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Disciplina – Fé – Amor
FUNDAMENTOS
01 – Hierarquia e normas de um Terreiro
Passe longe dos erros mais cometidos. Falar mal dos outros é um
deles. Nossa sociedade tem um antigo e enraizado hábito de falar da
vida alheia. Este fato causa um impacto muito grande a longo prazo
destruindo nossa credibilidade e afastando pessoas.
Discorde de ideias, mas aceite as pessoas. De certo, algumas
pessoas não aceitarão esta atitude. Dirão que estará em cima do muro
ou que é um falso ou que esconde algo. Fuja do erro de revidar. Ame ao
próximo como a si mesmo. Contudo, tenha sempre em mente que as
punições são parte do processo de educação coletiva e individual. Saiba
quando manter seu pé firme em seus valores sem quebrar sua alma.
Quem caminha na luz tem proteção divina. Tenha coragem e paciência
para esperar o tempo de Deus.
Não pule etapas. O maior erro do médium é querer pular etapas
na evolução espiritual. Mal entrou na corrente e deseja incorporar logo,
mal incorpora e quer dar consulta, mal dá consulta e deseja ter seu
próprio terreiro. Cada passo é importante para a evolução do espírito. O
espírito é obra de Deus e só Deus sabe o que é preciso para cada um de
nós evoluir. Você tem guias espirituais cuidando disto.
Aquela pedra no meio do caminho pode ser um degrau para subir
na árvore.
03 - AFASTE OS MITOS
05 – PRECEITO É ELEVAÇÃO
Nossos hábitos acabam por tomar decisões que antes era de
nossa competência. O volume de hábitos que adquirimos ao longo da
vida nos torna incapazes de controlar certas atitudes do cotidiano. O
preceito é período de atenção a estes hábitos a fim de elevar nossa
alma.
Abstinência de carne, álcool e relações sexuais são as restrições
mais conhecidas. Servem para que tenhamos atenção a nossos
impulsos mais primitivos. Além do exposto, a carne vermelha pesa no
estômago. Notamos isto claramente ao comer uma comida japonesa e
ao sair da churrascaria. Um almoço japonês é leve. A churrascaria é
pesada. Não há o que falar do álcool. Atrapalha o raciocínio e traz a
famosa ressaca. Precisamos de nossa saúde plena para a prática da
mediunidade e o consumo de álcool não é compatível à esta condição. A
abstinência das relações sexuais está intimamente ligada a manutenção
de nossa energia primária e atenção focada nos instintos básicos e
primitivos do ser humano. Não estamos diante do negar e sim, do
escolher. Escolho manter-me em uma só direção, a direção de nosso
Deus Olorum. Nada me removerá deste caminho. Só para constar, sexo
é bom, essencial à vida e ao equilíbrio das emoções. Contudo, ninguém
morrerá se não praticar sexo nestas vinte e quatro horas de preceito.
Além destas determinações básicas, o médium pode se abster ou
diminuir vícios individuais como, por exemplo, o cigarro, a gula, o café.
Manter-se em oração e vigiar sua mente, seus atos, sua vibração
espiritual. Isso é preceito.
ASSISTÊNCIA
Distribuída ao longo do salão circular e podendo visualizar o
Congá, a assistência é parte fundamental do trabalho de Umbanda,
razão de ser de uma Gira, pois a prática da caridade é o objetivo da
religião. Entre o Congá e a assistência, fica o corpo mediúnico que
realiza os trabalhos.
É composta por pessoas que, regular ou esporadicamente,
frequentam as giras, seja para tomar passes, fazer tratamento espiritual
ou simplesmente por estar em um lugar agradável. Quem faz
tratamento numa casa de Umbanda não precisa necessariamente
tornar-se umbandista: as portas estão abertas a todos que desejem
frequentar o Terreiro pelas mais diversas razões.
Por vezes, a assistência, assim como os médiuns, traz consigo
espíritos que necessitam de encaminhamento, os quais são atendidos e
tratados no transcorrer da gira. Os espíritos que desejam perturbar são
barrados na Tronqueira e, conforme o caso, encaminhados para
tratamento. É importante lembrar que, para o bom andamento dos
trabalhos, é condição que todos mantenham silêncio e padrão de
pensamento elevado, participando das preces e dos pontos cantados
PEMBA
Segura o ponto meu pai
Que estou com a pemba na mão.
