Você está na página 1de 37

UM MATERIAL VOLTADO PARA AGRICULTURA

PRINCIPAIS
DOENÇAS DO
SOLO
Importante assunto para alcançar a excelente produção

DARE TECNOLOGIA E APLICAÇÃO AGRÍCOLA


O solo é um componente fundamental do ecossistema
terrestre pois, além de ser o principal substrato utilizado
pelas plantas para o seu crescimento e disseminação,
fornecendo água, ar e nutrientes, exerce, também,
multiplicidade de funções como regulação da
distribuição, escoamento e infiltração da água da chuva e
de irrigação, armazenamento e ciclagem de nutrientes
para as plantas e outros elementos, ação filtrante e
protetora da qualidade da água e do ar.
O solo é um complexo composto de minerais e matéria
orgânica oriundo de um lento processo decorrente da
degradação de rochas e da decomposição de diversos
animais e plantas.
O tipo de solo é muito importante para as plantações e o
desenvolvimento da agricultura. Nesse sentido, não são
todos os solos que auxiliam na reprodução de plantas.
Isso porque há solos pobres de nutrientes, os quais
impedem o desenvolvimento da flora.
As plantas precisam de gás carbônico, água,  clorofila  e
energia do Sol para fazer a fotossíntese, processo
fundamental para a produção de glicose. A glicose é a
matéria-prima essencial para a produção de energia.
Entretanto, as plantas precisam de outros nutrientes
para se desenvolver, que geralmente são retirados do
solo ou da água, na qual eles se encontram.
O solo nada mais é do que a superfície que cobre a crosta
terrestre. Ele é composto de minerais, como limo, areia,
pedras e argila, e de matéria orgânica. Acontece que, se
não houver o devido cuidado, essa área de plantio pode
se tornar um vetor de doenças e pragas capazes de
contaminar toda a plantação. 
Dessa forma, ele se transforma em um terreno fértil para
o desenvolvimento e a propagação de insetos e fungos
que atacam a lavoura, impactam no seu crescimento e/ou
danificam as plantas. Os sintomas são muito variados,
dependendo do agente causador, do vigor da planta e das
condições ambientais.
O pior é que, no geral, após a contaminação, o patógeno
continua presente no solo por longo tempo. Assim, sua
remoção nem sempre é fácil. Por isso, a prevenção é
sempre o melhor caminho. Mas antes de focar nas
soluções, vamos conhecer um pouco mais sobre as
doenças do solo.
Os sintomas são variados, dependendo do agente
causador, do vigor da planta e das condições ambientais
o patógeno pode, após a contaminação, continuar
presente na terra por um longo tempo. 
As pragas ou insetos do solo danificam as plantas, tanto
em sua fase adulta, quanto ainda nas larvas.
OS PRINCIPAIS SOLOS DO BRASIL

Os solos que serão apresentados abaixo estão de acordo


com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Serão
apresentadas apenas aqueles que são predominantes
em, pelo menos, 5 % das áreas do Mapa de Solos do
Brasil.
As descrições apresentadas aqui serão generalizadas
para os atributos mais comuns encontrados nestes solos
em nosso país. Todavia, devido à grande diversidade de
fatores de formação do solo existentes no Brasil,
localmente os atributos de determinada classe de solo
podem ser diferentes daqueles aqui descritos.
LATOSSOLOS

a) Conceito: são solos geralmente profundos (1 a 2 m) ou


muito profundos (mais de 2 m), bastante intemperizados
(velhos e alterados em relação à rocha) e normalmente de
baixa fertilidade.
Ocupam, usualmente, relevos mais planos. De maneira
geral, são muito porosos, permeáveis, com boa drenagem
(não tem problemas de excesso de água). As cores são muito
variadas (vermelho, amarelo, vermelho amarelado, etc.).
b) Ocorrência: é a uma classe de solo encontrada
principalmente nas áreas mais planas e bem drenadas (sem
excesso de água), distribuídos em todos os estados do país.
São predominantes em 31,6 % das unidades de
mapeamento no Mapa de Solos do Brasil, sendo o principal
solo existente no país. Porém, paradoxalmente, é
raramente citado nos livros didáticos da educação básica.
c) Significado agrícola: seus atributos físicos, tais como boa
profundidade, relevo quase plano, ausência de pedras,
grande porosidade, boa drenagem e permeabilidade fazem
com que sejam os mais utilizados na produção rural.
Embora geralmente sejam de baixa fertilidade química, as
práticas de adubação e correção do solo, realizadas pelos
produtores rurais, os tornam mais produtivos.
d) Significado ambiental e urbano: o relevo plano e os
atributos físicos adequados já destacados anteriormente
determinam que os Latossolos apresentem usualmente
alta estabilidade, baixo risco de erosão (exceto aqueles
com maior teor de areia). Por isso, tem boa capacidade
para suportar estradas, ferrovias, aeroportos, indústrias,
habitações, etc., além de ser usualmente favorável para
instalação aterros sanitários. Por este motivo, muitas
áreas de Latossolos, previamente existentes nas
proximidades das áreas urbanas, foram e estão sendo
incorporadas à malha urbana e/ou áreas industriais dos
municípios brasileiros. Os Latossolos que apresentam
maior teor de areia (embora não cheguem a ser
arenosos), no entanto, são mais susceptíveis à erosão.

