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DIREITO AGRÁRIO

INTRODUÇÃO

Inicialmente, cabe-nos indagar acerca do conhecimento superficial do que


venha a ser terras devolutas, desapropriação, o MST, o Estatuto da Terra,
contratos agrários, entre outros institutos que permeiam as notícias diárias.

Muito sucintamente, conceituaremos os institutos citados anteriormente, haja


vista que, mais adiante, os abordaremos com mais ênfase.

Em que consiste a tão falada REFORMA AGRÁRIA? Quais são seus


objetivos? Muitos de nós, apesar de já ter ouvido falar, muito pouco conhece da
reforma agrária.

O termo Reforma Agrária designa os esforços de reorganização do espaço


rural através de intervenção governamental.

HISTÓRICO

Inicialmente, vamos analisar o conceito histórico no qual surgiu o Direito


Agrário.

Vide: Ocupação Histórica

· Formação do Brasil

o Colonização

o Capitanias Hereditária

o Regime de Sesmarias

É muito importante lembrar que nossa colonização foi de um forma exploratória


desordenada. A situação do Brasil em relação aos países europeus que
baseavam sua economia no Mercantilismo, era bem diferente, pois, não havia
demanda por produtos, visto que não haviam relações econômicas capitalistas
nos povos indígenas.

As Capitanias eram doadas a pessoas que tinham brasão – eram pessoas de


influencia política de Portugal. Essas capitanias O Brasil

Como o Brasil, ao contrário da dos países da Europa, é um país de grande


extensão territorial, e na época da colonização o principal objetivo era ocupar
esse território. Para tanto, o meio mais adequado era distribuir as capitanias.
Antes, as condições não favoreciam a comunicação, o transporte, e a própria
integridade física em virtude das doenças tropicais.
Esquema histórico

· De 1500 a 1822 – Terras brasileiras pertenciam à Coroa Portuguesa que as


doava.

o Criação das Capitanias Hereditárias e Regime de Sesmarias. As terras


atendiam às necessidades da Coroa: Exploração.

· Entre 1822 e 1850. Vigorou o sistema de posse livre em terras devolutas.

· Em 1850. Aumento da área cultivada com o café e a Lei Eusébio de Queiros


(proibiu o tráfico de escravos), surgiu a Lei de Terras.

· Década de 30. Crise econômica mundial, a economia brasileira basicamente


agroexportadora entra em crise. Ocorre o início do processo de industrialização
brasileira.

o Um dos momentos em que houve aumento dos pequenos e médios


proprietários rurais.

· 1964. Pretensão de promover a reforma agrária que tinha como


princípio distribuir terras.

· Década de 70. Com a ditadura militar a concentração de terras assume


proporções assustadoras. O Êxodo rural foi a consequência.

Já na década de sessenta, logo após ao golpe militar de 1964, houve


novamente um grande movimento de massa populacional devido à propaganda
institucional, que propalava o crescimento do Brasil, e a erradicação da
pobreza. A partir dos grandes centros, com urbanização acelerada e a
construção civil, oferecendo oportunidades de emprego cada vez maiores à
mão de obra não especializada e analfabeta, os migrantes tiveram melhoras
salariais e de condições de vida. Em função desta melhora, começaram a
mandar dinheiro para as regiões de onde vieram, chamando a atenção dos
parentes, amigos e vizinhos, que se encontravam ainda vivendo em condições
precárias nas áreas rurais. Isto ocasionou uma aceleração do êxodo rural,
causando ainda mais inchaço nos grandes centros, aumentando ainda mais os
problemas ocasionados pela miséria na periferia das grandes cidades.

O Direito Agrário na Legislação Brasileira

· 1822. Legislação sobre terras agrícolas.

· De 1822 a 1850. Período de Vacância legal sobre a questão de apropriação


do solo. Período de tempo em que a Lei não entrou em vigor.

