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Desigualdade de Renda no Brasil


Geração e Reprodução da
Desigualdade de Renda no Brasil
• Desigualdade tem impacto direto sobre o bem
estar social: sociedades preferem equidade.

• O nível médio de variáveis macroeconômicas,


que medem o desempenho econômico, não
dependem apenas do nível médio de renda, mas
também de como essa renda está distribuída.

• Início dos estudos sobre desigualdade: pós golpe


militar e publicação dos censos de 1960 e 1970
Introdução
• Objetivo do texto:
• investigar as várias formas de desigualdade
existentes
• Identificar as fontes de produção e
reprodução da desigualdade
A corrida
• Analogia entre os processos de geração, reprodução e
transmissão da desigualdade e uma sequência de corridas.

• Cada corrida (trajetória de uma geração) é formada por:

– Conj. de participantes, cada um com um volume de recursos


– Total de prêmios (massa salarial)
– Conjunto de regras, que estabelecem:

• Comportamento dos participantes


• Avaliação do desempenho
• Divisão do total de prêmios com base no desempenho
Etapas da Corrida

1) Preparação: infância e adolescência, na qual


indivíduos acumulam capital humano.

2) Competição: etapa onde indivíduos


competem no mercado de trabalho.
Etapa de preparação
• Preparação: indivíduos dispõem de 3 recursos
– Habilidades inatas
– Recursos públicos
– Recursos privados: salários recebidos por seus pais na
corrida anterior

• Haverá desigualdade na preparação entre os


indivíduos
– Desigualdade de condições: cada um terá um nível distinto
de capital humano acumulado
– Desigualdade de resultados: relativa aos prêmios ao final
da 2ª etapa.
Etapa de preparação
• Se não há recurso público ou privado: preparação
será função só das características inatas

• Como existem recursos públicos e privados os


quais são desigualmente distribuídos entre
participantes, eles serão fonte adicional de
desigualdade de condições.

• Corrida com desigualdade de oportunidade: vem


da possibilidade de usar recursos privados na
fase de preparação.
Etapa de Competição
• Participantes já entram nessa etapa em níveis
desiguais devido a desigualdade de recursos
da 1ª etapa.

• Desigualdade de condições será amplificada


na competição, que pode ser injusta
(segmentação e discriminação)
Tipos de desigualdade
• Desigualdade de resultados é formada por 2
componentes:

– Aquele que advém das diferenças individuais em


preparação
• Podem ser reveladas e amplificadas na competição, mas não
gerada na competição.
• Intervenções podem ser feitas para reduzir desigualdade de
condições

– Aquele não relacionado com a diferença de


preparação, sendo gerada durante competição.
Evolução da desigualdade de renda no Brasil desde
1960

• Décadas de 1960 e 1980: aumento mais


intenso do que na de 1970

• Natureza distinta do crescimento na


desigualdade nas décadas de 60 e 80.
– Anos 1960: classe média sofreu mais
– Anos 1980: classe mais pobre sofreu mais.
Mercado de Trabalho
• Mercado de trabalho, como vimos, pode
funcionar tanto gerando desigualdade quanto
apenas revelando desigualdade de condições
(desigualdade em capital humano)

• Revela desigualdade quando a desigualdade


salarial é simplesmente uma transformação da
desigualdade em capital humano
– Desigualdade salarial associada a diferenciais de
salário entre grupos educacionais ou etários.
Mercado de trabalho
• Gera desigualdade quando, devido a discriminação ou
segmentação, existem diferenciais de salários entre
trabalhadores com mesmo capital humano.

– Desigualdade salarial associada a:


• diferenciais de salário entre setores de atividades e regiões
• diferenciais de salário por gênero e raça.

• Mercado de trabalho no Brasil: é mais gerador ou


revelador de desigualdade?
Mercado de Trabalho
• Educação é a variável que mais explica a desigualdade
salarial.
• Desigualdade declinaria de 30% a 50% caso os
diferenciais de educação não dessem origem a
diferenciais de salário.

• Conclusão: mercado de trabalho no Brasil tende a ser


mais revelador de desigualdade que propriamente
gerador de desigualdade.
– Embora segmentação e discriminação tenham papel, elas
não são tão importantes quanto a parcela da desigualdade
salarial associada à educação.
Mercado de Trabalho.
• Assim, a maior parte da desigualdade no Brasil
não é gerada pelo mercado de trabalho, mas
pelo sistema educacional.
Desigualdade de Oportunidades
Educacionais e de Sobrevivência.

