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Introdução à Engenharia

de Segurança do Trabalho

Brasília, 2011.
Elaboração

Paulo Celso dos Reis Gomes


Paulo Rogério Albuquerque de Oliveira

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração

Dados internacionais de Catalogração - na - Publicação CIP

Gomes. Paulo Celso dos Reis.

Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho./Paulo Celso dos Reis Gomes;

Paulo Rogério Albuquerque de Oliveira. Brasília: WEducacional e Cursos LTDA,

2012.
63 p. ; 21x29,7 cm.

ISBN 978-85-64221-29-1

I Engenharia II Superior Segurança do Trabalho III Introdução

CDU 331.45
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO...................................................................................................................................... 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA.................................................................................. 5

Introdução.......................................................................................................................................... 7

unidade I
Evolução da Segurança e Saúde no Trabalho......................................................................................... 9

Capítulo 1
Como ocorreu a evolução histórica da Segurança e da Saúde no Trabalho?............................ 11

Capítulo 2
Como evoluiu a Segurança e a Saúde do Trabalho no Brasil?................................................... 13

Capítulo 3
A Regulamentação da Engenharia de Segurança...................................................................... 15

Unidade II
SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO................................................................................................. 17

Capítulo 4
Os acidentes do trabalho...................................................................................................... 22

Capítulo 5
Os riscos ambientais.............................................................................................................. 26

Capítulo 6
Gestão dos riscos................................................................................................................. 42

PARA (NÃO) FINALIZAR.......................................................................................................................... 57

referências ...................................................................................................................................... 58

Anexo
Formulário de Avaliação Ambiental Qualitativa.................................................................................... 59
APRESENTAÇÃO

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários
para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica
e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal,
adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a
serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente
e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios
que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua
caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como
instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO
DE ESTUDOS E PESQUISA

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma
didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão,
entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas,
também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Pensamentos inseridos no Caderno, para provocar a reflexão sobre a prática


da disciplina.

Para refletir

Questões inseridas para estimulá-lo a pensar a respeito do assunto proposto. Registre


sua visão sem se preocupar com o conteúdo do texto. O importante é verificar
seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. É fundamental que você
reflita sobre as questões propostas. Elas são o ponto de partida de nosso trabalho.

Textos para leitura complementar

Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos de dicionários, exemplos e


sugestões, para lhe apresentar novas visões sobre o tema abordado no texto básico.

Sintetizando e enriquecendo nossas informações

abc
Espaço para você fazer uma síntese dos textos e enriquecê-los com sua
contribuição pessoal.

5
Sugestão de leituras, filmes, sites e pesquisas

Aprofundamento das discussões.

Praticando

Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo pedagógico de


fortalecer o processo de aprendizagem.

Para (não) finalizar

Texto, ao final do Caderno, com a intenção de instigá-lo a prosseguir com a reflexão.

Referências

Bibliografia consultada na elaboração do Caderno.

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Introdução

A segurança do trabalho está relacionada a um conjunto de normas e técnicas aplicáveis em vários setores.
Pode ser entendida como um conjunto de medidas adotadas para proteger o trabalhador em sua integridade
e capacidade de trabalho, evitar doenças ocupacionais e minimizar acidentes de trabalho.

É definida por normas e leis. No Brasil, compõe-se de normas regulamentadoras, rurais, leis complementares,
como portarias e decretos e também as convenções Internacionais da Organização Internacional do
Trabalho, ratificadas pelo Brasil.

Atualmente, compõem o quadro de Segurança do Trabalhode uma empresa, variadas equipes com
desempenho multidisciplinar, cuja função, pode ser desempenhada por: Técnicos de Segurança doTrabalho,
Engenheiros de Segurança do Trabalho, Médicos do Trabalho e Enfermeiros do Trabalho.

O conjunto de profissionais que formam o quadro é denominado Serviço Especializado em Engenharia de


Segurança e Medicina do Trabalho − SESMT. Para efetivar um comprometimento eficaz na dinâmica de
segurança de trabalho os empregados da empresa constituem a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
− CIPA, cujo objetivo é prevenir acidentes e doenças decorrentes do trabalho, para tornar compatível o
trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador, numa perspectiva permanente.

Antes de continuarmos com o estudo dos conceitos desta disciplina, convidamos você a se situar no
contexto histórico, para que possa identificar as consequências do processo da Revolução Industrialem
relação à melhoria das condições humanas no trabalho, as medidas de prevenção de acidentes, o aumento
da produtividade e da qualidade dos produtos.

Objetivos
»» Apresentar aos alunos as normas e procedimentos do curso.
»» Analisar a evolução da engenharia de segurança, em seus aspectos econômicos,
políticos e sociais.

»» Conhecer a história do prevencionismo nas entidades públicas e privadas.


»» Compreender a inserção da engenharia de segurança no contexto capital x trabalho
e o papel e as responsabilidades do engenheiro de segurança.

»» Apreender a conceituação, a classificação, as causas e as consequências dos


acidentes do trabalho, como também os riscos inerentes às principais atividades
laborais.

7
unidade
Evolução da Segurança e
Saúde no Trabalho I
Capítulo 1
Como ocorreu a evolução histórica
da Segurança e da Saúde no Trabalho?

Você deve pensar que, de modo geral, as coisas acompanham a evolução. Pois bem, de fato, isso, na
maioria das vezes, é verdadeiro. Uma tentativa de se adequar ao novo comportamento, às atitudes, ao
modo de pensar, vai com o tempo se ajustando e quando se percebe as coisas mudaram.

Nesse contexto, é muito importante estudar a evolução histórica dos acontecimentos, para que possamos
identificar o processo de mudança e entender a dinâmica estabelecida.

Na história da segurança do trabalho, são encontrados indicativos muito antigos da preocupação quanto à
preservação da vida dos trabalhadores. Hipócrates (460-357 AC) e Plínio, o Velho (23-79 DC), indicaram
nos seus trabalhos a ocorrência de doenças pulmonares em mineiros.

No ano de 1556, Georg Bauer publicou o livro “Re De Metallica”, em que estuda as doenças e acidentes de
trabalho relacionados à mineração e fundição de ouro e prata. O autor discute, em especial, a inalação de
poeiras, causadora da “asma dos mineiros” que, pelos sintomas descritos, deve tratar-se de silicose. Em
1567, Aureolus Theophrastur Bembastur von Hohenheim apresentou a primeira monografia relacionando
trabalho com doença. (NOGUEIRA In: Fundacentro, 1981).

Em 1700, na Itália, o médico Bernardino Ramazzini, considerado o “Pai da Medicina do Trabalho”,


publicou o livro “De Morbis Artificium Diatriba”. A obra descreve com bastante profundidade as doenças
relacionadas a cerca de cinquenta profissões, tais como: mineiros, químicos, oleiros, ferreiros, cloaqueiros,
salineiros, joalheiros, pedreiros, entre outros.

A Revolução Industrial significou a mudança vertiginosa na história da humanidade, quando os meios de


produção, até então dispersos e baseados na cooperação individual, passaram a concentrar-se em grandes
fábricas, ocasionando profundas transformações sociais e econômicas.

As máquinas a vapor usavam carvão para seu acionamento, o que aumentou também o número de
minas de carvão nos diversos países. O trabalho em condições degradantes, que era desempenhado
pelos mineiros, contribuiu para criar na categoria uma consciência das condições desumanas a que eles
eram submetidos. Era comum a ocorrência de incêndios, explosões, intoxicação por gases, inundações e
desmoronamento, ocasião em que muitos trabalhadores ficavam sepultados nas galerias. Também eram
comuns as doenças ocupacionais, tais como tuberculose, anemia e asma.

A improvisação das fábricas e a mão de obra constituída, principalmente, por crianças e mulheres
resultaram em problemas ocupacionais extremamente sérios. Os acidentes de trabalho eram

11
UNIDADE I | Evolução da Segurança e Saúde no Trabalho

numerosos, provocados por máquinas sem qualquer proteção, movidas por correias expostas, e as
mortes, principalmente de crianças, eram muito frequentes (NOGUEIRA In: Fundacentro, 1981).

Como você pode ver, mesmo que, aparentemente, o processo de trabalho tenha sido modificado, as
condições de trabalho não era as melhores. Não havia nenhuma regulamentação quanto às condições
do trabalho e do ambiente industrial, tampouco em relação à duração da jornada de trabalho. Apesar
da jornada excessiva de trabalho não poder ser atribuído ao nascimento da grande indústria, pois já era
verificada na atividade artesanal, esta condição foi potencializada. A partir de 1792, com a invenção do
lampião a gás, houve uma tendência de aumento da jornada de trabalho, haja vista a possibilidade de uso
de iluminação artificial, ainda que precária.

Em função das más condições de trabalho, o parlamento inglês criou uma comissão de inquérito que
foi responsável pela criação, em 1802, da primeira lei de proteção aos trabalhadores, a “Lei de Saúde
e Moral dos Aprendizes”, que estabelecia o limite de 12 horas de trabalho diário, proibia o trabalho
noturno, obrigava os empregadores a ventilar as fábricas e lavar suas paredes duas vezes por ano. Esta
lei, complementada em 1819, não teve a eficiência esperada devido à oposição dos empregadores
(NOGUEIRA In: Fundacentro, 1981).

A partir do relatório elaborado pela comissão, foi instituída na Inglaterra, em 1833, a “Lei das Fábricas”
(FactoryAct), primeira lei realmente eficaz no campo da segurança e saúde no trabalho. A lei, aplicada
à indústria têxtil, proibia o trabalho noturno para os menores de 18 anos, restringindo sua carga horária
para 12 horas diárias e 69 semanais. Para menores entre 9 e 13 anos, a jornada de trabalho diária passou
a ser de 9 horas. A idade mínima para o trabalho era de 9 anos, sendo necessário um médico atestar que
o desenvolvimento físico da criança correspondia à sua idade cronológica. As fábricas precisavam ter,
ainda, escolas frequentadas por todos os trabalhadores menores de 13 anos.

12
Capítulo 2
Como evoluiu a Segurança e a Saúde
do Trabalho no Brasil?

No Brasil Colonial, os escravos trabalhavam até 18 horas por dia, estando os proprietários no direito
de aplicar castigos para garantir uma melhor produtividade e submissão ao trabalho. As condições de
trabalho eram degradantes, encontrando-se muitas situações semelhantes às ocorridas na Inglaterra
durante a revolução industrial, a partir de 1760.

O processo de industrialização no Brasil foi lento e demorado. A revolução industrial ocorreu, somente,
no final do século XIX, bem depois do ocorrido nos países da Europa. Embora, diante de toda experiência
que já existia na época sobre esse processo de industrialização, os problemas por que passamos fossem
os mesmos.

A Lei no 3.724 de 15/01/1919 firmou-se como a primeira lei sobre indenização por acidentes de trabalho,
sendo regulamentada pelo Decreto no 13.498, de 12/03/1919. Essa lei limitava-se ao setor ferroviário e
reconhecia somente os elementos que caracterizavam diretamente o acidente de trabalho.

Somente no Governo de Vargas é que de fato a industrialização se efetivou. Ela se caracterizou por
profunda reestruturação da ordem jurídica trabalhista, estando muitas das propostas da época em vigor
até os dias atuais.

O Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio foi criado por meio do Decreto no 19.433, de 26/11/1930.
Em 1932, foram criadas as Inspetorias do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, transformadas,
no ano de 1940, em Delegacias Regionais do Trabalho.

O Decreto no 24.367, de 10/07/1934, que substituiu a Lei no 3.724 de 1919, instituiu o depósito obrigatório
para garantia da indenização, simplificou o processo e aumentou o valor da indenização em caso de
morte do acidentado, entendendo a doença profissional também como acidente de trabalho indenizável,
em complementação à legislação anterior. Com o Decreto foram incluídos os industriários, trabalhadores
agrícolas, comerciários e domésticos, sempre até determinado valor de remuneração. Por outro lado,
foram excluídas várias outras categorias, tendo em vista o valor de seus vencimentos, tais como os
autônomos, consultores técnicos, empregados em pequenos estabelecimentos industriais e comerciais
sob o regime familiar.

O adicional de insalubridade foi instituído a partir do Decreto-lei no 399, de 30/04/1938, estabelecendo


seu valor em 10, 20 e 40% do salário mínimo para graus de insalubridade mínimo, médio e máximo,
respectivamente, conforme quadro de atividades elaboradas posteriormente.

13
UNIDADE I | Evolução da Segurança e Saúde no Trabalho

A Consolidação das Leis do Trabalho – CLT foi criada pelo Decreto no 5.452, de 01/05/1943, e reuniu
a legislação relacionada com a organização sindical, previdência social, justiça e segurança do trabalho.
A CLT, no seu Capitulo V – Da Segurança e da Medicina do Trabalho, dispõe sobre diversos temas,
tais como a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, máquinas e equipamentos, caldeiras,
insalubridade, medicina do trabalho, higiene industrial, entre outros. Esta legislação foi alterada em 1977
e serviu como base para as atuais Normas Regulamentadoras.

Na década de 1950, o governo atendeu às pressões políticas dos empregados da Petrobras e concedeu
através da Lei no 2.573, de 15/08/1955, o adicional de periculosidade aos trabalhadores que prestassem
serviço em contato permanente com inflamáveis, correspondente a 30% do valor do salário (ROCHA;
NUNES In: ROCHA et. al., 1993). Através do Decreto Legislativo no 24, de 29/05/1956, o Brasil ratificou
a Convenção no 81, da Organização Internacional do Trabalho que estabelece que seus membros devam
manter sistema de inspeção do trabalho.

O Decreto-lei no 229, de 28/02/1967, modificou a Capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho


em vários itens, destacando-se a exigência que as empresas mantivessem “Serviços Especializados em
Segurança e em Higiene do Trabalho”.

A Lei no 6.514, de 22/12/1977, alterou o Capítulo V, Título II da Consolidação das Leis do Trabalho
– CLT, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho, legislação válida até os dias atuais. Essa lei foi
regulamentada através da Portaria no 3.214 de 08/06/1978, que significou o grande salto qualitativo
nas ações prevencionistas, estimulando uma atuação mais eficaz por parte das empresas, sindicatos,
Ministério do Trabalho, entre outros.

Em 1970, o Brasil foi campeão em acidentes de trabalho. No entanto, durante um longo período, a
aplicação das normas relativas à segurança do trabalho modificou significativamente os números de
acidentes ocorridos anualmente. Dados no INSS informam que durante os anos de 1971 a 1997, com
esforço comum de todos os segmentos da nação brasileira, os acidentes de trabalho passaram do patamar
de 17,61% ao ano para 1,58% ao ano.

Na década de 90, várias Normas Regulamentadoras foram revisadas, atendendo nova filosofia de
necessidade de gestão da segurança e saúde ocupacional, principalmente com a NR 7 PCMSO – Programa
de Controle Médico e Saúde Ocupacional, NR 9 PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais,
NR 18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, com o PCMAT – Programa
de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção.

Atualmente, vários setores estão envolvidos no processo de prevencionismo, ou seja, a prevenção de


acidentes de doenças do trabalho. Várias leis têm sido criadas no sentido de zelar pela manutenção da
saúde do trabalhador, almejando a melhoria das condições de trabalho no Brasil.

14
Capítulo 3
A Regulamentação da Engenharia de Segurança

Vimos anteriormente que o processo de industrialização brasileiro foi lento, entretanto, a organização
dos segmentos sociais que estavam direta e indiretamente envolvidos no processo de prevencionismo
conseguiu se sensibilizar para a necessidade da regulamentação da Engenharia de Segurança como
profissionalização. Alguns decretos e leis foram importantes.

Destaca-se, inicialmente, o Decreto no 70.861, de 25/07/1972, regulamentado pela Portaria no 3.236, de


27/07/1972. Essa legislação instituiu o Plano Nacional de Valorização do Trabalhador, que foi responsável
pela criação dos primeiros cursos de formação de profissionais de segurança.

A necessidade de formação emergencial de profissionais de segurança do trabalho foi reforçada pela


Portaria no 3.237, de 27/07/1972, que criou a obrigatoriedade por parte das empresas de manter Serviços
Especializados em Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho.

Essa Portaria definia como integrante dos Serviços Especializados os Engenheiros de Segurança do Trabalho,
da seguinte forma:“São considerados Engenheiros de Segurança do Trabalho, para fins desta Portaria,
aqueles que, possuidores de título de formação de engenheiros, comprovem uma das seguintes condições:

I – Conclusão de curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho


ou Higiene Industrial, ministrado por Universidade ou instituição especializada,
reconhecidas e autorizadas, com currículos aprovados pelo Ministério do Trabalho e
Previdência Social – MTPS, através do DNSHT”.

