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Rafael Barreto Ramos

© 2013

Direito Civil V - Direito das Coisas

02/08/13

Ø Avaliações

- Provas (Rebeca Ribeiro):

Abertas nas quais serão abordados casos concretos através de acórdãos que, por sua vez, serão
disponibilizados no SGA na sexta-feira anterior à prova em seu inteiro teor. Dever-se-á analisar a decisão dos
desembargadores. As provas serão com consulta, exceto computador.

Por fim, a prova global será de combinação. Ex. Todas as alternativas estão incorretas.

- Trabalhos:

1) Leitura do livro Das ações possessórias - Misael Montenegro filho.

Realizar resumo manuscrito do livro. No dia 4 de novembro, haverá um questionário e, no resumo, dever-se-á
localizar os trechos que respondem as perguntas. Ademais, pode-se acrescentar no fim do resumo eventuais
respostas que não estiverem no mesmo.

2) Trabalho em grupo sobre condomínio (11/11)

3) Trabalhos surpresa (Rebeca Ribeiro)

Ao final de cada conteúdo, haverá um trabalho surpresa de fixação que consistirá em uma questão a ser
discutida em grupo de até 5 pessoas. Estes trabalhos não serão recolhidos, todavia todos do grupo deverão tê-
los em seu cadernos.

Ø Bibliografia

- NÃO UTILIZAR:

Maria Helena Diniz

Marco Aurélio Viana

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Ø Considerações Iniciais

1. Código Civil

- Assim como o Código Penal, É DIVIDIDO EM PARTE GERAL E ESPECIAL, sendo sua parte geral mais
importante que a especial.

- Divide-se em 8 LIVROS.

2. Navio

O navio é bem MÓVEL.

(Thâmara Laís) O fato de ter que ser registrado (na Capitania dos Portos ou na Marinha Mercante) ou de ser
considerado extensão do território nacional pelo princípio da territorialidade não influencia nesta classificação.

O mesmo se aplica em relação à Aeronave que, por sua vez, é registrada na ANAC.

3. Direito Real vs. Direito Obrigacional

3.1. Direito real ou Direito das coisas

É o campo do direito patrimonial cujas regras tratam do poder dos homens sobre as coisas
apropriáveis.

O Direito Real é subjetivo a outras pessoas.

Ademais, são direitos ABSOLUTOS (erga omnes).

TEM DIREITO DE SEQUELA, ou seja, uma vez instituído o Direito Real, este acompanhará o bem
enquanto existir.

Não há Direito Real sem prévia previsão legal. Deste modo, o rol de Direitos Reais é EXAUSTIVO, ou
seja, todos estes direitos estão dispostos no Código Civil (Art. 1225¹).

Ex. Propriedade

Art. 1.225. São direitos reais:

I - a propriedade; II - a superfície;

III - as servidões; IV - o usufruto;

V - o uso; VI - a habitação;

VII - o direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o penhor;

IX - a hipoteca; X - a anticrese.

XI - a concessão de uso especial para fins de moradia;

XII - a concessão de direito real de uso.

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3.2. Direito Obrigacional ou Direito Pessoal

Trata-se de um direito sobre uma pessoa, sendo, portanto, um direito pessoal.

Some-se que este direito é caracterizado como relativo.

Não possui direito de sequela.

IMPORTANTE:

Os Direitos Reais são infinitamente MAIS FORTES que os Direitos Pessoais.

4. Propriedade no Império Romano

No Império Romano, a propriedade era sacra, não sendo vendida/transferida. As ações adotadas
pelo Estado para tutelar a propriedade eram chamados de Interdictus Possessorius.

Mais especificamente:

a) Interdictum Proibitorium – Contra ameaça; (Atual Proibitório)

b) Interdictum Retinendae – Contra perturbação; (Atual Manutenção de Posse)

c) Interdictum Recuperandae – Contra perda (Atual Reintegração de Posse)

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05/08/13

Ø Direitos reais vs. pessoais


1. Escolas

1.1. Escola clássica/monista

Nos direitos pessoais, as relações se dão entre pessoas.

Por outro lado, nos direitos reais, as relações jurídicas são entre pessoa e coisa.

1.2. Escola Personalista

Discorda da teoria clássica, tendo em vista que coisa é ser inanimado, não sendo possível figurar em
relações.

- Foram enumeradas diversas diferenças entre os direitos reais e pessoais, como:

I. Partes

Nas relações de Direito Pessoal, os pólos são claros.

Os Direitos Reais, por sua vez, têm eficácia erga omnes.

II. Efeito Sequela

Somente os Direitos Reais possuem o efeito sequela;

III. Preferência no concurso de credores

Os Direitos Reais têm preferência de crédito no concurso de credores, vez que a preferência é:

1. Crédito Trabalhista;

2. Credor de Direito Real;

3. Estado;

4. Credores Quirografários.

IV. Prescrição

Os Direitos Reais são IMPRESCRITÍVEIS.

Entretanto, os Direitos Pessoais não.

V. Usucapião

Os Direitos Reais podem ser adquiridos por usucapião, contrariamente aos Direitos Pessoais.

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VI. Princípio da Tipicidade dos Direitos Reais

Somente a lei pode criar novos instrumentos de Direito Real.

Trata-se de uma opção do ordenamento jurídico brasileiro, sendo este, por exemplo, o único país da América
Latina a adotar este princípio.

Art. 1.225. São direitos reais:

I - a propriedade; à Direito Real sobre coisa própria

II - a superfície;

III - as servidões;

IV - o usufruto; Direitos Reais de Fruição

V - o uso;

Direitos Reais VI - a habitação;

sobre coisas VII - o direito do promitente comprador à Direito Real de Aquisição

alheias do imóvel;

VIII - o penhor;

IX - a hipoteca; Direitos Reais de

X - a anticrese. Garantia

X.a. Propriedade Fiduciária (Definido pelo professor)

XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; Direitos Reais

XII - a concessão de direito real de uso. Sociais

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06/08/13

Ø Posse

1. Conceito (Rebeca Ribeiro & Thâmara Laís)

1.1. Etimologia

Palavra posse é derivada de dois radicais latinos:

Potio

+ Possessio à Possessão à Posse

sessio

“Ocupa algo, segura, exerce poder sobre a coisa.”

1.2. Conceito

Há grande dificuldade de se estabelecer a natureza jurídica e o conceito de posse.

O Código Civil não define o conceito de posse, todavia, em seu artigo 1.196 conceitua possuidor.
Veja:

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos
poderes inerentes à propriedade.

2. Direito Real ou Direito pessoal?


(Rebeca Ribeiro) Não há um acordo. O próprio conceito de posse nunca conseguiu defini-lo.

2.1. Posse vs. Propriedade

(Thâmara Laís) Geralmente quem tem posse tem a propriedade, mas os institutos não se confundem.

(Rebeca Ribeiro) Não necessariamente quem tem um tem o outro.

2.2. Império romano (Rebeca Ribeiro & Thâmara Laís)

Para os romanos, bastava a prova da posse para ser considerado proprietário, ou seja, a posse
presumia a propriedade.

No alto império romano, a posse era a base da propriedade, não podendo esta existir sem aquela,
sendo, portanto, considerada Direito Real.

No baixo império romano, por sua vez, o tratamento dado à posse não era necessariamente ligado à
propriedade. Assim, a propriedade podia existir sem a posse. Deste modo, a posse era entendida
como uma relação pessoal (direito pessoal).

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2.3. Código Civil de 1916 & Código Civil de 2002

O Código Civil de 1916 definia que a posse é um Direito Real, tendo em vista que projeta a ideia da
propriedade e esta é um Direito Real. Logo, a posse possui as mesmas características dos Direitos
Reais como, por exemplo, efeito sequela.

Uma corrente afirmava que a posse era Direito Pessoal e não Real, vez que existem casos em que há
a posse, todavia não há a propriedade (Ex. Favelas em propriedades pública). Ademais, adota os
seguintes argumentos:

A posse não está arrolada no art. 1.225 do Código Civil (Vide página 5).

- Crítica:

A posse também não estava arrolada no Código de 1916, todavia era tratada no Livro III que tratava do Direito
das Coisas.

Esta é a corrente majoritária atual, adotada pelo Código Civil de 2002.

O professor, por outro lado, entende que a posse tem mais características de Direito Real que de
Direito Pessoal.

IMPORTANTE:

O termo Direitos Reais é SINÔNIMO de Direito das Coisas.

Nota (Rebeca Ribeiro):

- Direitos da propriedade:

a) Usar;

b) Gozar;

c) Fruir;

d) Dispor;

e) Reivindicar

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3. Teorias

3.1. Teoria subjetiva da Posse (Savigny)

Após observar a realidade, Savigny define que a posse é um poder físico que a pessoa exerce sobre
a coisa, como também, SIMULTANEAMENTE, a pessoa deve ter a coisa como sua.

Assim, os elementos essenciais da posse, para Savigny, são:

I. Corpus - Poder físico que a pessoa exerce sobre a coisa – (Elemento OBJETIVO);

II. Animus Domini - A pessoa deve ter a coisa como sua - (Elemento SUBJETIVO).

- Crítica

Com o sistema capitalista, encontram-se problemas na aplicação da teoria da posse de Savigny, haja vista a
necessidade de caracterização dos dois requisitos para que se dê a posse.

“Pela teoria de Savigny, não se poderia ter mais de uma muda de roupa, vez que para os demais bens não seria
caracterizado o elemento objetivo.”

Ex. Se um homem viajasse, deixaria de ter posse de sua casa.

IMPORTANTE:

Se somente caracterizado UNICAMENTE o elemento objetivo – Poder físico que a pessoa exerce
sobre a coisa -, configurar-se-á a DETENÇÃO.

Macete:

Savigny à Teoria Subjetiva

3.2. Teoria da Aparência (Jhering)

3.2.1. Conceito

Para Jhering, o elemento objetivo da posse seria a aparência de ser dono¹ ou e o elemento subjetivo seria o
afectio tenendi, não havendo necessidade destes elementos se caracterizarem simultaneamente.

(1) Aparência de dono: Configura-se quando se dá uma destinação econômica adequada à coisa.

Assim, para Jhering, os elementos essenciais da posse são:

I. Aparência de dono – (Elemento Objetivo);

ou

II. Affectio Tenendi – Vontade de reter a coisa - (Elemento Subjetivo).

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3.2.2. Código Civil de 2002

ESTA É A TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO CIVIL DE 2002

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos
poderes inerentes à propriedade.

3.2.3. Posse Simples

A posse definida pelo Jhering é a posse simples, sendo esta:

I. Mansa;

II. Pacífica;

III. Ininterrupta.

3.2.4. Exceção (Usucapião)

Há uma exceção à aplicação da teoria da aparência, sendo esta a USUCAPIÃO.

Deste modo, nos casos de USUCAPIÃO, adotar-se-á a teoria de Savigny.

Ademais, para que se configure o usucapião, deve-se caracterizar a posse qualificada¹.

(1) Posse qualificada: É a posse:

I. Mansa;

II. Pacífica;

III. Ininterrupta;

IV. Ter a coisa como sua

3.2.5. Detenção

Para Jhering, ficará a cargo de o Estado definir as situações em que se configurará a detenção (Princípio da
Tipicidade¹).

(1) Princípio da tipicidade (Thâmara Laís): Novos direitos reais têm que ser criados por lei.

No ordenamento jurídico brasileiro, a detenção é expressa no artigo 1.198 E 1.208 do Código Civil. Veja:

Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro,
conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.

Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao
bem e à outra pessoa, presume-se detentor, ATÉ QUE PROVE O CONTRÁRIO.

Ex. Caseiro.

Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua
aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.

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09/08/13
4. Classificações da posse

4.1. Posse direta e indireta (Art. 1.197 - CC)

4.1.1. Classificação excepcional

Esta classificação ocorre EXCEPCIONALMENTE, ou seja, somente se dá quando, por força de um Direito Real ou
Pessoal, houver o fenômeno denominado como Constituto Possessorio¹.

Deste modo, TEMPORARIAMENTE, a posse é dividida, devendo o possuidor DIRETO devolver a coisa ao final de
determinado prazo.