• As disparidades regionais são uma fonte


importante de desigualdade em oportunidades
educacionais (mais relevantes que o papel da
educação dos pais).

• As desigualdades regionais também são uma


importante forma de desigualdade de
oportunidade de sobrevivência (mais relevante
que o papel da educação materna).
Conclusão
• A maioria da desigualdade de renda no Brasil é gerada
por um sistema educacional marcado por
desigualdades de oportunidades, em grande medida
devido às grandes disparidades regionais.
• O resultado é um elevado grau de desigualdade
educacional
• O mercado de trabalho gera apenas pequena parcela
da desigualdade, sendo mais responsável por
amplificar ligeiramente a desigualdade em educação.

• Resultado final: grande desigualdade de renda no país,


uma das maiores do mundo.
A economia brasileira nas últimas décadas:
avanços e problemas
Divisão do texto
1. Introdução

2. Antes de 1980 : crescimento liderado pela Indústria


1. Estímulos governamentais
2. Investimento Externo
3. Taxas de Investimento
4. Poupança Pública e poupança externa
5. Investimento do Governo
6. Aspectos negativos e positivos

3. Crise dos anos 1980


Divisão do texto
4. Inflação e política anti-inflacionária
1. A tradição inflácionária
2. Teorias da Inflação e política anti-inflácionária
3. O Plano Cruzado
4. Outros planos
5. Fim da alta inflação: o Plano Real
6. Metas de Inflação

5. 1990-2010: Mudança no setor externo


1. Mudança para câmbio flutuante em 1999
2. Transações correntes
3. Conta Financeira
Divisão do texto
6. O Estado na Economia
1. Um novo papel para o Estado
2. Problemas das Finanças Públicas
3. Receitas
4. Despesas
5. Reformas

7. Perspectivas
1.Introdução

• Evolução do PIB brasileiro

– contraste entre o vigoroso crescimento do


período 1948-1980 e o ritmo muito inferior da
expansão do produto desde a década de 80.
Taxas m…dias de crescimento real do produto interno
bruto, por perŒodos selecionados, 1948ᾳ2010

PERÍODO PIB PIB per capita (*)

1948ᾳ2010 5,2 2,8

1948ᾳ1980 7,5 4,6

1948-1962 7,6
1963ᾳ1967 3,5

1968-1980 9,0

1981ᾳ2010 2,6 0,8


• Antes de 1980: poucas economias tiveram
expansão comparável a do Brasil ao longo do
século XX.

– 1968 a 1973: crescimento vigoroso do PIB (11,2 %


ao ano, em média)→“milagre brasileiro”

• Não há consenso na literatura sobre causas do


arrefecimento no crescimento do PIB
brasileiro a partir de 1980.
2. Antes de 1980: crescimento liderado pela indústria
• dinamismo da indústria:

– Expansão da produção industrial sempre superior à do


produto global.
– Indústria também se diversificou de forma significativa.

• Produção manufatureira passou a incluir bens de


consumo duráveis (automóveis e eletrodomésticos,
etc), produtos intermediários e bens de capital.
• Essa produção voltada para mercado interno
(exportação de produtos industriais pouco expressiva
até os anos 70)

• A queda no crescimento de 1980 a 2010 foi também puxada


pela indústria (1,4% aa)
2.1. Estímulos governamentais
• O desenvolvimento da indústria nacional foi
favorecido de várias formas por ações do Governo.

• Formas: barreira às importações (tarifas alfandegárias)

– Proteção dos fabricantes nacionais da concorrência de


produtos estrangeiros.
– Até as primeiras décadas do século XX: constituíam a
principal fonte de receita governamental → efeito
protecionista era um subproduto do interesse do Governo
em se financiar
– Objetivo deliberado de proteger a produção nacional foi-
se impondo, inclusive pela pressão do setor industrial
emergente.
• Uma doutrina protecionista (pensamento da
CEPAL)

– países deveriam buscar diversificação de sua


estrutura produtiva (desenvolvimento da indústria
voltada para o mercado interno, em substituição às
importações).

– Uma política de estímulo à industrialização poderia


fazer com que os países latino-americanos se
tornassem competitivos nesse setor;

– A proteção à indústria poderia ser vista, assim, como


medida temporária;
• No Brasil, ideias cepalinas influenciaram...
– Plano de Metas (governo Kubitschek, entre 1955 e 1960)
– II PND (1973–1979)

• O estímulo à indústria não se restringiu à proteção tarifária:


isenções de impostos, taxa cambial favorecida para
importação de equipamentos, empréstimos de longo prazo,
etc.