A partir de 1973, a proliferação de cursos para capacitação de profissionais de segurança e saúde foi
significativa. Apesar da quantidade significativa de profissionais capacitados, não havia o reconhecimento
necessário à Segurança e Saúde do Trabalhador − SST. No caso dos engenheiros, o próprio sistema
CONFEA/CREA não reconhecia a profissão, negando-se, inclusive, a anotar na carteira do profissional
que havia realizado a capacitação em SST. (FARO, 1982).

O anseio dos profissionais somente tornou-se realidade através da Lei no 7.410, de 27/11/1985 e o Decreto
no 95.530, de 09/04/1986. Essa legislação permitiu o exercício da profissão de Engenheiro de Segurança
do Trabalho, somente para aqueles portadores de curso de especialização em nível de Pós-Graduação.

O Conselho Federal de Educação fixou o currículo básico obrigatório das disciplinas e cargas horárias,
através do Parecer no 19, de 21/01/1987. O Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
– CONFEA, editou somente, em 1991, a Resolução no 359, que dispõe sobre o exercício profissional do
Engenheiro de Segurança do Trabalho. A Resolução estabelece, também, as atribuições do profissional.

15
UNIDADE I | Evolução da Segurança e Saúde no Trabalho

O profissional de Segurança do Trabalho atua conforme sua formação, quer seja médico, técnico,
enfermeiro ou engenheiro. O campo de atuação é vasto.

Em geral, o engenheiro e o técnico de segurança atuam em empresas organizando programas de prevenção


de acidentes, orientando a CIPA e os trabalhadores quanto ao uso de equipamentos de proteção individual;
elaborando planos de prevenção de riscos ambientais; fazendo inspeção de segurança, laudos técnicos e
ainda organizando e dando palestras e treinamento. Muitas vezes esse profissional também é responsável
pela implementação de programas de meio ambiente e ecologia na empresa.

O médico e o enfermeiro do trabalho dedicam-se à parte de saúde ocupacional, prevenindo doenças,


fazendo consultas, tratando ferimentos, ministrando vacinas, fazendo exames de admissão e periódicos
nos empregados.

16
Unidade
SEGURANÇA DO
TRABALHO – INTRODUÇÃO II
unidade
SEGURANÇA DO
TRABALHO – INTRODUÇÃO Ii
O trabalho é considerado em algumas sociedades como fonte de satisfação e de orgulho para o ser
humano. Podemos inferir que as doenças ocupacionais e os acidentes do trabalho prejudicam todos os
atores sociais envolvidos no processo: trabalhador, empregador e governo.

O trabalhador é a principal vítima do acidente do trabalho ou da doença profissional. Dependendo do


tipo e da intensidade do acidente, o trabalhador, além dos danos físicos, pode perder a profissão, sua
autoestima e até sua vontade de viver. A questão social também deve ser percebida, com a desestruturação
familiar estabelecida a partir da morte ou de acidente que deixe sequelas irreversíveis no trabalhador.

Para Sell (2002), as empresas que sujeitam seus trabalhadores a condições de trabalho inadequadas perdem
em termos de qualidade, produtividade, competitividade e imagem perante a sociedade. Trabalhadores em
más condições de trabalho não contribuem na melhoria de processos e produtos, reduzem sua disposição
para o trabalho, não têm comprometimento com a empresa por não se sentirem parte do processo.

Cabe ressaltar que as empresas estão sujeitas a fiscalização de organismos do governo, tais como Superintendências
Regionais do Trabalho e Instituto Nacional da Seguridade Social, bem como sujeitas a demandas na Justiça do
Trabalho, em termos de indenizações, ações cíveis e criminais. Essas ações públicas são fundamentais pois,
senão, será somente o poder público, por meio da Previdência Social, que ficará responsável pelas despesas do
tratamento médico-hospitalar, reabilitação profissional e, se for o caso, do pagamento de indenizações previstas
na legislação previdenciária (LUCCA; FÁVERO, 1994). Segundo o INSS, as perdas por acidentes do trabalho
e doenças ocupacionais representam 2,2% do Produto Interno Bruto – PIB, o que significa R$ 23,6 bilhões por
ano (Anuário Brasileiro de Proteção, 2002).

Há uma “cultura do fatalismo” introjetada em boa parte das empresas brasileiras, segundo a qual, quando
um acidente ocorre, foi devido a uma “fatalidade” de cunho imprevisível e sem possibilidade real de ter
sido evitado. Dependendo das crenças religiosas, essa questão transcende e pode ser associada ao destino
ou carma de cada indivíduo. Entretanto, ao se analisar as causas dos acidentes do trabalho ocorridos em
qualquer empresa, verifica-se, facilmente, que a maioria poderia ter sido evitada com ações simples em
dois campos: (I) manutenção adequada das instalações e equipamentos, e (II) treinamento e capacitação
periódica dos empregados.

A ação de corrigir ou melhorar as questões de risco de um ambiente de trabalho pode ser definida como
a busca pela “salubridade ambiental” daquele ambiente de trabalho. Ou seja, as iniciativas da Engenharia
de Segurança destinam-se ao reconhecimento, avaliação, neutralização e controle dos riscos ambientais
potenciais, originados ou existentes no ambiente de trabalho, antes que possam causar doença,
comprometimento da saúde e do bem-estar da pessoa em seu trabalho ou são significantes para causar
desconforto entre os membros de uma comunidade de trabalho.
19
UNIDADE II | SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO

Como bem afirmou Souto (1999), está na hora de corrigirmos os nossos cacoetes e titularmos
acertadamente as ações integradas da Medicina do Trabalho e da Engenharia de Segurança do Trabalho,
inclusive com o propósito de evitar distorções em sua aplicação: somos agentes que trabalham para a
implantação e manutenção de condições de salubridade ambiental nos ambientes de trabalho.

PRINCIPAIS CONCEITOS
PREVENCIONISTAS

É MELHOR PREVENIR DO QUE REMEDIAR!!!!!

SAÚDE

É a sensação de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência


de doença ou enfermidade (OMS).

A saúde não cabe apenas ao médico, pois é um problema de todo contexto social.

A saúde é um direito do cidadão e um dever do Estado.

SAÚDE PÚBLICA (Winslow)

É a ciência e a arte de prevenir a doença, prolongar a vida e promover saúde e


eficiência física e mental, por meio de esforços organizados da comunidade para o
saneamento do meio, o controle das doenças infecto-contagiosas, a educação do
indivíduo em princípios de higiene pessoal, a organização dos serviços médicos e
de enfermagem para o diagnóstico precoce e tratamento preventivo das doenças e
o desenvolvimento da maquinaria social, de modo a assegurar a cada indivíduo da
comunidade um padrão de vida adequado à manutenção da saúde

SAÚDE AMBIENTAL (OMS, 1997)

Parte da Saúde Pública que se ocupa das formas de vida, das substâncias e das
condições em torno do homem que podem exercer alguma influência sobre sua
saúde e o bem-estar

VIGILÂNCIA AMBIENTAL (OPAS, 1999)

Processo contínuo de coleta e análise de informações sobre saúde e ambiente,


com o intuito de orientar a execução de ações de controle de fatores ambientais
que ajudem na prevenção de doenças

20
SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

SALUBRIDADE AMBIENTAL

Estado de higidez (saúde) com capacidade de:

»» inibir, prevenir ou impedir a ocorrência de endemias ou epidemias


veiculadas pelo meio ambiente;

»» promover condições favoráveis ao pleno gozo de saúde e bem-estar


da população

SANEAMENTO AMBIENTAL

Conjunto das ações socioeconômicas com objetivo de alcançar níveis crescentes


de Salubridade Ambiental, por meio de:

»» abastecimento de água potável;

»» coleta, tratamento e disposição adequada de resíduos sólidos, líquidos


e gasosos;

»» prevenção e controle do excesso de ruído;

»» disciplina sanitária do uso e ocupação do solo;

»» drenagem urbana;

»» controle de vetores de doenças transmissíveis.

21
Capítulo 4
Os acidentes do trabalho

A definição de Acidente do Trabalho adotada pela esfera legal no Brasil afirma que é “aquele que pode
ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional
ou doença que cause morte, ou a perda, ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o
trabalho”. Esta definição não é interessante para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho porque
cria uma “dependência” de ocorrer um dano direto ao trabalhador, ou seja, só é considerado acidente do
trabalho aquele que tem uma vítima com lesões.

Neste texto, portanto, adotaremos a definição de Acidente do Trabalho usualmente utilizada pelos
profissionais da área prevencionista, que é “toda ocorrência, inesperada ou não, que interfere no
andamento normal do trabalho e da qual resulta lesão no trabalhador e/ou perda de tempo e/ou danos
materiais, ou os três simultaneamente”. Adotando essa postura, estaremos analisando todo o espectro
de causas de possíveis acidentes em uma empresa segundo o estudo de Bird (1998), com o foco em sua
prevenção, ou seja: (I) os acidentes que tiverem vítimas (lesões sérias ou leves), (II) acidentes que só
gerem danos à propriedade, e (III) incidentes, ou quase acidentes, que não gerem lesões nem danos mas
apenas perda de tempo (ou “sustos”).

Lesão séria/incapacitante
Método
convencional 1
de segurança

10 Lesões leves

30 Acidentes com danos


à propriedade
Planejamento
de prevenção
de Perdas
Incidentes não
600 apresentam lesões ou
danos visíveis

Pirâmide da Segurança
Fonte: Frank Bird – International Loss Control Institute – USA

1.750.000 Eventos Analisados

22
SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

Os acidentes de trabalho também podem ser classificados como típico ou de trajeto. O acidente típico
ocorre com o colaborador durante o exercício de suas atividades laborais, dentro ou fora, interno ou
externo ao ambiente de trabalho. Pode ocorrer durante uma viagem a serviço da empresa. O acidente de
trajeto ocorre durante o trânsito do colaborador entre a casa-trabalho e trabalho-casa. O desvio do trajeto
habitual descaracteriza o acidente de trabalho de trajeto.

Todo acidente do trabalho ou doença profissional deverá ser comunicado!

Vale ressaltar que é obrigatória a emissão da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT) relativa ao
acidente ou doença profissional ocorrido com todo colaborador. A Lei no 8.213/91 determina no seu
artigo 22 que todo acidente do trabalho ou doença profissional deverá ser comunicado pela empresa ao
INSS, sob pena de multa em caso de omissão. A obrigatoriedade de emissão da CAT configura esforço do
MTE em gerar estatísticas confiáveis que possam ser utilizadas no planejamento das ações do ministério.

A avaliação de poucos fatores na caracterização das causas dos acidentes e doenças ocupacionais dificulta
o entendimento de seus verdadeiros fatores determinantes. Para Garrigou (1999) o “gerenciamento
individual” da segurança, associado a outros mecanismos, dificulta a compreensão do mecanismo do
acidente e dificulta a implantação de ações de prevenção.

Uma questão fundamental é quanto à definição da culpa nos acidentes de trabalho, que normalmente
recai sobre o trabalhador, acusando-o de cometer o famigerado “ato inseguro”. Essa atitude de colocar
a culpa do acidente no trabalhador ainda está profundamente fixada na nossa cultura organizacional.
Assunção e Lima (In: MENDES, 2003) identificam a atribuição de culpa ao trabalhador como forma mais
usual de interpretação dos acidentes e doenças ocupacionais.

Apesar da expressão “ato inseguro” e toda a sua filosofia de direcionamento da culpa do acidente de
trabalho para a própria vítima (o trabalhador), ter sido constantemente repudiada por inúmeros
profissionais e entidades, principalmente a Fundacentro, pode-se perceber que ela ainda se faz presente
no cotidiano das empresas. A própria legislação ainda utiliza o termo, como a Norma Regulamentadora
número 1, no item 1.7:

1.7. Cabe ao empregador:

a)...

b) elaborar ordens de serviço sobre segurança e medicina do trabalho, dando ciência


aos empregados, com os seguintes objetivos:

I – prevenir atos inseguros no desempenho do trabalho;

Esta abordagem simplificada que imputa a culpa à própria vítima traz como consequência uma avaliação
superficial das questões de segurança e saúde. É usual os empresários justificarem o treinamento
realizado para seus empregados com o argumento de que o propósito é conscientizar o trabalhador
para o cumprimento das normas de segurança, ou seja, treiná-los para que não cometam atos inseguros
(OLIVEIRA, 1999).

Segundo Garcia (In: KIEFER et. al., 2001), esse enfoque pode ser considerado como maniqueísta, pois reduz
uma questão complexa, que envolve a exposição a diversos riscos, a uma dicotomia: o problema é o “uso

23
UNIDADE II | SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO

inadequado” e a solução é a “conscientização”, no caso entendida como “treinamentos”. Ao caracterizar a questão


da exposição aos riscos e suas consequências como basicamente um “problema de educação”, reduzindo-a à
não observação dos “cuidados” recomendados, o que é realmente efetivado é a transferência ao trabalhador, de
praticamente toda a responsabilidade pelas consequências ocorridas no âmbito de suas tarefas.

A resolução dos problemas de segurança por meio da “prescrição de comportamentos e de procedimentos


seguros” (ASSUNÇÃO e LIMA. In: MENDES, 2003) é comum nas empresas e nos meios prevencionistas
convencionais. A limitação da avaliação do ser humano e do ambiente físico e organizacional que o cerca
tem como consequência uma igual limitação nas estratégias das ações de prevenção.

Uma última questão a ser discutida é a visão legalista da segurança e da saúde do trabalhador. Para Oliveira
(1999) os programas de segurança e de saúde do trabalhador, na maioria das empresas, são concebidos
e orientados normalmente para o atendimento à legislação que dispõe sobre a matéria. Assunção e Lima
(In: MENDES, 2003) reforçam a questão da idolatria legal, alertando que as exigências das leis, muitas
vezes, tornam-se “meros rituais”, e o cumprimento do estabelecido na legislação é colocado num patamar
mais importante que a própria prática prevencionista.

Podemos definir como causas dos acidentes do trabalho “qualquer fator que, se fosse removido a tempo,
teria evitado o acidente”. O ambiente de trabalho, portanto, contém condições inadequadas para o exercício
das tarefas pelos trabalhadores e, em algumas situações, essas condições concorrem simultaneamente
para a ocorrência do acidente.

Há diversas definições para as “condições inseguras” existentes em um ambiente de trabalho: (I) as falhas
físicas de um local de trabalho que comprometem a segurança do trabalhador, das instalações e/ou dos
equipamentos, (II)as irregularidades ou deficiências existentes no ambiente de trabalho que constituem riscos
para a integridade física do trabalhador e para a sua saúde, bem como para os bens materiais da empresa.

Os riscos de acidentes têm uma abrangência diversificada das situações inseguras dos locais de trabalho.
Podemos subdividir as condições inadequadas dos ambientes de trabalho em quatro categorias:

I. o local de trabalho é inseguro;

II. o material a ser utilizado na tarefa é inseguro;

III. o equipamento ou ferramenta a ser utilizado na tarefa é inseguro;

IV. as medidas administrativas que coordenam a atividade são inseguras.

Um local pode ser inseguro devido à existência de fontes de riscos no ambiente de trabalho, que geram
exposição dos trabalhadores a: (I) iluminação deficiente, (II) ventilação deficiente, (III) pisos escorregadios,
(IV) escadas sem corrimão, (V) arranjo físico inadequado, (VI) espaço insuficiente, (VII) ruído excessivo,
(VIII) vibrações excessivas, (X) umidade excessiva etc.

O material que será utilizado na atividade pode conter, intrínsecos, diversos graus de risco, como: (I)
ser inflamável, (II) explosivo, (III) tóxico, (IV) corrosivo, (V) defeituoso, (VI) radioativo, (VII) com
superfícies em temperaturas extremas etc.

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SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

Os equipamentos e as ferramentas que serão utilizados na atividade laboral também podem conter
diversos graus de risco, como: (I) equipamento inadequado, (II) com defeito, (III) sem proteção, (IV) com
proteção insuficiente, (V) falta de equipamento de proteção individual – EPI, (VI) uso de EPI inadequado,
(VII) uso de EPI defeituoso.

E, por último, as medidas administrativas que coordenam a execução das atividades em uma empresa
também podem gerar a exposição dos trabalhadores a diversos riscos, devido a: (I) falta de treinamento
para a formação técnica adequada dos empregados, (II) falta de manutenção adequada das instalações e
equipamentos, (III) processos de trabalho mal estabelecidos, (IV) atividades mal distribuídas, (V) excesso
de horas extras, (VI) processo de comunicação deficiente, (VII) falta de acompanhamento da saúde dos
empregados etc.

