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TERREIRO DE UMBANDA CASA DA LUZ PAI AMBRÓSIO

Disciplina – Fé – Amor

Palestrantes: Dinuel e Paula

FUNDAMENTOS
01 – Hierarquia e normas de um Terreiro

Não basta estar ali, é preciso viver o terreiro em todos seus


aspectos. Todo terreiro tem sua hierarquia, mesmo que seja informal.
Todo terreiro tem suas regras, mesmo que não estejam claras e
dispostas em papel. É importante conhecer a hierarquia logo no início
de sua entrada no terreiro.
Quem é o pai de santo ou mãe de santo, quais são os cargos,
quem é o ogã chefe, quem é o chefe dos cambonos. Existe um terreiro
matriz ou um terreiro do pai de santo? Saber onde você está é o
primeiro passo para definir os próximos.
As regras de uma casa podem ser difíceis de assimilar porque,
normalmente, não estão escritas.
Calendários de gira nem sempre estão dispostos e os grupos de
redes sociais podem falhar. Perguntar diretamente a mãe de santo é o
melhor caminho.

02 - FUJA DOS ERROS MAIS COMUNS

Passe longe dos erros mais cometidos. Falar mal dos outros é um
deles. Nossa sociedade tem um antigo e enraizado hábito de falar da
vida alheia. Este fato causa um impacto muito grande a longo prazo
destruindo nossa credibilidade e afastando pessoas.
Discorde de ideias, mas aceite as pessoas. De certo, algumas
pessoas não aceitarão esta atitude. Dirão que estará em cima do muro
ou que é um falso ou que esconde algo. Fuja do erro de revidar. Ame ao
próximo como a si mesmo. Contudo, tenha sempre em mente que as
punições são parte do processo de educação coletiva e individual. Saiba
quando manter seu pé firme em seus valores sem quebrar sua alma.
Quem caminha na luz tem proteção divina. Tenha coragem e paciência
para esperar o tempo de Deus.
Não pule etapas. O maior erro do médium é querer pular etapas
na evolução espiritual. Mal entrou na corrente e deseja incorporar logo,
mal incorpora e quer dar consulta, mal dá consulta e deseja ter seu
próprio terreiro. Cada passo é importante para a evolução do espírito. O
espírito é obra de Deus e só Deus sabe o que é preciso para cada um de
nós evoluir. Você tem guias espirituais cuidando disto.
Aquela pedra no meio do caminho pode ser um degrau para subir
na árvore.

03 - AFASTE OS MITOS

A religião de Umbanda tem muitos mitos. Afaste todos.


O mito mais comum é que, se você entrar, não poderá mais sair
da religião. É muito comum ouvirmos esta falsa afirmação.
Confundimos sair com abandonar. Sair é muito diferente de abandonar.
Sair é cumprir com todas as regras estabelecidas mantendo a porta da
frente aberta. Abandonar é desaparecer e não cumprir mais com aquilo
que prometeu. Podemos prometer coisas e, depois, descobrir que não
temos condições de cumprir. Deus é muito maior do que todos nós
juntos e sabe o tamanho do fardo que conseguimos carregar. Deus tem
misericórdia e também tem severidade. Deus sabe quando somos
negligentes e quando somos sinceros.
Outro mito é que iremos prosperar agora que temos entidades que
farão tudo por nós. Primeiro, entidades não são escravos e não estão à
nossa disposição. Pelo contrário, nós somos os seus servidores.
Entidades de luz estão acima de nós.
Lembra da hierarquia do terreiro? Há hierarquia no mundo
espiritual e, nesta hierarquia, estamos na condição de servidores.
Ninguém irá prosperar ou minguar só porque virou umbandista. A
Umbanda é uma forma de viver a vida. Tem leis próprias que nos guiam
em direção a Deus. Prosperar é fruto de nosso esforço que será
orientado pelos guias e entidades.
Outro grande mito de médiuns iniciantes.
Muitas vezes, nossos erros não são vistos por nós mesmos.
Atenção às nossas palavras, emoções e atitudes. Conhecer a si mesmo.
Sabedoria antiga e pouco seguida.

