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Logística Reversa dos Resíduos dos Equipamentos

Eletroeletrônicos : Análise do Consumo e Pós - Consumo


dos Computadores da Universidade Federal de
Pernambuco.

Barreto, Carlos Alberto Alves1.

Resumo
O crescente desenvolvimento tecnológico vem provocando uma elevada taxa de inovação entre os equi-
pamentos eletroeletrônicos, gerando a necessidade de substituição dos equipamentos em um período
cada vez mais curto. O acelerado processo tecnológico vem provocando problemas na gestão dos re-
síduos dos equipamentos eletroeletrônicos (REEE), oriundos de computadores. Segundo o Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), o Brasil está produzindo 0,5Kg/ano/hab.de REEE
dos computadores, aos quais não tem sido dado um destino adequado. A Lei nº 12.305, de 2/8/2010,
que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), exige a implementação do sistema de
logística reversa e a responsabilidade dos produtores, distribuidores, comerciantes e importadores
pelo tratamento e a destinação final dos REEE. Nessa nova estrutura de gerenciamento dos resíduos
proposta pela PNRS, todos os envolvidos têm responsabilidades específicas e igualmente relevantes.
A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) está adquirindo uma média de 1.165 computadores
por ano. Este estudo analisou o consumo e pós-consumo dos computadores na UFPE, caracterizando
o fluxo dos resíduos ao destino final e identificou indicadores que poderão auxiliar na implantação
de um sistema mais eficiente na coleta desses equipamentos nos departamentos e no descarte final
pelo Setor de Patrimônio. Foi realizada pesquisa bibliográfica, levantamento direto em campo, com
foco no Setor de Patrimônio, Compras e junto com funcionários e professores. Os resultados obtidos
23 demonstram a não aplicação da PNRS quanto ao processo de logística reversa dos REEE e, ainda, que
o fluxo interno e o descarte vêm sendo efetuados de forma inadequada, para uma significativa geração
de REEE, em função da quantidade de computadores adquiridos.

Palavras-chave: Consumo; Pós-consumo; Resíduos Eletroeletrônicos; Logística Reversa; Resíduos


Sólidos.

Abstract
The increasing technological development has led to a high rate of innovation among consumers of elec-
tronics equipments creating the need to replace equipment in short period. The accelerated technological
process has caused problems in the management of waste of electrical and electronic equipment (WEEE)
originated from computers. According to the United Nations Program for Environment (UNEP) Brazil is
producing 0.5 kg/year/inh. of WEEE from computers which have not been given a proper destination. Law
12,305 of 08/02/2010 establishing the National Solid Waste Policy (PNRS) requires the implementation of
reverse logistics system and the responsibility of producers, distributors, dealers and importers for treatment
and disposal of WEEE. In this new management structure of the waste proposed by PNRS everyone involved
has specific responsibilities and equally relevant. The Federal University of Pernambuco (UFPE) is acquiring
an average of 1,165 computers per year. This study examined the consumption and post- consumption of
computers at UFPE characterizing the flow of waste to final destination. This work has identified indicators
that may assist in the implementation of a more efficient system to collect such equipments in the depart-
ments and the final disposal of the Division of Equity. Bibliographical research, direct field surveys, focusing
on Equity Sector, Procurement and among employees and teachers were held. The results demonstrate the
non-application of PNRS regarding WEEE reverse logistics process and that the internal flow and disposal
have been made improperly to a significant generation of WEEE on the quantity of purchased computers.

Key - words: Consumption; Post-consumer; Electronics Waste; Reverse Logistics; Solid Waste.

