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Formação Técnica

Gestão de Custos
Formação Técnica

Curso Técnico em Agronegócio

Gestão de Custos
2ª Edição

SENAR - Brasília, 2017


S474c SENAR – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural.

Curso técnico em agronegócio: gestão de custos / Serviço Nacional de


Aprendizagem Rural ; Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e
Emprego, Rede e-Tec Brasil, SENAR (Organizadores). – 2. ed. . _ Brasília :
SENAR, 2017.
88 p. : il. (SENAR Formação Técnica)

ISBN: 978-85-7664-176-6

Inclui bibliografia.

1. Contabilidade. 2. Agroindústria - ensino. I. Programa Nacional de Acesso


ao Ensino Técnico e Emprego. II. Rede e-Tec Brasil. III. Título. IV. Série.

CDU: 657.4
Sumário
Introdução da Unidade Curricular–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 6

Tema 1: Introdução à gestão de custos–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 8

Tópico 1. Conceitos iniciais de gestão de custos–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––1 0

1. O que é gestão?––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––1 0

2. Processo de gerenciamento––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––1 1

3. Custos de produção––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 4

4. Fluxo de Caixa––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 6

Tópico 2. Características da gestão rural––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 7

1. Particularidades do setor rural–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1 8

2. Importância do cálculo do custo de produção–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 3

3. Limitações na formação dos custos agropecuários–––––––––––––––––––––––––––––––––––––2 5

Encerramento do Tema––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 2 9

Atividade de aprendizagem–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 3 0

Tema 2: Contabilidade gerencial––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 3 2

Tópico 1. Introdução à contabilidade gerencial––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––3 3

1. Sistema de custeio nas empresas rurais–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––3 5

Tópico 2. Técnicas de contabilidade gerencial–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 3 9

1. Controle dos custos produtivos–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 3 9

2. Orçamento e plano de contas–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 4 0

Encerramento do Tema––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––4 3

Atividade de aprendizagem–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––4 3
Tema 3: Gestão dos custos de uma propriedade rural–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––4 6

Tópico 1. Cálculo de custos de produção agropecuários–––––––––––––––––––––––––––––––– 4 8

1. Administração da empresa rural––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 4 8

2. Classificação dos custos produtivos–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––5 3

3. Cálculo dos custos de produção agropecuários–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 6 0

4. Custos de produção mecanizada––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 6 0

5. Custos de produção de preparo do solo–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––6 3

Tópico 2. Técnicas de cálculo e de gestão de custos––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 6 6

1. Avaliação custos X benefícios dos empreendimentos rurais––––––––––––––––––––––––– 6 6

2. Indicadores econômicos––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––7 3

3. Tomada de decisão–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 8 0

Encerramento do Tema––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 8 2

Atividade de aprendizagem–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––8 3

Encerramento da Unidade Curricular–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 8 5

Referências bibliográficas–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 8 5

Gabarito das atividades de aprendizagem––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 8 7


Introdução da Unidade Curricular
6

Introdução da Unidade Curricular


Olá, seja bem-vindo à Unidade Curricular Gestão de Custos do curso Técnico em Agronegócio
da Rede e-Tec Brasil no SENAR.

Neste material, você conhecerá o que é necessário para realizar uma boa gestão de custos
dentro da empresa rural, considerando uma perspectiva de mudanças de processos e
comportamentos, almejando lucros e contendo custos. A gestão de custos é uma importante
área de estudo que permite ao produtor rural aperfeiçoar o gerenciamento das atividades
no empreendimento agropecuário, bem como desenvolver a capacidade de aumentar a
lucratividade do negócio.

Fonte: Shutterstock

Curso Técnico em Agronegócio


Na primeira parte dos estudos, você irá se familiarizar com conceitos relacionados à gestão de
custos e à contabilidade rural, para depois aprofundar o cálculo dos custos de uma empresa
agropecuária.

Objetivos de aprendizagem

A partir dos conhecimentos obtidos nesta unidade curricular, espera-se que você
seja capaz de:

• Entender os principais conceitos de custos.

a • Analisar os custos visando à maximização dos lucros em uma empresa rural.

• Conhecer o sistema de custeio.

• Compreender as despesas do processo produtivo para serem utilizadas no


processo de gestão de custos.

Gestão de custos
01
Introdução à gestão de custos
Tema 1: Introdução à gestão de custos
Na economia moderna, o mercado agropecuário se encontra cada vez mais globalizado e
competitivo, com muitos produtos sendo negociados em bolsa de valores e, portanto, com
preços baseados nos mercados nacional e internacional. Com isso, o produtor rural deve
se adaptar, de modo eficiente, às mudanças que ocorrem diariamente. Amplia-se, portanto,
a importância de estudar temas que proporcionem ao produtor rural alcançar algum tipo
de vantagem competitiva, como aperfeiçoar a forma de gerenciamento da empresa rural,
inclusive quanto à gestão dos custos agropecuários.

Legenda: Atualmente, muitos produtos agropecuários já têm preço negociado em bolsas de valores.

Fonte: Shutterstock

Gestão de custos
A partir desse contexto, neste tema você estudará os principais aspectos introdutórios
relacionados ao processo de gestão de custos dos empreendimentos rurais brasileiros, bem
10 como as principais particularidades relacionadas a essa temática. Com isso, espera-se que
você consiga analisar os custos visando à maximização dos lucros em uma empresa rural.

A partir dos conhecimentos obtidos neste tema, você será capaz de alcançar as seguintes
competências:
• Compreender os conceitos básicos de gestão de custos.

• Avaliar que tipos de fatores interferem no processo de gestão de uma propriedade rural.

• Analisar a importância do gerenciamento dos custos de uma propriedade rural.

Tópico 1: Conceitos iniciais de gestão de custos


Neste tópico, você conhecerá os conceitos básicos da gestão de custos aplicada aos negócios
rurais. Primeiramente, vale aprender, ou revisar, a definição de gestão, para então mapear
as características do processo de gerenciamento de uma propriedade rural. Por fim, você
estudará os conceitos aplicados de custos de produção e de fluxo de caixa.

1. O que é gestão?
A palavra “gestão” está diretamente relacionada ao ato de gerir, administrar ou gerenciar
as atividades de um empreendimento em prol de um objetivo final. Para Silva (2005), a
terminologia “gestão” no âmbito da ciência da Administração pode ser conceituada de forma
simples. Acompanhe!

Gestão é o conjunto de atividades administrativas e produtivas


dirigidas para a utilização eficiente e eficaz dos recursos produtivos
de uma empresa, com o intuito de se alcançar um ou mais objetivos
definidos no processo de planejamento empresarial.

Aplicando esse conceito para a administração de uma empresa rural (ou propriedade rural),
conclui-se que a gestão está relacionada diretamente ao processo de gerenciamento das
atividades administrativas e produtivas do empreendimento, de modo que essas ações sejam
realizadas com o intuito de se alcançarem os objetivos do produtor rural.

Que objetivos são esses? Crepaldi (2012) sintetiza os objetivos dos produtores rurais em cinco
tópicos, a saber:

1. Administrar/gerenciar com maior competência os recursos produtivos (capital, terra e


trabalho) disponíveis na propriedade.

2. Modificar o método produtivo (tipo de tecnologia empregada) da propriedade, como


implantar um sistema de irrigação no plantio ou modernizar o aviário, por exemplo.

Curso Técnico em Agronegócio


3. Aumentar a lucratividade do empreendimento por meio do aumento do nível da produção
das atividades agropecuárias exploradas na propriedade ou por meio do controle dos
custos produtivos.

4. Diminuir os riscos inerentes à atividade agropecuária, como com a utilização do seguro-


safra, por exemplo: suponha que o produtor tenha tido problemas com falta de chuvas e a
quantidade produzida tenha sido menor do que a planejada inicialmente; nessa situação,
o empresário pode utilizar seguro-safra para a reposição dos recursos financeiros para o
próximo ano-safra.

5. Melhorar o padrão de vida da família.

Dica

' Nas atividades do dia a dia, você consegue identificar algum objetivo que não
se encaixe nesses exemplos? Reflita sobre seus objetivos como técnico ou
produtor rural!

2. Processo de gerenciamento
Depois dos objetivos do produtor rural, imediatamente aparecem suas atividades. Afinal, o
gerenciamento das atividades administrativas e produtivas de uma propriedade é realizado a
partir do processo de tomada de decisão do proprietário (ou produtor).

É possível relacionar as principais atividades executadas pelo empresário rural em cinco áreas:
• comercialização (venda dos produtos agropecuários);

• finanças (recursos financeiros);

• marketing (divulgação dos produtos agropecuários);


11
• produção (sistema produtivo);

• recursos humanos (gestão da mão de obra empregada).

É essencial que o produtor rural decida sobre o que, quanto,


quando e como produzir na propriedade, além de controlar a
ação após iniciar as atividades, avaliar os resultados alcançados e
compará-los com os previstos inicialmente.

Nesse cenário, Crepaldi (2012) recomenda as seguintes ações ao produtor ou técnico rural:

1. Tomar a decisão sobre o que produzir, baseando-se nas condições de mercado e nos
recursos produtivos disponíveis na propriedade.

Gestão de custos
2. Decidir sobre o quanto se deve produzir. Nessa decisão, levam-se em consideração a
quantidade de terras disponíveis e o capital e a mão de obra que se podem empregar nas
12 atividades produtivas ou administrativas da propriedade.

3. Estabelecer o modo como se vai produzir, isto é, o método produtivo (tipo de tecnologia)
empregado no empreendimento agropecuário. Por exemplo, se irá mecanizar ou não
a lavoura e a forma de se combaterem as pragas e as doenças que afetam o nível de
produtividade dos produtos agropecuários.

4. Controlar a ação desenvolvida na propriedade rural, sendo necessário verificar se as


práticas agropecuárias recomendadas estão sendo aplicadas corretamente e em seu
devido tempo.

5. Avaliar se os resultados obtidos com a comercialização dos produtos agropecuários resultam


em lucros ou prejuízos e analisar quais razões fizeram com que o resultado alcançado fosse
diferente daquele previsto no início de seu trabalho, caso isso tenha ocorrido.

Além disso, deve-se levar em consideração que o processo de gerenciamento das atividades
rurais pode ser influenciado pelo tipo de mercado em que se atua ou, ainda, a partir da cadeia
produtiva na qual o produtor está inserido. Afinal, é desde a avaliação do ambiente geral do
qual as empresas rurais fazem parte que elas podem obter os recursos e as informações
necessárias para seu bom funcionamento, bem como as oportunidades para a comercialização
dos produtos agropecuários.

Andrade (2002) destaca, também, que o empresário rural sozinho é incapaz de modificar
ou influenciar o mercado em que atua, ou seja, ele deve estar atento às mudanças e às
tendências econômicas do setor em que se insere. É importante, ainda, avaliar a possibilidade
de atuar em parcerias para melhorar as condições de oferta da produção ou de aquisição de
insumos — como é o caso das cooperativas, estudadas na Unidade Curricular Associativismo,
Cooperativismo e Sindicalismo.

Comentário do autor

As mudanças que ocorrem no mercado e na sociedade, sejam econômicas,

d políticas, sociais, tecnológicas, entre outras, fazem com que os produtores rurais
se adéquem a essa nova realidade contemporânea. O objetivo principal é sempre
o mesmo: ser mais competitivo no mercado.

Veja um exemplo do mercado de produção de repolhos: antigamente, tinha o melhor preço


aquele produtor que colhesse o maior repolho — alguns ultrapassavam os 5 kg. Atualmente,
as famílias mudaram, então o mercado consumidor também mudou: os repolhos mais
valorizados hoje têm no máximo 1,5 kg.

Curso Técnico em Agronegócio


Fonte: Shutterstock

Ainda de acordo com Andrade (2002), há sete variáveis externas que são relevantes e podem
afetar os custos de produção e o desempenho do empreendimento agropecuário. Acompanhe
a descrição de cada uma delas!

Estão relacionadas ao sistema produtivo (métodos ou tecnologias


Variáveis empregadas). Por exemplo, um produtor que utiliza um sistema de
tecnológicas irrigação tende a obter melhores resultados econômicos e produtivos do
13
que outro que não usa esse tipo de tecnologia.

Estão relacionadas aos preços, às quantidades de oferta e demanda dos


Variáveis
produtos agropecuários, à taxa de inflação, à taxa de juros, aos níveis
econômicas
salariais, aos níveis de renda da população local, entre outros.

Estão relacionadas à intervenção governamental no setor agropecuário


Variáveis brasileiro, como é o caso das linhas de financiamento do crédito rural, das
políticas políticas ambientais e, também, das políticas cambial, fiscal e monetária
adotadas pelo governo federal.

Variáveis sociais Estão relacionadas às tradições culturais da população.

Estão relacionadas aos aspectos normativos que regulam, controlam,


Variáveis legais
incentivam ou restringem o desempenho do empresário rural.

Gestão de custos
Variáveis Estão relacionadas às características da população, como taxa de
14 demográficas crescimento, raça, religião, distribuição geográfica, sexo e idade.

Estão relacionadas ao ecossistema no qual a propriedade rural está


Variáveis
inserida. Por exemplo, é levado em consideração o tipo de vegetação da
ecológicas
propriedade ou das regiões próximas a ela, além dos tipos de clima e solo.

Veja, a seguir, um resumo gráfico das características e das variáveis que influenciam o processo
de gerenciamento de um negócio agropecuário, com a visão dos ambientes externo e interno.

Ambiente Externo

Aspectos
Tecnologia
Ecológicos

Ambiente Interno

Comercialização Aspectos
Economia
Finanças Demográficos
Marketing
Produção

Recursos Humanos

Políticas Aspectos
Públicas Sociais

Aspectos
Legais

3. Custos de produção
De acordo com Batalha (2012), o custo de produção de uma empresa pode ser definido como
o total de recursos financeiros, humanos e tecnológicos, medidos em termos monetários (no
caso brasileiro, em reais — R$), utilizados (ou consumidos) para produzir bens e serviços (no
caso do setor rural, para a produção de produtos ou serviços agropecuários).

O custo de produção é obtido a partir da soma dos valores


monetários de todos os recursos produtivos que são utilizados no
sistema produtivo de uma empresa.

Curso Técnico em Agronegócio


Os recursos produtivos (ou fatores de produção) são classificados no setor agropecuário, de
forma geral, pelo tripé capital, terra e trabalho. Acompanhe!

O fator de produção capital (também


denominado bens de capital) é constituído
por edificações, tratores, implementos,
máquinas, equipamentos e animais de
reprodução (touros, matrizes etc.) utilizados
no sistema produtivo. Trata-se de todo tipo
de bem que possui a função de transformar
os recursos primários de produção, isto é,
as matérias-primas (por exemplo, os grãos,
o couro, as forrageiras, o leite etc.) em bens
e serviços que satisfaçam as necessidades
individuais e coletivas do homem.

O fator de produção terra deve ser


considerado em um sentido mais amplo: não
apenas o solo que produz alimentos, mas
todos os tipos de recursos naturais contidos
no solo, como florestas, pastagens, forrageiras,
recursos minerais, recursos hídricos, entre
outros, que são utilizados nos sistemas
produtivos vinculados ao solo.

15

O fator de produção trabalho consiste na


capacidade produtiva dos homens que estão
envolvidos direta ou indiretamente nos
sistemas produtivos, ou seja, esse fator de
produção é relativo a todo tipo de esforço
humano, físico ou mental, necessário para
a realização das atividades — produtivas,
administrativas, de gestão e de prestação
de serviços — que resultem na produção de
bens ou serviços agropecuários. Por exemplo,
pode ser incluída nesse item a mão de obra
da família empregada no sistema produtivo
da propriedade.

