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Que horas Lula volta?

30/09/2015

O lulismo é em si uma tecnologia de gestão dos con itos, via sua extensão que vai
de movimentos sociais e sindicatos ao secretário geral da república.  Por Leo
Vinicius

O lme de Anna Muylaert,  Que horas ela volta?, tem sido frequentemente
interpretado como uma representação de mudanças sociais ocorridas no Brasil,
que por sua vez são associadas frequentemente ao lulismo. Mudanças essas que
atingiriam relações de classe, como no caso vivido pela empregada doméstica Val,
protagonista do lme. A tensão que acirra con itos e leva à transformação é
impulsionada pela nova geração que entra em cena, no caso, Jessica, a lha de Val.

Entendido como fotogra a dos efeitos do lulismo a partir do microcosmo das


relações de trabalho doméstica, Que horas ela volta? tende a induzir uma de nição
de lulismo pelos efeitos numa fração da classe trabalhadora – por vezes
denominada de subproletariado  [1]  – e não como modo de gestão dos con itos
sociais que envolve o conjunto da classe trabalhadora, ou seja, pelo conjunto dos
seus efeitos. A repercussão do lme traz uma boa oportunidade para apresentar
outra visão do lulismo, de um ponto de vista mais geral da classe trabalhadora.

Um grande pequeno milagre econômico, 2003-2013

Períodos de crescimento econômico costumam estar


associados à tensão e desarticulação de certas relações
sociais, até então estáveis, pois tendem a propiciar
mobilidade de número signi cativo de indivíduos da
classe trabalhadora. Mobilidade social essa, não
necessariamente vertical, mas principalmente horizontal – embora ambas
costumem estar, em maior ou menor medida, relacionadas. Por  mobilidade
vertical  chamo a mudança de faixas de renda ou  status, e por  mobilidade
horizontal, a mudança de atividade laboral, de pro ssão, de setor econômico,
como por exemplo do trabalho rural ao industrial, ou do serviço doméstico ao
micronegócio próprio. Como no lme de Anna Muylaert, a tensão e a
desarticulação de relações muitas vezes são catalisadas por diferenças geracionais.
Se pensarmos no “milagre econômico” das décadas de 1950 e 1960 na Itália e das
fortes lutas operárias que desarticularam as relações fordistas na fábrica, com os
operários de um lado e patrões e sindicatos de outro, o principal ator que
desencadeou essa desestabilização foi uma nova geração operária, vinda do sul
rural ao norte industrial, até então estranha ao trabalho na fábrica.

Grande parte da esquerda e os próprios quadros do lulismo atribuem a ele uma


melhoria das condições de vida de frações da classe trabalhadora
(subproletariado). Melhoria essa que seria resultante da associação do crescimento
econômico com programas e políticas sociais. (Tomo essa percepção como
correspondendo à realidade, concordando portanto com ela).

O lulismo e grande parte da esquerda costumam também relacionar a melhoria das


condições de vida dessas frações quase que exclusivamente ao consumo, e por sua
vez associam a oposição social de direita ao lulismo à desestruturação das
distinções simbólicas entre classes (ou faixas de renda). Distinções essas que são
mediadas pelo consumo, que por sua vez não é outra coisa que um sistema de troca
generalizada de signos e processo social de diferenciação/personalização, como
mostrou com clareza e profundidade Jean Baudrillard nos seus já clássicos  A
Sociedade de Consumo  e  Para Uma Crítica da Economia Política do Signo. Livros
infelizmente ignorados por aqueles que querem entender rolezinhos, funks
ostentação e outros fenômenos costumeiramente associados ao lulismo por essas
terras. Provavelmente essas obras, lidas em meio a esses fenômenos, revelariam
uma função de classe do lulismo, como difusor de uma  moral para uso dos
escravos – parafraseando Baudrillard – , por trás da  democracia do aeroporto ou
do shopping center.

É sintomático do estado de confusão da esquerda o fato de ela em geral atribuir o


ressentimento expressado por uma classe média nas ruas e nas mídias sociais a
essa suposta desestabilização e desestruturação dos signos que a diferenciariam.
Um ressentimento hipotético com a  democracia do aeroporto, com ter que
compartilhar voos e estabelecimentos com novos grupos sociais. Parece que a
esquerda não tem nada a dizer sobre as transformações nas relações de trabalho
dessa classe média, isto é, sobre aquilo que ocupa os corpos e a subjetividade
dessas pessoas a maior parte do seu dia. O mito do ressentimento de classe, ao ver
seus signos de distinção perderem seu valor de troca, não é mais do que isso, um
mito. É o  mito do aeroporto-rodoviária  [2]. Tal atribuição de ressentimento pela
suposta desestruturação do sistema de distinção ignora por sua vez a exibilidade
intrínseca do sistema de signos, e que um mesmo objeto é vivido de forma distinta,
possui diferentes signi cados no topo e na base social. Não é nele que está a
origem do poder real, mas sim nas esferas de decisão e gestão econômica. Ele
distingue as classes mas não as cria. Os signos são cambiáveis, quando um grupo
adere através do consumo a um signo antes reservado a outro grupo, este
incorpora ou produz outros para se distinguir. É a mesma dinâmica da moda,
do  cool. É a dinâmica normalmente por trás da ascensão e decadência de bares e
restaurantes “bem frequentados”, por exemplo. Pela facilidade de signos à
disposição e exibilidade do sistema de consumo e distinção, ele é pouco afeito a
gerar ressentimentos dessa ordem. O mesmo não se pode dizer das relações de
trabalho e produção, essas sim, rígidas para o trabalhador (embora cada vez mais
exíveis ao empregador).