· 1850. Lei de Terras. A terra deveria ser vendida pelo Poder Público a
particulares que tivessem meios para sua aquisição. Se o Estado vendeu,
como é que agora ele quer desapropriá-las. Essa é uma das questões mais
discutidas quando se fala em DESAPROPRIAÇÃO de terras.

· Constituição (promulgada) de 1934. Previa a competência da União para


legislar sobre direito rural.

· Carta (outorgada – imposta) de 1937. Não mencionou o Direito Agrário.

· O Direito Agrário é instituído a partir da EC nº 10 de 09 de novembro de 1964.

QUESTIONÁRIO

1. Como surgiu a Lei 4.504/64 (ET – Estatuto da Terra)

Ele veio de encontro ao liberalismo, pois o Estado passou a interferir na


Agricultura.

2. Qual o conceito de Direito Agrário?

Direito Agrário é o ramo do Direito que visa o estudo das relações entre o
homem e a propriedade rural.

Joaquim Luiz Osório possui a seguinte definição:

"O Direito Rural ou Direito Agrário é o conjunto de normas reguladoras dos


direitos e obrigações concernentes às pessoas e aos bens rurais."

Antonino Vivanco, o grande mestre argentino, define-o como:

"O Direito Agrário é a ordem jurídica que rege as relações sociais e


econômicas que surgem entre os sujeitos intervenientes na atividade agrária. A
expressão Direito Agrário implica a união dos conceitos fundamentais: o de
Direito e o de Agrário. Por direito se entende toda ordem normativa e coativa,
tendente a regular a conduta humana dentro do grupo social; e agrário,
significa a terra com aptidão produtiva e toda atividade vinculada com a
produção agropecuária."

Oswaldo e Sílvia Optiz, agraristas gaúchos, entendem-no como sendo:

". . . o conjunto de normas jurídicas concernentes à economia agrária."

Alberto Ballarim Marcial afirma:

"O direito agrário é o sistema de normas tanto de direito privado como de


direito público, especialmente destinadas a regular o Estatuto do empresário,
sua atividade, o uso e a posse da terra, as unidades de exploração e a
produção agrária em seu conjunto, segundo determinados princípios

Rafael Augusto de Mendonça Lima, lente na Faculdade de Direito da


Universidade Federal do Rio de Janeiro, por sua vez, define-o como sendo:
"o conjunto de princípios e de normas de direito positivo, rlativos à proteção
aos recursos naturais renováveis, ao aumento da produção agropecuária, à
atividade agrária, à política agrária e à estrutura agrária."

Raymundo Laranjeira, agrarista bahiano, assim o entende:

"O Direito Agrário é o conjunto de princípios e normas que, visando a imprimir


função social à terra, regulam relações afeitas à sua pertença e uso, e
disciplina a prática das explorações agrárias e da conservação dos recursos
naturais."

Paulo Torminn Borges, agrarista goiano, definindo-o, entende que:

"Direito agrário é o conjunto sistemático de normas jurídicas que visam


disciplinar as relações do homem com a terra, tendo em vista o progresso
social e econômico do rurícola e o enriquecimento da comunidade."

3. Analise o art. 187 da CF/88.

“Art. 187. A política agrícola será planejada e executada na forma da lei, com a
participação efetiva do setor de produção, envolvendo produtores e
trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercialização, de
armazenamento e de transportes, levando em conta, especialmente: o
Governo tem programa que protege o produtor rural em casos de enchente,
secas ou qualquer evento da natureza catastrófico, a fim de dar

I - os instrumentos creditícios e fiscais;

II - os preços compatíveis com os custos de produção e a garantia de


comercialização;

III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;

IV - a assistência técnica e extensão rural;

V - o seguro agrícola;

VI - o cooperativismo;

VII - a eletrificação rural e irrigação;

VIII - a habitação para o trabalhador rural.

§ 1º - Incluem-se no planejamento agrícola as atividades agro-industriais,


agropecuárias, pesqueiras e florestais.

§ 2º - Serão compatibilizadas as ações de política agrícola e de reforma


agrária.”

