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SEMANA #7 e #8

Curso: Odontologia Período: 1


Disciplina: Português Tema: Noções gramaticais para produção
de textos científicos coesos
Professor: Amanda Carmo
Início: 04/05/2020 Final: 15/05/2020 Prova:

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
A interpretação e a escrita de diversos tipos e gêneros textuais é uma
habilidade essencial que deve ser aprimorada, a fim de que se tenha um melhor
desempenho comunicacional.
Até aqui, percebemos que os textos apresentam um propósito comunicativo,
independente da tipologia predominante: descrição, narração, exposição, injunção ou
argumentação.
Nessa unidade, passamos a abordar alguns aspectos da gramática,
objetivando com que haja um aprendizado efetivo em relação às produções textuais.

TALVEZ SEJA NECESSÁRIO RELEMBAR

Escrever bem é um requisito essencial para obtenção de credibilidade em


diferentes contextos. Uma boa escrita leva em conta conhecimentos acerca dos tipos
e gêneros textuais, além de conhecimento sobre coesão e coerência e da gramática
normativa.

COMO ESCREVER BEM?

Já vimos que a coesão é a organização harmoniosa do texto e significa


articular os elementos textuais; ou seja, sua estrutura, utilizando os conectivos
(conjunções, advérbios, preposições) corretamente. Para que haja coesão, é preciso
evitar repetições de expressões ou palavras, o que garante concisão e progressão
das ideias.

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Já a coerência promove a unidade de ideias, eliminando fragmentações, o
que possibilita nexo. Um texto coerente não pode ser contraditório ou ambíguo (duplo
sentido).
Com isso, concluímos que um texto é um todo significativo, ou seja, ele deve
se manter organizado dentro da uma unidade temática.
A seguir, apresentam-se conceitos necessários para a apreensão dos
conectivos e suas atribuições no contexto da coesão e da coerência, que são
essenciais para a construção de qualquer tipologia ou gênero textual.

CONCEITOS NECESSÁRIOS

É necessário que alguns conceitos sejam estabelecidos, antes de


compreendermos os conectivos.
Frase: É um enunciado de sentido completo, que geralmente termina no
ponto final.
Oração: Enunciado que possui um verbo, geralmente acompanhado de
predicado.
Período: Conjunto de orações.
Parágrafo: Tópico textual, caracterizado por apresentar discussões acerta
de uma mesma ideia, sendo essa organizada da seguinte forma: Ideia
principal (Tópico frasal) ideias secundárias.
Tópico frasal: É a ideia principal, que se localiza no início do parágrafo ou
no final do parágrafo. Quando se localiza no início é chamado de oração cumulativa e
no final é conclusiva, sendo nomeada como oração periódica.
Qualidades de um parágrafo: Concisão (se relaciona com a objetividade
do texto), consistência (adoção de um estilo para a escrita e evita-se a contradição de
ideias), unidade (evita fragmentação de ideias, amarrando todas as ideias de forma
organizada), coerência (sentido), ênfase (destacando a ideia principal, adicionando-a
como oração cumulativa ou periódica).
Situados os conceitos necessários, passamos agora a compreensão dos
conectivos.

CONECTIVOS VALORES SEMÂNTICOS

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A semântica, de um modo geral, é a área dos estudos da linguagem que
investiga os sentidos das palavras ou dos enunciados. Os conectivos, muitas vezes,
ao ligarem expressões linguísticas, palavras ou orações, exprimem uma relação
semântica, ou seja, uma relação de sentido.
É o caso, por exemplo, da frase:

Nunca fui à casa dela, porque não fui convidado

A oração sublinhada, introduzida pelo conectivo porque, é a causa ou


explicação da oração anterior: Nunca fui à casa dela. Por outro lado, na frase:
Vontade de viajar, o conectivo de apenas liga as duas palavras, não exprimindo
nenhuma relação de sentido.
Observe que o exemplo:

Prefiro ir à praia. Prefiro sol e água salgada.

Podemos depreender uma relação de sentido causal ou explicativa, mesmo


não havendo conectivo explícito. Essa relação fica clara se colocarmos a palavra pois
ou porque antes da segunda frase, da seguinte forma:

Prefiro ir à praia, pois prefiro sol e água salgada.

