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Gestão de Custos
Formação Técnica
Gestão de Custos
2ª Edição
ISBN: 978-85-7664-176-6
Inclui bibliografia.
CDU: 657.4
Sumário
Introdução da Unidade Curricular–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 6
1. O que é gestão?––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––1 0
2. Processo de gerenciamento––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––1 1
3. Custos de produção––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 4
4. Fluxo de Caixa––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 6
Encerramento do Tema––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 2 9
Atividade de aprendizagem–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 3 0
Encerramento do Tema––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––4 3
Atividade de aprendizagem–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––4 3
Tema 3: Gestão dos custos de uma propriedade rural–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––4 6
2. Indicadores econômicos––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––7 3
3. Tomada de decisão–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 8 0
Encerramento do Tema––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 8 2
Atividade de aprendizagem–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––8 3
Referências bibliográficas–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 8 5
Neste material, você conhecerá o que é necessário para realizar uma boa gestão de custos
dentro da empresa rural, considerando uma perspectiva de mudanças de processos e
comportamentos, almejando lucros e contendo custos. A gestão de custos é uma importante
área de estudo que permite ao produtor rural aperfeiçoar o gerenciamento das atividades
no empreendimento agropecuário, bem como desenvolver a capacidade de aumentar a
lucratividade do negócio.
Fonte: Shutterstock
Objetivos de aprendizagem
A partir dos conhecimentos obtidos nesta unidade curricular, espera-se que você
seja capaz de:
Gestão de custos
01
Introdução à gestão de custos
Tema 1: Introdução à gestão de custos
Na economia moderna, o mercado agropecuário se encontra cada vez mais globalizado e
competitivo, com muitos produtos sendo negociados em bolsa de valores e, portanto, com
preços baseados nos mercados nacional e internacional. Com isso, o produtor rural deve
se adaptar, de modo eficiente, às mudanças que ocorrem diariamente. Amplia-se, portanto,
a importância de estudar temas que proporcionem ao produtor rural alcançar algum tipo
de vantagem competitiva, como aperfeiçoar a forma de gerenciamento da empresa rural,
inclusive quanto à gestão dos custos agropecuários.
Legenda: Atualmente, muitos produtos agropecuários já têm preço negociado em bolsas de valores.
Fonte: Shutterstock
Gestão de custos
A partir desse contexto, neste tema você estudará os principais aspectos introdutórios
relacionados ao processo de gestão de custos dos empreendimentos rurais brasileiros, bem
10 como as principais particularidades relacionadas a essa temática. Com isso, espera-se que
você consiga analisar os custos visando à maximização dos lucros em uma empresa rural.
A partir dos conhecimentos obtidos neste tema, você será capaz de alcançar as seguintes
competências:
• Compreender os conceitos básicos de gestão de custos.
• Avaliar que tipos de fatores interferem no processo de gestão de uma propriedade rural.
1. O que é gestão?
A palavra “gestão” está diretamente relacionada ao ato de gerir, administrar ou gerenciar
as atividades de um empreendimento em prol de um objetivo final. Para Silva (2005), a
terminologia “gestão” no âmbito da ciência da Administração pode ser conceituada de forma
simples. Acompanhe!
Aplicando esse conceito para a administração de uma empresa rural (ou propriedade rural),
conclui-se que a gestão está relacionada diretamente ao processo de gerenciamento das
atividades administrativas e produtivas do empreendimento, de modo que essas ações sejam
realizadas com o intuito de se alcançarem os objetivos do produtor rural.
Que objetivos são esses? Crepaldi (2012) sintetiza os objetivos dos produtores rurais em cinco
tópicos, a saber:
Dica
' Nas atividades do dia a dia, você consegue identificar algum objetivo que não
se encaixe nesses exemplos? Reflita sobre seus objetivos como técnico ou
produtor rural!
2. Processo de gerenciamento
Depois dos objetivos do produtor rural, imediatamente aparecem suas atividades. Afinal, o
gerenciamento das atividades administrativas e produtivas de uma propriedade é realizado a
partir do processo de tomada de decisão do proprietário (ou produtor).
É possível relacionar as principais atividades executadas pelo empresário rural em cinco áreas:
• comercialização (venda dos produtos agropecuários);
Nesse cenário, Crepaldi (2012) recomenda as seguintes ações ao produtor ou técnico rural:
1. Tomar a decisão sobre o que produzir, baseando-se nas condições de mercado e nos
recursos produtivos disponíveis na propriedade.
Gestão de custos
2. Decidir sobre o quanto se deve produzir. Nessa decisão, levam-se em consideração a
quantidade de terras disponíveis e o capital e a mão de obra que se podem empregar nas
12 atividades produtivas ou administrativas da propriedade.
3. Estabelecer o modo como se vai produzir, isto é, o método produtivo (tipo de tecnologia)
empregado no empreendimento agropecuário. Por exemplo, se irá mecanizar ou não
a lavoura e a forma de se combaterem as pragas e as doenças que afetam o nível de
produtividade dos produtos agropecuários.
Além disso, deve-se levar em consideração que o processo de gerenciamento das atividades
rurais pode ser influenciado pelo tipo de mercado em que se atua ou, ainda, a partir da cadeia
produtiva na qual o produtor está inserido. Afinal, é desde a avaliação do ambiente geral do
qual as empresas rurais fazem parte que elas podem obter os recursos e as informações
necessárias para seu bom funcionamento, bem como as oportunidades para a comercialização
dos produtos agropecuários.
Andrade (2002) destaca, também, que o empresário rural sozinho é incapaz de modificar
ou influenciar o mercado em que atua, ou seja, ele deve estar atento às mudanças e às
tendências econômicas do setor em que se insere. É importante, ainda, avaliar a possibilidade
de atuar em parcerias para melhorar as condições de oferta da produção ou de aquisição de
insumos — como é o caso das cooperativas, estudadas na Unidade Curricular Associativismo,
Cooperativismo e Sindicalismo.
Comentário do autor
d políticas, sociais, tecnológicas, entre outras, fazem com que os produtores rurais
se adéquem a essa nova realidade contemporânea. O objetivo principal é sempre
o mesmo: ser mais competitivo no mercado.
Ainda de acordo com Andrade (2002), há sete variáveis externas que são relevantes e podem
afetar os custos de produção e o desempenho do empreendimento agropecuário. Acompanhe
a descrição de cada uma delas!
Gestão de custos
Variáveis Estão relacionadas às características da população, como taxa de
14 demográficas crescimento, raça, religião, distribuição geográfica, sexo e idade.
Veja, a seguir, um resumo gráfico das características e das variáveis que influenciam o processo
de gerenciamento de um negócio agropecuário, com a visão dos ambientes externo e interno.
Ambiente Externo
Aspectos
Tecnologia
Ecológicos
Ambiente Interno
Comercialização Aspectos
Economia
Finanças Demográficos
Marketing
Produção
Recursos Humanos
Políticas Aspectos
Públicas Sociais
Aspectos
Legais
3. Custos de produção
De acordo com Batalha (2012), o custo de produção de uma empresa pode ser definido como
o total de recursos financeiros, humanos e tecnológicos, medidos em termos monetários (no
caso brasileiro, em reais — R$), utilizados (ou consumidos) para produzir bens e serviços (no
caso do setor rural, para a produção de produtos ou serviços agropecuários).
15
Gestão de custos
Atividades práticas
j 4 hectares.
4. Fluxo de caixa
Já o fluxo de caixa pode ser definido como a relação de entradas e saídas de recursos
financeiros de uma empresa que ocorre em um determinado período de tempo.
Comentário do autor
Para Crepaldi (2012), os principais objetivos para a realização do fluxo de caixa de uma
propriedade rural são:
• Prover com antecedência os períodos em que haverá necessidade de captação de recursos
financeiros para saldar compromissos e dívidas já assumidos pelo produtor.
• Garantir ao produtor um prazo maior para a tomada de decisões sobre o setor de finanças
do empreendimento, visto que por meio do fluxo de caixa é possível verificar se haverá
problemas futuros, como a de falta de recursos financeiros para o financiamento das
atividades agropecuárias.