Fonte das imagens: Shutterstock

Gestão de custos
Atividades práticas

16 Relembrando que o custo de produção de uma empresa rural reflete o valor


monetário desses recursos produtivos, veja o cálculo do custo de produção
de uma fazenda de milho hipotética, cuja área disponível para plantação é de

j 4 hectares.

Considerando que o custo do produtor para cada hectare com a aquisição de


sementes é de R$ 555,70, conclui-se que o custo total da empresa rural com a
compra de sementes para a plantação de milho será de R$ 2.222,80 (o valor
de R$ 555,70 multiplicado pelos 4 hectares).

4. Fluxo de caixa
Já o fluxo de caixa pode ser definido como a relação de entradas e saídas de recursos
financeiros de uma empresa que ocorre em um determinado período de tempo.

Essa análise tradicionalmente é realizada com o intuito de contabilizar as receitas originadas da


comercialização e de prever a necessidade de recursos financeiros para a produção (recursos
próprios ou empréstimos para o financiamento das atividades realizadas na propriedade
rural), e assim calcular os resultados esperados do negócio.

Comentário do autor

d O cálculo do fluxo de caixa serve, também, para definir quais atividades


agropecuárias são mais rentáveis.

Para Crepaldi (2012), os principais objetivos para a realização do fluxo de caixa de uma
propriedade rural são:
• Prover com antecedência os períodos em que haverá necessidade de captação de recursos
financeiros para saldar compromissos e dívidas já assumidos pelo produtor.

• Garantir ao produtor um prazo maior para a tomada de decisões sobre o setor de finanças
do empreendimento, visto que por meio do fluxo de caixa é possível verificar se haverá
problemas futuros, como a de falta de recursos financeiros para o financiamento das
atividades agropecuárias.

• Permitir ao empresário rural trabalhar com certa margem de segurança, já que o produtor
poderá programar as operações financeiras em determinado período de tempo.

O fluxo de caixa é, portanto, um importante instrumento gerencial


que auxilia o processo de gestão e de tomada de decisão do
empresário rural.

Veja um exemplo simplificado de fluxo de caixa de uma propriedade rural leiteira hipotética
(valores expressos em reais — R$).

Curso Técnico em Agronegócio


Itens Previsto Realizado

ENTRADAS 55.000,00 43.500,00

Venda de leite 50.000,00 40.000,00

Venda de animais 5.000,00 3.500,00

SAÍDAS 38.200,00 32.560,00

Alimentação concentrada 18.000,00 14.400,00

Forragem 4.500,00 3.600,00

Mão de obra 5.000,00 5.000,00

Sanidade do rebanho 3.000,00 2.400,00

Gastos com ordenha 1.200,00 960,00

Energia elétrica 1.200,00 1.100,00

Manutenção 800,00 600,00

Máquinas 2.000,00 2.000,00

Administração 2.500,00 2.500,00

TOTAL (entradas – saídas) 16.800,00 10.940,00

As informações de fluxo de caixa dessa empresa hipotética mostram as transações financeiras


da atividade agropecuária da propriedade. Elas são relacionadas às receitas obtidas a partir
da comercialização de leite e de animais e às despesas das atividades administrativas e
produtivas realizadas no empreendimento.
17
Comentário do autor

É possível perceber que o resultado financeiro previsto (planejado) pelo

d produtor foi diferente do realizado, ou seja, as receitas e as despesas


financeiras efetivas dessa empresa em determinado período foram menores do
que as planejadas.

Depois de passar pelos conceitos básicos da gestão de custos aplicada aos negócios rurais,
está na hora de abordar a gestão de negócios rurais. Avance!

Tópico 2: Características da gestão rural


Neste tópico, você conhecerá ou revisará considerações iniciais sobre o processo de gestão
de uma empresa rural. Primeiramente, você checará as principais características da produção
agropecuária que podem interferir no processo de gerenciamento de uma propriedade, além
da importância da definição dos custos de produção em uma atividade agropecuária. Por fim,

Gestão de custos
estudará as limitações da mensuração dos custos das atividades administrativas e produtivas
desenvolvidas em um empreendimento agropecuário. Vamos lá?
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1. Particularidades do setor rural
Você consegue elencar algumas particularidades da agropecuária quando comparada a
outros setores em termos de gestão? Falando com outras palavras, quando alguém precisa
gerenciar uma propriedade rural, com quais características específicas ele inevitavelmente irá
se deparar?

Comentário do autor

Algumas características típicas da produção agropecuária são perecibilidade,

d escalabilidade, sazonalidade e variabilidade, ou seja, fatores que influenciam


diretamente na gestão dessa produção. Acompanhe as características e as
consequências da produtividade agrícola a seguir!

Necessidade de refino – os produtos agropecuários são produzidos em forma bruta,


necessitando, na maior parte das vezes, de algum tratamento ou processamento para seu
consumo final. Por exemplo, a necessidade de debulhar o milho ou retirar a casca do arroz
constitui um processamento necessário a seu consumo ou venda.

Dessa forma, é de suma importância que o produtor rural adote estratégias que proporcionem
algum tipo de agregação de valor ao produto agropecuário que é vendido, como um modo de
aumentar a lucratividade do empreendimento.

Legenda: Uma estratégia para agregar valor ao milho é extrair seu óleo para venda.

Fonte: Shutterstock

Curso Técnico em Agronegócio


Já uma estratégia de agregação de valor para o arroz seria, por exemplo, a utilização do
subproduto para a produção de farinha de arroz.

Informações extras

Subproduto pode ser conceituado como um produto secundário ou acidental


obtido a partir de uma etapa do sistema produtivo de uma empresa. No caso do
O arroz, o subproduto pode ser o grão de arroz quebrado, que é gerado a partir
do ato de retirada da casca. Outro exemplo de subproduto é o bagaço da cana-
de-açúcar gerado após o processo de moagem, que já é utilizado como matéria-
prima para várias aplicações.

Perecibilidade – os produtos agropecuários são, em geral, perecíveis. Essa realidade faz que o
produtor rural precise comercializar rapidamente sua produção para não arcar com o prejuízo
da perda parcial ou total do produto ou da perda de sua qualidade. Um exemplo típico das
consequências da perecibilidade da produção agrícola ocorre nas feiras de hortifrutigranjeiros,
nas quais os feirantes reduzem os preços ao final do período das vendas, quando os produtos
já começam a perder qualidade, podendo se deteriorar completamente em poucos dias,
perdendo inteiramente seu valor. Da mesma forma, os grãos não podem ser armazenados
por longos períodos de tempo, pois há risco de perda de quantidade e qualidade.

19

Legenda: A perecibilidade é um fator que deve ser previsto e planejado pelo produtor rural.

Fonte: hadkhanong / Shutterstock

Comentário do autor

A perecibilidade dos produtos agropecuários gera a necessidade na

d sociedade — produtores rurais, empresários, cooperativas, consumidores e


governos — de construir uma grande infraestrutura de armazenagem para a
conservação e a comercialização da produção agropecuária, reduzindo assim as
perdas naturais dos produtos do agronegócio brasileiro.

Gestão de custos
Opções comuns de infraestrutura são armazéns, galpões, sistemas de refrigeração etc. Com
esses recursos disponíveis, o processo de tomada de decisão do produtor sobre estratégias e
20 táticas para a comercialização da produção é facilitada.

Informações extras

O caso das cooperativas catarinenses é uma situação real e interessante para

O você pesquisar e compreender a importância do que é perecibilidade no


agronegócio. Elas tiveram de buscar no mercado internacional uma alternativa
para o escoamento de parte da produção agrícola que não pode ser armazenada
devido à falta de infraestrutura para a estocagem do excedente produtivo.

Escalabilidade – os bens agropecuários são produzidos em larga escala por um grande número
de produtores, gerando algumas implicações. De um lado, cria-se grande concorrência entre
os produtores/vendedores, mantendo os preços reduzidos pelo efeito da concorrência. De
outro, aumentam-se os custos de transporte e armazenamento dos produtos.

Fonte: Shutterstock

Essa característica destaca a importância do gerenciamento


adequado das atividades realizadas em uma propriedade rural,
pois o nível de concorrência desse setor é extremamente elevado,
e a margem de lucratividade do produtor é pequena.

Sazonalidade – a sazonalidade da produção significa que a safra agrícola só ocorre em


determinados períodos do ano, em função da natureza das plantas. O período de safra varia
de acordo com o produto e o clima, e, além disso, o espaço de tempo que contempla o fim da
colheita (pós-colheita) e o início do novo plantio é definido como entressafra.

Curso Técnico em Agronegócio


Legenda: No Sul do país, a safra da uva acontece de janeiro a março.

Fonte: Shutterstock

De forma geral, é necessário que o produtor rural coordene adequadamente os rendimentos


obtidos a partir da venda dos produtos, de modo que possua recursos financeiros disponíveis
ao longo do ano.

Suscetibilidade ao clima – os produtos agropecuários sofrem forte influência de fatores


climáticos e biológicos. A produção agropecuária pode ser afetada por fatores como o frio, a
seca, as doenças e as pragas, podendo ainda comprometer a qualidade e a produtividade da
plantação ou da criação de animais.

21

Fonte: Shutterstock

Vale considerar que o produtor rural deve se preparar para todo tipo de eventualidade que
possa ocorrer em decorrência de fatores naturais.

Gestão de custos
Comentário do autor

22 Uma estratégia adequada para lidar com esse problema é o seguro rural,

d que garante ao produtor um auxílio financeiro em situações de perdas da


produção agropecuária por fatores climáticos ou em que haja problemas fora
de seu controle.

Variabilidade – muitas variações na qualidade dos produtos agropecuários podem ocorrer,


seja pela grande variedade de plantas e animais, seja devido a problemas climáticos ou
biológicos, ou ainda pelas diferentes condições de armazenagem e distribuição.

Dessa forma, é necessário que o produtor rural esteja preparado para adotar as possíveis
estratégias nas situações em que ocorrerem modificações na qualidade do produto
agropecuário, principalmente quando for negociar e comercializar o produto com
agroindústrias ou diretamente com o consumidor final (por exemplo, nas feiras municipais).

Prazo de retorno do investimento – na atividade agropecuária, deve-se levar em consideração


a defasagem temporal existente entre o investimento realizado e o retorno financeiro com a
comercialização do produto ou serviço rural.

Por exemplo, o produtor rural levará um tempo maior para a obtenção de retornos financeiros
com a bovinocultura de corte do que com a produção de hortaliças. Nessas situações,
destaca-se a importância do planejamento financeiro (elaboração do fluxo de caixa, como
visto anteriormente) a ser realizado pelos empresários do campo.

Legenda: Todo investimento tem um nível de defasagem temporal antes de começar a dar lucro.

Fonte: Shutterstock

Curso Técnico em Agronegócio


Revisadas todas as particularidades da produção agrícola, informações que são necessárias
para o gestor rural, avance para as considerações sobre o cálculo financeiro da atividade rural!

2. Importância do cálculo do custo de produção


Você sabia que o setor agropecuário brasileiro apresenta algumas características que o
identificam como um mercado de concorrência perfeita?

Fonte: Dmitrydesign / Shutterstock

O que isso significa? Pode-se dizer que a estrutura de mercado de concorrência perfeita
apresenta as seguintes características básicas:
23
1. Um elevado número de empresas atua de modo independente. Como são pequenas em
relação ao mercado, elas não possuem poder de negociação. Essa situação faz com que as
empresas sejam incapazes de influenciar o preço do bem ou serviço que é comercializado.
Esse mesmo raciocínio é aplicado para os consumidores em geral.

2. O produto comercializado é considerado homogêneo ou com substitutos próximos, ou seja,


nenhuma empresa consegue diferenciar o produto ou serviço em relação ao concorrente.

3. Cada agente comprador e vendedor atua independentemente de todos os demais. A


mobilidade é livre e não existe qualquer acordo entre os que participam do mercado.

4. Não existem barreiras para a entrada ou a saída dos agentes que atuam ou que desejam
atuar no mercado.

5. O fluxo de informações é livre no mercado, como se pode ver pelas pesquisas desenvolvidas
pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que estão disponíveis para
o acesso de todos.

Gestão de custos
Comentário do autor

24 É importante sempre lembrar que, isoladamente, o produtor é incapaz de


influenciar o preço de mercado do produto agropecuário comercializado. Portanto,

d uma das formas de o empresário maximizar a rentabilidade e a lucratividade do


empreendimento é por meio do controle dos custos de produção da atividade
agropecuária. Assim, é muito importante que o empreendedor do campo tenha o
conhecimento de como são alocados os recursos financeiros necessários para o
financiamento de suas atividades produtivas!

Continuando no mesmo raciocínio: os produtores rurais, ao implantarem e utilizarem


um sistema de controle de custos, poderão obter informações de como são realizados os
gastos financeiros com o processo produtivo. A partir dessas informações, será possível,
por exemplo, executar uma busca no mercado por insumos que sejam mais baratos, ou
também realizar um aperfeiçoamento no método produtivo da propriedade ao fazer o
corte de despesas desnecessárias. Com isso, para cada centavo que o produtor conseguir
economizar com o conhecimento e o controle de custos, maior tenderá a ser o lucro do
empreendimento agropecuário.

Fonte: Shutterstock

Por meio desse controle dos custos de produção da propriedade, é possível emitir relatórios
que irão fornecer um fluxo contínuo de informações sobre os mais variados aspectos
econômicos e financeiros da empresa rural, permitindo que o produtor avalie a situação
atual do empreendimento agropecuário e compare com o que foi planejado inicialmente.
Esse procedimento possibilita, ainda, a identificação e o controle dos problemas que ocorrem
no sistema produtivo, além de contribuir para o aperfeiçoamento do gerenciamento das
atividades que são realizadas na propriedade.

Curso Técnico em Agronegócio


Crepaldi (2012) aponta dez principais finalidades de se calcularem os custos de produção em
uma propriedade rural. Acompanhe e veja se alguma o surpreende!

1. Orientar as operações agrícolas e pecuárias.

2. Medir o desempenho econômico-financeiro da empresa rural e de cada atividade produtiva


individualmente.

3. Controlar as transações financeiras do empreendimento agropecuário.

4. Apoiar o processo de tomada de decisão sobre o planejamento da produção, das vendas


e dos investimentos.

5. Auxiliar as projeções de fluxo de caixa e das necessidades de obtenção de crédito.

6. Permitir a comparação da performance da empresa no tempo, bem como avaliar o


desempenho da empresa rural em relação às outras concorrentes (demais produtores
rurais).

7. Orientar as despesas pessoais do proprietário rural e de sua família.

8. Acompanhar a liquidez e a capacidade de pagamento da empresa para os agentes


financeiros e outros credores.

9. Servir de base para cálculos de seguros, arrendamentos e outros contratos.

10. Gerar informações para a declaração do Imposto de Renda do empresário rural.

Liquidez

A liquidez pode ser caracterizada como a facilidade com que um ativo pode ser convertido em
dinheiro. O estoque de sacas de grãos de milho, por exemplo, tem mais liquidez do que um 25
trator, já que pode ser comercializado mais rapidamente.

Passados tantos argumentos sobre a importância do cálculo e do planejamento da produção,


acompanhe no próximo trecho deste tópico os desafios desse planejamento.

3. Limitações na formação dos custos agropecuários


A esta altura, provavelmente, o conhecimento do comportamento dos custos é de suma
importância para um efetivo controle das atividades que são realizadas na propriedade rural
e também para o processo de tomada de decisão do produtor. De acordo com Vale e Ribon
(2000), o gerenciamento de custos no empreendimento, juntamente com outras informações
de mercado, pode auxiliar na escolha de culturas, criações e práticas e técnicas produtivas
a serem utilizadas ou exploradas na propriedade rural, bem como servir para a análise da
rentabilidade dos recursos empregados na atividade agropecuária.