• Investimento direto do governo, por meio de estatais, em


setores relevantes para o desenvolvimento industrial
(produção de aço, extração e refino de petróleo, e produção e
distribuição de energia elétrica).
2.2. Investimento externo
• Participação do capital externo como consequência
das restrições à importação;

• diversas empresas internacionais estabeleceram ou


ampliaram instalações produtivas no Brasil nesse
período (ex: montadoras de veículos);

• Condições vigentes no mercado financeiro


internacional favoreceram a tomada de empréstimos
externos (final da década de 1970 a final da década de
1980)→ ↑ participação do capital estrangeiro no
financiamento do investimento interno.
2.3. Taxas de investimento
• aumento da taxa no período de maior
crescimento do PIB, a década de 1970.
INVESTIMENTO / PIB (%)
EM PREÇOS EM PREÇOS DE EM PREÇOS DE
PERÍODO
CORRENTES 1980 2006
(A) (B) (C)
1947-1959 14,8
1960-1969 16,1
1970-1979 21,4 23,1
1980-1989 22,2 18,6
1990-1999 22,2 15,1 15,9 (*)
2000-2009 16,7 15,1
N€meros da coluna A da Tabela s√o enganosos (houve aumento dos pre«os relativo
Bens de investimento)
• Por que aumentou o custo do investimento? Não há
uma resposta clara.

• convergência de vários fatores:

– aumento da complexidade técnica de processos


produtivos,
fazendo subir a relação capital/produto;

– existência de oligopólios em alguns setores importantes


da construção civil, como o de cimento, que teriam assim
facilidades para aumentar seus preços.
2.4. Poupança pública e poupança externa
• cerca de um terço da poupança total proveio de recursos
do governo ou do financiamento do exterior na década de
70
POUPANÇA DO POUPANÇA
GOVERNO / EXTERNA / (A) + (B)
PERÍODO
POUPANÇA POUPANÇA (C)
TOTAL (%) (A) TOTAL (%) (B)
1947ᾳ1959 13,2 4,7 17,9
1960ᾳ1969 6,0 3,4 9,3
1970ᾳ1979 17,7 15,0 32,7
1980ᾳ1989 – 6,4 9,4 3,0
1990-1999 – 4,0 10,5 6,5
A partir da década de 80: Efeito ᾿ crowding out῀ dos gastos do
governo
2.5. Os investimentos do Governo
• É provável que a redução no crescimento do produto nas
últimas décadas se deva a redução dos investimentos
governamentais, tão presentes de 1960 até o início de
1980.
FORMAÇÃO BRUTA DE
PERÍODO CAPITAL DA ADM.
PÚBLICA / PIB (%)
1947ᾳ1959 3,40
1960ᾳ1969 4,22
1970ᾳ1979 3,71
1980ᾳ1989 2,68
1990-1999 2,67
2000-2006 1,85
• Queda no investimento público parece ter
sido parcialmente determinada pela
necessidade de se reduzir gastos (crise nas
finanças do governo, em 1980)
– na dificuldade de se reduzir gastos correntes
acaba-se optando por cortar investimentos.
2.6. Aspectos positivos e negativos
Positivos:

• ᾿ Modelo῀ de crescimento até 1980, com


participação importante do Governo, foi
claramente bem-sucedido:
– altas taxas de crescimento do PIB
– Desenvolvimento de parque industrial dinâmico e
diversificado.
• poucas economias tiveram ritmo de expansão
equivalente.
Negativos:

• Nenhuma melhora nos indicadores de


distribuição da renda no período;
• Expressivo crescimento da renda per capita
beneficiou relativamente pouco a maior parte da
população.
• baixo nível de competitividade: perdas de
eficiência;
• baixo estímulo à introdução de inovações (baixa
concorrência)
3. A crise dos anos oitenta
• Anos 1970: ↑ do endividamento externo
– facilidade de obtenção de financiamento externo
(petrodólares)
– Endividamento para financiar II PND(1974–79).

• Problemas...
– ↑ ↑ taxa de juros nos EUA (e no mercado financeiro
internacional) a partir de 1978→ ↑custo da dívida brasileira;
– moratória da dívida externa do México (1982): → ↓↓oferta
de crédito (impede renovação de empréstimos)
– Para piorar: receita de impostos do governo vinha se
reduzindo pelo efeito da inflação.
• 1980: ↑↑gastos correntes
– demandas sociais represadas nos anos do regime militar se
manifestaram com grande força após a redemocratização, em
1985.