• Permitir ao empresário rural trabalhar com certa margem de segurança, já que o produtor
poderá programar as operações financeiras em determinado período de tempo.
Veja um exemplo simplificado de fluxo de caixa de uma propriedade rural leiteira hipotética
(valores expressos em reais — R$).
Depois de passar pelos conceitos básicos da gestão de custos aplicada aos negócios rurais,
está na hora de abordar a gestão de negócios rurais. Avance!
Gestão de custos
estudará as limitações da mensuração dos custos das atividades administrativas e produtivas
desenvolvidas em um empreendimento agropecuário. Vamos lá?
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1. Particularidades do setor rural
Você consegue elencar algumas particularidades da agropecuária quando comparada a
outros setores em termos de gestão? Falando com outras palavras, quando alguém precisa
gerenciar uma propriedade rural, com quais características específicas ele inevitavelmente irá
se deparar?
Comentário do autor
Dessa forma, é de suma importância que o produtor rural adote estratégias que proporcionem
algum tipo de agregação de valor ao produto agropecuário que é vendido, como um modo de
aumentar a lucratividade do empreendimento.
Legenda: Uma estratégia para agregar valor ao milho é extrair seu óleo para venda.
Fonte: Shutterstock
Informações extras
Perecibilidade – os produtos agropecuários são, em geral, perecíveis. Essa realidade faz que o
produtor rural precise comercializar rapidamente sua produção para não arcar com o prejuízo
da perda parcial ou total do produto ou da perda de sua qualidade. Um exemplo típico das
consequências da perecibilidade da produção agrícola ocorre nas feiras de hortifrutigranjeiros,
nas quais os feirantes reduzem os preços ao final do período das vendas, quando os produtos
já começam a perder qualidade, podendo se deteriorar completamente em poucos dias,
perdendo inteiramente seu valor. Da mesma forma, os grãos não podem ser armazenados
por longos períodos de tempo, pois há risco de perda de quantidade e qualidade.
19
Legenda: A perecibilidade é um fator que deve ser previsto e planejado pelo produtor rural.
Comentário do autor
Gestão de custos
Opções comuns de infraestrutura são armazéns, galpões, sistemas de refrigeração etc. Com
esses recursos disponíveis, o processo de tomada de decisão do produtor sobre estratégias e
20 táticas para a comercialização da produção é facilitada.
Informações extras
Escalabilidade – os bens agropecuários são produzidos em larga escala por um grande número
de produtores, gerando algumas implicações. De um lado, cria-se grande concorrência entre
os produtores/vendedores, mantendo os preços reduzidos pelo efeito da concorrência. De
outro, aumentam-se os custos de transporte e armazenamento dos produtos.
Fonte: Shutterstock
Fonte: Shutterstock
21
Fonte: Shutterstock
Vale considerar que o produtor rural deve se preparar para todo tipo de eventualidade que
possa ocorrer em decorrência de fatores naturais.
Gestão de custos
Comentário do autor
22 Uma estratégia adequada para lidar com esse problema é o seguro rural,
Dessa forma, é necessário que o produtor rural esteja preparado para adotar as possíveis
estratégias nas situações em que ocorrerem modificações na qualidade do produto
agropecuário, principalmente quando for negociar e comercializar o produto com
agroindústrias ou diretamente com o consumidor final (por exemplo, nas feiras municipais).
Por exemplo, o produtor rural levará um tempo maior para a obtenção de retornos financeiros
com a bovinocultura de corte do que com a produção de hortaliças. Nessas situações,
destaca-se a importância do planejamento financeiro (elaboração do fluxo de caixa, como
visto anteriormente) a ser realizado pelos empresários do campo.
Legenda: Todo investimento tem um nível de defasagem temporal antes de começar a dar lucro.
Fonte: Shutterstock
O que isso significa? Pode-se dizer que a estrutura de mercado de concorrência perfeita
apresenta as seguintes características básicas:
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1. Um elevado número de empresas atua de modo independente. Como são pequenas em
relação ao mercado, elas não possuem poder de negociação. Essa situação faz com que as
empresas sejam incapazes de influenciar o preço do bem ou serviço que é comercializado.
Esse mesmo raciocínio é aplicado para os consumidores em geral.
4. Não existem barreiras para a entrada ou a saída dos agentes que atuam ou que desejam
atuar no mercado.
5. O fluxo de informações é livre no mercado, como se pode ver pelas pesquisas desenvolvidas
pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que estão disponíveis para
o acesso de todos.
Gestão de custos
Comentário do autor
Fonte: Shutterstock
Por meio desse controle dos custos de produção da propriedade, é possível emitir relatórios
que irão fornecer um fluxo contínuo de informações sobre os mais variados aspectos
econômicos e financeiros da empresa rural, permitindo que o produtor avalie a situação
atual do empreendimento agropecuário e compare com o que foi planejado inicialmente.
Esse procedimento possibilita, ainda, a identificação e o controle dos problemas que ocorrem
no sistema produtivo, além de contribuir para o aperfeiçoamento do gerenciamento das
atividades que são realizadas na propriedade.
Liquidez
A liquidez pode ser caracterizada como a facilidade com que um ativo pode ser convertido em
dinheiro. O estoque de sacas de grãos de milho, por exemplo, tem mais liquidez do que um 25
trator, já que pode ser comercializado mais rapidamente.
Gestão de custos
Porém, a classificação e a avaliação dos custos de uma atividade agropecuária apresentam
dificuldades importantes aos produtores rurais no país. Esse problema está relacionado a três
26 fatores principais:
• necessidade de avaliação da vida útil dos bens produtivos da propriedade;
Comentário do autor
Por exemplo, o trator que é utilizado no preparo do solo para o plantio do milho pode ser o
mesmo usado pelo produtor para o transporte do leite ou para roçar o pasto. Além disso, uma
parte do milho que é produzido pode ser comercializada, e a restante pode ser utilizada como
ração para os animais da propriedade.
Suponha que em uma empresa rural o produtor produza milho e soja. No entanto, a propriedade
dispõe de apenas um trator, que realiza o trabalho de preparação do solo para o plantio das
culturas. Dessa forma, para que seja realizada a alocação correta dos custos de utilização do
trator, é necessário que o produtor contabilize separadamente a quantidade de horas gastas
pelo seu uso na preparação do solo para o cultivo do milho e também para o da soja.
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O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) (2014; 2015) elencou cinco produtos
agropecuários emblemáticos, que apresentam grande desafio de mensurar seus custos de
produção. Acompanhe a lista e previna-se em relação a esses problemas mais comuns da
planilha orçamentária!
Gestão de custos
As principais dificuldades encontradas pelos produtores para mensurar
os custos produtivos nesta atividade são: (a) estratificação das rendas
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e das despesas de acordo com a fase de vida do animal (cria, recria ou
terminação); (b) participação da mão de obra familiar nas atividades da
Bovinocultura
propriedade, cuja apropriação dos custos é um processo subjetivo; (c)
de corte
diferentes tipos de sistemas de produção (ciclo completo ou somente uma
ou duas fases); (d) elevados níveis de investimentos em terras, benfeitorias,
máquinas, equipamentos e animais, cujo processo de apropriação dos
custos é relativo (subjetivo).
Encerramento do Tema
Neste tema, você visitou os conceitos básicos relacionados à gestão, que pode ser definida
como o processo de gerenciamento das atividades administrativas e produtivas do
empreendimento rural com o intuito de orientar o alcance de resultados. O desempenho das
atividades agropecuárias é influenciado por características dos ambientes externos e internos
nos quais a empresa rural está inserida.
Foram revisados, também, os conceitos de custo de produção e de fluxo de caixa, sendo que
o primeiro é obtido a partir da soma dos valores monetários de todos os recursos produtivos
(capital, terra e trabalho) que são utilizados no sistema produtivo da propriedade rural. Já o
fluxo de caixa apresenta as entradas e as saídas de recursos financeiros de uma empresa
rural em um determinado período de tempo e auxilia o processo de gestão e de tomada de
decisão do empresário rural.
Por fim, viu-se que a diversidade produtiva do empreendimento rural pode dificultar o processo
de mensuração e classificação dos custos das atividades administrativas e produtivas que são
realizadas na propriedade.