Neste texto adotaremos a definição de que as condições inseguras se constituem em fontes de riscos nos
ambientes de trabalho, ou seja, riscos ambientais, os quais serão detalhados no próximo capítulo. Para
reforçar o conceito de que a responsabilidade de um acidente não é exclusiva da vítima, vale verificar que
não existem atos inseguros que não tenham sido gerados por condições inseguras anteriores.

Segundo os autores que ainda utilizam o conceito de ato inseguro como causa dos acidentes, a definição
para esses atos é: “a maneira pela qual o trabalhador se expõe, consciente ou inconscientemente, a riscos
de acidentes”. Esses autores afirmam que ato inseguro é todo ato, consciente ou não, capaz de provocar
dano ao trabalhador, a seus companheiros ou a máquinas, materiais e equipamentos, estando diretamente
relacionado a falha humana.

Ao se analisar um acidente, antes de se imputar toda a responsabilidade ao trabalhador devido a seu


“descuido”, “distração”, “indisciplina”, “ignorância”, “cansaço”, “hábito”, “preconceito”, “deficiência física” etc.,
deve-se verificar o que realmente ocasionou tal ato e, dessa forma, chegaremos a um conjunto de medidas
administrativas inseguras que concorreram para a ocorrência do tal ato e do respectivo acidente.

Todo ato inseguro é ocasionado por um conjunto de condições inseguras!

ALGUNS CONCEITOS LIGADOS


AO “ATO INSEGURO”
Imprudência – É a atuação intempestiva e irrefletida. Consiste em praticar uma
ação sem as necessárias precauções, isto é, agir com precipitação, inconsideração,
ou inconstância.

Imperícia – É a falta de aptidão especial, habilidade, ou experiência ou de previsão


no exercício de determinada função, profissão, arte ou ofício.

Negligência – É a omissão voluntária de desinência ou cuidado, falta ou demora


no prevenir ou obstar um dano.

Culpa “in vigilando” – Origina da inexistência de fiscalização por parte do


empregador sobre as atividades de seus empregados ou prepostos.

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Capítulo 5
Os riscos ambientais

O que é risco?
Risco é qualquer variável que pode causar danos ou lesões graves ao trabalhador, inclusive a morte.

O exercício da atividade laboral sob condições inseguras existentes no ambiente de trabalho expõe o
trabalhador a riscos que podem ser classificados em cinco categorias: (I) físicos, (II) químicos, (III)
biológicos, (IV) ergonômicos e (V) mecânicos (ou de acidentes). Essa classificação é internacional e segue
a simbologia dos riscos ambientais que são empregadas no Mapa de Risco (NR-05 – CIPA):

Risco físico: cor verde;

Risco químico: cor vermelha;

Risco biológico: cor marrom;

Risco ergonômico: cor amarela;

Risco de acidentes: cor azul;

Para efeito da Norma Regulamentadora 9 (MTE), em seu item 9.1.5., consideram-se riscos ambientais os
agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza,
concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador.
Os riscos ergonômicos são apresentados e discutidos na Norma Regulamentadora 17 (MTE). Os riscos
mecânicos, entretanto, estão diluídos em diferentes normas regulamentadoras, mas pode-se visualizá-los
com mais profundidade na Norma Regulamentadora 18 (MTE), que trata da construção civil.

Deve-se entender que a presença dos agentes físicos, químicos e biológicos no ambiente pode oferecer
riscos potenciais à saúde dos trabalhadores e gerar uma probabilidade de que eles venham a contrair uma
doença. Mas para que isso aconteça devem concorrer vários fatores:

»» o tempo de exposição do trabalhador;


»» a concentração ou intensidade dos agentes de risco no ambiente laboral;
»» as características do agente de risco;
»» a susceptibilidade individual.

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SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

Cada agente de risco tem, no mínimo, uma fonte geradora do risco associada. O espaço existente entre a
fonte do risco e o trabalhador é considerado a sua “trajetória”. Qualquer medida planejada para controlar
a exposição do trabalhador ao risco estará centrada em, pelo menos, um destes três focos possíveis: (i) na
fonte geradora, (ii) na trajetória, ou (iii) no trabalhador.

CONCEITOS LIGADOS
A RISCOS NO TRABALHO
Segurança – “Situação que está livre de risco ou perigo”

Perigo – “Estado ou situação que inspira cuidado e que pode produzir danos”

Risco – “Possibilidade ou probabilidade de um perigo”

Lei de Murphy

“Se algo errado tiver de acontecer, não se preocupe, acontecerá da pior maneira”

Lei dinâmica de Murphy

“Algo errado, sob pressão, tende a piorar”

Todo o programa de segurança e prevenção somente será avaliado quando algo falhar.

Enquanto não acontecer nenhum acidente ou incidente, sempre vai parecer que o
programa de segurança está perfeito e custando mais do que deveria.

Riscos físicos
Agentes de riscos físicos são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais
como: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes e radiações ionizantes.

Ruído (Contínuo e de Impacto)


É um fenômeno físico que indica uma mistura de sons, cujas frequências não seguem uma lei precisa.
Alguns utilizam como sinônimo de barulho, mas este inclui componentes subjetivos da percepção sonora.
É o risco profissional com maior frequência de reclamações nos ambientes laborais. Pode causar perda
auditiva, permanente ou temporária, e trauma acústico entre outros efeitos possíveis de alterações em
quase todos os órgãos do organismo humano.

O ruído de impacto é aquele que se caracteriza por ser de intensidade muito alta com duração muito
pequena, menor que um segundo, em intervalos maiores que um segundo, como, por exemplo, uma
martelada em superfície metálica e a operação de um bate-estaca. Considera-se ruído contínuo todo
outro tipo de ruído que não seja de impacto.

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UNIDADE II | SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO

Uma dica: se o ruído ambiente prejudica a conversa entre dois trabalhadores que estão dispostos a 1,0
metro de distância, em tom de voz normal, vale a pena solicitar uma avaliação com equipamentos pois
esta intensidade de ruído pode ser danosa à saúde.

Vibração
É o movimento, oscilação, balanço de objetos. Apenas uma pequena parcela das vibrações pode ser
detectada pelos órgãos sensoriais humanos (tato e audição). O organismo humano está sujeito aos efeitos
das vibrações quando elas apresentam valores específicos de amplitude e de frequência.A exposição às
vibrações pode ocorrer de forma direta, quando há contato entre a fonte de vibração e o trabalhador (a
operação de uma britadeira), ou de forma indireta, quando a fonte vibra as instalações física (o piso por
exemplo) e esta vibração é transmitida ao trabalhador.

As vibrações atuam em regiões diferentes do organismo em função das suas características, mas podem causar:
(I) enjoo ou náuseas, (II) afundamento do tórax, (III) problemas ósteo-articulares ou angio-neurológicos
(como artrose do cotovelo, necrose dos ossos dos dedos, deslocamentos anatômicos, problemas nervosos etc.).

Temperaturas Extremas(Calor e Frio)


São as condições térmicas rigorosas em que são realizadas diversas atividades profissionais, submetendo
os colaboradores a sua ação. Deve-se conhecer a interação térmica entre o organismo humano e o meio
ambiente de trabalho e conhecer, também, os efeitos da exposição a essas temperaturas para que se possa
avaliar e controlar essas interações de forma a proteger o trabalhador de seus efeitos maléficos. Vale
ressaltar que os efeitos da exposição a temperaturas extremas são relacionados à atividade física realizada
pelo trabalhador, em termos de taxa de metabolismo.

Com o aumento do calor ambiental, há uma sobrecarga térmica e o organismo reage para promover um
aumento da perda de calor por reações fisiológicas. Os principais mecanismos de defesa do organismo
ao calor intenso são: (I) a vaso-dilatação periférica que aumenta a temperatura cutânea e diminui o
ganho de calor corporal, tanto por irradiação quanto por condução-convexão, e (II) a sudorese, cuja
eficiência está associada à evaporação do suor gerado. Trabalhadores expostos a ambientes com calor
intenso sofrem de fadiga, erros de percepção e raciocínio e apresentam perturbações psicológicas. Entre
os efeitos da exposição ao calor estão: (I) a insolação, (II) a prostração térmica ou exaustão do calor, (III)
a desidratação, (IV) as câimbras de calor e (V) o choque térmico.

A exposição a frio intenso pode gerar consequências na saúde, no conforto e na eficiência do trabalhador.
A baixa temperatura corporal resulta de um balanço negativo entre a produção (que diminui) e a perda
de calor (que aumenta). Os principais mecanismos de defesa do organismo ao frio intenso são a vaso-
constrição periférica, a diminuição gradual de todas as atividades fisiológicas e o tremor (cuja produção
de calor é proporcional ao número de contrações musculares). Os efeitos dependem principalmente da
temperatura do ar, da velocidade do ar e da variação do calor radiante. Com a temperatura do corpo abaixo
de 29oC ocorre o fenômeno da hipotermia que pode evoluir para sonolência e coma. A morte ocorre quando
a temperatura é inferior a 28°C, por falha cardíaca.

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SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

Pressão Anormal
A exposição à pressão anormal é definida como qualquer exposição a pressões diferentes da pressão
atmosférica a que os trabalhadores estão normalmente expostos. A pressão acima da atmosférica é a
alta pressão, ou condição hiperbárica, a pressão abaixo da atmosférica é a baixa pressão, ou condição
hipobárica. A exposição de trabalhadores à condição hiperbárica é muito mais frequente e mais danosa à
saúde humana, com diversos estudos epidemiológicos e limites estabelecidos.

Os efeitos das pressões anormais no organismo são diversos: (I) ruptura de tecidos (tímpano, alvéolos,
vasos, pleura etc.), (II) irritação nos pulmões, (III) narcose pelo nitrogênio dissolvido no ar comprimido,
(IV) bolhas de nitrogênio nos tecidos (dores nas juntas, suor, palidez, tontura, inconsciência, paralisias etc.).

Radiação (Ionizante e Não Ionizante)


As radiações são uma forma de energia que se transmite pelo espaço como ondas eletromagnéticas e, em
alguns casos, apresenta também comportamento corpuscular. A absorção da radiação pelo organismo
pode gerar diversas lesões e doenças. A radiação pode ser classificada em dois tipos, pois, ao atingir
o organismo e ser absorvida, pode gerar dois efeitos principais: (I) ionização, oriunda das radiações
ionizantes, e (II) excitação, proveniente das radiações não ionizantes.

As radiações ionizantes podem ser naturais e artificiais, mas a sua classificação mais importante é feita em
4 tipos: (I) alfa, (II) beta, (III) gama, e (IV) raios X. Os efeitos dependem da dose da radiação recebida pelo
organismo, mas podem ser divididos em (I) somáticos (agudos ou crônicos), que ocorrem no organismo
atingido, gerando doenças e danos, não se transmitindo a seus descendentes, e (II) genéticos, que são
mutações ocorridas nos cromossomos ou gens das células germinativas que podem gerar alterações nas
gerações futuras. Cabe ressaltar que esta classificação é uma tentativa de ordenação de fenômenos muito
complexos e interligados, e que esta divisão pode não ser tão clara em diversos casos. O órgão normalizador
para o exercício das atividades envolvendo radiações ionizantes no Brasil é a Comissão Nacional de Energia
Nuclear – CNEN, com unidades descentralizadas no país, à qual recomendamos fortemente que seja
informada e consultada sobre quaisquer potenciais fontes de risco de radiações ionizantes.

Os diversos tipos de radiações não ionizantes são classificados conforme o comprimento de onda
e a frequência da radiação. Cabe ressaltar que, com poucas exceções, as radiações são invisíveis e
dificilmente detectáveis pelos sentidos humanos. No caso dos efeitos térmicos provocados, a sensação
de calor pode chegar tarde demais para denunciar o risco, portanto, é obrigatório o uso de detectores
com o acompanhamento de profissionais qualificados. Uma classificação das radiações não ionizantes
as divide em: (I) micro-ondas, (II) infravermelha, (III) ultravioleta, (IV) maser. Existem, ainda, muitas
dúvidas quanto à extensão real dos efeitos nocivos da exposição à essas radiações, dividindo-os em: (I)
efeitos térmicos, mais aparente, e (II) efeitos não térmicos, geralmente relacionados ao campo elétrico e
magnético. O órgão mais suscetível a um dano por efeito térmico é a lente ocular.

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UNIDADE II | SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO

Riscos químicos
Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no
organismo pela via respiratória, ou então aqueles que, pela natureza da atividade de exposição, possam
ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão.

Portanto, o risco químico está associado à exposição a substâncias, compostos ou produtos químicos em
diferentes concentrações no ambiente na forma de:

Gases, substâncias cujo estado natural nas CNTP (Condições Naturais e Temperatura e Pressão – 25°C,
1 atm) é o gasoso.

Vapores, substâncias cujo estado natural nas CNTP é o sólido ou líquido, mas que devido a uma alteração
de temperatura e/ou de pressão se encontra no estado gasoso.

Poeiras, substâncias cujo estado natural nas CNTP é o sólido, em pequenas partículas (com diâmetros
maiores que 1 mícron) resultantes da ruptura mecânica de sólidos, seja pelo simples manuseio, seja em
consequência de operações de trituração, moagem, peneiramento, broqueamento, polimento, detonação
etc. Como exemplo citamos poeiras de sílica, asbesto, de cereais, de carvão, de metais etc..

Fumos, substâncias cujo estado natural nas CNTP é o sólido, em partículas menores que as de poeira
(diâmetros menores que 1 mícron), resultantes da condensação de vapores, geralmente após a volatilização
de metais fundidos e quase sempre acompanhadas de oxidação. Ao contrário das poeiras, os fumos
tendem a flocular. Os fumos podem formar-se pela volatilização de matérias orgânicas sólidas ou pela
reação de substâncias químicas, como na combinação de ácido clorídrico e amoníaco.

Neblinas, substâncias cujo estado natural nas CNTP é o líquido, em pequenas partículas suspensas
resultantes da ruptura mecânica de líquidos.

Névoas, substâncias cujo estado natural nas CNTPé o líquido, em partículas menores que as de neblinas
(diâmetros entre 0,1 e 100 micra), resultantes da condensação de vapores sobre certos núcleos, ou
ocorrências como a nebulização, borbulhento, respingo etc. Como exemplo podemos citar: névoas de
ácido crômio, de ácido sulfúrico e de tintas pulverizadas.

Aerodispersoides, conjunto de substâncias que estão dispersas no ar na forma sólida, líquida ou gasosa.

Os danos à saúde provenientes da exposição a agentes de risco químico podem ser classificados em, oito
categorias(adaptado de Patty, Engenharia de Ventilação Industrial): (I) irritantes, (II) asfixiantes (simples
e químicos), (III)anestésicos (narcóticos), (IV) tóxicos sistêmicos, (V) material particulado não tóxicos
sistêmicos, (VI) genotóxicos e mutagênicos, (VII) carcinógenos, e (VIII)embriotóxicose teratógenos.

O tipo de ação fisiológica de um agente tóxico sobre o organismo depende da concentração na qual
está presente. Por exemplo, um vapor, numa determinada concentração, pode exercer sua principal ação
como anestésico, enquanto que uma menor concentração do mesmo vapor pode, sem efeito anestésico,
danificar o sistema nervoso, o sistema hematopoético, ou algum órgão visceral. Por esse motivo, é
impossível, frequentemente,colocar-se um agente tóxico numa única classe.

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SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

Irritantes
Substâncias que produzem inflamação nos tecidos vivos quando entram em contato direto são corrosivos
vesicantes em sua ação. Têm essencialmente o mesmo efeito sobre homens e animais, e o fator concentração
é mais importante que o fator tempo de exposição.Os irritantes primários concentram a sua ação irritante
(amônia, cloro, ozônio, gases lacrimogênios etc.) enquanto os secundários possuem o efeito irritante e
têm uma ação tóxica generalizada sobre o organismo (gás sulfídrico).

Asfixiantes
Exercem sua ação interferindo com a oxidação dos tecidos. Podem ser divididos em simples e químicos.
Os simples são gases inertes que agem por diluição do oxigênio atmosférico: Dióxido de carbono, etano,
hélio, hidrogênio, metano, nitrogênio, óxido nitroso. Os químicos impedem o transporte de oxigênio
pelo sangue: Monóxido de carbono, cianogênio, cianeto de hidrogênio, nitrobenzeno, sulfeto de hidrogênio.

