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devem estar, pois, familiarizados com as diversas técnicas de interpretação das leis.
Antes de se aplicar a lei, ela tem de ser interpretada, para se ter uma clara percepção do
Entende-se por interpretação da lei o processo tecnico-jurídico que visa determinar qual
o conteúdo e alcance das normas jurídicas. Integra dois momentos ou fases, a saber:
da norma legal;
- Elemento literal – Atende-se à letra da lei, ao sentido das palavras que a compõem;
- Elemento sistemático – Tem se em conta a norma não numa perspectiva isolada mas
histórico em que a mesma foi adoptada, sendo para isso importante a consulta dos
autêntica ou doutrinária:
a) Interpretação autêntica - É uma interpretação que é feita pelo próprio órgão que criou a
norma (não pode ser feita por um órgão de hierarquia inferior) e deve assumir a mesma
Direito, como os magistrados, juristas, assim como pelos tribunais, fazendo uso da
norma
no entendimento de que este expressou na lei menos do que queria, não abarcando
legislador, no entendimento de que este expressou na lei mais do que queria, usando
uma formulação demasiado ampla que foi além da realidade que pretendia abarcar.
correctamente seu pensamento, conclui que a norma não tem qualquer efeito útil,
A interpretação das leis também pode também ser classificada tomando como critério os
A interpretação das leis é uma matéria que interessa à Sociologia Jurídica, tendo em
ordem social.
Com efeito, os factos sociais, quando objecto de regulação jurídica, passam a ser objecto
Sem que constituam, tecnicamente, formas de interpretação das leis, duas operações
analogia.
As lacunas na lei são os casos omissos no sistema normativo (ou seja, casos em que se
interpretação, e uma vez verificada a lacuna, o jurista procura, pelos processos admitidos
Na integração de lacunas, o juiz deve começar por procurar no ordenamento jurídico uma
norma que embora não regule especificamente a situação em causa, possa contudo ser-
lhe aplicável em virtude da semelhança da situação regulada pela mesma norma. Deste
modo, estará a aplicar a analogia. Analogia é, pois, a aplicação ao caso omisso a norma
na analogia), existindo, sim, uma norma que, na sua letra, não abarca certos aspectos
que no entanto cabem no seu espírito ou no espírito do legislador (este disse menos do
particular das relações sociais de modo diverso do regime geral adoptado para relações
situações do mesmo género (ora, nas situações excepcionais reguladas pelo Direito, a
penais, que se regem pelos princípios da legalidade e da tipicidade16, nos termos dos
quais não é possível condenar ninguém por condutas e ou com penas não previstas
obrigado a pagar impostos que não hajam sido criados nos termos da lei.
O Direito é uma ciência que busca “normatizar” e regular as condutas dos indivíduos na
Não poucas vezes, como vimos, o Direito leva demasiado tempo a adaptar-se aos novos
factos sociais. Em decorrência disso, por algum tempo, algumas relações sociais
relevantes não encontram “normatização” ou regulação na esfera jurídica. É o que se
As lacunas da lei, caso não forem preenchidos nos termos permitidos pelo direito (direito
e repressão de condutas criminais, posto que vigora, nesta matéria, o conhecido axioma
“nullum crimen sine legis”, o legislador não só deve curar da regulação eficaz das
diversas condutas criminais, de modo a que não fiquem fora da alçada do Direito
inadequação das normas, a sociedade fique corroída pelo fenómeno da “Anomia Social”,
maneira que os indivíduos não podem orientar, com precisão, sua conduta”. Citado por
aquele autor, Merton concebe a Anomia Social como um derrube da estrutura cultural,
que ocorre, sobretudo, quando existe uma discrepância aguda entre as normas, as metas