– Dificuldades fiscais:↓ capacidade do Governo de estimular e


subsidiar setores produtivos e aportar recursos às estatais.
– Ganha força a idéia de um processo de privatização dessas
empresas.

• um modelo de crescimento econômico voltado para dentro se


tornava inviável com o ↑integração da economia mundial

• Choque entre barreiras a importações e crescente demanda


por produtos tecnologicamente sofisticados
• ↑serviço da dívida externa→ necessidade de ↑
saldos da BC.
– ↑ abertura da economia brasileira ao comércio
exterior.

• ↓ barreiras protecionistas (pressão


internacional)
– rompimento com longa tradição de protecionismo à
indústria instalada no País: ínicio do governo Collor,
1990.

• ↓ participação do Estado na economia como


produtor (início do processo de privatização).
4. Inflação e política anti-inflacionária
ÍNDICES DE PREÇOS

Período Deflator
Ipca Igp-di
implícito do pib
1939-1948 12,0 11,0
1949-1958 14,6 16,4
1959-1964 52,4 56,9
1965-1972 28,2 24,7
1973-1980 46,2 49,1
1981-1987 162,7 180,7 192,3
1988-1994 1.470,2 1.365,6 1.391,0
1995-1996 47,5 16,0 12,1
1997-2008 8,0 6,5 9,8
2009-2010 6,5 5,1 4,9
4.1. A tradição inflacionária
• Brasil tem longa experiência inflacionária.
– Primeiras décadas do séc XX: 5% ao ano.
– Na década de 1940: % de aumento anual de preços
atinge dois algarismos.
– Tendência geral de crescimento constante dos índices
inflacionários, até os valores superiores a 2.000% por
ano, (início dos anos 1990).

• interrupção na aceleração inflacionária: de 1964 -


início dos anos 1970 (tendência de queda da
inflação)
4.2. Teorias de inflação e política anti-inflacionária
1) Monetarismo e estruturalismo
• Monetarismo na prática: Roberto Campos
– Redução gradualista
• Uma reforma tributária
• introdução de correção monetária nos títulos públicos,
• grande compressão de salários: ↓demanda

• Política obteve sucesso: inflação cai de 89,5% (1964) para 16,3%


(1970)
• Houve ↓do crescimento econômico, mas pequena e curta
(expansão foi retomada em 1966, e especialmente em 1968ᾶ1973)
• Resultado reforçou a idéia de que as causas da inflação, e as
políticas para combatê-la, eram basicamente as apontadas pelos
monetaristas.
2) A inércia inflacionária
• preços voltaram a subir no início da década de
1970
• Choque do Petróleo: gera ↑ custos

• Mas será que era só um problema de custos?

• Forte inflação simultânea a forte contração no


PIB : estagflação
– A inflação resistia a queda dramática na renda e na
demanda →contradiz explicação monetarista.
• a inflação teria um componente estrutural,
mas de natureza inteiramente diferente da
defendida pelos antigos estruturalistas.
• Haveria uma inércia inflacionária, fazendo
com que o nível de inflação observado num
período tendesse a repetir-se nos períodos
seguintes, mesmo na ausência de outros
fatores de elevação de preços.
• Um elemento dessa repetição era a correção monetária.
– Indexação generalizada: aluguéis, prestações, salários, tudo
passou a ser corrigido periodicamente pela inflação.
– Indexação formal e informal da economia.
– Nessas circunstâncias, a inflação passada tende a influenciar a
inflação futura.

• ᾿ cultura inflacionária῀ : como preços são sempre reajustados


periodicamente, todos agiam procurando também reajustar
periodicamente seus próprios preços e salários, no intuito de
evitar perdas reais.

• a escalada de patamares: dados confirmam validade da


teoria.
4.3. O Plano Cruzado (Fev/1986)
• hipótese: problema central da inflação era o
componente inercial.

• Solução: ᾿ choque heterodoxo῀ .


– Objetivos:
• fim da indexação formal;
• Criação de nova unidade monetária, o cruzado, substituindo o
cruzeiro
• conversão dos salários em cruzados pela média real dos
últimos seis meses (p/ tornar desnecessária a indexação
salarial)
• congelamento dos preços (p/ romper prática de reajustes
periódicos)
• Resultados: efetivos, mas efêmeros (supera
marca inédita de 20% ao mês no 1º semestre
de 1987)
• Culpa pelo fracasso: plano provocou choque
de demanda... Aumento geral dos salários,
elevação do salário mínimo...
• A redução súbita da inflação provocou
redistribuição de renda em favor das camadas
de renda mais baixas da economia
4.4. Outros planos
• Bresser (1987)
• Verão (1989)
• Collor (1990)
• Collor-II (1991)

• Foram uma mistura variada de ações de


contenção de demanda com tentativas de
desindexação da economia.

