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Gestão de Riscos em Saúde e Segurança no Trabalho Rural

Prevenção de acidentes e melhoria


da qualidade de vida
Prevenir acidentes e promover a melhoria das condições de
trabalho, com a promoção da saúde e da integridade física de
quem vive no meio rural. Essas são algumas das exigências da
Norma Regulamentadora 31. Neste curso, você verá o que diz
respeito à Norma em relação ao meio ambiente de trabalho e
resíduos, ferramentas manuais, secadores e silos, trabalho com
animais, transporte de pessoas e de cargas, acesso e vias de
circulação, fatores climáticos e topográficos, edificações rurais e
áreas de vivência, e sobre a constituição de SESTR e organização
e funcionamento da CIPATR.
Este curso tem

16 horas
Módulo 2 - Ferramentas manuais, ergonomia, secadores e silos // 1
Programa Gestão de Riscos em Saúde e Segurança
no Trabalho Rural

Prevenção de acidentes e melhoria


da qualidade de vida

SENAR GO 2015
Ficha técnica
2015. Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO

Informações e Contato
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás - SENAR/AR-GO Rua 87,
nº 662, Ed. Faeg,1º Andar – Setor Sul, Goiânia/GO, CEP:74.093-300
(62) 3412-2700 / 3412-2701 – E-mail: senar@senargo.org.br -
http://www.senargo.org.br/ - http://ead.senargo.org.br/

Gestão de Riscos em Saúde e


Segurança no Trabalho Rural
Presidente do Conselho Deliberativo
José Mário Schreiner

Titulares do conselho Administrativo


Daniel Klüppel Carrara, Alair Luiz dos Santos, Osvaldo Moreira Guimarães e
Tiago Freitas de Mendonça.

Suplentes do conselho Administrativo


Bartolomeu Braz Pereira, Silvano José da Silva, Eleandro Borges da Silva,
Bruno Heuser Higino da Costa e Tiago de Castro Raynaud de Faria.

Superintendente
Eurípedes Bassamurfo da Costa

Gestora
Rosilene Jaber Alves

Coordenação
Fernando Couto Araújo e Stella Miranda Menezes Corrêa

IEA - instituto de estudos avançados s/s


Conteudista – Andres Brito

Tratamento de linguagem e revisão


IEA – instituto de estudos avançados s/s

Diagramação e projeto gráfico


IEA – instituto de estudos avançados s/s
Prevenção de acidentes e melhoria da qualidade de vida

Módulo 2
Ferramentas manuais, ergonomia, secadores e silos
Neste módulo, iremos discutir sobre as ferramentas manuais e os princípios ergonômicos. Va-
mos abordar também a segurança do trabalho em secadores e silos, esclarecendo os perigos
dessa atividade e destacando os cuidados a serem tomados.

Ao final deste módulo, você estará apto a entender as responsabilidades do empregador e


do empregado em relação às ferramentas manuais e também a importância da ergonomia
no desenvolvimento das atividades no campo. Estará apto a entender, também, quais são os
riscos contidos nas atividades desenvolvidas nos secadores e silos e como desenvolvê-las
com segurança.

Para melhor compreensão, o módulo está estruturado da seguinte maneira:

• Aula 01: O trabalho com ferramentas manuais.

• Aula 02: Princípios ergonômicos.

• Aula 03: Trabalho em secadores e silos.

Siga em frente e boa aula!

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Prevenção de acidentes e melhoria da qualidade de vida

Aula 1

O trabalho com ferramentas manuais

Você utiliza ferramentais manuais para executar sua função? Sabe quem é o responsável por
essas ferramentas? Essas perguntas são importantes, pois levam a definições essenciais para o
desempenho de qualquer trabalho.

A NR-31 é muito clara quanto às responsabilidades do empregador e do empregado e também


sobre o fornecimento e conservação desse material. Veja o que diz a Norma e quais são as dicas
do especialista em cada um dos itens:

31.11 Ferramentas Manuais

31.11.1

O empregador deve disponibilizar, gratuitamente, ferramentas adequadas ao trabalho e às ca-


racterísticas físicas do trabalhador, substituindo-as sempre que necessário.