(1) Constituto Possessorio (Constituir Posse): O constituto possessório, outra forma pela qual a posse se
origina de forma derivada, se distingue da traditio brevi manus, pois, não há a tradição da coisa. Nesse caso, a
pessoa exerce a posse em nome próprio, mas por ato de vontade, passa a exercê-la em nome alheio. Um
exemplo seria o do proprietário de uma coisa, que aliena a coisa, mas continua a exercer a posse como
locatário.

Esse instituto serve mais uma vez para se evitar a restituição da coisa, para a posterior entrega, sendo uma
cláusula que assegura a pessoa a continuar na posse do bem, embora a outro título. É a chamada cláusula
constituti. Vale dizer que a referida clausula serve tanto para coisas móveis quanto imóveis, devendo a mesma
ser expressa nos contratos, uma vez que não podem ser presumidas.

4.1.2. Teoria da Aparência – Possibilidade

Somente é possível quando se adota a teoria de Jhering, tendo em vista a existência do elemento objetivo ter
a “aparência de dono”.

4.1.3. Autonomia

A posse direta e indireta são autônomas, independentes. Deste modo, AMBOS possuidores possuem a posse e
ambos podem ser tanto autores quanto réus em ações possessórias.

Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito
pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua
posse contra o indireto.

IMPORTANTE:

Tem a posse todo aquele que exerce um alguns dos poderes inerentes à propriedade (Vide página 7).

Assim, quem aluga o imóvel recebe o aluguel, tendo, portanto a posse INDIRETA do mesmo.

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12/08/13 (Rebeca Ribeiro & Thâmara Laís)


4.2. Composse (Art. 1.199)

(Rebeca Ribeiro) Quando mais de uma pessoa se encontrar exercendo atos possessórios sobre uma
mesma coisa (indivisível), TODAS SERÃO CONSIDERADAS POSSUIDORAS. Porém, todas têm o direito
de exercer os atos possessórios que bem lhe aprouverem, sem, contudo, excluir de tal direito os
outros possuidores.

(Thâmara Laís) Várias pessoas exercem posse sobre coisa indivisa.

Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos
possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.

Nota (Thâmara Laís):

- Domínio é sinônimo de propriedade.

- Condomínio é sinônimo de co-propriedade.

- Ações de juízo petitório: SOMENTE O PROPRIETÁRIO PODE PROPOR.

- Ações possessórias: Qualquer possuidor pode propor, até mesmo um contra o outro.

4.3. Posse Justa e Injusta (Art. 1200)

4.3.1. Definição

É injusta a posse que for adquirida de forma violenta¹, clandestina¹ ou precária¹.

Caso não se caracterizem tais vícios, tratar-se-á de posse justa.

“É justa a posse que não for adquirida de forma violenta, clandestina ou precária.”

(1) Violência1.1, clandestinidade1.2 e precariedade1.3: Vícios objetivos da posse.

(1.1) Violência: Constranger, usar a força, opressão. São consideradas tanto a violência física quanto moral.

Enquanto este vício perdurar, não há posse por parte de quem o pratica. Cessado o ato viciado, se o titular da
posse a perde, quem a adquire a tem injustamente.

(1.2) Clandestinidade: O próprio nome indica ser algo feito às escondidas, mas, neste caso, esconde-se o
exercício de poderes de posso do dono, do legítimo possuidor da coisa e não de terceiros.

Oculta, esconde a coisa perante o dono apenas (dono verdadeiro), mas perante todos finge que é o verdadeiro
dono e tem a posse normalmente.

Contraexemplo. Capinar, construir e morar em um lote abandonado é considerado como posse JUSTA, tendo
em vista que está não está ocorrendo de forma escondida, nem mesmo do proprietário.

Dá-se da mesma forma que a violência (vide item acima).

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(1.3) Precariedade: (Thâmara Laís) Alguém tem obrigação de restituir a coisa e não o faz.

Não cessa. Caso a coisa seja restituída, finda-se a posse daquele que restituiu. Há relação com a coisa.

(Rebeca Ribeiro) Empresta, aluga uma coisa a alguém, mas a pessoa se recusa a devolver e restituir a coisa.

Não cessa, pois, se a pessoa restituir a coisa, cessa-se sua posse. Enquanto estiver com a coisa sem permissão,
estará caracterizado o vício. Já havia uma relação com a coisa (relação física), por isso a precariedade não
consta no art. 1.208

IMPORTANTE:

Os vícios objetivos da posse são RELATIVOS, vez que são praticados contra uma pessoa.

Enquanto os vícios objetivos da posse perdurarem, esta NÃO se caracterizará.

4.3.2. Convalescimento¹ da posse (Art. 1.208 – Segunda parte)

(1) Convalescer: Restabelecer o estado de saúde. Passar do estado de doente para o são.

(Thâmara Laís) Após cessada a violência e a clandestinidade, caracteriza-se a posse INJUSTA.

Conforme a jurisprudência, considera-se cessado o ato de violência ou clandestinidade após decorrido o


prazo de 1 ano e 1 dia¹ sem manifestação do titular da posse.

NESTE INTERVALO DE TEMPO HÁ A DETENÇÃO.

(1) Prazo de 1 ano e 1 dia: Doutrina civilista “pegou emprestado” este prazo do CPC no que se refere à Ação
possessória.

(Rebeca Ribeiro) Enquanto há vício, não há posse. Só depois de cessado o vício é que se caracterizará a posse
INJUSTA por força do artigo 1208.

Antes de completado o prazo de 1 ano e 1 dia, a pessoa possui a DETENÇÃO ILEGÍTIMA.

Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua
aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.

IMPORTANTE:

- A posse violenta ou clandestina pode virar usucapião, mas a precária JAMAIS.

- Melhor posse é aquela que tiver menor vício.

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4.4. Posse de boa-fé e de má-fé (Art. 1.201)

(Thâmara Laís) É de boa-fé a posse daquele que ignora o vício ou o obstáculo que impede a
aquisição da coisa.

Assim, má-fé é a classificação da posse quando há VÍCIO SUBJETIVO¹. O indivíduo tem conhecimento
que a coisa é de outrem.

(Rebeca Ribeiro) Boa-fé é PRESUMIDA e a má-fé, por outro lado, é PROVADA.

(1) Vício Subjetivo: Pertence ao SUJEITO. NÃO SE TRANSMITE.

Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.

4.5. Posse originária e derivada

a) Originária: Exerce sobre algo pela sua própria força. Não foi transmitida. Não traz vício objetivo da posse
anterior. Nasce viciada.

“Adquirida de forma autônoma sem ninguém me entregar.”

Não traz consigo os vícios objetivos, independentemente se já houve posse ou não.

b) Derivada: Transferência espontânea da posse – translatividade da posse. Carrega vícios objetivos da posse
anterior.

“Alguém me entrega.” Traz vício objetivo consigo, por isso é injusta.

IMPORTANTE:

- Art. 1.202 deve ser lido em conjunto com o 1.201.

Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.

Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou
quando a lei expressamente não admite esta presunção.

Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias
façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.

- Art. 1.203 deve ser lido em conjunto com art. 1.200

Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.

Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.

- Interpretação:

Uma vez injusta, sempre injusta.

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4.6. Posse universal e singular (Art. 1.206 e 1.207)

(Thâmara Laís)

a) Universal (Art. 1.206 e 1.207 = 1ª parte): Ligada à universalidade patrimonial. Sucessor herda. Para
fins de usucapião, o tempo de posse do possuidor anterior transfere-se automaticamente.

b) Singular (Art. 1.207 – 2ª parte): Adquire-se um ou alguns dos bens de um todo. Para fins de usucapião,
deve-se provar o tempo de posse do possuidor anterior para fins de aproveitamento.

(Rebeca Ribeiro)

a) Possuidor a título universal: Quando a pessoa deixa todos os bens de herança para outra.

b) Possuidor a título singular: Recebe um ou alguns bens, não adquirindo a universalidade do patrimônio.

Universal Singular

O tempo de posse passa automaticamente para o O possuidor singular precisar provar o tempo para
possuidor universal, geralmente inter martis. fins de usucapião, geralmente inter vivos.

Ex. Pai vive 30 anos no terreno. Se morrer, o filho Ex. No exemplo ao lado, caso se tratasse de posse
pode pedir usucapião com o tempo do pai. singular, seria necessário provar o tempo em que o
possuidor anterior viveu no terreno.

Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.

Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é
facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.

Nota:

- Vício subjetivo: Quando a pessoa de boa-fé ignora vício objetivo.

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13/08/13 (Atividade em sala)


1. Dê 5 exemplos de posse direta e indireta.

I. Comodato

a) Comodatário: Posse direta;

b) Comodante: Posse indireta.

II. Locação

a) Locatário: Posse direta;

b) Locador: Posse indireta.

III. Mútuo

a) Mutuário: Posse direta;

b) Mutuante: Posse indireta.

IV. Depósito

a) Depositário: Posse direta;

b) Depositante: Posse indireta.

V. Arrendamento

a) Arrendatário: Posse direta;

b) Arrendante: Posse indireta.

2. Quais são as teorias possessórias, seus autores e em que difere uma da outra.

As duas teorias são, teoria subjetiva da Posse de Savigny e Teoria da Aparencia de Jhering.

Savigny define q a posse carece e 2 elementos para que se configure, um subjetivo qual seja o
animus (ter a coisa como sua) e outro objetivo que é exercer o poder físico sobre a coisa. Na falta de
um dos elementos como o subjetivo p. ex. tem-se uma simples detenção.

No entanto tal teoria era falha em certas situações, tornando muito difícil a proteção do patrimônio.

Assim, Jhering critica duramente a teoria de savigny criando a Teoria da Aparência. Jhering mantem
os dois elementos, subjetivo e objetivo. Objetivamente aquele q detem a posse deve aparentar ser
dono da coisa observando a destinação que esta exerce. Como elemento subjetivo é necessário
afectio tenendi, ou seja, cuidar da coisa como se fosse sua. Entretanto Jhering não se arrisca a
classificar a detenção deixando a cargo de cada legislação classifica-la.

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3. Explique o que seja detenção em cada uma das teorias possessórias.

Segundo a Teoria Subjetiva da Posse de Savigny, a detenção somente se configurará quando


caracterizado apenas o elemento objetivo “Poder físico que a pessoa exerce sobre a coisa”.

Por outro lado, conforme define a Teoria da Aparência de Jhering, ficará a cargo do Estado definir as
situações em que se dará a detenção.

Como exemplo à teoria de Jhering, pode-se citar o ordenamento jurídico do Brasil, no qual as
hipóteses de detenção estão elencadas nos artigos 1.198 e 1.208.

4. Qual a importância processual da composse.

A composse está elencada no artigo 1.199 do Código Civil que se classifica quando duas ou mais
pessoas possuem coisa indivisa. Sua importância processual está contida no §2º do artigo 10 do
Código de Processo Civil que preceitua que, nas ações prossessórias, a participação do cônjuge, do
autor ou do réu somente será obrigatória nos casos de composse de ato por ambos praticados.

Então, em linhas gerais, a legitimidade processual nos casos de composse: quando houver a
composse entre pessoas não casadas, não é necessário que estas estejam em litisconsórcio.
Entretanto, se a composse ocorrer entre pessoas casadas ou que mantenham qualquer tipo de
sociedade conjugal, o litisconsórcio de ambas é obrigatório.

5. Quais são os vícios subjetivos, objetivos e o que os diferem na posse originária e


derivada.

São vícios objetivos da posse, a violência, a clandestinidade, e a precariedade. Já o vicio subjetivo


consiste no conhecimento do vício ou obstaculo que impede a aquisição da coisa em questão, ou
seja, saber que a coisa é de outrem. A diferenciação ocorre porque na posse originaria a coisa não
traz consigo seus vícios anteriores. Já tratando-se da posse derivada, esta leva consigo os vícios
anteriores. A exceção são os vícios subjetivos, estes não são jamais transmitidos.

6. Estabeleça uma relação entre: Art. 1.198 Parágrafo único / Art. 1.200 / Art. 1.203 / Art. 1.208 –
segunda parte

A relação existente entre esses artigos é que todos preveem casos em que a posse mantém o caráter
com que foi adquirida, ou seja, os vícios objetivos se prolongam.