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Agora, siga adiante, porque, no próximo capítulo, você verá um importante assunto estudado
na gestão de custos: a contabilidade gerencial.
Gestão de custos
Atividade de aprendizagem
30 Neste tema, você teve a oportunidade de estudar os conceitos introdutórios de gestão de
custos das empresas rurais.
1. Com base nisso, qual das opções a seguir não é considerada um fator específico do setor
rural:
b) Sazonalidade da produção.
3. O galpão que é utilizado para o armazenamento dos insumos e dos produtos agrícolas é
classificado de que modo?
a) Terra.
b) Capital.
c) Trabalho.
d) Produtividade.
e) Insumo.
a) Político.
b) Social.
c) Econômico.
d) Tecnológico.
e) Demográfico.
5. Qual das alternativas a seguir representa aspectos relativos à demografia que podem
influenciar no processo de gerenciamento de uma empresa rural?
31
Gestão de custos
02
Contabilidade gerencial
Tema 2: Contabilidade gerencial
Um sistema de gestão de custos, ou custeio, é parte da contabilidade gerencial e importante
para auxiliar o processo de tomada de decisão do produtor rural. A contabilidade gerencial
possibilita a obtenção de informações de como são realizados os gastos com as atividades
administrativas e produtivas do empreendimento agropecuário.
A partir dos conhecimentos obtidos neste tema, você deverá ser capaz de alcançar as seguintes
competências:
• Conhecer os conceitos básicos de contabilidade gerencial.
Acompanhe um artigo publicado pela consultoria Agrolink que trata sobre esse tema.
Gestão de custos
Contabilidade gerencial: produtor precisa ver propriedade como empresa
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“É necessário que o produtor rural entenda-se como um empresário e veja sua propriedade
como uma empresa, para poder se manter competitivo e lucrativo e melhor gerir sua atividade
rural”. A análise é de Jaime Rodrigues, mestre em contabilidade, professor universitário e
sócio da TG&C – Trevisan Gestão & Consultoria.
“Grande parte da produção agrícola e pecuária do Brasil segue tradições familiares quase
centenárias. Muitos proprietários ainda administram suas fazendas como o pai ou o avô,
ou seja, com nível de gestão próximo a zero”, comenta o especialista.
“Uma pesquisa da consultoria Kleffmann mostra o foco quase exclusivo na terra e descuido
no escritório. Foram ouvidos 679 produtores de milho safrinha do Mato Grosso, do Paraná,
do Mato Grosso do Sul, de Goiás e de São Paulo. Desse total, 19% contrataram profissionais
com curso superior na safra anterior e, dessa parcela, 85% são agrônomos e apenas 23%,
administradores de empresas ou contabilistas”, conta ele.
De acordo com Rodrigues, “o administrador precisa ter noção exata da rentabilidade de sua
atividade produtiva, os resultados obtidos e como eles podem ser otimizados por meio de
avaliação de resultados, fontes de receitas e tipos de despesas e como melhorar as receitas
e reduzir as despesas.”
Dessa forma, como você pode aplicar essas dicas em sua realidade? Mediante a classificação e a
organização dos dados referentes ao movimento econômico-financeiro diário da propriedade,
é possível obter as informações gerenciais que irão auxiliar no processo de tomada de decisão
do produtor rural.
Patrimônio
Patrimônio é considerado como o conjunto de bens, direitos e obrigações que são vinculados a
uma pessoa ou a uma empresa.
Outro estudioso do assunto, Mário Otávio Batalha, observa que a contabilidade gerencial
possui duas funções básicas:
Gestão de custos
36
Fonte: Shutterstock
Schier (2013) recomenda que o empresário adote um sistema de custeio para o controle e a
alocação adequada dos custos para cada tipo de atividade desenvolvida no empreendimento
agropecuário. Por exemplo, o cálculo do custo de preparação do solo para o plantio de uma
cultura na propriedade ou, mesmo, o custo de armazenagem. Mais adiante, você verá um
exemplo de como se deve calcular o custo de produção de uma atividade desenvolvida em
uma propriedade rural.
Esse sistema de custeio a ser adotado pelo produtor rural pode se dar a partir da utilização
do método ABC (Activity-Based Costing, ou Custeio Baseado em Atividades). Barbosa (2004)
relata que a ideia básica desse método é tomar os custos das várias atividades desenvolvidas
em uma empresa e entender seu comportamento, de forma que seja possível alocar de
maneira adequada os custos produtivos na atividade desenvolvida na firma para cada tipo de
produto produzido. Já Leone e Leone (2010) relatam que, para a utilização do método ABC, é
necessário que o empresário identifique os custos e as despesas por atividades desenvolvidas
na empresa e, posteriormente, realize a alocação das atividades aos bens produzidos.
Para Sampaio et al. (2011), existem três componentes básicos para a estruturação do método
ABC em uma empresa rural:
Outros Colheita
Em posse dessas informações, você já pode avaliar a planilha para a apropriação dos custos de
produção em uma propriedade rural a partir da utilização do método de custeio por atividade.
Esse exemplo pode ser utilizado tanto para a produção de milho quanto para a de soja.
Gestão de custos
ITEM DO CUSTEIO COEFICIENTE TÉCNICO CUSTEIO
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1. OPERAÇÕES Hora-máquina Valor
Colheita
Outros
SUBTOTAL 1 (SB1)
Tratamento de sementes
Colheita
Outros
SUBTOTAL 2 (SB2)
Sementes (quilos)
Fertilizantes (quilos)
Outros
SUBTOTAL 3 (SB3)
Fonte: Shutterstock
Albertin e Albertin (2009) relatam que a redução de custos não envolve apenas cortar gastos
do sistema produtivo, mas também encontrar formas de utilizar uma quantidade menor de
matérias-primas para a produção da mesma porção de bens ou serviços. Em ambos os casos,
o resultado é o aumento da competitividade.
Competitividade
Para que seja exercido o controle dos custos produtivos na empresa rural, é necessário
que o produtor classifique adequadamente as principais modalidades de entradas e gastos
existentes. O objetivo é tornar possível o cálculo separado dos custos e, finalmente, avaliar o
resultado econômico do empreendimento.
Gestão de custos
O controle dos custos e a definição do resultado das operações
produtivas na propriedade em um determinado período de tempo
40 (mensal, semestral e anual) são de extrema importância para o
sucesso do empreendimento agropecuário. Por meio da avaliação, é
possível caracterizar situações de lucro ou prejuízo do produtor rural.
Na situação de lucro (receita total maior do que as despesas totais), o produtor pode adotar
estratégias que tenham por intuito a elevação da produtividade dos fatores produtivos e,
também, a busca por uma maior eficiência do negócio, de modo a expandir a margem de
lucratividade da empresa.
Comentário do autor
Por outro lado, na situação de prejuízo (receita total menor do que as despesas
totais), é necessário que o produtor adote estratégias que tenham por intuito a
Santos (2013) relata que o orçamento é uma forma efetiva de se praticar o planejamento dos
custos, pois por meio dele é possível estabelecer valores de acompanhamento dos custos de
produção e administração de uma propriedade ou de suas atividades específicas.
Os bens físicos que são utilizados no sistema produtivo de uma empresa rural precisam ser
expressos por meio de coeficientes técnicos dos fatores de produção, como horas/máquina,
horas/homem e quilos/hectare, para que seja realizada a mensuração adequada dos gastos
que são efetuados com o sistema produtivo do empreendimento agropecuário.
Coeficiente técnico
Coeficiente técnico é definido como os valores numéricos que expressam a relação física da
quantidade de insumo utilizada para a produção de determinada quantidade de produto
agropecuário. A relação horas/máquina indica a quantidade de horas de máquina utilizadas para
a produção de determinada quantidade de produto. O mesmo raciocínio pode ser aplicado à
relação horas/homem, que indica a quantidade de horas de mão de obra.