Mas há uma desestabilização recorrentemente associada ao lulismo, com a


atribuição de uma oposição igualmente ressentida, que não se refere ao sistema de
distinções e sim às relações de trabalho. E é principalmente dessa desestabilização
que trata  Que horas ela volta?. A desestabilização da relação de trabalho e
esvaziamento do tipo de subordinação pessoal das empregadas domésticas. Se as
empregadas domésticas são normalmente utilizadas como símbolo das
transformações progressistas do lulismo no âmbito das condições de vida, relações
de trabalho e dignidade da classe trabalhadora, por outro lado os médicos se
tornaram nos últimos anos uma espécie de categoria símbolo de uma oposição de
direita ao lulismo. Mas ambas podem ter mais em comum do que se costuma
supor.

Proletarização ascendente e descendente

Os conceitos de trabalho produtivo e improdutivo de Marx nos servem aqui,


embora em outras situações seu modelo possa mostrar suas insu ciências ou
contradições. Marx parte do ponto de vista do capital para conceituar trabalho
improdutivo e produtivo [3]. O trabalho da empregada ou empregado doméstico é
improdutivo nesse sentido, uma vez que não produz capital (não produz mais-
valia) e é trocado diretamente por salário. A empregada doméstica estaria assim
fora do processo de produção de capital, ou de produção capitalista. A
desarticulação da relação de trabalho e de subordinação da empregada doméstica é
a desarticulação de formas arcaicas de dominação pessoal, se comparamos com as
formas de dominação capitalistas, tendencialmente impessoais  [4]. A Emenda
Constitucional 72 – PEC das Domésticas –, aprovada em 2013 e regulamentada
este ano, é bastante simbólica desse processo.

Tomando o exemplo das empregadas domésticas, temos um subproletariado que,


tendencialmente, se não entrou nos circuitos de trabalho diretamente produtores
de mais-valia e capital, ascendeu à proletarização, a uma relação de trabalho e
subordinação análoga às relações de trabalho e subordinação capitalistas.
Entendemos como características da proletarização a quanti cação e padronização
do trabalho, elementos esses que costumam estar associados à impessoalidade da
relação de subordinação-dominação. Essa proletarização, no entanto, tem um
sentido de ampliação de dignidade e de liberdade a essa fração da classe
trabalhadora representada pelos trabalhadores domésticos.

O tema da proletarização de (antigas) pro ssões liberais não é novo. O da


proletarização dos médicos tampouco. Uma rápida pesquisa na internet com as
palavras “proletarização” e “médicos” mostra um pouco das preocupações,
estudos e discussões em torno dessa realidade  [5]. Na expectativa de serem
pro ssionais liberais com certo grau de controle sobre seus procedimentos e
tempo de trabalho, os médicos se veem cada vez mais como empregados de
hospitais e de empresas de planos de saúde. Quando não estão diretamente sob o
controle dessas empresas, são obrigados e atender de acordo com o ritmo imposto
pela remuneração desses planos. Quando estão sob controle direto dessas
empresas, como por exemplo no caso dos médicos dos postos de atendimento da
Unimed, sua tarefa é prescrita, padronizada e quanti cada através de protocolos e
de controle do tempo das consultas. Parece bastante ilustrativo de um quadro,
sobre o qual não me estenderei mais, que no último mês de agosto o Ministério
Público do Trabalho tenha condenado a Unimed de Belo Horizonte por terceirizar a
atividade- m, com a contratação terceirizada de 3 mil pro ssionais de saúde:

A Unimed teve crescimento exponencial nos últimos 20 anos e diversi cou sua forma de
atendimento inicial (consultório-médico-paciente) para uma rede de serviços com remoções
de urgência, assistência domiciliar a recém-nascidos, novos hospitais próprios, sioterapia,
etc. “Ao invés de elevar o seu quadro de médicos-cooperados, optou por contratar terceiros,
sob diversas formas, em especial como cooperados não vinculados e como pessoas jurídicas”,
explicam os procuradores do Trabalho que ajuizaram a ação [6].