Figura 1. Perfil de Latossolo localizado no município de Cianorte (PR). Foto: Marcelo


Ricardo de Lima.
Figura 2. Paisagem de ocorrência de Latossolos, localizada no município de Pinhão (PR).
Foto: Marcelo Ricardo de Lima.

ARGISSOLOS

a) Conceito: apresentam acúmulo de argila no horizonte


B, ou seja, o horizonte mais superficial do solo (horizonte
A) possui mais areia que o horizonte subsuperficial
(horizonte B). As cores são muito variáveis, podem ser
amarelos, cinzentos, vermelhos, vermelho amarelados,
etc.
b) Ocorrência: normalmente ocupam relevos
moderadamente declivosos, e são distribuídos em todos
os estados do país. São predominantes em 26,9 % das
unidades de mapeamento no Mapa de Solos do Brasil.
c) Significado agrícola: normalmente apresentam
reduzida capacidade de reter nutrientes para as plantas,
e maior risco de erosão, devido ao menor teor de argila no
horizonte A.
d) Significado ambiental: são solos bastante susceptíveis
à erosão, principalmente em relevos mais declivosos.

Figura 3. Perfil de Argissolo Amarelo localizado no município de Colombo (PR). Foto:


Cristhian Hernandez Gamboa.
Figura 4. Paisagem de ocorrência de Argissolos Vermelhos no município de Cianorte (PR).
Foto: Marcelo Ricardo de Lima.

NEOSSOLOS

a) Conceito: são solos rasos em estádio inicial de evolução,


apresentando mais comumente apenas horizonte A sobre o
horizonte C ou sobre a rocha de origem (camada R). Estes
solos são tão jovens que não tem horizonte B. A maioria dos
Neossolos possuem pouca espessura (Neossolos Litólicos e
Neossolos Regolíticos). Porém alguns são mais espessos,
especialmente aqueles com elevados teores de areia
(Neossolos Quartzarênicos) ou situados nas margens dos
rios (Neossolos Flúvicos), os quais são menos comuns no
país.
b) Ocorrência: são solos mais comuns de serem encontrados
em áreas no país com maior declividade (no
caso dos Neossolos Litólicos e Neossolos Regolíticos),
embora também possam ocorrer em relevo mais plano (no
caso dos Neossolos Quartazarênicos e Neossolos Flúvicos).
São predominantes em 13,2 % das unidades de mapeamento
no Mapa de Solos do Brasil.
c) Significado agrícola: como principais obstáculos ao uso,
podem ser citados o relevo muito declivoso, pouca espessura
e eventual presença de pedras. Em geral, são de baixa
fertilidade química natural. Porém, em alguns casos, em
função da rocha de origem, podem ter boa fertilidade
química natural. Deveriam ser preferencialmente utilizados
para preservação da flora e fauna, embora seja comum seu
uso com pastagens ou reflorestamentos, principalmente por
parte de pequenos proprietários rurais.
d) Significado ambiental e urbano: considerando as
características já relatadas, constituem áreas extremamente
frágeis. Deveriam ser evitados para ocupação urbana para
não intensificar os processos erosivos ou deslizamentos. Em
alguns casos apresentam casos apresentam ocorrência de
rochosidade (com presença de enormes matacões de rocha)
que podem causar grandes danos materiais em caso de
deslizamentos em áreas urbanizadas.
Figura 5. Perfil de Neossolo Litólico localizado no município de Piraquara (PR). Foto:
Marcelo Ricardo de Lima.