Crepaldi (2012) destaca que o orçamento da empresa rural deve ser dividido em duas partes:
investimentos e resultados operacionais. Em suma, os investimentos podem ser agrupados
em oito categorias:
2. Benfeitorias e instalações.
4. Produção vegetal.
5. Estudos e pesquisas.
8. Melhoramentos.
Comentário do autor
Com base nessa classificação, pode-se adotar o seguinte plano de contas para a descrição dos
custos de investimento:
• Terras
• Telefone, comunicações
• Cercas
• Veículos
• Móveis e utensílios
Gestão de custos
• Produtos agrícolas
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Estoque de produtos • Herbicidas e fertilizantes
• Medicamentos
• Reprodutores
Bovinocultura • Matrizes
• Gado de corte
• Estudos e pesquisas
Estudos e pesquisas
• Despesas legais
• Sistematização e drenagem
Melhoramentos • Terraplenagem
• Desmatamento
• Salários e encargos
• Vacinas e medicamentos
• Inseminação artificial
Pecuária e criação
de animais • Conservação e manutenção da pastagem
• Custo de motomecanização
• Fretes e transporte
• Diversos
• Sementes
• Mudas
• Fertilizantes
• Fretes e transporte
• Custo de motomecanização
• Diversos
Concluindo: o plano de contas permite a organização dos gastos em itens agregados que, por
sua vez, refletem os custos de produção vegetal ou animal.
Encerramento do Tema
Neste tema você estudou a importância da prática da contabilidade gerencial em uma empresa
rural. Inicialmente, passou pelos conceitos de contabilidade gerencial e as principais vantagens
de utilização dessa técnica para auxiliar o processo de tomada de decisão do produtor. Em
seguida, acompanhou o conceito de sistema de custeio e as etapas a serem seguidas pelo
empresário para a implementação dessa técnica no empreendimento agropecuário, bem
como o modelo de plano de contas para a organização dos custos de produção.
Atividade de aprendizagem 43
a) Pode ser conceituada como um instrumento administrativo que tem por objetivo o
estudo, o registro e o controle da gestão econômica do patrimônio das empresas rurais
(propriedades rurais).
b) Pode ser conceituada como um instrumento administrativo que tem por objetivo o
estudo, o registro e o controle de índices técnicos de produção.
Gestão de custos
c) Pode ser conceituada como um instrumento administrativo que não tem por objetivo o
estudo, o registro e o controle da gestão econômica do patrimônio das empresas rurais
44 (propriedades rurais).
d) Pode ser conceituada como um instrumento administrativo que tem por objetivo
apenas registrar as informações financeiras da propriedade rural.
2. Qual das alternativas a seguir não é considerada uma finalidade da contabilidade gerencial?
e) Tomar os custos das várias atividades desenvolvidas em uma empresa e entender seu
comportamento, de forma que seja possível alocar de maneira adequada os custos
produtivos de cada atividade desenvolvida na firma a cada tipo de produto produzido.
4. Qual das alternativas a seguir pode ser considerada uma função básica da contabilidade
gerencial?
5. Assinale a alternativa que responde à seguinte pergunta: o orçamento é uma forma efetiva
de se praticar o quê?
a) A desorganização dos custos, pois por meio dele é possível estabelecer valores de
acompanhamento dos custos de produção e administração de uma propriedade ou de 45
suas atividades específicas.
b) O planejamento dos custos, pois por meio dele é possível estabelecer apenas os
valores de acompanhamento dos custos de produção de uma propriedade ou de suas
atividades específicas.
c) O planejamento dos custos, pois por meio dele é possível estabelecer apenas os valores
de acompanhamento dos custos de administração de uma propriedade ou de suas
atividades específicas.
d) O planejamento dos custos, pois por meio dele é possível estabelecer valores de
acompanhamento dos custos de produção e administração de uma propriedade ou de
suas atividades específicas.
Gestão de custos
03
Gestão dos custos de
uma propriedade rural
Tema 3: Gestão dos custos de uma
propriedade rural
A gestão de custos em uma empresa rural é uma das principais estratégias que o produtor possui
para elevar a margem de lucratividade do empreendimento, visto que lhe permite minimizar
os gastos de produção. Neste tema, serão discutidos os principais aspectos relacionados à
gestão de custos de uma propriedade, enfatizando, principalmente, os processos de cálculo e
de análise dos custos de um empreendimento agropecuário.
Fonte: Shutterstock
Com isso, espera-se que você consiga compreender as despesas do processo produtivo que são
utilizadas na gestão de custos, bem como analisar os custos visando à minimização dos gastos e
à maximização dos lucros em uma empresa rural e entender os principais conceitos de custos.
A partir dos conhecimentos obtidos neste tema, você poderá alcançar as seguintes competências:
• Conhecer os processos administrativo e produtivo de uma propriedade rural.
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Essa é a parte mais essencial para o negócio, pois sem ela não haveria receita, e todas as
demais etapas do processo de produção não alcançariam bons resultados. Além disso, é
importante que o empresário conheça as preferências e as exigências do consumidor final
para que possa adaptar seus métodos de produção à demanda de mercado e, assim, alcançar
ganhos de competitividade.
Como descobrir essas exigências do consumidor? Para que o empresário rural possa
obter um bom conhecimento do mercado em que atua e adquirir capacidade de realizar o
planejamento de divulgação (marketing) ideal de seu produto, é essencial que o produtor
realize uma pesquisa de mercado.
Comentário do autor
Essa dica é muito valiosa, mas, infelizmente, muitas vezes a pesquisa de mercado
é deixada de lado pelos empresários. É importante reconhecer que, por meio
Link
Gestão de custos
50
Fonte: Shutterstock
Finanças – a área de finanças é a parte que trata do gerenciamento dos recursos financeiros
necessários para custear e financiar a condução das atividades produtivas na propriedade
rural. A área de finanças é relacionada principalmente com:
• receita (obtenção de recursos financeiros a partir da comercialização dos produtos ou
serviços agropecuários da propriedade);
Informações extras
O crédito rural pode ser concedido por diversos tipos de linhas de financiamento,
cujas condições variam de acordo com os objetivos do empreendimento, com as
características do produtor rural ou com as finalidades da produção. Vale a pena
estudar o que se aplica à sua atividade agrícola!
O Entre as principais linhas de crédito rural podem ser citadas o ABC (Agricultura de
Baixo Carbono), o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar), o Moderinfra (Programa de Incentivo à Irrigação e à Armazenagem),
o Moderagro (Programa de Modernização da Agricultura e Conservação dos
Recursos Naturais), o Propflora (Programa de Plantio Comercial e Recuperação
de Florestas) e o Prodecoop (Programa de Desenvolvimento Cooperativo para
Agregação de Valor à Produção Agropecuária).
Produção – a área de produção é aquela que utiliza os recursos naturais, físicos ou materiais
necessários para a operação das atividades produtivas em uma propriedade rural. Eles podem
ser classificados em recursos de transformação e recursos de utilização.
São relacionados aos materiais que fazem Podem ser definidos como aqueles que são
parte do sistema produtivo da empresa, aplicados ao sistema produtivo da propriedade
porém não são incorporados ao produto rural, além de serem incorporados ao produto
final, como terra, equipamentos, máquinas e agropecuário, como sementes, corretivos,
instalações físicas. defensivos, fertilizantes, medicamentos e rações.
51
Veja, a seguir, cinco importantes aspectos relacionados à área de produção de uma empresa
rural, conforme relatado por Andrade (2002).
Gestão de custos
Relaciona-se à medida de avaliação da quantidade física a ser produzida
por área plantada (sacas de milho por hectare) ou por meio de outro
52 Produtividade
indicador utilizado na propriedade rural, como a quantidade de litros de
leite obtidos por vaca, por exemplo.
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Comentário do autor
Depois de passar pelas quatro principais atividades da administração de uma empresa rural,
veja os custos que elas envolvem.
Os custos do sistema produtivo de uma empresa ou propriedade rural podem ser divididos em:
• custo operacional efetivo (COE);
53
Compreenda melhor do que trata cada um deles.