7. Explique o que é possuidor a título singular e a título universal.

O possuidor a título universal é aquele que adquire a posse por meio da sucessão causa mortis,
também chamada de sucessio possessionisl, onde este possuidor adquire a posse de todos os bens
de seu antecessor com todos os vícios que aquela possuía.

Por sua vez, o possuidor a título singular é aquele que adquire a posse por um ato de vontade, por
ato inter vivos, também chamado de accessio possessionis, onde este possuidor adquire a posse de
alguns bens determinados e tem a faculdade de unir a sua posse à posse anterior, para os efeitos
legais.

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19/08/13 & 20/08/13 & 26/08/13


5. Efeitos da posse (Art. 1.214)

5.1. Percepção de frutos¹ (26/08/13)

(1) Frutos: São classificados em civis1.1, industriais1.2 e naturais1.3

(1.1) Civis: Advindo de uma relação jurídica;

Ex. Aluguéis.

(1.2) Industriais: O fruto que passou por um processo de manufaturação.

Ex. Cachaça advinda de um alambique.

(1.3) Natural: Fruto da natureza.

Ex. Fazenda que possui uma plantação.

Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.

Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé¹ devem ser restituídos, depois de
deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com
antecipação.

(1) Cessação da boa-fé: Divide-se em:

a) Cessação fática/material da boa-fé: Ocorre quando se prova a má-fé da parte contrária. Pode ocorrer a
qualquer momento no processo.

b) Cessação processual/formal da boa-fé: Somente se dá com o trânsito em julgado da sentença referente à


ação possessória.

- Interpretação:

Tudo auferido de boa-fé pertence do possuidor de boa-fé, não tendo este o dever de restituir. Todavia, a partir
do momento em que cessar a boa-fé, os frutos pendentes deverão ser restituídos.

Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis
reputam-se percebidos dia por dia.

Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que,
por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas
da produção e custeio.

Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se
provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.

- Consideração:

O possuidor de má-fé tem o dever de restituir, salvo se provar que o evento danoso ocorreria mesmo se o
legítimo dono estivesse com a posse da coisa. Ou seja, a obrigação de restituir somente é excluída em casos de
FORÇA MAIOR.

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IMPORTANTE:

A matéria relacionada aos frutos e benfeitorias deve ser alegada na contestação, sob pena de
preclusão.

Quando o juiz proferir a sentença, o juiz mencionará tais benfeitorias e ordenará que o autor pague
o referente às mesmas e o réu terá o DIREITO DE RETENÇÃO¹ da coisa até que o pagamento seja
realizado.

(1) Direito de retenção: Para provocar o Direito de Retenção, existe um recurso denominado embargos de
retenção.

5.2. Levantamento de benfeitorias¹

(1) Benfeitorias: Dividem-se em necessárias1.1, úteis1.2 e voluptuárias1.3

(1.1) Necessárias: Aquelas indispensáveis à conservação do bem. / objetiva a conservação do bem principal.

Relacionada à coisa.

(1.2) Úteis: Aumentam ou facilitam o uso do bem.

Relacionada à coisa.

(1.3) Voluptuárias: Benfeitorias absolutamente supérfluas, de mero deleite ou recreio. Simplesmente trazem
prazer ao possuidor.

Relacionada à pessoa.

IMPORTANTE:

Somente se deve indenizar as benfeitorias relacionadas à coisa. Deste modo, as benfeitorias


necessárias e úteis serão indenizadas. Em contrapartida, as voluptuárias não serão.

5.2.1. Possuidor de boa-fé

Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como,
quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e
poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.

5.2.2. Possuidor má-fé

Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe
assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias.

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IMPORTANTE:

NÃO SE DEVE CONFUNDIR BENFEITORIA COM CONSTRUÇÃO.

- Benfeitorias vs. Construções:

I. Benfeitorias: vide acima.

II. Construção: Aplica-se o princípio do Superficie Solo Cedit que, por sua vez, dispõe que “tudo que é feito na
superfície, adere ao solo”, ou seja, o que é feito no solo pertence ao proprietário.

Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua
custa, até que se prove o contrário.

Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais
alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e
danos, se agiu de má-fé.

Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as
sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização.

Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de
boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada
judicialmente, se não houver acordo.

- Invasão parcial

Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior
à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da
construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área
perdida e a desvalorização da área remanescente.

Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire
a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção
exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a
construção.

Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste,
adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a
invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-
fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em
dobro.

- Má-fé recíproca

A má-fé recíproca é presumida quando o proprietário da coisa percebe que algo está sendo feito em sua
propriedade e não toma as devidas providências.

Neste caso, ambos perdem, pois quem construiu perderá o imóvel e o legítimo proprietário por ter que
indenizar.

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5.3. Proteção possessória

5.3.1. Considerações iniciais

Por meio da proteção possessória, protege-se a posse e, ainda mais, garante-se os outros dois
efeitos (Percepção de frutos e levantamento de benfeitorias). Deste modo, entende-se que este é o
efeito mais amplo.

5.3.2. Âmbito extrajudicial vs. Judicial

5.3.2.1. Âmbito extrajudicial (Art. 1.210 – CC)

Sem o poder judiciário. Ocorre através da autotutela/legítima defesa. Neste caso, tem-se os mesmos
requisitos da legítimas defesa penal, ou seja:

I. Deve ocorrer no momento exato em que se está violando a posse;

II. Não se ultrapassar a força necessária para cessar a violação.

É denominada como desforço incontinenti ou desforço imediato.

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e
segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.

§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que
o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou
restituição da posse.

§ 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a
coisa.

5.3.2.2. Âmbito judicial

No poder judiciário, ou seja, as ações possessórias¹.

(1) Ações possessórias (Juízo possessório1.1): Subdividem-se em:

(1.1) Juízo possessório (Jus Possidendi): Qualquer um que tem a posse pode comparecer em juízo. Contrário
ao Juízo petitório(1.1.1).

(1.1.1) Juízo petitório (Jus Possessionis): Somente quem tem a propriedade pode comparecer juízo.

Ex. Demolitória;

Divisória;

Extinção de condomínio.

OCORRE SE FRUSTRADA A TENTATIVA DE RECUPERAÇÃO DA POSSE NO ÂMBITO EXTRAJUDICIAL.

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5.3.2.2.1. Procedimento (CPC)

Somente poderá seguir o procedimento especial quando a ação possessória por ajuizada há menos de 1 ano e
1 dia da agressão da posse.

Caso o procedimento especial seja seguido, poder-se-á obter liminar¹ (ação possessória de força nova).

Se, por outro lado, adotado o procedimento comum, não se poderá obter liminar¹.

(1) Liminar: antecipação de provimento(1.1).

a) Cautelar: Visa resguardar o resultado final útil do processo, ou seja, evitar o perecimento do objeto da lide.
Devem ser demonstrados dois requisitos:

I. Expectativa de direito (fumus boni iuris);

II. Perigo na demora (Periculum in mora).

É de interesse de ambas as partes, como também do magistrado.

b) Do mérito: Também conhecida como antecipação de tutela. Antecipa-se a decisão final do processo, ou
seja, seu mérito. Tem como requisitos:

I. Verossimilhança das alegações;

II. Prova inequívoca;

III. Reversibilidade do provimento/medida.

É de interesse única e somente do autor.

(1.1) Provimento: Qualquer providência que pode ser tomada durante o processo.

5.3.2.2.2. Típicas e Atípicas

a) Típicas: Estão tipificadas em um capítulo específico no Código de Processo Civil (Arts. 920 e seguintes).

Ex. Interdito proibitório;

Manutenção da posse;

Reintegração da posse.

b) Atípicos: São todas as ações possessórias que exigem posse do seu titular. “Aquelas que estão espalhadas,
sem ordem, no Código de Processo Civil.”

Ex. Embargos de terceiros senhor possuidor;

Nunciação de obra nova – condomínio no qual o condômino começou a mexer na área comum.

Direito de vizinhança.

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IMPORTANTE:

Em ações possessórias, retirar a posse do atual possuidor e entregá-la ao possível antigo possuidor é
considerada como ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.

Para obter sucesso na antecipação de tutela, recomenda-se pedir a realização da Audiência de


Justificação Prévia¹:

(1) Audiência de Justificação Prévia: Aquela na qual são reforçadas as provas do autor a fim de que este
comprove o direito à concessão da antecipação da tutela. É nesta que ocorre a oitiva das testemunhas
arroladas pelo autor para este fim.

Se deferida, ou não, a antecipação de tutela, a partir deste momento será adotado o procedimento
comum ordinário.

Nota:

- Definição do procedimento a ser adotado na ação:

Através da exclusão, definir-se-á o procedimento. Deve-se partir dos procedimentos especiais e, por fim, caso
não se trate dos demais procedimentos, adotar-se-á o procedimento comum ordinário.

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23/08/13
IMPORTANTE:

O interdito proibitório segue o procedimento especial, não se adequando à regra de 1 ano e 1 dia,
por se tratar de AMEAÇA à posse, sendo esta sempre iminente. Portanto, contra esta iminência
permanente, a qualquer hora se pode pedir liminar.

5.3.2.2.3. Características das ações possessórias

5.3.2.2.3.1. Fungibilidade dos Interditos (Art. 920)

Art. 920 - A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido
e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos requisitos estejam provados.

- Interpretação:

Tendo em vista a divergência no que se refere à definição se houve esbulho ou turbação da posse, define o
artigo que o magistrado deverá conhecer da ação possessória ajuizada erroneamente.

Como também:

“Diante do disposto no artigo 920 do Código de Processo Civil, admite-se a conversibilidade dos interditos, o
juiz pode outorgar proteção possessória que seja adequada ao caso concreto, cujos requisitos estejam
presentes embora o autor tenha formulado um pedido diverso.

A ideia é permitir a concessão da tutela pertinente e idônea diante da possibilidade de alteração do estado de
fato no curso da lide.”

5.3.2.2.3.2. Cumulação de pedidos (Art. 921)

Art. 921. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de:

I - condenação em perdas e danos;

Il - cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho; (IMPORTANTE)

III - desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse.

- Interpretação:

Ao pedido possessório podem ser cumulados outros pedidos, sendo estes:

a) Condenação em perdas e danos;

b) Cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho; (IMPORTANTE) – Este pedido tem como
fundamento as astreintes do direito francês.

c) Desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse.

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5.3.2.2.3.3. Pedido Contraposto/NATUREZA DÚPLICE DA AÇÃO POSSESSÓRIA/Actio duplex (Art. 922)

Art. 922 - É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção
possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.

- Interpretação:

Em peculiar disposição, o art. 922 faculta ao réu de ação possessória contrapor, na própria contestação,
pedidos ao demandante. Ao mesmo tempo em que se defende do alegado, pode aquele que foi demandado
na condição de ofensor da posse redarguir que foi ele próprio o ofendido em sua posse, dirigindo contra o
autor pedidos de proteção possessória e de indenização.

Esta contraposição é denominada pedido contraposto¹.

(1) Pedido Contraposto: A reconvenção pode ser feita na própria peça contestatória, sendo esta denominada,
neste caso, de pedido contraposto. Todavia, em regra, deve-se fazer a reconvenção, sendo o pedido
contraposto, em contrapartida, permitido em casos excepcionais.

5.3.2.2.3.4. Art. 923 do CPC + Art. 1210, §2º do CC e Súmula 487 do STF

- Exceção de domínio/exceptio proprietatis

Art. 923. Na pendência do processo possessório, é defeso, assim ao autor como ao réu, intentar a ação de
reconhecimento do domínio.

- Interpretação:

É vedado ingresso de outra ação enquanto estiver em curso ação possessória. Eventuais alegações poderão ser
apresentadas na contestação. Todavia, a sentença proferida pelo magistrado, se reconhecidas tais alegações,
valerá apenas como indeferimento do pedido do autor, devendo, portanto, ser ajuizada nova ação para que as
alegações sejam reconhecidas em juízo.

Ex. Alegações de usucapião.

Art. 1.210

§2º Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre
a coisa.