4. Como o ET foi recepcionado pela CF de 1988?


Ele foi recepcionado como Lei Complementar, apesar de ser Lei Ordinária, até
que surja outro Estatuto.

5. Discorra sobre o êxodo rural e a questão agrária.

Êxodo rural é o termo pelo qual se designa o abandono do campo por seus
habitantes, que, em busca de melhores condições de vida, se transferem de
regiões consideradas de menos condições de sustentabilidade a outras,
podendo ocorrer de áreas rurais para centros urbanos. Este fenômeno se deu
em grandes proporções no Brasil, nos séculos XIX e XX e foi sempre
acompanhado pela miséria de milhões de retirantes e sua morte aos milhares,
de fome, de sede e de doenças ligadas à subnutrição.

No Brasil, a Constituição de 1988 garante a desapropriação do latifúndio


improdutivo para finalidade pública e interesse social, como a desapropriação
da terra com finalidade de reforma agrária ou para a criação de reservas
ecológicas. Nesses casos, os ex-proprietários são indenizados. Contudo, há
falta de ajuda financeira para os camponeses assentados, que acaba por criar
um novo êxodo rural.

1. CONCEITO – Direito Agrário é o ramo do Direito que visa o estudo das


relações entre o homem e a propriedade rural.

"O Direito Agrário é a ordem jurídica que rege as relações sociais e


econômicas que surgem entre os sujeitos intervenientes na atividade agrária. A
expressão Direito Agrário implica a união dos conceitos fundamentais: o de
Direito e o de Agrário. Por direito se entende toda ordem normativa e coativa,
tendente a regular a conduta humana dentro do grupo social; e agrário,
significa a terra com aptidão produtiva e toda atividade vinculada com a
produção agropecuária."

2. OBJETO DAS ATIVIDADES AGRÁRIAS – art. 1º, ET

Art. 1° Esta Lei regula os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis
rurais, para os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política
Agrícola.

2.1 Objeto

É toda ação humana no sentido da produção orientada, na qual, a participação


ativa da natureza visando a conservação das fontes produtivas naturais.

2.2 Aspectos fundamentais

· Explorações rurais típicas (setor primário) compreendem a lavoura


permanente (café, cacau) o extrativismo vegetal, a pecuniária e a
hortigranjearia.
· Exploração rural atípica (setor secundário), beneficiamento ou
transformação dos produtos rústica: compreende a agroindústria (processos
industrializantes).

· Atividades complementares (setor terciário): atividade final processo


produtivista: compreende o transporte e a comercialização dos produtos.

3. NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO AGRÁRIO: Natureza de Direito


privado contendo normas de ordem público.

4. FONTES

4.1 Imediatas: Costumes e leis

4.2 Mediatas: doutrina e jurisprudência

5. PRINCÍPIOS:

5.1 MONOPÓLIO LEGISLATIVO DA UNIÃO

· Art. 22, I, CF

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,


aeronáutico, espacial e do trabalho;

5.2 UTILIZAÇÃO DA TERRA SE SOBREPÕE A TITULAÇÃO DOMINICAL - A


utilização da terra se sobrepõe a titularização Dominical.

5.3 PROPRIEDADE CONDICIONADA À FUNÇÃO SOCIAL –

Art. 5º, XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende,


simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei,
aos seguintes requisitos:

5.4 POLÍTICA DE REFORMA AGRÁRIA E DE DESENVOLVIMENTO RURAL

Deve haver um equilíbrio entre a reforma agrária e o desenvolvimento rural.

5.5 INTERESSE PÚBLICO SOBRE O INVIDUAL

Todas as vezes que temos um ramo do direito público (ou privado com
algumas normas do público) há o interesse do público sobre o privado. Ex:
Quando há problema no escoamento de produção de pequenos proprietários, o
Estado interfere, comprando esse excedente.

5.6 PROTEÇÃO A PEQUENA E MÉDIA PROPRIEDADE RURAL


Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social,
mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula
de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir
do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.