• rações;
• suplementos minerais;
• sementes;
• mudas;
• medicamentos veterinários;
Gestão de custos
• defensivos agrícolas;
54 • fertilizantes;
• comercialização da produção;
• energia;
• combustíveis;
• impostos e taxas;
• arrendamento da terra;
A remuneração da mão de obra familiar que trabalha diretamente no processo produtivo deve
ser definida pelo proprietário. Para isso, deve-se avaliar a atividade exercida pelos membros
da família na propriedade em comparação ao valor que eles receberiam se trabalhassem
realizando as mesmas funções em outra empresa rural. Essa será a base para a remuneração
da mão de obra familiar.
Legenda: A compra de sementes é considerada como um custo operacional para o produtor rural.
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m) Arrendamento da terra
O custo operacional total (COT) é a soma do custo operacional efetivo (COE) juntamente com
a mão de obra familiar e a depreciação.
55
COT = COE + Pró-labore + Depreciação
Ele é contabilizado para a mão de obra familiar que não está envolvida diretamente no
processo produtivo e deve ser definido pelo proprietário com base na atividade exercida e em
seu valor no mercado de trabalho.
A depreciação equivale a uma reserva monetária que o produtor rural deve fazer com o intuito
de renovar seu patrimônio, mantendo a capacidade produtiva do negócio. A depreciação pode
ser de benfeitorias, lavouras perenes e semiperenes, máquinas, implementos, equipamentos,
rebanho e forrageiras não anuais.
Gestão de custos
O custo da depreciação não implica desembolso por parte do
produtor, mas representa efetivamente um custo do negócio,
56 devendo ser calculado.
Para as culturas perenes — como maçã, pêssego, banana, citros, café, uva, entre outras —,
a depreciação é calculada, já que a cultura produzirá por vários anos, cabendo ao produtor
fazer a reserva monetária para renovar suas lavouras no futuro.
Atenção
` Vale lembrar que nas culturas de ciclo curto a depreciação não é calculada, uma
vez que o desembolso de sua implantação é considerado um custo, o qual é
recuperado ao final do ciclo produtivo.
Legenda: A depreciação do galpão é considerada um custo operacional total para o produtor rural.
Fonte: Shutterstock
Para calcular o custo de depreciação, utiliza-se o método linear por meio da seguinte fórmula:
(V - S)
Depreciação = ---------
n
Em que:
Valor residual
Também chamado de valor de sucata, é o valor do bem após o término de sua vida útil.
Para que esse método se torne mais flexível, algumas variações dessa fórmula são aplicadas
analisando-se cada caso
Um veículo adquirido novo no valor de R$ 54.000,00, com vida útil de 15 anos, terá a seguinte
depreciação:
(V - S)
Depreciação = ---------
n
(54.000 - 0)
Depreciação = ---------
15
Depreciação = 3.600/ano
2. Bem adquirido usado, porém ainda dentro do prazo da vida útil estabelecida
Um veículo adquirido usado no valor de R$ 33.000,00 e com vida útil residual de 6 anos.
57
(VC - S)
Depreciação = ---------
nr
Em que:
VC = valor de compra
Assim,
(VC - S)
Depreciação = ---------
nr
(33.000 - 0)
Depreciação = ---------
6
Depreciação = 5.500/ano
Gestão de custos
Custo total (CT)
58 É a soma de todos os custos (variáveis e fixos). Portanto, é a soma do COT juntamente com a
remuneração do capital investido em benfeitorias, máquinas, implementos, equipamentos
e lavouras.
JA = (VN - S) × i
Em que:
VN = valor de novo
i = taxa de juros
Esse custo é calculado como se todo o dinheiro aplicado na propriedade tivesse sido colocado
em outro tipo de investimento, por exemplo, na poupança, que tem juros médios de 6% ao ano.
Para que o cálculo possa ficar mais flexível e menos subjetivo, algumas variações da fórmula são
necessárias conforme cada situação. Assim, no caso de um bem adquirido novo na propriedade,
que é somado a outros bens de várias idades, deve-se fazer o valor médio desses bens.
Por exemplo, uma máquina com valor de nova igual a R$ 67.000,00 e juros de 6% a.a. terá o
seguinte custo:
(VN - S)
JA = --------- × i
2
Em que:
VN = valor de novo
i = taxa de juros
(VN - S)
JA = --------- × i
2
(67.000 - 0) 6
JA = --------- × ---------
2 100
59
JA = -67.000
-------- × 0,06
2
JA = 33.500 × 0,06
JA = 2.010,00/ano
Esse mesmo cálculo ocorre para benfeitorias e pomares que já ultrapassaram a vida útil, bem
como para animais de serviço, touros, rufião e doadoras.
Nesse caso, o valor a ser utilizado não será o valor médio de novo, mas o atual do bem.
Gestão de custos
Por exemplo, a mesma máquina com valor de nova igual a R$ 67.000,00, mas que possui um
valor de mercado de R$ 12.000,00 e juros de 6% a.a., terá o seguinte custo de oportunidade
60 do capital:
JA = (VN - S) × 1
JA = (12.000 - 0) × 6%
JA = 12.000 - 0 × 6%
JA = 720,00/ano
A união de todos os custos possibilita compor o custo total (CT), conforme demonstra a figura
a seguir.
Custo operacional
efetivo (COE)
= COE
Pró-labore
Custo operacional
efetivo (COE) + + = COT
Depreciações
Pró-labore Remuneração do
Custo operacional
efetivo (COE) + + + capital investido + CT
Depreciações na atividade
1. Parâmetros gerais
• Custo horário do tratorista: é expresso em reais por hora máquina (R$/hora) e deve
incluir todos os benefícios e encargos trabalhistas do tratorista; neste exemplo, considere
um valor de R$ 55,00/hora trabalhada.
• Custo horário do mecânico: é expresso em reais por hora (R$/hora) e deve incluir todos
os benefícios e encargos trabalhistas do funcionário; considere um valor de R$ 55,00/
hora trabalhada.
(VN - S)
JA = --------- × i
2
(300.000,00
JA = -- -- -- - ---
S) × 6%
2
JA = 150.000,00 × 6%
JA = 9.000,00/ano
Gestão de custos
2. Fatores técnicos
• Consumo de combustível: o consumo de combustível varia de acordo com o tipo de
62 serviço e a máquina agrícola usada na propriedade rural. Os tipos de serviços considera-
dos “pesados”, como o trabalho de aração do solo, exigem maior desempenho do trator
e, consequentemente, há aumento no consumo de combustível. Por sua vez, o transpor-
te de materiais dentro da propriedade pode ser considerado uma tarefa mais simples,
e, nesses casos, o consumo de combustível tende a ser menor em comparação com o
serviço de aração do solo. O consumo do combustível pode ser analisado com os contro-
les de gastos de combustível ou pelas informações que são fornecidas pelos fabricantes.
Informações extras
• Uso anual: é relacionado ao total de horas nas quais o equipamento será utilizado ao
longo do ano corrente. Recomenda-se a utilização da taxa de 750 horas/ano.
• Fator de reparo: o fator de reparo serve para calcular os gastos com reparos de má-
quinas ou equipamentos utilizados na propriedade rural. O serviço de manutenção de-
penderá diretamente da fragilidade dos materiais e do tipo de uso do equipamento no
sistema produtivo da empresa rural. Crepaldi (2012) argumenta que os equipamentos
que necessitam de poucos reparos têm um fator que varia entre 0,5 e 1,0; já aqueles que
precisam de bastantes reparos possuem um fator que varia entre 1,0 e 1,5. A escolha
dos valores será de acordo com o critério adotado pelo produtor rural.
3. Parâmetros econômicos
• Valor da aquisição: é relacionado ao valor do novo equipamento, que no exemplo em
questão assumirá o valor de R$ 300.000,00.
Considere, no exemplo em questão, que a vida útil do trator seja de dez anos. A depreciação,
portanto, é de R$ 30 mil por ano. Com essas informações, é possível que o produtor rural
consiga calcular o custo da hora do trator que é utilizado para a preparação do solo.
Neste item, estão incluídos os custos com mão de obra do tratorista, reparos, manutenção,
combustível e lubrificante.
• Mão de obra do tratorista: nesse exemplo, considere o valor de R$ 55,00/hora.
• Reparos: será considerado o fator de reparo de 1,5 devido ao tipo de equipamento que
é analisado.