Na tradição religiosa africana, a pemba é feita com um pó branco
extraído dos montes brancos de Kabanda e da água do Rio Divino U Sil;
tais elementos, trabalhados com fogo e ar, formam uma espécie de giz
poroso. Hoje em dia, são utilizadas pembas industrializadas e de várias
cores, conforme o Orixá.
Catalisadora de energia, a pemba é considerada sagrada e tem
um poder ritualístico fundamental na Umbanda por usar, na sua
composição, os quatro elementos básicos da magia: água, fogo, terra e
ar. Responde às determinações do manipulador,
Guia espiritual que reúne seus conhecimentos aos do médium
com o qual trabalha.
Sua utilização deve ser feita com cautela, de acordo com a
orientação Espiritual dos dirigentes.
Cada cor de pemba contém vibrações específicas: a branca é
harmonizadora, podendo ser usada por qualquer entidade; as coloridas
(vermelha, rosa, amarela,marrom, azul, preta ou verde), correspondem
a outras ondas cromáticas, de acordo com a teoria das cores13.
Seu uso é reservado para pontos riscados ou trabalhos
específicos, em consonância com a cor atribuída à linha espiritual.
PONTEIRO
VESTUÁRIO
CUMPRIMENTOS E POSTURAS
Se observarmos os rituais de inúmeras religiões, encontraremos
neles um sentido comum: o de invocar divindades e forças espirituais
através de atos e práticas que predispõem à harmonização e o
equilíbrio. Também na Umbanda, determinadas posturas e
cumprimentos são realizados pelos médiuns, com o intuito de preparar
o psiquismo e obter o equilíbrio astral e físico.
A corrente mediúnica ou vibratória é composta pela reunião dos
médiuns em torno do Congá. Mediante solicitação da entidade dirigente,
e dependendo do teor do trabalho, os médiuns podem ser convocados a
dar as mãos uns aos outros: a mão direita fica com a palma para baixo
e a esquerda para cima. Esta postura, de acordo com estudos
realizados, permite que a mão direita receba e que a esquerda doe
energia. Além de propiciar o equilíbrio mediúnico, dar as mãos indica
que está sendo solicitada uma maior atenção da corrente.
Corpo estirado ou de joelhos toca-se o chão com a testa, numa
postura conhecida por “bater a cabeça”. A tradução para o Iorubá é
dobalê e significa respeito. Batemos a cabeça em sinal de humildade,
respeito e devoção ao Congá, aos Orixás e aos dirigentes. Também, é
uma forma de absorção de energias benéficas e ou de descarga de
energias, as quais entram em contato com a terra.
Assim como bater a cabeça, o ajoelhar-se denota respeito,
obediência e humildade; seu sentido se torna óbvio a partir do
sincretismo com o catolicismo.
Bater os dedos no chão (três vezes) e depois tocar a fronte, o lado
direito da cabeça e a nuca têm como finalidade demonstrar humildade,
respeito e devoção. Deve ser feito para saudar Orixás, Guias, Congá,
Assentamento e a firmeza da Engoma. A mesma saudação é realizada
na Casa dos Exus e, mediante prévia autorização, quando se entra em
um dos Roncós.
Ao iniciarmos os trabalhos, pedimos Mucuiu para os dirigentes e
demais membros da hierarquia, salvo quando, em função do elevado
número de médiuns o dirigente dispense tal formalidade, abençoando a
todos no início do trabalho. Tal cumprimento simboliza o respeito e a
confiança do médium na parte material e espiritual dos trabalhos.
Entre os membros da hierarquia, o cumprimento também é
realizado.
Cambonos
Os Cambonos são auxiliares das Entidades e dos Médiuns
quando incorporados e principalmente fiscais do Terreiro.
A função dos Cambonos, auxiliando as Entidades no Terreiro é de
uma importância muito grande para o desenvolvimento e aprendizado
mediúnico, por isso, a orientação do Diretor de Terreiro é de que todos
os médiuns exerçam a função, como forma de obter o aprimoramento
dos seus conhecimentos.