Figura 6. Paisagem de ocorrência de Neossolos, com elevada quantidade de pedras, no


município de Renascença (PR). Foto: Marcelo Ricardo de Lima.
PLINTOSSOLOS

a) Conceito: São solos que apresentam concentração de ferro


em algum horizonte, o que leva a endurecimento na forma de
concreções cascalhentas, ou de um horizonte contínuo
endurecido por ferro e/ou alumínio (chamado de horizonte F)
que facilmente pode ser confundido com rocha (embora seja
de origem pedológica). Em muitas regiões esta camada
consolidada recebe denominações locais como canga,
tapiocanga, laterita, dentre outras.
b) Ocorrência: Podem ser encontrados em regiões de relevo
plano, em que há dificuldade de escoamento de água, como
próximo a várzeas, depressões, etc. Porém também podem se
localizar em condições de melhor
drenagem, com presença significativa de camadas endurecidas
por ferro e/ ou alumínio. Ocorrem predominantemente
Amazonas, Pará, Amapá, Roraima, Maranhão, Piauí,
Tocantins, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal. São
predominantes em 7,0 % das unidades de mapeamento no
Mapa de Solos do Brasil.
c) Significado agrícola: As principais condições que limitam o
uso agrícola são o excesso de água, as camadas endurecidas
no solo, e a baixa fertilidade química. No caso dos
Plintossolos localizados em baixadas alagadas, a retirada da
água (drenagem) pode levar a um endurecimento da parte
inferior do solo, criando dificuldade para a penetração de
raízes e da água das chuvas.
d) Significado ambiental: Nos Plintossolos com excesso de
água, a alteração desta condição, com a drenagem do
solo, pode levar ao endurecimento da parte inferior do solo, o
que altera sua condição natural em prejuízo da flora e fauna
típicas dessas áreas.

Figura 7. Perfil de Plintossolo, com elevada quantidade de concreções endurecidas de


ferro, no município de Ariquemes (RO). Foto: Marcelo Ricardo de Lima.
Figura 8. Concreções endurecidas de ferro observadas em Plintossolo, no município de
Arenópolis (GO). Foto: Marcelo Ricardo de Lima.

CAMBISSOLOS

a) Conceito: são solos geralmente pouco espessos e que


apresentam horizonte B ainda em estágio inicial de
formação (normalmente pouco espesso). São solos mais
evoluídos que os Neossolos, pois já possuem horizonte A B C
b) Ocorrência: é uma das classes de solo mais comuns no país,
especialmente na metade meridional do país, geralmente
(mas não sempre) em relevos mais declivosos. São
predominantes em 5,3 % das unidades de mapeamento no
Mapa de Solos do Brasil.
c) Significado agrícola: são solos geralmente pouco
profundos, o que pode restringir o desenvolvimento das
raízes de espécies arbóreas. A maioria dos Cambissolos
apresentam baixa fertilidade química natural, o que
demanda o uso de grandes quantidades de corretivos e
fertilizantes pelos agricultores. No entanto há casos com alta
fertilidade química natural. O relevo é muito variável no país,
variando de plano ou pouco declivoso a muito declivoso,
sendo que, neste último caso, são mais favoráveis à erosão.
d) Significado ambiental e urbano: Os Cambissolos pouco
profundos, e que ocorrem em relevos inclinados, são muito
susceptíveis à erosão, o que facilita o assoreamento dos rios.
Essa situação é agravada quando, juntamente com o solo, são
levados adubos e agrotóxicos, que poderão contaminar rios e
lagos. Nas áreas mais declivosas, estes solos deveriam ser
destinados à preservação da fauna e flora, mas
frequentemente são utilizados com pastagem ou
reflorestamento. Ocupações urbanas neste tipo de solo
representam problemas sanitários e de deslizamento, em
decorrência do relevo e/ou reduzida profundidade do solo.
Figura 9. Perfil de Cambissolo localizado no município de Pinhais (PR). Foto: Marcelo
Ricardo de Lima.

Figura 10. A Área de ocorrência de Cambissolos, localizada no município de Lapa (PR),


onde se observa a ocorrência deste solo em relevo menos declivoso. Foto: Marcelo
Ricardo de Lima.
GLEISSOLOS

a) Conceito: são solos que apresentam horizonte de


subsuperfície (B ou C) de cor acinzentada, devido à perda de
ferro em ambiente redutor (com excesso de água).
b) Ocorrência: são predominantes em regiões planas e
abaciadas (várzeas e banhados dos rios), nas quais há excesso
de água. São predominantes em 4,7 % das unidades de
mapeamento no Mapa de Solos do Brasil.
c) Significado agrícola: uma vez drenados (retirada do excesso
de água por meio de valetas ou canais), podem ser utilizados
com agricultura. Geralmente são solos de baixa fertilidade
química, o que implica na necessidade de emprego de adubos
e corretivos.
d) Significado ambiental e urbano: se localizam próximos aos
rios e lagos e em razão disso geralmente apresentamse
saturados por água, o que facilita a contaminação da água
subterrânea com produtos químicos e adubos utilizados na
agricultura. Devido a essa fragilidade ambiental, as leis
ambientais vigentes passaram a proteger grande parte desses
solos, transformando-os em áreas de preservação ambiental.
A ocupação urbana destes solos é desaconselhada, por
apresentarem excesso de água e serem sujeitos à inundação.
Contudo é muito comum a ocorrência de loteamentos
(regulares ou não) nestas áreas na periferia de áreas urbanas.
Estas áreas apresentam risco de inundação.
Figura 11. Paisagem de ocorrência de Gleissolo, em área de várzea próxima ao rio
Bonito, no município de Palestina de Goiás (GO), atualmente ocupada com pastagem.
Foto: Marcelo Ricardo de Lima.