(Valor de aquisição do equipamento × fator de reparo)
Valor do reparo por hora = ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Total de horas de vida útil
R$ 450.000,00
Valor do reparo por hora = --------------------------------------------------------------
7.500 horas
63
• Manutenção: nesse exemplo, considere que, para cada hora de trabalho do tratorista,
10% desse valor sejam destinados aos serviços de manutenção.
Gestão de custos
• Custo do combustível: nesse exemplo, considere que sejam gastos oito litros de com-
bustível para cada hora de trabalho do trator e que seu custo seja de R$ 3,00/litro.
64
Quantidade de litros Preço do litro
Valor do combustível gasto = ×
gasto por hora do combustível
• Custo do lubrificante: nesse exemplo, considere que o custo do lubrificante seja de 15%
do valor total gasto com o combustível.
• Custo operacional efetivo por hora: é a soma de todos os custos levantados anteriormente.
(VC - S)
Depreciação = ---------
nr
Em que:
VC = valor de compra
Considere, nesse exemplo, que o valor de compra do trator tenha sido de R$ 300.000,00 e que
a vida útil residual seja de dez anos.
Depreciação = R$ 30.000,00/ano
R$ 30.000,00
Depreciação por hora = --------------------------------------------------------------
750 horas
3. Custo total
Neste item, está incluída a remuneração do capital ou os juros sobre capital. Lembre-se de
que o valor residual (S) deve ser igual a zero no cálculo, conforme estudamos na página 58.
(VN - S)
JA = --------- × i
2
(300.000,00
JA = -- -- -- - ---
0) × 6%
2
JA = 150.000,00 × 6%
JA = 9.000,00/ano
Para calcular a remuneração do capital por hora, considere um total de 750 horas trabalhadas
65
por ano.
Remuneração de capital por ano
Remuneração de capital por hora = ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Número de horas trabalhadas no ano
R$ 9.000,00
Remuneração de capital por hora = --------------------------------------------------------------
750 horas
Após todos os cálculos, pode-se concluir que o custo de produção do produtor rural para cada
hora de trabalho no preparo de solo dessa empresa é de R$ 200,10.
Gestão de custos
Revisados todos os conceitos relacionados ao cálculo de custos de uma empresa rural, no
próximo tópico você estudará as técnicas de gestão desses custos. Siga em frente!
66
Tópico 2: Técnicas de cálculo e de gestão de custos
Neste tópico, você conhecerá ferramentas e técnicas de cálculo e de gestão de custos de
produção de uma propriedade ou empresa rural. Inicialmente, você irá comparar as técnicas
de avaliação custo X benefício de atividades agropecuárias. Na sequência, estudará alguns
indicadores técnico-econômicos e algumas considerações sobre o processo de tomada de
decisão do produtor rural. Bom estudo!
Fonte: Shutterstock
Crepaldi (2012) relata que a análise de custo X benefício é realizada por meio de uma
planilha que contém informações de custos e de receitas do empreendimento agropecuário
analisado. Para que o produtor rural seja capaz de operacionalizar as informações financeiras
da propriedade, é recomendável a utilização de softwares específicos, como o programa
Microsoft® Office Excel, ou planilhas de cálculos.
Observe o exemplo a seguir, em que há as receitas e os custos para a produção de 2,6 hectares
de melancia:
RECEITAS
Melancia kg/ha 20.000,00 1,50 78.000,00 30.000,00
Total de receitas 78.000,00 30.000,00
CUSTOS
Semente melhorada kg 1 200,00 200,00 76,92
Adubo orgânico m³ 10 220,00 2.200,00 846,15
Compostos orgânicos kg 1.300 1,60 2.080,00 800,00
Calda bordalesa l 20 30,00 600,00 230,77
Espalhante adesivo l 1 10,00 5,00 1,92
Calda sulfocálcica l 15 20,00 300,00 115,38
Água 1.000 m³ 5 60,00 300,00 115,38
Aração, gradagem
hora/máquina 7 80,00 520,00 200,00
e sulcagem
Coveamento dia/homem 3 60,00 180,00 69,23
Adubação de fundação
dia/homem 6 60,00 360,00 138,46
e plantio 67
Capinas manuais dia/homem 15 60,00 900,00 346,15
Adubação de cobertura dia/homem 2 60,00 120,00 46,15
Transporte interno hora/máquina 1 45,00 45,00 17,31
Pulverização dia/homem 10 60,00 600,00 230,77
Irrigação dia/homem 12 60,00 720,00 276,92
Colheita dia/homem 15 60,00 900,00 346,15
Mão de obra familiar dia/homem 180 50,00 9.000,00 3.461,54
Administração mês 3 100,00 300,00 115,38
Manutenção unidade 1 1.000,00 1.000,00 384,62
Impostos e taxas mês 3 50,00 150,00 57,69
Imposto sobre
comercialização % 2,3 2,30 1.794,00 690,00
Gestão de custos
Ao final da primeira coluna, encontra-se o item Resultado, que consiste na diferença entre
as receitas e os custos de uma propriedade rural hipotética em um determinado período de
68 tempo. O resultado operacional, quando é positivo (maior que zero), indica que houve lucro
no período analisado. Por sua vez, quando é negativo (menor que zero), indica que o produtor
obteve prejuízo.
Comentário do autor
Esse tipo de análise pode ser aplicado tanto para atividades agrícolas quanto pecuárias.
Veja, a seguir, uma descrição mais detalhada dos componentes da análise de custo X benefício
de uma atividade agropecuária hipotética, que envolvem custos, receita, produtividade e
preços e resultado operacional, conforme relatado por Crepaldi (2012).
1. Insumos: a elaboração deste subitem deve ser realizada a partir de uma pesquisa de
mercado, com a coleta de informações sobre os preços (orçamentos) de todos os insumos
a serem utilizados na produção do produto agropecuário analisado. Após a realização
da pesquisa do preço dos insumos, os valores deverão ser colocados na planilha a ser
montada.
2. Serviços: este item está relacionado a todas as atividades a serem realizadas durante o
processo produtivo da empresa rural, como gastos com mão de obra (serviços do tratorista
na preparação do solo para o plantio da cultura, mão de obra para capina e colheita etc.).
3. Outros: neste item, incluem-se todos os outros fatores associados ao sistema produtivo,
como seguros, assistência técnica e custo do capital empregado.
Receita – a análise da receita será realizada a partir de diferentes cenários (pessimista, médio
e otimista – saiba mais no próximo assunto), já que na produção agropecuária podem ocorrer
problemas de origens naturais ou biológicos com o produto agropecuário analisado. Essas
informações são de suma importância para o produtor rural no que tange aos processos de
planejamento e de tomada de decisão das atividades a serem exploradas.
1. o preço de mercado;
Dica
A seguir, acompanhe a planilha que fornece informações para a análise do custo X benefício
de uma cultura de milho de 1 hectare. As informações sobre os custos, os preços e a 69
produtividade referem-se a Mato Grosso (MT). Lembre-se de que as informações podem
variar semanalmente e servem apenas como exemplo para análise.
Sementes 396,06
Gestão de custos
Inseticida 123,55
70 Adjuvante 24,24
Nesse exemplo que você acabou de ver, o preço médio de venda utilizado foi de R$ 25,00/saca.
O custo total estimado para a produção de milho em uma área de 1 hectare foi de R$ 2.422,71.
No entanto, as receitas obtidas para o cenário pessimista (R$ 2.125,00) são insuficientes para
cobrir os custos de produção de milho dessa propriedade rural, assim, caso o produtor não
alcance o nível de produtividade médio, ele terá prejuízo com a produção e a venda do produto.
Atenção
Vale também ressaltar que, caso o preço tenha queda de apenas R$ 1,00, o produtor já estará
próximo de seu ponto de cobertura total (em que os custos e as receitas se equivalem) — isso
no cenário otimista.
Atenção
71
Observe que, mesmo no cenário otimista ou médio, o retorno para o produtor
` está bem próximo dos custos totais. Assim, é importante que ele busque reduzir
seus custos e mantenha o mesmo nível de produtividade, além de ficar atento ao
preço de venda, para que consiga melhores resultados no negócio.