Gestão de custos
Porém, a classificação e a avaliação dos custos de uma atividade agropecuária apresentam
dificuldades importantes aos produtores rurais no país. Esse problema está relacionado a três
26 fatores principais:
• necessidade de avaliação da vida útil dos bens produtivos da propriedade;

• determinação do preço dos insumos e serviços utilizados em cada atividade explorada na


propriedade;

• critérios de controle de custos adotados pelo produtor.

Comentário do autor

d Em muitas propriedades rurais, é comum que seja explorado mais de um tipo de


atividade agropecuária, o que implica a necessidade de se calcularem e dividirem
os custos comuns entre eles. Avalie a figura a seguir!

Fonte: BREITENBACH (2014, p. 724).

Curso Técnico em Agronegócio


De fato, a diversidade produtiva de uma propriedade rural pode se tornar uma dificuldade
para a determinação dos custos de produção do empreendimento agropecuário, uma vez que
vários insumos são de uso comum a várias atividades.

Por exemplo, o trator que é utilizado no preparo do solo para o plantio do milho pode ser o
mesmo usado pelo produtor para o transporte do leite ou para roçar o pasto. Além disso, uma
parte do milho que é produzido pode ser comercializada, e a restante pode ser utilizada como
ração para os animais da propriedade.

Essa interligação existente entre as atividades agropecuárias exploradas em uma propriedade


rural representa uma dificuldade para a determinação e a classificação corretas dos custos de
produção do empreendimento.

Suponha que em uma empresa rural o produtor produza milho e soja. No entanto, a propriedade
dispõe de apenas um trator, que realiza o trabalho de preparação do solo para o plantio das
culturas. Dessa forma, para que seja realizada a alocação correta dos custos de utilização do
trator, é necessário que o produtor contabilize separadamente a quantidade de horas gastas
pelo seu uso na preparação do solo para o cultivo do milho e também para o da soja.

27

Fonte: Shutterstock

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) (2014; 2015) elencou cinco produtos
agropecuários emblemáticos, que apresentam grande desafio de mensurar seus custos de
produção. Acompanhe a lista e previna-se em relação a esses problemas mais comuns da
planilha orçamentária!

Gestão de custos
As principais dificuldades encontradas pelos produtores para mensurar
os custos produtivos nesta atividade são: (a) estratificação das rendas
28
e das despesas de acordo com a fase de vida do animal (cria, recria ou
terminação); (b) participação da mão de obra familiar nas atividades da
Bovinocultura
propriedade, cuja apropriação dos custos é um processo subjetivo; (c)
de corte
diferentes tipos de sistemas de produção (ciclo completo ou somente uma
ou duas fases); (d) elevados níveis de investimentos em terras, benfeitorias,
máquinas, equipamentos e animais, cujo processo de apropriação dos
custos é relativo (subjetivo).

As principais dificuldades encontradas pelos produtores para mensurar


os custos produtivos nesta atividade são: (a) produção conjunta, isto é,
produção simultânea de leite e de animais para reprodução e corte; (b)
participação da mão de obra familiar nas atividades da propriedade, cuja
Bovinocultura
apropriação dos custos é um processo subjetivo; (c) produção contínua,
de leite
que é arbitrariamente segmentada para o período em análise, que pode
ser semestral ou anual; (d) elevados níveis de investimentos em terras,
benfeitorias, máquinas, equipamentos e animais, cujo processo de
apropriação dos custos é relativo (subjetivo).

As principais dificuldades encontradas pelos produtores para mensurar


os custos produtivos nesta atividade são: (a) produção conjunta, isto é,
produção simultânea de café, cereais, hortaliças e animais para a produção
de leite ou carne; (b) participação da mão de obra familiar nas atividades da
propriedade, cuja apropriação dos custos é um processo subjetivo; (c) ciclo
Café
bienal da cultura do café; (d) elevados níveis de investimentos em terras,
benfeitorias, máquinas e equipamentos, cujo processo de apropriação dos
custos é relativo (subjetivo); (e) possibilidade de estocagem do produto,
sendo, em muitos casos, a porção não comercializada no período de safra de
produção.

As principais dificuldades encontradas pelos produtores para mensurar


os custos produtivos nesta atividade são: (a) produção conjunta, isto é,
produção simultânea de culturas frutíferas e de animais para a produção
de leite ou carne; (b) participação da mão de obra familiar nas atividades
da propriedade, cuja apropriação dos custos é um processo subjetivo; (c)
Fruticultura produção sazonal em áreas de sequeiro ou contínua em áreas irrigadas,
nas quais a análise pode ser realizada para apenas uma safra ou para um
período mais longo, bem como a bienalidade de culturas, como a poncã;
(d) elevados níveis de investimentos em terras, benfeitorias, máquinas
e equipamentos, cujo processo de apropriação dos custos é relativo
(subjetivo).

Curso Técnico em Agronegócio


As principais dificuldades encontradas pelos produtores para mensurar os
custos produtivos nesta atividade são: (a) produção conjunta, isto é, produção
simultânea com outras culturas diferentes; (b) participação da mão de obra
familiar nas atividades da propriedade, cuja apropriação dos custos é um
processo subjetivo; (c) demanda de muitos tratos culturais, preparo de solo
Horticultura
e, geralmente, necessidade de um alto estoque de capital para a produção;
(d) elevados níveis de investimentos em terras, benfeitorias, máquinas e
equipamentos, cujo processo de apropriação dos custos é relativo (subjetivo);
(e) a maioria das áreas de plantio de hortaliças é arrendada por estar situada
em regiões onde o valor da terra nua é muito elevado.

Encerramento do Tema
Neste tema, você visitou os conceitos básicos relacionados à gestão, que pode ser definida
como o processo de gerenciamento das atividades administrativas e produtivas do
empreendimento rural com o intuito de orientar o alcance de resultados. O desempenho das
atividades agropecuárias é influenciado por características dos ambientes externos e internos
nos quais a empresa rural está inserida.

Foram revisados, também, os conceitos de custo de produção e de fluxo de caixa, sendo que
o primeiro é obtido a partir da soma dos valores monetários de todos os recursos produtivos
(capital, terra e trabalho) que são utilizados no sistema produtivo da propriedade rural. Já o
fluxo de caixa apresenta as entradas e as saídas de recursos financeiros de uma empresa
rural em um determinado período de tempo e auxilia o processo de gestão e de tomada de
decisão do empresário rural.

Por fim, viu-se que a diversidade produtiva do empreendimento rural pode dificultar o processo
de mensuração e classificação dos custos das atividades administrativas e produtivas que são
realizadas na propriedade.
29
Agora, siga adiante, porque, no próximo capítulo, você verá um importante assunto estudado
na gestão de custos: a contabilidade gerencial.

Gestão de custos
Atividade de aprendizagem
30 Neste tema, você teve a oportunidade de estudar os conceitos introdutórios de gestão de
custos das empresas rurais.

1. Com base nisso, qual das opções a seguir não é considerada um fator específico do setor
rural:

a) Perecibilidade dos produtos.

b) Sazonalidade da produção.

c) Produção em pequena escala.

d) Produção em grande escala.

e) Influência de fatores climáticos ou biológicos na produção.

2. Qual dessas opções não é um objetivo do produtor rural (empresário rural)?

a) Administrar com competência os recursos produtivos (capital, terra e trabalho)


disponíveis na propriedade rural.

b) Modificar o método produtivo (tipo de tecnologia empregada) da propriedade rural.

c) Diminuir os riscos inerentes à atividade agropecuária.

d) Diminuir a lucratividade do empreendimento rural.

e) Aumentar a lucratividade do empreendimento rural.

3. O galpão que é utilizado para o armazenamento dos insumos e dos produtos agrícolas é
classificado de que modo?

a) Terra.

b) Capital.

c) Trabalho.

d) Produtividade.

e) Insumo.

Curso Técnico em Agronegócio


4. A empresa rural pode sofrer a influência de uma série de variáveis do ambiente externo.
O preço, a oferta e a demanda dos produtos agropecuários, a taxa de inflação, a taxa de
juros e os níveis salariais são relacionados a qual aspecto produtivo?

a) Político.

b) Social.

c) Econômico.

d) Tecnológico.

e) Demográfico.

5. Qual das alternativas a seguir representa aspectos relativos à demografia que podem
influenciar no processo de gerenciamento de uma empresa rural?

a) Leis e normas que regulam, controlam, incentivam ou restringem o desempenho do


empresário rural.

b) A intervenção governamental que é exercida no setor do agronegócio brasileiro.

c) As tradições culturais da população brasileira.

d) As características da população brasileira, como distribuição geográfica, taxa de


crescimento, sexo e idade.

e) O preço, a oferta e a demanda dos produtos agropecuários, a taxa de inflação, a taxa


de juros e os níveis salariais.

31

Gestão de custos
02
Contabilidade gerencial
Tema 2: Contabilidade gerencial
Um sistema de gestão de custos, ou custeio, é parte da contabilidade gerencial e importante
para auxiliar o processo de tomada de decisão do produtor rural. A contabilidade gerencial
possibilita a obtenção de informações de como são realizados os gastos com as atividades
administrativas e produtivas do empreendimento agropecuário.

Neste tema, você conhecerá o conceito e as vantagens da utilização da contabilidade


gerencial, além dos passos necessários para a implantação de um sistema de custeio em uma
propriedade rural e algumas técnicas de contabilidade que contribuirão para o processo de
gerenciamento de custos no empreendimento agropecuário. Com isso, espera-se que você
33
possa conhecer e implantar um sistema de custeio de uma empresa rural.

A partir dos conhecimentos obtidos neste tema, você deverá ser capaz de alcançar as seguintes
competências:
• Conhecer os conceitos básicos de contabilidade gerencial.

• Aprender a implantar um sistema de custeio em uma empresa rural.

• Conhecer técnicas de contabilidade gerencial.

Tópico 1: Introdução à contabilidade gerencial


Para compreender a contabilidade gerencial, os produtores rurais devem saber, antes, em que
e de qual forma estão sendo empregados os recursos produtivos no empreendimento e qual
é o retorno financeiro a ser obtido com a atividade agropecuária explorada (CREPALDI, 2012).

Acompanhe um artigo publicado pela consultoria Agrolink que trata sobre esse tema.

Gestão de custos
Contabilidade gerencial: produtor precisa ver propriedade como empresa
34
“É necessário que o produtor rural entenda-se como um empresário e veja sua propriedade
como uma empresa, para poder se manter competitivo e lucrativo e melhor gerir sua atividade
rural”. A análise é de Jaime Rodrigues, mestre em contabilidade, professor universitário e
sócio da TG&C – Trevisan Gestão & Consultoria.

“Grande parte da produção agrícola e pecuária do Brasil segue tradições familiares quase
centenárias. Muitos proprietários ainda administram suas fazendas como o pai ou o avô,
ou seja, com nível de gestão próximo a zero”, comenta o especialista.

“Uma pesquisa da consultoria Kleffmann mostra o foco quase exclusivo na terra e descuido
no escritório. Foram ouvidos 679 produtores de milho safrinha do Mato Grosso, do Paraná,
do Mato Grosso do Sul, de Goiás e de São Paulo. Desse total, 19% contrataram profissionais
com curso superior na safra anterior e, dessa parcela, 85% são agrônomos e apenas 23%,
administradores de empresas ou contabilistas”, conta ele.

De acordo com Rodrigues, “o administrador precisa ter noção exata da rentabilidade de sua
atividade produtiva, os resultados obtidos e como eles podem ser otimizados por meio de
avaliação de resultados, fontes de receitas e tipos de despesas e como melhorar as receitas
e reduzir as despesas.”

“Uma medida importante é a separação da contabilidade gerencial da fiscal, das contas


bancárias particulares e das contas da empresa. É importante o controle gerencial para
que se percebam os problemas operacionais e se avalie o desempenho de cada unidade
estratégica do negócio”, alerta Vagner Jaime Rodrigues.

Fonte: GOTTEMS (2015).

Dessa forma, como você pode aplicar essas dicas em sua realidade? Mediante a classificação e a
organização dos dados referentes ao movimento econômico-financeiro diário da propriedade,
é possível obter as informações gerenciais que irão auxiliar no processo de tomada de decisão
do produtor rural.

As informações gerenciais obtidas a partir do controle econômico-


financeiro são relacionadas à rentabilidade (por exemplo, a receita
obtida com a comercialização do leite), aos custos e às despesas do
negócio, à lucratividade, ao nível de endividamento, à necessidade
de captação de recursos financeiros externos (por exemplo, se
haverá a necessidade de utilizar os recursos disponibilizados pelas
linhas de financiamento do crédito rural), entre outras.

Curso Técnico em Agronegócio


Essas informações indicarão o volume de receitas por atividade explorada, os níveis de inves-
timentos e as quantias desembolsadas por tipo de despesa realizada no sistema produtivo do
empreendimento agropecuário.

O controle das operações financeiras da propriedade é alcançado por meio da implantação da


contabilidade gerencial. Para Crepaldi (2012), a esta pode ser conceituada como um instru-
mento administrativo que tem por objetivo o estudo, o registro e o controle da gestão
econômica do patrimônio das empresas rurais (propriedades rurais).

Patrimônio

Patrimônio é considerado como o conjunto de bens, direitos e obrigações que são vinculados a
uma pessoa ou a uma empresa.

A contabilidade gerencial tem se destacado como uma ferramenta de gestão da propriedade


rural para aperfeiçoar o processo de tomada de decisão. Crepaldi (2012) aponta três finalidades
principais da contabilidade gerencial em uma empresa:

1. Controlar o patrimônio das propriedades rurais.

2. Apurar e aperfeiçoar o resultado das atividades agropecuárias que são exploradas em


uma propriedade.

3. Prestar as informações necessárias sobre o patrimônio e o resultado econômico-financeiro


das atividades agropecuárias exploradas em uma propriedade.

Outro estudioso do assunto, Mário Otávio Batalha, observa que a contabilidade gerencial
possui duas funções básicas:

1. Auxiliar no controle das atividades administrativas e produtivas da empresa a partir da 35


elaboração do orçamento da propriedade rural para a análise financeira da instituição.

2. Apoiar o processo de tomada de decisão do produtor por meio do fornecimento de


informações sobre os valores relevantes e sobre os aspectos financeiros do empreendimento
agropecuário.

1. Sistema de custeio nas empresas rurais


Em uma propriedade, é comum a exploração de mais de um tipo de atividade agropecuária,
como os cultivos de milho e feijão e a criação de gado para a produção de leite. Essa diversidade
produtiva representa uma dificuldade para a mensuração dos custos produtivos de cada
atividade agropecuária explorada em uma empresa rural.

Gestão de custos
36

Fonte: Shutterstock

Schier (2013) recomenda que o empresário adote um sistema de custeio para o controle e a
alocação adequada dos custos para cada tipo de atividade desenvolvida no empreendimento
agropecuário. Por exemplo, o cálculo do custo de preparação do solo para o plantio de uma
cultura na propriedade ou, mesmo, o custo de armazenagem. Mais adiante, você verá um
exemplo de como se deve calcular o custo de produção de uma atividade desenvolvida em
uma propriedade rural.

Esse sistema de custeio a ser adotado pelo produtor rural pode se dar a partir da utilização
do método ABC (Activity-Based Costing, ou Custeio Baseado em Atividades). Barbosa (2004)
relata que a ideia básica desse método é tomar os custos das várias atividades desenvolvidas
em uma empresa e entender seu comportamento, de forma que seja possível alocar de
maneira adequada os custos produtivos na atividade desenvolvida na firma para cada tipo de
produto produzido. Já Leone e Leone (2010) relatam que, para a utilização do método ABC, é
necessário que o empresário identifique os custos e as despesas por atividades desenvolvidas
na empresa e, posteriormente, realize a alocação das atividades aos bens produzidos.