Anestésicos (Narcóticos)
Sua principal ação é a anestésica, sem sérios efeitos sistêmicos, tendo ação sobre o SNC(Sistema Nervoso
Central). Alguns passam para a corrente sanguínea e, daí, para os demais órgão. Podem penetrar pela
pele. São exemplos de anestésicos: hidrocarbonetos acetilênicos, hidrocarbonetos oleofínicos, éter etílico,
hidrocarbonetos parafínicos, cetonas alifáticas, álcoois alifáticas.

Tóxicos Sistêmicos
Incluem: (I) materiais que causam danos a um ou mais órgãos viscerais: a maioria dos
hidrocarbonetoshalogenados; (II) materiais que causam danos ao sistema hematopoético: benzeno,
fenóis , e em certo grau, otolueno, xilol e naftaleno; (III) materiais que causam danos ao sistema nervoso:
dissulfeto de carbono, álcool metílico, tiofeno; (IV) não metais tóxicos inorgânicos: compostos de arsênio,
fósforo, selênio, enxofre e fluoretos.

Material Particulado Não Tóxico Sistêmico


Produzem doenças em local específico do organismo, como:(I) poeiras que produzem fibrose: sílica,
asbesto; (II) poeiras inertes: carborundo, carvão; e (III) poeiras que causam reações alérgicas: pólen,
madeira, resinas e outras poeiras orgânicas. Existem substâncias que causam dano unicamente aos
pulmões, incluindo aquelas que não causam nenhum tipo de ação irritante, tais como poeiras de
asbesto, causadoras da fibrose.As poeiras que fazem parte desse grupo podem se tornar mais nocivas se
contaminadas com bactérias ou fungos alergênicos, microtoxinas ou pólens.

Agentes Genotóxicos e Mutagênicos


São substâncias que podem causar dano material genético e podem, também, ser mutagênicas. Os
mutagênicos podem causar mutações. Uma mutação é considerada como sendo qualquer modificação

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UNIDADE II | SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO

relativamente estável no material genético, DNA (Ácido Desoxiribonucléico). Muitas das substâncias
mutagênicas também podem dar origem a câncer (carcinógenos).

Carcinógenos:
São substâncias que podem produzir câncer, que é uma doença resultante do desenvolvimento de
um tumor maligno e de sua invasão em tecidos vizinhos.Um tumor (neoplasma) caracteriza-se pelo
crescimento do tecido, formando um grupo decélulas anormais no organismo. Um tumor maligno é
composto de células que se dividem e se dispersam através do organismo.Um tumor benigno é aquele
localizado e que não invade os tecidos vizinhos nem produz câncer.

Agente Embriotóxicos e Teratógenos


São substâncias capazes de induzir efeitos adversos na progênie durante o primeiro estágio da gravidez,
ou seja, entre a concepção e a fase fetal. Os teratógenos são substâncias que, em doses que não apresentem
toxicidade materna, podem causar danos não hereditários na progênie. Estes danos podem levar ao
aborto. Após o nascimento, esses danos são denominados de más formações congênitas.

Riscos biológicos
Consideram-se agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre
outros. Entretanto, devido a dificuldade de monitoramento e de avaliação, dificilmente se foca o trabalho
de prevenção nos agentes, mas sim nas atividades que, potencialmente, expõem os trabalhadores à ação
nociva de micro-organismos.

Portanto, o risco biológico está associado à exposição a locais, substâncias compostos ou produtos com
a presença de micro-organismos patogênicos em geral. Geralmente, o senso comum associa o risco
biológico a 3 situações: (I) o contato com pacientes e/ou ambientes com doenças contagiosas, (II) a
presença de esgotos sanitários, e (III) o contato com lixo. Entretanto, exceto na primeira situação, na qual
o risco é real e deve ser evitado, o risco biológico na segunda e terceira só é evidente para os profissionais
que trabalham em alguma etapa dos sistemas de esgotamento sanitário e dos serviços de limpeza urbana,
conforme será detalhado no capítulo 5.

A existência de sanitários e áreas de disposição temporária dos resíduos sólidos não representa, por si só,
riscos de contaminação biológica. Na maioria das situações, a concorrência de 3 fatores simples podem
conferir a estes locais condições satisfatórias de salubridade ambiental: (I) a manutenção e a limpeza
adequadas desses locais, (II) a possibilidade de exposição destes locais à iluminação natural (o sol é um
dos melhores bactericidas que existem devido à ação dos raios UVA), e (iii) a existência de mecanismos
de ventilação natural.

As exposições ocupacionais a materiais biológicos potencialmente contaminados representam um sério


risco aos profissionais da área da saúde. Os ferimentos com agulhas e materiais perfuro cortantes, em
geral, são considerados extremamente perigosos por serem potencialmente capazes de transmitir mais de

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SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

vinte tipos de patógenos diferentes, sendo os vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), da Hepatite B e
da Hepatite C os agentes infecciosos mais comumente envolvidos.

Segundo a Resolução no 5/93 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) infectantes


perfuro-cortantes são seringas, agulhas, escalpes, ampolas, vidros de um modo em geral ou, qualquer
material pontiagudo ou que contenham fios de corte capazes de causar perfurações ou cortes. Segundo
a mesma Resolução, infectantes não perfuro cortantes são os materiais que contenham sangue ou
fluidos corpóreos. No caso das farmácias e drogarias são os algodões com sangue.

O risco de trabalhadores da área da saúde adquirir patógenos veiculados pelo sangue já está bem
documentado. Os acidentes com perfuro-cortantes persistem como principal forma de transmissão de
patógenos veiculados pelo sangue aos profissionais de saúde, contaminando acima de 25% dos acidentados
com portadores do antígeno da hepatite B. Os trabalhadores de enfermagem são, geralmente, os mais
atingidos pelos acidentes ocupacionais envolvendo material perfuro-cortante infectante. Os acidentes na
área de saúde geralmente ocorrem em três situações: (I) durante a limpeza, (II) autoinoculação durante o
trabalho ou (III) inoculação por outro profissional.

O sangue, qualquer fluido orgânico contendo sangue, secreção vaginal, sêmen e tecidos, são materiais
biológicos envolvidos na transmissão do vírus HIV. Os líquidos de serosas (peritoneal, pleural,
pericárdico), líquido amniótico, líquor, líquido articular e saliva (em ambientes odontológicos), são
materiais de risco indeterminado para a transmissão do vírus. Exposições a esses e outros materiais
potencialmente infectantes que não o sangue ou material biológico contaminado com sangue devem
ser avaliadas de forma individual. Em geral, esses materiais são considerados como de baixo risco para
transmissão ocupacional do HIV.

Cabe esclarecer que a exposição a agentes biológicos ocorre em número muito mais expressivo em
ambientes que utilizam sistemas de condicionamento de ar, naquilo que a Organização Mundial de
Saúde – OMS define com Síndrome do Edifício Doente – SED. A Síndrome do Edifício Doente refere-
se à relação entre causa e efeito das condições ambientais observadas em áreas internas, com reduzida
renovação de ar, e os vários níveis de agressão à saúde de seus ocupantes através de fontes poluentes de
origem física, química e/ou microbiológica.

Um edifício pode ser considerado “doente” quando cerca de 20% de seus ocupantes apresentam sintomas
transitórios associados ao tempo de permanência em seu interior, que tendem a desaparecer após curtos
períodos de afastamento. Em alguns casos, a simples saída do local já é suficiente para que os sintomas
desapareçam. Os principais sintomas relacionados a SED são: (I) irritação dos olhos, nariz, pele e garganta,
(II) dores de cabeça, (III) fadiga, (IV) falta de concentração, e (V) náuseas.

Outros fatores associados à Síndrome do Edifício Doente são a elevação da taxa de absenteísmo e a
redução na produtividade e na qualidade de vida do trabalhador. Dessa forma, a qualidade do ar de
ambientes interiores assumiu importante papel não só em questões relativas à Saúde Pública, como
também, no que diz respeito à Saúde Ocupacional.

No Brasil, em 1998, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, órgão regulamentador do


sistema de saúde, publicou a Portaria no 3.523, estabelecendo, para todos os ambientes climatizados
artificialmente de uso público e coletivo, a obrigatoriedade de elaborar e manter um plano de manutenção,

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UNIDADE II | SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO

operação e controle dos sistemas de condicionamento de ar – PMOC.O PMOC estabelece, no mínimo,


uma limpeza anual de todo o sistema e uma consequente avaliação da qualidade do ar no ambiente.

A Anvisa publicou em 2000, a Resolução no 176, contendo parâmetros biológicos, químicos e físicos por
meio dos quais é possível avaliar a qualidade do ar interior. Atualmente, a Anvisa trabalha na definição
de critérios para ambientes climatizados com fins especiais, como as salas de cirurgia e Unidades de
Tratamento Intensivo de hospitais, onde o risco de contaminação pode ser fatal para pessoas com
organismo debilitado.

Os danos à saúde provenientes da exposição a agentes de risco biológico podem ser de diferentes classes,
dependendo de quais são os microorganismos presentes no ambiente.Tanto para os agentes de riscos
químicos quanto para os agentes de riscos biológicos há três formas de penetração no corpo humano:
(I) absorção, (II) inalação, e (III) ingestão. Da mesma forma que os agentes físicos e químicos, a melhor
atuação para a prevenção sempre é, prioritariamente, na fonte e/ou na trajetória, no sentido de se evitar
que o risco chegue ao trabalhador, situação que impõe o uso de equipamentos de proteção individual –
EPI, cuja eficiência e eficácia são, via de regra, discutíveis.

Absorção
O contaminante, ao entrar em contato com a pele, órgão de maior superfície do corpo humano, pode ser
absorvido causando diversas formas de alergias, ulcerações, dermatoses e outras doenças ocupacionais
que atingem esse tecido.

Inalação.
O trato respiratório é a via mais importante pela qual os agentes biológicos e químicos entram no
organismo. A grande maioria das intoxicações ocupacionais que afetam a estrutura interna do corpo é
ocasionada por se respirar substâncias contidas no ar. Essas substâncias podem ficar retidas nos pulmões
ou outras partes do trato respiratório e podem afetar esse sistema, ou passar através dos pulmões a outras
partes do organismo, levadas pelas células fagocitárias.

A relativa enorme superfície do pulmão (90 m2 de superfície total e 70 m2 de superfície alveolar),


em conjunto com a superfície capilar (140 m2), com seu fluxo sanguíneo contínuo, exerce uma ação
extraordinária de absorção de determinadas substâncias presentes no ar inspirado.

Ingestão.
A intoxicação por essa via é mais comum para os agentes biológicos e menos comum para os químicos.
Afrequência e o grau de contato com os agentes tóxicos depositados nas mãos, alimentos e cigarros é
muito menor que na inalação, por isso, somente substâncias altamente tóxicas como o chumbo, o arsênico
e o mercúrio podem causar preocupações nesse sentido. Cabe ressaltar que a porção que se deposita na
parte superior do trato respiratório é arrastada para cima pela ação ciliar, e é posteriormente engolida,
ingressando no organismo.

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SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

O trato gastrointestinal pode ser visto como um tubo através do corpo, começando na boca e terminando
no ânus. Apesar de estarem dentro do organismo, seus conteúdos estão essencialmente externos aos fluídos
do corpo (sangue e linfa). Por isso, os agentes tóxicos no trato gastrointestinal podem produzir um efeito
na superfície da mucosa que o reveste sendo absorvidos através dessa mucosa do trato gastrointestinal.

A absorção de um tóxico pelo sangue, através do trato gastrointestinal é baixa. Os alimentos e líquidos
misturados com o tóxico contribuem para diluí-lo e reduzem a sua absorção, devido à formação de
material insolúvel. O intestino possui certa seletividade que tende a impedir a assimilação de substâncias,
ou limitar a quantidade absorvida. Depois de ser absorvido pela corrente sanguínea, o material tóxico vai
diretamente ao fígado, que, metabolicamente altera, degrada e torna inócua a maior parte das substâncias.

Riscos ergonômicos
A ergonomia é a ciência que estuda a relação entre o homem e o seu ambiente de trabalho, visando o
conforto. Segundo a Associação Internacional de Ergonomia (International Ergonomics Association –
IEA, 2000) ergonomia é “a disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre seres
humanos e outros elementos de um sistema, e também é a profissão que aplica teoria, princípios, dados
e métodos para projetar a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho geral de um sistema”. A
Associação Internacional de Ergonomia divide a ergonomia em três domínios de especialização. São eles:
(I) ergonomia física, (II) ergonomia cognitiva e (III) ergonomia organizacional.

A Ergonomia Física lida com as respostas do corpo humano à carga física e psicológica. Tópicos relevantes
incluem manipulação de materiais (peso), arranjo físico de estações de trabalho, demandas do trabalho e
fatores tais como repetição, vibração, força e postura estática, relacionada com lesões músculo-esqueléticas.
(lesão por esforço repetitivo).

A Ergonomia Cognitiva, também conhecida engenharia psicológica, refere-se aos processos mentais,
tais como percepção, atenção, cognição, controle motor e armazenamento e recuperação de memória,
como eles afetam as interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema. Tópicos relevantes
incluem carga mental de trabalho, vigilância, tomada de decisão, desempenho de habilidades, erro
humano, interação humano-computador e treinamento.

A Ergonomia Organizacional, ou macroergonomia, está relacionada com a otimização dos sistemas


socio-técnicos, incluindo sua estrutura organizacional, políticas e processos. Tópicos relevantes incluem
trabalho em turnos, programação de trabalho, satisfação no trabalho, teoria motivacional, supervisão,
trabalho em equipe, trabalho à distância e ética.

A ergonomia pode ser também considerada como o estudo dos aspectos do trabalho e sua relação com
o conforto e bem-estar do trabalhador. Está mais ligada às posturas, movimentos e ritmo determinados
pela atividade e conteúdo dessa atividade, nos seus aspectos físicos e mentais.

A ergonomia intervém, analisando o trabalho, as posturas adotadas pelo trabalhador, sua movimentação
e seu ritmo que de modo geral são determinados por outros fatores organizacionais. O objetivo principal
da ergonomia é dar condições de trabalho para que haja maior conforto e bem-estar do operador a
partir da análise da atividade. As melhorias ergonômicas se referem a vários aspectos do trabalho, tais

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UNIDADE II | SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO

como: cadeiras, mesas, bancadas; o planejamento e localização de dispositivos e materiais de trabalho;


a quantidade, qualidade e localização da iluminação; indicações sobre melhorias na organização da
atividade, incluindo o planejamento de novos dispositivos de trabalho ou modificação nos existentes e
alteração no ritmo de sequenciamento de várias tarefas desempenhadas pelo operador.

Entre os danos causados pela exposição aos riscos ergonômicos merecem destaque as DORT — Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (que englobam as Lesões por Esforços Repetitivos – LER). As
DORT abrangem diversas patologias, sendo as mais conhecidas a tenossinovite, a tendinite e a bursite.

Há muitas definições para as DORT. Porém o conceito básico é o de alterações e sintomas de diversos
níveis de intensidade nas estruturas osteomusculares (tendões, sinovias, articulações, nervos, músculos),
além de alteração do sistema modulador da dor. Esse quadro clínico é decorrente do excesso de uso do
sistema osteomuscular no trabalho. Apenas um fator isolado não é determinante para a ocorrência de
DORT, mas sim uma combinação deles associados à sua frequência, intensidade e duração.

Postura
As posturas fixas são um fator de risco principalmente em trabalhos sedentários. No entanto, trabalhos
mais dinâmicos, com posturas extremas de tronco como, por exemplo, abaixar-se e virar-se de lado,
também são identificados como fatores de risco. As más posturas de extremidades superiores também se
constituem como fatores de risco, tais como: desvios dos punhos, braços torcidos e elevação do ombro.
Todos esses desvios são influenciados por uma série de fatores ocupacionais e individuais, incluindo a
característica do mobiliário e do posto de trabalho.

Movimento e força
Estes dois fatores estão correlacionados ao aparecimento de DORT nas mãos e punhos. A combinação
de forças elevadas e alta repetitividade aumenta a magnitude da lesão mais do que qualquer uma delas
isoladamente. Movimentos repetidos podem danificar diretamente os tendões através do frequente
alongamento e flexão dos músculos. A força exercida durante a realização dos movimentos é outro
determinante das lesões, como por exemplo, no levantamento, carregamento e utilização de ferramentas
pesadas; a força necessária para cortar objetos muito duros, a utilização de parafusadoras e furadeiras.

Conteúdo de trabalho e fatores psicológicos:


A relação entre trabalho e a saúde é afetada pela organização do trabalho e fatores psicológicos relacionados
ao trabalho, podendo contribuir para o aparecimento de disfunções músculo-esqueléticas. É possível se
estabelecer a relação entre o trabalho, o estresse e o sistema músculo-esquelético.

