogos.
Podem, também, ser postas à disposição dos GC aos quais foram atribuídos
objetivos na praia e nas suas imediações, ou ainda apoiá-los na sua rápida
interiorização. Em qualquer dos casos, o comandante de GC precisa saber
como empregar essas armas, e todo o GC deve estar perfeitamente adestrado
no combate em conjunto com elas.

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4.11 - EXECUÇÃO DO ASSALTO PELO PelFuzNav


Por causa do seu tamanho, da sua tarefa ao desembarcar, das defesas com que irá se
deparar na praia e da capacidade das ED e VtrAnf normalmente empregadas no
assalto, o PelFuzNav é desembarcado em uma único escalão. Um PelFuzNav
reforçado com armas de apoio para assaltar uma PDbq utiliza duas Embarcações de
Desembarque de Viatura e Pessoal (EDVP) ou três Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf).
A formatura em linha é a usualmente empregada pelos meios de desembarque da vaga
de assalto na corrida de raia de desembarque até a praia. Este tipo de formatura
permite o desembarque de todas os elementos da vaga aproximadamente ao mesmo
tempo e evita o fogo de enfiada que possa ser desencadeado da praia pelo inimigo até
próximo ao momento da abicagem. Esta formatura é também fácil de ser efetivamente
controlada. Uma formatura mais aberta, em forma de V, algumas vezes, é utilizada
pela vaga de assalto, porém apresenta o sério inconveniente de não permitir que todas
as embarcações da vaga alcancem a praia ao mesmo tempo e sejam batidas por parte.
Sem considerar a formatura empregada, todas as ED devem estar preparadas para se
dirigirem para a praia em ziguezague, mantendo suas posições relativas na formatura.
Normalmente é atribuída uma frente de 100 a 200 metros a um PelFuzNav ao
desembarcar. Para cobrir com fogos toda a frente atribuída ao PelFuzNav e assegurar
que todas as armas e posições inimigas na praia sejam engajadas imediatamente após o
desembarque, as primeiras ED, em geral, são distribuídas de modo uniforme sobre a
frente designada, mantendo uma distância de 40 a 75 metros entre elas. Esta distância
também permite que a ED tenha espaço suficiente para realizar a manobra de retração
e fazer-se de novo ao mar pelo flanco da raia de desembarque (raia de retorno), sem
interferir com a vaga subseqüente que está chegando a praia. Em condições de
visibilidade reduzida, ou quando a praia é estreita, pode ser necessário reduzir essa
distância. Contudo, ela deve ser suficiente para evitar danos a mais de uma ED por um
mesmo projétil ou bomba, e permitir o completo desdobramento das tropas sem
congestionamento ou mistura de unidades na praia.
O PelFuzNav organizado para o desembarque, compõe-se, geralmente, dos seus três
GC, uma seção de metralhadoras e de armas anticarro do PelPtr da CiaFuzNav, bem
como de dois enfermeiros do Grupo de Socorro de Companhia (GpSocCia) postos à
disposição pela CiaCmdoSv do Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais
(BtlInfFuzNav).

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

Para cobrir toda a frente que lhe foi atribuída na praia, garantir a máxima potência de
fogo ofensivo no menor tempo possível e a rápida conquista da praia, todo o
PelFuzNav (Ref) desembarcará, em geral, simultaneamente na hora “H” e sem outro
elemento de apoio.
O comandante do PelFuzNav (Ref) conduz o assalto observando os procedimentos a
seguir descritos:
a) Retoma o controle do pelotão e de todas as frações à disposição o mais cedo
possível. Pelo fato de estar embarcado numa ED com metade do pelotão e o
sargento-auxiliar com o restante do pelotão numa outra e, ainda, em virtude de
ambas as ED abicarem lado a lado, ele estará capacitado a estabelecer rapidamente
o contato com todas as suas frações subordinadas, não só utilizando seus próprios
esforços e os do sargento-auxiliar, como também os mensageiros do pelotão.
b) Avalia constantemente a situação com que se defronta por meio da observação
pessoal, reconhecimentos e de contatos pessoais com seus comandantes de GC.
Nessa avaliação, ele considera os seguintes aspectos:
- se o ataque está ou não progredindo de acordo com o previsto;
- se não estiver, se isso é devido à falha na condução do assalto à praia ou de
manobra de abicagem das ED, ou devido à mudança inesperada da situação do
inimigo;
- a natureza, o valor e o dispositivo das posições inimigas na praia e nas suas
imediações, dentro da ZAç do pelotão; e
- a localização e situação de todas as frações que constituem sua organização.
c) Baseado nessa rápida avaliação da situação, pode decidir progredir no ataque em
direção ao objetivo que lhe foi designado, haja vista o desenvolvimento do assalto
praticamente de acordo com o previsto, ou alterar o plano de ataque para enfrentar
uma nova situação. Sua decisão deve, contudo, observar a necessidade de destruir o
inimigo na praia que possa interferir pelo seu posicionamento e o fogo de suas
armas no desembarque das vagas subseqüentes, para só então avançar rapidamente
para o interior e conquistar os objetivos designados para o pelotão.
Se os três GC estiverem engajados na praia, ele deve conduzir o pelotão de forma a
completar a conquista da praia antes do prosseguimento; porém, se os três GC
estiverem avançado normalmente em direção aos objetivos designados, ele continua
o ataque, estimulando a rapidez no avanço. Se, como acontece muitas vezes, um ou

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

dois GC estiverem progredindo de acordo com o que foi planejado, enquanto o


restante continua combatendo contra uma posição inimiga cuja redução requer um
poder de combate superior, o comandante do PelFuzNav (Ref) deve fixar a
resistência com a tropa já engajada e decidir se desvia outras frações do pelotão de
suas tarefas para auxiliar naquela redução, ou se comunica o fato ao comandante da
companhia, sugerindo que a resistência seja reduzida pelo PelFuzNav reserva.
Como regra geral, as frações que estejam progredindo satisfatoriamente não devem
ser desviadas ou de outro modo empregadas, a não ser em séria emergência.
Ademais, geralmente não é possível desengajar tropas de infantaria em combate
aproximado com o inimigo.
Os aspectos da avaliação da situação de maior significado para a decisão são: o
efeito que a posição inimiga exerce sobre o sucesso do desembarque, o dano que
possa causar se a sua captura ou destruição for retardada até ser empregado contra
ela o pelotão reserva, e a possibilidade de emprego das demais frações do pelotão.
d) Qualquer que seja a decisão tomada pelo comandante do PelFuzNav (Ref), a sua
execução é levada a efeito por meio do esforço coordenado de todas as armas de
apoio e frações do pelotão. A principal preocupação do comandante do pelotão é
terminar o mais cedo possível a fase de ação independente dos GC e empregar o
princípio da massa, pela concentração da potência de fogo de todo o pelotão contra
a resistência encontrada no objetivo designado;
e) Até ser conquistado o objetivo inicial do PelFuzNav (Ref), o ataque não deve ser
paralisado para se constituir uma reserva. Nessa ocasião, contudo, se a situação
permitir, o comandante do pelotão poderá designar um GC para agir como reserva;
f) as decisões tomadas e as ações empreendidas pelo comandante do pelotão devem
ser informadas ao comandante da companhia. Caso o imediato da companhia
desembarque na primeira vaga, esse oficial receberá tais informações. Se as
comunicações por rádio com o comando de companhia já estiverem estabelecidas, a
informação deve ser enviada por esse meio. Se, por outro lado, não se conseguir
estabelecer comunicações com aquele comando, um mensageiro é enviado ao
encontro do comandante da companhia, quando este tiver desembarcado, para
prestar-lhe todas as informações; e
g) Quando um GC for insuficiente para assaltar uma posição com os seus próprios
meios, conforme já mencionado, deve-se reforçá-lo com outros meios. É importante

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

lembrar que, exceto em casos especiais, o reforço é usado principalmente para


incremento dos fogos de apoio e não para o aumento de efetivos do grupo. O GC
não depende para seu êxito do números de homens, mas sim do uso apropriado do
apoio de fogo disponível, quer o orgânico, quer o que possa ser proporcionado
pelos disponíveis aos escalões superiores.
4.12 - APOIO DE FOGO
A complexidade das OpAnf exige que as necessidades e os meios de apoio de fogo da
ForTarAnf e da ForDbq sejam integrados para a obtenção da máxima eficiência no
planejamento, na execução e no controle da ação planejada. Surge, então, a
coordenação do apoio de fogo que é o planejamento e o emprego integrado dos fogos
aéreo, naval, de artilharia e das armas orgânicas do BtlInfFuzNav, em apoio a uma
idéia de manobra. O capítulo 10 detalha o assunto.
4.12.1 - Responsabilidades pela coordenação do apoio de fogo
Inicialmente, o comandante da ForTarAnf (ComForTarAnf) é o responsável pela
coordenação do apoio de fogo naval, aéreo e de artilharia de campanha. Quando a
ForDbq e sua respectiva agência de coordenação estiverem estabelecidas em terra,
o ComForTarAnf, normalmente, transferirá o controle e a coordenação das armas
de apoio para o comandante da ForDbq (ComForDbq).
4.12.2 - Agências da ForTarAnf e da ForDbq
A agência de coordenação do apoio de fogo do ComForTarAnf é o Centro de
Coordenação das Armas de Apoio (CCAA), enquanto que a do ComForDbq é o
Centro de Coordenação do Apoio de Fogo (CCAF).
O CCAF é estabelecido em todos os níveis da ForDbq até o escalão batalhão.

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

CAPÍTULO 5
OPERAÇÕES TERRESTRES
5.1 - GENERALIDADES
No contexto da guerra anfíbia, os Fuzileiros Navais terão que executar operações
terrestres com a finalidade de cumprirem sua missão.
Tais operações poderão ser de caráter ofensivo (operações ofensivas) ou defensivo
(operações defensivas).
O CGCFN- 1-5 - Manual de Operações Terrestres de Caráter Naval, aborda o assunto
com detalhes.
5.2 - OPERAÇÕES OFENSIVAS
O sucesso final no campo de batalha somente é obtido pelas operações ofensivas.
Ofensiva significa atacar, explorar as fraquezas do inimigo e manter a iniciativa. São
realizadas a fim de alcançar um ou mais dos seguintes propósitos:
- destruir forças ou material inimigos;
- conquistar áreas ou pontos importantes do terreno;
- obter informações;
- desviar a atenção do inimigo;
- fixar o inimigo em posição;
- privar o inimigo de recursos; e
- desorganizar um ataque.
5.2.1 - Fases da ofensiva
Todas as operações ofensivas tendem a se desenvolver, normalmente, em três fases:
- preparação;
- execução; e
- continuação.
a) Preparação
Esta fase tem início com o recebimento da diretiva, que dará origem à operação,
até a ocupação de uma posição de ataque (PAtq) e subseqüente transposição de
uma linha de partida (LP), o que marca efetivamente o inicio da execução do
ataque.
Nesta fase, ocorre a marcha para o combate, na qual a tropa atacante busca
estabelecer o contato com o inimigo. A seguir, deslocando-se a partir de zona (s)
de reunião (ZReu) e/ou de PAtq transpõe a LP ou linha de contato (LC),

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

dependendo da situação, o que marca o início da fase seguinte (Fig 5.1).


b) Execução
Esta fase se inicia com o cruzamento de uma LP ou linha de contato (LC) até a
conquista do(s) objetivo(s) (Obj) decorrentes das tarefas impostas pela missão
atribuída na diretiva.
Sob a proteção dos fogos de preparação realizados pelas armas de apoio, as tropas
progridem até as Posições de Assalto (PAss), Linha Final de Coordenação (LFC)
ou Linha de Provável Desenvolvimento (LPD), no caso de um ataque noturno
(Fig 5.1). O efeito de obscurecimento e de neutralização proporcionado pelas
armas de apoio, em geral é necessário para apoiar o assalto. Porém, na medida do
possível, a surpresa deve ser preservada. Quanto mais próximo do objetivo o
escalão de assalto chegar antes de abrir fogo, melhor. Além do inimigo ser
atingido psicologicamente, ele também terá menos tempo para colocar em ação
suas armas mais pesadas.
O assalto ocorre tão logo os fogos das armas de apoio tenham se deslocado para a
retaguarda e flancos da posição inimiga para não por em risco o escalão de
assalto, o qual, desencadeando os fogos de assalto com suas armas orgânicas, se
lança, rápida e agressivamente sobre o(s) objetivo(s). Este escalão não se detém
na orla anterior do(s) objetivo(s); pelo contrário, dirige-se com rapidez em um
único lanço, ou executando as técnicas de fogo e movimento quando a resistência
inimiga assim exigir, até a orla posterior ou a parte que lhe for designada.
A história ensina que a velocidade no combate é uma arma preciosa. A unidade,
os homens ou máquinas que conseguem, consistentemente, se mover e agir mais
rápido que seu inimigo durante o assalto obtêm vantagem decisiva.
Para garantir velocidade no assalto, cada combatente deve:
- possuir a máxima habilidade com as armas por ele usadas;
- explorar convenientemente os pequenos abrigos e as cobertas proporcionados
pelo terreno em sua zona de ação (ZAç), bem como a qualidade dos campos de
tiro dessas posições;
- atacar sem depender de comandos verbais ou visuais e, sendo um comandante de
pequena fração, posicionar-se na frente, junto aos elementos mais avançados, de
forma a conduzir o assalto com deslocamentos taticamente seguros e
movimentação flexível, evitando confusão na transmissão das ordens e retardos

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

desnecessários. Convém lembrar que no meio do barulho, vegetação, confusão e


fumaça do ambiente de combate, raramente um comandante de fração
conseguirá fazer com que suas ordens transmitidas a viva voz ou por gestos
alcancem todos os seus subordinados, principalmente se ele estiver à retaguarda;
e
- unir forças e aliviar o isolamento do combate simplesmente conversando com o
combatente ao seu lado. Isso é importante não apenas para a disseminação lateral
das informações e ordens, mas mais importante ainda, para a coesão moral da
fração.
Além disso, a velocidade de progressão das frações será influenciada pela
flexibilidade de manobra proporcionada pela formação adotada. Em geral, uma
formação em triângulo (ou em cunha) oferece mais flexibilidade do que a em
linha, que compromete todo o poder de combate em uma direção.
c) Continuação
Com a conquista do (s) objetivo (s), segue-se uma série de ações com vistas a
consolidar sua posse, reorganizar a tropa e adotar um dispositivo que permita a
continuação das operações. A partir daí, poderá ter início tipos de operações
ofensivas, como o aproveitamento do êxito ou a perseguição.
Tendo em vista que raramente um ataque consegue destruir de uma só vez e
totalmente um inimigo que se defende, é provável que os seus remanescentes
procurem desengajar, retrair o que for possível, reorganizar-se e estabelecer novas
posições. Dependendo do escalão, poderão ser colocadas em ação tropas
deslocadas de áreas em que houver menor atividade ou mesmo empregar suas
reservas para destruição dos bolsões de resistência apresentados pelos
remanescentes .
Assim, salvo restrições impostas pelo comando ou pela eventual falta de meios, o
ataque deve ser seguido de um agressivo aproveitamento do êxito obtido com a
conquista do(s) objetivo(s), visando manter pressão sobre o inimigo e destruir sua
capacidade de reorganizar-se.
Quando existem indícios de que a resistência do inimigo se desintegra, o ataque
ou o aproveitamento do êxito se transforma em perseguição, destinada à
destruição da tropa inimiga (Fig 5.1).

OSTENSIVO - 5-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

PAss
(LPD) LP MARCHA PARA
O COMBATE
APROVEITAMENTO
DO ÊXITO ZReu

ASSALTO
Obj

PAtq
PERSEGUIÇÃO
(LPD) LP
PAss
CONTINUAÇÃO PREPARAÇÃO
EXECUÇÃO

Fig 5.1 - Fases da ofensiva

5.2.2 - Tipos de operações ofensivas


Em uma ação ofensiva, há três tarefas a serem realizadas em relação ao inimigo:
localizá-lo e fixá-lo em posição, manobrar de modo a obter uma vantagem tática e,
no momento e local oportunos, desencadear um ataque decisivo para destruí-lo.
Visando cumprir estas tarefas, há cinco tipos gerais de operações ofensivas:
Há cinco tipos gerais de operações ofensivas:
- marcha para o combate;
- reconhecimento em força;
- ataque coordenado;
- aproveitamento do êxito; e
- perseguição.
a) Marcha para o combate
É uma operação que visa estabelecer, o mais cedo possível, o contato com o
inimigo ou restabelecê-lo quando perdido. Termina com a ocupação de uma
região pré-estabelecida ou quando posições de resistência do inimigo impedem o
movimento, forçando o desdobramento da tropa.
A tropa, neste tipo de operação ofensiva, poderá adotar uma das seguintes
formações táticas, a depender, principalmente, do grau de ameaça do inimigo:
- coluna de marcha;
- coluna tática; e
- marcha de aproximação.

OSTENSIVO - 5-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

I) Coluna de marcha
Utilizada quando o contato com o inimigo for remoto. Prevalecem as medidas
que visam facilitar e acelerar o movimento. O deslocamento é realizado,
normalmente, por estradas e motorizado.
II) Coluna tática
Utilizada quando o contato com o inimigo for pouco provável. Neste caso,
considerações táticas e administrativas existem paralelamente. A tropa é
organizada para o combate de modo a permitir rápida entrada em ação em face
de qualquer interferência do inimigo.
III) Marcha de aproximação
Empregada quando for iminente a ação do inimigo terrestre (contato iminente).
Prevalecem as considerações táticas e a tropa será desdobrada
progressivamente à medida em que se prenuncia o contato, culminando com a
tomada do dispositivo de ataque ou de qualquer outro cuja dispersão lhe
permita furtar-se à ação das armas de tiro de trajetória tensa do inimigo.
Durante a realização de uma marcha para o combate deve ser esperada a
ocorrência de um combate de encontro, o qual consiste na ação que ocorre quando
uma tropa em movimento, não desdobrada para o combate, engaja-se com uma
tropa inimiga, parada ou em movimento, sobre a qual não dispõe de informações
adequadas.
Tal ação pode ter lugar em condições de combate altamente móveis, com as tropas
dispersas lateralmente e em profundidade, como após os momentos iniciais do
assalto anfíbio. Sua ocorrência é mais freqüente nos pequenos escalões de tropa.
Deve ser evitada, por meio de elementos de segurança à frente, a ocorrência de
um combate de encontro, pela imprevisibilidade de sucesso de ambos os partidos
neste tipo de embate.
b) Reconhecimento em força
É uma operação realizada com propósito limitado, visando revelar e testar o
dispositivo e o valor do inimigo em uma determinada posição ou obter outras
informações.
O vulto da força a ser empregada neste tipo de operação deverá ser adequado para
obrigar o inimigo a reagir em força e decididamente, sem que se permita um
engajamento decisivo, mas que revele seu valor, dispositivo, reservas, localização

OSTENSIVO - 5-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

das armas de apoio, instalações de comando e logísticas, etc.


Normalmente, desta forma, os conhecimentos desejados são obtidos mais rápido e
pormenorizadamente do que em outros métodos de reconhecimento.
c) Ataque coordenado
O ataque coordenado é o principal tipo de operação ofensiva. Em geral, quando se
emprega a palavra ataque, tem-se em mente um ataque coordenado. Caracteriza-se
pelo emprego coordenado da manobra e do apoio de fogo para cerrar sobre o
inimigo, destruí-lo ou neutralizá-lo. É, normalmente, empregado contra posições
inimigas organizadas ou fortificadas e necessita de adequado apoio de fogo.
Pode ser precedido de uma marcha de aproximação e/ou de um reconhecimento
em força e deve ser executado com agressividade.
É planejado e se completa, habitualmente, segundo as três fases já apresentadas
para as operações ofensivas (preparação, execução e continuação).
d) Aproveitamento do êxito
O aproveitamento do êxito é a agressiva continuação de um ataque bem sucedido
e tem início, normalmente, quando for constatado que a tropa inimiga está
encontrando dificuldades para manter sua defensiva.
Sua finalidade é destruir a capacidade do inimigo de resistir ao ataque e
reorganizar-se ou realizar um movimento retrógrado ordenado.
Quando o inimigo apresenta indícios de desorganização e suas tropas se
desintegram sob a pressão do ataque continuado, o aproveitamento do êxito pode
se transformar em perseguição.
e) Perseguição
A perseguição é uma operação destinada a cercar e destruir uma tropa inimiga que
está em processo de desengajamento ou que tenta fugir. Normalmente, segue-se
ao aproveitamento do êxito, diferindo deste na sua finalidade principal que é a de
completar a destruição da tropa inimiga. Na perseguição, o inimigo perde sua
capacidade de influenciar a situação e age de acordo com as ações da tropa
perseguidora .
A perseguição pode, também, ocorrer em qualquer operação em que o inimigo
tenha perdido sua capacidade de agir eficientemente e tenta desengajar-se do
combate.

OSTENSIVO - 5-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

5.2.3 - Formas de manobra tática ofensiva


Nas operações ofensivas, as tropas atacantes podem empregar cinco formas de
manobra tática, ou a combinação delas, para colocar seu poder de combate em
vantagem sobre o inimigo:
- penetração;
- ataque frontal;
- desbordamento;
- envolvimento; e
- infiltração.
a) Penetração
Na penetração, o ataque principal (AtqPcp) é orientado contra uma faixa estreita
da posição defensiva do inimigo, com a finalidade de romper o seu dispositivo,
dividi-lo e derrotá-lo por partes. Esta manobra é adotada em função da existência
de uma ou mais das seguintes condições:
- o dispositivo inimigo não apresenta flancos acessíveis e/ou vulneráveis;
- não há tempo suficiente para a montagem de outra forma de manobra;
- o inimigo está desdobrado em larga frente;
- existem pontos fracos na posição defensiva;
- o terreno e a observação são favoráveis ao atacante; e
- há disponibilidade de forte apoio de fogo.
A penetração, em geral, compreende três etapas (Fig 5.2):
- rompimento da posição defensiva avançada do inimigo;
- alargamento e manutenção da brecha; e
- conquista e manutenção de objetivos que quebrem a continuidade da defesa
inimiga e criem oportunidade para o aproveitamento do êxito.

OSTENSIVO - 5-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Obj Obj Obj

AtqSec AtqPcp AtqSec

Res

ROMPIMENTO ALARGAMENTO DA BRECHA CONQUISTA DO OBJETIVO

Fig 5.2 - Penetração

b) Ataque frontal
Nesta forma de manobra, o ataque incide ao longo de toda a frente da posição
defensiva inimiga com a mesma intensidade (Fig 5.3).
Normalmente, o ataque frontal é a forma de manobra menos desejável para ser
realizada, porque o inimigo terá condições de aplicar o seu máximo poder de
fogo em toda a frente da tropa atacante.
A menos que haja uma grande superioridade do poder de combate do atacante,
raramente o ataque frontal conduz a resultado decisivos. Por tal razão, o
atacante deve procurar criar ou aproveitar vantagens e condições que lhe
permitam evoluir para outra forma de manobra que propicie o êxito esperado.

Obj

Fig 5-3 - Ataque frontal

c) Desbordamento
No desbordamento, o ataque principal ou de desbordamento contorna, por terra

OSTENSIVO - 5-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

ou pelo ar, as principais posições defensivas do inimigo, visando conquistar um


objetivo à retaguarda do seu dispositivo (Fig 5.4).
Esta manobra procura evitar um engajamento decisivo com a parcela principal
do sistema defensivo, atingindo-o onde é mais fraco, desorganizando seus
sistema de comando, de comunicações, de apoio logístico e meios de apoio de
fogo, e cortando seus itinerários de retraimento, impondo-lhe uma destruição
em posição.
Um ou mais ataques secundários (AtqScd) fixam o inimigo, forcando-o a
combater em duas ou mais direções, simultaneamente, desviando sua atenção
do ataque principal.
É a forma de manobra tática que oferece melhor oportunidade para obtenção do
sucesso e tende a diminuir o número de baixas entre os atacantes. Em
condições normais, o desbordamento deve ser adotado preferencialmente à
penetração e ao ataque frontal.
A execução do desbordamento caracteriza-se pelo sigilo nas ações iniciais,
rapidez no deslocamento do ataque principal e proteção dos seus flancos
expostos.
Todo o esforço será desenvolvido pelo(s) ataque(s) secundário(s) com vistas a
manter o inimigo engajado e evitar que suas reservas sejam empregadas contra
o ataque principal.
I) Duplo desbordamento
É uma variante do desbordamento em que o atacante procura contornar,
simultaneamente, ambos os flancos da posição inimiga. É de difícil controle
e exige grande superioridade de poder de combate e de mobilidade.
II) Desbordamento como técnica de movimento
É semelhante ao desbordamento como forma de manobra tática ofensiva, na
medida em que o atacante, por meio de uma força secundária, fixa o
inimigo, enquanto o grosso contorna suas posições. Entretanto, esta
manobra não tem o propósito de atacá-las e sim manter a impulsão do
ataque, evitando a aplicação do poder de combate em ações que não
contribuam para o atendimento de uma tarefa específica.

OSTENSIVO - 5-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Obj

ATAQUE DESBORDANTE
ATAQUE (S) SECUNDÁRIO (S) (superfície ou helitransportado)

Fig 5.4 Desbordamento

d) Envolvimento
No envolvimento, o ataque principal contorna, por terra ou pelo ar, as
posições defensivas do inimigo, visando conquistar objetivos profundos em sua
retaguarda (Fig 5.5). Esta manobra força o defensor a abandonar sua posição
para fazer face à ameaça envolvente. O inimigo é, então, engajado em local
escolhido pelo atacante.
A adoção desta forma de manobra é de grande importância em situações nas
quais exista a oportunidade de conquistar um ponto crítico antes que uma tropa
inimiga possa retirar-se ou ser reforçada.
Difere do desbordamento por não ser dirigido para atingir o inimigo em sua
própria posição defensiva e por sujeitar a tropa envolvente a operar
independentemente, fora da distância de apoio de qualquer outra tropa terrestre
atacante.
Com a possibilidade do emprego de helicópteros, o envolvimento -
envolvimento vertical - passou a ser empregado largamente nas operações
anfíbias.
O duplo envolvimento tem considerações semelhantes às já apresentadas para o
duplo desbordamento, acrescidas da maior profundidade da operação e falta de
apoio mútuo.

OSTENSIVO - 5-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Obj 2

Obj 1

ATAQUE ENVOLVENTE
ATAQUE (S) SECUNDÁRIO (S) (superfície ou helitransportado)

Fig 5.5 - Envolvimento

e) Infiltração
A infiltração possibilita o deslocamento furtivo de uma força, por elementos
isolados ou em pequenos grupos, através, sobre ou ao redor das posições
inimigas, ou em seu interior, e o seu posterior desdobramento à retaguarda
dessas posições. Embora a infiltração possa ser empregada nas operações
defensivas, ela é normalmente realizada em operações ofensivas, apoiando a
ação principal e direcionada para:
- atacar o inimigo, após a passagem através de suas posições, pelo flanco ou
retaguarda, em apoio a uma operação de maior vulto;
- conquistar posições de bloqueio, após a passagem através das posições
inimigas,
para impedir o seu retraimento ou que seja reforçada;
- atacar posições sumariamente organizadas, após passar através do dispositivo
inimigo; e
- inserir forças para conduzir operações de inquietação e desgaste na área de
retaguarda do inimigo.
A infiltração pode ser realizada por tropas:
- a pé;
- helitransportadas;
- usando embarcações; e
- lançadas por pára-quedas.
A existência de evidentes brechas no sistema defensivo inimigo, combinada

OSTENSIVO - 5-11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

com boa transitabilidade do terreno e adequadas cobertas, possibilitará aos


elementos de infiltração o emprego de viaturas, embora possa haver
comprometimento da surpresa.
O escalão mais apropriado para a realização da infiltração é o Batalhão de
Infantaria de Fuzileiros Navais ou menores. Em escalões maiores o Batalhão
pode adotar esta forma de manobra em apoio aos demais elementos, que
executam outra forma de manobra.
A adoção desta forma de manobra tem as seguintes vantagens:
- possibilitar o emprego de tropa com menor poder de combate contra tropa de
maior poder de combate;
- diminuir baixas, desde que mantido o sigilo e garantida a surpresa;
- conquistar região em profundidade com maior rapidez; e
- desorientar e desorganizar o inimigo preparado para o combate linear.
5.3 - OPERAÇÕES OFENSIVAS SOB CONDIÇÕES DE VISIBILIDADE REDUZIDA
A dinâmica do combate moderno faz com que operações ofensivas tenham que se
desenvolver, também, com visibilidade reduzida, tanto no período noturno (escuridão)
como no diurno (chuva forte, nevoeiro, fumaça, nevasca, etc). O capítulo 7 aborda o
assunto na profundidade apropriada a esta publicação.
5.4 - OPERAÇÕES OFENSIVAS EM CONDIÇÕES ESPECIAIS
5.4.1 - Ataque a uma área edificada
O ataque a uma área edificada desenvolve-se em três fases:
- isolamento da localidade;
- conquista de uma área na periferia; e
- progressão através da área edificada.
a) Isolamento da localidade
Será obtido mediante a conquista dos acidentes capitais que dominam as vias de
acesso à localidade. É planejado sob a forma de um ataque coordenado e visa
permitir o apoio às demais fases e , principalmente, impedir e/ou dificultar a
chegada de reforços inimigos.
b) Conquista de uma área na periferia
Visa eliminar ou reduzir a observação terrestre e os tiros diretos do inimigo sobre
as vias de acesso que demandam à região, garantindo uma base de apoio para a
tropa que vai investir sobre a área edificada.

OSTENSIVO - 5-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

c) Progressão através da área edificada


Consiste no avanço pelo interior da localidade visando a destruição do inimigo e
conquista dos objetivos. Tal fase é a que caracteriza a natureza peculiar da
operação.
5.4.2 - Ataque a uma área fortificada
Área fortificada é aquela que contém inúmeros trabalhos defensivos, dispostos em
largura e profundidade, de modo a se apoiar mutuamente.
Os trabalhos defensivos constituem-se de fortificações permanentes e de campanha,
compreendendo casamatas, espaldões, abrigos, trincheiras, túneis, cavernas,
obstáculos de aço, de concreto e de madeira, campos de minas, etc. As casamatas,
normalmente, dão abrigo ao armamento coletivo ou instalações de comando e
comunicações.
Sempre que possível, um atacante deve procurar isolar, desbordar e neutralizar uma
área fortificada, submetendo-a a pesados bombardeios, impedindo o acesso de
reforços, suprimentos e, se for o caso, de serviços públicos essenciais (água, luz,
comunicações, etc.).
A penetração é a forma de manobra tática mais adotada para o ataque a essas áreas.
A execução do ataque é extremamente descentralizada, compreendendo uma série de
ações isoladas por parte dos menores escalões da tropa, para o que é mandatório a
iniciativa e agressividade por parte de seus comandantes.
5.4.3 - Transposição de cursos de água
A transposição de cursos de água pode ser classificada em dois tipos:
- de oportunidade; e
- a viva força.
a) Transposição de oportunidade
É aquela na qual o curso de água, embora em território hostil, não é defendido.
Pode ocorrer, também, nas áreas de retaguarda. O planejamento é eminentemente
técnico de engenharia e depende do controle de trânsito para a execução.
b) Transposição a viva força
É aquela na qual o curso de água é defendido ou conta com a presença do inimigo.
Pode ser de dois tipos:
- imediata; e
- preparada.

OSTENSIVO - 5-13 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

I) Transposição imediata
É aquela conduzida em continuação a uma operação, sem que a tropa perca sua
impulsão. É realizada por forças descentralizadas, empregando meios
orgânicos ou previamente colocados à sua disposição, bem como meios de
fortuna. Normalmente, é realizada quando as defesas inimigas são fracas,
quando for possível neutralizar pelo fogo as defesas inimigas e quando o
inimigo, embora de efetivo apreciável, esteja desorganizado, mal adestrado ou
for apanhado de surpresa.
II) Transposição preparada
É aquela conduzida após planejamento detalhado e execução de amplos
preparativos, visando concentrar poder de combate para prosseguir no ataque
na margem oposta. Normalmente, será empregada quando uma transposição
imediata falhar ou não puder ser desencadeada, ou quando a resistência
esperada do inimigo tornar inexeqüível a transposição imediata.
5.5 - OPERAÇÕES DEFENSIVAS
A defensiva consiste no emprego do poder de combate com vistas a manter a posse de
uma área ou a integridade de uma força ou instalação, bem como criar condições mais
favoráveis para a ação ofensiva. Embora seja capaz de impedir o sucesso inimigo,
normalmente não assegura a vitória sobre o mesmo, pois resultados decisivos só são
esperados com o combate ofensivo. Contudo, é o espirito ofensivo que constitui a base
para o sucesso da defesa, através do planejamento e execução de ações dinâmicas e da
manutenção da iniciativa.
O defensor obtém a iniciativa selecionando e organizando, de acordo com suas
conveniências, a área a defender, induzindo o inimigo a reagir de acordo com os planos
defensivos, explorando suas vulnerabilidades e erros por meio de ações ofensivas e
contra-atacando sua forças que tenham obtido sucesso.
O propósito principal de uma operação defensiva é derrotar um ataque inimigo,
contendo, repelindo ou destruindo suas tropas. Os propósitos secundários incluem:
- ganhar tempo até a chegada de novos meios;
- economizar meios em um setor, de modo a concentrar poder de combate para uma
ação decisiva em outro;
- criar condições mais favoráveis às operações ofensivas subseqüentes;
- impedir o acesso do inimigo à determinada área;

OSTENSIVO - 5-14 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- reduzir a capacidade do inimigo de combater, desgastando suas tropas; e


- controlar pontos críticos e/ou objetivos profundos.
5.5.1 – Classificação das operações defensivas
As operações defensivas abrangem todas as ações que representam resistência a uma
força atacante. Podem ser classificadas quanto ao tipo e quanto ao tempo disponível
para a preparação da posição.
a) Classificação quanto ao tipo
As operações defensivas compreendem a defesa em uma ou mais posições e os
movimentos retrógrados.
I) Defesa em uma ou mais posições
Nesta defesa, a tropa que defende, procura enfrentar o inimigo em uma área
previamente organizada, em largura e profundidade, procurando dificultar ou
deter sua progressão, à frente ou em profundidade, e aproveitando todas as
oportunidades para desorganizá-lo, desgastá-lo ou destruir suas forças,
negando-lhe a posse de determinada área, e criando condições favoráveis para
o desencadeamento de uma ação ofensiva.
II) Movimentos retrógrados
Neste movimento, a tropa que defende procura evitar o combate decisivo sob
condições desfavoráveis, seja rompendo o contato com o inimigo, seja
retardando-o a fim de trocar espaço por tempo, evitando sempre empenhar-se
em ações que possam comprometer a sua integridade.
Os movimentos retrógrados são ações táticas realizadas por uma força em
direção à retaguarda ou para longe do inimigo, por pressão deste ou em
decorrência de uma idéia de manobra. Em qualquer caso, devem ser aprovadas
pelo escalão imediatamente superior.
Os movimentos retrógrados, normalmente, ocorrem sob condições adversas ou
em situação em que o oponente retém a iniciativa das ações. Deste modo, os
comandantes de todos os escalões devem ter uma atenção especial ao moral de
suas tropas. O propósito geral de um movimento retrógrado é preservar a
integridade de uma força, de modo a que possa ser empregada, no futuro, em
ações ofensivas.
Os movimentos retrógrados são classificados como: ação retardadora (AçRtrd);
retraimento (Ret); e retirada (Rda).

OSTENSIVO - 5-15 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Em decorrência dos dois primeiros tipos, pode ocorrer um acolhimento, no


qual uma tropa realizando um movimento retrógrado passa através das linhas
de uma outra.
b) Classificação quanto ao tempo disponível
Quanto ao tempo disponível uma defesa pode ser classificada em defesa preparada
ou defesa imediata.
I) Defesa preparada
Ocorre quando uma força não está em contato com o inimigo, nem há
iminência de sua ocorrência, havendo, portanto, condições para planejamento e
execução detalhada da defensiva. Normalmente, inclui um bem planejado
sistema de barreiras, trabalhos de fortificações e extensa rede de comunicações.
A defensiva será tanto mais eficaz quanto maior o tempo disponível para sua
implementação.
II) Defesa imediata
Ocorre quando houver contato ou iminência de contato com o inimigo,
dispondo-se apenas de condições limitadas para a instalação da posição
defensiva. Também é instalada imediatamente após a conquista de um objetivo,
como parte inicial das medidas para a sua consolidação. Caracteriza-se pelo
agravamento das condições defensivas do terreno, lançamento de obstáculos
sumários e emprego de abrigos individuais. Na defesa imediata empregam-se
os fundamentos e técnicas de defesa preparada passíveis de serem
implementadas em face da situação.
5.5.2 - Fundamentos da defensiva
a) Apropriada utilização do terreno
O defensor deve desdobrar suas tropas com base, principalmente, no terreno.
Manterá o controle sobre os acidentes capitais essenciais à observação,
comunicações e movimentos da reserva, e negará ao inimigo o uso do terreno que
ameace o sucesso da defesa. A área selecionada deverá fornecer boas condições
de observação, campos de tiro, coberta e abrigos. Os obstáculos deverão canalizar
o movimento das forças inimigas para áreas favoráveis ao desencadeamento de
contra-ataques ou de fogos de destruição.
b) Segurança
O defensor deve adotar medidas para não ser surpreendido, uma vez que o

OSTENSIVO - 5-16 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

inimigo retém a iniciativa das ações e a liberdade de manobra. Tais medidas


incluem: emprego de forças de segurança, busca de conhecimentos sobre a
localização e deslocamentos das forças inimigas, aproveitamento das cobertas e
abrigos, camuflagem, uso de radares de vigilância terrestre, dispositivos de escuta,
etc.
c) Surpresa
A surpresa é tão importante na defensiva quanto na ofensiva. Assim, o defensor
deve empreender seus esforços tanto para negá-la ao inimigo pelo uso de
elementos de segurança, reconhecimento e vigilância, quanto para obtê-la.
Adotará, então, medidas para não ser surpreendido, tais como emprego de forças
de segurança, busca de informes sobre a localização e deslocamentos de forças
inimigas, meios de defesa passiva como aproveitamento de cobertas e abrigos, uso
de camuflagem, radares de vigilância terrestres, dispositivos de escuta, etc.
d) Conhecimento do inimigo
O defensor deve considerar a liberdade de que dispõe o atacante para escolher o
momento, o local, a direção e o valor de suas tropas para realizar o ataque. Deste
modo, o conhecimento das possibilidades do inimigo, sua doutrina operativa, seus
principais hábitos e o levantamento das vias de provável acesso do inimigo e os
objetivos que este poderá selecionar são essenciais para o sucesso da defesa. Uma
vez obtidos o maior número de dados possível sobre o inimigo, o defensor poderá
antecipar as ações inimigas, estabelecendo mais rapidamente as condições para
reassumir as ações ofensivas. Este fundamento complementa o da defesa.
e) Apoio mútuo
O apoio mútuo pelos fogos, pela observação e pelo emprego de elementos de
manobra garante a necessária coesão à área de defesa e dificulta o engajamento e
destruição da tropa por partes. Tal apoio será obtido quando os núcleos de defesa
estiverem dispostos de modo que, ao atacar um deles, o inimigo fique sob fogos
diretos de ao menos um outro. Tal condição é imprescindível entre subunidades
de uma mesma unidade, e entre suas frações subordinadas, bem como no âmbito
dessas frações.
f) Defesa a toda volta
A liberdade de manobra do atacante faz com que o defensor esteja preparado para
enfrentá-lo vindo de qualquer direção, inclusive com tropa transportada por meios

OSTENSIVO - 5-17 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

aéreos.
g) Defesa em profundidade
É necessária com vistas a: reduzir o ímpeto do ataque e evitar o rompimento da
posição defensiva; forçar o inimigo a realizar repetidos ataques; permitir ao
defensor avaliar as ações executadas pelo inimigo e contê-las; impedir o inimigo a
empregar suas reservas em local e momento não decisivos; e diminuir os efeitos
dos seus fogos.
A profundidade da defesa é conseguida engajando o mais cedo possível o inimigo
com elementos aéreos, com as forças de segurança, empregando as armas de
apoio a partir de posições avançadas e em seu máximo alcance de utilização,
empregando núcleos defensivos sucessivos, utilizando obstáculos e barreiras
dispostos em profundidade, e pela manobra e adequado emprego das reservas e
fogos de apoio.
A profundidade deve ser equilibrada com a defesa a toda volta.
h) Flexibilidade
Na defensiva, a flexibilidade é conseguida pela seleção e preparo de posições de
muda e suplementares, pela mobilidade dos elementos de combate e da reserva,
pelo controle centralizado das armas de apoio, pela preparação dos planos de
contra-ataque e pelo planejamento de retomada das ações ofensivas.
i) Máximo emprego da ação ofensiva
Considerando que a ofensiva é a forma decisiva de combate, o defensor deve estar
atento às oportunidades que permitam adotá-la. Ações dinâmicas que levam à
retomada da iniciativa incluem: patrulhamento agressivo, ataques com as forças
de segurança antes que o inimigo alcance a posição defensiva (PD), incursões
contra suas tropas que estejam se preparando para o ataque e contra-atacando suas
penetrações na PD.
j) Dispersão
Este fundamento deve ser considerado concorrentemente com a necessidade de se
obter o máximo apoio mútuo, a máxima segurança e o mínimo de vulnerabilidade
aos fogos inimigos.
A dispersão em profundidade evita que as frentes se tornem muito extensas para o
defensor, proporciona mais meios para a reserva, evita os movimentos laterais
quando ocorrer um ataque inimigo apenas numa parte da frente, facilita a detecção

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

e destruição de elementos de infiltração e proporciona um dispositivo mais


apropriado à realização de contra-ataques.
A dispersão em largura pode conduzir a um isolamento dos elementos avançados,
os quais ficariam sujeitos a serem engajados e batidos por partes na eventualidade
de uma penetração inimiga.
k) Integração e coordenação das medidas de defesa
A eficácia da defesa é baseada na integração e coordenação cuidadosas da
manobra, do planejamento do apoio de fogo, do plano de barreiras e do plano de
defesa anticarro (DAC).
l) Utilização judiciosa do tempo disponível
O planejamento e organização da posição defensiva serão tanto melhores quanto
maior o tempo disponível. Sua judiciosa utilização deve ser uma preocupação
constante antes e durante a operação.
5.5.3 - Organização de uma área de defesa
A área de defesa (AD) é organizada em profundidade segundo três escalões:
- área de segurança (ASeg);
- área de defesa avançada (ADA); e
- área de reserva (ARes).
As duas últimas consubstanciam a PD

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

(FCob)

ÁREA DE SEGURANÇA
DO EscSup
PAG PAG

PAC PAC

ÁREA DE
SEGURANÇA
LAADA LAADA

ÁREA DE
DEFESA AVANÇADA
POSIÇÃO
DEFENSIVA

ÁREA DE RESERVA

Fig 5.6 - Organização da área de defesa

a) Área de segurança
É a que se estende para frente e para os flancos desde o Limite Anterior da Área
de Defesa Avançada (LAADA). Nesta área, operam as forças de segurança ou
escalão de segurança, destinadas a fornecer conhecimentos e alerta oportuno sobre
o inimigo, impedir sua observação terrestre sobre a ADA, iludi-lo quanto à PD e,
de acordo com suas possibilidades, retardá-lo e desorganizá-lo.
b) Área de defesa avançada
É a que se estende para retaguarda desde o LAADA até o limite posterior dos
elementos de primeiro escalão. Nela é que terão lugar as ações decisivas da
defensiva.
Nesta área operam as forças de defesa avançada, que serão estruturadas de acordo
com a forma de manobra tática defensiva adotada. Quando esta for baseada na
manutenção do terreno, tais forças serão destinadas a impedir a entrada do
atacante na área. Se o planejamento estabelecer uma defesa com base na

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

mobilidade, as forças de defesa avançada terão a tarefa de canalizar o inimigo


para uma região previamente escolhida, que favoreça sua destruição pelo fogo e
pela manobra ofensiva com a reserva.
c) Área de reserva
É a que se estende desde a retaguarda dos elementos de primeiro escalão até o
limite posterior do escalão considerado.
Na defensiva, a reserva é o principal meio de que dispõe o comandante para
influenciar no combate e reconquistar a iniciativa.
5.5.4 - Formas de Manobra Tática Defensiva
Nas operações defensivas, o comandante pode empregar cinco formas de manobra
tática. Duas dessas formas de manobra correspondem à operação de defesa em uma
ou mais posições e três aos movimentos retrógrados, conforme sintetizado no
quadro abaixo:
OPERAÇÕES DEFENSIVAS
TIPOS DE OPERAÇÕES FORMAS DE MANOBRA
DEFESA DE ÁREA
DEFESA EM UMA OU MAIS POSIÇÕES
DEFESA MÓVEL
AÇÃO RETARDADORA
MOVIMENTOS RETRÓGRADOS RETRAIMENTO
RETIRADA

a) Defesa de área
É a forma de manobra defensiva onde é dada particular atenção à manutenção ou
controle de uma região determinada, negando ao atacante o acesso à mesma.
O defensor visa, inicialmente, deter o inimigo à frente do LAADA, empregando
grande volume e variedade de fogos. Por outro lado, utilizará o combate
aproximado e contra-ataques para expulsar ou destruir forças que tenham logrado
penetrar na PD.
É adotada nas seguintes circunstâncias:
- exigência da posse de uma determinada região;
- o defensor dispõe de menor mobilidade que o inimigo;
- a frente a defender é relativamente estreita;
- a profundidade da ADA é relativamente limitada;
- o terreno restringe os movimentos do defensor;
- há tempo suficiente para preparar a posição defensiva, inclusive o sistema de

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

barreiras;
- há forças suficientes para prover o adequado poder de combate;
- o defensor não possui liberdade de movimento em face da superioridade aérea
do inimigo; e
- não é esperado que o atacante utilize armamento de destruição em massa.
b) Defesa móvel
É o tipo de defesa que tem por finalidade a destruição do inimigo, por meio do
fogo e do contra-ataque, após atraí-lo para regiões a isso favoráveis no interior da
PD.
Neste tipo de defesa, a manobra é empregada em conjunto com os fogos e a
organização do terreno. Para tal, o defensor permite ao atacante penetrar em
região que o exponha a um contra-ataque de destruição por uma reserva forte e
móvel.
As seguintes circunstâncias indicam a adoção de uma defesa móvel:
- não é necessário manter uma área específica;
- o defensor possui mobilidade igual ou maior que o inimigo;
- a frente a defender excede as possibilidade de se estabelecer uma defesa de área;
- a profundidade da ADA é adequada para admitir uma penetração inimiga e uma
manobra contra ele;
- o terreno permite boa movimentação do defensor;
- o tempo para o estabelecimento da defensiva é limitado;
- há forças mecanizadas suficientes para possibilitar rápida concentração do poder
de combate;
- o defensor possui superioridade aérea; e
- o inimigo tem capacidade de empregar armamento de destruição em massa.
c) Ação retardadora (AçRtrd)
É o movimento retrógrado em que uma força sob pressão ganha tempo e cede
espaço, infligindo o máximo de retardo e de danos ao inimigo, sem ser engajar
decisivamente no combate.
Existem quatro tipos de ação retardadora:
- retardamento em uma única posição;
- retardamento em posições sucessivas;
- retardamento em posições alternadas; e

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

- combinação dos anteriores.


d) Retraimento (Ret)
É o movimento retrógrado por meio do qual uma força engajada, ou parte dela,
rompe o contato com o inimigo.
Existem dois tipos de retraimento:
- sob pressão do inimigo, em que este tenta impedir o desengajamento,
atacando ; e
- sem pressão do inimigo, em que este não tenta ou não pode impedir o
desengajamento, havendo, entretanto, uma ameaça potencial.
e) Retirada (Rda)
É um movimento retrógrado planejado e realizado por uma força que não está
em contato com o inimigo, visando poupar uma força desgastada, permitir o seu
emprego em outro local ou evitar um combate decisivo.
5.5.5 - Variações da defesa de área
a) Defesa circular
Na defesa circular, uma tropa se posiciona de modo a fazer face, simultaneamente,
a ataques partindo de qualquer direção. É estabelecida, normalmente, quando uma
tropa:
- receber uma tarefa que lhe obrigue a defender independentemente, não
dispondo do apoio de elementos adjacentes;
- ficar isolada das forças amigas em virtude da ação do inimigo; e
- receber um setor de defesa que impeça o estabelecimento de uma defensiva
normal.
b) Defesa em ponto forte
O ponto forte difere da defesa circular e da defesa de uma frente pelo valor tático
do terreno em que se localiza e pelo tempo, esforço e meios empregados em sua
organização, só podendo ser neutralizado por uma tropa atacante
preponderantemente de infantaria, que possua substancial superioridade em poder
de combate e após longo tempo de combate. Deve ser ocupado por elementos de
combate de valor mínimo igual a subunidade (excepcionalmente pelotão).
c) Defesa em contra-encosta
Na defesa em contra-encosta, os elementos de primeiro escalão são posicionados
de modo a ficarem cobertos e abrigados pela crista topográfica do terreno

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

imediatamente à frente. Embora esta não seja ocupada pelo grosso, seu controle
pelo fogo é essencial para o sucesso da defesa. Caso o inimigo aí se estabeleça, o
defensor deverá contra-atacar para desalojá-lo.
Poderá ser adotada, com vantagem, nas seguintes situações:
- quando houver dificuldade em manter a encosta em virtude da densidade e/ou
precisão dos fogos inimigos;
- quando o terreno não proporcionar boas cobertas e abrigos;
- quando o defensor perder o controle da encosta;
- quando o terreno na contra-encosta oferecer melhores campos de tiro do que os
encontrados na encosta;
- quando for necessário evitar uma saliência ou reentrância desfavorável para o
dispositivo defensivo como um todo;
- quando o defensor desejar variar o tipo de defesa de área, de modo a confundir o
atacante, ou para iludi-lo quanto à localização exata de suas posições; e
- quando a posse do terreno além da crista militar não for essencial para a
observação terrestre do defensor.
d) Defesa na linha de um curso de água
A utilização de um curso de água como obstáculo representa vantagem especial
para o defensor, compensando, muitas vezes, uma inferioridade numérica. Seu
valor aumenta com a largura, profundidade e velocidade da corrente.
O aproveitamento deste acidente é de particular importância no assalto anfíbio,
dada a necessidade habitual de manter uma cabeça-de-praia (CP) sob pressão do
inimigo e com tropas já desgastadas.
O LAADA poderá ser localizado ao longo da margem de posse do defensor ou
bem a retaguarda desta. Normalmente, situa-se o LAADA ao longo da margem
quando:
- os observatórios forem iguais ou melhores do que os do inimigo;
- houver campos de tiro em relação aos possíveis locais de travessia; e
- houver boas cobertas e abrigos.
e) Defesa elástica
A defesa elástica é uma técnica que admite a penetração do inimigo em região
selecionada para emboscá-lo e atacá-lo pelo fogo ao longo de todo seu dispositivo.
A posição é ocupada por tropas desdobradas em profundidade, para permitir o

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ataque em toda a extensão da formação inimiga. Esta técnica especial, onde se


mesclam aspectos da defesa de área e da defesa móvel, assemelha-se a uma
grande emboscada. Para a sua adoção, contudo, o terreno em profundidade deve
oferecer excelentes condições para barrar o inimigo.
É essencial, para o sucesso desta técnica, separar a infantaria dos blindados
inimigos. Necessita grande poder de fogo, inclusive AC. Tira o máximo proveito
do terreno e da surpresa. Explora o combate em toda a profundidade da ADA.
Consiste numa seqüência de defesas, deslocamentos e novas defesas.
5.6 - OUTRAS OPERAÇÕES
5.6.1 - Operação de junção
Uma operação de junção compreende as ações de duas forças terrestres amigas que
buscam estabelecer o contato físico entre si, em um ambiente hostil.
É realizada, normalmente, entre uma força estacionária e uma força móvel,
denominada força de junção.
A operação compreende duas etapas. Na primeira, a força de junção estará
desenvolvendo uma ação ofensiva, enquanto a força estacionária se estabelecerá em
uma postura defensiva para assegurar a posse de uma área onde terá lugar a junção
propriamente dita, o que consubstanciará a segunda etapa.
Esta operação poderá ocorrer, também, entre duas forças em movimento
convergente. Neste caso, uma delas será designada força de junção e a outra agirá
como a estacionária.
a) Propósitos
Uma operação de junção pode ter um ou mais dos seguintes propósitos:
- emassar forças de modo a concentrar poder de combate para emprego posterior
em outras operações;
- conduzir elementos de combate e/ou de apoio em benefício de tropas que
estejam operando em local afastado das demais forças amigas;
- substituir em posição uma tropa isolada ou ultrapassá-la para prosseguir ou
iniciar um ataque;
- aliviar a pressão inimiga e auxiliar uma tropa que esteja lutando para romper um
cerco;
- permitir que duas forças independentes conduzam um movimento convergente; e
- estabelecer a ligação com forças de infiltração ou com elementos de guerrilha

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amigos.
Considerando-se as dificuldades de tal operação, antes de decidir realizá-la,
devem ser avaliados os riscos decorrentes e as possibilidades de alcançar os
efeitos desejados por outros meios.
5.6.2 - Operações de substituição
A substituição de forças em combate é inerente à conduta do mesmo. Quando as
operações táticas se estendem por períodos prolongados, será necessária a
substituição periódica das unidades empregadas.
a) Propósitos
- considerar necessidades ditadas pelo planejamento, como, por exemplo,
prosseguir no ataque em outra direção:
- preservar o poder de combate de uma força para posterior emprego desta em
outras ações ofensivas, substituindo-a por outra descansada; e
- preparar a força substituída para uma operação que exija equipamento e/ou
adestramento de caráter particular.
b) Tipos de substituição
- substituição em posição;
- ultrapassagem, e
- acolhimento.

I) Substituição em posição
É a operação em que uma tropa assume o dispositivo de uma outra (ou parte
dela) em combate.
É executada quando o elemento a ser substituído encontra-se na defensiva,
podendo caber à tropa que substitui continuar nesta situação ou prosseguir no
ataque.
II) Ultrapassagem
É a operação em que uma tropa ataca através do dispositivo de uma outra que
está em posição na linha de frente.
Pode ter lugar quer na ofensiva, quer na defensiva, visando manter a iniciativa
e a impulsão do ataque, explorar deficiências do inimigo, iniciar um ataque ou
um contra-ataque.
III) Acolhimento
É uma ação na qual uma tropa realizando um movimento retrógrado passa

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através das posições ocupadas por uma outra. Esta operação é utilizada quando
se deseja substituir uma força que esteja demasiadamente empenhada ou se
encontre muito desfalcada. Pode também ocorrer como parte de um movimento
retrógrado ou para permitir o retraimento de uma força que deva cumprir uma
outra missão. Basicamente pode ser considerado como uma ultrapassagem para
a retaguarda, mas, por acarretar um retraimento através de uma posição
defendida, envolve mais riscos e dificuldades do que uma ultrapassagem,
principalmente se realizado sob pressão do inimigo.
c) Seleção do tipo de substituição antes do ataque
I) Substituição em posição
Será empregada quando houver tempo suficiente para sua realização e:
- a tropa a ser substituída é necessária em outra área, antes ou logo após o
desembocar do ataque;
- o atacante necessita de conhecimento mais detalhado do terreno e/ou do
inimigo; e
- o poder de combate do inimigo é capaz de colocar em risco a concentração de
tropas decorrente de uma ultrapassagem.
II) Ultrapassagem.
Será, empregada preferencialmente, quando:
- não houver tempo suficiente para realizar uma substituição em posição;
- for necessário variar o dispositivo para o ataque;
- houver necessidade de apoiar o ataque com os meios de apoio de fogo de
ambas as tropas;
- for prevista radical mudança na direção do ataque;
- for necessário manter contínua pressão sobre o inimigo; e
- for possível obter rapidez nas ações.
5.6.3 - Segurança da área de retaguarda (SEGAR)
A área de retaguarda é a parte do espaço geográfico de uma força destinada ao
desdobramento de sua reserva e da maior parte dos elementos de comando, apoio ao
combate e de apoio de serviços ao combate. Normalmente só é considerada a partir
do escalão batalhão, inclusive.
A SEGAR compreende todas as medidas e /ou ações executadas visando assegurar
a normalidade das atividades desenvolvidas na área de retaguarda, bem como de

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suas instalações, vias de transporte, etc.


A SEGAR abrange a Defesa da Área de Retaguarda (DEFAR) e o Controle de
Danos (CDan).
5.6.4 - Despistamento
O despistamento compreende uma série de ações destinadas a iludir o inimigo
quanto às possibilidades, dispositivo e atividades das tropas amigas, induzindo-o a
reações que lhe sejam desvantajosas.
Pode ser obtido pela realização isolada ou a combinação de uma ou mais das
seguintes ações : fintas, demonstrações, ardis e representações.
I) Finta
É um ataque pouco profundo, com propósito limitado, destinado a desviar a
atenção do inimigo do ataque principal.
II) Demonstração
É uma exibição de força em uma frente onde não se pretende uma decisão. Não
resulta em contato físico com o inimigo, como ocorre na finta.
III) Ardil
É uma ação pré-plenejada ou improvisada, com vistas a prover o inimigo,
deliberadamente, com conhecimento falsos sobre as operações em curso ou em
processo de planejamento.
IV) Representação
Destina-se a mostrar ao inimigo meios ou tropas que não existem ou que são de
natureza diversa.

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CAPÍTULO 6
O GRUPO DE COMBATE E A ESQUADRA DE TIRO
6.1 - GENERALIDADES
Nas operações terrestres deve ser valorizado o emprego dos menores escalões de tropa,
por sua importância e contribuição para o cumprimento dos mais variados tipos de
tarefas. O espírito combativo e a proficiência tática dessas frações, particularmente do
Grupo de Combate (GC), enaltece o poder de combate de uma tropa de Fuzileiros
Navais
O presente capítulo descreve a finalidade, organização, tarefas e armamento do GC e de
suas frações constituintes - as Esquadras de Tiro (ET). Além disso, apresenta as táticas e
procedimentos dessas frações no combate ofensivo e defensivo.
6.2 - FINALIDADE E ORGANIZAÇÃO
O GC, como unidade tática básica de infantaria, tem por finalidade localizar, cerrar
sobre o inimigo e destruí-lo pelo fogo e movimento, ou repelir seu ataque pelo fogo e
combate aproximado.
Ele é organizado em três ET, cada uma das quais constituída em torno de uma arma
automática (MINIMI) e controlada por um comandante.
O GC é composto por 13 combatentes: um sargento, que é seu comandante, e das três
ET com quatro combatentes cada. A ET, por sua vez, é constituída por um CB-IF, seu
comandante; um CB-IF atirador, responsável pela execução dos tiros da arma
automática da ET; um SD-FN municiador; e um SD-FN volteador.

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Fig 6.1 - Grupo de Combate

6.2.1 - Tarefas individuais


Cada combatente de uma ET precisa conhecer perfeitamente as tarefas dos demais
integrantes dessa fração. Os comandantes de ET e do GC, por sua vez, devem ser
capazes de assumir as tarefas de seus respectivos superiores.
a) Comandante do GC (CmtGC)
Lidera o GC e faz cumprir as ordens de seu Cmt de Pelotão de Fuzileiros Navais
(CmtPelFuzNav). Ele é o responsável pela disciplina, apresentação pessoal,
adestramento, controle, conduta e bem estar de suas ET, em todos os momentos,
bem como pelas condições de manutenção e uso apropriado das armas e
equipamentos utilizados pelos integrantes de sua fração.
Em combate ele é responsável, também, pelo emprego tático de sua fração,
controle e disciplina dos fogos, e a manobra de suas ET. Coloca-se onde melhor
puder fazer cumprir as ordens emanadas do seu Cmt de pelotão e, ao mesmo
tempo, conduzir e controlar as ET.

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b) Comandante de ET (CmtET)
Faz cumprir, no âmbito da sua fração, as ordens dadas pelo CmtGC. Ele é o
responsável pelas condições de funcionamento e limpeza das armas e
equipamentos de sua ET, bem como pela utilização correta desses meios.
É responsável, ainda, pelo controle do tiro e disciplina de fogo de sua ET. Para tal,
mantém-se tão próximo quanto possível do Atirador de forma a exercer
efetivamente o controle dos seus tiros. Contudo, com vistas a fazer cumprir as
ordens emanada pelo CmtGC, coloca-se numa posição de onde melhor possa
observar todos os integrantes da ET e controlar seus movimentos e o emprego de
suas armas.
Além dessas tarefas básicas como líder de uma pequena fração, porém sem
comprometê-las, ele atua também como granadeiro e é o responsável pelo
emprego eficiente do Lança-Granadas 40mm M203, do seu Fuzil de Assalto
5,56mm e, ainda, pelas condições de funcionamento e conservação dos seus
próprios armamento e equipamentos.
O mais antigo dos três CmtET é o substituto eventual do CmtGC.
c) Atirador
Cumpre as ordens do CmtET. É o responsável pelo emprego eficiente da arma
automática da ET (MINIMI), bem como pelas condições de funcionamento e
conservação dessa arma e de seus equipamentos.
d) Municiador
Auxilia o Atirador no emprego da arma automática da ET (MINIMI). Para tal,
colabora no posicionamento dessa arma e na identificação de alvos, protege o
atirador, transporta carregadores ou cofres de munição adicionais para o
reabastecimento e ajuda na solução dos incidentes de tiro. Deve estar preparado
para substituir o Atirador. É responsável pelo emprego, condições de
funcionamento e conservação do seu Fuzil de Assalto 5,56mm e de seus
equipamentos.
e) Volteador
Cumpre as ordens do CmtET, atuando como elemento de segurança na incessante
tarefa de localizar o inimigo nas proximidades de sua fração. É responsável pelo
emprego e pelas condições de funcionamento e conservação do seu Fuzil de
Assalto 5,56mm e dos seus equipamentos. Além disso, é responsável pelo

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emprego do armamento Anticarro (AC) quando disponível na ET.


6.3 - ARMAMENTO
O GC dispõe do seguinte armamento orgânico:
- CmtGC: Fuzil de Assalto 5,56mm e baioneta;
- CmtET: Fuzil de Assalto 5,56mm com Lança-Granadas 40mm M203 e baioneta;
- Atirador: fuzil metralhador ou arma automática (MINIMI) equivalente e faca de
combate;
- Municiador: Fuzil de Assalto 5,56mm e baioneta; e
- Volteador: Fuzil de Assalto 5,56mm, baioneta e armamento AC AT-4.
6.4 - APOIO DE FOGO PARA O GC
Em geral, o GC conta sempre com o auxílio de outros meios e frações de apoio de fogo
para o cumprimento de suas tarefas.
6.4.1 - Apoio do PelFuzNav
O PelFuzNav dispõe de três GC. Um deles pode proporcionar o apoio de fogo (base
de fogos) para facilitar o movimento de um ou dos outros dois GC.
6.4.2 - Apoio da Companhia de Fuzileiros Navais (CiaFuzNav)
O Pelotão de Petrechos (PelPtr) da CiaFuzNav dispõe de morteiros 60mm
(Mrt60mm), metralhadoras (MAG) e armas AC. Ele é organizado em uma Seção de
Morteiro 60mm (SecMrt60mm), com três peças; três Seções de Metralhadora MAG
(SecMtrMAG), a duas peças cada; e uma Seção de armas AC, a seis peças. Ele é
capaz de empregar:
- os morteiros e metralhadoras para proporcionar fogos de apoio aproximado (base
de fogos) em auxílio aos elementos de manobra dessa subunidade (SU), na ofensiva
e para apoiar a defesa; e
- as armas AC na proteção aproximada contra os blindados inimigos e prover o
efetivo apoio de fogo durante o assalto contra posições fortificadas e obstáculos.
6.4.3 - Apoio do Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais (BtlInfFuzNav)
A Companhia de Apoio de Fogo (CiaApF) do BtlInfFuzNav dispõe de morteiros
81mm (Mrt81mm), metralhadoras pesadas calibre .50 e Mísseis AntiCarro
BILL(MACBILL). Ela é organizada em um Pelotão de Morteiro 81mm
(PelMrt81mm), com três seções de Morteiro 81mm (SeçMrt81mm), a duas peças
cada; um Pelotão de Metralhadoras Pesadas .50 (PelMtrP.50), com três seções de
Metralhadora Pesada .50 (SeçMtrP.50) a duas peças cada; e um Pelotão de Míssil

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AntiCarro BILL (PelMACBILL), com três seções de Míssil AntiCarro


BILL(SeçMACBILL) a duas equipes cada.
6.4.4 - Outros apoios
Além das armas mencionadas, o GC poderá ser apoiado também por outros meios
que normalmente atendem às necessidades da CiaFuzNav, tais como: fogo naval,
aviação, artilharia de campanha e carros de combate.
6.5 - TÉCNICA DE TIRO
Quando os integrantes do GC estiverem individualmente habilitados na execução do tiro
com suas armas e antes que eles comecem a executar o tiro de combate como uma
fração constituída, vivenciando uma situação tática, é necessário que o GC desenvolva
as técnicas de tiro do conjunto de suas armas. Essa técnica diz respeito à aplicação e
controle dos tiros combinados das armas de uma determinada unidade de tiro.
Denomina-se unidade de tiro o conjunto de combatentes cujos tiros combinados de suas
armas está sob o controle direto e efetivo de um comandante.
6.5.1 - Determinação de distâncias
É um processo para descobrir a distância aproximada entre um observador e um alvo
ou qualquer objeto distante. Uma cuidadosa determinação de distâncias faz com que
os integrantes da ET executem corretamente a pontaria de suas armas e realizem tiros
eficazes sobre os alvos inimigos. São dois os métodos mais comuns para
determinação de distâncias: estimativa visual e observação do tiro.
a) Estimativa visual
Inclui dois processos: unidade de medida memorizada e aparência dos objetos.
Este método permite a um atirador bem adestrado determinar distâncias com
razoável precisão e executar um grande número de tiros sobre o inimigo,
surpreendendo-o.
O processo que utiliza uma unidade de medida memorizada consiste em visualizar
uma distância de 100 metros, ou qualquer outra medida com a qual o combatente
esteja bastante familiarizado, torná-la como uma unidade de medida que é
memorizada e, então, compará-la mentalmente com a distância entre ele e o alvo,
determinando quantas dessas unidades está contida no intervalo considerado.
No caso de distâncias superiores a 500 metros, o afastamento do alvo pode ser
determinado com mais precisão quando se utiliza um ponto intermediário, a meia
distância, cuja medida estimada é, a seguir, multiplicada por dois.

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Fig 6.2 - Estimativa visual

Quando existirem elevações, bosques ou outros obstáculos entre o observador e o


alvo, ou onde a maior parte do terreno interposto está oculto das vistas, é
impraticável aplicar o processo da unidade de medida memorizada para
determinar a distância.
Por meio da prática constante no adestramento, o combatente deve se familiarizar
com a aparência que determinados objetos apresentam a várias distâncias
conhecidas. Por exemplo, observa-se um combatente quando ele estiver de pé
afastado 100 metros, procurando-se fixar na mente a aparência do seu tamanho e
dos detalhes pertinentes aos seus traços característicos e equipamentos. Observa-
se, então, o mesmo combatente, a mesma distância, na posição de joelhos e, a
seguir, na posição deitado. Repete-se o processo de memorização para aos
distâncias de 200, 300 e 500 metros. Pela comparação da aparência de um
combatente verificada nestas distâncias e nestas posições, pode ser estabelecida
uma série de imagens mentais cuja memorização servirá ao combatente como um
padrão de referência a ser empregado na determinação estimada de distâncias.
Quando o tempo e as condições permitirem, uma estimativa de distância mais

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precisa pode ser conseguida pela média de algumas estimativas realizadas por
diferentes combatentes.
b) Observação do tiro
Uma determinação precisa de distância pode ser obtida observando-se o ponto de
impacto dos projetis de munição comum ou traçante. É necessário empregar um
observador porque é muito difícil ao próprio atirador acompanhar a trajetória do
seu projetil traçante e localizar o ponto de impacto. Este método permite estimar
distâncias rápida e precisamente, contudo a possibilidade de obtenção da surpresa
é perdida e a posição do atirador pode ser localizada pelo inimigo.
O método segue os seguintes passos:
- o atirador estima visualmente a distância até o alvo, faz a pontaria com essa
distância inserida na alça de mira do seu fuzil e dispara;
- um observador próximo ao atirador segue a trajetória do traçante e marca o local
de impacto do projetil;
- o observador, então, indica a viva voz as correções em cliques de elevação do
cursor da alça de mira e, caso exista, a força do vento que possa ter desviado o
projetil, de forma a atingir o alvo;
- o atirador introduz as correções na pontaria e executa novo disparo, repetindo o
passo anterior até que um impacto no alvo tenha sido observado. O observador
fica atento ao número de cliques de elevação inseridos até conseguir o acerto no
alvo; e
- a indicação final do cursor da alça de mira com a qual se atingiu o alvo
(considerando a posição do atirador como zero) indica a distância até o alvo.
6.5.2 - Fogos dos fuzis de assalto e das armas automáticas e seus efeitos
O emprego correto dos fogos dos fuzis de assalto e das armas automáticas do GC,
bem como a exploração dos seus efeitos, é a segunda parte da técnica de tiro dessa
fração. O conhecimento sobre o comportamento do projetil durante o vôo e um
entendimento do efeito do fogo dessas armas sobre o inimigo podem auxiliar os
integrantes do GC na obtenção da máxima eficiência.
a) Trajetória
É o caminho percorrido por um projetil em seu vôo até o alvo. A trajetória é quase
horizontal a curtas distâncias; porém quando ela cresce, a altura da curva
(ordenada) que a representa também cresce.

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Fig 6.3 - Diagrama de trajetórias com as respectivas ordenadas máximas

O espaço entre o fuzil e o alvo no qual a trajetória nunca ultrapassa a altura de um


homem de estatura mediana (1,70m), é chamado de área de rasância. Um projetil
disparado por um fuzil no nível do solo (posição de tiro deitada) contra um alvo
localizado a uma distância relativamente curta, ocasiona um área de rasância
contínua quando a superfície do terreno é plana ou levemente inclinada. A grandes
distâncias apenas em parcelas desse espaço ocorre áreas de rasância, pois o
projetil passa, na maior parte da trajetória, bem acima da cabeça de um homem
com aquela estatura. Esse espaço que a trajetória se mantém mais elevada é
chamado de espaço morto.

Fig 6.4 - Área de rasância e espaço morto

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b) Cone de tiro
Cada projetil disparado de um fuzil contra um mesmo alvo segue um caminho ou
trajetória ligeiramente diferente dos demais. Estas pequenas diferenças são
ocasionadas por imperceptíveis variações na pontaria, empunhadura, acionamento
do gatilho, queima da carga de projeção, no vento ou na pressão atmosférica.
Como os projetis partem de um mesmo ponto de origem, a boca da arma, suas
trajetórias geram um cone de forma específica, conhecido por cone de tiro.
c) Zona batida
O cone de tiro que atinge uma superfície forma uma zona batida, a qual se
apresenta de forma comprida e estreita. As zonas batidas variam em comprimento.
Quando a distância aumenta, o comprimento da zona batida diminui. A inclinação
do terreno afeta o tamanho e a forma da zona batida. Quando o alvo se encontra
na encosta de uma elevação, a zona batida é encurtada; numa superfície
descendente, onde o ângulo de inclinação for menor do que a curva das trajetórias,
a zona batida é alongada. A superfície que se inclina abruptamente em um ângulo
maior do que o de queda dos projetis não será atingida e é dita como estando
desenfiada.
d) Classificação dos fogos
Os fogos dos fuzis são classificados quanto à direção com que atingem o alvo e
quanto à trajetória.
Quanto à direção com que atingem o alvo, eles podem ser:
- frontais: quando os tiros atingem perpendicularmente a frente do alvo;
- de flanco: quando disparados contra o flanco do alvo; e
- de enfiada: quando disparados de forma que o eixo maior da zona batida
coincida, ou coincida aproximadamente, com o eixo maior do alvo. Os fogos de
enfiada podem ser tanto de flanco quanto frontais.

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Fig 6.5 - Fogos de fuzil quanto à direção com que atingem o alvo

Quanto à trajetória, eles podem ser:


- rasantes: são aqueles que não ultrapassam a altura de um homem de estatura
mediana (1,70m). Os tiros de fuzil executados de uma posição deitada
proporcionam fogos rasantes até distâncias de aproximadamente 600 metros
sobre a superfície de um terreno plano ou uniformemente inclinado;
- mergulhantes: são aqueles que atingem a superfície do terreno segundo um
ângulo elevado, de forma que a área de rasância é praticamente confinada à zona
batida, e cujo comprimento é, em geral, encurtado. Tiros realizados a grandes
distâncias tornam-se preponderantemente mergulhantes, haja vista que o ângulo
de queda dos projetis é mais acentuado . Tiros realizados da parte alta de um
terreno sobre um alvo localizado na parte baixa podem ser mergulhantes. Tiros
executados no espaço compreendido entre duas encostas que se elevam
abruptamente ocasionam fogos mergulhantes no ponto de impacto; e

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Fig 6.6 - Fogos de fuzil quanto à trajetória

- sobre tropa: são aqueles executados acima das cabeças da tropa amiga. O fogo
dos fuzis é considerado seguro quando a movimentação do terreno protege a
tropa à frente ou quando ela se encontra em uma posição suficientemente abaixo
da linha de fogo.
e) Efeito do fogo dos fuzis
Os melhores resultados do fogo dos fuzis são obtidos quando o GC está perto do
inimigo. O GC deve se aproveitar das cobertas e abrigos proporcionados pelo
terreno e dos fogos de apoio executados pelas metralhadoras, morteiros e artilharia
para avançar até o mais perto possível do inimigo antes de abrir fogo.
Normalmente, o GC não deve abrir fogo a distâncias superiores a 800m (para alvos
tipo área) e 550m (para alvos tipo ponto), o máximo de alcance útil do Fuzil de
Assalto 5,56mm.
Só em condições muito favoráveis o fuzil pode ser usado contra grupos de
combatentes inimigos ou alvos que apresentem áreas mais extensas, entre as
distâncias de 460 e 1.000 metros, seu alcance máximo eficaz.
A área na qual o inimigo está localizado pode ser habitualmente determinada pelo
som dos seus disparos. Os tiros de uma fração devem ser distribuídos
uniformemente em largura e profundidade, de forma a bater a área ocupada pelo

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inimigo por inteiro, obrigando-o a manter-se abrigado e tornando seus tiros


ineficazes.
f) Cadência de tiro
As cadências de tiro das armas do GC combinam-se para formar o poder de fogo
dessa fração. O emprego dessas armas e o poder de fogo do GC não são
determinados pela rapidez com que os combatentes são capazes de disparar suas
armas, mas sim pela velocidade com que são capazes de executar os tiros com
precisão. Os comandantes de GC ou ET devem estar aptos a controlar a cadência e
o efeito dos tiros de seus subordinados, caso contrário a munição será desperdiçada.
A cadência de tiro é expressa em tiros por minutos (tpm). As cadências a seguir se
aplicam às armas do GC:
- cadência normal: refere-se a velocidade média de execução do tiro com pontaria
que um combatente é capaz de realizar com o Fuzil de Assalto 5,56mm ou com o
Lança-Granadas 40mm M203 , a saber: 5,56mm – 10 a 12 tpm; e M-203 – 5 a 7
tpm;
- cadência mantida: este termo se aplica à arma automática da ET (MINIMI) e às
metralhadoras do PelPtr (MAG). Ela é a cadência que uma arma de tiro de
trajetória tensa efetivamente consegue executar por um período de tempo
indefinido sem causar uma interrupção do tiro ou mau funcionamento da arma
devido a um super- aquecimento. A cadência de tiro da arma automática da ET é
da ordem de 90 tpm.
- cadência rápida: este termo também se aplica à arma automática da ET e às
metralhadoras. Ela é a quantidade máxima de tiros controlados que se pode
disparar contra um alvo, por um curto período de tempo (normalmente não mais
do que dois minutos) sem causar uma interrupção do tiro ou mau funcionamento
da arma devido a um superaquecimento. A cadência rápida da arma automática da
ET é da ordem de 100 tpm.
6.6 - LANÇADOR DE GRANADAS 40mm M203
O CmtET/granadeiro porta uma arma que é ao mesmo tempo Fuzil de Assalto 5,56mm
e Lança-Granadas 40mm M203, e ele pode usar uma ou ambas conforme a situação. De
forma a melhor empregar o M-203, ele precisa entender a trajetória percorrida pelos
seus projetis, métodos de tiro e os efeitos das granadas.

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

6.6.1 - Emprego
Na ofensiva, o Lança-Granadas 40mm M203 é empregado para destruir grupos de
indivíduos inimigos e proporcionar o apoio de fogo aproximado durante o assalto em
conjugação ou para suplementar outros fogos de apoio.
O CmtET seleciona pessoalmente os alvos e executa os tiros durante o ataque. Nos
últimos 35 metros do assalto, quando os fogos do Lança-Granadas 40mm M203
podem se tornar perigosos para as tropas amigas que estão executando o assalto ao
objetivo, ele deve empregar a munição antipessoal multiprojeteis. Esta munição pode
ser disparada da mesma linha que a tropa assaltante se encontra sem colocar em
perigo os demais combatentes próximos ao CmtET. Ele pode, entretanto, lançar
granadas explosivas contra alvos que estejam suficientemente distantes da faixa de
terreno a ser percorrida pela tropa que realiza o assalto, de forma que a explosão da
granada não lhe traga qualquer risco. Convém lembrar que as granadas alto
explosivas necessitam de uma distância mínima de aproximadamente 30 metros para
armar a espoleta.
Durante o assalto, o CmtET pode utilizar seu fuzil até que apareça algum alvo
apropriado ou até que ele tenha tempo para recarregar o M-203. Os alvos apropriados
para serem batidos pelas granadas lançadas pelo M-203 são posições de fuzis-
metralhadores, metralhadoras e as guarnições de outras armas de emprego coletivo,
no setor de tiro da ET. Esta forma de emprego é usada quando um volume intenso de
fogo é necessário para reduzir a posição inimiga assaltada.
Na defesa, o CmtET ocupa uma posição de tiro abrigada, que lhe permita controlar
sua ET e lançar as granadas com o M-203 sobre todo o setor de tiro de sua fração.
Posições principal e suplementar são preparadas aproveitando ao máximo as cobertas
e abrigos que o terreno a ser ocupado para o cumprimento da missão puder oferecer.
Cuidados especiais devem ser tomados para garantir que os campos de tiro sejam
desobstruídos, de forma a evitar a detonação prematura dos projetis do M-203. A
medida que o inimigo se aproxima da posição defensiva, ele vai sendo submetido a
um volume cada vez mais intenso de fogos. Inicialmente, o CmtET só deve utilizar o
fuzil, reservando o lançamento de granadas com o M-203 para quando o inimigo
estiver bem próximo das posições amigas. Nessa oportunidade, disparará contra as
armas automáticas e tropa inimiga que se encontrem em posições desenfiadas para os
fuzis. Isto fará com que essas bases de fogos inimigas silenciem e suas tropas

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

abandonem as posições cobertas para serem engajadas pelas armas automáticas das
ET.
6.6.2 - Trajetória
O lançador de granadas 40mm M203, para distância até 150 metros, tem uma
trajetória relativamente horizontal e por isso pode ser disparado do ombro de maneira
normal. Quando a distância aumenta, a trajetória se eleva e o tempo de vôo do
projetil também cresce.
6.6.3 - Posições de tiro
As posições de tiro mais comumente empregadas são a deitada, ajoelhada, de pé e do
interior de um abrigo. As posições apoiadas proporcionam mais estabilidade para a
arma e devem ser utilizadas sempre que possível; entretanto, o CmtET/granadeiro
deve assegurar-se que nenhuma outra parte da arma toque o local de apoio.
Existem dois métodos de empunhar o M-203:
- a mão esquerda segura o carregador do fuzil com o dedo indicador esquerdo
posicionado no guarda-mato do gatilho do M-203, enquanto a mão direita segura o
punho da arma; e
- a mão direita segura o carregador do fuzil com o dedo indicador direito posicionado
no guarda-mato do gatilho do M-203, enquanto a mão esquerda segura o punho do
cano acoplável do M-203.
6.6.4 - Métodos de tiro
a) Tiro com pontaria
Para distâncias até 150 metros, o lançador de granadas 40mm M203 pode ser
disparado do ombro na forma normal de tiro do fuzil para todas as posições,
usando a massa de mira do quadrante de pontaria. Porém, para manter o quadro de
pontaria para distâncias superiores a 150 metros, são necessárias as seguintes
modificações na posição de tiro:
- usar o próprio quadrante de pontaria para distâncias superiores a 200 metros;
- numa posição deitada modificada, a posição da coronha do fuzil depende da
configuração do corpo do atirador, da posição da mão sobre a arma e da
distância do alvo; e
- em qualquer das outras posições, abaixa-se a coronha do fuzil até uma posição
sob a axila que permita manter o quadro de pontaria.

OSTENSIVO - 6-14 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

b) Técnica de apontamento indireto


Esta técnica é usada para desfechar uma elevada quantidade de tiros sobre a área
alvo. Embora a visada não seja executada nesta técnica, o atirador precisa, antes
de mais nada, ter boa proficiência na visada e pontaria com a utilização da massa
de mira e quadrante de pontaria. Ele usa uma posição de tiro sob a axila, de tal
maneira que lhe permita utilizar a mão esquerda para recarregar rapidamente.
Ainda que a técnica de apontamento indireto possa ser usada pela modificação de
qualquer das posições de tiro estipuladas, ela é empregada mais freqüentemente
durante o assalto.

Fig 6.7 - Métodos de tiro

6.6.5 - Efeito dos fogos do lançador de granadas


A granada alto explosiva tem um raio de ação efetivo de 5 metros. Esse raio é
definido como o raio de um círculo entorno do ponto onde ocorre a detonação, no
qual pode ser esperado 50 porcento de baixas no efetivo de tropa a ela exposta.
6.7 - COMANDOS DE TIRO
As tropas inimigas são adestradas no uso de cobertas e abrigos. Os alvos, em geral,
encontram-se obscuros ou invisíveis, vistos somente por um curtíssimo período, e
raramente permanecem a descoberto por muito tempo. Assim, quando um alvo é
descoberto, o CmtGC e seus integrantes precisam definir com rapidez e precisão a sua
localização. Todo combatente deve ser adestrado na identificação rápida e precisa de
uma área alvo, e na execução de um grande volume de fogo sobre ela, ainda que
nenhum inimigo esteja visível.
Um pequeno alvo tipo ponto, como um franco atirador inimigo, só deve ser designado
para um ou dois combatentes, enquanto que um alvo de extensão considerável, como
uma formação de ataque inimiga, requer os fogos combinados de toda a ET.

OSTENSIVO - 6-15 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Com vistas a auxiliar na designação dos vários tipos de alvos, todos os combatentes
precisam estar familiarizados com os termos topográficos usados habitualmente nesta
designação, tais como: crista, elevação, corte, aterro, cume, penhasco, ravina,
cruzamento, entroncamento e linha do horizonte.
Quando o Cmt do GC ou da ET decide atirar em um alvo, ele tem que fornecer
instruções precisas sobre como ele quer que o alvo seja engajado. Essas instruções
configuram o comando de tiro. O Cmt dirige e controla o tiro de sua fração por meio
desses comandos.
6.7.1 - Elementos do comando de tiro
Um comando de tiro contém seis elementos básicos que devem ser sempre
explicitados ou insinuados. Os comandos de tiro para todas as armas seguem uma
seqüência e incluem elementos similares. Apenas os elementos essenciais do tiro
devem ser incluídos (AD4C):
Alerta;
Direção;
Descrição do alvo;
Distância;
Designação do alvo; e
Controle do tiro.
a) Alerta
Este comando alerta a fração para ficar pronta para receber as instruções a seguir. Ele
também pode indicar quem irá executar o fogo. Normalmente é transmitido
verbalmente:
GRUPO DE COMBATE ou ESQUADRA DE TIRO TAL.
O Comandante da fração pode alertar apenas alguns indivíduos, chamando-os pelo
nome. Além disso, o alerta pode ser disseminado por sinais, contato pessoal ou
qualquer outro método que a situação indicar.
b) Direção
A direção determina para onde deve ser olhado para se ver o alvo. Ela pode ser
indicada de uma das seguintes maneiras: oralmente, pelo uso de munição traçante,
por pontos de referência e pela medida com os dedos.
A direção geral de um alvo pode ser dada oralmente e deve ser indicada em relação
a posição da fração. A figura a seguir mostra as direções gerais usadas para indicar

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

oralmente a direção.

