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MALINOWSKI, Bronilslaw. “Introdução.

Tema, método e objetivo


desta pesquisa” In: ________ Os argonautas do Pacífico
ocidental. Coleção Os pensadores. São Paulo: Abril cultural,
1978. pp. 17-34.
A inevitabilidade do
trabalho de campo

“mentes destreinadas, desacostumadas a formular seus


pensamentos com um grau de consistência e precisão... eles
tinham opiniões distorcidas e preconceituosas... hábito de tratar
com frivolidade autocomplacente tudo aquilo que é realmente
sério para o etnógrafo...” (29)
O trabalho de campo precisa “Possuir um bom treinamento teórico e estar
ter objetivos familiarizado com os seus mais recentes resultados
não é o mesmo que estar sobrecarregado com
“ideias preconcebidas”. Se alguém inicia uma
EXPERIÊNCIA disposto a provar determinadas
hipóteses, mas não for capaz de modificar e de
rejeitar constantemente suas perspectivas sob a
pressão da evidência, seu trabalho não terá valor.
Mas quanto maior o número de problemas ele
trouxer consigo para o campo, quanto mais estiver
habituado a formular suas teorias de acordo com os
fatos e a verificar até que ponto os fatos podem
contestar a teoria, tanto mais bem equipado estará
para o trabalho” (32)

“o pesquisador de campo baseia-se inteiramente


na inspiração vinda da teoria” (33)
Trabalho de
campo?
Se prepare....

“Imagine-se o leitor repentinamente sozinho, em meio a todo seu equipamento,


em uma praia tropical perto de uma aldeia nativa, enquanto a lancha ou o
escaler que o trouxe vai-se afastando no mar até sumir de vista...
Lembro-me .... do sentimento de desanimo e desespero após o completo fracasso
de muitas tentativas obstinadas, mas inúteis, de entrar em contato mais íntimo
com os nativos e de conseguir algum material de pesquisa” (27)
Condições
adequadas de
campo

“...voltei sozinho e logo consegui que um


grupo me cercasse. Alguns cumprimentos
em inglês pidgin, de ambas as partes, um
pouco de fumo mudando de mãos,
produziram uma atmosfera de mútua
amabilidade” (28)
Por onde começar o campo?

“para começar com assuntos que não pudessem levantar


suspeitas, procurei obter informações sobre tecnologia” (28)
Tempo, tempo, tempo, “ sua vida na aldeia, a princípio uma
tempo ....
aventura estranha, às vezes
desagradável, às vezes extremamente
interessante, logo adquire um curso
natural, em harmonia com o
ambiente... meu passeio matinal pela
aldeia... deixei de ser um elemento
perturbador... passaram a me encarar
como uma parte de suas vidas, um
mal ou incômodo necessário,
mitigado por doações de fumo” (30-
31)
LEVANTAMENTO DE DADOS

1. Esqueleto
2. Carne e sangue
3. Espírito
TÉCNICAS

1. Observação
2. Participação

“Nesse tipo de trabalho convém ainda que o pesquisador


abandone, de vez em quando, a máquina fotográfica, o caderno de
notas e o lápis, e participe dos acontecimentos.Ele pode tomar
parte nos jogos dos nativos, pode acompanha-los em suas visitas e
passeios, sentar-se, ouvir e participar de suas conversas” (44)
REGISTRO

“um diário etnográfico, feito sistematicamente durante o


trabalho em um distrito, é o instrumento ideia ara essa
espécie de estudo” (44)
TRATAMENTO DE DADOS

“O tratamento científico difere do simples bom senso, em primeiro


lugar, pelo fato de que um estudioso fará um levantamento dos
dados muito mais completo e minucioso, conduzindo-o de forma
rigorosamente sistemática e metódica; em segundo lugar, pelo fato
de que a mente cientificamente treinada conduzirá a investigação
segundo linhas realmente relevantes visando a objetivos que
possuem real importância. Na verdade, o objetivo do treinamento
científico é suprir o pesquisador empírico com um mapa mental em
que se apoie para definir sua posição e estabelecer seu rumo”. (36)

“Como sociólogos, não nos interessa aquilo que A ou B sentem


como indivíduos, no curso acidental de suas próprias experiências
pessoais – interessa-nos apenas aquilo que sentem e pensam
enquanto membros de uma comunidade” (46)
ESCRITA PARCIAL

“Com base na minha própria experiência, posso afirmar que, muitas vezes,
um problema parecia resolvido, tudo estava estabelecido e claro, até que
começasse a escrever um esboço preliminar de meus resultados. Somente
então, via as grandes deficiências de meu trabalho, que me apontavam novos
problemas e me levavam a novas investigações. Na verdade, passei alguns
meses entre a primeira e a segunda expedição, e cerca de um ano entre a
segunda e a terceira, repassando todo o meu material, deixando algumas
partes quase prontas para publicação, embora todas as vezes soubesse que
teria que reescrevê-las” (36)
ESCRITA FINAL

“Na etnografia, a distância entre o material bruto da


informação ... e a apresentação final dos resultados é
frequentemente enorme” (27)

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