Características individuais:
O tipo de musculatura e as características individuais parecem manter uma relação com a incidência dos
problemas. Portanto, as mulheres parecem ser mais suscetíveis que os homens aos problemas derivados da

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SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

exposição a riscos ergonômicos. A distribuição de tarefas por sexo e, consequentemente, a carga do trabalho,
determinam o aparecimento de problemas e estão intimamente ligados às características individuais.

Riscos mecânicos ou riscos de acidentes


Os tipos de acidentes mais comuns que ocorrem na realização do trabalho são: (I) queda, (II) choque
elétrico, (III) soterramento, (IV) choque mecânico, (V) cortes e perfurações, (VI) queimaduras, (VII)
animais peçonhentos, (viii) acidentes de trânsito, (IX) incêndio e explosão. Os riscos de acidentes se
caracterizam pela possibilidade de lesão imediata ao trabalhador exposto. A pior exposição a risco de
acidentes ocorre quando ele estiver em situação de risco grave (passível de causar lesão grave, incapacitante
ou fatal) e iminente (passível de atingir o trabalhador a qualquer momento).

As quedas podem ocorrer em mesmo nível ou em níveis diferentes. As quedas em mesmo nível ocorrem,
geralmente, por imperfeições ou irregularidades nos pisos, ou pela existência de materiais que os
tornam escorregadios. As quedas em níveis diferentes são consideradas aquelas ocorridas partir de 2
metros de altura, e são, ainda hoje, a principal causa dos acidentes fatais no Brasil. As quedas de níveis
diferentes ocorrem pela falta de proteções coletivas (guarda-corpos, barreiras etc.) somada à ausência de
equipamentos de proteção individual (cinto tipo paraquedista).

O choque elétrico é a reação do organismo à passagem da corrente elétrica e pode ocorrer pelo manuseio
de máquinas e equipamentos ou pelo contato com instalações energizadas. Os choques são a segunda
maior causa dos acidentes fatais no Brasil. Os riscos de acidentes dos empregados que trabalham com
eletricidade, em qualquer das etapas de geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica,
constam da Norma Regulamentadora 10 (MTE).

Os efeitos do choque elétrico sobre o organismo humano podem ser: (I) tetanização dos músculos,
na qual a corrente elétrica se sobrepõe aos estímulos cerebrais, e a vítima perde o controle sobre esses
músculos que terão uma contração enquanto o choque continuar, (II) parada respiratória, consequente
da tetanização dos músculos responsáveis pela respiração, (III) queimaduras, com tendência a serem
profundas e de difícil cicatrização, e (IV) fibrilação ventricular, que é um tipo de arritmia cardíaca, a qual
acontece quando não existe sincronicidade na contração das fibras musculares cardíacas (miocárdio)
dos ventrículos, desta maneira não existe uma contração efetiva, levando a uma consequente parada
cardiorrespiratória e circulatória.

O soterramento ocorre quando uma grande quantidade de material cobre um trabalhador e é a terceira
maior causa dos acidentes fatais no Brasil. Geralmente, o senso comum leva a crer que os soterramentos
só ocorrem em grandes profundidades, entretanto, eles são muito mais comuns na escavação de valas e
nos trabalhos realizados próximos a taludes instáveis. Com o deslizamento dos materiais, o trabalhador
cai, com o seu corpo saindo da posição vertical para a posição horizontal, e sua cabeça passa de uma
altura de 1,5m para 0,30m, possibilitando a sua cobertura por completo.

O choque mecânico ocorre devido a batidas do trabalhador: (I) contra objetos fixos, (II) ocorridas por
objetos em movimento, (III) pela queda de objetos de níveis mais altos. O transporte de materiais com
comprimento elevado e os locais com pé-direito baixo estão entre as principais causas das batidas. As
quedas de objeto só ocorrem com a concorrência de dos fatores: (I) o objeto não estar preso a nenhuma

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UNIDADE II | SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO

estrutura (estar solto, sem cordas ou correntes) e (II) não existirem anteparos que detenham a queda
do objeto em sua trajetória. A prensagem é um tipo específico de choque mecânico que ocorre pela
compressão do corpo (ou de partes do corpo) pela ação de dois objetos móveis ou de um objeto móvel e
outro fixo. Atenção especial deve ser dada aos mecanismos com alta rotação (milhares de rpm) que tem
a característica de prender cabelos compridos e roupas frouxas e puxar a vítima (ou partes de seu corpo)
para a consequente prensagem.

Os cortes e perfurações são os acidentes de trabalho mais comuns e são consequência do manuseio de
materiais e/ou de equipamentos perfuro cortantes. Os cortes deixam a pele aberta e devem ser fechados
para evitar infecções. Os arranhões machucam apenas a camada superficial da pele, podem doer mais do
que o corte, mas cicatrizam rápido. As perfurações podem ser profundas e devem ser deixadas abertas
para não infectarem.

As queimaduras são lesões em determinada parte do organismo, desencadeadas pelo contato com um
agente externo. Dependendo desse agente, as queimaduras podem ser classificadas em queimaduras
térmicas, elétricas e químicas. As queimaduras térmicas são aquelas causadas pelo contato com superfícies
em temperaturas extremas (calor ou frio) e são as mais frequentes.

As queimaduras são classificadas de acordo com a extensão e profundidade da lesão. A gravidade depende
mais da extensão do que da profundidade. Uma queimadura de primeiro ou segundo grau em todo o
corpo é mais grave do que uma queimadura de terceiro grau de pequena extensão. Saber diferenciar a
queimadura é muito importante para que os primeiros cuidados sejam efetuados corretamente.

As queimaduras de primeiro grau são as mais superficiais e caracterizam-se por deixar a pele avermelhada
(hiperemiada), inchada (edemaciada), e extremamente dolorida. Uma exposição prolongada ao sol pode
desencadear este tipo de lesão. Não se formam bolhas e a pele não se desprende. Na evolução não surgem
cicatrizes, mas elas podem deixar a pele um pouco escura no início, tendendo a se resolver por completo
com o tempo.

As queimaduras de segundo grau têm uma profundidade intermediária, ocorrendo uma destruição
maior da epiderme e derme, e caracterizam-se pelo aparecimento da bolha (flictena) que é a manifestação
externa de um descolamento dermo-epidérmico. A recuperação dos tecidos é mais lente e podem deixar
cicatrizes e manchas claras ou escuras.

As queimaduras de terceiro grau caracterizam-se pelo aparecimento de uma zona de morte tecidual
(necrose), há uma destruição total de todas as camadas da pele, e o local pode ficar esbranquiçado ou
carbonizado (escuro). A dor é geralmente pequena, pois a queimadura é tão profunda que chega a danificar as
terminações nervosas da pele. Pode ser muito grave e até fatal dependendo da porcentagem de área corporal
afetada. Na evolução, sempre deixam cicatrizes podendo necessitar de tratamento cirúrgico e fisioterápico
posterior para retirada de lesões e aderências que afetem a movimentação. Algumas cicatrizes podem ser
foco de carcinomas de pele tardiamente e por isso o acompanhamento destas lesões é fundamental.

Os animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunicam com dentes
ocos, ou ferrões, ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente. Portanto, peçonhentos são os animais
que injetam veneno com facilidade e de maneira ativa: serpentes, aranhas, escorpiões, lacraias, abelhas,
vespas, maribondos e arraias. Os animais venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não possuem

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SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

um aparelho inoculador (dentes, ferrões), provocando envenenamento passivo por contato (taturana),
por compressão (sapo) ou por ingestão (peixe baiacu).

Na década de 80, ocorreua falta generalizada de soros antiofídicos no Brasil. A falência do sistema de
produção de antivenenos desencadeou uma insatisfação nacional que levou o Ministério da Saúde a
implantar o Programa Nacional de Ofidismo em 1986, a partir do qual os acidentes ofídicos passaram a
ser de notificação obrigatória no país. Os dados de escorpionismo e araneísmo passam a ser coletados a
partir de 1988.

A partir da centralização do controle desses acidentes no Ministério da Saúde foi verificada uma melhoria
no registro de casos de envenenamentos provocados por animais peçonhentos. Esta melhoria pode
também ser observada com o decréscimo do número de óbitos por acidentes com animais peçonhentos
a partir de 1986, registrados pelo Sistema de Informações de Mortalidade – SIM.

No Brasil existem pelo menos quatro sistemas de informação que tratam do registro de acidentes por
animais peçonhentos: o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas – SINITOX, o Sistema
Nacional de Agravos de Notificação – SINAN, o Sistema de Internação Hospitalar – SIH/SUS, e o Sistema
de Informação de Mortalidade – SIM. Cada um desses sistemas possui características próprias, pois
foram criados para atender demandas diferentes, e ao invés de se completarem, podem até se contradizer
em alguns casos.

Acidente de trânsito pode ser definido como todo evento danoso que envolva o veículo, a via, o homem
e/ou animais e, para caracterizar-se, é necessária a presença de dois desses fatores. Os principais fatores
que concorrem para a ocorrência dos acidentes de trânsito são: (I) o veículo (em condições inadequadas
de manutenção), (II) a via (em estado de conservação inadequado), (III) o motorista (negligente,
imprudente ou imperito), e (IV) a sinalização do trânsito (inexistente ou inadequada). Os acidentes de
trabalho, devidos ao trânsito, estão, em sua maioria, associados aos acidentes de trajeto, exceção feita aos
profissionais do setor de transportes. Deve se incluir também os acidentes que ocorrem no interior das
empresas, relacionados à movimentação de máquinas (tratores, empilhadeiras etc.).

O fogo é um fenômeno físico e químico que resulta da rápida combinação de um comburente com um
combustível e é caracterizado pela emissão de calor, luz e, geralmente, chamas. O Incêndio pode ser
definido como “a propagação rápida e descontrolada do fogo”, outra definição é “a presença de fogo em
local não desejado e capaz de provocar danos a vida humana (quedas, queimaduras e intoxicações por
fumaça), além de prejuízos materiais”.

Para ocorrer o fogo são necessários 4 componentes, conhecidos como Tetraedro do Fogo: (I) Combustível,
que é o material oxidável (sólido, líquido ou gasoso) capaz de reagir com o comburente (em geral o
oxigênio) numa reação de combustão; (II) Comburente, que é o material gasoso que pode reagir com
um combustível, produzindo a combustão, em incêndios geralmente é o oxigênio atmosférico (O2); (III)
Agente ígneo, ou fonte de calor, que é o responsável pelo início do processo de combustão, introduzindo
na mistura combustível/comburente, a energia mínima inicial necessária; e (IV) Reação em cadeia, que é
o processo de sustentabilidade da combustão, pela presença de radicais livres, que são formados durante
o processo de queima do combustível.

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UNIDADE II | SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO

Eliminando-se um dos 4 elementos do tetraedro do fogo, a combustão terminará e, consequentemente,


o foco de incêndio será extinto. Há, portanto, quatro procedimentos básicos para se combater o fogo: (I)
o resfriamento, que é o mais comum e o mais utilizado pelos Corpos de Bombeiros Militares no Brasil,
com a utilização da água em abundância para resfriar os materiais em combustão até a extinção das
chamas; (II) o abafamento, baseado na retirada do comburente do ambiente para se obter a extinção,
(com menos de 13% de O2 o fogo apaga!) fato que pode ser obtido pelo insuflamento de gases não
comburentes que deslocam o oxigênio (de preferência inertes) como o gás carbônico; (III) a retirada
do material combustível do ambiente, afastando ou eliminando a substância que está sendo queimada,
procedimento esse de difícil execução; geralmente se retiram os materiais que ainda não inflamaram e
se espera que o fogo consuma os materiais combustíveis existentes em um ambiente até a sua “extinção”;
e (IV) pode-se interromper a reação em cadeia, com o insuflamento ou lançamento de substâncias que
atuam como inibidores da reação química.

A propagação do fogo pode ocorrer de 3 formas: (I) condução, que é a propagação do calor por meio do
contato de moléculas de duas ou mais substâncias com temperaturas diferentes, ou seja, é necessário o
contato entre dois materiais sólidos ou líquidos; (II) convecção, que é um processo de transporte de massa
caracterizado pelo movimento de um fluido devido à sua diferença de densidade, esse é o meio mais
comum de propagação de um incêndio predial pela convecção dos gases aquecidos; e (III) irradiação, que
é a radiação eletromagnética (ondas caloríficas) emitida por um corpo, aumentando a temperatura de
um segundo corpo que pode absorvê-la, ou seja, os dois corpos têm entre si um intercâmbio de energia.
Em um sistema de proteção contra incêndios prediais, deve-se prever mecanismos nos edifícios que
possibilitem a interrupção dessas 3 formas de propagação do fogo.

Os incêndios podem ser classificados em: (I) Classe A, que ocorre em materiais sólidos que queimam em
profundidade e deixam resíduos (madeira, papel, tecido etc.); (II) Classe B, em líquidos inflamáveis, os quais
queimam somente em superfície e têm a característica de propagar rapidamente o fogo quando transbordam
(gasolina, acetona, gás de cozinha – GLP – etc.); (III) Classe C, em materiais elétricos energizados, cujo
contato com água pode piorar a situação a aumentar a propagação, além de causar acidentes; e (IV) Classe
D, que são os metais pirofóricos, geralmente encontrados em indústrias específicas, como a automobilística
(raspa de zinco, limalhas de magnésio etc), cujo contato com a água pode gerar até explosões.

A Explosão é um processo caracterizado pelo súbito aumento de volume e grande liberação de energia, o
qual, geralmente, gera altas temperaturas e produção de gases. Uma explosão provoca ondas de pressão
ao redor do local onde ocorre. Explosões são classificadas de acordo com essas ondas de choque: (I)
deflagração, em caso de ondas subsônicas, e (II) detonação, em caso de ondas supersônicas. A propagação
das ondas é diferente entre elas: (I) na detonação a onda propaga-se longitudinalmente, (II) na deflagração
a onda vai tomar toda a superfície do explosivo e dirigir-se para o interior.

Os explosivos artificiais mais comuns são os explosivos químicos, que se decompõem através de violentas
reações de oxidação e produzem grandes quantidades de gás e calor (dinamite, nitroglicerina, nitrocelulose,
pólvora negra etc.). Entretanto, é importante assinalar que as poeiras de qualquer substância que possa
ser mantida em combustão, quando se coloca fogo, explodirá sob as circunstâncias certas. A explosão de
poeiras ocorre sob duas condições: (I) a poeira deve ser fina o suficiente para pegar fogo facilmente, e (II)
a poeira deve estar em suspensão, misturada à quantidade certa de ar. Locais com muita poeira explosiva
geralmente geram duas explosões subsequentes: (I) a primeira é pequena e ocorrerá em algum ponto da

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SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

nuvem de poeira formada, no local onde a mistura for adequada, (II) como consequência dessa primeira
explosão, mais poeira é suspensa no ambiente, ocorrendo a segunda explosão, maior e mais perigosa.

Os efeitos das explosões dividem-se em: fisiológicos, térmicos e mecânicos. Os efeitos fisiológicos são os
que afetam os indivíduos ao nível de olhos, tímpanos, pulmões, coração etc. Os efeitos térmicos provêm
do aumento de temperatura provocado pela libertação de energia. Os efeitos mecânicos traduzem-se na
deslocação de materiais, por arrastamento ou por destruição.

41
Capítulo 6
Gestão dos riscos

A gestão dos riscos ambientais só tem chance de sucesso em uma empresa se houver um programa de
gestão dos riscos implantado. Segundo os preceitos da Higiene do Trabalho, o reconhecimento de riscos
é a primeira fase de um programa para gerenciar e controlar os riscos ocupacionais. Pode-se verificar
que não faz sentido reconhecer os riscos sem propor medidas que possam controlar a exposição dos
trabalhadores a esses riscos, esta é, portanto, a segunda fase do programa. A Norma Regulamentadora no 9
propõe uma metodologia para elaboração de um programa de prevenção de riscos ambientais, entretanto
aborda apenas os riscos físicos, químicos e biológicos.

O programa de gestão de riscos constitui a base de uma gestão eficaz da segurança e da saúde e é
fundamental para reduzir os acidentes de trabalho e as doenças profissionais. Se for bem elaborado e
implantado, esse programa de gestão de riscos pode melhorar a higiene, a segurança e a saúde, bem como,
de um modo geral, o desempenho das empresas.

O reconhecimento dos riscos ambientais, que neste texto será tratado diversas vezes como avaliação
ambiental qualitativa, existentes nos ambientes de trabalho é fundamental para o empregador, o qual tem o
dever de assegurar a segurança e a saúde dos trabalhadores em todos os aspectos relacionados ao trabalho.