• Efeitos dos planos foram cada vez menos


duradouros
4.5. Fim da alta inflação: o Plano Real
• inflação não era apenas inercial.
• Ajuste fiscal →principal condição para fim da inflação
• O que se havia aprendido com o fracasso dos outros
planos?
– política anti-inflacionária, para ser bem-sucedida, deveria
atacar em várias frentes.
• ações voltadas à eliminação da inércia inflacionária
• medidas tradicionais de controle monetário
• disciplina fiscal (p/ controlar demanda agregada)

– situação confortável do BP brasileiro contribuiu para


sucesso
• Elementos principais do Plano Real:
a) eliminação da indexação formal;
b) criação de uma unidade de conta, a URV (pré-moeda)
c) conversão dos salários em URVs pela média real dos 4
meses anteriores
d) novos contratos estabelecidos em URVs (vigentes
poderiam ser convertidos nessa por negociação entre
partes envolvidas)

• Objetivo de (b) e (d): promover a passagem de


uma moeda ᾿ velha῀ , que se deteriorava
diariamente, para uma moeda ᾿ nova῀ , imune a
essa deterioração → eliminar a ᾿ cultura
inflacionária῀
– indução para passagem e espaço para negociação.
• Superioridade do uso da URV como
mecanismo de coordenação: possibilidade de
minimizar as perdas com a conversão, via
negociação, e portanto maximizar a
probabilidade de sua aceitação, e do sucesso
do plano.

• Sucesso do Plano (gráfico).


4.6. Política monetárias nas últimas décadas: Metas
de inflação
• Início: 1999
• Conselho Monetário Nacional fixa metas para
inflação com antecipação
• Fixação da SELIC pelo COPOM para atingir
meta

• Altos juros no Brasil


5. Décadas de 1990 e 2000: mudanças no setor
externo
• Início anos 1980: incentivo às exportações
para gerar divisas para pagamento da dívida
externa
– Maxidesvalorização de 1983
• Início anos 1990: Plano Brady ᾶ
reestruturação da dívida externa
• ↑influxo capitais estrangeiros nessa década
– Favorece âncora cambial do plano Real

• 1995-1999: ↑ importações e IED


5.1. Taxa de câmbio: Flutuação em 1999
• Pós 1994: sucessão de crises financeiras
internacionais
– Crise no BP gerada por saída maciça de capitais do
país
– Brasil aumenta taxa de juros para atrair capitais
– ↓reservas internacionais até que regime de
câmbio fixo se torna insustentável → câmbio se
torna flutuante
Principais contas do balan«o de pagamentos por perŒodos
selecionados
1970ᾳ2010
PERÍODOS (Médias anuais)
1970- 1980- 1990- 1995- 2000- 2005-
2010
CONTA 1979 1989 94 99 04 09
TRANSAÇÕES CORRENTES
Exportações (X) 8,3 25,5 36,2 49,3 68,7 153,5 201,9
Importações (M) -9,7 -16,9 -24,1 -54,0 -53,9 -117,3 -181,7
Balança Comercial (X-M) -1,5 8,6 12,1 -4,7 14,7 36,3 20,2
Serviços e Rendas -3,5 -13,6 -14,1 -23,7 -24,9 -44,8 -70,4
Transferências 0,0 0,1 1,7 2,2 2,3 3,9 2,8
Saldo de Transações Correntes -5,0 -4,9 -0,3 -26,2 -7,8 -4,7 -47,4
CCP (Saldo) 5,8 5,2 6,8 27,2 10,4 39,3 99,7
Erros e Omissões 0,0 -0,4 -0,3 -1,4 -0,1 -0,3 -3,2

SALDO DO BP 0,8 -0,2 6,1 -0,4 2,4 34,4 49,1


Investimento estrangeiro direto, por perŒodos
selecionados
1970ᾳ2010 (US$b)

PER≠ODOS (M…dias anuais)


ITEM 1970- 1980- 1990- 1995- 2000- 2005- 2010
IED 1,2
79 1,5
89 0,9
94 17,1
99 17,5
04 18,3
09 36,9
Outros fluxos 4,6 3,7 5,9 10,1 -7,1 21,0 62,8
CCF
financeiros 5,8 5,2 6,8 27,2 10,4 39,3 99,7
5.2. A conta de transações correntes
• BC: expansão nas exportações em 2000
(produtos básicos da pauta de exportações)
por conta do aumento da demanda chinesa

• Mudança no padrão das exportações?