Síntese: valor semântico dos conectivos


Possibilidade de articulação Exemplos
a) Os conectivos são palavras que ligam duas Exemplo: Gosto de você.
palavras ou orações. Conectivo = DE
Exemplo: Estou contigo porque você é a mãe dos
meus filhos.
Conectivo = PORQUE

b) Um conectivo pode exprimir uma relação Exemplo: Estou contigo porque você é a mãe dos
semântica entre duas palavras ou orações. meus filhos. Conectivo = PORQUE VALOR
SEMÂNTICO DO CONECTIVO PORQUE =
CAUSA OU EXPLICAÇÃO.

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c) Nem sempre um conectivo exprime uma Exemplo: Gosto de você. Conectivo = DE
relação semântica entre duas palavras ou
orações. Perceba que o conectivo de não exprime
nenhuma relação semântica; apenas liga duas
palavras.
d) Às vezes, mesmo não havendo um conectivo, Exemplo: Amo você. Contigo o mundo faz mais
podemos subentender uma relação de sentido sentido.
entre duas frases. RELAÇÃO SEMÂNTICA ENTRE AS FRASES =
CAUSA OU EXPLICAÇÃO. Os elementos pois
ou porque está subentendido ou elíptico na
frase.

PRINCIPAIS VALORES SEMÂNTICOS DOS CONECTIVOS

a) Comparação: Há conectores que exprimem um sentido comparativo.


Assim, eles ligam enunciados que possuem elementos relacionados por semelhança
ou diferença. Veja nos exemplos abaixo:

❖ Sou mais bonito do que o Brad Pitt.


❖ Sou tão bonito quanto o Brad Pitt.
Note que, embora as duas frases possuam o valor semântico comparativo,
o sentido delas é diferente. Na primeira, o autor da frase considera sua beleza superior
à de Brad Pitt; na segunda, ele iguala sua beleza à de Brad Pitt.

Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico comparativo: do


que, que, quanto, como.

b) Tempo: Existem conectores que relacionam duas ações localizando uma


em relação à outra no tempo. É o caso dos exemplos abaixo:

❖ Quando ela chegou, fui embora.


❖ Assim que ela chegou, fui embora.

Nos exemplos acima, embora as duas frases possuam o valor semântico


temporal, o sentido delas é diferente. A segunda frase, em relação à primeira, é mais
precisa, pois o uso do assim que demonstra que o falante foi embora no momento
exato em que a pessoa mencionada chegou.

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Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico temporal:
logo, quando, assim que, mal, no momento em que, enquanto,
depois que e outros.

c) Condição: Apesar de a ideia de condição ser facilmente identificada, ela é


difícil de ser definida. De modo geral, pode-se dizer que a relação de condição
ocorre da seguinte maneira: se a primeira for verdadeira, a segunda também será.
Sendo assim, pode-se dizer que há uma dependência entre uma ação e outra.
Observe os exemplos:

❖ Não saio sem arrumar a casa. (Condição para sair: arrumar a casa).

❖ Só ficarei com a Antonieta se ela for fiel a mim. (Condição para ficar).

❖ Posso até ficar com a Ernestina, desde que ela me seja fiel.

❖ Posso até ficar com a Ernestina, contanto que ela me seja fiel.

Note que, nos últimos três exemplos, o falante estabelece uma mesma
condição para que se relacione amorosamente com Ernestina. Para que o encontro
amoroso se dê, ela precisa ser fiel a ele.

Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico


condicional: se, desde que, contanto que, sem entre outros.

d) Causa e consequência: Uma causa sempre vem junto de uma


consequência. De maneira geral, a causa pode ser definida como um fato que gera
outro. Por seu turno, esse outro fato, gerado pela causa, é a consequência. Para
saber se um conectivo tem valor semântico de causa ou consequência, basta saber
se ele encabeça uma oração ou palavra que é causa ou consequência da anterior.
Veja os exemplos abaixo:

❖ Morreu de infarto.

Causa→ infarto; Consequência → morte. Portanto, o valor semântico de:


Causa

❖ Com a perda dos pênaltis, o Brasil foi eliminado.

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Causa → Perda de pênaltis; Consequência → Eliminação. Portanto, o valor
semântico Com: Causa

Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico causal: porque,


por, com, como, de, uma vez que, visto que, por conta de, pois, entre outros.

e) Explicação: A ideia de explicação e causa é muito parecida e de difícil


estabelecimento. A explicação não é um fato que gera outro, como a causa, mas uma
justificativa de algo dito anteriormente. Exemplos:

❖ Não passe pelo centro, pois os bombeiros estão protestando.