- Interpretação:

Numa ação possessória, o réu não pode apresentar como defesa o fato de que é dono, tendo em vista que a
propriedade não pode impedir o exercício da posse.

STF Súmula nº 487 - 03/12/1969 - DJ de 10/12/1969, p. 5930; DJ de 11/12/1969, p. 5946; DJ de 12/12/1969, p.


5994.

Direito de Posse - Disputa com Base no Domínio

Será deferida a posse a quem, evidentemente, tiver o domínio, se com base neste for ela disputada.

- Interpretação:

Será deferida a posse a quem for dono se com base no domínio, ou seja, na propriedade, a posse for
disputada.

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5.3.2.2.3.5. Sentença mandamental

A sentença de uma ação possessória NÃO DEPENDE DE EXECUÇÃO.

Todavia, se a sentença condenar ao réu a valores como, por exemplo, indenização, caso este não pague,
caberá a propositura da execução.

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27/08/13 (Atividade em sala)


1) Jose possui um imóvel no município de Vespasiano que está vazio. Seu primo Antônio
encontra-se desempregado passando necessidades em Belo Horizonte, Jose então oferece
seu imóvel a Antônio.

Antônio se muda para Vespasiano e ao chegar naquele imóvel procede com algumas
benfeitorias:

- 1 troca o telhado que estava caindo - benfeitoria necessária;

- Pinta as paredes externas - benfeitoria útil;

- E constrói um galinheiro para criar patos - benfeitoria voluptuária.

15 dias depois de ingressar no imóvel Antônio e surpreendido por um mandato de


reintegração de posse em ação manejada pelo município de Vespasiano, sobre o
fundamento de que aquela área se trata de reserva ambiental.

A petição inicial veio acompanhada de procuração outorgada pelo município de


Vespasiano, mas no nome de sua pessoa natural senhor prefeito Carlos Murta.

Elabore a defesa a ser apresentada.

Inicialmente, verifica-se no caso em análise a ilegitimidade do prefeito para figurar no pólo ativo da
ação. Apesar do prefeito ser o governante/gestor do município, não pode, em nome próprio,
pleitear direito alheio. Ademais, constata-se a inexistência de interesse de agir, pois a competência
em questão pertence ao Ministério Público e não ao município de Vespasiano, vez que é atribuição
desse atuar como fiscalizar a proteção e conservação ambiental, bem como daqueles que têm a
posse de propriedades que abarcam áreas de reserva ambiental. Desta forma, a ação deve ser
extinta sem resolução de mérito, nos termos do artigo 267, VI do Código de Processo Civil.

Por fim, cabe ressaltar que não cabe a reintegração de posse, tendo em vista que, eventuais
transgressões às normas ambientais, ainda que não evidentes no caso em questão, não acarretam
na perda da posse do imóvel.

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- Correção:

I. Preliminarmente:

a) Procuração: Verifica-se defeito de representação, pois a procuração deveria ter sido feito por instrumento
público, devendo ter anexa a ata de posse do município;

b) Carência de ação - Falta de interesse processual: Justificado pelo fato de o município jamais ter tido a
posse, como também eventuais transgressões às normas ambientais, ainda que não evidentes no caso em
questão, não acarretam na perda da posse do imóvel;

c) Carência de ação – ilegitimidade ativa: O município nunca teve a posse;

d) Carência de ação – ilegitimidade passiva: O réu é mero detentor.

e) Da nomeação à autoria (Art. 70 – CPC)

2) Cristiane e Marília são vizinhos a mais de 20 anos separando os imóveis de ambos


existe um muro divisório que já está ali a mais tempo que isso na semana passada Marília
descobriu que aquele muro estava avançando em seu lote em 12m² (360m² totais). Diante
disto, Marília procurou instrução com o seu advogado Edson sobre o que poderia fazer.

Dr. Edson instruiu então, que por ter tomado conhecimento de tal invasão neste
momento poderia se valer do parágrafo 1 do art. 1210 Código Civil e demolir aquele muro.

E assim Marília o fez.

a) Marília agiu com acerto? Fundamente.

NÃO. Marina somente poderia se valer da autotutela se a construção do muro fosse atual. No caso
exemplificado o muro estava construído e já existia ali há mais de vinte anos. Com essas
considerações, a legítima defesa da posse é inaplicável.

b) Na sua opinião qual seria a instrução deveria ser dada a Marília. Fundamente.

Inicialmente alertaria Marina para a possibilidade de não ser logrado êxito na ação, já que Cristiano
encontra-se de posse da área há mais de vinte anos, de forma mansa, pacífica e ininterrupta,
podendo, inclusive, pleitear a usucapião de tal área.

No entanto, estando Mirna disposta a interpor a ação e, como defensor de seus interesses,
aconselhar-lhe-ia a ingressar em Juízo com pedido de reintegração de posse da área invadida e
desfazimento da obra, uma vez que o muro pode ser facilmente demolido e construído outro no
local adequado, levando-se em consideração que seu valor é menor que o da área invadida.
Alternativamente, se assim não entender o Juiz, que lhe sejam pagos o valor correspondente da área
invadida e a desvalorização à área remanescente.

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c) Diante dessa situação imposta por Marília o que cabe a Cristiano fazer? Fundamente.

Cristiano alegará em sua defesa que se encontra na posse do imóvel há mais de 20 anos, sendo que
sua posse é mansa, pacífica e ininterrupta, motivo pelo qual, não só é possuidor como também é o
real proprietário do imóvel, inclusive preenchendo os requisitos para confirmar sua propriedade
pela usucapião. Deverá Cristiano, ainda, apresentar pedido contraposto quando de sua contestação
de interdito proibitório, requerendo que seja julgado improcedente o pedido formulado por Mirna e
julgado procedente o seu pedido para declará-lo legítimo possuidor do imóvel e que se faça cessar a
ameaça perpetrada por Mirna.

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03/09/13

Ø Propriedade

1. Evolução histórica

1.1. Primórdios

Antigamente, as relações familiares não se davam de forma monogâmica.

Todavia, a partir do momento em que a célula familiar foi diminuindo, tendo em vista que a mulher
não mais se prestou às relações poligâmicas, selecionando seus parceiros.

Destarte, a monogamia cria a necessidade de que o homem se estabelecesse em locais


determinados e não viver de forma nômade.

A partir de então, o homem não conta com grande ajuda na colheita, caça e afins. Daí o homem
passa a aprender novas técnicas de plantio, caça, etc.

A relação do homem com a terra vai tomando um viés de sacralidade, passando este a utilizá-la não
só para sua subsistência, como também para cultuar seus deuses.

1.2. Império romano

Tanto que, no império romano, a propriedade passa a ser o local em que o homem tem contato com
seus deuses, pois era nesta em que estes enterravam seus deuses.

Começa-se haver o confronto entre os proprietários das terras e o imperador romano. Com a adoção
do cristianismo, a propriedade perde seu caráter sacro. Todavia, a propriedade, naquela época, era
um quesito de cidadania.

“Somente os proprietários poderiam ter acesso ao parlamento, ou seja, votar e serem votados.”

O parlamento faz de tudo para que a propriedade seja mantida.

Assim, o caráter sacro da propriedade cai, todavia, seu caráter político se fortalece.

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1.3. Feudalismo, Estados Nacionais e Revolução Francesa

A base do sistema feudal era a propriedade, pois o senhor feudal era o proprietário de uma extensa
área de terra, exercendo seu poder com base nesta.

A segurança, por exemplo, era fornecida pelo senhor feudal, como também a produção de todo um
dia era destinada a este.

A conquista de outros feitos se davam ou por guerras ou por casamentos arranjados.

Os vassalos dos feudos então descobriram que o trabalho organizado era muito mais produtivo que
o trabalho isolado, o que acarreta no surgimento das corporações de ofício.

Assim, os moradores dos burgos, os burgueses começam a fazer dinheiro e, em alguns casos, passam
a ter mais dinheiro que o senhor feudal, haja vista o fato de que o senhor feudal geralmente entrava
em guerras.

Deste modo, o senhor feudal passa a pagar os burgueses com suas terras e o burguês passa a aceitar
as terras do senhor feudal por perceber que o maior interesse do monarca era a terra, pois o que
marcava o tamanho e poder de um estado era sua extensão territorial.

Neste meio surgem os Estados Nacionais e a burguesia expande seu poderio, tendo em vista que
detinha o poder da força de trabalho, fato este que acarreta na revolução francesa e todos seus
desdobramentos já estudados anteriormente.

1.4. Brasil

1.4.1. Código Civil de 1916

No Brasil, toda esta ideia seja com certo atraso. Quando a república é proclamada em 1889, ordena-se a
revogação das leis imperialistas e criação das leis republicanas.

Nasce então primeiro Código Civil Brasileiro em 1916 que mencionava expressamente a propriedade em seu
artigo 524¹.

(1) Código Civil de 1916 - Art. 524. A lei assegura ao proprietário o direito de usar, gozar e dispor de seus
bens, e de reavê-los do poder de quem quer que injustamente os possua.

Todo o Código era edificado de forma a proteger a propriedade privada.

Nota:

O contrato nada mais era do que a propriedade em movimento, tendo em vista que esta, em si, é
estática.

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1.4.2. Do Código Civil de 1916 ao de 2002

Todavia, em torno da década de 50, esta estrutura em torno da propriedade privada se mostra perigosa, tendo
em vista os abusos do proprietário e a exploração do trabalho dos proletários.

Então, começa-se a falar da função social da propriedade. Assim, a propriedade continua sendo um direito,
todavia passa a ter LIMITES.

“A propriedade é garantida, todavia deve ter uma função social².”

O Estado garante a propriedade ao particular, porém este tem obrigação a uma contraprestação, ou seja, não
deve prejudicar a coletividade.

(2) Função social da propriedade: A propriedade deve trazer benefícios não somente ao particular, como
também a toda a coletividade.

Ex. Um armazém no qual funciona um negócio beneficia tanto seu proprietário quanto seus empregados.

1.4.3. Código Civil de 2002

O Código Civil de 2002, em seu artigo 1.328³, atualiza então o resguardo da propriedade.

(3) Código Civil de 2002 - Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o
direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

§ 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais
e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as
belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar
e das águas.

(Thâmara Laís) Interpretação §1º

Imposição de caráter econômico, social, histórico, artístico e ambiental.

§ 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam
animados pela intenção de prejudicar outrem.

- Interpretação §2º:

São defesos os atos emulativos¹.

(1) Atos emulativos: São aqueles praticados que não trazem benefício próprio e são destinados a prejudicar
terceiros.

§ 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade
pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público iminente.

(Rebeca Ribeiro) - Interpretação §3º:

Utilidade/necessidade pública – Requisição ação iminente.

Ex. Escola pública utilizada para abrigar famílias que perderam casa na enchente.

(Thâmara Laís) O Estado poderá intervir na propriedade privada em caso de utilidade/necessidade pública e
requisição em caso de perigo iminente.

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§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na
posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela
houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse
social e econômico relevante.

(Rebeca Ribeiro) – Interpretação §4º

“O samba do crioulo doido” (pág 74 – livro Stanley)

Parece, mas não se trata de usucapião coletivo (Art. 10 – Lei 10.257/01), pois é fixada indenização no §5º.

§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço,
valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.

(Rebeca Ribeiro) – Interpretação §5º

Mostra que é desapropriação, pois a pessoa recebe indenização.

(Rebeca Ribeiro) – Considerações gerais:

São §§ parágrafos inconstitucionais. “Extensa área” e “considerável número de pessoas” são expressões
vazias. Além disso, juiz de direito não tem competência funcional para dizer o que é de interesse social e
econômico. Somente o poder executivo tem competência para fazer desapropriação. Não há como provar a
boa-fé do grande número de pessoas que se apropriou. Ademais, não se sabe ao certo quais seriam os critérios
para se aplicar uma justa indenização.

Por fim, os §§ 4º e 5º são utilizados como matéria de defesa numa ação reivindicatória.

(Thâmara Laís) Possibilidade de indenização pela perda – ação reivindicatória.

Usucapião expropriativo – INCONSTITUCIONAL

Utilização de expressões vagas: extensa área, considerável número de pessoas.