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Dica do especialista

A legislação é clara quanto à responsabilidade do empregador em fornecer ao emprega-


do as ferramentas necessárias para o desenvolvimento do seu trabalho. Porém, não fica
clara a responsabilidade do empregado quanto à conservação desse material. Assim, o
que encontramos na prática é a utilização do bom senso. Se a ferramenta for danificada
no desempenho normal da atividade, não existirá custo para o trabalhador. No caso de ex-
travio, perda ou mau uso da ferramenta, cobra-se do empregado a sua responsabilidade
e, em alguns casos, o ressarcimento do valor do equipamento extraviado ou danificado.

31.11.2

As ferramentas devem ser:

a) seguras e eficientes;

b) utilizadas exclusivamente para os fins a que se destinam;

c) mantidas em perfeito estado de uso.

Dica do especialista

No setor rural, muitas vezes, existe uma tendência de se agir de forma prática, sem a
prevenção adequada dos riscos. Tais atitudes devem ser evitadas e devem ser buscados
sempre os recursos adequados para a utilização correta das ferramentas.

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31.11.3

Os cabos das ferramentas devem permitir boa aderência em qualquer situação de manuseio,
possuir formato que favoreça a adaptação à mão do trabalhador, e ser fixados de forma a não se
soltar acidentalmente da lâmina.

Dica do especialista

No momento da aquisição de ferramentas manuais, o empregador precisa estar aten-


to à qualidade desse produto, pois segundo a legislação, essa responsabilidade é do
empregador.

31.11.4

As ferramentas de corte devem ser:

a) guardadas e transportadas em bainha;

b) mantidas afiadas.

Dica do especialista

A guarda e o transporte de ferramentas de corte em bainhas evita acidentes, pois ao


passar a mão de maneira acidental em uma ferramenta, esta não provocará o corte
devido a esse tipo proteção. O esforço será menor quando o trabalhador estiver utili-
zando ferramentas afiadas.

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Aula 2

Princípios ergonômicos

Você procura ficar atento aos cuidados necessários para o desempenho da sua função? Pois
saiba que existe uma área da ciência que estuda e desenvolve práticas e cuidados visando justa-
mente o seu conforto, a sua saúde e a sua segurança. O nome dessa área é ergonomia.

Ergonomia: Palavra de origem grega. Ergos refere-se a trabalho e nomos às leis, normas
e regras.

Trata-se de um estudo sobre as atividades desempenhadas no nosso dia a dia, seja em casa ou
no ambiente de trabalho. A partir desse estudo são propostas medidas ergonômicas que visam
melhorar a postura do trabalhador no momento em que ele realiza determinada atividade, ade-
quar máquinas e equipamentos, e também diminuir o ritmo das tarefas, os movimentos repetiti-
vos e os esforços em excesso.

Veja alguns objetivos da ergonomia:


• adaptar os trabalhadores, dentro de suas habilidades, às novas tecnologias;

• identificar, analisar e diminuir riscos como ruídos, calor excessivo, vibração, posturas incor-
retas e força excessiva;

• adequar os locais de trabalho, respeitando as características do trabalhador;

• proporcionar aos trabalhadores jornadas de trabalho menos exaustivas e com pausas, res-
peitando seus limites físicos e psicológicos;

• melhorar a motivação do trabalhador, o que aumenta a sua satisfação e, consequentemen-


te, a sua produtividade.

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A ergonomia pode ser aplicada em diversas atividades do nosso cotidiano e também em mui-
tos setores, inclusive no trabalho rural. Veja o que a NR-31 diz a respeito da ergonomia aplicada
ao setor.

31.10 Ergonomia

31.10.1

O empregador rural ou equiparado deve adotar princípios ergonômicos que visem à adaptação
das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a pro-
porcionar melhorias nas condições de conforto e segurança.