O reconhecimento de riscos é o processo de identificação dos riscos para a saúde e a segurança dos
trabalhadores existentes no local de trabalho. Portanto, é uma análise sistemática de todos os aspectos
do trabalho, que identifica: toda fonte de risco ambiental que é susceptível de causar lesões ou danos; a
possibilidade das fontes de riscos serem eliminadas; e as medidas de prevenção ou proteção que existem,
ou devem existir, para controlar os riscos que não podem ser eliminados.

A Norma Regulamentadora no 5 propõe uma metodologia para elaboração do mapa de riscos como
instrumento de reconhecimento de riscos. Na maior parte das empresas, uma abordagem direta, em
duas etapas, pode ser utilizada para reconhecer todos os tipos de risco. Três etapas, subsequentes ao
reconhecimento, podem ser utilizadas para controlar a maioria dos riscos ambientais reconhecidos nos
ambientes de trabalho. Portanto, a elaboração do programa de gestão e controle de riscos ambientais pode
ser apresentada em cinco etapas: 2 para o reconhecimento e 3 para o controle dos riscos.

A primeira etapa é a identificação das fontes de riscos existentes nos locais de trabalho e das pessoas
expostas a esses riscos, utilizando apenas as percepções sensoriais humanas, principalmente a visão, a
audição e o olfato. Essa identificação pode ser feita seguindo o seguinte procedimento: (I) circular pelo
local de trabalho e observar (sentir) tudo o que possa causar danos; (II) consultar os trabalhadores e/
ou os seus representantes sobre os problemas que lhes tenham surgido; (III) observar os riscos a longo
prazo para a saúde, por exemplo, níveis elevados de ruído ou fatores de risco decorrentes da organização

42
SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

do trabalho; (IV) consultar os registros de acidentes de trabalho e de problemas de saúde da empresa; e


(V) obter informações de outras fontes, como manuais de instruções ou fichas de dados dos fabricantese
fornecedores, sítios web sobre saúde e segurança no trabalho, organismos nacionais, associações
comerciais ou sindicatos, regulamentos e normas técnicas.

Deve-se verificar quais são as pessoas expostas a cada risco de forma a subsidiar a identificação da
melhor forma de gerir o risco. A ideia é identificar os grupos de trabalhadores expostos e não elaborar
listas nominativas. Cabe lembrar que o pessoal de serviços terceirizados (limpeza, vigilância etc.), os
contratantes e o público em geral podem igualmente estar expostos a riscos.Atenção especial deve ser dada
às questões de gênero e a grupos de trabalhadores que podem correr riscos acrescidos ou ter requisitos
específicos: (I) portadores de necessidades especiais, (II) migrantes, (III) jovens e idosos, (IV) mulheres
grávidas e lactantes, (V) pessoal inexperiente ou sem formação, (VI) pessoal da manutenção, (VII)
trabalhadores imunocomprometidos, (VIII) trabalhadores com problemas de saúde, e (IX) trabalhadores
sob medicação susceptível de aumentar a sua vulnerabilidade ao dano.

A segunda etapa consiste na avaliação dos riscos decorrentes de cada fonte. Para o efeito, deve-se
considerar: (I) a probabilidade de um risco ocasionar dano; (II) a gravidade provável do dano; (III) a
frequência da exposição dos trabalhadores (e o número de trabalhadores expostos).Um processo direto,
baseado na percepção sensorial (visão e audição), que não exige qualificações especializadas ou técnicas
complicadas, pode ser suficiente para a maioria das atividades do local de trabalho, cujos riscos são bem
conhecidos ou facilmente identificáveis e com meios de controle facilmente disponíveis. Esse é o caso da
maior parte das empresas (principalmente pequenas e médias empresas, PME). Em seguida, devem ser
definidas prioridades para o tratamento dos riscos.

A terceira etapa do programa de gestão, já com objetivo precípuo de controle dos riscos, consiste em
decidir de que forma eliminar ou controlar os riscos. Nessa fase, há que avaliar: (I) se é possível eliminar
o risco; (II) senão, de que forma é possível controlar os riscos de modo que esses não comprometam a
segurança e a saúde das pessoas expostas. Na prevenção e no controle dos riscos, deve-se levar em conta os
seguintes princípios gerais de prevenção: substituir todo produto/equipamento que é perigoso por similar
isento de perigo ou menos perigoso (atuar na fonte!); combater os riscos na origem, enclausurando-
os sempre que possível (atuar na fonte!); evitar a exposição de trabalhadores aos riscos, controlando o
acesso aos ambientes de risco (atuar na trajetória!); conferir às medidas de proteção coletiva prioridade
em relação às medidas de proteção individual (atuar na trajetória!); sempre buscar melhorar o nível de
proteção, adaptando-se ao progresso técnico e às mudanças na informação.

A quarta etapa consiste na adoção de medidas de prevenção e de proteção. É importante envolver os


trabalhadores e os seus representantes no processo. Para que as medidas aplicadas sejam eficazes, é
necessário elaborar um plano que especifique: (I) as medidas a aplicar; (II) quem faz o quê e quando
(cronograma); e (III) quando a aplicação deve estar concluída. É essencial definir prioridades para os
trabalhos destinados a eliminar ou prevenir riscos.

A última etapa consiste no acompanhamento e manutenção periódicos do trabalho realizado nas etapas
anteriores. A avaliação de riscos deve ser revista regularmente, em função da natureza dos riscos e do
grau provável de mudança na atividade laboral, ou na sequência das conclusões da investigação de um
acidente ou de um “quase acidente”.

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UNIDADE II | SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO

Todas as etapas do programa de gestão de riscos, tanto de reconhecimento quanto de controle de riscos,
devem ser registradas. O seu registro pode ser utilizado como base para: (I) informações a transmitir às
pessoas expostas aos riscos; (II) controle destinado a avaliar se foram tomadas as medidas necessárias;
(III) elementos para apresentar às autoridades de fiscalização; e (IV) uma eventual revisão, em caso de
alteração das circunstâncias.

Neste texto apresentaremos a metodologia de avaliação ambiental qualitativa elaborada para o SISOSP
– Sistema Integrado de Segurança e Saúde Ocupacional do Servidor Público Federal – do Ministério do
Planejamento Orçamento e Gestão e que, atualmente, está sendo utilizada pelo Observatório de Segurança
Ambiental da UnB – OBSAM. Ela foi desenvolvida de forma a possibilitar uma avaliação sucinta e eficaz
das condições ambientais passíveis de causar danos à saúde ou à segurança dos trabalhadores que ali
realizam suas tarefas. Essa metodologia instrumentaliza a implantação da etapa de “Reconhecimento de
Riscos Ambientais” (prevista no PPRA – NR 9, MTE).

A avaliação qualitativa contempla a vistoria nos ambientes de trabalho (macroambientes e microambientes)


por pessoal técnico capacitado preenchendo instrumento específico (formulário no Anexo I). Os itens
dessa avaliação são valorados qualitativamente, para tanto, foi elaborado um Manual de Avaliação
Qualitativa (disponível em www.obsam.org.br), que estabelece as diretrizes (os parâmetros e os critérios
técnicos) a serem utilizadas nessa valoração de cada item avaliado.

A ponderação dos resultados da avaliação qualitativa permite uma classificação dos ambientes avaliados
com base em um conjunto integrado de indicadores denominados: Índices de Condição Ambiental
(ICA). Esses índices são percentuais e terão a sua variação classificada em faixas de aceitabilidade ou
adequabilidade, a serem definidas junto à equipe técnica do local a ser avaliado.

Os indicadores ICA permitem a comparação das condições ambientais de um ambiente de trabalho em


diferentes momentos (variação temporal), como também permitem a comparação destas condições entre
diferentes ambientes de trabalho (variação espacial). A avaliação qualitativa também avalia as condições
do micro-ambiente no quesito existência de “Risco Grave e Iminente”.

A metodologia de avaliação qualitativa contempla, além da obtenção e cálculo dos indicadores ICA, a
realização de pequenas entrevistas com os trabalhadores do ambiente avaliado, de forma a avaliar tanto o
entrevistador (avaliador) quanto o entrevistado (trabalhador do local). Essa entrevista deve ser realizada
com um trabalhador, selecionado de forma aleatória durante a vistoria do ambiente. O trabalhador deve
responder a questões abertas sobre seis temas: (I) controle de acesso, (II) programa de manutenção, (III)
treinamento de segurança, (IV) plano de abandono, (V) equipamento de proteção individual, e (VI)
atendimento de emergência a acidentados.

Vale ressaltar que a questão a ser respondida pelo trabalhador para cada tema será selecionada de
forma aleatória de um “banco de questões” do tema respectivo, cada um com, no mínimo, 20 questões
disponíveis. O avaliador deve, a partir das respostas dadas pelo servidor, avaliar o conteúdo de cada
resposta e emitir uma nota para o desenvolvimento daquele tema específico no local avaliado. O avaliador
deve descrever, no formulário específico, uma justificativa que detalhe os critérios técnicos utilizados
para emitir a nota de cada tema avaliado.

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SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

A metodologia de avaliação qualitativa foi desenvolvida de forma a permitir uma autoavaliação dos
ambientes de trabalho por seus próprios ocupantes, fortalecendo a legitimidade do instrumento,
difundindo as práticas prevencionistas, e potencializando a transparência do sistema (com potencial
“controle social”). Esta autoavaliação deve estar disponível para acesso a qualquer trabalhador, com a
tabulação de seus resultados feita paralelamente àqueles oriundos de avaliações de pessoal capacitado
para este fim (avaliação ambiental qualitativa). Os resultados de ambas as avaliações (participativa e de
pessoal capacitado) deve ser tornada pública, de preferência disponibilizada na internet.

A Tabela 1 apresenta os parâmetros e critérios para se avaliar o controle da exposição aos agentes de riscos
físicos. Em todos os casos, o controle da exposição prescinde de (I) avaliações periódicas de exposição
ao risco, (II) avaliações periódicas da saúde, (II) procedimentos e instalações específicos para evitar ou
minimizar a exposição, (IV) avaliações periódicas da eficiência desses procedimentos e instalações.

Tabela 1 – Riscos Físicos

PARÂMETROS CRITÉRIOS
RUÍDO CONTÍNUO E DE IMPACTO
Controle de Acesso ao ambiente com ruído intenso
Tom de voz normal para conversa (baixa intensidade)
Tom de voz alterado para conversa (média à alta)
Avaliações periódicas da saúde (audiometrias)
Controle de Exposição
Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição ao ruído
insalubre no ambiente (na fonte ou na trajetória). Para ruído de impacto:
Periodicidade simples (manuseio de materiais, marteladas, disparo de armas etc.)
Repetitivo (prensas automáticas, guilhotinas, ferramentas pneumáticas, rajadas consecutivas etc.)
TEMPERATURA EXTREMA – CALOR E FRIO
Controle de Acesso aos locais aquecidos e resfriados, limitado e restrito ao pessoal autorizado
e qualificado.
Controle de Exposição
Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição ao calor ou frio
insalubre no ambiente (na fonte ou na trajetória).
UMIDADE
Controle de Acesso aos locais encharcados ou alagados, limitado e restrito ao pessoal autorizado
e qualificado: ( I ) contato direto e permanente com água e ( I I ) Umidade do ar excessiva.
Controle de Exposição
Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição à umidade
insalubre no ambiente (na fonte ou na trajetória).
VIBRAÇÃO
Controle de Acesso aos ambientes, máquinas ou equipamentos que gerem vibrações
excessivas, limitado e restrito ao pessoal autorizado e qualificado.
Contato parcial (membros superiores: ferramentas manuais, moto serras, derrubada de árvores,
Controle de Exposição fundição, fabricação de móveis, reparo de autos etc.).
Contato integral (corpo inteiro: plataformas industriais, veículos pesados, tratores etc.).
Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição à vibração
insalubre no ambiente (na fonte ou na trajetória).

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UNIDADE II | SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO

PARÂMETROS CRITÉRIOS
PRESSÕES ANORMAIS
Controle de Exposição Controle de Acesso aos ambientes com pressões anormais, limitado e restrito ao pessoal
autorizado (18 a 45 anos).
Medidas de controle na câmara de trabalho.
Avaliação e controle de agentes químicos e condições de exposição ao calor no local.
Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição a pressões
insalubres ou perigosas no ambiente (na fonte ou na trajetória).
RADIAÇÃO IONIZANTE E NÃO IONIZANTE
Controle de Exposição Controle de Acesso aos ambientes com radiações ionizantes e não ionizantes, limitado e restrito
ao pessoal autorizado.
Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição a radiações
insalubres ou perigosas no ambiente (na fonte ou na trajetória).

A Tabela 2 apresenta os parâmetros e critérios para se avaliar o controle da exposição aos agentes de
riscos químicos. Os itens RQ 01 e RQ 02 podem ser observados em qualquer instalação, os demais itens
(RQ 03 a RQ 08) só devem ser observados em ambientes de trabalho cujo objeto de trabalho seja a
utilização e manipulação de produtos químicos, como em laboratórios químicos. Da mesma forma que
nos riscos físicos, o controle da exposição prescinde de (I) avaliações periódicas de exposição ao risco,
(II) avaliações periódicas da saúde, (II) procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar
a exposição, (IV) avaliações periódicas da eficiência destes procedimentos e instalações.

Tabela 2 – Riscos Químicos

PARÂMETROS CRITÉRIOS
RQ 01 ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS QUÍMICOS
Controle de Acesso aos ambientes de armazenamento de produtos químicos, limitado e restrito ao
pessoal autorizado.
Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição a agentes químicos (na
fonte ou na trajetória).
Controle de Exposição Recipientes Adequados e Identificados (rotulados).
Prateleiras Estáveis e Resistentes, em bom estado de conservação.
Critério de separação dos produtos.
Sinalização de Segurança (advertência e emergência).
RQ 02 MANIPULAÇÃO DE PRODUTOS QUÍMICOS
Controle de acesso às áreas de manipulação de produtos químicos, limitado e restrito ao pessoal
Controle de Exposição autorizado e qualificado.
Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar os riscos de contaminação.
RQ 03 VENTILAÇÃO
Ambiente confortável para execução das tarefas.
Eficiência do sistema
Entradas e Saídas externas em ambientes controlados.
Monitoramento da Monitoramento periódico do ar interno e externo.
Qualidade do ar Resultado divulgado.
Manutenção e Limpeza Empresa especializada em manutenção e limpeza de sistemas de ventilação.
Realizada periodicamente (verificar PMOC, se for o caso).
Manutenção e Limpeza Empresa especializada em manutenção e limpeza de sistemas de ventilação.
Realizada periodicamente (verificar PMOC, se for o caso).

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SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

PARÂMETROS CRITÉRIOS
RQ 04 HIGIENIZAÇÃO DO AMBIENTE
Higienização constante.
Bancadas
Livres de produtos estranhos ao trabalho.
Organização Materiais separados e identificados (etiquetados).
Parede, piso e equipamentos higienizados.
Limpeza
Objetos perfurocortantes descartados após uso.
RQ 05 MANUTENÇÃO DO AMBIENTE
Controle e manutenção de equipamentos danificados.
Máquinas e Equipamentos
Empresa contratada – pessoal qualificado.
Suficiente para execução das tarefas.
Iluminação
Confortável durante toda a jornada de trabalho.
RQ 06 GESTÃO DE RESÍDUOS QUÍMICOS
Em local adequado.
Armazenamento
Controle de Acesso.
Plano de gerenciamento de resíduos químicos.
Coleta e Transporte Periodicidade dos treinamentos.
Procedimentos em caso de emergência.
Inertização dos materiais contaminados.
Tratamento e Descarte Descarte local, com monitoramento e controle.
Descarte no sistema municipal com monitoramento.
RQ 07 EQUIPAMENTOS DE EMERGÊNCIA
Equipamento com fácil acesso e em funcionamento adequado, de acordo com as especificações de projeto.
Lava Olhos
Manutenção e treinamento periódicos.
Equipamento com fácil acesso e em funcionamento adequado, de acordo com as especificações de
Chuveiro de Emergência projeto.
Manutenção e treinamento periódicos.
RQ 08 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA
EPC com fácil acesso e em funcionamento adequado, de acordo com as especificações de projeto.
Capela Manutenção e treinamento periódicos.
Acionado pelo funcionário quando em atividade.
EPC com fácil acesso e em funcionamento adequado, de acordo com as especificações de projeto.
Ventilação Local
Manutenção e treinamento periódicos.
(Exaustora ou Diluidora)
Acionado pelo funcionário quando em atividade.
EPC com fácil acesso e em funcionamento adequado, de acordo com as especificações de projeto.
Outros EPC Manutenção e treinamento periódicos.
Acionado pelo funcionário quando em atividade.