Fig 6.8 - Direções gerais

Tiros traçantes são uma forma rápida e segura de indicar uma direção e o método
mais eficiente de localizar alvos com grande precisão. Sempre que possível, o
Comandante da fração deve indicar a direção geral oralmente. Isto fará com que a
atenção de todo o GC se volte para a área designada, por exemplo:
FRENTE
OBSERVEM MEU TRAÇANTE
(Executa o 1o tiro) FLANCO DIREITO (do alvo)
(Executa o 2o tiro) FLANCO ESQUERDO (do alvo)
O uso de munição traçante para designar alvos pode revelar a posição do combatente
e isto muito certamente alertará o inimigo e reduzirá a vantagem da surpresa. Para
minimizar a perda da surpresa, o Cmt da fração pode esperar até que todos os outros
elementos do comando de tiro tenham sido divulgados antes de disparar seu traçante.
Neste caso, o tiro com traçante pode ser o sinal para abrir fogo.
Para auxiliar os integrantes da fração a localizar alvos difíceis de distinguir, o
Cmtpode recorrer a pontos de referência para indicar suas direções. Ele seleciona um
ponto de referência próximo ao alvo e que seja de fácil identificação.
Com vistas a evitar confusão entre o ponto de referência e o ponto onde se localiza o
alvo, utiliza-se a palavra REFERÊNCIA para indicar o ponto de referência e a
palavra ALVO para descrever a localização do mesmo, por exemplo:
- SEGUNDO GRUPO
- FRENTE
- REFERÊNCIA: PILHA DE PEDRAS NA RAVINA

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

- ALVO: ATIRADOR ISOLADO NA PRIMEIRA ÁRVORE A


ESQUERDA, UNO CINCO ZERO.
Quando se utiliza um ponto de referência, a direção indicada no comando de tiro é a
desse ponto, porém a distância é a do alvo.
Algumas vezes um alvo pode ser melhor localizado pelo uso de sucessivos pontos de
referência, por exemplo:
- PRIMEIRA ESQUADRA
- REFERÊNCIA: CASA DE PEDRA. DIREITA DA CASA DE PEDRA,
PEQUENO GALPÃO.
- ALVO: METRALHADORA NO PRIMEIRO ARBUSTO A DIREITA DO
GALPÃO. DOIS CINCO ZERO.
Distâncias paralelas à frente, conhecidas como distâncias laterais, são difíceis de
estimar em termos de metros. Para medir a distância à direita e à esquerda do ponto
de referência, ou medir a extensão de um alvo de um lado ao outro, pode ser
empregada a medição com os dedos.
Este método de medir distâncias laterais consiste nos seguintes passos:
- distender totalmente o braço e colocar a mão diretamente em frente ao rosto, com a
palma voltada para si e o dedo indicador apontado para cima;
- fechar um olho;
- selecionar um ponto de referência; e
- colocar um dedo entre esse ponto e o alvo e, então, completar o espaço restante
com tantos dedos quantos necessários.
Um exemplo de utilização desse método:
- PRIMEIRO GRUPO
- FRENTE
- REFERÊNCIA: ÁRVORE ALTA NA ORLA DA CERCA VIVA
- ALVO: METRALHADORA DOIS DEDOS A ESQUERDA DA ÁRVORE.
TRÊS ZERO ZERO.
c) Descrição do alvo
O terceiro elemento do comando de tiro é uma curta e precisa descrição do alvo,
como as já apresentadas nos exemplos anteriores.
d) Distância
A distância dá a informação necessária para fazer a visada ou ajustar a pontaria. A

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

palavra DISTÂNCIA não é usada, apenas os numerais que a indicam. Por exemplo:
UNO SETE CINCO, DOIS CINCO ZERO OU QUATROCENTOS.
e) Designação do alvo
A designação do alvo indica quem irá executar o fogo e subdividi-se em duas partes:
- primeira, o CmtGC determina quem executará os fogos, quer seja todo o GC, quer
seja apenas uma ou duas ET. Se a fração designada for a mesma que a anunciada no
ALERTA, isto pode ser omitido. Quando o CmtGC alerta toda a sua fração, porém
planeja usar apenas uma ou duas ET para bater o alvo, a designação deve ser
incluída; e
- segunda, o CmtGC também utiliza este comando para determinar que armas serão
empregadas e a cadência de tiro das armas automáticas. Os fuzis, e quando
disparados, os M-203 sempre obedecem a uma cadência normal de tiro. Os CmtET
normalmente não disparam seus fuzis a menos que isto seja absolutamente
necessário. Em vez disso, eles controlam o fogo das armas dos integrantes de suas
frações sobre os vários alvos que se encontram no interior dos respectivos setores e
ficam em condições de transmitir os comandos de tiro subseqüentes determinados
pelo CmtGC para suas ET. Aplicam-se nessa determinação, as seguintes regras:
Para o atirador da ET: se o CmtGC deseja que as armas automáticas atirem na
cadência rápida, ele comanda RÁPIDA. Se este comando não for dado, elas atiram
obedecendo a cadência mantida de tiro. Ao comando de RÁPIDA, as armas
automáticas atiram, inicialmente, nesta cadência por dois minutos e então passam
para a cadência mantida. Isto previne o superaquecimento das armas;
Para o Cmtda ET/granadeiro: se o CmtGC deseja que o lançador de granadas
atire, comanda LANÇA GRANADAS. Se este comando não for dado, os CmtET
também não precisam, normalmente, atirar com seus fuzis.
Nos exemplos a seguir, considera-se que no alerta o comando de tiro foi dado para o
GC:
- se a designação do alvo é completamente omitida, todas as três ET preparam-se
para atirar. Os Volteadores e Municiadores disparam seus fuzis na cadência normal
de tiro. Os Atiradores disparam as armas automáticas das ET (MINIMI) na
cadência mantida;
- LANÇA GRANADAS 40mm M203; RÁPIDA. Todas as ET se preparam para
atirar. Os Volteadores e os Municiadores disparam na cadência normal de tiro. Os

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

CmtET disparam os M-203 na cadência rápida;


- PRIMEIRA ESQUADRA; ARMA AUTOMÁTICA; RÁPIDA. A primeira ET
executa os fogos com o Volteador e Municiador atirando na cadência normal de
tiro. O CmtET, se necessário, atira com o M-203 também na cadência normal. O
Atirador, por sua vez, dispara sua arma automática na cadência rápida.
f) Controle do tiro
O controle de tiro consiste de um comando ou sinal para abrir fogo. Se a surpresa não
é necessária, o comando de ABRIR FOGO é normalmente dado sem qualquer pausa,
como último elemento do comando de tiro. Quando o Comandante deseja que todas
as suas armas abram fogo simultaneamente, de forma a obter o máximo de surpresa e
ação de choque, ele determina: AO MEU COMANDO ou AO MEU SINAL. Quando
todos os integrantes da fração estiverem prontos e no momento mais apropriado, o
CmtGC dá o comando ou sinal para abrir fogo.
Visto que os comandos transmitidos oralmente não são, na maioria das vezes,
ouvidos por causa dos ruídos presentes no campo de batalha, é essencial que os
integrantes das frações se entendam por meio de sinais e gestos. Estes gestos e sinais
precisam ser constantemente treinados nas pequenas frações. Gestos e sinais
padronizados, aplicáveis aos comandos de tiro, são descritos mais adiante.
6.7.2 - Enunciação dos comandos de tiro
A seguir são apresentados alguns exemplos de comandos de tiro completos.
a) Neste exemplo, o Comandante do 1o GC deseja colocar de surpresa um intenso
volume de fogos com os fuzis e armas automáticas (cadência mantida) de todo o
GC sobre um alvo facilmente identificado:
PRIMEIRO GRUPO.
FRENTE.
SOLDADOS INIMIGOS.
TREZENTOS.
AO MEU SINAL.
b) Neste segundo exemplo, o Comandante do 3 o GC deseja identificar um alvo para
todo o grupo, porém quer que apenas a 2 a ET o engaje. Ele deseja, também, que o
M-203 atire sobre o alvo e que o atirador dispare na cadência rápida de tiro. Ele
utiliza um ponto de referência porque o alvo é de difícil localização:
TERCEIRO GRUPO.

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

FRENTE DIREITA.
REFERÊNCIA: CASA DE MADEIRA, DIREITA DOIS DEDOS.
ALVO: ARMA ANTICARRO. DOIS CINCO ZERO.
SEGUNDA ESQUADRA: LANÇA GRANADAS; RÁPIDA.
ABRE FOGO.
6.7.3 - Comandos de tiro subseqüentes
Um comando de tiro subseqüente é empregado pelo CmtGC para mudar um dos
elementos do comando inicial ou para cessar fogo.
a) Para alterar um elemento do comando inicial de tiro, o CmtGC dá o alerta e então
anuncia o elemento que ele deseja modificar. Normalmente, os elementos que
podem requerer mudança são a designação do alvo e/ou o controle de tiro. O
exemplo a seguir ilustra o uso de um comando subseqüente.
Após o comando de tiro inicial, o Comandante do 1 o GC citado anteriormente,
alerta todo o grupo, porém designa uma única ET para engajar o alvo com o
fogo dos fuzis (cadência normal) e armas automática (cadência mantida):
PRIMEIRO GRUPO.
FRENTE.
SOLDADOS INIMIGOS.
TREZENTOS.
SEGUNDA ESQUADRA.
ABRE FOGO.
Este mesmo CmtGC deseja, agora, que todo o GC atire sobre o alvo, que os
CmtET atirem com os seus M-203 e que os Atiradores das ET passem para a
cadência rápida de tiro. Note-se que o CmtGC não repete PRIMEIRO GRUPO
na designação do alvo depois que ele alertou todo o GC e quer que todo ele atire.
O comando subseqüente seria, então:
PRIMEIRO GRUPO
LANÇA GRANADAS; RÁPIDA
ABRE FOGO.
b) Para que o GC cesse fogo, o CmtGC ordena simplesmente CESSAR FOGO.
c) Na dissiminação dos comandos de tiro subseqüentes, o CmtGC deve ter em
mente que em muitos casos o barulho do campo de batalha impedirá que os
integrantes do grupo o ouçam. Na maioria das vezes ele passará os comandos

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

subseqüentes de tiro através dos comandantes de ET. Esta é uma das razões
pelas quais os comandantes destas frações normalmente não atiram com seus
fuzis, mas permanecem atentos às determinações do CmtGC.
6.8 - APLICAÇÃO DOS FOGOS
O potencial de fogo dos 13 integrantes do GC com todos atirando é,
conservadoramente, estimado em 400 tiros, com pontaria, dos fuzis e das armas
automáticas da ET ou 370 tiros, com pontaria, dessas armas e 15 descargas dos Lança-
Granadas 40mm M203, por minuto.
Os termos que se seguem são usados na aplicação dos fogos.
- Neutralizar: fogo empregado para tornar o pessoal inimigo incapaz de interferir com
uma operação em particular;
- Apoio de fogo: são os fogos proporcionados por uma unidade com vistas a auxiliar ou
proteger uma outra unidade em combate; e
- Alvo de oportunidade: um alvo que aparece em combate, dentro do alcance das
armas disponíveis, e contra o qual não foi planejado qualquer fogo.
6.8.1 - Tipos de unidade de tiro
O tamanho e a natureza de um alvo pode exigir o poder de fogo de toda uma unidade
de tiro ou apenas de parte dela. O tipo de alvo sugere o tipo de unidade de tiro que é
preciso usar contra ele. O CmtGC recebe suas ordens do CmtPelFuzNav que,
usualmente, lhe designa um ou vários alvos específicos. Esta designação de alvos
para cada GC é normalmente desejável para bater toda área alvo do pelotão e
assegurar um adequado recobrimento.
Uma ET distribui seus tiros de acordo com o determinado pelo CmtGC. Geralmente
ele determina a um CmtET que restrinja os tiros de sua fração a uma parcela
específica do setor de tiro do grupo, que engaje um alvo em separado ou, ainda, que
transfira seus fogos para um alvo de oportunidade.
a) Fogo concentrado
É o fogo desencadeado por uma unidade de tiro que se encontra desdobrada no
terreno contra um único alvo tipo ponto. Um grande volume de fogo desencadeado
de diversas direções contra o alvo faz com que as zonas batidas pelas várias armas se
concentrem e se sobreponham, proporcionando a máxima cobertura do alvo. Uma
arma automática inimiga que tenha obtido superioridade de fogos sobre um elemento
de uma determinada fração, pode ser neutralizada, freqüentemente, pelo fogo

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

concentrado dos elementos remanescentes que não estejam sob o fogo direto dessa
arma.

Fig 6.9 - Fogo concentrado de um GC

b) Fogo distribuído
É aquele aplicado em largura e/ou profundidade para bater todas as partes do alvo
designado. Cada Volteador e cada Municiador dispara seu primeiro tiro sobre a
porção do alvo que corresponde a sua posição no GC. Eles distribuem, então, os
tiros subseqüentes sobre o resto do alvo, cobrindo aquela porção do alvo sobre a
qual cada um deles pode disparar com precisão sem trocar de posição.

Fig 6.10 - Fogo distribuído por um GC

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

O CmtET/granadeiro dispara a primeira descarga do seu Lança-granadas 40mm


M203 no centro de massa do alvo e, em seguida, distribui granadas sobre o resto da
área do alvo.
Na ofensiva, os atiradores cobrem toda a frente do alvo designado para o GC. Na
defensiva, entretanto, os atiradores batem apenas os respectivos setores de tiro de
suas ET.
O fogo distribuído permite que os comandantes de fração coloquem os fogos de
suas respectivas unidades de tiro sobre o alvo, de forma que o inimigo, quer esteja
visível ou não, seja mantido sob fogo. É, também, o mais rápido e eficiente método
para garantir que todas as partes do alvo sejam submetidas ao fogo das armas
disponíveis.

Fig 6.11 - Fogo distribuído por um GC que engaja dois alvos separados

Quando se torna necessário engajar outros alvos, o CmtGC transfere os fogos de


uma ou duas ET de acordo com o recomendado pela situação.
c) Combinação de fogos concentrados e distribuídos
A composição das ET permite ao CmtGC combinar o fogo concentrado e o fogo
distribuído no engajamento de dois ou mais alvos ao mesmo tempo. Por exemplo, o
comandante de um GC que está executando o fogo distribuído sobre um alvo pode
transferir os fogos de uma ou duas ET para engajar um alvo de oportunidade com
fogo concentrado.

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 6.12 - Fogo distribuído e concentrado de um GC engajando dois alvos


separados, sendo um tipo ponto

Se a unidade de tiro (GC ou ET) executará seus fogos concentrados ou distribuídos


será determinado na descrição do alvo, constante do comando de tiro. Se essa
descrição indicar um alvo tipo ponto (arma automática, atirador isolado, etc.) a
unidade de tiro executará o fogo concentrado. Se, por outro lado, indicar um alvo
extenso (GC desdobrado ou entrincheirado, ou um alvo que o CmtGC tenha
marcado os flancos, etc.), o fogo será distribuído. Na atribuição de missões de tiro
para suas ET por meio de comandos de tiros, o CmtGC determina o volume,
densidade e cobertura dos tiros de suas frações subordinadas.
6.8.2 - Desencadeamento dos fogos
a) Requisitos de uma posição de tiro
Na ocupação de uma posição de tiro para o GC, devem ser satisfeitos os
seguintes requisitos:
- permitir o desencadeamento dos fogos de apoio desejados;
- possuir bons campos de tiro para a frente;
- dispor de cobertas e abrigos naturais apropriados; e
- permitir o controle de tiro pelos comandantes de ET e do GC.
b) Na ofensiva
I) Base de fogos
Uma base de fogos cobre e protege com seus tiros, o avanço das unidades de
assalto. Sempre que possível, a unidade de tiro designada para estabelecer a

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

base de fogos deve se deslocar para a sua posição de tiro através de itinerários
que não sejam observados pelo inimigo. Um grande volume de fogos
desencadeado de surpresa, de uma direção não esperada, tem um efeito físico
e psicológico muito maior do que os fogos desencadeados de uma posição
conhecida. O Comandante de uma fração que estiver estabelecendo uma base
de fogos deve fazer o máximo de esforço para escolher uma posição que
permita o tiro de flanco ou oblíquo sobre a posição inimiga. Quando a
unidade em base de fogos encontra-se em posição, usualmente acontece o
seguinte:
- um grande volume de fogo distribuído é desencadeado sobre a posição
inimiga, de forma a obter superioridade de fogos;
- quando essa superioridade é conseguida e o inimigo é fixado na posição, a
cadência de tiro é reduzida. Entretanto, a superioridade de fogos deve ser
mantida;
- quando as unidades de assalto aproximam-se da posição de assalto (PAss), a
cadência de tiro é aumentada de forma a obrigar o inimigo a se manter o
mais bem abrigado possível, e permitir às unidades de assalto deixarem a
PAss e iniciarem o assalto propriamente dito, antes que o inimigo tenha
tempo de reagir;
- quando as unidades de assalto atingem a PAss ou a um sinal pré-
estabelecido, a base de fogos pode: cessar fogo e transferir seus tiros para
outra área alvo ou seguir essas unidades de assalto para, à retaguarda delas,
cruzar o objetivo e, após sua conquista, cessar o fogo ou transferi-lo para
uma nova área alvo determinada.
II) Tiro de assalto
A um bem sucedido avanço pelo fogo e movimento desde a linha de partida
(LP) até a PAss, segue-se, naturalmente, um assalto a área alvo ou objetivo.
O tiro de assalto é aquele fogo desencadeado por uma tropa durante seu
assalto a uma posição hostil.
Os Volteadores e os Municiadores atiram com a máxima precisão possível,
utilizando uma posição que lhes permita fazer pontaria. Eles devem atirar
com suas armas no modo rajada de três tiros ou disparar cada vez que o pé
esquerdo tocar o solo. Eles atiram nas posições inimigas identificadas ou

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

suspeitas na parte do objetivo que corresponda às suas respectivas posições


na formação de assalto.
Os Atiradores atiram com suas armas automáticas na posição sob a axila,
realizando rajadas curtas (3 a 5 tiros), cobrindo toda a frente do objetivo
Atribuída ao GC.
Cabe ao CmtET, como principal tarefa durante o assalto, controlar o fogo de
sua fração. Caso seja necessário utilizar seu fuzil, ele deve atirar com o
máximo de precisão, utilizando a técnica de tiro sobre ponto. Caso se depare
com um alvo resistente aos tiros de fuzil ou a própria área de atuação se
constitua em um alvo, o CmtET começará disparando o lançador de
granadas, utilizando também a técnica de tiro sobre ponto, até que o alvo
tenha sido destruído ou neutralizado ou, ainda, até que ele não possa mais
desencadear fogos eficazes sobre o alvo sem colocar a própria tropa em
perigo.
c) Na defensiva
A ET é a unidade de tiro básica do PelFuzNav e, quando praticável, cada setor
de tiro individual deve abranger todo o setor de tiro da ET. Ela atira de posições
no terreno que precisam ser mantidas a todo custo. Seus integrantes são
posicionados onde possam dispor dos melhores campos de tiro e aproveitar ao
máximo as cobertas e abrigos disponíveis.
As armas automáticas das ET proporcionam a maior parte do poder de fogo do
GC. Elas precisam ser protegidas e mantidas em operação.
Ao Volteador, Municiador e Atirador é atribuída a tarefa de bater todo o setor de
tiro da ET. Além disso, a cada Atirador é designada uma direção principal de
tiro (DPT).
Da mesma forma que na ofensiva, a tarefa principal do CmtET é controlar o
fogo de sua fração. Quando houver a necessidade de utilizar o seu fuzil, ele
cobrirá todo o setor de tiro da ET com um intenso volume de fogo, enquanto o
inimigo permanecer fora do alcance do M-203. Caso não haja restrições ao
emprego dessa arma, ele abre fogo sobre alvos compensadores, assim que eles
estejam dentro do alcance. Quando os fogos de proteção final forem
desencadeados, ele engajará a maior massa de tropa de infantaria inimiga no
setor que lhe foi designado.

OSTENSIVO - 6-27 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

6.8.3 - Fogos com visibilidade reduzida


a) Fuzil de Assalto 5,56mm
Sob condições de visibilidade reduzida, o fuzil pode ser usado na execução dos
fogos pré-planejados, o que implica na amarração do tiro por meio da confecção
de um suporte simples para a arma. Quando o fuzil é usado para essa finalidade,
todos os preparativos para amarração do tiro devem ser feitos com a luz do dia.
Além disso, para o apontamento do fuzil, instalação do suporte e fixação das
estacas limitadoras que amarram o tiro, visadas e fogos de ajustagem são
realizados antecipadamente.
b) Lança-Granadas 40mm M203
Nos períodos de visibilidades reduzida, o Lança-Granadas 40mm M203 também
pode ser empregado eficientemente para executar os fogos pré-planejados, desde
que se construa também um suporte. Quando esses fogos estão sendo amarrados,
o CmtET deve dar prioridade às prováveis vias de acesso (VA) e PAss a serem
utilizadas pelo inimigo. Todos os preparativos são feitos com a luz do dia. O
Lança-Granadas 40mm M203 deve ser colocado em posição e a pontaria deve ser
ajustada antes de escurecer.

Fig 6.13 - Meios expeditos para executar os tiros amarrados

OSTENSIVO - 6-28 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

6.8.4 - Cadência de tiro


Todo combatente é adestrado para disparar aproximadamente 10 a 12 tiros com
pontaria por minuto (cadência normal). Dificuldades presentes em combate tornam
recomendável a adoção de uma cadência mais lenta. A cadência mais rápida com que
qualquer Volteador ou Atirador pode atirar é determinada pela sua habilidade para
selecionar alvos, fazer a pontaria e colocar seus tiros com precisão.
A arma automática da ET é particularmente valiosa contra certos alvos, tais como
metralhadoras e outras armas automáticas inimigas. A cadência rápida de tiro dessa
arma é da ordem de 1000 tpm. A cadência mantida cerca de 600 tpm. A
determinação da cadência de tiro da arma automática da ET é orientada pela natureza
do alvo. Quando se inicia o fogo em combate, os primeiros tiros das armas
automáticas da ET devem ser disparados na cadência rápida para obter a
superioridade de fogos e fixar o inimigo. Depois disso, a cadência pode ser reduzida
para a cadência mantida, a qual, em geral, é suficiente para manter a superioridade.
6.8.5 - Controle de tiro e disciplina de tiro
Para tornar eficiente os fogos de uma unidade, seu Comandante precisa exercer o
controle de tiro. Este controle diz respeito à habilidade do Comandante em fazer com
que seus subordinados atirem ou cessem os tiros no momento que ele deseja, ajustar
o tiro sobre um alvo, transferir todo ou parte do fogo de um alvo para outro e regular
a cadência de tiro. O comandante deve acostumar seus subordinados à disciplina de
tiro, o que só é conseguido por meio do exercício permanente do controle de tiro. A
disciplina de tiro só é conseguida quando a unidade é exaustivamente adestrada e
obedece rigorosamente as instruções com respeito ao uso do fuzil, da arma
automática da ET e do Lança-Granadas 40mm M203, e, ainda, quando pode executar
em conjunto os comandos de tiro com precisão.
O CmtGC deve supervisionar os fogos executados por seus subordinados. Em geral,
ele recebe ordens, comandos e sinais do CmtPelFuzNav, e prontamente divulga as
ordens necessárias para cumprir a missão de tiro determinada. Ele normalmente se
posiciona à retaguarda do seu GC durante a execução dos fogos. Além disso, dá suas
ordens ao grupo por meio dos CmtET, porém faz tudo o que for necessário para
controlar efetivamente os fogos de sua fração. O CmtGC e da ET exercem o controle
do tiro por meio de comandos a viva voz ou por sinais.

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

6.9 - FORMAÇÕES DE COMBATE


As formações de combate da ET e do GC são grupadas em individuais e de fração, com
vistas ao emprego tático eficiente. Os fatores que influenciam a decisão do Comandante
na escolha de uma formação em particular, são a tarefa recebida, o terreno, a situação,
as condições meteorológicas, a velocidade de progressão desejada e o grau de
flexibilidade pretendido. As formações de combate, bem como os comandos por gestos
e os sinais preetabelecidos, capacitam os comandantes a controlar o fogo e o movimento
de suas frações durante a aproximação e o assalto a uma posição inimiga.
6.9.1 - Formações básicas
a) ET
Normalmente, cada CmtET determinará a formação para sua própria fração.
Conseqüentemente, um GC pode conter uma variedade de formações de combate
de ET, em um dado momento, e ter essas formações modificadas freqüentemente.
A posição relativa de uma ET dentro da formação do GC deve ser tal que uma não
mascare o tiro das outras. Não é importante que distâncias e intervalos precisos
sejam mantidos entre as ET e os indivíduos, contanto que o controle não seja
perdido. Contato por sinais ou a viva voz serão mantidos dentro da ET e entre os
comandantes destas frações e o CmtGC. Todo movimento ligado a mudanças de
formação é realizado pelo itinerário mais curto e fácil. As características das
formações de combate da ET são similares àquelas correspondentes do GC. Essas
características são as seguir apresentadas.
I) Coluna
- permite o deslocamento rápido e controlado;
- favorece o fogo e o movimento para os flancos; e
- dificulta a execução dos tiros para frente.
Essa formação é usada quando a velocidade e controle do movimento são os
fatores preponderantes, como nos deslocamentos através de bosques, em um
nevoeiro, a noite e ao longo de uma estrada.
II) Triângulo
- permite um bom controle;
- provê segurança em todas as direções;
- proporciona bastante flexibilidade; e
- facilita a execução do tiro em qualquer direção.

OSTENSIVO - 6-30 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

É usada quando não existem dados exatos sobre a situação do inimigo, e o


terreno e a visibilidade favorecem a dispersão.
III) Linha
- proporciona o máximo poder de fogo para a frente; e
- dificulta o controle.
Nessa formação, dependendo da situação, o Atirador poderá ocupar uma posição
no dispositivo à direita ou à esquerda.
É usada quando a posição e o efetivo do inimigo são conhecidos, durante a
execução do assalto e a limpeza do objetivo, e para cruzar pequenas áreas
abertas.
IV) Escalonado à direita (à esquerda)
- provê excelente poder de fogo para frente e para o flanco do escalonamento; e
- reduz a velocidade de deslocamento, especialmente sob condições de
visibilidade reduzida.
É usada para proteger um flanco exposto.

Fig 6.14 - Formações básicas de combate da ET

OSTENSIVO - 6-31 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

b) GC
Cabe ao CmtGC prescrever a formação de combate para sua fração. Entretanto, o
CmtPelFuzNav e o CmtGC podem prescrever a formação para suas respectivas
frações subordinadas quando a situação recomendar ou o Comandante assim o
desejar. Mudanças subseqüentes podem ser feitas pelos comandos subordinados
para fazer frente às alterações da situação.
As características das formações do GC são similares àquelas da ET. A ET é o
elemento de manobra nas formações do GC.
I) GC em coluna
As ET são dispostas em sucessão, uma atrás da outra.
- vulnerável aos fogos partidos da frente;
- facilita o controle e o deslocamento;
- proporciona excelente velocidade de deslocamento; e
- favorece um controle mais eficientemente, quando isto é desejado.
É especialmente apropriada para o deslocamento através de itinerários de
aproximação cobertos e estreitos, para manobrar através dos espaços entre duas
áreas sob fogo de artilharia inimiga, para o movimento através de áreas com
limitadas condições de observação ou sob condições de visibilidade reduzida.
É usada, também, nas operações noturnas.

Fig 6.15 - GC em coluna

II) GC em triângulo (ou em cunha)


- facilita o controle;

OSTENSIVO - 6-32 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- provê segurança em todas as direções;


- proporciona boa flexibilidade para a manobra; e
- permite a execução dos fogos em qualquer direção.
É especialmente recomendada quando não há certeza quanto à situação do
inimigo, e o terreno e as condições de visibilidade permitirem uma boa
dispersão.

Fig 6.16 - GC em triângulo

III) GC em “V”
- facilita a mudança de formação para o GC em linha;
- provê excelente poder de fogo para frente e para os flancos; e
- provê segurança a toda volta.
É usada quando o inimigo se encontra à frente, e sua correta localização e
efetivo são conhecidos. Pode ser empregada para cruzar extensas áreas
descobertas.

Fig 6.17 - GC em “V”

OSTENSIVO - 6-33 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

IV) GC em linha
As considerações sobre essa formação são as mesmas da formação em linha da
ET.

Fig 6.18 - GC em linha

V) GC escalonado
As considerações sobre essa formação são as mesmas da formação escalonada
da ET.

Fig 6.19 - GC escalonado

OSTENSIVO - 6-34 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

6.9.2 - Mudanças de formação


O CmtGC pode mudar de formação para reduzir as baixas causadas pelo fogo
inimigo, para se tornar um alvo menos vulnerável, superar uma dificuldade ou cruzar
um terreno exposto.
As mudanças de formação em terrenos acidentados e variados são freqüentes, de
forma a permitir que o GC supere os obstáculos artificiais e naturais, tais como: rios,
pântanos, florestas, bosques, uma linha de crista escarpada e um fosso.
Os movimentos executados pelos integrantes da ET, quando seu comandante
determina uma mudança na formação, são mostrados nas figuras a seguir. Convém
lembrar que os esquemas sugeridos nas figuras são apenas orientações para os
CmtET no desenvolvimento de maneiras mais rápidas de passar de uma formação
para outra. Quando a ET está para executar um deslocamento tático, o seu
Comandante sinaliza com gestos, indicando a formação a ser utilizada e a direção a
ser seguida.
O CmtGC sinaliza a formação de sua fração para os CmtET. Atente-se que a ET
pode estar desdobrada em qualquer das suas formações na formação determinada
para o GC.

DE COLUNA PARA TRIÂNGULO


DE COLUNA PARA LINHA DE
ATIRADORES À DIREITA

OSTENSIVO - 6-35 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

DE COLUNA PARA LINHA DE DE COLUNA PARA ESCALONADO À


ATIRADORES À ESQUERDA DIREITA

DE COLUNA PARA ESCALONADO À DE TRIÂNGULO PARA COLUNA


ESQUERDA

OSTENSIVO - 6-36 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

DE TRIÂNGULO PARA LINHA DE DE TRIÂNGULO PARA LINHA DE


ATIRADORES À DIREITA ATIRADORES À ESQUERDA

DE TRIÂNGULO PARA ESCALONADO À DE TRIÂNGULO PARA ESCALONADO À


DIREITA ESQUERDA

OSTENSIVO - 6-37 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

DE LINHA DE ATIRADORES À DIREITA DE LINHA DE ATIRADORES À ESQUERDA


PARA COLUNA PARA COLUNA

DE LINHA DE ATIRADORES À DIREITA DE LINHA DE ATIRADORES À ESQUERDA


PARA TRIÂNGULO PARA TRIÂNGULO

OSTENSIVO - 6-38 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

DE LINHA DE ATIRADORES À DIREITA DE LINHA DE ATIRADORES À ESQUERDA


PARA ESCALONADO À DIREITA PARA ESCALONADO À ESQUERDA

DE ESCALONADO À DIREITA PARA DE ESCALONADO À DIREITA PARA


COLUNA TRIÂNGULO

OSTENSIVO - 6-39 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

DE ESCALONADO À ESQUERDA PARA DE ESCALONADO À DIREITA PARA LINHA


TRIÂNGULO DE ATIRADORES À DIREITA

DE ESCALONADO À ESQUERDA PARA


LINHA DE ATIRADORES À ESQUERDA

Fig 6.20 - Mudanças de formação para a ET

OSTENSIVO - 6-40 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

6.10 - SINAIS
Os sinais são empregados para transmitir comandos e fornecer informações quando a
comunicação a viva voz é difícil, impossível, ou quando o silêncio precisa ser
mantido. Os comandantes de frações subordinadas repetem os sinais para suas frações
sempre que necessário assegurar a presteza e a execução correta das ordens.
6.10.1 - Apito
É um excelente instrumento de sinalização para os comandantes de pequenas
frações. Ele provê um meio rápido de transmitir uma mensagem para um grupo
grande de indivíduos. Entretanto, os sinais precisam ser previamente
convencionados e corretamente compreendidos por todos para evitar interpretações
equivocadas. Além disso, sempre existe o perigo de um sinal de apito de uma
fração adjacente causar confusão, bem como o barulho do campo de batalha reduzir
sua eficiência.
6.10.2 - Sinais especiais
Consiste de todos os métodos e dispositivos especiais usados para transmitir
comandos ou informações. Um CmtGC operando a noite, pode usar leves pancadas
no seu capacete ou batidas na coronha do fuzil para sinalizar: alto, perigo, em frente
ou reunir aqui. Esses sinais devem ser conhecidos e ensaiados antes do seu uso.
Vários artefatos pirotécnicos e de fumaça podem ser empregados para sinalizar a
linha de frente, o início do ataque, a ordem para retrair, a indicação de um alvo e
cessar ou transferir os fogos. O uso desses sinais precisa ser coordenado entre os GC
e com o CmtPelFuzNav para que não se use um mesmo sinal já empregado por outro
com significado diferente.
6.10.3 - Gestos
Os gestos que se seguem são utilizados na manobra de pequenas frações:

Acelerado Alto

OSTENSIVO - 6-41 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Em frente Abrigar-se

Eu não entendi Dispersar

Pelotão Atenção

ET Diminuir a velocidade

OSTENSIVO - 6-42 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Triângulo GC

Em V Linha

Linha de atiradores
à direita/esquerda Substituir

Escalonado à direita/esquerda “Está pronto?” ou “Estou pronto.”

Comandantes a mim Armar baioneta

OSTENSIVO - 6-43 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Coluna Cessar fogo

“Abrir fogo” ou “aumentar” ou


Reunir “diminuir a cadência de tiro”
Obs: Cadência rápida: sinal executado
rapidamente.
Cadência lenta: sinal executado
lentamente.

Distância 200 m Flanco à direita ou esquerda

Inimigo à vista Mudança de direção

OSTENSIVO - 6-44 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Última forma Congelar

6.11 - COMBATE OFENSIVO


6.11.1 - Fase da Preparação
Esta fase se inicia com o recebimento de uma ordem de alerta e termina quando os
primeiros combatentes cruzam a LP ou, ainda, quando o contato com o inimigo é
estabelecido - o que acontecer primeiro. Em geral, ela inclui o movimento para uma
zona de reunião (ZReu), os preparativos finais e o movimento até a LP.
a) Movimento para uma ZReu
O dispositivo assumido pelo GC durante esse movimento é influenciado pelo
valor e proximidade do inimigo, bem como pela sua posição na coluna que
realiza o movimento.
Geralmente esse movimento é realizado por meio de uma marcha para o
combate (MCmb). Dependendo do grau de ameaça do inimigo terrestre, será
assumida uma das formações a seguir para execução dessa marcha.
I) Coluna de Marcha
Adotada quando a probabilidade de contato com o inimigo é remota. As
unidades integrantes da coluna são grupadas administrativamente para
facilitar o controle e acelerar o movimento. O comandantes de todos os
escalões normalmente deslocam-se a testa de suas unidades/frações.
II) Coluna Tática
Adotada quando a ameaça inimiga passa para contato pouco provável. As
unidades da coluna são grupadas de forma a permitir o pronto desdobramento
nas formações de combate. O GC pode ser designado para integrar uma das
organizações a seguir apresentadas:
- GC como parte do Grosso: quando o GC integra o Grosso, a principal

OSTENSIVO - 6-45 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

tarefa do CmtGC é a supervisão da disciplina de marcha no âmbito de sua


fração;
- GC na Ponta de Vanguarda: a Ponta precede a Vanguarda (Vgd) ao longo
do eixo de deslocamento. A distância entre a Ponta e a Vgd é prescrita pelo
Cmt da Vgd, usualmente de 50 a 300 metros. Sua tarefa é impedir que o
inimigo surpreenda a tropa que vem à retaguarda e evitar retardos
desnecessário à Coluna. A Ponta reconhece quaisquer posições favoráveis à
montagem de emboscadas, tais como a confluência de rios, entroncamentos,
pequenas localidades, passagens estreitas entre elevações, etc. As formações
de combate da Ponta são prescritas pelo CmtGC que a compõe. Geralmente
a Ponta utiliza uma formação em triângulo ou em coluna aberta, de acordo
com o terreno. Quando a Ponta estiver avançando numa formação em
triângulo, a ET na testa do dispositivo (precursora) desloca-se pela beira da
estrada ou trilha. As duas ET à retaguarda deslocam-se fora da estrada ou
afastadas da trilha, cada uma de um lado. Quando a estrada ou trilha é
cercada por vegetação densa ou existe a necessidade da rapidez, a formação
usualmente empregada é em coluna. As ET também podem se deslocar em
coluna, alternando, ao longo do eixo de deslocamento, os lados da estrada
ou trilha.

OSTENSIVO - 6-46 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 6.21 - A Ponta em terreno aberto

O CmtGC na Ponta determina um setor de reconhecimento para cada ET e


os CmtET, por sua vez, determinam setores individuais de observação para
cada um dos seus subordinados.

OSTENSIVO - 6-47 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 6.22 - Setor de observação das ET

A Ponta engaja todos os elementos inimigos que se encontrem dentro do


alcance útil de suas armas. O CmtGC participa ao Comandante da
Vanguarda todos os contatos estabelecidos, informando-o sobre a situação
do inimigo e a ação que pretende executar. Se a resistência inimiga é fraca

OSTENSIVO - 6-48 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

em comparação com o poder de combate da Ponta, o CmtGC cerra


imediatamente sobre ela e a destrói. Caso haja suspeita que a resistência é
mais forte, o GC a ataca de maneira que os forças inimigas sejam obrigadas
a abrir fogo e a revelar seu valor e dispositivo. Essa ação agressiva auxilia
materialmente o Comandante da Vanguarda na formulação de uma
estimativa de situação mais precisa. Quando a Ponta estabelece contato
visual com o inimigo ao longo do itinerário de marcha, porém além do
alcance útil de suas armas, o Comandante da Vanguarda é informado e o
deslocamento prossegue até que o contato seja fisicamente estabelecido com
o inimigo. Quando o inimigo é observado em um flanco, fora do alcance
útil, a Ponta não precisa buscar o contato, mas participa tal fato
imediatamente ao Comandante da Vanguarda;
- O GC na Flancoguarda: os GC são escalados freqüentemente como
patrulhas de segurança de flanco, chamadas de Flancoguardas. A uma
Flancoguarda pode ser determinado deslocar-se para um ponto crítico do
terreno no flanco do eixo de progressão e ocupá-lo, ou deslocar-se
paralelamente a coluna, dentro da distância prescrita para isso, a qual
depende da velocidade de deslocamento da coluna e do terreno. Quando se
dispuser de viaturas ou helicópteros e o terreno permitir o seu uso, é
altamente desejável prover a Flancoguarda com algum desses meios de
transporte. Quando se deslocar a pé, a Flancoguarda adota a formação
recomendada pela considerações sobre o terreno, velocidade de
deslocamento e autoproteção. Em terreno aberto, uma formação em
triângulo é usualmente a melhor. Em um terreno densamente arborizado, a
Flancoguarda deve utilizar uma formação em coluna. A ET à testa do
deslocamento do GC funciona como elemento esclarecedor da
Flancoguarda.
A Flancoguarda desloca-se de tal sorte a impedir que o inimigo execute tiros
eficazes de armas portáteis sobre a Coluna. Ela reconhece as áreas
favoráveis à ocultação do inimigo ou que lhe proporcione boa observação.
A Flancoguarda estabelece vigilância em pontos dominantes do terreno e
desloca-se rapidamente de um ponto a outro, mantendo-se interposta entre
as possíveis posições inimigas e a Coluna a proteger.

OSTENSIVO - 6-49 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Patrulhas inimigas que se deslocam para longe do Grosso são informadas ao


escalão superior, mas não são atacadas, a menos que haja ordem em
contrário. Todas as outras forças hostis no alcance útil devem ser
imediatamente engajadas pela Flancoguarda. Se o inimigo abrir fogo, quer
sobre a Flancoguarda, quer sobre a Coluna, o GC determina seu valor e
dispositivo e participa imediatamente ao Cmt da Coluna. O GC resiste a
qualquer ataque inimigo até que lhe seja determinado retrair; e
- O GC como Ponta de Retaguarda: da mesma forma que a Vanguarda
destaca uma Ponta de Vanguarda, a Retaguarda (Rtg) emprega uma Ponta
para cobrir a sua retaguarda. A formação do GC que atua como Ponta de
Retaguarda é similar a da Ponta da Vanguarda, porém na ordem inversa. O
GC geralmente emprega uma formação em “V” ou em coluna. O CmtGC
posiciona-se junto a testa da ET mais à retaguarda.

Fig 6.23 - O GC como Ponta de Retaguarda


A Ponta de Retaguarda só interrompe seu movimento para engajar o inimigo

OSTENSIVO - 6-50 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

quando a ação deste ameaça interferir com a marcha. Qualquer atividade


inimiga observada é transmitida para o comandante à retaguarda.
A Ponta de Retaguarda não deve esperar o reforço de qualquer outra tropa.
Ela deve repelir vigorosamente todo e qualquer ataque inimigo. Se o
inimigo ameaça deslocar-se mais depressa que a Ponta de Retaguarda, uma
força de cobertura da retaguarda assume uma posição para cobrir aquela
Ponta. Quando forçada a recuar, a Ponta de Retaguarda retrai por um flanco
ou ao longo do itinerário determinado sem contudo mascarar os fogos da
força de cobertura.

Fig 6.24 - Retraimento da Ponta de Retaguarda

A Coluna Tática se encerra, normalmente, quando a tropa que a executa


ocupa uma ZReu para se preparar para o ataque. Entretanto, a situação do
inimigo pode obrigar a tropa a se desdobrar em uma Marcha de
Aproximação, a partir da Coluna Tática, sem ocupar uma ZReu.

OSTENSIVO - 6-51 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

b) Preparativos Finais
I) ZReu
É uma área onde uma tropa se concentra para se preparar para uma ação tática
subseqüente. Ela deve prover cobertas e abrigos, bem como segurança contra
ataques aéreos e terrestres inimigos; deve, também, ser suficientemente
espaçosa para permitir a dispersão da tropa no seu interior e dispor de bons
acessos até os eixos que conduzem para frente. Quando possível, a ZReu deve
estar localizada além do alcance útil das armas de tiro de trajetória tensa do
inimigo.
Os preparativos finais do GC para o ataque são completados quando o GC
está na ZReu. Aqueles não completados na ZReu podem ser consumados na
posição de ataque (PAtq). Esses preparativos incluem reconhecimentos,
formulação de planos e a disseminação das ordens.
Incluem, também:
- recebimento e distribuição de munição adicional;
- verificação da prontificação das armas, equipamentos e do pessoal;
- recolhimento e concentração dos equipamentos não necessários ao ataque,
os quais serão posteriormente conduzidos até a tropa;
- obtenção e distribuição de equipamentos extras ou especiais necessários à
operação;
- máximo descanso possível do pessoal; e
- verificação dos equipamentos de comunicações, divulgação das freqüências
e indicativos a serem utilizados.
II) Normas de Comando
São os passos de um método usual de auxílio ao CmtGC na preparação para
um ataque. Elas auxiliam no melhor uso do tempo disponível, dos meios e do
pessoal. Todos os passos devem ser considerados, porém, dependendo da
tarefa e do tempo disponível, o grau de detalhamento dessas considerações
poderá variar.
- Começar o planejamento: quando uma ordem é recebida, o CmtGC avalia
o tempo que ele dispõe. Assim fazendo, ele usa uma seqüência de
planejamento chamada planejamento inverso, significando que ele inicia
com a última ação para a qual o momento de execução já se encontra

OSTENSIVO - 6-52 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

determinado (a hora do ataque, por exemplo) e trabalha de traz para frente


até divulgar suas ordens. Esta medida faz com que o tempo disponível seja
utilizado adequadamente para completar todas as atividades necessárias.
Durante este estágio, ele analisa o terreno e a situação do inimigo e das
próprias frações vizinhas. A partir dessas análises, ele formula um plano de
ação preliminar para cumprir sua tarefa. Este plano é apenas tentativo e
certamente deverá sofrer alterações;
- Faz os arranjos para os reconhecimentos e coordenação: o CmtGC
seleciona um itinerário e prepara uma lista com os detalhes a serem obtidos
no reconhecimento e na coordenação com as frações adjacentes e elementos
de apoio. Normalmente, ele leva consigo para o reconhecimento os CmtET
e os mais antigos das guarnições das armas de apoio que porventura estejam
à sua disposição;
- Executa o reconhecimento: neste estágio, o CmtGC completa o seu exame
da situação. As reuniões previamente combinadas com os CmtGC
adjacentes e frações de apoio são conduzidas como previstas. Ele verifica,
nessa oportunidade, como o terreno afeta aquele seu planejamento
preliminar e conclui pela sua adoção, aperfeiçoamento ou rejeição,
conforme for o caso. Ainda no seu reconhecimento, ele seleciona uma
posição favorável do terreno de onde poderá orientar seus CmtET;
- Completa seu planejamento: assim que retorna do reconhecimento, o
CmtGC completa o seu plano de ação, o qual é desenvolvido mentalmente.
Contudo, prepara as anotações julgadas necessárias à divulgação de sua
ordem de ataque;
- Divulga suas ordens: caso possível, o CmtGC divulga sua ordem de ataque
para o mesmo pessoal que com ele efetuou o reconhecimento, daquela
posição favorável selecionada anteriormente. Caso isto não seja possível, ele
orienta seus CmtET utilizando uma carta, um croqui ou um modelo
reduzido do terreno improvisado com areia; e
- Supervisiona as ações: o CmtGC exerce continuamente a supervisão das
ações de sua fração, de forma a assegurar-se que sua ordem seja cumprida
como determinado.

OSTENSIVO - 6-53 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

III) Plano de Ação


O quarto passo das Normas de Comando prevê que o CmtGC conclua o seu
plano de ação. Para tanto, o GC pode executar uma manobra pelo flanco da
posição inimiga ou abordá-la frontalmente.
IV) Divulgação da Ordem de Ataque
Ao concluir seu plano de ação, o CmtGC divulgará a ordem decorrente. Caso
seja complexa e detalhada, ela poderá ser escrita, mas, normalmente, limitar-
se-á a disseminação das instruções necessárias. Em qualquer caso, o CmtGC
deverá se utilizar da forma tradicional de uma Ordem de Operação, a qual
inclui cinco parágrafos: Situação, Missão, Execução, Administração e
Logística, e Comando e Comunicações.
c) Movimento para a LP
Depois de deixar a ZReu, o GC avança rápida e continuamente até a LP. Se
necessário, pode ser feita uma curta parada na PAtq para efetuar uma
coordenação de última hora e assumir a formação de combate inicial. Caso nesse
deslocamento o GC venha a ser batido por fogos de artilharia ou morteiros, ele
deve cruzar rapidamente a área batida ou contorná-la.
A PAtq é a última posição coberta e abrigada antes da LP, onde o GC, como
escalão de assalto ou dele fazendo parte, se desdobra e conclui, no menor prazo
possível, os preparativos finais que não puderam ser realizados na ZReu.
I) Marcha de Aproximação
O GC deixa a ZReu e prossegue no movimento em direção ao inimigo em um
dispositivo de marcha de aproximação. Nela, os integrantes da coluna podem
estar total ou parcialmente desdobrados na formação de ataque. Geralmente o
avanço é realizado por lanços, parando em pontos facilmente indentificáveis
no terreno a fim de coordenar o movimento. O GC e as ET devem se
aproveitar ao máximo das cobertas e abrigos proporcionados pelo terreno
durante esse movimento.
Ao assumir o dispositivo na marcha de aproximação, o CmtPelFuzNav
prescreve a formação inicial dos seus GC. No desenrolar da marcha, no
entanto, os CmtGC podem determinar alterações de acordo com o terreno, a
frente estabelecida e a probabilidade de contato com o inimigo.
Um GC base é designado pelo CmtPelFuzNav para auxiliar na manutenção da

OSTENSIVO - 6-54 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

direção, escolha de posições e velocidade de marcha. Os outros GC guiar-se-


ão por ele.
Cabe ao CmtGC regular o deslocamento de sua fração pelo GC base, ou se
for ele a base, avançar de acordo com o prescrito pelo CmtPelFuzNav. Ele se
desloca sempre que possível próximo a testa, de forma a avaliar o terreno e
aproveitar as melhores cobertas e abrigos, bem como para controlar o
movimento de suas ET. Ele mantém a direção de avanço tanto quanto
possível, só executando pequenos desvios para garantir as vantagens
proporcionadas por um terreno melhor.
Quando um PelFuzNav, na marcha de aproximação, não é precedido por
qualquer tropa amiga, ele usa uma das suas próprias frações como elemento
esclarecedor; normalmente uma ET, podendo, contudo, empregar todo um
GC. Esse elemento esclarecedor desloca-se agressivamente cobrindo a frente
do pelotão e obrigando o inimigo a revelar sua posição. A formação
empregada é, geralmente, em triângulo ou em linha. A frente coberta por uma
ET com essa tarefa varia de 50 a 75 metros. Se a frente a cobrir for maior,
será necessário empregar um GC, o qual poderá utilizar uma formação em
“V” ou triângulo. O comandante do elemento esclarecedor observa
constantemente os sinais executados pelo CmtPelFuzNav, permanecendo, por
essa razão, em contato visual com ele durante todo tempo. A distância que o
elemento esclarecedor se desloca à frente do PelFuzNav varia com o terreno,
mas, normalmente, é o limite do alcance visual. Em terreno aberto, o
CmtPelFuzNav orienta o elemento esclarecedor para se deslocar pela orla
desse terreno, ao longo de uma sucessão de posições chaves, até alcançar a
PAtq.
Quando todos os preparativos para o ataque tiverem sido concluídos na ZReu,
não deverá haver qualquer retardo na PAtq, seguindo diretamente para a LP.
Ao atingir a PAtq, todas as frações completam o desdobramento, assumindo a
formação inicial para o ataque.

OSTENSIVO - 6-55 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 6.25 - Deslocamento de um PelFuzNav da ZReu até a PAss.

6.11.2 - Fase da execução


A fase da execução começa quando o GC é forçado a abrir fogo sobre o inimigo de
forma a poder avançar ou quando os primeiros elementos do escalão de assalto
cruzam a LP.
a) Movimento da LP até a PAss
Quando o CmtGC verifica que atingiu um ponto onde sua fração não pode mais
avançar sem sofrer a ação do fogo direto do inimigo, ele determina que uma ou
duas ET abram fogo sobre as posições inimigas enquanto o restante do GC
avança sobre a proteção desses fogos de cobertura. A manobra empregada em

OSTENSIVO - 6-56 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

cada situação particular é decidida pelo CmtGC com base em um rápido exame
da situação. Quando a posição inimiga é isolada ou apresenta qualquer dos
flancos exposto, o CmtGC procura manobrar através de um itinerário coberto e
abrigado, de forma a poder abordá-la pelo flanco ou retaguarda. Quando isto não
é possível, é necessária atacá-la frontalmente, executando a técnica do fogo e
movimento.
I) LP
É uma medida de coordenação destinada a coordenar o início do movimento
do escalão de assalto, fazendo com que todos os seus elementos a
transponham no momento determinado, obtendo-se simultaneidade das ações
em toda a frente. Deve ser, de um modo geral, perpendicular à direção de
ataque, facilmente reconhecível no terreno e o mais próximo do objetivo
quanto possível. Deve, contudo, estar sob o controle de forças amigas e
protegida contra os fogos das armas de tiro tenso do inimigo, o que a coloca,
normalmente, afastada de 500 a 600 metros das posições inimigas.
Cabe ao CmtGC coordenar e controlar seus subordinados para que todos
transponham a LP no momento determinado pelo CmtPelFuzNav.
II) Manobra
É o processo por meio do qual elementos de uma unidade estabelecem uma
base de fogos para engajar o inimigo, enquanto um outro elemento desloca-se
para uma posição vantajosa da qual é possível lançar-se sobre o inimigo para
destrui-lo ou capturá-lo. O elemento de assalto deve ser apoiado, também,
pelos fogos das armas não orgânicas àquela unidade (artilharia, aviação, etc.),
os quais devem ser precisamente coordenados com o avanço desse elemento
para não se perder o efeito de choque que eles causam ao inimigo.
III) Fogo e movimento
Quando os elementos de assalto de uma unidade encontram oposição inimiga
e não conseguem mais progredir sob a cobertura da base de fogos da unidade,
eles empregam o fogo e movimento para continuar avançando até uma
posição de onde possam assaltar a posição inimiga. No caso do GC, o fogo e
movimento consiste de indivíduos ou ET provendo a cobertura com o fogo de
suas armas, enquanto outros indivíduos ou ET avançam em direção ao
inimigo ou executam o assalto.

OSTENSIVO - 6-57 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

IV) Emprego do GC
O GC é normalmente empregado na execução do ataque como parte do
PelFuzNav. Desse modo, caberá ao CmtGC coordenar o fogo e movimento
no âmbito de sua fração. Entretanto, em situações especiais, poderá o GC ter
que manobrar, como, por exemplo, quando atuando como Ponta de
Vanguarda ou Flancoguarda na MCmb tiver que engajar o inimigo. A ET,
como unidade básica de tiro, só pode executar o fogo e movimento com os
seus integrantes.
V) Elemento em base de fogos
Cobre o avanço do elemento que se desloca em direção ao inimigo, engajando
todos os alvos conhecidos ou suspeitos. Ao abrir fogo, a base de fogos
procura obter superioridade sobre o inimigo, submetendo-o a fogos de
precisão e volume tais que os fogos inimigos cessam ou se tornam ineficazes.
O GC poderá constituir ou integrar o elemento em base de fogos.
VI) Elemento de assalto
Sua tarefa é entrar em combate aproximado com o inimigo e destrui-lo ou
capturá-lo. Ele avança e assalta a posição inimiga sob a cobertura dos fogos
de um elemento em base de fogos. O elemento de assalto se aproveita de toda
a cobertura e abrigo que o terreno puder lhe proporcionar, a fim de facilitar
seu avanço. Dependendo da eficácia da base de fogos, o elemento de assalto
pode avançar como um todo em um só lance ou realizando o fogo e
movimento com suas frações subordinadas, no qual são empregadas as
técnicas de deslocamento em zigue-zague, rastejamento ou engatinhamento,
como necessário. Se o terreno permitir, o elemento de assalto deverá envidar
todo esforço para se aproximar coberto e abrigado até posições dentro do
alcance das granadas de mão do inimigo.
VII) Controle do GC
Os CmtET iniciam a ação dirigidos pelo CmtGC. No ataque, os CmtET
atuam sobretudo pela liderança pessoal, controlando o tiro de suas frações
pelo exemplo. Durante todo o ataque eles exercem o controle direto de seus
subordinados, garantindo o cumprimento das tarefas como determinado.
O CmtGC posiciona-se onde melhor possa controlar e influenciar a ação. No
exercício do controle de sua fração, quando sob o fogo inimigo, ele deve levar

OSTENSIVO - 6-58 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

em consideração o fato que o campo de batalha é um lugar muito barulhento e


confuso. Se o fogo inimigo é leve, ele será capaz de controlar suas ET a viva
voz, por apito ou por gestos. Quando o volume dos fogos aumenta, este tipo
de controle torna-se impossível. Neste caso, o CmtGC precisa confiar na
habilidade e iniciativa dos seus CmtET para cumprir as instruções
distribuídas com antecedência. Para manter o controle do seu GC sob pesados
fogos inimigos, ele deve se posicionar próximo da ET designada como base,
de tal sorte que, orientando as ações dessa ET, possa manter o controle do
GC. Para que isto seja eficaz em combate, é preciso que o CmtGC pratique e
aperfeiçoe esse procedimento constantemente no adestramento.
A ET base é usada pelo CmtGC para controlar a direção, o posicionamento e
a velocidade de deslocamento de todo o grupo. Tal procedimento não implica
que as demais ET mantenham posições rígidas em relação a ET base, a qual
serve apenas como um guia geral. Se uma outra ET consegue avançar mais
rapidamente que a ET base, ela deve passar imediatamente a exercer essa
função. No caso da ET base ser detida pelos fogos inimigos, porém o terreno
em frente a outra ET proporcionar cobertura contra esses fogos, esta última
ET avança rapidamente para uma posição de onde possa desencadear seus
fogos sobre o inimigo. Ao cobrir o movimento da ET base com seus fogos, a
pressão sobre essa diminui e o avanço pode ser retomado. Uma vez a ET base
tenha conseguido reassumir sua posição no dispositivo, as demais ET podem,
então, reiniciar o fogo e movimento.
VIII) Conduta no ataque
Uma vez obtida a superioridade de fogos, o GC continua o seu avanço. Essa
superioridade é mantida durante todo o ataque de maneira a garantir o sucesso
de qualquer manobra. Antes de iniciar o avanço de qualquer fração
subordinada, o CmtGC precisa assegurar-se que estão sendo desencadeados
fogos suficientes sobre a posição inimiga para fazer com que os fogos
inimigos em resposta sejam ineficazes.
O GC é capaz de executar um ataque abordando a posição inimiga pelo
flanco, ou imediatamente a sua retaguarda, ou frontalmente.
No ataque frontal, o GC exerce pressão contra a parcela da frente do
dispositivo inimigo que lhe cabe e o expulsa do objetivo.

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

O GC que manobra contra o flanco do inimigo, em geral constitui ou integra a


parcela do PelFuzNav que executa o ataque principal (AtqPcp), o qual estará
sendo apoiado por um ataque secundário (AtqScd) conduzido por um outro
GC que atua como base de fogos.
O GC no AtqPcp desloca-se em direção ao flanco do inimigo até atingir uma
posição de onde possa desencadear o assalto. Ele procura tirar vantagem das
cobertas e abrigos disponíveis, sem permitir que o inimigo observe seus
movimentos até que o assalto se inicie.
Quando o assalto se inicia, o GC no AtqScd transfere seus fogos para outra
parte da posição inimiga ou cessa inteiramente seus fogos. Se a observação
permitir, é desejável manter este GC em base de fogos apoiando o assalto do
AtqPcp através do objetivo.
O ataque pelo flanco divide os fogos defensivos do inimigo; parte concentra-
se sobre a base de fogos (AtqScd) e parte sobre a(s) peça(s) de manobra que
executa(m) o assalto (AtqPcp). Permite, também, que este ataque se
desenvolva por terreno por ele próprio escolhido.
Quando não há possibilidade de manobrar por qualquer dos flancos da
posição inimiga, o GC no AtqPcp terá que abordá-la frontalmente. O CmtGC
determina que uma ET avance sob a cobertura do resto do GC. Esta ET
avança tão rápido quanto possível, até uma posição de tiro favorável,
aproveitando-se das cobertas e abrigos disponíveis; ao alcançar essa nova
posição, abre fogo e protege o avanço do resto do GC que até então se
encontrava em base de fogos. Esse processo continua até o GC atingir a PAss.
O CmtGC desloca-se de uma posição para outra de onde melhor possa
exercer o controle efetivo de suas ET. O ataque frontal é a forma de manobra
mais freqüentemente usada pelo GC. Exige menos tempo de planejamento e
coordenação, além de ser de mais fácil execução que a manobra pelo flanco.
Entretanto, o ataque é dirigido contra a parte mais forte do dispositivo
inimigo, inclusive onde seus fogos estão amarrados, sendo muito pequena a
chance de se obter surpresa.
IX) Métodos de avanço
Quando um GC executa um ataque, quer pelo flanco, quer frontalmente, ele
pode se utilizar de três métodos de avanço. O GC pode se mover a uma,

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

efetuando uma série de lanços de GC; por ET, as quais avançam


alternadamente também por lanços; ou por lanços individuais dos seus
integrantes, os quais se deslocam independentemente. O volume dos fogos
inimigos determinará o método a ser empregado. Em qualquer dos três
métodos, a rapidez na execução é extremamente necessária para o sucesso do
ataque.
b) Movimento da PAss até a conquista do Objetivo
A principal finalidade do avanço por meio do fogo e movimento é colocar parte ou
todo o elemento de assalto em posição para assaltar a posição inimiga. A posição da
qual o assalto final é lançado chama-se posição de assalto (PAss). Quando o ataque
aproxima-se do inimigo, os fogos de cobertura das armas de tiro direto e indireto
aumentam de intensidade. Para não causar baixas entre as tropas amigas, esse fogos
de apoio cessam ou são transferidos para os flancos ou retaguarda do inimigo
imediatamente antes do início do assalto ao objetivo. A PAss, portanto, é uma
medida de coordenação inicial do assalto.
I) PAss
É estabelecida tentativamente durante o planejamento e o reconhecimento do
CmtGC. Ela deve estar localizada tão próximo do objetivo que o AtqPcp possa
alcançá-la pelo fogo e movimento sem mascarar ou sofrer baixas causadas pelos
fogos diretos (base de fogos do AtqScd) ou indiretos (artilharia e morteiros). A
PAss deve ser facilmente identificada no terreno e, preferencialmente, oferecer
cobertas e abrigos para o AtqPcp.
Nesta posição são realizados os acertos finais de última hora para garantir um
mínimo de coordenação durante o assalto. Nela não deve ser gasto mais tempo
do que o mínimo necessário, de maneira a impedir que o inimigo acabe por deter
com seus fogos de proteção final o elemento de assalto.
Quando o GC alcança a PAss, o seu comandante, os CmtET e os demais
integrantes do grupo devem concluir rapidamente os preparativos finais do
assalto. Os comandantes de fração dão as instruções finais aos seus
subordinados. Todos os integrantes do GC armados com o Fuzil de Assalto
5,56mm, incluindo os CmtET, substituem o carregador por um novo,
completamente municiado. Os CmtET, Volteadores e Municiadores armam suas
baionetas; os CmtET carregam os Lança-Granadas 40mm M203 com a munição

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

determinada pelo CmtGC. Os Atiradores asseguram-se que suas armas estejam


com munição suficiente para o assalto. Se estiver sendo utilizado o cofre de
assalto, uma rápida verificação da munição ainda disponível deve ser feita nesta
posição. Caso a munição disponível seja inferior a trinta cartuchos, a arma deve
ser remuniciada com um novo cofre ou carregador. O importante é não consumir
toda a munição durante o assalto. Todos os integrantes do GC devem assegurar-
se que as suas granadas de mão estão facilmente acessíveis caso elas precisem
ser usadas durante o assalto que vira a seguir.
A quantidade de tempo gasto na PAss deve ser a mínima indispensável, de
forma a negar ao inimigo a oportunidade de ajustar seus fogos sobre as tropas de
assalto, detendo o movimento do ataque em andamento. Como já mencionado, a
PAss deve, na medida do possível, oferecer cobertas e abrigos para a força
atacante. Contudo, o que é considerado coberta e abrigo para essa força é
considerado ângulo morto para o defensor, estando normalmente coberto por
fogos indiretos pré-ajustados de morteiros e artilharia. Logo, o inimigo pode
concentrar fogos sobre a tropa que executa o assalto, causando baixas,
paralizando o ataque e detendo seus integrantes nessa posição.
A PAss é usada também como medida de coordenação para cessar ou transferir
os fogos de apoio ao elemento de assalto. Por essa razão, a distância dessa
posição ao objetivo varia com o terreno e os tipos de armas de apoio
empregadas.
II) Execução do assalto
O assalto deve ser lançado em estreita coordenação com a cobertura dos fogos
de apoio, iniciando-se quando os primeiros elementos de assalto tenham se
aproximado tanto quanto possível do inimigo sem interferir com essa cobertura.
O assalto é iniciado por ordem ou ao sinal do CmtPelFuzNav ou, ainda, por
iniciativa do CmtGC ou CmtET. As armas de apoio cobrem o assalto por meio
dos fogos executados sobre posições inimigas adjacentes ou dispostas em
profundidade. O assalto é desencadeado agressiva, vigorosa e imediatamente
após a transferência ou cessação dos fogos de cobertura sobre o objetivo. O GC
avança, então, rápida e agressivamente, a partir da PAss, desdobrado em linha e
as ET em linha de atiradores, usando a técnica de tiro de assalto. Os seguintes
aspectos ressaltam de importância na execução do assalto:

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

- Tiro de assalto
É aquele desencadeado pelas tropas assaltantes de forma a manter o inimigo no
interior dos seus abrigos sem poder atirar, uma vez que fogos de cobertura são
suspensos imediatamente antes do início do assalto.
O tiro de assalto permite que o GC que executa o assalto cerre sobre a posição
inimiga, dentro do alcance das granadas de mãos, sem sofrer pesadas baixas
causadas pelos tiros das armas portáteis do inimigo. O assalto é executado tão
rapidamente quanto possível, de acordo com a habilidade dos combatentes que
o realizam para desencadear um grande número de tiros com boa precisão. A
velocidade do assalto será função da declividade e das condições do terreno, da
visibilidade e das condições físicas dos integrantes do GC. Durante todo o
assalto, o tiro é dirigido contra cada arbusto, tronco de árvore, buraco, dobra do
terreno ou qualquer outro local que se possa imaginar como possível de
esconder ou proteger um combatente inimigo. O tiro de assalto se caracteriza
pela violência, volume e precisão com que é executado. Ele tem por finalidade
abater ou desmoralizar o inimigo e mantê-lo abaixado até que o elemento de
assalto consiga transpor inteiramente a posição, destruindo-a ou capturando-a;
- Descentralização do controle
Se o GC que executa o assalto depara-se com uma fraca oposição inimiga,
pode ser possível ao CmtGC reter o controle de sua fração, mantendo a
formação em linha enquanto realiza a limpeza do objetivo. Todavia, quando a
oposição inimiga é forte, não é possível manter as ET em linha de atiradores.
Quando executando o assalto sobre uma posição inimiga organizada em
profundidade, com várias linhas de trincheiras sucessivas, o GC precisará
atacar e destruir, contornar ou fixar cada posição inimiga no interior da parcela
da zona de ação (ZAç) que lhe for designada. No assalto a uma posição
organizada, o ataque do GC é freqüentemente dividido em uma série de
combates separados, os quais se sucedem por toda a profundidade da posição
inimiga. O controle do GC nestas condições é muito difícil. A importância
atribuída às decisões rápidas, à iniciativa individual e à velocidade de execução
do ataque, que permitem tirar vantagem das oportunidades surgidas em cada
local, faz com que o controle seja descentralizado durante a execução do
assalto através da posição. Nessa condições, o CmtGC precisa, mais uma vez,

OSTENSIVO - 6-63 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

confiar na habilidade e iniciativa dos seus CmtET e de cada combatente


subordinado para cumprir a tarefa determinada. Cada CmtET e cada
combatente deve ter a iniciativa de empregar suas armas, granadas e outros
meios disponíveis na totalidade de suas possibilidades, obter a máxima
vantagem proporcionada pelas cobertas e abrigos, bem como utilizar lances
curtos e freqüentes (rastejando ou engatinhando quando necessário) para cerrar
sobre as posições inimigas. A primeira ET que conquistar uma posição
vantajosa no interior do dispositivo defensivo inimigo, apoiará o resto do GC
na conquista da posição;
- Fraca oposição inimiga
Como já mencionado, frente a uma fraca oposição inimiga é possível ao
CmtGC reter o controle, mantendo a formação em linha, e deslocar-se
rapidamente através do objetivo. Essas vantagens devem ser comparadas com o
perigo potencial do GC ser iludido. Existe a possibilidade do inimigo resistir
até que o GC inicie o seu assalto e então retirar-se da posição. Como o GC
precisa fazer a limpeza desde a orla anterior do objetivo até um ponto onde a
base de fogos é por ele mascarada, o inimigo pode desencadear um pesado
volume de fogos sobre ele, detê-lo e, então, contra-atacá-lo. O CmtGC,
portanto, precisa considerar esse risco quando da decisão se mantém ou não a
formação em linha durante o assalto;
- Contra-ataque inimigo
A principal preocupação do CmtGC que executa o assalto após o inimigo ter
sido expulso do objetivo, é manter o seu controle. Se o inimigo alocar tropas
para defender o objetivo em uma primeira linha, é razoável considerar que
também alocará tropa para continuar a tentar defender em profundidade. Pode-
se afirmar que a questão não é se o inimigo irá ou não contra-atacar, mas sim
quando contra-atacará. Na tentativa de determinar quando o contra-ataque
inimigo terá lugar, é preciso estar ciente que o inimigo sabe que suas chances
de sucesso são maiores se ele contra-atacar rapidamente, antes que haja tempo
para o atacante concentrar meios para manter o terreno conquistado.
Para o rápido lançamento do seu contra-ataque, ele também precisa saber que
as forças agora mantendo o objetivo estarão um tanto desorganizadas e sob o
impacto das perdas durante o ataque. Contra-atacando rapidamente, o inimigo

OSTENSIVO - 6-64 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

não dará tempo aos elementos que agora mantêm o objetivo para carrear tropas
que ainda não tenham entrado em combate para dentro desse objetivo. Se o
inimigo atua rapidamente, com tudo isso considerado, suas chances de retomar
o terreno perdido com uma força relativamente pequena são melhores do que
aquelas que ele teria se aguardasse para reunir uma força de contra-ataque
maior. Qualquer combatente prudente deve esperar um contra-ataque inimigo
antes mesmo que as últimas posições inimigas no interior do objetivo tenham
sido neutralizadas. Portanto, os preparativos para repelir o contra-ataque devem
começar imediatamente após a conquista de qualquer posição inimiga;
- Consolidação
É a organização de uma defesa imediata de maneira a permitir que a tropa
atacante mantenha o objetivo tão logo conquistado, no caso de um contra-
ataque inimigo.
Quando do recebimento da ordem de ataque, o CmtGC toma conhecimento da
tarefa relacionada com a conquista e manutenção do objetivo ou de um setor
dele. Na consolidação, a tarefa é edificar poder de combate suficiente no
interior da posição para defender o setor. No posicionamento das ET para a
defesa imediata, não haverá tempo suficiente para preparar abrigos individuais.
O GC deve se aproveitar das depressões naturais do terreno, crateras ou abrigos
construídos pelo inimigo, caso disponíveis, e prepará-los para prover a
cobertura mínima apropriada. Isto é importante, uma vez que é esperado que o
inimigo empregue artilharia, morteiros e metralhadoras para apoiar o seu
contra-ataque. Setores de tiro para as ET são designados rapidamente e, em
seguida, são estabelecidas as DPT das respectivas armas automáticas. Cada
CmtET deve assegurar-se que o seu setor de tiro interliga-se com o das ET
vizinhas. Durante a consolidação, deve-se dispor do tempo suficiente para
redistribuir a munição no âmbito das ET, cuja prioridade é para o Atirador. O
atendimento e a evacuação das baixas é a segunda prioridade na preparação da
defesa imediata. Os inimigos capturados devem ser desarmados, revistados e
guardados. Caso o CmtGC ou um CmtET venha a se tornar baixar, o mais
antigo que se segue deve assumir rapidamente o controle e cumprir as tarefas
necessárias.
Durante a consolidação, a principal tarefa é o estabelecimento da defesa

OSTENSIVO - 6-65 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

imediata e não o recompletamento do GC; e


- Reorganização
Uma vez o contra-ataque tenha sido derrotado ou afastado o perigo de sua
realização, tem início a reorganização da tropa atacante. Ela é um processo
contínuo, mas é dada especial ênfase à manutenção do objetivo.
Compete ao CmtGC as seguintes tarefas:
- redistribuir o pessoal do GC para atender à necessidade de substituição dos
CmtET e Atiradores que tenham se tornado baixa;
- redistribuir a munição, carregadores e granadas;
- remover as baixas para o refugio de feridos (RfgFer) da CiaFuzNav;
- participar ao CmtPelFuzNav a situação, o posicionamento de suas ET, as
baixas ocorridas e os níveis de munição;
- passar ao controle do CmtPelFuzNav os prisioneiros inimigos. Os
prisioneiros e os mortos inimigos são revistados para a busca de armas,
documentos e identificação. Tais coisas são enviadas imediatamente para o
CmtPelFuzNav; e
- verificar a situação das frações vizinhas nos seus flancos.
6.11.3 - Fase da continuação
A continuação ocorre após um assalto bem sucedido e a conquista do objetivo. Ela
se inicia imediatamente após ou em conjugação com a consolidação e
reorganização. Ela é a continuação do ataque visando a destruição da capacidade
inimiga de retrair ordenadamente ou organizar uma nova defesa. A perseguição
pelo fogo e/ou a continuação do ataque propriamente dita são os métodos
empregados para aproveitar o êxito.
a) Perseguição pelo fogo
Após a conquista do objetivo, as ET atiram sobre as forças inimigas que retraem
até que elas não estejam mais visíveis ou se afastem além do alcance útil das
armas.
b) Continuação do ataque
O propósito da continuação de um ataque é manter a pressão sobre o inimigo
que retrai e destruir o seu poder de combate. Quando determinado, as ET
continuam o ataque. O CmtGC repete, então, todos os passos das normas de
comando realizados para o ataque antecedente. Freqüentemente, a urgência

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

determinada pelo escalão superior para aproveitar o momento favorável, requer


que esses passos sejam executados rapidamente para que o ataque possa
continuar com o mínimo de retardo.
6.12 - COMBATE DEFENSIVO
O propósito da ação defensiva é manter ou controlar o terreno, ganhar tempo, aguardar
condições mais favoráveis para uma ação ofensiva, ou economizar meios para permitir
a concentração de forças em outra parte da frente.
6.12.1 - Tarefas
A tarefa da infantaria na defensiva é, com o apoio de outras armas, barrar o inimigo
pelo fogo assim que ele se aproxime da posição defensiva (PD), repelir o seu
assalto pelo combate aproximado, caso consiga abordar a posição, e destrui-lo pelo
contra-ataque se lograr penetrar na PD. Para o GC, a defensiva é dividida em três
partes:
- destruir o inimigo pelo fogo assim que ele atingir o alcance útil das armas
dispostas no interior da sua posição de tiro. O inimigo deve ser batido por fogos
tão longe quanto possível da área de defesa avançada (ADA). Permitir a
aproximação do inimigo da posição de tiro do GC causará um número maior de
baixas entre as tropas amigas;
- caso o inimigo continue a avançar até o ponto de onde ele possa lançar o assalto, o
GC repele esta ação pelo desencadeamento dos tiros que lhe cabe na execução dos
fogos da proteção final da unidade e, se necessário, pelo combate corpo-a-corpo; e
- se o inimigo lograr penetrar em alguma parte do núcleo defensivo do pelotão, o
GC mantém suas posições, atirando sobre o inimigo no interior da penetração,
com vistas a deter seu avanço, e/ou participa de contra-ataque para destruí-lo e
restabelecer a PD.
6.12.2 - Definições
a) Setor de tiro
É uma área que precisa ser coberta pelo fogo da arma de um indivíduo, de uma
unidade de tiro (GC ou ET) ou de uma arma de emprego coletivo. Ele é
delimitado lateralmente, a partir da posição da arma ou unidade de tiro, e se
estende para frente até o limite do alcance útil dos tiros.

OSTENSIVO - 6-67 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 6.26 - Setor de tiro

No âmbito do PelFuzNav são designados setores de tiro para os GC, ET e armas


individuais. Aos CmtGC não são atribuídos, normalmente, setores de tiro, haja
vista que a principal tarefa desses elementos durante a execução da defesa é
dirigir e controlar os fogos de suas frações.
O setor de tiro é empregado para indicar claramente a área a ser coberta pelos
tiros de determinada arma ou unidade de tiro, bem como proporcionar a melhor
distribuição do poder de fogo disponível e garantir a cobertura completa de toda
a frente. Ele é empregado também para assegurar o apoio mútuo pela
sobreposição de setores de tiro adjacentes. Assim, aos PelFuzNav são atribuídos
núcleos defensivos, os quais são defendidos pela sobreposição dos setores de tiro
dos GC. O setor de tiro do GC, por sua vez, é coberto pela sobreposição dos
setores de tiro das ET.
Acidentes do terreno facilmente identificáveis são escolhidos para indicar uma
linha de visada ao longo de cada lado do setor de tiro, as quais são seus limites
laterais. Estes acidentes do terreno devem estar localizados nas proximidades do
limite avançado do setor para que todos os integrantes da ET designada para
batê-lo usem os mesmos acidentes delimitadores.
O limite avançado é estabelecido na distância a partir da qual a arma abrirá fogo.
Para os Fuzis de Assalto 5,56mm e arma automática da ET (MINIMI), ele pode
estender-se até os seus alcances úteis. Quando possível, um acidente notável do

OSTENSIVO - 6-68 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

terreno (curso d’água, trilha, cerca, orla de uma mata, etc.) é indicado para
materializar o limite avançado. Assim que o atacante cruzar este limite, será
submetido ao fogo das armas designadas para bater aquele setor. Este limite
permite ao CmtGC dispor de um recurso eficiente para controlar o início dos tiro
das armas portáteis.
b) Posição de tiro
É uma posição no terreno da qual são executados os fogos das armas de um
indivíduo, de uma unidade de tiro (ET ou GC) ou de uma arma de emprego
coletivo.
Antes de se selecionar uma posição de tiro, o setor de tiro que lhe será atribuído
deve ser cuidadosamente examinado de várias posições no terreno, usando a
posição deitada, de forma a assegurar a efetiva cobertura do setor de tiro. A
exata localização da posição de tiro é designada no terreno antes de se iniciar a
preparação da posição.
I) Posição principal de tiro
É a melhor posição disponível, da qual o setor de tiro determinado pode ser
inteiramente coberto. São atribuídas posições principais de tiro para as
guarnições das armas de emprego coletivo, GC, ET e para os combatentes
individualmente.
II) Posição de tiro alternativa
Não são designadas, normalmente, posições de tiro alternativas para os
combatentes individualmente ou para as frações integrantes do PelFuzNav.
Elas são usadas principalmente para as armas de emprego coletivo. Uma
posição alternativa ou de muda é escolhida no terreno para que aquelas
armas possam continuar a cumprir sua tarefa original quando a posição
principal se torna insustentável ou imprópria para cumprir aquela tarefa.
III) Posição de tiro suplementar
Uma das maiores ameaças para o atacante ou defensor é ser surpreendido. O
atacante tenta surpreender o defensor pela ocultação dos seus movimentos até
o momento do assalto. O defensor também tenta surpreender o atacante pela
ocultação da exata localização e extensão do seu dispositivo, levando, dessa
forma, o seu opositor a um falso exame da situação e, conseqüentemente, a
uma decisão errada.

OSTENSIVO - 6-69 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Posições suplementares são preparadas para se precaver contra um ataque de


direção diferente daquela principal por onde se espera o desembocar do
ataque. Uma posição suplementar é uma posição secundária e não cobre o
mesmo setor de tiro da posição principal. Em algumas situações, a mais
provável via de acesso (VA) pode variar do período diurno para o período
noturno ou outros de baixa visibilidade. Assim, os requisitos a serem
estabelecidos para mudança de posição tornam-se uma necessidade
indispensável. Posições suplementares, atualmente, proporcionam sobretudo
segurança.
Os deslocamentos para as posições suplementares devem ser realizados por
itinerários cobertos e abrigados, quando disponíveis.
c) Núcleo de defesa
É a posição na qual o principal esforço de defesa é concentrado. Um núcleo de
defesa pode ser designado para batalhões, companhias e pelotões. Ele é
constituído de uma série de setores de tiro que se apóiam uns aos outros.
Os núcleos de defesa de pelotão são designados por meio de limites laterais,
demarcando a área na qual o fogo das armas pode ser executado. Os limites
devem ser designados por acidentes do terreno facilmente identificáveis e se
estenderem até ou além do limite do alcance útil das armas portáteis.

Fig 6.27 - Núcleo de defesa de pelotão

OSTENSIVO - 6-70 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

d) Limite Avançado da Área de Defesa Avançada (LAADA)


É o limite proeminente de uma série de núcleos defensivos nos quais as unidades
de combate terrestre são desdobradas defensivamente. O LAADA é uma medida
de coordenação que separa a Área de Segurança (ASeg) da PD, esta última
dividida ADA e Área de Reserva (ARes).
O LAADA não precisa estar fisicamente ocupado, mas deve ser controlado pelos
fogos da tropa na ADA.
e) PD
A área de uma PD se estende desde o LAADA até a retaguarda dos núcleos
defensivos na ARes. É nesta área que o combate defensivo decisivo é travado.
A ADA é organizada em setores de defesa que são atribuídos às unidades
subordinadas. À uma CiaFuzNav pode ser atribuído um setor a defender ou ser
ela própria, excepcionalmente, responsável pela ocupação de uma PD.
f) ASeg
É localizada à frente do LAADA. O GC pode ser designado para integrar uma
força de segurança ou pode ser responsável apenas pela segurança local na frente
de um pelotão ocupando um núcleo na PD.
g) Direção Principal de Tiro (DPT)
É uma direção específica, dentro do setor de tiro, determinada para as armas de
tiro de trajetória tensa, para qual é orientada a missão principal de tiro. No GC, a
DPT é determinada para as armas automáticas. As unidades não recebem uma
DPT. Os combatentes podem receber uma DPT para os períodos de visibilidade
reduzida. Aos comandantes de GC e ET não são determinadas DPT, nem
tampouco pode ser atribuída mais de uma DPT para as armas automáticas das
ET.
A DPT é indicada pela designação de um acidente do terreno facilmente
identificável. Este ponto pode ser um alvo ou apenas uma linha de visada
quando não houver nenhum alvo levantado. Os limites do alvo devem ser
assinalados no terreno quando é necessário distribuir os fogos ao longo da frente
determinada pela DPT.
Uma estaca próxima da posição de tiro é usada para indicar a DPT durante os
períodos de visibilidade reduzida.
A DPT é empregada para:

OSTENSIVO - 6-71 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- cobrir uma lacuna na linha de proteção final de uma metralhadora;


- cobrir um acidente específico do terreno que põe em risco o núcleo de defesa
da companhia ou pelotão, tal como uma passagem estreita entre elevações, a
qual pode servir como VA; o cume de uma elevação, no qual pode ser
instalado um posto de observação (PO); etc.;
- proteger a guarnição de uma arma de emprego coletivo pelo cruzamento de
fogos a sua frente; e
- aumentar a largura da faixa dos fogos de flanqueamento desencadeados
imediatamente à frente do LAADA, quando alvos de oportunidade em frente a
posição não estão visíveis.
6.12.3 - Tarefas do GC na defensiva
A um GC pode ser atribuída uma das seguintes tarefas na defensiva:
a) Defender no LAADA
O GC pode participar da defesa como parte de um PelFuzNav desdobrado no
LAADA. Na execução dessa tarefa, cabe ao GC barrar o inimigo pelo
desencadeamento de fogos à frente do setor defensivo do pelotão e repelir o seu
assalto pelo combate aproximado caso ele consiga abordar a posição.
Nessa situação, será atribuído ao GC um setor de tiro e uma posição de tiro.
O GC mantém sua posição no LAADA e só retrai ou ocupa outra posição
mediante ordem do escalão superior.
b) O GC como parte da reserva
O GC pode ser parte do PelFuzNav reserva e nessa situação lhe é atribuída,
normalmente, uma posição de tiro à retaguarda dos pelotões desdobrados no
LAADA, cabendo-lhe apoiar esses pelotões pelo fogo.
A posição de tiro e o setor de tiro são estabelecidos com vistas a concentrar
fogos na retaguarda, nos flancos ou para cobrir o intervalo entre os pelotões no
LAADA.
Ao GC de um PelFuzNav reserva também pode ser atribuída uma posição de tiro
e um setor de tiro para limitar uma penetração inimiga no núcleo de defesa do
pelotão.
Um GC integrante de um PelFuzNav da CiaFuzNav reserva pode participar de
contra-ataques para expulsar o inimigo que lograr penetrar na ADA.

OSTENSIVO - 6-72 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

c) O GC como elemento de segurança


Durante a execução da defesa, o GC pode ser parte de um elemento de segurança
atuando à frente do LAADA.
Cabe ao GC, como parte do elemento de segurança, obter informações sobre o
inimigo e, de acordo com as suas possibilidades, despistá-lo, retardá-lo e
desorganizar o seu avanço.
6.12.4 - A ET na defensiva
a) Organização do terreno
O CmtGC organiza a defesa pela especificação de um setor de tiro e uma DPT
para a arma automática de cada ET. Ele seleciona no terreno acidentes
facilmente identificáveis para indicar os limites laterais e avançado do setor de
tiro, e determina a localização aproximada no terreno para a posição de tiro a ser
ocupada por cada ET.

Fig 6.28 - Setor de tiro de ET

b) Plano de fogos
O CmtET formula um plano de fogos para sua ET com vistas a bater o setor
determinado pelo CmtGC com o mais intenso volume de fogos possível.
Este plano de fogos inclui a designação de setores e posições de tiro individuais,
posição de tiro e DPT para a arma automática da ET, como determinado pelo
CmtGC, e a própria posição de tiro do CmtET.