Figura 12. Perfil de Gleissolo (com destaque para o horizonte C de cor acinzentada)
localizado em área de várzea no município de Antonina (PR). Foto: Marcelo Ricardo de
Lima.
PATÓGENOS DE SOLO
CAUSADORES DE
DOENÇAS
Murcha de Verticillium (murcha verticilar):

Fungos do gênero Verticillium são altamente destrutivos e


causadores de murcha vascular, causando severas perdas na
produção e qualidade de diferentes culturas economicamente
importantes, além de apresentar distribuição mundial.
Os isolados apresentam grande plasticidade na virulência e
especificidade do hospedeiro, e seu impacto, geralmente é
prejudicial tanto para o rendimento econômico quanto para a
qualidade do uso final. Além disso, as condições climáticas são
desfavoráveis ao desenvolvimento da doença, que é mais
severa em temperaturas que variam de 18-22º C. No entanto,
essa doença é muito importante nos EUA, México, Peru, Rússia,
Argentina e Índia.
O desenvolvimento dessa doença é favorecido por
temperaturas entre 18 e 22ºC. Sua disseminação é realizada
por sementes contaminadas, vento, água superficial e pelo
próprio solo contaminado. Esses patógenos transmitidos pelo
solo colonizam a raiz da planta em resposta a exsudatos
radiculares a qualquer momento durante o cultivo, penetram
no córtex e endoderme e se disseminam sistemicamente
através
de conídios transportados pela corrente de transpiração no
xilema.
Os sintomas são verificados em reboleira e incluem baixa
estatura das plantas, clorose e murchamento das plantas
hospedeiras durante o desenvolvimento da doença, justamente
pelo seu desenvolvimento no xilema das plantas. Acometem
culturas como o morangueiro, tomateiro, berinjela, cacaueiro
sendo que as hifas do Verticillium entram nas raízes e depois se
desenvolvem dentro dos tecidos vasculares, prejudicando a
absorção de água, promovendo o declínio das plantas e
consequentemente da produção.

Sclerotium rolfsii (murcha de esclerócio):

O fungo Sclerotium rolfsii é um fungo patogênico com forma de


vida necrotrófica e presente em numerosas
plantações em todo o mundo, ocorre comumente nos trópicos,
regiões subtropicais e outras regiões temperadas quentes.
Tem uma extensa gama de hospedeiros, apresenta pelo menos
500 espécies em 100 famílias suscetíveis, e seus hospedeiros
mais comuns são leguminosas, crucíferas e cucurbitáceas. A
podridão
do caule é uma das graves doenças transmitidas pelo solo na
cultura do amendoim causado por Sclerotium rolfsii
contribuindo com 20 a 25% das perdas de
rendimento médio. Acomete também culturas de grande
importância econômica como tomate, soja, arroz, cana-de-
açúcar e feijão, dentre outras, contribuindo significativamente
para redução da produtividade.
Sclerotium rolfsii é capaz de produzir enorme quantidade
estruturas de sobrevivência no solo, como escleródios,
permanecendo viável durante vários anos. Sua disseminação se
dá principalmente via sementes contaminadas, material
propagativo, restos culturais e solo contaminado. Dessa forma,
o manejo desse patógeno através de fungicidas químicos é
dificultado e muitas vezes não é eficaz, uma vez que exige
grande quantidade de pesticidas para reduzir sua população,
levando a contaminação do solo e poluição ambiental.
 
Macrophomina phaseolina (podridão da raiz):