Acompanhe na figura a seguir a lógica do funcionamento do método de custeio baseado em


atividades!

Curso Técnico em Agronegócio


Mão de obra direta Insumos Custos indiretos

Atividade 1 Atividade 2 Atividade 3

Produto A Produto B Produto C

Fonte: Adaptado de HOFER et al. (2007, p. 8).

Para Sampaio et al. (2011), existem três componentes básicos para a estruturação do método
ABC em uma empresa rural:

1. Recursos/custos incorridos: este item é necessário para o desenvolvimento das atividades


produtivas na propriedade (mão de obra, maquinários, insumos, entre outros).

2. Atividades efetuadas: é relacionado às atividades que utilizam os recursos/custos incorridos


da propriedade por meio da utilização dos direcionadores de recursos (hora/homem, hora/
máquina, quantidade de insumos, entre outros).

3. Produtos produzidos: são os que absorvem os recursos/custos incorridos utilizados nas


atividades necessárias para sua produção, sendo necessária a utilização de direcionadores
de atividade produtiva (horas necessárias para o preparo do solo, horas necessárias para
o plantio, entre outros).

Veja um exemplo de estrutura simplificada do método de custeio por atividade para a


produção de milho ou soja em uma propriedade rural. 37

Recursos (custos) Atividades Objetos de custo

Mão de obra Preparo do solo


(horas/homem)

Maquinário direcionador Plantio/adubação direcionador Produtos


(horas/máquina) (exemplo: soja
de recursos de atividades e milho)
Insumos Aplicação de
(quant. de materiais) defensivos

Outros Colheita

Fonte: Adaptado de SAMPAIO et al. (2011, p. 153).

Em posse dessas informações, você já pode avaliar a planilha para a apropriação dos custos de
produção em uma propriedade rural a partir da utilização do método de custeio por atividade.
Esse exemplo pode ser utilizado tanto para a produção de milho quanto para a de soja.

Gestão de custos
ITEM DO CUSTEIO COEFICIENTE TÉCNICO CUSTEIO
38
1. OPERAÇÕES Hora-máquina Valor

Aração e/ou gradagem

Plantio e/ou adubação

Aplicação de herbicida e/ou


inseticidas

Colheita

Outros

SUBTOTAL 1 (SB1)

2. MÃO DE OBRA Hora-homem Valor

Aração e/ou gradagem

Tratamento de sementes

Plantio e/ou adubação

Aplicação de herbicida e/ou


inseticidas

Colheita

Outros

SUBTOTAL 2 (SB2)

3. INSUMOS Quantidade de material Valor

Sementes (quilos)

Fertilizantes (quilos)

Herbicidas e/ou inseticidas e/ou


fungicidas (litros)

Outros

SUBTOTAL 3 (SB3)

TOTAL VALOR CUSTEIO (SB1+SB2+SB3)

Fonte: SAMPAIO et al. (2011, p. 155).

Curso Técnico em Agronegócio


Tópico 2: Técnicas de contabilidade gerencial
Depois de revisar conceitos básicos de contabilidade e custeio das empresas, neste tópico
você verá técnicas de contabilidade gerencial que podem ser utilizadas nos empreendimentos
agropecuários. Inicialmente, você estudará a técnica de controle de custos produtivos e,
posteriormente, algumas considerações sobre orçamento e plano de contas da propriedade.
Vamos lá?

Fonte: Shutterstock

1. Controle dos custos produtivos


39

Albertin e Albertin (2009) relatam que a redução de custos não envolve apenas cortar gastos
do sistema produtivo, mas também encontrar formas de utilizar uma quantidade menor de
matérias-primas para a produção da mesma porção de bens ou serviços. Em ambos os casos,
o resultado é o aumento da competitividade.

Competitividade

Competitividade é conceituada como a capacidade de uma empresa de produzir produtos ou


serviços com qualidade e custos baixos, que lhe permitam concorrer de forma igual ou vantajosa
no mercado.

Para que seja exercido o controle dos custos produtivos na empresa rural, é necessário
que o produtor classifique adequadamente as principais modalidades de entradas e gastos
existentes. O objetivo é tornar possível o cálculo separado dos custos e, finalmente, avaliar o
resultado econômico do empreendimento.

Gestão de custos
O controle dos custos e a definição do resultado das operações
produtivas na propriedade em um determinado período de tempo
40 (mensal, semestral e anual) são de extrema importância para o
sucesso do empreendimento agropecuário. Por meio da avaliação, é
possível caracterizar situações de lucro ou prejuízo do produtor rural.

Na situação de lucro (receita total maior do que as despesas totais), o produtor pode adotar
estratégias que tenham por intuito a elevação da produtividade dos fatores produtivos e,
também, a busca por uma maior eficiência do negócio, de modo a expandir a margem de
lucratividade da empresa.

Comentário do autor

Por outro lado, na situação de prejuízo (receita total menor do que as despesas
totais), é necessário que o produtor adote estratégias que tenham por intuito a

d correção de problemas ocorridos ao longo do sistema produtivo da propriedade


rural. Esses problemas podem ser baixa produtividade dos fatores de produção,
baixos índices zootécnicos, manejo ineficiente, sementes inadequadas ao solo da
propriedade, entre outros.

2. Orçamento e plano de contas


Conhecidas as contas que fazem parte do controle de custos, outra importante ferramenta da
contabilidade gerencial para auxiliar o produtor rural no processo de tomada de decisão é a
elaboração do orçamento do empreendimento agropecuário.

Santos (2013) relata que o orçamento é uma forma efetiva de se praticar o planejamento dos
custos, pois por meio dele é possível estabelecer valores de acompanhamento dos custos de
produção e administração de uma propriedade ou de suas atividades específicas.

Os bens físicos que são utilizados no sistema produtivo de uma empresa rural precisam ser
expressos por meio de coeficientes técnicos dos fatores de produção, como horas/máquina,
horas/homem e quilos/hectare, para que seja realizada a mensuração adequada dos gastos
que são efetuados com o sistema produtivo do empreendimento agropecuário.

Coeficiente técnico

Coeficiente técnico é definido como os valores numéricos que expressam a relação física da
quantidade de insumo utilizada para a produção de determinada quantidade de produto
agropecuário. A relação horas/máquina indica a quantidade de horas de máquina utilizadas para
a produção de determinada quantidade de produto. O mesmo raciocínio pode ser aplicado à
relação horas/homem, que indica a quantidade de horas de mão de obra.

Crepaldi (2012) destaca que o orçamento da empresa rural deve ser dividido em duas partes:
investimentos e resultados operacionais. Em suma, os investimentos podem ser agrupados
em oito categorias:

Curso Técnico em Agronegócio


1. Infraestrutura e melhoramentos.

2. Benfeitorias e instalações.

3. Veículos, máquinas e equipamentos.

4. Produção vegetal.

5. Estudos e pesquisas.

6. Rebanhos permanentes (reprodutores e matrizes).

7. Estoque de produtos agrícolas.

8. Melhoramentos.

Comentário do autor

O plano de contas é definido como a estrutura sobre a qual se constrói e se

d elabora a estruturação financeira da propriedade rural. Veja, no exemplo a


seguir, um caso de empreendimento agropecuário que explora a bovinocultura
de corte e cultiva milho.

Com base nessa classificação, pode-se adotar o seguinte plano de contas para a descrição dos
custos de investimento:

• Terras

• Estradas, pontes, açudes


Infraestrutura
• Rede hidráulica elétrica 41

• Telefone, comunicações

• Cercas

• Benfeitorias e instalações pecuárias


Benfeitorias e instalações
• Outras benfeitorias e instalações

• Benfeitorias e instalações residenciais

• Veículos

Veículos, máquinas e equipamentos • Máquinas e implementos

• Móveis e utensílios

Gestão de custos
• Produtos agrícolas
42
Estoque de produtos • Herbicidas e fertilizantes

• Medicamentos

• Reprodutores

Bovinocultura • Matrizes

• Gado de corte

• Formação e reforma de pastagem


Produção vegetal
• Reflorestamento

• Estudos e pesquisas
Estudos e pesquisas
• Despesas legais

• Sistematização e drenagem

Melhoramentos • Terraplenagem

• Desmatamento

Para os custos operacionais, ou seja, os gastos necessários para a operação da propriedade


rural, pode-se adotar o seguinte plano de contas:

• Salários e encargos

• Rações e seus componentes

• Sal e sal mineral

• Vacinas e medicamentos

• Inseminação artificial
Pecuária e criação
de animais • Conservação e manutenção da pastagem

• Custo de motomecanização

• Conservação e manutenção de instalações

• Fretes e transporte

• Diversos

Curso Técnico em Agronegócio


• Salários e encargos

• Sementes

• Mudas

• Fertilizantes

Produção vegetal • Defensivos agrícolas

• Fretes e transporte

• Custo de motomecanização

• Conservação e manutenção de instalações

• Diversos

Concluindo: o plano de contas permite a organização dos gastos em itens agregados que, por
sua vez, refletem os custos de produção vegetal ou animal.

Encerramento do Tema
Neste tema você estudou a importância da prática da contabilidade gerencial em uma empresa
rural. Inicialmente, passou pelos conceitos de contabilidade gerencial e as principais vantagens
de utilização dessa técnica para auxiliar o processo de tomada de decisão do produtor. Em
seguida, acompanhou o conceito de sistema de custeio e as etapas a serem seguidas pelo
empresário para a implementação dessa técnica no empreendimento agropecuário, bem
como o modelo de plano de contas para a organização dos custos de produção.

Atividade de aprendizagem 43

1. Qual das alternativas a seguir apresenta a definição correta de contabilidade gerencial?

a) Pode ser conceituada como um instrumento administrativo que tem por objetivo o
estudo, o registro e o controle da gestão econômica do patrimônio das empresas rurais
(propriedades rurais).

b) Pode ser conceituada como um instrumento administrativo que tem por objetivo o
estudo, o registro e o controle de índices técnicos de produção.

Gestão de custos
c) Pode ser conceituada como um instrumento administrativo que não tem por objetivo o
estudo, o registro e o controle da gestão econômica do patrimônio das empresas rurais
44 (propriedades rurais).

d) Pode ser conceituada como um instrumento administrativo que tem por objetivo
apenas registrar as informações financeiras da propriedade rural.

e) Nenhuma das respostas anteriores.

2. Qual das alternativas a seguir não é considerada uma finalidade da contabilidade gerencial?

a) Controlar o patrimônio das propriedades rurais.

b) Aperfeiçoar o resultado das atividades agropecuárias que são exploradas em uma


propriedade rural.

c) Não prestar as informações necessárias sobre o patrimônio e o resultado econômico-


financeiro das atividades agropecuárias exploradas em uma propriedade rural.

d) Prestar as informações necessárias sobre o patrimônio e o resultado econômico-


financeiro das atividades agropecuárias exploradas em uma propriedade rural.

e) Nenhuma das respostas anteriores.

3. O método ABC (Activity-Based Costing, ou Custeio Baseado em Atividades) possui como


ideia básica:

a) Tomar os custos de parte das várias atividades desenvolvidas em uma empresa e


entender seu comportamento, de forma que seja possível alocar de maneira adequada
os custos produtivos de cada atividade desenvolvida na firma a cada tipo de produto
produzido.

b) Tomar os custos das várias atividades desenvolvidas em uma empresa e entender


seu comportamento, de forma que não seja possível alocar de maneira inadequada
os custos produtivos de cada atividade desenvolvida na firma a cada tipo de produto
produzido.

c) Tomar os custos de parte das várias atividades desenvolvidas em uma empresa


e entender seu comportamento, de forma que seja não possível alocar de maneira
adequada os custos produtivos de cada atividade desenvolvida na firma a cada tipo de
produto produzido.

Curso Técnico em Agronegócio


d) Tomar os custos das várias atividades desenvolvidas em uma empresa e entender seu
comportamento, de forma que seja possível alocar de maneira inadequada os custos
produtivos de cada atividade desenvolvida na firma a cada tipo de produto produzido.

e) Tomar os custos das várias atividades desenvolvidas em uma empresa e entender seu
comportamento, de forma que seja possível alocar de maneira adequada os custos
produtivos de cada atividade desenvolvida na firma a cada tipo de produto produzido.

4. Qual das alternativas a seguir pode ser considerada uma função básica da contabilidade
gerencial?

a) Auxílio no controle apenas das atividades administrativas da empresa a partir da


elaboração do orçamento da propriedade rural para a análise financeira da instituição.

b) Auxílio no controle apenas das atividades produtivas da empresa a partir da elaboração


do orçamento da propriedade rural para a análise financeira da instituição.

c) Auxílio no controle das atividades administrativas e produtivas da empresa a partir da


elaboração do orçamento da propriedade rural para a análise financeira da instituição.

d) Auxílio no controle das atividades administrativas e produtivas da empresa a partir


da elaboração do orçamento da propriedade rural para a análise não financeira da
instituição.

e) Nenhuma das respostas anteriores.

5. Assinale a alternativa que responde à seguinte pergunta: o orçamento é uma forma efetiva
de se praticar o quê?

a) A desorganização dos custos, pois por meio dele é possível estabelecer valores de
acompanhamento dos custos de produção e administração de uma propriedade ou de 45
suas atividades específicas.

b) O planejamento dos custos, pois por meio dele é possível estabelecer apenas os
valores de acompanhamento dos custos de produção de uma propriedade ou de suas
atividades específicas.

c) O planejamento dos custos, pois por meio dele é possível estabelecer apenas os valores
de acompanhamento dos custos de administração de uma propriedade ou de suas
atividades específicas.

d) O planejamento dos custos, pois por meio dele é possível estabelecer valores de
acompanhamento dos custos de produção e administração de uma propriedade ou de
suas atividades específicas.

e) Nenhuma das respostas anteriores.

Gestão de custos
03
Gestão dos custos de
uma propriedade rural
Tema 3: Gestão dos custos de uma
propriedade rural
A gestão de custos em uma empresa rural é uma das principais estratégias que o produtor possui
para elevar a margem de lucratividade do empreendimento, visto que lhe permite minimizar
os gastos de produção. Neste tema, serão discutidos os principais aspectos relacionados à
gestão de custos de uma propriedade, enfatizando, principalmente, os processos de cálculo e
de análise dos custos de um empreendimento agropecuário.

Fonte: Shutterstock

Com isso, espera-se que você consiga compreender as despesas do processo produtivo que são
utilizadas na gestão de custos, bem como analisar os custos visando à minimização dos gastos e
à maximização dos lucros em uma empresa rural e entender os principais conceitos de custos.

A partir dos conhecimentos obtidos neste tema, você poderá alcançar as seguintes competências:
• Conhecer os processos administrativo e produtivo de uma propriedade rural.

48 • Classificar os diferentes tipos de custos de uma propriedade rural.

• Calcular os custos produtivos de uma propriedade rural.

• Avaliar a viabilidade econômica do empreendimento agropecuário.

Tópico 1: Cálculo de custos de produção agropecuários


Para compreender o processo de cálculo de custos em uma propriedade, inicialmente você
conhecerá ou revisará as principais áreas administrativas de uma propriedade ou empresa rural.
Em seguida, verá a classificação dos custos em um processo produtivo de um empreendimento
agropecuário, para então checar os requisitos dos cálculos desses custos de produção. Avance!

1. Administração da empresa rural


Os processos administrativo e produtivo de uma propriedade rural são centrados principalmente
no gerenciamento das atividades que são relacionadas às áreas de comercialização e marketing,
finanças, produção e recursos humanos.

Veja, a seguir, a conceituação de cada uma dessas áreas.

Fonte: Shutterstock

Comercialização e marketing – Andrade (2002) ressalta que a área de comercialização e


marketing é um importante setor para o empreendimento agropecuário, pois conecta a
propriedade com os clientes ou consumidores finais.