OSTENSIVO - 6-73 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 6.29 - Plano de fogos da ET

I) Setor de tiro individual


A ET, como já mencionado, é a unidade básica de tiro do PelFuzNav e,
quando praticável, cada setor de tiro individual cobre todo o setor de tiro da
ET, podendo, inclusive, serem usados os mesmo acidentes do terreno para
indicar os limites.
Na defensiva é impraticável para cada Atirador cobrir todo o setor de tiro do
GC. Por isso só lhe é determinado cobrir o setor de tiro da ET.
Ao CmtET é atribuído um setor de tiro individual para o emprego do Lança-
Granadas 40mm M203, o qual deve cobrir todo o setor de tiro da ET.
Convém lembrar mais uma vez, que o CmtET normalmente não atira com o
fuzil, a não ser em caso de emergência, uma vez que a sua tarefa principal
durante a execução da defesa é controlar e dirigir os fogos de sua ET,
particularmente da arma automática.
II) Posição de tiro individual
O CmtET determina as posições de tiro individuais, as quais devem permitir à
ET bater todo o setor que lhe foi atribuído.
As posições podem ser preparadas com abrigos individuais ou duplos. A
distância entre esses abrigos, dentro da posição da ET, pode variar de 5 a 20
metros. Em terreno fechado, apenas os abrigos individuais são usualmente
preparados.
No caso de se empregar abrigos duplos, o Atirador e o Municiador ocuparão

OSTENSIVO - 6-74 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

juntos um desses abrigos.


III) Atirador
Uma vez que as armas automáticas das ET são a espinha dorsal da defesa do
GC, cabe ao próprio Cmt GC selecionar a exata posição dessas armas no
terreno. O restante da ET se posiciona em torno dela. Além disso, caberá ao
CmtGC determinar também a DPT para cada uma delas. Sob certa condições,
a posição de cada arma automática de ET pode ter que ser selecionada pelo
próprio Cmtdo PelFuzNav.
IV) Volteador
É posicionado de forma que ele possa cobrir, se possível, todo o setor de tiro
da ET. Sua posição, no entanto, deve proporcionar apoio e proteção para o
Atirador.
V) Municiador
Normalmente participa da defesa de forma semelhante ao Volteador. Ele é
posicionado, todavia, próximo ou junto ao Atirador, uma vez que ele é o
integrante da ET preparado para substitui-lo e assumir suas tarefas.
VI) Posição do CmtET
Em geral, a posição do CmtET é no centro do dispositivo dessa fração. Essa
posição deve permitir que o CmtET:
- observe toda a ET e seu setor de tiro;
- dirija os tiros da arma automática;
- empregue eficientemente o lançador de granadas; e
- observe o CmtGC, se possível.
VII) Emprego do Lança-Granadas 40mm M203
Na designação dos setores de tiro para emprego do Lança-Granadas 40mm
M203, o CmtET deve considerar o plano de fogo global. Especificamente, ele
deve considerar o setor de tiro atribuído ao Atirador e a necessidade de prover
apoio à esse integrante da ET e às frações adjacentes. O CmtET posiciona-se,
então, onde possa melhor controlar sua ET e disparar com eficiência o seu M-
203. Esta posição é normalmente no centro da posição de tiro da ET.
À medida que o inimigo se aproxima do núcleo de defesa do PelFuzNav na
ADA, ele é submetido a um volume sempre crescente de fogos das armas aí
posicionadas e das demais armas de apoio. A não ser que haja restrições, o

OSTENSIVO - 6-75 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

CmtET abre fogo com o Lança-Granadas 40mm M203 sobre alvos


compensadores assim que eles entrem no alcance útil dessa arma. Em
algumas situações, o CmtGC ou do PelFuzNav pode querer guardar os fogos
do Lança-Granadas 40mm M203 até que o inimigo tenha atingido uma área
específica. Os fogos de surpresa dessa arma em conjugação com os das
demais armas do GC e do PelFuzNav, terá um efeito devastador sobre o
inimigo, particularmente na fase do assalto do seu ataque.
Quando os fogos de proteção final são desencadeados, o CmtET engaja as
maiores concentrações de tropa de infantaria inimiga que penetrarem no setor
de tiro do seu Lança-Granadas 40mm M203.
O Lança-Granadas 40mm M203 deve ser empregado para bater as prováveis
VA do inimigo para o interior da PD.
VIII) Setor de tiro da ET
Os setores de tiro das ET são selecionados de forma que elas batam todo o
setor de tiro do GC. Os setores de tiro das ET se sobrepõem para prover o
apoio mútuo.
IX) Emboço do plano de fogos
Um croqui do plano de fogos é apresentado pelos CmtET ao CmtGC. Ele
deve incluir os setores de tiro individuais e as respectivas posições principais
de tiro, a DPT da arma automática e a própria posição de tiro do CmtET. As
vezes, irregularidades do terreno podem impedir que um dos integrantes da
ET cubra o setor de tiro da ET por inteiro, tal como o que acontece com o
Municiador da figura a seguir.

Fig 6.30 - Croqui do plano de fogos da ET

OSTENSIVO - 6-76 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Note-se que na figura a DPT da arma automática está representada em linha


cheia.
A representação do norte magnético provê uma referência que permite
verificar a direção da frente para qual está voltada a ET. Uma linha contorna a
posição de tiro da ET e segue o traçado geral do limite anterior, dos flancos e
retaguarda dessa posição, envolvendo as posições individuais de cada
integrante da ET. O símbolo indicativo do escalão é colocado em um
intervalo na parte posterior dessa linha de contorno. Os números colocados
logo abaixo permitem identificar o elemento que ocupa a posição de tiro; no
caso, a 2a ET do 3o GC.
6.12.5 - O GC na defensiva
a) Organização do terreno
O CmtPelFuzNav organiza seu núcleo de defesa pela especificação de um setor
de tiro e de uma posição principal para o estabelecimento desse núcleo. Ele
seleciona acidentes do terreno para indicar os limites laterais e avançado dos
setores de tiro de seus GC. Ele estabelece, também, no terreno, a localização
geral da posição de tiro a ser ocupada por cada GC, bem como as posições gerais
de tiro e a DPT para algumas armas automáticas específicas, as quais são críticas
para a defesa do pelotão com o um todo. Ele pode designar, ainda, posições
suplementares para os GC, de forma a proteger os flancos ou a retaguarda do seu
núcleo de defesa.
b) Plano de fogos
O CmtGC formula seu plano de fogos tão logo ocupe a posição principal de tiro
e esteja em condições de bater pelo fogo o setor de tiro que lhe foi designado
pelo CmtPelFuzNav.
Este plano inclui a designação dos setores de tiro das ET, a posição de tiro
dessas frações, a DPT para as armas automáticas e a sua própria posição de tiro.

OSTENSIVO - 6-77 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 6.31 - Plano de fogos do GC

c) Posições das ET
O CmtGC distribui suas ET de forma que elas ocupem fisicamente a posição de
tiro designada e estejam em condições de bater o setor de tiro designado para o
GC.
Em geral, as ET são dispostas lado a lado. Elas ficam voltadas para a direção
esperada do ataque, para que sejam capazes de desencadear o maior volume de
fogos possível contra o inimigo à frente do núcleo de defesa do pelotão. As
posições de tiro individuais dos integrantes das ET podem ser dispostas em uma
linha irregular a fim de aproveitar as vantagens oferecidas pelo terreno;
entretanto, é preciso tomar muito cuidado para que não ocorra o mascaramento
dos tiros dos integrantes da ET.
A seleção das posições de tiro das ET precisa ser coordenada com a localização
das armas de emprego coletivo (metralhadoras, MAC, etc.) que irão se
estabelecer no interior da posição do GC, de maneira a prover a proteção
aproximada dessas armas.
d) Armas automáticas do GC
Como visto anteriormente, o CmtPelFuzNav designa a localização geral das
posições de tiro e as DPT de algumas armas automáticas específicas. O CmtGC
determinará a DPT para cada uma das demais armas automáticas e selecionará a
exata posição no terreno de cada uma delas.

OSTENSIVO - 6-78 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

e) Posição do CmtGC
Ela é usualmente designada imediatamente à retaguarda das ET, no centro do
dispositivo defensivo da GC. A posição selecionada deve poder:
- observar tanto quanto possível toda a posição de tiro do GC, particularmente as
posições de tiro dos CmtET;
- observar o setor de tiro determinado para o seu GC; e
- manter o contato visual com o seu CmtPelFuzNav.
f) Esboço do plano de fogos
O CmtGC prepara o croqui do plano de fogos em duplicata. Ele entrega uma
cópia do croqui ao CmtPelFuzNav para sua aprovação e mantém a outra
consigo. O croqui deve incluir as posições e os setores de tiro das ET, as
posições e as DPT das armas automáticas e a posições de tiro do próprio
CmtGC.
Se o GC estiver provendo proteção para uma arma de emprego coletivo não
orgânica, sua posição e missão principal de tiro (linha de proteção final para as
metralhadores e DPT para outras armas de emprego coletivo) devem ser
incluídas no croqui.

Fig 6.32 - Esboço de plano de fogos do GC

6.12.6 - Normas de comando na defensiva


Tão logo receba a ordem de defesa do CmtPelFuzNav, o CmtGC segue os passos
das normas de comando para fazer o melhor uso do tempo, dos equipamentos e do
pessoal. Seguindo esses passos e completando satisfatoriamente seu exame da
situação, ele é capaz de preparar sua ordem de defesa. Esta ordem segue o modelo

OSTENSIVO - 6-79 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

tradicional de diretiva com cinco parágrafos e inclui:


- informações sobre o inimigo, a localização e identificação das frações adjacentes
e a localização das armas de apoio instaladas no interior da posição do GC;
- a missão do GC;
- a posição e o setor de tiro de cada ET e a DPT para cada arma automática;
- a distribuição dos AT-4 pelos integrantes do GC que ocuparão posições de tiro
destinadas a cobrir as VA favoráveis à aproximação dos blindados inimigos;
- organização do terreno, prioridade de trabalho, segurança do GC e qualquer outra
instrução que o CmtGC julgue necessário ;
- os detalhes pertinentes ao apoio de serviços ao combate (ApSvCmb), tais como o
remuniciamento, abastecimento dos suprimentos destinados à preparação das
fortificações de campanha, a localização do refúgio de feridos (RfgFer) da
CiaFuzNav e do posto de saúde (PS) do BtlInfFuzNav;
- sinais pré-estabelecidos, tais como pirotécnicos e sinais sonoros, forma como será
indicado o momento de abertura de fogo ou de execução dos fogos de proteção
final; e
- localização do CmtGC e do CmtPelFuzNav.
6.12.7 - Plano de defesa do GC
Após a divulgação da sua ordem de defesa, o CmtGC posiciona suas ET para cobrir
o setor de tiro determinado. Antes que os detalhes para preparação das posições de
tiro sejam iniciados, o CmtGC verifica o setor de tiro de cada ET e a capacidade de
cada uma delas manter este setor sob observação. Durante essa verificação das
posições de tiro, ele se assegura que os setores estarão convenientemente
sobrepostos e que a densidade de tiro desejada pode ser desencadeada sobre as
prováveis VA do inimigo.
As responsabilidade do CmtGC durante a preparação da posição, incluem;
- em conjugação com os CmtET, inspecionar as posições de tiro de cada integrante
da ET, verificando a capacidade de cada um para bater o setor de tiro da ET;
- selecionar as posições de tiro para os Atiradores, verificando a capacidade de cada
um para bater o setor de tiro;
- designar para cada Atirador uma DPT batendo uma provável VA do inimigo,
assegurando-se que essa DPT encontra-se no setor de tiro designado para a
respectiva ET;

OSTENSIVO - 6-80 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- coordenar com as guarnições das armas de emprego coletivo localizadas no


interior da posição do GC os procedimentos a serem observados por ambas as
frações;
- supervisionar a preparação dos abrigos e a limpeza dos campos de tiro;
- prover segurança pela designação de sentinelas e PO;
- coordenar todas as medidas de segurança com os GC adjacentes e o CmtPel;
- inspecionar as posições de tiro para assegurar-se que a camuflagem e a cobertura
dos abrigos são satisfatórias;
- supervisionar a preparação das posições suplementares; e
- estabelecer um código de sinais para o controle de tiro.
a) Sinal para abertura de fogo
Normalmente, um limite avançado é estabelecido para designar a distância na
qual as ET podem abrir fogo. No caso dos Fuzis de Assalto 5,56mm e armas
automáticas (MINIMI), este limite pode se estender tão para frente quanto o
alcance máximo dessas armas. Assim que o atacante ultrapasse este limite, ele
será submetido aos fogos do GC. Esta medida facilita o controle de tiro,
assegurando que as armas portáteis não comecem a executar tiros
prematuramente ou os retarde por demais.
O CmtGC pode determinar que as ET suspendam seus tiros até o inimigo atingir
a distância correspondente ao alcance útil das armas portáteis, e, então
desencadear de surpresa um intenso volume de fogos. Neste caso, estabelecerá
um sinal para abrir fogo.
Quando o GC abre fogo, Fuzis de Assalto 5,56mm e Lança-Granadas 40mm
M203 atiram na cadência de tiro normal; e as armas automáticas atiram,
normalmente, na cadência de tiro mantido. O CmtGC determina qual a cadência
de tiro é apropriada a cada situação. Quando o inimigo se aproxima, a cadência
de tiro é aumentada.
b) Sinal para desencadear os fogos de proteção final
Esses fogos incluem os tiros de metralhadoras, morteiros, artilharia, armas
automáticas, fuzis e Lança-Granadas.
O sinal para desencadear esses fogos é um sinal sonoro ou pirotécnico pré-
estabelecido, o qual é dado pelo Cmt do pelotão para os GC. Quando esse sinal é
dado, Fuzis de Assalto 5,56mm e Lança-Granadas 40mm M203 podem

OSTENSIVO - 6-81 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

continuar a atirar na cadência normal; as armas automáticas aumentam o volume


de fogos, passando à cadência de tiro rápida, caso já não estejam nessa cadência.
Uma vez o GC tenha aumentado sua cadência de tiro à aproximação do inimigo,
as armas automáticas podem já estar atirando na cadência rápida, ou próximo
disso, no momento em que o sinal para desencadear os fogos de proteção final
for dado.
c) Sinal para cessar os fogos de proteção final
Sinais pré-estabelecidos são usados para cessar os fogos de proteção final.
Quando o assalto inimigo é repelido, esse sinal é dado. Aí então, os Fuzis de
Assalto 5,56mm e Lança-Granadas 40mm M203 podem continuar a atirar na
cadência de tiro normal. As cadências de tiro serão determinadas pelo CmtGC e
devem ser as suficientes para destruir o inimigo remanescente à frente do GC.
Cabe ao CmtGC determinar o cessar fogo por inteiro quando for seguro.
6.12.8 - Segurança do GC
O GC provê sua própria segurança local pela constante observação à frente, nos
flancos e à retaguarda. Um número suficiente de combatentes são mantidos em
alerta durante todo o tempo, de forma a manter um sistema eficaz de alarme
antecipado contra as atividades do inimigo aéreo e terrestre. Em terreno aberto,
durante o dia, uma sentinela por GC é normalmente suficiente. Sob condições de
visibilidade reduzida, é designada uma sentinela por ET.
As sentinelas devem ser revezadas a cada duas horas, de dia ou a noite, de forma a
assegurar que elas se mantenham alertas e eficazes. Antes de ocupar seus postos, as
sentinelas devem ser orientadas sobre a localização e atividade das forças amigas e
sobre as atividades conhecidas do inimigo (incluindo patrulhas), a senha e contra-
senha, a localização do CmtGC e a localização dos postos de comando (PC) do
pelotão e de companhia.
6.12.9 - Organização do terreno
Começa assim que cada integrante do GC, individualmente, tenha recebido seu
setor de tiro. Inclui as seguintes tarefas:
- estabelecimento da segurança (postos de escuta, de observação e patrulhas);
- posicionamento das armas automáticas;
- limpeza dos campos de tiro;
- construção dos abrigos;

OSTENSIVO - 6-82 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- seleção e preparo das posições suplementares; e


- medidas de camuflagem.
6.12.10 - Execução da defesa
a) Bombardeio inimigo de preparação
O inimigo precederá seu ataque, normalmente, com fogos de preparação com
qualquer das ou todas as seguintes armas: artilharia, morteiros, metralhadoras,
canhões dos carros de combate (CC) e aviação.
Durante esses fogos de preparação do inimigo, o GC se manterá abrigado em
suas tocas de raposa, mantendo vigilância à frente, nos flancos e na retaguarda
para determinar se o inimigo está avançando imediatamente atrás dos seus
fogos de apoio.
b) Abertura de fogo e controle do tiro
O GC retém a execução dos seus fogos sobre as tropas inimigas que se
aproximam até elas entrarem no alcance útil das armas portáteis localizadas na
posição do GC.
Os integrantes do GC abrem fogo sobre o inimigo que se aproxima mediante
ordem do CmtGC ou quando o inimigo atingir uma linha predeterminada,
normalmente o limite avançado do setor de tiro das ET.
O CmtGC determina a cadência de tiro apropriada para a situação. Os
Atiradores abrem fogo prioritariamente sobre as armas automáticas, lança-
rojões e outras armas de emprego coletivo do inimigo.
Os CmtET, de acordo com o planejamento prévio do CmtGC, designam novos
alvos, modificam a cadência de tiro quando necessário e dão ordem de cessar
fogo quando o ataque inimigo é derrotado. Se o inimigo não for detido e
continuar a progredir, o Atirador voltará a aumentar sua cadência de tiro assim
que o inimigo estiver bem próximo.
c) Fogos de proteção final
Se o ataque inimigo não é detido e ele inicia seu assalto, os fogos de proteção
final são desencadeados. Eles são a última tentativa para barrar o ataque
inimigo antes que alcance o núcleo de defesa do pelotão.
d) O inimigo alcança a posição do GC
A infantaria inimiga que alcançar a posição do GC será expulsa pelo fogo,
granadas de mão, baionetas e combate corpo-a-corpo.

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

O sucesso da defesa depende sobretudo de cada GC se manter na posição. Uma


defesa obstinada na linha de frente dos GC detém as formações de ataque do
inimigo, tornando-o vulnerável ao contra-ataque pelas unidades em reserva. O
GC não pode retrair de sua posição exceto quando especificamente
determinado pelo escalão superior.
6.12.11 - Defesa contra um ataque com blindados
Quando CC e/ou outras viaturas blindadas de transporte de pessoal (VBTP)
apóiam um ataque da infantaria inimiga, o principal alvo do GC é a tropa de
infantaria hostil. Isto é válido quando a infantaria estiver a pé (desembarcada) ou
embarcada em VBTP ou caminhões. Se ela estiver embarcada em caminhões,
pode ser engajada com aramas portáteis; se em VBTP, com armas portáteis
empregando munição perfurante (se disponível) e AT-4. A meta deve ser reduzir a
velocidade de deslocamento da infantaria, fazendo-a desembarcar. Isto fará com
que a infantaria inimiga se separe dos CC ou, no caso de uma força nucleada por
CC, reduza a velocidade para regular seu movimento com a infantaria
desembarcada. Em casos especiais, quando a infantaria não se constituir um alvo,
o fogo das armas portáteis será dirigido contra as escotilhas e as aberturas
destinadas à observação externa dos blindados inimigos.
Os AT-4 serão empregados para destruir os CC inimigos ou danificar suas
lagartas e/ou suspensão, de maneira que não possam ir muito longe (quebra da
mobilidade).
Sob nenhuma circunstância o GC deverá se afastar da sua tarefa básica de engajar
e destruir a infantaria inimiga. Todo esforço deverá ser feito para separar os CC da
tropa de infantaria inimiga, porque os CC, mesmo que passem pela posição do
GC, ficarão muito vulneráveis às armas AC em apoio às unidades na ADA.
Em um ataque com o apoio de blindados, o GC permanecerá executando seus
fogos até que seus integrantes sejam forçados a abrigar-se para não serem
esmagados. Tão logo os blindados tenham passado por seus abrigos, retornarão as
suas posições de tiro e voltarão a abrir fogo contra a tropa de infantaria que os
seguir. Deverá ser previsto o emprego de fumígenos para cegar as guarnições dos
CC e facilitar as ações contra a infantaria que os acompanha.
A conveniente exploração dos obstáculos também obrigará os blindados a parar
ou diminuir sua velocidade. O uso de barrancos (agravamento de encosta) com

OSTENSIVO - 6-84 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

mais de 1,5 metros de altura, troncos de árvores com mais de 45 centímetros de


diâmetro (abatizes) ou o estabelecimento de posição em encostas com inclinação
superior a 60º, protegerá o GC e facilitará as ações para destruição dos blindados.
Rios e canais obstáculos ou áreas alagadiças também facilitarão a canalização do
movimento dos blindados para regiões favoráveis à sua destruição.
6.12.12 - Ocupação de posição suplementar
Caso a posição de um GC adjacente sofra uma penetração do ataque inimigo, o
CmtGC deslocará parte dos seus fogos para o interior da área penetrada, e, se
necessário, deslocará alguns combatentes para uma posição suplementar, com
vistas a proteger o flanco ameaçado. Da mesma forma, se a posição do GC for
ameaçada por um ataque pela retaguarda, ocupará com alguns combatentes a
posição suplementar que proteja a sua retaguarda. Em qualquer caso, porém, antes
de ocupar essas posições, o CmtGC, se possível, solicitará autorização do
CmtPelFuzNav. Quando não for possível solicitar tal autorização, o CmtGC
ocupará a posição suplementar e dará disso conhecimento ao CmtPelFuzNav
assim que possível.
O CmtGC deve evitar deslocar toda uma ET para a posição suplementar, mas
determinar que apenas um ou dois combatentes de cada ET se desloquem para
essa posição, dependendo do número necessário para proteger o flanco ou a
retaguarda. Em qualquer caso, os combatentes devem se deslocar para essas
posições seguindo os itinerários que ofereçam as melhores cobertas.
6.12.13 - Segurança local para os pelotões e companhias
O GC executa, freqüentemente, a segurança local para o PelFuzNav e CiaFuzNav.
Postos de segurança de dois a quatro homens são posicionados pelo
CmtPelFuzNav, até 400 metros à frente da posição do pelotão. Pequenas patrulhas
são muitas vezes empregadas para cobrir o terreno entre eles ou como substitutos
desses postos. O CmtPelFuzNav designa as posições aproximadas a serem
ocupadas pelos postos de segurança e os itinerários a serem cobertos pelas
patrulhas. O CmtGC designado para isso, poderá ter sua fração dividida, com as
ET estabelecendo postos de segurança e realizando patrulhas, cobrindo a frente e
os flancos do pelotão ou da companhia. Suas tarefas, normalmente, incluem:
- inspecionar os postos de segurança quanto à camuflagem e às condições de
observação do terreno sobre o qual se espera que o inimigo avance;

OSTENSIVO - 6-85 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- verificar se as patrulhas estão seguindo os itinerários previstos;


- fazer com que as patrulhas de seu GC busquem efetivamente conhecimentos
sobre as atividades inimigas;
- divulgar aos seus homens as normas de engajamento e fazê-las cumprir; e
- informar imediatamente ao CmtPelFuzNav ou CmtCiaFuzNav qualquer
atividade inimiga.
Quando o inimigo se aproxima, os postos de segurança e patrulhas procedem da
seguinte forma:
- participam imediatamente ao Comandante do pelotão ou da companhia o valor
da tropa inimiga, suas ações, direção de avanço, as armas e equipamentos
observados;
- mediante ordem, retraem por um itinerário predeterminado para o interior do
núcleo defensivo do pelotão de origem, com antecedência suficiente para evitar
o engajamento em combate aproximado. Após alcançar o núcleo defensivo do
pelotão, fazem um relato verbal de todos os conhecimentos obtidos sobre o
inimigo para o Comandante que originalmente determinou a execução das
patrulhas e o estabelecimento dos postos de segurança.
6.12.14 - O GC nas forças de segurança
O GC pode integrar as forças se segurança que atuam na ASeg à frente da PD. Às
forças de segurança são atribuídas três tipos de tarefas: alertar, prover cobertura e
proteger.
As forças de segurança são posicionadas em profundidade, a partir do LAADA,
em: Posto Avançado de Combate (PAC), Posto Avançado Geral (PAG) e Força de
Cobertura (FCob).
a) PAC
O GC pode participar de um PAC. O PAC estará normalmente localizado de
800 a 2000 metros à frente do LAADA. A exata localização e composição do
PAC são estabelecidas pelo Cmtdo maior escalão na área de operação. A
missão do PAC é comunicar prontamente a atividade do inimigo, retardá-lo,
desorganizá-lo e iludi-lo com respeito à verdadeira localização da PD.
O PAC é organizado com uma série de postos de vigilância que variam em
efetivo desde uma ET até um PelFuzNav reforçado. Esses postos de vigilância
ocupam posições no terreno que permitam boa observação, profundos campos

OSTENSIVO - 6-86 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

de tiro e proteção apropriada contra os fogos das armas de apoio. Itinerários de


retraimento são selecionados e reconhecidos, e todos os combatentes são
informados detalhadamente do plano de retraimento.
Quando não há tropas amigas à frente do PAC, o contato com o inimigo é
mantido através de patrulhas. O inimigo deve ser submetido a um volume
crescente de fogos à medida que se aproxima das posições mais avançadas. Se
o inimigo continuar a avançar, sofrerá progressivamente um aumento nesse
volume de fogos.
As patrulhas e os postos de segurança lançados pelo PAC devem manter
contato com outros elementos de segurança existentes e auxiliá-los quando do
seu retraimento. Estabelecem o mais cedo possível contato com o inimigo,
fornecendo dados sobre suas atividades.
Dependendo da situação, podem permitir a aproximação do inimigo para
despistar e obter surpresa, esperando que ele se transforme em alvo mais
vantajoso. Devem resistir até que o poder de combate e a proximidade do
inimigo obriguem o retraimento, que deverá ocorrer por itinerários pre-
estabelecidos. Após o ataque inimigo ser repelido, caso tenham sido forçados a
retrair, as patrulhas e postos de segurança são restabelecidos.
A decisão de retrair é tomada pelo CmtBtlInfFuzNav ou pelo escalão superior
das unidades em primeiro escalão, e neste caso o GC poderá receber,
posteriormente, tarefas como parte de uma unidade em reserva.
c) PAG
O PAG é um elemento de segurança comparativamente mais forte do que o
PAC e, normalmente, é o primeiro a oferecer resistência organizada ao
inimigo. É estabelecido pelos mais altos escalões. Sua tarefa é retardar o
atacante e iludi-lo quanto à localização das forças principais na ADA. O PAG
localiza-se acerca de 6000 metros à frente do LAADA. O GC pode ser
empregado no PAG como parte de uma unidade maior. As ações do GC no
PAG serão similares às suas ações no LAADA.
d) FCob
É uma força que opera independente da força principal, com o propósito de
interceptar, engajar, retardar e despistar o inimigo antes que ele possa atacar a
força principal na PD.

OSTENSIVO - 6-87 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Suas tarefas incluem:


- estabelecer o contato com o inimigo;
- proteger a força principal contra um engajamento precipitado;
- negar ao inimigo a obtenção de dados sobre o valor, composição, dispositivo
e finalidade da força principal; e
- esclarecer a situação e determinar o dispositivo, valor e vulnerabilidades do
inimigo.
Geralmente, o GC é empregado como parte da FCob e desenvolve suas
atividades de forma semelhante as da PD.

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

CAPÍTULO 7
OPERAÇÕES SOB CONDIÇÕES DE VISIBILIDADE REDUZIDA
7.1 - GENERALIDADES
A dinâmica do combate moderno faz com que as operações tenham que se desenvolver
também em períodos de visibilidade reduzida, tanto noturna (escuridão), como diurna
(chuva forte, fumaça, nevoeiro, etc.); portanto, é fundamental que o Fuzileiro Naval
(FN) conheça as técnicas e algumas táticas do combate sob condições de visibilidade
reduzida, para, caso seja empregado nessa circunstância, executar com precisão as
tarefas que receber.
Este capítulo abordará, basicamente, as operações noturnas, particularizando sempre que
aplicável, para outras situações que tenham lugar sob condições de visibilidade
reduzida.
7.2 - PROPÓSITOS DAS OPERAÇÕES OFENSIVAS
As operações ofensivas sob condições de visibilidade reduzida podem ser realizadas
para:
- obter surpresa e explorar as condições psicológicas favoráveis decorrentes;
- manter pressão, prosseguindo um ataque e/ou aproveitando o êxito;
- conquistar área necessária para realização de ações posteriores;
- compensar poder de combate inferior, especialmente em meios aéreos e blindados;
- reduzir baixas, aproveitando a cobertura proporcionada pela visibilidade reduzida;
- romper uma forte posição defensiva; e
- atrair a atenção do inimigo para determinada área.
7.3 - VANTAGENS E DESVANTAGENS
7.3.1 - Vantagens
O ataque durante períodos de visibilidade reduzida apresenta as seguintes vantagens
para o atacante:
- aumenta a probabilidade de obter surpresa;
- oculta a progressão das tropas;
- diminui as possibilidades de busca de alvos pelo inimigo e, conseqüentemente, a
eficácia de seus fogos;
- dificulta o apoio mútuo por parte do defensor; e
- dificulta o emprego das reservas pelo inimigo.

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7.3.2 - Desvantagens
Embora contando com vantagens, o atacante deve considerar, também, a existência
de desvantagens, tais como:
- necessidade de planejamento detalhado;
- necessidade de tropas bem adestradas;
- dificuldade no exercício do comando e controle, orientação e condução de fogos;
- dificuldade na distinção entre tropas amigas e inimigas; e
- diminuição da eficácia dos fogos da tropa atacante.
7.4 - TIPOS DE ATAQUE NOTURNO
Os ataques noturnos são classificados em: iluminados, não iluminados,
apoiados e não apoiados.
7.4.1 - Ataques iluminados
São aqueles iluminados artificialmente. Dentre os meios que fornecem iluminação
artificial, incluem-se os projetores, as granadas e foguetes iluminativos e os artefatos
lançados de aeronaves.
Como vantagens deste tipo de ataque noturno, destacam-se as de possibilitar a
conquista de objetivos profundos, bem como o apoio eficaz de blindados; permitir
maior velocidade ao escalão de ataque, na realização das tarefas de engenharia e na
ultrapassagem de obstáculos; maior facilidade de coordenação e controle; e o
aumento da eficácia dos fogos. Normalmente, a iluminação é utilizada em ataques
contra posições fortemente defendidas, uma vez que são pequenas as probabilidades
de obtenção da surpresa.
Como desvantagens, cita-se que diminui a probabilidade de obtenção de surpresa,
exige artefatos especiais, expõe o atacante aos fogos do inimigo e facilita a
movimentação das suas reservas.
Outros fatores devem ser também considerados quando da realização deste tipo de
ataque noturno, como por exemplo: a utilização de artefatos especiais providos de
pára-quedas, ao serem lançados sobre a retaguarda inimiga, com a finalidade de
delinear seu dispositivo, podem ser conduzidos pelo vento para o lado do atacante,
proporcionando vantagem para o inimigo; e o uso de iluminação artificial em uma
determinada área pode prejudicar operações não iluminadas em áreas adjacentes.

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

7.4.2 - Ataques não iluminados


Nos dias atuais, o ataque noturno não iluminado passou a ser realizado com o auxílio
dos equipamentos de visão noturna, que minimizam as restrições de visibilidade a
noite. Tais meios, além de contribuírem para o sigilo e segurança do ataque,
apresentam as vantagens mostradas para o ataque iluminado e eliminam as
respectivas desvantagens, exceto a de exigir equipamentos especiais.
Deve-se considerar, entretanto, que a posse de equipamento de visão noturna também
pelo defensor repercute enormemente a seu favor, dada a sua maior familiaridade
com o terreno.
Finalmente, a iluminação artificial pode causar danos a determinados equipamentos
de visão noturna, bem como, ao ser interrompida, ainda à noite, demandar certo
tempo para adaptação da visão dos atacantes ao ambiente. O tempo de adaptação
depende da intensidade da luz artificial utilizada.
7.4.3 - Ataques apoiados
São aqueles onde as armas de apoio são utilizadas na preparação do ataque.
O apoio de fogo é planejado e controlado como nos ataque diurnos, considerando as
dificuldades de ajustagem dos tiros em face das condições meteorológicas e dos
equipamentos disponíveis.
O emprego da preparação terá em vista o grau de sigilo previsto; sendo assim, não
serão desencadeados estes fogos em ataques não iluminados até que o inimigo
perceba a ação. Os fogos a pedido serão iniciados após a perda da surpresa, seja para
bater a posição defensiva, seja para isolar a área e impedir a chegada de reforços e/ou
o retraimento do inimigo.
Em ataques dirigidos contra posições fortemente defendidas, quando as
probabilidades de obtenção de surpresa são reduzidas, fogos de apoio serão
desencadeados desde a preparação do ataque.
7.4.4 - Ataques não apoiados
São aqueles onde não ocorrem os fogos de preparação.
7.5 - CARACTERÍSTICAS DO ATAQUE NOTURNO
O ataque noturno tem características que o tornam especial e obrigam a um
adestramento específico, a fim de habilitar o FN na sua execução, condicionando o
emprego das armas, homens e munição. São elas:

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

- diminuição da eficácia dos fogos com pontaria direta;


- aumento da importância do combate aproximado e dos tiros amarrados;
- dificuldades de deslocamento e de conservação da direção, ação de comando, controle
e ligação;
- a surpresa e a ação de choque são sempre grandes para o defensor e podem provocar
pânico em suas defesas;
- o objetivo deverá ser facilmente identificável e pequeno para poder ser conquistado em
um único assalto; e
- devido às dificuldades para a reorganização, normalmente não se atribui mais de um
objetivo em um ataque.
7.6 - MEDIDAS DE COORDENAÇÃO E CONTROLE
Os ataques noturnos, em geral, exigem um número maior de medidas de coordenação e
controle do que os diurnos (Fig 7.1), em virtude de suas já mencionadas características.
Certas medidas requerem considerações especiais a seguir discutidas.
7.6.1 - Hora do ataque
Normalmente a hora do ataque é selecionada de modo a proporcionar as maiores
chances de obtenção da surpresa.
Caso o ataque tenha a finalidade de conquistar um terreno favorável ao
desencadeamento de um ataque diurno posterior, será lançado nas horas finais da
escuridão, de modo a não dar tempo suficiente ao inimigo para reorganizar-se e fazer
frente ao ataque diurno.
Por outro lado, ataques lançados durante as horas iniciais da escuridão permitem ao
atacante aproveitar o longo período de visibilidade reduzida para valer-se do impacto
psicológico e conseqüente perda de controle do inimigo, impedindo-o de reorganizar-
se e de conduzir o combate em profundidade.
7.6.2 - Posição de ataque (PAtq)
No ataque noturno a PAtq deve estar localizada perpendicularmente à direção de
deslocamento prevista, ser de fácil identificação à noite ou convenientemente
balizada e estar situada em área na qual a vegetação não dificulte as ações previstas
para esta posição.
Não é essencial que seja protegida dos tiros diretos do inimigo, em face das
condições de iluminação e o pouco tempo de ocupação da mesma.

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

7.6.3 – Ponto de passagem (PPsg)


Utilizado para indicar o(s) local(is) onde uma tropa cruza as linhas de uma força
amiga (LC, LAADA, PAC), para o início de uma infiltração, de uma operação sob
condições de visibilidade reduzida, de uma ultrapassagem ou de um acolhimento.
É representado graficamente por um círculo semelhante aos dos pontos de controle
(PCt), com a abreviatura PPsg no seu interior.
7.6.4 - Linha de partida (LP)
Tendo em vista a redução da visibilidade, maiores cuidados são requeridos na seleção
e balizamento da LP. Se possível, será utilizada a linha de contato (LC) ou a orla
anterior da PAtq.
Normalmente a tropa cruzará a LP em coluna e, neste caso, serão estabelecidos e
balizados PPsg tantos quantos forem as frações a transpor a LP em coluna.
7.6.5 - Pontos de liberação (PLib)
São fixados pelo escalão superior desde a zona de reunião (ZReu), devendo ser
suficientemente distanciados de modo a permitir a cada fração o movimento lateral
necessário para seguir o seu itinerário. Sua finalidade é regular o desdobramento
gradativo da força atacante até os escalões elementares.
7.6.6 - Linha provável de desenvolvimento (LPD)
Na LPD a fração desenvolve-se inteiramente e parte para o assalto final ao objetivo.
Deve ser facilmente identificável a noite ou convenientemente balizada e, de
preferência, perpendicular à direção de ataque (DireAtq).
Normalmente estará situada entre 100 a 200m da posição do inimigo, de modo a
possibilitar a adoção do dispositivo em linha para o assalto, sem que a tropa seja
detectada, e permitir eficiente controle.
7.6.7 - Objetivo (Obj)
Deve ser facilmente identificável a noite e situado em terreno favorável à
aproximação.
Normalmente, para cada escalão, o objetivo determinado terá dimensões menores do
que no ataque diurno.
7.6.8 - Linha limite de progressão (LLP)
A LLP é utilizada para controlar o avanço das frações e evitar que sejam atingidas
pelos fogos de proteção planejados para isolar o objetivo.

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Deve ser balizada por acidentes nítidos do terreno e demarcada tanto em


profundidade quanto nos flancos do objetivo, não devendo ser ultrapassada pela força
atacante.
7.6.9 - Direção de Ataque
Em face da necessidade de controle centralizado, direções de ataque são
determinadas a partir do escalão batalhão e superiores.

Fig 7.1 - Medidas de coordenação e controle no ataque noturno

7.7 - PREPARAÇÃO PARA O ATAQUE NOTURNO


As atividades de preparação realizadas na ZReu pelo Grupo de Combate (GC) são
semelhantes as de um ataque diurno, devendo o comandante (Cmt) do GC ter uma
preocupação especial com a segurança. São preparativos para a realização do ataque
noturno:
- ensaios conduzidos, tanto durante o dia como durante a noite, com formações, sinais e
demais ações realizadas da ZReu ao Obj;
- descanso dos integrantes do GC antes do ataque;
- alienação dos equipamentos desnecessários ao ataque, os quais deverão ser reunidos e
levados para o Obj após sua conquista ter sido consolidada;
- camuflagem individual e do equipamento;

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- inspeção dos homens e equipamentos, com vistas a manutenção da disciplina de luzes


e ruídos;
- redução ao mínimo indispensável dos efetivos e atividades dos elementos empregados
nos reconhecimentos, e em outras ações preparatórias; e
- manutenção das armas travadas durante o deslocamento, a fim de garantir que a
abertura de fogos só ocorra mediante ordem.
7.8 - EXECUÇÃO DO ATAQUE NOTURNO
7.8.1 - Progressão até o PLibGC
O GC normalmente transpõe a LP em coluna, por ser este o dispositivo que
possibilita um grau maior de controle. Esta formação é mantida até que seja atingido
o ponto de liberação de GC (PLibGC) ou seja forçado o desenvolvimento da tropa
pela ação do inimigo.
O avanço deverá ser lento, silencioso e furtivo, guiado por um dos integrantes das
patrulhas de segurança deslocadas à frente com antecedência, de modo a preservar o
sigilo.
O comandante do GC desloca-se à frente para manter a impulsão da progressão.
7.8.2 - Progressão do PLibGC até a LPD
O GC progredirá, ainda conduzido por um guia, até atingir sua posição na LPD,
aonde completará o seu desenvolvimento. Quando estiver completamente
desenvolvido, dará o pronto ao CmtPelFuzNav, mediante ordem do qual o GC
continuará seu movimento silencioso, mantendo a formação em linha e regulando seu
avanço pelo GC base.
Deve haver uma avaliação cuidadosa da reação inimiga, em termos de considerar se
houve perda da surpresa ou não. Tiros isolados e mesmo um choque entre patrulhas
devem ser ponderados, para não precipitar medidas que revelem o ataque em
andamento ou mesmo apressem o assalto.
7.8.3 - Assalto
O GC prossegue o seu movimento na direção do Obj até que o ataque seja descoberto
ou até que seja encontrada resistência inimiga, ocasião em que se desencadeará o
assalto. Todo esforço deverá ser feito para manter o GC em linha e evitar que se
formem grupos separados.
É muito importante lançar um grande volume de fogos durante o assalto, pois é

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

necessário que se estabeleça e mantenha uma superioridade de fogos. O assalto deve


ser conduzido com agressividade.
A partir da LPD e após a quebra do sigilo, utilização de artifícios iluminativos é
liberada, de modo a auxiliar a orientação do pessoal e a ajustagem dos tiros.
É necessário um controle rigoroso pelos comandantes, para que a tropa mantenha
uma formação em linha e pressione constantemente durante o assalto.
7.8.4 - Consolidação e reorganização
Assim que o Obj estiver conquistado, o GC ocupará o setor que lhe tiver sido
atribuído, buscando estabelecer seus flancos em pontos característicos do terreno,
designados pelo CmtPelFuzNav, e mantendo contato com os GC vizinhos.
Deverá ser feita a redistribuição da munição, a evacuação das baixas e dos
prisioneiros de guerra (PG) e, na medida do possível, o recompletamento de pessoal.
O CmtGC deverá manter o CmtPelFuzNav informado dessas ações.
Quando o ataque tiver de prosseguir após o amanhecer, os preparativos imediatos
para o prosseguimento devem ser logo iniciados.
7.9 - PLANEJAMENTO DAS OPERAÇÕES SOB CONDIÇÕES DE VISIBILIDADE
REDUZIDA
Embora a moderna tecnologia tenha passado a permitir o combate a noite como se dia
fosse, mesmo com alguma redução no alcance da visibilidade, sua consecução é das
mais difíceis, dadas às peculiaridades ambientais pertinentes.
O emprego judicioso dos equipamentos de visão noturna, o reconhecimento minucioso,
o planejamento detalhado, a preservação do sigilo e a utilização de tropas experientes e
bem adestradas, podem ser decisivos no resultado final, enquanto que deficiências
nesses aspectos podem desequilibrá-lo a favor do inimigo.
7.9.1 - Procedimentos para execução das operações ofensivas sob condições de
visibilidade reduzida.
Em operações ofensivas sob condições de visibilidade reduzida, as pequenas frações
devem observar os seguintes procedimentos:
- realização de ensaios, sempre que possível em terreno semelhante àquele em que o
ataque será realizado, bem como com as mesmas condições previstas de
iluminação;
- adoção de esquemas de manobra simples e flexíveis. Ao estabelecer a idéia de

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

manobra, o comandante da fração deve evitar movimentos que possam ocasionar o


risco da troca de tiros entre seus integrantes. A flexibilidade permitirá a rápida
passagem do ataque não iluminado para o iluminado e/ou sem fogos de apoio para
apoiado, tão logo seja perdida a surpresa;
- deverão ser realizados reconhecimentos diurnos e noturnos minuciosos, levantando:
o dispositivo inimigo, os diversos obstáculos por ele lançados (campo de minas,
concertinas, etc.), posições das armas e dos elementos de segurança do inimigo,
itinerários e acidentes do terreno que serão utilizados para balizar os
deslocamentos;
- os elementos utilizados nas patrulhas de reconhecimento deverão ser utilizados
como guias dos demais integrantes da fração, quando esta estiver incluída no
escalão de ataque;
- a surpresa é imprescindível para o sucesso do ataque noturno e será obtida pela
adoção de medidas de segurança comuns aos ataques diurnos e pela observação dos
seguintes aspectos: disciplina de luzes e ruídos, empregar medidas de
despistamento tais como ruídos, luzes, iluminação do campo de batalha e fintas,
para desviar a atenção do inimigo para outros locais; silêncio rádio até que o ataque
seja descoberto pelo inimigo, desencadear o ataque em momento inesperado,
partindo de uma direção que ofereça as melhores probabilidades de surpresa;
conduzir o ataque sem iluminação até ser descoberto, empregar armas brancas
(bestas, garrotes, etc.) para eliminar os elementos de segurança do inimigo e evitar
o estabelecimento de rotina de procedimentos, de modo a não revelar,
prematuramente, a intenção de realizar o ataque;
- o apoio de fogo será planejado e controlado como nos ataques diurnos,
consideradas as dificuldades de ajustagem dos tiros, em virtude das condições de
iluminação e dos equipamentos disponíveis. Normalmente não será desencadeado o
apoio de fogo em ataque não iluminado até que o inimigo perceba a ação. Fogos a
pedido serão desencadeados após a perda da surpresa;
- os guias conduzirão a tropa desde as ZReu até as proximidades dos Obj, seguindo
por passagens e itinerários previamente demarcados;
- a formação adotada pela fração deverá facilitar a coordenação e o controle pelo
comandante, permitindo contato visual entre seus integrantes;

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- os comandantes seguem à frente das suas frações para assegurar a impulsão do


movimento, sendo a velocidade de progressão função do terreno e da condição de
iluminação do ataque;
- o escalão de ataque progredirá com cautela e em silêncio, com elementos de
segurança à frente e nos flancos eliminando os elementos inimigos, até ser
descoberto, quando, então, terá início os fogos de preparação e a iluminação do
Obj;
- uma cuidadosa avaliação da reação inimiga quanto à perda da surpresa ou não
deverá ser considerada. Tiros isolados e mesmo um choque entre patrulhas deverão
ser ponderados para não precipitar o assalto ao objetivo;
- inspecionar minuciosamente e com antecedência homens e equipamentos para que
não haja quebra da disciplina de luzes e ruídos;
- o assalto deverá ser iniciado mediante ordem e a tropa o executará agressivamente,
empregando fogo, movimento e o combate aproximado, emitindo ruídos para
desmoralizar o inimigo. É importante desencadear grande volume de fogos para
obter superioridade de fogos sobre o inimigo, sendo largamente empregada a
munição traçante para auxiliar na ajustagem dos tiros;
- deverão ser previstas medidas e meios simples para permitir a identificação de cada
combatente da tropa atacante, bem como facilitar o contato visual durante a
progressão e ações subseqüentes. As medidas mais usadas incluem as senhas e
contra-senhas e o uso de braçadeiras e fitas (brancas ou luminosas). Fitas, fios,
bastões, etc., luminosos ou não, poderão ser utilizados para demarcar o itinerário a
ser utilizado nos deslocamentos. Deve ser considerado que quanto mais material
luminoso for usado, maiores as possibilidades de quebra do sigilo; e
- devem ser adotadas medidas de camuflagem individual e dos equipamentos.
7.9.2 - Procedimentos para execução das operações defensivas sob condições de
visibilidade reduzida
Embora o inimigo possa atacar durante períodos em que a visibilidade é reduzida,
seja a noite, empregando fumígenos, sob nevoeiro, chuva forte, etc., as pequenas
frações deverão estar aptas a realizar a defesa de suas posições sob estas condições;
portanto, os procedimentos abaixo devem ser observados nas operações defensivas:
- prever tiros ajustados e amarrados de suas posições, pois a noite a busca de alvos é

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dificultada, as distâncias de engajamento são reduzidas e o tempo gasto para


realizar um tiro eficaz é maior. Por isso, os comandantes deverão determinar a
amarração dos setores de tiro de suas frações por meio de estacas de pontaria;
- reajustar o dispositivo dos elementos em primeiro escalão imediatamente após a
mudança das condições de visibilidade, diminuindo os intervalos entre as frações,
pois a visibilidade reduzida favorece à infiltração, emboscadas e incursões;
- os elementos de segurança deverão informar a progressão do inimigo e orientar a
iluminação e os fogos de apoio. Eles retrairão antes de engajar em combate
aproximado;
- a iluminação deve ser largamente usada para expor o inimigo a medida que ele se
aproxima dos elementos em primeiro escalão;
- os fogos serão executados mediante ordem, sobre alvos visíveis, evitando, assim,
tiros indiscriminados que resultariam em gastos desnecessários de munição e
revelação prematura da posição;
- as armas automáticas atirarão em suas direções principais de tiro e os demais
integrantes das ET atirarão em seus setores, cobrindo os intervalos que não sejam
batidos pelas armas automáticas;
- manter-se-á a disciplina de luzes e ruídos;
- utilizar-se-á, sempre que possível, os equipamentos de visão noturna para
minimizar as condições de visibilidade reduzida pela escuridão;
- qualquer movimento para fora das posições defensivas deverá ser evitado, só o
fazendo mediante ordem;
- os postos de vigilância deverão retrair para os postos de escuta mais próximos às
posições defensivas, durante os períodos de visibilidade reduzida, devendo ser
mantido o patrulhamento agressivo à frente da posição; e
- os planos de iluminação, incluindo a previsão para emprego de equipamentos de
visão noturna, devem ser integrados no planejamento.
A tropa na defensiva é mais afetada física e psicologicamente pela escuridão do que o
atacante. Assim, além de adestrar seus combatentes, o comandante deve incutir-lhes
confiança, estabelecer turnos de revezamento atividade/descanso e procurar mostrar-
lhes que a visibilidade reduzida bem explorada pode ser também de boa valia para a
defesa.

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7.10 - EQUIPAMENTOS DE VISÃO NOTURNA


7.10.1 - Destinação
Os equipamentos de visão noturna têm as seguintes destinações:
- aumento da capacidade de observação noturna;
- aumento da eficácia dos tiros com pontaria direta; e
- subsidiariamente, a designação de alvos a noite.
7.10.2 - Finalidades
Os equipamentos de visão noturna podem ser empregados:
- na execução de tarefas específicas de pequenas frações (GC e ET) no ataque
noturno;
- em atividades especiais (infiltração, incursão, retomada, resgate, etc.)
- na execução dos tiros por peritos atiradores;
- na vigilância dos setores defensivos; e
- na leitura de cartas.
7.10.3 - Manutenção e manuseio
Precauções que devem ser tomadas quando da utilização dos equipamentos de visão
noturna:
- não utilizar os equipamentos durante o dia;
- os equipamentos não devem ficar expostos ao sol, pois, mesmos desligados, a
película de tela poderá se queimar por causa dos raios solares;
- após o uso do equipamento, desligá-lo e retirar as baterias;
- para a limpeza das lentes é necessário usar escovinhas e papel apropriados;
- guardar o equipamento em estojo próprio, protegendo-o da umidade;
- evitar colocar as lentes na direção do vento para impedir que a poeira e a areia
danifiquem ou arranhem as lentes;
- secar bem todas as partes do equipamento depois de ficarem expostas à chuva ou
umidade excessiva; e
- depois de expostos à água salgada, limpar todos os componentes com água doce e
secar bem todas as partes atingidas.

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

CAPITULO 8
PATRULHAS
8.1 - GENERALIDADES
Uma patrulha é um destacamento de forças terrestres despachado na direção do inimigo
por uma unidade maior, com a finalidade de obter dados sobre o inimigo e/ou terreno,
prover segurança, causar destruição ou inquietação, resgatar ou capturar de pessoal e/ou
equipamento
Dependendo do seu tipo, da missão a ser cumprida e da distância em que irá atuar da
unidade que a enviou, a patrulha pode ter um efetivo de no mínimo quatro elementos.
As ações das patrulhas dependem da engenhosidade de quem as emprega, do grau de
instrução, do nível de adestramento e da agressividade de seus componentes.
8.1.1 - Definição
Patrulha é uma organização por tarefas constituída por militares de uma ou mais
frações, com a finalidade de cumprir tarefas de reconhecimento, de combate ou uma
combinação de ambas.
8.1.2 – Classificação das patrulhas
a) Quanto ao tipo de missão
I) Patrulha de combate
Visa prover segurança a tropas amigas, inquietar o inimigo, ocupar ou destruir
instalações inimigas, e capturar pessoal e equipamentos. Visa, ainda,
subsidiariamente, obter conhecimentos.

PATRULHA
DE
COMBATE

EscCmdo EscSeg EscApF EscAss

Fig 8.1 - Exemplo de patrulha de combate

II) Patrulha de reconhecimento


Visa obter dados sobre o terreno e o inimigo ou confirmar a veracidade daqueles
previamente recebidos. Devendo ser executada com um efetivo reduzido, tem
como características principais a reportagem imediata dos dados obtidos e a

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

manutenção do sigilo durante toda a operação.

PATRULHA
DE
RECONHECIMENTO

EscCmdo EscRecon EscSeg

Fig 8.2 - Exemplo de patrulha de reconhecimento

b) Quanto ao tempo de duração


I) Curto alcance
Atuam por um período de tempo reduzido (até 72h), na área de ação da Unidade
que as lançou, podendo receber desta Unidade o necessário apoio de fogo.
II) Longo alcance
Atuam por um período de tempo superior a 72 horas, na área de ação ou de
Interesse da Unidade que as lançou, recebendo desta apenas apoio de fogo
aéreo.
8.2 - ORGANIZAÇÃO
O comandante da patrulha a organiza com base nas tarefas a serem cumpridas.
Basicamente uma patrulha se constitui de escalões e estes, de um ou mais grupos , os
quais poderão ter uma ou mais equipes.
Os escalões podem ser divididos em:
- Escalão de Comando –É comum a todos os tipos de patrulha, sendo normalmente
constituído pelo comandante da patrulha, seu subcomandante, rádio operador, guia,
intérprete, mateiro, ou qualquer outro elemento especializado. Recebe tarefas associadas
ao controle da patrulha.
- Escalão de Segurança - comum a todos os tipos de patrulha. É responsável pela
segurança da patrulha durante os deslocamentos, por ocasião dos estacionamentos e na
área do objetivo. Na ação do objetivo, é responsável por impedir a saída das forças
inimigas e a entrada de seus reforços. O número dos grupos de segurança é uma unidade
a mais que o das vias de acesso.
- Escalão de Assalto - Sua ativação só se justifica em patrulhas de combate sendo,
portanto, o escalão característico deste tipo de patrulha. Recebe tarefas de destruição ou

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

de engajar fisicamente o inimigo devendo dispor de forte poder de fogo para lhe
proporcionar superioridade durante o assalto, quando são necessárias ações rápidas e
violentas.
- Escalão de Reconhecimento - Recebendo tarefas específicas de reconhecimento, este
escalão só é ativado neste tipo de patrulhas.
- Escalão de Apoio de Fogo - Sua ativação só se justifica em patrulhas de combate.
Provê o apoio de fogo orgânico à patrulha. Pode ser um grupo do escalão de assalto,
desde que o apoio de fogo seja pequeno e o comandante do escalão de assalto controle
as armas de apoio. Quando o emprego das armas deste escalão não puder ser controlado
diretamente pelo seu comandante, serão organizados dois ou mais grupos de apoio de
fogo. Isto ocorrerá quando houver grande quantidade de armas de apoio de fogo ou
quando estas ocuparem posições muito afastadas.
8.3 - FUNÇÕES INDIVIDUAIS EM UMA PATRULHA
São oito as funções individuais básicas de uma patrulha, a saber: comandante,
subcomandante, homem-ponta, homem-carta, homem-passo, homem-bússola, rádio-
operador e gerente. Toda patrulha deve possuir entre seus componentes elementos que
executem cada uma das oito funções básicas. Em uma patrulha de grande efetivo as
tarefas básicas podem ser executadas por mais de um elemento. Numa de pequeno
efetivo, podem ser atribuídas duas ou mais destas tarefas a um único elemento.
8.3.1 - Funções básicas
a) Comandante
É o responsável pelo desempenho geral da patrulha planejando, organizando-a e
controlando-a.
b) Subcomandante
Auxilia diretamente o comandante da patrulha e o substitui no seu impedimento,
sendo o principal supervisor das atividades da patrulha. É responsável pelos
ensaios, pelas inspeções de pessoal e material. Deverá se certificar de que todos os
elementos da patrulha tiveram o perfeito entendimento da missão.
c) Homem Ponta
Pode ser de vanguarda ou retaguarda, proporcionando segurança à frente ou a
retaguarda da patrulha durante o movimento. Alerta a patrulha quanto à presença
de inimigo ou quando da aproximação de uma área perigosa. Deve estar
familiarizado com o itinerário para que possa manter a direção de deslocamento.

OSTENSIVO - 8-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Não deverá acumular esta com nenhuma outra função básica.


d) Homem Carta
Assessora o comandante no tocante à navegação, orientando o deslocamento da
patrulha e conservando-a no itinerário estabelecido.
e) Homem Passo
Auxilia o homem carta na navegação por meio da verificação da distância
percorrida.
f) Homem-bússola
É responsável pelo azimute correto utilizado pela patrulha, que é fornecido pelo
Homem-carta. É muito utilizado nos deslocamentos por embarcações, em
ambientes com visibilidade reduzida ou em ambiente de selva.
g) Rádio Operador
Opera o rádio, transmitindo e recebendo mensagens.
h) Gerente
Suas atribuições se restringem à fase dos preparativos: receber, conferir e
distribuir os equipamentos, armamentos e munição necessários. Após essa fase
inicial, o gerente será empregado normalmente na patrulha com outra tarefa
qualquer.
8.3.2 - Outras funções
a) Desenhista/Fotógrafo
Confecciona croquis e fotografa os alvos do reconhecimento, bem como tudo o
que for julgado importante durante o movimento.
b) Enfermeiro
É o responsável por prestar os primeiros socorros às baixas e evacuar os feridos.
Deve conduzir quantidade extra de suprimentos de saúde.
c) 2o Rádio Operador
Conduz e opera um segundo ou terceiro equipamento rádio, quando mais de uma
rede tiver que ser guarnecida.
d) 2o Homem Passo
Executa a mesma tarefa do homem passo. Quando empregado, será realizada a
média da contagem de passos de ambos. Uma patrulha deve possuir
preferencialmente dois homens-passo.

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

e) Anotador
Relaciona os fatos ocorridos e as atividades desenvolvidas durante a patrulha, tais
como: partida, cruzamento das linhas amigas, regiões perigosas, presença inimiga,
dados obtidos na área do objetivo, etc. Auxilia o Comandante no relatório final.
8.3.3 - Tarefas e responsabilidades comuns a todos os componentes da patrulha
Dentre estas podemos listar: conduta individual, disciplina de luzes e de ruídos,
segurança pessoal e do grupo, segurança a toda volta, observação e relato de
qualquer atividade inimiga e manutenção do seu próprio equipamento e armamento.
8.4 - PREPARATIVOS
8.4.1 - Recebimento da missão
Nesta ocasião são fornecidos ao Comandante da patrulha, além da missão, todos os
dados relevantes necessários, tais como: localização e atividades das forças inimigas,
localização das tropas amigas, condições meteorológicas, dados sobre o terreno,
data-hora de partida e regresso, método a ser utilizado para reportar informações,
senhas e contra-senhas, locais a serem evitados e conhecimentos de interesse do
escalão superior.
8.4.2 - Normas de comando
Constituem-se nos passos a serem seguidos pelo comandante no planejamento e
execução da patrulha, desde o recebimento da missão até o regresso da mesma. As
atividades compreendidas nestas normas estão explicitadas no Anexo H.
1. Estudo Sucinto da Missão
2. Planejamento da Utilização do tempo
3. Planejamento Preliminar
4. Emissão da Ordem Preparatória
5. Planejamento Detalhado
6. Emissão da Ordem de Operação
7. Inspeção Inicial
8. Ensaio
9. Briefing
10. Reajustes
11. Inspeção Final

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8.5 - EXECUÇÃO DA PATRULHA


8.5.1 - Formações da Patrulha
Pode-se adotar diferentes formações para a patrulha, conforme a situação e segundo
os seguintes fatores: necessidade de controle, velocidade de deslocamento necessária,
possibilidade de contato, sigilo, segurança, situação do inimigo, ações a desencadear,
o emprego do poder de fogo, terreno, visibilidade, condições meteorológicas. As
formações mais comuns são: coluna, linha, “v” e cunha. (Ver o Anexo H)
8.5.2 - Técnicas de movimento
São procedimentos utilizados pelos patrulheiros para se deslocarem com o devido
sigilo e a devida velocidade associados ao necessária segurança, indispensáveis ao
cumprimento da missão. Tais técnicas são adotadas de acordo com a situação, com a
possibilidade de contato com o inimigo, segundo as condições de visibilidade e as
limitações do terreno. São classificadas em: movimento contínuo, movimento
contínuo em dois escalões e movimento por lances, podendo este ser classificado em
movimento por lances alternados ou por lances sucessivos. (Ver o anexo H).
8.5.3 - Medidas de controle de movimento
Consistem no planejamento na carta, para reconhecimento e posterior confirmação
ou não no terreno, de locais destinados à reunião e reorganização da patrulha. Tais
locais, denominados pontos de reunião, são escolhidos no interior das linhas amigas,
ao longo do itinerário e nas proximidades do objetivo, exigindo a observância de
determinados requisitos para sua escolha, procedimentos específicos para sua
assunção e com ações a serem desencadeadas durante sua ocupação.
8.5.4 - Saída das linhas amigas
As áreas à frente das posições amigas, por se encontram possivelmente sob vigilância
e patrulhamento do inimigo, devem ser consideradas regiões perigosas. Por isso, o
movimento de nossas patrulhas à frente das unidades amigas deve ser coordenado e
controlado de forma a evitar incidentes. A saída de uma patrulha em missão
deixando as linhas amigas, bem como sua entrada nas linhas amigas, quando de seu
regresso após cumprimento de missão, exigem uma série de medidas de coordenação
e controle, tais como: estabelecimento de pontos de reunião, adoção de medidas
especiais de segurança, troca de informações, convencionar sinais de
reconhecimento, troca de guias, estabelecimento de locais, horários e itinerários para
saída e entrada (Ver o Anexo H).

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

8.5.5 - Medidas de controle da patrulha


O sucesso no cumprimento da missão de uma patrulha depende, em grande parte, do
controle que seu comandante exerce sobre seus integrantes. O comandante necessita
controlar a direção, a velocidade, o deslocamento, os altos e as reações da patrulha
em caso de contato com o inimigo e as ações na área do objetivo.
a) Controle pela voz e outros sinais sonoros
Ordens verbais devem ser emitidas em tom de voz baixo, no entanto, podem ser
transmitidas a viva voz no caso de emergência ou em contato com o inimigo.
Sinais sonoros imitando aves ou outros animais devem ser evitados. O rádio é um
excelente meio de controle, especialmente em patrulhas com grandes efetivos.
b) Contagem de pessoal
A contagem de pessoal deve ser realizada nas seguintes ocasiões:
- após a passagem por linhas amigas;
- após cruzar áreas perigosas;
- após o contato com o inimigo;
- a cada reinicio de deslocamento; e
- quando determinado pelo comandante.
c) Sinais e gestos convencionados
Os sinais e gestos convencionados com a arma e com as mãos devem ser
utilizados sempre que possível, principalmente quando o silêncio for
imprescindível. Para efetivamente auxiliar no controle, os sinais e gestos
necessitam ser compreendidos por todos os componentes da patrulha.
Adestramento e ensaios garantem esta compreensão.
8.5.6 - Navegação
O comandante patrulha é o responsável pela navegação, entretanto, normalmente,
essa tarefa é atribuída ao homem carta. Devem ser designados pelo menos dois
homens passo, os quais devem estar separados na formação, de modo a não se
influenciarem mutuamente. O comandante da patrulha considera, então, a média das
distâncias fornecidas por ambos.
O itinerário deve ser dividido em pernadas e cada pernada deve iniciar em um ponto
facilmente identificável no terreno. Os homens passo iniciam a contagem dos passos
no início de cada pernada. Isto facilita a contagem da distância e proporciona ao
comandante da patrulha a verificação periódica de seu deslocamento.

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Deve haver também um homem-bússola, principalmente para ambiente de selva, ou


deslocamento noturno. O Homem Carta deverá confeccionar um quadro de
navegação, onde irá inserir pontos de controle, preferencialmente visíveis no terreno.
8.5.7 - Segurança
A segurança impõe à patrulha dispersão no terreno, utilização de cobertas e abrigos,
disciplina de luzes e sons, manutenção do contato entre os patrulheiros adjacentes na
formação. Numa patrulha, a segurança (individual e coletiva) deverá ser preservada
em todas as ocasiões, em todas as direções (vanguarda, retaguarda e flancos).
a) Conduta na Patrulha
Os patrulheiros atuam no mínimo em dupla. Quando em deslocamento, cada
patrulheiro deverá ter atenção à sua silhueta, especialmente em terreno elevado,
aproveitar ao máximo as cobertas e abrigos disponíveis, manter um passo regular,
evitar, sempre que possível, áreas perigosas, lanços longos e corridas, locais com
suspeita ou confirmação de presença inimiga, bem como áreas construídas. Em
patrulhas noturnas, os patrulheiros devem ser mantidos próximos uns aos outros.
O silêncio no deslocamento torna-se mais importante ainda, já que a noite o
campo de batalha é, comparativamente com o dia, mais silencioso, e os sons
projetam-se a uma distância maior. A velocidade de deslocamento é menor que
nas patrulhas diurnas, e o controle sobre os elementos da patrulha precisa ser
aumentado.
Durante os altos, os seguintes princípios de segurança devem ser observados:
I) todo alto deve ser realizado em áreas que proporcionem boas cobertas e abrigos;
II) devem ser evitados os movimentos desnecessários durante os altos;
III) o perímetro deve ser automaticamente reajustado, se a segurança a toda volta
não estiver adequada; e
IV) as armas automáticas deverão ser posicionadas preferencialmente de forma a
cobrir os acessos mais favoráveis ao local.
b) Alto de Segurança
É ordenado para que a ponta possa observar rapidamente algo à frente, ou para
uma verificação rápida da navegação. Cada elemento procura cobertas e abrigos,
ajoelha-se e, sem retirar equipamento e nem desfazer a formação, mantém a
segurança em seu setor de responsabilidade.

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

c) Alto Guardado
É o alto que o comandante ordena ocasionalmente à patrulha, para que seja
observada uma determinada atividade inimiga ou executadas outras atividades que
não possam ser realizadas em movimento, tais como: reconhecimento de área
perigosa; confirmação da navegação; estabelecimento de comunicação rádio; ou,
ainda, permitir a alimentação. Ao ser determinado um alto guardado de pequena
duração, os componentes da patrulha procuram um local coberto onde possam
parar com segurança, normalmente na posição de joelhos, e assumem um
dispositivo que lhes permita observar e atirar à frente, à retaguarda e na direção
dos flancos, em seus respectivos setores. Nos grandes altos, o perímetro ocupado
deverá permitir o contato físico entre os componentes da patrulha. No caso de
haver necessidade de remoção da mochila, esta deverá ser removida homem a
homem, ou aos pares, e colocada em frente ao corpo, em posição tal que possa ser
rapidamente recolocada.
8.5.8 - Regiões perigosas.
Região perigosa é qualquer local no qual a patrulha fica vulnerável à observação ou
ao fogo inimigo. Podem ser áreas ou linhas perigosas, as áreas descampadas,
clareiras, trilhas, estradas, cursos d'água, lagos, praias e obstáculos artificiais (redes
de arame farpado, campos minados e áreas armadilhadas), bem como qualquer
posição inimiga suspeita ou confirmada, próxima à qual a patrulha precise transitar.
a) Tipos de linhas e áreas perigosas
As regiões perigosas são classificadas em linha perigosa, área perigosa de
pequena dimensão e área perigosa de grande dimensão.
I) Linha perigosa
É melhor caracterizada por estradas e trilhas. Ambos os flancos da patrulha
estão expostos aos de tiros do inimigo ao cruzar estas linhas. As linhas
perigosas podem estar em seqüência, caracterizadas pelas posições defensivas
do inimigo, tais como postos avançados ou trincheiras.
II) Área perigosa de pequena dimensão
Área cuja travessia expõe somente parcela da patrulha aos fogos inimigos,
como por exemplo, uma pequena clareira.
III) Área perigosa de grande dimensão
Área cuja travessia expõe toda a patrulha aos fogos inimigos, como, por

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

exemplo, uma região descampada.


A transposição de áreas perigosas exige a aplicação de técnicas e
procedimentos especiais (Ver o Anexo H).
8.5.9 - Ações imediatas em contato com o inimigo
a) Contato com o inimigo
Uma patrulha pode estabelecer contato com o inimigo de forma inesperada.
Quando a patrulha observa o inimigo, mas não é detectada, o seu comandante
pode decidir por engajar ou evitar o engajamento, baseando sua decisão na missão
da patrulha e na capacidade de obter sucesso no engajamento.
Quando a missão de uma patrulha não comportar o engajamento, as suas ações
serão de natureza defensiva. O engajamento, se inevitável, é rompido o mais
rápido possível e a patrulha, se ainda for capaz, prossegue para o cumprimento de
sua missão.
Quando a missão recomendar que a patrulha explore oportunidades de contato
(como no caso de uma patrulha de combate), as suas ações serão de natureza
ofensiva, bem como decisivas e imediatas.
Sob fogo eficaz do inimigo, o comandante da patrulha possui muito pouco ou
nenhum tempo para avaliar a situação adequadamente e disseminar ordens. Nessas
situações, as técnicas de ação imediata propiciam uma rápida reação de natureza
ofensiva ou defensiva, conforme for o caso.
b) Técnicas de ação imediata (TAI)
As TAI têm por finalidade proporcionar uma rápida e eficaz reação, no caso de
contato visual ou físico com o inimigo. Elas consistem em uma seqüência de
ações com as quais todos os combatentes devem estar bem familiarizados e
treinados, para que, com um mínimo de comandos e/ou gestos, a patrulha, como
um todo, inicie sua execução.
São três os princípios que norteiam as TAI: simplicidade, velocidade e
agressividade (ver o Anexo H).
8.6 - PATRULHAS DE RECONHECIMENTO
8.6.1 - Generalidades
As patrulhas de reconhecimento são um dos meios mais confiáveis para se obter
informações precisas e oportunas sobre o terreno e o inimigo em auxílio à tomada de
decisão. As patrulhas de reconhecimento só engajam o inimigo quando necessário ao

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

cumprimento de sua missão ou por auto-proteção. Geralmente evitam o combate e


cumprem sua missão com a máxima discrição. Uma patrulha de reconhecimento é
capaz de conduzir uma busca de conhecimentos em uma área ocupada por forças
inimigas, normalmente além da visão dos postos de observação (PO).
8.6.2 - Tarefas típicas de reconhecimento
Normalmente, as tarefas das patrulhas de reconhecimento relacionam-se com a
obtenção de conhecimentos sobre:
a) Forças inimigas:
- localização de forças inimigas, suas instalações e equipamentos;
- identificação da unidade inimiga e dos seus equipamentos;
- valor das forças inimigas;
- dispositivo das forças inimigas;
- movimentação de pessoal e equipamentos inimigos;
- identificação de novos armamento ou armas especiais;
- presença de mecanizados/blindados; e
- atividade inimiga incomum.
b) Reconhecimento de obstáculos
c) Reconhecimento de áreas contaminadas por armas QBN
d) Reconhecimento de campos de minas inimigos
e) Reconhecimento do terreno (pontes, rios, estradas)
8.6.3 - Tipos de reconhecimento
O reconhecimento pode ser de ponto e de área:
a) Reconhecimento de ponto
Quando a busca ocorre sobre um local específico ou uma pequena área. A
patrulha pode obter esses conhecimentos pelo reconhecimento ou pela vigilância
do local.
b) Reconhecimento de área
Quando a busca de conhecimentos ocorre em uma grande área ou em
determinados locais de uma área extensa. A patrulha obtém esses conhecimentos
pelo reconhecimento propriamente dito da área, mantendo a vigilância sobre esta
ou pelo reconhecimento de uma série de locais dentro dessa área.
8.6.4 - Organização
A segurança de uma patrulha de reconhecimento deve ser organizada para cobrir as

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

prováveis VA para o objetivo, de forma a proteger as equipes que estão conduzindo o


reconhecimento e, também, para assegurar o PRO. A variedade de organizações das
patrulhas de reconhecimento ressalta a flexibilidade que o comandante da patrulha
possui para atender às necessidades da missão.
8.6.5 - Equipamentos
Os integrantes da patrulha são armados e equipados conforme o necessário para
cumprir a missão. A arma automática proporciona um grau adequado de sustentação
do poder de fogo no caso de contato com o inimigo. Sempre que possível, a patrulha
deve transportar ao menos dois binóculos, dois alicates de aramado, duas cartas, duas
bússolas e dois relógios. Devem ser utilizados equipamentos de visão noturna, bem
como material para anotação e confecção de croquis, caderno de mensagens e papel
para calco.
8.7 - PATRULHAS DE COMBATE
8.7.1 - Generalidades
As patrulhas de combate normalmente precisam engajar efetivamente o inimigo.
Entretanto, não importando qual a sua missão específica, toda a patrulha deve, como
tarefa secundária, buscar informações sobre o inimigo e o terreno.
As patrulhas de combate normalmente atuam da seguinte forma:
- infligindo danos ao inimigo;
- estabelecendo e/ou mantendo contato com as forças amigas e inimigas;
- negando ao inimigo o acesso a acidentes capitais; e
- sondando posições inimigas para determinar a natureza e a extensão da presença
inimiga.
8.7.2 - Tipos de patrulha de combate e suas tarefas típicas
a) Patrulha de incursão
Destruir instalações e capturar ou resgatar pessoal.
b) Patrulha de contato
Estabelecer e/ou manter contato com forças amigas.
c) Patrulha de economia de força
Conduzir ações do tipo ocupar e manter temporariamente acidentes capitais para
permitir que um máximo de forças possa ser empregado em outro local.
d) Patrulha de emboscada
Efetuar emboscadas contra patrulhas inimigas, bem como contra colunas e

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

comboios de abastecimento (ver o a Anexo H).


e) Patrulha de Segurança
Detectar infiltrações do inimigo e proteger contra ataques de surpresa e
emboscadas.
8.7.3 - Organização por tarefas
Como no caso das patrulhas de reconhecimento, a organização por tarefas de uma
patrulha de combate depende da missão. Se alguma habilidade especial é necessária à
execução de uma tarefa específica, um especialista (atirador de elite, engenheiro)
poderá ser integrado à patrulha.
8.7.4 - Equipamentos
As patrulhas de combate são armadas e equipadas, conforme necessário, de acordo
com a missão. As patrulhas de combate transportam, ainda, elevada quantidade de
armas automáticas e munição e não devem estar sobrecarregadas com equipamentos
que dificultem o deslocamento ou o cumprimento da missão.
8.7.5 - Patrulha de contato
a) Generalidades
Patrulhas de contato estabelecem e/ou mantêm contato com forças amigas ou
inimigas em pontos de contato designados, ou quando a exata localização da força
não é conhecida.
b) Organização por tarefas e equipamento
Patrulhas de contato operam entre forças amigas adjacentes, fazendo contato em
pontos designados. São normalmente de pequeno efetivo e relativamente leves em
termos de armamento. Uma patrulha enviada para estabelecer contato com uma
força inimiga é organizada, armada e equipada para sobrepujar a resistência de
forças leves de cobertura, a fim de obter o contato com a força principal do
inimigo. Não é organizada e equipada para engajar as forças principais do inimigo
em combate.
c) Ações no objetivo
O comandante da patrulha seleciona uma série de acidentes do terreno aonde ele
pretende estabelecer o contato. Uma vez alcançado um desses acidentes, é
iniciado um conjunto de ações a fim de estabelecer e manter contato com o
inimigo. Seus planos e ações são guiados pelas suas tarefas de estabelecer ou
manter contato, e não de engajar em combate decisivo. O contato com o inimigo é

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

mantido por meio da vigilância, pela manutenção da pressão sobre suas unidades,
desgastando-o moralmente e privando-o, quando possível, da tomada da
iniciativa.
8.7.6 - Patrulha de segurança
a) Generalidades
São utilizadas próximas a posições defensivas, nos flancos das tropas em
deslocamento ou na retaguarda das linhas amigas. A principal tarefa das patrulhas
de segurança é detectar infiltrações inimigas e destruí-las, de forma a proteger as
tropas amigas contra ataques de surpresa e emboscadas.
Todos os combatentes, não só os das unidades de infantaria, devem saber como
conduzir uma patrulha de segurança. Em uma situação normal de ofensiva, as
tropas de infantaria lançam patrulhas de segurança para cobrir suas forças durante
os deslocamentos e altos. Quando na defensiva, são utilizadas para prevenir
infiltrações inimigas, detectar e eliminar os elementos que tentam se infiltrar e
prevenir contra ataques de surpresa.
b) Técnicas de patrulhamento
I) Em áreas de retaguarda, deve ser estabelecido um padrão irregular de
patrulhamento a ser alterado diariamente.
II) Fora das linhas amigas é prudente estabelecer um itinerário definido, que deve
ser de conhecimento das tropas adjacentes.
III) Para facilitar o controle, o comandante que envia a patrulha pode estabelecer
sucessivos pontos de controle no itinerário. O comandante da patrulha deve,
então, ao alcançar cada um, participar a situação ao escalão superior.
IV) A patrulha deve possuir um planejamento bem definido sobre o que fazer caso
seja estabelecido contato com o inimigo, como romper o contato, como
defender-se e como solicitar apoio de fogo. É imperativo que toda a patrulha
saiba como proceder, para onde ir, caso seja dispersada, e como ser extraída.
8.8 - INFORMAÇÕES E RELATÓRIOS
8.8.1 - Generalidades
É necessário que todos os comandantes de patrulha e seus integrantes sejam
adestrados em observar e reportar as suas observações com precisão. O comandante
de uma patrulha deve receber imediatamente de seus integrantes, por meio de sinais
ou relatório, qualquer informação obtida. Esses relatórios não devem se restringir a

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informações apenas sobre o inimigo, mas também sobre o terreno, como novas
estradas encontradas, trilhas, alagadiços e córregos. O comandante da patrulha
consolida todas as informações obtidas em seu relatório para o oficial que enviou a
patrulha.
8.8.2 - Seleção dos meios de transmissão dos conhecimentos
O comandante que determina o envio de uma patrulha, orienta o comandante desta
sobre o envio de mensagens e sobre qual o meio de comunicações deve ser utilizado.
a) Mensagens verbais
Um comandante de patrulha ao enviar uma mensagem verbal, deve fazê-lo de
forma simples e concisa, evitando a utilização de nomes e números. Deve, ainda,
fazer com que o mensageiro repita a mensagem para ele com exatidão, antes de
partir.
b) Mensagens escritas
Ao preparar mensagens escritas, o comandante da patrulha deve distinguir entre o
que é conhecido sobre um fato e o que é a sua opinião. Informações sobre o
inimigo devem incluir: valor, armamento, equipamento, atividade, localização,
direção de deslocamento, unidade de origem se possível, data-hora da observação
e localização da patrulha por ocasião da observação. A utilização de um calco ou
croqui pode simplificar a mensagem.
c) Utilização de mensageiros
Se a mensagem for de grande importância e a patrulha estiver em território
inimigo, dois mensageiros, cada uma tomando um itinerário diferente, são
enviados para aumentar a possibilidade da mensagem chegar ao destinatário. Aos
mensageiros são fornecidas instruções detalhadas sobre aonde a mensagem deve
ser entregue e qual o itinerário a ser seguido. Qualquer informação que o
mensageiro obtiver ao longo do itinerário deve ser transmitida quando a
mensagem for entregue. Se estiver em risco de ser capturado, o mensageiro
destroe a mensagem imediatamente.
d) Utilização do rádio e de outros meios
Se a patrulha for provida de rádio, devem ser definidos horários para chamadas
antes da patrulha partir. O comandante da patrulha toma todas as precauções para
assegurar-se que freqüências, códigos e cópias de mensagens não serão capturados
pelo inimigo. No caso de um reconhecimento próximo às linhas inimigas, o rádio

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deve ser deixado em uma posição coberta, a uma distância segura do inimigo.
Quando um relatório for transmitido pelo rádio, a patrulha deve deixar o local
imediatamente para não permitir tempo hábil para reação por parte do inimigo, o
qual poderá empregar seus dispositivos de localização rádiogoniométrica.
Pirotécnicos (fachos, foguetes, fumígenos, etc.) e painéis de sinalização terra-
avião podem, também, ser utilizados pela patrulha para reportar informações
simples e concisas.
e) Modelo de relatório
As informações devem ser reportadas da forma mais rápida, precisa e completa
possível. Um método estabelecido para lembrar como e o que reportar sobre o
inimigo é a utilização das letras da palavra TALUDE: Tamanho, Atividade,
Localização, Unidade, Data-hora, e Equipamento
Um exemplo desse relatório é: sete militares inimigos, deslocando-se para
sudeste, atravessaram o cruzamento de estradas em CÓRREGO NEGRO, unidade
desconhecida, em 211300 agosto, portando uma metralhadora e uma munição AT-
4.
8.8.3 - Documentos capturados
Toda patrulha deve estar adestrada em revistar baixas inimigas, prisioneiros e
instalações para encontrar equipamentos, papéis, cartas, mensagens, ordens, diários e
códigos, após verificar cuidadosamente se não estão armadilhados. Esse material é
coletado pelo comandante da patrulha e entregue junto com o seu relatório. Os itens
encontrados são marcados com o local e a data-hora de captura. Quando possível, os
itens capturados devem ser relacionados a um prisioneiro específico, de quem o
material foi retirado ou encontrado próximo. Quando isso é feito, as etiquetas do
prisioneiro e do item devem ser marcadas de forma a evidenciar esse fato. O
comandante da patrulha deve fazer com que seus integrantes não retirem para si
documentos e equipamentos capturados a título de “souvenir”.
8.8.4 - Relatório da patrulha
Todo comandante de patrulha elabora um relatório por ocasião do regresso da
mesma. A não ser por ordem em contrário, o relatório é elaborado para a pessoa que
determinou sua execução. Se a situação permitir, o relatório é escrito e apoiado por
calcos e/ou croquis. O relatório do comandante da patrulha deve ser uma
consolidação de tudo o que, na sua avaliação, for de importância militar, e que foi

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observado ou encontrado pela patrulha durante a missão. Deve incluir as seguintes


informações:
- efetivo e composição da patrulha;
- tarefas (da missão);
- data-hora da partida;
- data-hora de regresso;
- itinerários de ida e volta (mostrados por croqui, azimutes ou traçados na carta);
- terreno (descrição geral, incluindo todo obstáculo natural ou artificial e acidentes
capitais);
- inimigo (TALUDE);
- quaisquer correções na carta;
- outras informações;
- resultados dos contatos com o inimigo;
- condições da patrulha, incluindo a situação de mortos e feridos; e
- conclusão e recomendações.
8.9 - CRÍTICA
Após a patrulha ter se alimentado e repousado, o comandante da patrulha deve conduzir
uma reunião de crítica, na qual devem ser feitas avaliações sobre como a missão foi
cumprida, seus erros e acertos. Essa é uma excelente oportunidade para preparar futuras
patrulhas, por meio da discussão das lições aprendidas como resultado da patrulha
executada.

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CAPÍTULO 9
MARCHAS E ESTACIONAMENTOS
9.1 - GENERALIDADES
As unidades em combate devem muitas vezes cumprir suas tarefas em locais distantes.
Portanto, o seu deslocamento far-se-á por meio de marcha, que poderá ser a pé ou
motorizada.
A marcha para ser eficaz deve chegar ao seu destino no tempo previsto e em condições
de cumprir a missão recebida. Com essa finalidade, deve-se observar: cuidadosa
preparação; espírito de corpo; escolha correta dos itinerários; disciplina de marcha;
moral; e vigor físico dos executantes.
Os seguintes termos e expressões são empregados nas marchas:
- Balizador, Balizamento – elemento ou sinal colocado em um ponto crítico, que visa
indicar uma direção, um procedimento ou um obstáculo;
- Coluna de marcha – é a tropa que se desloca pelo mesmo itinerário, realizando o
mesmo tipo de marcha, sob um comando único;
- Coluna dupla ou desdobramento de coluna – são colunas que se deslocam lado a
lado, na mesma direção, em um mesmo caminho, trilha ou estrada. A coluna de
marcha pode, ao chegar em determinada posição, desdobrar-se em coluna dupla;
- Controlador – elemento que colocado em determinados pontos críticos do itinerário
(cruzamentos, passagens de nível, etc.), visa evitar acidentes e facilitar o movimento;
- Densidade de trânsito - número de viaturas, em formação de marcha, por unidade
de comprimento de estrada (1 Km);
- Densidade mínima - número de viaturas, em formação de marcha, por unidade de
comprimento de estrada (1 Km), compatível com o tempo disponível para a
realização do movimento;
- Distância – é intervalo de espaço entre dois homens, duas frações, unidades,
viaturas, etc. Quando se trata de frações, a distância é medida entre a cauda da fração
da frente à testa da que se lhe segue. Chama-se também distância o espaço a
percorrer por uma coluna;
- Escoamento - tempo necessário para a coluna ou elemento desta passar por um
ponto determinado;
- Grupamento de marcha – São duas ou mais unidades de marcha colocadas sob um

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comando único e às quais se aplicam as mesmas instruções ou ordens.