1
carloss_barreto@yahoo.com.br
Mestre em Gestão Ambiental (ITEP)

Revista Pernambucana de Tecnologia, Recife, v. 3, n. 3, p. 23–31, mar, 2015


LOGÍSTICA REVERSA DOS RESÍDUOS DOS EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS: ANÁLISE DO CONSUMO
E PÓS-CONSUMO DOS COMPUTADORES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

1 | Introdução 12.305/2010, de 3/8/2010, que trata da Política


Nacional de Resíduos Sólidos, estabelece, dentre
Os resíduos eletroeletrônicos de computa-
outras ações legais, a logística reversa como pro-
dores representam um considerável problema de
posta para regular e responsabilizar os fluxos de
abrangência mundial na atualidade, devido ao in-
pós-venda e pós-consumo de algumas cadeias
cremento da produção e do consumo em face da produtivas, dentre as quais os resíduos eletroele-
intensificação do atual modelo de desenvolvimen- trônicos (REEE) descartados pelos consumidores
to tecnológico, que induz esses equipamentos a se (BRASIL, 2010).
tornarem rapidamente obsoletos.
O presente estudo tem por objetivo identi-
As indústrias optam por níveis de venda em ficar, qualificar e quantificar os fluxos de entrada
economia de escala, que é um padrão internacio- e saída dos computadores utilizados na UFPE, no
nal de modelo socioeconômico capitalista. Desen- sentido de se estabelecerem indicadores que re-
volvem equipamentos com o subterfúgio da práti- lacionem o consumo e pós-consumo com outras
ca denominada designed for the dump (“projetado variáveis.
para o descarte”, em tradução livre para o idioma
português). Essa estratégia sugere a criação, con-
secução e desenvolvimento de bens de consumo 2 | FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
elaborados para o descarte rápido, com vida útil
curta.
2.1 | Magnitude do Problema
O REEE produzido mundialmente é um sé-
Ao serem descartados, por se tornarem ob- rio problema que precisa ser solucionado. Milhões
soletos, esses equipamentos serão geradores de de toneladas de resíduos eletroeletrônicos são
toneladas de REEE. De acordo com Kang & Scho- produzidos anualmente, causando problemas am-
24 enung (2005), não existe atualmente nenhum mé- bientais, sociais e de saúde.
todo para tratamento dos REEE, e o destino desses
resíduos são os lixões, aterros sanitários ou inci- Segundo a UNEP (2009), Programa das Na-
neração. ções Unidas para o Meio Ambiente, a geração dos
REEE deve chegar a 40 milhões de toneladas por
O projeto de lei n o 203/1991, que foi apro- ano, cuja maior parcela desses resíduos é gerada
vado no Congresso Nacional na forma da lei no nos países desenvolvidos.

Figura 1. Geração de REEE de computadores, países emergentes.

Fonte: Relatório Unep ONU, 2009.

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O Brasil está descartando 96,8 mil toneladas • Berílio: causa câncer no pulmão;
métricas de PCs por ano, gerando 0,5 kg/hab ano
• Retardantes de chamas (BRT): causam
de REEE de computadores. Esse volume é relativa-
desordens hormonais, nervosas e repro-
mente inferior ao da China que descarta 300 mil
dutivas.
toneladas métricas (UNEP, 2009).
Torna-se importante discutir sobre os prin-
Em relação à geração per capita (kg/habitan-
cipais componentes de um computador, para en-
te por ano), o Brasil tem uma produção maior que
tender a aplicação das substâncias químicas utili-
o Chile que registra 0,45kg/hab. ano, da China com
zadas na sua produção.
0,23 kg/hab.ano, da Índia que tem 0,1kg hab.ano,
perde para a Europa com 4 Kg/hab e para os ame-
ricanos que geram 14 Kg/hab. ano. 2.2 | PRINCIPAIS COMPONENTES DE UM
COMPUTADOR
Produtos presentes nesses materiais podem
desencadear sérios problemas à saúde humana 2.2.1 | Placas de circuito impresso (PCI)
(MOREIRA, 2007), os quais têm possibilidade de As placas de circuito impresso representam
serem agravados pelo processo de reciclagem bru- 3% do peso total dos resíduos eletroeletrônicos
ta, pois muitos poluentes orgânicos persistentes geradas dos equipamentos (LONG et al., 2010;GUO
e metais pesados são liberados, podendo se acu- et al., 2009). A industrialização das placas repre-
mular facilmente no organismo por inalação do ar senta uma das principais partes dos equipamentos
contaminado. para a quantidade atual de metais.
Entre os componentes tóxicos encontrados Esse componente é uma das principais par-
em um computador, destacam-se: tes dos equipamentos eletrônicos, sendo consti-
25 tuído por uma placa em que são impressas trilhas
• Chumbo: pode causar danos ao sistema
de cobre. A placa se comporta como isolante (die-
nervoso e sanguíneo;
létrico), e as trilhas têm a função de conectar ele-
• Cádmio: causa envenenamento, danos tricamente os diversos componentes (MELO et. al.,
aos ossos e rins; 2001).

