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Redação – Cássia

Fórum de discussão
Desigualdade de gênero

João Victor Silverio


3º ensino medio
Desigualdade de gênero:
Desigualdade de gênero é a desigualdade de poder entre homens e mulheres.
Desigualdade de poder refere-se ao acesso às oportunidades nos âmbitos econômico,
político, educacional ou cultural. Forma-se um círculo vicioso em que a ausência de
mulheres nos espaços de liderança e decisão impede que haja melhorias para elas no
ambiente corporativo, na esfera pública e no ambiente familiar.
Mulheres ganham menos, estão em menor número em posições de chefia ou em cargos
eletivos, trabalham mais no ambiente doméstico, exercem mais trabalho não
remunerado. Com a emergência do feminismo no final do século XIX, essas questões
vieram ao debate público sendo encabeçadas pela reivindicação de direito ao voto.
No século XX vários direitos foram conquistados e a participação feminina ampliou-se
nos diversos campos da vida social. A paridade de gênero é uma meta dos organismos
transnacionais e em maior ou menor medida tem sido perseguida pelos países, mas,
segundo dados do Fórum Econômico Mundial, só será realidade concreta daqui a 100
anos.

Consequências da desigualdade de gênero na sociedade:

A classificação das pessoas pelo gênero como melhor ou pior, inferior ou


superior, gera consequências em todos os âmbitos da vida social. No mundo do
trabalho, as mulheres recebem salários menores que os homens desempenhando
as mesmas funções e realizam mais trabalho não remunerado, isto é, serviço
doméstico e de cuidador.
As mulheres ainda recebem os salários menores do que os dos homens.
No âmbito das relações afetivas, as mulheres possuem menos liberdade sexual e
são duramente penalizadas quando decidem expressar-se sobre sua sexualidade,
além disso são objetificadas, e isso faz com que sejam vítimas de assédio,
importunação, que em alguns casos culmina em violência sexual.
Outra consequência da objetificação é o feminicídio, isto é, elas são objetificadas
ao ponto de serem assassinadas por companheiros ou ex-companheiros quando
não desejam prosseguir no relacionamento ou encontram outros parceiros. Nas
relações familiares, pesa sobre as mães uma cobrança muito maior do que sobre
os pais na criação dos filhos.
Pode parecer que os resultados negativos da desigualdade de gênero afetam
somente as mulheres, mas eles prejudicam o conjunto da sociedade, cerceiam a
liberdade de homens que desejem seguir em caminhos profissionais ou
comportamentos que são classificados como femininos e impedem que mulheres
ofereçam e desenvolvam seu potencial em diversas áreas do conhecimento e
liderança que são classificadas como masculinas. Após o surgimento do
feminismo, essa temática passou ser amplamente debatida e alguns avanços já
aconteceram, mas ainda há uma longa jornada a ser percorrida rumo à equidade
de gênero.
Desigualdade de gênero no Brasil:

A igualdade entre homens e mulheres no Brasil foi consagrada na Constituição de 1988.


Desde então, têm sido desenvolvidas políticas públicas e legislação específica para
mulheres no âmbito político, no mercado de trabalho e no ambiente doméstico. Há
avanços e uma ampliação da participação feminina em todas as esferas, mas ainda há
muitos obstáculos a superar para que igualdade promulgada em lei seja plenamente
efetiva na sociedade brasileira.
Em 2019, conforme o Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupava a 92ª posição em
um ranking que mede a igualdade entre homens e mulheres num universo de 153 países.
As mulheres brasileiras estão sub-representadas na política, têm remuneração menor,
sofrem mais assédio e estão mais vulneráveis ao desemprego. Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o quinto país do mundo em número de
feminicídios.
Observando dados educacionais, é possível perceber que as mulheres permanecem mais
tempo na escola e têm maior escolaridade do que os homens. De acordo com a Pesquisa
Nacional por Amostras de Domicílio Contínua de 2016, feita pelo IBGE, na população
entre 25 e 44 anos, 21,5% das mulheres concluíram o Ensino Superior, enquanto entre
os homens o percentual era de 15,6%. No entanto, a maior escolaridade não se reflete no
mercado de trabalho.
Conforme o IBGE, em 2017, as mulheres brasileiras ganhavam em média 24% menos
que os homens e eram mais afetadas pelo desemprego (13.4%) do que os homens
(10,5%). Quando as pesquisas são estratificadas entre mulheres brancas e negras,
observa-se que entre estas a taxa de desemprego era ainda maior, 15,9% contra 10,6%
entre as mulheres brancas.
Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) constatou que a maternidade
é um dos principais motivos de discriminação sofrida por mulheres no mercado de
trabalho. A pesquisa que acompanhou a licença-maternidade de um grande grupo de
mulheres entre 2009 e 2012 apontou que metade delas foi demitida no período de até
dois anos após tirarem a licença.
Conforme a pesquisadora Cecília Machado, os salários são baixos para ser possível
pagar por uma babá ou escola privada, as creches públicas não absorvem a demanda e
muitas empresas não têm um suporte para funcionárias que são mães, sendo que esse
conjunto de fatores retira muitas delas do mercado de trabalho.
Em relação ao assédio e violência, embora haja avanços, especialmente após
a promulgação da Lei Maria da Penha (2006), é necessário ampliar a proteção de
mulheres por meio de políticas públicas. Segundo pesquisa Datafolha, no ano de 2016:
 22% das brasileiras sofreram agressão verbal;
 10% sofreram ameaça de violência física;
 8% sofreram agressão sexual;
 4% sofreram ameaça com objeto cortante ou arma de fogo;
 3% sofreram tentativa de estrangulamento ou espancamento;
 1% levou tiros.
De acordo com essa pesquisa, 503 mulheres são vítimas de violência a cada hora no
Brasil.
Quando o assunto é participação política, conforme o Mapa Mulheres na Política 2019,
relatório da ONU, o Brasil ocupa a 134ª posição entre 193 países no ranking de
representação feminina no Parlamento. O percentual de mulheres no atual Congresso
Nacional é somente de 15%.

Dados sobre a desigualdade de gênero:

O Fórum Econômico Mundial realiza anualmente uma pesquisa que compara a paridade
de gênero entre 153 países. Conforme dados de 2019, a equidade de gênero no mercado
de trabalho só será alcançada daqui a 257 anos se permanecermos no ritmo atual. A área
trabalhista, no ano 2019, foi a única em que houve regressão. Nas demais: saúde,
educação e política, os índices foram melhores que no ano anterior.
Conforme o relatório, na área trabalhista, a diferença salarial é decorrente do baixo
número de mulheres em cargos gerenciais e também de outros fatores, como
congelamento de salários e menor participação na força produtiva. Quando se olha a
disparidade de gênero de maneira global, envolvendo todas as variáveis, e não só o
mercado de trabalho, a estimativa é que o tempo necessário para alcançar-se a plena
equidade entre homens e mulheres no mundo é 99,5 anos. Os países nórdicos são os
mais igualitários do mundo. Em primeiro lugar no ranking está a Islândia, seguida da
Noruega, Finlândia e Suécia.
Outros países nas melhores posições são:
 Nicarágua
 Nova Zelândia
 Irlanda
 Espanha
 Ruanda
 Alemanha
O Brasil amarga o 92º lugar e tem uma das maiores desigualdades de gênero
da América Latina.

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