§ 1º - As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.

§ 2º - O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de


reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação.

§ 3º - Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório


especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação.

§ 4º - O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida


agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de
reforma agrária no exercício.

§ 5º - São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações


de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.

Art. 185. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:

I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde que seu
proprietário não possua outra; (Se houver outro imóvel, será suscetível e
desapropriação)

5.7 FORTALECIMENTO DA EMPRESA RURAL – Trataremos em breve.

5.8 CONSERVAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE –


Auto-explicativo.

6. ESTATUTO DA TERRA

6.1 IMÓVEL RURAL

Por imóvel rural, entendemos que será denominado de acordo com a atividade
ali explorada. Deste modo, mesmo que esteja situado numa zona urbana,
explorando atividade rural, será considerado imóvel rústico.

Art. 4º Para os efeitos desta Lei,definem-se:

I - "Imóvel Rural" (IMÓVEL RÚSTICO), o prédio rústico, de área contínua


qualquer que seja a sua localização que se destina à exploração extrativa
agrícola, pecuária ou agro-industrial, quer através de planos públicos de
valorização, quer através de iniciativa privada;

6.2 PROPRIEDADE FAMILIAR


Afirmamos ser FAMILIAR o imóvel que. direta e pessoalmente, seja explorado
pelo agricultor e sua família, os quais lhes absorva toda sua força de trabalho,
garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área
máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente,
trabalhada com ajuda de terceiros.

II - "Propriedade Familiar", o imóvel rural que, direta e pessoalmente explorado


pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, garantindo-
lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima fixada
para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda
de terceiros;

ATENÇÃO: É importante ressaltar que propriedade familiar difere de


minifúndio.

No que tange ao trabalho do menor, a CF: Art. 7º, afirma ser proibido, haja
vista que, trata-se de atividade insalubre. (laranjais que o ácido queima as
mãos; o labor no corte da cana que, por vezes mutilam o trabalhador; o contato
direto ou indireto com agrotóxicos, etc).

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de


dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)

6.3 MÓDULO RURAL

É a área fixada para cada região e exploração. O Estatuto da Terra não


delimita as medidas, deixando a cargo das regiões sua definição. Eles é que
vão definir de acordo com a cultura e o território de cada região.

III - "Módulo Rural", a área fixada nos termos do inciso anterior ;

6.4 MINIFÚNDIO

IV - "Minifúndio", o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da


propriedade familiar;

6.5 LATIFÚNDIO

V - "Latifúndio", o imóvel rural que:

a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1°, alínea b,


desta Lei, tendo-se em vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas
regionais e o fim a que se destine;

b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual ou


superior à dimensão do módulo de propriedade rural, seja mantido
inexplorado em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais
do meio, com fins especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente
explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no conceito de empresa rural;

Art. 46, § 1º, b), dos limites máximos permitidos de áreas dos imóveis rurais, os
quais não excederão a seiscentas vezes o módulo médio da propriedade
rural nem a seiscentas vezes a área média dos imóveis rurais, na respectiva
zona;

6.6 NÃO SE CONSIDERA LATIFÚNDIO:

Parágrafo único. Não se considera latifúndio:

a) o imóvel rural, qualquer que seja a sua dimensão, cujas características


recomendem, sob o ponto de vista técnico e econômico, a exploração florestal
racionalmente realizada, mediante planejamento adequado;

b) o imóvel rural, ainda que de domínio particular, cujo objeto de preservação


florestal ou de outros recursos naturais haja sido reconhecido para fins de
tombamento, pelo órgão competente da administração pública.

VI - "Empresa Rural" é o empreendimento de pessoa física ou jurídica, pública


ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro de
condição de rendimento econômico ...Vetado... da região em que se situe e
que explore área mínima agricultável do imóvel segundo padrões fixados,
pública e previamente, pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam-se às
áreas cultivadas, as pastagens, as matas naturais e artificiais e as áreas
ocupadas com benfeitorias;

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