- Guia - indivíduo que orienta e conduz uma unidade ou viatura em um determinado
itinerário ou no interior de uma localidade.
- Intervalo de marcha - distância entre duas unidades de um grupamento de marcha a
pé, contada da cauda de uma à testa da que se lhe segue; e
- Itinerário - caminho a ser percorrido por uma coluna ou fração dela.
9.2 - MARCHAS A PÉ
É a marcha da tropa a pé para o cumprimento de determinada missão, ou quando esta
se desloca de uma posição para outra, sem perder o seu poder de combate.
9.2.1 - Tipos de marchas a pé
São classificadas em: TÁTICAS OU PREPARATÓRIAS; e, de acordo com o
período de realização, em: DIURNAS OU NOTURNAS.
a) Táticas
São executadas sob condições de combate, quando há possibilidade de contato
com o inimigo. As medidas de segurança devem predominar sobre as
administrativas.
b) Preparatórias
Ocorrem quando a possibilidade de contato com o inimigo é remota. O principal
objetivo é executar o movimento com o mínimo de desgaste da tropa. São também
chamadas de Marchas Administrativas.
c) Organização
As unidades devem marchar conservando a sua organização tática. Em princípio,
o Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais (BtlInfFuzNav) (ou unidade
equivalente) constitui um grupamento de marcha, e suas subunidades as unidades
de marcha. Quando o terreno não permite que o comandante de subunidade
controle com eficiência sua tropa, o que ocorre geralmente nos terrenos
montanhosos e na selva, o Pelotão de Fuzileiros Navais (PelFuzNav) (ou fração
equivalente) pode constituir uma unidade de marcha. A coluna de marcha é
organizada pela passagem sucessiva de seus elementos orgânicos por um ponto
predeterminado, facilmente identificável, no início do itinerário. Este ponto,
chamado Ponto Inicial (PI), deve ficar, preferencialmente, em um local amplo
onde possam ser realizados os preparativos da marcha.

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9.2.2 - Formações
A formação geralmente adotada por uma tropa que marcha a pé é a coluna por dois,
uma de cada lado da estrada. Quando as circunstâncias e a própria estrada indicarem,
o comandante pode determinar outra formação (coluna por um ou por três),
estabelecendo quando necessário, o lado da estrada a ser utilizado (Fig 9.1).

É aconselhável que a tropa marche na contra mão das estradas, de frente para o fluxo
dos veículos, a fim de diminuir o risco de acidentes.
9.2.3 - Velocidade de marcha
A velocidade de marcha é a distância, em quilômetros, que uma tropa percorre em
uma hora, incluindo o alto. Em geral, nas marchas a pé, são consideradas, para fim de
planejamento, as seguintes velocidades médias:
De dia:
- 4 Km por hora em estrada; e
- 2,5 Km por hora através campo.
A noite:
- 3 Km por hora em estrada; e
- 1,5 Km por hora através campo.
9.2.4 - Regulador de marcha
O regulador de marcha desloca-se de 5 a 10 passos à frente da unidade de marcha.
Sua tarefa é observar a velocidade prescrita, mantendo um ritmo uniforme. Em
princípio, deve ser um militar de estatura média e com o passo aferido.

OSTENSIVO - 9-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

9.2.5 - Intervalos
Em uma marcha preparatória diurna, a distância normal entre os homens é de 1 metro
e entre as subunidades é de cerca de 50 metros (Fig 9-2). Nas marchas táticas, o
intervalo entre os homens deve aumentar para cerca de 4 metros para permitir que,
pela dispersão, a tropa possa se proteger dos tiros inimigos.
A noite as distâncias são reduzidas ao mínimo, normalmente à metade daquelas
utilizadas nos movimentos diurnos. A coluna por dois é a formação normal mas, em
terreno de difícil progressão, deve-se usar a formação em coluna por um.

Fig 9-2 - Distância entre as frações

9.2.6 - Altos nas marchas a pé


Os altos têm por finalidade proporcionar descanso para a tropa, reajuste do
equipamento e atendimento das necessidades fisiológicas.
Em condições normais, o primeiro alto é realizado 45 minutos após o início da
marcha, com a duração de 15 minutos. Outros altos se sucedem após cada 50 minutos
de marcha, com duração de 10 minutos. Estes altos denominam-se altos horários.
É importante estabelecer nos altos o serviço de sentinela, balizadores e retirar todo o
pessoal da estrada, para segurança e evitar acidentes. Utiliza-se também esse período
para disseminar ordens e recomendações.
9.2.7 - Duração das marchas
Somente em situações extraordinárias a tropa deve marchar a pé mais de 8 horas por
dia. Nesses casos os homens deverão ter aproximadamente 2 horas para almoço e
descanso e 6 horas para jantar e descanso. Essas paradas de maior duração são

OSTENSIVO - 9-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

denominadas grandes-altos.
9.2.8 - Disciplina de marcha
É o conjunto de regras e procedimentos que se aplicam às marchas. A disciplina de
marcha deve ser observada antes e durante a realização da marcha.
A disciplina de marcha compreende, entre outras, as seguintes regras:
a) Antes das marchas
- evitar atrasos;
- atestar os cantis;
- receber o armamento;
- cuidar meticulosamente dos pés;
- preparar os equipamentos prescritos;
- munir-se de muda de meias reserva; e
- verificar as condições de saúde dos subordinados, informando ao escalão
superior os que não poderão realizar a marcha.
b) Durante as marchas
- manter sua posição na coluna;
- despreocupar-se com o esforço dispendido na marcha;
- abandonar a formatura só quando autorizado;
- manter a distância, o intervalo e a velocidade de marcha; e
- observar as prescrições relativas ao consumo d`água e da ração.
c) Durante os altos
- permanecer nas imediações do local do alto;
- reajustar as meias, o calçado e o equipamento;
- observar as prescrições sobre o consumo d`água e ração;
- desequipar-se e procurar descansar o máximo possível, se possível apoiando os
pés para descongestioná-los;
- transmitir ordens e recomendações; e
- ocupar o seu lugar 1 minuto antes do reinício da marcha, do lado da estrada pelo
qual vinha marchando.
9.2.9 - O pé e sua proteção
Ao se iniciar uma marcha, deve-se preparar os pés, dispensando-lhes os seguintes
cuidados:

OSTENSIVO - 9-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- cortar corretamente as unhas;


- lavar os pés e enxugá-los bem, colocando polvilho anti-séptico entre os dedos;
- colocar meias limpas de tamanho apropriado e em perfeitas condições; e
- colocar um calçado ajustado.

Fig 9.4 - Unha do pé corretamente cortada

Caso venha a fazer bolhas nos pés, proceder como mostrado na figura a seguir.

Fig 9.5 - Tratamento de uma bolha d’água

9.2.10 - Recomendações gerais


a) Quanto à água
- a tropa deverá beber água suficiente antes do início da marcha;
- não é aconselhável bebê-la durante as 3 ou 4 primeiras horas de marcha;
- após o 1o alto-horário, deverá ser atentamente observada a prescrição
relacionada à quantidade de água autorizada para ser bebida; e

OSTENSIVO - 9-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- qualquer que sejam os limites impostos, a água deverá ser ingerida a razão de
poucos goles por vez, preferencialmente a cada alto.
b) Quanto à ração
- antes da marcha, a tropa deve fazer uma refeição quente e leve; e
- quando a tropa transportar ração fria, essa não deverá ser comida antes da
ocasião oportuna, normalmente em um alto-horário pré-estabelecido.
c) Quanto ao fardamento e equipamento
O fardamento deverá ser adequado ao clima da região e o equipamento bem
ajustado ao corpo, não devendo, normalmente, ultrapassar 22 Kg de peso.
9.3 - MARCHA MOTORIZADA
As marchas motorizadas, geralmente, são realizadas quando há necessidade de percorrer
grandes distâncias com grande quantidade de material.
9.3.1 - Organização de uma coluna motorizada
Cada grupamento ou unidade de marcha dispõe de um comando. Os elementos que
precedem a coluna constituem, geralmente, o Destacamento Precursor. Os
elementos que marcham na cauda da coluna são integrados na Turma de Inspeção.
9.3.2 - Destacamento precursor
O destacamento precursor tem por missão reconhecer, facilitar o trânsito e
desobstruir o itinerário de marcha, assim como preparar, repartir e guiar a tropa no
novo estacionamento. O destacamento precursor divide-se em: Grupo de Itinerário e
Grupo de Estacionamento.
a) Grupo de Itinerário
É responsável por reconhecer e facilitar o deslocamento da tropa ao longo do
itinerário. Abrange as turmas de reconhecimento e de trânsito.
I) Turma de Reconhecimento
É encarregada de obter dados sobre o itinerário a percorrer.
II) Turma de Trânsito
É encarregada de guiar e facilitar o deslocamento da coluna.
b) Grupo de Estacionamento
É responsável por reconhecer as possíveis áreas de estacionamento e, uma vez
escolhida, propor a sua repartição, além de preparar as instalações para descarga e
estacionamento das viaturas, antes da chegada da coluna.

OSTENSIVO - 9-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

9.3.3 - Turma de inspeção


À turma de inspeção cabe inspecionar as áreas de estacionamento e os locais de alto,
após terem sido abandonados pelas unidades, a fim de corrigir deficiências
observadas, limpeza e danos causados às propriedades privadas e públicas.
Na estrada, essa turma marcha à retaguarda e recupera as viaturas que ficarem
avariadas.
9.3.4 - Formações na marcha motorizada
As marchas motorizadas podem obedecer as seguintes formações: coluna cerrada,
coluna aberta e infiltração.
a) Coluna cerrada
Nesta formação de marcha, a coluna é tão compacta quanto possível a fim de
reduzir, ao mínimo, sua duração de escoamento, ou seja, o tempo necessário para
a coluna passar por um ponto qualquer. Nela não é possível a dispersão como
proteção passiva contra a observação e o ataque do inimigo.
b) Coluna aberta
Nesta formação há um espaçamento maior entre as viaturas de modo a permitir
que o tráfego de viaturas estranhas escoe por entre o comboio. Também nesta
formação, procura-se conservar, em todas as velocidades, a distância entre as
viaturas.
O movimento em coluna aberta possibilita um melhor ajuste entre as necessidades
de escoamento de um trânsito mais intenso com o deslocamento do comboio.
c) Infiltração
Neste caso as viaturas são despachadas isoladamente ou em pequenos grupos
numa estrada devidamente balizada.
Este tipo de formação proporciona a melhor proteção passiva contra a observação
e o ataque inimigo. Porém, a duração do escoamento da coluna é maior que em
qualquer outro tipo de formação.
9.3.5 - Altos nas marchas motorizadas
Em deslocamentos com menos de 3 horas de duração não é necessário fazer altos,
exceto quando executado em condições difíceis de escoamento.
Em condições normais, o primeiro alto, com duração de 15 minutos, é realizado 1
hora após o início da marcha. Os demais altos têm a duração de 10 minutos, a cada 2

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

horas de marcha.
Durante os altos, os motoristas e seus auxiliares devem proceder a inspeção de suas
viaturas. Deve-se colocar balizadores e meios de sinalização à frente e à retaguarda
da coluna que se encontra estacionada. A tropa permanece fora da estrada, à direita
das viaturas, mantendo a estrada sempre livre.
9.3.6 - Alimentação da tropa
Em trajetos que durem 1 dia ou menos, as refeições são geralmente frias, fazendo-se,
no entanto, refeições quentes sempre que as circunstâncias permitirem.
Em marchas noturnas é recomendável servir café durante os altos.
9.4 - ESTACIONAMENTOS
9.4.1 - Tipos de estacionamento
A tropa, depois de empregada num combate ou após a realização de um deslocamento,
necessita de repouso para se recuperar fisicamente, alimentar-se melhor, reparar o
material, etc. A tropa pode estacionar de três maneiras diferentes: bivacada, acampada
e acantonada.
a) Bivaque
Uma tropa está bivacada quando estacionada sob árvores, abrigos naturais ou
improvisados, sem o emprego de barracas.
b) Acampamento
Uma tropa está acampada quando estacionada no campo em barracas de campanha.
c) Acantonamento
Uma tropa está acantonada quando estacionada no interior de casas ou edifícios
particulares. Sempre que a situação permitir, o acantonamento deve ser preferido
em comparação com os demais tipos de estacionamento, por permitir maior
conforto e comodidade à tropa.
9.4.2 - Procedimentos em um estacionamento
São inúmeros os requisitos exigidos para a manutenção da ordem e higiene nos
estacionamentos. Dentre eles, os mais importantes são os seguintes:
- tomar banho sempre que for possível;
- não se deitar ou sentar diretamente sobre o terreno úmido;
- não jogar restos de comida, nem lixo, em local que não seja designado para isso;
- preparar o lugar onde vai se deitar. Trocar a roupa molhada logo que chegar ao

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

estacionamento;
- cavar a vala de escoamento em torno da barraca (dreno) logo que estiver armada,
mesmo que o acampamento seja só por uma noite. Se não se tomar essa
providência, uma chuva, fraca que seja, pode perturbar uma noite de descanso;
- satisfazer suas necessidades fisiológicas exclusivamente nas latrinas ou instalações
sanitárias existentes no estacionamento, comumente conhecidas como “piano”; e
- não beber água de uma fonte, poço ou torneira antes que a mesma seja julgada em
condições de consumo por um oficial médico ou antes que um aviso tenha sido
colocado nesse sentido. A água para beber é fornecida purificada, em recipientes
higienizados, conhecidos por “saco lister”. Estes recipientes são geralmente
colocados no local de estacionamento da(s) subunidade (s), ou próximos da
cozinha.
9.4.3 - Tipos de barracas e toldos de campanha
a) Barraca de comando
É uma barraca de forma especial, não possuindo divisão interna e destinando-se ao
oficial comandante da tropa acampada.
b) Barraca de material
O tipo de barraca utilizado para material é o mesmo utilizado para 10 homens; a
barraca de material terá próxima a sua entrada uma tabuleta indicativa do que nela
se encontra estocado.
c) Barraca de saúde
É constituída por uma lona única, com 4 portas, possuindo um pano com uma cruz
vermelha afixado na parte superior da barraca. É utilizada para abrigar uma
instalação de saúde destinada a prestar socorros imediatos e pequenas cirurgias
aos combatentes que necessitarem de assistência.
d) Iglu
É uma pequena barraca conduzida por dois fuzileiros, cabendo a cada um
transportar metade do material.
e) Barraca de dez homens
É utilizada para abrigar, com conforto, 10 homens. É constituída por um pano
único, com duas aberturas opostas e com 4 janelas de ventilação, colocadas duas
de cada lado na parte superior.

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

f) Toldo para cozinha


É constituído por um pano único e utilizado nos locais destinados à confecção
e/ou a servir o rancho.
g) Toldo para sanitário
É constituído por uma lona de comprimento variado, de acordo com o tamanho do
sanitário, destinado a proteger contra as intempéries os que estiverem se utilizando
das latrinas de campanha.

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

CAPÍTULO 10
APOIO DE FOGO
10.1 - GENERALIDADES
O apoio de fogo (ApF) é essencial para destruir a capacidade e a vontade de lutar do
inimigo. Sua utilização facilita a manobra, suprimindo ou neutralizando os fogos
inimigos e desorganizando o movimento de suas tropas. Também pode ser empregado
independentemente da manobra, com vistas a destruir, retardar ou desorganizar tropas
inimigas ainda não empregadas.
Os comandantes de todos os escalões devem estar habilitados a empregar o armamento
orgânico e os fogos de apoio disponíveis, de forma coordenada e integrados à idéia de
manobra, assegurando a adequada aplicação do poder de combate.
Os Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav) dispõem,
normalmente, dos seguintes meios de ApF: morteiros de 81mm e 120mm, canhões e
mísseis navais, obuses de 105 e 155mm e aeronaves de ataque com bombas, foguetes,
mísseis, canhões e metralhadoras.
10.2 - ARMAS DE APOIO
A escolha da arma de ApF adequada a ser empregada sobre um determinado alvo é
baseada na localização e natureza desse alvo, no tipo de armamento necessário à
obtenção do efeito desejado e na análise comparativa das armas de apoio disponíveis.
A artilharia, normalmente, não está disponível para o apoio às tropas na fase inicial do
Assalto Anfíbio (AssAnf). Portanto, nesta fase da operação, o apoio é prestado pelo
fogo aéreo, naval e pelo PelMrt81mm, assim que desembarcado.
10.2.1 - Apoio de fogo naval (AFN)
O fogo naval desempenha um papel vital nas OpAnf, apoiando a conquista de
objetivos, destruindo ou neutralizando as instalações terrestres inimigas que
venham a se opor a aproximação dos navios , aeronaves e dos elementos de assalto.
Além disso, o fogo naval continua a apoiar as tropas em terra até o limite do
alcance de seus armamentos.
a) Possibilidades
I) Mobilidade
Dentro das limitações impostas pela hidrografia e pelo inimigo, o navio de
apoio de fogo (NApF) pode ser posicionado de forma a proporcionar o
melhor apoio possível às tropas.

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

II) Precisão
Os equipamentos de direção de tiro possibilitam o desencadeamento de fogos
precisos em apoio à Força de Desembarque (ForDbq), estando o navio em
movimento ou fundeado.
III) Munição
Uma variedade de tipos de projetis, cargas de projeção e espoletas permitem
selecionar a melhor combinação para o ataque a qualquer alvo.
IV) Armamento
Uma variedade de armas, incluindo foguetes, mísseis e canhões cujos calibres
variam de 3 a 8 polegadas, podem estar disponíveis para engajar alvos
terrestres.
V) Velocidade inicial
A alta velocidade inicial do armamento naval torna-o particularmente
apropriado para o ataque aos alvos terrestres de enfiada.
VI) Cadência de tiro
Um grande volume de fogos pode ser disparado em um curto intervalo de
tempo devido à grande capacidade de carregamento.
VII) Dispersão
A dispersão do canhão naval é grande em alcance, sendo relativamente
pequena em direção (deflexão), ou seja, o retângulo de dispersão é estreito,
com a dimensão maior na direção de tiro. Essa característica permite levar o
fogo para bem próximo das linhas de frente das tropas amigas desde que a
linha canhão-alvo seja paralela às mesmas.
VIII) Reabastecimento de Munição
Normalmente é previsto o reabastecimento de munição dos navios de apoio
de fogo sem que eles deixem a área do objetivo, o que permite rápido retorno
à ação.
b) Limitações
I) Hidrografia
Nem sempre as condições hidrográficas permitem a necessária aproximação
dos navios até a costa e por isso, muitas vezes são obrigados a ocupar
posições desfavoráveis.

OSTENSIVO - 10-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

II) Determinação da posição do navio


Determinar com precisão a posição do navio é uma tarefa indispensável para
a realização de um tiro perfeito, o que faz com que seja dependente muitas
vezes do uso de equipamentos especiais para esta definição de posição.
III) Condições de tempo e visibilidade
O mau tempo e a visibilidade reduzida podem tornar difícil a determinação da
posição do navio e reduzir as oportunidades de localização de alvos e
condução do tiro.
IV) Linha Canhão-Alvo Variável
Quando o fogo estiver sendo realizado com o navio em movimento, a linha
canhão-alvo pode variar em relação à linha de frente em terra, podendo
tornar-se necessário, para maior segurança da tropa, impor certas restrições à
execução de algumas das tarefas de apoio de fogo.
V) Dispersão em alcance
A trajetória tensa dos canhões navais gera um retângulo de dispersão peculiar,
longo em alcance e estreito em direção, o que pode por em perigo às tropas
amigas, exigindo mudança de posição do navio para garantir a segurança
dessas tropas.
VI) Trajetória tensa
A trajetória tensa do canhão naval restringe seu emprego para muitos alvos,
particularmente aqueles localizados em contra-encostas.
VII) Capacidade de Armazenamento de Munição
A capacidade dos paióis de munição dos navios de apoio de fogo é limitada.
VIII) Comunicações
O único meio de comunicação que pode ser usado para realizar o controle do
apoio de fogo, ou seja, o rádio, é susceptível à falhas em decorrência de
interferência
externa e de condições atmosféricas adversas.
10.2.2 - Apoio aéreo ofensivo
Constitui a parcela do ApF provida pelas aeronaves. Divide-se em apoio aéreo
aproximado (ApAeAprx) e a apoio aéreo afastado (ApAeAfs). O primeiro, em
conjunto com a artilharia, é empregado para o apoio cerrado à infantaria, enquanto
o ApAeAfs para bloquear reforços inimigos.

OSTENSIVO - 10-3 - ORIGINAL


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a) Possibilidades
I) Velocidade e manobrabilidade
As aeronaves são capazes de se concentrar rapidamente sobre um alvo a fim
de desencadear ataques de surpresa. Além disso, podem alterar a direção de
ataque com facilidade.
II) Mobilidade e flexibilidade
Permitindo o emprego de um número limitado de Anv contra alvos isolados
ou a concentração de um grande número de Anv sobre alvos de maior
extensão e importância.
III) Precisão
Os vários tipos de ataque possíveis de serem realizados pelas aeronaves
conferem a esta arma uma grande precisão.
IV) Observação
Os alvos cujas localizações impedem a observação terrestre podem ser
freqüentemente observados por aeronaves.
V) Efeito moral
Relacionado às demais características, permite contribuir positivamente sobre
o moral das tropas apoiadas, assim como servir de desafio e pressão
psicológica sobre o inimigo.
b) Limitações
I) Condições meteorológicas e de visibilidade
Certas condições meteorológicas e de visibilidade podem impedir o apoio ou
limitar sua precisão.
II) Raio de ação
A capacidade de combustível das aeronaves de apoio limitam o período de
tempo em que podem permanecer sobre o alvo.
III) Capacidade de munição
Cada aeronave possui uma quantidade limitada de munição e por isso cada
aeronave deve retornar à sua base após esgotar a sua munição.
IV) Comunicações
Há uma grande dependência de comunicações eficientes de modo a propiciar a
correta identificação do alvo e sua vetoração pelo controlador aéreo avançado.

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10.2.3 - Apoio de artilharia


A artilharia do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) é constituída de forma a prover
apoio de fogo cerrado e contínuo à Força de Desembarque (ForDbq).
a) Possibilidades
I) Transferir fogos
A artilharia possui rapidez nas ações devido à sua capacidade de prover uma
rápida concentração de fogos sobre alvos em grandes áreas, sem necessidade
de deslocamento do material.
II) Emassar fogos
A artilharia é capaz de concentrar fogos em um alvo ou em uma série de alvos
em apoio às operações das forças.
III) Surpresa
A artilharia pode desencadear fogos sem ajustagem para intensificar o efeito
de choque e surpresa.
IV) Fogos sobre alvos desenfiados
A trajetória dos tiros de artilharia possibilita o ataque contra alvos
desenfiados ou, estando desenfiada, possibilita atacar alvos a curtas ou longas
distâncias.
V) Apoio contínuo
A artilharia é capaz de, mesmo durante as mudanças de posição, estar sempre
em condições de prestar apoio de fogo aos elementos de manobra.
VI) Fogos precisos sob quaisquer condições de tempo e visibilidade
Os atuais armamentos da artilharia permitem que se atire, com precisão, em
quaisquer condições de tempo e visibilidade, sendo limitados apenas pela
dificuldade de observação, o que pode ocorrer quando da busca de alvos por
meios visuais.
VII) Mobilidade
A artilharia é capaz de se deslocar rapidamente para novas posições, a fim de
prestar apoio de fogo contínuo e cerrado.
b) Limitações
I) Apoio inicial
A principal limitação da artilharia de campanha é a impossibilidade de apoiar
a fase inicial do AssAnf.

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II) Deslocamentos
As unidades de artilharia têm reduzida a sua eficiência durante os
deslocamentos, quando fica prejudicada a sua pronta-resposta aos pedidos de
apoio de fogo, bem como se tornam vulneráveis ao ataque aéreo.
III) Combate aproximado
O apoio de artilharia fica significativamente prejudicado quando se torna
necessário o engajamento do seu pessoal em combate aproximado para a
defesa própria e do seu armamento.
IV) Peso
O peso do armamento pode limitar o seu emprego em operações
helitransportadas.
10.3 - COMPARAÇÃO DAS ARMAS DE APOIO
A fim de explorar as possibilidades de cada arma de apoio e evitar a desnecessária
duplicação, a seleção da melhor arma de apoio a ser empregada é muito importante.
Considerando-se as características dessas armas e admitindo-se condições favoráveis
aos seus empregos, são as seguintes as possibilidades e limitações comparativas da
artilharia, do fogo naval e da aviação.
10.3.1 - Destruição
É o fogo de precisão realizado com a finalidade de destruir um alvo específico,
normalmente um objetivo material. Tem como característica o elevado consumo de
munição.
a) Aviação
É a mais apropriada à destruição de quase todos os tipos de alvos, devido à
grande variedade de munição que dispõe e métodos de lançamento que emprega.
b) Artilharia
A artilharia pesada (calibre superior a 160mm até 210mm, inclusive) é eficaz na
destruição de fortificações e de alvos tipo ponto. A artilharia leve (calibre até
120mm, inclusive) e a média (calibre superior a 120mm até 160mm, inclusive),
devido à baixa velocidade inicial, dispersão e projetis leves, não são apropriadas
para executar tarefas de destruição.
c) Fogo naval
Quando desencadeado a pequenas distâncias, é o mais apropriado para a
destruição de posições fortificadas. A precisão no tiro direto, a variedade de

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

calibres, a alta velocidade inicial e a trajetória tensa provêm o máximo de


penetração e poder de destruição sobre os alvos que apresentam apreciável
superfície vertical.
10.3.2 - Neutralização
É o fogo desencadeado para produzir perdas e danos capazes de reduzir, por algum
tempo, a eficiência combativa do inimigo.
a) Aviação
Pode ser concentrada rapidamente com variedade de armamentos e com
surpresa, para executar a neutralização de todos os tipos de alvos. É melhor
empregada para a neutralização por curto período de tempo.
b) Artilharia
É a mais apropriada às missões de neutralização, devido à capacidade de
emassar fogos, rapidez na execução, precisão e continuidade na ação.
c) Fogo naval
É capaz de desencadear um grande volume de fogos por um curto período de
tempo. A alta velocidade restante dos projéteis navais é particularmente
apropriada às missões de neutralização, devido ao seu efeito destruidor sobre o
material e desmoralizante sobre o pessoal. Dependendo do reabastecimento de
munição, é capaz de prover neutralização contínua.
10.3.3 - Inquietação
É o fogo destinado a infligir perdas ou, pela ameaça de perdas, a prejudicar a
movimentação do inimigo, perturbar-lhe o repouso e, em geral, reduzir-lhe o moral.
a) Aviação
É a arma mais eficaz para a execução de inquietação, devido à velocidade, ao
armamento, à superior observação e à flexibilidade das aeronaves.
b) Artilharia
Os fogos de inquietação são, geralmente, executados à noite ou durante os
períodos de baixa visibilidade. É a arma mais apropriada para a execução desses
fogos próximos das posições amigas ou sobre alvos precisamente localizados.
c) Fogo naval
Embora o tiro do fogo naval não observado não possa ser executado com
suficiente precisão para a inquietação sobre pequenos alvos, é apropriado à
inquietação sobre grandes áreas que não estejam próximas das linhas amigas.

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10.3.4 - Interdição
É o fogo realizado com propósito de destruir ou neutralizar as comunicações
inimigas , estradas, pontes, entroncamentos, impedindo a organização da defesa e o
reforço inimigo.
a) Aviação
É a arma mais eficaz à execução de interdições a grande distância, devido ao
raio de ação e à precisão das aeronaves.
b) Artilharia
A Artilharia pesada e média são mais apropriadas do que o fogo naval para
executar fogos de interdição não observados, devido à maior possibilidade de
realização de tiros indiretos com maior precisão.
c) Fogo naval
É apropriado às tarefas de interdição quando os alvos são vistos de bordo.
10.3.5 - Iluminação
É o fogo com granadas iluminativas, efetuado para auxiliar ou facilitar o
movimento das próprias tropas e para silhuetar ou iluminar os alvos sobre os quais
se deseja fazer fogo de neutralização ou destruição.
a) Aviação
Tem possibilidade de prover iluminação, mas, se não for programada, é, dentre
as armas de apoio, a que mais demora a atender os pedidos. Além disso, é difícil
controlar e coordenar as aeronaves em áreas limitadas.
b) Artilharia
É a que tem maior possibilidade de executar iluminação de alvos tipo ponto.
Entretanto, se for necessário iluminar alvos tipo área, pode ser empregada por
tempo limitado, desde que utilize armamento e munição apropriados.
c) Fogo naval
Possui uma excelente possibilidade de executar fogos iluminativos. Esses fogos
são prontamente atendidos pelos navios que apóiam diretamente uma unidade.
10.4 - CENTRO DE COORDENAÇÃO DE APOIO DE FOGO (CCAF)
O CCAF é a instalação onde são reunidos o pessoal e os meios de comunicações
necessários ao planejamento e à coordenação dos apoios de fogo aéreo, naval, de
artilharia e de Mrt81mm.
O CCAF compõe-se de representantes das armas de apoio e pessoal necessário para

OSTENSIVO - 10-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

conduzir as operações, produzir informações sobre alvos e estabelecer as


comunicações.
Normalmente, o Oficial de Ligação de Artilharia (OLigArt) é o Coordenador do Apoio
de Fogo (CAF) nos escalões ForDbq e no comando do Componente de Combate
Terrestre (CCT). No Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais (BtlInfFuzNav) e na
sua correspondente organização por tarefas para o desembarque - Grupamento de
Desembarque de Batalhão (GDB) - o CAF é o comandante da Companhia de Apoio de
Fogo (CiaApF).
O CCAF do BtlInfFuzNav (ou GDB) é constituído, portanto, por um CAF, um
OLigArt, um Oficial de Ligação do Fogo Naval (OLIFONA), um Oficial de Ligação
de Aviação (OLigAv), um Oficial de Morteiros e um Oficial de Informações sobre
Alvos (OIA). Nos CCAF dos demais escalões, não haverá, normalmente, um Oficial
de Morteiros.
10.5 - CONDUÇÃO DO APOIO DE FOGO
Da mesma forma que no CCAF, haverá para cada Companhia de Fuzileiros Navais
(CiaFuzNav) elementos responsáveis pela coordenação do apoio de fogo das diversas
armas, podendo ser designada para cada uma delas (ou somente para aquelas em
primeiro escalão) uma equipe de observação de cada arma de apoio, com vistas a
realizar a observação e conduzir os fogos na zona de ação (ZAç) dessa subunidade.
Caberá a essas equipes a ligação entre a CiaFuzNav e a arma que a apóia,
encaminhando as missões de tiro e a localização exata das próprias tropas.
A principal atribuição dessas equipes é observar o movimento da subunidade apoiada
e ajustar o tiro sobre os alvos, planejados ou inopinados, por ela designados. No
entanto, todo o combatente anfíbio deve estar apto a solicitar e a justar os fogos de
qualquer arma de apoio. O anexos D, E e F contém as prescrições para a solicitação
das missões de tiro de artilharia/morteiro, fogo naval e fogo aéreo.
10.5.1 - Grupo de Observação de Tiro Naval (GRUOBTINA)
É um oficial do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), bem como elementos de
comunicações, colocado junto a uma das CiaFuzNav em primeiro escalão, de modo
a executar a condução do tiro naval.
10.5.2 - Equipe de Observação Avançada (EqOA)
É um oficial oriundo do Batalhão de Artilharia de Fuzileiros Navais que, junto com
elementos de comunicações, é colocado à disposição de cada CiaFuzNav, de modo

OSTENSIVO - 10-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

a conduzir o tiro de artilharia em proveito das respectivas subunidades.


10.5.3 - Equipe de Controle Aéreo Avançado (EqCAA)
É um oficial oriundo da Força Aérea Brasileira (FAB) e/ou da Força Aeronaval
que, junto com elementos de comunicações, é colocado à disposição das
CiaFuzNav em primeiro escalão, de modo a conduzir o apoio aéreo em proveito das
respectivas subunidades.
10.5.4 - Equipe de Observação Avançada da Seção de Morteiros 81mm
(EqOAMrt81mm)
É um sargento oriundo do PelMrt81mm que, junto com um elemento de
comunicações, é colocado à disposição de cada CiaFuzNav, de modo a conduzir
tiro de Mrt81mm em proveito das respectivas subunidades.
10.6 - PRINCÍPIOS DE COORDENAÇÃO DE APOIO DE FOGO
Qualquer combatente anfíbio, por estar em contato com o inimigo ou por poder
observar suas posições ou instalações, deve ser capaz de conduzir os fogos das armas
de apoio. Para que as armas sejam economicamente empregadas, com eficácia e de
acordo com o grau de segurança exigido, devem ser observados os seguintes
princípios de coordenação do apoio de fogo:
- Considerar o emprego de todos os meios de apoio de fogo disponíveis, assegurando
que as armas sejam economicamente empregadas, com o máximo de eficiência e
dentro do grau de segurança exigido.
- Fornecer o tipo de apoio de fogo solicitado. O agente solicitante normalmente está
em melhores condições de determinar qual o meio eficaz para atender àquela
necessidade imediata.
- Emprego econômico do fogo. Os meios mais econômicos para o fornecimento do
apoio de fogo serão empregados quando a munição, segurança tática e a coordenação
permitirem.
- Prover rápida coordenação. Procedimentos devem ser estabelecidos com o propósito
de executar a coordenação, no menor tempo possível, por ocasião do ataque a um alvo.
- Empregar o mais baixo escalão de apoio de fogo capaz de fornecer o apoio
adequado. O apoio de fogo é fornecido pelo menor escalão capaz de obter o efeito
desejado sobre determinado alvo.
- Coordenação em todos os escalões. O apoio de fogo é coordenado, em cada escalão,
de acordo com a necessidade da missão. A coordenação e o controle final da missão

OSTENSIVO - 10-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

devem ser realizados no menor escalão capaz de efetuá-los.


- Prover segurança às tropas, navios, instalações e aeronaves. O emprego sistemático
de medidas de coordenação de apoio de fogo tem por propósito propiciar o máximo de
segurança às operações.
- Evitar desnecessária duplicação de meios. Normalmente, não se deve bater um
mesmo alvo, ao mesmo tempo, com armas de apoio de fogo diferentes.
- Reduzir a interferência mútua. Os fogos provenientes dos meios de apoio de fogo de
superfície não devem interferir não devem interferir na trajetória das aeronaves.
- Emprego de um sistema comum de prioridade e designação de alvos. Um sistema
comum deve ser utilizado pelas agências das armas de apoio e unidades apoiadas, para
um planejamento eficiente e um apoio de fogo eficaz. Esse sistema deve ser
estabelecido pelo mais alto escalão presente na operação.
10.6.1 - Técnicas e medidas de coordenação
Empregadas em todos os escalões para obter a coordenação e o controle, garantir a
segurança da tropa, integrar o ApF com as ações táticas, definir responsabilidades,
e restringir e controlar os fogos. As medidas de coordenação são classificadas como
permissivas e restritivas.
a) Medidas permissivas
Permitem o engajamento de determinados alvos sem necessidade de
coordenação. São representadas graficamente na cor preta, devendo constar,
junto ao seu traçado, o tipo de medida, o grupo data-hora de ativação e o
comando que a estabeleceu. São medidas permissivas: a Linha de Segurança de
Apoio de Artilharia (LSAA), a Linha de Coordenação do Apoio de Fogo
(LCAF) e a Área de Fogo Livre (AFL).
I) LSAA
Utilizada para indicar o local além do qual os meios de ApF convencionais de
superfície (morteiro, artilharia e fogo naval) podem desencadear fogos a
qualquer momento, na ZAç ou setor defensivo (StDef) do comando que a
estabeleceu, sem coordenação adicional.
É representada graficamente nos planos de fogos das armas de apoio e,
quando possível, no Calco de Operação por meio de uma linha tracejada com
a abreviatura LSAA seguida da indicação do comando que a estabeleceu,
entre parênteses, acima da linha, e o grupo data-hora para a entrada em vigor,

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

abaixo da linha.
II) LCAF
Utilizada para demarcar a linha além da qual todo alvo pode ser atacado por
qualquer meio de apoio de fogo ou sistema de armas, sem afetar a segurança
ou exigir coordenação adicional com o escalão que a estabeleceu.
É representada por uma linha cheia com a identificação LCAF, seguida do
comando que a estabeleceu, entre parênteses, em sua parte superior, e o grupo
data-hora (ou sigla MO – mediante ordem), em sua parte inferior.
Fogos além de LSAA e aquém de LCAF em vigor devem ser
obrigatoriamente coordenados entre o CCAF da força e o CCAF da peça de
manobra em cuja a ZAç se encontra o alvo.
III) AFL
Utilizada para assinalar uma região em que qualquer meio de ApF pode
desencadear fogos sem necessidade de coordenação adicional com o comando
que a estabeleceu.
É representada graficamente por uma linha cheia fechada, em cujo interior
devem constar as inscrições: “ÁREA DE FOGO LIVRE”, o comando que a
estabeleceu e o grupo data-hora em que estará em vigor (ou a sigla MO).

Fig 10.1 - Medidas permissivas de coordenação

OSTENSIVO - 10-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

b) Medidas restritivas
São empregadas para ataques a alvos que necessitem de autorização do comando
que as estabeleceu. Devem ser traçadas graficamente na cor vermelha,
constando, junto ao seu traçado, o tipo de medida, o grupo data-hora de ativação
e o comando que a estabeleceu. São medidas restritivas: a Linha de Coordenação
de Fogos (LCF), a Área de Coordenação de Fogos (ACF) e a Área de Fogo
Proibido (AFP).
I) LCF
Utilizada para demarcar um limite entre tropas terrestres amigas que realizam
movimentos convergentes, além do qual uma não pode atirar sem coordenar
com a outra. Sua finalidade é proporcionar segurança às tropas amigas e
evitar interferência entre unidades. É particularmente utilizada para coordenar
os fogos entre forças helitransportadas ou aerotransportadas e de junção; ou
entre forças deslocando-se em direções convergentes. É estabelecida pelo
comandante enquadrante das forças envolvidas, ou por um dos comandantes
das mesmas, previamente designado.
Ela é representada graficamente por uma linha cheia na cor vermelha, com a
abreviatura LCF seguida da abreviatura do comando que a estabeleceu, entre
parênteses, acima da linha, e o grupo data-hora para sua entrada em vigor,
abaixo da linha.
II) ACF
Empregada para assinalar uma região na qual o desencadeamento de fogos
está sujeito a critérios ou restrições especificadas pelo comando que a
estabeleceu. Sua finalidade é coordenar o desencadeamento de fogos em
determinadas regiões ocupadas por tropas amigas, de modo a prover
segurança a estas, de acordo com as restrições ou os critérios impostos.
É normalmente estabelecida a partir do escalão batalhão. É constantemente
utilizada para controlar fogos em uma área onde se mantêm tropas
estacionadas ou em patrulha.
Ela é representada graficamente por uma linha cheia fechada, na cor
vermelha, contendo em seu interior, em vermelho, a inscrição ÁREA DE
COORDENAÇÃO DE FOGOS, os grupos data-hora de sua vigência e a
diretiva que a estabeleceu.

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

III) AFP
Empregada para assinalar uma região na qual nenhum meio de apoio de fogo
pode atirar, exceto se o pedido vier da força que a estabeleceu, ou exista
necessidade de se apoiar determinada tropa em situação crítica no interior da
referida área.
Sua finalidade é proibir fogos e/ou seus efeitos sobre tropas amigas situadas
em determinada região.
É representada no Calco de Operação e no Plano de Apoio Fogo (PAF) por
uma linha cheia e fechada, na cor vermelha, contendo em seu interior,
também em vermelho, a inscrição ÁREA DE FOGO PROIBIDO, a
abreviatura do comando que a estabeleceu e os grupos data-hora de sua
vigência. A área no interior dessa linha será marcada, ainda, por listras
diagonais (achura) na cor vermelha.

Fig 10.2 - Medidas restritivas de coordenação do apoio de fogo

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

CAPÍTULO 11
OPERAÇÕES COM APOIO DOS MEIOS AÉREOS
11.1 - GENERALIDADES
Projetar poder sobre terra é uma das tarefas básicas do Poder Naval. Um amplo
espectro de atividades permite a realização desta tarefa, entre elas a operação anfíbia
(OpAnf) e o Bombardeio Aeronaval com aeronaves (Anv) embarcadas. A
permeabilidade do espaço aéreo possibilita que as Anv executem um ataque em
profundidade no território inimigo.
No desenvolvimento de uma OpAnf, quando a Força-Tarefa Anfíbia (ForTarAnf)
incorpora ou é apoiada por navios aeródromos (NAe), passa-se a dispor dos elementos
ofensivos e defensivos que permitem a obtenção da superioridade aérea local.
O helicóptero (He), em particular, provê um incremento na mobilidade tática das
unidades terrestres, proporcionando flexibilidade ao desembarque e no desdobramento
dos elementos de assalto de uma Força de Desembarque (ForDbq). Por essa razão, os
comandantes de pequenas frações (grupo de combate e esquadra de tiro) devem estar
familiarizados com os conhecimentos pertinentes aos princípios e técnicas empregados
nas operações helitransportadas.
11.2 - APOIO DOS MEIOS AÉREOS
O ApAe é dividido em dois grandes grupos: Apoio Aéreo Ofensivo (ApAeOf) e Apoio
Logístico por aeronaves.

Apoio Aéreo Ofensivo

Apoio Aéreo

Apoio Logístico por Anv

Fig 11.1 - Subdivisão do ApAe

11.2.1 - Apoio Aéreo Ofensivo


O ApAeOf é a utilização do ApAe para ações que, direta ou indiretamente,
imputarão perdas ou dificuldades às forças inimigas.
O ApAeOf contribuirá, juntamente com as outras armas de apoio, para que o
comandante apoiado obtenha e mantenha a iniciativa das ações no campo de

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

batalha, podendo ser usado para intervir no combate, tanto em operações ofensivas
quanto defensivas.
O ApAeOf é dividido em atividades aéreas de combate e de apoio ao combate, as
quais apresentam suas subdivisões na Fig 11.2.

Patrulha
Aérea de Combate

Interceptação
Defesa Aérea
Aérea

Interdição
Atividades Aéreas Aérea
de Combate
Apoio Aéreo
Aproximado
Apoio de Fogo
Aéreo
Apoio Aéreo Apoio Aéreo
Ofensivo Afastado

Operação Aeroterrestre
Operação Aeromóvel
Atividades Reconhecimento Aéreo
Aéreas de Apoio Alerta Aéreo Antecipado
ao Combate Observação Aérea
Guerra Eletrônica
Escolta Aérea

Fig 11.2 - Subdivisões do ApAeOf

A publicação CGCFN-34.1 - Manual de Apoio Aéreo de Fuzileiros Navais aborda


este assunto detalhadamente.
11.3 - AERONAVES DA MB
a) He
CARACTERÍSTICAS SH3-A/B AH-11A IH-6-B UH-12 UH-13 UH-14
FABRICANTE AGUSTA WESTLAND BELL AEROESPATIALE
“SUPER” JET RAN- ESQUILO SUPER
DENOMINAÇÃO SEA-KING
LYNX GER III
ESQUILO
BI-TURB PUMA
AUTONOMIA OPERATIVA
04:00h 02:20h 02:15h 02:50h 02:50h 03:20h
(P/ PLANEJAMENTO)
PESO MÁX NA DECOLAGEM 9.500 Kg 5.120 Kg 1.140 Kg 2.250 Kg 2.600 Kg 9.000 Kg
VELOCIDADE DE CRUZEIRO 100 KT 100 KT 90 KT 110 KT 110 KT 110 KT
PESO MÁXIMO DE CARGA 2.250 Kg 1.200 Kg 630 Kg 750 Kg 1.150Kg 3.500 Kg

OSTENSIVO - 11-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 11.3 - SH3-A/B Fig 11.4 - AH11A

Fig 11.5 - IH-6-B Fig 11.6 - UH-12

Fig 11.7 - UH 13 Fig 11.8 - UH-14

b) Avião
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
AF-1 AF-1A
FABRICANTE Mc Donnell Douglas, EUA Mc Donnell Douglas, EUA
EMPREGO Ataque/Interceptação Ataque/Interceptação/Treina-mento
Envergadura 8,38 m 8,38 m
DIMENSÕES Comprimento 12,59 m 13,29 m (biplace)
Altura 4,57 m 4,75 m
Básico 5800 Kg 6100 Kg
Operacional
PESOS
Máximo de 11600 Kg 11600 Kg
Decolagem

OSTENSIVO - 11-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Cerca de 594 nós (1100 Km/h Cerca de 594 nós (1100 Km/h - 0,9
VELOCIDADE MÁXIMA
- 0,9 MACH) MACH)
Turbinas Pratt & Whitney Turbinas Pratt & Whitney J52-P-8B
PROPULSÃO
J52-P-8B
2 canhões de 20 mm e mísseis 2 canhões de 20 mm e mísseis AIM-
ARMAMENTO
AIM-9 Sidewinder 9 Sidewinder

Fig 11.9 - Aeronave AF-1 (SKYHAWK)

11.4 - CONCEITO DE EMPREGO DAS TROPAS HELITRANSPORTADAS


As unidades de infantaria de fuzileiros navais podem ser organizadas e equipadas para
conduzir operações helitransportadas. Tropas helitransportadas podem ser empregadas
para capturar posições críticas no terreno, isolar bolsão de resistência inimiga,
conduzir ligação com outras forças, bem como realizar ações diversionárias, incursões,
patrulhas de combate, reconhecimento profundo, observação e vigilância, e operações
contra-guerrilha.
11.5 - CONCEITOS BÁSICOS
11.5.1 - Equipe de helicópteros
Uma equipe de helicópteros é chamada usualmente de heliequipe (HE). Ela é
constituída pela tropa, equipamentos e suprimentos transportados em um He de
uma só vez. Cada HE é identificada por um número-série, o qual também identifica
a Anv com o seu vôo ou vaga de He. Na formação da HE, a integridade tática deve
ser preservada o máximo possível. A composição da HE é determinada pela tarefa
tática, a capacidade de carga transportada pela Anv, e o peso dos combatentes e
equipamentos a serem transportados. Para fins de planejamento, o peso de um
combatente totalmente equipado e armado é de 120 Kg. O mais antigo da HE é
designado o seu comandante.
11.5.2 - Vôo e vaga de He
Um vôo de He consiste das Anv que decolam de um mesmo navio e pousam
aproximadamente ao mesmo tempo na mesma zona de desembarque (ZDbq). Nas

OSTENSIVO - 11-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

OpAnf, os vôos de He que se reúnem para pousar ao mesmo tempo numa ZDbq são
chamados de vagas de He. Um Pelotão de Fuzileiros Navais (PelFuzNav) é,
normalmente, a menor organização tática transportada em uma única vaga.

OSTENSIVO - 11-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

11.5.3 - ZDbq
É uma área terrestre específica para o pouso de He, destinada ao embarque ou
desembarque em assalto de tropas e/ou carga. Ela é designada por nome código, em
geral o nome de um peixe. Uma ZDbq possui um ou mais locais de desembarque
(LocDbq), geralmente designados por cores.

Fig 11.10 - Zona de desembarque de helicópteros

11.5.4 - LocDbq
É uma porção específica do terreno no interior da ZDbq, na qual um certo número
de He de uma vaga pode pousar para embarcar ou desembarcar tropas e/ou carga.
Um LocDbq contém um ou mais pontos de desembarque (PtDbq).
11.5.5 - PtDbq
É um ponto no interior de um LocBbq onde uma aeronave de assalto vertical pode
pousar. Os PtDbq são designados por números de dois algarismos.
11.6 - CONDUÇÃO DAS OPERAÇÕES HELITRANSPORTADAS
As técnicas empregadas na condução das operações helitransportadas têm por
finalidade assegurar sua execução com a máxima rapidez, flexibilidade e
oportunidade.
11.6.1 - Responsabilidades do comandante da HE
Ao comandante da HE cabem as seguintes responsabilidades:
- inspecionar cada combatente quanto ao uso apropriado dos uniformes e
equipamentos, particularmente a ajustagem correta desses últimos, na ZReu ou

OSTENSIVO - 11-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

área de embarque a bordo;


- assegurar-se que os equipamentos transportados pela HE estejam posicionados em
local apropriado, antes que a mesma seja chamada para a área de espera ou zona
de extração;
- Conduzir sua HE da ZReu (ou área de embarque) para a área de espera (ou zona
de extração), e daí para o ponto de embarque ou carregamento;
- supervisionar o embarque da sua HE na Anv; e
- supervisionar o desembarque do pessoal e dos equipamentos no PtDbq.
11.6.2 - Auxiliar do comandante da HE
O segundo mais antigo da HE é o auxiliar do comandante da HE, cabendo-lhe
ajudar esse elemento no que for necessário. Ele precisa estar completamente
familiarizado com todas as tarefas do comandante da HE, assumindo a liderança
quando necessário.
11.6.3 - Procedimentos para o embarque
As tropas a serem helitransportadas são concentradas em uma ZReu ou área de
embarque, quando a bordo. Nesse local são distribuídas as ordens e concluídas as
providências de natureza administrativa. As tropas são organizadas em HE, as quais
são, então, “brifadas” (orientadas) para o vôo. Quando determinado, as HE
deslocam-se para a área de espera.
Caso necessário, a ZReu pode servir, também, como área de espera. Dessa área, as
HE deslocam-se para os pontos de controle de embarque, aguardam o pouso (ou o
pronto) das Anv e, quando autorizado, deslocam-se até os respectivos pontos de
embarque, aonde embarcam nas respectivas Anv.

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 11-11 - Esquema de embarque em terra

11.6.4 - Embarque em terra


O embarque propriamente dito é conduzido com o máximo de rapidez compatível
com a segurança necessária.
Procedimentos específicos para o embarque, de acordo com o tipo de Anv e a
situação tática, serão estabelecidos por meio da adaptação dos Procedimentos
Operativos Padronizados (POP) sobre o assunto, para a situação local.
Para auxiliar nas ações de embarque e carregamento das Anv, os seguintes
procedimentos podem ser utilizados como orientações:
- a um sinal do oficial de controle da área de espera, a HE se aproxima da Anv em
coluna por dois, com o comandante à testa e o auxiliar da HE fechando a
retaguarda;
- o comandante da HE se assegura que os seus integrantes estão na seqüência
previamente determinada para o embarque, dentro da coluna, de forma a facilitar
o rápido embarque de pessoal e dos equipamentos;
- ao chegar à porta da Anv, o comandante da HE toma posição ao seu lado, coloca
seu fuzil em bandoleira e auxilia os demais integrantes a embarcar;
- os integrantes da HE embarcam na Anv carregando seus fuzis na mão;
- o manifesto de passageiros é entregue pelo comandante da HE ao auxiliar de
carregamento da equipe de controle da área de espera;
- tão logo sentado, cada combatente coloca seu fuzil entre os joelhos, afivela seu

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

cinto de segurança e ergue seu braço direito, indicando ao comandante da HE que


está pronto para a decolagem; e
- quando a HE está pronta para a decolagem, o seu comandante informa ao fiel da
Anv por meio de um sinal previamente combinado para esta circunstância.
Algumas Anv possuem meios de comunicações específicos entre o comandante da
HE e o piloto, proporcionando melhores condições para a troca de informações
entre ambos.
11.6.5 - Embarque a bordo de um navio
O embarque em Anv a bordo de um navio é semelhante ao realizado em terra. A
organização e o aspecto físico dos navios de assalto anfíbio diferem de acordo com
a classe do navio, mas os procedimentos gerais para o embarque da HE mantêm-se
os mesmos.
11.6.6 - Desembarque
Quando da aproximação da ZDbq, porém com antecedência ao pouso, o piloto ou o
fiel da Anv orientará o comandante da HE com relação à direção do pouso. Além
disso, identificará o norte, sul, leste e oeste. Ele também deverá orientar o
comandante da HE quanto à sua posição, após o desembarque, em relação a um
acidente notável no terreno. Tão logo tenha pousado, o piloto, co-piloto ou o fiel da
Anv dará um sinal para o desembarque. Os integrantes da HE, então, desafivelam
os cintos de segurança e desembarcam rapidamente. Isto é necessário para
assegurar que as Anv não fiquem expostas por um longo período na ZDbq.
11.7 - EXECUÇÃO DO ASSALTO POR He
11.7.1 - Planejamento
Os princípios do combate ofensivo no emprego de forças helitransportadas são os
mesmos do combate terrestre convencional. Os comandantes das pequenas frações
se preparam para o assalto por He observando os seguintes procedimentos:
- fazem uma estimativa preliminar da situação;
- realizam um reconhecimento na carta e por meio de fotografias aéreas;
- coordenam com os comandantes das frações adjacentes as medidas iniciais de
coordenação, tais como: setores de responsabilidade após o desembarque,
elementos de ligação, etc.;
- formulam um plano tentativo de ataque que inclua:
- organização da respectiva HE;

OSTENSIVO - 11-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- esquema de manobra (limpeza do setor atribuído à fração no LocDbq e ataque aos


objetivos determinados); e
- apoio de fogo.
- submetem os seus respectivos planos tentativos de ataque ao comandante
imediatamente superior;
- orientam os integrantes das suas frações sobre a missão do pelotão; e
- completam o plano, distribuem as ordens e supervisionam a execução do assalto.
11.7.2 - Ações iniciais em terra
a) Assalto inicial
O assalto inicial envolve a captura e proteção dos LocDbq. A cada grupo de
combate (GC) da primeira vaga é atribuído um setor de responsabilidade do
LocDbq. Após o desembarque, os GC atacam imediatamente em seus
respectivos setores.
b) Conquista do LocDbq
Quando a ZDbq é assaltada, cada GC estabelece a defesa imediata do perímetro
externo do seu setor para garantir a segurança inicial da ZDbq.
Simultaneamente, o comandante do GC conclui a reorganização e retoma o
controle de sua fração. O contato com as frações adjacentes deve ser
estabelecido tão rápido quanto possível.
c) Vagas subseqüentes
As tropas desembarcadas em vagas subseqüentes são empregadas, caso
necessário, para assegurar a conquista da ZDbq.
11.8 - EMBARQUE EM AVIÃO
Existem determinadas situações em que há necessidade de se concentrar rapidamente
o poder de combate, exigindo que uma tropa se desloque de uma região para outra, no
mais curto prazo. O avião, para esses casos, será o meio de transporte mais indicado.
11.8.1 - Procedimentos da tropa
Antes do embarque, a tropa receberá instruções dadas pelo comandante do avião, as
quais incluirão, geralmente, os procedimentos para o abandono do avião no caso de
aterrissagem ou amerissagem forçada.
No caso da aterrissagem, será adotado o mesmo procedimento descrito para o
pouso de emergência em terra, acrescido do uso individual do colete salva-vidas.
Após o pouso, o abandono obedecerá as instruções transmitidas pelo comandante

OSTENSIVO - 11-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

da Anv. O colete salva-vidas só poderá ser inflado quando o combatente se


encontrar totalmente fora do avião.
11.8.2 - Armamento
A tropa deverá ser alertada quanto aos cuidados com o armamento e a munição. O
armamento nunca poderá ser remuniciado a bordo.
11.8.3 - Aviões utilizados para o transporte
O combatente poderá embarcar em quatro tipos de aviões: C-130, C-115, C-91 e o
C-95.
11.9 - AERONAVES DE TRANSPORTE DA FAB
Carga Vel RA (*)
Tipo Tropa Macas
(Ton) (Km/h) (Km)
92 passageiros
C-130
ou
(Hercules) 20 74 500 2300
64 Pqdt

C-115 (Búfalo) 3,5 33 24 370 805

C-91 (Avro) 3,6 36 - 400 800

C-95
1,5 12 - 350 600
(Bandeirante)
(*) raio de ação

OSTENSIVO - 11-11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

CAPÍTULO 12
COORDENAÇÃO CARRO-INFANTARIA
12.1 - GENERALIDADES
As modernas condições de combate recomendam o emprego de forças altamente
móveis, com grande poder de fogo e autonomia para manterem-se operacionais pelo
período de tempo necessário ao cumprimento de suas tarefas.
Esta premissa torna-se particularmente válida para as operações anfíbias (OpAnf),
onde a Força de Desembarque (ForDbq) parte de um poder de combate, em terra, nulo;
necessita conquistar e consolidar a cabeça-de-praia (CP) o mais cedo possível; e
depende exclusivamente do apoio logístico proveniente do mar. Neste contexto,
sobressai a importância do emprego dos blindados apoiando as unidades de infantaria
de Fuzileiros Navais. As viaturas blindadas (VtrBld), aí se incluindo os carros lagarta
anfíbios (CLAnf), proporcionam a estas unidades mobilidade e proteção contra
estilhaços e projetis de armamento leve. Os carros de combate (CC) produzem um
violento impacto físico e psicológico sobre o inimigo.
12.2 - CARRO DE COMBATE
O CC é uma viatura blindada, armada com canhão e metralhadoras, sobre rodas (SR)
ou sobre lagartas (SL), que adiciona à tropa apoiada grande ação de choque.
12.2.1 - Características
a) Potência de fogo
O CC é armado com um canhão de alta velocidade e transporta uma considerável
quantidade de munição de tipos diferentes, que lhe permite engajar e destruir a
maioria dos alvos encontrados em combate. O poder de fogo proporcionado por
suas metralhadoras, permite apoiar a tropa de infantaria no assalto às posições
inimigas e, na defensiva, bater com fogos rasantes e de flanqueamento as
possíveis vias de acesso do inimigo.
b) Proteção blindada
Os CC possuem uma blindagem que lhes permite aproximar-se do inimigo
relativamente imunes aos efeitos dos tiros das armas portáteis, estilhaços de
granadas e, até certo grau, dos efeitos das armas químicas, bacteriológicas e
nucleares (QBN). Permite-lhes, também, manobrar sob os fogos das armas
amigas.

OSTENSIVO - 12-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

c) Elevada mobilidade tática


Os CC possuirão um maior ou menor grau de mobilidade e fluidez através
campo em função das características particulares de cada modelo, tais como:
sistema de tração (SR ou SL), velocidade, blindagem, relação peso-potência e
pressão sobre o solo. De uma maneira geral, porém, todos podem ficar
relativamente dispersos no terreno até que uma rápida concentração seja exigida
num determinado ponto.
Quando de forma apropriada, a mobilidade dos CC aumenta o poder combatente,
permitindo que se atue contra o inimigo em pontos diferentes num curto espaço
de tempo.
d) Ação de choque
A combinação de poder de fogo, mobilidade e blindagem, empregados
agressivamente, produzem um violento impacto físico e psicológico no inimigo.
A ação de choque durante um assalto executado em conjunto com a infantaria,
tem um efeito devastador sobre o moral do inimigo e reflexos favoráveis sobre o
moral das próprias tropas.
e) Flexibilidade
A mobilidade dos CC em combate e a adaptabilidade às novas situações, aliadas
a um eficiente sistema de comunicações, permitem uma rápida modificação nas
tarefas atribuídas e na sua organização para o combate. Os CC podem agrupar-se
e dispersar-se rapidamente para fazer face às necessidades decorrentes de
mudanças na situação tática.
Além disso, os CC engajados podem desengajar por seus próprios meios para
executar novas tarefas.
f) Variedade de sistemas de comunicações
Os recursos de comunicações normalmente disponíveis nos CC permitem ligá-
los entre si, ao escalão superior e às unidades apoiadas. Tais recursos garantem o
pleno aproveitamento da sua flexibilidade e uma adequada coordenação da
manobra.
g) Reação imediata aos comandos recebidos
Os recursos de comunicações existentes nos CC, bem como a mobilidade

OSTENSIVO - 12-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

inerente aos mesmos, permitem que eles respondam prontamente às ordens


recebidas.
12.2.2 - Possibilidades
As características dos CC lhes conferem as seguintes possibilidades:
- prover ação de choque;
- proporcionar ao comandante que deles se utiliza, boas condições para economizar
meios;
- incrementar a defesa anticarro;
- prover proteção blindada contra fragmentos de granadas, projetis de armamento
portátil, o efeito de sopro e fragmentação de minas antipessoal (AP) para a sua
guarnição e, em menor grau, para a tropa de infantaria a pé que participa do
conjugado carro-infantaria;
- transpor pequenos cursos d’ água e deslocar-se em terreno adverso, observadas as
limitações de vau e do sistema de tração;
- ampliar o poder de fogo da unidade apoiada; e
- ampliar a capacidade de comunicações.
12.2.3 - Limitações
Os CC possuem limitações que afetam não só a integridade do próprio carro, como
também o sucesso da operação de que participam. Estas limitações devem ser
avaliadas antes de qualquer decisão sobre seu emprego.
As limitações podem ser divididas, de um modo geral, em três categorias: inerentes
à viatura, devidas aos obstáculos naturais e devidas aos obstáculos artificiais.
a) Inerentes à viatura
I) Tamanho
O tamanho de um CC dificulta a sua camuflagem contra a observação
inimiga. Esta limitação pode ser atenuada mantendo-se os CC em áreas que
minimizem sua exposição à observação do inimigo e pela adoção de medidas
passivas de proteção até o momento de seu emprego (redes de camuflagem,
etc.).
II) Peso
O peso dos CC exige para seu transporte até a praia de desembarque, navios
ou embarcações de desembarque cuja rampa lhes seja compatível. Já em terra,

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

o seu peso impede a transposição de pontes de baixa capacidade e requer o


uso de técnicas e equipamentos especializados para sua remoção no caso de
ficar imobilizado.
Essas dificuldades são contornadas por meio de um cuidadoso planejamento
dos apoios necessários aos CC, bem como mediante uma criteriosa seleção
dos meios de desembarque, as vias de acesso para o tipo de CC considerado e
das zonas de ação para operação em terra.
III) Ruído
O ruído produzido pelo motor durante os deslocamentos e, quando for o caso,
pelas lagartas, pode alertar o inimigo de sua presença. Para minorar esta
limitação, deve-se manter os CC à retaguarda, deslocando-os para a frente
imediatamente antes do ataque e, se possível, sob a cobertura da artilharia,
aviação ou do fogo naval.
IV) Visão periférica da guarnição
Para poder manter a integridade de sua estrutura blindada, os CC são
equipados com dispositivos óticos que permitem a observação em qualquer
direção, porém, com redução da visão periférica. Isto torna os CC suscetíveis
às emboscadas, particularmente quando atuando em áreas com vegetação
densa, em terreno acidentado ou em áreas urbanizadas. Esta limitação reduz
igualmente a capacidade da guarnição para detectar obstáculos naturais ou
artificiais à frente.
Decorre desta limitação a exigência da presença de elementos de infantaria
desembarcados para atuar como esclarecedores. Um reconhecimento próximo
e detalhado, realizado nesses locais considerados sensíveis, garantirão a
necessária segurança ao deslocamento.
V) Consumo de combustível
O consumo de combustível dos CC é bem elevado se comparado com os de
outras viaturas armadas. Os deslocamentos devem ser criteriosamente
planejados, evitando-se movimentos desnecessários.
Esta é uma limitação a ser bem considerada no planejamento de operações
ofensivas terrestres de maior profundidade. No caso das OpAnf, onde as
dimensões da CP são normalmente modestas para a autonomia dos CC, a

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

necessidade de reabastecimento deve ser estimada em relação às horas de uso


deste meio. Com base nos dados de planejamento para ataques,
deslocamentos e reconhecimentos, e levando-se em conta o planejamento
efetuado, pode-se estimar por quanto tempo os CC deverão ser empregados.
O reabastecimento, por sua vez, deve ser feito carro a carro e a intervalos
freqüentes, a fim de evitar que todos os CC fiquem indisponíveis ao mesmo
tempo e que se tornem alvo compensador aos fogos inimigos.
VI) Manutenção
Os CC são meios tecnologicamente sofisticados e que exigem um
considerável esforço de manutenção. Suas guarnições efetuam a manutenção
preventiva durante os altos, períodos de descanso e o reabastecimento,
evitando executá-la durante a execução de suas tarefas. Entretanto, faz-se
necessário que os CC sejam substituídos a intervalos regulares para permitir
uma manutenção mais completa. A não observância deste procedimento
resultará numa excessiva indisponibilidade de carros devido às falhas
mecânicas.
VII) Comunicações
A grande dependência das comunicações pelo canal radiotelefone pelo
comando, controle e coordenação dos CC faz com que estes fiquem
vulneráveis à atividade de guerra eletrônica (GE) inimiga. O comandante da
unidade de CC e suas guarnições, bem como a tropa de infantaria quando
apoiada por estes meios, devem ser capazes de operar em um ambiente
eletronicamente hostil. Para tal, deverão estar adestrados em procedimentos
alternativos.
b) Devidas aos obstáculos naturais
Entre todos os fatores que limitam o emprego dos CC, nenhum tem efeito mais
decisivo do que o terreno. Características do relevo, solo , vegetação e dos cursos
d` água são aspectos que afetam diretamente a eficácia dos CC, já que se
contrapõem à sua melhor característica, que é a mobilidade. Convém lembrar
que o rendimento mais eficiente dos CC é alcançado quando são empregados em
terrenos amplos, que ofereçam bom espaço para manobra.
As condições meteorológicas podem agravar os obstáculos naturais. Chuvas

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fortes e/ou prolongadas, normalmente, alteram a transitabilidade e, não raro,


transformam certas áreas em pântanos o que pode dificultar ou impedir a
progressão dos CC. As limitações impostas pelo terreno podem ser bastante
atenuadas por meio do reconhecimento prévio das vias de acesso e
aproveitamento dos trabalhos técnicos de engenharia de combate.
c) Devidas aos obstáculos artificiais
Os obstáculos artificiais são empecilhos temporários que podem ser
ultrapassados após o emprego de equipamentos e pessoal apropriados. Os mais
simples podem ser neutralizados pela própria tropa de infantaria. Um dos
obstáculos artificiais mais eficiente contra os CC é o campo minado. As minas
anticarro (AC), quando empregadas como barreiras ou lançadas isoladamente,
podem deter temporariamente o seu avanço. Outros obstáculos artificiais
normalmente utilizados, são os fossos, crateras, abatizes e o agravamento das
margens dos rios.
12.2.4 - Tarefas básicas dos CC
Quando empregados no apoio ao combate (ApCmb), os CC deverão fazer uso de
sua ação de choque em proveito da tropa de infantaria apoiada, e atuar em
coordenação com as demais armas de apoio. As tarefas básicas dos CC no apoio ao
combate são:
a) Apoiar as unidades de infantaria
Durante a execução da manobra, conduzem suas ações sempre de modo a
contribuir para a consecução do efeito desejado da unidade apoiada. Para tal,
poderão participar diretamente das ações ofensivas ou defensivas ou então apoiá-
las pelo fogo. Os CC poderão, também, integrar organizações por tarefas para os
deslocamentos táticos com a tropa de infantaria embarcada em CLAnf e/ou
VtrBld, os Grupamentos Operativos Mecanizados (GptOpMec).
b) Participar da defesa anticarro (DAC)
A DAC compreende as ações de combate defensivas desenvolvidas com o
propósito de destruir ou neutralizar unidades blindadas inimigas. Estas ações
incluem todos os meios AC, ativos e passivos, que podem ser efetivamente
empregados contra forças blindadas hostis. Meios AC ativos são aqueles capazes
de destruir ou avariar os blindados inimigos de maneira a comprometer sua

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operação. Os meios AC passivos visam a minimizar os efeitos de um ataque de


blindados. Entre os meios ativos encontram-se as armas AC, minas, mísseis,
artilharia (de campanha e naval), CC e, sobretudo, a aviação. Os meios passivos
reúnem a utilização adequada de cobertas e abrigos, de fumígenos, obstáculos,
guerra eletrônica, etc.
Dentre os meios ativos, os CC são muito eficientes, uma vez que seu armamento
principal possui grande capacidade de penetração em blindagem. Assim, os CC
integram o esforço AC da Unidade apoiada, juntamente com os demais meios
AC.
c) Realizar reconhecimento
Apesar de não ser um meio adequado para participar de reconhecimentos, exceto
o reconhecimento em força, quando empregados em conjunto com a tropa de
infantaria, podem participar do reconhecimento de pontos críticos ou locais
favoráveis às ações inimigas, quer com sua presença física, quer realizando base
de fogos. Eventualmente poderão realizar, também, reconhecimentos de eixo, de
área e de zona no interior da área de operações, desde que possam contar com a
cobertura aproximada de elementos da infantaria.
d) Prover segurança
Quando apoiados por elementos de infantaria, poderão prover cobertura e
proteção ao deslocamento de um grupamento operativo que realize uma marcha
para o combate.
e) Suplementar a artilharia
Os CC são capazes de suplementar a artilharia, executando missões de tiro direto
ou indireto. Esta é uma tarefa pouco apropriada para os CC e deverá ser
cuidadosamente considerada, visto que sua característica de mobilidade deixará
de ser convenientemente explorada e que a necessidade de reabastecimento
contínuo de munição (mais cara que a da artilharia) tornará este emprego
extremamente oneroso.

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Fig 12.1 - CC SK-105S (atual CC empregado pelo CFN)

Fig 12.2 - CCL Cascavel (antigo CC empregado pelo CFN)

12.3 - VIATURAS BLINDADAS


São viaturas SR ou SL, dotadas de couraça que lhes proporciona proteção blindada,
destinadas ao transporte de pessoal e/ou material.
12.3.1 - Configurações
As VtrBld da FFE são apresentadas nas seguintes configurações:
- VtrBld de transporte de pessoal (VtrBldTP ) - empregada no transporte tático da
tropa de infantaria e logístico de material;
- VtrBld Comando (VtrBldCmdo) - destinada ao transporte dos órgãos de comando
de um GptOpFuzNav;
- VtrBld Morteiro (VtrBldMrt) - destinada à instalação e ao transporte de peça de
Morteiro 81mm (Mrt 81mm) da tropa apoiada;
- VtrBld Socorro (VtrBldSoc) - empregada no socorro às demais Vtr desse tipo; e
- VtrBld Oficina (VtrBldOfc) - empregada em combate com recursos para prover a
manutenção em campanha.

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12.3.2 - Características gerais


a) Poder de fogo
Proporcionado por suas Mtr .50 que, em base de fogos, podem apoiar a tropa de
infantaria no assalto às posições inimigas e, na defensiva, bater, com fogos
rasantes e de flanqueamento, as possíveis vias de acesso do inimigo.
b) Proteção blindada
A proteção que a blindagem dessas viaturas oferece.
e) Comunicações amplas e flexíveis
Por serem dotadas de vários tipos de equipamentos rádio, existe a possibilidade
de serem conduzidas as ações pelos comandantes da tropa embarcada,
independentemente da rede de controle das viaturas.
f) Flexibilidade
A combinação da mobilidade com a variedade dos meios de comunicações
disponíveis, possibilita aos grupamentos operativos por elas integrados, a
execução de mudanças rápidas e freqüentes na organização para o combate, no
dispositivo e na direção do movimento. As operações conduzidas com a tropa
embarcadas nessas viaturas admitem modificações rápidas e substanciais no
planejamento.
12.3.3 - Possibilidades
Suas características lhes conferem as possibilidades a seguir relacionadas.
a) VtrBld (M113)
- ampliar a mobilidade da unidade apoiada;
- prover proteção blindada contra fragmentos de granadas de artilharia até calibre
155mm, detonadas no ar a cerca de 20m, e projéteis perfurantes de calibre até .
30, disparados frontalmente, bem como contra o efeito de sopro e fragmentação
de minas AP;
- realizar rápidos desengajamentos;
- concentrar forças, partindo de várias direções, sobre um único objetivo;
- adicionar meios de apoio de fogo à tropa apoiada;
- ampliar os recursos de comunicações da tropa apoiada; e
- estando os bancos rebatidos, transportar carga.

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12.3.4 - Limitações
São as seguintes:
- dependência do transporte por carretas, ou outro meio, nos movimentos terrestres
envolvendo grandes distâncias, em razão do desgaste acentuado e prematuro do
seu trem de rolamento;
- mobilidade limitada por terrenos montanhosos e pedregosos, devendo ser evitada
sua utilização através de regiões de vegetação densa, pântanos e em áreas com
obstáculos artificiais, tais como campos de minas e fossos anticarro;
- elevado consumo de combustível, óleos lubrificantes e munição;
- necessidade de apoio logístico contínuo para a sua manutenção;
- flutuabilidade condicionada a uma lâmina d` água mínima de 1,60. Em lâminas
inferiores seu deslocamento se fará sobre o próprio leito do curso d` água,
exigindo que este seja firme;
- impossibilidade de transposição de cursos d` água com correntes superiores a 6
Km/h, face a sua dificuldade de manobra e pequena velocidade na água (4,8
Km/h);
- não é recomendável que seja empregado em águas revoltas, devido à sua pequena
borda livre; e
- dificuldade de manutenção do sigilo, devido às suas dimensões, ao ruído do motor
e do seu sistema de tração, a poeira levantada no seu deslocamento.

Fig 12.3 - VtrBld M 113 A1

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12.4 - CARRO LAGARTA ANFÍBIO


É uma viatura anfíbia (VtrAnf) blindada, SL, destinada ao desembarque de tropas de
assalto durante o movimento navio para-terra (MNT) e ao apoio às ações subseqüentes
em terra.
12.4.1 - Configuração
Os CLAnf da FFE são apresentados nas seguintes configurações:
- CLAnf de Transporte de Pessoal (CLAnf P) - empregado no transporte, com
proteção blindada, dos elementos de assalto dos GptOpFuzNav, suas equipagens e
equipamentos, diretamente dos navios de assalto até os objetivos em terra;
- CLAnf Comando (CLAnf C) - destinado ao apoio e transporte em terra dos órgãos
de comando e controle de um GptOpFuzNav; e
- CLAnf Socorro (CLAnf S) - empregado no socorro aos demais carros de sua
classe e no apoio de manutenção de primeiro escalão.
12.4.2 - Características
Além das características gerais descritas no artigo anterior, comuns às VtrBld
(M113) e aos CLAnf, estes têm a capacidade de operar no mar, podendo, inclusive,
transpor a arrebentação.
12.4.3 - Possibilidades
Suas características lhes conferem as seguintes possibilidades:
- realizar o MNT com tropa embarcada, podendo navegar sob condições de
visibilidade reduzida , auxiliado pelo seu sistema de navegação magnética;
- ampliar a mobilidade da unidade apoiada;
- prover apoio de fogo por meio de suas Mtr .50 ou Lançadores de Granadas
Automáticos de 40 mm;
- transportar, quando a disponibilidade permitir, suprimentos da ForDbq para terra;
- prover proteção blindada contra fragmentos de granadas de artilharia, até calibre
105mm, detonados no ar a cerca de 20m, e projéteis perfurantes de calibre até .30,
disparados frontalmente. Caso esteja instalada sua couraça adicional (applique
armour) sua proteção é ampliada contra os fragmentos de granadas de 155mm,
com arrebentamento a 20m de altura, e projéteis perfurantes até .50, disparados
frontalmente. Proporciona, também, proteção contra o efeito de sopro e a
fragmentação de minas AP; e

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- realizar pivô.
12.4.4 - Limitações
São as seguintes:
- dependência do transporte por carretas, ou outro meio, nos movimentos terrestres
envolvendo grandes distâncias, em razão do desgaste acentuado e prematuro do
seu trem de rolamento;
- embora possuam considerável capacidade de combustível, os CLAnf não foram
projetados para operações prolongadas em meio líquido, as quais provocam
extremos esforços nos seus componentes mecânicos. O CLAnf atualmente
disponível na FFE foi projetado para operar 80% do tempo em terra e 20% na
água;
- mobilidade limitada por terrenos montanhosos e pedregosos, devendo ser evitada
sua utilização através de regiões de vegetação densa, pântanos e em áreas com
obstáculos artificiais, tais como campos de minas e fossos anticarro;
- elevado consumo de combustível, óleos lubrificantes, fluídos hidráulicos e
munição; e
- dificuldade de manutenção do sigilo, devido às suas dimensões, ao ruído do
motor, e do seu sistema de tração, e à poeira levantada no seu deslocamento.

Fig 12.4 - CLAnf P (AAVP7 A1)

12.5 - EMPREGO DOS BLINDADOS NAS OPERAÇÕES OFENSIVAS


12.5.1 - Marcha para o combate
No combate terrestre, o movimento para o contato pode ser realizado por um
grupamento composto por CC e infantaria apoiada por VtrBld. Os CC podem ser
empregados como elementos de segurança, na vanguarda ou na flancoguarda, em
apoio à infantaria, para atacar e destruir pequenas resistências do inimigo. As
VtrBld e os CLAnf garantem a mobilidade e proteção blindada à infantaria nesse

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tipo de operação.
12.5.2 - Ataque coordenado
No ataque coordenado, a infantaria pode ser apoiada por CC e VtrBld/CLAnf, ou
apenas por CC ou, ainda, somente por VtrBld/CLAnf. Nos três casos, o movimento
será rápido e contínuo e os métodos de ataque possíveis de serem empregados são:
- CC e infantaria (a pé ou embarcada) no mesmo eixo;
- CC e infantaria (a pé ou embarcada) em eixos convergentes; e
- blindados apoiando a infantaria pelo fogo.
12.6 - EMPREGO DO CONJUGADO CARRO-INFANTARIA
O CC, como já mencionado, acrescenta à tropa de infantaria apoiada grande ação de
choque. Porém, devido às suas características, requer também a proteção desta durante
a ação. A necessidade de apoio mútuo resultou no desenvolvimento das equipes carro-
infantaria, que se constituem de frações de infantaria operando diretamente com os
CC. É tarefa do comandante do grupo de combate (GC) e de seus integrantes atuarem
como se fossem os olhos dos CC, controlar seus fogos e protegê-los da infantaria
inimiga e de suas armas AC. É também tarefa do GC orientar os CC, indicando o que
deve ser feito e qual a melhor maneira de fazê-lo. Para proporcionar à infantaria a
mesma mobilidade dos CC, com algum grau de proteção blindada, VtrBld e/ou CLAnf
podem ser colocados em reforço à infantaria. Neste caso, a infantaria não deve
desembarcar antes que isso seja necessário. Ela, normalmente, desembarca para evitar
a sua destruição pelos fogos inimigos, quando necessário atacar ou quando for
necessário auxiliar os CC na sua proteção e remoção de obstáculos.
A infantaria complementa os elementos de CC:
- removendo obstáculos de acordo com a sua capacidade;
- neutralizando ou destruindo armas AC;
- designando alvos para os CC; e
- executando a limpeza do objetivo durante a sua consolidação.
Os elementos de CC apoiam o elemento de infantaria:
- provendo uma base de fogos móvel que auxilie a progressão dos elementos de
infantaria;
- neutralizando ou destruindo, pelo fogo direto, as armas de emprego coletivo do
inimigo;

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- abrindo brechas através de obstáculos de arame para a infantaria a pé;


- neutralizando posições fortificadas com tiros diretos;
- apoiando, com tiros diretos, a infantaria que lidera o ataque; e
- provendo proteção AC.
Sempre que possível, os CC precederão a infantaria. Existem situações específicas,
contudo, que dificultam a liderança do ataque pelos CC, determinando que a infantaria
assuma este papel, tais como: a existência de campos de minas AC, a restrição do
movimento dos CC em virtude do terreno e outras.
12.7 - PROTEÇÃO MÚTUA
Cada elemento da equipe CC - Infantaria provê proteção para o outro elemento. O CC
provê o apoio de fogo direto com seu canhão e metralhadoras e é capaz, também, de
abrir brechas em obstáculos de arame e campos de minas antipessoal. O CC,
entretanto, não consegue uma proteção total contra as equipes de destruição de CC do
inimigo por causa da sua limitada visão periférica. Existem duas importantes
circunstâncias nas quais os CC interagem com as pequenas frações de infantaria,
particularmente com o GC: na marcha para o combate e nas ações em contato com o
inimigo, inclusive no ataque. Em ambos os casos, os comandantes de GC operando
com CC devem evitar uma conduta estereotipada, envolvendo formações padronizadas
(sempre previsíveis pelo inimigo), e a idéia de que os carros são invulneráveis.
12.7.1 – Marcha para o combate
Durante a sua realização, o poder de fogo a longa distância dos CC provê proteção
contra os blindados e a infantaria inimiga. As pequenas frações de infantaria, por
sua vez, protegem os CC contra as emboscadas a curta distância que podem ser
realizadas pela infantaria inimiga. Ou seja, os CC e a tropa de infantaria se
complementam.
a) Terreno aberto
Em terreno aberto, os CC provêem uma proteção afastada, cobrindo o avanço da
infantaria com o fogo do seu canhão e metralhadoras. Ao atingir a posição mais
à frente, o GC assume posição e cobre o avanço dos CC.

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Fig 12.5 - CC-Inf deslocando-se em terreno aberto.

b) Terreno fechado
Em áreas densamente arborizadas ou de mata, a infantaria precederá,
normalmente, os CC. Quando possível, os CC cobrirão a progressão da
infantaria, vigiando os acessos ao seu interior. A tropa de infantaria, por seu
turno, não estará apenas prosseguindo sozinha na sua tarefa, mas provendo um
certo grau de proteção aproximada aos CC. Essa proteção aproximada não é,
necessariamente, proporcionada pelo posicionamento da tropa bem próxima dos
CC; ela é provida pela capacidade da infantaria engajar o inimigo antes que ele
possa atacar os CC. A escolha da formação, técnica de movimento e distância
entre ambos dependerá de uma análise cuidadosa dos fatores da decisão.

