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A concepção de linguagem no ensino de língua portuguesa no ensino fundamental: uma

prática metalinguística ou epilinguística?

Diferentes questionamentos permeiam o ensino de língua portuguesa na educação


básica. Ensina-se gramática ou ensina-se produção textual? Como ensinar a produção de
textos se o aluno não domina a ortografia, o conhecimento das classes gramaticais e o
emprego destas no texto? Saber gramática é o suficiente para ser um bom falante da língua
portuguesa ou saber empregar a língua em diferentes situações faz do aluno um bom falante
da língua? há quem defenda que a missão do professor é ensinar o estudante a se comportar
linguisticamente em situações de interação social, ou seja, desenvolver a competência
linguística para assim escolher o discurso mais adequado para cada situação de fala e saber
produzir os textos mais adequados para comunicar e para convencer, independente de
ortografia, pontuação ou outras nomenclaturas. Portanto, segundo alguns estudiosos da
língua, não será através de aula de nomenclatura ou de gramática normativa que esse objetivo
será desenvolvido.

Autores, como Irandé Antunes, orientam para uma concepção de estudo da língua de
forma contextualizada. A sintaxe, a morfologia e a fonologia devem acontecer a partir do
texto. De acordo com essa orientação, o ensino da gramática contextualizada é o ensino da
gramática considerando o texto como um todo e não como objeto fragmentado para abordar
aspectos gramaticais. Para os estudos de linguagem, Mikail Bakhtin trouxe importantes
contribuições ao propor uma concepção filosófica da linguagem, ou seja, antes de alguém se
propor a lecionar língua portuguesa, é importante que este primeiramente se questione sobre
qual a sua concepção de língua e linguagem, pois o tipo de concepção vai ser determinante
para a prática docente. Se a concepção de língua é como um objeto estanque imutável, isso vai
se refletir no exercício docente que preza pela gramática normativa com todas as regras da
fala como privilégio das camadas mais favorecidas. A tendência é, portanto, de tratar a língua
como produto acabado, imutável e desconsiderar, por exemplo, que existe a variedade
linguística.

Então, na concepção da linguagem como expressão do pensamento, o texto é um


produto acabado; não cabe ao ouvinte questionar, mas exercer um papel passivo diante dele,
apenas recebendo suas informações. Será que isso acontece nas escolas brasileiras?...

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