04 – TERREIRO REFLETE SUAS ATITUDES

O terreiro é o reflexo não só do dirigente, mas das atitudes de


todos os médiuns. Negligenciar orações e cuidados com os Orixás e
entidades causam reflexo em nós e ecoa junto a corrente mediúnica.
Dar vazão a fofocas e maledicências oferece campo fértil para espíritos
negativados invadirem as instalações de sua casa de fé. A soberba
afasta os humildes. O ódio desgasta quem ama e o terreiro fechará suas
portas.
Nossas atitudes formam uma via de mão dupla. Uma estrada que
vai em direção ao mundo que nos cerca e retorna para nosso mundo
interior.
Fazemos isto a todo o momento e não nos damos conta da
dimensão e repercussão deste fato. Um irmão da corrente olha feio, você
fecha a cara, repete a atitude com outro e assim por diante. Seja o
reflexo das atitudes do caboclo, do preto velho, da criança.
Escute-os falar e repita os seus ensinamentos.
Veja-os agir e incorpore seu modo de encarar a vida e de agir
diante dela. Tenha postura religiosa, sorriso no rosto, sabedoria nas
palavras e atitudes. Mantenha sua cabeça no lugar, seu coração
batendo com fé e seus passos em direção à seus irmãos de santo
permanecendo todos na trilha dos Orixás e das entidades seguindo os
ditames de seu dirigente.

05 – PRECEITO É ELEVAÇÃO
Nossos hábitos acabam por tomar decisões que antes era de
nossa competência. O volume de hábitos que adquirimos ao longo da
vida nos torna incapazes de controlar certas atitudes do cotidiano. O
preceito é período de atenção a estes hábitos a fim de elevar nossa
alma.
Abstinência de carne, álcool e relações sexuais são as restrições
mais conhecidas. Servem para que tenhamos atenção a nossos
impulsos mais primitivos. Além do exposto, a carne vermelha pesa no
estômago. Notamos isto claramente ao comer uma comida japonesa e
ao sair da churrascaria. Um almoço japonês é leve. A churrascaria é
pesada. Não há o que falar do álcool. Atrapalha o raciocínio e traz a
famosa ressaca. Precisamos de nossa saúde plena para a prática da
mediunidade e o consumo de álcool não é compatível à esta condição. A
abstinência das relações sexuais está intimamente ligada a manutenção
de nossa energia primária e atenção focada nos instintos básicos e
primitivos do ser humano. Não estamos diante do negar e sim, do
escolher. Escolho manter-me em uma só direção, a direção de nosso
Deus Olorum. Nada me removerá deste caminho. Só para constar, sexo
é bom, essencial à vida e ao equilíbrio das emoções. Contudo, ninguém
morrerá se não praticar sexo nestas vinte e quatro horas de preceito.
Além destas determinações básicas, o médium pode se abster ou
diminuir vícios individuais como, por exemplo, o cigarro, a gula, o café.
Manter-se em oração e vigiar sua mente, seus atos, sua vibração
espiritual. Isso é preceito.

06 - ELEVE-SE A TODO MOMENTO

A gira é um momento de sua vida espiritual.


Todo o restante é continuidade dela. Ao incorporar o caboclo ou
tê-lo diante de si serve para que tomemos seus atos e palavras como
exemplo de vida e passemos a seguir estes preceitos. Quando uma
pessoa necessitar de uma palavra amiga esteja sempre disposto a dizer
estas palavras. Saiba que nós temos o compromisso com a Lei de
Umbanda e estamos sob a sua égide. Para que este escudo se mantenha
firme em nossas vidas basta estar sempre disposto a doar parte de
Olorum a todos que necessitam receber.
Obviamente, não podemos anular nossas vidas para que isto
ocorra. Tudo exige bom senso. Se passarmos os dias atendendo pessoas
e não trabalharmos não teremos dinheiro para pagar nossas contas e
moraremos embaixo da ponte. Prestar caridade exige dizer não quando
for necessário. Talvez, o que aquela pessoa precisava naquele momento
era este não.
Esperar o momento correto para prestar a caridade é o caminho
do equilíbrio. Caso contrário, estará fora da harmonia do auxílio ao
próximo.