Em caso de dúvida, quanto a “o quê, como, quando e onde fazer”,
o procedimento indicado pela Entidade, deverá ser esclarecido com a
mesma, evitando desta forma que o consulente possa sair com dúvida e
acabar por realizar alguma coisa errada.
Os Cambonos deverão colaborar com o Médium e com a Entidade
incorporada, preparando, organizando, servindo e guardando os
materiais de uso da Entidade antes, durante e após os trabalhos.
Os Cambonos deverão deixar todo o material de uso da Entidade
separado previamente (tábua para riscar ponto, pembas, velas,
ponteiros, bebidas, coités, copos, taças, cigarros, etc.), estando pronto
para servir à Entidade incorporada.
Deverão manter a sintonia espiritual e a sua concentração
durante as consultas e trabalhos realizados pela Entidade.
Não se admite outra postura que não seja de honestidade e sigilo
absoluto, guardando como “segredo confessional” tudo o que for dito e
ouvido durante a consulta.
Os Cambonos deverão prestar atenção às consultas para que não
seja infringida nenhuma norma ou regulamento da casa, comunicando
qualquer irregularidade à hierarquia e/ou conforme o caso ao Pai ou
Mãe-de-Santo, por isso não deverá incorporar, exceto quando
autorizado pela Entidade a quem estiver atendendo apenas para
transporte ou ao final das consultas para “descarregar a energia”
incorporação rápida.
Os Cambonos não deverão deixar de ouvir, mesmo que por
solicitação do consulente, as consultas feitas às Entidades e as
respostas dadas. Em caso de determinação da Entidade para se afastar
durante uma consulta, avisar imediatamente ao Pai ou Mãe-de-Santo
ou a Entidade que nele estiver incorporada.
Durante a vibração deverá ficar atento à Entidade e ao trabalho
que ela realiza, sem, contudo, ficar ao lado da Entidade, lembrando
sempre que na vibração admite-se somente o “passe”. Para consulta
existe o horário específico.
1Ao locomover-se pelo ambiente do ritual, não furar nem costurar
a corrente, evitando trombar com os médiuns.
Assim que as Entidades incorporarem em seus “cavalos”, deverão
fazer as devidas saudações (Terreiro, Entidade chefe do trabalho e
hierarquia) e riscar o ponto, caso isto não aconteça, os Cambonos(es)
deverão buscá-las, conforme determinação do Diretor de Terreiro.
Os Cambonos não deverão em hipótese alguma selecionar
consultas, aproveitando da função para consultar parentes e amigos,
deverão seguir rigorosamente a ordem de chamada formada pelos
responsáveis por organizar as consultas.
Os Cambonos terão que ter um material de apoio composto de
papel branco para discriminar anotações de receitas, caneta e caderno
individual do médium de trabalho para anotar as informa necessárias,
nome do consulente, idade, e receitas (que deverão ser entregues a
membro da hierarquia para verificação).
Durante os trabalhos, os Cambonos não deverão manter
conversas com os Médiuns da corrente, tampouco com a assistência.
Os Cambonos deverão estar atentos para agilizar as consultas,
prestando atenção no tempo de duração e não permitindo que se
estenda desnecessariamente, evitando também que o consulente se
repita ou queira consultar por outras pessoas que não estão presentes.
Precisam ter o discernimento para entender a diferença entre – por
exemplo – uma mãe que vai ao Terreiro consultar uma Entidade sobre
um problema que na realidade é de seu filho, daquela pessoa que após
falar exaustivamente de seus problemas ainda quer que a Entidade
resolva ou responda as perguntas encomendadas pelo vizinho, pela
amiga ou pela comadre.
Os Cambonos não podem opinar nas consultas, a não ser que
sejam solicitados, buscando prestar atenção para poder repetir os
ensinamentos das Entidades para esclarecimento do consulente, ou
para relatar qualquer situação constrangedora para a hierarquia.
Ao final das consultas a Entidade deverá “descarregar” o seu
cambono e subir. (Não significa que este tenha que incorporar).
Com a Entidade incorporada:
Pedir licença à Entidade e solicitar orientação com relação às
sobras de material utilizado.
CUMPRIMENTOS
Bater Cabeça