A Tabela 3 apresenta os parâmetros e critérios para se avaliar o controle da exposição aos agentes de riscos
biológicos. Os itens RB 01 e RB 02 podem ser observados em qualquer instalação, os demais itens (RB 03
a RB 07) só devem ser observados em ambientes de trabalho cujo objeto seja a utilização e manipulação
de materiais biológicos potencialmente contaminados, como em laboratórios biológicos. Novamente,
o controle da exposição prescinde de (I) avaliações periódicas de exposição ao risco, (II) avaliações
periódicas da saúde, (II) procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição,
(IV) avaliações periódicas da eficiência destes procedimentos e instalações.

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UNIDADE II | SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO

Tabela 3 – Risco Biológico

PARÂMETROS CRITÉRIOS
RB 01 FONTES POTENCIAIS (Mofo, ácaros, fungos)
Paredes, Pisos e forros sem infiltração ou mofo.
Controle de Exposição (áreas)
Higienização periódica.
Móveis, cortinas e tapetes sem mofo.
Controle de Exposição (mobiliário) Higienização periódica.
Sem poeira acumulada ou suspensa.
RB 02 PÁTÓGENOS (Bactérias, Vírus etc.)
Controle de acesso às áreas de pacientes com doenças infecto-contagiosas, limitado e restrito
ao pessoal autorizado e qualificado.
Controle de Exposição (áreas)
Avaliações periódicas de concentração de patógenos.
Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição a patógenos no ambiente.
Controle de acesso aos materiais contaminados.
Controle de Exposição (materiais
Procedimentos em caso de emergência.
contaminados)
Procedimentos e instalações específicos para descarte adequado.
RB 03 MANIPULAÇÃO DE MATERIAIS BIOLÓGICOS
Controle de acesso às áreas de manipulação de materiais biológicos, limitado e restrito ao
Controle de Exposição a materiais pessoal autorizado e qualificado.
biológicos
Procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar os riscos da contaminação.
RB 04 HIGIENIZAÇÃO DO AMBIENTE
Higienização constante.
Bancadas
Livres de produtos estranhos ao trabalho.
Organização Materiais separados e identificados (etiquetados).
Parede, piso e equipamentos higienizados.
Limpeza
Objetos perfuro-cortantes utilizados e descartados.
RB 05 MANUTENÇÃO DO AMBIENTE
Controle e manutenção de equipamentos danificados.
Máquinas e equipamentos
Empresa contratada – pessoal qualificado.
Suficiente para execução das tarefas.
Iluminação
Confortável durante toda a jornada de trabalho.
Ambiente confortável para execução das tarefas.
Entradas e Saídas externas em ambientes controlados.
Ventilação
Monitoramento periódico do ar interno e externo, com o resultado divulgado.
Manutenção periódica realizada por empresa especializada.
RB 06 GESTÃO DE RESÍDUOS BIOLÓGICOS
Em local adequado.
Armazenamento Controle de Acesso.
Tempo de armazenamento não permite a decomposição.
Plano de gerenciamento de resíduos biológicos.
Coleta e Transporte Periodicidade dos treinamentos.
Procedimentos em caso de emergência.
Inertização dos materiais contaminados.
Tratamento e Descarte Descarte local, com monitoramento e controle.
Descarte no sistema municipal com monitoramento.

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SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

PARÂMETROS CRITÉRIOS
RB 07 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA
EPC com fácil acesso e em funcionamento adequado, de acordo com as especificações de projeto.
Capela Manutenção e treinamento periódicos.
Acionado pelo funcionário quando em atividade.
EPC com fácil acesso e em funcionamento adequado, de acordo com as especificações de projeto.
Ventilação Local (Exaustora ou
Manutenção e treinamento periódicos.
Diluidora)
Acionado pelo funcionário quando em atividade.
EPC com fácil acesso e em funcionamento adequado, de acordo com as especificações de projeto.
Sistema de diferença de pressão
Manutenção e treinamento periódicos.
(negativa / positiva)
Acionado pelo funcionário quando em atividade.
EPC com fácil acesso e em funcionamento adequado, de acordo com as especificações de projeto.
Outros EPC Manutenção e treinamento periódicos.
Acionado pelo funcionário quando em atividade.

A Tabela 4 apresenta os parâmetros e critérios para se avaliar o controle da exposição aos agentes de
riscos ergonômicos. Em todos os casos, o controle da exposição prescinde de (I) avaliações periódicas de
exposição ao risco, e de (II) avaliações periódicas da saúde.

Tabela 4 – Risco Ergonômico

PARÂMETROS CRITÉRIOS
RE 01 VENTILAÇÃO
Conforto Sistema de condicionamento de ar ou sistema de ventiladores adequado para execução das tarefas
Confortável durante toda a jornada de trabalho, com os servidores não recebendo fluxo direto de ar
Manutenção e limpeza dos componentes do sistema.
RE 02 ILUMINAÇÃO
Conforto Luminosidade (função da quantidade e disposição das luminárias) adequada para execução
das tarefas
Confortável durante toda a jornada de trabalho, sem mudanças bruscas de luminosidade no
ambiente. Manutenção e limpeza das luminárias e lâmpadas
RE 03 CONFORTO TÉRMICO
Conforto Adequado para execução das tarefas.
Confortável durante toda a jornada de trabalho.
RE 04 CONFORTO ACÚSTICO
Conforto Adequado para execução das tarefas.
Confortável durante toda a jornada de trabalho.
RE 05 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Normas e procedimentos Ordens de serviço para execução das tarefas.
Periodicidade dos treinamentos.
Jornada de trabalho Divisão de tarefas “equitativa”.
Trabalho em turnos (diurno e noturno).
Excesso de Horas extras.
Ritmo de trabalho não excessivo com pausas no trabalho.
Reconhecimento e valorização dos trabalhos de extrema responsabilidade, cujos erros geram
Rotina no trabalho
graves consequências.
Planos de escalonamento de férias e licenças que não sobrecarreguem os demais colegas.

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UNIDADE II | SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO

PARÂMETROS CRITÉRIOS
Avaliação pessoal de trabalhador Entrevista com alguns servidores solicitando que eles avaliem (0 a 10) a organização de seu
trabalho.
RE 06 GINÁSTICA LABORAL
Profissional Qualificado Empresa especializada ou profissional qualificado.
Espaço suficiente para a ginástica (área e volume).
Espaço Adequado
Iluminação e ventilação adequadas para a ginástica.
Participação Instrumentos que fomentam a participação total.
RE 07 MANIPULAÇÃO DE PESO
Ordem de serviço para execução das tarefas.
Treinamento
Periodicidade dos treinamentos em carga, descarga e transporte.
Equipamento Equipamentos para movimentação horizontal e vertical, incluindo a carga e a descarga.
Carga Eventua – Carga Contínua
Esforço físico 50 kg30 kg – Homens
30 kg15 kg – Mulheres
RE 08 MESA
Cantos vivos Observação da adequação e conforto do parâmetro.
Superfície lisa Observação da adequação e conforto do parâmetro.
Não Reflexiva Observação da adequação e conforto do parâmetro.
Cor clara Observação da adequação e conforto do parâmetro.
RE 09 CADEIRA
Bordas arredondadas Observação da adequação e conforto do parâmetro.
Treinamento para utilizar o recurso.
Regulagem de altura Pés apoiados no piso.
Perna e coxa em ângulo de 90 graus.
Treinamento para utilizar o recurso.
Regulagem de encosto
Apoio da região lombar das costas.
Tecido Permeável Em toda a superfície de contato do assento e do encosto.
RE 10 COMPUTADOR
Treinamento para utilizar o recurso.
Suporte de teclado com altura
Braço e antebraço em ângulo de 90 graus.
regulável
Ombros relaxados.
Treinamento para utilizar o recurso.
Monitor com altura regulável
Dentro do campo direto de visão (pescoço relaxado).
Movimento fácil.
Espaço para mouse
Próximo ao teclado.
Disposição de computadores De modo a minimizar a reflexão de luz na tela.
RE 11 POSTO DE TRABALHO
Posto sentado com conforto na posição da coluna e com espaço suficiente para as pernas.
Postura
Posto em pé com conforto na posição da coluna e assento para realizar pausas.
Alcance dos movimentos do corpo (membros superiores e inferiores) adequado.
Movimentos corporais Visualização Alcance visual adequado.
Campo de visão adequado (linha dos olhos para baixo).

A Tabela 5 apresenta os parâmetros e critérios para se avaliar o controle da exposição aos agentes de riscos
mecânicos. O controle da exposição prescinde de (i) avaliações periódicas de exposição ao risco, (ii)

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SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

procedimentos e instalações específicos para evitar ou minimizar a exposição, (iii) avaliações periódicas
da eficiência desses procedimentos e instalações. As questões inerentes às falhas nas rotas de fuga
(inexistentes ou inadequadas) foram colocadas em um item específico para facilitar o seu entendimento
na Tabela 5. Como o manuseio inadequado de máquinas e equipamentos pode gerar riscos de choques
elétricos, choques mecânicos, acidentes de trânsito e cortes e perfurações, também há um item específico
na Tabela 5 sobre máquinas, equipamentos e ferramentas.

Tabela 5 – Risco Mecânico

PARÂMETROS CRITÉRIOS
QUEDA
Procedimentos e instalações específicos para evitar ( I ) a queda de pessoas em mesmo nível,
Controle de Exposição principalmente, em piso molhado, escorregadio, com ressaltos ou buracos ou com trepidação,
e ( I I ) a queda de pessoas em níveis diferentes (> 2,0m).
CHOQUE ELÉTRICO EM INSTALAÇÕES, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
Controle de Acesso aos ambientes e instalações e às máquinas e equipamentos que gerem
Controle de Exposição riscos de choque elétrico, limitado e restrito ao pessoal autorizado e qualificado.
Procedimentos e instalações específicos para evitar o choque elétrico em máquinas e equipamentos.
SOTERRAMENTO
Procedimentos e instalações específicos para evitar o deslizamento de solos e materiais que
possam gerar o soterramento de trabalhadores: ( I ) estudos geotécnicos, ( I I ) estabilização de
Controle de Exposição taludes, ( I I I ) sistemas de contenção etc.
Avaliações periódicas da eficiência dos procedimentos.
CHOQUE MECÂNICO
Procedimentos e instalações específicos para evitar as batidas e as quedas de objetos,
Controle de Exposição principalmente, no manuseio de máquinas e de ferramentas.
Avaliações periódicas da eficiência dos procedimentos.
CORTES E PERFURAÇÕES – MATERIAIS PERFURO-CORTANTES
Controle de Acesso aos materiais perfuro-cortantes, limitado e restrito ao pessoal
autorizado e qualificado.
Controle de Exposição
Procedimentos e instalações específicos (guarda, uso e descarte – com embalagem segura e
recipiente específico) para evitar cortes e perfurações.
QUEIMADURAS
Controle de Acesso aos ambientes com superfícies e materiais em alta ou baixa temperatura,
energizados ou com radiação, limitado e restrito ao pessoal autorizado e qualificado.
Controle de Exposição
Procedimentos e instalações específicos para evitar acidentes (queimaduras) com superfícies
em temperaturas extremas, com eletricidade ou radiação.
ANIMAIS PEÇONHENTOS
Combate e controle periódicos de insetos, baratas e roedores.
Controle de Exposição Combate à proliferação.
Limpeza e organização de forma a evitar o depósito ou acúmulo de resíduos.
ACIDENTE DE TRÂNSITO
Procedimentos e instalações (sonorizadores, quebra-molas, sinalização etc.) específicos para
Controle de Exposição evitar acidentes de trânsito, no interior das instalações,na garagem e em serviços externos
(transporte de pessoas e de cargas).

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UNIDADE II | SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO

PARÂMETROS CRITÉRIOS
INCÊNDIO E EXPLOSÃO
Procedimentos e instalações específicos para evitar o início de fogo no ambiente.
Sinalização (advertência de risco e de emergência) e desobstrução de extintores, hidrantes e
saídas de emergência.
Equipamentos adequados ao combate em quantidade suficiente e em bom estado de conservação.
Controle de risco
Procedimentos e instalações específicos para evitar explosões: (I) no local de armazenamento
de materiais explosivos (distância segura, parede e piso de fácil lavagem, fiação elétrica anti-
explosão e ventilação), (II) no local de manipulação e uso destes materiais.
Sinalização (Advertência de risco e de Emergência).
Ordem de serviço para execução das tarefas com explosivos.
Treinamentos em evacuação, socorro e combate.
Treinamento
Procedimentos em caso de emergência.
Simulações periódicas.
ROTA DE FUGA
Placas de identificação de saídas, portas, escadas e andares.
Sinalização
Sinalização luminosa.
Iluminação de emergência na rota de fuga.
Saídas próximas, visíveis, destrancadas e desobstruídas.
Manutenção da rota de fuga
Porta corta-fogo com abertura no sentido do fluxo.
Faixa antiderrapante e corrimão nas escadas de emergência.
Treinamentos em evacuação e socorro.
Treinamento
Simulações periódicas.
MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E FERRAMENTAS
Controle de acesso às máquinas, equipamentos e ferramentas que gerem riscos, limitado e
restrito ao pessoal autorizado.
Procedimentos e instalações específicos para evitar acidentes em máquinas,
Controle de Exposição equipamentos e ferramentas.
Instrução de uso fixado próximo à máquina, equipamento e ferramenta.
Ferramentas adequadas para execução das tarefas, em bom estado de conservação e com
partes perigosas isoladas.

Para todas as classes de risco, deve-se observar as questões relativas (I) a manutenção da fonte geradora
do risco específico, (II) ao treinamento do pessoal exposto ao risco, (III) aos equipamentos de proteção
coletiva disponíveis e/ou necessários, e (IV) aos equipamentos de proteção individual – EPI – disponíveis e/
ou necessários. Os critérios e parâmetros para se avaliar os três primeiros itens estão dispostos na Tabela 6.

Tabela 6 – Manutenção, Treinamento e Proteção Coletiva

PARÂMETROS CRITÉRIOS
Manutenção da fonte geradora Manutenção inadequada (peças soltas, gastas e/ou sem lubrificação).
Manutenção corretiva (planejada ou não planejada).
Manutenção preventiva.
Treinamento Ordem de serviço para execução das tarefas.
Periodicidade dos treinamentos.
Procedimentos em caso de emergência.

52
SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

PARÂMETROS CRITÉRIOS
Equipamento de Proteção Coletiva Atuação na fonte (enclausuramento da fonte).
Atuação na trajetória (barreiras) dimensionada por técnico habilitado.
Funcionamento adequado, manutenção periódica e acionamento pelo funcionário quando
em atividade.

Os critérios e parâmetros para se avaliar a eficiência e a eficácia da adoção de equipamentos de proteção


individual – EPI – nos ambientes de trabalho estão dispostos na Tabela 7.

Tabela 7 – Equipamento de Proteção Individual

PARÂMETRO CRITÉRIOS
Proteção Visual e Facial
Riscos: projeção de partículas, respingos, gases, vapores, poeiras e radiações.
Protetores: óculos, anteparos, protetores faciais etc.
Proteção Respiratória
Riscos: deficiência de oxigênio no ambiente, contaminantes nocivos (gases, vapores,
poeiras e fumos).
Protetores: máscaras, respiradores etc.
Proteção para Membros Superiores e Inferiores
Riscos: cortes, perfurações, abrasão, substâncias nocivas, agentes térmicos (calor ou frio),
choques elétricos, impacto de objetos, compressões e umidade.
Protetores superiores: luvas, protetores de palma da mão e punho, mangas, mangotes,
dedeiras etc.Protetores Inferiores: sapatos, botinas, botas, chancas etc.
Proteção para Cabeça
Riscos: impacto, penetrações, choques elétricos, queimaduras e arrancamento do cabelo.
Adequado ao risco Protetores: capacetes, bonés, gorros, redes etc.
Proteção Auditiva
Riscos: ruído.
Protetores: protetores auditivos de inserção, tipo “concha” ou “plug”, Protetores ativos etc.
Proteção para o Tronco
Riscos: cortes, projeção de partículas, golpes, abrasão, calor, respingos, substâncias nocivas
e umidade.
Protetores: aventais, jaquetas, capas etc.
Roupas Especiais
Riscos: temperaturas extremas, radiações, visualização noturna.
Protetores: vestimentas de amianto, aventais de chumbo, coletes, capas, bonés
fluorescentes etc.
Cinturões de Segurança
Riscos: quedas.
Protetores: cinturão de corda, cinturão com talabarte, trava-quedas etc.
Procedimentos específicos para higienização, guarda, manutenção e substituição dos EPI.
Treinamento Instruções de segurança para execução das tarefas.
Periodicidade dos treinamentos.
Certificado de aprovação.
Gestão dos EPI Controle de uso dos EPI nos locais de trabalho.
Controle de qualidade e validade dos EPI.