ALAN BARBIERI e ADÉRITOS SIMÕES

O médium na Umbanda Sagrada

O médium de Umbanda é o ponto chave do ritual de Umbanda no


plano material.
Por isso, o médium iniciante deve merecer dos filhos-de-fé mais
antigos toda a atenção, carinho, paciência e respeito quando adentram
o espaço interno das tendas, pois é mais um filho da Umbanda que é
“dado” à sua luz.
Para o médium iniciante este é o período de transição em que
todos os seus valores religiosos anteriores pouco valem, pois outros
valores lhe estão sendo apresentados. É portanto, um período
extremamente delicado
Alguns milhões de pessoas, com um potencial mediúnico
magnífico, já foram perdidos para outras religiões porque os dirigentes
de tendas de Umbanda não deram a devida atenção ao “fator médium”
do ritual da Umbanda, assim como não atentaram parao fato de que
aqueles filhos, que lhes são enviados pelo plano espiritual, no lado
material dependem fundamentalmente deles.
Muitos são os preconceitos quanto à educação mediúnica. Muitas
pessoas temem certas inverdades divulgadas por desconhecedores das
religiões espiritualistas.
Vamos a algumas colocações frequentes que circulam no meio
religioso:
 A mediunidade é uma provação.
A mediunidade não é uma provação, mas somente a
exteriorização de um dom que aflorou no ser e que, se bem
desenvolvida, irá acelerar sua evolução espiritual.
 A mediunidade é uma punição cármica.
Não é uma punição cármica, mas sim um ótimo recursos que a lei
nos facilitou para nos harmonizarmos com nossas ligações ancestrais.
 A Mediunidade escraviza os médiuns.
Não escraviza o médium, apenas exige dele uma conduta de
acordo com o que esperam os espíritos que por meio dele atuam no
plano material, pois de nada adianta alguém ser médium e não assumir
conscientemente sua mediunidade e suas responsabilidades.
Para concluir, podemos dizer que a mediunidade, por ser um
dom, tem de ser praticada com fé, amor e caridade. Só assim nos
mostramos dignos do Senhor de Todos os Dons: nosso divino Criador!
PONTO RISCADO
O ponto riscado ou o desenho magista feito com pemba sobre
uma tábua por entidades dirigentes é firmado com vela e ponteiro,
dando início a cada sessão. Este ponto fixa a força do trabalho,
preparando o campo para que as demais entidades também risquem
seus pontos, fortalecendo a potência da Gira. O ponto riscado da
entidade dirigente permanece na frente do Congá durante os trabalhos,
enquanto os pontos riscados das demais entidades que estão
trabalhando, permanecem no toco, ou seja, próximo ao lugar em que a
entidade e o cambono se organizam para atender os consulentes.
Lembramos ainda que, desde que a entidade incorporada no dirigente
tenha riscado seu ponto, a segurança daquele trabalho está garantida;
os pontos riscados pelas demais entidades servem para identificar o
espírito e imantar o campo energético.
Ao canalizar e/ou expandir força, o ponto riscado estabelece uma
sinergia entre a entidade Chefe do Terreiro, o trabalho dos outros
Guias, os demais espíritos que estão na casa, os médiuns e a
assistência. Por criar um campo energético de força e proteção, conecta
os planos material e astral. Depende da intenção da entidade, do
objetivo do trabalho e da necessidade do atendimento.
É de identificação, quando o espírito demonstra quem é e onde
atua; de trabalho, quando informa o que está fazendo, e de firmeza,
quando riscado pelo guia chefe para a proteção geral da Gira.
É importante lembrar que o ponto riscado pode ser alterado ou
até mesmo redefinido com o passar do tempo, pois transformações
decorrem tanto do amadurecimento espiritual do médium (com sua
entrega, confiança e sintonia) quanto com as alterações do próprio
trabalho. Uma vez definida a identidade do Espírito através do ponto
riscado, ele tem autonomia para riscar pontos diferentes, com o intuito
de se adequar ao contexto de cada trabalho. Pode também, sempre
riscar o mesmo ponto.
CONGÁ

Clareia para todo o mal levar.