Juiz não tem competência para declaratória e declaratória constitutiva.

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06/09/13 (Rebeca Ribeiro & Thâmara Laís)


2. Abrangência (Art. 1229 e 1230)

2.1. Art. 1.229

Propriedade se estende a altura e a propriedade que a envolvem.

- Limite: Vontade do dono (interesse) e alguns municípios com mais de 20 mil pessoas possuem
plano diretor que restringe algumas construções.

Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e
profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam realizadas,
por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.

2.2. Art. 1230

Propriedade não abriga jazidas, minas, recursos minerais, energia hidráulica, etc.

Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais de
energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.

Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na
construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.

IMPORTANTE:

Estudar o artigo 1.233 – Formas de aquisição da propriedade móvel – Da descoberta - e seguintes


juntamente com os Arts. 1.263 e seguintes.

3. Formas de aquisição da propriedade imobiliária (Pág. 80 – Livro Stanley)

a) Transcrição – Registro (Art. 1245 e seguintes)

b) Direito Hereditário – Estudado no Direito das Sucessões

c) Usucapião – Através da posse

d) Acessões – (Art. 1248 e seguintes)

I. Formação de ilhas

II. Abandono de álveo (buraco)

III. Aluvião

IV. Avulsão

V. Construções e plantações

- Crítica

Transcrição, pois é um ato administrativo (registro) para ser proprietário do imóvel.

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3.1. Transcrição - Registro

Não é meio de aquisição. É ato administrativo obrigatório para transferir/ultimar a propriedade de


imóveis.

3.2. Direito Hereditário

Não automático – inventário.

Assunto do Direito das Sucessões.

Nota:

- Tradição (Art. 1.226)

(1) Tradição: Entrega espontânea da coisa para adquirir bem móvel.

Carros e bens móveis necessitam da TRADIÇÃO para que a propriedade se aperfeiçoe.

A alienação (compra e venda, doação e afins) é a forma mais tradicional de se adquirir a


propriedade.

Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só
se adquirem com a tradição.

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Rafael Barreto Ramos
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09/09/13 (Rebeca Ribeiro & Thâmara Laís) & 10/09/13


3.4. Usucapião¹

(1) Usucapião: Surge como forma de aquisição da propriedade pelo uso contínuo da terra. Forma
ORIGINÁRIA³ de aquisição.


- Prescrição² aquisitiva: Nomenclatura referente a usucapião alegado em defesa.

(2) Prescrição: Perda do direito.

(3) Originária: ninguém te fornece. Você adquire com suas próprias mãos.

- Ano de 1808: Vinda da família real para o Brasil. Há uma distribuição de terras brasileiras.
Inicialmente, o Brasil teve suas terras ocupadas de maneira originária.

Usucapião

Código Civil de 1916 (Pág. 88)

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Código Civil de 2002 (Arts. 1.238 a 1.242)

Obs.: Em 2012 passou a existir mais uma modalidade de usucapião: Usucapião conjugal.

Modalidade Tempo Justo Boa-fé Limitações


título

Extraordinário 15 anos
Não exige Não exige Sem restrições
- Para fins de
moradia - 10 anos
(Art. 1238 – CC)

Ordinário 10 anos
Exige Exige Sem restrições
- Para fins de
moradia - 5 anos

Constitucional 1. Não ter outro imóvel


rural¹ 5 anos Não exige Não exige 2. Área rural de até 50 hectares
3. Utilizar como sua moradia e tirar dali o
seu sustento
(art. 191 – CR e
1.239 CC)

Constitucional 5 anos Não exige Não exige 1. Área urbana de até 250m²
Urbana¹ 2. Não ter outro imóvel urbano ou rural
3. Utilizar como sua moradia
(Art.183 – CR e
1.240 CC e 9º
EC)

1. Área urbana superior a 250 m²


2. Ocupada por população de baixa renda
Coletivo² 5 anos Não exige Não exige 3. Utilização como sua moradia
4. Impossibilidade de se identificar os
terrenos ocupados por cada possuidor
(Art. 10 EC)
5. Possuidores não serem donos de outro
imóvel urbano ou rural

1. Já ser proprietário de metade do imóvel


que dividia com ex-marido ou ex-
companheiro, que tenha abandonado o lar;
2. Exercer posse direta com exclusividade
Conjugal ou
2 anos Não exige Não exige sobre o referido imóvel;
familiar - O referido imóvel deve ser de até 250m²
3. Não ter outro imóvel urbano ou rural;
4. Utilizá-lo como moradia da família

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(1) Usucapião Constitucional Urbano e Rural: Modalidades Constitucionais denominadas como Pro-mísero.

(2) Usucapião Coletivo: Previsto no Estatuto da Cidade – Lei 10.257/01

(3) Usucapião Conjugal ou Familiar: Tem como objetivo proteger o cônjuge mais frágil e não o
reconhecimento da propriedade.

Nota:

- Praescriptio = Prescrição

- Traditio = Tradição Palavras do gênero feminino

- Mancipatio = Emancipação

- Usucapio = Usucapião

Código Civil

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel,
adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o
declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido
no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.

Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos
ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a
produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por
cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o
domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos,


independentemente do estado civil.

§ 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com
exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade
divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua
família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
(Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)

§ 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)

Art. 1.241. Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada adquirida, mediante usucapião, a propriedade
imóvel.

Parágrafo único. A declaração obtida na forma deste artigo constituirá título hábil para o registro no Cartório
de Registro de Imóveis.

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Art. 1.242. Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, com justo
título e boa-fé, o possuir por dez anos.

Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido,
onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde que
os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e
econômico.

Art. 1.243. O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido pelos artigos antecedentes, acrescentar à
sua posse a dos seus antecessores (art. 1.207), contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos do
art. 1.242, com justo título e de boa-fé.

Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem
ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião.

Estatuto da cidade

Art. 9o Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de até duzentos e cinqüenta metros
quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua
família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1o O título de domínio será conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado


civil.

§ 2o O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

§ 3o Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, a posse de seu antecessor,
desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão.

Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por população de
baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível
identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente,
desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu
antecessor, contanto que ambas sejam contínuas.

§ 2o A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá
de título para registro no cartório de registro de imóveis.

§ 3o Na sentença, o juiz atribuirá igual fração ideal de terreno a cada possuidor, independentemente da
dimensão do terreno que cada um ocupe, salvo hipótese de acordo escrito entre os condôminos,
estabelecendo frações ideais diferenciadas.

§ 4o O condomínio especial constituído é indivisível, não sendo passível de extinção, salvo deliberação
favorável tomada por, no mínimo, dois terços dos condôminos, no caso de execução de urbanização posterior
à constituição do condomínio.

§ 5o As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por maioria de votos dos
condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou ausentes.

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Constituição Federal

Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco
anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o
domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

§ 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos,


independentemente do estado civil.

§ 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos
ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a
produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

3.5. Acessões¹

(1) Acessões: Acréscimos

3.5.1. Abandono de Álveo

Considera-se que as áreas correspondentes ao abandono de álveo pertencem aos proprietários das
respectivas testadas¹ até o meio do rio.

(1) Testada: área da propriedade que corresponde à margem do rio.

(Rebeca Ribeiro) 1º procedimento: Linha imaginária no meio do rio.

2º Procedimento: Alongar a linha da propriedade até a metade do rio (linha divisória imaginária).

3.5.2. Formação de Ilha¹

(1) Ilha: Porção de terra rodeada por água em todos os lados.

As ilhas formadas no meio do rio pertencem aos proprietários ribeirinhos de ambas as margens
proporcionalmente às suas testadas.

(Rebeca Ribeiro) 1. No meio do rio (Art. 1249)

Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários
ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:

I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos
fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes
iguais;

II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos
ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado;

III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos
proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.

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2. Entre uma margem e uma metade: Pertencerão aos proprietários que fazem divisa com a margem.

3. Desmembramento de braço do rio: Proprietários são aqueles donos do terreno desconstituído pelo rio.

3.5.3. Aluvião

Acréscimo lento da propriedade.

(Rebeca Ribeiro) Quando a margem vai aumentando e forma um pedaço de terra. Será de propriedade do
dono da terra que faz margem com o rio até a divisa.

IMPORTANTE:

Abandono de álveo, formação de ilha e avulsão somente ocorrem na presença de rios/demandam a


presença de água/rio.

3.5.4. Avulsão

Acréscimo violento e repentino da propriedade.

(Rebeca Ribeiro) Quem recebe a terra vai decidir se quer ser proprietário ou não.

Tem que indenizar se quiser a terra ou permitir que a outra parte buque a terra para recompactar.

Se decorrer um ano sem manifestação, o proprietário do imóvel que recebeu a terra será dono sem ser
necessária a indenização.

3.5.5. Construções e plantações (Retirada da matéria da pág. 19)

- Construção: Aplica-se o princípio do Superficie Solo Cedit que, por sua vez, dispõe que “tudo que é feito na
superfície, adere ao solo”, ou seja, o que é feito no solo pertence ao proprietário.

Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua
custa, até que se prove o contrário.

Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais
alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e
danos, se agiu de má-fé.

Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as
sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização.

Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de
boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada
judicialmente, se não houver acordo.

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- Invasão parcial

Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior
à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da
construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área
perdida e a desvalorização da área remanescente.

Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire
a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção
exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a
construção.

Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste,
adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a
invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-
fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em
dobro.

- Má-fé recíproca

A má-fé recíproca é presumida quando o proprietário da coisa percebe que algo está sendo feito em sua
propriedade e não toma as devidas providências.

Neste caso, ambos perdem, pois quem construiu perderá o imóvel e o legítimo proprietário por ter que
indenizar.

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13/09/13 (Atividade em sala)


Ocupação, descoberta e achado de tesouro.

1. Explique o que é e como se dá a aquisição da propriedade móvel analisada pelo seu


grupo.

I. Ocupação

Apossamento de coisa sem dono.

Ocorre quando alguém se apossa de coisa que não tem dono, desde que não haja vedação legal à
ocupação do bem assenhorado.

Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa
ocupação defesa por lei.

II. Descoberta

Dar-se-á quando coisa móvel for achada com claros indícios de que fora ali esquecida por alguém
muito recentemente.

Eventual descobridor deverá restituí-la ao dono ou legítimo possuidor e, caso não o conheça, deverá
encontrá-lo e, caso não o encontre, deverá entregar a coisa achada à autoridade competente, que,
por sua vez, dará conhecimento da descoberta através da imprensa e outros meios de informação e,
caso seu valor comporte, somente expedirá editais.

Caso a coisa seja restituída, o descobridor terá direito a recompensa não inferior a 5% de seu valor,
indenização por despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa, caso o dono
não prefira abandoná-la.

Se decorridos 60 dias da divulgação pela autoridade competente o proprietário não se apresentar, a


coisa será vendida em hasta pública e, deduzidas do preço as despesas, mais recompensa do
descobridor, pertencerá o remanescente ao Município em cuja circunscrição foi encontrado o
objeto.

Ademais, caso a coisa tenha pequeno valor, o Município poderá abandonar a coisa em favor de
quem achou.

Em caso de dolo, o descobridor responderá por eventuais prejuízos causados ao proprietário ou


possuidor legítimo.

Por fim, a propriedade será adquirida se o proprietário da coisa descoberta não for encontrado e o
município, estado ou União não adjudicarem o bem.

Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor.

Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a
coisa achada à autoridade competente.

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Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá direito a uma
recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito com a
conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la.

Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa, considerar-se-á o esforço desenvolvido pelo


descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades que teria este de encontrar a
coisa e a situação econômica de ambos.

Art. 1.235. O descobridor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou possuidor legítimo, quando
tiver procedido com dolo.

Art. 1.236. A autoridade competente dará conhecimento da descoberta através da imprensa e outros meios
de informação, somente expedindo editais se o seu valor os comportar.

Art. 1.237. Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do edital, não se apresentando
quem comprove a propriedade sobre a coisa, será esta vendida em hasta pública e, deduzidas do preço as
despesas, mais a recompensa do descobridor, pertencerá o remanescente ao Município em cuja circunscrição
se deparou o objeto perdido.