Dica do especialista

Em várias atividades no campo, o trabalhador precisa usar os seus músculos, tendões e


articulações. Se esse trabalhador não receber orientações baseadas nos princípios ergo-
nômicos, pode sofrer lesões sérias, principalmente na coluna. Cabe lembrar, que os princí-
pios ergonômicos estão relacionados às condições adequadas de umidade, temperatura,
vibração, ruído, iluminação, postura e pausas para descanso.

31.10.2

É vedado o levantamento e o transporte manual de carga com peso suscetível de comprometer


a saúde do trabalhador.

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Dica do especialista

Existem várias situações em que o trabalhador precisa levantar ou transportar coisas pe-
sadas. Nesses momentos, se faz necessário observar se o peso a ser transportado ou
levantado poderá lesioná-lo. Um parâmetro muito utilizado era o da CLT – Consolidação
das Leias do Trabalho, art. 198, prevenção da fadiga, que determina um limite de 60 quilos
para homens e faz ressalvas quanto ao trabalho das mulheres, que o limite é de 25 quilos.

Esse parâmetro não deve ser utilizado quando pensamos pelo lado ergonômico. Na ergo-
nomia, o consenso é que o peso levantado por um trabalhador seja em torno de 25 quilos
e não ultrapasse 30 quilos.

A recomendação é que sempre que possível haja divisão do peso de maneira que o tra-
balhador possa trazer esse material para próximo do corpo e tenha seu esforço reduzido.

31.10.3

Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas deve receber treina-
mento ou instruções quanto aos métodos de trabalho que deverá utilizar, com vistas a salvaguar-
dar sua saúde e prevenir acidentes.

Dica do especialista

Para essas situações existem treinamentos específicos e também a ginástica laboral, que
deve ser realizada antes que o trabalhador inicie suas atividades.

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31.10.4

O transporte e a descarga de materiais feitos por impulsão ou tração de vagonetes sobre trilhos,
carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico deverão ser executados de forma que o es-
forço físico realizado pelo trabalhador seja compatível com sua saúde, segurança e capacidade
de força.

31.10.5

Todas as máquinas, equipamentos, implementos, mobiliários e ferramentas devem proporcio-


nar ao trabalhador condições de boa postura, visualização, movimentação e operação.

31.10.6

Nas operações que necessitem também da utilização dos pés, os pedais e outros comandos de-
vem ter posicionamento e dimensões que possibilitem fácil alcance e ângulos adequados entre
as diversas partes do corpo do trabalhador, em função das características e peculiaridades do
trabalho a ser executado.

Dica do especialista

Pedais e comandos distantes do trabalhador podem forçar as articulações, tendões e cau-


sar inflamações. Assim, é de extrema importância que os postos de trabalho possuam
regulagens, principalmente os bancos de máquinas agrícolas.

31.10.7

Para as atividades que forem realizadas necessariamente em pé, devem ser garantidas pausas
para descanso.

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Dica do especialista

As pausas podem ser feitas de duas em duas horas e ter um período de dez minutos contínuos.

31.10.8

A organização do trabalho deve ser adequada às características psicofisiológicas dos trabalha-


dores e à natureza do trabalho a ser executado.

Dica do especialista

Aqui, podemos tratar a organização como sendo o desenvolvimento de metas compatí-


veis com as condições de trabalho e o tempo de realização, monitoramento do desem-
penho, tempo suficiente para a adaptação do trabalhador à nova atividade, pressão de
tempo em função da demanda e remuneração e vantagens por produção, sem levar em
conta a repercussão sobre a saúde do trabalhador.

31.10.9

Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica devem ser incluídas pausas
para descanso e outras medidas que preservem a saúde do trabalhador.

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Dica do especialista

A sobrecarga muscular dinâmica está caracterizada pela alternância entre tensão e relaxa-
mento dos músculos. Já a sobrecarga muscular estática está relacionada à tensão prolon-
gada sem variação do comprimento dos músculos, causando fadiga localizada, aumento
da frequência cardíaca e elevação da pressão arterial. A recomendação é a prevenção,
com adoção de ginástica laboral e pausas para descanso.