É preciso ter claro, no entanto, que essa proletarização não é consequência de um


abstrato “lulismo”, ela ocorre como tendência que é acelerada em tempos de
crescimento econômico e, no caso, aumento de mercado interno, esses sim,
associados ao lulismo. Ao contrário do caso das empregadas domésticas, essa
proletarização dos médicos tem um sentido de diminuição de dignidade, de status,
de liberdade, sendo vivida negativamente.

O exemplo dos médicos brasileiros parece ser mais um mostrando que a


proletarização dos pro ssionais liberais não costuma vir acompanhada de uma
identi cação com a classe trabalhadora e com práticas e pensamentos de esquerda.
Pior, no caso atual essa entrada no processo direto de produção de mais-valia via
proletarização é vista como consequência de um “comunismo”, do “lulo-
petismo”, do “esquerdismo”, e não como consequência da dinâmica capitalista,
inclusive via expansão da iniciativa privada no setor. Obviamente, além dos
aparelhos ideológicos que fomentam tal visão, o fato do governo do PT carregar
símbolos de esquerda e do partido ter sua origem na esquerda permitem que tal
visão completamente distorcida ganhe vida e o ressentimento se volte mais
facilmente contra tudo que se vincule à esquerda, no imaginário dessa fração de
classe.

As fábricas em que o lulismo nunca entrou

Diego Tavares dos Santos, na sua dissertação de mestrado  A fábrica em que o Lula
nunca entrou, estuda os mecanismos de dominação na Termomecanica São Paulo
S.A., uma fábrica na região do ABC, na qual nunca houve greve e que se tornou uma
“ilha antissindical” em meio à insubordinação reinante
das fábricas da região durante as lutas operárias do
nal dos anos 1970. Uma fábrica onde foi construída
uma relação de lealdade dos operários com os patrões.
Se Lula representava a insubordinação naquele
contexto e no seu papel, o lulismo é o seu reverso.

No documentário produzido pela Repórter Brasil,  Jaci: Sete Pecados de Uma Obra
Amazônica, se tem uma interessante amostra da revolta e insubordinação de
milhares de operários da construção da usina hidrelétrica de Jirau. Além disso,
precioso nesse documentário é o retrato do papel que a CUT [Central Única dos
Trabalhadores] e o então secretário geral da presidência, Gilberto Carvalho,
desempenhavam. A obra de Jirau foi uma “fábrica” em que o lulismo não entrou. A
máquina de apassivamento da classe trabalhadora que constitui e é a essência do
lulismo, como ca claro nas práticas apresentadas no documentário, esteve
ausente. Tentou fazer-se presente após a revolta, mas com nenhum ou pouco
sucesso, como deixa entender o documentário  [7]. Não à toa a subordinação em
Jirau é restabelecida com a presença da Força Nacional.

O lulismo nunca entrou também na “fábrica” de uma juventude que se organizou


em lutas pela mobilidade nas cidades, contra os aumentos de tarifas de transporte.
Frações de classe que expuseram as ssuras do lulismo como regime de controle e
administração dos con itos, notoriamente em 2013, a partir de sua capacidade de
mobilização e de contágio. Fissura que logo foi disputada pela direita, irrompendo
nela o ressentimento dos novos proletarizados da classe média e dos pequenos
empresários de si mesmo (o “empreendedor” do seu próprio “capital humano”),
subordinados cada vez mais rigidamente ao capital, por seu turno cada vez mais
centralizado em grandes empresas [8].

Provavelmente não é mera coincidência que neste momento a Emenda


Constitucional (EC) 90/2011, que transforma o transporte em direito social, acaba
de ser aprovada enquanto os industriais avançam para tentar derrubar via
Congresso a Norma Regulamentadora 12 (NR 12), que versa sobre a proteção de
máquinas para evitar acidentes. Parece não restar dúvida de que a EC do transporte
como direito social é resultado da insubordinação na “fábrica” que o lulismo não
entrou, culminando nas lutas de 2013. Por sua vez a indústria é o setor de origem
do lulismo, onde sempre esteve presente, e onde não houve lutas signi cativas que
tenham empurrado a conquista de direitos e poder dos trabalhadores no setor,
apesar de contextos de crescimento econômico e baixo desemprego serem mais
propícios para desencadear lutas ofensivas.