Quadro 1. Composição típica de uma placa de circuito impresso

Fonte: LEE et al., 2004.

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Existe uma grande variedade de metais na gens em relação ao germânio. Hoje o transistor
PCI, o que dificulta a sua reciclagem. A quantidade pode medir até 45nm(nanômetros) 330.000 vezes
de ouro existente em uma placa pode ser de 40 a menor.
800 vezes maior que a encontrada em minério de
ouro natural (BLEIWAS, 2001). Veit (2005) afirma O fundador da Intel, Gordon Moore, publicou
que existem 17 gramas de ouro por tonelada de re- em 14 de abril de 1965, na revista Electronics Ma-
síduos das PCI. Na mineração de ouro, por exem- gazine, um artigo sobre a capacidade dos proces-
plo, é extraída uma quantidade que varia de 6-12 sadores dos computadores.
gramas por tonelada de minério. No artigo, Moore afirma que a capacidade
Se essas placas forem descartadas de manei- dobraria no intervalo de 18 meses e que esse cres-
ra incorreta, podem causar sérios danos ao meio cimento seria constante. Essa teoria ficou conheci-
ambiente. Se descartadas em aterros sanitários ou da como “Lei de Moore.”
lixões, a lixívia gerada pode infiltrar no solo e al-
cançar o lençol freático, podendo causar contami- 2.3 | LEGISLAÇÃO APLICÁVEL
nação nos agentes receptores. 2.3.1 | Administração Patrimonial
2.2.2 | Processadores Segundo Santos (2002, p. 11), “a administra-
ção patrimonial compreende uma sequência de
O processador é um dos principais compo-
atividades, que tem seu início na aquisição de ma-
nentes dos computadores; formado por transís-
teriais pelo Setor de Compras e termina quando o
tores, que substituíram as válvulas termoiônicas,
bem for retirado do patrimônio da empresa”. Para
as quais consumiam uma grande quantidade de
Pozo (2007, p. 103), “patrimônio tem como con-
energia.
ceito o conjunto de bens, valores, direitos e obriga-
ções de uma pessoa jurídica”.
26 Com os primeiros transístores, surgiu uma
nova etapa da eletrônica de estado sólido.
Os bens são classificados em tangíveis e in-
O transistor pode ser miniaturizado em ní- tangíveis. Os bens tangíveis têm forma e podem
veis microscópios. No início, media aproximada- ser tocados, como computadores, máquinas, mó-
mente 1,5cm e era confeccionado de germânio e veis e veículos. Os bens intangíveis são aqueles em
ouro. Na década de 1950, o silício começou a ser que não podemos tocar, como marcas, patentes e
utilizado, pois apresentava uma série de vanta- logotipos.
Figura 2.Placa de circuito impresso com vários componentes

Fonte: Autor, 2013.

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O Decreto nº 99.658, de 30 de outubro de órgãos e as entidades do governo.