Curso Técnico em Agronegócio


O empresário rural deve ter a preocupação de saber onde e como
se deve colocar os produtos agropecuários no mercado, bem
como quais são os melhores canais de comercialização para a
venda do produto.

Essa é a parte mais essencial para o negócio, pois sem ela não haveria receita, e todas as
demais etapas do processo de produção não alcançariam bons resultados. Além disso, é
importante que o empresário conheça as preferências e as exigências do consumidor final
para que possa adaptar seus métodos de produção à demanda de mercado e, assim, alcançar
ganhos de competitividade.

Como descobrir essas exigências do consumidor? Para que o empresário rural possa
obter um bom conhecimento do mercado em que atua e adquirir capacidade de realizar o
planejamento de divulgação (marketing) ideal de seu produto, é essencial que o produtor
realize uma pesquisa de mercado.

Comentário do autor

Essa dica é muito valiosa, mas, infelizmente, muitas vezes a pesquisa de mercado
é deixada de lado pelos empresários. É importante reconhecer que, por meio

d da pesquisa de mercado, o produtor irá obter informações sobre os potenciais


clientes que pagam os melhores preços e, também, as características do
consumidor, bem como realizar uma busca sobre os custos de comercialização
do produto, como o preço do frete.

Link

Você pode obter informações sobre os preços dos produtos agropecuários de


diversas regiões do país, além de algumas informações de mercado dos produtos 49
A do agronegócio brasileiro, nos links a seguir. Acesse-os quando tiver oportunidade!
Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (ESALQ/CEPEA)
Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB)
Portal do Agronegócio

Gestão de custos
50

Fonte: Shutterstock

Finanças – a área de finanças é a parte que trata do gerenciamento dos recursos financeiros
necessários para custear e financiar a condução das atividades produtivas na propriedade
rural. A área de finanças é relacionada principalmente com:
• receita (obtenção de recursos financeiros a partir da comercialização dos produtos ou
serviços agropecuários da propriedade);

• despesas (gastos realizados pelo produtor);

• investimentos e financiamentos (destacam-se as linhas de financiamento do crédito rural


concedidas aos produtores rurais brasileiros).

Informações extras

O crédito rural pode ser concedido por diversos tipos de linhas de financiamento,
cujas condições variam de acordo com os objetivos do empreendimento, com as
características do produtor rural ou com as finalidades da produção. Vale a pena
estudar o que se aplica à sua atividade agrícola!

O Entre as principais linhas de crédito rural podem ser citadas o ABC (Agricultura de
Baixo Carbono), o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura
Familiar), o Moderinfra (Programa de Incentivo à Irrigação e à Armazenagem),
o Moderagro (Programa de Modernização da Agricultura e Conservação dos
Recursos Naturais), o Propflora (Programa de Plantio Comercial e Recuperação
de Florestas) e o Prodecoop (Programa de Desenvolvimento Cooperativo para
Agregação de Valor à Produção Agropecuária).

Curso Técnico em Agronegócio


Fonte: Shutterstock

Produção – a área de produção é aquela que utiliza os recursos naturais, físicos ou materiais
necessários para a operação das atividades produtivas em uma propriedade rural. Eles podem
ser classificados em recursos de transformação e recursos de utilização.

Recursos de transformação Recursos de utilização

São relacionados aos materiais que fazem Podem ser definidos como aqueles que são
parte do sistema produtivo da empresa, aplicados ao sistema produtivo da propriedade
porém não são incorporados ao produto rural, além de serem incorporados ao produto
final, como terra, equipamentos, máquinas e agropecuário, como sementes, corretivos,
instalações físicas. defensivos, fertilizantes, medicamentos e rações.

51
Veja, a seguir, cinco importantes aspectos relacionados à área de produção de uma empresa
rural, conforme relatado por Andrade (2002).

Relaciona-se ao processo de controle econômico e financeiro das


Análise dos atividades produtivas da propriedade com o intuito de se obterem
custos produtos com o menor custo possível e aumentar os resultados (lucros)
do empreendimento.

Relaciona-se aos questionamentos que o produtor deve realizar antes


Planejamento da
de iniciar o processo produtivo na empresa rural (o que, como e quanto
produção
produzir, quanto custa e por quanto será vendido).

Relaciona-se aos processos produtivos propriamente ditos, como


quais tecnologias usar (quais insumos, quais variedades, que tipo de
Produção
equipamento, gestão da mão de obra) e a quantidade física total a ser
produzida na propriedade.

Gestão de custos
Relaciona-se à medida de avaliação da quantidade física a ser produzida
por área plantada (sacas de milho por hectare) ou por meio de outro
52 Produtividade
indicador utilizado na propriedade rural, como a quantidade de litros de
leite obtidos por vaca, por exemplo.

Relaciona-se à busca de melhores padrões, tanto físicos quanto sanitários,


Qualidade dos produtos agropecuários produzidos no empreendimento rural,
buscando atender às exigências do mercado consumidor.

Fonte: Shutterstock

Recursos humanos – a área de recursos humanos está relacionada a todas as pessoas


(inclusive os próprios membros da família do produtor que residem na propriedade e
desempenham algum tipo de função no negócio rural) que ingressam, permanecem ou
participam do empreendimento agropecuário e promovem o funcionamento das atividades
produtivas e administrativas.

Comentário do autor

A mão de obra é considerada como o “recurso vivo e dinâmico” da empresa


rural (segundo Porto e Gonçalves (2011)). Um recurso capaz de contribuir para

d o crescimento e o desenvolvimento do negócio. Por exemplo: se uma máquina


agrícola não for operada por um profissional capacitado (que realmente
saiba utilizá-la), os serviços realizados por ele tenderão a apresentar baixas
produtividade e qualidade, além do aumento de riscos de danos, podendo
resultar prejuízo no negócio.

Curso Técnico em Agronegócio


Algumas estratégias podem ser adotadas pelo empresário rural:

1. Capacitação dos funcionários da propriedade para que haja um aperfeiçoamento


dos serviços realizados, como a utilização de forma adequada dos equipamentos e das
máquinas do sistema produtivo. O SENAR oferece diversos cursos e treinamentos nas
áreas de gestão e produção.

2. Regularização trabalhista e funcional da mão de obra empregada na propriedade.


Essa é uma importante medida para a motivação dos funcionários. Devem ser adotadas
medidas como a assinatura da carteira de trabalho e os pagamentos de INSS, FGTS, décimo
terceiro e férias para o trabalhador rural e todas as demais normas legais trabalhistas.

3. Concessão de benefícios financeiros para o trabalhador quando tiver um bom


desempenho produtivo na empresa rural e o negócio apresentar bons resultados.

Depois de passar pelas quatro principais atividades da administração de uma empresa rural,
veja os custos que elas envolvem.

2. Classificação dos custos produtivos


Depois de todo o estudo realizado até aqui, você já compreendeu que gerenciar uma empresa
rural envolve, entre outras coisas, o cálculo e a administração dos custos, certo? Por isso,
agora você irá se aprofundar nos custos de produção. Vamos lá!

Os custos do sistema produtivo de uma empresa ou propriedade rural podem ser divididos em:
• custo operacional efetivo (COE);

• custo operacional total (COT);

• custo total (CT).

53
Compreenda melhor do que trata cada um deles.

Custo operacional efetivo (COE)

O COE é o somatório de todos os gastos do ciclo produtivo que geram desembolso do


produtor, sendo:
• mão de obra contratada;

• rações;

• suplementos minerais;

• sementes;

• mudas;

• medicamentos veterinários;

Gestão de custos
• defensivos agrícolas;

54 • fertilizantes;

• comercialização da produção;

• energia;

• combustíveis;

• impostos e taxas;

• manutenção/reparos de máquinas, veículos, equipamentos, construções e benfeitorias;

• arrendamento da terra;

• compra de animais para abate;

• manutenção de pastagens, canavial e outras forrageiras não anuais.

A remuneração da mão de obra familiar que trabalha diretamente no processo produtivo deve
ser definida pelo proprietário. Para isso, deve-se avaliar a atividade exercida pelos membros
da família na propriedade em comparação ao valor que eles receberiam se trabalhassem
realizando as mesmas funções em outra empresa rural. Essa será a base para a remuneração
da mão de obra familiar.

Legenda: A compra de sementes é considerada como um custo operacional para o produtor rural.

Fonte: Shutterstock

Curso Técnico em Agronegócio


Exemplos de custos operacionais efetivos por atividades:

Bovinocultura de leite Cafeicultura Horticultura

a) Mão de obra contratada a) Mão de obra contratada a) Mão de obra contratada

b) Mão de obra familiar b) Mão de obra familiar b) Mão de obra familiar

c) Manutenção de pastagens, c) Operações de pulverização c) O


perações de plantio
canavial e outras da lavoura
d) Defensivos agrícolas
forrageiras não anuais
d) Fertilizantes de plantio
e) Fertilizantes de cobertura
d) Silagem
e) Fertilizantes de cobertura
f) Fertilizantes foliares
e) Concentrado
f) Fertilizantes foliares
g) Colheita
f) Aleitamento artificial
g) Defensivos agrícolas
h) Comercialização
g) Minerais
da produção h) Colheita
h) Medicamentos
i) Energia e combustível i) Comercialização
i) Energia e combustível da produção
j) Impostos e taxas
j) Impostos e taxas j) Energia e combustível
k) Reparos de máquinas
k) Reparos de máquinas e benfeitorias k) Impostos e taxas
e benfeitorias
l) Arrendamento da terra l) Reparos de máquinas
l) Arrendamento da terra e benfeitorias

m) Arrendamento da terra

Custo operacional total (COT)

O custo operacional total (COT) é a soma do custo operacional efetivo (COE) juntamente com
a mão de obra familiar e a depreciação.
55
COT = COE + Pró-labore + Depreciação

Entenda melhor cada um desses elementos!

O custo de pró-labore não é considerado um desembolso, diferentemente do que ocorre


quando o negócio possui funcionários contratados, que precisam ser pagos mensalmente.

Ele é contabilizado para a mão de obra familiar que não está envolvida diretamente no
processo produtivo e deve ser definido pelo proprietário com base na atividade exercida e em
seu valor no mercado de trabalho.

A depreciação equivale a uma reserva monetária que o produtor rural deve fazer com o intuito
de renovar seu patrimônio, mantendo a capacidade produtiva do negócio. A depreciação pode
ser de benfeitorias, lavouras perenes e semiperenes, máquinas, implementos, equipamentos,
rebanho e forrageiras não anuais.

Gestão de custos
O custo da depreciação não implica desembolso por parte do
produtor, mas representa efetivamente um custo do negócio,
56 devendo ser calculado.

Para as culturas perenes — como maçã, pêssego, banana, citros, café, uva, entre outras —,
a depreciação é calculada, já que a cultura produzirá por vários anos, cabendo ao produtor
fazer a reserva monetária para renovar suas lavouras no futuro.

Atenção

` Vale lembrar que nas culturas de ciclo curto a depreciação não é calculada, uma
vez que o desembolso de sua implantação é considerado um custo, o qual é
recuperado ao final do ciclo produtivo.

Legenda: A depreciação do galpão é considerada um custo operacional total para o produtor rural.

Fonte: Shutterstock

Para calcular o custo de depreciação, utiliza-se o método linear por meio da seguinte fórmula:

(V - S)
Depreciação = ---------
n

Em que:

V = valor do equipamento novo ou valor do equipamento adquirido

S = valor residual ou valor de sucata

n = vida útil total

Curso Técnico em Agronegócio


Em todas as fórmulas utilizadas, o valor residual deve ser considerado zero para não haver
subjetividade no cálculo, uma vez que não haveria como levantar o valor de sucata de uma
benfeitoria ou de máquinas e equipamentos, pois cada um daria um valor residual diferente.

Valor residual

Também chamado de valor de sucata, é o valor do bem após o término de sua vida útil.

Para que esse método se torne mais flexível, algumas variações dessa fórmula são aplicadas
analisando-se cada caso

1. Bem adquirido novo

Um veículo adquirido novo no valor de R$ 54.000,00, com vida útil de 15 anos, terá a seguinte
depreciação:

(V - S)
Depreciação = ---------
n

(54.000 - 0)
Depreciação = ---------
15
Depreciação = 3.600/ano

2. Bem adquirido usado, porém ainda dentro do prazo da vida útil estabelecida

Um veículo adquirido usado no valor de R$ 33.000,00 e com vida útil residual de 6 anos.

Nesse caso, utilize a seguinte fórmula para calcular a depreciação:

57
(VC - S)
Depreciação = ---------
nr

Em que:

VC = valor de compra

S = valor residual (considerar sempre igual a zero no cálculo)

nr = vida útil residual

Assim,
(VC - S)
Depreciação = ---------
nr
(33.000 - 0)
Depreciação = ---------
6

Depreciação = 5.500/ano

Gestão de custos
Custo total (CT)

58 É a soma de todos os custos (variáveis e fixos). Portanto, é a soma do COT juntamente com a
remuneração do capital investido em benfeitorias, máquinas, implementos, equipamentos
e lavouras.

CT = COT + Remuneração do capital

A remuneração do capital, também conhecida como juro sobre o capital empatado, é


considerada um custo de oportunidade do capital investido.

A lógica do custo de oportunidade é a seguinte: o lucro do


empreendimento ou negócio agropecuário deve ser maior do que
os rendimentos do mercado financeiro. Se for menor, o produtor
precisará reavaliar suas estratégias de produção e comercialização,
e analisar todos os fatores para então decidir sobre a mudança de
cultura e produção, o arrendamento da área ou, ainda, a venda do
patrimônio e o investimento dos recursos financeiros no mercado
financeiro para viver com os juros obtidos.

Em outras palavras, a opção de investir na propriedade rural


em detrimento do ganho no mercado financeiro precisa ser
recompensada pelo próprio negócio, possibilitando resultados
maiores que os juros pagos no mercado.

Para calcular a remuneração do capital, utiliza-se a seguinte fórmula:

JA = (VN - S) × i

Em que:

JA = juros sobre o capital

VN = valor de novo

S = valor residual (considerar igual a zero no cálculo)

i = taxa de juros

Esse custo é calculado como se todo o dinheiro aplicado na propriedade tivesse sido colocado
em outro tipo de investimento, por exemplo, na poupança, que tem juros médios de 6% ao ano.

Para que o cálculo possa ficar mais flexível e menos subjetivo, algumas variações da fórmula são
necessárias conforme cada situação. Assim, no caso de um bem adquirido novo na propriedade,
que é somado a outros bens de várias idades, deve-se fazer o valor médio desses bens.

Curso Técnico em Agronegócio


Informações extras

O Para o cálculo do custo de oportunidade é considerada a menor taxa de


atratividade do mercado financeiro: a poupança.

1. O bem ainda possui vida útil

Por exemplo, uma máquina com valor de nova igual a R$ 67.000,00 e juros de 6% a.a. terá o
seguinte custo:

(VN - S)
JA = --------- × i
2

Em que:

JA = custo de oportunidade do capital investido

VN = valor de novo

S = valor residual (considerar igual a zero no cálculo)

i = taxa de juros

Dessa forma, tem-se o seguinte cálculo:

(VN - S)
JA = --------- × i
2

(67.000 - 0) 6
JA = --------- × ---------
2 100
59
JA = -67.000
-------- × 0,06
2

JA = 33.500 × 0,06

JA = 2.010,00/ano

Esse mesmo cálculo ocorre para benfeitorias e pomares que já ultrapassaram a vida útil, bem
como para animais de serviço, touros, rufião e doadoras.

2. O bem já ultrapassou a vida útil (máquinas e equipamentos)

Nesse caso, o valor a ser utilizado não será o valor médio de novo, mas o atual do bem.

