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RESENHA

REFORMA AGRÁRIA, O IMPOssíVEL DIÁLOGO

este livro, José de Os ensaios deba-

N
DE Jost DE SOUZA MARTINS
Souza Martins apre- tem a questão agrária, a
Reforma Agrária. O Impossível Diálogo.
senta quatro ensaios, Editora da Universidade de São Paulo (EDUSP). reforma agrária, os me-
precedidos de longa in- São Paulo: EDUSP, 2000. 173 p. diadores políticos e a
trodução que, com o objetividade do conhe-
POR RAUl PATRICia GASTElO ACUNA
nome de A Disputa Polí- cimento nas Ciências So-
tica pela Reforma Agrá- * Aluno do Mestrado em Sociologia do Programa de Pós-Graduação ciais. Que concordemos
em Ciências Sociais da Universidade Federal do Ceará. Bolsista do
ria, estabelece o fio CNPq e pesquisador licenciado do Centro de Estudos e Pesquisas ou discordemos das afir-
condutor do livro. Essa Agrárias do Ceará - CEPAC maçôes do autor é um
Introdução constitui, de outro problema. O que
certa forma, um trabalho original e autônomo. interessa salientar é que esses ensaios apresen-
Destes ensaios três foram elaborados no decor- tam, sob nova perspectiva, a velha questão agrá-
rer do ano 2000 e um quarto, em 1997, intitulado ria, uma nova forma de pensar a reforma agrária
Excurso. O que Permanece da Critica Socialista e a prática política e teórica do Movimento dos
ao Capitalismo, aparentemente estaria fora do Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e da Co-
núcleo central de preocupaçôes tratado nos en- missão Pastoral da Terra (CPT), ambos conside-
saios precedentes; mas, sua leitura atenta per- rados pelo autor como os principais mediadores
mite perceber que "a crítica socialista ao das reivindicações "dos pobres" na luta pela terra.
capitalismo permanece, também, como um con- Nos limites de uma resenha, assumindo
junto de indagaçôes" (p, 172). E são essas inda- propositadamente o risco de reduzir o pensa-
gaçôes, "postas pela realidade da sociedade nas mento do autor, consideraremos o livro como
últimas décadas" (p, 172), as que perpassam o um todo, pois ele é realmente uma totalidade
conjunto dos artigos. em que a introdução e cada um dos ensaios são
Nestes trabalhos o autor mantém as ca- partes dessa totalidade.
racterísticas básicas de sua vasta produção so- Segundo o autor, na história brasileira há
ciológica. São ensaios bem escritos. A prosa dois temas que continuam pendentes e que até
clara e argumentativa prende de início a aten- hoje não foram resolvidos: "O tema da escravi-
ção do leitor. Por sua vez, o conteúdo não deve dão e o seu tema residual, o da posse da terra.
surpreender a quem conhece sua obra. No afã São temas inter-relacionados, relativos às duas
de trazer à superfície do conhecimento o que grandes questões nacionais, situados em pólos
está oculto sob o véu das múltiplas mistifica- cronológicos opostos: a questão do trabalho li-
çôes das relaçôes sociais, o autor se mostra vre e a questão agrária" (p. 11).
polêmico e, algumas de suas teses centrais al- Seria, sob esse prisma, inócuo discutir a
tamente questionáveis. São novas abordagens questão agrária sem referi-Ia à solução que no
sobre questôes relevantes da realidade social, passado deu-se à libertação dos escravos. A abo-
econômica e política dos tormentosos tempos lição da escravidão deixou pendentes os pro-
políticos que acompanham a difícil e comple- blemas do trabalho livre: "abriu caminho para o
xa construção democrática do país depois do trabalho livre, mas não necessariamente para a
regime militar. modernidade do trabalho assalariado' (p. 12-13).