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Aula 3

Trabalho em secadores e silos

O texto da NR-31 tem um caráter de uma norma geral de gestão para o trabalho rural, que pode
e deve ser complementada por outras normas técnicas oficiais, ou na sua ausência e omissão,
devem ser complementadas com normas internacionais aplicáveis.

Legenda: Shutterstock

É o caso do trabalho em secadores e silos que exige uma complementação de duas outras NRs,
a NR-33- Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados e a NR-35 – Trabalho em
Altura. Veja como funciona na prática:

NR-35 – Trabalho em altura: Considera-se Trabalho em Altura toda atividade executada


acima de 2,00 m (dois metros) do nível inferior, onde haja risco de queda.

Fonte: MTE, Norma Regulamentadora n°35 - NR-35 -Trabalho em Altura, 2012.

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31.13 Secadores
Os secadores são utilizados para a diminuição de umidade dos produtos agrícolas.

É uma etapa do pré-processamento que visa ao armazenamento desses produtos por longos pe-
ríodos, sem que haja perdas. Mantém também o poder germinativo e diminui significativamente
o desenvolvimento de micro-organismos e insetos.

31.13.1

Os secadores devem possuir revestimentos com material refratário e anteparos adequados de


forma a não gerar riscos à segurança e à saúde dos trabalhadores.

Material refratário: Material refratário é aquele material capaz de suportar elevadas


temperaturas.

31.13.2

Para evitar incêndios nos secadores, o empregador rural ou equiparado deverá garantir a:
a) limpeza das colunas e condutos de injeção e tomada de ar quente;

b) verificação da regulagem do queimador, quando existente;

c) verificação do sistema elétrico de aquecimento, quando existente.

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Dica do especialista

No momento do descarregamento de produtos agrícolas nas moegas, são produzidas nu-


vens de poeira, em condições e concentrações favoráveis a uma explosão. Em ambientes
fechados, essas nuvens formam ambientes chamados de atmosfera explosiva.

O acúmulo de poeiras no local de trabalho, depositado nos pisos, elevadores, túneis e


transportadores, apresenta um risco de incêndio elevado. O aquecimento da superfície
de poeira de grãos pode alcançar o ponto de liberação de gases de combustão e basta
esse material entrar em contato com uma fonte de ignição, que acontecerá o incêndio ou
mesmo a explosão.

O próprio processo de decomposição de grãos pode gerar vapores inflamáveis. Por isso,
devem ser controlados os fatores que influenciam as ocorrências de explosões por pó
em suspensão, tais como: tamanho da partícula, concentração de poeira, quantidade de
oxigênio no local, umidade e fontes de ignição.

31.13.2.1

Os filtros de ar dos secadores devem ser mantidos limpos.

31.13.3

Os secadores alimentados por combustíveis gasosos ou líquidos devem ter sistema de prote-
ção para:

a) não ocorrer explosão por falha da chama de aquecimento ou no acionamento do queimador;

b) evitar retrocesso da chama.

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Dica do especialista

Para evitar o retrocesso, existem válvulas anti-retrocesso de chama, que impedem o fluxo
inverso dos gases usando válvula de retenção.

Silos
Os silos e os armazéns são edificações importantes e indispensáveis ao armazenamento da
produção agrícola, garantindo a conservação da qualidade do produto armazenado, gerando
melhores condições de comercialização e rentabilidade. Os trabalhos nos silos devem ser feitos
por trabalhadores treinados e capazes de identificar situações de risco e de conseguir evitá-los.

Atenção: Os riscos mais comuns em silos são por choque elétrico, quedas, soterramento
na massa de grãos, explosões, morte por asfixia, por falta de oxigênio em poços de ele-
vadores ou de gás tóxico.