Gestão de custos
Por exemplo, a mesma máquina com valor de nova igual a R$ 67.000,00, mas que possui um
valor de mercado de R$ 12.000,00 e juros de 6% a.a., terá o seguinte custo de oportunidade
60 do capital:

JA = (VN - S) × 1

JA = (12.000 - 0) × 6%

JA = 12.000 - 0 × 6%

JA = 720,00/ano

A união de todos os custos possibilita compor o custo total (CT), conforme demonstra a figura
a seguir.

Custo operacional
efetivo (COE)
= COE

Pró-labore
Custo operacional
efetivo (COE) + + = COT
Depreciações

Pró-labore Remuneração do
Custo operacional
efetivo (COE) + + + capital investido + CT
Depreciações na atividade

Legenda: Elaborada pelo autor (2017).

3. Cálculo dos custos de produção agropecuários


Um produtor ou empresário rural só saberá se uma atividade será economicamente viável
se conhecer seus custos de produção. Por isso, veja a seguir alguns exemplos de cálculos de
custo de produção.

Para começar, observe os custos de produção de preparação mecanizada do solo para a


realização de um plantio, e, posteriormente, veja um exemplo para os cálculos do custo de
produção da atividade de aração do solo. Acompanhe com atenção.

4. Custos de produção mecanizada


Veja, a seguir, alguns exemplos de cálculo de custo de produção, começando pelos de
preparação mecanizada do solo para a realização de um plantio em uma propriedade rural
(exemplo fornecido por CREPALDI, 2012).

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Fonte: Shutterstock.com

1. Parâmetros gerais
• Custo horário do tratorista: é expresso em reais por hora máquina (R$/hora) e deve
incluir todos os benefícios e encargos trabalhistas do tratorista; neste exemplo, considere
um valor de R$ 55,00/hora trabalhada.

• Custo horário do mecânico: é expresso em reais por hora (R$/hora) e deve incluir todos
os benefícios e encargos trabalhistas do funcionário; considere um valor de R$ 55,00/
hora trabalhada.

• Valor do combustível: é expresso em reais por litro (R$/litro); considere um valor de R$


3,00/litro.
61
• Valor dos lubrificantes: usa-se, em princípio, um fator expresso em percentual do custo
do combustível, estimado em uma taxa de 15% do valor gasto com o combustível.

• Remuneração do capital: representa os juros calculados sobre o capital investido em


um bem. Dessa forma, para simplificar, os cálculos são baseados no valor médio do
trator R$ 300.000,00 e a taxa de juros de 6%. Veja a equação do cálculo do valor dos juros
ou do custo de oportunidade:

(VN - S)
JA = ---------  × i
2

(300.000,00
JA = -- -- -- - ---
S) × 6%
2

JA = 150.000,00 × 6%
JA = 9.000,00/ano

Gestão de custos
2. Fatores técnicos
• Consumo de combustível: o consumo de combustível varia de acordo com o tipo de
62 serviço e a máquina agrícola usada na propriedade rural. Os tipos de serviços considera-
dos “pesados”, como o trabalho de aração do solo, exigem maior desempenho do trator
e, consequentemente, há aumento no consumo de combustível. Por sua vez, o transpor-
te de materiais dentro da propriedade pode ser considerado uma tarefa mais simples,
e, nesses casos, o consumo de combustível tende a ser menor em comparação com o
serviço de aração do solo. O consumo do combustível pode ser analisado com os contro-
les de gastos de combustível ou pelas informações que são fornecidas pelos fabricantes.

Informações extras

O Recomenda-se a utilização da medida de consumo de oito litros de combustível


para cada hora de trabalho (8,0 litros/hora)

• Vida útil do equipamento: representa o número total de horas de duração do equipa-


mento ao longo da vida útil. Esse tipo de medida depende da manutenção e do modo de
como o operador realiza as atividades com o equipamento ou máquina agrícola no sis-
tema produtivo da propriedade rural. Para efeito de cálculo, será utilizada a quantidade
de 7.500 horas (que corresponde a uma vida útil de dez anos).

• Uso anual: é relacionado ao total de horas nas quais o equipamento será utilizado ao
longo do ano corrente. Recomenda-se a utilização da taxa de 750 horas/ano.

• Fator de reparo: o fator de reparo serve para calcular os gastos com reparos de má-
quinas ou equipamentos utilizados na propriedade rural. O serviço de manutenção de-
penderá diretamente da fragilidade dos materiais e do tipo de uso do equipamento no
sistema produtivo da empresa rural. Crepaldi (2012) argumenta que os equipamentos
que necessitam de poucos reparos têm um fator que varia entre 0,5 e 1,0; já aqueles que
precisam de bastantes reparos possuem um fator que varia entre 1,0 e 1,5. A escolha
dos valores será de acordo com o critério adotado pelo produtor rural.

• Manutenção: entende-se o tempo necessário gasto com a máquina ou equipamento


para a realização de serviços como limpeza, engraxamento, troca de óleo, troca de fil-
tros, entre outros, isto é, fora de sua função principal no trabalho. No exemplo em ques-
tão, estima-se que, para cada dez horas de funcionamento do trator, uma hora esteja
sendo gasta pelo mecânico ou tratorista para os serviços de manutenção (ou seja, cerca
de 10% do tempo gasto pelo tratorista para a realização das atividades de aração do solo
destinam-se à manutenção do equipamento).

3. Parâmetros econômicos
• Valor da aquisição: é relacionado ao valor do novo equipamento, que no exemplo em
questão assumirá o valor de R$ 300.000,00.

Curso Técnico em Agronegócio


• Depreciação: todo ativo de um sistema produtivo está sujeito a desgaste ou perda de
valor devido ao uso. Lembrando que o equipamento analisado no exemplo tem taxa de
depreciação calculada a partir da seguinte equação, supondo que ele é novo:

Valor do bem - Valor residual


Depreciação = -------------------------------------------------------------------------------------
Vida útil

Considere, no exemplo em questão, que a vida útil do trator seja de dez anos. A depreciação,
portanto, é de R$ 30 mil por ano. Com essas informações, é possível que o produtor rural
consiga calcular o custo da hora do trator que é utilizado para a preparação do solo.

5. Custos de produção de preparo do solo


Agora, acompanhe um exemplo dos cálculos dos custos de produção da atividade de preparo
do solo.

1. Custo operacional efetivo

Neste item, estão incluídos os custos com mão de obra do tratorista, reparos, manutenção,
combustível e lubrificante.
• Mão de obra do tratorista: nesse exemplo, considere o valor de R$ 55,00/hora.

• Reparos: será considerado o fator de reparo de 1,5 devido ao tipo de equipamento que
é analisado.
(Valor de aquisição do equipamento × fator de reparo)
Valor do reparo por hora = ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Total de horas de vida útil

(R$ 300.000,00 × 1,5)


Valor do reparo por hora = --------------------------------------------------------------
7.500 horas

R$ 450.000,00
Valor do reparo por hora = --------------------------------------------------------------
7.500 horas
63

Valor do reparo por hora = R$ 60,00/hora

• Manutenção: nesse exemplo, considere que, para cada hora de trabalho do tratorista,
10% desse valor sejam destinados aos serviços de manutenção.

Valor do trabalho do % dos serviços


Valor da manutenção por hora = ×
tratorista por hora de manutenção

Valor da manutenção por hora = R$ 55,00 × 10%

Valor da manutenção por hora = R$ 5,50/hora

Gestão de custos
• Custo do combustível: nesse exemplo, considere que sejam gastos oito litros de com-
bustível para cada hora de trabalho do trator e que seu custo seja de R$ 3,00/litro.
64
Quantidade de litros Preço do litro
Valor do combustível gasto = ×
gasto por hora do combustível

Valor do combustível gasto = 8 litros por hora × R$ 3,00

Valor do combustível gasto = R$ 24,00/hora

• Custo do lubrificante: nesse exemplo, considere que o custo do lubrificante seja de 15%
do valor total gasto com o combustível.

Valor do combustível % do custo do


Valor do lubrificante gasto = ×
gasto por hora lubrificante

Valor do lubrificante gasto = R$ 24,00 × 15%

Valor do lubrificante gasto = R$ 3,60/hora

• Custo operacional efetivo por hora: é a soma de todos os custos levantados anteriormente.

COE por hora = Mão de obra + Reparos + Manutenção + Combustível + Lubrificantes

COE por hora = 55,00 + 60,00 + 5,50 + 24,00 + 3,60

COE por hora = R$ 148,10/hora

2. Custo operacional total (COT)

Neste item, está incluído o custo com depreciação.

(VC - S)
Depreciação = ---------
nr

Em que:

VC = valor de compra

S = valor residual (considerar sempre igual a zero no cálculo)

nr = vida útil residual

Considere, nesse exemplo, que o valor de compra do trator tenha sido de R$ 300.000,00 e que
a vida útil residual seja de dez anos.

(R$ 300.000,00 - 0,00)


Depreciação = --------------------------------------------------------------
10 anos

Depreciação = R$ 30.000,00/ano

Curso Técnico em Agronegócio


Para calcular o valor da depreciação por hora, considere um total de 750 horas trabalhadas
por ano.
Depreciação por ano
Depreciação por hora = ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Número de horas trabalhadas no ano

R$ 30.000,00
Depreciação por hora = --------------------------------------------------------------
750 horas

Depreciação por hora = R$ 40,00/hora

Agora já é possível calcular o custo operacional total por hora:

COT por hora = COE por hora + Depreciação por hora

COT por hora = R$ 148,10 + R$ 40,00

COT por hora = R$ 188,10

3. Custo total

Neste item, está incluída a remuneração do capital ou os juros sobre capital. Lembre-se de
que o valor residual (S) deve ser igual a zero no cálculo, conforme estudamos na página 58.

(VN - S)
JA = ---------  × i
2

(300.000,00
JA = -- -- -- - ---
0) × 6%
2

JA = 150.000,00 × 6%
JA = 9.000,00/ano

Para calcular a remuneração do capital por hora, considere um total de 750 horas trabalhadas
65
por ano.
Remuneração de capital por ano
Remuneração de capital por hora = ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Número de horas trabalhadas no ano

R$ 9.000,00
Remuneração de capital por hora = --------------------------------------------------------------
750 horas

Remuneração de capital por hora = R$ 12,00/hora

Agora já é possível calcular o custo operacional total por hora:

CT por hora = COT por hora + Remuneração de capital por hora

CT por hora = R$ 188,10 + R$ 12,00

CT por hora = R$ 200,10

Após todos os cálculos, pode-se concluir que o custo de produção do produtor rural para cada
hora de trabalho no preparo de solo dessa empresa é de R$ 200,10.

Gestão de custos
Revisados todos os conceitos relacionados ao cálculo de custos de uma empresa rural, no
próximo tópico você estudará as técnicas de gestão desses custos. Siga em frente!
66
Tópico 2: Técnicas de cálculo e de gestão de custos
Neste tópico, você conhecerá ferramentas e técnicas de cálculo e de gestão de custos de
produção de uma propriedade ou empresa rural. Inicialmente, você irá comparar as técnicas
de avaliação custo X benefício de atividades agropecuárias. Na sequência, estudará alguns
indicadores técnico-econômicos e algumas considerações sobre o processo de tomada de
decisão do produtor rural. Bom estudo!

Fonte: Shutterstock

1. Avaliação custos X benefícios dos empreendimentos rurais


Para um bom planejamento das atividades a serem realizadas em uma propriedade rural, é
necessária a realização de uma análise de custo X benefício — também chamada de relação
benefício-custo — das atividades agropecuárias exploradas ou que se planeja explorar, futu-
ramente, no empreendimento agropecuário.

A análise de custo X benefício representa uma avaliação compa-


rativa entre o valor dos fatores de produção da propriedade, ou
seja, dos seus custos de produção, e o valor da produção gerado
pela atividade agropecuária.

Crepaldi (2012) relata que a análise de custo X benefício é realizada por meio de uma
planilha que contém informações de custos e de receitas do empreendimento agropecuário
analisado. Para que o produtor rural seja capaz de operacionalizar as informações financeiras
da propriedade, é recomendável a utilização de softwares específicos, como o programa
Microsoft® Office Excel, ou planilhas de cálculos.

A planilha a ser elaborada deve apresentar três componentes:

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1. Receitas ou renda bruta – faturamento proveniente da venda dos produtos.

2. Custos totais – custos de produção e manutenção do negócio.

3. Resultado – relação entre as receitas e os custos operacionais da atividade agropecuária


analisada, isto é, uma estimativa do resultado do negócio rural.

Observe o exemplo a seguir, em que há as receitas e os custos para a produção de 2,6 hectares
de melancia:

Quanti- Valor Valor total Valor/ha


Descrição Unidade
dade/ha unitário (R$) (R$) (R$)

RECEITAS
Melancia kg/ha 20.000,00 1,50 78.000,00 30.000,00
Total de receitas 78.000,00 30.000,00

CUSTOS
Semente melhorada kg 1 200,00 200,00 76,92
Adubo orgânico m³ 10 220,00 2.200,00 846,15
Compostos orgânicos kg 1.300 1,60 2.080,00 800,00
Calda bordalesa l 20 30,00 600,00 230,77
Espalhante adesivo l 1 10,00 5,00 1,92
Calda sulfocálcica l 15 20,00 300,00 115,38
Água 1.000 m³ 5 60,00 300,00 115,38
Aração, gradagem
hora/máquina 7 80,00 520,00 200,00
e sulcagem
Coveamento dia/homem 3 60,00 180,00 69,23
Adubação de fundação
dia/homem 6 60,00 360,00 138,46
e plantio 67
Capinas manuais dia/homem 15 60,00 900,00 346,15
Adubação de cobertura dia/homem 2 60,00 120,00 46,15
Transporte interno hora/máquina 1 45,00 45,00 17,31
Pulverização dia/homem 10 60,00 600,00 230,77
Irrigação dia/homem 12 60,00 720,00 276,92
Colheita dia/homem 15 60,00 900,00 346,15
Mão de obra familiar dia/homem 180 50,00 9.000,00 3.461,54
Administração mês 3 100,00 300,00 115,38
Manutenção unidade 1 1.000,00 1.000,00 384,62
Impostos e taxas mês 3 50,00 150,00 57,69
Imposto sobre
comercialização % 2,3 2,30 1.794,00 690,00

Total de custos - - - 22.274,00 8.566,92


Resultado - - - 55.726,00 21.433,08

Gestão de custos
Ao final da primeira coluna, encontra-se o item Resultado, que consiste na diferença entre
as receitas e os custos de uma propriedade rural hipotética em um determinado período de
68 tempo. O resultado operacional, quando é positivo (maior que zero), indica que houve lucro
no período analisado. Por sua vez, quando é negativo (menor que zero), indica que o produtor
obteve prejuízo.

Comentário do autor

Nesse exemplo são apresentados apenas os custos operacionais efetivos, o que


possibilita encontrar a margem bruta da atividade (resultado).

d Essa análise dos custos operacionais efetivos possibilita ao produtor a tomada de


decisão no curto prazo, uma vez que ela indica a viabilidade do negócio apenas
nesse período, pois no cálculo não estão inclusos os custos com depreciação,
pró-labore (se houver) e remuneração do capital.

Esse tipo de análise pode ser aplicado tanto para atividades agrícolas quanto pecuárias.

Veja, a seguir, uma descrição mais detalhada dos componentes da análise de custo X benefício
de uma atividade agropecuária hipotética, que envolvem custos, receita, produtividade e
preços e resultado operacional, conforme relatado por Crepaldi (2012).

Custos – neste item, é importante analisar:

1. Insumos: a elaboração deste subitem deve ser realizada a partir de uma pesquisa de
mercado, com a coleta de informações sobre os preços (orçamentos) de todos os insumos
a serem utilizados na produção do produto agropecuário analisado. Após a realização
da pesquisa do preço dos insumos, os valores deverão ser colocados na planilha a ser
montada.