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es termos a questão agrária é um desdobra- A questão agrana, pela forma como foi
mento da forma como foi resolvida a escravi- resolvida a questão da escravidão, é também uma
dão. Essa resolução criou formas anômalas de questão suprapartidária que está além do go-
ujeição do trabalho ao capital: servis e de es- verno e dos partidos da oposição. "A questão
cravidão aberta ou encoberta, especialmente no agrária só se resolverá na mesa das boas inten-
Amazonas. Essas relações intermediárias marca- ções e de amor à pátria c...) A pátria está nova-
ram a história social do país, ao não incorporar mente em perigo porque a questão agrária no
ao mercado de trabalho aqueles que foram des- divide como povo, nos separa e nos confronta
cartados pelo capital ou que este tornou (. ..) Ela nos afasta de nossa identidade nacio-
descartáveis. Com a modernização do latifún- nal" (p. 13).
dio, aumentou a expulsão dos trabalhadores e A raiz dos problemas sociais do país estaria
o mercado urbano foi incapaz de absorver essa no modo como foi resolvida a escravidão. "Os nos-
força de trabalho. sos problemas sociais de hoje têm sua raiz nessa
A expulsão dos trabalhadores, sintetizan- anômala modalidade de mudança social" (p. 14)
do a exposição de Martins, gerou a luta pela A tentativa de esclarecer os elos ocultos des-
terra. Luta que explode nos últimos cinqüenta sas anomalias é o objetivo central dos ensaios.
anos e cujos momentos mais marcantes foram "A dificuldade para compreender a ano-
as Ligas Camponesas, na década de cinqüenta malia das mudanças e os bloqueios a transfor-
do século XX, e a luta dos indígenas e posseiros mações sociais profundas é no essencial o tema
da Amazônia Legal, na década seguinte. A de- deste livro". Esse núcleo temático tem como hi-
manda por terra, dos expulsos do latifúndio, é pótese o fato de "que o período pós-ditatorial é
incorporada pelo Estado através de dois gover- marcado pelo protagonismo da sociedade civil
nos: Goulart, que conforme Martins, considerava em relação ao estado e não ao contrário" e "a
a questão agrária uma questão de direitos tra- constatação de que os grupos de mediação das
balhistas e promulgou, acolhendo as teses do lutas populares, que são grupos de classe mé-
Partido Comunista e o Estatuto do Trabalhador dia, especialmente na luta pela reforma agrária,
Rural, em 1963, e o governo militar que tentou introduziram nela o seu próprio movimento so-
resolver, sem êxito, a questão da posse da terra cial e o seu próprio e impotente hibridismo de
através do Estatuto da Terra. A ausência de ca- classe" (p. 14-19). Essa anomalia tem gerado uma
nais adequados durante a ditadura levou a Igreja inversão da reforma agrária: não se discute a
a incorporar essas demandas por terra, como questão de fundo que é a questão agrária e as
suas, através da Comissão Pastoral da Terra. demandas dos movimentos sociais transfigura-
O pressuposto básico do autor é o parale- das pela ideologia de classe média das agências
lo que ele estabelece entre a forma que assu- de mediação colocam em crise a dinâmica e
miu a resolução da escravidão e a forma que criatividade dos próprios movimentos sociais. A
deve assumir a resolução da questão agrária. hipótese central dos ensaios parte de um pres-
Martins considera que "as elites esclarecidas do suposto que o autor não demonstra e que é uma
século XIX entenderam, de algum modo, que a aporia, ou seja, é uma falsa contradição em ter-
questão da escravidão era uma questão mos. A orientação ideológica da classe média,
suprapartidária. Ela seria vencida unicamente por ser, nas palavras do autor, uma orientação
através de um acordo político suprapartidário híbrida deveria se refletir na prática do MST que,
que removesse o temor da pátria em perigo" (p. por essa origem de classe, seria confusa e uma
13). O problema da escravidão ameaçava o país mistura ideológica sem nenhuma coerência. A
como nação e "era um problema de toda a pá- realidade nos mostra outras interpretações. A
tria, de todo o povo" (p. 13). prática do MST,além de expressar coerentemente