A palavra Congá tem origem no idioma africano banto, cujo
significado é “altar sagrado”.
Em alguns Terreiros, o altar pode ser denominado, também, por
Gongá ou Jacutá. Os altares têm origens remotas e fazem parte de
cultos ancestrais que aconteciam em torno do planeta, desde o
alvorecer da humanidade; eram a razão de ser dos encontros onde se
ofereciam sacrifícios aos Deuses em troca de benefícios terrenos.
O caráter sacrificial do altar foi transformado por Jesus Cristo
que, ao consagrar o pão e o vinho no lugar do seu corpo e do seu
sangue, redefiniu o diálogo com o sagrado. A pedra ou a mesa onde
eram realizados os sacrifícios pagãos transforma-se no altar cristão.
Sob a égide de Oxalá, os Congás da Umbanda, na maior parte das
casas, são formados por imagens e elementos dispostos em prateleiras
nas paredes. O altar do umbandista é uma espécie de endereço, um
link, que conecta os filhos aos guias superiores e aos irmãos de fé. A
vibração que emana do Congá é um ponto de irmandade, de recíproca
identificação, no que se refere ao local de celebração da existência das
divindades. Ele é um delimitador de um campo energético, uma espécie
de portal para esferas espirituais superiores e dimensões paralelas,
irradiador de energias positivas.
Por contarmos com dois salões para trabalhos mediúnicos, temos
também dois Congás; em ambos, imagens dos Santos Católicos
sincretizados com os sete Orixás estão colocadas sobre pequenas
prateleiras nas paredes; diante das imagens, velas de sete dias, na cor
de cada Orixá. Em degraus próximos ao chão, estão esculturas de
Caboclos, Pretos Velhos e entidades das Linhas Neutras; tacapes,
flechas e outros elementos magísticos também podem ficar no Congá.
Se as imagens ajudam a elevar as vibrações mentais, aumentando
nossa conexão com o que representam, as velas vibram na captação e
irradiação energética e os objetos, por sua vez, são purificados para a
potencialização de emanações fluídicas utilizadas nos trabalhos

ASSISTÊNCIA
Distribuída ao longo do salão circular e podendo visualizar o
Congá, a assistência é parte fundamental do trabalho de Umbanda,
razão de ser de uma Gira, pois a prática da caridade é o objetivo da
religião. Entre o Congá e a assistência, fica o corpo mediúnico que
realiza os trabalhos.
É composta por pessoas que, regular ou esporadicamente,
frequentam as giras, seja para tomar passes, fazer tratamento espiritual
ou simplesmente por estar em um lugar agradável. Quem faz
tratamento numa casa de Umbanda não precisa necessariamente
tornar-se umbandista: as portas estão abertas a todos que desejem
frequentar o Terreiro pelas mais diversas razões.
Por vezes, a assistência, assim como os médiuns, traz consigo
espíritos que necessitam de encaminhamento, os quais são atendidos e
tratados no transcorrer da gira. Os espíritos que desejam perturbar são
barrados na Tronqueira e, conforme o caso, encaminhados para
tratamento. É importante lembrar que, para o bom andamento dos
trabalhos, é condição que todos mantenham silêncio e padrão de
pensamento elevado, participando das preces e dos pontos cantados

PEMBA
Segura o ponto meu pai
Que estou com a pemba na mão.
Na tradição religiosa africana, a pemba é feita com um pó branco
extraído dos montes brancos de Kabanda e da água do Rio Divino U Sil;
tais elementos, trabalhados com fogo e ar, formam uma espécie de giz
poroso. Hoje em dia, são utilizadas pembas industrializadas e de várias
cores, conforme o Orixá.
Catalisadora de energia, a pemba é considerada sagrada e tem
um poder ritualístico fundamental na Umbanda por usar, na sua
composição, os quatro elementos básicos da magia: água, fogo, terra e
ar. Responde às determinações do manipulador,
Guia espiritual que reúne seus conhecimentos aos do médium
com o qual trabalha.
Sua utilização deve ser feita com cautela, de acordo com a
orientação Espiritual dos dirigentes.
Cada cor de pemba contém vibrações específicas: a branca é
harmonizadora, podendo ser usada por qualquer entidade; as coloridas
(vermelha, rosa, amarela,marrom, azul, preta ou verde), correspondem
a outras ondas cromáticas, de acordo com a teoria das cores13.
Seu uso é reservado para pontos riscados ou trabalhos
específicos, em consonância com a cor atribuída à linha espiritual.