Macrophomina phaseolina é um fungo necrotrófico que


apresenta uma ampla gama de hospedeiros, sendo responsável
por causar perdas econômicas em mais de 500 espécies de
plantas cultivadas pertencentes a 75 famílias botânicas.
M. phaseolina é um patógeno que vive no solo, sendo capaz de
infectar plantas de soja em diferentes estádios de
desenvolvimento, e apresenta difícil controle por produzir
microescleródios no solo (fonte primária de inóculo). Condições
de temperatura alta do solo e baixo potencial hídrico são
favoráveis para o desenvolvimento da doença, pois
condicionam a germinação do microescleródio e produção de
massa de hifas, sendo que estas crescem em direção as raízes
dos hospedeiros, colonizando-as durante as primeiras semanas
de desenvolvimento das plântulas.
A doença provoca redução no estande das plantas no campo,
baixa qualidade de sementes, além de induzir a maturação
precoce e morte das plantas. Em tecidos infectados, o fungo
produz microescleródios em grande quantidade, os quais
consistem na principal fonte de inóculo desse patógeno. Com a
decomposição desses tecidos, os microescleródios são liberados
no solo, onde sobrevivem por anos, sob condições adversas,
principalmente em condições de temperaturas elevadas e
estresse hídrico. A disseminação ocorre através de
implementos agrícolas, águas de irrigação, vento, animais,
além de sementes contaminadas.
A fonte de inóculo primário é constituída pela semente
infectada, pelo micélio do fungo colonizando restos de cultura e
pelos escleródios que germinam após a quebra da dormência
infectando a base do caule das plântulas. Durante os estádios
iniciais de infecção do patógeno na cultura da soja, não são
verificados sintomas visíveis nos órgãos aéreos das plantas,
pois o patógeno permanece latente.
Quando as plantas se aproximam do final da estação de
crescimento e o patógeno entra em sua fase necrotrófica e as
plantas iniciam a sintomatologia com murchas e necrose
devido ao bloqueio de feixes vasculares através de suas
estruturas, secreção de enzimas e toxinas patogênicas.
Nas plantas de soja, os sintomas baseiam-se na aparência preta
e empoeirada do fungo no caule, vagens e sementes, bem como
o escurecimento dos tecidos vasculares e radiculares.
Rhizoctonia (Rizoctoniose, mela ou requeima):

Rhizoctonia solani é um fungo patogênico do solo, conhecido


por apresentar uma ampla gama de hospedeiros, sendo grande
ameaça em todo o mundo. Temperaturas mais baixas (15-18 ºC)
associadas com alta umidade favorecem o tombamento de
plântulas.
Este fungo apresenta grande capacidade competitiva
saprofítica e que sobrevive colonizando restos de cultura ou
mediante estruturas de resistência chamadas de escleródios.
Após a germinação dos escleródios e produção de micélio, o
fungo penetra nas raízes e colo de plantas através da infecção
direta, por ferimentos e aberturas naturais.
As plântulas apresentam na região do colo e raízes, pequenas
manchas encharcadas, as quais vão aumentando, e resultam
em podridão seca, de coloração castanha a castanho-
avermelhada. É comum o estrangulamento nesta região da
haste, resultando em murcha, tombamento ou sobrevivência
temporária com emissão de raízes adventícias acima da região
afetada.
Entretanto, as plantas frequentemente tombam antes da
floração. A morte em reboleira ocorre em plantas adultas, em
anos chuvosos, com temperaturas amenas. Particularmente
para a soja, que é a principal cultura de grãos do Brasil,
totalizando, na safra 1998/99, 12.900.500 ha em área plantada,
e uma produção de 31.241.200 toneladas, várias doenças já
foram associadas a R. solani, dentre este tombamento, morte
em reboleira, podridão de raiz e da base da haste e mela ou
requeim da soja.
Na cultura da batata é comum que ocorram sintomas como
casca negra, apresentando grande importância nas áreas de
cultivo, por afetar o desenvolvimento da batata desde a
emergência até a colheita. Já na cultura do feijão, a Rhizoctonia
solani reduz o estande
causando tombamento de plântulas, causa lesões necróticas
nas folhas e pode levar a uma perda de rendimento de 100%. O
sintoma mais comum de R. solani no feijoeiro são lesões na
interface raiz-parte aérea, resultando no tombamento.
 
Pythium sp. (tombamento de plântulas):

O tombamento de plântulas causado pelo fungo necrotrófico


Pythium sp. é uma das mais importantes doenças em sistemas
florestais e agrícolas, estando associados a lesões e podridões
radiculares.
Patógenos contaminantes do solo, como Pythium são difíceis
de controlar, devido à sua longevidade no solo, capacidade de
superar ou evitar as defesas das plantas e a logística, custo e
eficácia das aplicações de fungicidas. Em muitos casos, os
patógenos causam doenças em mais de uma espécie
hospedeira, confundindo medidas de rotação.
Na ausência de resíduos de hospedeiros, o fungo Pythium sp.
apresenta capacidade de sobreviver no solo através de oósporos
com paredes espessas, tornando-os particularmente
duradouros no campo. Muitas vezes, a infecção radicular e a
ausência de lesões visíveis dificultam o diagnóstico da doença.
No campo, as plantas apresentam baixa estatura, redução da
emergência, redução do vigor das plântulas e tombamento.
Os sintomas de tombamento e podridões radiculares
ocasionadas pelo Phythium podem ser verificados em culturas
como a do feijoeiro, a da soja e a do tomateiro. Tubérculos de
batata também podem sofrer danos pós-colheita por muitas
espécies de Pythium, agentes causadores do apodrecimento. O
fungo entra através de feridas e induzem zonas necróticas
aquosas e enegrecidas dentro do tubérculo.
Phytophthora infestans (requeima):