2. Serviços: este item está relacionado a todas as atividades a serem realizadas durante o
processo produtivo da empresa rural, como gastos com mão de obra (serviços do tratorista
na preparação do solo para o plantio da cultura, mão de obra para capina e colheita etc.).

3. Outros: neste item, incluem-se todos os outros fatores associados ao sistema produtivo,
como seguros, assistência técnica e custo do capital empregado.

Receita – a análise da receita será realizada a partir de diferentes cenários (pessimista, médio
e otimista – saiba mais no próximo assunto), já que na produção agropecuária podem ocorrer
problemas de origens naturais ou biológicos com o produto agropecuário analisado. Essas
informações são de suma importância para o produtor rural no que tange aos processos de
planejamento e de tomada de decisão das atividades a serem exploradas.

As principais variáveis analisadas nesse item serão:

1. o preço de mercado;

2. o nível de produtividade do produto analisado.

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Produtividade – para Crepaldi (2012), a medida de produtividade do produto agropecuário
analisado pode ser obtida com base nos valores médios das propriedades rurais localizadas
em uma determinada região. Essas informações podem ser obtidas com entidades de pesquisa
e assistência técnica, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) ou o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre outras.

Dica

' A internet é um instrumento efetivo e eficiente para esses levantamentos, mas,


atenção, busque sempre fontes confiáveis!

Observe os parâmetros utilizados para definir os cenários de produtividade de otimista a


pessimista:

Otimista Médio Pessimista

No cenário otimista de No cenário médio, será Já o cenário pessimista é


produtividade, será adotado o adotado o valor médio de aquele com o menor valor
maior valor de produtividade produtividade verificada na de produtividade, ou seja,
esperada, isto é, a produtividade região ou informada pelas considera a ocorrência de
“se tudo der certo”. instituições. vários problemas no processo
produtivo.

Preços e resultado operacional – é recomendável que se utilize o preço de mercado praticado


na região em que o produtor rural costuma comercializar a produção. Mais uma vez, a internet
é a principal ferramenta para o levantamento dos preços de comercialização.

A seguir, acompanhe a planilha que fornece informações para a análise do custo X benefício
de uma cultura de milho de 1 hectare. As informações sobre os custos, os preços e a 69
produtividade referem-se a Mato Grosso (MT). Lembre-se de que as informações podem
variar semanalmente e servem apenas como exemplo para análise.

Descrição Valor (R$)

Sementes 396,06

Semente de milho 396,06


Fertilizantes 580,81
Macronutrientes 577,14
Itens que compõem o COE
Micronutrientes 3,67
Defensivos 361,30
Fungicida 67,72
Herbicida 145,79

Gestão de custos
Inseticida 123,55

70 Adjuvante 24,24

Operação com máquinas 67,23

Manejo pré-plantio 2,67


Adubação e plantio 23,03
Aplicações com máquinas 9,02
Colheita 32,51
Mão de obra 85,39
Itens que compõem o COE Outras despesas 662,92
Assistência técnica 13,39
Transporte da produção 143,79
Beneficiamento 167,11
Armazenagem 166,97
Despesas administrativas 124,72
Manutenção 0,90
Seguro 2,24
Imposto sobre comercialização 43,80
Pró-labore 100,00
Depreciações 73,20
Itens que compõem o COT
Máquinas e implementos 53,06
Benfeitorias e instalações 20,14

Item que compõe o CT Remuneração do capital 95,80

COE – custo operacional efetivo 2.153,71

TOTAL COT – custo operacional total 2.326,91

CT – custo total 2.422,71

Cenário otimista 2.475,00

Receita Cenário médio 2.375,00

Cenário pessimista 2.125,00

Cenário otimista 125,49

Lucro Cenário médio 25,49

Cenário pessimista - 224,51

Fonte: Adaptado de IMEA (2016).

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Na tabela apresentada, são dadas informações sobre os custos produtivos necessários para
se plantar milho em uma área de 1 hectare. Além disso, são fornecidos dados sobre as receitas
obtidas a partir de diferentes níveis de produtividade, de acordo com estimativas do Instituto
Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA) (2017):
• Cenário otimista – 99 sacas/hectare

• Cenário médio – 95 sacas/hectare

• Cenário pessimista – 85 sacas/hectare

A receita é obtida a partir da comercialização da produção de 1 hectare do produto analisado


multiplicado pelo preço de mercado.

Nesse exemplo que você acabou de ver, o preço médio de venda utilizado foi de R$ 25,00/saca.
O custo total estimado para a produção de milho em uma área de 1 hectare foi de R$ 2.422,71.
No entanto, as receitas obtidas para o cenário pessimista (R$ 2.125,00) são insuficientes para
cobrir os custos de produção de milho dessa propriedade rural, assim, caso o produtor não
alcance o nível de produtividade médio, ele terá prejuízo com a produção e a venda do produto.

Atenção

` É importante observar que, no cenário pessimista, o produtor não consegue pagar


nem seus custos operacionais efetivos, demonstrando uma situação de alerta.

Vale também ressaltar que, caso o preço tenha queda de apenas R$ 1,00, o produtor já estará
próximo de seu ponto de cobertura total (em que os custos e as receitas se equivalem) — isso
no cenário otimista.

Atenção
71
Observe que, mesmo no cenário otimista ou médio, o retorno para o produtor
` está bem próximo dos custos totais. Assim, é importante que ele busque reduzir
seus custos e mantenha o mesmo nível de produtividade, além de ficar atento ao
preço de venda, para que consiga melhores resultados no negócio.

Observe este outro exemplo, em que são apresentados os custos e as receitas para a produção
de leite em 58 hectares.

Descrição Valor (R$)

Proteico 22.088,81

Energético 35.256,64
Custos Sal mineral 4.120,90
Ureia 9.335,47
Adubo 4.200,00

Gestão de custos
Defensivos 382,05

72 Medicamentos preventivos 2.690,39

Medicamentos curativos 2.071,98


Material de ordenha 1.168,59
Combustíveis 2.320,00
Energia 8.273,40
Taxas e impostos 3.478,23
Manutenção das instalações 1.955,21
Custos Assistência técnica 30,00
Manutenção de máquinas 3.691,10
Sementes e mudas 274,16
Calcário 100,00
Mão de obra 2.250,00
Outros 1.239,79
Depreciação 16.916,72
Pró-labore 3.600,00
Remuneração do capital 18.276,21

COE – custo operacional efetivo 104.926,72

TOTAL COT – custo operacional total 125.443,44

CT – custo total 143.719,65

Cenário otimista 179.149,30

Receita Cenário médio 162.863,00

Cenário pessimista 146.576,70

Cenário otimista 35.429,65

Lucro Cenário médio 19.143,35

Cenário pessimista 2.857,05

Nesse exemplo, o preço médio utilizado foi de R$ 1,15, e a produtividade de 155.782 litros
no cenário otimista, 141.620 litros no cenário médio e 127.458 litros no cenário pessimista.
Observe que essa produção mostra-se “mais segura” do que a de milho, pois em todos os
cenários a atividade apresentou resultados positivos, ou seja, teve lucro. Mesmo no cenário
pessimista, o resultado estimado foi positivo, mostrando menor risco associado à produção.

Como você pode ver, a análise de custo X benefício contemplando


os custos totais é fundamental para a tomada de decisão do
produtor rural, pois possibilita minimizar os riscos de prejuízo,
endividamento e até a quebra dos empreendimentos rurais.

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2. Indicadores econômicos
Os indicadores demonstram a situação da empresa rural no momento da análise, uma vez
que eles são um reflexo dos custos e das receitas do negócio. A interpretação desses índices
possibilita ao gestor do negócio um maior embasamento para a elaboração do planejamento
e para a tomada de decisões.

Renda bruta

A renda bruta, ou valor da produção, compreende a renda (o valor) obtida com a venda da
produção durante o período analisado. É determinada pelo preço dos produtos multiplicado
pela quantidade comercializada.

RB = (P × Q) + Renda outros produtos ou subprodutos

Em que:

RB = renda bruta

P = preço de venda ou preço médio de venda

Q = quantidade comercializada

É importante lembrar que a renda bruta compreende a soma dos valores da renda de outros
produtos ou subprodutos, como:
• produtos animais e vegetais comercializados;

• produtos produzidos e consumidos na propriedade, armazenados ou utilizados como


forma de pagamento;

• aumento do valor do rebanho proveniente de crescimento e engorda.


73
Exemplo:

Produção de citros: 364.250 kg/ano

Preço médio de venda: R$ 1,07/kg

Venda de polpa cítrica: R$ 30.450,00/ano

RB = (364.250 × 1,07) + 30.450,00

RB = 389.747,50 + 30.450,00

RB = R$ 420.197,50

A análise da renda bruta de forma isolada é pouco conclusiva, por isso é importante compará-
la ao custo de produção para definir a rentabilidade da atividade.

Gestão de custos
Margem bruta

74 A margem bruta é o resultado da renda bruta (valor da produção vendida e obtida na atividade)
menos o custo operacional efetivo.

MB = RB - COE

Em que:

MB = margem bruta

RB = renda bruta

COE = custo operacional efetivo

Exemplo:

Renda bruta da tomaticultura: R$ 180.550,00/ano

Custo operacional efetivo: R$ 81.798,00/ano

MB = R$ 180.550,00 - R$ 81.798,00

MB = R$ 98.752,00

Os resultados obtidos podem ser analisados anualmente por hectare ou pela unidade
padronizada para a cultura (saca, caixa, quilo). Esse indicador é muito utilizado em
comparação a outras atividades agropecuárias, principalmente no que se refere à viabilidade
de arrendamento de terra.

Utilizando-se o conceito de margem bruta, é possível tirar algumas conclusões sobre o


desempenho da atividade produtiva. Acompanhe!

MB < 0

Quando a margem bruta for negativa, ou menor que zero, indicará que a atividade está sendo
antieconômica, já que o produtor não estará conseguindo pagar seus custos operacionais efetivos.

Nesse caso, é possível dizer que o produtor estará “pagando para trabalhar” ou pagando para
produzir, pois os desembolsos serão maiores que as receitas. Essa situação é conhecida como
ponto de fechamento da empresa.

MB = 0

Quando a margem bruta for igual a zero, configurará sinal de alerta, pois, apesar de os
custos operacionais efetivos estarem sendo pagos, a mão de obra familiar não estará sendo
remunerada, assim como nenhum de seus custos fixos estará sendo pago. Nesse caso, a
atividade continuará sendo inviável no curto prazo.

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MB > 0

Quando a margem bruta for maior que zero, significará que a renda bruta é superior aos
custos operacionais efetivos. Isso indicará que, pelo menos no curto prazo, a atividade estará
sendo viável. Nesse caso, a análise terá de avançar para a margem líquida e para o lucro.

Margem líquida

A margem líquida é o resultado da renda bruta obtida na exploração menos os custos


operacionais totais.

ML = RB - COT

Em que:

ML = margem líquida

RB = renda bruta

COT = custo operacional total

Exemplo:

Renda bruta da caprinocultura: R$ 74.650,00/ano

Custo operacional total: R$ 43.346,00/ano

ML = R$ 74.650,00 - R$43.346,00

ML = R$ 31.304,00

Utilizando o conceito de margem líquida, também é possível tirar algumas conclusões sobre o 75
desempenho da atividade produtiva.

ML < 0

Quando a margem líquida for menor que zero (com MB > 0), a atividade cobrirá os custos
variáveis, mas não conseguirá pagar todas as depreciações e os gastos com a mão de obra
familiar. Além disso, não remunerará o capital investido na atividade.

Analisando a situação economicamente, podemos dizer que a atividade será viável apenas no
curto prazo e, caso a situação de margem líquida negativa persista, levará ao empobrecimento
e ao sucateamento da empresa, inviabilizando assim a atividade no médio e no longo prazo.

ML = 0

Quando a margem líquida for igual a zero, significará que, pelo menos no médio prazo, o
produtor se manterá em atividade, já que conseguirá sustentar seu sistema de produção. No

Gestão de custos
entanto, não será uma situação estável no longo prazo, pois normalmente existe a necessidade
de se investir em novas tecnologias e modelos produtivos que demandam novos investimentos,
76 tornando o sistema produtivo atual obsoleto e não mais competitivo no mercado.

ML > 0

Quando a margem líquida for maior que zero, tal situação confirmará que a atividade
está sendo economicamente viável no curto e no médio prazo, pagando os desembolsos,
remunerando o produtor e cobrindo os custos com depreciação. Nesse caso, a análise deverá
avançar para o lucro da atividade.

Lucro

O lucro é constituído pela diferença entre a renda bruta e o custo total, ou seja, ocorre
quando se consegue cobrir todos os custos, inclusive o de oportunidade do capital investido
na atividade.

L = RB - CT

Em que:

L = lucro

RB = renda bruta

CT = custo total

Exemplo:

Renda bruta da produção de hortaliça: R$ 150.000,00/ano

Custo total: R$ 67.650,00/ano

L = R$ 150.000,00 - R$ 67.650,00

L = R$ 82.350,00/ano

Utilizando o conceito de lucro, é possível tirar algumas conclusões sobre o desempenho da


atividade produtiva. Veja.

L<0

Quando o lucro for menor do que zero (com ML > 0), significará que a remuneração da
atividade não estará sendo suficiente para cobrir o custo de oportunidade do capital de
acordo com a taxa de 6% (taxa mínima de atratividade do mercado). Essa situação mostra
uma atividade que não está sendo economicamente atrativa, pois acarreta prejuízo
econômico. Nesse caso, se o empresário investir todo o capital imobilizado na propriedade
em outra atividade que apresente maior rentabilidade, estará fazendo um melhor negócio.
No longo prazo, manter-se na situação de lucro negativo inviabilizará a atividade.

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L=0

O lucro igual a zero apresenta uma situação que chamamos de lucro normal. É a situação
buscada pela maioria das empresas, já que, nesse ponto, todos os custos estão sendo pagos,
tendo-se ainda a atratividade mínima determinada (custo de oportunidade do capital). Quando
a empresa atinge esse patamar, está atuando em seu ponto de cobertura total.

L>0

Quando o lucro é maior que zero, significa que a empresa está cobrindo todos os custos de
produção — tanto os variáveis como os fixos. Dessa forma, a atividade pode ser considerada
atrativa economicamente, além de viável no curto, no médio e no longo prazo. Essa situação
demonstra a possibilidade de expansão da atividade.

Taxa de retorno do capital

A rentabilidade de um negócio é um indicador a se utilizar na comparação com qualquer


outra atividade, seja ela rural ou não. Ela indica o percentual de retorno sobre o capital
investido na empresa.

Para esse cálculo, é utilizada a taxa de retorno do capital investido, que pode ou não incluir o
valor da terra. Isso porque há muitas discussões sobre o uso do fator terra como componente
do custo de produção, já que a terra normalmente é valorizada com o passar dos anos,
caracterizando-se como investimento, e não como custo de produção.

ML
TRC = - - - - - - - - - × 100
Estoque de capital médio

Para calcular esse indicador, é necessário, inicialmente, saber qual é o total de capital do
negócio (investimentos) com e sem terra. Veja o exemplo a seguir.