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os anseios por terra daqueles que foram expro- que não são o mesmo que os pobres sociológi-
priados, revela uma profunda coerência nas prá- cos". Nesse processo em que os mediadores se
ticas políticas dos seus integrantes que não são, autonomizam daqueles que dizem representar
com contadas exceções, da classe média, e sim, os excluídos da sociedade globalizada também
agricultores familiares. Teoricamente, não é fe- foram excluídos da palavra Cp. 19- 81-82). Isso é
cundo reduzir essa complexa categoria social à evidentemente uma visão tortuosa dos movimen-
"classe media". Aliás, o que define uma classe tos sociais e, especificamente do MST. Cabe a
são suas práticas e não sua origem social. Con- indagação: se o MST excluísse seus representa-
sideramos que o autor não faz as mediações entre dos da palavra teria a importância e o peso soci-
o "ideário híbrido da classe média" e as práticas al e político que tem? Essa análise está ancorada
do MST. Não há nessas práticas a "fantasmagoria" no famoso "saco de batatas" de Marx, em que
ideológica das classes médias. os camponeses não passam de "coisas indífe-
Esse eixo de análise é prioritariamente renciadas", incapazes de assumir e expressar
abordado no primeiro ensaio do livro intitulado autonomamente suas reivindicações. E essa au-
"AsMudanças nas Relações entre a Sociedade e tonomia é uma das originalidades do MST. As
o Estado e a Tendência a Anomia nos Movimen- novas práticas sociais trazidas pelo MST ao ce-
tos Sociais e nas Organizações Populares". Se- nário político brasileiro revelam o novo dos mo-
gundo o autor, na maior parte da história do vimentos sociais. E esse "novo" exige abordagens
Brasil foi o Estado que tutelou a sociedade civil. teóricas que vão além das leituras petrificadas
Durante a ditadura militar houve um flores- de Marx.
cimento dos movimentos sociais e organizações Para Martins, no complexo processo da
populares que sugeria, e ainda sugere, uma nova emergência dos movimentos sociais durante a
fase da história social do país marcada pela im- ditadura militar, grupos de militantes de parti-
portância da sociedade civil na construção da dos clandestinos e forças de oposição em geral
democracia." o entanto, essa curta vivacidade estabeleceram uma coalizão de interesses
aparentemente está entrando em crise, diante aglutinados pelo antagonismo ao regime mili-
de um Estado que foi mais ágil na definição das tar e não por um interesse geral com projeto
.circunstâncias do agir histórico" (p. 73). Existem próprio. A predominância dos interesses parti-
evidências de que essas tendências se confir- cularizados dessa ampla constelação opositora,
mem e, nesse caso, esses movimentos vão se na qual muitos de seus integrantes não esta-
tornar anômicos, pois suas "referências ideoló- vam enraizados nos grupos sociais que diziam
gicas não correspondem à circunstância históri- representar, gerou "um oposicionismo residu-
ca nem às possibilidades de intervenções al, uma coalizão dos resíduos da repressão e
transformadora que nela se abrem" (p. 74). do autoritarismo, sem o qual teria sido impos-
No caso da reforma agrária, essa tendên- sível a superação do regime militar e a transi-
cia anômica se expressa no desencontro entre ção para a democracia" (p. 77). Todos esses
as aspirações e o modo de vida dos "pobres" do grupos articularam de uma ou outra forma seus
campo e o projeto dos mediadores que está difusos interesses sob o manto protetor da Igre-
descolado dessas aspirações. Os principais me- ja. Com o fim da ditadura, "a sociedade civil foi
diadores das reivindicações camponesas seriam se tornando rapidamente, corporativa e autori-
o MST e a CPT. Os primeiros, oriundos do tária. Os movimentos sociais tornaram-se orga-
hibridismo político da classe média e, os segun- nizações, não raro agressivas, autoritárias e
dos, da Teologia da Libertação. Os primeiros rei- intolerantes, com burocracia própria, bloque-
vindicando seus projetos particulares de classe ando o espaço para novos e autêntico movi-
e os segundos lutando "pelos pobres teológicos mentos ociais" Cp. -9). a afirmação não e -