PONTEIRO

O ponteiro, de ferro ou de aço, é um instrumento de metal


semelhante a uma faca, que por sua composição e formato é um
excelente condutor de energia. Com ele as Entidades firmam o trabalho
que estão executando, expandindo ou atraindo a energia para o espaço
magnético do ponto riscado.

VESTUÁRIO

A roupa branca é a vestimenta usada pelos médiuns do nosso


Terreiro.
Nos pés usamos meias ou sapatilhas com material antiderrapante
ou alpargatas, cuja sola é de corda. Pedimos para evitar solados de
couro e borracha, os quais são isolantes e não permitem que a energia
seja trabalhada de forma adequada.

CUMPRIMENTOS E POSTURAS
Se observarmos os rituais de inúmeras religiões, encontraremos
neles um sentido comum: o de invocar divindades e forças espirituais
através de atos e práticas que predispõem à harmonização e o
equilíbrio. Também na Umbanda, determinadas posturas e
cumprimentos são realizados pelos médiuns, com o intuito de preparar
o psiquismo e obter o equilíbrio astral e físico.
A corrente mediúnica ou vibratória é composta pela reunião dos
médiuns em torno do Congá. Mediante solicitação da entidade dirigente,
e dependendo do teor do trabalho, os médiuns podem ser convocados a
dar as mãos uns aos outros: a mão direita fica com a palma para baixo
e a esquerda para cima. Esta postura, de acordo com estudos
realizados, permite que a mão direita receba e que a esquerda doe
energia. Além de propiciar o equilíbrio mediúnico, dar as mãos indica
que está sendo solicitada uma maior atenção da corrente.
Corpo estirado ou de joelhos toca-se o chão com a testa, numa
postura conhecida por “bater a cabeça”. A tradução para o Iorubá é
dobalê e significa respeito. Batemos a cabeça em sinal de humildade,
respeito e devoção ao Congá, aos Orixás e aos dirigentes. Também, é
uma forma de absorção de energias benéficas e ou de descarga de
energias, as quais entram em contato com a terra.
Assim como bater a cabeça, o ajoelhar-se denota respeito,
obediência e humildade; seu sentido se torna óbvio a partir do
sincretismo com o catolicismo.
Bater os dedos no chão (três vezes) e depois tocar a fronte, o lado
direito da cabeça e a nuca têm como finalidade demonstrar humildade,
respeito e devoção. Deve ser feito para saudar Orixás, Guias, Congá,
Assentamento e a firmeza da Engoma. A mesma saudação é realizada
na Casa dos Exus e, mediante prévia autorização, quando se entra em
um dos Roncós.
Ao iniciarmos os trabalhos, pedimos Mucuiu para os dirigentes e
demais membros da hierarquia, salvo quando, em função do elevado
número de médiuns o dirigente dispense tal formalidade, abençoando a
todos no início do trabalho. Tal cumprimento simboliza o respeito e a
confiança do médium na parte material e espiritual dos trabalhos.
Entre os membros da hierarquia, o cumprimento também é
realizado.

