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Introdução
1 - Concorrência
O aumento da produção de bens e serviços e da publicidade na sociedade
moderna gera incontestáveis reflexos na concorrência, dando a ela um destaque
especial dentre os muitos temas da ciência jurídica.
De acordo com o Dicionário Michaelis, concorrência é a “pretensão de mais
de uma pessoa à mesma coisa”, é a “competição”, é a “rivalidade entre os
produtores ou entre negociantes, fabricantes ou empresários” 1. Portanto, a
expressão contém a idéia de disputa entre agentes econômicos num espaço ou
lugar, designado mercado, em certo tempo ou período, acerca de determinado
objeto.
Para Isabel Vaz “A concorrência é um fenômeno complexo e um dos seus
pressupostos essenciais é a liberdade, para que os agentes econômicos façam o
melhor uso de sua capacidade intelectual e organizem da melhor maneira
possível os fatores de produção de bens ou de prestação de serviços, de modo a
obter produtos de boa qualidade e a oferecê-los no mercado a preços
atraentes”2.
Na sociedade capitalista, a liberdade de exploração da atividade econômica é
fundamental na busca da clientela (consumidores), que é o maior interesse dos
agentes econômicos. Também devemos deixar claro que não se pode articular
uma idéia de concorrência sem a existência de mercado.
Podemos analisar a concorrência sob dois aspectos: o individual e o
institucional. O primeiro envolve questões que dizem respeito à atividade
empresarial diretamente desenvolvida pelos concorrentes, com relação à
clientela e à propriedade industrial, encontrando respaldo no direito privado e,
inclusive, no direito penal. O segundo, implica no estudo de práticas que se
voltam contra livre iniciativa e a livre concorrência, ou seja, infrações da ordem
econômica e condutas que atentam contra as estruturas de mercado.
Devemos deixar claro que para que haja concorrência é preciso que
empreendedores disputem uma mesma clientela de um mercado. Produtos
idênticos ou afins fabricados por empresas diferentes as colocam em situação de
concorrência, pois buscam os mesmos consumidores potenciais para seus
produtos ou serviços.
Empresas complementares não são concorrentes. Encontramos essa situação
quando uma empresa prepara uma mercadoria semi-trabalhada e outra compra
esta mercadoria para utilizá-la na fabricação de uma outra.
Existem algumas limitações à livre concorrência que podem ser de natureza
estatal e de natureza contratual. Como forma da primeira, temos a reserva de
mercado para o Estado (monopólio estatal) e o poder de fiscalização da atividade
econômica pelo Estado. As limitações contratuais são estabelecidas pelos
concorrentes (pactos de exclusividade na realização de determinados negócios,
fixação da vedação da exploração do mesmo ramo de atividade em determinada
região).
Essas limitações são necessárias para validar a permissão de livre iniciativa
assegurada pelo Estado a todos, e também para que se possa usufruir dos
benefícios que advenham dessa livre disputa. Não se pode dar completa
autonomia à competição, pois esta se deformará e se acabará extinguindo.
Como o objetivo dos empreendedores é atingir o maior número de
consumidores para a distribuição de seus produtos e serviços. Com isso, existe
uma natural captação da clientela do competidor, resultante da eficiência
produtiva e distributiva do empresário. Esta subtração da clientela alheia com
observância de determinados códigos de conduta aceitos no mercado é
chamado de concorrência lícita.
Quando um empreendedor desrespeita as regras de captação da clientela,
estabelecidas no mercado pelos concorrentes, estamos diante da concorrência
desleal.
2- Concorrência desleal
Podem ser sujeitos dos crimes de concorrência desleal (de acordo com os arts.
15 e 17 da Lei 8884/94): as pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado;
quaisquer associações de entidades ou pessoas, de fato ou de direito, ainda que
temporariamente, com ou sem personalidade jurídica, mesmo que exerçam atividade
sob regime de monopólio legal; as empresas ou entidades integrantes de grupo
econômico de fato ou de direito.
O art. 20 da referida Lei diz que são infrações de ordem econômica,
independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham
por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam
alcançados:
1) limitar, falsear, ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre
iniciativa;
2) dominar mercado relevante de bens e serviços. A conquista de mercado
decorrente de processo natural fundado na maior eficiência de agente econômico
em relação a seus competidores não caracteriza ilícito;
3) aumentar arbitrariamente os lucros;
4) exercer de forma abusiva posição dominante (quando uma empresa ou grupo
de empresas controla parcela substancial de mercado relevante, como fornecedor,
intermediário, adquirente ou financiador de um produto, serviço ou tecnologia a ele
relativa).
Em seguida, serão citadas, estão algumas das condutas que de acordo com o
art. 21, na medida em que configurem hipótese prevista no art. 20 e seus incisos,
caracterizam infração de ordem econômica:
1) fixar ou praticar, em acordo com concorrente, sob qualquer forma, preços e
condições de venda de bens ou prestação de serviços;
2) dividir mercados de serviços ou produtos, acabados ou semi-acabados, ou as
fontes de abastecimento de matérias-primas ou produtos intermediários;
3) limitar ou impedir o acesso de novas empresas no mercado;
4) criar dificuldades à constituição, ao funcionamento ou ao desenvolvimento de
empresa concorrente ou de fornecedor, adquirente ou financiador de bens ou
serviços;
5) combinar previamente preços ou ajustar vantagens na concorrência pública ou
administrativa;
6) utilizar meios enganosos para provocar oscilação de preços de terceiros;
7) recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, dentro das condições de
pagamento normais aos usos e costumes comerciais;
8) açambarcar ou impedir a livre exploração de direitos de propriedade industrial
ou intelectual ou tecnologia;
9) vender injustificadamente mercadoria abaixo do preço de custo;
10) cessar parcial ou totalmente as atividades de empresa sem justa causa
comprovada;
11) importar quaisquer bens abaixo do custo no país exportador, que não seja
signatário dos códigos Antidumping e de subsídios do GATT;
12) reter bens de produção ou de consumo, exceto para garantira cobertura dos
custos de produção;
13) impor preços excessivos, ou aumentar sem justa causa o preço de bem ou
serviço.
Conclusão
Referências Bibliográficas
Notas:
1
MICHAELIS. Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 1998; p. 554.
2
Apud: PEREIRA, Marco Antônio Marcondes. Concorrência desleal por meio da publicidade. São Paulo:
Juarez de Oliveira., 2001.p. 5
3
Apud: PEREIRA, Marco Antônio Marcondes. Concorrência desleal por meio da publicidade. São Paulo:
Juarez de Oliveira., 2001.p. 15
4
PEREIRA, Marco Antônio Marcondes. Concorrência desleal por meio da publicidade. São Paulo: Juarez de
Oliveira., 2001.p. 16.
5
PEREIRA, Marco Antônio Marcondes. Concorrência desleal por meio da publicidade. São Paulo: Juarez de
Oliveira., 2001.p. 17.