Para evitar esses acidentes, algumas medidas devem ser adotadas:


• instalar ventiladores ligados aos túneis, que devem ser acionados por trinta minutos antes
da entrada dos trabalhadores para a renovação de ar;

• ligar o ventilador antes do início da limpeza das galerias para remover os gases e o pó em
suspensão;

• limpar as galerias e poços dos elevadores constantemente, eliminando ao máximo a con-


centração de pó em seu interior. O pó de grãos em suspensão é altamente explosivo;

• no momento da limpeza, principalmente no momento em que o pó acumulado no chão


é varrido, é necessário deixá-lo úmido para evitar que o pó entre em suspensão e cause
explosões.

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31.14.1

Os silos devem ser adequadamente dimensionados e construídos em solo com resistência com-
patível às cargas de trabalho.

Dica do especialista

Esse procedimento deve ser realizado para evitar que, após receber a sua carga de tra-
balho, ou seja, o volume que o silo deve estocar, o solo ceda e o silo incline, causando o
desabamento.

31.14.2

As escadas e as plataformas dos silos devem ser construídas de modo a garantir aos trabalhado-
res o desenvolvimento de suas atividades em condições seguras.

Dica do especialista

As escadas e plataformas devem seguir as normas técnicas vigentes. É permitido aos tra-
balhadores interromper suas atividades exercendo o direito de recusa, sempre que cons-
tatarem evidências de riscos graves e iminentes para sua segurança e saúde ou a de outras
pessoas, comunicando imediatamente o fato a seu superior hierárquico, que diligenciará
as medidas cabíveis.

As atividades de trabalho em altura não rotineiras devem ser previamente autorizadas


mediante Permissão de Trabalho.

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Permissão de Trabalho: Permissão de Trabalho - PT: documento escrito contendo conjunto


de medidas de controle visando ao desenvolvimento de trabalho seguro, além de medidas
de emergência e resgate.

31.14.3

O revestimento interno dos silos deve ter características que impeçam o acúmulo de grãos, poei-
ras e a formação de barreiras.

31.14.4

É obrigatória a prevenção dos riscos de explosões, incêndios, acidentes mecânicos, asfixia e


dos decorrentes da exposição a agentes químicos, físicos e biológicos em todas as fases da
operação do silo.

Dica do especialista

Silos são considerados espaços confinados e, portanto, oferecem vários riscos aos que
desenvolvem suas atividades em seu interior.

Espaços confinados: Qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana con-
tínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficien-
te para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de
oxigênio.  

Fonte: MTE, Norma Regulamentadora n° 33 - NR-33 - Segurança e Saúde nos trabalhos em


espaços confinados, 2006.

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31.14.5

Não deve ser permitida a entrada de trabalhadores no silo durante a sua operação, se não hou-
ver meios seguros de saída ou resgate.

Dica do especialista

É vedada a entrada e a realização de qualquer trabalho em espaços confinados sem a


emissão da Permissão de Entrada e Trabalho. Jamais entre em um local com essa identifi-
cação se você não tiver treinamento.

31.14.6

Nos silos hermeticamente fechados, só será permitida a entrada de trabalhadores após renova-
ção do ar ou com proteção respiratória adequada.

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Prevenção de acidentes e melhoria da qualidade de vida

Dica do especialista

Em caso de existência de Atmosfera Imediatamente Perigosa à Vida ou à Saúde - Atmos-


fera IPVS –, o espaço confinado somente pode ser adentrado com a utilização de máscara
autônoma de demanda com pressão positiva ou com respirador de linha de ar comprimi-
do com cilindro auxiliar para escape.

Atmosfera IPVS: Qualquer atmosfera que apresente risco imediato à vida ou produza ime-
diato efeito debilitante à saúde.

31.14.7

Antes da entrada de trabalhadores na fase de abertura dos silos deve ser medida a concentração
de oxigênio e o limite de exclusividade relacionado ao tipo de material estocado.

Dica do especialista

Somente entre em um espaço confinado seguindo as medidas descritas na PET - Permis-


são de Entrada e Trabalho.