Observe este outro exemplo, em que são apresentados os custos e as receitas para a produção
de leite em 58 hectares.
Proteico 22.088,81
Energético 35.256,64
Custos Sal mineral 4.120,90
Ureia 9.335,47
Adubo 4.200,00
Gestão de custos
Defensivos 382,05
Nesse exemplo, o preço médio utilizado foi de R$ 1,15, e a produtividade de 155.782 litros
no cenário otimista, 141.620 litros no cenário médio e 127.458 litros no cenário pessimista.
Observe que essa produção mostra-se “mais segura” do que a de milho, pois em todos os
cenários a atividade apresentou resultados positivos, ou seja, teve lucro. Mesmo no cenário
pessimista, o resultado estimado foi positivo, mostrando menor risco associado à produção.
Renda bruta
A renda bruta, ou valor da produção, compreende a renda (o valor) obtida com a venda da
produção durante o período analisado. É determinada pelo preço dos produtos multiplicado
pela quantidade comercializada.
Em que:
RB = renda bruta
Q = quantidade comercializada
É importante lembrar que a renda bruta compreende a soma dos valores da renda de outros
produtos ou subprodutos, como:
• produtos animais e vegetais comercializados;
RB = 389.747,50 + 30.450,00
RB = R$ 420.197,50
A análise da renda bruta de forma isolada é pouco conclusiva, por isso é importante compará-
la ao custo de produção para definir a rentabilidade da atividade.
Gestão de custos
Margem bruta
74 A margem bruta é o resultado da renda bruta (valor da produção vendida e obtida na atividade)
menos o custo operacional efetivo.
MB = RB - COE
Em que:
MB = margem bruta
RB = renda bruta
Exemplo:
MB = R$ 180.550,00 - R$ 81.798,00
MB = R$ 98.752,00
Os resultados obtidos podem ser analisados anualmente por hectare ou pela unidade
padronizada para a cultura (saca, caixa, quilo). Esse indicador é muito utilizado em
comparação a outras atividades agropecuárias, principalmente no que se refere à viabilidade
de arrendamento de terra.
MB < 0
Quando a margem bruta for negativa, ou menor que zero, indicará que a atividade está sendo
antieconômica, já que o produtor não estará conseguindo pagar seus custos operacionais efetivos.
Nesse caso, é possível dizer que o produtor estará “pagando para trabalhar” ou pagando para
produzir, pois os desembolsos serão maiores que as receitas. Essa situação é conhecida como
ponto de fechamento da empresa.
MB = 0
Quando a margem bruta for igual a zero, configurará sinal de alerta, pois, apesar de os
custos operacionais efetivos estarem sendo pagos, a mão de obra familiar não estará sendo
remunerada, assim como nenhum de seus custos fixos estará sendo pago. Nesse caso, a
atividade continuará sendo inviável no curto prazo.
Quando a margem bruta for maior que zero, significará que a renda bruta é superior aos
custos operacionais efetivos. Isso indicará que, pelo menos no curto prazo, a atividade estará
sendo viável. Nesse caso, a análise terá de avançar para a margem líquida e para o lucro.
Margem líquida
ML = RB - COT
Em que:
ML = margem líquida
RB = renda bruta
Exemplo:
ML = R$ 74.650,00 - R$43.346,00
ML = R$ 31.304,00
Utilizando o conceito de margem líquida, também é possível tirar algumas conclusões sobre o 75
desempenho da atividade produtiva.
ML < 0
Quando a margem líquida for menor que zero (com MB > 0), a atividade cobrirá os custos
variáveis, mas não conseguirá pagar todas as depreciações e os gastos com a mão de obra
familiar. Além disso, não remunerará o capital investido na atividade.
Analisando a situação economicamente, podemos dizer que a atividade será viável apenas no
curto prazo e, caso a situação de margem líquida negativa persista, levará ao empobrecimento
e ao sucateamento da empresa, inviabilizando assim a atividade no médio e no longo prazo.
ML = 0
Quando a margem líquida for igual a zero, significará que, pelo menos no médio prazo, o
produtor se manterá em atividade, já que conseguirá sustentar seu sistema de produção. No
Gestão de custos
entanto, não será uma situação estável no longo prazo, pois normalmente existe a necessidade
de se investir em novas tecnologias e modelos produtivos que demandam novos investimentos,
76 tornando o sistema produtivo atual obsoleto e não mais competitivo no mercado.
ML > 0
Quando a margem líquida for maior que zero, tal situação confirmará que a atividade
está sendo economicamente viável no curto e no médio prazo, pagando os desembolsos,
remunerando o produtor e cobrindo os custos com depreciação. Nesse caso, a análise deverá
avançar para o lucro da atividade.
Lucro
O lucro é constituído pela diferença entre a renda bruta e o custo total, ou seja, ocorre
quando se consegue cobrir todos os custos, inclusive o de oportunidade do capital investido
na atividade.
L = RB - CT
Em que:
L = lucro
RB = renda bruta
CT = custo total
Exemplo:
L = R$ 150.000,00 - R$ 67.650,00
L = R$ 82.350,00/ano
L<0
Quando o lucro for menor do que zero (com ML > 0), significará que a remuneração da
atividade não estará sendo suficiente para cobrir o custo de oportunidade do capital de
acordo com a taxa de 6% (taxa mínima de atratividade do mercado). Essa situação mostra
uma atividade que não está sendo economicamente atrativa, pois acarreta prejuízo
econômico. Nesse caso, se o empresário investir todo o capital imobilizado na propriedade
em outra atividade que apresente maior rentabilidade, estará fazendo um melhor negócio.
No longo prazo, manter-se na situação de lucro negativo inviabilizará a atividade.
O lucro igual a zero apresenta uma situação que chamamos de lucro normal. É a situação
buscada pela maioria das empresas, já que, nesse ponto, todos os custos estão sendo pagos,
tendo-se ainda a atratividade mínima determinada (custo de oportunidade do capital). Quando
a empresa atinge esse patamar, está atuando em seu ponto de cobertura total.
L>0
Quando o lucro é maior que zero, significa que a empresa está cobrindo todos os custos de
produção — tanto os variáveis como os fixos. Dessa forma, a atividade pode ser considerada
atrativa economicamente, além de viável no curto, no médio e no longo prazo. Essa situação
demonstra a possibilidade de expansão da atividade.
Para esse cálculo, é utilizada a taxa de retorno do capital investido, que pode ou não incluir o
valor da terra. Isso porque há muitas discussões sobre o uso do fator terra como componente
do custo de produção, já que a terra normalmente é valorizada com o passar dos anos,
caracterizando-se como investimento, e não como custo de produção.
ML
TRC = - - - - - - - - - × 100
Estoque de capital médio
Para calcular esse indicador, é necessário, inicialmente, saber qual é o total de capital do
negócio (investimentos) com e sem terra. Veja o exemplo a seguir.
Para calcular o capital médio sem considerar o valor da terra, utiliza-se a seguinte fórmula:
150.000,00 + 130.000,00
Capital médio = --------------------------------------------------------------
2
Para calcular o capital médio considerando o valor da terra, utiliza-se a seguinte fórmula:
Gestão de custos
Soma dos capitais (investimentos sem terra)
Capital médio = --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- + valor da terra
2
78
150.000,00 + 130.000,00
Capital médio = -------------------------------------------------------------- + 1.000.000,00
2
Agora é possível calcular a taxa de retorno do capital considerando uma margem líquida de
R$ 22.000,00:
22.000,00
TRC sem terra = - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - × 100
140.000,00
22.000,00
TRC com terra = - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - × 100
1.140.000,00
Esse índice corresponde ao valor residual (após pagar todos os desembolsos, a depreciação
e os custos de mão de obra familiar), que irá remunerar todo o capital investido na atividade.
Relação benefício/custo
Para que uma alternativa seja considerada viável economicamente, a relação benefício/custo
deve ser maior que 1. Caso contrário, será considerada antieconômica, pois não proporcionará
benefícios suficientes para o negócio cobrir suas despesas.