Fig 12.6 - Proteção física aproximada em terreno fechado

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12.7.2 - Ações quando em contato/ataque


O esquema básico de manobra para um combate de encontro com o inimigo e um
rápido ataque, ou mesmo um ataque deliberado bem planejado, é o mesmo - fogo e
movimento. Formações de combate rígidas e deslocamentos facilmente previsíveis
pelo inimigo devem ser evitados. Os CC podem ser empregados, inicialmente,
como uma base de fogos e determinado que atirem e se desloquem em conjunto
com a tropa de infantaria ou separados dela.
Os CC só devem assaltar uma posição inimiga ou avançar para um objetivo quando
as armas AC do inimigo tiverem sido neutralizadas pela tropa de infantaria.
12.8 - UTILIZAÇÃO DOS CC PARA TRANSPORTE DA INFANTARIA
Transporte da infantaria sobre os CC não é um método de progressão, mas uma técnica
aceitável pela qual a infantaria pode se deslocar rapidamente através de uma brecha
nas linhas inimigas ou perseguir um inimigo em fuga. Um CC é capaz de transportar
uma ET. O transporte é desconfortável devido ao calor do motor, poeira e às manobras
bruscas do veículo. Essa técnica só deve ser utilizada em curtos deslocamentos e em
situações de emergência. Quando os CC transportam elementos de infantaria, seu
poder de fogo e capacidade de manobra são reduzidos consideravelmente. Se a
infantaria é colocada sobre os CC, ela se expõe a todos os tipos de fogos realizados
contra o CC, uma vez que se torna um alvo facilmente identificável pelo inimigo.
Quando assim transportada, a infantaria deve manter observação constante em todas as
direções, a fim de impedir que as tropas inimigas ataquem o carro. Quando o mesmo
pára, a infantaria salta e se prepara para combater a pé.
12.9 - COMUNICAÇÕES CARRO-INFANTARIA
A operação eficiente do conjugado carro-infantaria depende, em grande parte, do
estabelecimento e manutenção de comunicações satisfatórias entre os elementos do
conjugado. As comunicações entre o GC e o CC podem ser estabelecidas por meio de
telefone, sinais visuais ou rádio.
12.9.1 - Uso do telefone
O telefone é o melhor meio de comunicações entre o GC e o carro. O telefone se
encontra, nos modelos atuais de carro, localizado em um receptáculo existente no
lado direito a retaguarda da viatura. O comandante ou um outro integrante do GC
deve se abrigar enquanto falar ao telefone. A extensão do cabo é suficientemente

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longa para permitir o movimento para qualquer lado do carro ou possibilitar ao


combatente deitar-se sobre o solo. As mensagens telefônicas devem ser transmitidas
lentamente, com clareza, para assegurar seu entendimento pelo comandante do CC.
O telefone deve ser colocado de volta no seu lugar e a tampa do receptáculo fechada
quando a conversação tiver terminado.
12.9.2 - Sinais visuais
a) Gestos
Quando a escotilha do carro estiver aberta e houver contato visual entre o
comandante do carro e o comandante do GC, a comunicação pode ser
estabelecida por gestos de mão e braço. Os sinais padronizados são empregados
com os CC para indicar: “Mude Direção”, “Alto”, “Avançar”, “Cessar fogo”,
etc.
b) Sinais com bandeirolas
Os CC empregam, algumas vezes, um sistema de sinais com bandeirolas para se
comunicar com a infantaria. Os CC podem mostrar bandeirolas de cores diversas
em sua torre com esse propósito.
c) Sinais com pirotécnicos
A comunicação entre os carros e a infantaria pode, ainda, ser estabelecida por
meio do uso de sinalizadores pirotécnicos. Estes sinais são diversificados em
cores e tipos.
12.10 - DESIGNAÇÃO DE ALVOS
Uma vez que a visibilidade e a audição no interior de um CC são bastante restritas, é
difícil ao atirador do carro localizar os seus alvos. Um GC que se encontre operando
em conjunto com tal meio, muitas vezes terá que localizar alvos para as armas deste.
Neste caso, é da responsabilidade do comandante do GC identificar os alvos
apropriados para serem batidos pelas armas do CC. CC inimigos, armas AC, armas
automáticas (inclusive as que se encontram em casamatas ou em outras posições
fortificadas) e concentrações de tropas inimigas são os alvos mais apropriados. Se
vários alvos forem observados ao mesmo tempo pelo comandante do GC,
normalmente ele deverá engajá-los na ordem em que foram citados acima.
12.10.1 - Método do relógio
Empregando o método do relógio para a designação de alvos para os CC,

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considera-se como referência de direção aquela para onde se encontra a proa do


carro, a qual será convencionada como a de 12 horas. A distância deve ser
informada em metros, de acordo com a estimativa visual do designador ou com o
uso de binóculos/lunetas dotados de algum sistema de determinação de distâncias.
A descrição do alvo deverá ser informada de modo que o comandante do CC
possa determinar o tipo de munição a ser empregada. Se a infantaria puder
observar o tiro do carro, o comandante do GC determina que o CC atire com sua
metralhadora da torre sobre o alvo. Observando o tiro realizado pela metralhadora,
o comandante do GC conduz o mesmo para o alvo. O canhão da torre, que é
montado coaxialmente com a metralhadora, poderá, então, atirar eficazmente
contra esse alvo.
12.10.2 - Fumaça e geradores de fumaça
Os alvos podem ser designados pelo emprego de granadas fumígenas de mão ou
de bocal e de granadas de 40mm geradoras de fumaça lançadas com o M-203. Se
o objetivo for difícil de ser visualizado pelo pessoal do carro, o comandante do
GC ordena que uma granada fulmígena ou geradora de fumaça seja lançada ou
atirada contra o alvo. A fumaça resultante, localizada sobre o alvo, fornece um
ponto de referência facilmente identificável, do qual o alvo possa ser apontado.
12.11 - SEGURANÇA
Durante os deslocamentos, os conjugados carro-infantaria serão alvos facilmente
localizáveis e vulneráveis, particularmente aos ataques da aviação inimiga. A melhor
segurança será a fornecida pela cobertura aérea. Quando esta não estiver disponível,
ou quando o inimigo tiver superioridade aérea, o sucesso do movimento dependerá
sobretudo da velocidade e sigilo que se puder obter. Para diminuir as possibilidades
de ataque de surpresa, deverão ser estabelecidas medidas de segurança contra ataques
terrestres e aéreos. Incluem-se, entre elas, os movimentos em períodos de visibilidade
reduzida, a severa disciplina de camuflagem, a designação de setores de observação,
o estabelecimento de sentinelas do ar e a manutenção de intervalos adequados entre
os seus elementos.
Além disso, as seguintes precauções devem ser adotadas pela tropa que opera com
CC:
- não se deslocar à frente nem imediatamente ao lado de um CC quando ele estiver

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atirando (a área de sopro da boca do canhão se estende até 20 metros para cada
flanco);
- os CC têm um raio de giro curto. Portanto, é preciso deixar sempre desobstruída a
faixa do terreno por onde o carro se desloca e manobra;
- manter-se afastado do acesso ao motor existente à retaguarda do CC. O intenso
calor proveniente do motor é perigoso; e
- a tropa deve se manter distante do CC quando este estiver sendo reabastecido ou
remuniciado.

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CAPÍTULO 13
COMBATE EM AMBIENTES ESPECIAIS
13.1 - GENERALIDADES
São denominados especiais os ambientes operacionais que, por terem características
distintas daqueles onde mais comumente se desenrolam os combates, exercem
influências diversas sobre os combatentes e as operações, exigindo tropa
especialmente organizada e adestrada, bem como táticas, técnicas e meios especiais.
Neste capítulo serão apresentadas as peculiaridades do combate nos seguintes
ambientes especiais: selva, pantanal, montanha, e em regiões semi-áridas e de clima
frio.
13.2 - SELVA
Ambiente constituído essencialmente por florestas equatoriais ou tropicais densas, e de
clima quente, úmido e super úmido. Localizam-se entre os trópicos de Câncer e
Capricórnio em extensas regiões de planície, de planalto ou mesmo de montanha, na
América do Sul (Amazônia), América Central, África e Ásia.
13.2.1 - Características ambientais
a) Clima
O ambiente de selva é caracterizado por temperaturas elevadas, com pequenas
variações ao longo do ano e praticamente sem variações ao longo do dia, altos
índices pluviométricos e intensa umidade. Tudo isso acelera o desgaste da tropa,
aumenta o número de baixas por problemas médicos, dificulta a conservação de
gêneros alimentícios, amplia a freqüência de manutenção dos equipamentos e do
armamento, e exige medidas especiais para estocagem de suprimentos, em
particular da munição.
b) Relevo
O relevo é bastante irregular, mesmo quando a selva se situa numa planície. Os
dobramentos e descontinuidades da superfície terrestre, em geral ocultos pela
densa vegetação, formam um extenso sistema de drenagem, restringindo a
movimentação da tropa a pé e, na maioria das vezes, impedindo o movimento de
viaturas. Além disso, limita a observação e os campos de tiro para qualquer tipo
de arma.
c) Natureza do solo
É variável com o nível do terreno. Nos terrenos mais elevados, o solo, em geral,

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é bem compactado com materiais de granulação fina e com a presença de argila.


Nas várzeas o solo é predominantemente sedimentar, prejudicando a
transitabilidade, inclusive para tropa a pé, particularmente na estação chuvosa.
d) Hidrografia
Um dos aspectos mais distintivos da selva é a abundância de cursos d’água,
formando, geralmente, uma extensa rede fluvial onde estão presentes rios
caudalosos com inúmeros afluentes e subafluentes, na Amazônia conhecidos por
igarapés, além de lagos e áreas alagadas. Essa rede tende a canalizar a
movimentação de pessoas e carga, constituindo-se na principal via de transporte
nesse ambiente. As embarcações são, por sua vez, o principal meio de
locomoção. Por essas razões, o combate na selva quase sempre está relacionado
com o controle das hidrovias interiores na área de operações.
e) Vegetação
A vegetação é exuberante, distribuída em camadas por todo o espectro da altura.
As grandes árvores conectadas pelas copas, que normalmente se entrelaçam no
topo, formam uma espessa cobertura vegetal que impede a penetração dos raios
solares e provoca a redução da circulação do ar, tornando o ambiente sombrio,
opressivo, abafado e desconfortável.
Junto à superfície, os caules das árvores de grande porte, que podem alcançar
mais de um metro de diâmetro, em geral ficam muito próximos uns dos outros,
impedindo que as armas sejam utilizadas até o limite do alcance útil e, por
conseqüência, tornando o combate bem mais aproximado.
Além disso, reduzem o alcance da observação, o que facilita a surpresa por um
lado e por outro exige medidas excepcionais de segurança, particularmente nos
deslocamentos.
A densa vegetação também diminui o efeito do arrebentamento das granadas
auto-explosivas, reduzindo a eficiência do apoio de fogo.

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Floresta Tropical Úmida Floresta Caducifólia

Floresta Secundária Mata Inundável

Mata de Várzea
Fig 13.1 - Os vários tipos de selva

f) Baixa densidade demográfica


A população rarefeita nas regiões de selva dificulta a mobilização de mão-de-
obra em proveito das atividades de apoio. No entanto, os poucos civis residentes
nessas áreas são, habitualmente, profundos conhecedores do terreno e das
atividades que nele ocorrem ou deixam de ocorrer, tornando-se boas fontes de
conhecimentos. Pela mesma razão podem ser aproveitados como guias e

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operadores de embarcações.
13.2.2 - Necessidade de ambientação
A operação em ambiente de selva requer um período prévio de ambientação da
tropa. Nesse período devem ser adotadas algumas providências que contribuem
para essa ambientação.
a) Aclimatação
Esse processo começa no primeiro dia de chegada do combatente a selva e
poderá estar bem desenvolvido no quarto dia. Contudo, só estará completo entre
o sétimo e décimo quarto dia, podendo ser acelerado pela execução de exercícios
físicos.
b) Uso de maiores quantidades de sal nos alimentos
As elevadas temperaturas aumentam a sudorese e a perda de sais minerais, o que
pode causar desidratação. Por essa razão, é conveniente aumentar ligeiramente
as quantidades de sal utilizadas nos alimentos, desde o início da aclimatação.
c) Não se alimentar em excesso
O maior esforço despendido recomenda moderação na ingestão de alimentos. Na
selva é preferível comer pequenas quantidades de alimentos em maior número
de refeições, realizadas a intervalos menores.
d) Outras providências
Entre tantas, é conveniente ressaltar, ainda, a necessidade de se vestir
adequadamente, trabalhar à sombra, compreender o calor e precaver-se contra
distúrbios mentais.
O uso de uniformes mais leves e de secagem mais rápida é de todo
recomendável. Coturnos com canos de lona reforçada e válvulas para drenagem
d’água são os mais apropriados. Durante o período crepuscular, as mangas
devem permanecer arriadas, as golas fechadas e, se possível, utilizar o
mosquiteiro de cabeça para reduzir a ação dos insetos.
A exposição por longos períodos ao sol nas proximidades do Equador pode
acarretar sérias complicações à saúde do combatente. Trabalhar, sempre que
possível, à sombra, particularmente na execução das tarefas mais extenuantes.
Os inconvenientes do calor vão se agravando paulatinamente sem que o
combatente se aperceba. É preciso conhecer bem seus efeitos sobre o organismo
e saber contornar esses inconvenientes. A não observância de cuidados

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especiais aos primeiros sintomas da intermação ou exaustão repentina podem


provocar sérios distúrbios mentais, entre eles a desorientação espacial.
13.2.3 - Sobrevivência
Não raras as vezes, o combatente terá que percorrer ou permanecer em regiões onde
as possibilidades de reabastecimento, apoio de saúde e transporte podem ser
mínimas ou inexistentes. Por essa razão, é indispensável que todos conheçam as
técnicas de sobrevivência ligadas à obtenção de alimentos e água, higiene e
construção de abrigos.
a) Alimentação
Água e boa comida são sempre encontradas na selva, desde que o combatente
saiba onde, como e quando obtê-las. Além disso, deve considerar como
primordial na preparação dos alimentos a necessidade de fogo.
I) Obtenção d’água
O equilíbrio da natureza põe à disposição do ser humano vários recursos para
que ele possa suprir a sua necessidade de água potável. Além da água
corrente proporcionada pelos cursos d’água e pela chuva, pode-se obtê-la
através dos vegetais. Por exemplo:
- Cipó d’água
Basta cortá-lo o mais alto que se possa alcançar e depois cortá-lo novamente
em baixo, de modo a ter, no mínimo, um metro de cipó, deixando a água
contida nesse pedaço escorrer para o cantil ou diretamente na boca.

Fig 13.2 - Cipó d’água

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- Bambu
Ás vezes pode ser encontrada água no interior dos gomos do bambu,
principalmente do velho e amarelado.

Fig 13.3 - Água obtida do talo do bambu

- Coco
Os verdes são os melhores, pois em geral possuem maior quantidade d’água.
II) Obtenção do fogo
O fogo é um excelente recurso com que se deve contar para ampliar e
melhorar as condições de vida na selva. É necessário, contudo, conhecer
como preparar e acender uma fogueira. Inicialmente, é conveniente fazer uma
limpeza da área onde será feito o fogo. Quando a permanência no local for
um pouco mais prolongada, será indispensável a construção de um abrigo
para preservar a fogueira contra a chuva.
Para acender a fogueira usa-se uma isca, que pode ser um amontoado de
folhas secas, papel, palha, gravetos ou casca de árvores, sobre a qual se age
para a obtenção inicial do fogo. Para auxiliar o acendimento da isca, usa-se o
breu vegetal, resina extraída da árvore do breu que funciona como um
excelente inflamável.
A lenha que será utilizada na fogueira, sempre que possível deve
estar seca.

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Fig 13.4 - Processos para obter fogo

III) Obtenção de alimentos


A selva, habitualmente, proporciona uma variedade de plantas, frutas, animais
e pescados que podem servir de alimento.
As plantas, em geral, têm as extremidades dos brotos como a parte que
oferece menos risco à saúde. Contudo, em cada área de selva que se for atuar,
convém obter informações com os nativos sobre que plantas podem servir de
alimento para o homem.
Toda a fruta, em princípio, pode ser consumida. Quando desconhecida essa
possibilidade, deve-se evitar aquelas cujas características sejam: cabeluda,
amarga e leitosa (CAL).
Cabe lembrar que praticamente tudo que os pássaros e os animais comem
pode ser consumido pelo homem.
O combatente também poderá caçar, empregando o próprio fuzil ou
armadilhas.
As armadilhas deverão ser montadas antes do cair da noite e nas partes
mais estreitas das trilhas onde houver indícios de trânsito de animais.
Tudo que fizer parte de uma armadilha deverá ser muito bem

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camuflado para que o seu funcionamento seja eficaz.

Fig 13.5 - Armadilhas para caça

Os locais onde forem visceradas as caças poderão atrair outros animais, neles

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será, portanto, também aconselhável e vantajoso colocar armadilhas.


A pesca, da mesma forma, pode ser efetuada utilizando-se linha e anzol ou
uma espécie de armadilha construída com tiras de bambu, denominada
curral, que se coloca na entrada dos cursos d’água, contra a
correnteza.

Fig 13.6 - Anzóis improvisados

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Fig 13.7 - Armadilhas para peixes

b) Higiene
O calor e umidade intensos causam desconforto e obrigam a dispensar maiores
cuidados com a higiene individual e das áreas de estacionamento.
Além dos cuidados de higiene em campanha, é mandatário um maior cuidado
com os pés e a higiene bucal. O pés devem ser sempre ventilados e secos,
substituindo-se as meias diariamente e prevenindo o aparecimento de fungos e
bactérias entre os dedos por meio da lavagem e aplicação de pó antisséptico.
Os restos de comida, vísceras de animais e as fezes humanas atraem mosquitos.
É conveniente que tais dejetos sejam imediatamente enterrados, haja vista que o
intenso calor acelera a deterioração e as bactérias aí presentes podem ser
inoculadas nos seres humanos através dos mosquitos presentes na área.

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c) Abrigos
O combatente que necessitar permanecer por tempo um pouco mais prolongado
num mesmo local, precisa dispor de um mínimo de conforto, de condições
psicológicas favoráveis e de proteção contra as adversidades do ambiente. Uma
das maneiras de se conseguir isto é com a construção de um abrigo, que pode
variar de algo simples e ligeiro para pernoitar a um conjunto de construções que
lhe proporcionem algum grau de apoio para períodos mais extensos.

Fig 13.8 - Exemplos de abrigos confeccionados com ponchos

Seja qual for a complexidade do(s) abrigo(s) que se vai construir, o local deve
reunir as seguintes características: elevado em relação ao nível geral do
terreno, ligeiramente inclinado, relativamente limpo e o mais próximo
possível de uma fonte d’água potável.

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Fig 13.9 - Exemplos de abrigos confeccionados com recursos locais

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13.2.4 - Combate na selva


A selva, pelos seus aspectos fisiográficos, em particular as condições climáticas
adversas, a vegetação densa e a hidrografia, constitui-se numa área de condições de
combate peculiares, na qual as operações militares se desenvolvem sob condições
especiais.
As operações na selva caracterizam-se, fundamentalmente, pelo emprego
descentralizado da infantaria, cujas unidades atuam primordialmente por meio de
pequenas frações, em espaços de dimensões muito maiores do que o habitual, com
ênfase no combate aproximado. Em geral, essas frações costumam ser reforçadas
com elementos de comunicações, armas de emprego coletivo e pessoal de saúde.
Eventualmente podem ser apoiadas por elementos de engenharia e artilharia. Além
disso, é comum o intenso emprego de equipes de reconhecimento precedendo as
ações de combate das unidades de infantaria.
A liderança e a iniciativa individual nas pequenas frações são fatores decisivos para
o sucesso.
O combate na selva requer um adestramento prévio especializado das unidades,
onde deverão ser enfatizados os seguintes assuntos: navegação terrestre, travessia
de cursos d’água, operação de embarcações de pequeno porte, tiro por ação reflexa,
emboscadas, explosivos, armadilhas, primeiros-socorros, sobrevivência e
comunicações em condições especiais.
Os princípios táticos que regem a execução do combate terrestre, quer seja ele
ofensivo ou defensivo, são aplicáveis às ações militares desenvolvidas na selva.
Essa aplicação, no entanto, sofre restrições impostas pelos aspectos peculiares da
área, e a natureza e volume dos meios empregados modificam a técnica, os
processos de combate e a própria utilização dos equipamentos e armamentos.
A surpresa é procurada ao máximo. O ritmo das operações torna-se, por essa razão,
mais lento.
As formações de combate sofrem modificações impostas pelas características da
área, sendo, normalmente, mais cerradas. Os deslocamentos são quase todos
efetuados em coluna, ocorrendo freqüentemente combates de encontro.
O ataque aos objetivos é conduzido à semelhança de um ataque noturno, com a
unidade de tropa responsável pelo ataque desdobrando suas frações sucessivamente,
até chegar bem próximo ao objetivo onde tomam a formação mais condizente com

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o terreno para executar o assalto. A coordenação é extremamente difícil,


implicando, quase sempre, a execução das diversas ações em horários pré-
estabelecidos, haja vista não ser possível estabelecê-la exclusivamente por meio das
comunicações rádio. A manobras, por conseqüência, são restritas.

Fig 13.10 - Aproximação do objetivo na selva

O emprego do armamento pesado, particularmente da artilharia, é limitado por seu


peso e volume, dificuldades de deslocamento e natureza do solo, bem como pelas
restrições à busca e aquisição de alvos, observação do tiro e coordenação dos fogos.
O transporte aéreo, em particular por helicópteros, torna-se quase que obrigatório,
como forma de vencer as grandes distâncias e os obstáculos existentes. Sempre que
possível, embarcações e navios complementam as necessidades de transporte na
área de operações.
O apoio de serviços ao combate (ApSvCmb) é prestado com as adaptações
necessárias às condições do meio ambiente e às contingências especiais do
combate.
Por fim, a constituição de bases de combate (flutuantes ou terrestres) proporciona
abrigo para os órgãos de comando, de apoio e para a reserva, tornando-as os pontos
focais das operações nesse ambiente.
13.2.5 - Comunicações
Os canais mais utilizados em operações na selva são o rádio e o mensageiro.
Os equipamentos rádio empregados na selva, sempre que possível, devem ser
dotados de recursos que proporcionem maior confiabilidade e flexibilidade de
operação, de forma a atender às circunstâncias adversas desse ambiente. É comum
empregar equipamentos de maior potência nas pequenas frações, bem como um
número elevado de postos de retransmissão. O uso de antenas expeditas acima da

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copa das árvores é também um expediente muito utilizado.

Fig 13.11 - Antena expedita para patrulhas e pequenas frações

Todos os equipamentos devem ser protegidos contra a ação da umidade e dos


fungos. A manutenção diária é um requisito básico para o bom funcionamento dos
equipamentos de comunicações na selva.
O mensageiro, por sua vez, é o canal de comunicações mais importante no âmbito
das pequenas frações, sendo recomendado seu emprego aos pares. O mensageiro na
selva deve possuir excepcional vigor físico, bem como experiência em camuflagem
e navegação terrestre. É recomendável, ainda, que conheça profundamente as
técnicas e procedimentos para fuga e evasão.
13.2.6 - Operações na selva amazônica
As operações na selva amazônica, sem fugir demasiadamente do quadro
característico desse ambiente especial, apresentam algumas particularidades, dentre
as quais destacam-se:
- necessidade de grandes deslocamentos de tropas e material até as áreas de
operações; e
- larga utilização do transporte fluvial.

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13.3 - PANTANAL
Em quase todos os continentes existem regiões pantanosas e cada uma delas têm
características peculiares, tais como clima, topografia, hidrografia, fauna e flora.
Porém, todas essas regiões, do ponto de vista militar, apresentam as seguintes
características comuns:
- dificuldade de locomoção para tropa de qualquer natureza;
- restrições à navegação fluvial nos períodos de visibilidade reduzida;
- restrições ao emprego da artilharia;
- dificuldade para manobrar com grandes efetivos de tropa;
- exigência de equipamentos especiais;
- exigência de cuidados especiais com os equipamentos;
- intenso emprego de meios aéreos para os deslocamentos táticos e para apoio,
particularmente por meio de helicópteros; e
- necessidade de tropa previamente adestrada em operações nesse tipo de ambiente.
13.3.1 - Características ambientais
O PANTANAL MATOGROSSENSE apresenta-se como uma das maiores
planícies de sedimentação do mundo, ocupando grande parte do centro-oeste
brasileiro e estendendo-se pela ARGENTINA, BOLÍVIA e PARAGUAI.
a) Clima
O clima é tropical com diferenças marcantes entre as estações seca e chuvosa.
Localizada na porção centro sul do continente sul-americano, a região não
sofre influência do oceano, mas está exposta à invasão de massas frias
provenientes dos Pampas e do Chaco. A temperatura, habitualmente alta, pode
cair repentinamente até Oo C.
Na estação seca, de abril a setembro, as chuvas escasseiam e a temperatura é
bastante agradável. Durante o dia pode fazer calor, mas as noites são frescas ou
frias. Os terrenos alagados praticamente desaparecem, restringindo os espelhos
d’água aos rios perenes, com leito bem definido, às grandes lagoas próximas a
esses rios e à algumas lagoas menores e banhados nas partes mais baixas da
planície.
Com o início das chuvas, geralmente em outubro, começa o verão que se
prolonga até março. A temperatura elevada só cai durante e logo após as fortes
pancadas de chuva, voltando a subir em seguida até que novas trombas d’água

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desabem, reduzindo a temperatura. É nesse cenário úmido e quente que o


Pantanal Matogrossense se apresenta como imensa região alagada onde rios,
banhados e lagoas se misturam. Só os terrenos mais elevados e os morros
isolados sobressaem como verdadeiras ilhas cobertas de vegetação. Muitas
estradas ficam parcialmente cobertas pelas águas, tornando-se intransitáveis. O
transporte na maior parte da região fica restrito ao realizado por meio de
embarcações e aeronaves de pequeno porte.
b) Relevo
O Pantanal é uma região suavemente ondulada, pontilhada por raros morros
isolados e rica em depressões rasas, cujos limites são marcados por variados
tipos de elevações como chapadas, serras e maciços.
O relevo não possui muitos pontos dominantes e a maioria dos existentes
apresenta cobertura vegetal densa, limitando, de um modo geral, a observação.
c) Natureza do solo
O solo é do tipo aluvião, muito permeável, de composição predominantemente
argilo-arenosa. Nas áreas mais elevadas, especialmente nas serras e morros
isolados, o solo é calcário, muito árido.
Em algumas áreas encontram-se depósitos de sais minerais em quantidades que
por vezes justifica sua comercialização. Sua ocorrência esta relacionada à
presença das salinas, lagos cujas águas apresentam elevada concentração de
sais que, durante os períodos de estiagem, se depositam nas margens, formando
um halo característico.
d) Hidrografia
O Pantanal é cortado por uma grande quantidade de rios, todos pertencentes à
Bacia do Rio Paraguai.
Durante a estação das chuvas o solo se encharca, formando novos e maiores
banhados e lagoas, bem como transbordando os leitos das depressões mais
rasas, dando origem a cursos d’água de volume e leito variáveis, os quais são
denominados coriscos.
e) Vegetação
A vegetação está adaptada às condições locais, variando desde espécies da
Floresta Amazônica até as do Cerrado e do Chaco. Nas regiões de altitudes
médias, encontra-se vegetação típica do Cerrado ou Caatinga (mandacaru,

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joazeiro, caraguatás, etc.) com árvores de porte médio. Nas partes mais baixas,
predominam as gramíneas com raras árvores espaçadas. Nas pequenas
ondulações do terreno formam-se os capões e as cordilheiras, com árvores de
maior porte no estrato superior, e vegetação rasteira. É comum a ocorrência de
parques constituídos por uma só espécie vegetal predominante, como carandá.
acuris, buritis, etc.
Margeando os rios, encontram-se as matas ciliares, com largura variável,
formadas por vegetais de grande e médio porte e trepadeiras, intercalados por
arbustos. No interior dos rios e lagoas existem diversos tipos de vegetação
aquática. Concentrações dessas plantas, denominadas camalotes, se
desprendem das margens e são levadas pela correnteza.
13.3.2 - Combate no Pantanal
As operações no PANTANAL MATOGROSSENSE se realizam em um ambiente
em que na maior parte do tempo a tropa estará se deslocando através de cursos
d’água ou por terreno alagado, embarcada ou a pé. Por essa razão, o combate no
Pantanal é conduzido como numa operação ribeirinha, não diferindo muito do
conduzido no ambiente amazônico.
a) Cuidados com o material
É comum o combatente ter o seu equipamento e armamento imersos
involuntariamente na água, o que o obriga a cuidados especiais.
I) Mochila
Todo o material transportado na mochila deverá estar acondicionado em sacos
plásticos e com a boca dos mesmos amarrada, a fim de evitar infiltrações.
II) Cartas e documentos
Devem merecer cuidado redobrado quanto à sua impermeabilização. Além
das medidas de proteção de praxe, as cartas devem ser conduzidas em sacos
plásticos hermeticamente fechados, de forma a evitar sua deterioração.
III) Armamento
As salinas existentes no Pantanal, em conjunto com os demais aspectos do
ambiente que degradam as condições do material, implicam em dispensar ao
armamento medidas especiais, tais como:
- efetuar várias limpezas diárias;
- evitar, tanto quanto possível, o contato do armamento com a água,

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principalmente se for salobra;


- quando utilizando pequenas embarcações, peiar o armamento com um cabo
solteiro e nó de soltura rápida, a fim de, no caso de acidente, evitar a sua
perda;
- a munição extra deve ser mantida, tanto quanto possível, dentro do
invólucro plástico de proteção; e
- o facão de mato e a faca de combate devem permanecer untados com uma
fina camada de óleo ou graxa.
IV) Equipamentos de comunicações
São bastante sensíveis à umidade e por isso devem receber proteção extra
contra os seus efeitos. Todos os equipamentos devem ser acondicionados em
uma capa de proteção especial ou em sacos plásticos resistentes. Além disso,
devem ser submetidos a todos os processos de impermeabilização habituais.
b) Cuidados pessoais
Não de deve permanecer molhado por mais de 48 horas, sob pena de tal
desconforto abalar o moral e reduzir a eficiência do combatente. As roupas e os
equipamentos devem ser colocados para secar sempre que possível. Evitar
dormir com as roupas molhadas. O coturno, da mesma forma, deve ser posto
para secar sempre que houver oportunidade.
Andar sempre com uma vara, verificando com ela os locais suspeitos onde for
pisar ou sentar. O ruído, em geral, espantará os animais peçonhentos.
Ter cuidado com troncos de árvores podres, pois o seu miolo normalmente é oco,
tornando-se um dos locais preferidos por cobras, aranhas e escorpiões.
Durante pelo menos os períodos crepusculares usar o mosquiteiro de cabeça e
abaixar as mangas do uniforme.
Ao se vestir, verificar se não há animais peçonhentos que tenham vindo se
abrigar nas peças de roupa e no coturno. Convém, por isso, amarrar o cano desse
calçado ao retirá-lo para dormir.
No caso de um ataque de abelhas, muito comum no Pantanal, utilizar o
mosquiteiro de cabeça. Caso não se disponha desse equipamento, afastar-se, sem
pânico, rapidamente do local do ataque. Evitar cair na água se já tiver sofrido
várias ferroadas, pois poderá sofrer também um choque térmico e morrer
afogado.

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c) Operações
Embora menos exigente que o ambiente de selva, o Pantanal requer tropa
aclimatada, o que, em geral ocorre num período de aproximadamente 5 dias.
A navegação nos rios da bacia do rio Paraguai é mais restrita do que na do rio
Amazonas, em função, basicamente, da profundidade. A largura dos rios
também impõe a necessidade de mais segurança nos deslocamentos da força
naval, já que é possível conduzir fogos das margens sobre os canais navegáveis.
Tudo isso faz com que a tropa seja desdobrada à frente da força naval, provendo
segurança ao seu trânsito, praticamente ao longo de todo percurso na área de
operações. A tropa é, então, empregada à semelhança de uma marcha para o
combate até estabelecer o contato com o inimigo.
A existência de porções consideráveis de terreno taticamente utilizável junto às
margens dos rios, permite, também, o desenvolvimento de manobras terrestres.
Convém ressaltar, contudo, que na maior parte dos rios, as margens são
taludadas, apresentando poucos trechos espraiados que permitem o desembarque
de tropa em assalto.
O emprego de helicópteros para transporte tático de tropa, observação e
condução dos fogos das armas de apoio, bem como para o controle das ações é
quase que mandatário.
A precariedade ou inexistência de estradas, bem como a impossibilidade de
deslocamento em determinadas regiões, tornam o emprego da artilharia
dependente de embarcações e/ou helicópteros. Além disso, durante o período de
chuvas, em determinadas regiões, são escassas as áreas de posição adequadas,
devendo ser considerada a possibilidade de utilização de embarcações ou outras
plataformas flutuantes para posicionamento do material.
O apoio aéreo é particularmente importante nesta região, conferindo o grau de
mobilidade indispensável à Força de Reação e provendo o apoio de fogo rápido
e preciso.
Na estação chuvosa é praticamente inviável o emprego de blindados no Pantanal,
mesmo para os CLAnf, devido às limitações à sua navegação nos rios e áreas
alagadas ou às precárias condições de transitabilidade em terra. Na estação seca
a situação se inverte, aparecendo terrenos bastante favoráveis ao emprego desses
meios.

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O apoio de engenharia em qualquer das estações é crucial, sendo, normalmente,


mais intenso do que nas operações anfíbias.
O apoio de reconhecimento é, também, crucial. As constantes alterações nas
características do ambiente e as restrições à manobra nos rios e mesmo em terra,
demandam o emprego de maior quantidade de meios de reconhecimento.
O apoio de fogo naval está subordinado às condições de navegabilidade dos rios
e canais. O taludamento das margens em determinadas áreas pode se tornar um
sério obstáculo para as armas de tiro direto.
13.4 - MONTANHA
Nas operações militares, a montanha é considerada em duas situações distintas. A
primeira, quando a montanha é uma região de trânsito para a área de operações. A
segunda situação ocorre quando a área de operações é montanhosa, requerendo tropa
especialmente adestrada e equipada para o combate neste ambiente.
13.4.1 - Características ambientais
Na montanha existe uma variedade de paisagens, que formam ambientes distintos.
Contudo, alguns aspectos caracterizam de maneira marcante essas regiões. O
principal é a variedade do relevo, complementado pela altitude, clima e vegetação.
a) Relevo
A variedade do relevo decorre dos movimentos ocorridos na crosta terrestre,
modificada pela ação dos agentes atmosféricos. Sua altitude determina as
características climáticas, que, por sua vez, dão origem a sua vegetação peculiar.
As regiões montanhosas apresentam formas topográficas distintas, importantes
para as operações militares.
I) Montes
São as partes mais altas do terreno montanhoso. Sua altura relativa depende
de estar sua base em planaltos ou em planícies. Sua altura absoluta é a que
determina a formação de neve perpétua e glaciais, assim como o tipo de
vegetação.
II) Vales
São as depressões existentes entre as linhas de alturas. Em geral têm o
comprimento maior que a largura e estão rodeados de encostas com grande
diferença de altitude. É comum ser cortado por um curso d’água.

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III) Picos
São elevações bem definidas e isoladas, com uma forma aguda.
IV) Cavados
São as depressões existentes nos divisores de águas e servem de passagem
entre as linhas de alturas. A freqüência ou não de cavados facilmente
transitáveis, dá uma boa idéia das condições de movimento na montanha.
Dependendo de sua acessibilidade, são classificados em: desfiladeiro,
garganta e brecha.

Fig 13.12 - Descrição do relevo

b) Clima
É influenciado pela massa da montanha e pela altitude, bem como pela latitude
do local e o clima das regiões vizinhas. Normalmente, as variações das
condições meteorológicas são bruscas.
A temperatura varia com a altitude, diminuindo aproximadamente 6, 5 o C para
cada 1000 metros que se ascende.
A diminuição progressiva da pressão atmosférica à medida que aumenta a
altitude, torna o ar rarefeito, criando dificuldades para a vida a partir dos 4000
metros.
As regiões montanhosas são mais suscetíveis às precipitações que as planícies
próximas.
A intensidade do vento na montanha é maior que nas planícies, pois encontra
menos obstáculos. A ação combinada do frio e do vento, que provoca no corpo
humano uma perda de calor maior que a normal, é chamada de fator “windchill”.

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Dependendo do grau desse fator, pode ocorrer congelamento, diminuição da


circulação sangüínea e da capacidade de resistência do corpo humano.
A intensidade da radiação solar pode provocar insolação e queimaduras, pois ela
é muito maior do que ao nível do mar.
13.4.2 - Necessidade de ambientação e adaptação
Para uma tropa habituada a operar em altitudes mais elevadas, o período de tempo
necessário à ambientação com as peculiaridades de uma determinada região
montanhosa pode variar de 24 a 48 horas.
Todavia, uma tropa não habituada com os fenômenos ambientais da montanha,
como a altitude, baixa pressão e o clima rigoroso, irá requerer de dez a quatorze
dias para se adaptar ao ambiente.
A preparação psicológica dos combatentes deve ser especialmente considerada. A
maior parte dos fuzileiros navais vive, habitualmente, em locais ao nível do mar,
não tendo consciência dos efeitos da altitude sobre o seu organismo. Além disso, ao
se aproximar de encostas escarpadas ou despenhadeiros, podem se sentir inseguros
e sofrer vertigens. Por essas razões, durante o período de adaptação, deve ser
aplicado um programa de adestramento que, progressivamente, estimule a auto-
confiança para atuar na montanha.
O adestramento habitual das unidades do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN),
particularmente o treinamento físico-militar (TFM) e as marchas, não é suficiente
para capacitar o combatente anfíbio para as árduas tarefas que devem ser
executadas em um ambiente montanhoso. Nesse ambiente, novos grupos de
músculos serão solicitados a trabalhar, esforços mais intensos serão necessários, o
que irá exigir um vigoroso preparo físico durante o período de adaptação.
I) Mal da montanha
A falta de adaptação à altitude, especialmente entre 1000 e 1500 metros, provoca
reações orgânicas conhecidas por mal da montanha. Os sintomas iniciais são dor
de cabeça, náuseas, vômitos, ausência de apetite, insônia e irritabilidade. Estes
sintomas podem ser amenizados pelo descanso apropriado. Em casos muito
raros, a baixa deverá ser transportada para um local de menor altitude.
Tanto o novato quanto o veterano neste ambiente estão sujeitos a este distúrbio.
II) Mal do vale
Ocorre quando um indivíduo já bem adaptado à altitude, retorna repentinamente

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ao nível do mar. Os sintomas mais comuns são a moleza, aumento da


transpiração, perda de peso, dor de cabeça, zumbido nos ouvidos, indigestão,
irritabilidade, depressão, amnésia e autocomiseração. Em geral, os sintomas
desaparecem em alguns dias.
13.4.3 - Combate na montanha
a) Deslocamentos
A primeira preocupação do combate na montanha é observar as técnicas de
deslocamento, como forma de garantir continuidade aos movimentos táticos.
O combatente deve se deslocar com um passo constante e ritmado, diminuindo a
velocidade à medida que o terreno se torne mais íngreme. Na subida de escarpas,
a velocidade pode variar de 40 a 85 passos por minuto, dependendo
principalmente da altitude.
Na montanha, a velocidade de deslocamento é a relação entre o desnível
alcançado e o tempo gasto para atingi-lo. Ela pode variar com o estado moral e
físico da tropa, seu grau de adestramento, peso e volume dos equipamentos que
transporta e com as características do terreno e condições meteorológicas do
momento. Normalmente, não se deve forçar a velocidade de deslocamento,
devendo-se recorrer, quando a situação exigir, a um aumento na duração da
jornada.
O núcleo de uma unidade de marcha na montanha não deve exceder a
companhia. Excepcionalmente, dependendo de características muito favoráveis
do terreno, poderá ser nucleada pelo batalhão.
Quando for necessário realizar uma escalada, cada corda deverá ser utilizada
por uma equipe de no máximo quatro homens. De acordo com o tipo de encosta
escalada, o intervalo entre equipes deverá ser de 8 a 10 metros.
A seleção dos itinerários deve ser fruto de um minucioso reconhecimento.
Fotografias aéreas recentes também auxiliam a seleção. Os aspectos mais
importantes levados em consideração nessa seleção, são a constituição do
terreno, o tipo de rocha da encosta e, sobretudo, a necessidade de segurança.
Os movimentos sobre encostas perigosas, como penhascos, despenhadeiros
rochosos, ravinas estreitas e geleiras, requerem preparação especial, bem como
técnicas, adestramento e equipamentos específicos.
Em encostas íngremes, caso sejam utilizados animais de carga, estes devem se

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deslocar exclusivamente pelas trilhas existentes. Tropas a pé, no entanto, podem


vencer o desnível pelo cruzamento da encosta na diagonal ou ziguezagueando.
Os deslocamentos noturnos ou sob condições de visibilidade reduzida
(nevoeiros, nuvens, etc.) são muito difíceis, geralmente perigosos e
excessivamente cansativos. Por essa razão, só devem ser realizados quando
absolutamente recomendados pela situação.
b) Segurança
O terreno montanhoso oferece muitos pontos favoráveis à observação, bem
como para o desencadeamento de emboscadas. Assim sendo, é aconselhável
adotar medidas excepcionais de segurança durante os deslocamentos.
Quando em confronto com tropa de montanha do inimigo bem treinada e
equipada, nenhuma parte do terreno ou obstáculo natural deve ser considerado
intransponível e todos os setores a volta de uma posição devem ser guardados.
Por outro lado, a configuração do terreno e a escassez de estradas forçarão o
inimigo, normalmente, a concentrar seu esforço em um ou dois pontos do
dispositivo, raramente atacando em toda a frente.
A voz de um homem num vale pode ser ouvida, em certos casos, das cristas
localizadas cerca de 1000 metros acima. Portanto, é comum instalar-se postos de
escuta nas cristas próximas aos acessos naturais à montanha.
c) Bivaque
A maior parte do terreno montanhoso oferece pouco espaço ao estacionamento
de tropas de maior vulto.
Pequenas frações que eventualmente se utilizem da montanha como eixo de
infiltração, poderão bivacar para o pernoite. Entretanto, no inverno, é
aconselhável evitar ao máximo o pernoite em regiões elevadas, devido à
inclemência do tempo.
Os melhores locais para o bivaque são encontrados nas encostas suaves, perto de
água corrente, cobertas por vegetação de maior porte, que permitem a
montagem, dispersão e camuflagem das barracas, bem como a defesa em todas
as direções.
d) Procedimentos
A configuração do terreno tende a proporcionar ao combate uma feição de
entrechoques isolados e a dividir a tropa, empregando-a de modo

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descentralizado. Ressaltam, então, a iniciativa e a liderança dos comandantes das


pequenas frações, que deverão executar suas tarefas com a máxima flexibilidade,
de acordo com as intenções expressas pelo comando imediatamente superior.
Todo esforço deve ser envidado para a conquista de pontos dominantes que
permitam boa observação, facilitando a condução dos fogos das armas de apoio.
Os equipamentos utilizados pela tropa são os mesmos utilizados em ambientes
convencionais, adaptados, contudo, às peculiaridades das operações na
montanha. Assim, por exemplo, em razão de na montanha ser necessário
transportar maior quantidade de carga, preferencialmente protegida da umidade,
as mochilas devem comportar maior volume de carga e serem impermeáveis.
O uniforme deve ser amplo e folgado, de maneira a comportar o uso, sob ele, de
vários agasalhos leves, o que deve ser preferível ao uso de um único mais grosso
e pesado. Um capuz de lã protetor de cabeça é importante para mantê-la
aquecida. Para os pés é recomendável o uso de meias de lã grossas, de tal sorte
que, além de conservá-los quentes, ofereça maior proteção contra o atrito com o
calçado.
13.5 - REGIÕES SEMI-ÁRIDAS
É um dos ambientes especiais mais adversos, onde o combate, pelas características
peculiares do clima, vegetação e solo, é dos mais difíceis e de resultado imprevisível,
principalmente na época da estiagem.
Na região Nordeste do Brasil existe extensa área semi-árida, denominada Caatinga.
Trata-se de um ambiente inóspito, semelhante ao clima desértico de outros países, que
requer técnica especial e adaptação da tropa, de forma a se obter sucesso em combate.
13.5.1 - Características ambientais
a) Clima
De maneira geral, as regiões semi-áridas apresentam as seguintes
particularidades climáticas:
- baixa pluviosidade;
- temperatura elevada;
- grande diferença de temperatura entre o dia e a noite, particularmente no
inverno; e
- pouca umidade.
Na Caatinga, a pluviosidade não é tão baixa, contudo a irregularidade das chuvas

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é o fator determinante dos períodos mais áridos.


b) Relevo
O relevo, em geral, é modesto, com poucos movimentos; em sua maior parte é
plano.
Na Caatinga ocorrem alguns movimentos mais extensos, denominados serrotes,
e elevações de maior porte - serras, quase todos cobertos por vegetação típica da
zona de transição entre esta região e a Amazônica. As serras têm grande
importância como modificadoras do clima, sejam orientando as correntes de ar,
sejam pela contenção da chuva numa das suas encostas.
c) Natureza do solo
Os solos erodidos alternam-se entre os tipos arenoso e pedregoso, sendo, neste
último, pouco permeáveis.
d) Hidrografia
A rede potamográfica das regiões semi-áridas é, geralmente, pobre, não
abrangendo todas as partes da região e com predominância de cursos d’água
temporários, sujeitos às variações pluviométricas. A reduzida pluviosidade, a
impermeabilidade do solo e, sobretudo, no caso da Caatinga, a má distribuição
das chuvas, dão origem a rios de regime irregular, alguns torrenciais e muitos
temporários.
Na Caatinga, os açudes e barragens constituem relevantes acidentes na
fisiografia regional, particularmente na época da seca, quando assumem
importante papel na região.
e) Vegetação
Nas regiões semi-áridas é constituída, essencialmente, por árvores de pequeno
porte e arbustos, por plantas dos tipos cactáceas e herbáceas, as quais se
desenvolvem com bastante vigor após qualquer chuva.
A Caatinga apresenta uma enorme variedade de espécies vegetais, todas
adaptadas ao clima seco e árido da região, apresentando um aspecto acinzentado
durante a estiagem, mas, com a primeira chuva, tornam-se verdes no segundo ou
terceiro dia, alterando completamente a paisagem local.
f) Transitabilidade
Em geral, o terreno é favorável à movimentação de tropa de qualquer natureza,
exceto junto à vegetação espinhenta que dificulta o deslocamento da tropa a pé,

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

exigindo, por vezes, equipamentos especiais para proteção.


Na Caatinga existe boa malha viária com estradas de terra batida e
pavimentadas, bem como caminhos e trilhas que facilitam o deslocamento nesta
região.
13.5.2 - Necessidade de ambientação
A falta de água é, sem sombra de dúvida, a maior dificuldade num ambiente semi-
árido. O calor intenso faz com que o combatente tenha sede a todo instante,
obrigando-o a ingerir maior quantidade de água e a se prevenir contra os riscos da
desidratação.
Para se adaptar as condições ambientais de calor e seca, o combatente proveniente
de outras regiões deve, necessariamente, ser introduzido na área de operações para
aclimatação por um período de 10 a 15 dias antes de participar das operações
militares. Durante este período, além de se sujeitar as condições climáticas da
região, o combatente deve ter oportunidade de conhecer os aspectos fisiográficos da
área e se familiarizar com os equipamentos especiais que porventura venha utilizar.
a) Efeitos do calor
O calor excessivo, em geral, pode causar efeitos fisiológicos negativos ao
combatente, tais como a rápida exaustão, caibras e insolação. Por essa razão,
algumas medidas preventivas devem ser seguidas:
- beber bastante água;
- alimentar-se normalmente, evitando comidas gordurosas;
- aumentar o consumo de sal;
- evitar, sempre que possível, se expor diretamente ao sol nos períodos mais
quentes do dia;
- executar os trabalhos mais pesados à sombra ou, pelo menos, abrigado do sol;
- proteger a cabeça, o rosto, a nuca e o corpo;
- usar uniforme folgado; e
- usar protetor solar nas partes do corpo descobertas.
b) Higiene corporal
Os cuidados com a higiene devem ser redobrados, reservando-se sempre alguma
quantidade d’água para o asseio das mãos, rosto, pés, entre pernas e axilas. A
boca e os dentes devem ser sempre limpos após as refeições, ainda que apenas
com o uso do fio dental.

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c) Efeitos do sol
Além do calor, o sol pode afetar seriamente um combatente, causando-lhe
queimaduras. Todo esforço deve ser feito para proteger a pele contra a exposição
direta aos raios solares.
d) Cuidados com animais peçonhentos
O semi-árido também oferece os riscos de acidente com animais peçonhentos.
Entre os mais comuns, podem ser citados: a cascavel, jararaca, coral, aranhas
caranguejeiras é os escorpiões. Todas as medidas preventivas devem ser tomadas
para se evitar tais acidentes. Por exemplo:
- antes de sentar ou deitar, examinar o local para verificar a existência desses
animais, particularmente sob toras ou árvores caídas, pois são os locais
preferidos pelo frescor e sombra que oferecem;
- ter cuidado ao mexer em folhagens, paus e tábuas empilhadas; e
- evitar andar isolado.
e) Obtenção d’água
Apesar de escassa, existem algumas fontes d’água aproveitáveis. No caso do
semi-árido do Nordeste do Brasil, as mais comuns são as seguintes:
- açudes e barragens;
- barreiros - bacias cavadas em terreno argiloso para conservar as águas pluviais
por algum tempo. Necessita de tratamento antes de ser consumida;
- caldeirões - sistemas naturais que conservam a água das chuvas por longo
tempo. É aconselhável ferver e tratar esta água antes de consumi-la;
- brejos - aparecem em alguns vales férteis, ricos em pontos d’água, onde se
plantam pequenos roçados. Fornecem água nos poços cavados, mesmo nas
mais rigorosas estiagens; e
- vegetais que podem fornecer água ou indicar sua presença.
De modo algum deve o combatente lançar mão de qualquer outro líquido para
saciar a sua sede no caso de absoluta falta d’água. Tal procedimento, além de
trazer conseqüências fatais, diminui a possibilidade de sobrevivência, revelando
esse comportamento um estado de pânico.
A interrupção do fornecimento regular de água exige algumas medidas
preventivas individuais, a seguir resumidas:
- consumir a água disponível com prudência e máxima parcimônia, bebendo

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

pequena quantidade de cada vez;


- purificar a água encontrada, sempre que possível; e
- conservar ao máximo a água do corpo, mantendo-se completamente vestido,
evitando a rápida evaporação suor.
13.5.3 - Combate em regiões semi-áridas
As condições de clima, vegetação e relevo conferem às operações de combate
desenvolvidas nessas regiões certas peculiaridades, a saber:
- necessidade de aclimatação prévia da tropa e da adaptação do material, sem o que
eficiência em combate fica sensivelmente reduzida;
- conhecimento pormenorizado da região onde se vai operar, com vistas a
minimizar o problema de escassez d’água;
- observação e campos de tiro limitados, com ênfase no combate a curta distância;
- dificuldade de progressão e orientação;
- tendência à descentralização das ações, com emprego mais intenso das pequenas
frações isoladamente;
- ApSvCmb cerrado e flexível, de modo a permitir o reabastecimento direto às
pequenas frações, se necessário;
- necessidade, por vezes, de uniforme e equipamentos adequados às condições
ambientais;
- maximização da importância tática das localidades;
- controle da população civil e das fontes de abastecimento de suprimentos da
Classe I, particularmente água; e
- necessidade de uma ação psicológica bem planejada e coordenada, visando, ao
máximo, a impedir que as populações locais sejam influenciadas pelas ações do
inimigo.
Em regiões semi-áridas, os tipos básicos de operações ofensivas não sofrem
alterações nos seus conceitos essenciais. No entanto, os princípios táticos do
combate ofensivo, embora continuem validos, estão sujeitos a modificações ou
adaptações ditadas pelas peculiaridades das condições climáticas e meteorológicas,
bem como do terreno.
No semi-árido também permanecem validos os fundamentos básicos da defesa. O
princípio da defesa em todas as direções, contudo, é de capital importância, pois a
observação limitada facilita a aproximação do inimigo até bem próximo das

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

posições sem ser observado.


A artilharia de campanha tem condições de executar todas as tarefas que lhe
possam ser atribuídas, ressaltando-se, contudo, as seguintes dificuldades:
- a vegetação quando alta e densa, mesmo em elevações, reduz a observação;
- a vegetação emaranhada e seca pode prejudicar a ocupação de posições de tiro
selecionadas na carta; e
- o terreno seco e pedregoso pode complicar a construção dos espaldões.
O emprego da engenharia é semelhante ao preconizado para os ambientes normais.
Sua principal tarefa é, geralmente, a produção da água, a qual inclui não somente o
tratamento mas, principalmente, a localização do maior número possível de pontos
d’água existentes na área.
13.6 - REGIÕES DE CLIMA FRIO
A principal característica desse ambiente é a constância de temperaturas sempre muito
baixas, em geral com a presença de neve.
13.6.1 - Características ambientais
O clima inóspito é, como já mencionado, a característica mais importante e
condicionante das operações militares nessas regiões. Seu aspecto de maior
relevância é a neve.
A neve chega ao solo pela precipitação de pequenos cristais, os quais vão se
acumulando em camadas. O processo de consolidação e solidificação dessas
camadas, isto é, a transformação desses cristais em neve densa e em gelo, começa
logo depois de alcançar o solo.
Os cristais que se precipitam são quebrados e misturados com os já depositados
pela ação da gravidade e também do vento e do sol. A neve se compacta muito
rapidamente, mas a aderência às camadas inferiores é muito variável. O vento pode
compactar uma camada na superfície, deixando as camadas inferiores ainda fofas e
sem estabilidade. Esta é a neve chamada de compactada superficialmente, que, na
maioria das vezes, dificulta seriamente a progressão da tropa.
13.6.2 - Combate em regiões de clima frio
O combate nessas regiões será sempre muito árduo, mas não impossível. Todo
combatente deverá estar bem adestrado, possuir todos os equipamentos e roupas
apropriadas para resistir ao frio e atuar adequadamente.
A mobilidade da tropa é sensivelmente diminuída quando o ambiente estiver

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coberto por neve. No confronto das informações proporcionadas pelas cartas com o
terreno, pouco poderá ser confirmado, pois o acúmulo de neve encobre a maior
parte da superfície, impondo medidas especiais no tocante ao reconhecimento e
navegação, o que dificulta a condução das ações táticas.
Para se deslocar sobre a neve, o combatente terá que aprender técnicas especiais,
usar coturnos apropriados, raquetes, esquis e, principalmente, observar
rigorosamente as regras de segurança, a seguir listadas:
- alto-horários em intervalos de 30 minutos para minimizar os efeitos do esforço
físico acima do normal;
- ingerir água de duas em duas horas, pois a desidratação é mais freqüente e
perigosa do que em clima quente;
- à medida que o corpo for se aquecendo pelo esforço, é necessário retirar
gradativamente camadas de roupa, de forma a manter o equilíbrio da temperatura
evitando o suor;
- deslocar-se sempre em fila indiana, com um homem na frente verificando as
condições da superfície;
- durante tempestades de neve, deve-se parar e procurar um abrigo. Caso isto não
seja possível, os homens devem se deslocar amarrados uns aos outros por um cabo
de cerca de 1,5 metros; e
- deslocar-se sempre em grupo, com pelo menos três combatentes, informando ao
comandante a direção que for seguir e o horário previsto para o regresso.
Em clima de frio intenso tem-se que evitar a grande perda de calor, bem como
conservar uma temperatura uniforme em todo o corpo. Como cada indivíduo tem
uma reação diferente ao frio, o melhor método para manter o corpo protegido é usar
camadas de roupas sucessivas.

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Fig 13.13 - Mecanismos de troca de calor pelo corpo humano

O uso de luvas é mandatório, podendo chegar ao uso de três simultaneamente.


Complementa-se a proteção com gorros de flanela e de lã, colocados nesta ordem, e
cachecol para aquecer a cabeça, orelhas e pescoço.
Para dormir, utiliza-se um colchão inflável de borracha, o qual é colocado sobre a
neve e, sobre este, o isolante térmico. Só então coloca-se o saco de dormir.
As meias de algodão e de lã devem ser usadas simultaneamente e trocadas sempre
que umedecidas, para evitar o congelamento dos pés.
Nos grandes altos e nos pernoites devem ser construídos abrigos, os quais
variam de acordo com o terreno e as circunstâncias.

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Fig 13.14 - Abrigos improvisados em regiões de clima frio

No que se refere à preparação do pessoal, o condicionamento psicológico deve ser


uma preocupação constante. Uma forte liderança em todos os níveis é essencial
para o sucesso das operações militares.

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CAPÍTULO 14
DEFESA CONTRA AGENTES QUÍMICOS
14.1 - GENERALIDADES
Na 1a Guerra Mundial (1914-1918), gases causadores de baixas foram amplamente
utilizados pelos dois grupos de nações beligerantes. A Liga das Nações (organização
antecessora às Nações Unidas) patrocinou um movimento de proscrição desses agentes
em combate, daí resultando a proibição da Guerra Química pela Conferência de
Genebra de 1925 e a proibição da Guerra Biológica pela Convenção de Saúde de
Genebra de 1927. Alguns países, entretanto, como os Estados Unidos, Japão, Brasil e
Rússia nunca ratificaram esses dois tratados.
Na 2a Guerra Mundial, entretanto, agentes químicos ainda mais perigosos não foram
utilizados por qualquer dos beligerantes, provavelmente devido à possibilidade de
represália de mesma intensidade por parte do inimigo.
Mais recentemente, há notícias de que tenha havido, na Guerra do Vietnam, emprego,
pelos norte-americanos, de agentes químicos desfolhantes, incendiários e causadores
de baixa.
Na guerra entre Irã e Iraque, veiculou-se a informação de que o Iraque teria utilizado,
em larga escala, agentes químicos contra as forças iranianas.
Durante a Guerra do Golfo, embora os informes não sejam confirmados, há suspeitas
de que o Iraque teria feito uso de armas químicas e biológicas contra tropas da ONU e
localidades de Israel.
Os exemplos citados permitem concluir que os agentes químicos são eficientes, fáceis
de produzir e capazes de matar ou incapacitar o inimigo em poucos segundos.
Portanto, o convencimento do combatente quanto à defesa contra a ação desses agentes
e um adestramento eficaz são absolutamente necessários para sobreviver e combater
com eficiência.
14.2 - AGENTES QUÍMICOS
Agente químico pode ser definido como uma substância química utilizada em
operações militares com as finalidades de matar, ferir seriamente, ou incapacitar uma
pessoa através de seus efeitos fisiológicos. Considerando este conceito, os agentes
controladores de distúrbios, os vomitivos, os herbicidas químicos, a fumaça e o fogo
não são oficialmente definidos como agentes químicos.

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14.3 - PROPRIEDADES GERAIS DOS AGENTES QUÍMICOS


14.3.1 - Concentração
É a quantidade de agente químico existente em determinado volume de ar
(miligrama de agente por metro cúbico de ar-mg/m³).
Os efeitos tóxicos produzidos pelos agentes químicos sobre o ser humano
dependem da concentração existente, assim:
- Concentração Inquietante
Embora não produza integralmente o seu efeito, provoca alguns sintomas
desagradáveis e obriga o uso da equipagem de proteção;
- Concentração Eficaz
Produz os efeitos na intensidade desejada pelo agressor; e
- Concentração Letal
Causa a morte do pessoal desprotegido.
14.3.2 - Persistência
É o tempo durante o qual um agente permanece em concentração eficaz no ponto
em que foi lançado.
As persistências variam de acordo com as propriedades físicas e químicas do agente
e com as condições meteorológicas, de topografia, de vegetação, etc. Devido às
suas propriedades, alguns agentes são naturalmente mais persistentes que outros.
São considerados persistentes os agentes cuja persistência for superior a 10
minutos.
14.4 - CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS
Os agentes químicos podem ser classificados segundo diversos aspectos.
14.4.1 - Classificação quanto ao estado físico
É baseada no estado físico dos agentes, quando nas condições normais de pressão e
temperatura, embora, nas condições de armazenamento ou de lançamento em
campanha, eles possam se apresentar em outros estados: sólidos, líquídos e
gasosos.
14.4.2 - Classificação básica
O critério para esta classificação é o da natureza dos efeitos produzidos pelos
diferentes agentes químicos.

OSTENSIVO - 14-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- Gases
Os que são empregados contra pessoal e produzem efeitos tóxicos;
- Fumígenos
Os que, por qualquer processo, produzem fumaça ou névoa; e
- Incendiários
Os que, gerando altas temperaturas, provocam incêndios em materiais
combustíveis.
14.4.3 - Classificação quanto ao emprego tático
De acordo com seu emprego tático, os agentes químicos podem ser classificados
em:
- Causadores de baixa
Os que, por seus efeitos sobre o organismo, produzem a morte ou a incapacidade
prolongada. Podem ser empregados para contaminar áreas e instalações, de modo
a impedir a sua utilização pelo inimigo;
- Incapacitantes
Os que agem sobre as funções psíquicas do homem, causando desordem muscular
e perturbações mentais. São produtos de ação reversível, deixando o pessoal
normal após algumas horas ou dias.
14.4.4 - Classificação fisiológica
É baseada nos diferentes efeitos produzidos pelos agentes químicos sobre o
organismo humano:
a) Sufocantes
Afetam o aparelho respiratório, provocando a irritação e inflamação das vias
respiratórias superiores, dos pulmões e brônquios, produzindo edema pulmonar
intenso e, em conseqüência, a morte por asfixia;
b) Vesicantes
Agem sobre a pele, produzindo queimaduras com a formação de bolhas e a
destruição dos tecidos subjacentes. Afetam os olhos e os aparelhos respiratório e
digestivo, quando inalados ou ingeridos, produzindo os mesmos efeitos de
destruição dos tecidos;
c) Tóxicos do sangue
Afetam diversas funções vitais em razão da ação que exercem sobre os

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

elementos do sangue. Após absorvidos pelo organismo, por inalação, ingestão ou


através da pele, a morte ocorre em cerca de 15 minutos;

d) Tóxicos dos nervos


Afetam diretamente o sistema nervoso, provocando a descoordenação das
atividades musculares autônomas, como a respiração e o batimento cardíaco.
Devido a esta descoordenação, a morte sobrevêm em cerca de 4 minutos, por
asfixia e pelo colapso de outras funções vitais. A absorção se dá por inalação,
ingestão ou através da pele;
e) Psicoquímicos
Agem sobre as funções psíquicas do homem, acarretando a descoordenação
muscular, perda de equilíbrio, da visão e perturbações mentais diversas. Seus
efeitos podem durar até vários dias.
O Anexo G apresenta os principais agentes químicos, suas diversas
classificações, medidas de proteção, sintomas que provocam e os primeiros-
socorros às vítimas desses agentes.
14.4.5 - Outros agentes
O conceito de armas químicas que passou a ser adotado em 1997 com a Convenção
sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Armazenagem e Utilização de
Armas Químicas e sobre a sua Destruição também redimensiona o conceito de
agentes químicos. Este conceito passou a não abranger algumas substâncias
químicas utilizadas com fins bélicos e que eram classificadas como agentes
químicos até então. Entre elas estão os lacrimogêneos, os vomitivos, os incendiários
e os fumígenos. Esta mudança se deve ao fato do conceito atual enquadrar como
agente químico somente aquelas substâncias que podem causar a morte, a
incapacidade temporária ou lesões permanentes em seres humanos. O fato do
conceito de incapacidade temporária ser um tanto amplo (incapacitar para que tipo
de atividade, com que grau de profundidade e por quanto tempo), obriga a se
estabelecer critérios próprios para a classificação de algumas substâncias, como
exemplo os vomitivos, psicoquímicos e lacrimogêneos (na classificação fisiológica)
e incendiários e fumígenos (na classificação quanto ao emprego tático). O fato é
que, mesmo que tais agentes não caibam no conceito de agente químico

OSTENSIVO - 14-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

propriamente dito, seus efeitos continuarão a causar impacto e limitar o


desempenho da tropa em combate, motivos esses suficientes para que seu estudo
não seja ignorado.

a) Inquietantes
Os que, produzindo efeitos leves e temporários, porém desagradáveis, diminuem
a capacidade combativa do atacado e obrigam ao uso da máscara.
b) Fumígenos
Subdivididos em dois subgrupos: cobertura e sinalização.
c) Incendiários
Os que são empregados para destruir pelo fogo, instalação e material, ou atacar
pessoal.
d) Lacrimogêneos
Afetam diretamente os olhos, provocando irritação, dor e lacrimejamento
intenso. Seus efeitos são temporários, raramente passando de meia hora.
e) Vomitivos
Atuam principalmente sobre o sistema digestivo, provocando a irritação da
garganta, náuseas e vômitos, seguidos de debilidade física e mental. Seus efeitos
duram, no máximo, 3 horas.
14.5 - UTILIZAÇÃO DA MÁSCARA CONTRA GASES
14.5.1 - Máscara contra gases
A máscara contra gases é um equipamento de proteção individual que permite a
permanência do homem em atmosfera gasada, sem que inspire o ar contaminado.
Quando corretamente ajustada, protege contra a inalação e a contaminação facial
por agentes tóxicos. Ela é o principal meio de proteção na defesa contra agentes
químicos.
Toda máscara contra gases pode ser dividida em máscara propriamente dita e
elemento filtrante. Embora não faça parte da máscara, pertence ao seu conjunto a
bolsa de transporte.
14.5.2 - Colocação da máscara
Ao ser dado o comando de colocar máscara, deverá ser observada a seqüência
discriminada a seguir, que, em diversas ocasiões, provou ser a correta e mais

OSTENSIVO - 14-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

eficiente:
- parar de respirar por alguns segundos;
- prender o fuzil entre as pernas, se for o caso;
- retirar o capacete e pendurá-lo no antebraço esquerdo pela jugular;
- com uma das mãos segurar a bolsa e, com a outra, abri-la;
- retirar a máscara com a mão esquerda e, com a outra, retirar o protetor e guardá-lo
na bolsa;
- remover os tirantes de ajustagem do interior da máscara e introduzir as mãos sob
eles. Distendê-los abrindo a máscara;
- levar a máscara ao rosto, introduzindo o queixo na parte correspondente da
máscara;
- colocar a máscara deslizando as mãos para trás sobre a cabeça;
- ajustar a máscara ao rosto, atuando nos tirantes;
- fazer a limpeza da máscara cobrindo com a mão a válvula de expiração e soprando
com bastante força. O ar que existia no interior da máscara e que podia estar
contaminado é assim expulso pelos lados;
- voltar a respirar normalmente;
- fechar a bolsa;
- recolocar o capacete; e
- empunhar novamente o fuzil, se for o caso.

OSTENSIVO - 14-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 14.1 - Colocação da máscara contra gases

14.5.3 - Armazenagem e manutenção


A seguir são listadas algumas regras importantes a serem seguidas quanto à
armazenagem e manutenção das máscaras contra gases:
- as máscaras devem ser guardadas nas respectivas bolsas e estas em armários ou
prateleiras. O local de armazenagem deve ser: seco, fresco e ao abrigo do sol; e
- se a máscara for molhada devido à transpiração, chuva, etc., após o uso deve ser
enxuta com um pano e pendurada ao ar livre, abrigada do sol. Quando seca,
polvilhá-la com talco e retirá-lo em seguida com um pano seco, antes de ser
colocada na bolsa.
É necessário todo o zelo com as máscaras e outros materiais plásticos, pois estão
sujeitos a deformações e arranhões irreparáveis.
É terminantemente proibido o uso de derivados de petróleo na limpeza ou
conservação das máscaras, pois esses atacam e destroem a borracha.

OSTENSIVO - 14-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

14.5.4 - Desinfecção da máscara


Basta lavá-la com água e sabão e deixá-la secar. A aplicação de talco, após a
máscara seca, destina-se a absorver os resíduos de água na borracha, devendo ser
aplicado da mesma forma como a explanada anteriormente.
14.5.5 - Diferentes tambores filtrantes
COR PROTEÇÃO CONTRA
Branco Ácido cianídrico
Amarelo Vapores ácidos
Verde Vapores de substâncias orgânicas
Vermelho Monóxido de carbono
Azul Amoníaco
14.6 - DESCONTAMINAÇÃO
Ato ou processo de remover, destruir ou neutralizar agentes químicos de modo a
desfazer ou minimizar a situação existente, decorrente de contaminação química. Todo
combatente deve estar familiarizado com os tipos de agentes de descontaminação: os
naturais, os descontaminantes padrão e outros, bem como com os procedimentos do
pessoal designado para a descontaminação.
14.6.1 - Agentes descontaminantes naturais
São aqueles providos pela própria natureza:
- os elementos atmosféricos (vento, chuva, etc.) podem ser considerados quando o
tempo disponível para a descontaminação não é um fator determinante para uso
dos equipamentos e do terreno contaminado;
- a água é usada para jatear ou neutralizar certos agentes químicos da superfície dos
equipamentos e das vestimentas, e do próprio corpo humano. A água quente, neste
caso, produz melhores resultados;
- a terra é utilizada para cobrir uma área contaminada ou vedar uma área sob
ameaça de contaminação, ou, ainda, para atuar como um absorvedor. Caso se
disponha de um equipamento de engenharia capaz de movimentar grandes
volumes de terra, uma área contaminada pode ser coberta com cerca de 10 cm de
terra e então autorizado o trânsito da tropa sem qualquer risco; e
- o fogo pode ser empregado para destruir ou vaporizar agentes líquidos,
especialmente em áreas cobertas por gramíneas ou mato.

OSTENSIVO - 14-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

14.6.2 - Agentes descontaminantes padrão


São certos compostos químicos que podem ser utilizados para reduzir a eficiência
da contaminação:
- Alvejante MST (Mistura Superficial Tropical) é uma cal clorada capaz de
neutralizar a maior parte dos agentes líquidos;
- DS-2 (solução com 70% de dietilenotriamina; 28% de éter etilênico e 2% de
hidróxido de sódio) é uma solução especial destinada ao uso contra agentes
vesicantes e tóxicos dos nervos;
- solução DANC;
- unguento protetor, pomada BAL; e
- água e salão.
14.6.3 - Outros agentes descontaminantes
Certas substâncias químicas, solventes orgânicos, etc.:
- soda cáustica;
- hipoclorito de sódio;
- cal doméstica; e
- outros.
14.7 - MUNIÇÕES QUÍMICAS
As munições químicas obedecem a um código de cores, que permite identificá-las
quanto à (ao):
- emprego tático;
- persistência;
- agente químico empregado; e
- efeito em campanha.
14.7.1 - Quanto ao emprego tático
EMPREGO TÁTICO CORPO DA GRANADA INSCRIÇÕES
Causadora de baixa Cinza Verde
Inquietante Cinza Vermelha
Incendiária Vermelho Preta
Fumígena
com fósforo branco Verde Vermelha
sem fósforo branco Verde Preta
Exercício Azul Branca

OSTENSIVO - 14-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

14.7.2 - Quanto à persistência


Identificam-se as munições químicas de acordo com faixas em torno das mesmas,
pelas cores correspondente ao emprego tático:
uma faixa - não persistente
duas faixas - persistente.
14.7.3 - Quanto ao agente químico empregado
Identificado pelo próprio símbolo químico.
14.7.4 - Quanto ao efeito em campanha
Representado por palavras pintadas de acordo com as inscrições pertinentes ao
emprego tático. Por exemplo, a palavra “GÁS” impressa na cor verde significa que
é munição química causadora de baixa; a palavra “RIOT”, vocábulo inglês, inscrita
no corpo da granada na cor vermelha, é uma munição química inquietante; a
palavra “SMOKE”, na cor preta, é uma munição fumígena; e a palavra “INCEND”
ou “INCENDIARY”, impressa na cor negra, é a representação da identificação de
uma munição incendiária.
14.8 - PROTEÇÃO
Classificam-se em três tipos:
- individual;
- tática; e
- coletiva.
14.8.1 - Individual
Efetuada com meios conduzidos individualmente pelo combatente, especialmente a
máscara e, quando disponíveis, as roupas de proteção.
14.8.2 - Tática
Reúne medidas adotadas pelo comando para diminuir os efeitos do agente químico.
14.8.3 - Coletiva
Inclui a proteção de grupos de combatentes, proteção de animais e materiais, sendo
realizada de acordo com orientação do comando.

OSTENSIVO - 14-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

CAPÍTULO 15
COMUNICAÇÕES
15.1 - SISTEMA DE COMUNICAÇÕES DA MARINHA
O Sistema de Comunicações da Marinha constitui-se no conjunto de meios materiais,
recursos humanos e procedimentos operacionais, estruturados na forma necessária ao
exercício das atividades de Comunicações na Marinha do Brasil (MB).
Ele compreende todos os meios de comunicações sob o controle da MB e dele fazem
parte todas as organizações militares (OM) da Marinha.
15.2 - MEIOS DE COMUNICAÇÕES
A eficiência de qualquer sistema de comunicações é diretamente influenciada por seus
utilizadores. Para que se tire o maior proveito dos meios disponíveis, é essencial que o
pessoal esteja perfeitamente familiarizado com as possibilidades desses meios, do
mesmo modo que com as regras que norteiam o seu uso.
Os meios de comunicações são classificados em: ótico, acústico, elétrico e postal.
15.2.1 - Meio ótico
Emprega a luz na transmissão de mensagens. Possui alcance limitado e quando
utilizado reduz a probabilidade de interceptação não desejada. São exemplos de
canais do meio ótico, as bandeiras, os painéis, a semáfora, os artefatos pirotécnicos
e os dispositivos fumígenos.
15.2.2 - Meio acústico
Emprega o som para transmissão de mensagens. É usado segundo códigos pré-
estabelecidos, tais como alarmes com sirenes, tiros, cornetas e apitos. O megafone e
o fonoclama são canais amplamente empregados nas OM.
15.2.3 - Meio elétrico
Emprega as ondas eletromagnéticas na transmissão de mensagens. Os canais mais
empregados são o rádiotelefone e o telefone. O equipamento rádio é largamente
usado em todos os escalões de tropa de Fuzileiros Navais, proporcionando
comunicações rápidas e flexíveis. Contudo, o rádio é o canal de comunicação
menos seguro, por utilizar o princípio da transmissão por ondas eletromagnéticas.
O telefone é o canal de comunicações mais utilizado. Em uma situação estacionária
ou quando a unidade assume uma posição defensiva, é o principal meio de
comunicação.

OSTENSIVO - 15-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

15.2.4 - Meio postal


Emprega basicamente os serviços de correio e mensageiros para o envio de
mensagens.
15.3 - CENTRO DE MENSAGENS
O Centro de Mensagens (CMsg) é o órgão de comunicações incumbido de receber,
processar, criptografar e entregar as mensagens em um Posto de Comando (PC).
Deve estar localizado na Área de Apoio do PC, próximo da Área de Operações, para
facilitar o encaminhamento das mensagens. O CMsg deve ser de fácil acesso aos
mensageiros que chegam ao PC.

Fig 15.1 - Localização do CMsg no PC

Legenda:
CCS - Centro de Controle do Sistema de Comunicações
CCAF - Centro de Coordenação do Apoio de Fogo
LPH - Local de Pouso de Helicópteros
COC - Centro de Operações de Combate
COL - Centro de Operações Logísticas
Cmt - Comandante
Imto - Imediato

OSTENSIVO - 15-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

S-1 - Seção de Pessoal


S-2 - Seção de Inteligência
S-3 - Seção de Operações
S-4 - Seção de Logística
15.4 - SISTEMA DE COMUNICAÇÕES FIO
O sistema de comunicações fio de uma unidade compreende telefones, centrais
telefônicas e equipamentos correlatos.
Os telefones ligam-se a uma central telefônica por meio de um fio duplo telefônico,
formando uma circuito telefônico. Cada terminal dessa rede (telefone) recebe o nome
de ramal. Se o telefone estiver no âmbito da área do PC, é chamado ramal local, caso
contrário ter-se-á um ramal longo.
Pode-se interligar duas centrais telefônicas. Neste caso, o circuito telefônico é
chamado de circuito tronco.
As centrais telefônicas possibilitam, dessa forma, a ligação entre os telefones. Elas
podem ser automáticas, como as centrais de telefone público, ou manuais, como as
centrais de campanha a seguir apresentadas.
15.4.1 - Central telefônica de 6 direções (CTL 201)
Equipamento utilizado para comutar até 6 circuitos telefônicos de campanha.
15.4.2 - Central telefônica de 12 direções (CTL – SB -22/PT)
Equipamento utilizado para comutar doze ou mais circuitos telefônicos, podendo
ser acionado mais cinco, mediante a retirada do telefone do operador, quando
associado à outra central.
15.4.3 - Telefone magnético (Tlf Mag)
Equipamento de transmissão da voz em sistemas de campanha, utilizando a própria
voz do operador como fonte geradora de energia para transmissão.
15.4.4 - Telefone a bateria (Tlf Bia)
Equipamento de transmissão da voz em sistemas de campanha, utilizando baterias
como fonte geradora de energia para transmissão.
15.5 - SISTEMA DE COMUNICAÇÕES RÁDIO
O sistema de comunicações rádio de uma unidade compreende os equipamentos
rádiotelefone, as antenas, as unidades de controle remoto e os conjuntos de
retransmissão, necessários à realização do enlace rádio.

OSTENSIVO - 15-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

O rádiotelefone ou simplesmente rádio é o mais importante canal de comunicações das


unidades táticas. É utilizado para o exercício do comando, apoio de fogo, troca de
informações, apoio logístico, ligação terra-ar e navio-terra.
O rádio é apropriado às ocasiões de rápidas mudanças de situação, porém exige uma
rigorosa disciplina de tráfego, pois é vulnerável à interceptação, localização e
interferência inimiga.
Rede rádio é o conjunto de postos rádio operando em uma mesma freqüência, emissão
e tipo de modulação. Em cada rede rádio haverá sempre uma Estação Controladora da
Rede (ECR), responsável pela manutenção da disciplina e obediência dos
procedimentos padronizados dentro da rede. São exemplos de redes, as redes táticas,
logística e de informações.
15.5.1 - Equipamento rádio do grupo 1 (Gp 1)
Transceptor portátil destinado às comunicações, em fonia, entre as pequenas frações
de tropa.
Características principais:
- Espectro de freqüência: VHF;
- Faixa de freqüência: 30.000 a 87.975 MHz;
-Espaçamento entre canais: 25 KHz,
- Modulação: FM;
- Alcance: 3 a 5Km
- Potência de saída: 1 W;
- Alimentação: baterias recarregáveis ou pilhas descartáveis de uso comercial; e
- Emprego: âmbito companhia e pelotão, e em patrulhas a curta distância.
15.5.2 - Equipamento rádio do grupo 2P (Gp 2P)
Transceptor portátil destinado às comunicações por fonia e dados , entre as frações
de tropa com alcance mínimo de 10 Km (Antena Curta).
Características principais:
- Espectro de freqüência: VHF;
- Faixa de freqüência: 30.000 a 87.975 MHz;
- Espaçamento entre canais: 25 KHz;
- Modulação: FM;
- Potências de saída: baixa - 1 W e média - 5 W;

OSTENSIVO - 15-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- Alimentação: baterias recarregáveis ou pilhas descartáveis de uso comercial; e


- Emprego: âmbito batalhão e brigada.
15.5.3 - Equipamento rádio do grupo 4P (Gp 4P)
Transceptor portátil, destinado às comunicações, sigilosas ou não, em fonia e dados,
entre as frações de tropa.
- Espectro de freqüência: HF;
- Faixa de freqüência: 2,000 a 29,999 MHz;
- Espaçamento entre canais: 100 Hz;
- Modulação: AM , AM-SSB e CW;
- Potência de saída: 20 W;
- Alimentação: baterias recarregáveis ou pilhas descartáveis de uso comercial; e
Emprego: no âmbito brigada, unidades de reconhecimento e para pedidos de apoio
de fogo naval e aéreo.
15.5.4 - Equipamento rádio do grupo 8P (Gp 8P)
Transceptor portátil destinado às comunicações em fonia e dados, entre tropas
terrestres e aeronaves em vôo.
Características principais:
- Espectro de freqüência: VHF e UHF;
- Faixa de freqüência: UHF – 225,000 a 399,975 MHz
VHF – 116,000 a 155,975 MHz;
- Modulação: AM;
- Espaçamento entre canais: 25 KHz;
- Potência de saída: 1,7 W;
- Alimentação: baterias recarregáveis ou pilhas descartáveis de uso comercial; e
- Emprego: comunicações terra-ar nos diversos escalões.
15.5.5 - Equipamento rádio do grupo 3V (Gp 3V)
Equipamento veicular que emprega o transceptor do grupo 2P.
Características principais:
- Espectro de freqüência: VHF;
- Faixa de freqüência: 30,000 a 87,975 MHz;
- Modulação: FM;
- Espaçamento entre canais: 25 KHz;

OSTENSIVO - 15-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- Potência de saída: baixa: 0,25 W; média: 4 W; e alta: 50 W;


- Alimentação: bateria veicular (12V); e
- Emprego: PC batalhão e PC brigada, nas comunicações a curta e média distâncias.
15.5.6 - Equipamento rádio do grupo 5V (Gp 5V)
Equipamento veicular que emprega o transceptor do grupo 4P.
Características principais:
- Espectro de freqüência: HF;
- Faixa de freqüência: 2,000 a 29,999 MHz;
- Modulação: AM, AM SSB e CW;
- Potência de saída: baixa: 20 W; e alta: 100 W;
- Alimentação: bateria veicular (24V); e
- Emprego: PC batalhão, PC brigada e para o apoio de fogo naval e aéreo.
15.5.7 - Equipamento rádio do grupo 8V (Gp 8V)
Equipamento veicular que emprega o transceptor do grupo 8P.
Características principais:
- Espectro de freqüência: VHF e UHF;
- Faixa de freqüência: UHF - 225 a 399,975 MHz
VHF - 116 a 159,975 MHz;
- Modulação: AM;
- Espaçamento entre canais: 25 KHz;
- Potência de saída: 1,7 W e 17 W;
- Alimentação: bateria veicular (24V); e
- Emprego: comunicações terra-ar em PC batalhão e PC brigada.
15.6 - SISTEMA DE COMUNICAÇÕES POR MENSAGEIRO
O canal de comunicações mais seguro é o mensageiro. Os mensageiros podem ser
classificados quanto ao meio de transporte, como: mensageiros à pé, transportados e
aéreo-transportados.
Quanto ao serviço que executam, são classificados em mensageiros locais, de escala e
especiais.
15.6.1 - Mensageiros locais
São os que distribuem as mensagens no próprio local onde se encontra instalado o
CMsg, isto é, dentro da área do PC. São controlados pelo CMsg ou pelos diversos

OSTENSIVO - 15-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

oficiais do PC quando enviam mensagens diretamente.

OSTENSIVO - 15-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

15.6.2 - Mensageiros de escala


São os que disseminam as mensagens entre unidades vizinhas, subordinadas e o
escalão superior. Seguem um itinerário pré-estabelecido e fazem escala em pontos
determinados com horários certos a cumprir.
15.6.3 - Mensageiros especiais
São os que não cumprem horários e itinerários pré-estabelecidos. São empregados
pelo CMsg ou pelos oficiais do PC.
Os mensageiros duplos devem ser empregados quando a mensagem for de vital
importância ou quando o itinerário utilizado tiver possibilidade de sofrer
interferência do inimigo. Eles devem se deslocar guardando uma distância tal que,
ao mesmo tempo, permita a ligação pela vista e impeça que sejam atingidos pela
mesma granada. Cada mensageiro deve conduzir uma cópia da mensagem. Quando
for possível, os mensageiros duplos podem também ser despachados ao mesmo
tempo por itinerários diferentes.
Todos os mensageiros devem ser capazes de:
- transmitir mensagens verbais e conduzir mensagens escritas;
- deslocar-se através campo, em terrenos acidentados, nas velocidades necessárias;
- saber utilizar a bússola como meio de orientação e deslocar-se seguindo
determinado azimute;
- saber ler cartas e orientar-se pelo sol ou estrelas para localizar estradas, acidentes
do terreno e cursos d’água;
- transmitir informações e ordens por sinais visuais e/ou sonoros pré-estabelecidos;
- utilizar corretamente o material para destruição das mensagens, quando for o
caso; e
- ter boa resistência física.
15.7 - PROCEDIMENTOS FONIA
As comunicações radiotelefônicas, em virtude da amplitude de disseminação de seus
sinais, devem ser rigorosamente disciplinadas, pois são sujeitas à interceptação pelo
inimigo. Na transmissão de mensagens numa rede rádio operativa, é expressamente
proibido citar os nomes de pessoas e unidades, bastando que se enunciem seus
indicativos.
As seguintes práticas são prejudiciais à segurança da transmissão e do tráfego,

OSTENSIVO - 15-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

devendo, portanto, serem evitadas:


- realizar transmissão não oficial (conversa) com outros operadores;
- usar redes diferentes das determinadas, sem autorização;
- transmitir o nome ou as iniciais dos operadores;
- usar linguagem clara sem autorização; e
- usar entonação irônica ou agressiva.
Por outro lado, as seguintes práticas são recomendadas para obtenção do melhor
rendimento:
- verificar se a rede está livre, antes de iniciar a transmissão;
- falar claro e pausadamente, dando a mesma entonação a todas as palavras;
- pronunciar as frases em ritmo normal de conversação e não palavra por palavra;
- manter-se calmo, não falar de maneira monótona, irritante ou demonstrar
ansiedade; e
- pensar no que vai falar antes de iniciar a transmissão.
Quando se torna necessária a identificação pelo som, de qualquer letra ou algarismo, a
fim de serem evitadas confusões com pronúncias semelhantes, deve-se transmiti-las de
acordo com a convenção do alfabeto fonético.
15.7.1 - Alfabeto fonético naval
LETRA ESCRITA/FALADA COMO PRONUNCIAR
A ALFA álfa
B BRAVO brávo
C CHARLIE tchárlie
D DELTA délta
E ECHO éco
F FOXTROT foxtrót
G GOLF gôlf
H HOTEL rôtel
I INDIA índia
J JULIETT djiuliét
K KILO kilo
L LIMA lima
M MIKE máike

OSTENSIVO - 15-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

N NOVEMBER november
O OSCAR óscar
P PAPA pápa
Q QUEBEC quebéc
R ROMEO rômeo
S SIERRA siérra
T TANGO tângo
U UNIFORME iúniform
V VICTOR víctor
W WHISKEY uíski
X XRAY éksirei
Y YANKEE iânki
Z ZULU zúlu
15.7.2 - Algarismos
0 - ZERO 4 - QUATRO 7 - SETE
1 - UNO 5 - CINCO 8 - OITO
2 - DOIS 6 - MEIA ou 9 - NOVE
3 - TRÊS MEIA DÚZIA
A transmissão de números deverá ser precedida da expressão "NUMERAL".
Exemplo: 136 = NUMERAL UNO TRÊS MEIA
A transmissão de coordenadas deverá ser realizada enunciado-se algarismo por
algarismo, precedida da expressão "COORDENADAS"
Exemplo: Coordenadas 3248 - 0896 = COORDENADAS TRÊS DOIS QUATRO
OITO TACK ZERO OITO NOVE MEIA.
15.7.3 - Expressões do procedimento fonia
EXPRESSÃO SIGNIFICADO
AÇÃO Esta mensagem é para ação da estação cuja chamada se
segue.
AFIRMATIVO Sim; permissão concedida.
AGUARDE Vou fazer uma pausa; responderei dentro de alguns
segundos; mantenha-se atento.
AGUARDE FORA Vou fazer uma pausa maior do que alguns segundos;
responderei um pouco mais tarde.
ANTES DE Verificar ou repetir parte da mensagem antes do grupo que

OSTENSIVO - 15-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

se segue (precedida de VERIFICAR ou REPETIR)


AQUI Esta mensagem procede do posto cuja chamada se segue.
AUTENTICAÇÃO A autenticação da mensagem transmitida é ...
O grupo que se segue é a resposta a seu pedido de
autenticação.
AUTENTIQUE A estação chamada deverá responder ao pedido de
autenticação.
CÂMBIO Encerrei esta transmissão e aguardo resposta; continue;
transmita.
CANCELE ESTA TRANS- Esta transmissão está incorreta, cancele-a (não deve ser
MISSÃO usada para cancelar mensagem que já tenha sido correta ou
completamente transmitida).
CERTIFIQUE Tome conhecimento desta mensagem e informe se está em
condições de cumpri-lá.
CIENTE Sua última mensagem foi recebida.
CORREÇÃO Houve um erro na transmissão desta mensagem. Continuarei com
a última palavra correta.
CORRETO O texto transmitido por este posto está correto.