Parágrafo único. Sendo de diminuto valor, poderá o Município abandonar a coisa em favor de quem a achou.

III. Achado de tesouro

Dá-se quando se encontra depósito antigo e oculto de coisas preciosas de cujo dono não haja
memória.

- Caso haja proprietário:

a) Permissão do proprietário: Será divido igualmente entre proprietário e quem, eventualmente, achar o
tesouro.

b) Não permissão do proprietário: O tesouro pertencerá inteiramente ao proprietário.

Em caso de pesquisa ordenada pelo proprietário, o tesouro pertencerá inteiramente ao proprietário.

- Em caso de bem enfitêutico:

O tesouro será divido entre o descobridor e o enfiteuta¹.

(1) Propriedade Enfitêutica: Quando alguém tem a propriedade, mas a posse é conferida perpetuamente a
terceiro.

Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a propriedade, não sendo essa
ocupação defesa por lei.

Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por
igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente.

Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado por ele, ou em pesquisa
que ordenou, ou por terceiro não autorizado.

Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido por igual entre o descobridor e o
enfiteuta, ou será deste por inteiro quando ele mesmo seja o descobridor.

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2. Dê 5 exemplos de ocorrência desta forma de aquisição (Correção)

- Apropriar-se de uma pepita de ouro – Ocupação;

- Achar um computador no lixo e utilizá-lo a partir de então – Ocupação;

- Achar um computador no ônibus – Descoberta;

- Achar um baú cheio de pedras preciosas enterrado no quintal – Achado de tesouro;

- Apropriar-se de um carro abandonado – Ocupação.

Especificação – Espécie nova (Rebeca Ribeiro)

1. Explique o que é e como se dá a aquisição da propriedade móvel analisada pelo seu


grupo.

Especificação é uma forma de aquisição da propriedade móvel que se dá por meio de um processo
de transformação de uma matéria prima alheia (mesmo que seja apenas em parte) em espécie nova.

Prevista nos artigos 1.269 a 1.271 do Código Civil.

Art. 1.269. Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova, desta será
proprietário, se não se puder restituir à forma anterior.

Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à forma precedente, será do especificador de
boa-fé a espécie nova.

§ 1o Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a espécie nova se obteve de má-fé, pertencerá ao
dono da matéria-prima.

§ 2o Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da escultura, escritura e outro qualquer
trabalho gráfico em relação à matéria-prima, a espécie nova será do especificador, se o seu valor exceder
consideravelmente o da matéria-prima.

Art. 1.271. Aos prejudicados, nas hipóteses dos arts. 1.269 e 1.270, se ressarcirá o dano que sofrerem, menos
ao especificador de má-fé, no caso do § 1o do artigo antecedente, quando irredutível a especificação.

2. Dê exemplos de ocorrência desta forma de aquisição.

- Transformar a matéria-prima alheia irreversivelmente.

Ex. Transformação de um bloco de granito em escultura.

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16/09/13 (PENDENTE)
IMPORTANTE:

- Usucapião de bem móvel:

O usucapião de bem móvel somente pode ser utilizado em matéria de DEFESA.

- Sentença de Usucapião

A doutrina majoritária define que a sentença de usucapião é apenas declaratória, pois esta somente vai
declarar um estado de fato.

Para o professor, trata-se de sentença declaratória constitutiva, pois, além de declarar, esta constitui o autor
como proprietário.

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17/09/13
4. Direitos de Vizinhança

4.1. Regra geral

No exercício da propriedade/posse não se pode fazer absolutamente nada em sua área que passe
para o vizinho.

O vizinho não tem que tolerar absolutamente nada do exercício da propriedade/posse alheia.

4.2. Direito de vizinhança & Ações possessórias

Os direitos de vizinhança são normas de direito material, ou seja, determinam “práticas do que se
pode fazer e do que não se pode fazer”.

As ações possessórias, por outro lado, são normas de direito processual que podem ser utilizadas
para garantir o direito de vizinhança.

4.3. Aplicáveis tanto aos proprietários quanto aos possuidores

Apesar de estarem elencados no capítulo de propriedade, os direitos de vizinhança também se


aplicam aos POSSUIDORES.

4.4. Código Civil de 1939 vs. Código Civil de 2002

4.4.1. Código Civil de 1939 – Ação de Dano Infecto

No Código de Processo Civil de 1939 havia uma ação específica para o Direito de Vizinhança denominada Ação
de Dano Infecto.

4.4.2. Código Civil de 2002 – Ação Possessória

Atualmente, todo aquele que tiver seu direito de vizinhança ofendido deverá entrar com ação possessória.

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4.5. Uso anormal da propriedade

CAPÍTULO V Dos Direitos de Vizinhança

Seção I Do Uso Anormal da Propriedade

Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências¹
prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade
vizinha.

Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização, a localização do


prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e os limites ordinários de tolerância dos
moradores da vizinhança.

(1) Interferências: As interferências não são as mesmas em todas as partes da cidade. O plano diretor
classificará as regiões da cidade em residencial, industrial, comercial. Os limites toleráveis de convivência
levarão em consideração a classificação da região. (Vide parágrafo único acima)

Art. 1.278. O direito a que se refere o artigo antecedente não prevalece quando as interferências forem
justificadas por interesse público, caso em que o proprietário ou o possuidor, causador delas, pagará ao
vizinho indenização cabal.

Art. 1.279. Ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as interferências, poderá o vizinho exigir a sua
redução, ou eliminação, quando estas se tornarem possíveis.

Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a demolição, ou a
reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste caução pelo dano iminente.

Art. 1.281. O proprietário ou o possuidor de um prédio, em que alguém tenha direito de fazer obras, pode, no
caso de dano iminente, exigir do autor delas as necessárias garantias contra o prejuízo eventual.

4.6. Árvores Limítrofes

Seção II Das Árvores Limítrofes

Art. 1.282. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum aos donos dos
prédios confinantes.

Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser cortados, até o
plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido.

Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se este for
de propriedade particular.

- Interpretação:

Se o fruto cair em propriedade particular, o proprietário da propriedade na qual a árvore está situada não terá
direito de exigir do vizinho.

Justifica-se pelo fato de que quando caule, haste que liga o fruto à propriedade na qual a árvore está situada,
se rompe, perde-se todo e qualquer vínculo com a mesma, passando o fruto, então, a pertencer ao vizinho.

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4.8. Passagem forçada

Seção III Da Passagem Forçada

Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante
pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente
fixado, se necessário.

§ 1o Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se prestar à passagem.

§ 2o Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso a via pública,
nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem.

§ 3o Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação, existia passagem
através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste constrangido, depois, a dar uma outra.

- Considerações:

Imóvel encravado é aquele que está na situação na qual não se tem acesso às vias públicas.

- Interpretação:

É direito ao proprietário ter acesso livre e tranquilo à sua propriedade. Caso não tenha, tem o DIREITO de pedir
aos vizinhos a passagem a esta propriedade. Caso estes se recusem, pode este pedir em juízo a constituição da
passagem.

Será nomeado perito para que seja definida a forma menos gravosa de constituição da referida passagem. A
passagem será indenizada ao dono do imóvel na qual esta for constituída pelo dono do imóvel encravado,
denominada como passagem forçada.

O dono da propriedade na qual a passagem for constituída não perderá a propriedade sobre a parcela de gleba
em questão.

Será sempre ONEROSA.

Não depende da anuência do proprietário na qual a propriedade será constituída.

IMPORTANTE:

NÃO CONFUNDIR PASSAGEM FORÇADA COM SERVIDÃO DE PASSAGEM¹.

(1) Servidão de passagem: Quando um imóvel já tem acesso à via pública, todavia seu proprietário percebe
que, utilizando o terreno do vizinho, terá um acesso mais facilitado/cômodo à referida via.

NO CASO DE SERVIDÃO DE PASSAGEM O IMÓVEL EM QUESTÃO NÃO É ENCRAVADO. Deverá haver a


ANUÊNCIA do vizinho.

Poderá ser onerosa ou gratuita.

NÃO SE TRATA DE DIREITO DE VIZINHANÇA, sendo considerado como Direito Real de Fruição.

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Nota (Geraldo Jardim Murta):

- A nossa legislação contém 3 teorias de condomínio:

1) Condomínio especial, horizontal, edilício ou em edificações: É aquele em que o direito de propriedade está
no mesmo plano, ou seja, o direito está no mesmo plano. Por isso é denominado como horizontal.

2) Voluntário: É aquele em que existe enquanto for da vontade dos condôminos. É voluntário porque
enquanto quiserem serão sócios na propriedade, ou seja, está ligada à continuidade ou não da sociedade.

(Rafael Barreto) Aquele condomínio que irá persistir enquanto for da vontade dos condôminos.

3) Necessário: É aquele que recai sobre direitos divisórios como, por exemplo, muros ou obras.

Ex. O muro que divide o lote é de cada um dos proprietários dos respectivos lotes.

(Rafael Barreto) Aquele que recai sobre obras divisórias/muros divisórios. O muro divisório entre duas
propriedades é considerado como um condomínio, ou seja, ele pertence aos dois vizinhos contíguos.

Se a construção não existisse, haveria a confusão de propriedade.

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Rafael Barreto Ramos
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28/09/13
4.9. Dos limites entre prédios e do direito de tapagem

Seção VI Dos Limites entre Prédios e do Direito de Tapagem¹

(1) Direito de tapagem: Direito de murar, tapar, fechar.

Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o seu prédio, urbano
ou rural, e pode constranger¹ o seu confinante a proceder com ele à demarcação entre os dois prédios, a
aviventar rumos apagados e a renovar marcos destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente
entre os interessados as respectivas despesas.

(1) Constranger: Obrigar

§ 1o Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercas de arame ou de
madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em contrário, pertencer a ambos os proprietários
confinantes, sendo estes obrigados, de conformidade com os costumes da localidade, a concorrer, em partes
iguais, para as despesas de sua construção e conservação.

§ 2o As sebes vivas, as árvores, ou plantas quaisquer, que servem de marco divisório, só podem ser cortadas,
ou arrancadas, de comum acordo entre proprietários.

§ 3o A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de pequeno porte, ou para outro
fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado a
concorrer para as despesas.

O direito de travejar¹ a divisória, em caso de muro, vai somente até a metade do tijolo.

(1) Travejar: utilizar para determinado fim.

A instalação de cerca elétrica será de custo exclusivo do proprietário que instalá-la.

Art. 1.298. Sendo confusos, os limites, em falta de outro meio, se determinarão de conformidade com a posse
justa; e, não se achando ela provada, o terreno contestado se dividirá por partes iguais entre os prédios, ou,
não sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a um deles, mediante indenização ao outro.

4.10. Do direito de construir

Seção VII Do Direito de Construir

Cada proprietário poderá altear o muro divisor da propriedade como bem entender, todavia deverá
pagar pelo mesmo.

Como o muro não tinha condições de ser alteado, pode

Art. 1.299. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o
direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.

O proprietário pode fazer o que ele quiser, desde que respeitados os direitos de vizinhança e os
regulamentos administrativos.

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Rafael Barreto Ramos
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Art. 1.300. O proprietário construirá de maneira que o seu prédio não despeje águas, diretamente,
sobre o prédio vizinho.

Tudo o que for feito em determinada propriedade deve ficar restrita à mesma, não devendo invadir
a propriedade vizinha.

Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio do
terreno vizinho.

A distância de janela diretamente virada para o lote vizinho, eirado, terraço ou varanda deverá ser
de 1 metro e meio do lote vizinho.

Se desrespeitada esta regra, deverá o proprietário do lote vizinho ajuizar ação demolitória em 1 ano
e 1 dia. Todavia, se passado este 1 ano e 1 dia, o proprietário do lote vizinho perderá o direito e
também terá o dever de não construir nada a 1,5 metro da janela, eirado, terraço ou varanda
construídos pelo vizinho.

§ 1o As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as perpendiculares, não
poderão ser abertas a menos de setenta e cinco centímetros.