• BSR: ↑remessas de Lucros e Dividendos


5.3. A conta financeira
• Investimentos em carteira cresceram bem
mais que os investimentos diretos: juros altos
e tendência de valorização no mercado de
ações.
• Governo introduz medidas p/ tentar reduzir
esse fluxo (e diminuir a pressão no sentido da
valorização do real)
6. O estado na economia: mudanças e problemas
• Crise fiscal (1980): grande participação do
governo na economia tem seus custos
• Anos 1990: tendência a redução do papel do
Estado: Privatizações

• O Estado como regulador: pós privatizações


• Agências reguladoras
6.2. Problemas das finanças públicas
• Resultado nominal: diferença entre as receitas e
despesas do setor público, abrangendo as esferas
federal, estadual e municipal, inclusive empresas
estatais.
• Resultado primário: exclui os pagamentos de
juros da dívida pública;
– superávit primário: é a economia que o Governo faz
para cobrir os compromissos de seu endividamento.

• Governo tem obtido, nos últimos anos,


superávits primários da ordem de 3,3 % do PIB,
em média
Déficit nominal e primário do setor público
como proporção do pib, 2003-2009

ANO DÉFICIT NOMINAL DÉFICIT PRIMÁRIO


2002 4,20 -3,34
2003 5,24 -3,29
2004 2,85 -3,78
2005 3,58 -3,78
2006 3,61 -3,23
2007 2,76 -3,36
2008 1,99 -3,48
2009 3,34 -2,03
• O déficit nominal: é coberto pelo lançamento de títulos
públicos;
– déficits persistentes levam a um aumento do endividamento.
6.3. O lado das receitas
• Aumento do endividamento apesar do
aumento nas receitas

• Alta carga tributária brasileira


• Críticas quanto à estrutura tributária
6.4. O lado das despesas
• gastos sociais: absorvem 70% das receitas da
União
• Maiores gastos: previdência social →déficit
dobrou em 10 anos: de 2% em 1996 para 4%
do PIB em 2006.
6.5. Reformas nas finanças públicas
• Reforma tributária
– Resistência política: ninguém quer arriscar perder
arrecadação

• Diminuição dos gastos públicos


– Aumento da eficiência da despesa pública

• Reforma do sistema previdenciário


7. Perspectivas
• Avanços:
– controle da inflação
– expansão das exportações
– atração de capitais externos
– Redução da pobreza e desigualdade

• Obstáculos:
– Baixo nível de investimento e poupança
– carga tributária em desproporção com os serviços prestados pelo
Governo;
– um sistema educacional deficiente;
– grandes desigualdades ainda presentes.
– Questão das relações de trabalho

• Mudanças necessárias para novo período de crescimento, com


maior justiça social.
Desenvolvimento Econômico e
Desigualdade Social
Desigualdade distributiva no Brasil
• Distribuição da renda pessoal: repartição da
renda total entre os indivíduos
• Distribuição funcional da renda: repartição da
renda entre os fatores de Produção

• Brasil: uma das piores distribuições de renda


do mundo
Causas da Concentração de Renda
• Processo de Colonização (distribuição desigual de
terras)
• Condições do mercado de trabalho:
• Brasil: mercado mais revela do que gera desigualdade
de renda

• Educação é variável que mais contribui para


desigualdade.

• Caminho para redução da desigualdade:


democratização do acesso à educação de boa
qualidade.
Pobreza e Políticas Públicas
• Papel do acesso a educação
• Programas de transferência de renda
• Pós 2003: postura mais agressiva→ Bolsa família
Ano Quantidade de família Gastos (bilhões de
(milhões) reais correntes)
2003 3,60 4,30
2004 6,57 3,79
2005 8,70 5,69
2006 10,97 7,52
2007 11,04 8,97
2008 10,56 10,61
2009 12,37 14,37
Críticas ao PBF
• Não era para ser uma transferência
temporária?
• Questão da capacitação
• Incentivo ao não-trabalho
• Fiscalização quanto a quem recebe (elegíveis)
Metas de Desenvolvimento do
Milênio

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