DATA-HORA No preâmbulo da mensagem completa, data e hora da


mensagem expressos em seis algarismos e o sufixo do fuso
horário.
DEPOIS DE Verificar ou repetir a parte da mensagem após o grupo que
se segue (precedido de VERIFICAR ou REPETIR)
DEVAGAR O ritmo de sua transmissão está excessivo. Fale mais
devagar.
DEVOLVA Nas intruções de transmissão: Repita toda mensagem
exatamente como recebeu.
Nas intruções finais: repita a parte da mensagem indicada.
DEVOLVENDO Estou devolvendo a mensagem, ou parte indicada como
recebi.
É SÓ Encerrei esta transmissão e não aguardo recibo ou resposta.
EMERGÊNCIA Mensagem de emergência.
ENTENDIDO Recebi sua última mensagem, entendi-a e posso cumpri-la
(usado somente pelo destinatário).
ERRADO Sua última transmissão está incorreta.
A versão correta é ......
EXCETUAR As estações indicadas após esta expressão são excluídas

OSTENSIVO - 15-11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

desta chamada geral.

EXERCÍCIO No preâmbulo da mensagem, significa que a mensagem é de


exercício.
FALE DEVAGAR Sua transmissão está muito rápida. Reduza a velocidade de
sua transmissão.
GRUPOS O número de grupo do texto é o que se segue.
HORA No fecho das mensagens abreviadas usada no lugar da
expressão DATA-HORA.
INFORMAÇÃO O destinatário que se segue é apenas de informação.
IMEDIATA Mensagem imediata.
INSTANTÂNEA Mensagem instantânea.
MAIS TRÁFEGO A estação que está transmitindo tem mais tráfego para a
estação recebedora.
MENSAGEM Uma mensagem que necessita ser registrada vai seguir.
NÃO ACUSE A estação chamada não deve acusar recebimento (quando
esta expressão é empregada, a transmissão deve ser
encerrada com a expressão “É SÓ”. A expressão “NÃO
ACUSE” é colocada imediatamente após a chamada e antes
do texto).
NEGATIVO Não. Permissão não consedida.
NUMERAL Números serão transmitidos a seguir.
ORIGEM Autoridade expedidora é a indicada a seguir.
PALAVRA ANTES Verificar ou repetir a palavra que antecede o grupo que se
segue (precedido de VERIFICAR ou REPETIR).
PALAVRA DEPOIS Verificar ou repetir a palavra seguinte ao grupo ...
(precedido de VERIFICAR ou REPETIR).
PALAVRAS As comunicações estão difíceis. Transmita (ou vou
DOBRADAS transmitir) cada palavra (grupo ou frase) duas vezes (esta
expressão pode ser transmitida como ordem ou solicitação).
PREFERENCIAL Mensagem preferencial.
REPETINDO Estou repetindo a mensagem ou a parte dela que é indicada.
RETRANSMITA Retransmita esta mensagem às estações que se seguem
ROTINA Mensagem rotina.
SEPARA Separação do texto de outras partes da mensagem ou trechos
dentro do texto.
SILÊNCIO Cessar imediatamente as transmissões.
SOLETRANDO Eu soletrarei a próxima palavra ou grupo.
SUSPENDER SILÊNCIO Restabelecer o serviço radiotefônico.
TACK Usado para separar partes de um mesmo sinal codificado ou

OSTENSIVO - 15-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

partes do texto de mensagens em linguagem clara.


TRANSMITA SUA Pode transmitir sua mensagem. Estou pronto a recebê-la
MENSAGEM (quando tiver sido transmitido anteriormente AGUARDE ou
AGUARDE FORA).
VERIFICADO O que se segue foi verificado e é repetido agora (usado após
um pedido de verificação).
VERIFICAR Verificar a mensagem que se indica ou parte dela, e remeter
versão correta.

OSTENSIVO - 15-13 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

CAPÍTULO 16
APOIO LOGÍSTICO
16.1 - GENERALIDADES
Para que uma operação anfíbia (OpAnf) se realize com sucesso, é fundamental que as
atividades logísticas se desenvolvam integradas e coordenadas com as ações táticas.
Foi na prática da guerra que a logística buscou seus ensinamentos. Das lições tiradas e
das experiências vividas, com seus erros e acertos, decorreram as normas e princípios
que a constituem.
O presente capítulo visa apresentar os aspectos básicos da logística de interesse do
combatente anfíbio quando integrando um GptOpFuzNav. O CGCFN - 40.1 - Manual
do Batalhão Logístico de Fuzileiros Navais aborda o assunto com mais profundidade.
16.2 - CONCEITOS
16.2.1 - Logística
A logística é a componente da arte da guerra que tem como propósito obter e
distribuir às Forças Armadas (FA) os recursos de pessoal, material e serviços em
quantidade, qualidade, momento e lugar por elas determinados, satisfazendo as
necessidades na preparação e na execução de suas operações exigidas pela guerra.
A logística militar é subdividida em logística naval, da força terrestre e de força
aérea, em função da força em que é aplicada.
16.2.2 - Apoio de Serviço ao Combate (ApSvCmb )
É conceituado como o apoio proporcionado por parcela de uma Força de
Desembarque (ForDbq) ou GptOpFuzNav ao conjunto da força ou grupamento, por
meio da aplicação das funções logísticas essenciais à sua manutenção em combate.
É pois, um caso especial da logística militar, cabendo a ele prover o apoio sob as
condições de combate, influenciando, assim, diretamente o cumprimento da missão
dessas forças ou grupamentos.
16.3 - FUNÇÕES LOGÍSTICAS
Formam um conjunto de ações correlacionadas que concorrem para a solução do
problema logístico.
Na Marinha do Brasil (MB), são seis as funções logísticas adotadas:
- Abastecimento;
- Saúde;
- Transporte;

OSTENSIVO - 16 -1 - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10

- Manutenção e Salvamento;
- Pessoal; e
- Desenvolvimento de Bases.
16.3.1 - Abastecimento
É o conjunto de ações realizadas no sentido de prever, prover, controlar e distribuir
as diversas classes de suprimentos, equipamentos e sistemas de armas para os
GptOpFuzNav, visando mantê-los em plenas condições de operacionalidade.
16.3.2 - Saúde
É o conjunto de medidas de medicina preventiva (médico e odontológico), de
saneamento e higiene, de controle de doenças transmissíveis, de reabilitação na
esfera da medicina operativa, de operação das instalações de saúde e de tratamento,
e de evacuação médica, visando manter a higidez física dos fuzileiros navais
integrantes dos GptOpFuzNav.
16.3.3 - Transporte
É a função que tem o propósito de prever e prover, por meio dos meios de
transporte, a movimentação de pessoal, das diversas classes de suprimentos, de
equipamentos e materiais, em tempo e local determinados, visando atender às
necessidades dos GptOpFuzNav.
16.3.4 – Manutenção e Salvamento
É a função que tem por finalidade conservar o material dos GptOpFuzNav em
condições operativas adequadas ou restitui-lo a essas condições, bem como
recuperá-lo ou salvá-lo. A manutenção pode ser planejada (preventiva ou
programada) e corretiva. As atividades de salvamento incluem o combate a
incêndio, o controle de avarias, o reboque, o desatolamento de viaturas e
equipamentos, a reflutuação de viaturas anfíbias e a recuperação de cargas ou itens
específicos.
16.3.5 - Pessoal
É a função que tem por finalidade a distribuição, o controle e o recompletamento de
efetivos para o emprego dos GptOpFuzNav. Inclui, ainda, as medidas de justiça e
disciplina, as de manutenção do moral, de assistência social e bem estar, de
sepultamento e as relacionadas ao pessoal civil e prisioneiros de guerra.

OSTENSIVO - 16 -2 - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10

16.3.6 - Desenvolvimento de bases


É a função que consiste no aproveitamento e na expansão dos recursos e instalações
existentes em uma determinada área, com o propósito de apoiar as operações
militares.
16.4 - PRINCIPAIS UNIDADES DE ApSvCmb
16.4.1 - Batalhão Logístico de Fuzileiros Navais (BtlLogFuzNav)
Tem por finalidade prover o apoio de abastecimento, serviços de manutenção,
administração, saúde e transporte motorizado aos GptOpFuzNav.
De acordo com o tipo de grupamento, pode ser empregado como um todo ou
mediante a utilização de parcelas de sua estrutura, organizadas por tarefas,
constituindo o núcleo ou a totalidade da organização por tarefas de ApSvCmb.
16.4.2 - Batalhão de Engenharia de Fuzileiros Navais (BtlEngFuzNav)
Provê a geração de energia elétrica, produção de água potável e a conservação e o
reparo de pontes e estradas nas AApL.
16.4.3 - Companhia de Apoio ao Desembarque (CiaApDbq)
Reforçada com outros elementos de ApSvCmb, conforme as necessidades, é
organizada, inicialmente, para constituir o núcleo do Destacamento de Praia (DP) e,
quando for o caso, do Destacamento de Zona de Desembarque (DZD), nas OpAnf.
16.4.4 - Companhia de Polícia (CiaPol)
Provê o controle de trânsito, a guarda de prisioneiros de guerra (PG), o controle de
extraviados e a segurança das AApL na Área de Retaguarda.
16.4.5 - Batalhão de Viaturas Anfíbias (BtlVtrAnf)
Provê, quando a situação tática permitir, o apoio de transporte com viaturas (Vtr)
sobre lagartas (SL), aumentando a capacidade de transporte da organização por
tarefas de ApSvCmb que vier a integrar. Além disso, fornece destacamentos de
manutenção para viaturas blindadas (VtrBld) e carros lagarta anfíbios (CLAnf) às
organizações de ApSvCmb.
16.5 - APOIO LOGÍSTICO NAS OpAnf
O apoio logístico em uma OpAnf é bastante complexo e diferente daquele
desenvolvido numa operação eminentemente terrestre. Nela, dentre outras, se
destacam as seguintes dificuldades :
- partida de um poder de combate inicial zero;
- utilização de equipamentos e suprimentos diversificados, embarcados em diversos

OSTENSIVO - 16 -3 - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10

navios, os quais devem ser desembarcados de acordo com uma seqüência pré-
estabelecida a fim de atender à idéia de manobra em terra; e
- necessidade de manutenção de um fluxo logístico ininterrupto, a partir dos estágios
iniciais do assalto.
16.5.1 - Estrutura de ApSvCmb da ForDbq
É composta de instalações de apoio e recursos logísticos, operados por elementos
de ApSvCmb oriundos das diversas unidades da Força de Fuzileiros da Esquadra
(FFE), os quais são especialmente organizados num Componente de Apoio de
Serviços ao Combate (CASC) para prestar esse apoio a partir de uma AApL.
a) Grupamento de Apoio de Serviços Combate (GASC).
GASC é a denominação da organização por tarefas designada para estruturar o
CASC de uma ForDbq.
Nos demais componentes da ForDbq, e em seus elementos subordinados,
existem, também, estruturas de ApSvCmb, porém com possibilidades limitadas.
Quando as necessidades ultrapassam estas possibilidades, os respectivos
comandantes podem receber elementos específicos de ApSvCmb à disposição ou
encaminhar as necessidades identificadas ao GASC, que as atenderá na medida
de suas possibilidades e da forma mais conveniente.
A tarefa do GASC é prover um sistema de ApSvCmb à ForDbq oportuno,
confiável e contínuo. O GASC é nucleado em torno do BtlLogFuzNav e
constituído basicamente, por: um Elemento de Comando, nucleado na
CiaCmdoSv daquela unidade; um DP; até dois Elementos de Apoio de Serviços
ao Combate (ElmASC); e, quando necessário, por outros elementos.

Fig 16.1 - Composição do GASC

O DP é uma organização por tarefas nucleada em torno da CiaApDbq, ou de


suas frações, capaz de operar, dependendo da situação tática e das condições do
terreno, duas AApP e uma AApZDbq ou três AApP.
O ElmASC é uma organização por tarefas nucleada pela CiaAbst ou pela

OSTENSIVO - 16 -4 - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10

CiaMnt do BtlLogFuzNav. Cada ElmASC é capaz de operar uma AApSvCmb.


O estabelecimento de uma ou duas AApSvCmb será ditado pelas condições do
terreno e/ou situação tática, sendo, então, determinado o número de ElmASC de
acordo com o número de AApSvCmb.
Outros elementos com tarefas específicas poderão ser incluídos na organização
do GASC como, por exemplo, a CiaPol e, em casos especiais, unidades ou
subunidades de combate, com a tarefa de prover segurança às instalações de
ApSvCmb.
b) AApL
São aquelas áreas estabelecidas em terra, destinadas a concentrar suprimentos,
equipamentos, instalações e pessoal necessários ao ApSvCmb proporcionado a
um GptOpFuzNav.
Dependendo das circunstâncias e da natureza da operação realizada, podem ser
de quatro tipos:
- Área de Apoio de Praia (AApP);
- Área de Apoio de Zona de Desembarque (AApZDbq);
- Área de Apoio de Serviços ao Combate (AApSvCmb); e
- Instalação Logística Sumária (ILS).
I) AApP
Área junto a uma praia de desembarque (PDbq), organizada e operada
inicialmente pelo DP, contendo as facilidades para o desembarque de tropas e
de material, e para o apoio às forças em terra, bem como para a evacuação de
baixas, de PG e de material capturado.
II) AApZDbq
É aquela estabelecida para apoiar os elementos de assalto desembarcados por
helicópteros.
III) AApSvCmb
Área em terra onde se encontram os suprimentos, equipamentos, instalações e
pessoal necessários ao ApSvCmb da ForDbq no decorrer da operação.
Em OpAnf, normalmente, é organizada e desenvolvida a partir de uma AApP,
podendo incluir ou ser justaposta a mesma. É estabelecida também, para
prover o apoio às demais operações terrestres de caráter naval.

OSTENSIVO - 16 -5 - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 16.2 - Estrutura de ApSvCmb para uma ForDbq tipo Brigada Anfíbia (BAnf)
desembarcando em uma praia colorida

IV) ILS
Conjunto de recursos para o ApSvCmb organizados em bases mínimas, nos
escalões companhia e batalhão, de forma a garantir um apoio contínuo e
cerrado, e preservar a mobilidade.

Fig 16.3 - ILS de um Grupamento de Desembarque de Batalhão (GDB)

OSTENSIVO - 16 -6 - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10

LEGENDA:
- Posto de Controle de Trânsito (PCTran)
- Posto de Distribuição de Suprimentos Classe III (PDistrCl III)
(Combustíveis)
- Posto de Socorro (PS)
- Posto de Coleta de Salvados (PColSlv)
- Posto de Suprimento d’Água (PSupAg)
- Posto de Distribuição de Suprimentos Classe I (PDistrCl I)
(Rações)
- Posto de Remuniciamento (PRem)
- Posto de Coleta de Mortos (PColMor)

16.5.2 - O apoio logístico durante as fases de uma OpAnf


a) Planejamento:
O planejamento logístico se inicia simultaneamente com o planejamento tático.
Ele é elaborado com o propósito de prover apoio à manobra tática em terra.
Envolve, dentre outros aspectos, a determinação de necessidades, a obtenção dos
recursos logísticos necessários à realização da operação, bem como a prescrição
dos procedimentos a serem observados na sua execução.
b) Embarque
As unidades de ApSvCmb, os suprimentos e equipamentos especiais devem ser
embarcados procurando-se garantir o máximo de flexibilidade no atendimento
ao planejamento do desembarque.
c) Ensaio
No que diz respeito ao ApSvCmb, antes do embarque são realizados ensaios
específicos para se comprovar a exeqüibilidade do plano logístico, familiarizar
as unidades com as instruções nele contidas e aferir o seu grau de prontificação
para o combate.
Uma vez embarcada a ForDbq, o tempo disponível e grau de surpresa que se
deseja alcançar limitarão as possibilidades de realização de ensaios
suficientemente completos, que permitam o desenvolvimento do apoio logístico
na profundidade adequada.
d) Travessia
Durante esta fase são reduzidas as responsabilidades logísticas da ForDbq. A
execução das atividades de apoio se descentraliza pelos navios e as necessidades
porventura existentes são atendidas pelos Pelotões dos Navios. Ainda nesta fase,
é feita a preparação final para o assalto, quando ocorre a distribuição dos itens de

OSTENSIVO - 16 -7 - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10

suprimentos da Carga Prescrita Individual (CPI) à tropa, o embarque de itens


críticos de suprimentos nas VtrAnf que se constituirão em Depósitos Flutuantes
e a ativação das agências de controle do movimento navio-para-terra (MNT),
para verificação das condições de prontificação.
e) Assalto
Para fins do apoio logístico, o assalto é dividido em duas etapas: durante o MNT
e após o MNT. Durante o MNT ocorrem as Descargas Inicial e Geral.
Na Descarga Inicial, o apoio logístico tem caráter eminentemente tático,
devendo atender prontamente as necessidades do escalão de assalto da ForDbq.
As principais fontes de apoio logístico durante os momentos iniciais do MNT,
quando o apoio é prestado de forma seletiva, são as seguintes: cargas prescritas,
suprimentos emergenciais (depósitos flutuantes e suprimentos helitransportados)
e os navios.
O apoio logístico durante a Descarga Geral caracterizar-se por ser
principalmente quantitativo e por atender a ForDbq como um todo. Ela se inicia
quando já há em terra tropas de ApSvCmb e uma quantidade balanceada de itens
das diversas classes de suprimentos capazes de manter a impulsão do ataque.
O apoio logístico após o MNT é caracterizado pelo estabelecimento de toda a
estrutura de ApSvCmb da ForDbq em terra e a centralização do apoio a partir
das instalações e organizações que integram essa estrutura.
16.6 - APOIO DE ABASTECIMENTO
16.6.1 - Suprimentos
São todos os itens necessários para equipar, manter e fazer operar uma unidade
militar, incluindo comestíveis, água potável, fardamentos, equipamentos,
armamentos, munições, combustíveis, sobressalentes e máquinas de todas as
espécies.
a) Classificação
Os suprimentos podem ser classificados quanto a sua natureza, sua
essencialidade e seu emprego operativo.
I) Quanto à natureza
São classificados por símbolos de jurisdição (SJ), de acordo com suas
características físicas e o setor técnico da MB que os controlam.
II) Quanto à essencialidade

OSTENSIVO - 16 -8 - ORIGINAL
OSTENSIVO CGCFN-31.10

São classificados conforme o grau de escassez, importância e valor intrínseco


de cada item em: ordinários, cujo fornecimento não exige qualquer
procedimento especial; extraordinários, que exigem justificação prévia para
serem fornecidos; e os controlados ou regulados, os quais compreendem
aqueles itens críticos cujo fornecimento é controlado pelo comando.
III) Quanto ao emprego operativo
Na ocasião em que os suprimentos são colocados sob o controle dos
GptOpFuzNav, assumem uma classificação segundo seu emprego operativo,
sendo seus itens distribuídos por cinco classes, de acordo com suas
características de emprego ou consumo. As classes são identificadas através
de algarismo romanos de I a V, conforme a seguir especificado.
- Classe I - itens de subsistência, incluindo água e rações operacionais;
- Classe II - itens de natureza geral, constantes de Listas de Dotação, tais
como: armamentos, viaturas operativas, roupas especiais, ferramentas,
suprimentos e equipamentos de saúde, etc.;
- Classe III - itens relativos a combustíveis e lubrificantes, exceto de aviação;
- Classe III-A - itens relativos a combustíveis e lubrificantes de aeronaves;
- Classe IV - itens de natureza geral, não constantes de Listas de Dotação,
como materiais de construção e de fortificações de campanha;
- Classe V - itens relativos a munição para armamentos de todos os tipos,
exceto de aviação; e
- Classe V-A - itens relativos à munição de uso específíco em aeronaves.

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 16.4 - Classificação dos suprimentos quanto ao emprego operativo

16.6.2 - Desembarque de suprimentos


Para fim de execução dessa atividade, peculiar as OpAnf, os suprimentos são
divididos em duas categorias gerais: Suprimentos de Assalto e Suprimentos de
Reabastecimento.
a) Suprimentos de assalto
Compreende os suprimentos da Carga Prescrita e os Suprimentos da Força de
Desembarque (SupForDbq).
I) Carga Prescrita
Representa as quantidades, por tipo de suprimentos, que um comandante, a
seu critério, prescreve para o apoio inicial de suas unidade ou subunidades
subordinadas, normalmente expressas em Dias de Suprimento, e que depende,
entre outros fatores, da capacidade de transporte dos indivíduos ou dos meios
de transporte disponíveis.
A quantidade transportada por cada combatente é denominada Carga Prescrita
Individual (CPI), enquanto que a carregada nos meios de transporte
disponíveis é denominada Carga Prescrita da Unidade (CPU).
No caso dos suprimentos da Classe V, a Carga Prescrita pode ser expressa,
dependendo da arma ou do meio, em:
- dotação básica mais ou menos um determinado número de tiros;
- dias de munição; e
- número de granadas e mísseis.
II) SupForDbq
São aqueles mantidos sob o controle direto do ComForDbq e transportados
nos navios do comboio de assalto, com vistas a permitir o estabelecimento
dos níveis de estoque da força até a chegada do reabastecimento no Comboio
de Acompanhamento.
b) Suprimentos de reabastecimento
São aqueles transportados para a Área do Objetivo Anfíbio (AOA) nos
Comboios de Acompanhamento ou por transportes aéreos, para manter um nível
de estoque que permita a ForDbq concluir a operação.
16.6.3 - Processos de distribuição de suprimentos
A distribuição dos suprimentos numa área de operações pode ser realizada segundo

OSTENSIVO - 16 -10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

dois processos.
a) Distribuição por ponto
O elemento apoiado vai buscar seus suprimentos na instalação responsável pelo
fornecimento do item.
Este processo é muito empregado nas OpAnf, particularmente nos estágios
iniciais do assalto, quando o DP não dispõe, ainda, de viaturas para fazer a
entrega dos suprimentos ao elemento apoiado.
b) Distribuição por unidade
A agência responsável pela instalação de distribuição é também responsável pela
entrega dos suprimentos.
16.7 - APOIO DE SAÚDE NO ASSALTO ANFÍBIO (AssAnf)
É dividido em dois estágios, de acordo com a complexidade da operação: estágio de
GDB e estágio de ForDbq.
Para uma ForDbq do tipo Unidade Anfíbia (UAnf), normalmente o estágio de GDB é
suficiente para a provisão do apoio necessário.
O estágio de GDB começa com o desembarque do escalão de assalto e se prolonga até
o desembarque do DP. A partir daí tem início o estágio de ForDbq, o qual só se
encerra com a conclusão da operação.
16.7.1 - Apoio de saúde no BtlInfFuzNav
No BtlInfFuzNav, todo o pessoal de saúde é lotado no PelS da CiaCmdoSv, o qual
é organizado em:
- 1 Grupo de Posto de Socorro (GpPS); e
- 3 Grupos de Socorro de Companhia (GpSocCia).
O GpPS é constituído por dois Oficiais do Quadro de Médicos do Corpo de Saúde
da Marinha, Comandante e Imediato do Pels, e 21 Praças do Quadro de
Enfermagem (EF) do Corpo de Praças de Fuzileiros Navais, o qual pode ser
dividido em dois escalões. O 1o escalão é composto pelo comandante do PelS, que é
também o Oficial de Saúde do Estado-Maior Especial do batalhão, e onze
enfermeiros, enquanto o Imediato do PelS com dez enfermeiros compõem o 2 o
escalão.
Cada GpSocCia acompanha uma CiaFuzNav e geralmente possui a seguinte
constituição e distribuição: um 2oSG-FN-EF, Encarregado do Grupo, junto com o
Comando da companhia; um 2oSG-FN-EF, Auxiliar do Grupo, no Pelotão de

OSTENSIVO - 16 -11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Petrechos (PelPtr); e dois CB-FN-EF, Socorristas, por Pelotão de Fuzileiros Navais


(PelFuzNav). O Encarregado do GpSocCia é o responsável pela operação do
refúgio de feridos (RfgFer), sendo seus recursos limitados ao atendimento de
emergência.
Os Socorristas acompanham a progressão da CiaFuzNav à retaguarda dos pelotões
que apóiam. Aplicam os primeiros socorros aos feridos e preenchem os cartões de
evacuação que seguem com as baixas, quando isto for necessário. Além disto,
sinalizam os locais em que se encontram os feridos, para facilitar o trabalho dos
padioleiros encarregados de os conduzir até o RfgFer.
Uma equipe de padioleiros acompanha o GpPS e atua sob a supervisão do
Comandante do PelS. Os componentes dessa equipe não são enfermeiros e sim
pessoal da CiaCmdoSv designado pelo Comandante do BtlInfFuzNav. Só
excepcionalmente devem ser utilizados elementos das CiaFuzNav como
padioleiros.
O número de padioleiros necessários pode variar, de acordo com a situação e o tipo
de operação, de 24 (mínimo) até 36 (máximo) . Cada CiaFuzNav receberá quatro
padioleiros dessa equipe, os quais atuarão no transporte das baixas até os RfgFer,
sob a orientação do Encarregado do GpSocCia; os demais apoiarão o PS.
Geralmente são utilizados dois elementos por padiola, mas serão necessários quatro
se a distância a percorrer for grande ou o terreno difícil.
Além desses padioleiros, um Destacamento de Coleta e Evacuação (DstColEv),
provido pelo 2oPelColEv da CiaS (normalmente cinco homens), é geralmente
designado para integrar cada GDB. Este destacamento desembarca, habitualmente,
na última vaga programada para o GDB e apresenta-se ao comandante do PelS que
o empregará de acordo com as necessidades. Suas tarefas são: coletar as baixas nos
RfgFer e evacuá-las para o PS; quando o PS estiver dividido em dois escalões,
evacuar as baixas do mais avançado para o mais à retaguarda; e evacuar as baixas
do PS para o Posto de Evacuação de Equipe de Destacamento de Praia
(PEv/EqDP). Eventualmente, poderá ser empregado para reforçar o pessoal do PS
no atendimento às baixas.
Os DstColEv executam a evacuações permutando seu material (padiolas, cobertas e
suprimentos de saúde) com os encontrados nos pontos de coleta, de forma a reduzir
os incômodos causados aos feridos.

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16.7.2 - Apoio no estágio de GDB


a) Durante o MNT
Qualquer baixa que se verifique nas VtrAnf, ED ou helicópteros receberá os
primeiros socorros de um companheiro ou dos Socorristas que porventura
acompanhem a equipe e permanecerá a bordo para ser conduzida
preferencialmente para um Navio de Recebimento e Tratamento de Baixas
(NRTB). Quando isto não for possível, a baixa será conduzida para o navio de
destino das VtrAnf, ED ou helicóptero. Os mortos serão deixados na praia ou
zona de desembarque para posterior coleta.
b) Ações em terra
I) Momentos iniciais do assalto
Os enfermeiros dos GpSocCia prestam os primeiros socorros aos feridos e
marcam os locais em que as baixas que não podem caminhar se encontram,
visando a facilitar o trabalho de coleta dos padioleiros. Os que podem
caminhar, dirigem-se à praia ou zona de desembarque por seus próprios meios
e embarcam nas ED ou helicópteros que retornam aos navios, ou ao PS do
GDB, se este já estiver instalado em terra.
O primeiro escalão do PS desembarca logo após as companhias de assalto e se
estabelece inicialmente na praia, próximo ao PC do GDB.
Imediatamente os padioleiros desse primeiro escalão do PS iniciam o trabalho
de coleta nos RfgFer das CiaFuzNav, evacuando as baixas para o PS na praia.
Neste local, os feridos são examinados pelo médico e, dependendo da
gravidade dos ferimentos, recebem o tratamento necessário para retornar
imediatamente às suas subunidades ou frações ou são preparados para
evacuação para um NRTB. Para a evacuação das baixas do RfgFer, o
Encarregado do GpSocCia solicita ao PS, através do comando da CiaFuzNav, o
apoio de padioleiros ou de ambulância.
Nestes momentos iniciais, o PS aberto pelo primeiro escalão do GpPS funciona
como um PEv até que a EqDP desembarque e o substitua.
No assalto por helicópteros, após o desembarque da Seção de Evacuação
(SecEv) do DZD, as baixas que necessitarem de evacuação imediata serão
concentradas nos pontos de desembarque e embarcadas nos helicópteros, já
descarregados, para serem conduzidas para um NRTB, conforme orientação do

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Oficial de Controle de Evacuação de Baixas (OCEB).

Fig 16.5 - Apoio de saúde nos momentos iniciais do assalto

II) Desembarque do 2o escalão do GpPS


O segundo escalão do GpPS, sob controle do Imediato do PelS, desembarca,
normalmente, junto com a CiaFuzNav reserva do GDB e procede de uma das
seguintes maneiras:
- se a progressão das CiaFuzNav de assalto for rápida, quase sempre se torna
necessário que este escalão ultrapasse o primeiro e se interiorize para
estabelecer um segundo PS mais próximo da linha de contato (LC),
geralmente logo à retaguarda da CiaFuzNav reserva; e
- se a progressão for lenta, o segundo escalão se une ao primeiro na praia,
aumentando a capacidade de provisão do tratamento médico e as
possibilidades de evacuação, pelo aumento da quantidade de padioleiros.

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Fig 16.6 - Apoio de saúde após o desembarque do 2o escalão do GpPS

III) Desembarque da EqDP


Cada EqDP apoia um GDB e tem na sua organização uma SecEv, constituída
com recursos do 1oPelColEv da CiaS e de medicina operativa colocados à
disposição pelo SSM. Esta SecEv é responsável pela instalação de um PEv.
Com o estabelecimento do PEv/EqDP, o primeiro escalão do GpPS avança e
junta-se ao segundo, se este o tiver ultrapassado, para consolidar os dois
escalões em um único PS.
Nessa fase, as baixas serão evacuadas do PS para o PEv/EqDP, a pedido do
primeiro, por uma Equipe de Evacuação (EqEv) da SecEv. No PEv/EqDP as
baixas serão novamente triadas e registradas, e aquelas que necessitarem de
hospitalização serão embarcadas nas ED ou helicópteros, e evacuadas
imediatamente para um NRTB designado pelo OCEB. As demais serão
tratadas e, tão logo possam, retornarão às suas subunidades ou frações.

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Fig 16.7 - Apoio de saúde após a instalação do PEv

16.7.3 - Apoio no estágio ForDbq


Este estágio se inicia com o desembarque do Destacamento de Praia da Força de
Desembarque (DPForDbq) e, quando for o caso, do restante da CiaS para instalar o
Hospital de Campanha (HCmp).
Um pouco antes de ser estabelecido o PCForDbq em terra, o comandante do
DPForDbq (comandante da CiaApDbq) desembarca e consolida sob seu comando
as EqDP que apóiam cada GDB, formando o DPForDbq.
O comandante da SecEv do DPForDbq (comandante do 1oPelColEv da CiaS)
desembarca junto com o comandante do DPForDbq e também consolida, se a
situação permitir, os PEv/EqDP em um único PEv/DPForDbq. Desse modo, ficará
centralizado o fluxo das baixas para uma única instalação, facilitando o controle da
evacuação para os navios e liberando recursos do PEv/DPForDbq para atender às
necessidades de instalação do HCmp, quando isto for previsto.
Quando for prevista a instalação do HCmp, o comandante da CiaS, ou seu
representante, desembarca tão logo possível e reconhece os locais previamente
selecionados no planejamento, visando a confirmar o local de instalação do HCmp.
Logo que a situação tática permitir o estabelecimento desse hospital com razoável

OSTENSIVO - 16 -16 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

segurança, o comandante da CiaS recomenda ao comandante do GASC o


desembarque do material e pessoal que irá instalá-lo. Sua instalação, no entanto, só
deverá ocorrer, em princípio, após a dissolução do DPForDbq.
Quando a companhia desembarca, seus Pelotões Cirúrgicos (PelCir) e as frações
ainda não empenhadas dos PelColEv se dirigem à posição designada pelo
comandante da CiaS e estabelecem o HCmp. Após sua instalação, deverá ser
expedida mensagem a todas as unidades comunicando o local e a hora de sua
abertura.
Quando o HCmp é estabelecido em terra, o fluxo de evacuação das baixas por
superfície passa a ser concentrado nele. As Equipes de Coleta (EqCol), sob controle
direto do comandante da CiaS, recolhem as baixas dos PS para o HCmp, onde são
novamente triadas, registradas, recebem o atendimento médico apropriado e,
quando necessário, são evacuadas para o NRTB.
O HCmp oferece hospitalização apenas por curto período de tempo, o qual só deve
ser prolongado no caso da evacuação colocar em risco a recuperação da baixa.
A evacuação das baixas por superfície do HCmp para os NRTB, se dará por meio
do PEv. Mesmo após o estabelecimento do HCmp, o PEv instalado na praia
continuará a operar. Entretanto, seu efetivo deverá ser reduzido para permitir a
plena operação do HCmp.

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Fig 16.8 - Apoio de saúde no estágio ForDbq

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CAPÍTULO 17
COMBATE CORPO A CORPO
17.1 - GENERALIDADES
O combate corpo a corpo é a mais antiga forma de luta conhecida pelo homem. Com o
progresso tecnológico, foram criados outros métodos de combate porém, não importa
como a ciência e a tecnologia influenciem a evolução da arte da guerra, sempre
existirá o combate corpo a corpo. Por essa razão, quando as modernas armas não
obtiverem êxito em parar o oponente, será necessário entrar em combate corpo a
corpo, obrigando cada Fuzileiro Naval (FN), em última instância, a confiar
exclusivamente na sua habilidade nesse tipo de combate.
O combate corpo a corpo inclui todas as habilidades do espectro combativo. As
técnicas defensivas habilitam o combatente a repelir um ataque, enquanto que as
técnicas ofensivas procuram, com contragolpes, causar um dano físico permanente ao
oponente, podendo, em certos casos, levá-lo a morte.
Este capítulo apresenta os fundamentos do combate corpo a corpo, um programa de
treinamento básico dessa modalidade de combate, as técnicas do combate a baioneta e
o uso de armas de oportunidade.
17.2 - FUNDAMENTOS DO COMBATE CORPO A CORPO
17.2.1 - Áreas vulneráveis no combate desarmado
O objetivo do combate corpo a corpo é causar um dano físico ao oponente. Para
isto, é preciso conhecer as áreas vitais do corpo humano. As áreas vulneráveis mais
importantes são a cabeça, o pescoço, tronco, virilha e extremidades.

OSTENSIVO - 17-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.1 - Pontos vitais no combate desarmado

a) Cabeça
Os pontos vitais da cabeça são os olhos, têmporas, nariz, ouvidos e o queixo.
Um golpe violento na cabeça pode causar um dano grave, sendo, por isso, o
principal meio de pôr fora de combate o oponente.
Os olhos são pontos de tecidos moles que não são cobertos por proteção natural,
isto é, músculos ou ossos. Um golpe na direção dos olhos provoca um reflexo
inconsciente do sistema nervoso central e o oponente é levado involuntariamente
a protegê-los com as mãos, facilitando ataques secundários a outras áreas
vulneráveis.
Um golpe violento na têmpora pode causar um dano físico permanente ou matar
o oponente.
O nariz é muito sensível e facilmente quebrado. Um golpe no nariz pode
provocar o fechamento e lacrimejamento involuntário dos olhos, tornando o
oponente vulnerável a ataques secundários. Devido ao preparo pessoal, alguns
indivíduos podem se tornar habituados a receber e suportar golpes no nariz.
Entretanto, golpes no nariz devem ser desfechados com o máximo de potência e
seguidos imediatamente de outros golpes secundários.

OSTENSIVO - 17-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Pancadas no ouvido podem causar a ruptura do tímpano. O combatente deve


provocar uma pressão nos ouvidos por meio de um golpe desfechado com ambas
as mãos ligeiramente curvadas, em forma de ventosas, contra as orelhas do
adversário.
Golpeando-se violentamente o queixo do adversário é possível levá-lo a
inconsciência ou causar lesões dolorosas aos dentes, lábios e língua. Todavia,
golpes desfechados com as mãos contra o queixo do adversário podem levar o
atacante a também se machucar. Se possível, golpeia-se o queixo com algum
objeto resistente (capacete, coronha do fuzil ou salto do coturno) para reduzir a
possibilidade de se machucar.
b) Pescoço
Os pontos vitais do pescoço são a garganta e a base do crânio.
A garganta, como os olhos, não é naturalmente protegida por tecidos mais
resistentes. Um traumatismo na garganta faz com que a traquéia inche e
interrompa o fluxo de ar para os pulmões, o que pode levar a morte.
A base do crânio contém a medula espinhal. Um golpe nessa região pode causar
um dano permanente e imobilizar o oponente.
c) Tronco
Os pontos vitais do tronco são a clavícula, plexo solar, costelas e rins. Durante o
combate, esses pontos são, normalmente, protegidos pelo colete a prova de balas
e pelos equipamentos do conjunto cinto-suspensório.
A clavícula, quando fraturada, pode imobilizar o braço do oponente.
Golpes contra o plexo solar (ou centro do tórax) podem imobilizar o adversário,
o qual pode sofrer uma parada respiratória.
Um golpe desfechado nas costelas também pode imobilizar o adversário e causar
um traumatismo interno.
Golpes violentos nos rins podem imobilizar, causar seqüelas irreversíveis ou até
mesmo matar o oponente.
d) Virilha
A região da virilha é uma área de tecidos moles sem ser coberta por qualquer
proteção natural. Uma injúria nesta região leva o oponente a protegê-la
involuntariamente com as mãos e pernas. O órgão genital é o ponto mais
vulnerável. Um golpe próximo deste ponto causa dor intensa, contrai a

OSTENSIVO - 17-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

musculatura abdominal inferior, desequilibra o oponente e produz um


traumatismo interno.
e) Extremidades
As extremidades do oponente, são, em geral, atingidas antes do que qualquer
outra área vulnerável. Um golpe contra uma extremidade (braços e pernas)
raramente causa a morte. Mesmo assim, os membros são, ainda, importantes
áreas vulneráveis durante o combate corpo a corpo. As articulações são os
pontos vitais de maior relevância. Lesão em uma articulação pode provocar um
reflexo inconsciente do sistema nervoso central e imobilizar o adversário.
17.2.2 - Áreas vulneráveis no combate com faca
As áreas vulneráveis no combate com faca são também a cabeça, pescoço, tronco,
virilha e os membros (inferiores e superiores). As partes acessíveis a um golpe
variarão de acordo com a situação. Contudo, existem vários pontos de inserção ou
de corte com a faca que podem causar seqüelas ou a morte, os quais poderão estar
acessíveis.

Fig 17.2 - Pontos vitais no combate com faca

OSTENSIVO - 17-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

a) Cabeça
A área da cabeça é uma área vulnerável por excelência. Em geral, ferimentos
cortantes na cabeça não causam a morte, porém podem causar um choque
psicológico e hesitação no oponente.
Os pontos vitais da cabeça são as têmporas e os olhos. Essas áreas são protegidas
por uma camada delgada de osso e são facilmente perfuradas pela lâmina de uma
faca.
Outros pontos vitais (orelhas, nariz e sob o queixo) são menos acessíveis e
difíceis de atacar.
b) Pescoço
Os principais pontos vitais da garganta são a artéria carótida e a veia jugular. A
precisão não é absolutamente necessária quando se golpeia a área da garganta,
pois sua extensão é muito pequena e esses pontos ficam muito próximos um do
outro. Uma lesão cortante na garganta pode causar a morte.
c) Tronco
Ferimentos a faca no tronco podem incapacitar ou causar a morte se um órgão
vital for atingido ou, ainda, provocar um choque traumático no indivíduo. Os
pontos vitais do tórax são a artéria subclavicular, coração, pulmões, abdômen e
os rins. Porém, esses pontos podem não estar acessíveis se o oponente estiver
com a equipagem individual básica de combate (EIBC), destacando-se o colete a
prova de balas e o cinto com os porta carregadores e cantis.
Uma facada na parte superior do tórax pode atingir a artéria subclavicular e
matar o oponente. Essa artéria encontra-se na área do ombro e é envolvida pela
clavícula.
Um golpe de faca no coração pode matar o adversário. Entretanto, esse órgão é
protegido pelas costelas. Apesar disso, é possível se atingir o coração pela
insersão da lâmina da faca entre as costelas, sob as costelas através o abdômen,
ou acima das costelas através o pescoço.
O abdômen é uma área excelente para o ataque com faca pela falta de proteção
natural. Uma facada no abdômen pode incapacitar ou matar o oponente. No
golpe contra o abdômen é necessário inserir a lâmina da faca e rasgar
transversalmente para causar um ferimento tão largo quanto possível.

OSTENSIVO - 17-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Uma facada nos pulmões também pode causar a morte do oponente. Entretanto,
esses órgãos, como o coração, são protegidos pelas costelas. Para atingir o
pulmão é preciso golpear com a faca sob as costelas através o abdômen.
A perfuração dos rins pode imobilizar e incapacitar o oponente. Para ter êxito, o
golpe contra os rins tem de ser desferido por trás. Os rins são geralmente
protegidos pela EIBC e difíceis de serem golpeados.
d) Virilha
O golpe de faca na área da virilha contrai os músculos inferiores do abdômen.
Isto faz com que o oponente se curve sobre a área lesionada com a intenção de
protegê-la. Ainda que um ferimento na virilha tenha a possibilidade de causar a
morte, sua principal finalidade é imobilizar e incapacitar o adversário. Uma
lesão na área da virilha pode produzir, também, choque, medo e pânico.
e) Membros
Os membros inferiores e superiores são as áreas vulneráveis mais facilmente
acessíveis. Um golpe de faca nessas áreas raramente causa a morte. Apesar dos
membros conterem artérias (radial e branquial nos braços e femural na parte
superior das pernas) que se rompidas podem causar a morte, golpes contra os
membros em geral incapacitam ou distraem o oponente e o tornam vulnerável ao
golpe principal.
17.2.3 - As partes do corpo utilizadas como armas
Para ser bem sucedido durante um combate corpo a corpo, é necessário que o
combatente conheça e entenda as partes do corpo humano que podem ser
empregadas como armas. São três grupos principais de partes do corpo humano
utilizadas como armas: cabeça, braços e pernas.
Usando seu corpo como uma arma, aumentam as chances do combatente também
se machucar. Algum dano físico deve ser esperado num combate corpo a corpo. Por
exemplo, pode-se machucar o calcanhar quando se golpeia a cabeça do oponente
com ele.
a) Golpes com a cabeça
Golpeando com a cabeça ou mordendo, aumentam as possibilidades de se
machucar. Portanto, não convém usar a cabeça como uma arma contundente, a
menos que se esteja usando um capacete.
Embora essas técnicas não sejam recomendadas, o combatente deve usar todas

OSTENSIVO - 17-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

as técnicas a sua disposição para sobreviver em um encontro.


b) Golpes com o braço
As mãos são as mais versáteis armas proporcionadas pelos braços. Os nós dos
dedos, o cutelo da mão, a palma e os dedos podem ser usados como armas.
A mão pode ser projetada com violência na direção do adversário com o punho
cerrado e os nós dos dedos dobrados para abater o adversário. Batendo com os
nós dos dedos, freqüentemente, pode-se machucar a mão, não sendo
recomendado como principal método de ataque. Caso utilize os nós dos dedos,
direciona-se o golpe para os pontos vitais com tecidos moles, (olhos, garganta,
virilha), reduzindo as possibilidades de se machucar.

Fig 17.3 - O uso da mão com o punho cerrado

O cutelo da mão pode ser usado como uma arma para golpear as áreas com
tecidos moles - olhos e garganta.

Fig 17.4 - O uso do cutelo da mão

OSTENSIVO - 17-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

A palma da mão pode golpear, desviar e bloquear um golpe do oponente.

Fig 17.5 - O uso da palma da mão

Os dedos podem arrancar, rasgar e dilacerar pontos com tecidos moles dos
olhos, garganta e virilha.

Fig 17.6 - O uso dos dedos

O antebraço é extremamente importante durante uma postura defensiva. Ele


pode bloquear ou aparar um golpe.

Fig 17.7 - O uso defensivo do antebraço

Pode, também, golpear e quebrar o cotovelo do oponente. O uso do antebraço

OSTENSIVO - 17-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

para golpear ajuda a prevenir lesões no próprio punho e nos dedos.

Fig 17.8 - O uso ofensivo do antebraço

O cotovelo é uma arma de ataque devastadora, porque com ele é possível


desferir um golpe potente a curta distância. Isto faz do cotovelo uma excelente
arma de ataque durante o estágio da luta em que os oponentes encontram-se em
contato cerrado.

Fig 17.9 - O uso do cotovelo para golpear

c) Golpes com as pernas


As pernas são mais potentes que os braços ou a cabeça e menos sujeitas a lesões.
O pé é protegido pelo coturno e é a escolha natural para atacar o oponente.
A ponta do pé (ou bico do coturno), a parte abaulada, o peito do pé, a planta do
pé e a cunha do calcanhar podem ser usados para golpear. O joelho é
extremamente eficaz no combate corpo a corpo.

OSTENSIVO - 17-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.10 - Uso das pernas para golpear

17.2.4 - Postura básica


É difícil desenvolver as habilidades do combate corpo a corpo com eficácia sem
uma postura estável, a qual é crítica em todas as fases da luta corporal. A postura
básica do lutador proporciona a base para todos os movimentos e técnicas, devendo
ser do domínio de todo o combatente anfíbio.
Para assumir a postura básica de combate, devem ser realizados os passos que se
seguem:
- afastar os pés de uma distância aproximadamente igual a da largura dos ombros,
com a ponta do coturno do pé que se encontra à retaguarda alinhado com o
calcanhar do pé à frente. Os dois pés devem fazer um ângulo de 45º com a direção
de ataque;
- flexionar ligeiramente os joelhos;
- distribuir o peso do corpo igualmente por ambas as pernas;
- flexionar os cotovelos, formando um ângulo de 45º;
- manter os braços elevados o suficiente para proteger o rosto, sem, contudo,
atrapalhar a visão;
- conservar os cotovelos próximos do corpo para proteger os rins;
- dobrar os dedos cerrando os punhos. Não é preciso apertar os dedos, pois isso
contrai os músculos do antebraço, reduzindo a velocidade com que se pode soltar
a mão e, por conseqüência, o tempo de reação; e
- dobrar ligeiramente o pescoço mantendo o queixo para baixo, de forma a
aproveitar a proteção natural proporcionada pelos ombros.

OSTENSIVO - 17-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.11 - Postura básica do lutador

Todo combatente deve ser capaz de assumir a postura básica do lutador


instintivamente e mover-se em todas as direções mantendo essa postura. Durante os
movimentos, as pernas e pés não podem ser cruzados, a parte superior do corpo
deve manter a postura básica e os joelhos flexionados um pouco mais do que o
normal. Os deslocamentos são executados por meio das pernas. Não se deve dobrar
a cintura para auxiliar na movimentação. Caso possível, emprega-se movimentos de
mãos (fintas, socos) para encobrir o movimento das pernas e dos pés.
17.2.5 - Aparando uma queda
Certas vezes, durante uma luta, pode-se perder o equilíbrio ou ser derrubado pelo
oponente. Nestas circunstâncias, os músculos do corpo podem ser usados para
proteger órgãos vitais e ossos, evitando a ocorrência de lesões. Os grupos de
grandes músculos (costas, coxas e nádegas) amenizam o impacto de uma queda e
protegem os movimentos depois que o combatente é jogado ao chão, podendo
evitar lesões graves e uma imobilização.
O combatente deve tentar aproveitar o movimento de queda para manter a sua
movimentação. É importante conservar-se na postura básica, mesmo que caindo ou
sendo derrubado, e assegurar-se que a cabeça está protegida cuidadosamente entre
os braços e o peito. Tudo isso ajuda a reduzir a possibilidade de ocorrência de
lesões graves e a aumentar as chances de autodefesa.
Não se deve projetar o braço para aparar uma queda. Isto pode funcionar bem sobre
uma esteira de proteção ou em uma área sem fragmentos de pedras, mas em um
ambiente de combate será difícil saber o que se encontra sobre o solo. Caso o
fuzileiro estenda o seu braço e bata com o cotovelo em alguma coisa dura e/ou
ponteaguda, certamente ficará fora de combate.

OSTENSIVO - 17-11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.12 - Posição na queda

O combatente pode usar o momento da queda para executar um rolamento com o


ombro. Durante este movimento, um grupo de grandes músculos da parte superior
das costas absorve o impacto da queda em vez do pescoço e da coluna vertebral.
Para executar o rolamento com o ombro a partir da postura básica, é preciso:
- dobrar o queixo e o ombro que se encontra atrás para dentro do próprio corpo;
- manter os braços bem próximos do corpo;
- rolar para frente;
- continuar a rolar até estar de pé na vertical; e
- reassumir a postura básica.
É importante praticar o rolamento com o ombro desarmado e com o fuzil. As
figuras a seguir ilustram as etapas em cada situação.

Fig 17.13 - Rolamento desarmado

OSTENSIVO - 17-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.14 - Rolamento com o fuzil

17.2.6 - Habilidades ofensivas


Na defesa pessoal, a meta é repelir o adversário. No combate corpo a corpo, o
objetivo é derrotar o oponente, conservando o controle da situação. Esse controle
reduz as oportunidades de retaliação do oponente, faz com que ele permaneça
parado e permite que o combatente desfira golpes precisos.
As técnicas dos golpes devem ser praticadas até se tornarem instintivas e poderem
ser aplicadas com força e rapidez. Essas técnicas servem de base para as técnicas de
combate armado, tais como o combate com faca e a baioneta.
Um golpe perfeitamente executado pode não ser o suficiente para eliminar um
oponente. Para se assegurar que o oponente será de fato derrotado, é preciso
desferir os golpes violentamente, repentinamente e repetidamente.
a) Soco com a mão guia
É um soco repentino e direto executado com a mão que se encontra à frente ou a
mão guia. Os nós dos dedos da mão devem fazer contato com o oponente. Está
técnica encobre um movimento e permite ao combatente se aproximar do
adversário. Este tipo de soco deve ser desferido, se possível, contra áreas de
tecidos moles (olhos, garganta e virilha).

OSTENSIVO - 17-13 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.15 - Soco com a mão guia

b) Soco com a mão à retaguarda


É um poderoso soco direto executado com a mão que se encontra atrás. A
potência do soco decorre do impulso proporcionado pela perna à retaguarda e da
vigorosa rotação do quadril e dos ombros. A linha de centro do combatente
(olhos - garganta - virilha) fica exposta quando os quadris giram em direção ao
ponto de aplicação do soco, por isso, um golpe com a mão guia deve preceder a
este tipo de golpe.

Fig 17.16 - Soco com a mão à retaguarda

c) Golpe com o antebraço


É eficaz contra uma variedade de pontos vitais, especialmente o cotovelo. O
golpe pode ser aplicado tanto com a parte interna como a externa.
Para obter um completo sucesso, o braço não utilizado para golpear deve agarrar
e imobilizar a articulação do adversário. Se o golpe for desferido próximo do

OSTENSIVO - 17-14 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

próprio tronco do combatente, ele carregará o peso e a potência de toda a parte


superior do seu corpo. Isto é de grande importância no caso do combatente se
encontrar fisicamente fraco ou exausto.

Fig 17.17 - Golpes com o antebraço

d) Cotovelada
Neste golpe o lado do antebraço ou a ponta do cotovelo deve atingir o oponente.
A potência da cotovelada também decorre da vigorosa rotação e impulsão dos
quadris e ombros. A cotovelada pode ser aplicada pelo braço, quer como uma
pancada, quer pelo movimento em forma de pontada. A cotovelada com o braço
de trás é preferida porque ela permite que o braço que se encontra à frente
imobilize o oponente.

Fig 17.18 - Maneiras de aplicar a cotovelada

e) Cutelada
Este golpe assemelha-se ao movimento de talhar com golpes de faca ou de um
cutelo. Ela é aplicada com a mão que se encontra à retaguarda, golpeando-se o
oponente com bordo externo da mão entre a articulação do dedo mínimo e o
pulso. A finalidade desse golpe é decidir a luta. O ponto vital preferível para
aplicar a cutelada é a garganta. Para se obter pleno sucesso, a mão não

OSTENSIVO - 17-15 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

empenhada em aplicar o golpe deve ser utilizada para controlar os movimentos


do adversário.

Fig 17.19 - Maneira de aplicar a cutelada

f) Joelhada
É um golpe eficaz na luta corporal. Ela pode ser executada horizontal ou
verticalmente. A potência do golpe decorre da vigorosa elevação da coxa e
rotação dos quadris.

Fig 17.20 - Joelhada horizontal e vertical

Para o pleno sucesso na aplicação desse golpe, convém empregar uma técnica
para conduzir o oponente contra o joelho.

OSTENSIVO - 17-16 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.21 - Joelhada com o oponente conduzido pelo pescoço

g) Chutes
Os chutes podem parar o ataque de um adversário e criar uma abertura nas suas
defesas. Os chutes empregados no combate corpo a corpo devem ser simples e
facilmente executados nas condições de combate, isto é, com o combatente
armado e equipado, cansado e na escuridão. Os chutes aplicados acima da
cintura expõem a virilha e reduzem o equilíbrio. Os chutes na cintura e abaixo
desta região podem imobilizar o adversário.
I) Chute frontal com a perna da frente
É aquele executado com a perna guia, que esta disposta à frente na postura
básica. A biqueira do coturno ou a parte abaulada do pé devem atingir o
adversário. Este golpe é executado pela rápida elevação do joelho e o
repentino golpe com o pé na direção do ponto de aplicação (virilha, joelho).
Após desfechar o chute, a perna deve retornar a sua posição na postura básica.
A velocidade com que é executado reduz a possibilidade de se machucar ou
sofrer um contra-ataque do oponente.

OSTENSIVO - 17-17 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.22 - Chute frontal

II) Chute lateral com a perna da frente


Neste golpe, a borda externa do pé e do calcanhar ou o solado do coturno
devem atingir o adversário. Ele deve ser executado com a perna guia,
elevando-se rapidamente o joelho e desferindo-se repentinamente o golpe
com o pé, ao mesmo tempo que ocorre a rotação dos quadris em direção ao
ponto de aplicação (joelho, tornozelo). O retorno à postura básica deve ser
imediato após a conclusão do chute.
O chute lateral permite manter os quadris fechados e a virilha protegida.

Fig 17.23 - Chute lateral

III) Chute frontal com a perna a retaguarda


Este golpe assemelha-se a chutar uma bola de futebol de bate-pronto. Este
chute é um golpe potente capaz de causar grave lesão. Ele consiste em brandir
toda a perna para cima em direção ao oponente, fazendo com que a ponta e/ou
peito do pé o atinjam, preferencialmente no rosto ou na garganta. Este golpe
não deve ser desfechado acima da linha da cintura. Para ser eficaz, o oponente

OSTENSIVO - 17-18 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

deve estar seguro e imobilizado. Isto pode ser conseguido pela manipulação
de uma articulação para imobilizar, seguida do abaixamento da cabeça.

Fig 17.24 - Chute frontal com a perna à retaguarda

IV) Patada
É uma técnica excelente para decidir um combate. Se executada
corretamente, pode causar uma lesão grave em qualquer parte da anatomia do
oponente que for atingida. Ela consiste na rápida elevação da perna que se
encontra à retaguarda ao menos até a altura da cintura, sobre o ponto de
aplicação, seguida da sua condução para baixo com a borda de trás do
calcanhar ou do salto do coturno atingindo diretamente esse ponto com o
máximo de rapidez e força possíveis. Para tal, quanto mais alta a perna é
levantada, maior será a velocidade e a força de aplicação do golpe. Os pontos
de aplicação preferenciais são o pescoço e o crânio.

Fig 17.25 - Execução da patada

h) Passa perna
Usado para derrubar o oponente. Para executar um passa perna, mantém-se uma
posição de equilíbrio, enquanto rapidamente:
- eleva-se a perna que se encontra à retaguarda, tão alto quanto possível, por trás

OSTENSIVO - 17-19 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

do oponente;
- conduz-se essa perna para baixo vigorosamente;
- golpeia-se o tendão de aquiles do oponente; e
- conclui-se o movimento começado pela perna.
A borda de trás do salto do coturno deve atingir o oponente. Para alcançar o
pleno sucesso, mantém-se o controle dos movimentos do adversário durante
todas as fases do golpe. As quedas provocadas sem esse controle do oponente
podem custar a conclusão da sua derrota.

Fig 17.26 - Aplicação do passa perna

i) Estrangulamento
O estrangulamento fecha a via respiratória e causa a morte por asfixia ou pela
interrupção do fluxo de sangue para o cérebro. O estrangulamento não é uma
técnica de finalização do combate tão eficiente como os golpes. Entretanto, todo

OSTENSIVO - 17-20 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

combatente deve ser capaz de executar essa técnica rápida e vigorosamente.


Convém ressaltar que, enquanto se está executando o estrangulamento, as
próprias áreas vulneráveis ficam expostas a um contra-ataque. Portanto, é
preciso injuriar a traquéia do oponente antes que ele consiga desfechar algum
golpe. Com vistas a alcançar o máximo de força de alavanca e se prevenir de um
contragolpe, aperta-se as mãos e o corpo contra o corpo do adversário enquanto
se estiver executando essa técnica. O estrangulamento pode ser pela frente e
pelas costas.

Fig 17.27 - Formas de estrangulamento

17.2.7 - Habilidades defensiva


A finalidade das habilidades defensivas não é apenas permitir ao combatente se
defender de um ataque, mas pô-lo também em posição para contra-atacar. Os
movimentos defensivos não devem prejudicar o equilíbrio proporcionado pela
postura básica do lutador.
Para se defender de um ataque contra si, o braço defensivo do combatente (braço
guia que está à frente) desloca-se apenas o suficiente para aparar o golpe. O braço
livre (o que se encontra à retaguarda) mantém-se nessa posição. Uma vez que a
mão à frente é a que está mais próxima do oponente, cabe-lhe assumir a maioria das
tarefas defensivas. A mão que está atrás cobre a mão à frente e bloqueia os ataques
pelo lado direito da cabeça e do tórax.
Ela é melhor para bloquear ou desviar um golpe em um ângulo que o combatente
não se opõe diretamente a potência total de um golpe. O bloqueio ou o desvio
diminui a força de impacto, propiciando melhor oportunidade para um contra-
ataque e proteção à zona defensiva. Para garantir o sucesso, os movimentos de
bloqueio devem ser executados com o máximo de rapidez e força possíveis. A zona

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defensiva é a área do corpo que um golpe precisa acertar para causar uma lesão.
Eventualmente, um combatente pode perder a postura básica e reagir a um ataque
desfechado fora da zona defensiva. Ao fazer isto, ele será incapaz de engajar o
oponente e se exporá a um golpe subseqüente. Portanto, não se deve procurar
defender um golpe fora da zona defensiva.
a) Bloqueio
I) Bloqueio pelo alto
Destina-se a defender golpes por cima da cabeça. Para executar o bloqueio
pelo alto:
- fecha-se a mão para prevenir lesões nos dedos;
- eleva-se o antebraço acima da linha dos ombros;
- livra-se a cabeça o suficiente para engajar o ataque, sem, contudo, estender
demasiadamente o braço;
- flexiona-se os cotovelos; e
- aplica-se tensão ao cotovelo e ao ombro para resistir ao impacto.
O golpe do oponente deve, portanto, ser bloqueado com a parte externa do
antebraço.

Fig 17.28 - Bloqueio pelo alto

II) Bloqueio por baixo


Utilizado para se defender contra golpes desferidos na direção da seção média
do corpo e da virilha. Para executá-lo:
- fecha-se a mão para proteger os dedos;
- abaixa-se o antebraço à frente do corpo para engajar o golpe; e
- aplica-se tensão ao cotovelo e ao ombro para resistir ao impacto.
O golpe do oponente deve, portanto, ser bloqueado com a parte externa do

OSTENSIVO - 17-22 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

antebraço.

Fig 17.29 - Bloqueio por baixo

III) Bloqueio por fora


Utilizado para se defender de golpes dirigidos contra a parte superior do
corpo pela parte de fora da guarda e em linha reta. Para executar o bloqueio
por fora:
- fecha-se a mão para proteger os dedos;
- afasta-se o braço de bloqueio para fora do corpo;
- engaja-se o golpe;
- evita-se que o golpe acabe por jogar seu próprio braço defensivo contra o
seu corpo ou cabeça; e
- aplica-se tensão ao cotovelo e ao ombro para resistir ao impacto.

Fig 17.30 - Bloqueio por fora

IV) Bloqueio por dentro


Utilizado para se defender de um golpe em linha reta dirigido à parte superior
do corpo. Para executá-lo:

OSTENSIVO - 17-23 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- fecha-se a mão para proteger os dedos;


- desloca-se o antebraço em direção à parte interna do corpo; e
- resiste-se ao impacto com o cotovelo e o ombro.
O golpe do oponente deve, portanto, ser bloqueado com a parte interna do
antebraço.

Fig 17.31 - Bloqueio por dentro

V) Bloqueio com a perna


Utilizado para se defender dos chutes abaixo da cintura contra a virilha e as
articulações da perna que se encontra à frente.
Ao se contrapor ao oponente empregando essa técnica, o combatente não
compromete a sua postura defensiva.
Para executar o bloqueio com a perna, eleva-se o joelho da perna que se
encontra à frente, de forma que o chute atinja apenas a perna.

Fig 17.32 - Bloqueio com a perna

b) Posição defensiva deitada


É utilizada para se defender dos golpes desferidos contra o combatente enquanto

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

ele estiver no chão ou incapaz de retomar a postura básica do lutador. Para


assumir a posição defensiva deitada:
- posiciona-se de lado sobre o próprio corpo;
- dobra-se a perna de trás sob seu próprio corpo para conseguir estabilidade;
- coloca-se o braço de trás sob seu próprio corpo com a palma da mão sobre o
solo;
- desloca-se o braço de trás para a direita ou para a esquerda enquanto estiver
girando sobre os quadris para mover o corpo;
- mantém-se o braço guia na posição prevista para a postura básica;
- posiciona-se a mão e o antebraço de forma a proteger a cabeça e o pescoço;
- posiciona-se a área do bíceps/tríceps para proteger os rins; e
- eleva-se e enviesa-se a perna guia para proteger a virilha, se necessário.

Fig 17.33 - Posição defensiva deitada

O combatente deve aproveitar todas as oportunidades para se pôr de pé e retomar


a postura básica.
17.3 - PROGRAMA DE TREINAMENTO BÁSICO
O presente programa visa habilitar o combatente anfíbio nos movimentos e técnicas do
combate corpo a corpo. Ele está dividido em 6 partes:
- 1a Parte - desenvolve as técnicas básicas ofensivas, defensivas e quedas empregadas
no estágio de contato cerrado entre os oponentes durante um combate corpo a corpo.
As técnicas desta parte são necessárias na 2a e 4a partes;
- 2a Parte - desenvolve as técnicas empregadas durante o estágio da luta a meia
distância;
- 3a Parte - apresenta as técnicas utilizadas por um combatente desarmado defender-se

OSTENSIVO - 17-25 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

de um ataque com faca;


- 4a Parte - apresenta as técnicas do combate corpo a corpo com faca;
- 5a Parte - desenvolve as técnicas para eliminar o inimigo silenciosamente; e
- 6a Parte - apresenta as técnicas utilizadas por um combatente anfíbio desarmado
defender-se de um ataque com baioneta.
Esta última parte só será apresentada no Artigo 17.5, após o combatente conhecer as
técnicas do combate a baioneta.
A prática continuada desse programa levará o combatente a lutar instintivamente,
condicionando seus reflexos. Um treinamento eficaz exige que as técnicas sejam
executadas repentinamente e com o máximo de agressividade possível. Por essa razão,
é preciso empregar áreas vulneráveis de ataque alternativas e pequenas modificações
naquelas técnicas para garantir a segurança e impedir o contato violento durante o
treinamento.
A seguir são relacionadas algumas regras de simulação:
- para simular um golpe na região dos olhos, segura-se a testa do oponente exatamente
sobre os olhos;

Fig 17.34 - Simulação de golpe nos olhos

- para simular um golpe na região da virilha, segura-se a parte interna da coxa;

OSTENSIVO - 17-26 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.35 - Simulação de golpe na virilha

- para absorver um chute na cabeça, traz-se o braço livre rapidamente para a frente do
rosto. Aplica-se uma tensão no antebraço e absorve-se o impacto do chute. Esse
movimento defensivo deve ser praticado até se tornar uma ação reflexa;

Fig 17.36 - Aparando um chute na cabeça

- para simular um golpe no cotovelo, flexiona-se ligeiramente o braço e, em seguida,


tenciona-se os músculos para simular a absorção; e

Fig 17.37 - Simulando a absorção do golpe no cotovelo

OSTENSIVO - 17-27 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- para simular uma patada, executa-se o movimento da perna, o qual deve ser
interrompido aproximadamente a 30cm da cabeça do oponente. O oponente, por sua
vez, deve por o braço livre em frente a sua cabeça para proteção adicional.

Fig 17.38 - Simulando uma patada

17.3.1 - Primeira parte do treinamento


Nesta parte são desenvolvidas as técnicas usadas no estágio do contato cerrado
entre os lutadores no combate corpo a corpo. Convém ressaltar que as técnicas de
controle ou de imobilização não causam a morte, mas, se aplicadas com força,
podem causar danos às articulações do oponente e permitir que o combatente
obtenha e mantenha o controle dos movimentos do oponente, ao mesmo tempo que
reduz seus próprios riscos.
a) Chave de pulso
É uma técnica de manipulação da articulação do pulso usada para imobilizar o
oponente e causar uma lesão permanente no pulso. Para executar essa chave:

Fig 17.39 - Defendendo-se de uma pegada pelo colarinho

OSTENSIVO - 17-28 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- enfia-se a mão por cima do braço do oponente e agarra-se rapidamente a sua


mão;
- coloca-se o polegar no meio das costas da mão do oponente;

Fig 17.40

- agarra-se a mão do oponente logo abaixo do seu dedo polegar;


- torce-se vigorosamente a mão do oponente para cima até a palma ficar na
vertical;

Fig 17.41

- a seguir, agarra-se a mão do oponente com a mão livre, colocando-se os dedos


entorno da sua mão, logo abaixo do dedo mínimo, para obter uma força de
alavanca maior;

OSTENSIVO - 17-29 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.42

- torce-se, então, a mão do oponente em direção à parte externa do cotovelo;


- empurra-se para baixo até o oponente cair no chão; e

Fig 17.43

- usa-se o joelho para prender o oponente com o cotovelo completamente


estendido, enquanto se mantém a pressão no pulso. Isto imobilizará o oponente.

Fig 17.44

OSTENSIVO - 17-30 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Durante os treinamentos esta chave deve ser aplicada apenas com uma leve
pressão para não ferir o companheiro.
b) Chave de pulso reversa
É uma variação da chave de pulso. Para executá-la:
- enfia-se a mão sobre os braços do oponente e agarra-se rapidamente a sua mão
oposta;
- coloca-se o polegar no meio das costas da mão do oponente;
- agarra-se a mão do oponente logo abaixo do dedo mínimo;

Fig 17.45

- torce-se vigorosamente a mão do oponente para dentro com a palma da mão na


vertical;
- a seguir, agarra-se a mão do oponente com a mão livre, colocando-se os dois
polegares juntos e enredando-se os dedos entorno da sua mão, logo abaixo do
polegar, para obter uma força de alavanca maior;

Fig 17.46

OSTENSIVO - 17-31 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- aplica-se uma pressão sobre o pulso enquanto se conduz a mão do oponente


torcendo seu ombro;
- empurra-se o oponente para baixo até ele cair ao chão; e
- usa-se o joelho para prender o braço completamente estendido do oponente,
mantendo-se a pressão no pulso. Isto o imobilizará.

Fig 17.47 - Imobilização na chave de pulso reversa

c) Defesa contra um estrangulamento pela frente


Caso o oponente tente um estrangulamento pela frente, emprega-se o antebraço
para golpear violentamente o seu braço, causando uma lesão no cotovelo. Para
isso:
- golpeia-se a parte interna do pulso direito do oponente com o antebraço direito
e, ao mesmo tempo, a parte externa do cotovelo com o antebraço esquerdo;
- afasta-se o pé direito para trás, enquanto se mantém uma pressão no cotovelo
lesionado;

Fig 17.48 - Procedimentos iniciais na defesa de um estrangulamento pela frente

OSTENSIVO - 17-32 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- agarra-se o pulso do oponente com a mão direita e força-se para dentro o


cotovelo lesionado com o antebraço esquerdo, fazendo-o curvar-se pela
cintura;
- em seguida, aplica-se com a perna que se encontra atrás, um chute frontal no
rosto do oponente;

Fig 17.49 - Preparação do contragolpe

- muda-se a pegada rapidamente da seguinte forma:


agarrando o oponente pela parte de trás do pescoço com a mão direita;
agarrando o pulso do oponente com sua mão esquerda;
mantendo a imobilização e o contato com o corpo do oponente enquanto
muda a pegada; e
girando os quadris para se colocar ao lado do oponente, posicionando-se para
o passa perna;
- executa-se um passa perna, derrubando o oponente;

Fig 17.50 - Derrubando o oponente

OSTENSIVO - 17-33 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- reassume-se a postura básica com o braço direito, tão logo ocorra a queda do
oponente;
- aplica-se uma patada repentina e violentamente contra a cabeça do oponente,
como uma técnica de finalização do combate.

Fig 17.51 - Conclusão do contragolpe

d) Defesa contra o estrangulamento pelas costas


Caso o oponente tente um estrangulamento pelas costas, executa-se um golpe na
virilha que lhe faça abrir os braços, escapando do estrangulamento. Para se
defender contra o estrangulamento pelas costas:
- usa-se a palma da mão esquerda para golpear a região da virilha do oponente e
segura-se seu pulso direito com a mão direita;
- assim que o oponente aliviar o estrangulamento, dá-se rapidamente um passo
para a direita sob o seu braço;
- mantém-se firmemente preso o pulso direito do oponente e puxa-se
violentamente seu braço para uma completa extensão desse membro,
posicionando-o à frente do combatente;

OSTENSIVO - 17-34 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.52 - Procedimentos iniciais na defesa contra o estrangulamento pelas costas

- desfecha-se um potente golpe com o antebraço esquerdo contra o cotovelo do


oponente. Isto lesionará o cotovelo e levará o oponente a curvar-se;
- mantém-se preso o braço do oponente já imobilizado e pressiona-se o seu
cotovelo já lesionado;
- executa-se, então, um chute frontal contra o rosto do oponente com a perna que
se encontra à retaguarda;
- agarra-se, agora, o oponente por trás do pescoço, gira-se os quadris e executa-
se um passa perna, derrubando-o; e
- finaliza-se o combate com uma repentina e vigorosa patada.

Fig 17.53 - Procedimentos do contragolpe na defesa contra o estrangulamento pelas costas

e) Defesa contra uma gravata pela frente


Se o oponente tentar uma gravata pela frente, aplica-se, repentina e

OSTENSIVO - 17-35 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

vigorosamente, um golpe com a mão direita na região da sua virilha para


afrouxar a pegada.
Para executar essa defesa, procede-se da seguinte forma:
- utiliza-se a palma da mão direita para atacar a virilha do oponente;
- agarra-se, aperta-se e torce-se violentamente os órgãos genitais;
- segura-se o pulso direito do oponente com a mão esquerda;
- passa-se por baixo do braço do oponente assim que ele afrouxar a gravata;

Fig 17.54 - Procedimentos iniciais na defesa contra uma gravata pela frente

- desfere-se um potente golpe com o antebraço direito contra o cotovelo


estendido do oponente. Isto lesionará o cotovelo e o fará curvar-se para frente;
- mantém-se o braço do oponente imobilizado, exercendo-se pressão sobre o seu
cotovelo;
- em seguida, chuta-se o rosto do oponente com a perna que se encontra atrás;
- segura-se o oponente pelo pescoço, gira-se os quadris e executa-se um passa
perna para jogá-lo ao chão; e
- finalizando o contra-ataque, aplica-se uma patada na cabeça do oponente.

Fig 17.55 - Conclusão do contragolpe na defesa contra uma gravata pela frente

OSTENSIVO - 17-36 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

f) Defesa contra uma gravata lateral


Se o oponente aplica uma gravata lateral, golpeia-se com os dedos,
vigorosamente, os olhos do oponente para afrouxar a gravata. Para executar essa
defesa, procede-se da seguinte forma:
- coloca-se o braço mais próximo do oponente sobre o ombro do mesmo;
- afasta-se a mão tanto quanto possível do rosto do oponente, preparando o golpe
com os dedos contra os seus olhos;
- força-se vigorosamente para trás o pescoço do oponente ao mesmo tempo que
se golpeia seus olhos;
- comprime-se com o dedo médio a cavidade ocular do oponente que estiver
mais afastada. Ao fazer isso, é bem provável que o oponente solte a cabeça do
combatente de maneira a tentar remover o dedo do seu olho;

Fig 17.56 - Procedimentos iniciais para a defesa contra uma gravata lateral

- quando o oponente abrir a gravata, força-se sua cabeça para trás de forma a
expor sua garganta;
- executa-se um golpe com a mão aberta na virilha do oponente, obrigando-o a
levar as mãos àquela região e expondo ainda mais a sua garganta; e
- finalizando o contragolpe, desfere-se uma cutilada na garganta do oponente.

Fig 17.57 - Conclusão do contragolpe na defesa contra uma gravata lateral

OSTENSIVO - 17-37 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

17.3.2 - Segunda parte do treinamento


Nesta parte são desenvolvidas as técnicas dos contragolpes executados para se
defender dos ataques a meia distância, tais como os socos e chutes, bem como as
empregadas para derrotar o oponente durante a fase do contato cerrado no combate
corpo a corpo.
a) Defesa contra um soco com o braço guia
Se o oponente aplicar um soco com o braço guia, apara-se o golpe com a mão
que se encontra à retaguarda para repelir o ataque. O segredo para essa defesa
repousa na imediata resposta ao ataque. Para se defender de um soco com o
braço guia, procede-se da seguinte forma:
- desvia-se o golpe com a mão que se encontra mais à retaguarda ao mesmo
tempo que se desliza para frente com a perna guia;

Fig 17.58 - Procedimentos iniciais para a defesa contra um soco direto

- enfia-se o braço esquerdo sobre o ombro do oponente ao mesmo tempo que se


leva a mão direita para trás do seu pescoço, prendendo e imobilizando o seu
braço direito;
- emprega-se os dois braços para exercer pressão e forçar o oponente a baixar a
cabeça;
- aplica-se, a seguir, uma joelhada no rosto;

Fig 17.59 - Continuação da defesa contra um soco direto

OSTENSIVO - 17-38 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- segura-se o oponente pela parte de trás do pescoço, gira-se os quadris e aplica-


se um passa perna para derrubar o oponente; e
- finalizando, aplica-se uma patada na cabeça do adversário.

Fig 17.60 - Finalização do contragolpe na defesa contra um soco direto

b) Defesa contra um soco com o braço de trás


Se o inimigo aplicar um cruzado, bloqueia-se o golpe com a mão guia para
repelir o ataque. Para executar essa defesa, procede-se da seguinte forma:
- executa-se um bloqueio por fora com a mão guia;
- entra-se com o pé de trás e executa-se um golpe com o antebraço contra o
cotovelo do oponente, visando contundir essa articulação;

Fig 17.61 - Procedimentos iniciais para a defesa contra um soco cruzado

- a seguir, aplica-se uma cotovelada nas costelas do oponente;


- encaixa-se o antebraço e o bíceps entorno da parte superior do braço do
oponente;

OSTENSIVO - 17-39 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- gira-se, então, os quadris, levantando e derrubando o oponente. Para obter a


força de alavanca neste movimento, segura-se a parte superior do braço
contundido, calçando-o e fazendo-o girar sobre os quadris e a parte superior da
coxa; e
- finalizando o contragolpe, aplica-se uma patada na cabeça do oponente.

Fig 17.62 - Conclusão do contragolpe na defesa contra um soco cruzado

c) Defesa contra um soco cruzado por baixo


Caso o oponente aplique um cruzado por baixo (“uppercut”), usa-se a mão guia
para bloquear o ataque. Para executar a defesa contra esse golpe, procede-se da
seguinte forma:
- realiza-se um bloqueio baixo com a mão guia;
- golpeia-se a parte interna do cotovelo do oponente com a palma da mão que se
encontra atrás, não com a finalidade de lesionar essa articulação, mas criar uma
abertura na sua guarda entre o braço e o tronco;
- enfia-se, então, a mão através dessa abertura enquanto que a mão que se
encontra mais à retaguarda desloca-se para trás do pescoço do oponente, com
vistas a imobilizar a parte superior do tronco;

OSTENSIVO - 17-40 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.63 - Procedimentos iniciais para a defesa contra um cruzado por baixo

- em seguida, iniciando o contragolpe, emprega-se ambos os braços para exercer


pressão sobre as articulações do braço do adversário e forçá-lo a baixar a
cabeça;
- aplica-se uma joelhada no rosto do oponente;
- segura-se, a seguir, a parte de trás do pescoço do adversário, gira-se os quadris
e aplica-se um passa perna, derrubando-o; e
- por fim, executa-se uma patada na cabeça, concluindo o contragolpe.

Fig 17.64 - Conclusão do contragolpe na defesa de um soco cruzado por baixo

OSTENSIVO - 17-41 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

d) Defesa contra um chute frontal


Procede-se da seguinte forma:
- apara-se o chute com a palma da mão guia;
- agarra-se a parte de trás do colarinho do oponente com a outra mão;
- aplica-se, a seguir, um chute lateral, com a perna que se encontra atrás, contra o
joelho do oponente, fazendo-o dobrar-se;

Fig 17.65 - Procedimentos iniciais na defesa contra um chute frontal

- em continuação ao contragolpe, força-se a cabeça do oponente para trás de


forma a fazê-lo expor a garganta; e
- conclui-se o contragolpe com uma cutilada na garganta.

Fig 17.66 - Conclusão do contragolpe na defesa de um chute frontal

17.3.3 - Terceira parte do treinamento


Um oponente armado com uma faca é um adversário fatal. O primeiro passo numa
defesa desarmada contra um ataque a faca é neutralizar essa arma. Uma vez
neutralizada a faca, o oponente pode ser derrotado empregando-se as técnicas das
etapas anteriores. Em um ataque com faca, deve-se ter em mente que é provável

OSTENSIVO - 17-42 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

que se sofra alguns cortes. Existem cinco golpes básicos com faca: de cima para
baixo, facada direta, cortante de fora para dentro, cortante por dentro e de baixo
para cima.
a) Defesa contra uma facada de cima para baixo
O ataque de cima para baixo com uma faca é uma técnica de corte ou perfuração
executada com a mão erguida acima da altura dos ombros movendo-se na
direção do alvo. Procede-se da seguinte maneira para se defender desse golpe:
- executa-se um bloqueio alto com a mão guia;
- avança-se com a perna que se encontra atrás;
- aplica-se um golpe com o antebraço para contundir o cotovelo do adversário e
obrigá-lo a soltar a faca;

Fig 17.67 - Procedimentos iniciais para neutralizar a faca no ataque de cima para baixo

- agarra-se, a seguir, o pulso do braço contundido do adversário;


- aplica-se uma cotovelada nas suas costas. Isto não deverá causar maior dano ao
inimigo, mas permitirá que no passo seguinte consiga-se prender com mais
facilidade o braço do oponente;

OSTENSIVO - 17-43 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.68 - Início do contragolpe na defesa contra uma facada de cima para baixo

- por fim, prende-se a parte superior do braço do oponente com o antebraço e o


bíceps para realizar a alavanca, gira-se os quadris forçando a parte superior do
corpo enquanto se puxa o oponente por sobre o quadril e parte superior da
coxa, derrubando-o; e
- aplica-se, finalizando, a patada na cabeça.

Fig 17.69 - Finalização do contragolpe

b) Defesa contra a facada direta


Esta é a forma de ataque com faca mais perigosa e difícil de defender. Procede-
se da seguinte forma:
- executa-se um bloqueio baixo com a mão guia para desviar a facada do
oponente para fora do corpo do combatente;
- em seguida aplica-se um golpe com o antebraço oposto para contundir o
cotovelo do oponente e neutralizar a faca; e

OSTENSIVO - 17-44 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.70 - Neutralização da facada direta

- em seguida, procede-se como na defesa anterior após a neutralização da faca.


c) Defesa contra o golpe cortante de fora para dentro
Um golpe de faca deste tipo é similar a um soco cruzado. Procede-se da seguinte
forma:
- executa-se um bloqueio por fora com a mão guia;
- avança-se com a perna de trás e aplica-se um golpe com o antebraço oposto no
cotovelo do oponente para neutralizar a arma; e

Fig 17.71 - Neutralização do golpe de faca cortante de fora para dentro

- em seguida, procede-se como na defesa contra a facada de cima para baixo,


apresentada anteriormente.
d) Defesa contra o golpe cortante por dentro
Este golpe caracteriza-se por um movimento que vem pela parte de dentro da
guarda e é similar a uma bofetada. Geralmente é combinado com o golpe de fora
para dentro. Para defender-se deste golpe, procede-se da seguinte forma:

OSTENSIVO - 17-45 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- executa-se um avanço rápido e aplica-se um bloqueio por fora com a mão que
se encontra à retaguarda;
- agarra-se o pulso do oponente com essa mesma mão e com o antebraço oposto
aplica-se um golpe contra o cotovelo, com vistas a lesionar essa articulação e
neutralizar a faca;

Fig 17.72 - Neutralização do golpe de faca cortante por dentro

- em seguida, pressiona-se o braço do oponente, forçando-o a abaixar a cabeça;


- executa-se um chute com a perna de trás no rosto do oponente;
- segura-se, então, o oponente por trás do pescoço, gira-se os quadris,
derrubando-o com um passa perna; e
- finaliza-se o contragolpe com a patada na cabeça.

OSTENSIVO - 17-46 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.73 - Conclusão do contragolpe na defesa contra o golpe cortante de faca por dentro

e) Defesa contra a facada de baixo para cima


A defesa de uma facada de baixo para cima é a mesma realizada contra um soco
cruzado por baixo.
17.3.4 - Quarta parte do treinamento
No combate com faca, essa arma tem que ser encarada como uma extensão do
próprio combatente.
Os mesmos movimentos e técnicas usadas no combate desarmado se aplicam no
combate com faca. As técnicas aqui apresentadas causam grandes ferimentos,
principalmente na área do pescoço/garganta, eliminando rapidamente o oponente.
a) Empunhadura normal
É a mais comumente usada entre os lutadores sem prática no combate com faca.
Uma vantagem dessa empunhadura é o maior afastamento provido pela lâmina.
Uma desvantagem é que o ângulo entre o pulso e a lâmina da faca não
proporciona o máximo poder de corte. Uma outra desvantagem é a dificuldade
de mantê-la nas mãos quando se golpeia uma superfície dura. Para empunhar
dessa forma, segura-se o cabo da faca com a lâmina voltada para cima e coloca-
se o dedo polegar verticalmente logo abaixo da base da lâmina.

Fig 17.74 - Empunhadura normal de uma faca

b) Empunhadura do picador de gelo


É a forma preferida de empunhar uma faca na maioria das situações descritas
nesta publicação. Esse tipo de empunhadura proporciona ao combatente maior
firmeza, que lhe permite desferir golpes potentes, escamotear a lâmina e
dificultar a defesa. Para empunhar uma faca como um picador de gelo, segura-se
a mesma pelo cabo, com a lâmina voltada para baixo e o gume para frente.

OSTENSIVO - 17-47 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.75 - Empunhadura do picador de gelo

c) Postura
É a própria postura básica do lutador com a mão que se encontra à retaguarda
segurando a faca.
A mão guia bloqueia e apara os golpes do oponente, enquanto a mão à
retaguarda desfecha o ataque decisivo com a lâmina.