Phytophthora infestans é um fungo bastante conhecido,


associado a doença requeima da batata, infectando não apenas
as folhagens, mas também os tubérculos.
Uma vez infectados pelo patógeno, as plantas declinam
rapidamente e podem ser mortas em questão de horas,
causando perdas devastadoras aos produtores de batata. É
considerado uma ameaça à segurança alimentar por causar
perdas econômicas de 6 bilhões de dólares anualmente.
Acomete também culturas como o Citrus, reduzindo em torno
de 30% da produção, atacam desde o viveiro, causando
tombamento e podridão radicular, e em campos causando
podridão do caule (gomose), podridão radicular e até mesmo
podridão dos frutos, interferindo na pós- colheita.
Phytophthora é também comum em lavouras de soja causando
podridão de sementes, tombamento pré e pós-emergente,
podridão de caules e raízes. O sintoma mais característico é a
descoloração marrom do caule logo acima do solo, podendo se
espalhar para ramos laterais inferiores. Mudas infectadas
tornam- se marrons, murcham e acabam morrendo.
O patógeno se reproduz rapidamente, sendo favorecido pela
umidade alta e temperatura amena, além de sua disseminação
ser facilitada na presença de precipitação em estações
chuvosas.
Fusarium sp. (murcha de Fusarium)

Fusarium oxysporum é um dos fungos fitopatogênicos mais


conhecidos devido à sua importância econômica. Além disso,
apresenta ampla distribuição por acometer inúmeros
hospedeiros.
O fungo patogênico Fusarium oxysporum é conhecido por
causar podridão radicular e murcha em mais de 100 espécies de
plantas. Este é o agente causal da murcha de Fusarium em
culturas como o tomate, banana, pimentão, dentre outras,
resultando em perdas severas na produção.
O fungo persiste no solo por meio de clamidósporos (estruturas
de resistência) e permanece viável por várias estações, o que
dificulta seu manejo. O desenvolvimento da doença é
favorecido por temperaturas do solo e do ar em torno de 28ºC.
Dessa forma, com condições ambientais favoráveis o fungo
germina e ocorre sua penetração nas raízes do hospedeiro,
entrando no sistema vascular e utilizando dos vasos do xilema
para colonizar o hospedeiro e promover o entupimento dos
vasos com micélio ou esporos.
Este entupimento causa descoloração vascular e foliar, baixa
estatura das plantas, amarelecimento das folhas mais velhas,
murcha e frequentemente levando a morte das plantas.
Scleriotinia sclerotiorum (mofo branco):

O fungo Sclerotinia sclerotiorum é um patógeno cosmopolita


que provoca podridão de raiz (mofo branco) em cerca de 400
espécies de plantas pertencentes a 75 famílias se as condições
ambientais forem adequadas.
Dentre as culturas mais infectadas pode ser citadas: a colza, o
tomate, a batata, a soja e o girassol. Esse fungo infecta
principalmente caules, folhas e flores na forma de escleródios
(estrutura de sobrevivência) que residem no solo por muitos
anos e depois germinam formando micélios na superfície das
plantas. Sua disseminação se dá principalmente por sementes
infectadas. A germinação carpogênica de escleródios pode
liberar muitos ascósporos transportados pelo ar, que são de
difícil controle, fazendo que o mofo branco seja uma das
doenças mais prejudiciais economicamente.
Os primeiros sintomas são manchas aquosas que evoluem para
coloração castanho-clara e logo desenvolvem abundante
formação de micélio branco e denso. O fungo é capaz de
infectar qualquer parte da planta, porém, as infecções iniciam-
se com frequência a partir das inflorescências e das axilas das
folhas e dos ramos laterais. Ocasionalmente, nas folhas, podem
ser observados sintomas de murcha e seca. Em poucos dias, o
micélio transforma-se em massa negra e rígida, o esclerócio,
que é a forma de resistência do fungo. Este micélio evolui seu
crescimento no interior do caule, impedindo transporte de água
e minerais, ocasionando a morte da planta.
Meloidogyne (Nematoide das galhas):