As janelas que não estiverem diretamente viradas para o lote vizinho e as perpendiculares, deverão
estar a 75 centímetros

§ 2o As disposições deste artigo não abrangem as aberturas para luz ou ventilação, não maiores de
dez centímetros de largura sobre vinte de comprimento e construídas a mais de dois metros de
altura de cada piso.

Em locais fechados, é admitida a construção de “óculos para luz” que são aberturas de 10 cm de
largura por 20 de comprimento construídas a mais de dois metros de altura de cada piso.

Art. 1.302. O proprietário pode, no lapso de ano e dia após a conclusão da obra, exigir que se
desfaça janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio; escoado o prazo, não poderá, por
sua vez, edificar sem atender ao disposto no artigo antecedente, nem impedir, ou dificultar, o
escoamento das águas da goteira, com prejuízo para o prédio vizinho.

Parágrafo único. Em se tratando de vãos, ou aberturas para luz, seja qual for a quantidade, altura
e disposição, o vizinho poderá, a todo tempo, levantar a sua edificação, ou contramuro, ainda que
lhes vede a claridade.

Art. 1.303. Na zona rural, não será permitido levantar edificações a menos de três metros do
terreno vizinho.

Art. 1.304. Nas cidades, vilas e povoados cuja edificação estiver adstrita a alinhamento, o dono de
um terreno pode nele edificar, madeirando na parede divisória do prédio contíguo, se ela suportar
a nova construção; mas terá de embolsar ao vizinho metade do valor da parede e do chão
correspondentes.

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Art. 1.305. O confinante, que primeiro construir, pode assentar a parede divisória até meia
espessura no terreno contíguo, sem perder por isso o direito a haver meio valor dela se o vizinho a
travejar, caso em que o primeiro fixará a largura e a profundidade do alicerce.

Parágrafo único. Se a parede divisória pertencer a um dos vizinhos, e não tiver capacidade para ser
travejada pelo outro, não poderá este fazer-lhe alicerce ao pé sem prestar caução àquele, pelo
risco a que expõe a construção anterior.

Art. 1.306. O condômino da parede-meia pode utilizá-la até ao meio da espessura, não pondo em
risco a segurança ou a separação dos dois prédios, e avisando previamente o outro condômino das
obras que ali tenciona fazer; não pode sem consentimento do outro, fazer, na parede-meia,
armários, ou

Art. 1.307. Qualquer dos confinantes pode altear a parede divisória, se necessário reconstruindo-
a, para suportar o alteamento; arcará com todas as despesas, inclusive de conservação, ou com
metade, se o vizinho adquirir meação também na parte aumentada.

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30/09/13

Ø Direitos reais sobre coisas alheias

1. Conceito

Consiste no desmembramento da propriedade plena1 em posse direta e indireta via constituto


possessório².

(1) Propriedade plena: Abrange o uso, gozo, fruição, disposição e reinvidicação do bem.

(2) Constituto Possessório: Desmembramento da em posse direta em indireta, como também a junção das
mesmas.

Após o desmembramento, será o proprietário aquele que dispor e reivindicar o bem.

IMPORTANTE:

TODOS OS DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS DEVEM SER REGISTRADOS EM CARTÓRIO,
INDEPENDENTEMENTE DE SER SOBRE BEM MÓVEL OU IMÓVEL.

Ademais, para que se tais direitos, dever-se-á haver o cancelamento.

“Enquanto não faz o registro, não há o desmembramento da propriedade. Por outro lado, enquanto
não realizado o cancelamento do registro, o direito real sobre coisa alheia perdurará.”

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2. Espécies

2.1. Direito real e fruição

Tem por fim assegurar a alguém que se não seja proprietário, utilizar-se do bem em fruição.

A posse direta sempre ficará com quem exerce a fruição.

2.1.1. Usufruto

Quem tem o direito real de usufruto do bem é o usufrutuário e quem cedeu a propriedade é o nú-
proprietário.

PODE-SE CONSTITUIR USUFRUTO, ATÉ O MESMO O VITALÍCIO, EM QUALQUER PESSOA, não devendo
esta ser, necessariamente, parente.

Não poderá ser disposto, ou seja, é PERSONALÍSSIMO.

Ex. Em uma família, o marido morre. A esposa, então, doa todo seu patrimônio aos filhos, todavia
constitui usufruto vitalício em prol de si mesma, ou seja, enquanto viver, vai ser usufrutuária de seu
patrimônio.

2.2. Direitos reais de garantia

Quando um bem é transmitido ao credor em garantia de uma obrigação.

A posse direta dependerá do caso concreto em questão.

Ex. Alienação fiduciária à Apesar de se estar com carro, este pertencerá temporariamente ao banco.

2.2.1. Alienação fiduciária

Credor fiduciante: proprietário – posse indireta.

Devedor fiduciário: posse direta.

2.2.2. Penhor

No penhor, há uma inversão em relação à propriedade. Veja:

A instituição financeira

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2.3. Diferenças direito de fruição e direito de garantia

I. Quanto à finalidade

A finalidade do direito de fruição é assegurar a terceira pessoa que não seja proprietário usar, fruir, gozar da
coisa como se proprietário fosse.

A finalidade do direito de garantia é fazer com que determinado bem do patrimônio do devedor possa ser
cedido ao credor no decorrer do pagamento de uma dívida.

II. Constituição

Sobre o mesmo bem, pode-se constituir diversos direitos reais de fruição. É justificável pelo fato de que o
usufruto não consumirá o bem, pois o usufrutuário deverá restituir o bem ao fim do usufruto.

Em contrapartida, um bem somente pode ser dado/prestado em garantia real uma única vez, tendo em vista
que, em caso de inadimplência, o bem será alienado.

- Exceção:

HIPOTECA.

IMPORTANTE:

SOMENTE O PROPRIETÁRIO TEM O PODER DE DISPOR E REINVIDICAR.

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01/10/13 (PENDENTE)

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04/10/13 (Atividade em sala)


1. Identifique o terreno enfitêutico.

Lotes 1 a 17 da quadra 69ª e 1 a 6 e 1 a 16 da quadra 71ª do bairro Granjas São João, em Betim.

2. Aponte quem são o senhorio direito e o enfiteuta.

Senhorio indireto é o município de Betim e enfiteuta H. Assunção Transporte LTDA.

3. O foro convencionado obedece o disposto em lei? Justifique.

O foro não obedece ao disposto em lei, porque ele deve ser invariável desde o início e não foi
possível verificar isso.

4. Existe previsão de laudêmio? Caso afirmativo, de quanto e conceitue o que seja.

5. Foram estipuladas para o enfiteuta obrigações que extrapolam o instituto da enfiteuse?


Justifique. Caso afirmativo, quais são?

6. Quais são o pedido e a causa de pedir da petição inicial do município de Betim?

7. Qual foi o conteúdo a defesa apresentada pela enfiteuta?

8. Qual foi a decisão e os seus fundamentos? Você concorda? Justifique.

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07/10/13 (INCOMPLETO)

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08/10/13
Nota:

Enfiteuse NÃO É UM CONTRATO. É UM DIREITO REAL constituído quando o proprietário transfere de


forma perpétua a posse a determinado possuidor.

IMPORNTANTE:

- Pedido: é o provimento que se deseja do magistrado;

- Requerimento: trata-se de movimentação processual.

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11/10/13

Usufruto
1. Usufruto, habitação e uso

Usufruto e uso são os únicos direitos de fruição que podem recair sobre bens móveis e imóveis.

Uso e habitação são o usufruto mais restrito.

As disposições aplicáveis a uso e habitação são as mesmas aplicáveis a usufruto.

2. Partes

a) Usufrutuário: Possuidor direto;

b) Nu proprietário: Possuidor indireto.

3. Constituição

Constituir-se-á o Usufruto através do constituto possessório.

O usufruto (bem como o uso e a habitação) podem se constituir das seguintes formas:

a) por convenção entre as partes (ato in ter vivos);

b) Por testamento (causa mortis);

c) Por usucapião (pelo decurso de lapso prescricional em favor de pessoa que o tenha adquirido de
quem não seja proprietário).

Há outras formas de constituição, ainda, baseadas, como visto acima, no direito de família e no
direito de sucessões. No entanto, no que diz respeito à constituição do usufruto, do uso e da

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habitação enquanto direitos reais, só é possível a sua constituição por uma das formas acima
mencionadas.

4. Direito Personalíssimo

O usufruto é um direito personalíssimo. Há uma infungibilidade quanto a pessoa.

“Morreu o usufrutuário, extingue-se o usufruto. Por outro lado, se o nu proprietário morrer, a


propriedade passará a seus herdeiros e estes terão que respeitar o usufruto previamente
constituído.”

O USUFRUTUÁRIO NÃO PODE ALIENAR SEUS DIREITOS DE USUFRUTO.

5. Inalienabilidade

O usufruto é inalienável.

Art. 1.393. Não se pode transferir o usufruto por alienação;...

5.1. Vedada a garantia real

Por ser INALIENÁVEL, o usufruto não pode ser objeto de garantia real tal como ocorre, por exemplo,
na enfiteuse.

6. Cessão a título oneroso permitida

O usufruto é inalienável, intransferível, todavia pode ser cedido a título oneroso.

Art. 1.393. Não se pode transferir¹ o usufruto por alienação; mas o seu exercício pode ceder²-se por título
gratuito ou oneroso.

(1) Transmitir: é tirar o título de um passar para outro.

(2) Cessão: Admite-se a utilização da coisa, todavia não se transfere o título.

7. Usufruto determinado – inventário & caução

7.1. Inventário

Em caso de usufruto determinado, o usufrutuário tem o dever de inventariar a coisa, pois, ao fim do
usufruto, deverá entregar a coisa no estado em que estava no início, devendo indenizar eventual
prejuízo.

7.2. Caução

Deverá existir CAUÇÃO.

- Exceções:

O usufrutuário somente poderá se eximir da caução nos casos em que ele próprio fizer a doação da
coisa a outrem e conferir a si próprio o usufruto.

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Art. 1.400. O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, inventariará, à sua custa, os bens que receber,
determinando o estado em que se acham, e dará caução, fidejussória ou real, se lha exigir o dono, de velar-
lhes pela conservação, e entregá-los findo o usufruto.

Parágrafo único. Não é obrigado à caução o doador que se reservar o usufruto da coisa doada.

8. Frutos pendentes

Os frutos pendentes a tempo do usufruto são do usufrutuário.

Se os pais doarem um bem a seus filhos e constituírem-se como usufrutuários, caso o marido morra,
a esposa não terá o usufruto completo, ou seja, a parte referente ao marido passará a seus
herdeiros.

Entrentanto,

Cláusula expressa de que na morte de um usufrutuário, o outro terá o usufruto completo. (Art.
1.411)

X. Uso

No uso, a utilização da coisa é mais limitada. A coisa deve ser utilizada pelo usuário para sua
subsistência.

XX. Habitação

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22/10/13

Ø Direitos Reais de Garantia

1. Garantia real - Conceito

- Desdobra-se em:

a) Trata-se de garantia que esta arrolada dentre os direitos reais;

b) Real no sentido de verdadeira, mais forte que a fidejussória.

- Conceito

Garantia real consiste no fato de que o credor recebe a posse ou a propriedade de um bem do
devedor em garantia.

Transferência para o credor ou da posse ou da propriedade de um bem para o credor para que, no
caso de não cumprimento da obrigação, o credor tome para si este bem.

2. Requisitos:

I. O bem dado em garantia tem que ser ALIENÁVEL (requisito objetivo);

Contraexemplo. Usufruto, tendo em vista que é INALIENÁVEL.

i. Quem presta a garantia deve ter poderes para vender a coisa (requisito subjetivo)

Ex. Proprietário, enfiteuta.

3. Penhor

No penhor, a coisa dada em garantia real não pode ser usada, gozada ou fruída.

Transfere-se a posse em garantia: penhor.

Pode recair em bens móveis fungíveis e infungíveis.

4. Propriedade fiduciária

Nesta, a propriedade se divide em duas:

Propriedade resolúvel – pertencente ao credor;

Propriedade superveniente – pertencente ao devedor.

Com o pagamento das prestações, a propriedade resolúvel vai diminuindo e, proporcionalmente, a


propriedade superveniente vai aumentando.