Fig 17.76 - A postura de combate com faca

d) Defesa contra um ataque de cima para baixo


Para essa defesa, procede-se da seguinte maneira:
- executa-se um bloqueio alto com a mão guia;
- aplica-se, a seguir, um golpe cortante com a mão armada, semelhante ao de
um soco cruzado, direcionando a lâmina contra a área do pescoço/garganta
do oponente;

OSTENSIVO - 17-48 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.77 - Procedimentos iniciais contra um ataque de faca de cima para baixo

- retorna-se com a lâmina da faca através do ferimento de forma a aprofundar


o trauma;
- ergue-se o braço armado até que a lâmina se afaste do corpo do oponente; e
- finaliza-se o contragolpe com uma facada de cima para baixo, na parte
superior da cavidade torácica, através dos ferimentos iniciais.

Fig 17.78 - Conclusão do contragolpe na defesa de ataque de faca de cima para baixo

e) Defesa contra um golpe de faca direto


Para se defender desse golpe, procede-se da seguinte forma:
- executa-se um bloqueio por baixo com a mão guia;
- aplica-se, a seguir, um golpe cortante com a mão armada na garganta do
oponente, conduzindo a lâmina através da área da garganta/pescoço;

Fig 17.79- Procedimentos iniciais contra um golpe de faca direto

OSTENSIVO - 17-49 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- inicia-se o contragolpe retornando com a lâmina da faca através do


ferimento, de forma a aumentar a área lesionada;
- ergue-se o braço armado até que lâmina se afaste do corpo do oponente; e
- finaliza-se o contragolpe com uma facada de cima para baixo, na parte
superior da cavidade torácica, através dos ferimentos iniciais.

Fig 17.80 - Conclusão do contragolpe na defesa de um golpe direto com faca

f) Defesa contra um golpe cortante de faca por fora da guarda


Para se defender desse golpe, procede-se da seguinte forma:
- executa-se um bloqueio por fora com a mão guia; e
- aplica-se, a seguir, um golpe cortante com a mão armada na garganta do
oponente, conduzindo a lâmina através da área da garganta/pescoço.

Fig 17.81 - Procedimentos iniciais contra um golpe cortante de faca por fora da guarda

O contragolpe é executado da mesma maneira que nos casos anteriores.


g) Defesa contra um golpe cortante de faca por dentro da guarda
Para se defender desse golpe, procede-se da seguinte maneira:
- apara-se o golpe com a mão guia; e
- aplica-se a seguir, um golpe cortante com a mão armada na garganta do
oponente, conduzindo a lâmina através da área da garganta/pescoço;

OSTENSIVO - 17-50 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.82 - Procedimentos iniciais contra um golpe cortante de faca por dentro da guarda

O contragolpe é executado como nas técnicas anteriores.


17.3.5 - Quinta parte do treinamento
Esta etapa do treinamento consiste de uma série de quatro técnicas, duas armadas e
duas desarmadas, utilizadas para eliminar pessoal inimigo tão rápido e
discretamente quanto possível. Não se trata, contudo, do silenciamento de pessoal
inimigo, o qual deve ser executado por indivíduos especialmente treinados.
a) Eliminação desarmada por trás
Para executar essa técnica, procede-se da seguinte maneira:
- aproxima-se silenciosamente por trás do inimigo;
- move-se, então, cuidadosamente para a direita do inimigo;
- mantém-se o corpo abaixo do campo de visão do inimigo;
- modifica-se a postura básica, mantendo-se agachado;
- executa-se um golpe com os dedos da mão guia nos olhos do inimigo como se
fosse arrancá-los, enquanto se força sua cabeça para trás visando expor a
garganta;

Fig 17.83 - Procedimentos iniciais para eliminação de um inimigo por trás,


estando desarmado

OSTENSIVO - 17-51 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- desfere-se várias cutiladas na garganta do inimigo com a outra mão;


- derruba-se o inimigo e, caso necessário, aplicam-se outras cutiladas para
concluir a eliminação; e
- usa-se a parte superior do corpo para cobrir a cabeça e também a parte superior
do tórax do inimigo, abafando qualquer movimento ou som por ele emitido.

Fig 17.84 - Conclusão da eliminação de um inimigo por trás, estando desarmado

b) Eliminação desarmada a partir de uma posição deitada


Para executar essa técnica, procede-se assim:
- assume-se uma posição deitada de frente para a direção de aproximação do
inimigo;
- assim que o inimigo se aproximar, ergue-se o corpo apoiando-se na mão
esquerda e no joelho direito;
- executa-se um violento golpe com a mão aberta na região dos órgãos genitais
do inimigo. Isto, provavelmente, fará com que ele se curve;
- coloca-se, então, a mão esquerda sobre sua cabeça e a direita sob o queixo;
- aplica-se, a seguir, uma violenta torção do pescoço;

Fig 17.85 - Procedimentos iniciais para a eliminação de um inimigo a partir da posição


deitada

OSTENSIVO - 17-52 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- leva-se o inimigo para o chão;


- executa-se um golpe com os dedos nos olhos do inimigo, enquanto força-se sua
cabeça para trás;
- aplicam-se cutiladas na garganta do inimigo com a mão direita, finalizando a
técnica; e
- usa-se a parte superior do corpo para cobrir a cabeça e a parte superior do tórax
do inimigo, abafando qualquer movimento ou som por ele emitido.

Fig 17.86 - Conclusão da técnica de eliminação de um inimigo a partir de uma posição deitada

c) Eliminação com arma branca por trás


Para executar essa técnica, procede-se da seguinte forma:
- aproxima-se silenciosamente por trás do inimigo;
- mantém-se o corpo abaixo da linha dos olhos do inimigo;
- mantém-se alerta aos seus movimentos;
- empunha-se a faca como um picador de gelo, com o gume da lâmina voltado
para o antebraço;
- executa-se uma pegada pelos olhos com a mão guia;
- comprime-se a cavidade ocular direita do inimigo e força-se sua cabeça para
trás, expondo a garganta;
- crava-se a faca no lado esquerdo da garganta do inimigo;

OSTENSIVO - 17-53 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.87 - Procedimentos iniciais para a eliminação de um inimigo com arma


branca, por trás

- a seguir, torce-se violentamente sua cabeça para a esquerda e rasga-se a


garganta com a lâmina para a direita;
- finaliza-se a técnica cravando a lâmina na parte superior da cavidade torácica
através do ferimento causado pelo corte na garganta. Esta perfuração deverá
atingir os pulmões e a aorta; e
- por fim, leva-se o inimigo ao chão e cobre-se sua cabeça e parte superior do
tórax para abafar qualquer movimento ou som por ele emitido.

Fig 17.88 - Conclusão da técnica de eliminação de um inimigo com arma branca, por trás

OSTENSIVO - 17-54 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

d) Eliminação com arma branca a partir de uma posição deitada


Para executar essa técnica, procede-se da seguinte forma:
- assume-se uma posição deitada de frente para a direção de aproximação do
inimigo;
- empunha-se a faca com a mão à retaguarda, com a lâmina para cima e o gume
voltado para o polegar;
- assim que o inimigo se aproximar, ergue-se o corpo apoiando-se na mão guia e
no joelho direito;
- crava-se a lâmina na área entre a virilha e o anus do inimigo;

Fig 17.89 - Procedimentos iniciais para eliminação de um inimigo com arma


branca, a partir de uma posição deitada

- quando o inimigo se dobrar para frente, rasga-se a na direção da virilha;


- a seguir, agarra-se a parte de trás da cabeça do inimigo com a mão guia e
crava-se a lâmina do outro lado da sua garganta;
- empurra-se, então, a cabeça do inimigo na direção oposta, enquanto se retira a
lâmina da sua garganta; e
- por fim, cobre-se sua cabeça e parte superior do tórax para abafar qualquer
movimento ou som por ele emitido.

Fig 17.90 - Conclusão da técnica de eliminação de um inimigo com arma branca, a partir de
uma posição deitada

OSTENSIVO - 17-55 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

17.4 - COMBATE A BAIONETA


A baioneta ainda tem lugar no inventário das armas atuais. A pratica do combate a
baioneta instila confiança no combatente, permitindo-lhe engajar e destruir o inimigo
sob uma variedade de condições.
Naquelas situações onde tropas amigas e inimigas estão tão proximamente engajadas e
que o fogo dos fuzis e o emprego de granadas são impraticáveis, a baioneta será a
arma escolhida.
Para ser bem sucedido com a baioneta, o combatente deve ser agressivo e sem
compaixão, lembrando que se não eliminar o inimigo será abatido por ele.
A principal finalidade nesse tipo de combate é acertar uma área vital, sendo a garganta
o melhor alvo. Golpes com a coronha do fuzil ou cortantes com a lâmina da baioneta
podem fazer com que o inimigo relaxe sua postura de proteção. Caso isto aconteça, é
preciso atacar imediatamente um ponto vital.
Convém lembrar que o fuzil e a baioneta também proporcionam uma boa defesa e um
meio para bloquear e aparar os golpes do inimigo. No combate a baioneta, a melhor
defesa é não permitir ao inimigo iniciar uma ação ofensiva.
17.4.1 - Posição em guarda
É a versão armada da postura básica do lutador. Todos os movimentos se originam
da posição em guarda. A empunhadura do fuzil é aproximadamente a mesma da
posição cruzar armas, exceto pela bandoleira e o gume da baioneta que ficam
voltados para o inimigo, e pelo fuzil que fica um pouco mais afastado do corpo de
forma a absorver o choque dos golpes.
Conhecer e treinar a assunção dessa posição são as únicas maneiras de se adquirir a
postura apropriada, precisão, agilidade e velocidade na execução dos movimentos
com os pés e o fuzil.
Para assumir a posição em guarda, procede-se da seguinte maneira:
- segura-se o fuzil como mostrado na figura a seguir, mantendo-o afastado do corpo
cerca de 30cm. A coronha deve ficar na altura do quadril direito e a boca da arma
na direção da bissetriz do ângulo formado entre o ombro e a cabeça;
- flexiona-se e relaxa-se os braços para que se possa movimentá-los com rapidez;
- afasta-se os pés de uma distância aproximadamente igual a da largura dos ombros,
com a ponta do coturno do pé direito alinhado com calcanhar do pé esquerdo;
- flexiona-se ligeiramente os joelhos, distribuindo o peso do corpo igualmente por

OSTENSIVO - 17-56 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

ambas as pernas; e
- mantém-se o tronco ereto.
O combatente deve ser capaz de assumir instintivamente a posição em guarda e se
deslocar em todas as direções mantendo essa posição. Durante esses deslocamentos,
as pernas e os pés não podem ser cruzados, e a parte superior do corpo deve
permanecer na posição em guarda.

Fig 17.91 - Posição em guarda

a) Movimentação para frente


Avança-se o pé que se encontra à frente cerca de 30 a 40cm. Assim que esse pé
tenha alcançado a nova posição, move-se rapidamente o pé que se encontra à
retaguarda, retomando a posição em guarda.

Fig 17.92 - Avanço

b) Movimentos para os lados


Desloca-se para o lado desejado o pé desse mesmo lado cerca de 30 a 40cm.

OSTENSIVO - 17-57 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Assim que esse pé tenha alcançado a nova posição, segue-se rapidamente com o
outro pé, retornando à posição em guarda.

Fig 17.93 - Movimento lateral

c) Movimento de mudança de direção (Giro)


Algumas vezes será necessário mudar de direção de maneira a voltar-se para o
oponente. O giro permite mudar de direção tanto para a direita, esquerda, quanto
para a retaguarda. Para executar o giro, levanta-se rapidamente o pé oposto ao
da direção desejada e gira-se sobre o calcanhar do outro pé, também nessa
direção. Retorna-se à posição em guarda tão logo voltado para a nova direção.

Fig 17.94 - Giro

17.4.2 - Técnicas ofensivas


Existem cinco ataques básicos empregados no combate a baioneta: golpe cortante,

OSTENSIVO - 17-58 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

pontada, pancada horizontal com a coronha, pancada vertical com a coronha e a


pancada com coice. Esses ataques podem ser usados e devem ser praticados em
combinação uns com os outros e em conjugação com os movimentos defensivos.
Para obter sucesso, os ataques devem ser desfechados pronta e implacavelmente
contra as áreas alvo do oponente até ele ser eliminado.
a) Golpe cortante
É produzido por um rápido movimento de corte com a baioneta e depende mais
da velocidade do que da força. A principal área alvo do golpe cortante é o
pescoço do oponente. Pode ser empregado para abater o oponente ou criar uma
brecha na sua defesa. Este golpe pode ser executado em conjugação com o
movimento de avanço, lateral ou o giro.
Para executá-lo, procede-se da seguinte forma:
- estende-se o braço guia para frente enquanto se traz a coronha do fuzil para
baixo do braço à retaguarda;
- retrai-se a baioneta pelo movimento inverso; e
- retorna-se a posição em guarda ou prossegue-se com um outro ataque.

Fig 17.95 - Golpe cortante

b) Pontada
É a mais difícil técnica para defender. Se desfechada corretamente, pode
efetivamente incapacitar ou abater o inimigo. A garganta, a virilha e o rosto
devem ser os alvos preferidos, uma vez que são normalmente desprotegidos. O
peito e o estômago do oponente também são alvos excelentes, porém,
habitualmente, estão protegidos pelo colete e outros itens da equipagem de
combate.

OSTENSIVO - 17-59 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

A pontada também pode ser realizada em conjugação com os movimentos de


avanço, lateral e o giro.
Para executar a pontada, procede-se assim:
- gira-se a parte superior do corpo de tal forma a levar o ombro direito para
frente;
- abaixa-se o fuzil até a baioneta ficar paralela ao chão e apontada na direção do
oponente;
- utiliza-se os braços, ombros e quadris para gerar força e velocidade ao estocar
com a baioneta para frente e atingir o alvo;
- gira-se o fuzil para torcer a lâmina da baioneta no ferimento e aprofundar a
pontada no oponente até ele cair; e
- retrai-se a baioneta retornando os braços à posição em guarda.

Fig 17.96 - Pontada

c) Pancada horizontal com a coronha


Este golpe pode ser usado para enfraquecer as defesas do inimigo, contundir o

OSTENSIVO - 17-60 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

oponente ou começar a trabalhar o inimigo para o golpe de misericórdia. Os


principais alvos são a cabeça e o pescoço. Essa técnica é excelente quando
empregada em conjugação com o golpe cortante ou a pontada. Se o inimigo
desvia-se de golpe cortante ou de uma pontada, é o momento do ataque com a
pancada horizontal. Essa técnica, como as demais, pode ser executada em
conjunto com os movimentos de avanço, lateral e o giro. Para executá-la,
procede-se da seguinte forma:
- impulsiona-se o fuzil horizontalmente para frente com a mão que se encontra
atrás, enquanto se puxa com a outra mão sobre o ombro, aproveitando a força e
velocidade proporcionadas pela rotação do ombro e do quadril. Evita-se dar um
passo à frente durante a pancada;
- golpeia-se o oponente com a soleira da coronha do fuzil;
- retrai-se imediatamente o fuzil; e
- retoma-se a posição em guarda ou segue-se com um outro ataque.

Fig 17.97 - Pancada horizontal com a coronha

d) Pancada vertical com a coronha


Usada para enfraquecer a defesa, contundir ou começar a trabalhar o oponente
para o golpe de misericórdia. As principais áreas alvo deste golpe são a virilha e
o rosto. É uma excelente técnica quando usada em conjugação com o golpe
cortante, podendo ser executada também em conjugação com os movimentos
para frente, laterais e de giro. Observam-se os seguintes procedimentos:
- puxa-se o fuzil para frente e para cima com a mão que se encontra na coronha,
ao mesmo tempo que se empurra com a outra sobre o ombro esquerdo,
aproveitando-se a força e velocidade proporcionadas pela rotação do ombro e

OSTENSIVO - 17-61 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

do quadril. Não se dá qualquer passo à frente;


- golpeia-se o oponente com a soleira da coronha;
- retrai-se imediatamente o fuzil; e
- retorna-se a posição em guarda ou segue-se com um outro ataque.

Fig 17.98 - Pancada vertical com a coronha

e) Pancada com coice


É uma técnica de continuação da pancada horizontal/vertical com a coronha.
Após desferir qualquer um destes golpes, o fuzil é levantado com a coronha
apontada na direção do oponente, pronto para a pancada com coice. A principal
área alvo do coice é a cabeça. Para executar o coice, procede-se assim:
- recua-se o fuzil por sobre o ombro esquerdo;
- aplica-se energicamente a chapa da soleira contra o rosto do inimigo,
distendendo-se os braços completamente à frente e avançando-se o pé direito
para manter o equilíbrio; e
- retoma-se a posição em guarda ou continua-se com um outro ataque.

OSTENSIVO - 17-62 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.99 - Pancada com coice

17.4.3 - Técnicas defensivas


Os movimentos defensivos com a baioneta protegem e permitem ao combatente
retomar a iniciativa. Existem quatro movimentos defensivos básicos: bloqueio alto,
bloqueio baixo, aparada à esquerda e aparada à direita.
O bloqueio pode ser eficaz contra o golpe cortante e a pancada vertical com a
coronha. A aparada é, por sua vez, eficaz contra a pontada, o coice ou a pancada
horizontal com a coronha.
Os movimentos defensivos são executados com o máximo de velocidade e força
possíveis. Deve ser evitada a extensão excessiva dos braços durante a execução
destes movimentos defensivos, pois isto só faz criar brechas para o oponente. Os
braços só se estendem o suficiente para neutralizar o ataque.
a) Bloqueio alto
Serve para se contrapor aos ataques altos e por sobre a cabeça, por exemplo, o
golpe cortante. Para executar o bloqueio alto:
- ergue-se o fuzil vigorosamente, de forma que ele fique paralelo ao chão e
afastado do topo da cabeça;
- estende-se os braços para cima e para fora em um ângulo de aproximadamente
45º do corpo. A parte superior do corpo deve ficar ereta ; e
- aplica-se um pequena tensão aos cotovelos e ombros, evitando travar o
cotovelo.
Após bloquear o ataque do oponente, pode-se contra-atacar com um golpe

OSTENSIVO - 17-63 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

cortante e uma pancada horizontal com a coronha para retomar a iniciativa e


abater o inimigo.

Fig 17.100 - Bloqueio alto

b) Bloqueio baixo
Utilizado para se contrapor aos ataques por baixo, como por exemplo, a pancada
vertical com a coronha. Para executar o bloqueio baixo:
- abaixa-se o fuzil vigorosamente, de forma que ele fique paralelo ao chão e logo
abaixo da cintura;
- estende-se os braços para baixo e para fora em um ângulo de aproximadamente
30 a 45º com o corpo. A parte superior do corpo deve permanecer ereta; e
- contrai-se ligeiramente os cotovelos e ombros, evitando travar o cotovelo.

Fig 17.101 - Bloqueio baixo

OSTENSIVO - 17-64 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Após bloquear o ataque do oponente, pode-se contra-atacar com o golpe cortante


e a pancada horizontal com a coronha para retomar a iniciativa e eliminar o
oponente.
c) Aparada à esquerda/à direita
A aparada defende contra os golpes penetrantes - por exemplo, a pontada,
pancada horizontal com a coronha e a pancada com coice - provenientes de um
dos lados da guarda. Para executar a aparada:
- leva-se o fuzil vigorosamente para frente e para o lado por onde entra o golpe,
girando os ombros e quadris para aumentar a velocidade e a potência. O fuzil
deve permanecer perpendicular ao chão e afastado do flanco do corpo que se
procura defender. A parte superior do corpo deve ficar ereta;
- estende-se o braço de trás sem travar os cotovelos; e
- apruma-se o braço guia para um contra-ataque.

Fig 17.102 - Aparada à esquerda

Fig 17.103 - Aparada à direita

OSTENSIVO - 17-65 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Após desviar o ataque, pode-se contra-atacar com a pontada e a pancada


horizontal ou vertical da coronha para retomar a iniciativa e destruir o oponente.
17.4.4 - Combinação dos movimentos
Os movimentos com a baioneta podem ser combinados de forma a manter a
iniciativa das ações e destruir o oponente. Estes movimentos não devem ser apenas
memorizados mas praticados até se tornarem instintivos. O segredo para uma bem
sucedida combinação de movimentos é a agressividade do combatente com a
baioneta. As combinações a seguir são exemplos de seqüências eficientes de
mudança de um movimento para o outro.
a) Combinação no 1
Posição em guarda;
Golpe cortante;
Pancada horizontal ou vertical com a coronha;
Golpe cortante;
Pontada; e
Retomada da posição em guarda.
b) Combinação no 2
Posição em guarda;
Pontada;
Pancada vertical com a coronha;
Pancada com coice;
Golpe cortante;
Pontada; e
Retomada da posição em guarda.
c) Combinação no 3
Posição em guarda;
Bloqueio alto contra um golpe cortante;
Golpe cortante;
Pancada horizontal ou vertical com a coronha;
Pancada com coice;
Golpe cortante;
Pontada; e
Retomada da posição em guarda.

OSTENSIVO - 17-66 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

d) Combinação no 4
Posição em guarda;
Bloqueio baixo contra uma pancada vertical com a coronha;
Pontada ou golpe cortante;
Pancada vertical ou horizontal com a coronha;
Pancada com coice;
Pontada; e
Retomada da posição em guarda.
e) Combinação no 5
Posição em guarda;
Aparada à esquerda contra uma pontada;
Golpe cortante;
Pancada horizontal ou vertical com a coronha;
Pancada com coice;
Golpe cortante;
Pontada; e
Retomada da posição em guarda.
f) Combinação no 6
Posição em guarda;
Aparada à direita contra uma pontada;
Pontada;
Pancada vertical ou horizontal com a coronha;
Pancada com coice;
Golpe cortante;
Pontada; e
Retomada da posição em guarda.
17.5 - DEFESA DESARMADA CONTRA OS ATAQUES COM BAIONETA
Após conhecer as técnicas do combate a baioneta, o combatente poderá concluir o
Programa de Treinamento Básico de Combate Corpo a Corpo, desenvolvendo a sua
Sexta e última parte - a defesa desarmada contra os ataques com baioneta.
Um oponente armado com uma baioneta é um adversário mortal. O primeiro passo
nesses casos é neutralizar a baioneta. A maneira mais eficiente para isso é causar
alguma lesão aos braços do oponente. Se o golpe desfechado pelo oponente for um

OSTENSIVO - 17-67 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

golpe cortante ou uma pontada, neutraliza-se o braço guia do oponente. Caso seja uma
pancada com coice ou uma pancada vertical ou horizontal com a coronha, neutraliza-
se o braço que se encontra à retaguarda. Uma vez neutralizada a baioneta, elimina-se o
oponente com as técnicas apresentadas na primeira, segunda e terceira parte do
Programa de Treinamento Básico.
a) Defesa contra o golpe cortante
Procede-se da seguinte forma:
- aproxima-se rapidamente do oponente e executa-se uma aparada do braço que se
encontra à frente com a mão guia;
- empurra-se o braço do oponente para o lado e para baixo;
- agarra-se rapidamente o pulso da mão do oponente que se encontra à frente;
- aplica-se um golpe com o antebraço no cotovelo do oponente para contundir essa
articulação e neutralizar o braço;

Fig 17.104 - Procedimentos iniciais na defesa contra um golpe cortante

- pressiona-se o braço do oponente com o antebraço para forçá-lo a abaixar a


cabeça;
- aplica-se um chute no rosto do oponente;
- segura-se o oponente por trás do pescoço com a mão guia e o braço contundido
com a mão de trás;
- gira-se os quadris e executa-se um passa perna para derrubar o inimigo; e
- finalizando a técnica, aplica-se uma violenta patada na cabeça.

OSTENSIVO - 17-68 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.105 - Conclusão do contragolpe na defesa contra um golpe cortante

b) Defesa contra a pontada


Procede-se da seguinte forma:
- dá-se rapidamente um passo para a direita e executa-se uma aparada do braço do
oponente que se encontra à frente com a mão guia; e
- agarra-se o pulso da mão do oponente que se encontra à frente e aplica-se um
golpe com o antebraço no cotovelo para contundir e neutralizar esse braço.

Fig 17.106 - Procedimentos iniciais na defesa contra a pontada

O contragolpe para eliminar o oponente segue os mesmos procedimentos da técnica


anterior.
c) Defesa contra a pancada horizontal com a coronha
Procede-se da seguinte forma:
- avança-se rapidamente para frente e para esquerda, e executa-se uma aparada do

OSTENSIVO - 17-69 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

braço de trás do oponente com a mão de trás;


- empurra-se o braço do oponente para o lado e para baixo; e
- agarra-se o pulso da mão de trás do oponente com a mão de trás e, em seguida,
aplica-se um golpe com o outro antebraço no cotovelo do oponente para
incapacitar este braço.

Fig 17.107 - Procedimentos iniciais na defesa contra a pancada horizontal com a coronha

O contragolpe para eliminar o oponente segue os mesmos procedimentos das


técnicas anteriores.
d) Defesa contra a pancada vertical com a coronha
Procede-se da seguinte forma:
- executa-se uma aparada do braço de trás do oponente com a mão guia;
- empurra-se o braço do oponente para fora e para direita do combatente;
- desfecha-se um golpe com a palma da mão guia na parte interna do cotovelo do
braço de trás do oponente. Isto deverá abrir um espaço entre o seu braço e o
tronco;
- enfia-se a mão guia por baixo do braço de trás do oponente até alcançar a parte de
trás do pescoço;
- solta-se o braço do oponente e leva-se rapidamente a mão de trás à parte de trás do
pescoço, por sobre o seu ombro. Isto imobilizará o braço do oponente;

OSTENSIVO - 17-70 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.108 - Procedimentos iniciais na defesa contra a pancada vertical com a coronha

- a seguir, torce-se o braço imobilizado e o pescoço, forçando a cabeça do oponente


para baixo;
- aplica-se uma joelhada no rosto do oponente;
- segura-se o oponente por trás do pescoço e agarra-se seu pulso com a outra mão;
- gira-se os quadris e executa-se um passa perna para derrubar o oponente; e
- finaliza-se a técnica com uma patada na cabeça.

Fig 17.109 - Conclusão do contragolpe na defesa contra a pancada vertical com a coronha

OSTENSIVO - 17-71 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

e) Defesa contra a pancada com coice


Procede-se da seguinte forma:
- desloca-se rapidamente para a esquerda e apara-se o braço de trás do oponente
com a mão de trás;
- puxa-se o braço do oponente para fora e para baixo pelo lado direito do
combatente; e
- agarra-se o pulso da mão de trás do oponente com a mão de trás.

Fig 17.110 - Procedimentos iniciais na defesa contra a pancada com coice

O contragolpe para eliminar o oponente segue os mesmos procedimentos da


técnicas de defesa contra o golpe cortante.
17.6 - COMBATE CORPO A CORPO COM ARMAS DE OPORTUNIDADE
Uma arma de oportunidade é qualquer coisa que pode ser empunhada e usada para
contundir ou eliminar o oponente. No campo de batalha existe uma variedade de
objetos que o combatente pode pegar e empregar como uma arma. A engenhosidade e
a imaginação do combatente são suas únicas limitações.
a) Pá articulada
É uma excelente arma, especialmente quando suas bordas estão afiadas. Ela pode
ser usada para bloquear ou golpear o oponente. O seu gume (se afiado) pode ser
usado em um golpe cortante na área da garganta/pescoço do oponente; a ponta para
desferir uma pontada no rosto/garganta; e, uma vez o oponente tenha sido
derrubado, ela pode ser utilizada para esmagar seu crânio ou sua garganta.

OSTENSIVO - 17-72 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.111 - Uso da pá articulada como arma

b) Capacete
Pode ser usado para golpear áreas não protegidas do corpo do oponente,
especialmente a cabeça/rosto.
c) Estacas e grampos da meia barraca
Podem ser empregados para golpear qualquer área alvo já identificada no combate
com faca, em especial a garganta e a virilha. Além disso, servem para bloquear ou
aparar ataques armados ou desarmados.

Fig 17.112 - Uso das estacas e grampos da meia barraca como arma

d) Cinto do camuflado
Esticando-se o cinto entre as mãos, pode-se bloquear um ataque e, em seguida, usá-
lo como um garrote.

OSTENSIVO - 17-73 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.113 - Uso do cinto para bloquear um golpe e garrotear

e) Mochila
Pode ser usada para bloquear ou desviar um ataque.

Fig 17.114 - A mochila como escudo

f) Esteio de barraca, cordão do coturno, fio telefônico, etc.


Qualquer tipo de cordão ou fio pode ser usado para garrotear o inimigo. O cordão
pode ser enrolado entorno de algum objeto para proporcionar maior força de
alavanca ou simplesmente enrolado nas mão para proporcionar um firme aperto.
As figuras a seguir demonstram as técnicas de garroteamento.

OSTENSIVO - 17-74 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 17.115 - Técnicas de garroteamento

OSTENSIVO - 17-75 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

CAPÍTULO 18
TREINAMENTO FÍSICO ESPECIALIZADO
18.1 - GENERALIDADES
Apesar de todas as inovações tecnológicas na área bélica, o homem continua sendo o
personagem principal em qualquer situação de combate. A preocupação com a
qualificação do militar deve ser permanente, e a boa forma física é fator fundamental
para que o Fuzileiro Naval (FN) consiga desempenhar bem suas tarefas.
O treinamento físico especializado tem por objetivo desenvolver o condicionamento
físico e as habilitações especiais necessárias ao combatente anfíbio, propiciando-lhe a
capacidade de resistir a longos esforços, típicos das atividades por ele desempenhadas.
18.2 - TREINAMENTO EM CIRCUITO
É uma atividade física com implementos, que permite desenvolver simultaneamente os
sistemas cárdio-respiratório e neuro-muscular, pela execução ordenada de exercícios
intercalados com corridas estacionárias (repouso ativo).
18.2.1 - Finalidade
Desenvolver as seguintes habilidades físicas: coordenação motora, resistência
aeróbica, resistência anaeróbica e resistência muscular localizada.
18.2.2 - Seqüência dos exercícios
O fatores da carga no treinamento em circuito são: tempo de cada exercício/repouso
ativo e o número de percursos pelo circuito.
A carga para início do treinamento:
- 1 percurso;
- 30 segundos por exercícios;
- 30 segundos em repouso ativo.
À medida que os combatentes forem se adaptando ao treinamento, a carga deve ser
aumentada.
Na aplicação da sobrecarga deve ser considerado o seguinte:
- até 3 percursos;
- até 1 minuto por exercício/repouso ativo.
A área de treinamento em circuito é a mostrada na figura a seguir.

OSTENSIVO - 18-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 18.1 - Esquema de uma área para treinamento em circuito

a) Flexão na barra fixa.

Fig 18.2

OSTENSIVO - 18-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

b) Escada

Fig 18.3

c) Tesoura

Fig 18.4

d) Pular corda

Fig 18.5

OSTENSIVO - 18-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

e) Rosca direta

Fig 18.6

f) Meio agachamento

Fig 18.7

g) Tira-prosa

Fig 18.8

OSTENSIVO - 18-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

h) Abdominal infra

Fig 18.9

i) Desenvolvimento

Fig 18.10

OSTENSIVO - 18-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

j) Parafuso

Fig 18.11

18.3 - GINÁSTICA COM ARMAS


É uma atividade física específica, variante da ginástica preparatória, que, utilizando a
arma como sobrecarga, complementa o adestramento do combatente.
18.3.1 - Finalidade
Desenvolver a “endurance” muscular localizada, principalmente dos membros
superiores e do tronco, bem como aprimorar as habilidades físicas de coordenação
motora, flexibilidade e agilidade.
18.3.2 - Seqüência dos exercícios
A carga inicial é de 5 repetições por exercício. À medida que os combatentes forem
se adaptando ao treinamento, a carga deve ser aumentada em duas repetições até o
máximo de 15 repetições.

OSTENSIVO - 18-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

a) Corrida no mesmo lugar

Fig 18.12

b) Desenvolvimento

Fig 18.13

c) Inclinação lateral

Fig 18.14

OSTENSIVO - 18-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

d) Rotação do tronco

Fig 18.15

e) Rotação e flexão do tronco

Fig 18.16

f) Hiperextensão do tronco

Fig 18.17

OSTENSIVO - 18-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

g) Flexão alternada das pernas e do tronco

Fig 18.18

h) Abdominal remador

Fig 18.19

OSTENSIVO - 18-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

i) Polichinelo

Fig 18.20

18.4 - GINÁSTICA COM TOROS


É uma atividade física que utiliza toros como carga adicional.
18.4.1 - Finalidade
Desenvolver as qualidades físicas de coordenação motora, resistência aeróbica e
anaeróbica localizada, bem como reforçar as qualidades morais de camaradagem,
espírito de corpo, estabilidade emocional e tenacidade.
18.4.2 - Seqüência dos exercícios
A carga inicial é de 5 repetições, devendo ser aumentada progressivamente em duas
repetições até o máximo de onze.
Os toros deverão ter as seguintes especificações:
- diâmetro - 0,15 a 0,20m;
- comprimento - 3 a 4m, para 4 combatentes; e
- peso - 10 a 12Kg por combatente.
O dispositivo inicial é o apresentado na figura a seguir

OSTENSIVO - 18-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 18.21

a) Braços

Fig 18.22

OSTENSIVO - 18-11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

b) Pernas

Fig 18.23

c) Costas retas

Fig 18.24

OSTENSIVO - 18-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

d) Inclinação lateral

Fig 18.25

e) Meio agachamento

Fig 18.26

OSTENSIVO - 18-13 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

f) Ama-seca

Fig 18.27

g) Combinado

OSTENSIVO - 18-14 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 18.28

h) Polichinelo

Fig 18.29

18.5 - CORRIDA CONTÍNUA


É a atividade física que consiste, como o próprio nome indica, de uma corrida contínua
por distâncias relativamente grandes, na qual o ritmo da corrida é aproximadamente
constante.

OSTENSIVO - 18-15 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

18.5.1 - Finalidade
Desenvolver a resistência aeróbica
18.5.2 - Modalidade
a) Corrida contínua em formatura
Os executantes se deslocam em formatura e o ritmo da corrida é comum a todos.
Este ritmo deverá permitir sua execução pelo combatente em pior condição
física. É adotada nos seguintes casos:
- para ensinar o combatente a correr e enquadrá-lo dentro de sua fração no início
da carreira ou do exercício da função;
- desenvolver o espírito de equipe da fração ou subunidade; e
- necessidade de controlar grandes efetivos.
b) Corrida contínua livre
Os executantes se deslocam fora de formatura e o ritmo da corrida é próprio de
cada militar, de acordo com a sua individualidade biológica. É adotado nos
seguintes casos:
- quando expressamente autorizado pelo comando da OM; e
- para efetivos que já possuam alguma experiência militar.
c) Intensidade do treinamento
A intensidade do treinamento está diretamente relacionada com a capacidade
máxima de consumo de oxigênio. O método mais fácil de se determinar a
intensidade do treinamento é o da freqüência cardíaca máxima (FCM).
Seja qual for o ritmo da corrida contínua, a intensidade deve ser suficiente para
elevar a freqüência cardíaca até níveis de, aproximadamente, 70 a 85% da FCM,
também conhecida por freqüência cardíaca de esforço (FCE).
I) FCM
Representa o limite máximo que a freqüência cardíaca do indivíduo pode,
com segurança, atingir. Este valor jamais deve ser ultrapassado, para não
colocar em risco a saúde do praticante. Para calcular a FCM, utiliza-se a
seguinte fórmula:
FCM = 220 - Idade.
II) FCE
Indica, como já mencionado, a intensidade do esforço físico na execução do
exercício.

OSTENSIVO - 18-16 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

A FCE para atividades aeróbicas:


FCM x 0,85 (limite superior)
FCM x 0,70 (limite inferior).
Para as atividades anaeróbicas a FCE pode ser igualada a FCM.
Exemplo:
Considerando-se um militar de 20 anos:
- sua FCM será: 220 – 20 = 200
- sua FCE estará na seguinte faixa:
limite superior = FCM x 0,85 = 200 x 0,85 = 170; e
limite inferior = FCM x 0,70 = 200 x 0,70 = 140.
Ou seja, para um indivíduo ou grupo de indivíduos de aproximadamente 20
anos de idade, a corrida contínua terá uma maior eficiência se executada
dentro da faixa de 140 a 170 batimentos cardíacos por minuto.
d) Execução
A corrida contínua em formatura pode ser realizada por pelotões ou
subunidades, no uniforme de TFM ou com a calça camuflada e o coturno. As
distâncias a percorrer deverão ser progressivamante aumentadas, iniciando-se
com 3.000m até atingir 10.000m.
18.6 - DESPORTOS
É a atividade física executada de maneira atraente, dentro da idéia de competição, de
acordo com as regras próprias de cada modalidade.
18.6.1 - Finalidade
Auxiliar no desenvolvimento de qualidades físicas específicas, contribuir para
aquisição das qualidades viris necessárias ao combatente, bem como desenvolver
em elevado grau os sentimentos de camaradagem, disciplina, lealdade,
sociabilidade, abnegação e, em especial, o espírito de equipe e o espírito de corpo.
18.6.2 - Modalidades
As modalidades de maior relevância são: atletismo, basquete, cabo de guerra,
futebol, futebol de salão, natação, orientação e voleibol.
18.7 - GRANDES JOGOS
São atividades físicas e recreativas que adaptam as regras dos desportos, tornando
algumas modalidade possíveis de serem praticadas por grandes efetivos.

OSTENSIVO - 18-17 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

18.7.1 - Finalidade
Desenvolver no combatente qualidades físicas específicas e cooperar no
desenvolvimento de qualidades morais e profissionais já mencionadas para os
desportos.
18.7.2 - Modalidades
Futebol gigante, bola militar, basquetebol gigante e revezamento 50 metros ao
infinito (natação).
18.8 - NATAÇÃO UTILITÁRIA
Por toda a historia, o mar tem se constituído especial desafio para soldados e
marinheiros, seja na paz ou na guerra.
Os homens do mar, confiando em suas habilidades de operar nesse meio, acabam por
atribuir ao infortúnio os resultados desastrosos de um acidente ocorrido na água. O
risco representado por um acidente no mar ou em um rio, recomenda a prática de
sobrevivência na água por todos os combatentes anfíbios. A natação utilitária visa
exatamente isso, preparar o pessoal para sobrevivência na água.
A instrução e o adestramento freqüente dessa modalidade, além de reduzir o risco de
vida, aumentará a autoconfiança do combatente, com reflexos positivos no
cumprimento das tarefas a ele atribuídas.
No Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), a natação utilitária é dividida em três níveis de
habilitação: nível básico, intermediário e avançado. O objetivo principal de um
programa de treinamento especializado de natação utilitária é qualificar todo pessoal
no nível intermediário. Os que alcançarem este nível apresentarão baixo risco de vida
nas operações anfíbias e ribeirinhas de que participarem, pois estarão aptos a:
sobreviver, em caso de acidente, por um período de tempo razoável, realizar tarefas na
água com segurança e vencer obstáculos na água. Os que atingirem o nível avançado,
estarão aptos a realizar qualquer tarefa de combate na água e a colaborar no
adestramento dos menos qualificados.
18.8.1 - Finalidade
Desenvolver a adaptação ao ambiente aquático e aumentar as possibilidades de
sobrevivência do combatente, no caso de um acidente na água.
18.8.2 - Fundamentos da natação utilitária
A natação utilitária envolve um certo risco. Por essa razão, há uma tendência
natural ao estresse e, em alguns casos, ao pânico. É conveniente que todos os

OSTENSIVO - 18-18 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

executantes estejam familiarizados com os seus fundamentos, mneumonicamente


conhecidos por MUPE.
Movimento lentos - para conservar energia;
Usar a flutuabilidade natural - deixando a água suportar o corpo;
Pulmões cheios de ar - para ajudar na flutuabilidade; e
Extremo relaxamento - assegurando mais controle da situação e,
conseqüentemente, a calma.
18.8.3 - Procedimentos iniciais
Antes de iniciar o adestramento de natação utilitária, os responsáveis por ele devem
se por a par dos procedimentos e recomendações pertinentes, pois são primordiais à
segurança dos nadadores. Além disso, proporcionarão diretrizes para escolha dos
instrutores e dos equipamentos de segurança necessários.
a) Procedimentos de segurança
- identificar o grau de habilidade de cada executante em manter-se flutuando por,
pelo menos, 10 minutos;
- conduzir, inicialmente, o treinamento em uma piscina, com colete salva-vidas e
demais equipamentos de segurança;
- treinar, com antecedência, os procedimentos de emergência para o caso de um
acidente;
- iniciar toda a prática pela parte mais rasa da piscina, antes de se exercitar na
parte mais funda onde a profundidade deve ser superior a 2,20 metros;
- sempre que possível, realizar o treinamento em duplas, sendo pelo um dos
praticantes um bom nadador; e
- divulgar aos executantes, com antecedência, as normas de segurança.
b) Acidentes na água
I) Afogamento
É uma forma de sufocação. Uma vítima de afogamento aspira água para os
pulmões ou sua traquéia se fecha reflexivamente de forma que pouca ou
nenhuma água é aspirada. Em qualquer caso, a vítima não consegue respirar.
Uma vítima de afogamento, geralmente, pede socorro e tem uma expressão de
medo ou pânico. Um outro indício é a forma desordenada como a vítima se
debate na superfície d’água. Se o debater pára ou se torna menos intenso, é
sinal que a vítima atingiu o limite da fadiga, encontra-se com hipotermia ou

OSTENSIVO - 18-19 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

está com falta de ar. Neste estágio, ela tem de 1 a 2 minutos antes de afundar.
II) Hipotermia
É uma queda anormal da temperatura interna do corpo. Ele ocorre quando há
uma perda de calor mais rápida do que o organismo humano é capaz de
compensar.
Os efeitos do resfriamento do ar, água e vento frios acarretam a hipotermia. A
água, entretanto, apresenta o maior risco, pois rouba calor do corpo da vítima
25 vezes mais rápido do que o ar.
Na água com temperatura inferior a 21º C, a pele e os tecidos mais externos
da vítima esfriam rapidamente, e o coração e o cérebro começam a esfriar. A
vítima de hipotermia perde a habilidade de se mover com rapidez, passa ao
estado de semiconsciência, daí para o coma e morre quando a temperatura
interna cai muito. Dependendo da temperatura da água, este processo pode
levar apenas alguns minutos.
No caso de queda de temperatura dos órgãos internos do corpo, a vítima
apresenta um ou mais dos seguintes sintomas:
- começa a tremer intensa e incontrolavelmente como se o corpo tentasse se
aquecer;
- fala vagarosamente ou com a voz embargada, parecendo engolir as palavras;
- aparenta estar desorientada ou com dificuldades de coordenação;
- a pele perde a cor e os lábios ficam azulados e apertados; e
- para de tremer e o corpo passa ao estado de rigidez muscular.
A sobrevivência da vítima de hipotermia depende da temperatura da água e
do tempo de permanência nela. Os seguintes aspectos também influenciam na
razão de sobrevivência:
- vestimentas - camadas sucessivas de roupas aumentam o tempo de
sobrevivência;
- atividades - permanecer imóvel na água aumenta o tempo de sobrevivência;
- a gordura do corpo - quantidades maiores de gordura corporal aumentam o
tempo de sobrevivência; e
- tamanho do corpo - um corpo de maiores proporções em geral confere um
tempo de sobrevivência maior.
Uma pessoa de compleição física menor esfria mais rapidamente que outra de

OSTENSIVO - 18-20 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

compleição física maior. Isto contrabalança uma vantagem da maior


quantidade de gordura existente no corpo da mulher. Assim, as mulheres
esfriam cerca de 15 porcento mais rapidamente que os homens. Crianças
esfriam mais rapidamente que os adultos.
c) Resgate na água
I) Vítima ao alcance
De uma posição segura a beira d’água, procura-se alcançar a vítima com a
mão ou com algum outros meio. Durante o resgate deve-se falar
constantemente para acalmar a vítima. É conveniente manter-se, ainda que
parcialmente, em contato com a terra ou alguma estrutura de apoio rígida
(um pier, uma ponte, etc.). Se a vítima está próxima mas ainda fora do
alcance das mãos, estende-se-lhe um objeto, tal como uma vara, o fuzil sem o
carregador e com a câmara vazia, ou um remo, de forma que ela possa se
agarrar a ele.
Quando a vítima estiver próxima da beira, entra-se na água para pegá-la.
Pode-se, também, estender um pé para a vítima pegar caso seja possível se
manter bem agarrado a uma estrutura rígida de apoio.

Fig 18.30

II) De uma posição na água que dê pé


Só se deve entrar na água até uma profundidade que permita manter os
ombros acima da superfície. Durante o resgate, como no caso anterior, deve-
se falar com a vítima constantemente, mantendo-a calma. Evita-se se
possível, tocar diretamente na vítima. Estende-se-lhe um objeto (vara, fuzil

OSTENSIVO - 18-21 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

sem o carregador e com a câmara vazia, ou uma mochila) para que a vítima o
agarre. Assim que ela o agarrar, puxa-se devagar até um local onde ela
consiga ficar de pé.

Fig 18.31

III) De uma plataforma fora do alcance


Neste caso, utiliza-se um meio expedito, como um cabo solteiro, para
arremessar um objeto que flutue para a vítima. Fala-se constantemente com
ela para mante-la calma. Uma vez a vítima tenha se agarrado ao cabo, puxa-se
com firmeza e regularmente, de tal forma a manter a vítima com a cabeça
acima da superfície. Não se deve puxar fortemente, pois corre-se o risco da
vítima soltar o cabo.

Fig 188.32

IV) Reboque pelo pulso


Usa-se este método para resgatar uma vítima que ainda esteja flutuando
porém com o rosto na água. Não deve ser usado, contudo, para resgatar uma
vítima que se debate. Nada-se até próximo da vítima de maneira a determinar

OSTENSIVO - 18-22 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

a suas condições. Aproxima-se, então, pela sua frente, agarra-se o pulso


direito da vítima pelo lado interno e inicia-se o reboque com o nado de lado,
mantendo o corpo da vítima na horizontal, com o rosto voltado para cima.

Fig 18.33

V) Transporte pelas costas


Este método é empregado para resgatar uma vítima que se debate na
superfície. Como em todos os casos, assim que possível, procura-se manter
uma conversação com a vítima para acalmá-la. Nada-se até próximo dela
para, a uma distância segura, estudar o forma de abordá-la. A aproximação,
em geral, é feita pelas costas ou por baixo d’água, agarrando-se a axila direita
(ou esquerda) da vítima com a mão direita (ou esquerda). Inclina-se, a seguir,
a vítima para trás puxando-a e sacudindo-a fortemente de maneira a colocá-la
na posição horizontal com o rosto voltado para cima. Mantendo a vítima
segura pela axila, passa-se o braço livre por baixo da outra axila, abraçando-a
pelo tórax. Nada-se, então, para um local seguro, empregando o nado lateral
ou meio de costas.

Fig 18.34

OSTENSIVO - 18-23 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Estes procedimentos fazem com que a vítima fique com o rosto e os ombros
fora d’água, o que, normalmente, faz com que ela pare de se debater.
Mantém-se a vítima firmemente segura pelas costas. Em algumas situações, a
vítima lutará durante o transporte. Se isto acontecer, solta-se a vítima e se
reexamina a situação.
VI) Resgate de uma vítima inconsciente
Constatado que uma vítima de afogamento encontra-se inconsciente, devem
ser aplicados, imediatamente, os primeiros-socorros, de forma a tentar salvar
sua vida ou prevenir possíveis danos cerebrais. Verifica-se, primeiramente, se
a vítima encontra-se com as vias aéreas superiores desimpedidas e se está
respirando. Caso não esteja respirando, sopre duas vezes em sua boca e
remova a vítima da água o mais rápido possível. Uma vez fora d’água,
verifica-se o pulso. Caso o pulso esteja presente e a vítima não respire, inicia-
se imediatamente a respiração boca-a-boca.
Se não houver pulso, aplica-se a respiração artificial com massageamento
cardíaco, a qual não deve ser interrompida até que chegue auxílio médico.
d) Meios de segurança
Para iniciar o treinamento de natação utilitária, devem estar presentes os
seguintes meios:
- pelo menos dois militares exímios nadadores, habilitados para o resgate de
afogados;
- um enfermeiro-socorrista;
- um gancho tipo croque de 3 metros de comprimento;
- uma bóia salva-vidas com cabo de 15 metros de extensão;
- uma maca;
- bolsa de primeiros-socorros;
- equipamento para respiração artificial;
- 2 apitos;
- 3 bóias salva-vidas; e
- se disponível, uma viatura ambulância.
Para cada grupo de 6 combatentes que entrar na água deverá existir um
instrutor/monitor com habilitação no nível avançado em natação utilitária.

OSTENSIVO - 18-24 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

e) Meios para o treinamento


Para os exercícios a serem realizados no programa de treinamento de natação
utilitária, são necessários os seguintes meios:
- coletes salva-vidas em quantidade suficiente ao número de executantes;
- piscina de pelo menos 25 metros de comprimento por 12 metros de largura e
profundidade variável de 1,50 a (pelo menos) 2,20m; e
- artefato de simulação de um fuzil.
Os combatentes a serem treinados deverão trajar o uniforme camuflado com os
seguintes itens da equipagem individual básica de combate (EIBC):
- capacete;
- conjunto cinto-suspensório;
- 2 cantis com água;
- caneco de cantil;
- dois porta-carregadores com simulacros de carregadores de peso equivalente
aos dos carregadores reais municiados; e
- mochila contendo os seguintes itens: marmita, talher articulado, uma muda de
uniforme camuflado, 2 pares de meias, 2 camisetas verdes, estojo de higiene,
agasalho de frio, poncho com as respectivas estacas e um simulacro de ração de
campanha com o mesmo peso.
f) Avaliação inicial dos executantes
Para determinar o ritmo de treinamento adequado, é necessário realizar um teste
inicial para conhecer a capacidade de ambientação ao meio aquático dos
executantes.
Mesmo um combatente com baixo rendimento em natação poderá ser habilitado
no nível básico após três ou quatro horas de treinamento específico.
Contudo, os militares que, por medo da água ou falta de conhecimento dos
fundamentos de natação, não possuem um grau satisfatório de ambientação ao
meio aquático, requererão um tempo bem superior.
A avaliação consiste em se deslocar pela água e flutuar por pelo menos 2
minutos, estando uniformizado e parcialmente equipado (sem a mochila). Os
executantes serão colocados na parte rasa da piscina e, em seguida, orientados a
se deslocar até onde a água lhes cubra os ombros. Neste lugar, permanecerão
flutuando por pelo menos dois minutos sem poder, em nenhum momento, tocar

OSTENSIVO - 18-25 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

o fundo da piscina com os pés. Aqueles que conseguirem ultrapassar este tempo
estarão aptos a iniciar o treinamento. Os que não conseguirem deverão ser
submetidos a um treinamento prévio de ambientação ao meio aquático, repetindo
o teste tão logo possível.
18.8.4 - Programa de treinamento
a) Nível básico
Consiste na execução de seis exercícios:
- exercício no 1 - impermeabilização da mochila;
- exercício no 2 - seqüência de travessia;
- exercício no 3 - saída da piscina;
- exercício no 4 - técnicas de flutuação;
- exercício no 5 - nado de travessia; e
- exercício no 6 - permanência por 5 minutos.
Os executantes deverão portar todo o equipamento anteriormente descrito,
exceto nos exercícios no 5 e 6, os quais serão realizados sem a mochila.
Antes de começar o treinamento propriamente dito, os executantes deverão
conhecer e praticar as técnicas de entrada na água para alturas até 3 metros,
devendo observar essas técnicas nos diversos exercícios.
I) Técnicas de entrada na água
O treinamento de natação utilitária requer que os combatentes saltem
equipados na água a partir da borda da piscina e de uma altura de até 3
metros. O salto de alturas superiores, como é o caso da simulação do
abandono de um navio, será explanado nos exercícios do nível avançado.
- Salto do passo longo
Utilizado para águas rasas, devendo ser treinado a partir da borda da piscina,
na parte mais rasa. O salto deve ser executado como na figura a seguir,
atentando-se para a flexão do joelho e a manutenção da cabeça ereta. O
executante deve estar preparado para absorver o impacto dos pés no fundo
da piscina.

OSTENSIVO - 18-26 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 18.35

- Salto do passo curto


Utilizado para águas com profundidade suficiente para cobrir ao menos os
ombros de um combatente de estatura mediana (1,70m). Deve ser treinado
na parte com profundidade média da piscina (1,60m). O salto é realizado
como mostrado a seguir, com os braços abertos, pernas esticadas e cabeça
ereta.

Fig 18.36

II) Exercício no 1 – impermeabilização da mochila


A mochila, se apropriadamente empermeabilizada, tem flutuabilidade positiva
e é capaz de manter flutuando o combatente equipado.
O exercício consiste em acondicionar todo o conteúdo da mochila em um
saco plástico resistente e, em seguida, fechá-la como na seqüência indicada.

OSTENSIVO - 18-27 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Colocar o material no saco plástico e Dobrar a boca do saco no meio.


pressionar para retirar todo o ar de seu
interior.

Dobrar novamente ao meio. Amarrar a boca com um cadarço ou outro


material e colocar o saco no interior da
mochila.

Acomodar o saco no interior da mochila e Fechar firmemente a mochila.


enrolar a ponta do saco.

Se possuir saco de dormir, colocá-lo impermeabilizado


dentro da mochila ou na parte superior da mesma
Fig 18.37

Para testar a impermeabilização, as mochilas deverão ser lançadas na água e


manter-se flutuando por dez minutos.
III) Exercício no 2 - Seqüência de travessia
A seqüência de travessia inclui a caminhada na água, o teste de confiança e a
travessia propriamente dita.

OSTENSIVO - 18-28 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 18.38

- Caminhada na água
O fuzil (ou seu simulacro) deverá ser colocado em bandoleira e utilizado,
juntamente com a outra mão espalmada, como remo. Os pés tocam o fundo
da piscina, mas já deve ser sentida a influência da flutuabilidade da mochila.
A caminhada deverá ser realizada até a água atingir a altura dos ombros dos
executantes.
- Teste de confiança
Quando alcançar a posição do teste de confiança, o combatente será
compulsado a verificar sua flutuabilidade. Para tal, encherá os pulmões de
ar, curvar-se-á para frente e agarrará os tornozelos. Em seguida, já
praticamente sentado no fundo da piscina, relaxará e aguardará alguns
segundos. Se a flutuabilidade for positiva, o combatente subirá
vagarosamente até a superfície. Com os pulmões cheios de ar e a mochila
corretamente impermeabilizada, certamente a flutuabilidade será positiva e

OSTENSIVO - 18-29 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

isto lhe proporcionará confiança para flutuar na parte funda da piscina.


Entretanto, se o combatente estiver com flutuabilidade negativa,
provavelmente permanecerá no fundo.
- Travessia
Nesta fase, realizada na parte funda da piscina, o executante poderá
movimentar suas pernas como se estivesse andando de bicicleta ou nadando
de peito.
- posição do corpo: a parte superior deve permanecer paralela à superfície e
as pernas pendentes;
- movimento de braço: estender as mãos na frente do rosto e movimentá-las
para trás até um ângulo de 90º, o que impulsionará o corpo para frente. O
fuzil (ou seu simulacro), juntamente com a outra mão espalmada, será
utilizado como remo;

Fig 18.39

- movimento de pernas: poderá se realizado como se o executante estivesse


andando de bicicleta, trazendo os joelhos até a altura da cintura, ou utilizar
o mesmo movimento do nado de peito; e
- respiração: o executante deverá manter o rosto fora d’água, e respirar
calma e ritmadamente.
IV) Exercício no 3 - saída de piscina
É na verdade a finalização do exercício no 2. Para sair da piscina na parte
funda, os executantes colocarão o fuzil (ou seu simulacro) na borda e, em
seguida, sem qualquer ajuda, subirão na borda como mostrado na figura.

OSTENSIVO - 18-30 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 18.40

V) Exercício no 4 - técnicas de flutuação


As técnicas de flutuação tem como propósito permitir que o combatente caído
na água consiga se manter flutuando enquanto aguarda a chegada do socorro
ou descanse quando estiver nadando em direção a algum lugar que lhe
proporcione segurança.
Neste exercício, o combatente deve utilizar o uniforme e todos os itens do
EIBC anteriormente descrito, exceto o fuzil (ou seu simulacro).
O exercício consiste em entrar na água pela parte rasa da piscina, andar até a
água atingir a altura dos ombros, praticar por 2 minutos a técnica da
caminhada e, em seguida, sem parada, praticar as técnicas de flutuação por
mais 2 minutos.
- movimento dos braços: com os braços esticados à frente do corpo e com as
mãos espalmadas, puxar ritmadamente a água para trás e para baixo, de
modo a manter o corpo flutuando na vertical. O movimento de braço é o
mesmo em ambas as técnicas de flutuação a seguir descritas;

Fig 18.41

OSTENSIVO - 18-31 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- técnica de flutuação vertical sem o fuzil: é a técnica básica de flutuação para


a sobrevivência na água. Ela permite que o combatente se mova com
segurança observando a superfície da água e é a mais indicada quando se
tem flutuabilidade negativa

Flutuar na posição vertical Trazer as mãos para cima, Manter a cabeça fora
com as pernas estender os braços à d’água ligeiramente
pendentes. frente do rosto e incli-nada para trás.
movimentar as pernas Movimentar os braços
como se estivesse como já indicado,
andando de bicicleta. continuando o movimento
de pernas.

Fig 18.42

- técnica de flutuação horizontal sem o fuzil: também chamada de técnica de


varredura, é a mais indicada quando se está bem próximo de uma
flutuabilidade positiva considerada excelente.

OSTENSIVO - 18-32 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Flutuar com o rosto na água, braços e Encolher os pés lentamente para preparar a
pernas pendentes e a cabeça impulsão.
ligeiramente inclinada para
baixo. Relaxar todos os músculos
e descansar por alguns segundos.

Juntar as mãos à frente Distender as pernas, empurrando a água com os pés para
do rosto, com as trás e para baixo, expirando enquanto a cabeça
palmas voltadas permanecer acima da superfície.
para baixo.

Movimentar os braços para baixo e para os lados, inspirando longamente até encher
os pulmões de ar novamente. Manter os dedos unidos e as palmas das mãos
voltadas para baixo.

Voltar a colocar a cabeça dentro da água e deixar os braços afundar um pouco.


Bater as mãos juntas em um movimento firme e ritmado, evitando deixar-se
afundar.
Fig 18.43

OSTENSIVO - 18-33 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Antes de passar aos exercícios no 5 e 6, os executantes deverão dominar as


técnicas de flutuação.
VI) Exercício no 5 - travessia
Este exercício consiste em cruzar a piscina no sentido do comprimento (25
metros), empregando a técnica de deslocamento descrita no exercício no 2. A
entrada na água será pela borda da parte funda, por meio do salto do passo
curto.
Para a travessia, deverão ser executados os seguintes passos:
- encher os pulmões de ar;
- colocar o rosto na água;
- executar o deslocamento na água de acordo com o prescrito na última etapa
do exercício no 2;
- em cada movimento, expirar 2/3 do ar dos pulmões dentro d’água;
- erguer o rosto da água e expirar o restante do ar. Simultaneamente, executar
o movimento de braços para trás; e
- inspirar e repetir os passos anteriores.
VII) Exercício no 6 - permanência por 5 minutos
Consiste em permanecer flutuando por 5 minutos na parte funda da piscina. A
entrada na água será pela borda, por meio do salto do passo curto. O fuzil (ou
seu simulacro) não será necessário para este exercício.
b) Nível intermediário
Para ser classificado no nível intermediário, cada combatente precisará
completar os quatros exercícios necessários a essa habilitação.
Os exercícios serão realizados com o combatente armado e equipado com os
itens do EIBC anteriormente descritos. Será obrigatório o uso do calção de
banho por baixo do uniforme camuflado.
Os instrutores/monitores deverão assegurar-se que;
- todos os executantes estão de fato habilitados no nível básico;
- é entendido por todos que a “água na altura dos ombros” varia de combatente
para combatente em função da altura; e
- nos exercícios 2 e 3 as duplas sejam formadas com, no mínimo, um bom
nadador.

OSTENSIVO - 18-34 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

I) Exercício no 1 - empurra carga


O exercício consiste em liberar a mochila das costas e, em seguida,
transportá-la de um lado ao outro da piscina
Neste exercício são observados os seguintes passos:
- prender firmemente o capacete na mochila impermeabilizada e vesti-la;
- entrar na água pela parte funda, empregando a técnica do salto do passo
curto, com o fuzil (ou seu simulacro) em bandoleira;
- após 1 minuto na água, retirar a mochila das costas e flutuá-la à frente do
corpo;
- soltar o capacete da mochila e colocá-lo na cabeça com os tirantes
devidamente talingados;
- colocar o fuzil (ou seu simulacro) atravessado por sobre a mochila, em
posição de tiro; e
- empurrar a mochila com o fuzil sobre ela até a borda da parte rasa,
utilizando a pernada do nado de peito.

Fig 18.44

II) Exercício no 2 - empurra e arrasta carga


Este exercício requer o uso de 2 mochilas e 2 fuzis (ou seu simulacro).
Separam-se, então, duplas de executantes para realizar o exercício em
seqüência. Um dos combatentes da dupla colocará sua mochila
impermeabilizada na água, com o fuzil (ou seu simulacro) nela amarrado, de
forma que o outro possa usá-la durante o exercício. Ao final do exercício pelo
primeiro ocorrerá o revezamento com o segundo.

OSTENSIVO - 18-35 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Os seguintes passos devem ser seguidos durante o exercício:


- entrar na piscina pela borda da parte funda, empregando o salto do passo
curto;
- retirar a mochila impermeabilizada e amarrar o fuzil (ou seu simulacro) a
mesma, utilizando os seus tirantes;
- agarrar a mochila do companheiro com uma das mãos; e
- atravessar a piscina até borda oposta arrastando a mochila do companheiro
enquanto empurra a sua com a outra mão.
III) Exercício no 3 - reboque pela mochila
O exercício consiste em simular o auxílio a um nadador que se encontra
cansado, na iminência de se afogar, mas que não está se dabatendo. Para tal,
um executante, inicialmente, presta o auxílio enquanto o outro simula a
vítima. Os papéis serão invertidos quando houver o revezamento. Não é
necessário usar o fuzil (ou seu simulacro).
- Fase 1 - nado de lado
Este nado requer, basicamente, coordenação entre a puxada com o braço e o
movimento das pernas, como no nado de peito. Os passos a seguir descritos
são para o lado direito, devendo ser invertido o lado durante o
deslocamento, bastando para isso inverter os movimentos.
 posição inicial: deitar na água sobre o lado direito do corpo, com o braço
direito estendido à frente da cabeça e em linha com o corpo, palma da
mão voltada para baixo. Estender o braço esquerdo ao longo do corpo,
mantendo a mão sobre a coxa esquerda. As pernas juntas e esticadas;
 movimento de braço: sem articular o cotovelo, puxar a água para baixo e
para trás com o braço direito até a perpendicular do ombro. Retornar a
posição inicial flexionando o braço e voltando a estende-lo para frente.
Nesta fase, pode-se contar com o auxílio da mão esquerda. Assim, ao
mesmo tempo que puxar a água com o braço direito, puxar-se-á também
com a mão esquerda, a qual, contudo, não deverá ultrapassar a altura do
ombro. Na fase dois, convém lembrar, uma das mãos será utilizada para
rebocar o companheiro; e
 movimento de pernas: a pernada será a mesma do nado tipo “crawl” ou
como no nado de peito (tipo rã).

OSTENSIVO - 18-36 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 18.45

- Fase 2 - reboque propriamente dito


As duplas entrarão na água pela parte funda, empregando o salto do passo
curto. Um executante, representando o resgate, rebocará o outro que
simulará a vítima, até a borda oposta da piscina. Para isto, será empregado o
nado de lado e o reboque pela parte superior da mochila, com a vítima
sempre na horizontal.

Fig 18.46

IV) Exercício no 4 - flutuação assistida


O exercício consiste em praticar a flutuação na água assistida por coletes
salva-vidas ou flutuadores improvisados.
- Fase 1 - flutuação com salva-vidas
O executante equipado como anteriormente descrito e também com o colete
salva-vidas vestido, entrará na água pela borda do lado fundo da piscina

OSTENSIVO - 18-37 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

empregando o salto do passo curto. Sem se desvencilhar do equipamento,


permanecerá flutuando no mesmo local por 5 minutos.
- Fase 2 - flutuação em grupo com salva-vidas
Grupos de dois ou três executantes vestindo os coletes salva-vidas por sobre
o uniforme, entrarão na água a partir de pontos distintos da piscina, reunir-
se-ão na parte funda da piscina e lá permanecerão flutuando por 5 minutos
como mostrado na figura a seguir.

Fig 18.47

A flutuação em grupo, mantendo-se o contato físico entre as vítimas,


proporciona várias vantagens que ampliam as possibilidades de
sobrevivência:
- facilita a localização pelo pessoal de busca e salvamento em aeronave;
- provê uma quantidade de calor corporal adicional, no caso da água
estar fria;
- fortalece o moral;
- restabelece uma situação de comando;
- minimiza o efeito de choque e pode evitar o pânico;
- cria situação favorável a ministrar os primeiros-socorros; e
- permite o apoio imediato aos combatentes exaustos.
- Fase 3 - flutuação com meios improvisados
O exercício consiste em praticar a confecção de flutuadores improvisados

OSTENSIVO - 18-38 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

com as próprias calças.


A quantidade de ar que a calça do camuflado retém é suficiente para manter
um combatente flutuando até que o mesmo seja resgatado ou tenha realizado
a tarefa que o obrigou a improvisar esses flutuadores.
Neste exercício, os executantes vestirão o camuflado com o calção de banho
por baixo, calçarão os coturnos e equipar-se-ão com os itens do EIBC
anteriormente descritos, exceto a mochila. Não será necessário o uso do
fuzil. Serão executados os seguintes passos:
- entrar na água pela borda da piscina, na parte funda, empregando o salto
do passo curto;
- retirar o capacete e prendê-lo ao suspensório, na altura do peito;
- tomar fôlego, mergulhar a cabeça na água, retirar os coturnos, atar as
pontas dos cadarços de ambos os pés e pendurá-los em volta do pescoço;
- tirar a calça;
- inflar a calça usando o método da batida ou do sopro; e
- manter-se flutuando por 3 minutos.
Para inflar a calça pelo método da batida é necessário:
- atar as pernas da calça e fechar a braguilha;
- segurar a calça pelo cós, mantendo a cintura aberta;
- levar a calça às costas por sobre a cabeça;
- fazer o movimento inverso vigorosamente, batendo com a parte
superior da calça contra a superfície da água;
- prender o ar retido nas pernas da calça, mantendo o seu cós dentro d’água
e, tão rápido quanto possível, fechando a abertura da cintura com uma das
mãos; e
- colocar as pernas da calça sob as axilas e prender o cós com os braços para
o ar não escapar.

OSTENSIVO - 18-39 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 18.48

Para inflar a calça pelo método do sopro é necessário:


- atar as pernas da calça e fechar a braguilha;
- colocar a abertura da cintura sob a água, mantendo-a aberta com as
mãos;
- tomar um longo fôlego e afundar até a abertura da cintura ficar acima da
cabeça;
- soprar o ar no interior da calça;
- repetir os dois passos anteriores até encher completamente as pernas da
calça;
- prender o ar soprado no interior das calças fechando a abertura da cintura
com uma das mãos; e
- colocar as pernas da calça sob as axilas e prender o cós com os braços para
o ar não escapar.

OSTENSIVO - 18-40 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig 18.49

c) Nível avançado
Para ser habilitado no nível avançado, o combatente precisará completar os
quatro exercícios a seguir descritos, os quais deverão ser realizados armado com
o fuzil (ou seu simulacro) e o equipamento completo.
I) Exercício no 1 - travessia longa
O exercício consiste em nadar 100 metros, 50 metros de nado de lado e 50
metros de peito, com um intervalo de 2 minutos de flutuação entre uma
modalidade e outra. A entrada na água será pela borda da parte rasa da
piscina, empregando o salto do passo longo.
O nado de lado é o descrito na subalínea III da alínea anterior. O nado de
peito é o de maior utilidade no caso do combatente necessitar se deslocar por
distâncias maiores, podendo ser executado completamente armado e
equipado. O nado de peito obedece os seguintes passos:
- posição inicial: deitar na água com os braços e pernas esticados, mantendo
a cabeça ereta e os dedos das mãos unidos;
- movimento de braços: virar as palmas das mãos para fora e flexionar
ligeiramente os braços. Voltar a esticá-los e, em seguida, puxar a água para
trás até a altura dos ombros, a semelhança do movimento dos remos.
Encolher os braços, juntar as palmas das mãos na altura do peito e estender
os braços para frente, voltando a posição inicial; e
- movimento de pernas: trazer os pés na direção das nádegas e empurrar a
água com as pernas para trás e para fora. Juntar as pernas, voltando a
posição inicial.

OSTENSIVO - 18-41 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Com vista a facilitar a prática, é conveniente, inicialmente, observar a


seguinte seqüência:
- começar com a puxada de braço. Próximo ao término da mesma, flexionar
as pernas e trazer os pés em direção às nádegas;
- terminada a puxada de braço, retornar com os braços para frente e,
simultaneamente, executar o movimento de pernas; e
- aguardar até que o segmento para frente esteja preste a terminar antes de
executar outra série de movimentos.

Fig 18.50

No nado de peito é possível respirar durante todo o tempo, mas a maneira


correta é inspirar durante a puxada de braço, expirando pela boca e o nariz ao
final do movimento de pernas e início do deslizamento para frente. Quanto à
posição do corpo, quanto mais perto da superfície estiverem as pernas e o
tronco, maior será a velocidade do nado de peito. Entretanto, como esta
posição é por demais cansativa, se o tronco e as pernas estiverem alinhados e
fazendo um ângulo de 20º a 35º com a superfície da água, apesar da
velocidade decrescer, o desgaste físico será menor, haja vista ser mais fácil
sustentar o corpo nesta posição.
II) Exercício no 2 - travessia embaixo d’água
O exercício consiste em cruzar a piscina sob a água no sentido da largura,
realizando o nado de peito. A entrada na água será pela borda da parte funda,
empregando o salto do passo curto. Após voltar a superfície, cada combatente
posicionar-se-á junto a borda, mergulhará novamente e realizará a travessia.
Não é necessário utilizar o capacete e o fuzil.

OSTENSIVO - 18-42 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

III) Exercício no 3 - salto e nado


O exercício consiste em saltar de uma altura igual ou superior a 3 metros e,
em seguida, nadar até a borda oposta.
A prática inicial poderá ser realizada com os executantes desarmados e
desequipados. Logo que tiverem dominado a técnica do salto, estes meios
deverão ser incorporados, exceto a mochila.
A técnica do salto de alturas superiores a 3 metros visa habilitar o combatente
a saltar do convés de um navio em uma situação de emergência em que for
preciso abandoná-lo ou para entrar na água com vistas ao cumprimento de
alguma tarefa. Ela obedece os seguintes passos para sua execução.
Apertar firmemente as narinas
com dois dedos da mão
direita para tapar o nariz.

Cruzar o outro braço sobre o que


tapa o nariz.
Agarrar a parte superior do braço
direito com a mão que se
encontra livre, de forma a manter
os braços colados ao corpo.
Aproximar-se da borda da
plataforma de salto (ou do convés
do navio).
Verificar a superfície da água
imediatamente abaixo quanto à
presença de qualquer objeto ou
outros combatentes. Não saltar se
houver alguma coisa na água
nessa área.

OSTENSIVO - 18-43 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Saltar da borda por meio da


execução de um largo passo à
frente, quando determinado.
Não se jogar da plataforma (ou
convés do navio) nem olhar para
baixo em direção a água
enquanto estiver realizando o
salto.

Cruzar as pernas enquanto cai,


travando-as com os pés.

Continuar olhando para frente


durante a entrada na água.
Obs.: olhar para baixo em
direção a água faz com que o
corpo se incline para frente
enquanto cai. Isto leva o rosto a
chocar-se com violência contra a
superfície d’água, podendo
causar inconsciência e outras
conseqüências graves.

OSTENSIVO - 18-44 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Manter a posição adotada para o


salto até que o movimento de
entrada na água tenha cessado.

Nadar para cima e para frente até


alcançar a superfície.
Manter um braço esticado acima
da cabeça, com a palma da mão
voltada para cima, com vistas a
poder encontrar qualquer
obstrução imprevista.

No salto equipado e armado a posição do corpo é a mostrada na figura a


seguir.

Fig 18.51

OSTENSIVO - 18-45 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

IV) Exercício no 4 - permanência longa


O exercício consiste em permanecer flutuando por 30 minutos com todo o
equipamento e o fuzil (ou seu simulacro), utilizando as técnicas de flutuação
descritas no exercício no 4 do nível básico.
18.9 - SUPERAÇÃO DE OBSTÁCULOS DO MEIO AQUÁTICO
Todo combatente anfíbio, em algum momento, se vê diante de uma dificuldade natural
própria do ambiente aquático, quer seja ele de água doce ou salgada. Estes ambientes,
guardam, contudo, consideráveis diferenças e apresentam uma variedade de problemas
para as unidades de combate e nadadores. Os obstáculos no mar incluem as marés, a
arrebentação e as correntes marinhas. Os obstáculos presentes nos ambientes de água
doce são os rios e canais, os quais não serão abordados nesta publicação.
18.9.1 - Marés
As marés são mudanças periódicas no nível da superfície dos oceanos, baías, golfos
e até mesmo dos rios. A deformação da superfície da Terra em função da força
gravitacional da Lua e do Sol é a causa da existência desse fenômeno. As marés
podem criar obstáculos – como por exemplo, transformando um rio navegável em
pouco profundo – ou removê-los, cobrindo suficientemente um banco de areia ou
canal e permitindo a passagem de embarcação ou nadadores. Direção, nível de
variação e a amplitude de variação caracterizam a nomenclatura pertinente.
As marés que apresentam mudanças de direção no fluxo da água na superfície são
as marés enchentes e as marés vazantes. As marés que ocorrem nos extremos do
nível de variação são chamadas de preamar, quando ocorrem as maiores
profundidades, e baixa mar, quando o nível do mar é o mais raso.
As marés também apresentam amplitudes de variação. As marés de quadratura (ou
maré morta) ocorrem nos quartos crescente e decrescente, quando o Sol e a Lua
estão dispostos em um ângulo de 90º com a Terra. As marés de sízigia (ou maré
grande) ocorrem durante ou imediatamente após os quartos de lua cheia e lua nova,
quando o Sol, a Lua e a Terra estão aproximadamente alinhados.
Os obstáculos criados pelas marés podem ser superados mediante um cuidadoso
planejamento dos momentos apropriados à execução das tarefas, inclusive as ações
individuais ligadas ao aspecto sobrevivência.

OSTENSIVO - 18-46 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

18.9.2 - Arrebentação
As ondas do mar são freadas ao atingirem uma área de pequena profundidade,
criando a arrebentação. Esta área onde as ondas sofrem a desaceleração é chamada
de zona de arrebentação, a qual apresenta vários riscos. O tipo de onda a superar
determinará a técnica a empregar.
A ação das ondas sempre empurra o combatente para terra. O melhor a fazer é
deitar-se de costa ou de lado, com a cabeça voltada na direção da praia e os pés
voltados na direção das ondas, e observar os seus movimentos.
Uma onda se aproxima da praia enquanto outra que já arrebentou escoa no sentido
oposto; relaxar e não tentar nadar contra a água que volta em direção ao mar.
Quando uma nova onda estiver cerca de 3 metros do combatente, este deverá
começar a nadar em direção à terra e continuar nadando até a onda arrastá-lo,
movendo-o para frente em direção à praia. Quando a onda perder temporariamente
a força de arrasto, relaxar e repetir todo o procedimento até chegar a praia. No caso
de se aproximar de pedras, girar o corpo e apontar os pés nessa direção, reduzindo a
possibilidade de bater com a cabeça ou os braços.
Ao se quebrarem, as ondas formam bolhas de ar e criam a aparência de espuma.
Essas bolhas reduzem a densidade de água e diminuem a flutuabilidade. Ao atingir
essa área, o combatente deverá nadar através da espuma da arrebentação tão rápido
quanto possível.
a) Superação da arrebentação com ondas mergulhantes
Uma onda mergulhante é aquela que se curva e mergulha repentinamente com
estrondo. Por causa da sua força e turbulência que produz abaixo da superfície,
ela é considerada a arrebentação mais perigosa. Caso o combatente seja pego por
uma onda mergulhante, ele poderá ser puxado para o fundo e arremessado de um
lado para o outro violentamente. Isto pode levar facilmente ao pânico,
aumentando a possibilidade de afogamento. Para escapar de uma onda
mergulhante, deverão ser observados os passos a seguir;
- curvar-se de maneira a tomar a forma de uma bola, colocando a cabeça contra
os joelhos e os antebraços fechados em volta das pernas, logo a baixo dos
joelhos;
- manter-se nessa posição até que a turbulência diminua e volte a flutuar na
superfície. Isto pode demorar uns 30 segundos ou mais; e

OSTENSIVO - 18-47 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- nadar em direção a praia.

Fig 18.52 - Procedimento inicial para superar uma onda mergulhante

Se o combatente for ameaçado por uma outra onda mergulhante logo em


seguida, deverá mergulhar no seu interior (furar a onda).
b) Superação da arrebentação com ondas derramantes
É um tipo de pouca elevação e que se derrama gradualmente ao longo de
distância razoável. Uma onda derramante não quebra. Em vez disso, sua crista
move-se em direção a praia sem mergulhar. Ela cria muito menos turbulência e,
por isso, é menos perigosa que a mergulhante.
Caso o combatente seja apanhado por uma onda derramante, o melhor a fazer é
tranqüilizar-se, flutuar de costas e deixar a onda arrastá-lo até a praia.
c) Superação da arrebentação com ondas deslizantes
A onda deslizante ocorre nas praias cujo fundo apresenta um declive acentuado.
É um tipo que se eleva mas não derrama ou mergulha, deslizando praia acima
com grande força e velocidade.
Uma vez a onda tenha atingido o seu ponto mais alto na areia, a retração das
águas é tão rápido quanto à entrada da onda que se segue. Caso o combatente se
encontre no raso quando ocorrer o avanço ou a retração de uma onda deslizante,
ele poderá ser puxado pelos pés e lançado de volta na zona de arrebentação. Se
isto acontecer, o combatente deve permanecer na posição até a chegada da
próxima onda. Não deve tentar se levantar e andar na parte rasa, mas nadar para
a praia assim que possível.

OSTENSIVO - 18-48 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

18.9.3 - Correntes
a) Superação de correntes próximas da praia
As correntes próximas da praia ocorrem, normalmente, na região anterior à zona
de arrebentação. Estão tipicamente presentes na entrada de baías, nos canais
entre ilhas e entre ilhas e o litoral. Uma corrente próxima da praia é também
chamada de deriva e flui paralela a terra ou para longe dela. Se ela decorre das
variações de maré, sua velocidade e direção variam em momentos diferentes do
dia.
Caso o combatente seja apanhado em uma corrente próxima da praia, ele pode
ser levado em uma direção diferente daquela que deseja ir. Neste caso, não deve
tentar nadar diretamente para um lugar seguro. Se a corrente estiver arrastando
em direção ao mar aberto, o combatente deve relaxar e aguardar até que a
corrente cesse ou mude de direção, fluindo para terra. Quando a corrente cessar
ou perder a força, o combatente deve nadar para a praia empregando o nado de
travessia. Se, em outro caso, a corrente estiver arrastando paralelamente à praia,
o combatente poderá empregar o nado de travessia para se deslocar num ângulo
oblíquo à direção da corrente até sair da sua influência e, em seguida,
diretamente para a praia.
b) Superação da correnteza da maré
Uma corrente de maré ocorre quando as ondas acumulam água contra a praia
mais rápido do que conseguem drenar. A água flui rapidamente ao longo da
praia até ser desviada para o mar por uma obstrução no fundo. Aí então, flui
através da zona de arrebentação e alcança o mar aberto a uma velocidade
superior a 2 nós. Esta ação pode abrir valas profundas na areia. Uma correnteza
de maré cessa ou perde a força logo que atinge o mar aberto, normalmente a
poucas centenas de metros da praia.
Uma correnteza de maré pode representar dois perigos: pode empurrar o
combatente para o mar aberto ou jogá-lo dentro de uma vala profunda. Caso o
combatente seja apanhado por uma correnteza de maré, não deve tentar nadar
contra a corrente pois, em geral, sua velocidade é mais rápida do que a do nado
da maioria das pessoas, sendo impossível nadar para a praia uma vez apanhado.
Neste caso é preferível relaxar e permanecer flutuando até que a ação da
correnteza cesse. Tão logo a força da correnteza diminua, o combatente deve

OSTENSIVO - 18-49 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

utilizar o nado de travessia para se deslocar paralelamente a praia até se ver fora
da ação da corrente e só então nadar para a terra.
c) Superação das correntes paralelas à praia
Uma corrente paralela à praia ocorre quando as ondas quebram obliquamente à
praia. Este tipo de corrente flui paralela a linha da praia e não representa um
grande perigo. Caso o combatente seja apanhado por uma corrente desse tipo,
deve utilizar o nado de travessia para cruzá-la em um ângulo oblíquo.