O nematoide das galhas (Meloidogyne) apresenta estilo de vida


como endoparasita sedentário, ou seja, interagem com seus
hospedeiros de uma maneira mais complexa. Eles infectam o
hospedeiro através de suas raízes e induzem a rediferenciação
das células da raiz no local de alimentação do nematoide,
chamadas de células gigantes. Uma vez dentro das
raízes, os nematoides extraem importantes nutrientes (água,
íons e lipídios) necessários para sua vida a partir das plantas,
causando graves danos a cultura hospedeira, pois bloqueia ou
dificulta o fluxo de água e nutrientes. A presença de nematoides
Meloidogyne no solo é um fator limitante para a produção de
hortaliças.
Perdas de colheitas devido a presença de nematoides do gênero
Meloidogyne são difíceis de calcular, porque dependem de
diversos fatores, como tamanho e adequação das populações de
nematoides no início da safra, condições ambientais, genótipo
da cultura (genes de resistência) e enxertia em porta-enxertos
tolerantes/resistentes. Alguns autores estimam a incidência de
Meloidogyne entre 20 e 40% da superfície total cultivada, e a
perda média de produtividade é de 30,8%.
A sobrevivência dos nematoides pode ser favorecida pela
presença de plantas hospedeiras na área, restos culturais,
temperaturas amenas e umidade no solo. Assim, a desinfestação
do solo é necessária para reduzir as populações de nematoides
no solo, a fim de obter colheitas de sucesso e produções
lucrativas.
Pratylenchus (Nematoide das lesões radiculares):

Os nematoides das lesões radiculares do gênero Pratylenchus


são endoparasitos migratórios, pertencentes à família
Pratylenchidae. Os nematoides das lesões são classificados como
o terceiro grupo mais importante de nematoides parasitas de
plantas em termos de perda econômica na agricultura e
horticultura.
Em alguns casos, a perda de rendimento pode se estender até
85% da produção esperada. Várias espécies de Pratylenchus,
como P. penetrans, P. brachyurus, P. coffeae e P. vulnustem
apresentam ampla distribuição geográfica e pode parasitar uma
ampla gama de plantas hospedeiras. No entanto, o diagnóstico
morfológico de nematoides das lesões radiculares é
problemático devido ao baixo número de características
diagnósticas e alta variabilidade intraespecífica.
Na parte aérea das plantas de citrus, os sintomas da doença são
expressos na forma de folhas e frutos menores do que nas
plantas sadias, seguidos de depauperamento gradual da planta.
A clorose e o enrolamento de folhas, e a morte descendente das
plantas são sintomas adicionais que refletem pobre
desenvolvimento de raízes e apodrecimento de radicelas,
resultantes da interação dos nematóides com fungos, bactérias e
outros microrganismos da rizosfera, concorrendo para a
deterioração do sistema radicular.
As condições de temperatura e precipitação pluviométricas são
fatores ambientais que regulam a população de T.
semipenetrans e P. jaehni no Estado de São Paulo, sendo que os
níveis populacionais mais baixos foram detectados no verão
(dezembro – março), correspondendo aos meses mais quentes e
chuvosos, enquanto os picos de população dos nematóides
ocorreram nos meses mais frios e secos.

Heterodera glycines (Nematoide do cisto da soja):

O nematoide do cisto da soja (Heterodera glycines) (NCS),


juntamente com a podridão radicular e doenças de plântulas,
são citados como principais causas de perda de rendimento nas
regiões produtoras de soja em todo o mundo.
O NCS é uma praga destrutiva em muitas regiões, e está
associado a redução da produtividade em muitas lavouras. O
nematoide Heterodera glycines é um parasita obrigatório em
plantas de soja e é conhecido por formar cistos nas raízes de seus
hospedeiros.
Quando o nematoide na sua fase juvenil infecta a raiz com seu
estilete, rapidamente induz a formação de uma célula nutridora,
chamada de “sincício”. O nematoide utiliza desta célula para
alimentação e fornecimento de nutrientes necessários para seu
desenvolvimento até a fase adulta, ficando preso na raiz. Na fase
reprodutiva ele fica preso na raiz e encista para o lado de fora,
por isso é conhecido como o nematoide do cisto da soja. Se
ocorrer morte da célula nutridora, consequentemente ocorre
morte do nematoide.