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UNIDADE II | SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO

Os resultados da avaliação qualitativa poderão indicar a necessidade (I) da realização de avaliações


quantitativas no ambiente de trabalho, e/ou (II) da execução/implantação de medidas de controle dos
riscos (adequações no ambiente de trabalho). As medidas de controle poderão ser: (I) instalação e/ou
manutenção de equipamentos de proteção coletiva; (II) alteração no lay-out do local de trabalho; (III)
alteração no posto de trabalho; (IV) alteração no processo de trabalho; (V) capacitação dos funcionários;
(VI) aquisição e/ou manutenção de equipamentos de proteção individual; (VII) etc.

Apresentamos uma proposta inicial de classificação dos ambientes de trabalho em seis categorias, de forma
a possibilitar uma gestão eficaz dos indicadores ICA e dos resultados das avaliações quantitativas pelo
OBSAM - UnB. Essas classes poderão ser redefinidas pela equipe técnica do local a ser avaliado, são elas:

(I) serviços administrativos e de atendimento ao público, ambientes cujos trabalhadores realizam atividades
típicas de administração/escritório, com uma maior incidência de condições de riscos ergonômicos;

(II) serviços envolvendo processos químicos, ambientes cujos trabalhadores realizam atividades com a
presença de processos químicos, com uma maior incidência de condições de riscos químicos;

(III) serviços envolvendo procedimentos biológicos, ambientes, cujos trabalhadores realizam atividades
com procedimentos biológicos, com uma maior incidência de condições de riscos biológicos e químicos;

(IV) serviços envolvendo inflamáveis e explosivos, ambientes, cujos trabalhadores realizam atividades,
envolvendo substâncias inflamáveis ou explosivas, com uma maior incidência de condições de riscos
mecânicos e químicos;

(V) serviços de produção ou manutenção, ambientes, cujos trabalhadores realizam atividades com
máquinas, equipamentos e/ou ferramentas, com uma maior incidência de condições de riscos físicos,
químicos e mecânicos;

(VI) serviços externos, cujos trabalhadores realizam atividades externas, em ambientes fora da ingerência
do órgão público, podendo ser urbanos ou rurais, cuja incidência de condições de riscos deve ser analisada
caso a caso.

Existem, ainda, duas classes de serviços que são realizados em todos os ambientes de trabalho de um
órgão público: (I) serviços de segurança patrimonial, com uma maior incidência de condições de riscos
mecânicos; e (II) serviços de limpeza predial, com uma maior incidência de condições de riscos mecânicos
e ergonômicos. As condições de exposição destes funcionários devem ser objeto de uma avaliação do seu
processo de trabalho, com suas respectivas condições de riscos.

A avaliação ambiental qualitativa pode indicar a necessidade de avaliações ambientais quantitativas. A


avaliação quantitativa contempla uma perícia nos ambientes de trabalho (microambientes) por pessoal
técnico habilitado preenchendo instrumento específico que está em fase de elaboração pelo OBSAM. Os
formulários serão padronizados – com campos específicos para preenchimento pelo perito avaliador – para
cada tipo de agente ambiental avaliado, de forma a facilitar: (I) a avaliação dos trabalhos realizados, (II) a
comparação entre diferentes laudos, e (III) a comparação entre diferentes exposições em ambientes similares.

54
SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO | UNIDADE II

A avaliação quantitativa demanda a elaboração de uma estratégia de amostragem específica para cada item
a ser avaliado. Essa estratégia de amostragem considera uma amostragem espacial (avaliação em diferentes
pontos de amostragem) e temporal (avaliação em diferentes momentos para cada ponto de amostragem).

Os resultados da avaliação quantitativa são apresentados em laudo pericial conclusivo assinado pelo
técnico habilitado que o elaborou. O laudo deve apresentar anexa uma cópia do certificado de calibração
dos equipamentos de medição utilizados na avaliação ambiental. O certificado de calibração deve ser
válido para o período das avaliações realizadas e deve conter informações sobre a sua rastreabilidade,
segundo os critérios da Rede Brasileira de Calibração (RBC).

A metodologia de avaliação quantitativa estará disponível no OBSAM – UnB, para acesso a qualquer
trabalhador. Os seus resultados, bem como a sua tabulação, devem ser apresentados de forma integrada
aos indicadores de condição ambiental – ICA, resultantes das avaliações ambientais qualitativas realizadas
por pessoal capacitado. Os resultados de ambas as avaliações (qualitativa e quantitativa) devem ser
tornados públicos, de preferência disponibilizados na internet.

A conclusão do laudo pode indicar duas situações: (I) a conformidade do item avaliado no ambiente quanto
aos limites estabelecidos em normas de segurança e saúde do trabalho (nacionais ou internacionais); e
(II) a não conformidade do item avaliado no ambiente quanto aos limites estabelecidos em normas de
segurança e saúde do trabalho (nacionais ou internacionais).

A comprovação de uma não conformidade pode estabelecer a necessidade de execução/implantação de


medidas de controle dos riscos (adequações no ambiente de trabalho). Essas adequações devem fazer parte
do laudo em um item denominado “Sugestões para atingir a conformidade”. O laudo não deve detalhar as
sugestões de adequação. O detalhamento destas adequações deve ser realizado na etapa de “Controle dos
Riscos Ambientais”, por profissionais qualificados, a serem definidos pelo gestor da empresa ou do órgão
cujo ambiente apresentou a não conformidade.

O detalhamento completo da etapa de “Controle de Riscos Ambientais” não será objeto deste texto, mas
deve ser objeto de trabalho ao se constatarem não conformidades tanto na fase de avaliação qualitativa
quanto na fase de avaliação quantitativa. Entretanto, podemos enumerar cinco premissas básicas que são
fundamentais para o sucesso de qualquer programa de controle de riscos ambientais: (I) a manutenção
adequada do local de trabalho (instalações e equipamentos), (II) o treinamento dos funcionários, (III)
o controle de acesso aos locais e máquinas que tenham tido riscos reconhecidos, (IV) a instalação e
manutenção dos equipamentos de proteção coletiva, e (V) todos os procedimentos para a entrega dos
equipamentos de proteção individual. A Tabela 8 apresenta, de forma sucinta, estas premissas.

PARÂMETRO CRITÉRIOS
Manutenção Manutenção adequada (peças soltas, gastas e/ou sem lubrificação).
Manutenção Corretiva Planejada, ou.
Manutenção Preventiva
Treinamento Ordem de serviço para execução das tarefas.
Periodicidade dos treinamentos.
Procedimentos em caso de emergência.

55
UNIDADE II | SEGURANÇA DO TRABALHO – INTRODUÇÃO

PARÂMETRO CRITÉRIOS
Controle de Acesso Controle de acesso aos locais com riscos reconhecidos, limitado e restrito ao pessoal
autorizado e qualificado.
Controle de acesso às máquinas com riscos reconhecidos, limitado e restrito ao pessoal
autorizado e habilitado.
Avaliações periódicas da saúde das pessoas com acesso aos locais de risco.
Avaliações periódicas da eficiência das medidas de controle de acesso.
Equipamento de Proteção Coletiva Equipamento (enclausuramento da fonte, barreiras na trajetória etc.) dimensionado por
técnico habilitado.
Funcionamento adequado, manutenção periódica e acionamento pelo funcionário quando
em atividade.
Equipamento de Proteção Individual Equipamento dimensionado por técnico qualificado, com Certificado de Aprovação.
Procedimentos específicos para higienização, guarda, manutenção e substituição dos EPI.
Controle de uso dos EPI nos locais de trabalho.
Controle de qualidade e validade dos EPI.

56
PARA (NÃO) FINALIZAR

O incremento do setor produtivo no Brasil aponta para uma crescente demanda por engenheiros de
segurança.

Nesse contexto, o negócio de construção civil, demanda inicial do profissional de engenharia de segurança,
tem sido ampliado, haja vista as empresas cada vez mais entenderem que a gestão dos riscos inerentes
ao seu processo produtivo cria uma equação positiva financeiramente para a empresa, aumentando sua
competitividade frente ao mercado interno e externo, principalmente quando comparado aos produtos
vindos da China.

O papel do Engenheiro de Segurança teve uma percepção durante muito tempo de um profissional
descartável, que existia no quadro das empresas somente para cumprir determinante legal, tanto o é que
na publicação do Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis Federais, esse profissional foi
excluído, assim como a necessidade de se estabelecer um serviço especializado de segurança e medicina
do trabalho – SESMT. Tal visão tem mudado fortemente, apresentando uma demanda cada vez maior
por parte das empresas para esse profissional, haja vista consolidar a imagem de que o engenheiro de
segurança ultrapassa as suas responsabilidades frente à legislação vigente, atuando de forma efetiva na
melhoria dos processos e condições de trabalho, aumentando a competitividade da empresa.

Enfim, espera-se com esta disciplina ter contribuído para a comunidade de segurança ocupacional,
com empreendedores interessados em investir no ramo de construção civil e, consequentemente, com o
desenvolvimento do setor imobiliário do Brasil.

57
referências

ANDREOTTO, Elifas. Retrato do Brasil. Editora Política. v. IV, 1984,

BUSCHINELLI, José Tarcísio P. Isto é Trabalho de gente? Petrópolis, Vozes Ltda, 1993. p. 672.

CARVALHO, Hilário Veiga; SAGRE, Marco. Medicina social e do trabalho. São Paulo, Mcgraw Hill do
Brasil Ltda, 1977. p. 376.

INFANTE, Ricardo. La Calidad del Empleo. Editora OIT, 1999. p. 264.

IVONE Vieira, Sebastião. Manual de saúde e segurança do trabalho. 2. ed. São Paulo: Editora LTr, 2008.

LIBBY, Douglas Cole. Transformação e trabalho. São Paulo, Brasiliense, 1988. p. 404.

MORAES, Vinícius de. Operário em Construção. 6. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1983. p. 112.

Oliveira-Albuquerque, P. R. Do Exótico ao Esotérico: uma sistematização da saúde do trabalhador. 1. ed.


São Paulo, Editora LTr, 2011.

______, PR. NTEP e FAP: Novo olhar sobre a saúde do trabalhador. 2. ed. São Paulo, Editora LTr, 2010.

RAMAZZINI, Bernardino. As doenças dos trabalhadores. São Paulo, Fundacentro, 2000. p. 325.

TOLEDO, Flávio de. Recursos Humanos, crises e mudanças. São Paulo, Atlas, 1986. p. 110.

58
Anexo
Formulário de Avaliação Ambiental Qualitativa

HOLOAMBIENTE:

MACROAMBIENTE:

NOME DO ORGÃO:

AVALIADORES:

RESPONSÁVEL DA
INSTITUIÇÃO:

E-MAIL:

ENDEREÇO:

TELEFONE:

ÁREA TOTAL:

QUANT. DE MESO:

ACESSIBILIDADE Valor1
0 -10
AC 01 Estacionamento
AC 02 Calçadas
AC 03 Recepção
AC 04 Elevadores
AC 05 Rampas / Corredores / Escadas
AC 06 Telefones
AC 07 Bebedouros
AC 08 Posto de Trabalho
AC 09 Banheiros
AC 10 Aparelhos Sanitários
AC 11 Vestiários

ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL


ACESSIBILIDADE
ICA-AC2 = SOMA [(AC 01 a AC 11) / 11] x 10

59
ANEXO |

EDIFICAÇÃO Valor1
0 –10
ED 01 Escadas /Rampas /Corredores
ED 02 Elevadores
ED 03 Subestação e Gerador
ED 04 Quadro Elétrico
ED 05 Serviços de Limpeza/Jardinagem
ED 06 Vigilância
ED 07 SESMT
ED 08 CIPA
ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL
EDIFICAÇÃO
ICA-ED2 = SOMA [(ED 01 a ED 08) / 8] x 10

MEIO AMBIENTE DO TRABALHO Valo1


0 –10
MAT 01 Sistema de Ar Condicionado
MAT 02 Qualidade da Água
MAT 03 Bebedouros
MAT 04 Sanitários
MAT 05 Esgotos Sanitários
MAT 06 Refeitórios
MAT 07 Vestiários
MAT 08 Resíduos Sólidos
ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL
MEIO AMBIENTE DO TRABALHO
ICA-MAT2 = SOMA [(MAT 01 a MAT 08) / 8] x 10

SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO Valor1


0 –10
SPI 01 Brigada de Incêndio
SPI 02 Combustíveis Inflamáveis
SPI 03 Sistema de Alarme e Chuveiros Automáticos
SPI 04 Hidrante de Rua
SPI 05 Hidrantes Internos
SPI 06 Sistema de Extintores
SPI 07 Sistemas de Emergência
ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL
SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO
ICA-SPI2 = SOMA [(SPI 01 a SPI 07) / 7] x 10

ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL MACRO AMBIENTE


ICA-MA = SOMA (ICA-AC+ICA-ED+ICA-MAT+ICA-SPI) / 4

60
| ANEXO

HOLOAMBIENTE:
MACROAMBIENTE:
LOCAL:
MICROAMBIENTE:

RF – RISCOS FÍSICOS Valor1 RGI3


RF 01 Ruído Contínuo
RF 02 Ruído de Impacto
RF 03 Temperatura Extrema - Calor
RF 04 Temperatura Extrema – Frio
RF 05 Umidade
RF 06 Vibração
RF 07 Pressão Anormal
RF 08 Radiação Ionizante
RF 09 Radiação Não Ionizante
ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL
RISCOS FÍSICOS
ICA-RF2 = SOMA [(RF 01 a RF 09) / 9] x 10

RQ – RISCOS QUÍMICOS Valor1 RGI3


RQ 01
RQ 02
RQ 03
RQ 04
RQ 05
RQ 06
RQ 07
RQ 08
RQ 09
ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL
RISCOS QUÍMICOS
ICA-RQ2 = SOMA [(RQ 01 a RQ 09 / 9] x 10

RE – RISCOS ERGONÔMICOS Valor1


E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
RE 01 Ventilação
RE 02 Iluminação
RE 03 Conforto Térmico
RE 04 Conforto Acústico
RE 05 Organização do Trabalho
RE 06 Ginástica Laboral
RE 07 Manipulação de Peso
RE 08 Mesa

61
ANEXO |

RE 09 Cadeira
RE 10 Computador
RE 11 Posto de Trabalho
ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL
RISCOS ERGONÔMICOS
ICA-RE2 = SOMA [(RE 1 a RE 11) / 11] x 10

RM – RISCOS MECÂNICOS Valor1 RGI3


RM 01 Choque Elétrico em Máquinas e Equipamentos
RM 02 Choque Elétrico em Instalações
RM 03 Choque Mecânico
RM 04 Queda em mesmo nível
RM 05 Queda em níveis diferentes
RM 06 Acidente de Trânsito
RM 07 Materiais Perfuro-Cortantes
RM 08 Superfícies / Materiais em Temperaturas Extremas
RM 09 Máquinas
RM 10 Ferramentas
RM 11 Animais Peçonhentos
RM 12 Rota de Fuga
RM 13 Incêndio
RM 14 Explosão
RM 15 Equipamento de Proteção Individual
ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL
RISCOS MECÂNICOS
ICA-RM2 = SOMA [(RM 1 a RM 15) / 15] x 10

ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL MICROAMBIENTE


ICA-MI = SOMA (ICARF+ICARQ+ICARB+ICARE+ICARM) / 5

RELAÇÃO DO TRABALHADOR COM O AMBIENTE


QUESTÕES ABERTAS
QA 01 CONTROLE DE ACESSO
Obs:

QA 02 PROGRAMA DE MANUTENÇÃO
Obs:

QA 03 TREINAMENTO DE SEGURANÇA

62
| ANEXO

Obs:

QA 04 PLANO DE ABANDONO
Obs:

QA 05 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL


Obs:

QA 06 ATENDIMENTO DE EMERGÊNCIA A ACIDENTADOS


Obs:

ÍNDICE DE CONDIÇÃO AMBIENTAL


RELAÇÃO TRABALHADOR
ICA-RT = SOMA [(QA 01 a QA 06) / 6] x 10

1. NOTA – Deve ser um valor numérico entre 0,0 e 10,0


2. ICA – Média aritmética dos itens com valores atribuídos pelo avaliador
3. RGI – Ocorrência de Risco Grave e Iminente

63

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