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Carta Aberta Ao Académico Henrique Monteagudo
Carta Aberta Ao Académico Henrique Monteagudo
EDUARDO MARAGOTO
03/06/20
Caro Henrique,
que melhor ano que este de Carvalho Calero para trocar publicamente certas ideias
sobre questões que a este autor preocupavam tanto? Fagamo-lo, se queres, a partir
do artigo Horizontes para o idioma galego que tu mesmo escreveste para a
revista Grial em 2013. Penso que na altura passou despercebido, injustamente, cabe
dizer, porque nele se encontram bem apresentados os dilemas que o movimento
normalizador no seu conjunto vai ter que encarar nos próximos anos.
Porém, existe o risco de estes esforços ficarem no plano retórico, sem darem lugar a
medidas eficazes para os objetivos que perseguem. Por isso, passados sete anos,
penso que faríamos bem em revê-los à luz de umha proposta surgida entretanto: o
binormativismo. Segundo esta ideia, como sabes, o português escrito (com mais ou
menos traços galegos), para além de poder ser conhecido, também deveria poder ser
usado na Galiza por quem assim o entender.
Haverá quem, desconfiadamente, pense que isto vai “servir de escusa para apuxar o
galego cara a súa disolución”, mas eu creio que esta política linguística estaria longe
de impedir o desenvolvimento do galego como língua independente para quem a
continuasse a cultivar como tal. E digo mais: reforçaria a sua independência frente ao
castelhano e facilitaria o reconhecimento do próprio galego académico como variante
lusófona, ao lado do português, no âmbito da nossa Galiza. Como o vês tu?