Cambonos
Os Cambonos são auxiliares das Entidades e dos Médiuns
quando incorporados e principalmente fiscais do Terreiro.
A função dos Cambonos, auxiliando as Entidades no Terreiro é de
uma importância muito grande para o desenvolvimento e aprendizado
mediúnico, por isso, a orientação do Diretor de Terreiro é de que todos
os médiuns exerçam a função, como forma de obter o aprimoramento
dos seus conhecimentos.
Em caso de dúvida, quanto a “o quê, como, quando e onde fazer”,
o procedimento indicado pela Entidade, deverá ser esclarecido com a
mesma, evitando desta forma que o consulente possa sair com dúvida e
acabar por realizar alguma coisa errada.
Os Cambonos deverão colaborar com o Médium e com a Entidade
incorporada, preparando, organizando, servindo e guardando os
materiais de uso da Entidade antes, durante e após os trabalhos.
Os Cambonos deverão deixar todo o material de uso da Entidade
separado previamente (tábua para riscar ponto, pembas, velas,
ponteiros, bebidas, coités, copos, taças, cigarros, etc.), estando pronto
para servir à Entidade incorporada.
Deverão manter a sintonia espiritual e a sua concentração
durante as consultas e trabalhos realizados pela Entidade.
Não se admite outra postura que não seja de honestidade e sigilo
absoluto, guardando como “segredo confessional” tudo o que for dito e
ouvido durante a consulta.
Os Cambonos deverão prestar atenção às consultas para que não
seja infringida nenhuma norma ou regulamento da casa, comunicando
qualquer irregularidade à hierarquia e/ou conforme o caso ao Pai ou
Mãe-de-Santo, por isso não deverá incorporar, exceto quando
autorizado pela Entidade a quem estiver atendendo apenas para
transporte ou ao final das consultas para “descarregar a energia”
incorporação rápida.
Os Cambonos não deverão deixar de ouvir, mesmo que por
solicitação do consulente, as consultas feitas às Entidades e as
respostas dadas. Em caso de determinação da Entidade para se afastar
durante uma consulta, avisar imediatamente ao Pai ou Mãe-de-Santo
ou a Entidade que nele estiver incorporada.
Durante a vibração deverá ficar atento à Entidade e ao trabalho
que ela realiza, sem, contudo, ficar ao lado da Entidade, lembrando
sempre que na vibração admite-se somente o “passe”. Para consulta
existe o horário específico.
1Ao locomover-se pelo ambiente do ritual, não furar nem costurar
a corrente, evitando trombar com os médiuns.
Assim que as Entidades incorporarem em seus “cavalos”, deverão
fazer as devidas saudações (Terreiro, Entidade chefe do trabalho e
hierarquia) e riscar o ponto, caso isto não aconteça, os Cambonos(es)
deverão buscá-las, conforme determinação do Diretor de Terreiro.
Os Cambonos não deverão em hipótese alguma selecionar
consultas, aproveitando da função para consultar parentes e amigos,
deverão seguir rigorosamente a ordem de chamada formada pelos
responsáveis por organizar as consultas.
Os Cambonos terão que ter um material de apoio composto de
papel branco para discriminar anotações de receitas, caneta e caderno
individual do médium de trabalho para anotar as informa necessárias,
nome do consulente, idade, e receitas (que deverão ser entregues a
membro da hierarquia para verificação).
Durante os trabalhos, os Cambonos não deverão manter
conversas com os Médiuns da corrente, tampouco com a assistência.
Os Cambonos deverão estar atentos para agilizar as consultas,
prestando atenção no tempo de duração e não permitindo que se
estenda desnecessariamente, evitando também que o consulente se
repita ou queira consultar por outras pessoas que não estão presentes.
Precisam ter o discernimento para entender a diferença entre – por
exemplo – uma mãe que vai ao Terreiro consultar uma Entidade sobre
um problema que na realidade é de seu filho, daquela pessoa que após
falar exaustivamente de seus problemas ainda quer que a Entidade
resolva ou responda as perguntas encomendadas pelo vizinho, pela
amiga ou pela comadre.
Os Cambonos não podem opinar nas consultas, a não ser que
sejam solicitados, buscando prestar atenção para poder repetir os
ensinamentos das Entidades para esclarecimento do consulente, ou
para relatar qualquer situação constrangedora para a hierarquia.
Ao final das consultas a Entidade deverá “descarregar” o seu
cambono e subir. (Não significa que este tenha que incorporar).
Com a Entidade incorporada:
Pedir licença à Entidade e solicitar orientação com relação às
sobras de material utilizado.