Investimento em terra: R$ 1.000.000,00 77

Investimento em benfeitorias: R$ 150.000,00

Investimento em maquinários: R$ 130.000,00

Para calcular o capital médio sem considerar o valor da terra, utiliza-se a seguinte fórmula:

Soma dos capitais (investimentos sem terra)


Capital médio = ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
2

150.000,00 + 130.000,00
Capital médio = --------------------------------------------------------------
2

Capital médio = R$ 140.000,00

Para calcular o capital médio considerando o valor da terra, utiliza-se a seguinte fórmula:

Gestão de custos
Soma dos capitais (investimentos sem terra)
Capital médio = --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- + valor da terra
2
78
150.000,00 + 130.000,00
Capital médio = -------------------------------------------------------------- + 1.000.000,00
2

Capital médio = 140.000,00 + 1.000.000,00

Capital médio = R$ 1.140.000,00

Agora é possível calcular a taxa de retorno do capital considerando uma margem líquida de
R$ 22.000,00:
22.000,00
TRC sem terra = - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - × 100
140.000,00

TRC sem terra = 0,1571 × 100

TRC sem terra = 15,71%

22.000,00
TRC com terra = - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - × 100
1.140.000,00

TRC com terra = 0,0192 × 100

TRC com terra = 1,92%

Esse índice corresponde ao valor residual (após pagar todos os desembolsos, a depreciação
e os custos de mão de obra familiar), que irá remunerar todo o capital investido na atividade.

Relação benefício/custo

A relação benefício/custo objetiva identificar e avaliar todos os custos e os benefícios


associados às diferentes alternativas, determinando assim aquela que maximiza a diferença
entre os benefícios e os custos.

Em termos monetários, a relação benefício/custo indica o valor


necessário para se alcançar um determinado fim.

Para que uma alternativa seja considerada viável economicamente, a relação benefício/custo
deve ser maior que 1. Caso contrário, será considerada antieconômica, pois não proporcionará
benefícios suficientes para o negócio cobrir suas despesas.

A relação benefício/custo é calculada utilizando-se a seguinte fórmula:

Renda bruta
Relação benefício/custo = - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
Custo total

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Exemplo:

Renda bruta da atividade leiteira: R$ 350.000,00/ano

Custo total da atividade: R$ 300.000,00/ano

350.000,00
Relação benefício/custo = - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
300.000,00

Relação benefício/custo = 1,17

Esse resultado indica que, para cada R$ 1,00 investido na atividade, tem-se R$ 0,17 de retorno.

Capital empatado por unidade produzida (CEL)

Esse cálculo mostra a eficiência de utilização do capital empatado (bens investidos) na


atividade. Corresponde ao valor em real (R$) investido na propriedade para cada unidade da
cultura produzida.

O CEL é calculado utilizando-se o estoque de capital com terra da atividade dividido pela
produção anual.

Capital investido na atividade


CEL = ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Volume de produção

Exemplo:

Capital investido na atividade de café: R$ 1.300.000,00

Volume de produção: 16.400 sacas

1.300.000,00
CEL = - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 79
16.400

CEL = R$ 79,27/saca

Em relação a seu resultado, quanto menor o valor por unidade produzida, melhores estão
sendo utilizados os bens para produzir.

Ponto de cobertura

O ponto de cobertura total representa a quantidade mínima de produto que deverá ser
comercializada para que a propriedade não tenha prejuízo nem lucro, ou seja, para se alcançar
a situação em que as entradas (receitas do negócio) cubram todos os gastos (custos), não
havendo sobra de dinheiro. Portanto, não há lucro, ou o lucro é zero.

Gestão de custos
Atenção

80
` O ponto de cobertura total é calculado em quantidade de produto
comercializado.

A análise do ponto de cobertura total ajuda a tomar decisões importantes, como o volume a
ser produzido e vendido e o nível adequado de custos.

Custo total
Ponto de cobertura total = ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Preço médio de venda (unitário)

Exemplo:

75.600,00/ano
Ponto de cobertura total = --------------------------------------------------------------
1,90

Ponto de cobertura total = 39.790 unidades

A gestão de custos é importante em qualquer negócio e é essencial nas empresas rurais e


agroindustriais, uma vez que o agronegócio é um setor com diversas peculiaridades. Por
isso, o proprietário ou empreendedor rural deve sempre optar por uma metodologia que se
adapte a seu negócio.

O cálculo dos custos e a análise dos indicadores são importantes para se avaliar a situação
do negócio. A partir disso, é possível realizar o planejamento da empresa rural visando à
melhoria dos resultados futuros.

Assim, com a gestão de custos é possível melhorar o gerenciamento das atividades, reduzir
gastos e aumentar o lucro mudando comportamentos e aperfeiçoando processos.

3. Tomada de decisão
No decorrer desta Unidade Curricular, você teve a oportunidade de perceber que, no
gerenciamento da propriedade rural, o produtor deve estar sempre atento à influência de
uma série de variáveis que podem afetar o desempenho de seu negócio.

São muitos os fatores que podem influenciar o processo de de-


cisão do produtor, tanto de natureza interna (necessidades pre-
sentes e futuras do negócio, idade, conhecimento técnico e admi-
nistrativo do produtor, habilidade do empreendedor na realização
das atividades do sistema produtivo, entre outros) quanto externa
(políticas governamentais, tecnologia de produção, nível de renda
da população local, entre outros).

Vale e Ribon (2000) ressaltam que o processo de tomada de decisão do produtor rural deve
seguir seis etapas, descritas a seguir.

Curso Técnico em Agronegócio


Identificar e definir os principais problemas que podem
afetar o gerenciamento da empresa rural. O exemplo
apresentado no subtópico Avaliação custos X benefícios
1) Identificar problemas
dos empreendimentos rurais da escolha entre plantar
milho ou produzir leite, pode ser considerado um dos tipos
de problemas enfrentados pelo produtor rural.

Coletar dados, fatos e informações que permitam analisar


os problemas selecionados. Por exemplo, a definição
dos custos de produção das atividades agropecuárias
2) Coletar dados exploradas na propriedade ou, também, informações
sobre tecnologias que possam ser introduzidas no sistema
produtivo e proporcionem a elevação da produtividade dos
fatores de produção.

Identificar e analisar soluções alternativas. O produtor pode


selecionar uma série de tecnologias ou métodos para serem
introduzidos no sistema produtivo da propriedade com o
3) Identificar soluções
intuito de elevar a produtividade dos fatores de produção.
Um exemplo é o caso da escolha de implantar ou não um
sistema de irrigação no empreendimento agropecuário.

Tomar a decisão em que será selecionada a melhor


alternativa. A partir de informações sobre os custos de
4) Tomar a decisão produção e de produtividade, o produtor escolhe o tipo de
tecnologia/método a ser introduzido no sistema produtivo
da propriedade, por exemplo, um sistema de irrigação.

Implementar a decisão, ou seja, executar as atividades


5) Implementar a decisão necessárias para a decisão tomada. Por exemplo, o
produtor instala o sistema de irrigação na propriedade. 81

Avaliar os resultados e assumir as responsabilidades pelos


resultados obtidos, como o lucro ou o prejuízo com a
6) Avaliar resultados e atividade agropecuária escolhida. Nesse caso, o produtor
assumir responsabilidades avalia os resultados econômicos e financeiros e se, de
fato, o sistema de irrigação proporcionou um aumento na
margem de lucratividade do empreendimento.

Além disso, destaca-se a importância da utilização da tecnologia da informação


(basicamente, computadores ligados à internet) para o gerenciamento das atividades
administrativas na propriedade rural. Isso permite a busca por uma grande gama de
informações sobre tecnologias, controle dos custos e receitas, preços, políticas agropecuárias,
além de possibilitar o arquivamento das principais informações da propriedade e, também,
das pesquisas de mercado.

Gestão de custos
Comentário do autor

82 O SENAR desenvolveu uma metodologia denominada de Assistência Técnica e


Gerencial que tem por objetivo auxiliar o produtor rural no gerenciamento das
atividades do empreendimento agropecuário.

A metodologia é desenvolvida em cinco etapas:

Formação Técnica

Fonte: SENAR (2017).

Vale a pena conhecer!

Encerramento do Tema
Neste tema, você estudou que o processo administrativo de uma propriedade ou empresa
rural pode ser dividido em quatro grandes áreas, que são: comercialização e marketing,
finanças, produção e recursos humanos.

Além disso, foram apresentados a classificação dos custos e seus respectivos cálculos. Você estudou
a técnica de avaliação custo X benefício das atividades agropecuárias, bem como ferramentas
administrativas essenciais para auxiliar o processo de tomada de decisão do produtor.

Conheceu, ainda, alguns indicadores técnico-econômicos e a importância do processo de


tomada de decisão do produtor para o sucesso do empreendimento agropecuário.

Curso Técnico em Agronegócio


Atividade de aprendizagem
Neste tema, você teve a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o processo de gestão
de custos de uma propriedade rural.

1. Com base nisso, as decisões do produtor rural sobre a mão de obra empregada na
propriedade rural são pertinentes a qual área?

a) Finanças.

b) Comercialização.

c) Recursos humanos.

d) Produção.

e) Marketing.

2. Na área de produção de uma propriedade ou empresa rural, as medidas de análise de


custos são relacionadas com o quê?

a) O processo de controle econômico e financeiro das atividades produtivas.

b) Os questionamentos que o produtor rural deve realizar antes de iniciar o processo


produtivo.

c) A quantidade física total a ser produzida.

d) A busca por melhores padrões, tanto físicos quanto sanitários, dos produtos
agropecuários.

e) A medida de avaliação da quantidade física a ser produzida por área plantada ou por 83
meio de outro indicador utilizado na propriedade rural.

3. Uma atividade de produção de frangos está se mostrando economicamente viável


no curso e no médio prazo, pagando os desembolsos, remunerando o produtor e
cobrindo os custos com depreciação. Nesse caso, podemos concluir que temos:

a) Margem bruta maior que zero (MB > 0).

b) Margem bruta igual a zero (MB = 0).

c) Margem líquida maior que zero (ML > 0).

d) Margem líquida igual a zero (ML = 0).

e) Lucro maior que zero (L > 0).

Gestão de custos
4. A renda bruta (RB) é obtida a partir:

84 a) Do somatório de todas as receitas da empresa rural.

b) Da diferença entre a receita e o custo da empresa rural.

c) Do somatório de todos os custos da empresa rural.

d) Do somatório de apenas parte das receitas obtidas na empresa rural.

e) Do somatório da receita da atividade de maior relevância na empresa rural.

5. Suponha que um produtor rural, ao calcular seus indicadores, tenha encontrado uma
informação sobre a quantidade mínima a ser produzida para evitar prejuízos em seu
negócio. A análise do volume mínimo de produção que possibilita ao produtor cobrir seus
custos é chamada de:

a) Ponto de diferença.

b) Ponto de cobertura total.

c) Ponto de acréscimo.

d) Ponto de diminuição.

e) Ponto de equilíbrio.

Curso Técnico em Agronegócio


Encerramento da Unidade Curricular
Você está encerrando a Unidade Curricular Gestão de Custos do curso Técnico em Agronegócio
da Rede e-Tec Brasil no SENAR.

Neste material, você teve a oportunidade de mergulhar no mundo da gestão financeira, ou


seja, da administração e da gerência dos custos de uma empresa, com a visão de aperfeiçoar o
gerenciamento das atividades no empreendimento agropecuário e desenvolver a capacidade
de aumentar a lucratividade do negócio.

No decorrer dos temas e dos tópicos, você pôde listar o que é necessário para realizar uma boa
gestão de custos dentro da empresa rural, contextualizando a busca por lucros e a contenção
de gastos em uma perspectiva de mudanças de processos e comportamentos.

A partir de agora, é importante poder exercitar no dia a dia as informações que aprendeu.
Não deixe de aproveitar as informações que ainda estão disponíveis no Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA), as videoaulas e também o atendimento da tutoria a distância, que está
sempre pronta para esclarecer suas dúvidas.

No próximo semestre, você terá uma unidade curricular específica sobre finanças
aplicadas ao agronegócio. Aproveite bem esse conhecimento e não pare nunca de buscar o
aperfeiçoamento profissional!

Referências bibliográficas
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ALBERTIN, A. L.; ALBERTIN, R. M. M. Tecnologia da informação e desempenho empresarial. São


Paulo: Atlas, 2009. 85
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o caso de uma empresa de criação de gado. 2004. 102f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Produção), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.

BATALHA, M. O. Gestão Agroindustrial. São Paulo: Atlas, 2012.

BREITENBACH, R. Gestão rural no contexto do agronegócio: desafios e limitações. Desafio Online,


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Agrário, 2011.
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GUIDUCCI, Rosana C. N.; LIMA FILHO, Joaquim R.; MOTA, Mierson M. Viabilidade econômica de
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VARIAN, H. R. Microeconomia: princípios básicos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

Curso Técnico em Agronegócio


Gabarito das atividades de aprendizagem
Tema 1
1. (c). Entre os diversos setores econômicos, o setor rural se diferencia justamente pela
perecibilidade dos produtos, pela sazonalidade, pela produção em grande escala e pela
influência de fatores climáticos ou biológicos na produção. A produção em pequena escala
não é uma característica que marca o agregado do setor rural.

2. (d). Pelo contrário, um dos principais objetivos do produtor rural é aumentar a lucratividade
do empreendimento rural.

3. (b). O galpão é classificado como capital, o fator de produção que não é consumido
em apenas uma safra, mas sim utilizado no longo prazo, como edificações, tratores,
implementos, máquinas e equipamentos, e animais de reprodução (touros, matrizes etc.)
utilizados no sistema produtivo de uma propriedade rural.

4. (c). O preço, a oferta e a demanda dos produtos agropecuários, a taxa de inflação, a taxa
de juros e os níveis salariais são relacionados aos aspectos econômicos de uma sociedade.

5. (d). As variáveis demográficas são relacionadas às características da população brasileira,


como distribuição geográfica, taxa de crescimento, sexo e idade.

Tema 2
1. (a). A contabilidade gerencial pode ser conceituada como um instrumento administrativo
que tem por objetivo o estudo, o registro e o controle da gestão econômica do patrimônio
das empresas rurais (propriedades rurais).

2. (c). Pelo contrário, a contabilidade gerencial tem como uma de suas finalidades prestar 87
as informações necessárias sobre o patrimônio e o resultado econômico-financeiro das
atividades agropecuárias exploradas em uma propriedade rural.

3. (e). O método ABC possui como ideia básica tomar os custos das várias atividades
desenvolvidas em uma empresa e entender seu comportamento, de forma que seja
possível alocar de maneira adequada os custos produtivos de cada atividade desenvolvida
na firma para cada tipo de produto produzido.

4. (c). O controle das atividades administrativas e produtivas da empresa rural a partir da


elaboração do orçamento da propriedade rural para a análise financeira da instituição é
considerado como uma das funções básicas da contabilidade gerencial da empresa rural.

5. (d). O orçamento é uma forma efetiva de se praticar o planejamento dos custos totais de uma
empresa rural, pois por meio dele é possível estabelecer valores de acompanhamento dos
custos de produção e administração de uma propriedade ou de suas atividades específicas.

Gestão de custos
Tema 3
88 1. (c). A área de recursos humanos é relacionada à parte de gestão da mão de obra empregada
na empresa rural.

2. (a). A análise de custos de produção está relacionada ao controle econômico e financeiro


das atividades produtivas.

3. (c). Quando a margem líquida for maior que zero, tal situação confirmará que a atividade
está sendo economicamente viável no curto e no médio prazo, pagando os desembolsos,
remunerando o produtor e cobrindo os custos com depreciação. Nesse caso, a análise
deve avançar para o lucro da atividade.

4. (a). A renda bruta (RB) é obtida a partir do somatório de todas as receitas da empresa rural.

5. 5 (b). O ponto de cobertura total representa a quantidade mínima de produto que deverá
ser comercializada para que a propriedade não tenha prejuízo nem lucro, ou seja, para
se alcançar a situação em que as entradas (receitas do negócio) cubram todos os gastos
(custos), não havendo sobra de dinheiro. Portanto, não há lucro, ou o lucro é zero.

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