Renda bruta
Relação benefício/custo = - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Custo total
350.000,00
Relação benefício/custo = - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
300.000,00
Esse resultado indica que, para cada R$ 1,00 investido na atividade, tem-se R$ 0,17 de retorno.
O CEL é calculado utilizando-se o estoque de capital com terra da atividade dividido pela
produção anual.
Exemplo:
1.300.000,00
CEL = - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 79
16.400
CEL = R$ 79,27/saca
Em relação a seu resultado, quanto menor o valor por unidade produzida, melhores estão
sendo utilizados os bens para produzir.
Ponto de cobertura
O ponto de cobertura total representa a quantidade mínima de produto que deverá ser
comercializada para que a propriedade não tenha prejuízo nem lucro, ou seja, para se alcançar
a situação em que as entradas (receitas do negócio) cubram todos os gastos (custos), não
havendo sobra de dinheiro. Portanto, não há lucro, ou o lucro é zero.
Gestão de custos
Atenção
80
` O ponto de cobertura total é calculado em quantidade de produto
comercializado.
A análise do ponto de cobertura total ajuda a tomar decisões importantes, como o volume a
ser produzido e vendido e o nível adequado de custos.
Custo total
Ponto de cobertura total = ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Preço médio de venda (unitário)
Exemplo:
75.600,00/ano
Ponto de cobertura total = --------------------------------------------------------------
1,90
O cálculo dos custos e a análise dos indicadores são importantes para se avaliar a situação
do negócio. A partir disso, é possível realizar o planejamento da empresa rural visando à
melhoria dos resultados futuros.
Assim, com a gestão de custos é possível melhorar o gerenciamento das atividades, reduzir
gastos e aumentar o lucro mudando comportamentos e aperfeiçoando processos.
3. Tomada de decisão
No decorrer desta Unidade Curricular, você teve a oportunidade de perceber que, no
gerenciamento da propriedade rural, o produtor deve estar sempre atento à influência de
uma série de variáveis que podem afetar o desempenho de seu negócio.
Vale e Ribon (2000) ressaltam que o processo de tomada de decisão do produtor rural deve
seguir seis etapas, descritas a seguir.
Gestão de custos
Comentário do autor
Formação Técnica
Encerramento do Tema
Neste tema, você estudou que o processo administrativo de uma propriedade ou empresa
rural pode ser dividido em quatro grandes áreas, que são: comercialização e marketing,
finanças, produção e recursos humanos.
Além disso, foram apresentados a classificação dos custos e seus respectivos cálculos. Você estudou
a técnica de avaliação custo X benefício das atividades agropecuárias, bem como ferramentas
administrativas essenciais para auxiliar o processo de tomada de decisão do produtor.
1. Com base nisso, as decisões do produtor rural sobre a mão de obra empregada na
propriedade rural são pertinentes a qual área?
a) Finanças.
b) Comercialização.
c) Recursos humanos.
d) Produção.
e) Marketing.
d) A busca por melhores padrões, tanto físicos quanto sanitários, dos produtos
agropecuários.
e) A medida de avaliação da quantidade física a ser produzida por área plantada ou por 83
meio de outro indicador utilizado na propriedade rural.
Gestão de custos
4. A renda bruta (RB) é obtida a partir:
5. Suponha que um produtor rural, ao calcular seus indicadores, tenha encontrado uma
informação sobre a quantidade mínima a ser produzida para evitar prejuízos em seu
negócio. A análise do volume mínimo de produção que possibilita ao produtor cobrir seus
custos é chamada de:
a) Ponto de diferença.
c) Ponto de acréscimo.
d) Ponto de diminuição.
e) Ponto de equilíbrio.
No decorrer dos temas e dos tópicos, você pôde listar o que é necessário para realizar uma boa
gestão de custos dentro da empresa rural, contextualizando a busca por lucros e a contenção
de gastos em uma perspectiva de mudanças de processos e comportamentos.
A partir de agora, é importante poder exercitar no dia a dia as informações que aprendeu.
Não deixe de aproveitar as informações que ainda estão disponíveis no Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA), as videoaulas e também o atendimento da tutoria a distância, que está
sempre pronta para esclarecer suas dúvidas.
No próximo semestre, você terá uma unidade curricular específica sobre finanças
aplicadas ao agronegócio. Aproveite bem esse conhecimento e não pare nunca de buscar o
aperfeiçoamento profissional!
Referências bibliográficas
ANDRADE, J. G. Introdução à Administração Rural. Lavras: UFLA/FAEPE, 2002.
COGAN, S. Custos e formação de preços: análise e prática. São Paulo: Atlas, 2013.
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Agrário, 2011.
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Disponível em <http://www.agrolink.com.br/noticias/contabilidade-rural--produtor-precisa-ver-
propriedade-como-empresa_218576.html>. Acesso em: 25 jul. 2015.
GUIDUCCI, Rosana C. N.; LIMA FILHO, Joaquim R.; MOTA, Mierson M. Viabilidade econômica de
sistemas de produção agropecuários: metodologia e estudos de caso. Brasília-DF: Embrapa, 2012.
HOFER, E.; SOUZA, J. A.; ROBLES JUNIOR, A. Gestão estratégica de custos na cadeia de valor do
leite. Custos e @gronegócio, v. 3, p. 2-17, 2007.
IUDÍCIBUS, S.; MELLO, G. R. Análise de custos: uma abordagem quantitativa. São Paulo: Atlas, 2013.
LEONE, G. S. G.; LEONE, R. J. G. Curso de contabilidade de custos. São Paulo: Altas, 2010.
VALE, S. M. L. R.; RIBON, M. Manual de escrituração da empresa rural. Viçosa: Viçosa, 2000.
2. (d). Pelo contrário, um dos principais objetivos do produtor rural é aumentar a lucratividade
do empreendimento rural.
3. (b). O galpão é classificado como capital, o fator de produção que não é consumido
em apenas uma safra, mas sim utilizado no longo prazo, como edificações, tratores,
implementos, máquinas e equipamentos, e animais de reprodução (touros, matrizes etc.)
utilizados no sistema produtivo de uma propriedade rural.
4. (c). O preço, a oferta e a demanda dos produtos agropecuários, a taxa de inflação, a taxa
de juros e os níveis salariais são relacionados aos aspectos econômicos de uma sociedade.
Tema 2
1. (a). A contabilidade gerencial pode ser conceituada como um instrumento administrativo
que tem por objetivo o estudo, o registro e o controle da gestão econômica do patrimônio
das empresas rurais (propriedades rurais).
2. (c). Pelo contrário, a contabilidade gerencial tem como uma de suas finalidades prestar 87
as informações necessárias sobre o patrimônio e o resultado econômico-financeiro das
atividades agropecuárias exploradas em uma propriedade rural.
3. (e). O método ABC possui como ideia básica tomar os custos das várias atividades
desenvolvidas em uma empresa e entender seu comportamento, de forma que seja
possível alocar de maneira adequada os custos produtivos de cada atividade desenvolvida
na firma para cada tipo de produto produzido.
5. (d). O orçamento é uma forma efetiva de se praticar o planejamento dos custos totais de uma
empresa rural, pois por meio dele é possível estabelecer valores de acompanhamento dos
custos de produção e administração de uma propriedade ou de suas atividades específicas.
Gestão de custos
Tema 3
88 1. (c). A área de recursos humanos é relacionada à parte de gestão da mão de obra empregada
na empresa rural.
3. (c). Quando a margem líquida for maior que zero, tal situação confirmará que a atividade
está sendo economicamente viável no curto e no médio prazo, pagando os desembolsos,
remunerando o produtor e cobrindo os custos com depreciação. Nesse caso, a análise
deve avançar para o lucro da atividade.
4. (a). A renda bruta (RB) é obtida a partir do somatório de todas as receitas da empresa rural.
5. 5 (b). O ponto de cobertura total representa a quantidade mínima de produto que deverá
ser comercializada para que a propriedade não tenha prejuízo nem lucro, ou seja, para
se alcançar a situação em que as entradas (receitas do negócio) cubram todos os gastos
(custos), não havendo sobra de dinheiro. Portanto, não há lucro, ou o lucro é zero.
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