CUMPRIMENTOS
Bater Cabeça

O ato de “Bater Cabeça” não deve ser ou se tornar um ‘costume’


ou uma ‘repetição’, mas uma atitude de reverência, entrega, devoção e
adoração diante dos e pelos Sagrados Orixás. É nessa hora que
comungamos com Oxalá, Oxum, Oxóssi, Xangô, Ogum, Obaluayê,
Iemanjá e com todos os Guias Espirituais, é nessa hora que pedimos
que nos ajudem a mantermos nossos olhos fechados para o ciúme, para
o egoísmo e para a inveja, assim como nossos ouvidos fechados para a
intriga e para a curiosidade que fortifica a fofoca.
É nessa hora que pedimos que nos ajudem a manter nossos
corações abertos para o amor, para a fé, para a compaixão e para a
esperança, e que nossa mente esteja sempre aberta para o
discernimento, para a sabedoria e para a paciência. Que nos ajudem a
manter nosso espírito purificado e iluminado para que assim possamos
servir de “simples” instrumentos de Deus, da Lei e da Justiça Divina. É
o momento de agradecer, agradecer e agradecer por essa oportunidade
única e excelsa que temos por estar diante do Poder Divino, diante dos
Orixás.
Além disso, é o momento de absorver as potências energéticas da
Terra pedindo para ela transmutar todos nossos pensamentos e
sentimentos negativos, além de nos envolver com a Sabedoria Sagrada
de nossa ancestralidade que em tempos remotos foi levada a terra.
E por fim, e não menos importante, o médium deve Saudar, ou
melhor, Tomar a Benção de seu Pai ou Mãe Espiritual.
Quando isso ocorre, o “filho” está reconhecendo seu Pai Espiritual
como o detentor dos conhecimentos da Lei de Umbanda e como seu
orientador, portanto é ele que o conduzirá, o sustentará e o protegerá
dentro da doutrina religiosa umbandista e diante da própria vida.
“Tomar a Benção” é sim um procedimento de reconhecimento e de
respeito à Hierarquia, mais do que isso, é um ato de entrega, respeito e
confiança, portanto aquele que “dá a benção” tem que estar consciente
de suas responsabilidades, assim como deve rever e reavaliar seus atos
constantemente para que eles sejam e estejam idôneos à sua posição.
“Tomar a Benção” ou “Dar a Benção” é coisa séria e tem fundamento,
portanto é preciso ter Atitude, Respeito e Conhecimento. Tendo também
em conta, que quem na verdade abençoa, são as forças (Orixás) e
entidades (guias) que o Pai / Mãe carrega.
Todo terreiro de Umbanda possui um ritual e embora estes rituais
se modifiquem, é necessário que haja disciplina para realizar uma gira,
ou seja, NORMAS CONHECIDAS POR TODOS desde o dirigente ao
iniciando que acabou de entrar.
Este deve ser orientado ao máximo possível:
- com a relação a sua postura dentro do terreiro,
- bem como suas obrigações e deveres para com seus irmãos.
- e claro, as normas básicas de respeito, tratamento.
- conhecimento correto de quem são nossos mentores espirituais.
- respeito prioritário pelo Dirigente e os que estão logo abaixo na
hierarquia da casa (pois estes são os que conhecem melhor o
funcionamento e normas da casa).
 
Mesmo se for apenas um "visitante" da casa, há que lhe
explicar a postura respeitosa que deve ter ao entrar no Congá,
durante o ritual e especialmente perante os mentores espirituais.
 
A Umbanda nos ensina que cada um é o que é, cada pessoa sabe
em seu intimo quais são seus processos de ação e reação, infelizmente
quase todos nos escondemos de nós mesmos, por falta de coragem de
olharmos no nosso espelho interior, vermos nossos defeitos para
podermos dar o primeiro passo para mudança. Para isso contamos com
o auxilio fraternal das Entidades de Aruanda e também os conselhos
dos Sacerdotes experientes e sinceros.
Mostrar o caminho não significa decretar, por isso é importante o
Dirigente observar que se um novo integrante da corrente veio de outra
religião e naquele momento de sua vida deseja abraçar a Umbanda, não
é de repente que essa pessoa vai esquecer a fé que moveu por dentro
durante tanto tempo.
 
O VERDADEIRO UMBANDISTA RESPEITA OS CREDOS E SABE
QUE A MESMA FÉ QUE O FAZ AMAR SEUS GUIAS E PROTETORES,
FAZ UM CATÓLICO AMAR SUA IGREJA, OU UM MUÇULMANO AMAR
ALÁ.

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