1990 regulamenta, no âmbito da Administração
Pública Federal, o reaproveitamento, a movimen- No artigo 5º do Decreto sobre a Política Na-
tação, alienação e outras formas de desfazimento cional dos Resíduos Sólidos, que trata da respon-
de material. sabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do
produto, todos os envolvidos na geração deverão
A devolução ao Setor de Patrimônio (de uma ter participação na eficácia das medidas adotadas.
determinada instituição pública) de bens avaria-
dos, obsoletos ou sem utilização também se carac- Os produtores e fabricantes terão respon-
teriza como transferência. Nesse caso, a autoridade sabilidade pelo produto eletroeletrônico, mesmo
da unidade onde o bem está localizado devolve-o após o fim da sua vida útil, obrigando-se a não
com a observância das normas regulamentares, a somente promover a logística reversa (art.33 da
fim de que o Setor Patrimonial possa manter rigo- PNRS) mas também, uma correta rotulagem am-
roso controle sobre a situação do bem. Esses bens biental para possibilitar a efetivação dessa logísti-
ficam sob a guarda dos servidores desse setor e ca (art 7º, inciso XV, da PNRS).
serão objetos de análise para a determinação da Para os comerciantes e distribuidores, sua
baixa ou transferência para outros setores. responsabilidade se traduz no dever de informar
No artigo 4º do Decreto nº 99.658, de 30 de aos clientes e consumidores no que tange à logís-
outubro de 1990, o material classificado como tica reversa e aos locais onde podem ser deposita-
ocioso ou recuperável será cedido a outros órgãos dos os resíduos eletroeletrônicos e a forma como
que dele necessitem. esses resíduos poderão ser valorizados (art. 31 in-
ciso II da PNRS).
O parágrafo único do artigo 3º considera
material inservível para repartição, órgão ou enti- A PNRS estabelece que as universidades
27 dade aquele que detém propriedade, devendo ser e instituições de ensino no geral podem gerar
classificado como: mecanismos para gestão desses resíduos. Nos
instrumentos VI, VII e VIII citados na lei, as uni-
a. ocioso - quando em perfeitas condições versidades podem atuar no desenvolvimento de
de uso, não estiver sendo aproveitado; pesquisas para novos produtos, métodos, proces-
sos e tecnologias de gestão, reciclagem, reutili-
b. recuperável - quando sua recuperação zação, tratamento de resíduos e disposição final
for possível e orçar, no âmbito, 50% (cin- ambientalmente adequada de rejeitos na pesquisa
quenta por cento) de seu valor de mer- científica e tecnológica e na educação ambiental
cado. (BRASIL, 2010).
c. antieconômico - quando sua manutenção
for onerosa ou seu rendimento, precário 2.3.3 | A logística reversa dos equipamentos
em virtude de uso prolongado, desgaste eletroeletrônicos
prematuro ou obsoletismo. Dando ênfase ao meio ambiente, a logística
reversa é a expressão utilizada para se referir ao
2.3.2 | A Política Nacional de Resíduos Sólidos papel da logística na reciclagem, disposição de re-
Depois de mais de 20 anos de discussões, mo- síduos e gerenciamento de materiais perigosos. A
dificações e rejeições, o projeto de lei 203/1991, logística reversa não pode ser caracterizada ape-
que consolida a Política Nacional de Resíduos Só- nas pelo recolhimento de material mas pelo geren-
lidos (PNRS), aprovado pela Lei n º 12.305, de 2 ciamento de todo caminho que esse produto vai
de agosto de 2010, em seguida normatizado pelo realizar até o seu descarte adequado.
Decreto nº 7.401/2010, criou o Comitê Interminis- A logística reversa para os produtos eletroe-
terial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o letrônicos (computadores) deverá ser operaciona-
Comitê Orientador para a Implantação dos Siste- lizada por meio dos Acordos Setoriais que serão
mas de Logística Reversa, com a finalidade de dar realizados com a participação de vários segmentos:
apoio para estruturar os setores envolvidos e im- Indústrias, Cooperativas de catadores e governo.
plantar a legislação mediante a articulação com os

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2.3.4 | Acordos Setoriais REEE que serão gerados na UFPE, até 2020, foi
Foi lançado, no dia 13 de fevereiro de 2013, utilizado o modelo de regressão linear, sendo uma
o edital nº 01/2013 do Ministério do Meio Am- variável dependente os resíduos em toneladas e
biente, referente aos resíduos eletroeletrônicos, como variável independente, o ano.
com o prazo de 120 dias para encaminhamento As duas variáveis são identificadas da se-
de propostas ao comitê orientador. O edital de- guinte forma: X é a variável independente, e Y, uma
termina que 17% de todos os equipamentos ele- variável dependente.
troeletrônicos comercializados no ano de 2012
deverão ser coletados e destinados. Essa meta de- O modelo de regressão linear simples ou
verá ser atingida no período de 5 anos, até 2017, reta de regressão é dado pela seguinte expressão:
com a implantação da logística reversa.
Consideradas resíduos com um alto valor 4 | DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
agregado, as cooperativas estão buscando a qua-
lificação dos catadores para que estes possam
atuar profissionalmente com esse tipo de mate-
rial (XAVIER e CARVALHO, 2014).