PET - Permissão de Entrada e Trabalho: Documento escrito contendo o conjunto de medi-


das de controle visando à entrada e desenvolvimento de trabalho seguro, além de medidas
de emergência e resgate em espaços confinados.

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31.14.8

Os trabalhos no interior dos silos devem obedecer aos seguintes critérios:


a) realizados com, no mínimo, dois trabalhadores, devendo um deles permanecer no exterior;

b) com a utilização de cinto de segurança e cabo vida.

Dica do especialista

É proibida a realização de qualquer trabalho em espaços confinados de forma individual


ou isolada. O cinto indicado nesses casos é o cinto de segurança paraquedista.

Já o cabo vida ou cabo de segurança é uma prevenção importantíssima, pois se o cabo de


trabalho falhar, este outro cabo garantirá a proteção do trabalhador, ou seja, é uma dupla
proteção.

São dois sistemas de segurança fixados de forma independente, um como forma de acesso
e o outro como corda de segurança utilizada com cinturão de segurança tipo paraquedista.

Cinto de segurança paraquedista: Equipamento de Proteção Individual utilizado para traba-


lhos em altura, onde haja risco de queda, constituído de sustentação na parte inferior do
peitoral, acima dos ombros e envolto nas coxas.

31.14.9

Devem ser previstos e controlados os riscos de combustão espontânea e explosões no projeto


construtivo, na operação e manutenção.

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31.14.10

O empregador rural ou equiparado deve manter à disposição da fiscalização do trabalho a com-


provação dos monitoramentos e controles relativos à operação dos silos.

Dica do especialista

Essa comprovação do controle pode ser realizada através do arquivamento da PET- Per-
missão de Entrada e Trabalho. Na PET, existem campos de verificação que devem ser
preenchidos antes da entrada dos trabalhadores e servem como comprovação.

31.14.11

Os elevadores e sistemas de alimentação dos silos devem ser projetados e operados de forma a
evitar o acúmulo de poeiras, em especial nos pontos onde seja possível a geração de centelhas
por eletricidade estática.

31.14.12

Todas as instalações elétricas e de iluminação no interior dos silos devem ser apropriadas à área
classificada.

Área classificada: Área potencialmente explosiva ou com risco de explosão.

Dica do especialista

Nesses casos, as instalações devem ser vedadas para evitar que o aquecimento provoque
a ignição de uma atmosfera explosiva.

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Prevenção de acidentes e melhoria da qualidade de vida

31.14.13

Serviços de manutenção por processos de soldagem, operações de corte ou que gerem eletrici-
dade estática devem ser precedidas de uma permissão especial onde serão analisados os riscos
e os controles necessários.

Dica do especialista

Adotar medidas para eliminar ou controlar os riscos de incêndio ou explosão em trabalhos


a quente, tais como solda, aquecimento, esmerilhamento, corte ou outros que liberem
chama aberta, faíscas ou calor.

31.14.14

Nos intervalos de operação dos silos, o empregador rural ou equiparado deve providenciar a sua
adequada limpeza para remoção de poeiras.

31.14.15

As pilhas de materiais armazenados deverão ser dispostas de forma que não ofereçam riscos
de acidentes.

Dica do especialista

Segundo a NR-11, as pilhas de sacos, nos armazéns, devem ter altura máxima limitada ao
nível de resistência do piso, à forma e resistência dos materiais de embalagem e à estabi-
lidade, baseada na geometria, tipo de amarração e inclinação das pilhas.

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Prevenção de acidentes e melhoria da qualidade de vida

Material empilhado deverá ficar afastado das estruturas laterais do prédio a uma distância
de pelo menos 0,50 cm (cinquenta centímetros). A disposição da carga não deverá dificul-
tar o trânsito, a iluminação e o acesso às saídas de emergência. (MTE, NR 11 - TRANSPOR-
TE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE MATERIAIS, 1978).