Terminado o pagamento, a propriedade superveniente transforma-se em propriedade plena.

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A posse do bem, portanto, ficará com o devedor e, se houver cláusula expressa, o devedor poderá
usar, gozar e fruir.

Pode ser dada a bem móvel infungível.

5. Hipoteca

Na hipoteca não transfere-se nem a propriedade e nem a posse do bem, tendo em vista que os bens
por ela abarcados são de difícil ocultação ou consumo. Em contrapartida, esta ficará registrada em
cartório, que, por sua vez, é a garantia do credor.

Somente pode recair sobre os bens elencados no artigo 1.743.

Art. 1.473. Podem ser objeto de hipoteca:

I - os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente com eles;

II - o domínio direto;

III - o domínio útil;

IV - as estradas de ferro;

V - os recursos naturais a que se refere o art. 1.230, independentemente do solo onde se acham;

VI - os navios;

VII - as aeronaves.

VIII - o direito de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)

IX - o direito real de uso; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)

X - a propriedade superficiária. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)

§ 1o A hipoteca dos navios e das aeronaves reger-se-á pelo disposto em lei especial. (Renumerado do
parágrafo único pela Lei nº 11.481, de 2007)

§ 2o Os direitos de garantia instituídos nas hipóteses dos incisos IX e X do caput deste artigo ficam limitados à
duração da concessão ou direito de superfície, caso tenham sido transferidos por período determinado.

IMPORTANTE:

Sobre um mesmo bem não se pode constituir mais de uma garantia real, com exceção da hipoteca.

6. Disposições gerais (Características comuns a todas as garantias reais)


Art. 1.419. Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem dado em garantia fica sujeito, por
vínculo real, ao cumprimento da obrigação.

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28/10/13 (Atividade em sala)


1. Como foi constituído o usufruto em análise?

Por convenção das partes.

2. Trata-se de usufruto gratuito ou oneroso? Justifique.

Trata-se de usufruto oneroso, conforme se verifica, do documento, o pagamento do valor de R$


16.670,00 referente ao usufruto.

3. Ao usufruto em questão é aplicado o art. 1400? Justifique.

Sim, uma vez que não se trata de usufruto gratuito, hipótese na qual a caução seria inaplicável, nos
termos do parágrafo único do art. 1.400.

4. O que significa a expressão utilizada na escritura: usufruto vitalício e sucessivo?

Vitalício é o usufruto que beneficia o indivíduo até sua morte.

Sucessivo é o usufruto que passa ao co-usufrutário sobrevivente, mediante cláusula expressa na


escritura.

5. Analise a regra do art. 1.411 e informe se a mesma foi utilizada no caso em comento.

Sim, uma vez que a palavra sucessivo inserta no texto da escritura refere-se ao artigo 1.411, ou seja,
ao direito de acrescer.

6. Das formas de extinção de usufruto previstas no Código, enumere aquelas que


poderiam ser aplicadas ao caso.

Renúncia ou morte do usufrutuário;

Pela destruição do imóvel;

Pela desapropriação.

7. Atribua as respectivas obrigações aos nuproprietários e aos usufrutuários, observando


os artigos 1.394 a 1.409.

Usufrutuário

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29/10/13

Efeitos dos Direitos Reais de Garantia


1. Efeito da Especificidade

No caso de inadimplência, o bem dado em garantia real será utilizado pelo credor, sendo vendido
para apurar o crédito devido.

No contrato, então, deve-se detalhar, minuciosamente, o bem que está sendo prestado, para que
este e somente este seja levado a hasta pública.

Nota:

O art. 1.362 é semelhante ao 1.424. Da mesma forma, o 1.365 é semelhante ao 1.428.

Art. 1.362. O contrato, que serve de título à propriedade fiduciária, conterá:

I - o total da dívida, ou sua estimativa;

II - o prazo, ou a época do pagamento;

III - a taxa de juros, se houver;

IV - a descrição da coisa objeto da transferência, com os elementos indispensáveis à sua identificação.

Art. 1.424. Os contratos de penhor, anticrese ou hipoteca declararão, sob pena de não terem eficácia:

I - o valor do crédito, sua estimação, ou valor máximo;

II - o prazo fixado para pagamento;

III - a taxa dos juros, se houver;

IV - o bem dado em garantia com as suas especificações.

Art. 1.365. É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia, se a
dívida não for paga no vencimento.

Parágrafo único. O devedor pode, com a anuência do credor, dar seu direito eventual à coisa em pagamento
da dívida, após o vencimento desta.

Art. 1.428. É nula a cláusula que autoriza o credor pignoratício, anticrético ou hipotecário a ficar com o objeto
da garantia, se a dívida não for paga no vencimento.

Parágrafo único. Após o vencimento, poderá o devedor dar a coisa em pagamento da dívida.

Assim, pode-se afirmar que a propriedade fiduciária trata-se deveria estar inserida no capítulo de
Direito Real e não de Propriedade.

2. Efeito de indivisibilidade

2.1. Quanto a garantia

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Mesmo se o valor emprestado não condizer com o valor total do bem, este será dado em garantia
em sua totalidade.

Ex. Indivíduo quer comprar apartamento de 100 mil reais, todavia possui 80 mil. Então, financia pela
caixa o valor de 20 mil. Todavia, o apartamento será dado em garantia como um todo.

2.2. Quanto ao crédito

O pagamento das parcelas não implicará na diminuição da garantia. A garantia, então, permanecerá,
EM SUA TOTALIDADE, até o pagamento TOTAL da dívida.

3. Efeito da Excussão

Todo aquele credor de direito real deve, obrigatoriamente, levar a garantia prestada EM HASTA
PÚBLICA, não podendo, portanto, apropriar-se do bem.

Ex. Caso o indivíduo não pague o financiamento, o bem será levado em hasta pública, e, vendido
este, será retirado o referente ao valor não pago e devolvido a este o valor remanescente.

IMPORTANTE:

Define o código Civil que, quando o bem for indivisível, poderá o condômino dar sua cota parte em
garantia SEM ANUÊNCIA dos demais, recaindo os efeitos dos direitos reais de garantia
(especificidade, indivisibilidade e excussão) sobre esta cota parte.

Art. 1.420. Só aquele que pode alienar poderá empenhar, hipotecar ou dar em anticrese; só os bens que se
podem alienar poderão ser dados em penhor, anticrese ou hipoteca.

§ 1o A propriedade superveniente torna eficaz, desde o registro, as garantias reais estabelecidas por quem não
era dono.

§ 2o A coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em garantia real, na sua totalidade, sem
o consentimento de todos; mas cada um pode individualmente dar em garantia real a parte que tiver.

Penhor
1. Considerações Iniciais

1.1. Análise morfológica

1.1.1. Penhor

Substantivo masculino.

- Verbo: empenhar.

1.2.1. Penhora

Substantivo feminino.

- Verbo: Penhorar.

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1.2. Análise jurídica

1.2.1. Penhor

Matéria de Direito Civil – Garantia Real (todos podem empenhar)

1.2.2. Penhora

Matéria de Direito Processual Civil – Ato de constrição judicial (requer a existência de processo de execução
em andamento, podendo somente o magistrado penhorar).

2. Constituição (Art. 1.431)


Art. 1.431. Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor ou a
quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de alienação.

- Interpretação caput:

Constitui-se o penhor:

a) Pela transferência efetiva da posse em garantia do débito ao credor;

b) De coisa móvel, suscetível de alienação.

3. Espécies

3.1. Convencional

Fruto de convenção entre as partes.

3.1.1. Comum

É registrado no cartório de títulos e documentos.

3.1.2. Especiais

3.1.2.1. Registro

É registrado no cartório de títulos e documentos, como também no cartório de imóveis no qual estiver situada
a coisa empenhada.

Art. 1.438. Constitui-se o penhor rural mediante instrumento público ou particular, registrado no Cartório de
Registro de Imóveis da circunscrição em que estiverem situadas as coisas empenhadas

3.1.2.2. Não transferência da posse

Nestes penhores, excepcionalmente, a posse NÃO SERÁ TRANSFERIDA por uma ficção jurídica através da
cláusula constituti¹, COM EXCEÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO. O próprio devedor continuará com a posse do
bem, exercendo a função de depositário fiel.

(1) Cláusula Constituti: O modo de tradição pelo qual aquele que no momento possuía em seu nome a coisa
de que fez venda, passa a possuí-la em nome do comprador.

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Art. 1.431

Parágrafo único. No penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, as coisas empenhadas continuam em
poder do devedor, que as deve guardar e conservar.

3.1.2.3. Espécies

a) Rural

I. Pecuário

A posse NÃO será transferida.

II. Agrícola

A posse NÃO será transferida.

b) Industrial e Mercantil

A posse NÃO será transferida.

c) Títulos de crédito

A posse será transferida.

d) De veículo

A posse NÃO será transferida.

3.2. Legal

Instituído por lei.

IMPORTANTE:

As regras aplicáveis A TODOS OS PENHORES são as regras do penhor comum.

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01/11/13
Propriedade Fiduciária

Há uma ficção jurídica: uma divisão da propriedade em duas (propriedade resolúvel) e propriedade
superveniente.

É a resolúvel que é passada ao credor, que é aquela que se resolverá (temporária) quando a dívida
for totalmente paga.

A propriedade superveniente, por sua vez, tornar-se-á plena com a quitação da dívida.

CAPÍTULO VIII Da Propriedade Resolúvel

Art. 1.359. Resolvida a propriedade pelo implemento da condição ou pelo advento do termo, entendem-se
também resolvidos os direitos reais concedidos na sua pendência, e o proprietário, em cujo favor se opera a
resolução, pode reivindicar a coisa do poder de quem a possua ou detenha.

Art. 1.360. Se a propriedade se resolver por outra causa superveniente, o possuidor, que a tiver adquirido por
título anterior à sua resolução, será considerado proprietário perfeito, restando à pessoa, em cujo benefício
houve a resolução, ação contra aquele cuja propriedade se resolveu para haver a própria coisa ou o seu valor.

CAPÍTULO IX Da Propriedade Fiduciária

Art. 1.361. Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com
escopo de garantia, transfere ao credor.

§ 1o Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado por instrumento público ou
particular, que lhe serve de título, no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, ou, em se
tratando de veículos, na repartição competente para o licenciamento, fazendo-se a anotação no certificado de
registro.

§ 2o Com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o desdobramento da posse, tornando-se o devedor


possuidor direto da coisa.

§ 3o A propriedade superveniente, adquirida pelo devedor, torna eficaz, desde o arquivamento, a


transferência da propriedade fiduciária.

Nota:

- Diferença da hipoteca para a propriedade fiduciária:

A possibilidade de ser dado bem imóvel em propriedade fiduciária é EXCEPCIONAL, sendo possível às
instituições financeiras que fazem parte do sistema financeiro de habitação.

No mais, esta somente cabe a bens MÓVEIS E INFUNGÍVEIS.

Assim, o credor receberá a PROPRIEDADE do bem, possibilitando que a instituição financeira faça, de
imediato (sem instituição de processo de execução), após prévia notificação, a venda do mesmo em
hasta pública.

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Rafael Barreto Ramos
© 2013

No penhor, aplicam-se as mesmas regras da propriedade fiduciária, todavia neste somente poderão
recair sobre bens móveis e o credor ficará com a posse da coisa.

A hipoteca consiste no ônus real/gravame feito no local em que o bem é registrado (Ex. imóveis,
navios, aviões). Trata-se de DIREITO REAL do credor. O bem dado em hipoteca, tanto a propriedade
quanto a posse permanecem com o devedor. Assim, ocorre algo específico da hipoteca: podem
recair mais da mesma no mesmo bem, ou seja, ode ser dada hipoteca a vários credores.

Assim, se houver vários credores hipotecários e o devedor se tornar insolvente, deve-se verificar os
GRAUS de hipoteca, nos quais são hierarquizados conforme a data de REGISTRO DA HIPOTECA.

O credor hipotecário grau somente poderá executar o devedor somente após o vencimento de todas
as hipotecas de grau anterior.

(1) Data da assinatura do contrato

(2) Data do registro da hipoteca

(3) Data de vencimento

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