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sustentada por pesquisas empíricas e fica, por não inventou esse Estado. Ele é produto de uma
isso, genérica e de difícil compreensão. sociedade de classes antagônicas.
Martins, ao mesmo tempo em que reco- Para Martins, aí está o impasse e a possí-
nhece o relevante papel desempenhado pelo MST vel derrota da luta pela terra e seu desdobra-
e a CPT "pela inclusão da questão agrária na agen- mento em luta pela reforma agrária: "a história
da política do estado brasileiro, já não mais como nos mostra também, que rapidamente, por vári-
problema residual, episódico e menor Mas,c... ) as razões, essas organizações estão perdendo a
como rotineiro problema social de urgência", cri- luta pela reforma agrária, que não se limita nem
tica a relação entre a autonomia dos movimentos pode se limitar a essas instituições mediadoras,
sociais e sua direção 'ideologizada". Porém, esse pois passa pela incorporação da reforma ao pro-
papel relevante, e aí está o questionamento cen- grama político do governo e por seu reconheci-
tral de Martins aos "mediadores políticos", tem mento pela ação do Estado. E não se limita,
sido vanguardista e descolado das aspirações dos obviamente, à questão da redistribuição da ter-
pobres da terra. "Fizeram-no, portanto, sem o ra" (p. 22). A realidade mostra algo diferente
saber, pela tortuosidade das vias indiretas, por daquilo que sustenta Martins. Sem a "mediação"
meio das repercussões injustamente negativas de do MST e da CPT dificilmente o governo de
suas ações e não pela via política de quem pro- Fernando Henrique Cardoso teria se preocupa-
põe, assume e administra politicamente a pro- do da "questão agrária" e há evidências empíricas
posta e a conquista. De fato, MSTe CPT perderam de que no seio da sociedade civil o MST e a CPT
o controle do seu projeto de transformar a socie- estão ganhando a luta pela reforma agrária. Além
dade brasileira através de transformação da estru- disso, a essência da reforma agrária é a expro-
tura agrária, porque sua concepção maniqueísta priação de terras dos grandes proprietários
e redutiva da política não lhes permite reconhe- fundiários e sua distribuição, pelo Estado, que
cer-se como donatários políticos da vontade dos possui o monopólio legítimo da força, àqueles
pobres da terra" (p. 20-21). Mais uma vez, a reite- que têm pouca terra ou que foram expropriados
ração radical de uma visão do MST que o desse meio de produção. Uma reforma sem dis-
demoniza e não contribui ao conhecimento de tribuição rápida e massiva da terra não é refor-
suas práticas. ma agrária.
Nessa perspectiva, o MST e a CPT "Perde- Para Martins, a luta pela terra vai além das
ram o controle", já que não compreenderam que instituições mediadoras que, no caso, não ex-
quem "questiona e propõe não é quem resolve. pressam e não representam a dinâmica real da
Nessa dialética, é a política agrária do governo luta pela terra, pela sua incapacidade de visualizar
quem define a demanda que não é priorita- que essa luta pela terra deve se transformar em
riamente sua e para a qual, não obstante, é a luta pela reforma agrária. (p. 22)
resposta" (p. 21). Essa perspectiva de análise E essa transformação depende "de que a
pode conduzir a uma perda de autonomia dos ação de seus protagonistas ganhe sentido na
movimentos sociais diante do governo e viabilização política de uma reforma social que
minimiza a luta pela hegemonia dos movimen- envolve necessária e obrigatoriamente o Estado
tos sociais no seio da sociedade civil, já que, o e os partidos políticos e envolve, portanto, um
pressuposto da postura analítica do autor é que pacto em favor da reforma" (p. 22).
o governo é o "mediador" e "articulador" acima Essa é a tese central de Martins. Não há
das classes dos interesses do conjunto da socie- correspondência mecânica entre luta pela terra
dade, sem distinção de classes. E nós sabemos e luta pela reforma agrária. A primeira é uma
que essa é a aparência do Estado brasileiro, que reivindicação dos movimentos sociais. A segun-
é profundamente classista e autoritário. O MST da vai além das reivindicações imediatas dos