Com dados obtidos no Setor de Patrimônio


3 | METODOLOGIA da UFPE, foi diagnosticado que, a partir da média
O procedimento metodológico utilizado no dos últimos cinco anos, foram adquiridos cerca
trabalho foi de natureza exploratória, proporcio- de 1.165 computadores por ano para os diversos
nando uma maior familiaridade com o problema ou departamentos.
caso estudado mediante levantamentos bibliográfi-
28 cos e entrevistas com as pessoas que convivem com
O aumento do consumo desses equipamen-
tos, provocado pela expansão da UFPE, a crescen-
o objeto, visando identificar hipóteses que possam
te inovação tecnológica e a diminuição do tempo
vir a resolvê-lo (GIL, 1991).
de vida útil são fatores que contribuem para o
Foram analisados os motivos, a quantidade de descarte dos equipamentos de informática.
equipamentos adquiridos, os centros geradores, a
Estudos realizados sobre o ciclo de vida dos
quantidade de equipamentos descartados e o des-
computadores utilizados na UFPE revelam que
tino final dos computadores da UFPE.
servidores e professores estão descartando os
Com o objetivo de prever a quantidade dos equipamentos entre três e cinco anos.
Quadro 2. Quantidade de computadores e monitores adquiridos na UFPE

Obs. Considerando os três campus universitários da UFPE.


Fonte: Setor de Patrimônio, 2013.

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Quadro 3.Quantidade de equipamentos de informática descartados nos últimos cinco anos, na UFPE.

Fonte: Setor de Patrimônio, 2013.

Os principais motivos para o descarte dos equipamentos ao final do seu ciclo de vida.
computadores são defeitos apresentados no HD, na
placa-mãe e na memória, cuja justificativa é a invia- Com os dados que foram obtidos no Setor de
bilidade econômica do seu conserto. Patrimônio em relação ao descarte de computado-
res, impressoras e monitores, foi realizada uma es-
Dados obtidos junto com o Setor de Patrimô- timativa da quantidade de resíduos que a UFPE vai
nio da UFPE, em julho de 2013 indicam que, nos gerar até 2020. Os dados revelam que a UFPE vem
últimos cinco anos, foram descartados 605 com- gerando aproximadamente 3,48 toneladas por ano
putadores, 568 monitores, 228 impressoras. Esses de REEE nos últimos cinco anos, e a estimativa é a
equipamentos foram doados para instituições filan- de que, até 2020, sejam geradas aproximadamente
trópicas, não havendo um acompanhamento junto 4,3 toneladas por ano.
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com as instituições sobre o destino correto desses

Grafico1. - Projeção da quantidade de REEE - 2008 a 2020

Fonte: Autor, 2014.

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5 | CONCLUSÃO
Os resultados que foram obtidos na pesquisa
constatam que não existe, no campus da UFPE, um
gerenciamento adequado dos resíduos dos equipa-
mentos de informática.
A geração anual de REEE de computadores,
identificada no estudo, aliada às dificuldades ob-
servadas nos fluxos de entrada e saída, demonstra
a necessidade de se propor um gerenciamento ade-
quado desses resíduos na Universidade Federal de
Pernambuco.
Constatou-se que é possível obter meios mais
eficazes para se efetivar uma logística reversa dos
REEE de computadores da UFPE nos aspectos legal
e técnico, no sentido de garantir os fluxos reversos
de pós-consumo desses equipamentos, observan-
do-se os aspectos ambientais, sociais e a viabilidade
econômica para sua utilização.

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Referências
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