A leitura dos ataques que a NR 12 vem sofrendo por parte da patronal parece trazer
um bom indício do apassivamento da classe trabalhadora na “fábrica” principal do
lulismo. Com a justi cativa de que as medidas de proteção trariam um custo que as
indústrias não poderiam suportar, a aplicação da NR 12 tem sido postergada e
atualmente tenta-se revogá-la pela via juridicamente descabida de um Decreto
Legislativo. A tentativa patronal de revogar uma NR é de fato a tentativa de
desfazer o que eles próprios consensualizaram na comissão tripartite que
formulou a NR. É a tentativa de voltar atrás num acordo. A leitura que se pode fazer
é de que os empresários já não percebem mais necessidade de dar anéis para não
perder dedos. Percebem que não precisam mais sentar à mesa em comissões
paritárias, não precisam ceder, porque não há força do outro lado, não há con ito
que justi que que os interesses dos trabalhadores sejam levados em conta.
Certamente a desmobilização e o esvaziamento do con ito industrial estão longe
de ser resultado apenas do lulismo; para isso contribui de forma determinante a
capacidade de deslocamento do capital, a tendencial descentralização da produção
e fragmentação dos trabalhadores etc.

Se pelo menos desde os anos 1990 o Ministério do Trabalho vem perdendo peso
político e sendo esvaziado, o que pode ser explicado pelas transformações na
organização da produção e consequente redução dos con itos que a impactam, na
década do lulismo essa perda de peso e esvaziamento se intensi cou. Prova disso é
o fato da proporção entre Auditores Fiscais do Trabalho e trabalhadores nunca ter
sido tão baixa desde o início dos anos 1990. Proporção essa que descumpre as
determinações da OIT [Organização Internacional do Trabalho]. Ora, o lulismo é
em si uma tecnologia de gestão dos con itos, via sua extensão que vai de
movimentos sociais e sindicatos ao secretário geral da república. O papel do
Ministério do Trabalho é esvaziado assim no seu âmago, pois mais do que nunca
não são através de seus aparelhos e recursos que fundamentalmente são
administrados os con itos trabalho-capital.

Na hora em que Lula voltar a questão que ca é qual tecnologia ele terá às mãos
para apassivar, já não uma classe trabalhadora industrial, empregada, formal, mas
uma com proletarização descendente, oposta àquela vivida por Val.

Notas

[1]  Na de nição de Paul Singer o subproletariado é formado por aqueles que


“oferecem a sua força de trabalho no mercado sem encontrar quem esteja disposto
a adquiri-la por um preço que assegure sua reprodução em condições normais”.
Por exemplo, “empregados domésticos, assalariados de pequenos produtores
diretos e trabalhadores destituídos das condições mínimas de participação na luta
de classes” (Singer, Paul.  Dominação e desigualdade. São Paulo: Paz e Terra, 1981,
p. 22 e 83).
[2]  Nesse caso, foram os próprios extratos de renda médio e médio alto que
certamente mais se bene ciaram com a diminuição do valor relativo dos voos,
aumentando em muito seu raio de mobilidade mensal.

[3]  Marx, Karl. Teorias da Mais-Valia v.1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1980, pp.137.

[4]  A passagem do feudalismo ao capitalismo pode ser entendida como a


desarticulação da dominação baseada no poder pessoal e rearticulação da relação
de dominação em outros termos, que caracterizam o capitalismo, a da força de
trabalho que se vende no mercado em busca de um proprietário que a compre,
numa relação tendencialmente impessoal. Ver Holloway, John.  Mudar o Mundo
sem Tomar o Poder. São Paulo: Viramundo, 2003, pp.264-265.

[5] Ver por exemplo: O fantasma da proletarização atemoriza os médicos.

[6] Unimed é condenada em ação do MPT por terceirizar atividade- m.

[7] A título de ilustração: “Em março/2011, após o m da greve, enquanto mais de


300 trabalhadores das obras da usina de Jirau ainda se amontoavam em
alojamentos precários, o enviado da CUT, o então tesoureiro e atual presidente,
Vagner Freitas, foi enviado à Rondônia por Gilberto Carvalho e fez reunião em um
luxuoso hotel de Porto Velho com sindicalistas para articular a retomada dos
trabalhos na obra. O próprio jornal Estado de São Paulo cobriu a reunião e destacou
que ‘a conversa do tesoureiro da CUT Vagner Freitas, e sindicalistas locais parecia
diálogo de empresários e representantes do Planalto. Em 30 minutos de conversa
ouvida pela equipe do jornal do Estado de São Paulo, Freitas não citou a situação
dos trabalhadores.’ O jornal assinalou ainda que Vagner defendeu a volta dos
operários ao trabalho: ‘Tem de voltar a trabalhar. Eu sou brasileiro, quero ver essa
usina funcionando’. E que usou um discurso típico do governo: ‘O Brasil precisa de
energia limpa. A obra da usina precisa voltar a funcionar, porque a sociedade está
sendo prejudicada’” (ver aqui).

[8]  Sobre o ressentimento dos pequenos patrões na sua relação de classe, com a
corrupção e com o fascismo – e hoje cada qual é transformado em pequeno patrão
de si mesmo – ver “Entre a luta de classes e o ressentimento. A propósito do artigo
«Cadilhe, o “coveiro rico”»”, de João Bernardo.

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