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movimentos sociais e envolve, como diria Para Martins, a forma privilegiada para re-
Gramsci, o consenso do Estado ampliado: a so- solver a questão agrária está nas terras devo lutas
ciedade política e a sociedade civil. Parece-nos recuperadas pelo Estado.
que a pergunta central é: as possibilidades des- Assim, critica as propostas de reforma
se consenso não foram abertas em grande me- agrária da CPT e do MST por tratar-se de um
dida pelas lutas do MST que, justamente com programa "limitado a aspectos puramente quan-
essas lutas, ganhou o apoio da sociedade civil e titativos da reforma" - "desapropriação de uma
abriu as portas para a legitimidade social da re- grande quantidade de terras em tempo relativa-
forma agrária? Seriam possíveis esse consenso e mente curto" e não se preocupar com os aspec-
a legitimidade social sem o MST? tos qualitativos tais como o da "reconcentração
O ensaio, Reforma Agrária, o Impossível da propriedade" (p. 23), Martins propõe uma
Diálogo sobre a História Possível, é uma refle- outra abordagem de reforma agrária. A propos-
xão sobre a questão agrária e "o modo como ela ta de uma reforma agrária possível, nas circuns-
se propõe na conjuntura atual, que seria a con- tâncias históricas do país, através de um pacto
juntura do governo de Fernando Henrique Car- social que envolva o conjunto da sociedade para
doso" (p. 88). resolver os problemas da luta pela terra.
Nessa análise o "Ponto essencial e proble- E para isso um aspecto central da questão
mático raramente considerado, mesmo por quem agrária e que, mesmo negada pelo MST, CPT e
é sério e competente, é o de que a questão agrá- intelectuais, indica a forma de resolvê-Ia, é a re-
ria tem a sua própria temporalidade que não é cuperação do Estado do senhorio de seu territó-
O 'tempo' de um governo" (p. 89). essa pers- rio. A recuperação territorial do direito de domínio
pectiva histórica "a questão agrária está no cen- do Estado sobre áreas griladas por grandes fa-
tro do processo constitutivo do Estado zendeiros possibilitaria recuperar o território e,
oligárquico e republicano do Brasil" (p. 92), As- ao mesmo tempo, proporcionar terras suficientes
imo ~O tempo da questão agrária é o tempo para resolver a questão agrária. A regularização
ongo dos bloqueios, dificuldades e possibilida- fundiária que é negada pelo MSTe pela CPT como
de a que o Estado faça uma revisão agrária de instrumento jurídico à disposição do Estado pos-
alcance histórico e estrutural, mais contida ou sibilitaria assentar milhares de famílias a baixo
mais ousada". (p. 92) custo. Essa solução é questionável. A maioria dos
O confronto entre o governo e as oposi- estudiosos da questão agrária coloca que a políti-
ções estaria permeado por questões que não ca de colonização, utilizada fartamente durante o
são essenciais. "Uma delas é o empenho do governo militar, trouxe enormes benefícios para
MST, da CPT e de vários intelectuais de esquer- as empresas colonizadoras e foi um fracasso para
da na reinvenção da reforma agrária. Uma boa os trabalhadores rurais. Lembremos que coloni-
parte do discurso dessas agências de mediação zação não é reforma agrária. Os fracassos das
é hoje dedicada ao conceito de reforma agrária políticas de colonização e seus custos sociais ain-
e praticamente nada é dedicado à questão agrá- da estão frescos na nossa memória. A solução
ria, embora muito se fale na reforma agrária, apontada pelo autor reduz a questão agrária e a
propriamente dita" (109). Isso leva a certa per- reforma agrária a uma simples redistribuição de
plexidade, contrariamente às afirmações de terras em áreas marginais e deixa, paradoxalmente,
Martins: o MST e a CPT defendem precisamen- intocada a questão agrária que é a preocupação
te o conceito clássico de reforma agrária. Con- central dos ensaios.
ceito postulado por estudiosos, "acima de Sem dúvida o livro de José de Souza
qualquer suspeita", tais como ].K., Galbraith e Martins levanta, como dizia Weber, conjecturas.
Doreen Warrimer. E esse é o eu mérito.

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(Barbosa, 1964:35). intelectuais regionais. Os estudos de folclore e
- se houver mais de um título do mesmo autor o campo das Ciências Sociais nos anos 50". Re-
no mesmo ano, deve-se diferenciar por uma le- vista Brasileira de Ciências Sociais, 32: 125-149.

Impressão e Acabamento Imprensa Univesitária da UFC L


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