As pilhas de materiais armazenados deverão atender aos padrões de forma e fragilidade


destes, além da altura e critérios de montagem, adequados a garantir a sua própria esta-
bilidade e a carga admissível para a resistência dos pisos dos edifícios. (MTE, PORTARIA
N.º 57 DE 29 DE OUTUBRO, 1998).

Recapitulando
Viu como a norma é clara quanto à ergonomia e o trabalho em Secadores e Silos? Aproveite to-
das as dicas do especialista e lembre-se sempre de atuar de acordo com as normas. Elas serão
o seu guia em qualquer trabalho que for exercer no campo.  

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Prevenção de acidentes e melhoria da qualidade de vida

Atividade de aprendizagem

Agora, você terá algumas atividades relacionadas ao conteúdo estudado neste módulo. Vamos
lá? Leias as orientações e, em seguida, responda às questões. Lembre-se de registrar suas res-
postas no ambiente virtual e verificar a resposta comentada.

1. Sabemos que para o desenvolvimento de muitas atividades do trabalho rural, são necessárias
ferramentas. De acordo com o conteúdo apresentado no Módulo 2, assinale a alternativa
que melhor define as responsabilidades do empregador quanto à disponibilização das
ferramentas.
a) O empregador deve disponibilizar, gratuitamente, ferramentas adequadas ao trabalho
e às características físicas do trabalhador, sendo de responsabilidade do empregado
substituí-las se necessário.

b) O empregador deve disponibilizar, a preço de custo, ferramentas adequadas ao traba-


lho e às características físicas do trabalhador, substituindo-as sempre que necessário.

c) O empregador deve disponibilizar, gratuitamente, ferramentas adequadas ao trabalho


e às características físicas do trabalhador, substituindo-as sempre que necessário.

d) O empregador deve disponibilizar, a preço de mercado, ferramentas adequadas ao tra-


balho e às características físicas do trabalhador, substituindo-as sempre que necessário.

2. Considerando o conteúdo apresentado no Módulo 2, assinale a alternativa que melhor se


aplica ao processo de levantamento de peso, segundo a NR-31 e os princípios ergonômicos.
a) É permitido o levantamento e o transporte manual de carga com peso máximo de
60 Kg.

b) Na ergonomia, o consenso é que o peso levantado por um trabalhador seja em torno de


45 kg e não ultrapasse 60 kg, que é o máximo permitido pela CLT.

c) Para a prevenção da fadiga, a ergonomia determina um limite de 60 kg para homens e


faz ressalvas quanto ao trabalho das mulheres, que o limite é de 25 kg.

d) São vedados o levantamento e o transporte manual de carga com peso suscetível de


comprometer a saúde do trabalhador. Na ergonomia, o consenso é que o peso levanta-
do por um trabalhador seja em torno de 25 kg e não ultrapasse 30 kg.

Módulo 2 - Ferramentas manuais, ergonomia, secadores e silos // 26


Prevenção de acidentes e melhoria da qualidade de vida

3. Nesse módulo você estudou os procedimentos de segurança para o desenvolvimento do tra-


balho em silos. De acordo com o conteúdo apresentado, identifique nas alternativas abaixo,
qual é o procedimento correto a ser realizado para a realização dos trabalhos no interior dos
silos.
a) Os trabalhos no interior dos silos devem ser realizados com, no mínimo, dois trabalha-
dores, devendo um deles permanecer no exterior e com a utilização de cinto de segu-
rança e cabo vida.

b) Os trabalhos no interior dos silos são considerados trabalhos em espaço confinado e,


portanto, devem ser realizados de forma individual ou isolada para evitar acidentes de
pessoas não envolvidas na atividade.

c) Os trabalhos no interior dos silos devem ser realizados com, no mínimo, três trabalha-
dores, devendo dois deles permanecer no exterior para auxiliar no resgate em caso de
acidentes.

d) Os trabalhos no interior dos silos devem ser realizados com, no mínimo, dois trabalha-
dores, devendo um deles permanecer no exterior, com a utilização de uma corda de
segurança presa à sua cintura para facilitar o resgate.

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