❖ Os bombeiros devem ter protestado por aqui, tanto que as pessoas estão
vestidas de vermelho.

Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico de


explicação: pois, que, porque, tanto que, entre outros.

f) Finalidade: A finalidade ou o fim é a consequência desejada ou


preconcebida. Exemplos:

❖ Os bombeiros protestaram para que seus salários aumentassem.


❖ Os bombeiros protestaram a fim de que seus salários aumentassem.
Nos exemplos, a finalidade do protesto foi o aumento do salário.
Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico de finalidade:
para, para que, a fim de que.

g) Conclusão: uma conclusão é uma espécie de fechamento de um raciocínio


surgida, geralmente, de duas premissas anteriores, sendo que uma dessas premissas
costuma ficar implícita. Exemplos:

❖ Sou seu pai, logo você deve me obedecer.


❖ Sou seu pai, portanto você deve me obedecer.

PREMISSA 1(implícita): os filhos devem obedecer aos pais.

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PREMISSA 2(explícita): sou seu pai.
CONCLUSÃO: você (o filho) deve me obedecer.

Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico de conclusão:


logo, portanto etc.

h) Oposição: Se um conectivo encabeça um enunciado que se opõe a outro,


então esse conectivo possui o valor semântico de oposição.

Foi para a noitada, mas não pegou ninguém.

Foi para a noitada, porém não pegou ninguém.

Embora tenha ido para a noitada, não pegou ninguém.

Apesar de ter ido para noitada, não pegou ninguém.

ATENÇÃO: CUIDADO COM O E!

O e nem sempre é um conectivo aditivo. Se ele estiver ligando duas orações que se
opõem, terá valor de oposição; se estiver ligando duas orações, sendo que uma é
conclusão de outra, será conclusivo. Por esse motivo, convêm analisar a relação de
sentido entre as orações para descobrir o valor semântico do conectivo. Observe:

Loco Abreu driblou e fez o gol. (ADIÇÃO)


Loco Abreu driblou e não fez o gol. (OPOSIÇÃO; equivale a um mas)
Pelé foi um grande jogador e deve ser homenageado. (CONCLUSÃO; equivale a
um portanto)

Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico de adição: e, nem.


Estruturas deste tipo possuem valor. semântico de adição: (não só..., mas também),
(não somente..., mas também), (não apenas..., mas também), (tanto... quanto).

i) Alternância: Como nos exemplos abaixo, um conectivo pode exprimir o valor


semântico de alternância. A alternância é de difícil definição, mas de fácil
entendimento para o falante. Observe:

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Ora o Botafogo vence, ora o Botafogo perde.
(um fato se alterna com outro)
Você gostava mais do futebol do Garrincha ou do Pelé?

Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico de alternância:


ou, ou... ou, ora... ora.

j) Conformidade: A conformidade é uma espécie de comparação entre duas


proposições em que uma confirma o teor de outra. Em geral, a conformidade pode ser
resumida por esta fórmula: A está de acordo com B.

Conforme o previsto, muitos alunos foram aprovados.


Agiu como manda o figurino.

Conectivos que geralmente exprimem o valor semântico de conformidade:


conforme, segundo, como.

Outros valores semânticos

Exemplo Valor
Vim de São Paulo. Valor semântico de origem
Fui para São Paulo. Valor semântico de destino
Gravata de João. Valor semântico de posse
Mesa de madeira. Valor semântico de matéria
Falou de futebol. Valor semântico de assunto
Saiu com a namorada. Valor semântico de companhia
Um copo com água Valor semântico de presença
Um copo sem água Valor semântico de ausência
Abriu a porta com a chave Valor semântico de instrumento
A flor foi aceita por ela Valor semântico de agente
Foi pelo caminho Valor semântico de lugar

PARA APRENDER MAIS

A articulação entre orações no texto

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REFERÊNCIA(S) BIBLIOGRÁFICA(S)

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37 ed. Rio de Janeiro:


Lucerna, 2006.

MUSSALIM, Fernanda. BENTES, Anna Cristina (orgs). Introdução à linguística:


domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2001.

CUNHA, Celso. Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro: Lexikon,


2010.

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