OSTENSIVO - 18-50 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

ANEXO A
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AApL - Área de Apoio Logístico
AApP - Área de Apoio de Praia
AApSvCmb - Área de Apoio de Serviços ao Combate
AApZDbq - Área de Apoio de Zona de Desembarque
AC - Anticarro
AcdtCap - Acidente Capital
ACF - Área de Coordenação de Fogos
AçRtrd - Ação Retardadora
ADA - Área de Defesa Avançada
ADbq - Área de Desembarque
AFL - Área de Fogo Livre
AFP - Área de Fogo Proibido
AM - Amplitude Modulada
Anv - Aeronave
AOA - Área do Objetivo Anfíbio
AOp - Área de Operações
AP - Antipessoal
ApAeAfs - Apoio Aéreo Afastado
ApAeAprx - Apoio Aéreo Aproximado
ApCmb - Apoio ao Combate
ApF - Apoio de Fogo
ApFAe - Apoio de Fogo Aéreo
AFN - Apoio de Fogo Naval
ApSvCmb - Apoio de Serviços ao Combate
ARes - Área de Reserva
ASeg - Área de Segurança
AssAnf - Assalto Anfíbio
AsseIntl - Assessoria de Inteligência
AsseO&M - Assessoria de Organização e Métodos
AtqPcp - Ataque Principal

OSTENSIVO - A-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

AtqScd - Ataque Secundário


BB - Bombordo
BE - Boreste
BFNIF - Base de Fuzileiros Navais da Ilha das Flores
BFNIG - Base de Fuzileiros Navais da Ilha do Governador
BFNRM - Base de Fuzileiros Navais do Rio Meriti
BiaArtAAe - Bateria de Artilharia Antiaérea
BiaCmdoSv - Bateria de Comando e Serviços
BiaMrt120mm - Bateria de Morteiros 120mm
BiaO105mm - Bateria de Obuses 105mm
BiaO155mm - Bateria de Obuses 155mm
Btl - Batalhão
BtlArtFuzNav - Batalhão de Artilharia de Fuzileiros Navais
BtlEngFuzNav - Batalhão de Engenharia de Fuzileiros Navais
BtlInfFuzNav - Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais
BtlInfFuzNav(Ref) - Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais Reforçado
BtlLogFuzNav - Batalhão de Logístico de Fuzileiros Navais
BtlOpEspFuzNav - Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais
BtlVtrAnf - Batalhão de Viaturas Anfíbias
CAL - Cabeludo, Amargo, Leitoso
CAF - Coordenador do Apoio de Fogo
CASC - Componente de Apoio de Serviços ao Combate
CC - Carro de Combate
CCAA - Centro de Coordenação das Armas de Apoio
CCAF - Centro de Coordenação de Apoio de Fogo
CCS - Centro de Controle de Sistemas
CCT - Componente de Combate Terrestre
CDan - Controle de Danos
CDC - Controle de Distúrbios Civis
CECOGE - Centro de Coordenação de Operações de Guerra Eletrônica
CEcon - Caixa de Economias
CFN - Corpo de Fuzileiros Navais

OSTENSIVO - A-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

CiaAbst - Companhia de Abastecimento


CiaAp - Companhia de Apoio
CiaApDbq - Companhia de Apoio ao Desembarque
CiaApF - Companhia de Apoio de Fogo
CiaCC - Companhia de Carros de Combate
CiaCom - Companhia de Comunicações
CiaCmdo - Companhia de Comando
CiaCmdoDivAnf - Companhia de Comando da Divisão Anfíbia
CiaCmdoSv - Companhia de Comando e Serviços
CiaEng - Companhia de Engenharia
CiaFuzNav - Companhia de Fuzileiros Navais
CiaFuzNav(Ref) - Companhia de Fuzileiros Navais Reforçada
CiaGE - Companhia de Guerra Eletrônica
CiaMnt - Companhia de Manutenção
CiaOpEsp(ComAnf) - Companhia de Operações Especiais (Comandos Anfíbios)
CiaOpEsp(Recon) - Companhia de Operações Especiais (Reconhecimento)
CiaPion - Companhia de Pioneiros
CiaPol - Companhia de Polícia
CiaS - Companhia de Saúde
CiaTrnp - Companhia de Transporte
CLAnf - Carro Lagarta Anfíbio
CLF - Comandante da Linha de Fogo
CM - Crepúsculo Matutino
CmdoBtl - Comando do Batalhão
CmdoGpt - Comando do Grupamento
CMsg - Centro de Mensagens
CmtET - Comandante da Esquadra de Tiro
CmtGC - Comandante do Grupo de Combate
CmtPel - Comandante do Pelotão
CmtPelFuzNav - Comandante de Pelotão de Fuzileiros Navais
COC - Centro de Operações de Combate
COL - Centro de Operações Logísticas

OSTENSIVO - A-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

CP - Cabeça-de-Praia
CPI - Carga Prescrita Individual
CRepSupEspCFN - Centro de Reparos e Suprimentos Especiais do Corpo de Fuzileiros
Navais
DAC - Defesa Anticarro
DASC - Destacamento de Apoio de Serviços ao Combate
DEFAR - Defesa da Área de Retaguarda
DepAdm - Departamento de administração
DepInt - Departamento de Intendência
DepMat - Departamento de Material
DI - Diretiva Inicial
DirAtq - Direção de Ataque
DivAdest - Divisão de Adestramento
DivAnf - Divisão Anfíbia
DivBensConf - Divisão de Bens e Conforto
DivBMus - Divisão de Banda de Música
DivFin - Divisão de Finanças
DivMatBel - Divisão de Material Bélico
DivObte - Divisão de Obtenção
DivPag - Divisão de Pagamento
DivPes - Divisão de Pessoal
DivPref - Divisão de Prefeitura
DivS - Divisão de Saúde
DivSeg - Divisão de Segurança
DivSubs - Divisão de Subsistência
DivTrnp - Divisão de Transporte
DP - Destacamento de Praia
DPForDbq - Destacamento de Praia da Força de Desembarque
DPT - Direção Principal de Tiro
DZDbq - Destacamento de Zona de Desembarque
ECR - Estação Controladora da Rede
ED - Embarcação de Desembarque

OSTENSIVO - A-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

EDVP - Embarcação de Desembarque de Viatura e Pessoal


EE - Equipe de Embarcação
EF - Enfermeiro, Enfermagem
EIBC - Equipagem Individual Básica de Combate
EIOF - Equipe Inicial de Orientação Final
ElmASC - Elemento de Apoio de Serviços ao Combate
EqCAA - Equipe de Controle Aéreo Avançado
EqCol - Equipe de Coleta
EqDP - Equipe de Destacamento de Praia
EqEv - Equipe de Evacuação
EqMSA - Equipe de Mísseis Superfície-Ar
EqOA - Equipe de Observação Avançada
EqOAMrt81mm - Equipe de Observação Avançada de Morteiro 81mm
EqRecon - Equipe de Reconhecimento
ET - Esquadra de Tiro, Eletrônica
EVAM - Evacuação Aeromédica
FA - Forças Armadas
FCE - Freqüência Cardíaca de Esforço
FCM - Freqüência Cardíaca Máxima
FCob - Força de Cobertura
FCVA - Fim do Crepúsculo Vespertino Astronômico
FCVC - Fim do Crepúsculo Vespertino Civil
FCVN - Fim do Crepúsculo Vespertino Náutico
FFE - Força de Fuzileiros da Esquadra
FM - Freqüência Modulada
FN - Fuzileiro Naval
ForDbq - Força de Desembarque
ForTarAnf - Força-Tarefa Anfíbia
GASC - Grupamento de Apoio de Serviços ao Combate
GC - Grupo de Combate
GDB - Grupamento de Desembarque de Batalhão
GE - Guerra Eletrônica

OSTENSIVO - A-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

GpAp - Grupo de Apoio


GpCom - Grupo de Comunicações
GpComAnf - Grupo de Comandos Anfíbios
GpDefAAe - Grupo de Defesa Antiaérea
GpEng - Grupo de Engenharia
GpMnt/Trnp - Grupo de Manutenção e Transporte
GpPion - Grupo de Pioneiros
GpPol - Grupo de Polícia
GpPS - Grupo de Posto de Socorro
GpSeg - Grupo de Segurança
GpSocCia - Grupo de Socorro de Companhia
GptFN - Grupamento de Fuzileiros Navais
GptFNRJ - Grupamento de Fuzileiros Navais do Rio de Janeiro
GptOpFuzNav - Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais
GptOpMec - Grupamento Operativo Mecanizado
GRUOTINA - Grupo de Observação do Tiro Naval
HCmp - Hospital de Campanha
HE - Heliequipe
He - Helicóptero
HF - High Frequency (Alta freqüência)
ICMA - Início do Crepúsculo Matutino Astronômico
ICMC - Início do Crepúsculo Matutino Civil
ICMN - Início do Crepúsculo Matutino Náutico
ILS - Instalação Logística Sumária
IncAnf - Incursão Anfíbia
Inf - Infantaria
LAADA - Limite Anterior da Área de Defesa Avançada
LAPA - Limite Avançado das Posições Amigas
LC - Linha de Contato
LCAF - Linha de Coordenação de Apoio de Fogo
LCF - Linha de Coordenação de Fogos
LçMAC - Lançador de Mísseis Anticarro

OSTENSIVO - A-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

LF - Linha de Fogo
LLP - Linha Limite de Progressão
LocDbq - Local de Desembarque
LP - Linha de Partida
LPD - Linha de Provável Desenvolvimento
LPH - Local de Pouso de Helicóptero
LSAA - Linha de Segurança de Apoio de Artilharia
MAC - Míssil Anticarro
MB - Marinha do Brasil
MCmb - Marcha para o Combate
Mhz - Megahertz
MNT - Movimento Navio para Terra
MO - Mediante Ordem
Mrt81mm - Morteiro 81 milímetros
Mrt120mm - Morteiro 120 milímetros
Mtr.50 - Metralhadora .50 da polegada
MtrP - Metralhadora Pesada
NAe - Navio Aeródromo
NApF - Navio de Apoio de Fogo
ND - Navio de Desembarque
NRTB - Navio de Recebimento e Tratamento de Baixas
N-SAIPM - Núcleo do Serviço de Atendimento Integrado ao Pessoal da Marinha
Obj - Objetivo
Obt - Obstáculo
OCEB - Oficial Controlador da Evacuação de Baixas
OIA - Oficial de Informações Sobre Alvos
OLIFONA - Oficial de Ligação do Fogo Naval
OLigArt - Oficial de Ligação da artilharia
OM - Organização Militar
ONU - Organização das Nações Unidas
OpAnf - Operações Anfíbias
PAC - Posto Avançado de Combate

OSTENSIVO - A-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

PAG - Posto Avançado Geral


PAss - Posição de Assalto
PAtq - Posição de Ataque
PC - Posto de Comando
PCt - Ponto de Controle
PColMor - Posto de Coleta de Mortos
PColSlv - Posto de Coleta de Salvados
PCTran - Posto de Controle de Trânsito
PçO105mm - Peça de Obus de 105 milímetros
PçO155mm - Peça de Obus de 155 milímetros
PçMrt120mm - Peça de Morteiro de 120 milímetros
PD - Posição Defensiva
PDbq - Praia de Desembarque
PDistrCl I - Posto de Distribuição de Suprimentos Classe I
PDistrCl III - Posto de Distribuição de Suprimentos Classe III
PelAC - Pelotão Anticarro
PelAp - Pelotão de Apoio
PelApDbq - Pelotão de Apoio ao Desembarque
PelApMnt - Pelotão de Apoio de Manutenção
PelApSeg - Pelotão de Apoio de Segurança
PelCanAAe - Pelotão de Canhões Antiaéreos
PelCC - Pelotão de Carros de Combate
PelCir - Pelotão Cirúrgico
PelColEv - Pelotão de Coleta e Evacuação
PelCom - Pelotão de Comunicações
PeComAnf - Pelotão de Comandos Anfíbios
PelComCmdoFor - Pelotão de Comunicações de Comando de Força
PelCmdo - Pelotão de Comando
PelCmdoSv - Pelotão de Comando e Serviços
PelEng - Pelotão de Engenharia
PelEq - Pelotão de Equipamentos
PelFuzNav - Pelotão de Fuzileiros Navais

OSTENSIVO - A-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

PelFuzNav(Ref) - Pelotão de Fuzileiros Navais Reforçado


PelGE - Pelotão de Guerra Eletrônica
PelLigCom - Pelotão de Ligação de Comunicações
PelMnt - Pelotão de Manutenção
PelMntArmt - Pelotão de Manutenção de Armamento
PelMntAuto - Pelotão de Manutenção Automóvel
PelMntEqElt - Pelotão de Manutenção de Equipamentos Eletrônicos
PelMrt81mm - Pelotão de Morteiros de 81 milímetros
PelMSA - Pelotão de Mísseis Superfície – Ar
PelMtrP - Pelotão de Metralhadoras Pesadas
PelPion - Pelotão de Pioneiros
PelPnt - Pelotão de Pontes
PelPol - Pelotão de Polícia
PelPtr - Pelotão de Petrechos
PelRdr - Pelotão Radar
PelRecon - Pelotão de Reconhecimento
PelS - Pelotão de Saúde
PelSupCl I - Pelotão de Suprimentos Classe I
PelSupCl II/IV - Pelotão de Suprimentos Classes II e IV
PelSupCl III - Pelotão de Suprimentos Classe III
PelSupCl V - Pelotão de Suprimentos Classe V
PelSvG - Pelotão de Serviços Gerais
PelTrnp - Pelotão de Transportes
PelVtrOpEsp/TE - Pelotão de Viaturas Operativas Especiais e de Transporte
Especializado
PelVtrOpTNE - Pelotão de Viaturas Operativas de Transporte Não Especializado
PEv - Posto de Evacuação
Pev/EqDP - Posto de Evacuação da Equipe de Destacamento de Praia
PG - Prisioneiro de Guerra
PI - Ponto Inicial
PLibGC - Ponto de Liberação de Grupo de Combate
PLibPel - Ponto de Liberação de Pelotão

OSTENSIVO - A-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

PO - Posto de Observação
POP - Procedimento Operativo Padronizado
PPsg - Ponto de Passagem
PRem - Posto de Remuniciamento
PRF - Ponto de Reunião Final
PRI - Ponto de Reunião Inicial
PRO - Ponto de Reunião no Objetivo
PS - Posto de Socorro
PSupAg - Posto de Suprimento D’água
PtDbq - Ponto de Desembarque
QBN - Químico, Biológico e Nuclear
Rda - Retirada
ReconAe - Reconhecimento Aéreo
Ret - Retraimento
RfgFer - Refúgio de Feridos
SecAbBre - Seção de Abertura de Brechas
SecApArt - Seção de Apoio de Comunicações para Artilharia
SecApCASC - Seção de Apoio de Comunicações para o Componente de Apoio de
Serviços ao Combate
SecApCCT - Seção de Apoio de Comunicações para o Componente de Combate
Terrestre

SecApElmHelt - Seção de Apoio de Comunicações para o Elemento Helitransportado


SecBMus - Seção de Banda de Música
SecCCS - Seção de Centro de Controle de Sistemas
SecCmdo - Seção de Comando
SecCMsg - Seção de Centro de Mensagens
SecDT - Seção de Direção de Tráfego
SecEst - Seção de Esteiras
SecFaiPra - Seção de Fainas de Praia
SecInfo - Seção de Informática
SecInf/Op - Seção de Informações/Operações

OSTENSIVO - A-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

SecIntl - Seção de Inteligência


SecLigApFN/Ae - Seção de Ligação do Apoio de Fogo Naval e Aéreo
SecLigObs - Seção de Ligação e Observação
SecLog - Seção de Logística
SecMAC - Seção de Mísseis Anticarro
SecMat - Seção de Material
SecMnt - Seção de Manutenção
SecMnt/Abst - Seção de Manutenção/Abastecimento
SecMrt60mm - Seção de Morteiros 60 milímetros
SecMrt81mm - Seção de Morteiros 81 milímetros
SecMSA - Seção de Mísseis Superfície - Ar
SecMtr - Seção de Metralhadoras
SecMtrP - Seção de Metralhadoras Pesadas
SecMun - Seção de Munição
SecOrHe - Seção de Orientação de Helicópteros
SecPa - Seção de Painéis
SecPes - Seção de Pessoal
SecPes/Log - Seção de Pessoal/Logística
SecRad - Seção Rádio
SecReconTopo - Seção de Reconhecimento Topográfico
SecS - Seção de Saúde
SecSect/Com - Seção de Secretaria/Comunicações
SEGAR - Segurança de Área de Retaguarda
SL - Sobre Lagartas
SR - Sobre Rodas
SRTA - Short Range Training Ammunition (Munição de adestramento de
curto alcance)
StDef - Setor defensivo
SU - Subunidade
TAI - Técnica de Ação Imediata
TFM - Treinamento Físico Militar
TlfBia - Telefone a Bateria

OSTENSIVO - A-11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

TlfMag - Telefone Magnético


tpm - Tiros por Minuto
TrRef - Tropa de Reforço
TuLig - Turma de Ligação
TuOA - Turma de Observação Avançada
UHF - Ultra High Frequency (Ultra Alta Freqüência)
UTir - Unidade de Tiro
VA - Via de Acesso
VBTP(ou VtrBldTP) - Viatura Blindada de Transporte de Pessoal
Vgd - Vanguarda
VHF - Very High Frequency (Muita Alta Freqüência)
Vtr - Viatura
VtrAnf - Viatura Anfíbia
VtrBld - Viatura Blindada
W - Watt
ZAç - Zona de Ação
ZDbq - Zona de Desembarque
ZReu - Zona de Reunião
ZRT - Zona de Responsabilidade Tática.

OSTENSIVO - A-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

ANEXO B
MODELO DE ORDEM PREPARATÓRIA À PATRULHA

ORDEM PREPARATÓRIA À PATRULHA


FRAÇÃO / SUBUNIDADE / UNIDADE:
DATA / HORA DA DIVULGAÇÃO:
LOCAL:
1 – SITUAÇÃO (sucinta)
a) Forças Amigas
b) Forças Inimigas
2 - MISSÃO DA PATRULHA
3 - INSTRUÇÕES GERAIS
a. Relação do componentes da patrulha
b. Cadeia de comando
c. Organização
- Organograma.
- Quadro Organizacional de Pessoal e material (QOPM)
d. Armamento
f. Munição
g. Equipamentos comuns a todos
h. Equipamentos especiais
i. Quadro-Horário
4 - INSTRUÇÕES ESPECIAIS
a. Para os comandantes subordinados
b. Para as equipes com tarefas especiais ou para os elementos que exercerão quaisquer
das funções básicas.

Observação: as informações e instruções contidas nesta ordem podem ser transmitidas


oralmente ou por escrito. O presente modelo ilustra a maneira pela qual a
ordem pode ser formalmente disseminada em uma área segura.

OSTENSIVO - B-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Conteúdo dos parágrafos de uma Ordem Preparatória

1. Situação (sucinta)- Síntese da Situação


Neste parágrafo é realizada uma breve explanação da situação, incluindo as forças amigas e
inimigas, proporcionando aos componentes da patrulha uma visão geral da situação na área
de operações. As informações sobre as forças amigas e sobre as forças inimigas devem
incluir identificação, localização e atividades recentes e atuais, bem como as planejadas, no
caso das forças amigas.

2. Missão da Patrulha
Deve ser clara e concisa, listando as tarefas e indicando o propósito a ser alcançado.
3. Instruções Gerais
- Organização
Este parágrafo contém a maior parte das informações necessárias para que os
componentes da patrulha iniciem seus preparativos para o cumprimento da missão. A
estruturação deste parágrafo não precisa obedecer obrigatoriamente o formato
apresentado a seguir, no entanto, deverá estar organizado e completo. A patrulha deverá
ser dividida em escalões, grupos e equipes e deverá ser confeccionando um
Organograma. Posteriormente será confeccionado um Quadro Organizacional de
Pessoal e Material (QOPM) (VER ANEXO A). Este quadro serve para dividir os
militares em seus escalões, mostrando qual a cadeia de comando da patrulha, além de
dizer-lhes quais equipamentos, armamento e munição que cada elemento vai transportar
e determinadas funções que vão desempenhar.
- Quadro-Horário
É talvez uma das mais importantes partes da ordem preparatória, refletindo uma
cuidadosa divisão do tempo disponível. Uma vez confeccionado o quadro-horário, todo
o esforço deve ser feito para que o mesmo seja cumprido.
(a) Organização do quadro-horário
-Evento propriamente dito (O QUE).
-Horário previsto para cumprimento do evento (QUANDO).
-Local de execução do evento (ONDE).
-Elementos da patrulha que executarão o evento (QUEM).
(b) Eventos normalmente incluídos no quadro-horário:
-divulgação da ordem preparatória;

OSTENSIVO - B-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

-rancho;
-descanso;
-divulgação da Ordem de Operação
-inspeção inicial;
-ensaios;
-inspeção final;
-infiltração;
-Assunção do PRO;
-tomada do dispositivo;
-ações na área do objetivo; e
-retraimento/retirada.
- Comunicações
Onde são divulgadas quadro de freqüências, palavras código, autenticações, indicativos
rádio, meios de criptografia, senha e contra senha, sinais de reconhecimento para
contato - ponto ativado, ponto limpo, estória cobertura e senhas e contra senhas, sinais
convencionados.
4. Instruções Especiais
Coordenação com os comandos subordinados ou com equipes com tarefas especiais,
definição de sinais e gestos, divulgação de instruções preliminares e de quem participará
do planejamento detalhado; definição das equipes, de auxiliares, do gerente; ordens para o
preparo e teste dos materiais; confecção do caixão de areia; etc.

OSTENSIVO - B-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

ANEXO C
MODELO DE ORDEM À PATRULHA

ORDEM À PATRULHA
FRAÇÃO / SUBUNIDADE / UNIDADE:
DATA - HORA DA DIVULGAÇÃO:
LOCAL DA DIVULGAÇÃO:
1. SITUAÇÃO
a. Ambiente Operacional. (Condições meteorológicas previstas, clima, ICMN; FCVN,
ventos, chuvas, visibilidade, situação da população local e sua atitude em relação à
patrulha e às forças inimigas e aspectos táticos e topográficos da área de operações).
b. Forças Inimigas. (Identificação, localização, atividades recentes e atuais,
possibilidades, limitações, dispositivo e valor das tropas inimigas na área de operação
da patrulha).
c. Forças Amigas. (Missão do escalão imediatamente superior, o qual determinou a
execução da patrulha; localização e atividades planejadas das unidades adjacentes;
missão e itinerário de outras patrulhas; meios recebidos retirados; e apoio de fogo e
outros apoios disponíveis).
d. Incorporações e Destaques. (Horário e unidades que cederão meios à patrulha ou os
receberá dela; meios em reforço, para infiltração e para extração).
2. MISSÃO. (Exposição clara e concisa das tarefas a cumprir e o propósito a ser alcançado
pela patrulha, como atribuída pela autoridade que determinou a sua execução).
3. EXECUÇÃO
a. Conceito da Operação. (Exposição sucinta de como, onde, de que maneira e que
parcelas da patrulha cumprirão o esquema de manobra idealizado pelo comandante
para cumprir a missão. Ela conterá o seguinte:
- esquema de manobra do comandante;
- organização por tarefas da patrulha;
- o deslocamento para a área do objetivo, incluindo o método de navegação;
- Recon de líderes;
- itinerários, azimutes, distâncias;
- ações na área do objetivo;

OSTENSIVO - C-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- retraimento (seqüência, controle, etc.)


- o deslocamento de retorno, incluindo o método de navegação; e
- emprego dos meios de apoio, incluindo iluminação do objetivo, se necessário.
b. Tarefas. (Atribuição de tarefas aos escalões, equipes e indivíduos, de acordo e na ordem
de apresentação da organização por tarefas).

x. Instruções para Coordenação .(Este parágrafo conterá instruções comuns a dois ou mais
elementos da patrulha, detalhes de coordenação e medidas de controle aplicáveis à
patrulha como um todo. Deverá incluir, no mínimo:
- hora de concentração na zona de reunião (ZReu);
- horário das inspeções e dos ensaios, caso já não tenham sido realizados;
- hora de partida e estimada de retorno;
- local de partida e de reentrada nas linhas amigas, e as atividades associadas com a
partida e reentrada;
- detalhes a respeito dos itinerários principal e alternativo para e da área do objetivo;
- detalhes sobre as formações e procedimentos a observar durante os deslocamentos;
- pontos de reunião no itinerário (PRI) e ações pertinentes a eles;
- preparativos finais no último PRI;
- ponto de reunião no objetivo (PRO) e ações associadas a ele;
- ações em áreas perigosas;
- ações no caso de contato com o inimigo;
- detalhes sobre as ações na área do objetivo não comentados em qualquer outra parte; e
- horário estimado para a reunião de crítica, após o retorno).
4. ADMINISTRAÇÃO E LOGÍSTICA
a. (Modificações / acréscimos ao uniforme, equipamentos e cargas prescritas em relação
àqueles determinados na ordem preparatória).
b. (ração, água, armamento, munição, prescrições para o ressuprimento).
c. (medidas de higiene, local para o PS e refúgio de feridos).
d. (local para PcolPG, instruções para a condução de presos, feridos e evacuação de
pessoal e material).
5. COMANDO E COMUNICAÇÕES
a. Relações de Comando (Cadeia de comando e substitutos eventuais dos comandantes dos
demais elementos-chave).

OSTENSIVO - C-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

b. Comunicações (Sinais de identificação, senhas e contra-senhas, sinais por gestos e


outros especiais, quadro de freqüências e indicativos de chamada das redes rádio, estória
cobertura).
c. Postos de Comando (Posição do comandante da patrulha e do subcomandante nas
formações para o deslocamento de aproximação e de retorno, e na área do objetivo).

Observações: quando o comandante da patrulha conclui seu planejamento, ele reúne os


integrantes da patrulha e divulga sua ordem. Nesta ocasião, ele deve:
- assegurar-se que todos os integrantes estejam presentes;
- receber o pronto dos líderes de escalões/equipes sobre as tarefas preparatórias
determinadas por ele quando da divulgação da sua ordem preparatória;
- preceder a divulgação de sua ordem com uma conversa informal, que servirá como uma
orientação/ambientação;
- construir um modelo reduzido do terreno utilizando objetos encontrados na área, pedras,
gravetos, etc., para auxiliar a explanação do seu conceito da operação no que diz
respeito ao movimento para a área do objetivo, ações na área do objetivo e ao retorno
para as linhas amigas;
- divulgar sua ordem por completo antes de aceitar a formulação de perguntas; e
- concluir a sessão de perguntas e respostas com um acerto de relógios e a divulgação do
horário do próximo evento. (Por exemplo: Agora é 1700 horas. Cada um dos senhores
deve se alimentar. Inspecionarei a patrulha às 1745, na formação prevista para iniciar o
deslocamento, naquele renque de pinheiros próximo do PC da companhia).

OSTENSIVO - C-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

ANEXO D
MODELO DE PEDIDO DE TIRO INICIAL PARA O APOIO DE ARTILHARIA

1. IDENTIFICAÇÃO DO OBSERVADOR: _______________________________________________________


(USAR O INDICATIVO FONIA OU CODINOME)

2. ORDEM DE ALERTA: MISSÃO DE TIRO


3. LOCALIZAÇÃO DO ALVO: ___________________(a. ou b. ou c.)________________________________
a. COORDENADAS RETANGULARES SEGUIDAS PELO LANÇAMENTO PARA O ALVO
b. COORDENADAS POLARES:
LANÇAMENTO, DISTÂNCIA E DESNÍVEL OBSERVADOR/ALVO
c. TRANSPORTE A PARTIR DE UM PONTO DE REFERÊNCIA (PR)
LANÇAMENTO, DESVIO LATERAL, DESNÍVEL PR/ALVO E CORREÇÃO EM ALCANCE
4. NATUREZA DO ALVO: ___________________________________________________________________
(NATUREZA, LARGURA, ALTURA E PROFUNDIDADE DO ALVO EM RELAÇÃO AO OBSERVADOR)

5. CLASSIFICAÇÃO DO TIRO: _______________________________________________________________


(SOMENTE SE FOR PRÓXIMO - ALVOS A DISTÂNCIAS MENORES QUE 600m)

6. TIPO DE AJUSTAGEM E OUTRAS PRESCRIÇÕES


6.1 – TIPO DE AJUSTAGEM
(1) TIRO SOBRE ZONA – (NÃO PRECISA SER ANUNCIADO)
(2) TIRO DE PRECISÃO – (ANUNCIAR REGULAÇÃO OU DESTRUIÇÃO)
6.2 - QUADRO – (NÃO ANUNCIAR SE FOR O QUADRO NORMAL. ANUNCIAR NOS CASOS DE TIPOS DE FEIXES ESPECIAIS: FEIXE
CONVERGENTE OU FRENTE TANTOS METROS)

6.3 - MÉTODO DE TIRO


(1) RAJADA – (NÃO PRECISA SER ANUNCIADO)

(2) SALVA – (ANUNCIAR O INTERVALO SE DIFERENTE DE 5 SEGUNDOS)


(3) ZONA 1 OU ZONA 2
6.4 - VOLUME DE FOGO – (ANUNCIAR SE FOR DIFERENTE DE UM)
6.5 - TRAJETÓRIA
(1) TIRO MERGULHANTE – (NÃO PRECISA ANUNCIAR)

(2) TIRO VERTICAL – (ANUNCIAR SE FOR A TRAJETÓRIA SELECIONADA)


7. TIPO DE PROJETIL: _______________________________________________________________________
(NÃO ENUNCIAR SE FOR HE, ENUNCIAR SE FOR HC, FUM, WP, ILUM)

8. ESPOLETA: ______________________________________________________________________________
(NÃO ENUNCIAR SE FOR INSTANTÂNEA. ENUNCIAR SE FOR ESPOLETA COM EFEITO RETARDO, MECÂNICA OU
ELETRÔNICA DE TEMPO)

9. CONTROLE: _____________________________________________________________________________
(AJUSTAREI, EFICÁCIA, A MEU COMANDO AJUSTAREI/EFICÁCIA OU NÃO POSSO OBSERVAR)

OSTENSIVO - D-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Observações:
1) Para enviar os dados relativos à direção, lançamentos e distâncias, deve-se observar a
seguinte precisão para esses elementos, em virtude de ser essa a mesma precisão usada
pelos instrumentos nas centrais de tiro:
a. Lançamentos - 10 milésimos;
b. Coordenadas retangulares - 10 metros;
c. Desnível - 5 metros;
d. Correções em direção - 10 metros; e
e. Correções em alcance - 100 metros.
2) Para as mensagens subseqüentes, que são as que o observador deve enviar após o
atendimento do pedido de tiro inicial, deve-se enunciar o seguinte:
a. Lançamento do alvo - se notada qualquer alteração diferente de 100 milésimos em
relação à direção inicial;
b. Especificar obrigatoriamente os desvios em direção - esquerda ou direita se maiores que
40 metros ou, se menores, enunciar “repita direção”;
c. Altura de arrebentamento - no caso de se usar espoletas de tempo, caso haja correção;
d. Alteração na trajetória - de mergulhante para vertical ou vice-versa;
e. Alteração no quadro, método de tiro, tipo de feixe, volume de fogo, projetil e espoleta;
f. Método de controle - enunciar obrigatoriamente se passar de “ajustarei” para “eficácia”,
se deixar de ser “a meu comando” para “quando pronto” e vice-versa ou qualquer outra
alteração; e
g. Enunciar obrigatoriamente a correção em alcance ou a expressão “repita alcance”.
3) O processo a seguir é utilizado para calcular o Desvio Lateral e a Correção em Alcance
quando se opta pela localização de um alvo pelo método do transporte a partir de um PR,
que deve ser um ponto conhecido, levantado previamente como um alvo auxiliar ou
qualquer outra concentração assinalada na lista de alvos.
a. Para ângulos menores que 600 milésimos
(1) Correção em Alcance (metros) - Distância do PR menos a Distância do alvo, ou
vice-versa se o alvo estiver mais distante.
(2) Desvio Lateral - indicar a Frente, aplicando a fórmula do milésimo:
F=NxD Onde: F - Frente (em metros);
N - Desvio (em milésimos);
D - Distância para o PR (em quilômetros)

OSTENSIVO - D-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

b. Para ângulos maiores que 600 milésimos.


Aplicar a fórmula do Fator Seno, como mostrado na figura logo a seguir.
(1) Correção em Alcance - obtida pela fórmula CA = DA - F onde
CA - Correção em alcance (em metros)
DA - distância estimada do alvo (em metros)
F - frente (em metros)
Para se obter F, aplica-se, então, a fórmula do Fator Seno.
F = DPR x Fator Seno do ângulo 1600 ’’’-N ’’’, onde DPR é a distância do PR.

(2) Desvio Lateral – obtido pela aplicação da fórmula do Fator Seno


F = Fator Seno do ângulo N x D
Utiliza-se a seguinte tabela para determinar o Fator Seno
600’’’ = 0,6 800’’’ = 0,7 1000’’’ = 0,8 1200’’’ = 0,9
700’’’ = 0,6 900’’’ = 0,8 1100’’’ = 0,9 1300’’’ = 1

OSTENSIVO - D-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

O uso do Fator Seno para cálculo do Desvio Lateral e da Correção em Alcance só é


considerado, devido às distâncias envolvidas, em situações especiais, em geral, apenas
pelos Observadores Avançados da Artilharia.
4) A seguir são apresentados alguns exemplos de mensagens com Pedido de Tiro inicial.

TIRO SOBRE ZONA

MENSAGEM 1

1. AQUI ONDA UNO


2. MISSÃO DE TIRO
3. COORDENADAS TRÊS QUATRO CINCO MEIA TEC SETE MEIA CINCO NOVE
SEPARA LANÇAMENTO TRÊS MEIA NOVE ZERO
4. CARROS DE COMBATE INIMIGOS ESTACIONADOS FRENTE TRÊS ZERO ZERO
PROFUNDIDADE DOIS ZERO ZERO
5. TIRO PRÓXIMO
6. FEIXE TRÊS ZERO ZERO METROS
7. POR MEIA
8. HE E WP NA EFICÁCIA
9. A MEU COMANDO AJUSTAREI

MENSAGEM 2

1. AQUI ONDA DOIS


2. MISSÃO DE TIRO
3. LANÇAMENTO DOIS CINCO SETE ZERO DISTÂNCIA TRÊS MIL
4. INFANTARIA EM ZONA DE REUNIÃO DIMENSÕES DUZENTOS POR DUZENTOS
5. POR TRÊS
6. ESPOLETA TEMPO
7. EFICÁCIA

OSTENSIVO - D-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

MENSAGEM 3

1. AQUI ONDA TRÊS


2. MISSÃO DE TIRO
3. DO PV LANÇAMENTO QUATRO CINCO MEIA ZERO DIREITA QUATRO ZERO
ZERO ACIMA DOIS CINCO ALONGUE CINCO ZERO ZERO
4. POSIÇÃO DE MORTEIRO FRENTE NOVE ZERO
5. POR CINCO
6. WP
7. ESPOLETA TEMPO
8. A MEU COMANDO EFICÁCIA

OSTENSIVO - D-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

ANEXO E
MODELO DO PEDIDO DE TIRO PARA O APOIO DE FOGO NAVAL
PEDIDO DE TIRO INICIAL
1. IDENTIFICAÇÃO DO OBSERVADOR: ________________________________________________________
(USAR INDICATIVO FONIA OU CODINOME)

2. ORDEM DE ALERTA E DESIGNAÇÃO DO ALVO:


MISSÃO DE TIRO – CÓDIGO DO ALVO/HORA LOCAL: ___________________
3. LOCALIZAÇÃO DO ALVO E MARCAÇÃO OBSERVADOR-ALVO:
a. COORDENADAS RETANGULARES, ALTITUDE E MARCAÇÃO;
b. MARCAÇÃO, DISTÂNCIA E DESNÍVEL; OU
c. A PARTIR DE UM PONTO DE REFERÊNCIA, MARCAÇÃO, DISTÂNCIA E DESNÍVEL.
4. DESCRIÇÃO DO ALVO: ___________________________________________________________________
(TIPO, TAMANHO, PROTEÇÃO E DIRECIONAMENTO DO EIXO MAIOR SE FOR O CASO)

5. MÉTODO DE ENGAJAMENTO
a. CLASSIFICAÇÃO DO ALVO:
PERIGO PRÓXIMO (ATÉ 600m) OU PERIGO (DE 600m À 1500m)
(DIREÇÃO/DISTÂNCIA): _______________________________________________________________
b. CARGA INTEIRA (PODE SER OMITIDO) OU CARGA REDUZIDA:___________________________
c. MUNIÇÃO:
- PROJETIL: __________________________________________________________________________
[AUTO-EXPLOSIVA (OMITIDO), FUMÍGENA, PERFURANTE, ILUMINATIVA]

- ESPOLETA: _________________________________________________________________________
[INSTANTÂNEA (OMITIDO), RETARDO, TEMPO]

6. MÉTODO DE TIRO
a. NÚMERO DE CANHÕES: ______________________________________________________________

b. ARMAMENTO PRINCIPAL OU SECUNDÁRIO: ____________________________________________


(OMITIR SE FOR O PRINCIPAL)

7. INSTRUÇÕES ESPECIAIS: _____________________________________________________________


(INTERVALO ENTRE AS SALVAS, MARQUE, DESTRUIÇÃO, A MEU COMANDO, HORA NO
ALVO, ILUMINAÇÃO CONTÍNUA, COORDENADA OU INTERMITENTE, FOGO MANTIDO E
OUTRAS INSTRUÇÕES)

8. MÉTODO DE CONTROLE: _____________________________________________________________


(AJUSTAREI, NAVIO AJUSTARÁ, NÃO POSSO OBSERVAR EFICÁCIA)

Observações:
Não é preciso enunciar o item da mensagem, basta apenas citar o conteúdo de cada um deles.
Após o pedido ter sido enviado pelo observador, o navio lhe transmitirá as seguintes
informações:

OSTENSIVO - E-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

a. Quando o método de controle for “ajustarei” ou “eficácia”, o navio deverá anunciar a


DURAÇÃO DA TRAJETÓRIA e o alerta ATENÇÃO, cinco segundos antes do tempo
previsto para o impacto, para evitar o observador “perder o tiro”.
b. Ao final das mensagens deverá ser transmitido “câmbio” e ao final da devolução “é só”.
c. Precisão - Coordenadas - 10m; - Altitude - 5m; - Marcação - Graus (1 Grau) e Milésimos
(10 milésimos); - Distância - 10 m; - Desnível - 5 m; - Correção em Direção - 50 m; -
Correção em Alcance - 50 m; - Correção em altura – 10 m.
O exemplo a seguir ilustra como executar um pedido de tiro para dispor do apoio de fogo
naval.
EXEMPLO DE UM PEDIDO DE TIRO INICIAL

1. MISSÃO DE TIRO ALVO ZERO NOVE ZERO ZERO


2. MARCAÇÃO QUATRO MEIA ZERO GRAUS VERDADEIROS
3. TROPA EM REUNIÃO A DESCOBERTO DOIS ZERO ZERO POR DOIS ZERO ZERO
4. PERIGO PRÓXIMO SUDOESTE CINCO ZERO ZERO PRIMEIRA SALVA À NORDESTE UNO ZERO
ZERO ZERO
5. CARGA REDUZIDA
6. ESPOLETA TEMPO
7. DOIS CANHÕES
8. DOZE SALVAS
9. A MEU COMANDO
10. EFICÁCIA

Mensagem Subseqüente:

1) Correção em direção: “Esq/Dir”


“Repita direção” (ou omitido)
2) Correção em alcance: “Mais/Menos”
“Repita alcance” (ou omitido)
3) Correções em altura: “Acima/Abaixo”
4) Instruções especiais: “AMC”
“QP”
5) Controle: “Repita”
“Eficácia”

Mensagem Final
“Missão cumprida, alvo neutralizado, XX% de baixas”

OSTENSIVO - E-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

ANEXO F
MODELO DO PEDIDO DE APOIO AÉREO APROXIMADO (SIMPLIFICADO)

1. IDENTIFICAÇÃO DO OBSERVADOR: ___________________________________________________


(USAR O INDICATIVO FONIA OU CODINOME)

2. ORDEM DE ALERTA: MISSÃO DE TIRO - CÓDIGO DO ALVO (SE PRÉ-PLANEJADO)/HORA


LOCAL:
3. LOCALIZAÇÃO DO ALVO:
a) COORDENADAS : _________________________________________________________________
(RETANGULARES)

b) LIMITE AVANÇADO DAS POSIÇÕES AMIGAS (LAPA): _______________________________


(INDICAR OS ACIDENTES DO TERRENO QUE
BALIZAM OU MÉTODO DE BALIZAMENTO A SER
USADO)

4. LOCALIZAÇÃO DO ALVO
a) COORDENADAS : ________________________________________________________________
(RETANGULARES)

b) LANÇAMENTO : __________________________________________________________________
(DO OBSERVADOR EM GRAUS)

c) DISTÂNCIA : _____________________________________________________________________
(DO OBSERVADOR EM METROS)

d) ALTITUDE : _____________________________________________________________________
(EM METROS)

e) SINALIZAÇÃO: ___________________________________________________________________
(INDICAR O MÉTODO A SER USADO PARA SINALIZAR O ALVO, QUANDO POSSÍVEL)

5. DESCRIÇÃO: __________________________________________________________________________
(NATUREZA, TIPO DE PROTEÇÃO, EXTENSÃO)

6. EFEITO DESEJADO: ___________________________________________________________________


(DESTRUIÇÃO, NEUTRALIZAÇÃO, INTERDIÇÃO, INQUIETAÇÃO)

7. GRAU DE URGÊNCIA NO ATENDIMENTO:_______________________________________________


(PRÉ-PLANEJADA, TÃO LOGO POSSÍVEL, IMEDIATA, URGENTE)

OSTENSIVO - F-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

ANEXO G
PRINCIPAIS AGENTES QUÍMICOS

MOSTARDA
DENOMINAÇÃO LEWISITA MOSTARDA DESTILADA
NITROGENADA

SÍMBOLO HN L (M) HD
QUANTO AO
ESTADO LÍQUIDO LÍQUIDO LÍQUIDO
FÍSICO
BÁSICA GÁS GÁS GÁS
CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO
EMPREGO CAUSADOR DE BAIXA CAUSADOR DE BAIXA CAUSADOR DE BAIXA
TÁTICO

FISIOLÓGICA VESICANTE VESICANTE VESICANTE

ODOR PEIXE FRESCO GERÂNIOS ALHO OU MOSTARDA

MÁSCARA, ROUPA PROTETORA, COBERTURA


PROTEÇÃO
PROTETORA E ÓCULOS

AVERMELHAMENTO DA PELE, FORMAÇÃO DE


BOLHAS, INFLAMAÇÃO DO NARIZ E GARGANTA,
SINTOMAS
VÔMITOS, NAUSEAS, CONGESTIONAMENTO DOS
OLHOS

LAVAR A PELE COM ÁGUA E SABÃO; PASSAR


PRIMEIROS SOCORROS POMADA PROTETORA; LAVAR OS OLHOS COM
ÁGUA DO CANTIL E PASSAR POMADA BAL

OSTENSIVO - G-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

DENOMINAÇÃO ÁCIDO CIANÍDRICO CLOROPICRINA FOSGÊNIO

SÍMBOLO
AC PS CG

QUANTO AO
ESTAD
LÍQUIDO LÍQUIDO LÍQUIDO
O
FÍSICO

BÁSICA GÁS GÁS GÁS


CLASSIFICAÇÃO
QUANTO AO
EMPREGO CAUSADOR DE BAIXA CAUSADOR DE BAIXA CAUSADOR DE BAIXA
TÁTICO

FISIOLÓGICA TÓXICO DO SANGUE SUFOCANTE SUFOCANTE

CAROÇO DE PÊSSEGO OU AMÊNDOA


ODOR ANIZ MILHO VERDE OU FENO FRESCO
AMARGA

MÁSCARA EM EXCELENTES
PROTEÇÃO MÁSCARA
CONDIÇÕES

RESPIRAÇÃO OFEGANTE, E POUCO IRRITAÇÃO DO NARIZ E DA GARGANTA,


PROFUNDA, CONVULSÕES DIFICULDADE DE RESPIRAR, DOR DE CABEÇA,
SINTOMAS
MUSCULARES, ENFRAQUECIMENTO SUORES, CIANOSE DOS LÁBIOS E LÓBULOS DAS
DO BATIMENTO CARDÍACO ORELHAS

REMOVER PARA O AR FRESCO DEITAR E DESCANSAR, AQUECER A VÍTIMA COM


PRIMEIROS SOCORROS
APLICAR RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL COBERTORES OU CAP0TES

OSTENSIVO - G-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

DENOMINAÇÃO ADANSITA SARIN TABUN SOMAN ARSINA

SÍMBOLO DM GB GA GD SA

QUANTO AO
SÓLIDO LÍQUIDO LÍQUIDO
ESTADO FÍSICO

BÁSICA GÁS GÁS GÁS

CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO
EMPREGO INQUIETANTE CAUSADOR DE BAIXA CAUSADOR DE BAIXA
TÁTICO

FISIOLÓGICA VÔMITIVO TÓXICO DOS NERVOS TÓXICO DO SANGUE

INODORO OU ADOCICADO DE FRUTA OU


ODOR INODORO ALHO
CÂNFORA

PROTEÇÃO MÁSCARA MÁSCARA EM EXCELENTES CONDIÇÕES

CORRIMENTO NASAL, SENSAÇÃO DE PRESSÃO NO


CORRIMENTO NASAL VISCOSO,
PEITO, DIMINUIÇÃO DA VISÃO, TONTEIRA,
SINTOMAS VÔMITOS, FORTE DOR DE CABEÇA, E
SUORES, DEFECAÇÃO E URINAÇÃO
SENSAÇÃO DE DEBILIDADE GERAL
INVOLUNTÁRIAS E ESPASMOS MUSCULARES

AFROUXAR AS ROUPAS, DESCANSAR E RESPIRAÇÃO ARTIFICIAL E INJEÇÃO DE


PRIMEIROS SOCORROS
ASPIRAR CLORO ATROPINA

OSTENSIVO - G-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

ANEXO H
PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS PARA PATRULHAS
1 - NORMAS DE COMANDO
1.1 - Estudo sucinto da missão
O comandante da patrulha deverá analisar cuidadosamente sua missão, procurando
compreender detalhadamente as tarefas a serem executadas e o propósito a ser
alcançado. Para tanto, deverá ter em mente os seguintes questionamentos:
a) O quê ? (verbos da missão que exprimem ações a empreender);
b) Quando? (horários);
c) Onde? (localização); e
d) Como? (visualização inicial de como pretende cumprir a missão).
Além disso, organizará os meios disponíveis adotando as seguintes medidas:
a) Organização- Dividir a patrulha em escalões, grupos e equipes;
b) Seleção do pessoal – Dividir o pessoal entre os escalões;
c) Seleção do armamento e munição;
d) Seleção de equipamentos e determinação das necessidades de suprimentos; e
e) Confecção do Quadro Organizacional de Pessoal e material (QOPM).
1.2 - Planejamento da utilização do tempo
As situações de combate raramente proporcionam ao comandante da patrulha tempo
suficiente para planejamento e preparação. Sendo assim, a utilização do tempo
disponível deve ser planejada na forma de uma lista de eventos ou quadro-horário.
Neste quadro-horário, o comandante da patrulha lista os eventos do planejamento e da
preparação da patrulha, em seqüência cronológica inversa distribuindo o tempo
disponível o tempo disponível a partir do último evento e terminando no primeiro. Em
cada evento poderão ser atribuídas tarefas a indivíduos, equipes, escalões ou para toda
a patrulha. Desta forma, a utilização do tempo disponível é otimizada, garantindo-se a
destinação de tempo necessário para as tarefas mais importantes.
Fases do Quadro-Horário:
a) Fase do cumprimento da missão (do recebimento da missão até a ação no objetivo
ou outra atividade com horário imposto);
b) Fase da Execução (considerar meios de deslocamento, margens de segurança,
horários impostos); e
c) Fase do planejamento (a - b = c).

OSTENSIVO - H-1 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Observação: Deverão ser sempre levados em consideração os horários impostos para


coordenação.
1.3 - Planejamento Preliminar
Após fazer o estudo da missão e o quadro-horário, o comandante dará início ao estudo
do terreno, das características da área de operações, dos aspectos táticos da área, das
forças inimigas e amigas, das possibilidades do inimigo, da população e das linhas de
ação. Posteriormente preparará a Ordem Preparatória.
1.4 - Ordem Preparatória à Patrulha
É emitida visando a proporcionar aos subordinados tempo e informações necessárias
para a confecção dos planos e para a execução dos preparativos iniciais com vistas ao
cumprimento da missão. Todos os militares da patrulha deverão receber e assimilar
todas as informações necessárias.
O formato geral de uma ordem preparatória é apresentado no Anexo B – Modelo de
Ordem Preparatória.
1.5 - Planejamento Detalhado
Nesse momento o Comandante deverá levantar as necessidades de coordenação com
outras unidades, preparar briefing, planejar os métodos de infiltração, a conduta da
patrulha, as ações próximo ao objetivo, à ocupação de PRO, o reconhecimento de
líderes, a tomada do dispositivo, o esquema de manobra detalhado, o retraimento, a
retirada, conduta em situações de emergência, trato com civis, procedimentos com
feridos e mortos, etc.
1.6 - Ordem de Operação
A ordem de operação se constitui de cinco parágrafos, a saber:
a) Situação, contendo informações sobre as forças amigas, as forças inimigas, meios
em apoio e características da área de operações;
b) Missão;
c) Execução, compreendendo o conceito da operação e prescrições diversas;
d) Administração e logística; e
e) Comando e comunicações.
O modelo de uma Ordem de Operação à Patrulha é apresentado no Anexo C – Modelo
de Ordem à Patrulha.
1.7 - Inspeção Inicial
a) Camuflagem;

OSTENSIVO - H-2 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

b) Teste do armamento e Eqpt Especiais e rádios;


c) Verificação do QOPM (observar se cada patrulheiro está carregando aquilo que lhe
foi determinado na Ord Prep);
d) Checar Vtr, Anv e Embarcações (funcionamento, combustível, configuração, etc.);
e) Ajuste do Eqpt no corpo dos patrulheiros; e
f) Checar instruções particulares transmitidas.
1.8 - Ensaio
a) Deslocamentos e altos;
b) Gestos e Sinais Convencionados;
c) Transmissão de ordens;
d) Senhas e contra-senhas, sinais de Recon;
e) Ações em áreas perigosas e pontos críticos;
f) Ação no Objetivo (ênfase);
g) Retraimento;
h) Passagem nos Postos Avançados Amigos;
i) TAI (ofensivas e defensivas);
j) Mudanças de formação; e
k) Ocupação de altos guardado e de segurança (PRO, Bases de Ptr, ARC, ...).
1.9 - Briefing
Caso seja necessário fazer com piloto, navio, etc.
1.10 - Reajustes
Caso haja necessidade após o Ensaio e Briefing.
1.11 - Inspeção Final
Verificar se os itens falhos na inspeção inicial e ensaios foram corrigidos:
a) Plaquetas de identificação;
b) Teste de armas;
c) Cheque de material; e
d) Verificar se todos têm a missão na cabeça.
2 - FORMAÇÕES DA PATRULHA
2.1 - Coluna
É a formação mais simples e mais amplamente empregada por uma patrulha de
reconhecimento. A coluna proporciona fácil controle e manobra, e o máximo de
velocidade de deslocamento e poder de fogo para os flancos. Possui pequeno poder de

OSTENSIVO - H-3 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

fogo à frente e à retaguarda, não permitindo, portanto, uma rápida reação para
emboscadas à frente ou à retaguarda.

Fig H-1 - Formação da patrulha em coluna

2.2 - Cunha e "V"


Usada para terreno descampado e para cruzar área perigosa de grande dimensão. O seu
controle é dificultado em regiões com vegetação densa e o seu movimento é mais lento
que na formação em coluna. Proporciona um poder de fogo maior à frente e menor
para os flancos em comparação com a formação em coluna.

Fig H-2 - Formação da patrulha em cunha

OSTENSIVO - H-4 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig H-3 - Formação da patrulha em "V"

2.3 - Linha
Proporciona o máximo de poder de fogo à frente, porém é de difícil controle e
manobra, além de proporcionar um reduzido poder de fogo para os flancos. Utilizada
para cruzar linhas perigosas e como formação para romper o contato. É vulnerável às
emboscadas provenientes dos flancos.

Fig H-4 - Formação da patrulha em linha

3 - TÉCNICAS DE MOVIMENTO
3.1 - Movimento contínuo
É utilizado quando a probabilidade de contato com o inimigo é remota ou quando as
condições do terreno ou visibilidade não permitirem a adoção de outra técnica.
Durante o movimento, a patrulha desloca-se como um todo, com a mesma dispersão

OSTENSIVO - H-5 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

entre seus integrantes. Proporciona um movimento rápido e de fácil controle, porém,


em caso de emboscada, toda patrulha estará envolvida.

Fig H-5 - Movimento contínuo

3.2 - Movimento contínuo em dois escalões


É utilizado quando for possível o contato com o inimigo e quando as condições do
terreno e de visibilidade permitirem a adoção desta técnica. Normalmente a patrulha é
dividida em dois escalões: o avançado, composto da ponta de vanguarda, e o recuado,
composto do corpo principal da patrulha. A ponta de vanguarda desloca-se à frente do
corpo principal a uma distância que varia com o terreno e com a visibilidade, não
podendo, no entanto, comprometer a interpretação dos seus sinais visuais emitidos
para o corpo principal. Ambos os escalões devem deslocar-se com a mesma
velocidade, mantendo a distância entre eles. É um movimento mais lento e com maior
dificuldade de controle do que o movimento contínuo, sendo de difícil emprego a
noite. Tem a vantagem de permitir um alarme antecipado da presença do inimigo.

Fig H-6 - Movimento contínuo em dois escalões

3.3 - Movimento por lances


É utilizado quando a probabilidade de contato com o inimigo é iminente ou quando o
terreno é favorável à realização de emboscadas por parte do inimigo. Durante o
movimento por lances, a patrulha é dividida em dois escalões. Enquanto um escalão
desloca-se, o outro permanece estático, preferencialmente em posições cobertas e

OSTENSIVO - H-6 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

abrigadas e que possibilitem a realização de apoio de fogo ao escalão que se desloca.


O movimento por lances é o mais seguro na maioria das situações e não é difícil de ser
empregado, apesar de exigir uma equipe adestrada para executá-la apropriadamente.
Funciona da mesma forma como caminhamos: um pé no ar (escalão que se desloca) e
o outro no chão (escalão estacionário).
Existem dois tipos de movimento por lances.
a) Lances alternados
O escalão avançado desloca-se enquanto o escalão recuado permanece estacionário.
Quando o escalão avançado para em determinada posição, o escalão recuado
desloca-se para a posição adjacente a do escalão avançado. Após o escalão recuado
assumir a nova posição, o escalão avançado reinicia o deslocamento para mais um
lance.

Fig H-7 - Movimento por lances alternados

b) Lances sucessivos
Um dos escalões desloca-se enquanto o outro permanece estacionário. Quando o
escalão que se desloca para, o escalão que se encontra estacionário desloca-se até
uma nova posição localizada mais à frente da posição onde estacionou o escalão
que fez o deslocamento anterior, prosseguindo dessa mesma forma para a execução
dos lances seguintes.

OSTENSIVO - H-7 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

Fig H-8 - Movimento por lances sucessivos

4 - MEDIDAS DE CONTROLE DO MOVIMENTO


4.1 - Ponto de reunião (PReu)
Com vistas ao controle do movimento de uma patrulha, são planejados locais para
reunião e reorganização. São os pontos de reunião, que podem ser classificados como:
a) ponto de reunião inicial (PI);
b) ponto de reunião no itinerário (PRI); e
c) ponto de reunião no objetivo (PRO).
Estes locais devem atender 'as seguintes características:
a) ser sempre coberto e abrigado;
b) poder ser defendido por um período razoável de tempo; e
c) ser do conhecimento de todos.
Todos estes PReu são tidos como tentativas, somente se confirmando com a chegada
ao local para a verificação de suas reais condições, quando o comandante realiza o
reconhecimento e verifica sua adequabilidade, disseminando-o em seguida para toda a
patrulha.
4.2 - Assunção de Pontos de Reunião
Para assumir um ponto de reunião, os seguintes procedimentos devem ser adotados:
a) fazer um “alto de segurança” nas proximidades do local selecionado. Para evitar o
rastreamento da patrulha pelo inimigo, é preferível escolher um local fora de seu
azimute de deslocamento;
b) enviar a ponta de vanguarda, juntamente com o homem de ligação, para
reconhecimento do local;
c) feito o reconhecimento, a ponta permanece fazendo a segurança do local e o
elemento de ligação retorna para buscar o restante da patrulha; e
d) nas proximidades do Preu, o comandante da patrulha passa à frente da coluna e

OSTENSIVO - H-8 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

determina o processo a ser utilizado para sua ocupação.


4.3 - Processos de ocupação de Ponto de Reunião
São dois os processo de ocupação de PReu: o do relógio e o do charuto.
a) Processo do relógio
- o comandante determina a direção para entrada e saída do PReu, segundo as
direções assumidas pelos ponteiros de um relógio (entrada por 6h, e saída pelas
12h);
- o comandante, o subcomandante e o rádio-operador se posicionam no centro do
dispositivo;
- o restante da patrulha continua girando no sentido dos ponteiros do relógio, até
fechar o perímetro do “alto guardado”; e
- após isto, a ponta de vanguarda retorna para seu lugar na ordem de movimento.
b) Processo do charuto
Neste processo a patrulha entra no PReu pelo ponto balizado pelos elementos da
ponta e se posicionam segundo o estabelecido na ordem de movimento, da seguinte
maneira:
- por ocasião da entrada no PReu, um elemento vai para direita e o que se segue
para a esquerda, e assim sucessivamente até o último patrulheiro, de modo que se
posicionarão em duas colunas; e
- é recomendável o lançamento de Postos de Vigilância (PV) e outros dispositivos
de alarme, dependendo do tempo de permanência no Preu.
4.4 - Tipos de Pontos de Reunião
São os seguintes:
a) Ponto de Reunião Inicial (PI)
É o local no interior das linhas amigas onde a patrulha poderá se reorganizar caso
tenha sofrido dispersão antes de cruzar as linhas amigas.
b) Ponto de Reunião no Itinerário (PRI)
É um local onde a patrulha pode reorganizar-se no caso de uma inevitável
dispersão, devido à impossibilidade ou inadequabilidade do emprego de outras
medidas de controle. Normalmente, a patrulha reagrupa-se no último PRI pelo qual
tenha passado antes de surgir a necessidade de reorganização. Os PRI devem ser
levantados na carta por ocasião do planejamento, podendo ou não ser confirmados
no terreno durante a execução. Eles são empregados, principalmente, por ocasião da

OSTENSIVO - H-9 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

travessia de áreas perigosas, devendo ser selecionado um PRI antes e outro após a
área perigosa.
4.5 - Cuidados na ocupação de um PRI
Se a ação inimiga impedir a utilização de um PRI, utiliza-se o anterior. Os
componentes de uma patrulha que atingirem o PRI aguardarão os demais por um
período de tempo pré-determinado no planejamento e, após esse período, prosseguirão
no cumprimento da missão. No caso de ultrapassado o tempo de espera, os
componentes da patrulha extraviados deverão reincorporar-se à mesma no ponto de
reunião no objetivo (PRO) ou no ponto planejado para extração da patrulha. Deverão
ser tomadas medidas de segurança semelhantes às de um alto guardado.
4.6 - Ponto de Reunião no Objetivo (PRO)
É o local onde a patrulha faz temporariamente um alto para a reorganização e a
preparação para as ações no objetivo. Esta preparação normalmente inclui:
reconhecimento de líderes, verificação do equipamento de comunicações, coleta de
dados para confecção de croqui, redistribuição de equipamentos, retirada e
camuflagem das mochilas. É também um ponto de reunião a ser utilizado para
reorganização em caso de contato antecipado com o inimigo na área do objetivo.
Se o itinerário a ser utilizado para o retraimento localizar-se após o objetivo, o
comandante pode optar por reorganizar a patrulha em um local diferente daquele
estabelecido como PRO. Neste caso, não serão deixados material ou pessoal no PRO.
Da mesma forma que o PRI, o PRO é selecionado na carta ou por fotografia aérea,
durante o planejamento, sendo reconhecido no terreno para confirmação. Deve
possuir as mesmas características do PRI e estar localizado suficientemente próximo
ao objetivo.
4.7 - Ocupação do PRO
Quando o efetivo é grande e não há necessidade do emprego de todos os patrulheiros
para o cumprimento da missão, o comandante pode optar por deixar alguns membros
da patrulha no PRO. Nesse caso, normalmente, permanecem no PRO o
subcomandante, o rádio operador, o pessoal necessário à segurança e as baixas
ocorridas durante o deslocamento. Devido à proximidade das posições inimigas, o
movimento no PRO deverá ser restrito ao máximo.
4.8 - Reconhecimento de líderes
Antes de determinar as ações no objetivo ou posicionada a segurança, o comandante

OSTENSIVO - H-10 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

realizará o reconhecimento de líderes com a finalidade de confirmar ou alterar a


localização e detalhamento do terreno na área do objetivo, retificar ou retificar os
planos para as ações no objetivo e o posicionamento planejado para os escalões que
compõem a patrulha.
Antes de se deslocar para o reconhecimento, ainda no PRO, o comandante avaliará os
seguintes aspectos:
- onde está indo;
- quem o acompanhará;
- quanto tempo demorará;
- o que a patrulha deverá fazer caso não regresse; e
- ações a serem realizadas no caso de contato com o inimigo.
Normalmente acompanham o comandante no reconhecimento de líderes os
comandantes de escalão e algum outro elemento encarregado de tarefa específica que
requeira coordenação maior com o comandante.
O comandante, por ocasião do reconhecimento de líderes, deverá conduzir
equipamento rádio. O objetivo deve ser localizado com precisão e estabelecida
vigilância sobre ele até que a ação no objetivo tenha sido concluída.. Após o
reconhecimento de líderes, o comandante retorna à área do PRO para ratificar ou
retificar seus planos, podendo fazer uso de croqui e modelo do terreno improvisado.
4.9 - Retraimento do objetivo para o PRO
Após a conclusão da ação no objetivo, a patrulha retrai para o PRO, por escalões.
Inicialmente retraem os escalões de assalto e/ou reconhecimento e, posteriormente, os
escalões de apoio de fogo e segurança. Todos os integrantes da patrulha devem entrar
no PRO pela direção doze horas e assumir as mesmas posições anteriormente
ocupadas, antes da saída para as ações no objetivo
4.10 - Difusão dos conhecimentos
Todos os componentes da patrulha devem tomar conhecimento dos dados levantados
por ocasião da ação no objetivo o mais cedo possível, preferencialmente logo após a
chegada no PRO. Desta forma, um único sobrevivente, se for o caso, será capaz de
disseminar os dados obtidos. Devem ser confeccionadas pela menos duas cópias de
todos os dados colhidos.

OSTENSIVO - H-11 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

5 - SAÍDA E ENTRADA NAS LINHAS AMIGAS


5.1 - Medidas preliminares para saída das linhas amigas
a) Estabelecimento do Ponto de Reunião Inicial
O PI é estabelecido com o propósito de proporcionar à patrulha um local onde
possa se organizar antes de sair das linhas amigas ou reorganizar-se no caso da
patrulha ter efetuado contato com o inimigo durante a saída. A seleção de um PI
deverá atender às seguintes características:
- Localizado no interior das linhas amigas, à retaguarda das posições de tiro;
- Facilmente identificado de dia ou à noite; e
- Preferencialmente em local coberto e abrigado.
O PI pode ser ocupado fisicamente ou somente planejado; no entanto, todos os
componentes da patrulha deverão conhecer sua localização.
b) Manutenção da segurança
Durante todo o período em que se encontrar à frente das posições amigas, a
patrulha deve manter sua própria segurança. Por isso, antes da saída das linhas
amigas, deve-se realizar um reconhecimento e se adotar a formação apropriada.
c) Deslocamento à frente da Área de Defesa Avançada (ADA)
A patrulha deve procurar deslocar-se com um guia nas áreas localizadas
imediatamente à frente da ADA, em virtude da possibilidade de existência de minas
e armadilhas. Desta forma, reduz-se o risco de sofrer baixas por esses engenhos ou
de quebrar o sigilo da operação.
d) Coordenação com as unidades amigas avançadas
Para assegurar-se de que todas as informações pertinentes foram trocadas entre a
tropa e a patrulha, devem ser observados os seguintes aspectos:
I) Dados a serem fornecidos pelo comandante da patrulha:
- identificação da patrulha;
- missão da patrulha;
- horário previsto para saída e entrada das linhas amigas;
- sinais de reconhecimento e identificação;
- área de atuação da patrulha; e
- coordenação das ações no caso de haver contato com o inimigo durante a saída.
II) Dados fornecidos pelas unidades amigas:
- detalhada descrição do terreno;

OSTENSIVO - H-12 - ORIGINAL


OSTENSIVO CGCFN-31.10

- posições conhecidas e suspeitas do inimigo;


-posições amigas à frente, tais como outras patrulhas, postos avançados de
combate (PAC) e postos avançados gerais (PAG);
- localização dos obstáculos e passagens no sistema de barreiras;
- principais alvos pré-planejados constantes do Plano de Apoio de Fogo;
- freqüências e indicativos;
- senhas e contra-senhas;
- guia; e
- sinais de reconhecimento afastado e aproximado.
5.2 - Procedimentos para saída das linhas amigas
A patrulha, ao chegar próximo das posições amigas mais avançadas passa a ser
conduzida por um guia dessa tropa, devendo a coordenação ter sido realizada
anteriormente, para certificar-se do posicionamento do guia. O guia conduz a patrulha
até uma posição segura no interior das posições amigas onde a patrulha ficará
aguardando. O comandante da patrulha, então, desloca-se juntamente com o guia para
realizar a coordenação necessária com o comandante da tropa, após o que retorna,
juntamente com o guia, para a posição onde se encontra a patrulha. As informações
obtidas durante a coordenação são, então, disseminadas para o restante da patrulha.
Nessa oportunidade o comandante indica a localização do PI, caso já não o tenha feito.
Reiniciado o deslocamento, a patrulha segue o guia até uma posição coberta e
abrigada, próxima ao ponto de saída. O comandante determinará, a partir desse ponto,
a técnica de movimento a ser adotada pela patrulha. A patrulha deve fazer um primeiro
alto guardado tão logo tenha saído das linhas amigas para ambientação à área sob
controle do inimigo. Nesta ocasião procurará escutar as atividades inimigas e adaptar-
se aos ruídos presentes no novo ambiente. O alto deve ser realizado fora do alcance
das armas portáteis das tropas amigas.
5.3 - Medidas preliminares para a entrada em linhas amigas
a) Estabelecer e ocupar um PRF
O PRF é estabelecido com o propósito de proporcionar à patrulha um local para se
reorganizar, antes de entrar nas linhas amigas, ao retornar do cumprimento da
missão. Um PRF deve reunir as seguintes características:
- localizado em área anteriormente reconhecida;
- possuir cobertas e abrigos; e

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- estar fora do alcance das armas portáteis das forças amigas.


O PRF é normalmente ocupado, só não o sendo quando a patrulha estiver
realizando um movimento para evitar o engajamento com o inimigo ou quando
houver ferido grave.
b) Manutenção da segurança
Deve ser evitada a tendência normal da patrulha de relaxar as medidas de segurança
ao ser estabelecido o PRF, porque a patrulha estará vulnerável nesta situação.
c) Utilização do guia
A patrulha, em princípio, só deve entrar nas posições amigas com um guia da tropa
que se encontre mais à frente, pois nem sempre todos os homens da tropa foram
informados da aproximação da patrulha ou o plano de barreiras pode ter sido
alterado desde a saída da patrulha.
d) Contagem da patrulha
Por ocasião da entrada nas linhas amigas, o subcomandante efetuará a contagem
dos componentes da patrulha, para evitar a infiltração de algum inimigo na mesma.
5.4 - Procedimentos para a entrada em linhas amigas
A patrulha estabelece o PRF e a tropa amiga que se encontra à frente é informada, via
rádio, que a patrulha está pronta para entrar, certificando-se de que o guia estará
aguardando no ponto de entrada. O comandante, nesta ocasião, desloca-se à frente,
juntamente com o homem ponta para se certificar da localização do ponto de entrada.
A patrulha não deve realizar movimentos paralelos às linhas amigas. Uma vez
localizado o ponto de entrada, são utilizadas a senha e a contra-senha e os sinais de
reconhecimento e identificação para o contato com o guia. Após esse contato, o
comandante retorna ao PRF para conduzir a patrulha até aquele ponto. A patrulha
entra nas linhas amigas e o subcomandante confere a situação do pessoal. O
comandante da patrulha relatará ao comandante da tropa que se encontra à frente,
somente os dados levantados que tenham imediato valor tático para esta tropa. O
comandante da patrulha, então, reporta-se a quem lhe atribuiu a missão.
6 - TRANSPOSIÇÃO DE ÁREAS PERIGOSAS
6.1 - Procedimentos para a transposição de região perigosa
A patrulha ao deparar-se com uma região perigosa, inicialmente, procurará desbordá-
la. Quando não for possível, observará os seguintes procedimentos:
a) a patrulha deve atravessar a região perigosa em um local onde esteja menos

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vulnerável à observação inimiga, tal como uma curva de estrada ou onde a


vegetação esteja bem próxima de ambos os lados da estrada;
b) deve ser assegurado o controle do local onde se inicia a região perigosa, bem como
dos flancos. Normalmente o reconhecimento visual e a presença da patrulha são
suficientes para assegurar este controle;
c) o PRI deve ser designado antes e após a região perigosa.;
d) o lado oposto à região perigosa deve ser reconhecido e controlado.;
e) caso a patrulha esteja cruzando a região perigosa e seja dividida pela ação do
inimigo, os homens que já a tiverem cruzado deverão deslocar-se para o PRI
localizado após a mesma e lá aguardar. Os que não a cruzaram deverão deslocar-se
para o último PRI antes da mesma. Neste local, o mais antigo assumirá o comando
e tentará cruzar a região perigosa em outro ponto, para reincorporar-se à patrulha no
próximo PRI ou em um PRI alternativo ou, ainda, posteriormente, no PRO, de
acordo com as instruções emitidas na ordem à patrulha; e
f) remover, sempre que possível, qualquer evidência de que a patrulha cruzou a região
perigosa, tais como: pegadas e galhos quebrados.
6.2 - Técnicas comumente empregadas para cruzar ou desbordar regiões perigosas
a) Linhas perigosas
I) Ao deparar-se com uma linha perigosa, o homem ponta fará alto e alertará o
comandante. Este, então, deslocar-se-á à frente para verificar se procederá como
planejado ou modificará os planos. Nessa verificação ele avaliará a
adequabilidade do seu último PRI e do PRI planejado para o lado oposto ao da
linha perigosa. Caso necessário, estabelecerá segurança nos flancos, a uma
distância que, no caso de aproximação do inimigo, a patrulha não seja atingida
pelos seus fogos. Os elementos que fizerem a segurança dos flancos deverão ter
condições de manter contato visual com o restante da patrulha. Após o
posicionamento da segurança nos flancos, a ponta poderá cruzar a linha
perigosa. A área a ser reconhecida após a linha perigosa deverá ter dimensões
suficientes para comportar toda patrulha na formação original. Após a ponta ter
completado o reconhecimento, deverá emitir sinal de que a área está segura e
livre da presença inimiga ou retornar à patrulha e informar ao comandante o que
encontrou. Caso o local tenha sido julgado adequado, a transposição do corpo
principal da patrulha poderá ser completada por equipes ou a uma, utilizando-se

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uma formação compatível, normalmente em linha. Uma vez completada a


transposição do corpo principal, o subcomandante comunica-se com os
elementos que proporcionaram a segurança nos flancos, determinando que se
incorporem à patrulha no PRI após a linha perigosa.
II) Uma pequena patrulha de reconhecimento pode não ter efetivo suficiente para
estabelecer a segurança nos flancos ou o comandante da patrulha pode decidir
pela técnica da transposição imediata da linha perigosa, sem interromper o
deslocamento. Da mesma forma, ao avistar a linha perigosa, o homem ponta
sinalizará para que a patrulha faça alto e alertará o comandante sobre a linha a
ser transposta. Este cerrará à frente para verificar a situação e uma vez decidido
pela técnica de transposição imediata, dará conhecimento aos demais dessa
decisão e determinará ao homem ponta o cruzamento da linha perigosa. O
homem carta ou o segundo homem da patrulha movimentar-se-á para a mesma
posição ocupada pelo ponta, mantendo a atenção voltada para um dos flancos.
Assim que o homem carta ou o segundo homem da patrulha avistar o ponta em
local seguro, iniciará o movimento para cruzar a linha perigosa e substituir o
ponta naquela posição. Antes, porém, o comandante ou o terceiro homem
substitui o segundo naquela posição inicial. Este processo prossegue até que
todos homens tenham cruzado a linha perigosa. Cada homem, alternadamente,
ficará atento ao flanco oposto ao do que o precedeu. Após toda patrulha ter
cruzado a linha perigosa, o comandante deverá certificar-se da presença de todos
por meio do contato visual ou da contagem da patrulha.
b) Área perigosa de pequena dimensão
Da mesma forma como em qualquer outra região perigosa, o ponta sinalizará para
que a patrulha faça alto e alertará ao comandante. Ao cerrar à frente, o comandante
avaliará se a área deverá ser cruzada naquele ponto ou se deverá ser desbordada.
Caso decida desbordar, determinará ao homem carta que altere o azimute, inserindo
noventa graus (90o) para a esquerda ou para a direita, o que manterá a patrulha em
um deslocamento paralelo à base da área perigosa.
O homem passo não medirá a distância percorrida nesta pernada, sendo medida
pelo próprio homem carta. Após a patrulha deslocar-se o suficiente para evitar a
área perigosa, o comandante determinará ao homem carta que seja retomada a
direção original, passando o homem passo a medir novamente a distância

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percorrida. Quando a patrulha tiver percorrido pelo menos a distância equivalente à


profundidade da área, será determinado ao homem carta que navegue no contra-
azimute utilizado para iniciar o desbordamento da área perigosa, percorrendo,
também, a mesma distância. Feito isso, a patrulha retomará a sua direção original.

Fig H-9 - Desbordamento de área perigosa

c) Área perigosa de grande dimensão


I) Se for possível, deverá ser desbordada da mesma forma que uma área perigosa de
pequena dimensão.
II) O homem ponta ao avistar a área perigosa sinalizará para que a patrulha faça alto
e alertará o comandante. Este cerrará à frente, avaliará a situação e, caso não seja
possível desbordar a área, estabelecerá a técnica de movimento e a formação a
ser adotada, de acordo com a probabilidade de contato com o inimigo.
7 - TÉCNICAS DE AÇÃO IMEDIATA (TAI)
7.1 - Principais tipos de contato com inimigo e suas respectivas TAI
a) Contato de oportunidade
I) A patrulha detecta o inimigo, porém não é detectada.
TAI - ficar imóvel
O sinal é emitido por qualquer integrante da patrulha, quando avista o inimigo
ou escuta algo suspeito. Todos os homens param na posição em que se
encontram, permanecendo absolutamente imóveis, até que seja dada ordem para
que silenciosamente assumam a posição de joelhos ou aferrem, aguardando

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novas instruções.
No caso de detectar o inimigo em deslocamento na sua direção, qualquer
componente da patrulha dará o sinal correspondente, sendo esta ação
normalmente subseqüente à ação de ficar imóvel. Toda a patrulha move-se para
a direita ou para a esquerda do deslocamento, até a primeira posição coberta, de
acordo com o gesto sinalizado. Feito isto, ocupa as melhores posições de tiro
possíveis. Quando utilizada como medida ofensiva, é desencadeada a
emboscada, caso contrário, permite-se a passagem do inimigo sem ser
molestado, garantindo-se o sigilo no cumprimento da missão.

Fig H-10 - Emboscada imprevista

II) A patrulha e o inimigo detectam-se mutuamente.


TAI - resposta imediata
Os homens mais próximos do inimigo abrem fogo e gritam: "Contato à frente
(retaguarda, direita ou esquerda)". A patrulha entra rapidamente na formação em
linha, com a frente voltada para a direção do contato, e ataca o inimigo. Quando
utilizada defensivamente, o ataque será suspenso se o inimigo retrair e o contato
for rompido. Caso o inimigo ofereça resistência, o ataque prosseguirá através de
suas posições e o movimento continuará até que o contato seja totalmente
rompido. Quando utilizada ofensivamente, o inimigo é decisivamente engajado.
Qualquer um que tente escapar é perseguido ou eliminado.

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Fig H-11 - Resposta imediata

TAI - movimento australiano


O homem mais próximo do inimigo abre fogo e grita: "Contato à frente
(retaguarda, direita ou esquerda)". A partir daí, os homens retraem
sucessivamente, um a um, a partir do mais próximo do inimigo, na direção
oposta ao contato, sob a cobertura dos demais. Este processo prossegue até que
seja rompido o contato.

Fig H-12 - Movimento australiano

b) Emboscada aproximada (40 metros ou menos)


Ao sofrer uma emboscada aproximada, a patrulha deve responder ao inimigo com
um ataque imediato. Os homens que estiverem na área de destruição, atacam de
imediato a posição de emboscada inimiga, enquanto os demais manobram contra os
demais componentes da emboscada. Prossegue-se no assalto para eliminar a
emboscada ou romper o contato, conforme for o caso.
c) Emboscada afastada (mais de 40 metros)
A patrulha ao sofrer uma emboscada afastada procurará responder ao fogo inimigo
da seguinte forma: os homens que estiverem na área de destruição respondem
imediatamente ao fogo. Os demais integrantes da patrulha manobram contra os
demais componentes da emboscada.

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A utilização de franco atiradores por parte do inimigo é um tipo de emboscada


afastada que impõe à patrulha procurar imediatamente cobertas e abrigos e retirar-
se da área. Não é vantajoso para uma patrulha vasculhar a área para localizar o
atirador, o qual, geralmente, ocupa uma posição muito vantajosa em termos de
cobertas. Isto acarretará, na maioria das vezes, apenas uma perda de tempo e maior
exposição da patrulha. A patrulha deve utilizar-se de fumígeno para mascarar o seu
movimento, certificando-se que a direção do vento lhe é favorável.
d) Observação e ataque aéreo
I) Observação aérea
Toda a patrulha fica imóvel imediatamente ao pressentir a aproximação de uma
aeronave ou, se houver tempo, desloca-se para um local coberto e então fica
imóvel neste local. O movimento reinicia-se após a passagem da aeronave.
II) Ataque aéreo
O primeiro homem que observar aeronave atirando, grita: "Avião/Helicóptero à
frente (retaguarda, esquerda ou direita)". A patrulha entra rapidamente no
dispositivo em linha, perpendicular à direção de ataque da aeronave, dispersa-se
no terreno, procurando cobertas e abrigos, evitando desta forma que o inimigo
observe o alvo de enfiada. Se o comandante verificar que a aeronave encontra-se
no alcance das armas portadas pela patrulha, determina a abertura de fogo,
cessando quando a aeronave sair do alcance.
Quando ocorrer mais de um ataque aéreo ao longo do seu itinerário, a patrulha
deve procurar um itinerário alternativo que lhe proporcione melhores cobertas.
8 - PATRULHA DE EMBOSCADA
8.1 - Emboscada
a) Definição
É um ataque de surpresa contra um inimigo em movimento ou temporariamente
parado, desencadeado de posições cobertas, com a finalidade de destruí-lo,
inquietá-lo, capturá-lo ou causar-lhe danos materiais.
b) Propósito das emboscadas
As emboscadas são executadas com o propósito genérico de reduzir a eficiência em
combate de uma determinada tropa inimiga e com o propósito específico de destruí-
la. O efeito cumulativo de várias pequenas emboscadas reduz o moral das tropas
inimigas e provoca inquietação em suas forças.

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Uma série de emboscadas bem sucedidas leva o inimigo a ser menos agressivo e a
tomar uma postura mais defensiva. Seus homens tornam-se, também, apreensivos e
excessivamente cautelosos. Tornam-se, além disso, relutantes em integrar patrulhas
e procuram evitar operações noturnas. Ficam ainda mais sujeitos à confusão e ao
pânico quando emboscados e, de uma forma geral, perdem eficiência.
A eficiência em combate das tropas amigas aumenta quando a do inimigo é
reduzida. A diminuição do esforço de patrulhamento do inimigo permite uma maior
liberdade de ação para as próprias patrulhas, comboios e para toda a tropa em geral.
c) Classificação das emboscadas
As emboscadas podem ser classificadas quanto ao seu caráter geral ou quanto à
informação sobre o alvo. Quanto à classificação geral, a emboscada pode ser de
ponto ou de área. Quanto à informação sobre o alvo, a emboscada pode ser
deliberada ou de oportunidade.
I) Classificação geral
Emboscada de ponto
Uma emboscada de ponto, seja ela independente ou parte de uma emboscada de
área, é posicionada na via de acesso em que se espera que o inimigo passe. O
dispositivo da patrulha no local de emboscada é uma consideração importante,
pois determinará se uma emboscada de ponto será capaz de empregar seus fogos
no volume e concentração necessários para isolar, bloquear e destruir o inimigo.
Esse dispositivo é determinado pela criteriosa avaliação das condições do
terreno, da visibilidade, do efetivo da patrulha, armas e equipamentos
disponíveis, capacidade de controle, do tipo de alvo a ser atacado e do efeito
desejado da ação.
Emboscada de área
Neste tipo de emboscada é utilizado quando, numa determinada área, há diversos
itinerários possíveis de serem utilizados pelo inimigo. A força atacante é
desdobrada em vários pontos de emboscada no interior desta área, constituindo-
se em várias emboscadas de ponto sob comando único.
II) Classificação quanto à informação sobre o alvo
Emboscada deliberada
É aquela planejada contra um alvo específico, previamente determinado.
Informações detalhadas sobre o alvo são necessárias e incluem: a natureza do

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alvo, seu tamanho e organização, armamento e equipamento, o itinerário que


seguirá, velocidade de deslocamento, e os momentos em que irá alcançar ou
passar por pontos chaves determinados ao longo do seu itinerário. Uma
emboscada deliberada pode ser realizada contra os seguintes tipos de alvos:
- colunas de abastecimento, tanto ferroviárias como motorizadas;
- movimentos de tropas por trem, motorizados ou a pé;
- patrulhas inimigas sobre as quais se pode estabelecer padrões de procedimento
pelo uso dos mesmos itinerários ou saídas e entradas de suas próprias linhas
pelo mesmo ponto; e
- qualquer outra força sobre a qual se dispõe previamente de informações.
Emboscada de oportunidade
É conduzida quando não se dispõe de informações que permitam ao comandante
executar uma emboscada deliberada. Geralmente, será atribuída à patrulha a
tarefa de organizar uma emboscada ao longo de uma estrada ou trilha que se
sabe será utilizada pelo inimigo, com vistas a atacar o primeiro alvo
compensador que aparecer.
8.2 - Termos e definições
a) Local de emboscada
É o local onde a emboscada é montada.
b) Zona de destruição
A porção do local de emboscada onde os fogos são concentrados para bloquear,
isolar e destruir o alvo.
c) Emboscada aproximada
Uma emboscada de ponto cuja força que embosca está posicionada a pequena
distância da zona de destruição (menos de 40 metros). Regiões de selva ou mata
densa podem determinar esse posicionamento.
d) Emboscada afastada
Uma emboscada de ponto cuja força que embosca está posicionada relativamente
distante da zona de destruição (mais de 40 metros). Este posicionamento pode ser
apropriado em terreno aberto, oferecendo bons campos de tiro, ou quando o ataque
se der somente pelo fogo para inquietar o inimigo.
e) Fatores de sucesso de uma patrulha de emboscada
Existem vários fatores que proporcionam melhores chances de sucesso a uma

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OSTENSIVO CGCFN-31.10

emboscada. A situação ideal seria ter todos esses fatores combinados, o que
dificilmente é possível.
Os seguintes fatores contribuem para o sucesso de uma emboscada:
- terreno favorável;
- planejamento detalhado;
- seleção de itinerários para retraimento;
- boa seleção do local de emboscada;
- ocupação do local de emboscada com bastante antecedência;
- bom posicionamento das equipes;
- adequada seleção do PRO;
- boa segurança local;
- paciência;
- surpresa;
- coordenação dos fogos; e
- controle das ações.
8.3 - Execução de uma emboscada
A maneira pela qual a patrulha executa uma emboscada depende da sua finalidade, que
pode ser destruir o inimigo ou inquietá-lo.
Quando o principal propósito da patrulha é destruir o inimigo, a área de destruição é
isolada com equipes de segurança. O máximo de destruição é inflingido ao inimigo
por meio de demolições, minas acionadas a distância e o fogo de metralhadoras, armas
automáticas das ET e armas anticarro.
Quando esses fogos cessam ou são transferidos para os flancos e retaguarda da área de
destruição, a patrulha lança um violento assalto no interior dessa área. Parte do escalão
de assalto, então, provê a segurança aproximada, enquanto equipes de destruição e
captura vasculham os corpos do inimigo a procura de itens de interesse para a
produção de informações, e destroem veículos e equipamentos.
Ao sinal do comandante, todos os escalões retraem para o PRO, onde a patrulha se
reorganiza, retirando-se da área rapidamente.
Quando o propósito principal é inquietar o inimigo, a patrulha isola a área com vistas a
impedir que ele escape ou seja reforçado. O máximo de dano é causado ao inimigo por
meio de demolições e o fogo das armas automáticas das ET. A patrulha desencadeia
um intenso volume de fogos por um curto período de tempo e em seguida retrai rápida

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e discretamente.
A patrulha não executa o assalto e evita o contato físico com o inimigo, apenas o ataca
pelo fogo. Na medida do possível evita ser vista por ele.
Quando o propósito da patrulha é obter suprimentos ou capturar equipamentos, o
escalão de segurança isola a área. O fogo das armas e demolições são, então,
empregadas para barrar as viaturas, sem contudo destruí-las. O escalão de assalto, por
sua vez, emprega suas armas com muito cuidado para não causar danos ou destruir os
suprimentos e equipamentos a serem capturados. Equipes deste escalão apoderam-se
desses meios enquanto outros destroem os veículos e equipamentos não necessários à
patrulha.
8.4 - Técnicas variadas para execução das emboscadas
a) Normalmente, uma patrulha de emboscada será desdobrada ao longo de uma trilha
ou itinerário, o qual se sabe ou é provável que seja usado pelo inimigo. Permite-se
que o inimigo passe pelo centro do dispositivo estabelecido para a emboscada, de
forma que a ataque possa ser executado pela retaguarda. Um ou dois homens
podem ser posicionados bem à frente e à retaguarda desse dispositivo, ao longo do
itinerário, para impedir que o inimigo escape. Todos os fogos devem ser
desencadeados simultaneamente a um sinal previamente combinado.
b) É importante lembrar que uma emboscada deve ter quatro sinais distintos: um para
abrir fogo (com um sinal alternativo utilizado ao mesmo tempo que o principal), um
para cessar ou transferir os fogos, um outro para iniciar o assalto ou vasculhar a
área de destruição e, por fim, um sinal para retrair.
c) O sinal para abrir fogo deve satisfazer dois critérios. Primeiro, ele deve ser o de
uma arma que será empregada na destruição do inimigo. Segundo, ele deve ser
dado por uma arma que produza um significativo efeito de choque sobre o inimigo
e o ponha em estado de confusão. Um excelente sinal é a detonação de uma mina
acionada pelo comandante da patrulha. O sinal alternativo deve ser o disparo de
uma metralhadora ou arma automática da ET.

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