Dytilenchus dipsaci (nematoide do alho):

O nematoide Ditylenchus dipsaci é o principal parasita da


cultura do alho e da cebola, e apresenta distribuição em todas as
regiões produtoras do Brasil.
Sua importância econômica deve se a são grande distribuição e
as mais de 500 espécies de plantas de 40 famílias que são
consideradas hospedeiras. D. dipsaci vive principalmente como
endoparasita em partes aéreas de plantas (caules, folhas e
flores), mas também ataca bulbos, tubérculos e rizomas. Os
sintomas comuns de infestação são inchaço, que consiste no
entumescimento das células vegetais atacadas, promovendo
distorção, descoloração e nanismo de partes de plantas acima do
solo, e necrose de bulbos e tubérculos.
Os limiares econômicos deste nematoide são na sua maioria
muito baixas e mesmo densidades populacionais de apenas 10
nematoides por 0,5 kg de solo podem ocasionar grandes perdas.
Um dos fatores que dificultam seu controle é a capacidade de
anibrobiose no quarto instar juvenil que o torna despercebido a
olho nu e promove ampla disseminação.
Além disso, poucos produtos químicos são liberados pelo
Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento para
controlar essa praga agrícola.

QUAL A IMPORTÂNCIA
DO CUIDADO
DO SOLO
A conservação do solo pode ser entendida como uma
combinação de métodos de manejo e de uso do solo, com a
finalidade de protegê-lo contra as deteriorações induzidas por
fatores antropogênicos ou naturais.
Na maioria das situações práticas, procura-se evitar a erosão e a
deposição dos sedimentos nos corpos d’água, mas as técnicas
conservacionistas vão além dessa preocupação.
Busca-se também proteger o solo dos danos causados pela
atividade agropecuária, como a compactação ou desagregação
excessiva, ou ainda de alterações deletérias das características
químicas, como a acidificação ou salinização, freqüentemente
relacionadas à irrigação inadequada.
Um solo fértil possui grande capacidade de fornecer água e
nutrientes às plantas, mas sua fertilidade pode variar muito, em
uma só propriedade agrícola. Por isso, o agricultor precisa
conhecer os solos de sua lavoura, o que só é possível com a
análise específica.
“A fim de manter a qualidade do solo para que ele possa
contribuir com o sequestro de carbono para minimizar os
potenciais efeitos das mudanças climáticas, é preciso valer-se de
sistemas de uso do solo que sempre tenham plantas em
crescimento, como pastagem permanente; sucessão de sistemas
de culturas, de preferência consórcios, sem lacunas entre safras e
sistemas integrados de produção”, lembra Fabiane Vezzani,
professora do Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da
Universidade Federal do Paraná.
“Para manter a qualidade do solo é importante minimizar o seu
revolvimento, pelo plantio direto ou preparo mínimo do solo,
fazer rotações de culturas e aumentar a entrada de resíduos
vegetais no sistema, principalmente pelo uso de plantas de
cobertura com alta produção de matéria seca, como é o caso da
braquiária, por exemplo” indica Ieda de Carvalho Mendes,
pesquisadora da Embrapa Cerrados (Planaltina-DF). Por
integrarem cultivos anuais com a presença de animais, os
sistemas integrados lavoura pecuária são excelentes opções para
aumentar a qualidade do solo, favorecendo sua atividade
biológica, aumentando os estoques de carbono e mitigando
gases de efeito estufa.

Produzido e Editado por:


DANILO GALLINARI
RENER ALVES
REFERÊNCIAS

WHISSON, S. C.; BOEVINK, P. C.; WANG, S.; Birch, P. R. The cell


biology of late blight disease. Current Opinion in Microbiology, v.
34, p. 127-135, 2016.
https://doi.org/10.1016/j.mib.2016.09.002
ZAMBOLIM, L.; COSTA, H.; LOPES, C. A.; VALE, F. X. R. Doenças de
hortaliças em cultivo protegido. Informe Agropecuário, v. 20, p.
114-125, 1999.
ZAMBOLIM, L.; VALE, F. X. R.; COSTA, H. Controle integrado das
doenças de hortaliças. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa.
1997.
ZHAO, P.; ZHAO, Y. L.; JIN, Y.; ZHANG, T.; GUO, H. S. Root
colonization process of Arabidopsis thaliana by a fluorescent
green protein labeled Verticillium dahliae isolate. Protein & cell,
v. 5, n. 2, p. 94-98, 2014.
SUTTON, G. F.; COMPTON, S. G.; COETZEE, J. A. Naturally
occurring phytopathogens enhance biological control of water
hyacinth (Eichhornia crassipes) by Megamelus scutellaris
(Hemiptera: Delphacidae), even in eutrophic water. Biological
Control, v. 103, p. 261-268, 2016. https://doi.org/10.1016 /
j.biocontrol.2016.10.003
TALAVERA, M.; SAYADI, S.; CHIROSA-RÍOS, M.; SALMERÓN, T.;
FLOR- PEREGRÍN, E. et al. Perception of the impact of root-knot
nematode-induced diseases in horticultural protected crops of
southeastern. Spain Nematology, v. 14, n.5, p. 517- 527, 2012.
https://doi.org/10.1163/156854112X635850

Você também pode gostar